Tag: Ministério das Relações Exteriores

Destaque

Milei é o de menos. Uruguai é a maior ameaça à próxima reunião de cúpula do Mercosul

30/11/2023
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Três dias antes da posse de Javier Milei na Argentina, caberá ao presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle, colocar fogo na 63ª Reunião de Cúpula do Mercosul, marcada para 7 de dezembro, no Rio de Janeiro. Segundo o RR apurou, o Itamaraty tem informações de que Lacalle vai apresentar formalmente uma nova proposta de acordo de livre comércio entre o bloco e a China – a primeira foi levada por ele aos demais países em 2021. No Ministério das Relações Exteriores, a iniciativa é interpretada, desde já, como um jogo de cena.

Brasil e Paraguai são, ao menos neste momento, contrários à aliança comercial entre Mercosul e China. Concentram seus esforços na conclusão do acordo com a União Europeia. Ou seja: Lacalle Pou está deliberadamente enviando uma carta para a qual já sabe a resposta. O presidente do Uruguai estaria, portanto, apenas buscando um pretexto para seguir adiante nas negociações para um tratado bilateral com Pequim, passando ao largo do Mercosul.

Trata-se de um teatro geoeconômico em que cada cena é meticulosamente ensaiada. Na semana passada, Lacalle Pou se reuniu com o presidente e o primeiro-ministro da China, respectivamente, Xi Jinping e Li Qiang. Para todos os efeitos, saiu dos encontros falando da sua intenção de “promover o diálogo com o Mercosul”. Para o Itamaraty e o Palácio do Planalto, a declaração foi ouvida como um blefe. Nesse caso, onde está escrito “Mercosul” leia-se “Uruguai”.

Na própria reunião do dia 7 de dezembro, Lacalle Pou deverá colocar outra carta na mesa, de razoável valor simbólico. Nos canais diplomáticos circula a informação de que o Uruguai vai aproveitar a visibilidade do encontro de cúpula do Mercosul para anunciar sua candidatura a sede do fórum entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) e a China, prevista para o primeiro trimestre de 2024. Será mais um recado da sua proximidade com Pequim.

A preservação do Mercosul desponta como o maior desafio do governo Lula na área de política externa neste momento. A passagem da futura chanceler argentina, Diana Mondino, por Brasília no último fim de semana até trouxe a expectativa de um diálogo com o governo Milei menos áspero do que se anunciava. Já não há o mesmo clima em relação a Lacalle Pou. Além da pressão para fechar um tratado bilateral com a China, o Uruguai é uma pedra no sapato para a assinatura da aliança comercial entre o Mercosul e a União Europeia.

O governo Lula trabalha para acelerar as tratativas e formalizar o acordo até 10 de dezembro, ou seja, antes da posse de Milei na presidência da Argentina. Tarefa intrincada. São 10 dias para aparar arestas nas negociações que perduram há quase duas décadas.

#Javier Milei #Mercosul #Ministério das Relações Exteriores #Uruguai

Destaque

Brasil costura acordo com a Índia para reduzir déficit de medicamentos

25/09/2023
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Brasil e Índia estão alinhavando um acordo bilateral no setor farmacêutico. Segundo um fonte do Ministério das Relações Exteriores, as tratativas diplomáticas foram iniciadas há cerca de duas semanas, por ocasião do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Brasil e Índia estão alinhavando um acordo bilateral no setor farmacêutico. Segundo um fonte do Ministério das Relações Exteriores, as tratativas diplomáticas foram iniciadas há cerca de duas semanas, por ocasião do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Narendra Modi durante a reunião de cúpula do G20.

De acordo com informações apuradas pelo RR, a parceria passa pela ampliação do fornecimento de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) produzido na Índia para o Brasil. A ideia é que os dois países também desenvolvam pesquisas conjuntas na área farmacêutica. Na relação de trocas bilaterais, será uma das contrapartidas à recente criação de uma aliança global dos combustíveis entre Brasil, Índia e Estados Unidos, da qual o presidente Lula foi o principal artífice – entre outras medidas, o governo brasileiro se comprometeu a transferir aos indianos tecnologia para a produção de etanol.

O Brasil tem sofrido sistematicamente com a falta de uma série de medicamentos, problema que atinge, sobretudo, a rede pública de saúde. Entre os casos mais graves, há déficit de insulina, de antibióticos, como amoxicilina e azitromicina, e de remédios oncológicos, a exemplo do Trastuzumabe, usado no tratamento de câncer de mama. Guardadas as devidas proporções, existem semelhanças entre a indústria farmacêutica e o setor de fertilizantes no quesito dependência externa. O Brasil importa mais de 90% do IFA – o princípio ativo dos medicamentos – usado pela indústria farmacêutica local. Mais de 50% dos insumos vêm de quatro países – Alemanha, Estados Unidos, Suíça e China. A Índia ocupa apenas o nono lugar no ranking dos maiores vendedores de IFA para o Brasil. Há um enorme espaço de crescimento nessa relação vis-à-vis o peso do país asiático nesse mercado.

A indústria farmacêutica indiana é responsável, por exemplo, pelo suprimento de insumos para atender a quase 40% da produção de genéricos nos Estados Unidos. No caso da África, esse índice beira os 60%. A Índia responde ainda por quase 70% da demanda global de vacinas, com destaque para os imunizantes Vacina Tríplice Bacteriana, BCG e sarampo.

#Índia #Lula #Ministério das Relações Exteriores

Política externa

Macron é um fator de apreensão para o Brasil e o Mercosul

15/08/2023
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A recusa de Emmanuel Macron ao convite de Lula para participar da Cúpula da Amazônia acendeu um sinal de alerta no Itamaraty. Não obstante a boa relação entre ambos e as palavras elogiosas de Macron ao evento, postadas no Twitter na última terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores olha não para a figura, mas para o fundo. A ausência foi interpretada como um indicativo de que Macron vai endurecer ainda mais nas negociações em torno do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente francês tem sido um crítico contumaz dos países da América Latina no que diz respeito as suas políticas ambientais. A França é considerada uma peça-chave para a ratificação do acordo comercial entre os dois blocos econômicos. Tanto que entre os assessores de política externa de Lula, a começar por Celso Amorim, já há quem defenda uma nova viagem do presidente à Europa ainda neste ano, com mais um encontro tête-à-tête com Macron. Por sinal, Paris traz ótimas lembranças recentes. Foi lá que, em junho, fez um discurso histórico por ocasião da Cúpula para o Novo Pacto de Financiamento Global.

#Emmanuel Macron #Lula #Mercosul #Ministério das Relações Exteriores

Meio ambiente

Baixa imunização ameaça realização de conferência da ONU em Belém

6/06/2023
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A confirmação de que Belém sediará a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2025, acendeu desde já um sinal de alerta no Itamaraty. Desde a pandemia, diversos países passaram a exigir dados de vacinação local para autorizar a presença de comitivas oficiais em eventos internacionais. Os indicadores mais recentes de vacinação de Belém não são os mais convidativos aos olhos das autoridades internacionais. Estão entre os mais baixos na comparação com outras capitais. Das 500 mil pessoas previstas para se imunizar contra a influenza, apenas 20% compareceram aos postos de saúde. No caso da vacina bivalente contra a Covid, os números são ainda mais preocupantes: até agora, apenas 10% da população elegível recebeu o imunizante. No Ministério das Relações Exteriores, há o receio de que a ONU venha a rever o local do Quadro de Mudanças Climáticas com base nesses índices. Pode parecer que 2025 ainda está longe, mas as Nações Unidas costumam iniciar os preparativos para conferências desse tipo com quase dois anos de antecedência. 

#Belém #Ministério das Relações Exteriores #Mudanças Climáticas #ONU

Destaque

Arábia Saudita surge como uma peça valiosa na política externa de Lula

10/05/2023
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Depois dos Estados Unidos e da China o RR apurou que o Ministério das Relações Exteriores articula uma viagem do presidente Lula à Arábia Saudita. O país é visto como uma peça cada vez mais importante no tabuleiro da política externa brasileira. Um dos temas principais da agenda que Lula vai abordar em Riad é um possível acordo na área de fertilizantes. A Arábia Saudita pode vir a ser um parceiro importante para o Brasil reduzir sua notória dependência da Rússia, de onde vêm aproximadamente 25% do total de importações do insumo. A negociação envolveria a SABIC (Saudi Basic Industries Corporation) e a Maaden (Saudi Arabian Mining Company), as duas maiores empresas locais do setor. O país árabe figura entre os maiores produtores e exportadores de adubo do mundo, ocupando o sexto lugar no ranking do comércio internacional do produto. Ainda assim, responde por apenas 3% do volume de fertilizantes importado pelo Brasil.  

Outra área de interesse do Brasil é a energia limpa. Segunda maior produtora mundial de petróleo, a Arábia Saudita tem feito uma lenta e calculada caminhada rumo à transição energética. As cifras sobre a mesa são hiperbólicas: o país promete investir mais de US$ 266 bilhões em fontes renováveis até 2030 – a meta é neutralizar suas emissões de carbono até 2060. O Brasil surge como forte candidato a receber um bocadinho dessa dinheirama

Na mão contrária, o Brasil vislumbra a possibilidade de diversificar sua pauta de exportações para a Arábia, esmagadoramente concentrada em commodities – proteína animal e açúcar, por exemplo, somaram 43% das vendas totais no ano passado. Entre outros setores, o governo Lula poderá entrar em cena para dar um empurrão na venda de aeronaves da Embraer. O governo saudita já sinalizou o interesse em comprar um lote do KC-390, o cargueiro militar fabricado pela companhia brasileira.

#Arábia Saudita #Lula #Maaden #Ministério das Relações Exteriores #SABIC

Internacional

Maduro é o ponto de interrogação no renascimento da Unasul

8/05/2023
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A reunião de cúpula da Unasul, programada para o dia 30 de maio, em Brasília, tem causado certa tensão no Itamaraty. Até o momento, de acordo com informações filtradas do Ministério das Relações Exteriores, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, não confirmou sua presença. Segundo o RR apurou, por ora, o governo de Caracas sequer sinalizou o envio de uma delegação para cuidar dos preparativos da visita e do esquema de segurança, praxe em viagens de chefe de Estado. No Itamaraty, há dúvidas se o silêncio venezuelano é uma má ou uma boa notícia. Os governos do Paraguai e do Equador já teriam sinalizado alguma resistência à participação de Maduro na reunião. O encontro é um evento relevante para a política externa do governo Lula, que praticamente ressuscitou a Unasul com o retorno do Brasil ao bloco. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro retirou o país do organismo multilateral. 

#Ministério das Relações Exteriores #Nicolás Maduro #Unasul

Destaque

China vira fator de risco para a venda de blindados Guarani à Argentina

20/04/2023
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Há várias peças se movimentando de forma cruzada no tabuleiro da geopolítica global. A China que se aproxima do governo Lula é a mesma que pode deslocar interesses brasileiros na área de defesa. O Ministério das Relações Exteriores monitora, com alguma dose de preocupação, as tratativas entre Pequim e o governo argentino em torno de um acordo comercial para a negociação de equipamentos militares. Segundo uma fonte da própria Pasta, o Itamaraty tem informações de que os chineses estariam tentando atravessar a venda de 156 blindados Guarani, produzidos pela Iveco em Sete Lagoas (MG), para o Exército argentino. Trata-se, a um só tempo, de um negócio estratégico tanto para a indústria de defesa brasileira quanto para a política externa do governo Lula. Melhor dizendo: para o próprio Lula. Em janeiro, durante sua visita a Buenos Aires, o presidente tratou diretamente do assunto com Alberto Fernández. Na ocasião, ambos assinaram um acordo para destravar a venda dos blindados da Iveco, um negócio que se arrasta há mais de quatro anos. O que está em jogo é um contrato que pode chegar a R$ 1,8 bilhão.  

Além da relação entre Lula e Alberto Fernández, é importante dizer que o Brasil e a Iveco têm alguns handicaps em uma eventual disputa com a China: o motor e alguns dos componentes mecânicos já são fabricados em uma unidade da companhia na Argentina, o que ajudaria a reduzir o custo de produção dos veículos militares. Some-se ainda o fato de que o embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, é um incentivador do acordo. Em contrapartida, o risco é o governo de Pequim jogar o fornecimento de blindados dentro de um pacote maior de cooperação, que envolveria a venda de outros equipamentos bélicos, além da transferência de tecnologias. Nesse caso, o Brasil teria menor poder de barganha à mesa de negociações.  

Fatos recentes aumentaram o estado de alerta do governo brasileiro em relação ao assunto. Na semana passada, uma delegação da Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa Nacional da China (SASTIND), chefiada pelo vice-ministro Zhan Bin Xu, esteve em Buenos Aires. Entre outras autoridades, a comitiva se reuniu com o ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taiana. Desde janeiro, quando Lula e Alberto Fernández apertaram as mãos em Buenos Aires, algumas nuvens mudaram de lugar. Como se não bastasse a aproximação entre chineses e argentinos, há ainda um fator de risco que vem do atual jogo de tensões na geopolítica global, agravado pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Em fevereiro, o Federal Office for Economic Affairs and Export Control, escritório governamental que controla as exportações da Alemanha, embargou a venda de 28 blindados Guarani para as Filipinas. Os veículos possuem sistemas e peças de origem alemã, sujeitas ao controle de exportação da agência. No Itamaraty, o veto da Alemanha foi interpretado como uma retaliação a negativa do governo brasileiro – tanto na gestão de Jair Bolsonaro quanto de Lula – de fornecer equipamentos militares à Ucrânia. 

#Alberto Fernández #China #Iveco #Lula #Ministério das Relações Exteriores

Destaque

Itamaraty trabalha para debelar um “motim” na OEA

30/03/2023
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A diplomacia brasileira está trabalhando nos bastidores para desarticular uma espécie de intentona sul-americana na Organização dos Estados Americanos (OEA). Segundo o RR apurou, o Itamaraty tem feito gestões junto aos países vizinhos para barrar um movimento liderado pelo Chile e pela Argentina. De acordo com informações filtradas do Ministério das Relações Exteriores, a dupla tem buscado o apoio de governos da região para pressionar o secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, a antecipar o fim do seu mandato, que se encerra apenas em 2025. Dessa vez, a gestão Lula está na mão contrária dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Chile, Gabriel Boric, seus aliados. Um dos principais motivos atende pelo nome e sobrenome de Joe Biden. Nos meios diplomáticos, a informação é de que a Casa Branca é contrária a uma ruptura institucional na OEA – ainda que Almagro tenha sido reconduzido ao cargo, em 2020, com o apoio do então presidente, Donald Trump. Ressalte-se que os Estados Unidos têm o maior número de votos dentro do órgão multilateral. Praticamente nada é aprovado sem o seu aval. Nesse contexto, qualquer movimento para tirar o diplomata uruguaio da presidência da OEA pode gerar um ruído diplomático desnecessário com o governo Biden. Além disso, Almagro teve um papel de razoável relevância para Lula na eleição. Logo após o resultado do segundo turno, a OEA não apenas atestou a segurança das urnas eletrônicas, por intermédio de uma comissão enviada ao Brasil, como foi uma das primeiras vozes internacionais a reconhecer formalmente a vitória do petista.  

Segundo informações que circulam no Itamaraty, Argentina e Chile alegam que Luis Almagro vem negligenciando pautas de interesse da América do Sul na OEA. No caso específico do governo de Alberto Fernández, há um fator adicional que acirra a oposição ao diplomata: ainda que indiretamente, seria uma vendeta contra o próprio Uruguai, por divergências no âmbito do Mercosul. O presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pou, é um notório defensor da flexibilização as regras do bloco para que os participantes possam negociar individualmente acordos comerciais internacionais. A Argentina é contra. Argentinos e chilenos tentam se aproveitar também do momento de vulnerabilidade de Luis Almagro. Desde o fim do ano passado, ele é alvo de uma investigação aberta pela própria OEA. O diplomata é acusado de promover indevidamente a um alto cargo na entidade uma funcionária com quem teria mantido um relacionamento amoroso.  

#Argentina #Chile #Lula #Mercosul #Ministério das Relações Exteriores #Organização dos Estados Americanos

Internacional

Brasil vota com Joe Biden na eleição do Banco Mundial

23/03/2023
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Segundo fonte do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro deverá formalizar nos próximos dias o apoio à candidatura de Ajay Banga para a presidência do Banco Mundial. De acordo com informações apuradas pelo RR, o Itamaraty já tem, inclusive, trabalhado junto a outros países da América do Sul angariando votos para Banga. Trata-se de mais um sinal do alinhamento entre o presidente Lula e a Casa Branca. O empresário de origem indiana, que comandou a Mastercard entre 2010 e 2022, foi indicado para o cargo pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.  Os países membros do Banco Mundial têm até o próximo dia 29 para apresentar outras candidaturas. Os Estados Unidos concentram o maior poder de voto na entidade, seguido por Japão, China, Alemanha e Reino Unido.

#Banco Mundial #Joe Biden #Ministério das Relações Exteriores

Internacional

Bolívia também quer dinheiro do BNDES

14/02/2023
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Além do gasoduto Nestor Kirchner, na Argentina, outro projeto da “vizinhança” poderá cair no colo do BNDES. Segundo fonte do Itamaraty, o governo da Bolívia já fez uma primeira consulta ao Brasil sobre a possibilidade de o banco de fomento financiar a construção de usinas de biodiesel no país. A primeira leva envolveria a instalação de três plantas, um investimento previsto da ordem de US$ 150 milhões. A ideia dos bolivianos é que a primeira planta, com capacidade de produção de 1.500 barris de biodiesel/dia, entre em operação ainda neste ano. No Ministério das Relações Exteriores, há informações de que o próprio presidente da Bolívia, Luiz Arce, pretende se reunir com Lula para tratar do assunto.

#Argentina #Biodiesel #BNDES #Bolívia #gasoduto #Itamaraty #Luiz Arce #Ministério das Relações Exteriores #Nestor Kirchner #usinas

Política

Brasil ainda cava um lugar na Parceria das Américas

3/02/2023
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O Itamaraty mantém tratativas para que o Brasil entre, em um segundo momento na Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica, iniciativa costurada pela Casa Branca e anunciada formalmente na semana passada. O governo Lula faz gestões para levar na carona a Argentina, que também ficou de fora da relação inicial de países-membros do acordo multilateral. Segundo informações que circulam no Ministério das Relações Exteriores, este será um dos assuntos em pauta no encontro entre Lula e Joe Biden, em Washington, previsto para este mês.

#Ministério das Relações Exteriores

Política

Mais um juiz federal no encalço de Lula

18/01/2023
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No meio dos ataques antidemocráticos, o governo Lula ainda tem de administrar um engasgo diplomático. Segundo o RR apurou, o ministro da Justiça, Flavio Dino, solicitou ao Itamaraty que faça uma representação formal ao Ministério das Relações Exteriores da Argentina contra o juiz federal Alfredo López. No último dia 8, em meio aos atos criminosos em Brasília, o magistrado argentino escreveu em sua conta no Twitter que se tratava de um “levante popular contra o comunista e ladrão Lula”. López é notório na Argentina por suas posições conservadoras. Em junho de 2021, por exemplo, causou polêmica ao ordenar a suspensão da lei que liberou o aborto no país. 

#Flavio Dino #Lula #Ministério das Relações Exteriores

Destaque

Lula embaralha as cartas do seu Ministério

7/11/2022
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Lula pode “quebrar” as casas de apostas. Nos cenários traçados para a montagem do seu futuro gabinete surge a possibilidade de um Ministério de ponta cabeça, uma análise combinatória diferente do que vem sendo especulado até o momento. Em todas as listas de candidato à Fazenda, Henrique Meirelles assumiria o Ministério das Relações Exteriores. Caberia a ele comandar as grandes negociações no exterior, voltadas à captação de recursos internacionais. O ex-ministro e ex-presidente do Banco Central cuidaria também da pauta ambiental, cada vez mais geminada com a agenda econômica. Meirelles teria a missão de destravar, por exemplo, os investimentos de fundos soberanos para grandes projetos vinculados à Amazônia – dinheiro esse que sumiu do mapa devido à, literalmente, devastadora gestão de Bolsonaro no meio ambiente. Os governos da Alemanha e da Noruega já anunciaram a intenção de retomar os aportes no Fundo Amazônia. Ou seja: sob certo ângulo, Meirelles teria um pé na economia, ainda que da fronteira para fora do Brasil. Não custa lembrar que não seria a primeira vez que um banqueiro ocuparia o cargo. O “Barão” do Banco Itaú, Olavo Setúbal, também exerceu a função de ministro das Relações Exteriores, durante o governo Sarney. 

A ida de Henrique Meirelles para o Itamaraty traz a reboque uma espécie de efeito dominó para a montagem novo Ministério, impactando diretamente em outras escolhas. Segundo um graduado assessor de Lula, nesse cenário crescem as probabilidades de Fernando Haddad assumir o Ministério da Fazenda. Sua nomeação atenderia o perfil idealizado por Lula, desde sempre, para o cargo: ter um político à frente da Pasta. Além disso, registre-se que Haddad não é um neófito no tema: o ex-ministro é mestre em Economia pela USP.  

Por sua vez, com a indicação de Meirelles para as Relações Exteriores, Celso Amorim iria para o Palácio do Planalto. De acordo com a fonte do RR, seu nome é especulado dentro do próprio PT para ser um secretário especial de Lula ou até mesmo assumir a Casa Civil. Ainda que a maior expertise de Amorim não seja exatamente a articulação política, o presidente eleito tem profunda confiança em seu ex-chanceler. Mas ressalte-se que são apenas especulações colhidas em meio às feéricas discussões ocorridas no seio do PT.

#Henrique Meirelles #Lula #Ministério da Fazenda #Ministério das Relações Exteriores #PT

Diplomacia de cinzas

14/09/2022
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Uma fuligem a mais para a política externa do governo Bolsonaro: corre no Itamaraty que o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia fará um protesto formal ao Brasil pelas queimadas na Floresta Amazônica. Imagens recentes capturadas por satélites da Nasa mostram a fumaça de incêndios na Amazônia brasileira espalhando-se pelo território colombiano. O país vizinho já detectou nessa massa de ar partículas de um material chamado PM2.5, que causa mortes e doenças.

#Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores

Itamaraty do B

23/05/2022
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O almirante Flavio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), tem avançado com desenvoltura no território do Itamaraty. Rocha e equipe vêm conduzindo as tratativas multilaterais com dez países da comunidade árabe que receberão uma comitiva do governo e uma missão comercial em junho. O assunto passa ao largo do Ministério das Relações Exteriores.

#Assuntos Estratégicos #Flavio Rocha #Ministério das Relações Exteriores

Coincidência não é

27/04/2022
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De acordo com uma fonte do Ministério das Relações Exteriores, o governo do Chile já sinalizou ao Itamaraty o descontentamento com a demora do presidente Jair Bolsonaro em aprovar a nomeação de Sebastián Depolo. Trata-se do novo embaixador chileno no Brasil. Depolo, por sinal, tem sido um crítico assíduo de Bolsonaro.

#Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores

Uma “Operação Acolhida” para os ucranianos

5/04/2022
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A questão dos refugiados ucranianos tem mobilizado cada vez mais as autoridades brasileiras. Os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores discutem a hipótese de o governo disponibilizar estruturas temporárias, provavelmente instalações do próprio Exército, para abrigar os imigrantes. Guardadas as devidas proporções, seria algo nos moldes da “Operação Acolhida”, voltada ao recebimento dos venezuelanos que atravessam a fronteira.

Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, cerca de 60 ucranianos entraram no Brasil formalmente na condição de refugiados. Esse número, no entanto, não dá a exata dimensão do problema. Estima-se que mais de 300 imigrantes já tenham desembarcado no país sem se declararem refugiados.

Isso porque o governo brasileiro autorizou a permanência de ucranianos em território nacional por até 90 dias sem a necessidade de visto. Com a continuidade dos ataques russos, esse contingente tende a aumentar consideravelmente: no Itamaraty, segundo o RR apurou, há previsões de que mais de 400 refugiados ucranianos cheguem ao país até o dia 15 de abril.

#Ministério da Defesa #Ministério das Relações Exteriores #Ucrânia

Mais um espinho diplomático de Paulo Guedes

23/03/2022
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O repúdio do governo do Paraguai à recente declaração de Paulo Guedes em relação ao país não se restringiu à nota publicada no Twitter no fim de semana. Segundo uma fonte do Itamaraty, na última segunda-feira o Ministério das Relações Exteriores fez chegar à Embaixada do Brasil em Assunção, mais precisamente ao diplomata João Carlos Storti, encarregado de Negócios, um protesto contra a fala do ministro da Economia. Na sexta-feira passada, Guedes disse que o “Paraguai se tornou praticamente um estado brasileiro com impostos baixos, atraindo de plantadores de soja a fabricantes de chicote elétrico”. O timing para a rusga diplomática não poderia ser mais inconveniente. Nos próximos dias, José Antônio Marcondes de Carvalho assumirá a Embaixada do Brasil em Assunção. Some-se a isso o fato de que nos próximos meses os governos dos dois países iniciarão formalmente as tratativas para a renovação do Tratado de Itaipu.

#Ministério das Relações Exteriores #Paraguai #Paulo Guedes #Tratado de Itaipu

Um militar a mais no governo

24/02/2022
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O RR apurou que o vice-almirante da reserva Edervaldo Teixeira de Abreu Filho está cotado para assumir uma diretoria na Antaq, na vaga aberta com a saída de Adalberto Tokarski. Entre outros postos, Abreu Filho foi diretor do Centro de Inteligência da Marinha. Tido nos meios militares como um apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o oficial já contabiliza uma passagem pelo governo: entre 2019 e 2021, ocupou a diretoria de Gestão Corporativa da Apex, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.

#Antaq #Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores

Governo Biden quer cortar na raiz imigração ilegal de brasileiros

18/10/2021
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A gestão Biden está colocando a imigração ilegal no centro das relações diplomáticas com o Brasil. Segundo uma fonte do Itamaraty, os Estados Unidos costuram um acordo de cooperação com o governo brasileiro. O objetivo é combater quadrilhas especializadas no tráfico de pessoas que agem dentro do Brasil e, com isso, conter o fluxo de imigrantes clandestinos nos Estados Unidos.

Os norte americanos deverão dar apoio às investigações em território brasileiro, possivelmente com o envio de agentes do Homeland Security Investigations (HSI), braço do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos. Consultado pelo RR, o Ministério das Relações Exteriores não se pronunciou. De certa forma, chama a atenção que uma negociação diplomática desta natureza entre Brasil e Estados Unidos se desenrole agora, com Joe Biden na Casa Branca.

Em tese, esta seria uma agenda mais afeita a Donald Trump, o presidente do muro na fronteira com o México. Ocorre que o problema ganhou novas proporções nos últimos meses. De outubro de 2020 a setembro deste ano, 46 mil brasileiros foram detidos nos Estados Unidos ao tentarem entrar de forma clandestina no país.

Trata-se de um número seis vezes maior do que o registrado no período entre outubro de 2019 e setembro de 2020. O governo Biden está tentando matar o “mal” pela raiz. O acordo de cooperação pode ser interpretado como uma forma sutil – ou nem tanto – dos Estados Unidos pressionarem o governo Bolsonaro a combater as quadrilhas que atuam no tráfico de pessoas dentro do território brasileiro.

#Donald Trump #Joe Biden #Ministério das Relações Exteriores

O bloco do anti-Mercosul

27/09/2021
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Há tratativas, no âmbito do Ministério das Relações Exteriores, para um encontro entre Jair Bolsonaro e o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou. A reunião deverá ocorrer em outubro. No tabuleiro do Mercosul, o evento terá razoável peso, ainda que venha a ser apenas de caráter simbólico. O Uruguai desponta como principal aliado do Brasil na pressão pela flexibilização das regras do bloco econômico e a redução da Tarifa Externa Comum (TEC). Consultado, o Itamaraty disse que “ainda não há confirmação do encontro”.

#Mercosul #Ministério das Relações Exteriores

Um teste nada doce para a política externa brasileira

20/08/2021
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O governo Bolsonaro vem tentando reabrir conversações com a diplomacia norte-americana em torno das cotas de importação do açúcar brasileiro. Este é um pleito crônico dos usineiros. As tratativas giram basicamente em torno de um “toma lá dá cá” sucroalcooleiro: o Brasil se dispõe a aumentar os limites para a compra de etanol produzido nos Estados Unidos em troca de redução das barreiras à entrada de açúcar no mercado norte-americano. A conversa é difícil. Ressalte-se que nem com o “aliado” Donald Trump na Casa Branca o governo brasileiro conseguiu quebrar esse muro. Consultado, o Ministério das Relações Exteriores não se manifestou.

#Açúcar #Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores

Paraguai parte para o ataque

19/08/2021
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O Paraguai vai subir o tom em relação à cobrança de uma suposta dívida de US$ 4,1 bilhões de Itaipu Binacional – ver RR de 4 de agosto. Segundo informação que chegou ao Ministério das Relações Exteriores, políticos e entidades sindicais paraguaias estão organizando uma manifestação em frente à Embaixada brasileira em Assunção para amanhã. O protesto teria o endosso do próprio governo do presidente Mario Abdo Benítez. Consultado, o Ministério informou ter ciência da manifestação e disse estar em “contato com as autoridades do estado paraguaio para assegurar a proteção de seu pessoal e de suas instalações”.

#Itaipu Binacional #Ministério das Relações Exteriores

Solidariedade que vai custar caro

29/07/2021
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O mérito da iniciativa é indiscutível, mas a decisão do governo Bolsonaro de doar oito mil toneladas de arroz para o Líbano e Moçambique vai custar mais do que o previsto. Segundo o RR apurou, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, terá de arcar com o transporte marítimo do produto. O curioso é que ações humanitárias desta natureza costumam ser bancadas pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas. Não dessa vez. Vai ver, foi a forma encontrada pela ONU para abater alguns grãos dos mais de US$ 300 milhões que o governo brasileiro lhe deve. Trata-se de mais um caroço nas relações entre o organismo multilateral e o governo Bolsonaro. Em setembro do ano passado, por exemplo, o relator especial da ONU, Baskut Tunkat, pediu a abertura de uma investigação contra o Brasil por conta do desmatamento da Amazônia e por violação de direitos humanos. Procurado, o Ministério da Agricultura confirmou a doação, mas disse que questões relacionadas às despesas logísticas deveriam ser esclarecidas pela ABC. O Itamaraty, por sua vez, não se pronunciou.

#Agência Brasileira de Cooperação #Ministério das Relações Exteriores

Taxa de incêndio

27/07/2021
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O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, abriu conversações com os governos da Noruega e da Alemanha na tentativa de retomar os aportes dos dois países no Fundo Amazônia, suspensos desde 2019. O problema é o de sempre: segundo dados divulgados ontem pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a área desmatada da Amazônia cresceu 10% nos últimos 12 meses.

#Imazon #Ministério das Relações Exteriores

Itamaraty monta força-tarefa pelos estudantes brasileiros

12/07/2021
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O Ministério das Relações Exteriores acionou suas representações internacionais na tentativa de resolver o grave problema dos estudantes brasileiros que têm sido barrados em diversos países da Europa por conta da pandemia e correm o risco de perder suas bolsas. Segundo o RR apurou, as primeiras tratativas diplomáticas bateram contra um muro. Os governos da Espanha, da Itália e da Alemanha, por exemplo, têm sido taxativos: somente autorizarão a entrada dos alunos já imunizados contra a Covid-19.

O problema tende a se agravar a partir de setembro, com o início do ano letivo na Europa. Diante da situação, o Itamaraty, com o auxílio do Ministério da Educação, tenta um plano B, que seria conseguir a extensão da validade das bolsas de estudos já conquistadas. Estima-se que existam mais de mil estudantes e pesquisadores impossibilitados de ingressar ou mesmo voltar a universidades europeias.

O governo Bolsonaro transformou o Brasil em pária do mundo. Procurado, o Ministério confirma que “pediu às embaixadas na Alemanha, Dinamarca, Espanha, França e Itália que reforcem negociações com os governos desses países para facilitar a entrada de brasileiros que já cursam em instituições de ensino locais”. O Itamaraty diz ainda que “vem fazendo o possível para alcançar solução satisfatória e seguirá realizando contatos com autoridades competentes para que considerem a adoção de medidas alternativas que permitam a retomada da emissão de vistos a estudantes e acadêmicos brasileiros.”

#Ministério das Relações Exteriores

Jair Bolsonaro é um ex-presidente em exercício

31/03/2021
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A data de 29 de março de 2021 marca a maior derrota de Jair Bolsonaro desde a sua chegada ao Palácio do Planalto. Em um único dia, três episódios reforçaram a ideia de que Bolsonaro é um chefe de governo de festim. A imposição de um Orçamento repleto de gambiarras e absolutamente inexequível e a demissão de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, ambas por pressão do Congresso, mostram um presidente acuado e feito de refém pelo Centrão. O terceiro e mais agudo sinal da fragilidade de Bolsonaro veio com a saída do general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, seguida, um dia depois, da decisão conjunta dos três Comandantes militares de entregarem seus cargos.

Com a renúncia em bloco, as Forças Armadas deram uma mensagem contundente de que não irão aonde o presidente da República almeja ou fantasia que elas possam ir. Bolsonaro foi derrotado pelo próprio fetiche que criou. Em meio a essa desidratação institucional, o maior risco do governo Bolsonaro neste momento é a geração de boatos autorrealizáveis e desestabilizadores. Ontem, por exemplo, surgiram rumores de que os Altos-Comandos das Forças Armadas não indicariam nomes de substitutos para o general Edson Pujol, o almirante Ilques Barbosa e o tenente-brigadeiro do ar Antonio Carlos Bermudez, deixando a decisão por conta exclusivamente de Bolsonaro.

Caso essa decisão se confirme, os comandantes abririam uma perigosa exceção, como abriram ontem: foi a primeira vez desde a redemocratização, em 1985, que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica deixaram seus cargos simultaneamente sem se tratar de uma troca de governo. Também ontem circulava o boato de que a renúncia coletiva já havia sido cogitada antes mesmo do afastamento de Azevedo da Defesa e da pressão pela saída do general Pujol do comando do Exército. Como se sabe, os Altos-Comandos trabalham com cenários traçados com razoável antecedência. Em uma dessas conjecturas, um pronunciamento conjunto chegou a ser discutido como reação ao uso do nome das Forças Armadas, notadamente do Exército, pelo presidente Bolsonaro para justificar ações de governo.

A prioridade das lideranças militares neste momento é esfriar o ambiente, dentro e fora das Forças Armadas. O general Pujol fez questão de acalmar seus pares, afirmando que no Alto Comando todos eram iguais, tinham o mesmo voto nas decisões da Força – Pujol tinha o voto de minerva – e, portanto, estavam todos capacitados para assumir a liderança do Exército, com louvor. O tenente brigadeiro Bermudez, um dos oficiais mais respeitados pela Aeronáutica, teria dito aos seus que não existe possibilidade da Força participar de aventuras que firam a Constituição. Segundo as declarações atribuídas a Bermudez, não há condições para qualquer tentativa de subverter a democracia. A Aeronáutica não permitirá. Por sua vez, a decisão do general Pujol de não se sujeitar a eventuais pressões do presidente Bolsonaro por uma postura pró-governo também representa uma posição coesa do Exército como fiador do regime democrático.

Pujol sai do cargo, mas deixa um legado. O alerta já tinha sido dado pelo próprio general em novembro do ano passado: “Não temos partido, independentemente de mudanças ou permanências de de- terminado governo por um período longo. Não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar”. A escolha de Braga Netto para a Defesa foi criteriosa. Ele é reconhecidamente um debelador de incêndios.

Esse atributo pode ser muito bem verificado ontem, em sua primeira ordem do dia como ministro da Defesa, na qual o general fez um texto eminentemente dirigido à pacificação. De toda a forma, por uma lógica torta e imprevisível, Bolsonaro conseguiu uma proeza: diante de um presidente mercurial e instável como ele, a candidatura Lula pode ter se tornado até palatável aos militares. O petista jamais tentou cruzar a linha que demarca as relações de respeito do comandante em chefe em relação a seus oficiais superiores. Os generais, portanto, já sabem o que o ex-presidente fez em oito anos de governo, mas não sabem o que Bolsonaro poderá fazer nos dois anos que lhe restam. Imagine se forem mais seis anos.

#Edson Pujol #Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores

Alçapão

4/03/2021
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A própria Tereza Cristina desarticulou o lobby que vinha sendo feito em Brasília pela sua nomeação para o Ministério das Relações Exteriores. Aos olhos de Tereza, era coisa de quem queria vê-la longe do Ministério da Agricultura e não necessariamente no Itamaraty.

#Ministério das Relações Exteriores #Tereza Cristina

As aproximações sucessivas de Bolsonaro e Putin

4/12/2020
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Ainda é cedo para dizer que Vladimir Putin vai ocupar o lugar de Donald Trump como “o melhor amigo do Brasil”. Mas o governo Bolsonaro identifica circunstâncias propícias para uma aproximação com a Rússia. De acordo com uma alta fonte do Itamaraty, já existe, inclusive, uma troca de sinais entre os dois países para uma possível visita do presidente Jair Bolsonaro a Moscou no primeiro semestre de 2021 – se a pandemia permitir. O Ministério das Relações Exteriores vislumbra oportunidades para o Brasil aumentar sua pauta de exportações para a Rússia, notadamente no agronegócio.

Hoje, a balança pende para o lado de lá. Em 2019, o Brasil teve um déficit comercial com a Rússia de US$ 2 bilhões, impactado, sobretudo, pelo embargo à carne brasileira e pela queda das exportações de açúcar. Nesse caso, talvez as cifras sejam apenas um detalhe. Como já ficou provado, a política externa do presidente Jair Bolsonaro vive mais de fantasias e fetiches do que de movimentos efetivos e ganhos econômicos para o país. Na tortuosa lógica diplomática do governo, Putin pode ser um substituto para Trump – como o novo líder global a ser adulado – tanto quanto a aproximação com a Rússia pode funcionar como uma provocação calculada à China.

Recentemente, não custa lembrar, ao fim de uma reunião da própria Cúpula dos BRICS, Vladimir Putin teceu comentários elogios à “coragem” de Jair Bolsonaro. As aproximações sucessivas entre os dois chefes de governo parecem, inclusive, já ter reflexos na estratégia geoeconômica de importantes grupos russos. O RR apurou, por exemplo, que o Acron Group estaria interessado na compra de uma participação na Heringer, fabricante de fertilizantes com 19 unidades de produção, capacidade instalada da ordem de sete milhões de toneladas e faturamento anual superior a R$ 1 bilhão.

Curiosamente, a Heringer já tem um sócio russo, a Uralkali, com quem os acionistas controladores da empresa vivem às turras. No ano passado, por sinal, a Acron negociou a aquisição da unidade de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS), mas não chegou a um acordo com a estatal. Em outro front, investidores russos, com o respaldo do governo Putin, já assinaram um acordo para a construção de um terminal portuário de uso privado em Arroio do Sal (RS), empreendimento orçado em R$ 3,5 bilhões.

#Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores #Vladimir Putin

Itamaraty raspa o tacho do orçamento

8/09/2020
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Já contestado pelos “itamaratecas” puro-sangue, o ideológico chanceler Ernesto Araújo enfrenta um crescente clima de insatisfação dentro do Ministério das Relações Exteriores. A três meses do fim do ano, a Pasta sequer iniciou o período de promoções e remoções de diplomatas, que costumam ser realizadas ao longo de todo o segundo semestre. A demora, segundo o RR apurou, está ligada a dificuldades orçamentárias. A dotação prevista para este ano tem se mostrado um cobertor curto para o custeio da máquina diplomática e os gastos decorrentes dos upgrades e transferências dos servidores do Ministério. Consultado pelo RR, o Ministério das Relações Exteriores confirma que o mecanismo de remoções teve “seu período de execução excepcionalmente estendido.” Segundo o Ministério, 330 servidores (170 diplomatas e 160 servidores administrativos) se inscreveram, dos quais serão removidos 292. Quanto ao orçamento para os meses restantes de 2020 e para 2021, a Pasta diz que “o processo de definição ainda se encontra em curso.”

#Itamaraty #Ministério das Relações Exteriores

Itamaraty deixa frigoríficos brasileiros ao relento

21/08/2020
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A ministra Tereza Cristina e grandes frigoríficos brasileiros têm cobrado do Ministério das Relações Exteriores uma participação mais ativa no imbroglio com a China. Até o momento o Itamaraty e a Embaixada brasileira em Pequim pouco ou nada fizeram para reverter o que, na visão da Pasta da Agricultura e de empresários do setor, é um ataque deliberado dos chineses contra a indústria brasileira de abate. No entendimento de Tereza e dos produtores nacionais, já está passando da hora da Pasta das Relações Exteriores apoiar o lançamento de uma campanha internacional para defender os players da cadeia da proteína animal no Brasil. A alta dose de ideologia da política externa brasileira e a notória “sinofobia” do chanceler Ernesto Araújo são vistas como os fatores para a indiferença do Ministério das Relações Exteriores em relação ao caso. Pior: as seguidas provocações de Araújo contra os chineses contribuem para aumentar o impasse geoeconômico. Nos últimos dois meses, a China suspendeu as importações de carne bovina de sete frigoríficos do Brasil. Nos últimos dias, os asiáticos também decidiram voltar suas baterias contra a carne de frango, anunciando supostamente ter
encontrado traços do coronavírus em embalagem que teria saído de uma fábrica da Aurora Alimentos.

#Aurora Alimentos #China #Ministério das Relações Exteriores #Tereza Cristina

Paraguai desponta como uma ameaça aos frigoríficos brasileiros

27/05/2020
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Em meio à pandemia surge uma ameaça a mais ao agronegócio brasileiro. Corre no Ministério das Relações Exteriores a informação de que o Paraguai poderá romper relações diplomáticas com Taiwan, abrindo caminho para o consequente restabelecimento dos laços com a China. A medida seria motivada pela pressão do agronegócio local, notadamente dos grandes frigoríficos, que querem retomar as exportações para o mercado chinês.

Uma vez consumado, trata-se de um movimento que teria razoável impacto comercial para o Brasil. O Paraguai voltaria ao game para disputar uma fatia da demanda chinesa por proteína animal. A questão é ainda mais preocupante na atual circunstância, com a disparada dos casos de coronavírus e o risco do Brasil sofrer um lockout internacional – vide RR edição do dia 22 de maio.

Ressalte-se que a China duplicou, em abril, as compras de carne bovina, um indício de que os asiáticos estariam antecipando a formação de estoques para o caso de uma eventual interrupção das importações do Brasil. Some-se a isso o fato de que o Paraguai poderia se aproveitar dessa brecha para reduzir o preço da commodity. Não custa lembrar que, no início do ano, pouco antes do estouro da pandemia, a China iniciou uma pressão sobre os frigoríficos brasileiros para diminuir o valor do produto: no fim de 2019, os preços da carne atingiram o maior nível em 30 anos.

#China #Ministério das Relações Exteriores #Paraguai

Itamaraty mira em representações na África e no Caribe

9/04/2019
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O Ministério das Relações Exteriores, com o apoio integral do Palácio do Planalto, planeja fechar algo em torno de 15 representações diplomáticas na África e no Caribe ao longo deste ano. Os cortes atingiriam, entre outras nações, Burkina Faso, Mali, Mauritânia, Serra Leoa, Antígua e Barbuda e  Dominica. A medida envolveria a desativação de escritórios e mesmo de embaixadas menores.

Não é de hoje que esta medida vem sendo cotejada no Itamaraty – diga-se de passagem, sem que exista um consenso dentro da própria Pasta. Em 2017, um estudo da Comissão de Relações Exteriores do Senado apontou que as representações diplomáticas abertas entre 2003 e 2016 – nas gestões de Lula e Dilma Rousseff – somavam um gasto de aproximadamente R$ 380 milhões por ano, sem as devidas contrapartidas comerciais ou políticas. Com base nos números, o governo Temer chegou a iniciar preparativos para desativar boa parte delas.

No entanto, o então chanceler Aloysio Nunes Ferreira, que, curiosamente, havia sido presidente da Comissão no Senado, foi demovido pelo corpo diplomático do Itamaraty. O RR entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores, que preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Caso se confirme, o fechamento de representações do Itamaraty em países da África e do Caribe será uma medida carregada de simbologia. Na prática, funcionaria como mais um gesto do presidente Jair Bolsonaro de distanciamento da política externa do PT. Os governos de Lula e de Dilma Rousseff, notadamente o primeiro, deram uma atenção especial a nações que nunca estiveram no eixo central da diplomacia brasileira. Nesse período, o Itamaraty ganhou embaixadas e escritórios em 44 países da África e do Caribe.

#Aloysio Nunes Ferreira #Ministério das Relações Exteriores #Palácio do Planalto

Política interna será o termômetro para o “Itamaraty de Jair Bolsonaro”

18/12/2018
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O incomum desconvite aos chefes de estado e de governo de Cuba e da Venezuela para a posse de Jair Bolsonaro foi uma decisão de fora para dentro do Itamaraty. Não houve qualquer tipo de recomendação do ministério das Relações Exteriores nessa direção; nem agora, nem em nenhum momento anterior. A medida partiu do próprio núcleo duro de Bolsonaro e, mais do que qualquer outro significado no âmbito internacional, teve como objetivo principal atender as bases eleitorais domésticas. Com a decisão, o presidente eleito corrobora o discurso de campanha e avança no processo de “vilanização” dos governos socialistas dos dois países. Trata-se de um gesto que pode ser interpretado, desde já, como uma avant première da condução da área de Relações Exteriores no governo Bolsonaro.

Mesmo antes de Ernesto Araújo assumir o Ministério, a linha já está sendo ditada e imposta ao Itamaraty: tudo leva a crer que a política externa brasileira será, em grande parte, indexada e condicionada à política interna. A partir deste entendimento de que as relações internacionais do Brasil serão guiadas com um olho na opinião pública, já existem preocupações no corpo diplomático do Itamaraty quanto aos possíveis desdobramentos desse primeiro movimento de agravo a Cuba e Venezuela. Não são pequenas as chances de que a medida descambe para atos ainda mais contundentes como a retirada do embaixador brasileiro de Havana e Caracas ou, em um caso mais extremo, no rompimento das relações diplomáticas com os dois países.

Ressalte-se que a eventual ruptura diplomática não precisaria ser automaticamente acompanhada de um rompimento das relações comerciais, não obstante os dois países terem participação pouco relevante na balança brasileira. Há antecedentes nesta direção na própria história brasileira. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, mais precisamente em 1958, o Brasil retomou os negócios com a União Soviética embora o Senado tenha vetado o reatamento das relações diplomáticas com o país, suspensas em 1947 pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Em um primeiro momento, o atípico movimento em relação a Venezuela e Cuba poderia soar como uma espécie de oferenda ao governo Trump, um ponto de alinhamento extremo à política diplomática norte-americana.

Não que inexistam sinais nesta direção. Muito pelo contrário. Mas, segundo informações auscultadas do próprio Itamaraty, eles não passam pelos dois países latino americanos. Basta lembrar que representações diplomáticas de ambas as nações socialistas estiveram presentes à própria posse de Trump, em janeiro de 2017. O governo de Donald Trump certamente veria com bons olhos sinais de distanciamento do Brasil em relação ao Irã, que tem sido alvo de seguidas e pesadas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.

Do ponto de vista pragmático, no entanto, trata-se de um afago mais custoso de ser feito pela gestão Bolsonaro. O Brasil tem um superávit comercial alto com os iranianos. Entre janeiro e setembro deste ano, por exemplo o saldo foi de aproximadamente US$ 4,5 bilhões, impulsionado, sobretudo, pelo aumento de mais de 520% nas exportações de milho. No mesmo período, este número só foi superado pelo superávit com a China (US$ 20 bilhões). Em outro front, existe a já notória questão de Israel. Tudo indica que Jair Bolsonaro cumprirá a promessa de transferir a Embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém, seguindo os passos do governo Trump. Um gesto ainda mais bem-visto pelos Estados Unidos seria o reconhecimento pelo Brasil da cidade santa como a capital de Israel, algo que dependeria de um ato executivo da Presidência da República.

#Donald Trump #Jair Bolsonaro #Ministério das Relações Exteriores

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