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Fabricantes de brinquedos arrumam suas peças societárias

  • 7/11/2012
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Um felpudo banco de investimentos, acostumado a brincar de pique em algumas das maiores operações financeiras do país, está com os dados na mão. Não vai jogálos com o universo, mas, sim, com o destino da indústria brasileira de brinquedos. A instituição pretende costurar um projeto de consolidação de quatro dos maiores fabricantes do setor. Sua intenção é colocar na mesma roda Bandeirantes, Gulliver, Grow e Estrela. Como “brinde”, o banco, obviamente, quer levar uma participação no capital da nova empresa. Brincadeiras a  parte, o assunto é sério. A operação surge como um potencial antídoto a  notória e crescente fragilidade do setor. Não obstante a sua tradição e a força das marcas Estrela, Grow, Bandeirantes e Gulliver, o próprio quarteto é um exemplo bem talhado do esfarelamento da indústria nacional de brinquedos. Estas empresas faturam por ano apenas R$ 400 milhões. Este número representa pouco mais de 10% das vendas totais de brinquedos no Brasil – o que reflete a pulverização do segmento e, sobretudo, o notório crescimento da participação dos produtos importados, leia-se “Made in China”. O efeito deste processo é uma brincadeira sem qualquer graça, caracterizada pela queda do nível de emprego na indústria de brinquedos, a perda da importância relativa do setor e, na última linha, a crescente sangria de divisas. Ressalte-se que a costura em questão não é das mais fáceis. As vaidades pessoais envolvidas na operação são grandes. No próprio banco de investimentos artífice da negociação, há um consenso de que os empresários do setor preferem seguir sendo donos, sozinhos, de um soldadinho de chumbo do que dividir o controle de um exército inteiro. A Estrela é vista como a peça mais difícil de ser encaixada neste puzzle societário. Carlos Tilkian, controlador da empresa, é considerado um personagem cheio de idiossincrasias. Que o diga o próprio BNDES, por onde, naturalmente, a operação deve passar, com a perspectiva de um reforço de capital. Há cerca de um ano, a agência de fomento sentou- se a  mesa com as mesmas empresas e um projeto similar. Esbarrou, principalmente, na pontiaguda Estrela. Tilkian teria condicionado a participação da empresa na operação a uma elevada fatia societária na nova companhia. Procurados, Estrela, Gulliver e BNDES não quiseram se pronunciar. A Bandeirantes negou qualquer negociação. Já a Grow não retornou.

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