Jari produz futuras páginas com a celulose da Rayonier

  • 19/02/2014
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Cerca de cinco mil quilômetros separam a velha Jari Celulose da nova Jari Celulose. Pelo menos é o que espera o empresário Sergio Amoroso, controlador da companhia. Esta é a distância entre o Pará e a cidade de Jacksonville, na Flórida, sede da Rayonier. O grupo norteamericano estaria negociando a compra de uma participação de até 50% no capital da Jari. A operação é fundamental para o próprio futuro da épica companhia idealizada por Daniel Ludwig. A associação com a Rayonier permitiria a Sergio Amoroso levar adiante o projeto de conversão da fábrica de Monte Dourado (PA), substituindo a produção de celulose de eucalipto por celulose solúvel. Segundo fontes próximas a  Jari, a negociação com os norte-americanos pode injetar cerca de R$ 300 milhões na companhia. O valor equivale a aproximadamente 60% dos custos estimados para a conversão da fábrica paraense, em torno de R$ 550 milhões. O restante dos recursos já está garantido por meio de um financiamento do BNDES. Procurada pelo RR, a Jari Celulose negou a venda das ações. Do ponto de vista geoeconômico, a associação com a Jari é um movimento estratégico para a Rayonier. O grupo norte-americano vai fincar bandeira em um território dominado por uma de suas maiores concorrentes internacionais: a indonésia Sateri Holdings. Os asiáticos são donos da Bahia Specialty Cellulose (BSC), única produtora de celulose solúvel de toda a América Latina. A Rayonier tem forte dificuldade em romper a primazia da BSC e colocar seu produto nos países latino-americanos. Com uma cabeça de ponte no Brasil, espera tirar essa desvantagem. A história da Jari é recheada de altos (raros) e baixos (quase constantes). No momento, a empresa se encontra num destes vales. A fábrica está desativada desde o início de 2013. O Grupo Orsa, de Sergio Amoroso, sucumbiu diante da baixa rentabilidade e dos altos custos operacionais, inflados, sobretudo, pela dificuldade de conseguir na região madeira de eucalipto com idade suficiente para a fabricação de celulose. Não obstante também ser obtido a partir de fibras de madeira, a celulose solúvel tem um custo de produção inferior ao da convencional. O projeto do Grupo Orsa prevê a fabricação de 240 mil toneladas no primeiro ano, volume que chegaria aos 300 mil ao longo dos 12 meses seguintes – prazo este que pode vir a ser abreviado em razão da demanda do mercado e, principalmente, do apetite da Rayonier.

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