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Aché é um comprimido rachado em três pedaços

  • 31/01/2013
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Não há dose de clonazepam capaz de acalmar os ânimos no Aché. As três famílias controladoras do laboratório farmacêutico racharam de vez. Os Baptista e os Siaulys, cada um do seu lado, saíram em busca de um comprador para suas participações. Já os Depieri querem permanecer no negócio e garantem ter a companhia de um grande fundo de investimentos para adquirir a parte dos sócios. Até agora, no entanto, segundo um executivo ligado ao Aché, nenhuma proposta apareceu a  mesa. Procurada, a companhia negou a venda do controle. No entanto, de acordo com a mesma fonte, as famílias Baptista e Siaulys contrataram dois bancos de investimento como advisers para a venda de suas respectivas participações. O Aché desmente o aforismo de que “em casa onde não há pão, ninguém tem razão”. Trigo e fermento não faltam. O laboratório tem recursos em caixa, está operando com margens de lucro próximas ao teto histórico (em torno de 30%) e, nos últimos dois anos, distribuiu mais de R$ 400 milhões em dividendos. Mas nem o cenário de prosperidade tem sido capaz de frear o processo de desintegração societária. Quem conhece a companhia de perto garante que a situação começou a degringolar em 2009, com a morte de Victor Siaulys, um dos fundadores do Aché. O empresário funcionava como o algodão entre os cristais, evitando que a relação entre as três famílias trincasse diante do menor resvalo. Em tempo: o impasse em relação ao futuro do Aché começa a preocupar o BNDES. A empresa é um dos vértices do BioBrasil, o superlaboratório que está sendo criado com as bênçãos da agência de fomento e reúne ainda EMS, Hypermarcas e União Química. Por ora, a postura do banco é de observação. Mas certamente o BNDES não hesitará em tomar as providências necessárias – sejam elas quais forem – para evitar que os atritos do Aché impeçam a conclusão de um projeto que demorou tanto para sair do papel.

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