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O pano de prato que Elisabeth Guedes vem bordando com a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), o BNDES e o Ministério da Educação (MEC) revela uma parceria construída sobre paradoxos, na qual o livre mercado não é tão livre assim. “Beth” é irmã do ministeriável da moda, Paulo Guedes, e conhecida como braço direito do mano. Se ficar enfurecida, contudo, ela mesma é capaz de decepar mãos e dedos do irmão querido. A burocrata é chamada de “Lady Beth” numa alusão óbvia à terrível Lady Macbeth shakespeariana. Durante sua passagem pelo Ibmec, levada por Guedes, “Beth” reinou poderosa, dando ordem e mexendo com dinheiro grosso.
Da mesma forma como o irmão, que morde o inimigo até obter a regalia pretendida – aí então cala, ou às vezes até sopra –, “Beth” somente desliga a britadeira depois de dobrar o adversário e obter o butim. Guedes, por exemplo, barbarizou na imprensa o BNDES de Luciano Coutinho e suas taxas subsidiadas. Isso apenas até arrancar os recursos do banco para capitalizar o seu fundo de investimentos em educação. Depois da captura da bufunfa, nenhum pio mais. Paulo Guedes é um “liberalopata”, mas não carimba dinheiro público. Dizem os ex-acionistas do Ibmec que “Beth” é a lanterna na popa no projeto familiar de fazer um império financeiro a partir da educação. Guedes é a bolsa, é claro. Acompanhando os passos da dupla, “Beth” seguiu para a Universidade Anhanguera Morumbi e o irmão foi investir no fundo de educação da Abril.
Agiram todo esse tempo como irmãos parceiros, aliás, como sempre, com uma exceção: quando “Beth” vendeu suas ações do Ibmec, deu os recursos obtidos para Guedes aplicar. O câmbio, porém, deslizou drasticamente. E ela teve um brutal prejuízo com o conselho do irmão. Guedes se escondeu da sua fúria por semanas. Águas passadas, “Beth” assumiu a vice-presidência da Anup, enquanto o irmão tocava mais um fundo de educação (Bozano Investimentos). Mais recentemente, Paulo Guedes achou quem o quisesse para ser um Roberto Campos inflável. Em meio aos discursos liberaloides de cá e de lá, “Beth”, já surfando no misto de prestígio com pavor que o mano provoca, conseguiu aprovar com o BNDES e o MEC uma receita de R$ 2 bilhões para financiar bolsas com juros mais baixos.
O montante foi divulgado no mês passado. É um montão de grana para as universidades privadas, é claro. E não há sequer uma definição do perfil do aluno que será favorecido, cuja probabilidade esmagadora é de que seja de alta renda. O tema é bom. Se Guedes o colocar na campanha apertando a irmã, provará que é um verdadeiro “Chicago boy”. Mas é difícil o enfrentamento. Os “Guedes brothers” são unha e carne. E, não bastasse, o irmão morre de medo da irmã. A julgar pela trajetória dos dois, mais fácil Beth ganhar o futuro Ministério da Educação e Cultura.
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