Ministério da Economia cogita usar reservas para abater dívida

  • 13/10/2021
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O ministro Paulo Guedes não deixou de namorar o uso de parte das reservas cambiais para abater a dívida interna bruta. Os estudos estão em curso na equipe econômica. Não é uma medida simples. O gasto das reservas para a redução da dívida carece de uma fundamentação mais rigorosa sobre a quantidade de moeda que poderia ser destinada sem impactar a percepção de segurança cambial do país.

Por exemplo: se os critérios adotados fossem os do Fundo Monetário Internacional (FMI), somente seria necessário o montante referente a quatro meses de importações. Pela média mensal deste ano no acumulado até a segunda semana de outubro (US$ 17 bilhões/mês), esse sarrafo equivaleria a aproximadamente US$ 68 bilhões. Na data da última segunda-feira, as reservas cambiais do Brasil correspondiam a US$ 368 bilhões. Portanto, os quatro meses sugeridos pelo FMI representam algo como 18% das reservas totais brasileiras, ou seja, nada que abale o lastro cambial do país.

Mesmo com o cenário do real pressionado (na última segunda-feira, o dólar bateu em R$ 5,54), os economistas consideram que é possível gastar um pouco mais do que o teto sugerido pelo Fundo Monetário. A título de exercício: se US$ 100 bilhões das reservas, ou seja, algo como R$ 550 bilhões, fossem utilizados para esse fim, o país abateria aproximadamente 8% da sua dívida bruta atual (hoje em R$ 6,85 trilhões). Com isso, a dívida ficaria abaixo do patamar de 80% do PIB. Mas há ônus e bônus.

O conturbado ambiente econômico internacional, a elevação das taxas de juros globais e o aumento das incertezas em relação ao balanço de riscos do Brasil tornam a medida arriscada. O Ministério da Economia tem que caprichar nas contas caso venha a se decidir pela ideia. Em tempo: há ainda um grupo de economistas keynesianos que prega o uso das reservas cambiais diretamente para o aquecimento da economia. A medida, contudo, exigiria a emissão de títulos públicos para esterilização dos reais emitidos e, portanto, aumento da dívida bruta interna. Tudo o que Paulo Guedes não deseja.

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