Magnesita se abriga sob a marquise do BNDES

  • 16/08/2010
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O presidente da Magnesita, o ex-Telemar Ronaldo Iabrudi, grudou feito tatuagem no BNDES. Sua missão é arrancar o apoio do banco aos planos da empresa de montar um colar de ativos no exterior. Iabrudi leva como bandeira o projeto de criação de uma grande fabricante mundial de refratários, com controle nacional, operações industriais em diversos países e musculatura suficiente para almejar a própria liderança global do setor ? discurso que se encaixa a  perfeição na atual política da agência de fomento. Várias possibilidades estão sendo estudadas. As hipóteses sobre a mesa de negociações vão da compra de fabricantes de médio porte a um passo bem mais ousado: uma associação com a austríaca RHI, segunda maior fabricante de refratários do mundo. A participação do BNDES garantiria uma espécie de “financiamento-calço”, isto é, recursos que permitiriam a  Magnesita colocar mais dinheiro na operação e, desta forma, compensar a distância que a separa da RHI ? o grupo fatura, por ano, cerca de US$ 1,8 bilhão, 50% a mais do que a empresa brasileira. Esta engenharia possibilitaria a  companhia ter uma posição de igualdade no caso de uma fusão com os austríacos. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Magnesita não se pronunciou até o fechamento desta edição. Além de buscar o apoio do BNDES, a Magnesita estuda alternativas para se capitalizar via mercado e garantir o projeto de internacionalização. Por sinal, adviser para a operação é o que não falta dentro da própria empresa. Boa parte dos componentes da diretoria e do Conselho de Administração tem ligações com a GP Investimentos, controladora da companhia. A compra de empresas menores é uma opção, mas o alvo para valer é a associação com a RHI. A Magnesita se transformaria na maior produtora de refratários do mundo, com fábricas na Europa, Estados Unidos, asia e africa e faturamento anual superior a US$ 3 bilhões. A atual líder, a belga Vesuvius, fechou 2009 com receita em torno de US$ 2,5 bilhões. As conversas entre a Magnesita e o BNDES passam pelo aumento da participação do banco no capital da empresa. Em 2009, quando a fabricante de refratários passou por solavancos financeiros decorrentes da crise mundial, o banco desembolsou R$ 56 milhões para ficar com 3% das ações. Entre as partes, há um consenso de que o BNDES se tornou um personagem-chave para o próprio futuro da Magnesita. Com o apoio da instituição, a companhia se credencia ao posto de consolidadora de ativos no mercado internacional; sem ele, corre o risco de passar ao outro lado do balcão e se transformar em uma presa em potencial tanto para a Vesuvius quanto para a própria RHI. Sozinha, a Magnesita se ressente da falta de fôlego suficiente para retomar o projeto de internacionalização deflagrado em 2008. a€ época, comprou a alemã LWB no que prometia ser a primeira de uma série de aquisições no exterior. A crise econômica, no entanto, abalroou seus planos. O passivo se multiplicou, em parte em razão da alavancagem para a própria aquisição da LWB. Em poucos meses, a Magnesita ganhou a pecha de um dos piores negócios já feitos na história da GP. A empresa teve de mergulhar em uma drástica reestruturação e uma tensa renegociação com os credores, a começar pelo JP Morgan, principal financiador da compra da LWB. Ainda carrega uma dívida em torno de R$ 1,4 bilhão, o equivalente a quase 70% do patrimônio líquido.

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