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BNDES assume o volante para a venda da Busscar

  • 20/12/2011
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O início do processo de recuperação judicial da Busscar pode representar uma guinada no itinerário da fabricante de carrocerias, que rumava, a cem por hora, na direção do penhasco. Pelo menos este é o consenso na diretoria do BNDES, que vem acompanhando praticamente sentada ao volante a longa agonia da empresa catarinense. Na última semana, teriam ocorrido duas reuniões do comando do banco para tratar exclusivamente do assunto. Na avaliação dos executivos da instituição, o novo cenário jurídico abre espaço para a venda integral do controle da companhia. Este sempre foi o desejo do BNDES, que está disposto a subsidiar a venda da Busscar mediante a compra de uma participação minoritária no capital, que pode chegar a 30%. Ainda que quisesse, dificilmente a agência de fomento poderia virar as costas para este ônibus desgovernado. O BNDES é o principal credor da companhia, o que, por si só, já o colocaria na posição de maior interessado na salvação da fabricante de carrocerias. Além disso, há um forte argumento social para que o banco participe desta caravana. O eventual fechamento da Busscar terá forte impacto sobre a economia de Joinville. Da noite para o dia, mais de 3,5 mil pessoas engrossarão os índices de desemprego do Ministério do Trabalho. A partir de agora, a prioridade do BNDES é usar de todo o seu peso para convencer os demais credores da Busscar a aprovar a venda integral da companhia e a aceitar um generoso deságio do passivo. O endividamento da empresa já estaria na casa dos R$ 700 milhões. Outro importante credor é o Santander, a quem a companhia deve mais de R$ 120 milhões. A recuperação judicial e a consequente posição do BNDES representam uma catarata de água fria para a Caio Industrial. Aproveitando- se da extrema fragilidade da Busscar, a empresa paulista já dava como favas contadas a compra dos equipamentos e da fábrica de Joinville por aproximadamente R$ 40 milhões. O negócio seria ótimo para a Caio, que pegaria o filé-mignon e deixaria quilos e quilos de pelancas para os credores e os funcionários. Com a disposição do BNDES de financiar a venda da fabricante catarinense, quem sobe na gangorra é a gaúcha Comil. A companhia sempre demonstrou interesse em ficar com toda a operação da Busscar, desde que o passivo fosse reduzido e ela tivesse no banco de carona a luxuosa companhia do BNDES. A Comil estaria disposta a manter os Nielson, fundadores da empresa, com uma pequena participação minoritária. Neste ponto específico, no entanto, a simetria de interesses com o BNDES não é a mesma. O comando do banco enxerga que a família demorou a entender a gravidade da situação e a aceitar a transferência do controle da companhia.

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