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Terra Viva bota fogo na Tonon Bioenergia

  • 16/03/2011
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A Tonon Bioenergia – dona de usinas de açúcar e álcool em Bocaina (SP) e em Maracaju (SP) ? entrou em combustão societária. O que mais chama a atenção são os protagonistas do enredo: BNDES, Previ e Petros, os principais cotistas do Fundo Terra Viva, que entrou no capital da empresa no ano passado após aportar R$ 86 milhões. Não obstante ser apenas sócio minoritário, com 17% das ações, o private equity vem imprensando a família Tonon contra a parede com o objetivo de aumentar o seu poder na gestão da companhia. O Terra Viva forçou a saída dos três conselheiros independentes que haviam sido contratados dentro do processo de profissionalização da Tonon ? Miguel Sampol, ex-Klabin, Luis Carlos de Carvalho e José Eduardo Pontes. Dois deles foram informados da decisão por telefone. As três cadeiras estão vagas há mais de dois meses, mas o fundo já manifestou a intenção de povoar o Conselho com representantes saídos das suas fileiras. O Terra Viva ? cuja missão é entrar em empresas do setor, promover a governança e preparar sua abertura de capital ? tomou um caminho torto na Tonon Energia. Em meio a  desgovernança instaurada na companhia, forçou recentemente a abrupta substituição do diretor financeiro. O que causou perplexidade entre a família Tonon foi a forma como a mudança ocorreu. Pelo acordo de acionistas, o private equity poderia indicar dois conselheiros e o diretor financeiro, mas, no segundo caso, jamais exerceu seu direito. No entanto, há cerca de dois que uma mera troca de nomes. O Terra Viva aproveitou a mudança para aumentar seu poder na empresa. Com a chegada de Bulio, a diretoria financeira incorporou as áreas de RH, suprimentos e controles agrícolas, tirando atribuições que estavam divididas entre os demais executivos. A interferência do fundo chegou a tal ponto que, há cerca de duas semanas, três dos principais diretores da Tonon entregaram seus cargos. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Tonon não quis se pronunciar sobre o assunto. Entre os integrantes da família Tonon, há quem enxergue uma tentativa deliberada do Terra Viva de esgarçar a relação societária e, desta forma, forçar a compra de uma participação maior na companhia, se possível fisgando o próprio controle. Por este raciocínio, o private equity teria caminho aberto para montar um colar de ativos no setor usando a Tonon como ponto de partida. A família, no entanto, está em uma encruzilhada, inclusive com divisões internas. Há quem defenda uma briga jurídica contra o Terra Viva. Uma parte do clã, no entanto, tenta colocar panos quentes no imbróglio, por conta dos empréstimos em aberto que a companhia tem com o próprio BNDES ? o banco liberou cerca de R$ 140 milhões para a construção da usina de Maracaju. A contenda entre os acionistas da Tonon Bioenergia ocorre justamente no momento em que a empresa dá flagrantes sinais de recuperação após a entressafra financeira de 2008 e 2009. A expectativa é de que a companhia fature neste ano cerca de R$ 600 milhões, contra R$ 280 milhões em 2008. No mesmo período, a relação dívida/Ebitda recuou de 8,1 para 2,93.

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