Manual de guerrilha para lidar com Dilma

  • 3/02/2014
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A presidente Dilma Rousseff não é uma esfinge cheia de enigmas, mas também está longe de ser um monólito turrão e previsível, conforme tentam publicizar alguns interessados. É preciso jeitinho e algum improviso para lidar com Dilma. Alguns interlocutores, contudo, já desvenderam os segredos para transformar uma audiência seca em uma conversa bem palatável e proveitosa. Seguem algumas preciosas dicas colhidas junto a prosadores regulares da mandante da República: I. Jamais insinuar qualquer gestão de Lula. Primeiro porque é deselegante. Depois, porque suscita, subliminarmente, um acordo do início do governo Dilma, quando o ex-presidente tinha o compromisso, junto com sua turma, de descascar os maiores abacaxis. II. Não comentar sobre os grandes projetos do BNDES, que estão em sua maioria na conta do ex presidente Lula, não obstante a concordância técnica com os investimentos da parte de Luciano Coutinho. Dilma não montaria em alguns dos cavalos vencedores. III. Não explicitar o interesse da pessoa jurídica individualizada. A manifestação deve ser feita em nome do setor ou do interesse nacional. IV. Se a presidente disser “Então, está bem, estamos combinados…”, desista do pedido. Se ela disser “Fulano de tal entrará em contato para que tomemos as providências…”, pode comemorar que o discurso funcionou. V. Dilma não gosta de ouvir o zumbido das vozes aceleradas e intermitentes. Se a presidente silenciar, dando a entender que escuta com atenção, é porque não está nem aí para os conversadores. VI. Se você for empreiteiro, petroquímico, siderurgista ou tiver negócios na área de energia, saiba que é bem chegado. Caso não seja, faça de conta que tem interesse ou conhecimento dos assuntos destes setores. VII. Dilma não gosta de financistas, banqueiros, smarts do mercado de capitais e derivativos. Do setor financeiro, só aprecia duas instituições. Nenhuma delas é conhecida como o “banco dos engenheiros”. VIII. Não faça em hipótese alguma qualquer alusão negativa a Lula – é óbvio -, Maria das Graças Foster, Gleisi Hoffmann, Miriam Belchior, Alozio Mercadante e, pelo menos até outubro, Guido Mantega. IX. Por falar em Guido Mantega, a presidente entende as críticas ao ministro da Fazenda como se fossem dirigidas a ela também, ministra da Fazenda de fato. As assertivas contra as trapalhadas de Mantega acabam sendo transferidas diretamente para a conta dela. X. Se for discordar de Dilma, faça com um cuidado danado, mesmo quando munido de planilhas, relatórios e demonstrativos. Ela simplesmente não gosta. E se alguém contraditar, dizendo que ela tem o hábito de consultar opiniões diferentes, duvide. Para dar um exemplo, os antípodas Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto, na frente da presidente, parecem que concordam entre si e também com a essência de tudo que ela disser. XI. Se Joaquim Barbosa for mencionado, elogie-o com muita sutileza, bem de leve, como se uma pluma estivesse antecedendo o verbo. Dilma vai gostar.

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