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Destaque
Quem tem mais cartas na mão (ou na manga) para ficar com a Avibras?
21/11/2024O processo de venda da Avibras tornou-se uma mesa de pôquer, com poucas…
Saneamento
Aegea volta à fonte do BNDES em busca de mais liquidez
11/11/2024O que se diz e o que ouve nos corredores do BNDES é que a Aegea negocia um novo empréstimo com o banco. Os recursos seriam destinados à concessão de saneamento do Piauí, arrematada no fim de outubro. A empresa terá de investir pouco mais de R$ 8,5 bilhões nos próximos dez anos. Ressalte-se que a Aegea já obteve junto ao BNDES um financiamento de R$ 19 bilhões para a sua maior operação: os blocos 1 e 4 da concessão de saneamento no estado do Rio de Janeiro. Consultados, Aegea e BNDES não se pronunciaram.
Mercado
Crescera Capital está prestes a fechar captação de novo fundo
8/11/2024Destaque
Uma porta se abre para as empreiteiras brasileiras no exterior
8/11/2024Infraestrutura
Pernambuco é o novo alvo da CPP Investments no saneamento
7/11/2024O que se diz no BNDES é que a CPP Investments abriu uma linha direta com o banco e o governo de Pernambuco. O fundo canadense é candidatíssimo a disputar a concessão de saneamento do estado, prevista para o ano que vem. Mira, sobretudo, o bloco da Região Metropolitana do Recife (RMR), composto por 160 municípios. A CPP já tem importantes investimentos em saneamento no Brasil. É acionista majoritária da Iguá e, por meio da Equatorial Energia, tem um pé na Sabesp.
Social
Índio não quer mais apito e, sim, recursos do Fundo Amazônia
31/10/2024Há uma pressão de entidades da área indígena para que o governo solte as rédeas do Fundo Amazônia e libere um volume maior de recursos para as etnias da região. O assunto já está em discussão no BNDES, responsável pela gestão do fundo. Nos corredores do banco, o que se ouve é que os aportes podem chegar a R$ 250 milhões em 2025. Neste ano, os repasses devem somar cerca de R$ 180 milhões. No âmbito do BNDES, a interlocução com comunidades indígenas vem sendo conduzida por Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e atualmente diretora socioambiental do banco de fomento.
Destaque
BNDES desponta como rebocador das concessões de hidrovias
25/10/2024O BNDES terá um papel central no esforço do governo para desencalhar o programa de concessões hidroviárias. Segundo o RR apurou, a ideia em discussão na Casa Civil e no Ministério dos Portos e Aeroportos é que o banco entre no negócio como forma de viabilizar a primeira leva de licitações do setor, programada para o ano que vem. A atuação do BNDES se daria de maneira direta, leia-se participação acionária nos consórcios, ou pela garantia de subscrição de debêntures incentivadas de infraestrutura para o financiamento de obras, notadamente serviços de dragagem e a construção de instalações portuárias de apoio.
O que está em jogo é um pacote de investimentos da ordem de R$ 6 bilhões na ampliação de corredores logísticos vitais, sobretudo, para o agronegócio, como é o caso das hidrovias do Rio Madeira e do Rio Paraguai.
A maior preocupação do governo é exorcizar o fantasma dos leilões vazios, ou seja, sem interessados. Hoje, os riscos envolvidos para a iniciativa privada são razoavelmente elevados. Não há sequer um marco regulatório para as hidrovias – o governo promete concluir o texto da chamada “BR dos Rios” até o fim do ano. Na Casa Civil e na Pasta dos Portos, é consenso que, nesse contexto, dificilmente as licitações vão deslanchar sem um empurrão com recursos públicos.
Caberia ao BNDES ser esse rebocador. A leitura no governo é que, com a presença do banco na operação, será possível atrair não apenas investidores da área de infraestrutura, a começar pela Hidrovias do Brasil, leia-se Grupo Ultra, mas também empresas do agronegócio. No setor, há informações, por exemplo, do interesse da Amaggi e da Cargill em disputar os leiloes das hidrovias do Madeira e do Paraguai, duas importantes rotas para o escoamento da produção de grãos.
No ano passado, cerca de 130 milhões de toneladas de cargas foram transportados pelas principais rotas hidroviárias do país. Estudos do Ministério dos Portos indicam que esse volume pode duplicar com as concessões e o consequentemente aumento dos investimentos na dragagem dos mananciais, hoje o maior gargalo do modal.
Mercado
Fabricante de “carros voadores” da Embraer prepara nova captação internacional
21/10/2024Destaque
Brookfield espreita a porta de saída na VLI
17/10/2024Destaque
Governo bate cabeça em relação a metais estratégicos para a transição energética
15/10/2024O que fazer com o lítio, terras raras, grafeno, entre outros? Essa é a discussão que vem sendo travada dentro do governo. O ponto nevrálgico, que provoca maior dissenso, é o grau de ingerência do Estado sobre a exploração de metais estratégicos para a transição energética.
Basicamente, há duas correntes, encabeçadas, respectivamente, pelos ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. Silveira defende um modelo de rédeas curtas. Ou seja: uma presença mais aguda do governo na formulação de uma política para esses recursos.
Segundo informações apuradas, Silveira é favorável, inclusive, a que o próprio Estado tenha uma pequena participação acionária em empreendimentos na área, com ênfase no lítio, hoje o mais demandado pelo capital estrangeiro. Seria uma forma do governo manter uma posição em projetos viscerais para a economia do futuro. Silveira não está sozinho. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, pensa de forma similar. Por outro lado, Rui Costa trata a questão com alta dose de pragmatismo.
O pragmatismo de quem tem um PAC, de R$ 1,7 trilhão, para cuidar. Costa é partidário da ideia de que se trata de um contrassenso dar dinheiro a quem não precisa, caso de grandes mineradoras com fácil acesso a crédito internacional, quando o país tem de tocar um caminhão de obras de infraestrutura. A posição do ministro da Casa Civil se baseia também em um cálculo político e eleitoral. Estrada, ponte, casas, rede de esgoto, escola, hospital dão voto; lítio, não.
Até o momento, o que vigora no país está mais para o “modelo Rui Costa”. O Estado tem ficado à margem dos principais movimentos na área dos metais estratégicos, a começar pelo lítio. Este é um jogo que vem sendo jogado por players privados e, majoritariamente, estrangeiros. Entre as companhias já presentes no país figuram a australiana Pilbara Minerals, maior produtora mundial de lítio, e a Atlas Lithium, sediada nos Estados Unidos, mas hoje controlada pelas chinesas Chengxin Lithium Group e Yahua Industrial Group.
Há também a Sigma Lithium. A empresa está sediada em Vancouver, no Canadá. Seu principal acionista é o A10 Fund-FIA, cuja maior cotista é a investidora brasileira Ana Cabral-Gardner, CEO da companhia. Mas, a julgar pelos rumores que circulam no mercado há meses, tudo leva a crer que, em pouco tempo, a Sigma Lithium não será nem canadense nem brasileira. A chinesa CMOC Group e o PIF (Public Investment Company), fundo soberano da Arábia Saudita, são apontados como fortes candidatos à compra do controle da mineradora.
Chineses, árabes, australianos… Gradativamente, o eixo decisório sobre o lítio brasileiro vai deslizando para fora do país. É exatamente o que o ministro Alexandre Silveira e uma parte do governo mais alinhada a ele tentam conter, não apenas no caso do lítio, mas dos demais metais voltados à transição energética e cobiçados pelo mundo. Um caminho seria a entrada em cena do BNDES como sócio de grupos privados de mineração. Outra hipótese, essa bem mais complexa, seria a criação de uma estatal especificamente para metais estratégicos.
Está mais para uma solução de quem não vai solucionar nada. A essa altura, seria uma extravagância intervencionista. De toda a forma, é importante ressaltar que há referências semelhantes nas cercanias, notadamente na Bolívia e no Chile, detentores de aproximadamente 60% das reservas mundiais de lítio. A primeira conta com a Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB); o governo chileno, por sua vez, já anunciou a intenção de montar uma empresa pública para encabeçar projetos no setor.
Um terceiro cenário, mais complexo do ponto de vista institucional, seria, digamos assim, persuadir a Vale a entrar na produção de lítio. Sentido faz. A empresa já tem um negócio parrudo em minerais também voltados à transição estratégica, a Vale Base Metals, onde estão concentrados seus negócios globais em níquel e cobre. Seria uma barreira de contenção, impedindo que parcelas cada vez maiores do lítio e de outros metais estratégicos ficassem plenamente nas mãos de players estrangeiros. Aos olhos do governo, ao menos desse governo, a Vale é quase uma paraestatal ou algo do gênero. Para o bem e para o mal.
Destaque
O que falta para o governo Lula cumprir a promessa de retomada da indústria naval?
14/10/2024
“Vamos recuperar a indústria naval nesse país” (11/10/2022);
“A Petrobras vai ampliar a frota de navios e gerar emprego em nossos estaleiros” (10/04/2023);
“Alugar um navio lá fora não gera emprego aqui”, (02/04/2024).
“No meu primeiro governo, saímos de três mil para 86 mil trabalhadores da indústria naval. Vamos trazer esse setor de volta” (03/04/2024).
São inúmeras as vezes em que Lula afirmou e reafirmou que a indústria naval é uma prioridade do seu governo. Será que é mesmo? Praticamente dois anos de mandato já se passaram e quase nada aconteceu. É muita falação para pouco ou nenhum navio. Diferentes esferas de Poder – Casa Civil, Ministério da Fazenda, Ministério da Indústria, BNDES e a própria Petrobras – vêm batendo cabeça entre si na tarefa de elaborar uma política efetiva para a recuperação do setor.
O problema começa pela comunicação. Em um exercício de mea culpa, alguns colaboradores diretos do presidente Lula defendem interna corporis que o governo está perdendo esse jogo logo na saída, ao não conseguir desmontar o estigma que paira sobre o setor naval desde a Lava Lato. Como desarmar esse anátema se a gestão Lula é incapaz de explicar à opinião pública os benefícios econômicos e sociais que podem vir a ser obtidos com a construção de navios, sondas e plataformas no país?
Como sair da inércia se o governo não sabe mostrar à sociedade o valor adicionado da indústria naval, em termos de geração de emprego, reconstrução de toda uma cadeira produtiva, retenção de divisas, aumento da arrecadação fiscal, com reversão de recursos via gastos públicos ou programas sociais etc etc?
Esta é uma estranha fábula, a história de um negócio que, aparentemente, todo mundo quer, é bom para todas as partes diretamente envolvidas – trabalhadores, estaleiros, Petrobras, governo -, mas não avança um nó sequer. Em linhas gerais, o soerguimento do setor naval passa por três perguntas: onde montar os navios? quem vai investir? quem vai comprar? A primeira questão, a mais simples de ser resolvida, tem 48 respostas possíveis.
Este é o número de estaleiros existentes no Brasil, com capacidade para beneficiar mais de 550 mil toneladas de aço, segundo levantamento do Instituto Brasil do Petróleo (IBP). Nove deles estão ativos, mas sem demanda por novos projetos. É o caso do Atlântico Sul, em Pernambuco, e do Enseada, na Bahia. Juntos, podem processar cerca de 200 mil toneladas de aço por ano, o equivalente a 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira. Algo similar ocorre na cidade de Rio Grande (RS), que tinha tudo para ser um dos grandes polos do setor no Brasil. Lá estão os estaleiros QGI e Rio Grande. Ao lado, na vizinha São José do Norte, há ainda o EBR.
Este último é o mais “próspero”: recentemente, entregou cinco módulos para o FPSO P-79, contratada pela Saipem para a Petrobras. O Rio Grande tem feito serviços de manutenção. O QGI, embora ativo, não tem qualquer pedido. Ou seja: definitivamente, o problema do Brasil não é falta de estaleiro.
As duas outras variáveis – “Quem vai investir?” e “Quem vai comprar?” – estão indissociavelmente entrelaçadas e, em última instância, dependem do mesmo fator: vontade política.
Até o momento, a promessa do governo Lula de que a Petrobras seria o grande propulsor da retomada da indústria naval brasileira não passa de pirotecnia verbal. Qualquer projeto para a revitalização do setor passa obrigatoriamente por um grande programa de compra de embarcações, sondas e plataformas por parte da estatal, o que, por sua vez, passa por uma decisão do acionista controlador.
O Plano Estratégico 2024-2028 da companhia prevê a aquisição de quatro navios da classe Handy. Em abril, a Petrobras anunciou a intenção de contratar 200 embarcações de apoio no período, incluindo a construção de 38 novos equipamentos. A estatal sinaliza também a encomenda de 14 navios-plataformas, mas não dá detalhes do cronograma para os eventuais pedidos. Ressalte-se que nos últimos anos, possivelmente por pruridos criados pela Lava Jato, a empresa tem dado preferência ao afretamento e locação de plataformas, sondas e embarcações, em vez do aumento da sua frota própria.
Não se trata da melhor decisão corporativa. Estudo do Dieese aponta que o custo da Petrobras com a produção de petróleo em plataformas alugadas é mais alto do que nas plataformas de sua propriedade. Os gastos de produção nos equipamentos contratados são maiores em dois de três níveis de profundidade das áreas de exploração. No pré-sal, por exemplo, o custo de cada barril nas plataformas afretadas é de US$ 5,66, 52,15% superior ao das plataformas próprias (US$ 3,72). Já que o sócio majoritário não se mexe, os demais acionistas poderiam fazê-lo. Mas não se vê no mercado questionamentos mais agudos à estratégia da Petrobras de alugar equipamentos em vez de ampliar a sua frota.
Uma firme política de aquisição de plataformas, sondas e embarcações por parte da Petrobras abriria caminho para o retorno de antigos players ou a chegada de novos investidores na indústria naval. Se o próprio governo fizer um aceno e a estatal entrar com as encomendas, muito provavelmente grandes grupos da China, Coreia, Japão e Cingapura – responsáveis por quase 90% do setor em todo o mundo – embarcariam no negócio.
A presença da Petrobras na ponta compradora já seria, por si só, uma garantia financeira. No setor é voz corrente que se a companhia voltar ao game – e provavelmente isso ocorreria com a escolta do BNDES no financiamento de encomendas -, os players retornam junto. Hoje, o que se vê é justamente o contrário. Não há cliente e, portanto, não há vendedor, nem investimentos. Some-se a isso o fato de que este não é um segmento da economia qualquer.
Ao menos da forma como foi concebido na década passada, a indústria de construção naval e os principais sites estão majoritariamente nas mãos de grandes construtoras que foram varridas pela Lava Jato. O estaleiro Enseada pertence à Novonor, antiga Odebrecht; o Atlântico Sul, à Mover Participações, ex-Camargo Corrêa, e à Queiroz Galvão; esta última é dona também do QGI; já o Rio Grande é controlado pela Ecovix, leia-se a Nova Engevix.
Há, é verdade, algumas pontas soltas que ainda precisariam ser atadas para o rissorgimento da construção naval no Brasil. A debacle dos estaleiros levou de arrasto uma cadeia produtiva praticamente inteira. O Brasil tinha três fabricantes de motores para embarcações. Não tem mais nenhum. Em uma década, houve também uma obsolescência da mão de obra. São obstáculos a serem superados. No caso dos insumos, uma saída seria a flexibilização das atuais regras de conteúdo local. O que é melhor para alguns segmentos da indústria naval: ter 20% de um pacotão de encomendas ou ter 50% ou 60% de zero?
Governo
Sem metas sociais, BNDES Periferias corre o risco de virar o teleférico da vez
9/10/2024Infraestrutura
Debêntures incentivadas entram no radar de rodovia paulista
7/10/2024Empresa
CPP Investments e AIMCo acertam os ponteiros para aporte na Iguá
27/09/2024Os acionistas da Iguá Saneamento avançaram nas negociações para um aporte de capital na companhia. Segundo fonte próxima à empresa, a injeção de recursos das canadenses CPP Investments e AIMCo poderá ultrapassar a marca de R$ 2,5 bilhões, acima, portanto, da cifra de R$ 2,2 bilhões cogitada inicialmente. A incógnita fica por conta do BNDES, acionista minoritário da Iguá, com 8,6%. Até o momento, o banco não sinalizou se vai ou não acompanhar o aporte – neste segundo cenário, sua participação seria diluída. A única certeza é que a companhia precisa reforçar sua estrutura de capital para fazer frente ao elevado nível de alavancagem. A atual dívida de curto prazo, da ordem de R$ 7 bilhões, equivale a mais de sete vezes o Ebitda. É um fardo difícil de carregar.
Destaque
BNDES faz contorcionismos para atrair investidores aos leilões de concessão
13/09/2024O BNDES está quebrando a cabeça para encontrar mais soluções voltadas a estimular a participação de investidores nas concessões. O banco acha que os ativos estão bem precificados e já contam com hedge cambial, garantias que não foram dadas em leilões anteriores, além do uso das debêntures incentivadas à infraestrutura.
Para não falar, é claro, de linhas de financiamento a um custo bem abaixo do padrão, que podem ser adicionadas aos recursos captados no mercado de capitais.
Os leilões sem participantes começaram a pipocar aqui e ali. Preocupam e muito. Cresce o risco de o governo não bater a cota prevista para as concessões neste ano. Ou, pior, ficar abaixo do realizado na gestão Bolsonaro, no mesmo período dos primeiros 24 meses de governança.
Já se ouviu de tudo um pouco, inclusive a proposta de uso de uma tranche das reservas para conceder incentivos ainda mais atrativos.
Outra ideia, muito heterodoxa, seria o governo sacar parte das suas cotas do FMI, que disponibilizou US$ 15 bilhões, caso o país quisesse aumentar suas reservas, um dinheiro que sairia praticamente de graça.
Trata-se de uma proposta paradoxal, já que o Brasil, junto a 40 países membros, se comprometeu a aportar recursos no Fundo para ajudar os países mais pobres.
Lembrai-vos: o Brasil é a oitava economia do mundo. Aos olhos do mundo, não pegaria bem passar o pires na instituição, mesmo tendo o direito de saque sem condicionalidades. Afinal, o dinheiro é das nações contribuintes, conforme a proporcionalidade das cotas de cada uma.
Bem, lisergias a parte, o fato é que tem havido mais editais e anúncios do que concessões propriamente ditas. Sem esquecer que os recursos provenientes da outorga ajudam no esforço fiscal do governo.
Destaque
Bolsonaro, quem diria, pode acabar no mercado financeiro
26/08/2024Se o futuro fosse hoje, Bolsonaro já estaria com ele garantido. O ex-presidente tem sido seduzido por Paulo Guedes para se juntar a ele e ao influenciador Thiago Nigro, mais conhecido como Primo Rico, fundador do Grupo Primo. Bolsonaro seria uma espécie de garoto-propaganda da plataforma de investimentos e cursos, que faturou mais de R$ 200 milhões em 2023.
Ressalte-se que o projeto é apenas para depois de 2026. Nos próximos dois anos, a missão prioritária de Bolsonaro é trabalhar pela candidatura de um dos seus à sucessão de Lula – até prova em contrário, ele está inelegível até 2030. Mas Lula também estava inelegível. Quem sabe Bolsonaro não repita o feito. Depois das eleições, dependendo do resultado, aí, sim, Bolsonaro teria o caminho livre para se unir, ou melhor, se reunir ao “Posto Ipiranga”, emprestando sua popularidade e seu maior ativo, o próprio rosto, para propagandear os mais diversos produtos financeiros.
O ex-presidente é um “vendedor” que carrega por onde vai um mercado cativo de aproximadamente 30% do eleitorado. Outro handicap de Bolsonaro, mais especificamente, é o notório acesso aos evangélicos, um dos pilares da sua base política. Bem, para um ex-presidente da República que, logo após deixar o cargo, começou a vender camisas, pôsteres e calendários, migrar para o mercado financeiro seria um considerável upgrade.
Entre as possibilidades que crepitam na cabeça de Paulo Guedes está o lançamento de um título de capitalização. Talvez seja algum fetiche do ex-ministro.
Em 2018, durante a campanha eleitoral, ele chegou a sugerir a criação de um sistema de capitalização como alternativa ao modelo da Previdência Social. Em 2021, à frente do Ministério da Economia, voltou a levantar a mesma lebre. Na ocasião, disse que era um erro o governo ainda não ter adotado a medida e que tentaria fazer a “capitalização da Previdência” até o fim da sua gestão no Ministério.
A promessa e o cargo se foram, mas a ideia, não. Só que dessa vez o mote é outro, algo como um “papa evangélico”, alusão a uma coqueluche financeira do final século passado, o “Papa-Tudo”, título de capitalização pertencente ao controverso empresário Arthur Falk e ao jornalista Roberto Marinho. Paulo Guedes já está trabalhando com o Primo Rico, um popstar entre os influencers da área financeira – seu canal YouTube está perto de atingir os sete milhões de seguidores. Guedes é o nome-âncora do MBA em Macroeconomia e Portfolio Management, lançado pelo Grupo Primo no ano passado.
Ele vai uma vez por semana a São Paulo para gravar sua aula. A pessoas próximas afirma que recebe R$ 20 mil por mês – praticamente com a mesma veemência com que costuma dizer que só perdeu dinheiro durante os quatro anos em Brasília. A modesta cifra, tratando-se de um plenipotenciário ex-ministro da Economia, permite inferir que talvez Guedes tenha uma participação no negócio. Bem, o corpo docente foi montado a sua imagem e semelhança. Entre os professores estão também Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES, Adolfo Sachsida, ex-secretário de Política Econômica, e Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia. É praticamente uma versão acadêmica do governo Bolsonaro. Só falta mesmo o chefe.
Infraestrutura
A “reprivatização” do saneamento no Piauí
19/08/2024Logo após o fracassado leilão da concessão de saneamento no estado, o governo do Piauí se apressou em afirmar que “algumas adequações serão feitas no edital, em função dos questionamentos recebidos”. Puro eufemismo. O que se diz no setor é que o edital será praticamente colocado abaixo e reconstruído. Há especulações também de que o BNDES será acionado para auxiliar na formatação do novo modelo da licitação. O Piauí foi um dos raros estados que decidiu formatar a venda da sua operação de saneamento com o apoio de consultorias privadas, e não com o BNDES. Deu no que deu. O leilão da última quarta-feira foi cancelado por absoluta falta de propostas. Um dos pontos que deverá ser revisto é o valor de outorga, de R$ 1 bilhão, considerado alto pelos investidores. Além disso, a cifra teria de ser desembolsada de uma única vez antes da assinatura do contrato. Há pressão do setor privado para que a quantia não apenas seja reduzida, mas também a quitação diferida ao longo do tempo de duração do contrato.
Infraestrutura
Leilão da pernambucana Compesa deve ficar mesmo para 2025
16/08/2024O BNDES praticamente jogou a toalha. No banco, é grande a descrença na hipótese de que o leilão de saneamento de Pernambuco será realizado ainda neste ano. Antes das eleições municipais, esquece. E, pelo jeito, nem depois. A governadora Raquel Lyra tem dado sinais de que pretende empurrar a licitação para o ano que vem. O que se diz é que a governadora teria se comprometido com candidatos a prefeito do seu partido, o PSDB, a distanciar o leilão do calendário eleitoral, jogando-o para 2025. Entre os correligionários de Raquel, o receio é que a venda de parte dos serviços da estatal Compesa seja usada contra eles na campanha.
Economia
Depois de Roberto Campos, o BNDES virou pau para qualquer obra
15/08/2024Durante anos a fio, diversos opiniáticos da área econômica diziam que se o então BNDE estivesse dando lucro, estava tudo errado. Vale aqui a redundância: o banco de fomento, desde os idos do seu criador, Roberto Campo, o avô, tinha sido pensado para fomentar. Uma gota de lucro queria dizer o descumprimento da sua função. Durante o governo Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mandou os pruridos às favas e transformou o banco em um acessório de transferência de renda para o Tesouro. Fomentar, que tinha sido o leitmotiv da sua criação, virou um detalhe. Os agentes econômicos? Que buscassem o mercado de capitais para se financiar. Agora, no governo Lula, o BNDES voltou a realizar lucro. Seu presidente, Aloizio Mercadante, de forma exultante, declarou que vai repassar mais de R$ 15 bilhões ao Tesouro para colaborar com a Fazenda no esforço de equilíbrio das contas públicas. Mercadante foi um dos economistas do PT indignados com a metamorfose do banco da Avenida Chile em vaca leiteira do Tesouro Nacional. Não seria improvável que Paulo Guedes, em suas caminhadas diárias pelo calçadão do Leblon, murmurasse para si mesmo: “Fiz melhor do que eles, transferi centenas de bilhões que poderiam ser dedicados a empréstimos ao setor real da economia.”
Economia
A resposta mais importante sobre a política monetária não está na ata do Copom
7/08/2024A ata da última reunião do Copom – com um recado duro de que “caso julgue apropriado não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta”, além da avaliação natural de que o cenário de risco para inflação mudou – traz interrogações sobre como será o comportamento do futuro presidente do Banco Central e a efetiva autonomia que o mandatário terá à frente da autoridade monetária. Entenda-se autonomia como a redução das pressões do partido do governo, seus satélites e do próprio presidente da República, que se dedicaram a influir na condução da política de juros atacando duramente o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto. Não resta dúvida que este último abusou da sua independência, politizando sua função e desafiando gregos e troianos em relação a sua força no cargo. Campos Neto foi sendo minado por sua arrogância e por ser considerado um resquício do “bolsonarismo” no governo. Mas ele já é uma carta fora do baralho. Todos os olhos agora miram sobre quem será o nome do futuro titular do BC, que já pode emplacar antecipadamente em setembro, caso Campos Neto decida jogar a toalha antes do prazo estipulado para o fim do seu mandato, às vésperas do Ano Novo.
O placar para o futuro sucessor de Campos Neto está em 90% a favor do atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, que já posa como presidente do BC, participando de reuniões na alta cúpula do governo. Em junho, encontrou-se com Lula, Fernando Haddad e a secretária executiva do Gabinete Civil, Miriam Belchior, para uma conversa sem agenda previa. Campos Neto nunca teve essa regalia. Mas tudo isso são prolegômenos. A interrogação que se alevanta é até que ponto Galípolo será um “Henrique Meirelles” ou um “Alexandre Tombini”, o presidente frágil da gestão Dilma Rousseff. Caso venha a ter a autonomia de Meirelles, o que é difícil na versão Lula III, Galípolo receberá carta branca para exercer a autoridade monetária sem tomar pitos do chefe da Nação, e do próprio ministro da Fazenda. Verdade seja dita que Haddad reclama de Campos Netto com fala mansa, mais por estar obrigatoriamente alinhado com Lula. De qualquer forma persiste a dúvida: Galípolo terá a prerrogativa de ser um hawkish ou um dovish, com decisões mais técnicas, ou será um títere a serviço do interesse político do Planalto? O que também não é improvável.
Dos tempos de Henrique Meirelles, nos governos de Lula I e II, muita coisa mudou. A começar pela garantia de permanência de Meirelles no cargo dada junto ao governo norte-americano, conforme é público e sabido, devido às negociações em missivas trocadas entre o empresário Mário Garnero e o então vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. A reunião articulada para que fosse escolhido um presidente do BC com a benção norte-americana foi conduzida por José Dirceu. Está tudo documentado. Desse encontro saiu confirmado o novo titular da autoridade monetária: o primeiro CEO brasileiro de uma instituição bancária dos EUA, Henrique Meirelles, então à frente do First Boston. Meirelles atravessou os dois governos Lula com liberdade para o manejo da Selic, sob o silêncio de seu chefe. Ganhou todas as paradas, a exemplo dos adversários Carlos Lessa, presidente do BNDES, Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Dilma Rousseff, em sua passagem pela Casa Civil. É verdade que havia um risco iminente de ataque especulativo, e Meirelles serviu, no mínimo, para mitigar essa situação. Mas e Galípolo?
O candidato mais bem situado para exercer a presidência do BC, por enquanto, é uma falsa incógnita. Ele sai da cota direta de Fernando Haddad, o que já é um hedge em relação ao fogo cruzado que aos poucos foi encurralando Campos Neto. Os primeiros movimentos de Galípolo nas reuniões do Copom foram um passo para lá e dois para cá. Logo na entrada, divergiu da maioria do Colegiado e apoiou um ciclo de redução das taxas de juros. Nas duas últimas, mudou de opinião, já como virtual presidente do BC, votando com o colegiado para a suspensão desse mesmo ciclo. Lula parece ter arrefecido sabendo que as pancadas sobre Campos Neto já eram letra morta. A Selic estava de novo pronta para subir. A decisão do Colegiado é que a política monetária está há um triz de endurecer. A inflação bate na porta, e todos sabem disso. A tese que circula dentro do próprio Banco Central é que a elevação dos juros teria um impacto menor sob as eleições municipais – essa variável não dita certamente está no balanço de riscos do BC -, uma vez que o desaquecimento da economia somente se daria cerca de seis meses após o aumento da Selic. Ou seja: em 2025. Fora o fato de que a economia estar bombando com um PIB mais alto do que as previsões do mercado já estar encomendado. Até aí nada de novo.
Os analistas de mercado já esquartejaram o assunto post factum. Há um ponto que faz diferença: no próximo ano, o colegiado do BC será quase inteiramente de Lula. Portanto, as decisões de Galípolo serão ainda mais concentradas na sua pessoa. De antemão, pode-se prever que a comunicação do BC vai mudar, com empenho para que o mercado compre a meta contínua de inflação, que vigorará a partir de 2025. A medida relativiza o calendário mensal de aferição da meta de inflação. O verdadeiro índice somente será apurado em 24 meses ou 36 meses – ainda em discussão – a partir de janeiro do próximo ano. Galípolo já deu sinais de que não mexerá na meta permanente de 3% de inflação. Defendeu a medida no passado, mas as circunstâncias mudaram. Alterar a meta seria um choque de falta de credibilidade logo na partida.
Galípolo entrará no BC com muito mais facilidades do que Campos Neto desde a aurora da gestão Lula III. Mas para ser um Meirelles faltam ainda demonstrações efetivas de independência. A começar por como administrar politicamente – o BC inteiramente técnico é balela – a preferência de Lula quando o trade off de juros altos ou atividade econômica bombando for a decisão da vez. A voz rouca da ata do Copom insinua que isso pode acontecer bem mais rapidamente do que se esperava nesses últimos seis meses de Campos Neto como presidente do BC.
Governo
BNDES aperta o torniquete do seu compliace
2/08/2024A Petrobras foi só o início. A exemplo da parceria firmada com a petroleira nesta semana, a Controladoria-Geral da União (CGU) costura um acordo de cooperação com o BNDES para apertar ainda mais os mecanismos de integridade e compliance do banco de fomento. No governo, há que diga que a Caixa Econômica será a próxima. Além do combate à corrupção pela raiz, trata-se de uma estratégia profilática e com alguma dose de pragmatismo por parte da CGU. O órgão de controle quer reduzir a carga de processos que caem no seu colo mesmo que por pequenos descuidos das grandes estatais.
Economia
As tertúlias entre André Lara Resende e Jorge Paulo Lemann
31/07/2024Há uma dupla improvável que estaria se encontrando para conversar: Jorge Paulo Lemann e André Lara Resende. A priori nada une ambos. Talvez haja um fator subjetivo em comum: a autoestima ferida. No caso de Lemann, além do baque financeiro da Americanas, pesa o estigma de empresário que deixou de ser uma referência e ainda prejudica as finanças alheias.
Já Lara Resende foi massacrado pela academia em sua cruzada pela Teoria Monetária Moderna, tratado como pária nos festejos pelos 30 anos do Plano Real e excluído dos cargos no governo para os quais era tido como aposta certa, tais como o BC ou o BNDES. A aproximação entre os dois não é um fato tão novo assim. Lara Resende já revelou publicamente um encontro entre ambos para conversar sobre as mudanças que estavam ocorrendo no pensamento convencional da economia. Mais não se sabe. São dois personagens disruptivos, e qualquer colaboração entre eles terá forte impacto nos mercados e na mídia. Seja lá o que fizerem junto.
Destaque
Pátria Investimentos elege seus novos alvos em transição energética
29/07/2024O Pátria Investimentos pretende montar um arco expressivo de participações em empresas de energia renovável. Há informações no setor de que a gestora de recursos estaria em tratativas avançadas com o fundo norte-americano Castlelake para a compra do controle da Ibitu Energia. A empresa é avaliada em aproximadamente US$ 500 milhões. A aquisição representaria um salto expressivo para a Essentia, braço do Pátria para investimentos em transição energética.
A companhia adicionaria ao seu portfólio usinas eólicas e hidrelétricas em Minas Gerais, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Santa Catarina com mais de 800 MW de capacidade instalada, além de projetos no pipeline da ordem de 1,2 GW. Trata-se de uma descarga de energia que permitirá à Essentia mais do que dobrar de tamanho – hoje, sua carteira é de 1,7 GW, somando-se geradoras já em operação e investimentos em curso. Procurados, Pátria Investimentos e Castlelake não se pronunciaram.
No setor, corre também à boca miúda que a Essentia está grudada, feito ímã, em grandes grupos de geração renovável. Nesse campo magnético figuram, por exemplo, a Casa dos Ventos e a Eneva. As conversas passam pela aquisição pontual de ativos e também pela possibilidade de investimentos conjuntos. Tudo tratado com a costumeira eletricidade com que o Pátria costuma conduzir negociações e investimentos.
No fim do ano passado, por meio da Essentia, a gestora de Alexandre Saigh adquiriu o controle de quatro parques eólicos até então pertencentes à Contour Global: Asa Branca, no Rio Grande do Norte, e Chapada I, II e III, no Piauí. No caso dos complexos Chapada I e II, a empresa comprou ainda a participação de 49% da Eletrobras. Por conta dessas incorporações, a companhia vai superar, neste ano, a marca de R$ 1 bilhão em venda de energia. E vem mais por aí. Em fevereiro, o Pátria lançou um fundo para investimentos em transição energética da ordem de R$ 5 bilhões, com parte dos recursos captada junto ao BNDES, CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e IFC (International Finance Corporation), do Banco Mundial.
Infraestrutura
Lula comanda um governo que não faz concessões
24/07/2024Financiamento
Transição energética made in BNDES
15/07/2024Informação fisgada nos corredores do BNDES: governadores do Nordeste, notadamente os petistas Jerônimo Rodrigues, da Bahia, e Elmano Freitas, do Ceará, têm feito gestões junto ao banco para a criação de um fundo que financiaria projetos em transição energética nos respectivos estados. O “benchmarking” vem do próprio BNDES. Seria algo similar à parceria firmada entre agência de fomento e o Governo do Espírito Santo, que, no ano passado, criaram um fundo de R$ 500 milhões para investimentos em energia limpa.
Política
Luciano Coutinho desponta como o “Mantega da vez” na sucessão da Vale
10/07/2024Governo
Rui Costa está ajudando a Bahia ou a si próprio?
10/07/2024O ministro da Casa Civil, Rui Costa, costura dentro do governo uma linha de crédito do BNDES para financiar projetos de mobilidade urbana na Bahia. A prioridade é a construção do sistema de VLT de Salvador. A obra está orçada em aproximadamente R$ 3,5 bilhões – valor, ressalte-se, que não inclui a aquisição de equipamentos. Na semana passada, curiosamente, em entrevista a uma rádio da Bahia, Lula disse, em tom de chiste, que tem de ficar “de olho” em Rui Costa para ele não “desviar” as obras do PAC para o estado. Línguas ferinas da política baiana se perguntam se esses “desvios” são “a favor” ou “contra” o governador Jerônimo Rodrigues. Dentro do próprio PT, pipocam rumores do interesse de Costa em se candidatar ao governo da Bahia, em 2026, rifando Rodrigues da disputa pela reeleição.
Destaque
BNDES desponta como o rebocador financeiro dos leilões de hidrovias
8/07/2024O governo estuda medidas com o objetivo de atrair o maior número possível de investidores para os leilões de concessões hidroviárias. O que está em jogo é um pacote de investimentos da ordem de R$ 5 bilhões, contabilizando-se apenas as quatro primeiras licitações já engatilhadas. Uma das propostas discutidas entre o Ministério dos Portos e Aeroportos e a Casa Civil é o apoio do BNDES aos futuros operadores das hidrovias. A participação do banco poderia se dar de duas formas: no modelo convencional, por meio de uma linha de crédito, ou por intermédio de debêntures incentivadas de infraestrutura.
Nesse caso, o BNDES garantiria a compra de uma parcela expressiva dos papéis emitidos pelas concessionárias. Este é um instrumento que tem sido crescentemente usado pelo banco, notadamente na área de saneamento. No ano passado, a agência de fomento subscreveu 26% das debêntures de infraestrutura lançadas no Brasil, o equivalente a R$ 18 bilhões. Além do BNDES, há informações de que o governo pretende utilizar também os fundos constitucionais – notadamente o FNO (Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Norte) e o FCO (Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Centro-Oeste) – para viabilizar os investimentos nas hidrovias. No momento, a Hidrovias do Brasil, agora sob o comando do Grupo Ultra, é dado como um nome certo nos leilões. É pouco.
O governo quer estimular a participação de grandes grupos da área de infraestrutura que ainda não operam nesse segmento. No próprio Ministério dos Portos e Aeroportos são citados os nomes da CCR e da dupla Equipav/Perfin Investimentos. Há quem veja também a possibilidade de atrair conglomerados do agronegócio, como o Grupo Amaggi.
O primeiro leilão no pipeline é o da Hidrovia do Rio Madeira, um corredor logístico vital para o escoamento da produção de grãos, notadamente do Mato Grosso. Hoje, circulam pelo manancial cerca de 12 milhões de toneladas de commodities agrícolas por ano. A estimativa é que, com os investimentos do futuro operador privado na dragagem do rio, esse número chegue a 20 milhões de toneladas/ano até 2034. Todo o processo de audiências públicas será concluído ainda neste ano.
O mesmo se aplica ao aval dos órgãos de controle, que deverá ser obtido até dezembro. Caso esse cronograma seja cumprido à risca, o governo pretende realizar o leilão no primeiro trimestre de 2025. Será o teste de fogo. Na Casa Civil e no Ministério dos Portos e Aeroportos, o entendimento é que a licitação do Rio Madeira vai regular a temperatura dos três outros certames previstos para o ano que vem – as hidrovias do rio Paraguai, no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, da lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul, e da Barra Norte, no Amapá, na foz do Rio Amazonas, próximo ao Oceano Atlântico.
Destaque
Embraer faz seus primeiros rasantes sobre a Força Aérea da Colômbia
5/07/2024A direção da Embraer e o próprio governo brasileiro estão irmanados em uma tour de force junto ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Na área de Defesa, há informações de que a companhia, com o auxílio do Itamaraty, teria aberto conversações com autoridades colombianas para a venda dos caças que vão substituir 16 aeronaves Kfir da Força Aérea local. Em jogo, um negócio que pode chegar a US$ 3 bilhões. A Embraer fala por si e pela sueca Saab, sua parceira. A operação envolveria o fornecimento dos aviões Gripen montados pela dupla em Gavião Peixoto (SP).
A influência do governo Lula junto a Gustavo Petro, um de seus principais aliados na América Latina, é um trunfo importante da dobradinha Embraer/Saab. Trata-se de uma disputa comercial, mas, antes de tudo, uma concorrência de ordem geopolítica. Israel era um forte candidato ao negócio – o Kfir (“leãozinho” em hebraico) foi fabricado pela Israel Aircraft Industries. No entanto, a não ser que aconteça uma reviravolta, o país é carta fora do baralho. Em maio, a Colômbia rompeu relações diplomáticas com Israel por conta dos ataques à Palestina – Gustavo Petro se referiu a Benjamin Netanyahu como um “genocida”. Em 2022, o governo colombiano chegou a abrir conversações com a francesa Dassault para a aquisição da aeronave Rafale, mas as tratativas não avançaram. Nesse cenário, os Estados Unidos despontam como o principal concorrente da dobradinha Suécia/Brasil, com o F-16, fabricado pela Lockheed Martin. Procurada pelo RR, a Embraer não se pronunciou.
Fontes da área de Defesa entendem que a dupla Embraer/Saab ganhou alguns pontos preciosos com a visita do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, à Suécia, no mês passado. Na ocasião, Petro se encontrou com executivos da fabricante de aeronaves. Inicialmente, a fábrica da Embraer em Gavião Peixoto foi projetada para a montagem de 15 das 36 aeronaves Gripen compradas pela Força Aérea Brasileira. No entanto, além da transferência de tecnologia, o acordo firmado entre a Embraer e a Saab já prevê um volume maior de investimentos e o aumento da capacidade de produção para atender a encomendas na América Latina. Além da proximidade de Lula com Gustavo Petro, a dupla tem outra valiosa carta na manga: o BNDES. O banco de fomento é, historicamente, um dos maiores financiadores de contratos de exportação da Embraer.
Governo
Mercadante é uma voz contrária ao repasse de recursos do FAT para o INSS
27/06/2024O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, tem pregado dentro do governo o fim da transferência de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para cobrir o rombo do INSS. Conta, como principal aliado, com o apoio do ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Não parece ser um dueto suficiente para se contrapor a Fernando Haddad e Simone Tebet. A dupla já deu sinal verde para que o expediente seja repetido em 2025 – conforme o RR antecipou com exclusividade, o orçamento do FAT para o ano que vem prevê o repasse de R$ 21 bilhões para o pagamento de pensões e aposentadorias. A medida tem impacto direto no BNDES. Cálculos preliminares feitos pelo próprio banco, com base na proposta de orçamento do FAT para 2025, apontam que a transferência vai custar à agência de fomento aproximadamente R$ 4 bilhões. A subtração se dará na parcela de 28% do PIS PASEP destinada ao BNDES, que cairá de R$ 33 bilhões para pouco mais de R$ 29 bilhões.
Economia
André Lara e Pérsio Arida ressurgem na bolsa de apostas para o Banco Central
19/06/2024Empresa
Equatorial Energia entra na fila dos leilões de saneamento no Pará
13/06/2024A “Rádio-Corredor” do BNDES informa: a Equatorial Energia tem buscado sistematicamente números sobre a concessão de saneamento do Pará. O governo do estado e o banco de fomento pretendem realizar até dezembro a primeira das licitações – a operação deverá ser dividida em várias áreas. O interesse da Equatorial é pelo filé mignon, Belém. Consultada, a empresa não se manifestou até o fechamento desta matéria.
Meio ambiente
Bancos federais podem usar ferramenta da ONU para auferir suas emissões
11/06/2024Informação que circula no Itamaraty: o governo brasileiro estaria em conversações com a ONU para usar uma ferramenta de medição da pegada de carbono em instituições financeiras criada no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O sistema seria utilizado, em uma primeira fase de testes, nos bancos de fomento federais, como o próprio BNDES, Banco do Nordeste e Basa. No governo, há quem enxergue um valor simbólico na medida. No momento em que o Brasil planeja uma nova emissão de títulos verdes , no valor de aproximadamente US$ 2 bilhões, toda sinalização de compromisso com metas ambientais é útil.
Economia
Um novo ruído na praça: o encontro dos precatórios com as águas de Porto Alegre
5/06/2024Empresa
BNDES pode ter um papel valioso em investimento da Arauco
5/06/2024As paredes do BNDES ouvem demais. Ouvem, por exemplo, que o banco poderá financiar a construção da primeira fábrica de celulose da chilena Arauco no Brasil. Trata-se de um dos maiores projetos previstos no setor: a unidade, na cidade de Inocência (MS), demandará investimentos superiores a R$ 15 bilhões. Em contato com o RR, o BNDES informou que “não comenta projetos ainda não aprovados.” Mas executivos do setor comentam e consideram mais do que sintomático o apoio do banco para a ampliação da Malha Paulista, concessionária da Rumo Logística, de Rubens Ometto. O banco subscreveu R$ 750 milhões do total de R$ 1,5 bilhão em debêntures incentivadas emitidas pela empresa. A ferrovia será uma peça importante no quebra-cabeças logístico para o escoamento da produção da fábrica da Arauco. São quase projetos “irmanados”.
ESG
JBS deixa as estranhezas no passado e se torna empresa-cidadã
5/06/2024Deu no jornal Valor Econômico de ontem: a JBS está abrindo mil vagas de empregos no Rio Grande do Sul, além de injetar R$ 30 milhões na economia local, por meio da antecipação do 13º para 15 mil funcionários, e distribuir 40 toneladas de alimentos, 40 mil kits de limpeza e 2,6 mil cestas básicas. Parabéns para a JBS. Nenhuma companhia chegou nem perto. Quem diria? Apesar das estranhezas na operação de financiamento estatal da companhia, a JBS é uma das empresas que propiciou maior rentabilidade à carteira de participações da BNDESpar; é o segundo maior conglomerado da área de alimentos do mundo; tem 400 unidades produtivas em 20 países; é a segunda empresa do Brasil em receita líquida operacional; é a segunda maior empregadora do país com 151 mil postos de trabalhos diretos (se forem adicionadas as vagas geradas pela sua cadeia produtiva, o número sobe para 2,9 milhões, ou 2,73% dos empregos do Brasil); é a líder no ranking de proteína animal; é a empresa de maior impacto socioeconômico do país, segundo a Fipe etc. Nada mau para quem começou com uma pequena planta com capacidade de processamento de cinco cabeças de gado por dia. Tornou-se também uma “empresa cidadã”, como o saudoso Betinho alcunhava as “empresas do bem”. Para se ter uma ideia da disparidade da contribuição social da JBS na tragédia do Sul em relação às demais companhias, basta comparar com o aporte de R$ 10 milhões feitos pelo Itaú, o maior banco privado do Brasil. Mas definitivamente não é o banco do povo brasileiro. A JBS, sim, até o momento é a companhia do povo mais desassistido do país.
Destaque
Bamin busca um sócio para investimentos de R$ 20 bilhões no Brasil
3/06/2024Infraestrutura
Equatorial Energia mira leilão de saneamento de Pernambuco
31/05/2024Nos corredores do BNDES, o que se diz a boca miúda é que a Equatorial Energia já fez chegar à Avenida Chile o interesse em disputar o leilão das concessões de saneamento de Pernambuco – o primeiro lote deverá ser licitado ainda neste ano. A empresa, que tem entre seus acionistas BlackRock, CPP Investments e Opportunity, fez seu primeiro investimento no setor no ano passado, com a aquisição da CSA, a empresa de saneamento do Amapá.
Sondagem
O que esperar da Petrobras de Magda Chambriard?
24/05/2024- Retorno ao setor de fertilizantes (Pouco provável)
- Margem Equatorial – (Improvável)
- Aumento dos dividendos – (Improvável)
- Mudança na política de preços (Improvável)
- Retorno à distribuição de combustíveis (Provável)
- Investimentos em transição energética (Muito provável)
- Aumento das operações de refino (muito provável)
- Fomento à indústria naval (Provável)
- Maior influência política (Muito provável)
Infraestrutura
Banco do Nordeste vira uma peça importante nos leilões de saneamento
21/05/2024Alguns ouvidos mais aguçados no BNDES já captaram conversas com o Banco do Nordeste (BNB) sobre o setor de saneamento. E o que se diz nessas conversas? O BNB ampliaria o volume de financiamentos para o setor, o que seria um chamariz para os futuros leilões de concessão na região, todos com modelagem a cargo do BNDES. O principal alvo no curto prazo é a licitação dos serviços de saneamento em Pernambuco, prevista para o último trimestre do ano. O BNDES ainda não fechou os números, mas cálculos preliminares indicam um pacote de investimentos no estado superior a R$ 18 bilhões. No ano passado, o Banco do Nordeste liberou cerca de R$ 2,8 bilhões em crédito para o segmento. Para este ano, a expectativa no setor é que o sarrafo chegue a R$ 4 bilhões.
Empresa
Marcopolo quer criar um cinturão elétrico na América do Sul
20/05/2024A Marcopolo, um símbolo de excelência na indústria nacional, acelera no mercado sul-americano de ônibus elétricos. As placas de trânsito apontam na direção de cidades importantes, como Santiago, Buenos Aires e Lima, todas com projetos de eletrificação de frota. Outro alvo, pelo que circula no setor, seria a Colômbia, onde a empresa já tem uma posição estratégica, como fornecedora de veículos para Bogotá. Uma das grandes apostas da Marcopolo é o modelo Attivi Integral, que entrou recentemente na fase comercial após dois anos de testes. A empresa acelera na vizinhança, mas sem se descuidar do front interno. Está de olho no pacote de financiamento para a renovação e eletrificação da frota de ônibus no país anunciado há duas semanas pelo BNDES. Ao todo, serão R$ 4,5 bilhões com recursos do FAT e do Fundo Clima. Procurada pelo RR, a Marcopolo não se manifestou.
Empresa
VLI busca um atalho para renovação antecipada da FCA
17/05/2024Pode ser que sim, pode ser que não. Na tentativa de obter a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, a VLI teria levado uma proposta sui generis ao Ministério dos Transportes. A empresa – leia-se Vale e Brookfield, com a luxuosa companhia da BNDESPar no capital – estaria disposta a pagar uma compensação financeira à União para devolver o trecho da linha férrea na Bahia. São 2,3 mil quilômetros de pura confusão. As autoridades baianas acusam a VLI de ter sucateado deliberadamente a porção da FCA no estado para jogar a operação de volta no colo do governo. O próprio Ministério dos Transportes cobra da empresa a retomada dos investimentos na Bahia, hoje o principal nó para a prorrogação do contrato, que vence em 2026. Mesmo com o aceno de pagamento de uma indenização, a proposta da VLI encontra resistências dentro da Pasta. A começar pelo próprio Renan Filho. O ministro é o principal defensor no governo da estratégia de repactuação dos contratos de concessão já em vigor em troca de novos investimentos. Procurada pelo RR, a VLI não se pronunciou.
Infraestrutura
Concessão de saneamento vira avant-première para a COP30
17/05/2024Há um zunzunzum no BNDES de que a partida na privatização dos serviços de saneamento do Pará será dada até o fim de julho. A tendência é que a concessão seja dividida em blocos, com o lançamento do edital de licitação da primeira área nesse intervalo de dois meses e meio. Sob certo aspecto, o relógio corre pelo fuso horário da COP30, em novembro de 2025. O governador Helder Barbalho não quer nem pensar em outro cenário que não seja a realização do primeiro leilão ainda neste ano. A data é fundamental para que os investimentos e obras avancem antes da Conferência sobre Mudanças Climáticas.
Destaque
Até que ponto a crise da Gol pode contaminar o Trem Intercidades?
7/05/2024A pergunta acima vem sendo repetida no próprio Palácio dos Bandeirantes. O motivo da apreensão é a interseção societária existente entre a Gol e o projeto do Trem Intercidades: a família Constantino. Há uma preocupação de que a recuperação judicial da Gol e sua dívida de mais de R$ 20 bilhões acabem ressecando a oferta de crédito às demais empresas do clã. E, por um efeito cascata, se tornem um óbice à execução das obras de implantação da ligação entre São Paulo e Campinas, um dos maiores investimentos em infraestrutura da gestão de Tarcísio Freitas, com valor superior a R$ 14 bilhões.
O receio do governo paulista é mais do que justificado – estranho seria o contrário. A Comporte, controlada pelos Constantino, é acionista majoritária (60%) do consórcio C2 Mobilidade, que arrematou a concessão do Trem Intercidades. Como tal, será responsável pela maior parte do funding necessário para a construção da linha férrea. A empresa é reconhecidamente uma das maiores holdings de transporte urbano do país.
No entanto, todas as suas concessões e investimentos foram assumidos em outras circunstâncias, antes do agravamento da situação financeira da Gol e do seu eventual impacto sobre a capacidade dos Constantino em buscar recursos no mercado. E, mesmo assim, um dos projetos mais importantes da Comporte tornou-se uma incógnita. Até o momento, o grupo não iniciou as obras de construção da linha 2 do metrô de Belo Horizonte, que, pelo contrato de concessão, devem ser concluídas até 2027, com início da operação previsto para 2029. Isso mesmo com o financiamento do governo federal, que já garantiu a liberação de R$ 2,8 bilhões dos quase R$ 3,3 bilhões necessários.
Diante da inquietação, mais do que natural, é obrigatório que o governo de Tarcísio Freitas, ainda que a título de hedge, se dedique a pensar em eventuais rotas alternativas para impedir qualquer solavanco financeiro no Trem Intercidades. Há caminhos bastante plausíveis. Uma das possibilidades seria obter uma linha de crédito pré-aprovada pelo BNDES, um stand by para ser usado em caso de necessidade – ressalte-se que o banco já acertou o financiamento de R$ 6,4 bilhões para o projeto. Outra hipótese seria recorrer à CAF, o banco de desenvolvimento da América Latina.
A agência multilateral já participa de outro importante empreendimento viário do governo Tarcísio: emprestou US$ 500 milhões para a expansão da linha 2 do metrô paulistano. Ainda no campo das conjecturas, uma terceira opção seria, digamos assim, uma recalibragem societária do consórcio C2 Mobilidade. Por recalibragem leia-se o aumento da participação da chinesa CRRC, que detém os 40% restantes. Se necessário, o próprio governo poderia usar seu peso político para costurar esse reposicionamento na estrutura de capital. Seguro morreu de velho. A dois anos das eleições, o que o presidenciável Tarcísio Freitas menos precisa é de um investimento de R$ 14 bilhões encalhado.
Destaque
Governo injeta recursos na Hemobras para estancar a PEC do Plasma
26/04/2024O governo prepara uma transfusão de recursos públicos para viabilizar a conclusão das obras do complexo industrial da Hemobras, em Goiana (PE). Segundo informações apuradas pelo RR, as discussões passam por um financiamento do BNDES para a estatal fabricante de hemoderivados. Estima-se que ainda seja necessário um investimento da ordem de R$ 1 bilhão não apenas para a construção do último dos 19 prédios, mas também para a compra de sofisticados equipamentos, quase todos importados.
Além da sua importância per si – a dependência brasileira dos hemoderivados importados chega a 70% da demanda -, a pressa do governo em colocar a Hemobras em pleno funcionamento tem como pano de fundo uma disputa sanguínea contra o lobby dos fabricantes internacionais dentro do Congresso. Há movimentos no Senado para que Rodrigo Pacheco leve a chamada PEC do Plasma à votação em plenário. Já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, a proposta de emenda constitucional prevê a quebra do monopólio estatal sobre a extração e comercialização do plasma sanguíneo e a produção de medicamentos hemoderivados, abrindo as veias e artérias dessa cobiçada atividade para a iniciativa privada. Ou seja: a PEC do Plasma pode destravar para grandes laboratórios internacionais um mercado de, no mínimo, R$ 1,5 bilhão por ano – considerando-se o atual gasto do governo com a importação de remédios provenientes do sangue humano.
Entre os principais interessados estariam a norte-americana CSL Plasma, uma das maiores fabricantes de hemoderivados do mundo, com 325 centros de coleta de plasma nos Estados Unidos, a Prothya Biosolutions Belgium B.V., com sede nos Países Baixos, e a suíça Octapharma AG. A Prothya tem entre seus investidores o laboratório farmacêutico brasileiro Blau. A Octapharma, por sua vez, está em uma posição privilegiada. Nenhuma outra multinacional do setor conhece tão bem as hemácias e leucócitos dos brasileiros.
A companhia é parceira da própria Hemobras na produção de 30% dos medicamentos hemoderivados consumidos no Brasil. A estatal envia plasma para os laboratórios da Octapharma AG, que vende ao país albumina, imunoglobulina, fator VIII e fator IX de coagulação.
A PEC do Plasma é controversa e encontra resistências dentro do governo. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, já declarou algumas vezes que o sangue humano não pode virar “mercadoria” e que a PEC “coloca em risco a segurança do sangue no Brasil”. A objeção do governo à proposta pode ser ouvida, em viva-voz, na edição do “Conversa com o Presidente” do dia 26 de setembro do ano passado: “Que história é essa de que tem alguém querendo fazer projeto para que possa vender o sangue do povo brasileiro?”, perguntou Lula, levantando a bola para que a ministra da Saúde desfiasse suas preocupações e críticas em relação à PEC do Plasma.
Nesse contexto, a plena operação do complexo industrial da Hemobras tem um razoável valor político para esfriar o lobby dos laboratórios internacionais. O atraso na conclusão do empreendimento joga a favor da aprovação da PEC do Plasma. A ineficiência do governo em suprir a rede pública de hemoderivados é um dos principais argumentos usados pelos senadores que apoiam a quebra do monopólio estatal. Mesmo porque, até o momento, a trajetória da Hemobras acaba funcionando como uma propaganda contra a própria Hemobras.
A empresa foi criada no primeiro mandato de Lula, em 2004. O cronograma previa que o complexo de Goiana estaria 100% em funcionamento em 2016. Passou o governo Temer, passou a gestão Bolsonaro, Lula voltou ao Palácio do Planalto, e muitos dos canteiros de obra ainda estão no mesmo lugar. Nesse meio tempo, com o perdão do trocadilho, descobriu-se que a corrupção está no sangue do brasileiro. Literalmente. A Polícia Federal desbaratou um esquema de desvio de recursos na construção dos laboratórios da Hemobras em Pernambuco – dois funcionários da estatal foram condenados.
Destaque
CSN espera mais um “trem-pagador” na Transnordestina
22/04/2024Quase 18 anos depois do início das obras, o único vagão que cruza a Transnordestina é o “trem-pagador” da União. O RR apurou que a CSN, responsável pela construção da ferrovia, está perto de obter a liberação de mais uma tranche de recursos públicos para o projeto. As tratativas conduzidas pela Transnordestina Logística (TLSA), controlada pela siderúrgica, envolvem um financiamento de R$ 3,6 bilhões junto ao Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). De acordo com a mesma fonte, o contrato deverá ser assinado até junho. Em conversa com o RR, a CSN confirmou a negociação. Segundo a empresa, o dinheiro será usado para “compor o funding e finalizar as obras”.
Até o momento, a construção da ferrovia já consumiu mais de R$ 7,5 bilhões – fora o R$ 1,5 bilhão gasto com juros e amortizações. E ainda falta outro tanto para a montagem desse complexo quebra-cabeças logístico e financeiro.
Ao RR, a CSN informou que, para a conclusão da fase 1, ainda serão necessários R$ 6,3 bilhões, dos quais R$ 811 milhões já foram liberados. São 1.040 quilômetros entre o Porto de Pecém (CE) e o município de Paes Landim (PI), com início da operação previsto para 2027. A conclusão da Fase 2 – o trecho de 166 quilômetros entre Paes Landim e Eliseu Martins, também no Piauí – ainda precisará de R$ 1,5 bilhão. Bem, o que a CSN mais tem atualmente é trânsito junto ao governo e, mais especificamente, ao BNDES.
Benjamin Steinbruch tem uma relação quase fraternal com Aloizio Mercadante, presidente do banco. Logo após a eleição de Lula, inclusive, Mercadante chegou a sondar o empresário para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Como se não bastasse o cartaz de Steinbruch, a CSN conta também com uma “escolta política” para acelerar o novo empréstimo da União. Os governadores do Ceará e do Piauí, respectivamente Elmano de Freitas e Rafael Fonteles, ambos petistas, têm desempenhado um papel importante junto ao Palácio do Planalto para a liberação dos recursos.v
Infraestrutura
BNDES libera mais recursos para mobilidade urbana
19/04/2024Dois importantes projetos na área de transporte de passageiros estão entrando nos trilhos do BNDES. Há negociações avançadas para que o banco financie a expansão do metrô do Distrito Federal e das linhas da Trensurb, a estatal de trens urbanos de Porto Alegre. No primeiro caso, o valor sobre a mesa é da ordem de R$ 900 milhões, que serão destinados à compra de vagões. Em relação à empresa gaúcha, o cheque é ainda maior. As tratativas giram em torno de um empréstimo de R$ 3 bilhões, metade do custo estimado do projeto de ampliação da malha. Ressalte-se que a Trensubr, controlada pelo governo federal, chegou a ser incluída pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no Plano Nacional de Desestatização (PND). Em março deste ano, a Casa Civil retirou a estatal do PND.
Política
Guilherme Mello surge como candidato à presidência do BNDES
5/04/2024Agora no fim da tarde, surgiu um bochicho em Brasília na esteira da eventual ida de Aloizio Mercadante para a presidência da Petrobras. O nome que desponta para substitui-lo no comando do BNDES é o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. Ele seria para o banco no governo Lula o que Gustavo Montezano representou na gestão Bolsonaro, com sinais trocados. Ambos são jovens e com excelente formação. Mello é também primo de um influente consultor histórico do PT e de Lula, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Há, no entanto, um pequeno senão, que poderia dificultar sua transferência para o BNDES, uma razão prosaica: Mello carrega o piano para Fernando Haddad na Fazenda. Com a saída de Gabriel Galípolo da Secretaria Executiva da Pasta para o Banco Central, acabou ganhando ainda mais importância na estrutura do Ministério. Abrir mão desse auxiliar deixaria Haddad ainda mais assoberbado.
Governo
Mercadante na Petrobras é apenas a ponta do iceberg
4/04/2024A Petrobras corre o risco de virar, de vez, um departamento de Estado. As mudanças planejadas pelo governo não ficariam circunscritas à ida de Aloizio Mercadante para a presidência da empresa, no lugar de Jean Paul Prates. Mercadante assumiria com carta branca para fazer substituições na diretoria da Petrobras e colocar nomes, digamos assim, mais alinhados aos planos do Palácio do Planalto para a empresa. Segundo especulações que circulam dentro da própria Petrobras em meio ao turbilhão de informações desta manhã, o primeiro a ser trocado seria o CFO, Sergio Caetano Leite. O executivo é homem de confiança de Jean Paul Prates e foi uma escolha direta do próprio presidente da estatal para o cargo. Mercadante quer ter na mão o controle de todo o mapa das finanças da companhia. Ressalte-se que a diretoria financeira da Petrobras é responsável, entre outras atribuições, pelo valuation de ativos em caso tanto de desinvestimentos quanto de investimentos. Nesse contexto, caberia ao futuro CFO a importante missão de conduzir eventuais reestatizações. Não é segredo para ninguém, por exemplo, que o governo Lula quer o retorno da Petrobras ao setor de distribuição de combustíveis.
Em tempo: na esteira da possível transferência de Mercadante para a Petrobras, Guido Mantega está cotado para assumir a presidência do Conselho de Administração do BNDES. Seria um pouso até que pareça alguma sinecura melhor. A ida para o banco de fomento seria também uma forma de tirar Mantega do rolo da Braskem – nos últimos dias surgiram informações sobre a intenção do presidente Lula de colocá-lo no board da encalacrada petroquímica.
Destaque
Renan Filho quer converter contenciosos em bilhões de investimento em infraestrutura
1/04/2024O ministro dos Transportes, Renan Filho, está empenhado em desatar o nó das concessões de infraestrutura no país. Com uma boa dose de pragmatismo, Renan tem defendido dentro do governo uma solução pactuada para concessões com pendências de ordem administrativa ou judicial. A proposta é renegociar a extensão dos contrato atrelada à execução de expressivos aportes em modernização e expansão das estruturas. Renan começou pregando esse modelo para o segmento rodoviário, mas já identificou a viabilidade de replicá-lo também em concessões ferroviárias e mesmo aeroportuárias, esta última sob jurisdição de outra Pasta (Portos e Aeroportos). A ideia, segundo o RR apurou, já levada ao Palácio do Planalto. O ministro parece seguir a linha do “Si hay garantia firme de investimentos, soy a favor”. A premissa é que existe a oportunidade de destravar uma série de investimentos em infraestrutura que demorarão muito a sair do papel – e talvez sequer saiam – caso o governo insista em lançar novas licitações. Até a formulação de parte desses editais e sua aprovação por diferentes órgãos, realização de audiências públicas, road shows e o leilão propriamente dito, o mandato de Lula já terá terminado sem que os novos concessionários sequer tomem pé do negócio.
A proposta de Renan Filho soa como música aos ouvidos do presidente Lula. Cálculos levantados pela equipe de Renan apontam a possibilidade dessa solução gerar mais de R$ 150 bilhões em investimentos. E o que é melhor: é um dinheiro que já está sobre a mesa. A conta leva em consideração projetos já apresentados pelos atuais concessionários, com a promessa de iniciar as obras imediatamente tão logo seja firmada a extensão dos contratos. Alguns desses empreendimentos já estão até em curso; outros foram iniciados e paralisados por diferentes razões. É mais lógico e racional que sejam tocados por quem já os começou. Em muitos desses casos, realizar uma nova licitação seria jogar bilhões em recursos públicos e privados no lixo e recomeçar as obras quase do zero. Talvez a Dinamarca possa se dar a esse luxo; o Brasil, não.
Os entraves na área de infraestrutura mobilizam, de forma transversal, ao menos três instâncias de poder do governo. Além do próprio Renan Filho, as discussões passam pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa. Alckmin tem debaixo da sua Pasta o BNDES, sobre o qual repousa a responsabilidade de carrear parte expressiva dos aportes no setor. Para o vice e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o que está em jogo, sobretudo, é o êxito do “Nova Indústria Brasil”, o megaprograma de R$ 300 bilhões. Vários dos projetos contidos no âmbito do NIB dependem da execução de investimentos em logística. Rui Costa, por sua vez, tem a dura missão de tocar o “Novo PAC”. Uma de suas preocupações é que várias das iniciativas contidas no programa, sobretudo na área de transportes, estão obstruídas por enroscos, quando não contenciosos, entre o próprio governo e grupos privados do setor.
Nesse sentido, a proposta de Renan Filho prima pela capacidade de entregar resultados mais rápidos na área de infraestrutura – tudo de que o governo Lula precisa. A lista das pendências que Renan espera resolver com esse amplo acordão é extenso. O maior número de casos está no setor rodoviário: MSVias, Eco 101, Régis Bittencourt, Via Bahia, Concer, Fernão Dias, Rodovia do Aço, ViaBrasil, Ecosul, entre outras. Na área ferroviária, os exemplos mais relevantes são a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), da VLI Logística, e a Malha Oeste, da Rumo Logística. No segmento aeroportuário, Renan e sua equipe entendem que o modelo pode ser aplicado para equacionar o imbróglio do Galeão, leia-se a Changi, de Cingapura. Em maior ou menor medida, todas essas empresas acenam com investimentos. É um jogo de ganha-ganha. O governo conseguiria deslanchar uma onda simultânea de recursos em infraestrutura talvez sem precedentes na história recente do país. E com um plus: todos os projetos já estariam adaptados ao Plano de Transformação Ecológica Brasileira, lançado pela gestão Lula. As concessionárias, por sua vez, teriam seus contratos prorrogados, o que asseguraria a viabilidade e a economicidade dos empreendimentos em troca de um ciclo mais longo de maturação e remuneração. É bom para Renan Filho, Geraldo Alckmin, Rui Costa e Lula. Fundamentalmente, é bom para o Brasil.
Empresa
Equatorial entra na disputa pelo saneamento de Pernambuco
1/04/2024De primeira: a Equatorial Energia está em linha direta com o governo de Pernambuco e o BNDES. A empresa já manifestou o interesse em disputar a concessão de saneamento no estado. O leilão está programado para o último trimestre do ano. O pacote de investimentos, que deve ser dividido em blocos, é da ordem de R$ 25 bilhões. Ressalte-se que a Equatorial Energia é apontada também como candidata à privatização da Sabesp. Consultada, a empresa não quis se manifestar.
Empresa
Petrobras e congêneres não precisam de “mesada” dos cofres públicos
27/03/2024Empresa
BNDES é o caminho mais curto entre Embraer e Arábia Saudita
26/03/2024Segundo o RR apurou, a Embraer está negociando mais um expressivo contrato de financiamento com o BNDES. O crédito envolveria a venda de 33 cargueiros militares C-390 Millenium para a Arábia Saudita. Dependendo da configuração da aeronave, trata-se de um contrato que pode beirar os US$ 4 bilhões. O BNDES é, historicamente, um dos maiores financiadores da fabricante de São José dos Campos. No ano passado, o banco aprovou sete operações de financiamento para a empresa, um pacote que englobou R$ 10 bilhões e a venda de 67 aeronaves. Procurados, Embraer e BNDES não se manifestaram.
O C-390 Millenium é uma das grandes apostas da Embraer na área de Defesa. A própria empresa calcula haver um mercado potencial de US$ 60 bilhões nos próximos 20 anos. Em tempo: ao que parece, a bolsa já está precificando a encomenda. Ao longo do últimos 30 dias, o papel da Embraer disparou, acumulando uma alta de 50% no período.
Governo
Alckmin transforma ABDI no xerife do “Nova Indústria Brasil”
21/03/2024Um dos maiores desafios de Geraldo Alckmin para colocar o “Nova Indústria Brasil” (NIB) de pé está dentro de casa, ou seja, no próprio governo. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio terá poder para dobrar a Petrobras, o BNDES e mesmo a Casa Civil, responsável pelo PAC? Parte expressiva da formação bruta de capital fixo do país vinculada à indústria está nas mãos desses três agentes, notadamente dos dois primeiros. Alckmin já identificou que terá de atravessar o campo de força ao redor da trinca de instituições. Historicamente, Casa Civil, com o manejo de grandes programas e orçamentos, e Petrobras e BNDES, na ponta final da alocação dos recursos, sempre tiveram excessiva autonomia. Deu no que deu. Os três se tornaram antros da má aplicação do dinheiro público e de operações paralelas nada recomendáveis. Alckmin não quer tomar bola nas costas. Para isso, quer dar atribuições ainda mais amplas à ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), vinculada a sua Pasta. Em parte, a Agência deverá funcionar como uma espécie de TCU pré-TCU, com direito a apurar e fiscalizar a destinação dos recursos do NIB. Alckmin quer controlar cada centavo gasto no âmbito do programa. Está mais do que certo.
A nova configuração da ABDI permite entender a escolha de Ricardo Capelli para o comando da instituição. O RR já havia matado a charada. Suas funções irão bem além das descritas no Diário Oficial. Capelli recebeu carta branca para fuxicar tudo. Não terá função executiva sobre os empreendimentos, mas vai fiscalizar tudo o que estiver esquisito. O novo “xerife” da ABDI vai ter um duplo chapéu: será o espião – no melhor sentido da palavra -, exercendo a tarefa de levar ao chefe relatórios de compliance especiais; e um fiscalizador da alocação de recursos públicos na sua área de atuação. Os cronogramas serão rigidamente acompanhados (o Brasil tem mais de um milhar de obras paradas), da mesma forma que a lisura desses investimentos e dos encarregados pela sua realização e até que ponto eles estão inseridos na nova matriz ecológica do governo.
Economia
Copom embaralha política econômica e reacende ofensiva contra Campos Neto
21/03/2024A sinalização do colegiado do Copom de que a Selic pode não cair abaixo de 10% neste ano, afeta, por via direta, o diálogo entre o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. A taxa de 9% em dezembro que estava sendo prevista pelo Boletim Focus – ainda elevada, mas já digerida por Lula – volta ao epicentro do debate sobre a política econômica. Para o presidente, é ruim e bom. Ruim porque atinge desde já as expectativas de um crescimento do PIB de 3%, em 2024, que vinha sendo acalentado pelo mandatário e permitiria alcançar, ainda que fora do radar do mercado, uma taxa de expansão do Produto, em média e da mesma grandeza, durante seu governo – ver RR (https://relatorioreservado.com.br/noticias/governo-lula-flerta-com-um-pib-medio-de-3/). O percentual atenuaria as dificuldades da política fiscal já em 2025, e nos anos subsequentes. Como se sabe o crescimento do PIB foi meio que indexado ao fiscal. Se este último anda mal, em tese, a economia seguirá a toada de um crescimento medíocre. Bom, porque Lula, se mantiver a postura crítica do passado, responsabilizando o presidente do BC pela previsão de uma menor queda da Selic – uma besteira, porque a decisão cabe a um colegiado de 11 integrantes – terá mais um elemento para atribuir a culpa dos equívocos eventuais da sua gestão a Campos Neto. É aquela história: sempre que pode, o passado captura o futuro, já que não existe o presente.
Já Haddad não vai e não tem por que mudar a orientação de acompanhar os dizeres do chefe. Na verdade, o ministro acha que mesmo uma taxa de 9% já seria alta. Mas hoje tem acompanhado as decisões do Copom de forma intestina, devido à presença no Comitê de um agente “infiltrado”, o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, seu ex-diretor executivo, cuja indicação para o BC é 100% de sua responsabilidade. Galípolo tem votado junto com o colegiado. E Haddad deve conhecer cada detalhe que motivou a decisão da autoridade monetária. Talvez por saber o que viria pela frente, antecipou suas críticas à mudança da sinalização do Copom em relação a queda dos juros há alguns dias atrás. Saiu batendo no órgão e afirmando que seu compromisso era com o Brasil e não com o mercado. Esse ente abstrato, é bem verdade, em muitas vezes atrapalha decisões que interferem no andamento da economia. Mas, na maior parte, é fetiche de analistas que temem em expor suas opiniões sinceramente.
E o papel de Mercadante nessa história? O presidente do BNDES tem o DNA do ex-titular da instituição, o falecido Carlos Lessa, que passou sua gestão no governo quase toda brigando com o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Mais uma vez, o “adversário” está no BC. Mas porque Campos Neto levará os cascudos? O BC troca chumbo com o BNDES afirmando que seus gastos reduzem a potência da política monetária, ampliando a liquidez, que é tudo aquilo que ele quer reduzir com uma Selic mais alta. Mercadante acha isso uma loucura, pois o dinheiro do BNDES irriga a economia, gerando investimentos que ampliarão a renda, o consumo e o emprego. Com essa sinalização, o Copom fere todo o ciclo de prosperidade devido a distribuição do dinheiro público a custo mais barato, além de impactar o presente devido ao efeito da curva de juros futuros sobre o custo do dinheiro quase que imediatamente, ao contrário do efeito dos juros no curto prazo. Este é quase o contrário, pois sofre de uma inércia em torno de seis meses para produzir o impacto desejado de aperto maior no PIB. Inevitavelmente Mercadante e Campos Neto vão bater boca. A diferença maior, no caso, deverão ser os fatores intensidade e elegância. Campos Neto mais parece um lorde inglês, inabalável. E Mercadante, desde sua passagem como professor da Unicamp e ingresso no PT, está acostumado a vociferar, espernear e bater sem luvas de box. Não são boas as prováveis relações futuras entre os principais responsáveis pela performance da nossa economia.
Destaque
Alckmin redobra os esforços para aumentar as exportações
21/03/2024Mais um pouco e Geraldo Alckmin acaba ressuscitando o slogan “Exportar é o que importa”, cunhado por Delfim Netto no início dos anos 80. O vice-presidente da República trabalha em duas frentes com o objetivo de turbinar a venda de produtos e serviços no exterior. Com o chapéu de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alckmin costura uma parceria entre a ApexBrasil, vinculada a sua Pasta, e o Banco do Brasil. A ideia é que a entidade e o BB atuem conjuntamente no exterior com a abertura simultânea de representações na mesma cidade.
Caberá ao banco dar suporte financeiro a novas frentes de negócio abertas pela Apex. Alckmin já mostrou a importância que dá à Agência ao indicar Aloysio Nunes Ferreira, outro quadro histórico do PSDB e amigo de longa data, para chefiar a área de assuntos estratégicos da entidade. Caberá a Ferreira comandar, de Bruxelas, a expansão internacional da Apex.
A “pressão” de Alckmin deve acelerar o cronograma da parceria entre Apex e BB. Segundo o RR apurou, a primeira parada será em Lisboa. No ano passado, o presidente da Apex, Jorge Vianna, anunciou a intenção de instalar um escritório na capital portuguesa. De acordo com a fonte do RR, o projeto vai sair do papel até junho. Nesse mesmo período, o BB deverá abrir uma agência na cidade.
A estação seguinte seria a Arábia Saudita, mais precisamente a capital, Riad. Outro alvo, de acordo com a mesma fonte, é a Tailândia. Em contato com o RR, a Apex confirmou que “vem trabalhando na ampliação de suas representações” e que “Portugal e o Sudeste Asiático estão entre as prioridades.” Segundo a Agência, é possível que a estrutura física em Portugal “venha a ser compartilhada com outros órgãos e parceiros institucionais que também pretendem ter representação no país.” A entidade afirma que “A definição exata de tais parcerias ainda está sob análise e será anunciada em breve.” Também procurado, o Banco do Brasil não quis comentar o assunto.
O segundo movimento de Alckmin para alavancar as exportações passa pelo Congresso. O vice-presidente da República negocia diretamente com o presidente da Câmara, Artur Lira, na tentativa de acelerar a tramitação do Projeto de Lei 5.719/2023, encaminhado pelo governo no fim do ano passado. A proposta cria novas normas para o financiamento de exportações de bens e serviços pelo BNDES.
Mira, sobretudo, a retomada do crédito a obras tocadas por empreiteiras brasileiras no exterior. Até o momento, o projeto não se moveu um centímetro sequer na Câmara. Está parado desde o dia 27 de novembro, à espera de um despacho de Lira para iniciar seu périplo nas comissões da Casa. O desafio do governo é vencer o barulho – com acordes lavajatistas – feito pela oposição, que evoca os casos de corrupção de empreiteiras brasileiras no exterior durante os dois primeiros mandatos de Lula para brecar a proposta.
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Empresa
As muitas nuvens no caminho da “Azultamgol”
20/03/2024Uma fonte ligada à área regulatória da aviação civil procurou o RR em razão da matéria publicada na edição de ontem, sobre o flerte do governo com a ideia de uma tríplice fusão entre Latam, Gol e Azul. Em conversa com a publicação, ressaltou alguns outros entraves para que a iniciativa ganhe altitude. Um deles seria a dificuldade de misturar culturas de negócio bem distintas. A Latam, após a recente reestruturação acionária, já obedece a uma lógica de capital pulverizado. Azul e Gol, por sua vez, ainda são consideradas empresas de “dono”, tendo no manche, respectivamente, David Neeleman e a família Constantino. Outro óbice tão ou mais difícil de ser superado: o próprio governo teria de entrar na operação com algum aporte de capital junto aos acionistas da Gol e da Azul. Seria a forma de harmonizar a estrutura societária da nova empresa e evitar uma participação excessivamente relevante da Latam e, por consequência, do capital estrangeiro na nova empresa. Isso porque, após a recuperação judicial, o controle da companhia saiu das mãos da família Cueto e passou a ser compartilhado por uma colmeia de fundos internacionais – como os norte-americanos Sixth Street e Sculptor Capital e o inglês Strategic Value – que ficaram com 66% das ações. Isso para não falar da Delta e da Qatar Airlines, que se mantiveram no capital da empresa chilena.
Sem a entrada do governo no equity, os atuais sócios da Gol e da Azul seriam razoavelmente diluídos vis-à-vis a diferença de tamanho entre as três empresas. No ano passado, a Latam teve uma receita total de R$ 55 bilhões. Seu lucro líquido correspondeu a R$ 2,8 bilhões. Gol e Azul, por sua vez, registraram entre janeiro e setembro (último balanço disponível) uma receita combinada de R$ 27,4 bilhões. A dupla somou ainda um prejuízo de R$ 2,4 bilhões nos três primeiros trimestres do ano passado – sozinha, a Gol teve uma sonora perda de R$ 1,3 bilhão no terceiro tri. Em relação às respectivas frotas, a distância pró-Latam também é expressiva. A empresa chilena tem 335 aeronaves de passageiros em operação. A Azul reúne 180 aviões. A Gol, por sua vez, fica ainda mais atrás: 136 aeronaves em uso. Em tempo: nesse quesito, como bem lembra a fonte do RR, a Azul tem um handicap considerando-se a hipótese de uma eventual associação das três empresas. A maior parte da frota da companhia é da Embraer. Pensou Embraer, pensou BNDES, grande financiador de contratos da fabricante de São José dos Campos. Se o governo quiser mesmo que essa ideia decole, difícil pensar em uma fusão desse tamanho sem a participação do banco de fomento para “soldar” a fuselagem societária da nova companhia.
Destaque
Governo articula megafusão entre Gol, Azul e Latam
19/03/2024O governo está costurando o que talvez seja a fusão mais difícil já realizada no Brasil. Trata-se de reunir as três grandes empresas aéreas do país: Latam, Azul e Gol. O assunto mobiliza os principais gabinetes da República, envolvendo, em maior ou menor medida, o Ministério do Desenvolvimento e Indústria, a Fazenda, a Casa Civil e a própria Presidência. As discussões em torno da tríplice associação partem da premissa de que o programa de apoio às companhias aéreas em formatação no governo – que sequer se sabe muito bem do que se trata – não passará de um dedo no dique.
Não será com concessão de crédito, subsídios, benefícios fiscais, investimentos públicos em estrutura aeroportuária e outros velhos remédios do gênero que a grave crise do setor será equacionada. Trata-se de uma questão sistêmica, que, como tal, exigiria uma solução sistêmica, por meio de consolidação. A partir de conversas travadas dentro do governo, conforme o RR apurou, é possível inferir que essa seria uma operação para desaguar no BNDES, a quem caberia dar o suporte financeiro necessário para a fusão.
A União teria ao menos um assento no Conselho da companhia. Entre os tantos óbices à operação, um está dentro da própria estrutura da máquina pública: o Cade. A eventual associação entre Gol, Latam e Azul praticamente colocaria toda a aviação comercial brasileira sob o mesmo teto. No ano passado, o trio concentrou 99,5% de market share dos voos domésticos.
Não seria fácil dobrar a resistência do órgão antitruste. Mas já existe, digamos assim, alguma “jurisprudência”. A Vale, por exemplo, é praticamente um monopólio. Some-se a isso o fato de que o Cade seria instado a analisar o caso de uma maneira muito particular. Não seria uma operação de M&A qualquer, mas uma questão de interesse nacional.
Todas as três companhias, de certa forma, estão com a língua de fora – umas mais, outras menos. Do trio, a que atravessa o melhor momento é a Latam, que saiu da recuperação judicial com uma estrutura de capital mais sólida, uma operação mais enxuta e praticamente sem dívida. Outro dado a favor da empresa é a diluição da participação dos irmãos Cueto, do Chile, que controlavam a Latam.
É atribuída à dupla uma boa parcela das enfermidades da companhia. Por sua vez, Gol e Azul vivem uma situação menos saudável. A primeira entrou em recuperação judicial, com um passivo de R$ 20 bilhões. A segunda, por sua vez, atravessou no ano passado uma duríssima negociação com os credores, que envolveu a transferência de até 17% das preferenciais, além da emissão de US$ 370,5 milhões em títulos de dívida com vencimento em 2030.
Além disso, ambas estão exageradamente alavancadas. A Azul fechou o terceiro trimestre do ano passado, último balanço disponível, com uma relação dívida líquida/Ebitda de quatro vezes. No caso da Gol, o cenário é ainda mais preocupante. Em setembro de 2023, a companhia carregava uma relação dívida líquida/Ebitda de 5,5 vezes. E já foi pior: no terceiro trimestre de 2022, esse índice havia chegado a insuportáveis 9,2 vezes.
A Gol tem mais de 50 mil credores. Ressalte-se que o segundo maior da extensa lista é a Aeronáutica. São cerca de US$ 220 milhões em passivos com o Decea (Departamento de. Controle do Espaço Aéreo) relativos a atrasos no pagamento de taxas de voo. Ou seja: o próprio Estado é um dos grandes credores da Gol. Trata-se de um detalhe que pode fazer bastante diferença.
O governo não estaria entrando nesse voo apenas como governo, como se isso já não fosse suficiente. A posição de credor automaticamente empurra o Estado para a mesa de negociações. A gestão Lula teria passaporte para costurar por dentro uma eventual conversão de debt em equity atrelada à fusão da Gol com Latam e Azul.
Além das fortes turbulências financeiras do setor, outro óbice à costura da possível tríplice fusão é o enrosco societário das companhias aéreas. É muito investidor para se negociar. A Gol é controlada pela ABRA Holding, criada a partir da sua associação com a Avianca. Nessa empresa-casca estão o salvadorenho Roberto Kriete, que ficou com a companhia colombiana após ejetar German Efromovich do negócio, e a família Constantino.
A presença do clã, por sinal, traz um histórico de controvérsias e até mesmo crime. O patriarca, Nenê Constantino, chegou a ser condenado como mandante do assassinato de duas pessoas que participaram da ocupação de um terreno da família, em 2011. Posteriormente, as condenações foram anuladas pelo STJ.
Quem também tem assento no capital da Gol é a American Airlines, com 6,5% das preferenciais. No caso da Latam, além da família Cueto, a Qatar Airlines e a norte-americana Delta também detêm posições acionárias relevantes. Na Azul, há uma clareza maior com quem o governo deveria se sentar para articular a megafusão. O empresário David Neeleman controla 67% das ordinárias.
Ainda assim tem a seu lado o Grupo Caprioli (33% das ordinárias), antigo controlador da Trip Linhas Aéreas, adquirida pela Azul em 2012. E há ainda a United, com 5,3% das ações preferenciais.
Para que a eventual fusão decole, as três companhias teriam também de superar antigas animosidades de parte a parte. Segundo uma fonte do setor, a maior bronca tem como alvo David Neeleman. A Azul é tida como quem mais faz marola para piorar o ambiente competitivo. Neeleman é apontado como useiro e vezeiro em lançar balões de ensaio com objetivos difamatórios.
No início deste mês, antes do noticiário sobre a possível associação entre ambas eclodir, a Azul alimentou informações de que poderia comprar a Gol. Em 2021, a companhia soltou no ar o interesse de adquirir a Latam. Nos dois casos, um modus operandi semelhante de se antecipar aos fatos e colar nas concorrentes uma percepção maior de fragilidade. A Gol também não fica muitas milhas distantes no que diz respeito ao tensionamento do setor.
A empresa acionou a Justiça dos Estados Unidos pedindo a abertura de uma investigação contra a Latam. A acusação é que a companhia chilena estaria se aproveitando do pedido de recuperação judicial da Gol para “roubar” suas aeronaves, contratar pilotos e desencorajar agentes de viagem a reservar voos da companhia.
Destaque
“Sindicalistas” e “liberais” acirram divisão na Petrobras
14/03/2024Parece que a polarização nacional chegou à Petrobras. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, tem sob sua gestão uma companhia com ranhuras como nunca antes ocorreu em sua história. Não que a estatal viva em um clima de “Fla-Flu corporativo”. O funcionalismo da empresa, na sua maioria, permanece sindicalista e estatizante. Mas uma parcela crescente, segundo a fonte do RR, se bandeou para o “lavajatismo” e o liberalismo. Essa rachadura ideológica já extrapolou o campo retórico. O ambiente de polêmicas começa a ter impacto sobre a condução e execução de projetos. E o clima de tititi nas diversas gerências e áreas de negócio somente atrapalha a produtividade da estatal.
De um lado, estão os “sindicalistas”, ala hegemônica que defende redução dos dividendos, aumento dos investimentos, diversificação dos negócios e até a interferência do governo sobre o Conselho, para garantir que a companhia seja uma fomentadora de variados segmentos da economia. Enfim, entre “gerar lucro aos acionistas” ou “servir ao Brasil” – os dois bordões que são brandidos pelos funcionários públicos mais tradicionais -, a prioridade é a segunda hipótese. Por outro lado, os “insurretos” rechaçam intervenções políticas, pregam uma governança pró-shareholders, com autonomia, e defendem que apenas projetos com economicidade comprovada devem ser levados adiante. Há, inclusive, os que concordam que uma das funções da estatal é ser uma “vaca leiteira” do resultado primário das contas públicas, assim como foi o BNDES durante todo o governo de Jair Bolsonaro. Para acentuar ainda mais as diferenças, há até mesmo um grupo simpático à privatização da Petrobras – quem diria? Os “liberais” e os “lavajatistas” convivem em uma fronteira tênue. Os primeiros parecem mesmo ter se convertido as ideias da gestão de Roberto Castello Branco na presidência da estatal. Já os “lavajatistas” misturam gestão profissional e redução da intervenção do governo. Estaria na conta do Estado o desvio de dinheiro feito em gestões do PT. Além das suas convicções mais inclinadas ao mercado, trata-se de uma fração de funcionários que enxerga na retomada de antigas políticas o risco de repetição das práticas criminosas que emporcalharam a reputação da Petrobras.
Segundo fontes ouvidas pelo RR, os dividendos têm acirrado as divergências internas. Estão no mesmo balaio da guerra de opiniões a política de preços, investimentos em refino e o retorno a setores como distribuição de combustíveis, fertilizantes e geração renovável. Já é possível verificar os efeitos do debate ideológico no dia a dia da estatal. As discordâncias teriam tornado os processos mais lentos. Projetos vêm ricocheteando por diferentes gerências, por conta de seguidos questionamentos, em uma espécie de “slow track”. O impacto sobre investimentos mais sensíveis ou polêmicos começa a ficar visível. Um exemplo: a retomada da construção da unidade de nitrogenados de Três Lagoas (MS) – a UFN3 – tem sido sucessivamente postergada, na contramão das promessas do próprio presidente Lula do retorno da Petrobras ao setor de fertilizantes. E cada vez mais e mais pareceres são anexados ao andamento de iniciativas já decididas. Para o bem ou para o mal, parece que Paulo Guedes deixou uma semente plantada do seu liberalismo radical na irredutível convicção pró-Estado da Petrobras.
Mesmo com a retenção dos dividendos extraordinários, os “sindicalistas” não poupam críticas à política de distribuição de lucros da Petrobras. O presidente da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras), Felipe Coutinho, classifica os dividendos da empresa em 2023 como “insustentavelmente altos”. Em contato com o RR, quando perguntado se a gestão de Jean Paul Prates tem conduzido a contento o plano de investimentos da Petrobras, Coutinho afirma que os valores “são muito baixos se comparados ao histórico da companhia e em relação às maiores petrolíferas estatais e privadas estrangeiras.” O presidente da Aepet é contundente na vocalização da ala “sindicalista”. Diz que até o momento a administração de Prates mantém “as principais políticas que são contrárias ao interesse nacional, ao crescimento e ao desenvolvimento do Brasil.”
Empresa
BNDES quer manter posição na Iguá Saneamento mesmo com IPO
14/03/2024O IPO da C – previsto para o último trimestre do ano, conforme informou o Pipeline, do Valor Econômico – já mobiliza o BNDES. O RR apurou que o banco pretende entrar na operação, para evitar a diluição da sua fatia acionaria na empresa – a BNDESPar detém 10,9% do capital. A agência de fomento considera sua posição societária na Iguá estratégica para impulsionar investimentos no setor de saneamento. Vide a emissão de debêntures realizada pela empresa em junho do ano passado: o BNDES subscreveu R$ 1,8 bilhão, ou seja, quase 50% da oferta total (R$ 3,8 bilhões).
Política
Haddad dá sinais de incômodo com as seguidas trapalhadas do governo
13/03/2024A “reestatização” da governança da Vale e a interferência aberta na Petrobras têm incomodado Fernando Haddad. O ministro da Fazenda vem sendo o fiador das invencionices do grupo palaciano, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, à frente, seguido do inoperante ministro da Secom, Paulo Pimentel, e do ministro de Assuntos Institucionais, Alexandre Padilha, que, fora sua interlocução anódina com o Congresso, não consegue dar uma declaração capaz de distender as falas trapalhonas do chefe. Some-se a isso a resistência dos dirigentes das estatais em aderir a uma comunicação integrada e facilitadora da gestão do presidente Lula. No fim do dia, Haddad é o avalista quase solitário de toda essa disfuncionalidade.
Segundo uma fonte da cúpula do PT, é Rui Costa o principal responsável pelo anúncio das medidas intervencionistas do presidente Lula, que se embanana todo quando tem de explicar mudanças na política econômica. Haddad e Costa se bicam elegantemente, como se estivessem em uma mesa de chá de lordes ingleses. O fato é que toda a comunicação do governo relacionada à economia resulta em problema. Não que o eleitor dê pelota ao que acontece no andar de cima, mesmo porque as medidas populistas de Lula visam quase sempre a transferência direta ou indireta de renda para o bolso da população ou facilidades na qualidade de vida. Mas o ambiente, de uma maneira geral, fica permanentemente contaminado com a ideia de que o presidente está errando na mão – problema este agravado pela incapacidade da Secom de mudar a percepção da opinião pública – ver RR.
A orientação de que as ações do governo sejam todas direcionadas para adequação à energia renovável simplesmente é ignorada. Esse deveria ser o maior mote da comunicação do governo, justificando até a ida do mandatário aos canais de televisão no horário nobre. O “Brasil Verde” é um ativo de enorme valor que está sendo depreciado. A incompetência impera. E “amassa” Haddad, que pode vir a se tornar um ministro mais poderoso do que Paulo Guedes, não por atitude própria, mas por circunstâncias que fogem ao seu controle, notadamente a ausência de outros quadros de prestígio na gestão Lula. O ministro da Fazenda carrega sobre os ombros a missão de representar o governo em todos os caldeirões fumegantes. Haddad já dá sinais de cansaço. Seu incômodo é alimentado por vários fatores: por um lado, o ego da tecnoburocracia do PT; por outro, o trabalho de desconstrução permanente dos ministros palacianos; e, finalmente, a incompetência da comunicação do governo.
Um teste será a decisão e capacidade do BNDES de fazer do “Nova Indústria Brasil” um “Plano Real” do setor. Caberá ao banco explicar, analisar, destrinchar em minudências a estratégia para a indústria, tal qual fizeram os pais do Real por quase um mês – ver RR. Por enquanto, a nova política industrial é só uma carta de intenções. E tome lambada por parte dos ortodoxos, da Faria Lima e da classe média, que reproduz o que lê e ouve nas mídias. Mas, Senhor, esta última não sabe o que faz. Pelo menos, se serve de consolo, Janja está calada.
Governo
Mercadante reverte processo de inanição do BNDES em renda variável
7/03/2024A crítica ao processo de “venda maciça de ações” feita pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, deixa claro o que ele pensa em relação à redução da carteira do banco, na gestão de Gustavo Montezano. Para ser mais fiel aos fatos, Montezano era um ventríloquo de Paulo Guedes, melhor dizer um fantoche. Por ordem de cima, detonou as operações de renda variável do banco. Não bastasse a obsessão de usar o BNDES como galinha poedeira de recursos para a redução do déficit fiscal, Montezano transformou em poeira o apoio à área de infraestrutura por meio da renda variável. As participações através de ações, debêntures e fundos de investimentos em energia – excluído petróleo e gás -, logística e transporte e telecomunicações, desceram ao nível mais baixo da história da BNDESpar. Mercadante quer fazer uma combinação com apoio a setores estratégicos pela via da renda variável com uma gestão eficiente da carteira.
A BNDESpar vai voltar a crescer bastante em sua participação na estrutura de financiamento do banco. Em 2023, o fomento através desses instrumentos foi o mais baixo da série histórica do BNDES, chegando a míseros R$ 400 milhões, segundo dados disponibilizados pelo próprio banco. Um desconto aos valores raquíticos pode ser dado devido ao período ser o primeiro ano do governo Lula. Mercadante tinha de lidar com a herança dos repasses ao Tesouro Nacional e resgatar fontes de recursos que haviam secado na gestão Montezano. No período entre 2024 e 2026, pode ser que o presidente do banco não chegue ao recorde de operações de renda variável – registrado em 2010, no último ano do segundo governo Lula, com investimentos de R$ 30 bilhões –, mas vai disparar em relação a 2023.
Governo
“Nova Indústria Brasil”: Alckmin move uma peça estratégica ao levar Cappelli para a ABDI
1/03/2024Geraldo Alckmin está se revelando o enxadrista da retomada da indústria nacional. A decisão de colocar Ricardo Cappelli na presidência da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) faz parte de uma jogada muito maior. Mais do que a mera checagem do cumprimento das metas do Nova Indústria Brasil (NIB), Cappelli será o responsável pelo “compliance” do megaprograma de R$ 300 bilhões lançado pelo governo em janeiro. Caberá a ele o importante papel de evitar má alocação de recursos e o desperdício de munição financeira com segmentos pouco estratégicos, uma crítica que historicamente sempre pesou sobre os estruturalistas. O novo presidente da ABDI será um liason entre o próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e BNDES, a Finep, entre outros órgãos públicos engajados no NIB, e entidades representativas da indústria. Capelli leva para as nova função uma significativa carga simbólica, do secretário executivo do Ministério da Justiça que se tornou interventor da Segurança Pública no Distrito Federal depois do 8 de janeiro e peitou estamentos sensíveis do aparelho de Estado, como estruturas de Inteligência e as Forças Armadas. Guardadas as devidas proporções, Alckmin enxerga em Cappelli uma espécie de “interventor” do “Nova Indústria Brasil”.
Com seu jeito mansinho, Geraldo Alckmin está militando do outro lado da sua trincheira tradicional. Historicamente ligado aos liberais da Avenida Paulista, descobriu-se um defensor da presença do Estado como indutor e participante direto de investimentos na área industrial. O vice-presidente e ministro está jogando de tabelinha com a indústria de bens de capital e a construção pesada. O ex-tucano e “estruturalista convertido” tem apostado também na aproximação com o mercado de capitais, em busca de novos mecanismos financeiros para o aumento da formação bruta de capital fixo.
Empresa
Fabricação de motores elétricos na China é o novo alvo da WEG
29/02/2024O futuro presidente da WEG, Alberto Yoshikazu Kuba, assumirá o cargo, no dia 1º de abril, com um grande projeto à sua frente: iniciar a produção de baterias e motores elétricos para veículos na China. Não começará do zero. A empresa já avançou alguns quilômetros nessa direção, inclusive com o acordo de exclusividade para o fornecimento de carregadores elétricos à montadora chinesa Great Wall Motors no Brasil. Na paralela, segundo o RR apurou, há conversas com o BNDES para o financiamento de pesquisas e desenvolvimento de produtos que poderão ser replicados no exterior. Ressalte-se que recentemente o banco de fomento liberou R$ 118 milhões para o plano de inovação da Weg. De onde saiu esse dinheiro, tem mais. E é merecidíssimo: a Weg é uma das campeãs em P&D no Brasil e um raríssimo case de sucesso da indústria nacional no exterior.
Infraestrutura
Pernambuco quer espaçar leilão de saneamento da eleição
27/02/2024De primeira: a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e o BNDES fecharam questão. O leilão das PPPs de saneamento no estado – um pacote de investimentos estimado em quase R$ 16 bilhões – será realizado em agosto. A data segue o fuso horário eleitoral. Raquel Lyra quer concluir a licitação ao menos dois meses antes do pleito de outubro. Quanto mais próximo da eleições municipais maior a chance do leilão não ocorrer.
Destaque
Governo e empresas de energia se juntam para reduzir dependência do gás boliviano
23/02/2024O governo discute diferentes cenários capazes de viabilizar a integração energética entre Brasil e Argentina. Segundo o RR apurou, uma das propostas sobre a mesa é a costura de uma espécie de PPP – um movimento, ressalte-se, com potencial para alterar razoavelmente o tabuleiro geoeconômico do gás na América do Sul. Por PPP entenda-se a possibilidade de o BNDES, Petrobras e empresas privadas brasileiras se juntarem no financiamento para a construção do gasoduto entre a Província de Santa Fé, na Argentina, e Uruguaiana (RS), obra orçada em mais de US$ 1 bilhão.
Segundo uma fonte da própria Pasta, uma comitiva de representantes do Ministério e da iniciativa privada vai viajar para Buenos Aires no mês de março, para conversas com a Secretaria de Energia do país vizinho. Paralelamente, empresas brasileiras têm feito gestões, inclusive com o apoio da própria embaixada brasileira na Argentina, interessadas em firmar contratos de importação de gás. O RR apurou que uma das companhias à frente das negociações é a Transportadora Sul Brasileira (TSB) – diga-se de passagem, a TSB, por si própria, já é uma “Parceria Público-Privada”, uma vez que seus acionistas são Petrobras, TotalEnergies, Ipiranga/Ultra e Repsol.
A negociação é intrincada e depende de que várias pontas sejam amarradas. Uma delas é um encontro de contas, para que parte do custo de financiamento do futuro gasoduto seja abatido no preço do gás comercializado para o Brasil. Além disso, há uma peça fundamental para a montagem desse quebra-cabeças bilateral: a construção de um gasoduto de 615 km entre Porto Alegre (RS) e Uruguaiana (RS). O projeto, a cargo da TSB, vai e volta, volta e vai, há mais de 25 anos.
Tanto entre as autoridades brasileiras quanto entre as empresas privadas, há um certo senso de premência nas conversas com o governo argentino. A Bolívia, maior supridora de gás para o Brasil, sofre com a escassez de recursos para investir na exploração de novas jazidas. Os campos atuais enfrentam queda de desempenho. Um estudo da consultoria internacional Wood Mackenzie mostra que haverá um declínio na produção do gás boliviano mais acelerado do que o previsto, e o país deixará de ser superavitário para se tornar importador do insumo até 2030.
Há dúvidas, inclusive, até quando a Bolívia conseguirá honrar o contrato firmado com a Petrobras, que prevê o envio de até 20 milhões de metros cúbicos por dia. Esse cenário exige que o Brasil busque alternativas. E a que mais se desenha é o acordo com a Argentina. A produção no campo de Vaca Muerta aumenta a passos largos – a reserva é estimada em 600 trilhões de metros cúbicos.
Governo
BNDES requenta o lançamento do Nova Indústria Brasil
22/02/2024O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, recebeu recomendações expressas do Palácio do Planalto para que o plano Nova Indústria Brasil seja reapresentado, com informações bem mais detalhadas e fartura de números e dados. Por enquanto, o banco divulgou praticamente um programa de intenções. A orientação é que Mercadante disponibilize seus técnicos à mídia e use o bom e velho modelo do power point.
O Nova Indústria Brasil, que era para ser um dos trunfos do governo, se tornou um saco de pancadas devido à pouca transparência das suas efetivas ações, prazos e números. Em tempo: a sugestão para que o BNDES corrija sua comunicação foi feita por agência que presta serviços à Secom.
Empresa
Jari Celulose adia assembleia de credores e sua própria agonia
21/02/2024A novela da Jari Celulose ganhou novos e incertos capítulos. Os credores da empresa estão sendo convocados para uma assembleia no próximo dia 28, no Hotel Radisson Maiorama, em Belém. A reunião marcada para o último dia 7 – informação antecipada pelo RR – foi cancelada por falta de quórum da classe quatro, que reúne microempresas e empresas de pequeno porte. São fornecedores que têm a receber cerca de R$ 57 milhões. Na paralela, há uma queda de braço nos tribunais entre Sergio Amoroso, fundador do Grupo Orsa e controlador da Jari, e o advogado Mauro Cesar Santos, administrador da recuperação judicial.
O empresário tenta evitar o pior desfecho possível para a agonia da fabricante de celulose. Solicitou à Vara Distrital de Monte Dourado prazo para se manifestar diante do pedido de falência da companhia impetrado por Santos. Mais do que a negociação da dívida de R$ 1,75 bilhão, o maior desafio de Amoroso neste momento é provar que Jari reúne condições para retomar suas atividades, paralisadas desde 31 de julho de 2022. Segundo o RR apurou, a empresa não teria caixa sequer para arcar com a compra do combustível necessário para fazer a fábrica rodar, um custo da ordem de R$ 5 milhões por mês.
Destaque
Governo finalmente se reencontra com a indústria de bens de capital
19/02/2024O flerte inicial entre a indústria de bens de capital e construção pesada e o governo Lula está se tornando um namoro tórrido e público. Na esteira da nova política industrial e do PAC – dois dos programas do governo com maior afinidade entre si -, o ministro da Indústria e Comércio e Turismo e vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem alinhado com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, novas formas de apoio compartilhado com a iniciativa privada para aumentar o gás de ambos os segmentos. Não se pensa em nada que lembre subsídio ou incentivo via Tesouro Nacional. Mas uma miríade de títulos e mecanismos para o aumento da formação bruta de capital fixo do país. Há uma preocupação do governo de que as políticas de fomento possam ser caracterizadas como repetição da estratégia dos “campeões nacionais”. Por isso, o modelo de financiamento usado recorrentemente nos demais governos do PT vai ficar lá mesmo, no passado.
Em 2024, os investimentos em infraestrutura alcançarão um recorde histórico, mas ainda com um carry over expressivo das concessões cavadas pelo ex-ministro e governador de São Paulo, Tarcísio Freitas. A comunicação será um fator fundamental para que a retomada das inversões em infraestrutura não esteja associada aos vícios e más práticas do passado. A ideia é que 2025 seja melhor ainda, já que há um ano inteiro para trabalhar novas PPPs e concessões. Além da nova ordem mundial da “economia verde”, na qual o Brasil tem vantagens comparativas.
Em conversa com o RR, o diretor de planejamento da ABDIB (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base), Roberto Guimarães, deixou claro que o setor e o governo estão bastante alinhados. Ele lembra que a ABDIB participa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), do qual o presidente da Associação é um dos integrantes, além de atuar em todas as discussões sobre a política industrial, incluindo a Nova Indústria Brasil, lançada no mês passado. Guimarães classifica como excelente a troca com o atual governo e considera a nova política “muito bem desenhada”, com tudo para funcionar. Ele acredita que a reindustrialização do país está a caminho e agora é para valer. Bom ouvir palavras tão otimistas vindas de um vocalizador da indústria. Já era a hora.
O setor de bens de capital teve seu auge entre 1950 e o fim do século XX. De lá para cá o que se viu foi uma terra arrasada. Entre os pioneiros que acompanharam a ascensão e queda do setor, alguns se adaptaram e outros foram obrigados a se retirar. Poucos saíram ilesos. Em meio a esse processo de desmonte, alguns dos grandes nomes fundadores da ABDIB, como as Indústrias Villares, Cobrasma e Máquinas Piratininga, desapareceram. Outras, como a Bardella, se apequenaram ou entraram em recuperação judicial.
Entre as pioneiras, a Romi, por exemplo, continua operando e é uma das principais fabricantes de máquinas-ferramenta do Brasil, com uma produção diversificada e atuação internacional. Listadas na Bolsa, Inepar, Aeris e WEG (esta última um case de sucesso) são algumas que também atuam na área com destaque. Com relação à indústria da construção pesada, é desnecessário dizer a demolição feita com o Lava Jato ou dar nome aos bois daqueles que foram atingidos de forma brutal com a operação. Todas as grandes companhias foram empurradas para o cadafalso. E eram o creme que o Brasil tinha na indústria nacional.
Infraestrutura
Eleição deve empurrar leilão de saneamento de Porto Alegre para 2025
7/02/2024O destino da concessão de saneamento de Porto Alegre virou um pêndulo, que se mexe em função do relógio eleitoral. Os estudos no BNDES para a modelagem da venda da venda DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto) estão avançados. Mas o prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo, ainda não bateu o martelo sobre o timing do leilão.
Essa data está indexada a uma decisão maior. O que se diz nos bastidores é que, se Melo decidir disputar a reeleição – por ora, ele faz mistério –, a licitação será empurrada para 2025. Dessa forma, o prefeito se livraria do peso político de uma operação que tem tudo para ser desgastante. O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), que representa os funcionários do DMAE, já levou ao BNDES um documento apontando inconsistências no projeto de venda da empresa.
A entidade ameaça judicializar o caso, repetindo o imbróglio da Corsan, a companhia de saneamento do estado. Por conta de uma batalha judicial com os trabalhadores, o governo Eduardo Leite só conseguiu transferir a empresa para a Aegea sete meses após o leilão de privatização.
Destaque
Fazer ou não o disclosure dos benefícios fiscais? Os prós e contras do governo dar nome aos bois
6/02/2024O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não estão exatamente preocupados com a privatização dos ativos do Estado, mas, sim, com a montanha de benefícios de toda ordem – uma outra forma de privatização do Estado. Há tímidas conversas no governo sobre a conveniência ou não de se consolidar esses números, com a justificativa de alertar a população sobre a insustentável situação das contas públicas. O disclosure das cifras e o tom emocional da comunicação ressoariam no Congresso e bateriam direto nos lobbies e grupos de interesse. São tantas contas, legitimas ou não, que o próprio governo não sabe o tamanho do rombo fiscal decorrente da soma das isenções, incentivos, gastos previdenciários e sociais, entre outros. Até porque na inércia o custo sempre sobe.
Relatório oficial calcula que os gastos com a Previdência, em 2023, serão equivalentes a 3,9% do PIB, ou seja, R$ 395 bilhões. Isso sem esquecer que Paulo Guedes fez uma reforma para aliviar esse custeio. Sem ela, estaríamos vivendo uma hecatombe fiscal. Mas o ex-ministro deixou um bomba de efeito retardado: a reforma da Previdência II, a missão.
O regime previdenciário do Brasil ocupa a 65a posição em um ranking de 70 países. Bem, pelo menos é um gasto legítimo. O que podem ser chamados de “gastos ilegítimos” são subsídios e incentivos, entre outras prebendas, concedidos a quem não precisa ou não tem fundamento justificável. Em 2022, o governo Bolsonaro deixou compromissos com essas rubricas de R$ 581 bilhões, o que corresponde a 5,86% do PIB do exercício fiscal do ano de 2021.
O fato é que somente os incentivos e a Previdência, somados, são superiores a 9% do PIB. Não há orçamento que aguente. Trata-se de um montante maior do que a despesa dos juros da dívida pública, de 7,9% do PIB, que nem sequer amortiza o principal. Voltando aos gastos ilegítimos ou sem sustentação de necessidade de apoio ou fomento, está o setor rural.
O agronegócio, possivelmente o segmento mais capitalizado do país, recebe subsídios. Tudo bem que ele entrega muito e é o que o país tem de mais elogiável. Mas o benefício é injusto e descalibrado, concentrador de renda e foge ao padrão internacional. Ainda mais inaceitáveis são os penduricalhos vergonhosos, tais como a linha de financiamento de crédito incentivado do BNDES para compra de jatinhos, usufruída por um leque de endinheirados, que vai de Luciano Huck a doleiros.
Nos Estados Unidos, existe uma taxa de 3% a 10% sobre a aquisição dessas aeronaves. Bolsonaro também isentou de tributos a compra de veleiros para competição e lazer. O imposto de importação de pistolas e revólveres foi suspenso, à exceção das Forças Armadas. A taxação das armas de fogo não é baixa, da ordem de 55%, mas não faz sentido o estímulo fiscal a esse item, cuja importação triplicou desde 2016.
Um exemplo imbatível das distorções dos critérios de benefícios seria o “neopentecostalismo tributário”, ou seja, a discussão que se dá hoje no governo se pastores devem ser ou não gravados nos seus proventos. A traquitanda parece não ter fim. A questão maior é que o arcabouço fiscal foi feito em função do aumento das receitas. Sim, e o cumprimento das metas depende, em alguma parte, de um pedaço das despesas citadas acima e de outras ainda mais submersas.
A dúvida é se esse rombo deve ser esquartejado caso a caso, sem maiores alardes, com cortes espaçados, ou anunciado em campanha de comunicação à la “Lava Benefício”, mostrando o impasse do Estado devido a uma distribuição de recursos inexplicáveis, herança de governos variados, e, sejamos justos, consequência também de algumas acidentalidades, tais como a pandemia. Seja lá a opção que for escolhida, haja força política para levar essa missão à frente.
Destaque
Jari Celulose cambaleia entre o BNDES e a ameaça de falência
31/01/2024Em meio ao lançamento do “Nova Indústria Brasil”, uma velha, aliás, velhíssima empresa do setor atormenta o BNDES. Há uma pressão de parlamentares da Região Amazônica, liderada pelo senador David Alcolumbre (União-AP), para que a agência de fomento injete recursos na Jari Celulose, em recuperação judicial desde 2019. O apoio financeiro do banco é tratado como a única solução capaz de dar sobrevida a um dos mais conturbados projetos industriais da história do país.
O pleito, no entanto, não encontra eco dentro do BNDES, ao menos não na área de crédito. No ano passado, com o auxílio de uma consultoria externa, o banco fez um estudo sobre a fabricante de celulose encravada na fronteira do Amapá com Pará, às margens do Rio Jari. O trabalho apontou a necessidade de um aporte de R$ 360 milhões apenas assegurar a retomada das operações, interrompidas desde 2022.
De lá para cá, no entanto, o assunto esfriou e está parado dentro do BNDES. A agência de fomento, não custa lembrar, é um dos maiores credores da produtora de celulose, com exatos R$ 932 milhões a receber. Em contato com o RR, o banco informou que “está em fase de discussão com a empresa sobre o seu plano de recuperação judicial e não comenta negociações em curso”.
Perguntado especificamente sobre o pleito de lideranças políticas para um apoio financeiro à companhia, o BNDES não se manifestou. É importante ressaltar que um novo empréstimo do banco à Jari Celulose estaria condicionado à saída da companhia da RJ. As normas internas do BNDES vedam a liberação de recursos para empresas em recuperação judicial, como a própria instituição confirmou ao RR.
Bem, há caminhos e caminhos, alguns diretos; outros, oblíquos. Em 2016, a agência de fomento chegou a criar uma linha de crédito de R$ 5 bilhões específica para financiar a compra de ativos de empresas em recuperação judicial. No ano passado, no auge do escândalo contábil da Americanas, o próprio presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, cogitou a possibilidade de um financiamento especial para fornecedores da rede varejista impactados pelo escândalo contábil da empresa.
Já se vão quase 60 anos desde que o empresário Daniel Ludwig resolveu colocar uma fábrica de celulose inteira em uma balsa e transportá-la do Japão até os confins da Floresta Amazônica. De lá para cá, o empreendimento esteve ameaçado por diversas vezes, mas talvez nunca como agora. O lobby pró-Jari junto ao BNDES é impulsionado por justificativas de ordem social e econômica.
O reinício das operações representaria a salvação de aproximadamente 2,5 mil postos de trabalho. Além disso, mesmo com o estado permanente de crise da Jari Celulose, a economia de municípios da região – como Laranjal e Vitória do Jari, no Amapá, e Monte Dourado e Almeirim, no Pará – é bastante dependente da empresa. A mobilização política em torno de mais um transfusão financeira do BNDES é uma corrida contra o tempo.
Há pouca areia na parte da cima da ampulheta. No próximo dia 7 de fevereiro, às 11 horas, no Hotel Radisson Maiorana, em Belém, haverá uma assembleia de credores para avaliar o novo plano de recuperação judicial da companhia. A reunião ocorrerá sob um clima de tensão, alimentada pelas crescentes dúvidas sobre a continuidade da operação. No último dia 20 de dezembro, o advogado Mauro Cesar Santos, administrador da recuperação judicial de Jari, pediu à Vara Distrital de Monte Dourado (PA) a falência da empresa.
Em conversa com o RR, Santos disse que, se o plano de RJ, nos termos atuais, for aprovado no dia 7 de fevereiro, será uma decisão “surreal”. O advogado aponta alguns fatores, além do passivo total de R$ 1,75 bilhão, que tornam praticamente inviável a retomada das atividades. Um deles é a própria obsolescência do complexo industrial. Segundo Santos, a fábrica precisa ser feita totalmente.
Há outro grave problema: a falta de matéria-prima na região. “A questão do insumo não saltou aos olhos até agora porque Jari produziu muito pouco enquanto esteve operacional – cerca de cinco mil toneladas por mês. Caso fosse uma fábrica de celulose para valer, teria que trazer eucalipto de longe”.
O RR não conseguiu contato com a Jari Celulose até o fechamento desta matéria. Segundo o administrador judicial, há rumores de que na assembleia de credores haverá um movimento forte para alongar o pagamento da dívida por 25 anos, com 36 meses de carência. Seria uma forma dos credores e do atual controlador da companhia, o empresário Sergio Amoroso, fundador do Grupo Orsa, ganharem tempo na tentativa de buscar um novo investidor.
Empresa
Energisa tem linha direta com o BNDES
24/01/2024A Energisa, da família Botelho, negocia com o BNDES um novo financiamento para projetos em transição energética. O alvo principal é a construção de usinas eólicas. No ano passado, a companhia obteve um empréstimo de R$ 700 milhões do banco de fomento para a construção de 40 usinas fotovoltaicas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Está tudo em casa. O BNDES enxerga a possibilidade de usar sua posição estratégica na Energisa – o banco detém 5,8% das ações ordinárias e 15% das preferenciais – para fomentar novos projetos em energia limpa no Brasil. Consultados, Energisa e BNDES não se pronunciaram.
Infraestrutura
Zema quer colocar mais um pacote de rodovias sobre o balcão
24/01/2024Em ano eleitoral, o governador Romeu Zema quer acelerar o plano de concessões rodoviárias do estado. Segundo o RR apurou, Zema e seus assessores conversam com o BNDES para que o banco faça a modelagem da licitação de mais 1,1 mil km de rodovias. As estradas cortam as regiões de São João del Rei, da Lagoa da Prata-Itapecerica e de Patos de Minas-Arcos. No fim do ano passado, não custa lembrar, o governo de Minas assinou contrato com a agência de fomento para estruturar a concessão de três outros lotes de rodovias, nos eixos Vetor Norte, da Zona da Mata e do Noroeste do estado. Juntando todas essas operações o volume de investimentos beira os R$ 20 bilhões.
Destaque
Banco do Brasil surge como uma rota de escape para Guido Mantega
23/01/2024A Vale continua sendo a prioridade. No entanto, diante das notórias dificuldades para emplacar Guido Mantega como CEO da mineradora, o governo cogita um Plano B. Ou melhor: um Plano BB. A presidência do Banco do Brasil seria uma alternativa para a obsessão do PT e do próprio Lula em encontrar um cargo de prestígio para o ex-ministro da Fazenda.
O governo teria de fazer muito pouco ou quase nenhum contorcionismo para aninhar Mantega no comando do banco estatal, na cadeira hoje ocupada por Tarciana Medeiros – funcionária de carreira da instituição e ligada ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. Formalmente, cabe ao Conselho de Administração do Banco do Brasil aprovar a nomeação do presidente executivo. Conselho este em que cinco dos oito integrantes são indicados pelo acionista majoritário, o próprio governo. Ou seja: na prática, a governança do BB é a seguinte: a escolha do CEO se dá por uma canetada do presidente da República e ponto.
Há demandas do PT – e não são poucas – para as quais Lula costuma fazer ouvidos de mercador. Não é esse o caso. Seja por compromisso partidário, por lealdade, por razões de ordem afetiva ou por algum outro motivo insondável, tudo leva a crer que Guido Mantega não vai ficar ao relento.
Mesmo sendo um estorvo para o governo. Nesse contexto, além da maior flexibilidade para a nomeação, a indicação para o Banco do Brasil seria até mais fácil de justificar. Mantega continuaria sendo um contrabando, mas, ao menos, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES estaria na sua praia. Não consta que entre as suas expertises esteja o mercado mundial de minério de ferro.
Por essas e outras, fica até difícil entender o fetiche do governo pela Vale, uma manobra que mobiliza da Presidência da República a membros da cúpula petista. A escolha da mineradora parece ser a menos adequada. O que o Palácio do Planalto ganha ao assumir o desgaste político de praticamente takeoverizar o comando de uma empresa privada?
O governo teria de quebrar fortes resistências – na Vale já se fala até na extensão do mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, ainda que por um período mais curto, apenas para barrar a ofensiva pró-Mantega. Outra hipótese, a nomeação do ex-ministro para o Conselho, também seria um movimento intrincado. Ele dependeria da renúncia de um dos integrantes do board, cujo mandato vai até 2025.
Destaque
Ministério da Fazenda flerta com a extinção da regra de ouro
22/01/2024O Ministério da Fazenda vem “tateando” a ideia de extinguir a regra de ouro. A regra nasceu na Constituição de 1988 com a prerrogativa de ser o principal mecanismo de equilíbrio das contas públicas do Governo Federal. Ocorre que raramente ela é seguida à risca pelos governantes. E invariavelmente seu descumprimento é tratado no Congresso como algo comum.
Suas normas proíbem a emissão de dívidas para o pagamento das chamadas despesas correntes da administração pública, os gastos de custeio. A emissão de dívida pública somente seria permitida para os gastos com capital (investimentos). Em teoria, a regra existe para evitar o endividamento do Estado com sua própria máquina, mas, na prática, ela acaba sendo contornável.
A regra funciona de forma complementar ao teto de gastos/arcabouço fiscal (existem ainda o resultado primário e a Lei da Responsabilidade Fiscal como mecanismos para o controle das contas públicas). Só que as sanções previstas na regra de ouro são mais severas. O seu descumprimento configura crime de responsabilidade fiscal e pode levar até à destituição do presidente da República.
Em relatório divulgado em dezembro, a OCDE classificou a regra de ouro como um instrumento que “fez pouco para preservar o investimento público no passado”. Isso porque nas inúmeras violações do ditame constitucional o Legislativo aquiesceu, aprovando dotações orçamentárias e perdoando o presidente e seus ministros da área econômica. No começo de 2018, foi divulgado que o Governo Temer estudava uma possível flexibilização da regra de ouro, tornando- a similar ao teto de gastos (ou seja, passível de ser ajustada automaticamente e sem nenhum tipo de punição ao governante). À época, o governo havia pedido ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a devolução de R$ 180 bilhões ao Tesouro, em uma tentativa de “solucionar” o endividamento com custeio.
A aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2019 oficializou o não cumprimento da regra por parte da gestão Temer. O governo anunciou que a norma não conseguiria ser cumprida, necessitando do aval do Congresso para a emissão de mais títulos. Bolsonaro, com a alegação de motivos variados, pediu arrego por três vezes. Paulo Guedes dizia que a regra de ouro era uma peça de antiquário. No entanto, continua em vigor e fincada na Constituição.
Destaque
Pragmatismo de Steinbruch visa Mantega na Vale e Samarco no bolso
18/01/2024Tudo certo, tudo em ordem, a política é mesmo uma avenida com sinais trocados, mas é interessante o indiscutível parentesco não sanguíneo entre Benjamin Steinbruch e os petistas. Entenda-se a figura de linguagem como uma metáfora sobre as relações estreitas de importantes quadros dos governos do PT, que privam e frequentam a intimidade e os domínios do Barão do Aço. Mas essa proximidade não significa constância ou fidelidade. Benjamin é daqueles personagens considerados de relação difícil até mesmo para os aliados. Brigou com a família em um processo em que queria destituir todos – ou quase todos – da participação na CSN. Tem 140 processos judiciais de toda ordem e feitio contra ele. Pode-se dizer que é confiável para os seus, pero no tanto. Em um momento em que o presidente da Fiesp, Paulo Skaff, já tinha se tornado persona non grata de metade da Nação e um anátema para seus “amigos” no PT, Steinbruch foi cumprir missão, assumindo uma presidência interina da entidade somente para o “companheiro” fazer sua campanha política.
Na volta à Fiesp, consagrada a terceira era PT, Skaff jogou a toalha e promoveu uma chapa única para presidente, vencida por Josué Gomes, que chegou a ser cogitado para ministro da Indústria e Comércio do Lula. Lá estava Steinbruch virando casaca e apoiando Josué com vigor. Na verdade pode-se usar o termo de que a casaca de Steinbruch tem duas faces que podem ser usadas de um lado ou outro dependendo da circunstância. O Barão do Aço tem no presidente do BNDES, Aloisio Mercadante, um dos seus melhores amigos. Mantém diálogo e recorrente contratação de serviços de Luciano Coutinho e Guido Mantega. Ambos consideram a CSN a natural consolidadora do setor siderúrgico, que virá inexoravelmente em algum momento não muito distante. Já teve como contratado formal o ex-ministro Ciro Gomes, para resolver “assuntos institucionais”. Agora, queira ou não queira, o fato é que emplaca seu diretor financeiro, Manoel Carlos, na Secretaria Executiva do Ministério da Justiça, cargo estratégico que vinha sendo ocupado por Ricardo Capelli, considerado um dos heróis do oito de janeiro. E não é só isso.
O siderúrgico empresário é umas das peças do lobby pró-Guido Mantega, seu chapa, na Presidência da Vale. Um desastre para a companhia, mas que pode ser muito útil para Steinbruch. É sabido que o empresário aguarda o desfecho com bilhões de dólares de indenizações dos desastres de Mariana e Brumadinho, para fazer uma “oferta estupro” a BHP e Vale pela Samarco. A chamada “companhia assassina” virou um estorvo na imagem dos seus acionistas, além da produção da Samarco representar peanuts no mar de minério de ambas. Botar um preço na bacia das almas e incorporar a mineradora as suas reservas de ferro, e a tacada da vez. Para Steinbruch ir se fortalecendo como player do setor de minério de ferro é estratégico. E a presença do chapa Guido Mantega no comando da Vale ajudaria no mínimo para lubrificar o diálogo. Benjamin Steinbruch é considerado um sujeito de um gênio terrível. Mas é uma prova viva de que relacionamentos não exigem coerência ideológica, mas lealdade. E sem dúvida são facilitadores de negócios.
Investimento
BNDES pisa no acelerador para atender Mato Grosso do Sul
17/01/2024O BNDES deve encurtar o prazo de 36 meses para definir o novo plano de negócios da MS Gás. O governo de Mato Grosso do Sul tem pressa em ter o documento em mãos para decidir o que fazer com a empresa – da qual possui 51% das ações – e tem como sócia a Commit (Grupo Cosan e Mitsui), com 49% do negócio. A parceria entre as partes termina em 2028. É nesse contexto que a modernização do modelo regulatório será analisada a toque de caixa pelo banco e discutidos futuros incentivos para o setor no estado. Procurado pelo RR o BNDES salientou que “o contrato com o Estado do Mato Grosso do Sul tem prazo de até 36 meses, podendo os estudos serem concluídos antes desse prazo”.
Infraestrutura
A ponte bilionária da Bahia tem semana decisiva
10/01/2024A semana começa com expectativa em torno da construção da Ponte Salvador-Itaparica. O governo da Bahia anunciou para esse período o início da sondagem marítima, que vai confirmar a geologia do terreno, trabalho fundamental para definir a profundidade dos pilares. Não se tem notícias sobre a chegada dos navios especializados no trabalho, vindos da China. Somente esse procedimento está avaliado em R$ 160 milhões.
O investimento previsto na obra, que era de R$ 7,7 bilhões em novembro de 2020, já saltou para cerca de R$ 10 bilhões, sem que tenha sido assinado ainda o aditivo dessa elevação, entre a Secretaria de Infraestrutura da Bahia e o consórcio formado pelas empresas CCCC (China Communications Construction Company) e CRCC/CR20 (China Railway 20 Bureau Group Corporation). A ajuda de Lula e do BNDES parecem ser cruciais nesse momento de incertezas.
Investimento
Simone Tebet é só otimismo na infraestrutura
5/01/2024A expectativa em relação aos investimentos em infraestrutura, em 2024, é que os valores cresçam mais do que 30% em relação ao ano passado. Os aportes em 2023 já foram 22% superiores aos de 2022. O otimismo é do Ministério do Planejamento, que aposta na entrada do BNDES em cena − o banco permanece hibernando − e a melhoria confirmada do resultado fiscal.
Quem levantou a bola dos investimentos em infraestrutura em 2023 foi o setor privado, que alcançou o maior nível da sua história. O Planejamento conta com razoável aumento de concessões e PPPs para atingir sua previsão de crescimento da formação bruta de capital fixo.
Saneamento
Oferta de ações surge como alternativa à privatização da Cesan
4/01/2024Na esteira do acordo de cooperação técnica assinado em outubro, o BNDES e o governo do Espírito Santo iniciaram conversações em torno da Cesan – a empresa de saneamento do estado. Entre os cenários contemplados, segundo a fonte do RR, está uma oferta de ações em Bolsa, com a manutenção do controle estatal – o Tesouro capixaba detém hoje quase a totalidade do capital (99,8%). Outra hipótese discutida é o fechamento de PPPs por projetos ou municípios. Entre tantas incógnitas, há uma certeza: a Cesan precisa de um aporte. A empresa não tem recursos para atingir as metas do marco do saneamento até 2033. Estima-se que sejam necessários cerca de R$ 5 bilhões em investimentos.
Destaque
BNDES despeja mais recursos para estimular debêntures de infraestrutura
3/01/2024O BNDES vai abrir o cofre em 2024 para turbinar os investimentos em infraestrutura no país. A liberação dos recursos se dará prioritariamente por meio de debêntures incentivadas. Segundo o RR apurou, o banco deverá disponibilizar algo em torno de R$ 30 bilhões para a compra desses papéis.
Esse valor representa um salto de 130% em relação ao total desembolsado pelo BNDES para a aquisição de debêntures incentivadas ao longo de 2023 – aproximadamente R$ 13 bilhões. Para se ter uma dimensão ainda maior do que o número representa, significa dizer que o BNDES vai alocar para a compra desses títulos privados 50% a mais do que todo o volume de financiamentos liberados para projetos de infraestrutura ao longo de 2023, da ordem de R$ 20 bilhões. Procurado pelo RR, o BNDES não quis comentar.
Em 2023, as debêntures incentivadas corresponderam a aproximadamente 65% dos empréstimos do BNDES para a área de infraestrutura. No banco, a estimativa é que esse índice possa chegar perto dos 75% em 2024. Esta é uma modalidade de crédito ainda pouco explorada pelas empresas privadas no Brasil, o que aumenta a importância do BNDES como seu principal fomentador.
Devagarinho, esse cenário tem mudado. Em agosto do ano passado, a Aegea Saneamento realizou a maior oferta de debêntures de infraestrutura já feita no mercado brasileiro, com a venda de R$ 5,5 bilhões. O próprio BNDES ficou com cerca de um terço dos papéis, ou R$ 1,9 bilhão. A boa notícia foi a forte demanda: havia comprador firme para R$ 9,6 bilhões.
Saneamento
Pernambuco acerta os ponteiros para a licitação da Compesa
14/12/2023A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, quer colocar o edital da Compesa na rua até abril de 2024. O prazo é considerado o limite do limite para que a venda dos ativos ocorra até agosto, fora do calendário das eleições municipais. O cálculo político da governadora é que, iniciada a campanha, a pressão dos municípios contra a operação será praticamente incontornável. O governo de Pernambuco estuda com o BNDES um formato similar ao da Cedae, com a venda de concessões de saneamento em bloco e a permanência da Compesa sob controle do estado.
Empresa
Tembici leva suas bicicletas a Equador e Peru
6/12/2023A Tembici, aplicativo de aluguel de bicicletas, vai aumentar sua quilometragem na América do Sul. A empresa está acelerando estudos para entrar no Peru e no Equador. Além do Brasil, a Tembici já atua na Argentina, Colômbia e Chile. Boa parte dos recursos para a companhia pedalar sua expansão veio do BNDES, por meio do empréstimo de R$ 160 milhões fechado em fevereiro. Procurada, a empresa não se manifestou.
Destaque
BNDES pode ser o fiel da balança na capitalização da Iguá
6/12/2023A Iguá Saneamento é um pêndulo que balança entre dois modelos de capitalização. De um lado, está a proposta de um IPO, que contemplaria, em um segundo momento, a transformação em uma public company; do outro, uma solução “caseira”: os acionistas da empresa vêm mantendo conversações em torno de um possível aumento de capital. Esta segunda hipótese conta com um personagem-chave: o BNDES. Segundo o RR apurou, o banco já deu o firme que, em caso de aporte, acompanhará a chamada, assim como os dois maiores acionistas da Iguá, as canadenses CPP Investments e AIMCo (Alberta Investment Management Corporation). Consultado pelo RR, o BNDES informou que não comenta o assunto. A Iguá também não se pronunciou.
Do ponto de vista estratégico, o aporte talvez seja o formato mais conveniente para a dupla de gestoras do Canadá. Hoje, por meio da BNDESPar, o banco de fomento tem 10,9% do capital total da holding de saneamento. No entanto, sua importância para a empresa é proporcionalmente maior. O BNDES usa um duplo figurino na Iguá: acionista e um dos maiores financiadores da companhia. Em junho, por exemplo, o banco comprou R$ 1,8 bilhão de um total de R$ 3,8 bilhões em debêntures emitidas pela empresa. Foi o maior lançamento incentivado de papéis do setor de infraestrutura já realizado no Brasil.
Energia
BNDES deve energizar hub de hidrogênio verde potiguar
30/11/2023A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, e seus assessores estão debruçados sobre o projeto de criação de um complexo de hidrogênio verde no estado. Fátima já levou a ideia ao governo federal. Segundo o RR apurou, recebeu garantias firmes de que o BNDES entra no negócio. Ressalte-se que Fátima tem prestígio junto ao presidente Lula. Foi, inclusive, coordenadora da sua campanha no Nordeste.
Destaque
Risco Mantega é um pêndulo entre o Planejamento e a Petrobras
29/11/2023A ameaça Guido Mantega parece não largar o governo Lula. A proposta inicial era empurrá-lo para a presidência da Vale, “esquecendo” que a empresa não é mais estatal. Agora, surgem duas ideias no governo de arrepiar.
A primeira é incluir Mantega em um troca-troca com Simone Tebet: ela iria para a Pasta da Justiça e Mantega reassumiria o Ministério do Planejamento, cargo que já ocupou no Lula I, entre 2003 e 2004. Na segunda, e perigosíssima alternativa, ele ficaria de regra três para a presidência da Petrobras, como potencial substituto de Jean Paul Prates, que balança mais do que bambu em ventania. Mantega chegaria à estatal com o poder de conduzir o recém-anunciado plano de investimentos da companhia, uma montanha de dinheiro de US$ 102 bilhões a ser desembolsada pelos próximos cinco anos.
A essa altura, a hipótese mais suave é encher a árvore de Natal do ex-ministro de vagas em conselhos de administração, como BNDES, Itaipu, BB etc. O fato é que tanto o PT quanto o próprio Lula parecem se sentir na obrigação de recompensar Mantega pela lealdade nos tempos das águas mais profundas da Lava Jato. O ex-ministro chegou a ser foi preso no hospital quando acompanhava um exame médico da sua esposa e não abriu o bico.
Empresa
Scania pisa fundo na venda de caminhões a gás no Brasil
23/11/2023A entrega de 100 caminhões movidos a biodiesel para a Amaggi é só a partida. A Scania lançou mão de uma agressiva estratégia comercial para tracionar as vendas do modelo 500 R 6×4 Super ao agronegócio. As negociações envolvem a garantia de financiamento do Scania Banco a taxas de juros próximas das oferecidas por bancos de fomento – BNDES, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. Os caminhões a gás são a grande aposta da montadora sueca em seu processo de transição energética. Nas projeções da empresa, eles representarão 10% das suas vendas no Brasil até 2028. Ao contrário de concorrentes, a Scania se baseia na premissa de que ainda vai demorar para que o mercado de veículos pesados movidos a eletricidade amadureça no Brasil.
Saneamento
Governador da Paraíba quer acelerar venda da Cagepa
21/11/2023O governador da Paraíba, João Azevedo, tem mantido conversações diretas com o BNDES para destravar a privatização da Cagepa, a companhia de saneamento do estado. O processo está com quase um ano de atraso. Estima-se que a venda da empresa possa render cerca de R$ 4 bilhões – o governo controla 99,98% das ações ordinárias. Quando ocupou a Secretaria de Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia da Paraíba, em 2017, o próprio Azevedo via a empresa como viável. Dez anos depois, o panorama é outro. A Cagepa não tem meios próprios para cumprir o Marco do Saneamento.
Destaque
Está na hora do Brasil aproveitar as sinergias entre as áreas de Defesa e de Ciência e Tecnologia
10/11/2023De um lado, a notória escassez orçamentária da área de Defesa; do outro, o flagrante déficit do Brasil em inovação, pesquisa e desenvolvimento científico. Talvez seja hora de cruzar esses dois problemas em busca de uma solução comum. Militares de alta patente do Exército, Marinha e Aeronáutica têm se dedicado a discussões nessa direção, que eventualmente podem servir de subsídio para o governo atacar dois grandes gaps do país.
A ideia central seria levar para dentro das Forças Armadas um “pedaço” da Pasta de Ciência e Tecnologia, leia-se projetos e programas que tenham sinergia com a indústria de defesa. Esse crossover poderia se dar pela divisão de áreas e tarefas por departamentos específicos, tanto do lado das Forças Armadas quanto da Ciência e Tecnologia. O conceito não é exatamente novo. No primeiro governo Lula, os Ministério da Defesa e da Ciência e Tecnologia, em parceria com o BNDES, então presidido por Carlos Lessa, chegaram a realizar oito rodadas de debates para discutir oportunidades conjuntas que unissem investimentos em projetos militares e o desenvolvimento científico e tecnológico do país.
As discussões deram origem a um caudaloso documento de 316 páginas que, quase duas décadas depois, segue atual e poderia servir de proxy para a elaboração de um plano estratégico nacional – o material está disponível na internet.
No Brasil, há um histórico cruzamento entre as Forças Armadas e o desenvolvimento científico e tecnológico. O grande símbolo é a Embraer. Nascida dentro da Aeronáutica, a empresa é a mais inovadora e bem-sucedida iniciativa da indústria brasileira. Os exemplos não ficam apenas no passado. Agora mesmo a Marinha está desenvolvendo o seu submarino nuclear, um projeto na fronteira da fronteira da tecnologia. Há países em que a linha divisória entre a indústria de defesa e o desenvolvimento tecnológico é extremamente tênue, difícil até de definir onde termina um e começa o outro. Que o digam os Estados Unidos.
No ano passado, o país investiu mais de US$ 100 bilhões em tecnologia de defesa divididos por 24 áreas estratégicas. São projetos de inovação que transbordam do campo militar e têm impacto direto sobre setores como telecomunicações, microeletrônicos, softwares, biomedicina, logística, energia e até proteção climática, entre outros. Em maio deste ano, o governo Biden lançou a nova Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia voltada ao setor de defesa, que define 14 áreas tecnológicas críticas e vitais para manter a segurança e a soberania. Entre elas, estão biotecnologia, ciência quântica, inteligência artificial, energia renovável, computação avançada e interfaces homem-máquina.
Os índices de investimento público nas áreas de defesa e de ciência e tecnologia no Brasil são cadentes. Corta-se o pouco que se tem. Em 2011, o orçamento das Forças Armadas (R$ 62 bilhões) correspondia a 1,5% do PIB. Neste ano, essa proporção caiu para o menor nível em 12 anos. Os R$ 124 bilhões em verbas destinadas ao Exército, Marinha e Aeronáutica equivalem a algo em torno de 1,1% do PIB. É menos da metade da média global – 2,3% do PIB.
Para efeito de comparação, o Brasil está atrás de todos os países dos Brics: a Rússia desembolsa 5,3% do seu orçamento com despesas militares; a Índia, 2,5%; a China, 1,8%. Outro indicador reforça o gap orçamentário da área de Defesa. Com aproximadamente 2% do PIB global, o Brasil responde por apenas 1% do investimento soberano global na área militar. O quadro é ainda mais crítico quando se destrincha a natureza das verbas. Do orçamento das Forças Armadas deste ano, apenas R$ 8,4 bilhões, ou 6,7%, serão destinados à compra de equipamentos. Na Ciência e Tecnologia, os números são ainda mais desalentadores. A área dispõe de um “nano-orçamento”: as verbas federais previstas para este ano correspondem a 0,1% do PIB.
Mineração
Enquanto o Brasil boia no minério, a China nada em um oceano de terras raras
9/11/2023Essa fixação por valuation está transformando o valor estratégico futuro em uma sanha por dividendos no presente que pode tirar a empresa de mercados promissores no porvir. É o caso das terras raras, vendidas por uma grana para o Japão, o maior comprador do mundo e carente dos minerais. O país, inclusive, é boicotado pela China, detentora da maior reserva planetária de terras raras. São dois bicudos que não dão uma bitoca nem por muitos bilhões de dólares. Mas deixemos os ricos de lado. Vamos ao Brasil, que joga dinheiro fora obsessivamente. Quem é mais velho se lembra de uma história corrente no Departamento Nacional da Produção Mineral, nos anos 60, que relatava, com tom de blague, a pirataria dos estrangeiros com as terras raras brasileiras. Pouco antes de meados do século passado, os navios paravam no Porto do Espírito Santo, despejavam suas mercadorias e enchiam o barco com o mineral como lastro. Levavam de graça uma riqueza cujo valor estava escrito há quase 100 anos. O que encarecia, à época, as terras raras era a monazita, usada por idosos para passar no corpo e reduzir as dores de artrite. As terras raras são compostas de minérios como lítio, cobalto, tório, ítrio, césio etc. Em tempos de transição energética, são insumos valiosos para a produção de baterias, chips, dispositivos eletrônicos, fabricação de laser etc.
O tempo passou, e o Brasil não aprendeu. Não prospectou, perdeu o segundo lugar no ranking das terras raras para o Vietnã e assiste, como informa hoje o Brazil Journal, a uma companhia brasileira tentar um “Ipozinho, de US$ 50 milhões, na bolsa de valores australiana. Trata-se da Brazilian Rare Warth, que acaba de fazer um IPO das suas maquetes (o caixa da companhia é de US$ 10 milhões) – fisicamente, não existe nada. Não se sabe muito bem se os recursos minerais são inferidos, indicados ou medidos. No Brasil, há registro de quatro empresas que estão buscando o minério em estágio pré-operacional no Brasil. Além Brazilian Rare, outros exemplos são a Meteoric Resource e a Serra Verde.
Esses quase 100 anos de tempo perdido foram resgatados, sem êxito, no governo Dilma, pelo então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. O economista chamou no Ministério 17 empresas habilitadas para a exploração de terras raras em associação com a Vale. Reza a lenda que a reunião foi boa. Já a joint venture e os financiamentos do BNDES, prometidos à época, ninguém viu, nem nos governos de Dilma, Michel Temer, Jair Bolsonaro e Lula III. Fala-se à boca pequena que a Vale voltou a estudar o investimento na extração de fosfato. Na verdade, não se sabe muito bem o que a empresa vai explorar: se fosfato ou terras raras, que é um minério associado em grande escala ao insumo para fertilizantes – 60% dos fosfatados consumidos no Brasil são importados.
Destaque
Os “candidatos do governo” à presidência da Vale
6/11/2023Dois nomes antípodas vêm sendo soprados nos corredores da Vale como candidatos a substituir Eduardo Bartolomeo na presidência da companhia: Pedro Parente e Luciano Coutinho. O primeiro, não obstante a identificação com FHC, não se incompatibilizou com o PT, leva o rótulo de um dos maiores executivos do país e é especialista em crises cabeludas, vide o racionamento de energia de 2001. Seria um executivo talhado para comandar uma empresa que ainda carrega a nódoa reputacional de Mariana e Brumadinho. Luciano Coutinho, por sua vez, não precisa de apresentações. O ex-presidente do BNDES cumpriria o papel de ser um presidente próximo da cúpula do governo e do PT. E Guido Mantega, que chegou a ser aventado para o comando da Vale? Talvez não tenha passado de um boi de piranha.
Empresa
Embraer negocia venda de aeronaves militares para a Coreia do Sul
30/10/2023O RR apurou que a Embraer abriu conversações com o governo da Coreia do Sul para a venda de um lote do cargueiro militar KC-390. É provável que a companhia brasileira precise de munição de alto calibre para essa disputa, leia-se, mais uma vez, o apoio do BNDES no financiamento da encomenda. O principal concorrente da Embraer é a Airbus Defense and Space, com o seu modelo A400M – militares sul-coreanos já visitaram a fábrica da companhia na Espanha para vistoriar a aeronave. Outro competidor é a Lockheed Martin, que ofereceu o cargueiro C-130J. A Força Aérea da República da Coreia do Sul (ROKAF) busca um substituto para a sua frota de C-130H Hercules.
Infraestrutura
BNDES garante o “asfalto financeiro” para ponte entre Brasil e Bolívia
24/10/2023Segundo o RR apurou, o governo brasileiro confirmou às autoridades bolivianas que o BNDES vai financiar a construção da ponte entre a cidade de Guayaramerín e Guajará-Mirim (RO). A informação foi transmitida pelo Itamaraty na semana passada. O banco de fomento deverá entrar com a maior parte dos US$ 52 milhões necessários para a obra.
O DNIT pretende publicar o edital até a primeira semana de novembro. A obra consiste em apenas 1,2 quilômetro de pista, mas o suficiente para abrir um novo corredor logístico aos exportadores brasileiros, notadamente para o escoamento de produtos da Região Norte para Bolívia, Peru e Chile. Trata-se de uma pendência bilateral centenária. A construção da ponte está prevista desde o Tratado de Petrópolis, em 1903, quando da anexação do Acre pelo Brasil.
Destaque
Iveco corre contra o relógio para colocar seus blindados na Argentina
19/10/2023Às vésperas das eleições presidenciais na Argentina, uma negociação comercial com o país vizinho agita os bastidores nas áreas diplomática e militar. A Iveco mantém gestões junto ao governo, notadamente ao ministro da Defesa, José Múcio, para que o Brasil feche até o fim de novembro os termos da venda dos blindados Guarani produzidos em Sete Lagoas (MG) ao Exército argentino. Por termos, entenda-se, principalmente, o financiamento do BNDES, condição fundamental para que a Argentina consiga sacramentar o pedido.
Segundo o RR apurou, na tentativa de viabilizar a operação, a companhia e o próprio governo brasileiro já trabalham com a hipótese de uma cisão na encomenda. Nesse caso, o banco financiaria uma primeira tranche, envolvendo a venda de metade dos 161 veículos previstos originalmente – o que significaria um contrato da ordem de R$ 1 bilhão.
O timing é fundamental. A negociação está diretamente ligada ao pleito do próximo dia 22, na Argentina. A Iveco tenta criar um fato consumado, um hedge para o caso do oposicionista Javier Milei vencer as eleições. Durante a campanha, o candidato de extrema direita tem repetido que vai aumentar consideravelmente os gastos na área de Defesa.
Fala, inclusive, em retornar a níveis de 30 anos atrás, quando o país investia quase 2,5% do PIB no setor – hoje, esse índice não passa de 0,8%. No entanto, em relação especificamente ao projeto de compra dos novos blindados para o Exército, Milei é uma incógnita. Até agora, não deu pistas do que pretende fazer.
O risco é que, uma vez eleito, ele enxergue a operação mais seu fardamento político do que militar. O negócio ficou razoavelmente carimbado como um acordo entre Lula e Alberto Fernandez, sobretudo pela garantia de financiamento do BNDES.
As tratativas para o fechamento do contrato são complexas. Passam não apenas pela Iveco, fabricante dos blindados, e também por canais diplomáticos e militares entre os dois países. O Exército brasileiro está diretamente envolvido nas negociações.
Em maio, o próprio comandante da Força, general Tomás Miguel Paiva, esteve em Buenos Aires, quando teria tratado do assunto com o seu congênere argentino, o general Guilherme Pereda. Além de trabalhar por uma operação importante para a indústria de defesa brasileira, o Exército tem um interesse especial no acordo: detentor dos direitos sobre o Guarani, a instituição pode arrecadar até R$ 140 milhões em royalties caso os 161 veículos sejam vendidos.
Em tempo: há ainda um componente adicional nesse enredo. Na leitura da Iveco, o governo Lula tem um “débito” para honrar. Em julho deste ano, o Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento do Itamaraty vetou a negociação de 450 viaturas Guarani para a Ucrânia. Os veículos seriam transformados em ambulâncias blindadas.
Até hoje, as razões para a decisão não foram esclarecidas pelo governo brasileiro. A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados já requereu ao Itamaraty que explique os motivos do veto. O fato é que a Iveco viu escapar um contrato que poderia chegar a R$ 3,5 bilhões.
Empresa
J&F investe R$ 2,3 bilhões para aumentar frota de barcaças
11/10/2023O apetite de Joesley e Wesley Batista pela área de mineração pode ser medido pelos investimentos paralelos em logística. O RR apurou que a J&F, holding do clã, vai construir 400 barcaças para o escoamento de minério, ao custo total de aproximadamente R$ 2,3 bilhões. A montagem das embarcações ficará a cargo de quatro estaleiros: Juruá e Eram, ambos no Amazonas, Maguari, no Pará e Enseada, na Bahia. De acordo com a mesma fonte, o Fundo de Marinha Mercante (FMM) já aprovou o projeto. Na prática, o FMM poderá financiar até 90% do valor, mas a tendência é que o BNDES também participe da operação. Com a encomenda, a J&F Mineração vai triplicar sua frota de barcaças. A empresa tem planos ainda de comprar outros 20 rebocadores, um investimento estimado em R$ 800 milhões. A princípio, a expansão da frota mira a ampliação da produção de minério de ferro e manganês no Mato Grosso Sul, nas reservas compradas junto à Vale no ano passado. Essa é a ponta do iceberg à vista de todos. Abaixo da linha d´água, há planos ainda maiores. O aumento da estrutura logística daria suporte à ampliação dos negócios em mineração, por sua vez, ligados ao projeto dos irmãos Batista de investir em transição energética, com a extração de lítio – conforme o RR noticiou hoje pela manhã.
Saneamento
BNDES deve irrigar plano de investimentos da Corsan
11/10/2023A Aegea voltou a bater na porta do BNDES. A holding negocia com o banco um empréstimo para a gaúcha Corsan, cujo contrato de concessão foi assinado em julho após um alonga batalha judicial contra os empregados da empresa. O plano de investimentos da companhia prevê um desembolso de R$ 13 bilhões ao longo da próxima década. Uma das possibilidades seria a emissão de debêntures incentivadas de infraestrutura, que seriam integralmente ou em grande parte compradas pelo BNDES. O banco já é o grande financiador da Aegea: no ano passado, emprestou mais de R$ 19 bilhões para as subsidiárias Águas do Rio 1 e 4, leia-se os contratos de concessões da antiga Cedae.
Destaque
Governo estuda usar BNDES e Petrobras como “avalistas” dos green bonds brasileiros
9/10/2023O governo reserva um papel importante para o BNDES e a Petrobras no lançamento de títulos verdes já anunciado pelo ministro Fernando Haddad. A ideia em discussão na equipe econômica é usar o banco de fomento e a petroleira para garantir a emissão na Bolsa de Nova York, estimada em R$ 10 bilhões pela própria Pasta da Fazenda. BNDES e Petrobras entrariam comprando parte dos títulos, como forma de estimular a demanda e assegurar a colocação dos green bonds.
Seria quase uma operação de tesouraria soberana. As duas estatais funcionariam como uma espécie de avalistas do lançamento, em um gesto eivado de simbolismo. Ao investir nos papéis, as duas estatais, ou seja, o próprio governo afiançaria os títulos soberanos com selo ESG. Seria a União comprando a União. De quebra, BNDES e Petrobras colocariam em sua carteira papéis com um razoável potencial de rentabilidade.
A petroleira, ressalte-se, tem em tesouraria cerca de R$ 4,7 bilhões em títulos públicos. Já o BNDES é um tradicional financiador da União: carrega em carteira aproximadamente R$ 66 bilhões em papéis emitidos pelo Tesouro.
A medida é vista na equipe econômico como um “seguro emissão” ou algo que o valha. A necessidade do BNDES e da Petrobras entrarem ou não na operação e o volume de títulos adquiridos por ambos dependeriam da procura pelos papéis. O cuidado é mais do que justificável. Haddad e seus assessores tratam esse primeiro lançamento de green bonds do Tesouro fundamental, quando não determinante para o êxito de futuras operações similares. Conforme o RR já informou, a equipe econômica já tem planos de lançar outras duas tranches de títulos ESG: uma voltada à Europa e outra especificamente para o que seria um sindicato de fundos soberanos do Oriente Médio. A equipe econômica considera o lançamento dos bônus verdes como uma de suas iniciativas mais relevantes, algo capaz de mudar o patamar do Brasil na captação de recursos internacionais. O objetivo é engendrar um mercado permanente, com potencial de resiliência, que permita emissões com alguma regularidade.
Infraestrutura
Grupo chinês avança na construção da Ferrovia do Pará
9/10/2023As tratativas para a participação da China Communications Construction Company (CCCC) na construção da Ferrovia do Pará avançaram mais alguns quilômetros. Segundo o RR apurou, representantes da CCCC deverão vir ao Brasil ainda neste mês para encontros com o governador Helder Barbalho e outras autoridades locais. De acordo com as informações apuradas, a companhia, um gigante com faturamento anual da ordem de US$ 150 bilhões, já sinalizou a possibilidade de financiamento do China Development Bank (CDB). Não custa lembrar que o CDB e o BNDES assinaram um acordo neste ano para investimentos em infraestrutura no Brasil. A Ferrovia do Pará, que prevê a ligação de Marabá ao porto de Vila do Conde, em Barcarena, é um dos maiores projetos logísticos da Região Norte. Seu custo total é estimado em quase R$ 10 bilhões.
Política
Com Haddad, está quase tudo dominado
6/10/2023A Faria Lima não comprou Lula. Nem vai comprar. Mas votaria em Fernando Haddad se ele trocasse de partido. Mesmo achando que a mistura de ortodoxia e heterodoxia econômica tem uma combinação maior do que a recomendável – o mercado sempre quer no mínimo uma pitada a mais de ortodoxia –, a política econômica está sendo bem aceita pelas instituições financeiras, conforme o RR apurou junto a três executivos do alto escalão dos seus respectivos bancos. Há senões. A insuficiência do corte de gastos para equilibrar o arcabouço fiscal, todo centrado na receita do governo, é um desses senões. A reforma tributária da renda, a que mexe com dividendos, redução do imposto de renda para pessoa física e aumento para empresas, taxação dos juros sobre capital próprio e etc são outros. No entanto, o que mais incomoda a banca é o timing. Os executivos acham que o governo Lula e, mais especificamente, Fernando Haddad se perdem em negociações muito longas de medidas econômicas que existem presteza.
O arcabouço, por exemplo, que chegou a ser festejado pela bolsa e pelo mercado de câmbio, não foi aprovado ainda. A reforma tributária, que está no Congresso há quatro anos e no início do governo Lula estava pronta para ser aprovada, ainda vem sendo revolvida por comissões e lideranças do Congresso. A disputa sobre quem perderá seus gravetos no inevitável rouba-montinho sobre o resultado das empresas – um arcabouço construído sobre a arrecadação exige que alguém pague mais – interessa menos à Faria Lima, mas está sendo acompanhada com atenção.
Fora uma ou outra lacuna menos expressiva, Haddad faz muito do que Paulo Guedes fez e faria. A principal diferença não é nem a miríade de medidas liberais que o ex-ministro tentaria emplacar, como a privatização, mas que Guedes achava que o Brasil não cabia nas suas necessidades e o governo Lula pensa o contrário. A conjuntura, se não vai muito bem, vai muito razoável. A questão dos juros, que deixava a Faria Lima com os nervos à flor da pele, já está resolvida. Já se sabe o quanto as taxas devem cair neste ano (1 pp a 1,5 pp, chegando a uma Selic entre 10% e 11%). Já está devidamente digerida a estratégia de que os juros podem cair menos do que se previa, ou seja, taxas “menos baixas” não receberão o ataque do governo. A relação entre Roberto Campos Neto e o Palácio do Planalto virou um namoro – o RR já publicou que Campos Neto é candidato e permanecer no cargo, em novembro de 2024. A inflação pode dar um ou outro repique, mas não sobe ao patamar de 5%. O desemprego, que está em 8%, pode chegar a 7% até o fim do ano. O PIB cresce bem em relação às previsões. Vai a 3% neste ano – no início de 2023, a projeção era de 1% – e pode passar um pouco desse índice, sem que o mercado acuse pressão inflacionária com o crescimento da economia. Está sendo construído com parcimônia o monte de dinheiro que o governo vai jogar na economia – BNDES, estatais, orçamento da União, corte de incentivos, fundos do exterior etc.
Que o governo vai gastar mais é líquido e certo. A emenda constitucional do arcabouço prevê aumento de despesa todo ano. Talvez a lentidão nas negociações com o Centrão e outros grupos de interesse tenha a ver também com a conta dos recursos a serem investidos. Lula quer garantir o PIB, que é um grande formador de expectativas no modelo de política econômica do seu governo. A nomeação do novo presidente da CEF, partilha de ministérios, dinheiro a ser distribuído para parlamentares gastarem aqui e acolá, tudo estaria na dependência do total dos dízimos a serem pagos aos mercadores do templo. É preciso ver quanto vai se dispender com os “emolumentos” para calcular os recursos que irão sobrar para fazer a economia crescer mais neste ano e, principalmente, no próximo. O fato é que, na aurora de 2023, quando os mais otimistas ficavam com um crescimento do PIB entre 0,5% e 1,5%, o RR dobrou a estimativa para 3%. Pois bem, a previsão já está dada como certa. Para 2024, o mercado não chega a 2%. O RR repete sua previsão de 3%. Quem quer fazer uma aposta?
O enigma, verdade seja dita, tem muito do fiscal. Só que o mercado acredita que o espaço para aumento de receita não é suficiente para fechar o resultado primário das contas públicas. A publicação considera o contrário. Entre cortes de incentivos, reonerações, dívidas transitadas e julgadas e outras judicializações, além do espaço enorme para medidas criativas, há dinheiro, sim, para se enquadrar nos limites do arcabouço e auferir uma receita adicional para aquecer a economia neste ano e em 2024. Um dos executivos consultados, contudo, considera que, se emplacar os bons índices de 2023 em 2024, arrumar um bocado o lado fiscal e conseguir fazer a reforma administrativa, Lula já garantiu números positivos até o fim do governo. Só não acerta no milhar se a economia mundial entrar em uma espiral de crise. Mas aí, não só o governo Lula, mas todos perdem.
Saneamento
Pulverização do controle é a nova roupagem para a venda da Copasa
20/09/2023Uma nova proposta para a venda da Copasa começa a ganhar força no governo de Minas Gerais. Segundo o RR apurou, a equipe de Romeu Zema avalia a realização de uma oferta de ações em Bolsa, com a pulverização do capital da empresa de saneamento. A rigor, seria um formato semelhante ao da Eletrobras e da recente diluição do controle da Copel. Os estudos têm sido feitos em conjunto com o BNDES. Esse modelo substituiria a ideia inicial de um leilão de privatização, com a venda em bloco do controle. De uma coisa, no entanto, o governador Romeu Zema não conseguirá escapar: a operação terá de passar pelo crivo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, uma arena em que Zema tem acumulado derrotas, mesmo com maioria na Casa.
Destaque
Governo embala medidas para estimular investimentos em eólicas offshore
19/09/2023Enquanto o marco regulatório não sai, o governo está quebrando a cabeça em busca de medidas para estimular investimentos em usinas eólicas offshore. Uma das propostas em discussão no Ministério de Minas e Energia é vincular a cessão das áreas a contratos de venda de energia de até 20 ou 30 anos, ancorados no mercado cativo. Ou seja: o investidor teria, já na partida, a garantia de compra do insumo por acordos de longo prazo e com o chamado preço definido, ou seja, fixado pela Aneel, regime no qual os consumidores não têm liberdade para negociação das tarifas.
Segundo estudos da área técnica do Ministério de Minas e Energia, as eólicas offshore em funcionamento no mundo somente atingiram seu breakeven entre 15 e 20 anos. Os contratos de longo prazo seriam uma maneira de assegurar o retorno do investimento. Outra medida que ganha corpo no governo é a participação direta do BNDES no financiamento dos projetos.
Uma das ideias é o uso de debentures incentivadas de infraestrutura. As empresas ou consórcios à frente dos projetos emitiriam os papéis com a garantia firme de que o banco de fomento ficaria com uma parcela mínima. Seria um considerável reforço, além das linhas de crédito já criadas pelo BNDES para financiar projetos em energia renovável, que somam até o momento algo em torno de R$ 15 bilhões.
Um dos maiores óbices à construção de eólicas em alto-mar é justamente o seu elevado custo. Para cada 1 GW de capacidade instalada, estima-se que é necessário um investimento da ordem de US$ 2,5 bilhões, mais de duas vezes maior valor exigido em usinas onshore.
As discussões dentro do governo vêm sendo conduzidas diretamente pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira – à frente também das articulações junto ao Congresso para a aprovação do marco regulatório das eólicas offshore ainda neste ano. Um dos principais colaboradores de Silveira na formulação de propostas para o setor é Mauricio Tolmasquim, gerente de Estratégia e Planejamento da Petrobras. Durante o período de transição, Tolmasquim foi quem elaborou boa parte das diretrizes do governo Lula para a área de transição energética.
Na Petrobras, é o executivo responsável pelos projetos para o segmento. A própria estatal, conforme já anunciado pelo governo, terá um forte papel como indutora de investimentos em energia renovável e, mais especificamente, em geração eólica offshore. Na semana passada, a empresa divulgou já ter protocolado junto ao Ibama estudos para licenciamento ambiental em dez projetos na costa brasileira, com capacidade somada de 23 GW.
Infraestrutura
CSN e governo costuram novo acordo para construção da Transnordestina
18/09/2023A CSN está costurando com o governo uma intrincada fórmula financeira para a conclusão das obras da Transnordestina entre Eliseu Martins (PI) e Pecém (CE). Além das tratativas para um empréstimo adicional de R$ 3,5 bilhões do FDNE (Fundo de Desenvolvimento do Nordeste) e outro de R$ 600 milhões do BNDES, o acerto de contas envolve também a renegociação de uma dívida de R$ 1,5 bilhão. A CSN articula com o Ministério dos Transportes para que a União assuma o passivo da Transnordestina Logística S/A (TLSA), subsidiária da siderúrgica responsável pelas obras. O valor se refere ao custo de construção de parte do trecho entre Salgueiro e Suape, em Pernambuco, devolvido pela CSN à União – a intenção do governo é transferir a concessão desse ramal para outro investidor. Na última linha, somando os novos empréstimos do BNDES e do FDNE daqui e a renegociação da dívida dali, serão R$ 5,6 bilhões em recursos públicos, ou seja, algo em torno de 70% do valor total necessário para a conclusão das obras (R$ 7,8 bilhões).
Destaque
IG4 abre as comportas da Iguá Saneamento para um novo investidor
11/09/2023A recente venda de 11 concessões para Norte Saneamento, por R$ 466 milhões, é apenas a camada mais visível da reestruturação em curso na Iguá. Há mudanças mais profundas em gestação, que passam pela entrada de um novo investidor no capital. Segundo o RR apurou, a IG4 – maior acionista individual da Iguá, com 48,4% – tem mantido conversações para a venda de parte das ações em seu poder.
De acordo com uma fonte próxima à empresa, um dos nomes do outro lado da mesa é o Pátria Investimentos, que está montando um novo fundo de infraestrutura, da ordem de US$ 2,5 bilhões, e já anunciou seu ingresso no setor de saneamento. Há informações também de gestões junto ao International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos privados do Banco Mundial. Ressalte-se que o IFC já teve uma posição em outra grande empresa privada de saneamento no Brasil, a Aegea Saneamento – a participação de 5,5% foi vendida para a Equipav em 2019. Procurados pelo RR, IG4 e Pátria não quiseram se pronunciar.
A venda direta de parte do capital surge como opção às frustradas tentativas de IPO da Iguá conduzidas pela IG4. Já foram duas, em 2019 e 2020. Em seu acordo de acionistas, a empresa assumiu o compromisso de empenhar “seus melhores esforços” para lançar ações em bolsa até abril de 2024.
Não se trata de uma obrigatoriedade, mas do que pode ser chamada de uma carta de intenções. Intenções estas, no entanto, que não têm sido muito respaldadas pelo mercado. As primeiras sondagens para um possível IPO no ano que vem têm sido recebidas com frieza entre os investidores.
Há uma razoável pressão pela entrada de capital novo na Iguá. A empresa precisa cumprir um plano de investimentos em suas concessões da ordem de R$ 6 bilhões – cerca de R$ 800 milhões apenas neste ano. Isso em um momento de reduzida margem de manobra devido ao elevado nível de alavancagem.
A relação dívida líquida/Ebitda da Iguá é de oito vezes – a maior entre as grandes empresas privadas do setor, leia-se também Aegea e BRK Ambiental. Há cerca de três meses, a companhia fez um movimento importante para aliviar o torniquete e alongar o perfil da sua dívida, com a emissão de R$ 3,8 bilhões em debêntures. A conclusão da operação, por sinal, se deve muito à presença do BNDES. Acionista da companhia, por meio da BNDESPar, o banco de fomento foi o tomador de R$ 1,8 bilhão em papéis, garantindo o fechamento da emissão
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Banco Europeu aporta US$ 52 milhões em fundo de sustentabilidade da Vinci
6/09/2023Informação publicada há pouco pelo O Jornal Económico, uma das principais publicações de negócios e finanças de Portugal: o Banco Europeu de Investimentos (BEI) anunciou que vai investir US$ 52,5 milhões em projetos de infraestrutura ligados à área de sustentabilidade no Brasil. Entre os setores escolhidos estão energia renováveis e saneamento. Os recursos serão destinados ao Vinci Climate Change, fundo de investimento administrado pela Vinci Infraestrutura Gestora de Recursos – leia-se a Vinci Partners, de Gilberto Sayão. Em paralelo, o Fundo para Ação Climática em Mercados Emergentes (EMCAF), gerido pela Allianz Global Investors, anunciou investimentos de US$ 25 milhões em projetos sustentáveis no Brasil.
Obs RR: A Vinci Partners está se consolidando como uma importante catalisadora de fundos para projetos de sustentabilidade. Dentro e fora do Brasil. Em novembro do ano passado, o Vinci Climate Change recebeu US$ 10 milhões da Corporación Andina de Fomento (CAF). Pouco mais de um mês depois, o sarrafo subiu consideravelmente. O BNDES injetou R$ 500 milhões de no fundo.
Destaque
Alemanha quer fazer do Brasil o seu “hub” de energia limpa
6/09/2023O acordo bilateral entre Brasil e Alemanha para investimentos em transição energética começa a sair do papel. Segundo uma fonte do Ministério de Minas e Energia, há negociações para que o governo alemão seja um dos financiadores do futuro hub de hidrogênio verde no Porto de Pecém, no Ceará. Trata-se de um dos maiores projetos de geração renovável em curso no país. A previsão de aportes beira os R$ 70 bilhões.
A Alemanha surge como o primeiro investidor soberano a se associar ao empreendimento – unindo-se a mais de 20 grupos privados que já assinaram memorandos de entendimento para participar do projeto, entre os quais se destacam a Eneva e a australiana Macquarie. Os recursos deverão sair do Fundo para o Clima e a Transformação, criado pelo governo alemão. São mais de 210 bilhões de euros reservados para financiar projetos de transição energética em todo o mundo.
De parte a parte, há outras pontas que se juntam nessa costura bilateral. De acordo com a mesma fonte, as conversações passam também pelo KfW, o banco de fomento alemão. A instituição deverá entrar no projeto de criação do hub de Pecém financiando a compra de equipamentos. O fio dessa meada leva ao próprio BNDES. Na última segunda-feira, o banco brasileiro e o KfW IPEX-Bank, braço de exportações da agência de fomento alemã, assinaram um acordo para expandir sua cooperação comercial, com foco exatamente em projetos de transição energética, clima e preservação ambiental.
O Porto de Pecém deve ser apenas o ponto de partida. O Brasil tem tudo para ser um dos principais se não o grande hub de fornecimento de energia limpa para que a Alemanha consiga cumprir suas metas de descarbonização. Estima-se que o país europeu terá de importar o equivalente a 70% da sua demanda interna por hidrogênio verde para alcançar a neutralidade climática até 2045.
Infraestrutura
Investimentos do Brasil em infraestrutura arrancam elogio do BID. Apesar dos pesares
5/09/2023A América Latina terá de investir US$ 2,2 trilhões até 2030 em saneamento, energia, transportes e telecomunicações para cumprir os ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) fixados pela ONU. É o que diz um estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), publicado há pouco pelo La República, um dos principais jornais da Colômbia (https://www.larepublica.co/finanzas/estudio-del-bid-asegura-que-se-necesitan-us-2-2-billones-hasta-2030-para-los-ods-3696430). O documento foi apresentado hoje durante evento do Finance in Common, rede que reúne bancos públicos de desenvolvimento de todo o mundo. O Brasil aparece bem na foto: é citado ao lado do México, Colômbia e Chile no rol dos países em que as agências de fomento são mais ativas no financiamento de projetos de infraestrutura.
Obs RR: A menção ao Brasil no estudo do BID é um elogio, ainda que não explícito, ao BNDES e o seu peso nos investimentos em infraestrutura. Vide o PAC. O banco já tem reservados cerca de R$ 270 bilhões para financiar projetos do Novo Plano de Aceleração do Crescimento. Esse valor representa 75% do total de financiamentos públicos previstos no programa. Ainda assim, a ladeira é íngreme. Muito íngreme, como mostra estudo recente da consultoria Inter.B, de Claudio Frischtak, uma das maiores autoridades no assunto no Brasil. Em 2022, o Brasil investiu em infraestrutura o equivalente a 1,86% do PIB. Para este ano, a estimativa é que esse índice chegue a 1,94% do PIB. Pouco. Segundo o estudo, o Brasil precisaria de um investimento médio de 4,2% do PIB ao longo das próximas duas décadas para a efetiva modernização do setor.
Destaque
BNDES é o combustível financeiro da parceria entre Embraer e Saab
5/09/2023O BNDES terá um papel relevante para turbinar a operação da Embraer no setor de Defesa, notadamente a partir da parceria firmada com a sueca Saab. Segundo o RR apurou, há negociações para que o banco de fomento financie contratos de exportação do F-39 Gripen “made in Brazil”. Trata-se das aeronaves militares que serão montadas na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP) e comercializadas conjuntamente pela companhia brasileira e pela Saab.
Estudos preliminares feitos pelas duas empresas indicam um potencial de encomendas da ordem de US$ 1,5 bilhão na América do Sul em um período de até três anos. A primeira parada deverá ser a Colômbia. Existem tratativas para a venda dos F-39 Gripen à Força Aérea Colombiana, que pretende substituir gradativamente suas 22 aeronaves israelenses IAI Kfir, em uso há mais de 40 anos. De acordo com a mesma fonte, as Forças Armadas do Equador e do Chile também já demonstraram interesse pelo F-39.
Os equatorianos querem tirar de linha os Atlas Cheetah, criados na África do Sul nos anos 1980 a partir de uma atualização do francês Mirage III. Já a Força Aérea chilena pretende desativar os caças norte-americanos Northrop F-5 E/F. Procurados pelo RR, Embraer e BNDES não quiseram se manifestar.
O BNDES, além de acionista, é historicamente um dos maiores financiadores da Embraer. Os números são hiperativos. Nos últimos 25 anos, a agência de fomento liberou cerca de US$ 25 bilhões para a companhia, que resultaram na venda de mais de 1,2 mil aeronaves.
No momento, a carteira do banco soma 26 operações ativas de empréstimo para a empresa. A mais recente foi firmada em novembro do ano passado: um crédito de R$ 2,2 bilhões para a produção e venda de jatos comerciais. Ao financiar a venda dos F-39 Gripen montados em Gavião Peixoto, o BNDES dá propulsão a um acordo bilateral costurado diretamente pelos governos do Brasil e da Suécia. Inicialmente, a fábrica de Gavião Peixoto seria responsável apenas pela montagem de 15 dos 36 caças F-39 Gripen comprados para a Força Aérea Brasileira.
A associação entre as duas empresas passou a ter contornos maiores após o memorando de entendimentos firmado em abril, com o objetivo de “buscar novas oportunidades de negócio”. Por novas oportunidades de negócio, entenda-se o que tem tudo para ser uma relação de ganha-ganha. A Saab passa a ter uma cabeça de ponte na América Latina, valendo-se do poder de influência do Brasil na região para a venda de aeronaves militares.
A Embraer, por sua vez, tem a chance de dar um novo impulso a suas vendas no setor, operação que perdeu alguma altitude nos últimos dois anos. Em 2021, a área de Defesa & Segurança respondeu por 13,7% do faturamento total da companhia. No segundo trimestre deste ano, esse índice caiu praticamente à metade (6,8%).
Política externa
O Brasil ganha ainda mais gás nas relações com Argentina e Bolívia
4/09/2023Economía Negócios, tradicional publicação chilena, trouxe agora uma notícia que mexe consideravelmente com o tabuleiro geoeconômica da área de energia na América do Sul. O presidente da estatal YPFB, Armin Dorgathen, afirmou que, ao longo dos anos, a Bolívia deixará de exportar gás natural à Argentina. A declaração parte de uma premissa razoavelmente óbvia: a produção no campo de Vaca Muerta, que reduzirá gradativamente a necessidade de a Argentina importar gás boliviano. No entanto, o que mais chama a atenção é a declaração mais enfática e de viva-voz de Dorgathen sobre um assunto que tem sido tratado com certo cuidado, quando não através de um jogo de dissimulações cruzadas entre Bolívia e Brasil. Parece até que o executivo quis dar um recado a outro país da América do Sul…
Obs RR: Os desdobramentos de Vaca Muerta sobre o mercado sul-americano não serão imediatos. Mas, olhando-se para o médio prazo, o Brasil começa a ficar em uma posição mais confortável em relação ao gás sul-americano. Ao reduzir as exportações para a Argentina, a Bolívia terá de vender esse volume em outro mercado. E que outro mercado seria se não a maior economia da América Latina? Os movimentos da Petrobras para retomar investimentos em óleo e gás em território boliviano aumentam o poder de negociação do Brasil em relação aos bolivianos. E ainda Vaca Muerta. A possibilidade de o BNDES financiar a construção do gasoduto, vinculada a uma extensão do pipeline ao Rio Grande do Sul, colocam o país em uma posição privilegiada para negociar com a Argentina o fornecimento de gás de Vaca Muerta. E se a Margem Equatorial sair, aí, então, o Brasil fica em uma situação ainda mais positiva à mesa de negociações com seus vizinhos.
Destaque
Governo quer fundos de pensão de volta à infraestrutura
24/08/2023Na esteira do PAC, há discussões no governo em torno da ideia de que os fundos de pensão voltem a ter um papel relevante nos investimentos em infraestrutura. A questão é burilar um formato de negócio em que as fundações e consequentemente seus beneficiários não sejam expostos aos mesmos riscos do passado, tanto em relação ao retorno financeiro, quanto, principalmente, aos malfeitos que pulverizaram bilhões de reais. Uma das hipóteses que ganha corpo é condicionar os investimentos em novos projetos ou concessões à emissão de debêntures incentivadas, com a garantia firme de que o BNDES ficaria com uma parcela expressiva dos papéis. Ressalte-se que há um projeto de lei (2.426/2022) em tramitação no Congresso que cria um novo modelo de debêntures para infraestrutura e prevê redução de tributos às empresas emissoras do papel. A proposta já foi aprovada na Câmara, e a articulação política trabalha para acelerar a votação no Senado.
Ainda que como um chiste, há quase um PAC inteiro dentro dos fundos de pensão. O setor de previdência privada soma hoje mais de R$ 1,5 trilhão em recursos, praticamente o volume de investimentos previstos no novo Plano de Aceleração do Crescimento (R$ 1,7 trilhão). Previ, Petros e Funcef respondem por quase 30% desse valor, com algo em torno de R$ 480 bilhões em patrimônio. O governo entende que essa fonte de recursos – ou seja, os fundos de pensão – precisa ser trazida para o “project finance” do PAC. Sobretudo em um país que entre 2019 e 2022 investiu, em média, o pífio índice de 0,35% do PIB em infraestrutura.
Segundo estudo do Ipea, de abril de 2021, as fundações de previdência privada brasileiras investem, em média, apenas 2,2% do seu patrimônio em infraestrutura. De acordo com a mesma pesquisa, é metade da média verificada nos 39 maiores fundos de pensão do mundo (4,5%). A Previ é um bom exemplo do eclipse dos fundos de pensão na área de infraestrutura ao longo dos últimos anos. Em 2014, a entidade investia no setor o equivalente a 10,9% do seu patrimônio total. Em 2017, esse índice já havia caído a 5,1%. Hoje, estima-se que esteja abaixo dos 3%.
Saneamento
PPP de Porto Alegre dará mais gordura à Corsan
22/08/2023A recém-privatizada Corsan vai ganhar um reforço importante. A Aegea, controlada da empresa, está em negociações com seus sócios – as gestoras Perfin e Kinea, leia-se Itaú – para que a ex-estatal incorpore a concessão de água e esgoto em Porto Alegre. Está tudo em casa. Ou quase. A operação na capital gaúcha se dá por meio de uma PPP, controlada pela Aegea e pela própria Corsan – negócio este firmado em 2020. O movimento é visto pela Aegea como estratégico. A Corsan vai ganhar mais corpo, mais receita e, com isso, terá uma posição ainda mais confortável para buscar recursos junto a bancos, a começar pelo BNDES.
Política
Uma agenda sob medida para estreitar a distância entre Lula e o agro
16/08/2023Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e da Fazenda, Fernando Haddad, têm discutido medidas emergenciais de apoio aos produtores de leite, que atravessam uma forte crise. É tudo a toque de caixa. A ideia é que Lula capitalize o “pacote” de ajuda. O anúncio seria feito pelo próprio presidente no próximo dia 26 de agosto, em Esteio (RS), na abertura da Expointer, um dos maiores eventos do agro no Brasil. Uma das propostas sobre a mesa é a criação de uma linha de crédito especial do BNDES, algo similar aos R$ 2 bilhões que o banco de fomento deverá liberar para financiar o setor de proteína animal. Fávaro também busca junto à equipe econômica verba suplementar que permita à Conab retomar os estoques oficiais de leite – conforme o RR já informou. O ministro da Agricultura tem pressa. Além da delicada situação enfrentada pela pecuária leiteira, devido ao boom das importações e à forte queda dos preços no mercado interno, Fávaro enxerga uma oportunidade política.
No cálculo tanto de Fávaro quanto do próprio Palácio do Planalto, seria um gesto importante de aproximação com o agronegócio. A Frente Parlamentar da Agricultura tem feito seguidas reivindicações para que o governo restrinja as importações de leite e libere recursos para o setor. Hoje mesmo, segundo o RR apurou, produtores vão se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Vai ter mais pressão sobre Carlos Fávaro.
Em tempo: à medida em que a Expointer se aproxima, maior a preocupação de Fávaro e seus assessores com os movimentos do MST. Uma eventual escalada de invasões nas próximas duas semanas criaria uma ambiência inamistosa para a participação de Lula no evento.
Infraestrutura
PPP vira solução para a transposição do Velho Chico
14/08/2023O governo deverá lançar mão de PPPs para concluir um projeto que é pessoalmente caro ao presidente Lula: a transposição do Rio São Francisco. Os estudos estão sendo feitos a quatros mãos, entre o Ministério do Desenvolvimento Regional e o BNDES. A estimativa do governo é que ainda sejam necessários aproximadamente R$ 2 bilhões para terminar as obras – ao todo, já foram investidos R$ 12 bilhões. Do projeto original, falta mísero 1% para a conclusão do empreendimento. Ou quase: a área técnica da Pasta do Desenvolvimento Regional identificou problemas nos 99% de obras já entregues. O principal deles é a baixa vazão do rio em alguns trechos, especialmente na Paraíba, que está impedindo a distribuição da água em diversos municípios.
Destaque
Queda nos dividendos das estatais já está “precificada” no ajuste fiscal
9/08/2023Haja aposta eletrônica, cassino, “imposto do pecado” e o que mais estiver ao alcance. O governo vai ter de cortar um dobrado para aumentar a arrecadação e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal. Um dos grandes desafios da equipe econômica neste momento é encontrar formas de compensar a queda no pagamento de dividendos das estatais, que, nos últimos anos, se tornou uma importante fonte de receita para a União. A redução da derrama está dada, em razão de uma combinação de fatores, a começar pela própria redução da lucratividade das empresas, vide a Petrobras.
O lucro de R$ 28,7 bilhões no segundo trimestre representou uma queda de 47% em relação a igual período no ano passado. A petroleira não está sozinha. Ainda que não na mesma proporção, a Caixa Econômica também amargou um resultado decepcionante no primeiro trimestre – o ganho de R$ 1,9 bilhão representou um recuo de 5% na comparação com o mesmo intervalo em 2022.
Outro fator determinante para a queda da receita com os repasses de dividendos vem de uma decisão do próprio governo: é líquido e certo que, na gestão Lula, as grandes estatais – leia-se, sobretudo, Petrobras, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica – voltarão a ter um forte papel na indução de investimentos e na ampliação de programas com impacto social. Em suma: vai sobrar menos dinheiro para remunerar os acionistas. Não faltam movimentos que apontam nessa direção. A Petrobras já sinalizou seu retorno ao setor de fertilizantes e a retomada dos projetos para a renovação da matriz energética – neste último caso, com a possibilidade de criação de uma subsidiária específica.
O Banco do Brasil, por sua vez, está abrindo o cofre para a agricultura. O Plano Safra 2023/24 será o maior da história, com R$ 240 bilhões, 27% a mais do que na edição anterior. Já na Caixa Econômica, a ordem é impulsionar o crédito habitacional. Só no primeiro semestre, o banco destinou R$ 85 bilhões para o financiamento da casa própria, 15% a mais do que em igual período no ano passado. A conta deve crescer nos próximos meses, diante da disposição do governo de turbinar o recentemente relançado Minha Casa, Minha Vida.
Somente em 2021 e 2022, a soma dos dividendos pagos à União pelas estatais foi de R$ 131,4 bilhões. Ressalte-se que o repasse correspondeu a 3,6 vezes a cifra prevista no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) totalizando-se os dois anos (R$ 36 bilhões). Na média, a Petrobras, sozinha, foi responsável por quase 70% do que o Tesouro arrecadou com a participação nos lucros das estatais. Em seus cálculos, o governo estima que terá de aumentar a arrecadação em até R$ 150 bilhões para cumprir as metas do arcabouço fiscal.
Para efeito de comparação, trata-se do equivalente a quase três vezes o montante que a Petrobras repassou à União em 2022 a título de participação nos lucros – em torno de R$ 55 bilhões. Valores como esse ficarão no passado. A locomotiva dos dividendos já começou a desacelerar. Na semana passada, a petroleira anunciou a distribuição aos acionistas de R$ 14,9 bilhões, relativos ao segundo trimestre deste ano.
O valor é 83% inferior aos dividendos pagos pela estatal em referência ao segundo trimestre de 2022. Banco do Brasil, Caixa e BNDES vão seguir a mesma toada. No caso da agência de fomento, a nova política nem esperou por 2023, retroagindo ao ano passado. O banco já anunciou que pagará à União o equivalente a 25% do lucro de 2022, e não mais 60% com estava previsto originalmente. Com isso, o repasse caiu de R$ 24 bilhões para R$ 10 bilhões.
Economia
Passivo dos precatórios pode ser um rato que ruge
7/08/2023Do seu jeito de fala mansa, quase pedinte, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua última preleção ao secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e ao secretário a Receita Federal, Robinson Barreirinhas, deixou registrada a lembrança; “Olha, comecem a ver esse de negócio de precatório…” O recado mira em 2027, quando vence a “Emenda Caloteira dos Precatórios” – inventada por Paulo Guedes para simplesmente não pagar o passivo transitado e julgado da União e entulhada na Constituição. “Devo, não nego, pago quando puder” foi o slogan da época. Haddad não quer repetir a situação vivida pelo ex-ministro da Economia e pretende antecipar em três anos o debate de alguma solução para o problema (uma dívida de R$ 199 bilhões, na hipótese de não haver algum deságio dos precatórios). E se for ele o candidato do PT à Presidência? A moratória fica sendo uma espada sob sua cabeça.
A fórmula, pelo que o RR pescou, seria a montagem de algum fundo, para variar. É dele que se poderia descontar o pagamento dos precatórios. Lula já disse que não aceita nem pagamentos antecipados com deságios nem encontro de contas. Mas concorda, pragmaticamente, de tirar essa fatura de dentro do arcabouço fiscal. Seria um fura-teto pré-datado para 2027. Caso contrário, os precatórios serão abatidos dos gastos discricionários do governo, com os ministros tendo que parar seus pagamentos. Seria um shutdown da máquina pública, algo nunca experimentado antes por qualquer governo brasileiro. Na boa, não vai rolar.
Os governos são pródigos em inventar soluções de inadimplência e diferimento de impostos. E Lula e Haddad parecem ser pródigos em gerar receitas adicionais. O presidente não quer de jeito nenhum repetir Bolsonaro e dar um beiço nos credores do governo. Além do mais, ao contrário de Guedes, que foi vítima de uma barbeirada da sua equipe – seu staff, absurdamente, esqueceu-se do fator precatórios e não avisou o ministro -, Haddad está careca de saber que vai descascar um abacaxi. O prazo para encaminhar uma solução é o final do governo Lula. Haddad pretende lançar uma proposta ao debate ao longo de 2024. Explica-se a pressa: 2026 é o ano da eleição (ou reeleição), e esse não é um assunto que coaduna com o calendário eleitoral.
Conforme já dito, o governo deverá optar pela criação de um fundo ou coisa e tal que permita a contribuição com ativos e rendimentos do governo, para daí arcar com os compromissos. Paulo Guedes achava que poderia arrecadar o expressivo valor de mais de R$ 1 trilhão em imóveis e terras, além de outro tanto com a venda de estatais. A turma da Receita não vê incongruência na venda de propriedades, leitmotiv da construção guediana. Mas os terrenos da União não geram tanto dinheiro assim: se forem colocados em um fundo, não têm liquidez; são poucas as terras disponíveis e bem valorizadas, e sob as quais não haja embarreiramento de ordem ambiental. Os demais ativos estão bastante desagiados; e alguns serão difíceis de arrancar dos seus estamentos (praias da Marinha e pistas da Aeronáutica).
Mas digamos que um fundo árabe ou chinês, caçadores de terras pelo mundo, tivesse interesse em uma operação dessas. A expectativa de retorno máximo não seria superior a um intervalo entre R$ 17 bilhões e R$ 25 bilhões, segundo cálculos atualizados. E esse valor só seria alcançado com a venda de uma enormidade do estoque. Para formar um fundo, agora, à vera, o governo disporia de R$ 50 bilhões da carteira da BNDESPAR. Poderia arrancar também alguma antecipação de pagamento das dívidas das estatais, leia-se principalmente BNDES, além de antecipar o pagamento de dividendos das companhias do governo durante algum intervalo de tempo. Há 90% de probabilidade de Lula vetar a maior parte dessas medidas. Sobra mesmo o aumento da carga tributária. Colocar sobre alguns segmentos a responsabilidade desse pagamento. O setor de commodities, por exemplo, bem poderia participar com uma contribuição provisória. Difícil seria furar o bloqueio da bancada rural na Câmara dos Deputados, com mais de 200 parlamentares, em que pese que alguma parcela desses precatórios serão pagos ao próprio setor agrícola.
De qualquer forma, há muitos meses para que a criatividade do fisco dê conta do desafio. Na hipótese mais simplória, a Fazenda lança uma espécie de Contribuição Provisória para Movimentação Financeira do Desenvolvimento (uma CPMFD mirando errado para acertar no alvo, o pagamento dos precatórios). Ou – quem sabe? – antecipar receita de descoberta de petróleo a futuro. Ou correlacionar de alguma forma a dinheiro trazido por Lula do exterior para outras finanalidades. Ou lança um título soberano no exterior. Depois coloca o esforço de aprovação nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira, principal articulador da PEC dos Precatórios no Congresso. Quer saber, não vai ser tão difícil assim.
Política
Meio Ambiente ganha peso na gestão do “Novo PAC”
25/07/2023Há uma costura para que o Ministério do Meio Ambiente participe dos grupos de discussão e implementação do “Novo PAC”, por enquanto na esfera unicamente do Ministério da Casa Civil. É difícil a combinação de Marina Silva e Rui Costa. Mas faz o maior sentido. Se o meio ambiente será o eixo transversal a todas as obras e demais iniciativas, natural que a Pasta de Marina esteja representada. Aliás, outro eixo transversal, a inclusão do trabalho de forma sustentável, deveria contemplar também as centrais sindicais. Por enquanto, estão convidados para participar da cereja do bolo de Lula somente o Ministério da Indústria e Comércio e o BNDES, que deveriam mesmo ter assento no comitê do PAC.
Na verdade, como o Brasil é um país sem memória, o modelo para nortear o PAC já está pronto e dispensa tanto trololó. Basta revisitar o estatuto da Comissão Permanente de Negociação entre representantes do governo, centrais sindicais e de entidades da construção civil, criada no dia 31 de 2011, idealizada pelo saudoso ex-ministro das Minas e Energia, Rodolfo Tourinho, juntamente com o então ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Na época, o meio ambiente ainda não tinha a proeminência que tem hoje, mas já despontava como uma variável obrigatória nas discussões da construção pesada. Veio a Laja Jato e exterminou com tudo: a Comissão Tripartite, as empreiteiras e as obras que estavam em andamento ou no backlog. Por trás das discussões no Palácio do Planalto, repousava em mãos de Tourinho, um projeto costurado com o engenheiro Eliezer Batista, chamado de “gestão integrada de obras sustentáveis”. A novidade que veio bater à praia da sustentabilidade nacional ficou escondida na areia do Palácio do Planalto. Saiu da contraposição de mapas e estatísticas e foi repousar em alguma gaveta empoeirada. A gestão integrada consistia em que os projetos que envolvessem obras levassem em consideração todo o entorno das construções, incluindo a preservação do meio ambiente, a melhoria da qualidade de vida da população, treinamento e capacitação dos funcionários, garantia de que a comunidade sairia da obra melhor do que entrou – evitando a “síndrome de Macaé”, quando ao término das explorações da Petrobras a cidade desceu ladeira abaixo.
O governo, por enquanto, se preocupou com duas agendas não constantes no projeto do velho Eliezer: a prioridade à indústria nacional e, uma excelente ideia, buscar integrar o cadastro do Bolsa Família aos contratados para trabalhar nas obras do Novo PAC. Falta saber como dará sustentabilidade aos empregos daqueles que ascenderem de beneficiados pelo assistencialismo a trabalhadores formais. De qualquer forma, tudo parece inicialmente auspicioso. Planejamento, coordenação, políticas públicas de desenvolvimento e uma combinação de financiamentos do governo com recursos do mercado de capitais pareciam palavras e iniciativas condenadas ao desterro.
Destaque
Alckmin assume a missão de criar o “novo arcabouço industrial” brasileiro
24/07/2023Enquanto Fernando Haddad se concentra nas reformas econômicas, Geraldo Alckmin está imbuído de uma missão tão ou mais relevante: a criação do que pode ser chamado de “novo arcabouço industrial” brasileiro. Não se trata apenas do soerguimento de um setor que já respondeu por 36% do PIB em meados dos anos 80 e hoje derrapa na casa dos 10% – por si só uma tarefa hercúlea. Alckmin pretende se creditar como uma espécie de “reinventor” da indústria no Brasil. A premissa é que não basta jogar dinheiro de helicóptero aleatoriamente. Há escolhas de Sofia a serem feitas, ou seja, é preciso focar em setores em que o país tenha notórias vantagens comparativas. A inovação e a transição energética serão fatores transversais. O “novo arcabouço industrial” deve perseguir três eixos: o rejuvenescimento da indústria, inserção nas cadeias globais de suprimento e descarbonização.
Os pouco mais de R$ 100 bilhões em recursos para a indústria anunciados por Geraldo Alckmin no início deste mês são apenas a primeira tranche. Vai ter mais dinheiro, ainda neste ano. Uma espécie de “Plano Safra da indústria”, expressão cunhada pelo próprio presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Entre os alvos de Alckmin estão áreas correlatas à produção agrícola, como fertilizantes, defensivos, beneficiamento de alimentos, máquinas e equipamentos. Também estão na mira segmentos como o complexo industrial de saúde e o desenvolvimento tecnológico militar. Vai ter dinheiro, sim. Mas para as empresas e setores que se adaptarem às novas exigências. Todos os projetos terão de desaguar na expansão da matriz de energia limpa e na inovação. Ou seja: será um processo quase darwiniano.
Geraldo Alckmin está seguindo a direção dos ventos que sopram nas maiores economias do planeta. Há um resgate do protagonismo do Estado na atividade econômico – um dos ditames do que o RR já chamou de “Novo Consenso de Washington”. O próprio chefe de governo à frente da maior economia do mundo estimula, sanciona e avaliza uma política industrial proativa, a partir de subsídios públicos. Joe Biden vem tentando reviver a era do Estado grande a partir de uma forte concessão de subsídios para o revigoramento da indústria dos Estados Unidos. Somente para a produção de semicondutores, o governo norte-americano reservou um pacote de US$ 52 bilhões, com o objetivo de frear o avanço da China no fornecimento de chips.
O governo terá de encarar alguns dilemas para levar adiante a versão brasileira da política industrial baseada no “Estado grande”. Um deles é o que fazer com os setores intensivos em mão de obra e que perderam a viagem, como têxtil, móveis, calçados? Juntos, esses três segmentos, por exemplo, somam mais de 1,5 milhão de empregos, em sua esmagadora maioria uma força de trabalho de baixa formação. Seria necessário um descomunal esforço em capacitação para que parte dessa mão de obra pudesse migrar para setores mais competitivos da indústria, calcados na inovação. Ressalte-se que o desemprego é a consequência mais dramática da “africanização” da indústria brasileira: entre 2012 e 2022, o setor fechou mais de 758 mil postos de trabalho, segundo dados do IBGE. Outro desafio para o ministro Geraldo Alckmin é enfrentar o lobby de segmentos mais atrasados da indústria, como o automotivo. As montadoras entregam muito pouco vis-à-vis a enxurrada de incentivos que recebe.
Empresa
E se o BNDES costurasse a fusão da Americanas e do Magazine Luiza?
19/07/2023Em outras épocas, para ser mais preciso durante o regime militar, no caso de uma empresa que estivesse virtualmente quebrada e impactasse estruturalmente o setor, o ritual era convocar os outros players que pudessem assumir seus escombros e fazê-la renascer. Foi assim com o Projeto Jari: Azevedo Antunes, Antônio Ermírio de Moraes, João Fortes e outros tantos foram chamados para salvar a empresa. Os tempos mudaram e os generais não regem mais os destinos da iniciativa privada. Mas há casos e casos. Como perguntar não ofende, será que uma força tarefa, constituída pelos bancos credores das Americanas, que em última instância são os mesmos do Magazine Luiza – também altamente endividado -, com o fundamental apoio do BNDES, não poderia criar as condições para a fusão de ambas? Existem sinergias entre as duas, os bancos teriam um prejuízo menor e a agência de fomento poderia, de repente, estar criando uma “JBS do varejo”, guardadas as devidas proporções. É bom que se ressalte o indiscutível ótimo negócio que o BNDES fez participando intensamente da construção da maior empresa de proteína do mundo. E como se essas motivações não fossem suficientes, a operação teria um inegável impacto social. Americanas e Magazine Luiza somam aproximadamente 73 mil funcionários. É um Maracanã apinhado de gente em dia de clássico. A Luiza Americanas ou Americanas Luiza teria pelo menos o mérito de salvar milhares de empregos.
Tudo bem, tem o Cade, CVM e outras pedras no caminho. Mas levantar essa catedral, como dizia o saudoso engenheiro Eliezer Batista, pelo tamanho da obra merecia chutar até paralelepípedos. Ah, mas é o risco moral? E o compromisso com a livre iniciativa? Procurem ver o histórico recente do que faz o governo norte-americano quando as suas empresas mais relevantes estão se afogando e prestes a ir à bancarrota. Fica aqui a provocação.
Empresa
Aegea negocia novo crédito do BNDES
14/07/2023A Aegea Saneamento estaria em conversações com o BNDES, com o objetivo de fechar um financiamento para a Corsan, arrematada em leilão em dezembro do ano passado. O plano de investimentos na ex-estatal gaúcha prevê um desembolso de R$ 16 bilhões até 2033. Nas contas da Aegea, o primeiro ano de investimentos, da ordem de R$ 1,5 bilhão, cabe no seu caixa. Daí para a frente, o grupo vai precisar de munição extra. Ressalte-se que a Aegea já firmou um empréstimo de longo prazo com o BNDES, no valor de R$ 19,3 bilhões, para o pagamento das outorgas e o financiamento das duas concessões adquiridas no leilão da Cedae
Saneamento
Governo pernambucano faz a “privatização” possível da Compesa
12/07/2023Assessores da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), e técnicos do BNDES estão discutindo cenários para a Compesa, a companhia de saneamento do estado. A privatização da empresa sempre foi o Plano A da governadora, mas, nos últimos meses, perdeu força por pressões políticas. O modelo que começa a ganhar corpo passa pela divisão da Compesa em concessões regionais e a busca de investidores para projetos específicos, provavelmente por meio de SPEs. Tudo, ressalte-se, sem venda de ações. Ou seja: uma “privatização” sem privatização.
Política
Tarcísio inicia road show pré-eleitoral no exterior bem ao estilo de Lula
7/07/2023Tarcísio de Freitas iniciou sua campanha à Presidência da República. O vídeo em que aparece sob vaias de “bolsonaristas” em uma reunião do PL, na última quinta-feira, representa simbolicamente o lançamento da sua candidatura. A cena mimetiza os movimentos políticos que vêm sendo cuidadosamente feitos pelo governador de São Paulo. De forma pragmática, Tarcísio tem se distanciado do radicalismo de Jair Bolsonaro, em um processo de higienização que o credencia a ser a segunda via na eleição de 2026. O ex-ministro da Infraestrutura está pavimentando o caminho para ser o candidato capaz de amalgamar o centro e a dita direta civilizada, além de alguns “fanáticos ma non troppo” ainda vinculados a Bolsonaro. E a construção da candidatura mira, desde já, tanto o front interno quanto externo. Tarcísio confidenciou a assessores a intenção de iniciar, no ano que vem, um giro de viagens internacionais. Vai correr o mundo com o chapéu de governante responsável pelo segundo maior PIB do Brasil, com o discurso para boi dormir que vai passar o pires junto aos gringos para trazer investimentos diretos para São Paulo.
Há um aspecto importante a ser considerado do ponto de vista, digamos assim, geopolítico: o fortalecimento do nome de Tarcísio Freitas puxa quase que definitivamente a disputa presidencial de 2026 para dentro de São Paulo. Lula chegará à disputa eleitoral às vésperas de completar 81 anos. Sempre haverá a tentação de poder e a hipótese de o presidente entrar em 2026 com expressivos índices de popularidade. Hoje, no entanto, o mais provável é que ele use esse cacife para fazer seu sucessor. E os dois principais candidatos a candidatos estão também na Paulicéia, cada qual com seus respectivos handicaps. Fernando Haddad está algumas jardas à frente de todos. Além da condição de petista raiz, é o cara do momento. A aprovação da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal o colocarão em um patamar mais alto, inclusive junto à Faria Lima, que, de primeira, torceu o nariz para a sua nomeação como ministro. Um PIB médio em torno de 3% – e as mais recentes projeções mostram que essa é uma hipótese exequível – e o apoio de Lula transformariam Haddad em um supercandidato. Por outro lado, a inevitável indexação à economia pode cobrar seu preço, se algo der errado pelo caminho. Na atual circunstância, Haddad tem que andar na sombra das eleições de 2026. Primeiramente para não melindrar Lula, o orixá do seu partido, e segundo porque está preso à algema de ouro do Ministério da Fazenda, que pode, dependendo da sua performance, ser um grande, senão o seu maior cabo eleitoral.
O outro nome que eventualmente pode vir a enfrentar Tarcísio Freitas em 2026 com o apoio de Lula é Geraldo Alckmin, que tem capitalizado cada vez mais sua dupla jornada de trabalho no governo. O vice-presidente e ministro já recebeu a indústria como capitania hereditária, o que, na prática, significa ser o “donatário” do empresariado paulista. Alckmin afagou as montadoras com carinhos e subsídios para a venda de carros populares. E ontem anunciou um pacote de mais de R$ 100 bilhões para o setor industrial, boa parte dos recursos vinculados a investimentos em inovação e transição energética. Se o gabinete de Tarcísio está a 9,7 km da Fiesp, Alckmin está a um telefonema do BNDES.
E Jair Bolsonaro? O ex-presidente, agora inelegível, é quem parece estar mais disposto a antecipar a disputa eleitoral de 2026, como se fosse possível fazer dela o terceiro turno de 2022. Bolsonaro tem como principal ativo político um contingente mais extremado do eleitorado. A parcela menos radical tende a migrar para Tarcísio de Freitas, que vai disputar o eleitorado do centro e lulistas de ocasião, leia-se aqueles que votaram no petista em 2022 para apear Bolsonaro da Presidência. Com a hipótese Tarcísio já escorrendo entre os dedos, Michelle Bolsonaro desponta como a carta mais valiosa nas mãos do ex-presidente. Enquanto o PL tenta inflar a possível candidatura Michelle, restaria a Bolsonaro torcer para que Lula faça um governo desastroso ou esperar por algum fato novo e grave, algo que não aparece em qualquer previsão meteorológica.
Privatização
BNDES deve fatiar concessão de saneamento do Pará
30/06/2023O governo do Pará e o BNDES estudam fatiar a privatização dos serviços de saneamento no estado. Consultas prévias a grupos privados do setor indicam, desde já, a dificuldade de vender uma única concessão, dada a expressiva extensão territorial do Pará e as necessidades distintas de investimento para cada região. A área técnica do BNDES quebra a cabeça para montar a possível divisão. Uma das ideias é repartir a própria licença de Belém, considerada o filé mignon.
Política externa
Brasil e Argentina avançam em negociações na área de energia
28/06/2023Na esteira do recente encontro entre Lula e Alberto Fernández, na última segunda-feira, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royón, deverá desembarcar em Brasília nos próximos dias. Na agenda, duas missões: negociar com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um acordo para a compra de gás do Brasil e discutir o possível empréstimo do BNDES à construção do gasoduto Nestor Kirchner.
Destaque
BNDES cerca a Embraer por todos os lados
26/06/2023O BNDES quer entrar no capital da Eve, a fabricante de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL na sigla em inglês) controlada pela Embraer. Não faltam motivações para esse movimento. Ao se associar à empresa, o banco de fomento aumentaria o apoio a uma indústria nascente e hoje uma das maiores apostas de longo prazo da Embraer. Somando-se todas as cartas de intenção firmadas até agora, a Eve já contabiliza mais de 2,8 mil encomendas potenciais do veículo, conhecido como “carro voador”. No fim do ano passado, o BNDES aprovou um financiamento da ordem de R$ 490 milhões para a empresa. A cifra representa 75% do valor total que a Embraer prevê investir na fase de desenvolvimento e testes do protótipo. É o que se pode chamar de um “empréstimo-decolagem”, para tirar o projeto do chão. No entanto, a necessidade maior de recursos ainda está por vir. O BNDES deverá ter um papel importante no financiamento de contratos de venda do eVTOL. A Eve enfrenta uma concorrência que já está alguns pés acima, tanto em termos de desenvolvimento tecnológico quanto de funding. É o caso da norte-americana Joby Aviation e da alemã Lilium, fabricantes de “carros voadores” que receberam mais de US$ 900 milhões do braço de venture capital da Lufthansa. A também norte-americana Archer, por sua vez, contou com um aporte da United Airlines.
Financiar por financiar, o BNDES poderia se limitar à aprovação de empréstimos para a Eve. No entanto, a investida na companhia é um movimento de maior altitude. Trata-se de uma questão de Estado. A entrada no capital da fabricante de “carros voadores” é vista no BNDES como uma forma, mesmo que indireta, de aumentar seu poder dentro da Embraer. O governo Lula não esconde de ninguém que pretende ter maior influência na condução da companhia, para além dos direitos que lhe são garantidos pela golden share detida pela União. Recentemente, o próprio BNDES, dono de 5,4% do capital da companhia, trabalhou para emplacar um representante no Conselho de Administração. O eleito foi Marcio Rosa, atual secretário-executivo do Ministério de Indústria, Desenvolvimento e Comércio (MDIC) e nome de confiança do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.
Negócios
Licitação do saneamento em Porto Alegre deve ir para a geladeira
23/06/2023O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, está repensando o timing para a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE). Além de assessores e aliados políticos, a recomendação de adiamento do projeto vem do próprio BNDES, responsável pela modelagem da operação. O motivo é o imbróglio jurídico em torno da privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), realizada em dezembro do ano passado. A Aegea arrematou a empresa por R$ 4,1 bilhões, mas, seis meses depois, o futuro da estatal ainda é uma incógnita. Há diversas ações judiciais cruzadas, a maioria movidas por trabalhadores da Aegea, contra a privatização. Difícil imaginar que, no meio desse cenário, os investidores do setor tenham estômago para disputar o leilão da DMAE – um enclave em Porto Alegre, cercada de concessões da Corsan por todos os lados. Na Prefeitura e no BNDES, há o temor de uma licitação deserta, sem propostas.
Infraestrutura
“Novo PAC” é uma fotocópia esmaecida do “Velho PAC”
19/06/2023O primeiro grande desafio do “Novo PAC” é vencer a desconfiança ao seu redor. Segundo o RR apurou, os governadores do Nordeste e do Centro-Oeste que já se reuniram com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para tratar do assunto saíram do encontro com a sensação de que o programa não passa de um arremedo do “velho PAC”. Até o momento, o que existe basicamente é um refogado de obras antigas. Sabe-se que existem no país cerca de 14 mil obras paradas. Algumas estão contempladas no plano do governo. Mas os critérios de retomada são difusos. Não está claro, por exemplo, quais as paralisias que se deram por motivos técnicos, financeiros ou mesmo políticos, assim como as que têm sinergia com eixos regionais mais longos, facilidade logística e integração social-ambiental e geração de valor adicionado nas localidades.
Trata-se de um amontado de intenções agrupadas por setores que o governo acha relevante, mas sem racionalidade econômica. Não há plano, cronograma e muito menos definição das fontes de onde virão os recursos necessários. Este é um dos pontos que mais preocupa os governadores: não se sabe, por exemplo, que papel o BNDES terá no “Novo PAC” – ainda que escala menor, o mesmo se aplica a agências de fomento locais, como Banco da Amazônia e Banco do Nordeste, e aos fundos de desenvolvimento regional, tais quais o FDNE (Nordeste), FDA (Amazônia) e FDCO (Centro-Oeste).
Outro ponto que causa apreensão entre os governadores é a ausência de critérios para a escolha dos projetos prioritários nos respectivos estados. Há unidades da federação que somam mais de 60 empreendimentos relacionados na pré-lista elaborada por Rui Costa, sem que a Casa Civil tenha estabelecido uma hierarquia ou um senso do que é mais urgente ou não.
Energia
BNDES quer ser uma fonte renovável de recursos para a Energisa
5/06/2023O recente empréstimo do BNDES à Energisa, no valor de R$ 700 milhões, foi apenas o ponto de partida. A empresa da família Botelho e a agência de fomento conversam sobre outros caminhos para acelerar os projetos do grupo em geração renovável. Entre os cenários contemplados está até mesmo a possibilidade de uma capitalização da Energisa – o banco, ressalte-se, já é acionista da companhia, com 11,3% das ações totais. Pela própria relação societária, o BNDES enxerga a empresa como um candidato natural para desaguar uma parcela expressiva dos recursos alocados para fomentar a transição energética no país. A Energisa já anunciou investimentos de R$ 2,3 bilhões até o fim de 2024 para aumentar sua produção de energia renovável. No ano passado, a companhia criou, inclusive, uma nova subsidiária, a (re)energisa, que assumiu todos os projetos do grupo em fontes renováveis. Consultada pelo RR, a Energisa disse que “não comenta interesse em ativos ou possíveis transações futuras”. O BNDES, por sua vez, não se manifestou.
Destaque
Governo dá a partida em novo complexo de biotecnologia da Fiocruz
1/06/2023O governo vai tirar do papel um importante projeto na área de saúde: a construção do novo centro de biotecnologia da Fiocruz, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O quebra-cabeças do funding do empreendimento, orçado em R$ 3,4 bilhões, começará a ser montado hoje. Segundo o RR apurou, a Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, deverá aprovar a captação de um empréstimo de US$ 130 milhões junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para viabilizar o início das obras. De acordo com a mesma fonte, o restante dos recursos, algo em torno de R$ 2,7 bilhões, vai sair majoritariamente do BNDES. O novo complexo industrial aumentará em quatro vezes a capacidade de produção de vacinas e biofármacos da Fiocruz, com o objetivo de atender prioritariamente o SUS, por meio do Programa Nacional de Imunizações e do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. O futuro centro de biotecnologia permitirá a fabricação de imunizantes hoje ainda não desenvolvidos pela Fundação Oswaldo Cruz. É o caso das vacinas dupla viral – contra sarampo e rubéola – e a meningocócica C, contra meningite e meningococcemia.
O projeto leva, duplamente, a assinatura da ministra da Saúde, Nísia Trindade. O novo centro de biotecnologia da Fiocruz foi concebido durante a sua exitosa passagem pela presidência da entidade e, agora, começa a ser executado sob a sua gestão à frente da Pasta. Casa-se também à promessa do governo Lula e, mais especificamente, do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, de investimentos no complexo industrial da saúde.
O terreno que receberá o novo complexo de biotecnologia da Fiocruz, de aproximadamente 580 mil m2, foi doado pelo governo do Estado do Rio. O Centro de Processamento Final, a principal instalação, ocupará quase 60% da área total. O local já recebeu investimentos do Ministério da Saúde para terraplenagem e estaqueamento dos futuros prédios. A Pasta já iniciou também o processo de compra de alguns dos equipamentos.
Negócios
Mubadala negocia com bancos credores para avançar no capital da Atvos
26/05/2023Após fisgar a participação do fundo norte-americano Lone Star, o Mubadala vai partir para o segundo tempo da aquisição do controle da sucroalcooleira Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial). O fundo árabe, dono de 31% da companhia, pretende comprar parte das ações em poder dos bancos credores. As instituições financeiras ficaram com aproximadamente 60% do capital ao trocar debt por equity. A engenharia societária e o avanço do Mubadala no capital da Atvos passam, ainda que indiretamente, pelo governo. Os dois principais bancos antes credores e agora sócios da empresa são o BNDES e o Banco do Brasil. Procurados pelo RR, os dois bancos estatais não quiseram comentar o assunto.
Destaque
BNDES estuda relançar a eterna ideia do mercado de acesso para as PMEs
23/05/2023O BNDES pensa em resgatar uma ideia que vai e volta aparece entre os projetos cotados do banco. Trata-se do mercado de acesso, iniciativa que se coaduna perfeitamente com as prioridades de apoio à pequena e média empresa, estímulo ao mercado de capitais e atração para as operações de valores mobiliários de companhias que ainda não têm as condições para a capitalização em bolsas. Todas as iniciativas estariam em sintonia com a prioridade ESG do banco. É como se fosse criada uma nova instância na economia: a dos jovens entrantes no mercado de capitais que podem ter uma alternativa a venture capital ou a outros fundos empresariais, além do BNDES, é claro. Seria uma maneira de reduzir o risco dessas operações, que já teriam passado pelo crivo da avaliação do risco de rentabilidade e sustentabilidade pelos advisers (O próprio BNDES, por que não?). Serão menos subsídios do banco e mais garantias aos underwriting dessas companhias de menor porte, além de ampliação da base de investidores do mercado acionário. O mercado de acesso é uma ideia que se arrasta pelos governos brasileiros como um réptil invertebrado. Volta e meia a ideia retorna, mas destituída da necessária vertebração para que caminhe com estratégia, objetivo e apoio. No site do BNDES consta que o “conceito de mercado de acesso” teve sua primeira ocorrência registrada com o lançamento do Alternative Investment Market – AIM, constituído pela bolsa de valores da Inglaterra, em 1995. Aqui, no vai e vem das boas intenções, a ideia, chamada muitas vezes de “mercado de balcão”, já rodou por todas as entidades do setor, tendo sido considerada de imprescindível até desnecessária. No mundo, inúmeros mercados de acesso foram estruturados, inspirados na bem-sucedida experiência inglesa. Alguns exemplos que servem de referência são os mercados de acesso do Canadá, Espanha, Coréia, China, Austrália e Polônia.
O BNDES, nos idos dos anos 90, criou um grupo de trabalho formado pela BM&F, CVM, BNDES, ABDI e Finep. Fizeram um diagnóstico e esse documento deve estar desaparecido, como tantos projetos estatais, em alguma das empoeiradas gavetas do tempo. Ainda na ocasião, o banco conseguiu que algumas empresas se tornassem companhias abertas e listassem suas ações no então segmento “Bovespa Mais”, sem a imediata oferta pública de ações – entre elas, a Altus Sistema de Automação, Biomm, Nortec Química, Nutriplant, Quality Software e Senior Solution.
A ideia que volta à tona é a de fazer algum mix entre os subsídios necessários ao financiamento dessas companhias de menor porte e a criação das condições para viabilidade delas ingressarem no estágio da capitalização. No momento, com juros de 13,75%, o projeto parece um sonho fugaz frente a longa noite de rentismo e concentração de renda. Mas a iniciativa do BNDES, caso se concretize, é muito bem-vinda. No fundo, o banco está tirando um atraso de década. É hora também de trazer o setor bancário para contribuir no projeto.
Governo
Governo Lula vai bater ponto na Fiesp
23/05/2023O governo Lula deverá participar em peso da celebração do Dia da Indústria, na próxima quinta-feira, na Fiesp. Além do próprio Lula, até ontem o início da noite, segundo o RR apurou, já haviam confirmado presença o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o ministro da Economia, Fernando Haddad, e o presidente do BNDES, Aloysio Mercadante. Será, ao mesmo tempo, um afago à indústria e, de quebra, um desagravo a Josué Gomes da Silva, que se encontra extremante pressionado pelos problemas internos da entidade. Apoiador histórico do presidente Lula, o filho do ex-vice-presidente José Alencar sofreu recentemente uma tentativa de golpe na Fiesp, encabeçada por Paulo Skaf.
Destaque
Simone Tebet planeja lançar sua versão do Plano Nacional de Desenvolvimento
18/05/2023A ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem projetos mais ambiciosos do que ficar apenas tocando o cotidiano da Pasta. Tebet vem tentando convencer o presidente Lula a lançar uma espécie de Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). A iniciativa permitiria à ministra enfeixar sob a sua regência projetos hoje dispersos em outros ministérios e órgãos da administração federal. Ou seja: ao centralizar a gestão de uma miríade de propostas e programas, Tebet passaria a deter o poder de criar o mapa sobre o futuro da Nação. Hoje, o governo é apoiado pelo IPEA, IBGE, BNDES, as secretarias da Fazenda – e do próprio Planejamento – e a Receita Federal. Ainda tem o comitê estratégico do BNDES, o Conselhão, a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, para não falar do projeto de criação do Conselho Superior de Economia da Presidência. Mesmo com toda essa traquitanda, o governo não tem plano, não tem projeto, não tem um horizonte mais bem definido para coisa alguma que não seja a sua quermesse com o Centrão. Tebet quer trazer para si a missão de realizar esse plano.
Simone Tebet era uma menina quando o então ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso, juntou o melhor da Inteligência brasileira no início dos anos 70 para construir a muitas mãos o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). No Ipea, onde se discutiam as ações, não havia crivo de ideologia, mas de competência. Isso, ressalte-se, na fase mais implacável da ditadura. Contudo, Reis Velloso, com seu jeito meio de monge, segurava o rojão. Os dois PNDs, concordando ou não com o teor, marcaram uma década de investimentos em infraestrutura e reformas profundas, e deram um horizonte ao país. Tebet parece ter intuído que falta algo similar no atual governo.
Para levar seu projeto adiante, Simone Tebet poderia convocar especialistas de várias áreas do poder público, além de nomes da academia, técnicos do setor privado e militares. Tebet juntaria esse povo todo no seu “Projeto Manhattan” do crescimento econômico – alusão ao programa de pesquisa e desenvolvimento que produziu os primeiros artefatos nucleares na Segunda Guerra Mundial. No caso do Brasil, seria uma bomba atômica em relação ao planejamento existente no país. Simone Tebet quer abrir picadas para os novos investimentos, com a redução da insegurança e uma relação de prioridades.
A iniciativa da ministra do Planejamento é pretensiosa. Ela deixaria nas mãos de Lula o que poderia ser o mais próximo de um roteiro de estadista. É compreensível que Simone Tebet queira um upgrade na sua Pasta. Afinal, ela é a ministra do Planejamento sem o planejamento. A despeito das futuras ambições políticas da ministra, seria muito bom a Nação poder não só enxergar suas mazelas, mas qualificar e quantificar seus problemas centrais e buscar uma saída no tempo. É parte expressiva do que o investidor precisa: um guia para alinhar suas expectativas com o futuro de longo prazo que que deveria estar sendo desenhado e avalizado pelo governo.
Empresa
Águas do Brasil quer beber na fonte do BNDES
15/05/2023A Águas do Brasil vem mantendo tratativas junto ao BNDES em torno de um empréstimo. Os recursos seriam usados fundamentalmente para refinanciar o empréstimo-ponte fechado com um pool de bancos em 2021 para o pagamento da outorga do bloco 3 da Cedae, arrematado por R$ 2,2 bilhões. A Águas do Brasil tem estudado outros caminhos para a repactuação desse passivo, como uma nova emissão de dívida ou o lançamento de debêntures. No entanto, as condições não vêm se mostrando as mais propícias. O financiamento do BNDES daria tempo ao tempo para a companhia adiar a ida ao mercado e manter o cronograma de investimentos. Procurada pelo RR, a empresa não quis se pronunciar.
Saúde
BNDES deve doar “sangue” para a Hemobrás
10/05/2023Há articulações no governo para um aporte do BNDES na Hemobrás, fabricante de medicamentos hemoderivados e biotecnológicos controlada pelo Ministério da Saúde. A transfusão financeira teria como objetivo garantir a construção complexo fabril da empresa em Goiana (PE). O cronograma – seguidamente adiado nos últimos anos – prevê a conclusão das obras até dezembro. No entanto, há cerca de duas semanas, membros da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, entre os quais Humberto Costa (PT-PE), visitam o local e constataram os severos atrasos. Nos bastidores, Costa tem sido um dos principais articuladores do pedido de aporte do BNDES.
Se depender apenas do orçamento da empresa, o prazo de término das obras neste ano é inexequível. Alguns dos blocos dos 17 prédios previstos sequer começaram a ser erguidos. A Hemobrás é vista no Ministério da Saúde como vital para garantir o abastecimento de hemoderivados para a rede pública hospitalar. Hoje, o Brasil ainda depende excessivamente das importações, responsáveis por 50% do consumo interno. Sem a conclusão das obras em Goiana, a Hemobrás é um projeto capenga, dada a impossibilidade de atuar de ponta a ponta na produção de medicamentos. Atualmente, o Brasil envia plasma ao exterior – notadamente à empresa suíça Octapharma – para ser transformado em remédio e posteriormente importado. O aporte do BNDES permitiria, por exemplo, que a Hemobrás iniciasse neste ano a produção do fator recombinante VIII, medicamento fundamental no tratamento da hemofilia.
Destaque
Petrobras estuda manter um pé na petroquímica com ressurreição da antiga Rio Polímeros
9/05/2023A Petrobras pode sair integralmente da Braskem, mas não da petroquímica. Entre os diferentes cenários contemplados pela direção da companhia está a ressurreição da Rio Polímeros – ou RioPol. Neste caso, a venda da participação da Petrobras na Braskem seria atrelada a um spin off das instalações do antigo Polo Gás Químico, localizado em Duque de Caixas (RJ). A estatal não apenas assumiria as instalações como voltaria a desenvolver a segunda geração a partir do site da velha RioPol, com capacidade instalada de 540 mil toneladas de polietileno por ano. Esse movimento poderia provocar uma guinada nos planos da Petrobras para a petroquímica, notadamente com o congelamento do Polo Gaslub, nada mais do que o rebrand do Comperj – um nome e um projeto que remetem a tempos escabrosos no compliance da estatal.
Em março deste ano, a empresa anunciou a assinatura de contrato com a Toyo Setal Empreendimentos para a conclusão das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do complexo, instalado em Itaboraí (RJ). Ainda assim, os movimentos da gestão de Jean Paul Prates em relação ao Gaslub não têm sido assertivos. Trazem mais dúvidas do que certezas. Em fevereiro, durante reunião com lideranças do PT no Rio, entre quais os deputados Lindbergh Farias e Washington Quaquá, Prates acenou com a conclusão integral das obras, incluindo a implantação de unidades de produção de combustíveis e lubrificantes. O “anúncio” chegou a ser celebrado por Quaquá em um vídeo postado em suas redes sociais, no qual aparece ao lado do presidente da Petrobras. Mais recentemente, no entanto, em meados de abril, a Petrobras informou ao mercado que avalia mudar o escopo do Polo Gaslub, concentrando-se apenas na produção de insumos petroquímicos de segunda geração. Estima-se que somente esse projeto demandaria mais de US$ 2 bilhões em investimentos. Na ponta do lápis, faria mais sentido apostar e impulsionar um negócio já pronto e em operação, como o site da antiga Rio Polímeros – ainda que isso venha custar à Petrobras um deságio no valor de venda da sua participação na Braskem. Importante ressaltar que, do ponto de vista geográfico e político, o resultado seria o mesmo: a Petrobras garantiria investimentos e geração de emprego no Rio de Janeiro.
Há poucos projetos com tamanha capacidade de contar a história recente da indústria petroquímica brasileira quanto a antiga Rio Polímeros. Tal qual uma bola de fliperama, o projeto ricocheteou entre as diversas idas e vindas societárias do setor ao longo das últimas duas décadas. Quando inaugurada, em 2005, a RioPol tinha como sócios Unipar, Suzano, Petrobras/Petroquisa e BNDES. Em 2007, a estatal comprou a Suzano Petroquímica, automaticamente aumentando sua participação no empreendimento. Em 2008, a Rio Polímeros passou ao guarda-chuva da Quattor, criada a partir da associação entre a Unipar e a Petrobras. Essa configuração durou não mais do que dois anos. Em 2010, a Quattor foi comprada pela Braskem. Naquele mesmo ano, a Rio Polímeros acabaria incorporada pela própria Braskem, desaparecendo definitivamente como empresa para ser um site a mais entre os ativos da companhia.
Governo
Governo pretende aumentar a munição financeira da Imbel
5/05/2023A conversa de Lula com os oficiais do Alto Comando do Exército pode significar um upgrade da Imbel, indústria armamentista que há anos anda mal das pernas. Pode-se afirmar que o resultado financeiro da estatal depende integralmente das injeções de dinheiro das Forças Armadas. O projeto que foi conversado com o presidente é transformar a Imbel, que hoje basicamente produz rifles e pistolas, em um núcleo de desenvolvimento tecnológico. É claro que o BNDES entraria nesse projeto. Em tempo: nos últimos 10 anos não faltaram candidatos privados a adquirir a empresa. O Exército, mesmo a estatal sendo deficitária, se recusou a vendê-la. Lula pode transformar a companhia de armas em uma espécie de Embraer, extrapolando o core business – a indústria defesa -, e migrando para uma área mais ampla da tecnologia.
Destaque
Governo estuda medidas para impulsionar a produção de lítio
3/05/2023O RR apurou que o Ministério das Minas e Energia estuda a criação de um departamento nacional do lítio, que terá recursos para induzir a pesquisa e exploração do mineral estratégico. O departamento assumiria os estudos para a prospecção das reservas do metal no país, hoje conduzidos pelo Serviço Geológico do Brasil. Seria responsável, sobretudo, por estimular novos projetos de exploração do lítio, em parceria com grupos privados nacionais e estrangeiros. Atuaria em dobradinha com o BNDES. O banco teria um papel importante no financiamento de futuros empreendimentos – o que, aliás, se encaixaria na estratégia da agência de fomento de focar em setores ligados à inovação.
Entre as grandes nações produtoras de lítio, há um poder cada vez maior do Estado sobre o setor. O Chile, por exemplo, não apenas anunciou a criação da Empresa Nacional do Lítio como já sinalizou a intenção de nacionalizar toda a produção do metal, inclusive restringindo a atuação do capital privado a participações minoritárias em projetos de controle estatal. Antes dos chilenos, o México já havia nacionalizado, no ano passado, todos os seus depósitos de lítio. O governo brasileiro pensa distante das decisões políticas dos seus companheiros da América Latina. Quer fomentar, mas não quer controlar.
A produção de lítio no Brasil ainda é incipiente. Os poucos projetos já existentes são tocados por empresas privadas. A Companhia Brasileira de Lítio explora a Mina da Cachoeira. A AMG Brasil tem uma operação em Nazareno. O player mais novo é a canadense Sigma Lithium, que promete iniciar neste mês a produção em sua mina, na divisa entre os municípios de Araçuai e Itinga. Todos estão concentrados em Minas Gerais, que reúne as maiores reservas já conhecidas de lítio do Brasil. Não por acaso, Romeu Zema vem tentando atrair o protagonismo do estado no setor, sob certo aspecto saindo na frente até mesmo do governo federal. Na semana passada, Zema anunciou a criação do Lithium Valley Brazil, projeto que será apresentado na Nasdaq no próximo dia 9 e tem como meta atrair mais de R$ 5 bilhões em investimentos na cadeia do lítio em cidades mineiras.
Se, no front interno, o governo estuda a criação de uma autarquia para o setor, da fronteira para fora todos os esforços da política externa do governo Lula têm como prioridade a entrada do Brasil na “Opep do Lítio”. Trata-se do bloco que está sendo formado por Bolívia, Chile e Argentina, trio que detém quase 70% das reservas globais do metal. O Brasil tenta conquistar um lugar à mesa, ainda que com um poder de barganha bem menor do que seus vizinhos – estima-se que o país tenha algo com 8% de todo o lítio existente no mundo.
Infraestrutura
Tem muito trilho retorcido no caminho da VLI
28/04/2023Os planos da VLI de selar a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântico (FCA) neste ano não encontram eco nas mais diversas esferas de Poder. Segundo o RR apurou, tanto no Ministério da Infraestrutura quanto no TCU há resistências à proposta apresentada pela companhia, notadamente no que diz respeito às contrapartidas financeiras – a promessa de investir R$ 14 bilhões em 30 anos é considerada baixa. Além disso, há pressões na mão contrária dos estados cortados pela FCA, sobretudo da Bahia, Rio de Janeiro e, mais recentemente, Espírito Santo.
Neste último caso, a broca maior do governador Renato Casagrande é em relação à Vale, o principal nome do comboio de acionistas da VLI – que inclui ainda Brookfield, Mitsui, FI-FGTS e BNDESpar. Quando da renovação antecipada das concessões das ferrovias Vitória-Minas e Carajás, fechada no mesmo pacote, a mineradora se comprometeu a pagar R$ 11,8 bilhões em outorgas. No entanto, a maior parte – quase R$ 9 bilhões – foi destinada à construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO). Coube ao Espírito Santo uma fatia irrisória do valor. Além disso, até o momento a Vale ainda não honrou o compromisso de iniciar as obras de construção da EF-118 entre as cidades capixabas de Cariacica e Ubu. A companhia tem postergado sucessivamente o cronograma do projeto. Ou seja: ao menos por ora, não há nenhum motivo para o governo de Renato Casagrande ter boa vontade com a VLI, uma espécie de braço ferroviário da mineradora. O RR enviou uma série de perguntas à Vale, mas a empresa não se manifestou.
Empresa
Pernambuco dá a largada na privatização de empresa de saneamento
26/04/2023Assessores da governadora de Pernambuco. Raquel Lyra, iniciaram entendimentos com o BNDES para a elaboração do modelo de venda da Compesa, a companhia estadual de saneamento. O governo pernambucano pretende privatizar a empresa ainda neste ano, ou no mais tardar no primeiro trimestre de 2024. Para isso, Raquel Lyra terá de pisar em um campo minado. O que se diz nos bastidores é que a governadora quer encerrar a Parceria Público Privada entre a Compesa e a BRK Ambiental, responsável pela operação de água e esgoto em 15 municípios. O objetivo é agregar esses ativos à companhia, aumentando seu valuation para a privatização. Raquel tem o apoio de algumas das Prefeituras locais, que pressionam pelo fim da PPP alegando que as melhorias previstas em contrato não sendo realizadas. O problema é que o contrato com a BRK vai até 2049 e não há qualquer sinal de que a empresa queira deixar o negócio.
Economia
Mercadante apara arestas com as grandes centrais sindicais
26/04/2023O RR apurou que o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, está articulando um encontro com representantes dos trabalhadores no Conselho Deliberativo do FAT e com presidentes de centrais sindicais. A reunião deverá ser realizada no dia 12 de maio. Mercadante pretende apresentar seus planos para o uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, principal fonte de financiamento do banco. O presidente do BNDES já aventou a hipótese de utilizar o FAT para a concessão de subsídios a setores como energia renovável, fabricação de veículos elétricos, empresas de inovação, entre outros. De quebra, Mercadante deverá usar o encontrar para tentar reverter o climão com os representantes das centrais de trabalhadores. Nenhum deles foi convidado para a sua posse na presidência do BNDES.
Economia
Boletim Focus se torna uma bússola descalibrada
17/04/2023O RR ouviu suas fontes e ninguém entendeu muito bem as conclusões do Relatório Focus, divulgado hoje pelo Banco Central. A estimativa para a inflação mensurada pelo IPCA subiu de 5,98% para 6,01%. Mas subiu por quê? Por que subiu? Ora, a mediana da taxa Selic projetada para 2023 caiu dos 12,75% para 12,50%? Uma Selic em queda pressupõe um IPCA no mínimo contido e um dólar no mínimo estável. Pois bem, o câmbio está abaixo do resiliente R$ 5, para ser mais preciso em R$ 4,93. O Focus, contudo, mantém sua projeção inalterada do câmbio em R$ 5,24 no ano de 2023. É isso mesmo. Apesar do fluxo cambial extremamente positivo e da promessa de ingresso de um bocado de dinheiro resultante da política externa do governo. Também não há mais a desculpa de que inexiste um arcabouço fiscal.
A estimativa para o PIB de 2023 é ainda mais nebulosa: a projeção caiu ligeiramente para 0,90%. Mas caiu por quê? Por que caiu? Qual é o motivo para um PIB mais modesto? A expectativa é que os índices de incerteza estejam mais baixos nas próximas medições. Há uma montanha de dinheiro já reservada para investimentos, em diversos programas sociais, como Minha Casa Minha Vida. São recursos previstos na PEC da Transição, que impactam positivamente o Produto Interno. Há ainda a garantia de aumento dos financiamentos do BNDES. Está prevista um caminhão de concessões. Virá dinheiro de fora. Onde está o vetor da queda do PIB? Será que o impeditivo é o Congresso Nacional? E o fator de manutenção do câmbio nas alturas? Por que diacho o dólar vai se manter caprichosamente alto?
A impressão é que o termômetro do Focus está se depreciando cada vez mais. O modelo de medianas com base em informações normalmente inalteradas, e quando alteradas, inexplicáveis, apontam para expectativas pouco racionais. Provavelmente fundamentadas em outros critérios, menos sinceros do que os números conseguem revelar.
Economia
A “macro-oncologia” de Lula e Haddad
14/04/2023O mercado é mesmo sarcástico. Mas, volta e meia, acerta, com visão clínica. Em conversa com operadores, ontem, falava-se que, com Lula, a macroeconomia deveria ser transformada em “macro-oncologia”. A maldade é que, a cada pretensa solução apresentada, a dupla Lula e Haddad inventa um novo problema. A “macro-oncologia” seria a ciência de evitar que o conjunto de equívocos leve à metástase do país. Seja lá como ou em que momento for. Exemplos citados: o recuo na criação do Banco Central independente, a tentativa de reestatização da Eletrobras, a suspensão da venda de ativos da Petrobras, a intervenção da Presidência na formação da taxa básica de juros, a volta do gigantismo do BNDES com o correspondente impacto negativo da potência da política monetária, o relançamento subsidiado da indústria de construção naval etc. Faz sentido. Mas ainda há tempo para Lula e Haddad criarem seus próprios anticorpos.
Destaque
Empréstimo do BNDES para gasoduto argentino será vinculado a encomendas no Brasil
14/04/2023O financiamento do BNDES para a construção do gasoduto de Vaca Muerta, na Argentina, deve trazer algumas variáveis diferentes em relação a operações similares fechadas por governos petistas no passado. Uma delas é uma amarra que pode trazer dividendos para a indústria brasileira. Segundo o RR apurou, a ideia que começa a ganhar corpo no banco é vincular o empréstimo à garantia de aquisição junto a fabricantes no Brasil de parcela dos insumos empregados na obra. Ou seja: uma regra de “conteúdo local” por vias oblíquas. Seria a contrapartida para a liberação de aproximadamente US$ 700 milhões, cm o objetivo de financiar a construção do segundo trecho do pipeline, entre Buenos Aires e a província de Santa Fé, onde já existe uma rede de dutos até Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
Outro dispositivo seria buscar uma solução de funding – via Tesouro ou o próprio BNDES – para que essas indústrias efetivamente recebam pelo fornecimento de produtos. Há um histórico de não pagamento de empréstimos internacionais da agência de fomento, vide Cuba e Venezuela, que devem mais de R$ 4 bilhões à instituição. Ressalte-se que, no caso da Argentina, a classificação de risco é ainda maior. O país vive uma delicada situação financeira e uma crise cambial. Em matéria publicada pelo site Brazil Journal na última quarta-feira, o diretor de finanças da Suzano, Marcelo Bacci, descortinou um pedacinho do problema ao mencionar que o lucro de exportadoras brasileiras fica retido na Argentina.
Essa tentativa de hedge seria uma forma de aplainar as críticas ao governo Lula pelo financiamento de obras no exterior, algo, inclusive, que poderia vir a ser replicado em outros projetos. Ocorre que anteriormente, mesmo a condicionalidade não estando presente, o propósito da exportação de serviços sempre foi aumentar a demanda por produtos brasileiros. De uma forma ou outra, isso foi feito. Não deverá ser muito diferente.
Caso o acordo seja levado adiante, uma das potenciais beneficiadas com a medida seria a Tenaris Brasil, leia-se o grupo ítalo-argentino Techint. Desde já, a empresa, uma dos maiores fabricantes de dutos da América Latina, desponta como forte candidata ao fornecimento para Vaca Muerta, a partir de sua fábrica em Pindamonhangaba (SP). Ressalte-se que o grupo já atua na construção do primeiro trecho do pipeline, entre Neuquén e Buenos Aires.
Política
Agora só falta Campos Neto se acertar com o governo
13/04/2023Há uma lufada de ar arejando os mercados. Bolsas subindo, dólar caindo, curva dos juros futuros em declínio e sinais de queda consistente da inflação. Sem querer fazer autoelogio, é tudo aquilo que o RR cantou que ocorreria depois do anúncio do arcabouço fiscal. Falta agora a fase 2: trazer Roberto Campos Neto para a quadra das boas notícias. Meio caminho já está andado. O balanço de riscos foi suavizado, por tudo que foi dito acima e pela melhoria do ambiente internacional. Campos Neto caminha para reduzir os juros em 0,25 ponto percentual em maio – no mais tardar em junho, mesmo mês em que o CMN se reúne para detonar o nível de 3% da meta de inflação. Campos Neto também já comprou que o target atual tem de ser corrigido, até porque a meta, como está, é incumprível. A não ser que a Selic chegasse a 26,5% – nas palavras do próprio presidente do BC. Nesse caso, a autoridade monetária distribuiria cicuta para todo o povo brasileiro. Campos Neto recebeu um paper acadêmico irrefutável que prevê uma queda, no mínimo, de 4 a 5 pontos da Selic em dois anos, se a meta de inflação subir para 4%. É como se ela caísse dos atuais 13,75% para cerca de 8%. O juro real desabaria.
A seguir, o segundo passo: o maior entendimento entre BC e BNDES. Como se sabe, o BNDES de Aloizio Mercadante vai despejar dinheiro na economia. A cartilha do BC reza que a medida suaviza a potência da política monetária freando a queda dos juros. Mercadante diz que tem de onde tirar os recursos sem que eles saiam do caixa do Tesouro. Ele não acredita nessa história de que fomento creditício e Selic são inimigos mortais um do outro. No final, com o mercado, que não é mau nem bom, sancionando a melhora das expectativas e havendo bom senso político, os dois bicudos, Mercadante e Campos Neto, podem dar uma bitoca. Em tempo: o presidente do BC acredita para valer nos modelos econométricos que dão a tônica da política monetária. Mas está aprendendo que, além dos números, existe a política, uma visão que ficou rarefeita durante o mandarinato de Paulo Guedes. Deu no que deu. Mas os sinais são de que a autoridade monetária está menos inflexível. Uma excelente notícia. Afinal, como dizia Lord Keynes, “A realidade muda, eu mudo”.
Economia
Fazenda já projeta alta do PIB superior à do governo Bolsonaro
11/04/2023Em conversa antes da reunião de Lula com todos os ministros, ontem, Fernando Haddad animou o presidente com projeções do Ministério da Fazenda sobre a grande probabilidade de o PIB crescer, em 2023, acima da média de 1,5% do governo Bolsonaro. Todos os ministérios estão convocados para a realização de projetos e medidas que impactem positivamente o PIB sem arranhar o fiscal. As iniciativas serão consolidadas pela Fazenda e servirão de guia para projeções consolidadas das ações governamentais em relação ao PIB. Lula quer bater não só Bolsonaro, mas iniciar o primeiro ano de governo respondendo à “herança maldita” do Capitão, com um PIB superior à média dos últimos 20 anos, de 2,2%. A meta para valer, não dita, é superar os 2,9% de crescimento do Produto no último ano de gestão do ex-presidente.
Há cerca de quatro meses essa missão parecia impossível. Falava-se, inclusive, em uma pequena recessão técnica para 2023. Com o arcabouço fiscal e a decisão de que os recursos extraordinários – não previstos no orçamento – serão dirigidos para investimentos, a percepção em relação ao PIB tem gradualmente mudado para melhor. Isso para não falar da temporada de concessões, que deverá se iniciar antes do primeiro semestre. O Focus, cuja mudança das estimativas anda a passos de cágado – essa é a dinâmica natural do Boletim – subiu pela terceira vez a previsão do PIB para este ano. Atualmente está em 0,9%. Levando-se em consideração somente as 39 respostas nos últimos cinco dias úteis, a projeção para o PIB, em 2023, sobe para 1,0%. É devagar, devagarinho, como diz a canção de Martinho da Vila. O FMI também melhorou a estimativa para o crescimento do Brasil: 1,2%, frente a 1% da previsão anterior. O Banco Central seguiu na mesma direção, elevando a projeção do PIB, de 2023, de 1% para 1,2%. O IPEA foi além, e manteve sua estimativa de 1,4%.
Os cenários futuros indicam que as projeções positivas do Ministério da Fazenda para o PIB não são improváveis. Há uma combinação de fatores favoráveis, a saber: sinalização de crescimento da economia global; início do ciclo de queda de juros nos países centrais; apreciação do real; aumento do fluxo cambial para o Brasil; superávits recordes da balança comercial; início do plano de concessões com ênfase nos estados e municípios; envio da reforma tributária ao Congresso; apresentação do programa Desenrola; ações de fomento do BNDES; redução, ainda que paulatina, do índice de preços; e colocação na prática da cesta de projetos do governo voltados para o aumento da renda e do emprego. Falta o BC reduzir os juros. Mas isso vai acontecer de qualquer maneira, logo à frente.
Empresa
Aegea quer fechar o cerco no saneamento gaúcho
31/03/2023O RR apurou que a Aegea Saneamento é nome certo na disputa pela privatização do Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (Dmae). A Iguá também avalia o ativo. No caso específico da Aegea – leia-se Itaúsa, GIC (fundo soberano de Cingapura) e Equipav -, o negócio transborda sinergia: a empresa já controla a Corsan, responsável pela operação de saneamento em 317 municípios do Rio Grande do Sul. O que se diz nos bastidores é que o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, quer realizar o leilão até agosto. Trata-se de um prazo razoavelmente ousado, uma vez que a operação ainda precisa ser aprovada pela Câmara de Vereadores. Ao menos, o BNDES já fez a sua parte: toda a modelagem da concessão está concluída.
Política
O que preocupa mesmo Campos Neto é o “arcabouço parafiscal”
30/03/2023A entrevista “macroprudencial” de Roberto Campos Neto, marcada em horário praticamente coincidente com o anúncio do arcabouço fiscal pelo ministro Fernando Haddad, teve o cuidado de não tocar em um dos principais fantasmas da autoridade monetária com materialização garantida no governo Lula: as políticas parafiscais expansionistas. De forma mais clara, Campos Neto e seus técnicos sentem fobia pelo BNDES e por Aloizio Mercadante. Na verdade, a aversão à forma de atuação e – por que não dizer? – à própria agência de fomento antecede a chegada de Mercadante. Na gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia, a desconstrução do banco já estava escrita antes da primeira hora do governo Bolsonaro. Campos Neto vem repetindo o mantra nas atas do BC com mais cuidado do que Guedes. A mudança da TLP com prováveis subsídios em linhas de crédito especial e o aumento expressivo dos investimentos são considerados como redutores da potência da política monetária. Por essa ótica, mais gastos do BNDES, mesmo sem os “famigerados” subsídios, contribuiriam para a manutenção ou elevação dos juros.
Mercadante realizou um mega seminário no banco para passar o recado de que a era da anemia do BNDES findou. Nem tão ao sul, nem tão ao norte. O BC tem razão em parte quando alerta para que o banco de desenvolvimento não volte a ser o torrão de açúcar de outros tempos. Mas também não é o caso de transformar a instituição em apêndice da política monetária. Hoje, as atenções do BC estão menos voltadas para o arcabouço fiscal – já sabido de cor e salteado por Campos Neto e por seu colegiado – e mais para o marco das PPPs. O fundo soberano garantidor para que as PPPs deslanchem nos estados e municípios pode desaguar em uma igualmente “famigerada” política fiscal expansionista. Nesse assunto, o BC está boiando.
O marco das PPPs ainda está em construção, e as cifras em processo de revisão. O anúncio é que ele sai na semana que vem. A ver como o BC vai esgrimir seus argumentos em relação ao impacto das duas variáveis e do arcabouço fiscal na sinalização futura da Selic. Fica faltando ainda a questão da incumprível meta de inflação. O RR aposta que a autoridade monetária vai ceder. Não só os “farialimers”, mas também os bancões estão no modo “juros mais baixos”. A banca ganha dinheiro com as taxas altas. Mas a partir de certo ponto, os juros “matam a galinha” em função do aumento insustentável da inadimplência. Vai ser difícil Campos Neto manter uma Selic de 13,75% além desse semestre. E olhe lá!
Destaque
BNDES é a ponta de lança do governo para a reestatização da Eletrobras
24/03/2023A gestão Lula pretende usar o BNDES como instrumento para a polêmica reestatização da Eletrobras. A ideia em discussão no governo passa pelo aumento da posição do banco no capital da empresa, seja com a aquisição de papéis em mercado, seja com a compra em bloco de ações pertencentes a outros sócios relevantes. Hoje, somando sua participação direta e os títulos na carteira do BNDES e da BNDESPar, a União detém 40,18% das ordinárias da Eletrobras. Apenas como um exercício meramente ilustrativo: a compra das ações em poder do BlackRock (5,1%) e do GIC, fundo soberano de Cingapura (6,4%), permitiria ao governo ter mais de 51% do capital da companhia – mais precisamente 51,6%. Significa dizer que a União voltaria a ser, matematicamente, a controladora da Eletrobras. Mas essa aritmética não basta. No quebra-cabeças petista da reestatização da Eletrobras, toda essa operação precisa estar encaixada com outra peça: a ofensiva do governo para modificar o estatuto da empresa.
Conforme noticiou a jornalista Malu Gaspar, de O Globo, a Casa Civil e a AGU planejam entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no STF. O objetivo principal é retirar o dispositivo que limita o poder de voto dos acionistas da Eletrobras a 10% mesmo que sua participação seja superior a esse patamar. Com essa barreira, tanto faz um investidor ter 10% ou 40%: vai mandar igual. A derrubada desse teto abriria caminho para o Estado retomar as rédeas na companhia, seja como o maior acionista individual, status que já possui, seja novamente em uma posição de controle, isto é, com 50% mais um das ações ordinárias. Esse segundo cenário é um motivo a mais para o governo tentar dinamitar o atual estatuto da Eletrobras. O governo Bolsonaro criou uma “cláusula de barreira” ou uma espécie de “trava anti-PT” – como se vê, com certa dose de razão. Trata-se da pílula de veneno estabelecida no Artigo 10 do estatuto: “O acionista ou grupo de acionistas que, direta ou indiretamente, vier a se tornar titular de ações ordinárias que, em conjunto, ultrapassem 50% do capital votante da Eletrobras e que não retorne a patamar inferior a tal percentual em até 120 (cento e vinte) dias deverá realizar uma oferta pública para a aquisição da totalidade das demais ações ordinárias, por valor, no mínimo, 200% (duzentos por cento) superior à maior cotação das respectivas ações nos últimos 504 (quinhentos e quatro) pregões”. Ou seja: pelas regras do jogo em vigor, se a União ultrapassar a marca de 50% das ONs, terá de pagar três vezes pelo restante das ações. Em sua sanha reestatizante, o governo quer dar um cálice de cicuta para essa poison pill, o que lhe permitiria reassumir o controle da companhia sem ter de desembolsar uma fortuna.
Toda essa complexa arquitetura, que vai do mercado de capitais à Suprema Corte, junta a fome com a vontade de comer. De um lado, a disposição do governo de que o BNDES volte a ser um agente de participação do Estado em empresas ou setores estratégicos; do outro, a notória intenção do presidente Lula de promover a reestatização da Eletrobras, manifestada recorrentemente durante a campanha eleitoral. O governo teria novamente uma máquina para fazer políticas públicas na área de energia. Ao lado da Petrobras, a empresa seria também uma propulsora de investimentos em transição energética. Pelo menos é a lógica petista que rege todo esse movimento. Uma lógica tão tortuosa quanto contestável, em razão dos riscos que traz a reboque.
As manobras do governo Lula para reestatizar a Eletrobras geram automaticamente insegurança jurídica. Caso a retomada do controle da empresa se concretize, estará aberta a porteira para outros casos similares. É como se o Brasil inventasse o modelo das privatizações por temporada, que poderão valer para um determinado governo, mas não para outro. Ao mesmo tempo, a investida joga por terra a ideia de public company, que poderia ser adotada para outras estatais. Não poderia haver recado pior para os investidores, já ressabiados. Recentemente, por exemplo, surgiram rumores de que a Petrobras poderia cancelar vendas de ativos fechadas na reta final do mandato de Bolsonaro. Se há um partido que deveria se preocupar em afastar a pecha de “rasga contratos” é o PT.
Em tempo: sob certo aspecto, o Lula III está bebendo na fonte do Lula I. Guardadas as devidas proporções, a estratégia de usar o BNDES como ponta de lança para o Estado retomar seus antigos poderes na Eletrobras remete a uma operação conduzida pelo próprio banco em 2003. Na ocasião, sob o comando do economista Carlos Lessa, o BNDES comprou uma participação de 8,5% na Valepar, holding controladora da Vale, que pertencia à Investvale – fundo de investimento dos funcionários da mineradora. Com esse movimento estratégico, à época muito contestado pelos privatistas puro-sangue, Lessa fechou a porta para uma eventual desnacionalização da companhia e até mesmo uma transferência da sua sede para o exterior. Àquela altura a Vale tinha um bloco de controle definido. A Mitsui, por exemplo, poderia assumir o mando da empresa caso adquirisse as ações em poder da Investvale. Ainda que as circunstâncias não sejam exatamente as mesmas, a Vale da vez se chama Eletrobras. E o BNDES vai voltar a ser aquele BNDES.
Destaque
BNDES, BB e Caixa lideram o “frentão” da pequena e média empresa
22/03/2023O governo pretende descarregar um caminhão de recursos para as pequenas e médias empresas (PMEs). A ideia é usar a trinca BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica, de forma conjunta, para aumentar consideravelmente a oferta de crédito para esse segmento. É quase como se o governo estivesse criando um banco específico para as PMEs, a partir da atuação integrada das três instituições federais. O projeto vem sendo tratado pela equipe econômica como prioridade. Um dos objetivos é possibilitar a redução do elevado endividamento dessas empresas, com a concessão de linhas especiais de crédito a custo mais baixo. Nos três últimos anos, esse universo foi duramente penalizado pela pandemia e pela disparada dos juros, que jogou a inadimplência nas alturas. Há cerca de 5,5 milhões de micro, pequenas e médias empresas envidadas, segundo o mais recente levantamento da Serasa, divulgado em outubro do ano passado. Trata-se do maior número desde o início da série histórica, em 2016.
Durante a campanha, não custa lembrar, Lula fez seguidas promessas de medidas para aliviar o endividamento das PMEs. Esse “frentão” da pequena e média empresa, capitaneado pelos bancos federais, é também uma tour de force do governo para a redução do desemprego. Os pequenos e médios negócios representam geração de postos de trabalho na veia. Esse segmento foi responsável por mais de 70% dos novos empregos com carteira assinada criados no país em 2022.
De acordo com os balanços de setembro de 2022, as pequenas e médias empresas respondem por aproximadamente 15% da carteira de crédito dos grandes bancos brasileiros. Trata-se de uma fatia desproporcional ao seu peso na economia: as PMEs têm uma participação de aproximadamente 27% do PIB. Entre os bancos públicos, há um considerável espaço de crescimento. O BNDES é aquele em que os pequenos e médios negócios aparecem com maior representatividade entre os empréstimos totais (23%). No Banco do Brasil e na Caixa, esse índice é bem menor: respectivamente de 10% e 8%. Se serve de alento, todos os três bancos estatais ampliaram o volume de crédito para pequenas e médias empresas no comparativo entre setembro de 2022 e setembro de 2021 – BNDES (7%), Caixa (10%) e BB (18%). Ainda assim, trata-se de um ritmo insuficiente para dar fôlego às PMEs.
A disposição do governo em aumentar o crédito para as pequenas e médias empresas terá razoável impacto na estratégia dos grandes bancos federais, a começar pelo BNDES. O banco, por exemplo, já estuda tomar recursos no exterior para aumentar sua capacidade de concessão de crédito, muito com foco nas PMEs. O próprio presidente da agência de fomento, Aloizio Mercadante, já defendeu publicamente que o BNDES pague menos dividendos à União, passando a ter isonomia com o Banco do Brasil. Atualmente, o banco da Avenida Chile distribui 60% dos seus lucros aos acionistas, contra 40% do BB.
Governo
Política econômica precisa do seu próprio “Desenrola”
21/03/2023Há mais discordância do que o próprio RR anteviu entre os grupos do governo que discutem a proposta e o timing da divulgação da reforma tributária, do arcabouço fiscal, taxa de juros e a meta de inflação. Sim, a elevação da meta de inflação e a mudança no regime do inflation target voltaram à baila, de onde talvez nunca tenham saído. Afinal, essas medidas foram cobradas publicamente pelo próprio Lula. O RR antecipou que a reforma e o arcabouço fiscal poderiam ter sido anunciados ontem, véspera do primeiro dia da reunião do Copom – pelo menos em suas linhas gerais. Amanhã, seria feito o primeiro movimento do ciclo de queda da taxa de juros, mesmo que somente fosse aposto o viés de baixa da Selic. Tudo sincronizado. Para isso, seria necessário que o BC desse ao Planalto a garantia de algum afrouxamento da taxa básica já nesta quarta-feira. Seria uma exceção à regra. Como se fosse uma reunião na antevéspera da reunião oficial do Copom para permitir que o presidente da República cantasse a pedra da Selic. O firme do presidente do BC, Robertos Campos Neto, não foi dado. A iniciativa quebraria o primado de independência do BC.
Lula e a área política do governo querem anunciar um buquê de boas notícias na economia, incluindo também o programa “Desenrola” e o marco regulatório das PPPs. O presidente acha que a reforma tributária de Bernardo Appy, que contempla, nesta primeira fase, somente a unicidade fiscal de vários impostos, com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), é insuficiente e, mesmo assim, ainda vai demorar a ser digerida no Congresso Nacional. Além do mais ela está indexada ao Centro de Cidadania Fiscal (Cecif), think thank do qual Appy foi diretor e onde o projeto da reforma foi desenvolvido. Os parceiros institucionais do Cecif são, nada mais, nada menos do que: Carrefour, Itaú, Raízen, Natura Cosméticos, Souza Cruz, Vale, Votorantim e Coca-Cola. Para o presidente, melhor seria temperar a reforma com medidas um pouco menos amigáveis para essas megaempresas. Lula gostaria que a parte de tributação dos dividendos e redução do imposto de renda das alíquotas da pessoa física fossem anunciadas juntas com o IBS. O presidente é simpático também à divulgação de algum corte de incentivos fiscais. É da lavra de Lula a frase: “Orçamento é para pobre, imposto é para rico”. E os mais de R$ 400 bilhões em incentivos não existem para reduzir as agruras dos mais pobres, conforme se sabe muito bem. Ou seja: a divulgação do chamado “pacote de credibilidade econômica” do governo vai ficar para depois da viagem à China. O presidente e a ala política do Planalto não querem picar as medidas e divulgar uma de cada vez. No avião, Lula e Fernando Haddad terão tempo de sobra para estressar o assunto.
Em tempo: a mudança da meta de inflação, talvez o quesito menos votado do “pacote de credibilidade econômica”, permanece viva no debate, inclusive fora do governo. Agora mesmo, na FGV, no Rio, está tendo início um seminário fechado sobre o tema com a presença de afamados economistas. A meta de inflação e a condução da Selic são brotoejas na pele de Roberto Campos Neto. Tudo indica que ele vai ter que se coçar muito. Ontem mesmo uma tropa de choque, no BNDES, tendo à frente o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, detonou a política monetária do presidente do BC. A escalada contra o nível da Selic vai crescer. Sem alguma sinalização de que a taxa básica vai cair, fica difícil a permanência de Campos Neto com esse grau de pressão. Lula acha que, do ponto de vista da política, todas as medidas se tornam perfunctórias com juros “pornográficos”, conforme a definição do Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz. O presidente precisa entregar um pacote convincente de ações econômicas. Afinal, Lula já está por completar 100 dias de governo. Seria uma boa data para anunciar o “pacote da credibilidade”.
Destaque
BNDES quer usar Biomm para reduzir déficit de insulina no Brasil
21/03/2023O RR tem informações de que o BNDES planeja aumentar sua participação na fabricante de medicamentos Biomm. Com 8,6% do capital, a agência de fomento é hoje o terceiro maior acionista da companhia – atrás da TMG Capital (12,8%) e do Lab Fundo de Investimentos (9,45%). Trata-se de um movimento feito com os dois olhos na saúde pública. A principal motivação do BNDES para o aporte na Biomm é acelerar a produção de insulina na fábrica da empresa em Nova Lima (MG), com o objetivo de reduzir a extrema dependência do Brasil em relação às importações. Atualmente, o país compra no exterior 100% da insulina glargina que consome. Esta é a última geração do medicamento. Hoje, a empresa atua basicamente na comercialização do insumo, a partir de parcerias com laboratórios internacionais. A Biomm distribui aproximadamente 10% da insulina glargina utilizada no país. Esse mercado é um duopólio concentrado nas mãos da Sanofi (64% de share) e da Lilly (26%). Procurado pelo RR, o BNDES não quis se pronunciar.
Para além da insulina, o entendimento no BNDES é que a Biomm pode vir a ser um dos maiores produtores de medicamentos biotecnológicos e também de vacinas da América Latina. Neste último caso, a atuação da empresa poderia ser potencializada a partir de uma parceria com a Fiocruz, referência na fabricação de imunizantes no país. Ressalte-se que a atual ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi presidente da instituição. O aporte de capital do BNDES permitiria à Biomm avançar em outros projetos, como o desenvolvimento de remédios para tratamento de câncer e a fabricação própria de imunizantes, a começar pela Covid-19. Neste último caso, a empresa tem feito movimentos para entrar nesse setor, mas ainda por meio de parcerias. Recentemente, solicitou à Anvisa o registro definitivo da Convidencia, vacina contra o coronavírus produzida pela chinesa CanSino, mas o pedido foi negado pela agência.
Curiosamente, o BNDES olha para o futuro fazendo uma volta ao passado. O banco foi um dos primeiros financiadores da criação da Biomm, nascida a partir de uma costela da Biobrás, vendida em 2002 para a dinamarquesa Novo Nordisk. Nos primórdios, a agência de fomento chegou a ter 15% do capital, um negócio à época pautado por suspeições. Um dos idealizadores da Biomm é o empresário Walfrido dos Mares Guia, ainda hoje acionista da empresa, com 5,9%. Mares Guia foi ministro do Turismo no primeiro mandato de Lula.
Economia
Lula mobiliza todo o governo para ter um PIB superior ao de Bolsonaro
3/03/2023Lula está obsessivo com a obtenção de um crescimento mínimo do PIB, em 2023, de 2,9%, ou seja, o índice alcançado por Jair Bolsonaro, em 2022, logo após dois anos de pandemia. A marca é difícil, mas factível, como se verá a seguir. O presidente sente o cheiro de Jair Bolsonaro pelos cantos do Palácio do Planalto. O capitão estaria guardando a munição dos seus acertos para retomar a “campanha eleitoral”, que, na verdade, nunca findou. O fato é que, com artificialismos ou não, Bolsonaro conseguiu bons números em quase todos os quesitos macroeconômicos mesmo com a pandemia, queda da atividade chinesa, explosão dos preços do petróleo e a guerra entre Rússia e Ucrânia, o que não é pouca coisa. Para sair do corner imposto pelo antecessor em relação ao crescimento da economia, Lula quer engajar o governo inteiro. Pediu à ministra do Planejamento, Simone Tebet, que faça uma espécie de planilha de todas as Pastas. O objetivo é que cada ministério saiba o impacto das suas atividades no PIB, de forma que os ministros tenham como ponderar seus gastos mirando prioritariamente o crescimento econômico. Entre uma despesa que tenha maior impacto na atividade produtiva ou não, que se realize a primeira.
A meta de inflação será alterada, provavelmente na reunião do Conselho Monetário de junho. Há dúvida se ela será expandida para 4% ou 4,5%, ou se permanecerá nos 3%, que seriam diferidos para o fim do atual governo. Lula, então, teria quase quatro anos para alcançar o atual target por ora na corda bamba. Não haveria, portanto, meta de inflação anual. Seria o sinal para que o BC baixasse os juros. E Roberto Campos Neto jogasse a toalha – está tudo acertado para que André Lara Resende assuma a presidência do BC.
Bem antes disso, entre março e abril, o novo arcabouço fiscal seria apresentado, visando uma meta de redução da dívida/PIB para um patamar inferior aos 73% obtidos por Bolsonaro. Neste ano, o resultado da relação dívida/PIB já foi perdido, devendo caminhar para a faixa de 80%. A reforma tributária também seria posta na mesa, ainda que na sua fase preliminar. Mas Lula tem outras balas na agulha. Uma das mais aguardadas é o programa Desenrola, que está sendo estudado no Ministério da Fazenda de forma a conseguir o maior alcance possível. De preferência, zerando a inadimplência dos consumidores até dois salários-mínimos. A medida teria impacto relevante junto aos bancos, desobstruindo o canal de crédito e, principalmente, o comércio, segmento mais intensivo em mão de obra da economia. As últimas previsões para esse setor são de queda prolongada.
O presidente acredita também que trará recursos em função da sua intensa ofensiva diplomática. No Planalto, há quem arrisque números ambiciosos de investimentos entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. Difícil? Sim. Improvável? Não. Ao contrário de Bolsonaro, Lula vai brandir a bandeira de proteção da Amazônia pelos quatro cantos do mundo. Falta a Petrobras no pacote, que, junto com o BNDES, estará encarregada em sacudir a formação bruta de capital fixo, um setor que andou de lado no governo Bolsonaro.É para isso que a petrolífera guardará uma parcela maior dos dividendos, como já deixou escapar o presidente da estatal Jean Paul Prates. O que Lula deseja não é necessariamente o que acontecerá, principalmente porque o carnaval de resultados obtidos por Bolsonaro no seu último ano de governo foi às custas do comprometimento desse primeiro ano da gestão do petista. Pode não ter conseguido de todo. Mas, que atrapalhou um bocado, atrapalhou.
Destaque
Governo Lula e Benjamin Steinbruch se encaixam nos trilhos da Transnordestina
28/02/2023O governo vai abrir o cofre para financiar a conclusão das obras da Transnordestina, a cargo da CSN. Segundo o RR apurou, a ideia é lançar mão de uma tríplice injeção de capital, com empréstimos do BNDES, do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDN) e do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) – os dois últimos vinculados à Pasta da Integração e do Desenvolvimento Regional. Segundo a mesma fonte, paralelamente o Ministério dos Transportes estuda uma nova mudança no modelo de construção da ferrovia. De acordo com as discussões travadas dentro da Pasta, a ideia é usar a liberação de dinheiro público como moeda de troca para que a CSN reassuma integralmente a concessão do empreendimento e consequentemente a construção de todo o traçado original. No ano passado, a partir de um acordo com o governo Bolsonaro, houve uma cisão do projeto. A siderúrgica permaneceu responsável apenas pelas obras entre Eliseu Martins (PI) e o Porto de Pecém (CE), um trecho de aproximadamente 1,2 mil quilômetros, devolvendo à União a concessão do ramal de 520 quilômetros entre Salgueiro e o Porto de Suape, ambos em Pernambuco. Essa fratura da Transnordestina serviu apenas para jogar um problema no colo do governo Lula: estudos feitos pelo Ministério do Transporte indicam que a operação desse segundo pedaço até Suape de forma isolada, sem a garantia de conexão e os ganhos de escala do trecho entre Piauí e Ceará, torna o negócio praticamente inviável.
Além da promessa de financiamento público, há um outro fator tão ou mais importante para colocar toda essa operação nos trilhos: a notória conexão entre Benjamin Steinbruch e o governo do PT surge como um potencial facilitador para o reencaixe entre as duas “Transnordestinas”. O dono da CSN é bastante próximo, sobretudo, de Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. No fim do ano passado, inclusive, Mercadante chegou a sondar o empresário para que ele assumisse o Ministério do Desenvolvimento e da Indústria – conforme o RR noticiou. Essa sintonia poderá ajudar a contornar entraves de ordem técnica que levaram a CSN a devolver à União parte da ferrovia. A siderúrgica alega que o governo pernambucano impactou o projeto, ao autorizar a construção de uma barragem no antigo leito dos trilhos. A obra exigiu um aumento de 42 quilômetros na extensão da ferrovia e, com isso, gerou um gasto extra de algumas centenas de milhões de reais com desapropriações.
O acordo com a CSN e a reintegração dos dois trechos da Transnordestina sob uma única operação contribuiriam para destravar o empreendimento junto ao Tribunal de Contas da União. No início de fevereiro, o TCU apontou irregularidades na cisão da concessão em duas, autorizada pela ANTT no ano passado. Como consequência, a Corte suspendeu a liberação de qualquer recurso do governo federal para o empreendimento – tanto a parte nas mãos da CSN, quanto o trecho hoje sob responsabilidade da União. Ou seja: a engenharia financeira que vem sendo traçada em Brasília, com aportes do BNDES e dos fundos regionais, depende do nihil obstat do TCU.
Atualmente, há pouco mais de 800 quilômetros de trilhos já instalados. Faltam quase mil quilômetros para a execução de todo o projeto conforme a sua concepção original. Estima-se que sejam necessários mais de R$ 8 bilhões para a conclusão da Transnordestina. Parte desses recursos poderão vir, por exemplo, por meio de uma emissão de debêntures incentivadas de infraestrutura, com a garantia de subscrição por parte do BNDES. O governo Lula trata o projeto como prioritário, não apenas pela sua importância econômica e social para a região – as obras deverão gerar cerca de cinco mil postos de trabalho diretos e indiretos -, mas também pelo seu “traçado político”. A Transnordestina corta estados governados por petistas ou aliados. Consta que os governadores do Ceará e de Pernambuco, respectivamente Elmano de Freitas e Raquel Lyra, têm mantido conversas frequentes com o ministro do Desenvolvimento Regional, Wellington Dias, em busca de apoio do governo federal para a retomada das obras. Nesse contexto, há ainda disputas federativas alimentadas pela própria divisão da Transnordestina em duas, na gestão de Jair Bolsonaro. Parlamentares de Pernambuco alegam que a manutenção desse formato vai criar um desequilíbrio concorrencial entre os dois maiores portos do Nordeste, beneficiando o Porto de Pecém, no Ceará, em detrimento do Porto de Suape.
Tudo muito bom, tudo muito bem… Até se entende que o governo tenha as mais variadas motivações – seja de ordem econômica, seja de ordem política – para se engajar no projeto. No entanto, a Transnordestina é um benchmarking às avessas, um exemplo de como uma concessão não deve ser feita. Sua construção já torrou um enorme montante de recursos públicos. Há concessões que notoriamente não deram certo e hoje estão às portas de serem devolvidas à União – como, por exemplo, o Aeroporto do Galeão ou a Malha Oeste. No entanto, nenhuma delas consumiu tanto dinheiro e nem de perto apresenta o histórico de idas e vindas da ferrovia. Por muito menos, concessões foram tomadas ou relicitadas pelo governo.
Negócios
A grande marcha da Fundição Tupy rumo à China
27/02/2023O RR tem informações de que a Fundição Tupy planeja se instalar na China. Entre os cenários contemplados pela companhia, o caminho mais provável é uma joint venture com um grupo local. Como se não bastasse o gigantesco mercado chinês, a operação funcionaria também como uma cabeça de ponte para acessar outros países da Ásia. Seria o movimento mais agudo no plano de internacionalização da empresa, que já possui fábricas no México e em Portugal. A Tupy, que tem como principais acionistas BNDESPar e Previ, é um raro exemplo de um grupo brasileiro verdadeiramente multinacional: aproximadamente três quartos da sua receita são provenientes de vendas fora do Brasil.
Energia
BNDES deve permanecer no capital da Energisa
17/02/2023Reviravolta à vista no BNDES: a gestão de Aloizio Mercadante deverá suspender o processo de venda da participação da BNDESPar na Energisa, iniciado pela gestão anterior. A instituição detém algo em torno de 11% da empresa de energia da família Botelho. À cotação atual do mercado, a fatia equivale a aproximadamente R$ 1,7 bilhão. Para a nova diretoria do BNDES, trata-se de uma posição estratégica, sobretudo diante do boom da energia renovável e da entrada do Brasil no hidrogênio verde.
Empresa
GIP quer montar um colar de ativos em energia no Brasil
16/02/2023A Global Infrastructure Partners (GIP) pretende usar a Atlas Renewable Energy, sua controlada, como ponta de lança para a consolidação de ativos em energia no Brasil. O alvo principal da gestora norte-americana, que administra uma teia de fundos em infraestrutura, com investimentos somados de US$ 80 bilhões, é o segmento de geração eólica. A Atlas, ressalte-se, já possui um portfólio com oito projetos de energia solar no Brasil. Em janeiro, obteve um financiamento de R$ 1,1 bilhão do BNDES para a construção da usina Boa Sorte, em Minas Gerais.
Destaque
Fraude da Americanas vira argumento para a reestatização da Eletrobras
15/02/2023O episódio da fraude da contabilidade das Americanas será usado como um dos motes da campanha do governo para a revisão do limite de participação acionária na Eletrobras. Lula já iniciou os trabalhos, afirmando que vai defender com unhas e dentes o direito da União aumentar sua participação no capital votante da antiga estatal. O Estado soma uma montanha de recursos esterilizados, mas não tem poder de decisão. E é proibido de comprar uma única ação em mercado além do teto estatutário. Hoje, a União detém cerca de 40% do capital da empresa, mas apenas 10% das ações com direito a voto.
O modelo de capitalização adotado para a privatização da Eletrobras incluiu uma pílula de veneno, que restringe exatamente a 10% o total de ações com direito a voto que cada investidor pode deter. As decisões sobre a gestão da empresa são tomadas no Conselho de Administração, constituído pelos “acionistas de referência”. A 3G Radar, que tem entre seus controladores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, através da associação com a 3G Capital, é acionista de referência da Eletrobras. Trata-se do maior detentor de ações preferenciais, com 10,8%. Ou seja, no atual modelo, hipoteticamente, caso firmasse parceria com o Banco Clássico, controlado pela controversa família Abdalla – uma instituição que possui patrimônio avaliado em pouco mais de R$ 5 bilhões e possui 5% das ações ordinárias preferenciais da ex-estatal –, e mais alguns fundos estrangeiros, a 3G Radar mandaria na Eletrobras.
Não há nada que impeça o trio de operar na compra e venda das ações, estando em posição privilegiada. Um exemplo de como funcionam essas operações se deu pouco depois da privatização. No dia 13 de fevereiro de 2021, Lemann e seus sócios venderam ações da companhia. No dia 25 de junho, recompraram. Nesse jogo de estica e encolhe, que se repetiu várias vezes, os “acionistas preferenciais”, hoje sob suspeição do mercado, reduzem um pouco sua quantidade de ações, e aumentam depois, e vice-versa, buscando sempre manter no mesmo patamar sua participação no capital votante. Um jogo simples, conhecido por iniciantes em operações com valores mobiliários. Questionada, a 3G informa “que não há qualquer acordo ou contrato regulando o exercício do direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários de emissão da companhia da qual a signatária seja parte”.
Lula, pelo que já disse, não concorda com o modelo em que o poder de decisão do Estado permanece diluído, independentemente da sua disposição em aumentar sua participação no capital da empresa. Uma solução para desbloquear a pílula de veneno está sendo pensada no BNDES. Lembrai-nos que foi no banco, sob o governo Lula, que o falecido Carlos Lessa, então presidente da instituição, montou uma engenharia de compra, através da BNDESPar, das ações da Vale. À época, com esse movimento, impediu a venda da mineradora para investidores externos. Por enquanto, o 3G, seja Capital seja Radar, de uma forma esperta, é quem dá as cartas.
Internacional
Bolívia também quer dinheiro do BNDES
14/02/2023Além do gasoduto Nestor Kirchner, na Argentina, outro projeto da “vizinhança” poderá cair no colo do BNDES. Segundo fonte do Itamaraty, o governo da Bolívia já fez uma primeira consulta ao Brasil sobre a possibilidade de o banco de fomento financiar a construção de usinas de biodiesel no país. A primeira leva envolveria a instalação de três plantas, um investimento previsto da ordem de US$ 150 milhões. A ideia dos bolivianos é que a primeira planta, com capacidade de produção de 1.500 barris de biodiesel/dia, entre em operação ainda neste ano. No Ministério das Relações Exteriores, há informações de que o próprio presidente da Bolívia, Luiz Arce, pretende se reunir com Lula para tratar do assunto.
Análise
Lara Resende desponta como favorito para a presidência do BC
13/02/2023Há uma disposição ferrenha do presidente Lula para levar André Lara Resende à presidência do Banco Central. Não há ninguém entre os colaboradores do governo que diga com tanta maviosidade o que Lula quer ouvir: taxa de juros, mudança da meta e, nas entrelinhas, uma autoridade monetária que toque o barco de forma afinada com a Presidência. Mas, sendo a versão válida, para que a substituição ocorra é preciso que Roberto Campos Neto jogue a toalha no chão. A blitzkrieg de Lula contra Campos Neto seria parte da operação para antecipar sua saída, prevista para ocorrer somente em dezembro de 2024, quando vence seu primeiro mandato, ou ainda em 2028, se ele decidir pela sua recondução. Pelo estatuto do Banco Central Independente, Campos Neto tem direito a oito anos de permanência no cargo, que somente podem ser abortados por desistência do titular do BC ou uma mudança sancionada pelo Congresso Nacional. Esta última hipótese é mais difícil: sondagens revelam a falta de apoio congressista à alteração da Lei Complementar n°179, de 2021, que sancionou a independência da autoridade monetária.
Lula, que se sente mais emponderado que nunca, adotou, ao que tudo indica, a tática de throwing in the towel, ou seja, de levar o regulador a pedir demissão com uma massa de críticas permanente a política da autoridade monetária. Trata-se de uma estratégia sistematizada por analistas políticos norte-americanos. Mario Shapiro, professor da FGV Direito SP, em artigo publicado no Valor Econômico em sua edição de hoje, avança na argumentação da malhação do judas no BC. Segundo ele, “diante das restrições impostas pelo BC, é típica a atribuição de culpa a autoridade monetária pelos infortúnios do governo (blame-shifting)”. Lula comprou a fórmula integral para retirar Campos Neto do cargo. É pau puro na política monetária inteira.
Do outro lado, Lara Resende tem sido tratado como um príncipe por Lula, Fernando Haddad e o comando do partido. Apoiou o presidente na primeira hora de campanha, participou do grupo de transição do governo na área de economia, integra o comitê de aconselhamento do BNDES, foi cogitado para ministro da Fazenda – quando chegou a se imaginar que Fernando Haddad poderia ser uma candidatura competitiva ao governo de São Paulo – e é nome cotado para um Conselho de Economistas para o Assessoramento Econômico da Presidência. Em tempo: nem Haddad, nem Simone Tebet, e aparentemente Geraldo Alckmin – que não dá um pio nessa discussão –, tem simpatia pelo tal Conselho.
Durante todo o período da campanha eleitoral à posse de Lula, Lara Resende foi um cruzado pela redução de taxas de juros, uma meta de inflação equilibrada, uma menor preocupação com a dívida pública e um diferimento maior da meta de inflação no tempo para avaliação da eficácia no cumprimento da política monetária. Tudo que Lara Resende diz é música para Lula. O presidente não suporta essa relação fria, equidistante, sem uma prestação de contas mais intima, que Campos Neto imprimiu à gestão do BC independente. Na verdade Campos Neto reza por uma cartilha única, sem improvisações. Lula detesta essa “autonomia” sem beija mão. É como se o presidente do BC fosse um cluster no seu governo. Quanto aos juros, são realmente inaceitáveis.
As fontes do RR arriscam a dizer que Lula quer romper com as algemas da ortodoxia. Gostaria de ter o seu “Plano Real monetário”. Para isso, teria de comprar a independência do BC, sem a qual Lara Resende não toparia a missão. Mas iriam de mãos dadas para a empreitada, já que um estaria mais ou menos sabendo como o outro se comportaria.
O BC precisa ser blindado
Em tese, um BC protegido constitucionalmente de interferências não é bom nem mau; apenas defende a autoridade monetária de virar um joguete dos interesses políticos dos governos. Quando o Banco Central eleva as taxas de juros, busca cumprir em sintonia fina sua tripla missão: controlar a inflação, perseguir o pleno emprego e zelar pela estabilidade do sistema financeiro. O sistema de metas de inflação procurou criar uma forma de definir e alcançar a carestia “razoável”. O Banco Central estabelece uma meta para a inflação e passa a persegui-la. É forçar a barra dizer que o BC ignora completamente o “pleno” emprego nos seus cenários, resultantes de centenas de variáveis que rodam nos seus modelos econométricos. A atual taxa de juros siderais está razoavelmente alinhada com uma subida do emprego formal e redução expressiva do desemprego – a taxa caiu de 14% para cerca de 8%. A percepção coletiva é que a autoridade monetária coloca o emprego no fim da fila, e a inflação à frente. Não há target para o nível “desejável” de desemprego.
Antes da criação do hoje anatematizado Banco Central independente, a autoridade monetária era instada a tomar decisões motivadas ou estimuladas por uma hierarquia de poder superior, ou seja, o Ministério da Fazenda e, em um andar ainda mais alto, a Presidência da República. O resultado, não raras vezes, eram medidas inconsistentes ou enviesadas, que, mesmo atingindo positivamente alguns dos seus objetivos – inflação mais baixa e/ou “pleno” emprego –, careciam de sustentabilidade. As decisões eram políticas e não técnicas, não obstante haver algum componente político em qualquer poeira do universo, quanto mais em uma gestão técnica do BC.
O assunto é complexo no mundo inteiro. Nem todas as coisas boas, contudo, estão condicionadas aos cânones da política econômica. Muitas vezes uma mudança na correlação de variáveis na lógica monetária e macroeconômica surpreende a todos com uma solução inesperada. Foi o caso do Plano Real, que, durante o seu período de formulação técnica, só tinha uma referência de efetiva operacionalização em Israel. Os jovens gênios da PUC, Persio Arida e o festejado André Lara Resende, trouxeram a ideia de inflação inercial para o campo de batalha da carestia e inventaram URV (Unidade Real de Valor). A sacada deu certo. A URV, planejada para ser transitória, teve como objetivo equilibrar preços relativos e remuneração de ativos. Ela funcionou como um transplante para adoção do real como moeda oficial do Brasil.
Não há nada mais óbvio do que afirmar que juros dependem do movimento de várias placas tectónicas da economia. Para tomar decisão sobre o a elevação, manutenção ou redução da Selic várias camadas do BC são acionadas. Um conjunto de técnicos altamente qualificados analisa previamente um oceano de dados, que serão rodados em modelos econométricos sofisticados, gerando os cenários variados para que o presidente do BC independente, juntamente com sua diretoria – todos indicados pelo presidente da República e aprovados pelo Congresso Nacional – batam o martelo. Todos esses atributos constam do “estatuto do BC independente”, que tanto incomoda Lula no presente.
Lembrai-vos de Henrique Meirelles
O presidente Lula é um animal político da estirpe mais elevada da sua espécie. Deve ter razões, certas ou erradas, que não são sua idade elevada e a irritação decorrente dos muitos anos já vividos – versão Faria Lima –, nem o poder superlativo concedido pelo 8 de janeiro, para bater de frente, publicamente, com Roberto Campos Neto. A impressão é que ele atira no pé do próprio governo. Lula insiste, com todos os exageros de retórica, o que o BC tem de fazer ou não. Parece não saber que suas declarações mais pressionam a taxa de juros de longo prazo, que é a que importa, do que resultam em um aumento de meio ponto da Selic.
No seu primeiro mandato, do qual se jacta de ter tido um BC autônomo e não independente, o presidente buscou intervir nas decisões do então titular da autoridade monetária, Henrique Meirelles. A literatura mais recente daquele período revela que Lula fritou Meirelles, ameaçou demiti-lo, mandou recados irritados, tinha até um candidato na manga do colete – o economista Luiz Gonzaga Belluzzo – tudo em função da taxa de juros. Achava que o elevado custo da moeda detonaria com a sua reeleição. Na época, não usou a estratégia do fazer barulho nas mídias: encomendou a Antônio Palocci que desse um jeito de rifar Meirelles sem as suas digitais. Mas a inflação começou a cair e os juros também. E, quando perguntado nas internas se o tempo de Meirelles já tinha se esgotado, respondeu: “Não me fale mais desse assunto, agora está dando tudo certo”. Essa era a “autonomia” do BC que Lula considerava adequada, sujeita ao vai e vem da circunstância e da sua visão política.
Lula piorou em relação ao passado ou está enxergando algo que ninguém viu, esbravejando diariamente contra a taxa de juros, o BC independente e a meta de inflação. A novidade é considerar o BC um bunker de Jair Bolsonaro porque o comandante da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, teria sido indicado pelo ex-presidente. Bobagem. Como demonstra o cientista político Alberto Almeida, Campos Neto poderia não ter elevado a taxa de juros pelo menos seis vezes no período relevante de campanha, mas fez o contrário, aumentando recorrentemente a Selic.
O presidente terá direito a indicar neste ano dois diretores do BC, nas áreas de Fiscalização e Política Monetária – este último talvez o cargo mais importante do colegiado, depois do comandante da instituição. Nem por isso, os técnicos serão espiões do presidente, ou muito menos seus paus mandados. Lula até pode acertar no atacado com a cantilena dos juros altos, mas erra na forma. Todos os seus incômodos na área monetária – juros e meta de inflação – são legítimos e, alguns, até comprováveis empiricamente por acadêmicos. São o caso dos juros, cuja taxa real da Selic, batendo já os 8,5%, e meta de inflação, fixada em 3%, podem, sim, ser chamadas “politicamente” de inaceitáveis ou inviáveis.
A Selic é a mais alta do mundo. A taxa de real de 8,5% é o dobro do segundo maior índice real do planeta. Olhando de fora do BC, o nível dos juros não faz o menor sentido. Quanto à meta de inflação, ela parece ser construída para que o Brasil tenha uma taxa de juros nas alturas permanentemente. Como se sabe, o nível de juros no modelo de inflation target é o principal instrumento para levar o índice de preços permanentemente para dentro da meta: em 2024, o centro está fixado em 3%, com uma banda superior de 4,5%. A meta ambiciosa faz com que os juros sejam pouco flexíveis, na medida em que qualquer choquezinho de oferta ou pressão atípica sobre o fiscal, forçam as taxas a saírem de dentro da casca. Um exemplo: no governo Bolsonaro a meta de inflação nunca foi cumprida.
No caso, curiosamente, Lula estaria alinhado com a discussão atual dos Bancos Centrais europeus, que deliberam sobre a redução do centro da meta para 4% a 4,5%, tendo em vista as previsões de que a inflação estrutural irá aumentar nos próximos anos. Ou seja: o mesmo percentual que o presidente defende para essas bandas.
Mais “indemissível” do que um general
A questão central é que Lula está misturando vários elementos ao mesmo tempo, repetindo esbravejando em praça pública contra seus novos inimigos figadais: Banco Central independente, meta de inflação, taxa de juros, Roberto Campos Neto, etc. Cabe dar ao presidente, um velho atirador de facas, o benefício de ter visto o que ninguém viu. Nesse caso, estaria mesmo precipitando uma eventual decisão de Campos Neto de não renovar seu mandato no BC, no fim de 2024. Lula quer que ele saia antes. De preferência, já! Deseja um experimento, melhor um invento de política monetária para chamar de seu. Um Plano Real do Banco Central. Mas, parece às vezes, que o presidente está carregando demais na estratégia do throwing in the towel.
Com a apresentação do pacote fiscal pelo ministro da Fazenda, os impactos do efeito inercial dos juros já se manifestando nas expectativas do aumento de preços, e o inevitável reequilíbrio das cadeias de produção mais fragilizadas pela pandemia, a Selic vai baixar, com Campos Neto ou Lara Resende. No caso, Lula poderá ficar enroscado no mesmo enredo da gestão Meirelles: demorou para sacar o seu presidente do BC “autônomo” e foi obrigado a mantê-lo porque os resultados prometidos surgiram, conforme relata Maria Cristina Fernandes, colunista política do Valor Econômico.
A mesma jornalista chama a atenção de que arrancar de forma autoritária Campos Neto do cargo que constitucionalmente ocupa pode ser mais difícil do que demitir oficiais de alta patente, a exemplo do que Lula fez com o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Campos Neto tem a claque do mercado financeiro, passagem entre os congressistas, respaldo na Lei e apoio corporativo.
Lula detesta quem não preste contas. Um bom exemplo do que arrepia o presidente da República é um tecnocrata com a autoridade do professor Octávio Gouvea de Bulhões, presidente da Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc) – o BC dos anos 60 – e titular do Ministério da Fazenda no governo do general Castello Branco. Consta que, durante a fase mais dura do ajuste econômico do primeiro ano do golpe de 1964, Bulhões recebeu uma visita do então maior empreiteiro do país, Sebastião Camargo. O empresário relatou as queixas e mais queixas dos dirigentes do setor privado em relação ao arrocho monetário. Bulhões, que tinha fama de não se alterar jamais, ouviu calado, com sua expressão de monge. Camargo, então, carregou nas tintas. Disse que dezenas de grandes empresas iriam quebrar, a economia iria pifar e os empresários iriam se jogar pela janela, como aconteceu no período do crash da bolsa de Nova York. Ao que Bulhões respondeu, serenamente: “A janela está logo ali”. Lara Resende, caso ungido, jamais teria uma atitude igual sem conversar com seu ministro ou o presidente. O economista tem o jogo de cintura, aprimorado por passagem bem mais agitada pelo governo no que diz respeito à adoção de teorias monetárias fora da caixa.
De qualquer forma, um sinal da disposição mudancista do presidente é quando ele lança mão do discurso do “nós contra eles”. Se Lula escalar, não é improvável que ele misture bolsonarismo, militarismo e “independentismo” do BC. O bordão da hora é “Autonomia, já, independência, nunca mais!” O presidente não quer só o cargo de Campos Neto ou juros mais baixos, mas um inventor na política do Banco Central que possa marcar sua gestão. A medida parece estar encomendada.
Aguardemos o embate político entre os dois candidatos. André Lara Resende expôs suas ideias há menos de 24 horas, no Programa Canal Livre, da Bandeirantes. Teve espaço para dar uma aula e argumentar, com sua teoria monetária alternativa, que é possível atender tudo o que Lula almeja, mudando o arcabouço do pensamento econômico que hoje rege as decisões do BC. Para Lula deve ter sido uma ópera.
Hoje, daqui a aproximadamente seis horas, Roberto Campos Neto dará entrevista no ao programa Roda Viva, da TV Cultura. É como se o curto intervalo de tempo tivesse sido combinado pelas partes. Vai servir de verificação da maior ou menor flexibilidade do presidente do BC. Sabe-se que Campos Neto já acena com uma meta menor – ainda que o seu menor seja residual, isto é, a manutenção da taxa de 3,25% deste ano para o ano que vem, contra os 3% fixados pelo Conselho Monetário Nacional. Pode ser que Campos modere o tom e acene com um tempo político mais razoável para a queda da inflação e dos juros. Pode ser. Mas os sinais vindos do entorno de Lula indicam que a preferência por Lara Resende é firme. Se não for agora, 2024 promete.
Política
Janja, Dilma, Tebet e Dweck podem formar um conselho particular do presidente Lula
8/02/2023Se Lula fosse o general Macbeth, da tragedia do dramaturgo inglês William Shakespeare, já teria encontrado suas três “bruxas”. Hécate, a feiticeira chefe, seria a primeira-dama, Janja, que, nessa versão palaciana da peça, não necessita do exercício da profecia. Janja simplesmente faz acontecer. As demais “bruxas” seriam Esther Dweck e Dilma Rousseff – ressalte-se que o uso do termo “bruxa” é somente uma estilização, para compor o relato shakespeareano do governo Lula. Dweck, nomeada ministra da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos é notória encrenqueira. Agora mesmo, arrumou uma rusga com a ministra Simone Tebet, tirando colaboradores do seu gabinete. Dilma Rousseff dispensa apresentações. A ex-presidente, hoje uma espécie de ministra sem mandato, é o elo entre Janja e Dweck. A primeira-dama foi funcionária de Itaipu por indicação de Dilma – desconhece-se se Lula teve alguma influência na iniciativa. Quem assistiu à posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES pode testemunhar a deferência de Janja a Dilma. Ela colou na ex-presidente, cheia de mesuras, e a conduziu para ficar próxima a Lula. As duas tricotam quase todo o dia.
Dweck, por sua vez, foi secretaria do Ministério do Planejamento e subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil durante o mandato de Dilma Rousseff. As duas pensam igual, mas a ex-presidente mantém a ascendência sobre sua ex-colaboradora. Dweck é uma das organizadoras do livro “Economia Pós-Pandemia: Desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico”. O pessoal do “tal mercado” que correu para ler as propostas contidas na obra se arrepiou todo. A poderosa ministra da Gestão participou do grupo de transição e esteve presente, juntamente com o diretor de Planejamento Estratégico, de Saneamento, Transporte e Logística do BNDES, Nelson Barbosa, em reuniões com a equipe econômica de Bolsonaro, inclusive com o então ministro da Economia, Paulo Guedes.
Janja vem tentando convencer Lula sobre a conveniência de criação de um conselho, vinculado ao Palácio do Planalto, composto pelas “feiticeiras”. De quebra, haveria uma concessão à presença da ministra do Planejamento e Orçamento, sanando a fricção entre Tebet e Dweck. Caso se confirme a formalização dessa instância de aconselhamento, ela será o mais emponderado conselho da República. Tem potencial para atrapalhar muito as decisões palacianas e infernizar a vida de vários ministros. Mas vamos dar o benefício da dúvida: também pode ajudar, de preferência se os assuntos não envolverem política econômica. Por enquanto, Lula vai escrevendo sua versão da peça teatral anglófona, trocando o regicídio de Duncan, o rei da Escócia, pelo linchamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Certamente, tem o apoio do trio Janja, Dilma e Dweck. Durante anos, Macbeth foi chamada de “peça amaldiçoada”. Posteriormente, foi considerada uma das mais notáveis obras do bardo inglês. Tomara que assim seja com o enredo construído pelo “Macbeth de Garanhuns”. Ao contrário da tragédia original, seja uma peça reconhecida pelo seu sucesso. Neste caso, para a governança do país.
Política
Lula faz da posse de Mercadante o “8 de janeiro da política monetária”
7/02/2023Um dos ensinamentos do ex-ministro Mario Henrique Simonsen era o seguinte aforismo: “Quem não tem o que dizer não tem nada que falar”. Lula não deve ter lido ou ouvido Simonsen. O presidente está falando sobre o que não sabe e não deveria dizer sobre Banco Central independente, juros, câmbio e meta de inflação. O terreno é sensível e envolve uma corrente de transmissão terrível para os mais pobres: baixar a Selic no grito aumenta os juros futuros, afasta os investidores e deprecia o câmbio, o que eleva a inflação.
Desde o início do seu mandato, o impacto das declarações de Lula sobre política monetária e meta de inflação nas mídias foi muito superior ao das declarações moderadas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscando apagar os incêndios. Segundo levantamento exclusivo feito pelo RR, as declarações de Lula descendo a lenha no target de inflação geraram 7.102 notícias desde a posse, contra 2.739 de Haddad tentando acalmar a fúria do patrão. Com relação à Selic, foram 1.884 notícias com o presidente dizendo que os juros teriam de ser reduzidos na marra porque “são uma vergonha”, contra 253 matérias de Haddad tratando suavemente do nível da taxa básica.
Lula fala da ata do Copom e do relatório de inflação do BC. Ele não entende do assunto e nunca leu qualquer uma dessas peças. As intenções do presidente podem até ser boas. Os juros do Brasil estão entre os cinco maiores do mundo há décadas – atualmente estão em 1° lugar. Deveriam, sim, ser motivo de um debate acadêmico consistente. Mas isso teria de ser feito sem arroubos e não com gritaria no auditório do BNDES, como Lula fez, ontem, durante a posse de Aloizio Mercadante.
Lula descasca também a meta de inflação. Outro assunto que não foi feito para ser tratado pela Presidência da República. A meta deveria ser revista, sim. O RR, aliás, tem batido nesta tecla há tempos. Alguns dos maiores especialistas em política monetária defendem a iniciativa. Mas o assunto não deve ser motivo de bravata. Todas essas questões não podem ser antecipadas. Não há por que falar sobre meta de inflação excitando os mercados. Se o CMN (Conselho Monetário Nacional) entender que ela deve ser mudada, troca-se a meta e pronto. Sem alarido prévio.
Os juros, por sua vez, não são um desejo pessoal do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A fixação da Selic é resultante da análise de um modelo que roda centenas de variáveis no campo macroeconômico. O acompanhamento da evolução dos preços de cada produto pelo BC é mais amplo do que a apuração do índice de preços do IBGE. Quem decide sobre o patamar da Selic não é Campos Neto, mas ele e um colegiado. Lula quer que a decisão sobre os juros seja política, o que será um desastre. Era melhor que pensasse que os juros somente aguardam o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária e a segunda fase das medidas de equilíbrio das contas públicas para caírem naturalmente.
É difícil entender o que o presidente pretende. Se quer fritar Campos Neto e tirá-lo do cargo, dessa forma hostil vai criar uma confusão nos mercados que pode levar, inclusive, a um ataque especulativo. O Banco Central independente é um assunto para o Congresso e não para o Palácio do Planalto. Aliás, BC independente ou autônomo é um eufemismo que, em última instância, quer dizer que o primeiro não é manipulável e o segundo, sim. O presidente tem tratado desses temas como se estivesse em um palanque de campanha, esbravejando e gesticulando furiosamente. Deveria falar dessa forma sobre a fome, a gestão hídrica no Nordeste e a tragédia humanitária nas aldeias Yanomami para as plateias respectivas. A postura de Lula é inexplicável. Pode fazer muito mal ao país. E amansar a memória dos desserviços que seu antecessor fez ao Brasil.
Destaque
Lítio entra no radar do governo Lula
3/02/2023Economia
O Paulo Guedes de agora tem muito mais bilhões na cachola
2/02/2023Para onde vai Paulo Guedes? That´s the question. Segundo fontes ligadas ao ex-ministro, ele esperará o prazo da quarentena e voltará à parceria com o irmão, Gustavo Guedes. A mesma fonte do RR diz que o aconselhamento dado a Guedes é para que ele recauchute a antiga operação, tornando-a mais modesta e menos visível. O ex-ministro e seu irmão foram sócios na BR Investimentos. Ambos foram investigados por supostos crimes contra o sistema financeiro no uso de dinheiro de fundos de pensão estatais: Previ, Funcef, Petros e Postalis. A lambança foi enorme. A Previc, órgão fiscalizador dos fundos de pensão, descascou os investimentos feitos pelos “Guedes” na empresa HSM, que gerou um prejuízo de R$ 16 milhões. À época, Gustavo prestou depoimento ao Ministério Público, envolvendo megaempresas, que seriam partners no FIP BR Educacional. Tudo passou como se nada houvesse havido.
A nomeação de Paulo Guedes para o Ministério da Economia teve um papel cleaner em relação aos estranhos acontecimentos que envolviam sua ex-empresa e seu irmão. Gustavo continua sendo o porto de referência, mas Paulo pode muito bem dizer: “Sempre terei Serfaty”. O ex-ministro tem uma história de tapas e beijos – mais beijos, para ser verdadeiro – com o ex-sócio no Banco Pactual, Marcelo Serfaty. Foi no Pactual, ícone dos bancos de investimentos na década de 80, que Paulo Guedes converteu a sua murcha exposição na academia (um complexo que o ex-ministro sempre carregou) em um sucesso estelar na área financeira.
As idas e vindas da trajetória de Guedes como financista daria um filme candidato ao Oscar. O ex-ministro saiu do Pactual, ingressou como sócio na asset JGP – essa, sim, uma história de mais tapas do que beijos. Saiu da empresa e, em um período “de baixa”, foi acolhido pelo “parça” Serfaty. Reza a lenda que foi no escritório do ex-sócio que Paulo, ansioso e sequioso por resultados, perdeu e ganhou uma fortuna. Serfaty foi fundador e CEO da Fidúcia Asset Management. Pouco tempo depois criou o fundo de private equity G5 Partners. Paulo Guedes teria se tornado sócio deste fundo. É nesse ponto que começa um segundo episódio rumoroso. Já em pleno governo Bolsonaro, sem medo de qualquer responsabilização ou dilema ético, o então ministro indicou Serfaty para conselheiro do Banco do Brasil e logo depois para a presidência do Conselho do BNDES. A área de integridade do banco de fomento levantou objeções à nomeação. Mas quem naquele tempo bateria de frente com o todo poderoso ministro da Economia?
Em paralelo, já corria a investigação sobre as relações do fundo G5 Partners – private equity do qual o ex-ministro teria sido sócio com Serfaty – e o BNDES. Ou seja, o dono de um private equity, sócio ou ex-sócio de um ministro poderoso, conselheiro principal do maior banco de desenvolvimento do país, estaria se locupletando com contratos desse mesmo banco. O atual presidente da Petrobras e então senador, Jean Paul Prates, no dia 1° de agosto de 2020, entrou com requerimento de informações pelo Senado Federal sobre o conflito de interesse envolvendo toda a operação. De acordo com fontes ligadas a Prates, o Comitê de Ética do BNDES teria sentado em cima do processo. Pode-se concluir que interesses mais musculosos do que o tímido pedido do senador se levantaram, matando, juntamente com o auge da pandemia, a demanda por esclarecimentos. Naquele momento, Paulo Guedes mais parecia um foguete decolando em direção ao sol.
Recuando alguns anos e retornando ao período de parcerias com o mano Gustavo, ocorre mais uma daquelas coincidências que fazem do mercado financeiro um simulacro das famílias aristocráticas do século XVIII e XIX: todo mundo se conhece e os parentes se casam um com os outros. Serfaty tinha sido coordenador das áreas de planejamento estratégico e pesquisa macroeconômica do Banco Bozano Simonsen, um potentado dos anos 80 e 90. Ele teria feito uma ponte entre Paulo Guedes e Júlio Bozano, um verdadeiro mito entre os banqueiros. Bozano, além de ser uma águia, é um charme só. Mas quem conhece o ex-ministro sabe que na primeira hora ele é simplesmente irresistível. Paulo já estava mexendo com projetos de educação além de operações diversificadas de private equity. Apresentou, então, seu pacote a Bozano. Foi a mistura da fome com a vontade de comer.
Em 2013, faltando pouco mais quatro anos para se tornar o “posto Ipiranga”, Paulo Guedes deixou sua BR Investimentos ser incorporada pelo Grupo Bozano, associando sua grife de enfant terrible à do tradicional banqueiro. A partir daí, já sócio de Bozano, saboreou de tudo um pouco: fundos de ações, multimercados, quantitativos. E mais: operações de private equity nas empresas Estapar, Oba Hortifruti, Hospital Vera Cruz, Ânima Educação, Abril Educação e Amor aos pedaços, só para citar as mais votadas. O resultado desse refogado entre competência e rede de relacionamentos foi que a Bozano, gestora de recursos da qual Paulo era sócio, já administrava recursos da ordem de R$ 2,7 bilhões quando o futuro ministro despontou na aurora da campanha de Bolsonaro. Como há sempre um instrumento desafinado para atrapalhar a orquestra, a Lava Jato entrou no circuito associando o nome da Bozano a compra de dólares no paralelo, através de uma conta no banco Morgan Stanley, em Nova York. Até a Operação ser deflagrada, comprar dólares no black era tão simples como comer um biscoito de polvilho.
Não chegou a faiscar Paulo Guedes, mas para Bozano, o incomodo foi muito maior devido à prisão de um diretor na Operação “Câmbio, desligo”, que apontou o suposto envolvimento da instituição na compra e entrega das verdinhas. Como sempre, tudo se resolveu com bons advogados. Mas e agora José? – corrija-se para e agora Paulo? Para onde vai o performático ex-czar da economia, tão simbiótico com Jair Bolsonaro, que podia ser considerado praticamente uma costela do ex-presidente. Conforme é sabido, o poder de Guedes era tão grande, mas tão grande, que ele se negou a mostrar sua conta bancária offshore não declarada ao Congresso, e ficou tudo por isso mesmo. Paulo Guedes vale hoje um “pré-sal” em termos de informações guardadas na cachola e acessos acumulados durante o seu reinado no Ministério da Economia. Isso ninguém lhe tira.
Mesmo que a quarentena virasse uma década, ninguém proibiria o ex-ministro de recorrer ao bordão de Rick Blaine, no eterno Casablanca: “Sempre terei o mano Gustavo”. Um porto seguro onde Paulo Guedes poderá voltar a operar o mercado, agora com uma potência que vai além da sua decantada inteligência. Sim, a força de quem enxergou tudo, aprendeu tudo, conheceu tudo e todos. Em condições normais, vai ser difícil conter o poder de fogo do financista. O mercado que aguente.
Negócios
O campo está nos calcanhares de Aloizio Mercadante
2/02/2023A Frente Parlamentar da Agricultura pressiona o governo por um aumento dos repasses do BNDES para o agronegócio. Até o momento, o banco reservou cerca de R$ 2,9 bilhões para sete programas de crédito voltados à safra 2022/2023. Os recursos começam a ser liberados hoje. A bancada ruralista alega que os recursos não dão nem para a saída. Um exemplo: a previsão é que os créditos destinados ao financiamento de estruturas de armazenagem se esgotem ainda no mês de fevereiro, dada a escassez de silos no país – no Mato Grosso, o déficit de estocagem atinge metade da safra de grãos. Em tempo: a cobrança por mais dinheiro não vem apenas dos grandes ruralistas, mas também de entidades sociais e cooperativas do setor. Nesse caso, o pleito é por um aumento do crédito do BNDES para a agricultura familiar. O valor previsto para a safra 2022/23 é de R$ 491 milhões.
Destaque
Ministério da Saúde injeta sangue novo na Hemobrás
30/01/2023A ministra da Saúde, Nísia Trindade, iniciou estudos com o objetivo de revitalizar e ampliar a Hemobrás, fabricante de derivados de sangue criada no primeiro mandato de Lula, mais precisamente em 2004. A prioridade é concluir as obras de construção dos 17 prédios previstos no projeto original do complexo fabril da empresa, localizado na cidade de Goiana (PE). Segundo o RR apurou, o governo planeja ainda aumentar a capacidade instalada da estatal: no caso do plasma, por exemplo, a meta é ampliar a produção de 500 mil litros para algo em torno de 700 mil litros por ano.
Nísia Trindade e sua equipe tratam a expansão da Hemobrás como fundamental para reduzir o déficit de hemoderivados no Brasil e a dependência da indústria internacional. Em alguns produtos, as importações respondem por mais de 50% do consumo interno. Somente com a aquisição de imunoglobulina, o governo gasta por ano algo em torno de US$ 120 milhões. O custo e, não raramente, a falta de derivados atingem, sobretudo, a rede do SUS. A situação se agravou durante a pandemia de Covid-19, com o elevado número de internações de pacientes em estado grave e, consequentemente, um boom na demanda por hemoderivados. A expansão da Hemobrás se encaixa ainda no projeto do governo e, mais precisamente do BNDES, de investir no complexo industrial da saúde.
A Hemobrás tem uma trajetória repleta de solavancos. As obras se arrastam desde 2005 e já consumiram mais de R$ 2 bilhões. Ao longo desse período, a estatal foi atacada por “sanguessugas”, leia-se um esquema de corrupção desbaratado, em 2015, pela Operação Pulso, da Polícia Federal. O governo Bolsonaro ensaiou a privatização da Hemobrás, mas, como tantas outras promessas de desestatização, o projeto ficou no papel.
Destaque
Governo Lula ensaia um arriscado remake na indústria naval
27/01/2023A gestão Lula ensaia um preocupante volta ao passado. O governo pretende usar o BNDES e, mais especificamente, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) na proa de um projeto de ressurreição da indústria naval brasileira. A ideia é aumentar o orçamento do FMM e, consequentemente, os empréstimos feitos pelo banco de fomento com recursos do Fundo. O governo enxerga uma oportunidade de estimular a produção de plataformas e equipamentos destinados à instalação de eólicas offshore, segmento que deverá ter uma pesada onda de investimentos no Brasil. Outra proposta em discussão é usar o FMM para fomentar a renovação da frota de apoio à Petrobras – medida que, a julgar pelo track records dos governos do PT, viria acompanhada do aumento dos índices de conteúdo local.
A missão caiu no colo de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No que depender da sua vontade, Alckmin tem outras prioridades à frente da Pasta, como, por exemplo, o complexo industrial de saúde e área de defesa. No entanto, cumprindo os desígnios de Lula, que já manifestou por diversas vezes a disposição de reativar a indústria naval no país, Alckmin tem mantido interlocução com o setor. Segundo o RR apurou, representantes da construção naval já fizeram chegar a Alckmin a proposta de criação de um projeto nos moldes do antigo Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo da Petrobras).
Ao longo do governo Bolsonaro, o Fundo da Marinha Mercante aguou. Entre 2019 e 2022, os repasses do FMM somaram aproximadamente R$ 3,3 bilhões. A cifra liberada em 2020, por exemplo (R$ 350 milhões), foi a mais baixa dos 13 anos anteriores. Nos quatro anos anteriores (de 2015 a 2018), o Fundo da Marinha Mercante havia financiado cerca de R$ 12,6 bilhões em projetos. Isso em um período em que a Lava Jato já havia destroçado boa parte da indústria naval.
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas é difícil entender o que o governo pretende. Por mais que mire em novas oportunidades de impulso à indústria local – como no caso das eólicas offshore -, o projeto de apoio da indústria naval com dinheiro do FMM repete uma política adotada nos governos de Lula e Dilma que deu errado. Muito errado. Mais do que isso: a investida remete a episódios escabrosos com a aplicação de recursos públicos em empresas como Sete Brasil e OSX.
Política
Embaixador em Buenos Aires assume a pleno vapor
27/01/2023O Itamaraty não perdeu tempo. Já costura um encontro do diplomata Julio Bitelli, indicado nesta semana como novo embaixador do Brasil em Buenos Aires, com a equipe do ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa. Em pauta, as primeiras tratativas formais para o possível apoio do BNDES à construção do gasoduto Nestor Kirchner.
Destaque
Americanas é a campeã de empréstimos do BNDES ao varejo
26/01/2023Entre tantos outros pontos até então na penumbra, o escândalo contábil da Americanas joga luz sobre a excessiva generosidade do BNDES com a companhia de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcelo Telles. A enorme diferença entre o volume de recursos disponibilizado pelo banco para a empresa e para suas principais concorrentes causa estranheza. Segundo levantamento feito pelo RR, entre 2002 e 2018 o BNDES liberou para a Americanas R$ 5,529 bilhões, em 12 operações de empréstimo. No mesmo período, Carrefour, Pão de Açúcar, Magazine Luiza e Via Varejo, somadas, receberam do banco um total de R$ 2,497 bilhões, ou seja, menos da metade do crédito concedido à companhia de Lemann, Sicupira e Telles. Entre as big five do varejo, quem chegou mais “perto” nesse intervalo foi o Carrefour, com um total de R$ 1,193 bilhão em financiamentos. Significa dizer que a rede francesa tomou junto ao BNDES apenas 21% da dinheirama obtida pela Americanas entre 2002 e 2018, como mostra a tabela abaixo.
De imediato, os números deixam no ar algumas perguntas: por que coube ao BNDES financiar a instalação de quiosques, por exemplo? Afinal não são as empresas de Lemann e sócios um exemplo de capitalização via mercado? A crítica ao acesso do dinheiro bom e barato do BNDES pelas empresas do varejo não deveria ser feita pelas próprias instituições financeiras que dinamitam o banco desde o governo Lula 2? Por que tanta condescendência com o trio? Não faz sentido desviar recursos de pequenas e médias empresas, infraestrutura e de todo o setor secundário da economia para o varejo. E o que é pior, praticamente uma única empresa do varejo. Trata-se de um setor responsável por mais de 26% do PIB brasileiro, enquanto a indústria segue a passos largos em seu processo de africanização – a indústria de transformação afunda na casa dos 11% do PIB, menor índice desde 1947.
Há outro número que salta aos olhos, conforme o gráfico abaixo. Os acordos firmados entre os “Lemann Brothers” e o BNDES cresceram significativamente ao longo das últimas duas décadas, até chegar à soma de R$ 4 bilhões obtidas em duas operações entre 2013 e 2108.
A maior soma anual de empréstimos foi registrada em 2018, no valor de R$ 2,4 bilhões – do valor contratado, segundo o RR apurou, a rede varejista utilizou efetivamente R$ 1,2 bilhão. A cifra bate o recorde anterior, de 2014, que, por sua vez, bate o recorde de 2010, que, por sua vez, bate o recorde anterior, de 2009. Outro dado chama a atenção e escancara ainda mais o abismo que separa a Americanas de suas concorrentes no ranking de empréstimos da agência de fomento. A partir de 2011, não há registro de novos empréstimos para Magazine Luiza, Via Varejo, Pão de Açúcar e Carrefour.
Ao se colocar uma lupa sobre o volume de recursos liberados pelo BNDES à Americanas, crescem também as dúvidas sobre a própria viabilidade do modelo de negócio da companhia. O objetivo dos empréstimos sugere uma crescente necessidade da empresa de Lemann e cia. de ir ao mercado para financiar o seu dia a dia. Das duas grandes operações de crédito fechadas entre 2014 e 2018, no já citado valor somado de R$ 4 bilhões, aproximadamente R$ 1,6 bilhão tiveram como finalidade declarada, de forma integral ou em parte, o financiamento ou reforço do capital de giro da rede varejista. É justamente onde foi depositado o ovo da serpente das “inconsistências contábeis” traduzidas em um rombo no balanço de ao menos R$ 20 bilhões. Talvez a maior esquisitice nessa relação materna do BNDES com a Americanas não seja especificamente a deferência do banco à varejista, e, sim, o intervalo de tempo em que esses empréstimos se realizaram. A transferência da grana do banco para o bolso corporativo de Lemann e seus sócios, digamos assim, se deu majoritariamente nos governos do PT. Ou seja, os ícones do financismo mamaram nas mesmas tetas que alimentaram, por exemplo, Marcelo Odebrecht e os irmãos Batista, da JBS. No momento, cabe aprumar o BNDES de forma a evitar que esses desvios de prioridade aconteçam e o dinheiro que deveria irrigar a economia física e estratégica do país vá parar nos dutos das “inconsistências contábeis” de espertos que se autointitulam os reis do mercado.
Infraestrutura
Planos de Alckmin passam longe de gasoduto argentino
24/01/2023O possível apoio do BNDES ao projeto de construção do gasoduto Nestor Kirchner, na Argentina, sinalizado ontem pelo presidente Lula, encontra, a princípio, um foco de resistência dentro do governo. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, alimenta outros planos para o setor. Segundo o RR apurou, em encontro na quarta-feira passada, com dirigentes de centrais sindicais, o também ministro da Indústria e do Comércio disse que está empenhado em acabar com a desindustrialização do Brasil e que, para tanto, além da reforma tributária, é preciso oferecer às empresas juros mais baixos, crédito e infraestrutura. Ato contínuo, mencionou a necessidade de investimentos internos na oferta de gás. De acordo com a fonte do RR, Alckmin citou, com eloquência, o gasoduto Rota 1 e Rota 2 da Petrobras (a Rota 3 atrasou e tem previsão de entrada em operação em 2024), que levará o gás do pré-sal à costa brasileira, com alguns trechos passando pelo mar. Alckmin defendeu a construção da Rota 4 e revelou já ter conversado com o seu colega Márcio França, ministro de Portos e Aeroportos, sobre a importância dos investimentos em gasodutos. Foi além, afirmando que ambos esperam a posse de Jean Paul Prates na estatal, para tratarem deste assunto. Segundo ainda o vice e ministro, não faz sentido a reinjeção de gás nos campos petrolíferos, em função da falta de gasodutos que leve o produto às empresas consumidoras.
O governo de Alberto Fernández solicitou um financiamento do BNDES da ordem de US$ 700 milhões para a construção de uma linha do gasoduto Nestor Kirchner, com cerca de 500 km, entre Vaca Muerta, na Patagônia, até a Província de Santa Fé, a nona cidade mais populosa daquele país, na região centro-leste. A partir dali, com outro aporte, o empreendimento traria o gás a Uruguaiana (RS), para em seguida abastecer Porto Alegre. Em dezembro, o banco admitiu que havia conversas sobre a operação de crédito, mas não confirmou o aporte.
Negócios
Marcopolo quer ser a “JBS das carrocerias”
24/01/2023A fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo vai dar partida no seu plano de se tornar a number 1 global do setor. A empresa já opera a segunda maior fábrica do mundo, na Índia, em associação com a Tata. O projeto é buscar mais parcerias estratégicas e financiamentos. A presença de Aloizio Mercadante no BNDES serve de combustível para os planos da companhia. A meta da Marcopolo é tornar-se a “JBS do setor de carrocerias”. É factível. Trata-se de uma das empresas brasileiras mais competitivas, em termos internacionais.
Política
Procura-se um lugar para Izabella Teixeira no governo
24/01/2023O governo Lula ainda busca uma posição “executiva” para Izabella Teixeira, que, em certo momento, chegou a estar cotada para reassumir o próprio Ministério do Meio Ambiente. Uma das hipóteses aventadas é indicá-la como representante permanente do Brasil junto ao PNUMA, o Programa de Meio Ambiente da ONU, posto tradicionalmente ocupado por um diplomata de carreira. Ela acumularia a função com a cadeira no Conselho de Administração do BNDES. Anteriormente, assessores de Lula chegaram a cogitar a nomeação de Izabella para um cargo na estrutura de poder do Ministério do Meio Ambiente, como o comando do Ibama, ou para o Conselho do Amazônia. No entanto, o relacionamento entre a ex-ministra e Marina Silva é meramente protocolar. Ambas têm diferenças históricas que dificultariam a coabitação.
Destaque
Complexo industrial da saúde está na lista de prioridades do BNDES
20/01/2023A ministra da Saúde, Nísia Trindade, receberá um presente do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Um dos setores escolhidos como prioridade na política de investimentos do banco é o complexo industrial da saúde. Nísia é presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Não é de hoje que defende a expansão da instituição para que ela se torne a maior exportadora de vacinas da América Latina. Agora, está há dois passos do paraíso. Ressalte-se que a Fiocruz já tem uma notória inserção no mercado internacional. Por intermédio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), a Fundação figura entre os 15 maiores fabricantes de vacinas para países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2021, por exemplo, exportou mais de 7,4 milhões de doses de imunizantes contra meningite meningocócica e febre amarela. No caso desta última, estima-se que a Fiocruz já tenha comercializado mais de 180 milhões de unidades para aproximadamente 70 países. O apoio do BNDES poderá permitir um salto na fabricação desses produtos, mas, sobretudo, transformar a Fundação em uma fornecedora mundial de vacinas contra a Covid-19, globalmente competitivas. Atualmente, a Fiocruz tem capacidade de produzir, por ano, algo em torno de 180 milhões de doses e exportar até 75 milhões de unidades desse volume.
Nísia Trindade é a pessoa certa no lugar certo para comandar um plano de fortalecimento do complexo industrial da saúde no Brasil. Além da produção de vacinas, a injeção financeira do BNDES poderá se espraiar pela produção de equipamentos e de outros insumos. Um dos projetos com maior potencial de crescimento já está dentro de casa: a fabricante de insulina Biomm, da qual o banco de fomento tem 8,6%. A empresa tem ainda como acionistas uma miríade de fundos e investidores, entre os quais, por sinal, um velho conhecido do PT: o empresário Walfrido dos Mares Guia, que comandou o Ministério do Turismo no primeiro mandato de Lula. Após um início titubeante e uma longa demora para entrar na fase operacional, a Biomm já produz quatro tipos de insulina, além de medicamentos utilizados no tratamento de câncer de mama em estágio inicial e metastático e trombose venosa profunda.
Negócios
Vibra não vê a hora de sair da ES Gás
19/01/2023Uma das primeiras missões de Ernesto Pousada, que assume a presidência da Vibra Energia em 1º de fevereiro, será acelerar as tratativas com o governo do Espírito Santo e o BNDES para a privatização da ES Gás. O processo, coordenado pelo banco de fomento, se arrasta há mais de um ano, com sucessivos adiamentos. A Vibra quer virar essa página ainda neste semestre, tirando a ES Gás do seu portfólio – a distribuidora capixaba é tratada pelo grupo como um negócio menor e não estratégico. A empresa tem 49% da ES Gás, herdada da antiga BR Distribuidora. Os 51% restantes estão nas mãos do governo do Espírito Santo. Consultada pelo RR, a Vibra afirmou que não se manifestará sobre o tema.
Negócios
Fundição Tupy parte para aquisições internacionais
28/12/2022O RR apurou que a Fundição Tupy pretende deslanchar, a partir do ano que vem, um plano de aquisições no exterior. A empresa mira a América Latina. A Tupy já tem duas fábricas no México, além de uma unidade de produção em Portugal. Ressalte-se que a empresa está prestes a “ganhar” dois importantes acionistas: a volta do PT ao poder reduz consideravelmente a probabilidade de o BNDES e a Previ, donas de 50% do capital, venderem suas participações na companhia – movimento ensaiado pelo banco de fomento e pelo fundo de pensão há pelo menos dois anos.
Negócios
Lone Star cobra um pedágio milionário para deixar a Atvos
27/12/2022O Lone Star vai vender caro sua posição na Atvos, antigo braço sucroalcooleiro da Odebrecht. O fundo norte-americano até está disposto a encerrar o contencioso para reassumir o controle da empresa. Mas, para isso, valendo-se do chapéu de credor, quer direito de preferência no pagamento das dívidas da companhia. Os norte-americanos alegam ter mais de R$ 1 bilhão a receber da Atvos. A briga é encarniçada. Conforme o RR antecipou, o Lone Star entrou na Justiça para brecar a transferência do controle da empresa para o fundo Mubadala, costurada pelos bancos credores, notadamente BNDES e Banco do Brasil. Por trás do Lone Star encontra-se o investidor norte-americano de origem irlandesa John Grayken, conhecido no mercado por transformar uma mesa de negociações em um campo de batalha, de onde quase sempre sai como vencedor.
Negócios
Energisa já enxerga o BNDES a seu lado em 2023
27/12/2022Os caminhos da família Botelho, dona da Energisa, vão se cruzar com o de Aloizio Mercadante. O clã trabalha, desde já, com a possibilidade de uma guinada na relação com o BNDES. Sob a gestão de Gustavo Montezano, o banco vinha trabalhando para vender sua participação de 11,3% na Energisa – conforme o RR informou. Agora, o jogo pode virar. Os Botelho já vislumbram um cenário não apenas com a permanência do BNDES no capital, mas como novos aportes da agência de fomento para investimentos conjuntos.
Política
Um pedacinho de Henrique Meirelles no BNDES
26/12/2022A indicação de Alexandre Abreu para uma das diretorias do BNDES deve ser creditada na conta de Henrique Meirelles. Ambos são próximos desde o governo Temer. Foi Meirelles, ex-presidente do Conselho de Administração da J&F Investimentos, quem levou Abreu para ocupar o cargo de CEO do Banco Original, braço financeiro dos irmãos Batista. Antes, quando assumiu o Ministério da Fazenda, Meirelles trabalhou pela permanência do executivo na presidência do Banco do Brasil. Mas, na ocasião, acabou sendo voto vencido: Temer optou pela nomeação de Paulo Rogerio Caffarelli.
Política
Mercadante tentou levar Benjamin Steinbruch para Ministério
23/12/2022O Barão do Aço, Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, foi sondado por Aloizio Mercadante para ocupar a pasta da Indústria e Comércio. Os dois são unha e carne. Mercadante tinha um argumento adicional para o aceite de Steinbruch: sua própria nomeação para o BNDES. “Vamos ser o Pelé e Coutinho do setor”, teria dito Mercadante, que ficaria “subordinado” ao “Barão”. Mesmo com toda essa animação, o convite não colou. Steinbruch argumentou que vive uma fase de decisões estratégicas na empresa e um rolo com familiares para ver quem é dono de que. O curioso é a malha fina entre os empresários que estavam cotados para a Indústria e Comercio: o presidente da CSN era vice de Paulo Skaf, na Fiesp, que agora tenta demolir seu sucessor na entidade, Josué Gomes da Silva, que, por sua vez, foi convidado para o MDIC e não aceitou.
Negócios
Aegea precisa de mais liquidez financeira
23/12/2022A Aegea vai ao mercado. A empresa já estuda caminhos para financiar o plano de investimentos da Corsan, arrematada na última terça-feira por R$ 4,1 bilhões. Entre as alternativas sobre a mesa estão uma emissão de dívida ou voltar ao próprio BNDES, já sob a regência de Aloizio Mercadante. Recentemente, a companhia obteve junto ao banco de fomento um empréstimo de R$ 19,3 bilhões para as suas concessões no Rio de Janeiro. A conta não para de crescer: hoje, a Aegea carrega uma das maiores carteiras de investimentos em infraestrutura do país. Somando apenas a Corsan e as concessões da antiga Cedae, as obrigações de desembolso somam R$ 36 bilhões.
Política
Um revés a mais para Geraldo Alckmin?
21/12/2022Negócios
Um amargo contencioso na Atvos
15/12/2022O fundo norte-americano Lone Star avalia medidas jurídicas para evitar a transferência do controle da sucroalcooleira Atvos ao fundo Mubadala. A operação conta com o apoio dos principais bancos credores da empresa, entre os quais BNDES e Banco do Brasil. Toda a negociação tem sido conduzida à margem da Lone Star, atual controlador da fabricante de açúcar e etanol. O fundo norte-americano tem uma relação conflituosa com os bancos desde que assumiu a Atvos, graças a uma decisão judicial, em dezembro de 2020.
Economia
Uma boa notícia para a indústria nacional: Abdib retorna ao palco do Poder
14/12/2022Política
Mercadante no BNDES não é um bom sinal. Mas podia ser pior
13/12/2022Lula bateu o martelo da nomeação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES na véspera da sua diplomação. A conversa já vinha rolando há um bom tempo, mas o presidente eleito empurrava a definição para frente. A alternativa ao BNDES seria a indicação de Mercadante para a Petrobras. Mas dentro do grupo mais próximo do presidente a nomeação para a petrolífera foi considerada como uma sinalização mais arriscada. O próprio Mercadante concordou. Afinal, o banco de fomento não tem ações em mercado nem o impacto que a estatal tem nas bolsas de valores. Fora o fato de que, pelos notórios eventos pretéritos, a escolha do presidente da Petrobras tem de ser feita com muito carinho.
Havia dúvida como se daria a relação de Mercadante com o futuro ministro da Indústria e Comércio – especula-se que o mais cotado é o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva – tendo em vista o tamanho que o economista possui no PT e junto ao próprio Lula. A pergunta é se o titular do banco não ficaria maior do que o ministro, pilotando um verdadeiro enclave dentro da Pasta. No passado, o excessivo empoderamento do então presidente do BNDES, Guido Mantega, gerou atritos com os ministros Antônio Palocci e Luiz Furlan, além do presidente do BC, Henrique Meirelles. Deu no que deu.
Quanto aos dizeres de Lula de que não fará privatizações, a declaração está em linha com o discurso de campanha e é um recado sobre a linha de atuação que o banco terá sob a gestão de Mercadante. Com certeza, havia outros nomes de gabarito, próximos do vice Geraldo Alckmin e com uma aceitação muito maior pelo mercado. Mas está dado. O sinal não é bom.
Negócios
Venda da Paranapanema é o próximo capítulo de uma saga de fracassos
7/12/2022Os principais acionistas da Paranapanema estudam caminhos para a venda da companhia, que acaba de entrar com um pedido de recuperação judicial. O RR apurou que uma das hipóteses sobre a mesa é a transferência para uma empresa do segmento de não ferrosos. A Paranapanema seria oferecida a preços muito apetecíveis. A título de exemplo: o estatuto social prevê que “a alienação, direta ou indireta, de controle da companhia, tanto por meio de uma única operação, como por meio de operações sucessivas, deverá ser contratada sob a condição de que o adquirente do controle se obrigue a realizar oferta pública de aquisição de ações tendo por objeto as ações de emissão da companhia”. Ou seja: um novo investidor teria de lançar uma OPA para comprar o que ainda restasse de ações em bolsa – a empresa é uma public company, com 100% de free float.
Uma pechincha. Com base na cotação de ontem, o valor de mercado da Paranapanema é de apenas R$ 200 milhões. O papel é negociado ao preço mais baixo dos últimos cinco anos. Apenas nos últimos dois dias, após o anúncio do pedido de recuperação judicial, a ação caiu 23%. Procurada pelo RR, a Paranapanema informou que “não comenta especulações de mercado”.
Qualquer que seja o formato da operação, a transferência do controle da Paranapanema depende de uma costura complexa. O maior desafio é cerzir esse M&A a partir da intrincada teia societária da companhia. Trata-se de um balaio que mistura, entre outros, um banco estatal, a Caixa Econômica, investidores ativistas – Silvio Tini de Araújo e Luiz Barsi Filho -, um grupo da área de mineração, a Buritirama, e uma das maiores tradings do mundo, a Glencore. No entanto, entre os próprios acionistas, há um entendimento de que a recuperação judicial é apenas um paliativo. A Paranapanema precisa de um novo dono e de uma nova gestão. Precisa, sobretudo, de uma forte injeção de capital, algo que os atuais sócios não estariam dispostos a fazer.
Está para surgir no Brasil uma corporação com tamanha coleção de ziguezagues e de fracassos quanto a Paranapanema, ao menos nas últimas duas décadas. A exceção à regra são os primeiros anos, quando a companhia ainda estava nas mãos de seus fundadores, Octávio Lacombe, José Carlos de Araújo e Aloysio Ramalho Foz. Originalmente, a empresa era voltada à construção civil. A inflexão para a mineração veio na segunda metade dos anos 1960, notadamente a partir de 1969 com descoberta de minério de estanho na Amazônia. No início da década de 1970, a holding criou a Taboca, voltada à extração de cassiterita, e a Mamoré, dedicada à metalurgia do estanho e suas ligas. Em 1974, veio a primeira grande reviravolta, com a compra do grupo pelo BNDES. A promessa de construção de um grande grupo privado da área de mineração dava lugar a um projeto de Estado. Ou, como se veria nos anos seguintes, um projeto às custas do Estado.
Em 1995, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, ocorreu a segunda grande rearrumação da Paranapanema sob a regência do governo federal e com recursos públicos, ainda que indiretamente. A “operação salvação” foi conduzida por um consórcio de fundos de pensão, à frente Previ, Petros e Funcef. Contando apenas o intervalo entre 1995 e 1997, as fundações e o próprio BNDES injetaram algo em torno de US$ 600 milhões para garantir a sobrevivência da empresa. À época, essa intervenção hospitalar do governo FHC foi acompanhada ainda da incorporação da Caraíba Metais e da Eluma, ambas do segmento do cobre, e da Paraibuna, que operava no mercado de zinco, pela Paranapanema. Àquela altura, a companhia já havia consolidado a fama de “mico” tamanho King Kong, um poço de dívidas e prejuízos.
Mais recentemente, um a um os fundos de pensão foram abandonando o barco – a Previ, dona da maior participação, deixou o negócio em 2019. Nos últimos anos, os gestores da Paranapanema foram adiando o inadiável, até que, na semana passada, a empresa entrou com o pedido de recuperação judicial. A companhia busca a proteção da justiça para negociar um passivo da ordem de R$ 450 milhões – no início do ano, já havia fechado um acordo com dez credores financeiros para o alongamento de uma dívida de R$ 2,6 bilhões. Contabilizando-se apenas os últimos cinco anos, a empresa teve um prejuízo acumulado de R$ 2,1 bilhões. A Paranapanema de hoje é igual à Paranapanema de quase sempre.
Política
O mercado não dá brecha para Haddad
25/11/2022Não foi ainda dessa vez. A bênção à eventual indicação de Fernando Haddad ao Ministério da Fazenda que deveria ser dada com o almoço de hoje na Febraban não aconteceu. Não que os mercados tenham esfarelado, mas as primeiras reações não foram das mais favoráveis: neste momento, o Ibovespa cai 2,8% e o dólar chegou a R$ 5,39. Ainda assim, até o início da tarde, diversas casas do setor bancário cravavam Haddad para o cargo de ministro da Fazenda do futuro governo Lula. Ele não viria sozinho, mas em duo para condução da política econômica na qual estaria incluso o economista Pérsio Arida, assumindo o Ministério do Planejamento. Se o Planejamento não for empoderado, parece pouco para Arida. A divisão de poder e trabalho terá de ser construída em sintonia fina. Fala-se por exemplo que o BNDES e demais bancos de fomento estariam vinculados a Arida. Ele teria um papel importante na alocação mais eficiente dos recursos públicos. A ver.
Em tempo: um dos assessores mais previsíveis de Fernando Haddad, caso assuma a Fazenda, seria o economista Marcos Lisboa, que já foi secretário de Política Econômica no primeiro mandato de Lula. Ao que consta, no entanto, Lisboa já anunciou que passa essa. Não topa a missão. Queria voos mais altos. O atual secretário da Fazenda do governo de São Paulo, Felipe Salto, seria uma pule de dez para a secretaria do Tesouro. Só que, nesse caso, Salto não está sozinho na disputa. Outro nome no páreo é o de Bernard Appy, economista tributarista autor da PEC 45, que apresenta as diretrizes para a reforma tributária e está mofando no Congresso. Appy, ressalte-se, teve passagem importante pelo governo Lula, quando ocupou a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e a Secretaria Extraordinária de Reformas Econômico-Fiscais. A competentíssima economista Vilma Pinto, diretoria da IFI (Instituição Fiscal Independente), também está cotada para a Secretaria do Tesouro.
Finalmente, teria uma posição de destaque na equipe o professor da Unicamp Guilherme Mello, 33 anos. Mello é uma estrela em ascensão e impressiona pela conjugação de preparo técnico e juventude. Lula acha a maior graça no menino.
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As interrogações que cercam os R$ 115 bilhões do FAT
23/11/2022A reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), marcada para daqui a pouco, às 14h, promete ser quente. Sobretudo do lado dos representantes da área sindical no colegiado. O Plano Estratégico do FAT para o período 2023-2026, que será apresentado no encontro, foi elaborado sem qualquer discussão com a equipe de transição do futuro governo. Segundo um conselheiro ouvido pelo RR, a tendência é que, a partir de janeiro, com uma nova composição, o Codefat refaça as contas e remaneje suas verbas. O que está jogo é a gestão de um dos maiores orçamentos públicos da esfera federal: a PLOA em tramitação no Congresso envolve recursos do FAT da ordem de R$ 115,9 bilhões apenas para 2023. Para as duas principais rubricas, o Seguro-Desemprego e o Abono Salarial, estão reservados, respectivamente. R$ 44,4 bilhões e R$ 25,5 bilhões. O orçamento do FAT prevê ainda o repasse de R$ 23,6 bilhões ao BNDES.
Negócios
Empréstimo da Embraer já estava “precificado”
18/11/2022Corre no mercado que um grande banco de investimento brasileiro entrou pesado na ponta compradora de ações da Embraer na quinta e sexta-feira da semana passada. Nesses dois dias, a média de negócios com o papel foi de R$ 184 milhões. Esse valor foi 74% superior à média do volume movimentado nos dez pregões anteriores (R$ 105,6 milhões). A forte investida da instituição financeira chamou ainda mais a atenção do mercado pelo seu, digamos assim, poder preditivo: na segunda-feira seguinte, dia 14, o BNDES anunciaria um empréstimo de R$ 2,2 bilhões à Embraer. Desde a quinta passada, dia 10, quando o premonitório banco iniciou a pescaria de ações, o papel acumula uma alta de 12%.
Destaque
Ometto desponta como uma grande “potência energética” no próximo governo
14/11/2022O controlador da Cosan, Rubens Ometto, é candidato a ser no governo Lula, na área de energia renovável, o que a JBS se tornou na cadeia de proteína, a partir de primeira era do PT. Há fortíssimas ressalvas na comparação. Ometto vai colocar o grosso do dinheiro do seu bolso, e não da torneira financeira do BNDES. Quanto à diferença de métodos para obtenção de recursos entre o dono da Cosan e os irmãos Batista, controladores da JBS, a Lava Jato já contou o que havia para contar sobre esses últimos. O prestígio de Ometto com Lula é tanto que possivelmente ele seria guindado a um Ministério caso somente acenasse com a ideia ao amigo. Segundo o RR apurou, o presidente eleito pretende se reunir com Ometto ao voltar da COP 27, no Egito. Será um dos primeiros encontros de Lula com um empresário após a eleição, o que dá a medida do estreito relacionamento do dono da Cosan – ressalte-se que ambos já tiveram duas conversas reservadas durante a campanha. Ometto é visto como um personagem fundamental para os planos do novo governo de estimular fortemente a produção de energia limpa e de combustíveis verdes no Brasil. Ele é um cala boca para os críticos de que o governo Lula quer trocar a seiva do investimento privado pelo subsidiado investimento público.
Vai ter muita grana do empresariado para as renováveis. Os números falam por si: na semana passada, a Raízen – joint venture entre a Cosan e a Shell – anunciou um investimento de R$ 6 bilhões na construção de cinco plantas de etanol de segunda geração. As atenções se voltam também para o hidrogênio verde. A Raízen desponta, desde já, como um dos potenciais candidatos a liderar alguns dos maiores projetos do setor no Brasil. O grupo fechou recentemente uma parceria com a USP com objetivo de desenvolver uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde. E se alguém tem álcool de sobra no país é a dobradinha entre a Cosan e a Shell: são 35 usinas, com capacidade de produção de 3,5 bilhões de litros por ano.
Fosse em outros tempos, o próprio Ometto e a Raízen seriam fortes candidatos a “cavalos vencedores”. A repetição desse velho modelo está fora de cogitação para o próximo governo Lula, conforme o RR já adiantou. O que não quer dizer que a Raízen não possa se favorecer de uma nova estratégia de incentivos para o aumento da inserção internacional do Brasil, focada em produtos – caso da energia verde – e não em empresas.
Política
O que falta a Fernando Haddad para ser digerido pelo mercado?
8/11/2022Causa estranheza o mau humor do mercado com a possível indicação do ex-prefeito Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda. Haddad tem mestrado em economia, experiência em gestão pública e foi professor do Insper, celeiro de economistas como Marcos Lisboa e Samuel Pessôa. Haddad seria uma espécie de Fernando Henrique de Lula, feitas as devidas ressalvas em relação à excepcionalidade do citado. Ontem, o dólar subiu 2,2%, com a alta bastante atribuída às especulações em torno do nome de Haddad para o cargo. Hoje, até o início da tarde, declinava em 0,5%. Pode sempre ser um ajuste de posições, pois existe uma série de variáveis influenciando no momento nas cotações – eleição norte-americana, guerra entre Rússia e Ucrânia, variação do preço das commodities, situação institucional do país e mesmo as dúvidas em relação a formação da própria equipe econômica. O Ibovespa, ontem, parece ter combinado sua variação com o câmbio: caiu pouco mais de 2%. Hoje, já sobe 1,29%, com a alta explicada pelas boas notícias vindas da Vale. Os índices e cotações de hoje foram registrados no horário de 14h23.
O RR fez um exercício para identificar o espaço de Fernando Haddad na mídia, em citações positivas e negativas, cobrindo 30 mil veículos entre impressos, onlines e TVs, no intervalo de 11 de maio até hoje. Haddad disparou na curva, com 113.350 menções, mais do que o dobro do segundo colocado, o ex-governador da Bahia, Rui Costa, com 51.720 citações. Sim, é isso mesmo: Rui Costa é o segundo da lista. Outra visão é que o mercado não é um ente tão intangível e estaria trabalhando colegiadamente para um outro nome para a Fazenda. Detonar Haddad seria uma forma de influir a indicação, não esquecendo que o personagem que está na língua dos agentes financeiros é Persio Arida.
Arida parece o mais talhado para o cargo de ministro da Fazenda. O economista, um dos pais do Plano Real, tem uma excelente formação acadêmica no Brasil e no exterior, passagem pela presidência do BNDES, foi conselheiro formal e informal em toda a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi banqueiro – há quem diga que banqueiro, assim como general, padre e juiz, mesmo deixando a função jamais perde o nome de tratamento. Tanto participou de reuniões do comitê econômico da campanha de Lula como está escalado para o comitê de transição do governo Bolsonaro para o do presidente eleito.
Há quem diga que Pérsio Arida não é o que se chama de “operacional”. Mas, nos últimos tempos, o que conta é a equipe econômica do ministro, o que virá em um segundo tempo da partida. Outra curiosidade: a pesquisa do RR revela que a indicação de Pérsio Arida não é um sentimento geral – ele está no fim da fila entre os ministeriáveis especulados para o comando da economia, com apenas 8.181 citações no mesmo período supracitado. Portanto, somente competência pretérita e salamaleques, na prática, não são necessariamente os atributos que contam para a indicação do ministro.
Outros nomes têm sido insistentemente citados para a gestão da política econômica do país. São eles: Henrique Meirelles, Wellington Dias, Alexandre Padilha, Rui Costa e Camilo Santana, não necessariamente nessa ordem de presença constante na mídia. Meirelles dispensa apresentações, mas vamos lá: banqueiro, presidente do Banco Central e ministro da Fazenda. Outra curiosidade: Meirelles, com 18.992 citações, está, em um para lá de inesperado, terceiro lugar no fim da fila, sentado somente na cadeira da frente de Pérsio Arida e atrás de Alexandre Padilha, com 10.787 menções. Wellington Dias, ex-governador do Piauí, assina seu currículo de forma suscinta: bancário, político e escritor. É quem mais dá declarações sobre a futura política econômica do governo Lula. Alexandre Padilha tem em comum com o ex-ministro Antônio Palocci o fato de ser médico. Foi ministro de Relações Institucionais no governo Lula e ministro da Saúde na gestão Dilma Rousseff. Sabe tudo de política. É o terceiro colocado na pesquisa do RR para o cargo de ministro, com 22.771 citações na sondagem.
O “segundão do ranking”, Rui Costa é graduado em economia, trabalhou como consultor de projetos na petroquímica e é um político” PT de raiz”. Ao que indica a pesquisa, pode já estar com um pé na Fazenda. Finalmente Camilo Santana, que segue no último lugar da fila. Santana tem características especiais para o cargo em um momento que o meio ambiente e as commodities parecem ser um quesito importante para qualquer função. É engenheiro agrônomo, professor, foi secretário de desenvolvimento agrário e posteriormente formou-se como mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, além é claro o posto de governador do Ceará. Santana ficou na fila do meio na sondagem, com 17.555 citações.
O que pode se depreender da análise é que os nomes para a Fazenda que estão na “boca do povo”, aliás, na boca da mídia, têm forte trajetória política e não são os medalhões do mercado financeiro. De qualquer forma Lula e Alckmin tem a palavra final.
Destaque
Um abismo fiscal espera pelo presidente Lula
31/10/2022Acabou a eleição. Agora é que são elas. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva terá de administrar um rombo nas contas públicas que pode superar os R$ 3 trilhões, nos quatro anos de governo. Trata-se de um abismo que foi praticamente ignorado na campanha eleitoral, talvez pelo medo dos candidatos de que, parafraseando Friederich Nietzche, o abismo olhasse de volta. De forma extremamente conservadora e deixando de lado qualquer aumento do salário-mínimo para além da inflação, está em pauta um fosso já na casa dos R$ 450 bilhões, não contemplados pela Proposta de Lei Orçamentária (PLOA) 2023. Para chegar a esse valor leva-se em conta o aumento do Auxílio Brasil; a postergação do pagamento de precatórios; os prometidos reajustes ao funcionalismo público; a revisão da tabela do imposto de renda; o peso dos juros sobre a dívida pública; a suspensão de dívidas e compensação aos estados pela redução do ICMS; a garantia do piso da enfermagem e o risco imediato com decisões prejudicais ao governo na Justiça. Caso esses gastos se concretizem, seria quase uma segunda pandemia nas contas públicas. Nada que um precatório hiper vitaminado não resolva ou – quem sabe? – a “milésima” PEC. Mas o problema permanece pendente como uma espada sobre a cabeça da Nação. Os precatórios apenas adiam os passivos, mas não a percepção de que há um risco de insolvência diferido no tempo.
Não é preciso nenhuma devassa no governo para entender a dimensão da encrenca criada, em boa parte para “financiar” a reeleição, como se não houvesse amanhã. Ou como se o amanhã decorresse, por geração espontânea, da cabeça do “Posto Ipiranga”, cuja inegável capacidade – e interminável autoconfiança – só podem ser superadas pela verve diante de plateias que querem ouvir o que ele quer dizer, independentemente do que ele diga.
A Proposta de Lei Orçamentária (PLOA) 2023 tem mais buracos do que um queijo suíço – ver RR de 20 de outubro. E olha que, para viabilizá-la, sem mexer no orçamento secreto, já foram desencavados tostões de todos os lugares possíveis e inimagináveis, como o programa Farmácia Popular e até os recursos para a merenda escolar; além de previsto um déficit de R$ 63,7 bilhões. Façamos os cálculos. De acordo com os boletins macro do FGV Ibre, a soma do aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil, o reajuste do funcionalismo do Executivo pela inflação e a revisão das despesas discricionárias significarão um gasto de R$ 120 bilhões, cerca de 1,2% do PIB. Desse total, foram incluídos na PLOA apenas R$ 11,6 bilhões para os servidores do Executivo, valor insuficiente até para um aumento linear de 5% (que custaria entre R$ 14 bilhões e R$ 17 bilhões). Vale lembrar que o governo enfrentou, em 2022, greves de funcionários do BC e da Receita, que buscam reajustes na casa dos 20%, e prometeu para o ano que vem a restruturação de carreiras da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
A PLOA 2023, é verdade, prevê a manutenção das desonerações sobre os combustíveis, para a qual destina R$ 52,9 bilhões, junto a uma reserva de R$ 27,2 bilhões para “demais desonerações”, em um total de R$ 80,1 bilhões. Ocorre que, além engessar ainda mais o orçamento, eliminando qualquer flexibilidade possível, os valores ficam abaixo das projeções e não incluem a prometida revisão na tabela do imposto de renda para pessoas físicas. Também segundo o FGV Ibre, esse total daria, por baixo, R$ 86 bilhões.
Não para por aí – longe disso. Mesmo com a interrupção no ciclo de alta, a elevação da taxa de juros já implementada pelo BC aumenta pesadamente o custo da dívida pública, fator que, “acoplado” à suspensão de pagamentos de parcelas da dívida dos estados com a União, pode ter um custo fiscal de R$ 77 bilhões. Segundo a projeção mais recente do FMI, a relação dívida bruta/PIB vai fechar 2022 em 88,2%, abaixo do índice de 93% registrado em 2021. No entanto, também de acordo com a estimativa do Fundo Monetária, voltará a subir em 2023 (89,9%) e vai se manter acima dos 90% nos quatro anos seguintes. O aumento percentual não chega a assustar quando no início do governo se esperava que ela batesse em 100% do PIB. Mas, com a disparada da inflação e alta dos juros pelo Banco Central, o passivo interno bruto se tornou 49% mais caro. Há quem diga que dívida é para se rolar. Mas, na percepção da insolvência do país e na avaliação das agências de rating, não é assim que se joga o jogo.
Como desgraça pouca é bobagem, ainda estão pendurados nessa conta o pagamento de precatórios, postergados via PEC, e a compensação aos entes federativos pela redução do ICMS sobre combustíveis, energia, transportes e telecomunicações. Uma facada da ordem de módicos R$ 144 bilhões. Sem falar nos custos para garantir o piso da enfermagem, que contam com mobilização do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, declaradamente em busca de ao menos mais R$ 7 bilhões para compensações. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, para tanto serão necessários repasses de R$ 10,5 bilhões da União, por baixo.
Ao mesmo tempo, a peça orçamentária apresentada pelo governo, para lá de otimista no que se refere ao crescimento do PIB em 2023, que estima em 2,5%, diante de uma projeção de 0,63% do último Boletim Focus, prevê uma queda de arrecadação de 22,9% do PIB, em 2022, para 21,2%, no ano que vem.
Para não se cometer uma injustiça, importante salientar que a PLOA projeta a redução do preço das commodities e só inclui receitas de concessões de ativos já destinados ao setor privado. Frente à instabilidade internacional e, sobretudo, à lentidão das privatizações no atual governo – e sua virtual paralisação na gestão Lula – é melhor do que nada, mas está a anos luz de ser motivo para tranquilidade.
Tudo isso, entretanto, abarca somente questões já consolidadas. O abismo pode atingir profundezas insondáveis. Explica-se: o risco fiscal calculado pelo próprio governo federal, em função de decisões judiciais negativas no radar, atingiu seu momento mais delicado dos últimos dois anos. De acordo com balanço de agosto, chega-se a um montante de potenciais R$ 2,6 trilhões de prejuízos aos cofres públicos, o que significa um aumento de 66% em relação ao estimado em março. É claro que o valor seria diferido no tempo, mas funcionará como uma guilhotina sobre a cabeça do Executivo – qualquer um que venha a assumir em 2023.
Para piorar, o principal componente desse montante vem da chamada “revisão da vida toda”, que muda o cálculo das aposentadorias no INSS no período anterior a julho de 1994. O STF ainda não oficializou o resultado do julgamento, mas já formou maioria em benefício dos aposentados. Uma facada de R$ 480 bilhões no pior cenário, segundo os técnicos do governo, e de R$ 48 bilhões no melhor.
A equação não fecha, independentemente do prisma em que se observe. O STF decidiu por unanimidade destravar mais de 15 mil processos para assegurar vagas de educação infantil a todas as crianças de zero a cinco anos, seja em creches, seja pré-escolas. A União vai sofrer, porque a arrecadação dos entes federativos no final também cai no seu colo, mas menos do que os municípios. O total da conta alcança R$ 120 bilhões. A garfada vai se somar às perdas dos estados, cuja redução de R$ 84 bilhões na receita com as perdas do ICMS promete prosseguir arrombando o cofre das unidades federativas, principalmente devido à manutenção da medida, em 2023, a esperada redução da inflação no futuro calendário e a aguardada desaceleração da economia.
Tem-se ainda alguns outros amargos acepipes; coisa pequena, mas não desprezível. Uma Medida Provisória aprovada pela Câmara, e em discussão no Senado Federal, joga um custo extra de pelo menos de R$ 4,5 bilhões por ano, durante três décadas, na conta de luz dos brasileiros. Originalmente, a medida tratava apenas do ICMS sobre combustíveis, mas foi serpenteando na Câmara até aumentar os subsídios nas contas de energia.
Em tese, não há mais termômetro fiscal no governo. O Ministério da Economia afirma que as contas vão bem, obrigado, projetando um superávit para este ano. Mas que superavit? Com a receita dos estados inflada pela carestia? Com a última parcela da mesada do BNDES, de R$ 50 bilhões, decorrente de uma interpretação ainda controversa das operações entre o Tesouro e o banco (é a penúltima tranche, que o governo correu para que fosse paga antes do fim das eleições)? Com PECs e mais PECs e dinheiro que é transferido para cá e para lá. Há ainda uma dívida passiva, cujos números até mesmo as autoridades fiscais têm dificuldade de esquartejar.
Haja PEC.
Infraestrutura
Um verniz na lataria
31/10/2022Entidades da área de transporte de cargas têm pressionado o Ministério da Infraestrutura. Cobram a regulamentação do Programa Renovar, criado há mais de um mês para estimular a renovação da frota de veículos pesados no Brasil. Sem as normas, nada anda, a começar pela disponibilização das linhas de crédito pelo BNDES.
Acervo RR
Ajuste fiscal
19/10/2022A ordem no BNDES é fechar a venda da participação acionária de 11,3% na Energisa ainda neste ano. Ou seja: a tempo do valor, estimado em cerca de R$ 2 bilhões, ser contabilizado no balanço de 2022.
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Bolsonaro e Lula miram na redução do câmbio
17/10/2022Um refresco cambial é o que os arautos da área econômica de ambos os candidatos à Presidência pretendem usufruir no início do seu governo. Todos preconizam uma inflexão no valor da moeda. Um dólar cotado na faixa de R$ 4,00 seria a meta. Mas ninguém pensa em mexer no tripé macroeconômico. Nem apreciar o real artificialmente, vendendo um pouquinho das reservas cambiais, usando de operações de swap, ou coisas assim. Não é disso que se trata. O governante que vier vai vender Brasil. Na equipe econômica de Lula há o entendimento de que o anúncio de medidas ambientais fortes – inclusive, com projetos de investimentos “limpos” na Amazônia – e um pacote vultoso de empreendimentos voltados à área de energia renovável, tendo a Petrobras e o BNDES como parceiros, trarão um caminhão de dinheiro.
Ainda mais se o petista for o garoto propaganda das medidas no exterior. Lula vende bem. A lógica virtuosa é a mesma de sempre: dólar entrando, real valorizando e inflação caindo. Bolsonaro já iniciou o mesmo movimento. Paulo Guedes aproveitou a reunião do FMI, em Nova York, para vender o Brasil. Apresentou, em diversos encontros com os bancos, a “espetacular” agenda de resultados macroeconômicos do governo: PIB subindo, desemprego e inflação caindo, superavit primário e dívida bruta sob controle.
Se o câmbio cair, melhoram todas as variáveis. Guedes quer que o governo faça marketing no exterior, que trate com ufanismo nossos triunfos: energia renovável e commodities agrícolas, principalmente – o ministro já pisou e repisou que o Brasil é o garantidor da segurança alimentar do mundo. Mas o tiro de maior calibre que Paulo Guedes pretende dar é a privatização da Petrobras. A equipe econômica considera que a operação amassaria o câmbio. O combo inclui também um número de concessões superior ao do “primeiro” governo Bolsonaro. Guedes sempre repete que tem muito dinheiro voando no mundo e que o Brasil, além de ter feito seu MBA em concessões na gestão do coronel Tarcísio Freitas no Ministério da Infraestrutura, reúne os ativos naturais que todos querem. Boas intenções, ideias animadoras, mas de complexa execução. Um real comportadamente apreciado todo mundo quer. A ver quem saca do coldre a tão difícil previsibilidade.
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Lula vai soltar algum spoiler na economia?
5/10/2022O comitê da campanha petista pressiona Lula a antecipar nomes da sua equipe econômica e anunciar propostas concretas, tudo o que o candidato não fez até o momento. Essa mobilização é um reconhecimento de um equívoco. Sob certo aspecto, Lula desdenhou da realidade eleitoral ao não assumir riscos e não dar pistas de sua política econômica na disputa do primeiro turno. Não são discussões em linha reta. Dentro do PT, há estratégias e propostas distintas, defendidas pelas diferentes correntes de pensamento econômico que foram se aninhando na campanha de Lula. A eminência parda da área econômica no partido, Aloizio Mercadante, defende que o candidato anuncie medidas mais afeitas ao ideário histórico do PT. Entrariam nesse rol o aumento do salário-mínimo, a promessa de correção da remuneração do funcionalismo público e a garantia de constitucionalização do Bolsa Família, que Lula promete recriar no lugar do Auxílio Brasil. Ou seja: o benefício passaria a ser uma ação de Estado e não do governo da ocasião. Mercadante entende, inclusive, que Lula deve explorar ao máximo essas propostas nos debates eleitorais do segundo turno. A premissa é que são medidas que Jair Bolsonaro não seria capaz de “bidar”. Ou seja: seriam ativos quase exclusivos do candidato do PT.
Por sua vez, Geraldo Alckmin defende um discurso mais ameno, voltado a crescimento, linha que encontra eco em Andre Lara Resende e Pérsio Arida, colaboradores na formulação do programa econômico petista. O duo “Larida” seria da opinião que Lula deve esmiuçar propostas para estimular investimentos, especialmente na área de infraestrutura, e fomentar a criação de frentes de trabalho.
Lula sempre foi da opinião que nome de ministro e política econômica só se anuncia depois da eleição. Foi o que fez em seu primeiro mandato, divulgando a nomeação de Antonio Palocci somente no dia 12 de dezembro de 2002, portanto um mês e meio após a vitória nas urnas. No entanto, a redução da diferença para Jair Bolsonaro no primeiro turno – bem inferior à apontada pelas pesquisas – joga um fator de pressão para que o petista antecipe fatos. Até como forma de conter especulações que, a essa altura, levam mais tensão à campanha petista. Nos últimos dias, surgiram rumores no mercado de que Lula estaria propenso a indicar um economista “puro-sangue” do PT para o Ministério da Fazenda. Nesse caso, o futuro ministro sairia da “lista tríplice” formada por Aloizio Mercadante, Guilherme Mello e Gabriel Galípolo.
Mercadante é uma espécie de decano dos economistas do PT, colaborador histórico de Lula e, por isso mesmo, talvez o nome com maior suporte político dentro do partido. Mello e Galípolo, por sua vez, são estrelas em ascensão. Com a mesma idade, 39 anos, ambos se destacaram durante a campanha como dois dos principais formuladores do programa econômico de Lula. Mello, da Unicamp, já disse que o governo Lula pretende revogar o teto de gastos e criar um novo arcabouço fiscal. O que isso significa? Pouco ou nada se sabe, o que só ajuda a alimentar tensões no mercado.
Já Galípolo tem uma trajetória, digamos assim, menos convencional para o perfil dos economistas historicamente próximos ao PT – ainda que seja um colaborador de Mercadante há mais de dez anos. Formado pela PUC, foi CEO do Fator, o que, em tese, talvez o coloque em uma situação de vantagem, como um nome um pouco menos rascante para o mercado. Galípolo também é próximo de Luciano Coutinho, o que em parte explicaria as especulações do seu nome para um BNDES vitaminado – ver RR de 5 de setembro.
Em conversas com assessores próximos a Lula, o RR apurou que, apesar de eventuais pressões do partido, Lula pende para a saída mais desejável pelo mercado, leia-se um Ministério “PTucano”. Na prática, a construção desse staff já vem surgindo aos poucos, de forma gradativa – em uma combinação antecipada pelo RR ao longo dos últimos meses. Geraldo Alckmin segue como forte candidato ao Ministério da Fazenda – como informou a newsletter no dia 19 de setembro. Dentro do próprio PT, ressalte-se, há focos de resistência ao nome de Geraldo Alckmin – e, consequentemente à “tucanização” da economia. Um dos argumentos é que o vice-presidente da República não seria um ministro demissível. Tudo tem seu jeito. Alckmin pode até não ser “demissível”, mas seria perfeitamente “deslocável”, caso assim fosse necessário. Por essa linha, Lula formalizaria também a presença de André Lara Resende e Pérsio Arida em sua equipe econômica. É outro movimento que não vem de hoje. Em março de 2021, mais precisamente na edição do dia 16, o RR foi o primeiro veículo a noticiar a aproximação de Lara Resende e Lula e a possibilidade do ex-tucano integrar um eventual governo petista.
O RR não acredita que Lara Resende seja o escolhido para o cargo de ministro. O mercado financeiro se ressentiria da escolha, em razão das suas “novidadeiras” teorias monetárias. Mas ele será um importante colaborador de Lula na formulação da política econômica, o que já foi endossado pelo próprio petista. O mesmo se aplica a Pérsio Arida, outro nome egresso do ninho tucano, que também confirmou sua colaboração com o comitê responsável pelo programa econômico e igualmente se achegou a Lula pelas mãos de Alckmin. A presença de Lara Resende e Arida traz para o governo petista o ativo da maior revolução monetária do país, com o fim da hiperinflação. Ou seja: Lula pode capitalizar o fato de que arregimentou das antigas fileiras tucanas a dobradinha que ajudou a idealizar o Plano Real e a resolver o maior problema do povo: a carestia. Mesmo que o petista não tenha apoiado o Real na sua origem.
O regra três da área econômica de Lula é, como sempre foi, seu ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Seu apoio a Lula não teria sido uma decisão destituída de qualquer acordo ou interesse. Meirelles é quindim do mercado. A newsletter aposta que seu nome está guardado para a saída de Roberto Campos Neto da presidente do BC daqui há dois anos – ver RR de 9 de setembro. Campos Neto já afirmou que não se recandidatará, o que também é o desejo do PT. Meirelles estaria sentado no Conselho da controversa corretora de criptomoedas Binance, aguardando a convocação. Será, então, o mais longevo presidente do BC e joia rara dos três governos Lula. Mas Meirelles não é papo para a campanha eleitoral. Os atores agora são outros.
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Esse trem vai sair?
30/09/2022Entreouvido pelo RR no BNDES: a espanhola Acciona teria interesse na privatização da CBTU-MG e do metrô na Grande Belo Horizonte. O leilão está marcado para o apagar das luzes de 2022 – e talvez do governo Bolsonaro: 22 de dezembro
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Os dados já estão rolando para o Ministério de Lula
19/09/2022Ainda que seja eminentemente especulativo, devido à decisão do próprio Lula de omitir os nomes dos candidatos, o futuro Ministério de um eventual governo do PT já tem uma costura inicial. O ex-presidente é useiro e vezeiro em afirmar que ministro se anuncia depois que se ganha a disputa. Não é um consenso nem entre seus assessores mais próximos. Trata-se de uma das informações mais relevantes desse período eleitoral. Ela é determinante para sancionar a maior ou menor credibilidade de Lula, pelo menos junto a um espectro com grande poder decisório na iniciativa privada. Mas o candidato petista não larga o osso. O coletivo mais quente dos mais votados vai de um “museu de velhas novidades” até um balaio de “surpresas surpreendentes” – o RR de 30 de agosto antecipou alguns poucos nomes. O mais recente rumor é uma “velha e oportuníssima novidade”: o upgrade de Marina Silva após seu apoio à candidatura Lula. Desde que Marina deixou o ministro do Meio Ambiente, no primeiro governo do PT, os dois políticos se tornaram bicudos. O bordado para o desposório da ex-ministra e Lula antecedeu em algumas semanas o apoio de Marina ao candidato. Marina retornaria, segundo apurou o RR, como ‘’ministra ESG”, com força total, incluindo na sua pasta as mulheres, negros, índios e demais grupos sociais minoritários, além é claro do meio ambiente.
A ex-seringueira teria uma secretaria especial a parte para tratar dos aspectos e demonstrativos referentes à governança, dirigida por um especialista renomado em práticas e contabilidade das políticas de integridade, conformidade e compliance – fala-se em um técnico do Banco Mundial. Mas uma das funções mais nobres de Marina seria dar firmeza à demonstração do governo do PT em combater o desmatamento da Amazônia. O acrônimo ESG colado em Marina teria como um dos objetivos melhorar a imagem do Brasil no mundo. Queira-se ou não, ela é uma representação do país bastante positiva no exterior, notadamente na Europa, continente que se tornou o principal crítico do descaso ambiental e social do Brasil.
Marina Silva faz parte do time estelar do “ministério Lula”, mas não seria o astro de primeira grandeza. O n° 1 do primeiro time, como não poderia deixar de ser, será o ministro da Economia. A julgar pelo que apurou o RR, este está em fase de escolha entre o virtual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o candidato do PT para assumir o governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad. Como se sabe, Haddad está para o governo de São Paulo como Lula está para a Presidência, ou seja, bem à frente nas pesquisas, o que reduz suas possibilidades de assumir o Ministério mais nobre do país. Lula quer ter os dois maiores PIBs do país, o do Brasil e o de São Paulo, sob seu comando. Mais provável é que o candidato a ministro da Economia para valer seja mesmo o “Geraldo”.
Lula tem gratidão pelo “picolé de chuchu” ter aceitado o convite para compor sua chapa à Presidência e ser sua âncora junto ao centro e ao centro-direita. Há pistas já lançadas de que o “Geraldo” será recompensado. Lula já disse que não convidará nenhum dos quadros dos seus antigos governos e que a preferência para o Ministério da Economia recai sobre um quadro que não precisa ser um economista, mas sim que tenha habilidade política. “O que não quer dizer que não seja economista e político”, ressaltou o ex-presidente. Mas, a maior demonstração de que Alckmin tem tudo para ser o “cara” foi uma nada sutil declaração “daquelas bem Lula”. Em evento realizando em uma entidade patronal, um dos empresários presentes perguntou de chofre se o candidato do PT escreveria uma outra carta ao povo brasileiro. Lula respondeu igualmente de pronto, apontando para Alckmin: “Minha carta ao povo brasileiro está ali”.
Os assessores palacianos são uma grande incógnita mesmo no espaço amplo das especulações. Durante algum tempo, o senador Jaques Wagner foi cotado para a chefia do Gabinete Civil, mas a decisão de Lula de não repetir seus ex-colaboradores no atual governo meio que o tira de uma virtual competição. Segundo fontes bem próximas a Wagner, ele não gostaria de ter um papel de grande protagonismo no futuro governo. Junta pouca fome com a indisposição em comer. Nesta semana, o nome que ascendeu para os cargos de Gabinete Civil ou Secretaria Geral da Presidência foi o de Gleisi Hoffmann. Lula tem apreço pela presidente do PT, que lhe foi fiel em todos os minutos. Além do mais, o pequeno grande critério de não pertencer a seus governos passados não a atinge: Gleisi foi ministra do governo Dilma, não da gestão Lula. E um dado comportamental que o ex-presidente adora: Gleisi quer trabalhar o tempo inteiro, o que, portanto, lhe tira uma enorme bagagem das costas.
Há ainda uma possibilidade de um outro pé de boi, o economista Aloísio Mercadante, assumir um cargo no Planalto: o de secretário particular da Presidência. Trata-se de uma escolha pessoal, da qual Lula pode se proteger afirmando que a função não é a de ministro, nem que ele tenha comparecido em governo anterior, mas, sim, de um assessor pessoal. Quem sabe? Coisas de Lula.
Com Alckmin, conforme tudo indica que ocorrerá, ou mesmo Fernando Haddad, o ministério Frankenstein da Economia de Paulo Guedes, será desmembrado. O Ministério da Indústria e Comércio voltará à cena. O nome mais forte para a missão é o do atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, filho do vice-presidente de Lula, José Alencar. Essa é uma pule de dez. O pacote de Josué traz gratidão, lealdade, reconhecimento da competência e indiscutível representação de classe. Chegou-se a cogitar, inclusive, seu nome para o ministério da Economia. Ou mesmo da Infraestrutura.
Uma das outras pernas da centopeia criada por Guedes, o Ministério do Planejamento, iria para o economista Luiz Guilherme Schymura, atual presidente do Ibre, da Fundação Getulio Vargas, e ex-presidente da Anatel, ainda no governo Lula. Schymura não é o que se poderia chamar de um liberal clássico ou um neoliberal, mas um liberal modernizante ou progressista, com pensamento praticamente antagônico ao do atual gestor da Economia. Receberia o afortunado retorno do BNDES para a Pasta do Planejamento. Trata-se de uma questão em aberto. Também Josué deseja o banco debaixo do guarda-chuva do Ministério da Industria e Comércio. Como já foi dito e redito, Lula quer turbinar o banco e recolocá-lo no centro de importantes decisões econômicas. E o presidente do BC? Como o RR ressaltou no dia 13 de setembro, até meados do provável governo Lula – ou aliás, qualquer outro governo – Roberto Campos Neto será o titular da autoridade monetária. E daí para frente? Campos Neto já disse que não pedirá sua recondução.
Pelo menos 80% das cartas do baralho constroem as canastras que levam ao nome de Henrique Meirelles. O ex-presidente do BC no governo Lula tem a confiança do candidato do PT. Já sinalizou que ficará na moita, acumulando a participação em conselhos de empresas, fazendo hora até que seu tempo chegue. Ou não, conforme todas as hipóteses aventadas nesse texto. Até porque, só Lula escolhe quem vai, para onde vai e em qual hora anunciar.
Para o Ministério do Trabalho, extinto e recriado pelo governo Bolsonaro, três nomes de alta envergadura no PT são comentados para o cargo: Ênio Verri, Rui Costa e Wellington Dias. Verri é economista, atual vice-líder do PT na Câmara, tem excelentes relações com Roberto Requião – de quem foi secretário do Planejamento. Costa sucedeu a Jaques Wagner no governo da Bania. Teria o apoio de José Dirceu. Já Wellington Dias é considerado um dos quadros mais preparados e moderados do PT. Dias é especializado em políticas públicas. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal, senador e governador do Piauí, todos os mandatos pelo PT. Atualmente – e bem provável que seja temporariamente – busca uma cadeira de senador.
Lula teria ainda uma novidade para a Educação, que pretende tornar uma das Pastas mais prestigiadas da constelação de ministérios do seu governo. Para o cargo seria convidado o economista Claudio Haddad, dono do Insper. O patrono da indicação de Haddad seria o candidato a governador e homônimo, Fernando Haddad, que, inclusive, deu aula no Insper – ver RR de 25 de julho. O economista assumiria um papel de “gestor da educação”, dando ordem nos gastos e sua destinação. Há muito dinheiro do governo dirigido à educação. O retorno, porém, é baixo porque sua alocação é ineficiente. Haddad seria o nome indicado para a missão.
Se depender do kaiser do PT, o suspense seguirá até o fim do provável segundo turno. Lula fez praticamente o mesmo no seu primeiro mandato. Sua festejada intuição parece dizer que é melhor jogar como um poste fincado na pequena área. Ele dificilmente criará fatos políticos capazes de deslocar o seu mando de campo. Fica tudo em suspense, para anunciar depois. Aguardemos.
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Operação caseira
9/09/2022A família Botelho, controladora da Energisa, já manifestou ao BNDES o interesse em comprar a participação do banco na empresa de energia. A agência de fomento está contratando um assessor financeiro para se desfazer da sua fatia de 11,3% no capital da Energisa.
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BNDES será o “Ministério da Indústria” de Lula
5/09/2022O governo Lula já tem definido que voltará a fazer política industrial. O comitê de assuntos econômicos do candidato do PT, contudo, tem outros planos para a instância responsável pela indústria. Quem receberá esta competência não fica em Brasília nem é sequer um ministério. O dono da bola, ou para ser preciso, da indústria é um banco de fomento e está situado na Av. Chile, no Rio de Janeiro, quase em frente à Petrobras.
Trata-se do BNDES, que receberá uma verdadeira reparação do estrago cometido na gestão Bolsonaro e voltará a gerir a política do setor secundário da economia. A missão deixa de ser do Ministério da Economia – coisa que nunca foi mesmo -, e o antigo Ministério da Indústria e Comércio permanece extinto. É uma missão hercúlea para o banco: reduzir o hiato entre o crescimento do Produto Industrial de pouco mais de 30% do PIB, há cerca de 40 anos, para 11% do PIB, na atual gestão.
Apesar de Lula insistir em afirmar que o BNDES financiará primordialmente as pequenas e médias empresas – declaração comum a todos os candidatos porque dá voto – nas internas do comitê econômico do PT o programa para ressureição da indústria já ganhou os retoques finais. O banco vai financiar, sim, as PMEs, com a transferências dos Sebraes nacional e regionais e mais foco e aportes nessa operação. Mas não são as PMEs a pedra de toque do BNDES idealizado pelos petistas. A divisão de funções é bem mais ampla.
O BNDES voltará a atuar na substituição de importações – adubo, chips, aparelhos eletrônicos sofisticados, satélites aeroespaciais, complexo industrial de saúde, entre outros (ver RRs de 28 de janeiro e 28 de julho) – com financiamento ou cofinanciamento a empresas que se dispuserem a ingressar nesses setores. O banco se dedicará também às concessões, tocando o mesmo diapasão que permitiu a Paulo Guedes amealhar centenas de bilhões de compromissos de investimentos até 2030. Todos os projetos deverão estar em linha com a agenda ESG e a renovação da matriz energética. A ideia é que a combinação desses vetores potencialize a indústria e inverta a rota de “africanização” do setor. O BNDES é o órgão de governo mais abalizado para cumprir essa tarefa. Se vai conseguir, somente o futuro dirá.
Acervo RR
Classificados
31/08/2022O governo pretende vender até novembro um lote de imóveis que pertenciam à Eletrobras e permaneceram com a União após a privatização. A modelagem do negócio está a cargo do BNDES.
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Quanto vale um ministro na mesa das eleições?
30/08/2022A entrevista ao Jornal Nacional e o debate do último domingo deram um gás à terceira via. A candidata Simone Tebet pretende queimar a largada e anunciar nos próximos dias nome chaves que participarão de seu eventual governo. Tebet parte de duas premissas. Como franco atiradora, tem menos a perder do que seus adversários com a imediata divulgação de seus colaboradores. Além disso, é quem mais tem garrafa vazia para vender, ou seja, nomes capazes de fazer diferença na corrida eleitoral. Tebet deverá confirmar Elena Landau como sua ministra da Economia. Não chega a ser exatamente uma grande revelação, já que Elena é coordenadora do programa econômico da candidata.
O fator “novidade” ficaria por conta do anúncio de Armínio Fraga. Tebet teria planos de criar um cargo sob medida para Fraga, uma espécie de ministro da “desconcentração de renda”, que açambarcaria a agenda ESG, na qual o ex-presidente do BC está submerso. No núcleo duro de campanha, comenta-se também uma possível volta de Edmar Bacha ao BNDES. Ele jogaria de tabelinha com Claudio Frischtak, que seria o preferido de Tebet para tocar o Ministério da Infraestrutura. Seria o dueto responsável por tocar o plano de concessões e um programa de retomada de obras públicas.
Por sinal, no que depender de Simone Tebet, o “tucanato” vai aterrissar em peso no seu governo. Outros nomes pretendidos pela candidata são Gustavo Franco, Samuel Pessôa e Rubens Barbosa. Ao anunciar sua “equipe de governo”, Simone Tebet aposta que esse gesto forçará seus adversários a fazer o mesmo, tirando-os de uma confortável zona de silêncio. Até agora, os candidatos mais têm escondido do que revelado seus colaboradores mais próximos. É o caso de Lula: o líder das pesquisas guarda a sete chaves os nomes de potenciais ocupantes de cargos em seu governo. A única informação que o PT deixa vazar é a presença de Aloizio Mercadante como coordenador econômico da campanha.
Não há, no entanto, qualquer garantia de que Mercadante terá alguma função em um eventual mandato de Lula. No entorno do petista, surgem alguns possíveis candidatos para o Ministério da Fazenda, que Lula pretende recriar: os mais notórios são Fernando Haddad e Persio Arida. Haddad só ganha se perder, ou seja, só assumirá a Fazenda se for derrotado nas eleições para o governo de São Paulo, o que hoje parece difícil. Arida, por sua vez, viria na conta de Geraldo Alckmin. Nas hostes petistas, há ainda um terceiro nome que tem sido citado para comandar a Fazenda: o próprio Alckmin. Guardadas as devidas proporções, seria o “FHC de Lula”. O fato é que praticamente todas as especulações sobre o ministro da Fazenda empurram o petista para o centro ou o centro-direita, afastando-o da suas bases eleitorais, o que, de certa forma, explica a sua resistência radical em dar pistas sobre os futuros colaboradores.
A estratégia de Simone Tebet de antecipar parte da sua Esplanada dos Ministérios mira também em Ciro Gomes. Nesse quesito, Ciro talvez esteja mais ao relento do que Lula. O pedetista conta com dois colaboradores na área econômica que estão com ele há mais tempo, Nelson Marconi e Mauro Benevides Filho. Mas não são exatamente nomes que funcionem como ativos eleitorais. Ciro já não tem mais a seu lado personagens como José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa. Devido às circunstâncias eleitorais, dificilmente voltará a ter. Mesmo Roberto Mangabeira Unger, historicamente ligado ao pedetista, não está tão ativo na campanha como outrora. No caso de Jair Bolsonaro, a expectativa pelos colaboradores em um segundo mandato é compreensivelmente menor. Tudo indica que o eventual Bolsonaro II será um replay do Bolsonaro I, ao menos em cargos chave. Dois exemplos: Paulo Guedes permaneceria onde está; e Tarcísio Freitas tem uma cadeira a sua espera. Segundo fonte da campanha de Bolsonaro, ele voltará ao Ministério da Infraestrutura caso perca as eleições ao governo de São Paulo.
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Rio Tejo
10/08/2022O grupo Águas de Portugal tem trocado figurinhas com o BNDES, sedento em participar dos próximos leilões de saneamento.
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Tupy or not Tupy
8/08/2022A Fundição Tupy planeja entrar na China. Seria o grande salto no projeto de internacionalização da empresa, que tem fábricas próprias no México e em Portugal.
…
Em tempo: a BNDESPar, maior acionista da Tupy, com 28%, começa a achar que está na hora de fazer dinheiro com esse ativo. Apenas nos últimos quatro meses, o valor de mercado da companhia subiu 43%.
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As artimanhas fiscais do governo dentro da lei
2/08/2022O RR decidiu fazer algumas observações sobre fatos fiscais discutíveis e, algumas vezes, oportunistas que contraditam o próprio discurso do governo. São números impressionistas, que não levam em consideração, por exemplo, a correção pela inflação. Mas trazem à tona inquietações submersas em relação ao que move determinadas decisões do governo. Vamos a elas:
- Causa estranheza, em plena vigência do Estado de Emergência, cujo um dos motivos da sua decretação foi permitir o financiamento do Auxílio Brasil fora do teto, o governo antecipar dividendos das estatais com a mesma finalidade. Por que não fez antes? Não fez por quê?
- Qual a razão da insistência de privatizar as principais estatais, que são verdadeiras vacas leiteiras do governo? Que desperdício seria vender empresas geradoras de prováveis R$ 100 bilhões em dividendos para a União neste ano?
- Pode não ser uma pedalada fiscal sob uma avaliação rigorosa. Mas provoca espécie uma operação de transferência de parcela dos dividendos das grandes estatais para o BNDES, que, por sua vez, transferirá os recursos para o Tesouro com o objetivo de financiamento dos gastos de custeio do governo. Dilma Rousseff nunca teve tamanha criatividade.
- Entre 2019 e 2021, a União arrecadou R$ 70,7 bilhões com dividendos de estatais. Caso a previsão de R$ 100 bilhões para este ano seja atingida, o Tesouro vai amealhar, portanto, R$ 170,7 bilhões durante o mandato de Jair Bolsonaro. No mesmo intervalo, as despesas discricionárias do governo central somaram R$ 455,7 bilhões. Em um exercício hipotético, se os dividendos com estatais entre 2019 e 2022 fossem integralmente alocados a investimentos, representariam 37,4% do total de gastos discricionários do período.
- A título de curiosidade “privatológica”: somando-se a participação direta da União e as ações em poder do BNDES, o governo detém 36,5% do capital total da Petrobras. Tomando-se como base apenas o valor de mercado da estatal no fechamento de ontem, essa fatia equivale a algo como R$ 158 bilhões. Ou seja: somente os dividendos pagos à União no primeiro semestre deste ano, cerca de R$ 50 bilhões, correspondem a um terço dessa cifra. Vale mesmo vender a estatal? Uma vez privatizada, esses recursos somem.
- Ainda a Petrobras: caso fossem investidos na construção de novas refinarias, os dividendos pagos pela estatal à União tornariam o país superavitário na produção de diesel – as importações respondem por 23,2% do consumo.
- Para se ter uma ideia do impacto dos dividendos da estatal na produção de diesel, apenas o valor de R$ 50 bilhões antecipados pela Petrobras à União no primeiro semestre daria para “comprar” cinco vezes a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), vendida ao Mubadala. Nem seriam necessárias as cinco. Apenas três refinarias com a capacidade da RLAM cobririam o déficit de diesel no país. Como se sabe, nenhuma empresa privada se apresentou ainda para construir qualquer refinaria.
- Não custa lembrar que a comparação da antecipação de dividendos com as pedaladas fiscais de Dilma são uma “forçação” de barra. As pedaladas foram feitas ao arrepio da lei. A antecipação de dividendos “tapa teto” está dentro das regras, mas não deixa de ser uma contabilidade criativa muito heterodoxa, especialmente jeitosa para um ano eleitoral.
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Programa de Lula reserva um novo figurino para o BNDES
28/07/2022Bye Bye “cavalos vencedores” ou “campeões nacionais”. A política industrial que se discute no PT não acende sequer uma vela para as prioridades das gestões de Lula I e II e Dilma I e II. Não sobrou saudade do projeto de inserção internacional do BNDES nos tempos de Luciano Coutinho na presidência do banco.
Pelo contrário. A nova proposta é focar em produto e não em empresa. Coutinho, como se sabe, elevou à enésima potência o apoio a companhias como JBS, Odebrecht (e outras indústrias da construção pesada), Oi, BRF, Marfrig, entre as mais votadas. Não que tenha errado de todo. O estímulo à JBS, Marfrig e BRF permitiu que o Brasil se tornasse um gigante da cadeia da proteína e praticamente o player formador de preços no setor de carnes. Rememorando a origem dos “campeões nacionais”: a tese foi a resultante de uma disputa acadêmica entre Coutinho e o ex-presidente do BNDES Antônio Barros de Castro que defendia o financiamento a setores – o que não deixa de ser um apoio a produtos – e não a empresas. O PT vai resgatar o pensamento de Barros de Castro, colocando no centro da política industrial os insumos estratégicos, ou seja, os setores escolhidos.
As informações vazadas ao RR permitem algumas conclusões: primeiramente, vai ter política industrial, sim, com um BNDES proativo; em segundo, há um crossover da política de substituição de importações com a “nova política industrial do PT”; terceiro, os economistas que têm debatido o programa petista acreditam que ingressamos em uma era de “desglobalização”; quarto, as consequências geoeconômicas da guerra entre Rússia e Ucrânia podem estar apenas começando, com impactos enrustidos na cadeia global de suprimentos; quinto, o Brasil é dependente em demasia de produtos como fertilizantes, chips e itens essenciais do complexo industrial de saúde; Portanto, estes últimos estão entre os primeiros da fila de prioridades.
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Mudança de rumo
28/07/2022O BNDES decidiu não operar, a partir do ano que vem, a linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador. O banco vai seguir com empréstimos às atividades agropecuárias do pequeno produtor rural, mas utilizará dinheiro próprio. Com a decisão, o R$ 1,5 bilhão da rubrica Depósitos Especiais do FAT, a ser aplicado em 2023, que o BNDES utilizaria nos financiamentos, estará nas mãos de outra instituição financeira federal, talvez o Banco do Brasil ou o Banco do Nordeste.
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Fusão no radar da Latam e da Azul
21/07/2022Os donos da Azul e Latam, respectivamente, David Neeleman e os irmãos Cueto, voltaram a conversar sobre a fusão das companhias. Uma das questões mais enroladas sobre a mesa é o passivo da Latam. Segundo a fonte do RR, uma eventual decisão ficaria postergada para depois das eleições. Há a expectativa de que, caso Lula vença, o BNDES mude de rota. Mesmo que as diretrizes para o banco não sejam mais a de dar prioridade aos “cavalos vencedores”, agrada muito ao PT ter empresas nacionais parrudas. Ainda que o “nacional” nesse caso seja uma licença poética, dada a posição chilena na Latam. Quanto ao Cade, os dados já foram jogados. As partes têm 99% de confiança na aprovação da fusão. A Azul não co[1]menta e a Latam nega a informação
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Terceira divisão
19/07/2022O BNDES elegeu uma nova prioridade na área de saneamento: estimular e coordenar concessões de tratamento de água e esgoto em pequenas cidades. Até porque, depois da Cedae, a privatização das grandes empresas estaduais do setor deve rarear.
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A lenta e complexa ressurreição da construção pesada
13/07/2022O comitê de economistas do PT responsável pelo programa econômico do Lula, Aloizio Mercadante à frente, tem quebrado a cabeça para encaixar o setor de exportação de serviços no texto. Em princípio, Lula não abriria mão dessa inclusão, pois ela faz parte do seu roteiro diplomático, caso seja eleito. Ou seja, China, África e América do Sul, para início de conversa. O assunto é delicado. Foi pela via da exportação de serviços de engenharia que a Lava Jato se cristalizou. A proximidade com as empreiteiras, de certa forma, foi responsável pela sua prisão.
O fato é que, independentemente dos passivos de outrora, Lula sabe que é preciso descontaminar essas operações. O tema é também examinado, internamente, pela área militar. As Forças Armadas reconhecem que a inanição do Brasil junto aos países demandadores de serviços de arquitetura, engenharia e construção, enfraquece um dos pilares geopolíticos da Nação. No caso específico, África e América do Sul, que estão sendo disputados palmo a palmo pela China e Chile, principalmente, e Coreia e Índia correndo em uma segunda fila. Talvez os militares e suas preocupações legítimas sejam um caminho para o resgate para exportações de serviços.
Eles sabem, por exemplo, que nos países africanos se encontram os maiores depósitos minerais do mundo, algumas das maiores riquezas inexploradas em energia fósseis e oportunidades de participação em obras de infraestrutura gigantescas. Mas há complicadores de toda ordem. Primeiramente seria preciso resgatar a construção pesada, que foi Deus e o diabo na terra arrasada por petistas de goela larga. Esse segmento esteve próximo da dizimação com Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e cia. Há um outro enfoque: o setor, juntamente com as áreas de arquitetura, seguros e financeiro) foi responsável pela geração direta e indireta de R$ 170 bilhões em cinco anos (2008 a 2012), segundo um dos últimos estudos antes do fenecimento da indústria da construção pesada.
Nesse saco cabem propinas pagas a estatais, governantes de outros países e em toda a cadeia de venda do serviço. Lula não pode dizer, mas a China e o Chile, fazem igualzinho, porque somente assim se fecham contratos dessas operações, noves fora a corrupção dentro do país. Mas atrás desses US$ 170 bilhões vem gente. Está se falando da indústria de trans- formação e de bens de capital, que exportam seus produtos em função da venda de serviços no exterior. Se o Brasil fizer forfait, vai ficar de fora de investimentos na infraestrutura global da ordem de US$ 60 trilhões. O PT sabe que vai ter que colocar o BNDES para trabalhar no assunto com urgência. Só que agora de forma limpa e transparente.
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Prazo apertado
12/07/2022O governo da Paraíba e o BNDES correm para fechar até outubro o modelo de capitalização da Cagepa, a companhia de saneamento do estado. Privatização está fora de questão.
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Um colar de PCHs
12/07/2022A Maturati Participações abriu tratativas com o BNDES em busca de financiamento para a construção de seis PCHs no Rio Cuiabá. Depois de muitas idas e vindas, que incluíram um contencioso no STF, o investimento, enfim, começa a sair do papel. O governador Mauro Mendes anulou o projeto da Assembleia Legislativa de Mato Grosso que proibia a instalação de hidrelétricas ao longo do manancial.
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O encontro das águas da Iguá e da BRK Ambiental
7/07/2022Faria Lima, 4.300 – 14° andar. No escritório da canadense CPP Investments no Brasil está sendo arquitetada o que pode vir a ser a maior operação de M&A já realizada no setor de saneamento no Brasil: a fusão da BRK Ambiental e da Iguá Saneamento. A gestora de recursos – braço do Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), um potentado com mais de meio trilhão de dólares em ativos – negocia a compra de até metade das ações da Brookfield na BRK.
A conterrânea canadense tem 70% do capital. Estima-se que a fatia total da Brookfield valha algo próximo de R$ 6 bilhões. Uma vez dentro do capital da BRK, a CPP Investments estaria em uma posição privilegiada para o segundo movimento: costurar a fusão da companhia com a Iguá Saneamento, da qual a gestora canadense já é acionista, com 15%. Da associação poderá emergir um grupo com faturamento da ordem de R$ 5 bilhões e Ebitda combinado de R$ 1,1 bilhão, a números de 2021. A própria Brookfield seria um aliada importante da CPP nessa intrincada engenharia.
Ainda assim, não se trata de uma operação das mais simples. Algumas pontas precisam ser atadas de parte a parte. Do lado da BRK, uma incógnita é a posição da Caixa Econômica. O FI-FGTS, ad- ministrado pelo banco estatal, detém 30% da empresa – participação está avaliada em R$ 2,7 bilhões. Do outro lado, a CPP já mantém conversações com a BNDESpar, sua sócia na Iguá. Dona de 13% da empresa, a agência de fomento é vista pelos canadenses como um agente facilitador da operação. Dentro do banco há uma preocupação com o elevado nível de alavancagem tanto da BRK quanto da Iguá e seu impacto sobre a capacidade de investimento das duas empresas e sobre o próprio setor.
A primeira tem uma dívida de curto prazo equivalente a sete vezes o seu Ebitda. No caso da Iguá, esse peso é ainda maior: 14 vezes. Em fevereiro, a S&P rebaixou o rating tanto da companhia quanto de suas debêntures devido ao elevado endividamento. O aporte da CPP e a consequente fusão dariam o fôlego necessário à nova companhia. Sede de Brasil, por sinal, é o que não falta aos canadenses. Somente nos últimos meses, a gestora uniu-se à Votorantim para criar a Auren Energia, empresa com R$ 15 bilhões de valor de mercado. O próprio Canada Pension Plan, por sua vez, costurou por dentro outra grande operação de M&A: a recente fusão da BR Malls e da Aliansce. A Faria Lima, 4.300 – 14° andar – crepita.
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Lusco-fusco
5/07/2022A BNDESPar vai vender o que resta da sua participação na Renova Energia, comprada recentemente pela Angra Partners. Será o apagar das luzes de um investimento que gerou seguidas perdas para o BNDES, até culminar na recuperação judicial da empresa de energia. A BNDESPar chegou a ter 9% do capital; hoje, após sucessivas diluições, sua fatia não passa dos 2%. Em suma: a Renova não vai deixar a menor saudade no banco.
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BNDES na Defesa
30/06/2022O projeto de construção do novo Navio de Apoio Antártico (NApAnt) da Marinha do Brasil tem tudo para avançar mais alguns nós. Há tratativas para que o BNDES financie fabricantes de peças e equipamentos da indústria naval. Procurado, o banco confirma que “poderá apoiar os fornecedores da cadeia de suprimentos necessários para a construção do NApAnt”. A cargo da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), o projeto de montagem da embarcação está orçado em quase R$ 700 milhões. Depois do Prosub, o novo programa de submarinos da Marinha, é um dos maiores investimentos em curso na Força Naval. A construção do navio será feita pelo estaleiro Jurong Aracruz (EJA) e pela Sembcorp Marine Specialised Shipbuilding.
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Aegea vai à Bolsa
27/06/2022A Aegea Saneamento – leia-se Equipav, GIC (fundo soberano de Cingapura) e Itaúsa – discute a realização de uma nova oferta de ações. Fácil não é. Os tempos estão meio bicudos no mercado de capitais. Mas, tratando-se da Aegea, que leva a reboque ativos valiosos, como parte das operações da Cedae, as chances aumentam. A captação em mercado se juntaria ao empréstimo de R$ 15 bilhões que está sendo negociado com o BNDES. Na atual circunstância, todo o dinheiro é pouco. A Aegea precisa montar uma robusta estrutura de funding para cumprir seu plano de investimentos. Só no Rio de Janeiro, a empresa terá de desembolsar R$ 40 bilhões.
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Saneamento
22/06/2022Corre no BNDES a informação de que a espanhola Sacyr pretende disputar concessões de saneamento no Brasil. O grupo já tem negócios em infraestrutura rodoviária no país.
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O bye, bye, Brasil da Vale?
15/06/2022Há na Vale um “manda chuva” que defende a mudança da sede fiscal da companhia para Bruxelas. O assunto é sério. E pode ir ao Conselho. Em seus idos de empresa estatal, a Vale, então conhecida pelas iniciais do seu nome, CVRD, tinha uma cabeça de ponte naquele país, a Rio Doce Europa. A subsidiária era comandada por Eliezer Batista, um mito entre os “valerianos”, o que por si só já justificava ser considerada uma segunda sede.
A partir de Bruxelas, a Vale lançava seus tentáculos pelo mundo, fazendo daquele país um corredor para suas vendas. A sede da Vale só não se foi de vez porque Carlos Lessa, em sua polêmica gestão na presidência do BNDES, comprou ações suficientes da empresa para evitar a medida. De certa forma, guardadas as devidas proporções, é o que acontece com a JBS. A expressiva presença do banco no capital da empresa (cerca de 20%) é um impeditivo ao velho projeto dos irmãos Batista de transferir o centro de decisões da companhia para o exterior.
No caso da Vale, ressalte-se, essa trava não existe mais: em fevereiro do ano passado, o BNDES zerou sua participação societária na mineradora. Consultada pelo RR, a Vale não se manifestou. Um ex-diretor da Vale afirmou ao RR que a ideia é muito difícil, quase impossível, devido a resistências de ordem política. Mas, se fosse para ser implementada, a escolha não deveria ser Bruxelas, mas, sim, Pequim, pois a China é o grande comprador de minério de ferro do Brasil e, portanto, o hub natural para vendas no Oriente.
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Apetite
15/06/2022A Trígono Capital estaria ampliando sua posição na Fundição Tupy, com seguidas compras em mercado. A gestora já é o terceiro maior acionista da companhia, atrás apenas da BNDESPar e da Previ. Em tempo: coincidência ou não, corre no mercado que o fundo de pensão pretende reduzir ou vender integralmente sua participação.
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Uma estrela ascendente
6/06/2022Olho vivo no economista Gabriel Galipolo, colaborador nas discussões sobre a política econômica em um futuro governo Lula, com uma visão especializada na área de infraestrutura. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, levou o economista para reuniões com instituições financeiras. Um nome embalado para uma futura presidência do BNDES.
…
Gleisi Hoffmann, por sinal, cresceu muito junto a Lula por vários motivos. Além da fidelidade e a ascensão no partido, Gleisi ainda conta com o “Fator Janja”. A presidente do PT foi diretora financeira de Itaipu. À época, levou Janja para trabalhar na empresa. As duas se falam diariamente.
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Parecia até o lançamento do Real
1/06/2022A cerimônia de posse do neurocirurgião Paulo Niemeyer na Academia Brasileira de Letras, na última sexta-feira, dia 27, às 21h, demonstrou que os “realistas”, conforme se chama a turma idealizadora do Plano Real, criaram uma verdadeira confraria. Estrela entre os economistas presentes, o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, ao ver o seu pupilo e ex-presidente do BC, Gustavo Franco, sozinho em um canto, fez gestos enormes para atraí-lo para perto de si. Isto feito, encheu-o de abraços e carinhos sem ter fim. O acadêmico Edmar Bacha, também um “realista” de quatro costados, ex-presidente do BNDES, não pode estar presente. Mas seu nome foi volta e meia citado entre o pequeno grupo. Pequeno só no número. Grande no prestígio.
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Fundo de reconstrução de Guedes é só a ponta do iceberg
17/05/2022O fundo de reconstrução nacional para investimentos em infraestrutura, prometido ontem pelo ministro Paulo Guedes, é o primeiro movimento no tabuleiro após o encaminhamento dos estudos para a privatização da Petrobras. Guedes anunciou que o fundo será constituído das participações que a União detém em diversas companhias. Não especificou em quais. Apenas adiantou que a carteira do BNDES será vendida para geração do funding inicial.
Imagina-se que o fundo de reconstrução não será um segundo BNDESpar e também não terá o mesmo papel de banco de fomento do BNDES. O segundo movimento será a inclusão de outros ativos politicamente mais sensíveis. E o terceiro será adocicar a operação com a venda de uma fração das ações aos funcionários das estatais caso elas realmente venham a ser incluídas no fundo. A título de exemplo, algo similar ao modelo de privatização da Vale, quando o equivalente a 5,1% do capital total foi reservado para os trabalhadores da mineradora. Trata-se de uma engenharia híbrida.
As participações da BNDES-Par em empresas privadas seriam vendidas e os recursos diretamente aportados no fundo. No caso das estatais icônicas, o caminho seria outro: as ações da União nessas empresas seriam transferidas para o fundo. A privatização – seja da Petrobras, do BB ou da Caixa – poderia vir, portanto, por uma via oblíqua, com os devidos cuidados para não parecer uma desestatização lato sensu. Até porque vender uma dessas empresas na atual conjuntura seria um convite ao ingresso em um Vietnã político em plena campanha eleitoral. Curioso é pensar que, de certa forma, Guedes, neoliberal elevado à enésima potência, está adotando uma ideia de um ícone da esquerda: Ignácio Rangel.
O economista defendia a venda das estatais maduras para a criação de novas estatais ou frentes geradoras de emprego, ao invés do abatimento direto da dívida pública. Como se sabe, investimentos em infraestrutura geram uma enxurrada de postos de trabalho. Verdade seja dita, Paulo Guedes sempre defendeu a criação de um instrumento similar, mas insistia com a tese de que os imóveis da União seriam os ativos aportados no fundo. A ver se o ministro fará todos os movimentos, guardando uma quarta jogada para o xeque-mate: a adoção de uma golden share e uma pílula de veneno, se realmente o fundo vier a ser securitizado, carregar as estatais “sagradas” e tiver maiores pretensões de buscar dinheiro em mercado.
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Quem manda nas estatais?
19/04/2022O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, já foi devidamente enquadrado pela corporação. Como diversos outros executivos que tentaram comandar o banco como se estivessem na iniciativa privada, Montezano está apanhando do sistema de regras da instituição, que praticamente torna independente suas diversas áreas e departamentos. Algumas dezenas das deliberações de Montezano estão presas dentro da burocracia do BNDES.
…
José Mauro Ferreira Coelho assumiu a presidência da Petrobras com dois discursos: um, intramuros, para dentro da companhia, e outro para fora, através de entrevistas. Em ambos, faz uma profissão de fé na manutenção da política de preços de combustíveis da estatal. Tem até outubro para garantir que a sua palavra continua valendo.
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Jogando a toalha
14/04/2022O BNDES e o Governo do Rio Grande do Sul cogitam reduzir o lance mínimo para a privatização da CEEE-Geração, inicialmente fixado em R$ 1,25 bilhão. Ao que parece, ouviram os gritos do silêncio do mercado: a primeira tentativa de leilão, em março, foi cancelada por falta de candidatos.
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Presidente da Fiesp movimenta suas peças no tabuleiro eleitoral
11/04/2022O novo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, joga em duas posições. Aquela que tem uma ex-posição maior é o distanciamento público do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de quem seu pai, José Alencar, foi vice-presidente nos dois mandatos. Josué assumiu a entidade como um reformista, que pretende atrair a nata do setor para colaborar em propostas de política industrial.
O presidente da Fiesp, ao contrário do seu antecessor Paulo Skaf, não quer saber da candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro. Se depender dele, Bolsonaro é passado. Mas, a outra posição no tabuleiro de Josué é a discreta colaboração com Lula para construção de uma política industrial “rebelde”, conforme os dizeres de Roberto Mangabeira Unger, que não siga apenas a receita única de incentivos, renúncias fiscais e dinheiro barato. Um dos interlocutores do manda-chuva da entidade é o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.
Apesar do desgaste dos últimos anos do governo do PT, quando a política de fomento do banco foi associada a práticas pouco ortodoxas de financiamento, Coutinho é um dos maiores, senão o maior, economista industrialista do Brasil, posto que dividia, mano a mano, com os saudosos Arthur Candal e Antônio Barros de Castro. Josué sabe que Lula e Ciro Gomes são os candidatos mais sensíveis ao revigoramento da indústria, que hoje representa cerca de 12% do PIB. Só que a candidatura de Ciro desidratou. Lula é a alternativa, não porque “papai” era colado com ele, mas porque é o único sensível à causa entre os postulantes à Presidência que devem chegar ao segundo turno das eleições. Há muito tempo que a Fiesp é uma bola murcha, para não dizer furada. Cabe a Josué mudar isso. Agora, é aguardar a hora em que ele vai sair do armário.
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Contagem regressiva
7/04/2022O BNDES corre contra o tempo. O governo de Rondônia quer leiloar ainda neste ano a concessão de saneamento no estado.
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Plano B para CEEE-G
5/04/2022O governo do Rio Grande do Sul e o BNDES discutem uma saída para a CEEE-G depois da frustrada tentativa de privatização da companhia elétrica – o leilão, marcado para março, foi suspenso por falta de candidatos. Uma das hipóteses aventadas é a divisão dos ativos da estatal em blocos – são cinco hidrelétricas, oito pequenas centrais hidrelétricas e duas centrais geradoras hidrelétricas. A venda, no entanto, ficaria para 2023, pela necessidade de reformatação de toda a operação.
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Rio Tâmisa
1/04/2022Circula nos corredores do BNDES que a Thames Water planeja entrar nos próximos leilões de saneamento no Brasil. O grupo inglês é um dos maiores operadores do setor na Europa.
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Sem açúcar e sem afeto
31/03/2022O fundo norte-americano LoneStar busca um comprador para a Atvos, o antigo braço sucroalcooleiro da Odebrecht. O negócio, no entanto, é complexo, seja pela dívida da companhia – em torno de R$ 12 bilhões -, seja pela disputa jurídica entre os norte-americanos e os grandes credores financeiros. A LoneStar assumiu o controle da Atvos, mas enfrenta forte resistência do Banco do Brasil e do BNDES, entre outras instituições.
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JBS prepara mudança da sede fiscal para os EUA
10/03/2022O RR apurou que a JBS retomou o processo de transferência da sua sede fiscal para o exterior, mais precisamente para os Estados Unidos. Ontem, de acordo com uma fonte do próprio BNDES, a mudança já era dada como praticamente certa nos corredores do banco, segundo maior acionista da companhia. Ressalte-se que a JBS USA, que engloba as divisões JBS USA Beef, JBS USA Pork e Pilgrim’s Pride, já responde por mais de 75% da receita do grupo. Ou seja: na prática, não é de hoje que o Brasil se tornou um satélite nos negócios dos irmãos Batista.
Além do tamanho da operação, outras questões empurram a JBS para os Estados Unidos, como menor risco sistêmico, redução do custo de financiamento e simplificação tributária. Ressalte-se que um movimento como este pode extrapolar os limites da companhia. A decisão da JBS de tirar sua sede do Brasil cria um estímulo para que outras empresas de commodities, a começar pela Vale, façam o mesmo. Levar a sede fiscal da JBS para o exterior é um plano antigo de Joesley e Wesley Batista.
Em 2016, a companhia tentou se transferir para a Irlanda. O movimento, no entanto, foi barrado pelo BNDES, então presidido por Maria Silvia Bastos Marques. Em 2019, sob o codinome de Projeto Hidra, o assunto voltou à baila na companhia. Na ocasião, a JBS trabalhou com a possibilidade de se mudar para a Holanda ou Luxemburgo. Mais uma vez, ficou no papel. Agora, no entanto, as circunstâncias são favoráveis aos irmãos Batista. O BNDES não tem mais o mesmo poderio de antes.
E, pelo jeito, nem quer ter. Nos últimos meses, vem se desfazendo de ações da JBS, no que parece ser um movimento de retirada gradativa da companhia. Além disso, o banco paga também o preço de ter comido mosca nas gestões anteriores. Não obstante o peso societário do BNDES, segundo maior acionista, atrás apenas da família Batista, não há no acordo de acionistas qualquer trava formal que dê à agência de fomento poder de veto sobre a transferência do centro de decisões da empresa. O RR fez várias tentativas de contato com a JBS, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Também procurado, o BNDES informou que “não comenta nenhum tipo de especulação a respeito de transações envolvendo suas participações no mercado.”. Igualmente consultada, a CVM disse que “não comenta casos específicos.”
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Um atalho da Amazônia à Noruega
4/03/2022O RR apurou que os governadores da Região Norte, à frente Wilson Lima, do Amazonas, e Helder Barbalho, do Pará, vêm mantendo conversações diretas com a Noruega. O objetivo é obter recursos do Fundo Soberano do país europeu para projetos na Floresta Amazônica, “bypassando” o governo federal. Os estados se comprometem a cumprir uma série de metas no combate ao desmatamento ilegal. Ressalte-se que os noruegueses suspenderam, há dois anos, os repasses para o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, em resposta à leniência da gestão Bolsonaro com as queimadas na região.
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Saúde animal
16/02/2022O BNDES teria oferecido ao Opportunity sua participação de 12,2% na Ouro Fino, maior empresa de saúde animal da América Latina. O grupo de Daniel Dantas já é o segundo maior acionista da companhia, com 17%.
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Praça do pedágio
8/02/2022A Ecorodovias vem conversando com o BNDES. Deve ser a próxima empresa a “estacionar” na nova linha de crédito criada pelo banco para concessões rodoviárias, que tem como garantia a receita do pedágio.
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Privatização à vista
3/02/2022O BNDES corre contra o relógio. O governador da Paraíba, João Azevedo, quer anunciar o modelo de concessão do saneamento no estado até abril.
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Os planos de Lula para o futuro do BNDES
28/01/2022O BNDES vai completar 71 anos quando o futuro presidente assumir seu mandato. Mantido Jair Bolsonaro, pode-se esperar que o processo de desconstrução do banco prossiga. Caso o eleito seja Lula, a expectativa é de um banco de fomento fortalecido, diferente das gestões anteriores do PT, quando o crédito era uma função quase monotemática da instituição. O RR conversou com assessores de campanha do ex-presidente para a área econômica.
Do que a newsletter pode capturar das cercanias de Lula, a ideia é que o BNDES se torne em uma usina de projetos, dos mais diversos segmentos. O candidato da oposição pretende buscar recursos em todas as partes, mas para isso não considera suficiente a política de concessões do governo Bolsonaro. Concorda com o rumo, segundo assessores próximos, mas faz a velha crítica de que é preciso muito mais projetos greenfield.
O Brasil transfere muita coisa velha e oferta pouca coisa nova. Hipoteticamente, o BNDES se transformaria em algo como o BNDESP – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômica e Social e Projetos. Afinal, que outra instituição tem no país a capacidade de se tornar uma linha de montagem de propostas para novos investimentos além do BNDES? Quanto à carteira de ações do banco, que em grande parte será desfeita antes das eleições, o ex-presidente não é contrário à medida, de acordo com seus auxiliares ouvidos pelo RR. Ele entende se tratar de empresas maduras, que não precisam mais de apoio do BNDES.
Mas não renega a possibilidade de a BNDESPar vir a constituir uma nova carteira, resgatando o papel da instituição de capitalizar as empresas. Segundo assessores de campanha, Lula deixaria de lado a estratégia de apoiar o cavalo vencedor, ou seja, as megacorporações. Esses grupos podem se financiar através do mercado de capitais. Lula quer apoiar consolidações de empresas, criando novas companhias da indústria pesada, do complexo industrial médico-hospitalar e de tecnologia com porte competitivo no mercado. Tudo o que Bolsonaro não fez no seu governo.
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Desvio estratégico
27/01/2022Segundo informação que circula no BNDES, a APM Terminals, leia-se Maersk, e a Terminal Investment Limited, controlada pela MSC, estudam uma nova dobradinha para disputar a privatização da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo). As duas empresas já são sócias na BTP (Brasil Terminal Portuário), no Porto de Santos. A investida sobre a Codesa seria um movimento estratégico do ponto de vista geoeconômico. Ambas enfrentam resistências para ampliar seus negócios em Santos. A Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), por exemplo, já solicitou ao Cade que impeça a participação da BTP no leilão do STS 10 – o novo terminal de contêineres do porto paulista. Consultada, a BTP informa que “segue o período de silêncio de um dos seus acionistas, não estando autorizada a comentar sobre o tema por motivos de compliance.”
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Calote à vista?
19/01/2022BNDES estuda entrar na Justiça para cobrar do governo de Tocantins o valor relativo à consultoria para a privatização do Parque Estadual do Jalapão. O governador em exercício, Wanderley Barbosa, suspendeu a licitação e se nega a pagar a fatura, da ordem de R$ 1,8 milhão.
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Pimentel nos olhos dos outros…
19/01/2022O ex-prefeito de BH Fernando Pimentel tem o apoio de uma ala do PT para ser o coordenador da campanha de Lula em Minas Gerais. Mas, segundo uma fonte do partido, no núcleo duro da sigla há fortes restrições ao nome de Pimentel. Além da ligação com Dilma Rousseff, o ex-prefeito ainda carrega as sequelas das acusações de receber propina de empresas financiadas pelo BNDES.
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O mergulho da Equatorial
13/01/2022O que se diz nos corredores do BNDES é que a Equatorial Energia está submersa nos números da operação de saneamento na Paraíba. O leilão, sob regência do banco, está previsto para este ano. A Equatorial, ressalte-se, entrou recentemente no setor com a compra da concessão de saneamento do Amapá.
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Mais concessões à vista
29/12/2021O governo do Maranhão mantém conversações com o BNDES em torno da possível concessão dos serviços de saneamento no estado. O governador Flavio Dino quer deixar tudo engatilhado até abril, quando deve se desincompatibilizar do cargo para disputar a eleição ao Senado.
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Governo da Bahia e VLI estão a um passo dos tribunais
23/12/2021O governo da Bahia e a VLI – leia-se Vale, Mitsui, Brookfield e BNDES – estão à beira de um contencioso. Segundo o RR apurou, a estatal Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) pretende entrar na Justiça contra a empresa de logística, controladora da Ferrovia Centro -Atlântica (FCA). Um dos objetivos é brecar a renovação antecipada da concessão da FCA, neste momento tema de tratativas entre a VLI e a ANTT.
O governo baiano alega que o mau estado de conservação da ferrovia tem inviabilizado novos investimentos em mineração no estado. De acordo com a fonte do RR, ao menos dois grandes projetos, da ordem de R$ 5 bilhões, estariam parados por conta de gargalos logísticos relacionados à FCA. Coincidência ou não, os investimentos em conservação da ferrovia em território baiano começaram a escassear depois que a Vale, uma das maiores acionistas da VLI, encerrou sua operação de ferroligas de manganês no estado.
Em conversa com o RR, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral informou que, “no momento” não há qualquer ação judicial contra a VLI. Talvez seja só uma questão de tempo. A empresa confirmou à newsletter que “tem consultado órgãos do Governo da Bahia, como a Procuradoria Geral do Estado e a Secretaria de Infraestrutura, para que se trace uma estratégia conjunta de defesa da logística ferroviária utilizando todos os meios possíveis”. A CBPM também relatou ao RR que tem questionado a VLI através de ofícios enviados à ANTT, o mais recente na segunda semana de novembro. Também procurada, a VLI não quis se pronunciar.
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O carbono do BNDES
21/12/2021A meta do BNDES é fechar as primeiras operações de compra de crédito de carbono até junho de 2022. Trata-se de uma corrida contra o relógio. O projeto ainda precisa passar pelo crivo do Conselho do banco.
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Conta-gotas
16/12/2021O radar do BNDES já captou sinais de que o leilão do Bloco 3 da Cedae, marcado para o dia 29 de dezembro, terá um ágio bem baixinho, quase para cumprir tabela. O lance inicial é de R$ 1,1 bilhão.
Acervo RR
Pororoca
14/12/2021O governo do Amazonas abriu conversações com o BNDES para a privatização dos serviços de saneamento no estado. É projeto para 2023.
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Luz apagada
9/12/2021A BNDESPar estaria preparando a venda da sua participação de 8% na AES Brasil.
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As águas vão rolar 1
29/11/2021A julgar pelo número de possíveis interessados, os leilões dos Blocos B e C da Companhia de Saneamento de Alagoas, previstos para 13 de dezembro, prometem ser disputados. 11 empresas/investidores fizeram visitas técnicas à operação – informação confirmada ao RR pelo BNDES, responsável pela modelagem da privatização.
As águas vão rolar 2
O GIC, fundo soberano de Cingapura, e a Itaúsa estariam articulando um aumento de capital na Aegea Saneamento. Entre outros ativos, a empresa assumiu a concessão dos blocos 1 e 4 da Cedae.
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A volta de Joaquim Levy?
26/11/2021O ex-titular do Ministério da Economia no governo Dilma, Joaquim Levy, passou a ser cotado a ocupar o mesmo cargo na gestão Lula. Levy tem as bênçãos do mercado. E ainda dispõe de outro atrativo: intensificou-se tremendamente com a agenda ESG. Em tempo: Levy saiu do governo Bolsonaro, mais precisamente da presidência do BNDES, chamuscado. O que conta ponto junto a Lula e seu grupo mais próximo.
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Infraestrutura quer estimular produção de trilhos no Brasil
26/10/2021O Ministério da Infraestrutura tem feito estudos com o objetivo de incentivar a retomada da produção de trilhos no Brasil, praticamente extinta desde os anos 80. Uma das ideias sobre a mesa seria usar parte dos recursos arrecadados com as próprias concessões ferroviárias para financiar a instalação de uma fábrica do equipamento no país. Trata-se de um projeto complexo, a começar pela atração de um player internacional do setor. No governo, há quem defenda o resgate do velho modelo tripartite, ou seja, dividir o controle do negócio entre o capital privado nacional, um investidor estrangeiro e o Estado.
Nesse cenário, muito possivelmente o traçado desse projeto passaria pelo BNDES. Procurado, o Ministério da Infraestrutura não se manifestou. Ainda que Alemanha e Estados Unidos também tenham um grande parque fabril para a produção de equipamentos ferroviários, o mais provável é que esse projeto mire em um grupo chinês. Hoje, a maior parte dos trilhos usados no Brasil vêm do país asiático. Além disso, a chegada de um fabricante local poderia estar vinculada à eventual entrada da China Railway Corporation no país. Maior operador ferroviário da China, o grupo é apontado como candidato às próximas concessões do setor.
A falta de trilhos no mercado interno e os altos custos de importação são vistos no governo como um desestímulo a investimentos privados em ferrovias. É hora de afagar esse capital reticente. O que não falta é ativo para leiloar. Além dos projetos incluídos no PPI – como a Ferrogrão e a relicitação da Malha Oeste -, o Ministério da Infraestrutura lançou recentemente o Pró-Trilhos (Programa de Autorizações Ferroviárias). O programa prevê a licitação de dez novos trechos de ferrovias que somam um investimento de R$ 53 bilhões. O setor ferroviário é quase que 100% dependente da aquisição de peças no exterior.
O próprio governo é um dos principais atingidos. Hoje, a estatal Valec é a responsável pela construção de quatro grandes ferrovia – Norte-Sul, os trechos II e III da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, Ferrovia Transcontinental e a ligação da Norte-Sul com a Transnordestina. No ano passado, o governo chegou a criar um Comitê Técnico de Desenvolvimento da Transformação Mineral, cuja uma das funções seria a “realização de estudos para agregar valor aos produtos metalúrgicos de alta qualidade, o que inclui a produção de trilhos para expansão da infraestrutura ferroviária nacional”. De lá para cá, no entanto, nada aconteceu.
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Águas de Alagoas
26/10/2021O que se diz no BNDES é que a Aegea pretende entrar pesado no leilão do Bloco B da concessão de saneamento de Alagoas, previsto para o início de 2022. Consultada, a companhia diz que “está sempre atenta às novas oportunidades”.
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Cosan a caminho do Espírito Santo
8/10/2021O RR apurou que a Cosan pretende disputar a privatização da ES Gás, prevista para o início de 2022. A empresa de Rubens Ometto já
teria, inclusive, consultado informalmente autoridades capixabas e o BNDES, responsável pela modelagem da operação. Ressalte-se que a Cosan é dona da Comgás e recentemente comprou a Gaspetro, herdando participações em 19 distribuidoras de gás.
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Cabo eleitoral
29/09/2021Em tom de blague, FHC soltou uma boutade, mais ou menos assim: “Lula permanece calado e agradece em silêncio se Paulo Guedes anunciar também a privatização do BNDES, do Banco Central e até o Palácio do Alvorada”.
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Turbulência nos céus do Rio
23/09/2021A Changi Airports International, de Cingapura, estaria em busca de um sócio para a RioGaleão, concessionária do Aeroporto Internacional do Rio. Os asiáticos, donos de 51% do capital, sofrem os duros efeitos da pandemia associada à perda de voos para o Santos Dumont. Nos últimos dois anos, a movimentação no Galeão caiu aproximadamente 70%. No ano passado, diante da crise, a concessionária se viu obrigada a negociar com o BNDES a suspensão temporária do pagamento do empréstimo contraído para o pagamento da outorga.
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GS Inima rumo à Cedae
22/09/2021A sul-coreana GS Inima estuda participar do leilão do bloco 3 da Cedae, marcado para dezembro. Segundo o RR apurou, a empresa vem mantendo conversações com o BNDES, responsável pela modelagem da venda da estatal. O valor mínimo de outorga deverá ser fixado em R$ 2,6 bilhões. Trata-se do único bloco da Cedae que não foi vendido no leilão de abril. Procuradas, GS Inima e BNDES não quiseram se pronunciar.
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Kepler Weber na mira da AGCO
21/09/2021Corre no mercado que a norte -americana AGCO, uma das grandes fabricantes mundiais de implementos agrícolas, está fazendo uma nova investida para a compra da Kepler Weber. Em 2017, o grupo lançou uma oferta para a aquisição das participações do BB e da Previ, à época acionistas da fabricante de silos. No entanto, a operação foi questionada pela CVM, e a AGCO acabou retirando a proposta. Hoje, qualquer tratativa para a compra da Kepler Weber passa obrigatoriamente pela Tarpon, dona de 25,8% das ações. Outros acionistas de peso são a família Heller e o BNDES, respectivamente, com 11,4% e 6,5%. Procuradas, Kepler Weber, Tarpon e AGCO não se pronunciaram.
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Irrigação
2/09/2021A Aegea Saneamento estaria mantendo tratativas para obter um empréstimo substancial do BNDES. Só com a outorga dos dois blocos da Cedae arrematados em abril, a empresa terá de desembolsar R$ 15,4 bilhões. Consultados, Aegea e BNDES não quiseram comentar o assunto.
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Revoada
3/08/2021A Tarpon, dona de 26,5% da Kepler Weber, estaria preparando seu desembarque da empresa.
…
O BNDES, detentor de 8,2% da companhia, também.
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Ponto final
3/08/2021Não retornaram ou não comentaram o assunto: Ministério das Relações Exteriores, Tarpon, BNDES, Carrefour, Flavio Bolsonaro, Assembleia de Deus e Flare Capital.
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Divórcio elétrico
19/07/2021O BNDES planeja vender sua participação de 9,9% na AES Brasil. Tomando-se como base o valor em bolsa, a fatia do banco está estimada em torno de R$ 500 milhões.
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Ponto final
19/07/2021Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES, A2 Milk, Temasek, Americanas, Havan e Presidência da República.
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As águas vão rolar
12/07/2021A ordem no BNDES é acelerar o passo: o governo da Paraíba pretende licitar a concessão de saneamento em 93 cidades do estado até o primeiro trimestre de 2022.
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Uma história cada vez mais enrolada
8/07/2021A enroscada saga da Usina São Fernando – ver RR de 25 de junho – teve um novo capítulo. Funcionários da sucroalcooleira vêm fazendo gestões junto ao BNDES e ao Banco do Brasil, os dois maiores credores da empresa, na tentativa de aprovar a venda do controle à Millenium Holdings. Esta última teria se comprometido a contratar parte dos 1,2 mil trabalhadores demitidos da usina. Ocorre que a Millenium venceu o leilão judicial, mas não levou. Foi desclassificada pela Justiça, que aceitou a oferta da segunda colocada, a Energética Santa Helena – pelo que se diz nos bastidores, com o apoio do BNDES e do BB.
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Ponto final
8/07/2021Não retornaram ou não comentaram o assunto: Sinopec, LyondellBasell, Banco do Brasil, BNDES, Great Wall, Presidência da República e Secretaria Geral da Presidência.
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Duelo no Amapá
5/07/2021No BNDES, Aegea e BRK Ambiental são apontadas como nomes certos no leilão da Caesa, empresa de saneamento do Amapá. A licitação está marcada para 2 de setembro. Procurada, a Aegea diz que “está sempre atenta às novas oportunidades”. A BRK, por sua vez, não se pronunciou.
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Açúcar meio amargo
25/06/2021A Energética Santa Helena, que arrematou a Usina São Fernando em leilão judicial na semana passada, anda não teria apresentado as garantias para a compra da empresa sucroalcooleira. O valor da operação é de R$ 322 milhões. O assunto passa obrigatoriamente pelo BNDES, maior credor da São Fernando. Para aumentar a tensão, ressalte-se que a própria Santa Helena está em recuperação judicial. Procurados, a empresa e o BNDES não se pronunciaram.
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Participação sub judice
25/06/2021O que se dizia ontem no BNDES é que a Oliveira Energia, uma das candidatas ao leilão da Companhia de Eletricidade do Amapá, marcado para hoje, ainda não havia conseguido fechar o project finance da operação.
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Há uma estranha fuligem de carvão solta no ar
17/06/2021Parece até uma coincidência provocada pelas energias crepitantes do inferno. Somente no mais profundo dos círculos de Dante estariam conjugados a disposição de senadores de incluir na MP da Eletrobras um financiamento de R$ 2,5 bilhões para “revitalização” da indústria carbonífera, o estímulo de termoeletricidade a carvão para os futuros leilões e uma controversa e eventual do gestão do ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, junto ao BNDES para o financiamento de termelétricas à base do combustível poluente. Tudo ao mesmo tempo e agora, junto com as declarações duríssimas do Departamento de Estado norte-americano, de que punirá financeiramente e comercialmente os países com mau comportamento ambiental. A termoeletricidade a carvão é um dos itens mais incandescentes nesse balaio de castigos que os EUA pretendem infringir ao Brasil.
A Europa seguirá a cartilha do governo Biden. Para todos os efeitos, Albuquerque teria o argumento de que vale tudo na crise hídrica. Mas será que cola? Não seria mais adequado ao “zeitgeist ambiental” buscar a cobertura energética apenas através das termelétricas a gás natural, biomassa e recuperação de resíduos? O ministro poderia justificar que a termoeletricidade a carvão é mais barata. Mas, qual o preço de “carbonizar” a matriz energética do país? Tudo indica que, para Albuquerque, esse não seja um dilema relevante. O RR enviou à assessoria do ministro uma série de questões.
Recebeu como resposta que as perguntas somente seriam atendidas na sexta-feira e mesmo assim com a ressalva de que “poderiam tentar”. O BNDES foi bem mais rápido. Informou que “não financia usinas térmicas a carvão e a óleo combustível e não há procedimentos em curso para que isso mude”. Vale lembrar que, em 2019, o assunto esteve em voga nas Minas e Energia. Na ocasião, o secretário de Planejamento da Pasta, Reive Barros, disse publicamente que o Ministério apresentaria um “programa específico de viabilização de termelétricas a carvão no Rio Grande do Sul e Santa Catarina”.
Citou ainda que a ideia era o Ministério de Minas e Energia conversar com o Ministério da Economia para que o BNDES voltasse a financiar essas usinas. O tema submergiu. A queda do nível dos reservatórios parece tê-lo deixado à mostra novamente. O RR considera, contudo, que o almirante Bento Albuquerque é uma autoridade responsável e respeitosa em relação ao meio ambiente. De qualquer maneira, é uma coincidência dos infernos.
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Águas do Amapá
4/06/2021A Aegea, que arrematou recentemente um dos lotes da Cedae, é tida dentro do BNDES como forte candidata a ficar com a concessão de saneamento do Amapá. O leilão está previsto para 2 de setembro. Procurada, a Aegea diz que “está sempre atenta às novas oportunidades”.
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Vem aí a “PPP da Ciência e Tecnologia”
2/06/2021O governo pretende lançar uma espécie de “PPP da Ciência e Tecnologia”. Por PPP, entenda-se um plano de parcerias com investidores privados para financiar atividades de pesquisa e desenvolvimento no país, que estão à míngua com os seguidos cortes no orçamento do setor. Segundo o RR apurou, o assunto foi discutido no último dia 24 de maio, em uma teleconferência entre a cúpula do Ministério da Ciência e Tecnologia e representantes dos Institutos vinculados à Pasta – a exemplo da Agência Espacial Brasileira (AEB), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), CNPq, entre outros. A ideia é buscar parceiros específicos para projetos desenvolvidos por cada um desses órgãos. Vale lembrar que o orçamento do Ministério para este ano teve um corte de 34% em relação ao de 2020, sendo que, do valor total de R$ 10,4 bilhões, somente R$ 2,8 bilhões estão disponíveis para investimentos em pesquisa.
O ministro Marcos Pontes deverá ter o suporte do BNDES no projeto. Aliás, é bom que tenha. A tecnoburocracia da Ciência e Tecnologia não é exatamente uma especialista em PPPs. A iniciativa, ressalte-se, não chega a ser uma jabuticaba. Países como Alemanha, Dinamarca, Holanda e Noruega têm tido a participação empresarial em fundos especiais para financiamento de pesquisas. No âmbito da OCDE, há parcerias com a iniciativa privada na área de inovação.
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Linha do Equador
18/05/2021No BNDES, a Equatorial Energia é a grande aposta para o leilão de privatização da Companhia de Eletricidade do Amapá.
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Será um Porto Maravilha 2?
18/05/2021Uma nova ideia para a revitalização da Zona Portuária do Rio paira sobre uma das áreas mais degradadas da cidade. O ponto de partida é projeto “Waterfront”, como é chamada dentro da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) a proposta de construção de terminais portuários na Ilha da Popemba, na Baía de Guanabara. A ideia da estatal é ceder uma faixa do Cais da Gamboa para a instalação de empreendimentos imobiliários – tanto residenciais quanto comerciais -, abrindo espaço para a reurbanização da região. Os recursos amealhados com a concessão dos terrenos seriam usados para financiar o novo complexo de terminais portuários da estatal. O projeto já foi apresentado ao Conselho de Autoridade Portuária, órgão que reúne representantes dos Poderes federal, estadual e municipal – informação confirmada ao RR por Docas. Já existe um acordo de cooperação técnica com o BNDES, a quem caberia coordenar os estudos. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas a missão é hercúlea: buscar investidores no meio de uma pandemia para um ousado projeto imobiliário em uma das regiões mais complexas do Rio. Nem mesmo na Olimpíada, no auge dos aportes na cidade, o projeto de reurbanização da Zona Portuária atingiu o sucesso esperado. O Porto Maravilha só saiu do papel com dinheiro público. Os Certificados do Potencial Adicional de Construção (CEPACs), títulos emitidos para financiar as obras, foram integralmente comprados pela Caixa Econômica, com recursos do FGTS. Será que o banco, eventualmente, estaria disposto a repetir a dose?
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Bye, bye, Granbio?
29/04/2021A BNDESPar avalia a venda, em mercado, da sua participação de 14% na Granbio, a empresa de biotecnologia da família Gradin. Cansou de esperar por uma oferta de ações que nunca chega.
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Ponto final
29/04/2021Não retornaram ou não comentaram o assunto: Burger King, IMC, Raízen, BNDESPar e UPL.
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Porta de saída
16/04/2021A BNDESPar prepara a venda da sua participação de 28% na Fundição Tupy. Tomando-se como base apenas a cotação de mercado da empresa, a fatia acionária está avaliada em aproximadamente R$ 1,1 bilhão.
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Ponto final
16/04/2021Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Power Grid e BNDES.
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Embraer volta ao radar da diplomacia brasileira
9/04/2021A demissão de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores reacendeu uma luz no painel da Embraer. Segundo informações auscultadas pelo RR no Itamaraty, o novo chanceler, Carlos Alberto França, está disposto a reabrir conversações no âmbito da OMC em torno da fixação de novas regras multilaterais para a concessão de subsídios do governo ao setor de aviação. O assunto é uma batalha aérea de parte a parte. Assim como a Embraer se queixa de subvenções para concorrentes, sobretudo a Bombardier, há um incômodo lá fora por conta das relações viscerais entre a empresa e o BNDES. O banco costuma financiar a venda de produtos da companhia, de jatinhos a aviões maiores. No início deste ano, por exemplo, o BNDES aprovou uma linha de crédito de R$ 450 milhões para a Embraer, mais precisamente para a exportação de aeronaves modelo E175 à norte-americana SkyWest Airlines. Por essas e outras, no exterior há quem veja a fabricante brasileira como uma “semiestatal”, com garantia de financiamento do governo – ainda que indiretamente – a taxas, no mínimo, competitivas.
Trata-se de uma questão complexa, dada a miríade de interesses comerciais cruzados, envolvendo países como França, China e Rússia. Além da Airbus – principal adversária da Embraer após assumir a divisão de jatos regionais da Bombardier -, a chinesa Comac e a russa Sukhoi despontam como ameaças emergentes à empresa brasileira. Ambas aditivadas com subsídios governamentais de alta octanagem. Ainda assim, cabe lembrar que existe um experimento diplomático razoavelmente bem-sucedido nessa área: o Entendimento Setorial sobre Aviação Civil (ASU), firmado na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2007, considerado um tento da diplomacia brasileira. Embora não seja membro da OCDE, o país participou do acordo, renovado quatro anos depois.
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Por falar em Itamaraty: a primeira missão – ou embate – de Carlos Alberto França nas Relações Exteriores está prevista para a próxima segunda-feira. França levará para a reunião do Mercosul a proposta de redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco econômico. Segundo o RR apurou, mesmo com a resistência do Paraguai e, sobretudo, da Argentina, o governo brasileiro vai defender o corte da TEC entre 15% e 20%. O projeto está sendo alinhavado pelo Ministério da Economia, mais precisamente pela equipe do secretário especial de Comércio Exterior, Roberto Fendt.
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Injeção de recursos
7/04/2021O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem pregado que bancos públicos, notadamente o BNDES, financiem a conversão de fábricas de vacinas animais para a produção de imunizantes contra a Covid-19.
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Dor de cotovelo
7/04/2021O BNDES talvez tenha errado o timing. Cerca de um mês após o banco zerar sua participação na Vale, as ações da mineradora subiram quase 8%. A valores de hoje, o BNDES teria amealhado R$ 1,8 bilhão a mais na operação.
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Pacotão rodoviário
23/03/2021O ministro Tarcísio Freitas pretende anunciar em setembro a licitação de um pacotão de concessões rodoviárias. Segundo a fonte do RR, são mais de 5,5 mil km de rodovias federais em 11 estados. Os estudos estão sendo conduzidos pelo BNDES e pela consultoria Logi. Se, na atual circunstância, Freitas vai ter sucesso nesse feirão de concessões, aí já é outra história.
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Pule de dez
19/03/2021Informação de cocheira: no BNDES, a Iguá Saneamento é tida como a mais forte candidata para uma Parceria Pública Privada nos serviços de tratamento de esgoto em 23 cidades do Ceará. A licitação, que deverá ser realizada neste ano, envolve investimentos de mais de R$ 8 bilhões. Consultada, a Iguá diz que “avalia constantemente as oportunidades previstas”.
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SOS caminhoneiro
8/03/2021A equipe econômica quebra a cabeça em busca de medidas para baixar a temperatura entre os caminhoneiros. Uma ação na ponta da agulha é a prorrogação dos contratos de financiamento de veículos pesados no âmbito do BNDES. É Tarcisio Freitas prevalecendo sobre Paulo Guedes.
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Parece replay
4/03/2021Pela terceira vez em um ano, Romeu Zema reabriu tratativas com o BNDES para a privatização da Copasa, a estatal de saneamento de Minas.
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Alagoas tem pressa
25/02/2021O que se diz no BNDES é que a concessão do serviço de saneamento no interior de Alagoas sai ainda neste ano. O pacote engloba quase 90 municípios, que deverão ser divididos em blocos.
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Usina encalhada
22/02/2021Segundo o RR apurou, até o momento não apareceu qualquer comprador para a Usina São Fernando, em Dourados (MS) – o prazo dado pela Justiça do Mato Grosso do Sul para a apresentação de ofertas termina no dia 26. Má notícia para BNDES e BB, dois dos maiores credores da usina que pertenceu ao empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula e condenado pela Lava Jato.
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Aegea já tem o mapa da mina na Cedae
10/02/2021Informação fisgada pelo RR no BNDES: a Aegea vai entrar na disputa pelo bloco 1 da Cedae, que engloba bairros da Zona Sul do Rio e outros 18 municípios. No pacote, cidades como Maricá e Saquarema, fronteiriças à Região dos Lagos. É sinergia na veia. A Aegea é dona da Prolagos, concessionária de saneamento local. Consultada, a empresa saiu pela tangente e disse que “tem avaliado novas licitações publicadas em todas as regiões do país”.
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Segundo tempo
9/02/2021Além da Cedae, o BNDES já trabalha na privatização da companhia de saneamento do Amapá. De acordo com a mesma fonte, é negócio para o segundo semestre.
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Pé no freio
8/02/2021O RR apurou que a BNDESPar não vai acompanhar o aporte de capital na Iguá Saneamento, capitaneado pelo fundo canadense Canada Pension Plan Investment Board. Com isso, sua participação acionária deverá cair de 11% para algo em torno de 8,5%.
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Ponto final
8/02/2021Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDESPar e General Atlantic.
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Ninguém enxerga que a indústria está morrendo?
1/02/2021O RR apurou que a Secretaria do Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia monitora, com preocupação, a situação da Audi no país. O receio é que a montadora alemã seja a próxima a encerrar sua produção no Brasil. Os movimentos recentes reforçam essa percepção. Em dezembro passado, a empresa suspendeu a fabricação do A3 Sedan, único modelo que era montado na unidade de São José dos Pinhais (PR). Ouvida pelo RR, a Audi foi diplomática. Afirmou que estuda um novo modelo para ser produzido no Brasil. Diz ainda que “boa parte dessa decisão passa pela definição do que irá ocorrer com os créditos de IPI acumulados durante os anos de Inovar Auto, que não foram integralmente devolvidos”.
O RR, contudo, reitera que a empresa estuda cair fora do país. Caso atravesse a porta de saída, a Audi se juntará a Ford, Ford Caminhões, Roche, Eli Lilly, Sony, Mercedes-Benz e Nikon, empresas que encerraram suas atividades industriais no Brasil desde o início do governo Bolsonaro. Diante do crescente êxodo de multinacionais, talvez tenha chegado a hora de rever o “super” Ministério da Economia. A “sub-pasta” da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, colocada sob o guarda-chuva de Paulo Guedes tornou-se um apêndice menor e ineficaz, com graves reflexos para a economia, geração de empregos, retenção de talentos e mesmo estímulo à educação mais sofisticada no país. Com Guedes não vai haver policy para o segmento. O ministro despreza qualquer tipo de política industrial. Há uma bifurcação de motivos para esse “bye, bye, Brazil”.
De um lado, existe uma variável estrutural: o elevado Custo Brasil, uma questão que exige tempo para ser equacionada. Por outro, há um forte componente conjuntural. A gestão Bolsonaro não acena com PIB crescente, aumento de investimentos e muito menos incentivos – que não precisam, necessariamente, ser fiscais. O Chile, por exemplo, exige o compromisso de permanência de uma empresa por 10 anos para a concessão de benefícios. Por aqui, o governo Bolsonaro adota a política do “cada um por si”.
O BNDES hoje é tudo: estruturador de operações financeiras, adviser de privatizações, trem pagador do Tesouro, menos banco de fomento. Paulo Guedes diz que a indústria está crescendo. Como de hábito, ergue suas verdades sobre um terreno arenoso. Esse crescimento ao qual ele se refere se deve a três variáveis. Em primeiro lugar, a base de comparação usada – o mês imediatamente anterior – é baixa. Em novembro de 2020, a atividade industrial avançou 1,2% em relação a outubro. Por esse critério, foi a sétima alta consecutiva. No entanto, quando a comparação se dá com o mesmo período em 2019, foram 10 meses seguidos de baixa. Apenas em outubro e novembro de 2020 a indústria voltou a crescer frente aos mesmos meses no ano anterior.
Além disso, o auxílio emergencial e as políticas de cobertura de pagamento de salários dos trabalhadores durante a pandemia tiveram um impacto positivo circunstancial. Ressalte-se ainda o divórcio de boa parte dos brasileiros com as regras sanitárias: mais da metade da população determinou, com o apoio do presidente Bolsonaro, que o isolamento não precisava ser cumprido, o que antecipou a retomada da economia – ao custo de milhares de mortos a mais. Hoje, a indústria de transformação responde por 11% do PIB, o menor nível desde 1947. Há estimativa que chegue a 9% em 2024.
Segmentos vitais vão recuar ainda mais. A formação bruta de capital fixo deve cair 2,3% no quarto trimestre de 2020 em comparação com o terceiro, segundo projeção do Boletim Macro do Ibre-FGV. A construção civil, que tem peso no cálculo do PIB industrial, deu um piparote em dezembro, com a maior utilização de capacidade operacional desde 2014. Mas, a previsão da Câmara Brasileira da Indústria da Construção é de uma queda de 2,8% do PIB do setor em 2020. Esse cenário provoca efeitos colaterais que podem demorar anos para serem curados. Há uma crescente exportação de talentos no país, notadamente para países como Estados Unidos, Alemanha e Suécia. São profissionais de alta formação que potencialmente teriam de ser absorvidos pela indústria nacional. E daí.
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Muralha chinesa
29/01/2021O RR auscultou nos corredores do BNDES: China Gezhouba Group Corporation e China Communications Construction Company estariam montando um consórcio para o leilão da Cedae.
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PPP com acarajé
28/01/2021O governo da Bahia e o BNDES já trocam figurinhas sobre a formatação de uma PPP na área de saneamento na Região Metropolitana de Salvador. A meta é realizar a concorrência ainda neste ano. O vencedor passará a atuar em parceria com a estatal Embasa. Consultado, o banco confirma as tratativas com o governo baiano.
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Pedágio alto demais
27/01/2021A exigência do BNDES para entrar no capital da Codemig – a venda do controle da empresa – foi recebida pelo governador Romeu Zema como a ajuda de quem não quer ajudar. Zema não tem esperanças de que a Assembleia Legislativa de Minas aprove a operação.
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Porto de Santos avança
13/01/2021O consórcio contratado pelo BNDES para montar o estudo de viabilidade da privatização do Porto de Santos deverá concluir seu trabalho até abril. Ato contínuo, o Ministério da Infraestrutura pretende dar a largada nas audiências públicas. A ideia fixa de Tarcísio Freitas é fazer a licitação ainda em 2021. A ver.
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RR é a melhor vacina contra a desinformação
23/12/2020Em meio ao “novo normal” imposto pelo terrível ano de 2020, ao menos um ponto não mudou: o assinante do RR teve acesso irrestrito aos corredores do Poder. Em 20 de abril, um mês após Jair Bolsonaro decretar estado de calamidade pública, o RR foi o primeiro veículo a noticiar os estudos dentro do governo para a criação de uma espécie de “Plano Marshall” brasileiro, um amplo programa emergencial de geração de investimento e de empregos. Poucos dias depois, o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, surgiria no noticiário confirmando os estudos e fazendo referência exatamente ao termo “Plano Marshall”. O RR antecipou o flerte entre Jair Bolsonaro e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Em 3 de julho, a newsletter informou que Marinho estava montando uma intensa agenda de viagens de Bolsonaro para inaugurar obras no Nordeste, o que de fato ocorreu nos meses seguintes.
O poder em marcha
Em 5 de maio, o RR descortinou o incômodo dentro das Forças Armadas diante da insistência do presidente Jair Bolsonaro em associar a corporação a um discurso de intimidação e de risco de ruptura institucional, tema que ganharia o noticiário nos dias seguintes. O RR também antecipou a importante missão que o general Hamilton Mourão passou a ter no governo: em 22 de julho, noticiou, em primeira mão, que o vice-presidente se tornaria uma espécie de “embaixador do meio ambiente” da gestão Bolsonaro. Em 20 de agosto, o RR publicou, também com exclusividade, que o governo estenderia a “Operação Verde Brasil 2”, prorrogando a presença de militares no combate aos incêndios na Amazônia até o fim do primeiro trimestre de 2021 – o que se confirmaria em novembro.
Militares x “olavistas”
Os assinantes da newsletter tiveram também informações exclusivas sobre a disputa de poder entre os generais palacianos e a ala olavista do governo. Em 12 de maio, o RR cravou que os militares se movimentavam para ter um número maior de assentos no Conselho Nacional de Educação (CNE), tradicional área de influência de Olavo de Carvalho desde o início da gestão Bolsonaro. Em 25 de setembro, o RR revelou articulações para a possível saída do “olavista” Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores. Desde então, o noticiário tem tratado da hipótese de substituição do chanceler. Na última semana, a mídia passou a abordar também a possibilidade de demissão do embaixador brasileiro em Washington, o igualmente “olavista” Nestor Forster, informação antecipada pelo RR em 7 de dezembro.
Laços de família
Em 7 de agosto, o RR revelou que, ao criar o Centro de Inteligência Nacional na Abin, o presidente Jair Bolsonaro estava instituindo um “Family office” dentro da agência, com o objetivo de usar o aparato de Inteligência do Estado em benefício de si próprio e dos seus. Em dezembro, estouraria a denúncia de que a Abin produziu relatórios para Flavio Bolsonaro. Em 8 de junho, o RR informou, com exclusividade, que o deputado federal Eduardo Bolsonaro estava trabalhando para viabilizar o desembarque no Brasil da Sig Sauer, fabricante de armamentos de origem suíça. Mais: a newsletter antecipou as articulações conduzidas com o auxílio do “03” para uma parceria entre a empresa e a Imbel. Três dias depois, o assunto estaria em toda a mídia.
Despedida antecipada
O leitor da newsletter acompanhou de muito perto o processo de sucessão do Itaú Unibanco. Em 9 de setembro, o RR informou que Marcio Schettini deixaria o banco caso não fosse o escolhido para suceder Candido Bracher na presidência. Dito e feito! No início de novembro, preterido em detrimento de Milton Maluhy Filho, Schettini, diretor geral de varejo, anunciou sua saída do Itaú. No dia 9 do mesmo mês, o RR voltou ao tema para detalhar os bastidores da escolha, conduzida pelo próprio Bracher, e o mal estar que ela causou junto aos acionistas do Itaú.
Em janeiro, o RR informou com exclusividade que a Petrobras lançaria um plano de redução de despesas da ordem de R$ 1 bilhão, o que se confirmaria pouco depois. Também em janeiro, a newsletter revelou que Embraer e Boeing haviam desmobilizado um grupo de trabalho que discutia o desenvolvimento conjunto de aeronaves comerciais, apontando a medida como um indício de iminentre rompimento da fusão. Três meses depois, a associação entre as duas companhias foi para o espaço. Ainda sobre a Embraer, em julho o RR antecipou que a empresa estava negociando um empréstimo do BNDES, operação oficialmente confirmada em dezembro.
Em março, o RR foi o primeiro a noticiar os estudos no BNDES para a compra de participações em companhias aéreas, como forma de reduzir os efeitos da pandemia sobre o setor. Menos de 15 dias depois, o projeto se tornaria público, ainda que, na prática, não tenha decolado. Outro furo que veio dos céus foi a notícia de que o empresário David Neeleman, fundador da Azul, venderia sua participação na portuguesa TAP, antecipada pelo RR em 12 de fevereiro. O RR antecipou também o que poderia ter sido uma das maiores operações de M&A do ano no país. Na edição de 26 de agosto, informamos que a Ser Educacional estava levantando recursos para fazer uma oferta de compra do controle dos ativos da Laureate no Brasil.
Menos de um mês depois, a proposta de R$ 4 bilhões estava sobre a mesa dos acionistas do grupo norte-americano. A Ser acabou perdendo a disputa empresarial para a Ânima Educação. Em 5 de novembro, mais um furo no noticiário corporativo: o RR antecipou que os principais acionistas da Qualicorp se movimentavam para comprar o restante da participação de José Seripieri Filho, fundador da operadora de planos de saúde, devido às denúncias de corrupção contra ele. Menos de um mês depois, os sócios da companhia e o empresário fecharam um acordo para a transferência das ações, quase no mesmo período em que o STF homologava a delação premiada de Seripieri.
Cortes no Ministério Público
No dia 8 de dezembro, a newsletter revelou os planos do procurador geral da República, Augusto Aras, para fechar escritórios de representação do MPF e reduzir custos operacionais devido à escassez orçamentária da instituição – informação que acabou confirmada pelo próprio Ministério Público.
Gol atrás de gol
Em 16 de março, o RR informou, com exclusividade, que o início do Campeonato Brasileiro seria adiado por conta da pandemia. Uma semana depois, a newsletter antecipou que os clubes haviam pedido ao governo a suspensão dos pagamentos do Profut, o programa de refinanciamento de dívidas das agremiações esportivas junto à União – medida que seria implantada pouco depois. Que 2021 seja um ano muito diferente em quase tudo, menos na capacidade do RR de entregar a seu assinante um conteúdo qualificado e exclusivo.
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Água parada
15/12/2020O que se ouve dentro do BNDES é que dificilmente a privatização da Copasa sairá em 2021. A Assembleia Legislativa de Minas está criando mil e um empecilhos para a operação.
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Racionamento com pandemia? É só o que falta
9/12/2020O RR teve acesso a um documento assustador, produzido pela RC Consultores (empresa do ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro), que trata do risco de um racionamento de energia no país. Os principais pontos são os seguintes:
- Enquanto o consumo de energia sobe, o nível dos reservatórios desce nas diversas regiões do país. No Sudeste, cuja estrutura de armazenamento representa 75% do sistema nacional, o nível está em apenas 16,87% da capacidade total, valor muito abaixo da média histórica para o período.
- Os reservatórios do Sudeste perdem 0,3 ponto percentual de recursos a cada dia. Neste ritmo terminaremos 2020 com pouco mais de 11% da capacidade total. Nunca enfrentamos situação parecida no passado recente.
- A bandeira 2 vermelha pouco efeito terá. O maior número de pessoas trabalhando em casa reduz a eficiência do consumo de energia.
- Caso não chova o suficiente nas regiões críticas e o consumo continue em alta, restará como saída a importação de energia ou até mesmo restringir o consumo espontâneo via preços ou racionamento.
- É preciso ações rápidas e tempestivas por parte do governo, sob o risco de um novo racionamento energético vir a anular todo o esforço de recuperação econômica. Em tempo: o almirante Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, rechaçou qualquer possibilidade de racionamento, assim como negou interferência do governo na decisão da Aneel de reativar o sistema de bandeiras tarifárias, aplicando o nível vermelho patamar
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Águas chinesas
9/12/2020A China Water Industry Group, uma das maiores empresas de saneamento da Ásia, é mencionada no BNDES como forte candidata à privatização da Cedae. Seria o début dos chineses no Brasil.
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Porta de saída
2/12/2020Segundo informação filtrada do BNDES, o banco vai adotar o modelo de blocktrade para vender sua participação na Klabin, a exemplo do que fez recentemente na negociação de papéis da Vale. A BNDESPar detém 7,5% da fabricante de celulose e papel.
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De olho na Cedae
25/11/2020Informação auscultada pelo RR dentro do BNDES: a China Gezhouba Group Corporation (CGGC) já sinalizou ao banco o interesse em participar da privatização da Cedae.
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Prêmio ou castigo?
18/11/2020Não que tenha havido um meia volta volver na orientação do banco, mas a contribuição do BNDES para o ajuste fiscal, com o dízimo acima de R$ 100 bilhões, fica para depois de 2022. Isso se Jair Bolsonaro ganhar a eleição e Paulo Guedes permanecer firme no assento.
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Sobrenome da discórdia
16/11/2020Informação entreouvida pelo RR nos corredores da Klabin: importantes minoritários, caso da gestora BlackRock, estudam entrar na Justiça para brecar o pagamento de R$ 274 milhões à família Klabin pelo uso da marca da companhia. Importante acionista da fabricante de papel e celulose, o BNDES, ressalte-se, foi contra o acordo por muito tempo, mas recuou depois que o valor – inicialmente de R$ 367 milhões – foi reduzido.
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Uma balança comercial movida a proteína
12/11/2020Número auscultado pelo RR dentro do próprio Ministério da Agricultura: informalmente, a área técnica da Pasta já trabalha com a projeção de que as exportações brasileiras de carne bovina baterão seu recorde histórico neste ano, atingindo US$ 8,2 bilhões. Procurado, o Ministério informa que a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais não tem “estimativa oficial para os meses restantes do ano”. Uma vez confirmada, essa cifra representará uma alta de quase 8% em relação ao ano passado. Como se sabe a maior parcela dessas vendas cabe à JBS. E depois o governo ainda fica falando que o BNDES fez um mau negócio ao capitalizar a empresa. A JBS está certamente entre os melhores investimentos realizados no setor de commodities em todo o mundo.
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Locomotiva
11/11/2020O RR apurou que o secretário especial de Desestatização, Diogo Mac Cord, planeja realizar o leilão de privatização da Trensurb, o sistema de trens de Porto Alegre, em abril de 2021. Procurado, o Ministério da Economia informa que “os estudos estão sendo conduzidos pelo BNDES e ainda não há prazo para a conclusão”.
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Escondendo o jogo
10/11/2020No BNDES, o recuo de Claudio Castro em relação à privatização da Cedae é visto como jogo de cena de governador interino. A aposta é que, tão logo Castro seja efetivado no cargo, a operação volta à mesa. O Rio não pode abrir mão de uma receita estimada em R$ 10 bilhões.
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As águas vão rolar
10/11/2020Fevereiro de 2021: nos corredores do BNDES, a data já é dada como certa para a privatização de toda a operação de saneamento do Amapá, com investimentos previstos de R$ 3 bilhões.
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Agreste financeiro
16/10/2020O governador Renan Filho negocia com o BNDES a formatação do modelo de venda da concessão de saneamento no Agreste de Alagoas. Recentemente, o estado privatizou os serviços em 13 municípios. Renan não tem muita escolha. Com a Covid-19, o caixa alagoano secou. Faltam recursos para manter os serviços de tratamento de água e esgoto em todo o estado.
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Planalto Central
2/10/2020De uma fonte que acerta 11 em dez: a Energisa também vai entrar na disputa pela CEB. O BNDES dá tratos final ao modelo de privatização da distribuidora do DF, que deverá ser realizada ainda neste ano.
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Sai o precatório e entra a dívida ativa da União
1/10/2020Em meio aos delírios e ao desordenado ziguezague da equipe econômica na busca por recursos para financiar o Renda Cidadã, uma ideia que parecia morta voltou à ribalta. Trata-se da criação de um fundo especial de créditos inadimplidos da dívida ativa da União. O projeto permitiria a securitização ou mesmo a venda para terceiros, com alguma taxa de deságio predefinida, de parte dos recebíveis de contribuintes cadastrados na dívida ativa.
Ou seja: o governo poderia trocar “dinheiro ruim” (de recebimento duvidoso e de prazo incalculável) por “dinheiro bom”, leia-se liquidez imediata. A escala da operação mais do que justificaria essa arquitetura. O total da dívida ativa da União gira em torno de R$ 2,2 trilhões. Significa dizer que se o governo conseguisse recuperar uma parcela ínfima de não mais do que 2%, colocaria para dentro do Tesouro algo em torno de R$ 40 bilhões, mais do que o orçamento do Bolsa Família previsto para 2021. A ideia não é nova – aliás, este é um governo de poucas composições inéditas e muitas regravações.
Este é um projeto antigo de José Serra. No passado recente, Henrique Meirelles também levantou a bola algumas vezes. Trata-se de uma proposta bem mais sensata do que o uso de recursos de precatórios, o balão de ensaio que não durou sequer um dia. É a mão inversa: em vez de dar um calote e fazer uma gestão esperta de seus passivos, o governo buscaria dinheiro entre os seus créditos. É muito mais razoável, para dizer o mínimo. Não faltam alternativas para a viabilização desse fundo lastreado nas dívidas ativas da União. Parte desses créditos poderia ser comprada por fundos de pensão e bancos públicos, a começar pelo BNDES.
Também seria possível testar o próprio mercado, com a venda desses passivos securitizado a bancos e investidores privados. Seriam títulos com risco zero, uma vez que o próprio governo daria a garantia de recompra em um determinado prazo, a despeito do crédito ser ou não recuperado. Em tempo: ontem, o desatino de Paulo Guedes com a questão dos precatórios e do Fundeb levou auxiliares do presidente Jair Bolsonaro a fazer gozação com o ministro da Economia. Houve quem perguntasse, ironicamente, por que Guedes não desloca verbas de fora do teto de gastos para o pagamento do Renda Cidadã, tais como os recursos alocados para a construção das novas fragatas da Marinha. O RR não falou que foi o ministro Rogério Marinho o autor da pilhéria.
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“Caixa Adviser”
1/10/2020A Caixa Econômica vai “concorrer” com o BNDES. Está montando um braço para atuar como adviser de estados e municípios para a licitação de concessões públicas, notadamente saneamento. Já há tratativas com prefeituras de Minas e São Paulo.
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Roda presa
30/09/2020Entre os dirigentes das quatro grandes montadoras do país – Volkswagen, Fiat, GM e Ford – sobram críticas à performance do presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, nas tratativas com o governo para obter um pacote de ajuda ao setor. Nas palavras de um dos grandes executivos do setor, “mais um pouco e nós é que vamos ter de pagar ao BNDES”. O RR acha que há um quê de injustiça na avaliação do trabalho de Moraes. Mais fácil a pandemia acabar do que convencer Paulo Guedes a conceder qualquer tipo de subsídio.
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Marco “retardatório” do saneamento
28/09/2020O BNDES já trabalha com a hipótese do leilão de saneamento da cidade de Cariacica (ES) não se realizar neste ano. A licitação, marcada originalmente para o último dia 14, já foi adiada para 20 de outubro. No entanto, existem mais de 600 pedidos de esclarecimento além de recursos para a impugnação do edital por parte de investidores do setor. Há termos conflitantes com o novo marco regulatório do saneamento que poderão criar insegurança jurídica para o consórcio vencedor.
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Rota de colisão
25/09/2020A direção da Volkswagen fez chegar ao governo a informação de que, caso a situação do setor automotivo se agrave ainda mais, poderá demitir até seis mil trabalhadores no Brasil – e não “apenas” os 3,5 mil já anunciados. De acordo com a fonte do RR, Paulo Guedes e cia. acham que é blefe e pressão barata da companhia para arrancar um pacote de ajuda maior do BNDES. Procurada, a montadora informa que “uma negociação sindical está sendo feita pela Volkswagen do Brasil, que tem fábricas em São Paulo e no Paraná.”
Acervo RR
Rota de colisão
25/09/2020A direção da Volkswagen fez chegar ao governo a informação de que, caso a situação do setor automotivo se agrave ainda mais, poderá demitir até seis mil trabalhadores no Brasil – e não “apenas” os 3,5 mil já anunciados. De acordo com a fonte do RR, Paulo Guedes e cia. acham que é blefe e pressão barata da companhia para arrancar um pacote de ajuda maior do BNDES. Procurada, a montadora informa que “uma negociação sindical está sendo feita pela Volkswagen do Brasil, que tem fábricas em São Paulo e no Paraná.”
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Marca da discórdia
22/09/2020O laudo assinado pela Deloitte, que avalia em R$ 1 bilhão o contrato para uso da marca Klabin, colocou mais lenha na assembleia de acionistas da empresa prevista para 30 de outubro. A família Klabin vai usar o documento para justificar a cobrança de R$ 367 milhões para que a companhia possa usar o sobrenome do clã em definitivo sem pagar mais royalties. No entanto, segundo o RR apurou, mesmo com o laudo, o BNDES, acionista da Klabin, é contrário ao desembolso desse valor.
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Ponto final
22/09/2020Não retornaram ou não comentaram o assunto: Mingyang Smart Energy, Klabin, BNDES, Grupo Algar e GLP.
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O calendário do BNDES
21/09/2020Segundo o RR apurou, após concluir a venda da sua participação na Suzano, a BNDESPar vai se desfazer da sua fatia de 28% no capital da Fundição Tupy.
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Ponto final
21/09/2020Não retornaram ou não comentaram o assunto: Notre Dame, Assim e BNDES.
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Privatização à vista
18/09/2020O Ministério da Infraestrutura, segundo o RR apurou, vai apresentar na próxima segunda-feira o modelo de privatização da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), desenhado pelo BNDES. Espera-se que não se repitam os contratempos do último dia 10, quando a Pasta reuniu uma seleta plateia de autoridades para discutir a proposta de desestatização dos Portos de Santos e de São Sebastião. O encontro estava marcado para às 17 horas, mas os representantes do Ministério da Economia, BNDES, Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União e Antaq tomaram um chá de cadeira de mais de duas horas até o início da apresentação.
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Taxação de dividendos entra na conta do Bolsa Família
17/09/2020Se, de um lado, o Renda Brasil entrou em hibernação após o rompante de Jair Bolsonaro, do outro o governo começa a despertar para uma nova proposta que permitiria ampliar substancialmente o funding e o alcance do Bolsa Família. O modelo em questão passaria pela criação de uma espécie de fundo social no âmbito da reforma tributária. Neste contexto, a bandeira da distribuição de renda justificaria duas medidas mais agudas: a taxação de dividendos e juros sobre capital próprio de empresas privadas e a obrigatoriedade para que todas as companhias a partir de um determinado número de faturamento, empregados e patrimônio líquido abrissem seu capital.
Esta segunda mudança permitiria aumentar consideravelmente a escala de arrecadação uma vez que, pela Lei das SAs, as companhias abertas têm condições de transparência facilitadoras da distribuição de dividendos. Seria um aumento da carga tributária? Seria. Só que embalado por um forte apelo social, sem mexer com aposentadoria e o salário mínimo, além de garantir a manutenção do teto dos gastos. Todo o montante amealhado seria carreado para um fundo destinado a financiar o Bolsa Família e – por que não? – um parcela da desoneração. Esse funding seria lastreado também nos dividendos de empresas estatais e em recursos provenientes da incorporação, venda ou securitização de ativos imobiliários de propriedade da União.
Apenas para efeito de referência, já existe um projeto de lei na Câmara (2015/2019), que prevê a taxação de dividendos em 15%. Na hipótese deste percentual vir a ser adotado, o potencial de arrecadação anual da União seria da ordem de R$ 59,7 bilhões, segundo estudo feito pela Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil). Essa cifra, por si só, já seria 71% maior do que o orçamento do Bolsa Família previsto para 2021 – de R$ 34,8 bilhões. Esse valor, ressalte-se, ainda seria ampliado consideravelmente com a obrigatoriedade das empresas de capital fechado a partir de um determinado porte se tornarem sociedades anônimas, consequentemente passando a distribuir participação sobre seus lucros.
Ainda que por vias tortas, a implosão do Renda Brasil acabou dando tempo a Paulo Guedes e cia. de discutir, sem açodamento, um novo modelo capaz de aumentar o colchão de benefícios para a população de baixa renda. Em seu impulsivo discurso da última terça-feira, ao mesmo tempo em que colocou o programa da renda mínima em “modo soneca”, Bolsonaro deixou uma brecha para que o Bolsa Família seja retrabalhado e ganhe uma amplitude maior. Essa “geringonça social” vinculada à reforma tributária seria um híbrido de medidas estudadas pela equipe econômica com proposições encaminhadas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que já teria hoje mudado sua posição em relação à tributação dos dividendos.
Ou seja: trata-se de uma solução que uniria da Zona Norte à Zona Sul, sincronizando ideias que pululam não apenas no Executivo, mas também no Legislativo. Esse novo modelo carrega em si um mix de vantagens. O governo poderia alargar o Bolsa Família sem mexer no teto de gastos. Além disso, haveria a possibilidade desse “fundo social” ou parcela dele ser administrado como uma carteira de investimentos, a exemplo do portfólio da BNDES-Par, ou como carregador de títulos do Tesouro, cuja rentabilidade também seria revertida para o financiamento dos programas sociais. Paulo Guedes já rezou meia missa, com o balão de ensaio sobre o fundo de pensão de dividendos de empresas estatais.
É até divertido ver o ministro se esforçando para fazer políticas de renda, iniciativa que caberia melhor nos governos Lula e Dilma, ou mesmo FHC. Agora que descobriu o caminho para as classes sociais mais pobres, Bolsonaro não quer outro mundo. O aumento do Bolsa Família – assim como já ocorreu com o auxílio emergencial – permitirá ao Capitão avançar ainda mais em um território que lhe era hostil e, o que é ainda mais útil, tirando das mãos da esquerda uma das poucas bandeiras que lhe restaram. Uma engenharia política engendrada na morte do Renda Brasil, iniciativa idealizado dentro do próprio Palácio do Planalto.
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Muro de contenção
15/09/2020Romeu Zema vai ter de mostrar força política para levar adiante a privatização da Copasa. Já há uma articulação dentro Da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para barrar a operação. Na última quinta-feira, o Conselho Mineiro de Desestatização assinou contrato com o BNDES para iniciar os estudos com vistas à venda da empresa de saneamento.
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Facho de luz
14/09/2020Bateu uma lufada de otimismo na Avenida Chile: o BNDES trabalha para que a privatização do braço de distribuição da gaúcha CEEE seja realizado ainda neste ano. Com pandemia e tudo.
Acervo RR
Facho de luz
14/09/2020Bateu uma lufada de otimismo na Avenida Chile: o BNDES trabalha para que a privatização do braço de distribuição da gaúcha CEEE seja realizado ainda neste ano. Com pandemia e tudo.
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O PIB brasileiro a caminho da América
10/09/2020O Grupo Votorantim seguiu os passos da JBS e está fazendo a América. Atualmente, parcela expressiva da sua arrecadação vem dos Estados Unidos. No último trimestre, a receita líquida dos Ermírio de Moraes na América do Norte atingiu R$ 1,5 bilhão, o que representa um aumento de 40% em relação ao mesmo período no ano anterior. É bem verdade que a valorização do dólar explica uma parte do pedaço. A pandemia impactou o setor de construção civil menos do que se esperava. A receita líquida no Brasil foi de R$ 1,8 bilhão, com crescimento de 9% em relação ao segundo trimestre de 2019. Não vai demorar muito e Votorantim e JBS vão transferir sua sede fiscal para os Estados Unidos. Em tempo: a JBS já tentou, e tomou gongo, nos idos de um BNDES muito diferente do que esse que aí está.
Acervo RR
Conta-gotas
2/09/2020O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e o BNDES esbanjam otimismo: acham que dá para privatizar a concessão de saneamento da região de Cariacica ainda neste ano. Seria um aperitivo para os leilões do setor realmente para valer.
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Conta-gotas
2/09/2020O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e o BNDES esbanjam otimismo: acham que dá para privatizar a concessão de saneamento da região de Cariacica ainda neste ano. Seria um aperitivo para os leilões do setor realmente para valer.
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BC passeia com o Tesouro por labirintos cambiais
21/08/2020O Banco Central propôs. Paulo Guedes adotou. O Tribunal de Contas da União aprovou. O Secretário do Tesouro Nacional vibrou. Tudo bem! Tudo ótimo! Mas não deixa de ser esquisito surgirem do nada R$ 520 bilhões aportados pela autoridade monetária no Tesouro Nacional para pagar o equivalente a 10% da dívida bruta interna. O RR aceita que “surgir do nada” é meia verdade.
O dinheiro surgiu do lucro obtido com as reservas cambiais devido à desvalorização do real. Uma estranha geringonça contábil que suportaria a seguinte extrapolação: uma boa maxidesvalorização do câmbio seria uma medida heterodoxa para pagar metade da dívida interna. Nesse momento, com a inflação mergulhando em queda livre, o BC poderia operar um aumento do câmbio que faria a festa dos exportadores e a alegria dos privatistas.
São conclusões incompletas de uma operação que já foi chamada no governo Temer de “pedalada cambial”, uma insinuação ao passeio de recursos entre o Tesouro e o BNDES, que levou ao impeachment de Dilma Rousseff. O senador José Serra, um fiscalista de carteirinha, foi um dos que se levantaram para combater a contabilidade criativa da operação cambial. Como tudo no tempo muda, a começar pela pandemia e pela consistência técnica do presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi achada uma nova ou não aparente função para as reservas cambiais. Que venham, então, novas desvalorizações.
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Carta de navegação
21/08/2020O IPO da Oceana Offshore deverá envolver a oferta de 25% do capital. A empresa de navegação é controlada pelo Grupo CBO, leia-se Vinci Partners, Pátria Investimentos e BNDESPar.
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Quanto vale a grife Klabin?
10/08/2020O BNDES está montando uma tropa de choque para a assembleia de acionistas da Klabin, prevista para outubro. Já teria o apoio do The Bank of New York e de grandes fundos estrangeiros, também minoritários da empresa, para confrontar a polêmica proposta da família Klabin. O clã quer receber R$ 360 milhões paraencerrar o contrato pelo qual a fabricante de papel e celulose paga royalties aos seus próprios acionistas para usar o sobrenome Klabin. O BNDES acha que o “brasão” da família só vale R$ 140 milhões. Os Klabin contam com o apoio siderúrgico do Grupo Monteiro Aranha, dono de 7% do capital do grupo. Juntas, as famílias Klabin e Monteiro de Carvalho formam o “Centrão” da companhia.
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Ponto final
10/08/2020Não retornaram ou não comentaram o assunto: PDG, Louis Dreyfus, BNDES, Klabin e Monteiro Aranha.
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Segunda chance
6/08/2020A alemã RWE, que já esteve no Brasil, ensaia seu retorno para participar das privatizações da área de saneamento engatilhadas no BNDES.
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Dose dupla para a União
3/08/2020A exemplo do BNDES, a Eletrobras pretende reduzir ou vender integralmente sua participação na AES Tietê. Tomando-se como base a oferta apresentada pela norte-americana AES ao banco, sua fatia de 7,94% está avaliada em cerca de R$ 550 milhões. Procurada, a Eletrobras diz que “está sempre aberta a avaliar oportunidades de negócios”. Para bom entendedor…
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Embraer recorre ao velho dono enquanto o novo não surge
28/07/2020A Embraer está voltando ao útero materno. A empresa vai bater novamente à porta do BNDES. O rompimento do acordo com a Boeing e a pandemia, com os consequentes atrasos na entrega de pedidos, formaram a tempestade perfeita. Até que as nuvens se dissipem, a empresa não vê outra saída se não buscar o calor e a segurança do ventre do Estado, seu ex-controlador, combinado a novas linhas de crédito de bancos privados. Mesmo porque o que já está ruim pode piorar. Entre os executivos da Embraer e os fornecedores, há um crescente temor com o risco de cancelamento de encomendas, o que provocaria um efeito-dominó sobre toda a cadeia de produção em torno da empresa – em São José dos Campos, são mais de quatro mil empregos diretos.
A Embraer já acusa as primeiras sequelas mais sérias do coronavírus: no primeiro semestre deste ano, apenas 17 aeronaves foram entregues, um terço do volume registrado entre janeiro e junho de 2019. Não por acaso, somente no primeiro trimestre, a empresa teve prejuízo de R$ 1,2 bilhão. A busca por crédito é um remédio apenas para o curto prazo. Na Embraer, o consenso é de que o longo prazo só será equacionado quando o vazio deixado pela Boeing na aviação comercial for preenchido. O novo CEO da área, o holandês Arjan Meiker, se debruça sobre o tabuleiro internacional em busca de um parceiro. O cancelamento da venda para a Boeing deixou a fabricante brasileira em corner, com um leque de opções reduzidas e menos atrativas.
A Airbus já tem a Bombardier. Não precisa mais da Embraer. O caminho, portanto, aponta para o Oriente. Na China, uma hipótese seria um acordo com a Comac. A empresa conta com farta ajuda do governo chinês. O problema é que sua atuação está praticamente restrita ao mercado local, que responde por 90% das suas vendas. Uma alternativa seria uma associação com a japonesa Mitsubishi. A companhia está desenvolvendo uma linha de aviões comerciais de menor porte, o Jet Star. Já gastou mais de US$ 6 bilhões no projeto. No entanto, o programa está sete anos atrasado. A Mitsubishi enfrenta ainda dificuldades na certificação internacional de suas aeronaves. Esse é justamente uma das grandes specialidades da Embraer. Os sinais que vêm do mercado internacional aumentam a apreensão. As duas grandes concorrentes globais da Embraer já amargam a suspensão de pedidos.
A Boeing acumula o cancelamento de 307 aeronaves. Na Airbus, são 67 encomendas suspensas. A diferença entre o trio é o lastro financeiro obtido por cada um em meio à pandemia. A Boeing levantou US$ 25 bilhões em uma oferta de títulos. E ainda tem como a possibilidade de recorrer à linha de crédito de US$ 17 bilhões aberta pelo governo dos EUA para o setor aeroespacial. Já a Airbus conseguiu um financiamento de 15 bilhões de euros. A Embraer, por sua vez, só teve até o momento a linha de US$ 600 milhões disponibilizada pelo BNDES e por um pool de bancos privados. Consultada sobre tratativas para um novo empréstimo da agência de fomento, a empresa não se pronunciou. A Embraer também não revelou se já teve alguma encomenda cancelada. A companhia informou que “tem hoje um backlog de US$ 15,4 bilhões, que corresponde a encomendas firmes” e que “na aviação comercial, acreditamos que os jatos regionais liderarão a recuperação do setor”.
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Preliminares
20/07/2020O governo goiano e o BNDES traçam as primeiras linhas para a privatização da estatal de saneamento Saneago.
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Rumo ao saneamento
9/07/2020A Equatorial Energia – um condomínio de grandes fundos de investimento, entre os quais o americano BlackRock e o canadense CPPIB – vai entrar nas privatizações de saneamento. No BNDES, sua participação no leilão da Companhia de Saneamento de Alagoas, previsto para setembro, é dada como certa. É só um aquecimento. O grande alvo da Equatorial seria a Cedae.
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O outro Paulo
8/07/2020Uma reunião em Petrópolis, na semana passada, praticamente enterrou as chances da candidatura do ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro à Prefeitura do Rio pelo PSD. A Rabello de Castro foi oferecido o comando da Fundação de Estudos Políticos, o think thank do partido. Pouco para quem deixou o PSC e entrou no PSD dando como certo ser o nome da sigla para a eleição municipal. Ou para quem ainda alimenta o sonho de ser Ministro da Economia.
…
Em tempo: o candidato do PSD à prefeitura do Rio deve ser o deputado federal e ex-presidente do Detran-RJ Hugo Leal.
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Calça curta
2/07/2020A combalida indústria têxtil nacional está pedindo ao ministro Paulo Guedes ajuda do BNDES, além de outros pleitos. Não custa tentar.
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Tanque vazio 1
30/06/2020As montadoras começaram as negociações com o BNDES pedindo um apoio de R$ 7 bilhões, já estão na casa de R$ 1 bilhão e vão de se dar por satisfeitas se levarem R$ 500 milhões cada uma.
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As portas se fecham para Romeu Zema
24/06/2020Apesar do alinhamento com Jair Bolsonaro, Romeu Zema não tem tido muito sucesso nas tratativas com o governo federal para vender recebíveis da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais). Zema tentou pendurar o negócio no BNDES, mas não conseguiu. Agora, o alvo é o Banco do Brasil. Também vai ser difícil. Os créditos da Codemig são lastreados na venda de nióbio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), dos Moreira Salles, que paga royalties para a estatal. Procurado, o governo de Minas Gerais informou que “mantém a intenção de disponibilizar para venda parte da Codemig ao Governo Federal”.
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Apenas para constar
24/06/2020No BNDES, predomina a percepção de que as audiências públicas para a privatização da Cedae, marcadas para amanhã e o dia 6 de julho, servirão somente para cumprir tabela. Com a pandemia e o impeachment na soleira do gabinete de Wilson Witzel, a operação virou água parada.
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Empresas-âncoras
18/06/2020Os bancos não ficaram nada satisfeitos com as “empresas-âncoras” do BNDES.
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Locomotiva BNDES
3/06/2020O Ministério da Infraestrutura trabalha com a data de março de 2021 para o leilão da Ferrogrão. Segundo o RR apurou, a Pasta mantém tratativas com grandes tradings agrícolas interessadas no negócio, a exemplo da Louis Dreyfus, Amaggi e Cargill. Todas topam entrar na operação, desde que o BNDES, redescoberto com o coronavírus, faça parte do comboio. O investimento total beira os R$ 13 bilhões.
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Reforma patrimonialista pode ser o respirador da economia no pós-coronavírus
25/05/2020Há razões e mais razões para que o governo se dedique à montagem de uma reforma patrimonialista. O lançamento de um amplo programa de desmobilização de ativos da União seria o pé de apoio para a retomada econômica no pós-pandemia. A medida seria acompanhada de soluções engenhosas. O governo poderia criar um orçamento específico para investimentos, notadamente em infraestrutura, a partir do funding obtido com concessões, privatizações e venda de imóveis.
Os recursos ficariam circunscritos ao financiamento de projetos novos. Outro ponto importante seria a modelagem do plano, que ganha ainda mais relevância no momento em que o mercado pode até estar líquido, mas com pouco apetite e uma dose maior de aversão ao risco. O êxito do programa dependeria da utilização de sofisticados instrumentos financeiros, como recebíveis e debentures com garantias públicas, combinados com a garantia de participação nos leilões de agentes indutores ligados ao próprio Estado, como BNDESPar e os fundos de pensão.
Em algum momento, a ideia de uma reforma patrimonialista já transitou pelas cabeças da equipe econômica, mas, assim como o imposto sobre transações financeiras, ficou pra trás, em alguma esquina. A pandemia e a grave crise econômica colocam o assunto mais uma vez sobre a mesa, com novas possibilidades. A medida, vinculada a investimentos e geração de empregos, abriria caminho, por exemplo, para a venda de uma grande estatal, trazendo para o game empresas cuja simples menção nesse contexto já costuma ser um anátema. Não custa relembrar que, no início do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a mencionar estudos para a privatização do Banco do Brasil. O rompante de Guedes em relação ao BB, flagrado no vídeo da polêmica reunião ministerial do dia 22 de abril, deixa claro que seus planos em relação ao banco não mudaram.
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Privatização standby
21/05/2020A equipe do governador Eduardo Leite tem feito seguidas reuniões virtuais com o BNDES em torno do processo de privatização da Sul-gás e da distribuidora de energia CEEE. A ordem no governo gaúcho é deixar tudo engatilhado para a venda das duas estatais no primeiro trimestre de 2021. Haja otimismo, bá!
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Ferrugem no casco
18/05/2020O que já era ruim ficou muito pior: com a pandemia, o fiapo de esperança que Camargo Corrêa e Queiroz Galvão tinham de vender o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) evaporou. Conversas que vinham sendo mantidas com investidores de Cingapura foram interrompidas. Em recuperação judicial, o EAS emborcou com uma dívida de R$ 1,4 bilhão – R$ 1 bilhão apenas com o BNDES. Hoje, trata-se praticamente de uma empresa fantasma. Não há mais do que 20 funcionários nas instalações do estaleiro em Pernambuco.
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Jetleg
18/05/2020Por mais paradoxal que possa parecer, a Gol deve receber um balão de oxigênio do governo peruano antes mesmo do apoio do BNDES. A companhia negocia com as autoridades do Peru sua adesão a um pacote de benefícios que será lançado no país para socorrer o setor de aviação civil.
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Água parada
14/05/2020Os estudos para a concessão dos serviços de saneamento no Acre e em Alagoas, que estavam a pleno vapor dentro do BNDES, foram para o freezer. É projeto para ser descongelado apenas em 2021. E olhe lá…
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Baixa voltagem
5/05/2020O BNDES é o fiel da balança da venda da AES Tietê. O banco trabalha para que a AES aceite a oferta da Eneva – leia-se a Cambuhy, dos irmãos Moreira Salles e o BTG. O banco enxerga uma janela de oportunidade: com o negócio, poderá reduzir sua exposição no capital da AES Tietê de 14,4% para algo próximo dos 6%.
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“Plano Marshall” começa a ganhar forma
20/04/2020O governo já discute possíveis modelos para o financiamento de um amplo programa emergencial de geração de investimento e emprego – o “Plano Marshall” brasileiro, como vem sendo informalmente chamado por economistas, entidades empresariais e pelas próprias autoridades. Segundo a newsletter Insight Prospectiva, que circula junto a um público seleto de empresários e formadores de opinião, um dos cenários mais prováveis envolveria investimentos da ordem de R$ 1,2 trilhão na execução de grandes projetos de infraestrutura. Nesse modelo, a maior parte dos recursos, aproximadamente US$ 100 bilhões – ou R$ 500 bilhões –, sairia da venda de reservas cambiais.
Entre outras fontes de receita estariam o BNDES, o Tesouro Nacional e os fundos de pensão. O banco de fomento, por exemplo, poderia entrar com R$ 200 bilhões – a esta altura, os pagamentos à União não fazem qual- quer sentido. Cerca de R$ 300 bilhões viriam da aplicação direta do Tesouro. Dentro do próprio governo, a percepção é que, para ser efetivo, o Plano de Recuperação Econômica precisa ser praticamente um Estado dentro do Estado.
Ainda segundo Insight Prospectiva, sua gestão caberia a um gabinete supraministerial, com orçamento separado e longe dos grilhões impostos pela PEC do Teto. E o governo nem precisaria perder tempo em busca de um nome para o comando dessa missão. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, é considerado um executivo talhado para o desafio. Além da competência, Freitas reúne outros predicados. É jeitoso, não deixa arestas políticas e goza de prestígio no Congresso.
Oriundo do Exército, teria o apoio do núcleo militar do Palácio do Planalto. Ressalte-se que já existem projetos avançados nas Forças Armadas, notadamente no âmbito do Centro de Estudos Estratégicos do Exército (Ceeex), para um grande plano de recuperação dos investimentos na área de infraestrutura. O déficit de investimentos no setor é um problema antigo: o Brasil soma mais de 14 mil obras públicas paradas; cerca de 48% da população brasileira não têm acesso a rede de esgoto; a competividade logística do comércio exterior se deteriora a cada dia; o programa de expansão energética entrou em blecaute.
Com a pandemia da Covid-19, a questão ganha contornos ainda mais sérios. Será necessária uma grande cruzada pela retomada da economia e da geração de empregos. O plano de recuperação econômica incorporaria toda a agenda de concessões, PPPs e privatizações do governo. Teria ainda um apêndice de política industrial.Se, há cerca de uma década ou mais, o Brasil tivesse um programa estratégico para o setor, parte do obsoleto e subaproveitado parque industrial poderia ter sido convertido para a produção de equipamentos de saúde, a exemplo de tomógrafos, aparelhos de raio-x e ultrassom.
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Questão de altitude
20/04/2020Dirigentes da Latam, Azul e Gol foram ao Olimpo: nos últimos dias, têm conversado diretamente com Paulo Guedes para acertar a ajuda do BNDES às companhias aéreas. Entre as empresas, a sensação é de que o presidente do banco, Gustavo Montezano, tem boa vontade, mas manda pouco.
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Antes que o trem descarrile de vez
20/04/2020A Supervia – leia-se Mitsui – estaria prestes a selar um acordo com o BNDES para suspender o pagamento de empréstimos junto ao banco ao menos até outubro. Mas não basta. A operadora de trens urbanos negocia com o governo do Rio a interrupção do pagamento de antigos passivos junto ao Estado – parte expressiva deles da época em que a empresa ainda era estatal. A Mitsui tenta empurrar para a última estação a medida que lhe doeria diretamente no bolso: uma injeção de capital na Supervia. A situação é delicadíssima: com a quarentena, a receita da concessionária despencou em 80%.
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Canteiros I
17/04/2020A criação de um sindicato bancário coordenado pelo BNDES para recuperar grandes empresas pode ser um achado para resgatar a indústria da construção pesada. Como se sabe, as empreiteiras constituíam um dos setores mais robustos da economia. Foram varridas do mapa pela Lava Jato. Como o país vai precisar, e muito, da construção pesada logo mais à frente, está descortinada a oportunidade para se corrigir um grande equívoco.
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Dilma e Paulo Guedes no mesmo lado da moeda
17/04/2020A história dá voltas que a própria história não acredita. Quem se lembra de que a “grande macroeconomista” Dilma Rousseff, no dia 2 de fevereiro de 2016, adentrou ao Congresso para anunciar sua firme intenção de fazer a reforma da Previdência e a necessidade de iniciar uma discussão imediata sobre “uma margem de flutuação do resultado fiscal para acomodar sua volatilidade”? A ex -presidente aproveitou a oportunidade para defender a recriação da CPMF, com objetivo de aumentar a arrecadação. Foi massacrada, entre
outros por Paulo Guedes. A roda do tempo girou e o ministro da Economia mudou. Passou a defender a CPMF e agora uma meta fiscal com componente variável, que se adapte a instabilidade econômica, já em 2021. Vá lá que a pandemia suporta mudanças de opinião devido à conjuntura excepcional – o BNDES foi resgatado e Keynes tornou-se um mal necessário para a equipe econômica. Registre-se também que a gestão de Dilma merece a grande maioria do balaio de críticas que lhe são dirigidas. Mas quem diria que em algum dia o mais radical dos ortodoxos e a mais pafúncia das heterodoxas iriam convergir em suas opiniões.
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Recortes da infecção nossa de cada dia
13/04/2020- O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é quem mais resiste à realização de uma Assembleia Extraordinária do Copom para baixar imediatamente a taxa Selic.
- Voltou forte no Congresso Nacional a ideia de fazer um Proer para a construção pesada.
- As fintechs vão acabar nomeando o coronavírus como seu bichinho de estimação.
- Por sinal, quando passar a pandemia e os grandes bancos fizerem o levantamento das perdas, entre os estragos estará a assimetria no tratamento do governo em relação às fintechs.
- Há um dilema no BNDES: o banco vai utilizar somente critérios técnicos e ajudar empresas mais sólidas e com melhores garantias ou vai rasgar o protocolo e emprestar para corporações com alto risco? A cartilha do bom humanismo diz que não é hora de se verificar o credit score.
- Pergunta que não quer calar: por que o BC cogita abrir crédito a empresas inadimplentes e resiste, turrão, a dar garantias para o refinanciamento do débito das pessoas físicas negativadas?
- O Ministério Público Federal do Rio não teme a infecção pelo coronavírus. Tem feito entrevistas e diligências.
- Uma fonte do MPF diz que falta espremer muito o ex-governador Sérgio Cabral para extrair mais do suco da corrupção. Por exemplo: o laranjal de Cabral ainda não foi devastado. E já se sabe que há mais de uma dezena de relações promíscuas incluindo agências de publicidade, empresas de RP, gráficas etc.
- As livrarias de rua, que vinham sofrendo com a queda da demanda, estão sendo entubadas pelo coronavírus. O mesmo, muito pelo contrário, não se pode dizer das drogarias. De 10 saídas do consumidor em tempo de confinamento três são para idas às farmácias. Os supermercados permanecem campeoníssimo, com quatro saídas.
- Circula uma ideia no Palácio do Planalto de, quando chegar a hora, celebrar a queda expressiva das infecções com uma grande festa nacional. Jair Bolsonaro seria a estrela da celebração, tratada como uma vitória do governo contra o vírus. O que pega na proposta é o efeito Mandetta. É impossível controlar a eventual saudação das multidões ao ministro da Saúde. E Bolsonaro e Mandetta dividindo a festa é pedir demais.
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BNDES para todos
8/04/2020A indústria têxtil brasileira, que vive em “confinamento” há bem mais de uma década, está pleiteando ao ministro Paulo Guedes a entrada do BNDESPar em cena para salvar as empresas do setor. Melhor esperar na fila.
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Take over
8/04/2020A estratégia de Wilson Witzel de apoiar, simultaneamente, diferentes pré-candidatos a prefeito do Rio está dividindo o PSC. Mentor político de Witzel, o Pastor Everaldo, líder do partido, quer acabar com essas “primárias” e definir o quanto antes o nome do candidato. Antes que a disputa interna provoque mais baixas no PSC. Na semana passada, o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro trocou o partido pelo PSD. O economista foi um dos nomes lançados – e, posteriormente, queimados – por Witzel.
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Trem parado
8/04/2020O BNDES vai concluir até o fim do mês o trabalho de modelagem da privatização da Trensurb, empresa federal que opera o metrô de Porto Alegre. Vale apenas para cumprir tabela. No Ministério da Infraestrutura, ninguém mais leva fé na venda da companhia em 2021, como prevê o cronograma original.
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O pouso de emergência da BNDESPar
25/03/2020A BNDESPar poderá ser convocada de novo, na contramão do que queriam o ministro Paulo Guedes e cia. A ideia é que o braço do BNDES compre ações de companhias aéreas, seguindo o modelo do Reino Unido. Seria um esforço para reduzir os efeitos econômicos e sociais da Covid-19 em um dos setores mais afetados pela pandemia. Ressalte-se que a aviação civil gera mais de 850 mil empregos diretos, somando-se apenas as empresas aéreas e as atividades de infraestrutura portuária – sem contar o impacto sobre toda a cadeia do turismo. O cenário atual é tenebroso para o segmento: os voos internacionais já foram reduzidos 85%; os domésticos, caíram à metade; 90% e 70%, respectivamente, das frotas da Gol e da Latam estão paradas.
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Calendário
19/03/2020Se o coronavírus permitir, o BNDES pretende leiloar neste ano a Casal, empresa de saneamento de Alagoas.
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Falta um recolhimento compulsório do ajuste fiscal
17/03/2020O ministro da Economia, Paulo Guedes, brecou a proposta de liberação da totalidade do recolhimento compulsório. A ideia, que passeou no circuito do Congresso Nacional ao Palácio do Planalto, triplicaria a disponibilidade de recursos no sistema, dando um choque de liquidez. A medida, contudo, teria restrição para o saque dos recursos. Os médios bancos e as pequenas e médias empresas, por exemplo, teriam prioridade, assim como outras companhias diretamente afetadas pelo novo coronavírus. Hoje, o estoque de compulsórios sobre depósitos à vista no BC é superior a R$ 400 bilhões.
Recomendável para situações de crise em qualquer cartilha da teoria econômica, a medida causa calafrios no ministro Paulo Guedes. Não obstante a circunstância emergencial por conta da pandemia do coronavírus, no caso de Guedes a proposta significa ceder a uma de suas maiores aversões: liberar dinheiro carimbado. Em uma segunda leva, a concessão de dinheiro com endereço certo pode vir não pelo Banco Central, mas pelo BNDES. A agência de fomento tem cerca de R$ 100 bilhões disponíveis no caixa. Esses recursos seriam liberados para as unidades federativas com a maior carteira de obras públicas atrasadas – único caminho viável para a geração de empregos em maior escala, sobretudo em um ambiente de retração da economia.
O Brasil soma mais de 14 mil projetos de infraestrutura parados. Segundo o próprio Ministério da Infraestrutura, a retomada dessas obras demandaria algo em torno de R$ 90 bilhões. Os recursos aprovados pelo Ministério da Economia, por meio do FGTS, PIS-Pasep e Bolsa Família, têm sua função e importância. É dinheiro direto no bolso do brasileiro. Mas, é um remédio passageiro, a exemplo do que ocorreu no último trimestre do ano passado. O que falta à população é emprego.
Falta um recolhimento compulsório do ajuste fiscal, quanto mais sustentável melhor. O governo estuda outras medidas, além do aumento de crédito da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil já concedidos, de preferência que não o levem a desconstruir a arquitetura fiscal, ou seja, meta de déficit primário e teto dos gastos. Uma das iniciativas certas será o remanejamento de recursos do orçamento para a área da saúde – já foram aprovados R$ 5 bilhões, ou, ao preço médio de R$ 15 por frasco, o equivalente a um vidrinho e meio de álcool gel para cada brasileiro. Como o cobertor é curto, ou seja, as verbas discricionárias são justas, outros setores serão sacrificados. Não há outro jeito. Não há? Cresce no governo quem defenda a mudança da meta do déficit primário. No teto, há um buraco regulatório que permite gastos excepcionais em situações de emergência nacional. Portanto, o teto pode ser furado. A questão é aumentar o gasto e lembrar que o ajuste fiscal não salva vidas.
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Águas de março
11/03/2020Ronaldo Caiado diz a quem quiser ouvir que já há três grupos interessados na privatização da Saneago. Mas culpa o governo federal, notadamente o BNDES, pela demora na venda. Quem te viu quem te vê: no ano passado, o governador garantia que a empresa de saneamento não seria privatizada. Com R$ 3,5 bilhões de déficit fiscal, como manter promessas como essa?
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Decantação
3/03/2020O BNDES ainda nem começou a trabalhar formalmente na venda de Cedae, mas a área técnica do banco já tem uma certeza: a estimativa do governador Wilson Witzel de arrecadar R$ 11 bilhões com a privatização da empresa deve ser efeito da geosmina na água do Rio de Janeiro.
Acervo RR
Decantação
3/03/2020O BNDES ainda nem começou a trabalhar formalmente na venda de Cedae, mas a área técnica do banco já tem uma certeza: a estimativa do governador Wilson Witzel de arrecadar R$ 11 bilhões com a privatização da empresa deve ser efeito da geosmina na água do Rio de Janeiro.
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Quanto pesa cada integrante do time de Paulo Guedes?
19/02/2020Os Chicago´s Oldies e afins que gravitam em torno do ministro Paulo Guedes têm pesos diferentes no ranking de prestígio e aprovação no governo. Guedes universalizou ideologicamente sua equipe. São todos ortodoxos, egressos da universidade de Milton Friedman, mercado financeiro, Ibmec e Instituto Millenium. Destes dois últimos participam, respectivamente, o secretário geral de Produtividade e Competitividade, Carlos Costa, que privou com o ministro na unidade do Ibmec-SP quando ele era o dono da universidade, e Paulo Uebel, secretário geral de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, oriundo do Millenium. Também do Instituto é egresso o secretário de Comércio Exterior e Relações Internacionais, Marcos Troyjo. Com perfil de diplomata, trabalhou com Mario Garnero e Nelson Tanure, empresários que caracterizaram sua trajetória por operações ousadas.
Costa, Uebel e Troyjo mostram serviço e são prestigiados. No ranking da aprovação poderiam estar em um 3° lugar todos os três. O secretario do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que já estava no governo antes da gestão Bolsonaro e chegou a aspirar a pole position nas categorias de prestígio e aprovação, teve uma queda drástica nos últimos cinco meses. Por pouco escapou a uma
fritura. Deixaria o Tesouro, por qualidade claudicante dos serviços, e cairia para cima, assumindo a diretoria executiva do Conselho Fiscal da República. Guedes, contudo, estancou a saída, brindando-o com a acumulação dos dois cargos. Mansueto poderia muito bem se situar no 5° lugar, com viés de baixa. Na gangorra do ranking estão o secretário de Desestatização e Desmobilização, Salim Mattar, e o Secretário Adjunto da Secretaria Especial de Fazenda, Esteves Colnago.
Mattar desceu para um 6° lugar, sem louvor. Era uma das novidades de Guedes: colocar um empresário para tocar a desestatização. Colnago, ao contrário, tinha pouca visibilidade, imerso na burocracia, mas mostrou grande proficiência e tomou conta do gabinete. Sai de um 7° para um 5°, com viés de alta. Empatados no 2° posto estão o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, e o secretário geral de Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior. Os dois são os mastins de Guedes. Autorizadíssimos a falar com a imprensa, são os reis das planilhas com os dados macroeconômicos e de finanças públicas. Defendem o governo com unhas e dentes. Em franco descenso está o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Não acerta uma. Por pouco não foi demitido pelo próprio Bolsonaro, que o conhece desde criança.
Montezano também tem o coração de Guedes. Mas entregar o serviço, que é o que interessa, até agora não se viu. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, é um quadro anódino. Parceiro de Guedes desde os tempos do Pactual e Chicago Old puro sangue, foi investigado pelo MP no caso Marka – e absolvido, diga-se de passagem – e se especializou em dar declarações defendendo a venda do BB e maltratando seu corpo de funcionários. Mas parece ter aprendido que o silêncio vale ouro, principalmente para quem não sabe lidar com as palavras. Leva um 6° lugar e olhe lá. O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, é exatamente o contrário de Novaes. Tirou a CEF da condição de instituição abúlica e injetou eletricidade na gestão. Baixou os juros mais do que todos os bancos, demonstrando que é possível adotar a medida com sustentabilidade. Usa das palavras com grande eficiência. Um craque. Vai para o “2,5°” lugar. Empatados na mais alta posição estão os presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da Petrobras, Roberto Castello Branco. Ambos são sacerdotes do silêncio. Falam pouco, erram pouco. BC e Petrobras não têm mesmo que ficar na ribalta. Castello toca a empresa que nem um violino e conseguiu um feito raro: lidar com a corporação se opondo ao que ela pensa. Campos Neto desabou com os juros e tem se comunicado com o mercado de forma cristalina e na medida certa. Os dois vão para o “1,5º” lugar. A 1ª posição ninguém leva.
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As águas vão rolar
18/02/2020O governo do Rio Grande do Sul começou a rascunhar com o BNDES o modelo de venda da empresa de saneamento Corsan.
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Mais uma estatal sobre o balcão
4/02/2020O governador Ronaldo Caiado vai dar a partida na privatização da Goias- Gás. A operação passa pelo BNDES, que vai montar a modelagem da venda.
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Operação água limpa
29/01/2020O ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro está cotado no Palácio Guanabara para assumir o comando da Cedae. O economista é filiado ao PSC do governador Wilson Witzel e do Pastor Everaldo, tido como o “dono” da estatal e responsável pela nomeação do atual presidente da companhia, Helio Cabral. Antes considerado um dos nomes mais fortes do segundo escalão da gestão Witzel, Cabral acabou desidratado pela crise da água no estado. Além do consenso no governo do Rio de que é preciso criar um fato mais forte em resposta ao episódio, um fator em particular aproxima Rabello de Castro da Cedae. Foi sob o seu comando, ainda durante o governo Temer, que o BNDES formatou o modelo de privatização da empresa de saneamento.
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O papel do BNDES
17/01/2020Nem tudo vai tão mal assim na política do governo Bolsonaro para o meio ambiente. Graças ao BNDES, o Brasil produzirá seu primeiro papel higiênico com selo ambiental. A novidade virá da fábrica da Copapa, de Santo Antônio de Pádua (RJ), que recebeu um empréstimo de R$ 33,9 milhões do banco de fomento. O papel carregará menos produtos químicos em sua composição, e todo o processo de fabricação terá emissão neutra de carbono. No país em que o desmatamento da Amazônia cresceu 85% em 2019 e a água marrom da Cedae leva a população do Rio ao hospital, não deixa de ser um alento.
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Portas fechadas
16/01/2020Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono da Caoa, tentou até o último segundo arrancar um financiamento do BNDES para comprar a fábrica da Ford em São Bernardo. Ficou pelo acostamento. Talvez seu passado recente – com a citação nas Operações Zelotes e Acrônimo – tenha pesado. Consultado, o BNDES confirma que se reuniu com a Caoa, mas “não houve formalização de proposta de financiamento”.
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Curto-circuito
7/01/2020A proposta da Renova Energia, leia-se Cemig, de converter parte de sua dívida em participação acionária não está encontrando eco entre os bancos credores, a começar pelo BNDES.
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O carrasco da Av. Chile
2/01/2020O BNDES de Gustavo Montezano tem sido o mais duro credor à mesa de negociações da Renova Energia, leia-se Cemig. Vem do banco a maior pressão para que a empresa se desfaça da sua participação na Brasil PCH. O BNDES é contrário também ao período de carência de dois anos para o início do pagamento das dívidas. O passivo da Renova é superior a R$ 2,5 bilhões.
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Ponto final
2/01/2020Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Duratex, ABC Brasil, Caixa Geral, BNDES e Renova.
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2019 foi um ano de acertos dobrados no RR
30/12/20194 de janeiro. O ano de 2019 e a era Bolsonaro nem bem tinham raiado quando o RR cravou não apenas a decisão do novo governo de privatizar a Eletrobras, mas também os movimentos de Jorge Lemann para comprar a empresa, por meio do 3G Radar. Poucas semanas depois, as duas informações estavam em toda a mídia. Foi o primeiro dos incontáveis furos aos quais o assinante do Relatório Reservado teve acesso, com exclusividade, ao longo deste ano – boa parte deles antecipando passos do Poder, notadamente do presidente Jair Bolsonaro e de sua equipe. Na edição de 8 de janeiro, a newsletter destrinchou o projeto da gestão Bolsonaro para murchar o Ibama e demais órgãos da área ambiental por dentro.
Não deu outra: o meio ambiente se tornaria um nervo exposto no primeiro ano de seu governo, como se veria mais à frente, em um dos episódios de maior repercussão de 2019. Em 21 de agosto, o RR informou, em primeira mão, que o Itamaraty tinha a informação de que governos da Europa preparavam um forte ataque à política ambiental do presidente Bolsonaro, com ênfase no desmatamento da Amazônia. A matéria do RR informava, inclusive, o Dia D e o lócus da ofensiva: 24 de setembro, data de abertura dos chamados debates de alto nível da 74ª Assembleia Geral da ONU. Dito e feito. O Brasil sofreu um bombardeio sem precedentes de grandes líderes globais por conta das queimadas na Amazônia, e o tema ditou o discurso de Bolsonaro nas Nações Unidas. Em 4 de setembro, o RR também foi o primeiro veículo a noticiar a coalizão entre a bancada ruralista e grandes tradings para evitar a moratória da soja, assunto que estouraria na imprensa duas semanas depois.
Nos primeiros dias de mandato do Capitão, precisamente em 9 de janeiro, o RR trouxe em primeira mão a determinação do Planalto de abrir a “caixa-preta” da Previdência, com uma devassa nos bancos de dados da Dataprev e nos pagamentos de benefício do INSS, que seria formalmente anunciada semanas depois. Em 17 de janeiro, a publicação revelou os planos de Bolsonaro de espalhar escolas cívico-militares pelo país – projeto que só seria formalmente divulgado em setembro, com o anúncio da construção de 216 colégios até o fim do atual mandato. Ainda em janeiro, no dia 21, o RR informou sobre a disposição de Paulo Guedes em rasgar a camisa de força do Orçamento, com a desvinculação das receitas. O ministro abriu essa guerra, ainda que, até o momento, sem vitória. Por dever de ofício, auscultar os gabinetes de Paulo Guedes e da equipe econômica foi um exercício quase diário do RR, o que permitiu antecipar decisões ou projetos ainda que no seu nascedouro.
Em 15 de fevereiro, o RR foi o primeiro veículo a colocar sobre a mesa que o Ministério da Economia cogitava um shutdown, ou seja, a suspensão geral dos pagamentos dos gastos públicos. O risco estava diretamente vinculado à não aprovação da reforma da Previdência e chegou a ser tratado em conversas entre Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, conforme revelou a newsletter. O tema somente começou a aparecer na mídia em maio. Em novembro, o próprio ministro viria a falar na possibilidade de um “shutdown à brasileira”, com a adoção de medidas combinadas para “estancar a sangria de despesas até que o equilíbrio fiscal seja restabelecido”, como suspensão de reajustes para o funcionalismo, reestruturação de carreiras no serviço público etc etc.
Em 13 de junho, o RR noticiou a intenção de Paulo Guedes de soltar recursos pingados para adoçar a boca dos brasileiros e injetar uns trocados na economia – no que a newsletter chamou de uma estratégia “rouba montinho”, ou seja, tira um pouquinho de moedas daqui e empurra para ali. Pouco tempo depois, as migalhas começaram a cair sobre a mesa, com a liberação de dinheiro do FGTS, um pequeno puxadinho no orçamento do Minha Casa, Minha Vida e até um cata-cata de grana para honrar o pagamento de bolsas do CNPq. O drama fiscal foi acompanhado no detalhe do detalhe pelos assinantes do RR, a partir de informações exclusivas e análises argutas. O RR seguiu cada pegada do Copom, especialmente a sua intenção de acelerar a redução da Selic, tendo como meta juros reais de 1% neste ano, conforme a newsletter informou em 17 de setembro. Por falar em juros, o Relatório Reservado foi o primeiro veículo a chamar a atenção para a dissintonia entre os dois grandes bancos estatais diante da forte queda da Selic.
No dia 7 de outubro, a publicação abordou a posição do Banco do Brasil, de Rubem Novaes, nome historicamente vinculado a Paulo Guedes, de não reduzir suas taxas de juros, diferentemente da Caixa Econômica. Poucos dias depois, o restante da mídia abriu os olhos para o assunto e o próprio BB acabaria por anunciar um corte em suas taxas. Ainda percorrendo os bastidores das grandes decisões da economia, o assinante do RR soube antes, no dia 19 de agosto, que o governo estava prestes a lançar um programa de privatizações como o “país nunca viu”. Dois depois, a notícia se confirmava – ainda que sem fazer jus à expressão hiperbólica cunhada dentro do próprio Ministério da Economia. Em 21 de agosto, o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, divulgava oficialmente o plano de venda de nove estatais – à exceção dos Correios, e olhe lá, nenhuma de fechar o comércio. Por ora, o explosivo programa de privatizações anunciado por Bolsonaro e Guedes não passa de um estalinho.
Ainda na seara das concessões públicas, nos estertores de 2019, mais precisamente em 4 de dezembro, o RR noticiou um mutirão interministerial do governo para aprovar o marco regulatório do saneamento – condição sine qua nom para destravar a venda de estatais do setor. Cinco dias depois o próprio ministro Paulo Guedes confirmava que o governo havia intensificado a articulação política para acelerar a aprovação da lei no Congresso. Seguindo na agenda econômica, o RR foi o primeiro a puxar uma questão que somente dias depois seria fisgada pela mídia de um modo geral. Na edição de 8 de novembro, após consultar importantes juristas, a newsletter trouxe a informação de que o Conselho Fiscal da República – o ornitorrinco criado por Paulo Guedes juntando partes do Executivo, Legislativo e Judiciário – é inconstitucional. Do fiscal para o câmbio, em 22 de novembro o RR trouxe à tona a crescente preocupação do Banco Central com a escalada do dólar.
Quatro dias depois, a autoridade monetária entrou no mercado vendendo a moeda americana para segurar as cotações, expediente que ainda se repetiria mais algumas vezes. Em 20 de fevereiro, o RR esmiuçou o grande projeto do “governo digital” que começava a ser engendrado no Ministério da Economia, mais precisamente na área comandada pelo Secretário Paulo Uebel, com o objetivo de arrumar a máquina pública tanto para dentro quanto para fora, leia-se o atendimento à população. Somente mais para o fim do ano, o tema cairia no radar da mídia, com direito a capa de revista semanal. Ainda no âmbito da economia, em 11 de fevereiro, a newsletter informou sobre o convite do então presidente do BNDES, Joaquim Levy, a Gustavo Franco para assumir a presidência do Conselho de Administração, formalizado apenas no fim daquele mês.
Da mesma forma, em 19 de junho, o RR antecipou que o economista deixaria de ser o chairman da agência de fomento antes mesmo de assumir o cargo. Àquela altura, oficialmente Gustavo Franco e o próprio BNDES negavam o meia volta, volver, garantindo que o processo de indicação transcorria normalmente e a demora na posse se devia à burocracia do rito. Pois bem… Somente no fim de julho, mais de um mês após a notícia do RR, o economista e o banco admitiram o desenlace antes mesmo do casório. Em 16 de dezembro, o RR colocou foco sobre o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida, antecipando os preparativos para a sua saída do governo.
Uma semana depois, Paulo Guedes e toda a equipe econômica fizeram um desagravo público a Mansueto. Chamou a atenção do empenho do ministro em garantir a permanência do economista no cargo por “pelo menos mais um ano”. Mais sintomático, impossível. Guedes desmentiu e o RR reafirmou e reafirma o que disse: Mansueto vai deixar o governo em breve. Ao longo de 2019, o RR manteve a tradição de acompanhar amiúde a área de Defesa, que, não bastasse sua importância per si, ganhou um destaque ainda maior no noticiário devido ao notório imbricamento entre o estamento militar e o governo Bolsonaro.
Em 25 de fevereiro e 13 de março, período marcado pelo agravamento da crise institucional na Venezuela e por forte tensão na fronteira, a newsletter revelou a preocupação das Forças Armadas com a fragilidade do sistema brasileiro de defesa, resultado da contínua asfixia orçamentária comum a todos os últimos governos brasileiros. Em 5 de abril, o RR abordou a tensão entre militares, ainda que da reserva, e o Judiciário. A publicação destacou o editorial da Revista do Clube Militar, por meio do qual o presidente da instituição, General de Divisão Eduardo José Barbosa, fez duras críticas ao STF. Na ocasião, o oficial da reserva classificou como uma “evidente ofensiva contra a Lava Jato” a decisão do Supremo de que processos de “caixa 2” migrem para a Justiça Eleitoral. Nos dias a seguir, o assunto ganharia evidência na mídia.
O RR também foi um intérprete das tensões institucionais que cercam o governo Bolsonaro. Em 2 de maio, em matéria intitulada “FHC é o maior conspirador da República”, a newsletter desvendou as movimentações do ex-presidente junto aos principais grupos de poder do país em um período de efervescência por conta dos seguidos episódios de quebra de decoro protagonizados por Jair Bolsonaro. Menos de duas semanas depois, FHC não se fez de rogado e verbalizou publicamente a palavra que tanto vinha sussurrando na penumbra: “O impeachment às vezes é inevitável”. Entre as várias “guerras” abertas por Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato, está o embate com a própria mídia. Em 9 de agosto, o RR trouxe a informação de que o presidente da República determinaria o corte de assinaturas de grandes jornais e revistas nos órgãos federais. Bingo! Em 31 de outubro, o governo anunciava o cancelamento da assinatura da Folha de S. Paulo.
O ministro Sergio Moro e, por extensão, o Judiciário estiveram no centro de outros importantes furos do RR ao longo de 2019. Em 1 de abril, a newsletter divulgou a movimentação de Moro para aumentar o orçamento da sua Pasta e aumentar o efetivo da Polícia Federal. Um mês depois, Paulo Guedes soltou a grana, e o ministro da Justiça anunciou a convocação de 1.200 aprovados em concurso para a PF realizado no ano passado. Em 11 de junho, o RR antecipou uma grande ação da Justiça, notadamente da Polícia Federal, para combater a atuação do crime organizado, sobretudo do PCC, no contrabando de ouro. Sete dias depois, a PF deflagrava a Operação Ouro Perdido, desbaratando uma quadrilha que havia movimentado cerca de R$ 145 milhões. No agitado ano de Sergio Moro, talvez nenhuma outra agenda supere o vazamento dos seus diálogos com os procuradores da Lava Jato, iniciado pelo The Intercept Brasil. O assinante do RR soube, com exclusividade, das movimentações de Moro nos bastidores para administrar o escândalo.
Em 29 de julho, por exemplo, a publicação antecipou que o ministro, em uma ardilosa estratégia, ligou para uma relação de 26 autoridades dos Três Poderes para informar e “tranquilizá-los” sobre o hackeamento de seus celulares e computadores. Por falar em Lava Jato, ao longo de 2019, por diversas vezes o RR chamou a atenção para o desmonte do setor de construção pesada com a insistência do aparelho de Justiça em punir as empresas e não apenas seus controladores. Em 10 de outubro, na esteira da criação do Instituto Brasileiro de Autorregulação do Setor de Infraestrutura, o RR enfatizou que a redenção das empreiteiras e a salvaguarda de seus milhares de empregos – os que ainda restaram – deveriam ser tratadas como assunto de Estado. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Em 26 de dezembro, a imprensa divulgou um relatório da CGU levantando o risco de calote em acordos de inadimplência devido à falta de retomada da atividade no setor de construção pesada. Eureka!
No âmbito do Judiciário, o RR revelou a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de criar varas especializadas para o julgamento de integrantes do crime organizado, informação que somente seria divulgada pelos grandes jornais em 1 de julho. Em 23 de agosto, a newsletter antecipou a união entre os Ministérios Públicos do Brasil e do Paraguai para investigar o doleiro Dario Messer e sua abastada clientela nos dois países. Em 11 de outubro, o RR divulgou que os dois MPs tinham à mão uma lista de 36 clientes do doleiro. Mais uma vez, no alvo: em 20 de dezembro, o Ministério Público do Brasil indiciou 18 pessoas ligadas a Messer, entre elas o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes. Os outros 18 que esperem. A sua hora vai chegar… Como não poderia deixar de ser, não obstante o peso do noticiário político institucional, a seleta rede de informantes do RR no ambiente corporativo permitiu à newsletter antecipar importantes fatos do universo empresarial em 2019.
Em 14 de fevereiro, a publicação noticiou os preparativos para a saída de Fabio Schvartsman da presidência da Vale, na esteira da tragédia de Brumadinho. No dia 2 de março, a mineradora anunciava o afastamento “temporário” de Schvartsman do cargo. Mero jogo de palavras: o executivo deixava o posto em definitivo, carregando no currículo 270 mortes. Em 29 de maio, o RR informou, com exclusividade, da parceria entre Starboard e Apollo para a compra da ViaVarejo. Dois dias depois o assunto estava estampado nos principais jornais do país. No fim, a dupla de gestoras perdeu o negócio. Michael Klein foi mais rápido no gatilho e ficou com a ViaVarejo. Em 30 de maio, o Relatório Reservado publicou, em primeira mão, a condenação da Volkswagen pelo TJ-RJ pelo escândalo da adulteração de resultados de emissão de poluentes em veículos a diesel. Outros veículos só noticiaram o veredito, no valor total de R$ 460 milhões, quatro dias depois.
Na edição de 24 de junho, o RR antecipou um movimento decisivo no processo de recuperação judicial da Saraiva: uma “rebelião” dos credores, condicionando a aprovação do plano ao afastamento da família da gestão da empresa. Mais um tiro certeiro: em 29 de agosto, a saída de Jorge Saraiva Neto do comando da companhia foi confirmada. Em 14 de agosto, o RR publicou, com exclusividade, a retomada dos planos da JBS de abrir o capital nos Estados Unidos. No apagar das luzes de 2019, o RR levantou ainda um caso inusitado: sete donos de embarcações incendiadas na Marina de Angra dos Reis (RJ) aguardam há meses pelo pagamento de seus seguros. Por ora, nem a BR Marinas, concessionária do atracadouro, nem a Tokyo Marine, responsável pela apólice coletiva do local, pagaram um centavo pelo sinistro.
Dez dias depois, o assunto estava em coluna de prestígio de uma revista semanal. Essa seleta de acertos foi apenas uma pequena amostra do número elevado de furos e análises premonitórias com que a newsletter brindou seus assinantes durante 2019. O leitor do RR não tem dúvida de que em nossas páginas pode enxergar o noticiário mais à frente. Em 2020, esperamos ter a honra de que nossos assinantes permaneçam nos prestigiando. Ainda em 2019, o Relatório Reservado adensou o volume de informações disponibilizadas ao seu assinante com o lançamento do Observatório RR – uma nota técnica diária sobre assunto específico e relevante – e o Termômetro RR, que antecipa a temperatura da agenda política e econômica do dia seguinte. Em 2020, podem esperar, teremos muito mais. Que venham novos acertos e muito mais assinantes!
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Vale ensaia um bye, bye, Brasil para sua sede fiscal
13/12/2019A Vale está negociando todas as suas fichas com o governo para a mudança de sua sede fiscal para um paraíso tributário. A expectativa
da empresa é que a gestão liberal da economia e a nova política do BNDES de venda de participações da carteira da BNDESPar facilitem a iniciativa. Hoje, o que emperra a exportação da sede fiscal é a titularidade pela União das ações de classe especial, as golden share. Segundo o artigo 3.2.1 do edital de licitação da Vale, as golden share têm poder de veto sobre as seguintes matérias: alteração da denominação social, mudança da sede social, mudança no objeto social no que se refere à exploração mineral, liquidação, entre outras.
Um dos fatores que, no passado, poderiam dificultar essa medida é a participação expressiva da BNDESPar no capital, além da qualidade de titular das golden share, em nome da União.
Ressalte-se que a transferência da sede da Vale chegou a ser cogitada no governo FHC, responsável pela sua privatização, e, por incrível que pareça, até mesmo na gestão Lula, ambas sem êxito. A mudança de status do BNDES no capital acionário se deu justamente no mandato do petista, quando o presidente do banco era Carlos Lessa. O economista ampliou a participação da BNDESPar para evitar a desnacionalização da mineradora e consequentemente a transferência da sede. O tempo passou e o BNDES mudou. A expectativa agora é de venda expressiva de ações da Vale em poder do banco, o que facilita os entendimentos para o “bye, bye, Brasil” da companhia. Se for realizado, as ações disparam.
A priori, as prerrogativas da golden share não parecem existir para serem levadas tão a sério quanto outrora. As chamadas ações de “Classe A”, em uma de suas cláusulas, impediam a troca da razão social da empresa. A mudança de Vale do Rio Doce ou CVRD para a nomenclatura diminuta da Vale, em 2007, passou ao largo da golden share. E, se a aprovação ocorreu formalmente, o silêncio e a discrição deram a tônica do acordo. O RR enviou uma série de perguntas à Vale e estendeu seguidamente o prazo para pronunciamento, devido à gravidade do assunto. A companhia limitou-se a dizer que “as informações disponíveis estão no relatório anual 20F”, publicado em seu site.
A resposta representou a mesma coisa que fugir do assunto: a Vale não quer falar sobre a mudança de sede. Cabe o registro histórico de que, nos idos dos anos 70, a operação da então Vale do Rio Doce em Bruxelas, comandada por Eliezer Batista, era tão importante do ponto de vista estratégico e político quanto a própria sede da corporação no Brasil. Todos os contratos internacionais e mesmo projetos de economia física em solo brasileiro – a começar pelo maior de todos, Carajás – foram formulados a partir do QG na Bélgica. Hoje, a mudança da sede fi scal para o exterior seria bem-vinda também para a descontaminação da Vale em relação aos malefícios ambientais e mortes causadas pela responsabilidade da companhia em duas das maiores tragédias sociais da história do país – Mariana e Brumadinho.
Os acidentes têm dimensão para serem recordados ainda por muitos anos, e não custa lembrar que a mineradora pode estar sentada ainda sobre outras áreas de risco. Por isso, diz uma fonte estratégica, uma rearrumação de ativos seria bem vista. A medida seria uma forma de blindar a companhia contra possíveis e bilionárias indenizações e eventuais probabilidades de novos rompimentos de barragens. Do ponto de vista da lógica econômica, a diretoria da Vale estaria coberta de razão em sua blitzkrieg para a mudança da sede fiscal. Se não conseguir passaporte para um paraíso tributário, a empresa ainda poderia migrar para a Suíça, transformando a sua subsidiária internacional naquele país em sede. A Suíça já não é mais a mesma do ponto de vista fiscal, mas quebraria um galho
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Torneiras abertas
10/12/2019Após deixar o índex do BNDES e destravar empréstimos do banco, o governo do Acre negocia uma linha de crédito para a área de saneamento. O estado é uma calamidade no assunto. Apenas 12,2% da população local têm acesso à coleta de esgoto. Mais da metade dos acreanos não dispõe de água potável.
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Furando a fila
28/11/2019Mal assumiu a presidência da Valec, Rafael Castello já é tido como o nome mais forte para comandar a estatal que deverá nascer da fusão da autarquia com a Infraero e a Empresa de Planejamento e Logística. Ex-assessor da diretoria de Mercado de Capitais do BNDES, Castello é homem de confiança do ministro Tarcisio Freitas, seu colega no IME (Instituto Militar de Engenharia).
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Acordo de paz entre Klabin e BNDES
27/11/2019Mais do que somente um movimento financeiro, a decisão da Klabin de antecipar o pagamento de R$ 2,4 bilhões em empréstimo ao BNDES teve um forte componente “político”. Com o gesto, os Klabin esperam ter celebrado, de vez, a pax societária com o banco. Em fevereiro deste ano, a BNDESPar, acionista da companhia, entrou com uma queixa na CVM questionando o acordo feito pela fabricante de papel e celulose com os seus próprios controladores. Na ocasião, a Klabin comprometeu-se a pagar aos Klabin R$ 344 milhões para encerrar um contrato de pagamento de royalties pelo uso do sobrenome/marca.
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Câmbio acende o sinal no painel do BC
22/11/2019O problema pode não ser para o curto prazo, mas já acendeu a luz amarela na área cambial do Banco Central. São quedas de reservas (devido à venda de moeda para tentar segurar as cotações), o risco de formação de um déficit estrutural da balança comercial e o pior fluxo cambial para o mês de outubro desde o início da série histórica. Nunca saiu tanto dinheiro do Brasil. O Brasil está perdendo dinheiro com swaps cambiais e com as reservas internacionais, devido à desvalorização do real. A saída de capital estrangeiro das bolsas acumula o maior volume desde 1999, o pior ano da série.
Superou com razoável distância o êxodo de 2008, ano da famigerada crise dos subprimes. O dinheiro tende a sair mais devido ao ciclo de saúde monetária. Como todo bem traz seu mal junto também, a queda expressiva da taxa de juros está secando o dinheiro que vinha buscar as altas rentabilidades do carry trade. O nó pode aumentar na medida em que, à exceção das velhas e boas commodities, o Brasil está reduzindo sua pauta de produtos industriais tradables e parece ter desistido de vez de outros negócios geradores de divisas, a exemplo da exportação de serviços. Sob esse aspecto, o investimento direto em infraestrutura é benéfico no curto prazo e arriscado no longo, na medida em que as concessões e privatizações, passado o tempo, em sua esmagadora maioria, são exportadoras de dinheiro do Brasil, por intermédio da remessa de lucros, e não trazem nada do exterior.
Quanto ao impacto na competitividade das exportações, talvez o maior benefício econômico do investimento em infraestrutura, é preciso aguardar para ver o quanto de mau trato o governo ainda vai proporcionar à indústria. Segundo dados do jornal Valor Econômico de 18 de novembro, o déficit comercial da indústria, neste ano, deve ser quase 10 vezes maior do que o de 2018 – o déficit total da balança comercial deve encolher pelo terceiro ano. O perigo de um caráter estrutural é que o déficit cambial fabril não se deve às importações, que estão baixas, mas às exportações industriais, que estão baixíssimas.
O déficit, a depender de Bolsonaro & Guedes, tendem a largar, com o estigma da política industrial, o homicídio do BNDES e a suspensão de tarifas sobre importações. Para o ministro da Economia é tudo bullshit. Quem tem reservas cambiais do tamanho das nossas não tem porque se preocupar. Antes mesmo do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sentar-se à cadeira, Paulo Guedes já tinha disparado que se o dólar subir entre “R$ 4,00 e R$ 5,00,” ele injetaria reservas no mercado, comprando moeda e ganhando uma grana para o país. O dólar está cotado a R$ 4,20. Resta ver o tamanho do intervalo a que se referiu o ministro e se ele tem mesmo garrafas para vender.
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Telebras vira hospedeira de projeto de digitalização rural
20/11/2019O governo pretende pendurar um contrabando na privatização da Telebras. O pingente em questão é um programa para a implantação de internet de alta velocidade nas principais regiões agrícolas do país. A ideia é exigir do futuro controlador da estatal investimentos para ampliar a conectividade em áreas rurais, com metas de aportes previstas no edital. O pedágio passaria ainda pela disponibilização da infraestrutura da empresa para viabilizar o projeto.
São 32 mil quilômetros de backbone de fibra ótica que interligam mais de 1,5 mil municípios, uma parte deles localizados em algumas das maiores fronteiras agrícolas do país. Vale pela intenção. Mas, olhando-se pela ótica dos investidores, a impressão que fica é que a privatização da Telebras sofre um downgrade. A estatal está longe de ser um ativo de primeira grandeza e entrou no programa de privatizações da Secretaria de Desestatizações meio que “para encher linguiça”. Mesmo a possível contrapartida de que o novo acionista da Telebras se remunere dos investimentos com a oferta de serviços a grandes grupos do agronegócio não chega a ser um prêmio dos mais entusiasmantes.
Não custa tentar. O que não se discute é o atraso digital do agronegócio brasileiro. O setor está no medievo. Consultado pelo RR, o Ministério da Agricultura informou que o acesso à internet alcança só 4% de todas as lavouras do Brasil. A Pasta disse ainda que “são necessárias aproximadamente 5.000 antenas para conectar as principais regiões agricultáveis do país.” Estudos indicam que a implementação da Internet das Coisas no agronegócio no país poderá ter um impacto econômico positivo da ordem de US$ 20 bilhões ate 2025. Verdade seja dita, o governo Bolsonaro é o primeiro a se fixar no assunto. Logo que assumiu, criou a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação para aumentar o acesso do setor agrícola às comunicações digitais. Mas, como tudo, falta dinheiro. Uma das poucas ações mais agudas neste sentido é o Inovagro, programa do BNDES que disponibiliza quase R$ 4 bilhões a pequenos e médios produtores rurais para a compra de computadores e sistemas de gestão e monitoramento das lavouras.
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Um trem para os tribunais
18/11/2019A AGU foi chamada para impedir o descarrilamento da venda da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb). O governo federal, controlador da companhia, já dá como certa uma longa batalha nos tribunais contra os ferroviários. Na semana passada, o BNDES teve de suspender a contratação do banco responsável pela avaliação econômico-financeira da Trensurb depois que o Sindimetrô do Rio Grande do Sul conseguiu uma liminar contra a licitação. A estatal é um comboio de prejuízos: só neste ano, já acumula uma perda superior a R$ 120 milhões.
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Crash da JBS?
13/11/2019O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, baixou “decreto”:a venda da participação de 22% na JBS é para ontem. O banco disputa uma corrida contra o STF e a possível anulação do acordo de delação dos irmãos Batista. Apenas para relembrar: em março de 2017, quando estourou o caso Joesley/Temer, o valor de mercado da empresa caiu 30% em apenas um mês.
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Ponto final
13/11/2019Não retornaram ou não comentaram o assunto: Ministério da Justiça e BNDES.
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Pequeno e médio BNDES
12/11/2019Gustavo Montezano anunciou que uma das prioridades do BNDES será o financiamento à pequena e média empresa. Quer dizer que uma instituição que foi vital para a existência da Embraer e esteve por trás das grandes obras brasileiras vai concorrer com o Sebrae. Os técnicos da casa estão encantados com Montezano.
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Conselho Fiscal não passa pelo crivo da Constituição
8/11/2019O Conselho Fiscal da República já nasce marcado para morrer. Segundo juristas ouvidos pelo RR, a nova instância proposta pelo ministro Paulo Guedes é inconstitucional e, mesmo que vá adiante, não resistirá aos primeiros questionamentos nos tribunais. O ornitorrinco institucional anunciado por Guedes – a partir da criação de uma esfera decisória que uniria Executivo, Congresso, STF e TCU – esbarra, logo de cara, no princípio da separação dos Poderes previsto na Constituição em seu Artigo 2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” O entendimento entre constitucionalistas é que a Suprema Corte não pode participar de decisões colegiadas com outras instâncias.
Os juristas alertam para o risco de tal modelo criar aberrações jurisdicionais, que colocariam sub judice todas as decisões proferidas pelo Conselho. A quem, por exemplo, um estado ou município que se sentisse lesado por uma deliberação do Conselho Fiscal recorreria? Ao STF, sendo ele parte vinculada e corresponsável pela decisão questionada? Imagine-se o grau de constrangimento ao qual um ministro do Supremo estaria exposto ao ter de julgar matéria que, mesmo indiretamente, recebeu o imprimatur da própria Corte no âmbito do Conselho Fiscal. Segundo informações filtradas do Ministério da Economia, o principal artífice da proposta de criação do Conselho Fiscal da República foi o chefe da Assessoria Especial de Paulo Guedes, Marcelo de Siqueira, procurador federal e ex-diretor do BNDES.
Em meio ao espetáculo pirotécnico do anúncio da reforma fiscal, a medida foi solta no ar sem maiores detalhes. Não está claro, por exemplo, se a criação desse ecossistema de tamanha biodiversidade institucional se dará também por meio de PEC. Caso seja este o caminho escolhido, mais uma vez a medida baterá no muro da Constituição, mais precisamente de uma cláusula pétrea. Os juristas apontam para o Artigo 60, parágrafo quarto: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: III. A separação dos Poderes”. Ou seja: a predominar esse entendimento, por dever de ofício, a primeira decisão do Supremo relacionada ao Conselho seria vetar a sua instauração. Ao menos restaria a Paulo Guedes o conveniente discurso de que buscou dividir a responsabilidade por decisões na reforma fiscal e no pacto federativo com outros entes institucionais.
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O “Estado de Emergência Autoritária” de Paulo Guedes
7/11/2019O pacote 3D – desindexação, desvinculação e desobrigação – do ministro Paulo Guedes foi uma mistura de castigos, cortes lineares, redução de recursos para investimentos e criação de um leviatã de três cabeças, um conselho composto pelo Executivo, Legislativo e STF, que não se sabe muito bem como vai arbitrar por cima de governos eleitos legitimamente pelo povo. Poderia muito bem ser trocado pelos Estados de Emergência Social, Tributária e de Investimentos. As medidas, que compõem o verdadeiro Estado de Emergência Fiscal, são autoritárias, antidemocráticas e voltadas unicamente para a obsessão de seu regente com a redução do gasto público. Guedes vai extinguir 281 fundos públicos (R$ 220 bilhões).
Para onde vai o dinheiro? Para abater os juros e reduzir o custo da dívida pública federal. Raspas e restos poderão ir para o social e a infraestrutura, isso se houver novos recursos vinculados. O Estado de Emergência Fiscal determina que o mau comportamento das contas do Estado seja castigado com cortes e sanções, tais como a do salário mínimo, que passaria pela primeira vez a não ter aumento real, por dois anos. Os demais cortes variados nos gastos públicos, passados dois anos, caso haja economia, serão repartidos em 1/4, que voltará para aplicação em obras públicas (quem sabe?). A parcela do FAT para o BNDES cai pela metade, reafirmando a disposição do governo de seccionar o investimento em dinheiro bom, de alocação privada, e dinheiro ruim, de alocação pública.
Em caso de Emergência Fiscal, como se fosse um Estado de Sítio, o governo pode fazer tudo. Por exemplo: desindexar despesas obrigatórias, independentemente do descasamento dos pagamentos e condições do acordo entre as partes. Outra medida que caracteriza o desgosto com o investimento: transferência de royalties da União para os estados e municípios de R$ 400 bilhões, em 15 anos. Não há nenhuma menção à destinação de parte desse dinheiro em formação bruta de capital fixo ou mesmo educação e saúde.
É a tal democracia aguda e radical de Paulo Guedes, que preconiza a gestão dos estados e municípios como mais eficiente, sem levar em conta, é claro corrupção, precatórios e atraso de obras. O ministro diz que a situação fiscal do Estado está bastante frágil, mas não diz se realizará um superávit primário com as medidas, nem quando e muito menos quanto. Tampouco informa o potencial recessivo do Estado de Emergência Fiscal. E deixa claro sua prioridade em cortar salários, jornadas, empregos e verbas vinculadas a gastos sociais em vez de tributar recursos dos mais abonados. É como se diz: miséria é miséria em qualquer canto. Riquezas são diferentes.
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Luz apagada
6/11/2019A BNDESPar cansou de esperar pela Cemig. Vai vender separadamente sua participação de 6% na Light.
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Ponto final
6/11/2019Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES e ViaVarejo.
Acervo RR
Equatorial
28/10/2019No BNDES, a Equatorial Energia é considerada pule de dez na disputa pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). O modelo de privatização da distribuidora está a cargo do banco e deverá ser anunciado até o fim de novembro. Se não ocorrer um curto-circuito no caminho, o leilão sai no primeiro trimestre de 2020.
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Risco endêmico?
17/10/2019O RR procurou saber das internas do BNDES. Conseguiu apurar que Gustavo Montezano, ligou batido para o chefe, Paulo Guedes, consultando-o sobre o que fazer em relação ao calote de Marcelo Crivella no banco. A preocupação é que a moratória gere um efeito cascata.
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De cara na porta
17/10/2019Em boa parte, o pedido de recuperação judicial da Renova Energia, leia-se Cemig, vai para a conta de Romeu Zema. O próprio governador tentou diretamente obter o waiver do BNDES a uma dívida de US$ 1 bilhão da empresa. Levou “não” atrás de “não”.
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Ponto final
17/10/2019Procurados, os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES e Governo de Minas Gerais.
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BNDES fora da Copel
15/10/2019O BNDES bateu o martelo: vai vender, ainda neste ano, sua participação na Copel. R$ 3,5 bilhões: é a ordem de grandeza do quanto o banco espera arrecadar com a oferta das ações na Bolsa.
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Ponto final
15/10/2019Procurados, os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES, Rede D´Or e Saraiva.
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Tarcísio Freitas é o “árbitro” de Viracopos
9/10/2019Nem devolução da licença e muito menos falência. De acordo com informações filtradas da própria Pasta da Infraestrutura, o ministro Tarcisio Freitas trabalha por uma solução de mercado para a concessionária de Viracopos. Por “solução de mercado”, leia-se a transferência para a Zurich AG ou outro investidor que apresente uma proposta firme pela operação. O acordo firmado entre o governo e a Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) para o adiamento da assembleia de credores teve o objetivo de ganhar tempo. De acordo com a mesma fonte, há articulações junto à ANAC e ao BNDES, um dos principais credores da concessionária, para viabilizar a venda da empresa. Formalmente, o Ministério da Infraestrutura diz que “está preparado para qualquer cenário envolvendo Viracopos”. É a sua obrigação. No entanto, tudo o que o governo menos quer neste momento é ter de relicitar a concessão com uma dívida de R$ 800 milhões em meio aos preparativos para uma nova leva de licitações no setor aeroportuário.
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Copasa sobre o balcão
30/09/2019
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Em busca do waiver da Avenida Chile
20/09/2019O governador Romeu Zema tem feito gestões junto ao presidente do BNDES, Gustavo Montezano, para que o banco prorrogue mais uma vez o vencimento do empréstimo de R$ 933 milhões relativo à construção do parque eólico de Alto Sertão III, na Bahia. O empreendimento pertence à Renova Energia, leia-se Cemig e Light. O financiamento venceria em agosto, mas o banco já concedeu um primeiro waiver e esticou o prazo para 15 de outubro. Não foi o suficiente. O acordo com o BNDES é um dos movimentos necessários para viabilizar a venda de Alto Sertão III à AES Tietê, uma operação da ordem de R$ 400 milhões. Trata-se de um negócio fundamental para a própria sobrevivência da Renova.
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Ponto final
20/09/2019Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: CSN, BNDES e Renova.
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O diplomata da Klabin
17/09/2019O ex-secretário de Política Econômica e sócio de Armínio Fraga no Gávea, Amaury Bier, tem servido como um algodão entre cristais no Conselho da Klabin, notadamente no que diz respeito às relações entre a família e o BNDES. Recentemente, houve atritos entre o banco e os controladores da empresa devido a royalties pagos ao clã dos Klabin.
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Privatização à vista
13/09/2019A equipe econômica de Romeu Zema abriu conversações com o BNDES em torno da venda da participação do governo de Minas Gerais na Gasmig. Meta perseguida pelos mineiros: colocar R$ 1,5 bilhão no caixa com a operação.
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O fim da Vale verde e amarela?
12/09/2019Há planos no BNDES de reduzir a participação no capital da Vale. O RR já escutou a mesma coisa na Previ. A ação conjunta levaria a uma definitiva “privatização” da companhia. Hoje, mesmo sendo uma corporation, as duas estatais dão as cartas por lá. É um golpe de morte na estratégia engendrada pelo ex-presidente do BNDES professor Carlos Lessa, para evitar que à época a Vale fosse desnacionalizada. Aliás, exigência de controle nacional parece ter se tornado uma coisa kitsch.
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Bancos públicos deixam a proa do FMM
12/09/2019O governo Bolsonaro pretende reduzir o peso dos bancos públicos na gestão do Fundo de Marinha Mercante (FMM). A proposta tem como defensores os ministros Paulo Guedes e Tarcisio Freitas. A ideia é que Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES passem a ter, cada um, apenas um representante no Conselho do FMM – atualmente, são duas cadeiras. A medida seria mais um movimento do governo Bolsonaro para se distanciar dos governos do PT. BB, Caixa e BNDES passaram a ter maior interferência na gestão do FMM na era Lula, por ocasião dos grandes projetos para a indústria naval que surgiram no rastro da descoberta do pré-sal. Dali saíram mais de R$ 5 bilhões para estaleiros denunciados na Lava Jato, além do empréstimo para a malfadada Sete Brasil. É até surpreendente que Bolsonaro ainda não tenha falado em “abrir a caixa-preta” do FMM, que tem um orçamento para 2020 de R$ 6,3 bilhões.
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Ponto final
12/09/2019Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES, Banco do Brasil, Caixa, Alibaba e Hortifruti.
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Um novo patrimônio na paisagem
2/09/2019O Brasil que queima museus e devasta florestas está perto de abrigar um novo Patrimônio Mundial da Humanidade. Trata-se do antigo sítio do paisagista Burle Marx em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. Uma comitiva de especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) desembarcará no Brasil no dia 8 de setembro para a avaliação do local. A decisão final da Unesco sairá na próxima reunião do Conselho, em Fuzhou, na China, em 2020. O sítio reúne um acervo de mais de 3,5 mil plantas tropicais, várias delas extintas em seus locais de origem. Recentemente, recebeu um apoio do BNDES da época de R$ 5,4 milhões.
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Desmatamento
27/08/2019Se depender de Jair Bolsonaro, o BNDES retira as condicionalidades ambientais dos empréstimos do banco. Na visão do Planalto, como já ficou evidente, esse negócio de meio ambiente é coisa do passado.
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“Banco de Brasília”
26/08/2019Só dá BNDES no Distrito Federal. Ou vice-versa. Além da privatização da Companhia Energética de Brasília e do metrô da cidade, o banco vai atuar também na formatação de uma Parceria Público-Privada para a Rodoviária do Plano Piloto. O local está um caos, devido à falta de investimento público. Para se ter uma ideia, parte das escadas rolantes está parada há mais de três meses. Por dia, cerca de 60 mil pessoas circulam pela Rodoviária.
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Recuperação judicial
23/08/2019No que depender da Camargo Corrêa, o estaleiro Atlântico Sul vai entrar com pedido de recuperação judicial. A Queiroz Galvão, que está em RJ, é contra, mas deverá ser voto vencido. Só com o BNDES, a dívida do estaleiro é de R$ 1 bilhão.
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Impurezas
23/08/2019
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BNDES ainda é o banco do desenvolvimento nacional?
21/08/2019O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, deveria desviar sua mira dos empresários que compraram jatinhos com financiamentos do banco – afinal, quem compra jatinho são empresários – e colocar foco na produtora dos jatinhos. Bingo para quem falou Embraer. Aos neófitos vale o esclarecimento sobre a informação que Montezano se esmerou em deixar em terceiro plano: a linha de financiamento do BNDES para compra das aeronaves tem sido há vários anos um dos seus diferenciais de competitividade. Sem esses recursos, a Embraer perderia mercado para seus rivais, a exemplo da Bombardier, que teria condições de financiamento bem mais generosas para as três linhas que negocia no Brasil: Learjet, Challenger e Global. Certamente, a Embraer não teria chegado aonde chegou sem essa “parceria” com o banco. Todo mundo sabe disso no mercado de aviação executiva. E ao que consta, mesmo para o credo liberal, não é nenhum desatino uma agência de fomento financiar a comercialização dos produtos da companhia nacional – por enquanto – com o maior coeficiente tecnológico agregado. Essa história de caixa preta já está fazendo mal a todo mundo. Depois de empréstimo “não validado” à JBS, lá nos idos de 2005 – que todo mundo sabia, o TCU já tinha aprovado, e para o qual o banco já havia preparado sua argumentação considerando a operação lisa – agora surgem os jatos da Embraer como suspeita de comportamento inadequado. Fica um singelo conselho: melhor todo mundo começar a trabalhar e deixar essa “caixa malsinada” para quem não tem o que fazer a não ser ameaçar moinhos de vento.
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JBS prepara um banquete no maior silêncio
13/08/2019Mesmo para quem enxerga apenas os notórios contratempos da JBS, não há como negar que a empresa se tornou o maior colosso empresarial do país. A JBS venceu, playboy! O ano de 2019 promete ser o melhor da sua história.O grupo vai romper a barreira dos R$ 200 bilhões em faturamento – contra R$ 182 bilhões em 2018 –, consolidando-se como a maior receita entre as companhias privadas não-financeiras do Brasil. A emblemática cifra deverá ser celebrada com a extinção de todas as pendências junto às autoridades norte-americanas. Segundo o RR apurou, a JBS USA, responsável por mais de 80% do faturamento do grupo, estaria em negociações avançadas para fechar ainda neste ano um acordo com o Departamento de Justiça norte-americano (DOJ).
Guardadas as devidas proporções, o imprimatur do DOJ funciona como uma leniência, um atestado de que a empresa está quite com a legislação local. Com a vantagem de que, ao contrário do Brasil, todos os processos e eventuais punições ficam concentrados em um único órgão. O acordo com o Departamento de Justiça é a peça que falta para o grande salto do conglomerado: o tão aguardado IPO da JBS USA nos Estados Unidos. A operação deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2020. O timing seria feito sob medida para evitar qualquer tipo de entrave junto ao BNDES, sócio do grupo.
A rigor, no entendimento dos acionistas controladores da JBS, a oferta de capital do braço norte-americano não precisaria da anuência do banco. No entanto, o atual acordo de acionistas da empresa – firmado em 2009 e renovado automaticamente em 2014 – vence no dia 22 de dezembro deste ano. Uma série de circunstâncias no mercado internacional conspira para o crescimento dos resultados da JBS. As vendas para os Estados Unidos vão de vento em popa com o impulso da economia local – o PIB norte-americano subiu 3,1% no primeiro trimestre. A companhia surfa também no surto da chamada febre africana que afeta as criações de porcos na China. A doença já dizimou mais de 10% dos animais no país asiático, detentor do maior rebanho suíno do mundo.
Na esteira da moléstia, há previsões de que o preço da carne de porco no mercado chinês deverá subir até 70% neste ano. A JBS ganha duas vezes. Além do efeito direto, com o crescimento dos embarques de carne de porco para a China, a companhia tem feito um banquete devido ao aumento do consumo de carne de boi no país asiático para compensar a queda na oferta de suínos. Nos primeiros quatro meses do ano, a subsidiária da JBS na Austrália ampliou em quase 80% as exportações de produtos de origem bovina para o mercado chinês. A JBS tem anticorpos naturais que lhe permitiram, do ponto de vista do business, passar praticamente incólume aos momentos mais conturbados da sua história recente. Ao contrário das empreiteiras, a empresa não foi atingida no plexo pela Lava Jato. É a vantagem de não ter o Estado brasileiro como cliente.
Seu mercado é o mundo. Desta forma, mesmo com os efeitos da Operação sobre seus acionistas controladores, a companhia conseguiu caminhar a latere. A título de comparação, se a Lava Jato atingisse a Vale, o efeito seria o mesmo da JBS. Apesar de todas as controvérsias e da instrumentalização política em torno dos aportes do BNDES, a participação na JBS é, com o perdão do trocadilho, o filé mignon da carteira da BNDESPar e, consequentemente, do já anunciado plano de desmobilização de ativos da instituição. Em 2007, quando o banco fez a primeira injeção de capital na empresa, a ação estava em R$ 7. Hoje, é negociada na casa dos R$ 28. Nesse intervalo, houve um natural período de queda pelos motivos mais do que óbvios, mas, nos últimos 12 meses, o papel acumula uma alta de 223%. Significa dizer que só nesse espaço de tempo o valor da participação do BNDES saltou de R$ 5 bilhões para mais de R$ 16 bilhões. Se houvesse uma simetria da Lava Jato, nivelando o impacto da operação sobre todos os cavalos vencedores, a JBS não seria a única a mostrar a potência da big company nacional. Faltou pensar no bem do Brasil, com maior amplitude.
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Privatização da CEB começa a sair do papel
13/08/2019
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Montezano escuta os gritos da África no BNDES
12/08/2019O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, vai ter uma surpresa e se deparar com um problema quando abrir a suposta “caixa preta” do banco. A surpresa é verificar que a aposta geopolítica do Brasil em ocupar o mercado africano fazia total sentido, mesmo incorrendo em algum risco de inadimplência daqueles países – o que, por sinal, aconteceu. O problema vai ser como comunicar, ou omitir, que a exportação de engenharia para aquele rincão do mundo deveria ser, inclusive, resgatada, ao contrário de tornar-se um anátema.
A questão é como separar a imagem de setor corrupto por excelência dos serviços da engenharia nacional, conhecidos pela adição de valor tecnológico? Entre outras informações disponibilizadas no BNDES, Montezano passará a saber que: a conta da exportação de serviço de engenharia somente é inferior à da venda de commodities; o efeito multiplicador de renda é maior do que a da exportação de commodities – a cadeia de fornecedores ultrapassa 2.000 empresas, das quais 76% são pequenas e médias; o impacto sobre a interação dos negócios entre os países é de mais de 1,6 milhão de postos de trabalho diretos; desses, cerca de 600 mil já foram perdidos devido ao macarthismo com que o governo tratou o setor; foram gerados e/ou mantidos no Brasil 19.200 empregos a cada US$ 100 milhões exportados; à parte os referidos ganhos, acrescente-se o valor intangível da “Marca Brasil”, disseminada internacionalmente. É pouquíssimo provável que a China seja uma incapaz no jogo geopolítico.
A maior nação do Oriente apoiou as suas empresas exportadoras com US$ 70 bilhões em 2016. As exportações da China representam 45% do mercado africano. O Brasil não tinha praticamente nenhuma participação no mercado exterior africano em 2004. Com o dito apoio “nefasto” do BNDES, alcançou 4,1% em 2012. Em condições normais de temperatura, deveria estar detendo 7% do bolo do comércio daquele continente. Montezano chegou ao banco sabendo que uma parcela dessas operações foi realizada com o uso de práticas criminosas por parte dos acionistas controladores e gestores. Bingo! Ressalte-se que estão todos devidamente condenados e punidos. Talvez o presidente do BNDES não tenha evidências das perdas decorrentes do estigma das exportações de serviços e – por que não dizer? – da própria África. Mas, se tiver honestidade intelectual, Montezano dá meia volta e confessa a tintura ideológica. O RR aposta que ele se perfila entre os burocratas que ingressaram no BNDES para dignificar suas carreiras.
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Oferta da CI&T
6/08/2019
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BNDES busca “impurezas” na insulina da Biomm
2/08/2019Engana-se quem pensa que Jair Bolsonaro trata as administrações pregressas do BNDES apenas com o fígado. Parte desse fel será processada pelo pâncreas, com a insulina produzida pela Biomm. Segundo o RR apurou, o banco decidiu não apenas vender a participação de 12% da BNDESPar no laboratório mineiro, mas também investigar as condições em que se deu o aporte de aproximadamente R$ 120 milhões da agência de fomento na empresa. Trata-se de um negócio que parece ter sido sob encomenda para o governo Bolsonaro e sua caça às bruxas petistas.
Um dos idealizadores do projeto e ainda hoje um dos principais acionistas da companhia é Walfrido dos Mares Guia. Ministro do Turismo e da Articulação Política no governo Lula, o empresário sempre foi muito próximo do ex-presidente. Após deixar o governo, o petista usou o jatinho particular de Mares Guia em deslocamentos pelo país. Em maio de 2017, por exemplo, Lula valeu-se do Cessna Aircraft prefixo PR BIR, do ex-ministro, para ir a Curitiba prestar depoimento ao então juiz Sergio Moro. O BNDES entrou na Biomm com duplo figurino, participando tanto do equity quanto do debt.
Cercada de controvérsias, a operação chegou a bater na malha fina dos órgãos de controle da União. Em 2016, uma auditoria da CGU levantou questionamentos à exposição do BNDES no negócio. Segundo o relatório do órgão de controle, com base nas próprias regras do banco, o empréstimo à fabricante de insulina deveria ter respeitado o limite de R$ 54 milhões, menos da metade do valor efetivamente repassado. Consultado, o BNDES informa que a referida auditoria da CGU “não apontou irregularidades, mas resultou em recomendações de melhorias de processo”.
Em relação à abertura de procedimento para investigar o investimento na Biomm, o banco disse não confirmar, com a ressalva de que “todas as operações podem ser objeto de auditoria interna, externa e de órgãos de controle”. Para bom entendedor… Perguntado sobre a decisão de deixar o capital da empresa, a agência de fomento afirmou que “não comenta informações a respeito da estratégia de desinvestimento” A Biomm já ultrapassou todos os prazos do seu cronograma original. A fábrica de Nova Lima (MG) deveria ter sido inaugurada em 2017. De lá para cá, no entanto, a entrada em operação tem sido sucessivamente postergada. Segundo o próprio banco, a unidade fabril está concluída e a empresa aguarda certificação da Anvisa para venda comercial dos produtos fabricados. Ressalte-se que, mesmo com os atrasos nas obras, o BNDES manteve os repasses para a empresa, fato também questionado pela CGU há três anos.
Acervo RR
Papel rasgado
30/07/2019A BNDESPar estaria se preparando para vender sua participação na Klabin, de 5,2% do capital total. No início deste ano, o banco e a família Klabin tiveram atritos por conta dos royalties pagos aos acionistas controladores.
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Ponto final
30/07/2019Procurados, os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Magazine Luiza e BNDESPar.
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Primeiros da fila
26/07/2019Enel e Energisa despontam como candidatas ao leilão da Companhia Energética de Brasília (CEB). Tanto os italianos quanto a empresa da família Botelho já estão em linha direta com o governo do Distrito Federal e o BNDES, responsável pela modelagem da operação.
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Cartas para a redação
22/07/2019Dilema de tostines na embalagem Gustavo Montezano: os tomadores de empréstimos do BNDES são declinantes porque há preferência por outras fontes de crédito ou estão reduzindo porque o banco tem menos dinheiro para emprestar? Cartas para a redação.
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Nihil obstat
19/07/2019O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, deverá dar sinal verde à venda do complexo eólico Alto Sertão III da Renova para a AES Tietê. O aval do banco, maior credor do projeto com quase R$ 1 bilhão em recebíveis, é condição sine qua nom. A venda do empreendimento é vista pela Cemig, controladora da Renova, como a única solução para evitar a recuperação judicial da empresa.
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Ponto final
19/07/2019Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Embraer, BNDES, China Railway e Triunfo.
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BNDESPar pula do trem
18/07/2019No que deve ser uma das primeiras operações da gestão Montezano, a BNDESPar vai vender sua participação na Odebrecht TransPort (OTP), por sua vez sócia minoritária da Supervia. Deverá ter a companhia do FI-FGTS, gerido pela Caixa.
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Ponto final
18/07/2019Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Livraria Cultura, German Efromovich e BNDESPar.
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Consolidação da construção pesada pode ser a grande obra de Montezano no BNDES
17/07/2019O engenheiro Gustavo Montezano, que tomou posse na presidência do BNDES ontem, vai surpreender os que apostavam unicamente no seu perfil estripador. A abertura da “caixa-preta” do banco já são favas contadas. Mas, de dentro dela, pode emergir uma gentil consolidação entre as maiores empresas de construção pesada do país. O pupilo de Paulo Guedes está convencido de que esse movimento é o mais indicado para robustecer o setor de forma higienizada.
As grandes empreiteiras já foram um cartel antes de se tornarem uma máquina de corrupção. Talvez esteja na hora de se concentrarem ainda mais para sobreviver às sequelas do “petrolão” e da Lava Jato. O governo excomungou as chamadas big five da construção pesada – hoje circunscritas a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Praticamente inviabilizou as empresas. Hoje as três construtoras, que já estiveram pela hora da morte, melhoraram seus fundamentos e estão reiniciando sua carteira de obras. Ao BNDES, que pariu o Mateus da exportação de serviço, caberia embalá-lo de forma sustentável, sólida, sem favorecimentos.
Questões à frente de Montezano: o maior impeditivo à consolidação corporativa não é econômico-financeiro, mas de diferença das culturas; a exemplo do que ocorreu na conglomeração final do setor bancário – Bradesco, Itaú e Unibanco – há lugar para a fusão de dois, o terceiro ficará sem a cadeira; o ideal é que a empresa nascente seja uma public company, o que vem a ser uma verdadeira alquimia societária em um setor marcado pelo controle familiar. O presidente do BNDES sabe que as mal faladas empreiteiras concentram o melhor capital humano da República – a Odebrecht é quase uma universidade. Rearrumar o setor e trazê-lo para o game da infraestrutura nacional representaria a remissão de um dos maiores desatinos com a indústria brasileira.
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O “Paulo Guedes do Paulo Guedes”
12/07/2019O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, é considerado dentro do BNDES o maior adversário da instituição. Quem lhe grudou a pecha de carrasco do banco foi o ex-presidente da agência de fomento, Joaquim Levy, bombardeado por Sachsida desde o primeiro minuto no cargo. O secretário de Política Econômica foi quem mais cobrou de Levy o pagamento antecipado de R$ 100 bilhões ao Tesouro, a venda da carteira da BNDESPar e a abertura da enigmática “caixa preta” do banco. Sachsida nunca fez segredo de que, entre reestruturar o BNDES e extinguir a instituição, preferia a segunda hipótese. O secretário de Política Econômica é chamado de o “Paulo Guedes do Paulo Guedes”, devido à combinação de racionalidade, ímpeto e radicalismo ideológico. Mas há quem diga, em Brasília, que ele lembra mais, no estilo, o ex-secretário do Tesouro, Arno Augustin, colocadas as enormes ressalvas em relação às preferências políticas de ambos. Augustin era chamado por Dilma Rousseff de seu “malvado favorito”. Quem assistiu ao seriado Game of Thrones vai entender a associação: Sachsida é a “mão” (hand of the king) de Paulo Guedes no Ministério da Economia.
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Queda d´água
9/07/2019O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pretende anunciar em setembro a venda da Saneago. Conta, desde já, com o apoio do BNDES. Se há algo para o qual as torneiras do banco ainda estão abertas são as privatizações.
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O orgulho falou mais alto
4/07/2019O ex-presidente do BC Gustavo Franco voltou atrás em sua desistência em assumir o comando do Conselho do BNDES, decisão antecipada pelo RR na edição de 19 de junho. Franco continua inelegível por diversos fatores, inclusive conflito de interesses. Uma das exigências, contudo, incomoda o pai do Plano Real por ser descabida: a cobrança de pagamentos atrasados à instituição. Franco considerou que abdicar da candidatura antes da burocracia terminar seu serviço faria com que a emenda se tornasse pior do que o soneto. A desistência evidenciaria o medo do resultado das averiguações. Portanto, Franco fica candidato até o fim. Se for o caso, pede para sair depois de tomar posse. Parece bem pensado.
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Deserto da Avenida Chile
1/07/2019O governador Romeu Zema vai bater à porta de Gustavo Montezano em busca de financiamento do BNDES para privatização da Copasa. É bom ir preparado para ouvir um “não”.
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Fila indiana
25/06/2019O nome de Natasha Gil Nunes estaria sendo cogitado para assumir a diretoria de Desestatização do BNDES, ocupada por Eliane Lustosa. Assim como Gustavo Montezano, novo presidente do banco, Natasha integra a equipe de Salim Mattar na Secretaria de Desestatização.
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Um ex-futuro chairman no BNDES?
19/06/2019O episódio da demissão do ex -presidente do BNDES Joaquim Levy ainda vai render dividendos. A forma atabalhoada e deselegante como se deram o afastamento de Levy e a nomeação do novo titular do cargo, Gustavo Montezano, poderá provocar a defecção de outro colaborador do governo. Na verdade, candidato a colaborador. Gustavo Franco, convidado por Paulo Guedes para ocupar a presidência do Conselho de Administração, ainda não teve sua nomeação formalizada.
O economista, muito provavelmente, deve estar se perguntando: o que eu estou fazendo nessa posição? Franco tinha ouvido os ventos sussurrantes de Brasília soprando o seu nome para a direção do BNDES. O convite não passou sequer de raspão. O virtual presidente do Conselho foi comunicado da decisão da escolha de Montezano em tom marcial. Nada a consultar. Difícil imaginar que Franco aceite integrar um board que dispensa o chairman. O novo presidente do BNDES é tido como um “geniozinho”, mas nem de longe tem a senioridade do seu xará.
Gustavo Montezano adentra os corredores do banco com a pior imagem entre qualquer um dos presidentes que pisaram os tapetes da instituição. Trader de formação, tido como um cold killer no mercado, Montezano chega para cortar, desmontar, demolir, demitir. Mas, a pior missão destinada ao jovem é abrir em praça pública os contratos do banco. Pode expor a área técnica como ideológica somente por ter aprovado financiamentos à exportação de serviços de engenharia a países hoje degredados pelo governo. Esses dados já tinham sido divulgados no Livro Verde (um balanço de atividades da instituição de 2001 a 2016), com os cuidados para não gerar uma espécie de macarthismo com o pessoal do banco. Joaquim Levy não teve estômago para “construir” a demandada caixa-preta. Ele e seu antecessor, Paulo Rabello, ambos doutores pela Chicago University, não resistiram à densidade de conhecimentos e à competência do quadro técnico do banco. Passaram de carrascos a defensores. A ver o que acontece com o jovem Montezano.
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Descarga elétrica
19/06/2019A EDP vai ao mercado. Prepara uma emissão de debêntures para financiar seus investimentos em transmissão no Brasil – o pacote prevê um desembolso de R$ 3,5 bilhões nos próximos três anos. A captação deve chegar à casa de R$ 1 bilhão. Na busca por funding, o grupo sino-português, controlado pela Three Gorges, chegou a sondar o BNDES. Mas, na atual fase saárica do banco, as conversas sequer avançaram.
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Contenção de risco na BR-163
18/06/2019O governo já perdeu a batalha, com a decisão do TCU de barrar a possibilidade de relicitação da BR-163, pertencente à CCR. Agora, o ministro Tarcisio Freitas tem feito gestões junto ao Tribunal para evitar uma punição ainda maior, leia-se a obrigatoriedade de devolver quase R$ 1,5 bilhão à companhia. A empresa entende ter direito a uma indenização da União, uma vez que recursos previstos em contrato não foram liberados pelo BNDES.
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República dos Maia?
17/06/2019Rumores eletrizantes cortaram os ares de Brasília neste final de semana. Anteviam a nomeação do ex-prefeito e economista Cesar Maia para a vaga deixada por Joaquim Levy na presidência do BNDES. Maia “paipai” seria, obviamente, uma indicação de Maia “fifilho”. Caso se confirme a versão, estaria selada com cola araldite a aliança de Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Paulo Guedes não é protagonista nessa história. Mas só tem a ganhar com o episódio. O presidente do BNDES é subordinado ao ministro da Economia. Mas quem conduziu o afastamento de Joaquim Levy foi Bolsonaro. Entretanto, sabe-se que Guedes vinha reclamando não é de hoje da excessiva autonomia de Levy. A sua postura pouco colaborativa, digamos assim, em acelerar as “despedaladas” – devolução dos empréstimos ao Tesouro – tornou-o persona non grata no Ministério da Economia. Ontem, às 15h37, Guedes caminhava, na Rua Joana Angélica, em Ipanema, juntamente à esposa Maria Cristina, com a expressão de tranquilidade de quem tinha espanado um problema. César Maia tem viés fiscalista e, sob esse aspecto, deve se adequar bem à equipe econômica. Porém, faz o estilo independente. Bem mais do que Levy. E sendo o pai do presidente da Câmara e tendo o peso político que tem, não estará subordinado nem a Guedes, nem a Bolsonaro. Por essas e outras, parece difícil imaginar o take over do BNDES pelo DEM.
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Dinheiro da passagem
14/06/2019Romeu Zema já saltou na “Estação BNDES“. Busca financiamento do banco para viabilizar a privatização do metrô de Belo Horizonte.
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Vidas secas
10/06/2019O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, abriu tratativas com o BNDES em busca de financiamento para a privatização da companhia de saneamento Caesb. Se bem que está difícil pingar algo das torneiras do banco.
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As turbulências de Viracopos
10/06/2019Os sócios da concessionária de Viracopos – Triunfo, UTC e Engis – estão tentando barrar a transferência da operação à suíça Zurich e ao fundo IG4. Têm feito gestões junto à ANAC e ao Ministério de Infraestrutura na tentativa de evitar que o governo aceite proposta apresentada pela dupla, que condiciona a negociação à redução dos pagamentos da outorga e da redução dos investimentos exigidos no edital. Os advogados do consórcio alegam que as mesmas condições teriam de ser oferecidas anteriormente à atual concessionária – a Aeroportos Brasil Viracopos (ABV). Ocorre que os sócios da ABV não parecem estar em condições de barganhar nada com o governo. Em recuperação judicial, o consórcio deve cerca de R$ 2,6 bilhões ao BNDES e R$ 400 milhões à própria ANAC.
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Abílio Diniz pede a conta e sai da mesa da BRF e do Marfrig
3/06/2019Abílio Diniz confidenciou a uma fonte do RR que vai sair de vez da BRF. Abílio pretende aproveitar a fusão da companhia com o Marfrig para pular fora do barco e virar uma das páginas mais melancólicas da sua trajetória empresarial. Cacife para dobrar a aposta e garantir sua participação no negócio não lhe falta. No entanto, Abílio quer distância da nova empresa e da indústria de proteína animal. De talismã, a BRF tornou-se uma ave agourenta. Em 2013, Abilio Diniz assumiu o Conselho da BRF com o apoio irrestrito de Previ e Petros. Cinco anos depois era expurgado do cargo pelos fundos de pensão. Nesse período, o valor de mercado da empresa caiu praticamente à metade – de R$ 39 bilhões para R$ 20 bilhões. Nos dois últimos anos sob seu comando (2016 e 2017), a companhia acumulou perdas de R$ 1,4 bilhão. Como se não bastasse, a passagem de Abílio pela BRF deixa como legado a criminalização da empresa, investigada na Operação Trapaça. Procurado, o empresário não quis se pronunciar. Abílio Diniz não deve ser o único acionista da BRF a saltar do bonde. Previ e Petros também querem sair do negócio. O BNDES, sócio relevante do Marfrig, deverá seguir o mesmo caminho. O próprio governo Bolsonaro, por sinal, tem motivos de sobra para querer ver a nova empresa pelas costas. Há um DNA “lulo-dilmista” na operação. A fusão BRF-Marfrig remete à malfadada política dos cavalos vencedores dos governos petistas. Além disso, a companhia nasce contaminada por investigações do MPF e da Justiça e sob a regência de um empresário polêmico, Marcos Molina, dono do Marfrig. No ano passado, Molina fechou acordo no âmbito da Operação Greenfield e aceitou arcar com uma multa de R$ 100 milhões. Ele é acusado de ter pago propina para obter empréstimos na Caixa Econômica.
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Pacto dos Três Poderes tem uma única função: salvar o presidente Bolsonaro
31/05/2019O Pacto Social entre os Três Poderes deverá render seu primeiro dividendo na próxima segunda-feira, com a apresentação do parecer do deputado Hildo Rocha (MDB-BA), contendo a PEC para alteração no inciso III do art. 167 da Constituição de 1988, que regulamenta a chamada “regra de ouro”. Nesta mesma data terá início a blitzkrieg para que a emenda seja votada, na segunda semana de junho, com pedido de tramitação em regime de urgência urgentíssima. A “regra de ouro” veda que as operações de crédito excedam o montante das despesas de capital. Jair Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo, Dias Toffoli, não fizeram o Pacto no vazio.
A meta de curto prazo – se é que há outro objetivo programático – é, em nome da ética da responsabilidade, aprovar o crédito extraordinário solicitado pelo governo, retirando o risco de impeachment resultante do descumprimento das obrigações fiscais. A possibilidade de afastamento do presidente, por menor que seja, tem potencial explosivo em uma conjuntura de derretimento da economia e busca pela aprovação de reformas estruturais impopulares. O estouro do orçamento, em 2019, já era dado como certo antes da eleição de Jair Bolsonaro. O presidente Michel Temer viveu, em parte, essa agonia. No dia 4 de janeiro de 2018, achando que teria de se ajoelhar como pedinte a um Congresso que ainda debulhava suas “parcerias pessoais público-privadas”, solicitou uma reunião de urgência para tratar do tema. Participaram das discussões Rodrigo Maia, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira e o ministro das Cidades, Alexandre Baldy.
Mesmo assim, os técnicos da Consultoria Legislativa e de Orçamento da Câmara trabalharam com afinco para a preparação de uma PEC (423/18) que tiraria Temer e Meirelles da linha de tiro. A proposta foi apresentada em junho do ano passado pelo deputado Pedro Paulo (DEM-RJ). Mas as transferências de recursos do BNDES equacionaram a iminente desobediência da “regra de ouro”. Na semana retrasada, o Ministério da Economia informou à Câmara dos Deputados a existência de um rombo de R$ 248 bilhões, que foi revisto, na última terça-feira, para R$ 110,6 bilhões, e, ontem, novamente corrigido, subindo para R$ 146 bilhões. O deputado Hildo Rocha, relator da PEC, defende o repasse em duas tranches, devido à falta de clareza quanto ao montante solicitado para o crédito adicional.
O ministro Paulo Guedes, entretanto, considera que, mesmo sem o valor definido com maior precisão, o crédito suplementar deveria ser aprovado em uma única parcela, ou seja, a estimativa mais alta apresentada pelo governo. Guedes diz se preocupar com as dificuldades de tramitação do crédito suplementar em dois tempos, mas sabe também que ter de pedir uma nova bênção lá na frente trará o assunto “impeachment” novamente à ribalta. O Legislativo, como diria Guimarães Rosa, participa da “pactância”, garantindo a aprovação do crédito suplementar e da PEC da “regra de ouro”, e, com ela, a governança e a ilibação fiscal do presidente e de seus ministros. O STF jogaria recuado como defensor da última linha, cobrindo a retaguarda contra liminares e outros expedientes de reclame jurídico, que certamente virão.
Unidos, os Poderes montariam uma barricada contra o veto ao pedido de recursos adicionais e a responsabilização criminal de Bolsonaro, Guedes e cia. Todos os cuidados são extremamente necessários, até porque a ameaça do governo de suspender o pagamento de despesas essenciais e obrigatórias (o ministro Paulo Guedes, conforme o seu livre arbítrrio, determinaria onde contingenciar os gastos, quer seja com saúde, educação, Bolsa-Família, Previdência e funcionalismo) não só é um haraquiri político como também não dissolve uma eventual interpretação sobre a permanência da criminalização do chefe de Estado mesmo em caso do governo estripar os gastos sociais e as despesas obrigatórias. Também não faz sentido proteger o presidente com uma lei somente compatível com a realeza.
“Suamajestade”, que já não é sujeita à condenação penal por atos ilícitos anteriores ao seu mandato, passaria a desfrutar de isenção absoluta contra as aberrações fiscais da sua gestão. Talvez faça mais sentido os autores da PEC manterem as exigências da “regra de ouro” – que desde 1988 é religiosamente cumprida – alterando o ditame de responsabilização criminal do presidente no seu primeiro ano de governo. Explica-se: o desequilíbrio fiscal na aurora da governança é sempre uma herança da gestão anterior. É comum a irresponsabilidade nas despesas no último ano de governo, quando os mandantes se esmeram em gastos com fins eleitorais. Essa “regra de platina”, de proteção contra o legado de estouro orçamentário, prazo de um ano para que o governo se aprume na área fiscal, e manutenção da punibilidade do mau gestor do orçamento do Estado, corrigiria uma responsabilidade injusta atribuída ao presidente na primeira hora sem que lhe seja concedida a graça da “inimputabilidade papal”, conforme vem sendo chamada a emenda que isenta Jair Bolsonaro para todo o seu mandato.
Como não é possível fazer uma criminalização retroativa de Michel Temer, Bolsonaro teria o waiver do excesso de gastos de custeio em 2019. Se a PEC da “regra de ouro” desonerar o presidente de qualquer responsabilidade fiscal, esse “habeas corpus permanente” representará um estímulo à lassidão nos gastos. Em 2022, a recauchutada proposta de “regra de ouro” estrearia o novo ditame, pelo qual Bolsonaro seria obrigado a entregar o equilíbrio das contas ao seu sucessor – ainda que ele próprio seja reeleito. Caso contrário, ele seria responsabilizado criminalmente pela herança transferida pelo seu governo, no último ano de mandato, para a gestão seguinte.
Certamente a premência de solução da “regra de ouro” coloca esta pauta na frente de todas as demais, inclusive da reforma da Previdência, agenda-mor do atual governo. Seria, contudo, altamente promissor se os pactantes, a começar pelo Executivo, também buscassem uma acomodação para três normas de incompatível convivência: a meta do resultado primário, a “regra de ouro” e a PEC do Teto. O governo, com tantos econometristas e matemáticos, criou a trindade impossível. Que os Poderes busquem blindar a Presidência nesse momento em que o país se decompõe é um ato de responsabilidade. Mas que também protejam os gastos sociais, na hipótese de descumprimento da “regra de ouro” e não aprovação do crédito adicional pelo Congresso. É recomendável que os pactantes coloquem uma racionalidade nos freios fiscais, que, até o presente, têm funcionado como contrafreios. Na atual circunstância, o conjunto da obra vai mal com Bolsonaro, mas o risco é ir péssimo sem ele. Se fosse com Dilma Rousseff, o assunto nem sequer chegava ao Congresso.
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Gás do BNDES
29/05/2019O BNDES e o governo do Distrito Federal estão prestes a selar um acordo de financiamento para a construção de um gasoduto. O pipeline de aproximadamente mil quilômetros conectará São Paulo a Brasília, permitindo a distribuição de gás boliviano na capital federal e cidades satélites. Hoje, o pouco gás natural que chega ao DF é transportado por caminhão.
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Ponto final
29/05/2019Não retornaram ou não comentaram o assunto: Jockey Club, BNDES, GPA, Starboard, Uniasselvi, Cemig e Andrade Gutierrez.
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Quem ampara o cambaleante FAT?
21/05/2019Os novos números do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) vão dar mais munição ao ministro Paulo Guedes e à proposta de redução do abono salarial – uma das propostas penduradas na PEC da Previdência. Relatório elaborado pelos técnicos do Ministério da Economia, ao qual o RR teve acesso, aponta uma projeção de défi cit no FAT superior a R$ 60 bilhões nos próximos quatros anos. Os números serão apresentados hoje, na reunião do Conselho Deliberativo do Fundo (Codefat). O mesmo estudo indica que o Fundo precisará de uma receita da ordem de R$ 339 bilhões no mesmo período – ou seja, aproximadamente R$ 85 bilhões por ano – para cobrir o rombo projetado. Somente uma guinada na economia e um salto no número de empregos formais permitiriam alcançar essa meta de arrecadação sem qualquer novo aporte do Tesouro – os repasses, ressalte-se, estão suspensos desde 2017. No ano passado, as entradas do FAT somaram R$ 64,4 bilhões, para uma despesa de R$ 72,2 bilhões. O equilíbrio financeiro do FAT depende de uma série de medicamentos cruzados. As novas regras propostas para o abono salarial – o benefício ficaria restrito a trabalhadores que recebem um salário mínimo e não dois, como atualmente – gerariam uma economia de aproximadamente R$ 8 bilhões por ano. Para efeito de comparação, um pouco acima do déficit do FAT no ano passado (R$ 7,8 bilhões). Além da recuperação da economia, o saneamento do Fundo passa também pelo BNDES. O FAT aguarda a devolução de R$ 54 bilhões retidos no banco.
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A “despedalada” e a fritura de Joaquim Levy
10/04/2019A pressão do Ministério da Economia para que o presidente do BNDES, Joaquim Levy, devolva à União, “para ontem”, recursos da ordem de R$ 126 bilhões está deixando de ser uma guerra fria para se tornar uma guerra suja. Paulo Guedes saiu do front para evitar o desgaste de prosseguir apertando Levy. Seus assessores assumiram a missão de quebrar a resistência da “despedalada” dos recursos, com o pagamento antecipado ao Tesouro Nacional dos empréstimos realizados no passado. O presidente do BNDES, por sua vez, pretende que a operação seja coberta de todas as garantias, de forma a evitar mais um constrangimento pessoal junto às autoridades fiscalizadoras.
Levy permanece arrolado em inquérito civil de improbidade administrativa que tramita na Procuradoria da República no Distrito Federal. Segundo o inquérito, ele teria realizado de modo disfarçado e ilícito “suposta operação de crédito entre o Tesouro e os bancos públicos”. Levy teria pedalado em 2015, melhorando artificialmente as contas do governo. Assessores de Paulo Guedes foram escalados como tropa de choque do ministro da Economia. À frente, Daniella Marques Consentino, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da Pasta e uma espécie de “cão de guarda” de Guedes, acompanhada dos secretários da Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior, e do Tesouro, Mansueto Almeida.
Os três colocam em xeque a permanência de Levy no cargo. Daniella ataca por todos os flancos. Waldery bate forte publicamente, dando declarações que diminuem o presidente do BNDES; Mansueto opera conversando com os jornalistas em off the records e criticando a falta de um compromisso firme em relação aos recursos solicitados. Levy, por sua vez, diz que o ressarcimento à União é uma prioridade, “mas que o retorno dos aportes deve estar atrelado ao pagamento dos financiamentos que a instituição concedeu com esses recursos, incluindo estados, municípios, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.”
Só para constar, são esses mesmos bancos que estão incluídos no inquérito contra o presidente do BNDES. Levy sabe que a operação é extremamente politizada. Há também o risco dela ser interpretada como um financiamento disfarçado do banco ao seu controlador. Por essa ótica, ele cairia nas garras da Lei de Responsabilidade Fiscal. A proposta implicaria redução de lucros e menos dividendos, impostos e contribuições. Ou seja: redução de receita primária para o Tesouro. Com relação às pedaladas de 2015, o presidente do BNDES diz que ocorreu exatamente o contrário. Ele não só conteve a prática como teria “despedalado” no final do ano fatídico. Por uma dessas travessuras do destino, Joaquim Levy experimenta no BNDES agruras parecidas com as vividas por Paulo Rabello de Castro, quando era presidente do banco. A diferença é que o ministro da Fazenda era Henrique Meirelles, uma verdadeira dama quando comparado ao obstinado Paulo Guedes e sua furiosa tropa de choque.
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Privatização da CEB
10/04/2019O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, negocia com o BNDES apoio financeiro para a privatização da Companhia Energética de Brasília (CEB). Procurado, o governo confirma o plano de vender o braço de geração da CEB e a CEB Participações.
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Reality show
5/04/2019A convocação de Antônio Palocci e Guido Mantega é apenas um aquecimento. O presidente da CPI do BNDES, o deputado tucano Vanderlei Macris, guarda no bolso do colete um pedido de acareação entre os dois ministros da Fazenda do governo Lula.
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Uma ponte para o BNDES
29/03/2019A EcoRodovias/Ecovias vai buscar o apoio do governo federal, mais precisamente do BNDES, para colocar de pé o projeto de construção da ponte entre Santos e Guarujá, orçado em R$ 3 bilhões. Antes, os herdeiros de Cecilio do Rego Almeida, controladores da companhia, terão de acertar os ponteiros com a Artesp – a agência reguladora de transporte de São Paulo. O empreendimento depende do reequilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão da Anchieta-Imigrantes, administrada pela Ecovias.
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Venda da Saneago
26/03/2019O governo de Goiás tem feito estudos para a privatização da Saneago, a companhia de saneamento do estado. Se o BNDES ajudar, melhor…
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Uma ponte para o BNDES
22/03/2019A EcoRodovias/Ecovias vai buscar o apoio do governo federal, mais precisamente do BNDES, para colocar de pé o projeto de construção da ponte entre Santos e Guarujá, orçado em quase R$ 3 bilhões. Antes, os herdeiros de Cecilio do Rego Almeida, controladores da companhia, terão de acertar os ponteiros com a Artesp – a agência reguladora de transporte de São Paulo. O empreendimento depende também do reequilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão da Anchieta-Imigrantes, administrada pela Ecovias.
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Franqueza
19/03/2019O ministro Paulo Guedes conversava com colaboradores e economistas, após o evento de sexta-feira na FGV, quando abriu as portas para a franqueza: “Entre as grandes estatais a primeira que eu detonaria seria o BNDES.” O presidente do banco, Joaquim Levy, próximo da roda, esticava os ouvidos para ver até onde a honra lhe cabia.
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Dueto
14/03/2019
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Ponto final
14/03/2019Procuradas, os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Prescon, Carrefour, BNDES e Previ.
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Pontapé inicial
11/03/2019Segundo o RR apurou, até quarta-feira o senador Eduardo Girão vai convocar o presidente do TCU, Múcio Monteiro, para ser ouvido pela Comissão de Transparência e Controle. O depoimento marcará o início da prometida devassa nos empréstimos do BNDES à Venezuela durante os governos petistas.
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Uma coisa é uma coisa…
8/03/2019O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, deverá recorrer ao BNDES para vender ativos. Curiosamente, no Senado, Caiado era um dos mais ferrenhos denunciadores dos “desvios do banco”. Mas eram outros tempos…
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Financiamento capital
7/03/2019O governador Ibaneis Rocha abriu conversas com o BNDES em busca de financiamento para o programa de privatizações do Distrito Federal. No pacote, o metrô local e a Companhia de Saneamento do DF, além de ativos do Banco Regional de Brasília (BRB), que deverá se transformar em uma agência de fomento. Este último é o caso mais complexo. O MPF investiga, no âmbito da Operação Circus Maximus, um suposto esquema de pagamento de propinas a executivos do BRB em troca da liberação de recursos para projetos como o antigo Trump Hotel, no Rio de Janeiro.
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Caixa aberto
26/02/2019Há tratativas para que o BNDES financie projetos estruturantes e o programa de desestatização de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Alagoas. Outros estados deverão engrossar a lista.
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Sessão nostalgia no BNDES
11/02/2019O presidente do BNDES, Joaquim Levy, vai tirar do exílio alguns economistas que já tiveram seus tempos de prestígio. Para presidente do Conselho do banco, foi convidado o ex-presidente do BC, Gustavo Franco. A frenética economista Elena Landau também participará do Conselho. A ideia é que o BNDES se torne uma grande consultoria ofertando serviços para os estados que decidirem por privatizações. Em tempo, a economista Eliane Lustosa, também ex-tucana e que faz parte desse grupo, permanece na diretoria do banco. Há tempo que Levy não fazia tanto carinho nesse agrupamento da PUC-RJ.
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Pelo jeito, ninguém se entende
1/02/2019A política pública de segurança pública começa a bater na porta do gabinete do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Relatório da CGU apontou que “encontra-se desalinhada” com a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social a estratégia de aquisição de equipamentos para os estados, via BNDES – que tem uma linha de crédito própria de cerca de R$ 22 bilhões. Para os técnicos da controladoria, portanto, “ainda não se pode dizer que há um denominador comum de governança nessa área”.
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Fila indiana
22/01/2019A gestora General Atlantic vai vender sua participação de 16% na Ouro Fino, fabricante de produtos veterinários. O BNDES deverá aproveitar a porteira aberta para se desfazer de sua fatia de 12%.
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Vale o escrito no governo Bolsonaro?
17/01/2019A julgar pelas sinalizações da gestão Bolsonaro de que não respeitará contratos, é melhor que os proprietários de armas irregulares coloquem as suas barbas de molho. Até agora, o governo assustou quem trouxe dólares do exterior e também os tomadores de financiamentos do BNDES. Com relação aos primeiros, a mesma Receita Federal, que participou da anistia aos recursos repatriados, agora avisa que pretende descumprir a lei e investigar a origem do dinheiro. Quanto ao BNDES, a disposição de abrir os detalhes dos acordos de empréstimos dos 50 maiores tomadores é um rasgado desrespeito à lei do sigilo bancário. Todo e qualquer agente financiado pela instituição deve estar imaginando quando sua hora vai chegar. O decreto que legaliza as armas irregulares é canoa que desce pelo mesmo rio. E se der na cuca do governo ir atrás da origem das armas depois de recadastrar todo arsenal?
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AES Tietê e as dores do crescimento
9/01/2019O aumento da alavancagem da AES Tietê tem sido motivo de preocupação para os minoritários da empresa – entre os quais figura o BNDES. A relação dívida líquida/Ebitda teria fechado o ano de 2018 no patamar de 3,2. E vai aumentar caso se concretize a negociação com a Renova Energia para a compra do Complexo Eólico Alto Sertão III. A operação gira em torno de R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 1.2 bilhão em assunção de dívida. Ressalte-se que os covenants, ou seja, as garantias para três séries de debêntures emitidas pela AES Tietê preveem um limite para a dívida líquida de 3,85 vezes o Ebitda.
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Bolsonaro revela os “segredos” dos bancos públicos
8/01/2019De uma forma ou de outra, o governo vai flexibilizar a lei do sigilo bancário. A medida se aplicará somente aos bancos públicos. Mas não está decidido se valerá só para contratos pretéritos ou se tornará uma regra geral. Mesmo em relação aos financiamentos já acordados há dúvida se o disclosure seria aplicado de uma forma ampla ou somente nas operações com empresas envolvidas em investigações criminais.
No passado, o BNDES recusou-se a abrir os contratos de financiamentos de companhias envolvidas na Lava Jato, alegando a lei do sigilo bancário. A tendência é que apenas os termos dos empréstimos às empresas empepinadas sejam divulgados. Se dependesse de ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe, todos os grandes contratos de financiamento feitos junto ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social seriam abertos. A transparência seria um requisito para o financiamento público amplo, geral e irrestrito.
A medida pode até ter um anteparo de fundo ético, representando uma prestação de contas ao contribuinte, que é quem paga uma boa parte desses empréstimos. Mas ela tende a reforçar a desconfiança nos atos de governo, que diz uma coisa e faz outra. A Receita Federal recentemente ensaiou a tese de que a anistia em relação à origem dos recursos repatriados deveria ser suspensa, contrariando compromisso firmado em lei. Mexer no sigilo bancário, ainda que de forma estanque, pode suscitar insegurança regulatória.Outras operações financeiras legítimas poderiam ser abertas, sabe-se lá por quais critérios. A quebra de contratos e o devassamento da privacidade são dois corvos voando sobre a democracia. É bom que não se confunda liberalismo econômico e radicalização da transparência com aborto da fé pública.
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Caixa Econômica entra duro nos clubes brasileiros
3/01/2019A nova direção da Caixa Econômica, à frente o presidente Pedro Guimarães, vai bater de frente com o futebol brasileiro. De um lado, deverá rever os acordos de patrocínio com 24 clubes das Séries A e B, que somam aproximadamente R$ 180 milhões de desembolso por ano; do outro, vai apertar o cerco ao Corinthians. Em jogo, a cobrança do empréstimo de R$ 400 milhões concedido para a construção da Arena Itaquerão – um caso rumoroso e envolto em suspeições que, guardadas as de vidas proporções, está para o banco assim como a política de cavalos vencedores para o BNDES.
Segundo o RR apurou, o clube paulista vinha negociando com a antiga direção da Caixa uma revisão dos valores pagos pelo empréstimo. Chegou, inclusive, a conseguir uma diminuição pontual das parcelas referentes aos meses de dezembro e janeiro, que caíram de R$ 5,9 milhões para R$ 2 milhões. A nova cifra passaria a valer para o restante das prestações. No entanto, a nova diretoria do banco deve não apenas interromper as negociações mantidas até o fim do ano passado como cobrar do clube o pagamento imediato da diferença de R$ 7,8 milhões relativa a dezembro e janeiro.
Consultada, a Caixa informou que “em cumprimento ao sigilo previsto na Lei Complementar no 105 de 10/01/2011, não fornece informações a respeito de operações de crédito específicas.” Com relação à atuação no futebol de uma forma geral, o banco esclarece que “está em fase de definição de estratégia.” O Corinthians, por sua vez, disse que “não se manifesta sobre negociações em andamento com cláusula de sigilo”. A nova gestão da Caixa Econômica não tem alternativa. Sua missão é cortar gordura de tudo que é lado e preparar o terreno para a venda de subsidiárias do banco. É a nova regra do jogo.
De quebra, no caso específico do Corinthians, o aperto nas negociações pode render algum dividendo político ao governo Bolsonaro. Ainda que por vias oblíquas, barrar qualquer tipo de waiver para o Corinthians significa entrar de trava alta no cartola do futebol brasileiro mais identificado com Lula: o presidente do clube, Andrés Sanchez. O dirigente está prestes a encerrar seu mandato de deputado federal pelo PT. A notória relação entre Sanchez e o corintiano Lula teria sido determinante para a construção do Itaquerão para a Copa do Mundo, com o empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES – repassados pela Caixa, responsável pela gestão e cobrança do empréstimo.
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STF coloca um bode na sala da Previdência do funcionalismo
2/01/2019Uma decisão tomada pelo STF ao apagar das luzes de 2018 e que passou praticamente despercebida acendeu o sinal de alerta na equipe de Jair Bolsonaro. No dia 19 de dezembro, a Corte declarou inconstitucional o artigo 30, parágrafo 8o, inciso III, da Constituição de Sergipe. O dispositivo em questão havia esticado de 70 para 75 anos o limite máximo para a aposentadoria compulsória de servidores públicos estaduais – inclusive magistrados – e municipais.
A equipe econômica de Bolsonaro olha além das fronteiras de Sergipe. O receio é que a decisão do dia 19 seja um balizador do possível entendimento da Suprema Corte em relação a outro julgamento aguardado para este ano. Em pauta a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) da Lei Complementar 152/15, promulgada por Dilma Rousseff em 3 de dezembro de 2015. Na ocasião, a então presidente estendeu para 75 anos de idade o teto obrigatório de aposentadoria de todos os servidores públicos da União, dos estados e do DF.
No veredito do dia 19 de dezembro, o STF entendeu que a Constituição sergipana não poderia ser alterada por meio de PEC, mas, sim, de lei complementar, exatamente o instrumento utilizado por Dilma no fim de 2015. No entanto, o temor dos assessores de Bolsonaro é que esta seja apenas uma filigrana jurídica e o plenário do STF tenha deixado uma porta entreaberta para revogar a LC 152/15. Até porque a própria lei é objeto de controvérsia. Na ocasião, Dilma chegou a vetar na íntegra o projeto para mudança da idade, de autoria do senador José Serra, alegando que o tema seria de iniciativa do Executivo. No entanto, o Congresso derrubou veto da Presidência, que posteriormente promulgou a lei 152/15. No caso de o STF declarar a LC 152/15 inconstitucional, todos os funcionários públicos federais e estaduais teriam de se aposentar compulsoriamente aos 70 anos. O impacto da eventual medida e seu efeito dominó sobre a reforma da Previdência seriam incalculáveis.
…
Por falar em reforma da Previdência, a LCA Consultores, empresa que nasceu de uma costela do ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, aludindo a um deputado reeleito experiente, afirma que “está fácil aprovar a PEC 258”. Diz também que serão aprovadas conjuntamente as reformas dos civis e dos militares, para mostrar coesão e força política. É exatamente o que disse o RR na edição de 30 de outubro, quando antecipou que o governo Bolsonaro apostava na “reforma para todos os brasileiros” como decisão de estado maior. Agora, só agora, a ficha está caindo para todos.
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Negócio fechado
12/12/2018Segundo o RR apurou, a chinesa SPIC selou a compra da hidrelétrica de Santo Antônio. A operação é estimada em mais de R$ 9 bilhões. O anúncio deverá ser feito tão logo a usina feche o acordo de renegociação da sua dívida com o BNDES, superior a R$ 10 bilhões.
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BNDES paga hoje a dívida externa de amanhã
23/11/2018Para quem viveu décadas de crise cambial, chega a ser espantoso ver o resgate antecipado de dívida externa virar coqueluche no país. Além do Tesouro Nacional, que tem exercido a recompra de títulos em dólar, o BNDES demonstrou, ontem, que o câmbio é um tigre de papel. A diretoria do banco aprovou o pré-pagamento de dois financiamentos contratados junto ao BID, em 1999 (US$ 1,1 bilhão) e 2002 (US$ 900 milhões), ambos com prazo de pagamento de 20 anos. Em setembro, o BNDES concluiu uma recompra de bonds, com resgate de US$ 646 milhões, que produziu um resultado positivo de US$ 170 milhões. Ambas as operações buscam um gerenciamento melhor de ativos e passivos. Para um país que tangencia a insolvência devido a um brutal endividamento interno, é curioso verificar que débitos em moeda forte viraram café pequeno.
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Sonhos de uma noite de dizimação
22/11/2018No mundo perfeito idealizado por Paulo Guedes, o sistema bancário público sofreria uma semi-extinção. O Banco do Brasil perderia o seu sobrenome e seria associado a um grupo estrangeiro. A Caixa Econômica, por sua vez, deixaria de ser uma instituição bancária para se transformar em uma certificadora e garantidora de empréstimos imobiliários, uma espécie de Fannie May tropicalizada – em alusão a uma das maiores empresas de hipoteca dos Estados Unidos. Mesmo com a inexorável concentração bancária decorrente da eventual fusão do BB com um estrangeiro, o argumento é que ela pelo menos se daria entre entes privados. Nesse universo lúdico ultraliberal, o Banco da Amazônia (Basa) seria incorporado pelo Banco do Brasil. Já o Banco do Nordeste e a Finep seriam agregados
ao BNDES. Nos prováveis devaneios do ministro da Economia, tudo são possibilidades. A única certeza é que o BNDES será desidratado. Esta dimensão paralela que permeia as divagações de Paulo Guedes buscaria tirar totalmente o governo do risco da atividade financeira, vista como uma potencial fonte de perdas de recursos. Isso incluiria alguns pingentes pendurados no sistema bancário estatal. Em tese, a gestão do FGTS e do FAT, a cargo da Caixa Econômica, e o financiamento agrícola, cujo repasse é de responsabilidade do BB, seriam licitados para a banca privada. O Fundo de Garantia, por sinal, seria gradativamente transferido para uma carteira de previdência complementar.
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Levy é uma reserva de valor
14/11/2018Não foi o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que “bancou” a nomeação de Joaquim Levy para a presidência do BNDES. Guedes aquiesceu. A indicação veio por um caminho distinto, de fora do governo, e nem por isso menos influente. O núcleo mais próximo a Bolsonaro, que pensa estrategicamente, considera desejável que os “ministros essenciais” tenham seus potenciais substitutos para qualquer eventualidade, próximos, bem próximos, da área de atuação dos titulares. Nada disso quer dizer que Guedes não seja um dos ministros mais prestigiados do governo.
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BNDES vira o banco de fomento da segurança
9/11/2018Sérgio Moro contará com um importante reforço no superministério da Justiça. No governo Bolsonaro, o BNDES deverá ter um valioso papel no fomento do combate ao crime organizado. O banco já está ultimando os trâmites para a criação de seu primeiro fundo patrimonial, voltado exclusivamente para a segurança pública.
A expectativa é de que o montante chegue próximo dos R$ 5 bilhões. A carteira será criada no modelo de endowment, ou seja, com recursos captados junto ao setor privado por meio de doações. A proposta fica como um legado da gestão de Raul Jungmann na Pasta da Segurança Pública.
O projeto já está sobre a mesa do governo de transição e, segundo o RR apurou, foi, inclusive, objeto de discussão no encontro que Sergio Moro teve com o próprio Jungmann na última quarta-feira. A ideia é que os recursos sejam usados no fortalecimento dos serviços de Inteligência e na aquisição de armamentos pelas forças de segurança pública estaduais. Consultado pelo RR, o BNDES informou que “vai apoiar o Ministério da Segurança Pública na estruturação e execução de PPPs para a construção e operação de unidades prisionais federais ou estaduais.”
A operação será municiada com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), que servirão como lastro para a remuneração dos parceiros privados. O banco não se manifestou especificamente sobre o fundo patrimonial. Mas, no próximo dia 13, realizará um seminário exatamente sobre “endowment”, um indicativo do que está por vir. Ressalte-se que, em maio, o banco já havia criado um programa específico para o financiamento das polícias militar e civil – o BNDES Pro-Segurança Pública.
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O Ministério do Trabalho já acabou?
8/11/2018Ao que parece, o governo Temer já antecipou a extinção da Pasta do Trabalho. Na última terça-feira, a cadeira reservada no auditório do BNDES para o ministro Caio Vieira de Mello ficou vazia. Por lá, realizava-se o seminário “Histórico e Desafios do FAT”, para celebrar os 30 anos do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Na véspera, na abertura da 150a Reunião Ordinária do Codefat, o ministro já dizia a quem quisesse ouvir o motivo da sua ausência no evento: “Não vou ficar mais um dia no Rio para ouvir o Serra”. O senador José Serra foi o autor da proposta constitucional que garantiu os recursos do PIS/Pasep para financiar o seguro-desemprego e teve participação na criação do FAT. No fim, nem Mello nem Serra compareceram ao seminário.
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Paulo Guedes ensaia sua lua de fel com a indústria
7/11/2018Há três hipóteses perambulando na avenida da indústria brasileira. A primeira delas é o ministro da Economia, Paulo Guedes, conseguir se impor junto aos empresários e retirar barreiras às importações, cortar subsídios, reduzir o BNDES e esvaziar as entidades do setor. A segunda: Guedes tenta, tenta, há uma forte reação dos industriais, e ele não leva. Finalmente, a terceira e mais provável: Guedes fica soltando seus balões de ensaio e Jair Bolsonaro vai furando um por um. Em todas as alternativas, é previsto o conflito entre o ministro e o setor. Guedes não tem a menor afeição aos industriais. A recíproca também é verdadeira. O economista declarou em outras oportunidades que o sumiço de certos setores da indústria seria bom para o país. Assim, segmentos sem vantagem competitiva estrutural, como o têxtil, moveleiro, calçados e brinquedos, só para citar alguns, poderiam muito bem desaparecer. Guedes acha que são os empresários acostumados aos favores do Estado que tornam a indústria ineficiente. Os industriais consideram o contrário: não há concorrência possível se os fundamentos são assimétricos. Juros, tributos, infraestrutura, custo do trabalho, o Brasil perde em todas na comparação com o exterior. A briga é boa. Um “desindustrialista” contra empresários industriais, em período no qual a participação do setor no PIB desaba.
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Bolsonaro planeja “golden share fundiária” para destravar venda de terras a estrangeiros
6/11/2018Enquanto se debate a polêmica fusão entre os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, o futuro governo vai passando o rodo nos assuntos fundiários, antiga pasta da Reforma Agrária. A gestão da área será transferida integralmente para o Ministério da Agricultura. Há planos ambiciosos para o setor. A ideia na equipe de Jair Bolsonaro é resolver o imbróglio da compra de terras por estrangeiros, favorecendo o crescimento da produção agrícola. Quem comprasse os latifúndios seria obrigado a cumprir determinada meta de hectares plantados. Seria uma espécie de “golden share fundiária”. A medida, em tese, permitiria um aumento do agronegócio, notadamente das exportações de commodities. Contribuiria também para os planos do guru Paulo Guedes de fazer uma varredura nos ativos da União que podem ser vendidos ou securitizados para o abatimento da dívida pública. Com um novo ordenamento jurídico mais firme, as terras ganhariam maior liquidez e poderiam ser incorporadas, junto com os imóveis do Estado, em um fundo similar à BNDESpar composto por esses ativos.
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Holofotes sobre o FAT
30/10/2018O orçamento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em 2019 vai monopolizar a próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento do FAT, marcada 5 de novembro. O tema ganhou ainda mais relevância com as declarações de Paulo Guedes, futuro ministro do Fazenda de Jair Bolsonaro. Ao pregar a desoneração da folha de pagamento, Guedes admitiu mexer no abono salarial, hoje pago a 23,6 milhões de pessoas. Por sinal, no dia seguinte à reunião, o BNDES fará um seminário em sua sede para comemorar os 30 anos da Constituição Federal e seu artigo 239, que destinou a arrecadação do PIS-PASEP para o financiamento do seguro-desemprego e do abono salarial.
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BNDES no caminho
23/10/2018A indiana Shree Renuka trabalha para realizar ainda neste ano o leilão da usina de etanol Revati, localizada em Brejo Seco (SP). A incógnita neste enredo é o BNDES, um dos principais credores do grupo, que votou contra o plano de recuperação judicial. A dívida total da Shree Renuka passa de R$ 1 bilhão.
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BNDES versão pocket
15/10/2018O BNDES segue em seu processo de desidratação. A previsão é que os desembolsos do ano caiam 60% em relação aos realizados em 2017. As liberações para o terceiro trimestre apontam para uma queda superior em 30% nas aplicações. No primeiro semestre os desembolsos caíram a 17% em comparação com o mesmo período do ano anterior. O banco está alinhado junto aos ministérios com maiores orçamentos, quase todos acumulando restos a pagar. Inacreditável, mas o governo de Michel Temer não consegue sequer gastar o autorizado. E mesmo assim produzirá um mastodôntico déficit nas suas contas.
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Causos do “Posto Ipiranga” 2 – “Lady Beth” pavimenta seu caminho para o futuro Ministério da Educação e Cultura
15/10/2018O pano de prato que Elisabeth Guedes vem bordando com a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), o BNDES e o Ministério da Educação (MEC) revela uma parceria construída sobre paradoxos, na qual o livre mercado não é tão livre assim. “Beth” é irmã do ministeriável da moda, Paulo Guedes, e conhecida como braço direito do mano. Se ficar enfurecida, contudo, ela mesma é capaz de decepar mãos e dedos do irmão querido. A burocrata é chamada de “Lady Beth” numa alusão óbvia à terrível Lady Macbeth shakespeariana. Durante sua passagem pelo Ibmec, levada por Guedes, “Beth” reinou poderosa, dando ordem e mexendo com dinheiro grosso.
Da mesma forma como o irmão, que morde o inimigo até obter a regalia pretendida – aí então cala, ou às vezes até sopra –, “Beth” somente desliga a britadeira depois de dobrar o adversário e obter o butim. Guedes, por exemplo, barbarizou na imprensa o BNDES de Luciano Coutinho e suas taxas subsidiadas. Isso apenas até arrancar os recursos do banco para capitalizar o seu fundo de investimentos em educação. Depois da captura da bufunfa, nenhum pio mais. Paulo Guedes é um “liberalopata”, mas não carimba dinheiro público. Dizem os ex-acionistas do Ibmec que “Beth” é a lanterna na popa no projeto familiar de fazer um império financeiro a partir da educação. Guedes é a bolsa, é claro. Acompanhando os passos da dupla, “Beth” seguiu para a Universidade Anhanguera Morumbi e o irmão foi investir no fundo de educação da Abril.
Agiram todo esse tempo como irmãos parceiros, aliás, como sempre, com uma exceção: quando “Beth” vendeu suas ações do Ibmec, deu os recursos obtidos para Guedes aplicar. O câmbio, porém, deslizou drasticamente. E ela teve um brutal prejuízo com o conselho do irmão. Guedes se escondeu da sua fúria por semanas. Águas passadas, “Beth” assumiu a vice-presidência da Anup, enquanto o irmão tocava mais um fundo de educação (Bozano Investimentos). Mais recentemente, Paulo Guedes achou quem o quisesse para ser um Roberto Campos inflável. Em meio aos discursos liberaloides de cá e de lá, “Beth”, já surfando no misto de prestígio com pavor que o mano provoca, conseguiu aprovar com o BNDES e o MEC uma receita de R$ 2 bilhões para financiar bolsas com juros mais baixos.
O montante foi divulgado no mês passado. É um montão de grana para as universidades privadas, é claro. E não há sequer uma definição do perfil do aluno que será favorecido, cuja probabilidade esmagadora é de que seja de alta renda. O tema é bom. Se Guedes o colocar na campanha apertando a irmã, provará que é um verdadeiro “Chicago boy”. Mas é difícil o enfrentamento. Os “Guedes brothers” são unha e carne. E, não bastasse, o irmão morre de medo da irmã. A julgar pela trajetória dos dois, mais fácil Beth ganhar o futuro Ministério da Educação e Cultura.
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Jair Bolsonaro entrega o comando da infraestrutura nacional ao seu “Estado Maior”
2/10/2018Engana-se quem pensa que o economista Paulo Guedes será uma espécie de primeiro-ministro se o capitão Jair Bolsonaro for eleito. O economista vai mandar um bocado, conforme é sabido, mas não tanto o quanto propala aos quatro ventos. Desde já dois comandos centrais estão decididos: a macroeconomia vai para o civil Guedes; mas a infraestrutura ficará sob o mando dos generais Augusto Heleno (provável ministro-chefe do Gabinete Civil e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro) e Hamilton Mourão (vice-presidente na chapa militar).
O general Mourão já confirmou que pretende assumir a pasta da infraestrutura ou o comando de toda a área de projetos deste setor. O general Heleno, por sua vez, é quem tem tratado dos assuntos com maior impacto na formação bruta de capital fixo. O modelo liberaloide de Guedes exclui os agentes clássicos de desenvolvimento da economia. Os cabeças de ponte da intervenção do Estado. Os generais não concordam com a ideia de que basta o ajuste das contas públicas e um bom ambiente regulatório para que o capital estrangeiro chegue em profusão para resolver o déficit de investimento do país.
O pensamento dos militares é contraditório com o do virtual ministro da Fazenda em pontos sensíveis. O papel do BNDES é um exemplo do dissenso. Enquanto Guedes detona o banco, considerando deletéria sua participação, Mourão e Heleno teriam planos diferentes para a instituição. Na visão dos generais, o BNDES teria sua função espraiada para a análise de projetos – uma das maiores deficiências da área de infraestrutura – e auditoria de performance das obras. Uma das críticas ao banco é que os empreendimentos que financia atrasam e estouram os custos.
Para o cumprimento das missões, uma hipótese seria o reforço da capacidade operacional do BNDES, com a realização de convênios junto ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército e o Instituto Militar de Engenharia (IME). Ambos cumpririam papéis hoje distribuídos junto a distintas instituições do governo, tal como a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Desde o início da candidatura Bolsonaro foi previsível que o governo teria o maior componente militar desde a abertura democrática. O que ninguém imaginou é a combinação do pensamento friedmaniano de Paulo Guedes com a visão nacionalista, patriota e desenvolvimentista dos generais.
Acervo RR
Aço derretido
28/09/2018As bruscas oscilações dos papéis da Fundição Tupy têm alimentado informações de que Previ e BNDES estariam preparando uma venda conjunta das suas ações em mercado. Nointervalo de dois meses, a ação saiu de R$ 17, ricocheteou nos R$ 24 e cedeu para R$ 19, com uma disparada no volume de negócios.
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Ponto final
28/09/2018As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Carlyle, Previ, BNDES, EuroChem e Polícia Federal.
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Paulo Guedes conquistou a Goldman, aliás, Goldmann
20/09/2018A consultora financeira Goldmann tem feito uma certa confusão no mercado com a divulgação de um vídeo sobre as eleições. A empresa afirma que Paulo Guedes – “espetacular” – será o “melhor ministro da Fazenda de todos os tempos”. E aposta uma cerveja que Jair Bolsonaro ganha no primeiro turno. Não falta quem diga que a opinião é do megabanco de investimentos (e quase homônimo) Goldman Sachs, comandado no Brasil pela ex-presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, que prima pela discrição na área política.
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Paper Excellence faz um papel encardido na Eldorado
11/09/2018O empresário indonésio Jackson Wijaya, herdeiro da Paper Excellence, revelou-se um personagem ladino na reta final da negociação de compra da Eldorado. Com o câmbio ascendente a seu favor, os asiáticos tentaram obter o melhor dos mundos para selar a operação. Cada dia a mais representaria alguns milhões a menos em dólares no momento do fechamento da transação. Além disso, Wijaya tentou concluir o negócio pagando apenas uma parte do valor acertado, algo em torno de R$ 4 bilhões por 50,59% da empresa. Na hora H, o grupo asiático esquivou-se de assumir cerca de R$ 8 bilhões em garantias dadas pela holding J&F para financiamentos concedidos à fabricante de celulose, conforme previsto no contrato. Segundo o RR apurou, a Paper Excellence chegou a apresentar ao BNDES fianças de bancos asiáticos desconhecidos na tentativa de liberar as ações da JBS que lastreavam empréstimos à Eldorado. A agência de fomento rechaçou todas. Não é a primeira vez que os Wijaya se notabilizam por não honrar compromissos de grande vulto. O caso mais rumoroso ocorreu em 2001, quando a família declarou uma moratória de quase US$ 14 bilhões. Dá até para entender porque, ainda hoje, grandes bancos da Ásia sequer passam perto dos Wijaya.
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Biomm é um soco no pâncreas do BNDES
11/09/2018O BNDES já faz planos de vender a sua participação na Biomm, a fabricante de insulina criada pelo empresário e ex-ministro do governo Lula Walfrido dos Mares Guia. Há conversas preliminares com outros acionistas, como a Vinci Partners. Tudo, no entanto, depende da empresa cumprir a promessa de iniciar a produção e venda nos próximos meses. A fábrica de Nova Lima (MG) está pronta e a licença para o início da operação já foi solicitada à Anvisa. No entanto, tratando-se da Biomm, é melhor esperar pelos primeiros mililitros de insulina na seringa. O projeto tem sido adiado seguidamente. Dono de 12% do capital, o BNDES investiu mais de R$ 100 milhões no empreendimento. Consultado sobre a venda da sua participação, o banco diz “não confirmar a informação”.
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BNDES adia saída do Marfrig
23/08/2018Ainda que por vias oblíquas, a venda da Keystone pelo Marfrig abalroou os planos do BNDES. O banco está revendo a decisão de vender sua participação no frigorífico ainda neste ano, por meio de um leilão em bolsa. O motivo é a queda do papel, acentuada pelo impacto da negociação da subsidiária norte-americana. Em menos de um mês, o Marfrig perdeu 20% do seu valor de mercado.
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Pérsio Arida e André Lara Resende são os nomes ideais para futuro ministro da Fazenda
9/08/2018A dupla “Larida” saiu na frente para assumir o Ministério da Fazenda em 2019, ao menos na avaliação de 83 dirigentes empresariais consultados pelo Relatório Reservado, a partir de uma amostragem da sua base de assinantes. Pérsio Arida e André Lara Resende despontaram no levantamento como os nomes mais gabaritados para comandar a economia no próximo governo. O RR apresentou uma lista fechada com 13 candidatos, desde já, mais cotados para a Fazenda por estarem vinculados a partidos, envolvidos na coordenação de campanha dos presidenciáveis e, nesta condição, citados na mídia.
Os assinantes atribuíram notas de 1 a 10 a eles nos seguintes quesitos: capacitação técnica, articulação política e experiência na vida pública. Pérsio,coordenador do programa econômico de Geraldo Alckmin, e Lara Resende, mentor de Marina Silva, ficaram empatados no topo, cada um com média de 27,7 pontos, seguidos de Henrique Meirelles, Armínio Fraga e Gustavo Franco. Ressalte-se a baixa dispersão entre os integrantes do “dream team da Fazenda”. A diferença foi de apenas 2,3 pontos.
Pérsio, ex-presidente do BC e do BNDES, recebeu a maior nota entre todos na categoria experiência na vida pública, com média de 9,3. Somou ainda 9,2 pontos em capacitação técnica e em articulação política. Lara Resende, por sua vez, teve a nota mais alta da sondagem no quesito capacitação técnica: 9,7. Na categoria experiência na vida pública, ficou com 9,1. Na opinião dos assinantes, sua maior fragilidade é articulação política (8,9). Não obstante ser um presidenciável, Henrique Meirelles é nome obrigatório em qualquer lista de candidatos ao Ministério da Fazenda – até porque sua candidatura não deve sequer sair do chão. A maior média alcançada por ele foi no quesito articulação política (9,1).
Meirelles teve ainda 9 em experiência na vida pública. A pontuação mais baixa veio em capacitação técnica (8,2) – no total, ele ficou com 26,3 pontos. Aos olhos dos assinantes, não é esta a vulnerabilidade de Armínio Fraga, quarto lugar – com 25,8 pontos. Com 9,4, ele só foi superado em competência técnica por Lara Resende. Armínio – eterno candidato à Fazenda – teve média de 8,6 no quesito experiência na vida pública e de 7,8 em articulação política. Gustavo Franco, ex-tucano e hoje filiado ao Partido Novo, fechou o pelotão de frente, com 25,4 de média.
A maior nota veio em capacitação técnica (9,2), com 8,7 em experiência na vida pública e 7,5 em articulação política. O “segundo grupo” dos ministeriáveis, razoavelmente descolado da dianteira, é encabeçado por Paulo Guedes, o comandante em chefe do programa econômico do capitão Jair Bolsonaro. No total, Guedes recebeu 20,4 de nota. Seu maior atributo, segundo os assinantes, é a capacitação técnica (9,3). O economista, no entanto, deixa a desejar em articulação política (7,3) e, sobretudo, experiência na vida pública (3,8). Logo atrás de Paulo Guedes, surge Eduardo Giannetti, outro assessor de Marina, com média de 18,2. Sua capacidade de articulação política (5,2) e sua experiência na vida pública (4,9) são consideradas baixas.
A melhor nota veio do conhecimento técnico (8,1). Assessor de Lula, Luiz Gonzaga Belluzzo ficou em oitavo no levantamento, com média 18 – 5 em capacitação técnica, 6,8 em articulação política e 6,2 emexperiência em cargos públicos. A partir do nono colocado, surgem economistas vinculados a candidatos à Presidência que ainda soam como desconhecidos. Entre os entrevistados, 41 disseram não saber quem é Nelson Marconi, próximo de Ciro Gomes. Ricardo Carneiro, ligado a Lula, e Laura Carneiro, conselheira de Guilherme Boulos, são desconhecidos, respectivamente, para 23 e 19 dos consultados. Outros 14 assinantes disseram ignorar quem seja Marcio Pochmann, também vinculado a Lula. Nove entrevistados, por sua vez, não conhecem Yoshiaki Nakano, que assessora Alckmin. Os problemas de recall certamente turvaram a avaliação de cada um destes nomes. Nakano teve média de 13,9, seguido por Pochmann (13,7). Por fim, Laura Carneiro (12,9), Ricardo Carneiro (12,1) e Nelson Marconi (11,8).
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O 7×1 ainda cobra o seu preço no bolso da Viúva
8/08/2018A Copa do Mundo da Rússia já terminou e os cofres públicos brasileiros ainda pagam a conta da gastança de 2014. No quesito “imobiliário”, o Itaquerão e a Arena Pantanal despontam como os campeões de problemas. Segundo o RR apurou, uma nova tentativa de acordo entre o Corinthians e a Caixa Econômica naufragou.
O clube paulista não conseguiu renegociar o valor das parcelas e o prazo de financiamento feito pelo BNDES com recursos repassados pela CEF, responsável pela cobrança do crédito. O banco federal tem usado chuteiras com travas de alumínio nas negociações, até em função do tamanho da bola de neve. O passivo acumulado já estaria na casa de R$ 1,3 bilhão, quase três vezes o valor original do empréstimo (R$ 500 milhões).
Procurados, Corinthians e Caixa não se pronunciaram. Em outros gramados, o governo do Mato Grosso tenta dar um destino à Arena Pantanal. O governador Pedro Taques definiu o mês de novembro como o novo prazo para entregar o estádio a um operador privado. Que assim seja. No entanto, a concessão – a princípio, sob o regime de Parceria Público Privada (PPP) – já foi adiada duas vezes por falta de interessados.
Segundo o governo, uma empresa apresentou uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) para a administração da Arena, mas a proposta ainda está em estudo. A Arena Pantanal parece ter sido erguida para dar errado. O Ministério Público investiga denúncias de propinas na construção; a Mendes Junior, responsável pelo empreendimento, abandonou os canteiros sem concluir as obras, e o estádio é um monumento ao desperdício de recursos públicos. Com poucos eventos no ano, o governo do Mato Grosso é obrigado a gastar R$ 300 mil por mês para cobrir os custos de manutenção.
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Fora da Tupy
8/08/2018A BNDESPar está preparando seu desembarque do capital da Fundição Tupy. A venda da participação de 28% se daria por meio de um leilão em bolsa.
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Ponto final
8/08/2018Procuradas pelo RR, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: ViaVarejo e BNDES.
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Choque de realidade
7/08/2018Não obstante o otimismo do BNDES, que marcou o leilão da Amazônia Energia, Eletroacre, Ceron e Boa Vista Energia para o próximo dia 30, a Eletrobras tem uma expectativa mais modesta. A tendência é que apenas uma das distribuidoras seja privatizada ainda neste mês. Em tempo: a Equatorial Energia, que levou a Cepisa, teria interesse na empresa amazonense.
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Turbulência
3/08/2018A Zurich Airport caiu como um jumbo sobre os credores de Viracopos, a começar pelo BNDES. Faz pressão por um corte de mais de 80% no passivo da concessionária Aeroportos Brasil, de R$ 3 bilhões. Caso contrário, desiste de assumir a companhia, já em recuperação judicial.
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A insulina do BNDES
30/07/2018A direção do BNDES respira um pouco mais aliviada com o acordo firmado pela Biomm, que distribuirá insulina da norte-americana MannKind no Brasil. A parceria praticamente garante para este ano o início da operação comercial do laboratório mineiro criado pelo ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. No entanto, ainda não assegura o começo da produção da fábrica Nova Lima (MG), na qual o BNDES já injetou mais de R$ 100 milhões. A unidade era prometida para 2016, depois para 2017, quem sabe 2018 e já ficou para 2019.
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Azeite e vinagre
26/07/2018O ex-diretor do BNDES, Darc Costa, estaria flertando com o capitão Jair Bolsonaro. Darc, que era apelidado no banco de Darth Vader, é egresso dos quadros da Escola Superior de Guerra (ESG). É difícil, contudo, imaginar qualquer análise combinatória com Darc, o embaixador informal da Bolívia e Venezuela no Brasil, e Paulo Guedes, o coordenador da campanha de Bolsonaro.
Internacional
Classe econômica
16/07/2018O presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, teria sido um dos últimos a ser informado dos detalhes sobre o modelo da negociação entre a Embraer e a Boeing. Na própria área técnica do banco, não faltam ataques à forma como a operação foi conduzida. Acionista da Embraer, o BNDES foi praticamente uma testemunha distante das tratativas.
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Venda da Embraer é o epitáfio da golden share
11/07/2018O instituto da golden share está prestes a levar uma cutelada casuística do governo brasileiro. Trata-se de medida complexa, encomendada pelo ex-ministro da Fazenda e candidato do próprio ego à presidência Henrique Meirelles. A reunião do TCU sobre a venda das ações de classe especial, inicialmente marcada para hoje, foi adiada para semana que vem. Mas como negociar as golden share sem exterminar com a primazia do Estado e os direitos excepcionais carimbados no título? O assunto está quebrando a cabeça dos técnicos.
Até prova em contrário, a Lei no 8.031, de 1990, continua validando as ações especiais. Na dúvida, diriam confrades acacianos, liquide-se a Lei. Mas há outras interrogações. A regra será para todas as velhas golden share (Vale, IRB e Embraer) ou contemplará uma regulação exclusiva para as novas? Nesta última hipótese, as ações de controle da União passariam a ter um estatuto próprio, híbrido, caso a caso? Com relação à Embraer, imagina-se que o propósito seria negociar em mercado os títulos de classe especial referentes à “Embraer USA” (parte adquirida pela Boeing), pagando adicionalmente um capilé ao governo. Em tempo, não há modelo de precificação de golden share, até porque elas não existem para serem negociadas no mercado.
Do split da atual companhia surgiria a “Embraer do B”, que assumiria as áreas de defesa e aviação executiva. Esta nova empresa estaria submetida ao regime de golden share, mas não se sabe se seria mantido o estatuto da antiga Embraer, um novo com as exigências recauchutadas, ou criada uma geração de ações de classe especial, com licença para morrer desde o seu nascedouro. Qualquer que seja a solução, já existem duas certezas: a decisão é oportunista, pois atende às exigências do acordo de venda da Embraer, e traz contida uma posição de renúncia do Estado em relação à influência no destino dos ativos privatizados.
No novo ambiente institucional e jurídico, o conceito de empresa estratégica passa a constar do dicionário de letras mortas da República. Não só a Embraer, mas a Vale em especial será atingida com a medida. A mineradora tem restrições para a tomada de uma série de decisões, tais como a mudança do seu nome e a transferência da sede para outro país. A Vale, por sinal, foi o berço da discussão sobre a golden share no Brasil. Em pleno programa de privatizações do governo FHC, mesmo sendo candidato à compra da empresa, Antônio Ermírio de Moraes perfilava-se entre os favoráveis à causa.
A ideia de bater bumbo a favor das golden share junto aos setores que resistiam a uma possível desnacionalização da companhia nasceu de uma inusitada reunião, em discreto apartamento no início da Praia do Flamengo, entre o então presidente da mineradora, Eliezer Batista, e o prefeito Cesar Maia, ambos contrários à venda da empresa. A tentativa anterior de Eliezer para brecar ou pelo menos alterar a privatização tinha sido vazar na mídia – no Estado de S. Paulo – o patrimônio mineral da Docegeo, subsidiária da Vale do Rio Doce, um verdadeiro segredo de Estado, onde estavam pendurados os valiosos alvarás de pesquisa e lavra da companhia. Essa montanha de jazidas e áreas de pesquisa mineralógicas não foi inclusa no preço de venda da então chamada CVRD. O inimigo de primeira hora de Eliezer foi o BNDES privatista da gestão FHC, que identificou no silencioso tecnocrata um perigoso adversário.
Por outro lado, as Forças Armadas se tornariam imediatamente simpáticas àquela proposta, de certo modo intervencionista, de certo modo liberal – foi Margaret Thatcher quem criou as golden share como ações preferenciais resgatáveis, em 1979, para viabilizar o programa de privatização arrasa-quarteirão do Reino Unido. Se ontem fosse hoje, a Vale seria esquartejada, a exemplo da Embraer, e teria a sede do seu filé mignon transferida para a Austrália. A julgar pelo andamento da carruagem, a licença para morrer das golden share de última geração poderá ser utilizada logo mais à frente na privatização da Eletrobras, e muito mais. Tudo se tornou radicalmente possível.
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Vazamento de gás
3/07/2018
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O fadeout do BNDES
22/06/2018
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BNDES é a âncora da venda do Atlântico Sul
12/06/2018Segundo o RR apurou, representantes da Apollo Global Management já abriram conversações com o BNDES em torno da dívida do Estaleiro Atlântico Sul com o banco, de R$ 1,2 bilhão. A gestora norte-americana tem interesse na aquisição da companhia, controlada pela Queiroz Galvão e pela Camargo Corrêa. Procurado, o BNDES confirmou que “qualquer alienação do ativo” depende da sua aprovação.
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Água barrenta
6/06/2018A exemplo da licitação da Cedae, os processos de privatização das empresas de saneamento do Pará (Cosanpa) e de Pernambuco (Compesa) estão devagar, quase parando no BNDES – responsável pela modelagem da operação. Como, aliás, quase tudo no governo Temer.
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Ciro mira no renascimento da construção pesada
22/05/2018Ciro Gomes pretende incluir em seu programa de campanha um plano para o ressurgimento da indústria nacional da construção pesada. O assunto é conduzido por Roberto Mangabeira Unger, um dos principais estrategistas da candidatura de Ciro à Presidência. O que está em jogo, ressalte-se, não é um waiver coletivo aos delitos do passado, mas, sim, a aceleração dos processos de leniência, com as devidas punições dos malfeitores – executivos e empresários.
Ciro parte do fato de que a retomada do setor depende inexoravelmente da possibilidade de que estas construtoras voltem a prestar serviços ao Estado. Da mesma forma, a medida não significaria o fechamento das portas às empreiteiras internacionais, mas permitir que esta competição se dê em isonomia de condições. A medida teria uma série de desdobramentos positivos, do ponto de vista econômico, social e estratégico.
Ciro quer evitar que a deterioração do setor se torne um fator de desequilíbrio do balanço de pagamentos. As empresas da construção não têm vocação , a não ser com apoio do BNDES. No entanto, os programas do banco para a exportação de serviços de engenharia estão adormecidos. Por fim, a maior razão de todas: o impacto que a recuperação desta indústria teria sobre as taxas de emprego. Nos últimos três anos pós-Lava Jato, o setor perdeu mais de 400 mil vagas.
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A “EPE” da Av. Chile
17/05/2018A área criada pelo BNDES para estruturação da projetos é uma espécie de EPE – Empresa de Pesquisa Energética – ampliada. A EPE, como se sabe, foi muito celebrada na partida e espezinhada no decorrer do tempo. O BNDES, que terceirizará boa parte da análise de projetos, vai fazer a alegria das “McKinsey’s da vida”.
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Preparação
10/05/2018
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Ponto final
10/05/2018Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Banco Votorantim, BNDES, Marfrig e Suzano.
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BNDESPar vende ativos
27/04/2018A BNDESPar vai vender suas participações na Copel e na Fundição Tupy. As operações deverão se dar por meio de leilão na Bolsa. No BNDES, a estimativa é embolsar mais de R$ 3 bilhões.
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Ponto final
27/04/2018As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Amazon, Saraiva, Cultura, BNDES, CSN, BB e Caixa Econômica.
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BNDES já trata 2018 como um ano perdido
26/04/2018A área técnica do BNDES responsável pelos financiamentos à ex-portação de serviços de engenharia já virou a folhinha do calendário para 2019. O setor está encruado pela Lava Jato e somente raros projetos deverão entrar no banco. As empreiteiras estão estigmatizadas e os próprios técnicos do BNDES são colocados sub judice ao cumprirem seu trabalho de análise e recomendação. É uma doideira, porque a exportação de serviços gera divisas, encomendas no mercado nacional e inserção geopolítica. É o caso de torcer para que o futuro mandatário tenha força política e a cabeça no lugar. Por enquanto, o cenário no banco é fronteiras fechadas para a comercialização dos serviços de engenharia.
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O banco de fomento da “Regra de Ouro”
24/04/2018Uma das principais missões do novo presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, é arrancar do orçamento mais R$ 30 bilhões, além dos R$ 100 bilhões devidos ao Tesouro e com pagamento previsto para este ano. O dinheiro vai todo para cumprir a “Regra de Ouro”. Se conseguir o feito, o total de repasses do banco chegaria a R$ 160 bilhões, considerando que já foram pagos R$ 30 bilhões. Oliveira, quando estava ministro do Planejamento, era o único integrante da equipe econômica que insistia na impossibilidade de honrar com os compromissos da “Regra de Ouro”. Segundo ele, se conseguir pagar em 2018, não paga em 2019.
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Lava Jato investiga as elétricas relações entre Aécio Neves e Sergio Andrade
19/04/2018Aécio Neves tem os dois pés muito bem fincados no setor elétrico. A Polícia Federal, que já vasculhou as relações heterodoxas entre Aécio e Furnas, agora está investigando denúncias do envolvimento não convencional do senador com a Cemig. As apurações passam obrigatoriamente pelo empresário Sérgio Andrade e pela associação entre a Andrade Gutierrez e a estatal mineira. A operação é a peça-chave do quebra-cabeças.
Há suspeitas de transferência de recursos da Cemig em benefício de Aécio a partir justamente da entrada da empreiteira no capital da distribuidora. Uma parcela do dinheiro teria sido destinada para financiar, irregularmente, campanhas eleitorais do senador e de aliados do PSDB. A Polícia Federal garimpa contratos com fornecedores e parcerias com terceiros realizadas pela Cemig entre 2009 e 2011 – não por coincidência, um ano antes e um depois do ingresso da construtora no seu capital. A PF investiga também outras pontas no relacionamento entre Aécio e Sergio Andrade.
É o caso da participação da Andrade Gutierrez no consórcio que ganhou a licitação para a construção da Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, em 2007. Delatores da Lava Jato já relataram o pagamento de propina a Aécio referente ao contrato de R$ 2 bilhões. No fim de 2009, a Andrade Gutierrez assumiu uma dívida de R$ 2,11 bilhões da AES com o BNDES. Em troca, recebeu dos norte-americanos o equivalente a 32,96% do capital votante da Cemig, ações que haviam sido dadas como garantia ao banco de fomento.
À época, Aécio Neves foi mais do que um entusiasta da associação. Usou toda a sua influência como governador de Minas Gerais para garantir o intrincado acordo e a presença da construtora no capital da distribuidora de energia. Para Aécio, tinha de ser a Andrade e ponto. A rigor, ressalte-se, o negócio só viria a se consumar efetivamente em junho de 2010, quando ele já havia se desincompatibilizado do cargo de governador para concorrer ao Senado.
No entanto, o acordo entre Andrade Gutierrez, AES e BNDES foi fechado em 22 de dezembro de 2009, quando Aécio ainda estava no governo. A operação transformou Sergio Andrade em um minoritário peso-pesado da distribuidora. Ele passou a ter voz não só na condução da estratégia de negócios da Cemig, mas em questões capitais como política de distribuição de dividendos, parcerias operacionais, contratos com terceiros. A dobradinha Aécio/Sergio Andrade se espraiava também sobre a Light, controlada pela estatal mineira. Uma fonte da distribuidora fluminense ligada a Jerson Kelman, que comandou a empresa entre março de 2010 e agosto de 2012, afirma que era perceptível a influência de Aécio junto a acionistas da companhia.
Kelman,B por sinal, deixou a presidência da Light por conta de divergências com executivos indicados pela Cemig e pelas tentativas da companhia mineira de interferir na gestão da controlada. O RR entrou em contato com os citados. A Polícia Federal informou que “não se manifesta sobre investigações em andamento”. A assessoria de Aécio Neves diz que “a entrada da Andrade Gutierrez como sócia da Cemig não guarda nenhuma relação com o governo de Minas e, por extensão, não guarda nenhuma relação com o senador”.
Ressalta também que “a Andrade Gutierrez comprou as ações da Cemig diretamente do BNDES. Foi, portanto, uma negociação com o governo federal, à época administrado pelo PT”. Ainda de acordo com a assessoria de Aécio, “Quando a Andrade Gutierrez se tornou sócia da Cemig (em junho de 2010), o senador não era mais sequer governador do estado (março de 2010). Portanto, não poderia ter qualquer relação com a operação”. A Cemig não quis se manifestar sobre o assunto. O RR fez também seguidas tentativas de contato com a Andrade Gutierrez até depois do horário estipulado para o fechamento desta edição. O último e-mail para a assessoria da construtora foi enviado às 19h08, seguido de um recado telefônico. No entanto, a empresa não retornou.
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Uma ponte de volta para casa
19/04/2018O ex-diretor do BNDES Carlos Costa prepara-se para voltar à área acadêmica, de onde é egresso. Deverá lecionar muito provavelmente no Insper. Até há algumas semanas, Costa era dado como um dos mais fortes candidatos à sucessão de Paulo Rabello de Castro. Seu prestígio no banco era crescente. Para se ter ideia do seu grau de influência, basta verificar a soma de responsabilidades do seu antigo cargo: diretor de Planejamento e das Áreas de Crédito, Área de Comércio Exterior e Fundos Garantidores, Área de Indústrias de Base e Área de Tecnologia de Informações, além do departamento de comunicação do banco. A história de Costa é, curiosamente, tangenciada pelo nome “Paulo”. Antes de Rabello de Castro, um outro “Paulo”, o Guedes, atravessou sua trajetória profissional. O ex-diretor do BNDES foi um dos fundadores do Ibmec-SP, que pertencia, à época, a Guedes e a Cláudio Haddad. Hoje este último é o dono do Insper, cujo embrião foi o Ibmec-SP. Se confirmada sua ida para o Insper, ela será uma volta de 360 graus, ou seja, um retorno aonde o futuro começou.
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O cabo de guerra da Eletropaulo
18/04/2018O leilão da Eletropaulo está frenético. Segunda maior acionista, atrás da BNDESPar, a AES passou o dia de ontem tentando elevar a oferta para a casa dos R$ 32 por ação, o que jogaria o valuation da empresa para próximo dos R$ 7 bilhões – até o fim da tarde, a proposta mais alta era da italiana Enel (R$ 28). Como forma de aditivar os lances, os norte-americanos garantem que a Eletropaulo tem um crédito de R$ 1,5 bilhão a receber da CTEEP, controlada pela colombiana Isa. No entanto, a Enel, assim como NeoEnergia e Energisa, também na disputa pela distribuidora, consideram o montante de difícil recebimento. A cobrança é um desdobramento do acordo firmado entre a Eletropaulo e a Eletrobras para o pagamento de uma dívida de R$ 1,5 bilhão – antecipado pelo RR na edição de 8 de fevereiro.
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Risco jurídico trava privatizações na área de saneamento
13/04/2018O programa de privatizações no setor de saneamento é um rio que está passando na vida do BNDES, arrastando para longe um volume potencial de investimentos de mais de R$ 25 bilhões. Embora, formalmente, a área técnica do banco ainda trabalhe na modelagem de venda de nove concessionárias, as negociações com os respectivos governos estaduais estão praticamente paradas. Isso se aplica, inclusive, a empresas que já se encontravam em um estágio mais avançado, como a pernambucana Compesa e a paranaense Cosampa.
O ressecamento da operação se deve, fundamentalmente, à falta de investidores dispostos a enfrentar o risco jurisdicional do setor. Grupos internacionais, a exemplo da espanhola Aegea, da francesa Veolia e da sul-coreana GS Inima recuaram nas conversações com o BNDES e os governos estaduais. O marco regulatório da área de saneamento, que data de 2007, é visto como anacrônico e repleto de cavilosidades que aumentam a insegurança dos grandes grupos internacionais.
A base jurídica é muito frágil, notadamente no que diz respeito à legalidade e à extensão dos contratos de concessão. Um dos casos mais emblemáticos envolve a maior das nove concessionárias do programa, a Cedae. Não há qualquer garantia jurídica, por exemplo, de cumprimento do contrato de 50 anos firmado com o município do Rio de Janeiro. A rigor, de uma hora para a outra, a empresa pode perder o contrato de concessão que responde por mais de 70% das suas receitas.
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Ponto final
13/04/2018As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES, M. Dias Branco e Itaú BBA.
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Síndico ausente
6/04/2018O BNDES, responsável pela formatação da venda da Cedae, tem encontrado dificuldades de interlocução com o governo do Rio. Depois que o dinheiro do BNP saiu, como antecipação da venda da empresa, Pezão perdeu o interesse pelo assunto. Aliás, pelo
que o governador se interessa?
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Hopi Hari tenta ejetar seu controlador
4/04/2018Para os credores do Hopi Hari, amanhã é o dia do “Vai ou racha”. Segundo o RR apurou, o presidente do parque temático, José David Xavier, deverá apresentar na assembleia geral marcada para esta quinta-feira um plano de recuperação judicial que prevê a conversão de até 75% das dívidas em participação acionária – o passivo total é de R$ 400 milhões. Esse é o “vai”. O “racha” seria a diluição da
participação do acionista controlador, José Luiz Abdalla, que cairia de 99% para 20%.
De acordo com informações filtradas de um dos bancos, o plano é visto com bons olhos pelos principais credores do Hopi Hari, entre os quais figura o BNDES. Consultado, o banco informou ainda não ter conhecimento da proposta e que só se manifestará em assembleia. A 24 horas da assembleia geral de credores, Abdalla se articula, busca apoios e ainda tenta, a unhas e dentes, manter o controle do Hopi Hari.
Ele garante que também apresentará um plano na assembleia de amanhã. No entanto, os credores se queixam de que o empresário não mostra suas cartas e não diz de onde viriam os recursos que promete aportar no negócio. O pano de fundo da recuperação judicial é a queda de braço entre o acionista controlador e o próprio management, que se arrasta há meses, com disputas judiciais e acusações de parte a parte. O embate acumula alguns lances pitorescos. Impedido de entrar na companhia, consta que, em cerca ocasião, Abdalla tentou realizar uma assembleia de acionistas dentro de um carro, no estacionamento do parque.
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José Marcio Camargo surge como alternativa para que o BNDES não se torne o “Banco do Jucá”
29/03/2018Aparentemente está tudo certo na sucessão da equipe econômica. O secretário executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, assumiria a Pasta. O secretario de Acompanhamento Econômico, Mansueto de Almeida, iria para o Ministério do Planejamento. E o atual titular do Planejamento, Dyogo de Oliveira, que ameaçava sair se não fosse nomeado ministro da Fazenda, iria para o BNDES. Uma solução ao contento do que desejava Henrique Meirelles.
Em Brasília, comenta-se que a dança do miudinho, ritmo nordestino em que as partes se sacolejam com passos curtos, tem sido praticada, dia sim, dia não, por Michel Temer e Meirelles. Na sucessão da equipe econômica, Temer prometeu a Meirelles que pedido feito seria pedido aprovado. Teve de contornar as demandas de parte do MDB. O partido pleiteava o cargo de ministro da Fazenda para Dyogo de Oliveira.
A carga contra Guardia e Mansueto, por sua vez, era porque ambos estariam mais identificados com o PSDB do que com o MDB. Seria um contrassenso entregar o filé da reforma ministerial ao inimigo em um ano eleitoral. Até ontem, o senador Romero Jucá – um dos articuladores da campanha contra os pupilos de Meirelles, chamando-os de quinta coluna a serviço dos tucanos – trabalhava nos bastidores para que seu apadrinhado Oliveira emplacasse na Fazenda. O BNDES, segundo ele, seria um prêmio de consolação. O problema de Oliveira é que, em qualquer dos cargos, ele carregará o DNA de Jucá e, portanto, a marca da Lava Jato como legado do seu protetor.
Com a virtual confirmação de Guardia na Fazenda, a presidência do BNDES virou motivo de comemoração entre os emedebistas. Em meio às intrigas da Corte, um nome surgiu ontem como tertius: o do economista José Marcio Camargo. Sua indicação para a presidência do BNDES repetiria o modelo adotado na escolha de Paulo Rabello de Castro. Ou seja: seria da cota pessoal do presidente Temer. A medida teria por objetivo blindar o banco neste período eleitoral, desassociando-o de nomes e fatos políticos.
Camargo tem serviços importantes prestados ao Palácio do Planalto e à presidência da Câmara dos Deputados. Esteve presente em todas as reuniões com empresários e parlamentares para explicar as reformas. O ex-professor da PUC-RJ tem bom relacionamento com o núcleo duro do governo e é afinadíssimo com Guardia e Mansueto. Atualmente é economista da gestora de recursos Opus. Trata-se de uma candidatura eminentemente técnica, sem mácula de qualquer ordem. Um predicado de valor inestimável para um presidente do BNDES.
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Corrente elétrica 2
29/03/2018A Renova Energia, leia-se Cemig, estaria negociando com o BNDES uma nova rolagem do empréstimo-ponte de R$ 885 milhões para o parque eólico Alto Sertão III. O acordo é complicado. O pagamento já foi postergado de janeiro para julho deste ano. No banco, a interpretação é de que a Renova tenta apenas ganhar tempo para vender o complexo eólico.
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Solução de emergência
28/03/2018Além de responsável pela modelagem do leilão, o BNDES poderá ter um segundo chapéu na venda das seis distribuidoras de energia federalizadas: financiador da operação. O clima no governo é de vai ou racha. O “racha”, neste caso, é um prejuízo de aproximadamente R$ 21 bilhões no balanço da Eletrobras caso o leilão fracasse e as distribuidoras sejam liquidadas.
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Ponto final
28/03/2018Procuradas, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Apple, Samsung, BNDES e Tecnisa.
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O popular
26/03/2018Se Paulo Rabello de Castro for realmente candidato a presidente, levará uma montanha de votos dos funcionários do BNDES. Apesar da postura um tanto heterodoxa, Rabello de Castro, compreende o corporativismo do banco e fala o que seus colaboradores querem ouvir. A Associação de Funcionários do BNDES bem que poderia fazer uma pesquisa.
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O império contra-ataca
23/03/2018Acendeu o sinal amarelo na campanha de Ciro Gomes. O candidato chamou o ex- vice-presidente do BNDES, Darc Costa, para conversar sobre seu programa de governo. O apelido de Costa é Darth Vader.
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Todos os fios levam à State Grid
16/03/2018O interesse da GP na participação da AES na Eletropaulo não desperta simpatia no governo. A “torcida” em Brasília e – por que não dizer? – no BNDES, acionista da empresa, é toda pró-State Grid. Os chineses são fortes candidatos a entrar no capital da distribuidora paulista por meio do aumento de capital previsto para o fim deste mês, conforme antecipou o RR na edição de 8 de fevereiro. O governo vislumbra a operação como um prelúdio para a fusão entre a Eletropaulo e a CPFL, controlada pela State Grid, com um considerável reforço dos investimentos chineses no Brasil.
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TCU é o fio desencapado na licitação das distribuidoras
13/03/2018O responsável pela área de desestatização do BNDES, Rodolfo Torres dos Santos, que trabalha diretamente vinculado a Paulo Rabello de Castro, não esconde sua apreensão nas reuniões de diretoria do banco. O motivo tem três letras: TCU. Na agência de fomento, há uma crescente percepção de que o Tribunal de Contas da União será um óbice à privatização das seis distribuidoras de energia federalizadas dentro do cronograma estabelecido pelo BNDES – a intenção do banco é lançar o edital ainda nesta semana e realizar o leilão em abril. Segundo o RR apurou, o TCU já teria sinalizado que exigirá mudanças no modelo de venda das concessionárias do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Piauí e Alagoas – o relator do processo é o ministro José Mucio Monteiro. A licitação das distribuidoras se enrosca com a privatização da própria holding. Há duas semanas, outro ministro do TCU, Vital do Rêgo, determinou a abertura de auditoria para avaliar a diluição do controle da estatal e também a decisão da assembleia de acionistas que autorizou a Eletrobras a assumir cerca de R$ 19 bilhões em dívidas das distribuidoras de energia. O temor do BNDES é que o TCU amarre de tal forma os dois processos que a licitação das seis concessionárias só seja permitida após autorização para a venda da Eletrobras. Qualquer engarrafamento no cronograma pode significar a própria implosão das empresas. Se não forem licitadas até julho, as distribuidoras serão liquidadas, o que obrigaria o governo a abrir uma concorrência apenas pelas concessões da distribuição de energia nos seis estados.
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Térmicas a carvão renascem das cinzas com dinheiro do BNDES
9/03/2018O carvão vai sair do index do BNDES. O banco iniciou estudos para retomar o financiamento de termelétricas desta modalidade, praticamente banidas na gestão de Maria Silva Bastos. O projeto em discussão passaria pelo lançamento de um programa de renovação do parque térmico a carvão no país, cuja capacidade instalada caiu de 1,7 mil MW para 1,2 mil MW no intervalo de um ano devido ao fechamento de plantas obsoletas. O assunto já está sendo tratado com investidores do setor, representados pela Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM).
Segundo o RR apurou, o presidente da ABCM, Fernando Luiz Zancan, teria tido dois encontros recentes com o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro. Procurado, o banco confirmou ter recebido propostas da ABCM, que ainda serão “apreciadas em reuniões internas para avaliação de alternativas.” A proposta principal dos investidores é complexa: a substituição de todo o parque gerador por seis novas térmicas de 350 MW cada uma, ao custo total de US$ 5 bilhões.
O argumento é que é mais barato recomeçar do zero do que apostar nas plantas em operação, em sua maioria com alto grau de obsolescência. Como contrapartida, além da perspectiva de redução do custo da energia, com a construção de usinas mais eficientes, a proposta chega revestida por um apelo ambiental. As térmicas seriam construídas com tecnologia de captura de carbono.
Até onde é possível separar uma coisa da outra, a suspensão dos financiamentos a térmicas a carvão se deu mais por uma decisão de diretoria do BNDES do que por uma política de governo. O próprio Plano Decenal de Expansão de Energia, da Empresa de Pesquisas Energéticas, prevê o aumento da oferta de energia a carvão de 20% entre 2016 e 2026. Em que pese o risco ambiental, maior fator para a anatematização do mineral, dois pontos estimulam o aumento dos investimentos no setor: as expressivas reservas da matéria-prima no país e o fato de se tratar de uma energia não indexada a moeda estrangeira.
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Queimado na largada
9/03/2018Paulo Rabello de Castro ainda está no “vou, não vou”. Mas, de antemão, o nome do atual presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, cotado para sucedê-lo, já enfrenta resistência no BNDES. O motivo é a relação de Lozardo com a Marfrig, da qual é conselheiro. O banco é sócio e credor do frigorífico, um dos seus “cavalos vencedores”.
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Paulo Rabello “recorre” à Lei Maria da Penha
8/03/2018Prestes a deixar o BNDES para concorrer à Presidência pelo PSC, Paulo Rabello de Castro vai atrás do eleitorado feminino. Confidenciou a assessores a ideia de convidar Maria da Penha Maia Fernandes para ser vice de sua chapa. A farmacêutica cearense tornou-se símbolo da defesa dos direitos femininos ao dar nome à Lei que pune crimes de violência contra a mulher.
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Fio desencapado
7/03/2018O BNDES corre para deslanchar a venda das distribuidoras federalizadas até abril. Todos os editais foram aprovados pela diretoria do banco nesta semana. O próximo passo será uma apresentação a investidores, prevista para 19 de março.
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O fim de uma estruturadora de projetos
7/03/2018Discretamente, o BNDES e o pool de bancos privados associados à iniciativa desativaram a Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP). A empresa foi criada em 2008 com a finalidade de elaborar estudos e modelos para concessões públicas, notadamente na área de infraestrutura. Teve alguma valia nas licitações realizadas no primeiro mandato de Dilma Rousseff. No governo Temer, no entanto, praticamente sumiu do mapa. No fi m de 2016, a Empresa de Planejamento Logístico, vinculada ao Ministério dos Transportes, assumiu a coordenação dos estudos para concessões rodoviárias, ferroviárias e portuárias, esvaziando consideravelmente a EBP.
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Usina São Fernando tem semana decisiva
6/03/2018Segundo o RR apurou, o juiz Jonas Hass, da 5a Vara Cível de Dourados, vai decidir nesta semana se autoriza a venda da Usina São Fernando, da família Bumlai, à Pedra Angular, de Winston Fritsch. A empresa fez a única proposta no leilão da sucroalcooleira, R$ 825 milhões – conforme o RR antecipou em 21 de fevereiro. Consta que o BNDES, maior credor, é contra a operação, por considerar a oferta baixa.
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Etanol dos Gradin evapora suspeições
2/03/2018O empresário Bernardo Gradin conseguiu passar quase ileso pelas denúncias que atingiram a gestão da Braskem – foi questionado em relação a um contrato de preço da nafta e só. Talvez não tenha a mesma sorte no que diz respeito às suas relações empresariais com o BNDES. Gradin usou o modelo consagrado por Eike Batista de pedir dinheiro para um pré-projeto que só existe em sonhos e no rabisco de papel.
O BNDES, em 2011, colocou R$ 1 bilhão na Gran-Bio, produtora de etanol celulósico apresentada como o estado da arte no setor de combustíveis ecológicos. De lá para cá, a empresa dos Gradin apresentou mais problemas do que soluções, tornando-se um case de “cavalo perdedor”. No fim do ano passado, Bernardo Gradin voltou ao BNDES e pediu mais dinheiro. Em meio ao rolo da Lava Jato, seu pleito foi colocado na gaveta.
Há indícios de que o Ministério Público, entre outros projetos merecedores de averiguação, colocou a GranBio na lista dos financiamentos e participações a serem investigados. Afinal, por que os recursos oficiais foram investidos em um projeto sem as devidas contrapartidas? Consultados, GranBio e BNDES não se pronunciaram. Bernardo já foi tido como um campeão, quando acumulava as presidências da Braskem e da Abiquim. Hoje, esconde-se entre insucessos e um ruidoso contencioso com o clã dos Odebrecht, no qual nenhuma das partes sairá ganhando em relação ao status quo anterior.
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Temer atenta contra futuro presidente com herança criminosa na regra de ouro
1/03/2018Há no mínimo uma fissura moral na legislação da regra de ouro. Esta fenda pode levar a interpretações ou pelo menos ao debate sobre a responsabilidade do atual presidente por prejudicar extremamente o cumprimento do ditame constitucional no primeiro ano de governo do seu sucessor. O Art.85 da Constituição e a Lei no 1.079, de 1950, instituem que é responsabilidade do presidente e de sua equipe econômica a amortização ou criação de reserva para anular os efeitos de operações de crédito em descumprimento à regra de ouro.
O financiamento das despesas de custeio com a venda de títulos públicos caracteriza crime de responsabilidade contra a Lei Orçamentária e pode significar desde um obrigatório pedido de alforria ao Congresso até o impeachment do presidente. O que parece objeto de controvérsia é até que ponto o presidente pode passar para o sucessor como herança uma virtual impossibilidade de cumprimento da regra de ouro – até mesmo por motivações político-eleitorais – sem ser responsabilizado. Se for usado o regime contábil de competência, criminoso é quem deixa o governo sem tomar as providências para não contaminar o primeiro ano da gestão do entrante.
Ele carrega o ônus do futuro imediato resultante dos seus atos passados. Pelo regime de caixa, o abacaxi é de quem assumiu. Ele que se vire, cortando dedos e cedendo anéis. Hoje, a julgar pela interpretação dominante da legislação, o que vale é considerar o calendário gregoriano. Michel Temer e Henrique Meirelles, a quem foram dados os títulos de grão-mestres do ajuste das contas públicas, estão salvando a própria pele. Partem da interpretação de que seu compromisso com a regra de ouro acaba neste ano. Deixarão um buraco de R$ 200 bilhões para o sucessor, sem os recursos das piruetas fiscais com os quais o BNDES está pedalando, antecipadamente, os pagamentos ao Tesouro Nacional.
Temer está secando todos os recursos do banco para tampar o rombo da sua gestão. A equipe econômica está histérica com o atraso de meia dúzia de dias do BNDES no repasse de uma tranche de R$ 30 bilhões, ou 25% do valor devido. O atual governo confessa que a regra de ouro dificilmente poderá ser cumprida, em 2019, sem o pedido de recursos extraordinários ao Congresso ou mudança constitucional. Perguntaria o inquisidor: Dilma Rousseff não foi um bom exemplo de presidente que empurra para frente o descalabro fiscal?
Bem, Dilma foi “impichada” e não teve o benefício de poder demonstrar nos dois anos que lhe faltavam se conseguiria ou não lidar com a regra de ouro, que, diga-se de passagem, sempre foi honrada. Com Temer é diferente. Seus ministros anunciam desde já que a herança do sucessor é sinistra e de difícil resolução. O futuro presidente já assume como candidato a crime de responsabilidade. Se não houver uma regra para tornar regressiva a culpabilidade pela inconsequência fiscal, será o típico caso em que quem pariu Mateus não vai embalá-lo. E se Temer for reeleito? Sua atitude sugere que nem mesmo ele acredita nessa hipótese.
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CEF joga Corinthians para escanteio
27/02/2018A Caixa Econômica entrou de sola no Corinthians. Segundo o RR apurou, o banco rechaçou a tentativa do clube de renegociar as condições de pagamento da dívida referente à construção do Itaquerão. A diretoria corintiana teria proposto à Caixa reduzir à metade a parcela mensal de R$ 5 milhões paga ao banco – na prática, o clube continuaria quitando apenas o valor de face, sem os juros. Procurada, a Caixa não quis se pronunciar, alegando o sigilo de suas operações. O Corinthians também não se manifestou. Tudo o que a CEF menos quer neste momento é dar motivo para qualquer insinuação de favorecimento ao Corinthians. Sobretudo agora em que o petista Andrés Sanchez voltou à presidência do clube. Amigo de Lula, foi Sanchez quem costurou o financiamento para a construção do Itaquerão, que tanta controvérsia gerou. O passivo começou em R$ 400 milhões, valor do empréstimo do BNDES repassado pela CEF, responsável também pela sua cobrança. Com os juros, a cifra já estaria na casa de R$ 1,2 bilhão.
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Insulina da Biomm causa efeitos colaterais no BNDES
26/02/2018O aumento de capital da Biomm, anunciado na última quinta-feira, empurrou o BNDES para uma encruzilhada. Se correr, ou seja, não atender à chamada, o banco terá sua participação diluída e perderá de vista boa parte dos R$ 100 milhões que já alocou na fabricante de insulina; se ficar, terá de colocar mais dinheiro em um projeto que ainda não saiu do papel e já nasceu cercado de suspeições. Para quem não está ligando o nome à pessoa, a Biomm é a fabricante de insulina que tem como um de seus sócios o empresário e ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, personagem próximo ao ex-presidente Lula.
Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, já reafirmou o “compromisso” do banco com o projeto. No entanto, o negócio provoca divisões dentro do BNDES. As maiores resistências viriam da área de Mercado de Capitais, muito em função da excessiva exposição da instituição na Biomm. O BNDES duplo chapéu: é financiador e sócio da companhia. Os atrasos no cronograma também alimentam o coro dos contrários.
A nova fábrica da Biomm em Nova Lima (MG) era prometida para 2016, ficou para 2017 e, garante a empresa, agora está finalmente concluída, aguardando apenas licenças regulatórias. No banco, há dúvidas ainda quanto ao retorno do negócio. O projeto já teria dado mais de R$ 120 milhões em prejuízos. Além das divergências externas, os questionamentos à permanência do BNDES no negócio também vêm de fora para dentro. Auditoria feita pela CGU apontou uma série de irregularidades no empréstimo do banco para a Biomm. O banco não teria respeitado seus próprios limites de exposição a risco de crédito. Teria também utilizado critérios fora do padrão tratando-se de projetos pré-operacionais, caso da Biomm.
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Ponto final
26/02/2018As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES, Biomm, Advent, L. Catterton e Walmart Brasil.
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Receituário contra a “africanização” da indústria
15/02/2018O empresário Pedro Passos, um dos fundadores da Natura, é um espécime raro entre seus pares. Dedica tempo e energia à busca de soluções para reverter o desmonte da indústria nacional e acelerar a retomada do crescimento econômico. Na edição especial de 20 anos da revista Insight-Inteligência – lançada pela Insight Comunicação neste mês e distribuída a um mailing fechado – Passos contribui com valiosa mescla de proposições. A boa notícia: sim, há cura para a “africanização” da indústria brasileira. Para isso, Passos divide seu receituário em três frentes: reformas e políticas gerais; abertura e política de comércio exterior; e iniciativas industriais e de inovação.
Na primeira parte, estão as sapatas da edificação. O empresário elenca premissas fundamentais para a reorganização da economia. Cita como vital “superar a baixa qualidade da educação, base para o avanço tecno- lógico, modernização e incremento da produtividade”. Ainda no quesito das reformas e políticas gerais, Pedro Passos prega a manutenção da queda dos juros a patamares próximos aos padrões internacionais. Para o empresário, trata-se de um fator determinante para a revitalização do mercado de capitais brasileiro, seja como fonte de financiamento alternativa ao BNDES e demais agências de governo, seja como forma de aguçar o apetite do investidor pelo risco. Com relação ao segundo item – abertura e política de comércio exterior –, Pedro Passos olha para o mundo por uma grande angular. Defende a conclusão dos acordos comerciais com a União Europeia e o México, além de uma aproximação maior com Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Canadá.
Chama a atenção também para a importância do Brasil estreitar seus laços com países continentais do Pacífico, como Chile, Colômbia e Peru. Paralelamente, propõe a criação de uma única autoridade de comércio exterior, subordinada diretamente à Presidência da República. Seria uma forma de centralizar e simplificar a formulação e a execução de políticas de comércio exterior, hoje dispersas em múltiplas agências espalhadas por diversos ministérios – Apex/Ministério das Relações Exteriores; Camex/ Ministério da Indústria e Comércio; BNDES/Ministério do Planejamento. O empresário recomenda também uma revisão das estruturas tarifárias, as “mais obsoletas do mundo”. Menciona o estudo “How Lowering Trade Barriers Can Revive Global Productivity and Growth”, do FMI, segundo o qual uma redução de 1% das tarifas sobre insumos incrementa a produtividade total em cerca de 2%.
Pedro Passos confere especial atenção às iniciativas industriais e de inovação, que completa o tripé de seu paper. Nesse ponto, logo na partida, faz coro ao saudoso professor Antônio Barros de Castro, que há mais de uma década já chamava a atenção para a necessidade de descarte de alguns setores da indústria inexoravelmente engolidos pelo tempo. Passos afirma que o Brasil precisa “selecionar atividades com maior dinamismo tecnológico, tendo em conta as possibilidades de projeção global”. Mesmo porque, neste processo darwiniano, “não há recursos para amparar a sobrevivência de setores e empresas”. Pedro Passos alerta que se “avizinha uma nova revolução industrial baseada em ciência e tecnologia (Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada)”.
Com base em estudo da OCDE, Passos discorre sobre uma série de decisões estratégicas e iniciativas que o Brasil terá de seguir para não perder mais este bonde da história: foco na melhoria das condições estruturais para que as empresas inovadoras operem em condições favoráveis; apoio aos vínculos e cooperação entre empresas, universidades e indivíduos; suporte governamental concentrado mais nos estágios iniciais das pesquisas tecnológicas; apoio ao empreendedorismo de base tecnológica – “facilitar o acesso ao financiamento das startups é uma ação recomendada”; e ampliação das conexões externas e da participação em cadeias globais, como forma de estreitas os vínculos internacionais e acompanhar os fluxos de tecnologia mundial.
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State Grid costura os fios da Eletropaulo e da CPFL
8/02/2018Imaginem uma corporação com um mercado praticamente cativo de 25 milhões de clientes, primazia em uma área equivalente a um terço do PIB nacional e um Ebitda de R$ 5 bilhões/ano… A State Grid está diante da oportunidade de criar um colosso do setor elétrico a partir da fusão da Eletropaulo com a CPFL, já controlada pelos chineses. A coreografia da operação vem sendo ensaiada cuidadosamente, em um balé que envolve outros protagonistas. A negociação passaria pelo pagamento da dívida da Eletropaulo com a Eletrobras, no valor aproximado de R$ 2,8 bilhões. A AES, dona da distribuidora paulista, reconheceria o passivo em balanço e convocaria um aumento de capital para recompor o patrimônio da empresa. Os norte-americanos e o BNDES, acionista da Eletropaulo com 16%, não atenderiam à chamada. Seria a deixa para os chineses saírem da coxia.
A State Grid subiria ao palco para subscrever os papéis e assumir o controle da Eletropaulo. O ato seguinte seria o fechamento de capital da empresa e a posterior fusão com a CPFL. Segundo o RR apurou, o primeiro movimento já foi dado. A AES apresentou uma proposta à Eletrobras para o pagamento da dívida com deságio de 50%. Do total de R$ 1,4 bilhão, R$ 700 milhões seriam quitados à vista e o restante dividido em 10 parcelas de R$ 70 milhões, corrigidos por CDI mais 1,5%. Uma vez fechado o acordo, toda a sequência de passos seria executada.
A operação permitiria ao BNDES e à AES deixar a Eletropaulo sem ter de aportar mais capital na empresa, condição sine qua non para o pagamento do passivo com a Eletrobras. Não é de hoje que os norte-americanos emitem sinais de que seu futuro no Brasil passa ao largo da Eletropaulo. Em demonstrações financeiras publicadas no ano passado, a matriz mencionou a hipótese de reduzir sua exposição em distribuição de energia no Brasil. Consultada, a AES Eletropaulo não se pronunciou sobre a possibilidade de venda do controle.
Em relação à Eletrobras, disse que ainda está discutindo um acordo, conforme divulgado em Fato Relevante. A State Grid não quis se manifestar. A operação já teria as bênçãos do Olimpo. O avanço da State Grid sobre a Eletropaulo é visto com bons olhos no Palácio do Planalto. Os planos do grupo para o país extrapolam o setor elétrico e se cruzam com as próprias relações bilaterais entre Brasil e China. A State Grid já investiu mais de R$ 40 bilhões no país – R$ 25 bilhões apenas na compra da CPFL, entre o valor pago aos controladores e a recompra das ações em mercado. O projeto do grupo para o Brasil passa não só pela expansão dos ativos nas áreas de geração e distribuição. A State Grid pretende trazer de arrasto para o país toda uma cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços.
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Ponto final
8/02/2018Procuradas, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Anima Educação, Aché, Teuto e BNDES.
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Salve o Corinthians e a própria pele
1/02/2018Candidato à presidência do Corinthians, o deputado Andrés Sanchez joga sua carreira política e seu próprio futuro no pleito marcado para o próximo sábado. Uma derrota nas urnas corintianas, seu grande reduto, reduzirá consideravelmente suas chances de reeleição à Câmara, em outubro. O que mais aflige Sanchez é amanhecer no dia 1 de janeiro de 2019 sem foro privilegiado. O parlamentar-cartola, amigo de Lula, costurou todo o apoio do governo para a construção do Itaquerão com financiamento do BNDES.
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Sondagem RR: Paulo Cunha é o executivo mais qualificado do país; Schvartsman, o destaque de 2017
29/01/2018Se fosse possível clonar os principais atributos dos maiores executivos do país, o empresário mais gabaritado seria uma combinação de Paulo Cunha, Fabio Schvartsman e Jorge Gerdau, com uma pitada de Paulo Skaf. É o que mostra enquete realizada pelo Relatório Reservado junto a uma pequena amostragem da sua base de assinantes. No total, foram consultadas 51 pessoas, pre-dominantemente empresários, executivos, banqueiros e juristas. Cada um dos nomes acima pontificou em uma categoria diferente da sondagem.
Cunha, presidente do Conselho do Grupo Ultra, foi apontado por 17% dos entrevistados como o dirigente empresarial mais qualificado do país. Schvartsman, presidente da Vale, foi considerado o “executivo de destaque” em 2017; Jorge Gerdau, a maior liderança empresarial; e Paulo Skaf, o dirigente empresarial com maior influência política. Pedro Parente, presidente da Petrobras, ficou em segundo lugar no ranking dos executivos mais qualificados do país, logo atrás de Cunha, com 15%. Foi seguido por Carlos Britto, da InBev, e Wilson Ferreira Jr., da Eletrobras, respectivamente com 12% e 11%.
O próprio Fabio Schvartsman e José Galló, n. 1 da Lojas Renner, também foram citados, respectivamente com 8% e 6%. Schvartsman foi eleito o destaque entre os executivos brasileiros em 2017 com 36% dos votos. Em pouco mais de oito meses no cargo, ele conduziu o processo de reestruturação societária da Vale, a migração para o Novo Mercado e acentuou o processo de redução do nível de alavancagem da companhia. A seguir, apareceram Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e novamente José Galló, empatados com 14%. Wilson Ferreira Jr. teve 11%.
No quarto lugar, Pedro Parente foi novamente citado, por 9% dos consultados. Na sequência, Amos Genish, que assumiu o comando da Telecom Italia, mereceu 8% dos votos. Outros sete executivos foram mencionados como destaque de 2017, com percentuais dispersos. Para os assinantes do RR, Jorge Gerdau é a maior liderança empresarial do Brasil, com 21%. Em segundo lugar, Abilio Diniz, com 17%. Logo atrás, os dois mais prestigiados nomes da banca nacional: novamente Luiz Carlos Trabuco, com 17%, e Roberto Setubal, do Itaú (12%). Gerdau também foi mencionado como o dirigente com maior representatividade em seu setor, empatado com Rubens Ometto, dono da Cosan, ambos com 19%. Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, apareceu com 11%.
Ligeiramente atrás, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff (10%). O RR também perguntou aos seus assinantes quem é o dirigente empresarial com maior influência política no Brasil. Paulo Skaf, híbrido de presidente da Fiesp e pré-candidato ao governo de São Paulo, recebeu 41% dos votos. Superou seu companheiro de chapa na entidade – e de menção na Lava Jato -, Benjamin Steinbruch (29%). Em terceiro, Robson Andrade, presidente da CNI, foi escolhido por 9%.
A enquete do RR não falou apenas de flores. O espinho veio sob a forma da pergunta “Qual o dirigente empresarial de trajetória mais declinante do Brasil?” – lembrando que nomes de condenados na Lava Jato não foram contabilizados. Deu André Esteves, sócio do BTG, na avaliação de 11% dos entrevistados. Atrás dele, apareceu Ricardo Nunes (6%), da combalida Máquina de Vendas. Paradoxalmente, Skaf surgiu mais uma vez. Para 5%, o presidente da Fiesp entrou em um ciclo declinante – ainda que as pesquisas o coloquem entre os três primeiros colocados na disputa pelo governo de São Paulo. Logo a seguir, com 4%, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do Grupo Caoa, citado nas operações Zelotes e Acrônimo. Na opinião de 3%, Maria Silvia Bastos Marques é a executiva em maior declínio, resultado que reflete sua recente passagem pela presidência do BNDES. Terá a oportunidade de reverter esta percepção na presidência da Goldman Sachs no Brasil.
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Governo junta cacos para cumprir a “regra de ouro”
9/01/2018Mesmo se o BNDES conseguir pagar integralmente os R$ 130 bilhões em empréstimos que deve ao Tesouro Nacional, a conta para cobrir o buraco da “regra de ouro” não fecha. Ficam faltando ainda cerca de R$ 54 bilhões, de uma conta a pagar de R$ 184 bilhões. Uma parte, contudo, o governo já tem de onde tirar. Com o aumento da arrecadação, devem entrar R$ 30 bilhões além do necessário para a cobertura do déficit fiscal de R$ 159 bilhões, no ano passado.
O governo tem ainda projetados no orçamento R$ 10 bilhões para esses tropeços. Ficariam faltando ainda R$ 34 bilhões. Um dos caminhos para arrumar o dinheiro é a venda de parte da Eletrobras. Os ministros do Planalto e da área econômica vão fazer um ataque maciço no Congresso para demover as resistências. De qualquer forma, o estrago foi feito. Primeiramente, nunca houve risco de quebra da “regra de ouro” nos outros governos. Em segundo lugar, justamente o governo que pautou seu discurso pelo ajuste fiscal é quem arreganha o descontrole das suas contas.
Em terceiro, prestes a cometer crime de responsabilidade, o governo busca a mudança da Constituição para salvá-lo da irrevogável punição. Em quarto, justifica que a emenda constitucional seria feita de forma que a quebra da regra de ouro não mais ocorresse, pois haveria mecanismos e contrapartidas obrigatórias para evitar o desacerto. Algo como um piloto automático. Em quinto, abre uma brecha para ser chamado de governo caloteiro na campanha política; que só pagou porque mudou a Constituição do país. Temer e Meirelles precisam correr para culpar Dilma Rousseff por mais esse desatino. Na medida em que a gestão da presidenta vai ficando mais distante, os equívocos de política econômica não vão mais colar nela com facilidade. Tenha sido ela responsável ou não pela lambança.
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Há mais do que aviões de carreira nos céus brasileiros
5/01/2018A Líder Aviação, empresa de táxi aéreo, estaria na prateleira. A companhia, que atravessou um período de resultados crescentes fazendo transporte para as plataformas de petróleo offshore, viu esse mercado desabar. As operações offshore ocupavam mais de 100 helicópteros no país e a projeção era de que esse número chegaria a 200 aeronaves em 2020. Hoje são menos de 70. Procurada pelo RR, a Líder nega a venda do controle. Está feito o registro. De toda a forma, a empresa está lustrada para a venda. Na feira da Labace, a Líder anunciou que tinha fechado quatro negócios que não se realizaram. A empresa está preocupada com sinalizações de que sua situação é decadente. E tome de marketing e ações confeitivas. É ver até quando dá.
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Se o governo topar e o Congresso aprovar a participação de 100% de capital estrangeiro nas companhias aéreas, o país não terá mais empresa nacional no setor. Todas as aerolinhas já sinalizaram que venderão integralmente suas ações. Dependendo da forma que se olhe, é bom à beça, pois as companhias serão capitalizadas; ou ruim, porque é mais uma parcela da burguesia nacional que se escafede e um centro de decisões que é exportado.
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O apoio de pai para filho do BNDES, assim como sua participação no capital e verbas de fomento concedidas à Embraer nestes anos todos, além da presença quase exclusiva no financiamento de aeronaves, são alguns pontos discutidos em um dos mais altos andares de Brasília. Gente que quer ordenhar os recursos do banco. O consenso é que a operação de maior envolvimento com a Boeing, quer seja uma amizade colorida ou matrimônio, pode ter senões de diversas ordens, mas é boa para o banco, que vai ter um dos seus ativos bastante valorizados.
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O chinês HNA Group, acionista do Galeão, teria aberto tratativas para a compra da participação da Triunfo no aeroporto de Viracopos. A companhia brasileira é dona de 45% da Aeroportos do Brasil, controladora da concessão. Ressalte-se que a Triunfo está com a corda no pescoço: carrega uma dívida de R$ 2,5 bilhões e segue às voltas com um intrincado processo de recuperação extrajudicial.
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Bolsonaro vai ou fica?
5/01/2018Embora Jair Bolsonaro garanta que vai mesmo mudar de casa, a cúpula do PSC, a começar pelo Pastor Everaldo, passou a tratar como factível sua permanência na sigla. A dificuldade de Bolsonaro para se acertar com o Patriota e com outras legendas que lhe ofereceram a candidatura à Presidência da República o forçaria a continuar no partido. Nessa hipótese, o pré-pré-candidato Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, teria de buscar outra sigla para concorrer ao Palácio do Planalto.
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Planalto lança ofensiva para colocar Ferrogrão nos trilhos
4/01/2018O grupo interministerial montado pelo Palácio do Planalto nos estertores de 2017 para destravar a concessão da Ferrogrão tornou-se uma comissão de diplomacia empresarial. Os “embaixadores” da Casa Civil, do Ministério dos Transportes, da ANTT têm feito gestões junto aos principais candidatos ao leilão – leia-se as tradings agrícolas ADM, Louis Dreyfus, Cargill, Grupo Maggi – com o propósito de oferecer condições ainda mais atrativas e, assim, garantir o maior quórum possível para a licitação. Guardadas as devidas proporções, desempenham um papel similar ao de Henrique Meirelles e seu staff junto às agências de rating – mesmo porque o “rebaixamento” da Ferrogrão terá impacto sobre outros projetos do PPI (Programa de Parcerias de Investimento).
Os investidores fazem exigências proporcionais ao tamanho e aos riscos da concessão. Entre as condições impostas pelos grupos privados está a entrada do BNDES na operação. Além do financiamento do banco, os investidores reivindicam prazos e termos mais convidativos. O governo já acenou com até oito anos de carência para o início do pagamento do empréstimo e a garantia de cobertura de até 80% do valor total do investimento. Os candidatos ao leilão, segundo o RR apurou, pedem um waiver de dez anos e o financiamento de até 85% do empreendimento, o que representaria algo próximo a R$ 11 bilhões.
Tanto em um cenário quanto no outro, o BNDES terá de flexibilizar suas regras de financiamento para embarcar nesse comboio. O ministro Moreira Franco não aceita o adiamento do leilão. Esta ameaça, no entanto, vem ganhando corpo. São diversas pontas soltas que podem inviabilizar a licitação em 2018, preferencialmente antes das eleições, como deseja o governo. Um impasse importante diz respeito às licenças ambientais, ou melhor, à ausência delas.
A Ferrogrão é um tiro no escuro para os investidores. A princípio, o licenciamento ambiental prévio será de responsabilidade dos futuros concessionários. Ou seja: mantida a regra, sua solicitação será feita apenas após o leilão de privatização. Em tese o governo escolheu este modelo para acelerar os trâmites do leilão, mas, por mais paradoxal que seja, o efeito pode ser exatamente o oposto. Este formato joga sobre os grupos privados um risco que eles não estão necessariamente dispostos a encarar. Ressalte-se que praticamente toda a extensão da ferrovia se desfraldará dentro de uma reserva florestal preservada.
Outro nó que não ata nem desata são as comunidades indígenas. Até agora, os povos nativos não foram atendidos nas audiências públicas sobre o projeto, mesmo após a recomendação do Ministério Público Federal. O MPF já alertou que o avanço do processo de licitação sem essa consulta prévia é ilegal. Estima-se que os trilhos da Ferrogrão atravessarão 19 aldeias indígenas. O risco de uma flechada dos procuradores é grande.
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Mea culpa
4/01/2018O RR publicou ontem que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, flerta com uma triangulação entre o BNDES e um pedaço das reservas cambiais para honrar a “regra de ouro” em tempo hábil. Fica mantida a informação. O registro esquecido é que o governo pode se livrar de todos esses percalços se decidir ir ao Congresso, confessar o default, pedir um waiver, obter a aprovação para uma tranche excepcional da maioria do Legislativo, o que teria gosto acentuado de fracasso na política fiscal. Todo esse sarapatel em ano de eleições. Vixe!
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Uso das reservas cambiais entra no cardápio de Henrique Meirelles
3/01/2018O ministro Henrique Meirelles diz que não, desmente, faz beicinho, mas, na verdade, flerta em usar um pedaço das reservas cambiais para se livrar dos riscos do ser enquadrado na “regra de ouro”. Trata-se de um dispositivo constitucional que impede o governo de emitir dívida para financiar despesa corrente. O não cumprimento do ditame é considerado no artigo 167 da Constituição como crime de responsabilidade e atinge diretamente o presidente da República e a equipe econômica. O Tribunal de Contas da União tem fiscalizado com atenção o buraco que existe e prevê a necessidade de um aporte de R$ 182 bilhões.
Segundo uma fonte do TCU, fala-se muito em reforma da Previdência, mas, no curto prazo, a regra de ouro é um problema bem premente. A equipe econômica já dá como certo que o BNDES fará um pagamento dos empréstimos concedidos pelo Tesouro
em valor bem inferior aos R$ 130 bilhões com que o governo contava para reduzir o passivo. O banco já tem financiamentos contratados e deverá transferir um montante de cerca de R$ 59 bilhões, mais ou menos a mesma quantia paga no ano passado. A ideia em estudo é criar um fundo no exterior com US$ 40 bilhões das reservas cambiais, pouco mais de 10% do lastro em moeda forte do país, da ordem de US$ 380 bilhões.
Com esses recursos, o governo capitalizaria o BNDES com um aporte de aproximadamente R$ 80 bilhões. O banco, então, teria funding para chegar próximo ou até superar o valor de R$ 130 bilhões, que seria sua contribuição esperada para zerar a “regra de ouro” em 2018. A operação seria uma semi-pedalada, porque o governo não emitiria dívida nem faria empréstimo, mas usaria seus ativos, o que no final, contabilmente, dá mais ou menos no mesmo. A questão é como desatar o nó do aumento da dívida bruta em função da internalização das reservas.
O governo teria de esterilizar esses recursos por meio da emissão de títulos. Também nessa hipótese, ele superaria os 80% da relação dívida bruta/PIB, considerado o limite informal para o risco de solvência pelas agências de rating. O único aspecto mais confortável nessa equação é a provável reposição das reservas que seriam usadas em 2018. O governo trabalha com um nível de US$ 400 bilhões de lastro cambial para este ano. Ou seja: caso fossem utilizados os US$ 40 bilhões, esse aumento de US$ 20 bilhões projetado permitiria que as reservas permanecessem em torno de US$ 360 bilhões. Portanto, próximo da média de US$ 370 bilhões mantida em 2017. O certo mesmo é que o dinheiro para a regra de ouro vai ter de sair de algum lugar, seja lá qual for o expediente a ser usado. Nas palavras do secretário de Acompanhamento Econômico, Man-sueto de Almeida, “O que não pode é sermos todos presos”.
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Energia do BNDES
19/12/2017É grande a expectativa na EDF de que o BNDES aprove ainda neste ano o financiamento para as usinas de energia solar Pirapora II e III, em Minas Gerais. O valor liberado pelo banco, que já apoiou a primeira etapa de instalação do complexo, deverá passar dos R$ 600 milhões. Os recursos vão engrossar os desembolsos do BNDES para o setor elétrico. A meta já anunciada é bater os R$ 14 bilhões em financiamentos neste ano, contra R$ 9 bilhões em 2016.
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Ponto final
19/12/2017As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: BP, Abengoa, BNDES e EDF.
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Gás chinês
13/12/2017A chinesa Beijing Gas é vista nos corredores do BNDES como forte candidata aos leilões da pernambucana Copergás e da sul-mato-grossense MS Gás – o processo de privatização de ambas é coordenado pelo banco.
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Debate eleitoral promete quebrar o tabu sobre as reservas cambiais
12/12/2017O uso de reservas cambiais para aditivar os investimentos e melhorar a situação fiscal, medida que já foi classificada como uma panaceia das esquerdas, será trazida para o centro do debate em 2018. De acordo com a mais recente edição de Insight-Prospectiva, boletim informativo da Insight Comunicação distribuído aos assinantes no último dia 5, Lula tem esmiuçado o assunto com os economistas do PT, tais como Nelson Barbosa, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Pochmann e Ricardo Carneiro. Duas propostas são lapidadas.
A primeira passaria pelo BNDES e envolveria um encontro de contas. Banco Central e Tesouro, por meio das devidas transferências, capitalizariam a agência de fomento, de forma que ela não precisasse devolver os R$ 130 bilhões de empréstimos para cumprir a chamada “regra de ouro” – norma que proíbe o financiamento dos gastos de custeio do governo por intermédio da emissão de títulos públicos. Como o país carrega US$ 380 bilhões em reservas, o uso de US$ 50 bilhões do lastro cambial capitalizaria o BNDES acima dos 100% do que ele está escalado para devolver.
Uma das formas para a execução dessa operação seria por meio de recebíveis da disponibilidade do Tesouro Nacional depositadas em sua conta única no Banco Central. De janeiro a novembro, essa fonte, que somente está sendo utilizada para o gasto de despesas de custeio, financiou despesas de R$ 92,2 bilhões. Desde 2014, a conta única cresceu R$ 433 bilhões. A explicação seria a política de câmbio combinada com o alto valor das reservas.
No presente, essa fonte de financiamento está sendo utilizada pelo governo para evitar que ele quebre a “regra de ouro” e seja decretado como incapacitado. O saldo dessas tecnicalidades é que o BNDES teria mais recursos para fazer políticas proativas de fomento. Outro caminho cogitado nas conversas entre Lula e os economistas do PT envolveria o aumento do crédito interno por intermédio do Banco Central, medida, por sinal, que tem defensores fora das hostes petistas, caso do sócio da consultoria Tendências, Nathan Blanche. Nesta hipótese, o BC abriria linhas de crédito aos bancos públicos e privados, com base nas reservas.
As instituições financeiras, por sua vez, ofertariam os recursos às empresas para investimentos em concessões, privatizações ou mesmo greenfield. O BC teria uma remuneração maior para as reservas do que a obtida com o investimento em ativos no exterior – quase a totalidade do lastro cambial do país. E se o BC transferisse recursos das reservas diretamente para o BNDES, substituindo os aportes de recursos feitos pelo Tesouro, essa operação também teria o efeito líquido de rebaixar a dívida bruta.
Para Lula, empunhar a bandeira do uso das reservas cambiais traria um paradoxo que nenhum outro candidato precisaria enfrentar. A proposta exigiria do petista um contrapeso, com o anúncio de medidas conservadoras. Diminuir as reservas cambiais em um ambiente de insegurança internacional pediria um discurso antagônico à agenda de desconstrução das reformas liberais do governo de Michel Temer. Trata-se do corner imposto por Temer, sua maldição a quem se afastar demais da sua agenda.
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De olho na Copergás
1/12/2017
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Arbitragem política
24/11/2017Os pesos-pesados da indústria sucroalcooleira que controlam o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) entendem só haver uma saída para a contenda com a BNDESPar: politizar a questão. A Raízen, de Rubens Ometto, e a São Martinho estariam tentando sensibilizar o governo para que ele entre em campo e resolva o impasse com o braço de participações do BNDES. Em 2014, a BNDESPar ingressou no capital da CTC comprometendo-se a injetar mais R$90 milhões no negócio. No meio do caminho, puxou o freio de mão, alegando que a empresa tem folga de caixa e não precisa da capitalização. A pendenga foi parar na Câmara de Arbitragem da B3. Procurada, a São Martinho diz “não confirmar a informação”. A Raízen não se pronunciou.
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Fechamento de capital pré-datado
24/11/2017A Energisa estaria comprando seguidamente em Bolsa ações da subsidiaria Rede Energia. Ao que tudo indica, a família Botelho já se prepara, com razoável antecipação, ao desembolso que a aguarda a partir de 3 de janeiro de 2019. A contar dessa data, a BNDESPar poderá exercer a opção de venda da sua participação na Rede. Como a Energisa terá de estender aos demais minoritários o preço pago pelas ações em poder do BNDES, qualquer redução do free float até lá representará uma economia futura. De repente, dá até para raspar o tacho: apenas 3,79% do capital da Rede Energia estão em mercado. Procurada pelo RR, a Energisa não quis comentar o assunto.
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O economista e o pastor
24/11/2017O PSC quer misturar no mesmo caldeirão o presidente do BNDES e um dos maiores líderes evangélicos do país. O partido, do “pré-presidenciável” Paulo Rabello de Castro, tenta seduzir o pastor Silas Malafaia a se candidatar ao Senado.
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O RR também afaga
10/11/2017O professor Aloisio Araujo, do Impa e da FGV, está trabalhando que nem um mouro e fazendo milhares de modelos práticos e regressão. Ele está debruçado na elaboração de diversas propostas microeconômicas capazes de fazer um enorme bem à economia brasileira. Araujo tem na agulha projetos para reformas no regime de partilha nas licitações do pré-sal e sugestões para a melhoria operacional e da dinâmica de funcionamento do BNDES.
O economista participa do Comitê da Fazenda que discute mudanças na Lei de Falências, um projeto da sua lavra, para efetuar aperfeiçoamentos. Aloisio Araujo também teria algumas colaborações a dar na área da política monetária. Mas esse é um campo em que todos se tornam luminares do dia para a noite, e como tal, regurgitam soberbas e recusam-se a ouvir os mais gabaritados.
Araujo é o mais renomado economista brasileiro no exterior, autor do maior número de artigos acadêmicos publicados em revistas técnicas internacionais, em diversos debates que frequenta é prestigiado por Prêmios Nobel de economia. Seus aniversários são celebrados pelos economistas mais laureados do planeta, como da Econometrics Society. Não ouvir o homem só pode ser produto de disfunção cognitiva ou ignorância desinibida.
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Cuba e Andrade Gutierrez seriam um Frankenstein improvável
25/10/2017Quando se achava que tudo estava terminando é que se encontra mais. O Ministério Público está fuçando obras da Andrade Gutierrez em Cuba, que, até então, não constavam da lista das “top suspeitas”. De obras em Cuba somente se falava no Porto de Mariel, a cargo da Odebrecht, que representa um dos maiores financiamentos do BNDES no setor de exportação de serviços de engenharia. Segundo a fonte do RR, a suspeição é que a Andrade Gutierrez teria feito uma inusitada triangulação financeira entre países, realocando para projetos em Cuba empréstimos originalmente concedidos pelo BNDES para empreendimentos em Angola. Seria um Frankenstein sem tamanho, uma exótica combinação que envolveria superfaturamento de obra, incompetência, para se dizer o mínimo, do banco de fomento para avaliar empréstimos – uma hipótese na qual o RR não acredita –, e uma estranha troca de chumbo entre dois países de governos ditatoriais. Estranho, mas não impossível. Consultado, o BNDES informou que não financiou projetos da Andrade Gutierrez em Cuba, mas confirmou ter concedido crédito para contratos da companhia em Angola.
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Nota da Redação: a Andrade Gutierrez preferiu não responder às perguntas enviadas sobre o assunto. Ao contrário: seu diretor de comunicação, André Moragas, optou por fazer maledicências e associações desonrosas ao Relatório Reservado, esquecendo-se que procurou o RR em diversos momentos para repassar informações sobre empreiteiras concorrentes. Apesar das grosserias, o RR permanece aberto aos esclarecimentos de Moragas, toda vez que ele assim considerar necessário.
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O homem que “engavetou” o comandante Che
18/10/2017O jornalista Ib Teixeira, que por mais de duas décadas escreveu para a revista Conjuntura Econômica, publicação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), faleceu na semana passada levando consigo uma instigante história inédita. Ib foi a Cuba fazer uma série de matérias sobre a revolução, entre elas uma entrevista com o presidente do BC cubano, Che Guevara. Havia bastante curiosidade sobre como o médico guerrilheiro faria a gestão da moeda.
As reportagens foram escritas, mas a entrevista nunca chegou a ser publicada. Segundo Ib, Che não entendia bulhufas de economia e muito menos de política monetária. O depoimento seria uma entrevista ao avesso, ou seja, um texto sobre o seu desconhecimento radical em relação aos rudimentos necessários para o exercício daquela função.
Ib preferiu, então, não divulgar a entrevista. Uma pena. São pequenos detalhes como estes que fazem o bordado da História. Em tempo: à época, o redator-chefe da Conjuntura Econômica era Paulo Rabello de Castro, atual presidente do BNDES. Ib era militante ferrenho do partidão e foi atraído para o lado contrário da força pelo encantador de serpentes, Roberto Campos, que adorava converter comunistas.
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Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa se unem contra Odebrecht
17/10/2017O oligopólio das empreiteiras vai ruir de vez. Agora, com um confronto aberto no setor de exportação de serviços de engenharia. De um lado do ringue, acusando golpes violentos, encontra-se a Odebrecht, até 2016 disparado o maior player brasileiro deste mercado; do outro, competindo em dupla estão Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. As duas empreiteiras – por sinal, sócias na CCR – pretendem concorrer nesse segmento, agora sem o apoio do BNDES, por meio de consórcio, uma forma de otimizar as condições de financiamento.
Um dos alvos de Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez é Angola, historicamente um importante mercado da Odebrecht. Na semana passada, inclusive, surgiu na imprensa a informação de que a companhia baiana está fechando um pacote de obras no país africano da ordem de US$ 1,8 bilhão, sem detalhes sobre os projetos e, muito menos, a fonte de financiamento. Procuradas pelo RR, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez negaram a parceria para a exportação de serviços de engenharia. Está feito o registro.
A direção da Camargo Corrêa tem feito um lobby descarado, no Brasil e no exterior, para piorar ainda mais a imagem da Odebrecht. O slogan vai na linha “A reputação é fundamental nos quatro cantos do mundo”. Não é preciso explicar a quem se dirige. Já a Andrade Gutierrez divulgou que em até três anos os contratos no exterior deverão responder por metade do volume de negócios de sua construtora.
A novidade é a combinação entre ambas para isolar a Odebrecht, que teve seu nome mais danificado do que as rivais no mercado internacional. No fim do ano passado, por exemplo, autoridades do Panamá suspenderam um contrato de US$ 1 bilhão com a empreiteira baiana. O governo do Peru, por sua vez, proibiu a construtora de participar de licitações para obras públicas no país. Na teia dos acordos de leniência com os órgãos de controle, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez se encontram em estágio mais avançado – não obstante o recente recall de suas delações.
A Odebrecht tem a desvantagem de ser a única com o dono preso. Em contraposição, quando o assunto é o ranking das exportações de serviços de engenharia, os baianos sempre estiveram a léguas de distância de vantagem. Segundo estudo do Ipea, entre 2012 e 2016, antes, portanto, do banco praticamente zerar os empréstimos neste segmento, o BNDES financiou um volume de contratos de empreiteiras brasileiras no exterior da ordem de US$ 14 bilhões. A Odebrecht somou US$ 9 bilhões. A Andrade Gutierrez veio bem atrás, com US$ 2,8 bilhões. A Camargo Corrêa, então, comeu poeira, com US$ 441 milhões.
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Pedalada salomônica
16/10/2017O recuo estratégico do ministro Henrique Meirelles na discussão com o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, sobre o valor da devolução dos empréstimos do Tesouro ao banco indica que a Fazenda já pensa em um mix de soluções para compensar a redução do repasse previsto de R$ 130 bilhões, em 2018. É provável que uma complementação tenha de ser pedida ao Congresso para evitar que o governo quebre a “regra de ouro”. À margem do ajuste fiscal, o arranjo permitiria que nem Meirelles nem Rabello de Castro saíssem como o perdedor na disputa pelos recursos. A coluna do meio atende os anseios políticos de ambos.
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Rubens Ometto e Shell se alimentam do bagaço alheio
10/10/2017A Raízen tem se aproveitado como nenhum outro grupo da crise do setor sucroalcooleiro, que atingiu o número recorde de 81 empresas em recuperação judicial ou em processo de falência. A companhia, que, em julho, comprou duas usinas da encalacrada Tonon por R$ 820 milhões, avança agora sobre a Abengoa Bioenergia. O alvo seriam as unidades de Pirassununga e São João da Boa Vista, duas das três usinas dos espanhóis no interior de São Paulo.
Mais uma vez, a Raízen aposta na fragilidade da presa. A Abengoa Bioenergia entrou em recuperação judicial, com uma dívida superior a R$ 800 milhões. As investidas da Raízen sobre as enfermas do setor têm seguido um mesmo roteiro. Ele passa pela conquista do apoio dos credores – na prática, em um setor com oito dezenas de empresas à beira do precipício quem manda mesmo são os bancos. Assim foi na Tonon, assim deve ser no caso da Abengoa Bioenergia. Entre os credores da companhia espanhola no Brasil está o conterrâneo Santander, que, em julho, chegou a pedir a falência do grupo.
A Raízen mira também na operação da indiana Shree Renuka, que entrou em recuperação judicial no Brasil com uma dívida em torno de R$ 3 bilhões. São duas usinas em São Paulo, Madhu e Revati. Desde 2010, o grupo asiático fez significativos investimentos e ampliou a capacidade de ambas para mais de dez milhões de toneladas. Ainda assim tem sofrido para vendê-las. Os dois leilões foram suspensos a pedido do BNDES. Tanto em um quanto em outro, a Raízen fez que entraria na disputa, mas, na hora H, saiu do páreo. Segundo a fonte do RR, na paralela a empresa estaria tentando angariar o apoio dos credores – entre os quais figuram Itaú, Votorantim e Bank of America – para assumir os ativos da Renuka no Brasil. Procuradas pelo RR, Raízen, Abengoa Bioenergia e Shree Renuka não se pronunciaram.
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Temer abre as portas da Caixa para a banca estrangeira
9/10/2017O governo pretende atrair bancos estrangeiros para participar da privatização da Caixa Econômica Federal. A decisão de venda da CEF será anunciada em pronunciamento do presidente Michel Temer, no final do ano, junto com diversas outras medidas de reestruturação da máquina do Estado, além da comunicação solene de que o governo pretende incluir o Bolsa-Família na Constituição. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já confirmou que está estudando a operação.
A responsabilidade pelo desenho da privatização está nas mãos do presidente da Caixa, Gilberto Occhi. O governo quer tratar da comunicação com cuidado, devido à delicadeza política do assunto. A venda da CEF é uma das raras operações capazes de gerar os recursos extraordinários para o equilíbrio das contas públicas, em 2018, um ano em que os calendários fiscal e eleitoral se entrechocam.
Entre os cinco bancos do governo – Banco do Brasil, BNB, Basa, BNDES e a própria CEF – a Caixa sempre foi a instituição financeira preferencial para efeito de privatização. Muito provavelmente devido ao seu maior grau de superposição com o Banco do Brasil. A venda da CEF viria na esteira da anunciada privatização da Eletrobras. O modelo de negócios, contudo, seria o da privatização do controle em leilão, ao contrário da holding do setor elétrico. O motivo é que as instituições financeiras têm de ter dono; não podem ter seu controle pulverizado.
No passado, diversos bancos estrangeiros tentaram a sorte no mercado brasileiro. Não tiveram êxito. Sobrou apenas um de mais de uma dezena: o Banco Santander. A CEF faz parte de um seleto grupo de cinco instituições financeiras que detém 80% dos ativos bancários nacionais. A Caixa tem 95 mil funcionários, mais de quatro mil pontos de atendimento e aproximadamente 80 milhões de clientes. A expectativa é que venha um candidato chinês por ai. Vai ter de descascar um abacaxi social e político de dimensões épicas.
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Crônica de um pobre país bilionário
3/10/2017O Brasil caminha a passos largos para se tornar um dos países prósperos do mundo se o critério for o da acumulação de reservas cambiais (liquidez internacional). Uma das mais renomadas consultoras de dados macroeconômicos, senão a mais renomada, a LCA prevê que o Brasil deterá US$ 972 bilhões em reservas, na média do período 2021/2030. Para chegar a esse cálculo, a LCA, que tem entre seus sócios o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, projeta um saldo médio de US$ 57 bilhões para a balança comercial no mesmo intervalo.
Em 2017, o lastro cambial do país fechará em torno de US$ 388 bilhões, somente inferior ao da China, conforme a medição do número de meses de importações correspondentes. A montanha de dólares ou, para ser preciso, de títulos do Tesouro norte-americano em sua maioria, mais do que dobrará em uma década e alguns quebrados, a não ser que ocorra algum acidente espetacular no percurso. A julgar pelo critério de acumulação de reservas, todo brasileiro é virtualmente um milionário.
Com base no último censo do IBGE, que calcula em 207 milhões de habitantes a população do Brasil, e usando um índice cadente de crescimento demográfico, cada cidadão seria detentor de US$4,37 milhões, em média, entre 2021 e 2031. Mesmo se fosse descontada a média da dívida externa bruta do país projetada para 2021/2030, na faixa de US$ 707 bilhões, o brasileiro ainda deteria um razoável pecúlio de US$ 1,28 milhão. Os mais críticos diriam que as reservas cambiais foram construídas à base de aumento da dívida interna bruta. E que, acertando as contas, o brasileiro teria, sim, dívida para pagar. Pode ser. Mas um endividamento baixinho seria como se fosse uma fortuna. O curioso é que um país que não faz obras, congela os investimentos em saúde e educação e tem índices alarmantes de violência possua tanto dinheiro assim.
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Macri volta ao Brasil entre as brumas do passado
2/10/2017O Grupo Macri – conglomerado de empresas da família do presidente argentino Mauricio Macri – prepara seu retorno ao Brasil. Executivos da companhia têm circulado pelo Centro-Oeste em busca de terras para a produção de soja. Os planos passam também pela área de logística. Segundo o RR apurou, o Macri sondou a ADM e a Louis Dreyfus, tradings agrícolas interessadas na privatização da Ferrogrão, prevista para 2018. O grupo tem negócios em logística ferroviária na Argentina. Caso o retorno ao Brasil se confirme, um dos desafios do Grupo Macri será apagar a péssima imagem que deixou em sua primeira encarnação no país. O episódio mais notório foi o da Chapecó – os argentinos abandonaram a empresa, largando para trás cinco mil desempregados e uma dívida de R$ 600 milhões com o BNDES. Houve outros casos menos badalados, como o da Qualix Serviços Ambientais, de coleta de lixo. A Qualix entrou em recuperação judicial e mudou seu nome para Sustentare Serviços Ambientais. O rolo é tão grande que, no setor, há quem diga que até hoje a família Macri tem um pedacinho da empresa – a Sustentare nega.
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Operação desmonte
28/09/2017Se depender do Ministério da Fazenda, o BNDES fica só com o prédio da Av. Chile, uma parcela diminuta de funcionários para a manutenção e mesas, cadeiras e computadores. Além da devolução de R$ 180 bilhões em empréstimos do Tesouro Nacional, Meirelles estuda outras hipóteses para sangrar o banco: a venda de parte das carteiras do BNDESPar e de créditos bons junto a grandes empresas.
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Pesos e medidas
22/09/2017
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Pantomina
18/09/2017A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga supostas irregularidades nas operações entre J&F e BNDES começou mal. Em três dias, foram apresentados 130 requerimentos de audiência – algo sem paralelo entre as CPMIs dos últimos anos. O que não falta é parlamentar querendo tirar um pedacinho desse bife e garantir alguns minutos em rede nacional.
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Luciano Coutinho veste a armadura do acadêmico
13/09/2017O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho traçou uma rota para atravessar o período de turbulência. Vai concentrar sua atividade e exposição em questões de ordem acadêmica, preferencialmente não relacionadas ao banco. Apesar da indissociabilidade com a LCA Consultoria, pretende se divorciar temporariamente de funções executivas, mesmo continuando ligado à empresa.
Luciano acha que o melhor desinfetante para as agruras sofridas com a Lava Jato é voltar a ser o que sempre foi: um economista industrialista, e escrever, escrever, como se não houvesse amanhã. Essa é sua chinese wall. Ele atravessa com a placidez de um monge os tormentos das circunstâncias, tais como o bloqueio dos seus bens por um juiz federal do Mato Grosso. Nada a ver com a Lava Jato. Aliás, o maior espalha-brasas entre todos os delatores, o empresário Joesley Batista, fez questão de ressaltar que Coutinho não tinha qualquer relação com suas operações pouco republicanas.
Em meio a tanta notícia desagradável, eis um fato positivo: Luciano Coutinho é um dos economistas com maior network entre os empresários de São Paulo e relacionamento no circuito internacional de agências de fomento. Ele continua a ser visitado, emitindo opiniões e prestando conselhos. Com seu jeito zen, não se arrepende sequer da longa temporada no BNDES, uma antiga obsessão profissional.
Coutinho largou umas das consultorias mais bem-sucedidas de São Paulo para dar expedientes de 15 horas com uma remuneração bem inferior à que tinha na sua empresa. Agora, inexoravelmente vai ter seu momento de Geni, tomando pedradas aqui e acolá. Por isso não é o momento de falar da teoria que fundamentava os “cavalos campeões” ou da exportação de serviços de engenharia. Em situações de linchamento não há defesa que se sustente. Mas, Coutinho faria quase tudo outra vez.
Seus amigos dizem que ele repensaria o timing de saída do banco, que poderia ter ocorrido quando se iniciaram os escândalos envolvendo a Petrobras. No entanto, ele quis se defender dentro da instituição. Depois do engenheiro Marcos Vianna foi o mais longevo presidente do banco e o mais identificado com a corporação. Quanto a sua gestão, os dados estão contidos no “livro verde”, com o qual o atual presidente, Paulo Rabello de Castro, vem defendendo a lisura e acerto técnico dos profissionais do banco.
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Escudo minoritário
13/09/2017
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Empregos que batem asas
13/09/2017A Embraer tem um projeto estruturado para transferir, no horizonte de três anos, uma parcela da produção de aeronaves militares para os Estados Unidos. Nada muito diferente do que a empresa já fez com a montagem de jatos executivos, quase que inteiramente deslocada para a Flórida. É estranho que uma companhia pendurada no BNDES se torne uma grande exportadora de emprego do Brasil.
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Ponto final
13/09/2017Procuradas pelo Relatório Reservado, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: CSN, Triunfo Participações e BNDES.
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Michel Temer se sente menos impopular e pode reduzir ritmo do ajuste fiscal
12/09/2017O presidente Michel Temer passou a nutrir dúvidas em relação à intensidade do ajuste fiscal em 2018 – já que 2017 são favas contadas. Temer tem usufruído da brisa da redução do desconforto popular. O quadro econômico para a população melhorou, e quando não melhorou, estagnou, o que, frente ao longo período de índices negativos, pode ser celebrado como uma vitória.
A inquietude de Temer encontra mais eco em Eliseu Padilha do que em Moreira Franco e Henrique Meirelles, defensores da tese de que o sucesso desse governo não pode ser medido por satisfação ou empatia com o povo. Segundo a fonte do RR, a percepção de Temer é que, se reduzir sua impopularidade e continuar na sua toada, governando para a sua bancada no Congresso e a Avenida Paulista, poderá atingir uma inesperada força como cabo eleitoral em 2018, para dizer o mínimo. Relatório do Credit Suisse que circulou ontem nos meios financeiros canta algumas pedras animadoras para o presidente.
No cenário projetado pelo banco – um crescimento médio de 2% do PIB por um período superior a um quinquênio – as taxas de desemprego estimadas são 13%, em 2017; 12%, 2018; 11%, 2019; e 10%, 2020. Não chega a ser uma Brastemp, mas, comparando-se com o desemprego de 13,7% em março passado, os números são alvissareiros. A favor das expectativas do governo pesa o fato de que o banco suíço sempre foi pouco otimista em relação aos resultados da política econômica. Mas Temer já está saboreando outros frutos da boa safra na economia. A inflação é a menor em 37 anos na faixa do salário mínimo.
Os preços da cesta básica desabaram devido à deflação sobre alimentos decorrente da hipersafra agrícola. A renda da família aumentou, ainda por conta da queda da inflação, e é ela que vem puxando o Pibinho. O aluguéis em média estão mais baixos 20%. Pode dizer que nunca dantes a carestia tomou um tombo tão grande na história deste país. Mas, como acender uma vela aos pobres e outra ao empresariado? A inércia agora trabalha a favor.
O cenário favorável é de melhoria da conjuntura. Para manter as expectativas empresariais aquecidas, Temer vai prosseguir com os anúncios e ações de impacto nas privatizações e concessões e iniciar uma agenda de reformas microeconômicas. Como metas fiscais mais largas para 2017 e 2018, o governo prosseguirá no seu paradoxo de sucesso, que é confessar a falência no ajuste orçamentário, rever as contas para depois, então, atingir o compromisso
e vangloriar-se do seu feito.
Há também receitas não tipificadas que ajudarão a fechar o buraco, como o pagamento de R$ 180 bilhões devidos pelo BNDES ao Tesouro, junto com o repasse da economia do custo de carregamento das reservas cambiais na medida em que se reduz o diferencial entre a Selic e o juro de remuneração do lastro em moeda forte. Esses recursos irão todos para abater o déficit primário. E o fiscal estaria resolvido? Fica faltando a reforma da Previdência, que não só é aritmeticamente necessária, como tornou-se simbólica.
Mas se ela não sair até novembro, fica na conta do próximo governo. Na equação desse upgrade do presidente não é incorporada a variável da Lava Jato. Ela é imponderável e pode atingir a todos indistintamente. Se Temer avançar no ajuste, tomando novas medidas impopulares para a “modernização” da economia, se tornará em uma espécie de “Getulio Vargas da burguesia”, dando cabo das encomendas reformistas que trouxe para o centro do governo desde o impeachment de Dilma Rousseff. Se contiver o andor, pode ser que sua impopularidade caia e sua força eleitoral surpreenda.
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Fernando Coelho desata o nó entre Eletrobras e Petrobras
8/09/2017O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, acredita ter encontrado a solução para a dívida de quase R$ 16 bilhões da Eletrobras com a Petrobras, referente ao fornecimento de gás para termelétricas. O modelo sobre a mesa passa pela transferência de ativos da Amazonas Energia, controlada pela holding do setor elétrico. Fariam parte do pacote as usinas Mauá e Aparecida.
São as duas grandes térmicas da Amazonas Energia, responsáveis pela maior parte da encomenda de gás à Petrobras e, consequentemente, dos débitos junto à petroleira. A ideia da Pasta de Minas e Energia é que uma proposta seja alinhavada e apresentada aos Conselhos de ambas as empresas em outubro. Consultado pelo RR, o Ministério não quis se pronunciar.
O modelo muy amigo do ministro Coelho – e de um governo que tem conseguido impor suas vontades – não está sendo pensado exatamente para resolver o passivo da Petrobras, mas para evitar que o imbróglio possa atrapalhar a “descotização” da Eletrobras. E, ao mesmo tempo, impedir uma tungada fiscal e uma nova frustração de receita do governo. A petroleira já soltou um balão de ensaio solicitando a inclusão de um artigo na MP do setor elétrico que lhe dê primazia no recebimento de recursos amealhados com a “descotização” da Eletrobras.
Com as devidas ressalvas, a proposta guarda alguma semelhança com a operação feita entre o governo federal, o BNDES e a Cedae. A estatal de saneamento será jogada no colo do banco como lastro do empréstimo emergencial ao Rio de Janeiro, sem que possa ser privatizada agora. No seu caso, mesmo ganhando, a Petrobras vai perder. Se o projeto seguir adiante, a empresa acabará assumindo ativos que não serão vendidos no curto prazo e tampouco fazem parte do seu core business. Paciência! Quem sabe não surge uma proposta melhor para a Petrobras se um dia ela for privatizada…
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Os sinais de Kassab
8/09/2017O ministro Gilberto Kassab tem percorrido cidades paulistas comprometendo-se a negociar com o BNDES a abertura de uma linha de crédito para bancar a troca do sinal de rádio de analógico para digital em serviços de utilidade pública. Nesta semana, por exemplo, reuniu-se com prefeitos do ABC para tratar do financiamento, que contemplaria guardas municipais e sistemas de ambulância na região. Trata-se de um daqueles casos em que o certo parece estar eivado de segundas intenções. Para muitos, Kassab mira em 2018 e faz campanha com o chapéu do BNDES. Potencial candidato ao governo de São Paulo, espera que os prefeitos não se esqueçam deste gesto.
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Rabello não concorda
8/09/2017Paulo Rabello de Castro não concorda com a devolução de recursos do BNDES para o Tesouro, muito menos em valores superiores a R$ 100 bilhões. E ponto final.
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Trem atrasado
31/08/2017O TCU solicitou à Rumo Logística um calhamaço de informações sobre o plano de investimentos da Malha Paulista. O pedido caiu como uma ducha de água fria na empresa, que já perdeu a esperança de que a renovação antecipada da concessão saia neste ano. O atraso custa caro: sem o imprimatur do TCU, o empréstimo de R$ 3,5 bilhões do BNDES para a Malha Paulista permanece no papel.
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Dedo de prosa sobre o bazar das estatais
25/08/2017Se o governo está fazendo piruetas para misturar concessão com privatização e obter uma receita extra orçamentária de R$ 30 bilhões com a Eletrobras, só resta uma conclusão: o déficit primário projetado para o próximo ano não é de R$ 159 bilhões, mas, sim, de R$ 189 bilhões. Privatizações feitas a toque de caixa são a tradução perfeita para um buraco orçamentário maior do que o previsto. E o estouro dos fogos de artifício no céu do mercado leva a crer que o governo deu somente a sua primeira estocada mortal no triângulo das grandes estatais.
As 49 empresas elencadas no PPI têm um efeito mais confeiteiro. Várias delas já tiveram sua venda anunciada anteriormente inúmeras vezes. Mas a inclusão da Eletrobras muda o enredo completamente. O mencionado expediente da golden share tem mil utilidades, inclusive a de eventualmente não ter utilidade alguma ou ser uma trucagem eficaz. Sua insuficiência imunológica já forçou o BNDES a ingressar no capital de ex-estatal para evitar que fosse descumprido o escrito e o combinado.
Fica acertado, portanto, que a golden share funciona como uma apólice de segurança junto à sociedade para a venda de ativos com maior sensibilidade política. Alguém aí falou Petrobras? O Banco do Brasil e a Caixa Econômica já podem ir para a prateleira. A engenharia de privatização da Eletrobrás tem serventia para todo o triângulo das grandes estatais.
A Petrobras, sem dúvida, seria a missão mais difícil, pois necessitaria de negociação complexa no Congresso para a mudança constitucional que veda sua alienação. BB e CEF estão à disposição. A transferência de empresas públicas para a iniciativa privada é sempre desejável em termos de ganho de eficiência. Mas vender monopólios ou quase monopólios é uma contradição do capitalismo.
Em qualquer hipótese, a desmobilização deve ser feita com o maior retorno para a sociedade. Vender na baixa é condenável segundo cláusula pétrea das leis do mercado. O ex-ministro Mário Henrique Simonsen dizia: se por acaso privatizar, a receita tem de ir para abater dívida pública e não para saldar o gasto corrente. Ou seja: não é boa medida vender as estatais e esterilizar os recursos cobrindo o déficit primário.
O decano das privatizações, o economista Ignacio Rangel, pregava que o retorno das vendas de ativos maduros deveria ser aplicado em setores nos quais o país estivesse demasiadamente atrasado. Que tal tecnologia hospitalar, inovações, para não dizer da velha senhora, a infraestrutura? Há quem diga ainda que a privatização contribuiria para reduzir a cultura de corrupção no país. Mais ou menos.
A criação de empresas monumentais aumentaria a capacidade de corrompimento e captura do Estado por esses agentes. Ah, mas a urgência do ajuste fiscal justificaria atos de coragem. Pode ser. Mas, quando se trata de patrimônio público, é um despropósito fazer da correria uma estratégia para a alienação dos ativos. Para quem já chegou até aqui, melhor seria menos açodamento
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Governo do Rio resseca a Cedae
23/08/2017O próprio governo do Rio tem contribuído para turvar ainda mais a privatização da Cedae. Segundo o RR apurou, o estado não estaria cumprindo os termos firmados com a companhia para o pagamento de uma dívida de R$ 198 milhões. Os atrasos se arrastam desde o ano passado. Candidatos à compra da Cedae já manifestaram ao governo do Rio e ao BNDES que não participarão do leilão sem garantias firmes de que os débitos serão pagos ou compensados.
A agência de fomento e as autoridades do Rio discutem uma forma de decantar esta impureza das contas da Cedae. Uma das hipóteses cogitadas é uma contrapartida fiscal, com o abatimento futuro de ICMS. Outro caminho seria o próprio BNDES assumir o passivo, tendo como garantia ações da concessionária. Procurada, a Cedae confirmou os termos de compromisso com o estado.
No entanto, não se pronunciou quanto ao valor da dívida e aos atrasos do governo, sob a alegação que, “em obediência ao Código de Defesa do Consumidor, não pode fornecer informações de clientes.” Entre 8 de agosto de 2007 e 30 de dezembro de 2015, o governo do Rio de Janeiro e a Cedae celebraram sete termos de acordo com o intuito de realizar a compensação de saldos em aberto entre as partes. No fim de 2015, foi fechado mais um Termo de Encontro de Contas referente ao exercício de 2014, no montante de R$ 109 milhões. Os atrasos colocam em risco, desde já, a quitação dos passivos até 2020, prazo estabelecido nos acordos.
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Os caminhos de Brasília se fecham para a Triunfo
21/08/2017Para a Triunfo, tão ruim ou o pior do que a dívida de R$ 2,5 bilhões é o desmoronamento das pinguelas que a ligavam ao Poder. De um lado, o BNDES executa fianças bancárias por dívidas em atraso e vende ações do grupo; do outro, quem aperta o cerco é a Casa Civil e o Ministério dos Transportes. Segundo o RR apurou, a Triunfo tenta negociar a concessão da BR-060-153-262, que corta o Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo.
O ativo, arrematado em 2014, já teria sido, inclusive, ofertado a empresas do setor, como EcoRodovias e Arteris. Ocorre que o governo já fez chegar à Triunfo a informação de que não autorizará a transferência da concessão. A Triunfo tem dois caminhos: ou pega carona na “MP das Rodovias” que está prestes a ser editada, estende por mais 14 anos o prazo para a duplicação da estrada e finalmente faz os investimentos de R$ 3,5 bilhões previstos e que nunca saíram do papel ou, então, o Ministério dos Transportes vai decretar a caducidade da licença e relicitá-la.
O argumento do governo é que o espírito da nova Medida Provisória não é criar um balcão de negócios de concessões, mas permitir que grupos com investimentos em atraso ganhem fôlego para deslanchar as obras. Quem não quiser que devolva a concessão, como acaba de fazer a Galvão Engenharia com outro trecho da BR-153. Procurada pelo RR, a Triunfo não quis comentar o assunto. Um a um, os caminhos traçados pela Triunfo com o objetivo de fazer caixa e sair da recuperação extrajudicial parecem se desmanchar.
O caso mais agudo foi Viracopos. O grupo tentou passar a concessão adiante, mas esbarrou na recusa do governo em renegociar os prazos de pagamento da outorga, o que forçou a devolução da licença. Tudo muito diferente dos tempos em que os sócios da Triunfo andavam sobre tapetes vermelhos em Brasília e tinham um excelente trânsito junto a autoridades, como, por exemplo, Eliseu Padilha. Uma relação, inclusive, que nunca foi muito bem compreendida pelo fato de um dos filhos do atual ministro da Casa Civil, Robinson Padilha, advogar para a companhia.
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Economia retrô
18/08/2017
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Braskem abre a porteira para um “Bye, bye, Brasil” corporativo
8/08/2017A virtual conversão da Braskem em empresa norte-americana, com a transferência da sua sede para os Estados Unidos e negociação das suas ações na New York Exchange, acendeu uma luz amarela. Há um movimento embrionário de êxodo das empresas brasileiras para o exterior. Segundo a fonte do RR, Gerdau e Ioschpe Maxion são duas das companhias que estariam com estudos avançados para realizar o seu “Bye, bye, Brasil”.
A Gerdau é a empresa brasileira com maior índice de transnacionalidade, com 57% das suas receitas provenientes de operações de fora do país. A Iochpe Maxion, que produz autopeças e equipamentos, é a segunda multinacional verde-amarela em internacionalização, segundo medição da Fundação Dom Cabral. Comenta-se que também a Camargo Corrêa analisa tornar-se uma firma europeia.
Procuradas, Gerdau e Camargo Corrêa negaram a transferência da sede. A Iochpe Maxion não se pronunciou. O argumento utilizado por grande parte dessas empresas é a manutenção da maior parte das suas operações no exterior. São fatores relevantes para a troca de nacionalidade a redução dos elevados ônus fiscal-tributário e financeiro e o descarte do Custo Brasil.
Em alguns casos, a Lava Jato também é levada em consideração. Em outubro do ano passado, o BNDES brecou a desnacionalização da JBS, cujo plano de reestruturação a tornaria uma empresa irlandesa com ações negociadas na bolsa norte-americana e transferência de ativos que representam 85% da geração de caixa operacional. A deterioração da economia do país e a percepção crescente de que a crise é estrutural são fortes estímulos para que casos pontuais se transformem em um efeito manada.
Até porque o mercado sanciona essa decisão com valorizações expressivas do capital das empresas. O legendário ex-presidente da Rhodia no país, Edson Musa, dizia que é tão ou mais preocupante do que o desejo dos brasileiros de deixar o país era o das empresas nacionais quererem transferir suas sedes para o exterior. A exportação do centro de decisão dessas companhias vai resgatando o Brasil-Colônia, no qual as elites comandam a distância as operações fabris e extrativistas.
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GranBio evapora no ar
1/08/2017Bernardo Gradin está vendendo a GranBio, produtora de etanol celulósico criada em parceria com o BNDES. A empresa é um daqueles projetos que foi sem nunca ter sido. Recebeu financiamento do banco no melhor modelo Eike Batista, em que o empréstimo ia para algo que nunca existiu fora do papel. Gradin aparenta querer se livrar de tudo no Brasil para ir viver sem riscos no exterior como bilionário que é. Permanecerá, a distância, em sua disputa judicial encarniçada com Marcelo Odebrecht pelo valor justo para a venda de parte minoritária da holding baiana. Mas é melhor mesmo ficar fora daqui. Gradin já foi citado por Paulo Roberto Costa na Lava Jato.
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Planalto abre guerra às CPIs
1/08/2017O governo manobra no Congresso para barrar a abertura de novas CPIs até o fim do ano. Antes que alguém pense – não sem motivos – em alguma razão nebulosa para a ofensiva, trata-se de uma questão pragmática. O receio do Palácio do Planalto é que uma profusão de Comissões Parlamentares no segundo semestre atravanque ainda mais a votação das reformas. Com o início das atividades das CPIs do BNDES e da JBS, haverá quatro comissões em funcionamento no Senado e na Câmara. Nesta última, há ainda pedidos em análise para a abertura de quatro outras CPIs.
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O trauma de Maria Silvia
24/07/2017A experiência na presidência do BNDES foi too much para Maria Silvia Bastos Marques. A economista não quer mais saber de setor público. Pagou o pato de ter de elevar o nível de um governo execrável. E foi perseguida pelo lombrosiano Paulo Skaf. Antes dela, somente o saudoso economista Antonio Barros de Castro tinha permanecido tão pouco tempo à frente do banco – outubro de 1992 a março de 1993.
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Porteira aberta
21/07/2017
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Chinatown 2
20/07/2017
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Esqueceram da Finep…
19/07/2017Há um certo clima de desalento na Finep. Da diretoria ao corpo técnico, a percepção é que o governo “se esqueceu” daquele pedacinho de terra encravado no Ministério da Ciência e Tecnologia. Tanto o projeto de transformação da agência em instituição financeira quanto a proposta de incorporação pelo BNDES caminham a passos lentos e desencontrados. A Finep disse ao RR “que está em entendimento com o Governo para sua regularização como instituição financeira.” O Ministério afirma que “a discussão é muito recente e não há uma posição”. A dura verdade é que, com o marasmo da economia, a agência nem precisa se preocupar com medidas para aumentar a captação de recursos. Dos quase R$ 7 bilhões disponíveis, entre janeiro e junho a Finep teria liberado menos de R$ 600 milhões.
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Temer deixou o cavalo da infraestrutura passar a sua frente
17/07/2017É possível que agora Michel Temer não tenha mais o que fazer, envolvido que está em não ser apeado do Planalto como chefe de organização criminosa. Mas houve época em que ele tinha mais tempo para tocar o governo. Se tivesse se debruçado sobre o trabalho feito sobre concessões e PPPs pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon), suas obras estariam de vento em popa. Rodolpho Tourinho, que ocupava a presidência da entidade, teve dezenas de reuniões com um grupo de trabalho interministerial, com cada um dos ministros e com o BNDES.
Incansável, Tourinho desenhou um mapa completo para que o programa de concessões deslanchasse, desde a regulamentação do project finance integral até os certificados de garantia em cada dos empreendimento. Tourinho faleceu (em maio de 2015) e deixou o alentado trabalho de posse da Abdib, entidade congênere ao Sinicon-Infraestrutura. Virou um documento cult, quase desconhecido. As concessões entraram em passo de cágado e foram entregues aos interesses kryptorepublicanos de Moreira Franco.
Deu no que deu. A maior parte delas ficou para 2018, e olhe lá. Não sobrou nem um rush de leilões encruados. De qualquer forma o plano anda por aí. Basta pedir o original a Petronio Lerche, presidente do Sinicon, ou a Venilton Tadini, presidente da Abdib. Ou mesmo ao BNDES, que guarda a memória das discussões.
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Henrique Meirelles já não consegue nem ser âncora de si próprio
14/07/2017A lua de mel de Henrique Meirelles com Michel Temer, os empresários e próceres da base aliada, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, eclipsou, ou, melhor, tornou-se pontilhada de fel. O ministro da Fazenda tem feito exigências, dificultado a liberação de verbas e mostrado soberba, inclusive nas reuniões com o grupo palaciano. A estratégia de Meirelles é capciosa: mantém sua palavra de permanecer no governo desde que suas diretrizes na economia sejam mantidas e ninguém o ofusque na sua esfera de atuação. O que em outras palavras quer dizer: “Não me contrariem que eu me mando”. Ocorre que a intocabilidade do ministro não é mais a mesma.
Meirelles é uma âncora em processo de corrosão e imersa em um chão viscoso. As reformas estruturais, sustentáculo do governo, já deixaram há muito de ser “As reformas que dependem do Meirelles”. A julgar pela velocidade dos fatos, caminham para serem as reformas de Rodrigo Maia ou de qualquer um que se apresente. O ministro reduziu bastante sua agenda de encontros com políticos – que já foi intensa quando a parte técnica da reforma da Previdência estava sob sua alçada. Sua presença no Congresso era algo de marcial.
Hoje a maior interlocução com os parlamentares é realizada pelo Secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida. Os políticos acham chato o papo com Meirelles. O sucesso na política anti-inflacionária e na redução dos juros já foi depositado na conta do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Na área fiscal, os números obtidos na gestão do ministro são os piores da história republicana. O Brasil vai acumular um déficit primário de cerca de R$ 500 bilhões no triênio que se encerra em 2018, o maior já registrado no país.
A dívida pública interna alcançará cerca de 90% do PIB. De âncora fiscal, portanto, o ministro não tem nada. Desemprego, recessão, atraso nas concessões, não há nada para ser mostrado na vitrine. Há ainda a presença de Paulo Rabello de Castro no BNDES, avaliada por Temer e pela Fiesp. Há o aconselhamento de José Marcio Camargo e Marcos Lisboa a Rodrigo Maia. Existe também a expectativa de respingo da delação de Antônio Palocci. E mais: foi iniciada a safra despudorada de Medidas Provisórias para compensar os parlamentares que votarem atendendo aos interesses palacianos.
A torrente de MPs corresponde a algo como “Não me enche o saco com política fiscal”. Finalmente, há o recurso ao aumento de impostos, que, na linguagem do mercado, pode ser traduzido como “Vai para casa, Meirelles”. Aos poucos, portanto, o ministro vai se transformando em uma cópia enrugada de Joaquim Levy, que, pelo menos, podia atribuir a calamidade a Dilma Rousseff. Meirelles é um busto encrostado em praça pública em homenagem ao ministro que ele foi um dia, sobrevoado por passarinhos prontos para fazer xixi na sua cabeça.
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Um debate celestial sobre o crédito subsidiado
12/07/2017A discussão sobre os juros subsidiados do BNDES tem um milhão de anos, como diria Nelson Rodrigues, e está vinculada a escolhas em relação ao país que se deseja e o timing da realização desse ideal. O RR confessa seu despreparo para intervir nesse assunto sem algum apoio externo. Com a devida licença a Elio Gaspari, useiro e vezeiro do expediente, foi buscar em Roberto Campos e Hedyl Rodrigues Valle um amparo celestial para ingressar no debate, requentado pela batalha em torno da TJLP. Só para contextualizar, o RR nasceu nesse berço de disputa de ideias – lá se vão 57 anos. Hedyl foi o criador do RR e presidente da Associação de Funcionários do BNDES, por essa época. Campos fundou o banco, ocupou sua presidência e sempre foi odiado pelos funcionários. Ambos afinaram suas ideias nesse período de convivência no éter. É só conferir no breve diálogo.
HRV: O subsídio é uma das formas de antecipar a concretização de prioridades. É uma alavanca que o Estado usa quando o mercado não se mostra afeito a realizar alguma tarefa essencial ao progresso. Acredito que foi por isso que você fundou o BNDES.
RC: Como diria o arguto Mao Tse Tung, “não interessa a cor do gato se o inimigo é o rato”. O BNDES naturalmente teria de ser reorientado na medida em que as demandas vão mudando. Recentemente, o banco teve um papel muito importante na desestatização, o que eu acho que deveria ser mantido como uma das suas prioridades. É claro que são condenáveis as reservas de mercado. Os subsídios são um soro ofídico intervencionista para curar o envenenamento provocado pela abstinência da iniciativa privada. O Estado somente atrapalha, mas infelizmente é necessário. Eu privatizaria até a Casa da Moeda.
HRV: Mas você manteria os subsídios às empresas? Eu recordo que, mesmo quando fez sua inflexão radical pela liberalização, desregulamentação e privatização, você não descartava o BNDE como agência de fomento.
RC: Acredito que o importante é maximizar a velocidade do crescimento da renda, da criação de empregos e da absorção de tecnologia. O resto é sentimentalismo. Graças ao recrutamento por concurso público o BNDE manteve uma saudável tradição meritocrática, com nível técnico bastante satisfatório. Naturalmente não escapou ao vício do burocratismo com a irrupção do nacional-estatismo. Melhor com o banco ou sem ele? Eu diria com ele. Melhor com algum subsídio ou sem subsídio nenhum? Ora, subsídios nunca são bons. Mas as imperfeições são inevitáveis. No final tudo se resume a uma assertiva: no socialismo as intenções são melhores do que os resultados e no capitalismo os resultados são melhores do que as intenções.
HRV: A nova bête noire dos subsídios é a corrupção. A Lava Jato deu uma dimensão hollywoodiana à corrupção. A distorção no debate é tratar o subsídio como uma jabuticaba. Ora, os Estados Unidos subsidiam sua indústria militar com recursos do Tesouro, que constam do orçamento do Pentágono. Com relação à corrupção, a receita é dura lex sed lex.
RC: Eu acreditava muito nos mecanismos governamentais, mas eles têm células cancerígenas que crescem incontrolavelmente. Há algo de doentio na máquina estatal. A experiência de jovem me deixou cético em relação às reais possibilidades do Estado. Mas acho razoável pensar em administrar as desigualdades, buscando igualar as oportunidades sem impor resultados.
HRV: A discussão do subsídio foi redirecionada quase que exclusivamente para o seu aspecto distributivista, que está na essência da crítica dos empréstimos aos “cavalos vencedores”. O problema é que há empreitadas que não podem ser tocadas pelas pequena e médias empresas. São obras e projetos essenciais ao desenvolvimento que não estão no radar do mercado. Em linhas gerais, você acha que é possível resgatar o crescimento da indústria sem algum estímulo do Estado?
RC: Se me perguntassem sobre o nível do debate econômico do país eu diria que é uma razoável aproximação do Q.I da ameba. O BNDE não deve ser um instrumento de política monetária nem um mecanismo de redistribuição de renda. Acho que o banco é apenas um estágio na evolução dialética. Como diria Santo Agostinho, “Deus, fazei-me casto, mas não agora”.
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Banco da energia
6/07/2017Paulo Rabello de Castro começa a abrir as comportas do BNDES. Após concluir o empréstimo de R$ 670 milhões para a construção de 12 parques eólicos no Rio Grande do sul, o banco prepara um pacote para financiar a instalação de usinas solares.
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Compliance derruba as paredes da Petrobras
4/07/2017A diretoria executiva da Petrobras, um colegiado capitaneado por Pedro Parente, autorizou que sejam tomadas providências para jogar abaixo os muros que separam as salas da empresa. A encomenda foi feita a um grupo interno, principalmente pelos diretores que vieram do mercado financeiro, a exemplo de Nelson Silva (Estratégia), João Elek (Compliance) e Ivan Monteiro (Finanças). Os motivos que mais contam pontos são os ganhos de produtividade previstos com os diretores bufando no cangote dos gerentes; e o fortalecimento das políticas de compliance e de integridade, uma verdadeira obsessão em uma companhia que se tornou benchmark mundial em corrupção. Nelson Silva, o mais avançado da turma, encomendou a esse grupo de trabalho que analise as práticas de open space (layout sem paredes) em outras grandes empresas. A iniciativa parece correta. Com a medida, além de ampliar o contato entre os empregados e os gestores que ficarão sem sala particular, a estatal poderá reduzir a quantidade de andares que aluga no Centro do Rio, cujo metro quadrado está entre os mais caros do Brasil. Recomenda-se, contudo, cuidado com os modelos de disclosure, notadamente no encaixe do capital humano. No Bradesco, pioneiro do grande salão sem parede, não se consegue pensar mais o banco de outra maneira. Já no BNDES, Maria Silvia Bastos Marques teve uma experiência tétrica quando jogou por terra os muros que a separavam da corporação que nunca a tolerou.
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Rabello de Castro, o itinerante
29/06/2017A decisão de Paulo Rabello de Castro de anunciar em São Paulo, na última segunda-feira, o lançamento da nova plataforma do BNDES para micro e pequenas empresas não deve ser vista como fato isolado. Foi um gesto calculado, eivado de simbolismo: Rabello de Castro pretende deixar o claustro da Avenida Chile e criar uma intensa agenda de eventos e encontros com empresários. Na pior das hipóteses, é mais centimetragem nos jornais do dia seguinte.
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Benefício do governo à indústria farmacêutica vira um placebo
28/06/2017Procura-se um remédio para as dores que o governo tem causado na indústria farmacêutica nacional, notadamente as empresas enquadradas nas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), criadas ainda no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Na maioria dos casos, a sintomatologia é a mesma: demora na análise dos projetos e atraso na liberação dos recursos, seja pelo cobertor curto do orçamento federal, seja pela burocracia. Os dois maiores símbolos da anemia no programa mantido pelo governo são a Orygen e a Bionovis, os dois superlaboratórios nacionais que surgiram das pipetas e tubos de ensaio do BNDES na época dos cavalos vencedores.
Segundo o RR apurou, a Orygen estaria tentando aprovar há mais de um ano PDPs sob análise no Ministério da Saúde. A situação é kafkiana: sem o carimbo de Brasília, a empresa não consegue liberar recursos de mais de R$ 100 milhões já aprovados pelo próprio BNDES. No ano passado, também por conta da letargia do governo federal, a companhia se viu obrigada a redimensionar sua fábrica em Itapevi (SP), reduzida em aproximadamente 30% em relação ao projeto original.
Menos mal que os acionistas do Orygen – Biolab e Eurofarma – cobriram do próprio bolso o investimento para a construção da unidade de medicamentos biossimilares. O Bionovis também teria projetos encalhados no âmbito do PDP. Assim como no caso da Orygen, coube aos sócios da companhia bancar a instalação da fábrica de Valinhos (SP). Procuradas pelo RR, os dois laboratórios não quiseram comentar o assunto.
Os atrasos nas PDPs têm forte impacto sobre a velocidade da inovação na indústria farmacêutica nacional. As parcerias envolvem, sobretudo, transferência de tecnologia de produtores e detentores de patentes estrangeiros, a produção de matérias-primas e sínteses químicas e a fabricação de biossimilares, praticamente uma cópia de medicamentos cujas licenças expiraram. São remédios sofisticados, na maioria dos casos importados.
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BNDES volta a sorrir
28/06/2017O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, pretende buscar entre R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões para engordar o caixa de R$ 100 bilhões já disponível no banco. Os recursos adicionais vão engrossar as linhas de crédito do projeto que já está sendo chamado internamente de “BNDES Sorriso”. De onde ele vai obter os recursos é que são elas. Se seguisse os exemplos dos governos FHC e Lula, poderia dar uma pedaladinha. Mas o impeachment de Dilma Rousseff estigmatizou expediente contábil.
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Governo cata migalhas para reduzir o rombo fiscal
27/06/2017O governo pretende securitizar um monte de cacarecos e transformá-los em receitas extraordinárias para cobrir o crescente buraco fiscal sem lançar mão de algum tipo de gravame. A meta para o déficit primário é de R$ 139 bilhões, mas esse número já foi estourado em cerca de R$ 70 bilhões. Estão contingenciados R$ 39 bilhões e são necessários mais R$ 30 bilhões pelo menos, pois a arrecadação tende a continuar decepcionando.
O governo vai fazer uma varredura em débitos e fraudes e usar raspas e restos para tapar o que for possível do rombo orçamento. Valem as combinações mais incomuns, como recursos previdenciários pagos indevidamente a pessoas que estão mortas – a MP já se encontra pronta -, aos beneficiários do Bolsa Família que se encontram empregados e os inadimplentes do programa Minha Casa, Minha Vida. Entre as medidas, estaria incluída também a retenção de parte do FGTS dos trabalhadores demitidos sem justa causa, mas o governo recuou na proposta.
Há cacarecos já previstos – os R$ 8 bilhões em precatórios que precisam ser aprovados no Senado. O projeto de José Serra que busca transformar a dívida ativa da União em cessão de crédito também será resgatado. A dívida ativa é da ordem de R$ 1,5 trilhão. No ano passado, Meirelles achava que conseguiria recuperar R$ 16 bilhões. Neste ano as estimativas com a securitização da dívida ativa já foram esticadas para R$ 18 bilhões. Está em estudo também a venda de parte da carteira de crédito do BNDES, que é considerada como de alta qualidade.
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Energia extra do BNDES
27/06/2017O BNDES, que agora é só paz e amor com o empresariado, deverá aumentar o volume de recursos disponíveis para a área de transmissão. O objetivo é reduzir os atrasos na implantação de concessões já leiloadas pela Aneel. Neste ano, o banco já liberou mais de R$ 2,5 bilhões para a construção do linhão da usina de Belo Monte.
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Temer avança
26/06/2017O Banco do Brasil vai aumentar o volume de recursos disponíveis para o financiamento habitacional, em todas as faixas do mercado. Seguirá, assim, os passos da Caixa Econômica – ver RR de 13 de junho. Consultado, o BB não se pronunciou sobre o assunto.
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Por falar em banco público, a Caixa Econômica deverá se juntar ao BNDES no apoio à privatização de concessionárias de saneamento.
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BNDES paz e amor
26/06/2017O novo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, tem se mostrado disposto a renegociar a dívida do Estaleiro Atlântico Sul com o banco, de mais de R$ 1,3 bilhão. Camargo Corrêa e Queiroz Galvão agradecem. O acordo funcionaria como uma “carta-finança” que as duas empreiteiras usariam para tentar vender o estaleiro. Consultado, o banco diz que só “se manifesta nos casos em que eventuais renegociações tenham sido de fato concluídas”.
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Ponto final
26/06/2017As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: GIC, Somos, Cruzeiro do Sul, Copel, Magnesita, BNDES e Atlântico Sul.
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Meirelles é o estraga-prazer do governo Temer
23/06/2017O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está mostrando que “pau que dá em Chico bate em Francisco”. Meirelles tem dificultado todas as ações solicitadas por Michel Temer e o grupo palaciano para reanimar a economia. Ele condiciona os gastos à obtenção das receitas extraordinárias. E as receitas andam a passos de cágado. O ministro simplesmente se recusa a usar o expediente de empurrar despesas para o ano que vem usando a rubrica orçamentária dos restos a pagar.
Meirelles tem restringido o voo do novo darling do governo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, solicitando que o banco devolva recursos devidos para que o buraco do déficit primário seja contido e a Fazenda fique mais confortável para liberar novos gastos. Só que o dinheiro do BNDES está sendo guardado para mimosear os empresários e não sanar o caixa do governo, o que tem significado fiscal, mas nenhuma valia política. Meirelles sentou em cima do Refis o quanto pode, mesmo ele representando uma ajuda ao equilíbrio nas contas no curto prazo. E não libera a correção da tabela do Imposto de Renda.
O argumento do ministro da Fazenda é que o alívio no torniquete deve ser precedido pela aprovação das reformas, o que terá um efeito de transmissão para o fiscal por meio das mudanças das expectativas. Só que também não se sabe quando as reformas passarão. Henrique Meirelles continua sendo a âncora do presidente Temer na economia. E não consta que ele tenha ido para o governo para se desdizer e fazer o que o seu mestre mandar. Portanto, quem pariu Mateus que o embale. Se depender do termômetro do ministro da Fazenda, o clima será seco, quente, quase asfixiante, em todo o país.
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Um Rabello de Castro para cada estação
21/06/2017O grand finale da gestão Maria Sílvia Bastos Marques no BNDES, ocorreu ontem, quando o banco comemorou 65 anos. A homenagem feita pelo seu sucessor, Paulo Rabello de Castro, ao economista e professor Carlos Lessa, ex-presidente da instituição, foi um verdadeiro manifesto de um novo tempo. Lessa foi agraciado com a entrega da medalha “Mérito Desenvolvedor”, por indicação da Associação dos Funcionários do BNDES.
A cena teve tintas fortes. Rabello de Castro desceu do palco onde se encontrava para abraçar o professor, que estava sentado na primeira fila da plateia. Quem viu a emoção externada por Rabello de Castro até acreditou que ele sempre teve apreço por Lessa. Mas o RR já tinha previsto: Rabello de Castro, um pragmático monolítico, será adorado pelos funcionários do banco.
Mesmo que para isso seja necessário negar tudo o que disse e fazer aquilo em que não acredita. Para quem não lembra, convém recordar que Rabello de Castro foi uma das muitas vozes discordantes do professor Carlos Lessa quando ele, na presidência do BNDES, autorizou a compra de 2,8% das ações da Vale pertencentes ao clube de investimentos da companhia (InvestVale) ao custo de R$ 1,5 bilhão. A medida evitou que a mineradora fosse desnacionalizada.
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Pezão na porta da Cedae
20/06/2017O governador Luiz Fernando Pezão alijou a diretoria da Cedae e, por extensão, seus funcionários, do processo de privatização da companhia – única moeda de troca do estado nas negociações para receber novos recursos federais. Para se ter uma ideia, o presidente da empresa, Jorge Luiz Ferreira Briard, sequer foi convidado para a solenidade do dia 12 de junho, quando Pezão e o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro assinaram o acordo de cooperação técnica para a venda da estatal. Informado da cerimônia pela imprensa, Briard chegou a ligar para o Palácio Guanabara no mesmo dia. Não foi atendido por Pezão. Os assessores do governador lhe disseram apenas que a formalização do acordo se tratava de “notícia velha”. Por meio de sua assessoria, o governo do Rio confirmou ao RR que “participaram da assinatura Luiz Fernando Pezão e Paulo Rabello de Castro”. Sobre a diretoria da Cedae, nenhuma palavra. Ao que parece, Pezão não está nem aí para manifestações, uma nova onda de quebra-quebra no Centro do Rio e, muito menos, para a sua popularidade junto aos servidores públicos. Talvez não haja mesmo outro jeito de privatizar a Cedae.
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A “novíssima” matriz econômica de Henrique Meirelles
9/06/2017O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, retorna de Paris com a missão de irradiar boas notícias para a economia. O governo acha que sobrevive ao tormento político e aprova as reformas, ainda que aos trancos e barrancos. Mas precisa de alimento para os empresários e para a base aliada no Congresso, noves fora a população, órfã de novidades favoráveis.
Portanto, pelo menos por um tempo, sai o “Meirelles lobo mau”, entra o “Meirelles vovozinha”. A razão principal dessa guinada na política e na postura do ministro da Fazenda é a certeza de que a economia vai abortar sua tênue recuperação. Os cenários para o crescimento e o desemprego – efetivamente o que interessa – estão nublados.
O investimento em formação de capital fixo deve cair, assim como o consumo das famílias. E não adianta o governo ficar falando que “o país está saindo da recessão” – porque não está. Tampouco adiante dizer que o “PIB vai crescer 1%” – porque não vai. É preciso contrabalançar esse ambiente econômico ruim com boas novas, a exemplo do que foi o saque antecipado do FGTS para as contas inativas.
Henrique Meirelles é o “cara limpa” do governo Temer – pelo menos até agora. Servirá de anteparo para a presença espectral do presidente. Seria bom se as concessões pudessem ser agilizadas, sem dúvida. Algumas sairão até o fim do ano, mas bem menos do que o esperado. Há travas estruturais para que se chegue ao ritmo adequado dos leilões. Meirelles tem basicamente os instrumentos de crédito na mão. E é com eles que vai a animar a economia na medida do restrito possível. Vai ter BNDES para os empresários – o banco tem um caixa livre ainda razoável.
Vai ter recurso para as pequenas e médias empresas. Vai ter Caixa Econômica e Banco do Brasil para os consumidores. Vai ter financiamento para habitação e construção civil. Algo de parecido com o que fez o desesperado governo de Dilma Rousseff pouco antes do impeachment. Sem o disparate fiscal, é claro. Henrique Meirelles vai jogar um “rouba montinho” dos orçamentos. Talvez deixe algum esqueleto para ser somado ao déficit primário de R$ 122 bilhões já projetado para 2018. Talvez antecipe um recurso ali e dê acesso a outro acolá. O certo é que o ministro da Fazenda vai entregar algum alívio. Do jeito que está, não dá! O país está insuportável!
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Assim é se lhe parece
9/06/2017A JBS, que atribui a suspensão de um empréstimo da CEF a “represálias políticas”, não está sozinha. Mauricio e Fernando Bumlai, filhos do pecuarista José Carlos Bumlai e donos da Usina São Fernando, estão convictos de que o veto do BB e do BNDES ao plano de recuperação judicial da empresa passou ao largo de critérios técnicos.
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Carne muito bem passada
31/05/2017No lado B da delação de Joesley Batista consta um negócio babilônico que estaria sendo urdido junto com Abílio Diniz e uniria a parte de alimentos industriais da JBS, notadamente de frango, e a BRF. O operador na montagem do “titã da proteína” seria o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, que até março ocupava um assento no Conselho da BRF. Caberia a ele costurar tudo com a Previ e a Petros. Com o BNDES, como se sabe, não haveria problema.
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Ainda o BNDES…
30/05/2017Só para virar de vez essa página: o Planalto já sabia desde início da semana passada que Maria Silvia Bastos Marques deixaria a presidência do BNDES; só não sabia quando. Quem definiu o timing da demissão foi a própria Maria Silvia.
Quanto a Paulo Rabello de Castro, é maldade dizer que ele não está à altura do cargo. Rabello de Castro é um economista de formação ultraliberal, que passou meio escondido as últimas décadas, dividindo-se entre conselhos de entidades de companhias paulistas (esse detalhe é importante) e a sua empresa, a SR Rating. Nos anos 80 e 90, foi os quindins do professor Octávio Gouveia de Bulhões quando exercia a função de redator da revista Conjuntura Econômica. É capaz de manjar mais da indústria do que Maria Silvia. Era um dos quadros destacados entre os economistas jovens da FGV. Rabello de Castro, junto como o economista Paulo Guedes, era devoto de Roberto Campos. Quando perguntado sobre o que achava de ambos, o ex-ministro destilava seu fino humor: “Tanto faz um quanto o outro. A ordem dos Paulos não altera o produto”. Ao contrário da antecessora, o novo presidente do BNDES prefere adular a ser adulado. O corpo de funcionários vai gostar mais de Rabello de Castro.
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Aécio Neves “vendeu” a Vale que não tinha
26/05/2017Em sua primeira reunião com o Conselho de Administração da Vale, na quarta feira (24), por volta de 9h30, na sede da companhia, Fabio Schvartsman, despiu-se dos constrangimentos que o acometeram no decorrer dos últimos oito dias, e disse, firme, a que veio. As diretrizes da sua gestão são: desempenho, estratégia, governança e sustentabilidade. Também não houve meias palavras em relação às prioridades.
Elas são duas: integridade das barragens e transformação da empresa em uma public company. Schvartsman foi atingido por um estilhaço da delinquência de Aécio Neves. Para alguém que, nos últimos cinco anos, esteve nos rankings dos 20 melhores executivos do país, frequentou todas as listas dos mais bem sucedidos dirigentes empresariais, conforme a avaliação da nata dos head hunters, e somente deu sete entrevistas no período (quase uma por ano), é possível imaginar a violência do impacto da notícia. A serena explanação de Schvartsman no Conselho é um ponto de partida para que o RR relate mais um capítulo da criminosa tentativa do ex-governador de Minas de usar a Vale como uma de suas falsas moedas de troca.
As primeiras conversas sobre a substituição de Murilo Ferreira da presidência da Vale começaram entre os acionistas-chave da companhia, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli. O assunto nunca foi tratado com Michel Temer, mas com o seu “entorno” no Palácio do Planalto. As “pressões” sempre se resumiram a assuntar como o processo estava sendo conduzido. As menções a influências de políticos mineiros, Aécio à frente, vinham de meados de 2016, antes da decisão de Ferreira de abdicar do cargo, antecipando-se, inclusive, ao próprio Conselho.
Em ordem decrescente de grandeza, o deputado Fabio Ramalho (o popular “Fabinho Liderança”), o deputado Newton Cardoso Jr., e Aécio fizeram chegar aos acionistas o interesse da “mineirada” que a solução para a presidência da Vale passasse pelo estado. Até então, Aécio falava com o “entorno do Planalto” e por meio da imprensa. Com a ampliação da Lava Jato e o aumento de operações da Polícia Federal, todos os sócios da Vale (os supracitados, mais BNDESPAR e Mitsui) entenderam que a nomeação do novo presidente deveria ser inteiramente blindada. A decisão foi levada ao “entorno do Planalto” há pouco mais de 60 dias.
O gabinete do Palácio, então, “autorizou” que fosse formado um comitê, presidido por Caffarelli, para definir a sucessão. Foi escolhida a Spencer Stuart, por consenso entre os sócios. A empresa de head hunter foi encarregada de apresentar diversas opções com um perfil desejado. A Spencer levantou 20 nomes. A lista, posteriormente, foi afunilada para cinco candidatos, entre os quais o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, e o presidente da Nissan, Carlos Ghosn. O nome de preferência de Joesley Batista, o ex-presidente da Petrobras e do BB, Aldemir Bendine, sequer constou da relação inicial de 20 executivos.
A escolha de Schvartsman foi feita por unanimidade entre os acionistas. O processo estava sacramentado, por assim dizer, em 22 de março. No dia 23 de março, Aécio procurou os acionistas da Vale, pedindo uma reunião urgente, tendo em vista a “importância da decisão para Minas”. O encontro foi marcado para o dia seguinte. Na sexta-feira, 24 de março, às 10 horas, o senador foi ao encontro de Trabuco e Caffarelli, nasede do Banco do Brasil, no quarto andar do prédio localizado na Av. Paulista, n° 1.200.
A reunião durou pouco mais de uma hora. Aécio somente queria assuntar como estava o processo da sucessão na Vale. Não arriscou qualquer sugestão de nome. Sabia que os dados já tinham sido jogados. De lá seguiu para o Hotel Unique, onde foi gravado por Joesley Batista, bravateando que “tinha feito o presidente da Vale”. Levou os R$ 2 milhões que queria sem entregar a moeda que não tinha. No dia 27 de março foi anunciada a escolha de Fabio Schvartsman para a presidência e, ao que tudo indica, o bem da Vale.
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A hora e a vez de Benjamin Steinbruch
25/05/2017As eleições para a diretoria executiva e plenária do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), marcadas para 7 de agosto, têm o condão de relançar no palco político a dobradinha Paulo Skaf e Benjamin Steinbruch, candidatos a mais um mandato nos cargos de presidente e vice-presidente. À luz dos fatos recentes e daqueles que estão próximos de vir à tona, é Steinbruch quem se exporá mais com a função de regra três de pelego. Na Fiesp/Ciesp de Paulo Skaf, vice-presidente não reina, mas é cúmplice – pelo menos é o que consta da delação de Marcelo Odebrecht na Lava Jato, segundo a qual a Odebrecht serviu de “laranja” para encobrir doações da CSN à campanha do presidente da Fiesp ao governo de São Paulo, em 2010.
Skaf já é um sujeito manjado. Mas a extensa rede de conexões do vulgo “barão do aço” só agora começa a ser desvendada. Na Fiesp, Steinbruch não pediu a ninguém que intermediasse caixa 2, mas foi, no mínimo, conivente com o uso de recursos da entidade para fins eleitorais. Skaf, como se sabe, foi para o PMDB convidado por Michel Temer. Concorreu novamente ao governo em 2014 e deixou Steinbruch esquentando a cadeira da presidência da entidade. Duda Mendonça foi chamado para fazer a campanha.
A agência do mesmo Duda venceu concorrências consecutivas para operar a comunicação do Sesi e Senai. Na mesma época, idos de 2013, o gasto anual com comunicação, quase dobrou, chegando a R$ 32 milhões. Ou seja, maior do que a verba com publicidade do BNDES à época. BNDES, aliás, cuja mudança na gestão tornou-se uma fixação dos donos da Fiesp.
Registre-se que o Ministério Público entendeu que os gastos publicitários astronômicos da Fiesp tratava-se de campanha antecipada. A Justiça Eleitoral paulista considerou a ação do MP improcedente, mas o assunto ainda aguarda decisão do TSE. Mas, tudo bem, eles que são empresários que se entendam na Fiesp. As travessuras do “barão do aço” mudam de patamar quando migram do ambiente corporativo para a área política e o investimento de interesse público.
Um vazamento estrategicamente tampado foi a inclusão de Steinbruch na lista cruzada dos 16 grandes doadores da campanha presidencial de 2014 e os correntistas de “dinheiro frio” relacionados a contas na agência do HSBC na Suíça – caso SwissLeaks. Ninguém mais sabe, ninguém mais viu. O que é sabido por todos, no entanto, é que a ferrovia Transnordestina está atrasada em 10 anos. E deve atrasar uns tantos outros mais. O projeto já consumiu mais de R$ 6 bilhões. A CSN, que se apoderou do negócio, colocou um tiquinho.
A verba está sendo revista para o dobro. O RR consultou o empresário Benjamin Steinbruch, por meio da assessoria da CSN, mas não obteve retorno. A obra está no alvo do TCU devido às estranhezas licitatórias e de disparidade de valores verificadas no contrato que permitiu à CSN reinar na concessão e mandar e desmandar no projeto. Vazamentos – ah, sempre os vazamentos – de uma virtual delação de Antônio Palocci explicariam os motivos da resiliência de Steinbruch na Transnordestina. É provável, inclusive, que, caso o ex-ministro Ciro Gomes venha realmente se candidatar à presidência e seja perguntado por que foi ajudar Steinbruch a gerir o imbróglio da ferrovia, com cargo e sala no escritório da CSN, o político nordestino responda: “Fui, vi, não gostei e me mandei”. O presidente da CSN, sem sobra de dúvida, vive o momento menos favorável da sua vida pública e fulgurante trajetória empresarial.
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Todas as concessões a Meirelles, antes que o investimento vire pó
19/05/2017Cabe ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assumir imediatamente a condução de todo o programa de concessões de infraestrutura do governo. Ontem mesmo, grandes empresários do país iniciaram articulações nesta direção, inclusive com pedidos ao próprio ministro. A premissa é que não há no entorno do presidente Michel Temer nenhum outro nome com a dimensão e a credibilidade necessárias, interna e externamente, para garantir a continuidade do Programa de Parcerias de Investimento (PPI) e de outras licitações fundamentais para reduzir o rombo nas contas públicas e colocar a economia em marcha.
É preciso assegurar, inclusive, que as agências do fomento na área da infraestrutura, a exemplo do BNDES – hoje pendurada na esfera de decisão de Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência – sejam transferidas para a alçada de Meirelles. A delação do empresário Joesley Batista fragilizou ainda mais a figura de Temer e, por osmose, dos ministros do Palácio do Planalto. Na visão do empresariado, a presença de Moreira Franco à frente das PPIs contamina os leilões previstos para 2017 e 2018.
Assim como inviabiliza as negociações em curso para a renovação prévia de licenças ferroviárias e portuárias, com a contrapartida de novos investimentos, e a licitação antecipada de concessões rodoviárias que vencem apenas em 2021, além de deixar em stand by uma parcela imprevisível de investimentos associados aos financiamentos ou decisões do Estado brasileiro. Na visão dos empresários, o programa de concessões de infraestrutura será inevitavelmente politizado e não há como viabilizar sua execução sem um condutor incólume ao emporcalhamento do governo Temer. Se Henrique Meirelles já era o avalista do ajuste fiscal (o que nunca foi pouco), o pleito é para que acumule esse papel com o de fiador do PPI e das demais licitações.
O entendimento é que o capital estrangeiro não virá para os leilões se não tiver garantias firmes em relação às regras e, sobretudo, à legitimidade do processo. Ou, na atual circunstância, alguém consegue enxergar o ministro Moreira Franco, vulgo “Gato Angorá” nas delações dos executivos da Odebrecht, falando para uma plateia de investidores internacionais? O que está em jogo é uma cifra potencial da ordem de R$ 1,19 trilhão até 2018, envolvendo a arrecadação com novas concessões e extensão do prazo de antigas, rodadas de leilões do pré-sal e aportes financeiros públicos e privados previstos para as áreas de transporte, logística, energia, saneamento básico e habitação. Há risco real de que seja feito um write off de centenas de bilhões, ampliando a crise para um patamar até então inimaginável e comprometendo gerações de brasileiros com a mediocridade nacional. Meirelles tem um papel épico nesse momento histórico. Deus queira que não tenha nada a ver com a Lava Jato.
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Fator S11D dá um Norte à siderurgia brasileira
17/05/2017Enquanto as grandes produtoras de aços planos agonizam no Sudeste, há uma chamada para novos investimentos siderúrgicos no Norte no país. O chamado Fator S11D – maior empreendimento de exploração de ferro a céu aberto do mundo – tem as condições excepcionais para resgatar a antiga ideia de um polo siderúrgico na região. O projeto de extração mineral foi batizado com o nome do engenheiro Eliezer Batista, presidente icônico da companhia. Há um acerto de contas do destino com o personagem e aquela região: há cerca de 35 anos, Batista mostrava a dezenas de grandes empresários o “Projeto Grande Amazônia Oriental”, em evento patrocinado pelo banqueiro do Itaú Eudoro Vilella.
Sobravam engenhosidade e ambição nas maquinações do então presidente da Vale. Mas se ele tinha a escala de produção mineral e logística afiada, faltava o milagre da natureza. O teor de ferro contido no minério de S11D (66,7%), o maior do mundo, é a materialização desse milagre. Ele tem o potencial de reduzir expressivamente os custos da siderurgia nacional, segundo relatório produzido por um player internacional do setor, ao qual o RR teve acesso.
A proposta de um corredor de exportação de aços planos no Pará, mais especificamente no percurso que vai da S11D até o Maranhão é irmã gêmea do grandioso empreendimento na Amazônia Oriental, mais conhecido como “Carajazão”. A principal diferença é que a nova versão propõe um beneficiamento mais sofisticado, enquanto o “Carajazão” se concentrava na produção de ferro gusa. A alta pureza da matéria-prima de S11D é considerada uma espécie de artefato nuclear na competição pelo mercado de minério de ferro.Pode gerar muito mais riqueza para a Vale e o Brasil do que o primeiro Carajás.
Na lógica geoeconômica do projeto, o aço para exportação subiria de elevador para o Norte, aproveitando-se do Fator S11D e das condições logísticas e de suprimento de energia. Seriam construídas siderúrgicas de 20 milhões de toneladas – uma unidade representa praticamente dois terços da produção total brasileira de 30,2 milhões de toneladas – em sua grande parte com capitais chineses, sul-coreanos e japoneses. E a siderurgia do Sudeste? Teria de se reinventar, com uma inevitável consolidação e ingresso em aços siliciosos e outros especiais.
Usiminas, CSN, ArcelorMittal – à exceção da Aperam, ex-Acesita – caducam às vistas do mercado, exigindo subsídios e barreiras alfandegárias para continuarem a se manter de pé com alguma integridade. A Vale trouxe o novo e a redenção. Infelizmente, é necessária alguma destruição criativa para que a siderurgia brasileira se erga novamente. Em outros idos, o BNDES estaria estudando a oportunidade com afinco.
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A missão de Temer na “Operação Troca Dono”
16/05/2017A operação Lava Jato e o governo de transição de Michel Temer têm objetivos complementares declarados e não declarados. O combate à corrupção e a caracterização de Lula e do PT como núcleo central da roubalheira são bandeiras explícitas do Ministério Público. No caso do governo Temer, há concordância plena com a punição dos entes privados envolvidos na Lava Jato.
O alvo não declarado, contudo, é a mudança da titularidade e da geografia no controle societário dos grandes grupos empresariais. Digamos que Lula e o PT tenham aparelhado o Estado brasileiro, com a nomeação dos cargos de primeiro, segundo, terceiro, quarto e outros escalões de estatais e do setor público. Temer, por sua vez, quer aparelhar a grande burguesia nacional. Está dito no não dito.
A inação sobre o imbróglio da leniência é eloquente. Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, AGU, TCU e MP divergem em relação ao acordo, atrasam o processo de salvação das empresas e ninguém se apresenta para arbitrar o impasse. Com isso, BNDES, Petrobras, Banco do Brasil e governos importadores de serviço matam os principais conglomerados. Michel Temer et caterva não podem vocalizar oficialmente o projeto de “mudança societária na marra”. Mas, há francos porta-vozes à disposição. Exemplo: para o tucano Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, a Odebrecht deveria ser vendida.
No caso das empresas envolvidas na Lava Jato, ele sugere um modelo similar ao Proer, em que os controladores dos bancos foram afastados. A bola da vez dessa escalada para criação de um empresariado novo, cosmopolita – e, preferencialmente, sob o mando do capital estrangeiro – é a indústria da proteína (há sites que insistem irresponsavelmente que os bancos virão a seguir). Quando se fala nesse setor, fala-se da JBS. Há uma sequência de acontecimentos que induzem a pensar que os objetivos declarados da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal e os não declarados do governo Temer se reencontram agora na cadeia da proteína e, mais especificamente, na empresa dos irmãos Batista.
Nessa linha do tempo, não obstante seu impacto nocivo sobre o setor e as contas externas brasileiras, a Carne Fraca teria sido apenas um aquecimento para a operação deflagrada na última sexta-feira, com as diligências na sede da JBS e no BNDES e os mandados de condução coercitiva contra o empresário Joesley Batista e o ex-presidente do banco, Luciano Coutinho. Grandes empresas do país podem ter cometido práticas condenáveis e devem ser punidas por elas. Isso não quer dizer que há de se concordar com um projeto de poder cujo objetivo seria deslocar o controle de algumas das maiores corporações do país que deram certo.
No caso da JBS, em 2009 a empresa empregava aproximadamente 19 mil pessoas. Cinco anos depois, esse número já beirava os 120 mil, contando apenas os postos de trabalho diretos no Brasil – hoje são 160 mil. Em 2007, as exportações da JBS somavam US$ 3,8 bilhões. No ano passado, bateram nos US$ 14 bilhões. Do ponto de vista do investimento em si, poucas vezes na história o BNDES fez um negócio tão rentável.
Se tivesse vendido sua participação na JBS quando a ação bateu nos R$ 17, em setembro do ano passado, o banco realizaria um lucro da ordem de R$ 6 bilhões – no momento do primeiro aporte da agência de fomento na empresa, em 2007, a cotação era de apenas R$ 7. O Brasil ganhou em todos os sentidos com a hegemonia no mercado mundial de proteína, o que tacanhamente é reduzido à aposta em um “cavalo vencedor”. Pode ser que haja um projeto em curso para desnacionalizar a JBS, entre outras corporações. Assim é, se lhe parece.
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O sangramento de Lula no Dia das Mães
15/05/2017Os advogados de Lula pretendem transformar em peça de defesa a denúncia de que o ex-presidente teria afrontado o TCU e se acumpliciado nas irregularidades da Petrobras. Eles iniciaram o levantamento de evidências no sábado (13/05) véspera da publicação na primeira página de O Globo de manchete afirmando que “Lula foi alertado de suspeitas na Petrobras”. Segundo apurou o RR, não existem provas nas delações, nos relatórios do TCU, na documentação da Petrobras (atas do Conselho e documentos da diretoria) de que o ex-presidente teria “vetado a inclusão das obras da estatal na lista (de irregularidades) e liberado os recursos”.
Ou seja: a denúncia não está amparada em qualquer comprovação. Segundo as normas, cabe ao órgão do governo arrolado em “suspeições” esclarecer as dúvidas levantadas pelo TCU, instância fiscalizadora integrante do Poder Legislativo, conforme o art. 71 da Constituição Federal. Há controvérsias em relação a essa subordinação, mas de qualquer forma trata-se de um órgão opinativo, que auxilia o Congresso Nacional no exercício do controle externo. Para os advogados, a maior desqualificação da “denúncia” é o próprio histórico do TCU, que mais levanta questões do que suspeitas, e o faz a granel. Desde Getúlio Vargas não existe, à exceção dos governos militares, nenhum presidente da República que não tenha recebido ressalvas nas suas contas orçamentárias.
Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff, todos foram alvos de processos, dezenas, em alguns casos mais de centena. As contas de Itamar Franco, o probo, foram aprovadas 16 anos depois do encerramento do seu governo. São raras as licitações que não merecem reparo da área técnica do TCU. Todos os executivos de estatais são igual e historicamente citados em relatórios de “suspeição” – a Petrobras é campeã desde sempre, devido a sua hegemonia no numero de obras realizadas no país.
Não existe dirigente do setor público que não conste das investigações do TCU, com seu nome devidamente registrado no processo. Os advogados já juntaram casos e mais casos emblemáticos. Um exemplo: o ministro Benjamin Zymler, do TCU, mandou abrir investigação sobre compras autorizadas pelo então diretor da Petrobras Delcidio do Amaral, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de turbinas a gás para usinas termelétricas feitas junto a francesa Alstom.
Não conta que FHC tenha se metido na história, na qual não faltaram denúncias de propinas. Mas, a julgar pelos atuais critérios, FHC bem poderia ser citado como conivente. Ainda no governo FHC, o TCU abriu auditoria no Banco Central e na Secretaria da Defesa Nacional para investigar se o próprio presidente, na condição de ministro da Fazenda da gestão Itamar Franco, havia beneficiado bancos nacionais no acordo da dívida externa.
O pedido de auditoria foi aprovado pelo deputado Sarney Filho. FHC tinha sido o principal defensor do acordo “contestável”. A “suspeição” do TCU foi mais uma que entrou no rol das bobagens pátrias. A maior pegadinha preparada pela defesa do ex-presidente refere-se ao próprio Grupo Globo. No relatório TC 005.877/2002-9, nos idos do governo FHC, o TCU conclui que o BNDES teria favorecido o grupo com o repasse 2,5 vezes maior do que o realizado para outras empresas do ramo.
À época, o RR apurou que tanto a Globo quanto o BNDES explicaram em detalhes o episódio envolvendo empréstimos à NET, sobre o qual não pairam dúvidas sobre a correção e a licitude. O fato é que Lula acordou ontem vivendo o seu mais tenebroso Dia das Mães. Além da manchete em O Globo, as mídias veiculavam uma publicidade galhofeira de uma rede varejista sobre sua recém-falecida esposa: “Se sua mãe ficar sem presente, a culpa não é da Marisa” – e uma capa de revista denunciando o ex-presidente de assassinar a memória da ex-mulher: “A segunda morte de D. Marisa”. O TCU só tem pequena parcela de responsabilidade em todo o enredo.
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O quarto de despejo de Michel Temer na economia
2/05/2017Michel Temer não quer saber do povo – e a recíproca é verdadeira. Ponto final. Vai governar de forma impopular junto aos ministros que sobrarem e os novos colaboradores que estão por vir, enfurnado com políticos da base aliada e enfeitando fóruns, seminários e eventos festivos do empresariado. É o que tem. As reformas serão à meia bomba. É o que pode.
Agora que alguns cortes de subsídios foram realizados, removeu-se o marco do conteúdo local – notadamente no setor de óleo e gás – e flexibilizaram-se algumas tarifas de importação, além da vitoriosa mudança das leis trabalhistas, é hora dos ajustes microeconômicos. Temer fará a rearrumação da malha de benefícios creditícios e incentivos fiscais, impondo contrapartidas em pesquisa e tecnologia. O mesmo será exigido para a manutenção da desoneração das folhas de salários de alguns setores acarinhados.
No automotivo, o rearranjo dos benefícios contemplaria a produção de carros elétricos, mas é amplo o ceticismo sobre o êxito da medida. A Lei de Falência terá uma nova atualização – a bilionésima primeira. Um dos empresários paparicados por Temer sugeriu que ele criasse uma zona de esforço compartilhado entre as estatais – Petrobras, BNDES, BB, Eletrobras etc. – para puxar o investimento em algumas áreas onde a geração de emprego fosse emergencial.
Uma espécie de “Sudene das estatais”. Temer aquiesceu, naquele seu estilo de quem concorda discordando profundamente. Mexer com estatais nesse momento, nem morto! O presidente vai entregar a simplificação do sistema tributário e a agilização das licenças obrigatórias para novos investimentos, mas ninguém acredita muito que os pequenos consertos despertem o espírito animal do empresariado. De qualquer forma, pretende chamar tudo de reforma. Já encomendou a entrega de um pacotão de pequenas correções e aperfeiçoamentos na engrenagem da economia. É preciso dar na vista.
A novidade é que serão terceirizados profissionais da academia e tecnocratas do setor privado para participar desse mutirão econômico. Uma leva desses luminares de fora do governo irá para a conta da Fazenda. Seus nomes já foram, inclusive, publicados no Diário Oficial. Diversas medidas vão na direção certa, mas significam o mesmo que lustrar os móveis de uma casa soturna, empoeirada e assombrada por uma legião de larápios de dentro e de fora do governo; um desemprego que teima em aumentar; um crescimento que, não fosse a revisão das contas pelo IBGE, beiraria o negativo neste ano, e uma nada redentora taxa de expansão do PIB entre 0,5% e 1%, em 2018. Tudo miúdo. A gestão Temer na economia cabe em uma quitinete. Melhor, cabe em um quarto de despejo.
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TCU é uma locomotiva na direção de Benjamin Steinbruch
24/04/2017O trem de Benjamin Steinbruch ameaça descarrilar de vez. O mais novo obstáculo à permanência do empresário à frente da Transnordestina é o Tribunal de Contas da União. Segundo o RR apurou, a Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária e Ferroviária (Seinfra), unidade técnica do TCU, já encaminhou ao procurador Julio Mendes de Oliveira, do Ministério Público Federal, seu parecer sobre o empreendimento.
De acordo com fonte do próprio TCU, o relatório confirma que há risco de continuidade das obras de construção da ferrovia por falta de garantias financeiras, corroborando análise preliminar do ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do processo. Procurado, o TCU informou que não se pronuncia sobre processos em andamento. A CSN não quis comentar o assunto. No vai e vem desses sinuosos trilhos, agora será a vez do próprio Ministério Público emitir seu parecer sobre o caso, que, ato contínuo, voltará às mãos do ministro Walton Alencar, do TCU.
São quilômetros que poderão definir se Benjamin Steinbruch seguirá ou não como o maquinista de um projeto que começou ao custo de R$ 5 bilhões e já deixou para trás uma conta de mais de R$ 11 bilhões, noves fora os seguidos atrasos no cronograma. O relatório técnico da Seinfra aumenta a probabilidade de que o relator Walton Alencar determine a suspensão definitiva do repasse de recursos públicos para a construção da Transnordestina. Em janeiro, o TCU fechou preventivamente as torneiras que ainda jorravam dinheiro no projeto – além do próprio orçamento da União, o financiamento vem do Fundo de Investimentos do Nordeste, do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste e do BNDES.
Em sua decisão, Alencar afirmou que “sequer existem elementos que permitam aferir o custo real da obra”. Desde fevereiro, a construção está parada. No início deste mês, o Planalto determinou a criação de um grupo de trabalho formado por representantes dos Ministério do Planejamento e do Transportes, Secretaria de PPIs, ANTT e da própria CSN para tratar da Transnodestina.
Esse condomínio multissetorial terá 120 dias para apresentar medidas que permitam a retomada das obras. O mais correto é dizer que esse é o prazo para que Benjamin Steinbruch engendre a sua própria solução. No próprio governo, o sentimento em relação à Transnordestina é de “vai ou racha”. A negociação para a entrada da China Communications Construction Company (CCCC) no empreendimento é vista como a última cartada de Benjamin para se manter à frente do projeto.
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Avibras busca munição no BNDES
17/04/2017Ao menos um setor da economia não tem mais motivos para atirar contra o BNDES e sua contida política de crédito. Que o diga a Avibras, que saiu na frente e já mantém gestões com o banco para ter acesso à linha de crédito recém criada pela instituição com o objetivo de financiar exportações da indústria de defesa. A companhia tem novos pedidos engatilhados para o fornecimento dos lançadores de foguetes Astro II e Astros 20, notadamente para países da Europa e do Oriente Médio.
O valor potencial dos contratos gira em torno dos US$ 200 milhões – cada equipamento custa, em média, de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões. O BNDES é peça-chave da estratégia do governo para aumentar a inserção da indústria bélica brasileira no mercado global, que inclui um esforço integrado das representações diplomáticas. A Avibras é muito bem cotada no exterior, sobretudo na produção de munição de fragmentação, que tem alto poder destrutivo.
O Brasil não assinou a Convenção sobre Munições Cluster (CMM), de 2008 – mais de cem países baniram a fabricação deste tipo de projétil. Não por acaso, a Avibras está sempre na linha de tiro de organizações antiarmamentistas. Recentemente a Anistia Internacional anunciou ter encontrado munição de fragmentação da empresa brasileira em ataques do Exército da Arábia Saudita contra o Iêmen.
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Ponto final
17/04/2017As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Rumo, Avianca, Avibras, BNDES e Usiminas.
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Embraer é o xodó do BNDES
7/04/2017O BNDES corta subsídios aqui e ali, mas para a Embraer o tratamento é diferente. O financiamento para a linha de crédito dirigida aos países interessados em comprar os aviões de defesa militar da companhia será bem generoso. Aliás, o BNDES sempre foi um sócio indireto da Embraer através dos subsídios ao crédito. A empresa pretende ampliar as vendas de seu KC-390, que tem um mercado externo estimado de US$ 50 bilhões. Até agora só há um contrato com o governo brasileiro, da ordem de US$ 2,3 bilhões. Na Embraer ninguém acredita que a empresa venha a ser punida com a caça às bruxas dos subsídios. Ela é a princesinha da indústria de tecnologia intensiva do país.
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Forças Armadas são a instituição mais confiável do país; Congresso, a mais corruptível
6/04/2017Parece até que o Brasil voltou no tempo: as Forças Armadas são a instituição mais confiável do país, enquanto o Congresso Nacional é visto como a mais propensa de todas a corrupção. É o que revela sondagem realizada pelo Relatório Reservado junto a uma parcela da sua base de assinantes. A enquete, no modelo de respostas espontâneas, foi feita entre 27 e 31 de março.
Entre os 142 assinantes que participaram do levantamento, 67% apontaram a tríade Exército, Marinha e Aeronáutica como o estamento de maior credibilidade. A boa imagem das Forças Armadas não chega a ser uma novidade. O que chama a atenção é a diferença para os demais. A segunda instituição mais lembrada foi o MP, com distantes 10%. STF e Polícia Federal ficaram em terceiro e quarto, respectivamente com 7% e 5%. A seguir, a Igreja (4%), a imprensa (3%) e o TCU, com 2%. Por fim, apareceram o governo federal e o Congresso, cada um com apenas 1%. A reputação do Parlamento está mesma em baixa.
O Congresso foi citado por 36% dos entrevistados como a instituição mais propensa a atos de corrupção. O governo do Rio ficou em um nada honroso segundo lugar, com 13%. A Petrobras veio logo a seguir, com 10%, um indício de que a estatal ainda terá de trabalhar muito para recuperar sua imagem. Receita Federal e Polícia Militar empataram, cada uma com 6% dos votos. Ressalte-se a presença da própria Presidência da República na relação das instituições mais suscetíveis a corrupção, com 5%, mesmo percentual de citações ao Judiciário.
Na sequência, apareceram o Detran, a Polícia Civil e o governo de Minas Gerais, cada um com 4%. Com 3% surgiu o BNDES, possivelmente por conta das ilações que cercaram algumas operações do banco no governo do PT. Foram votados ainda a Fazenda, 2%, e o BB e a Polícia Federal, cada um com 1%. O RR também perguntou: “Qual é a autoridade que mais honra seu cargo?” Pule de dez: deu Sérgio Moro na cabeça, com 34%. Cármen Lucia ficou em segundo, com 17%. João Doria recebeu 15%; Jair Bolsonaro, 9%. Logo a seguir, Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato (7%).
O top five é uma evidência de que o Brasil está cada vez menos “político” e mais “judicializado”. Se não vinculados ao Judiciário, Doria e Bolsonaro personificam em seus discursos o “político que não é político”. Os assinantes do RR mencionaram ainda o presidente da Petrobras, Pedro Parente, com 5%, e ACM Neto (4%). Apenas 2% citaram Henrique Meirelles como um personagem que honra seu cargo público, certamente um reflexo da crise econômica.
Os entrevistados mencionaram ainda Rodrigo Janot e Geraldo Alckmin, com 2% cada um, além da presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, e de Gilmar Mendes, cada um com 1%. E Michel Temer? Ele aparece no rodapé da enquete, também com 1%. Michel Temer “brilhou” também na quarta e última pergunta: “Se possível, quem você tiraria de um cargo público?”. Entre os entrevistados, 38% cravaram o nome de Temer, mais do que o dobro do segundo colocado, Eliseu Padilha (15%).
Aliás, o Planalto pontificou nos três lugares mais altos do indesejável pódio: Moreira Franco chegou em terceiro, com 11%. Logo atrás, Luiz Fernando Pezão, com 10%. A relação dos “impeacháveis” seguiu com Romero Jucá e Aécio Neves, cada um com 5%. Henrique Meirelles recebeu 4% das respostas. Certamente por outros motivos, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, também foi citado por 4%. Entre os assinantes, 3% disseram que gostariam de ver Maria Silvia fora da presidência do BNDES. Rodrigo Maia foi outro lembrado por 3% dos consultados. Por fim, um fato curioso. Para 2% dos entrevistados, Sérgio Moro é que deveria ser afastado de suas funções. Devem ter lá seus motivos.
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Água barrenta
31/03/2017
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Segundo prato
30/03/2017A recente compra da gaúcha Cotrel não saciou o apetite da Aurora Alimentos. A empresa está em conversações para a aquisição de mais um frigorífico no Sul do país. Mais uma vez pretende contar com o BNDES. Espera-se que a Operação Carne Fraca não atrapalhe. A empresa se limitou a confirmar a aquisição da Cotrel.
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Questão de comunicação
23/03/2017O BNDES oscila entre o salto alto e as sandálias da humildade. Mas a comunicação já melhorou um pouquinho.
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Trem-pagador
22/03/2017Sob intenso tiroteio, o BNDES pretende anunciar uma boa nova até junho: a aprovação do financiamento de R$ 3,5 bilhões para a Malha Paulista, leia-se Rumo Logística. Mas a tal boa nova depende que a ANTT renove antecipadamente a concessão da ferrovia. Por sua vez, a renovação depende que a Rumo encerre a disputa legal com a União e pague cerca de R$ 1 bilhão referente às taxas de concessão da Malha.
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Compesa no balcão
14/03/2017Avançam as negociações entre o governo de Pernambuco e o BNDES para a privatização da Compesa. A concorrência para a contratação do estudo de viabilidade técnica está marcada para o próximo dia 21. A venda da concessionária de saneamento, no âmbito do pacote de ajuda do governo federal aos estados, poderá render até R$ 6 bilhões. A expectativa é que a privatização ocorra até outubro.
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Usiminas declara guerra à Sumitomo
2/03/2017Em um raro momento de sintonia entre Nippon Steel e Ternium, a Usiminas vai entrar na Justiça contra a Sumitomo. O contencioso tem origem na Mineração Usiminas (Musa), joint venture entre a siderúrgica e a trading japonesa. Dona de 30% da mineradora, a Sumitomo vetou a proposta de redução em R$ 1 bilhão do capital da empresa apresentada pela Usiminas – detentora dos 70% restantes.
A siderúrgica mineira acusa a sócia de abuso de poder. A Sumitomo, por sua vez, alega que a operação só pode ser realizada com a anuência dos dois acionistas. Os japoneses já deixaram claro que não estão dispostos a financiar, por via indireta, as dívidas da Usiminas. Na prática, a redução do capital da Musa geraria R$ 700 milhões de caixa para a siderúrgica mineira.
Procurada, a Usiminas nem confirmou nem negou a ação judicial. Limitou-se a informar que “acredita que terá acesso aos recursos de sua subsidiária Musa no prazo acordado com os credores”. O pragmatismo falou mais alto. Em permanente estado de conflito, Nippon Steel e Ternium identificaram na Sumitomo um oponente em comum. O veto à redução do capital social da Musa é um duro revés.
Os recursos são fundamentais para o esforço de repactuação do passivo da Usiminas. A companhia pretende usar os recursos para amortizar débitos bancários, notadamente com BNDES, BB e Itaú Unibanco. Inicialmente, a direção da Usiminas cogitou entrar com um processo de arbitragem. Mas a intransigência da Sumitomo fez com que a siderúrgica se decidisse por levar o caso diretamente à Justiça.
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BNDES asperge tristeza sobre um governo carente de contentamento
2/03/2017Um relatório sobre a geração de boas notícias na área econômica, com base em anotações de clipping, foi enviado para poderosas salas da Esplanada dos Ministérios. A conclusão não insinua qualquer dúvida: as notícias que emanam do BNDES são espartanas, rigorosas, sob medida para nutricionistas adeptos da dieta da inanição. O banco se vestiu de cinza quando o Ministério da Fazenda, do Dr. Meirelles e o Banco Central, do Dr. Ilan, baluartes do mau humor monetário, se esforçam para espremer do limão da ortodoxia uma limonada de medidas microeconômica e abençoar as reduções da taxa básica de juros.
O BNDES dinamitou sua ponte com o empresariado, talvez o grupo que mais decididamente tenha apoiado o presidente Michel Temer. Com a sensibilidade à flor da pele, Maria Sílvia Bastos Marques fez, na terça-feira pré-carnavalesca, uma tour de force em Brasília, com uma providencial reunião com Temer seguida de entrevista pré-combinada para divulgar o que foi dito no encontro. Os dirigentes privados, não é de hoje, reclamam que o crédito se tornou mais seletivo, burocrático e com custos mais altos, justamente quando os potenciais investidores ardem sedentos de liquidez.
A direção do banco diz que está aberta a bons projetos, mas o empresário, elevadamente endividado, operando com capacidade ociosa, com os pátios cheios de estoques e ainda com uma ponta de dúvida sobre as reformas, se ressente dos maus tratos nesse momento de calvário. Um não leva projetos porque não se sente acolhido; o outro não empresta porque não recebe projetos. Há bons argumentos para ambos os lados. O BNDES, sem dúvida, teve de limpar a casa do tsunami da gestão anterior. No entanto, parece que se empenha em demasia na cruzada contra o crédito direcionado, que precisa ser reduzido, mas sem fúria religiosa.
Caso o seu mais longevo presidente, Marcos Vianna, estivesse vivo, desempataria a questão: “Se o BNDES estiver com o caixa cheio significa que não cumpriu sua missão. Se tiver lucro maior, tem que trocar a gestão”. Não falta quem reclame que o banco, em vez de caçar empreendedores de boa cepa, preferiu adotar o discurso da opção pelo saneamento, que não cria empregos no curto prazo, só atrai empresas periféricas – que não agregam valor frente ao eleitorado – e do mesmo modo que os governantes de entes federativos vai ter de justificar a venda de ativos em condições pouco transparentes.
Talvez mais recomendável fosse a agência de fomento sair garimpando projetos de engenharia básica para congregar os empresários reclusos em torno deles. O BNDES tem R$ 100 bilhões parados em caixa, e está lá aguardando, funéreo, que algum endinheirado com um “bom projeto” o convide para empinar a pipa. Gente que normalmente não precisaria do BNDES. Maria Silvia Bastos é uma pessoa solar. Por onde passa, deixa fileiras de sorrisos. Imagina-se que ela seja detentora de segredos, que o seu timing seja diferente, que dentro das paredes envidraçados da instituição ela esteja ultimando uma reviravolta para sacudir esse banco melancólico e fomentador do desânimo. Definitivamente, não combina ver Maria Silvia comandando o órgão mais triste do país.
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Um réquiem para o “empresário-estadista”
22/02/2017O diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, não é apenas um dos dirigentes da entidade. Francini foi um dos artífices do “Manifesto dos Oito”, juntamente com Antônio Ermírio de Moraes, Claudio Bardella, José Mindlin, Jorge Gerdau, Paulo Vellinho, Paulo Villares, Laerte Setubal Filho e Severo Gomes. Eram idos de 1978, quando os empresários enfrentaram a linha dura do governo Ernesto Geisel escrevendo um dos capítulos mais notáveis – e são tão poucos – da defesa da produção, da indústria e do emprego.
Hoje, Francini não esconde o desencanto com a abulia de seus pares, que abandonaram o front da luta política e se retiraram do debate público. Em conversa com o RR, Paulo Francini, diz que o empresário foi esvaziado e se esvaziou, paripassu ao derretimento da indústria nacional. “Não temos mais a representatividade do passado. A capacidade de associações e federações de interferir na condução do país desapareceu. Isso quer dizer que nós falhamos? Lógico que nós falhamos.” Com elogiável franqueza e boa dose de autocrítica, Francini não poupa sequer a própria casa ao condenar a paralisia de seus congêneres, notadamente a partir dos anos 90, quando o modelo de substituição das importações já se mostrava esgotado.
“A Fiesp e o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) não foram capazes de apresentar um discurso alternativo ao pensamento neoliberal, então dominante. As entidades patronais não demonstraram ser capazes de uma articulação semelhante à apresentada pela classe trabalhadora. Há quase 10 anos, realizamos na Fiesp um seminário sobre desindustrialização, e sabe qual foi o resultado? Críticas e acusações de que o modelo de crescimento defendido pela entidade estava ultrapassado. O discurso era de que só os países subdesenvolvidos continuavam a depender da indústria para atingir o crescimento.”
O empresário é o lobo do empresário. Na opinião de Francini, com a sua omissão, a classe está abrindo mão de um patrimônio conquistado “a duras penas” durante mais de 50 anos. Se, na década de 80, a participação da indústria no PIB passava de 21%, hoje esse índice derrapa entre 10% e 11%. “É uma vergonha! Esse declínio começa com Fernando Collor, que já assume demonstrando seu rancor em relação à indústria, e ganha velocidade com Fernando Henrique Cardoso. Ninguém vai me dizer que o ministro Pedro Malan e o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, defendiam a indústria.
A equipe econômica do Fernando Henrique era formada basicamente por economistas do Rio de Janeiro pró-mercado, praticava uma política voltada para os interesses do setor financeiro e das empresas estrangeiras no Brasil. A partir de então, os industriais que, associados a segmentos da alta burocracia, haviam dado suporte à estratégia da industrialização por substituição das importações, foram atropelados por uma nova coalizão dominante, formada pelo setor financeiro e as empresas e interesses multinacionais”. O BNDES, claro, tem lugar cativo em qualquer diatribe abalizada sobre a desindustrialização do país. Paulo Francini enfatiza que a tese de uma instituição mais voltada ao mercado do que à indústria já vem se desenhando há muito tempo.
“A nova política de financiamento na qual o banco transfere o seu papel de fomento para o setor privado é hoje uma realidade. A participação do BNDES no processo de industrialização do país foi fundamental, mas o banco abandonou esse papel já há alguns anos.” Francini vocaliza o desalento de uma espécie que parece fadada à extinção. “O nosso sonho de desenvolvimento do país falhou. Quando falávamos de um processo de desindustrialização, todos, incluindo o governo, nos consideravam alarmistas. Hoje ninguém tem mais dúvida disso. Só não reconhece isso quem é míope. Ou estúpido”.
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Triunfo no acostamento
17/02/2017Em delicada situação financeira, a Triunfo colocou à venda, em um só pacote, a Concer e a Concebra. Quem comprar leva quatro concessões de rodovias federais, com mais de 1,4 mil quilômetros. E também uma dívida conjunta de R$ 979 milhões com o BNDES, que já executou as garantias dadas em contrapartida aos empréstimos. Quem se habilita?
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“Pró-Porto”
16/02/2017O governo estuda uma espécie de Pró-Porto – alusão ao Proer dos bancos. Na verdade, está mais para um “Pró Santos”, onde o maior porto do país derrete. É isso ou fundar a “Portobras”, patrocinar uma consolidação com capital estrangeiro e solicitar os préstimos do BNDES à moda antiga.
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Ela merece
13/02/2017Maria Sílvia Bastos Marques foi paparicada por ministros, na última sexta-feira, na sede do BNDES. Até Henrique Meirelles foi afagar a moça. Ela merece.
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Rumo paga ao BNDES para pedir mais
7/02/2017A emissão de bônus da Rumo Logística é um dormente fundamental nos trilhos que ligam a companhia ao BNDES. A empresa de Rubens Ometto pretende usar os US$ 750 milhões para antecipar o pagamento de dívidas com o banco. Com isso, espera pavimentar o caminho para a aprovação do novo pedido de empréstimo ao BNDES, de R$ 3,5 bilhões, no âmbito da renegociação com o governo para a renovação de suas concessões.
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Eike é o fator mais imponderável da Lava Jato
31/01/2017O risco Eike Batista não tem limite. Devido a componentes megalômanos notórios e a uma ética peculiar – “tudo é mercado, as pessoas têm direito a cobrar por tudo” – a delação do empresário pode se tornar uma bomba mais explosiva do que o testemunho de Marcelo Odebrecht. Eike vai de A a Z. A crônica de regalias obtidas junto ao empresário registra o nome dos peixões José Dirceu, José Sarney, Aécio Neves, Delcidio do Amaral e o notório Sérgio Cabral.
Ele teve relações próximas com Lula, que foi requisitado pelo empresário durante e após o seu mandato para contornar problemas em países da América do Sul. Mas Eike tornou-se ainda mais próximo de Dilma Rousseff, de quem foi publicamente um entusiasta. Dilma ajudou o empresário em diversas vezes, pedindo celeridade à burocracia e facilitando seus pedidos na esfera da administração pública. Eike teve o que quis da Petrobras (vendeu uma termelétrica, a “Termoluma”, por um preço três vezes maior do que o valor de mercado), do BNDES (o banco tornou-se sócio de seus projetos “no papel”), da Fazenda (a “delação não premiada” sobre Guido Mantega é uma amostra de como os pedidos eram feitos e atendidos) e do Gabinete Civil, de Gleisi Hoffmann.
Os Conselhos das empresas de Eike também eram constituídos de luminares com trânsito diferenciado, a exemplo da ex-ministra do STF Ellen Gracie e de Pedro Malan. Todos os conselheiros nas diversas empresas de Mr. Batista foram agraciados com a honraria de processos na CVM. Eike sempre considerou que o “vil metal” resolve tudo. E não por distorção de caráter ou amoralidade, mas por patologia mesmo.
Ele acredita que comprar o que for é um caminho natural para resolver qualquer coisa. Aliciou mais de 40 geólogos e engenheiros da Petrobras (todos detentores de informações estratégicas e confidenciais) simplesmente triplicando ou quadruplicando seus salários. Com a Vale, usou o mesmo expediente do “vem para MMX, você também”. Arrumou um inimigo, o então presidente da mineradora Vale Roger Agnelli, para o resto da vida. Agnelli bem que tentou, mas não conseguiu equiparar os salários alucinantes oferecidos pelo empresário, que se apoderou de dezenas de funcionários seus, igualmente detentores de segredos vitais da Vale.
Quem conhece Eike Batista – tais como Bradesco, Itaú, Ricardo K, BTG, Rodolfo Landim, José Luis Alqueres, entre tantos e tantos – pode avalizar que ele age como se sofresse da Doença de Huntington, enfermidade em que as pessoas se comportam de forma inadequada e dizem coisas sem pensar. Sua megalomania o levou a contenciosos com governos da Rússia, Venezuela, Bolívia e Grécia, neste último é persona non grata. Quando tinha seus R$ 25 bilhões, Eike distribuiu muito dinheiro pelos critérios mais e menos imagináveis. Se for levado à delação, imbuído das virtudes que sempre encontra em tudo que faz, vai falar cobras e lagartos. Será o momento mais imponderável da Lava Jato.
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Curva fechada
25/01/2017Encalacrada por uma dívida de R$ 3,5 bilhões, a Triunfo está em conversações com a espanhola Arteris para a venda da concessionária Concebra. A operação tornou-se praticamente inevitável depois que o BNDES decidiu executar as fianças bancárias de um empréstimo-ponte de R$ 800 milhões à Concebra.
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Moreira e Padilha se despedem do Planalto. Será?
18/01/2017Em Brasília só se respira a reforma ministerial. O lance mais ousado seria a assepsia do Palácio do Planalto com a troca de Eliseu Padilha pelo general Sérgio Etchegoyen, na Casa Civil, e de Moreira Franco por Maria Silvia Bastos Marques, na Secretaria do PPI. Em relação à Casa Civil, a síntese da mudança é que Padilha está excessivamente voltado para a articulação política; já Etchegoyen não quer papo e, sim, botar a mão na massa. Michel Temer estaria optando pela infantaria, mesmo tendo vigorosos laços de amizade com Padilha – amigos, amigos, Lava Jato à parte.
Para o Gabinete de Segurança Institucional, iria outro garboso militar. Ressalte-se que o nome escolhido originalmente para o lugar de Padilha era o do presidente da Petrobras, Pedro Parente, que mandou avisar sobre sua total satisfação com o atual posto, no qual sua gestão é reconhecida e começa a render dividendos. Para Brasília, Parente não volta de jeito nenhum. Com dois militares de alta patente, sendo que o eventual futuro chefe do Gabinete Civil é o interlocutor mais próximo do comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, sabe-se lá se por coincidência ou obra do inconsciente Michel Temer militarizou o núcleo duro do governo.
Para equilibrar esse ambiente de coturnos e óculos Ray-Ban somente a graça de Maria Silvia Bastos Marques. A presidente do BNDES seria convidada para o cargo de Moreira Franco. Sua missão seria dinamizar a Secretaria do PPI, que não sai do lugar. Caso seja chamada, é bem possível que Maria Silvia aceite. A moça é voluntariosa, vaidosa e topa grandes desafios. Ela meio que acumularia o novo cargo com o comando do BNDES, do qual seria uma espécie de eminência parda.
Com a chegada ao Planalto, a dupla Maria Silvia e Marcela Temer emprestaria charme, beleza e fragrância de lavandas silvestres a um ambiente plúmbeo, com cheiro de detergente e limpa-vidro. E a dobradinha Padilha e Moreira? Restaria a eles fazer o percurso de Romero Jucá e tentar “ministeriar” informalmente, torcendo para que os voos para Curitiba estejam lotados por séculos, seculorum, amém.
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BNDES em dois tempos
16/01/2017O BNDES vai restringir a distribuição de dividendo acima do mínimo de 25% para as empresas que tomarem crédito subsidiado. Mas não disse o que fará com a transferência de lucros através dos Juros sobre Capital Próprio (JCP). Se ficar como está, ninguém paga mais dividendo e libera um caminhão de dinheiro por meio do JCP. O expediente é bastante utilizado pelas empresas para elisão fiscal. Vai ver, o BNDES está esperando a decisão da Fazenda de gravar o JCP para também restringi-lo. A decisão do BNDES de podar a TJLP é uma faca de três legumes, como se diz nas feiras livres do Rio: reduz o subsídio e seu impacto sobre a dívida pública, potencializa a política monetária e diminui o intervalo de diferença entre as empresas premiadas e as não-premiadas com a generosa taxa. Tudo certíssimo. A dúvida é se este era o melhor timing para a medida. Em um momento em que se quer propulsionar o investimento e as empresas estão endividadas e de pires na mão, o banco sobe seus juros para empréstimos. Parece a aplicação de uma dieta saudável, sem lipídios e carboidratos, em um doente que sofre de inanição. Olha aí o risco do BNDES virar o “Banco Nacional do Ajuste Fiscal”.
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Carta aberta à diretoria do BNDES
5/01/2017Uma dica para a megacompetente diretoria do BNDES em 2017: apoie a indústria, porque ela precisa. Não se sintam melindrados porque alguns dirão que essa guinada estratégica representa um retorno ao passado. Quem retornou ao passado e de lá precisa ser içado de volta para o futuro é o setor secundário da economia. É a indústria que emula a formação do melhor capital humano do país. É a indústria, o berço da esmagadora maioria das inovações. É a indústria que agrega valor às exportações.
O BNDES tem se preocupado muito com os atributos dos projetos que financiará – meio ambiente, impacto social, geração de divisas etc. Está correto. São condicionalidades transversais a qualquer que seja a política de empréstimos da instituição. O RR chegou a sugerir diretamente ao ex-presidente Luciano Coutinho que todo projeto fosse acompanhado de um relatório sobre o retorno propiciado à sociedade. Infelizmente, a proposta não foi acolhida. Mas a obsessão pela horizontalidade da política de financiamento preocupa, assim como a definição ainda imprecisa do que são “bons projetos” – pelos critérios do Bird? Do JP Morgan? Do Itaú? O foco em um setor não é nenhum pecado, principalmente quando ele representa a referência do maior ou menor estágio de desenvolvimento da economia.
Na década de 80, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a participação da indústria de transformação no PIB alcançou 21,6%. Em 2015, desabou para cerca de 11% do PIB, voltando ao patamar de 1947. Em 2016, a expectativa é de que o setor tenha mergulhado ainda mais fundo, situando-se em torno dos 9% do PIB. Com um detalhe: a participação do componente importado na indústria de transformação não para de subir. Em 2003, era de 16,5%; em 2015, passou para 23,6%. É simplesmente pavoroso! De todos os setores do PIB só a indústria mergulhou no precipício. O recado do RR para a diretoria do banco segue a linha da provocação. Que, em 2017, ela não se esqueça de que o banco é de desenvolvimento e não de investimento; o BNDES não deve nem pode se transformar em “BTGndes”.
Obs: Aliás, por que cargas d ´água o BNDES investe e tanto se ufana em possuir uma carteira de participações em bancos?
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Usina dos Bumlai corre o risco de virar bagaço
29/12/2016Como se já não bastassem os efeitos devastadores da Lava Jato, a família Bumlai está na iminência de sofrer um duro golpe, que praticamente seria a pá de cal sobre seus negócios agropecuários. A recente decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul de suspender a assembleia de credores da Usina São Fernando aumentou consideravelmente o risco de bancarrota da companhia. O fundo norte-americano Amerra Capital Management, visto como a última solução para a empresa, recuou nas negociações para a compra da usina sucroalcooleira. O motivo é a intransigência dos credores em aceitar a proposta de deságio de quase 50% do passivo da São Fernando, na casa de R$ 1,5 bilhão.
Entre os bancos, o mais agressivo é o BNP Paribas, que já entrou na Justiça com o pedido de falência da empresa. Os franceses têm o apoio de outras instituições financeiras. O próprio BNDES, que tem a receber cerca de R$ 300 milhões, já lavou as mãos em relação à companhia dos Bumlai. No caso de falência, os ativos – a usina de álcool e açúcar de Dourados (MS) e as unidades de cogeração São Fernando I e São Fernando II – seriam vendidos para o pagamento dos credores. A família ainda tenta um acordo com os bancos que permita a retomada das conversações com o Amerra, mas a tarefa é árdua.
O próprio fundo norte-americano não teria apresentado garantias firmes para o pagamento das dívidas, ainda que com expressivo desconto. Além disso, o passado dos Bumlai joga contra. E isso não se aplica apenas à Lava Jato. Os credores da São Fernando têm os dois pés atrás com os controladores da empresa. A família é acusada por agricultores da região, por exemplo, de ter provocado um incêndio criminoso em suas plantações de cana, em 2013, por falta de recursos para arcar com a moagem da matéria-prima – ver RR edição de 29 de outubro de 2015.
A proximidade com o poder fez a fortuna e a desgraça dos Bumlai, um dos mais importantes sobrenomes do agronegócio no Centro-Oeste. A agonia da Usina São Fernando – para todos os efeitos de propriedade de Guilherme e Maurício, filhos de José Carlos Bumlai – é apenas a parte mais visível da debacle dos negócios do clã. Das mais de 200 mil cabeças de gado contabilizadas há cerca de três anos, sobraram menos de duas mil, no que mal pode ser chamado de um “family office agropecuário”.
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Reservas das seguradoras a caminho do PPI
13/12/2016A Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e a direção do BNDES estão matutando sobre novas medidas para irrigar a área de infraestrutura e viabilizar as licitações previstas para 2017. Uma das principais propostas sobre a mesa passa pelo mercado de seguros, vida e previdência. Trata-se de um setor que transborda liquidez e passa praticamente ao largo dos grandes projetos de concessão pública. Do estoque total das reservas das seguradoras, próximo de R$ 1 trilhão, apenas 10% estão aplicados em ações, debêntures e outros títulos privados.
As companhias do setor concentram quase 90% do seu patrimônio em papéis do Tesouro. Nos esboços feitos pela Secretaria de PPI e pela diretoria do BNDES, a emissão incentivada de debêntures de infraestrutura é vista como o caminho mais adequado para atrair uma parcela do capital das seguradoras para os projetos do PPI. São papéis com garantia real, o próprio ativo da concessão, prazos mais longos, remuneração fixa e spreads maiores do que outros títulos privados.
Procurada, a Secretaria de PPI disse “não confirmar os estudos”. O BNDES não retornou até o fechamento desta edição. De forma indireta, o próprio BNDES será o avalista das debêntures. As regras do Programa de Parcerias preveem que a agência de fomento subscreva até 50% dos títulos emitidos em cada projeto – a maneira encontrada para estimular o uso deste mecanismo. Nos últimos três anos, foram lançados cerca de R$ 17 bilhões em debêntures de infraestrutura, o equivalente a menos de 20% do total de investimentos em grandes obras no período.
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À sombra da imortalidade
13/12/2016O economista Edmar Bacha foi convidado para ocupar uma secretaria especial de desregulamentação e políticas microeconômicas. Está matutando, bem ao seu estilo. Bacha já esteve na Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e nas presidências do BNDES e do IBGE. Foi o primeiro a abandonar o barco todas as vezes em que ele balançou. Um gaiato diz que Bacha só não vai deixar a ABL. Na Academia ele é imortal.
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O decálogo de “cacarecos” de Henrique Meirelles
7/12/2016O embrulho de medidas contra a recessão em fase de finalização na Fazenda é constituído pelo que Henrique Meirelles chama de “cacarecos”. Até a marketada de lançá-lo como um decálogo para o resgate do crescimento econômico remonta à época dos pacotes, quando os governos em desespero despejavam, emergencialmente, um toró de medidas salvacionistas. As ações pré-natalinas pretendidas, à exceção de uma ou duas, são uma colcha remendada com retalhos do passado e sugestões de terceiros.
Para quem assumiu a Pasta da Fazenda como um esteio para a credibilidade tíbia de Michel Temer, as derrotas dos últimos dois meses são mesmo de aumentar a calvície. Mas é o que se tem. E Meireles é um pragmático. O decálogo de medidas milagrosas em linhas gerais seria o seguinte:
- Redução do compulsório sobre os depósitos bancários para refinanciamento da dívida de empresas e pessoas físicas. Sugestão de Roberto Setubal, que vai contra a contenção da liquidez planejada por Henrique Meirelles como núcleo do ajuste.
- Queda mais acentuada da Selic. Sugestão de Deus e o mundo. Pressupõe uma série de reduções de 0,5% na Selic a partir do próximo Copom.
- Recuo progressivo das altas na TJLP. Uma taxa mais baixa estimularia os empresários a buscarem o dinheiro empoçado no banco. Sugestão de Paulo Skaf.
- Desonerações tributárias seletivas. O objetivo seria atrelar as bondades aos novos investimentos e aumento de empregos. A medida seria financiada com a extinção das “más desonerações” e parte dos impostos e multas da segunda parte da repatriação. Sugestão do IEDI e do pessoal da indústria.
- Utilização dos recursos do FGTS no financiamento de obras de infraestrutura. Sugestão de Guido Mantega, ontem, hoje e sempre.
- Emissão de títulos públicos para garantia cambial dos investimentos. Não se sabe ainda quem emitiria esses títulos, se o BNDES, Banco do Brasil etc. Sugestão da Câmara de Comércio Americana e de 10 entre 10 investidores estrangeiros.
- Novas facilidades para o crédito consignado. O governo quer aumentar o crédito popular. O FGTS, via Caixa Econômica Federal, seria usado como hedge do trabalhador. Há quem diga que a medida pode levar o trabalhador a trocar poupança por consignado.
- Lei de Recuperação Judicial dos Estados. Algo na linha, devo, não nego, pago quando puder, o que faria o dinheiro fluir nas unidades federativas. Tem de ser feita, não é um retalho. Sugestão de Pezão, em primeiro, e dos demais governadores, em segundo.
- Securitização da dívida ativa. Trata-se de uma iniciativa para ontem, pois seus recursos podem financiar algumas das outras medidas já citadas. Sugestão de Joaquim Levy, na sua gestão na Fazenda.
- Rodada de investimentos sociais (habitação popular, energia para todos, bolsa família etc.). Algum recurso seria pescado do orçamento deste ano (como se sabe, Henrique Meirelles inflou a projeção de déficit primário para ter alguma sobra para os restos a pagar e os “cacarecos”). A medida seria anunciada com pompa e um reforço do compliance, ou seja, na gestão anterior era dado e desviado, agora é dado, fiscalizado e usufruído. Sugestão de Geddel Vieira Lima.
Obs: As medidas microeconômicas em gestação no governo – ajustes regulatórios, extinção da obrigatoriedade da compra de equipamentos de fabricação doméstica, desapropriação de imóveis, revisão de incentivos fiscais etc – são corretas e podem mexer positivamente nas expectativas, ainda que não tenham maior impacto antirrecessivo no curto prazo. O risco é o governo incorrer na quebra de contratos. Se depender de opiniões como a do economista Marcos Lisboa, o governo deve ir com tudo porque não há recursos. Mas devagar com o andor. Não há receita de ajuste fiscal nem monetário que rearrume uma economia ferida pela quebra de contratos juridicamente perfeitos.
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“Lei da RJ” do setor público bate direto nos bancos estatais
5/12/2016A “lei de recuperação judicial” dos estados e municípios que está sendo estudada pelo governo federal representa, na prática, uma moratória no pagamento das dividas junto com os bancos estatais – Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES. Antes que o leitor do RR se espante com a ousadia da proposta, trata-se de uma moratória com hedge. O projeto prevê a restituição dos recursos às instituições financeiras, após a conclusão da recuperação, em qualquer circunstância.
Uma novidade é que o projeto deverá ser abençoado pelo Supremo Tribunal Federal para dar garantia legal à implementação da medida. O Congresso e a Secretaria do Tesouro também participarão do processo. A lei está sendo construída desde a reunião dos governadores com o presidente Michel Temer, no último dia 22 de novembro. Desde então, foi guardada a sete chaves e sob o manto do teatro encenado por Henrique Meirelles et caterva. As metas que os estados terão de cumprir serão rigorosas, à semelhança da própria lei de recuperação judicial de companhias. Comparativamente, a PEC do Teto soará como brincadeira. Procurados, o Banco do Brasil e a Caixa informaram que não comentam projetos ou estudos em discussão. Já o BNDES não se pronunciou.
Tudo indica que os cortes radicais que estão sendo feitos por Banco do Brasil e Caixa, com fechamento de agências e planos de demissão voluntária, não são apenas para atender à Basileia. Ambos já estariam se preparando para o pior, tamanha a exposição ao setor público. Os dois bancos negam que exista relação entre as medidas adotadas e a eventual moratória de estados e municípios. O débito do setor público com bancos estatais é de R$ 120 bilhões – ou cerca de um quarto de todo o estoque da dívida das províncias e das cidades com a União, em torno dos R$ 480 bilhões.
O maior credor é o BNDES, com R$ 49,6 bilhões – para efeito de comparação, praticamente a metade dos R$ 100 bilhões que a agência de fomento está devolvendo ao Tesouro Nacional. Seguem Banco do Brasil (R$ 38 bilhões) e Caixa Econômica (R$ 33 bilhões). Esses valores aumentaram razoavelmente desde o ano passado, quando as finanças dos estados e municípios já derretiam a olhos vistos. A maior parcela dessas faturas recentes caiu no colo da Caixa. Entre setembro de 2015 e setembro de 2016, seus empréstimos para o setor público subiram 22,1%.
No caso do BNDES, a alta foi de 11%. Só o BB puxou o freio de mão. Sua carteira de crédito a estados e municípios ficou praticamente congelada nesse período, crescendo apenas 1,7%. O estrago, no entanto, já estava feito. Os fatos e dados revelam que a crise dos estados é muito mais grave do que as partes envolvidas deixam transparecer.
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Bala de prata
1/12/2016As bolsas acham que o BNDES faz bem à Marfrig . Depois que Marcos Molina, fundador da empresa, anunciou que não recomprará as debêntures conversíveis em poder do banco, a ação subiu mais de 20% em duas semanas. O BNDES passará a ser o maior acionista, à frente de Molina.
Acervo RR
Bala de prata
1/12/2016As bolsas acham que o BNDES faz bem à Marfrig . Depois que Marcos Molina, fundador da empresa, anunciou que não recomprará as debêntures conversíveis em poder do banco, a ação subiu mais de 20% em duas semanas. O BNDES passará a ser o maior acionista, à frente de Molina.
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BNDES desperta de sua hibernação na infraestrutura
29/11/2016O BNDES, enfim, começa a sair do processo de abulia que o acometeu após o impeachment de Dilma Rousseff. O banco prepara-se para um novo ciclo de investimentos na área de infraestrutura, na esteira da assinatura da Medida Provisória 752, que estabelece as regras para prorrogação e relicitação de concessões rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias. A expectativa é de um expressivo aumento do número de pedidos de financiamento no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A maior retomada deverá vir do setor ferroviário, um dos mais afetados pela estiagem financeira na área de infraestrutura – vide a própria carteira de empréstimos do BNDES: em outubro, por exemplo, o valor total dos projetos para o segmento encaminhados ao banco foi 29% inferior ao de igual período em 2015. Procurado, o BNDES não retornou até o fechamento desta edição.
Estimativas preliminares do BNDES apontam para um investimento em torno de R$ 10 bilhões no curto prazo apenas com a prorrogação de concessões ferroviárias. Neste caso, já há um grupo candidato a locomotiva do setor: a Rumo Logística, de Rubens Ometto, tem projetos em análise no banco que somam R$ 3,5 bilhões. Significa dizer que a empresa responde por 42% de todos os pedidos de financiamento da área de transporte ferroviário sob avaliação do BNDES. A Rumo, aliás, pode ser duplamente beneficiada pela MP, com a renovação antecipada das licenças da Malha Paulista e da Malha Sul. No total, o plano de investimentos da companhia ultrapassa os R$ 8 bilhões. A maior parte deste valor está condicionada à extensão dos contratos de concessão.
Ressalte-se que o PPI, como de resto quase tudo na República, depende do que está por vir de Curitiba. No BNDES, a expectativa é que a Lava Jato não interrompa o processo de recuperação do investimento que se desenha no horizonte. A experiência com o denuncismo foi massacrante para a carteira de projetos do banco. Na Avenida Chile, a torcida é para que este embrionário ciclo de pedidos de financiamento para a infraestrutura ganhe corpo. Afinal, é para isso que o banco existe.
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A nova matriz econômica aguarda Temer na esquina
25/11/2016O presidente Michel Temer já deve ter marcado na sua agenda o mês de março de 2017. É tempo mais do que suficiente para mostrar que tem autoridade para aprovar as reformas prometidas na primeira hora do seu governo. Ou não! Nesse caso o “estadista” sem medo de tornar-se impopular viraria uma fraude. Restaria a ele adotar alguma política gêmea da “nova matriz econômica”, que foi uma das causas da condenação do governo anterior ao índex da História. Temer, então, se tornaria um duplo traidor, tendo enganado os antigos aliados e a base de apoio que o levou ao poder. O enredo pode parecer um tanto quanto barroco, mas não briga com os fatos. Temer perdeu o timing para afirmar sua autoridade e passar ao menos as PECs do Teto e da Previdência quando sua popularidade estava inflamada pelo impeachment e a deterioração do cenário econômico era ofuscada pela perseguição ao PT. A estratégia de anunciar um “ajuste” com resultados somente no longo prazo, condicionando a credibilidade à franqueza, não trouxe os louros almejados. Pelo contrário: aumentou a dúvida sobre sua virilidade fiscal.
Na realidade, até o momento não houve sequer tentativa de ajuste, e, sim, uma série de enunciados sem prazo de votação pelo Congresso e com perspectiva de implementação cada vez mais distante. Nessa toada, mesmo se aprovadas, as medidas não trariam efeitos concretos antes do início da próxima década. No meio do caminho havia outra pedra: a quebradeira dos estados, que vem sendo tratada generosamente de indutora do “pacto do ajuste”, em mais uma simplificação grosseira feita pelo presidente. A crise federativa será um empecilho ainda maior para a aprovação das reformas e o aumento da arrecadação. O próprio presidente, como se tivesse jogado a toalha, reafirmou no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social “que sair de uma recessão leva tempo”. Ainda mais quando ela aumenta a cada rodada dos indicadores. Rezava a malfadada “nova matriz econômica” que o problema do país era de arrecadação e que os empresários não se mexeriam para fazer os novos investimentos sem o empurrão do governo. Na idealizada gestão Temer, o espírito animal do empresariado seria despertado pela melhora das expectativas. Ledo engano.
Já podem ser vistas as sementes da velhíssima “nova matriz econômica” renascendo lá e cá. Os empresários e economistas reunidos no “Grupo Reindustrialização” clamam por menores taxas de juros reais e pelo ativismo do BNDES. Não estão sós. O pato da Fiesp voltou a pedir redução de impostos ou desonerações. Já antecipando que essa história de redução dos juros pode sobrar para ele, o presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, solicitou que o governo libere as amarras dos recursos bancários, quem sabe diminuindo o recolhimento compulsório sobre os depósitos. Esse filme todos já viram. O mais curioso é que a presidente afastada largou a condenada matriz para praticar uma política econômica muito próxima da adotada por Temer e Henrique Meirelles, a “Levyeconomics”. Se Temer der dois passos atrás no tempo, haverá algo de comédia no ar. De qualquer forma, e pelo bem de todos, tomara que ele tenha mais sucesso do que sua antecessora.
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Dinheiro das pedaladas pode salvar os estados
14/11/2016O presidente Michel Temer poderá tornar-se um defensor do diferimento dos recursos devidos pelo BNDES ao Tesouro Nacional. Para ser mais preciso, Temer tem sido pressionado pelos governadores a amortecer uma potencial crise federativa, ajudando as unidades estaduais em dificuldade com recursos triangulados entre o Tesouro e o banco de fomento. Pelo menos três governadores “sugeriram enfaticamente” a medida ao presidente. O dinheiro viria do montante de R$ 100 bilhões decorrentes das pedaladas, que a presidente do banco, Maria Sílvia Bastos Marques, insiste em pagar a toque de caixa como contribuição ao ajuste fiscal do governo.
Ninguém está cobrando de Maria Sílvia tanta celeridade. Nem Henrique Meirelles. Mais pressa têm o gari, o bombeiro, o policial, o médico e a professorinha que não recebem seus salários. O Rio é o cartão postal da falência das províncias brasileiras. Se o BNDES transferisse para um fundo de emergência metade do valor devido ao Tesouro – R$ 50 bilhões –, essa quantia já seria o correspondente à soma das multas e impostos sobre o total dos recursos repatriados. Algum tipo de acerto patrimonial seria feito entre as partes. Um termo de compromisso garantiria a transferência de ativos dos estados para o Tesouro. Posteriormente, eles seriam repassados à iniciativa privada por meio de privatizações e concessões.
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Cortes na Fapes
8/11/2016A política de austeridade que tem marcado a gestão de Maria Silvia Bastos chegou ao Fapes, o fundo de pensão do BNDES. Na última semana, a fundação demitiu 15 funcionários. Novos cortes estão a caminho, notadamente na área de finanças. • Procuradas pelo Relatório Reservado, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES.
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Estatais mandam a conta do ajuste para os atletas olímpicos
7/11/2016O governo Temer está prestes a servir um tira-gosto da sua nova política para o esporte. O prato raso será colocado à mesa no fim deste mês, quando se encerra o atual contrato de patrocínio dos Correios com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). A estatal vai anunciar uma drástica redução nos valores repassados à entidade. No último ciclo olímpico, os Correios desembolsaram cerca de R$ 95 milhões. Estima-se que a cifra cairá a menos da metade. Trata-se de uma medida com forte impacto simbólico: a empresa patrocina a natação brasileira desde 1991, naquela que é a mais longeva parceria entre uma estatal e uma confederação esportiva no país. É apenas o começo: o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, já sinalizou a dirigentes de outras entidades que, nos próximos três meses, todas as estatais vão rever ou mesmo rescindir seus respectivos contratos de patrocínio esportivo. Será a suada “contribuição” dos atletas brasileiros para o ajuste nas contas públicas. Na prática, as estatais se tornaram agentes de políticas públicas para o esporte, com forte peso na formação de atletas. Nos últimos quatro anos, elas injetaram quase R$ 2,5 bilhões em mais de duas dezenas de confederações. Ou seja: foram praticamente R$ 600 milhões por ano, mais de três vezes o valor total do Bolsa Atleta – R$ 160 milhões em 2016. É praticamente impossível encontrar uma modalidade olímpica que não seja visceralmente dependente de uma empresa pública. O BNDES apoia a canoagem e o hipismo. A Caixa é o banco pagador do atletismo, da ginástica, do ciclismo, entre outros. A Petrobras garante o judô e o boxe. A Eletrobras tem uma longa parceria com o basquete. O Banco do Brasil patrocina a vela, o pentatlo e, sobretudo, o vôlei. Todos levarão uma cortada do ajuste econômico. • Procuradas, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Correios.
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Está faltando ajuste na lenga-lenga da economia
3/11/2016“Está faltando algo aí, meu sinhô”, cantaria Nelson Sargento, resumindo a política econômica na letra do samba. Apesar do ajuste fiscal progressivo – previsto para 20 anos – ter sido celebrado como um avanço, dadas às circunstâncias, a percepção de insolvência continua firme e forte. A contenção de despesas prevista na PEC 241 é condição necessária, mas insuficiente para a estabilização. Os ganhos com a reforma da Previdência e a esterilização de gastos com a PEC só se farão sentir no resultado primário seis a sete anos após sua aprovação. 2016 é um ano já falecido. Em 2017, a dívida bruta aumentará de 72,5% para 75,8% do PIB – alta de R$ 69 bilhões. Hoje a dívida bruta vale R$ 3,04 trilhões; em dezembro, vai a R$ 3,3 trilhões. Com o ajuste diferido no tempo, a relação dívida bruta/PIB cairá a passos de cágado – isso após escalar uma montanha. Com muita sorte descerá a 77%, segundo estimativas do Tesouro Nacional – pouco menos que os 75,8% projetados para 2018. Está faltando algo aí. Sim, está faltando a dívida bruta nesse samba. Digamos que Michel Temer seja o que fala e, destemido, decida cortar 18% (o número é aleatório) da dívida bruta em 2017. Sem contar com os efeitos favoráveis que virão de lambuja, como a queda do custo de carregamento da dívida com a redução dos juros, a relação dívida bruta/PIB desabaria. Para isso seriam necessários R$ 600 bilhões redondos. Os recursos poderiam ser amealhados por uma nova rodada de repatriação, securitização da dívida ativa, redução expressiva das desonerações e subsídios, novos tributos (Cide, bebidas, fumo, fortunas) ou mesmo empréstimo compulsório, para tirar o estigma do imposto (impressão de caráter permanente), concessões, PPPs, dividendos das estatais, alienação de parte da carteira da BNDESPar, uma venda modesta entre US$ 30 bilhões e US$ 50 bilhões de reservas cambiais etc. A queda da dívida bruta daria um tiro de morte na percepção de insolvência, melhoraria a nota do Brasil dada pelas agências, reduziria o custo de captação no exterior e tornaria irrefutável a compreensão de que o país atacou a raiz da sua doença. 2017 seria ano do choque de expectativas, da virada da economia. Por ora, as previsões dos organismos multilaterais e instituições financeiras internacionais, além das agências de rating, refletem a mesma sensação de fastio do empresariado. Imagine um setor privado, cuja indústria automobilística se afoga em capacidade ociosa, a indústria de bens de capital não consegue receber o devido e não tem perspectivas de novas obras, a indústria de construção pesada derreteu, a indústria de bens de consumo não duráveis é atingida pela queda da absorção doméstica, a indústria de produtos intermediários não vê obra no horizonte, o comércio exterior dá saltos de 20 centímetros etc. E a contribuição do Estado é pífia. O desemprego de 11%, a inadimplência recorde das famílias e o maior número de recuperações judiciais demonstram que a conta da retomada tem algarismos de menos. Henrique Meirelles parece ter esquecido que o único indicador macroeconômico compreendido como um sinal de juízo na política econômica é o déficit nominal, irmão xifópago da relação dívida publica bruta/PIB. O déficit nominal, que anda na casa de 9,4% do PIB, será de R$ 340 bilhões em 2016 – o primário, um pouco acima de R$ 150 bilhões. Daí para frente, o primário começa a cair e o nominal segue subindo. Está faltando algo aí, mô irmão.
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Louvado seja I
3/11/2016Caberá ao ex-presidente do BNDES Carlos Lessa montar o Conselho Consultivo da Prefeitura do Rio. Para assessorar Marcelo Crivella, deverá trazer combatentes históricos, a exemplo de Darc Costa. A novidade é que Lessa pretende contar com militares da reserva, notadamente ex-comandantes da Escola Superior de Guerra. É preciso blindar Crivella.
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Uma borboleta azul sobrevoa o Planejamento
27/10/2016Quando não acerta na bucha, o RR passa bem perto. Na edição de 1º de junho, publicou que Monica de Bolle queria a presidência do BNDES. Prontamente a economista desmentiu a informação nas redes sociais, desejando sucesso a Maria Silvia Bastos. Vá lá! Passaram-se alguns meses e a fúria da “Borboleta” não arrefeceu – a menção ao lepidóptero é uma referência ao seu mais recente livro, “Como matar a Borboleta Azul”. Monica está novamente na disputa por um cargo no governo: desta vez, o alvo é o Ministério do Planejamento, ocupado por Dyogo Oliveira, que se sente interino desde que assumiu o posto. Mônica conta com um timaço fazendo o seu lobby. Armínio Fraga e Gustavo Franco são dois puxadores de voto. Mas ela não está sozinha no desejo de amanhecer na Esplanada dos Ministérios apreciando o sol nascer com cor de pancake. O outro candidato ao Planejamento é o economista Paulo Rabello de Castro, hoje na presidência do IBGE. Ele vem com a bem querência da Fiesp e da banda de música das entidades empresariais do setor agrícola. Rabello de Castro é o chamado “ortodoxo vaselinoso”. Da mesma forma que é capaz de pedir a palavra em um almoço de empresários e burocratas para elogiar o movimento militar de 1964 pela sua capacidade de dar sustentação na marra a reformas modernizantes mais amplas, tem um software implantado no córtex cerebral que o impede de entrar em qualquer confronto. Ele engraxa previamente cada frase com que tateia o diálogo. Provavelmente, a melhor definição seja a de que o economista procura usar Jean Valjean (personagem com caráter irreprochável criado por Victor Hugo) como fachada do ego para mitigar o espectro de Milton Friedman que domina, absoluto, seu self. Monica de Bolle e Rabello são tecnicamente muito bons. A primeira traz um sopro de modernidade, frescor e provocação, que, às vezes, batem cabeça naquilo que Karl Popper separa como o campo do domínio do ideológico sobre o saber empírico. A economista considera suas boutades como ciência saindo quentinha do forno. Rabello é ideológico até o fio do cabelo. É um dos fundadores e proprietários do Instituto Atlântico, que, a exemplo do Instituto Millenium e do Instituto Liberal, tem um pé na cozinha do Bispo Crivella – não chegam a ser uma Igreja ou a professar religião stricto sensu, mas se dedicam à doutrina e à pregação. Quando se perguntava a Roberto Campos quem ele indicava para uma palestra ou entrevista sobre conjuntura econômica, ele sacava de prima: “Chama o Paulo”. O interlocutor fazia a pertinente pergunta: “Mas qual dos dois”? E Bob Fields respondia: “Qualquer um. A ordem dos fatores não altera os Paulos”. Antes que se esqueça, o segundo Paulo é o Guedes, um dos fundadores do Pactual. De qualquer forma, de Bolle jamais será confundida com Rabello de Castro. Ela tem diferenças de sobra para melhor do que seu concorrente. O RR gostaria de ver a moça no Planejamento, dando trabalho a Henrique Meirelles e sacudindo o coro dos que querem esperar para ver como é que fica. Vai logo para o governo de Bolle, vai.
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Saneamento
26/10/2016O Rio Grande do Sul deverá ser um dos primeiros estados a fechar acordo com o BNDES para a venda de sua companhia de saneamento. A intenção do governador José Ivo Sartori é vender 49% da Corsan. Em tempo: a japonesa Mitsui já sinalizou ao governo gaúcho que participará da licitação. • As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Governo do RS.
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Sol nordestino
25/10/2016? A espanhola Solatio Energia, que está construindo quatro usinas de energia solar em Minas Gerais, abriu negociações com estados do Nordeste para instalar um parque gerador similar. Ceará e Bahia são os principais candidatos. No total, a Solatio planeja investir mais de R$ 5 bilhões no Brasil. O segmento, ressalte-se, ganhou um estímulo extra com a recente decisão do BNDES de ampliar de 70% para 80% os limites de financiamento para projetos de energia solar. • As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Solatio.
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Maria Silvia derruba as diversas paredes do BNDES
6/10/2016Há muitas claves em comum nas partituras dos novos regentes da Petrobras e do BNDES. A exemplo de Pedro Parente na petroleira, o início da gestão de Maria Silvia Bastos tem se caracterizado não apenas pela reformulação na estratégia de negócios do banco, mas também por medidas de austeridade de forte valor simbólico. Em quatro meses, Maria Silvia já teria cortado cerca de 200 cargos comissionados. Ao mesmo tempo, vem se empenhando em reduzir os custos administrativos do BNDES, notadamente no que diz respeito à estrutura imobiliária. Devolveu oito andares alugados no vizinho Ventura Corporate Towers, localizado na própria Avenida Chile, o que resultará em uma economia anual da ordem de R$ 4 milhões. Decidiu também suspender a construção de um novo prédio ao lado da sede do banco. O projeto, que já estava sido licitado, custaria meio bilhão de reais. O paralelo com a gestão de Pedro Parente passa também pela transparência na comunicação interna e pelo fascínio que o estilo de Maria Silvia tem despertado junto ao corpo de funcionários. O encanto se deve, em grande parte, ao seu envolvimento com as tarefas do dia-dia e ao empenho em traduzir em pequenos gestos a dimensão das mudanças em curso no BNDES. A executiva não apenas determinou o fim das salas individuais para os diretores, abrigando todo o primeiro escalão em um espaço comum, como acompanhou pessoalmente as obras de adaptação no edifício-sede. Não raramente foi vista ao lado de arquitetos e operários dando instruções sobre a reforma. Além das divisórias concretas, Silvia também se dedica a derrubar paredes na comunicação interna. Ela tem estimulado os diretores a compartilhar informações estratégicas de suas respectivas áreas. A preocupação com o disclosure vale para todas as esferas da instituição. Por duas vezes nos últimos três meses, reuniu os funcionários no auditório do BNDES para uma espécie de “pergunte à presidente” – procedimento, aliás, similar ao adotado por Pedro Parente na Petrobras. Nas duas ocasiões, abriu o microfone aos empregados da instituição e não fugiu de qualquer tema, chamando a atenção pelo grau de detalhamento em suas respostas. Chegou a dizer textualmente que “não gosta de eufemismos”.
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Reservas cambiais ganham nova função
29/09/2016O Banco Central e o BNDES estão acertando os ponteiros para utilizar parcela das reservas do país como hedge cambial. O mecanismo cambial seria restrito aos investimentos de capital estrangeiro, notadamente de infraestrutura. O governo destinaria US$ 100 bilhões para operações de hedge nos aportes de capital em projetos de economia física. Essa medida é vista como a manifestação mais firme de estímulo aos investimentos externos em infraestrutura, ou seja, o Brasil pretende tomar riscos junto com o capital estrangeiro. A decisão também define uma antiga questão conceitual: as reservas cambiais – da ordem de US$ 376 bilhões, com um custo de financiamento elevadíssimo – devem ou não ter qualquer outra função? O hedge cambial para os investimentos estrangeiros em capital fixo é a resposta.
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Bullets
20/09/2016Todas as noites, Michel Temer tem tirado o ponto com Marcela Temer. Ambos se debruçam sobre o conteúdo do programa “Criança Feliz” A Transnordestina acabou afastando de vez Benjamin Steinbruch e Paulo Skaf. O presidente da Fiesp “esqueceu” completamente que prometeu tratar do assunto junto ao Planalto. O diretor de planejamento do BNDES, Vinicius Carrasco, foi encarregado pela presidente Maria Sílvia Bastos de construir um disclosure capaz de catar pulga. Vai inovar com métricas criativas.
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Sonho paranaense
19/09/2016O governador do Paraná, Beto Richa, sonha noite e dia em fechar um acordo com o BNDES que permita a venda conjunta ao menos de parte das ações da Copel em poder do banco e do Tesouro paranaense. Seria uma forma de viabilizar a entrada de um sócio privado no capital da distribuidora. Na semana passada, a Assembleia Legislativa do Paraná autorizou o estado a negociar as ações da Copel que excedem 50% mais uma das ações ordinárias. Na prática, isso significa a venda de apenas 8% das ONs, um quinhão pequeno demais para fisgar um investidor. Com 26% do capital da Copel, o BNDES se torna o fiel da balança da operação.
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Santo de casa
1/09/2016A Amaggi, grupo de agribusiness do ministro Blairo Maggi, tem interesse em disputar a concessão da “Ferrogrão”. Mas só se o governo confirmar o financiamento do BNDES para o projeto, orçado em quase R$ 12 bilhões. A ferrovia, de 930 quilômetros, será fundamental para o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste.
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Trem pagador
1/09/2016Na tentativa de reduzir a ociosidade da fábrica de Contagem, em Minas Gerais, que funciona hoje a menos de 50% da sua capacidade, a GE Transportation bateu à porta do BNDES. Busca um financiamento para um contrato de exportação de locomotivas da ordem de R$ 500 milhões. • Procuradas pelo RR, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: GE Transportation.
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Sulgás puxa a fila da privatização nos Pampas
8/08/2016O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, está decidido a privatizar a Sulgás, no âmbito do programa de renegociação das dívidas estaduais com a União. Por ora, o assunto é cuidadosamente tratado a portas fechadas no Palácio Piratini. Além da negociação com o BNDES, responsável por estruturar a venda das estatais, a operação depende ainda uma articulação política razoavelmente intrincada: a venda da distribuidora de gás precisa ser autorizada pela Assembleia Legislativa. Cálculos preliminares do próprio governo gaúcho indicam que a Sulgás está avaliada em aproximadamente R$ 600 milhões. Significa dizer que o Tesouro gaúcho poderá arrecadar até R$ 300 milhões com a alienação da sua participação de 51% na Sulgás. José Ivo Sartori sabem muito bem onde o calo fiscal lhe aperta. O Rio Grande do Sul carrega a quarta maior dívida entre as unidades federativas, na casa dos R$ 53 bilhões. Para asfixiar ainda mais as contas públicas, o déficit do estado projetado para 2016 já beira os R$ 7 bilhões. Por isso, Sartori vai usar de todo o seu poder político para garantir o apoio do Legislativo à privatização da Sulgás. O que está em jogo, neste caso, não é apenas a venda da distribuidora de gás. A aprovação da Assembleia deverá abrir as portas para outras privatizações que estão no radar do governo gaúcho, como a da empresa de saneamento Corsan e, sobretudo, a da distribuidora de energia CEEE. • As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Governo do RS.
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BNDES vira a página dos financiamentos de artifício
1/08/2016A presidente do BNDES, Maria Sílvia Bastos Marques, tem o perfil adequado para eliminar, ou ao menos reduzir bastante, o estelionato funcional nas operações de financiamento do banco a projetos de investimento. A prática das empresas vem sendo solicitar o empréstimo alegadamente para o desenvolvimento de novo projeto ou expansão da capacidade instalada e usar esses recursos em substituição das suas linhas de crédito mais onerosas. É como se fosse uma operação de arbitragem com dinheiro público: o esperto troca o seu financiamento a taxas de mercado pelo do BNDES a juros favorecidos, que compra gato por lebre. Para atender o comprador de gatos, meio trilhão de reais foi transferido pelo Tesouro Nacional ao banco durante o período de 2008 a 2014. Pelo guichê do BNDES passaram 91 dos 100 maiores grupos nacionais. O resgate da infraestrutura foi a palavra de ordem. Conversa para boi dormir. A taxa de formação de capital fixo, com PAC, sem PAC, concessões ou investimentos foi declinando a partir de 2010, chegando, em 2014, a um dos seus menores níveis em 20 anos. Para não dizer que não se falou nas estatais, elas foram as principais tomadoras de recursos. Mas o investimento, ninguém sabe, ninguém viu. Em 2014, a participa- ção das empresas do Estado na formação de capital fixo caiu 21%. Maria Sílvia sabe de cor e salteado o risco do riscado. O BNDES, diferente da banca privada a quem interessam prioritariamente as amortizações em dia, tem de produzir desenvolvimento, razão maior ou menor do cumprimento do cronograma dos projetos. A executiva quer reduzir a dependência do Tesouro e diminuir o intervalo entre a TJLP e a Selic, entre outros motivos, para brecar a ciranda dos empréstimos com nariz de Pinóquio. É curiosa a observação do BNDES: o custo papai com mamãe das operações com o Tesouro reduz a disposição da banca de cobrar o que foi contratado nos seus financiamentos. Portanto, há que se buscar recursos no mercado. A instituição urgente de um seguro de performance ou garantia é outra pauta de primeira hora, reduzindo os motivos pelos quais os investimentos não se materializam. Maria Sílvia deve estar pensando também em honrar o “S” do social de BNDES. A cobrança de uma contrapartida de geração de empregos aos empréstimos beneficiados seria um bom início. Vale também a mesma recomendação que o RR fez a Luciano Coutinho: a produção de um demonstrativo do retorno à sociedade dos empréstimos realizados a taxas favorecidas, com a discriminação de diversos índices (valor adicionado, geração de divisas, impostos, impacto sistêmico na eco-nomia, interiorização dos benefícios etc). O BNDES foi vítima de um apagão. Mas melhoraram as expectativas de que o banco da Av. Chile volte a tonificar os investimentos.
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BNDES tem uma bomba dentro de casa
25/07/2016Como se não bastassem todos os problemas decorrentes do trôpego modelo de atuação do BNDES nos últimos anos, a nova gestão do banco tem outra herança maldita para administrar, esta na esfera previdenciária. Na última quinta-feira, a Fapes, o fundo de pensão do BNDES, entrou na Justiça contra a própria agência de fomento. A entidade garante que o banco tem uma dívida de mais de R$ 4,5 bilhões com o Plano Básico de Benefícios (PBB), que congrega cerca de 5,2 mil beneficiá- rios, entre funcionários da ativa e aposentados. O impasse remete ao início da década passada. Na ocasião, decisões dos patrocinadores elevaram as reservas matemáticas do PBB. À época, esses impactos, segundo alega a direção do Fapes, não foram integralizados pelos mantenedores da funda- ção. Com isso, o próprio patrimônio do plano absorveu esses valores. A partir de outubro de 2012, o comando do fundo de pensão passou a cobrar do banco a restituição do montante que, no seu entendimento, foi assumido indevidamente pelo PBB. A Fapes, inclusive, usa como argumento que ela própria, na condição de uma das mantenedoras do fundo de previdência do Sistema BNDES, honrou uma dívida de R$ 104 milhões com o Plano Básico. Ao longo de quase quatro anos, a pendência ricocheteia pelas paredes do BNDES sem solução. Em dezembro de 2013, os patrocinadores do Sistema aprovaram o “reconhecimento de uma parcela da integralização”. Diante da decisão, a direção da Fapes fez várias tentativas de cobrança do valor devido pelo banco, sem obter resposta. A agência de fomento só teria se manifestado formalmente em 12 de fevereiro do ano passado. Na ocasião – mediante a carta (DIR6 002/ 2015) –, a diretoria do banco confirmou que, dois meses antes, o Sistema BNDES havia aprovado o “reconhecimento condicionado do montante complementar da dívida dos referidos patrocinadores para com o PBB”. Na mensagem, o banco chegou a prometer empenho para a “formalização do equacionamento das dívidas”. O BNDES teria se comprometido, então, a se posicionar quanto ao pagamento do passivo até 30 de julho de 2015. No entanto, segundo a Fapes, o prazo não foi cumprido. A alegada dívida superior a R$ 4,5 bilhões é composta por uma série de rubricas, cada uma referente a um compromisso não honrado pelos patrocinadores. Entram neste cesto incorporações de gratificações (R$ 1,8 bilhão), pagamentos de bônus anuais (R$ 909 milhões), ausência de previsão de ajuste atuarial do saldo devedor de dívidas (R$ 972 milhões). Como pano de fundo do litígio envolvendo o PBB, há o crescente déficit atuarial da Fapes. A perda no ano passado foi de R$ 2,5 bilhões. No último dia 7 de julho, inclusive, a diretoria do BNDES soltou um comunicado interno no qual informou ter aprovado um conjunto de medidas visando à reformulação do PBB. • Procuradas pelo RR, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: BNDES.
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Ajuste fiscal deve dar as mãos a uma política de renda
19/07/2016Uma pincelada de marxismo não faria mal a um projeto de ajuste fiscal que fosse além da PEC do teto das despesas. Falta uma política de renda e eficácia social pari passu com o equilíbrio das contas públicas. Se o corte de gastos e o eventual aumento de carga tributá- ria não tiverem um componente redistributivista, a pressão política será pelo retorno dos malefícios de pelúcia com os quais a sociedade já se acostumou a brincar: inflação fora da meta, juros lá em cima e desordem nos gastos. Piorar a qualidade de vida da população com restrições fiscais sob o argumento de que o Estado está gastando demais soa como um escárnio a quem está na fila do INSS. Para os que enxergam com os olhos do martírio social, os recursos transferidos pelo BNDES são para tornar ricos mais ricos; O crescimento da moeda escritural do país – leia-se dívida pública bruta – é para pagar bancos; e as sinecuras fiscais, a exemplo das desonerações das folhas de salário, são para aumentar a lucratividade do empresário. A política de renda que se trata aqui não pode ser confundida com a política compensatória do Bolsa Família, cujo papel tem indubitável importância, mas “já foi”, como diz a garotada. Trata-se de medidas estruturais que reduzissem a monumental assimetria entre classes; alterassem a regressividade tributária, cobrando mais dos ricos (impostos diretos ao invés de indiretos, taxação sobre); exigissem contrapartidas Ajuste fiscal deve dar as mãos a uma política de renda sociais para a oferta de dinheiro público barato às empresas – retenção do emprego ou redução do turnover durante determinado tempo; e permitissem privatizações com a democratização da propriedade (os funcionários da estatal em questão e os contribuintes em geral teriam ofertada uma cota no capital da empresa, financiada a longuíssimo prazo pelo Estado). As medidas incluiriam ainda a criação de instrumentos incentivadores para formação de poupança e direcionamento para o mercado de valores mobiliários, formação de capital fixo ou mesmo a privatização, com parte do risco bancada pelo governo (Plano de Aposentadoria Individual do Trabalhador); e uma política de bônus para aqueles funcionários que conseguissem aumentar a produtividade da empresa em conjunto com a majoração do seu resultado financeiro, só para citar alguns exemplos. Os ajustes fiscais são necessários, mas produzem na partida razoável injustiça social. A política de renda e eficácia social mitigaria esses efeitos, sem passar pela porta dos jurássicos tabelamento de preços ou intervenção estatal nos salários, vade retro Satanás. A bula indica fazer mais pelo ajuste das contas públicas com um acento tônico na redistribuição de renda, sempre visando o crescimento. Não parece ser coisa para os desagastados políticos que usufruem do impeachment de Dilma Rousseff. Vai ter golpe e não vai ter ajuste fiscal nem política de rendas.
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O crepúsculo dos deuses da estatização
14/07/2016O secretário Moreira Franco parece ter lido a Filosofia do Martelo, de Friedrich Nietzsche. Moreira, assim como o filósofo alemão, quer bater na estátua de barro das concessões e privatizações para que ela tilinte como moeda, mesmo com o risco de quebrá-la. O tempo das marteladas no Estado brasileiro vai ter início com a votação do impeachment de Dilma Rousseff. A partir daí, às favas com os pruridos. O governo terá de emitir uma sinalização aguda. Entregar dedos e anéis. Pode ser redução do valor cobrado pela outorga, alívio na Taxa Interna de Retorno (TIR), diminuição das restrições à liberdade tarifária, apoio financeiro ao seguro garantia, desobstrução dos entraves ambientais, muita grana barata (não há mais dúvida que o BNDES voltará a ser o banco das privatizações) e desembaraço regulatório. A percepção é que Dilma deificou as dificuldades, afastando os investidores e construindo uma rota de fuga para aqueles que da boca para fora queria atrair. O governo Temer só tem essa bala de prata: contratar o maior número de concessões e privatizações jamais visto na história deste país. Ou seja, fazer o Dilma III, só que com êxito. Dilma tentou o PAC e leilões e licitações, mas deixando o investidor na sala dos fundos. Temer, levado nas asas do querubim Moreira, vai alojar o investidor na sua cama. Há nessa decisão afinidade ideológica, racionalidade política e acerto com o empresariado pelo apoio ao impeachment. Uma parcela do ajuste fiscal teria de ser paga com a privatização e transferência do Estado. A lógica da desestatização é oportuna, no caso também oportunista, mas não tem nada a ver com fantasias lisérgicas de que o FBI estaria por trás de tudo – apud PT. Temer pretende entregar mais do que o bureau norte-americano jamais teria imaginado. Isso vale tanto para o número de projetos quanto para a intensidade dos leilões de oferta de ativos, cobranças mais baixas pelo Estado e liberdade de ações para os vencedores dos certames. Mesmo nas áreas onde há resistência corporativa forte, a exemplo de Petrobras e Eletrobras, a ideia é forçar a venda de 100% de empresas controladas, tais como BR e Furnas, que, por serem emblemáticas, entrariam também na conta do efeito demonstração. Para os que pensam na contramão, más notícias: os preços de liquidação dos ativos no Brasil vão trazer, sim, interessados; uma grande parte desses investidores será composta por aqueles grupos esquisitos russos, chineses, árabes e africanos; o tal choque de eficiência previsto será grande parte em cima do emprego; e a dinheirama com a venda será impressionante em termos absolutos e decepcionante em termos relativos. Essas preocupações primitivas com entreguismo, qualidade dos parceiros e preço de banana estão banidas do governo Temer. Se depender do secretário Moreira Franco, que parece ter lido Nietzsche, mais precisamente o Crepúsculo dos Deuses – a outra face da Filosofia do Martelo – mitos existem para serem quebrados. E ele o fará a golpes de malho.
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Ideia terrestre
14/07/2016O senador amazonense Eduardo Braga vai acabar viajando de carro de boi. Braga não só fez campanha contra o projeto de venda de 100% das ações das companhias aéreas, como discorda do limite de participação de 49%. Se não tiver dinheiro de fora, não tem como tornar as aéreas viáveis. Só se financiá-las com dinheiro do BNDES ou com a verba do Congresso Nacional.
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Copasa na pole position das privatizações
8/07/2016A Copasa tem tudo para puxar a fila das concessionárias de saneamento que serão privatizadas em contrapartida do refinanciamento das dívidas estaduais junto à União. Segundo o RR apurou, as autoridades mineiras já teriam iniciado as conversações com o BNDES para viabilizar a venda do controle da estatal no âmbito do pacote de ajuda aos estados. Em termos absolutos, Minas Gerais carrega a segunda maior dívida dos estados com a União: R$ 80 bilhões – fica atrás apenas de São Paulo (R$ 220 bilhões). Além do tamanho do passivo do Tesouro de Minas, outro fator faz da Copasa a mais talhada para abrir a temporada de privatizações. Entre as estatais do setor de saneamento, a empresa mineira é tratada pelos próprios investidores como a mais redonda de todas, a que está prontinha para ser colocada sobre o balcão. No período de um ano, o governo mineiro cortou quase dois mil empregados, reduziu os custos operacionais da companhia em R$ 300 milhões e enxugou ao máximo o plano de investimentos, que, dos R$ 600 milhões originais, caiu praticamente à metade. Como resultado, a estatal já voltou ao azul. Depois do prejuízo de R$ 12 milhões em 2015, registrou um lucro de R$ 90 milhões no primeiro trimestre deste ano. • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto: BNDES e Governo de Minas.
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Sabático
1/07/2016O ex-presidente do BNDES , Luciano Coutinho, pretende tirar uma quarentena de oito meses a um ano, maior do que o afastamento oficial exigido (seis meses). A ideia é descansar e planejar com cuidado os passos futuros. Dependendo como for, o sabático pode se prolongar ainda mais.
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Milongas
16/06/2016O empresário Francisco Macri está usando o sobrenome e a relação de parentesco com o presidente argentino, Maurício Macri, para resolver as pendências do grupo no Brasil. Francisco é pai de Maurício. A trajetória de Francisco no mercado brasileiro é uma coleção de fracassos, que teve seu ponto alto com a quebra da Chapecó Alimentos. A empresa tem uma dívida aproximada de R$ 600 milhões com o BNDES .
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Temer olha de soslaio para as sinecuras fiscais
14/06/2016Está chegando a hora de tirar a limpo se Michel Temer põe o galho dentro ou mostra a que veio. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, levou à apreciação do presidente interino e dos ministros do Planalto uma proposta alternativa de ajuste fiscal, sem novos impostos ou restrições de despesas sociais. O programa de restrições das despesas não precisará ser aprovado pelo Congresso. Meirelles defende que seja feito um corte radical na cordilheira de subsídios que cerca de distorções a economia brasileira. A medida está pendurada em uma dúvida e uma certeza. A certeza é de que não há garantia que os benefícios revertam em novos investimentos ou geração de emprego. A dúvida é se o governo terá força política para suspender o usufruto crônico, incorporado na estrutura de custos e na formação de preços, com o favorecimento na fronteira entre o benefício social e a transferência de renda para grupos privilegiados. Lembrai-vos de que junho de 2013 começou com o aumento das tarifas do transporte urbano. Recebem subsídios desde a classe média que desconta o valor da sua consulta médica no Imposto de Renda ao Movimento dos Sem Terra; desde os produtores de eletrodomésticos de Manaus à totalidade dos produtores de automóveis; desde o algodão à Embraer. Os grandes números falam com maior eloquência: chegam a R$ 108 bilhões anuais as renúncias feitas pelo governo. A concessão desses recursos inclui a desoneração fiscal sobre a folha de trabalho, subsídios no futebol, no comércio exterior, nos preços de energia, nas importações, na compra de papel jornal, nas bebidas, passagens de ônibus, entradas de cinema e teatro, agronegócio, enfim em todos os setores e segmentos socioeconômicos do país. Esses R$ 108 bilhões levam em consideração estudos feitos pela Receita, pelo Tribunal de Contas da União, pelo BNDES e pela equipe do ex-ministro Joaquim Levy. De uma só tacada, essa economia por pouco não detonaria com o déficit primário projetado para 2016, da ordem de R$ 170 bilhões. Seria genial se não houvesse complicadores. Um subsídio representa um imposto ao contrário. Temer não precisa perguntar a Paulo Skaf o que ele acha em contribuir com renúncia dos favorecimentos fiscais e creditícios à prometida suspensão de novos tributos pelo governo. O pato vai entrar em transe. Todos os setores da sociedade teriam um queixume a fazer. Como manter um ou outro subsídio descaracterizaria o programa, demonstrando preferências e favorecimentos, todos os beneficiários – vá lá, salve-se um ou outro – seriam atingidos. Assim, cada brasileiro teria um objetivo pessoal para se queixar contra o presidente interino. As evidências são de que Temer vai botar o galho dentro.
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Petrobras já conta com o dinheiro das elétricas no caixa
3/06/2016O novo comandante da Petrobras, Pedro Parente, conta como líquido e certo que Michel Temer vai sancionar nos próximos dias a Medida Provisória 706, aprovada pelo Senado na última terça-feira, véspera da posse do executivo. Parente já ganhou do governo federal a promessa de que os reajustes dos preços dos combustíveis não mais estarão subordinados à política econômica. Conta agora com o apoio do governo federal para obter um reforço no caixa da companhia. Se a MP for sancionada, a Petrobras conseguirá receber ainda nesse ano a totalidade ou a maior parte do pagamento de uma dívida de aproximadamente R$ 10 bilhões da Eletrobras com a companhia. O débito está relacionado à compra de combustível para o abastecimento de termelétricas que fornecem energia a distribuidoras da holding de eletricidade na Região Norte. É o maior crédito da petroleira no mercado brasileiro, cujo valor chega bem perto do que a companhia pretende arrecadar com o plano de vendas de ativos em 2016 – aproximadamente R$ 14 bilhões. O caso mais grave está localizado no Amazonas. A Eletrobras tem se valido de seguidas liminares na Justiça para impedir que a Petrobras venda combustível à distribuidora amazonense apenas mediante pagamento à vista. A MP 706 não apenas autoriza que as dívidas das distribuidoras de Rondônia, Roraima, Amapá e Amazonas sejam pagas parcialmente com o aumento das tarifas de energia elétrica em todo o país como também autoriza que o restante seja quitado com repasses do Tesouro para o grupo Eletrobras. Joga a favor do pleito de Parente o fato de que, se não houver repasse das dívidas para as tarifas, o Tesouro terá de arcar com tudo ou, no limite, deixar o endividamento contaminar cada vez mais o caixa dessas distribuidoras até o limite da insolvência. A situação impediria a privatização das companhias e ainda abriria espaço para uma – há bem pouco tempo impensável – intervenção da Aneel nas quatro distribuidoras. — Na cerimônia de posse da presidência da Petrobras, Pedro Parente deu a entender que não conta com um aporte do Tesouro na Petrobras. Bulhufas! Parente estava na frente de Henrique Meirelles, que projetou um déficit primário de R$ 170 bilhões; um déficit que pode ser ainda maior. Se dissesse o contrário, abriria uma crise no governo logo após a conclusão da sua posse. Mas todos sabem que cortar gastos e vender ativos não é suficiente frente ao tamanho do passivo da empresa. Uma forma mimética de capitalizar a estatal seria fazer um encontro de contas entre a Petrobras, BNDES e Tesouro Nacional. Em vez de repassar R$ 40 bilhões à União, conforme está previsto, os recursos seriam destinados à Petrobras. A capitalização, de uma forma ou de outra, não tarda. A não ser que haja intenções inconfessáveis em relação à estatal.
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Avenida Chile
2/06/2016Ontem, durante a posse de Maria Silva Bastos Marques na presidência do BNDES, a única presença citada por todos aqueles que discursaram foi a do Comandante Militar do Leste, o general Fernando Azevedo e Silva. A unanimidade também se aplicou às mesuras dirigidas ao ilustre convidado. *** O Itaú estaria criando um grupo de estudos para se debruçar sobre as oportunidades que deverão surgir com a gestão Maria Sílvia à frente do BNDES. São esperadas reduções ou cortes de programas de financiamentos dirigidos. Mas o Itaú que não se iluda: Maria Sílvia não fará uma razzia no banco. Ela tem uma certa afinidade histórica com a casa. *Procurado por nós, o Itaú não retornou até o momento desta publicação.
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O pouso da garça
1/06/2016A economista Monica De Bolle, um sucesso de audiência no Facebook, teria dado um piti ao saber da nomeação de Maria Silvia Bastos para a presidência do BNDES. A moça já tinha até feito inconfidências na praça sobre sua indicação para o comando do banco. Passada a zanga, De Bolle fez chegar a Maria Silvia toda a satisfação pela escolha da querida amiga.
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Ruralistas mandam a conta do impeachment
27/05/2016O setor agrícola começa a despachar para o gabinete de Michel Temer as faturas pelo apoio ao impeachment de Dilma Rousseff. A bancada ruralista do Nordeste – à frente os senadores Eunício de Oliveira (PMDB-CE) e Benedito de Lira (PP-AL) – pressiona o presidente Temer com o objetivo de arrancar a imediata sanção da Medida Provisória 707, aprovada no plenário do Senado na última semana. A MP permitirá o abatimento de grande parte das dívidas contraídas por agricultores da região da Sudene junto a bancos públicos – notadamente BB e Banco do Nordeste. Eles poderão quitar os passivos, que totalizam cerca de R$ 6 bilhões, com deságios de até 95%. A medida beneficiará, sim, pequenos e médios produtores, mas, no meio da multidão, aliviará o calo de grandes agricultores, especialmente empresas e cooperativas de maior porte que tomaram recursos no BNDES para a compra de caminhões. O Nordeste, ressalte-se, é apenas o começo. Dois dos mais influentes representantes do setor agrícola no Congresso, os deputados Jovair Arantes (PTB-GO) e Luiz Carlos Heinze (PPRS), já articulam para que a Presidência da República encaminhe uma nova MP ao Congresso estendendo os benefícios aos ruralistas do Centro-Oeste e da Região Sul.
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Entreouvidos
2/05/2016Depois de Thomas Traumann, o vice Michel Temer tem uma conversa marcada com o ex-presidente do BNDES, Demian Fiocca. Tudo muito esquisito.
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Montadoras devoram subsídios e cospem demissões
13/04/2016A julgar pelo retrospecto, não é improvável que o anúncio da queda de 23,6% das vendas de veículos em março, capitaneado pela Anfavea na última semana, tenha sido o prelúdio da divulgação de mais uma fornada de demissões nas montadoras. Chova ou faça sol na economia, este tem sido o modus operandi de uma indústria historicamente habituada a tomar benefícios fiscais e creditícios com uma mão e ceifar postos de trabalho com a outra. Que o diga o governo de Dilma Rousseff: por vias oblíquas, ao agraciar as montadoras com um caminhão de incentivos em seu primeiro mandato, Dilma acabou criando um “programa de subsídio ao desemprego”. Na ponta do lápis, cada corpo deixado na estrada pelas fabricantes de automóveis nos últimos três anos custou cerca de R$ 550 mil em recursos públicos. O cálculo leva em consideração o montante liberado pelo governo entre 2011 e 2014 – período marcado por uma desabrida política de renúncia fiscal e por seguidos empréstimos do BNDES às empresas do setor – e o atual ciclo de demissões na indústria automobilística, iniciado em novembro de 2013. Desde então, o obituário trabalhista já soma 31 mil operários, 20% de todo o efetivo das montadoras há cerca de três anos. A conta, ressalte-se, não inclui os mais de sete mil metalúrgicos que estão neste momento sob o regime de lay-off. Entre 2011 e 2014, o BNDES concedeu cerca de R$ 10,5 bilhões em financiamentos diretos para a indústria automobilística – a maior parcela, R$ 4,4 bilhões, em 2012. No mesmo intervalo, os subsídios ao setor automotivo decorrentes da redução do IPI somaram R$ 6,5 bilhões. Ou seja: nesse período, os fabricantes de automóveis receberam aproximadamente R$ 17 bilhões do carro-forte do Tesouro. Quando boa parte dos projetos financiados deveria entrar em sua fase de maturação e, em tese, gerar novos empregos ou, ao menos, garantir a sustentação dos postos de trabalho já existentes, as montadoras iniciaram um atropelamento em massa. É verdade que a indústria automobilística nacional atravessa um dos momentos mais críticos da sua história, a venda de veículos despenca mês a mês, o crédito ao consumo rareou etc. Ou seja: não faltam justificativas para os cortes em série. Mas também é verdade que, ao longo da história, seja na recessão, seja no milagre, as montadoras têm usado e abusado de subsídios públicos sem garantia ou compromisso de contrapartida social. Assim como também é notório que o setor é uma caixa preta: as margens não são conhecidas e o volume de remessas de lucros para a matriz, idem.
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Governo estimula privatizações no saneamento
6/04/2016O governo federal passou a adotar um tom mais flexível na discussão sobre o refinanciamento de dívidas estaduais, com a aceitação de um diferimento maior no tempo das contrapartidas sociais. Por outro lado, permanece firme na intenção de manter a exigência de leilão das concessões de empresas estaduais de luz, gás e água. Ao contrário de luz e gás, o setor de saneamento, o mais carente de investimentos, permanece quase intocado pelos capitais privados. Com objetivo de dar velocidade à venda dessas empresas, foi criado um grupo executivo voltado para o projeto, composto pelo Ministério das Cidades, CEF e BNDES, liderado pelo secretário-executivo da Pasta da Fazenda, Dyogo de Oliveira. O governo pretende criar um pacote de facilidades para atrair investidores aos futuros leilões de concessões de saneamento. O BNDES e a CEF vão financiar os consórcios vencedores até 80% do valor a ser aportado nas concessões, em linha com o que será feito com ferrovias e hidrovia. A oferta de crédito farto já antecipa eventuais reclamações dos interessados nas empresas estaduais. Há conversas mais adiantadas com os governadores petistas Fernando Pimentel, de Minas Gerais, e Rui Costa, da Bahia, para que respectivamente a Copasa e a Embasa sejam privatizadas. No caso dos estados de menor porte, CEFPar e BNDESPar poderão entrar como sócias dos consórcios.
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Lupatech inicia sua operação desmonte
4/04/2016A Lupatech – uma das tantas empresas do setor de óleo e gás pisoteadas pela Lava Jato e órfãs dos investimentos da Petrobras – está se desmanchando. Em recuperação judicial, a companhia decidiu fechar uma fábrica na Bahia, lançando mais 350 nomes nas estatísticas de desemprego do “petrolão”. A medida é um reflexo direto da drástica redução de encomendas da Petrobras, que nos áureos tempos, chegou a responder por quase 90% do faturamento da Lupatech. A unidade de Rio das Ostras, no Norte fluminense, deverá ter o mesmo destino e ser desativada. A empresa também vai se desfazer de ativos. O plano de desmobilização deverá ser encabeçado pela Lupatech Oil Field Services, seu braço de prestação de serviços para petroleiras criado a partir da associação com outra empresa do segmento, a Penta OFS. Por mais paradoxal que possa parecer, a operação de desmonte é a única boa notícia que a Lupatech tem a oferecer neste momento. O imediato enxugamento do grupo é visto pelos acionistas – entre eles Itaú, Banco Votorantim, JP Morgan e BNDES – e pelos credores como a única possibilidade de saída da recuperação judicial e até mesmo de sobrevivência do negócio. A capitalização de R$ 1 bilhão feita pelos sócios no início do ano passado não deu nem para a partida. A empresa tem um passivo de R$ 600 milhões para um patrimônio líquido de R$ 100 milhões. Nos últimos dois anos, perdeu mais de R$ 700 milhões. Procurada pelo RR, a Lupatech não comentou o assunto.
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“Proer das empreiteiras” quica na mesa do ministro da Fazenda
29/03/2016A proposta surgiu nos idos de janeiro do ano passado. Foi levada ao então ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Bateu na trave e voltou. A criação de um “Proer das empreiteiras” ressurge agora no gabinete de Nelson Barbosa, partindo da premissa de que os acordos de leniência não são sequer um curativo para a crise de liquidez que se alastra pelas empresas. Há, sim, o risco de contaminação do sistema financeiro. Atualmente, a construção pesada já contabiliza quase 300 mil demissões, o que afeta direta ou indiretamente 5% da população. Há pagamentos suspensos de obras realizadas sem qualquer suspeita de irregularidade. A inidoneidade ou risco de inidoneidade veda o mercado financeiro para novos financiamentos ou torna os juros proibitivos. Uma solução é a venda de ativos, mas, como seus preços estão na bacia das almas, a medida se transforma em um placebo. E mais: como essas empresas caminham para a recuperação judicial, os compradores desses ativos temem que as vendas sejam consideradas fraudulentas. Um documento produzido pelo advogado Maurício Portugal Ribeiro, que circulou em todo o setor há pouco mais de um ano, estima que as 10 maiores empresas de construção pesada do país e seus grupos econômicos tenham pelo menos R$ 130 bilhões em dívidas com o mercado bancário e de capitais. Esses números têm de ser deflacionados e acrescidos da elevação do custo da rolagem dos financiamentos. O montante é astronômico. Não é preciso muita matemática para se notar as consequências que uma quebra terá sobre o sistema bancário. Não custa lembrar que diversas dessas empresas têm compromissos internacionais, o que afeta a imagem do Brasil. Fosse o governo FHC, com sua base de apoio, “o Proer das empreiteiras” seria favas contadas. A proposta que circula no governo é inspirada no texto de Portugal Ribeiro e prevê que os bancos públicos estruturem linhas de crédito com uma política de exigências de garantias diferenciadas, usando os ativos dos grupos. As cláusulas de vencimento antecipado e de inadimplementos cruzados seriam interpretadas com extrema parcimônia pelas instituições financeiras, particularmente pelo BNDES. Por sua vez, a estruturação e realização dos financiamentos das concessões e das PPPs seriam consideradas em regime especial, com a utilização em caráter extraordinário do project finance pleno. O “Proer das empreiteiras” tem muitos outros detalhes. Mas, nas atuais condições políticas, provavelmente será mais um chute em gol desperdiçado. Fica o registro.
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O desabafo de Joaquim Levy ao RR
18/12/2015Goste-se ou não de Joaquim Levy, o fato é que ele nunca conseguiu implementar seu ajuste fiscal. O que fez foi tentar sinalizar ao mercado alguma meta de superávit primário para não parecer que o governo se comportava como um lunático em relação ao ritmo de crescimento da dívida bruta/PIB. Levy acabou por entregar uma arrumação das contas fiscais bem inferior ao que sempre considerou necessário, sabendo que as circunstâncias políticas impediam o recomendável. A realidade foi madrasta e o superávit primário deverá ser ainda mais irrisório. Fez o que pôde. Talvez esteja esperando demais para sair, o que pode ser uma prova de elevado espírito cívico. Com seu jeito cauteloso de tratar das questões de fundo político, ele conversou com o RR explicando que o ajuste ficou na sua trajetória como uma incômoda cicatriz. A resistência a medidas óbvias lhe empurraram para uma cruzada monotemática. Levy queria bem mais do que impostos e corte de despesas. Mas justiça seja feita: enquanto o público assistia à novela das nove sobre o ajuste, Levy foi tocando uma programação de baixo apelo e grande efetividade. Deixará um legado. AGENDA DO CRESCIMENTO “Ao contrário do que é disseminado, a agenda do Ministério da Fazenda nunca foi o ajuste fiscal. A proposta apresentada desde a posse é consertar equívocos e avançar nas reformas para preparar o Brasil pós-commodities. A Fazenda tem sido um baluarte contra a deriva fiscal, cujo custo ficou evidente depois do orçamento de 2016, deficitário, e o downgrade que ele gerou. A agenda de crescimento começa com o combate ao patrimonialismo, mostrado na reforma do Carf. O fortalecimento da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, focando em processos com mais chance de sucesso, também progrediu, apesar da distração provocada por algumas pautas da AGU. Cobrar de quem deve, diminuindo a necessidade de novos impostos, ajuda na eficiência da economia.” ARRECADAÇÃO “Junto com o Planejamento, a Fazenda reformou os empréstimos do PSI, que haviam aberto um rombo de R$ 30 bilhões nas contas públicas. Com a Agricultura, reequilibrou os juros no plano safra, que haviam gerado pedaladas bilionárias no Banco do Brasil. O ministério mudou a atitude com o TCU, diminuindo tensões e aumentando a transparência das contas da União. Em parceria com o Ministério de Minas e Energia, vieram o realismo tarifário e as reformas para o setor eletrointensivo do Nordeste, com tarifas compatíveis com a expansão da oferta e reajustes usando a inflação implícita nas NTN-Bs, o primeiro passo em 20 anos para a desindexação da economia. As reformas permitiram levantar R$ 17 bilhões em um leilão de hidrelétricas, que, pela primeira vez, não teve a presença do BNDES.” RETOMADA DO CRÉDITO “A Fazenda vem redesenhando os editais de licitação de concessões e desenvolvendo novas debêntures para a infraestrutura, abrindo espaço para o BNDES atender mais às pequenas e médias empresas, uma vez que as grandes podem ir ao mercado. Na mesma linha, o Conselho Monetário Nacional mudou os limites de investimento das seguradoras e fundos de pensão fechados para estimular o crédito de longo prazo. Como prometido em janeiro, a Fazenda continua negociando o realinhamento da tributação dos instrumentos financeiros, desorganizada nos últimos anos.” TRIBUTAÇÃO SIMPLIFICADA “Na área tributária, o objetivo sempre foi simplificar e diminuir distorções, avançando na convergência das alíquotas do ICMS e introduzindo o crédito financeiro no PIS-Cofins. O financiamento da transição do ICMS com os recursos da repatriação foi descarrilhado na Câmara, mas deve voltar aos trilhos com a PEC proposta pelo Senado. A Fazenda também tem aumentado a progressividade do Imposto de Renda, como na alíquota crescente para o ganho de capital e as mudanças nos juros sobre capital próprio, além da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos bancos. Essas mudanças discretas fazem mais pela justiça tributária do que muita proposta ideológica na praça. Propusemos também, com o BC, uma nova lei de punição do sistema financeiro, criando um conselho de recursos especiais para o setor de mercado de capitais, separado da área bancária. Editamos ainda o decreto reformando o conselho recursal da Susep.” COMÉRCIO EXTERIOR “A liberação do câmbio, apesar do impacto nos preços domésticos, permitiu ao setor externo voltar a funcionar, reduzindo o déficit na conta corrente à metade. A Fazenda tem apoiado o Ministério do Desenvolvimento nos acordos de livre comércio e de investimento, notadamente no México. Também tem trabalhado duro para diminuir as distorções nas tarifas, que prejudicam o setor intermediário da indústria, como os segmentos de autopeças e mesmo de máquinas e equipamento. Apesar do aperto fiscal, a Fazenda garantiu o dinheiro do Proex, pagando também contas penduradas.” PRINCIPAIS ÓBICES “Nem tudo é sucesso: as incertezas no Congresso deram um tombo na economia e principalmente na arrecadação, inviabilizando as metas do superávit primário em 2015. O setor de óleo e gás continua bloqueado, dificultando a recuperação da Petrobras. A reforma da Previdência, essencial para desobstruir outras pautas no Congresso, não avança, apesar do interesse manifesto da presidente Dilma Rousseff. O quadro é tão conturbado que há, inclusive, quem considere que a presidente Dilma está no núcleo da resistência aos ajustes, o que jamais correspondeu à realidade dos fatos. O ambiente de exacerbada intriga, contrainformação, propagação de inverdades, diversionismo e desprezo pela adoção de medidas prioritárias ao desenvolvimento empurra para o atraso. O quadro de entropia política continua cobrando um altíssimo pedágio à população. Mas, estou convicto de que cenário mais agudo passará, pelo simples fato de que ninguém quer o impeachment à vera. Meu estilo é técnico. Sou um funcionário do Estado. O folhetim não me interessa, mas, sim, as policies.”
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Embraer bate asas para os Estados Unidos
10/12/2015Embraer ou “USAer”? Eis a questão. Frederico Curado, sucessor da nobre linhagem de Ozires Silva e Mauricio Botelho, está fadado a entrar para a história como o executivo que “americanizou” um dos grandes símbolos da indústria nacional. O ano de 2016 será um ponto cardeal na nova cartografia geoeconômica da Embraer, com a consolidação da transferência da operação de jatos executivos para o território norte-americano. Até meados do ano que vem, toda a produção dos modelos Phenom 100 e 300 estará concentrada na fábrica de Melbourne, ao norte de Miami, onde, aliás, as aeronaves já são montadas desde 2013. A Embraer também decidiu transferir para a Flórida a fabricação do Legacy, versões 450/500 e 600/650, e do Lineage 1000, seu modelo mais luxuoso de jato executivo. Consultada, a companhia confirmou que a produção dos Phenom 100 e 300 será feita integralmente nos Estados Unidos. No caso do Legacy e do Lineage, a empresa garante que a “montagem final” prosseguirá em São José dos Campos. No entanto, segundo o RR apurou, a montagem final, na verdade, deverá consistir na conclusão de etapas secundárias do processo, sem qualquer valor agregado – o que os engenheiros do setor costumam chamar de “bateção de chapa”. Em aproximadamente um ano, a Embraer terá consolidado um dos grandes processos de exportação de divisas e de postos de trabalho da indústria brasileira. Ao assumir toda a produção de jatos executivos, a subsidiária norte-americana da Embraer será responsável por aproximadamente 28% do faturamento da companhia – a números de 2015, algo próximo de US$ 1,2 bilhão. Este peso, no entanto, tende a aumentar: estimativas apontam que, em até três anos, a carteira de aviação executiva responderá por um terço das vendas totais da empresa. O projeto de internacionalização, ressalte-se, não está circunscrito à divisão de jatos executivos. Aos poucos, começa a se espraiar também pela unidade de defesa e segurança. Em parceria com a norte-americana Sierra Nevada, a Embraer já iniciou também a produção de Super Tucanos nos Estados Unidos. De lá sairão, por exemplo, os seis aviões de ataque encomendados pela Força Aérea do Líbano. A Embraer voa em busca de hedge cambial, com o claro objetivo de concentrar o máximo possível de sua receita em moeda forte. Além disso, os Estados Unidos respondem por mais de 50% da demanda mundial por jatos executivos. A empresa, sabedora dos riscos da “americanização”, pilota sua estratégia de internacionalização com a maior prudência e discrição. Segundo o RR apurou, os próprios executivos da empresa são orientados a falar o mínimo possível sobre o assunto, notadamente junto à mídia. O cuidado é mais do que compreensível: este é um assunto com grande potencial de impacto junto a públicos sensíveis: das Forças Armadas ao BNDES, financiador histórico da empresa, passando, sobretudo, pela própria mão de obra da Embraer. Há um clima de tensão entre a companhia e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Entre postos de trabalho diretos e indiretos, a divisão de jatos executivos tem cerca de 1,2 mil funcionários. A empresa garante que a equipe dedicada à produção dos Phenom em São José dos Campos será aproveitada na montagem da nova geração de jatos comerciais.
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Cemig provoca mais um curto circuito na Light
9/12/2015A conturbada saída de Paulo Roberto Pinto do comando da Light é apenas a ponta mais visível do fio desencapado que se estica entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. A distribuidora fluminense está rachada ao meio pelas disputas de poder entre os governos dos dois estados. O mais novo round passa pela composição societária da empresa. À revelia do governo do Rio, Fernando Pimentel decidiu vender uma parcela da participação da Cemig na Light. Dona de 26% do capital, a estatal mineira pretende se desfazer de até 10% da companhia. A operação poderá envolver também uma parte das ações da Cemig alocadas na Parati, veículo de investimento criado com o único objetivo de diluir a presença da empresa mineira e, assim, evitar a estatização do controle da Light. Segundo o RR apurou, há três candidatos ao negócio: a Endesa , dona da Ampla, a canadense Brookfield e a Equatorial Energia – não por coincidência de onde saiu a executiva Ana Marta Horta Veloso, que ocupa interinamente a presidência da Light e deverá ser nomeada em definitivo para o cargo na reunião do Conselho de Administração marcada para a próxima sexta-feira. Consultada sobre a venda de ações, a Cemig disse que “não confirma a informação”. O temor do governo do Rio é que o novo acionista da Light não assuma, na devida proporção, os aportes financeiros que hoje cabem à Cemig. O plano de investimentos da distribuidora fluminense para 2016 soma cerca de R$ 1,2 bilhão. Quase um terço deste valor sai da conta da estatal mineira. Há ainda uma questão em particular: se o governo do Rio já não simpatiza com a chegada de um novo sócio tem ainda menos motivos para simpatizar com o ingresso da Endesa no capital da Light. As autoridades do estado têm cobrado permanentemente da empresa a melhoria dos serviços prestados. No ano passado, a Ampla foi considerada pela Aneel a pior distribuidora de energia da Região Sudeste e a quinta pior do Brasil. Em tese, esta é uma corrida em que Luiz Fernando Pezão já sai alguns corpos atrás de Fernando Pimentel. O governo do Rio tem poder político sobre a Light, mas não societário, uma vez que vendeu integralmente suas ações. Para brecar a venda de um naco das ações da Cemig, Pezão precisa buscar o apoio de outros sócios da distribuidora, como, por exemplo, o BNDES, dono de 9% do capital.
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JBS desmoraliza o “impeachment” do BNDES
7/12/2015O processo de “impeachment” da JBS está fadado a morrer por inanição de argumentos. O conglomerado de empresas construído com o apoio do BNDES vai fechar o ano com um faturamento superior a R$ 180 bilhões e entra em 2016 como candidato a liderar o mais furioso processo de consolidação multissetorial do país. A recente aquisição da Alpargatas não deve ser vista como fato isolado. A J&F vai avançar em sua estratégia de diversificação. Entre os alvos estão construção pesada, agronegócio, energia e celulose, segmento em que o grupo já atua por meio da Eldorado. Neste caso, todos os caminhos apontam para a fusão da empresa com a Fibria, da Votorantim – a operação de M&A mais decantada e aguardada no setor. Os grupos de interesse que fazem oposição ao BNDES sempre apostaram no “impeachment” da JBS como uma ponte para o“impedimento” do próprio banco. Mas não há Eduardo Cunha capaz de se contrapor a fatos e números tão superlativos. Principal negócio da J&F, o frigorífico vai romper neste ano a barreira dos R$ 165 bilhões em faturamento, 37% a mais do que em 2014, consolidando-se como a maior empresa privada do país. A dimensão destas cifras se estende à balança comercial. Ao fim deste ano, a JBS responderá por mais de 40% das exportações brasileiras de carne bovina, que deverão somar US$ 6bilhões. Em um exercício meramente hipotético, mantidas as respectivas taxas médias de crescimento nos últimos quatro anos, até 2020 a JBS superaria a própria Petrobras, tornandose o maior faturamento do Brasil entre as companhias não financeiras. Ressalte-se que esta é uma projeção extremamente conservadora, uma vezque, na ponta do lápis, a estatal promete um encolhimento para os próximos anos. Ou seja: a ultrapassagem pode vir antes. Na área técnica do BNDES, há quem diga que o Brasil estaria em outro patamar se a cada dez operações de financiamento do banco houvesse uma JBS. Poucos negócios na história da instituição se revelaram tão lucrativos. Em 2007, quando o BNDES fez seu primeiro aportenna companhia, a ação estava em torno de R$ 7. Em setembro deste ano, a cotação atingiu seu maior patamar histórico – R$ 17,20. Se, nesse momento, a agência de fomento eventualmente tivesse vendido em mercado toda a sua posição na JBS, realizaria um ganho superior a R$ 6 bilhões. A J&F talvez seja hoje o que existe no Brasil de mais próximo dos chaebols, os grandes conglomerados industriais sulcoreanos, com negócios nos mais variados setores, formados a partir de uma empresamãe. O BNDES está indissociavelmente ligado à gênese deste cavalo vencedor. Em 2007, a JBS era um frigorífico com umareceita de R$ 4 bilhões por ano. Hoje, todos os negócios da J&F faturam essa soma a cada oitodias. O financiamento do banco à JBS teve um efeito multiplicador ao permitir que o grupo aumentasse seu nível de alavancagem para investir em outras áreas. À época, além da produção de carne bovina, a família Batista tinha apenas um negócio mais relevante, a Flora, fabricante de produtos de higiene e limpeza. De lá para cá, entrou nos setores de laticínios, celulose, financeiro, calçadista e até mesmo em mídia, com a aquisição do Canal Rural. Essa miríade de empresas soma 270 mil postos de trabalho – 150 mil no Brasil. A incorporação da Fibria aumentaria esse efetivo em 15 mil funcionários. O “impeachment” da JBS ou do BNDES seria também o“impeachment” dessa gente.
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Nota
25/11/2015E agora, quem vai dizer que a aposta do BNDES na JBS estava errada?
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Looping
29/10/2015David Neeleman já admite intramuros que será preciso negociar com o governo de Portugal a acordada injeção de 800 milhões de euros na TAP. A liquidez secou em todas as fontes: no BNDES o dinheiro está curto, o IPO da Azul na BM&F Bovespa melou e a alternativa de emissão de ADRs em Nova York está pinando antes de decolar. A saída está em intrincadíssimas engenharias financeiras.
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AES Tietê se emancipa e volta a investir
28/10/2015A AES Tietê, finalmente, está “reprivatizada”. Foi com este sentimento que, na tarde da última segunda-feira, os norte-americanos deixaram a Torre II do Condomínio Castelo Branco Office Park, em Barueri (SP), onde pouco antes havia sido realizada a assembleia de acionistas da Companhia Brasiliana de Energia. Após uma longa e intrincada reestruturação societária, a AES “retomou” o controle do seu braço de geração, que, de maneira indireta, era compartilhado com o BNDES. Era a senha que faltava para o grupo deslanchar um novo ciclo de investimentos no país. Além das negociações para a compra de uma participação nas térmicas da Petrobras – antecipada pelo RR na edição de 16 de setembro –, os norte-americanos pretendem participar do leilão de relicitação das 29 hidrelétricas que tiveram suas licenças vencidas. Ontem, aliás, o governo anunciou o adiamento do leilão, com a promessa de que ele será realizado no fim de novembro. A AES tem especial interesse nas usinas de Jupiá e Ilha Solteira, que pertenciam à Cesp. A reorganização societária desatou o nó da AES Tietê, que estava amarrada à Brasiliana e, consequentemente, ao BNDES. A holding, controlada pela AES e pelo banco de fomento, detinha 71% das ações ordinárias da Tietê. Com a reestruturação, a AES Brasil se tornará a maior acionista, com 61% do capital votante. Desvinculada da Brasiliana, e, por extensão, do BNDES, a AES Tietê deixa para trás o ranço de uma empresa mezzo privada, mezzo estatal, o que facilitará a tomada de crédito, notadamente no exterior. Não por acaso, os norte-americanos já decidiram que a companhia concentrará todos os investimentos em geração do grupo no Brasil.
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Empecilho
23/10/2015A um só tempo, Romeu Tuma Junior está prestes a assinar a ficha de filiação ao PTB, colabora com o PMDB no âmbito da CPI do BNDES e tem prestado consultoria informal ao PSDB em assuntos relacionados à Lava Jato. Para o ex-secretário Nacional de Justiça, não importa a cor do gato se o objetivo é piorar ainda mais a vida do governo.
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Rumo ALL deixa alguns trilhos e dormentes pelo caminho
9/10/2015A Rumo ALL nasceu no momento em que o Brasil caminhava para um novo e consistente ciclo de investimentos em infraestrutura. Menos de um ano depois, a empresa tornou-se um símbolo do descarrilamento do setor. A companhia de concessões ferroviárias estaria prestes a anunciar um substancial ajuste em seu plano de negócios. De acordo com informações filtradas junto à própria Rumo ALL, os cortes deverão ser referendados na próxima reunião do Conselho de Administração, prevista para 10 de novembro. O programa de investimentos original previa um desembolso de aproximadamente R$ 7,5 bilhões para o período entre 2015 e 2019, valor que se tornou inexequível diante das condições da economia. Segundo o RR apurou, a companhia já teria procurado fornecedores de trilhos e vagões para renegociar contratos e reduzir encomendas. Rubens Ometto e os sócios da antiga América Latina Logística pegaram um comboio pensando estar indo numa direção e acabaram em outra. O plano de negócios da Rumo ALL foi construído com base em projeções para o aumento de volume de cargas que certamente não se consumarão – ainda que 70% de suas operações estejam vinculadas ao agronegócio, por ora imune à retração da economia. Ao mesmo tempo, o programa de investimentos está atrelado a uma série de captações que dificilmente se efetivarão nas atuais condições do mercado. Ressalte-se ainda que a Rumo ALL não vive uma situação financeira das mais confortáveis. Há uma locomotiva vindo na direção contrária: trata-se do aumento da relação dívida líquida/Ebitda. Esta proporção já está em 4,97 vezes, próxima, portanto, do ameaçador patamar de 5,5. Este é o limite acertado com os credores, uma cancela que, uma vez baixada, vai disparar os covenants previstos em praticamente todos os contratos de financiamento da companhia, à exceção dos empréstimos junto ao BNDES.
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Um algodão entre os cristais do ajuste fiscal
15/09/2015O ministro Joaquim Levy já recebeu o conselho, de viva voz, em São Paulo, de um admirador colaborativo: “Chama o Luciano Coutinho para te ajudar. Você está muito sozinho”. A conversa escorria, com as devidas mesuras protocolares, sobre a guerra fria entre Levy, Nelson Barbosa e Aloizio Mercadante, a impossibilidade da onipresença do ministro da Fazenda e seu baixo traquejo para a negociação do ajuste fiscal. Coutinho, que está quieto no BNDES, viria para missões específicas, tais como representar Levy em reuniões do Banco Mundial ou do FMI, por exemplo. O staff do ministro não tem quadros dessa envergadura. Mas a maior das suas incumbências seria a “missão de todas as missões”: Coutinho seria uma espécie de embaixador para a negociação com o Congresso, empresários e a mídia do pacote de corte de gastos e aumento das receitas. Alguém se lembra do ministro extraordinário para renegociação da dívida externa? Foi no governo Collor que o embaixador Jorio Dauster exerceu com notório êxito a função. Na ocasião, o Joaquim Levy d’antanho, com o perdão da comparação, era a todopoderosa ministra Zélia Cardoso de Mello. O economista Antônio Kandir era o que havia de mais fronteiriço a Nelson Barbosa. Dauster foi se dedicar exclusivamente ao assunto, sem criar ciúmes, superposições, fofocadas. Seu exemplo avaliza o replay do modelo. Luciano Coutinho reúne as características essenciais para a função: é inabalável, possui uma paciência de Jó, entende do assunto, tem trânsito no PMDB – foi um dos fundadores do partido original –, conhece o empresariado que interessa e pode fazer uma boa ponte com a Unicamp – onde foi professor de Dilma Rousseff e de Mercadante, só para dizer alguns. E ainda tem o fundamental: uma boa relação com Levy. A mediação em tempo integral permitiria que o economista, com seu estilo zen, ficasse debelando incêndios e abatendo os balões de ensaio que são soltos a cada minuto. Coutinho, com seu estilo didático, teria o perfil para percorrer incansavelmente os gabinetes do Congresso explicando cada vírgula do ajuste. Segundo o interlocutor de Levy, a ideia seria uma resposta aos defensores simplórios de que tudo se resolve dando o que o PMDB quer, portanto laborar no assunto é uma atitude moralmente defensável, mas pragmaticamente inoperante. Coutinho tem como adversário a campanha deflagrada contra o BNDES. Mas, por enquanto, nada colou.
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Venda da Renova Energia entra em curto-circuito
14/09/2015A venda da participação da Light na Renova Energia corre sério risco de ser eletrocutada nos tribunais. Um grupo de acionistas da Brasil PCH, subsidiária da empresa de energia renovável, se articula para entrar na Justiça com o objetivo de brecar a transferência das ações para a norte-americana SunEdison – um negócio da ordem de US$ 250 milhões. O alvo nº 1 do contencioso é a Cemig, controladora da Light e artífice da operação. Estes investidores, capitaneados pela BSB Energia, acusam a estatal mineira de ter rasgado o acordo de acionistas da Brasil PCH – dona de um colar de 13 pequenas centrais hidrelétricas no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás – ao fechar negociação com os norte-americanos. A alegação é que, antes de abrir conversações com a SunEdison ou qualquer outro pretendente, a Cemig teria obrigatoriamente de ter ofertado a participação da Light na Renova para os sócios das subsidiárias do grupo, incluindo seus parceiros na Brasil PCH. A explicação está no intrincado acordo de acionistas da companhia, que, num efeito cascata de baixo para cima, se estende a toda a estrutura societária da Renova Energia. A Renova é sócia majoritária da Chipley, que, por sua vez, é controladora da Brasil PCH. O acordo de acionistas desta última prevê que os sócios da empresa têm direito de preferência em qualquer negociação que altere o controle da própria Renova e, por extensão, de suas subsidiárias. Para os demais acionistas da Brasil PCH, a estatal mineira ignorou esta condição com o deliberado objetivo de promover um “leilão” em mercado e, desta maneira, amealhar um valor mais alto pela participação da Light. A Cemig enxerga os fatos de outra forma. Segundo a companhia, apenas o BNDES, acionista minoritário da Renova, tem direito de referência sobre a participação dos demais sócios.
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Eduardo Cunha resiste na base aliada na Caixa Econômica
9/09/2015Há um enigma na Caixa Econômica Federal, um mistério que atende pelo nome e sobrenome de Fabio Ferreira Cleto, vice-presidente de Governo e de Loterias da instituição. Seus próprios pares na diretoria da Caixa se perguntam: até quando Cleto, uma notória extensão de Eduardo Cunha, se manterá intocado no alto-comando do segundo maior banco público do país? Sai executivo, entra executivo e o tentáculo do presidente da Câmara dos Deputados segue com suas ventosas presas ao cobiçado cargo. Aliás, dois cobiçados cargos. Cleto tem assento também no conselho do FI-FGTS. É, portanto, uma das 11 vozes que decidem o destino dos mais de R$ 32 bilhões em recursos do Funde Investimento reservados para projetos de infraestrutura. Entredentes, seus pares no conselho do FI-FGTS se referem a Cleto como “o quinta coluna”. Em julho, quando as relações entre o nº 1 da Câmara dos Deputados e o Planalto já tinham avinagrado de vez, o vice-presidente da Caixa foi o único conselheiro a votar contra o repasse de R$ 10 bilhões do fundo para o BNDES. Perdeu por 10 a um, porém, mais uma vez, não desperdiçou a chance de demonstrar enorme fidelidade ao seu fiador. Na Caixa Econômica, havia a expectativa de que Fabio Cleto pudesse receber o bilhete azul há cerca de duas semanas, quando foram anunciadas novas mudanças na gestão do banco. No entanto, seu nome passou longe da canetada que, de uma só vez, exonerou três vice-presidentes – José Urbano Duarte, José Carlos Medaglia Filho e Sergio Pinheiro Rodrigues. Assim tem sido desde que o governo iniciou a dança das cadeiras no banco. Não é por falta de tentativas em contrário. A própria presidente da Caixa, Miriam Belchior, tratou diretamente da saída de Clero com o ministro Aloizio Mercadante, que tem centralizado as articulações políticas para a montagem da nova diretoria do banco. No entanto, por ora o executivo sobrevive ao troca-troca. Não se sabe se pela ação de forças ocultas, se por mais uma demonstração de inércia do próprio governo ou se, quando o assunto é Caixa Econômica, a prioridade de Mercadante é trabalhar pela permanência de Marcio Percival. Homem forte da área de finanças do banco, Percival foi indicado ao cargo pelo ministro da Casa Civil. * A Caixa não retornou ao contato do RR.
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No vácuo
27/08/2015A BNDESPar deverá aproveitar a venda da CAB Ambiental pela Galvão Engenharia para deixar o negócio. * O BNDES não quis comentar sobre a venda.
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Unilever reserva um espaço na gôndola para a Bombril
26/08/2015A Unilever partiu para cima da Bombril. A concorrente é vista pelos anglo-holandeses como uma presa suscetível a uma boa oferta pelo controle. Por boa oferta leia-se algo em torno de oito vezes o Ebitda – aproximadamente US$ 250 milhões. A Bombril está às voltas com um crônico histórico de prejuízos, que desde 2012 se aproximam de R$ 250 milhões. Seu market share no setor de limpeza estagnou nos 6% – a Unilever, para efeito de comparação, domina 25% do mercado. Oficialmente, a Bombril garante que não está passando por nenhum processo de fusão ou venda do controle. Além da proposta feita ao empresário Ronaldo Sampaio Ferreira, dono integral das ações ordinárias da Bombril, a Unilever pressiona pelos flancos, construindo alianças com os sócios preferencialistas. Apesar de não dispor de poder de veto sobre as decisões de Ferreira, BNDESPar e Previ têm peso suficiente para influenciar no futuro da empresa. Tanto BNDESPar quanto Previ receberam com tapete vermelho a oferta da Unilever. Sonham em pular fora desse barco não é de hoje. A Unilever tem a solução final para resolver os mil e um problemas da Bombril: fechar o capital, enxugar o número de produtos, com mais de 400 itens, e transformar a companhia em um apêndice da nova estratégia dos anglo-holandeses de focar principalmente em produtos populares. O plano é simplesmente absorver a Bombril e misturá-la ao portfólio da companhia no Brasil. O reforço faz parte da estratégia de engorda da operação brasileira, que já é a segunda maior do grupo no mundo, com receita de US$ 2,5 bilhões. * A Unilever não comentou sobre o assunto.
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BNDES inicia sua longa jornada noite adentro
20/08/2015O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, desembarca hoje no Congresso Nacional com a missão inglória de impedir o estupro da instituição. A CPI do BNDES é uma cortina de fumaça para aleijar o banco. Não bastará à instituição purgar em praça pública a averiguação de eventuais desmandos financeiros, a exemplo da Petrobras. O banco, não sendo extinto, precisa ser descaracterizado em sua essência, ou seja, uma agência de fomento que tem por função prioritária a concessão de financiamentos ao setor industrial. O RR apurou que a presidente Dilma Rousseff abandonou a causa da integridade do BNDES. O que Dilma não quer é que o banco se constitua em mais um escândalo, uma espécie de segunda Petrobras. Seu empenho é empurrar para longe as acusações de corrupção e malversação de recursos. Essas denúncias recaem na direção do expresidente Lula, sinônimo de CPI do BNDES. Lula precisa ser preservado, o governo precisa ser preservado, mas o banco, na ótica palaciana, poderia entregar dedos e anéis. A pressão é para que o BNDES encolha, reduza seu enraizamento com a política industrial, se torne uma espécie de Sebrae tonificado, perdendo o seu protagonismo estratégico. Nesse contexto, a palavra subsídio é tida como um anátema. Coutinho adentra a CPI empunhando três bandeiras: a defesa da probidade e lisura das operações do banco, a preservação do que for possível na sua estrutura de funcionamento e salvar sua própria pele. O curioso da CPI é que existem apenas suspeições, algumas delas bisonhas. O caso das privatizações no governo FHC, notadamente da Telebras, BNDES inicia sua longa jornada noite adentro em que a corrupção foi pública, sequer é mencionado. Ao contrário do escândalo da “telegangue”, neste momento não há um nome acusado de desvio de recursos ou de aceitação de propina na inquisição do BNDES. Afinal, quem é o Paulo Roberto Costa do banco? Algumas denúncias sugerem uma CPI do aparelho de Estado brasileiro, devido à amplitude de participação do governo. Por exemplo: o financiamento à prestação de serviços em outros países é chancelado pelo Ministério das Relações Exteriores, conta com a participação do Ministério do Desenvolvimento e a permissão do BC, para citar somente três órgãos governamentais. E o repasse dos recursos do Tesouro? Ora, o banco somente aceitou a decisão da Fazenda, que o escolheu como instrumento da sua política contracíclica para enfrentar a crise internacional. E os “cavalos vencedores”? Pode ser uma decisão questionável, mas já foi provado que as operações não incorreram em prejuízo. A CPI pretende propor medidas no melhor estilo do senador Joseph McCarthy, tais como a criação de um “grupo de inteligência” do Senado, que vai investigar as informações mais intestinas do banco. Os critérios para seleção dos investimentos também seriam escolhidos pelos parlamentares. Ninguém sabe o que ficará fazendo a melhor equipe técnica do país. A impressão é que o real objetivo da CPI do BNDES está encoberto pelo mar de lama no qual pretende se afogar o banco. O nome da CPI deveria ser a do “fim do BNDES”. Ou melhor, a CPI de Ignácio Rangel, Roberto Campos e Celso Furtado, os mentores da existência do BNDES e de seus melhores propósitos.
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IPO de papel
18/08/2015A relação societária entre a BNDESPar e a Nortec Química está chegando ao limite. Numa medida radical, o braço do BNDES já cogita suspender os aportes e vender sua participação no laboratório farmacêutico. Em 2013, quando a BNDESPar se associou à Nortec, a operação estava vinculada à abertura de capital da companhia. Até agora, nem sinal do IPO. * O BNDES e a Nortec Química não comentaram sobre o assunto.
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Renova Energia
31/07/2015Após fisgar a participação da Light (21%), a SunEdison negocia a compra dos 10% da Renova pertencentes à BNDESPar. Caso a operação seja sacramentada, se tornará o segundo maior acionista da empresa de energia renovável, atrás apenas da Cemig.
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Perfil de um remador em sua busca incansável
31/07/2015O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, se dá com todo mundo. É um sujeito jeitoso, meio mineiro, que se acha talhado para vender a política econômica junto aos grandes públicos. Como é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, quem exerce esse papel, Barbosa tem trazido para si a função de negociador junto a áreas sensíveis para as principais decisões nacionais. É o caso do Congresso Nacional. Barbosa conhece os parlamentares de outras viagens, pois foi o negociador da reforma tributária no governo Lula e na primeira gestão de Dilma Rousseff. Nesse interregno, foi para a FGV, onde, entre aulas, palestras e articulações no Instituto da Cidadania, preparou-se para ser ministro. Barbosa é um aficionado pelo relacionamento com a imprensa, e o que ele pensa pode ser lido por aí quase diariamente, dito por ele ou em off the records. Preza a conversa amiúde com a presidente da República. Durante o mês de julho, despachou mais de 20 vezes com ela. Não é de brigar com os outros, é de fritar. Nesse papel, foi de grande ajuda para o então ministro Guido Mantega em suas rusgas com o expresidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Dificultou no que pôde a vida do vigoroso Meirelles. Barbosa contrasta seu 1,90 m com uma fala mansa e olhar fixo de atenção. Se fosse menos calvo e alourado, lembraria o jornalista Tintim, personagem das histórias em quadrinhos de Hergé. Sua jornada de trabalho é de uma intensidade comparável ao tempo em que era remador, no Rio de Janeiro. Defende um intervalo de flutuação sempre que se estabeleça uma meta de superávit primário, com um piso e teto para o resultado fiscal. à‰ favorável também que a meta de inflação seja estipulada para prazos mais amplos do que um ano – quatro anos de um governo, por exemplo. Implica com o BNDES desde a gestão de Carlos Lessa. Vê outro papel para o banco. Não gosta da política para o salário mínimo (“deveria subir em relação ao salário médio”). Defendeu as desonerações sobre folha de salário no passado. Hoje é contra, pois descobriu que é uma bomba de efeito retardado: se o governo cogitar em retirar, o empresário demite de antemão. Caso estivesse no manche, Nelson Barbosa daria um jeito de acelerar os programas sociais para suavizar os efeitos do desemprego e contrabalançar o impacto do ajuste. Corrobora com a tese de que foi a política cambial, e não tanto o consumo das famílias, o principal responsável pelo crescimento desmedido das importações. à‰ um entusiasta de que a hora é dos investimentos e não mais da absorção doméstica. Acha que é importante reunir a grande indústria, inclusive os empreiteiros, para afagá-los e estimulá-los. Deve ser observado de perto em suas articulações políticas. Esse é Nelson Barbosa. Para bom entendedor…
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Enola Gay
30/07/2015A esquadrilha de Eduardo Cunha começou a bombardear o BNDES. Circula na internet a informação de que o banco financiou a compra de 20 aviões da Embraer pela Austral, subsidiária da Aerolíneas Argentinas, no valor de US$ 700 milhões. Segundo a denúncia, o contrato apresenta indícios de sobrepreços.
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Só Neeleman enxerga a TAP em céu Azul
29/07/2015A pressa com que David Neeleman expandiu seus negócios de aviação tem deixado um rastro de dúvidas na Azul. A maior oposição vem da Texas Pacific Group (TPG), que lidera um grupo de minoritários disposto a questionar o projeto de Neeleman de usar a Azul para capitalizar a TAP, comprada por ele no mês passado e com dívida de um bilhão de euros. O principal acionista da companhia aérea brasileira tem uma proposta pronta para que a Azul se torne sócia do consórcio Gateway, novo controlador da voadora portuguesa. Se depender de Neeleman, a Azul será uma das maiores sócias da TAP. A operação tem não somente o apoio como o incentivo explícito da United, que tem 5% da Azul. O grupo norte-americano enxerga na operação o caminho mais rápido para a internacionalização da empresa brasileira, que passaria a ter uma operação própria na Europa. Difícil será convencer o TPG, que enxerga mais dúvidas do que certezas na operação, em função dos números ruins da TAP. A Azul teria que necessariamente se capitalizar. Pelos cálculos do fundo, a brincadeira não sairia por menos de R$ 1,5 bilhão. David Neeleman tenta convencer os sócios com a ideia de atrair o BNDES para o financiamento, já que seria a terceira aérea brasileira a ter presença forte no exterior. Terá que gastar muita lábia, pois o banco tem estado arredio a operações de tão grande risco.
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Eduardianas
22/07/2015A CPI que está saindo do pacote de vendettas de Eduardo Cunha não provocou nem soluços no BNDES. Segundo o entendimento da área jurídica, o banco está absolutamente forrado e garantido quanto à constitucionalidade do sigilo das suas operações. *** Por falar em Eduardo Cunha, o presidente da Câmara vem sendo chamado no Congresso de Jânio Quadros versão malévolo 2.0. A comparação não se deve aos óculos horrorosos comuns a ambos, mas ao entendimento de que Cunha renunciou a uma posição confortável, que lhe permitia ditar as ordens na Câmara, em nome da obsessão em cindir o PMDB.
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Darwin dita o futuro da siderurgia nacional
20/07/2015O BNDES anda meio por baixo, mas, se pudesse fazer política industrial como em outros tempos, partiria para estimular a consolidação do setor siderúrgico. Pelo que se diz na área técnica do banco, o encolhimento do mercado brasileiro de aço é estrutural: veio para ficar. Portanto, pode tirar o cavalinho da chuva quem pensa se tratar apenas de um ciclo de retração da indústria siderúrgica condizente com o quadro de demanda internacional reduzida, ou mesmo com a recessão que assola o Brasil. O problema é sério, de tirar o sono. Os analgésicos que a siderurgia quer tomar nessa hora são os mesmos de sempre: câmbio e incentivos fiscais. Mas o momento não é bom sequer para obter esses paliativos. A percepção é de que não há mais lugar para tantos protagonistas na indústria do aço. Teria chegado a hora da seleção natural: entre Gerdau, ArcelorMittal, CSN e Usiminas, uns e outros teriam de ser incorporados. A racionalidade neste setor, contudo, é mais difícil. Há um clash de culturas empresariais e um desfile de personalidades de impossível combinação. Imagine misturar no tubo de ensaio Benjamin Steinbruch, Jorge e André Gerdau e os visigodos da Techint, só para mencionar os mais idiossincráticos. Esses barões do aço terão de conviver entre si ou, então, pular fora do barco – sempre existe a possibilidade de um investidor externo olhar para o negócio à medida que o Brasil vai ficando mais barato. Ainda que a produção brasileira de aço tenha subido um bocadinho no primeiro semestre (2%), no geral os indicadores da indústria são desalentadores. O parque siderúrgico nacional opera com uma ociosidade da ordem de 30%: no momento, há 20 usinas completamente paradas no país, número que não pode ser dissociado da retração do mercado interno. No primeiro semestre, as vendas de aço no Brasil caíram 12,9% em relação a igual período no ano passado. Não surpreende que o setor tenha se tornado um laminador de empregos: foram mais de 11 mil demissões nos últimos 12 meses. Essa conta vai aumentar. E a má notícia vem de fonte insuspeita. O próprio Instituto Aço Brasil prevê que mais 3,9 mil postos de trabalho irão para o altoforno até dezembro. As condições que levaram a siderurgia a vicejar não existem mais. O preço da energia é alto demais. O câmbio dificilmente voltará a ficar desvalorizado como no tempo da corrida do aço – na relação com o salário, então, é melhor esquecer. E mesmo as injeções de dinheiro barato do BNDES parecem coisa do passado. Estão mesmo se materializando as catastróficas projeções do legendário economista industrialista Arthur Candal. No início dos anos 90, ele dizia: “A indústria brasileira africanizou. Setores como a petroquímica e a siderurgia estão derretendo. Vamos voltar à extração primitiva primária.” Parecem hoje sentenças bem razoáveis.
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Fazenda peneira novas pepitas no veio do ajuste fiscal
13/07/2015Em sua busca para extração de riquezas, o garimpo do Ministério da Fazenda já identificou na bateia duas pepitas, pequenas é bem verdade, que, devidamente polidas, podem prestar sua colaboração para o ajuste fiscal. A pepita menos opaca, que aparece bem a vista em meio ao cascalho das demais ideias, é a instituição do imposto sobre heranças. Não se trata de uma descoberta nova, nem de uma grande jazida. O governo nem considera expressiva a arrecadação proveniente. Mas a medida pode ter uma utilidade maior para a negociação de joias bem mais raras no Congresso Nacional. Seria especialmente um aceno para o PT, que considera o imposto uma resposta fundamental para o programa de austeridade econômica. No arrastão tributário, poderiam ser negociadas outras medidas microeconômicas capazes de ampliar a arrecadação do Estado. O salto percentual do imposto não seria tão acanhado. A proposta é que a alíquota média do tributo sobre as heranças suba dos atuais 3,86% para 8% a 10%. Um número vistoso a primeira vista, mas conservador se comparado com outros países, tais como o Chile (13%), França (32,5%) e Inglaterra (40%). O discurso de sustentação é justo, justíssimo: o Brasil é um dos últimos do ranking das contribuições do imposto sobre herança – Suécia, Noruega e Austrália não gravam a transmissão de riquezas. Se a medida fiscal já se encontra quase reluzente, a pepita inesperada é a venda de carteiras de créditos maduros do BNDES e da Caixa Econômica Federal a banca privada. O Banco do Brasil não poderia ser incluso no programa devido a sua condição de companhia aberta, o que exigiria a realização de um aumento de capital. A ideia é devolver parcela dos repasses do Tesouro a essas instituições. Bancos como Bradesco, Itaú e Santander – somente para citar os privados, longe de qualquer ilação de caráter político – seriam compradores potenciais desses créditos. Trata- se de uma mina de altíssimo teor. A carteira de empréstimos e repasses do BNDES soma R$ 698 bilhões. Desse total, cerca de 41%, ou R$ 286 bilhões, se referem a operações com os 10 maiores clientes do banco. A clientela do segundo andar é bem mais pulverizada é constituída de muitas empresas líderes nos seus mercados. A Caixa Econômica, por sua vez, que sempre teve uma atuação mais voltada para a pessoa física, tem ampliado significativamente a carteira de crédito a empresas. Os empréstimos a pessoa jurídicas somam hoje cerca de R$ 125 bilhões. Com esta medida, os dois bancos públicos fariam caixa e antecipariam receita. Ambos estariam comprando ativos creditícios valiosos. O Tesouro agradeceria, sensibilizado. Um bom negócio para gregos e troianos. Não há consenso ainda sobre o timing de uso das duas pepitas. As pedras, inclusive, ainda estão sendo valoradas. A expectativa é que sejam lustradas e, em breve, venham a público.
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Pinga-pinga
10/07/2015A Sanepar planeja uma captação em mercado ainda para este ano. A vida ficou mais difícil para a estatal paranaense – assim como suas congêneres – depois que o BNDES e a Caixa Econômica reduziram os repasses para o setor de saneamento.
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“B” de boi, de BNDES e de bilhões
2/07/2015No que depender do BNDES, vai ter, sim, mais dinheiro para a JBS. As portas do banco estão abertas a novos financiamentos para o grupo, se assim as circunstâncias pedirem. A assertiva se sustenta em duas premissas, uma de ordem regulatória e outra financeira. A resolução publicada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na semana passada, referente aos limites para a exposição da BNDESPar a uma única empresa, em nada afeta a possibilidade de futuros aportes na JBS. Segundo uma fonte do BNDES, o atual peso da companhia no estoque de operações da agência de fomento sequer arranha o limite de 25% do Patrimônio de Referência imposto pelo CMN. O banco não divulga o percentual por considerá-lo informação sigilosa. Mas não custa lembrar que a triangulação feita com o Tesouro e a Caixa Econômica Federal em 2012 abriu ainda mais espaço para um eventual aumento da participação no grupo. Na ocasião, o BNDES transferiu o equivalente a 10% da JBS para a União, que, ato contínuo, repassou o ativo para a CEF, como forma de capitalizar o banco. Para o BNDES, o maior estímulo a novas operações com a empresa de alimentos vem da última linha do balanço. Como se costuma dizer na própria área técnica do banco, quem dera houvesse outras JBS. A participação representa a melhor taxa de retorno entre todos os investimentos realizados pela BNDESPar desde 2007, ano em que a instituição fez seu primeiro aporte na companhia. Somente nos últimos cinco anos, a alta das ações da JBS foi de 102% – no mesmo período, a variação do DI ficou em 61%. Conforme consta do estudo de caso recém-divulgado pelo próprio BNDES, o investimento na JBS já rendeu ao banco cerca de R$ 6 bilhões, cifra referente ao crescimento do valor de mercado da empresa ao longo de oito anos. Para o BNDES, além do retorno financeiro per si, há ainda outro ganho decorrente do investimento na JBS, tão ou mais valioso do que aquele reportado em seu balanço. O maior alvo das críticas ao modelo adotado pelo banco nos últimos anos tornou-se exatamente a sua principal peça de defesa e desqualificação de seus detratores. Os resultados da companhia são a melhor resposta aos grupos de interesse que dispararam contra a política de cavalos vencedores, usando-a como mote para fazer as piores ilações em relação aos critérios e procedimentos do BNDES.
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Como devorar o passivo da Petrobras sem indigestão?
25/06/2015a€s vésperas da reunião do Conselho de Administração da Petrobras e da aprovação do novo Plano de Negócios e Gestão 2015- 2019, uma interrogação continua a perseguir a empresa: de onde virá o dinheiro para cumprir o programa de investimentos? As estimativas de mercado apontam para uma cifra entre US$ 120 bilhões e US$ 170 bilhões, um corte expressivo, em qualquer hipótese, se comparado aos U$$ 220 bilhões do plano de negócios 2014/2018. Ainda assim, trata- se de uma cifra incompatível com a astronômica dívida líquida de US$ 100 bilhões (maior débito corporativo do mundo), correspondente a cinco vezes o Ebitda. A situação de caixa é preocupante, e a Petrobras precisa respirar melhor. Pergunta-se, contudo: onde está a estratégia para o longo prazo da companhia? Em um universo virtual, que flertasse com o ideal, os recursos viriam de ajuste patrimonial do governo e medidas para “extração de outras riquezas”, conforme palavras do ministro Joaquim Levy, tais como regularização de dívidas e poupanças dispersas não declaradas a Receita. Em síntese, viriam de fontes extrafiscais, geradoras de um dinheiro que não está no orçamento, nem gera endividamento. Nesse mundo que namora com a perfeição, o governo agregaria os ajustes fiscal e patrimonial. Ambos são complementares, sendo que o segundo ameniza as dores provocadas pelo primeiro. É de uma costela desse novo arranjo que poderiam ser obtidos U$$ 30 bilhões – mais de um terço do passivo da Petrobras – para relançá-la em um futuro que lhe pertence de direito. Não é uma estimativa superavaliada. Basta imaginar que o cofre forte extrafiscal do governo tem guardados cerca de US$ 1 trilhão (algo em torno de 60% do PIB nacional, da ordem de US$ 1,8 trilhão – números de 2014), correspondentes aos recursos de brasileiros não residentes no exterior, passivos fiscais pendurados no Carf e desmobilização de ativos nos quais a União é controladora majoritária ou mesmo minoritária (carteira do BNDESPar, avaliada em aproximadamente R$ 80 bilhões). Após a captação dessas riquezas dispersas e reservada a cota necessária ao cumprimento do superávit fiscal (neste ano e em 2016), o passo seguinte bem poderia ser a capitalização direta da Petrobras com uma parcela desses recursos. Mas, a solução traria embutido um problema: um aporte de capital dessa magnitude levaria a uma diluição dos minoritários em favor do Tesouro. A companhia teria de fechar o capital. O problema engendra a sua própria solução. Por que não a criação de uma SPE no exterior, capitalizada com os recursos citados acima, com a finalidade precípua de compra das dívidas da estatal? Tal medida permitiria reduzir brutalmente o custo financeiro da empresa. Imagine o impacto de uma “redução” da dívida da Petrobras beirando a totalidade dos seus investimentos até 2019. A capitalização da estatal é, em parte, a redenção do governo, pois foi ele o principal dilapidador da empresa. Na mesma linha, fortalecer a Petrobras é mais um tijolo na construção de um ajuste fiscal permanente. Por que não fazer?
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Disclosure? Só lá!
19/06/2015O que vale para o BNDES não vale para o Banco da Amazônia. Parlamentares da Região Norte se movimentam para evitar que o Basa também seja obrigado a dar transparência aos seus contratos de financiamento. Disclosure nos olhos dos outros é refresco?
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Energia eólica
10/06/2015O banco alemão KfW negocia um novo empréstimo ao BNDES para financiamento de projetos de geração eólica no país. No ano passado, foi fechado um acordo de repasse de US$ 335 milhões. Desta vez, a conta é um pouco mais modesta: em torno de US$ 200 milhões.
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Material didático
8/06/2015Recomenda-se imprimir em uma cartilha a entrevista do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, sobre financiamento a exportação de serviço e distribuir a editores de jornais, ministros do TCU e congressistas. Menos, é claro, os do PSDB, pois se enquadram na categoria que Coutinho denomina de desonestidade intelectual.
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Herdeiros da Coteminas querem distância do agronegócio
5/06/2015Houve um momento em que Josué Gomes da Silva esteve com um pé no Ministério do Desenvolvimento, foi apontado por muitos como o nome mais adequado para comandar o BNDES e chegou até mesmo a flertar com a Pasta da Fazenda. No entanto, as portas do governo não se abriram e Josué segue vestindo o figurino de empresário, mais precisamente o de empresário aflito e pressionado por seus próprios familiares. Ao mesmo tempo em que toureia os sucessivos prejuízos da Coteminas – R$ 250 milhões nos últimos três anos -, cabe a ele a missão de estancar de uma vez por todas as perdas do clã no agronegócio, uma infeliz inflexão estratégica dos herdeiros de José Alencar. Neste caso, ao que tudo indica, não há mesmo outra solução se não a porta de saída. Josué já estaria negociando a venda da participação da família na Cantagalo General Grains, que atua na produção e comercialização de grãos. Do outro lado da mesa, está a japonesa Sojitz. A intenção dos Alencar é vender integralmente sua participação tanto na Cantagalo quanto na subsidiária CGC Trading. Os asiáticos, ressalte-se, já são sócios minoritários das duas empresas. Na primeira, detêm apenas 5%; na trading, sua fatia é bem mais expressiva: 43%. Josué Gomes da Silva foi o principal artífice da entrada dos Alencar no agronegócio, a partir da associação com a Agrícola Estreito, do ex-Glencore Paulo Garcez. Em tese uma decisão mais do que acertada, em função dos resultados declinantes da Coteminas e da indústria têxtil como um todo. Na prática, porém, a Cantagalo jamais teve a performance esperada: no ano passado, o prejuízo bateu nos R$ 155 milhões. Diante das seguidas perdas, a operação tem sido cada vez mais questionada dentro da própria família. Em setembro, Josué Gomes, presidente do Conselho de Administração da Cantagalo, tentou esfriar o caldeirão com uma mudança na gestão. Numa manobra interna, convenceu o próprio Paulo Garcez a deixar a presidência da companhia, dando lugar ao ex-Previ e ex-Embraer Luiz Carlos Aguiar. Dentro da empresa, o troca-troca foi interpretado como um movimento diversionista, uma tentativa de Josué de ganhar tempo para negociar a venda da participação da família para a Sojitz. A essa altura, nem o próprio empresário quer ficar no negócio. Sua prioridade absoluta neste momento é colocar a Coteminas nos trilhos. Mas essa é outra história…
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Por que o BNDES esconde sua última letra?
3/06/2015O cavalo encilhado da transparência social está passando, mais uma vez, a frente de Luciano Coutinho, sem que este aproveite a oportunidade para montálo. A demonstração de que o “S” não é apenas um apêndice fora de lugar no acrônimo BNDES mataria dois coelhos com uma só cajadada. O banco entregaria, com sobras, o disclosure exigido e criaria uma nova metrificação para a análise do retorno das suas operações para a sociedade. É consenso entre os de boafé que não cabe a agência de fomento revelar detalhes dos projetos e pedidos de financiamento que lhe são encaminhados, sob pena de instituir uma assimetria de informações em relação a concorrência. O custo de pedir dinheiro ao BNDES seria a fragilização da capacidade de competição do tomador de recursos. A hipocrisia é preconizar que, em nome da transparência e da condenação do subsídio, seriam entregues somente alguns ovos, quando, na realidade, não só os ovos, mas também a galinha, o galinheiro e toda a cadeia de geração de valor seriam dizimados. O que Luciano Coutinho poderia fazer para calar os fariseus seria surfar mais alto na onda do disclosure. Não consta que o BNDES tenha qualquer relatório de prestação de contas do impacto social dos projetos financiados individualizados. A proposta seria o banco ir além e divulgar o compromisso das empresas com a produção de resultados, nos mais diversos segmentos de interesse da sociedade. Entram neste baralho geração de empregos, impostos, divisas, investimentos em inovação, controle de emissão de gases poluentes, benefícios a comunidade, desenvolvimento regional, melhorias de infraestrutura etc. Quanto maior o número de indicadores melhor a capacidade de avaliação do retorno social de cada projeto. Esses seriam os verdadeiros “cavalos vencedores”. O banco deve estar repleto deles. É elogiável a iniciativa do balanço social made in BNDES, anunciado ontem por Luciano Coutinho. Melhor seria, no entanto, se a instituição divulgasse o valor agregado de cada projeto, timtim por tim-tim. O maior equívoco do banco é não permitir que os benefícios da sua atuação possam ser julgados conforme os melhores critérios. Parece até que o BNDES não quer desmontar o lobby favorável a sua desconstrução.
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Enquanto isso, no país do ajuste fiscal…
28/05/2015O enevoado empresário Miguel Ethel está pilotando uma operação mágica para surgirem dezenas de usinas de energia eólica no Brasil. Ethel, que já fez milagres com pequenas centrais hidrelétricas, agora quer abraçar o meio ambiente. Toda essa ventania será feita sem que o empresário saia das brumas, como sempre. O ex-senador Gilberto Miranda, tido pelos profissionais do ramo como o homem mais rico do Brasil, e o Bispo Macedo, o afortunado dono da Record, vão se associar na construção de um shopping em Manaus. Segundo a fonte do RR, será o primeiro a ter como “loja âncora” um templo da Igreja Universal. Aliás, um baita templo. A decisão do STF de circunscrever ao TCU o acesso ao financiamento do BNDES – no caso as operações com a JBS – teve cuidado de expor menos o banco e a empresa. O STF sabe que tem maluco no Congresso querendo colocar os dados nas redes sociais. De qualquer forma, fica o risco da “Rádio TCU” e do vazamento de informações para a mídia.
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Governo cria incentivo Á produção de turbinas
28/05/2015O governo discute a criação de uma linha de crédito, no âmbito do BNDES, voltada aos fabricantes de turbinas para geração de energia. O objetivo é afastar o risco de um apagão no fornecimento de equipamentos, especialmente quando as grandes hidrelétricas da Amazônia, a começar pelas usinas do Rio Tapajós, saírem do papel. Segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia, as encomendas nos próximos cinco anos deverão chegar a marca de 150 turbinas. No entanto, a situação de alguns dos principais fabricantes instalados no país é preocupante. A argentina Impsa está a s voltas com uma grave crise financeira e colocou a venda o seu parque industrial em Pernambuco. A alemã Voith Hydro, por sua vez, já sinalizou a possibilidade de suspender suas atividades no país. O governo teme que a necessidade de importação de turbinas e o consequente encarecimento dos projetos, somado a um ambiente de retração da economia, desestimulem a participação de investidores nos próximos leilões de energia.
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Ternium já está com um pé na porta da Usiminas
25/05/2015A Ternium está prestes a se tornar o HSBC da siderurgia. O grupo já não consegue mais manter entre quatro paredes as discussões em relação ao seu futuro no Brasil. Por uma fresta da Usiminas vaza a informação de que os ítalo-argentinos amadurecem a ideia de vender sua participação e deixar o país. As semelhanças com o banco inglês, é bom ressaltar, param por aí. Se o maior adversário do HSBC no Brasil sempre foi o próprio HSBC e sua impressionante letargia, no caso da Ternium o inferno são mesmo os outros. Poucas vezes uma corporação conseguiu reunir contra si um exército de inimigos tão poderoso: Nippon Steel, Benjamin Steinbruch, minoritários e empregados da Usiminas e o governo. Cada um a seu modo, todos odeiam a Ternium e trabalham para ejetá-la da companhia mineira. Por maior que sejam a musculatura financeira e a disposição para o embate dos herdeiros do mítico siderurgista Agostino Rocca, como duelar com uma conjunção de forças dessa magnitude? Para os ítaloargentinos, está difícil encontrar uma solução que não seja uma honrosa saída do front. Os ataques a Ternium vêm de todos os lados. A Nippon Steel usa farta munição para fazer valer a sua histórica posição na Usiminas. Trata-se de um negócio absolutamente estratégico, que transcende as fronteiras corporativas e carrega forte simbolismo. O desembarque na empresa, ainda na década de 50, foi um dos primeiros grandes investimentos do Japão na área de siderurgia após a Segunda Guerra Mundial. A associação é tratada por Tóquio como um assunto de Estado. O primeiro-ministro Shinzo Abe tem feito intensas gestões junto ao governo brasileiro para salvaguardar os interesses da Nippon Steel na Usiminas. Além do apoio de importantes minoritários da Usiminas, como Lírio Parisotto, a Nippon Steel tem a seu lado Benjamin Steinbruch. O empresário manobra de um lado para o outro da pista com o objetivo de driblar os obstáculos impostos pelo Cade. Dona de 12% das ONs da companhia mineira, a CSN está impedida de exercer seu voto no bloco de controle e ainda terá de se desfazer da sua participação até 2018. Seria um impeditivo intransponível não fossem as pressões que vêm do Olimpo. O governo também não morre de amores pela Ternium. Até porque a contrapartida para a desafeição é das mais convenientes: a saída do grupo ítaloargentino e o aumento da participação de Steinbruch abririam espaço para a associação entre a CSN e a Usiminas e a criação de uma grande produtora de aços planos. Seria um cavalo vencedor a feição das políticas praticadas pelo BNDES. Não satisfeita em ter tantos rivais, a Ternium também arruma os seus próprios problemas. Os sucessores de Agostino Rocca, um homem forjado na Itália de Mussolini, não são os anjos da Capela Sistina. A imagem do grupo ítalo-argentino no Brasil está vinculada ao que há mais de reprovável na história recente da Usiminas: manobras jurídicas abaixo da linha da cintura, gastos demasiadamente altos com gestores que ela própria indicou, denúncias de superfaturamento na venda de aço. Há quem diga que a própria tática da Ternium de estressar ao máximo a contenda com os demais acionistas teria como objetivo aumentar o problema para valorizar o preço da solução, ou seja, a venda de suas ações na companhia. A convivência se tornaria tão insuportável que o ágio a ser cobrado compensaria, e muito, a redução do valor patrimonial. A conferir.
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Réquiem para o herói da Avenida Chile
20/05/2015“A verdade é um estranho que não nos olha nos olhos. É mais difícil de entender, mais complicada de se aceitar. Mais difícil de acreditar, e mais ainda de se dizer.” A tirada filosófica é da pouco divulgada Jéssica F., “pensadora” do segundo time para muitos. Pois saiba que os dizeres rasos bem poderiam dar a medida do calvário do BNDES. Sim, é difícil de dizer e mais complicado de se aceitar. O banco sofre, solitário, o maior atentado a sua integridade desde o nascedouro. E os empresários, a quem cabe o seu usufruto, são os estranhos que não lhe olham nos olhos. A burguesia – aquela que o bardo Cazuza dizia “feder” -, inebriada pela tentação de afogar o capitalismo de Estado, quer apagar da memória coletiva o banco do fomento, do desenvolvimento da indústria de base, da inserção competitiva internacional, do “S” do social, da privatização, da criação da empresa brasileira de porte global e do financiamento a s concessões de obras públicas. Restaria a lembrança ingrata do BNDES representante do populismo da era Vargas, da megalomania do regime militar, da corrupção da venda das estatais, da transferência de renda para a iniciativa privada e, agora, do repasse das pedaladas do Tesouro. Sim, a burguesia nacional prefere se despir das vantagens concorrenciais em troca da morte da sua ama de leite. Há diversas formas de matar uma agência de renome internacional: asfixia financeira; legiferação predatória; e o insuperável estupro moral. O BNDES sofre das três. Terá seu orçamento drasticamente cortado, afinal serviu de agente da União para injetar dinheiro na veia da economia fragilizada; purgará os financiamentos a grandes empresas – um contraditório, pois a estigmatizada JBS, o mais emblemático “cavalo vencedor”, apresentou um espetacular resultado de R$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre; se transformará em uma agência recalcada de suporte do mercado de capitais e, finalmente, será o único banco do país a abrir compulsoriamente suas vísceras para Deus e o diabo. No que depender dos liberais de má cepa, o BNDES, ao contrário do BB, da CEF, do Basa e do BNB, estará em breve publicando detalhes dos contratos de financiamentos. É difícil de acreditar e complicado de aceitar. A prioridade a capacidade de competição da empresa nacional, assim como a constitucionalidade do sigilo bancário, vão escorrer como água suja. Qualquer empresa que tomar recursos no BNDES terá que informar detalhes sobre o seu projeto. A concorrência que se locuplete. Se vivos estivessem, Ignácio Rangel, Roberto Campos, José Luiz Bulhões Pedreira, Marcos Vianna, Arthur Candal, Rômulo Almeida e outros tantos maestros da supliciante agência diriam perplexos: é mais difícil de entender, mais complicada de aceitar. “A verdade é um estranho que não nos olha nos olhos”.
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Transnordestina
8/05/2015Ciro Gomes está prestes a cravar seu primeiro grande feito a frente da Transnordestina. O BNDES e o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) deverão liberar até o fim do mês um aporte de R$ 1,6 bilhão para a construção da ferrovia no trecho entre Trindade (PE) e Eliseu Martins (PI).
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Aldemir Bendine é o artilheiro dos sonhos da Camargo Corrêa
6/05/2015Aldemir Bendine pode muito bem ficar na Petrobras – na avaliação do Planalto, sua performance na divulgação do balanço foi impecável. Pode também ir para o BNDES, intenção inicial da presidente Dilma Rousseff, conforme informou o RR. Mas, talvez, o porvir de Bendine não esteja nem de um lado nem de outro da Avenida Chile e muito menos no próprio governo. O executivo do momento teria uma proposta da iniciativa privada para um ponto futuro: Bendine iria para a Camargo Corrêa com a tarefa de comandar a reconstrução de um dos maiores grupos empresariais do país. Guardadas as devidas proporções, após conduzir o processo de higienização da Petrobras, ele replicaria a missão na outra face da Lava Jato, dedicando- se a reestruturação de uma das empreiteiras protagonistas do escândalo. Aldemir Bendine é um craque sob os mais diversos aspectos. Em quase cinco anos na presidência do Banco do Brasil, enfrentou dois episódios espinhosos que poderiam ter lhe custado o cargo. Em 2010, Bendine foi questionado pela aquisição de um imóvel no interior de São Paulo, no valor de R$ 150 mil, pagos em dinheiro vivo. No ano passado, num caso ainda mais rumoroso, veio a tona o empréstimo de R$ 2,7 milhões do BB a socialite e empresária Val Marchiori, amiga pessoal do executivo. Em ambos os casos, Bendine mostrou ter o corpo fechado. O placar de momento na Petrobras marca dois a zero a favor de Bendine. Em apenas um bimestre a frente da estatal, o executivo conseguiu fechar o valor da baixa contábil decorrente dos episódios de corrupção e apresentar o balanço de 2014. O artilheiro Bendine já prepara o próximo chute, leia-se o anúncio de um programa de investimentos mais enxuto, adequado a s circunstâncias e ao próprio processo de desmobilização de ativos da estatal. Sai de cena a versão anterior, marcada por cifras demasiadamente anabolizadas e inexequíveis, e surge, em seu lugar, um plano de negócios factível, em linha com a realidade e com o choque de gestão em curso na estatal. Trata-se de mais um movimento que tem tudo para cair no gosto do mercado. E, no placar da Petrobras, lá estará: três a zero para Bendine. Não é a toa que a Camargo Corrêa teria uma camisa a sua espera.
Acervo RR
Cadeira elétrica
5/05/2015Um raro momento de convergência entre a AES e o BNDES, sócios da Brasiliana: Jerson Kelman, presidente da Sabesp, é o nome de consenso para comandar a AES Eletropaulo. O atual nº 1, Britaldo Soares, está desgastado junto aos norte-americanos e ao próprio banco.
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União Química e Biolab acirram litígio entre irmãos
28/04/2015O sonho de João de Castro Marques, um dos nomes mais importantes da história da indústria farmacêutica nacional, era deixar uma empresa para cada um dos seis filhos. Para três deles, no entanto, ainda que involuntariamente, acabou entregando uma bomba-relógio. O contencioso entre os irmãos Fernando, Cleiton e Paulo de Castro Marques – que, desde 2008, duelam nos tribunais devido ao descruzamento de suas participações nos laboratórios União Química e Biolab – ganhou um novo capítulo. Acionista do Biolab, com 27,5%, Fernando estaria tentando barrar, na Justiça, os dois principais projetos em curso na companhia, controlada pela dupla Paulo e Cleiton. Seu objetivo seria suspender a construção de uma fábrica em Minas Gerais, orçada em R$ 200 milhões, e a participação do Biolab no Orygen, laboratório de biotecnologia criado nos tubos de ensaio do BNDES. As tensões entre os irmãos vêm de longa data. No entanto, a presença do patriarca sempre impediu que o vulcão entrasse em erupção. Após o falecimento de João de Castro Marques, em 2005, a lava começou a escorrer e logo chegou a Justiça. No momento, quem trabalha para esquentar a temperatura é Fernando de Castro Marques. Para ele, os investimentos na fábrica mineira e no Orygen seriam lesivos ao Biolab. Fernando argumenta ainda que os dois projetos teriam sido feitos a sua revelia. Pelo acordo de acionistas do Biolab, o empresário tem direito a veto sobre qualquer desembolso superior a R$ 20 milhões. Ou melhor: tinha. No fim de 2012, Cleiton e Paulo conseguiram, na Justiça, afastar o irmão da gestão da companhia. Para Cleiton e Paulo de Castro Marques, é como se Fernando tivesse colocado um bode na sala com o intuito de cobrar caro para tirá-lo. Por cobrar entenda-se o dote exigido pelo empresário para entregar aos irmãos sua fatia no Biolab. Mas, afinal, quanto vale o caprino? Há dois anos, Cleiton e Paulo ofereceram o equivalente a US$ 70 milhões pela participação de 27,5%. Fernando teria exigido algo próximo de US$ 600 milhões. Procurado, Fernando de Castro Marques informou que “não detém qualquer poder de veto, enquanto sua participação na Biolab estiver suspensa por determinação judicial.” O empresário garantiu ainda que não tem interesse em vender sua participação na Biolab. No outro lado da moeda, haveria também divergências em relação ao valor da participação de Paulo e Cleiton de Castro Marques na União Química, controlada por Fernando. A dupla é dona de 35% da empresa. Aliás, por uma incrível coincidência – ou não, como diria Caetano – a companhia participa do capital do outro laboratório de biotecnologia criado sob os auspícios do BNDES, o Bionovis. Ou seja: basta um pequeno movimento para que Paulo e Cleiton respondam a manobra jurídica de Fernando no melhor estilo olho por olho, dente por dente, brecando a participação da União Química no projeto.
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Esteves, BNDES e as tetas da traição
23/04/2015O banqueiro André Esteves está sendo chamado de assador de porcos entre os técnicos do BNDES – uma alusão a uma fábula de origem espanhola que ficou célebre após ser citada na publicação argentina “Juicio a la escuela”, de 1976. Os funcionários do banco nunca simpatizaram com o estilo predador do dono do BTG. Mas agora ele teria passado dos limites. Esteves detonou a agência de fomento, chamando a instituição de “um monstrengo que beira o disfuncional”. Disse que o “uso dos recursos deve ser represado” e que estaria “menos preocupado com a qualidade técnica e até com casos de corrupção do que com o tamanho do BNDES”. No banco, o mínimo que se diz é que o banqueiro é um bufão – não confundir com porcão. A dinheirama que ele queria tirar para si não vale para os outros. Quem não se lembra da tentativa de Esteves de juntar o Pão de Açúcar com o Carrefour com o dinheiro – de quem? – do BNDES. E da rocambolesca operação de fusão da EBX com a Vale, igualmente envolvendo o capital do banco. Esteves é o personagem certo para a fábula do porco assado. Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os donos dos animais, acostumados a comê-los crus, experimentaram e acharam a carne assada deliciosa. A partir daí, toda a vez que queriam comer porco assado incendiavam um bosque. O BTG, como se sabe, bem que tentou assar alguns projetos emporcalhados no BNDES, mas o banco, que obedece a critérios técnicos, não deixou Esteves queimar o bosque. Até surgir a oportunidade de torrar um novo suíno, o banqueiro vai mandar a ripa no lombo do BNDES.
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Petrobras dá um passo para longe do setor sucroalcooleiro
20/04/2015No que depender da Petrobras, a participação do álcool na matriz energética brasileira vai cair ainda mais. A companhia vai decretar uma espécie de moratória sucroalcooleira, fechando as torneiras para os investimentos no setor. A primeira a receber o impacto da decisão será a Tereos, sócia da estatal na Açúcar Guarani. Os franceses podem esperar sentados pelo Godot da Avenida Chile. A Petrobras não pretende sequer efetuar o último dos cinco aportes anuais de R$ 300 milhões na Guarani, referentes a compra de 46% da empresa – negócio selado em 2010. O prazo limite para o desembolso é outubro. Mas, desde já, a estatal busca mecanismos para se livrar da quitação da derradeira parcela e se desfazer da sua participação na sucroalcooleira antes mesmo dessa data. Ressalte- se que a associação com a Tereos foi a maior operação feita pela Petrobras Biocombustíveis. Ao todo, a petroleira já injetou mais de R$ 1,2 bilhão na Guarani. O desembarque da Petrobras no capital da Açúcar Guarani remete ao segundo mandato de Lula, quando a estatal e o próprio BNDES entraram em campo para fomentar a indústria sucroalcooleira nacional: a petroleira, com a compra de participações em usinas; o banco, com uma farta temporada de empréstimos ao setor. A joint venture com o Grupo São Martinho, que deu origem a Nova Fronteira Bioenergia, também data dessa época – a operação foi fechada em junho de 2010. Aliás, o ramo da família Ometto que controla a São Martinho já pode ir se acostumando com a ideia de olhar para o lado e não enxergar a Petrobras. O meia-volta, volver da Petrobras se dá justo no momento em que o governo faz um novo movimento para aumentar as vendas de etanol e aliviar o garrote que aperta as usinas sucroalcooleiras. Em março, o índice de álcool misturado a gasolina passou de 25% para 27%. A medida tem a melhor das intenções: proteger uma indústria que fechou mais de 60 mil postos de trabalho nos últimos dois anos. A Petrobras, no entanto, está fora desse mutirão pró-etanol. Neste momento, não há nada mais anacrônico e deslocado na carteira de ativos da estatal do que os penduricalhos societários no setor. Até porque essa é uma área que só deu prejuízo a companhia. A própria Guarani, por exemplo, acumula perdas de R$ 140 milhões nos últimos anos. A esse desencaixe estratégico soma-se também a necessidade da companhia de vender participações para fechar as feridas financeiras abertas pelo “petrolão”.
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Investigação do Cade afeta o sistema nervoso do Cristália
14/04/2015Não há dose de benzodiazepina capaz de aliviar a tensão de Ogari Pacheco, dono do laboratório Cristália. Nos últimos dias, o empresário circula irritadiço pelos corredores da companhia em Itapira (SP). Pacheco parece ter mergulhado num quadro de delírio persecutório: de velhos colaboradores a concorrentes, de autoridades do governo a históricos aliados políticos, culpa a tudo e a todos pelo escândalo que bateu a porta do Cristália, investigado pelo Cade por sua suposta participação em um cartel para a venda de medicamentos em licitações públicas. O empresário enxerga conspiração em tudo a sua volta. Paranoia ou não, seu destempero é compreensível e pode ser traduzido em cinco letras: BNDES. As denúncias contra o Cristália vieram a tona em um momento nevrálgico das tratativas com o banco para a obtenção de um financiamento de R$ 300 milhões, no âmbito do Profarma – programa de apoio a indústria farmacêutica. Pacheco, que já dava os recursos como favas contadas, está vendo o empréstimo evaporar feito éter. Nas últimas semanas, o BNDES deu uma meia trava nas negociações com o laboratório. No banco, já se fala na suspensão de qualquer acordo com o Cristália até que o Cade conclua suas investigações. Procurado pelo RR, o laboratório disse que tomou conhecimento das denúncias pela imprensa e ainda não “recebeu notificação do Cade”. Já o BNDES informou que só se pronuncia sobre “projetos já contratados”. Caso se confirme, a negativa do BNDES representará um duro golpe para Ogari Pacheco. Sem os recursos do banco, boa parte dos mais de 20 projetos em andamento no Cristália para a produção de medicamentos biotecnológicos poderá voltar para o fundo da gaveta. Será uma brusca freada para uma empresa que, nos últimos anos, só fez acelerar. As acusações de formação de cartel e combinação prévia de preços com outros 14 laboratórios batem justamente naquele que foi o grande motor de arranque da companhia: a estreita relação com o setor público. Há cinco anos, o Cristália não faturava sequer R$ 600 milhões. Em 2015, suas receitas devem superar a marca de R$ 1,8 bilhão. Mais de 70% deste valor vêm de contratos com o governo. No mesmo período, aliás, o número de patentes sob registro da empresa pulou de pouco mais de 30 para quase 80 licenças. O Cristália também chama a atenção no setor pelo colar de PPPs com laboratórios e centros de pesquisa estatais, uma parte expressiva fechada durante a gestão de Alexandre Padilha no Ministério da Saúde. A proximidade com o poder ajudou a construir a fortuna e, sobretudo, a fama de Ogari Pacheco. Para o bem e para o mal.
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JSL procura uma vaga no controle da Locamerica
8/04/2015Em tese, o empresário Fernando Simões comanda um dos maiores conglomerados de logística do país desde 2001, quando assumiu a presidência da JSL. Na prática, porém, há apenas três anos suas mãos estão sozinhas no volante. Desde então, que falta lhe faz ter ao lado a experiência e a notória intuição de seu querido pai, Julio Simões, falecido em 2012. Fernando tem penado para avançar no processo de diversificação do grupo, cujos negócios ainda estão demasiadamente concentrados nas áreas de transporte de cargas e de passageiros. A investida na área de concessões rodoviárias sofreu um duro baque com a recente derrota no leilão da Ponte Rio-Niterói – muito provavelmente, Julio Simões teria aconselhado o herdeiro a ser um pouco mais prudente e calibrar melhor a oferta de 21,4% de deságio, bem abaixo dos 36,6% apresentados pela Ecorodovias. Sem novas licitações no horizonte, Fernando aposta suas fichas no segmento de locação de veículos, uma estrada por onde circulam mais de R$ 8 bilhões por ano. Um ano e meio após a compra da Movida, a JSL acelera em direção a um ativo de porte muito maior, a Locamerica, terceira maior empresa do setor no país. Papai Julio Simões diria: “Devagar com o andor que esse mercado é de barro”. Hoje, Fernando Simões enxerga que o negócio de locação de automóveis tem mais sinergia com as empresas de carga e de transportes do grupo do que até mesmo o setor de concessões rodoviárias. A vantagem que mais salta aos olhos é a possibilidade de aquisição conjunta de veículos pesados e carros de passeio, o que aumentará consideravelmente o poder de fogo da JSL na negociação com as grandes montadoras. Controlada pelos empresários Luís Fernando Memoria Porto e Sergio Augusto Guerra de Resende, a Locamerica fatura cerca de R$ 600 milhões. Para efeito de comparação, é praticamente quádruplo da receita da Movida – cerca de R$ 160 milhões no ano passado. Não vai sair barato, diria o “Paipai” Julio Simões, pensando na conjuntura de crédito rarefeito, mercado de capitais semifechado e o BNDES em compasso de espera. Procuradas, a JSL e a Locamerica negaram qualquer negociação. Está feito o registro. Mas, digamos, que um carro encoste no outro e os dois juntos parem na mesma vaga. Uma vez no controle da Locamerica, a JSL se consolidaria como um dos grandes players do setor, credenciando-se, inclusive, a brigar pelo segundo lugar do mercado. Na prática, a vice-liderança corresponde ao topo do ranking entre os “meros mortais”, uma vez que a Localiza é praticamente inalcançável, com mais de R$ 3 bilhões de faturamento. Hoje, o segundo posto do mercado de locação de veículos pertence a Unidas, que teve uma receita de R$ 1 bilhão no ano passado.
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Sob a bênção e a inspiração de Ignácio Rangel
2/04/2015Essa fica na cota de um economista carioca próximo da equipe econômica, mas que mantém discrição em relação a esta intimidade: o governo precisa temperar o ajuste fiscal com um pacote de desmobilização de ativos públicos. A medida tem pelo menos dois bons motivos. O primeiro, mais prosaico, é que a desmobilização ajudaria no alcance da meta fiscal. Com o reforço das verbas decorrentes da alienação patrimonial, o target poderia – quem sabe? – ser superado, glória das glórias. O segundo motivo seria de caráter psicológico. A demonstração de que o governo não está somente disposto a fazer o corte linear de despesas – o chamado corte “burro”, que acaba atingindo mais os investimentos, devido a proteção constitucional de alguns custos e engessamento de outros – seria uma sinalização e tanto. O ajuste fiscal levaria em conta a privatização e a venda de ativos da União. Muito já foi dito sobre essas joias da coroa: ações da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Embrapa, algum percentual da carteira do BNDESPar, direitos minerais, usinas nucleares, investimentos imobiliários. Nos exemplos mais agudos de risco político, seria garantido o controle nacional, quer seja através da manutenção de 51% do capital, quer seja pelo uso da experiência bem-sucedida da golden share. Uma questão que surge é o tempo exíguo para que se monte uma operação dessa magnitude. Sim, o tempo é justo, o que só valorizaria a disposição do governo em fazer um ajuste metade sangrento, metade cicatrizante, com um fortíssimo apelo na formação de expectativas favoráveis. Caberia a Fazenda e ao Planejamento montar forças- tarefas para a precificação e desenho do modelo de alienação dos ativos. Pode ser que não haja mais uma sumidade como José Luiz Bulhões de Pedreira disponível na praça, mas tem muita gente boa que daria conta do desafio. O tal espírito animal seria desperto, os investimentos cresceriam, o ajuste fiscal ocorreria de forma menos áspera, as empresas se beneficiariam de um entrelaçamento maior com o setor privado e Levy sairia consagrado. Há muito de idealização nessa proposta e suas conclusões. Mas o autor garante que ela teria de estar na mesa de discussões do governo. Afinal, novidade é a mercadoria mais escassa da nossa política econômica.
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Para inglês ver
27/03/2015Tirar Thomas Traumann da Secom e colocá-lo na comunicação da Petrobras é mais ou menos como se o governo apeasse Guido Mantega do Ministério da Fazenda e o remanejasse para o BNDES. Se tudo se resume a uma dança das cadeiras, Dilma bem poderia ter mandado Traumann para o lugar de Aloizio Mercadante.
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A morte e a morte do capitalismo de Estado
23/03/2015O quartel-general do Insper, instituição de ensino da ciência econômica, administração e direito, nessa ordem de importância, fica localizado na Rua Quatá, Vila Olímpia, endereço nobre de São Paulo. Nas proximidades, no Ibirapuera, respirase o pouco ar puro que sobrou na cidade. O bucolismo do parque, contudo, não encontra qualquer associação com a usina efervescente de ideias que funciona nos porões do Insper. Naquela casa, o vice-presidente da instituição, Marcos Lisboa, é o maestro de uma sinfonia wagneriana sobre economia aplicada, cuja inspiração é o assassinato do capitalismo de Estado.”Marquinhos”, conforme é chamado na academia e no mercado, já jogou em vários times -pertenceu, por exemplo, aos quadros da FGV e foi secretário de política econômica na gestão de Antônio Palocci na Fazenda. Mas parece ter se encontrado no Insper, sobre os auspícios do ex-banqueiro Claudio Haddad, o menos parlapatão dos economistas conservadores do país. O discreto Haddad foi o quarto mosqueteiro do trio de ouro do Garantia -Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Não aparecia na foto e ganhava muito menos, o que, ainda assim, significava muito. Decidiu tirar o Ibmec do economista Paulo Guedes e depois extraiu o Insper das entranhas do Ibmec, deixando uma marca de ódio entre ambos os acionistas. É ele o grande patrono da nova agenda macro e microeconômica que vem sendo forjada por um batalhão de economistas. “Marquinhos”, seu regente eleito, constituiu uma joint venture informal com a faculdade de economia da PUC-RJ, celeiro do Plano Real, onde hoje se encontram os economistas reflexos do Insper. A agenda, assumidamente liberal, pretende desmontar a estrutura que deu ao PIB brasileiro 60 anos seguidos de crescimento médio em 7%. Será entregue ao futuro mandatário, em 2018 -ou antes, se for o caso. Os economistas do Insper sabem que trabalham sobre um cenário de terra arrasada. Não se trata de caracterizar o ajuste fiscal como uma política liberaloide. Até o professor Celso Furtado, que está sentado a esquerda do deus exdesenvolvimentista, praticou um bruto arrocho com seu Plano Trienal, em idos hiperinflacionários. Mas o estrago que a presidente Dilma Rousseff provocou, com seu esquizofrênico ativismo estatal, não tem paralelo. O sistema de propulsão da economia brasileira sempre foi constituído de uma gigantesca companhia, a Petrobras -com funções de agência de interiorização e desenvolvimento -, um banco de fomento, o BNDES, dois grandes bancos varejistas, com impacto social e poder de mediação no mercado de crédito, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e o Complexo Eletrobras. Construí- lo demorou mais de seis décadas. Destruí-lo, custou só um quinquênio. A dizimação foi tamanha que eliminou os anticorpos contra a conquista pelos grupos de interesse. E os decantados investimentos sociais também serão reduzidos a título de melhoria da qualidade das políticas. O Insper vai fazer a sua agenda; outros farão também, homólogas. É o início apoteótico do ciclo conservador no Brasil, meio que na contramão do mundo. Tá tudo dominado!
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Prumo certo?
23/03/2015A EIG Global também poderia atender pelo nome de Anglo American. É mais uma que se deu mal com a letra X. Ela estaria prestes a realizar um novo aporte na Prumo, ex- LLX. Formalmente, a EIG nega a capitalização. Não custa lembrar que a Prumo tem um passivo de curto prazo de R$ 2,5 bilhões. A EIG garante estar em negociação com Bradesco, Santander e BNDES para alongar o perfil dessa dívida.
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Editora Abril tem candidato para a Petrobras
18/03/2015Dependendo de onde parte a versão, o ex-presidente da Abril Mídia, Fabio Barbosa, foi simplesmente demitido ou saiu com o objetivo de se preparar para o eventual troca troca que se prenuncia na Petrobras e no BNDES. As análises combinatórias são múltiplas. Barbosa, que já foi do Conselho da estatal, poderia ir para o lugar de Aldemir Bendine. Este, por sua vez, assumiria o posto de Luciano Coutinho no banco. Numa outra configuração, o exn º 1 da Abril iria diretamente para o BNDES, em substituição a Coutinho. Só uma hipótese está descartada: Fabio Barbosa voltar para a Abril. Ressalte-se que o próprio Lula gosta muito de Fabio Barbosa, que já esteve cotado para assumir a Fazenda e o BC em diferentes momentos da gestão petista. Por outro lado, não custa lembrar que Barbosa estava ao lado de Giancarlo Civita quando Veja publicou, no fim de semana do segundo turno das eleições, a polêmica capa “Eles sabiam de tudo”. Entre tantas interrogações, há ao menos duas certezas: as mudanças só começarão quando Bendine entregar o fatídico balanço da Petrobras; assim como é garantido que, ainda neste ano, pelo menos uma das duas presidências, a da Petrobras ou do BNDES, terá outro nome. Garantido mesmo? Bem, a esta altura, não há sequer garantia de que a presidente Dilma Rousseff irá concluir seu mandato.
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O mal que Dilma fez Á infraestrutura do país
10/03/2015O governo Dilma Rousseff vai comprometer a infraestrutura do país durante toda a década. Os números levados a Joaquim Levy por um dos seus econometristas prediletos projetam uma taxa média de formação de capital fixo inferior a 17% entre 2014 e 2020, com reflexos para o crescimento dos investimentos depois desta década. Em 2014, ela caiu 22 pontos percentuais, a maior retração em 20 anos, com uma estimativa de recuo para 16,8% do PIB. Não há mais dúvida: Dilma é a “mãe da década perdida” e ré de um crime contra gerações. Sim, porque foi ela própria quem afirmou a exigência de uma taxa de investimento no intervalo entre 22% e 25% do Produto Interno para que o país aumentasse o PIB potencial acima de 4%. Também foi Dilma que se comprometeu com o investimento como eixo central do seu programa de governo. Buscava o crescimento médio de 4% do PIB do segundo governo Lula. A Sra. Rousseff não só deixará o país mirrado como terá cortado as raízes últimas, capazes de gerar a seiva dos novos investimentos. Foram podadas as estatais, que nunca tiveram uma queda tão grande na formação do capital fixo quanto em 2014 – menor apenas do que terão em 2015. E, a julgar pelo processo de desconstrução, os investimentos também despencarão em 2016. Não fosse a fé de tantos, já no início deveria haver desconfiança. A taxa de crescimento média da formação bruta de capital fixo no período2011-2013 foi pífia, de apenas 2,2% do PIB ao ano, inferior tanto ao índice de incremento do consumo do governo (2,4%) quanto ao do consumo das famílias (3,2%) e significativamente menor do que o do investimento bruto nos dois mandatos do governo Lula. Dilma iludiu a todos desde que assumiu a maternidade do PAC. Durante todos aqueles anos, em que ridiculamente montou-se uma sala com sinais verde, amarelo e vermelho para informar sobre a quantas andava o ritmo das obras, as informações foram manipuladas. Jamais o programa esteve em dia. O que mais se verificou foram restos de gastos jogados para o ano seguinte, o que permitiu mais truques fiscais do que avanço da economia real. Neste ano, a madrasta do PAC diminuiu em 23,7% os investimentos no programa, que caíram de R$ 19 bilhões para R$ 15 bilhões. Pode ser pior, pois os principiais agentes da “aceleração do crescimento”, as empreiteiras, as estatais, o BNDES e o setor de máquinas e equipamentos, estão alquebrados. O que compromete mais a Sra. Rousseff, entretanto, é a humilhação que impôs ao país. O corte fiscal vem sendo feito na base de inadimplência contra as empresas. As obras nas ferrovias Norte- Sul e Oeste-Leste, brincos do PAC e decantadas como estratégicas, estão paradas porque os pagamentos foram suspensos. As construtoras não conseguem pagar a folha e demitem, pois nem os bancos aceitam como duplicata os recebíveis de uma prefeitura do interior, e pasmem, do Tesouro Nacional, pois sabem que não ocorrerão pagamentos para as empreiteiras. É a primeira vez, portanto, que o governo não paga sequer para honrar a folha de salário das obras de infraestrutura. Dilma não tem perdão.
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Telegringos colhem lucros e semeiam desemprego
9/03/2015As operadoras de telefonia estrangeiras estão correndo contra o relógio do câmbio e do ajuste fiscal. A ordem é acelerar as remessas de lucro para as respectivas matrizes antes que as circunstâncias devorem parte dos resultados. Como se não bastasse a crescente desvalorização do real, que joga contra as multinacionais no momento da conversão da derrama, preocupantes ruídos chegam de Brasília. Despiste ou não, o governo tem deixado vazar a informação de que estuda criar um imposto sobre royalties e sobre a transferência de lucros ao exterior. Os gringos da telefonia não estão dispostos a pagar para ver e apertam o passo não apenas para antecipar a transfusão de recursos como também para aumentar a última linha de seus balanços. Neste caso, dispõem de um expediente eficaz: aumentar a rentabilidade a custa do sangue dos trabalhadores, com suas costumeiras levas de demissões. O RR teve acesso a informações que corroboram esta prática. Nos últimos dias, a Embratel, uma das controladas de Carlos Slim no Brasil, demitiu cerca de 60 executivos, notadamente gerentes de contas. A porta da rua permanece escancarada: uma nova temporada de cortes está programada para abril. Na Telefônica, o Dia D é 20 de março, quando deverá ser anunciada uma curiosa mudança no alto-comando da companhia. O executivo que comprou, tudo indica, perderá o lugar para aquele que foi “comprado”: sai Paulo Cesar Teixeira, diretor geral do grupo, e entra Amos Genish, fundador e CEO da GVT, recém-adquirida pelos espanhóis. Egresso da antiga Telesp, Teixeira, ao que parece, perdeu a queda de braço com o desafeto Antônio Carlos Valente, diretor-presidente da Telefônica Brasil. Na empresa, no entanto, os olhos estão todos voltados a quem chega e não a quem vai. Segundo uma fonte ligada a companhia, o cartão de visitas de Genish será uma navalha. A operadora também anunciará muito em breve uma fornada de demissões no país. Procurada, a Telefônica disse “desconhecer as informações”. Historicamente, é assim que as operadoras controladas por grupos estrangeiros têm conseguido manter um Ebitda nunca inferior a 20% e, dessa forma, assegurar o caminhão de recursos remetidos a s matrizes. Nesse quesito, a Telefônica é praticamente imbatível: entre 2009 e 2013, enviou cerca de R$ 13 bilhões em dividendos para a Espanha. As empresas de Carlos Slim, por sua vez, não divulgam o montante de lucros expedido ao acionista controlador. Seus resultados sugerem um repasse mais modesto, mas, ainda assim, nada desprezível. No mesmo período, Embratel e Net registraram ganhos, respectivamente, de R$ 3,6 bilhões e R$ 2 bilhões. A conta só não é maior devido a péssima performance da Claro, especialmente nos últimos três anos, quando acumulou mais de R$ 2 bilhões em prejuízos. O artifício de aumentar as margens de lucro graças aos seguidos cortes de custos com pessoal só aumenta a antipatia e a má vontade do governo em relação a s operadoras forasteiras. Mesmo por que, por vias indiretas, estas empresas tornaram- se mestres na expatriação de dinheiro da própria Viúva. Entre 2009 e 2014, o BNDES emprestou cerca de R$ 18 bilhões para as operadoras de telecomunicações, valor equivalente a 20% de todos os investimentos anunciados pelo setor no período. O acesso a juros subsidiados sempre trouxe uma folga a s empresas estrangeiras, mas não aos seus empregados.
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Destino do Comperj estava escrito nas estrelas
25/02/2015Os saudosos ex-ministro e ex-presidente da Unipar, Raphael de Almeida Magalhães, e ex-diretor da Petroquímica União, Paulo Roberto Lemos, sobrinho de Roberto Campos, se bateram como cruzados contra o projeto do Comperj. Escreveram artigos nos jornais, foram ao governo, a Petrobras. Isso quando o Comperj era um projeto pequeno, idealizado por Paulo Cunha para que o Grupo Ultra ficasse com uma fatia de 50% do bolo. Raphael e Lemos defendiam a expansão da Rio Polímeros, polo petroquímico localizado em Duque de Caxias, cujo site permite até a triplicação da sua capacidade. A Braskem, é bom lembrar, tem assento no Comperj e na Rio Polímeros. Os dois paladinos do bom senso petroquímico nem precisaram enxergar tão longe para cravar que o “projetão” era um gigante com pés de barro. O orçamento do Comperj decuplicou desde a planilha original, já meio megalomaníaca, feito por Paulo Cunha. Curioso é que o BNDES é que entrava com uma soma maior de recursos. No futuro, o papagaio seria quase todo cobrado a Petrobras, que o transformou em um projeto político. Hoje, o Comperj encontrase parado, mesmo com 83% das obras concluídas, sem expectativa de retorno e previsão orçamentária indefinida. E o mais triste: com mais de quatro mil funcionários – cota da Petrobras – na rua da amargura. A Braskem sensatamente volta-se para a expansão da Rio Polímeros, muito, mas muito mais simples, faltando apenas um acerto de garantia de matéria- prima com a Petrobras. Se Raphael estivesse entre nós, soltaria aquela irresistível gargalhada zombeteira. Ele e Lemos brindariam ao rearranjo, ainda que tardio. Que falta fazem verdadeiros homens públicos!
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Luciano Coutinho fica, mas não fica no BNDES
24/02/2015A confirmação de Luciano Coutinho na presidência do BNDES é mais uma medida protocolar para manter a autoridade do titular do banco do que uma garantia efetiva da sua permanência. Coutinho quer sair e já comunicou sua decisão a presidenta pelo menos duas vezes. Trata-se, contudo, da mais boa cepa do serviço publico. Atendeu a Dilma e esperará mais um tempo pela liberação. Que ninguém aposte, no entanto, em um prazo superior a um ano ou próximo disso para sua desincompatibilização. O minueto dançado entre Luciano Coutinho e Aldemir Bendine prevê passos mais rápidos. Se nenhum dos dois escorregar e cair no chão antes, Coutinho voltará para casa por volta dos festejos setembrinos. Bendine, por sua vez, iria dar as cartas no BNDES. Afinal, nem Dilma Rousseff acredita que ele tenha perfil para poucos mais de 1.400 dias de gestão da Petrobras, mais ou menos o tempo do seu mandato na Presidência da República. Dilma está convicta de que Bendine tem fragilidades para o exercício do atual cargo, mas é com ele que pode contar neste deserto de pretendentes. Pode não ser o homem certo no lugar certo, mas é o homem possível. Um craque para a presidência da estatal ainda não foi achado; os que foram recusaram. No futuro, o anúncio de um super-executivo pode ajudar na recuperação da imagem da empresa. Ou, quem sabe, Bendine surpreende todas as expectativas. Coutinho, com certeza, é o homem certo no lugar certo, mas já deu sua cota de contribuição a exaustão.
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Concessões rodoviárias trafegam sobre o meio fio
23/02/2015A Operação Lava Jato não está sozinha. Uma conjugação de fatores ameaça jogar para o acostamento as licitações de rodovias realizadas pela ANTT em 2013 e 2014, tão festejadas por Dilma Rousseff. Há um risco real de defecções por parte dos investidores e, no limite, até mesmo de revisão ou cancelamento dos leilões. Os buracos na pista começam pelo funding dos projetos. O BNDES assegurou o financiamento de até 70% dos investimentos obrigatórios previstos no edital. Até agora, no entanto, não há qualquer compromisso contratual firmado entre os concessionários e o banco. Por ora, os consórcios vencedores da licitação receberam do BNDES apenas um term sheet, com as condições previstas para o desembolso dos empréstimos. Ou seja: tudo ainda está somente no campo das boas intenções. E boas intenções não pagam máquinas e equipamentos, fornecedores, cimento, operários etc. Outro fator de risco para a continuidade dos projetos são as draconianas condições impostas nos editais de licitação. Quando as concessões foram levadas a leilão, ainda não havia ?petrolão?, empreiteiras engessadas, dólar a beira dos R$ 3,00, retenção de financiamentos públicos e ameaça de recessão. Tampouco havia a perspectiva de uma disparada no custo do asfalto, produto de preços administrados. No fim do ano passado, mais precisamente entre os dias 24 de novembro e 22 de dezembro, a Petrobras promoveu dois aumentos do insumo, que representaram uma alta acumulada de quase 40%. A realidade, portanto, mudou brutalmente desde o momento em que o governo definiu as regras para os leilões realizados nos últimos dois anos. Naquele momento, em meados de 2013, a exigência de duplicação das rodovias em cinco anos parecia palatável. Na atual conjuntura, tornou-se inexequível. Guardadas as devidas proporções, tal regra está para as concessionárias de rodovias assim como a obrigatoriedade de ter 30% de todos os blocos do pré-sal está para a Petrobras. Trata-se de uma exigência absolutamente despropositada para as circunstâncias, um bode que o governo colocou no meio da estrada e agora será obrigado a retirar sob o risco de assistir a desistência de alguns investidores e, consequentemente, ao cancelamento de concessões já realizadas. O temor maior é com relação aos espécimes de menor porte. Um exemplo é o Consórcio Planalto, que arrematou a licença para operar a rodovia BR-050, entre Goiás e Minas Gerais. Nenhuma das nove empreiteiras que compõem o condomínio de investidores figura entre o primeiro time da construção pesada no Brasil. As concessionárias reivindicam também a adequação das exigências e metas de investimento a s particularidades de cada projeto. Os editais não levam em consideração especificidades e diferenças técnicas entre uma rodovia e outra. O modelo atual é uma peça monocromática, igual para todas as concessões, o que só agrava as distorções de custo. Já está mais do que na hora de o governo ouvir um velho pleito do ex-ministro Delfim Netto, para quem o Brasil deve parar de improvisar nas concessões públicas e recorrer a moderna teoria dos leilões, com seus mecanismos de proteção para impedir que processos como esse naufraguem. Voluntarismo dá nisso: é muito buraco na estrada.
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“Síndrome de Bendine” marca a sucessão no Marfrig
12/02/2015Guardadas as devidas ressalvas e proporções, o Marfrig também tem seu Aldemir Bendine. Recém-escolhido para o cargo de CEO do frigorífico, Martín Secco Arias terá de suar sangue para convencer o mercado de que é o homem certo no lugar certo. A pré-estreia não foi das mais promissoras. No melhor estilo Bendine, a confirmação do seu nome já foi o suficiente para irradiar uma onda de mau humor entre os investidores, acentuar a desconfiança em relação a companhia e jogar para baixo o valor da ação. Nos últimos 20 dias, o papel caiu 12% – no mesmo período, o Ibovespa subiu quase 1,5%. Mas por que tamanha má vontade com o substituto de Sergio Rial, que está deixando a empresa para presidir o Conselho de Administração do Santander no Brasil? Aos olhos dos fundos de private equity e demais minoritários do Marfrig, a indicação de Secco é um forte indício de que o acionista controlador, Marcos Molina, voltará a dar as cartas na gestão da empresa, dizimando o processo de profissionalização implantado nos últimos dois anos e personificado na figura de Rial. É aí que mora o perigo. Para os investidores, Marcos Molina é sinônimo de gestão ineficiente, pouca transparência, erros de estratégia, compra de ativos duvidosos e, sobretudo, aumento do passivo. Este talvez seja o ponto que mais aflige os acionistas do Marfrig. O temor é que a saída de Rial e o retorno de Molina a linha de frente da gestão executiva coloquem em risco a reestruturação da dívida da companhia. É bem verdade que o frigorífico contou com um cafuné do BNDES. O banco adiou de junho desse ano para janeiro de 2017 o vencimento de R$ 2,5 bilhões em debêntures da empresa. Nada que desmereça a gestão de Sergio Rial, reconhecida pelo alongamento do perfil da dívida, fechamento de ativos deficitários, aumento da geração de caixa e cumprimento das metas de receita e rentabilidade. Sergio Rial e Marcos Molina sempre tiveram um relacionamento marcado por altos (poucos) e baixos (muitos). Em dois anos e meio da gestão Rial, foram muitas as divergências, a maioria delas decorrente do apetite do executivo em cortar, cortar e cortar. A percepção é que Martín Secco – que entrou para o grupo há oito anos, quando o frigorífico de sua família no Uruguai, o Tacuarembó, foi adquirido pelo Marfrig – não tem uma carapaça suficientemente dura para resistir a s interferências do empresário. Aliás, os investidores consideram sintomática a decisão anunciada pelo Marfrig de manter o frigorífico de Alegrete aberto por mais um ano – no início de janeiro, a empresa havia anunciado a desativação da unidade. Consta que Rial era o principal defensor do fechamento da operação. Será um sinal de novos tempos no Marfrig?
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Bendine é um rito de transição na Petrobras
9/02/2015Para início de conversa, Aldemir Bendine não veio para ficar. O ex-presidente do BB assume o comando da Petrobras em caráter provisório. Dilma Rousseff estava dividida entre ele e Luciano Coutinho para ocupar temporariamente a direção da estatal. No fim, escolheu o primeiro, dado o entendimento de que Coutinho deverá ficar mais um tempo a frente do BNDES – por sinal, em um segundo movimento, o mais provável é que o próprio Bendine seja deslocado para a presidência do banco. O substituto de Maria das Graças Foster entra em campo ciente de que não é o titular e que Dilma continuará procurando o nome certo. A princípio, o tempo de Bendine será apenas o tempo necessário para varrer as gambiarras contábeis e limpar o balanço da empresa. Sua missão é desacreditar o que já está desacreditado e reverter a lambança feita por Graça Foster ao divulgar, a revelia do próprio governo, um arremedo de demonstrações financeiras. Caberá a Bendine apresentar um novo balanço, com critérios contábeis mais claros e dados que expressem a real situação financeira da Petrobras. Segundo informações filtradas pelo RR junto ao epicentro das decisões, o mais grave dos erros contidos no arrazoado de números apresentado por Graça Foster foi o índice adotado para a revisão do valor contábil dos ativos da estatal. Os escritórios a serviço da Petrobras identificaram 52 ativos que podem ter sido contaminados pelos malfeitos na companhia. Segundo os números divulgados, 21 desses projetos estavam subavaliados e, uma vez redimensionados, devem gerar um lucro de R$ 27 bilhões. Em contrapartida, outros 31 ativos teriam sido superapreciados, gerando um prejuízo de R$ 88 bilhões. Deste encontro de contas, a companhia chegou a baixa potencial de R$ 61 bilhões. O mercado, no entanto, não consegue entender por que a estatal adotou o conceito de Capital Asset Pricing Model, que não leva em consideração eventuais sinergias entre os diferentes projetos e é mais comumente aplicado em processos de venda de ativos – o que, até prova em contrário, não é o caso. O RR ouviu três consultores integrantes do conselho fiscal de grandes estatais. O trio foi unânime em afirmar que a Petrobras deveria ter adotado o conceito do Custo Médio Ponderado de Capital (WAAC, na sigla em inglês). Neste caso, a taxa de desconto sobre o fluxo de caixa seria de 6,5% e não de 12%, como ocorreu. A pedido do RR, os três refizeram as contas e chegaram a mesma conclusão: se a Petrobras tivesse usado o WAAC, o alardeado prejuízo de R$ 61 bilhões se transformaria em um lucro de R$ 46 bilhões. O índice de 12% aplicado pela Petrobras chama mais atenção se comparado aos padrões contábeis da própria estatal. A companhia costuma usar uma taxa média de 6,5% para calcular o nível de depreciação de suas instalações. O número é bem superior também ao custo médio da dívida da empresa em moeda estrangeira, 4,9% ao ano. Não é por acaso, portanto, que os indicadores divulgados por Graça tenham causado tanto assombro no governo. O próprio ministro Joaquim Levy não conseguiu esconder a perplexidade ao ser comunicado dos números. Segundo uma fonte da Fazenda, Levy teria dito a um de seus assessores: “Só se a Graça aplicou uma taxa de desconto com um ‘custo-propina’ que está apenas na cabeça dela”. Bendine terá a missão de decantar a contabilidade da estatal e mostrar ao mercado a Petrobras como ela é. Se cumprir tal missão, quem sabe o “interino” não se transforma em “permanente”?
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O empresário Bernardo Gradin
4/02/2015O empresário Bernardo Gradin, presidente da GranBio, desfilou na Disneylândia de Davos fazendo o maior marketing de si próprio. Buscou estar em todos os lugares onde se encontravam os pesos-pesados da economia, como Luiz Carlos Trabuco, Victor Hallack e Roberto Setubal. Ficava do lado fazendo pose de industrial pós-moderno, reflexivo, mas com direito a caras e bocas. Gradin, para quem não se lembra, é um daqueles que entrou com um pré-projeto na mão e nada na outra para levantar uma grana no BNDES. O objetivo era a produção de etanol a base de palha e bagaço de cana. Até agora, a GranBio tem mais financiamento do BNDES do que fábricas efetivamente funcionando para mostrar.
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Por que não um “Proer das empreiteiras”?
29/01/2015A presidente Dilma Rousseff continua sem entender o tumor que se alastra pelo país. Tratou a ameaça de um carcinoma socioeconômico com uma frase curta, destituída de consequência. A declaração da presidente da República de que as empresas envolvidas no escândalo do “petrolão” devem ser preservadas – e somente as pessoas, punidas – soou como um gesto insignificante diante da dimensão do problema. Não bastasse a Petrobras suspender todos os pagamentos com base na presunção da inidoneidade, o BNDES está fazendo exigências draconianas para a concessão de novos empréstimos. O rastilho de pólvora já margeia o setor bancário. Há projeções de que os dez maiores conglomerados empresariais do país com atuação na construção pesada somam cerca de R$ 130 bilhões em dívidas junto a bancos e ao mercado de capitais. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, registre- se que o patrimônio líquido do Itaú, o maior banco privado nacional, é de R$ 98 bilhões. As quatro principais instituições financeiras do país registraram um lucro em torno de R$ 33 bilhões em 2013. Nos próximos dias, por exigências regulatórias, os bancos terão de começar a fazer o write off e o write down daqueles débitos. Ressalte- se que, se uma determinada companhia entra em default, os passivos de todas as demais controladas do mesmo grupo econômico vencem antecipadamente. Outro dado preocupante: o estoque da dívida desses grupos econômicos no mercado de capitais doméstico gira em torno dos R$ 16 bilhões; no mercado internacional, o valor é de quase R$ 6 bilhões. Soluções? Tem circulado avidamente no setor um paper assinado pelo advogado Mauricio Portugal Ribeiro, especializado na estruturação de contratos de concessões e PPPs. Ribeiro afirma que não basta resolver a irrigação do sistema, com a liberação dos pagamentos represados na Petrobras; é preciso recapitalizar a cadeia de fornecedores da estatal. Nas palavras do RR: é necessário se criar um “Proer das empreiteiras”. Maurício Ribeiro propõe que os bancos públicos estruturem um programa de crédito, eventualmente a taxas de mercado, com uma política de garantias diferenciadas, que permita a s empresas de construção pesada rolarem suas dívidas. Defende também que as cláusulas de vencimento antecipado e de inadimplemento cruzado sejam interpretadas com “extrema parcimônia” pelos bancos, “particularmente o BNDES”. O advogado prega ainda que o governo deve manter os processos e financiamentos referentes aos contratos de concessões e PPPs já assinados. Outro ponto fulcral: diante da dificuldade circunstancial de as empreiteiras apresentarem garantias corporativas, os empréstimos deveriam ser feitos sob o modelo do project finance limited ou non recourse, que dispensa exigências mais pesadas. Todas estas medidas, ressalte-se, teriam de ser enfeixadas em um programa criado no âmbito do BNDES e de outros bancos públicos. Mesmo porque essas iniciativas são inviáveis de serem realizadas por instituições financeiras privadas. No mínimo, as propostas elencadas no paper valem como um receituário do bom senso para o governo. Da mesma forma que está fazendo um ajuste macroeconômico no melhor estilo tucano, Dilma poderia também buscar inspiração em outra bem-sucedida iniciativa do PSDB para criar o “Proer das empreiteiras”.
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A “morte e vida joaquina” da microeconomia
27/01/2015A agenda microeconômica de que o Brasil precisa já deveria ter começado há um século. Em um mundo idealizado, Joaquim Levy faria imediatamente uma convocação cívica ao economista Marcos Lisboa – o tucano José Roberto Mendonça de Barros também é talhado para o cargo, mas seu custo político o inviabiliza. “Marquinhos” tocou uma espécie de gabinete de desatar nós microeconômicos durante a gestão Antônio Palocci, herdando o portfólio de ideias da chamada “agenda perdida”. Foi levado por Palocci, tal qual Levy por Dilma Rousseff, sem lenço nem ideologia, por puro pragmatismo. É bom de ouvir que a agenda micro não dói; já a macro machuca. Por isso tudo, ajuste austero deve ser amaciado com um programa microeconômico. Enquanto o “Darth Vader Levy” está mandando bala, cortando aqui e estripando acolá, esse outro rincão do Ministério da Fazenda, ou quiçá do Planejamento, estaria dedicado a trabalhar para o lado bom da força, lubrificando a engrenagem econômica, sem subsídios financeiros ou incentivos fiscais. A agenda micro desburocratizaria a economia, resgataria o programa draw back verde amarelo, ao mesmo tempo em que reduziria os entraves a s importações consideradas fundamentais para o aumento da produtividade. Livraria a Petrobras da obrigatoriedade de participação da exploração em todos os campos de petróleo. Com base na moderna teoria de leilões, simplificaria as licitações para as concessões, instituiria o project finance pleno, reestruturaria o sistema de financia- mentos do BNDES, compartilhando suas operações com a banca privada, de forma a estimular sua participação em empréstimos de longo prazo. A agenda micro iria além. Criaria um sistema de prestação de contas dos bancos públicos – BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica etc – obrigando a divulgação de argumentos socioeconômicos pelas quais estas instituições decidiram emprestar eou participar do capital de empresas. Agilizaria os licenciamentos ambientais. Levaria para o Palácio do Planalto alguns gabinetes que deveriam ser plenipotenciários, tais como o de regulação das obras e concessões prioritárias. O ex-presidente da Vale Eliezer Batista, em entrevista ao RR publicada na edição nº 4.999, disse que o gabinete da Agência Nacional de aguas (ANA) deveria ser transferido para a própria Presidência da República. Um sapecão de boas notícias permitiria a Joaquim Levy praticar as necessárias perversões sem parecer que a economia está circunscrita somente a cortes e despesas torturantes. O ministro da Fazenda, caso decida caminhar nessa direção, tem um naipe de ouro em suas mãos. Basta ir buscar o bom e velho professor Aloisio Araújo, que veste a camisa 10 nesse assunto, e os professores Ruben Penha Cysne, Roberto Castello Branco e Sergio Werlang, uma turma da FGV, que, em nome da amizade e respeito a Levy, provavelmente aceitaria colocar as mãos na massa. O Brasil só perde mais essa oportunidade para dar uma melhoria na sua produtividade se quiser. Ou se Dilma não deixar.
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Há cura para as enfermidades do Orygen?
19/01/2015Até o momento, o projeto do BNDES de criar um superlaboratório farmacêutico só teve uma serventia: estimular o apetite dos críticos a antiga política dos cavalos vencedores. A exemplo do Bionovis (ver RR edi- ção nº 4.968), o Orygen , também criado nos tubos de ensaio do banco de fomento, não ata nem desata. Dois sócios já se fora – o Libbs e o Cristália; e os que ficaram, Eurofarma e Biolab, não se entendem quanto a construção da fábrica de São Carlos (SP). O próprio BNDES se compromete a financiar quase 80% do empreendimento, orçado em R$ 500 milhões. No entanto, os dois laboratórios ainda discutem em relação a cota que cabe a cada um no restante do orçamento. Ou seja, brigam por uma conta de R$ 100 milhões – uma ninharia se comparado a dimensão do projeto. No BNDES, cresce a percepção de que Biolab e Eurofarma estão arrumando um pretexto para também pular fora do barco. A indefinição e os atrasos na construção da planta de São Carlos trazem um efeito colateral para o Orygen. Mesmo que a fábrica saia do chão, o laboratório corre o risco de perder um de seus primeiros e importantes acordos de parceria. A companhia fechou um contrato com a Pfizer para assumir a produção de cinco biossimilares da farmacêutica norte-americana – Rituximabe, Trastuzumabe, Bevacizumabe, Infliximabe e Adalimumabe. No entanto, a planta de São Carlos terá de entrar em operação até o fim de 2017, caso contrário o acordo será automaticamente rescindido.
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Chico Buarque acertou mais uma
13/01/2015O “petrolão” criou um sistema de privilégio de pagamentos públicos que poderá resultar em uma espécie de corrupção consentida. Como as linhas de financiamento estão suspensas devido a s investigações e a capilaridade desses pagamentos na economia é enorme, ficam todos os agentes na dependência de quem será o beneficiado da vez. O dinheiro só está saindo via BNDES, se o governo acha, lá pelos seus motivos, que determinado projeto é prioritário. Como se sabe que prioritário é uma categoria relativa – e dependendo de quem arbitra, a interpretação pode ser a pior possível – o governo estaria prestes a repetir o critério da realeza divina. L’etat c’est moi. Agora mesmo, Dilma Rousseff mandou liberar créditos aos aeroportos. Os motivos devem ser bons. Afinal, temos as Olimpíadas estourando sobre o Rio de Janeiro em 2016. O fato é que o financiamento não estava programado e, de repente, Dilma levanta seu cetro e ordena quem vai para a frente da fila de pagamentos. Que falta faz um “Ministério do Vai dar Merda”, proposto, certa vez, por Chico Buarque.
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Primeira parcial
12/01/2015Se o secretário-executivo da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, assumir a presidência do BNDES, em vez do votadíssimo Alexandre Abreu, estará escrito o primeiro placar no torneio entre a equipe econômica: Joaquim Levy 1 X 0 Nelson Barbosa.
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A provável confirmação do vice-presidente de varejo do BB
8/01/2015A provável confirmação do vice-presidente de varejo do BB, Alexandre Abreu, para o comando do BNDES representa um downgrade, sem dúvida. Luciano Coutinho tem vida própria e agregou valor a imagem do banco. Para o seu lugar, esperava-se um profissional de igual calibre. O que explicaria a indicação de Abreu é a influência que Nelson Barbosa pretende ter sobre o banco. Este ficará sob a alçada do Ministério do Desenvolvimento por direito, mas, de fato, estará sob o controle do Planejamento. Barbosa quer que o BNDES, na prática, atue com a sigla alterada para “bndeS”, com um big “S” de social. Quer também que esses números tenham uma grande transparência. Abreu é peixe de Barbosa.
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Nelson Barbosa será o peso e o contrapeso de Levy
7/01/2015O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, terá como missão descascar não só os abacaxis herdados do primeiro mandato de Dilma Rousseff, mas também outros novinhos em folha. Seguem nessa fila, sem ordem de importância, o redesenho estratégico e operacional do BNDES, o encerramento das pendências regulatórias na área de infraestrutura, algum avanço no programa das concessões, um choque de realizações nas PPPs, desmobilização de ativos e o desafio de remanejar as raspas e restos do orçamento para aplicações no social. Sim, uma das principais incumbências de Barbosa será manter viva a imagem de um governo voltado a s políticas sociais. Sua função poderia ser definida como a de agente compensatório dos cortes e esterilizações que serão feitas pelo ministro do ajuste Joaquim Levy. Caberá a Barbosa planejar novos programas sociais que permitam fortalecer a percepção de que o governo não mudou de prumo, muito pelo contrário, apesar da nova orientação oficial de austeridade e restrições. Para acompanhar a dinâmica de Levy, Barbosa terá de fazer mais com menos. Uma das ideias que volta a baila é requentar a tese de que maiores incentivos fiscais e creditícios deverão ser acompanhados de comprometimentos sociais, a exemplo de mais postos de trabalho, garantia de permanência no emprego etc. No episódio de anúncio e desanúncio das mudanças na regra do salário mínimo, Barbosa levou a risca a recomendação de cortar um pouquinho, mas manter uma correção líquida no reajuste. O diacho, porém, não foi o conteúdo, mas a forma de comunicação e o timing. Vida que segue. O ministro do Planejamento planeja fazer um mapa do social, através do qual pretende acompanhar e intervir no setor. O ano de 2015 não é um bom calendário para promessas de avanço nas políticas sociais. Barbosa acha que dá para não carregar grandes perdas enquanto se arruma a casa. Sua missão é aliviar o asfixiante garrote de Joaquim Levy. Tudo em sintonia finíssima com Dilma Rousseff.
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PT no fim da fila
7/01/2015Caso se confirme a saída de Luciano Coutinho, Guilherme Lacerda, ex-presidente da Funcef e atual diretor de Infraestrutura Social e Meio Ambiente do BNDES, é o nome preferido do PT para assumir o comando do banco. Mas certamente não é o de Dilma Rousseff, que fique bem claro.
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Brasil e BolÁí‚via espetam duas hidrelétricas em suas fronteiras
2/01/2015Dilma Rousseff e Evo Morales vão finalmente viabilizar a construção de duas hidrelétricas entre o Brasil e a Bolívia, projeto que repousa nas gavetas palacianas (em ambos os lados da fronteira) há cerca de cinco anos. Os dois países vão criar, ainda no primeiro trimestre deste ano, uma comissão bilateral. Caberá a este comitê elaborar o tratado energético que definirá as regras do jogo para a operação e gestão das usinas. O acordo é visto em Brasília como um movimento fundamental para garantir a oferta de energia no país a médio prazo. A capacidade total das duas hidrelétricas será equivalente a algo em torno de um terço de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo, com 12 mil megawatts. O acerto com a Bolívia ainda carrega um componente diplomático: ajudará a reduzir os atritos por conta da construção das usinas de Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira, muito próximas ao país vizinho. O governo de Evo Morales sempre se queixou que não havia qualquer compensação para o impacto ambiental que as duas hidrelétricas terão sobre o território boliviano. A contrapartida, ao que parece, tardou, mas chegou. O controle das duas usinas será dividido fifty to fifty. A comparação com o modelo bipartite adotado para a gestão de Itaipu é inevitável, mas o que o governo brasileiro mais quer é fugir desse benchmarking a s avessas. Até hoje a hidrelétrica é alvo de questionamentos entre o Brasil e o Paraguai, seja no que diz respeito a partilha da energia gerada, seja em relação ao pagamento do passivo ainda referente a construção da usina – os paraguaios devem mais de US$ 18 bilhões. Na tentativa de evitar futuros imbró- glios, a intenção do governo brasileiro é que o contrato das duas hidrelétricas tenha a chancela de uma instituição multilateral reconhecida pelos dois países, como o Mercosul. Da mesma forma que ocorreu em Itaipu Binacional, a Eletrobras participará como sócia pelo lado brasileiro. Parte do financiamento deverá ficar a cargo do BNDES e com bancos de fomento internacionais, como IFC e BID. As duas geradoras vão injetar no sistema elétrico brasileiro mais quatro mil megawatts em até cinco anos. A usina Ribeirão deverá ser erguida em Nova Mamoré (RO), com capacidade para três mil megawatts. Já a Cachoeira Esperança, com 780 megawatts, ficará localizada entre Guajará-Mirim, em Rondô- nia, e Riberalta, na Bolívia.
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Brasil e Japão abençoam união de CSN e Usiminas
9/12/2014A mais esperada consolidação do setor siderúrgico nacional está se tornando uma questão de Estado. Aliás, uma dupla questão de Estado. A fusão entre a CSN e a Usiminas entrou na agenda bilateral dos governos do Brasil e do Japão – que recentemente, aliás, elevaram suas relações ao status de “parceria estratégica global”. Na esteira de uma série de outros investimentos conjuntos, em áreas como infraestrutura e construção naval, o primeiro ministro Shinzo Abe já manifestou seu apoio a associação entre as duas siderúrgicas. A operação é vista pelos japoneses como a melhor forma de salvaguardar os históricos interesses da Nippon Steel no Brasil. Neste caso, Benjamin Steinbruch é o homem certo no lugar certo. O ponto de partida seria a compra pelo empresário da participação da Ternium na Usiminas. Não custa lembrar que Benjamin já tem um pé fincado na siderúrgica mineira, com 14% das ações ordinárias e 20% das preferenciais. A saída dos ítalo-argentinos não apenas significaria o fim da sanguinolenta disputa societária na Usiminas – hoje na fronteira entre o noticiário econômico e o policial – como abriria caminho para a posterior fusão com a CSN. Neste caso, Benjamin e Nippon Steel passariam a controlar um grupo com capacidade de produção anual de 14 milhões de toneladas de aços planos, o equivalente a quase um terço do parque siderúrgico nacional. A rigor, a aproximação entre Benjamin Steinbruch e Nippon Steel poderá resultar não apenas em uma, mas em duas fusões. O acordo entre ambos abriria espaço também para uma combinação entre os ativos de minério de ferro da CSN e da Usiminas. Na prática, esta associação representaria um avanço em relação a reorganização societária da Namisa, em curso neste momento, e a retomada de uma parceria interrompida em 2011. Na ocasião, a Nippon Steel deixou o braço de mineração da CSN, um prenúncio da longa temporada de divergências entre Benjamin e seus sócios que viria nos anos seguintes e somente agora parece estar sendo debelada. Há menos de um mês, a CSN anunciou um acordo com o pool de siderúrgicas e tradings do Japão, Coreia do Sul e Taiwan que detém 40% da Namisa. O retorno da Nippon Steel ao palco daria um gás ao projeto de fusão entre a Namisa e a Casa de Pedra, o grande ativo mineral de Benjamin. O caminho natural seria a posterior associação desta nova empresa com a Usiminas Mineração, subsidiária que congrega as quatro jazidas da empresa mineira. Peneira daqui, peneira dali, esta tríplice associação daria origem a uma companhia com capacidade de produção de 70 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Todos estes movimentos passam pelos gabinetes de Tóquio e de Brasília. Se, do lado japonês, há todo o empenho do governo Shinzo Abe em desatar o imbróglio societário da Usiminas e fortalecer a presença da Nippon Steel no Brasil, do lado brasileiro estas operações poderão selar a reaproximação entre Benjamin Steinbruch e o Planalto. As relações esfriaram consideravelmente depois que o empresário adotou uma postura dúbia e sinuosa durante a campanha eleitoral. Agora, o momento pede pragmatismo, até pela necessidade do governo de reconstruir suas pontes com o empresariado. O apoio do BNDES a Benjamin para a compra da participação da Ternium na Usiminas permitiria a criação de um grande grupo siderúrgico e o fortalecimento do capital nacional no setor.
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Uma conveniente trégua na Sanepar
2/12/2014Depois de um ano de atritos com os acionistas privados da Sanepar, reunidos no consórcio Dominó, o governador reeleito do Paraná, Beto Richa, está disposto a seguir a linha do “Betinho, paz e amor”. O discurso dúbio em relação aos sócios da companhia, feito sob medida para um ano eleitoral, vai ficar no passado. Richa já sinalizou que está disposto a acolher uma série de reivindicações da Dominó, dona de 25% da estatal. A mais emblemática seria a venda de um novo lote de ações da empresa, o equivalente a até 24% do capital ordinário. Diante das circunstâncias, trata-se de uma operação que atenderia aos interesses de lado a lado. Os acionistas privados aumentariam seu poder na gestão da Sanepar; já o governo asseguraria o funding necessário para ampliar a rede de saneamento no estado sem raspar o caixa do Tesouro. O plano de investimentos da Sanepar prevê o desembolso de R$ 2,5 bilhões no biênio 2015/16. Nos quatro anos de mandato de Beto Richa, a conta pode chegar aos R$ 6 bilhões. É bem verdade que Beto Richa nunca foi Roberto Requião, que, em seus anos de governo, alijou os acionistas privados da Sanepar e fez de tudo para apeá-los do negócio. No entanto, o governador paranaense deu algumas estocadas nos investidores reunidos no consórcio Dominó. Em 2013, a renegociação do acordo de acionistas reduziu o poder dos sócios. O enfraquecimento se acentuou em maio deste ano, quando BNDES, Copel, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil deixaram a Dominó.
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Um PAC feito sob medida para as circunstâncias
1/12/2014O governo vai lançar um “Programa de Aceleração do Crescimento meia dose” para estimular os investimentos em 2015. Os PACs I e II prosseguirão sendo tocados, só que com redefinição das prioridades, assim como da velocidade de conclusão entre as obras. São previstas dificuldades burocráticas e de ordem jurídica devido a Operação Lava Jato, além dos cortes orçamentários feitos por Joaquim “Mãos de Tesoura” Levy. Não há da parte do governo a intenção de importar serviços de construção pesada. Essas empresas são competitivas em custo, mas não têm vocação tradable. Parecem uma nuvem de gafanhotos no trigal do câmbio: destroçam o balanço de transações correntes, que já anda dando sinais de enfermidade. As empreiteiras gringas vão chegando, fecham contratos vultosos e remetem montanhas de divisas para seus países de origem. A saída ofertada pelo “PAC meia dose” são obras menores e concessões mais modestas. Os empreendimentos terão menor taxa de ambição, menos complexidade regulatória, projetos de engenharia básica mais simples e inclusão de empreiteiras e firmas de engenharia médias. Estas empresas, em diversos casos, foram excluídas da primeira fase dos PACs devido a escala das obras. Atenção: a Petrobras, com pré-sal e tudo mais, também está inclusa nessa receita de projetos bem menos grandiloquentes. O “PAC meia dose” está sustentado na promessa de que o BNDES, não obstante a previsão de menos recursos para investimentos, será redesenhado para tornar- se basicamente um banco de infraestrutura. Nesse novo modelo, finalmente teria chegado a hora da turma do meio. Projetos menores, menos recursos necessários. As empreiteiras da segunda divisão correm um grande risco porque os estados e municípios estão atrasando os pagamentos. O desafio será buscar a sintonia fina capaz de equilibrar a implementação do “PAC meia dose” com o andamento do que ainda resta a construir dos PACs de Lula II e Dilma I. É bom lembrar que este último foi splitado em um programa de concessões apelidado de “kit felicidade”, que promoveu apenas uma alegria miúda. Talvez seja o caso de se dar um desconto uma vez que o governo era neófito no assunto e foi obrigado a colocar na praça um bloco de dezenas de concessões. O “PAC meia dose” nasce com chance de chegar ao fim no tempo programado, uma conquista ímpar em se tratando de obras públicas. Serão aeroportos regionais, terminais portuários medianos, estradas na medida justa e pequenas centrais hidrelétricas, entre outros projetos do tamanho do senador Romário. Não é o Brasil estonteante que nos venderam. Mas é formação de capital fixo de primeira, na veia, com princípio, meio e fim, e não o gigantismo malhado que teimam em impingir por estas plagas. Um caso em que menos pode muito bem ser mais.
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A candidatura de Josué Gomes da Silva
1/12/2014A candidatura de Josué Gomes da Silva a presidência do BNDES bateu na trave. Motivo: conflito de interesses. A Coteminas tem empréstimos feitos no banco.
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Elegância e decadência na recepção Á equipe econômica
27/11/2014* O novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, será tosquiado no cargo. Barbosa vai tomar conta de toda a política microeconômica do governo. Entre os espinhosos abacaxis estão a retomada do programa de concessões, as reformas tributária e previdenciária e o redesenho do BNDES, incluindo uma elevação da TJLP que vai deixar os empresários sem achar graça nenhuma. Para completar, ele deverá ser o futuro presidente do Conselho da Petrobras. * Joaquim Levy entrará no Ministério da Fazenda com o pé direito caso se confirme o convite a Eduarda La Rocque para assumir a Secretaria do Tesouro. “Duda” é um enclave da PUC-RJ na nova equipe econômica, o que era impensável com Guido Mantega. Mas pode até ser que exista alguma dose de maquiavelismo neste movimento. Seria uma forma de calar as previsíveis críticas de Armínio Fraga, Gustavo Franco e cia. * Saem a PUC-Rio de FHC e a UFRJ de Lula e Dilma I e adentra o gramado a Fundação Getulio Vargas. Joaquim Levy terá toda e mais alguma colaboração da FGV, que está eufórica com a sua indicação. Levy poderá contar particularmente com a luxuosa colaboração do professor Aloisio Araújo, o mais bem equipado economista matemático do Brasil. Araújo, no seu estilo discreto, quase invisível, contribuiu intensamente com o próprio Levy durante o governo Lula I. * Os recorrentes manifestos de protesto escritos por intelectuais de esquerda estão não só perdendo o significado, como parecendo formas vazias de afirmação de personagens que deixaram de ter protagonismo na vida pública. São abaixo-assinados contra medidas que ainda não foram adotadas e cenários econômico-sociais que não ocorreram. Atitudes típicas dos chamados “quinta coluna” ou de quem quer aparecer a qualquer preço.
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Josué Gomes é um nome talhado para o BNDES
25/11/2014Se a saída de Luciano Coutinho, talvez o maior quadro técnico do governo Dilma Rousseff, for mesmo confirmada, um dos nomes cotados para assumir a presidência do BNDES é o de Josué Gomes da Silva. O dono da Coteminas cairia como uma luva no comando do banco de fomento. Josué conhece o setor industrial como poucos. Sua indicação seria mais um movimento de Dilma para fazer a alegria do empresariado, notadamente dos industrialistas, e reconstruir uma ponte que permaneceu interditada durante boa parte do primeiro mandato. Ressalte-se que Luciano Coutinho já havia manifestado sua disposição de deixar o BNDES. Mas, atendendo a um pedido de Dilma Rousseff, prosseguiu no cumprimento da missão, em suas habituais jornadas diárias de até 15 horas de trabalho. A escolha de Josué Gomes da Silva para o cargo atende, em parte, aos reclames da esquerda, que se sentiu órfã com a definição dos novos ministros da área econômica. Apesar de empresário, o filho de José Alencar segue a linha nacional desenvolvimentista, o que já o torna bem-visto na corporação, historicamente filiada a essa corrente de pensamento. Josué esteve, inclusive, cotado para assumir o próprio Ministério do Desenvolvimento, mas foi preterido com a súbita escolha política de Armando Monteiro. Seu nome também chegou a ser mencionado para substituir Graça Foster no comando da Petrobras, um cargo, verdade seja dita, que o deixaria fora da sua zona de conforto. A presidência do BNDES é um figurino que lhe veste sob medida. A não confirmação para o posto representará uma injustiça sob os mais variados aspectos. Josué Gomes da Silva carrega o legado de José Alencar, cuja presença no governo Lula foi fundamental para viabilizar a interlocução com o empresariado. Josué esteve o tempo todo ao lado do ex-presidente, a começar pelas discussões no Instituto da Cidadania. Não apenas esteve cotado para assumir o Ministério da Fazenda ainda no atual mandato de Dilma Rousseff como sinalizou que, se fosse designado, sacrificaria sua candidatura ao Senado. Caso Dilma venha a abrir mão da presença do empresário em seu governo, será também um desperdício político. O herdeiro de José de Alencar contabiliza um valioso ativo: os mais de 3,6 milhões de votos que recebeu para o Senado. Ainda assim, se a presidente da República realmente descartá-lo, haveria outros caminhos para Josué Gomes da Silva – além, é claro, de seguir no comando de seu potentado empresarial. Um deles seria assumir uma super secretaria do Desenvolvimento e Indústria em Minas Gerais – consta que o governador eleito Fernando Pimentel já lhe acenou com o posto. Entre seus congêneres da indústria não falta também quem o estimule a se candidatar a presidência da Fiesp, posto que faria de Josué, de fato e de direito, o principal interlocutor do setor junto ao governo.
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ContourGlobal turbina seus investimentos em energia eólica
27/10/2014De um lado, um dos maiores grupos de energia renovável dos Estados Unidos; do outro, um dos principais investidores nacionais do segmento de usinas eólicas. Estas duas massas de ar estão perto de se unir em algum ponto do Nordeste. A nova-iorquina ContourGlobal negocia a compra de uma participação na Casa dos Ventos, pertencente ao empresário cearense Mario Araripe. Os norte-americanos já teriam apresentado uma oferta por 50% do capital da empresa. Segundo fontes que participam das negociações, a operação pode chegar perto dos R$ 800 milhões. A Casa dos Ventos é dona de uma carteira de projetos da ordem de 15 mil MW em sete estados – Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso do Sul e São Paulo. A ContourGlobal já sinalizou a Mario Araripe a disposição de investir cerca de US$ 4 bilhões na geração de energia limpa no Brasil ao longo dos próximos cinco anos. Parte desses projetos já conta com financiamento do BNDES. Existe ainda a possibilidade de uma associação com a GE, que já é parceria do grupo no fornecimento de turbinas. O mercado brasileiro é fundamental para os planos de expansão da ContourGlobal na América Latina – a empresa tem negócios ainda na Colômbia, Peru e no Caribe. Os norteamericanos já controlam uma usina eólica em Asa Branca (RN) e estão construindo outras duas no Piauí, projetos, aliás, que pertenciam originalmente a própria Casa dos Ventos. Operam também duas hidrelétricas em Goiás, mais precisamente nas cidades de São Domingos e Galheiros. O faturamento mundial da ContourGlobal ainda é relativamente modesto para os padrões do setor: deve ficar perto de US$ 1,5 bilhão neste ano. No entanto, boa parte dos projetos da companhia nos Estados Unidos e na América Latina ainda está em fase de implantação. Uma vez sacramentada, a associação com a ContourGlobal será mais um degrau na escalada de Mario Araripe. Dois movimentos, feitos sem qualquer alarde, garantiram ao empresário cearense seu ingresso no clube do bilhão. Em 2007, a venda da fabricante de jipes Troller para a Ford lhe valeu aproximadamente R$ 900 milhões. A soma que faltava para entrar no seleto grupo veio com folga no ano seguinte, leia-se exatamente os mais de R$ 300 milhões que Araripe já amealhou com suas usinas eólicas no Nordeste.
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IPO da Caixa Econômica entra na agenda de 2015
24/10/2014Guido Mantega já está arrumando os seus pertences, mas vai deixar sobre a mesa, a espera do próximo titular do Ministério da Fazenda, um projeto já devidamente apreciado pela presidente Dilma Rousseff: a abertura de capital da Caixa Econômica Federal. A inspiração da iniciativa vem do BTG Pactual, candidatíssimo a assumir a modelagem da operação. Aliás, o banqueiro André Esteves já tem um pé na Caixa, sua sócia no Pan Americano. Trata-se de um projeto que cabe tanto em um segundo mandato de Dilma Rousseff, que naturalmente ampliará os programas sociais pendurados no banco, quanto em um governo de Aécio Neves, levando-se em consideração o gene privatista dos tucanos – ainda que, a rigor, não seja exatamente este o caso. Independentemente do resultado das urnas, não faltam motivações para o IPO da CEF. O governo precisará de funding para tocar os pesados investimentos em infraestrutura. Para 2015, a estimativa é de que o banco financie quase R$ 40 bilhões em projetos estruturantes. A capitalização da Caixa via mercado contribuiria também no amealhamento de recursos para a redução do passivo para-fiscal produzido pelas operações do Tesouro com o BNDES. Ressalte- se ainda que o custo dos programas sociais bancados pelo banco tende a subir, a medida que o governo avance nessa área. Um exemplo é o “Minha Casa Minha Vida”. Neste ano, os empréstimos no âmbito do programa somarão cerca de R$ 16 bilhões. Para o próximo ano, a conta prevista passa dos R$ 19,3 bilhões. O desafio seria conjuminar as duas “Caixas” que sempre coabitaram sob o mesmo teto – o banco comercial e a agência de fomento social – dentro de um novo ambiente societário, que traria a reboque exigências ainda maiores em relação a governança corporativa. Não chega a ser uma hidra de sete cabeças. O exemplo mora ao lado. Historicamente, salvo um ou outro encontrão mais brusco, o Banco do Brasil sempre conseguiu harmonizar os interesses do acionista majoritário, a União, e dos investidores minoritários. Seu próprio figurino acionário serve de referência para um eventual IPO da CEF. O governo manteve a participação mínima necessária para seguir no mando do BB: 50,73% – ainda que muitos incluam nesta conta os 10% do banco pertencentes a Previ. Em tempo: sob a ótica do mercado de capitais, o que todo investidor cobiça a Caixa tem de sobra, ou seja, lucro. Se quisesse, a CEF poderia até adotar o slogan “O banco social mais rentável do mundo”. Na última década, o retorno sobre o patrimônio marcou uma média anual de 26,1%, com pico de 30,6% em 2008.
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A Gas Natural retomou o projeto
20/10/2014A Gas Natural retomou o projeto de fusão da CEG e da CEG Rio – responsáveis, respectivamente, pela concessão de gás na Região Metropolitana e no interior do estado. Uma peça fundamental desta engrenagem é o BNDES, acionista das duas empresas. A associação seria seguida de um plano de investimentos da ordem de R$ 1 bilhão.
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Aecianas
17/10/2014Surgiu um novo candidato a presidência do Banco Central caso Aécio Neves seja eleito. Trata- se de Pedro Bodin, economista da PUC-Rio, amicíssimo de Armínio Fraga e dono de considerável fortuna construída no mercado financeiro. *** Mais Aécio: desta vez a candidatura é para a Embaixada do Brasil em Washington. O nome não vem do Itamaraty. O provável escolhido é o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Como se sabe, Malan morou por muito tempo na capital norte-americana. *** Industriais, tremei! Na lista Aécio, um dos nomes cogitados para o comando do BNDES é o do economista Armando Castelar, que já pertenceu aos quadros do banco. Castelar já disse ser favorável a cortar pela metade o volume de empréstimos do BNDES. *** A campanha de Aécio Neves cogita enviar uma equipe a Venezuela com a missão de colher imagens para o horário eleitoral. As câmeras tucanas focariam especialmente em bairros pobres. A ideia é atribuída a Andrea Neves. Nem é preciso dizer aonde ela pretende chegar.
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Aécio tem um figurino sob medida para Marina
16/10/2014Armínio Fraga, previamente nomeado para a Fazenda, não será a estrela solitária de um eventual governo de Aécio Neves. Há um lugar especialmente reservado para Marina Silva, um cargo criado a sua imagem e semelhança, mas que, por ora, não pode ser mencionado pela campanha tucana, sob pena de criar um efeito contrário. Marina ocuparia o futuro Ministério do Meio Ambiente e da Reforma Agrária. A nova Pasta permitiria a ex-candidata ser guardiã de suas principais bandeiras: o desenvolvimento sustentável e a divisão de terras improdutivas, temas-chave nas negociações para o apoio a Aécio. Inicialmente, o PSDB cogitou o nome de Marina Silva para as Relações Exteriores. O Itamaraty serviria de plataforma para Marina fazer proselitismo de temas que costumam sensibilizar a comunidade internacional, a começar pela própria agenda da sustentabilidade. No entanto, para Marina, a ida para as Relações Exteriores acabaria por diluir sua presença na cena nacional. Para quem negociou o fim da reeleição como compromisso fundamental para o apoio a candidatura Aécio, ficar encastelada no Itamaraty seria reduzir demasiadamente o espaço para fazer política com vistas a 2018. No caso da Pasta do Meio Ambiente e da Reforma Agrária, a questão é saber quem assumiria esse Frankenstein ministerial. Se for a Marina da última campanha, meno male. Já dá para conviver com agricultores, usineiros, reflorestadores e a comunidade dos transgênicos. Aos poucos, Aécio vai dispondo sobre a mesa os reis e rainhas que lhe farão companhia em seu eventual governo. Antonio Anastasia é dado como favas contadas para a Casa Civil. José Serra teria lugar no Ministério da Saúde – digase de passagem, um posto perto o suficiente para que Aécio pudesse acompanhar cada um de seus passos. Outros nomes cotados são os de José Roberto Mendonça de Barros para a Agricultura e de Pedro Passos, um dos sócios da Natura, no Planejamento – o empresário também é cogitado para o comando do BNDES. Rubem Barbosa, o embaixador dos tucanos, estaria com um pé no Itamaraty. Beto Albuquerque, por sua vez, é o nome talhado para assumir o Ministério dos Transportes. O ex-vice de Marina foi secretário da área no Rio Grande do Sul no governo de Olívio Dutra, integrou a frente parlamentar em defesa do trânsito seguro e participou da Comissão de Viação e Transportes da Câmara. Talvez por isso, tenha sido tão rápido em se engajar na candidatura de Aécio; o TSE ainda contabilizava os votos do primeiro turno e Albuquerque já virava o volante a direita. Entre todos estes nomes, um ponto em comum: caso estejam na Esplanada dos Ministérios em 2015, antes de chegar ao gabinete de Aécio Neves no Palácio do Planalto, provavelmente terão de passar pela sala de Andrea Neves. A “Primeira Irmã da República das Gerais” é pule de dez para o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, cadeira hoje ocupada por Gilberto Carvalho.
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Busscar lança últimas cartadas contra a finitude
15/10/2014Chega a ser comovente a mobilização dos funcionários da Busscar no esforço para salvar a empresa. Empregados da fabricante de carrocerias têm batido a porta dos principais credores -a começar pelos dois maiores, Santander e BNDES -em busca de apoio para a elaboração de um novo plano de recuperação judicial. A situação é dificílima. No início deste mês, a Justiça de Santa Catarina voltou a decretar a falência da Busscar, depois que os próprios credores rejeitaram uma proposta para renegociação das dívidas. O passivo total da companhia é superior a R$ 1,6 bilhão. Qualquer possibilidade de ressurreição da Busscar passa obrigatoriamente pela venda de subsidiárias e ativos. No entanto, o cobertor é curto demais, quase um lenço. Calculase que a negociação do controle da Tecnofibras, fabricante de componentes automotivos de plástico, e da Climabuss, que produz aparelhos de ar condicionado para ônibus, gere, no máximo, R$ 100 milhões. A venda de terrenos e fábricas poderia render outros R$ 250 milhões. Ao todo, daria para quitar apenas um quinto da dívida. Ou seja: em relação ao restante do passivo, os bancos teriam de aceitar um deságio de mãe para filho. Complicado!
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BNDES e GP avançam na desconstrução da Lácteos Brasil
9/10/2014Por que insistir em um negócio que, na prática, já passou desta para pior? Essa é a pergunta que ricocheteia na cabeça dos dirigentes do BNDES, dos gestores da GP Investimentos e do empresário gaúcho Wilson Zanatta, controladores da Lácteos Brasil (LBR). Entre tentar soerguer a companhia e resgatar o projeto de criação do grande grupo brasileiro do setor – uma tarefa com baixa perspectiva de êxito – ou voltar no tempo e desfazer um equívoco estratégico, o trio pende para a segunda opção. Os acionistas da LBR estariam aguardando apenas a conclusão da venda de 14 unidades industriais para dar a partida no processo de desmanche da empresa – ressalte-se bem, ao menos no atual modelo societário. Cabe destacar que tanto a GP quanto o BNDES fizeram o write off do investimento – o banco de fomento, por exemplo, lançou em balanço perdas de R$ 657 milhões. Ou seja: do ponto de vista contábil, ambos já viraram a página da LBR, aproximando a mão da maçaneta da porta de saída. Ainda assim, não é fácil girá-la. O que está em pauta não é a extinção da LBR, mas, digamos assim, sua adequação a uma nova realidade. Com o fim do modelo tripartite e a venda de ativos, a tão decantada “maior fabricante de laticínios do Brasil” sairia de cena para dar lugar a uma empresa bem mais modesta. É o que as circunstâncias permitem a uma companhia em recuperação judicial, a s voltas com uma dívida de R$ 1 bilhão, perda de faturamento, dificuldades para obter financiamento e, acima de tudo, esmigalhada pelo descrédito de seus dois principais acionistas. Recentemente, o próprio chefe do departamento de agroindústria do BNDES, Jaldir Lima, chegou a declarar textualmente que o aporte na LBR foi uma “falha de diagnóstico” do banco. Imaginem, então, o que os executivos e investidores da GP devem pensar sobre o assunto. A questão fulcral é amarrar um novo formato que contemple os interesses dos credores e do próprio Wilson Zanatta, homem do ramo e candidato mais do que natural a ficar com os ativos remanescentes da companhia. A venda das 14 fábricas – a maioria para a francesa Lactalis – deverá gerar algo em torno de R$ 530 milhões. Essa cifra cobrirá o pagamento de boa parte do passivo. O acordo firmado com os credores contempla um significativo deságio da dívida – no caso dos empréstimos bancários, os descontos chegam a 80%. A partir daí, caberia a Zanatta recomeçar, se não do zero, a partir das sete fábricas remanescentes. Certamente terá sobre a mesa uma operação menor do que a Laticínio Bom Gosto, companhia que ele fundou e, misturada aos ativos da GP, deu origem a LBR. Mas Zanatta prefere nem se lembrar disso.
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Marfrig monta um abatedouro de gente no Rio Grande do Sul
7/10/2014Se Tarso Genro permanecer no Palácio Piratini, Marcos Molina, dono da Marfrig, já pode ir se preparando para quatro anos a pão e água no Rio Grande do Sul. Afinal, por que Genro teria boa vontade com o empresário diante dos problemas que ele tem lhe causado na reta final de campanha? A poucos dias das eleições, há um alvoroço entre as principais lideranças sindicais gaúchas. Elas trabalham com a informação de que a Marfrig prepara uma temporada de demissões no estado. Os cortes atingiriam notadamente as unidades de abate bovino de São Gabriel, Bagé e Alegrete. De acordo com informações encaminhadas pelos próprios sindicatos ao governo gaúcho, a carnificina pode chegar a mil demissões nas três cidades. Procurada pelo RR, a Marfrig não confirmou os cortes. Mas declarou que “tem mantido discussões com entidades e órgãos da administração pública no intuito de buscar alternativas que possam ajustar as condições mercadológicas enfrentadas no Rio Grande do Sul”. Nem é necessário Google Translate: vem demissão por aí. O caso mais grave é o da unidade de Alegrete. No início de agosto, a Marfrig anunciou a interrupção das atividades na planta de bovinos, onde trabalham quase 700 funcionários. Pressionada por autoridades locais e pelo próprio governo do estado, a empresa voltou atrás e se comprometeu a não fazer demissões na unidade. Só não disse até quando. Para os sindicalistas, a Marfrig apenas ganhou tempo. Eles estão convictos de que a guilhotina será acionada logo após as eleições e, desta vez, ainda mais afiada, estendendo- se a s cidades de São Gabriel e Bagé. Segundo o RR apurou, a companhia já teria, inclusive, um plano para aumentar os abates de bovinos em suas unidades no Centro-Oeste, como forma de compensar a redução das operações no Rio Grande do Sul. A questão dói na espinha dorsal da campanha de Tarso Genro. Seu principal adversário, José Ivo Sartori, vencedor do primeiro turno, tem batido firme contra as demissões na indústria gaúcha. No caso do Marfrig, a situação é ainda mais delicada para o governista Tarso Genro. A empresa, como se sabe, foi amplamente anabolizada por recursos públicos e só chegou aonde chegou graças ao apoio do BNDES – ainda hoje seu segundo maior acionista, com 19%. Pelo jeito, nem o cenário político é capaz de sensibilizar Marcos Molina. A Marfrig, ao que parece, decidiu empurrar para os funcionários a conta de seus seguidos equívocos estratégicos. Afinal, se a carne é fraca, a dos trabalhadores é muito mais. É bem verdade que a companhia vem reduzindo consideravelmente seus prejuízos em relação aos últimos dois anos. Mesmo assim, o buraco ainda é grande. No primeiro semestre, as perdas somaram R$ 150 milhões. A empresa caminha para fechar mais um ano no vermelho. Os prejuízos acumulados desde 2011 beiram os R$ 2 bilhões.
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AES negocia compra da Brasiliana em fatias
2/10/2014A AES está lançando mão de uma nova estratégia na tentativa de desatar o nó societário da Brasiliana. Os norte-americanos, que dividem o controle da companhia com o BNDES, negociam com o banco a compra da AES Tietê. Terceira maior geradora privada do país, a empresa é um dos ativos pendurados na Brasiliana. A operação se daria em dois atos: primeiro, haveria a separação entre a AES Tietê e a holding; após o spin off, o grupo norteamericano incorporaria os 50% do capital pertencentes ao banco de fomento. Tomando-se como base a cotação da geradora em Bolsa – sem considerar um eventual prêmio de controle -, a participação do BNDES está avaliada em mais de R$ 3 bilhões. *** O andamento das negociações entre AES e BNDES – como quase tudo no país neste momento – depende dos resultados das urnas. O governo Dilma Rousseff sempre se mostrou favorável a descostura da sociedade, criada em 2000, no segundo mandato de FHC. Se este fio ainda não foi puxado, isso se deve fundamentalmente a postura errática da AES. Ora, os norte-americanos sinalizam o desejo de deixar a companhia – e, até mesmo, sair do país; ora, demonstram interesse em ficar com a participação do BNDES. No momento, ao que tudo indica, prevalece a segunda porção. A AES entende que o fatiamento da Brasiliana, com a consequente negociação caso a caso de cada um dos ativos, pode viabilizar o descruzamento societário com o BNDES. Provavelmente, a última e mais complexa operação seria a transferência da Eletropaulo, a joia da coroa da holding, com seus 20 milhões de consumidores e faturamento anual próximo dos R$ 10 bilhões.
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Bionovis renega seus próprios princípios ativos
30/09/2014Nem superlaboratório e muito menos nacional. Os dois princípios ativos da Bionovis, empresa de biotecnologia gerada nos tubos de ensaio do BNDES, estão se dispersando. Dois anos e meio após sua criação, a companhia controlada pelo quarteto Hypermarcas, EMS, Aché e União Química está longe de uma performance que justifique o prefixo “super”. Os testes e estudos clínicos de seus dois primeiros medicamentos, o Etanercept e o Rituxamabe, estão atrasados. O mesmo se aplica a construção do laboratório de pesquisa e desenvolvimento e da primeira fábrica. Somente em julho deste ano, o Bionovis anunciou o local dos dois empreendimentos, que ficarão no Rio Janeiro. Pôs na prateleira duas embalagens com data de validade vencida: pelo cronograma original, esta definição deveria ter ocorrido até o fim de 2012. Diante das circunstâncias, os acionistas da companhia já não fazem qualquer questão de que a farmacêutica mantenha o selo “100% nacional”. Hypermarcas, EMS, Aché e União Química entendem que a entrada de um sócio estrangeiro é fundamental para capitalizar a empresa, agregar tecnologia e acelerar o desenvolvimento de produtos. Neste caso, todas as bulas apontam para um remédio praticamente caseiro: a Merck. Oficialmente, a Bionovis nega a operação. Mas não custa lembrar que os dois laboratórios já mantêm uma parceria voltada a produção e comercialização de medicamentos biológicos para câncer, esclerose múltipla e artrite reumatoide. Mais do que o aporte necessário para a construção da fábrica, a associação com o Merck permitiria ao Bionovis um salto na área de pesquisa e desenvolvimento. Certamente, Hypermarcas, EMS, Aché e União Química já estão tratando de buscar as bênçãos do BNDES para a operação, se é que já não o fizeram. Embora não tenha ficado com uma participação direta no capital, o banco está indissociavelmente ligado ao Bionovis. Além de “pai da criança”, é potencial financiador dos projetos da empresa, a começar pela construção da fábrica no Rio, orçada em R$ 250 milhões. A área técnica do BNDES está dividida diante da proposta de entrada de um forasteiro na Bionovis. Natural, uma vez que a presença de um sócio estrangeiro contraria a premissa do controle nacional, que pautou a criação da empresa. Ainda assim, segundo o RR apurou, dentro do banco a corrente pró-associação com a Merck leva ligeira vantagem. Os sócios da Bionovis agradecem. O temor do quarteto é que a empresa repita a saga do outro “superlaboratório” criado sob os auspícios do BNDES, o Oyrgin. Dos quatro sócios originais, apenas dois permanecem no projeto: Biolab e Eurofarma.
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Voto de Rubens Ometto vale cada gota de combustível
26/09/2014Os planos de Rubens Ometto na área de bioenergia não cabem entre as quatro paredes da Novvi, a joint venture recém-formada entre a Cosan e a Amyris. O firme propósito do empresário de se tornar o maior produtor de diesel a base de cana de açúcar do mundo exige um passo além: o ingresso no capital do próprio grupo norte-americano. Ometto articula a compra de até 50% da Amyris, controlada pela francesa Total e por fundos de investimento dos Estados Unidos. Este movimento lhe daria acesso direto, sem intermediários, a tecnologia desenvolvida pelos norte-americanos. Ometto passaria também a ter ingerência sobre a própria fábrica da Amyris na cidade de Brotas, no interior de São Paulo. Hoje, a capacidade instalada é de 50 milhões de litros de diesel de cana por ano. Embora a unidade jamais tenha atingido tal volume, Ometto acha que é pouco. Ele trabalha com projeções de que há demanda reprimida, tanto no mercado interno quanto no exterior, para o dobro desta produção – patamar que exigiria um investimento de R$ 1 bilhão. Impossível dissociar os planos de Rubens Ometto de seus recentes movimentos políticos, leia-se o duro rompimento com Dilma Rousseff e o posterior embarque na campanha de Marina Silva. Segundo fontes próximas ao empresário, Ometto já apresentou seus planos a Marina. Quem presenciou a conversa garante que ela demonstrou bastante empatia pelo projeto. Além de biodiesel, o empresário anunciou também o interesse de usar a Novvi e a Amyris para a produção de lubrificantes a base de cana. Um eventual governo Marina Silva criaria uma ambiência propícia para a produção em larga escala de diesel e outros bioderivados de cana de açúcar. Com o apoio de Marina, o que hoje é um projeto com um único dono poderia ganhar status oficial, tornando-se um programa de governo com o nobre propósito de soerguer a indústria sucroalcooleira. Tudo devidamente acompanhado dos incentivos oficiais de praxe. Nada muito diferente do modus operandi que transformou a Cosan num dos maiores grupos de energia do país. Hoje, por exemplo, a companhia tem cerca de R$ 1,2 bilhão em empréstimos abertos com o BNDES. A julgar pela ira que Ometto passou a destilar contra o governo Dilma Rousseff, foi pouco.
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Energia eólica
16/09/2014Maior fabricante de equipamentos para usinas eólicas do mundo, a dinamarquesa Vestas soprou para o BNDES a intenção de construir mais uma planta no Brasil. Agora, aguarda que os bons ventos da Avenida Chile tragam um financiamento para o projeto.
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Gas Natural
12/09/2014A Gas Natural, dona da CEG, já disparou o torpedo: quer comprar parte das ações do BNDES na empresa. O banco tem 35% do capital.
Acervo RR
Gas Natural
12/09/2014A Gas Natural, dona da CEG, já disparou o torpedo: quer comprar parte das ações do BNDES na empresa. O banco tem 35% do capital.
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Azul é a cor mais cruel para a Embraer
3/09/2014O executivo que multiplicou os resultados da Embraer e abriu novas fronteiras, entre elas o cobiçado mercado chinês, ou o dirigente que comandava a empresa em uma de suas mais humilhantes derrotas comerciais? A julgar pelas circunstâncias, a gestão de Frederico Curado será lembrada pela bipolaridade de seus feitos. A companhia está prestes a sofrer um duríssimo golpe – pessoalmente, talvez o maior dos fracassos de Curado em seus quase oito anos a frente da presidência. A Bombardier deverá anunciar em breve um acordo com a Azul para a venda de seu jato CSeries, com capacidade para 120 passageiros. De acordo com fontes que acompanham as negociações, a operação envolve o fornecimento de até 20 aeronaves – o contrato pode passar de US$ 1,5 bilhão. Segundo o RR apurou, os canadenses já colocaram sobre a mesa garantias firmes de financiamento. Mas não são apenas as vantagens financeiras que giram esta turbina. Avião por avião, o da Bombardier é muito mais completo e com uma tecnologia mais moderna do que a aeronave montada pela Embraer. Palavra de um técnico da própria Azul. Por si só, a abertura de um canal de comunicação entre a Bombardier e a Azul já revela uma falha grave no aparato de defesa institucional da Embraer. Desde a sua fundação, a companhia de David Neeleman é praticamente um território cativo da fabricante brasileira, jamais ameaçado por seus maiores concorrentes. Das 144 aeronaves usadas pela Azul, 82 delas, exatamente as de maior porte, saíram de São José dos Campos – o restante da frota é composto por turboélices produzidos pela franco-italiana ATR. Consta que a alta direção da Embraer tomou conhecimento das primeiras tratativas entre a Bombardier e a companhia aérea no início do ano. Talvez tenha subestimado o perigo; talvez tenha sido induzida pela própria Azul a fazê-lo, ao receber a sinalização de que a empresa não faria novas encomendas neste ano. De qualquer forma, a ordem das parcelas não altera o resultado final. A Embraer está perto de ter seu espaço aéreo invadido pela maior rival. Nas últimas semanas, Curado teria batido a porta de sempre: o BNDES. Com o apoio do banco, a Embraer poderia oferecer a Azul um vantajoso acordo para a venda de aeronaves E-195, que concorrem na mesma faixa do CSeries. Oficialmente, o BNDES afirmou que “só comenta operações já aprovadas”. Também procurada, a Embraer negou que tenha procurado o banco para tratar do assunto. Está feito o registro. Digamos, então, que os contatos ainda estivessem por ser feitos. Neste caso, Curado acabaria jogando no colo de um acionista da Embraer uma questão comercial que ele próprio e os demais dirigentes da companhia não teriam sido capazes de resolver. Cutucaria um vespeiro justo no momento em que a abelha rainha está mais abespinhada. O momento político reduz consideravelmente a margem de manobra do banco. Além disso, no próprio BNDES, há um crescente questionamento ao peso da Embraer na carteira de crédito da instituição. Não obstante a importância da fabricante de aeronaves para a própria balança comercial, a área técnica do banco considera que o nível de exposição a companhia já está exageradamente alto. Atualmente, a empresa soma 40% de todo o volume de empréstimos do BNDES vinculados a contratos de exportação. O imbróglio da Azul só alimentou as discussões sobre a dependência da Embraer em relação ao banco.
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Os de sempre
3/09/2014Além do BNDES, Previ e Petros também vão marcar presença no leilão das usinas do Tapajós, previsto para 2015.
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A Galvão Engenharia
29/08/2014A Galvão Engenharia está negociando com o BNDES um financiamento para cumprir o plano de investimentos da BR- 153. A conta passa dos R$ 3 bilhões. Procurado, o banco confirmou que o pedido de empréstimo se encontra em fase de enquadramento.
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Soja da Vanguarda Agro cresce sobre campos minados
13/08/2014Dois anos. Esse foi o período que durou o cessar-fogo societário na Vanguarda Agro. Após uma trégua calculada ao longo do processo de reestruturação, o fundador da companhia, Otaviano Pivetta, está de volta ao front com munição redobrada. Se, em 2012, o fuzilado foi o investidor espanhol Enrique Baa±uelos, obrigado a vender sua participação após atritos com o empresário, o alvo agora é Helio Seibel, dono de 12,6% do capital ordinário. Pivetta estaria articulando a compra das ações da Vanguarda em poder do Gávea Investimentos e da Pollux Capital, que, juntos, detêm cerca de 19%. Trata-se de um tiro em ricochete: o empresário mira nos fundos de investimentos para acertar Seibel. Com a dupla aquisição, Pivetta saltaria dos atuais 16% para mais de 30% do capital votante, tornando-se disparadamente o maior acionista individual da empresa. Nesta posição privilegiada, teria maiores chances de compor com os minoritários, isolar seu antagonista na administração da Vanguarda Agro e, no que seria o grand finale, forçar sua saída da companhia ? um script que guarda semelhanças com o processo que culminou no expurgo de Enrique Baa±uelos. Este é um duelo de alto calibre. Um dos maiores produtores rurais do Centro- Oeste e prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), onde brota soja até no asfalto, Otaviano Pivetta quer recuperar o espaço que perdeu na Vanguarda Agro após a abertura de capital da empresa. Tem do outro lado um adversário de respeito: Helio Seibel é um dos maiores acionistas da Duratex, ao lado dos Setúbal, e sócio da francesa Leroy Merlin no Brasil. A rigor, Pivetta não enfrenta apenas um, mas dois Seibel. Na Vanguarda Agro, Helio tem a seu lado o irmão, Salo. Juntos, os Seibel Bros. controlam 20,5% da empresa produtora de grãos. Salo, inclusive, é o presidente do Conselho de Administração da empresa. O duelo societário, não por acaso, se dá em um momento decisivo para a Vanguarda Agro. A companhia está a s voltas com um de seus maiores projetos de expansão, que prevê a criação de um braço de investimento em propriedades rurais – ver RR edição nº 4.872. Este movimento combina, a um só tempo, diversificação estratégica e reforço do core business. Ao ter suas próprias terras, a empresa espera duplicar sua área plantada, hoje em torno de 300 mil hectares. Parte dos recursos para a empreitada deverá vir de financiamentos do Banco do Brasil e do BNDES. O pedetista Otaviano Pivetta tem ótimo trânsito no governo federal. Aliás, na companhia, chegou-se a cogitar a possibilidade de aumento de capital para bancar a criação da nova subsidiária. No entanto, entre os acionistas, a sensação é que o real objetivo de Pivetta seria aproveitar a capitalização para diluir a participação dos minoritários.
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Circula no BNDES
11/08/2014Circula no BNDES a informação de que a Braxcel, leia-se o grupo GMR, deverá cancelar a construção de uma fábrica de celulose no Tocantins. Procurada, a empresa nega a suspensão. O projeto, de R$ 5 bilhões, já foi adiado duas vezes.
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Kepler Weber
7/08/2014O BNDES e a Kepler Weber acertaram os ponteiros. Ao converter em ações os bônus emitidos pela companhia em 2007, o banco passará a ter aproximadamente 15% do capital da fabricante de silos. Ficará atrás apenas da Previ, dona de 17,5% das ações ordinárias.
Acervo RR
Kepler Weber
7/08/2014O BNDES e a Kepler Weber acertaram os ponteiros. Ao converter em ações os bônus emitidos pela companhia em 2007, o banco passará a ter aproximadamente 15% do capital da fabricante de silos. Ficará atrás apenas da Previ, dona de 17,5% das ações ordinárias.
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Briga de sangue
7/08/2014O leilão da hidrelétrica de Tapajós deverá ter uma disputa Eletrobras vs. Eletrobras. De um lado, a holding de braços dados com NeoEnergia e Cemig; do outro, Furnas, que está prestes a fechar uma parceria com a chinesa Three Gorges. Ah, sim, e no meio o BNDES, a esperar que o martelo seja batido para selar o financiamento ao consórcio vencedor.
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Cama de casal
4/08/2014O Banco da Amazônia sempre quis ter um braço de participações; o Banco do Nordeste, também. Pois agora, as duas instituições discutem a criação conjunta de uma espécie de “BNDESPar dos pobres”.
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Trilhos da RZD levam ao BNDES e ao InfraBrasil
1/08/2014A recém-anunciada parceria com a brasileira Progen é apenas uma ferrovia vicinal. A chegada da RZD ao país passa por trilhos de bitola muito mais larga. O grupo russo está em negociações avançadas com o BNDES e o InfraBrasil – que reúne Previ, Petros e Funcef, entre outros fundos de previdência privada. O trio articula a formação de um consórcio com altíssimo poder de fogo para disputar a concessão da linha entre Lucas do Rio Verde (MT) e Uruaçu (GO). Para muitos, trata-se da licitação mais importante em curso no setor. Com investimento previsto de quase R$ 2,5 bilhões, este será um dos principais trechos da futura Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) – projeto orçado em R$ 6,5 bilhões. Este emaranhado de mais de 4,4 mil quilômetros de trilhos, que cortará 52 municípios do Centro- Oeste, será fundamental para reduzir o tempo e os custos de escoamento da produção agrícola na região. Um dos maiores operadores mundiais do setor, a RZD administra mais de 90 mil quilômetros de ferrovias. Seu desembarque no país se dá no âmbito dos múltiplos acordos bilaterais assinados entre os governos do Brasil e da Rússia, que vão desde o setor de infraestrutura até a área de energia nuclear – ver RR edição nº 4.916. O grupo deverá trazer a reboque o apoio de um pool de bancos conterrâneos, a começar pela agência de fomento Vnesheconombank. Paralelamente a s licitações de novos trechos, os russos têm interesse também em concessões que foram devolvidas pelos operadores privados e serão novamente levadas a leilão pela ANTT. Estes projetos passam também pelas negociações com o BNDES e o InfraBrasil. No caso do banco de fomento, sua participação deverá se dar com um duplo figurino: acionista minoritário do consórcio e financiador da construção da linha ferroviária. Para o governo brasileiro, o apoio ao grupo russo vale cada centavo. A expectativa é que a presença de um candidato do porte da RZD no leilão da linha Rio-Verde – Uruaçu abra o apetite dos investidores e aumente a disputa pela concessão.
Acervo RR
Klabin
28/07/2014Mais de 80% dos US$ 500 milhões que a Klabin acaba de captar com a emissão de bônus no mercado internacional já têm destino certo: o financiamento da futura fábrica de celulose de Ortigueira (PR). Na verdade, estes recursos serão apenas a gorjeta. Caberá ao BNDES bancar quase 80% do orçamento, da ordem de R$ 4 bilhões.
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Klabin
28/07/2014Mais de 80% dos US$ 500 milhões que a Klabin acaba de captar com a emissão de bônus no mercado internacional já têm destino certo: o financiamento da futura fábrica de celulose de Ortigueira (PR). Na verdade, estes recursos serão apenas a gorjeta. Caberá ao BNDES bancar quase 80% do orçamento, da ordem de R$ 4 bilhões.
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Construtoras chinesas querem invadir o Brasil
11/07/2014A possível parceria entre Brasil e China no transporte ferroviário é apenas o espelho d’água. As negociações entre os dois países devem atingir camadas bem mais profundas. Os chineses estão dispostos a financiar um amplo pacote de obras em infraestrutura no país. Os valores sobre a mesa são superlativos: giram em torno dos US$ 30 bilhões. Além da logística ferroviária, o acordo envolveria investimentos em concessões públicas nos mais diversos segmentos – rodovias, portos, terminais aeroportuários, geração e transmissão de energia etc. No entanto, as contrapartidas são draconianas. O financiamento seria condicionado ao desembarque de uma tropa de construtoras chinesas, que ficariam responsáveis por alguns dos maiores projetos de infraestrutura do país. Os efeitos colaterais são ainda mais graves. Estas empresas trariam a reboque um grande aparato de ocupação, com a vinda de fornecedores e, sobretudo, de mão de obra. Milhares de operários chineses invadiriam os canteiros de obras, deslocando a força de trabalho local. As negociações se desenrolam desde o início do ano e vêm sendo conduzidas pelo próprio Planalto. Muito provavelmente, o assunto entrará na pauta do encontro entre Dilma Rousseff e o presidente da China, Xi Jinping, previsto para a próxima semana em Brasília. A possibilidade de um acordo, como não poderia deixar de ser, é motivo de grande preocupação entre as construtoras nacionais. O temor mais do que natural é que se repita o fenômeno já observado em outros países da América Latina e na africa, notadamente Angola, onde a sino-ofensiva praticamente esmagou a indústria de construção pesada local. Para onde quer que se movam, as construtoras chinesas levam consigo uma brutal capacidade de financiamento de bancos e agências de fomento estatais, que lhes permite praticar uma agressiva política de dumping. O Planalto não tem o menor interesse de que o assunto se torne público antes das eleições – na área de comunicação do Palácio existe uma forte preocupação em evitar o vazamento de valores, condições e termos de um eventual acordo. O assunto é extremamente delicado. Ninguém discute a necessidade de atração de investimentos para a área de infraestrutura, uma fatura que não cabe mais no caixa do BNDES. No entanto, até que ponto o governo está disposto a pagar o alto preço cobrado por uma eventual parceria com os asiáticos? As empresas brasileiras de construção pesada ocupam uma posição singular na institucionalidade nacional. Participam praticamente de toda a estrutura de investimentos em capital fixo – estão nas áreas de energia, telecomunicações e concessões em transporte, entre outros. Fragilizar esse papel é dar um tiro na capacidade de inclusão da mão de obra local. Até porque a história mostra que empresas chinesas são useiras e vezeiras em desembarcar nos lugares com uma multidão de operários, ir embora e não levá-los de volta. Recentemente, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou documento elaborado pela LCA Consultores explicitando sua preocupação com a invasão de construtoras chinesas no país. Não custa lembrar que já há precedentes, exemplos que mostram ser factível a entrada no Brasil de um grande número de operários vindos da China. Foi o caso da construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico, feita por empresas de engenharia chinesas com a contrapartida do envio de dois mil trabalhadores.
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Trem pagador
2/07/2014O governo promete usar de tudo que é alavanca financeira para desemperrar a licitação da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico). Além da garantia de financiamento do BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica, há uma articulação para que o FI-FGTS entre no equity do consórcio vencedor do leilão. O fundo administrado pela própria Caixa deverá ter algo entre 10% e 15% do capital.
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Alta voltagem
30/06/2014A CEB articula com o BNDES um novo financiamento. O banco tem sido uma espécie de exército da salvação para a distribuidora de energia. Nos últimos quatro anos, os empréstimos somados beiram R$ 2 bilhões. A CEB vem de um ano difícil: por conta das mudanças na política tarifária, teve um prejuízo de R$ 73 milhões em 2013.
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BTG Pactual puxa a fila na porta de saída da Sete Brasil
26/06/2014O pedido de registro de companhia aberta encaminhado recentemente pela Sete Brasil a CVM é apenas o espelho d’água. As mudanças em curso na fabricante de plataformas vão atingir o pré-sal da estrutura societária da empresa. A oferta de ações em Bolsa servirá como porta de saída para um grupo de investidores que compõem o núcleo duro do capital da companhia. O BTG Pactual e os fundos EIG Global Energy Partners, a Luce Drilling e a Lakeshore Partners pretendem usar o IPO para reduzir consideravelmente ou até mesmo vender toda a sua participação. O quarteto detém mais de 40% da FIP Sondas, por sua vez, dona de 95% da Sete Brasil. Caso a saída do BTG e dos private equities se confirme, o controle da Sete Brasil passará a ser dividido por Previ, Petros, Funcef, Valia, além, é claro, da Petrobras – maior cliente da fabricante de sondas, a estatal mantém uma participação estratégica no negócio, da ordem de 5%. Ressalte-se que as mudanças societárias refletem o azeitamento nas relações entre os private equities/fundos de pensão e a própria Petrobras. A coabitação entre os acionistas da Sete Brasil teve momentos de turbulência devido a percalços financeiros da companhia e os seguidos adiamentos na entrega das primeiras sondas a estatal. No entanto, tudo leva a crer que os investidores decidiram fumar o cachimbo da paz. A Petrobras aceitou firmar um novo prazo para o fornecimento dos equipamentos – junho de 2015. Topou também flexibilizar o acordo de acionistas, abrindo mão de parte de suas prerrogativas na empresa. A própria estatal entendeu que seu excessivo poder na Sete Brasil passou a ter um efeito inibidor sobre os investidores, o que poderia atrapalhar consideravelmente a oferta de ações. A recente mudança no comando da fabricante de sondas já é um sinal dos tempos: a indicação do ex-OGX Luiz Eduardo Carneiro para a presidência da Sete Brasil partiu originalmente das fundações e dos fundos de investimento; a estatal assinou embaixo. Aos poucos, a Sete Brasil parece estar deixando para trás os contratempos financeiros que, em determinado momento, lançaram dúvidas sobre a própria capacidade da empresa de honrar seus compromissos comerciais. O lançamento de ações é peça-chave para o fechamento do project finance da companhia – a construção das 29 sondas já contratadas exigirá um desembolso de quase US$ 25 bilhões. A Sete Brasil já fechou um empréstimo de US$ 6,3 bilhões com o Fundo da Marinha Mercante (FMM) e um financiamento de US$ 9 bilhões do BNDES.
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Ometto chega Á ALL como uma locomotiva
20/06/2014Para Rubens Ometto, o Cade é apenas um detalhe. Antes mesmo do sinal verde do órgão antitruste para a fusão entre ALL e Rumo Logística, Ometto já se movimenta para aumentar sua fatia no capital da nova companhia. O empresário negocia a compra da participação da Gávea Investimentos, dona de 10% da Rumo. A rigor, as ações teriam de ser oferecidas também para os demais integrantes do bloco de controle da ALL, notadamente Previ, Funcef e BNDES. No entanto, os fundos de pensão e o banco de fomento já teriam sinalizado que não estão dispostos a ficar com os papéis da Gávea. Não deixa de ser uma postura surpreendente, sobretudo no que diz respeito a Previ e a Funcef. As duas fundações resistiram durante um bom tempo a associação com Ometto. Formalmente, a Gávea deverá atribuir sua saída da ALL a maturação do negócio e a consequente decisão de desinvestimento. No entanto, segundo informações filtradas da própria operadora ferroviária, a gestora de recursos nunca simpatizou com a ideia de associação com a Rumo, por considerar que a ALL ampliará em demasia suas ramificações na área de logística e poderá perder o foco em seu principal negócio. Consta que foi contrária também ao excesso de poder com que Ometto chegou a companhia. Por mais paradoxal que possa parecer, poder que ela própria aumentará caso venda suas ações ao empresário. Mas aí já não será mais um problema dela, mas, sim, dos demais acionistas da ALL.
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Abengoa refina sua cana no BNDES
9/06/2014Após várias tentativas frustradas de vender suas usinas de açúcar e álcool no Brasil, a Abengoa bateu a porta do BNDES. Os espanhóis buscam o apoio do banco para revigorar sua deficitária operação sucroalcooleira. Um dos caminhos aventados é a conversão de créditos do BNDES em participação acionária na Abengoa Bioenergia – a agência de fomento fez empréstimos a companhia para financiar a construção de uma usina de bioetanol e biobutanol a partir de palha e bagaço de cana de açúcar. A operação seria acompanhada de um aumento de capital da companhia. Se dependesse exclusivamente da sua vontade, é provável que os espanhóis já nem estivessem mais no negócio. Nos últimos dois anos, a Abengoa Bioenergia fez várias gestões para a venda de suas três usinas localizadas nas cidades de Pirassununga, São João da Boa Vista e Santo Antônio da Posse, todas em São Paulo. Em 2007, quando comprou as duas primeiras plantas junto a Dedini, o grupo espanhol pagou o equivalente a quase US$ 150 por tonelada de capacidade instalada. Nos últimos meses, chegou a oferecer as usinas a um terço deste valor. E, ainda assim, não encontrou comprador para os ativos, cuja maior especialidade, ao que parece, é moer dinheiro. Na safra passada, a Abengoa Bioenergia teve prejuízos superiores a R$ 150 milhões. No balanço anterior, já havia registrado perdas de R$ 72 milhões. Só no último ano, a dívida de longo prazo da sucroalcooleira cresceu 40%, chegando perto dos R$ 600 milhões.
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Bateria fraca
6/06/2014A direção de Itaipu Binacional, que fabrica baterias para carros elétricos, conversa com o BNDES sobre um possível apoio do banco a produção deste tipo de veículo no Brasil. Resolveria apenas parte do problema. Tão ou mais difícil quanto o funding é encontrar uma montadora disposta a entrar no negócio. No setor, o consenso é que ainda não há demanda suficiente para justificar a fabricação de carros elétricos em larga escala no país.
Acervo RR
Princesa Isabel
5/06/2014O BNDES e demais bancos de fomento federais deverão adotar critérios ainda mais rígidos, do ponto de vista social, para a concessão de financiamentos a iniciativa privada, vinculando os empréstimos a comprovação de boas condições de trabalho. Não por coincidência, os estudos avançam no momento em que o Ministério Público do Trabalho investiga graves denúncias de assédio moral contra Samsung, LG e Hyundai.
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Princesa Isabel
5/06/2014O BNDES e demais bancos de fomento federais deverão adotar critérios ainda mais rígidos, do ponto de vista social, para a concessão de financiamentos a iniciativa privada, vinculando os empréstimos a comprovação de boas condições de trabalho. Não por coincidência, os estudos avançam no momento em que o Ministério Público do Trabalho investiga graves denúncias de assédio moral contra Samsung, LG e Hyundai.
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BNDES e Odebrecht sofrem com a politização vulgar
28/05/2014Existe um megafone em cada esquina berrando que a exportação de serviços entrou no raio de destruição da campanha eleitoral e do “antidilmismo”. O BNDES é o alvo principal. O banco é responsável pelo financiamento da totalidade dessas operações e está sendo acusado de aumentar a dívida pública com “finalidade torpe”. Mas a agência de fomento não está só. A politização grosseira e vulgar que grassa no país elegeu três grandes inimigos do Brasil: a Petrobras, que não passaria de uma “organização criminosa”; o BNDES, que suga a seiva financeira do Estado para distribuir o dinheiro a plutocratas; e as empreiteiras, que são “corruptoras do governo”. Na visão da oposição, o banco e as empreiteiras, melhor dizer indústria da construção pesada, estariam trocando investimentos no Brasil pelo exterior, deixando de gerar empregos aqui em benefício de mais postos de trabalho nos países importadores. Essas acusações são do tempo do onça. Quando já pareciam ter virado bobice, eis que voltam a baila, no bico dos seus defensores de outrora. As exportações de serviços envolvem a comercialização de mais de 500 mil itens da indústria nacional, que criam dezenas de milhares de empregos. Além de gerar divisas curativas das feridas do balanço de pagamentos. São poucos os setores da indústria que têm uma cadeia de produção tão ampla, envolvendo um número de unidades tão grande. Na africa, cer- ca de 600 empresas brasileiras foram beneficiadas; nas obras do Porto Mariel, em Cuba, serão mais de 400. O peso das operações no orçamento do BNDES, uma das outras críticas, é baixo – não chega a 3% -, e é grão de areia se comparado ao montante investido pelas agências de crédito e pelo Eximbank dos outros países. É certo que a campanha contra as exportações de serviços está pegando uma carona na circunstância peculiar que atravessa a Odebrecht, líder absoluta nesse segmento. A empreiteira baiana, primeira também no ranking da construção de obras estruturantes do país, foi arrastada para o centro de episódios controversos, como a Petrobras e o Itaquerão. A oposição vem chupando os dois casos de canudinho. Tanto a Petrobras quanto a Odebrecht pagam o ônus das corporações com megaescala, onde sempre existe o joio, por maior que seja o trigal. No momento, o que a interessa a plateia é o joio. Paciência! O fato é que o BNDES, por meio do financiamento da exportação de serviços, tem feito uma política industrial singular, por via transversa, cujo único demérito é a ausência de divulgação dos seus benefícios para o país. Quanto a Odebrecht, depois do Itamarati a empreiteira é a maior representante do Brasil no estrangeiro, o que não é pouca coisa. Porém, nada disso interessa se o objetivo maior são as urnas. Até outubro, a ordem é “malhar o Judas”.
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Vento contrário
23/05/2014A norte-americana Clipper Windpower está negociando sua “anistia” junto ao BNDES. No ano passado, a fabricante de equipamentos de geração eólica foi descredenciada do Finame, por não ter cumprido as exigências impostas pelo banco. Em troca da clemência, os norte-americanos acenam com a construção de uma fábrica de turbinas no Brasil. Será?
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Credores lançam luz na penumbra do Econômico
22/05/2014Os credores do Banco Econômico querem abrir uma caixa preta lacrada há quase duas décadas. No início do mês, um grupo peso-pesado, que soma mais de R$ 700 milhões em créditos contra a instituição, entrou com uma ação no Ministério Público da Bahia. O alvo principal é o liquidante do Econômico, Natalício Pegorini. Os credores quirografários, entre os quais se incluem o Banco do Brasil, o BNDES e o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), cobram de Pegorini esclarecimentos sobre os recentes dados contábeis apresentados pelo banco. Aos seus olhos falta transparência em relação a real situação financeira da instituição. O liquidante insiste em dizer que as contas do Econômico estão ajustadas. Os credores, no entanto, estranham a matemática de Pegorini. O último balanço revelou um rombo da ordem de R$ 600 milhões. O trajeto da liquidação do Econômico é tão sinuoso e enigmático quanto os caminhos e descaminhos que levaram a própria quebra da instituição. A começar pelo tempo em que esta novela está em cartaz. Por lei, o BC tem um ano para concluir um processo de liquidação bancária – prazo, no máximo, renovável por mais um ano. No entanto, o purgatório dos credores do Econômico já dura quase 19 anos. Enquanto eles mofam na fila para receber o que a instituição lhes deve, o ex-banqueiro a‚ngelo Calmon de Sá chegou a ter seus bens desbloqueados.
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Um freio no
15/05/2014O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que “Aécio Neves está se embriagando com o próprio discurso”. FHC considera que o candidato tucano tem avançado em demasia na defesa de “medidas impopulares”, caracterizando seu programa de campanha como uma promessa de política econômica voltada contra a sua própria base de apoio, ou seja, os empresários. O ex-presidente teria tratado desse assunto com o próprio Aécio, que, de mãos dadas com o seu anunciado ministro da Fazenda e potencial ex-candidato secretíssimo a presidência do Fed, Armínio Fraga, propala cortes de subsídios, redução de incentivos e recursos escassos para o BNDES. De impopularidade, FHC entende muito bem. Por experiência própria. Sabe que essas medidas dificilmente são aplicáveis e, quando o são, não devem ser anunciadas de véspera. Se Aécio quiser agradar seu povo, que fale em austeridade fiscal para redução dos juros e disponibilidade orçamentária para o estímulo a novos investimentos. Isso, a turma gosta de ouvir. A recomendação de FHC é que ele não se empolgue tanto com a cartilha dos economistas do PSDB, aqueles mesmos que fizeram o Plano Real. O ex-presidente já captou o movimento seguinte da campanha de Dilma Rousseff, que vai espremer que nem laranja as frases de Aécio e vendê-las como um prenúncio de dias mais difíceis. Em tempo: as declarações do presidente do PT, Rui Falcão, criticando a proposta de um BC independente e pró-controle de capitais externos não deixam mais dúvida de que vai ser um “nós contra eles” geral.
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Será que Dilma vai deixar o Ministério da Fazenda?
12/05/2014A presidente Dilma Rousseff, na contramão da recomendação de conselheiros próximos, não quer dar um pio sobre o eventual substituto de Guido Mantega antes do resultado eleitoral. Pelo contrário. Vai congestionar o tabuleiro do xadrez com mais peças ainda. A indicação do presidente do BC, Alexandre Tombini, que poderia ser anunciado como futuro ministro da Fazenda antes das eleições ou mesmo suceder Mantega sem a realização do teste das urnas, foi colocada no congelador. Tombini ainda é o preferido nas casas de apostas. Seu perfil combina a perfeição com o estilo “Le ministre c’est moi”, de Dilma. Mas, até por isso, careceria de mais drive para reverter as expectativas pessimistas. Se dependesse de Lula, eterno padrinho de Dilma – eterno enquanto dure, diga-se de passagem -, o candidato a Fazenda seria o ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy, atualmente dirigindo a Bram – Bradesco Asset Management. Levy traria para o governo uma pegada mais ortodoxa. Seria o Palocci da vez. Mas há uma questão: o que o mercado quer ouvir não é necessariamente o que Dilma pretende dizer. A presidente sente alergia ao receituário de Levy e, aparentemente, não tem intenção de escrever nenhuma carta aos brasileiros. Surge, então, outro nome: existe concordância entre Lula e Dilma de que Aloizio Mercadante cumpriria requisitos importantes para o cargo: carrega bom conhecimento de economia, foi formado na mesma universidade em que a presidente se diplomou – Unicamp -, tem boa circulação política, conversa com o empresariado e, o que é fundamental, goza da confiança de Dilma. Mas falta-lhe punch. Mercadante é um Mantega melhorado. E Luciano Coutinho? O quadro do governo mais festejado e trabalhado para a missão – e possivelmente o mais preparado – talvez nem saia da raia. Ficou politicamente muito desgastado com a campanha contra o BNDES e a política dos “cavalos vencedores”. Ah, para alguns, Luiz Gonzaga Belluzzo correria por fora. Provavelmente esses “alguns” não conhecem Belluzzo, que sofre de uma síndrome parecida com a do empresário Antônio Ermírio de Moraes frente a situações de pressão violenta. Ermírio chorava aos cântaros e reportava sua negativa a motivações de saúde. Belluzzo não chora, mas fica cheio de placas vermelhas e é acometido de uma rinite violenta. De mais a mais, Belluzzo não tem falado praticamente com Dilma. E quando lhe perguntam sobre ela, elogia a presidente, mas diz que é amigo do Lula. Outros queimados pertencem a turma dos Conselhos da Petrobras: Fabio Barbosa, Jorge Gerdau e Roger Agnelli. Todos foram cogitados em algum momento, mas, por motivos distintos, é melhor que nem passem na porta do Palácio do Planalto. Entre os empresários, dois nomes têm sido recorrentemente mencionados: Abílio Diniz e Josué Gomes da Silva. No entanto, pesa contra ambos a recusa ao convite da presidente para que assumissem o Ministério do Desenvolvimento, entre o final do ano passado e este ano. Foram pouco colaborativos em um momento em que deveriam mostrar disposição cívica. O mais provável mesmo é que, no final, emplaque um ovo poché num consommé, ou seja, o nome de Alexandre Tombini. Seria eufemismo para a manutenção de Dilma Rousseff como ministra de fato da Fazenda.
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Dinheiro na mão
12/05/2014O BNDES deverá financiar quase que integralmente a construção da nova fábrica da Duratex, orçada em R$ 1,3 bilhão. Procurada, a empresa não se pronunciou sobre o valor negociado com o banco.
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Eletrobras divide a conta das federalizadas com a State Grid
8/05/2014A State Grid – que, até outro dia, era tratada pelo próprio governo como um inimigo dos interesses nacionais, notadamente da Eletrobras – tornou-se uma indispensável companheira de viagem da estatal. O consórcio que venceu a concorrência da linha de transmissão de Belo Monte foi apenas a primeira das estações compartilhada pela dupla. A próxima parada poderá representar, a um só tempo, a entrada da State Grid no mercado brasileiro de distribuição de energia e um remédio para uma das maiores moléstias financeiras da Eletrobras. A estatal negocia com os chineses a venda de até 49% do capital das sete distribuidoras estaduais de energia que tiveram seu controle e sua gestão federalizadas. Trata-se de um trambolho no qual a companhia já despejou mais de R$ 5 bilhões e que lhe retribui com um prejuízo anual superior a R$ 1 bilhão. Oficialmente, a Eletrobras nega a operação. No entanto, segundo uma alta fonte do Ministério de Minas e Energia, a State Grid negocia, inclusive, uma opção de compra de um lote adicional de ações em até dois anos, o que daria aos chineses o controle das sete concessionárias. A venda desta segunda tranche estaria condicionada a uma série de metas de performance que teriam de ser cumpridas pelas distribuidoras federalizadas. Há algum tempo os chineses estudam ingressar no mercado brasileiro de distribuição. A associação com as sete companhias sob gestão da Eletrobras está longe de representar uma entrada pela porta da frente do setor. Além dos graves problemas financeiros, a maior parte das concessionárias tem dificuldades para cumprir os indicadores técnico- operacionais impostos pela Aneel. Certamente, um eventual apoio do BNDES será muito bem-vindo pelos chineses. No entanto, segundo a fonte do RR, o interesse da State Grid não está condicionado a participação da agência de fomento no negócio. Os chineses enxergam uma mais-valia institucional e política na compra das sete distribuidoras federalizadas. A operação serviria para amalgamar ainda mais o relacionamento com a Eletrobras na área de transmissão, este sim o grande alvo estratégico dos asiáticos no país – a State Grid já anunciou investimentos de mais de US$ 10 bilhões no Brasil. Ressalte-se que a objeção do governo e da própria Eletrobras a State Grid é cada vez mais uma peça de museu. Hoje pode se dizer que as duas empresas não dão um acorde sem antes combinar a partitura. O nº 1 da State Grid no Brasil, Cai Hongxian, transformou-se em interlocutor assíduo do presidente da Eletrobras, José da Costa Neto, e do próprio ministro Edison Lobão. É justamente por esta tríplice linha de transmissão, interligando Pequim, Brasília e Rio de Janeiro, que correm algumas das mais importantes negociações em curso no setor elétrico nacional. Uma destas operações aponta apenas para 2015: trata-se de uma parceria para o leilão da rede de transporte de energia da futura usina de São Luiz do Tapajós, um empreendimento com capacidade para sete mil megawatts.
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Cortes na Lupatech acendem alerta vermelho no BNDES
29/04/2014É crescente a apreensão do BNDES com o futuro da Lupatech. O que está em jogo não é somente uma questão financeira – até porque o banco já dá como perdidos os mais de R$ 300 milhões injetados na empresa. O furo é bem mais embaixo: o projeto de criação de uma grande companhia nacional prestadora de serviços para o setor de óleo e gás tornou-se também um tormento do ponto de vista social. Com dívidas superiores a R$ 1 bilhão e notórias dificuldades de caixa, a Lupatech vem atrasando recorrentemente o pagamento de salários e de outros benefícios trabalhistas. O pior, no entanto, ainda está por vir. De acordo com informações que chegam ao próprio BNDES, dono de 31% da empresa, a Lupatech está com a mão no gatilho, prestes a anunciar o fechamento de unidades de negócio e demissões em série em algumas de suas mais importantes subsidiárias. Em relação ao downsizing, os números captados pelas antenas do BNDES são desencontrados: vão de 600 a até mil cortes. Não obstante a razoável taxa de dispersão, a contagem acende um sinal vermelho no banco de fomento: o intervalo em questão significa de 20% a 35% de toda a força de trabalho da Lupatech. Consultada, a empresa negou as demissões e o fechamento de unidades de negócio. Um caso é especialmente emblemático e ilustra o porquê da aflição do BNDES. Os olhos do banco acompanham com particular interesse a situação em Catu, na Bahia, onde funcionam as instalações da antiga Sotep – um dos maiores e mais importantes ativos incorporados pela Lupatech em seus bons tempos. Ao longo do segundo semestre do ano passado, a empresa dispensou mais de 150 empregados. Desde então, os trabalhadores têm feito sucessivas manifestações. Emfevereiro, promoveramuma greve, motivada, sobretudo, por atrasos no pagamento, além de descontos indevidos referentes ao plano de saúde. Na região, circulam informações de que a Lupatech pretende desativar toda a unidade, que presta serviços de manutenção para sondas e plataformas da Petrobras. Só aí já seriam quase 400 funcionários, com grave impacto sobre a economia local. A Lupatech é a segunda maior empregadora do município de Catu; fica atrás apenas da própria Prefeitura. Com maior ou menor proporção, a empresa tem um peso significativo em outras cidades em que atua. Neste caso, Catu também pode atender pelo nome de Rio das Ostras (RJ), onde funciona a Lupatech Tubular Services, ou de Iperó (SP), sede da Lupatech Tecval. A crise no chamado chão de fábrica coincide com mais uma tentativa de reestruturação societária e de repactuação do passivo da Lupatech. Em janeiro, a maioria dos detentores de bônus perpétuos aprovou a conversão de 80% de uma dívida de US$ 285 milhões em novas ações ? a operação deve se consumar até junho.
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Duratex
23/04/2014A Duratex planeja uma emissão no exterior para financiar a construção de sua nova fábrica de painéis de madeira em Minas Gerais. Parte do investimento, de R$ 1,3 bilhão, já está garantido pelo BNDES.
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Novartis é um frasco que não para de ser agitado
22/04/2014Para a Novartis, é tudo ao mesmo tempo agora. Os suíços vivem uma temporada frenética no Brasil, pautada por importantes decisões. Num instante, estão reunidos para tratar de um dos maiores investimentos já feitos pela companhia no país; poucos minutos depois, a pauta versa sobre cortes de custos e venda de ativos. O investimento em questão é a construção da primeira fábrica de medicamentos biotecnológicos da Novartis no Brasil, que ficará em Jaboatão dos Guararapes (PE). Trata-se de um projeto orçado em aproximadamente R$ 1,4 bilhão – cerca de R$ 800 milhões já estão garantidos por meio de um financiamento do BNDES. Ao mesmo tempo, a Novartis estuda medidas mais drásticas para reequilibrar os custos operacionais e conter a perda de rentabilidade no Brasil. A companhia avalia a possibilidade de vender ou, no limite, até mesmo desativar mais uma fábrica no país. Seria como tomar a segunda dose de um remédio amargo, mas visto pelos suíços como absolutamente necessário. Há cerca de um mês, a Novartis anunciou um acordo com a União Química para transferir seu complexo industrial de Taboão da Serra (SP), onde são produzidos mais de 40 medicamentos. Procurada, a Novartis confirmou os investimentos em Pernambuco e declarou que pretende duplicar seu faturamento no país em cinco anos. No entanto, não comentou a possibilidade de transferir mais uma fábrica no Brasil. Nos últimos dois anos, o faturamento da Novartis no país cresceu, em média, 15%, chegando a casa dos R$ 2,7 bilhões. No entanto, os crescentes custos operacionais têm minado a lucratividade da companhia. O descontentamento com a performance da subsidiária levou os suíços a trocarem o presidente da Novartis Brasil – em janeiro de 2013, Adib Jacob substituiu Alexander Triebnigg. Foi só a primeira dose no processo de reestruturação da operação.
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Uma agenda de governo Á feição de Lula
14/04/2014Uma agenda de governo a feição de Lula É consenso que os dois anos posteriores a s eleições exigirão correções duras na matriz da política econômica. O país terá de pagar o preço de um ajuste vigoroso. Os fundamentais estão abalados por erros de gestão, pela teimosia na manutenção de um ministro da Fazenda que estimula as expectativas negativas e por um bombardeio das oligarquias a credibilidade do governo, a começar pela própria mídia. A priori, todos os candidatos a eleição sabem da gravidade dos problemas. Mas, é indiscutível que ninguém teria tantas condições de apoio para executar essa “II Carta ao Povo Brasileiro” quanto Lula. Quem quer que seja, melhor inovar no ajuste e não apenas se ajoelhar frente a ortodoxia. A agenda seguinte foi capturada junto a um grupo de colaboradores, simpatizantes e “companheiros de viagem” do PT. O RR montou-a ao seu jeito. Ela propõe um programa a ser anunciado no primeiro dia de mandato. E vai que dá certo. – Metas plurianuais de inflação e superávit fiscal para os quatro anos de governo. O compromisso assumido deveria ser formalizado no Congresso Nacional, e representaria uma vertente ou derivativo da Lei de Responsabilidade Fiscal, agora aplicada no plano federal. Com a medida, o governo poderia tirar os esqueletos das despesas públicas do armário e ser mais contundente no início de correção das tarifas elétricas e preços dos combustíveis. Somente no primeiro ano, a meta de superávit primário seria fixada entre 3% e 3,5% do PIB para reduzir a pressão sobre os juros, evitando um maior estímulo a operações de carry trade, apreciação do câmbio e piora do déficit em conta corrente. – Anúncio de que o Banco Central será autônomo, também formalizado no Congresso, com ênfase na diretriz de uma política monetária firme o suficiente. A meta de inflação será reduzida dos atuais 4,5% para 3% no prazo dos quatro anos de mandato. – Revisão na política de desoneração tributária e lançamento a prejuízo de todos os créditos duvidosos do BNDES. Os subsídios e incentivos fiscais do governo a s empresas serão lançados em balanço como prejuízo (imposto negativo) a não ser que as companhias divulguem demonstrações do valor adicionado, com informações sobre o retorno dos benefícios a sociedade. – Alteração na política salarial, que passaria a incluir uma parcela variável do reajuste, nas empresas, em ações ou corrigida pelo percentual de crescimento da produtividade da economia, diferindo a liquidez da remuneração e alterando os índices de indexação. – Política pró-investimento, com a criação de um gabinete presidencial com plenos poderes para desbastar as adversidades que atravancarem os projetos, contratação de auditorias independentes para avaliação mensal do andamento das obras (depois do PAC ninguém acredita nas avaliações do governo) e regulamentação da figura do consórcio stand by, que assumiria os projetos a medida que fossem verificados atrasos não justificáveis.
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Caixa Econômica lidera tour de force na energia renovável
7/04/2014No momento em que o fantasma do desabastecimento de energia arrasta correntes pelo Brasil, uma tropa de choque composta por investidores privados e estatais deverá se unir para financiar projetos de geração renovável. A operação é capitaneada pela Caixa Econômica Federal. O banco estaria criando um fundo de investimentos em participações (FIP) voltado a construção de usinas eólicas, solares ou biomassa. Além da própria Caixa, os principais cotistas do FIP seriam fundos de investimento administrados pelo holandês Rabobank e pelo alemão KfW Bakengruppe. Quem também deve se unir a empreitada é o InfraBrasil, private equity que reúne o BNDES e uma fieira de fundos de pensão, notadamente Previ, Petros e a própria Funcef. Segundo informações filtradas junto a Caixa, o objetivo do banco seria captar cerca de R$ 1 bilhão. Caso esta meta seja batida, o FIP já nascerá como uma das maiores fontes de financiamento de projetos de energia renovável do país. Em tempo: na paralela, o KfW Bankengruppe pretende também abrir uma linha de crédito para financiar a venda de equipamentos para usinas que operam com fontes alternativas. O fundo, que terá a própria Caixa como gestora, deverá ser formalmente lançado até julho. Já na partida, há dois fortes candidatos a receber recursos do FIP: a espanhola Elecnor e a Renova. O grupo ibérico procura um sócio para a controlada Ventos do Sul, dona de dois complexos de energia eólica, localizados nas cidades gaúchas de Osório e Palmares do Sul. A associação com o futuro fundo administrado pela CEF permitiria a Elecnor tirar do papel o antigo projeto de construir duas usinas no Nordeste ? provavelmente no Maranhão e no Piauí. O custo total está orçado em mais de US$ 500 milhões. Ressalte-se que os espanhóis também têm planos de investir em energia solar no país. A Renova, por sua vez, pretende montar um colar de usinas eólicas também no Nordeste. Há projetos engatilhados para o Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Neste caso, em vez de entrar diretamente no capital da empresa, o FIP poderia se associar especificamente a algumas destas geradoras por meio da criação de SPEs. Controlada pela Cemig e pela RR Participações, leia-se os investidores Renato Amaral e Ricardo Delneri, a Renova já controla o maior parque de energia eólica da América Latina. Localizado no interior da Bahia, o complexo de usinas tem capacidade instalada em torno de 300 MW.
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Orygen e fim
4/04/2014A Orygen, uma das duas empresas de biotecnologia criadas sob a batuta do BNDES, deve ir para o mausoléu das boas intenções. No próprio banco de fomento, circula a informação de que o Eurofarma e o Biolab estão deixando o negócio – os outros dois sócios originais, Libbs e Cristália, já abandonaram o barco. Procurados, Eurofarma e Biolab negam a saída do projeto.
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Sany passa um trator sobre suas promessas
24/03/2014Em 2012, a chinesa Sany alardeou que, em até cinco anos, estaria disputando a liderança no mercado brasileiro de máquinas agrícolas. Dois anos depois, praticamente não saiu do lugar. Com o market share estacionado na casa dos 5%, segue longe do trio de ferro do setor: Caterpillar, John Deere e CNH. Os problemas não se resumem a letargia comercial. Em outra de suas promessas, os asiáticos asseguraram que até o início de 2014 instalariam sua segunda fábrica no país, em Jacareí (SP). O prazo foi adiado para o fim deste ano, mas quem passa pelo local do empreendimento não tem motivos para acreditar que a nova meta será cumprida. As obras ainda estão na fase de terraplenagem. Na cidade de Jacareí circulam informações de que a Sany teria desistido do projeto e estaria até em busca de um comprador para o terreno. Neste caso, a empresa seguiria apenas com a unidade de São José dos Campos, restrita a montagem final de equipamentos importados da asia. Procurada, a Sany negou a venda do terreno. Afirmou ainda que a construção da fábrica continua em seus planos. A modesta performance comercial da Sany e a própria queda das vendas de equipamentos agrícolas no Brasil teriam esfriado o apetite dos chineses. Neste cenário, o investimento em uma nova fábrica perde força, ainda que a desistência do projeto traga um doloroso efeito colateral. Sem produção local, a empresa não conseguirá enquadrar todo o seu portfólio de escavadeiras e guindastes no Finame, linha de financiamento do BNDES que exige um determinado índice de nacionalização de peças. Mais uma desvantagem em relação a concorrência.
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BNDES recebe o boleto do Grupo Rede
20/03/2014A conta de luz do Grupo Rede deve cair no escaninho do BNDES. Três meses após assumir o negócio, a Energisa estaria costurando com o banco de fomento um apoio ao processo de reestruturação da companhia. O reforço de caixa poderá vir sob a forma de financiamento direto ou de um aumento de capital. A BNDESPar é o segundo maior sócio da Rede, com 16% das ações. A captação é fundamental para a execução do programa de investimentos do grupo. A conta é salgada, sobretudo porque, de dezembro para cá, o cenário mudou radicalmente, notadamente no que diz respeito aos custos para as distribuidoras. Ao assumir o controle do Rede, a Energisa comprometeu- se a aportar R$ 1,2 bilhão nas oito distribuidoras que herdou, segundo o plano de recuperação aprovado pela própria Aneel. Para efeito de comparação, o valor é quase o dobro do que a família Botelho investiu em suas próprias empresas em 2013 ? cerca de R$ 700 milhões. Isso para não falar do passivo de quase R$ 2,2 bilhões que a Energisa teve de engolir ao ficar com o controle do Grupo Rede. Só o valor da dívida já supera o financiamento précontratado pela empresa junto a um pool de bancos privados, de aproximadamente R$ 2 bilhões.
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BTG Pactual é uma moeda de mil e uma faces
20/03/2014O BTG Pactual reabriu conversações com a família Ermírio de Moraes para a aquisição da sua parcela no Banco Votorantim, em mais uma de suas tacadas de efeito no mercado. A expectativa é que o modelo de negociação de alguma forma contemple uma contribuição mais generosa do Banco do Brasil, o sócio endinheirado do Votorantim. A operação é apenas uma célula do tecido adiposo do BTG. Falou BTG, falou André Esteves. O banqueiro, com o passar do tempo, se tornou um híbrido de Donald Trump, Eike Batista, Guido Mantega e Paulo Guedes. Talvez esteja faltando mais algum nome para definir melhor esse ornitorrinco. Na grife Esteves cabem muitas referências. É marqueteiro como Trump, megalomaníaco como Mr. Batista, enfurnado no governo, na aba do ministro da Fazenda, e pretensioso em sua auto avaliação como “Paulinho”, o ex-sócio no paleolítico do Pactual. Seu banco espelha sua personalidade esfuziante. O BTG Pactual, ao mesmo tempo que detém uma jazida de capital humano e indiscutível expertise no seu segmento, é especialista em ultrapassar a fronteira do convencional. O BTG participa e/ou intervém nos Conselhos de Administração e, simultaneamente, é adviser de operações no mercado? A EBX é um bom exemplo – existem vários outros, mas, se nem a CVM se importa, não é o RR quem vai ficar citando. O BTG utiliza o expediente de vazar informações na imprensa sobre operações de M&A? Perguntem ao Bradesco e ao próprio Eike quem soprou pela mídia as negociações para a suposta compra da Vale. O BTG age como braço do governo? Lembrem-se da aquisição do Banco PanAmericano. O BTG faz estripulias na busca de dinheiro público? Basta recordar a animada dobradinha com Abílio Diniz para tomar os recursos do BNDES, no episódio da fracassada tentativa de fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour. Parece coincidência, mas em boa parte das grandes e mais polêmicas operações de mercado, o BTG lá estava, intrépido e pintalegrete. Nos últimos cinco anos, o banco assumiu uma posição de destaque na mídia que se confunde ou supera o seu próprio sucesso. Em busca realizada ontem no Google, o total de citações ao BTG já representava 73% das inserções do Itaú e 27% do Bradesco. No mês de fevereiro, a aparição do BTG na mídia impressa correspondeu a 62% das menções ao Bradesco e a 52% das referências ao Itaú. Não custa lembrar que os dois últimos são bancos comerciais e, portanto, sujeitos a enorme exposição. Mesmo com todo esse chamariz, o BTG se lixa se dá bandeira ou não e age como uma subsidiária do aparelho de Estado, emprestando suas bases internacionais para o apoio da Fazenda e oferecendo uma assessoria direta, free lunch, ao ministro Guido Mantega. Boas fontes dizem, entretanto, que o banco já está fazendo hedge e aconselhando também o candidato do PSB, Eduardo Campos. O fato é que, numa conta grosseira, com a aquisição do Votorantim e somando-se também o PanAmericano, o BTG passa o Safra e o HSBC no ranking do setor bancário. Muda de patamar. Talvez hoje isso não faça nem mais diferença.
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GS Group prepara o bote sobre a CAB Ambiental
17/03/2014Após frustradas tentativas de venda no ano passado, a CAB Ambiental está de volta a vitrine. A sulcoreana GS Group negocia a aquisição de até 40% da companhia, uma das maiores concessionárias privadas de saneamento do Brasil, com faturamento anual próximo dos R$ 300 milhões. A operação envolve a compra de parte das ações em poder da Galvão Engenharia, controladora da empresa, e da BNDESPar. Segundo fontes ligadas a CAB, o negócio pode chegar perto dos R$ 150 milhões. Na nova configuração, a Galvão ficaria com outros 40% do capital, dividindo o controle e a gestão com a GS Group. Já a BNDES-Par reduziria sua fatia acionária de 33% para 20%. A operação tem ares de remake. No início do ano passado, a GS chegou a abrir negociações para a compra da CAB. No entanto, as conversas esbarraram na intransigência dos sul-coreanos, que queriam ficar com o controle da empresa. Desta vez, o script é diferente. Um dos maiores grupos de infraestrutura da asia, a GS considera absolutamente estratégico expandir seus negócios no Brasil, onde já é dona dos antigos ativos em saneamento da espanhola OHL. Nem que, para isso, seja forçada a abrir uma exceção e, ao menos em um primeiro momento, abdicar da exigência de ser acionista majoritária da CAB Ambiental – prática quase obrigatória nas mais de 30 empresas que compõem o conglomerado sul-coreano, dono de um faturamento anual na casa dos US$ 40 bilhões. A CAB Ambiental, por sua vez, espera dar fim a pecha de “empresa iô-iô”, adquirida ao longo do último ano. Desde o início de 2013, a companhia já esteve “vendida” pelo menos em duas ocasiões. Em janeiro do ano passado, a Equipav quase fechou a compra do controle da CAB Ambiental, numa disputa que envolvia ainda a aguas do Brasil e a OAS. No segundo semestre, houve uma nova aproximação com a Equipav – ver RR edição nº 4.739. Desta vez, a operação não envolveria a venda do controle, mas uma fusão entre a CAB e a Aegea, braço de saneamento da Equipav.
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CSN surge como antídoto para o cartel do cimento
14/03/2014Dois pensamentos assolaram Benjamin Steinbruch enquanto lia os jornais na manhã da última quarta-feira, misturando- se como se fosse uma única história. Divagava sobre o que diria seu pai, Mendel Steinbruch, em relação a sucessão de eventos entrecruzados que se prenuncia: a saída do comando da CSN para assumir a presidência da Fiesp, os planos de marcar o calendário de 2014 com um investimento expressivo para o grupo e a ascensão ao papel de principal interlocutor da indústria com o governo. Enquanto cofiava seus cabelos cada vez mais ralos, refletia também sobre a imbricação da sua trajetória empresarial com a dos Ermírio de Moraes. Pensou na privatização da Vale, no seu ingresso no setor cimenteiro, nas pelejas pelo controle da Usiminas e outros desencontros menos marcantes. Agora, a decisão inédita do Cade de punir o Votorantim e os demais integrantes do cartel cimenteiro rebobina o filme e reinicia a saga. Benjamin Steinbruch surge como candidato natural a compra dos ativos de produção de cimento e concreto que, por determinação do órgão antitruste, terão de ser vendidos pelos cinco maiores grupos do setor. Em jogo, uma fatia correspondente a quase 25% de todo o parque fabril do país – hoje em torno dos 80 milhões de toneladas. Benjamin Steinbruch está diante de uma oportunidade sem precedentes para alçar a CSN ao Olimpo do mercado cimenteiro. A empresa, que entrou no setor em 2009, produz cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano. Na hipótese de a punição do Cade ser plenamente cumprida, a CSN poderia colocar para dentro, de uma só vez, cerca de 20 milhões de toneladas, superando, portanto, a marca de 22 milhões de toneladas. Neste caso, o grupo passaria a disputar com o próprio clã dos Ermírio de Moraes a liderança do setor. Se efetivamente o Votorantim tiver de se desfazer de 35% de sua capacidade instalada, como determinou o Cade, sua produção anual cairia de 32 milhões para algo perto de 21 milhões de toneladas. Em um exercício meramente hipotético, ainda que a condenação do órgão antitruste sofresse um deságio e fosse cumprida pela metade – leia-se a venda de aproximadamente 12,5% do parque cimenteiro nacional – a CSN poderia chegar aos 12 milhões de toneladas de capacidade instalada. Seria o suficiente para desalojar da vice-liderança do setor a Camargo Corrêa – essa é justamente a produção atual da companhia, sem contar com o facão do Cade. Uma conjunção de fatores faz de Benjamin Steinbruch o mais forte candidato a ser o algodão entre o Cade e o cartel do cimento, notadamente o Votorantim. A CSN é uma das empresas mais capitalizadas do país: tem em caixa mais de R$ 15 bilhões. A solução Benjamin permitiria também a fragmentação do cartel do cimento sem o risco de diluição do capital nacional no setor. Este, aliás, seria um argumento mais do que justificável para um apoio do BNDES a operação de transferência dos ativos para a CSN. Por falar no banco de fomento, deve-se ressaltar ainda o excelente relacionamento de Benjamin Steinbruch com dois dos personagens mais poderosos da República: o presidente da instituição, Luciano Coutinho, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
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Vitrine vazia
13/03/2014Seria mais producente se Bernardo Gradin, em vez de ficar procurando parceiros por meio da imprensa para investir seus mais de US$ 1 bilhão, entregasse um primeiro empreendimento. Pelo que se sabe, o BNDES colocou R$ 600 milhões na GranBio, ao comprar 15% de uma empresa pré-operacional. Gradin, todo prosa, fica exibindo esse dinheiro do contribuinte como se fosse todo ele da sua butique de investimentos.
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Arena da Baixada
12/03/2014A três meses do início da Copa do Mundo, o governo do Paraná solicitou ao BNDES um empréstimo emergencial para a conclusão das obras da Arena da Baixada. Consultado, o banco confirmou ter recebido do governo paranaense uma carta consulta com o pedido de financiamento. Informou ainda que a solicitação foi dividida em duas tranches: um empréstimo de R$ 50 milhões e outro de R$ 175 milhões.
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Celulose demais
10/03/2014Osmar Zogbi, ex-dono da Ripasa, estaria tentando abduzir o BNDES para o projeto de construção de uma fábrica de celulose no Tocantins – que reúne uma miríade de investidores, inclusive o Grupo Safra. O banco, no entanto, não parece muito animado com o empreendimento, de US$ 2,5 bilhões. A avaliação é que já tem muita fábrica de celulose na praça.
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Energia oficial
10/03/2014Há negociações para que Previ e BNDES ingressem no consórcio responsável pela construção e operação da linha de transmissão Porto Velho (RO) – Araraquara (SP), que integra o complexo do Rio Madeira. Seria uma forma de aliviar o peso sobre as costas da Eletrobras, dona de 49% do empreendimento. O projeto está orçado em R$ 2 bilhões.
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Siemens
7/03/2014A Siemens estuda a construção de uma fábrica de equipamentos radioterápicos no Brasil, ao custo de R$ 500 milhões. O BNDES deverá financiar parte do projeto.
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Há uma articulação em curso
7/03/2014Há uma articulação em curso no setor elétrico para que a CPFL assuma o controle da AES Eletropaulo. Trata-se de um velho desejo do BNDES, sócio dos norte-americanos na Brasiliana.
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Credores buscam a raiz dos problemas da Usina São Fernando
24/02/2014É cada vez mais preocupante a situação da Usina São Fernando, uma das maiores produtoras de álcool e açúcar do Centro-Oeste. Os próprios credores, liderados por mais de uma dezena de bancos, estariam fazendo pressão pela venda da empresa, em recuperação judicial desde abril do ano passado. As instituições financeiras jogam a responsabilidade pela crise da companhia na conta de uma série de equívocos que teriam sido cometidos pelos atuais gestores. Nem mesmo a aprovação do plano de recuperação judicial, em setembro de 2013, aquietou os ânimos. Os credores estão numa encruzilhada. Tarefa difícil encontrar um comprador para a usina em meio ao breu da indústria sucroalcooleira no país. Sobretudo quando se trata de uma empresa que carrega uma dívida superior a R$ 1 bilhão. A alternativa seria a conversão dos créditos em participação acionária. Os próprios bancos assumiriam o controle e a gestão da companhia e tocariam o processo de reestruturação para a posterior venda do ativo. Qualquer solução nesse sentido passa obrigatoriamente pelo BNDES e pelo Banco do Brasil, os dois maiores credores da São Fernando. A dupla responde por quase um terço dos créditos contra a usina. O enredo da recuperação judicial da São Fernando é intrincado. A companhia está no meio de um tiroteio de informações desencontradas. Segundo fonte de um dos bancos credores, a empresa teria atrasado o pagamento das dívidas trabalhistas, que somam R$ 1,6 milhão. A São Fernando nega os atrasos e garante que os débitos com os funcionários foram totalmente quitados. Até mesmo o controle societário da companhia é objeto de controvérsia. No setor, o empresário José Carlos Bumlai sempre foi tratado como o dono da usina. Na própria mídia, Bumlai é recorrentemente citado como proprietário da companhia. Uma busca no Google unindo os nomes do empresário e da São Fernando gera 2.360 resultados. Oficialmente, no entanto, o grupo garante que nunca teve qualquer vínculo societário com Bumlai. A São Fernando é uma das maiores usinas construídas no país durante o boom do setor, na segunda metade da década passada. Dentre essa nova leva de unidades de refino de álcool e açúcar, foi também a primeira a entrar em recuperação judicial. No entanto, o que mais contribui para lançar os holofotes na direção da companhia é mesmo a suposta relação com José Carlos Bumlai. Nome importante do agronegócio no Centro Oeste, o empresário ganhou ainda mais notoriedade por conta da amizade com Lula. Durante os dois mandatos do ex-presidente, Bumlai sempre teve ótimo trânsito no Planalto. O próprio relacionamento entre o empresário e Lula foi fartamente mencionado pela mídia por ocasião do pedido de recuperação judicial da São Fernando. Não custa lembrar que a construção da usina foi viabilizada, em grande parte, graças ao financiamento do Banco do Brasil e do BNDES. Somente com a agência de fomento, a dívida da empresa passaria dos R$ 300 milhões.
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Jari produz futuras páginas com a celulose da Rayonier
19/02/2014Cerca de cinco mil quilômetros separam a velha Jari Celulose da nova Jari Celulose. Pelo menos é o que espera o empresário Sergio Amoroso, controlador da companhia. Esta é a distância entre o Pará e a cidade de Jacksonville, na Flórida, sede da Rayonier. O grupo norteamericano estaria negociando a compra de uma participação de até 50% no capital da Jari. A operação é fundamental para o próprio futuro da épica companhia idealizada por Daniel Ludwig. A associação com a Rayonier permitiria a Sergio Amoroso levar adiante o projeto de conversão da fábrica de Monte Dourado (PA), substituindo a produção de celulose de eucalipto por celulose solúvel. Segundo fontes próximas a Jari, a negociação com os norte-americanos pode injetar cerca de R$ 300 milhões na companhia. O valor equivale a aproximadamente 60% dos custos estimados para a conversão da fábrica paraense, em torno de R$ 550 milhões. O restante dos recursos já está garantido por meio de um financiamento do BNDES. Procurada pelo RR, a Jari Celulose negou a venda das ações. Do ponto de vista geoeconômico, a associação com a Jari é um movimento estratégico para a Rayonier. O grupo norte-americano vai fincar bandeira em um território dominado por uma de suas maiores concorrentes internacionais: a indonésia Sateri Holdings. Os asiáticos são donos da Bahia Specialty Cellulose (BSC), única produtora de celulose solúvel de toda a América Latina. A Rayonier tem forte dificuldade em romper a primazia da BSC e colocar seu produto nos países latino-americanos. Com uma cabeça de ponte no Brasil, espera tirar essa desvantagem. A história da Jari é recheada de altos (raros) e baixos (quase constantes). No momento, a empresa se encontra num destes vales. A fábrica está desativada desde o início de 2013. O Grupo Orsa, de Sergio Amoroso, sucumbiu diante da baixa rentabilidade e dos altos custos operacionais, inflados, sobretudo, pela dificuldade de conseguir na região madeira de eucalipto com idade suficiente para a fabricação de celulose. Não obstante também ser obtido a partir de fibras de madeira, a celulose solúvel tem um custo de produção inferior ao da convencional. O projeto do Grupo Orsa prevê a fabricação de 240 mil toneladas no primeiro ano, volume que chegaria aos 300 mil ao longo dos 12 meses seguintes – prazo este que pode vir a ser abreviado em razão da demanda do mercado e, principalmente, do apetite da Rayonier.
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A sucroalcooleira Shree Renuka
13/02/2014A sucroalcooleira Shree Renuka bateu na porta do BNDES mais uma vez. Se, antes, a intenção era vender uma parte do capital, agora tenta arrancar um financiamento. O grupo indiano teria acumulado uma dívida de R$ 1 bilhão desde que chegou ao Brasil.
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Mutirão elétrico
12/02/2014Vale tudo contra o risco de apagão: a Caixa Econômica Federal vai se unir ao BNDES em uma tour de force para financiar a montagem de novas térmicas.
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Manual de guerrilha para lidar com Dilma
3/02/2014A presidente Dilma Rousseff não é uma esfinge cheia de enigmas, mas também está longe de ser um monólito turrão e previsível, conforme tentam publicizar alguns interessados. É preciso jeitinho e algum improviso para lidar com Dilma. Alguns interlocutores, contudo, já desvenderam os segredos para transformar uma audiência seca em uma conversa bem palatável e proveitosa. Seguem algumas preciosas dicas colhidas junto a prosadores regulares da mandante da República: I. Jamais insinuar qualquer gestão de Lula. Primeiro porque é deselegante. Depois, porque suscita, subliminarmente, um acordo do início do governo Dilma, quando o ex-presidente tinha o compromisso, junto com sua turma, de descascar os maiores abacaxis. II. Não comentar sobre os grandes projetos do BNDES, que estão em sua maioria na conta do ex presidente Lula, não obstante a concordância técnica com os investimentos da parte de Luciano Coutinho. Dilma não montaria em alguns dos cavalos vencedores. III. Não explicitar o interesse da pessoa jurídica individualizada. A manifestação deve ser feita em nome do setor ou do interesse nacional. IV. Se a presidente disser “Então, está bem, estamos combinados…”, desista do pedido. Se ela disser “Fulano de tal entrará em contato para que tomemos as providências…”, pode comemorar que o discurso funcionou. V. Dilma não gosta de ouvir o zumbido das vozes aceleradas e intermitentes. Se a presidente silenciar, dando a entender que escuta com atenção, é porque não está nem aí para os conversadores. VI. Se você for empreiteiro, petroquímico, siderurgista ou tiver negócios na área de energia, saiba que é bem chegado. Caso não seja, faça de conta que tem interesse ou conhecimento dos assuntos destes setores. VII. Dilma não gosta de financistas, banqueiros, smarts do mercado de capitais e derivativos. Do setor financeiro, só aprecia duas instituições. Nenhuma delas é conhecida como o “banco dos engenheiros”. VIII. Não faça em hipótese alguma qualquer alusão negativa a Lula – é óbvio -, Maria das Graças Foster, Gleisi Hoffmann, Miriam Belchior, Alozio Mercadante e, pelo menos até outubro, Guido Mantega. IX. Por falar em Guido Mantega, a presidente entende as críticas ao ministro da Fazenda como se fossem dirigidas a ela também, ministra da Fazenda de fato. As assertivas contra as trapalhadas de Mantega acabam sendo transferidas diretamente para a conta dela. X. Se for discordar de Dilma, faça com um cuidado danado, mesmo quando munido de planilhas, relatórios e demonstrativos. Ela simplesmente não gosta. E se alguém contraditar, dizendo que ela tem o hábito de consultar opiniões diferentes, duvide. Para dar um exemplo, os antípodas Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto, na frente da presidente, parecem que concordam entre si e também com a essência de tudo que ela disser. XI. Se Joaquim Barbosa for mencionado, elogie-o com muita sutileza, bem de leve, como se uma pluma estivesse antecedendo o verbo. Dilma vai gostar.
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Fora do barco
27/01/2014A BNDESPar planeja vender ainda neste ano sua participação na Oceana, que recentemente comprou o controle da Companhia Brasileira Offshore (CBO). O braço do BNDES detém 20% da empresa, controlada pela P2Brasil, leia-se Pátria e Grupo Promon. Oficialmente, a Oceana nega a operação.
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Marfrig vira carne moída para os credores da IFC
16/01/2014Como se seu próprio passivo, na casa dos R$ 7 bilhões, já não fosse suficiente, o Marfrig está a s portas de um contencioso com os credores do frigorífico paulista International Food Company (IFC). O litígio remete ao recente arrendamento dos ativos da IFC, leia-se uma unidade de abate de bovinos em Nova Xavantina (MT) e uma fábrica de alimentos em Itupeva (SP). O acordo firmado ao apagar das luzes de 2013 é o fio que leva a uma sucessão de tortuosas operações deflagradas a partir da venda do frigorífico paulista. Neste caso, outro protagonista do enredo é a Brasil FoodService Group (BFG), holding controladora da rede de churrascarias Porcão e do restaurante Garcia & Rodrigues, no Rio de Janeiro. No fim de 2012, com o objetivo de verticalizar seu negócio e garantir o fornecimento de carne para seus restaurantes, a BFG comprou os ativos da massa falida da IFC, que estava em recuperação judicial desde 2008. Na ocasião, herdou cerca de R$ 320 milhões em patrimônio e, em contrapartida, teria se comprometido com os credores da empresa a pagar cerca de R$ 120 milhões em dívidas. Ressalte-se que a própria transferência do controle da IFC foi uma via crucis. Por três vezes, o juiz responsável pela falência da companhia recusou a homologar a operação, uma vez que a BFG não teria cumprido precondições para o acordo. Parecia prever o que ainda estava por vir. Segundo fonte de um dos bancos credores da IFC, ao longo de 2013 a BFG teria suspendido o pagamento das dívidas. De acordo com a mesma fonte, a empresa carioca chegou a atribuir a decisão a dificuldades financeiras. Procurada pelo RR, a BFG afirmou que os pagamentos estão em dia.O fato é que a companhia decidiu empurrar o negócio para terceiros. É exatamente neste ponto que o Marfrig entra em cena. Na última semana de 2013, a companhia controlada por Marcos Molina fechou o arrendamento dos ativos da IFC. Levou uma unidade de abate no Mato Grosso, com capacidade para 1,5 mil bois/dia, e uma fábrica em Itupeva voltada a produção de beef jerky, um aperitivo a base de carne seca bastante consumido nos Estados Unidos. Mas o contrapeso do negócio promete ser gorduroso e de difícil digestão. Os credores do frigorífico paulista marcham famintos na direção do Marfrig. Com o arrendamento, enxergam carne nova no pedaço e a possibilidade de receber os créditos não quitados pela BFG. Desde o fim de dezembro, bancos e pecuaristas, devidamente escoltados por uma tropa de advogados, já teriam feito duas reuniões para tratar do caso. Eles alegam que o Marfrig manterá a atividade original da IFC, tanto em Nova Xavantina quanto em Itupeva, o que caracterizaria a sucessão do negócio e a transferência automática das dívidas com o contrato de arrendamento. A julgar pelos fatos recentes, a tropa de credores do Marfrig ganhou um alento. Afinal, não foi para colocar dinheiro no bolso do empre- sário Marcos Molina que o BNDES livrou a companhia do pagamento de uma dívida de mais de R$ 2 bilhões por meio de uma nova emissão de debêntures. Também consultado pelo RR, o Marfrig negou a cobrança por parte dos credores da IFC e garantiu não ter qualquer relação com a empresa ou sua massa falida.
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Na ponta do lápis
9/01/2014A francesa Maped pretende fechar até abril o project finance para a construção de uma fábrica de canetas e lápis no Brasil. A companhia já teria engatilhado um financiamento do BNDES.
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Á meia-noite a Geni vai invadir a sua alma
30/12/2013O ano de 2014 deveria ser chamado “ano Darlene Glória”, em homenagem a seminal interpretação da atriz como a prostituta Geni, no filme de Arnaldo Jabor; aliás, um dos que ?adoram jogar pedra na Geni?. Entenda-se a Geni como o governo Dilma, que deverá apanhar pelo que fez e pelo que não fez, mais do que o boneco de judas na malhação do sábado de aleluia. O RR entende. Bater no governo é mesmo divertido. Mas como o final do ano enseja pensamentos mais elevados, sugerimos que, a meia-noite, todos os arautos das convicções férreas sobre os malefícios do Estado leiam a bula que segue. Depois rasguem-na e joguem como papel picado. Que os exportadores, que tiveram um aumento da sua rentabilidade com as desonerações, dividam a dinheirama, reduzindo preços, aumentando sua competitividade e trazendo os dólares tão esperados, mas rebuçados. Que as empresas concessionárias consigam entregar uma obra conforme o cronograma original. Nesse dia será realizada uma missa de graças. Que as empresas que não conseguirem concluir sua obra no prazo, altruisticamente contratem uma auditora independente internacional, para constatar a culpa do governo e, aí sim, ao invés de pedra, jogar logo um pedregulho na Geni. Que os produtores dos bens da cesta básica, recebedores de mundos e fundos para reduzir os preços, se comprometam a criar um regime especial de disclosure, abrindo sua contabilidade para demonstrar que a transferência de renda com a qual foram favorecidos não deu nem para roçar o aumento dos preços para o consumidor. Que esse exército que se locupletou das centenas de bilhões concedidas pelo BNDES produza demonstrativos detalhados do valor adicionado, para informar que riqueza é essa que estão gerando para o país. E que o BNDES também dê uma olhadinha no retorno do seu capital investido ? principalmente na grana do FAT, que é o dinheiro do trabalhador. Que o milagre do Ano Novo permita a s pitonisas do mercado financeiro provar que suas previsões são ingênuas, isentas e puramente acadêmicas, não tendo a intenção de desestabilizar o ambiente de negócios e formar expectativas favoráveis ao seu bolso. Que os bancos comerciais deem somente uma provinha da sua disposição de fazer empréstimos de longo prazo a infraestrutura, transformando o prédio do BNDES na Av.Chile em uma casa de espetáculos, no estilo Vivo Rio e HSBC Arena. Uma provinha só, não dói! Que as entidades patronais resgatem o projeto de Lei do então senador Roberto Campos, que propunha diferir parte do aumento dos salários em ações das empresas. A nova regra em vez de corrigir o mínimo pela variação do PIB pagaria uma parte em ações com direito a voto. Mas, olhe lá, como dizia Campos, o representante dos operários tem que ir para o Conselho. Que os agentes econômicos instituam um dia da boa ação. Nesta data, procurarão convencer a mídia que a nação não está cancerosa. Se convencerem a mídia, o país vai para frente.
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Os maiores e melhores do RR no ano de 2014
23/12/2013O inigualável Millôr Fernandes costumava dizer “Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril”. Talvez seja um exagero do mestre; talvez não! O fato é que, a s portas do dia primeiro, não de abril, mas de janeiro, o RR transmite a seus leitores os mais sinceros votos de felicidade, também estendidos a todos aqueles que protagonizam esta edição cheia de graça. Que os desejos de todos se realizem em 2014, assim como que o texto a seguir seja lido com a devida dose de bom humor e espirituosidade: Que André Esteves, parceiro da Caixa Econômica, consiga finalmente atrair Guido Mantega como seu sócio e tenha êxito não somente na associação com o Banco do Brasil, por meio do Banco Votorantim, mas também se junte ao Basa, ao Banco do Nordeste, ao Banrisul e, de quebra, ao BNDES. Que Joseph Safra faça uma próspera joint venture com Alex Haegler e sua filha, Bianca, para retornar ao sistema de investimentos em pirâmide, dessa vez sem os contratempos da era Madoff. Que Paulo Guedes, enfim, receba o Prêmio Nobel de Economia, do qual ele próprio se julga merecedor, conforme suas palavras ao RR em almoço na Casa da Suíça, no Rio. Que a santa Verônica Dantas ouça os conselhos do mano, Daniel Dantas, e não se derreta em tanta generosidade, bom trato e simpatia junto a toda a família Opportunity. Que o presidente do HSBC no Brasil, André Brandão, consiga, enfim, vender a Losango o triângulo e o retângulo e melhorar a imagem da sua gestão junto a matriz. Que Celso Barros tenha sucesso na consolidação de todas as Unimeds, que, devidamente embaladas com o um laço de fita, passariam a se chamar ?Barrosmed?. Que o novo presidente do Walmart Brasil, Guilherme Loureiro, feche apenas 24 lojas e não as 25 anunciadas e, de quebra, adquira algumas mercearias em Taboão da Serra, São João de Meriti e Barcarena. Que Maria das Graças Foster não seja obrigada a fazer a feira toda a semana e a pesquisar o aumento de preços do chuchu, tomate e outros hortifrutigranjeiros para prever as chances de reajuste dos combustíveis. Que Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o Caoa, munido de pá e picareta, desencave um baú no quintal de sua casa abarrotado com os R$ 600 milhões que enterrou no BVA. Que Pedro Moreira Salles, o grande vitorioso com a fusão entre Itaú e Unibanco, não precise ser o porta-voz do grupo no lugar de Roberto Setúbal quando, finalmente, os ativos totais do banco forem superados pelos do Bradesco. Que Armínio Fraga tenha atendido o desejo de ser presidente do Banco Central em um eventual governo de Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva, ou ? uai ? até mesmo Joaquim Barbosa. Que o presidente da Claro, Carlos Zenteno, seja ouvido no próprio telefone pela diretoria e por seus subordinados, que insistem em não escutar suas ordens de comando. Que Eike Batista e seus sócios minoritários tenham um feliz 2027!
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O valor do BNDES
18/12/2013Dica de Ano Novo para Luciano Coutinho: encomendar ao departamento técnico do BNDES um estudo sobre o valor adicionado dos projetos financiados pelo banco. Os tais R$ 300 bilhões em empréstimos de que tanto reclamam vão virar uma fração se comparados ao estoque de riquezas que será gerado.
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BNDES com um pé fora da Bematech
11/12/2013Um dos mais longevos investimentos do BNDES no setor de TI está com os dias contados. O banco estaria preparando o terreno para vender sua participação de 5% na Bematech, uma das maiores prestadoras de serviços de automação para o varejo do Brasil. A rigor, trata- se da crônica de uma operação anunciada: o BNDES, que chegou a ter mais de 15% da empresa, vem reduzindo gradativamente a sua presença no capital. No entanto, mais importante do que a venda das ações é o que pode estar nas suas entrelinhas. No início deste ano, o BNDES anunciou a disposição de estimular novos IPOs de empresas brasileiras de TI, possivelmente participando da oferta pública por meio da BNDESPar. A saída da Bematech seria um indício de que a agência de fomento está realocando seus investimentos no setor, deixando uma companhia mais do que consolidada para apostar em empresas em fase de maturação. Ressalte- se que o BNDES entrou no capital da Bematech antes mesmo da sua abertura de capital, em 2007.
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Um grupo de ex-funcionários da Busscar
11/12/2013Um grupo de ex-funcionários da Busscar se mexe heroicamente para montar uma cooperativa, que herdaria a marca e parte dos equipamentos da antiga fabricante de carrocerias de ônibus. A ressurreição se consumaria sob as bênçãos do BNDES, a quem caberia financiar a retomada da produção. Socialmente é justo.
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Intelbras
10/12/2013A Intelbras trabalha em um projeto voltado a produção de smartphones de baixo custo. Oficialmente, a empresa nega. Mas, segundo uma fonte do BNDES, a Intelbras já teria até apresentado o projeto ao banco. Seu objetivo seria a distribuição do equipamento na rede pública de ensino.
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Cristália rascunha a bula do
6/12/2013O Cristália, ao que parece, se impregnou com as teses do BNDES e quer virar um “cavalo vencedor”. A companhia tem se dedicado ao projeto de criação de um “superlaboratório” nacional, que surgiria da associação com outros fabricantes do setor. Segundo um executivo que participa das gestões, as conversas envolvem mais três farmacêuticas. De acordo com a mesma fonte, o principal candidato a entrar no frasco é o Libbs, dono de uma fábrica na cidade de Embu (SP). Num exercício hipotético, pegando-se apenas o Cristália e o Libbs, a nova empresa nasceria com um faturamento anual próximo de R$ 2,5 bilhões. Ou seja: a companhia já sairia da pipeta sendo um dos cinco maiores fabricantes de medicamentos do país, com aproximadamente 5% das vendas totais do setor. Procurado, o Libbs informou “desconhecer o assunto”. Querer tornar-se uma consolidador é um direito, mas fazê-lo é uma danação. Ogari Pacheco, dono do Cristália, não é bem quisto no BNDES. Os dirigentes da agência de fomento têm bem guardada na memória a desfeita do empresário. Após meses de duras negociações e com o projeto publicamente anunciado, Pacheco abandonou o capital do Orygen, uma das duas grandes fabricantes de biossimilares criadas sob os auspícios do BNDES. Aliás, a carapuça de desertor também veste o Libbs, que participava da operação e, assim com o Cristália, esperou o barco zarpar para pular fora. No BNDES, que já jogou para escanteio a tal política dos cavalos vencedores, os propósitos de Ogari Pacheco são vistos como um desejo fora da linha do tempo. Além, é claro, das intenções duvidosas com as quais o empresário é identificado. A tentativa de montagem de um “superlaboratório” nacional não passaria de um blefe para valorizar o passe do Cristália e vender o controle da companhia. Pacheco, 75 anos, não tem herdeiros com perfil para tocar o negócio, embora um de seus quatro filhos, Ricardo Pacheco, integre o Conselho de Administração. O empresário também não tem sócios participativos na gestão.
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Brasil cresce na tela da Time Warner
6/12/2013A compra de uma participação no canal Esporte Interativo (EI) foi apenas o primeiro chute no gol. A Time Warner está calibrando o pé e o bolso para ampliar o placar de investimentos em mídia esportiva no Brasil. Seu controlador, o grupo Turner Broadcasting, teria reservado cerca de US$ 100 milhões para novos projetos no país. “Novo”, aliás, talvez seja mera força de expressão. Desde já, a prioridade dos norte-americanos é o próprio Esporte Interativo. A aquisição de aproximadamente 15% do capital não saciou seu apetite. A Time Warner já estaria se movimentando para comprar um lote de ações equivalente a 30% metade pertence ao BNDES e o restante está nas mãos de um grupo de investidores. O duplo passo permitiria aos norte-americanos ingressar no bloco de controle da empresa. Usando o Esporte Interativo como plataforma, a Time Warner pretende pedalar sua expansão em mídia eletrônica no Brasil. O primeiro passo será a expansão da própria emissora. Hoje, ela é exibida por operadoras de TV por assinatura em dez estados. A ideia é duplicar esse número até o fim de 2015 já no próximo ano, o canal deverá entrar em quatro estados. Os norte-americanos planejam também criar um canal próprio que seria focado em futebol.
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Bombardier
3/12/2013A Bombardier tocou a campainha do BNDES. Busca apoio para a construção de uma fábrica de locomotivas no Brasil.
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Esteves acha um atalho para o Banco Votorantim
22/11/2013É impressionante como Eike Batista, ou melhor, como a débâcle de Eike Batista faz bem a André Esteves. O banqueiro foi muito bem remunerado para ser adviser de uma reestruturação que sequer chegou a entregar. Só na venda da MPX, teria embolsado aproximadamente R$ 50 milhões, isso para não falar do valor intangível do acesso a s mais intestinas informações do Grupo EBX – um conhecimento que pode ter mil e uma serventias. No entanto, nessa curiosa e bem recompensada convivência, o maior dos ganhos obtidos por Esteves não deverá vir pelo seu figurino de conselheiro. Por vias transversas, Eike tem tudo para ser o responsável pela consumação do maior e mais cobiçado projeto do banqueiro: ser sócio, a um só tempo, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. O “X” da questão é a execução da garantia dada pelo Banco Votorantim ao empréstimo de US$ 228 milhões do BNDES a OSX. Ao que tudo indica, o pagamento da carta-fiança, anunciado nesta semana, foi a gota d’água na conflituosa sociedade entre o BB e os Ermírio de Moraes, sócios no Votorantim. O desembolso dos US$ 228 milhões praticamente aniquilou qualquer possibilidade de o banco fechar o último trimestre do ano no azul e interromper a longa sequência de prejuízos. Somando-se os balanços de 2011 e de 2012, as perdas chegam a impressionantes R$ 2,2 bilhões. Nos noves primeiros meses deste ano, o déficit acumulado é de R$ 633 milhões. Ressalte-se que a direção do Votorantim teria aprovado a concessão da carta-fiança sem a anuência do BB. O resultado não poderia ser outro. Segundo fontes ligadas a instituição, a situação acicatou de tal forma o relacionamento entre as partes que já se dá como certo o rompimento – leia-se a saída dos Ermírio de Moraes, que, aliás, querem deixar esse barco não é de hoje. Neste caso, todos os caminhos levam na direção do BTG Pactual. Há tempos que André Esteves se movimenta para fincar sua bandeira no Votorantim – ver RR edição nº 4.374. Desta forma, o dono do BTG fecharia seu tão sonhado Grand Slam bancário, tornando- se parceiro da Caixa, por meio do Banco Pan (o antigo PanAmericano), e do BB, no Votorantim. A partir daí, as derivações não têm limite. Esteves poderia, por exemplo, criar uma holding onde penduraria suas participações nos dois bancos. O passo seguinte? Bem ao estilo do BTG, que tal um IPO desta futura empresa? O disfarçado incesto da banca pública – o banqueiro privado fecha os vértices do triângulo com o BB e a CEF – deixará André Esteves em posição privilegiadíssima no setor. A interseção societária com o BB e a Caixa significará o acesso a dois dos maiores canais de distribuição do varejo bancário no Brasil: a dupla soma mais de oito mil agências. A operação, diga-se de passagem, viria em um momento oportuno. O Pan não é o sofrido Banco Votorantim, mas o BTG também tem suado para colocar a casa em ordem. Um caso emblemático é área de crédito imobiliário. Nem mesmo a coabitação societária com a Caixa tem sido suficiente para alavancar o negócio. Muito pelo contrário. Nos últimos meses, o Banco Pan reduziu a oferta de recursos e adotou critérios mais rigorosos para a concessão de empréstimos, inclusive com a suspensão de uma leva de contratos que já estavam pré-aprovados.
Acervo RR
Mercedes
19/11/2013No BNDES, a promessa do presidente da Mercedes- Benz no Brasil, Philipp Schiemer, de atingir um índice de nacionalização de 60% até o fim de 2014 foi recebida com grande ceticismo – e até uma certa dose de ironia. No momento, a maior parte dos caminhões produzidos pelos alemães no país não chegaria sequer a 40% de componentes nacionais.
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Triunfo aumenta o calado da Portonave
8/11/2013A Portonave vai sofrer uma mudança de rota. Para melhor. A Triunfo Participações e Investimentos pretende transformar a empresa em uma subholding, onde vai pendurar todos os seus negócios em gestão portuária. O upgrade deverá ser acompanhado de uma reestruturação societária. A Triunfo estaria negociando a entrada da BNDESPar no capital da Portonave. O braço de investimentos do banco de fomento já é acionista da holding. A companhia articula ainda um novo aporte do fundo suíço Backmoon Investments, dono de 50% da Portonave. Procurada, a Triunfo nega a operação com o BackMoon e a BNDESPar. No entanto, segundo fontes próximas ao grupo, os acionistas da holding estariam decididos a ficar com uma participação minoritária na Portonave. O aporte do BNDES e do fundo suíço seria fundamental para bancar os novos projetos da empresa, a começar pela instalação de um terminal de cargas no Porto de Suape, em Pernambuco.
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Está fazendo 1.512 dias que Lázaro Brandão salvou a Vale
1/11/2013Está fazendo 1.512 dias que Lázaro Brandão salvou a Vale das mãos de Eike Batista. BNDES e Previ já tinham concordado com a operação. Hoje, estariam chorando Marias e Clarisses no solo do Brasil.
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Sete Brasil perfura ainda mais o caixa dos acionistas
31/10/2013As sondas da Sete Brasil já estão funcionando. Pelo menos para atingir as mais profundas camadas do caixa de seus acionistas, sobretudo os ligados ao governo. De um jeito ou de outro, praticamente todo o funding necessário para a execução do plano de investimentos da companhia – leia-se a construção de 29 sondas, ao superlativo custo de US$ 25 bilhões – virá de agentes públicos. Além dos US$ 6,3 bilhões obtidos no âmbito do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e do empréstimo de US$ 9 bilhões do BNDES, há uma negociação para que Previ, Funcef e FI-FGTS façam um novo aporte de capital na empresa. Ao lado da Petrobras, as duas fundações e o fundo administrado pela Caixa figuram entre os principais acionistas da companhia, com mais de 40%. Segundo uma fonte ligada a Funcef, a capitalização pode chegar aos US$ 3 bilhões. Uma vez confirmada, a operação significará a diluição da participação dos acionistas privados, entre eles BTG Pactual, Santander e Global Energy Partners. O mesmo se aplica a Petrobras, que já admitiu publicamente a intenção de reduzir sua fatia no negócio. A Sete Brasil nasceu sob a égide de ser o grande fornecedor nacional de sondas para a indústria de exploração e produção de petróleo. Este propósito, é bom que se diga, segue de pé. No entanto, mais do que uma escolha, o governo hoje se vê forçado pelas circunstâncias a usar de farta munição financeira para garantir o cumprimento do plano de negócios da companhia. Vencedor ou não, é o cavalo que conduz o jóquei. O motivo é a Petrobras. Quase toda a carteira de pedidos da Sete Brasil esta pendurada na estatal. O receio do governo é que qualquer contratempo na entrega dos equipamentos comprometa a operação da Petrobras. Tanto que existe ainda a possibilidade de o próprio BNDES entrar também no equity do negócio – ver RR edição nº 4.668. Do valor total previsto no plano de negócios da companhia, cerca de um quarto, ou aproximadamente US$ 5 bilhões, virão do caixa da Sete Brasil. Após fechar os empréstimos do BNDES e do Fundo da Marinha Mercante – e somando-se também os recursos próprios – , os acionistas da empresa avaliaram a possibilidade de buscar no mercado os outros US$ 5 bilhões que faltavam para fechar a conta de US$ 25 bilhões. No entanto, teriam recuado diante da conjuntura pouco favorável. Com o eventual aporte liderado por Previ, Funcef e FIFGTS, o valor ainda a descoberto cairia para a “ninharia” de US$ 2 bilhões, montante que deverá ser obtido junto a bancos internacionais.
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Contabilidade criativa adia PIB zero quilômetro
30/10/2013O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está refém da contabilidade criativa, expediente que permitiu, entre outros arranjos, repasses bilionários do Tesouro Nacional para o BNDES sem impacto sobre a dívida líquida da União. A camisa de força, no caso, não diz respeito ao manuseio dos passivos da União, mas ao adiamento das mudanças na metodologia de cálculo do PIB e da dívida bruta, que já estavam sendo encaminhadas junto a s agências multilaterais. A alteração na contabilidade do PIB é tida como fundamental pela Fazenda, até porque sua aceitação pelos stakeholders da área econômica, notadamente mercado e academia, já é dada como favas contadas. Ninguém, ninguém mesmo, nem o IBGE, nem os departamentos dos bancos ou economistas reputados, acreditam que o PIB não seja maior do que o atual. A estimativa feita na área econômica do governo é que o diferencial possa atingir até 1%. Se fosse possível, a partir da correção retrospectiva dos dados, rever a série histórica das contas nacionais, os indicadores do Brasil estariam muito melhores do que os apontados. Mas, como diz o aforismo, é para frente que se anda. A relação dívida bruta/PIB – atualmente em 65,8% e considerada pelos analistas internacionais como o indicador mais sensível na mensuração dos passivos da União – encolheria dos 4,2% que cresceu de 2010 até agosto deste ano. O déficit nominal, que alcançou 3,12% do PIB, não chegaria a ficar franzino com a nova metodologia de cálculo da soma da riqueza nacional, mas bem menos incômodo do que o atual. A mudança viria sob medida para impedir que a pressão de despesas sobre o Estado prevista para os próximos anos se reflita exageradamente sobre os índices. Os gastos de infraestrutura da União deverão subir de 2% a 4% até 2016. O pré-sal também será um sugadouro. A manutenção das políticas sociais exigirá um crescimento médio do PIB de 3,5% até 2018, de forma a não pressionar os fundamentos fiscais. Em síntese, o PIB estará no centro de todas as comparações, para o bem e para o mal. Diriam alguns que a mudança não passa de mera trucagem. Mas a Fazenda, no devido momento, está disposta a constituir um comitê de sábios, importando laureadas cabeças, inclusive um Prêmio Nobel, de forma a responder a s suspeições técnicas e mitigar as políticas. Afinal, é importante zelar pela credibilidade do IBGE, que, não obstante estar cumprindo seu dever técnico, poderia ficar exposto a um tiroteio. A mesma iniciativa valeria para a dívida bruta, na qual haveria ativos calculados como passivos. Ocorre que, nesse quesito, a sensibilidade é ainda maior. Por isso, Mantega estaria decidido a não mexer nesse item, pelo menos em um horizonte mais visível, sob o risco da acusação de estelionato da contabilidade nacional ou argentinização dos indicadores oficiais. Quanto ao PIB, a reforma virá. E mesmo que não represente uma medida de equilíbrio fiscal ou estruturante dos efetivos problemas do Tesouro – pacto fiscal, despesas compulsórias, gula do Legislativo pelas emendas orçamentárias – mostrará um país real melhor do que o que se enxerga. Afinal, para que servem métricas se não para isso?
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Josué Gomes da Silva já está fardado para 2014
29/10/2013A que vem Josué? A pergunta, em tom quase bíblico, começará a ser respondida no início de 2014, quando Josué Gomes da Silva deverá deixar o comando da Coteminas para se dedicar ao que se anuncia como o grande projeto da sua vida. Recém-filiado ao PMDB, prepara-se para zarpar de vez em direção a política. Josué não é exatamente um vestibulando na matéria. Afinidade com o poder não lhe falta. Ele talvez seja hoje o empresário mais próximo de Lula, notadamente no que diz respeito a discussão da economia nacional. O herdeiro de José Alencar tem participado do grupo de avaliação de conjuntura que se reúne regularmente com o expresidente, no qual se notabilizam Antonio Palocci, Paulo Okamoto, Aloizio Mercadante – Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo costumam aparecer, embora com menos assiduidade. O passe político de Josué, ressalte-se, foi disputado a peso de ouro. Todos os partidos de maior expressão conversaram com ele. O empresário foi para onde Lula o aconselhou a ir. O próprio ex-presidente esteve presente ao seu ato de filiação ao PMDB, uma efeméride, aliás, repleta de simbolismos. A cerimônia foi conduzida por Michel Temer, sucessor de seu pai na vice-presidência da República. E por onde Josué Gomes da Silva caminhará na política? Uma das possibilidades aventadas não lhe apetece muito. a€ boca pequena, ele tem dito que não se vê como o vice do PMDB na chapa de Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais. A candidatura ao Senado seria o caminho natural e, a priori, com grandes chances de vitória. No entanto, a hipótese do coração de Josué e do cérebro de Lula seria o seu début no governo em 2014. Neste caso, ele assumiria a vaga deixada pelo próprio Pimentel no Ministério do Desenvolvimento, herdando uma Pasta ainda mais forte, com poderes sobre o BNDES e autoridade sobre o BB e a CEF. Josué, então, ganharia musculatura para assumir a Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff, com a missão de galvanizar o apoio empresarial com vistas ao crescimento médio do PIB da ordem de 3,5% no próximo governo. A partir daí, o céu seria o limite. No seu firmamento político, Josué poderia ser o candidato da situação – não pelo PT, mas pelo PMDB – a sucessão de Dilma. Mas cada coisa a seu tempo. Neste momento, Josué deve ser visto como é: um soldado a disposição para 2014. Josué Gomes da Silva já teria um nome no bolso do colete para assumir a presidência da Coteminas. No entanto, essa talvez seja a parte menos complexa da operação. Ele próprio tem feito questão de dizer a alguns empresários que hoje, após a reestruturação deflagrada com a compra da Springs, a Coteminas anda sozinha. Josué foi um dos primeiros do setor a não apenas assimilar como colocar em prática a tese de que a indústria precisa de um canal de serviço. Saiu comprando redes varejistas para verticalizar a operação, isso antes do célebre estudo da McKinsey, segundo o qual os serviços representam 23% do valor adicionado da indústria. Cabe ressaltar também que o empresário Josué Gomes da Silva sempre procurou deixar o caminho pavimentado para o político Josué Gomes da Silva, a começar pelo grau de independência em relação ao governo. Hoje, a Coteminas praticamente não tem dívida com o BNDES, um conselho de José Alencar que o rebento seguiu a risca.
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Empurrãozinho
29/10/2013O governo vai dar um refresco para os fabricantes de equipamentos ferroviários. Deverá anunciar, em breve, o aumento do prazo de vencimento dos empréstimos do BNDES a empresas do setor, que passará de 10 para 20 anos. Tratase de um pleito antigo da turma dos trilhos.
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Montadoras
29/10/2013O BNDES financia muita gente que nem sequer enxerga. Por uma operação triangular, este é o caso da General Motors da Argentina. A GM do Brasil é hoje uma das maiores mantenedoras da filial portenha. Já responderia por quase 40% dos investimentos do lado de lá da fronteira. Aliás, por falar em montadoras, segundo fonte ligada ao BNDES, a Honda teria buscado o apoio do banco para financiar a construção de sua segunda fábrica de automóveis no Brasil. Procurada, a empresa nega as tratativas. O projeto está orçado em R$ 1 bilhão.
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CAB Ambiental e Aegea são dois rios na mesma direção
28/10/2013Do encontro das águas de dois grandes grupos da área de infraestrutura pode surgir uma das maiores empresas privadas de saneamento do país. A CAB Ambiental, controlada pela Galvão Engenharia, e a Aegea, leia-se Equipav, negociam sua fusão. A associação daria origem a uma companhia com faturamento próximo dos R$ 900 milhões e 35 concessões em seis estados. Entre os pingentes pendurados neste colar estariam a ProLagos, da Região dos Lagos (RJ), e a aguas Guarioroba, de Campo Grande (MS), duas das maiores operadoras do Brasil não controladas por governos estaduais ou municipais. A nova empresa já sairia do ovo controlando aproximadamente 25% do mercado privado de saneamento. Oficialmente, a Equipav nega a fusão. No entanto, segundo o RR apurou, o grupo seria o acionista majoritário, com algo em torno de 60% das ações. Uma vez consumada, a operação significará uma reviravolta em relação a negociação travada no início deste ano, quando a Equipav apresentou uma oferta para comprar o controle integral da CAB, o que significaria a saída da Galvão do setor de saneamento. Ressalte-se que esta pororoca societária não ficará restrita a Equipav e a Galvão. Um candidato mais do que natural a desaguar no negócio é a BNDESPar, que tem um terço do capital da CAB Ambiental e aproveitaria a fusão para diluir sua participação. Por sua vez, a Aegea deverá carregar um sócio cheio de liquidez para a nova empresa. Trata-se do GIC, fundo soberano de Cingapura, que fechou recentemente um acordo para aportar cerca de R$ 300 milhões no braço de saneamento da Equipav. De acordo com a fonte do RR, a nova empresa teria um plano de investimentos até 2015 estimado em R$ 2,3 bilhões – algo 50% superior ao valor orçado exclusivamente pela Aegea para o mesmo período. Parte destes recursos seria destinada a aquisições, até porque um dos objetivos da Equipav e da Galvão é que a companhia venha ao mundo para ser uma consolidadora do setor. Ao mesmo tempo, os dois grupos nutrem a expectativa de que a futura empresa seja um rio capaz de correr em direção a três letras: IPO.
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Os black blocs das expectativas racionais
21/10/2013Em algum lugar do firmamento, o professor Roberto Campos deve estar sentindo uma ponta de orgulho. Desde a vigência da Constituição de 1988 nunca antes uma campanha eleitoral para a Presidência da República terá sido tão conservadora nos seus temas econômicos. Mas ao orgulho sobrevém o desdém. As juras de fidelidade ao tripé da política econômica – meta fiscal rigorosa, inflação no target e câmbio flutuante -, assim como cortes das despesas de custeio do Estado, aceleração e ampliação radical do programa de concessões, desconstrução do BNDES, entre outras promessas, se dissolvem na boca dos candidatos como biscoitos de polvilho. São aeradas, vazias, não vão se concretizar. Os próximos anos ainda estarão sob a égide da crise internacional, que exigirá políticas compensatórias e estruturantes do Estado. Marina Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos são os black blocs do tripé. Suas críticas monotemáticas acabam arrastando Dilma Roussef para a mesma igreja. Nenhum dos aspirantes a Presidência vai querer colocar o social no centro do debate, mesmo sabendo que é ele o grande puxador de votos. Para Marina, a adesão a inflexibilidade absoluta pregada pelos sacerdotes do tripé representa a sua “Carta ao Povo Brasileiro”; para Aécio, um “descompromissado compromisso” com a alma do seu partido; para Eduardo Campos, um passo de frevo. Cabe lembrar que Lula assinou sua missiva ao povo premido por uma crise de balanço de pagamentos, produzida pelo seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. De outra maneira, o Brasil iria a bancarrota. A rigidez cadavérica que se exige do tripé é uma armadilha e parece um discurso protonazista. Se cair um meteoro no Japão, houver um furacão no Chile ou um novo Lehman Brothers nos EUA, que não se altere em um milímetro as metas rigorosas e liberdade de flutuação sob pena do castigo dos infernos. O que sustenta essa tara é outra perversão: a teoria das expectativas racionais. Ficamos mais ou menos assim: o que ancora as expectativas racionais é a imexibilidade dos fundamentals, representados pelos três vértices do tripé. Seria a receita perfeita para a estabilização econômica. Ou para a captura do Estado pelas elites financeiras. Ou falta de originalidade mesmo. Melhor nessa hora solene ouvir o que nos diz a inteligência superior de Mario Henrique Simonsen, na página 1 da obra “Ensaios Analíticos”: “A teoria das expectativas racionais se tornou a menina dos olhos de ouro da extrema direita. O fundamento da teoria é um estelionato verbal: considera-se racional quem se comporta de acordo com a teoria”. Ponto final.
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Gerdau nos trilhos
21/10/2013Jorge Gerdau levou ao BNDES o projeto de construção de uma fábrica de lingotes para trilhos ferroviários. Como há escassez do produto no Brasil, a justificativa para o ingresso do banco no empreendimento está mais do que dado.
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Fibria e Suzano encenam um teatro de papel no BNDES
18/10/2013A recente coalizão entre os Ermírio de Moraes e os Feffer não passa de cenografia. a€ luz da manhã, Fibria e Suzano posam de aliados e lideram um tour de force para “ordenar” a implantação de novas fábricas de celulose no Brasil e evitar uma superoferta do produto; na penumbra da noite, protagonizam uma renhida disputa em que o único objetivo, de parte a parte, é puxar o tapete do outro. Conter a produção de celulose no Brasil? Só se for a do concorrente. A Suzano teria iniciado conversas com o banco em busca de financiamento para a instalação de uma fábrica no Piauí – o empreendimento, orçado em US$ 2,5 bilhões, já foi confirmado e adiado sucessivas vezes. Oficialmente, o projeto está suspenso, diz o próprio grupo. Mas, com o apoio do BNDES, tudo mudaria de figura. Do seu lado, a Fibria tenta arrancar da agência de fomento um empréstimo para a construção da segunda linha de celulose na fábrica de Três Lagoas (MS), ao custo de US$ 2 bilhões. Até aí, nada demais: a porta do BNDES está repleta de empresas em busca de financiamento – e nem poderia ser diferente. No entanto, há uma particularidade neste episódio que acentua a polarização e o clima de duelo entre Suzano e Fibria. Por conta exatamente do risco de excesso de oferta de celulose e também pela postura mais cautelosa da agência de fomento, as próprias empresas estão convictas de que dificilmente o BNDES apoiará simultaneamente a construção de duas novas linhas de produção. Um empreendimento automaticamente excluiria o outro. Ou seja: para Suzano e Fibria, é bola ou búrica. Diante do estreito funil, a disputa entre os dois “aliados” vem registrando golpes abaixo da linha de cintura. Executivos das duas empresas estariam protagonizando um jogo de intrigas nos bastidores do banco, tentando desqualificar o projeto da concorrente. “A fábrica de Três Lagoas tem problemas incontornáveis de logística que afetam a competitividade da operação”, diria a tropa da Suzano. “A unidade do Piauí é um descalabro do ponto de vista ambiental”, rebateriam representantes da Fibria. Enquanto os Feffer e os Ermírio de Moraes se digladiam pela preferência do BNDES, a família chilena Matte passou pela Avenida Chile sem fazer qualquer barulho. Com o luxuoso auxílio do governador Tarso Genro, a CMPC conseguiu um financiamento de R$ 2,5 bilhões para ampliar a capacidade da controlada Celulose Riograndense. Procurada, a Fibria não se pronunciou, alegando estar em período de silêncio. Já a Suzano afirmou que já manifestou, “em eventos recentes do setor”, sua posição em relação a regulação de novos projetos para a produção de celulose. Disse ainda que não há qualquer aliança com a Fibria. Para todos os efeitos, não era o que parecia.
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BNDES tem repelente guardado em casa
17/10/2013Uma singela recomendação ao BNDES para que ele prossiga prestando seus bons serviços a Nação: adote a velha e boa receita caseira e produza um documento sobre o seu destino. Ato contínuo, coloque-o em discussão pública. Desde sua criação pelo ministro da Fazenda Horácio Lafer, não tem sido outra a fórmula. O soro antiofídico para as campanhas destrutivas solertes que o BNDES tem sofrido são os grandes planos estratégicos para sua própria atuação, produzidos integralmente pela nata dos profissionais da casa. Já na sua origem, através da Lei nº1.628, foi grande a preocupação de blindar o banco da interferência de neófitos e oportunistas, além de luminares com a cabeça em Júpiter. Passados cinco dias da sua criação, o jornal O Globo já publicava editorial sobre os riscos “de que o governo queira utilizá-lo para resolver situações partidárias”. “A única preocupação do Sr. Getúlio Vargas – dizia o jornalão – deveria ser não deixar que o banco se levasse por critérios políticos e reunisse homens adequados, com os atributos de idoneidade e experiência em assuntos técnicos”. Dito e feito. A regra da história do BNDES, com exceção de alguns acidentes como a “privataria” no governo FHC, é essa. E o banco produziu o asfalto das estradas por onde rodaria o país e se juntou ao comboio, ora como locomotiva. O primeiro documento estratégico de porte foi o Programa de Reaparelhamento Econômico. A partir daí, a lista de realizações não parou de crescer: Fundo de Desenvolvimento Técnico Científico (Funtec), funding para financiamento a indústria através do PIS/Pasep, do FAT, o Programa de Insumos Básicos e Substituição de Importações e a BNDESPar. Neste rol entram também o documento da Integração Competitiva do Brasil na Economia Mundial e o Finsocial, Programa Nacional de Desestatização, e tantos outros. Agora, na esteira do episódio do Lehman Brothers, e repetindo o ocorrido com o Nixon Shock – episódios em que teve de fazer políticas compensatórias para evitar o desastre nacional – o banco volta a apanhar como boi ladrão. E querem que ele seja uma instituição de apoio ao mercado de capitais, que seja somente um repassador de funding aos bancos privados, que se restrinja a infraestrutura, que extermine a BNDESPar, que fique reduzido, que suma do mapa… É muita ladainha! Portanto, segue a boa dica. O corpo técnico que se reúna sob a batuta de Luciano Coutinho, mergulhe na questão e produza os “Cenários da Economia Brasileira e da Ação Estratégica do BNDES”. E faça com que o documento circule entre os stakeholders e abra o debate sobre o assunto. Aliás, como sempre foi.
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Eletrobras gasta uma fortuna com um filho que não gerou
11/10/2013O Grupo Alusa pariu Mateus, mas não quis embalá- lo. Agora, ao que tudo indica, o órfão vai acabar no colo da Eletrobras, a grande mãe do setor elétrico nacional. Por Mateus, entenda- se o projeto de construção da hidrelétrica de Sinop, no Mato Grosso, uma das mais importantes concessões licitadas pela Aneel no leilão de energia nova realizado no fim de agosto. Sócia minoritária da usina, a estatal deverá assumir integralmente o controle do empreendimento, tornando-se responsável pelas obras e pela operação da geradora. Na semana passada, o ministro Edison Lobão e o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, conversaram sobre a questão. Lobão teria, inclusive, levantando a possibilidade de o BNDES financiar parte da obra. A estatal já deu a partida no estudo de viabilidade contemplando a nova realidade societária, ou seja, 100% dos custos sobre os seus ombros. Significa dizer que, não obstante o caixa combalido, a Eletrobras terá de arcar com um gasto de aproximadamente R$ 2 bilhões que não estava previsto no seu orçamento. Isso, ressalte- se, no momento em que a companhia negocia com o governo uma indenização de R$ 14 bilhões por conta das perdas com a nova política tarifária. Vai entender… Desde que a Alupar, subsidiária da Alusa e acionista majoritária da usina, desistiu do projeto, todas as tentativas do governo de encontrar um substituto deram com os burros n’água. Houve conversas com Cemig e EDF, mas ambas recuaram. O receio do Ministério de Minas e Energia é que o atraso na construção da usina cause um descompasso no fornecimento de energia na Região Centro-Oeste – com capacidade de 400MW, a hidrelétrica de Sinop é fundamental para o equilíbrio entre a oferta e a demanda do insumo nos próximos quatro anos. Resumo da ópera: entre correr o risco de desabastecimento de energia no Centro-Oeste e jogar mais um esqueleto no ossuário contábil da Eletrobras, o governo já fez sua opção. Dentro deste cenário, caso seja forçada a arcar integralmente com os custos, a Eletrobras alimenta a esperança de recuperar, ao menos, parte do investimento no médio prazo. A estatal trabalha com a expectativa de que talvez seja mais fácil buscar um sócio após a inauguração da usina, quando os custos de construção já estarão amortizados e o futuro sócio terá garantia firme de receita.
Acervo RR
Marfrig
11/10/2013O empresário Marcos Molina teria batido na porta do IFC. Segundo uma fonte do BNDES, sócio do Marfrig, negocia um aporte do braço privado do Banco Mundial no frigorífico. Procurada, a empresa negou a operação. No entanto, de acordo com a mesma fonte, a negociação envolveria a venda de até 8% da companhia.
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Torneira aberta
9/10/2013Boas novas para os produtores de etanol de celulose. Em 2014, o BNDES deverá liberar cerca de R$ 1,5 bilhão para projetos no setor, 50% a mais do que neste ano.
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Dois cafezinhos sobre o BNDES
8/10/2013Faz quase duas décadas que o economista Arthur Candal produziu para a Associação Brasileira da Indústria Química um avassalador estudo prevendo que a africanização da indústria brasileira já começara e era irreversível. Candal tinha uma ponte com o então ministro da Fazenda, Pedro Malan, a quem salvou de uma perseguição do Dops ao passar uma noite inteira rodando de carro pela cidade. Mas esse nunca foi um assunto que o lendário economista fosse levar a Malan como um bilhete premiado do passado em troca de dois dedos de prosa sobre suas reflexões. Ao que se lembre, o governo só o ouviu durante o regime militar, por meio de João Paulo dos Reis Velloso, no Ipea. Alguns anos após Candal ter cometido o visionário paper, o economista Edmar Bacha começou a desenhar sua tese de que o BNDES é um desserviço completo a indústria nacional, pois sua presença inviabiliza a consolidação de um sistema financeiro privado de empréstimos de longo prazo e, por outro, exige uma política de juros mais elevados para contrapor aos juros subsidiados da TJLP. Certa vez, Candal esbarrou com Bacha no Aeroporto Santos Dumont. Cumprimentaram- se com um meneio de cabeças. Para “Arthur, o petroquímico” Bacha era uma diva da macroeconomia a procura de plateia. Bacha devia achar aquela encurvada figura meio amalucada, totalmente distante do seu estilo fashion da PUC-RJ. O fato é que Candal berrava até ficar rubro por um ajuste fiscal de 9% a 10% da dívida bruta como a única forma de evitar que a indústria sucumbisse. Uma violência! O seu BNDES, protagonista da política industrial, seria diferente. Ficaria voltado a substituição de importações de setores com maior valor agregado, exemplo da química e petroquímica. Candal se foi, Antônio Barros de Castro, também, e do trio de industrialistas sobrou Luciano Coutinho, defendendo bravamente a bandeira do BNDES. Mas Luciano é outra história. De lá para cá, Bacha redescobriu a indústria e colocou-a no centro do seu novo Plano Real, que conjugaria aperto de mão de obra, liberação das importações, política fiscal austera, taxas de juros mais altas e, se possível, um míssil jogado em cima do BNDES. Se ele e Arthur Candal tivessem a oportunidade de se encontrar novamente, ainda não seria dessa vez que apertariam as mãos. Mas talvez topassem conversar em torno da ideia de fazer do banco uma agência de desenvolvimento do programa de concessões. O BNDES funcionaria como uma espécie de garantidor de última instância das operações com debêntures das empresas investidoras no setor de infraestrutura, leia-se, em grande maioria, concessões de serviços públicos.
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Morte anunciada
7/10/2013O Orygen, “superlaboratório” criado sob os auspícios do BNDES, está derretendo feito um Redoxon num copo d’água. Após a deserção da Libbs e do Cristália, os sócios remanescentes, Eurofarma e Biolab, também estariam se preparando para deixar o barco. Consultada, a Eurofarma afirmou que continua no projeto. Sem qualquer comparação, Libbs e Cristália também diziam o mesmo.
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Lupatech entre o cadafalso e a ressurreição
2/10/2013O clima na Lupatech é de “ou vai ou racha”. O BNDES está a frente de uma operação que é vista pelo próprio banco como a bala de prata, o último tiro capaz de equacionar os graves problemas financeiros da empresa. A agência de fomento costura um aporte de capital que seria liderado pelo Vinci Partners e pela GP Investimentos – esta última já é acionista da fornecedora de serviços para a indústria petroleira. A Petros, um dos principais sócios da Lupatech, também acompanharia a chamada. Já o BNDES – maior acionista individual da empresa, com 31%, não entraria na capitalização, diluindo consideravelmente sua participação. Em contrapartida, o banco teria se comprometido a financiar um projeto de expansão da empresa que seria executado logo após a reestruturação societária, permitindo a plena retomada de suas atividades. Segundo uma fonte do próprio BNDES, a operação será submetida ao Conselho de Administração da Lupatech até o fim de outubro. De acordo com o mesmo informante, o aumento de capital seria acompanhado de uma renegociação da dívida da companhia, hoje na casa de R$ 1,5 bilhão. Um dos maiores credores da empresa, leia-se um grande banco norte-americano, já teria concordado com um deságio de até 60%. A solução surgiria no momento em que a corda aperta ainda mais o pescoço da Lupatech. Nos últimos dois meses, a companhia voltou a atrasar o pagamento de juros a debenturistas e portadores de bônus perpétuos – ver RR edição nº 4.714. Em tempo: os mercados, ao que parecem, já captaram a movimentação dos acionistas da Lupatech e a nova tentativa de reestruturação. Desde a semana passada, houve uma súbita disparada das operações com o papel. Nos últimos cinco pregões da Bovespa, foram negociadas, em média, 440 mil ações da fornecedora de serviços para a indústria petroleira. O número representa praticamente o triplo da média de títulos movimentados durante todo o mês de agosto.
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Cemig encontra uma cerca eletrificada na entrada de São Paulo
26/09/2013Um dos mais aguardados negócios do setor elétrico está colocando do mesmo lado petistas e tucanos – e, de quebra, criando um racha entre duas lideranças do próprio PSDB. A operação em questão é a venda simultânea da distribuidora Eletropaulo e da geradora Tietê, ambas controladas pela AES e pelo BNDES, sócios na holding Brasiliana. Depois de tantas idas e vindas, os norte-americanos fecharam um acordo com o banco para a negociação das duas empresas. Já teriam, inclusive, contratado como adviser um banco de investimentos conterrâneo. A operação junta a fome dos norteamericanos em reduzir consideravelmente sua posição no mercado brasileiro com a antiga vontade do governo de colocar dois dos mais importantes ativos do setor no colo de um grande grupo nacional. No entanto, as primeiras articulações feitas pela AES desencadearam um curto-circuito político. O grupo vem mantendo conversações com a Cemig, interessada na aquisição tanto da Eletropaulo quanto da Tietê. Com este movimento, os norte-americanos conseguiram a façanha de unir os Montecchio e os Capuleto da política nacional. O próprio Palácio do Planalto, que acompanha as negociações, torce o nariz para a ideia de as duas empresas caírem nas mãos da Cemig. Quando o assunto é o fortalecimento de empresas nacionais, o governo tem suas preferências no setor, que passam longe das alterosas e de uma estatal sob jugo tucano. Reforçar a Cemig significa energizar um latifúndio político do PSDB e, sobretudo, Aécio Neves, uma espécie de cardeal vitalício na companhia. Curiosamente, o Planalto não está sozinho. No Palácio dos Bandeirantes, a repulsa é a mesma. Não obstante o sangue tucano em comum, Geraldo Alckmin está disposto a erguer uma barricada para fechar suas fronteiras elétricas e impedir que o governo mineiro dê as cartas no setor em São Paulo. Com a dupla aquisição, a Cemig teria um enclave de quase cinco mil quilômetros quadrados em território paulista e abduziria cerca de 16 milhões de clientes, o universo atendido pela Eletropaulo. Assumiria ainda o comando de um parque gerador formado por nove hidrelétricas, com capacidade para fornecer metade da energia consumida pela cidade de São Paulo em um ano. O RR pinta o quadro com cores fortes, e até talvez com algum exagero. Mas tudo indica que a Cemig está com os dois dedos na tomada. Se Geraldo Alckmin promete gastar munição política para evitar a venda da Eletropaulo e da Tietê a estatal mineira, o governo federal detém armas de calibre ainda mais grosso para pressionar a AES a buscar outro candidato a compra das duas empresas. Neste caso, mira diretamente no bolso dos envolvidos no negócio. O BNDES já teria se comprometido a financiar a venda da distribuidora e da geradora. Mas provavelmente a moleza não se aplica a Cemig.
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Abengoa
23/09/2013O interesse da Abengoa pelo mercado sucroalcooleiro no Brasil parece estar evaporando. O grupo teria postergado para o segundo semestre de 2014 a construção de uma usina de etanol celulósico no país. Nem mesmo o apoio do BNDES serviu para adoçar a boca dos espanhóis – por meio da Finep, o banco já liberou neste ano mais de R$ 2 bilhões para projetos no âmbito do PAISS – Plano de Inovação Tecnológica Industrial no Setor Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS). Ressalte-se ainda que, desde o ano passado, a Abengoa procura um comprador para duas de suas usinas de etanol de cana-de-açúcar no país – a São Luiz, localizada em Pirassununga, e a São João, de São João da Boa Vista, ambas em São Paulo.
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Perda de peso
18/09/2013A BNDESPar deverá se desfazer de participações em algumas empresas de menor calibre. A primeira da fila seria a gaúcha Altus, especializada em automação industrial. Consultado, o banco não quis se pronunciar.
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Aço do BNDES
17/09/2013A mexicana Simec está com um pé na soleira do BNDES. Deve buscar apoio para o projeto de construção de usina de aços longos em Pindamonhangaba (SP), orçada em US$ 500 milhões. Consultada por meio da GV do Brasil, seu braço no país, a Simec disse desconhecer a negociação.
Acervo RR
BNDESPar
9/09/2013A BNDESPar vai voltar ao front. Pretende retomar em outubro a emissão de R$ 2,5 bilhões de debêntures cancelada em junho.
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Pouso forçado
6/09/2013David Neeleman, dono da Azul, teria voltado a bater na porta do BNDES em busca de apoio para a compra da TAP. Mais uma vez, encontrou o sinal vermelho. Procurada, a Azul nega o interesse na TAP. Já o banco não quis se pronunciar.
Acervo RR
CMPC
6/09/2013O empresário chileno Eliodoro Matte, dono da CMPC, tornou-se persona non grata entre os Ermírio de Moraes, os Feffer e os Klabin. Controlador da Celulose Riograndense, Matte não apenas se recusou a aderir a proposta de contenção da produção da commodity feita pelo trio como vem tentando convencer outros fabricantes, como Cenibra e Bahia Pulp, a seguir o mesmo caminho. Recentemente, Fibria, Suzano e Klabin sugeriram a criação de um grupo para discutir com o BNDES um “reordenamento” dos empréstimos ao setor para frear o aumento da produção e a consequente queda dos preços.
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Mantega é o beque de roça da economia brasileira
30/08/2013Guido Mantega já não esconde de ninguém que vai desafinar ainda mais o coro dos descontentes. Voltam em escala hiperbolizada as chamadas medidas macroprudenciais, dessa vez focadas no calendário eleitoral que se aproxima a galope de cavalo árabe. Para conter as importações, segurando o déficit de transações correntes e amainando a fúria do câmbio, Mantega já prometeu apor sua mão pesada sobre as tarifas e, com a outra manopla, dar um tapa em operações mais rústicas, tais como a estratégia de liberação a conta-gotas das guias de importação. A contenção das vendas externas seria feita por seleção, ou seja, aqueles setores que precisam desesperadamente das importações como fator de produtividade e competição teriam prioridade. Ressalte-se que a economia ficará toda dividida, disforme como um “pé de galinha redistributivo”. Por esse modelo “prudencial”, alguns terão vantagens sobre outros, com os favorecimentos, é claro, decididos pela burocracia da Fazenda. No segmento de hedge financeiro, o governo gastou um cartucho de bala calibre 12, surpreendendo com farta munição, leia-se as operações de swap diárias com valores expressivos até para a ganância do mercado. Com a medida, poupa o uso das reservas cambiais no chamado dólar pronto ou a vista. Um detalhe quanto a s reservas: em um ambiente de frenesi, qualquer redução, ainda que não expressiva, do estoque de divisas cambiais, pode ser interpretado como fragilidade ou mesmo ataque especulativo. Com o luxuoso apoio dos analistas que praticam o terrorismo de mercado, um punhado de dólares pode ser o que falta para transbordar o humor das agências de rating. Mantega morre de medo de que as reservas caiam. O desafio do governo é babilônico. Ele tem de elevar as taxa básica de juros, pois a inflação é o maior inimigo do calendário eleitoral de 2014, sem contaminar a atividade econômica. Ao mesmo tempo, precisa acertar a sintonia para que a alta dos juros permita estimular os mecanismos de arbitragem entre as taxas externas e internas, capazes de aumentar o fluxo de hot money e segurar o câmbio. Tudo isso sem contar com a contribuição do fiscal – aliás, já se dá como perdida a possibilidade de qualquer recuo dos gastos governamentais neste ano e, principalmente, em 2014. O Tesouro Nacional é a pedra de toque da salvação da economia de curto prazo e combustível para eleição de Dilma Rousseff. Segundo Mantega, a dívida bruta ainda aguenta subir um degrau, isto porque o governo dá como certa a permissão do FMI para a mudança no critério de contabilidade do débito. Do Tesouro, via aumento de capital da Petrobras, poderia vir o gás para compensar o atraso no aumento dos combustíveis. Também do Tesouro viria mais um repasse de verbas injetadas no BNDES – Luciano Coutinho já disse que aguarda a complementação orçamentária. Guido vai usar todo o seu arsenal de heterodoxias, e seus adversários que morram de raiva. Com essas medidas, ele catapulta um eventual retorno ao tripé da sustentabilidade – câmbio livre, cumprimento do superávit primário e meta da inflação – para depois das eleições. Mas o momento é de retranca, canelada e bola para o mato, que o jogo é de campeonato.
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Luz nos pampas
29/08/2013Tarso Genro estaria costurando com o governo federal um novo empréstimo do BNDES para a CEEE. O valor seria da ordem de R$ 500 milhões. No fim de 2012, o banco liberou R$ 380 milhões para a distribuidora gaúcha. Procurada, a CEEE afirmou “desconhecer o assunto”.
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Glycon e Mario Pinto choram pela Petrobras
28/08/2013Sexta outonal, a s 11h, na Escola de Minas de Ouro Preto, os ectoplasmas de preletores notórios aguardam a cerimônia de aniversário do célebre educandário, criado em 1876. Proseiam próximos a uma janela de madeira secular o ex-diretor do Departamento Nacional da Produção Mineral Glycon de Paiva e o fundador da lendária Consultec, Mario da Silva Pinto, ambos críticos da Petrobras. Os dois geólogos foram alunos da Escola de Ouro Preto e se notabilizaram como conspiradores de boa cepa. Agora, a massa vaporosa de suas almas se mostra preocupada com a estatal. – Caríssimo, o comissariado da República da Petrobras discute, a sete chaves, a necessidade de mais um aumento de capital, ainda neste ano, com o valor ainda dependendo do aumento do preço do combustível, diz Mario da Silva Pinto. – Ué, a Petrobras não foi capitalizada em US$ 120 bilhões e ainda outro dia não recebeu R$ 12 bilhões do BNDES? Incrível! – exclama Glycon. – O curioso é que a companhia diz ter um caixa da ordem de US$ 30 bilhões e garante que sustenta os recursos para seus dispêndios deste ano. Só que nessa megacapitalização que você bem lembrou a empresa também dizia ter um caixa firme. O atual foi construído com o atraso dos projetos e uma política genocida em relação aos fornecedores. Eu desafio a que me digam um projeto da Petrobras que não esteja atrasado. Há mais de 800 contratos de fornecedores com as suas faturas na geladeira, diz Mario Pinto. Ele acrescenta: – Os preços dos combustíveis têm de refletir os preços de mercado. Sem o amortecedor da conta petróleo, que também era um monstrengo, a empresa quebra. Aliás, não quebra, porque é uma República dentro de uma República. Glycon fulaniza o cerne da questão: – E Maria das Graças? Ela não tinha a força? No último trimestre do ano passado, disse que o preço da gasolina seria corrigido até dezembro. Não foi. Agora insiste que será também até dezembro. Só que em setembro de 2012 o dólar estava em R$ 2,03. Nesse intervalo de tempo, saltou para a casa dos R$ 2,40. – Graça é um grão de competência e determinação no présal de problemas da Petrobras. A Dilma gosta dela, mas fica nisso. Superestimaram a moça, afirma Mario Pinto. – Há também o programa de desmobilização de ativos. A estatal quer alcançar US$ 11 bilhões. Eu pago para ver. E o prejuízo projetado com a importação de petróleo é superior a R$ 10 bilhões. Isso com um reajuste de 6% da gasolina. A queda da produção pode ficar entre 7% e 9% neste ano. A Petrobras Biocombustível está se desmilinguindo. E ainda tem a legislação embriagada do présal, com os 30% de participação compulsória nos consórcios de exploração, rebate Glycon. O espírito presente de Glycon de Paiva sintetiza: – Trata-se de uma derivada com as variáveis algébricas do poema “Hino Nacional”, de Drummond de Andrade, ou seja, o Brasil não existe, não existem os brasileiros. Existirá a Petrobras? Obs. Qualquer semelhança com a realidade é coincidência proposital ou apuração jornalística.
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Sede esportiva
27/08/2013“Arena BNDES”. Tratase do irônico naming & rigths dado pelos próprios executivos do banco ao estádio do Atlético Paranaense, em obras para a Copa do Mundo. A reforma tornou-se um sugadouro de recursos do banco, um dos principais financiadores do projeto. Com a recusa da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Paraná em liberar mais dinheiro, uma conta adicional de R$ 80 milhões deve cair no colo do BNDES.
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O empresariado e a banalidade do mal
26/08/2013A política econômica do governo está sofrendo um ataque ideológico que tem duplo objetivo: impor a matriz de câmbio flutuante e o cumprimento das metas de inflação e do superávit primário que vigoraram até a metade da gestão Dilma Rousseff e levar seu impacto restritivo para o próximo ano, ampliando o risco eleitoral. A conjectura é do principal interlocutor da presidenta da República entre os economistas do governo, uma espécie de Rasputin da equipe econômica. Ele chama a atenção para o grosso calibre da munição que vem sendo utilizada: impregnação cognitiva, proselitismo, publicidade, cursos, palestras, conscientização direta através de institutos de estudos, disseminação política, lobby no Congresso Nacional e alinhamento incondicional das grandes mídias. O discurso provém basicamente do meio empresarial e se ampara em uma pedra fundamental: o governo jamais foi vítima de circunstâncias, mas, sim, errou o tempo inteiro. Não são variáveis amenizadoras, portanto, fatores exógenos e endógenos imprevisíveis, tais como a crise financeira internacional, a derrapada da China, a posição dos Estados Unidos como aspirador da liquidez internacional, as manifestações de rua, o efeito Eike Batista, entre outros. O governo teria errado sempre por ter privilegiado, através do modelo de fortalecimento do consumo, a preservação do emprego, as políticas sociais e a correção do salário acima da correção monetária, todos em detrimento dos investimentos. Só que os investimentos, segue o “Rasputin”, não viriam de jeito nenhum. E não vieram mesmo, nem com as desonerações, juros subsidiados e montanhas de recursos transferidos do Tesouro para o BNDES. Isto porque a acusação de risco jurisdicional, taxas de retorno baixas e ativismo na gestão pública dos negócios é uma “doutrina permanente” e impede o rugido do “espírito animal” do empresário. Nada motivará os investimentos. As demandas históricas dos dirigentes privados, a exemplo da redução da tarifa de energia elétrica e redução do custo fiscal sobre a folha de salários, foram criticadas, ou por terem representado uma quebra de regras ou por terem sido tímidas demais. O programa amplo geral e irrestrito de concessões do governo, o maior projeto de privatizações da história, é merecedor de menos aplausos do que de críticas, em função da sua morosidade e algaravia regulatória, ignorando-se que a infraestrutura é a maior colmeia de monopólios, lobbies e grupos de interesse distribuídos dentro do Executivo e do Congresso. Todas as previsões do boletim Focus sobre os diversos índices da economia feitas por analistas do mercado financeiro são invariavelmente negativas em relação a s projeções do governo. O economista Chico Lopes, em cruzada solitária, considera vivermos um caso de “viés de confirmação” (confirmation bias), que ocorre quando “as pessoas só são sensibilizadas por informações que pareçam confirmar suas crenças ou hipóteses, ignorando evidências em sentido contrário”. Pessimismo é a palavra-chave. “Rasputin” enxerga a constituição de uma massa crítica, que congregaria em um roldão liberais puros e autênticos e conspiradores ideológicos natos. Eles estariam beirando o limite da sua responsabilidade no uso das self-fulfilling prophecy (profecias autorrealizáveis) desestabilizadoras. “Rasputin” é radical: o governo tem de perseverar até outubro de 2014, ainda que o empresariado já tenha condenado Dilma sem provas.
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Consolação
19/08/2013O apoio para a compra da CSA não veio. Mas, se serve de alento, Benjamin Steinbruch está perto de fechar um financiamento do BNDES para a aquisição de uma fábrica de cimento em Angola.
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Insucesso das concessões é o estopim do “Volta, Lula”
14/08/2013Lula dá uma bicada na xícara de cafezinho e observa a entrada de Antônio Palocci. Sentado ao seu lado, o fiel escudeiro Paulo Okamotto. O local do encontro é a Rua Ipiranga 21, sede do Instituto Lula. Os compadres estão aguardando o companheiro Aloizio Mercadante para o início de mais uma reunião semanal de conjuntura, seguida de almoço em restaurante discreto. – O Mercadante vai trazer as informações fresquinhas sobre o rolo das concessões. O Guido não vai poder vir – diz Lula. O ex-presidente acompanha cada grão de areia do processo de embaraço e desembaraço das licitações. Tem cristalina noção de que o resultado pode ser o sal do seu destino político. Se as concessões não andarem bem nos trilhos, a mídia vai fazer o maior rebuliço, propalando o fracasso. – Aí, sobra para mim. Começa a gritaria do “Volta, Lula!” – diz o ex-presidente, entre incomodado e satisfeito. Paulo Okamotto alerta: – A arquitetura das concessões tem de ser feita bem direitinho, sem brecha para algum lapso que possa ser capturado como malfeitoria. A “canalha” vai plantar tudo o que puder e mais alguma coisa. – Olha o trem-bala! Esse já atrasou de vez. O diacho é que acaba interferindo nas outras concessões – rosna Lula. Palocci intervém, enrolando as palavras com seu sigmatismo – ou língua presa: – Eu converso com os empresários e o mal-estar é muito grande. O principal problema é de interlocução. Para discutir assuntos fundamentais, como taxa de retorno, financiamentos do BNDES e regras de participação, são necessárias reuniões com até seis ministérios. Estão na parada a Gleisi, o Mantega, o Augustin, que virou meio ministro, a Mirian Belchior, o Pimentel, o Paulo Bernardo, esse Bernardo Figueiredo e até o Jorge… – Que Jorge? – interrompe Lula. – O Gerdau – responde Palocci. – Ah, sim. Mas ele já teve mais prestígio. Caiu lá para baixo com a Dilma. O problema é que politizaram os reajustes tarifários. Amansaram as manifestações, mas repassaram a conta para as concessões. É por aí que eles vêm para cima de mim. Aliás, já está uma romaria de empresários Enfim… E o que mais está pegando, hein? – inquire Lula. – O leilão do Campo de Libra parece que está meio equacionado. O rolo são os outros blocos – lembra Okamotto. Palocci rebate: – Os problemas maiores são nas áreas ferroviária e aeroportuária. Ninguém se entende. Vocês viram? O Augustin desmentiu o Figueiredo e foi desmentido pelo Mantega. Só falta a “alemã” desmentir todos. – As concessões são meu calcanhar de Aquiles – matuta Lula. Eis que Okamotto pergunta: – E o Mercadante, pô? Lula e Palocci: – Ele não vem mais. – Então, vamos almoçar e tomar uma cachacinha, que minha batata tá assando – convida a cada vez mais demandada lenda viva da política brasileira. Obs: A conversa acima foi psicografada por uma fonte que enxerga do Além. Ato falho; ela enxerga além.
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Eletrobras
9/08/2013Já existem articulações no governo para um novo empréstimo do BNDES a Eletrobras. A cifra ficaria próxima dos R$ 2,5 bilhões que a estatal recebeu recentemente para conseguir pagar seus dividendos.
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Caixa aberto
30/07/2013O banco português Caixa Geral de Depósitos (CGD) deu sinal verde ao governo brasileiro de que atuará como financiador de novos concessionários de rodovias, ferrovias e portos no país. A CGD está acertando os ponteiros com o BNDES.
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Lácteos Brasil arrasta correntes nos corredores do BNDES
26/07/2013Nem mesmo depois da sofrida sessão de exorcismo, que lhe custou uma baixa contábil de quase R$ 700 milhões, o BNDES conseguiu se livrar do fantasma da Lácteos Brasil (LBR). Não bastassem os prejuízos impostos pela deterioração financeira da empresa, que entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, o banco agora estaria a s voltas com um imbroglio de natureza política. Segundo uma fonte bem próxima a LBR – a “superindústria de laticínios nacional” formada a partir da associação entre Bom Gosto, GP e Laep – estão havendo eventuais atrasos no pagamento de produtores de leite no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. Diante da situação, os governadores Tarso Genro e Antonio Anastasia têm feito pressão para que o banco, patrocinador da criação da LBR e dono de 30% da fabricante de laticínios, injete com urgência mais recursos na companhia para normalizar o pagamento dos fornecedores de matéria-prima. Procurados, o BNDES não quis comentar e a LBR negou os atrasos nos pagamentos. A situação da LBR é cada vez mais complicada. A companhia, que entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, já acumula uma dívida próxima de R$ 1,2 bilhão. A dificuldade de honrar compromissos com os fornecedores acendeu um sinal de alerta nos governos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. a€s vésperas de ano de eleição, ou melhor, de reeleição, Tarso Genro e Antonio Anastasia temem o custo político que o episódio pode gerar. Seu receio é que a crise financeira da LBR se espalhe como um rastilho de pólvora pelo setor, afetando pequenos e médios produtores rurais. Ambos sabem muito bem onde este leite quente pode transbordar. A economia de diversos municípios nos dois estados é altamente dependente das vendas para a companhia, dona de três unidades de produção em Minas Gerais e de outras duas no Rio Grande. Os dois governadores usam exatamente esta importância social da LBR como instrumento de pressão para constranger o BNDES e convencê-lo a fazer um novo aporte na fabricante de laticínios.
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Sete Brasil procura novas plataformas financeiras
19/07/2013Menos de um ano após um aporte de R$ 5,5 bilhões, os acionistas da Sete Brasil estão de volta a mesa de negociações pelo mesmo motivo. Os investidores – leiase Petrobras e uma miríade de fundos de pensão e de bancos – têm discutido alternativas para mais uma rodada de capitalização da fabricante de sondas. A empresa precisaria de uma nova injeção da ordem de R$ 1 bilhão. Este seria o valor necessário para a Sete Brasil cumprir a primeira leva de contratos de construção e afretamento de sondas. Desta vez, no entanto, a situação é um pouco mais complexa. Maior acionista individual da empresa, com 10%, a Petrobras convive com crescentes restrições orçamentárias e tem segurado ao máximo qualquer desembolso não contemplado em seu plano de negócios. A própria estatal já teria sinalizado aos demais acionistas da Sete Brasil certa resistência a ideia de uma nova chamada de capital. Segundo uma fonte que acompanha as negociações, os acionistas da Sete Brasil trabalham com um plano B, de BNDES. A venda de parte das ações para o banco de fomento seria a alternativa para o caso de o novo aporte de capital não seguir adiante. Ainda assim, Previ, Petros, Funcef, BTG Pactual eSantander, entre outros acionistas da Sete Brasil, consideram pouco provável que a Petrobras vire as costas para a operação. A percepção é que, na hora H, a estatal vai acompanhar a capitalização, mesmo que a contragosto. Difícil imaginar que a petroleira se deixe diluir na sociedade. A Petrobras está no negócio como uma sentinela dos seus próprios interesses. Ela tem de estar dentro da fabricante de sondas para controlar as entregas de suas encomendas. Até porque a Sete Brasil foi criada praticamente como um braço de supply chain da estatal. Só de sondas, são 28 encomendas. Consultada, a Sete Brasil informou que tem equity próprio para cumprir os contratos. Sobre a capitalização, declarou que não comentaria. Com apenas dois anos de existência, a Sete Brasil já é a maior fabricante de sondas em águas ultraprofundas do mundo, graças aos pedidos da Petrobras. Mesmo assim, o cenário nem de longe é róseo. Além de sofrer com os efeitos colaterais resultantes das cãibras financeiras da estatal, a empresa teve de engavetar os planos de IPO, por conta da estiagem nos mercados internacionais.
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Detonauta
18/07/2013A palavra de ordem que ecoou, ontem, entre economistas da Unicamp, UFRJ, Ipea, FGV-SP e BNDES foi: precisamos blindar o Chico Lopes. Entenda-se blindar como escrever artigos e fazer pronunciamentos que não deixem solitário o ex-presidente do BC. Chico disse que o PIB vai crescer mais de 4% e denunciou o pessimismo nacional como um psiquismo. Aguardase os cacarejos da PUC-RJ.
Acervo RR
BNDES
15/07/2013O BNDES pretende participar societariamente de hospitais de alta tecnologia. A operação teria um valioso derivativo: fomentar a produção de equipamentos médicos
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Esconjura
9/07/2013No BNDES, o frigorífico Marfrig tem sido chamado pelo codinome “Chapecó”. Eu, hein! 1, 2, 3, isola!
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Hypermarcas e EMS disputam cada comprimido do BioNovis
4/07/2013É cada vez maior a preocupação do BNDES com os rumos do BioNovis – o “superlaboratório” nacional criado a partir da associação entre EMS, União Química, Hypermarcas e Aché. Ainda em fase pré-operacional, a empresa parece um país em guerra civil. Além das desavenças entre as famílias acionistas do Aché, por conta do tumultuado processo de venda da empresa, e do contencioso entre Fernando Castro Marques, dono da União Química, e seus irmãos Paulo e Cleiton, do Biolab, há um novo embate, envolvendo diretamente os outros sócios do BioNovis. Hypermarcas e EMS vêm duelando em busca de maior poder na companhia – não obstante a divisão isonômica do capital entre os quatro acionistas. Um dos alvos seria o presidente do “superlaboratório”, Odnir Finotti, que, apesar do aval proforma de todos os acionistas, só assumiu o posto por causa do empurrão do BNDES. Aproveitando-se do momento de fragilidade da União Química e do Aché, a s voltas com conflagrações dentro de suas fronteiras, Hypermarcas e EMS estariam se digladiando para indicar um nome de sua confiança para o comando do BioNovis. No BNDES, há quem enxergue, por trás desta disputa corporativa, um confronto estritamente pessoal. O “superlaboratório” seria pequeno demais para abrigar os supergos do empresário Carlos Sanchez, todo-poderoso do EMS, e de Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas e braço-direito do acionista controlador da companhia, João Alves de Queiroz Filho, o “Junior”. Pode até ser. O fato é que, seja na física, seja na jurídica, Hypermarcas e EMS teriam outro forte motivo para guerrear, este ainda mais decisivo para determinar o jogo de forças do BioNovis do que apenas uma troca de presidente. Bergamo estaria se movimentando junto ao BNDES na tentativa de derrubar uma cláusula do acordo de acionistas que prevê a redistribuição do capital em caso de venda de uma das empresas sócias do “superlaboratório”. Legisla em causa própria. Após uma primeira investida, no fim do ano passado, a Hypermarcas teria retomado no início de junho as conversações para a compra do Aché. Caso consiga derrubar a “pílula de veneno” do BioNovis com a eventual aquisição, a Hypermarcas passaria a ter 50% do capital do “superlaboratório”, empurrando EMS e União Química para os fundos da farmácia. Não é uma manobra simples. A mudança precisaria da aprovação dos demais acionistas. Antes disso, o mais provável é que o BNDES entre em campo para colocar cada um no seu devido lugar. Não é para fomentar um grupo de guerrilheiros que o banco está financiando os mais de R$ 600 milhões necessários a implantação do novo laboratório. Procurado pelo RR, o BioNovis não quis se pronunciar.
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Votorantim é candidato aos afagos do BNDES
2/07/2013O alívio financeiro do Votorantim estava baseado em três letras – IPO. Agora, tende a aumentar para outras cinco: BNDES. O abrupto cancelamento da oferta de ações da Votorantim Cimentos praticamente empurrou o grupo para os braços do banco. Não que a situação dos Ermírio exija uma intervenção “hospitalar”. Uma melhor imagem seria a de uma temporada em um “spa” para perder adiposidades e retomar a silhueta esguia. E o BNDES é o mais luxuoso “spa” conhecido na praça. Fora o fato que não desabona ninguém fazer uma visitinha ao banco. No IPO, a Votorantim Cimentos previa captar R$ 7 bilhões. É provável que a ordem de grandeza do pedido ao BNDES seja inferior. Mas, se alguém tem de ser responsabilizado, esse alguém são as externalidades. Todo o planejamento para a recuperação financeira da casa dos Ermírio foi abalroado pelas condições cada vez mais inóspitas dos mercados internacionais. Sem o chão do mercado de capitais, o bendito cimento não pode mais ser usado para concretar a lápide onde seriam enterrados os equívocos anteriores de gestão, entre os quais uma diversificação de negócios no mínimo questionável. Mas o pote dos valores mobiliários secou junto com o IPO. O BNDES surgiria, então, como uma espécie de avalista do Votorantim, ajudando a melhorar sua percepção de risco. Tudo o que grupo menos precisa neste momento é de um rebaixamento de rating. É bem verdade que, mesmo após a suspensão do IPO da Votorantim Cimentos, a Standard & Poor`s manteve as notas da Votorantim Industrial e da Votorantim Participações. Mas, como se sabe, agências de classificação de risco costumam dizer “saúde” antes do sujeito espirrar. O downgrade continua no ar, feito um ácaro. No passado recente, os Ermírio de Moraes chegaram a cogitar a venda de operações para capitalizar o grupo – a desmobilização se concentraria, sobretudo, na divisão de metais, uma das mais deficitárias junto com a operação bancária. No entanto, esta é mais uma porta momentaneamente fechada. O dólar valorizado surge automaticamente como um fator de depreciação dos ativos, potencializando outras variáveis, tais como o mercado deprimido, a superoferta de metais, a obsolescência de plantas metalúrgicas e os elevados custos de produção no Brasil. Hoje, a dívida líquida da Votorantim Industrial gira em torno dos R$ 18 bilhões. Esta cifra equivale a mais de três vezes e meia a geração de caixa. Segundo levantamento da própria Standard & Poors, caso a margem operacional fique abaixo de 20%, essa proporção pode chegar a quatro vezes no fim do ano, exatamente o limite do limite do aceitável nos critérios usados pelas agências de rating. A preocupação dos Ermírio de Moraes é evitar que o cancelamento do IPO da Votorantim Cimentos crie um gap de solução. Até porque, os resultados seguem sofríveis. No primeiro trimestre deste ano, a Votorantim Industrial só não fechou no vermelho mais uma vez por obra e graça da divisão de cimentos. As áreas de metais e siderurgia tiveram prejuízos acima dos R$ 100 milhões. Só no ano passado, as operações de metais, siderurgia e celulose jogaram nesta conta mais de R$ 2 bilhões. Por isso e por tudo o mais, espera-se que o BNDES atenda os Ermírio de Moraes com o mesmo carinho dos últimos 50 anos.
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Copel muda seu figurino Á espera do inverno financeiro
1/07/2013O BNDES deverá provocar uma descarga elétrica na Copel. O banco teria sinalizado o interesse de se desfazer de sua participação na distribuidora de energia, o que, uma vez confirmado, causará uma reviravolta nos planos do governo do Paraná para a empresa. Neste caso, sairia de cena a pretensão de criar uma “Cemig do B”, com múltiplos negócios em diversos segmentos e ramificações em outros estados, e entraria em seu lugar uma Copel mais singela, focada em seu core business original. Sem o BNDES ao seu lado, a companhia dificilmente escapará de uma revisão em seus planos de expansão e de um corte dos investimentos previstos para as áreas de geração e transmissão. A tendência é que todo o fôlego financeiro fique concentrado no segmento de distribuição. A guinada não pararia por aí. Segundo uma alta fonte do governo do Paraná, a companhia deverá alienar ativos alheios ao setor de energia, que, ao longo do tempo, foram sendo empilhados sobre seus ombros por diferentes governos. Entrariam neste pacote suas participações na Sanepar, Compagas e Sercomtel. Procurada, a Copel disse desconhecer o interesse do BNDES em vender sua parte no capital. A empresa negou mudanças em seu plano de negócios. O banco de fomento, por sua vez, não quis se pronunciar. A fonte do RR crava que a Copel poderá arrecadar mais de R$ 2 bilhões com a venda de suas participações nas três estatais. Essa é a parte boa da história. A ruim é que os próprios dirigentes da Copel receiam que dificilmente a empresa conseguirá se desfazer destas ações no timing necessário. Sanepar e Compagas não estão em seus melhores dias. A concessionária de saneamento faz contorcionismos para cumprir a ampliação da rede de distribuição no estado. Ao mesmo tempo, tem sido obrigada por prefeituras a engolir contratos em condições menos vantajosas para não perder a concessão em diversos municípios. No caso da Compagas, a situação é ainda mais preocupante. A empresa está com o pires na mão. Dia sim, outro também tenta convencer a Petrobras a ampliar a oferta de gás no estado a preços de ocasião, uma forma de reduzir seus altos custos com o insumo. Já a Sercomtel, nem se fala. Não é fácil encontrar um investidor disposto a colocar os pés em uma empresa de telefonia restrita a Londrina e adjacências. O que resta ao governo do Paraná? Ao menos no caso da Compagas e da Sanepar, talvez colocar a conta no colo do próprio estado. Caberia ao acionista controlador das duas estatais comprar as ações nas mãos da Copel, o que funcionaria como uma capitalização enviesada da empresa de energia. Bizarro!
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Sete Brasil
25/06/2013Após garantir cerca de R$ 2,5 bilhões da Caixa Econômica Federal, via Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a Sete Brasil estaria acampada no BNDES. Espera sair de lá com uma espessa camada de recursos, capaz de garantir a execução de seus principais projetos. A empresa está montando mais de 30 sondas para exploração e produção de petróleo, quase todas encomendadas pela Petrobras.
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Dr. Reddy`s e Lupin juntam seus comprimidos no Brasil
24/06/2013No momento em que o BNDES gasta alguns vidros de Calcigenol para estimular o surgimento de grandes laboratórios farmacêuticos nacionais, mais dois forasteiros estão prestes a invadir o pedaço. O Dr. Reddy`s Laboratories e o Lupin, dois dos principais fabricantes de genéricos da andia, costuram um acordo para atuar no Brasil. Inicialmente, a dupla deve se limitar a distribuição de medicamentos importados, repetindo expediente adotado por outros grandes laboratórios internacionais presentes no país apenas no segmento de comercialização. No caso da dobradinha hindu, que prevê investimentos da ordem de US$ 80 milhões, a operação seria apenas um tubo de ensaio para o projeto maior: a construção de uma fábrica. O RR apurou que Dr. Reddy`s e Lupin devem dividir igualmente o controle da joint venture no Brasil. Falta definir o tamanho da fatia. Existe a possibilidade de que 20% do capital sejam reservados para um parceiro local. Dr. Reddy`s e Lupin são comprimidos de tamanhos semelhantes. Um faturou cerca de US$ 2,1 bilhões em 2012; o outro, aproximadamente US$ 1,7 bilhão. O Brasil será uma jabuticaba neste frasco. As duas empresas mantém alguns projetos em comum na andia, mas não há caso de troca de alianças em nenhum outro país. Ambas vêm atraídas pelos números do mercado brasileiro de genéricos. Neste ano, o segmento deve movimentar cerca de R$ 12 bilhões. Para 2014, a previsão é que este número passe dos R$ 15 bilhões. Outro fator os puxa para o Brasil. Os dois laboratórios têm enfrentado dificuldades para expandir sua operação na Europa por conta de entraves regulatórios.
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Puxão
21/06/2013O Grupo Triunfo não se contentou com a mão do BNDES, que entrou recentemente no seu capital. Agora, quer o braço inteiro, leia-se o ingresso do banco no consórcio que o grupo está formando para disputar a licitação do aeroporto do Galeão.
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Rio e riacho
20/06/2013BNDES e Basa costuram uma parceria para financiar a construção de terminais portuários, marítimos e fluviais, na Amazônia. O propósito é abrir novos veios para o escoamento de soja do Centro-Oeste. Procurado, o BNDES não se pronunciou. Já o Basa informou, genericamente, ter uma parceria com o banco de fomento para investimentos na região.
Acervo RR
Benjamin Steinbruch
14/06/2013Benjamin Steinbruch vem tentando arrancar um financiamento do BNDES para garantir a execução do plano de investimentos da Namisa. O objetivo é evitar a diáspora societária na mineradora. Dono de 40% do capital, o consórcio formado por Itochu, JFE Steel, Kobe Steel, Nisshin Steel, Posco e China Steel ameaça exercer seu put de saída, com vencimento previsto para julho, alegando que a CSN não honrou os aportes prometidos na mineradora. Agora, a pergunta que não quer calar: será que Benjamin consegue, quase ao mesmo tempo, um financiamento para a Namisa e outro para a compra de parte das ações da Thyssen na CSA?
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Mãos dadas
12/06/2013Rubens Ometto não acredita que a temporada dos cavalos vencedores do BNDES acabou. Usando como argumento a participação da Cosan Infraestrutura nos próximos leilões de ferrovias, verdadeira obsessão do governo, tenta arrastar a BNDESPar para o capital da empresa.
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EDP é esquecida num canto de jardim
6/06/2013Já murcharam a festa, pá, da EDP Energias do Brasil. Na empresa, não há qualquer cheirinho de alecrim. Quem dera que a venda do grupo para a China Three Gorges, sacramentada no fim de 2011, representasse uma descarga de investimentos no mercado brasileiro. Mas, até agora, o odor predominante é de um incenso enjoativo. O atual cenário combina escassez de novos projetos, queda da rentabilidade, passivo crescente e uma farta dose de desinteresse dos asiáticos em relação ao Brasil. Neste cardápio, é difícil escolher o prato mais indigesto. Nos últimos 12 meses, a dívida líquida subiu aproximadamente 35%. O passivo de longo prazo da EDP, em torno de R$ 5 bilhões, cresceu 15% no ano passado e, pela primeira vez, ultrapassou o patrimônio líquido – R$ 4,4 bilhões. Se fosse só a dívida, empurrava-se com a barriga, como diz o ex-ministro Delfim Netto. Mas, em razão do impacto causado pela nova política tarifária do setor, a EDP prevê uma queda de lucro de até 20% em 2013. Isso, ressalte- se, em cima de uma base de cálculo já depreciada. No ano passado, o resultado da companhia recuou 30%. Problemas existem para serem resolvidos. Mas, oráculos do Oriente revelam que as adversidades não são rosas, sobretudo pela inapetência da China Three Gorges em relação ao Brasil. A princípio, chega a causar perplexidade a ideia de que o grupo esteja preterindo o maior negócio da EDP fora da Europa. No entanto, a lógica mandarim é esfumaçada como o hálito do dragão. No momento, a prioridade da Three Gorges é equacionar os sérios problemas da EDP na Europa. Além disso, os asiáticos enxergam o Brasil com um olhar atravessado. Logo em seu primeiro ano no controle da EDP, a Three Gorges foi abalroada pelo novo marco regulatório e pela redução das tarifas de energia. O descrédito em relação ao Brasil se reflete no plano estratégico da Three Gorges. Em 2012, os chineses mantiveram os principais investimentos da EDP que já estavam em curso, notadamente na área de geração. Mas não é preciso muita clarividência para enxergar que não passaram de cinzas sopradas pelas monções. Os aportes em distribuição já caíram 11% no ano passado, um índice ainda conservador se comparado a s perspectivas para 2013 e 2014. Na subsidiária, já se dá como certo que a maior parte dos projetos remanescentes da velha EDP será engavetada. A EDP parece empenhada em confirmar o aforismo de que, em casa onde não há pão, ninguém tem razão. Em meio ao período de resultados ruins, há também vários fios desencapados na gestão. São cada vez mais intensos os choques entre os integrantes do alto-comando, notadamente a presidente da subsidiária, Ana Maria Fernandes, e o vice-presidente de distribuição, Miguel Nuno Setas. A situação chegou a tal ponto que Ana Maria, inclusive, teria solicitado ao board o retorno de Setas a Portugal. Por enquanto, a EDP vai sendo tratada a golpes de espada tai chi. Foi-se o tempo em que era considerada uma joia de âmbar. Procurada, a empresa limitou- se a esclarecer as razões para o aumento do passivo, como a obtenção um financiamento de R$ 300 milhões do BNDES e a amortização de debêntures da EDP Escelsa e de dívidas de longo prazo. No entanto, não se pronunciou sobre o plano de investimentos, a estratégia da Three Gorges para o Brasil e o relacionamento entre seus executivos.
Acervo RR
InfraBrasil
3/06/2013O InfraBrasil, que reúne em sua távola redonda o BNDES e uma miríade de fundações, vai ganhar um reforço. A Caixa Econômica Federal está com um pé no capital do fundo. Procurados, InfraBrasil e CEF não se pronunciaram.
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Banquinho do Sul
31/05/2013O BNDES costura um grande acordo com o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) voltado a concessão de crédito para projetos de infraestrutura nos países do bloco – além do Brasil, fazem parte do grupo Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Guardadas as devidas proporções, trata-se de uma proxy da proxy do Banco do Sul, idealizado por Lula e por Hugo Chávez.
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Gotas de BNDES
27/05/2013O empresário Carlos Sanchez, dono do laboratório EMS, está com uma mão no bolso, pronto para construir mais uma fábrica de genéricos. Ah, sim, enquanto isso, a outra mão bate na porta do BNDES. Consultada pelo RR, a EMS silenciou.
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Carne de pescoço
23/05/2013A venda de ativos, incluindo a própria Seara, não passa de um paliativo. Dentro da Marfrig, há um consenso de que as circunstâncias exigem um remédio muito mais forte: um aumento de capital liderado pelo BNDES, dono de 20% da empresa. E quem colocaria o guizo no gato? A missão de conduzir a difícil negociação seria entregue ao futuro CEO, Sergio Rial. Até porque o cartaz do empresário Marcos Molina, dono do frigorífico, anda em baixa no BNDES.
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última linha
20/05/2013As esperanças do BNDES de salvar a Busscar estão parando no acostamento. O banco já pensa em fazer o write off dos empréstimos concedidos a fabricante de carroceiras e partir para outra.
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Pégasus 2
16/05/2013Já a TAP e o governo brasileiro querem mesmo que a companhia aérea portuguesa viaje no céu da Azul. Aliás, o esforço para que a empresa de David Neeleman decole na terrinha parece até com aqueles realizados pelo BNDES para empinar seus cavalos vencedores.
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Os caminhos e descaminhos para o futuro da Lupatech
14/05/2013Recuperação judicial, venda na bacia das almas a algum fundo com estômago forte, especializado em junk bonds, ou mais um aporte emergencial dos acionistas, notadamente BNDES e Petros? O futuro da Lupatech está quase que irremediavelmente condicionado a uma destas três possibilidades. Ao menos a julgar pelas tratativas entre os próprios acionistas da empresa, que, nas últimas duas semanas, têm mantido uma intensa rotina de conversações em busca de uma saída para a crise financeira da fornecedora de serviços para a indústria de petróleo. Segundo fontes da própria Lupatech, no momento as discussões pendem para a terceira hipótese. BNDES e Petros admitem injetar mais recursos na empresa. O número que roda sobre a mesa é da ordem de R$ 400 milhões, superior, inclusive, a capitalização feita no passado. Esta cifra permitiria a Lupatech honrar mais da metade da sua dívida de curto prazo, na casa dos R$ 740 milhões. No entanto, de acordo com as mesmas fontes, o banco e a fundação só aceitariam a nova derrama se a GP seguir o mesmo caminho. Aí é que mora o problema. A gestora de recursos, que fez um grande negócio ao empurrar para dentro da Lupatech a cambaleante empresa de perfuração San Antonio, realizou outro ainda maior ao participar de forma residual do aporte de recursos em 2012. Na empresa, há dúvidas – ou talvez certeza – em relação a posição da GP diante de uma nova chamada de capital. A segunda bala no tambor seria a recuperação judicial. Sempre que questionados sobre esta hipótese, os executivos da Lupatech negam. No entanto, a recente chegada de Ricardo Doebeli, que assumiu a presidência da companhia há dois meses, é sintomática. Doebeli é especialista em processos de reestruturação empresarial – trabalhou longo tempo na Galeazzi & Associados. Sua contratação já traria embutida a possibilidade de uma completa reconstrução da Lupatech a luz de um plano de recuperação judicial. Este caminho e uma eventual injeção de capital não seriam movimentos excludentes entre si. Por fim, na hierarquia de probabilidades, a venda do controle ainda é tratada como o último dos últimos casos, a solução final e drástica. A negociação da Lupatech para um fundo-abutre configuraria um vexame para o BNDES e a Petros, isso para se dizer o mínimo. Na prática, a agência de fomento e a fundação jogariam no lixo mais de R$ 300 milhões, relativos ao aporte de capital feito no ano passado na companhia. Procurada pelo RR, a Lupatech não se manifestou sobre o assunto.
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Plano de voo da Líder Aviação é um mapa de interrogações
10/05/2013José Afonso Assumpção está diante de uma escolha de Sofia: seguir como comandante da companhia aérea que ele fundou há mais de 50 anos, ainda que isso possa até custar a expansão do negócio, ou se sentar na cadeira de sócio minoritário? O próprio empresário, que sempre rechaçou a ideia de transferir o controle e o centro de decisões da Líder Táxi Aéreo, começa a reavaliar sua posição. Assumpção considera cada vez mais difícil bancar os investimentos da Líder com recursos do próprio caixa. O empresário, é bom lembrar, já dobrou parte de sua resistência em 2008, quando vendeu 42,5% da Líder para a Bristow Group. Se Assumpção voa entre dúvidas, o grupo inglês é só certeza. A Bristow tem convicção de que seus dias como minoritária estão contados e quer assumir o manche da companhia. Uma vez garantida a compra do controle, os ingleses estariam dispostos a investir cerca de US$ 250 milhões, notadamente no segmento de helicópteros – hoje responsável por 60% do faturamento da empresa. Nos cálculos da Bristow, o aumento da frota de 67 para 80 aeronaves permitiria a companhia duplicar sua receita até 2015 – no ano passado, o faturamento foi da ordem de R$ 800 milhões. Ser sócio, ainda que minoritário, de uma empresa com muito mais altitude seria a contrapartida para Assumpção abrir mão do controle da Líder. Por outro lado, o empresário sabe melhor do que ninguém que este movimento traz alguns riscos a reboque. Ao se desfazer do controle, Assumpção passaria a viver sob permanente ameaça de ter sua participação diluída pelos ingleses. Ao mesmo tempo, a Líder perderia sua condição de empresa nacional, uma mais-valia, ainda que, a s vezes, simbólica, diante de potenciais financiadores, a começar pelo BNDES, e, sobretudo, de seu maior cliente: a Petrobras. Aliás, chamar a estatal de cliente é até reducionista. A empresa é quase sócia da Líder: responde por praticamente 80% dos fretamentos de helicóptero da companhia. Esta relação e a possibilidade de forte crescimento da Líder na esteira do pré-sal talvez sejam a grande aposta da Bristow. No entanto, a Petrobras é um cliente arisco. Hoje, está; amanhã, quem sabe? A estatal sempre flertou com a ideia de montar uma frota própria de helicópteros, como forma de reduzir seu custo fixo. Se, um dia, este projeto sair do papel, a Líder despenca como um pombo sem asa. É mais uma entre as tantas variáveis que fazem a cabeça do comandante Assumpção ricochetear de um lado para o outro.
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Fair play é produto em falta na prateleira da LBR
6/05/2013A Lácteos Brasil (LBR) está dando uma demonstração de ausência de fair play corporativo. Os controladores da empresa – GP, Wilson Zanatta e Marcos Elias, da Laep – aplicaram um carrinho por trás no BNDES, dono de 30% da LBR. Não obstante a delicada situação financeira da companhia, o trio teria se comprometido com o banco a manter todos os postos de trabalho, ao menos até a aprovação do plano de recuperação judicial e a eventual negociação de um novo aporte da agência de fomento. No entanto, o acordo de cavalheiros virou coalhada. Nas últimas semanas, a LBR teria dispensado cerca de 200 funcionários nas fábricas de Gaurama (RS) e São José dos Cedros (SC). No início de abril, a empresa havia anunciado a suspensão da produção de queijo nas duas unidades, que foram rebaixadas a meros postos de resfriamento de leite cru. O bota-fora atingiu também a fábrica de processamento de leite da Fazenda Vilanova (RS), onde o número de demissões já teria passado de 150. Não deve parar por aí. Segundo informações filtradas junto a LBR, são grandes também as possibilidades de cortes nas fábricas de Votuporanga e Presidente Prudente, ambas em São Paulo. Procurada, a empresa disse que “não comenta rumores de mercado”. Os acionistas da LBR parecem gostar de brincar com fogo. Como se não bastasse o BNDES ser o BNDES, qualquer plano de reestruturação da empresa terá de passar obrigatoriamente pelo banco. Além de acionista, a agência de fomento é um dos principais credores da fabricante de laticínios. A LBR, que entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, carrega sobre os ombros uma dívida superior a R$ 1 bilhão.
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Novo estaleiro emerge dos restos do antigo Caneco
3/05/2013Mauro Campos, que comandou a Transpetro no governo FHC, está de volta ao setor. Desta vez, não com o chapéu de comprador, mas, sim, de fabricante de navios com a placa Rio Nave. Campos vem se movimentando para montar um estaleiro no Rio de Janeiro. Já arrendou um terreno e antigas instalações no bairro do Caju, na Zona Portuária. O espaço é cheio de simbolismo. No passado, o mesmo terreno e parte da estrutura foram usados pelo Caneco, de Arthur João Donato, um dos barões dos tempos áureos da indústria naval brasileira. Campos agora busca parceiros para a empreitada. Já manteve contatos com German Efromovich, dono do estaleiro Eisa. Paralelamente, montou um fundo de investimentos para financiar o projeto, o RN Indústria Naval. A meta é captar aproximadamente R$ 500 milhões. O empresário espera contar ainda com recursos do Fundo da Marinha Mercante, administrado pelo BNDES, com o qual também já abriu conversações. Consultada, a Rio Nave não retornou. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas Mauro Campos precisa desatar um nó de marinheiro. Diferentemente do que ele próprio imaginava, todo o projeto está zarpando sem novas encomendas em carteira. A Rio Nave havia fechado um contrato com a própria Transpetro para a construção de cinco embarcações. No entanto, por razões estratégicas, a subsidiária da Petrobras cancelou o pedido de quase R$ 500 milhões. Uma tormenta de primeira viagem, é o que Campos deve estar pensando com seus botões. O empresário certamente joga todas as suas fichas no pré-sal e nas estimativas de que, até 2020, a indústria brasileira de exploração e produção demandará mais de 500 embarcações e plataformas.
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Aché 1
30/04/2013Surgiu uma nova possibilidade de desfecho para o conturbado processo de venda do Aché. Hypermarcas, EMS e União Química – sócias da empresa no BioNovis, um dos “superlaboratórios” criados sob os auspícios do BNDES – estariam costurando uma oferta conjunta a s famílias Sialyus, Baptista e Depieri, controladoras da companhia.
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Luciano Coutinho não vira a casaca no BNDES
25/04/2013Engana-se quem pensa que Luciano Coutinho fez uma autocrítica e jogou a toalha por meio da imprensa. O presidente do BNDES continua achando que a política de escolha dos “cavalos vencedores” teve e tem suas razões estratégicas, ou seja, a inserção internacional dos grupos com capacidade de concorrência no exterior. Coutinho declarou que essa política está enterrada. Os tempos no BNDES são outros. E não deu mais explicações sobre a nova era, nem racionalizou os investimentos caso a caso, explicando motivações das escolhas e razões de eventuais fracassos. Quem conhece o economista, personagem frio, extremamente preparado e com raro controle das circunstâncias, certamente estranhou. Mas Luciano Coutinho não virou a casaca. Seu fundamento cabe em um breviário. Vamos a ele: A orientação para que Coutinho anunciasse a reviravolta da política do banco veio do andar mais alto do governo. O Planalto pretende ir eliminando as iniciativas mais polêmicas, que têm se transformado em munição para oposição. a€ medida que se aproxima o período eleitoral, é hora de afinar o discurso. A escolha de “O Estado de S. Paulo” para a entrevista não foi fortuita. Havia outra opção, O Globo. Ambos atingiriam o target pretendido. A decisão também teve o dedo, aliás a mão, do andar de cima do governo. Os chamados “desenvolvimentistas” do governo nunca se manifestaram a favor de Coutinho. É o chamado “silêncio dos covardes”. A política do BNDES provém do governo Lula. Mas ninguém fala, ninguém diz. Guido Mantega, “ex-bndeista”, e afinado com a orientação do banco, da qual participou em outros idos, fez da omissão um jeito confortável de desconstruir Coutinho. Mantega está seguro no cargo, mas inseguro em relação a sua reputação. Coutinho já foi alçado pela mídia a ministro da Fazenda muitas vezes, na maior parte em balões de ensaio. Mas, em todas elas, a motivação foi sua competência. O time da chamada “nossa gente” – economistas da Unicamp, UFRJ e afins – ficou calado esse tempo todo. Talvez fosse um último bunker de resistência ao massacre. Mas parece ter se dividido. E fidelidade não anda em alta entre os acadêmicos. Existe uma prateleira de pedidos de financiamento que se encaixam nos critérios da política sepulta. O avanço em novos financiamentos transformaria o BNDES em roupa suja das oposições e da mídia. Melhor estancar, em tempo, do que sangrar em praça pública. A solidão do BNDES se espraia também pela classe empresarial. Não há entidade patronal, grande conglomerado ou mesmo grupo beneficiado que tenha se exposto para fazer um prosaico elogio. Finalmente, os traíras de sempre. Circulou ontem na internet que Roberto Mangabeira Unger revelou seu espanto a diversos membros do governo, devido ao fato de “Luciano Coutinho ainda estar pensando com a cabeça na Coréia de 50 anos atrás.” Logo Mangabeira, que, em uma estranha associação de personagens no governo FHC, foi contratado para criar um título de capitalização popular, que teria como foco principalmente os evangélicos. Participavam da construção do ornitorrinco Eduardo Cunha e Arthur Falk.
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Rubens Ometto
19/04/2013Rubens Ometto recorreu aos serviços de um influente ex-ministro e hoje consultor. Aquele? Não! O outro! É mais uma tentativa do empresário de dobrar a resistência da Previ. O fundo não aceitou a oferta da Cosan pela sua participação na ALL, provocando um efeito dominó. Na esteira da Previ, Funcef, BNDES e BRZ também recusaram a proposta de Ometto.
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Caixa e Espírito Santo marcam encontro na gestão de fundos
18/04/2013O Banco Espírito Santo (BES) e a Caixa Econômica Federal (CEF) estariam perto de selar uma parceria para a criação e gestão de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) – um dos principais instrumentos usados pelo banco estatal para financiar projetos de infraestrutura. Segundo informações obtidas junto a CEF, o acordo incluiria o lançamento de quatro FIPs. Procurado, o Espírito Santo não quis se pronunciar. Já a Caixa negou o acordo com os portugueses. Entende- se até porque ela queira negar, já que a escolha do BES é um tanto quanto controversa. No entanto, segundo uma fonte próxima aos lusitanos, o contrato para a criação do primeiro fundo já estaria alinhavado. O lançamento ocorreria até junho. Segundo a mesma fonte, outro fundo sairia ainda nesse ano – os dois restantes ficariam para o primeiro semestre de 2014. A meta seria captar cerca de R$ 5 bilhões. O BES teria se comprometido a mergulhar de cabeça na derrama e arrancar uma parcela expressiva dos recursos junto a investidores europeus. Tomara! Até para afastar o mau agouro ao seu redor. A iminência do acordo entre a Caixa e o Espírito Santo vem causando perplexidade no mercado. Algumas cassandras chegam até a duvidar que um banco com uma operação tão restrita no país e com raízes fincadas em uma economia aos frangalhos tenha pernas para acompanhar a CEF em uma caminhada mais longa. No entanto, por mais paradoxal que possa parecer, talvez a fragilidade do Banco Espírito Santo seja o seu maior handcap para uma parceria com a Caixa. Para a instituição brasileira, o acordo com os portugueses traria a reboque a garantia de baixo risco de fricção e de mando absoluto na administração dos recursos. É pouco provável que o BES queira ser mais realista do que o rei e dividir a curva na gestão dos futuros fundos. Dificilmente isso ocorreria com um banco de maior porte e com expressivo poder de fogo no mercado nacional. É sintomático que, até hoje, a Caixa só tenha se associado a “bancos da família”, leia-se BB e BNDES, em operações congêneres. A própria direção da CEF teria questionado a viabilidade de uma parceria com um investidor privado na gestão dos FIPs, em razão das dificuldades para casar os interesses de parte a parte ? a começar pelo timing e pela expectativa de retorno dos projetos. No entanto, a promessa firme de captação de recursos no Velho Mundo, por um lado, e a possibilidade de colocar um pé no segundo maior banco do Brasil, de outro, são motivos para aplainar estas dúvidas.
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Benjamin gostaria de ter Nildemar em casa
15/04/2013O que pensar de Benjamin Steinbruch? Dizem que é um dos maiores, senão o maior empresário do Brasil. O que pensar de Nildemar Secches? Afirmam que é simplesmente o Messi da gestão corporativa. E o que pensar dos dois juntos? Pois bem, seria uma das mais explosivas duplas do setor privado brasileiro. Steinbruch, segundo uma fonte do RR, flerta com a ideia de se restringir ao papel de chairman, profissionalizando a gestão das suas diversas empresas. Para isso, o executivo principal teria de ser um craque, respeitado pelos seus pares e com amplo trânsito no governo. No fundo, no fundo, Steinbruch não acreditava muito na hipótese. Isso até que o processo de desligamento de Secches da BRF começou a amadurecer. O executivo seria o homem certo, no local certo, na hora certa. As empresas de Steinbruch, exceção ao complexo CSN/Casa de Pedra, estão todas de costas umas para outras. Hoje, são companhias separadas pelo mesmo controlador, satélites que se distanciam cada vez mais da holding. Todas elas têm problemas organizacionais, muito em razão da própria estrutura corporativa do grupo, que mistura alhos com bugalhos, tecidos com placas de aço, cimento com financiamento para compra de geladeiras, e assim por diante. São companhias a procura de upgrade administrativo, reestruturação nas suas diversas áreas e um banho de loja, por assim dizer. O passaporte de Nildemar Secches seria carimbado por Benjamin Steinbruch não somente para equacionar esses problemas mais “comezinhos”, mas, sobretudo, para enfrentar os megadesafios, criar uma identidade para o grupo e preparar sua expansão. Soa até estranho que Steinbruch deixasse outro, que não ele, exercer a missão. Mas o fato é que o “Barão do Aço” não conseguiu dar conta de carregar todos esses dólmens sozinho. A CSN tem de resolver o problema da Transnordestina; o grupo precisa expandir a operação de Casa de Pedra para se tornar uma grande mineradora; o crescimento da produção de cimento continua na gaveta; o Banco Fibria não para de dar maus resultados; a CSA, cuja aquisição é uma incógnita, exigirá um trabalho hercúleo para se colocar a casa em ordem. E existem planos para empreender na área de combustíveis renováveis, tecnologia e até mídia. Isso para não falar na disposição de Steinbruch de azucrinar os ítalo-argentinos da Ternium na Usiminas e prosseguir buscando ativos no exterior para consolidar seu plano de internacionalização da siderurgia. O ex-presidente da Perdigão e da BRF é a outra metade desses desafios. Nildemar Secches, egresso do BNDES, passeia pelo banco como se fosse o corredor da sua casa. E talvez seja hoje o executivo com melhor relacionamento junto aos maiores fundos de pensão do país. São dois predicados que Benjamin Steinbruch perdeu em sua trajetória errática entre sucessos e contenciosos. Querer Secches o empresário ainda nem sabe se quer. Ele pensa em voz alta, flerta solitariamente. Mas é provável, segundo o RR apurou, que nos próximos dias o convite seja feito. Daqueles ainda para pegar na mão, sem juras de amor. Quem conhece Nildemar Secches sabe que ele também é difícil. O executivo costuma exigir autonomia para tocar os negócios. Como Steinbruch é um problemão, resta saber se esse será um daqueles raros casos em que dois bicudos se beijam.
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Fumacê
4/04/2013Em tempos de escassez de água, o carvão voltou a ser queridinho do setor elétrico. Que o diga o Infra- Brasil, que reúne Previ, BNDES, entre outros medalhões. O fundo vai investir na construção de duas térmicas no Nordeste, com capacidade total de 400MW.
Acervo RR
Crônica de um ministro tão frágil quanto granito
2/04/2013Guido Mantega é hoje o ministro mais forte do governo, a medida que “não tem importância”. Ele se qualificou junto a uma presidente peculiar como a sua voz no que diz respeito a política econômica. Entretanto, nem sempre foi assim. Durante o período de campanha, quando Dilma Rousseff ainda era um “poste”, ela chegou a cogitar o convite a Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e a Nelson Barbosa, secretário-executivo da Fazenda, para o cargo de ministro. Coutinho tirou o corpo fora e enviou recado pedindo para permanecer no BNDES. Já Nelson Barbosa encontrou uma pedra enorme no caminho: o ex-presidente Lula orientou Dilma a não convidá-lo. Nada contra Barbosa. Até porque Lula defende a receita de que a gestão deve ser feita por meio da arbitragem do tensionamento das discussões. Com Dilma, porém, a recomendação seria exatamente o contrário, ou seja, desfazer a dualidade. Isto porque, ao contrário de Lula, a presidente não é de arbitrar, mas de mandar. Mantega seria a opção imbatível, tendo em vista a flexibilidade, seu grande ativo. Mesmo porque, com Alexandre Tombini a frente do BC, formaria uma dupla gema e gemada. Dito e feito! Com os dois, Dilma assumiu o controle até dos ascensoristas da equipe econômica. Dilma Rousseff concordou com Lula, mas trouxe Nelson Barbosa para sua assessoria econômica no Planalto. O convite para o Ministério, contudo, permaneceu pairando no ar. A essa altura, Barbosa estava mais preocupado em não criar melindres com o também superior Guido Mantega. Consultou Luciano Coutinho e João Carlos Ferraz, vice-presidente do BNDES. Ambos recomendaram que ele não polarizasse com Mantega. E assim foi feito. O ministro é hoje quem vocaliza os assuntos macroeconômicos, e Barbosa, meio que um “ministro do B”, trata das questões da área tributária. Mantega atravessou a rua e encontrou outro semáforo na esquina: o secretário do Tesouro, Arno Augustin, que trabalhou com Dilma no governo Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul. Tarso Genro o chamou para ser secretário estadual de Fazenda. Dilma, no entanto, o recrutou para o governo federal. Falante, desinibido, articulado, Augustin é quem trata dos assuntos fiscais e de financiamento de longo prazo. Mantega sabe que ele tem interlocução direta com o Planalto. Tolera com altivez e estilo inabalável. De lá para cá, Mantega saiu do cargo uma centena de vezes. Quase caiu para valer em pelo menos duas ocasiões, a mais recente patrocinada pelo empresariado, que tentou inventar Jorge Gerdau no cargo de ministro da Fazenda – ver RR nº 4.521. Mantega, contudo, já tinha se tornado PhD da sua própria situação no governo. Dissiparam-se as dúvidas em relação a sua presença, a medida que a própria presidente considera a política econômica sua. E só faria sentido a mudança do ministro se fosse para anunciar uma guinada em todas as diretrizes que vêm sendo cumpridas. O que não é recomendável ou provável com um Congresso pouco confiável. Mantega afinou seu discurso com o presidente do BC, toca de ouvido com os ministros do almoxarifado de Dilma Rousseff – Nelson Barbosa e Arno Augustin – e retocou seu relacionamento com a imprensa após a chegada do jornalista Guilherme Barros a sua assessoria de comunicação. Não sai mais do governo. Quem especular vai perder. Mantega é refém da sua própria fragilidade. Com Dilma Rousseff, isso significa couraça de granito.
Acervo RR
Mendonça de Barros carrega nas costas o caminhão da Foton
27/03/2013Tentar, Luis Carlos Mendonça de Barros tentou. E muito! Mas ainda não foi desta vez que ele conseguiu arrancar dinheiro dos chineses da Foton Motor Group, maior fabricante de caminhões do mundo. A Foton Aumark – empresa que representa os asiáticos no Brasil e é controlada por Mendonça de Barros e seus sócios, entre eles o rebento Ricardo Mendonça de Barros – vai arcar sozinha com a construção de uma fábrica no país. Palavra de um dos acionistas e vice-presidente da companhia, Orlando Merluzzi, que jogou para o acostamento a versão propalada pelo mercado nas últimas semanas. Nas curvas do setor, dava-se como certo que os chineses bancariam integralmente o empreendimento e o ex-ministro seria mero carona na operação, seguindo apenas como importador e distribuidor dos veículos. Ao menos no que diz respeito a origem dos recursos o próprio Mendonça de Barros não acharia nem um pouco ruim pegar essa estrada. Não foi possível. Neste momento, a matriz está a s voltas com a instalação de fábricas na Rússia e na andia. Ou seja, sua aposta nos Brics tem limite. “C” já colocou dinheiro no “R” e no “I”. O “B” que se vire sozinho. O anúncio oficial do projeto está previsto para daqui a duas semanas – na disputa pela fábrica, Espírito Santo e Rio Grande do Sul entraram cabeça a cabeça na reta final. No total, o investimento deve chegar aos R$ 200 milhões. Mendonça de Barros terá o apoio de alguns bancos, a começar por sua antiga casa, o BNDES. Mas a maior parcela dos recursos sairá do bolso dos sócios da Foton Aumark, que, por sinal, já desembolsaram mais de R$ 30 milhões na homologação de veículos da marca chinesa e na abertura de cinco revendedoras em São Paulo. Mais cinco concessionárias serão abertas na esteira da nova fábrica. A planta terá cerca de um milhão de metros quadrados, com capacidade para a produção anual de 17 mil caminhões. Incialmente, serão fabricados três modelos, de 3,5, 8,5 e dez toneladas. O projeto prevê ainda a montagem de um veículo de 24 toneladas até 2017.
Acervo RR
Será que a Moody’s não muda nunca?
22/03/2013O comunicado da Moody ‘s rebaixando as notas do BNDES e da Caixa Econômica só confirma os dizeres de Bernard Shaw de que a matemática é democrática. Serve a burros e inteligentes. No informativo divulgado a imprensa, a agência manifestou preocupação com a deterioração da qualidade do crédito e a insuficiência do nível de capital próprio tendo em vista o porte das instituições. Gugu, dadá! O que espanta é que a Moody’s não publicou uma palavra sobre a diferença do funding dos dois bancos. Ora, as linhas de crédito têm sido resultantes de aportes do Tesouro, o que garante a inexistência de problemas futuros em relação a refinanciamentos devido a maior inadimplência. BNDES e Caixa Econômica não são o Itaú, que têm de tomar dinheiro no mercado. Tudo seria contraditório e preocupante se a agência não fosse a mesma que deu nota de bom desempenho, com louvor, a Lemann Brothers, em episódio que deflagrou a hecatombe financeira mundial.
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Inovação
21/03/2013Dentro do esforço do governo para estimular setores intensivos em tecnologia, o BNDES, por meio da Finep, deverá aprovar até maio uma fornada de dez projetos ligados a cadeia de fornecimento para a indústria do petróleo.
Acervo RR
Sinopec vê uma porta escancarada na Petrobras
21/03/2013A chinesa Sinopec quer ser a PDVSA que deu certo no Brasil. Pretende aproveitar a má fase da Petrobras para extrair vantagens nos negócios de refino, notadamente, além de outras operações diretamente ligadas a indústria de petróleo e gás. Chama a atenção, contudo, o apetite pelo refino, cuja parceria com os venezuelanos – uma espécie de Transnordestina do beneficiamento de petróleo – é de triste lembrança. É sabido no mundo inteiro que o refino de óleo tornou-se o mico preto e viscoso para os investidores. Trata-se de um abacaxi de capital intensivo, com exigência de logística apurada e taxa de rentabilidade cada vez mais baixa. Fosse o contrário, o enigma seria o motivo pelo qual a Petrobras não constrói mais uma dúzia. Aliás, em todos os projetos em que a estatal se meteu, com ênfase ao traumático Comperj, o resultado foi o atraso de anos e anos e a octuplicação dos custos de construção. Portanto, que se saiba que as refinarias são tão estratégicas para o país quanto o furo que produzem no bolso dos seus investidores. As negociações entre a Sinopec e a Petrobras caminham no ritmo lento, cadenciado, porém seguro que costuma pautar os movimentos dos chineses pelo mundo dos negócios. As tratativas se desenrolam há mais de um ano. Analistas mais maquiavélicos consideram até que a morosidade tem uma segunda intenção: tornar a Petrobras ainda mais receptiva a ofensiva dos mandarins do petróleo. Os chineses entendem que o refino pode ser um pré-saleirinho, dado o potencial da operação. Sobretudo porque a Sinopec vislumbra a oportunidade de sangrar a Petrobras em tudo de melhor que a parceria pode vir a oferecer: vantagens fiscais, melhores taxas de retorno, opção de participações societárias maiores ao longo do tempo e, sobretudo, acesso privilegiado ao BNDES, espécie de quintal financeiro da estatal. Procuradas, Petrobras e Sinopec não quiseram se pronunciar. O resultado de uma possível associação entre Petrobras e Sinopec ainda é um animal a ser decifrado, até porque o acordo abriria a possibilidade de um sem-número de outras parcerias. Do ponto de vista geoeconômico, a operação juntaria um dos maiores potenciais de suprimento de óleo com um dos maiores mercados consumidores do mundo, formando uma espécie de “Petric”. E onde, afinal, a empresa chinesa estaria disposta a aportar seus recursos? A Sinopec já teria demonstrado interesse em se associar a s futuras refinarias da estatal – Abreu Lima, em Pernambuco, Premium I, no Ceará, e Premium II, no Maranhão. Segundo os dizeres da própria Maria das Graças Foster, o mês de julho é a chave para essas definições. A Sinopec enxerga este movimento como peça-chave para a verticalização de seus negócios no Brasil. Os chineses – que já investiram mais de US$ 9 bilhões em exploração e produção no país, sendo US$ 7 bilhões na compra dos ativos da Repsol – querem ter uma operação própria de refino para beneficiar o petróleo extraído de seus blocos. Eles sabem muito bem que a Petrobras é uma porta sem tranca e vive um período de fragilidade financeira. A estatal pretende abrir suas refinarias para sócios privados – conforme informou o RR na edição nº 4.556. Esta operação seria fundamental para a companhia reduzir seus aportes em refino e, desta forma, realocar os recursos em outros projetos previstos em seu plano estratégico. A construção de Abreu Lima e das unidades Premium I e II está orçada em quase US$ 50 bilhões.
Acervo RR
BNDES reforça sua porção venture capital
20/03/2013Nem só de cavalos vencedores vive o BNDES. Nas pistas da agência de fomento, há espaço também para promissores potrilhos. O banco decidiu aumentar sua aposta no segmento de venture capital. Segundo informações filtradas junto a instituição, os planos preveem a formação de mais dois fundos voltados exclusivamente a empresas de TI. No total, a oferta de recursos para companhias emergentes deverá chegar a R$ 1 bilhão apenas neste ano, praticamente o dobro dos recursos disponibilizados no ano passado. Este movimento do BNDES está associado ao esforço do governo em estimular investimentos em inovação – cujo ápice foi o recente lançamento do programa “Inova Empresa”, que prevê mais de R$ 32 bilhões em recursos para projetos de pesquisa e desenvolvimento. O BNDES administra 14 fundos de capital semente e venture capital. Aos poucos, o banco vem mudando sua estratégia para este segmento. Em vez de entrar sozinho no capital das companhias, tem procurado vincular o financiamento a atração de investidores privados capazes de dar sustentação ao crescimento de setores intensivos em tecnologia. O próprio Luciano Coutinho já declarou reiteradas vezes que o objetivo da instituição é atrair R$ 4 de capital privado para cada real emprestado pelo banco. Por ora, ainda é uma meta virtual
Acervo RR
Orygem reserva uma prateleira para os remédios da Libbs
18/03/2013Difícil precisar onde termina a decisão estratégica e começam as questões pessoais e uma certa pitada de vendetta. O fato é que a Orygen Biotecnologia, formada a partir da associação entre Eurofarma, Biolab e Cristália, promete usar de alta dosagem financeira para comprar o controle da Libbs. Por alta dosagem financeira, entenda-se o apoio do BNDES, idealizador e padrinho do superlaboratório nacional. De acordo com fontes do setor, a Libbs estaria avaliada em cerca de R$ 500 milhões. Controlada pelo empresário Alcebíades de Mendonça Athayde, a companhia participou de todas as negociações e esteve com um pé na Orygen até as vésperas do fechamento do acordo. Sua saída teria se dado em decorrência de desentendimentos em relação a participação societária de cada empresa e a partilha de cargos da nova companhia. Procuradas, Orygen e Libbs negaram a negociação. Nesta bula de interesses cruzados e letras miúdas, há uma pergunta que não quer calar: por que Alcebíades Athayde aceitaria vender a Libbs justamente para a Orygen Biotecnologia após ter tido, e rechaçado, a oportunidade de ser acionista da nova companhia? A realidade vista pelo microscópio da Eurofarma, do Biolab e do Cristália não é exatamente uma linha reta. Aos olhos do trio, a recusa de Athayde estaria eivada de segundas intenções. O empresário teria desistido de integrar a nova empresa já pensando na possibilidade de dourar a pílula, valorizar seu laboratório e vendê-lo em condições extremamente vantajosas. E por que os acionistas do Orygen aceitariam tal manobra? Aí sim entram a racionalidade corporativa e o pensamento estratégico. A aquisição seria um importante movimento de defesa, com o objetivo de impedir a associação da Libbs com um grande grupo internacional. Este enredo é tão desconcertante quanto o vai e vem de seus protagonistas. Que o diga o BNDES, que, mesmo sendo o BNDES, penou até conseguir unir todas as pontas da nova companhia. Assim como Alcebíades Athayde, os demais personagens da operação – Ogari Pacheco (Cristália), Maurizio Billi (Eurofarma) e os irmãos Cleiton e Paulo Marques (donos do Biolab) – são conhecidos no setor pelo absolutismo com que dirigem seus laboratórios e por suas idiossincrasias. O que se diz no BNDES é que o trio de acionistas da Orygen não engoliu a postura de Athayde, que, mesmo depois de uma série de exigências atendidas, deu para trás e quase colocou em risco a própria criação do super-laboratório. Daí a percepção de que, além da importância per si do negócio – o Libbs é uma das empresas nacionais mais fortes da área de biotecnologia e fatura por ano cerca de R$ 600 milhões -, alguns miligramas de vingança também movem a investida da tríade Eurofarma/Cristália/Biolab.
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Pilha fraca
15/03/2013O BNDES está extremamente insatisfeito com a gestão da AES Eletropaulo, da qual o banco é sócio por meio da Brasiliana. Na empresa, para total contrariedade da agência de fomento, só se fala em cortes, cortes e mais cortes.
Acervo RR
Milk shake
14/03/2013Por ora, tudo não passa de conjecturas e simulações. Mas já há movimentações no BNDES para que a Lácteos Brasil (LBR) seja despejada no bule da Brasil Foods.
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PwC Brasil
14/03/2013O “Bigode”, líder inconteste da PwC Brasil, acha que este é um país que vai para frente. Diz a rádio-corredor que “Bigode” deu pulinhos de alegria com a divulgação pelo BNDES de que os investimentos no Brasil até 2016 alcançarão a cifra de R$ 3,8 trilhões. “Bigode” teria dito não alimentar qualquer dúvida em relação ao rigor dos critérios de levantamento de dados do banco. Eles seguiriam o modelo exemplar da sondagem de fusões e aquisições da PwC, baseado na consulta de fontes primárias e informações fidedignas das próprias companhias, e não apenas na compilação de jornais e outras mídias não necessariamente qualificadas. Se “Bigode” falou, está falado.
Acervo RR
Coalhada 1
12/03/2013A Lácteos Brasil (LBR) deverá azedar o balanço de mais um acionista. Depois do BNDES, o que se diz é que a GP Investimentos também prepara o write off dos investimentos. Consultada, a GP não quis se manifestar.
Acervo RR
Coalhada 2
12/03/2013Por falar em LBR, no BNDES a indicação de Nelson Bastos para a direção da empresa foi interpretada como o “início do fim”. Bastos é visto como excepcional maestro de reestruturações empresariais, mas especializado na regência de réquiens. Maldade!
Acervo RR
Shree Renuka semeia a discórdia entre os usineiros nacionais
8/03/2013O BNDES e a Petrobras são protagonistas de um enredo que tem tudo para despertar a ira da indústria sucroalcooleira nacional. A indiana Shree Renuka, uma das cinco maiores fabricantes de açúcar do mundo, estaria mantendo conversações com o banco de fomento e com a estatal em busca de um apoio de altíssimo teor alcoólico. As gestões passariam pela entrada da dupla no capital da Shree Renuka do Brasil. Segundo informações obtidas junto ao BNDES, a negociação envolve uma participação acionária superior a 30%. A subsidiária, que nasceu como a primeira grande investida internacional dos indianos, tornou-se uma ilha de dívidas e prejuízos dentro do grupo. A empresa carrega sobre os ombros um passivo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. A maior parte destas dívidas é decorrente das duas aquisições feitas pela Shree Renuka no Brasil – a divisão sucroalcooleira da Equipav e duas usinas da paranaense Vale do Ivaí. Os indianos acumulam ainda sucessivas perdas operacionais no país. Na safra 2011/2012, os prejuízos chegaram a R$ 200 milhões. Procurados pelo RR, BNDES, Petrobras e Shree Renuka não quiseram comentar o assunto. A aproximação da Petrobras e do BNDES com a Shree Renuka ocorre no momento em que a política do governo para a indústria sucroalcooleira é alvo de críticas cada vez mais intensas. Quem priva das conversas mantidas na cúpula da ašnica sabe bem o tamanho da irritação. Entre os usineiros, a reclamação mais comum é justamente a freada do BNDES e da Petrobras Biocombustíveis nas operações de equity. No caso da estatal, a bronca é ainda maior. Quando a subsidiária da Petrobras foi criada, o governo hasteou a bandeira de que ela seria um importante agente de capitalização e atração de investimentos para as empresas do setor, notadamente as usinas de controle nacional. Até agora, no entanto, a companhia protagonizou apenas duas negociações vistas pelo mercado como de grande porte: as associações com a Açúcar Guarani e a São Martinho. O setor pode até chiar. No entanto, muitas vezes os interesses da Petrobras e do BNDES não se coadunam com os dos usineiros. Além disso, nem a estatal é boba, nem o banco é burro, a ponto de tomar um risco político por nada. A qualidade dos ativos da Shree Renuka no Brasil é um ponto forte. Ao mesmo tempo, o eventual aporte do BNDES e da Petrobras pode ser entendido também como um esforço para manter o interesse dos indianos pelo país.
Acervo RR
Dilma entre o afago e as palmadas no empresariado
6/03/2013O road show que vem sendo realizado pela equipe econômica e os ministros Gleisi Hoffmann e Fernando Pimentel para atração de investimentos pode responder a uma pergunta que não quer calar no Palácio do Planalto: o relacionamento com o empresariado nacional não exigiria uma postura mais firme do governo? Se os recursos externos vierem, o sucesso é passível da interpretação de que o empresário nativo está reticente em investir por excesso de má vontade. Há quem chame de ideologização. O fato é que essa teoria conspiratória ganha corpo no núcleo do poder. Uma corrente dos assessores de Dilma, aqueles mesmos que o ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros chama de “stalinistas”, considera ter “chegado a hora de cobrar responsabilidades”. Pode ter sido mera coincidência, mas Guido Mantega, no primeiro evento do tour, em Nova York, disse que “alguns empresários começaram a abusar e o governo está atento, podendo rebaixar ou retirar as tarifas sobre as importações” Mantega costuma ser um pouco destrambelhado em suas declarações, mas não é necessário uma visão panorâmica sobre a performance dos investimentos ou sobre a desinibição no aumento dos preços para constatar que, dessa vez, o ministro não delira. Dilma Rousseff tem buscado, ao máximo, seguir as lições de seu mentor, o ex-presidente Lula, acenando com paz e amor, mas superando-o quando se trata de agrados fiscais e creditícios. Se o retorno tem sido pífio, tanto do ponto de vista do aumento do investimento quanto da redução dos preços, não foi por falta de reunião, carinho e dinheiro. A joia da coroa, o orçamento do BNDES, alcançou cerca de R$ 250 bilhões, somados os dois primeiros anos da gestão Dilma. Não existe banco de fomento no mundo com valores como esses colocados a disposição dos empresários – a taxas favorecidas, diga-se de passagem. O Banco Mundial, no mesmo período, teve um orçamento em torno de R$ 200 bilhões (valores convertidos). E foram baixadas tarifas contra importações. E lançados programas de concessões de serviços públicos. E desonerada a folha de salário. E o retorno, que é bom, tem sido fraquinho, fraquinho. Delfim Netto, assessor informal de Dilma, é contra broncas públicas, através da imprensa, mas acha que a presidente deve arrochar nos encontros privados. Ele sempre fez assim. Chamava uma turma representativa do PIB, perguntava o que ela queria para tocar os investimentos e dizia que daria mundos e fundos. Mas, se não houvesse reciprocidade, o que foi dado de mão beijada se desmanchava no ar. Os stalinistas do Planalto acham que o governo, meio que no desespero, vai trocar o bom investimento privado brasileiro por aumento do passivo líquido externo. Se o senso comum é de que o empresário pensa com números e responde ao ambiente de negócios, o “staff bolchevique” de Dilma acusa que não raro eles desastabilizam governos. Defendem que seja feito e divulgado um inventário de tudo o que foi dado ao empresariado. E que seja dada transparência a participação individual dos empreendedores no investimento. Coação seria a palavra-chave. Cruz credo! Dilma teme que um aperto piore a comunicação do governo e o próprio empresário estrangeiro reaja mal ao jogo bruto. Pode ser que tudo não passe de teoria conspiratória. Mas é difícil entender porque o empresariado formador de opinião não sai pela mídia de estandarte em punho defendendo a mão que o acaricia. Sei lá, não sei…
Acervo RR
Eletrobras é puro breu no leilão das usinas do Tapajós
5/03/2013Por vias oblíquas, o novo modelo de renovação das concessões do setor elétrico está colocando em risco a viabilidade de um dos maiores projetos de infraestrutura do Brasil: a construção das hidrelétricas do rio Tapajós, na Amazônia, empreendimento incluído no PAC 2 e orçado em mais de R$ 20 bilhões. O nó górdio diz respeito a Eletrobras, peça-chave desta engrenagem. A exemplo de Belo Monte, todo o modelo de licitação das usinas do Tapajós foi montado com base no ingresso da estatal no consórcio vencedor com um percentual expressivo. Esta premissa, no entanto, tornou- se fósforo queimado. No governo, há um consenso de que, nas atuais circunstâncias, a participação da Eletrobras no projeto, ao menos nas condições originalmente estabelecidas, é inviável. Com as perdas decorrentes da redução das tarifas de energia – que, segundo cálculos conservadores, podem chegar a R$ 18 bilhões nos próximos quatro anos -, dificilmente a empresa terá fôlego para participar simultaneamente de duas empreitadas deste porte, contando Belo Monte. Na área de Minas e Energia, o entendimento é que a dupla presença da Eletrobras só seria possível mediante uma complexa engenharia contábil, leia-se um aporte do Tesouro, ideia que, no momento, não conta com a simpatia do Planalto. Segundo fontes do Ministério de Minas e Energia, na semana passada, Edison Lobão e o presidente da Eletrobras, José da Costa Neto, tiveram uma longa conversa sobre a questão. Uma das ideias aventadas é reduzir consideravelmente a participação acionária da Eletrobras. Em Belo Monte, contabilizando-se também as ações pertencentes a Chesf e a Eletronorte, a holding ficou com 49% do capital. No caso de Tapajós, esta fatia seria limitada a 25%. Além disso, a empresa teria a opção de venda de parte destas ações após a conclusão das obras e a entrada em operação da geradora. Pode até ser o que prega o bom senso, mas o temor do governo é que o encolhimento do aporte da Eletrobras, reconhecidamente a âncora dos leilões das grandes hidrelétricas, desestimule os investidores privados. Se o cobertor é curto, tome retalho. E, como de hábito, o costureiro está na avenida Chile. A solução natural para a menor participação da estatal seria o aumento do desembolso do BNDES, tanto no equity como no financiamento do consórcio vencedor do leilão. O governo corre contra o relógio. A produção das usinas do Tapajós já está contabilizada no Plano Decenal de Energia para 2020. Ou seja: sua entrada em operação é fundamental para o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia. A intenção do Planalto é realizar os leilões ainda neste ano, não obstante o risco de que os estudos de impacto ambiental só sejam concluídos em outubro.
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Bunge
4/03/2013Pedro Parente, presidente da Bunge, tem feito críticas cada vez mais ácidas a política do governo para a indústria sucroalcooleira. Bem ao seu estilo, uma mistura de João Gilberto e Gilberto Carvalho, vem sussurrando cobrinhas e lagartinhos notadamente em relação ao volume de recursos destinados a s usinas nacionais – seja por meio de empréstimos, leia-se BNDES, seja por meio de equity, ouça-se Petrobras Biocombustíveis. Tem banquinho e violão para todo mundo: Dilma Rousseff, Guido Mantega, Luciano Coutinho, Fernando Pimentel, Graça Foster…
Acervo RR
Alergia láctea
28/02/2013O BNDES, que acaba de engolir uma coalhada de R$ 600 milhões referentes ao write- off das perdas da Lácteos Brasil, tenta mais uma cartada para salvar a Leite Nilza. Dono de 35% do capital, costura a transferência do maquinário e da marca para uma nova empresa, que seria vendida. As dívidas permaneceriam na “Velha Nilza”, controlada pela Airex Trading. Consultado, o banco não quis se manifestar.
Acervo RR
Voo abatido
26/02/2013Germán Efromovich está recolhendo os flaps em relação ao projeto de compra da TAP. O dono da Avianca tem cuspido marimbondos africanos por conta da falta de apoio do BNDES a empreitada.
Acervo RR
Pastel de vento
25/02/2013Os irmãos Gradin estão correndo atrás de ativos para aportar na Graal, de forma que o BNDES entre no capital com os 15% prometidos. O fato é que o banco deu uma endurecida recentemente. O RR não é essa Coca- Cola toda, mas suspeita que o alerta sobre a Graal ser uma casquinha de noz recheada de planos pré-operacionais (ver edição nº 4.550) ajudou o BNDES na decisão de pedir garantias. Mesmo que seja só para constar.
Acervo RR
Caixa Econômica cria um clone da “BNDESPar”
20/02/2013O que veio ao mundo apenas e tão somente como uma inusitada solução para um problema de ordem fiscal e contábil da Caixa Econômica Federal (CEF) está se revelando o ponto de partida para o surgimento de um espelho, ainda que embaçado, da BNDESPar. A direção da CEF discute a criação de um braço de participações nos moldes do musculoso tentáculo do BNDES. A proxy desta nova instituição é a carteira com ações de oito empresas que a Caixa herdou do próprio banco de fomento no fim do ano passado – a transferência foi resultado de uma engenhoca financeira elaborada pelo governo para concluir um aporte de capital de R$ 5,44 bilhões na CEF. Esta coqueteleira societária reúne papéis de titãs empresariais, como Vale, JBS e Petrobras, e de companhias que, embora estejam alguns degraus abaixo, são players importantes em seus respectivos setores – Cesp, Paranapanema, Romi, Metalfrio e Mangels. O governo usaria está espécie de “Caixa Participações” como mais um instrumento de capitalização da empresa nacional. Ou seja: o país passaria a ter não apenas um, mas, sim, dois grandes agentes dedicados ao fortalecimento da indústria local através do mercado de capitais. Seria o luxo do luxo em se tratando de uma nação que já tem uma instituição de fomento com orçamento superior ao do Banco Mundial, como é o caso do BNDES. Ressalte-se que este novo braço de participações da CEF não teria qualquer ligação com a CaixaPar. A instituição foi criada em 2008, durante o governo Lula, com o objetivo de estimular novos investimentos no mercado imobiliário mediante a compra de participações em empresas do setor. No entanto, este apêndice da Caixa Econômica supurou. De um lado, não cumpriu sua missão original, pouco, ou nada, ajudando no robustecimento da construção civil; do outro, tornou-se um Frankenstein societário, ao reunir sob seu teto participações em empresas de setores díspares, como o Pan- Americano, e a CPM Braxis, da área de TI. A criação desta unidade de participações da Caixa vai ao encontro dos planos do governo não apenas de promover o fortalecimento de grupos nacionais, mas também de tornar o mercado de capitais mais musculoso. O novo braço da CEF poderá estimular o financiamento de empresas mediante o lançamento de títulos em Bolsa, notadamente debêntures conversíveis em ações. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, diante desta iminente duplicidade de agentes de fomento, há uma pergunta que não quer calar: como e onde ficará a fronteira entre o BNDES e a Caixa? Isso se ela existir. Vai ser, no mínimo, curioso se a CEF também decidir escolher seus próprios cavalos campeões no meio empresarial. Haja raia para tanto alazão!
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Águas profundas
20/02/2013Que ninguém se espante se por trás da MP do sistema portuário estiver a tara governamental pela criação dos grandes grupos empresariais. Reza a teoria da conspiração que a reforma portuária busca desestabilizar os terminais públicos para favorecer os novos operadores privados e provocar uma megaconsolidação no setor. O BNDES já está lixando a unha.
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Leite aguado
18/02/2013GP e Bom Gosto já tinham feito um write off informal da Lácteos Brasil (LBR). O BNDES, ao contrário, ainda pensava em comprar um pouco mais de ações para ver se salvava o “pangaré perdedor”. Isso é que dá apostar em um empresário feito Marcus Elias, da Laep.
Acervo RR
Amsted Industries é uma locomotiva sem freios no Brasil
8/02/2013A Amsted Industries está disposta a passar por cima de um dos sobrenomes mais tradicionais da indústria brasileira e, se for necessário, até mesmo do BNDES. Tudo para assumir o controle – e, consequentemente, promover a desnacionalização – de uma das maiores fabricantes de equipamentos ferroviários do país: a Amsted Maxion. O grupo tem feito forte pressão sobre a paulista Maxion, leia-se a família Ioschpe, sua parceira no negócio. O objetivo dos norte-americanos é aumentar sua participação na joint venture de 50% para 70%, empurrando os sócios brasileiros para o vagão de trás. A Amsted está jogando toda a sua supremacia financeira sobre a mesa, com o intuito de dar um rápido xeque-mate na Maxion. Segundo fontes ligadas a família Ioschpe, além do pagamento referente a compra dos 20% adicionais na joint venture, os norte-americanos acenam com um aporte de capital. O valor seria da ordem de R$ 150 milhões. Procurada pelo RR, a Amsted-Maxion não se pronunciou. A Amsted acredita ter a faca, o queijo e os sócios na mão. O grupo parte da premissa de que o futuro da Amsted-Maxion depende de seus movimentos e aportes no Brasil. Ou seja: por esta linha de raciocínio, a Maxion não teria fôlego, poder de barganha e muito menos capacidade de resistência para sair deste córner. Os norte-americanos estão convictos de que os Ioschpe nem têm muito o que pensar. Vão aceitar ser minoritários de uma operação bem maior e mais capitalizada em vez de ter a seu lado um sócio insatisfeito e com enorme má vontade em aportar recursos na joint venture. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas a Amsted sabe que esta leitura do jogo de xadrez só se aplica se a família Ioschpe permanecer solitária do outro lado da mesa. No entanto, os norte-americanos já se preparam para um duelo bem mais encarniçado. Neste caso, que venga el BNDES! O banco é dono de 7% da Maxion. O eventual avanço dos norte-americanos sobre o controle da Amsted-Maxion vai inteiramente contra a política de fomento do BNDES, baseada no fortalecimento de grandes grupos nacionais. Nada mais natural, portanto, que o banco resolva comprar o barulho da Maxion, erguendo uma barricada contra a investida da Amsted. Um caminho lógico para isso seria um aumento da participação do BNDES no capital da holding, o que daria ao grupo brasileiro munição financeira para brecar as intenções expansionistas dos norteamericanos na fabricante de equipamentos ferroviários. Adivinhem o que os Ioschpe estão esperando?
Acervo RR
Virada radical
8/02/2013Benjamin Steinbruch está procurando desesperadamente novos parceiros para a aquisição da CSA. O BNDES roeu a corda do modelo combinado, que envolvia uma participação societária e financiamento de R$ 4 bilhões. Os raios que partiram ao meio a associação foram desferidos do Olimpo. A Ternium já se sente abençoada pelo governo como futura empresa nacional e líder da indústria siderúrgica. A sede do grupo deverá ser o Rio de Janeiro. P.S. Se Benjamin virar esse jogo, é porque ele é realmente um homem de aço.
Acervo RR
Luz baixa
6/02/2013O BNDES pretende reduzir sua participação na Copel, de 26%. Por coincidência, e ressalte-se o “por coincidência”, a estatal paranaense foi uma das distribuidoras que rechaçaram a proposta de renovação das concessões elétricas apresentada pelo governo federal. Consultado, o BNDES informou que “não pode se pronunciar sobre empresas de capital aberto, nem confirmando, nem negando operações de mercado”.
Acervo RR
Petrobras empacota suas refinarias em busca de um sócio
5/02/2013Perfeito, perfeito mesmo, seria se a Petrobras pudesse empurrar lá para frente parte expressiva dos investimentos previstos para a ampliação e modernização do seu parque de refino, deslocando os recursos para a prioritária atividade de exploração e produção. Mas, diante do grande fosso que costuma separar o ideal do real, Maria das Graças Foster acredita ter encontrado uma solução meia-sola, capaz, ao menos, de atenuar a mordida no caixa da companhia. A operação passa pelo spinoff da área de refino, com o agrupamento das 11 unidades da estatal em uma nova empresa. A medida permitiria a busca de um parceiro exclusivamente para esta unidade de negócio. Graça não está reinventando a roda. Apenas pretende replicar, em escala bem maior, uma estratégia já usada pela Petrobras no passado. Durante dez anos, a Repsol foi sócia da Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, com uma participação de 30%. A experiência é de boa memória para a estatal. Na ocasião, a parceria com os espanhóis permitiu acelerar a expansão da refinaria gaúcha. Procurada, a Petrobras não quis se pronunciar. A Petrobras já vem mantendo conversas preliminares com grupos interessados no negócio. Dois fortes candidatos são a mexicana Pemex e a norueguesa Statoil. A intenção da estatal seria vender de 20% a 30% da nova companhia. Para estas empresas, a operação representaria um bilhete de entrada no maior conjunto de refinarias da América Latina e, por extensão, a garantia de processamento do petróleo que eventualmente será produzido em seus campos no Brasil. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o projeto tem arestas difíceis de serem polidas. Uma delas é convencer um grande grupo privado a ser minoritário de uma empresa sobre a qual não terá qualquer poder de ingerência. Isso para não falar que a Petrobras tem hábitos peculiares, tais como trançar sua lucratividade com os interesses políticos do governo. Ao mesmo tempo, há fortes dúvidas na estatal quanto a inclusão ou não nesta holding das quatro refinarias em construção. Por um lado, há o temor de que estes empreendimentos afugentem os investidores; por outro, o entendimento de que todo este malabarismo só terá impacto para valer sobre o caixa da empresa se englobar também as futuras unidades. O plano de investimentos da Petrobras prevê o desembolso de quase US$ 72 bilhões na área de refino até 2016. Deste total, cerca de US$ 56 bilhões, ou algo em torno de 77%, se referem a instalação das unidades Abreu Lima, Comperj e Premium I e II. Difícil acreditar que mais esse cavalo vencedor não tenha como garantia de viabilização um desses megafinanciamentos do BNDES. Vade retro, cruz credo!
Acervo RR
Operação-trato
4/02/2013O governo está semeando uma nova safra de crédito para estimular a venda de máquinas agrícolas. O adubo financeiro sairá dos cofres do BNDES e do BB.
Acervo RR
Aché é um comprimido rachado em três pedaços
31/01/2013Não há dose de clonazepam capaz de acalmar os ânimos no Aché. As três famílias controladoras do laboratório farmacêutico racharam de vez. Os Baptista e os Siaulys, cada um do seu lado, saíram em busca de um comprador para suas participações. Já os Depieri querem permanecer no negócio e garantem ter a companhia de um grande fundo de investimentos para adquirir a parte dos sócios. Até agora, no entanto, segundo um executivo ligado ao Aché, nenhuma proposta apareceu a mesa. Procurada, a companhia negou a venda do controle. No entanto, de acordo com a mesma fonte, as famílias Baptista e Siaulys contrataram dois bancos de investimento como advisers para a venda de suas respectivas participações. O Aché desmente o aforismo de que “em casa onde não há pão, ninguém tem razão”. Trigo e fermento não faltam. O laboratório tem recursos em caixa, está operando com margens de lucro próximas ao teto histórico (em torno de 30%) e, nos últimos dois anos, distribuiu mais de R$ 400 milhões em dividendos. Mas nem o cenário de prosperidade tem sido capaz de frear o processo de desintegração societária. Quem conhece a companhia de perto garante que a situação começou a degringolar em 2009, com a morte de Victor Siaulys, um dos fundadores do Aché. O empresário funcionava como o algodão entre os cristais, evitando que a relação entre as três famílias trincasse diante do menor resvalo. Em tempo: o impasse em relação ao futuro do Aché começa a preocupar o BNDES. A empresa é um dos vértices do BioBrasil, o superlaboratório que está sendo criado com as bênçãos da agência de fomento e reúne ainda EMS, Hypermarcas e União Química. Por ora, a postura do banco é de observação. Mas certamente o BNDES não hesitará em tomar as providências necessárias – sejam elas quais forem – para evitar que os atritos do Aché impeçam a conclusão de um projeto que demorou tanto para sair do papel.
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Carro-forte
30/01/2013Cledorvino Bellini, presidente da Fiat, está prestes a fechar sua trinca de ases. Depois do BNDES e do Banco do Nordeste, o BB também deverá financiar a construção da fábrica da montadora em Pernambuco. O dote da vez beira R$ 2 bilhões.
Acervo RR
Aeromot é um aviãozinho no radar da Embraer e do BNDES
29/01/2013Pode parecer exagero, mas o complexo processo de recuperação da Aeromot, uma das mais antigas empresas nacionais do segmento de defesa, tornou-se um assunto de Estado. O governo federal, notadamente o Ministério da Defesa e a Casa Civil, chamou para si a responsabilidade de buscar uma saída para a crise financeira da companhia gaúcha. No momento, as discussões giram em torno de duas rotas. O caminho visto como natural é a incorporação da Aeromot pela Embraer, o que, inclusive, ajudaria na retomada dos planos de criação de uma grande holding nacional da área de defesa capitaneada pela empresa de São José dos Campos. O projeto ensaiou uma decolagem durante o governo Lula, mas acabou empurrado para o fundo do hangar. Uma solução vista como mais rápida, na linha da injeção na veia, seria um aporte do BNDES e sua consequente entrada no capital da Aeromot. Parece uma equação mais simples, isso se a gestão de Luciano Coutinho não desse prioridade a projetos épicos. Melhor apostar na coluna do meio e imaginar um híbrido com a Embraer e o BNDES. Consultado, o presidente da Aeromot, Claudio Viana, disse desconhecer qualquer negociação com a Embraer e o BNDES. Mas afirmou que uma associação com a empresa e o banco de fomento “seria muito bemvinda”. Já a Embraer declarou “não confirmar tal especulação”. O BNDES informou que só se manifesta sobre operações aprovadas. O Alto-Comando da Aeronáutica tem acompanhado o caso de perto. A Aeromot é vista pela Força Aérea como uma peça estratégica no tabuleiro da defesa, sobretudo por se tratar de uma das raras fabricantes do setor de controle nacional. É curiosa a apreensão da Aeronáutica. O maior temor é que a fragilidade financeira da fabriqueta coloque em risco a execução de projetos já engatilhados e a manutenção de equipamentos da empresa usados pelas Forças Armadas. A companhia é fornecedora da FAB e da Embraer há mais de 30 anos. A dívida da Aeromot é brincadeira de criança: cerca de R$ 10 milhões. Quem dera este fosse seu grande problema. A questão é como revitalizar e modernizar a produção da companhia. Hoje, a Aeromot é praticamente uma casca vazia. A empresa não tem contratos relevantes em carteira. Vive quase que exclusivamente de encomendas pingadas e de baixo valor. Ainda assim, com uma transfusão financeira, a companhia poderia retomar projetos importantes, como a produção do aeroplanador Ximango na asia. Desde o ano passado, há conversas neste sentido com a chinesa National Guizhou Aviation Industry, mas falta a Aeromot dinheiro para passar da intenção a prática
Acervo RR
GraalBio é um cálice sem uma gota de álcool
28/01/2013O Grupo Graal, heresia cometida pela família Gradin, tem teor alcoólico suficiente para embebedar o BNDES, independentemente das suas intenções. Bernardo e Miguel Gradin decidiram que uma empresa homônima do cálice sagrado – com o qual Jesus Cristo teria celebrado a última ceia – pode tudo. Pode até transformar uma companhia de papel em um dos cavalos vencedores do maior banco de fomento do mundo. Não é nada, não é nada, o controverso Bernardo e o seu ofuscado irmão Miguel conseguiram envolver o BNDES na aquisição de 15% da empresa ainda pré-operacional, ao custo de R$ 600 milhões. Essa foi apenas a primeira tranche “papai com mamãe”. O segundo passo é um volume de financiamentos que poderão chegar a R$ 1 bilhão. Por enquanto, segundo informações obtidas junto ao banco, a GraalBio ainda não aportou ativos no projeto. Entre os milagres da Graal está o de fisgar o BNDES para investir em um setor que vem se arrastando. Nos últimos três anos, mais de 40 usinas entraram em recuperação judicial ou decretaram falência. Nas safras de 2011 e 2012, quase 50 empresas chegaram a paralisar a moagem de cana. Segundo relatório do Itaú BBA, somente entre as companhias instaladas no Centro-Sul do país, a dívida do setor sucroalcooleiro chegou aos R$ 48 bilhões na última safra. A justificativa do controverso Bernardo é a atração de tecnologia para a produção de etanol. Na linha da verticalização, o grupo produziria também biocombustíveis e bioquímicos de segunda geração. Outro mistério repousa no fundo do cálice da Graal. São raríssimos os projetos congêneres no mundo que já tenham sido testados com sucesso, tanto do ponto de vista da escala quanto financeiro. Por outro lado, é muito nobre a decisão do banco em aportar recursos para a importação e o desenvolvimento de tecnologias mais avançadas na área de bioenergia, apelidada pelos seus tecnocratas de “química verde”. A questão é o montante e as dúvidas em relação ao resultado da operação. Mas parece que a gestão de Luciano Coutinho gosta de fortes emoções. Não fosse a preferência pela aventura na escolha dos seus campeões, seria difícil compreender tamanha aposta do banco em um project finance que hoje não passa de uma maquete. Em suas demais incursões para estimular a formação de grandes grupos nacionais, o BNDES sempre se associou, em processos de fusão e aquisição, a empresas lastreadas em ativos próprios e reais. A GraalBio, do controverso Bernardo e do ofuscado Miguel, ainda é uma ficção. Ela pode ser considerada um companhia em estágio prépré- operacional, que nem sequer passou pelo crivo do mercado de capitais e, mesmo assim, recebeu as bênçãos do BNDES. Os Gradin garantem que vão fazer e acontecer, investirão R$ 4 bilhões, produzirão em 20 anos um bilhão de litros de etanol e erguerão dez fábricas de biocombustíveis. Por enquanto, contudo, só possuem memorandos de intenção. Para o bem do contribuinte, a torcida é que o BNDES saiba o que faz com os recursos da Viúva. Já o controverso Bernardo e o ofuscado Miguel não têm a menor dúvida do que fazer com essa dinheirama.
Acervo RR
Equipav olha no espelho e enxerga a CAB Ambiental
24/01/2013A Equipav parece não estar preocupada com a “Síndrome de FHC”, que aceitou ser fotografado na cadeira de prefeito de São Paulo poucos dias antes de perder a eleição para Jânio Quadros. Nos corredores da empresa, seus executivos já cantam vitória na disputa pela compra da CAB Ambiental, operação que se arrasta desde o primeiro semestre do ano passado. Soberba? Otimismo? O tempo vai dizer. O fato é que os dirigentes da Equipav acreditam terem colocado sobre a mesa uma proposta imbatível. Segundo informações filtradas junto a Equipav, sua oferta contemplaria a aquisição não apenas dos 67% da empresa de saneamento pertencentes ao Grupo Galvão, mas também do restante das ações, em poder da BNDESPar. Já não é de hoje que o BNDES pretende deixar a CAB. No entanto, nem a aguas do Brasil nem a OAS, também no páreo pela aquisição da empresa, teriam demonstrado interesse em abrir esta porta para a saída do banco. Segundo fontes ligadas a Equipav, a operação giraria em torno dos R$ 400 milhões. Se concretizada, este será o maior investimento do grupo no setor de saneamento. Ao levar a CAB Ambiental, empresa com faturamento anual próximo dos R$ 250 milhões, a Equipav desaguará automaticamente em 14 concessões municipais em São Paulo, Alagoas, Mato Grosso e Santa Catarina, além de três PPPs. Juntos, estes projetos têm um orçamento próximo dos R$ 2 bilhões. Procurada, a Equipav negou ter feito uma proposta pela CAB. Esta, por sua vez, não quis se pronunciar.
Acervo RR
Marfrig leva Daniel Dantas de volta para o futuro
22/01/2013Daniel Dantas estaria preparando seu retorno ao palco dos grandes negócios com um script espetacular. Sua caminhada de volta se daria pelas trilhas do agronegócio, mais precisamente através da Marfrig. A operação uniria sob um só teto o proprietário do maior rebanho bovino do Brasil – o banqueiro tem cerca de 450 mil cabeças de gado, por meio da Agropecuária Santa Bárbara – e o segundo principal frigorífico do país, com faturamento anual acima de R$ 22 bilhões. E carimbaria uma hiperbólica vitória de Dantas contra os mais diversos estamentos de poder após acirrados contenciosos jurídicos. Em razão das suas sutilezas e do seu contorno político, o projeto exige uma meticulosa costura, a começar pelo BNDES, dono de 12,25% da Marfrig. Até porque os caminhos que unem a agência de fomento e o frigorífico são tortuosos. No recente aumento de capital da empresa, o banco poderia, por contrato, converter integralmente os mais de R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis da Marfrig que tinha em carteira. Este movimento faria sua participação acionária saltar para quase 40%, tornando-o acionista controlador. Para não estatizar a empresa, o BNDES abriu mão dessa opção e subscreveu apenas um terço das debêntures. A decisão causou enorme excitação no mercado. A generosidade com Marcos Molina, controlador do frigorífico, teria custado aos cofres do BNDES cerca de R$ 1,2 bilhão – a cifra leva em consideração o volume de ações que ele deixou de subscrever e o valor do papel em Bolsa por ocasião do aumento de capital. Independentemente da posição do banco, o fato é que, para Daniel Dantas, a compra do controle ou de parte da Marfrig passa necessariamente pelo BNDES, que no modelo ideal dividiria o controle. Mas não passa pelas divinas tetas do banco. Pelo contrário. Em vez de devedor, Dantas teria grande chance de se tornar credor, pelo menos moral, do governo, ao ingressar na problemática Marfrig, que carrega uma dívida de R$ 9 bilhões. A compra da Marfrig por Daniel Dantas enseja uma operação integrada gado/abate. Mas não é essa sinergia que leva o negócio a mugir seus encantos. Todo o rebanho do banqueiro está concentrado no Pará, enquanto a unidade de abate mais ao norte do frigorífico se encontra no Mato Grosso. A equação logística só se ajusta se Dantas comprar gado no Centro-Oeste e/ou a empresa arrendar unidades no Norte. Também não é comum um frigorífico manter um rebanho próprio. No entanto, coincidência ou não, o RR apurou que a própria Marfrig avalia a possibilidade de atuar no confinamento. Dantas pode muito bem comprar o Marfrig e manter as operações razoavelmente separadas. Hoje, a maior parte de seus negócios está concentrada na venda de bezerros desmamados, até 30% mais caros do que o gado para corte. Caso a boiada avance, Dantas e o BNDES se tornarão grandes players mundiais da cadeia da proteína, de certa forma se indexando aos quase 1,5 bilhão de estômagos chineses. E será, sem dúvida, um vira, vira, virou de um empresário que, nos últimos anos, ficou marcado mais por suas contendas do que por seus prósperos negócios. E o Molina? Ah, antes que se esqueça, Molina montará em um boi magro e sairá passeando pelo pasto como acionista minoritário. Procurada, a Marfrig informou que “não comenta rumores de mercado”. Por meio de sua assessoria, Daniel Dantas garantiu não ter interesse na verticalização da Agropecuária Santa Bárbara.
Acervo RR
Ternium fixa residência no Brasil se levar a CSA
21/01/2013O cenário é árido e a temperatura, tórrida, tal qual a de um alto-forno de aciaria. Os dois oponentes se observam com um olhar gélido e injetado de sangue. De um lado da pista, o vulto suscita a imagem de Giuliano Gemma com um poncho com as cores da bandeira portenha caído sobre os ombros. Na direção inversa, postado como um vergalhão, um clone barroco de Clint Eastwood com traços tipicamente judaicos aquece sua mão na coronha do Colt 45. A cena do bizarro western ?siderúrgico- espaguete? é uma metáfora burlesca do duelo pela aquisição do controle da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que deve ser concluído até o Carnaval. O Giuliano Gemma da vida real é a Ternium, que remonta ao lendário siderurgista ítalo-argentino Agostino Rocca – velho camarada do Duce. O Clint Eastwood de nervos de aço atende pelo nome de Benjamin Steinbruch, considerado por muitos o maior empresário do Brasil, não obstante o estilo espalha- brasa que o notabilizou. Cada um tem seus trunfos no coldre. Benjamin carrega a bandeira do nacional-siderurgismo. Sabe que, se perder essa contenda, a CSN ficará isolada, cercada de gringos por todos os lados. E a indústria siderúrgica praticamente inteira se tornará um sangrador de divisas. Benjamin conta com o BNDES para se tornar o grande player nacional do setor. Um ponto a favor é sua relação estreita com Luciano Coutinho. Sabe como é… É sempre melhor ter amigos. Desconfortável seria apenas a participação da Vale em 30% do projeto. Não que incomode a presença da mineradora no capital, mas, sim, o acordo de reserva de mercado para a venda de minério de ferro. A CSN teria vantagens em se livrar dessa camisa de força devido a autossuficiência nesse insumo. No entanto, é bom lembrar que o BNDES, virtual sócio na empreitada, é também controlador da Vale. Noves fora essa inevitável equação mineral, a aquisição alçaria a CSN a um novo patamar. Com a CSA, ela praticamente duplicará de tamanho, passando de 5,6 milhões para 10,6 milhões de toneladas de capacidade instalada. Deixará para trás a ArcelorMittal, que produz cerca de dez milhões de toneladas de aço por ano e é a primeira no ranking brasileiro. A Ternium, por sua vez, adoraria passear com a Vale em uma gôndola de Veneza. A empresa até tem minério de ferro, por meio da Usiminas, porém se trata de uma matéria-prima de qualidade inferior e logística complexa. Os ítalo-portenhos têm a siderurgia no sangue e são considerados excepcionais gestores, vide o exemplo da própria empresa mineira, que chegou a ser tida como um ativo de segunda classe e está sendo tocada com maestria e precisão. Mas a bala de prata que a Ternium guarda para vencer o duelo ao por do sol da CSA é o anúncio da transferência de sua sede da Argentina para o Brasil. Em tese, o grupo viraria empresa nacional. E passaria a ter uma capacidade instalada no país da ordem de 14 milhões de toneladas. Correndo por fora, como um Lee Van Cleef de turbante, os indianos da ArcelorMittal. São conversas ainda nebulosas, já que as tratativas com a Thyssen envolvem a aquisição de uma usina no Alabama. Segundo o Wall Street Journal, a negociação poderia incluir a CSA. O RR acha que o jornalão norteamericano está por fora. Se o pistoleiro outsider vencer a rodada de fogo, aí a coisa fica séria. A ArcelorMittal faria uma festa, disparando no setor, com 15 milhões de toneladas de capacidade. Nesse caso, o western “siderúrgico-espaguete” seria filmado em Bollywood.
Acervo RR
“BBTG” é a próxima parada de André Esteves
11/01/2013O banqueiro André Esteves atravessou o dia de ontem ainda mais irrequieto do que de costume. Quem conhece Esteves sabe que isso quer dizer, no mínimo, trepidante. O motivo de tanta excitação não é tão óbvio quanto parece, ou seja, a derrubada da ação do BTG Pactual na Bovespa. O frenesi deve-se ao prenúncio de mais uma tarefa épica: levar seu banco de investimento a figurar no top five das maiores instituições financeiras privadas antes do final da década. Hoje, este é um panteão restrito a bancos comerciais. Para uma missão colossal como essa, somente um parceiro igualmente colossal. A disposição manifesta do Banco do Brasil em criar um braço atacadista bifronte para concorrer com os grandes do mercado, na visão de Esteves, é uma correspondência acordada, recebida e aceita. Tamborilando seus dedos sobre o joelho e empurrando a cadeira para a frente e para trás, o hipertímico banqueiro idealiza os passos do porvir. O BTG Pactual teria, por exemplo, 51% – ou, no mínimo, 50% – de um futuro “BBTG”.A nova placa operando conjuntamente com o BTG se tornaria imbatível em um mercado no qual as instituições nacionais já fazem frente a banca estrangeira. Para Esteves, o “BBTG” teria mil e uma utilidades. Uma delas seria fechar o cerco na área financeira do governo. O BTG já é sócio da Caixa Econômica Federal no PanAmericano, que funciona como uma espécie de “ação entre amigos” feita pelo banqueiro. a€ guisa de blague, só faltaria o BTG tornar-se sócio do BNDES. Nos seus frenéticos devaneios, Esteves bem poderia estar pensando: depois do “BBTG”, compraremos, finalmente, o UBS. No comando desse banco idílico, um perfil sob medida seria o do sócio Pérsio Arida. Aliás, não custa reparar que Arida parou de participar das tertúlias dos mosqueteiros da Casa das Garças. Esteves tira e põe, tira e põe seus óculos de aro no melhor estilo Jerry Lewis em “O Professor Aloprado” e cantarola baixinho, com a sua voz metálica: “O “BBTG” vem aí”, “O ?BBTG” vem aí”. No meio do caminho, existirão muitas pedras, mas, também, agradáveis afazeres, tais como os jantares com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no cada vez menos frequentado restaurante do Maksoud Plaza. É bom ressaltar que, embora Esteves e Mantega sejam unha e carne, de antemão, este não é um fato decisivo para o enlace bancário. De jeito nenhum. Quem foi que disse isso? O que o “BBTG” tem, sim, de sobra é o manequim correto, único e hoje indiscutível no governo para a parceria. O BTG se encaixa nos objetivos e planos traçados pelo BB para a nova instituição. A maior e mais ousada das metas é fazer do futuro banco líder na área de mercado de capitais. No segmento de emissão de títulos no exterior, por exemplo, o BB já figurava na ponta do ranking da Anbima em novembro do ano passado. Somando- se seus valores aos do BTG Pactual, a cifra chega a US$ 35 bilhões em operações, US$ 10 bilhões a mais do que o então segundo colocado, o JP Morgan. No que diz respeito ao lançamento de ações no mercado interno, o “BBTG” dispararia na dianteira. Curiosamente, até novembro de 2012, BTG e BB ocupavam, respectivamente, o primeiro e segundo postos do ranking. Dentro das metas do BB, a associação também permitiria ao banco ter, enfim, uma posição de destaque na área de fusões e aquisições – muito embora o ano de 2012 não tenha sido dos melhores para o próprio BTG: até novembro, a instituição não figurava nem entre as seis primeiras deste segmento.
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Lupatech
10/01/2013Petros e BNDES defendem mudanças no comando da Lupatech. Os acionistas mais antigos da empresa resistem. Consultada, a Lupatech não se pronunciou
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Luz para todos
8/01/2013Agnelo Queiroz costura a entrada do BNDES na CEB, a companhia de energia elétrica do Distrito Federal. Não custa recordar que há pouco a empresa, que vive no maior piscapisca financeiro, já recebeu um mimo do governo federal: um empréstimo de R$ 160 milhões da CEF, usados no aumento de capital da CEB. Procurado, o BNDES alegou restrições legais para comentar a nota.
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Dose dupla
8/01/2013A BNDESPar e o Banco do Brasil deverão atuar juntos na compra de participações em empresas de energia.
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Ralo abaixo
4/01/2013O BNDES acompanha com muito interesse as negociações para a venda da participação do Grupo Galvão na CAB Ambiental. O banco está disposto a aproveitar a operação para também desaguar do capital da empresa, da qual detém 33%. Procurado, o BNDES informou que “qualquer decisão nesse sentido, se divulgada, deve ser por meio de fato relevante”.
Acervo RR
Quanta Computer
26/12/2012O bilionário chinês Barry Lam, dono da Quanta Computer, estuda produzir tablets e laptops no Brasil. Representantes do empresário estiveram no BNDES assuntando a possibilidade de financiamento para a empreitada.
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Siemens
26/12/2012A Siemens vai sair do castigo. O BNDES já sinalizou que a companhia voltará ao cadastro do Finame. O grupo alemão foi descredenciado por não cumprir os índices mínimos de conteúdo nacional na produção de equipamentos para usinas eólicas
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Funcef
19/12/2012Paulo Guedes é um detrator universal. Primeiro, metia o malho em Maria da Conceição Tavares, a quem chamou de “maluca” e “grosseira” em um debate na Anbid no início dos anos 1980. Depois, passou a pichar Affonso Celso Pastore em sua época na Funcef. A vítima seguinte foi Mario Henrique Simonsen, porque este lhe fechou as portas da FGV. Mais recentemente, a ripa comeu nas costas de Luciano Coutinho e a boca ferina só silenciou depois que o BNDES lhe abriu o cofre. Mas, por que mesmo estamos falando tanto do sujeito? Bobeira, né? Bom Natal para você também, Paulinho!
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Lupatech
10/12/2012Uma vez GP, sempre GP. A gestora de recursos entrou com a menor parte na capitalização da Lupatech, enfiou goela abaixo da empresa o porco espinho da San Antonio e, ainda assim, estaria tentando mandar mais na gestão do que Petros e BNDES, responsáveis por mais de 80% do aporte.
Acervo RR
Naquela mesa está faltando Antônio Ermírio
28/11/2012Os olhos esmaecidos de Antônio Ermírio de Moraes não enxergam mais o Grupo Votorantim. O conglomerado industrial que tanto afagou sua autoestima dorme em algum lugar do passado. O Votorantim, símbolo do apogeu da empresa privada nacional, grandioso, afortunado, tornou-se um clone da espécie que tanto o aterrorizava em pesadelos: um balaio de gatos fabris enroscados em um avestruz financeiro. Antônio não se identificaria nadando em um mar de prejuízos, desprovido de um norte estratégico e sofrendo de tibieza gerencial. Isso não é o Votorantim. Antônio Ermírio não construiu Roma sozinho. Tinha o irmão, José, como alterego. Portanto, enquanto Antônio labutava nas fábricas e fazia o marketing do “lavora che ti fa bene”, Zé circulava entre a Fiesp e o BNDES. Mario Henrique Simonsen dizia que maior do que os negócios dos Ermírio de Moraes só os pedidos recorrentemente feitos pelos irmãos ao governo. Verdade seja dita: o saldo da colheita era uma safra de grandes indústrias e não uma touceira de títulos financeiros daninhos. Se estivesse no comando, Antônio Ermírio nunca teria deixado a aventura do Banco Votorantim chegar aonde chegou. Diria que o DNA do grupo não era o de financista. Na ocasião em que os herdeiros decidiram criar uma instituição financeira, foi voto vencido. Já não dava todas as cartas. Antônio Ermírio, no esplendor da sua maturidade, na década de 70, tratava bancos como quem caça ratos. Nesse período, uma pesquisa realizada pelo cientista político José Luis Mello, ouvindo a opinião dos empresários do setor real da economia a respeito dos banqueiros, deixou para a posteridade todo o desamor que ele tinha pelos “emprestadores do vil metal.” Depois da bonança, vieram os herdeiros e mais herdeiros, que já caminham para uma centena. Vale a ressalva de que essa plêiade interveniente foi se multiplicando sob a regência de José Roberto Ermírio de Moraes. Não se trata de procurar responsáveis. De alguma forma, todos fizeram o melhor e o pior pelo Votorantim. Mas os números teimam em afirmar que naquela mesa está faltando o comando dele. As cifras ofendem a biografia da família, a começar pelo desdentado Banco Votorantim. No início, até parecia um bom negócio. O banco galgou posições sucessivas no ranking. Mas Antônio Ermírio tinha razão. Entre janeiro e setembro, o prejuízo acumulado passa de R$ 1,6 bilhão. Somando- se o resultado de 2011, o buraco vai a R$ 2,1 bilhões. A Votorantim Industrial, xodó da família, também não escapou. Entre janeiro e setembro, teve lucro de R$ 198 milhões, uma queda brutal se comparado ao ganho de R$ 1,2 bilhão no mesmo período em 2011. Só a Fibria despejou nesta conta um prejuízo de R$ 750 milhões. O Votorantim continua sendo um portento e tudo indica que assim prosseguirá. Mas, se perguntassem a José Ermírio, irmão de Antônio, o que é bom, ele diria: “Cimento”, lembrando que o grupo já foi monopolista. E o que diria o próprio Antônio? “Alumínio.” Pode ser até que ele, cabeça de engenheiro, enxergasse o futuro em biotecnologia. Mas essa empresa, no caso a Canavialis, já foi vendida pelos herdeiros. A boa novidade é que a atual geração dos Ermírio de Moraes se conscientizou de que gestão não é sinônimo de consanguinidade. Está oxigenando o grupo com quadros de primeira linha. O RR tem informações de que o Votorantim promete dias de fartura para as empresas de head hunter.
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Biotecnologia
20/11/2012A Recepta Biopharma, empresa de biotecnologia controlada por José Fernando Perez e José Barbosa Mello, quer ser um frasco até aqui de sócios. Após vender 16% das ações para o BNDES, o próximo passo seria a atração de fundos de venture capital. Procurada, a empresa confirmou que fará um aumento de capital de R$ 25 milhões em seis meses, mas garantiu que não haverá mudança societária.
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Locomotiva
19/11/2012Além da Previ e da Funcef, o BNDES também estaria disposto a pegar carona na proposta da Cosan e reduzir sua participação na ALL. Mas só deverá aceitar o negócio se receber os mesmos R$ 23 por ação inicialmente oferecido por Rubens Ometto aos acionistas Wilson De Lara, Ricardo Arduini e Julia Arduini.
Acervo RR
Insulina financeira
9/11/2012Além do apoio do BNDES para a retomada do projeto de construção de uma fábrica de insulinas – informação antecipada pelo RR na edição nº 4.445, a Biomm Technology estuda uma oferta primária de ações na Bovespa. Consultada, a Biomm não comentou o assunto.
Acervo RR
Fabricantes de brinquedos arrumam suas peças societárias
7/11/2012Um felpudo banco de investimentos, acostumado a brincar de pique em algumas das maiores operações financeiras do país, está com os dados na mão. Não vai jogálos com o universo, mas, sim, com o destino da indústria brasileira de brinquedos. A instituição pretende costurar um projeto de consolidação de quatro dos maiores fabricantes do setor. Sua intenção é colocar na mesma roda Bandeirantes, Gulliver, Grow e Estrela. Como “brinde”, o banco, obviamente, quer levar uma participação no capital da nova empresa. Brincadeiras a parte, o assunto é sério. A operação surge como um potencial antídoto a notória e crescente fragilidade do setor. Não obstante a sua tradição e a força das marcas Estrela, Grow, Bandeirantes e Gulliver, o próprio quarteto é um exemplo bem talhado do esfarelamento da indústria nacional de brinquedos. Estas empresas faturam por ano apenas R$ 400 milhões. Este número representa pouco mais de 10% das vendas totais de brinquedos no Brasil – o que reflete a pulverização do segmento e, sobretudo, o notório crescimento da participação dos produtos importados, leia-se “Made in China”. O efeito deste processo é uma brincadeira sem qualquer graça, caracterizada pela queda do nível de emprego na indústria de brinquedos, a perda da importância relativa do setor e, na última linha, a crescente sangria de divisas. Ressalte-se que a costura em questão não é das mais fáceis. As vaidades pessoais envolvidas na operação são grandes. No próprio banco de investimentos artífice da negociação, há um consenso de que os empresários do setor preferem seguir sendo donos, sozinhos, de um soldadinho de chumbo do que dividir o controle de um exército inteiro. A Estrela é vista como a peça mais difícil de ser encaixada neste puzzle societário. Carlos Tilkian, controlador da empresa, é considerado um personagem cheio de idiossincrasias. Que o diga o próprio BNDES, por onde, naturalmente, a operação deve passar, com a perspectiva de um reforço de capital. Há cerca de um ano, a agência de fomento sentou- se a mesa com as mesmas empresas e um projeto similar. Esbarrou, principalmente, na pontiaguda Estrela. Tilkian teria condicionado a participação da empresa na operação a uma elevada fatia societária na nova companhia. Procurados, Estrela, Gulliver e BNDES não quiseram se pronunciar. A Bandeirantes negou qualquer negociação. Já a Grow não retornou.
Acervo RR
Suzlon sopra o vento da discórdia entre Brasil e Ándia
26/10/2012Há um grave contencioso nas relações entre Brasil e andia. No centro da pendenga está a Suzlon, entre as cinco maiores produtoras de turbinas eólicas do mundo e uma das principais fornecedoras de equipamentos para geradoras no Brasil. O governo da andia transformou a decisão do BNDES de expurgar a empresa da lista de credenciados do Finame em assunto de Estado. Tem feito gestões junto a s autoridades brasileiras, leia-se, sobretudo, Casa Civil e Ministério do Desenvolvimento, para reverter a determinação do banco. A alegação é que a sanção vai significar um duro baque na operação da Suzlon no Brasil, com perda de competitividade, aumento dos custos e consequente repasse para os preços finais e, sobretudo, cancelamento de investimentos. Os indianos estariam insinuando que a decisão teria sido resultado de um exitoso lobby feito por alguns dos principais fabricantes do setor instalados no Brasil, como GE e Wobben Windpower. Não obstante a entrada em cena do próprio governo da andia, é pouco provável que o BNDES volte atrás, sob pena de ele próprio desmoralizar as regras do jogo. A Suzlon foi defenestrada do Finame por não cumprir o índice de nacionalização de seus serviços e produtos entre 62% e 65% – condição sine qua non para assegurar o direito a linha especial de crédito. Parte expressiva da carteira de pedidos da Suzlon no Brasil – que soma cerca de R$ 1,3 bilhão – está vinculada ao Finame. Mas o problema, claro, não é o passado, mas o presente. Segundo uma fonte da Pasta do Desenvolvimento, os indianos fizeram chegar ao governo a informacão de que teriam perdido dois contratos já engatilhados por conta do descredenciamento do Finame. O governo brasileiro tem optado por tourear a Suzlon, na expectativa de vencer o duelo por cansaço. A empresa, no entanto, garante que, se precisar assumir ela própria parte do financiamento de seus contratos no país, terá de cortar na carne. Vai rever a estrutura de custos para compensar a perda de rentabilidade E pior: com a bola preta no Finame, os indianos já teriam sinalizado que vão rever o plano de investimentos no Brasil, orçado em US$ 1 bilhão para os próximos três anos. Com isso, estariam na corda bamba a ampliação de seus dois complexos industriais no Ceará e a intenção da companhia de entrar como sócia de parques eólicos para garantir a venda de equipamentos. Procurada pelo RR, a Suzlon informou que “ainda aguarda um posicionamento do BNDES quanto ao descredenciamento”. Garante ainda que não haverá qualquer ” alteração em seu plano de investimentos no Brasil. Já o BNDES confirmou que a empresa foi descredenciada por não atingir os índices de nacionalização. O banco comunicou ainda que a Suzlon poderá voltar ao cadastro desde que “seu processo produtivo esteja dentro das exigências”.
Acervo RR
A homilia da Fibria e seu Deus ex-machina
25/10/2012E, no princípio, fez-se a ousadia, e o “Deus ex machina” metamorfoseou seu indicador em serpente, que se contorceu sob a forma de um cifrão até tocar o dedo reluzente do filho pródigo Ermírio de Moraes, metáfora arquetípica de um clã paulista. E, desde então, passou a atender por BNDES, onipresente, onisciente e onicapitalizador. Pai e filho se juntaram, antes mesmo do verbo, em um espírito santificador do vil metal. E, depois, o BNDES disse “faça-se a luz, as trevas, a indústria, a infraestrutura”, lançando pequenos e médios empresários em um despenhadeiro de almas desesperadas. E escolheu filhos, primos, sobrinhos, com recomendação de que não se multiplicassem, constituindo cartéis e monopólios no firmamento. Chamou, então, seu filho pródigo, e com voz trovejante anunciou ser ele o escolhido para sentar-se a sua direita. O convite soou como ato de amor, já que Ermírio tinha buscado ser semideus com a incorporação da Aracruz Celulose, o que conspurcava a alma e o caixa da Votorantim Celulose e Papel. Fez-se mais um dia, e o BNDES soprou com seu hálito dourado, e os carcomidos derivados da Aracruz transmutaram- se na Fibria, gloriosa deusa da celulose. Eleito, o filho pródigo trabalhou durante seis dias e seis noites na criação de um dos maiores conglomerados mundiais da área de celulose. No quarto dia, Ermírio descansou e admirou a beleza de sua obra, não se sabe bem se criada a sua imagem e semelhança ou a do BNDES. Mais um dia, e sob a areia frutífera de um deserto de viço fulgurante, da polpa da celulose começou a escorrer o néctar da volúpia. Nem bem germinada a Fibria, era a hora de cobrar do todo poderoso que fizesse a luz sobre grandes empreendimentos, como a consolidação da Veracel e a construção da fábrica de Três Lagoas (MT). E o BNDES abençoou o seu filho, recomendando que avançasse sempre, pois limite era o paradigma dos covardes. De repente, o dia se fez noite, e a divindade pecuniária ausentou-se do próprio altar. A Fibria sentiu medo, muito medo. E vendeu ativos florestais, uma fábrica de papel em Piracicaba e sua participação na Conpacel – outra fábrica de papel e celulose. Em pânico, em meio a fuligem da prosperidade eterna e ao restolho da fortuna prometida, procurou aos brados seu protetor. O que fazer sem aquele que, desde sempre, foi a razão da sua ascensão, que estava no princípio do princípio do princípio? Para o filho pródigo, o caminho da graça exigiria um aporte de capital na Fibria, com a ampliação da participação do BNDES. O banco já é o maior acionista, com 30,38%, a frente dos Ermírio, dono de 29,4%. A renovação do atual acordo de acionistas permitiria a família permanecer a frente da gestão, com sua espada de fogo na mão, mesmo após a redução de sua fatia societária. Mesmo em expectativa ante a força do milagre, sua alma corporativa ardia em chamas, sob a forma de aumento dos prejuízos (só no primeiro semestre, as perdas foram de R$ 536 milhões), crescimento do passivo, hoje na casa dos R$ 11 bilhões. O pior dos gárgulas repetia: “Acabou, não mais a instalação de uma linha de celulose branqueada em Mato Grosso do Sul e a duplicação da Veracel, não mais”. Uma língua flamejante vociferava: queimem a Fibria em um lago de lava e enxofre. Palavras de fel para quem não tem gana, nem fé. Como se mais uma vez o filho pródigo não fosse olhar para o céu e clamar: “Pai, onde estás, me atenda.”
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Rumo Á África
23/10/2012O governo Dilma Rousseff deverá fechar com Moçambique um apoio, via BNDES, da ordem de US$ 2 bilhões. A diplomacia tucana vai se contorcer.
Acervo RR
Goldman Sachs e Barclays sobrevoam os canaviais brasileiros
23/10/2012As medidas adotadas pelo governo para conter o processo de desnacionalização da indústria sucroalcooleira – leia-se empréstimos do BNDES e, sobretudo, a associação da Petrobras Biocombustíveis com empresas brasileiras – têm se revelado um bagaço de cana. Como se não bastasse o sucessivo desembarque de grupos estrangeiros no setor, está em curso um segundo ciclo de invasão, desta vez capitaneado por fundos de investimento. A fila é puxada pela Goldman Sachs e pelo Barclays. Private equities administrados pelos dois bancos norteamericanos estão em busca de usinas de açúcar e álcool no Brasil. A dupla tem a companhia de um pool de fundos de alto risco, mais conhecidos no mercado de capitais como “abutres”. Como não poderia deixar de ser, as investidas dos norte-americanos estão concentradas em empresas com notórias dificuldades financeiras, presas fáceis para as aves de rapina prestes a pousar nos canaviais brasileiros. O script prevê a aquisição de parte do capital ou do controle, o saneamento destas empresas e sua posterior negociação. Um dos alvos dos fundos é o Grupo João Lyra, há anos em crise. Dono de três usinas em Alagoas e duas em Minas Gerais, o conglomerado carrega sobre os ombros uma dívida superior a R$ 1,2 bilhão. Por algum tempo, o empresário e deputado federal João Lyra contou com o luxuoso auxílio de antigos aliados políticos, a começar por Fernando Collor de Mello – o ex-presidente teria sido decisivo para garantir, por um bom tempo, um contrato de fornecimento de etanol entre o grupo alagoano e a BR Distribuidora. Mas a fonte secou e já há algum tempo Lyra busca um comprador para o negócio. Trata-se de uma operação intrincada. A venda do controle ou até mesmo de parte do Grupo João Lyra depende da anuência dos credores e, sobretudo, da Justiça. No fim de setembro, a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas decretou a falência da empresa. Outra empresa na mira de Goldman Sachs, Barclays e cia. é a Shree Renuka do Brasil, controlada pelo grupo indiano de mesmo nome. A companhia também passa por uma entressafra financeira. Seus investimentos, notadamente a compra de duas usinas no Paraná, causaram um efeito colateral: uma dívida superior a R$ 1 bilhão. A empresa não estaria recebendo novos recursos da matriz, o que a torna um alvo em potencial para os fundos norte-americanos. Procurado, o Grupo João Lyra não retornou. Já a Shree Renuka não quis se pronunciar
Acervo RR
BNDES vira um dos últimos reboques possíveis para a Busscar
18/10/2012O que parecia ser a última parada, praticamente o obituário da Busscar, pode, por vias sinuosas, representar a última tentativa de sobrevivência da fabricante de carrocerias. O trabalho de reanimação está em boas mãos: o BNDES chamou para si a missão de salvar a companhia e, sobretudo, seus mais de três mil postos de trabalho. Apesar da decisão da 5ª Vara Cível da Comarca de Joinville, que decretou a falência da Busscar no mês passado, o banco articula a reabertura da companhia e a retomada da produção. Trata-se de uma operação complexa, que depende de autorização da Justiça. O banco estuda uma solução dividida em dois movimentos. O primeiro seria o financiamento da venda de ativos da Busscar. Entrariam no pacote a controlada Tecnofibras, fabricante de itens plásticos e de fibra de vidro para caminhões e tratores, imóveis não operacionais e equipamentos industriais que não são mais utilizados. Os recursos arrecadados com a negociação seriam automaticamente destinados para o pagamento de credores, com a devida anuência da Justiça. Procurado, o BNDES não quis comentar o assunto. Já a Busscar informou que a venda de qualquer ativo da massa falida terá de ser realizada, como determina a lei, de forma pública e judicial. A segunda etapa seria o momento, propriamente dito, da ressurreição da Busscar. O BNDES está disposto a financiar duplamente a venda da empresa, tanto com um empréstimo para o comprador, quanto com a aquisição de uma participação no capital, provavelmente de até 30%. O BNDES entende que, além da importância financeira, esta operação teria forte valor simbólico. Ao se tornar sócio da Busscar, o banco se mostraria aos credores e ao mercado em geral como o fiador da reestruturação da fabricante de carrocerias, deixando a porta aberta para novos aportes necessários ao reinício da produção e ao pagamento dos credores. Segundo uma fonte do próprio BNDES, apenas em uma fase inicial, a injeção de recursos pode chegar a R$ 200 milhões. A dívida total da Busscar chega a quase R$ 900 milhões. Mais da metade representa débitos com bancos e fornecedores. O passivo trabalhista gira em torno dos R$ 120 milhões. Nos últimos meses, diante do que já se anunciava como inevitável falência da companhia, políticos catarinenses, a começar pelo próprio governador Raimundo Colombo, fizeram várias gestões junto ao governo federal, notadamente o ministro Fernando Pimentel, para evitar a capotagem da empresa. A alegação maior é que o fechamento da Busscar terá um imensurável impacto econômico e social em Joinville. Ao menos até o momento, a carreata surtiu o primeiro efeito, com a entrada do BNDES na pista.
Acervo RR
Energia andina
15/10/2012Brasil e Colômbia negociam a construção de uma hidrelétrica binacional. O projeto gira em torno de US$ 1,2 bilhão. Eletrobras e BNDES são nomes certos na empreitada.
Acervo RR
Endesa na Rede
11/10/2012A Endesa também entrou na conturbada disputa pela compra das distribuidoras do Grupo Rede. Mas já sinalizou que não pretende levar as oito empresas do conglomerado. Quer fazer uma seleta caprichada. E, se o BNDES entrar na operação, melhor ainda.
Acervo RR
Ultra veste o figurino de multinacional do GLP
9/10/2012A saga do Grupo Ultra ergueu-se sobre uma santíssima trindade – Pery Igel, Helio Beltrão e Paulo Cunha, três personagens de indiscutível importância não apenas para a empresa, mas para a própria indústria brasileira. No entanto, quem deve mesmo entrar para a história como o maior estrategista da companhia é Paulo Cunha. Responsável pela consolidação do Ultra como um dos maiores conglomerados empresariais do país, Cunha está debruçado sobre um projeto grandioso, capaz de transformar o grupo numa transnacional do mercado de gás liquefeito de petróleo. O Ultra retomou as conversações para a compra de ativos de GLP da Shell na Europa. A primeira investida se deu em 2010. Na ocasião, a proposta envolvia a aquisição de todos os negócios do grupo anglo-holandês no Velho Continente. Desta vez, no entanto, segundo informações filtradas junto ao próprio Ultra, seu interesse está concentrado na companhia francesa Butagaz, controlada da Shell. Com instalações na França, Reino Unido, Holanda, Bélgica, Polônia e nos países escandinavos, a Butagaz é considerada o suprassumo dos negócios da Shell neste segmento. A empresa engloba os ativos mais rentáveis e as unidades mais modernas, sobretudo na própria França e na Inglaterra. O RR apurou que a operação deve chegar a casa de US$ 1 bilhão. O acordo poderá contemplar a permanência da Shell como acionista minoritária. Procurado, o Grupo Ultra não quis comentar as informações. Paulo Cunha vislumbra a operação como o ponto de partida para um projeto ainda maior. Sua ideia é fazer do Ultra um consolidador global de ativos no setor, com ramificações não apenas na Europa, mas também nos Estados Unidos e na América Latina. Cunha enxerga este movimento como algo que vai além das fronteiras do grupo. É quase um projeto de Estado, dada a estratégia de ocupação geoeconômica intrínseca ao empreendimento e o potencial de geração de divisas para o país. Por esta linha de raciocínio, nada mais natural que o BNDES viesse a se engajar nos planos do Ultra. O projeto se encaixa com a política do banco de estimular a criação de grandes grupos nacionais com capacidade de inserção no mercado global. Ressalte-se que o Ultra surfa na crise europeia. Cálculos internos mostram que, há cerca de dois anos, este mesmo pacote de ativos pendurados na Butagaz não sairia por menos de US$ 1,5 bilhão. Além do custo de oportunidade, não é de hoje que Paulo Cunha sonha em ampliar as operações internacionais do Ultra. Hoje sua atuação no exterior está restrita a Oxiteno, que tem três fábricas no México, uma na Venezuela e outra nos Estados Unidos, além de escritórios comerciais na Argentina, Colômbia, Bélgica e China. Com a compra da Butagaz, a Ultragaz já desembarcaria na Europa com o status de uma das maiores distribuidoras de GLP em alguns dos mais importantes mercados do continente. A operação, ressalte-se, terá também desdobramento no próprio tabuleiro de forças das diferentes áreas do Ultra. Caso feche a aquisição da Butagaz, a Ultragaz se consolidará como a segunda maior fonte de receita do grupo, a frente da própria Oxiteno e atrás apenas do negócio de distribuição de combustíveis, leia-se Ipiranga.
Acervo RR
Maus ventos
9/10/2012A decisão do BNDES de descredenciar a norte-americana Clipper Windpower do Finame praticamente selou o destino da empresa no Brasil. Ou melhor, a falta de destino. A companhia deve cancelar a construção de uma fábrica de equipamentos para geradoras eólicas. O RR entrou em contato com a Clipper, que não se manifestou. O BNDES, por sua vez, confirmou o descredenciamento.
Acervo RR
Iberdrola mexe nos fios societários da NeoEnergia
26/09/2012A Iberdrola acredita estar perto de um royal straight flush na NeoEnergia. Os espanhóis garantem ter a mão uma carta capaz de encerrar o pôquer societário da empresa de energia elétrica. O curinga em questão atende pelo nome de State Grid. A Iberdrola costura a entrada da companhia chinesa no capital da NeoEnergia. Até agora, o que se viu nesse jogo foram apenas blefes. Mas uma alta fonte do Ministério de Minas e Energia assegura que os ibéricos promoveram recentemente contatos entre executivos do grupo chinês e Edison Lobão para tratar do assunto. Procurados, NeoEnergia, State Grid e o Ministério de Minas e Energia não se pronunciaram. Nessa história, tudo é oblíquo, pontiagudo, cheio de arestas. Para começar, os espanhóis querem vender o que não é seu. A Iberdrola vem tentando convencer a Previ e o Banco do Brasil a negociar sua participação para os chineses – a dupla detém 49% do capital ordinário. Trata-se de uma negociação difícil, sobretudo em função do histórico de atritos e antipatia mútua entre a fundação e os ibéricos. Um detalhe, no entanto, pode jogar a favor: segundo a fonte ouvida pelo RR, o governo defende que a Previ concentre seus investimentos em energia na CPFL, cavalgando o crescimento da empresa ao lado do BNDES. Outro óbice a ser superado diz respeito a própria State Grid. A NeoEnergia parece ter escolhido a dedo o personagem de mais alta voltagem para subir neste palco. Há alguns meses, quando se aventou a possibilidade de o grupo chinês comprar as ações da própria Iberdrola na NeoEnergia, o governo se movimentou para barrar a operação. Mas o tempo passou. De lá para cá, a State Grid investiu quase US$ 2 bilhões em transmissão no Brasil. Deve aportar mais US$ 1 bilhão caso feche a compra de um pacote de ativos da Abengoa no país – ver RR – Negócios & Finanças edição nº 4.456. Ou seja: a exceção de estatais como Eletrobras e Cemig, os chineses estão hoje entre os principais investidores em transmissão de energia elétrica no Brasil. A aposta da Iberdrola e da própria State Grid é que o governo pode até torcer o nariz para a acelerada expansão dos chineses no setor, mas daí a desperdiçar esse caminhão de dinheiro é outro departamento. Ainda mais no momento em que caçar recursos para o setor de infraestrutura praticamente virou o primeiro artigo da Constituição. Esta pode ser uma saída para a Iberdrola costurar todas as pontas neste carretel de arame farpado, e, enfim, consumar a reestruturação societária da NeoEnergia e seu divórcio da Previ e do Banco do Brasil. O desembarque da State Grid ampliaria consideravelmente o potencial de investimentos da empresa – justo em um momento em que a Iberdrola está espremida pela crise em seu país natal. Nos contatos mantidos recentemente com o ministro Edison Lobão, os chineses sinalizaram a disposição de transformar a NeoEnergia em ponta de lança para a formação de um grande conglomerado de negócios nas áreas de geração e transmissão, incluindo a compra de outras empresas. Desde que desembarcou no Brasil, os chineses sempre idealizaram a formação de uma operação verticalizada no país.
Acervo RR
Urânio na cabeça
19/09/2012O Ministério de Minas e Energia fechou a conta do investimento necessário para que o Brasil passe a processar urânio em escala industrial. A cifra gira em torno dos US$ 3 bilhões. Em tempo: O BNDES vai entrar em campo para financiar a empreitada.
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Perfuração
14/09/2012A capitalização da Lupatech estaria esbarrando, agora, em discordâncias entre e Petros e GP. O árbitro da contenda é o BNDES, que também participa da operação. O RR tentou contato com a Lupatech, mas não obteve retorno.
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NeoEnergia
11/09/2012A NeoEnergia já sinalizou a Aneel seu interesse em ficar com alguns dos ativos do Grupo Rede sob intervenção da agência. Mas só se o BNDES ajudar a unir os fios.
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Andrade Gutierrez
10/09/2012Não obstante o clima de tensão política em Angola, agravado pelas recentes eleições presidenciais, a Andrade Gutierrez está negociando um novo e parrudo pacote de contratos no país. Deverá se beneficiar da nova linha de crédito do BNDES para investimentos de empresas brasileiras em Angola, no valor de R$ 2 bilhões.
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"Custo Benjamin"
6/09/2012A Transnordestina, uma das meninas dos olhos de Dilma Rousseff, é um túnel sem fim. O valor estimado para o empreendimento já estaria perto de R$ 8,5 bilhões, quase o dobro da cifra original – R$ 4,5 bilhões. Procurada, a CSN, responsável pelo projeto, não quis comentar o assunto. Em tempo: no BNDES, principal financiador da Transnordestina, os constantes desajustes no orçamento e os atrasos nas obras deram origem a irônica expressão “custo Benjamin”.
Acervo RR
“Custo Benjamin”
6/09/2012A Transnordestina, uma das meninas dos olhos de Dilma Rousseff, é um túnel sem fim. O valor estimado para o empreendimento já estaria perto de R$ 8,5 bilhões, quase o dobro da cifra original – R$ 4,5 bilhões. Procurada, a CSN, responsável pelo projeto, não quis comentar o assunto. Em tempo: no BNDES, principal financiador da Transnordestina, os constantes desajustes no orçamento e os atrasos nas obras deram origem a irônica expressão “custo Benjamin”.
Acervo RR
Desburocratizar é o verbo da vez no Planalto
24/08/2012Ao elaborar o pacote de concessões ferroviárias e rodoviárias anunciado na semana passada, o governo criou uma espécie de portal entre o presente, marcado por investimentos insuficientes em infraestrutura, e o futuro, para o qual se vislumbra um grande salto no setor. O próximo desafio será entregar ao empresariado a chave que permitirá cruzar esta passagem e destravar os óbices para a execução dos principais projetos estruturantes do país. Esta gazua atende, ainda informalmente, pelo nome de Plano Aceleração da Desburocratização (PAD). O governo pretende enfeixar no âmbito do PAD uma série de medidas para reduzir as vielas e os labirintos da máquina pública que atrasam ou inviabilizam investimentos em infraestrutura. Segundo fontes do Palácio, Dilma Rousseff conversou sobre o tema com dois empresários em encontros reservados no Planalto na quarta- feira da semana passada – dia em que foi anunciado o Plano Nacional de Logística Integrada. Dilma revelou, inclusive, a intenção de criar salas de guerra específicas para os grandes projetos, da qual participariam alguns ministros e empresários diretamente envolvidos nos respectivos empreendimentos. O Plano terá um caráter transversal, atacando de forma sistêmica e simultânea entraves de naturezas tributária, trabalhista, regulatória, entre outros. O Planalto está convicto de que, mesmo antes das primeiras consequências práticas, o anúncio do PAD terá, por si só, um enorme valor simbólico. Será a sinalização inconteste de que o governo está irreversivelmente comprometido em remover o entulho na frente da casa. Não há dúvidas de que a convocatória feita por Dilma Rousseff aos maiores grupos privados nacionais foi um gesto emblemático, rompeu paradigmas na relação entre o Estado e os empresários, mas não passou de uma primeira etapa. A desburocratização seria a pedra de toque para fazer toda esta engrenagem rodar. Nos últimos meses, o governo fez alguns afagos ao setor privado, como, por exemplo, pequenas desonerações nas folhas de pagamento de determinados setores. No entanto, estas decisões têm sido anunciadas de forma dispersa, sem uma amarra entre elas. O PAD se juntaria aos benefícios fiscais, a redução dos encargos trabalhistas e ao programa de concessões, dando um sentido de organicidade a todas estas medidas. Segundo informações filtradas junto a Casa Civil, o governo já está alinhavando algumas das medidas que integrarão o PAD. Como não poderia deixar de ser, uma das prioridades é agilizar a concessão de licenças ambientais. Há estudos para a transferência de servidores de outros órgãos públicos para o Ibama, estigmatizado como um dos maiores estorvos a execução de projetos de infraestrutura. O procedimento dispensaria a necessidade de um concurso público para aumentar o efetivo da instituição. O governo avalia também aumentar o teto para a transferência automática de recursos da União para municípios. Em maio, a portaria interministerial nº 205 autorizou o repasse direto de verbas, sem qualquer rito burocrático, para obras de até R$ 750 mil. A ideia é esticar este fast track para a casa de R$ 1 milhão. O Plano passa também pela desburocratização na concessão de crédito pelos agentes públicos, leia-se a redução dos prazos para análise de projetos. Outra medida em voga é dar maior autonomia a s agências de fomento regionais – Sudam e Sudene – na aprovação de pedidos de financiamento. O procedimento seria associado a agilização do repasse dos recursos do BNDES para estas instituições
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BNDES
23/08/2012Ana Claudia de Moraes, filha de Olacyr de Moraes, bateu na porta do BNDES. A empresária tenta arrastar o banco para o capital da Usina Itamarati, que carrega sobre os ombros mais de R$ 1,5 bilhão em dívidas. Segundo fontes próximas ao grupo sucroalcooleiro, esta é a segunda vez em pouco mais de sete meses que Ana Claudia procura a agência de fomento. Consultado, o BNDES não quis comentar a informação. O RR também entrou em contato com a Itamarati, mas a empresa não retornou.
Acervo RR
BNDES injeta mais insulina financeira na Biomm
22/08/2012Após a criação de dois grandes laboratórios nacionais, o BioBrasil e o BioNovis, mais um projeto na área farmacêutica está sendo desenvolvido nos tubos de ensaio do BNDES. O objetivo é transformar o país em um importante produtor de insulina e reduzir a dependência quase que total em relação a s importações. A ponta de lança da operação é a Biomm, empresa de biotecnologia criada por executivos egressos da Biobras – vendida para a dinamarquesa Novo Nordisk em 2002. Dona de 15% da empresa, por meio da BNDESPar, a agência de fomento vai financiar a construção da primeira fábrica da Biomm, em Minas Gerais. O investimento deve ficar em torno dos US$ 200 milhões. A dosagem de recursos não deve parar por aí. O BNDES e os demais acionistas – entre os quais está o ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia – discutem a instalação de um segundo complexo fabril e de mais um centro de pesquisa e desenvolvimento. O laboratório tem uma unidade de P&D em Montes Claros (MG). De acordo com informações filtradas junto a Biomm, as conversas envolveriam também uma reestruturação societária. Os novos investimentos devem passar por um novo aporte de capital vinculado ao aumento da participação do banco. Procurados pelo RR, a Biomm e o BNDES não se pronunciaram. O próprio governo é um dos principais interessados no projeto. O Ministério da Saúde é o maior comprador de insulina no país. Praticamente toda o medicamento consumido no mercado brasileiro vem do exterior, notadamente da Dinamarca, da Alemanha e dos Estados Unidos. É assim desde que a própria Novo Nordisk decidiu suspender a produção da Biobras e passou a atender o país a partir de suas fábricas na Europa. Em linha com a sua estratégia de escolher um cavalo vencedor, o BNDES decidiu apostar suas fichas na Biomm. Optou por um puro sangue do setor. A empresa já nasceu com um importante trunfo. Seus acionistas, ao deixar a Biobras, herdaram patentes para a produção de insulina. Mercado é o que não falta. Nos últimos anos, o consumo do medicamento no país tem crescido, em média, 15%
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BNDES
16/08/2012O BNDES vai pisar no gramado e estimular a fusão entre empresas da indústria calçadista. O principal objetivo é estancar a sangria de postos de trabalho no setor. Procurado pelo RR, o banco não quis se pronunciar sobre o assunto.
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Made in Brazil
14/08/2012A Intelbras vai tentar um lugar em um mercado cada vez mais dominado pelos IPhone, Galaxy e BlackBerry da vida. A empresa retomou o projeto de produzir celulares em Santa Catarina. Segundo informações filtradas junto a própria companhia, o investimento, de aproximadamente R$ 70 milhões, deverá ser financiado pelo BNDES. Procurada, a Intelbras negou o projeto.
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Conta de luz
14/08/2012Parte da conta da venda da problemática Celpa para a Equatorial Energia deverá cair no colo do BNDES. Que remédio! Mas há exegetas que consideram remendar dívidas uma das principais missões do banco.
Acervo RR
CSA e Usiminas puxam as peças do xadrez siderúrgico
26/07/2012A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) pode ser o pivô do redesenho da indústria siderúrgica nacional, que hoje vive o risco de ficar povoada de mausoléus ? leia-se usinas obsoletas, com baixa escala e reduzida perspectiva de investimento. A Usiminas é o melhor exemplo das siderúrgicas que estão virando sucata e cujo futuro depende de uma rearrumação das peças do setor. A companhia mineira é um buquê de ineficiências. Tem problemas de defasagem tecnológica, abriu frentes em demasia, sofre com a baixa capacidade de comercialização e tropeça em um esquema de logística fragmentado, com dificuldades junto a parceiros. A lista de corrosivas limitações da Usiminas inclui ainda a reduzida escala para os atuais padrões de competitividade do mercado e uma rentabilidade minguante e inferior a da concorrência. No ano passado, seu lucro já havia despencado 74% em relação a 2010. Nos primeiros três meses deste ano, sua performance degringolou. Entre janeiro e março, a empresa amargou prejuízo de R$ 70 milhões, contra perdas de R$ 26 milhões em igual período em 2011. Para efeito de comparação, a CSN também teve um declínio em seu desempenho, mas, ao menos, conseguiu ficar no azul no primeiro trimestre – o lucro caiu de R$ 617 milhões para R$ 110 milhões. Não bastassem esses atributos negativos, a grande aposta da Usiminas – a compra da J. Mendes, que permitiria o autossuprimento de minério de ferro – revelou-se muito aquém da expectativa. O minério é de baixo teor e seu custo de frete, um despropósito. Para se ter uma ideia, a Vale paga cerca de US$ 3 por tonelada no transporte da commodity. A Usiminas gasta dez vezes mais, algo próximo dos US$ 30 a tonelada. Quem chora pitangas com essa operação siderúrgica é a Ternium, que comprou caro uma siderúrgica enferma. O melhor dos mundos para o grupo ítalo-argentino seria voltar no tempo, mas, como este pacto com Cronos não é possível, a segunda boa hipótese é deixar o controle da Usiminas. Uma alternativa idealizada para a Ternium e a Usiminas seria uma dança das cadeiras envolvendo CSN e CSA. O grupo ítalo-argentino venderia sua participação na siderúrgica mineira a Benjamin Steinbruch, que já está apinhado de ações da empresa, mas não conseguiu entrar no bloco de controle. Ressalte-se que a CSN preenche as principais lacunas da Usiminas. Tem minério de boa qualidade e logística inteiramente equacionada. O ônus de quem fica, notadamente a Nippon Steel, seria conviver com Benjamin no Conselho. A incorporação da CSA, por sua vez, permitiria a Ternium criar o grande bloco de empresas siderúrgicas do Sudeste, partindo- se da premissa de que os ítalo-argentinos têm o compromisso e vão construir um smelter com capacidade para oito milhões de toneladas no Porto do Açu, no Norte Fluminense. Não faltariam ao grupo nem minério – leia-se a Vale, sócia da CSA – nem logística, nem escala. A montagem dessa engenharia é complexa. E, como toda a negociação de grande porte na indústria brasileira, passaria pelo BNDES. De qualquer forma, parece fazer mais sentido do que a hipótese de compra da CSA pela Ternium e pela Nippon Steel, trazendo a reboque no consórcio a enferrujada Usiminas. Se as partes se guiassem pela lógica, o que não necessariamente é intrínseco ao mundo dos negócios, o troca-troca começava já. Em tempo: neste tabuleiro, haveria, sim, a hipótese Jorge Gerdau. Mas, como se sabe, ele sempre quer levar tudo de graça.
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BNDES
25/07/2012Após desencavar a montagem de dois grandes laboratórios farmacêuticos nacionais, o alvo do BNDES é financiar a criação de um conglomerado verde-amarelo na área de TI.
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Combustível
24/07/2012Segundo informações filtradas junto a própria Santa Terezinha, há negociações para a entrada do BNDES no capital do grupo sucroalcooleiro. Uma das maiores produtoras de etanol do Sul, a empresa faturou cerca de R$ 1,5 bilhão no ano passado. Consultados pelo RR, Santa Terezinha e BNDES não quiseram se manifestar.
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Iochpe-Maxion
20/07/2012Ainda que os ventos do mercado não sejam os mais favoráveis, a decisão da Iochpe-Maxion de suspender sua oferta de ações caiu mal no BNDES. Sócio do grupo, o banco vislumbrava a operação como um caminho para reduzir ou se desfazer integralmente de sua participação.
Acervo RR
Investimento é a prenda para renovação de concessões públicas
19/07/2012Surgiu uma brecha para acelerar investimentos que sequer estavam na agenda do governo. O Planalto vislumbrou uma janela de oportunidade para antecipar os aportes em alguns dos mais importantes empreendimentos públicos do país. A medida em estudo é vincular a renovação das concessões dos setores elétrico e portuário com vencimento em 2015 a antecipação de investimentos pelas respectivas empresas. As negociações se dariam de forma individualizada, concessionária por concessionária, até porque os respectivos planos de investimentos são assimétricos e têm seu próprio timing. O modelo forçaria a execução de projetos que só sairiam do papel em prazos bem mais longos. Com a proposta, muito provavelmente cai por terra a tendência de renovação automática, pura e simples, que vinha crescendo no governo. A não renovação levaria a uma batalha jurídica hercúlea com os concessionários. O que está em jogo é quase um país dentro do país. As concessões com vencimento em 2015 envolvem 98 terminais portuários, responsáveis por 54% da carga movimentada em todo o território nacional. Abrangem ainda 73 mil quilômetros de linhas de transmissão, o equivalente a 83% da rede básica do Sistema Interligado Nacional. O pacote é composto também por 29 usinas hidrelétricas e 41 distribuidoras de energia, que atendem a aproximadamente 30% da demanda nacional. O novo modelo seria vitaminado pela participação do BNDES e de outros bancos públicos, notadamente a Caixa Econômica Federal, que tem uma tradição no financiamento de projetos de infraestrutura. As portas estariam abertas também para a presença de bancos de fomento multilaterais. Além de linhas de crédito convencional, os investimentos poderiam contar com outros mecanismos de financiamento. Nesta coqueteleira, entrariam a securitização de receitas futuras das novas concessões e emissão de debêntures não conversíveis. O custo de captação seria reduzido pela própria garantia de renovação das concessões.
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Marfrig
17/07/2012Segundo fontes do BNDES, Marcos Molina está sendo chamado de chantagista no banco, notadamente na área técnica. Molina tem pressionado a instituição a aumentar sua participação na empresa. O recado é mais ou menos o seguinte: se o BNDES, que foi o criador do conglomerado, não ajudar a endividada criatura, vai para a sua conta o que acontecer com o frigorífico. O RR aposta que o BNDES cede a Molina. Procurado, o empresário não quis comentar o assunto.
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Cabo eleitoral
13/07/2012O ex-presidente do BNDES, Andrea Calabi, garantiu a seu amigo José Serra que intercederá com o maior empenho junto a Luciano Huck para que ele apoie sua campanha a Prefeitura de São Paulo. Calabi é padrasto de Huck, que, por sua vez, constitui-se no maior fenômeno de audiência nas redes sociais.
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Lupatech
12/07/2012Discordâncias entre Petros, BNDES e GP estão atrasando o acordo para a segunda etapa da capitalização da Lupatech. O pior é que há sinais de ampliação das divergências. Procurada pelo RR, a Lupatech não quis se pronunciar.
Acervo RR
Mr. Batista e as cobras e lagartos do mercado
11/07/2012Não se recomenda a repórteres incautos que perguntem a Dilma Rousseff o que acha sobre o esfolamento das ações do empresário Eike Batista. Primeiro, porque isso não é pergunta que se faça a presidenta da República. E, segundo, porque Dilma pode responder com a mesma agressividade que reservou ao assunto, na semana passada, em conversa com um interlocutor graduado. Disse poucas e boas da performance assassina do mercado, que, em não raras vezes, representa a antítese do interesse nacional. A presidenta visitou in loco os projetos da OGX e da LLX e tem sido informada sobre ambos pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, um entusiasta dos empreendimentos. Não é a toa que o BNDES sempre quis ser sócio em parcela maior dos projetos de Eike e está a postos se o empresário quiser diversificar suas fontes de financiamento. Eike, contudo, escolheu o caminho da chapa quente do mercado de ações e títulos e, por tabela, o jogo bruto da capitalização em um ambiente no qual o parceiro fiel de hoje é o roedor do dia seguinte. São ratazanas dos valores mobiliários, indevidamente deificadas, que levantam suspeições na fronteira da criminalidade. A repetição de um absurdo em determinada conjuntura é um ato covarde capaz de causar dano de difícil reparação sobre valor intangível. Exemplo: ao se ficar repetindo que houve fratura na confiança do mercado, torna-se mais difícil recuperá-la. Outro exemplo: a hipótese de que Eike pode quebrar é tão ilógica quanto amanhã, no café matinal, abrir-se um rombo na camada de ozônio. Talvez seja até mais fácil ocorrer o rombo na camada. Mas a alusão ao risco de quebra, “em algum momento”, saltita, irrequieta, pelas páginas da mídia, atribuída ao indefectível mercado, fetiche de uma fraudulenta realidade que pretende-se elevar a condição de palavra de Deus. Eike é, provavelmente, o empresário mais líquido do Brasil, com uma solvência obsessivamente resguardada. Tem mais de US$ 10 bilhões em caixa. Sua posição vai se tornar ainda mais líquida já neste ano, quando outras empresas, além da MMX e da OGX, começarão a gerar resultados operacionais. Nem a teoria do caos poderia inferir que o conjunto dos seus empreendimentos, avalizados pelos mais rigorosos analistas, passasse, de um minuto para outro, a ser questionado em seus fundamentos. Ou que o empresário que mudou o capitalismo brasileiro viesse a ser condenado por excesso de otimismo. Não existem boas ou más companhias para esses estripadores, mas, sim, opções de compra e venda. Não custa lembrar o funcionamento da teoria dos ciclos em Bolsas de Valores para se entender os riscos da proximidade com o dendrobata. Reza a lenda que há um intervalo mínimo de 10 anos e máximo de 20 anos, no qual o mercado alterna a alta das ações pela baixa. É chamado também de período de troca de bobos. Espera-se que os predadores, quer seja de um ciclo, quer seja de outro, não prejudiquem o interesse nacional.
Acervo RR
O Dia D da Celpa
9/07/2012Hoje é um dia decisivo para o futuro da Celpa. A assembleia de credores da empresa deverá analisar a oferta da Equatorial Energia. Na última sexta-feira, a holding controlada pela Vinci Partners deu passos importantes para fechar a compra da distribuidora. Sua proposta foi aceita pelo empresário Jorge Queiroz, dono do Grupo Rede e acionista majoritário da Celpa. Recebeu também o sinal verde da BNDESPar e da Eletrobras, minoritários da empresa.
Acervo RR
Gás Á venda
29/06/2012A Pluspetrol bateu na porta da Gas Natural e do BNDES, seus sócios na CEG/CEG Rio. Os argentinos estão oferecendo sua participação nas duas distribuidoras de gás. O grupo precisa de plata para cobrir perdas em sua terra natal. Procurada, a CEG/CEG Rio não se manifestou até o fechamento da edição.
Acervo RR
Geradoras de energia recebem afago do governo
6/06/2012O setor elétrico também vai ganhar seu pacote de bondades. O governo trabalha em uma série de medidas com o objetivo de estimular novos investimentos privados na área de geração. Segundo uma fonte do Ministério de Minas e Energia, as propostas deverão ser anunciadas até o fim de agosto. BNDES e Eletrobras serão os protagonistas deste enredo elétrico. Como forma de viabilizar a instalação de usinas, o banco e a estatal vão entrar como sócios dos projetos. A tendência é que a participação somada da dupla não ultrapasse os 40%. Hidrelétricas e outros empreendimentos baseados em fontes renováveis terão preferência. As medidas passam também pelos órgãos reguladores. Aneel, Ibama e ANA serão instados pelo governo a acelerar a concessão das respectivas licenças. Segundo estimativas do próprio Ministério de Minas e Energia, até 2016 a expansão da oferta privada de energia vai girar em torno de quatro mil megawatts por ano. O cobertor pode até ser elétrico, mas é curto demais. Se o crescimento médio do PIB no período bater no patamar de 4%, esse aumento será insuficiente para atender a ampliação da demanda. A preocupação do governo aumenta diante do ritmo de construção das grandes usinas hidrelétricas da Amazônia, que segue a passos mais lentos do que o previsto. Nesta coqueteleira, adicione-se ainda o apagão do programa nuclear brasileiro. Até 2020, apenas Angra 3 será construída. O projeto de instalação de outras quatro usinas nucleares foi jogado para escanteio. Não é por outro motivo que, além do pacote de estímulo a novos investimentos no setor, o Planalto deverá confirmar a renovação das concessões das geradoras que vencem em 2015.
Acervo RR
Mangels busca recursos em todas as latitudes
6/06/2012O alto-comando da Mangels só pensa naquilo: encontrar saídas para a desconfortável situação financeira da empresa. Além da recémanunciada venda da unidade de galvanizados e das tratativas para um possível aumento da participação do BNDES – ver RR – Negócios & Finanças nº 4.233 -, os controladores da companhia estudam uma oferta de ações em Bolsa. Os recursos deverão ser usados para garantir a execução do plano de investimentos e, sobretudo, na amortização da dívida. O RR entrou em contato com a Mangels, mas a empresa não se manifestou até o encerramento da edição. O passivo de longo prazo da Mangels gira em torno de R$ 340 milhões, para um patrimônio líquido de R$ 194 milhões. Os resultados também não ajudam. No ano passado, a Mangels teve um prejuízo de R$ 32 milhões. Recentemente, o próprio presidente da empresa, Roberto Mangels, fez um exercício de mea culpa. Admitiu publicamente que a empresa vivia um momento emergencial voltado a reversão dos prejuízos.
Acervo RR
China Railway finca seus trilhos em solo brasileiro
31/05/2012No momento em que o setor ferroviário brasileiro vive importantes mudanças, a começar pela iminente associação entre Cosan e ALL, uma das maiores operadoras do mundo prepara seu desembarque no país. A China Railway Engineering Corporation (CREC), que controla metade dos 90 mil quilômetros da malha ferroviária do país asiático, está chegando ao Brasil com velocidade máxima. A companhia negocia com os governos do Pará e de Mato Grosso a construção e operação de uma linha entre Santarém, no Pará, e Cuiabá, que seguirá o traçado da rodovia BR-163. Executivos da empresa também já estiveram na Casa Civil e no Ministério dos Transportes apresentando seus planos para o Brasil. O apetite dos chineses pode ser medido pelas cifras envolvidas logo em sua estação primeira no país. A CREC garantiu aos governos do Pará e de Mato Grosso financiamento de bancos chineses que deverão cobrir até 40% dos investimentos necessários. O restante deverá ficar a cargo do BNDES, do Basa e dos governos de ambos os estados. O custo da ferrovia entre Pará e Mato Grosso ainda não foi oficialmente definido. Mas, pelos cálculos do grupo chinês, o investimento na implantação dos mais de mil quilômetros de trilhos desse trecho não sairá por menos de R$ 10 bilhões. O trecho entre Santarém e Cuiabá é apenas uma perna de um dos maiores projetos em infraestrutura de transportes em pauta no Brasil. O traçado completo da BR-163, referência para a ferrovia, vai da cidade paraense até o Rio Grande do Sul, cruzando o Centro- Oeste. Ao entrar nesta primeira etapa, a CREC acredita que se credenciará como um forte candidato a construção de novos trechos ou até mesmo de toda a ferrovia. Má notícia para a própria ALL. A investida dos chineses é uma locomotiva na direção da empresa brasileira. A nova ferrovia construída pela CREC será uma alternativa de escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste. A ALL é justamente uma das principais responsáveis pelo transporte de grãos e derivados da região.
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BNDES
30/05/2012No BNDES, um dos enfermeiros de plantão, o que se diz é que a Lupatech precisa de uma injeção de recursos perto de R$ 1 bilhão, contra os R$ 700 milhões originais. Procurada pelo RR, a Lupatech não se pronunciou até o fechamento desta edição.
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Luz para todos
22/05/2012Interlocutores próximos ao presidente do Conselho de Administração da Tractebel no Brasil, Maurício Ba¤hr, garantem que ele já dá como certa a extensão do financiamento do BNDES para a construção da hidrelétrica de Jirau.
Acervo RR
BNDESPar põe um pé fora da CEG e da CEG Rio
22/05/2012A BNDESPar está engendrando seu desembarque simultâneo do capital da CEG e da CEG Rio. A Gas Natural, controladora das duas empresas, já teria sinalizado não estar disposta a exercer seu direito de preferência sobre as ações. Não por acaso, o braço de participações do BNDES já vem mantendo conversações com possíveis candidatos ao negócio. De acordo com informações filtradas junto ao próprio banco, há tratativas com a Ashmore Energy, que reúne uma tropa de exexecutivos da antiga Enron. É gente que conhece bem cada tubulação da CEG. O finado grupo norte- americano foi sócio da distribuidora de gás. A BNDESPar também vem mantendo gestões com fundos de investimento ligados a La Caixa. Esta é uma operação que dá mais liga. O banco espanhol tem negócios em comum com a Gas Natural. Procurado, o BNDES não quis comentar as informações. A ideia da BNDESPar é vender suas participações em um só embrulho. Quem levar garante uma posição razoavelmente privilegiada nas duas distribuidoras fluminenses. O pacote inclui 35% do capital total da CEG e da CEG Rio.
Acervo RR
Guido Mantega quer ser o senhor dos anéis do BB e da CEF
21/05/2012O balão de ensaio de que o governo poderá transferir créditos podres dos bancos públicos – principalmente da dobradinha BB/Caixa Econômica Federal – para a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) acendeu a luz vermelha na banca privada. A iniciativa, ainda sob forma de intenção da Fazenda, representa uma espécie de centauro financeiro, ou seja, um monstrengo metade banco estatal, metade Tesouro Nacional. Na prática, a Emgea vai ser um sócio com usufruto apenas dos dividendos negativos. O que também chama a atenção é o fato de que Guido Mantega acabará se tornando um árbitro da lucratividade do BB, da Caixa, do BNDES, do Banco do Nordeste, só para falar dos mais votados. Na medida em que a Empresa Gestora absorver os créditos putrefatos dessas instituições – por deliberação do Ministério da Fazenda -, o resultado negativo em balanço poderá sumir da noite para o dia. Os burocratas da Pasta argumentam, sob brumas, que a medida permitiria a capitalização desses bancos que têm concedido empréstimos mais baratos e sua consequente adequação a s regras da Basileia III. De uma certa forma, a operação não deixaria de ser uma injeção de capital pela porta dos fundos. Pela lógica dos seus autores, a operação possibilitaria estender por um tempo prolongado a política de crescimento econômico baseada no aumento da renda familiar em decorrência da ampliação do crédito a juros mais baixos. Como proposta, parece justificável. Em termos econômicos, é quase obsceno. Leva o abuso de poder econômico ao paroxismo. E transforma um ministro morno e modorrento em czar do Tesouro Nacional e senhor dos destinos da rentabilidade da banca pública. Seria a hora de se fazer um plebiscito para a criação de um Cade exclusivo do sistema financeiro, blindado contra as diatribes do governo. Só com a força da Constituição é possível banir do mapa uma aberração como essa.
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BNDESpar
18/05/2012O fundo Brasil Energia – leia-se Previ, Petros, Funcef e BNDESpar, entre outros – prepara a venda da sua participação de 25% na Geramar, dona de duas térmicas.
Acervo RR
Leite Nilza busca longa vida na mão de um novo controlador
10/05/2012Entre as inúmeras interrogações que cercam a Leite Nilza, parece haver uma única certeza: o futuro da companhia e o de seu proprietário, Sergio Alambert, dono da Airex Trading, são retas que não se cruzam. O empresário estaria aguardando a retomada da produção, prevista para este mês, para negociar o controle da fabricante de laticínios. A julgar pelas suas recentes movimentações, a venda da companhia não deve tardar. Há cerca de três meses, Alembert vem mantendo conversas com uma tríade de candidatos. Além da chinesa Mengniu Dairy Group – ver RR edição nº 4.305 -, dois gigantes nacionais do setor também estão interessados na Nilza: a Lácteos Brasil, leia-se a gaúcha Bom Gosto e a GP, e a Brasil Foods, dona das marcas Batavo e Elegê. Para os chineses, a aquisição representaria o passaporte para o mercado brasileiro. Já Lácteos Brasil e BR Foods miram no aumento da capacidade industrial, com a incorporação de duas fábricas, e, sobretudo, na possibilidade de herdar uma marca razoavelmente forte no setor, em especial no interior paulista. O RR fez vários contatos com a Leite Nilza, mas a empresa não retornou até o fechamento desta edição. Brasil Foods e Lácteos Brasil também não se pronunciaram. Ressalte-se que existe um astro de primeira grandeza nesta via láctea, capaz de interferir decisivamente no destino da Nilza: o BNDES, dono de 35% da companhia. Inicialmente, a instituição não se opôs a s gestões com a Mengniu – dentro do banco há um consenso de que a venda da Nilza é fundamental para o pagamento das dívidas dentro do plano de recuperação judicial. Mas esse sinal só ficou verde até a Lácteos Brasil e a Brasil Foods aparecem na pista. Entre o desembarque de uma companhia chinesa no mercado brasileiro e o fortalecimento de um grande grupo nacional da área de laticínios, adivinhem só qual é a preferência do BNDES? A contagem regressiva para a retomada das operações e a eventual venda da Nilza já foi deflagrada. Há cerca de 20 dias, a empresa conseguiu o registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), condição sine qua non para o reinício das atividades. De acordo com informações filtradas junto a Nilza, a expectativa é de que, no primeiro ano de operação, o faturamento gire entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões. Ou seja: o futuro controlador terá de empurrar uma pedra montanha acima. Nos bons tempos, a receita chegou a casa dos R$ 700 milhões
Acervo RR
Mangels busca combustível no BNDES
8/05/2012As derrapagens financeiras da Mangels viraram “assunto de Estado”. Os recentes problemas da fabricante de rodas de liga leve mobilizaram a alta direção do BNDES, sócio da companhia, com 13% das ações preferenciais. Segundo informações filtradas junto a própria agência de fomento, Mangels e BNDES têm discutido possíveis operações que ajudem a empresa a sair do banco de areia movediça no qual atolou nos últimos meses. De acordo com a fonte do RR, a hipótese que mais ganha força dentro do banco é a realização de um aumento de capital da companhia. A emissão funcionaria como um trampolim para a BNDESPar não apenas ampliar sua participação societária, mas também comprar ações ordinárias e ingressar no bloco de controle. Procurados pelo RR, Mangels e BNDES não quiseram se pronunciar. Há fortes razões para a preocupação do BNDES com a perda de receita, os prejuízos registrados no ano passado e os cortes de investimento anunciados pela companhia. Além do cordão umbilical societário, o banco olha para esta questão com uma visão grande-angular, que ultrapassa as fronteiras da empresa e contempla de forma sistêmica a cadeia de produção do setor. Dentro do BNDES, há o receio de que, no limite, um eventual agravamento das dificuldades da Mangels possa, de alguma maneira, afetar o fornecimento de rodas de liga leve de alumínio para a indústria automobilística nacional. Ressalte-se que a empresa tem aproximadamente 40% de market share neste segmento. As conversações com o BNDES refletem o ambiente de tensão da família Mangels, que, recentemente, em um exercício de mea culpa, assumiu publicamente sua decepção com a performance da empresa. No ano passado, as vendas caíram 7%. O prejuízo bateu nos R$ 32 milhões. A reação dos controladores foi imediata – até porque, segundo informações filtradas junto a própria Mangels, as projeções internas indicam nova queda da demanda para este ano. A companhia deflagrou um drástico processo de cortes nas despesas operacionais e reviu seu plano de investimentos. A decisão mais emblemática foi a suspensão do projeto de compra de ativos no exterior – de acordo com a fonte do RR, havia conversações com uma indústria do México e outra nos Estados Unidos. A navalhada nos investimentos e nos custos tem sido liderada por Ivan Sartori Filho. O executivo foi contratado no início do ano para ocupar a diretoria de operações. No entanto, diante da impopular missão que recebeu, dentro da empresa seu cargo já teria sido sarcasticamente apelidado de “diretoria de maldades”. Caso o aporte de capital do BNDES se confirme, a Mangels espera, em um primeiro momento, recuperar o nível de investimentos internos, que, neste ano, será praticamente residual. De acordo com a fonte do RR, só então dentro de um ou dois anos – e, ainda assim, dependendo da retomada das vendas e da lucratividade – a companhia voltaria a pensar em aquisições no exterior. O aporte do BNDES ajudará também na repactuação da dívida, outro motivo de aflição para a família Mangels. A empresa fechou 2011 com um passivo de curto prazo de R$ 347 milhões, para um patrimônio líquido de R$ 193 milhões.
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Gerdau
2/05/2012Jorge Gerdau decidiu que não vai entrar sozinho na produção de trilhos. Tenta arrastar o BNDES para este vagão, o que não chega a ser uma grande novidade. A Gerdau informou ao RR que ainda não se decidiu sobre a fabricação de trilhos. O BNDES, por sua vez, não quis se manifestar.
Acervo RR
BNDES fecha a cancela na venda da Iochpe-Maxion
26/04/2012A família Ioschpe e o BNDES são duas locomotivas em sentido contrário. O futuro da fabricante de vagões Iochpe-Maxion colocou seus fundadores e a agência de fomento em rota de colisão. O motivo são as negociações para a venda do controle da empresa. Segundo um executivo ligado a família Ioschpe, o principal candidato a aquisição é a China Rail Construction Company (CRCC). Ela traz a tiracolo os conterrâneos da China North Railway (CNR), fabricante de equipamentos ferroviários que já atua no Brasil – entre outros negócios, tem um contrato de US$ 163 milhões com o Metrô do Rio de Janeiro. A dupla deve ter ainda o apoio do fundo soberano China Investment Corporation. Embora o capital da Iochpe-Maxion seja bastante pulverizado, inclusive entre os próprios sócios fundadores, o comboio chinês passaria a ser o principal acionista individual da empresa. Tudo muito bom, tudo muito bem, não fosse por um ilustre passageiro com poder para brecar o trem e interferir no destino societário da Iochpe. De acordo com a mesma fonte, o BNDES, dono de quase 7% do capital, é contra a venda para os chineses. Procurada, a Iochpe-Maxion negou a operação. O banco de fomento, por sua vez, não quis se pronunciar. O BNDES enxerga a operação com olhos de BNDES. O banco promete usar todo o seu arsenal para impedir a negociação da Iochpe-Maxion para os chineses. Seu objetivo é brecar o acelerado processo de desnacionalização de um setor considerado razoavelmente importante, em razão da necessidade de ampliação e modernização da malha ferroviária no país. Um número cada vez maior de encomendas tem caído nas mãos dos grupos estrangeiros que operam no Brasil, sobretudo GE e Bombardier. As relações entre os Ioschpe e o BNDES seriam cada vez mais tensas. Por questões estratégicas, a família está inclinada a aceitar a oferta chinesa, concentrando-se em outros negócios do grupo, como a produção de autopeças. Ainda de acordo com a fonte ouvida pelo RR, a direção do BNDES tem discutido alguns cenários para impedir a venda para os chineses. Dentro do banco, ganha força a hipótese de compra da participação da família, operação que faria da BNDESPar a maior acionista individual. Posteriormente, bem ao feitio da sua política de criação de grandes grupos nacionais, a agência de fomento usaria a Iochpe como estação primeira para um projeto de consolidação no setor.
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Consolidação
25/04/2012A Protege, uma das maiores empresas de segurança patrimonial do país, tocou o interfone do BNDES. De acordo com uma fonte do banco, busca apoio para a compra de empresas do setor. Consultada, a Protege negou as conversações. O BNDES, por sua vez, não quis se pronunciar.
Acervo RR
American Airlines é um míssil rumo Á Embraer
24/04/2012A crise financeira da American Airlines promete ser tornar um peso ainda maior sobre as asas da Embraer. A iminente devolução de 150 aeronaves vendidas a companhia norteamericana há cerca de dez anos pode se tornar um problema ainda mais grave do que se imaginava para a fabricante brasileira por conta de uma série de procedimentos pouco usuais adotados na operação. Segundo uma fonte intimamente ligada a Embraer, a origem da turbulência financeira é uma cláusula do acordo com o BNDES, que, a época, financiou a venda dos aviões. A própria empresa – não o banco, como costuma ocorrer em operações desta natureza – assumiu o papel de garantidor dos contratos de venda das aeronaves. Na ocasião, a diretoria do BNDES não aceitou a responsabilidade devido ao valor envolvido na negociação, cerca de US$ 3 bilhões, e, sobretudo, ao elevado número de aeronaves comercializadas em um só contrato. O comando da Embraer estranhou o incomum posicionamento da agência de fomento, mas, diante da importância do contrato, aceitou as condições e o pedágio. Agora chegou a hora do efeito bumerangue. O contrato impõe a Embraer outra situação inusitada. Com a devolução das aeronaves, a empresa é obrigada a garantir ao financiador – ou seja, o BNDES – 20% do valor original de venda de cada aeronave em caso de negociação para terceiros. Na época, não obstante o setor de aviação civil já apresentar sinais de crise por conta, sobretudo, do 11 de setembro, a direção da Embraer avaliou que o risco de devolução dos aviões era pequeno vis-a vis a importância da operação. Com a depreciação dos equipamentos ao longo de dez anos, calcula-se que cada avião valha hoje metade do preço fixado no contrato com a American Airlines, na época aproximadamente US$ 20 milhões. Ou seja: atualmente, cada avião está avaliado em cerca de US$ 10 milhões. Quanto mais a Embraer vai entrando nesse beco, mais as paredes vão se estreitando. Pelo contrato, para cada aeronave devolvida e revendida, a companhia terá de pagar, portanto, o equivalente a US$ 4 milhões ao BNDES; para cada avião encalhado, será forçada a engolir um prejuízo de US$ 10 milhões. Ou seja: tomando-se como base o número de aviões e seu atual valor de mercado, se a devolução das 150 aeronaves se confirmar, um ativo imobilizado da ordem de US$ 1,5 bilhão cairá sobre o colo da Embraer. A ela caberá encontrar comprador, pagar o tributo de 20% sobre o valor original ao BNDES e reduzir seu prejuízo. Este enredo é uma bombarelógio amarrada ao balanço da Embraer. Procurada pelo RR, a empresa não respondeu ao questionamento se é, de fato, a garantidora do contrato de financiamento. Tampouco informou se este procedimento é usual em contratos no setor, se é realmente obrigada a pagar 20% de comissão ao BNDES em cada aeronave revendida e se existe alguma saída jurídica para a questão. Também não esclareceu se já existem negociações para a venda dos aviões. A empresa limitou-se a enviar as demonstrações contábeis de 2011, na qual comunica ao mercado ter feito uma provisão de R$ 662,6 milhões “por conta do pedido de concordata da American Airlines e das exposições relativas a garantias financeiras quando do financiamento das 216 aeronaves”. O valor da provisão equivale ao quádruplo do lucro da empresa em 2011. Também consultado, o BNDES não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Acervo RR
Ometto cobiça o posto de “maquinista do Brasil”
9/04/2012Com as mesmas passadas firmes que o levaram a costurar a associação entre Cosan e Shell, Rubens Ometto está urdindo o que pode vir a ser a grande companhia logística do país. Tudo depende da consumação do desembarque da Cosan no bloco de controle da ALL, operação ainda em curso. Ometto enxerga este movimento como a primeira estação de um negócio ainda maior. A partir da sua entrada na ALL, o empresário pretende se credenciar ao posto de maquinista dos grandes projetos ferroviários nacionais. Aos seus olhos, tratase de um cargo que está vago. Não por acaso um dos empreendimentos na sua mira é a Transnordestina. Ometto é candidato a assumir a construção e a operação da linha férrea. Joga a seu favor a expressa e manifesta irritação da presidente Dilma Rousseff com Benjamin Steinbruch, responsável pelo projeto. O empresário tem sido recorrentemente cobrado pelo governo por conta dos atrasos na construção da ferrovia. Inicialmente, o governo pretendia inaugurar a ferrovia em 2010. Após sucessivos adiamentos, a data foi empurrada para 2013. No entanto, segundo dados filtrados junto ao Ministério dos Transportes, a estimativa é que apenas metade do percurso total da Transnordestina, de 1,7 mil quilômetros, esteja concluída neste prazo. Com isso, a postergação para o fim de 2014 já é dada como favas contadas. Há uma insatisfação maior com a demora no início das obras em alguns trechos específicos. É o caso da ligação de 470 quilômetros entre Aurora e Pecém, no Ceará. O governo fez um enorme esforço para acelerar as desapropriações ao longo do traçado da linha férrea, mas nem um dormente sequer teria sido instalado. É importante frisar que os atrasos da Transnordestina têm um enorme efeito colateral negativo, pois diversos outros projetos dependem da construção da ferrovia. Com o interesse de Rubens Ometto, o governo poderia forçar a saída de Benjamin Steinbruch da locomotiva da Transnordestina, usando como aríete o BNDES. Ressalte-se que o banco é campeão em deslocar empresários do lugar. Neste caso específico, a agência de fomento teria uma motivação extra. É fácil antever que o projeto desenhado por Rubens Ometto tem grandes chances de cair na graça do BNDES. A operação parece feita sob encomenda para a sua política escolher um cavalo vencedor e estimular o surgimento de grandes grupos nacionais nos mais diversos setores da economia. Ao juntar a ALL e a Transnordestina em um mesmo comboio, Rubens Ometto ficaria no controle de uma das joias da coroa da logística no Brasil. Juntas, as concessões somariam mais de 37 mil quilômetros de linhas férreas. As duas ferrovias cobririam pontos importantes de produção industrial e agrícola, o que daria a Ometto maior escala e fôlego para investir no setor. Sob a ótica do governo, haveria ainda um valor simbólico em sua escolha como o “maquinista do Brasil”. Ometto é considerado um empresário clean. Não está marcado como um caçador de subsídios públicos – seus principais negócios, incluindo a associação entre a Cosan e a Shell, foram feitos sem a tradicional torrente de recursos do governo. Além disso, é visto como um empreendedor ecologicamente correto, sustentável.
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Ometto cobiça o posto de "maquinista do Brasil"
9/04/2012Com as mesmas passadas firmes que o levaram a costurar a associação entre Cosan e Shell, Rubens Ometto está urdindo o que pode vir a ser a grande companhia logística do país. Tudo depende da consumação do desembarque da Cosan no bloco de controle da ALL, operação ainda em curso. Ometto enxerga este movimento como a primeira estação de um negócio ainda maior. A partir da sua entrada na ALL, o empresário pretende se credenciar ao posto de maquinista dos grandes projetos ferroviários nacionais. Aos seus olhos, tratase de um cargo que está vago. Não por acaso um dos empreendimentos na sua mira é a Transnordestina. Ometto é candidato a assumir a construção e a operação da linha férrea. Joga a seu favor a expressa e manifesta irritação da presidente Dilma Rousseff com Benjamin Steinbruch, responsável pelo projeto. O empresário tem sido recorrentemente cobrado pelo governo por conta dos atrasos na construção da ferrovia. Inicialmente, o governo pretendia inaugurar a ferrovia em 2010. Após sucessivos adiamentos, a data foi empurrada para 2013. No entanto, segundo dados filtrados junto ao Ministério dos Transportes, a estimativa é que apenas metade do percurso total da Transnordestina, de 1,7 mil quilômetros, esteja concluída neste prazo. Com isso, a postergação para o fim de 2014 já é dada como favas contadas. Há uma insatisfação maior com a demora no início das obras em alguns trechos específicos. É o caso da ligação de 470 quilômetros entre Aurora e Pecém, no Ceará. O governo fez um enorme esforço para acelerar as desapropriações ao longo do traçado da linha férrea, mas nem um dormente sequer teria sido instalado. É importante frisar que os atrasos da Transnordestina têm um enorme efeito colateral negativo, pois diversos outros projetos dependem da construção da ferrovia. Com o interesse de Rubens Ometto, o governo poderia forçar a saída de Benjamin Steinbruch da locomotiva da Transnordestina, usando como aríete o BNDES. Ressalte-se que o banco é campeão em deslocar empresários do lugar. Neste caso específico, a agência de fomento teria uma motivação extra. É fácil antever que o projeto desenhado por Rubens Ometto tem grandes chances de cair na graça do BNDES. A operação parece feita sob encomenda para a sua política escolher um cavalo vencedor e estimular o surgimento de grandes grupos nacionais nos mais diversos setores da economia. Ao juntar a ALL e a Transnordestina em um mesmo comboio, Rubens Ometto ficaria no controle de uma das joias da coroa da logística no Brasil. Juntas, as concessões somariam mais de 37 mil quilômetros de linhas férreas. As duas ferrovias cobririam pontos importantes de produção industrial e agrícola, o que daria a Ometto maior escala e fôlego para investir no setor. Sob a ótica do governo, haveria ainda um valor simbólico em sua escolha como o “maquinista do Brasil”. Ometto é considerado um empresário clean. Não está marcado como um caçador de subsídios públicos – seus principais negócios, incluindo a associação entre a Cosan e a Shell, foram feitos sem a tradicional torrente de recursos do governo. Além disso, é visto como um empreendedor ecologicamente correto, sustentável.
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Voo rasante
4/04/2012O presidente da American Airlines, Tom Horton, deverá desembarcar no Brasil neste mês. Virá para mais uma rodada da complexa renegociação das dívidas da empresa com o BNDES, em torno de US$ 1,5 bilhão.
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Busscar
29/03/2012Credor da Busscar, que vive delicada situação financeira, o BNDES cogita conceder um financiamento ao eventual comprador para facilitar a venda da fabricante de carrocerias.
Acervo RR
Brasil é a nova terra do Grupo Macri
21/03/2012Dez anos após jogar a Chapecó, depenada por dívidas, no colo do BNDES, e deixar o Brasil pela porta dos fundos, o Grupo Macri prepara o seu retorno para o lado de cá da fronteira. Os argentinos pretendem investir na compra de terras voltadas ao cultivo de soja. A empresa já está prospectando propriedades no Paraná e no Centro-Oeste. A fonte do RR é justamente um empresário do setor de agribusiness e dono de terras no Mato Grosso que está em negociações com o grupo portenho. O projeto do Macri prevê também a construção de duas esmagadoras na Região Sul. Segundo a mesma fonte, os executivos do Macri falam em investir até R$ 300 milhões no Brasil. A intenção do grupo é reduzir gradativamente sua dependência da Argentina, onde concentra 100% de sua operação no mercado de soja, um risco alto demais diante da instabilidade econômica do país. No que depender do Macri, em três anos pelo menos um terço da sua produção de soja deverá sair do Brasil. Com a dupla nacionalidade, o grupo pretende arbitrar o menor custo logístico para a exportação da soja. Dependendo do mercado consumidor e dos preços do transporte, o produto será proveniente da Argentina ou do Brasil. Além do Mercosul, o Macri mira também a asia.
Acervo RR
História sem fim
19/03/2012Chegou ao comando do BNDES a enésima proposta da AES em relação a Brasiliana. Os norte-americanos defendem a cisão da holding. A AES ficaria com a Eletropaulo e o BNDES, com a AES Tietê. A diferença no valor dos ativos seria compensada por meio de um encontro de contas. Por ora, ainda não se falou do principal: o quanto a AES está disposta a desembolsar.
Acervo RR
Previ, Petros e cia. poluem os planos da Haztec
16/03/2012Há poluição de mais e ar puro de menos em torno do grupo Synthesis, controlado por Paulo Tupinambá. A trajetória recente da subsidiária Haztec, uma das maiores companhias de gestão ambiental do Brasil, tornou-se uma coleção de insucessos. Após a frustrada tentativa de fusão com a Estre, leia-se BTG Pactual e Wilson Quintella, o novo revés está relacionado a s negociações com a Novo Gramacho Energia Ambiental, uma sociedade entre a própria Synthesis, a família Malucelli, do Paraná, e a paulista Biogás. O consórcio detém o controle da usina de biogás do aterro metropolitano de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Ela é responsável pelo fornecimento de gás extraído do aterro sanitário para a vizinha Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras. Na tentativa de engordar a Haztec, Tupinambá vinha negociando desde o início do ano a transferência do controle da Novo Gramacho para a companhia. O empresário já dava a operação como favas contadas, mas esbarrou em uma muralha formada por Previ, Petros, Funcef e BNDES. O InfraBrasil, que reúne os fundos de pensão e a agência de fomento e é acionista da Haztec, vetou o negócio. Procurada pelo RR, a Haztec informou “desconhecer a notícia”. Os fundos de pensão e o BNDES, que, já há algum tempo, não teriam a melhor das relações com Paulo Tupinambá, querem distância da Novo Gramacho. Eles consideram a usina de Jardim Gramacho um negócio temerário para os acionistas da Haztec. Para eles, já basta a participação indireta no consórcio por conta da própria empresa de gestão ambiental. Há problemas recorrentes no fornecimento de gás para a Petrobras. A quantidade do insumo obtida no aterro sanitário é cerca de 30% inferior ao volume projetado inicialmente, algo em torno de 150 milhões de metros cúbicos por ano. A produção não atende a demanda da Petrobras. Não por acaso, o Novo Gramacho estaria operando no vermelho desde a sua fundação, em 2009. Por conta do suprimento abaixo do esperado, as relações entre o consórcio e a Petrobras estão estremecidas. Maria das Graças Foster, que dirigiu a área de energia e gás da estatal, conhece o problema amiúde e exige uma solução dos acionistas do Novo Gramacho. Aliás, só de ouvir falar no nome da presidente da Petrobras, Tupinambá começa a sua frio. Os dois se conhecem de outros carnavais e o baile acabou muito mal para o empresário. Na época em que comandava a BR Distribuidora, Graça Foster cancelou um contrato com a Confidere, construtora controlada por Tupinambá. A companhia tinha acertado um contrato para erguer a nova sede da BR na Cidade Nova, no Centro do Rio. No entanto, não teria cumprido os prazos acordados e acabou jogada para escanteio por Graça.
Acervo RR
Abreu Lima 2
13/03/2012A Venezuela não ata e nem desata. No Ministério de Minas e Energia e na Eletrobras, já se dá como certo o cancelamento do acordo binacional que previa a construção de uma usina hidrelétrica em terras venezuelanas e de uma linha de transmissão entre os dois países. O governo venezuelano não apresentou as contrapartidas financeiras para a execução do projeto, orçado em US$ 2 bilhões. Só para não variar, deve estar esperando sombra, água fresca e um financiamento do BNDES, como foi na construção da refinaria Abreu Lima.
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Lupatech
13/03/2012GP, Petros e BNDESPar, que farão um aporte de capital para o soerguimento da Lupatech, pretendem montar um escrete no futuro Conselho de Administração da empresa. A ideia é usar o “brand” dos conselheiros para sancionar a reestruturação da companhia, que passou por maus bocados nos últimos meses. Os nomes discutidos entre os novos acionistas da Lupatech vão de Fabio Barbosa, hoje a frente do Grupo Abril, a Roberto Lima, ex-presidente da Vivo, que tem forte capacidade midiática.
Acervo RR
Dívidas da Celpa caem no para-raios da Eletrobras
9/03/2012A interferência do governo no processo de venda do Grupo Rede é mais complexa do que se imagina. Há uma prioridade da prioridade na operação: o destino da Celpa. Segundo uma alta fonte do Ministério de Minas e Energia, antes mesmo de encontrar um comprador para todo o conglomerado, o governo vai se concentrar especificamente na distribuidora paraense, visto como o epicentro da crise financeira da Rede. Esta lâmpada incandescente deverá cair no colo da Eletrobras. Na área de Minas e Energia, o entendimento é que a estatal terá de engolir este batráquio para evitar o mal maior. Há um consenso em Brasília de que a venda do controle do Grupo Rede será praticamente impossível se a Celpa permanecer dentro do embrulho. Existem duas hipóteses sobre a mesa. A mais drástica e óbvia prevê a incorporação integral da Celpa pela Eletrobras. Uma solução menos impactante para o cofre da estatal seria a assunção de apenas 49% das ações. O governo se encarregaria de atrair investidores privados para ficar com o restante das ações – um financiamento do BNDES para a rearrumação da casa seria a isca presa ao anzol. Esta estrutura evitaria a estatização da empresa paraense. No entanto, a própria área técnica de Minas e Energia, responsável pela elaboração deste modelo, considera sua execução extremamente difícil. A Celpa é um problema de altíssima voltagem. Tem dívidas de mais de R$ 2,5 bilhões, para um patrimônio inferior a R$ 800 milhões. A empresa registra sucessivos prejuízos. Entre janeiro e setembro do ano passado, acumulou perdas de quase R$ 160 milhões. A distribuidora está no rodapé do ranking da Aneel, que segue indicadores de desempenho operacional. Há tempos a companhia não recebe investimentos do Grupo Rede. Seja qual for o modelo seguido, a entrada da Eletrobras no capital é vista pelo governo federal como a última cartada para evitar o esfarelamento da empresa, o que poderia colocar em risco até mesmo o abastecimento de energia elétrica no Pará. Aos olhos do Ministério de Minas e Energia, a situação chegou a tal ponto que somente a estatal tem, neste momento, poder e cacife para se sentar com os credores da Celpa e iniciar uma lenta e intrincada renegociação do passivo.
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BNDES
9/03/2012Já há quem diga no BNDES que Ricardo Berzoini tornouse diretor informal do banco. Guilherme Lacerda, recémempossado na diretoria do BNDES, tem se aconselhado com o amigo de longa data sobre possíveis projetos para a agência de fomento. Pode até ser. Mas não altera o fato de que quem manda mesmo no banco é Luciano Coutinho.
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Lupatech
28/02/2012Nos últimos dias, dois grandes bancos de investimento espalharam no mercado a informação de que o BNDES terá uma participação maior do que o previsto na Lupatech, após a incorporação da San Antonio. Plantação ou não, o procedimento surtiu efeito. Teve pregão em que a ação subiu 6%.
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Marcopolo
28/02/2012Diante da hesitação da Marcopolo, o BNDES procura outros candidatos a ficar com o controle da fabricante de carrocerias Busscar. Um dos nomes mais cotados é da gaúcha Neobus, que tem como sócia a norte-americana Navistar.
Acervo RR
Laboratório Aché procura nova receita para o seu futuro
27/02/2012“Como será o amanhã?”. Este é o refrão que tem sido entoado, não exatamente em ritmo de samba, pelos controladores do laboratório Aché. As famílias Siaulys, Baptista e Depieri vêm discutindo intensamente o futuro societário da empresa. De acordo com um executivo ligado a companhia, as tratativas se desenrolam em meio a um clima de tensão. A percepção entre os controladores da Aché é de que a empresa vive um momento crucial e as decisões tomadas agora serão determinantes para o porvir do negócio. As conversas vão de eventuais mudanças envolvendo os próprios acionistas majoritários até a capitalização da empresa, por meio da entrada de um novo sócio. Segundo a fonte do RR, a família Baptista mantém a disposição de reduzir sua participação ou até mesmo sair da operação – ver RR edição nº 4.286. Os Siaulys e Depieri já teriam demonstrado a intenção de ficar com a parte dos sócios – o direito de preferência estaria previsto no acordo de acionistas. Esta operação, no entanto, seria apenas um rito de passagem. O objetivo das duas famílias é atrair um novo sócio para a empresa, prioritariamente um fundo de investimento. Procurado, o Aché negou a busca de um novo sócio. O RR também entrou em contato com a Partage, que reúne os negócios da família Baptista, mas um funcionário informou que a empresa estava fechada. A iminente reestruturação do Aché é resultado de uma drástica rasura no script que parecia traçado para a empresa. Nos últimos dois anos, os ventos mudaram radicalmente de direção. A empresa chegou a ser candidata a encabeçar o projeto do BNDES de criação de um grande laboratório de capital nacional. A estratégia de consolidação setorial do banco continua a mesma, mas, no caso específico da indústria farmacêutica, as negociações jamais passaram do tubo de ensaio. Quase no mesmo período, o Aché ensaiou a abertura de capital, mas teve de recuar diante das crise nos mercados financeiros internacionais. O RR apurou que os Siaulys e Depieri vêm demonstrando maior apetite por aquisições, o que explicaria a eventual saída dos Batista da sociedade. As duas famílias consideram o desembarque de um fundo de investimento vital para o Aché entrar na briga pela compra de ativos no setor.
Acervo RR
Engevix mostra as armas para o setor aeroportuário
17/02/2012O presidente da Engevix, Cristiano Kok, tem na ponta da língua a resposta aos detratores que questionaram a capacidade da empresa de honrar os investimentos no Aeroporto de Brasília – concessão arrematada na semana passada em parceria com a argentina Corporación America. Nas próximas semanas, a companhia vai receber cerca de R$ 500 milhões referentes a venda de 40,65% da subsidiária Desenvix para a norueguesa SN Power. Ressalte-se que a Engevix ainda embolsará uma segunda tranche, no valor de R$ 206 milhões. Todos estes recursos serão destinados aos investimentos no terminal aeroportuário de Brasília. O montante percebido com a venda de parte da Desenvix será mais do que suficiente para servir como contrapartida do financiamento que o grupo receberá do BNDES e de outros bancos. No total, a Engevix investirá R$ 2,8 bilhões no aeroporto de Brasília. Parte deste valor será suprida com a receita do próprio terminal. Além disso, a Corporación America também entrará no risco do negócio, aportando recursos do próprio caixa. Os argentinos dividem o controle do consórcio com a Engevix, cada um com 25,5%.
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Embraer
15/02/2012Na Embraer, já se dá como certo que o governo português vai vender ou reduzir sua participação na Ogma. A companhia, que é acionista da empresa de manutenção de aeronaves, é candidata a compra das ações. O BNDES, que se porta, como dono da Embraer, garante a bufunfa.
Acervo RR
Aneel se enforca com seu próprio fio desencapado
15/02/2012O diretor-geral da Aneel, Nelson Ha¼bner, já está sendo chamado em Brasília de “Ildo Sauer do setor elétrico”. Em uma atitude voluntarista e quase camicase, Ha¼bner articula uma mudança regulatória que, a um só tempo, eletrocuta os interesses do governo e dos principais investidores da área de energia, tanto públicos quanto privados. A Aneel iniciou estudos para rever os critérios e os limites de concentração de mercado das distribuidoras do setor. Na avaliação de Ha¼bner, as regras fixadas há mais de dez anos no auge das privatizações caducaram diante das operações de fusão e aquisição realizadas ao longo desse período. Mas o diretor da Aneel mira mesmo o futuro. Aos seus olhos, o “anacronismo regulatório” tende a se acentuar com a nova onda de consolidação esperada para a área de energia. O RR apurou junto a uma alta fonte da Aneel que Ha¼bner pretende manter a subdivisão geográfica para efeito de cálculo de concentração – são dois submercados: Norte/Nordeste e Sul/Sudeste/Centro-Oeste. Sua principal proposta de mudança está relacionada aos critérios para contabilizar o peso dos players no setor. Hoje, este cálculo é feito com base nos consórcios controladores de cada distribuidora ou geradora. Ha¼bner considera que esta conta deve ser individualizada. Ou seja: levar em consideração a participação isolada de cada investidor em diferentes empresas, independentemente da composição do restante do bloco de controle. Pelas novas normas, somando todas as suas participações, um mesmo investidor não poderia ter mais do que 35% da distribuição de energia no Norte/ Nordeste ou 25% no Sul/ Sudeste/Centro-Oeste. A disposição de Ha¼bner é evitar que um só player, mesmo que associado a diferentes parceiros, tenha uma excessiva presença em distribuidoras de um mesmo submercado, o que aumentaria seu poder de arbitragem na tarifa da energia e, consequentemente, reduziria o nível de competitividade no setor. A atitude de Nelson Ha¼bner pode até estar eivada de boas intenções. Defesa da competitividade e estímulo a reduções das tarifas são bandeiras quase que inatacáveis. No entanto, Ha¼bner parece ter acionado uma bomba-relógio no seu próprio colo. Sua posição vai frontalmente contra o que pensam e querem o governo e, por extensão, BNDES e Previ. Há tempos que o fundo de pensão e a agência de fomento trabalham a favor da consolidação do setor em nome da criação de uma grande distribuidora de energia de controle nacional. Entre os investidores privados, também não faltarão interessados em dar uma descarga elétrica de mil volts no diretor da Aneel. A proposta de Ha¼bner seria um estorvo a possibilidade de grandes operações de fusão e aquisição. Além disso, contraria uma tendência mundial de consolidação do setor elétrico nas mãos de poucos grupos. Pelo andar da carruagem, é mais fácil o Planalto regular a agência reguladora, enquadrar Ha¼bner e incinerar a proposta de mudança das regras ainda no papel.
Acervo RR
Cargo estepe
15/02/2012Como prêmio de consolação, Elvio Gaspar está cotado para assumir uma diretoria no Sebrae. Gaspar foi defenestrado do comando da área de Infraestrutura, Meio Ambiente, Agropecuária e Inclusão Social do BNDES para dar lugar ao ex-Funcef, Guilherme Lacerda.
Acervo RR
Ao BNDES, tudo!
14/02/2012O presidente do Conselho da Nokia Siemens no Brasil, Aluizio Byrro, contou apenas da missa a metade ao anunciar a disposição de voltar a produzir equipamentos no país na esteira dos leilões de 4G. Aceitar, aceita, desde que com uma polpuda ajuda do BNDES. Bem, se todo mundo pode, por que não a Nokia Siemens?
Acervo RR
Marfrig puxa uma cadeira Á espera de um novo sócio
3/02/2012Há uma pergunta que não quer calar na indústria de carne bovina: o que está por detrás das sucessivas aquisições de papéis do Marfrig feitas nos últimos meses pelo próprio controlador da companhia, Marcos Molina? Entre setembro e dezembro, o empresário aumentou sua participação de 43% para 47% do capital ordinário. O banquete não terminou. Molina está negociando a compra de mais 4% de ações em poder de fundos de investimento. Chegará, portanto, a marca de 51% das ONs. Antes que alguém enxergue uma operação de tesouraria convencional, o caminho é outro. De acordo com um executivo ligado ao frigorífico, Molina está preparando o terreno para a venda de parte da companhia para um private equity. O novo sócio seria um personagem vital no árduo trabalho de desintoxicação financeira do frigorífico. O aporte de capital permitiria a retomada dos investimentos em um ritmo mais extenso e o alongamento de parte da dívida, a maior das chagas da empresa. Procurado pelo RR, o Marfrig negou a venda de uma participação para um fundo de investimento. Segundo a fonte do RR, a operação foi discutida recentemente pelo Conselho de Administração do grupo, e já existem conversas preliminares com alguns private equities. Diante da possibilidade de se manter no controle, Molina dá prioridade a parceria com um fundo de investimento em vez da associação com um player do setor, como chegou a ser cogitado no fim do ano passado. Qualquer que seja o caminho adotado, o Marfrig conta com o apoio do BNDES, o que não é pouco. Para o banco, tratase de uma questão de honra. Dona de quase 14% do frigorífico, a instituição não apenas entrou de cabeça em um negócio controverso como exibiu esta operação na vitrine da sua política de estímulo a consolidações setoriais. Marcos Molina sabe, melhor do que ninguém, que está jogando uma roleta russa acionária. Por enquanto, a bala ainda está no tambor. Desde que o empresário iniciou as seguidas aquisições de papeis, no fim de setembro, as cotações subiram mais de 30%. No entanto, a cada vez que aperta o gatilho na Bolsa, Molina se expõe a um risco que cresce em progressão geométrica. Os fundamentos do Marfrig são uma carne de segunda. Além de carregar as marcas de uma crise financeira, a companhia convive com uma péssima imagem institucional, notadamente no aspecto sociocorporativo. A percepção do frigorífico no mercado está longe de sugerir uma alta sustentável das ações. Dependendo do timing, paira sobre Molina a ameaça de vender parte do capital a um preço mais baixo do que pagou em Bolsa. Isso para não falar da temível hipótese de ele não conseguir um sócio e ficar com essa chã de dentro na mão.
Acervo RR
Mengniu Dairy Group ordenha a compra da Leite Nilza
31/01/2012Parafraseando Jorge Benjor, os chineses estão chegando, estão chegando os chineses. O mais novo alvo de cobiça dos asiáticos no Brasil é o mercado de laticínios. A Mengniu Dairy Group, empresa com quase US$ 5 bilhões de receita anual, prepara-se para desembarcar no país. O RR apurou que executivos chineses estão no Brasil trabalhando na montagem do plano estratégico para a chegada do grupo. O projeto prevê tanto a construção de fábricas próprias quanto aquisições. A Mengniu vem rastreando o mercado em busca de ativos notoriamente depreciados. Neste caso, seus olhos estão voltados para a Leite Nilza. A empresa, que pertenceu a Adhemar de Barros Neto, ex-acionista da Lacta, encontra-se em recuperação judicial. No ano passado, chegou a ter sua falência decretada e posteriormente anulada pela Justiça – o processo ainda corre no STJ. Atualmente, a Nilza é controlada pela Airex Trading, do advogado Sergio Alambert, que tem 65% do capital – o restante pertence a BNDESPar. Procurada pelo RR, a Airex confirmou que tem conversado com investidores do setor de laticínios. Aceita, inclusive, negociar o controle da Leite Nilza. Porém, garantiu que não houve contato com a Mengniu. O BNDES é uma peça chave nesta engrenagem. Dentro da instituição, a compra da Nilza pela Mengniu é vista com bons olhos. O banco nutre dúvidas quanto a real possibilidade de Sergio Alambert tirar a companhia do atoleiro. A percepção é de que isso só será possível com a chegada de um grande grupo do setor, que serviria como estimulante para os próprios credores, céticos em relação a hipótese de recuperação da Nilza. A empresa, de Ribeirão Preto, tem uma dívida superior a R$ 400 milhões. Ao mesmo tempo em que prepara o bote sobre a Nilza, a Mengniu vai pincelando os planos para a montagem de uma estrutura industrial própria no Brasil. Os chineses pretendem, na partida, construir duas fábricas. Goiás e Rio Grande do Sul são os candidatos mais fortes a receber o empreendimento. Se comprar a Nilza, o grupo asiático ainda herdará mais duas unidades de produção, uma em Minas Gerais e outra em São Paulo. Um dos principais objetivos da Mengniu é usar o Brasil como centro de exportação para a própria China, onde a demanda por laticínios tem crescido, em média, 20% ao ano.
Acervo RR
Benjamin desenterra sua velha fábrica de trilhos
26/01/2012Benjamin Steinbruch, notoriamente chegado a anunciar o mesmo investimento por diversas vezes, está tirando da gaveta um antigo projeto. Trata-se da construção de uma fábrica de trilhos, empreendimento que o empresário sinalizou pela primeira vez há quase 16 anos. De acordo com uma fonte do BNDES, Benjamin demonstrou ao banco a disposição da CSN de investir US$ 250 milhões na operação. O plano passa pela construção de uma laminadora no complexo siderúrgico de Volta Redonda com capacidade para a produção de 150 mil toneladas de trilhos por ano. Costumeiramente afeito a se jogar sobre os ombros do BNDES, desta vez é provável que Benjamin nem precise fazer muita força para contar com o apoio do banco. O projeto é visto como estratégico pelo comando da agência de fomento. Hoje, o Brasil não produz um centímetro sequer de trilho. Todos os equipamentos são importados. A fábrica da CSN teria capacidade para atender a metade da demanda nacional. Além disso, o BNDES ainda enxerga um possível efeito dominó positivo. A decisão de Benjamin serviria como um estímulo para que outras siderúrgicas também entrassem neste setor, contribuindo para reduzir ainda mais a dependência das concessionárias ferroviárias das importações. Os olhos do banco se voltam principalmente para a ArcelorMittal, que já produziu trilhos no Brasil, e a Gerdau, que tem um projeto semelhante ao da CSN. O maior incentivo para a fabricação no país está no custo da matéria-prima. O preço da tonelada do trilho importado tem saído, em média, a US$ 900,00. Já o ferro pode ser comprado a US$ 200,00 a tonelada no mercado interno. Pode até ser mais um dos tantos blefes de Benjamin Steinbruch quando o assunto são novos investimentos, mas há indícios de que o empresário pretende mesmo tirar a fábrica de trilhos do freezer. Benjamin tem se articulado junto ao governo na tentativa de garantir cotas de nacionalização para a compra de trilhos. O próprio Ministério dos Transportes vem promovendo estudos para fixar um percentual mínimo de conteúdo nacional nos equipamentos comprados pela Valec.
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Eletrobras
26/01/2012A Eletrobras terá de carregar o pesado fardo da Celg por um bom tempo. Na diretoria da estatal, o consenso é de que serão necessários mais cinco anos para arrumar as finanças da distribuidora goiana. Isso mesmo com o iminente aporte de R$ 3,5 bilhões que será feito pelo BNDES e pela CEF.
Acervo RR
Dilma quer vestir BNDES com um par de calçados
23/01/2012A crise na indústria calçadista está apertando os pés da presidente Dilma Rousseff. O definhamento do setor vem sendo tratado pelo Planalto como um assunto de Estado. O ministro Fernando Pimentel foi designado por Dilma para comandar um tour de force capaz de estancar a perda de competitividade, o fechamento de fábricas e o acelerado processo de enxugamento dos postos de trabalho, que atingiu níveis alarmantes com os recentes cortes feitos pela Vulcabras. A operação arquitetada pelo governo é um filme ao qual o Brasil inteiro já assistiu algumas vezes e, gostando ou não, consagrou-se nas telas. A solução passa pela entrada em cena do BNDES no papel de facilitador da consolidação de empresas. O script é o mesmo: a incorporação de uma companhia em notória dificuldade por outra em melhor situação, com as bênçãos da agência de fomento – leia-se a compra de uma participação significativa na nova empresa. No governo, os nomes mais cotados para a operação são o da Grendene, na condição de consolidadora, e da própria Vulcabras. A fusão daria origem a um grupo com aproximadamente R$ 4 bilhões de faturamento anual e muito mais musculatura para concorrer com o grande adversário da indústria têxtil nacional: os produtos chineses. Caso a costura seja levada adiante, o governo já tem na ponta da língua o argumento para contra-atacar as críticas de praxe ao aumento da participação do Estado na economia: é o social, estúpido! O objetivo é frear ou, ao menos, diminuir o frenético ritmo de demissões na indústria têxtil. Aos olhos do governo, a redução dos postos de trabalho alcançou números assustadores com a mais nova leva de dispensas da Vulcabras, realizada no fim de 2011. Somente a empresa demitiu quase nove mil funcionários ao longo do ano passado, numa das maiores devastações de empregos já vista na história do setor. O temor do Planalto é que, pelo peso da Vulcabras na cadeia da indústria calçadista, seus cortes de produção resultem em um efeito cascata, provocando uma extinção em massa de fornecedores. Embora tenham proporções bastante similares – ambas faturaram cerca de R$ 2 bilhões no ano passado -, Grendene e Vulcabras vivem momentos distintos. Além da torrente de demissões, esta última desativou sete fábricas nos últimos meses. Ao mesmo tempo, tem amargado uma performance desalentadora. Entre janeiro e setembro, o faturamento caiu 19% em relação ao mesmo período no ano passado. Nos noves primeiros meses de 2010, a Vulcabras teve lucro líquido de R$ 91 milhões. Em 2011, no mesmo período, registrou um prejuízo de R$ 146 milhões. A Grendene, como todo o setor, está longe de ser a oitava maravilha do mundo. No ano passado, também fez uma série de demissões – nada que se compare ao extermínio trabalhista comandado pela Vulcabras. Teve ainda queda nos resultados, mas irrisórias diante dos números do setor. A empresa tem conseguido se sustentar em um mesmo patamar nos últimos dois anos, o que lhe coloca em flagrante situação de vantagem para uma eventual fusão com a Vulcabras celebrada pelo BNDES. Entre janeiro e setembro de 2011, seu faturamento recuou 12% em comparação com igual intervalo em 2010. Já o lucro teve uma pequena queda de R$ 189 milhões para R$ 183 milhões.
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Magnesita
23/01/2012A Magnesita está avaliando a compra de fabricantes de refratários nos Estados Unidos. Aposta que não lhe faltará o apoio do BNDES na empreitada.
Acervo RR
Injeção no pré-sal
19/01/2012A injeção do Tesouro Nacional de R$ 30 bilhões no BNDES, em estudo no governo, não vai aquecer a economia na veia. O projeto é destinar a maior parte desses recursos para financiar as companhias que estão explorando o pré-sal. A parte do leão, é claro, vai para a Petrobras. O dinheiro irrigaria indiretamente a atividade produtiva.
Acervo RR
Pfizer e EMS duelam pelos frascos da Blau
19/01/2012Para onde quer que olhe, Marcelo Hahn, dono do laboratório farmacêutico Blau, enxerga um potencial candidato a compra da empresa. A Pfizer, que já fez uma investida em 2010, voltou a carga. Os norte-americanos foram com mais sede ainda ao pote. Acenaram com uma oferta aproximadamente 20% maior. A Pfizer não está sozinha. Do outro lado, Hahn recebe o assédio da brasileira EMS, controlada pelo empresário Carlos Sanchez. A companhia chegou a ser cotada dentro do BNDES como potencial candidata a liderar um processo de consolidação no setor com a consequente criação de um grande laboratório nacional, mas as conversas não passaram da primeira página da bula. O principal ativo da Blau é o seu portfólio de medicamentos biotecnológicos. Comprar a empresa significa ainda herdar três fábricas, duas em Cotia (SP) e outra em São Paulo, e um faturamento anual em torno de R$ 200 milhões. Procurada pelo RR, a Blau negou a venda do controle. A Pfizer informou que “não comenta especulações de mercado”. Já a EMS não se pronunciou até o fechamento desta edição. Desde os frustrados planos de abertura do capital, em 2010, a Blau tem sentido cada vez mais cãibras na tentativa de acompanhar os passos dos grandes players do setor. Na disputa pela companhia, a Pfizer acredita ter um diferencial em relação a EMS. Está disposta a replicar na eventual aquisição da Blau um modelo parecido com o adotado na compra do Teuto. Parecido, mas com uma mudança fundamental. Os norte-americanos aceitam a permanência de Marcelo Hahn na empresa, porém com uma participação minoritária. Desta vez, a Pfizer quer o controle da operação. O Teuto lhe serviu de lição. A posição de inferioridade no laboratório goiano – do qual comprou apenas 40% – tem criado alguns dissabores para o grupo. Haveria um descasamento entre o ritmo de expansão desejado pela Pfizer e o timing do empresário Walterci de Melo, controlador do Teuto. Os norte-americanos defendem uma maior dosagem de investimentos, mas a ideia estaria enfrentando a resistência do sócio majoritário.
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Transnordestina
12/01/2012Benjamin Steinbruch quer não só a mão, mas o braço inteiro. Além do pedido para que o governo autorize o aumento do custo de construção da Transnordestina em R$ 1 bilhão, trabalha para que o BNDES aumente a sua cota no financiamento do projeto. Benjamin é um baita empresário, mas não resiste a enfiar a mão no bolso da União.
Acervo RR
Motor extra
2/01/2012A Ford não está disposta a desembolsar sozinha os R$ 400 milhões necessários para a construção de sua fábrica de motores na Bahia. Deve buzinar na porta do BNDES, inclusive levando no banco do carona Jaques Wagner.
Acervo RR
Copa 2014
2/01/2012Segundo informações filtradas junto ao próprio BNDES, a carteira de empréstimos voltados a construção de estádios para a Copa de 2014 vai bater na marca de R$ 4 bilhões até março. No momento, já passaram pelas catracas do ProCopas Arenas cerca de R$ 3,1 bilhões.
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Tecnologia
27/12/2011O BNDES vai dar uma chacoalhada no Funtec, fundo de venture capital voltado ao setor de tecnologia
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Lusco-fusco
27/12/2011Diante da dificuldade em vender a parte da Inepar na Cemat – ver RR nº 4.274 – Atilano Oms Sobrinho está tentando antecipar a renegociação da sua dívida com o BNDES, em torno de R$ 600 milhões. O banco, no entanto, está irredutível. Só aceita conversar depois que ele se desfizer de suas ações na Cemat e usar os recursos para abater parte do passivo.
Acervo RR
Lupatech empurra a conta do hospital para Petros e BNDES
26/12/2011Sempre cabe mais um enfermo no amplo ambulatório da Viúva. Os controladores da Lupatech – a começar pelo fundador e atual presidente do Conselho de Administração, Nestor Perini- estão fazendo de tudo para jogar no colo de seus sócios estatais a conta da agonia financeira da empresa. Além do pedido de waver pelo descumprimento das cláusulas de dívida da segunda emissão de debêntures, que será formalizado ao BNDES nos próximos dias, a companhia bateu na porta da Petros. Segundo uma fonte da própria fundação, está tentando convencer a entidade, dona de 14,98% das ordinárias, a liderar um aumento de capital. O próprio BNDES, detentor de 11,4% das ONs, também seria um personagem fundamental da operação. De acordo com a mesma fonte, a holding Lupapar, que reúne as ações da família Perini, não atenderia a chamada de capital, reduzindo sua participação, hoje de 25%. No BNDES e na Petros, a percepção é que os sócios da Lupatech estão tentando sair do negócio com o menor número possível de arranhões. A sensação é que a família vai queimar o único trunfo que tem na mão: os diversos contratos com a Petrobras. O risco de atraso na entrega de equipamentos para a estatal é visto como um fator que pode acabar forçando o BNDES e a Petros a aportar recursos na Lupatech mesmo que a revelia. O banco e o fundo fazem projeções em cima de um cenário extremo. Na eventualidade de uma paralisação das atividades da empresa, dificilmente a Petrobras conseguiria remanejar as encomendas a tempo de manter o cronograma de alguns de seus projetos na área de exploração e produção. O BNDES ainda tem uma adaga extra cravada em suas costas: os quase R$ 400 milhões em crédito contra a Lupatech. A fragilização da empresa só aumenta as chances de o banco nunca mais ver a cor deste dinheiro. No momento, a Lupatech soma mais de R$ 1 bilhão em passivos de curto prazo para um patrimônio líquido em torno de R$ 70 milhões. Ao mesmo tempo em que tenta enfiar o batráquio do aumento de capital goela abaixo do BNDES e da Petros, a Lupatech prossegue em sua via crucis para fazer caixa. A empresa vai intensificar a política de se desfazer de ativos considerados não estratégicos. Há conversas com a General Electric para a venda de todas as suas operações no segmento de fabricação de válvulas, o que inclui as subsidiárias Jefferson, Vipel, Valmicro e Valbol, esta última na Argentina. Recentemente, a Lupatech vendeu a Steelinject. No momento, analisa uma oferta da HidroJet por outra de suas subsidiárias, a Microinox.
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BNDES assume o volante para a venda da Busscar
20/12/2011O início do processo de recuperação judicial da Busscar pode representar uma guinada no itinerário da fabricante de carrocerias, que rumava, a cem por hora, na direção do penhasco. Pelo menos este é o consenso na diretoria do BNDES, que vem acompanhando praticamente sentada ao volante a longa agonia da empresa catarinense. Na última semana, teriam ocorrido duas reuniões do comando do banco para tratar exclusivamente do assunto. Na avaliação dos executivos da instituição, o novo cenário jurídico abre espaço para a venda integral do controle da companhia. Este sempre foi o desejo do BNDES, que está disposto a subsidiar a venda da Busscar mediante a compra de uma participação minoritária no capital, que pode chegar a 30%. Ainda que quisesse, dificilmente a agência de fomento poderia virar as costas para este ônibus desgovernado. O BNDES é o principal credor da companhia, o que, por si só, já o colocaria na posição de maior interessado na salvação da fabricante de carrocerias. Além disso, há um forte argumento social para que o banco participe desta caravana. O eventual fechamento da Busscar terá forte impacto sobre a economia de Joinville. Da noite para o dia, mais de 3,5 mil pessoas engrossarão os índices de desemprego do Ministério do Trabalho. A partir de agora, a prioridade do BNDES é usar de todo o seu peso para convencer os demais credores da Busscar a aprovar a venda integral da companhia e a aceitar um generoso deságio do passivo. O endividamento da empresa já estaria na casa dos R$ 700 milhões. Outro importante credor é o Santander, a quem a companhia deve mais de R$ 120 milhões. A recuperação judicial e a consequente posição do BNDES representam uma catarata de água fria para a Caio Industrial. Aproveitando- se da extrema fragilidade da Busscar, a empresa paulista já dava como favas contadas a compra dos equipamentos e da fábrica de Joinville por aproximadamente R$ 40 milhões. O negócio seria ótimo para a Caio, que pegaria o filé-mignon e deixaria quilos e quilos de pelancas para os credores e os funcionários. Com a disposição do BNDES de financiar a venda da fabricante catarinense, quem sobe na gangorra é a gaúcha Comil. A companhia sempre demonstrou interesse em ficar com toda a operação da Busscar, desde que o passivo fosse reduzido e ela tivesse no banco de carona a luxuosa companhia do BNDES. A Comil estaria disposta a manter os Nielson, fundadores da empresa, com uma pequena participação minoritária. Neste ponto específico, no entanto, a simetria de interesses com o BNDES não é a mesma. O comando do banco enxerga que a família demorou a entender a gravidade da situação e a aceitar a transferência do controle da companhia.
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Doce BNDES
16/12/2011Surgiu uma luz entre as trevas da indústria sucroalcooleira do Norte do Rio de Janeiro. A Copersucar planeja montar uma base de produção de etanol na região, de olho nas facilidades logísticas para a exportação do produto. Para isso, no entanto, quer se lambuzar de melado do BNDES, leia-se um financiamento para a compra e a modernização das sucateadas usinas locais.
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Coalhada O BNDES
14/12/2011está perdendo a paciência com a Itambé. A empresa quer financiamento para a compra de ativos do setor. Mas, na hora de discutir uma eventual transferência de parte das ações para o banco, a conversa nunca anda.
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Águas do Brasil filtra as impurezas societárias da Haztec
7/12/2011Queiroz Galvão e Carioca Engenharia costuram um de seus maiores investimentos na área de saneamento. A aguas do Brasil, controlada pelas duas empreiteiras, negocia a aquisição da Haztec, uma das principais empresas de tratamento de resíduos industriais do país. Estima-se que a operação possa chegar perto dos R$ 500 milhões, entre pagamento cash e troca de ações. Um personagem-chave para o acordo é o InfraBrasil, que reúne Previ, Petros, Funcef e BNDESPar. Dono de aproximadamente um terço das ações da Haztec, o fundo está disposto a promover um cruzamento societário para viabilizar a operação. Em troca do seu quinhão na empresa, o InfraBrasil receberia um lote de ações da própria aguas do Brasil. Já o empresário Paulo Tupinambá pretende vender integralmente sua participação na Haztec. Não é de hoje que ele tenta pular fora do barco. Neste ano, Tupinambá quase alcançou seu intento. Chegou a fechar uma fusão com a Estre Ambiental, operação que lhe permitiria, mais a frente, deixar o negócio. No entanto, o acordo foi desfeito. A dívida da Haztec e os desentendimentos com Wilson Quintella, controlador da Estre, falaram mais alto. Tão ou mais importante do que o projeto em si é a alta do rating da Queiroz Galvão e da Carioca Engenharia junto ao BNDESPar e aos fundos de pensão. Os acionistas do InfraBrasil não conseguem mais esconder o descontentamento gerado pela convivência com Paulo Tupinambá. Segundo relato do dirigente de uma das fundações, o empresário prima pela prepotência e pelo absolutismo na gestão da Haztec. Para a Previ e cia., o fim da sociedade com Tupinambá é a melhor filtragem que pode ser feita na empresa. Com a compra da Haztec, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia passariam a ser donas de uma holding com faturamento acima de R$ 2 bilhões – algo como 40% a mais do que a receita da aguas do Brasil prevista para este ano. A nova empresa transborda complementaridade. Ficarão sob o mesmo guarda-chuva sete concessões de saneamento (quatro no Rio de Janeiro e três em São Paulo), além de uma das mais cobiçadas carteiras de clientes no mercado de tratamento de resíduos industriais.
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Curto-circuito
5/12/2011Além do empréstimo de R$ 875 milhões do BNDES, a CEB prepara uma emissão de títulos. É mais uma tentativa da distribuidora de energia do Distrito Federal de amortizar sua dívida de R$ 900 milhões e manter seu plano de investimentos para 2012.
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Cinturão hoteleiro
29/11/2011O governo do Rio de Janeiro trabalha no projeto de criação de um complexo hoteleiro no entorno do Riocentro, na Zona Oeste da capital. O investimento, que deverá ser feito em parceria com o Ministério do Turismo e o BNDES, está orçado em aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Já existem conversas com grupos hoteleiros. O Hilton está na fila do gargarejo.
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Pacote aéreo
25/11/2011Com a luxuosa colaboração do ministro da Defesa, Celso Amorim, e do BNDES, a Embraer está muito perto de fechar a venda de um lote de jatos militares para o governo argentino. O banco deverá financiar metade da encomenda, estimada em US$ 300 milhões.
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BNDES verde
23/11/2011O BNDES estuda novas regras para a concessão de empréstimos a produção de commodities agrícolas na Amazônia. Os financiamentos deverão ser restritos a projetos desenvolvidos fora de áreas classificadas como de grande impacto ambiental.
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Brado é a locomotiva da ALL para entrar no capital da Iochpe
18/11/2011O fracasso subiu a cabeça da América Latina Logística (ALL) no que diz respeito a produção de vagões. Mesmo após a malsucedida experiência com a Santa Fé, a empresa resolveu partir para uma nova empreitada, de bitola ainda mais larga. Por intermédio da controlada Brado, uma sociedade com a Standard, a ALL pretende abocanhar um naco do capital da Iochpe Maxion, maior fabricante de vagões do país. A empresa cai como uma luva no padrão societário da ALL, com o capital pulverizado. Há ainda um sócio comum que é peça chave na negociação entre as duas empresas. A BNDESPar é acionista tanto da ALL, com 12% das ordinárias, quanto da Iochpe Maxion, com 7% do capital votante. Não é de hoje que o banco trabalha para fortalecer a Iochpe Maxion e criar um grande grupo nacional verticalizado no setor ferroviário, com notória capacidade de atender a demanda interna e ainda contribuir para o superávit comercial. Os mercados mais visados são a América Latina e a africa. A proposta alinhavada pela ALL é que a Brado faça uma troca de ações com a Iochpe Maxion, que, no fim das contas, daria a companhia em torno de 5% das ações da fabricante de vagões. Por outro lado, a Iochpe Maxion ficaria com aproximadamente 40% de participação na Brado. A transação daria a ALL acesso privilegiado e a custo mais baixo a compra de vagões para compor a frota da Brado, que tem 2% do mercado de contêineres transportados e pretende chegar a 12% em cinco anos. A Iochpe Maxion passaria a ter como compradora cativa a maior concessionária de ferrovias da América Latina. De quebra, cortaria parte do mercado dos concorrentes chineses, que têm marcado posição cada vez mais abrangente no país. No BNDES, a transação é vista como uma oportunidade de ouro para reduzir sua participação em ambas as empresas e ficar com uma porta de saída mais a frente. Para o braço de participações do banco, a troca de ações abriria espaço para a própria ALL se tornar sócia da Iochpe Maxion em um segundo momento ou – por que não? – até mesmo para uma fusão entre as duas empresas.
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Dilma promove um bazar hidrelétrico no exterior
3/11/2011Dilma Rousseff chegou a conclusão de que o Brasil -vende- mal suas hidrelétricas no exterior. Até o fim de novembro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, vai fazer um road show junto a investidores da Europa, Estados Unidos e asia. Contará com o suporte do Banco do Brasil – Banco de Investimentos (BB-BI). Lobão fará uma minuciosa apresentação dos futuros projetos hidrelétricos inseridos no Plano Decenal de Expansão da Oferta de Energia, a começar pelas usinas do rio Tapajós, com licitação prevista para 2012. O Ministério de Minas e Energia vai se comprometer com o leilão do equivalente a 10 mil megawatts durante o próximo ano. Com esta operação-arrastão, o governo pretende pescar na mesma rede private equities, fundos soberanos e financiamentos de bancos internacionais para os leilões das geradoras. Ainda que as estatais, como a própria Eletrobras e o BNDES, continuem sendo figuras obrigatórias na indução de investimentos do setor elétrico e na formação dos consórcios, a intenção do Planalto é ao menos reduzir a dependência de recursos públicos para a construção das futuras usinas. Em seu giro internacional, Edison Lobão vai também fazer paradas estratégicas no Conselho de Meio Ambiente da Comunidade Europeia e se reunir com dirigentes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). A intenção é desconstruir o lobby internacional encabeçado pela OEA, que levantou a possibilidade de sérios impactos ambientais causados, principalmente pelas geradoras da Região Amazônica. A cantilena da OEA atingiu seu ponto máximo nos meses que antecederam o leilão da usina de Belo Monte. Na ocasião, o governo constatou uma queda do volume de consultas de bancos financiadores internacionais, o que foi diretamente atribuído a s denúncias feitas pelo organismo multilateral .
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Virgolino de Oliveira
1/11/2011A BNDESPar prepara-se para desembarcar no grupo sucroalcooleiro Virgolino de Oliveira com dois chapéus. De um lado, está prestes a liberar um financiamento de R$ 170 milhões; do outro, negocia a compra de uma participação minoritária na empresa, associada da Copersucar.
Acervo RR
InfraBrasil II está no ventre dos fundos de pensão
1/11/2011Mais uma vez, a conta caiu no colo dos fundos de pensão. O governo convocou as principais fundações do país para um remake do InfraBrasil. Previ, Petros, Funcef, ladeados pela BNDESPar, estão costurando a montagem da segunda versão do fundo de investimentos, voltado ao setor de infraestrutura. Os aportes devem somar cerca de R$ 800 milhões. Além das três maiores fundações do país, a forçatarefa vai contar com a participação de alguns integrantes da Série B da previdência privada, como Real Grandeza (Furnas) e Postalis (Correios). Há possibilidade de um reforço estrangeiro: o banco espanhol La Caixa. A exemplo da sua versão original, o InfraBrasil II deverá ser administrado pelo Santander. A estratégia de atuação também será mantida: sua presença em consórcios e projetos se limitará a fatias minoritárias. O novo fundo ficará praticamente circunscrito a s áreas de saneamento e transporte – neste segundo caso, o alvo são as concessões rodoviárias que serão licitadas pela ANTT no próximo ano. Contemplará, portanto, setores que não foram atendidos pelo Infra- Brasil I. Este último permanecerá focado na compra de participações em projetos de energia renovável e na área ambiental. Entre os ativos em carteira, destacam- se a Renova Energia, dona de PCHs e parques eólicos, e a Haztec Ambiental, empresa de tratamento de resíduos industriais.
Acervo RR
EMS parte para a carreira solo na aquisição de laboratórios
31/10/2011A pretensão de Carlos Sanchez, dono do laboratório EMS, de liderar o processo de consolidação da indústria farmacêutica nacional com as bênçãos do BNDES virou pílula de farinha. O empresário, que vinha mantendo conversações com a agência de fomento há mais de um ano, virou carta fora do baralho. Além de discordâncias de ordem financeira, o banco passou a olhá-lo com enorme antipatia. Segundo uma fonte do próprio BNDES, Sanchez ganhou fama dentro da instituição de ser um personagem intransigente e arrogante. Mudou a bula do BNDES, mudou o receituário do laboratório. Sem o biotônico da agência de fomento, o EMS vai ter de coçar o bolso para levar adiante o seu plano de aquisições. O principal objeto de cobiça de Carlos Sanchez é a União Química. Controlado pela família Castro Marques, o laboratório tem três fábricas – em Brasília, Pouso Alegre (MG) e Embu Guaçu (SP) – e faturamento anual em torno de R$ 500 milhões. O interesse do EMS coincide com um momento nevrálgico para o futuro da União Química. Fernando de Castro Marques, sócio majoritário, está negociando a compra da participação de seus dois irmãos, Cleiton e Paulo Marques, donos de 36% da empresa. As gestões vêm sendo conduzidas pelo Deustche Bank e pelo BTG Pactual. Há mais do que coincidências nestes dois movimentos. A intenção de Fernando de se tornar o único acionista da União Química estaria relacionada justamente a investida do EMS. Sem os irmãos a tiracolo, o empresário terá maior poder de fogo para negociar um prêmio de controle ainda mais vantajoso. Procuradas pelo RR, a União Química informou que não está a venda e a EMS não retornou até o fechamento desta edição. Após as frustradas negociações com o BNDES, Carlos Sanchez terá de buscar em outros frascos as drágeas necessárias para garantir a expansão do EMS. Além de utilizar recursos do próprio caixa, o empresário vai marchar na direção do mercado acionário e pretende abrir o capital do laboratório em 2012 caso a azia das bolsas de valores dê sinais de arrefecimento. Sanchez vai precisar mesmo da maior dose possível de fortificante. Além dos planos de aquisição, o empresário planeja construir ao longo de 2012 três fábricas de medicamentos, que serão instaladas em Brasília, Manaus e Jaguariúna, interior de São Paulo. O desembolso será de quase R$ 400 milhões.
Acervo RR
Barnabé
27/10/2011De um ex-sócio do financista Paulo Guedes, ídolo do RR pelo seu equilíbrio e temperança: -O Paulo virou funcionário público. O dinheiro do fundo dele é todo do BNDES, da Previ, Funcef e Petros. É por isso que ele não mete mais o malho no Luciano Coutinho-. Pode ser. Mas parece mais uma maledicência com o Paulinho.
Acervo RR
Dependência
10/10/2011Sócio do Independência, o BNDES está disposto a usar todo o seu poder paraforçaravendadaempresa ao frigorífico paranaense Alfredo Kaefer. O banco considera que os credores atuaram no limite da responsabilidade ao rechaçar a oferta pela companhia.
Acervo RR
JBS abusa do disclosure na dissimulação
4/10/2011Recomenda-se ao Cade, a Secretaria de Direito Econômico, ao Ministério do Desenvolvimento e a CVM que leiam com atenção o comunicado ao mercado divulgado ontem pela JBS. Os irmãos Wesley e Joesley Batista, pretendentes a donos de todo o gado brasileiro, devem estar de brincadeira quando informam que qualquer ação voltada a fusão com Marfrig e Minerva – será devidamente comunicada pelas vias oficiais, seguindo as boas práticas de governança.- Ora, é uma desgovernança cerebral achar que o governo permitirá tamanha concentração no setor. Só falta os irmãos Batista dizerem que, caso o BNDES participe, também irão comunicar ao mercado pelas vias oficiais. É o estouro da boiada!
Acervo RR
Inferno, eu?
26/09/2011Abílio Diniz parece levar ao pé da letra a máxima sartriana de que o inferno são os outros. Em conversa recente com um seleto time de empresários paulistas, Diniz atribuiu a frustrada fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour a falta de apoio do Planalto: -Se Dilma e o BNDES tivessem bancado, eu esmagava o Casino como se ele fosse uma mosca.-
Acervo RR
BP e Grupo Ultra duelam pela Copersucar
26/09/2011O processo de consolidação da indústria sucroalcooleira chegou a um capítulo decisivo, capaz de alterar substancialmente o quadro de forças do setor. Há uma disputa tácita entre dois players por um dos maiores e mais cobiçados ativos do mercado: a Copersucar. Os contendores em questão são a BP, gigante mundial da área de combustíveis, e a Ipiranga, leia-se Grupo Ultra. O conglomerado britânico saiu na frente. Já manteve conversações preliminares com os acionistas da empresa paulista. A Copersucar é tratada pelos ingleses como o último grande ativo de controle nacional capaz de dar escala e musculatura a s suas operações em etanol no país. Juntas, as duas companhias criariam a maior processadora de cana-de-açúcar do país. BP e Copersucar somam capacidade de moagem da ordem de 128 milhões de toneladas por safra, praticamente o dobro da produção da Raízen, leia-se Cosan e Shell. A nova empresa teria um faturamento de quase R$ 10 bilhões por ano. Apesar de a BP ter largado na frente, a Ipiranga não pode, em hipótese alguma, ser considerada uma carta fora do baralho. A empresa conta com um potente anabolizante para acelerar suas passadas. O BNDES vê com bons olhos a possibilidade de criação de um grupo nacional puro-sangue com operações integradas na produção de etanol e na distribuição de combustíveis. Há no governo uma crescente insatisfação com o avanço do capital estrangeiro na produção de etanol. O poder de grupos internacionais na formação de estoques e na fixação dos preços do álcool é cada vez maior e só tende a crescer. A própria BP foi responsável pelo lance mais recente. Há cerca de dez dias, fechou a compra das participações da Brasil Ecodiesel e da Louis Dreyfuss na Usina Tropical, assumindo integralmente o controle da empresa. Aos olhos do governo, o BNDES pode e deve ser usado como antídoto contra a invasão dos grupos estrangeiros no setor. O apoio do banco – seja por meio de financiamento, seja por meio de uma participação societária no negócio – se tornaria um facilitador para a fusão entre a Copersucar e a Ipiranga. A associação daria origem a um grupo capaz de rivalizar com a Raízen – vista pelo governo como uma espécie de centauro do etanol, metade brasileira e metade estrangeira. A empresa resultante da fusão entre Copersucar e Ipiranga teria uma capacidade de moagem de 115 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e uma rede de distribuição de combustíveis com mais de 5,5 mil postos. Para efeito de comparação, a Raízen deverá processar cerca de 58 milhões de toneladas de cana na safra 2011/2012 e tem cerca de 4,5 mil pontos de venda de combustíveis. No entanto, há ervas daninhas e gafanhotos no caminho tanto da Ipiranga quanto da BP. Se, por um lado, a associação com a Copersucar significa um bônus em termos de estratégia, ocupação de mercado e aumento da produção, por outro há o ônus de uma difícil convivência societária. A própria estrutura de controle da empresa é um complicador para uma operação deste porte. São quase 50 usinas em sistema de cooperativa, cada uma com seus interesses. Entre as usinas de pequeno e médio portes, há um grande e justificado receio de que a associação com outro grande grupo signifique a diluição de sua participação tanto na composição acionária quanto na gestão.
Acervo RR
BDMG
26/09/2011Antonio Anastasia vai criar uma espécie de -BNDESPar do pão de queijo-. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) ganhará um braço de participações. O alvo prioritário é entrar no capital de projetos de infraestrutura
Acervo RR
Agrobank
21/09/2011A vice-presidência de agronegócio que o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, quer ver criada no BNDES tem na verdade a função de emplacar um correligionário na estrutura do banco. É bem provável que vingue. Luciano Coutinho é um bom moço. Mas só para recordar, Fibria, BR Foods, Marfrig, JBS, Maggi, Copersucar…O BNDES já é quase um banco de agronegócio.
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Lucroduto
20/09/2011Desde o início do ano, a General Motors estaria remetendo para a matriz cerca de um terço do seu lucro no Brasil. E a direção da montadora ainda pensa em pedir um empréstimo no BNDES para financiar a expansão da fábrica de Gravataí.
Acervo RR
Leroy Merlin põe menos concreto no Brasil
19/09/2011Não obstante os índices de crescimento no mercado imobiliário, há algo de estranho no varejo de materiais de construção. A C&C, de Aloysio Faria, pisou no freio, a Dicico se viu forçada a entrar no modelo de franquias para reduzir o desembolso de recursos próprios na abertura de lojas e agora é a vez da Leroy Merlin reduzir o ritmo das suas passadas. A rede francesa está revendo seu plano de investimentos no país, que previa originalmente um aporte de R$ 1 bilhão para o período 2010-2014. O valor poderá ser diminuído em até 20%. A retração já pode ser observada pelo andamento da abertura de lojas, que perdeu velocidade. Para cumprir a meta de chegar a 2014 com 40 pontos de venda, a Leroy Merlin teria de duplicar no próximo triênio a média atual de inaugurações, em torno de três por ano. Curiosamente, o desempenho da Leroy Merlin no Brasil está longe de se jogar fora. Nos últimos três anos, o faturamento da subsidiária cresceu, em média, 25%. No entanto, a matriz teve de realocar recursos em operações deficitárias na Europa. Para compensar, a Leroy Merlin chegou a procurar o BNDES em busca de funding para manter parte dos planos de investimento no país. Bateu em muro de tijolos. O banco tem por regra não emprestar recursos a redes varejistas internacionais.
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Fatura pesada
15/09/2011A Hyundai Heavy Industries quer dividir com o BNDES a conta da construção de sua fábrica de escavadeiras e carregadeiras em Itatiaia (RJ). Por dividir, leia-se a entrada da BNDESPar no negócio
Acervo RR
RHI ergue sua fábrica em terreno pantanoso
14/09/2011Bem que o CEO mundial da RHI, Franz Struzl, poderia aproveitar sua visita ao Rio de Janeiro amanhã, quando anunciará oficialmente a construção de uma fábrica de refratários no município de Queimados, para explicar os pontos nebulosos que envolvem o empreendimento. O projeto já nasce envolto por um espesso fog, notadamente no que diz respeito a compra do terreno onde ficará a planta industrial. O RR teve acesso a ampla documentação que revela excêntricos procedimentos nas negociações conduzidas pelos executivos da RHI no Brasil. No dia 4 de novembro de 2010, a propriedade, que pertencia aos espólios de José Augusto Vereza e de Laerte da Silva, foi vendida a Jogasus Construções e Serviços, empresa com sede em Duque de Caxias, por R$ 2,5 milhões. A transferência foi registrada no 5º Ofício de Notas, Livro 3.738, Folhas nos 0109/0111. Em 9 de novembro, o mesmo terreno foi revendido pela Jogasus a RHI por R$ 11,760 milhões. A operação foi lavrada no 15º Ofício de Notas, Livro 2.460, Folha 146. Ou seja: em apenas cinco dias, o imóvel valorizou 370%. Por que razão o grupo austríaco pagaria tanto por um terreno na Baixada Fluminense vendido poucos dias antes por quase um quinto do valor? Procurada pelo RR, a RHI informou que – no mercado imobiliário é praticamente uma regra que o valor da terra seja baixo quando o terreno é dividido em muitos lotes. Uma vez que ele se torne um único terreno, esse valor aumenta significativamente, especialmente se uma empresa requer uma área tão extensa para sua produção -. Pode até ser. Mas o fato é que, na moeda de interesse dos austríacos, o overprice em menos de uma semana foi de quase 4 milhões de euros. Das duas uma: ou o mercado imobiliário de Queimados tornouse o melhor investimento do mundo ou a direção da RHI não tem cuidado do dinheiro de seus acionistas com o devido zelo. Em tempo: o enevoado processo de construção da fábrica no Brasil coincide com a troca no comando mundial da RHI. Recentemente, o então CEO, Henning Jensen – que, inclusive, estava escalado para vir ao Rio anunciar o projeto -, deixou o cargo. De acordo com a teoria dos seis graus, desenvolvida nos Estados Unidos na década de 60, todas as pessoas do mundo estão ligadas umas as outras por, no máximo, seis laços de amizade. No caso da RHI e da Jogasus, bastou apenas um elo: a Prefeitura de Queimados. Em 7 de dezembro de 2009, a Jogasus firmou contrato com o município para a reforma, manutenção e pintura da Escola Metodista de Queimados. Segundo informações filtradas junto ao Tribunal de Contas do Estado, só o segundo termo aditivo do acordo foi fixado em R$ 649.906,29. A mesma Prefeitura, por sua vez, concedeu significativos benefícios fiscais para que a RHI instalasse sua fábrica na cidade. Em meio a forte serração que cerca o projeto, a construção da fábrica de Queimados é considerada pela RHI um movimento crucial do ponto de vista geoeconômico. Ao invadir o território da Magnesita, a RHI pretende afastar o rótulo de que hoje é uma presa potencial para uma investida da própria empresa brasileira. Não é de hoje que Ronaldo Iabrudi, presidente da companhia, vem conversando com o BNDES em busca de apoio para o projeto de criação de uma grande multinacional brasileira da área de refratários. Se depender das lambanças dos gestores da RHI no Brasil, a fábrica de Queimados terá na entrada não o nome do grupo, mas sim uma placa com a marca da Magnesita. E a conta dessas inclassificáveis negociações vai para o bolso dos austríacos.
Acervo RR
Drogaria São Paulo e Pacheco saem Á s compras de mãos dadas
8/09/2011Se o BTG Pactual, dono da BR Pharma, não acelerar seus planos de consolidação no varejo farmacêutico, periga não encontrar ativos de maior dosagem nas prateleiras. A Drogaria São Paulo e a Pacheco, que anunciaram sua fusão na última semana, já fecharam o negócio com a premissa de partir ainda neste ano para a compra de redes de menor porte no setor. De acordo com alta fonte de um dos bancos que trabalham na associação entre as duas empresas, a lista de aquisições é encabeçada por uma companhia com sede no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. Os alvos são, respectivamente, o Grupo Maxcenter, dono das redes Max e Padrão, e a DrogariaOnofre. Entre as famílias Barata e Carvalho, controladora da DPSP, empresa resultante da fusão entre Drogaria São Paulo e Pacheco, a Maxcenter é vista como uma presa mais fácil de cair na rede. O grupo carioca estaria sofrendo com algumas limitações para expandir sua rede. A Onofre, por sua vez, é considerada um osso duro de roer. A família Arede, controladora da empresa, já rechaçou o assédio de outros grupos do setor. Uma hipótese aventada pelos controladores da DPSP para fisgar a rede paulista é oferecer uma participação minoritária na holding para os seus atuais proprietários. De acordo com a mesma fonte, os controladores da holding estudam recorrer ao BNDES para financiar as aquisições – o IPO está previsto apenas para 2012. Por enquanto, são tudo conjecturas. Mas não deixar que o BTG nade sozinho na raia das aquisições é uma decisão estratégica. Com a eventual compra tanto da Maxcenter quanto da Drogaria Onofre, a DPSP passaria de 691 para mais de 800 farmácias, assumindo o primeiro lugar do ranking pelo número de lojas ? o posto é da dupla Drogasil/Droga Raia, com cerca de 700 pontos de venda. No que diz respeito ao faturamento, a nova holding consolidaria sua liderança de mercado, saltando de R$ 4,4 bilhões para vendas anuais em torno dos R$ 6 bilhões. Deixaria bem para trás Drogasil/Droga Raia, com receita de R$ 4,1 bilhões, Pague Menos (R$ 2,2 bilhões) e a própria BR Pharma (R$ 1,2 bilhão). No market share, sairia de 8,7% para pouco mais de 9,2%, abrindo certa distância em relação aos 8,3% da segunda colocada, a Drogasil/Droga Raia. No caso da Onofre, a aquisição ainda permitiria a DPSP a entrada em dois novos estados – Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
Acervo RR
Wipro faz do Brasil sua nova Bangalore
8/09/2011A indiana Wipro Technologies, um dos gigantes mundiais da área de TI, vai apertar a tecla de seu maior plano de investimentos no mercado brasileiro desde que chegou ao país, em 2006. O projeto de expansão está baseado no verbo comprar. A Wipro mira três empresas brasileiras do setor. Uma delas seria a paulista Cipher, especializada em sistemas de segurança da informação. A empresa tem como sócio o BNDESPar, dono de 15% do capital. Degrau a degrau, o Brasil vem ganhando importância cada vez maior na estratégia internacional da Wipro. Em 2009, a empresa instalou um centro de desenvolvimento em Curitiba. No ano seguinte, a subsidiária brasileira foi escolhida como o QG do grupo para toda a América Latina. Além das aquisições, os planos de investimento da Wipro contemplam a instalação de seu segundo centro de pesquisas no país – São Paulo e Minas Gerais estão no páreo. Hoje, a operação brasileira é responsável por aproximadamente 3% do faturamento global do grupo, em torno de US$ 6 bilhões por ano. Os indianos acreditam que é possível duplicar esta participação até o fim de 2012. Isso, ressalte-se, apenas com o crescimento pelo greenfield, sem contar, portanto, com as virtuais aquisições.
Acervo RR
BNDES vira o ponto final da Busscar
31/08/2011O futuro da Busscar – ou talvez a falta dele – virou assunto de Estado. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, entrou em campo no que talvez seja a derradeira tentativa de garantir a sobrevivência da fabricante de carrocerias de Joinville. Colombo está tentando arrancar do BNDES quase que a fórceps uma solução para a continuidade da empresa. Por solução, entenda-se a entrada do banco no capital da Busscar, mediante a conversão de uma dívida de R$ 30 milhões e, simultaneamente, um aporte de recursos. A dupla operação teria como objetivo transformar o banco em acionista controlador da companhia, em substituição a família Nielson. Colombo está convicto de que a presença do BNDES viabilizaria, em um segundo momento, a renegociação da Busscar para outra indústria do setor. Neste caso, todos os olhos se voltam para a Marcopolo. Trata-se de uma operação complexa. Há pouco mais de um ano, o BNDES chegou a estudar a compra de uma participação da Busscar, mas a operação teria sido vetada pela área técnica do banco. Colombo vem tentando dobrar a resistência da agência de fomento valendo-se de argumentos de caráter social. O fechamento da fábrica da Busscar significaria a demissão de aproximadamente quatro mil funcionários, o que teria um enorme baque sobre a economia de Joinville. Já há algum tempo a Busscar chegou a um ponto visto pelos seus credores e pelo governo do Estado como de difícil equacionamento. A empresa tem produzido de forma errática desde o ano passado. Os atrasos no pagamento dos salários são constantes.
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InfraBrasil
30/08/2011O InfraBrasil, fundo da área de infraestrutura capitaneado por BNDES, Previ e Petros, prepara a captação de R$ 1 bilhão. A pescaria tem como alvo os projetos do PAC 2.
Acervo RR
BNDES e Eletrobras pagam a conta das futuras hidrelétricas
25/08/2011As eventuais mudanças no programa nuclear brasileiro vão custar caro para o governo. O iminente atraso na construção das quatro usinas atômicas já aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) será compensado com uma descarga extra de subsídios. Como forma de garantir as metas de produção de energia para os próximos anos, o Planalto vai acelerar a instalação de hidrelétricas com o apoio ainda mais escancarado do BNDES e da Eletrobras. O banco será o fiador-mor das geradoras. Todos os novos projetos passarão a ter financiamento pré-aprovado pela instituição. O BNDES usará como garantia os contratos firmes de compra de energia – os chamados Power Purchase Agreement (PPA) -, que serão ofertados a indústrias eletrointensivas e comercializadoras de energia. Da mesma forma, a fatura que o governo vai jogar no colo da Eletrobras não será pequena. O preço da estatal será a onipresença. Em todos os leilões, a holding e suas subsidiárias deverão ter 49% do consórcio vencedor. Ou seja: significa dizer que todas as usinas serão licitadas com financiamento a perder de vista, assegurado pelo BNDES, e com a garantia da participação de um sócio operador, a Eletrobras ou suas controladas. A estatal será ainda responsável pelos estudos prévios de viabilidade dos projetos hidrelétricos, em Parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Aneel e o Ibama. O novo modelo contemplará, prioritariamente, usinas localizadas na Amazônia, com capacidade de geração individual superior a mil megawatts. Já valerá, portanto, para o leilão das hidrelétricas do Rio Tapajós, previsto para o primeiro semestre de 2012. Nos próximos 10 anos, o governo pretende injetar no Sistema Interligado Nacional (SIN) mais de 25 mil megawatts, o equivalente a quase duas usinas de Itaipu. Entusiasta dos grandes projetos hidrelétricos desde os tempos de Minas e Energia, Dilma Rousseff quer aproveitar as novas medidas para intensificar o uso do mecanismo de fast track criado pelo governo para agilizar as concessões no setor elétrico. O Planalto segue insatisfeito com o ritmo da liberação das licenças ambientais prévias e também com o excesso de rigor do TCU, que tem gerado atrasos na construção de usinas já leiloadas
Acervo RR
Frango na mesa
22/08/2011Marcos Molina, dono do Marfrig, confidenciou a dois empresários do setor que as negociações para a compra da Doux Frangosul com o apoio do BNDES estão bem avançadas. A conferir.
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Gas Natural
18/08/2011A espanhola Gas Natural retomou o projeto de fusão da CEG e da CEG Rio. Já iniciou as tratativas com a Petrobras e o BNDES, sócios das distribuidoras.
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BNDES
18/08/2011Resultado da fusão entre Plaza Inn, Grupo Solare e Bristol Hotels, a Allia Hotels está rondando o BNDES. Busca recursos para abrir 50 hotéis nos próximos três anos.
Acervo RR
O aggiornamento da sustentabilidade
15/08/2011Eliezer Batista é a própria sustentabilidade. Fonte renovável de contribuições para o Brasil, o expresidente da Vale é um dos artífices de uma inovação no conceito de desenvolvimento sustentável que começa a ser adotada por grandes grupos empresariais brasileiros. Açominas, Usiminas e V&M são algumas das empresas que já estão guiando seus futuros investimentos com base neste novo paradigma. Para simplificar, este aggiornamento da sustentabilidade atende pelo nome de Sistema de Gestão Integrada. Trata-se da última fronteira, um passo adiante em relação ao conceito original de desenvolvimento sustentável formulado pelo próprio Eliezer Batista e pelo empresário suíço Stephan Schmidheiny no início dos anos 90. O BNDES está apoiando a implementação destes novos parâmetros, Não é de hoje, o banco tem usado a avaliação das ações de sustentabilidade como critério para a concessão de empréstimos a projetos de economia física. Dentro deste processo darwiniano de evolução natural, variáveis como transversalidade da cultura e logística de integração ampla se juntam aos três vértices sobre os quais se equilibrou o conceito inicial de sustentabilidade ? econômico, social e ambiental. O Sistema de Gestão Integrada busca a simbiose da prosperidade dos empreendimentos com o seu entorno. O ensino das pessoas, por exemplo, está voltado para a combinação do interesse local e da tecnologia mais avançada. Outra questão fundamental: todos os projetos corporativos passam a ser certificados periodicamente, com o objetivo de atestar o cumprimento das diversas premissas.
Acervo RR
Central do Brasil
12/08/2011Jorge Paulo Lemann e Benjamin Steinbruch estão por trás de um audacioso projeto no setor ferroviário. ALL e CSN articulam a criação de uma fabricante de vagões nacional, que seria aberta a participação de outras concessionárias. Apesar de não faltar dinheiro, o BNDES será atraído a embarcar no comboio. O objetivo é reduzir a dependência dos fornecedores chineses, cada vez mais fortes no país.
Acervo RR
Reforma fundiária
12/08/2011A SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de soja, milho e algodão do Brasil, está se candidatando a megalatifúndio e grande consolidadora do setor. Teria batido na porta do BNDES para pedir um caminhão de adubo financeiro para a aquisição de empresas agrícolas e de terras. Melhor seria chamar também o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Acervo RR
LBR sofre para misturar seus diferentes tipos de leite
11/08/2011A mistura entre a experiência da GP Investimentos em fusões e aquisições, a tarimba de Marcus Elias na reestruturação de empresas e o conhecimento de Wilson Zanatta sobre o mercado de laticínios por enquanto está virando coalhada. O trio vem enfrentando sérias dificuldades no processo de integração da Lácteos Brasil (LBR), empresa criada a partir da associação da Monticiano (GP), da Laep (Elias) e da gaúcha Bom Gosto (Zanatta). As falhas na elaboração e na execução do plano de agrupamento das três companhias, sobretudo nas áreas industrial e logística, já fizeram, inclusive, sua primeira grande vítima. Apesar das negativas dos sócios, os problemas na integração teriam sido a gota d’água para a saída do executivo Fernando Falco, que presidiu a LBR até o início de julho. Nem mesmo o fato de ser egresso da Monticiano salvou a pele de Falco. Pelo contrário. A GP, dona da antiga empresa, teria sido a principal defensora da troca no comando da nova holding. Não há copo de leite morno que acalme a tensão entre os acionistas da LBR – grupo do qual também faz parte o BNDES, que aportou quase R$ 800 milhões na fusão. O cronograma de integração está fora dos trilhos. Uma das maiores dificuldades tem sido unificar as diversas culturas existentes dentro da companhia. A LBR é uma colcha de retalhos corporativos. Além das três empresas-mãe que deram origem a holding, existem no mesmo bule outras oito indústrias de laticínios compradas pela Bom Gosto nos últimos dois anos e meio. Ou seja: tratase da integração da integração. Um dos principais desafios tem sido a reorganização da estrutura industrial. Inicialmente, a empresa decidiu fechar quatro fábricas. No entanto, este número deverá subir para oito. A companhia se deparou com um número maior de plantas industriais obsoletas e de complexa modernização, sobretudo na Região Sul. A gestão da LBR subavaliou também as sobreposições do sistema de logística das várias companhias que formaram o novo grupo. Resultado: os custos de integração deverão ser até 20% maiores do que as cifras inicialmente estimadas. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a LBR não quis se pronunciar. Os contratempos na construção da LBR coincidem com um período de vacas mais magras na empresa. Entre janeiro e julho deste ano, o faturamento médio da companhia caiu aproximadamente 10% na comparação com o mesmo período em 2010. Com isso, a não ser que haja um salto nas vendas até dezembro, dificilmente a LBR vai atingir a meta de fechar 2011 com faturamento acima de R$ 3 bilhões.
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Camargo Corrêa
10/08/2011Enquanto os aeroportos brasileiros caem aos pedaços, a Camargo Corrêa negocia com o BNDES um financiamento para suas concessões na Colômbia e no Chile.
Acervo RR
O ano de 2011 vai dormir com mais um -Pibão- sob o travesseiro
10/08/2011De crise em crise, a economia brasileira enche o papo. Parece herético, não? Mas faz sentido. Apesar de já estarmos nos idos de agosto, o descalabro financeiro mundial pode empurrar o crescimento do PIB para uma faixa de 6%, com um acréscimo de um ponto e meio a dois pontos percentuais em relação a estimativa oficial do governo, segundo fonte do Ministério da Fazenda. A previsão que por enquanto vale é de 4%. O mercado trabalha com três e alguma coisa. O que muda o cenário é que o repertório anticrise é diferente, com estabilização ou queda da taxa básica de juros, redução do compulsório bancário e cortes nos impostos dos produtos industrializados, que o governo está doidinho para utilizar. Há semelhanças com 2008, quando o PIB foi lá para cima. Mas elas param aí. Guido Mantega et caterva parecem ter compreendido que o arsenal adequado para essa circunstância são as medidas monetárias. Se for necessário um pouco mais de combustível, melhor seria usar uma dosagem moderada de Fundo Soberano do que repetir a overdose de BNDES. O curioso é que o medo da crise tem revertido em bons Natais para os brasileiros. E a inflação? Bem, essa fica para 2012, já suavemente arrefecida pelo impacto da crise e pousando com os bons ventos do ajuste fiscal, que se tornou uma lição de casa compreendida por todos. Pelo menos, espera-se.
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BNDES
10/08/2011Em tempos de Copa do Mundo no Brasil, um banqueiro de investimento ligado ao futebol tem chutado para todos os lados uma ideia tresloucada. A proposta é que o BNDES se associe a clubes de futebol, turma que está sempre com o pires na mão a espera de uma ajuda do governo. O crédito seria condicionado, imaginem só, a abertura de capital em Bolsa. O projeto passa pela criação de empresas que assumiriam o patrimônio do clube. A BNDESPar teria participação nestas companhias
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Trem pagador
9/08/2011As empreiteiras ganharam mais uma. Por determinação do Planalto, o BNDES está fazendo um estudo para aumentar o volume de subsídios para a instalação do trem-bala.
Acervo RR
AES pede ao BNDES um troco para deixar a Brasiliana
8/08/2011Em sua recente visita ao Brasil, o vice-presidente mundial da AES, Andres Gluski, bateu a porta do BNDES com a proposta de um troca-troca societário que colocaria um ponto final em um dos mais longos imbroglios do setor elétrico. Segundo uma alta fonte da agência de fomento, o grupo está disposto a vender para o banco a sua participação de 50,01% na Brasiliana, controladora da Eletropaulo ? o restante das ações pertence ao próprio BNDES. Gluski teria afirmado que o grupo está revendo seus negócios no exterior e a saída da Brasiliana é tratada como um movimento-chave para a redução da exposure internacional. Em contrapartida, a AES contaria com o apoio do banco para seguir investindo no Brasil, só que, desta vez, apenas na área de geração. No alvo, hidrelétricas, usinas eólicas e solares. De acordo com a mesma fonte, o banco deverá entrar no negócio com dois chapéus: como financiador e como sócio dos projetos. No alto-comando do BNDES, todo e qualquer movimento do grupo norteamericano é visto com enorme dose de desconfiança e ceticismo. Dentro do banco, há quem diga que a AES não negocia, mas, sim, joga pôquer. O BNDES sabe bem onde lhe aperta o calo. O relacionamento com a multinacional é uma longa história de blefes e dissimulações. A própria passagem de Gluski pelo Brasil causou enorme estranheza. Ao mesmo tempo em que negociava com o BNDES, Gluski fazia um tour pela mídia negando qualquer intenção da AES de sair da Brasiliana. Incredulidades a parte, o fato é que a proposta trazida por Andres Glusky foi vista com bons olhos dentro do banco. A operação representaria o fim do impasse societário em torno da Brasiliana, resultado da postura dúbia da própria AES, que nunca foi muito clara em relação a seus planos futuros na empresa. De quebra, o governo ainda contaria com a garantia de novos investimentos em geração. Mas tudo isso é peanut se comparado ao maior benefício que será gerado com a saída da AES da holding. A operação permitiria ao governo rearrumar várias peças no tabuleiro do setor elétrico e deslanchar o tão ambicionado projeto de criação de uma grande empresa nacional de energia. O caminho ficaria aberto para uma fusão entre a Eletropaulo e a CPFL, operação que teria como dínamos o próprio BNDES e a Previ. A associação daria origem a uma distribuidora com cerca de 25 milhões de clientes, atuação em mais de 600 municípios e faturamento superior a R$ 22 bilhões por ano.
Acervo RR
Don Tartufo Á procura de um oponente
28/07/2011O economista Paulo Guedes, quando ainda era aluno da Universidade de Chicago, chamou o Nobel Milton Friedman para um debate público. Friedman olhou o menino, achou graça e nem respondeu. Anos depois, chamou também o professor Mário Henrique Simonsen para o duelo. Simonsen, que o achava um espalha-brasas, nunca lhe deu maior atenção. Quando estava na Funcex e no Ibmec, Guedes era enviado para embates com estruturalistas implacáveis, como Maria da Conceição Tavares. ?Solta o Paulo em cima deles?, é o que se dizia em ambas as casas. Mas, logo depois, ninguém queria bate-boca com o desalinhado. Atualmente, Paulo Guedes não tem encontrado adversários a sua altura, até porque mudou de postura, passando a seduzir seus potenciais contendores. Henrique Meirelles, a quem ele chama de o ?nosso Paul Volcker?, foi anunciado como futuro sócio. Luciano Coutinho, presidente do BNDES, de certa forma é um sócio indireto, pois parte dos recursos aportados na carteira da BR Investimentos vem do banco estatal. Mantega não deixa de ser um parceiro, pois tem ingerência – no bom sentido – junto aos dirigentes dos principais fundos de pensão. Só resta a Dilma. Pega ela, Paulo.
Acervo RR
Tarso Genro joga a crise da Doux Frangosul no colo do BNDES
26/07/2011A crise financeira da Doux Frangosul virou assunto de Estado. Até então restrito ao Rio Grande do Sul, o problema foi parar nos mais altos gabinetes de Brasília, notadamente nos Ministérios da Agricultura, da Indústria e Comércio e da Fazenda. Tarso Genro negocia com o governo federal apoio para equacionar a delicada situação do frigorífico. Por apoio entenda-se a participação do BNDES, sempre ele, como um agente facilitador da venda da empresa e da consequente repactuação de suas dívidas. Genro entende que o banco deve não apenas financiar a negociação do controle da Doux Frangosul como entrar no capital da empresa, servindo como um duplo avalista capaz de atrair candidatos para a compra do frigorífico. O governador gaúcho já teria sido procurado por pretendentes ao negócio, como a norte-americana Tyson Foods e o Marfrig, que está disposto a ampliar sua operação no segmento de abate de frangos. As duas empresas, no entanto, não querem saber de carne de pescoço. Pedem um bife já moído e mastigado pelo BNDES. Ambas condicionam o investimento a associação com o banco, que daria sua chancela a um plano de reestruturação financeira e de alongamento da dívida da Doux Frangosul. Procuradas pelo RR – Negócios & Finanças, tanto a Tyson quanto o Marfrig informaram que -não comentam especulações de mercado-. Tarso Genro jogou para Brasília a pressão que vem recebendo em suas fronteiras. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) tem cobrado do governador uma posição mais firme e rigorosa em relação a Doux Frangosul. Genro chegou a Brasília com o discurso pronto. Sua principal justificativa para a entrada emergencial do BNDES neste matadouro é o risco de uma crise sistêmica no setor avícola no Rio Grande do Sul. O governador teme uma quebradeira em série dos pequenos e médios produtores de matrizes do estado que fornecem para a companhia. As dívidas se sucedem há mais de dois anos e ameaçam a sobrevivência de um universo de mais de dois mil criadores integrados em todo o Rio Grande do Sul. Entre abril e maio, a empresa conseguiu reduzir o prazo médio de atraso nos pagamentos de 120 para 60 dias. A alegria dos produtores, no entanto, durou pouco. A situação voltou a se agravar no início de junho. Desde então, o prazo médio de atraso na quitação dos contratos já estaria próximo dos 90 dias. O passivo da empresa com os fornecedores cresceu 10% no ano passado e hoje estaria na casa dos R$ 250 milhões.
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BNDES
26/07/2011Sem dinheiro do BNDES ou brigas com sócios, João Paulo Diniz está se unindo ao exjogador Ronaldo em um negócio voltado a realização de eventos esportivos
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Iochpe-Maxion
25/07/2011O BNDES prepara seu desembarque do capital da Iochpe-Maxion – o banco detém 7% das ações. Nada a ver com o desempenho da empresa. O motivo para a iminente deserção são as discordâncias com a família Ioschpe em relação a política de investimentos da companhia.
Acervo RR
Dilma recria o PAC com a costela do PSDB
22/07/2011Antonio Palocci está de volta ao gabinete civil. Ao menos simbolicamente. A presidente Dilma Rousseff comprou integralmente a proposta do ex-ministro para a criação de um programa de aceleração das concessões. Curiosamente, a abreviação do novo plano do governo é homônima a do velho PAC, que saiu da vitrine de realizações para o empório dos projetos que ninguém quer mostrar. A ideia de ampliação do regime de concessões sempre foi a menina dos olhos de Palocci, que desde o primeiro mandato do presidente Lula cultivou as reformas microeconômicas como um dos alicerces da sua política. A grande diferença, além da escala pretendida, é que no governo Dilma o programa de aceleração das concessões será precedido de uma costura com os sindicatos. O governo quer afastar ao máximo a associação das novas licenças da ideia de desemprego. Apesar do eufemismo e da rima, no discurso de Dilma concessão não é privatização. As áreas que serão objeto da exploração privada são praticamente as mesmas que estão contidas no desacreditado PAC ? o original, diga-se de passagem. Serão leiloadas sob o regime de concessão rodovias, ferrovias, hidrovias, terminais portuários, linhas de transmissão, ou seja, um mostruário para fazer inveja a qualquer tucano. E os aeroportos? Estes serão o pilar de sustentação do programa. Só que, em vez dessas iniciativas serem feitas de forma dispersa e anunciadas em ministérios distintos, de formadescoordenada, as concessões estariam todas alinhadas em um plano de responsabilidade da Presidência da República. No saldo final, Dilma estaria aumentando o setor público sem a intervenção direta e os gastos do Estado. Ao contrário do programa de privatizações de FHC, que teve o BNDES como protagonista, a rainha das concessões do governo Dilma será a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. A grande preocupação dos operadores do governo envolvidos no projeto é a sua comunicação. Todos são escolados no impacto político negativo que há na associação da palavra privatização com os atos do governo. Foi assim desde FHC, que viu despencar sua popularidade com a satanização da venda de ativos do Estado. Que o digam José Serra e Geraldo Alckmin para o gáudio de Lula e da própria Dilma. É bem provável, inclusive, que Lula venha a ser chamado a dar sua contribuição na propaganda do novo PAC, mas a grande dama das concessões será mesmo a presidente da República. Dilma tem um feito em seu portfólio que a avaliza para esse papel: a maternidade do modelo de privatização de rodovias que privilegia a tarifação mais baixa em vez da maior proposta pelo ativo. Se for bem embalado, o projeto melhora a governança, reduz o atraso nas obras públicas e o gap de investimentos em infraestrutura, aumenta a competitividade sistêmica e transforma o neoliberalismo em um apêndice inorgânico do camaleônico PT.
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BNDES
18/07/2011O BNDES deverá anunciar até o fim de agosto a duplicação da linha de financiamento criada para o setor hoteleiro, por conta da Copa de 2014. O valor chegará a R$ 2 bilhões.
Acervo RR
Centauro e By Tennis apertam o passo em direção Á Bolsa
14/07/2011O empresário Sebastião Bonfim Filho – dono do Grupo SBF, o maior conglomerado de lojas de material esportivo do país – está esgrimindo contra a sua própria natureza. Bonfim, que fundou e sempre dirigiu de forma centralizadora as redes Centauro e By Tennis, vai deixar para trás o absolutismo societário e abrir as portas do grupo para a entrada de novos acionistas. Ainda que a muito custo, o empresário está convencido de que não conseguirá dar o salto projetado para seus negócios sem ir ao mercado captar novos recursos. Apesar do constante assédio de fundos de private equity, a preferência de Bonfim pende para a abertura do capital em Bolsa. Desde o ano passado, suas empresas estão passando por um pente-fino contábil para se ajustar ao figurino das companhias de capital aberto. Quatro bancos de investimento, entre eles o Credit Suisse e o Itaú BBA, já se perfilaram na porta do grupo disputando o posto de coordenador da operação. A ideia de Bonfim é realizar a emissão de ações no primeiro semestre de 2012. A empresa chegará a Bolsa com alguns atrativos. Neste ano, vai romper a marca de R$ 1,7 bilhão de faturamento, quase 20% a mais do que no ano passado. Ao mesmo tempo, a SBF tem feito uma enorme ginástica para aumentar suas margens de lucro, que, ao longo deste ano, devem passar de 15% para 20%. Sebastião Bonfim, que fundou a SBF há mais de três décadas, sabe melhor do que ninguém até onde suas pernas alcançam. Está seguro de que não poderá disputar sozinho a maratona que terá pela frente, sob risco de colocar em xeque o programa de investimentos do grupo. Até o fim de 2012, está prevista a abertura de 80 lojas, o que exigirá um desembolso de R$ 80 milhões ? isso sem contar os investimentos em distribuição e marketing. Hoje, são 214 pontos de venda, entre as bandeiras Centauro e By Tennis. Ao longo do último um ano e meio, o grupo inaugurou mais de 60 estabelecimentos. A maior parte dos recursos veio de empréstimos do BNDES e do Banco do Nordeste. O esforço rendeu algumas cãibras para a companhia, que viu sua dívida passar dos R$ 280 milhões.
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BTG
13/07/2011O BTG procura um parceiro para o lugar do BNDES na operação do Novo Pão de Açúcar. Deve ser facílimo, tendo em vista o histórico das relações de Abílio Diniz com Arthur Sendas, seus ex-executivos, sua própria família e seus atuais sócios ? o Casino e os Klein.
Acervo RR
Á€nibus da alegria
13/07/2011A Comil se apresentou ao BNDES como candidata a compra da fabricante de carrocerias Busscar, que passa por dificuldades financeiras. O interesse, no entanto, tem seu preço. Está condicionado a um considerável deságio das dívidas da empresa com o banco, um dos principais credores da Busscar
Acervo RR
BNDES é o caminho mais curto entre o Marfrig e a China
13/07/2011Marcos Molina e os irmãos Joesley e Wesley Batista são sócios remidos do mesmo clube. A exemplo dos controladores da JBS, o dono do Marfrig não dá um passo mais longo sem bater a porta do BNDES. Molina está, mais uma vez, enfurnado na agência de fomento. O empresário conta com a mão amiga do banco para deslanchar o projeto de expansão do Marfrig na China. Os investimentos devem passar dos US$ 600 milhões. As conversações com o BNDES envolvem duas hipóteses: a concessão pura e simples de um novo financiamento ou o aumento da participação do banco no capital do Marfrig. Hoje, a instituição controla pouco mais de 13% do frigorífico. Trata-se de um bife bem magrinho se comparado a s arrobas que o banco detém no capital de outras empresas do setor, a começar pela própria JBS (31%). Isso para não falar da malsucedida compra de 22% do frigorífico Independência, hoje em recuperação judicial. Ressalte-se que o BNDES tem sido um personagem fundamental para o crescimento do Marfrig nos últimos anos. No ano passado, por exemplo, subscreveu R$ 2,5 bilhões em debêntures da empresa, operação que permitiu a Marcos Molina comprar o controle da norte-americana Keystone Foods por US$ 1,2 bilhão. Depois de enfileirar uma sucessão de aquisições no Brasil, Argentina e Estados Unidos, Marcos Molina considera a expansão na China como um movimento fundamental para consolidar o Marfrig como uma multinacional da área de alimentos. Os planos da empresa passam pela aquisição de empresas locais e pela construção de unidades de abate e de fábricas de alimentos. Todos os investimentos serão feitos por intermédio da Keystone Foods. A empresa norte-americana já tem uma razoável operação na China – leia-se um complexo fabril na região de Shenzen onde é produzida uma vasta linha de alimentos industrializados. A rigor, o Marfrig já deu a partida em seu plano de expansão na China, ainda que, por ora, a maior parte dos investimentos esteja concentrada na área de logística. O frigorífico anunciou recentemente a criação de uma joint venture com a Cofco para a construção de seis centros de distribuição e a montagem de uma frota de veículos para o transporte de carga.
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Magnesita
12/07/2011Ronaldo Iabrudi, presidente da Magnesita, retomou as conversas com o BNDES em torno do projeto de construção de uma fábrica na asia, com o devido apoio do banco
Acervo RR
Azul perde altitude no BNDES
12/07/2011O empresário David Neeleman tem sido visto com crescente antipatia dentro do BNDES e, por extensão, no próprio governo. O motivo são as constantes encomendas de aeronaves feitas pela Azul no exterior. A ideia do governo de apoiar a empresa, por meio da agência de fomento, e, desta forma, criar mercado interno para a Embraer está se desmanchando no ar. Neeleman está longe de ser o dínamo para a fabricante de São José dos Campos idealizado pelo BNDES. Desde 2009, quando recebeu do banco um financiamento de R$ 254 milhões para adquirir quatro aeronaves da Embraer, a Azul praticamente passou ao largo de São José dos Campos em seus planos de expansão. O desvio de rota da Azul vai além de uma mera questão de livre arbítrio comercial. Tem impacto direto sobre o próprio IPO da companhia aérea, previsto para 2012. No início do ano, Neeleman chegou a manter tratativas preliminares com o BNDES para que o banco participasse da emissão de ações e comprasse parte do capital de sua empresa. Esta possibilidade, no entanto, vem perdendo altitude. No momento, a darling da Azul é a fabricante italiana ATR, uma associação entre a EADS e a Alenia. No ano passado, a companhia brasileira encomendou 20 aviões de transporte regional do modelo 72-600. Fechou ainda uma opção de compra de outras 20 aeronaves. No total, o pacote passa de US$ 1 bilhão
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Embraer
11/07/2011O ex-Anfavea Jackson Schneider, que assumiu no início do mês a vice-presidência de assuntos institucionais da Embraer, já tem sua primeira grande missão no cargo. Negociar o apoio do governo, leia-se BNDES, ao projeto da companhia de ser uma consolidadora de ativos na área de defesa.
Acervo RR
JBS e Amparo lideram corrida por ativos da Hypermarcas
7/07/2011Acostumada a comprar ativos na velocidade da luz, desta vez a Hypermarcas está causando rebuliço do outro lado do balcão. Há uma intensa disputa pelas marcas Assim (linha de sabões) e Assolan (palha de aço), colocadas a venda pelo empresário João Alves de Queiroz Filho, o ?Junior?. O que está em jogo é um duelo por duas unidades de negócio que, somadas, faturam quase R$ 1 bilhão por ano. A JBS e a Química Amparo puxaram o gatilho primeiro. Já teriam apresentado uma oferta pelas marcas. A Amparo, controlada pela família Beira, é fabricante dos sabões e detergentes Ypê. Por sua vez, a JBS, mais conhecida pela sua atuação no mercado de carnes e pela ligação umbilical com o BNDES, tem feito pesados investimentos nas áreas de higiene e limpeza. Há dois meses, desembolsou R$ 350 milhões na aquisição dos ativos do Grupo Bertin nestes dois segmentos. O páreo não se resume a JBS e a Química Amparo. Correm por fora a Unilever e o fundo inglês Actis. A multinacional enxerga na operação a oportunidade de aumentar seu portfólio nos segmentos de alvejantes e de detergentes em pó, caso da Assim. A aquisição da Assolan, por sua vez, seria o bilhete para a entrada do grupo anglo-holandês no mercado brasileiro de palha de aço. Já o Actis, que administra mais de US$ 8 bilhões em ativos, entrou no duelo pelas duas marcas em nome da fabricante de produtos de limpeza Gtex. No ano passado, o private equity inglês investiu quase R$ 100 milhões na compra de uma participação na companhia paulista. A intenção do fundo é usar a Gtex como ponto de partida para a criação de uma holding no setor de higiene e limpeza, transformando-a, guardadas as devidas proporções, em uma espécie de Hypermarcas de bolso. O setor de consumo é justamente a menina dos olhos do Actis no Brasil. Também no ano passado, o fundo investiu cerca de R$ 105 milhões na compra de uma participação na rede de supermercados CDS, que atua no Paraná e em Mato Grosso do Sul. A Hypermarcas espera amealhar algo em torno de R$ 700 milhões com a venda da Assim e da Assolan. A negociação faz parte da estratégia do grupo de se concentrar nas áreas de saúde e bem-estar, desfazendo- se de ativos nos segmentos de higiene e limpeza. A Hypermarcas também vai reduzir seu portfólio no setor de alimentos. No momento, procura um comprador para a marca de atomatados Etti.
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Abílio, o bom de boca do varejo
7/07/2011Abílio Diniz, toda vez que se auto-elogia como grande gestor, tem uma súbita crise de amnésia e ignora um executivo de cabelos loiros e egresso do BNDES que foi o verdadeiro redentor do Pão de Açúcar. Na ocasião, o mercado sabia de cor e salteado que Abílio quase levou a empresa para o vinagre. Depois, com dinheiro do Casino, empinou de vez suas quitandas. Agora, posa de gênio na Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República.
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BNDES
7/07/2011O ingresso do BNDES no negócio entre Pão de Açúcar e Carrefour, com a missão preferencial de coagir o Casino com sua simples presença, foi mais uma das ideias geniais de Abílio Diniz. Se o banco estatal não entrasse no imbróglio, era bem possível que Abílio tivesse o apoio da opinião pública e transformasse o episódio em um caso similar ao da tentativa de aquisição do Carrefour pelo Walmart, quando os franceses quase foram a s ruas entoando “La Marseillaise”.
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Privatização das usinas do Tapajós sai da prancheta
6/07/2011O governo fechou o formato da primeira grande privatização do setor elétrico na era Dilma Rousseff: a licitação das usinas hidrelétricas do Rio Tapajós. A definição mais importante diz respeito ao próprio modelo de venda das geradoras. De acordo com uma alta fonte do Ministério de Minas e Energia ouvida pelo RR ? Negócios & Finanças, as usinas serão leiloadas uma a uma, e não mais em dois blocos, como estava originalmente previsto. A primeira das hidrelétricas a ir a leilão, no primeiro semestre de 2012, será a São Luís do Tapajós, a maior do complexo, com capacidade superior a seis mil megawatts. A unidade entrará em operação em 2018. De acordo com a mesma fonte, o governo definiu também uma das questões mais importantes do leilão: as participações da Eletrobras e do BNDES. A estatal e suas subsidiárias não entrarão diretamente nas licitações, ao contrário do que ocorreu na privatização de Belo Monte e das usinas do Rio Madeira. A Eletrobras e suas controladas negociarão posteriormente com cada um dos consórcios vencedores seu eventual ingresso na operação. Em todas as usinas, a empresa terá uma fatia de, no máximo, 49% do capital e não deverá participar diretamente da gestão. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, no que diz respeito a Eletrobras, o governo sabe, de antemão, que terá pela frente um fio desencapado. Dentro do processo de fortalecimento da holding, toda a negociação com os investidores privados será conduzida diretamente pela diretoria da Eletrobras. Chesf, Furnas e Eletronorte serão meras espectadoras e seguirão o caminho que o andar de cima mandar. Este procedimento certamente enfrentará a resistência de partidos da base aliada, notadamente PMDB, PSB e o próprio PT, que têm o controle político das três subsidiárias. Com relação ao BNDES, o banco deverá entrar na operação com dupla missão. De um lado, financiará até 60% dos investimentos previstos para a construção das usinas; do outro, participará como acionista dos consórcios por meio da BNDESPar. Dentro do governo, há gestões também para que o InfraBrasil, fundo que reúne recursos do próprio BNDES e de fundações, como Previ e Funcef, participe dos grupos vencedores dos leilões.
Acervo RR
Nióbio
5/07/2011Os chineses estão de olho na Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM), pertencente aos Moreira Salles e praticamente detentora do monopólio da extração de nióbio no mundo. Antes que alguém pense que o BNDES também vai entrar nessa, é bom que se avise não ser necessário. Os Moreira Salles preferem deixar de ser banqueiros a vender o alcunhado “melhor negócio do Brasil”.
Acervo RR
Quem convence o Casino a cair na arapuca de Abílio?
30/06/2011Os dirigentes do Casino não conseguem entender até agora onde está a Lei de Gérson ? aquela que permite levar vantagem em tudo ? na cilada armada por Abílio Diniz para a criação de uma nova empresa franco-brasileira no varejo. Para todos os efeitos, o grupo francês poderia fazer sozinho toda a parafernália societária proposta por Abílio, sem ter que engolir sua presença na operação por séculos, seculorum, amém! Mesmo o ?interesse nacional? poderia ser negociado a partir do ingresso do BNDES, com uma golden share, e da própria luxuosa participação do Banco BTG Pactual, ou ? quem sabe? ? do Bradesco ou do Itaú. Se quiserem mais, ainda caberia uma participação minoritária de uma cédula pignoratícia integrada por supermercados de porte médio que ficaram a ver navios com a sanha do BNDES de se tornar private equity dos empreendimentos de uma nova classe empresarial de verniz privado e raízes estatais. Pavonice e irascibilidade a parte, nada contra Abílio Diniz. Mas o fato é que todas as negociações pelas costas do sócio, o oportunismo de identificar um suposto interesse cívico a s vésperas do exercício da opção e o esforço de convencimento do Casino de que ele estaria fazendo um bom negócio com esta joint venture entre o porco e a galinha (Abílio e parceiros entram com os ovos e o grupo francês com o pernil) não suportam uma defesa ética do encurralamento em prática. Não obstante, o esforço de argumentação é louvável: o Casino será minoritário de um negócio muito maior e o Brasil teria acesso a cadeias de distribuição de seus produtos em uma rede que, além da Europa, alcança a China e a andia. Até mesmo o velho e surrado pretexto do déficit de transações correntes vem sendo utilizado, de forma que a nova empresa evitaria a sangria de divisas de um setor não tradable e com enorme faturamento. Se o Casino vai topar ou não o negócio, isso vai depender muito do cerco do governo brasileiro. O tamanho da manifestação de descontentamento pode ser determinante para a decisão de investir no país. Não fosse isso, ser dono integral do melhor ativo supermercadista do Brasil e aguardar, sentado, que o principal concorrente, o Carrefour, caísse do cacho feito banana madura para lhe fazer uma oferta firme não parece ser mau negócio para ninguém. Existiriam muitas formas, caso fosse o interesse do BNDES, de conduzir essa operação sem favorecimentos explícitos e mirando o interesse dos consumidores, dos fornecedores, da inserção competitiva do país no exterior, além da possibilidade de ingresso e fortalecimento de redes varejistas menos dotadas que foram excluídas desta festa oculta. Pena que o banco tenha se esquecido do potencial purificador da luz do sol.
Acervo RR
Pão francês
29/06/2011Os rumores de que, no limite dos limites, Abílio Diniz e seu heterodoxo grupo de parceiros ? BTG, BNDESPar e Carrefour ? partiriam para um take over do Casino mexeu com os brios franceses. É bom lembrar que o governo da França impediu a aquisição do Carrefour pelo Walmart. A sensibilidade em relação a assuntos supermercadistas é grande naquelas paragens. A participação desinibida do BNDES na operação coloca ainda mais tempero em toda a história. A turma do Carrefour está sendo chamada de República de Vichy.
Acervo RR
BNDES é o doce na boca da Copersucar
22/06/2011O IPO da Copersucar deve ter um convidado de peso. Há conversações para que a BNDESPar compre uma participação na empresa por ocasião da oferta de ações na BM&F Bovespa. O quinhão oscilaria entre 10% e 15% do capital, o que provavelmente, logo na partida, tornará o banco o segundo maior acionista individual da companhia, atrás apenas das 36 usinas que compõem o bloco de controle. Tomando-se como base o valor previsto para a oferta, o desembolso da BNDESPar poderá chegar a US$ 150 milhões. No total, a Copersucar deverá ofertar em Bolsa até 30% de suas ações. A entrada do BNDESPar no capital da Copersucar conta com a simpatia do governo. A operação se casa com o desejo de frear o crescimento do capital internacional no setor sucroalcooleiro. A associação com a agência de fomento reduzirá a possibilidade de uma posterior venda de parte da Copersucar para um investidor estrangeiro. Além do aporte inicial, a empresa se tornaria um parceiro preferencial do BNDES tanto para projetos de expansão pelo greenfield quanto, sobretudo, para a compra de outras usinas. O governo trabalha com a expectativa de que, muito em breve, haverá uma safra de ativos no balcão a espera de um comprador, notadamente usinas de pequeno e médio portes, por conta da queda das cotações do açúcar e das oscilações no preço do etanol.
Acervo RR
Carne de papel
13/06/2011Do economista do BNDES, Mauricio Dias David, sobre o financiamento do banco de R$ 2,7 bilhões para a Eldorado Celulose e Papel, ligada ao frigorífico JBS: ?Mas que expertise a JBS tem nesse setor? E o local do empreendimento é adequado a exportação?? Mauricio Dias não é uma voz solitária no BNDES com relação a esses agrados feitos a família Batista.
Acervo RR
Avião
9/06/2011Nelson Jobim quer que Solange Paiva, ex-presidente da Anac, comande as privatizações do setor aeroportuário. Solange, que voltou para o BNDES, tem ainda sobre a mesa dois convites do setor privado.
Acervo RR
BB aterrissa na privatização de aeroportos
8/06/2011Aldemir Bendine tem passado os dias a cantarolar o Samba do Avião. O Banco do Brasil vai entrar na disputa pela privatização de concessões aeroportuárias. A direção do BB vem mantendo tratativas com Previ e Petros para a criação de um fundo voltado exclusivamente para participar das licitações. A operação será feita por meio do BB ? Banco de Investimentos (BBI), nos moldes do InfraBrasil, fundo de investimento para o setor de infraestrutura, que congrega o banco, o BNDES e as principais fundações de previdência privada do país. A intenção do BB e dos fundos de pensão é captar cerca de R$ 1 bilhão. O trio pretende ter uma participação de até 25% nos consórcios que serão formados para a licitação. Além dos 49% que deverão ficar com a Infraero, o restante das ações será dividido entre outros investidores que se juntarem ao negócio. A Previ, por exemplo, está tentando arrastar para a operação a Andrade Gutierrez. Há conversas também com a espanhola OHL. Os principais alvos são os aeroportos de Guarulhos e o Tom Jobim, cuja privatização deverá ser oficialmente anunciada nos próximos dias.
Acervo RR
Fábrica chinesa
6/06/2011O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, vai fazer um tour pela China no próximo mês. Na agenda, visitas a empresas locais dispostas a se instalar no Brasil. Estas companhias contarão com o apoio do BNDES e do Eximbank chinês.
Acervo RR
Tablet do BNDES
2/06/2011O BNDES deverá liberar R$ 2 bilhões para estimular a produção de tablets no Brasil. Existe ainda a possibilidade de a BNDESPar entrar como sócia de projetos industriais.
Acervo RR
-Reunião das nove- em pauta no governo Dilma
31/05/2011Círculo mais próximo a presidente Dilma Rousseff tem aconselhado-a, dia sim e outro também, a adotar o mesmo modelo de reuniões matinais com os “ministros da casa”, que caracterizou o governo Figueiredo. Naquela ocasião, governavam junto ao general-presidente os ministros Leitão de Abreu, Octávio de Medeiros, Delfim Netto, o secretário geral da presidência, Heitor de Aquino Ferreira, além de participações especiais de Walter Pires. Com Dilma, os ministros garantidos seriam Fernando Pimentel, Antonio Palocci, o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, além ? surpresa! ? das luxuosas aparições do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Guido Mantega, que tem tido uma participação saliente, pelo menos em praça pública, não consta entre os conselheiros de carteirinha. Conselhos de lá, conselhos de cá, parece haver um nó no meio de tudo. A simples sugestão da superassessoria que partilharia a gestão deixa enrustida uma notícia que ninguém quer ouvir.
Acervo RR
Tela do BNDES
26/05/2011O BNDES vai estimular a produção de monitores e telas de LCD no Brasil. A Samsung já está na fila.
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Dependência
25/05/2011É grande a apreensão entre a família Russo, controladora do frigorífico Independência. Até agora o BNDES, acionista da empresa, não se pronunciou sobre a proposta de alienação de ativos no valor de R$ 700 milhões, pilar do plano de recuperação judicial. Seu imprimatur é condição sine qua non para a venda de imóveis e fábricas.
Acervo RR
Eletrobras empacota para venda as distribuidoras federalizadas
24/05/2011A gravíssima situação financeira das distribuidoras federalizadas pela Eletrobras atingiu seu ponto de ebulição. Na semana passada, Dilma Rousseff convocou o ministro Edison Lobão para uma reunião emergencial, com o objetivo de discutir soluções imediatas para o fardo que pesa sobre as costas da estatal. Nos últimos dois anos, as seis empresas ? Manaus Energia (AM), Boa Vista Energia (RR), Eletroacre, Ceron (RO), Cepisa (PI) e Ceal (AL) ? tiveram um prejuízo acumulado superior a R$ 400 milhões. A opção de levar todas as companhias para o Novo Mercado da BM&F Bovespa com a diluição automática do capital, que chegou a ser aventada no fim da gestão do presidente Lula, foi descartada, devido a ameaça de fracasso na emissão de ações. Dentro do governo, ganha corpo a ideia de venda em bloco das concessionárias ? medida defendida por Lobão. A intenção do Ministério de Minas e Energia é dividir as empresas em dois grupos. Um deles seria formado pelas distribuidoras da Região Norte (Manaus Energia, Boa Vista Energia, Eletroacre e Ceron); o outro ficaria com as companhias do Nordeste (Cepisa e Ceal). A Equatorial Energia, holding controlada pelo fundo Pactual Capital Partners e dona da maranhense Cemar, é vista como candidata a compra das duas concessionárias nordestinas. Só para não variar, o BNDES deverá ser uma peça fundamental nesta engrenagem. O banco seria convocado a participar do jogo usando duas camisas. De um lado, entraria como acionista minoritário das concessionárias, como forma de atrair o interesse dos investidores; do outro, garantiria o financiamento para a execução do plano estratégico das companhias. O programa de investimentos das seis distribuidoras para os próximos dois anos ultrapassa a marca de R$ 2,5 bilhões. A participação do BNDES é vista pelo governo como absolutamente imprescindível para a venda das concessionárias. Dificilmente, será possível encontrar candidatos a compra das empresas sem um estímulo extra, tamanha a debilidade financeira das distribuidoras. Além dos sucessivos prejuízos, as seis companhias acumulam uma dívida de R$ 1,5 bilhão. A conta seria ainda pior não fossem os batráquios engolidos pela Eletrobras. Desde 2008, quase R$ 5 bilhões em passivos foram convertidos em ações incorporadas pela holding federal. O caso mais complexo é o da Amazonas Energia. Por conta de novas regras contábeis, a empresa teve de fazer uma série de provisões que resultou em perdas de mais de R$ 1,3 bilhão.
Acervo RR
Estilo AES
23/05/2011A AES vai investir em biocombustíveis no Brasil. Como de costume, nada de coçar o bolso sozinha. Os norte-americanos já bateram na porta do BNDES, seu sócio na Brasiliana. A ideia é que a operação seja feita por meio da holding, dona da Eletropaulo. O plano de investimentos da AES prevê R$ 150 milhões para a construção de usinas de cogeração.
Acervo RR
CEG e CEG Rio viram uma bola de frescobol
18/05/2011A CEG e a CEG Rio, distribuidoras de gás do Rio de Janeiro, perderam de vista o que é estratégia. Elas vão para um lado, vão para o outro, e vice-versa, dependendo da raquetada dos seus controladores. A Gas Natural Fenosa, maior acionista, pretende investir R$ 2 bilhões nas duas companhias até 2016. No entanto, os principais acionistas das duas empresas ainda não deram sinal de que vão compartilhar os aportes. Do outro lado, estão sócios do porte da BNDESPar, acionista da CEG, da Gaspetro, que tem participação na CEG Rio, e, por fim, da Pluspetrol, presente no capital das duas distribuidoras. Este, no entanto, não é o único ponto de conflito entre a Gas Natural e seus partners. Os espanhóis pretendem costurar a fusão da CEG e da CEG Rio com a Gas Natural São Paulo Sul (GN SPS), 100% controlada pelo grupo ibérico A operação, no entanto, esbarra na resistência dos acionistas das distribuidoras do Rio de Janeiro. BNDESPar e Gaspetro temem que suas participações sejam diluídas com a associação entre as duas empresas. Já a Pluspetrol tem planos que passam ao largo do projeto dos espanhóis. A companhia argentina está mais interessada em se desfazer de sua participação na CEG Rio e na CEG do que, eventualmente, ser obrigada a aportar recursos na fusão entre as duas empresas e a Gas Natural São Paulo.
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Troca-troca
18/05/2011Luciano Coutinho prepara uma dança das cadeiras nas superintendências e gerências do BNDES. Mas não há nenhuma bronca entre as partes. No que depender do estilo zen de Coutinho, tudo será feito com a maior discrição.
Acervo RR
Bolsa brasileira entra na mira da SEC, Nyse e FBI
5/05/2011A realização de treinamentos antifraude e contra crimes financeiros é apenas a ponta do iceberg da presença de representantes do FBI, da Securities and Exchange Comission (SEC) e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos no Brasil. A tropa de elite de aproximadamente 150 pessoas que está enfurnada na BMF & Bovespa tem outras motivações menos transparentes para a visita ao país. Vem cuidar de um tema da maior gravidade que tem sido tratado como assunto de Estado pelo governo norteamericano: investigar as relações promíscuas entre o governo brasileiro e algumas das principais empresas com ações negociadas tanto na Bovespa quanto na Bolsa de Nova York. A questão é alvo de três processos na SEC (sob os números 676.5600.200, 207.648.894.3 e 323.950.536), de um na Nyse (nº 676.560.196) e de inquéritos abertos pelo próprio FBI. Estas ações nasceram do consenso entre as autoridades norte-americanas de que o mercado de capitais brasileiro, notadamente a Bolsa de Valores, apresenta hoje baixa taxa de confiabilidade e disclosure e descumpre regras globais para a negociação de ações. O principal motivo para as investigações conduzidas pela SEC, Nyse e FBI são as imbricadas relações entre o governo brasileiro e as maiores companhias abertas, seja por meio de participação direta do próprio Estado, seja por meio da presença dos fundos de pensão ligados a estatais. As autoridades norte-americanas partem do princípio de que o Estado joga os dados e arbitra o comportamento de mercado de algumas das maiores corporações do Brasil. Levantamento feito pela SEC mostra que, nos últimos anos, praticamente 90% das grandes operações de fusão e aquisição no país tiveram a participção dos 30 maiores fundos de previdência, especialmente Previ, Petros e Funcef, de fundos de investimento em ações do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e do BNDES, por meio da BNDESPar. Juntas, estas instituições administram mais de US$ 600 bilhões em ativos. O assunto ganha maior importância para os Estados Unidos devido ao crescente peso dos ADRs das grandes companhias abertas brasileiras na Nyse. Em sua maioria, são empresas nas quais o governo exerce algum tipo de ingerência, parcial ou total, terminando por combinar estratégias corporativas e as próprias cotações no mercado. O caso mais recente e emblemático foi a postura do Estado na substituição do presidente da Vale, Roger Agnelli. Há outros exemplos menos sutis. O que o governo arbitrar como regras para o pré-sal terá impacto direto sobre o desempenho da Petrobras. Ressalte-se ainda a participação direta do Estado nos desígnios de empresas como JBS Friboi, Embraer, Embratel, Brasil Foods, todas com presença expressiva do BNDES ou de fundos de pensão em seu capital. Para as autoridades norteamericanas, um grupo restrito de pessoas do governo tem o poder de intervir no destino de algumas das maiores empresas nacionais com ADRs em Nova York. Tanto podem nomear seus dirigentes como influenciar diretamente em suas decisões estratégicas, criando uma relação incestuosa entre Estado e iniciativa privada sem paralelo entre as companhias estrangeiras com ações negociadas na Nyse. Neste contexto, um número seleto de acionistas, leia-se os fundos de pensão, o BNDES e, na última linha, o próprio governo, gera movimentos que indicam manipulação de ações tanto na Bovespa quanto na Nyse.
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BNDES
4/05/2011O BNDES acendeu o sinal amarelo para a situação financeira de uma grande fabricante de veículos no país, que esteve nos últimos anos de pires nas mãos.
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Banda larga
4/05/2011Existem negociações para que a BNDESPar seja sócia da Foxconn na futura fábrica de iPads e smartphones que os asiáticos vão instalar no Brasil. O braço de participações do BNDES deverá ter até 15% do empreendimento.
Acervo RR
-BanrisulPar-
2/05/2011O governador Tarso Genro vai ter sua BNDESPar versão pocket. Autorizou o Banrisul a criar um braço de participações. O alvo será a compra de ações de empresas interessadas em levar projetos para o Rio Grande do Sul. O ?BanrisulPar? terá fatias minoritárias, jamais superiores a 30%.
Acervo RR
Valec entra no transporte de etanol
20/04/2011A Casa Civil e o Ministério dos Transportes trabalham em um projeto com o objetivo de estimular o escoamento ferroviário de etanol nas regiões Centro- Oeste e Sudeste, principais centros produtores do combustível. O personagem central deste enredo é a Valec. Pela proposta do governo, a estatal vai se associar a concessionárias ferroviárias e a indústrias sucroalcooleiras por meio da formação de PPPs ou joint ventures. Já houve conversações com a América Latina Logística (ALL) e a Copersucar. A Valec terá participações minoritárias nos consórcios, não superiores a 30%. O BNDES também deverá se engajar a empreitada, financiando a compra de vagões e a construção de centros de distribuição de etanol em áreas estratégicas. O objetivo principal do governo é criar uma alternativa ao uso de alcooldutos e dar vazão a produção das novas usinas em construção no Sul e no Sudeste.
Acervo RR
Elektro é o novo aríete da Iberdrola
18/04/2011Os próximos passos da Iberdrola no Brasil passam ao largo da NeoEnergia. Os espanhóis vão pendurar seus futuros investimentos na Elektro, bem longe, portanto, das conflitantes relações com a Previ. Após comprar a distribuidora paulista, a mira da Iberdrola aponta na direção da Escelsa, do Espírito Santo. A EDP, dona da distribuidora, estaria disposta a vender a empresa devido a falta de sinergia com o seu principal negócio no país, a Bandeirante. Sinergia, no entanto, é o que não falta a Escelsa sob a ótica dos espanhóis. A empresa opera em um estado contíguo a Bahia, onde a Iberdrola controla a Coelba. O grupo ibérico vislumbra ganhos operacionais decorrentes da proximidade entre as duas empresas. A investida sobre a Escelsa seria apenas um aquecimento para um projeto bem maior. Hoje, o grande sonho de consumo da Iberdrola no Brasil é a entrada no capital da Brasiliana, controladora da AES Eletropaulo. Segundo o RR apurou junto a uma fonte do BNDES, os espanhóis já mantiveram conversas tanto com o banco quanto com a AES, que dividem o controle da holding. Esta, no entanto, é uma operação complexa, notadamente pela sua costura política. Difícil imaginar que o governo, mediante o BNDES, facilitaria o desembarque da Iberdrola na Brasiliana uma vez que os espanhóis se tornaram um estorvo para a fusão entre a Neo- Energia e a CPFL.
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Mercadante
12/04/2011Além da criação de um novo fundo de inovação, Aloizio Mercadante está burilando outra ideia. O projeto prevê a consolidação de diversos fundos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico dispersos na própria esfera pública. Dependendo de como a proposta evoluir, vai convidar o BNDES.
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São Martinho
12/04/2011Além do empréstimo de R$ 239 milhões acertado com o BNDES, a São Martinho estaria negociando um novo aporte da Petrobras mediante aumento da sua participação no capital.
Acervo RR
Nada Azul
11/04/2011A direção da Embraer não engoliu a decisão da Azul de ampliar seu cast de fornecedores de aviões, fazendo encomendas no exterior. Em São José dos Campos, a empresa de David Neeleman está deixando de ser vista como parceiro preferencial. Imaginem então o que deve estar pensando o BNDES.
Acervo RR
O – Plano C- na estratégia de Benjamin Steinbruch
11/04/2011Diante da complexa investida sobre a Usiminas ? não obstante a tentativa de comprar 10% da empresa mineira, a CSN está longe de ser a preferida do governo para a associação ? Benjamin Steinbruch já tem a mão não um plano B, mas sim um plano C. -C-de cimento. Ao contrário do que ocorre na siderurgia, notadamente no que diz respeito a tentativa de entrada forçada na Usiminas, a CSN tem uma janela aberta para crescer na indústria cimenteira. A alternativa vem sendo discutida nas reuniões de diretoria da empresa. A expansão no setor tem notória sinergia com a operação siderúrgica do grupo, em razão do uso da escória para a produção de cimento. Os investimentos da CSN no setor inicialmente estavam focados no crescimento pelo greenfield. Mas, na empresa, há um consenso de que o grande salto no setor só virá por meio de aquisições. Neste caso, as atenções de Benjamin Steinbruch se voltam na direção da João Santos, segunda maior produtora de cimento do país e alvo constante do assédio de grupos internacionais, como a Lafarge ? ver RR – Negócios & Finanças edição nº 4.098. Com a aquisição, a CSN herdaria um conglomerado de 11 fábricas, sete delas no Nordeste, região com altas taxas de crescimento no setor de construção civil. Os planos de Benjamin Steinbruch para o setor de cimento são sinuosos. O apetite da CSN não para na João Santos. Uma vez fortalecida pela compra do grupo pernambucano, a empresa partiria para uma aquisição de mais fôlego, capaz de lhe dar maior envergadura e poder de fogo diante da inevitável concorrência com os Ermírio de Moraes. O barão da CSN sonha alto. Informações filtradas da própria companhia indicam que o ?Plano C? contemplaria a aquisição dos ativos de um grande grupo internacional no Brasil. Dinheiro é o que não falta. Os olhos de Benjamin brilham quando são mencionados os nomes da própria Lafarge ou da suíça Holcim. Cada uma delas tem uma participação próxima dos 7% no mercado nacional de cimento. Significa dizer que, eventualmente, ao engolir a João Santos e as operações brasileiras de uma das multinacionais, a CSN sairia de uma posição ainda pequena no setor para um market share superior a 19%. A companhia abriria uma razoável distância em relação a Camargo Corrêa e a Cimpor, detentoras, respectivamente, de 10% e 9% das vendas de cimento no país. Partir para cima da Holcim ou da Lafarge ? que acena com investimentos de peso no país, ver também RR nº 4.098 ? é uma ideia que encantaria o BNDES por estar em linha com a política industrial praticada pelo banco, ou seja, a consolidação de grandes grupos nacionais. Por um capricho do destino, Steinbruch voltaria a se bicar com os Ermírio de Moraes, embate que deu a tônica na privatização da Vale. Com as aquisições, a CSN passaria a brigar em condições bem menos desiguais em relação ao Votorantim, dono de mais de 40% de market share. O crescimento pelo greenfield seria a cereja no sundae. A companhia ainda poderia se dar ao luxo de prosseguir com os investimentos programados na área de cimento, leia-se a duplicação da unidade de Volta Redonda e a construção de três fábricas, que serão localizadas no Nordeste, Centro-Oeste e Sul. O investimento previsto apenas na instalação das três novas unidades é de aproximadamente US$ 700 milhões
Acervo RR
Hamburg SÁ¼d lança âncora na construção naval
8/04/2011A Hamburg Sa¼d vai atracar na construção naval. O grupo alemão negocia com a Camargo Corrêa e a Samsung a instalação de um estaleiro no Brasil. Trata- se de um movimento inédito. Esta será a primeira incursão da operadora portuária e de transporte marítimo na indústria naval em todo o mundo. O objetivo da Hamburg Sa¼d é o autossuprimento para a sua controlada, a Aliança Navegação. Com a pioneira investida, os alemães pretendem garantir o fornecimento de suas futuras encomendas no Brasil, país cada vez mais estratégico em seu mapa de negócios. O principal alvo do grupo é a construção de navios com capacidade de 9.600 Teus (contêineres de 20 pés), que serão usados não apenas nas linhas brasileiras, mas também em rotas entre a costa leste da América do Sul e o extremo Oriente. Nos próximos cinco anos, a estimativa é que a Hamburg Sa¼d precisará de oito a dez novas embarcações ? o que colocará o novo estaleiro entre os cinco maiores do país. A decisão de entrar na construção naval é resultado de uma série de estudos sobre o custo de encomenda das embarcações. A ideia da Hamburg Sa¼d é ter acesso a recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM), gerenciado pelo BNDES. Desta maneira, os alemães calculam que poderão construir os novos porta-contêineres no Brasil a preços competitivos em relação a indústria naval asiática, na qual se concentra a maior parte dos pedidos do grupo. Antes das negociações com a Camargo Corrêa e a Samsung, os alemães chegaram a avaliar a encomenda de cinco navios de 9.600 Teus para a Hyundai Heavy Industries. Os investimentos para a instalação do estaleiro e a construção das primeiras embarcações serão de aproximadamente US$ 600 milhões. Pelas tratativas em curso há cerca de três meses, a Hamburg Sa¼d terá uma participação minoritária no empreendimento, em torno de 30%. Camargo Corrêa e Samsung ? que já são sócias do estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco ? deverão dividir igualmente os 70% restantes. Não obstante a prioridade ser o suprimento de embarcações para a Aliança, os três sócios estudam, em um segundo momento, ampliar o raio de ação do estaleiro, atendendo a encomendas de terceiros
Acervo RR
Soja estratégica
31/03/2011Motivado por questões geoeconômicas, o governo vai financiar grupos brasileiros interessados na compra de terras na Argentina destinadas ao plantio de soja. Os recursos sairão do BNDES e do BB. O objetivo é ocupar espaço diante da crescente presença de investidores chineses no país vizinho. Ogovernoquerevitar que a China ganhe um poder extra na formação de preços da soja, para não falar do risco de queda das exportações para o país asiático
Acervo RR
JBS Friboi revira o estômago do BNDES
31/03/2011O simples comunicado de compra do Banco Matone, apenas quando o negócio já estava sacramentado pela JBS Friboi, foi entendido no BNDES como ponto final de um relacionamento que já estava prestes a desmoronar. Segundo informações obtidas junto a fontes do próprio banco, a agência de fomento não engoliu o movimento feito pela JBS, que, indiretamente, se aproveitou de subsídios públicos para comprar uma instituição financeira. Nas reuniões de diretoria do BNDES realizadas nos últimos dias, sempre que houve menção ao JBS foi em um contexto de profunda insatisfação e críticas aos controladores da empresa. Dentro do banco, os irmãos Wesley e Joesley Batista são considerados hoje péssimos parceiros tanto sob o aspecto empresarial quanto humano. A cúpula do BNDES permanece defendendo tecnicamente a consolidação dos frigoríficos, mas faz meia culpa em relação a escolha dos dirigentes da JBS, que são chamados de “enganadores” para baixo. Os diretores da agência de fomento não têm dúvida sobre a origem do vazamento de informações tratadas com os irmãos Batista em reuniões reservadas, assim como do ponto de partida dos balões de ensaio sobre fusões e aquisições no setor. Por este motivo, há muita irritação com a recorrente divulgação na imprensa sobre o projeto de compra da Sara Lee com financiamento do BNDES. A interpretação é que os Batista estariam operando os meios de comunicação para obter facilidades do banco. O BNDES elegeu a JBS como uma companhia capaz de assumir o papel de consolidador da indústria de carne bovina, não apenas no Brasil, mas também no exterior. Mais do que isso, enxergou a possibilidade de criar um conglomerado capaz de evitar uma quebradeira de frigoríficos no país e, desta forma, conter demissões em massa no setor. Dentro do banco, no entanto, a percepção é de que o tiro se voltou contra o seu próprio peito. O que tem feito a JBS senão se aproveitar do dinheiro público justamente para aumentar as taxas de desemprego na indústria de carne bovina? A empresa costuma promover uma carnificina nas empresas que adquire. Segundo dados filtrados do próprio BNDES, quase um terço dos frigoríficos comprados ou arrendados pela companhia teria sido fechado. A compra do Matone era a gota que faltava em um copo que estava prestes a transbordar há algum tempo. Não obstante a efetiva formação de um conglomerado com inserção competitiva internacional, como previa o projeto original, diversos episódios têm estilhaçado as relações entre o BNDES e a JBS. Além do incômodo do banco em ver a empresa se valer de dinheiro público para fechar frigoríficos e decapitar funcionários, houve uma questão fulcral para o azedamento da convivência entre ambos. O grupo não efetuou o IPO da JBS USA, como previa o acordo pelo qual o BNDES subscreveu quase a totalidade dos R$ 3,4 bilhões emitidos pelo grupo para financiar a compra da Pilgrim’s. Após desgastantes negociações, a companhia pagou cerca de R$ 521 milhões aos debenturistas como multa pela não abertura de capital da subsidiária norte americana. Ainda assim, no BNDES, ficou a sensação de que os controladores da JBS agiram no limiar da boa-fé com o deliberado intuito de forçar a conversão das debêntures e, consequentemente, o aumento da participação do banco no capital da empresa.
Acervo RR
Almirante
31/03/2011Antônio Palocci está debruçado sobre projeto que altera a gestão do Fundo de Marinha Mercante. No formato desenhado pela Casa Civil, o BNDES terá ainda mais poder de decisão sobre os empréstimos. O Ministério dos Transportes passará a ser uma peça decorativa no processo.
Acervo RR
Mãos limpas
30/03/2011Por uma questão de Justiça, é bom que se diga que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, não participou, em momento algum, dessa macabra fritura de Roger Agnelli.
Acervo RR
Inepar busca nova vida com a bênção do BNDES
28/03/2011Atilano Oms Sobrinho é um daqueles empresários que parecem ter sete vidas. Mais uma vez, o dono da Inepar está botando a prova seus poderes de felino. O empresário negocia um acordo com o BNDES que deverá tirar de suas costas um pesado fardo: a dívida de quase R$ 600 milhões com o banco. Atilano é só otimismo. Segundo relato do próprio empresário a uma fonte ouvida pelo RR – Negócios & Finanças, o acerto com a agência de fomento deverá sair até julho. Será um acordo em doses homeopáticas. Nas próximas semanas, a Inepar deverá equacionar uma parcela do passivo equivalente a aproximadamente R$ 166 milhões. A principal peça desta engrenagem, no entanto, será a Cemat, distribuidora de energia do Mato Grosso. Atilano deverá repassar ao banco a sua participação de 26% no capital ordinário da empresa, controlada pelo Grupo Rede. A transferência das ações representará o abatimento da dívida total do banco da ordem de R$ 280 milhões. Ficaria faltando apenas a quitação de uma parcela final da dívida, no valor de R$ 154 milhões. Esta fatia se refere a debêntures emitidas pela Inepar que estão em poder do banco. De acordo com a mesma fonte, uma das hipóteses sobre a mesa é a conversão destes papéis em ações do grupo paranaense, que seriam posteriormente revendidos pelo banco em mercado diante da expectativa de uma valorização da ação da empresa. Trata-se de uma operação de risco. Não por acaso, todas as tratativas com a Inepar têm sido rigorosamente acompanhadas pela área técnica do banco, que deverá emitir seu parecer até maio. Por uma via sinuosa, a entrada do BNDES na Cemat resolveria não apenas um problema da Inepar, mas dos próprios controladores da empresa de energia. Em dificuldades financeiras, o Grupo Rede passaria a ter como sócios o BNDES e a Eletrobras, que já detém 5% das ordinárias e 40% do capital total da companhia. O ingresso do banco no capital e um eventual aumento de participação da holding federal dariam um substancial reforço financeiro a Cemat. Seria uma alternativa a venda da empresa ? uma das soluções aventadas pelo empresário Jorge Queiroz de Moraes Junior para equacionar os problemas do Grupo Rede. Atilano Oms Sobrinho já perdeu as contas de quantas vidas queimou desde que a Inepar deixou de ser um dos maiores grupos industriais do país para entrar no rol das empresas-abacaxi. Curiosamente, o empresário nunca esteve diante de uma ambiência tão positiva para a recuperação da companhia. Caso consiga finalmente negociar o passivo com o BNDES, Atilano terá fôlego extra para investir na sua maior aposta: a Iesa a“leo e Gás, uma das subsidiárias do grupo com maior potencial de crescimento. A empresa, com instalações no Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul, vai construir mais uma planta industrial, no município gaúcho de Charqueadas. De olho no aumento das encomendas de equipamentos na esteira do pré-sal, Atilano pretende atrair um sócio para a companhia. No ano passado, o empresário chegou a negociar uma associação com o australiano Mac- Quarie Capital – ver RR – Negócios & Finanças nº 3.835.
Acervo RR
Gerdau e Usiminas é aço forjado no próprio Planalto
25/03/2011Jorge Gerdau está cumprindo missão. A investida da Gerdau sobre as ações dos funcionários da Usiminas e os planos de fusão com a Açominas são apenas da missa a metade. Por trás deste enredo, há um chamamento do Planalto para uma operação muito maior. Para aqueles que se arrepiam com a estratégia do BNDES em criar conglomerados com inserção competitiva no exterior, vem aí mais um capítulo. O projeto do governo é fomentar a associação entre a Gerdau e a Usiminas e criar um agente consolidador do setor siderúrgico não apenas no Brasil, mas, sobretudo, com perspectiva internacional. Juntas, as duas empresas poderiam disputar a compra de empresas no exterior. Um dos alvos seria a Ternium, braço siderúrgico do grupo ítalo- argentino Techint, que também chegou a se candidatar a aquisição das ações dos funcionários da Usiminas. Juntas, as três empresas formariam um conglomerado com produção anual de 35 milhões de toneladas de aço, plantas no Brasil, Estados Unidos, México, Argentina e Colômbia, e faturamento equivalente a R$ 60 bilhões. Curiosamente, há pouco mais de um mês, a própria Usiminas vendeu sua participação de 14,2% no capital da Ternium. . Para que a associação com a Usiminas seja concretizada, a Gerdau terá de avançar também sobre as ações da Camargo Corrêa e dos Ermírio de Moraes no bloco de controle da Usiminas. No entanto, esta operação não será apenas um acordo entre compadres do baronato empresarial. Toda esta engrenagem tem ainda duas peças fundamentais: o BNDES e a Nippon Steel. O banco entraria na operação com duplo chapéu: como acionista, ingres sando no bloco de controle da Usiminas, e como financiador da própria compra da Ternium ou de outras siderúrgicas no exterior. Os japoneses, por sua vez, cederiam parte de suas ações para o desembarque da Gerdau e do BNDES no controle da siderúrgica mineira. Guardadas as devidas proporções, a Nippon teria uma condição semelhante a da Mitsui na Vale. A siderúrgica japonesa permaneceria com uma posição estratégica na empresa mineira. A redução da sua fatia societária seria amplamente compensada pela participação em um grupo de porte ainda maior. Mal comparando, seria uma negociação a la Oi, em que todos cederiam um pouco daqui e dali em nome de uma operação de grande envergadura. Para Jorge Gerdau, este projeto seria a concretização de um sonho. O empresário, que sempre teve complexo por ser chamado de fabricante de vergalhão e arame, entraria no segmento de aços planos. Seria uma promoção de tenente para marechal. Se, na visão do Planalto, a Gerdau deve ser o cavalo vencedor, o páreo já começa com um grande perdedor. A intenção do governo de estimular a associação entre a Gerdau e a Usiminas é um tiro na femoral de Benjamin Steinbruch, que também alimenta a pretensão de comprar a siderúrgica mineira. Como de hábito, o empresário pecou pelo estilo. Benjamin entrou no negócio dando uma tesoura voadora. Comprou participações da companhia em mercado, soltou um comunicado sobre o seu interesse em ingressar no bloco de controle da Usiminas e desdenhou conversar com os japoneses. Não bastasse a ausência de tato, faltou ainda o principal: contar com a simpatia do governo.
Acervo RR
Barreira
25/03/2011O empresário Maurílio Biagi tem chorado suas pitangas com o ministro Antonio Palocci, de quem é muito chegado desde os tempos de prefeitura de Ribeirão Preto. As conversas giram em torno de uma atuação mais forte do BNDES para frear o avanço do capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro.
Acervo RR
Lácteos Brasil tira seu passaporte internacional
23/03/2011Do laboratório de alquimias do BNDES está prestes a sair um novo projeto com o objetivo de criar a primeira multinacional da área de laticínios de origem brasileira. O passo inicial já foi dado com a formação da Lácteos Brasil, resultado da fusão entre a Monticiano, leia-se GP Investimentos, e a gaúcha Bom Gosto. Na condição de acionista da companhia, com 30,2% do capital, o banco está disposto a financiar a compra de ativos no exterior e, a partir daí, formar uma holding com operações em diversos países, a começar pelo Mercosul. Em duas recentes reuniões entre os dirigentes da companhia e os representantes do BNDES, o nome mais falado foi o da SanCor, uma das maiores produtoras de laticínios da Argentina. A aquisição transformaria a Lácteos Brasil em uma das maiores fabricantes de leite e derivados do país vizinho. Logo na partida, a empresa assumiria quase um terço do mercado local. Herdaria ainda 16 fábricas e um faturamento anual próximo de US$ 1 bilhão. O grupo brasileiro passaria a ser uma holding com quase 50 unidades fabris nos dois países e um faturamento total de US$ 2,5 bilhões. Na visão do BNDES e dos demais acionistas da Lácteos Brasil, a compra da SanCor daria musculatura para uma posterior operação-arrastão na Argentina, ou seja, a compra de fabricantes de pequeno e médio portes. A partir daí, a Lácteos do Brasil iria em busca de outros mercados. Estão no alvo Chile, México e, até mesmo, os Estados Unidos.
Acervo RR
Pote de açúcar
22/03/2011Em recuperação judicial, o grupo sucroalcooleiro Naoum bateu a porta do BNDES. A empresa goiana tenta convencer o banco a entrar no seu capital e ajudar no equacionamento das dívidas
Acervo RR
BNDES-I
16/03/2011Há uma ideia embrionária no Palácio do Planalto de transferir a responsabilidade pelo fomento a s áreas de tecnologia e pesquisa para Luciano Coutinho. Seria como se o BNDES ganhasse um “I” de inovação. E mais grana ainda.
Acervo RR
Terra Viva bota fogo na Tonon Bioenergia
16/03/2011A Tonon Bioenergia – dona de usinas de açúcar e álcool em Bocaina (SP) e em Maracaju (SP) ? entrou em combustão societária. O que mais chama a atenção são os protagonistas do enredo: BNDES, Previ e Petros, os principais cotistas do Fundo Terra Viva, que entrou no capital da empresa no ano passado após aportar R$ 86 milhões. Não obstante ser apenas sócio minoritário, com 17% das ações, o private equity vem imprensando a família Tonon contra a parede com o objetivo de aumentar o seu poder na gestão da companhia. O Terra Viva forçou a saída dos três conselheiros independentes que haviam sido contratados dentro do processo de profissionalização da Tonon ? Miguel Sampol, ex-Klabin, Luis Carlos de Carvalho e José Eduardo Pontes. Dois deles foram informados da decisão por telefone. As três cadeiras estão vagas há mais de dois meses, mas o fundo já manifestou a intenção de povoar o Conselho com representantes saídos das suas fileiras. O Terra Viva ? cuja missão é entrar em empresas do setor, promover a governança e preparar sua abertura de capital ? tomou um caminho torto na Tonon Energia. Em meio a desgovernança instaurada na companhia, forçou recentemente a abrupta substituição do diretor financeiro. O que causou perplexidade entre a família Tonon foi a forma como a mudança ocorreu. Pelo acordo de acionistas, o private equity poderia indicar dois conselheiros e o diretor financeiro, mas, no segundo caso, jamais exerceu seu direito. No entanto, há cerca de dois que uma mera troca de nomes. O Terra Viva aproveitou a mudança para aumentar seu poder na empresa. Com a chegada de Bulio, a diretoria financeira incorporou as áreas de RH, suprimentos e controles agrícolas, tirando atribuições que estavam divididas entre os demais executivos. A interferência do fundo chegou a tal ponto que, há cerca de duas semanas, três dos principais diretores da Tonon entregaram seus cargos. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Tonon não quis se pronunciar sobre o assunto. Entre os integrantes da família Tonon, há quem enxergue uma tentativa deliberada do Terra Viva de esgarçar a relação societária e, desta forma, forçar a compra de uma participação maior na companhia, se possível fisgando o próprio controle. Por este raciocínio, o private equity teria caminho aberto para montar um colar de ativos no setor usando a Tonon como ponto de partida. A família, no entanto, está em uma encruzilhada, inclusive com divisões internas. Há quem defenda uma briga jurídica contra o Terra Viva. Uma parte do clã, no entanto, tenta colocar panos quentes no imbróglio, por conta dos empréstimos em aberto que a companhia tem com o próprio BNDES ? o banco liberou cerca de R$ 140 milhões para a construção da usina de Maracaju. A contenda entre os acionistas da Tonon Bioenergia ocorre justamente no momento em que a empresa dá flagrantes sinais de recuperação após a entressafra financeira de 2008 e 2009. A expectativa é de que a companhia fature neste ano cerca de R$ 600 milhões, contra R$ 280 milhões em 2008. No mesmo período, a relação dívida/Ebitda recuou de 8,1 para 2,93.
Acervo RR
Laboratório Aché busca um biotônico para a sua operação
14/03/2011As famílias Syaulis, Baptista e Depieri, controladoras do laboratório Aché, estão convictas de que a empresa vive seu turning point: ou põe as garras de fora, compra ativos e se mostra ao mercado como uma consolidadora ou acabará se tornando presa fácil para a concorrência. Os acionistas do Aché têm se esforçado para evitar a segunda hipótese. Nas duas últimas reuniões de Conselho, a pauta foi monotemática: Syaulis, Baptista e Depieri se debruçaram sobre nomes para possíveis aquisições. Além do laboratório Blau – ver RR – Negócios & Finanças edição nº 4.037, há três empresas em seu radar. Entre elas, o principal sonho de consumo é a Biolab, uma das companhias do setor com maiores taxas de crescimento nos últimos anos – em 2009 e 2010, o retorno médio sobre o patrimônio ficou acima dos 20%. Não por acaso, no passado recente, a empresa foi procurada pela onipresente Hypermarcas e pela Pfizer. Com a aquisição da Biolab, o faturamento do Aché passaria de R$ 1,4 bilhão para mais de R$ 2 bilhões ao ano. A empresa ainda herdaria três fábricas, todas em São Paulo – Itapecerica da Serra, Jandira e Taboão da Serra. Os outros dois alvos do Aché são tratados pelos próprios acionistas controladores como uma espécie de prêmio de consolação, uma alternativa a uma investida eventualmente frustrada sobre a Biolab. Um deles é o Hipolabor, laboratório com sede em Sabará (MG). O Aché vem mantendo conversações com a empresa ? as tratativas são feitas por intermédio do BNP Paribas. O principal ativo do Hipolabor é a venda direta de medicamentos ao governo. Outra possibilidade aventada pelas famílias Syaulis, Baptista e Depieri é ainda mais arriscada. Trata-se de um acordo com o empresário Marçal Soares, de Goiás, para a retomada do laboratório Kinder. Especializado em medicamentos genéricos, a empresa suspendeu a produção há cerca de um ano e meio por problemas financeiros. Desde então, Soares busca um sócio para reativar a fábrica, permanecendo no negócio como acionista minoritário. Além de rechaçar a pecha de possível alvo da concorrência, outro desafio do Aché é purgar recentes derrotas. A empresa esteve perto de comprar o laboratório Mantecorp, mas perdeu o páreo para a Hypermarcas. Negociou também com o Teuto, que acabou vendendo 40% do seu capital para a Pfizer. Ressalte-se ainda um duro revés institucional: a guinada nas relações com o BNDES. Há pouco mais de um ano, o Aché era visto dentro do banco como o principal candidato a capitanear o processo de consolidação do setor e consequente criação de um grande laboratório farmacêutico de controle nacional. No entanto, as conversas entre as três famílias e a agência de fomento desandaram e a Hypermarcas se tornou a preferida do BNDES.
Acervo RR
Pied-Á -terre 2
16/02/2011Por falar em posto avançado no exterior, o BNDES vai abrir um escritório em Luanda, capital de Angola. O objetivo é agilizar a liberação de financiamentos a grupos brasileiros com negócios na africa. A representação angolana terá autonomia para fazer análise técnica prévia dos projetos.
Acervo RR
Dinheiro alheio
11/02/2011O rating da Dell subiu alguns pontos no governo. A empresa deverá ceder parte de sua fábrica em São Paulo para um projeto-piloto que prevê a montagem de computadores populares, a um custo inferior a mil reais. Também, com o dinheiro dos outros fica mais fácil. O BNDES vai financiar parte da produção.
Acervo RR
Marfrig prepara novo abate de frigoríficos
10/02/2011Ontem pela manhã, ao embarcar em seu próprio jatinho que o levaria do Rio de Janeiro de volta para São Paulo, o empresário Marcos Molina não conseguia esconder o sorriso e o ar de satisfação. A missão da véspera havia sido muito bem cumprida. Na última terça-feira, o dono do Marfrig passou parte do dia reunido com dirigentes do BNDES, acionista da companhia. Saiu do banco com vontade de matar um boi e fazer um churrasco de arromba para celebrar o resultado da reunião. Molina recebeu sinal verde para novas aquisições. O BNDES está disposto, se necessário, a aumentar sua participação no frigorífico para financiar um novo e agressivo plano de expansão, com a compra de empresas tanto no Brasil quanto no exterior. Durante a reunião no BNDES, foi apresentada uma relação de empresas que são objeto de interesse do Marfrig. O primeiro nome da lista é o frigorífico Mataboi, com sede em Araguari (MG). Molina já teria mantido conversações com a família Dorazio, controladora da empresa. O Mataboi tem seis unidades de abate em cinco estados e seu faturamento anual está na casa dos R$ 600 milhões. Trata-se de uma companhia razoavelmente arrumada, ainda que o termo não pareça se encaixar ao setor de frigoríficos. A empresa tem significativa inserção comercial no exterior. Metade do seu faturamento é proveniente de exportações. Outras empresas avaliadas pelo Marfrig seriam a Arantes Alimentos, que tem uma dívida superior a R$ 1 bilhão, e a Quatro Marcos, também em recuperação judicial. Com o apoio do banco, Molina entraria em cena para desatar um nó que aperta a jugular do governo, evitando o risco de continuidade das duas empresas. De sua parte, o empresário também resolveria um problema. O objetivo de Molina com a nova rodada de aquisições é ampliar a capacidade de abate e, consequentemente, a produção interna de matéria-prima para a operação industrial do grupo, a começar pela Seara.
Acervo RR
BNDES é o marido traído do Independência
8/02/2011A diretoria do BNDES acompanha, com um misto de incredulidade e indignação, os novos passos da recuperação judicial do Independência. A família Russo, controladora do frigorífico, parece ter se esquecido de que o banco é um personagem fundamental nesta história. As negociações com os credores em torno das novas propostas passaram ao largo do BNDES, dono de quase 15% da empresa. Entre as principais questões, a agência de fomento não teria sido consultada sobre a intenção da companhia de vender até R$ 200 milhões em ativos. O mesmo valeria para a proposta de criação da ” Nova Independência “, empresa que herdaria as operações do frigorífico dentro do plano de recuperação judicial. Procurado pelo RR – Negócios & Finanças, o Independência não retornou as ligações até o fechamento desta edição. O BNDES, por sua vez, não quis se pronunciar sobre o assunto. O Independência é uma das mais conturbadas operações feitas na história recente do BNDES. Entre novembro de 2008 e março de 2009, o banco aportou cerca de R$ 450 milhões no frigorífico. Pouco depois, a empresa entrou em recuperação judicial. Mesmo diante de todas as dificuldades financeiras, a família Russo entrou em rota de colisão com o banco, que foi alijado da gestão. Desde então, o BNDES briga para revender sua participação aos próprios controladores e recuperar parte do dinheiro aportado na companhia.
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Aeroporto
4/02/2011Em um mundo lógico, racional, de perfeita simetria e previsibilidade, Sergio Andrade, Carlos Jereissati e a PT Telecom já estariam examinando a compra do SBT. A emissora de Silvio Santos, não bastasse vestir como uma luva nos planos de conteúdo e âncora da TV a cabo Oi, tem sinergia com a operação de distribuição de canais dos portugueses. Nesse mundo idealizado, a OI daria um salto na frente da concorrência com amplo apoio do governo, notadamente no BNDES.
Acervo RR
Benjamin Steinbruch reencontra o óbvio perdido
3/02/2011A investida da CSN sobre a Usiminas é uma operação capaz de mover placas tectônicas não apenas na siderurgia, mas também em outros três importantes setores da economia: as áreas de cimento, de mineração e de energia. Tudo em razão dos personagens e do modelo emvolvidos na negociação. Benjamin Steinbruch estaria disposto até a abrir mão de seus ativos na área cimenteira para ingressar no bloco de controle da Usiminas e se transformar no maior player siderúrgico do país. Steinbruch aceita colocar suas usinas de cimento sobre a mesa em uma negociação para a compra das participações da Camargo Corrêa e da Votorantim, as únicas portas de entrada no controle da companhia mineira ? uma vez que a Nippon Steel não tem qualquer interesse em se desfazer de sua posição estratégica na siderúrgica. Os ativos da CSN dariam liga a formatos híbridos de negócio. Um deles envolveria parte do pagamento cash e parte com a transferência das fábricas de cimento. Em outro modelo, a Camargo Corrêa e o Votorantim teriam acesso a escória gerada na aciaria da Usiminas, garantindo matéria-prima para a produção de cimento. CSN e Usiminas protagonizam uma crônica da fusão anunciada há mais de uma década. O namoro começou na época das privatizações. Posteriormente, quando ainda estavam no bloco de controle da usina mineira, Bradesco e Vale passaram a ser vistos como janela para o ingresso da CSN no capital da empresa. Mais recentemente, a frente do BNDES, Carlos Lessa tentou emplacar a fusão entre as duas siderúrgicas, também sem sucesso. Steinbruch tem moeda de troca e dinheiro em caixa para ressuscitar o projeto. Em jogo, a possibilidade de se tornar o maior siderurgista do país. Juntas, CSN e Usiminas produzem 10,5 milhões de toneladas por ano. Com os planos de expansão da siderúrgica mineira e o projeto de duplicação da usina de Volta Redonda, a nova empresa atingiria uma capacidade superior a 16 milhões de toneladas em até quatro anos. Deixaria para trás a ArcelorMittal, cuja produção está na casa dos 13 milhões de toneladas. Para completar, Benjamin estaria sentado sobre uma significativa reserva de minério de ferro, juntando-se Casa de Pedra com as quatro jazidas da siderúrgica mineira em Serra Azul (MG). Além de redesenhar o equilíbrio de forças no setor siderúrgico, a operação teria impacto na área cimenteira. Ao herdar os ativos da CSN, incluindo os projetos para a construção de três novas fábricas, o Votorantim ficaria ainda mais folgado na liderança do setor. A Camargo Corrêa, por sua vez, teria um trunfo na disputa que trava com o Grupo João Santos e a Holcim pelo segundo lugar no ranking. Completando o seu múltiplo efeito, o movimento da CSN teria o poder ainda de rearrumar as peças no tabuleiro da energia elétrica, criando mais um grande grupo no setor. Com os recursos amealhados com a venda de suas ações na Usiminas, a Camargo Corrêa ganharia ainda mais musculatura para disputar a compra da Neonergia, abrindo caminho para a sua posterior fusão com a CPFL. Estima-se que os herdeiros de Sebastião Camargo precisariam de quase R$ 9 bilhões para consumar a operação. Ressalte-se ainda que a associação entre a CSN e a Usiminas conta com a simpatia do governo, notadamente do BNDES. Além de permitir a criação de um grande grupo siderúrgico de controle nacional, a negociação possibilitaria a redução das importações de aço, assunto que tem mobilizado o governo.
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Petrobras pré-deprime a indústria
31/01/2011O discurso do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em Davos foi só para suíço ouvir. A verdade é que a estatal jogou a toalha. As reuniões anunciadas por Gabrielli em diversos estados com os produtores de equipamentos são apenas, digamos assim, medidas macroprudenciais. A direção da estatal tem dito a Dilma Rousseff, desde o ano passado, que não tem como cumprir as metas de nacionalização dos equipamentos para a exploração de petróleo. Até aí já se sabia. O fato novo é que os bens a serem adquiridos no exterior têm custo unitário muito maior do que os produzidos aqui. Como a situação é irreversível, mesmo com todos os private equities que estão se formando em torno da cadeia de suprimento de equipamentos e dos recursos disponibilizados aos fabricantes pelo BNDES e pela própria Petrobras, a indústria deverá levar uma dupla porretada: por um lado. vai ver chover importado e por outro, assistir ao dólar derreter.
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Dilma abre energia nuclear ao capital privado
27/01/2011O governo Dilma Rousseff encampou o lobby das empresas privadas pela abertura do setor de energia nuclear a investidores não-estatais. O Planalto vai usar de toda a sua força no Congresso para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permite a participação de grupos privados na construção e operação de usinas atômicas e na comercialização da energia. A PEC foi elaborada pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica. Trata-se de um movimento complexo, uma vez que este assunto sempre foi tratado como uma questão de Estado e de segurança nacional, notadamente a venda de urânio enriquecido. Na Câmara, a principal barreira a votação é a oposição da bancada militar, capitaneada pelo deputado federal Jair Bolsonaro. O governo, no entanto, trabalha com a ideia de que conseguirá aprovar a PEC até junho, a tempo de que os investidores privados já possam participar da licitação da usina de Angra 3, prevista para ocorrer ainda neste ano. Além de contar com a maioria no Congresso, o Planalto tem como trunfo uma solução meio-termo, que, no seu entendimento, será capaz de contemplar os diversos interesses em jogo e, principalmente, aplacar a resistência militar. O governo pretende adotar um formato misto, similar aos modelos norte-americano e inglês. As usinas serão licitadas sob regime de concessão, a exemplo do que já ocorre com as geradoras. A operação ficará nas mãos do consórcio vencedor do leilão, sob o sistema de gestão compartilhada. Para evitar a privatização ou até mesmo desnacionalização de uma atividade delicada como esta, com impacto, inclusive, na política externa, a presença do capital privado nos consórcios será restrita a participações minoritárias. O controle das futuras usinas permanecerá obrigatoriamente nas mãos da Eletronuclear e de outros agentes estatais. O Brasil é um dos seis ou sete países que podem verticalizar toda a produção de energia nuclear, por dispor de fartas reservas de urânio e dominar a tecnologia de enriquecimento do minério. Dilma Rousseff, contudo, está convencida de que só conseguirá deslanchar a construção das quatro novas usinas nucleares já aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética e estimular a expansão desta modalidade na matriz energética em parceria com grupos privados, inclusive internacionais. O BNDES, por sua vez, terá participação ativa no financiamento para a construção das novas geradoras. O Ministério de Minas Energia trabalha com a estimativa de que a abertura do setor poderá atrair até US$ 10 bilhões em investimentos para a constituição de um parque gerador de energia nuclear no país. Grupos privados já demonstraram ao governo a disposição em se associar a Eletronuclear para a construção e operação das novas usinas. Entre os candidatos estão a francesa Areva e a Iberdrola. O projeto também está no radar de grandes empreiteiras, como Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, interessadas em aproveitar o investimento como bilhete para participar da construção das geradoras. O projeto pode atrair ainda empresas em vias de atravessar a fronteira do autosuprimento para a venda de energia, como a Vale.
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Cosan no exterior
25/01/2011A Cosan está negociando a compra de uma grande usina de álcool e açúcar na andia. Rubens Ometto, que não costuma dar ponto sem nó, quer aproveitar a operação para obter um robusto apoio do BNDES. Ometto vai erguer a bandeira de que a Cosan é o único grupo nacional em condições não apenas de barrar o aumento do capital estrangeiro na indústria sucroalcooleira nacional como também de disputar ativos no exterior.
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Governo usa Embraer para turbinar indústria bélica nacional
24/01/2011A recém-anunciada criação da Embraer Defesa e Segurança vai além das fronteiras de São José dos Campos. Trata-se de um assunto de Estado. A nova subsidiária da Embraer é apenas a ponta mais visível de um projeto de maior fôlego orquestrado pelo próprio governo. O objetivo é fomentar o surgimento de uma grande indústria bélica de controle nacional, capaz não apenas de atender a demanda das Forças Armadas brasileiras, mas também de competir no mercado externo. A ideia é que a Embraer se torne catalisadora de investimentos no setor, seja por meio de parcerias, seja até mesmo pela incorporação de fabricantes de armamentos e equipamentos de defesa nacionais, leia-se Avibrás, Avitech e a própria Imbel, pertencente ao Exército. O BNDES seria um personagem de alta patente neste projeto, garantindo parte expressiva dos recursos para a operação. Os fundos de pensão acionistas da Embraer também deverão ser convocados ao front. A própria indicação de Luiz Carlos Aguiar para a presidência da Embraer Defesa e Segurança reflete a imbricação entre a nova empresa e o projeto arquitetado pelo governo. Aguiar tem relação estreita com o PT. Foi diretor da Previ, de onde saiu para comandar justamente a área de Defesa e Governo da Embraer. Sua nomeação para o novo cargo, portanto, foi decidida mais em Brasília do que em São José dos Campos. Três ministérios estão diretamente envolvidos no projeto: Casa Civil, Defesa e Desenvolvimento. Durante o segundo mandato, o governo Lula tentou promover uma operação similar, focada exclusivamente na fusão entre empresas do setor. A entrada em cena da Embraer dá nova magnitude ao negócio, tanto pela maior possibilidade de captação de recursos quanto pela notória munição comercial da empresa no exterior. Também confere ao projeto uma maior abrangência industrial. A criação de um cinturão na área de defesa, com a associação de empresas de diferentes áreas, permitirá, por exemplo, a venda de aeronaves militares associada a oferta de equipamentos e armamentos.
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Amsted Maxion embarca no trem da Usiminas
24/01/2011A Amsted Maxion está interessada na compra da divisão de equipamentos ferroviários da Usiminas Mecânica, controlada pela Usiminas. A aquisição significaria a incorporação de uma fábrica de vagões no distrito de Santana do Paraíso, em Ipatinga (MG). A Amsted Maxion herdaria ainda uma cobiçada carteira de pedidos, além de um acordo já fechado entre a Usiminas Mecânica e a norte-americana Standard Car Truck (SCT) para a produção de truques ferroviários ? conjunto de componentes fundidos, como rodas, eixos e molas, responsável pela suspensão e movimento dos vagões. O início da fabricação do equipamento está previsto para o segundo semestre. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Usiminas negou a operação. Já a Amsted-Maxion não se pronunciou até o fechamento desta edição. Trata-se de uma operação complexa, que pode ir parar na cancela do Cade. Com a aquisição, a Amsted Maxion passaria a ter quase 70% das vendas de equipamentos ferroviários no país, abrindo larga vantagem para o seu principal concorrente, o Grupo Randon. As previsões de crescimento do setor inflam o interesse da empresa. A demanda por vagões e outros equipamentos vem crescendo, em média, 30% ao ano. Parte do aumento dos pedidos se deve ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, que garante condições especiais de crédito para a compra de componentes ferroviários. A previsão é de que as vendas de vagões no Brasil atinjam a marca de cinco mil unidades neste ano e seis mil em 2012, contra 1,3 mil em 2009.
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Dedini e Sermatec se juntam nos canaviais
12/01/2011A Dedini, líder nacional na produção de equipamentos para a indústria sucroalcooleira, estaria em negociações para uma fusão com a Sermatec, empresa pertencente a família Biagi. A operação daria origem a uma empresa com faturamento anual superior a R$ 1,7 bilhão e mais de 60% de participação no setor. Se o Cade permitirá esta hiperglicemia de market share, são outros quinhentos, mas a negociação tem um aliado importante. Conta com o apoio do BNDES, credor das duas companhias. O banco enxerga na fusão uma possibilidade de proteger a indústria de base para o setor sucroalcooleiro. No governo, há uma preocupação de que a invasão de capital estrangeiro na produção de etanol se replique também na área industrial, com uma evasão de encomendas para empresas internacionais. A crise global em 2008 e o carry over da queda nos preços do açúcar e do álcool nos últimos dois anos ainda pesam sobre os ombros tanto da Dedini quanto da Sermatec. Nesse período, em média, a carteira de encomendas das duas empresas caiu quase 30%. A Sermatec ainda tem um problema particular. Com a venda das principais usinas da família Biagi, a empresa perdeu um mercado cativo para o fornecimento de equipamentos. Na nova companhia, inclusive, o clã deverá ter uma participação minoritária em razão do menor porte da Sermatec.
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Grupo ABC
7/01/2011O Grupo ABC, o conglomerado de propaganda e marketing controlado por Nizan Guanaes e Guga Valente, atira em duas direções. Ao mesmo tempo em que negocia a entrada do BNDES em seu capital, estaria em conversações com fundos de investimento internacionais. Ressalte-se que o ABC já tem entre seus acionistas o Gávea Investimentos, hoje JP Morgan.
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Saneamento
6/01/2011A Cagece está em conversações com a Caixa Econômica Federal e o BNDES. Busca recursos para o que promete ser um dos maiores planos de investimento da companhia. Ao longo de 2011 e 2012, a empresa de saneamento do Ceará deverá desembolsar mais de R$ 600 milhões.
Acervo RR
Blau é remédio para dor de cotovelo do Aché
6/01/2011O laboratório Aché saiu em busca de um medicamento para a dor de cotovelo causada pela perda do Mantecorp, comprado pela Hypermarcas. Aquisição frustrada só se cura com aquisição fechada. Seguindo este receituário, as famílias Depieri, Syaulis e Baptista já têm um novo ativo em vista. Trata-se do Blau, antigo Blausiegel, laboratório pertencente ao empresário Marcelo Hahn. Mais uma vez, a Aché não está sozinha no páreo. A Pfizer, que recentemente comprou 40% da Teuto, também tem interesse na compra do Blau. Trata-se de um antigo objeto de cobiça dos norte-americanos, que teriam mantido conversações com Marcelo Hahn no primeiro semestre do ano passado, antes, portanto, da associação com a Teuto. As famílias Depieri, Syaulis e Baptista correm contra o relógio. Sua maior preocupação é evitar que o Aché fique para trás no processo de consolidação do setor. Ressalte-se que, em determinado momento, a empresa chegou a ser a preferida do BNDES para encabeçar o projeto de criação de um grande laboratório de controle nacional, mas, nos últimos meses, teria perdido este status para a Hypermarcas. Além de significar uma resposta ao mercado, a compra do Blau permitiria ao Aché avançar no segmento de medicamentos biotecnológicos. Outro importante ativo do laboratório é a sua linha de preservativos, na qual se destacam as marcas Olla e Jontex. Com a aquisição, o Aché herdaria ainda uma receita anual em torno de R$ 300 milhões.
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OHL marca o nome da BR Vias em seu mapa de aquisições
28/12/2010O empréstimo de R$ 1 bilhão recentemente concedido pelo BNDES saiu barato para a OHL Brasil, não pelo custo per si, mas pela sua importância para a estratégia de expansão do grupo. Os recursos, que serão usados na modernização da Rodovia Regis Bittencourt, darão a empresa uma folga de caixa providencial, com impacto direto sobre o seu plano de expansão. A OHL vai partir para uma nova temporada de aquisições de concessões rodoviárias. A primeira parada é a BR Vias. A subsidiária do grupo espanhol estaria negociando sua entrada na empresa, sociedade entre o grupo aurea, da família Constantino, a WTorre e a Splice, do empresário Antonio Beldi. A OHL pretende fisgar metade das participações dos Constantino e da WTorre, donos, respectivamente, de 34% e de 16% do capital da BR Vias. A princípio, a Splice permaneceria com 50% das ações. O formato da operação revela os caminhos e descaminhos societários da BR Vias. Dos três sócios, a Splice, do empresário Antônio Beldi, é quem teria demonstrado mais disposição em seguir no negócio. Os Constantino e o empresário Walter Torre, por sua vez, já há algum tempo vêm dando sinais do interesse em reduzir sua presença na concessionária. A inapetência começa a se refletir, inclusive, no plano de investimentos da BR Vias. O Grupo aurea e a WTorre têm proposto uma revisão dos projetos em curso até a chegada de um novo sócio. Ainda que por vias oblíquas, a OHL enxerga a eventual entrada na BR Vias como um rito de passagem. Na visão dos espanhóis, uma vez dentro da concessionária, a OHL Brasil poderá pavimentar uma estrada até o controle da empresa. Neste caso, o mais provável seria avançar sobre o restante das ações pertencentes a WTorre e ao Grupo aurea. A Splice, por sua vez, receberia em troca uma participação na própria OHL Brasil.
Acervo RR
BNDES usa Copa do Mundo para fortalecer hotelaria nacional
27/12/2010O BNDES enxergou uma dupla serventia no novo pacote de financiamento para o setor holeteleiro, motivado pela Copa de 2014 e pelas Olimpíadas de 2016. Além do aumento da rede, o banco vai usar a operação como uma forma de fortalecer o capital nacional e evitar uma farta temporada de venda de hotéis para grupos estrangeiros, o que tem ocorrido em ritmo acelerado nos últimos três anos. O BNDES usa como régua um levantamento recente do Ministério do Turismo. A previsão mais otimista é que em até dois anos as redes nacionais por rede entenda-se grupos com atuação em pelo menos dez cidades tenham um market share em torno de 15%. No mesmo período, as redes estrangeiras deverão chegar a marca de 30%. O restante do mercado está nas mãos de hotéis isolados, que não configuram uma rede e são administrados por seus próprios proprietários. O impacto das redes hoteleiras no faturamento geral do setor é expressivo, pois representam mais de 40%. Além disso, são justamente os hotéis em cadeia que estão localizados nas capitais e nas maiores cidades do país que receberão os jogos da Copa do Mundo e estão na alça de mira dos grupos internacionais. Por esta razão, o BNDES vai reforçar a munição. Além da linha de crédito que estará a disposição das empresas hoteleiras em 2011, a BNDESPar deverá entrar em campo, comprando participações no capital de redes nacionais. O objetivo é capitalizá-las e facilitar a obtenção de crédito bancário para ampliações e reformas. O banco está preparando um mapeamento completo da situação financeira das principais redes do país, que servirá de referência para a estratégia de preservação da participação do capital nacional em, pelo menos, 60% do setor.
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Petrobras enche o tanque da Refap com fundos de pensão
22/12/2010Promete ser efêmero o absolutismo societário da Petrobras na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). Após fechar a compra da participação da Repsol YPF, a estatal já prepara o segundo movimento. A ideia é revender parte do capital para investidores institucionais. Um dos candidatos é o fundo InfraBrasil, que reúne fundos de investimento, fundações de previdência privada e o próprio BNDES. Há também uma negociação paralela que poderá resultar na entrada isolada de um grupo de fundos de pensão capitaneado pela Petros. Este pool compraria até 49% do capital da Refap. Fundos europeus e asiáticos também estariam no páreo, mas a prioridade da Petrobras é fechar negócio com os fundos de pensão. A negociação com a Petros faz parte de uma operação maior. Seria o ponto de partida para a fundação criar uma nova carteira de investimentos voltada a compra de participações em outras refinarias da Petrobras. A estatal colocou na mesa para futuras conversas a venda de metade do capital da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. A Reduc conseguiu recentemente acertar o fornecimento de gás oriundo do aterro sanitário de Gramacho, localizado ao lado da refinaria, o que reduzirá em mais de 30% o custo de energia para funcionamento da planta industrial. A Petrobras comprou a participação da Repsol YPF a contragosto. A estatal resistiu até o último momento a saída do grupo espanhol. Chegou até a propor a ampliação da participação da Repsol de 30% para 49%. Houve negociação durante aproximadamente seis meses para que os espanhóis aumentassem sua fatia 30% para 49%. Nada feito! Após vender sua rede de postos no país, não faz mais sentido para a Repsol manter um pé em refino. a“ discurso do diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de que a estatal fez um bom negócio e ganhou “sinergias diferentes” vale apenas da porta para fora. Entre a diretoria da empresa, a necessidade de compra forçada das ações da Repsol é tratada como um estorvo. O plano de investimentos da Refap já contemplava a partilha dos aportes com os espanhóis. Caso permaneça com os 100% da refinaria, a Petrobras terá de refazer seu próprio Plano Estratégico para o período 2010-2015, notadamente no que diz respeito aos investimentos em refino.
Acervo RR
Pem Setal se lança ao mar em busca de um melhor porvir
20/12/2010O empresário Augusto Mendonça, dono do Grupo Pem Setal, decidiu voltar no tempo. Seis anos após vender sua participação no estaleiro Brasfels para a Keppel Fels, de Cingapura, Mendonça prepara seu retorno a indústria naval. Não se trata de um meia-volta, volver qualquer. A rentrée no setor é a grande aposta do empresário para dar uma chacoalhada na Pem Setal, que, nos últimos anos, ficou quase restrita ao binômio redução de investimentos/venda de ativos. O primeiro projeto está prestes a sair da prancheta. O grupo vai construir um estaleiro em São José do Norte (RS). O projeto ficará a cargo da Estaleiros do Brasil (ERB), subsidiária da Setal a“leo e Gás que andava a deriva, praticamente esquecida, desde a venda do Brasfels. Mendonça pretende aproveitar o empreendimento como trampolim para a venda de parte do capital da ERB, ressuscitando o modelo societário da parceria com a Keppels Fels, encerrada em 2005. Já existem contatos com alguns grupos internacionais. As conversas mais avançadas se dão com a Kawasaki e envolvem a venda de até 50% do capital. Os japoneses oferecem um pacote que inclui transferência de tecnologia, financiamento de bancos nipônicos e a cessão de mão de obra qualificada para a construção do estaleiro no Rio Grande do Sul. A chegada de um novo sócio permitirá a Pem Setal deslanchar outro projeto já engatilhado: a construção de um estaleiro na Bahia, em sociedade com a OAS. O negócio tem esbarrado nas desavenças entre os dois acionistas, notadamente no que diz respeito a partilha dos investimentos. Ambos dividem o controle, cada um com 45% o restante das ações está nas mãos de investidores institucionais. A fatia que cabe aos acionistas do estaleiro baiano não chega a ser nenhuma fortuna gira em torno dos US$ 42 milhões. Ainda assim, há atritos entre a Pem Setal e a OAS quanto a divisão e também a participação na gestão. Focado na construção de plataformas completas e navios de apoio do tipo AHTS, o estaleiro terá financiamento do BNDES, por meio do repasse de recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM).
Acervo RR
“Banco do Sul” ressurge em versão pocket
16/12/2010O “Banco do Sul” está morto! Viva o “Banco do Sul”! A presidente eleita Dilma Rousseff pretende resgatar das cinzas o projeto de criação de uma agência de fomento na América do Sul. A proposta vai renascer com uma amplitude menor, ao menos em seus primeiros passos. Dilma planeja usar o conceito original como proxy para a montagem de um banco bilateral capitaneado por Brasil e Argentina. O objetivo será o financiamento do comércio entre os dois países e investimentos cruzados de empresas brasileiras e argentinas. O ministro Guido Mantega já iniciou entendimentos sobre o assunto com os ministros da Economia e da Indústria da Argentina, respectivamente, Amado Bodou e Débora Giorgi. Até março, os dois países deverão formatar um primeiro esboço da proposta. Os recursos para o novo banco virão do BNDES e dos também estatais Banco de La Nación Argentina e Banco de Inversión y Comercio Exterior (Bice). Ou seja: a Corporacion Andina de Fomento (CAF) e o Fondo Financiero para el Desarrollo de la Cuenca del Plata (Fonplata), partícipes do projeto original, ficariam de fora. Alguns fatores explicam o apartheid em relação ao projeto original, que previa a criação de uma agência de fomento englobando todos os países da América do Sul. Durante as negociações para a criação do “Banco do Sul”, diversos governos regatearam, sobretudo na hora de decidir o modelo de alocação dos recursos e a cota que caberia a cada nação. Por ora, só a Argentina demonstrou intenção em resgatar as negociações não obstante as tortuosas relações comerciais entre os dois países. Além disso, entre os assessores de Dilma Rousseff, a aposta é que o projeto acabará atraindo outros países do continente pela sua própria força gravitacional. Chile, Uruguai e Colômbia são vistos como os candidatos mais fortes a se engajar a nova instituição em um segundo momento. No final, tudo se resume a um brado: “Samuel Pinheiro Guimarães está morto! Viva Samuel Pinheiro Guimarães”.
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"Banco do Sul" ressurge em versão pocket
16/12/2010O “Banco do Sul” está morto! Viva o “Banco do Sul”! A presidente eleita Dilma Rousseff pretende resgatar das cinzas o projeto de criação de uma agência de fomento na América do Sul. A proposta vai renascer com uma amplitude menor, ao menos em seus primeiros passos. Dilma planeja usar o conceito original como proxy para a montagem de um banco bilateral capitaneado por Brasil e Argentina. O objetivo será o financiamento do comércio entre os dois países e investimentos cruzados de empresas brasileiras e argentinas. O ministro Guido Mantega já iniciou entendimentos sobre o assunto com os ministros da Economia e da Indústria da Argentina, respectivamente, Amado Bodou e Débora Giorgi. Até março, os dois países deverão formatar um primeiro esboço da proposta. Os recursos para o novo banco virão do BNDES e dos também estatais Banco de La Nación Argentina e Banco de Inversión y Comercio Exterior (Bice). Ou seja: a Corporacion Andina de Fomento (CAF) e o Fondo Financiero para el Desarrollo de la Cuenca del Plata (Fonplata), partícipes do projeto original, ficariam de fora. Alguns fatores explicam o apartheid em relação ao projeto original, que previa a criação de uma agência de fomento englobando todos os países da América do Sul. Durante as negociações para a criação do “Banco do Sul”, diversos governos regatearam, sobretudo na hora de decidir o modelo de alocação dos recursos e a cota que caberia a cada nação. Por ora, só a Argentina demonstrou intenção em resgatar as negociações não obstante as tortuosas relações comerciais entre os dois países. Além disso, entre os assessores de Dilma Rousseff, a aposta é que o projeto acabará atraindo outros países do continente pela sua própria força gravitacional. Chile, Uruguai e Colômbia são vistos como os candidatos mais fortes a se engajar a nova instituição em um segundo momento. No final, tudo se resume a um brado: “Samuel Pinheiro Guimarães está morto! Viva Samuel Pinheiro Guimarães”.
Acervo RR
Eletrobrás abre as comportas das usinas Panambi e Garabi
14/12/2010Um dos principais projetos do setor de energia em pauta no governo avançou centenas de megawatts nas últimas semanas. A Eletrobrás apresentou a estatal argentina Ebisa o modelo para a construção das hidrelétricas binacionais Panambi e Garabi, no Rio Uruguai. As duas usinas vão exigir um investimento superior a US$ 2 bilhões. O ponto central das negociações é o modelo para o cálculo da tarifa. A proposta prevê que o valor será fixado com base na média entre os preços praticados nos dois países e uma cesta de moedas. Itaipu deixou lições para nunca serem esquecidas. O governo brasileiro já deixou claro que não haverá pagamento pela energia eventualmente não utilizada pelos argentinos. Um Paraguai só já basta. Outras duas questões importantes do projeto estão alinhavadas. O BNDES deverá financiar até 70% do valor total do empreendimento. Em contrapartida, o Brasil poderá ficar com mais de 60% da energia gerada pelas duas hidrelétricas. Estudos ambientais já feitos pela área técnica do Ministério de Minas e Energia apontam a viabilidade do duplo aproveitamento dos recursos hídricos do Rio Uruguai. Dilma Rousseff é entusiasta de primeira hora do projeto. Na condição de ministra da Casa Civil, a presidente eleita participou diretamente das primeiras negociações bilaterais. O acordo definitivo entre os dois países deverá ser assinado no primeiro semestre de 2011. O governo brasileiro estima que, até lá, todas as licenças ambientais estarão sobre a mesa. Antes disso, Brasil e Argentina ainda terão de aprumar alguns declives no projeto. Há discordâncias em relação ao modelo de gestão. Os argentinos defendem um rodízio na presidência da companhia binacional que será formada para administrar as duas hidrelétricas. O mandato seria de dois ou três anos. No entanto, o governo brasileiro e isso vale tanto para Lula quanto para a presidente eleita Dilma Rousseff não abre mão da presidência executiva em nome da sua maior participação no financiamento. Desta forma, é provável que o rodízio fique restrito ao Conselho de Administração. A operação das duas usinas será compartilhada entre a Eletrobrás e a Ebisa, que vão administrar também os contratos de venda futura da energia.
Acervo RR
Chip quebrado
10/12/2010Apesar de todas as mesuras do governo, especialmente do BNDES, a Intel, mais uma vez, tirou o corpo fora do projeto de construir uma fábrica de chips no Brasil. Para não dizer que nem sequer aceitou conversar, a empresa norte-americana fez exigências estratosféricas quanto aos prazos e a s condições de financiamento da operação. Vai que o BNDES aceita… Por outro lado, o banco está se derretendo para cima da GE, que seria candidata a desencantar a fábrica de chips brasileiros. O BNDES procura um sócio tupiniquim para poder escancarar o cofre.
Acervo RR
OAS enxerga na Sanepar uma ponte para o saneamento
9/12/2010Cesar Mata Pires está escrevendo mais um capítulo da sua ressurreição empresarial. De volta ao tabuleiro dos grandes negócios do qual ficou afastada por algum muito em razão das desavenças entre Mata Pires e os herdeiros de Antonio Carlos Magalhães a OAS vai criar um braço para o setor de saneamento. A operação já começa com um negócio engatilhado. A construtora baiana costura um acordo com a Sanepar e a família Malucelli para a compra conjunta de participações em concessionárias estaduais e municipais. A OAS e o Grupo J. Malucelli deverão ficar com o controle do consórcio uma forma de driblar as restrições de financiamento a estatais. O governador eleito do Paraná, Beto Richa, estuda, inclusive, criar uma nova empresa voltada exclusivamente para a aquisição de concessões no setor: a Sanepar Participações. A OAS quer ser o terceiro vértice do triângulo de empreiteiras que começa a se desenhar no setor de saneamento. A Camargo Corrêa está em negociações com a espanhola OHL e a Sabesp, também com o objetivo de formar um consórcio para a compra de ativos. A geometria se fecha com a Andrade Gutierrez, que deverá investir na área de braços dados com a mineira Copasa. Neste caso, por sinal, há um nó que precisa ser desatado. A Andrade Gutierrez ainda mantém sua mal fadada participação na Sanepar. A construtora pretende se livrar desta amarra, objeto de um longo contencioso com o governo do Paraná. Trata-se de um movimento central para que todas as peças se ajeitem no tabuleiro e a própria OAS possa se unir a estatal paranaense. OAS, Sanepar e J. Malucelli já rastreiam possibilidades de aquisição, notadamente no interior de São Paulo o que anuncia, desde já, um duelo com Sabesp, Camargo Corrêa e OHL. Todos disputam o direito de surfar na onda de privatizações de concessões municipais aguardada para os próximos anos. Segundo relatório recente do BNDES, cerca de 200 cidades brasileiras deverão privatizar suas operações de tratamento de água e esgoto.
Acervo RR
Gás da Previ
9/12/2010O processo de fusão da CEG com a Ceg Rio ganhou um novo e importante personagem: a Previ. O fundo de pensão quer aproveitar a operação para entrar no capital da nova empresa, provavelmente com a compra de parte das ações pertencentes a BNDESPar. De quebra, a Previ tenta arrastar para o negócio o BB-Banco de Investimentos.
Acervo RR
GP Investimentos tira o leite do copo da Itambé
30/11/2010O mercado de laticínios fervilha. Por trás da desistência da Minas Leite e da Centroleite de se associar a Itambé esconde-se uma disputa cada vez mais intensa por ativos no setor, inflamada pela GP Investimentos. Nas últimas semanas, a Monticiano , holding controlada pela gestora de private equity , atravessou as negociações para a formação de uma grande indústria de laticínios, projeto arquitetado e conduzido pela Itambé há praticamente um ano. A GP teria apresentado uma oferta para a compra do controle da Minas Leite e da Centroleite. A operação pode chegar a R$ 200 milhões. Os atuais controladores das duas empresas permaneceriam no negócio, com uma participação minoritária na Monticiano. Ainda que proporcionalmente com uma presença no capital inferior a que teriam na associação com a Itambé, os acionistas da Centroleite e da Minas Leite vislumbram a possibilidade de embarcar em um projeto de maior porte. Com a aquisição da Centroleite e da Minas Leite , a GP poderá acertar dois alvos gastando uma única bala. Automaticamente, impedirá o fortalecimento da Itambé, esvaziando o projeto da concorrente de se tornar um consolidador de ativos no setor. Por ora, das cinco fabricantes de laticínios originalmente engajadas na operação, apenas a Confepar ainda está envolvida no processo. É muito pouco para a Itambé mudar de patamar. Com a solitária incorporação, sua capacidade de captação de leite passaria de 1,2 bilhão para pouco mais de 1,5 bilhão de litros por ano. Além de enfraquecer a posição da Itambé, a GP vai dar mais um passo para transformar a Leitbom, braço operacional da Monticiano , na maior processadora de leite do país. Somando-se a Minas Leite , a Centroleite e, sobretudo, a gaúcha Bom Gosto, também em negociações com a GP, a empresa atingiria uma produção anual de 2,4 bilhões de litros. Ultrapassaria a Brasil Foods e a DPA, respectivamente com capacidade para 1,7 bilhão e dois bilhões de litros por ano. Para atingir esta meta, além do assédio a Centroleite e a Minas Leite , os executivos da GP têm intensificado as conversas com a gaúcha Bom Gosto. A operação, no entanto, ainda esbarra na configuração societária da nova empresa, leia-se a participação que caberá a Monticiano e ao empresário Wilson Zanatta , controlador da Bom Gosto. Outro ponto de interrogação diz respeito a participação do BNDES, dono de 35% da companhia gaúcha ver RR Negócios & Finanças nº 4.006.
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Salva-vida
26/11/2010O BNDES está no meio de uma operação para que a Marcopolo compre a Busscar sem desembolsar um único centavo. A Marcopolo assumiria as dívidas e investiria na recuperação da estrutura industrial da montadora. O banco é um dos maiores credores da Busscar.
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Petrobras tira do armário a sua Petrosal
24/11/2010A Petrobras vai criar a sua Petrosal para investir na exploração e produção na camada de pré-sal. No projeto que foi apresentado pelo governo federal e que tramita no Congresso, a estatal terá obrigatoriamente 30% de cada um dos consórcios que serão criados para explorar os blocos a ser ofertados na região. Como o desembolso previsto pela estatal para dar conta da tarefa deverá ser de, no mínimo, US$ 100 bilhões, e não terá a prerrogativa de abrir mão da participação, o caminho traçado é montar dentro da unidade de exploração e produção da companhia uma estrutura separada. A nova empresa terá como sócios BNDESPar, Petros, Previ e Funcef. Ffundos de private equity nacionais já foram sondados para participar do negócio. O formato societário traçado pela Petrobras destina 49% do capital aos investidores institucionais. A Petrobras Pré-Sal, como provisoriamente a companhia está sendo chamada dentro da estatal, deverá ser criada tão logo o projeto de lei que estabelece o modelo de partilha seja totalmente aprovado no Congresso Nacional. Para quebrar as resistências ao plano, que começam a surgir dentro e fora da Petrobras ficou acertado que o negócio não será aberto a investidores estrangeiros. As companhias de petróleo também não serão convidadas a entrar na Petrobras Pré-sal. O receio é dar munição aos opositores do modelo de partilha, que usariam politicamente a eventual entrada de concorrentes da estatal na reserva de mercado criada para a Petrobras. Além do mais, a companhia será a operadora de todos os blocos que serão ofertados pela Pré-sal Petróleo S/A (PPSA), criada pelo governo federal para gerir os negócios na região.
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Leite frio
22/11/2010As negociações para a fusão entre a Bom Gosto e a Leitbom, controlada pela GP Investimentos, têm esbarrado na indefinição da fatia que caberá ao BNDES. O empresário Wilson Zanatta, dono da Bom Gosto, quer que o banco ao menos carregue para a nova empresa a sua atual participação na companhia gaúcha, em torno de 35%. O BNDES pensa justamente o contrário. Quer aproveitar a fusão para reduzir seu peso no negócio.
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Sem banco
19/11/2010A virtual confirmação de Guido Mantega colocaria uma pá de cal nas pretensões de Ciro Gomes de assumir a presidência do BNDES. Já seria difícil se Luciano Coutinho tivesse ido para o Ministério da Fazenda.
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BNDES entra em cena na Doux Frangosul
16/11/2010As penas da Doux Frangosul podem acabar nas mãos dos BNDES _ e quem mais seria? Segundo alta fonte do Ministério da Agricultura, há entendimentos para que o banco compre uma participação na empresa, aporte este que seria condicionado a normalização dos pagamentos aos fornecedores. Os constantes atrasos da companhia passaram a ser tratados praticamente como uma questão de Estado. Os governos federal e gaúcho temem que o problema possa se alastrar, trazendo a reboque uma crise sistêmica entre os pequenos e médios produtores de aves e suínos do Rio Grande do Sul. Boa parte deles mantém seus negócios em regime familiar. Sua sobrvivência seria uma justificativa mais do que plausível para o aporte do BNDES em um grupo francês. Se bem que de francês, a Doux já não tem muito. O Brasil é responsável por quase metade do faturamento global do grupo 1,3 bilhão de euros em 2009. O governo federal, mais precisamente o Ministério da Agricultura, tem sido pressionado a entrar em campo. A reivindicação dos produtores de aves e suínos gaúchos vem sendo verbalizada pelos dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul. Nos últimos meses, a Doux Frangosul voltou a atrasar o pagamento de fornecedores de animais para abate. Trata-se de uma relação que vem se esgarçando de forma mais acelerada desde o primeiro trimestre do ano passado, quando a empresa começou a postergar a quitação dos contratos. Em alguns casos, houve atrasos de até quatro meses. De lá para cá, a companhia chegou a adiar por três vezes a apresentação de um plano para o pagamento das dívidas acumuladas desde 2009. No início deste mês, propôs aos produtores que façam empréstimos nos valores equivalentes aos seus créditos em bancos indicados pela própria empresa. A Doux se compromete a ser a avalista da operação. A proposta, no entanto, foi vista com ressalva pelos ressabiados credores. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a companhia confirmou que ofereceu a solução do empréstimo bancário com garantia da Doux Frangosul. Sobre a negociação societária com o banco, nenhuma linha. O mais inusitado é que a Doux tem uma operação rentável no país. No ano passado, o lucro foi superior a R$ 80 milhões. No entanto, a subsidiária tornou-se uma espécie de arrimo de família dos franceses. Parte expressiva dos resultados no país vem sendo remetida a matriz para compensar a modesta performance da empresa em sua terra natal. No ano passado, a receita da Doux na França caiu 33%. O dinheiro vai, mas não volta. Os franceses cortaram substancialmente os investimentos no Brasil.
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Andrade Gutierrez fecha o circuito
10/11/2010Sergio Andrade está prestes a completar a trilogia dos serviços públicos. Presente na telefonia, por meio da Oi, e no setor elétrico, por intermédio da Cemig, a Andrade Gutierrez vai agora esticar seus tentáculos na distribuição de gás. A empreiteira está criando um braço para o setor, internamente já chamado de Andrade Gutierrez Gás Natural. Cálculos preliminares mostram que os investimentos podem chegar a R$ 2 bilhões em até três anos. O arco de projetos da nova subsidiária envolve a construção e operação de gasodutos, a instalação de térmicas e, na última milha, a compra de participações em distribuidoras. Algumas concessionárias estaduais já estão na alça de mira da Andrade Gutierrez. Não por acaso, as primeiras conversações vêm sendo travadas com o governo mineiro, de quem Sergio Andrade é parceiro preferencial para as mais diversas empreitadas. As negociações passam pela venda de uma fatia de até 20% da Gasmig para a Andrade Gutierrez. E vão além. A própria estatal já se candidatou a subir na garupa da empreiteira e partir para a compra conjunta de participações em outras empresas do setor. O foco maior está no Nordeste. Há a expectativa de que os governos da Bahia e da Paraíba vendam parte do capital, respectivamente, da Bahiagás e da PBGás. A Andrade Gutierrez tem recursos em caixa para tocar os projetos previamente traçados. Mas as portas estão escancaradas para outros sócios, a começar pelo BNDES. A participação do banco viria a calhar, notadamente no que diz respeito aos empreendimentos de maior porte, como a construção de gasodutos e termelétricas. A presença do banco ainda poderia trazer a reboque o fundo Infra Brasil, do qual a agência de fomento é um dos principais cotistas. Na busca por sócios, a bússola de Sergio Andrade aponta também para os dois lados do Canal da Mancha. A Andrade Gutierrez já teria mantido entendimentos com a BG e a francesa GDF para a construção de termelétricas. Os planos da empreiteira preveem a instalação de três usinas em até dois anos, cada uma com capacidade para 600 megawatts.
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Infra-Brasil
10/11/2010Está em curso mais uma operação com o objetivo de reerguer a moribunda indústria sucroalcooleira do Norte Fluminense. O salva-vidas da vez é o Infra-Brasil, fundo de investimentos encabeçado por Previ, Petros e BNDESPar, entre outros. O projeto passa pela compra de participações em usinas da região e sua posterior consolidação em uma única empresa. O trabalho de garimpagem vai ser árduo. A maioria das usinas do Norte do Estado do Rio está atolada em dívidas. Algumas se encontram, inclusive, desativadas.
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Numa fria
10/11/2010O frigorífico paulista Frigol, em recuperação judicial desde agosto, está acendendo vela para tudo que é santo no governo federal. Já reivindicou empréstimos ao BNDES e ao Banco do Brasil. O inferno astral da empresa vai além da dívida em torno de R$ 160 milhões. Em setembro, os empresários Djalma Gonzaga de Oliveira e Devaldo Gonzaga de Oliveira, sócios da Frigol, foram presos temporariamente pela Polícia Civil de Rondônia por suposto envolvimento em crimes de estelionato e formação de quadrilha.
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Fico
10/11/2010O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, não somente está satisfeito com o seu cargo como recebeu o apelo de dois economistas históricos do PMDB, daqueles capazes de fazer até mármore chorar. Mas, é claro, fará o que Dilma mandar.
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Alcoolduto da Petrobras já nasce em chamas
9/11/2010Incensada como um dos grandes projetos de logística do Brasil, a construção do alcoolduto entre o Centro-Oeste e o porto de Santos ainda tem arestas a serem aparadas. A recém-anunciada associação entre Petrobras, Cosan e Copersucar já nasceu sob o signo da discórdia. Há desavenças quanto ao aporte que caberá a cada acionista o projeto está avaliado em US$ 2 bilhões. Cosan e Copersucar estariam tentando jogar para cima da Petrobras uma fatia maior da fatura, não obstante o modelo inicial prever participações societárias isonômicas. Cada uma delas deverá ter algo entre 20% ou 25% do capital. O argumento é que a estatal poderá se valer do alcoolduto para transportar etanol produzido por usinas associadas a Petrobras Biocombustíveis a empresa é acionista da Açúcar Guarani e da São Martinho. A saída da Mitsui do projeto também ajudou a embaralhar o quebra-cabeças, notadamente no que diz respeito ao funding. A trading trazia a reboque a promessa de financiamento de um pool de bancos japoneses. Como não poderia deixar de ser, o nome do BNDES já foi entoado na mesa de negociações. Ele entraria no projeto, não apenas como financiador, mas também como acionista, de forma a garantir o project finance. Entende-se também que a presença do banco, aliada a da própria Petrobras, servirá de chamariz para a entrada de outros grupos privados. Até porque há um risco intrínseco ao projeto que nem explica a própria retração da Copersucar e da Cosan. O empreendimento, que estava engavetado há mais de dois anos, surge justamente no momento em que as exportações brasileiras de etanol evaporam. Em 2008, o país comercializou quase seis bilhões de litros do combustível no mercado internacional. Neste ano, o volume não deverá passar de 1,6 bilhão. A projeção para 2011 é semelhante.
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Gas Natural monta um quebra-cabeça de espinhos
4/11/2010O espanhol Sergio Aranda Moreno, nº1 da Gas Natural Fenosa na América Latina, acredita estar purgando todas as suas culpas. Aranda vem sofrendo para montar um quebra-cabeça com peças que teimam em não se encaixar. O puzzle em questão é a reestruturação societária do grupo no Brasil, leia-se a criação de uma holding que enfeixará todas as suas subsidiárias locais CEG, CEG Rio e Gas Natural São Paulo. Por ora, o que existe é o croqui de um paletó apertado demais para vestir os interesses dos espanhóis e de seus principais sócios, a Petrobras e o BNDES. Os primeiros capítulos das negociações, conduzidas por Aranda, teriam sido marcados por discordâncias. Petrobras e BNDES não estariam de acordo com o modelo proposto pelos espanhóis. Por trás da resistência há um duelo de forças em torno das futuras participações na nova empresa-mãe. A Gas Natural não tem dúvidas de que a reestruturação vai sair. Ponto. O problema é quando e como. A complexidade reside na costura das pequenas teias societárias que hoje enredam as subsidiárias do grupo no Brasil. Cada distribuidora tem seus sócios e seus percentuais próprios, o que dificulta o cálculo de uma conta de chegada. Na CEG, os espanhóis controlam 53% e o BNDES detém 35%. Na CEG Rio, a participação dos sócios controladores é de quase 60%. Neste caso, o segundo principal acionista é a Gaspetro, com 37%. Pelos primeiros esboços do projeto, tanto o banco de fomento quanto a subsidiária da Petrobras teriam uma participação inferior a 30% na nova empresa. Por fim, ainda há sobre a mesa os interesses da Pluspetrol, minoritária da CEG e da CEG Rio. O grupo argentino só tem olhos para a porta de saída. Quer saber como e onde poderá usar a reestruturação para vender suas participações nas duas distribuidoras. A rigor, em toda esta história, o único caso simples é o da Gas Natural São Paulo, integralmente controlada pelos espanhóis. Ressalte-se ainda a disposição da Gas Natural de jogar mais um gato dentro deste balaio societário. Os espanhóis querem aproveitar a criação da holding para atrair um novo sócio, seja um grupo da área de energia, seja um fundo de investimento, que ficaria com até 20% do capital. A chegada deste quarto elemento forçaria uma diluição ainda maior da participação do BNDES e da Gaspetro. Ambas tentam barrar esta possibilidade, cada qual por motivos diferentes. A Gaspetro pretende manter seu grau de ingerência sobre a distribuição de gás no Rio de Janeiro. O BNDES, por sua vez, tem interesse em preservar o máximo que puder da sua fatia já mirando na posterior venda das ações.
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Petrobras
4/11/2010Mesmo com BNDES, aporte de capital recorde e outros que tais, a Petrobras cortou em 20% os investimentos em exploração e produção na Argentina previstos até 2014. Foi a segunda navalhada em menos de um ano.
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Belo Monte
26/10/2010O Banco do Brasil deverá financiar mais de R$ 6 bilhões do custo total de construção da usina de Belo Monte, e não apenas R$ 5 bilhões, como estava previsto. O ajuste tem como objetivo reduzir a fatura que cabe ao BNDES, por conta das amarras impostas pelo acordo de Basileia. *** Por falar em Belo Monte, causaram calafrios entre os assessores de campanha do PSDB as recentes declarações de José Serra sobre a revisão dos critérios de aprovação ambiental da usina. A tirada foi de improviso e feita para agradar Marina Silva. Acabou sendo um tapa na cara de alguns dos financiadores de sua candidatura.
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Independência não passa da porta do BNDES
22/10/2010A situação do frigorífico Independência se torna mais complexa a cada dia que passa. O novo revés vem da parte do BNDES. A família Russo, controladora da companhia, vem fazendo uma última tentativa de trazer o banco de volta ao jogo, leia-se o aumento da sua participação no capital da empresa em caráter emergencial. A agência de fomento, no entanto, já deu sinais de que manterá a postura adotada nos últimos meses. Ou seja: deverá rechaçar a possibilidade de um novo aporte no frigorífico, ainda que, no pior dos cenários, isso possa lhe custar mais a frente a perda dos R$ 250 milhões desembolsados na compra de 21% do capital da companhia. Se confirmado, o ?não? do BNDES apenas reforça as dúvidas em relação ao destino do Independência. Com um passivo próximo dos R$ 2 bilhões, o frigorífico anunciou na semana passada a suspensão de todas as suas atividades industriais. Pesam contra a empresa as dificuldades em obter crédito e a desconfiança dos pecuaristas, que reduziram drasticamente o fornecimento de gado para abate. Paralelamente, o Independência não estaria conseguindo cumprir todas as cláusulas do plano de recuperação judicial aprovado pelos credores. Em setembro, a empresa teria interrompido o pagamento dos juros sobre títulos com vencimento em 2015 emitidos em março deste ano.
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Venda da Cagece
20/10/2010O governador reeleito do Ceará, Cid Gomes, vai retomar o projeto de privatização da companhia de saneamento Cagece. O negócio deverá ser irrigado com financiamento do BNDES e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Serão vendidos 51% das ações. O estado terá uma golden share para evitar, sobretudo, a redução dos investimentos em municípios de menor porte e, consequentemente, de retorno financeiro mais baixo.
Acervo RR
Gotas de participações para o fomento
5/10/2010O aumento considerável na demanda por recursos financeiros destinados a projetos de infraestrutura mudou a postura do governo federal em relação aos bancos de fomento. Para reduzir a pressão que recai sobre o BNDES, o Banco da Amazônia (Basa) e o Banco do Nordeste Brasileiro (BNB) deverão replicar o modelo da BNDESPar. A ideia é criar empresas de participações com o intuito de integrar o capital de negócios privados focados em concessões ou incluídos em projetos relacionados ao PAC. O montante a ser aportado poderá chegar a aproximadamente R$ 5 bilhões até o fim de 2011. A liberação dos recursos não estará condicionada ao pedido de empréstimos do projeto no respectivo banco. Os braços de participação do BNB e do Basa terão autonomia de decisão para avaliar os empreendimentos. Sua presença no capital não deverá exceder 10% de cada negócio. Alguns dos projetos contemplados são pule de dez. É o caso, por exemplo, das usinas hidrelétricas da Amazônia. Neste modelo, o Basa surge como potencial investidor nesses empreendimentos. No caso do BNB, entre outras missões, o banco dará suporte aos projetos em saneamento no Nordeste. Não é a primeira vez que o governo federal ensaia criar um braço de participações para o Basa e o BNB. A primeira delas ocorreu durante a tramitação da lei que alterou o figurino da Sudam e da Sudene. No entanto, o próprio governo considera que a vinculação entre os dois temas acabou sendo um empecilho para levar projeto adiante.
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JBS corta na carne e decepciona o BNDES
4/10/2010A JBS Friboi será mesmo um cavalo vencedor ou uma aposta de duvidoso retorno? O BNDES procura uma resposta para o enigma. O que está em xeque é a própria política de crédito do governo para o setor. Não obstante ter possibilitado a criação de um potentado na área de carnes e alimentos industrializados, o fortalecimento da JBS via empréstimos do banco não tem gerado os efeitos esperados, notadamente no que diz respeito ao seu impacto social e ao funcionamento do próprio mercado. Segundo uma fonte do “BNDES profundo”, onde reside a essência do corporativismo da instituição, há setores do banco decepcionados com os procedimentos da JBS. A leitura é que o abate de frigoríficos e de trabalhadores tornou-se a especialidade da companhia. Quase um terço das unidades compradas ou arrendadas pela JBS nos últimos dois anos teria sido desativado ou estaria com a produção parcialmente suspensa. De acordo com números filtrados junto ao próprio BNDES, o grupo teria demitido até 15% dos trabalhadores das unidades de abate incorporadas no mesmo período. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a JBS Friboi informou que, entre 2007 e 2010, passou de 21 para mais de 90 plantas industriais, “aumentando o quadro de colaboradores de 18 mil para mais de 50 mil”. A JBS, no entanto, tem feito sucessivas demissões nos últimos meses. A degola mais recente ocorreu há cerca de três semanas. Dispensou metade dos 700 funcionários de seu frigorífico localizado na cidade de Cáceres (MT). A expectativa na região é que os demais trabalhadores sejam demitidos até o fim do mês, com o fechamento definitivo da unidade de abate. O episódio ganhou contornos políticos e eleitorais. O governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, candidato a reeleição com o apoio do PT, pediu a intervenção do governo federal para evitar a desativação das instalações em Cáceres. O impacto local será considerável. Com o fim das atividades, cerca de R$ 500 mil mensais vão deixar de girar na economia da região. Cáceres não está sozinha. Há cerca de duas semanas, a companhia demitiu quase 200 empregados em Sidrolândia (MS). Poucos dias antes, cerca de 270 trabalhadores das cidades paulistas de Barretos, Lins e Andradina também foram mandados para a fila do seguro-desemprego. Estava escrito nas regras do jogo que a consolidação do setor de frigoríficos teria como efeito colateral a redução do número de fábricas e, consequentemente, demissões. Era o inevitável preço a ser pago para a criação de um grande grupo brasileiro no setor. No entanto, a proporção do número de frigoríficos desativados chama a atenção. Aos olhos do BNDES, a JBS estaria adotando uma tática predatória. No banco, cresce a percepção de que o grupo tem se aproveitado da fragilidade do setor para arrendar ou comprar empresas de menor porte com o objetivo de fechar frigoríficos concorrentes em áreas estratégicas, sobretudo no Centro-Oeste. O bônus vai para a conta da família Batista, por ora a grande vencedora do páreo patrocinado pelo BNDES. Os controladores da JBS se tornaram quase plenipotenciários na formação de preços do setor. É a ditadura da escala. Hoje, de cada dez abates no Centro-Oeste, sete saem de alguma planta da empresa. Já o ônus tem sido despejado na contabilidade do BNDES, alvo de críticas cada vez mais ácidas por conta de sua política de financiamento para o setor.
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Usineiros fazem buzinaço contra o carro elétrico
1/10/2010O carro elétrico made in Brazil nem sequer saiu da prancheta e já existe um pelotão de fuzilamento a sua espera. A indústria sucroalcooleira montou uma agressiva operação de lobby em Brasília. O objetivo é frear o projeto do governo, que pretende financiar a produção deste tipo de veículo no país. a€ frente da tropa estão Rubens Ometto, da Cosan, e empresários associados a Copersucar. O kit pressão envolve a mobilização da bancada ruralista no Congresso, o envio de dossiês a autoridades enumerando desvantagens tecnológicas do carro elétrico e um discurso convenientemente alarmista. Os usineiros alegam que a produção do veículo afetará a consolidação do etanol como combustível alternativo a gasolina e ao diesel, trazendo a reboque o risco de suspensão de investimentos e de demissões em larga escala no setor. Batem também na tecla de que a medida enfraquecerá os grupos nacionais, abrindo espaço para uma participação ainda maior do capital estrangeiro no setor. A pressão dos usineiros cresce a medida que avança o estudo encomendado pelo Ministério de Minas e Energia para o desenvolvimento de um carro movido a energia elétrica. Segundo informações de uma alta fonte do ministério, o esboço apresentado pela área técnica a Marcio Zimmermann prevê, a partir de 2015, a fabricação de 200 mil veículos por ano, com sucessivos aumentos de produção. A projeção é de que em até dez anos o carro elétrico poderia representar até 15% da frota nacional de automóveis novos. O projeto do governo se baseia na associação entre montadoras e distribuidoras de energia, com financiamento do BNDES. CPFL, Light e Eletropaulo partem na frente como candidatas a empreitada. As três já estão fazendo testes com protótipos de veículos.
Acervo RR
BNDES disputa o ouro da integraçao regional
29/09/2010O BNDES quer subir ao pódio da integração continental. Para isso, pretende usar como trampolim os eventos esportivos que serão realizados no Brasil – a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. As competições permitirão ao banco ter uma posição relevante na formulação de políticas de fomento regional. O pontapé inicial já foi dado. O BNDES fechou um acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o financiamento de obras relacionadas a infraestrutura para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio. O projeto passa pelo aumento da capilaridade do BNDES nos países vizinhos. O banco vai abrir representações em Buenos Aires, Caracas, Bogotá, Santiago, Quito e Nova York, que se juntarão a Montevidéu e Londres. Esses escritórios serão responsáveis pela garimpagem de grupos interessados em investir no Brasil, seja com recursos próprios, seja com as linhas de crédito ofertadas pelo BNDES em parceria com o BID. O montante total para esses negócios deverá chegar a US$ 4 bilhões ao ano até 2016. No rastro desse voo ao exterior, o banco envolverá a BNDESPar em alguns empreendimentos. A ideia é que o braço de participações faça parte do capital dos projetos de maior envergadura ligados a s competições. O objetivo do BNDES é usar toda esta engrenagem como ponto de partida para uma política de crédito que envolva não apenas o Brasil, mas outros países da América do Sul. Ou seja: a experiência voltada a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 funcionaria como um dínamo para o financiamento de projetos de infraestrutura no continente. O BNDES assumiria, portanto, uma posição de liderança, com status igual ou superior a s próprias agências multilaterais da região – Fonplata e CAF.
Acervo RR
Fapes
29/09/2010O Fapes, fundo de pensão do BNDES e de atuação muito mais modesta do que seus pares, deverá fechar o ano com um superávit acima de R$ 1 bilhão.
Acervo RR
Brasil organiza sua Defesa
28/09/2010Ao som dos últimos estampidos da era Lula, o governo retomou as discussões para a criação de um grande fabricante nacional de equipamentos bélicos. As discussões se concentram no Ministério da Defesa e ricocheteiam no BNDES. A Avitech e a Avibrás são as candidatas a encabeçar a consolidação. Em tempo: desta vez, o nome da estatal Imbel, sempre a s voltas com dificuldades financeiras, não é mencionado nas discussões. Já é um bom começo.
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Marcopolo
28/09/2010Os controladores da Marcopolo, Paulo Bellini e Valter Gomes Pinto, podem polir ainda mais a sua reputação junto ao BNDES. Basta iniciar conversas, ainda que tímidas, sobre a possibilidade de incorporação da Busscar, fabricante de carrocerias a s voltas com uma séria crise financeira.
Acervo RR
GP quer coar a dívida da Bom Gosto
23/09/2010Há uma boa dose de gordura nas negociações para a fusão entre a Bom Gosto e a Monticiano, braço da GP para a área de laticínios. O principal entrave diz respeito a dívida da empresa gaúcha, de quase R$ 400 milhões. O endividamento é resultado da agressiva política de aquisições da companhia nos últimos anos, que exigiu uma forte alavancagem financeira. A GP não está disposta a compartilhar toda a dívida e busca um modelo que evite a transferência integral do passivo para a nova empresa. A solução é intrincada e envolve diretamente o BNDES, principal credor e segundo maior acionista da Bom Gosto, atrás apenas do empresário Wilson Zanatta. O caminho seria a conversão de parte expressiva da dívida da Bom Gosto com o BNDES em ações da nova companhia. O problema é que, até o momento, o banco tem sido uma esfinge nas negociações. Enigmático, não dá qualquer pista sobre o tamanho do seu apetite. Ressalte-se que hoje a agência de fomento já detém mais de um terço do capital da Bom Gosto, o que, inclusive, tem lhe custado pesadas críticas de outras empresas do setor.
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InfraBrasil
23/09/2010O Fundo InfraBrasil, leia-se BNDES, Previ, Petros e Funcef, deverá aumentar sua participação na Renova Energia. O controle da empresa, que opera três Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e está construindo 14 parques eólicos na Bahia, seguirá nas mãos dos empresários Ricardo Lopes Delneri e Renato do Amaral Figueiredo.
Acervo RR
Ecomundo
22/09/2010A BNDESPar fechou sua participação em um novo fundo de investimentos capitaneado por Previ, Petros e Funcef. O foco será a compra de terras para plantação de eucalipto, produção de madeira certificada e venda de crédito de carbono. Contará ainda com a participação do Calpers, fundo de pensão da Califórnia.
Acervo RR
JBS Friboi e Bertin caminham para o divórcio
10/09/2010Reviravolta a vista em uma das maiores operações de fusão fechadas no país nos últimos anos: a associação entre a Bertin e a JBS Friboi. A família Bertin estaria se movimentando para entrar na Justiça com o objetivo de reaver o controle das mais de 30 plantas industriais e demais ativos incorporados a Nova Holding, empresa criada a partir da associação com a JBS Friboi. Na prática, a retomada das operações significaria o rompimento do acordo de fusão sacramentado entre as duas empresas há um ano, que criou um grupo com faturamento anual de R$ 40 bilhões e responsável por mais de 40% do abate de carne bovina no país. A decisão da família Bertin seria motivada por discordâncias quanto ao valuation dos ativos aportados na fusão e ao descumprimento de cláusulas do acordo, notadamente no que diz respeito a relação de troca de ações entre as duas companhias para a formação da Nova Holding. A família Batista, dona da JBS, teria exigido um aporte extra dos Bertin para que eles assegurassem a participação de 40% na nova companhia, prevista no acordo original. Procurado pelo RR – Negócios & Finanças, o Grupo Bertin informou, por meio de sua assessoria, que qualquer pronunciamento sobre os negócios da família na área de frigoríficos cabe exclusivamente a JBS Friboi. A JBS, por sua vez, garantiu que ?não há nenhuma pendência com o Grupo Bertin e a fusão está seguindo seu rumo conforme planejado?. A eventual disputa jurídica e a consequente reversão da fusão mudará o status empresarial da família Bertin, que deixará de ser sócia da maior processadora de carne bovina do mundo. No entanto, o problema maior deverá cair na conta da JBS Friboi. Com a ruptura, a empresa perderia boa parte da sua estrutura fabril e cerca de R$ 11 bilhões em faturamento. Mais do que isso: o distrato representaria um downgrade do grupo como o grande consolidador de frigoríficos no Brasil, posição a que foi erigido pelo próprio BNDES. Além de a JBS perder a maior empresa que incorporou, a própria Bertin voltaria a ser um candidato potencial para a compra de ativos no setor. Caso se confirme, o imbróglio com a Bertin aumentaria o recente histórico de desavenças societárias da JBS Friboi. O grupo anda a s turras com a italiana Cremonini, que quer romper a sociedade na joint venture Inalca. A própria relação entre a família Batista e o BNDES, seu grande financiador, está abalada por compra da norte-americana Pilgrim’s. A JBS teria postergado o IPO de sua subsidiária nos Estados Unidos, a JBS USA, com o objetivo de forçar o aumento da participação do banco em seu capital ? ver RR – Negócios & Finanças edição nº 3.937.
Acervo RR
Previ abre a porta da Brasil Foods para o BNDES
9/09/2010Para os acionistas da Brasil Foods, o Cade é um mero detalhe. Antes mesmo do órgão antitruste se pronunciar sobre a fusão entre a Sadia e a Perdigão, os acionistas da nova companhia deram a partida em uma reestruturação societária. Sobre a mesa o projeto de um aumento de capital na empresa. A cifra oscila entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Além do aporte per si, que alavancará a musculatura financeira da Brasil Foods, a operação serviria a dois propósitos: atender ao desejo da Previ de aumentar sua participação, hoje em torno de 13%, e abrir uma porta para a entrada do BNDES no capital da companhia. O banco teria uma fatia pequena, dificilmente superior a 5%, uma vez que não há muita margem de manobra entre os acionistas que integram o bloco de controle. Estes sócios a frente Previ e Petros detêm apenas 31% das ações. O restante está pulverizado em Bolsa. Ou seja: a participação final do BNDES e dos próprios fundos de pensão dependerá excessivamente da proporção dos minoritários que atenderem a chamada de capital. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Brasil Foods preferiu não se pronunciar. As articulações para o redesenho do capital da Brasil Foods começaram há cerca de três meses, não por coincidência no mesmo período em que os fundos de pensão acertaram a renovação do acordo de acionistas que venceria apenas em abril de 2011. As fundações estenderam o acordo por prazo indeterminado, para todos os efeitos com o objetivo de “dar estabilidade societária e administrativa” para a fusão entre Sadia e Perdigão. Na verdade, ampliaram ainda mais seu poder de mando na Brasil Foods mesmo tendo uma participação que não chega a um terço das ações, já com o objetivo de preparar o terreno para o aumento de capital. As conversas entre Previ, Petros e BNDES têm como ponto central resgatar um dos princípios que nortearam a fusão entre Perdigão e Sadia: criar uma companhia consolidadora de ativos na indústria de alimentos não apenas no Brasil, mas também no exterior. A percepção dos fundos de pensão é que este projeto não irá adiante sem um novo aporte de capital e, sobretudo, a presença do BNDES. Mesmo com uma participação societária pequena, o banco seria o grande avalista da criação de um colar de empresas no setor de alimentos. Além do projeto de construir fábricas no Oriente Médio e na africa, a Brasil Foods avalia possibilidades de aquisição, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. O plano de expansão envolve principalmente o abate de aves, a área de laticínios e a compra de marcas de alimentos industrializados.
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NA
8/09/2010Há um novo romeiro na procissão de frigoríficos a porta do BNDES. Trata-se do mato-grossense Frialto, em recuperação judicial desde maio. Com uma dívida de mais de R$ 500 milhões, a empresa tenta vender parte do capital para o banco.
Acervo RR
BNDES é a cereja no bolo das debêntures
1/09/2010O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, pode ficar no banco ou ir para o Ministério da Fazenda em um futuro governo Dilma Rousseff. Mas, em qualquer das duas hipóteses há um projeto em comum. O BNDES será um dos atores centrais da fundação de um mercado secundário de títulos privados de longo prazo. A idéia é reduzir o recolhimento compulsório bancário em troca da ampliação dos financiamentos a s empresas privadas, hoje praticamente a cargo do BNDES. As debêntures de vencimento longo seriam garantidas pelo banco, que não emprestaria, mas avalizaria. Depois, aos poucos, o BNDES iria recolhendo o tapete do seu aval. A sacada não é original. O ex-ministro Mário Henrique Simonsen cogitava em fazer algo assim. Bom sinal.
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Banco Central
27/08/2010Quatro nomes para o Banco Central e três balas de prata: Nelson Barbosa, José Alexandre Scheinkman, Paulo Leme e Marcos Lisboa. Aliás, Marcos Lisboa, ao receber o prêmio de economista do ano, já começou um discreto lobby pró-governo, dizendo que não interessa se os ingressos vêm ou não do BNDES, desde que ocorram os investimentos. —– O RR – Negócios & Finanças, contudo, continua firme em sua aposta em Henrique Meirelles.
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Camisa 10
26/08/2010O diretor do BNDES Elvio Gaspar só não é mais paparicado do que sua divindade, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Gaspar é o dono da bola e do campo para a Copa de 2014. Nenhum empréstimo para construção ou reforma de estádio sai sem o seu autógrafo.
Acervo RR
Retratos sem retoques dos apóstolos de Dilma
25/08/2010Que sai Lula e entra Dilma – Serra? Que Serra? – não há novidade. A bolsa de apostas agora está concentrada nos primeiros dias do futuro governo. Os dados estão rolando primeiramente sobre o seu ministério. Os principais nomes já estão previstos. Mas as combinações dos cargos a serem ocupados são múltiplas. Antônio Palocci, por exemplo, pode vir a ser ministro-chefe do Gabinete Civil, com responsabilidade pela articulação política, ou ministro da Saúde, em uma reedição do modelo FHC/Serra. No entanto, as hipóteses para as funções de Palocci não se encerram em Brasília. Os franco atiradores do PT, que têm no futuro ministro sem pasta José Dirceu seu expoente principal, gostariam de vê-lo na Petrobras, até por motivos estratégicos. A estatal, símbolo máximo de poder nesses tempos de pré-sal, estará no centro de uma encarniçada disputa política, sendo difícil para a presidente definir o novo titular mesmo trazendo o cargo para sua cota pessoal. Palocci mataria dois coelhos com uma só cajadada, colocando a Petrobras na antessala do Planalto. E quem faria a coordenação política do governo Dilma? O ministro Paulo Bernardo divide as preferências com a ministra Erenice Guerra para a Casa Civil, ressaltando-se sempre que o pole position é de Antônio Palocci. Mais provável é que, se a disputa for entre os dois, Erenice seja a Dilma da Dilma. Paulo Bernardo seria mantido no Planejamento, que deixaria de ser ministério e voltaria a ser uma secretaria ligada ao Planalto. Há quem diga também que Bernardo tem vaga garantida no Banco do Brasil, mas aí pode ser mais desejo do que evidência. Comenta-se que é no BB que Sérgio Rosa gostaria de saltar de bancário a banqueiro. Mais um do time do “gostaria”. Erenice poderia ainda assumir a Secretaria da Presidência, tornando-se uma espécie de Gilberto Carvalho de Dilma. As maiores apostas, entretanto, cravam que esse cargo será ocupado por Miriam Belchior, atual coordenadora das obras do PAC. Ou seja: as dilmetes, Erenice e Miriam, permaneceriam no Planalto mais ou menos onde estão. O Ministério da Fazenda, que sempre esteve entre os maiores cacifes da bolsa de apostas ministerial, desceu para um segundo degrau. Isto porque a previsão de um superministro Luciano Coutinho está sendo desinflada pelo próprio. Luciano preferiria continuar onde está. No BNDES, tem o apoio absoluto da corporação e projetos para implementar por pelo menos duas décadas. Já Guido Mantega trabalha 25 horas por dia para sequer se levantar da cadeira. Será, contudo, um ministro mais fosco ainda do que é na atual gestão. Em cima da sua cabeça estarão Dilma, Palocci, Paulo Bernardo e Erenice, todos com disposição de apitar na economia. E do lado, existe o plano de criação de um ministério tonificado para o comércio exterior e indústria, no qual se imagina assentar o atual presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que passou a ser, digamos assim, da cota do próprio Lula. Mantega deverá continuar privando da companhia querida de Henrique Meirelles no BC. É muito provável, entretanto, que Meirelles somente faça a transição, saindo em agosto, quando ocorre a eleição para a presidência do BIS, o Banco Central dos Bancos Centrais. Este, por enquanto, é seu plano de voo. O núcleo duro ministerial de Dilma Rousseff seria finalizado com a presença de Aloizio Mercadante, que saltaria direto da derrota pela disputa do governo de SP para o Ministério da Educação. Bem, pode ser que o desenho final seja diferente. Mas não será muito. Façam suas apostas.
Acervo RR
“BNDES do Nordeste”
24/08/2010O governador do Ceará, Cid Gomes, está articulando a criação de uma espécie de “BNDES do Nordeste”. O projeto prevê a transformação do Banco do Nordeste Brasileiro em um banco típico de fomento, com recursos inclusive do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste. Ciro Gomes, irmão de Cid, não desgostaria de ser o primeiro presidente. O problema é que a proposta esvazia a Sudene, o que contraria o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Cid Gomes, porém, tem apoios importantes no Planalto.
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"BNDES do Nordeste"
24/08/2010O governador do Ceará, Cid Gomes, está articulando a criação de uma espécie de “BNDES do Nordeste”. O projeto prevê a transformação do Banco do Nordeste Brasileiro em um banco típico de fomento, com recursos inclusive do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste. Ciro Gomes, irmão de Cid, não desgostaria de ser o primeiro presidente. O problema é que a proposta esvazia a Sudene, o que contraria o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Cid Gomes, porém, tem apoios importantes no Planalto.
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NA
20/08/2010A BNDESPar pretende reduzir consideravelmente sua participação no capital da Fundição Tupy, hoje em torno de 35% das ordinárias. As hipóteses vão de uma oferta em Bolsa a venda direta para um dos integrantes do bloco de controle ? entre os quais figuram os fundos de pensão Previ, Telos e Aerus.
Acervo RR
Busscar procura um caminho longe do purgatório
19/08/2010A Busscar, uma das maiores fabricantes de carrocerias da América Latina, vive o seu juízo final. Esta é a percepção de credores, fornecedores, funcionários e, sobretudo, da própria família Nielson, dona da empresa. Ao longo dos últimos dias, os acionistas controladores entraram em um dramático turbilhão de negociações na tentativa de quitar parte das dívidas trabalhistas e retomar a produção. Com a pouca munição que ainda lhes resta, os Nielson atiram em duas direções ao mesmo tempo. Uma delas é a conversão de uma parcela da dívida em participação societária. A empresa já teria apresentado uma proposta aos credores. Trata-se de uma estrada difícil de se atravessar. O Santander, principal credor da Busscar, já teria se mostrado contrário a operação, criando um efeito-dominó de rejeição entre os demais bancos. No entanto, a hipótese tratada pela família Nielson como a bala de prata, a solução das soluções, envolve, como não poderia deixar de ser, o BNDES. Nos últimos dias, os controladores da Busscar voltaram ao banco, depois de duas frustrantes rodadas de negociações no primeiro semestre. As conversas vão de um novo empréstimo para o pagamento dos salários atrasados ao apoio do BNDES para a venda da companhia. Os controladores da Busscar não estão sozinhos. Representantes do Sindicato dos Mecânicos de Joinville se reuniram recentemente com dirigentes do BNDES. Reivindicaram que a instituição intervenha na grave crise financeira da Busscar e coloque a empresa no colo de outra fabricante nacional ? ou Marcopolo ou Comil. O RR – Negócios & Finanças apurou junto a um dos bancos credores que a Busscar analisa também entrar em recuperação judicial. Procurada, a empresa informou que “várias alternativas vêm sendo estudadas”, mas garantiu que a hipótese de recuperação judicial “está fora dos planos”. O fato é que a situação da companhia agravou-se desde o início do ano, quando a produção foi suspensa. Sem receita nova para cobrir os compromissos, a dívida chegou a casa dos R$ 280 milhões. Nos últimos dois meses, a companhia levou duas pancadas seguidas. Em junho, os credores recusaram o pedido de um novo empréstimo, de US$ 115 milhões, que se destinaria a produção de um lote de carrocerias para a Guatemala. No mês seguinte, a Justiça determinou que a Busscar pagasse dois meses de salários atrasados e o 13º de mais de quatro mil funcionários, uma fatura de quase R$ 18 milhões.
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Benjamin faz discurso de estadista na Fiesp
18/08/2010O comitê de campanha da candidata Dilma Rousseff gastou uma parte do tempo, ontem, discutindo não o resultado da pesquisa do Ibope ou as declarações do adversário José Serra, mas o petardo provindo da Fiesp. As declarações de Benjamin Steinbruch, com ênfase na proposta de contenção das importações por prazo específico, são o rugido de um tigre que parecia afônico e banguela. A Fiesp voltou ao jogo do poder. Esse pelo menos foi o sentimento das bases industriais, que inundaram a entidade de parabenizações e manifestações de apoio. O sentimento geral era o de que Benjamin reencarnou Roberto Simonsen, trazendo para o tabuleiro da política um velho estereótipo de guerra, ou seja, o de que banqueiro pensa de um jeito, empreiteiro de outro, e o industrial diferente dos dois. Na prática do governo Lula, o que ocorreu durante os sete anos foi que os banqueiros se viram representados no Banco Central, os empreiteiros, primeiramente com José Dirceu e depois com o próprio presidente, e os industriais com o ministro Miguel Jorge, o que significa um desnível maior do que o Grand Canyon. As bandeiras da Fiesp, a exceção da campanha contra a CPMF, foram minúsculas para a tradição da entidade. Uma fonte muito ligada a Benjamin disse que o barão do aço jogou uma carta alta na mesa apenas para abrir a negociação. Pode ser. Mas, com este procedimento, ele mobiliza a voz rouca dos fabricantes, trazendo para a luta do câmbio um bolchevismo industrial. Por uma dessas aparentes coincidências, Benjamin Steinbruch cutucou a metástase das importações no mesmo dia em que um Prêmio Nobel, o economista Paul Krugman, em seu artigo no New York Times, desceu a borduna na permissividade dos Estados Unidos em suas relações comerciais com a China. E propôs exatamente o que o condutor sem Nobel da Fiesp defende: contenção das compras externas por um tempo por meio de tarifas, cotas ou barreiras aduaneiras, ou seja, sanções a s importações. Benjamin diz que vai conversar com todos os candidatos para expor o novo pensamento da Fiesp. Se depender das suas relações com o candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante e com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, Dilma Rousseff já sabe da primeira a última letra do compêndio. O candidato tucano José Serra acha que o problema pode ser resolvido com um ajuste fiscal e um câmbio um pouco mais sujo. Mas haja sujeira e ajuste para equiparar o diferencial de preço de bens e equipamentos vendidos por países com câmbio manipulado, regime de mão de obra quase escrava e uma baita capacidade ociosa. Não bastasse a preservação da vida da indústria, não custa lembrar que o déficit de transações correntes, segundo projeções do Focus, deve aumentar US$ 200 bilhões entre 2008 e 2012. Insustentável segurar a conta só com investimentos diretos. É bem possível que venham manifestos pró-câmbio por aí, a exemplo do recente apoio das entidades empresariais ao BNDES. Benjamin tem um curto mandarinato para fazer a entidade voltar a ser uma peça-chave do tabuleiro nacional. Começou a mil por hora. Triste é que depois não haverá como esconder a real estatura de Paulo Skaf.
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Magnesita se abriga sob a marquise do BNDES
16/08/2010O presidente da Magnesita, o ex-Telemar Ronaldo Iabrudi, grudou feito tatuagem no BNDES. Sua missão é arrancar o apoio do banco aos planos da empresa de montar um colar de ativos no exterior. Iabrudi leva como bandeira o projeto de criação de uma grande fabricante mundial de refratários, com controle nacional, operações industriais em diversos países e musculatura suficiente para almejar a própria liderança global do setor ? discurso que se encaixa a perfeição na atual política da agência de fomento. Várias possibilidades estão sendo estudadas. As hipóteses sobre a mesa de negociações vão da compra de fabricantes de médio porte a um passo bem mais ousado: uma associação com a austríaca RHI, segunda maior fabricante de refratários do mundo. A participação do BNDES garantiria uma espécie de “financiamento-calço”, isto é, recursos que permitiriam a Magnesita colocar mais dinheiro na operação e, desta forma, compensar a distância que a separa da RHI ? o grupo fatura, por ano, cerca de US$ 1,8 bilhão, 50% a mais do que a empresa brasileira. Esta engenharia possibilitaria a companhia ter uma posição de igualdade no caso de uma fusão com os austríacos. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Magnesita não se pronunciou até o fechamento desta edição. Além de buscar o apoio do BNDES, a Magnesita estuda alternativas para se capitalizar via mercado e garantir o projeto de internacionalização. Por sinal, adviser para a operação é o que não falta dentro da própria empresa. Boa parte dos componentes da diretoria e do Conselho de Administração tem ligações com a GP Investimentos, controladora da companhia. A compra de empresas menores é uma opção, mas o alvo para valer é a associação com a RHI. A Magnesita se transformaria na maior produtora de refratários do mundo, com fábricas na Europa, Estados Unidos, asia e africa e faturamento anual superior a US$ 3 bilhões. A atual líder, a belga Vesuvius, fechou 2009 com receita em torno de US$ 2,5 bilhões. As conversas entre a Magnesita e o BNDES passam pelo aumento da participação do banco no capital da empresa. Em 2009, quando a fabricante de refratários passou por solavancos financeiros decorrentes da crise mundial, o banco desembolsou R$ 56 milhões para ficar com 3% das ações. Entre as partes, há um consenso de que o BNDES se tornou um personagem-chave para o próprio futuro da Magnesita. Com o apoio da instituição, a companhia se credencia ao posto de consolidadora de ativos no mercado internacional; sem ele, corre o risco de passar ao outro lado do balcão e se transformar em uma presa em potencial tanto para a Vesuvius quanto para a própria RHI. Sozinha, a Magnesita se ressente da falta de fôlego suficiente para retomar o projeto de internacionalização deflagrado em 2008. a€ época, comprou a alemã LWB no que prometia ser a primeira de uma série de aquisições no exterior. A crise econômica, no entanto, abalroou seus planos. O passivo se multiplicou, em parte em razão da alavancagem para a própria aquisição da LWB. Em poucos meses, a Magnesita ganhou a pecha de um dos piores negócios já feitos na história da GP. A empresa teve de mergulhar em uma drástica reestruturação e uma tensa renegociação com os credores, a começar pelo JP Morgan, principal financiador da compra da LWB. Ainda carrega uma dívida em torno de R$ 1,4 bilhão, o equivalente a quase 70% do patrimônio líquido.
Acervo RR
Luzes de Jirau
12/08/2010A Aneel deverá aprovar o aumento de 10% na capacidade da Usina de Jirau, solicitado pelos acionistas da hidrelétrica há cerca de três meses. Os investidores já apresentaram a agência um estudo técnico para a instalação de mais seis turbinas. O investimento será em torno de R$ 650 milhões. O BNDES ? sim, não poderia faltar o BNDES ? deverá financiar 60% deste valor.
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Há um nervo exposto no prato do BNDES e da JBS Friboi
11/08/2010Em meio a agonia dos pequenos e médios frigoríficos nacionais e a s pesadas críticas do setor a política do BNDES, as relações entre o banco e um de seus “cavalos vencedores”, a JBS Friboi, passam por um forte abalo sísmico. Os tremores são causados pelo comportamento de Joesley Batista, presidente e acionista da companhia. Aos olhos da própria diretoria do BNDES, o banco caminha de maneira quase inexorável para uma armadilha criada pelo empresário. Batista teria se sentado em cima do IPO da JBS USA, braço norte-americano do grupo, com o objetivo de forçar a instituição a aumentar sua participação no capital da JBS Friboi. O impasse remonta ao início deste ano, quando o BNDES subscreveu quase a totalidade dos R$ 3,4 bilhões em debêntures emitidos pela JBS Friboi para financiar a compra da norte-americana Pilgrim?s. Pelo contrato, o grupo se comprometeu a abrir o capital da JBS USA até o fim deste ano. Com a emissão, o BNDES recuperaria parte expressiva dos recursos aportados na operação. No entanto, Batista já sinalizou ao banco que não pretende realizar o IPO. Usa como álibi as circunstâncias do mercado, hostis a oferta de ações. Para o BNDES, não passa de um pretexto. No fim de 2009, quando o contrato foi sacramentado, a Bolsa já sofria problemas de liquidez, IPOs eram suspensos e, ainda assim, o frigorífico topou o acordo. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a JBS Friboi informou que a relação com o banco “é das mais sólidas e cordiais e não existe nenhum impasse entre os dois.” O BNDES, por sua vez, não quis se pronunciar sobre o assunto. Sem a abertura de capital, as debêntures compradas pelo BNDES serão automaticamente convertidas em ações da JBS Friboi. Há oito meses, parecia um bom acordo para ambas as partes. Hoje, é uma espada encravada na carteira de crédito do banco. Embora prevista em contrato, a operação não agrada a agência de fomento. Sua participação da JBS Friboi saltará de 19% para aproximadamente 35%. Há hora para tudo e este talvez não seja o momento para o banco ter uma exposure tão grande em uma única empresa quando o setor está enterrado em recuperações judiciais, dívidas, fechamento de indústrias e demissões. O aumento da participação na JBS Friboi só deverá amplificar a chiadeira dos pequenos e médios frigoríficos em relação a política do BNDES. A JBS Friboi, por sua vez, está a cavalheiro no episódio, noves fora o desgaste político. Se fizer o IPO, colocará alguns milhões de dólares no bolso. Caso contrário, manterá a JBS USA como uma empresa 100% controlada. Ao mesmo tempo, deixará o BNDES ainda mais amarrado ao seu projeto de expansão, do qual o banco tem sido o principal financiador. E, tudo isso, ressalte-se, cumprindo a risca o contrato com a instituição.
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NA
6/08/2010A sul-coreana Hana Micron negocia um empréstimo com o BNDES para construir uma fábrica de semicondutores no Sul. O investimento passa dos US$ 250 milhões.
Acervo RR
McGraw-Hill
5/08/2010A Pearson fez escola. A exemplo dos ingleses, que se uniram a SEB Coc, o grupo editorial norte-americano McGraw-Hill também pretende se associar a empresas de ensino no Brasil. Tem vasculhado o mercado em busca de escolas de nível médio e universidades. Além do investimento per si, o objetivo do grupo é alavancar a venda de livros científicos, técnicos e profissionais, um dos seus principais segmentos de negócio. A McGraw-Hill atua no mercado editorial brasileiro em parceria com a gaúcha Artmed, que tem no seu capital a BNDESpar e o private equity CRP.
Acervo RR
HSBC Platinun
5/08/2010HSBC Platinun O HSBC freou o seu projeto de “popularização” no Brasil. Por “popularização”, entenda-se a busca de clientes com renda mensal inferior a R$ 4 mil que pautou a instituição nos últimos três anos. A opção acabou se revelando um equívoco em termos de rentabilidade. O argentino Sebastian Arcuri, recém-empossado na diretoria de varejo do HSBC Brasil, recebeu carta branca para alterar o perfil da carteira, contrapondo-se a estratégia que ditou a gestão de seu antecessor, Henrique Frayha. A ordem agora é privilegiar o segmento Premier, para clientes com renda na faixa dos R$ 7 mil. McGraw-Hill A Pearson fez escola. A exemplo dos ingleses, que se uniram a SEB Coc, o grupo editorial norte-americano McGraw-Hill também pretende se associar a empresas de ensino no Brasil. Tem vasculhado o mercado em busca de escolas de nível médio e universidades. Além do investimento per si, o objetivo do grupo é alavancar a venda de livros científicos, técnicos e profissionais, um dos seus principais segmentos de negócio. A McGraw-Hill atua no mercado editorial brasileiro em parceria com a gaúcha Artmed, que tem no seu capital a BNDESpar e o private equity CRP. Por encomenda Há um novo capítulo na licitação para a compra dos 36 caças da FAB. O governo brasileiro quer usar o contrato como um trampolim para viabilizar a produção e comercialização dos KC-390, cargueiros desenvolvidos pela Embraer. A ideia é costurar um acordo entre o consórcio vencedor e a empresa brasileira para a venda das aeronaves no mercado internacional, como uma das contrapartidas a licitação. A medida representa mais um ponto para a Dassault, favoritíssima para vencer a concorrência. O grupo francês, que mantém uma participação minoritária na Embraer, é um interessado natural no projeto KC-390.
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Turbinada
4/08/2010O BNDES vai dar uma mãozinha a maquiladora Embraer. Entenda-se por indústria em que os componentes nacionais são contados a dedo. O volume de financiamentos concedidos a empresa vai subir mais um degrau.
Acervo RR
Açúcar de Dilma
3/08/2010Os assessores de Dilma Rousseff estão fechando um encontro entre a candidata e empresários do setor sucroalcooleiro. No evento, Dilma vai cantar as canções que os usineiros querem ouvir. Vai bater na tecla de uma alíquota única de ICMS para o etanol em todo o país e garantirá o apoio redobrado do BNDES e da Petrobras Biocombustível para frear o capital estrangeiro no setor.
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Carne de pescoço
2/08/2010A relação entre o BNDES e a família Russo, dona do frigorífico Independência, vai de mal a pior. Ao contrário do que estava acordado, os donos da empresa teriam cessado a procura por um novo sócio para o lugar do banco. O BNDES, dono de 13% das ações, tenta sair do frigorífico há um ano.
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Lojas Americanas
30/07/2010A Lojas Americanas retomou as gestões para obter um graúdo financiamento do BNDES. Qualquer semelhança com as negociações para a compra da Casa & Vídeo não é mera coincidência
Acervo RR
Trem-bala 1
30/07/2010Há um fumegante lobby em Brasília para que o BNDES financie até 80% do custo de implantação do trem-bala entre Rio e São Paulo ? e não apenas 60%, como está previsto. O comboio é conduzida por Alstom e Siemens. .
Acervo RR
BNDES deixa sedes da Copa no banco de reservas
29/07/2010Manaus, Brasília, Natal e Fortaleza são as bolas murchas no gramado do BNDES. Até o momento, as quatro cidades não atenderam a s condições impostas pelo banco para liberar os recursos voltados a construção e reforma dos estádios da Copa de 2014. Segundo uma alta fonte do Comitê Organizador, a maior lacuna diz respeito a gestão das arenas. Ao contrário das demais sedes, as quatro capitais não teriam apresentado o nome de um operador com notória experiência na administração de estádios multiuso. Esta é uma das principais recomendações do BNDES para a concessão do empréstimo ? cada cidade terá direito a até R$ 400 milhões. Todos os projetos terão de ser acompanhados de um plano de uso dos estádios após o Mundial de 2014, com o aval de um operador. Este plano deve estar vinculado a um estudo de viabilidade que contemple a utilização do estádio não apenas para partidas de futebol, mas também para eventos culturais, sociais e até corporativos. Cada cidade terá de apresentar um projeto capaz de reduzir a dependência da receita decorrente do próprio futebol. Um estudo do BNDES mostra que, nas grandes arenas da Europa e dos Estados Unidos, quase 40% da receita vêm de shows e aluguel para empresas privadas. A maior preocupação do banco é reduzir os riscos de que os estádios se tornem uma manada de elefantes brancos, sobretudo em cidades fora do eixo Sul-Sudeste. Na africa do Sul, por exemplo, cinco estádios construídos para a Copa do Mundo não terão jogos do campeonato nacional e não há qualquer garantia de receita para os próximos meses. Manaus, Brasília, Fortaleza e Natal não figuram exatamente entre os campeões de bilheteria do futebol brasileiro. Tomando-se como base os últimos campeonatos estaduais, os estádios das quatro cidades apresentam uma ocupação média de apenas 35%, o que só aumenta a preocupação no BNDES. A área técnica do banco já teria vetado a concessão do empréstimo a estas capitais sem a apresentação do estudo de viabilidade. O impasse deixa as quatro cidades em uma situação delicada. O empréstimo do BNDES é imprescindível para a construção e reforma de suas respectivas arenas. De acordo com a fonte do Comitê Organizador ouvida pelo RR, nenhuma das quatro cidades tem um Plano B.
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Carne de primeira
28/07/2010Além do iminente reforço de caixa da BNDESPar, o Marfrig tem outro trunfo na mão. Há negociações para o ingresso da Previ no capital do frigorífico. O elo seria o exministro e consultor Luiz Gushiken, que teria sido contratado recentemente pelo empresário Marcos Molina, dono do Marfrig.
Acervo RR
Brasil e Japão se unem no etanol
27/07/2010Os governos do Brasil e do Japão abriram conversações para investimentos conjuntos na produção de etanol. Do lado brasileiro, as negociações envolvem representantes do Ministério de Minas e Energia, da Casa Civil e do Itamaraty. O projeto prevê a construção de usinas de controle bilateral no Brasil. O Japão deverá entrar na empreitada, por meio de seu fundo soberano, que administra cerca de US$ 1 trilhão em ativos. Grandes tradings nipônicas, como Sumitomo, Mitsui e Itochu, serão estimuladas a participar do projeto, contando, inclusive, com apoio do Japan Bank for International Cooperation (JBIC). A Itochu já tem negócios em etanol no país ? é sócia da Bunge em duas usinas. A Sumitomo, por sua vez, ensaia sua entrada no setor há pelo menos dois anos. Pelo Brasil, todos os caminhos levam na direção da Petrobras Biocombustível, que seria a operadora das usinas e sócia majoritária, e do BNDES. O banco também deverá entrar no funding da operação. As tradings nipônicas terão um papel fundamental na operação. Todas as usinas terão uma cota da sua produção destinada ao país asiático. O investimento no Brasil faz parte do esforço do governo do Japão em aumentar a importação de etanol. A necessidade de abastecimento do mercado local tende a crescer ainda mais a partir do próximo ano. O governo japonês deverá aumentar de 5% para 10% a proporção de etanol na gasolina vendida no país. .
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NA
22/07/2010Após garantir um empréstimo de R$ 200 milhões do BNDES, Furnas está tentando arrastar a Previ para o projeto de construção da hidrelétrica Batalha, entre Minas Gerais e Goiás.
Acervo RR
Caixa Econômica, Previ e Funcef recarregam o Grupo Rede
21/07/2010O empresário Jorge Queiroz, dono do Grupo Rede, acendeu uma vela para a Caixa Econômica Federal e outra para a dupla Funcef e Previ. O banco e as duas fundações estão liderando uma tour de force com o objetivo de capitalizar a empresa de energia, a s voltas com uma dívida superior a R$ 4 bilhões. O FI-FGTS, administrado pela Caixa, vai ampliar sua participação no Grupo Rede. O fundo, que recentemente desembolsou R$ 600 milhões para ficar com 35% da holding Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema S.A. (EEVP), deverá comprar uma participação direta na própria Rede Energia. O vendedor é a BNDESPar, que detém 24% da empresa. O FI-FGTS vai ficar com uma fatia equivalente a 10%. Em outro front, um grupo de fundos de pensão encabeçados por Previ e Funcef deverá adquirir outros 10% da parcela pertencente a BNDESPar, que, ao final da operação, ficaria com aproximadamente 4% do capital da Rede. As negociações preveem, em um segundo momento, um aporte de capital também liderado pelo FI-FGTS e pelos fundos de pensão. Procurado pelo RR – Negócios & Finanças, o Grupo Rede não se pronunciou até o fechamento desta edição. Ao fim desta operação, Jorge Queiroz permanecerá como acionista majoritário tanto da holding EEVP quanto do Grupo Rede. No entanto, terá de entregar alguns anéis. As negociações com a Caixa Econômica, Previ e Funcef estão vinculadas a assinatura de um novo acordo de acionistas, que, se confirmado, vai reduzir significativamente o poder do empresário. Questões como mudanças na diretoria, compra e venda de ativos e investimentos terão de ser aprovadas por 60% dos votos. Significa dizer que Queiroz passará a depender da anuência dos novos sócios para tomar decisões estratégicas. É grande também a possibilidade de mudança no comando do Grupo Rede, hoje nas mãos da executiva Carmem Campos Pereira. O nome da preferência dos fundos de pensão é o do ex-Eletrobras Flavio Decat, que já comanda a Celpa, distribuidora controlada pelo grupo. Nos últimos meses, com o luxuoso apoio do próprio BNDES, Jorge Queiroz tem conversado com diversos grupos do setor elétrico em busca de um comprador para o Grupo Rede. No entanto, as negociações esbarram no elevado passivo da companhia. A operação com o FI-FGTS, Previ e Funcef não significa que a hipótese de venda do controle será descartada. Pelo contrário. Ela continua em pauta, mas sem o mesmo caráter de urgência. O aporte dará ao grupo mais tempo para buscar um comprador.
Acervo RR
Hypermarcas entra na bula do BNDES
19/07/2010O projeto de criação de um superlaboratório farmacêutico nacional, capitaneado pelo BNDES, ganhou novas nuances nas últimas semanas. A Hypermarcas tornou-se favorita para encabeçar o processo de consolidação do setor. Pelo menos no que depender da área técnica do banco. O principal handcap da companhia é a sua musculatura financeira para novas aquisições. Após sucessivas captações no mercado financeiro, a Hypermarcas tem em caixa quase R$ 2 bilhões, o que reduziria a necessidade de aportes do próprio BNDES para financiar a compra de laboratórios farmacêuticos. A operação seria feito por meio da Neo Química, comprada pela empresa de João Alves de Queiroz Filho, o Junior, no fim do ano passado. Sobe a Hypermarcas, descem Aché, Eurofarma e EMS. Desde a partida no projeto, as três empresas lideram as conversações com o BNDES. No entanto, discordâncias quanto ao modelo de operação e a própria participação financeira de cada uma esfriaram as gestões. A EMS, do empresário Carlos Sanchez, nem sequer teria participado das duas últimas rodadas de negociação com o banco.
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Fronteira Elétrica
14/07/2010O ministro de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, costura com o governo da Venezuela um acordo bilateral para investimentos em geração e transmissão. O projeto principal é a construção de uma linha de transmissão entre os dois países, que, do lado do Brasil, cruzaria boa parte da Região Norte. Elétrica mesmo promete ser a segunda etapa da negociação, quando os dois países vão discutir a partilha do investimento, em torno de US$ 2 bilhões. O governo venezuelano já sinalizou que só entra no negócio se tiver financiamento do BNDES.
Acervo RR
Stora Enso é a incógnita na expansão da Veracel
12/07/2010Após virar a página dos derivativos cambiais da antiga Aracruz, uma herança dolorosa que custou mais de US$ 500 milhões, os Ermírio de Moraes estão debruçados sobre outra questão estratégica para o futuro da Fibria: a expansão da Veracel. Estimulados pelo saneamento financeiro da empresa e pelos sinais de recuperação da demanda internacional por celulose, retomaram as discussões em torno da duplicação do complexo industrial, localizado na Bahia. Um novo estudo de viabilidade será apresentado na próxima reunião de Conselho da Fibria e a decisão final deverá ocorrer em até três meses. O projeto prevê a construção de uma segunda planta, com capacidade para dois milhões de toneladas por ano. A disposição dos Ermírio de Moraes, contudo, esbarra em uma grande incógnita: afinal, qual é a posição da Stora Enso, dona de 50% da Veracel? A empresa escandinava é uma esfinge difícil de ser decifrada. Não dá qualquer pista sobre a sua participação ou não no projeto. Para os Ermírio de Moraes, o silêncio da Stora Enso vale mais do que mil palavras. A empresa é carta quase fora do baralho e dificilmente vai dividir o investimento, da ordem de US$ 2,5 bilhões. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Fibria informou que a expansão da Veracel está entre suas prioridades, mas a decisão sobre novos investimentos ainda depende das condições do mercado. Com relação a Stora Enso, a empresa não quis fazer comentários. Por qualquer ângulo que se olhe, vários fatores afastam a Stora Enso da duplicação da Veracel. A empresa sueco-finlandesa foi atingida pela crise mundial e seu impacto sobre o mercado de papel e celulose. Em 2008, teve perdas superiores a 600 milhões de euros. Desde então, o grupo mergulhou em um processo global de corte de custos e de investimentos, inclusive no Brasil. A expansão da fábrica de papel para impressão gráfica em Arapoti (PR), comprada a International Paper em 2006, foi adiada. A demanda pelo papel LWC, um de seus principais produtos no país, caiu mais de 20% em 2009, o que reduziu significativamente a rentabilidade da companhia. A Stora Enso convive ainda com problemas estruturais que precisam ser equacionados no curto prazo, como a obsolescência de algumas de suas plantas na Europa, o que impõe pesados custos operacionais. Por estas razões, os Ermírio de Moraes estão cada vez mais convencidos de que a expansão da Veracel é um sinônimo de divórcio dos proprietários do negócio. Curiosamente, há cerca de dois anos, a Stora Enso chegou a se movimentar para comprar a participação da então Aracruz na Veracel. Na ocasião, tentou se aproveitar da fragilidade financeira da sócia, abalada pelas perdas com derivativos cambiais, e comprar os 50% da fábrica baiana na bacia das almas. Tentou, inclusive, buscar o improvável apoio do BNDES a uma operação que entregaria a Veracel a um grupo estrangeiro. A reestruturação societária da Aracruz, que culminou com a saída de Erling Lorentzen e de José Safra, brecou a investida dos escandinavos. Agora, os ventos mudaram de direção. A percepção dos Ermírio de Moraes é que a Stora Enso está mais interessada em valorizar seu passe para a venda de parte ou até mesmo dos 50% restantes da Veracel do que em investir um caminhão de dinheiro na empresa. Pelo menos é o que sugere o inquietante silêncio dos escandinavos.
Acervo RR
AES busca uma brecha entre os muros do BNDES
9/07/2010A AES está disposta a queimar a energia que for necessária para equacionar, ou, ao menos, minimizar, o que considera o seu mais grave problema institucional no Brasil: a historicamente tortuosa, complexa, quase beligerante relação com o BNDES. O principal motivo para este trabalho de reaproximação é o novo planejamento estratégico do grupo para os próximos cinco anos. Os norteamericanos querem transformar a AES Brasil em uma empresa integrada de energia, com negócios em geração, distribuição, transmissão e até mesmo na produção de combustíveis renováveis, notadamente etanol. Pragmáticos como sempre, os norte-americanos estão tecendo uma ardilosa teia política com o objetivo de reconstruir sua capacidade de diálogo e entrada no BNDES. O lobby vai ser centrado em peças-chave de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. A AES busca interlocutores em comum, notadamente no próprio governo e no Congresso, capazes de atuar neste trabalho de reaproximação com o banco. Parte da premissa de que, direta ou indiretamente, todos os seus passos no Brasil estão amarrados ao BNDES. O epicentro é a Brasiliana, conturbada associação entre o banco e os norte-americanos que controla a AES Eletropaulo, maior distribuidora de energia da América Latina. A estratégia da AES para o país coloca novos ingredientes neste caldeirão. No cenário ideal, o grupo adoraria pendurar parte de seus futuros investimentos na própria Brasiliana, dividindo o risco com o BNDES. Os planos incluem a compra de concessões na área de transmissão e de usinas sucroalcooleiras ? um dos objetivos da AES é exportar etanol para o mercado norte- americano. O grande senão a todos estes projetos é a péssima imagem da AES dentro do BNDES, o que transforma qualquer tentativa de aproximação em um dos 12 trabalhos de Hércules. O problema não é nem o presidente do banco, Luciano Coutinho. Está na área técnica do banco, que nutre verdadeira aversão ao grupo. Os norte-americanos carregam a pecha de arrogantes, dissimulados e de sanguessugas do BNDES. A repulsa cresceu durante a gestão de Carlos Lessa, alimentada pela inadimplência da AES na rumorosa operação de financiamento para a compra de uma participação na Cemig. As tensas negociações em torno da Brasiliana só servem para colocar ainda mais pimenta na relação entre a AES e o banco. O pensamento hegemônico dentro do BNDES é que os norte-americanos devem sair da holding, abrindo caminho para a criação de uma grande empresa de energia de capital nacional.
Acervo RR
Liquidez 1
8/07/2010O presidente da TV Cultura, João Sayad, gostou mesmo do setor. Sayad, que já foi banqueiro, pensa em criar um fundo de investimento voltado a projetos culturais. Acha que traz para a empreitada o BNDES.
Acervo RR
Bom Gosto enche o copo de desafetos
2/07/2010A velocidade com que o empresário Wilson Zanatta, dono da Laticínios Bom Gosto, tem comprado ativos e devorado market share na indústria de laticínios é a mesma com que vem acumulando desafetos no setor. O acelerado crescimento da empresa gaúcha se tornou alvo de crescentes questionamentos por parte da concorrência, inclusive na esfera jurídica. Há dois focos de atrito: a política de preços da Bom Gosto, vista pelo mercado como predatória, e a desabrida predileção do BNDES pela companhia, que vem alimentando a insatisfação de outros grandes players do setor. . No primeiro caso, a empresa está no centro de uma batalha judicial. Os Sindicatos das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Alagoas (Sileal) e do Ceará (Sindlaticínios) já entraram com uma denúncia no Ministério Público Federal de Pernambuco contra a Bom Gosto por supostas práticas de concorrência desleal. A companhia estaria trabalhando com preços abaixo da linha de cintura nos dois estados para deslocar mercado e sufocar produtores locais. Os sindicatos argumentam que há risco de fechamento de fabricantes de pequeno porte no Nordeste por conta da cáustica estratégia comercial da Bom Gosto. Além das entidades representativas, empresas da região também se mobilizam. É o caso do laticínio cearense Betânia, que estuda entrar com uma ação individual contra a companhia gaúcha. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Bom Gosto não se pronunciou até o fechamento desta edição. O problema não se restringe ao Nordeste e muito menos a empresas regionais. O RR apurou que uma das maiores fabricantes de laticínios do país prepara-se para acionar a Bom Gosto junto aos órgãos antitruste. O deep throath reuniu farta documentação e informações que comprovariam práticas de concorrência desleal por parte do laticínio gaúcho. A empresa estaria vendendo produtos abaixo do preço de custo em algumas áreas das regiões Sul e Sudeste. Atacado, Wilson Zanatta joga a bola para o outro lado da rede. Em recentes entrevistas a imprensa, vem batendo na tecla de que o setor tem de rever suas margens de lucro e reduzir seus preços. Paralelamente, Wilson Zanatta está provocando uma crise de ciúmes na concorrência. É o ônus da privilegiada posição da Bom Gosto, que se tornou a queridinha do BNDES na indústria de laticínios. O banco tem sido o grande mecenas dos planos de expansão da empresa gaúcha, que fez sete aquisições nos últimos três anos. Nesse período, a companhia saiu do quarto lugar para a vice-liderança no ranking do setor, atingindo um faturamento da ordem de R$ 1,5 bilhão. Na condição de acionista da Bom Gosto, da qual detém 36%, nada mais natural que o BNDES financie o crescimento da empresa ? até porque faz parte da política do banco escolher cavalos vencedores nos diversos setores da economia. No entanto, esta predileção vem sendo cada vez mais contestada por outros laticínios. O descontente-mor seria a Itambé. A empresa está conduzindo um dos maiores projetos de consolidação societária do setor: a fusão com Centroleite, Confepar, Cemil e Minas Leite. Há conversações para que o BNDES ingresse no capital da nova empresa. No entanto, aos olhos destas companhias, o banco não estaria demonstrando muito apetite para participar do projeto. .
Acervo RR
Energia alheia
2/07/2010A Allianz Climate Solutions (ACS), braço de energia renovável do grupo alemão, trilhou o caminho do BNDES. Quer o apoio do banco para a construção de PCHs e usinas de biomassa no país.
Acervo RR
Cobre dividido
2/07/2010O futuro societário da Paranapanema gerou um dissenso entre os acionistas controladores. BNDES e Petros querem pôr uma trava no plano de investimentos da empresa, em torno de R$ 500 milhões, enquanto não houver uma definição sobre a venda de parte ou da íntegra do capital. A Previ, por sua vez, propõe que tudo siga como se não houvesse amanhã.
Acervo RR
Deserto
30/06/2010A decisão do BNDES de não entrar no capital de empresas da área ambiental acertou em cheio a Andrade Gutierrez. Sem o apoio do banco, o plano da empreiteira de montar um colar de ativos no setor deverá morrer na raiz.
Acervo RR
EDF interrompe seu apagão particular no Brasil
29/06/2010Depois de Carla Bruni, ninguém tem tanto cartaz com Nicolas Sarkozy quanto Lula. Quatro anos após vender o controle da Light e praticamente virar as costas para o Brasil, a EDF tornou-se a principal candidata a parceira da Eletronuclear na construção de usinas nucleares no país. Segundo uma alta fonte do Ministério de Minas e Energia, as duas estatais estão alinhavando um acordo para investimentos conjuntos, notadamente a instalação de duas geradoras atômicas no Nordeste. A associação teria espaço para um terceiro elemento, a também francesa Areva, que, há algum tempo, mantém entendimentos com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) ?para um acordo de transferência de tecnologia no en riquecimento de urânio. O interesse da EDF vai além da fronteira empresarial. Trata-se de uma questão de Estado, que deve ser creditada na conta do acordo diplomático e comercial entre os governos Lula e Nicolas Sarkozy, cujo epi- centro é a venda dos caças Rafale para a Força Aérea Brasileira. De acordo com a mesma fonte, o próprio CEO mundial da EDF, Henri Proglio, virá ao Brasil em breve para formalizar um memorando de entendimentos com o governo brasileiro ? a data ainda depende da agenda do presidente Lula. De quebra, Proglio também vai anunciar a retomada dos investimentos em geração hidrelétrica no Brasil. A EDF, que controla uma térmica no país, a Norte Fluminense, vai pingar cerca de US$ 200 milhões para a construção de PCHs. O aporte pode ser considerado uma primeira tranche já que o interesse manifesto é de uma recomposição maior dos investimentos no setor. Como contrapartida, o grupo francês terá os financiamentos de praxe do BNDES. As PCHs deverão ter como parceira a Eletrobras, que ficaria com uma participação minoritária. Mas a BR Distribuidora também é uma alternativa. A EDF pretende, nos próximos dois anos, triplicar sua capacidade instalada no Brasil, hoje em torno de 800 megawatts.
Acervo RR
Feijão com arroz
28/06/2010A BNDESPar está refogando sua entrada no capital da gaúcha Camil, maior produtora de arroz da América do Sul. A empresa é integralmente controlada pela família Maggi Quartiero.
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Fotocópia
25/06/2010A BNDESPar vai ganhar uma versão de bolso, em caráter regional. O Ministério da Fazenda autorizou o Banco da Amazônia (Basa) e o Banco do Nordeste a criarem um braço de participações. O foco das duas instituições será investir em empresas e projetos de infraestrutura, notadamente empreendimentos incluídos no PAC.
Acervo RR
BNDES sai em defesa da empresa privada nacional
25/06/2010As duras críticas de José Serra e Marina Silva ao BNDES não vão ficar sem resposta. A reação virá de dois fronts: do próprio banco e da candidata Dilma Rousseff. Os assessores da campanha petista já trabalham na coleta de números e argumentos que serão incorporados aos pronunciamentos de Dilma, com o objetivo de confrontar as declarações de Serra e Marina. A candidata vai defender o trabalho do banco a favor do capital nacional, por meio da consolidação de grandes grupos privados. Vai também associar a instituição aos projetos do PAC. Não por acaso, no núcleo de campanha de Dilma, houve até quem festejasse as críticas feitas por Serra e Marina ao BNDES. A percepção é que os dois candidatos acabaram levantando a bola sob medida para Dilma Rousseff e o próprio BNDES desfiarem as realizações do governo Lula. Segundo uma fonte da equipe econômica, o BNDES lustra suas armas. O banco prepara uma campanha publicitária institucional. Sem menção explícita aos dois candidatos, pretende desmontar as críticas desferidas por José Serra e Marina Silva ? e, de quebra, aproveitar a ocasião para fortalecer sua imagem diante da opinião pública. A intenção é vincular ainda mais o BNDES a ideia do fortalecimento da empresa privada nacional, da geração de empregos e da mobilidade social. O governo e o comando do BNDES consideram que as declarações de José Serra e Marina Silva também têm de ser rebatidas na mesma moeda, ou seja, no espaço editorial de publicações de prestígio. A intenção é deflagrar um trabalho de comunicação que permita desarmar, ponto a ponto, as críticas feitas pelos dois candidatos. No banco, a leitura é que os ataques são frágeis e passíveis de desconstrução com razoável facilidade. Um exemplo é a contestação aos critérios usados pela instituição para escolher as empresas beneficiadas com juros subsidiados. A diretoria do BNDES está cansada de bater na tecla de que o banco não procura, mas é procurado por grupos com projetos de expansão ou de fusão e aquisição. A crítica a opção do BNDES em privilegiar cavalos vencedores em diversos setores da economia tem função meramente destrutiva. É como se a oposição quisesse colocar vinagre no vinho dos projetos estruturantes que estão sendo tocados em razão da consolidação e do apoio a grandes grupos nacionais. Estes, por sua vez, trouxeram a reboque um processo virtuoso: redução da hegemonia do capital estrangeiro em fusões e aquisições, manutenção do centro de decisões empresariais no país e, em última linha, contenção do passivo externo líquido e retenção de divisas. O surgimento de empresas como Fibria, Brasil Foods, Oi/BrT, entre outras, permitiu também uma regulação interna do mercado, evitando a criação de oligopólios internacionais. O banco tem ainda a seu favor os resultados obtidos nos últimos anos por sua participação em grandes fusões e aquisições. Além do figurino de financiador, costuma entrar no equity do negócio, remunerando-se automaticamente com a valorização dos papéis das empresas. No entanto, nada causou mais excitação no BNDES do que as insinuações a transparência operacional do banco feitas por José Serra. Esta agenda é um prato cheio para o governo Lula. Falta de transparência por falta de transparência, a participação do BNDES no processo de privatização foi um dos episódios mais palpitantes da era FHC, inclusive com registros que poderiam figurar no Museu da Imagem e do Som.
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São Martinho
25/06/2010Mesmo com a chegada da Petrobras Biocombustíveis, os acionistas da São Martinho estão convictos de que, apertando um pouquinho, ainda há espaço para o aumento da participação do BNDES no capital da empresa.
Acervo RR
BNDES vê TTrans como a locomotiva do setor
23/06/2010O vagão do BNDES partiu rumo a estação TTrans. O banco enxerga a empresa como uma plataforma em potencial para a criação de uma grande fabricante de equipamentos ferroviários de controle nacional, com fôlego não apenas para atender a crescente demanda interna do setor, mas para disputar contratos internacionais. O ponto de partida é a mudança do controle societário em curso na empresa. A saga ferroviária dos irmãos Augusto e Roberto Mendonça, donos do Grupo Pem Setal, chegou definitivamente a última parada. A dupla deixou o capital da TTrans. Em uma negociação que se arrastava há mais de dois anos, a Pem Setal acertou a transferência do controle para o empresário Massimo Giavina, ex-presidente da Alstom no Brasil e principal executivo da TTrans. A negociação foi acompanhada com lupa pelo BNDES. Ela abre caminho para uma aproximação com a TTrans. Antigas dívidas da Pem Setal com a agência de fomento sempre foram um empecilho para o apoio do BNDES a empresa. Agora, não há mais barreiras para o financiamento puro e simples ou a entrada do banco no capital da fabricante de equipamentos ferroviários. Independentemente do modelo adotado, a chegada do BNDES seria mais do que oportuna para a TTrans. A missão de Massimo Giavina é tirar a empresa do estado de inanição em que ela mergulhou nos últimos anos. A companhia, que já foi a maior fabricante de equipamentos ferroviários do país, saiu dos trilhos devido a falta de investimentos da Pem Setal. Os primeiros passos da reestruturação já estão traçados. A fábrica de Três Rios será ampliada e modernizada. A empresa está acertando um acordo com a espanhola Isolux para a produção de sistemas fixos usados nos carros de trem e metrô. Paralelamente, a TTrans costura parcerias com a chinesa M.O.R e a italiana Oclap S.R.L, sediada em Turim. No caso dos chineses, o acordo prevê a entrada conjunta na licitação do trem-bala Rio-São Paulo. Com a Oclap, a TTrans vai comprar um bilhete para o mercado internacional. A dupla está formando uma joint venture na Itália para a fabricação de portas de plataforma. A nova empresa já tem dois negócios na mira: entrará nas concorrências para a implantação do Metrô da Cidade do Panamá e para a instalação do Monotrilho de Manaus. Há negociações para que a joint venture forneça também equipamentos para a Demetrô, de Belo Horizonte, e para o Metrô de Recife.
Acervo RR
Tempero
23/06/2010O empresário Marcos Molina, dono do Marfrig, pode até desconversar. Mas toda a operação para a compra da norte-americana Keystone foi montada em cima do aumento da participação do BNDES no frigorífico de 14% para algo em torno de 20%.
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Metalfrio
23/06/2010Há uma debandada a vista no capital da Metalfrio. O HSBC, que detém 25% das ações ordinárias, está pulando fora e deverá ser acompanhado da BNDESPar, com 8%. Na ponta compradora, outros fundos instalados na sociedade, como o Thema Participações, dono de 12%.
Acervo RR
BNDES frustra a hotelaria
22/06/2010A euforia dos grupos hoteleiros não passou da conciergerie. A linha de financiamento para o setor criada pelo BNDES por conta da Copa do Mundo de 2014 é uma porta giratória com as travas acionadas. O banco está impondo uma série de exigências para a liberação dos recursos, no total de R$ 1 bilhão. A principal delas diz respeito a s contrapartidas que terão de ser cumpridas pelos grupos beneficiados. Os operadores hoteleiros precisarão apresentar garantias para cobrir, pelo menos, metade do valor do crédito. Terão também de se comprometer com uma meta para a geração de novos postos de trabalho. O jogo duro do BNDES, que não estava no script, tem provocado reações no setor. Grupos hoteleiros já foram ao ministro do Turismo, Luiz Barretto, pedir uma flexibilização das exigências. Levam na ponta da língua o argumento que as condições impostas pelo BNDES vão impedir que grupos de médio porte, sobretudo de controle nacional, tenham acesso aos recursos do banco. Pelo menos uma rede brasileira, com hotéis nas principais capitais do país, já figura no índex da agência de fomento. Entrou formalmente com o pedido de empréstimo, mas não apresentou as garantias financeiras. Corre sério risco de ver a Copa de 2014 pela TV.
Acervo RR
Dilma rearruma as peças no tabuleiro do poder
21/06/2010Nem tudo é o que parece ser no mosaico de nomes apontado, desde já, como pule de dez para um eventual governo de Dilma Rousseff. Personagens aparentemente fora do jogo e que, até agora, permanecem na penumbra da campanha são fortes candidatos a deslocar o centro de poder e tomar o espaço supostamente destinado a estrelas de primeira grandeza. É o caso da tríade Erenice Guerra, atual titular da Casa Civil, Miriam Belchior, coordenadora do PAC, e Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras ? jocosamente tratadas no núcleo de campanha do PT como as “Dilmetes”. Além da fama de competentes que as cerca, o trio tem um ativo valioso, capaz de fazer diferença na hora H da montagem dos quadros de governo: são histórica e afetivamente ligadas a Dilma. Ou, como diz uma fonte do primeiríssimo escalão da campanha petista, todas elas podem ouvir uma carraspana em alto bom som de Dilma sem qualquer resquício de mágoa ou ressentimento. Ao contrário das “Dilmetes”, alguns blockbusters, tratados por analistas políticos e pela mídia como favas contadas para a equipe de governo de Dilma Rousseff, não têm, nem de longe, um grau de afinidade tão estreito e orgânico com a candidata. Os principais exemplos são Antônio Palocci, Luciano Coutinho e Henrique Meirelles. Dilma os enxerga como curingas, e não necessariamente como ases com lugar cativo no governo. No caso de Palocci, a aproximação com a candidata é resultado de um oportunismo eleitoral, no bom sentido. Ele se tornou um nome imprescindível para a campanha, mas, talvez, não para o governo. Dilma considera que é bom tê-lo por perto, mas não obrigatoriamente em um posto-chave. O mesmo se aplica a Luciano Coutinho, visto como favorito para a Fazenda. Com a ressalva de que Coutinho vem construindo, nos últimos anos, uma relação bem mais próxima de Dilma Rousseff. Outra diferença entre ambos. Ao longo de sua gestão na Fazenda, Dilma fez várias críticas públicas a Palocci. Nunca se ouviu o mesmo em relação a Coutinho. Henrique Meirelles, cotado para um tricampeonato no comando do Banco Central, é outro que carece de maior familiaridade com Dilma Rousseff. Informações filtradas junto ao comando de campanha do PT apontam José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa como nomes, no momento, mais bem posicionados na corrida pelo cargo. Ambos, aliás, notadamente Lisboa, surgem como possíveis contribuições do próprio Palocci. Seria uma forma de o ex-ministro participar do governo, senão de corpo presente, ao menos em pensamento. No que depender da vontade de Dilma Rousseff, seu governo tem tudo para ser um matriarcado. A distribuição dos cargos ainda é um jogo a ser jogado, mas Erenice Guerra, Mirian Belchior e Maria das Graças Foster são peças das quais Dilma não abre mão. Erenice é vista como a Dilma da Dilma, ou seja, nome talhado para a própria Casa Civil. Outra possibilidade seria sua ida para a Chefia de Gabinete da Presidência, lugar hoje ocupado por Gilberto Carvalho. Miriam Belchior é candidata a uma vice-presidência do BNDES. Graça Foster, por sua vez, seria um nome forte para a Petrobras, ainda que sua indicação enfrente forte resistência entre os funcionários da estatal. Graça não é conhecida exatamente pelo jogo de cintura que o cargo exige.
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Fundo do MIT desembarca no Brasil
18/06/2010A MIT Investment Management Company, o musculoso braço de investimentos do renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), virou seus refletores na direção do Brasil. O país receberá a maior parte dos US$ 300 milhões captados pelo MIT Private Equity Fund Latin America, fundo recém-montado pelos norte-americanos. A participação na partilha deverá chegar a 60% deste valor. No foco, projetos de energia renovável, notadamente etanol e usinas eólicas, e os setores de saneamento, infraestrutura e real estate. Dentro do conceito que vem norteando os investimentos do fundo nos Estados Unidos e em outros países, terão prioridade negócios vinculados a projetos de sustentabilidade e com certificações internacionais na área ambiental. No setor de saneamento, a bússola do private equity aponta na direção da Sabesp. No setor de energia, o candidato mais forte a parcerias é a própria Eletrobras. Neste caso, os investimentos poderiam se dar por meio de Sociedades de Propósito Específico. A MIT Investment Management Company tem por norma alocar recursos em países com investment grade. Outra prática do fundo é estimular seus parceiros a investir nos Estados Unidos. A chegada da instituição ao Brasil tem provocado um frenesi entre fundos de pensão. Previ e Funcef vêm mantendo conversações com os norte-americanos para investimentos conjuntos no Brasil. Um dos caminhos é a entrada do MIT em projetos capitaneados pelo InfraBrasil, fundo voltado a área de infraestrutura que reúne recursos de grandes fundações de previdência privada e do BNDES.
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Farra do “B”
17/06/2010Na esteira do controverso Plano Nacional de Banda Larga, um grupo de fabricantes de equipamentos de telecomunicações vem pleiteando ao BNDES uma linha de crédito para o setor. Uma fonte da Ericsson garante que o pedido está bem encaminhado.
Acervo RR
Farra do “NDES”
17/06/2010O governo prepara um pacote de incentivos para fomentar a pesquisa científica em bioenergia. Olha o BNDES aí de novo. A viga mestra será a criação de linha de financiamento por parte do banco.
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Afinal, o que Mantega tem contra a Vale?
15/06/2010O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem agido com desrespeito, oportunismo e perfídia em relação a Vale e sua gestão. Mantega tem envenenado seus companheiros de Ministério e o próprio presidente Lula e usado a assessoria de comunicação que o acompanha desde o BNDES para vazar, insistentemente, comentários depreciativos em off the records. Dizia Yves Mamou, legendário editor do Le Monde, que o vazamento está para a democracia assim como a tortura está para a ditadura. Digamos que menos. Mas as incessantes campanhas difamatórias na mídia usadas como instrumento de Estado estão muito perto das piores práticas de manipulação do nazismo, facismo e stalinismo. Há quem diga que não se trata de vilania, mas vingança pura e simples. O ministro da Fazenda teria implicado com Roger Agnelli desde o afastamento do ex-presidente do BNDES, Demian Fiocca, seu protegido, da diretoria da Vale. Por uma outra versão, Mantega estaria pavimentando agora sua candidatura futura ao próprio cargo de presidente da companhia. Parece mais salutar acreditar apenas na sua falta de bom senso. A bola da vez são os aumentos dos preços do minério de ferro, que deveriam ser saudados como uma vitória e vêm sendo acusados de má fé cívica. A mesma Vale – que foi criticada por ter tido um resultado inferior, no ano passado, devido a queda da demanda e dos preços em função da crise financeira – é agora atacada por tentar reverter seus números e voltar a performar positivamente. Os argumentos são toscos: o aumento do preço do minério (90% do volume são exportados) seria repassado em 100% para o preço do aluguel, que, que por sua vez, pressionaria o índice de preços – especialmente o cálculo do IGP-M. Acredite se quiser, o ministro, com outras palavras, disse isso. Guido Mantega é favorável a baixar alíquotas de importação – no caso do aço – e criar imposto sobre a exportação, no caso do minério de ferro. Bem, o que tem o minério exportado a ver com a carestia? Ao que se saiba, nove entre dez analistas renomados consideram que um dos problemas no horizonte da economia é o déficit de transações correntes, e nunca se viu ninguém combater essa disfunção nas contas externas com a redução do saldo da balança comercial. Mantega deve achar que a Vale só pode aumentar suas divisas com aumento do volume de exportações e não com reajuste de preços. Do lado do aço, o próprio Mantega fez campanha aberta para que as empresas, inclusive a Vale, investissem e migrassem para a siderurgia. O favorecimento a s importações reduz a competitividade, já que o mix de faturamento dessas empresas é decorrente da combinação dos preços do mercado interno e externo. Por obra e obsessiva atuação do ministro da Fazenda, a Vale tem sido bode expiatório em diversos momentos, curiosamente desde a saída de Fiocca. A demissão de três mil funcionários pela companhia no auge da crise do mercado de minério de ferro foi tratada como crime de lesa pátria por Mantega, que usou seus assessores para esticar o assunto no noticiário o quanto pode. Depois veio a obstinada intervenção no core business da companhia, que teria de virar siderúrgica, querendo ou não. É óbvio que o que está sendo feito tem motivações inconfessáveis. No mínimo, não se trata assim uma empresa privada.
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Totvs enfrenta um doce dilema societário
11/06/2010Laércio Cosentino, controlador da Totvs, vive uma angústia que todo o empresário gostaria de sentir. De um lado, a opção de seguir como acionista majoritário da principal companhia de TI do país; do outro, a possibilidade de encher a bolsa com um caminhão de dinheiro e virar sócio minoritário de um negócio de proporções globais. Esta segunda hipótese é alimentada pelo crescente assédio da SAP e da Tata Consultancy Services (TCS), braço de tecnologia do grupo indiano. Ambas estão fechando o cerco a Totvs na tentativa de selar uma associação. O modelo traçado pelas duas multinacionais é similar. Prevê a criação de uma nova empresa no Brasil, englobando os ativos da Totvs. Cosentino passaria a ter uma participação minoritária e seguiria a frente da gestão executiva. A SAP tem mostrado um apetite maior. Não deixa de ser sintomático que, há cerca de duas semanas, em entrevista a jornalistas brasileiros, o CEO mundial do grupo norte-americano, Bill McDermott, tenha falado do interesse em firmar parcerias ou associações com empresas brasileiras de TI. McDermott falou no plural, mas pensava no singular. A olho nu, Cosentino está em uma posição privilegiada. A Totvs detém mais de um terço do mercado de TI e segue com sua política de aquisições de pequenas e médias empresas ? na semana passada, fechou a compra do controle total da TQTVDÂ Software, da qual já detinha 55%. No entanto, em grande parte, o atual status da companhia é resultado de um cenário antigo, sem uma presença mais firme das grandes multinacionais. Além da própria SAP e da Oracle, que já estão há mais tempo no Brasil, nos últimos anos diversos pesos-pesados desembarcaram no país. É o caso justamente das empresas indianas, como Tata, Infosys e Wipro. Resultado: a Totvs, que já teve mais de 45% de market share, hoje gira em torno dos 35%. Cosentino vê crescer no retrovisor a própria SAP, com 26% do mercado. O pragmatismo de Laércio Cosentino não o deixa ter dúvida de que no final do túnel provavelmente estarão a SAP ou a Tata. Ao se unir a um gigante internacional, Cosentino blindará a posição da Totvs na liderança do setor. Na hipótese de uma associação com a SAP, por exemplo, passaria a ser acionista de uma empresa com faturamento anual de R$ 2 bilhões no Brasil, quase 60% de market share em alguns segmentos de atuação e mais de seis mil funcionários. Ao mesmo tempo, ganharia musculatura não apenas para comprar companhias de maior porte no país, mas também para disputar aquisições no exterior. Por outro lado, o apelo de ser o fundador do negócio o impele a ficar onde está. Cosentino nunca foi de rasgar dinheiro, mas quem resiste a um título nobiliárquico de empresário nacional emblemático. A possibilidade de ser conhecido como um barão da área de TI é um refresco para a auto-estima. O status de consolidador empresarial e de acionista majoritário tem lhe garantido portas abertas no governo e a promessa de muito estímulo financeiro. Não custa lembrar que o BNDES é acionista da Totvs, com cerca de 6% do capital. Em suma: em qualquer das hipóteses, Cosentino sai vitorioso. Se permanecer como majoritário de uma empresa nacional, receberá os louros da escolha. Caso decida se bandear para o lado dos gringos, ganhará os frutos da globalização.
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Renault busca combustível no BNDES
8/06/2010O presidente da Renault no Brasil, Jean Michel Jalinier, vai ter de buscar combustível extra para o plano de expansão da empresa. A subsidiária será obrigada a bancar do próprio bolso a maior parte do programa de investimentos para o período 2010-2012, orçado em US$ 600 milhões. Os franceses já sinalizaram a Jalinier que vão reduzir os aportes no país ao longo dos próximos dois anos ? a medida atingirá também outras filiais, notadamente em mercados emergentes. Trata-se de uma curva acentuada e sem precedentes na trajetória da Renault no país. Em uma década, a filial brasileira sempre teve amplo apoio financeiro da matriz. Eram outros tempos. A Renault tem sido forçada a reduzir seus investimentos globais por conta dos crescentes prejuízos. No ano passado, as perdas chegaram a três bilhões de euros. Não é de se estranhar, portanto, que Jalinier tenha parado seu carro no BNDES. Há cerca de três meses, o executivo tem mantido gestões com o banco em busca de uma aditivada linha de crédito. Estima-se que a subsidiária precise financiar mais de 60% dos investimentos programados até 2012. A maior preocupação de Jalinier é garantir recursos para o desenvolvimento de um novo utilitário esportivo, uma lacuna no portfólio da empresa no país. A Renault não atua no segmento das chamadas SUV?s, que tem acumulado algumas das mais altas taxas de crescimento do mercado. O novo modelo será feito com base em um veículo já produzido pela companhia na Romênia. O automóvel, que deverá ser fabricado a partir de 2011, traz a reboque mais uma tentativa da Renault de alavancar suas vendas no mercado brasileiro. Ao chegarem ao país, os franceses pretendiam ter 10% em market share em uma década. Conseguiram apenas 4%.
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Alcoolduto
7/06/2010Petrobras biocombustíveis Copersucar e BNDESPar costuram um acordo para a construção de um alcoolduto entre o Centro-Oeste e o litoral paulista. Outros sócios são bem-vindos ao projeto, avaliado em mais de R$ 1 bilhão.
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Aécio e Sergio Andrade formam um casal Á mineira
4/06/2010A história do casamento entre Aécio Neves e Sergio Andrade ainda está por ser contada. Trata-se de um enredo dissimulado, conforme a melhor tradição mineira, na qual o que parece que é não é, e vice-versa. Os dois, diga-se de passagem, não cabem na concepção formal do que é uma sociedade. Não são sócios de direito, mas são sócios de fato. Amigados na Cemig, empresa que parece privada, mas é pública, pretendem fazer um arrastão no setor elétrico. Sinuosos são os caminhos traçados nas Gerais. Aécio e Andrade jogam de dupla de ataque na Cemig, só que com camisas de times diferentes. Sob as bênçãos de Aécio Neves, Cemig e Andrade Gutierrez preparam seus próximos passos no setor elétrico. Um dos alvos da dupla é o Grupo Rede. A estatal e a empreiteira estudam uma oferta conjunta pelo controle da companhia, pertencente ao empresário Jorge Queiroz de Moraes Junior. Levando na garupa Sergio Andrade, a Cemig pularia de R$ 18 bilhões para quase R$ 25 bilhões de faturamento anual. Entraria ainda em quatro novos estados ? Pará, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Grupo Rede é apenas um aquecimento. Cemig e Andrade Gutierrez, ou melhor, Aécio Neves e Sergio Andrade miram em um alvo de proporções ainda maiores: a Brasiliana, dona da AES Eletropaulo, a maior distribuidora de energia da América Latina. A aquisição seria o passaporte para o desembarque da estatal mineira, e seu sócio privado, no mercado paulista. Trata-se de uma operação complexa, cheias de interesses políticos, e que depende ainda de um acordo entre o BNDES e a AES, que dividem o controle da Brasiliana. Articulação política, no entanto, não é um problema para Sergio Andrade, que, além do estreito relacionamento com Aécio Neves, é um dos empresários mais próximos do presidente Lula. Além disso, ter Aécio por perto aumenta ? e muito ? as chances de sucesso na investida. Não custa lembrar que foi justamente o ex-governador mineiro que aparou as arestas com os norte-americanos e o BNDES e costurou a operação cruzada que permitiu a entrada da Andrade Gutierrez no capital da Cemig, com uma participação de 14% ? negociação formalizada em janeiro. Em tempo: as relações entre Aécio e Sergio Andrade são tão curvilíneas que permitem até uma inflexão fora do setor elétrico. Com o imprimatur do sócio simbólico, a Andrade Gutierrez negocia a compra de 20% da Gasmig. Esta mistura cada vez mais homogênea entre Cemig e Andrade Gutierrez é resultado de uma intrincada teia política, empresarial e, até mesmo, afetiva tecida ao melhor estilo mineiro. Um dos elos que fortaleceu ainda mais as relações entre Aécio Neves e Sergio Andrade é a‚ngela Gutierrez, filha de Flavio Gutierrez, um dos fundadores da construtora. a‚ngela, que sempre cultivou uma trajetória discreta dentro do grupo, passou a ter uma presença mais ativa a partir de 2006, com a morte do irmão, Roberto Gutierrez. Entrou no Conselho de Administração da Andrade Gutierrez e, desde então, tem se notabilizado pela habilidade com que circula pelos mais concorridos salões das alterosas. a‚ngela é muito próxima de Andréa Neves, irmã de Aécio, que acumulou poder e prestígio político durante o seu governo. Assim é Minas: a‚ngela ama Andréa, que ama Aécio, que ama Sergio…
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Doce BNDES
4/06/2010Ao mesmo tempo em que busca um sócio privado, a família Biagi tenta arrastar o BNDES para o capital da Sermatec. Após a venda da Santelisa Vale, a indústria de equipamentos para usinas sucroalcooleiras é o canto do cisne dos Biagi no setor.
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Camisa 12
20/05/2010Como de hábito, sobrou para o BNDES. O banco deverá aumentar de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão o volume de recursos disponibilizados para cada um dos estados-sede da Copa do Mundo de 2014.
Acervo RR
São Martinho é o novo alvo da Petrobras Biocombustíveis
19/05/2010A associação com a Açúcar Guarani foi apenas a primeira colheita. A Petrobras Biocombustíveis tem como meta concentrar 30% de toda a produção sucroalcooleira do país em até três anos, com a montagem de um colar de participações no setor. Após o acordo com a francesa Tereos, dona da Guarani, um dos alvos na mira é a São Martinho. O caminho mais curto até a empresa passa pelo outro lado da Avenida Chile. A operação envolveria um acordo cruzado com o BNDES, acionista da São Martinho. O banco tem uma fatia pequena no capital, inferior a 5%, mas é um dos maiores credores da usina. Tem cerca de R$ 500 milhões em créditos contra a São Martinho, praticamente metade do endividamento líquido do grupo. A conversão da dívida em participação societária e sua posterior negociação dariam a Petrobras uma fatia razoável no capital da usina. A expansão da Petrobras Biocombustíveis atende a intenção do governo de colocar rédeas curtas no processo de internacionalização do mercado. Este movimento conta com o apoio das próprias usinas. Recentemente, empresários como Rubens Ometto, da Cosan, e Luiz Guilherme Zancaner, da Unialco, manifestaram ao presidente Lula sua preocupação com o avanço do capital estrangeiro no setor – ver RR – Negócios & Finanças edição nº 3.855. Paralelamente a compra de participações em usinas, a Petrobras Biocombustível está envolvida em outra importante empreitada no setor: a montagem de uma empresa de logística voltada ao transporte e exportação do combustível. A subsidiária deverá assumir dois projetos para a construção de pipelines nas mãos da Petrobras. Os dutos vão ligar o Centro-Oeste e o interior de São Paulo a terminais portuários no estado – o traçado ainda é objeto de estudos. Cada um dos alcooldutos está orçado em US$ 1 bilhão. Grupos serão chamados a participar desta empresa de logística, incluindo usinas controladas por investidores estrangeiros. Empresas como Copersucar e Louis Dreyfus já sinalizaram a disposição de participar do projeto.
Acervo RR
Colar de usinas
17/05/2010Um novo grupo sucroalcooleiro está prestes a brotar da terra. A DGF, leia-se o investidor Sidney Chameh, pretende enfeixar em uma holding um colar de pequenas e médias usinas. Até julho, a gestora de recursos espera fechar a compra de mais três plantas em São Paulo. A ideia é uni-las a s duas usinas do Grupo Tonon, do qual a DGF já é sócia. Chameh tenta atrair o BNDES para o capital da holding.
Acervo RR
Brasiliana
14/05/2010O presidente da AES Brasil, Britaldo Soares, comprometeu-se com a diretoria do BNDES a apresentar uma nova proposta para a compra do controle da Brasiliana até o fim de julho. Se depender do histórico da AES, todos no banco vão esperar sentados. Suas promessas costumam dar cãibras.
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Haztec
14/05/2010Aos 48 minutos do segundo tempo, os acionistas da Haztec desistiram da venda da empresa para a paulista Solví. Houve discordância em relação ao preço. Também pesou a desistência do BNDES, que seria financiador da operação. A Haztec segue conversando com outro grande grupo da área de gestão ambiental.
Acervo RR
CEG escancara suas portas para a chegada de OAS e Previ
13/05/2010A BNDESPar colocou a venda sua participação na CEG. A decisão é apenas o ponto de partida para uma ampla reestruturação societária na distribuidora. A espanhola Gas Natural, controladora da empresa, está disposta a abrir mão do seu direito de preferência sobre as ações da BNDESPar para atrair um novo sócio. O candidato mais forte é a Invepar, colar de concessões públicas pertencente a OAS e Previ. As conversações com os espanhóis têm sido conduzidas pelo próprio empresário Cesar Mata Pires, dono da construtora baiana. A Gas Natural acena com a possibilidade de assinar um novo acordo de acionistas que permita a entrada da Invepar no bloco de controle da CEG. Tomando-se como base a cotação em Bolsa, a participação da BNDESPar está avaliada em aproximadamente R$ 800 milhões. Com a aquisição, a Invepar passaria a ter 34,5% do capital. A Gas Natural seguiria como maior acionista, com 52%. Do lado da Gas Natural, a chegada de um novo acionista será uma garantia a mais de cumprimento integral do programa de investimentos da CEG, superior a R$ 1,5 bilhão. A subsidiária brasileira do grupo já dá como certo um período de vacas magras no que diz respeito aos aportes vindos da matriz. Na verdade, diante da iminência de uma crise na economia espanhola, a tendência é que a filial tenha de construir um lucroduto até a matriz, aumentando consideravelmente a remessa de lucros. Consequentemente, vai sobrar menos dinheiro para a CEG. Além disso, a Gas Natural tem planos de investir em energia elétrica no país, o que exigirá uma folga de caixa ainda maior. Da parte da OAS, a associação da Invepar no capital com a CEG representará seu retorno a distribuição de gás após uma década de ausência. Em 2000, a empreiteira vendeu a Gaspart para a Enron. Há pelo menos um ano a OAS planeja sua reentré na distribuição de gás, tendo ao lado a luxuosa escolta da Previ. A entrada da CEG se encaixa nas pretensões da Invepar de se tornar uma multiconcessionária de serviços públicos. Dona do Metrô Rio, da concessão da Linha Amarela e de outras rodovias no país, a holding tem planos de entrar não apenas na distribuição de gás, mas também em saneamento e em transporte marítimo. O alvo, neste caso, é a Barcas S/A, concessionária da travessia Rio-Niterói.
Acervo RR
IPO da Invepar
10/05/2010A Invepar, leia-se OAS e Previ, pretende fazer seu IPO ainda neste ano. O lançamento de ações poderá abrir espaço para a entrada do BNDES no capital.
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NA
5/05/2010Os governadores do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do Paraná, Orlando Pessuti, e de Santa Catarina, Leonel Pavan, negociam com o ministro Miguel Jorge uma parceria mais ampla entre o BNDES e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). As conversas vão desde um acordo para investimentos conjuntos em infraestrutura até mesmo a entrada do BNDES no capital do BRDE. O banco de fomento da Região Sul está no limite da sua capacidade de financiamento, incluindo as linhas de crédito com recursos repassados pelo próprio BNDES.
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Carroceria
30/04/2010Há uma negociação para que a BNDESPar entre no capital da Busscar, fabricante de carrocerias de ônibus. A operação não envolve um centavo novo. A participação societária viria da conversão dos créditos do BNDES contra a empresa.
Acervo RR
Futuro da Inepar gira na roleta russa das Bolsas
29/04/2010Há uma forte expectativa no mercado em relação a teleconferência que a Inepar Indústria e Comércio fará hoje, a partir das 10 horas. A rigor, o tema principal do webcast vai ser o balanço de 2009. No entanto, no que depender dos minoritários e analistas de investimento, o assunto será um só: o futuro societário da companhia. Nas últimas semanas, a Inepar tornou-se alvo de um intenso tiroteio de informações sobre mudanças societárias ? alguns dos cartuchos, inclusive, estariam sendo disparados por uma gestora de recursos com significativa participação no capital. A troca de chumbo tem provocado bruscas oscilações do papel na Bolsa. No período entre janeiro e março, houve picos de valorização na casa dos 30%. Ressalte-se que no acumulado dos últimos 12 meses, as ações preferenciais caíram 60%. As sístoles e diástoles do papel se intensificaram a partir da saída da BNDESPar do bloco de controle da Inepar, em fevereiro, vista como a peça que faltava para a reestruturação da holding. Chumbo cruzado a parte, o RR – Negócios & Finanças apurou que Atilano Oms Sobrinho pretende retomar a venda de parte da Inepar para um fundo de investimento, ideia que ficou em banho-maria por conta da arrastada negociação com a BNDESPar. O empresário reduziria a metade sua participação, hoje em torno de 60% do capital ordinário. Tomando-se como base a cotação das ações ON, Atilano poderia arrecadar quase R$ 400 milhões na operação. Ressalte-se que o empresário também busca um sócio para a subsidiária Iesa a“leo & Gás. O candidato mais forte é a australiana Macquarie Capital ? ver RR edição nº 3.5858. Impulsionada pela própria Iesa a“leo & Gás, a Inepar holding vive seu melhor momento em quase uma década. Entre janeiro e setembro do ano passado, a receita chegou a R$ 850 milhões, alta de 25% sobre igual período em 2008. No entanto, a companhia se ressente da ausência de um sócio com maior musculatura financeira. Além disso, ainda carrega sobre os ombros uma dívida de R$ 750 milhões, a maior parte decorrente de um empréstimo do BNDES e de uma emissão de debêntures.
Acervo RR
Hotel BNDES
23/04/2010O BNDES vai financiar a construção de três hotéis cinco estrelas no Rio de Janeiro. O valor total chegará a R$ 500 milhões. Um dos hotéis será administrado pela norte-americana Hilton. Serão os primeiros grandes empreendimentos dentro do esforço do banco para ampliar a rede hoteleira com vistas a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
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NA
14/04/2010O BNDES trabalha em um projeto de consolidação da indústria nacional de brinquedos. O principal interlocutor do banco tem sido o empresário Carlos Tilkian, dono da Estrela, candidata natural ao posto de empresa guarda-chuva da operação. O modelo em discussão prevê a entrada da BNDESPar no capital da companhia.Â
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Invepar
13/04/2010Há uma costura para que a BNDESPar entre no capital da concessionária Invepar, leia-se OAS e Previ. A própria fundação é que está unindo as duas pontas.
Acervo RR
Dilma hasteia bandeira do desemprego zero
9/04/2010Para Dilma Rousseff, hastear a bandeira da continuidade do governo Lula nunca é demais. Porém, isso não exclui um mote de campanha próprio. Mas cadê ele? Dilma foi encontrar sua figurinha carimbada na área técnica do BNDES: um estudo sobre o pleno emprego no Brasil. Assim como FHC teve o Plano Real, e Lula, o Bolsa-Família, Dilma imprimiria como grande brasão do seu governo o “desemprego zero”. A candidata já partirá de uma base que lhe dará grande credibilidade, vide as estatísticas recentes. Em fevereiro, segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego atingiu seu menor nível para o período desde 2002 (7,4%). Olhando-se para a curva dos últimos meses, a tendência é que esse número caia ainda mais no decorrer da campanha, chegando a um nível historicamente baixo. O modelo estabelece como obrigação do Estado a geração permanente de empregos, mas prevê co-responsabilidades através de parcerias público-privadas em obras e empreendimentos. Dilma pretende criar uma espécie de derivativo do seguro-desemprego. O trabalhador inativo ganharia uma fração do salário-mínimo até o momento em que o Estado, isoladamente ou por uma ação conjunta com a iniciativa privada, fosse capaz de lhe garantir uma ocupação. A diferença é que este novo mecanismo não cobriria apenas o contingente de recém-demitidos, mas também os novos entrantes no mercado de trabalho, que não ficam embaixo da marquise do seguro-desemprego. Este modelo criaria uma camisa-de-força para o próprio governo. Quanto menor for a capacidade de geração de novos postos de trabalho maior terá de ser o subsídio social. Só não se sabe ainda de que rubrica orçamentária vai sair essa dinheirama toda, mas certamente isso não vai fazer parte do mote de campanha. Por falar em Dilma Rousseff, vale reproduzir as palavras do guru da candidata, o ministro Franklin Martins: “A grande imprensa já escolheu José Serra e isso não é paranoia; trata-se de algo irreversível.” Diante desta constatação, a tropa de choque da comunicação de Dilma pretende fazer da internet um importante instrumento de campanha, como forma de compensar a já esperada exposição negativa na mídia convencional. Está sendo recrutado um pelotão de jornalistas que terão como função redigir textos pró-Dilma e avessos a Serra que serão incessantemente disparados no melhor estilo da campanha eleitoral de Barack Obama. Além do bombardeio de e-mails, os marqueteiros de Dilma pretendem montar uma trincheira nos sites de relacionamento. Uma das preocupações do alto-comando da campanha de Dilma Rousseff é que alguns jornais iniciem uma espécie de pré-golpe pela mídia, subtraindo, desde já, a legitimidade de uma eventual vitória da candidata governista devido a “mordaça na imprensa”, “aparelhagem do Estado”, mensalão, aloprados e demasiada estatização, só para citar os assuntos mais votados. Os assessores de Dilma sabem que é impossível escapar das indefectíveis visitas a donos de jornal e seus respectivos editores. No entanto, esse tipo de tour será feito de forma apenas protocolar, diferentemente de José Serra, que pretende acampar recorrentemente nas redações. Dilma vai bater perna e falar na televisão. Ela sabe que seu eleitor não está nos jornais.
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Contrato voador
9/04/2010A Embraer, que já viu escapar entre os dedos a venda de sete aeronaves a Pluna, corre o risco de perder uma segunda encomenda, de três aviões. Os uruguaios já comunicaram que o contrato, de US$ 85 milhões, só sai se houver financiamento do BNDES.
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Concreto armado
6/04/2010Em tempo de fusões hiperbólicas, a área técnica do BNDES produziu um estudo sobre o impacto no mercado da associação entre grandes empreiteiras. Antes que alguém mais afoito faça suas conjecturas, esse é um setor no qual o banco não pretende colocar nenhum tostão para estimular a criação de um grande player. Já é tudo big.
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Etanol da Dow
6/04/2010Um dos maiores projetos da Dow Chemical no Brasil tornou-se um ponto de interrogação dentro da própria empresa. Em jogo a construção de uma fábrica de polietileno a partir de etanol em Santa Vitória (MG), orçada em mais de US$ 1 bilhão. Parceria original do empreendimento, a Santelisa Vale, leia-se Louis Dreyfus, pulou fora. A Dow vem tentando encontrar um substituto. O parceiro dos seus sonhos é a Petrobras Biocombustível, que, além do fornecimento de matéria-prima, poderia abrir as portas para um possível financiamento do BNDES. Sem um novo sócio, os norte-americanos devem engavetar o projeto.
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A OAS está fechando um acordo
1/04/2010A OAS está fechando um acordo com o São Paulo para a reforma do Morumbi. O projeto, de R$ 100 milhões, terá financiamento do BNDES. O clube procura também um parceiro para a gestão do estádio. O principal candidato é a holandesa Amsterdam Arena. O Morumbi tem sido alvo de sucessivas críticas da Fifa, que, por diversas vezes, ameaçou tirar do local o jogo de abertura da Copa de 2014.
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Fapes
30/03/2010Os próprios executivos da Fapes, o fundo de pensão dos funcionários do BNDES, andam se perguntando quem manda mais na entidade: se o diretor-superintendente, Sebastião Soares, ou o diretor financeiro, Ricardo Weiss. Boa parte das decisões estratégicas e de investimentos da fundação tem de passar pelo crivo de Weiss. O executivo tem no currículo três mandatos no Conselho Deliberativo da Fapes ? em dois deles, eleito pelos beneficiários, e, no terceiro, indicado do BNDES.
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Eximbank provoca divisão no governo
26/03/2010O modelo de criação do Eximbank está longe de ser um consenso dentro do governo. A cerca de um mês do prazo previsto para o anúncio oficial da nova instituição, persistem as divergências em relação ao formato da entidade. Nas últimas duas semanas, a proposta de criação de uma diretoria do BNDES específica para o financiamento aos exportadores ganhou força e chegou a ser dada como favas contadas. O principal defensor deste modelo é o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. No entanto, os ventos mudaram de direção nesta semana. Guido Mantega, que andava relativamente alheio a s discussões, resolveu jogar seu peso sobre a mesa. Resultado: são cada vez maiores as possibilidades de que o Eximbank venha ao mundo como uma subsidiária do BNDES e não apenas como uma mera diretoria. Mantega quer que a nova instituição tenha uma boa dose de autonomia, evitando que ela fique excessivamente amarrada aos interesses e aos limites orçamentárias do banco. Como subsidiária, o Eximbank poderá incorporar os mais importantes mecanismos de crédito e seguro a s exportações do governo ? notadamente o Fundo Garantidor de Exportação (FGE), uma espécie de apólice que utiliza recursos provenientes do Tesouro. O grande problema, que tem ajudado a alimentar a divisão dentro do governo, é o timing da operação. O Planalto quer que os primeiros financiamentos do Eximbank saiam ainda neste semestre. Para que isto ocorra, tudo terá de ser feito a toque de caixa, o que coloca um ponto de interrogação sobre a viabilidade da criação da nova subsidiária do BNDES. Esta proposta terá de enfrentar um rito mais demorado, incluindo a aprovação pelo Congresso Nacional.
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Novadata busca um upgrade societário
25/03/2010O empresário Mauro Dutra ? que, nos bons tempos, surfou na venda de computadores para o governo ? iniciou uma peregrinação em busca de um sócio para a Novadata. A tentativa de venda de parte do capital é o novo ato no longo processo de reestruturação da empresa, que já dura três anos. Dutra tem atirado para tudo que é lado. Ao mesmo tempo em que negocia com private equities, vem mantendo conversações com duas empresas de informática asiáticas ? uma delas seria a Asus. Mauro Dutra tenta também um outro projeto ainda mais complexo, que passaria pela associação entre pequenos e médios fabricantes de computadores nacionais. Além da Novadata, entrariam no cesto a Kennex, de João Paulo Diniz, e a Amazon PC, em recuperação judicial desde dezembro do ano passado. Não é difícil de imaginar aonde Dutra quer chegar com a ideia. O BNDES seria o destino natural do projeto. Nos tempos áureos, a Novadata chegou a faturar por ano mais de R$ 400 milhões. Seu declínio começou em 2005, quando foi investigada pela CPI dos Correios. Dois anos depois, com uma dívida de quase R$ 120 milhões, abriu o bico. Teve de suar para renegociar o passivo e, ao mesmo tempo, manter as máquinas rodando na fábrica de Ilhéus. A partir do ano passado, o batimento cardíaco da Novadata voltou a um ritmo um pouco mais acelerado. A empresa aumentou o número de funcionários na Bahia, produziu quase cinco mil computadores e faturou cerca de R$ 50 milhões.
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Freio de mão
5/03/2010O governo ressuscitou a ideia de condicionar empréstimos oficiais ao compromisso de redução da remessa de lucros ao exterior. O alvo de sempre é a indústria automobilística, que, no ano passado, exportou US$ 2,1 bilhões em divisas para suas respectivas controladoras. Má notícia, por exemplo, para a GM. A empresa aguarda, ansiosa, a liberação de um financiamento do BNDES que pode chegar a R$ 500 milhões.
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Puro aço
5/03/2010A futura siderúrgica da Vallourec Sumitomo em Minas Gerais nem saiu da prancheta e o grupo já pensa na ampliação do projeto. A ideia é elevar a capacidade de um milhão para 1,5 milhão de toneladas de barras de aço ao ano. A Vallourec Sumitomo já garantiu um financiamento do BNDES de R$ 450 milhões.
Acervo RR
Superlaboratório causa enxaqueca no BNDES
4/03/2010Até mesmo o super-zen Luciano Coutinho já percebeu que precisará tomar alguns lexotans para levar até o fim o projeto de criar um grande laboratório farmacêutico de controle nacional. Apesar da boa-vontade do BNDES e das declarações otimistas de alguns de seus dirigentes, a disputa de poder entre as companhias, apimentada por uma boa dose de vaidade e idiossincrasias dos empresários, tem deixado os executivos do banco com os nervos a flor da pele. Nenhum dos três grandes laboratórios que vêm mantendo conversações com a instituição ? Aché, EMS e Eurofarma ? aceita vestir o figurino de consolidado. A hipótese originalmente concebida pelo banco previa que o Aché incorporasse um ou até mesmo os outros dois grandes fabricantes nacionais, partindo para a compra de empresas de menor porte. No entanto, o projeto aflorou antigas rivalidades. A família Billi, controladora da Eurofarma, e Carlos Sanchez, dono do EMS, não aceitam ficar sob as asas dos Depieri, Siaulys e Baptista, acionistas da Aché. Têm levantado questionamentos a própria capacidade do Aché de incorporar outras companhias. A empresa teria passado por maus bocados para digerir a aquisição da Biosintética, em 2005. Nos bastidores da negociação, todos tentam puxar a brasa para sua sardinha e desqualificar os concorrentes. A Eurofarma argumenta ser o consolidador natural por se encaixar em uma das ideias precípuas do BNDES: abrir caminho para a compra de empresas no exterior. A família Billi incorporou recentemente uma fábrica na Argentina e garante estar com duas aquisições engatilhadas, uma na Colômbia e outra no Uruguai. Ressalte-se ainda que, entre os acionistas da Eurofarma, há resistência ao modelo apresentado pelo BNDES. Seu maior crítico é Maurízio Billi, principal dirigente da companhia. Do lado da EMS, Carlos Sanchéz quer fazer valer a liderança da empresa, maior laboratório nacional, com receita de R$ 2,4 bilhões. Ele garante ao BNDES ter R$ 800 milhões para investir em aquisições. No entanto, a EMS está longe de ser o nome dos sonhos do banco e dos outros laboratórios para capitanear o projeto de fusão. Há forte oposição a Carlos Sanchéz, que, nos últimos anos, esteve envolvido em episódios rumorosos. No início da década, em meio a uma disputa comercial com a Novartis, a EMS foi acusada de falsificar documentos para agilizar a aprovação de medicamentos. Na mesma ocasião, surgiram denúncias de que Sanchez teria se aproximado de Jorge Negri, irmão do então ministro da Saúde, Barjas Negri, com o objetivo de obter favorecimento na concessão de licenças para a produção de genéricos. Enquanto os Siaulys, Baptista, Depieri, Billi e Sanchez se engalfinham, periga todos eles acabarem engolidos pelo furacão João Alves de Queiroz Filho, o “Júnior”. Nas últimas semanas, a Hypermarcas surgiu como forte candidato a cavalo vencedor na indústria farmacêutica nacional. De acordo com um executivo que participa das negociações, o próprio BNDES estaria alimentando o noticiário com informações sobre sua possível entrada no capital da empresa de “Júnior”. Noves fora um certo jogo de cena no vazamento, que teria como objetivo pressionar Aché, Eurofarma e EMS, existe uma corrente dentro do banco favorável a associação com a Hypermarcas. A própria decisão da companhia de fazer uma emissão de ações estaria relacionada a hipótese de ela ser escolhida pelo BNDES como “consolidadora oficial” do setor.
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Porta fechada
3/03/2010A BNDESPar não aceita a proposta de ficar com a participação da Inepar na Cemat, distribuidora de energia elétrica do Mato Grosso. O empresário Atilano Oms Sobrinho ofereceu as ações como pagamento de uma dívida de R$ 350 milhões com o BNDES. O banco, no entanto, quer a quitação em dinheiro.
Acervo RR
BNDES irriga o setor de saneamento
24/02/2010A aquisição pelo BNDES de R$ 826 milhões em debêntures da Sabesp não deve ser vista como ato isolado. O banco pretende usar este mecanismo como forma de aumentar a oferta de crédito para a área de saneamento. Vai estimular outras empresas do setor a lançar debêntures, dando garantia firme de compra de parte expressiva dos papéis. A Copasa, de Minas Gerais, e a baiana Embasa são fortes candidatas a operação. Ressalte-se que a BNDESPar já tem em carteira títulos lançados pela estatal mineira. A prioridade do BNDES são as concessionárias do Nordeste, onde há o maior gap de investimentos no setor. O banco deverá fixar algumas condicionantes para a operação. As empresas só poderão utilizar os recursos para investimentos diretos na implantação, ampliação ou modernização da rede de esgotos. Embora o principal motivador da proposta seja o financiamento do setor, o BNDES também enxerga a medida como um bom investimento. A recente emissão de debêntures da Sabesp servirá de espelho para as demais operações. Os juros ficaram acima da taxa média praticada pelo banco nos financiamentos convencionais.
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Queiroz Galvão
19/02/2010A Queiroz Galvão está tentando arrastar a BNDESPar para o consórcio que construirá a linha 3 do Metrô do Rio – leia-se a ligação entre Niterói e São Gonçalo.
Acervo RR
Quem avisa…
19/02/2010Em recente passagem pelo Rio de Janeiro, a ministra Dilma Rousseff fez fartos elogios ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Ouviu de Lula que está tudo muito bom, tudo muito bem, mas que, se ela quiser ter Coutinho como seu ministro da Fazenda, precisará deixar um cão de guarda na porta do Tesouro, alguém do tipo Joaquim Levy ou Murilo Portugal. Lula, porém, fez uma ressalva: os tranca-cofre só devem ficar no governo nos dois primeiros anos. Depois, atrapalham. Experiência própria.
Acervo RR
AES faz oferta pelo controle da Brasiliana
12/02/2010Surgiu um fato novo no tabuleiro do setor elétrico. Na semana passada, a AES apresentou ao BNDES uma proposta oficial para a compra da participação do banco na Brasiliana, controladora da Eletropaulo e da AES Tietê. A oferta gira em torno de R$ 4 bilhões. Os norte-americanos propuseram pagar metade deste valor a vista e o restante em parcelas semestrais durante um período de cinco anos. A negociação com o banco tem sido conduzida pelo próprio presidente da AES no Brasil, Britaldo Soares. Sua missão é complexa. Britaldo tem não apenas de costurar uma operação exequível como dobrar a política do BNDES de consolidação de diversos setores da economia em grandes grupos nacionais. Olhando-se apenas pelos critérios ideológicos, o banco não quer a venda para a AES. Até certo ponto, a investida é um movimento surpreendente da AES. O declarado interesse do grupo norte-americano na participação do BNDES sempre soou como blefe aos ouvidos da própria diretoria do banco. A leitura hegemônica é que a companhia vinha fazendo jogo de cena para pressionar a agência de fomento a adquirir as ações da Brasiliana ou encontrar um comprador externo. Pode ser cisma ou birra, mas no BNDES ainda há quem duvide que a AES permanecerá na holding por muito tempo mesmo após comprar o controle integral. O discurso oficial da AES vai na mão contrária. Os norte-americanos pretendem mostrar ao mercado brasileiro que a temporada de contenção de investimentos e venda de ativos passou. A mudança de rota pode ser atribuída a recente associação com o fundo soberano chinês, que despejou US$ 2 bilhões para a compra de 15%do grupo. A ordem é expandir os negócios no Brasil, considerado o mais importante mercado do grupo fora dos Estados Unidos. Em recente conversa com um importante executivo do setor elétrico, Britaldo Soares reafirmou que a AES pretende usar a Brasiliana para a compra de distribuidoras e geradoras no país. O plano é dobrar a capacidade de geração para cinco mil megawatts.
Acervo RR
Pfizer busca duas pílulas do crescimento no Brasil
8/02/2010É bom o BNDES correr caso queira levar adiante o projeto de criação de um grande laboratório farmacêutico de controle nacional. No que depender da Pfizer, o número de empresas brasileiras no setor vai cair. Após perder a Neo Química para a Hypermarcas, o laboratório norte-americano vem mantendo conversações com a Teuto e a Biolab, pertencente aos irmãos Paulo e Cleiton Marques. A Pfizer tem apetite de sobra para fechar a compra das duas empresas farmacêuticas, até porque enxerga enorme complementaridade entre as linhas de produtos de ambas. Com a dupla investida, o grupo passaria a ter uma receita superior a R$ 4 bilhões no país. Além da dosagem extra no faturamento, há uma forte motivação estratégica, principalmente no que diz respeito a Teuto. A aquisição permitiria a entrada da multinacional no anabolizado segmento de genéricos no Brasil. A Pfizer, no entanto, parece ter uma queda por negócios complicados, vide a frustrada tentativa de compra da Neo Química, que escapou entre seus dedos aos 46 minutos do segundo tempo. A aquisição da Biolab e da Teuto depende de tratativas complexas. No caso do Biolab, o interesse esbarra na resistência dos irmãos Marques. No ano passado, a Pfizer teria apresentado uma oferta pela empresa, que foi rechaçada pelos dois sócios. Paulo e Cleiton Marques repetem a quem quiser ouvir que a companhia não está a venda. Talvez falte um complemento na frase: “não está a venda por enquanto”. O Biolab é um laboratório farmacêutico prestes a sair do casulo e se tornar um dos grandes do setor. Para os próximos dois anos, está prevista uma série de lançamentos ? no momento, a empresa desenvolve quase 30 novos medicamentos. Ou seja: se tudo correr nos trilhos, a companhia terá uma significativa valorização até 2012. A Biolab fechou 2009 com vendas superiores a R$ 500 milhões. A expectativa é que este número passe dos R$ 700 milhões em dois anos. Com relação a Teuto, o problema não está na decisão de vender ou não. Há pelo menos quatro anos, seus acionistas buscam um sócio estratégico ou até mesmo um novo controlador para a companhia. Por isso mesmo a Pfizer terá de enfrentar uma concorrência acirrada. Mais uma vez, são grandes as chances de que seus caminhos se cruzem com o da Hypermarcas. A compra da Teuto é um projeto antigo do empresário João Alves de Queiroz Filho.
Acervo RR
Lojas Americanas ergue suas novas paredes
8/02/2010O cofre está aberto na Lojas Americanas. A rede varejista vai construir dois grandes centros de distribuição, um na Região Centro-Oeste e outro no Sul do país. Existe ainda a possibilidade de um terceiro empreendimento, no Nordeste, que será avaliado pelo Conselho de Administração possivelmente no segundo semestre. As cidades de Curitiba e Cuiabá estão entre as mais cotadas para receber as duas novas unidades de armazenamento. As obras deverão começar ainda neste ano. O projeto representa o ponto de partida do mais ambicioso plano de expansão da história da Lojas Americanas. A construção dos centros de distribuição é um passo sine qua non para a abertura das 400 lojas que a empresa promete inaugurar até o fim de 2013. No total, a Americanas vai desembolsar cerca de R$ 1 bilhão. A maior parte dos recursos sairá do próprio caixa, que hoje soma aproximadamente R$ 2,3 bilhões. Uma parcela ainda não definida virá de um empréstimo do BNDES. Para cumprir a meta, a Lojas Americanas precisará acelerar consideravelmente seu ritmo de expansão. Desde 2003, a empresa tem inaugurado, em média, 35 lojas por ano. Em 2009, a companhia ficou abaixo deste número: foram abertos 14 pontos-de-venda.
Acervo RR
General Motors faz uma lanternagem no Brasil
1/02/2010O presidente da General Motors no Brasil, Jaime Ardila, está diante de um dos maiores desafios de sua carreira: reposicionar a montadora no país e voltar a briga pela liderança do mercado, duelo que na última década ficou circunscrito a Fiat e Volkswagen. O caminho é longo e passa pela expansão da fábrica de Gavataí (RS), mudanças na linha de montagem em São Caetano do Sul e, sobretudo, a revisão do portfólio. Dentro da própria GM, há o consenso de que a carteira de produtos da companhia no país precisa rejuvenescer. A sede de mudança não deve poupar nem mesmo um dos campeões de venda da montadora no mercado brasileiro: o Corsa, mais precisamente a versão sedan. A montadora estaria aguardando apenas liquidação dos estoques na rede concessionária para descontinuar a produção. No ano passado, foram vendidas apenas 3,2 mil unidades do modelo flexfuel. Em 2008, mesmo com o impacto da crise, sobretudo no último trimestre, a GM comercializou quase 30 mil veículos. A eventual extinção do sedan seria um preparativo para uma gradativa retirada de mercado do próprio Corsa. Caso isto ocorra, já existe um forte candidato a ocupar seu lugar. Trata-se do Agile, uma das maiores apostas comerciais da GM na América Latina. O veículo já é vendido no país desde o ano passado, mas a produção ainda está concentrada na fábrica de Rosário, na Argentina. A ideia da empresa é montar o modelo na unidade de São Caetano do Sul. Colateralmente, seria também uma maneira de revitalizar a fábrica paulista, marcada por problemas que vão do elevado custo de produção a turbulenta relação com as lideranças sindicais do ABC. A fábrica de Gravataí é outra peça fundamental na reorganização da GM no Brasil. Neste caso, todos os olhares da empresa estão voltados na direção do BNDES. É grande a expectativa quanto a liberação do empréstimo do banco para a expansão da fábrica gaúcha. O investimento total beira US$ 1 bilhão. O grande projeto reservado para a unidade é a produção de um modelo popular, com valor de venda inferior até mesmo ao do Celta, o mais barato dos veículos da companhia no país. Não obstante o rareamento dos recursos da matriz, a GM do Brasil sobreviveu bem a grave crise financeira do grupo nos Estados Unidos, que culminou com a sua estatização. Foi a mais lucrativa das subsidiárias da montadora em todo o mundo, superando, inclusive, a festejada operação chinesa. Ainda assim, o desempenho da empresa no Brasil foi inferior ao de seus principais concorrentes. Em número de veículos, as vendas da GM em 2009 subiram 9%. O crescimento da Fiat foi de 12%. A Volkswagen, por sua vez, teve um aumento das vendas em torno de 18%, índice superior ao da média do mercado: 14%.
Acervo RR
Mantecorp
28/01/2010A família Mantegazza está atrás de um sócio para o laboratório farmacêutico Mantecorp. A Pfizer, por sua vez, quer comprar um grande fabricante no Brasil. De repente, a vontade de um e o desejo de outro se juntam no mesmo frasco. O BNDES também acha tudo uma delícia.
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Cesta básica
25/01/2010Da série de cláusulas que deveriam constar do Programa Nacional de Direitos Humanos: “Todo brasileiro tem direito a condições de financiamento para a compra de ativos semelhantes a s concedidas pelo BNDES para a Andrade Gutierrez adquirir a participação da AES na Cemig”.
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Braços dados
21/01/2010O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) vai ampliar sua parceria com o BNDES. Deverá repassar ao longo de 2010 mais de R$ 400 milhões em recursos liberados pelo banco federal. No ano passado, esta cifra ficou em torno de R$ 240 milhões. Em 2008, não chegou a R$ 190 milhões.
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Transmissão
14/01/2010A Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), antiga Terna Participações, vai receber investimentos de R$ 1 bilhão nos próximos dois anos. Parte dos recursos virá dos acionistas controladores, a Cemig e o fundo Coliseu, este último dono de 51% da holding. A companhia deverá ainda pleitear um financiamento do BNDES para cumprir o planejamento estratégico. A Cemig pretende concentrar na Taesa todas as suas novas investidas na área de transmissão, incluindo a compra de concessões já em operação e a disputa pelos futuros leilões da Aneel.
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Contrapartida
13/01/2010Prestes a receber uma bolada do BNDES superior a R$ 1 bilhão, a Mercedes-Benz fez um afago no banco. Sinalizou a direção da agência de fomento que, ao longo deste ano, abrirá mais de mil postos de trabalho no Brasil.
Acervo RR
Hering se veste como a multinacional brasileira da moda
8/01/2010A Hering está bordando seu maior plano de expansão no varejo internacional. A empresa catarinense pretende abrir, ao longo dos próximos dois anos, cerca de 30 lojas na América do Sul, triplicando sua rede na região. Hoje, são 15 pontos de venda, localizados no Paraguai, Uruguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela ? há ainda uma loja nas Antilhas Holandesas. O objetivo da Hering é ambicioso: a empresa quer se consolidar como a primeira grande multinacional brasileira do setor de vestuário, usando o mercado latino como trampolim para os Estados Unidos e a Europa. Com a expansão, o número de lojas no exterior chegará a aproximadamente 10% de toda a operação do grupo no varejo, maior índice desde que a família Hering se aventurou no setor. O investimento, da ordem de R$ 70 milhões, será bancado com recursos próprios e com financiamento do BNDES. O maior número de inaugurações deverá ocorrer na Colômbia, principal aposta da Hering na região. O projeto prevê também o retorno a Argentina e ao Chile ? a empresa já teve lojas nos dois países, que foram fechadas por conta da baixa rentabilidade. Desta vez, os planos da Hering preveem um figurino diferente. A companhia estuda, inclusive, a construção de uma fábrica no Chile. O processo de internacionalização é visto na Hering como uma espécie de anticorpo contra a concorrência. A aposta no exterior é uma forma enviesada de o grupo catarinense compensar a competição cada vez mais acirrada no próprio mercado doméstico. Além das grandes cadeias de varejo, como a Renner, grifes esportivas multinacionais têm ampliado seus investimentos em varejo no Brasil, caso, por exemplo, de Adidas e Nike. Os estilos são relativamente diferentes, mas, na ponta final, estas empresas vão brigar pelo mesmo tipo de consumidor. Além de questões estratégicas, a Hering tem outro motivo para aumentar seus investimentos no exterior. A entrada de investidores institucionais no capital da empresa ? a frente o Tarpon e o HSBC Global Investments Fund ? trouxe a reboque uma natural cobrança por resultados financeiros mais expressivos.
Acervo RR
Independência apara suas gorduras no BNDES
8/01/2010Após a arrastada negociação com os credores, que resultou na aprovação do plano de recuperação judicial, o frigorífico Independência dedica-se a outra missão tão ou mais estressante. Os irmãos Antônio, Miguel e Roberto Russo, controladores da empresa, empenham-se na tentativa de selar uma trégua com o BNDES. O banco já sinalizou a disposição de entrar na Justiça para recuperar os mais de R$ 250 milhões que investiu no Independência. O BNDES alega que não teve acesso a s condições do plano de recuperação judicial aprovado na primeira semana de novembro do ano passado. Haveria discordâncias ainda em relação a gestão e ao planejamento estratégico da companhia. Mesmo tendo quase um terço do capital, o BNDES estaria se ressentindo de uma participação maior na condução administrativa do Independência. Não por acaso, os acionistas da companhia têm acenado com a possibilidade de uma presença mais firme do BNDES na gestão. Os controladores do Independência colocam o acordo com o BNDES no mesmo patamar de importância do plano de recuperação judicial. Consideram que a resolução do impasse é fundamental para o soerguimento da empresa, principalmente para assegurar o apoio dos demais credores. Os irmãos Russo olham pragmaticamente para o futuro. A presença do BNDES no capital é vista como um facilitador para a chegada de novos sócios ou, até mesmo, a venda do controle do Independência ao fim do processo de recuperação judicial.
Acervo RR
Suez abre as portas de Jirau para novo sócio
6/01/2010Prestes a comprar a participação da Camargo Corrêa na hidrelétrica de Jirau, a GDF Suez decidiu que não ficará com as ações por muito tempo. O objetivo do grupo é repassar a fatia de 10% do consórcio a fundos de investimentos, mantendo em carteira apenas o suficiente para assegurar o controle da usina. Já existem conversações com o Brasil Energia, fundo que reúne Petros, Funcesp, Real Grandeza, Banco do Brasil, BNDES, Pactual, entre outros. Outro candidato ao negócio é a Funcef, que já manifestou a Camargo Corrêa e a GDF Suez o interesse na parte da empreiteira. Em tempo: em relação aos demais sócios de Jirau, tudo seguirá como está: Chesf e Eletrosul permanecerão com 20% cada uma. A entrada do Brasil Energia no capital de Jirau ainda dependerá de um novo aporte dos acionistas. Recentemente, o fundo investiu cerca de R$ 300 milhões na empresa de energia renovável Ersa. Com isso, chegou praticamente ao limite de aplicações aprovada pelos cotistas, em torno de R$ 1,3 bilhão. A GDF Suez vislumbra na entrada de um investidor institucional a oportunidade de deslanchar a construção da usina. A Camargo Corrêa entrou no consórcio apenas para garantir o contrato de construção, oferecendo em troca a participação no risco do negócio. Porém, quando foi necessário fazer aportes de capital para compor o equity necessário a viabilidade do projeto, a construtora preferiu pular fora.
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4/01/2010A Embraer vai se agarrar ainda mais a mão do BNDES. A empresa estima que 50% das suas vendas em 2010 terão financiamento do banco. Neste ano, o índice ficará em torno dos 35%. A ajuda do BNDES será primordial. A própria direção da Embraer já informou ao mercado que prevê uma queda de 10% no faturamento no próximo ano.