Marfrig vira carne moída para os credores da IFC

  • 16/01/2014
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Como se seu próprio passivo, na casa dos R$ 7 bilhões, já não fosse suficiente, o Marfrig está a s portas de um contencioso com os credores do frigorífico paulista International Food Company (IFC). O litígio remete ao recente arrendamento dos ativos da IFC, leia-se uma unidade de abate de bovinos em Nova Xavantina (MT) e uma fábrica de alimentos em Itupeva (SP). O acordo firmado ao apagar das luzes de 2013 é o fio que leva a uma sucessão de tortuosas operações deflagradas a partir da venda do frigorífico paulista. Neste caso, outro protagonista do enredo é a Brasil FoodService Group (BFG), holding controladora da rede de churrascarias Porcão e do restaurante Garcia & Rodrigues, no Rio de Janeiro. No fim de 2012, com o objetivo de verticalizar seu negócio e garantir o fornecimento de carne para seus restaurantes, a BFG comprou os ativos da massa falida da IFC, que estava em recuperação judicial desde 2008. Na ocasião, herdou cerca de R$ 320 milhões em patrimônio e, em contrapartida, teria se comprometido com os credores da empresa a pagar cerca de R$ 120 milhões em dívidas. Ressalte-se que a própria transferência do controle da IFC foi uma via crucis. Por três vezes, o juiz responsável pela falência da companhia recusou a homologar a operação, uma vez que a BFG não teria cumprido precondições para o acordo. Parecia prever o que ainda estava por vir. Segundo fonte de um dos bancos credores da IFC, ao longo de 2013 a BFG teria suspendido o pagamento das dívidas. De acordo com a mesma fonte, a empresa carioca chegou a atribuir a decisão a dificuldades financeiras. Procurada pelo RR, a BFG afirmou que os pagamentos estão em dia.O fato é que a companhia decidiu empurrar o negócio para terceiros. É exatamente neste ponto que o Marfrig entra em cena. Na última semana de 2013, a companhia controlada por Marcos Molina fechou o arrendamento dos ativos da IFC. Levou uma unidade de abate no Mato Grosso, com capacidade para 1,5 mil bois/dia, e uma fábrica em Itupeva voltada a  produção de beef jerky, um aperitivo a base de carne seca bastante consumido nos Estados Unidos. Mas o contrapeso do negócio promete ser gorduroso e de difícil digestão. Os credores do frigorífico paulista marcham famintos na direção do Marfrig. Com o arrendamento, enxergam carne nova no pedaço e a possibilidade de receber os créditos não quitados pela BFG. Desde o fim de dezembro, bancos e pecuaristas, devidamente escoltados por uma tropa de advogados, já teriam feito duas reuniões para tratar do caso. Eles alegam que o Marfrig manterá a atividade original da IFC, tanto em Nova Xavantina quanto em Itupeva, o que caracterizaria a sucessão do negócio e a transferência automática das dívidas com o contrato de arrendamento. A julgar pelos fatos recentes, a tropa de credores do Marfrig ganhou um alento. Afinal, não foi para colocar dinheiro no bolso do empre- sário Marcos Molina que o BNDES livrou a companhia do pagamento de uma dívida de mais de R$ 2 bilhões por meio de uma nova emissão de debêntures. Também consultado pelo RR, o Marfrig negou a cobrança por parte dos credores da IFC e garantiu não ter qualquer relação com a empresa ou sua massa falida.

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