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BNDES sai em defesa da empresa privada nacional

  • 25/06/2010
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As duras críticas de José Serra e Marina Silva ao BNDES não vão ficar sem resposta. A reação virá de dois fronts: do próprio banco e da candidata Dilma Rousseff. Os assessores da campanha petista já trabalham na coleta de números e argumentos que serão incorporados aos pronunciamentos de Dilma, com o objetivo de confrontar as declarações de Serra e Marina. A candidata vai defender o trabalho do banco a favor do capital nacional, por meio da consolidação de grandes grupos privados. Vai também associar a instituição aos projetos do PAC. Não por acaso, no núcleo de campanha de Dilma, houve até quem festejasse as críticas feitas por Serra e Marina ao BNDES. A percepção é que os dois candidatos acabaram levantando a bola sob medida para Dilma Rousseff e o próprio BNDES desfiarem as realizações do governo Lula. Segundo uma fonte da equipe econômica, o BNDES lustra suas armas. O banco prepara uma campanha publicitária institucional. Sem menção explícita aos dois candidatos, pretende desmontar as críticas desferidas por José Serra e Marina Silva ? e, de quebra, aproveitar a ocasião para fortalecer sua imagem diante da opinião pública. A intenção é vincular ainda mais o BNDES a  ideia do fortalecimento da empresa privada nacional, da geração de empregos e da mobilidade social. O governo e o comando do BNDES consideram que as declarações de José Serra e Marina Silva também têm de ser rebatidas na mesma moeda, ou seja, no espaço editorial de publicações de prestígio. A intenção é deflagrar um trabalho de comunicação que permita desarmar, ponto a ponto, as críticas feitas pelos dois candidatos. No banco, a leitura é que os ataques são frágeis e passíveis de desconstrução com razoável facilidade. Um exemplo é a contestação aos critérios usados pela instituição para escolher as empresas beneficiadas com juros subsidiados. A diretoria do BNDES está cansada de bater na tecla de que o banco não procura, mas é procurado por grupos com projetos de expansão ou de fusão e aquisição. A crítica a  opção do BNDES em privilegiar cavalos vencedores em diversos setores da economia tem função meramente destrutiva. É como se a oposição quisesse colocar vinagre no vinho dos projetos estruturantes que estão sendo tocados em razão da consolidação e do apoio a grandes grupos nacionais. Estes, por sua vez, trouxeram a reboque um processo virtuoso: redução da hegemonia do capital estrangeiro em fusões e aquisições, manutenção do centro de decisões empresariais no país e, em última linha, contenção do passivo externo líquido e retenção de divisas. O surgimento de empresas como Fibria, Brasil Foods, Oi/BrT, entre outras, permitiu também uma regulação interna do mercado, evitando a criação de oligopólios internacionais. O banco tem ainda a seu favor os resultados obtidos nos últimos anos por sua participação em grandes fusões e aquisições. Além do figurino de financiador, costuma entrar no equity do negócio, remunerando-se automaticamente com a valorização dos papéis das empresas. No entanto, nada causou mais excitação no BNDES do que as insinuações a  transparência operacional do banco feitas por José Serra. Esta agenda é um prato cheio para o governo Lula. Falta de transparência por falta de transparência, a participação do BNDES no processo de privatização foi um dos episódios mais palpitantes da era FHC, inclusive com registros que poderiam figurar no Museu da Imagem e do Som.

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