Cristália rascunha a bula do

  • 6/12/2013
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O Cristália, ao que parece, se impregnou com as teses do BNDES e quer virar um “cavalo vencedor”. A companhia tem se dedicado ao projeto de criação de um “superlaboratório” nacional, que surgiria da associação com outros fabricantes do setor. Segundo um executivo que participa das gestões, as conversas envolvem mais três farmacêuticas. De acordo com a mesma fonte, o principal candidato a entrar no frasco é o Libbs, dono de uma fábrica na cidade de Embu (SP). Num exercício hipotético, pegando-se apenas o Cristália e o Libbs, a nova empresa nasceria com um faturamento anual próximo de R$ 2,5 bilhões. Ou seja: a companhia já sairia da pipeta sendo um dos cinco maiores fabricantes de medicamentos do país, com aproximadamente 5% das vendas totais do setor. Procurado, o Libbs informou “desconhecer o assunto”. Querer tornar-se uma consolidador é um direito, mas fazê-lo é uma danação. Ogari Pacheco, dono do Cristália, não é bem quisto no BNDES. Os dirigentes da agência de fomento têm bem guardada na memória a desfeita do empresário. Após meses de duras negociações e com o projeto publicamente anunciado, Pacheco abandonou o capital do Orygen, uma das duas grandes fabricantes de biossimilares criadas sob os auspícios do BNDES. Aliás, a carapuça de desertor também veste o Libbs, que participava da operação e, assim com o Cristália, esperou o barco zarpar para pular fora. No BNDES, que já jogou para escanteio a tal política dos cavalos vencedores, os propósitos de Ogari Pacheco são vistos como um desejo fora da linha do tempo. Além, é claro, das intenções duvidosas com as quais o empresário é identificado. A tentativa de montagem de um “superlaboratório” nacional não passaria de um blefe para valorizar o passe do Cristália e vender o controle da companhia. Pacheco, 75 anos, não tem herdeiros com perfil para tocar o negócio, embora um de seus quatro filhos, Ricardo Pacheco, integre o Conselho de Administração. O empresário também não tem sócios participativos na gestão.

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