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Governo

Alckmin transforma ABDI no xerife do “Nova Indústria Brasil”

21/03/2024
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Um dos maiores desafios de Geraldo Alckmin para colocar o “Nova Indústria Brasil” (NIB) de pé está dentro de casa, ou seja, no próprio governo. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio terá poder para dobrar a Petrobras, o BNDES e mesmo a Casa Civil, responsável pelo PAC? Parte expressiva da formação bruta de capital fixo do país vinculada à indústria está nas mãos desses três agentes, notadamente dos dois primeiros. Alckmin já identificou que terá de atravessar o campo de força ao redor da trinca de instituições. Historicamente, Casa Civil, com o manejo de grandes programas e orçamentos, e Petrobras e BNDES, na ponta final da alocação dos recursos, sempre tiveram excessiva autonomia. Deu no que deu. Os três se tornaram antros da má aplicação do dinheiro público e de operações paralelas nada recomendáveis. Alckmin não quer tomar bola nas costas. Para isso, quer dar atribuições ainda mais amplas à ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), vinculada a sua Pasta. Em parte, a Agência deverá funcionar como uma espécie de TCU pré-TCU, com direito a apurar e fiscalizar a destinação dos recursos do NIB. Alckmin quer controlar cada centavo gasto no âmbito do programa. Está mais do que certo.

A nova configuração da ABDI permite entender a escolha de Ricardo Capelli para o comando da instituição. O RR já havia matado a charada. Suas funções irão bem além das descritas no Diário Oficial. Capelli recebeu carta branca para fuxicar tudo. Não terá função executiva sobre os empreendimentos, mas vai fiscalizar tudo o que estiver esquisito. O novo “xerife” da ABDI vai ter um duplo chapéu: será o espião – no melhor sentido da palavra -, exercendo a tarefa de levar ao chefe relatórios de compliance especiais; e um fiscalizador da alocação de recursos públicos na sua área de atuação. Os cronogramas serão rigidamente acompanhados (o Brasil tem mais de um milhar de obras paradas), da mesma forma que a lisura desses investimentos e dos encarregados pela sua realização e até que ponto eles estão inseridos na nova matriz ecológica do governo.

#ABDI #Alckmin #Nova Indústria Brasil

Destaque

BNDES estuda relançar a eterna ideia do mercado de acesso para as PMEs

23/05/2023
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BNDES pensa em resgatar uma ideia que vai e volta aparece entre os projetos cotados do banco. Trata-se do mercado de acesso, iniciativa que se coaduna perfeitamente com as prioridades de apoio à pequena e média empresa, estímulo ao mercado de capitais e atração para as operações de valores mobiliários de companhias que ainda não têm as condições para a capitalização em bolsas. Todas as iniciativas estariam em sintonia com a prioridade ESG do banco. É como se fosse criada uma nova instância na economia: a dos jovens entrantes no mercado de capitais que podem ter uma alternativa a venture capital ou a outros fundos empresariais, além do BNDES, é claro. Seria uma maneira de reduzir o risco dessas operações, que já teriam passado pelo crivo da avaliação do risco de rentabilidade e sustentabilidade pelos advisers (O próprio BNDES, por que não?). Serão menos subsídios do banco e mais garantias aos underwriting dessas companhias de menor porte, além de ampliação da base de investidores do mercado acionário. O mercado de acesso é uma ideia que se arrasta pelos governos brasileiros como um réptil invertebrado. Volta e meia a ideia retorna, mas destituída da necessária vertebração para que caminhe com estratégia, objetivo e apoio. No site do BNDES consta que o “conceito de mercado de acesso” teve sua primeira ocorrência registrada com o lançamento do Alternative Investment Market – AIM, constituído pela bolsa de valores da Inglaterra, em 1995. Aqui, no vai e vem das boas intenções, a ideia, chamada muitas vezes de “mercado de balcão”,  já rodou por todas as entidades do setor, tendo sido considerada de imprescindível até desnecessária. No mundo, inúmeros mercados de acesso foram estruturados, inspirados na bem-sucedida experiência inglesa. Alguns exemplos que servem de referência são os mercados de acesso do Canadá, Espanha, Coréia, China, Austrália e Polônia.   

BNDES, nos idos dos anos 90, criou um grupo de trabalho formado pela BM&F, CVM, BNDES, ABDI e Finep. Fizeram um diagnóstico e esse documento deve estar desaparecido, como tantos projetos estatais, em alguma das empoeiradas gavetas do tempo. Ainda na ocasião, o banco conseguiu que algumas empresas se tornassem companhias abertas e listassem suas ações no então segmento “Bovespa Mais”, sem a imediata oferta pública de ações – entre elas, a Altus Sistema de Automação, Biomm, Nortec Química, Nutriplant, Quality Software e Senior Solution.  

A ideia que volta à tona é a de fazer algum mix entre os subsídios necessários ao financiamento dessas companhias de menor porte e a criação das condições para viabilidade delas ingressarem no estágio da capitalização. No momento, com juros de 13,75%, o projeto parece um sonho fugaz frente a longa noite de rentismo e concentração de renda. Mas a iniciativa do BNDES, caso se concretize, é muito bem-vinda. No fundo, o banco está tirando um atraso de década. É hora também de trazer o setor bancário para contribuir no projeto. 

#ABDI #Alternative Investment Market #BNDES #CVM #Finep

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