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LBR sofre para misturar seus diferentes tipos de leite

  • 11/08/2011
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A mistura entre a experiência da GP Investimentos em fusões e aquisições, a tarimba de Marcus Elias na reestruturação de empresas e o conhecimento de Wilson Zanatta sobre o mercado de laticínios por enquanto está virando coalhada. O trio vem enfrentando sérias dificuldades no processo de integração da Lácteos Brasil (LBR), empresa criada a partir da associação da Monticiano (GP), da Laep (Elias) e da gaúcha Bom Gosto (Zanatta). As falhas na elaboração e na execução do plano de agrupamento das três companhias, sobretudo nas áreas industrial e logística, já fizeram, inclusive, sua primeira grande vítima. Apesar das negativas dos sócios, os problemas na integração teriam sido a gota d’água para a saída do executivo Fernando Falco, que presidiu a LBR até o início de julho. Nem mesmo o fato de ser egresso da Monticiano salvou a pele de Falco. Pelo contrário. A GP, dona da antiga empresa, teria sido a principal defensora da troca no comando da nova holding. Não há copo de leite morno que acalme a tensão entre os acionistas da LBR – grupo do qual também faz parte o BNDES, que aportou quase R$ 800 milhões na fusão. O cronograma de integração está fora dos trilhos. Uma das maiores dificuldades tem sido unificar as diversas culturas existentes dentro da companhia. A LBR é uma colcha de retalhos corporativos. Além das três empresas-mãe que deram origem a  holding, existem no mesmo bule outras oito indústrias de laticínios compradas pela Bom Gosto nos últimos dois anos e meio. Ou seja: tratase da integração da integração. Um dos principais desafios tem sido a reorganização da estrutura industrial. Inicialmente, a empresa decidiu fechar quatro fábricas. No entanto, este número deverá subir para oito. A companhia se deparou com um número maior de plantas industriais obsoletas e de complexa modernização, sobretudo na Região Sul. A gestão da LBR subavaliou também as sobreposições do sistema de logística das várias companhias que formaram o novo grupo. Resultado: os custos de integração deverão ser até 20% maiores do que as cifras inicialmente estimadas. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a LBR não quis se pronunciar. Os contratempos na construção da LBR coincidem com um período de vacas mais magras na empresa. Entre janeiro e julho deste ano, o faturamento médio da companhia caiu aproximadamente 10% na comparação com o mesmo período em 2010. Com isso, a não ser que haja um salto nas vendas até dezembro, dificilmente a LBR vai atingir a meta de fechar 2011 com faturamento acima de R$ 3 bilhões.

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