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Suzlon sopra o vento da discórdia entre Brasil e Ándia

  • 26/10/2012
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Há um grave contencioso nas relações entre Brasil e andia. No centro da pendenga está a Suzlon, entre as cinco maiores produtoras de turbinas eólicas do mundo e uma das principais fornecedoras de equipamentos para geradoras no Brasil. O governo da andia transformou a decisão do BNDES de expurgar a empresa da lista de credenciados do Finame em assunto de Estado. Tem feito gestões junto a s autoridades brasileiras, leia-se, sobretudo, Casa Civil e Ministério do Desenvolvimento, para reverter a determinação do banco. A alegação é que a sanção vai significar um duro baque na operação da Suzlon no Brasil, com perda de competitividade, aumento dos custos e consequente repasse para os preços finais e, sobretudo, cancelamento de investimentos. Os indianos estariam insinuando que a decisão teria sido resultado de um exitoso lobby feito por alguns dos principais fabricantes do setor instalados no Brasil, como GE e Wobben Windpower. Não obstante a entrada em cena do próprio governo da andia, é pouco provável que o BNDES volte atrás, sob pena de ele próprio desmoralizar as regras do jogo. A Suzlon foi defenestrada do Finame por não cumprir o índice de nacionalização de seus serviços e produtos entre 62% e 65% – condição sine qua non para assegurar o direito a  linha especial de crédito. Parte expressiva da carteira de pedidos da Suzlon no Brasil – que soma cerca de R$ 1,3 bilhão – está vinculada ao Finame. Mas o problema, claro, não é o passado, mas o presente. Segundo uma fonte da Pasta do Desenvolvimento, os indianos fizeram chegar ao governo a informacão de que teriam perdido dois contratos já engatilhados por conta do descredenciamento do Finame. O governo brasileiro tem optado por tourear a Suzlon, na expectativa de vencer o duelo por cansaço. A empresa, no entanto, garante que, se precisar assumir ela própria parte do financiamento de seus contratos no país, terá de cortar na carne. Vai rever a estrutura de custos para compensar a perda de rentabilidade E pior: com a bola preta no Finame, os indianos já teriam sinalizado que vão rever o plano de investimentos no Brasil, orçado em US$ 1 bilhão para os próximos três anos. Com isso, estariam na corda bamba a ampliação de seus dois complexos industriais no Ceará e a intenção da companhia de entrar como sócia de parques eólicos para garantir a venda de equipamentos. Procurada pelo RR, a Suzlon informou que “ainda aguarda um posicionamento do BNDES quanto ao descredenciamento”. Garante ainda que não haverá qualquer ” alteração em seu plano de investimentos no Brasil. Já o BNDES confirmou que a empresa foi descredenciada por não atingir os índices de nacionalização. O banco comunicou ainda que a Suzlon poderá voltar ao cadastro desde que “seu processo produtivo esteja dentro das exigências”.

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