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Lítio entra no radar do governo Lula

  • 3/02/2023
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O Brasil planeja levar a Argentina, Chile e Bolívia a proposta de uma parceria para a extração de lítio. O assunto tem sido discutido no âmbito do Ministério de Minas e Energia. A ideia é buscar de forma conjunta recursos internacionais para acelerar a produção, abrindo a possibilidade de investimentos cruzados. O quarteto forma uma espécie de “Opep do lítio”, tamanha a concentração de jazidas. Detém mais de 60% das reservas globais estimadas. O Brasil entra nesse pool com algo em torno de 8% do mineral encontrado em todo o mundo. No entanto, a produção interna é incipiente: responde por menos de 1% do mercado global. Os investimentos ainda são escassos vis-à-vis o enorme potencial brasileiro. A rigor, só duas empresas produzem lítio no país: a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil. Para este ano, há a expectativa da entrada em cena de um terceiro player, a canadense Sigma Lithium, que promete iniciar o comissionamento do projeto Grota do Cirilo, em Minas Gerais.
A geopolítica do lítio está fervendo. O mineral está na proa dos temas estratégicos das grandes potências globais, vide a recente passagem do chanceler alemão Olaf Scholz pela América do Sul. Sua visita à Argentina e ao Chile teve como um dos principais objetivos negociar suprimentos adicionais de lítio para a Alemanha, mais especificamente para a produção de baterias usadas nos carros elétricos produzidos pela Mercedes-Benz e pela Volkswagen. Scholz tratou do assunto diretamente com o presidente chileno, Gabriel Boric. O desafio do governo Lula é posicionar o Brasil nesse tabuleiro. Ainda que a América do Sul seja o palco central das discussões multilaterais sobre o lítio, a gestão Bolsonaro praticamente se imiscuiu em relação a essa agenda. No ano passado, o governo boliviano abriu conversações com outros países e grupos privados para parcerias no setor. Na ocasião, além da própria China, Argentina, Chile e Rússia abriram conversações com a Bolívia. Não consta que o governo Bolsonaro tenha feito qualquer articulação nesse sentido. Enquanto isso, as peças se movimentaram. Na semana passada, por exemplo, a Bolívia anunciou um acordo com o consórcio chinês CBC, encabeçado pela gigante global das baterias Contemporary Amperex Technology (Catl), para investimentos de até US$ 1 bilhão na extração de lítio no país vizinho.
A investida no lítio entra também, em um contexto mais amplo, na estratégia do governo de Lula de recosturar as relações com os vizinhos sul-americanos e buscar projetos integrados. Por ora, os movimentos mais notórios nessa direção envolvem as tratativas para o financiamento do BNDES para a construção do gasoduto Nestor Kirchner, na Argentina, e as conversações já mantidas entre Lula e o presidente Luis Arce em torno da possibilidade de compra de energia elétrica produzida na Bolívia.

#Lula #Ministério de Minas e Energia

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