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Política

Haddad dá sinais de incômodo com as seguidas trapalhadas do governo

13/03/2024
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A “reestatização” da governança da Vale e a interferência aberta na Petrobras têm incomodado Fernando Haddad. O ministro da Fazenda vem sendo o fiador das invencionices do grupo palaciano, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, à frente, seguido do inoperante ministro da Secom, Paulo Pimentel, e do ministro de Assuntos Institucionais, Alexandre Padilha, que, fora sua interlocução anódina com o Congresso, não consegue dar uma declaração capaz de distender as falas trapalhonas do chefe. Some-se a isso a resistência dos dirigentes das estatais em aderir a uma comunicação integrada e facilitadora da gestão do presidente Lula. No fim do dia, Haddad é o avalista quase solitário de toda essa disfuncionalidade.

Segundo uma fonte da cúpula do PT, é Rui Costa o principal responsável pelo anúncio das medidas intervencionistas do presidente Lula, que se embanana todo quando tem de explicar mudanças na política econômica. Haddad e Costa se bicam elegantemente, como se estivessem em uma mesa de chá de lordes ingleses. O fato é que toda a comunicação do governo relacionada à economia resulta em problema. Não que o eleitor dê pelota ao que acontece no andar de cima, mesmo porque as medidas populistas de Lula visam quase sempre a transferência direta ou indireta de renda para o bolso da população ou facilidades na qualidade de vida. Mas o ambiente, de uma maneira geral, fica permanentemente contaminado com a ideia de que o presidente está errando na mão – problema este agravado pela incapacidade da Secom de mudar a percepção da opinião pública – ver RR.

A orientação de que as ações do governo sejam todas direcionadas para adequação à energia renovável simplesmente é ignorada. Esse deveria ser o maior mote da comunicação do governo, justificando até a ida do mandatário aos canais de televisão no horário nobre. O “Brasil Verde” é um ativo de enorme valor que está sendo depreciado. A incompetência impera. E “amassa” Haddad, que pode vir a se tornar um ministro mais poderoso do que Paulo Guedes, não por atitude própria, mas por circunstâncias que fogem ao seu controle, notadamente a ausência de outros quadros de prestígio na gestão Lula. O ministro da Fazenda carrega sobre os ombros a missão de representar o governo em todos os caldeirões fumegantes. Haddad já dá sinais de cansaço. Seu incômodo é alimentado por vários fatores: por um lado, o ego da tecnoburocracia do PT; por outro, o trabalho de desconstrução permanente dos ministros palacianos; e, finalmente, a incompetência da comunicação do governo.

Um teste será a decisão e capacidade do BNDES de fazer do “Nova Indústria Brasil” um “Plano Real” do setor. Caberá ao banco explicar, analisar, destrinchar em minudências a estratégia para a indústria, tal qual fizeram os pais do Real por quase um mês – ver RR. Por enquanto, a nova política industrial é só uma carta de intenções. E tome lambada por parte dos ortodoxos, da Faria Lima e da classe média, que reproduz o que lê e ouve nas mídias. Mas, Senhor, esta última não sabe o que faz. Pelo menos, se serve de consolo, Janja está calada.

#Fernando Haddad #Petrobras #Reestatização #Vale

Destaque

Governo enxerga Cemig como uma fagulha para a reestatização da Eletrobras

15/01/2024
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A federalização da Cemig surge como a peça que faltava para a gestão Lula avançar em uma promessa de campanha, quase um fetiche: a reestatização da Eletrobras. A Casa Civil e o Ministério de Minas e Energia têm feito simulações em cima de diferentes cenários. Uma das fórmulas que fervilham nos tubos de ensaio do governo passa por uma capitalização da ex-estatal federal. Nesse caso, a Cemig teria um papel-chave nessa engenharia. A AGU já teria sido encarregada de elaborar um parecer sobre a possibilidade de o governo usar a empresa mineira como moeda na operação. Ou seja: o aporte de capital da União se daria com a incorporação dos ativos da Cemig pela Eletrobras. A depender da precificação das duas empresas e da decisão dos demais acionistas em acompanhar ou não a chamada de capital, o governo poderia sair dessa operação com uma participação acionária maior na Eletrobras, eventualmente até mesmo com uma posição majoritária. Em toda essa engrenagem, ressalte-se, há um fio que leva ao STF. A menor ou maior probabilidade desse cenário ocorrer está indexada à decisão do Supremo em relação ao processo movido pela AGU. O que está em jogo é a trava imposta pela Lei 14.182/2021, que autorizou a privatização da Eletrobras. Não obstante deter 43% do capital da companhia, a União só tem poder de voto equivalente a 10%. Se o Supremo decretar a inconstitucionalidade do dispositivo, o governo terá a faca e o queijo na mão para aprovar uma chamada de capital da Eletrobras.

O Plano A, B, C, D e E do governo é a retomada do mando de campo na Eletrobras. Mas o ideal e o real, por vezes, caminham no paralelo. A iminente federalização da Cemig, a partir do acordo de renegociação da dívida de Minas Gerais com a União, abre outras possibilidades. No caso de uma derrota no Supremo e na inviabilidade de costurar a capitalização da ex-estatal, um dos caminhos que se apresentam seria fazer da Cemig a “nova” Eletrobras. Ao assumir o controle da empresa mineira, o governo federal passaria a ter nas mãos uma estatal de energia com negócios em geração e distribuição. Ou seja: voltaria a dispor de um agente para fazer políticas públicas no setor elétrico. A Cemig reúne 89 usinas geradoras, com capacidade instalada em torno de 6 gigawatts, o correspondente a 15% da produção de energia da Eletrobras. Seria um ponto de partida. O governo poderia pedalar não só o crescimento como a nacionalização da companhia, estendendo sua atuação a outros estados. A empresa seria também um instrumento estratégico para investimentos estatais em transição energética. Ou seja: a Cemig pode ter mil e uma utilidades para o governo.

#Cemig #Eletrobras #Reestatização

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