Fibria e Suzano encenam um teatro de papel no BNDES

  • 18/10/2013
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A recente coalizão entre os Ermírio de Moraes e os Feffer não passa de cenografia. a€ luz da manhã, Fibria e Suzano posam de aliados e lideram um tour de force para “ordenar” a implantação de novas fábricas de celulose no Brasil e evitar uma superoferta do produto; na penumbra da noite, protagonizam uma renhida disputa em que o único objetivo, de parte a parte, é puxar o tapete do outro. Conter a produção de celulose no Brasil? Só se for a do concorrente. A Suzano teria iniciado conversas com o banco em busca de financiamento para a instalação de uma fábrica no Piauí – o empreendimento, orçado em US$ 2,5 bilhões, já foi confirmado e adiado sucessivas vezes. Oficialmente, o projeto está suspenso, diz o próprio grupo. Mas, com o apoio do BNDES, tudo mudaria de figura. Do seu lado, a Fibria tenta arrancar da agência de fomento um empréstimo para a construção da segunda linha de celulose na fábrica de Três Lagoas (MS), ao custo de US$ 2 bilhões. Até aí, nada demais: a porta do BNDES está repleta de empresas em busca de financiamento – e nem poderia ser diferente. No entanto, há uma particularidade neste episódio que acentua a polarização e o clima de duelo entre Suzano e Fibria. Por conta exatamente do risco de excesso de oferta de celulose e também pela postura mais cautelosa da agência de fomento, as próprias empresas estão convictas de que dificilmente o BNDES apoiará simultaneamente a construção de duas novas linhas de produção. Um empreendimento automaticamente excluiria o outro. Ou seja: para Suzano e Fibria, é bola ou búrica. Diante do estreito funil, a disputa entre os dois “aliados” vem registrando golpes abaixo da linha de cintura. Executivos das duas empresas estariam protagonizando um jogo de intrigas nos bastidores do banco, tentando desqualificar o projeto da concorrente. “A fábrica de Três Lagoas tem problemas incontornáveis de logística que afetam a competitividade da operação”, diria a tropa da Suzano. “A unidade do Piauí é um descalabro do ponto de vista ambiental”, rebateriam representantes da Fibria. Enquanto os Feffer e os Ermírio de Moraes se digladiam pela preferência do BNDES, a família chilena Matte passou pela Avenida Chile sem fazer qualquer barulho. Com o luxuoso auxílio do governador Tarso Genro, a CMPC conseguiu um financiamento de R$ 2,5 bilhões para ampliar a capacidade da controlada Celulose Riograndense. Procurada, a Fibria não se pronunciou, alegando estar em período de silêncio. Já a Suzano afirmou que já manifestou, “em eventos recentes do setor”, sua posição em relação a  regulação de novos projetos para a produção de celulose. Disse ainda que não há qualquer aliança com a Fibria. Para todos os efeitos, não era o que parecia.

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