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Negócios
Será mesmo que Benjamin Steinbruch vai realizar esse prejuízo?
18/09/2024Caso mantenha a intenção de, enfim, reduzir sua participação na Usiminas até o início de 2025 – conforme informou o Pipeline, do Valor Econômico, no dia 27 de agosto, a CSN realizará um respeitável prejuízo. A título de ilustração: em abril de 2011, quando a empresa de Benjamin Steinbruch montou grande parte da sua posição no capital, a ação da siderúrgica mineira estava cotada ao equivalente a US$ 10,01. Hoje, o papel vale o correspondente a US$ 1,11. Ou seja: a Usiminas perdeu quase 90% do seu valor de mercado em moeda forte.
Mesmo neste ano, a CSN teve momentos muito mais propícios para diminuir sua participação na Usiminas de 12,9% para 5%, conforme determinação do Cade. Em fevereiro, o papel chegou a ser negociado na casa dos R$ 10. Hoje, está parado nos R$ 6. E a probabilidade de um salto até o começo de 2025, o tal deadline da CSN, é ínfima. Resumo da ópera: a não ser que Benjamin Steinbruch tenha alguma carta na manga – o que tratando-se de quem se trata até seria possível -, esse é um caso em que o fígado do empresário tem tudo para fazer mal ao seu próprio bolso. É o preço do fel trocado entre Steinbruch e a Ternium, controladora da Usiminas.
Destaque
Quanto vale a escória da Usiminas para Benjamin Steinbruch?
22/08/2024As tratativas para a redução da fatia de Benjamin Steinbruch no capital da Usiminas seguem uma desgastante dinâmica há quase dez anos: para cada metro de avanço, um quilômetro de retrocesso. Neste momento, em meio às hostilidades de sempre entre a CSN e a Ternium, controladora da siderúrgica mineira, surge uma possível moeda de troca, capaz – quem sabe? – de fazer com que as conversas engatassem.
A moeda em questão é a escória de aciaria produzida pela Usiminas a partir da fabricação de aço – cerca de 600 mil toneladas por ano. Trata-se de um insumo de razoável valor, que poderia entrar em uma composição para a venda de parte das ações de Benjamin na siderúrgica. Nesse caso, o acordo envolveria não apenas pagamento em dinheiro, mas também a garantia de entrega de escória à CSN.
Procurada pelo RR, a empresa não se pronunciou. Ao menos em tese, essa equação parece fazer sentido. A escória é um dos principais insumos para a fabricação de certos tipos de cimento. No caso do cimento Portland Pozolânico, a proporção varia de 15% a 50%. Já na produção do Portland de Alto-Forno, a escória tem um peso ainda maior na composição, de 35% a 75%.
A CSN não divulga publicamente os dados, mas sabe-se que a maior parte da escória usada pelo grupo em suas fábricas de cimento sai da usina siderúrgica de Volta Redonda. No entanto, sua demanda pelo produto tende a aumentar caso feche a compra da Intercement, o braço cimenteiro na Mover Participações, ex-Camargo Corrêa. Com a eventual aquisição, a CSN dobraria de tamanho na indústria cimenteira, pulando de 17 milhões para mais de 34 milhões de toneladas por ano.
Seriam ao todo 23 plantas industriais, já contando as 15 da Intercement no Brasil que seriam incorporadas. Ao contrário da CSN, a empresa das herdeiras de Sebastião Camargo depende de terceiros para assegurar o suprimento de escória. Entre seus fornecedores estão a própria Usiminas, ArcelorMittal e Gerdau, além de usinas siderúrgicas de menor porte.
Ou seja: é uma permanente briga no mercado. A Intercement está mais sujeita a variações de preço e de oferta da matéria-prima. Não custa lembrar que a garantia de suprimento de escória para a produção de cimento foi uma das razões que, no passado, levaram a Camargo Corrêa e a Votorantim a entrarem no capital da Usiminas – ambas acabariam vendendo suas participações para a Ternium em 2011.
Amistosidade e diálogo não são exatamente componentes predominantes na convivência entre os acionistas da Usiminas. Por mais que esse modelo possa destravar o imbróglio societário, não se trata de uma costura simples. Há uma década, o Benjamin Steinbruch dribla a decisão do Cade e da própria Justiça, que o obrigaram a reduzir sua participação na Usiminas de 12,9% a menos de 5%.
Benjamin é vidraça, mas, como todos sabem, se sente muito mais confortável no papel de pedra. O empresário cobra da Ternium uma indenização de R$ 5 bilhões, sob a acusação de que o grupo ítalo-argentino descumpriu a lei ao entrar no capital da Usiminas e não realizar uma oferta para aquisição das demais ações da empresa. Recentemente, Benjamin teve uma vitória de peso: a Terceira Turma do STJ concedeu uma decisão favorável ao seu pleito de ressarcimento, o que só acirrou o clima entre os sócios da Usiminas. A Ternium ameaça rever seu investimento no Brasil caso perca a disputa para a CSN.
Paralelamente à questão da Usiminas, neste momento Benjamin Steinbruch joga um jogo da maior relevância para o futuro da CSN. Com a compra da Intercement, o market share da empresa no setor cimenteiro saltaria de 20% para algo em torno de 35%. O mundo e suas voltas…
Quase três décadas depois de Benjamin Steinbruch impor uma dura derrota a Antônio Ermírio de Moraes na privatização da Vale, o empresário e o clã travam uma nova disputa. A Votorantim nunca correu tanto risco de ser desbancada do topo da indústria de cimento no Brasil. Se a CSN incorporar a Intercement, a distância entre ambas ficaria no photochart. Hoje, a empresa dos Ermírio de Moraes soma aproximadamente 37% do mercado.
Há ainda um componente de ordem conjuntural capaz de acirrar ainda mais esse
embate pela pole position do setor cimenteiro. Não obstante a queda de 1,7% nas vendas em 2023, quando comparado ao ano anterior, esse é um mercado que tem tudo para crescer em um ritmo significativo nos próximos anos. O PAC, com suas quase dez mil obras, tem tudo para ser um “devorador” de cimento. Para não falar das mais de cinco mil obras públicas inacabadas em todo o país, que, segundo o presidente Lula, são prioridade do seu governo.
Empresa
Enquanto Ternium e Benjamin Steinbruch duelam, Nippon Steel contabiliza suas perdas
2/08/2024Está difícil segurar a irritação dos japoneses da Nipon Steel com os rumos da Usiminas. Nem poderia ser diferente. Enquanto Ternium e Benjamin Steinbruch se digladiam, a empresa derrete em seu próprio alto-forno, com seguidos prejuízos e queda de receita. Nesse ritmo, os ítalo-argentinos e Steinbruch vão acabar brigando por um pedaço de tarugo. O que se diz no setor é que a Nippon Steel está insatisfeita também com a gestão do CEO da Usiminas, Marcelo Chara, homem de confiança da Ternium – o executivo foi presidente da subsidiária do grupo no Brasil. Por essas e outras, os japoneses já diminuíram sua fatia societária na Usiminas, com a venda de 9,3% para os próprios ítalo-argentinos, em março de 2023. E flertam com a ideia de reduzir ainda mais a sua posição na companhia – vide RR. Cabe lembrar que das quatro grandes siderúrgicas que atuam no Brasil, a Usiminas é aquela que apresenta os piores resultados financeiros da última década, quando comparada com CSN, ArcelorMittal e Gerdau – conforme levantamento feito pelo RR.
Destaque
Nippon Steel quer reduzir sua exposição ao “risco Usiminas”
9/02/2024Nova mudança à vista no bloco de controle da Usiminas. O RR apurou que a Nippon Steel avalia reduzir ainda mais sua participação na empresa, hoje de 22,7% do capital total. Em março de 2023, os japoneses venderam o equivalente a 9,7% para a Ternium, maior acionista da siderúrgica mineira. Se, no passado, os dois principais sócios da companhia protagonizaram um dos grandes contenciosos empresariais do país, hoje suas intenções parecem convergir.
De um lado, está a Ternium, com a sua fome de comprar; do outro, a Nippon Steel, com a vontade de vender. Ao que tudo indica, para o grupo asiático, a importância estratégica de ter uma parcela expressiva da Usiminas se tornou relativamente menor vis-à-vis os custos envolvidos. No setor, a empresa mineira é tida como a mais frágil entre as grandes siderúrgicas do país. Sua reduzida diversificação de produtos a torna mais vulnerável a circunstâncias conjunturais adversas.
A companhia é uma das mais afetadas pelo aumento da entrada de aço chinês no Brasil – no mês passado, o CEO, Marcelo Chara, falou publicamente da possibilidade de desligamento do alto-forno 2 de Ipatinga por conta da concorrência com o produto asiático. Das grandes siderúrgicas nacionais, a Usiminas é também a que apresenta seguidamente os menores resultados financeiros – como mostra levantamento publicado recentemente pelo RR (https://relatorioreservado.com.br/noticias/usiminas-e-a-lanterninha-do-aco-brasileiro/). Outro fator que pesa na balança é o risco jurisdicional que a Usiminas carrega – o que, em boa parcela, também pode ser chamado de “Risco Benjamin Steinbruch”. Com 14% das ações ordinárias, o dono da CSN é um enclave societário na companhia mineira basicamente com uma função: criar instabilidade e tensão.
Há anos, Steinbruch cobra o suposto direito de tag along. O imbróglio remonta a 2011, quando a Ternium comprou a participação do Votorantim e da Camargo Corrêa. Em março do ano passado, o STJ decidiu que a operação não configurou troca de controle e, portanto, não disparou a necessidade de Oferta Pública de Aquisição (OPA).
A CSN recorreu e o assunto segue ricocheteando nos tribunais. Na paralela, em novembro a 11ª Vara Cível de Belo Horizonte determinou que a empresa de Benjamin Steinbruch deve vender sua participação na Usiminas em até 12 meses. E ainda tem o Cade, que proibiu a CSN de exercer direitos políticos na siderúrgica mineira.
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Benjamin Steinbruch, perdeu, playboy
21/03/2022O setor de siderurgia no Brasil parece uma fênix: morre para renascer e renasce para morrer. Há coisa de uma década, dizia-se à boca comum que a indústria nacional ia acabar. Foi naquele momento que se chegou a cogitar uma onda de consolidações, na qual o líder natural seria o “Barão do Aço”, Benjamin Steinbruch. A verdade é que Steinbruch foi bem além da intenção e buscou movimentos consistentes para ampliar os seus domínios, mais precisamente o que seria uma fusão CSN-Usiminas.
O empresário entabulou diversas conversas com a siderúrgica mineira e chegou a comprar um naco expressivo de ações da companhia. O negócio não prosperou devido à resistência da Nippon Steel e da Ternium, os dois maiores acionistas da Usiminas. Além da consolidação das usinas, havia ainda um negócio de razoável interesse para ambas as companhias: as suas respectivas operações de minério de ferro, então mantidas à margem e que devidamente reunidas poderiam dar uma origem a uma “Valezinha”, para não citar os ativos portuários próprios, entre outros negócios. Mas não deu.
Se esse projeto tivesse sido levado adiante, hoje a CSN-Usiminas seria um mastodonte, com uma competitividade brutal. As duas juntas somam 16 milhões de toneladas de capacidade instalada na siderurgia, uma receita anual superior a R$ 60 bilhões e Ebitda em torno de R$ 17 bilhões – a números de 2021. Não seria nada incomum, não fossem o Cade e óbices regulatórios, que esse tiranossauro rex passasse a comprador da Gerdau e da Arcelor Brasil.
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Minoritários da Usiminas são só um detalhe
27/02/2020A reeleição de Sergio Leite para a presidência da Usiminas tornou-se um case de “desgovernança” corporativa. Nippon Steel e Ternium, que dividem o controle da siderúrgica, teriam anunciado a recondução de Leite ao cargo sem referendo do Conselho e sem comunicação prévia aos empregados da empresa, também acionistas e com dois representantes no board. Foi por esta razão que, dois dias depois, a companhia correu para desdizer o que havia dito, informando que a indicação de Leite ainda não foi aprovada. Consultada pelo RR, a Usiminas limitou-se a dizer que “as informações sobre o tema constam dos comunicados divulgados”.
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Gerdau bate em retirada do Canadá e do México
26/12/2017Os Gerdau estão desmontando o seu “Nafta da siderurgia”. Segundo o RR apurou, o Grupo Gerdau abriu conversações para a venda de suas duas usinas de aços longos no Canadá. Em outra raia, avançam as negociações para a transferência das duas fábricas no México. Neste caso, o principal candidato seria a Ternium, leia-se a ítalo-argentina Techint, sócia da Usiminas. Estima-se que a alienação das quatro unidades possa gerar mais de US$ 500 milhões. Depois da venda da espanhola Sidenor, a operação é o ponto mais agudo do processo de desmobilização de ativos da Gerdau no exterior. O eixo Estados Unidos/Canadá/México sempre foi o núcleo duro da operação internacional do grupo. Sobrarão os Estados Unidos – se bem que até por lá a Gerdau já vendeu cinco minimills.
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Alto-forno
22/08/2017Segundo o RR apurou, a Ternium pretende apresentar em novembro o novo plano estratégico da recém-adquirida Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Nos corredores da CSA, o temor é que a primeira “estratégia” dos ítalo -argentinos seja um programa de demissões. Consultada, a Ternium limitou-se a dizer que a aquisição da CSA ainda “está em processo de aprovação no Cade”.
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Usiminas declara guerra à Sumitomo
2/03/2017Em um raro momento de sintonia entre Nippon Steel e Ternium, a Usiminas vai entrar na Justiça contra a Sumitomo. O contencioso tem origem na Mineração Usiminas (Musa), joint venture entre a siderúrgica e a trading japonesa. Dona de 30% da mineradora, a Sumitomo vetou a proposta de redução em R$ 1 bilhão do capital da empresa apresentada pela Usiminas – detentora dos 70% restantes.
A siderúrgica mineira acusa a sócia de abuso de poder. A Sumitomo, por sua vez, alega que a operação só pode ser realizada com a anuência dos dois acionistas. Os japoneses já deixaram claro que não estão dispostos a financiar, por via indireta, as dívidas da Usiminas. Na prática, a redução do capital da Musa geraria R$ 700 milhões de caixa para a siderúrgica mineira.
Procurada, a Usiminas nem confirmou nem negou a ação judicial. Limitou-se a informar que “acredita que terá acesso aos recursos de sua subsidiária Musa no prazo acordado com os credores”. O pragmatismo falou mais alto. Em permanente estado de conflito, Nippon Steel e Ternium identificaram na Sumitomo um oponente em comum. O veto à redução do capital social da Musa é um duro revés.
Os recursos são fundamentais para o esforço de repactuação do passivo da Usiminas. A companhia pretende usar os recursos para amortizar débitos bancários, notadamente com BNDES, BB e Itaú Unibanco. Inicialmente, a direção da Usiminas cogitou entrar com um processo de arbitragem. Mas a intransigência da Sumitomo fez com que a siderúrgica se decidisse por levar o caso diretamente à Justiça.
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Divisão panzer
2/01/2017O investidor e minoritário Lírio Parisotto está decidido a retornar ao Conselho da Usiminas. Promessa de mais lenha na fogueira da Ternium e da Nippon Steel. A balança de Parisotto pende para o lado dos japoneses.
Acervo RR
Divisão panzer
2/01/2017O investidor e minoritário Lírio Parisotto está decidido a retornar ao Conselho da Usiminas. Promessa de mais lenha na fogueira da Ternium e da Nippon Steel. A balança de Parisotto pende para o lado dos japoneses.
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Redenção siderúrgica
7/04/2016Benjamin Steinbruch dá como favas contadas seu ingresso no bloco de controle da Usiminas se a cisão entre a Ternium e a Nippon Steel se confirmar. Esse movimento pode significar a redenção da siderúrgica mineira e da CSN.
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Ternium já está com um pé na porta da Usiminas
25/05/2015A Ternium está prestes a se tornar o HSBC da siderurgia. O grupo já não consegue mais manter entre quatro paredes as discussões em relação ao seu futuro no Brasil. Por uma fresta da Usiminas vaza a informação de que os ítalo-argentinos amadurecem a ideia de vender sua participação e deixar o país. As semelhanças com o banco inglês, é bom ressaltar, param por aí. Se o maior adversário do HSBC no Brasil sempre foi o próprio HSBC e sua impressionante letargia, no caso da Ternium o inferno são mesmo os outros. Poucas vezes uma corporação conseguiu reunir contra si um exército de inimigos tão poderoso: Nippon Steel, Benjamin Steinbruch, minoritários e empregados da Usiminas e o governo. Cada um a seu modo, todos odeiam a Ternium e trabalham para ejetá-la da companhia mineira. Por maior que sejam a musculatura financeira e a disposição para o embate dos herdeiros do mítico siderurgista Agostino Rocca, como duelar com uma conjunção de forças dessa magnitude? Para os ítaloargentinos, está difícil encontrar uma solução que não seja uma honrosa saída do front. Os ataques a Ternium vêm de todos os lados. A Nippon Steel usa farta munição para fazer valer a sua histórica posição na Usiminas. Trata-se de um negócio absolutamente estratégico, que transcende as fronteiras corporativas e carrega forte simbolismo. O desembarque na empresa, ainda na década de 50, foi um dos primeiros grandes investimentos do Japão na área de siderurgia após a Segunda Guerra Mundial. A associação é tratada por Tóquio como um assunto de Estado. O primeiro-ministro Shinzo Abe tem feito intensas gestões junto ao governo brasileiro para salvaguardar os interesses da Nippon Steel na Usiminas. Além do apoio de importantes minoritários da Usiminas, como Lírio Parisotto, a Nippon Steel tem a seu lado Benjamin Steinbruch. O empresário manobra de um lado para o outro da pista com o objetivo de driblar os obstáculos impostos pelo Cade. Dona de 12% das ONs da companhia mineira, a CSN está impedida de exercer seu voto no bloco de controle e ainda terá de se desfazer da sua participação até 2018. Seria um impeditivo intransponível não fossem as pressões que vêm do Olimpo. O governo também não morre de amores pela Ternium. Até porque a contrapartida para a desafeição é das mais convenientes: a saída do grupo ítaloargentino e o aumento da participação de Steinbruch abririam espaço para a associação entre a CSN e a Usiminas e a criação de uma grande produtora de aços planos. Seria um cavalo vencedor a feição das políticas praticadas pelo BNDES. Não satisfeita em ter tantos rivais, a Ternium também arruma os seus próprios problemas. Os sucessores de Agostino Rocca, um homem forjado na Itália de Mussolini, não são os anjos da Capela Sistina. A imagem do grupo ítalo-argentino no Brasil está vinculada ao que há mais de reprovável na história recente da Usiminas: manobras jurídicas abaixo da linha da cintura, gastos demasiadamente altos com gestores que ela própria indicou, denúncias de superfaturamento na venda de aço. Há quem diga que a própria tática da Ternium de estressar ao máximo a contenda com os demais acionistas teria como objetivo aumentar o problema para valorizar o preço da solução, ou seja, a venda de suas ações na companhia. A convivência se tornaria tão insuportável que o ágio a ser cobrado compensaria, e muito, a redução do valor patrimonial. A conferir.
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Mais um round no MMA da siderurgia
5/03/2015Mais um round no MMA da siderurgia: se a Nippon Steel exige que os três executivos indicados pela Ternium e afastados da gestão – Julián Eguren, Paolo Bassetti e Marcelo Chara – devolvam os bônus que receberam de forma supostamente irregular, os ítalo-argentinos cobram o retorno de parte dos valores pagos pela siderúrgica mineira aos japoneses a título de transferência de tecnologia. A Usiminas desembolsava cerca de R$ 50 milhões por ano até 2013.
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Lá do purgatório onde se encontra
2/02/2015Lá do purgatório onde se encontra, il formidabile fascista Agostino Rocca, fundador da Techint – cujo ventre pariu a Ternium – pensa com os botões da sua camisa preta: “Que carne de pescoço é esse Benjamin Steinbruch!”
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Show de mímica
2/01/2015Pergunta que não quer calar na Usiminas: os três ex-dirigentes – Julián Eguren, Marcelo Chara e Paolo Bassetti – que entraram na Justiça contra o atual presidente do Conselho de Administração, Paulo Penido, falam por conta própria ou apenas dublam a voz da Ternium em mais um ataque contra a Nippon Steel, responsável pela nomeação de Penido?
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Usiminas
18/12/2014A erosão dos preços do minério e a guerra societária entre Nippon Steel e Ternium mandaram o Projeto Compactos para a geladeira. Na Usiminas, não se ouve sequer um sussurro sobre a empreitada, que previa o aumento da produção própria de minério de 10 milhões para 17 milhões de toneladas/ano. Oficialmente, a empresa garante estar “aprofundando os estudos de engenharia” para definir a viabilidade do projeto.
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Brasil e Japão abençoam união de CSN e Usiminas
9/12/2014A mais esperada consolidação do setor siderúrgico nacional está se tornando uma questão de Estado. Aliás, uma dupla questão de Estado. A fusão entre a CSN e a Usiminas entrou na agenda bilateral dos governos do Brasil e do Japão – que recentemente, aliás, elevaram suas relações ao status de “parceria estratégica global”. Na esteira de uma série de outros investimentos conjuntos, em áreas como infraestrutura e construção naval, o primeiro ministro Shinzo Abe já manifestou seu apoio a associação entre as duas siderúrgicas. A operação é vista pelos japoneses como a melhor forma de salvaguardar os históricos interesses da Nippon Steel no Brasil. Neste caso, Benjamin Steinbruch é o homem certo no lugar certo. O ponto de partida seria a compra pelo empresário da participação da Ternium na Usiminas. Não custa lembrar que Benjamin já tem um pé fincado na siderúrgica mineira, com 14% das ações ordinárias e 20% das preferenciais. A saída dos ítalo-argentinos não apenas significaria o fim da sanguinolenta disputa societária na Usiminas – hoje na fronteira entre o noticiário econômico e o policial – como abriria caminho para a posterior fusão com a CSN. Neste caso, Benjamin e Nippon Steel passariam a controlar um grupo com capacidade de produção anual de 14 milhões de toneladas de aços planos, o equivalente a quase um terço do parque siderúrgico nacional. A rigor, a aproximação entre Benjamin Steinbruch e Nippon Steel poderá resultar não apenas em uma, mas em duas fusões. O acordo entre ambos abriria espaço também para uma combinação entre os ativos de minério de ferro da CSN e da Usiminas. Na prática, esta associação representaria um avanço em relação a reorganização societária da Namisa, em curso neste momento, e a retomada de uma parceria interrompida em 2011. Na ocasião, a Nippon Steel deixou o braço de mineração da CSN, um prenúncio da longa temporada de divergências entre Benjamin e seus sócios que viria nos anos seguintes e somente agora parece estar sendo debelada. Há menos de um mês, a CSN anunciou um acordo com o pool de siderúrgicas e tradings do Japão, Coreia do Sul e Taiwan que detém 40% da Namisa. O retorno da Nippon Steel ao palco daria um gás ao projeto de fusão entre a Namisa e a Casa de Pedra, o grande ativo mineral de Benjamin. O caminho natural seria a posterior associação desta nova empresa com a Usiminas Mineração, subsidiária que congrega as quatro jazidas da empresa mineira. Peneira daqui, peneira dali, esta tríplice associação daria origem a uma companhia com capacidade de produção de 70 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Todos estes movimentos passam pelos gabinetes de Tóquio e de Brasília. Se, do lado japonês, há todo o empenho do governo Shinzo Abe em desatar o imbróglio societário da Usiminas e fortalecer a presença da Nippon Steel no Brasil, do lado brasileiro estas operações poderão selar a reaproximação entre Benjamin Steinbruch e o Planalto. As relações esfriaram consideravelmente depois que o empresário adotou uma postura dúbia e sinuosa durante a campanha eleitoral. Agora, o momento pede pragmatismo, até pela necessidade do governo de reconstruir suas pontes com o empresariado. O apoio do BNDES a Benjamin para a compra da participação da Ternium na Usiminas permitiria a criação de um grande grupo siderúrgico e o fortalecimento do capital nacional no setor.
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Siderúrgicas
4/07/2013Benjamin Steinbruch voltou a pensar na Usiminas. A Ternium também voltou a pensar no “Beinja”. E os dois estão parando de pensar na CSA. Em tempo: qualquer uma dessas combinações, na primeira hora, é dolorosa como extrair um dente siso.
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Usiminas
17/06/2013Um Leonardo da Vinci siderúrgico, integrante de um dos conselhos da Usiminas, acha que uma saída para o inferno astral da empresa seria a Ternium escancarar a porta para a entrada do governo do estado no capital. Ou seja: fazer algo como uma “Cemig do aço”.
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Benjamin gostaria de ter Nildemar em casa
15/04/2013O que pensar de Benjamin Steinbruch? Dizem que é um dos maiores, senão o maior empresário do Brasil. O que pensar de Nildemar Secches? Afirmam que é simplesmente o Messi da gestão corporativa. E o que pensar dos dois juntos? Pois bem, seria uma das mais explosivas duplas do setor privado brasileiro. Steinbruch, segundo uma fonte do RR, flerta com a ideia de se restringir ao papel de chairman, profissionalizando a gestão das suas diversas empresas. Para isso, o executivo principal teria de ser um craque, respeitado pelos seus pares e com amplo trânsito no governo. No fundo, no fundo, Steinbruch não acreditava muito na hipótese. Isso até que o processo de desligamento de Secches da BRF começou a amadurecer. O executivo seria o homem certo, no local certo, na hora certa. As empresas de Steinbruch, exceção ao complexo CSN/Casa de Pedra, estão todas de costas umas para outras. Hoje, são companhias separadas pelo mesmo controlador, satélites que se distanciam cada vez mais da holding. Todas elas têm problemas organizacionais, muito em razão da própria estrutura corporativa do grupo, que mistura alhos com bugalhos, tecidos com placas de aço, cimento com financiamento para compra de geladeiras, e assim por diante. São companhias a procura de upgrade administrativo, reestruturação nas suas diversas áreas e um banho de loja, por assim dizer. O passaporte de Nildemar Secches seria carimbado por Benjamin Steinbruch não somente para equacionar esses problemas mais “comezinhos”, mas, sobretudo, para enfrentar os megadesafios, criar uma identidade para o grupo e preparar sua expansão. Soa até estranho que Steinbruch deixasse outro, que não ele, exercer a missão. Mas o fato é que o “Barão do Aço” não conseguiu dar conta de carregar todos esses dólmens sozinho. A CSN tem de resolver o problema da Transnordestina; o grupo precisa expandir a operação de Casa de Pedra para se tornar uma grande mineradora; o crescimento da produção de cimento continua na gaveta; o Banco Fibria não para de dar maus resultados; a CSA, cuja aquisição é uma incógnita, exigirá um trabalho hercúleo para se colocar a casa em ordem. E existem planos para empreender na área de combustíveis renováveis, tecnologia e até mídia. Isso para não falar na disposição de Steinbruch de azucrinar os ítalo-argentinos da Ternium na Usiminas e prosseguir buscando ativos no exterior para consolidar seu plano de internacionalização da siderurgia. O ex-presidente da Perdigão e da BRF é a outra metade desses desafios. Nildemar Secches, egresso do BNDES, passeia pelo banco como se fosse o corredor da sua casa. E talvez seja hoje o executivo com melhor relacionamento junto aos maiores fundos de pensão do país. São dois predicados que Benjamin Steinbruch perdeu em sua trajetória errática entre sucessos e contenciosos. Querer Secches o empresário ainda nem sabe se quer. Ele pensa em voz alta, flerta solitariamente. Mas é provável, segundo o RR apurou, que nos próximos dias o convite seja feito. Daqueles ainda para pegar na mão, sem juras de amor. Quem conhece Nildemar Secches sabe que ele também é difícil. O executivo costuma exigir autonomia para tocar os negócios. Como Steinbruch é um problemão, resta saber se esse será um daqueles raros casos em que dois bicudos se beijam.
Acervo RR
Virada radical
8/02/2013Benjamin Steinbruch está procurando desesperadamente novos parceiros para a aquisição da CSA. O BNDES roeu a corda do modelo combinado, que envolvia uma participação societária e financiamento de R$ 4 bilhões. Os raios que partiram ao meio a associação foram desferidos do Olimpo. A Ternium já se sente abençoada pelo governo como futura empresa nacional e líder da indústria siderúrgica. A sede do grupo deverá ser o Rio de Janeiro. P.S. Se Benjamin virar esse jogo, é porque ele é realmente um homem de aço.
Acervo RR
Ternium fixa residência no Brasil se levar a CSA
21/01/2013O cenário é árido e a temperatura, tórrida, tal qual a de um alto-forno de aciaria. Os dois oponentes se observam com um olhar gélido e injetado de sangue. De um lado da pista, o vulto suscita a imagem de Giuliano Gemma com um poncho com as cores da bandeira portenha caído sobre os ombros. Na direção inversa, postado como um vergalhão, um clone barroco de Clint Eastwood com traços tipicamente judaicos aquece sua mão na coronha do Colt 45. A cena do bizarro western ?siderúrgico- espaguete? é uma metáfora burlesca do duelo pela aquisição do controle da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que deve ser concluído até o Carnaval. O Giuliano Gemma da vida real é a Ternium, que remonta ao lendário siderurgista ítalo-argentino Agostino Rocca – velho camarada do Duce. O Clint Eastwood de nervos de aço atende pelo nome de Benjamin Steinbruch, considerado por muitos o maior empresário do Brasil, não obstante o estilo espalha- brasa que o notabilizou. Cada um tem seus trunfos no coldre. Benjamin carrega a bandeira do nacional-siderurgismo. Sabe que, se perder essa contenda, a CSN ficará isolada, cercada de gringos por todos os lados. E a indústria siderúrgica praticamente inteira se tornará um sangrador de divisas. Benjamin conta com o BNDES para se tornar o grande player nacional do setor. Um ponto a favor é sua relação estreita com Luciano Coutinho. Sabe como é… É sempre melhor ter amigos. Desconfortável seria apenas a participação da Vale em 30% do projeto. Não que incomode a presença da mineradora no capital, mas, sim, o acordo de reserva de mercado para a venda de minério de ferro. A CSN teria vantagens em se livrar dessa camisa de força devido a autossuficiência nesse insumo. No entanto, é bom lembrar que o BNDES, virtual sócio na empreitada, é também controlador da Vale. Noves fora essa inevitável equação mineral, a aquisição alçaria a CSN a um novo patamar. Com a CSA, ela praticamente duplicará de tamanho, passando de 5,6 milhões para 10,6 milhões de toneladas de capacidade instalada. Deixará para trás a ArcelorMittal, que produz cerca de dez milhões de toneladas de aço por ano e é a primeira no ranking brasileiro. A Ternium, por sua vez, adoraria passear com a Vale em uma gôndola de Veneza. A empresa até tem minério de ferro, por meio da Usiminas, porém se trata de uma matéria-prima de qualidade inferior e logística complexa. Os ítalo-portenhos têm a siderurgia no sangue e são considerados excepcionais gestores, vide o exemplo da própria empresa mineira, que chegou a ser tida como um ativo de segunda classe e está sendo tocada com maestria e precisão. Mas a bala de prata que a Ternium guarda para vencer o duelo ao por do sol da CSA é o anúncio da transferência de sua sede da Argentina para o Brasil. Em tese, o grupo viraria empresa nacional. E passaria a ter uma capacidade instalada no país da ordem de 14 milhões de toneladas. Correndo por fora, como um Lee Van Cleef de turbante, os indianos da ArcelorMittal. São conversas ainda nebulosas, já que as tratativas com a Thyssen envolvem a aquisição de uma usina no Alabama. Segundo o Wall Street Journal, a negociação poderia incluir a CSA. O RR acha que o jornalão norteamericano está por fora. Se o pistoleiro outsider vencer a rodada de fogo, aí a coisa fica séria. A ArcelorMittal faria uma festa, disparando no setor, com 15 milhões de toneladas de capacidade. Nesse caso, o western “siderúrgico-espaguete” seria filmado em Bollywood.
Acervo RR
CSA e Usiminas puxam as peças do xadrez siderúrgico
26/07/2012A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) pode ser o pivô do redesenho da indústria siderúrgica nacional, que hoje vive o risco de ficar povoada de mausoléus ? leia-se usinas obsoletas, com baixa escala e reduzida perspectiva de investimento. A Usiminas é o melhor exemplo das siderúrgicas que estão virando sucata e cujo futuro depende de uma rearrumação das peças do setor. A companhia mineira é um buquê de ineficiências. Tem problemas de defasagem tecnológica, abriu frentes em demasia, sofre com a baixa capacidade de comercialização e tropeça em um esquema de logística fragmentado, com dificuldades junto a parceiros. A lista de corrosivas limitações da Usiminas inclui ainda a reduzida escala para os atuais padrões de competitividade do mercado e uma rentabilidade minguante e inferior a da concorrência. No ano passado, seu lucro já havia despencado 74% em relação a 2010. Nos primeiros três meses deste ano, sua performance degringolou. Entre janeiro e março, a empresa amargou prejuízo de R$ 70 milhões, contra perdas de R$ 26 milhões em igual período em 2011. Para efeito de comparação, a CSN também teve um declínio em seu desempenho, mas, ao menos, conseguiu ficar no azul no primeiro trimestre – o lucro caiu de R$ 617 milhões para R$ 110 milhões. Não bastassem esses atributos negativos, a grande aposta da Usiminas – a compra da J. Mendes, que permitiria o autossuprimento de minério de ferro – revelou-se muito aquém da expectativa. O minério é de baixo teor e seu custo de frete, um despropósito. Para se ter uma ideia, a Vale paga cerca de US$ 3 por tonelada no transporte da commodity. A Usiminas gasta dez vezes mais, algo próximo dos US$ 30 a tonelada. Quem chora pitangas com essa operação siderúrgica é a Ternium, que comprou caro uma siderúrgica enferma. O melhor dos mundos para o grupo ítalo-argentino seria voltar no tempo, mas, como este pacto com Cronos não é possível, a segunda boa hipótese é deixar o controle da Usiminas. Uma alternativa idealizada para a Ternium e a Usiminas seria uma dança das cadeiras envolvendo CSN e CSA. O grupo ítalo-argentino venderia sua participação na siderúrgica mineira a Benjamin Steinbruch, que já está apinhado de ações da empresa, mas não conseguiu entrar no bloco de controle. Ressalte-se que a CSN preenche as principais lacunas da Usiminas. Tem minério de boa qualidade e logística inteiramente equacionada. O ônus de quem fica, notadamente a Nippon Steel, seria conviver com Benjamin no Conselho. A incorporação da CSA, por sua vez, permitiria a Ternium criar o grande bloco de empresas siderúrgicas do Sudeste, partindo- se da premissa de que os ítalo-argentinos têm o compromisso e vão construir um smelter com capacidade para oito milhões de toneladas no Porto do Açu, no Norte Fluminense. Não faltariam ao grupo nem minério – leia-se a Vale, sócia da CSA – nem logística, nem escala. A montagem dessa engenharia é complexa. E, como toda a negociação de grande porte na indústria brasileira, passaria pelo BNDES. De qualquer forma, parece fazer mais sentido do que a hipótese de compra da CSA pela Ternium e pela Nippon Steel, trazendo a reboque no consórcio a enferrujada Usiminas. Se as partes se guiassem pela lógica, o que não necessariamente é intrínseco ao mundo dos negócios, o troca-troca começava já. Em tempo: neste tabuleiro, haveria, sim, a hipótese Jorge Gerdau. Mas, como se sabe, ele sempre quer levar tudo de graça.
Acervo RR
Gerdau e Usiminas é aço forjado no próprio Planalto
25/03/2011Jorge Gerdau está cumprindo missão. A investida da Gerdau sobre as ações dos funcionários da Usiminas e os planos de fusão com a Açominas são apenas da missa a metade. Por trás deste enredo, há um chamamento do Planalto para uma operação muito maior. Para aqueles que se arrepiam com a estratégia do BNDES em criar conglomerados com inserção competitiva no exterior, vem aí mais um capítulo. O projeto do governo é fomentar a associação entre a Gerdau e a Usiminas e criar um agente consolidador do setor siderúrgico não apenas no Brasil, mas, sobretudo, com perspectiva internacional. Juntas, as duas empresas poderiam disputar a compra de empresas no exterior. Um dos alvos seria a Ternium, braço siderúrgico do grupo ítalo- argentino Techint, que também chegou a se candidatar a aquisição das ações dos funcionários da Usiminas. Juntas, as três empresas formariam um conglomerado com produção anual de 35 milhões de toneladas de aço, plantas no Brasil, Estados Unidos, México, Argentina e Colômbia, e faturamento equivalente a R$ 60 bilhões. Curiosamente, há pouco mais de um mês, a própria Usiminas vendeu sua participação de 14,2% no capital da Ternium. . Para que a associação com a Usiminas seja concretizada, a Gerdau terá de avançar também sobre as ações da Camargo Corrêa e dos Ermírio de Moraes no bloco de controle da Usiminas. No entanto, esta operação não será apenas um acordo entre compadres do baronato empresarial. Toda esta engrenagem tem ainda duas peças fundamentais: o BNDES e a Nippon Steel. O banco entraria na operação com duplo chapéu: como acionista, ingres sando no bloco de controle da Usiminas, e como financiador da própria compra da Ternium ou de outras siderúrgicas no exterior. Os japoneses, por sua vez, cederiam parte de suas ações para o desembarque da Gerdau e do BNDES no controle da siderúrgica mineira. Guardadas as devidas proporções, a Nippon teria uma condição semelhante a da Mitsui na Vale. A siderúrgica japonesa permaneceria com uma posição estratégica na empresa mineira. A redução da sua fatia societária seria amplamente compensada pela participação em um grupo de porte ainda maior. Mal comparando, seria uma negociação a la Oi, em que todos cederiam um pouco daqui e dali em nome de uma operação de grande envergadura. Para Jorge Gerdau, este projeto seria a concretização de um sonho. O empresário, que sempre teve complexo por ser chamado de fabricante de vergalhão e arame, entraria no segmento de aços planos. Seria uma promoção de tenente para marechal. Se, na visão do Planalto, a Gerdau deve ser o cavalo vencedor, o páreo já começa com um grande perdedor. A intenção do governo de estimular a associação entre a Gerdau e a Usiminas é um tiro na femoral de Benjamin Steinbruch, que também alimenta a pretensão de comprar a siderúrgica mineira. Como de hábito, o empresário pecou pelo estilo. Benjamin entrou no negócio dando uma tesoura voadora. Comprou participações da companhia em mercado, soltou um comunicado sobre o seu interesse em ingressar no bloco de controle da Usiminas e desdenhou conversar com os japoneses. Não bastasse a ausência de tato, faltou ainda o principal: contar com a simpatia do governo.