Câmbio acende o sinal no painel do BC

  • 22/11/2019
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O problema pode não ser para o curto prazo, mas já acendeu a luz amarela na área cambial do Banco Central. São quedas de reservas (devido à venda de moeda para tentar segurar as cotações), o risco de formação de um déficit estrutural da balança comercial e o pior fluxo cambial para o mês de outubro desde o início da série histórica. Nunca saiu tanto dinheiro do Brasil. O Brasil está perdendo dinheiro com swaps cambiais e com as reservas internacionais, devido à desvalorização do real. A saída de capital estrangeiro das bolsas acumula o maior volume desde 1999, o pior ano da série.

Superou com razoável distância o êxodo de 2008, ano da famigerada crise dos subprimes. O dinheiro tende a sair mais devido ao ciclo de saúde monetária. Como todo bem traz seu mal junto também, a queda expressiva da taxa de juros está secando o dinheiro que vinha buscar as altas rentabilidades do carry trade. O nó pode aumentar na medida em que, à exceção das velhas e boas commodities, o Brasil está reduzindo sua pauta de produtos industriais tradables e parece ter desistido de vez de outros negócios geradores de divisas, a exemplo da exportação de serviços. Sob esse aspecto, o investimento direto em infraestrutura é benéfico no curto prazo e arriscado no longo, na medida em que as concessões e privatizações, passado o tempo, em sua esmagadora maioria, são exportadoras de dinheiro do Brasil, por intermédio da remessa de lucros, e não trazem nada do exterior.

Quanto ao impacto na competitividade das exportações, talvez o maior benefício econômico do investimento em infraestrutura, é preciso aguardar para ver o quanto de mau trato o governo ainda vai proporcionar à indústria. Segundo dados do jornal Valor Econômico de 18 de novembro, o déficit comercial da indústria, neste ano, deve ser quase 10 vezes maior do que o de 2018 – o déficit total da balança comercial deve encolher pelo terceiro ano. O perigo de um caráter estrutural é que o déficit cambial fabril não se deve às importações, que estão baixas, mas às exportações industriais, que estão baixíssimas.

O déficit, a depender de Bolsonaro & Guedes, tendem a largar, com o estigma da política industrial, o homicídio do BNDES e a suspensão de tarifas sobre importações. Para o ministro da Economia é tudo bullshit. Quem tem reservas cambiais do tamanho das nossas não tem porque se preocupar. Antes mesmo do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sentar-se à cadeira, Paulo Guedes já tinha disparado que se o dólar subir entre “R$ 4,00 e R$ 5,00,” ele injetaria reservas no mercado, comprando moeda e ganhando uma grana para o país. O dólar está cotado a R$ 4,20. Resta ver o tamanho do intervalo a que se referiu o ministro e se ele tem mesmo garrafas para vender.

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