Plano de voo da Líder Aviação é um mapa de interrogações

  • 10/05/2013
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José Afonso Assumpção está diante de uma escolha de Sofia: seguir como comandante da companhia aérea que ele fundou há mais de 50 anos, ainda que isso possa até custar a expansão do negócio, ou se sentar na cadeira de sócio minoritário? O próprio empresário, que sempre rechaçou a ideia de transferir o controle e o centro de decisões da Líder Táxi Aéreo, começa a reavaliar sua posição. Assumpção considera cada vez mais difícil bancar os investimentos da Líder com recursos do próprio caixa. O empresário, é bom lembrar, já dobrou parte de sua resistência em 2008, quando vendeu 42,5% da Líder para a Bristow Group. Se Assumpção voa entre dúvidas, o grupo inglês é só certeza. A Bristow tem convicção de que seus dias como minoritária estão contados e quer assumir o manche da companhia. Uma vez garantida a compra do controle, os ingleses estariam dispostos a investir cerca de US$ 250 milhões, notadamente no segmento de helicópteros – hoje responsável por 60% do faturamento da empresa. Nos cálculos da Bristow, o aumento da frota de 67 para 80 aeronaves permitiria a  companhia duplicar sua receita até 2015 – no ano passado, o faturamento foi da ordem de R$ 800 milhões. Ser sócio, ainda que minoritário, de uma empresa com muito mais altitude seria a contrapartida para Assumpção abrir mão do controle da Líder. Por outro lado, o empresário sabe melhor do que ninguém que este movimento traz alguns riscos a reboque. Ao se desfazer do controle, Assumpção passaria a viver sob permanente ameaça de ter sua participação diluída pelos ingleses. Ao mesmo tempo, a Líder perderia sua condição de empresa nacional, uma mais-valia, ainda que, a s vezes, simbólica, diante de potenciais financiadores, a começar pelo BNDES, e, sobretudo, de seu maior cliente: a Petrobras. Aliás, chamar a estatal de cliente é até reducionista. A empresa é quase sócia da Líder: responde por praticamente 80% dos fretamentos de helicóptero da companhia. Esta relação e a possibilidade de forte crescimento da Líder na esteira do pré-sal talvez sejam a grande aposta da Bristow. No entanto, a Petrobras é um cliente arisco. Hoje, está; amanhã, quem sabe? A estatal sempre flertou com a ideia de montar uma frota própria de helicópteros, como forma de reduzir seu custo fixo. Se, um dia, este projeto sair do papel, a Líder despenca como um pombo sem asa. É mais uma entre as tantas variáveis que fazem a cabeça do comandante Assumpção ricochetear de um lado para o outro.

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