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Economia
Making off de Meirelles no BC fala mais sobre o Lula III do que o Lula I
5/07/2024Política
Haddad precisa resistir à repetição do velho “clubinho” unicampinense
27/07/2023Fernando Haddad, que é um dos maiores achados para o Ministério da Fazenda desde Antônio Palocci – Paulo Guedes, apesar do excesso de convicção e histrionismos, também teve seus bons momentos, vide a reforma da Previdência – corre o risco de repetir o governo Dilma e formar na sua equipe econômica um “clubinho” de economistas deserdados. Deserdados porque todos erraram nos diagnósticos e recomendaram e/ou implementaram medidas fundamentadas nos seus próprios equívocos de interpretação. Por isso, foram colocados ao relento das funções executivas e perderam o pouco prestígio que tinham na academia. A ratificação do economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE por Fernando Haddad denota uma rachadura na intocável performance do ministro até agora. Se havia dúvidas em relação à formação do “clubinho”, elas estão sendo dissipadas.
Pochmann, que não tem nada a ver com estatísticas e apresenta um viés ideológico bastante acentuado, corre o risco de desacreditar o órgão, noves fora a fortíssima probabilidade de aparelhá-lo. Ele foi aluno de Luíz Gonzaga Belluzzo, primo de Guilherme Mello , secretário executivo de Política Econômica de Haddad e amigo de Gabriel Galípolo, que escreveu um livro a quatro mãos com Belluzzo, que participa da articulação (com Gleisi Hoffmann) para achar um lugar para Guido Mantega em algum órgão da Fazenda ou cercanias; Mantega, por sua vez, tem relações de afetividade com Ricardo Carneiro – um esquecido colaborador, professor titular da Universidade de Campinas -, que participou de vários comitês de campanha de Lula para montagem dos programas econômicos. Todos, por outro lado, têm estima e carinho pela economista Laura Carvalho, professora da FEA-USP queridíssima, uma menina, com seus 39 anos, em meio aos macróbios barões unicampinenses. Laura ainda não encontrou o seu lugar nessa dança das cadeiras onde todos terminam sentados. Mas vai encontrar.
E daí volta para a matriz do “clubinho”, ou seja, o universal Belluzzo, uma espécie de xamã unicampinense que Lula já quis por várias vezes tornar presidente do BC e é responsável pela aproximação do secretário do Tesouro, Rogerio Ceron, de Fernando Haddad. Ceron escreveu três livros em parceria com Belluzzo. É um círculo vicioso carcomido por profissionais condenados, no mínimo, pela conivência com Febeapá econômico que assolou o país. Velhos hábitos são difíceis de serem mudados.
Para não cometer injustiças, vale lembrar que muita gente dos dois lados das fronteiras ideológicas, de fora do “clubinho”, também bateu cabeça na política econômica. No momento, é importante blindar Haddad dessa ofensiva de velhos amigos, dissuadi-lo dessa lealdade infeliz ou mesmo convencê-lo de que remontar o “clubinho” é um chute no próprio pé. Já está de bom tamanho. Se quiser trazer mais técnicos à esquerda para seu Ministério que o faça. Mas traga gente nova, arejada, de fora da pauliceia, evitando abrir espaço para um grupo um tanto obscurantista, que deixou uma herança de desacertos nas diversas incursões feitas pela política econômica. Como dizia o velho Eliezer Batista, “Às vezes eles até pensam bem, derivam com criatividade, mas, como erram a gestalt, o que se vê é a repetição das mesmas ideias adornadas com bijuterias intelectuais desconformes”.
De tudo o que foi dito, o RR tem uma informação firme em relação ao “clubinho”: está sendo procurado rapidamente um cargo para Guido Mantega, que pode ser até o IPEA, motivo de rusga da ministra Simone Tebet, com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o próprio Haddad. Ou ainda a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos. Mas o vacilo maior foi de Tebet. A ministra levou a presidenta do Ipea, Luciana Servo, a dar um tiro na reforma tributária quase aprovada, dizendo que teremos o maior IVA do mundo (https://relatorioreservado.com.br/noticias/rui-costa-nao-engole-o-gol-contra-de-simone-tebet/). Ainda bem que o tiro passou de raspão. Mas, com o disparo, Mantega tem mais chance de se aboletar no Ipea.
Finanças
André Esteves faz suas aproximações sucessivas com o governo Lula
17/04/2023Na falta do banqueteiro João Doria, e do seu Lide, entra em cena o “banqueteiro” André Esteves. O dono do BTG prepara uma leva de eventos aproveitando-se da sua proximidade com os petistas no governo. Há, inclusive, a ideia de levar Gleisi Hoffmann para um dos encontros com dirigentes do mercado financeiro. É mais uma aposta que a proximidade com o PT deverá frutificar. Esteves já se investiu do papel de realizador de seminários e almoços, aqui e no exterior, para que os ministros, notadamente da área econômica, deitem e explicações a dirigentes financeiros e empresários do setor real. O banqueiro tem autoridade para tratar do assunto. Já cumpriu em parte a missão durante a campanha eleitoral, chamando as futuras autoridades para falarem sobre os planos de governo.
André Esteves não é só o mais pragmático dos banqueiros, é o mais “smart” deles, no sentido norte-americano da palavra. Foi próximo, extremamente próximo, dos ministros Antônio Palocci e Guido Mantega, se tornando um “banqueiro petista honorário, disposto a colaborar em bons negócios para ele e para o governo. E se presta ao papel de ser assessor informal de Fernando Haddad com a dedicação e a alegria de quem sabe das vantagens de estar nas vizinhança de ministros poderosos. Esteves sai bem na frente de um outro “banqueteiro”, Guilherme Benchimol, do Grupo XP, que se especializou em criar palcos para speechs alheios. Benchimol não tem liga e organicidade com Lula e seu time. Esteves também vai usar seu departamento de research para orientar melhor o mercado sobre as políticas da área econômica. Não é nada tão diferente do que já se viu.
E João Doria, como ficou nisso? Vai gramar até descolar sua imagem de inimigo do governo. Pode demorar pouco. Lula é prático e aceita colaborações mesmo oportunistas. Se vier um coquetel de velhos adversários na bandeja, toma na hora.
Empresa
Um nome de risco na diretoria da Petrobras
10/03/2023A indicação da economista Clarice Coppetti para a diretoria executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras já provoca desconforto entre os futuros conselheiros da estatal, a quem caberá referendar ou não a escolha. O nome de Clarice, funcionária de carreira da Caixa Econômica, remete a um passado nebuloso e a um dos maiores escândalos dos governos do PT, o “mensalão”. Em 2005, no primeiro mandato de Lula, surgiram denúncias de participação da economista em um suposto esquema de arrecadação de recursos para o partido montado dentro da Caixa. À época, um relatório da Gerência Nacional de Segurança da própria CEF apontou a existência de fraudes na área de tecnologia que teriam como objetivo encobrir desvios de recursos da instituição. No ano seguinte, quando já ocupava a Vice-Presidência de Tecnologia da Caixa, Clarice teve seu nome envolvido em outro episódio rumoroso. A economista foi acusada de participar da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, testemunha central do caso do “Mensalão”, notadamente das investigações contra o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci. As suspeitas jamais foram comprovadas. Ainda assim, pelo currículo de Clarice e por todas as lembranças que a Petrobras evoca, a indicação da economista tem tudo para ser um prato cheio para a oposição.
A área de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade é a mais política das diretorias da Petrobras. Lado a lado com o próprio gabinete da presidência da companhia, é responsável direta pela interlocução com autoridades e parlamentares. Clarice Coppetti é um nome de confiança do PT. Além dos cargos que ocupou na Caixa em governos do PT, é casada com Cezar Alvarez, que foi assessor da presidência da República no primeiro mandato de Lula e secretário executivo do Ministério das Comunicações na gestão de Dilma Rousseff. Mais recentemente, Alvarez integrou o Comitê de Transição de Lula exatamente na área de comunicações.
Sob certo aspecto a indicação de um nome tão enraizado no PT como o de Clarice Coppetti representa uma espécie de choque térmico na diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras. Atualmente, a área é comandada por Rafael Chaves, considerado dentro da própria estatal o mais bolsonarista entre todos os diretores da companhia. Chaves se notabilizou pelo vazamento de um vídeo em janeiro de 2022. Em um evento interno da Petrobras, o diretor fez um discurso inflamado sobre a corrupção na empresa “nos tempos do PT”.
Análise
Lara Resende desponta como favorito para a presidência do BC
13/02/2023Há uma disposição ferrenha do presidente Lula para levar André Lara Resende à presidência do Banco Central. Não há ninguém entre os colaboradores do governo que diga com tanta maviosidade o que Lula quer ouvir: taxa de juros, mudança da meta e, nas entrelinhas, uma autoridade monetária que toque o barco de forma afinada com a Presidência. Mas, sendo a versão válida, para que a substituição ocorra é preciso que Roberto Campos Neto jogue a toalha no chão. A blitzkrieg de Lula contra Campos Neto seria parte da operação para antecipar sua saída, prevista para ocorrer somente em dezembro de 2024, quando vence seu primeiro mandato, ou ainda em 2028, se ele decidir pela sua recondução. Pelo estatuto do Banco Central Independente, Campos Neto tem direito a oito anos de permanência no cargo, que somente podem ser abortados por desistência do titular do BC ou uma mudança sancionada pelo Congresso Nacional. Esta última hipótese é mais difícil: sondagens revelam a falta de apoio congressista à alteração da Lei Complementar n°179, de 2021, que sancionou a independência da autoridade monetária.
Lula, que se sente mais emponderado que nunca, adotou, ao que tudo indica, a tática de throwing in the towel, ou seja, de levar o regulador a pedir demissão com uma massa de críticas permanente a política da autoridade monetária. Trata-se de uma estratégia sistematizada por analistas políticos norte-americanos. Mario Shapiro, professor da FGV Direito SP, em artigo publicado no Valor Econômico em sua edição de hoje, avança na argumentação da malhação do judas no BC. Segundo ele, “diante das restrições impostas pelo BC, é típica a atribuição de culpa a autoridade monetária pelos infortúnios do governo (blame-shifting)”. Lula comprou a fórmula integral para retirar Campos Neto do cargo. É pau puro na política monetária inteira.
Do outro lado, Lara Resende tem sido tratado como um príncipe por Lula, Fernando Haddad e o comando do partido. Apoiou o presidente na primeira hora de campanha, participou do grupo de transição do governo na área de economia, integra o comitê de aconselhamento do BNDES, foi cogitado para ministro da Fazenda – quando chegou a se imaginar que Fernando Haddad poderia ser uma candidatura competitiva ao governo de São Paulo – e é nome cotado para um Conselho de Economistas para o Assessoramento Econômico da Presidência. Em tempo: nem Haddad, nem Simone Tebet, e aparentemente Geraldo Alckmin – que não dá um pio nessa discussão –, tem simpatia pelo tal Conselho.
Durante todo o período da campanha eleitoral à posse de Lula, Lara Resende foi um cruzado pela redução de taxas de juros, uma meta de inflação equilibrada, uma menor preocupação com a dívida pública e um diferimento maior da meta de inflação no tempo para avaliação da eficácia no cumprimento da política monetária. Tudo que Lara Resende diz é música para Lula. O presidente não suporta essa relação fria, equidistante, sem uma prestação de contas mais intima, que Campos Neto imprimiu à gestão do BC independente. Na verdade Campos Neto reza por uma cartilha única, sem improvisações. Lula detesta essa “autonomia” sem beija mão. É como se o presidente do BC fosse um cluster no seu governo. Quanto aos juros, são realmente inaceitáveis.
As fontes do RR arriscam a dizer que Lula quer romper com as algemas da ortodoxia. Gostaria de ter o seu “Plano Real monetário”. Para isso, teria de comprar a independência do BC, sem a qual Lara Resende não toparia a missão. Mas iriam de mãos dadas para a empreitada, já que um estaria mais ou menos sabendo como o outro se comportaria.
O BC precisa ser blindado
Em tese, um BC protegido constitucionalmente de interferências não é bom nem mau; apenas defende a autoridade monetária de virar um joguete dos interesses políticos dos governos. Quando o Banco Central eleva as taxas de juros, busca cumprir em sintonia fina sua tripla missão: controlar a inflação, perseguir o pleno emprego e zelar pela estabilidade do sistema financeiro. O sistema de metas de inflação procurou criar uma forma de definir e alcançar a carestia “razoável”. O Banco Central estabelece uma meta para a inflação e passa a persegui-la. É forçar a barra dizer que o BC ignora completamente o “pleno” emprego nos seus cenários, resultantes de centenas de variáveis que rodam nos seus modelos econométricos. A atual taxa de juros siderais está razoavelmente alinhada com uma subida do emprego formal e redução expressiva do desemprego – a taxa caiu de 14% para cerca de 8%. A percepção coletiva é que a autoridade monetária coloca o emprego no fim da fila, e a inflação à frente. Não há target para o nível “desejável” de desemprego.
Antes da criação do hoje anatematizado Banco Central independente, a autoridade monetária era instada a tomar decisões motivadas ou estimuladas por uma hierarquia de poder superior, ou seja, o Ministério da Fazenda e, em um andar ainda mais alto, a Presidência da República. O resultado, não raras vezes, eram medidas inconsistentes ou enviesadas, que, mesmo atingindo positivamente alguns dos seus objetivos – inflação mais baixa e/ou “pleno” emprego –, careciam de sustentabilidade. As decisões eram políticas e não técnicas, não obstante haver algum componente político em qualquer poeira do universo, quanto mais em uma gestão técnica do BC.
O assunto é complexo no mundo inteiro. Nem todas as coisas boas, contudo, estão condicionadas aos cânones da política econômica. Muitas vezes uma mudança na correlação de variáveis na lógica monetária e macroeconômica surpreende a todos com uma solução inesperada. Foi o caso do Plano Real, que, durante o seu período de formulação técnica, só tinha uma referência de efetiva operacionalização em Israel. Os jovens gênios da PUC, Persio Arida e o festejado André Lara Resende, trouxeram a ideia de inflação inercial para o campo de batalha da carestia e inventaram URV (Unidade Real de Valor). A sacada deu certo. A URV, planejada para ser transitória, teve como objetivo equilibrar preços relativos e remuneração de ativos. Ela funcionou como um transplante para adoção do real como moeda oficial do Brasil.
Não há nada mais óbvio do que afirmar que juros dependem do movimento de várias placas tectónicas da economia. Para tomar decisão sobre o a elevação, manutenção ou redução da Selic várias camadas do BC são acionadas. Um conjunto de técnicos altamente qualificados analisa previamente um oceano de dados, que serão rodados em modelos econométricos sofisticados, gerando os cenários variados para que o presidente do BC independente, juntamente com sua diretoria – todos indicados pelo presidente da República e aprovados pelo Congresso Nacional – batam o martelo. Todos esses atributos constam do “estatuto do BC independente”, que tanto incomoda Lula no presente.
Lembrai-vos de Henrique Meirelles
O presidente Lula é um animal político da estirpe mais elevada da sua espécie. Deve ter razões, certas ou erradas, que não são sua idade elevada e a irritação decorrente dos muitos anos já vividos – versão Faria Lima –, nem o poder superlativo concedido pelo 8 de janeiro, para bater de frente, publicamente, com Roberto Campos Neto. A impressão é que ele atira no pé do próprio governo. Lula insiste, com todos os exageros de retórica, o que o BC tem de fazer ou não. Parece não saber que suas declarações mais pressionam a taxa de juros de longo prazo, que é a que importa, do que resultam em um aumento de meio ponto da Selic.
No seu primeiro mandato, do qual se jacta de ter tido um BC autônomo e não independente, o presidente buscou intervir nas decisões do então titular da autoridade monetária, Henrique Meirelles. A literatura mais recente daquele período revela que Lula fritou Meirelles, ameaçou demiti-lo, mandou recados irritados, tinha até um candidato na manga do colete – o economista Luiz Gonzaga Belluzzo – tudo em função da taxa de juros. Achava que o elevado custo da moeda detonaria com a sua reeleição. Na época, não usou a estratégia do fazer barulho nas mídias: encomendou a Antônio Palocci que desse um jeito de rifar Meirelles sem as suas digitais. Mas a inflação começou a cair e os juros também. E, quando perguntado nas internas se o tempo de Meirelles já tinha se esgotado, respondeu: “Não me fale mais desse assunto, agora está dando tudo certo”. Essa era a “autonomia” do BC que Lula considerava adequada, sujeita ao vai e vem da circunstância e da sua visão política.
Lula piorou em relação ao passado ou está enxergando algo que ninguém viu, esbravejando diariamente contra a taxa de juros, o BC independente e a meta de inflação. A novidade é considerar o BC um bunker de Jair Bolsonaro porque o comandante da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, teria sido indicado pelo ex-presidente. Bobagem. Como demonstra o cientista político Alberto Almeida, Campos Neto poderia não ter elevado a taxa de juros pelo menos seis vezes no período relevante de campanha, mas fez o contrário, aumentando recorrentemente a Selic.
O presidente terá direito a indicar neste ano dois diretores do BC, nas áreas de Fiscalização e Política Monetária – este último talvez o cargo mais importante do colegiado, depois do comandante da instituição. Nem por isso, os técnicos serão espiões do presidente, ou muito menos seus paus mandados. Lula até pode acertar no atacado com a cantilena dos juros altos, mas erra na forma. Todos os seus incômodos na área monetária – juros e meta de inflação – são legítimos e, alguns, até comprováveis empiricamente por acadêmicos. São o caso dos juros, cuja taxa real da Selic, batendo já os 8,5%, e meta de inflação, fixada em 3%, podem, sim, ser chamadas “politicamente” de inaceitáveis ou inviáveis.
A Selic é a mais alta do mundo. A taxa de real de 8,5% é o dobro do segundo maior índice real do planeta. Olhando de fora do BC, o nível dos juros não faz o menor sentido. Quanto à meta de inflação, ela parece ser construída para que o Brasil tenha uma taxa de juros nas alturas permanentemente. Como se sabe, o nível de juros no modelo de inflation target é o principal instrumento para levar o índice de preços permanentemente para dentro da meta: em 2024, o centro está fixado em 3%, com uma banda superior de 4,5%. A meta ambiciosa faz com que os juros sejam pouco flexíveis, na medida em que qualquer choquezinho de oferta ou pressão atípica sobre o fiscal, forçam as taxas a saírem de dentro da casca. Um exemplo: no governo Bolsonaro a meta de inflação nunca foi cumprida.
No caso, curiosamente, Lula estaria alinhado com a discussão atual dos Bancos Centrais europeus, que deliberam sobre a redução do centro da meta para 4% a 4,5%, tendo em vista as previsões de que a inflação estrutural irá aumentar nos próximos anos. Ou seja: o mesmo percentual que o presidente defende para essas bandas.
Mais “indemissível” do que um general
A questão central é que Lula está misturando vários elementos ao mesmo tempo, repetindo esbravejando em praça pública contra seus novos inimigos figadais: Banco Central independente, meta de inflação, taxa de juros, Roberto Campos Neto, etc. Cabe dar ao presidente, um velho atirador de facas, o benefício de ter visto o que ninguém viu. Nesse caso, estaria mesmo precipitando uma eventual decisão de Campos Neto de não renovar seu mandato no BC, no fim de 2024. Lula quer que ele saia antes. De preferência, já! Deseja um experimento, melhor um invento de política monetária para chamar de seu. Um Plano Real do Banco Central. Mas, parece às vezes, que o presidente está carregando demais na estratégia do throwing in the towel.
Com a apresentação do pacote fiscal pelo ministro da Fazenda, os impactos do efeito inercial dos juros já se manifestando nas expectativas do aumento de preços, e o inevitável reequilíbrio das cadeias de produção mais fragilizadas pela pandemia, a Selic vai baixar, com Campos Neto ou Lara Resende. No caso, Lula poderá ficar enroscado no mesmo enredo da gestão Meirelles: demorou para sacar o seu presidente do BC “autônomo” e foi obrigado a mantê-lo porque os resultados prometidos surgiram, conforme relata Maria Cristina Fernandes, colunista política do Valor Econômico.
A mesma jornalista chama a atenção de que arrancar de forma autoritária Campos Neto do cargo que constitucionalmente ocupa pode ser mais difícil do que demitir oficiais de alta patente, a exemplo do que Lula fez com o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Campos Neto tem a claque do mercado financeiro, passagem entre os congressistas, respaldo na Lei e apoio corporativo.
Lula detesta quem não preste contas. Um bom exemplo do que arrepia o presidente da República é um tecnocrata com a autoridade do professor Octávio Gouvea de Bulhões, presidente da Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc) – o BC dos anos 60 – e titular do Ministério da Fazenda no governo do general Castello Branco. Consta que, durante a fase mais dura do ajuste econômico do primeiro ano do golpe de 1964, Bulhões recebeu uma visita do então maior empreiteiro do país, Sebastião Camargo. O empresário relatou as queixas e mais queixas dos dirigentes do setor privado em relação ao arrocho monetário. Bulhões, que tinha fama de não se alterar jamais, ouviu calado, com sua expressão de monge. Camargo, então, carregou nas tintas. Disse que dezenas de grandes empresas iriam quebrar, a economia iria pifar e os empresários iriam se jogar pela janela, como aconteceu no período do crash da bolsa de Nova York. Ao que Bulhões respondeu, serenamente: “A janela está logo ali”. Lara Resende, caso ungido, jamais teria uma atitude igual sem conversar com seu ministro ou o presidente. O economista tem o jogo de cintura, aprimorado por passagem bem mais agitada pelo governo no que diz respeito à adoção de teorias monetárias fora da caixa.
De qualquer forma, um sinal da disposição mudancista do presidente é quando ele lança mão do discurso do “nós contra eles”. Se Lula escalar, não é improvável que ele misture bolsonarismo, militarismo e “independentismo” do BC. O bordão da hora é “Autonomia, já, independência, nunca mais!” O presidente não quer só o cargo de Campos Neto ou juros mais baixos, mas um inventor na política do Banco Central que possa marcar sua gestão. A medida parece estar encomendada.
Aguardemos o embate político entre os dois candidatos. André Lara Resende expôs suas ideias há menos de 24 horas, no Programa Canal Livre, da Bandeirantes. Teve espaço para dar uma aula e argumentar, com sua teoria monetária alternativa, que é possível atender tudo o que Lula almeja, mudando o arcabouço do pensamento econômico que hoje rege as decisões do BC. Para Lula deve ter sido uma ópera.
Hoje, daqui a aproximadamente seis horas, Roberto Campos Neto dará entrevista no ao programa Roda Viva, da TV Cultura. É como se o curto intervalo de tempo tivesse sido combinado pelas partes. Vai servir de verificação da maior ou menor flexibilidade do presidente do BC. Sabe-se que Campos Neto já acena com uma meta menor – ainda que o seu menor seja residual, isto é, a manutenção da taxa de 3,25% deste ano para o ano que vem, contra os 3% fixados pelo Conselho Monetário Nacional. Pode ser que Campos modere o tom e acene com um tempo político mais razoável para a queda da inflação e dos juros. Pode ser. Mas os sinais vindos do entorno de Lula indicam que a preferência por Lara Resende é firme. Se não for agora, 2024 promete.
Economia
Lula traz para si o desgaste e poupa os ministros da área econômica
20/01/2023É peculiar a forma como Lula trata das questões econômicas. Ele se antecipa a fritura pelo mercado dos seus ministros, Fernando Haddad, principalmente, e Simone Tebet. O presidente traz para si o anúncio das medidas que incomodam as instituições da Faria Lima. Elas por sua vez seguem batendo um bumbo monocórdio, dizendo que não “gostaram da fala de Lula”. O câmbio, as ações e o mercado futuro de juros então fazem uma pequena má-criação. Sobem o dólar e os juros futuros e cai a bolsa, para no dia seguinte fazerem o movimento inverso.
A demonstração mais recente dessa forma de operar do presidente foi sua declaração de que vai desonerar o Imposto de Renda dos mais pobres e tributar os dividendos, uma renda basicamente auferida pelos mais ricos. A proposta é matusalênica. Já foi defendida no governo Lula 1, depois na gestão Michel Temer e seria implementada por Paulo Guedes caso Jair Bolsonaro fosse reeleito. A diferença é que, nas gestões anteriores, os ministros da Fazenda assumiam a responsabilidade pelo anúncio da “má nova”. Mesmo Lula, em seus governos 1 e 2, deixava o abacaxi ser descascado pelo seu então ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Agora, ele traz para si a iniciativa de antecipar as medidas que incomodam o mercado, desinflando o incômodo, lá na frente, dos bancos e demais instituições financeiras. Quando a medida finalmente é aprovada, já não há motivo para volatilidade dos ativos, nem bronca do mercado. Estão todos meio anestesiados, pois as mudanças já se tornaram mornas. Tudo indica que foi e será assim com a tributação de dividendos. E outras medidas seguirão na mesma toada.
A forma de Lula se intrometer não é inédita, mas incomum. Nos governos posteriores à abertura, nem Sarney, Collor, Itamar, FHC ou o Lula dos primeiros mandatos, adotaram essa prática do “me dá que o filho é meu”. Dilma chegou a usar dessa psicologia, que, como toda a comunicação feita pela presidenta, foi desastrosa. Na verdade, na mão inversa, os melhores exemplos de ministros da área econômica que usaram “suas carapaças de rinoceronte” – apud Otto von Bismarck, o “chanceler de ferro” da Alemanha – para proteger a imagem dos presidentes em relação às suas medidas mais duras estão presentes no regime militar. Roberto Campos, Octávio Gouvea de Bulhões e Delfim Neto emprestaram suas costas para levarem as chicotadas no lugar dos mandatários. Paulo Guedes, verdade seja dita, também cumpriu um pouco desse papel. Lula está fazendo o inverso, enchendo o balão no presente para que as expectativas se esfriem e o balão já esteja esvaziado quando for lançado nos ares. O problema primeiramente estoura na mão dele, que promove os seus já tradicionais meneios, avanços e recuos. É uma estratégia que poupa os ministros da Fazenda e concentra a antecipação das iniciativas na figura do presidente. Se vai der certo depende de milhares de variáveis. A ver.
Política
Mercadante no BNDES não é um bom sinal. Mas podia ser pior
13/12/2022Lula bateu o martelo da nomeação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES na véspera da sua diplomação. A conversa já vinha rolando há um bom tempo, mas o presidente eleito empurrava a definição para frente. A alternativa ao BNDES seria a indicação de Mercadante para a Petrobras. Mas dentro do grupo mais próximo do presidente a nomeação para a petrolífera foi considerada como uma sinalização mais arriscada. O próprio Mercadante concordou. Afinal, o banco de fomento não tem ações em mercado nem o impacto que a estatal tem nas bolsas de valores. Fora o fato de que, pelos notórios eventos pretéritos, a escolha do presidente da Petrobras tem de ser feita com muito carinho.
Havia dúvida como se daria a relação de Mercadante com o futuro ministro da Indústria e Comércio – especula-se que o mais cotado é o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva – tendo em vista o tamanho que o economista possui no PT e junto ao próprio Lula. A pergunta é se o titular do banco não ficaria maior do que o ministro, pilotando um verdadeiro enclave dentro da Pasta. No passado, o excessivo empoderamento do então presidente do BNDES, Guido Mantega, gerou atritos com os ministros Antônio Palocci e Luiz Furlan, além do presidente do BC, Henrique Meirelles. Deu no que deu.
Quanto aos dizeres de Lula de que não fará privatizações, a declaração está em linha com o discurso de campanha e é um recado sobre a linha de atuação que o banco terá sob a gestão de Mercadante. Com certeza, havia outros nomes de gabarito, próximos do vice Geraldo Alckmin e com uma aceitação muito maior pelo mercado. Mas está dado. O sinal não é bom.
Política
O que falta a Fernando Haddad para ser digerido pelo mercado?
8/11/2022Causa estranheza o mau humor do mercado com a possível indicação do ex-prefeito Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda. Haddad tem mestrado em economia, experiência em gestão pública e foi professor do Insper, celeiro de economistas como Marcos Lisboa e Samuel Pessôa. Haddad seria uma espécie de Fernando Henrique de Lula, feitas as devidas ressalvas em relação à excepcionalidade do citado. Ontem, o dólar subiu 2,2%, com a alta bastante atribuída às especulações em torno do nome de Haddad para o cargo. Hoje, até o início da tarde, declinava em 0,5%. Pode sempre ser um ajuste de posições, pois existe uma série de variáveis influenciando no momento nas cotações – eleição norte-americana, guerra entre Rússia e Ucrânia, variação do preço das commodities, situação institucional do país e mesmo as dúvidas em relação a formação da própria equipe econômica. O Ibovespa, ontem, parece ter combinado sua variação com o câmbio: caiu pouco mais de 2%. Hoje, já sobe 1,29%, com a alta explicada pelas boas notícias vindas da Vale. Os índices e cotações de hoje foram registrados no horário de 14h23.
O RR fez um exercício para identificar o espaço de Fernando Haddad na mídia, em citações positivas e negativas, cobrindo 30 mil veículos entre impressos, onlines e TVs, no intervalo de 11 de maio até hoje. Haddad disparou na curva, com 113.350 menções, mais do que o dobro do segundo colocado, o ex-governador da Bahia, Rui Costa, com 51.720 citações. Sim, é isso mesmo: Rui Costa é o segundo da lista. Outra visão é que o mercado não é um ente tão intangível e estaria trabalhando colegiadamente para um outro nome para a Fazenda. Detonar Haddad seria uma forma de influir a indicação, não esquecendo que o personagem que está na língua dos agentes financeiros é Persio Arida.
Arida parece o mais talhado para o cargo de ministro da Fazenda. O economista, um dos pais do Plano Real, tem uma excelente formação acadêmica no Brasil e no exterior, passagem pela presidência do BNDES, foi conselheiro formal e informal em toda a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi banqueiro – há quem diga que banqueiro, assim como general, padre e juiz, mesmo deixando a função jamais perde o nome de tratamento. Tanto participou de reuniões do comitê econômico da campanha de Lula como está escalado para o comitê de transição do governo Bolsonaro para o do presidente eleito.
Há quem diga que Pérsio Arida não é o que se chama de “operacional”. Mas, nos últimos tempos, o que conta é a equipe econômica do ministro, o que virá em um segundo tempo da partida. Outra curiosidade: a pesquisa do RR revela que a indicação de Pérsio Arida não é um sentimento geral – ele está no fim da fila entre os ministeriáveis especulados para o comando da economia, com apenas 8.181 citações no mesmo período supracitado. Portanto, somente competência pretérita e salamaleques, na prática, não são necessariamente os atributos que contam para a indicação do ministro.
Outros nomes têm sido insistentemente citados para a gestão da política econômica do país. São eles: Henrique Meirelles, Wellington Dias, Alexandre Padilha, Rui Costa e Camilo Santana, não necessariamente nessa ordem de presença constante na mídia. Meirelles dispensa apresentações, mas vamos lá: banqueiro, presidente do Banco Central e ministro da Fazenda. Outra curiosidade: Meirelles, com 18.992 citações, está, em um para lá de inesperado, terceiro lugar no fim da fila, sentado somente na cadeira da frente de Pérsio Arida e atrás de Alexandre Padilha, com 10.787 menções. Wellington Dias, ex-governador do Piauí, assina seu currículo de forma suscinta: bancário, político e escritor. É quem mais dá declarações sobre a futura política econômica do governo Lula. Alexandre Padilha tem em comum com o ex-ministro Antônio Palocci o fato de ser médico. Foi ministro de Relações Institucionais no governo Lula e ministro da Saúde na gestão Dilma Rousseff. Sabe tudo de política. É o terceiro colocado na pesquisa do RR para o cargo de ministro, com 22.771 citações na sondagem.
O “segundão do ranking”, Rui Costa é graduado em economia, trabalhou como consultor de projetos na petroquímica e é um político” PT de raiz”. Ao que indica a pesquisa, pode já estar com um pé na Fazenda. Finalmente Camilo Santana, que segue no último lugar da fila. Santana tem características especiais para o cargo em um momento que o meio ambiente e as commodities parecem ser um quesito importante para qualquer função. É engenheiro agrônomo, professor, foi secretário de desenvolvimento agrário e posteriormente formou-se como mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, além é claro o posto de governador do Ceará. Santana ficou na fila do meio na sondagem, com 17.555 citações.
O que pode se depreender da análise é que os nomes para a Fazenda que estão na “boca do povo”, aliás, na boca da mídia, têm forte trajetória política e não são os medalhões do mercado financeiro. De qualquer forma Lula e Alckmin tem a palavra final.
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Lula vai soltar algum spoiler na economia?
5/10/2022O comitê da campanha petista pressiona Lula a antecipar nomes da sua equipe econômica e anunciar propostas concretas, tudo o que o candidato não fez até o momento. Essa mobilização é um reconhecimento de um equívoco. Sob certo aspecto, Lula desdenhou da realidade eleitoral ao não assumir riscos e não dar pistas de sua política econômica na disputa do primeiro turno. Não são discussões em linha reta. Dentro do PT, há estratégias e propostas distintas, defendidas pelas diferentes correntes de pensamento econômico que foram se aninhando na campanha de Lula. A eminência parda da área econômica no partido, Aloizio Mercadante, defende que o candidato anuncie medidas mais afeitas ao ideário histórico do PT. Entrariam nesse rol o aumento do salário-mínimo, a promessa de correção da remuneração do funcionalismo público e a garantia de constitucionalização do Bolsa Família, que Lula promete recriar no lugar do Auxílio Brasil. Ou seja: o benefício passaria a ser uma ação de Estado e não do governo da ocasião. Mercadante entende, inclusive, que Lula deve explorar ao máximo essas propostas nos debates eleitorais do segundo turno. A premissa é que são medidas que Jair Bolsonaro não seria capaz de “bidar”. Ou seja: seriam ativos quase exclusivos do candidato do PT.
Por sua vez, Geraldo Alckmin defende um discurso mais ameno, voltado a crescimento, linha que encontra eco em Andre Lara Resende e Pérsio Arida, colaboradores na formulação do programa econômico petista. O duo “Larida” seria da opinião que Lula deve esmiuçar propostas para estimular investimentos, especialmente na área de infraestrutura, e fomentar a criação de frentes de trabalho.
Lula sempre foi da opinião que nome de ministro e política econômica só se anuncia depois da eleição. Foi o que fez em seu primeiro mandato, divulgando a nomeação de Antonio Palocci somente no dia 12 de dezembro de 2002, portanto um mês e meio após a vitória nas urnas. No entanto, a redução da diferença para Jair Bolsonaro no primeiro turno – bem inferior à apontada pelas pesquisas – joga um fator de pressão para que o petista antecipe fatos. Até como forma de conter especulações que, a essa altura, levam mais tensão à campanha petista. Nos últimos dias, surgiram rumores no mercado de que Lula estaria propenso a indicar um economista “puro-sangue” do PT para o Ministério da Fazenda. Nesse caso, o futuro ministro sairia da “lista tríplice” formada por Aloizio Mercadante, Guilherme Mello e Gabriel Galípolo.
Mercadante é uma espécie de decano dos economistas do PT, colaborador histórico de Lula e, por isso mesmo, talvez o nome com maior suporte político dentro do partido. Mello e Galípolo, por sua vez, são estrelas em ascensão. Com a mesma idade, 39 anos, ambos se destacaram durante a campanha como dois dos principais formuladores do programa econômico de Lula. Mello, da Unicamp, já disse que o governo Lula pretende revogar o teto de gastos e criar um novo arcabouço fiscal. O que isso significa? Pouco ou nada se sabe, o que só ajuda a alimentar tensões no mercado.
Já Galípolo tem uma trajetória, digamos assim, menos convencional para o perfil dos economistas historicamente próximos ao PT – ainda que seja um colaborador de Mercadante há mais de dez anos. Formado pela PUC, foi CEO do Fator, o que, em tese, talvez o coloque em uma situação de vantagem, como um nome um pouco menos rascante para o mercado. Galípolo também é próximo de Luciano Coutinho, o que em parte explicaria as especulações do seu nome para um BNDES vitaminado – ver RR de 5 de setembro.
Em conversas com assessores próximos a Lula, o RR apurou que, apesar de eventuais pressões do partido, Lula pende para a saída mais desejável pelo mercado, leia-se um Ministério “PTucano”. Na prática, a construção desse staff já vem surgindo aos poucos, de forma gradativa – em uma combinação antecipada pelo RR ao longo dos últimos meses. Geraldo Alckmin segue como forte candidato ao Ministério da Fazenda – como informou a newsletter no dia 19 de setembro. Dentro do próprio PT, ressalte-se, há focos de resistência ao nome de Geraldo Alckmin – e, consequentemente à “tucanização” da economia. Um dos argumentos é que o vice-presidente da República não seria um ministro demissível. Tudo tem seu jeito. Alckmin pode até não ser “demissível”, mas seria perfeitamente “deslocável”, caso assim fosse necessário. Por essa linha, Lula formalizaria também a presença de André Lara Resende e Pérsio Arida em sua equipe econômica. É outro movimento que não vem de hoje. Em março de 2021, mais precisamente na edição do dia 16, o RR foi o primeiro veículo a noticiar a aproximação de Lara Resende e Lula e a possibilidade do ex-tucano integrar um eventual governo petista.
O RR não acredita que Lara Resende seja o escolhido para o cargo de ministro. O mercado financeiro se ressentiria da escolha, em razão das suas “novidadeiras” teorias monetárias. Mas ele será um importante colaborador de Lula na formulação da política econômica, o que já foi endossado pelo próprio petista. O mesmo se aplica a Pérsio Arida, outro nome egresso do ninho tucano, que também confirmou sua colaboração com o comitê responsável pelo programa econômico e igualmente se achegou a Lula pelas mãos de Alckmin. A presença de Lara Resende e Arida traz para o governo petista o ativo da maior revolução monetária do país, com o fim da hiperinflação. Ou seja: Lula pode capitalizar o fato de que arregimentou das antigas fileiras tucanas a dobradinha que ajudou a idealizar o Plano Real e a resolver o maior problema do povo: a carestia. Mesmo que o petista não tenha apoiado o Real na sua origem.
O regra três da área econômica de Lula é, como sempre foi, seu ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Seu apoio a Lula não teria sido uma decisão destituída de qualquer acordo ou interesse. Meirelles é quindim do mercado. A newsletter aposta que seu nome está guardado para a saída de Roberto Campos Neto da presidente do BC daqui há dois anos – ver RR de 9 de setembro. Campos Neto já afirmou que não se recandidatará, o que também é o desejo do PT. Meirelles estaria sentado no Conselho da controversa corretora de criptomoedas Binance, aguardando a convocação. Será, então, o mais longevo presidente do BC e joia rara dos três governos Lula. Mas Meirelles não é papo para a campanha eleitoral. Os atores agora são outros.
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Para Paulo Guedes bastava dizer a verdade
31/05/2022Paulo Guedes mentiu em Davos. Disse que pela “primeira vez, em 15 anos, o governo zerou o déficit em todos os níveis da federação”. E mais: “Fizemos em 15 meses o que eles fizeram em 15 anos”, referindo-se ao tempo necessário para zerar o déficit. Uma lorota tola e eleitoreira solta feito uma lagartixa no Fórum Econômico. Não foi a primeira vez em 15 anos. E “os outros” fizeram, inclusive, um dever de casa melhor. A verdade é que o governo Lula conseguiu um resultado fiscal superior ao saldo do primário inflado pelo discurso de Guedes.
O ministro não precisava disso. As contas públicas apresentaram um excelente resultado em 2021, com um superavit primário de 2,37% do PIB, o primeiro desde 2013 e o melhor saldo desde 2008. São números do próprio boletim do Ministério da Economia sobre o Resultado Fiscal Estrutural, que confirmam o excesso verbal, digamos assim, de Guedes. Vale registrar que ficaram fora do cálculo das contas públicas o “pepinódromo” dos precatórios e as despesas não recorrentes com a pandemia. Mas tudo bem. Há mérito na performance do ministro.
Entretanto, segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE), o resultado fiscal estrutural mais robusto foi observado entre 2003 e 2008, intervalo do governo Lula, atingindo, na média, um patamar de quase 4% do PIB. Obra e graça de Antônio Palocci, não custa rememorar. Com Dilma Rousseff, o resultado do primário ingressou no campo negativo. É difícil entender por que Paulo Guedes insiste em interpretar o Barão de Münchausen.
Não existe motivo para logro. O resultado de janeiro, por exemplo, foi espetacular, com o maior superavit primário (R$ 76,5 bilhões) desde o início da série histórica, em 1997. Guedes não é menos capacitado intelectualmente do que os ministros da Economia do PT. E sua gestão das contas públicas merece louvor. Mas é preciso acabar com a farsa de que o desempenho fiscal no governo Lula foi ruim. Por enquanto, é o melhor em 15 anos.
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Uma frente ampla para o Ministério da Economia
3/01/2022O economista Arminio Fraga acende uma vela a Deus e outra ao diabo. Diz que está pronto a colaborar – ser ministro da Economia – de um governo que adote suas ideias. Por aderência natural migraria para a candidatura Sérgio Moro. Mas o candidato lavajatista já tem o seu ministro – o professor Affonso Celso Pastore – e reduzidas chances de vitória. Com Bolsonaro, Fraga não tem nem conversa. De Lula recebeu acenos, mas teria recusado. Não é bem verdade. Teria, sim, postergado. Fraga aguarda a indicação de Geraldo Alckmin à vice-presidência de Lula. Seria a forma tortuosa de abrir um canal de diálogo com o líder das pesquisas eleitorais.
O controlador da Gávea Investimentos espera que Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e José Serra, entre outros “tucanos de cabelos brancos”, venham a aderir à chapa Lula-Alckmin para se juntar aos apoiadores pessedebista da coligação lulista. Ou seja: esse PSDB informal e depurado de nomes como o de Aécio Neves, só para dar o exemplo mais gritante. Fraga se perfila entre os tucanos de boa cepa, mas no fundo tem um lado pessoal que lembra Paulo Guedes: quer obsessivamente ser ministro há anos e anos, amém. Sabe que Lula caminhará para a centro direita.
E que muitas das suas ideias serão incorporadas em um futuro governa lulista. A chave de entrada seria a formalização de Alckmin na vice-presidência. A tropa de choque lulista não descarta um convite a Fraga, mas ele não lidera a lista dos mais bem quistos potenciais futuros ministros da Economia. Lula preferiria um perfil político, mais próximo de estilo Antônio Palocci, titular da Pasta no seu primeiro governo. Dois nomes se sobressaem nessa lista: o do governador do Maranhão e professor de Direito Constitucional da Universidade do Maranhão, Flávio Dino; e do ex-vereador por Teresina, deputado estadual, federal, senador e quatro vezes governador do Piauí – inclusive exercendo o atual mandato -, Wellington Dias. Ressalte-se que os dois compareceram ao jantar oferecido por um grupo de advogados paulistas para aproximar Lula ainda mais de Geraldo Alckmin.
Apetece também ao ex-presidente a escolha de um empresário do setor real da economia. Há diversos papeizinhos com nomes nesse pote: Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice de Lula, José de Alencar, e presidente da Fiesp; Pedro Passos, um dos controladores da Natura, que daria um toque ESG à política econômica; Pedro Wongtschowski, industrialista e presidente do Conselho do Grupo Ultra; Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (ver RR de 22 de dezembro de 2021) e amigo pessoal do assessor de Lula, Aloizio Mercadante – seja lá o peso que isso tenha na escolha; e até mesmo o octogenário Abilio Diniz, que voltou à cena, expondo suas ideias na mídia como se quisesse ser lembrado. Correndo por fora do setor real viria o tecnocrata financeiro multi-partidário Henrique Meirelles – presidente do BC de Lula, ministro da Fazenda de Michel Temer e secretário da Fazenda de João Doria.
Meirelles não está na pole position da indicação para o Ministério da Economia, mas reúne três pontos a favor: se dá bem com Lula, conta com o aval do mercado e teria um bom entendimento com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que estará à frente da autoridade monetária, seja lá quem for o futuro presidente. Meirelles, contudo, tem um ponto avantajado contra ele: a atual relação estreita com Doria, que fará uma campanha eleitoral fustigando Lula. Nesse contexto, Fraga seria o candidato natural do mercado. Recentemente, passou a namorar a centro-esquerda. E atrairia pessedebistas ainda recalcitrantes em relação ao apoio a Lula. Um senhor ponto contra é que é detestado por segmentos influentes do PT. Candidatos a ministro da Economia, portanto, ainda pululam aos montes. De certo mesmo, somente é que todos serão “subministros”. O “titular da Pasta” de fato será o próprio Lula, que, se eleito, pretende que a política econômica seja realizada com dosimetria política. O inverso de Jair Bolsonaro. O que não deixa de ser uma boa notícia.
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Os candidatos a ministro da Economia de Lula
16/03/2021Ainda faltam 565 dias para a eleição presidencial de 2022, mas quatro nomes já despontam como candidatos a ministro da Economia em um eventual governo Lula: Armínio Fraga, Monica de Bolle, Marcos Lisboa e André Lara Resende. Arminio, Monica e Lisboa são arroz de festa. Desde sempre estão disponíveis para integrar qualquer governo. Lisboa foi o primeiro a se ofertar nessa corrida.
Já fez chegar ao PT e ao próprio Lula sua disposição para colaborar no que for necessário. Só faltou mandar currículo. O presidente do Insper é, de todos, o que mais deseja o cargo. Vai panfletar seu próprio nome enquanto Lula não se decidir. Por um lado, Lisboa tem a seu favor a participação no governo do ex-presidente: ocupou o cargo de secretário de Política Econômica de 2003 a 2005. Por outro, foi levado ao cargo pelo ex-ministro Antonio Palocci, hoje desafeto geral. O ex-presidente do BC Armínio Fraga é farinha de outro saco.
Armínio é um crítico elegante das políticas econômicas dos governos do PT. Bate, mas com luvas alvas e acolchoadas. Em outra seara, por pouco, não sujou as mãos de lama: seria o ministro de Aécio Neves caso ele tivesse derrotado Dilma Rousseff em 2014. Lula não liga bulhufas para essas coisas. Henrique Meirelles na presidência do BC é uma demonstração da flexibilidade do ex-presidente da República. Armínio imagina que haveria espaço para implementar suas novas ideias social-democratas no governo do PT. O ex-presidente do BC criou três grupos de estudos próprios que trabalham na construção de parte de um programa de governo.
Armínio tem a seu favor a simpatia de todo o mercado. É um dos mais votados entre as instituições financeiras. Monica de Bolle já rezou na igreja de Armínio. Foi uma das fundadoras e diretora da Casa das Garças, um think tank tucano dominado pelos economistas da PUC-RJ. Hoje, pensa inteiramente diferente daquele tempo. Por isso, quer o cargo; para impor suas teses e ainda fazer um aceno ao movimento feminista, do qual é simpatizante declarada. Sem dúvida, traria um certo frescor aos ambientes acinzentados do Ministério da Economia.
Monica é bastante próxima de Laura Cardoso, economista darling do PT. O senão é que Laura, mesmo não sendo das mais cotadas, também deseja a vaga na Pasta da Economia, provavelmente com o apoio do partido. Em tempo: Monica também caberia como uma luva na presidência do BC. O RR aposta que ela iria para a Economia. De todos os nomes que orbitam no entorno de Lula, é possível que André Lara Resende seja quem menos dispute a tarefa.
Mas, talvez seja aquele que mais estaria disposto ao sacrifício, muito menos pelo cargo e mais pela oportunidade de testar na prática o seu “experimento”. Ele fez a mesma coisa com o Plano Real, então uma teoria não testada. André tem circuito acadêmico no exterior e tomou para si a cruzada de fazer valer a teoria monetária moderna, um pensamento emergente da academia que joga por terra o tradicional dogma fiscal hoje absolutamente em voga no Brasil. O economista conta com a simpatia de Ciro, que comprou suas ideias. É um intelectual independente.
Vem de uma formação tucana. Mas, hoje fala com todo mundo. De todos, é quem está mais focado na ideia de ajeitar o Brasil. Como não poderia deixar de ser, trata-se de conjecturas sobre desejos e vantagens comparativas, assim como recados que foram lançados. Seja quem for o ministro de Lula, o objetivo é que ele acene para o mercado, tranquilizando-o. A priori, a ordem do ex-presidente é primeiramente caminhar pelo país, visitando, sobretudo, o Nordeste. Antes do fim do ano, seria apresentado, então, o seu ministro. Qualquer semelhança com a trajetória de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes é mera coincidência mesmo.
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Salvo conduto
26/08/2020Os advogados do empresário Luiz Roberto Ortiz Nascimento estudam entrar com um pedido de anulação do processo que corre contra ele na 10a Vara Federal de Brasília. A brecha são as suspeições lançadas pela própria Polícia Federal sobre a delação do ex-ministro Antonio Palocci, peça importante na montagem da acusação contra Nascimento. Casado com Renata de Camargo Nascimento, uma das herdeiras da Camargo Corrêa, o empresário é réu por supostas fraudes com recursos da Petros.
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Barão de Munchausen
21/08/2020Os advogados de Lula vão entrar nos próximos dias com o pedido de anulação da delação premiada de Antonio Palocci. A defesa do ex-presidente vai se agarrar com unhas e dentes ao inquérito da PF conduzido pelo delegado Marcelo Daher. Segundo a investigação, as “revelações” de Palocci contra Lula não passam de um “corta e cola” do noticiário.
Acervo RR
Efeito Palocci
18/12/2019A Rádio Corredor da Lava Jato informa: a PF estaria preparando uma operação ainda para este ano com base na delação de Antonio Palocci. O sinal verde teria saído do gabinete de Edson Fachi.
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Tiro de festim
21/11/2019O ex-presidente do STJ Cesar Asfor confidenciou a uma fonte do RR que vai entrar na Justiça contra Antonio Palocci. Em sua delação, o ex-ministro acusou Asfor de receber R$ 5 milhões em propina da Camargo Corrêa. O contra-ataque pode até valer para demarcar território, mas, a essa altura, um processo a mais ou a menos vai pesar como caspa sobre os ombros de Palocci.
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Caça a Lula
11/10/2019O RR apurou que o juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal de Brasília, vai colher novo depoimento de Antonio Palocci no âmbito da Operação Zelotes. Em pauta, a acusação feita pelo ex-ministro de que Lula recebeu propina pelo contrato com a sueca Saab para a compra dos caças Gripen.
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Palocci estraga os planos de André Esteves
10/10/2019A recente delação de Antônio Palocci acusando André Esteves de insider information vai mudar os planos do banqueiro. Esteves, que retornou de mansinho no ano passado à posição de sênior partner do BTG, tornou-se um comprador compulsivo de ações do próprio banco, ampliando bastante sua já expressiva participação acionária. O próximo passo seria retornar ao posto de presidente da instituição. A deduração de Palocci, por motivos óbvios, abortou o plano. A decisão foi tomada em reunião informal com os principais sócios. Ganha o BTG.
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Recuo da Lava Jato
8/10/2019A força-tarefa da Lava Jato chegou a cogitar uma acareação entre Lula e o delator Antonio Palocci. A ideia, no entanto, foi engavetada. Com o crescente risco de anulação da sentença no STF, seria uma oportunidade de ouro para o ex-presidente transformar a confrontação em palanque e desancar a “República de Curitiba” e o ex-juiz Sergio Moro.
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Uma testemunha sob medida
3/10/2019Aos olhos da força-tarefa da Lava Jato, a forma como Antonio Palocci construiu sua delação contra a Camargo Corrêa foi bastante conveniente para a empresa. Ao denunciar que a empreiteira teria pagado propina para que a Petros comprasse a sua participação na Itaúsa, Palocci jogou toda a arquitetura do esquema nas costas do falecido ex-ministro Luiz Gushiken. Segundo o RR apurou, os únicos relatos com algum grau de precisão feitos por Palocci em seu depoimento se referem a supostas reuniões entre Gushiken e representantes da Camargo Corrêa. A defesa das herdeiras de Sebastião Camargo vai pintar e bordar com esse álibi do além.
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Um tiro de curva em Lula
5/09/2019Segundo o RR apurou, em sua delação o ex-ministro Antonio Palocci centrou fogo no ex-presidente da Funcef, Guilherme Lacerda. Palocci teria esmiuçado detalhes de desvios de recursos da fundação sob a forma de investimentos em FIPs da área de infraestrutura durante a gestão de Lacerda. Mirar no executivo é atirar em Lula. Guardadas todas as proporções, no quesito longevidade Lacerda foi uma espécie de Henrique Meirelles da Funcef: permaneceu à frente da fundação ao longo dos dois mandatos de Lula, assim como Meirelles no BC.
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Crônica de um banqueiro acima do bem e do mal
22/08/2019Quando se trata de estranhas transações, é difícil antepor o nome de Joseph Safra ao do seu banco. O banqueiro está – e não está associado às delações de Antônio Palocci, envolvendo o repasse de dinheiro por fora para o Instituto Lula e a campanha eleitoral de Fernando Haddad, aos casos de facilitação da venda da Aracruz Celulose para o Votorantim e aos negócios incluindo Casino, Carrefour e Abílio Diniz. Mas o banco está presente em todos. Joseph igualmente está – e não está – ligado à Operação Zelotes e ao Caso Wikileaks. Mas, o banco está presente. Ele está – e não está – indexado às estripulias cambiais que levaram a Aracruz à garra antes de ser adquirida pela então Votorantim Celulose e Papel (VCP), posteriormente Fibria Celulose e recém-incorporada pela Suzano.
E a instituição comparece. Joseph sempre esteve – e não esteve – vinculado a virtuais operações de gestão temerária ou contravenção. O banqueiro dos banqueiros sempre conseguiu que sua pessoa física se diluísse na placa do banco. Ele deslizou pelos meandros da instituição financeira devido às discussões judiciais por suspeito recebimento de dinheiro desviado de obras públicas durante a gestão do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf. Coube ao Safra National Bank of New York a responsabilidade pela operação. O banco firmou um termo de ajuste de conduta (TAC) no valor de US$ 10 milhões. Joseph também esteve – mas não esteve – no episódio de lavagem de dinheiro, na Suíça. Quem compareceu foi o J. Safra Sarasin Ag, junto com mais quatro bancos, com o montante total de US$ 1 bilhão. Talvez a única vez que o lendário banqueiro teve arranhada sua impoluta imagem tenha sido na Operação Zelotes, em processo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Seu nome, quase um arcano, veio à tona. Joseph foi acusado, junto com seu ex-funcionário João Inácio Puga, de pagamentos por fora à Receita Federal para obter a anulação de multas da ordem de mais de R$ 2 bilhões. Em um primeiro momento, o Ministério Público chegou a considerar o banqueiro como o “longa manus” de Puga. Mas, como sempre, Joseph acabou diluído no imbróglio. Puga dirimiu-o de qualquer reponsabilidade, assumindo, sozinho, uma decisão de tamanha monta. O Sistema Nacional de Passaportes identificou que o banqueiro passou 151 dias no exterior e por isso não tinha tempo para discutir pessoalmente o assunto. E como era de se esperar, em 12 de dezembro de 2016 o Tribunal Regional Federal da 1° Região encerrou a ação penal contra o banqueiro Joseph Safra. Assim como algumas criaturas da literatura, é possível que o dono do Banco Safra não exista. Seja um espectro que paira sobre o sistema financeiro. Joseph, o mais emblemático e silencioso dos banqueiros, gostaria que essa versão fosse a realidade.
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Novamente Palocci
13/06/2019A rádio-corredor do Ministério Público informa: o MPF estaria preparando uma nova fase da Operação Greenfield, a partir da delação de Antonio Palocci homologada na semana passada. O alvo seriam aportes da trinca Petros, Previ e Funcef em fundos de investimento da área de infraestrutura. Procurado, o MPF diz que “não antecipa diligências ou investigações em curso”.
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Palocci ataca novamente
22/05/2019O juiz Luiz Antonio Bonat, substituto de Sérgio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, estaria prestes a autorizar a publicação de mais trechos da delação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. O alvo prioritário seria o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel, com novas denúncias sobre o esquema de propinas para a compra de Medidas Provisórias no governo Lula.
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Grupo Caoa enxerga o Ministério Público no retrovisor
15/04/2019Como se não bastassem as acusações de Antonio Palocci de que o Grupo Caoa repassou propina ao filho de Lula, o Ministério Público de Goiás também está no encalço da montadora. Segundo informações filtradas do próprio MP-GO, os procuradores reuniram evidências de que a montadora, representante da marca Hyundai no Brasil, teria transferido recursos ilegais ao ex-governador Marconi Perillo em contrapartida à concessão de incentivos fiscais. De acordo com a fonte do RR, os supostos pagamentos teriam se intensificado em 2017, quando a Caoa anunciou um novo pacote de investimentos no estado para a produção de veículos da marca Chery.
O RR enviou uma sériemde perguntas à Caoa, mas a empresa não quis se pronunciar. O MP-GO informou que “Como desdobramento da ação já protocolada questionando a concessão de benefícios fiscais por lei de 2014, há algumas investigações em andamento, que tramitam em sigilo”. Disse ainda “que não há como confirmar o nome de nenhum investigado bem como o objeto da investigação”. O caso Caoa é um combustível a mais nas investigações contra Marconi Perillo por suposto favorecimento a empresas mediante renúncia fiscal.
Em fevereiro, o MP-GO pediu à Justiça o bloqueio de R$ 3,9 bilhões em bens de Perillo para cobrir supostos prejuízos causados aos cofres públicos ao isentar mais de mil companhias de pagar juros dívidas com o próprio estado. Por meio de sua assessoria, o exgovernador Marconi Perillo informou que o “Programa de Recuperação Fiscal – Regulariza 2014 foi rigorosamente amparado pelas decisões do Confaz”. Afirmou ainda que todos os seus bens “estão devidamente declarados em seu Imposto de Renda, com valor total de R$ 6 milhões”. Em relação à Caoa, Perillo diz que a relação do estado de Goiás com a companhia “sempre se deu no nível institucional”.
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Reality show
5/04/2019A convocação de Antônio Palocci e Guido Mantega é apenas um aquecimento. O presidente da CPI do BNDES, o deputado tucano Vanderlei Macris, guarda no bolso do colete um pedido de acareação entre os dois ministros da Fazenda do governo Lula.
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Luta inglória
14/02/2019A defesa de Lula tenta anular a convocação de Antonio Palocci como testemunha de acusação do processo que apura possível tráfico de influência do ex-presidente na compra dos caças da Força Aérea. Os advogados levantam a suspeição de Palocci devido aos acordos de delação premiada que ele fechou em ações no âmbito da Lava Jato – nos dois casos usando acusações a Lula como moeda de troca.
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Réu famoso
5/02/2019Às vésperas de Lula completar um ano de prisão, em abril, outra ação avançará contra o ex-presidente. Na segunda quinzena de março, os ex-ministros Antonio Palocci e Nelson Jobim serão ouvidos como testemunhas no processo que investiga a compra de caças suecos pelo Brasil, avalizada pelo ex-presidente. Nesse período, o juiz Vallisney de Souza Oliveira espera receber dados do Reino Unido e informações do governo da Suécia e de dirigentes da Saab, fabricante dos aviões. O Ministério Público Federal acusa Lula de ter feito tráfico de influência no negócio de US$ 5,4 bilhões.
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Munição de alto calibre
30/01/2019A artilharia de comunicação de Jair Bolsonaro já está preparada para fazer barulho em cima do novo acordo de delação de Antonio Palocci. Os depoimentos do ex-ministro sobre a gênese da Sete Brasil serão muito úteis para justificar um processo de “despetização” dos fundos de pensão e da Previc, o órgão regulador da área de previdência privada.
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Os fundos de Palocci
4/01/2019O chão já começa a tremer na Previ, Petros e Funcef. O primeiro depoimento de Antonio Palocci após selar o acordo de delação no âmbito da Operação Greenfield, que investiga irregularidades nos fundos de pensão, deverá ocorrer na semana do dia 14 de janeiro.
Acervo RR
Exumação
27/11/2018O economista Rubem de Freitas Novaes, futuro presidente do Banco do Brasil, carrega uma missão espinhosa. A pedidos vai desencavar esqueletos no armário das gestões de Antonio Palocci e Guido Mantega. As ossadas já estão todas mapeadas.
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Exumação
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A conferir
16/11/2018A Rádio Lava Jato informa que novos trechos da delação de Antonio Palocci deverão ganhar o mundo nos próximos dias. Desta vez, ao menos, não será em semana de eleição.
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A bronca do “Comandante”
9/11/2018José Dirceu anda irritado com os dirigentes do PT. Em reuniões fechadas, a cúpula do partido tem citado recorrentemente o nome do “Comandante” na lista dos companheiros que caíram acusados de corrupção, sempre ao lado de Antonio Palocci. Dirceu tem enfatizado em seu círculo restrito de amizades que é inocente e foi condenado sem provas. Já em relação a Palocci não economiza nos ataques ácidos àquele que “enriqueceu e depois delatou”.
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Palocci afunda ainda mais a Sete Brasil
10/10/2018O disclosure da delação de Antonio Palocci, em que o ex-ministro descortina o esquema de propinas envolvendo a Sete Brasil, pode ser a gota d´água para a empresa. As acusações vêm à tona justo no momento em que a companhia costura um aporte de capital com investidores asiáticos, condição sine qua nom para a conclusão ao menos de quatro das 17 sondas originalmente encomendas. Ao mesmo tempo, a Sete Brasil está no meio de uma intrincada negociação com os credores na tentativa de aprovar seu plano de recuperação judicial. A proposta sobre a mesa prevê um haircut praticamente de máquina zero, com o corte de até 90% da dívida total, na casa dos R$ 18 bilhões.
…
Por falar em Sete Brasil, o estaleiro Jurong deverá vender como sucata duas sondas encomendas pela empresa, que tiveram sua produção interrompida. Ambas estavam orçadas em quase US$ 1 bilhão.
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Abílio Diniz é o ministro da Fazenda dos sonhos de Fernando Haddad (e de Lula)
19/09/2018Fernando Haddad já encontrou a pedra filosofal do seu governo. Abílio Diniz vem sendo sondado para assumir o Ministério da Fazenda na eventual gestão do petista. Como tudo que diz respeito à candidatura Haddad, o ex-presidente Lula tem papel determinante na escolha, da qual é o avalista-mor. As tratativas, ressalte-se, passam à margem do atual comando do PT. São conduzidas pelo núcleo central da articulação política de Haddad, em sua maioria assessores herdados do próprio Lula. Sob os mais diversos aspectos, a eventual indicação de Abílio para a Fazenda é tratada pelo entorno do candidato petista como um dos grandes achados de sua campanha – guardadas as devidas proporções, algo similar ao que a presença de Paulo Guedes representa para a candidatura de Jair Bolsonaro.
Procurados, Fernando Haddad e Abílio Diniz não quiseram se pronunciar. É bem verdade que outros nomes têm rodado o entorno de Fernando Haddad como potenciais comandantes da economia no governo petista, entre eles o de Marcos Lisboa, secretário executivo do Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Lula. Lisboa, no entanto, é um peso-pena se colocado na balança ao lado de Abílio Diniz. O ex-Pão de Açúcar seria um ministro turn key, um combo completo. Ao escolhê-lo, Haddad levaria no mesmo pacote staff, interlocução com o empresariado, simpatia da mídia e, sobretudo, doses hectolítricas de credibilidade. A eventual “nomeação” de Abílio Diniz para a Fazenda antes das eleições – hipótese cogitada no QG de campanha de Haddad –, teria o condão de atrair a confiança do mercado, inclusive no exterior.
Abílio é um personagem do mundo, membro do board do Carrefour em Paris. Algo que os principais assessores econômicos do PT – como Guilherme Mello, Marcio Pochmann, Ricardo Carneiro e Luiz Gonzaga Belluzzo –, além do próprio Marcos Lisboa, estão longe de conseguir, sem qualquer demérito à trajetória de cada um. Abílio seria o avalista do compromisso do governo Haddad com o ajuste fiscal e a realização das reformas estruturantes. Além disso, o petista teria ao seu lado um empresário puro-sangue do setor real, em contraponto aos financistas que cercam os demais candidatos à Presidência. Ressalte-se ainda que a indicação de Abílio significaria a presença de um nome sem máculas na Pasta da Fazenda, algo que ganha ainda mais relevância em se tratando de um partido que tem dois ex-titulares do cargo fisgados pela Lava Jato – Antonio Palocci e Guido Mantega. Para Abílio Diniz, a nomeação para o Ministério da Fazenda seria a coroação de sua trajetória, a pedra preciosa que falta em sua cravejada biografia. Ressalte-se que Abílio, não é de hoje, flerta com a vida pública, notadamente na era petista.
Caso raro de empresário que nunca “tucanou”, esteve cotado para assumir a Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff. Sua relação com Lula sempre foi a melhor possível. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2010, ele se declarou “fã de carteirinha” do então presidente da República. No fim de 2011, quando o petista esteve internado no Sírio-Libanês para tratar de um câncer, o ex-dono do Pão de Açúcar o visitou. Segundo testemunhas, foi um encontro repleto de mesuras de parte a parte. A idade não seria um obstáculo para Abílio Diniz assumir o manche da economia. Suas condições físicas são excelentes. Como ele próprio costuma dizer, desde os 29 anos ele se preparava para chegar aos 80. Abílio teria o vigor necessário para tourear o Congresso, negociar as reformas e, sempre que necessário, matar no peito e trazer para a sua responsabilidade agendas extremamente desgastantes. Um exemplo: ele já defendeu abertamente a elevação da carga tributária: “Se a atividade econômica cresce, aumenta a receita. Enquanto não cresce, tem de aumentar o imposto. Quem disser o contrário, é hipocrisia”.
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Memórias de Palocci
6/09/2018Depois da delação, as livrarias: corre no PT a informação de que Antonio Palocci está escrevendo suas memórias. O ex-ministro já teria firmado acordo com uma editora.
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A prova de fogo da Sete Brasil
18/06/2018Está entrando água no acordo firmado entre a Sete Brasil e a Petrobras para a construção de quatro sondas. Até o momento, a empresa de equipamentos ainda não conseguiu encontrar um parceiro internacional, especialista em águas profundas, para assumir a operação. Trata-se de uma exigência da estatal para levar o contrato adiante. A encomenda, da ordem de US$ 700 milhões, é fundamental para a sobrevivência da Sete Brasil. Em recuperação judicial, a companhia carrega um passivo de aproximadamente R$ 18 bilhões. Em tempo: a Sete Brasil ainda tem de conviver com o fantasma do possível acordo de delação de Antonio Palocci. Consta que, em seus depoimentos, o ex-ministro relatou um esquema de propinas montado na criação da empresa, em 2010.
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Fantasma Palocci
15/05/2018Ontem, no fim da tarde, a direção do PT ficou alvoroçada. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, recebeu a informação de que a delação de Antonio Palocci deverá ser homologada ainda nesta semana.
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O eclipse de Mercadante
14/05/2018O ex-ministro Aloizio Mercadante submergiu entre as próprias hostes petistas. Não tem participado de reuniões do partido, não atendeu ao chamado de Gleisi Hoffmann para visitar o acompanhamento Marisa Letícia, em Curitiba, e mantém distância regulamentar da mídia, recusando-se até mesmo a falar em off com velhos conhecidos da imprensa. Pessoas próximas a Mercadante garantem que a possível delação de Antonio Palocci o tem deixado ainda mais amuado.
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Um coquetel molotov para as montadoras
20/04/2018Há um fato novo que deverá esquentar a temperatura da Operação Zelotes. O lobista Mauro Marcondes Machado teria retomado as negociações para um acordo de delação. As revelações de Marcondes somadas a uma eventual confissão de Antonio Palocci teriam o condão de colocar fogo na indústria automobilística. O lobista foi condenado a 11 anos e oito meses de prisão por participar de um esquema de corrupção para a venda de Medidas Provisórias que beneficiariam, notadamente, montadoras. O “toma lá dá cá”, segundo as investigações, se deu durante a gestão de Palocci no Ministério da Fazenda. Marcondes teria atuado, sobretudo, em favor do Grupo Caoa e da Mitsubishi. Dois executivos ligados a esta última já foram condenados no âmbito da Zelotes. Com 82 anos e cumprindo prisão domiciliar, Mauro Marcondes tem um bom motivo para abrir o capô das suas memórias. Ele e sua mulher, Cristina Mautoni Marcondes, também condenada, são réus em outra ação, que investiga tráfico de influência e lavagem de dinheiro na compra dos caças Gripen, da sueca Saab. No dia 21 de junho, ambos têm um depoimento marcado na 10ª Vara Federal de Brasília. Na ilustre companhia do ex-presidente Lula, réu no mesmo processo.
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Lula deixa o mercado com os nervos à flor da pele
17/11/2017Dirigentes do mercado financeiro estiveram, ontem (16/11), à beira de um ataque de nervos. O motivo foram os rumores de que Lula daria uma entrevista anunciando a espinha dorsal do seu programa econômico: anular todas as reformas realizadas pelo governo de Michel Temer, a exemplo da trabalhista e da PEC do Teto. O ex-presidente já arranhou o
assunto antes, mas um pronunciamento formal seria bem diferente de declarações a esmo.
O aumento da tensão não se refletiu no prêmio de risco dos ativos. No entanto, a verdade é que a temperatura vem subindo nas últimas duas semanas com a crescente probabilidade de Lula vir a se candidatar. As mesas de operações, que o consideravam alijado das eleições, trabalham principalmente com a hipótese de ele ser condenado em segunda instância, mas obter uma liminar no STF, o que garantiria, mesmo na condição de réu, sua presença no certame. O ex-diretor de política monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, resume o sentimento: “Voltamos a dançar na borda do abismo”. O “fator Lula” pode não provocar a histeria de 2002. Mas incomodam as evidências de que a “margem de reconciliação” do ex-presidente com os mercados está se tornando mais estreita.
Lula não emitiu nenhuma mensagem ao empresariado. A ausência de comunicação tem preocupado, sobretudo, ao mercado financeiro, que enxerga o risco das agências de rating rebaixarem o Brasil. Ao contrário do primeiro mandato, o recurso a uma nova “Carta ao Povo Brasileiro” é descartado pelo próprio Lula, segundo apurou o RR. A interpretação é que o expediente seria considerado uma fraude.
Lula também tem pouca “gordura” de onde tirar o argumento para uma guinada à direita. Em 2002, o dólar estava a R$ 4,20 e dizia-se que o Brasil ia quebrar. Havia espaço para justificar a “Carta”. Hoje, o dólar está a R$ 3,20 e os juros Selic adormecem na faixa de 7,5%. Um cenário econômico bem mais suave do que o da primeira eleição. Também é bem diferente o naipe da sua equipe. Lula tinha Antônio Palocci, à frente, que era sua voz junto ao mercado. Isto para não falar de Henrique Meirelles, cuja presença no BC começou a ser cogitada antes da eleição. Lula agora está só.
Os bancos que lhe deram guarida estão assustados. As empreiteiras são peças fora do tabuleiro. E o empresariado da indústria nacional, atraído pelo vice-presidente José de Alencar, se sobreviveu, está retraído. O pavor é que o ex-presidente não acene com uma distensão até janeiro ou fevereiro. Este período seria a data limite para que as conquistas feitas na inflação, juros e câmbio fossem dinamitadas. O problema, contudo, é o que Lula vai dizer. Hoje é mais provável que nem mesmo ele saiba.
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Remake em família
18/10/2017O empresário Josué Gomes da Silva, filiado ao PMDB, tem sido recorrentemente citado dentro do PT. Seria um nome com múltiplas valias: Josué poderia ser candidato ao Senado ou repetir o pai, José Alencar, e ser vice na chapa à Presidência da República. Ajudaria também a recompor a interlocução do PT com o empresariado e o mercado, suprindo a lacuna deixada por Antonio Palocci.
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Pandemônio
6/10/2017Em sua pré-delação, Antônio Palocci está desfiando passo a passo a venda do PanAmericano para o BTG, com destaque especial para as relações entre André Esteves e Guido Mantega.
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Palocci atropela Caoa
29/09/2017Nas tratativas para fechar sua delação, Antônio Palocci soltou o freio de mão e empurrou a Lava Jato na direção do Grupo Caoa. Segundo o RR apurou, o ex-ministro deu detalhes da consultoria prestada à montadora nos idos de 2012, por meio de sua empresa, a Projeto. De acordo com a mesma fonte, Palocci relatou ter intermediado o repasse ilegal de recursos para parlamentares com o objetivo de aprovar medidas de interesse da Caoa. O ex-ministro teria revelado ainda aos procuradores de Curitiba que quase assumiu a presidência da companhia justamente em 2012.
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O italiano
22/09/2017Em suas tratativas para o acordo de delação, Antônio Palocci, o “Italiano”, está atirando pesado em Guido Mantega, o “Pós-Itália”. Parte da munição ricocheteia na Caixa, mais precisamente no FI-FGTS.
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Buscando novidades
20/09/2017Se a negociação para a delação de Antônio Palocci colar, o empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS, terá de buscar novidades para dedurar ao Ministério Público.
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Epidemia
19/09/2017Os sócios da Rede D ´Or – Carlyle, GIC e o médico Jorge Moll – estão com a pressão a 18 por 12. De um lado, Antonio Palocci, que sabe de cor como foi aprovada a MP permitindo o capital estrangeiro em hospitais; do outro, a iminente delação de Sergio Cortes, ex-secretário de Saúde do governo Cabral e ex-diretor médico do grupo. A Rede D ´Or diz desconhecer “citações ao seu nome em depoimentos de Palocci e Cortes”.
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As bombas de Palocci
14/09/2017Em sua delação, Antônio Palocci promete escancarar para a Lava Jato as entranhas de um esquema de venda de MPs no Congresso, que teria atravessado, principalmente, as gestões de Henriques Alves e Eduardo Cunha na Câmara e de Renan Calheiros no Senado.
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O banco italiano
12/09/2017Em Curitiba, o Santander tem sido chamado de “O banco do italiano”. Nem a MP 784 tem deixado o banco espanhol tranquilo em relação aos depoimentos de Antônio Palocci.
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Ataque nuclear
11/09/2017O ex-presidente Lula tem sido ameaçado de morte. Pelo menos é o que diz um interlocutor íntimo. Segundo a fonte, Lula vai revelar as intimidações na audiência com o juiz Sérgio Moro, no próximo dia 13, em Curitiba. Daí para os comícios será um passo.
O testemunho de Antônio Palocci incriminando os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff é bombástico devido à proximidade intestina com ambos, mas não chega a ser revelador em relação aos depoimentos de Marcelo e Emilio Odebrecht. As “novidades” estão guardadas para a negociação da delação premiada. São mais de 50 empresas envolvidas com propinas.
A bomba H de Palocci sobre o setor privado vai surpreender pelo ineditismo dos nomes. O ex-ministro vai avançar em relação ao universo de 47 companhias que contrataram os préstimos de sua consultoria, a Projeto, entre 2007 e 20015.
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Delação empurra Lava Jato para a lavoura
4/09/2017Guardadas as devidas proporções, Silval Barbosa está para o agribusiness como Antonio Palocci para o sistema financeiro. A delação do ex-governador do Mato Grosso tem causado forte apreensão entre grandes grupos agrícolas do país. Por dever de ofício, Silval semeou uma forte relação com as empresas do setor – muitas delas fizeram pesados investimentos no estado durante a sua gestão. Um capítulo especial é o Fundo de Financiamento do Centro Oeste (FCO), administrado pelo Banco do Brasil. Ao longo do seu mandato, o peemedebista Silval valeu-se da proximidade com o governo federal para aumentar o volume de recursos do FCO destinados ao Mato Grosso e, em especial, ao agronegócio. Grandes conglomerados como Cargill e Louis Dreyfus tiveram projetos financiados pelo fundo. Segundo o relato de uma fonte do RR, à época Silval tinha por costume se vangloriar em reuniões com executivos do setor privado, afirmando que os recursos não sairiam se não fosse ele o governador. A velha técnica
de vender dificuldades…
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Henrique Meirelles já não consegue nem ser âncora de si próprio
14/07/2017A lua de mel de Henrique Meirelles com Michel Temer, os empresários e próceres da base aliada, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, eclipsou, ou, melhor, tornou-se pontilhada de fel. O ministro da Fazenda tem feito exigências, dificultado a liberação de verbas e mostrado soberba, inclusive nas reuniões com o grupo palaciano. A estratégia de Meirelles é capciosa: mantém sua palavra de permanecer no governo desde que suas diretrizes na economia sejam mantidas e ninguém o ofusque na sua esfera de atuação. O que em outras palavras quer dizer: “Não me contrariem que eu me mando”. Ocorre que a intocabilidade do ministro não é mais a mesma.
Meirelles é uma âncora em processo de corrosão e imersa em um chão viscoso. As reformas estruturais, sustentáculo do governo, já deixaram há muito de ser “As reformas que dependem do Meirelles”. A julgar pela velocidade dos fatos, caminham para serem as reformas de Rodrigo Maia ou de qualquer um que se apresente. O ministro reduziu bastante sua agenda de encontros com políticos – que já foi intensa quando a parte técnica da reforma da Previdência estava sob sua alçada. Sua presença no Congresso era algo de marcial.
Hoje a maior interlocução com os parlamentares é realizada pelo Secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida. Os políticos acham chato o papo com Meirelles. O sucesso na política anti-inflacionária e na redução dos juros já foi depositado na conta do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Na área fiscal, os números obtidos na gestão do ministro são os piores da história republicana. O Brasil vai acumular um déficit primário de cerca de R$ 500 bilhões no triênio que se encerra em 2018, o maior já registrado no país.
A dívida pública interna alcançará cerca de 90% do PIB. De âncora fiscal, portanto, o ministro não tem nada. Desemprego, recessão, atraso nas concessões, não há nada para ser mostrado na vitrine. Há ainda a presença de Paulo Rabello de Castro no BNDES, avaliada por Temer e pela Fiesp. Há o aconselhamento de José Marcio Camargo e Marcos Lisboa a Rodrigo Maia. Existe também a expectativa de respingo da delação de Antônio Palocci. E mais: foi iniciada a safra despudorada de Medidas Provisórias para compensar os parlamentares que votarem atendendo aos interesses palacianos.
A torrente de MPs corresponde a algo como “Não me enche o saco com política fiscal”. Finalmente, há o recurso ao aumento de impostos, que, na linguagem do mercado, pode ser traduzido como “Vai para casa, Meirelles”. Aos poucos, portanto, o ministro vai se transformando em uma cópia enrugada de Joaquim Levy, que, pelo menos, podia atribuir a calamidade a Dilma Rousseff. Meirelles é um busto encrostado em praça pública em homenagem ao ministro que ele foi um dia, sobrevoado por passarinhos prontos para fazer xixi na sua cabeça.
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Rodrigo Maia já rascunha o seu Ministério
10/07/2017O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já está montando sua equipe de governo. Do time atual, somente Henrique Meirelles tem vaga garantida. No mais, Maia vai mudar um monte de nome nas demais pastas e praticamente todos os ministros palacianos, incluindo seu sogro Moreira Franco.
A exceção seria feita ao ministro chefe do GSI, General Sergio Etchegoyen, que, posteriormente, poderia ser promovido aos cargos de ministro da Defesa ou comandante do Exército. Seu pai, Cesar Maia, não integrará o governo. O “papi” permanecerá aconselhando de casa. A novidade, segundo a fonte do RR, é a criação de uma secretaria de assuntos microecômicos ligada diretamente à Presidência da República.
O convidado para o posto é o presidente do Insper, Marcos Lisboa, uma espécie de guru econômico de Maia. Lisboa fez o mesmo trabalho, sem tanta pompa e recursos, no primeiro governo Lula. Antes disso, o eclético economista havia sido um dos autores da “agenda perdida”, um conjunto de propostas – a maior parte microeconômicas – feito por solicitação do então candidato à presidência Ciro Gomes. Lisboa foi convidado por Antonio Palocci para participar da equipe econômica de Lula.
Vem daí sua convivência com Henrique Meirelles, então presidente do Banco Central. Como nos dizeres de Darcy Ribeiro, Marcos Lisboa vai ser o “fazedor de fazimentos” gostosos para o empresariado, que Maia tanto quer agradar. Meirelles continuaria pegando no pesado e tocando as reformas. No entanto, mesmo com a garantia dada por Maia, passaria a ser “meia âncora” da economia. Afinal, teria um regra três tinindo, sentado no banco do Palácio em condições de jogo, coisa que nunca aconteceu neste cada vez mais passageiro governo Michel Temer.
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Mais um Palocci na Lava Jato
23/06/2017A Lava Jato está trilhando por um caminho consanguíneo no âmbito das investigações contra Antonio Palocci. O Ministério Público avança na direção de Adhemar Palocci, ex-diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronuclear. Adhemar era o homem de confiança do irmão mais famoso no Sistema Eletrobras. Em 2015, após uma auditoria, a KPMG recomendou à direção da holding o afastamento do executivo da Eletronuclear. À época, teria descoberto irregularidades em contratos firmados na alçada do executivo. Os procuradores estão debruçados sobre a documentação. Ressalte-se que Adhemar não é marinheiro de primeira viagem na Lava Jato. Já foi citado na delação de Dalton Avancini, ex-presidente da construtora Camargo Corrêa, que o acusou de receber propina na construção de Belo Monte.
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O mutismo de José Carlos Bumlai
13/06/2017O mutismo de José Carlos Bumlai está com os dias contados. A família o pressiona a quebrar o voto de silêncio, em resposta à delação de Antonio Palocci, que promete atingir em cheio o “amigo de Lula”.
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Atingida por Palocci
6/06/2017A Ambev será uma das empresas atingidas pela delação de Antonio Palocci. Segundo fonte do Ministério Público, a denúncia passa pela concessão de benefícios fiscais na Amazônia.
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A hora e a vez de Benjamin Steinbruch
25/05/2017As eleições para a diretoria executiva e plenária do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), marcadas para 7 de agosto, têm o condão de relançar no palco político a dobradinha Paulo Skaf e Benjamin Steinbruch, candidatos a mais um mandato nos cargos de presidente e vice-presidente. À luz dos fatos recentes e daqueles que estão próximos de vir à tona, é Steinbruch quem se exporá mais com a função de regra três de pelego. Na Fiesp/Ciesp de Paulo Skaf, vice-presidente não reina, mas é cúmplice – pelo menos é o que consta da delação de Marcelo Odebrecht na Lava Jato, segundo a qual a Odebrecht serviu de “laranja” para encobrir doações da CSN à campanha do presidente da Fiesp ao governo de São Paulo, em 2010.
Skaf já é um sujeito manjado. Mas a extensa rede de conexões do vulgo “barão do aço” só agora começa a ser desvendada. Na Fiesp, Steinbruch não pediu a ninguém que intermediasse caixa 2, mas foi, no mínimo, conivente com o uso de recursos da entidade para fins eleitorais. Skaf, como se sabe, foi para o PMDB convidado por Michel Temer. Concorreu novamente ao governo em 2014 e deixou Steinbruch esquentando a cadeira da presidência da entidade. Duda Mendonça foi chamado para fazer a campanha.
A agência do mesmo Duda venceu concorrências consecutivas para operar a comunicação do Sesi e Senai. Na mesma época, idos de 2013, o gasto anual com comunicação, quase dobrou, chegando a R$ 32 milhões. Ou seja, maior do que a verba com publicidade do BNDES à época. BNDES, aliás, cuja mudança na gestão tornou-se uma fixação dos donos da Fiesp.
Registre-se que o Ministério Público entendeu que os gastos publicitários astronômicos da Fiesp tratava-se de campanha antecipada. A Justiça Eleitoral paulista considerou a ação do MP improcedente, mas o assunto ainda aguarda decisão do TSE. Mas, tudo bem, eles que são empresários que se entendam na Fiesp. As travessuras do “barão do aço” mudam de patamar quando migram do ambiente corporativo para a área política e o investimento de interesse público.
Um vazamento estrategicamente tampado foi a inclusão de Steinbruch na lista cruzada dos 16 grandes doadores da campanha presidencial de 2014 e os correntistas de “dinheiro frio” relacionados a contas na agência do HSBC na Suíça – caso SwissLeaks. Ninguém mais sabe, ninguém mais viu. O que é sabido por todos, no entanto, é que a ferrovia Transnordestina está atrasada em 10 anos. E deve atrasar uns tantos outros mais. O projeto já consumiu mais de R$ 6 bilhões. A CSN, que se apoderou do negócio, colocou um tiquinho.
A verba está sendo revista para o dobro. O RR consultou o empresário Benjamin Steinbruch, por meio da assessoria da CSN, mas não obteve retorno. A obra está no alvo do TCU devido às estranhezas licitatórias e de disparidade de valores verificadas no contrato que permitiu à CSN reinar na concessão e mandar e desmandar no projeto. Vazamentos – ah, sempre os vazamentos – de uma virtual delação de Antônio Palocci explicariam os motivos da resiliência de Steinbruch na Transnordestina. É provável, inclusive, que, caso o ex-ministro Ciro Gomes venha realmente se candidatar à presidência e seja perguntado por que foi ajudar Steinbruch a gerir o imbróglio da ferrovia, com cargo e sala no escritório da CSN, o político nordestino responda: “Fui, vi, não gostei e me mandei”. O presidente da CSN, sem sobra de dúvida, vive o momento menos favorável da sua vida pública e fulgurante trajetória empresarial.
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Palocci empurra Lava Jato na direção das montadoras
16/05/2017Assim como andou tirando o sono dos bancos, agora a possível delação de Antonio Palocci inquieta também as montadoras, que teriam participado de um suposto esquema de propina para a obtenção de benefícios fiscais. Segundo a fonte do RR, um dos operadores da indústria automobilística seria o empresário Carlos Alberto Oliveira Andrada, da Caoa. Ressalte-se que, de acordo com dados disponibilizados pela Receita Federal, o grupo desembolsou mais de R$ 12 milhões pelos serviços da Projeto, consultoria de Palocci. Os contratos foram firmados por meio de duas empresas – Hyundai Caoa do Brasil e Caoa Montadora de Veículos. Foi uma época bastante próspera para a Caoa. O RR entrou em contato com a Caoa, mas a empresa não quis se pronunciar.
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FHC reza a missa leiga por um “novo messias”
12/05/2017O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está convencido de que tem um papel histórico a desempenhar na gravíssima crise que assola o país. FHC acredita que somente a precipitação de apoio a novos nomes na vida pública pode levar a uma distensão e desarmamento dos espíritos, confidenciou a um dos seus principais interlocutores e fonte antiga do RR. Quer ter a franquia da modernidade na política da mesma forma que se apoderou da bandeira da descriminalização do uso da maconha.
É nesse contexto que deve ser entendida a convocação feita pelo ex-presidente para que sejam observadas as potenciais candidaturas de Luciano Huck e João Doria. Elas significam a descontaminação da política, pois correm em paralelo ao tecido necrosado dos grupos de interesse que capturaram a Nação em nome da corrupção ou do combate a ela mesmo com os expedientes mais nocivos. FHC não tem na ponta da língua um nome novo de candidato da centro-esquerda, mas, se tivesse, sopraria junto com os outros dois midiáticos.
Ele tem convicção de que o país está rachado, vive um pré-estágio de convulsão e atravessa a maior queima de lideranças da história republicana. Há uma combinação de variáveis altamente explosivas: uma plêiade de procuradores em cruzada santa e sem limite de responsabilidade; uma oligarquia midiática disposta a tudo e sem fissura entre si; as redes sociais com poder exponencial de destruição de imagem; uma desconstrução ideológica dos pilares da economia sem qualquer planejamento de médio e longo prazos; um ajuste fiscal feito com base na transferência de renda do trabalho para o capital; e, coroando a conjuntura aterradora, o terceiro maior desemprego do mundo com um até então desconhecido delay em relação ao crescimento do PIB. Sem a reciclagem da política, o país vai para a batalha campal.
Com as mídias convencional e digital inteiramente focadas na destruição de reputações, não há parlamentar, empresário, eminência do STF, juízes de todas as instâncias, jornalistas, formadores de opinião, em síntese qualquer integrante do ancien régime que não corra a ameaça de ter sua ficha enlameada. Mas as mídias são só o cavalo da crise. São condições para esse emporcalhamento desenfreado a espetacularização como estratégia de criminalização e a evidente manipulação de fatos, todos amparados nos expedientes das delações sem provas e debaixo do tacão da prisão preventiva, “substituto democrático” dos porões ditadura.
A divisão do país entre os que enxergam, enfim, um golpe de morte na corrupção, doam os seus métodos a quem doer, e os que estão dispostos a guerrear em defesa do estado de direito já constitui um cenário de secessão nacional, com a ameaça iminente de colocar em xeque o sistema bancário – leia-se o risco da possível delação de Antonio Palocci. Não existe solução legal para qualquer problema que, em contra-partida, e simultaneamente, desperte instintos primitivos coletivos, congregue estados de irracionalidade, dissemine o ódio, ameace a ordem, desmoralize em massa, amplie a tragédia social e criminalize o futuro. Talvez o velho presidente tenha razão. A hora não é a da perplexidade frente ao mal que Joseph Conrad traduziu para a eternidade em quatro palavras: o horror, o horror. A hora é do novo. Que venham Doria, Huck, Bernardinho, Gregorio Duvivier, o sindicalista Rafael Marques e quem mais chegar.
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Primeira voz
19/04/2017Uma forte evidência de que Antonio Palocci está prestes a abrir o bico: as negociações para a delação de Branislav Kontic, braço direito do ex-ministro da Fazenda, foram suspensas. Em português bem claro: quem tem Palocci não precisa de intermediários.
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A “voz” de Palocci
10/03/2017Branislav Kontic, unha e carne de Antônio Palocci, mantém tratativas com a Lava Jato para uma delação premiada. Com problemas de saúde, Kontic cumpre prisão domiciliar depois que tentou o suicídio na cadeia.
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Lama no pneu
27/10/2016A Lava Jato está triscando na JAC Motors. Os procuradores puxam o fio da meada das relações entre a montadora chinesa e o ex-ministro Antonio Palocci. Por três anos, a companhia desfrutou de benefícios fiscais previstos no Inovar Auto sem atender à premissa básica do programa: ter produção no Brasil. Procurada, a JAC nega qualquer contato com Palocci e garante ter a “intenção de produzir automóveis no país”.
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Sussurros e carinho na festa do professor Porto
25/10/2016Foi bonita a festa, pá. Na última sexta-feira, diversas safras de economistas que passaram pela Escola de Pós-Graduação e Economia (EPGE), atual Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV, se reuniram no salão nobre da instituição para celebrar os 70 anos do professor Antônio Carlos Porto Gonçalves, um craque na arte de se fazer querido. O que mais se ouviu no encontro fechado foram histórias da convivência acadêmica. Mas, catando aqui e acolá, puderam ser extraídas algumas observações valiosas sempre ditas aos sussurros: o governo de Michel Temer estaria blindado pela qualidade da sua equipe – Wilson Ferreira Jr., Maria Silvia, Pedro Parente etc – e tem os apoios político e da mídia para realizar o maior número de reformas conservadoras-modernizantes desde o movimento militar de 1964. Só tem de correr, pois a estrada da Lava Jato é acidentada, e 2018 já é dado como um ano morto. Quanto mais rapidamente as reformas forem aprovadas, mais célere as agências de rating elevarão a nota do Brasil, maiores serão as quedas dos juros e mais amplo o espaço para o crescimento dos investimentos. Economistas ouvidos consideram que Michel Temer não vai repetir Lula. O ex-presidente assistiu ao Judiciário desmontar seu alto comando – José Dirceu, José Genoíno, Luiz Gushiken, Antonio Palocci etc – sem ter quadros à altura para substituir os alvejados. Temer estaria conversando não só com os que se encontram na linha de tiro, entre eles alguns de seus principais assessores, mas com potenciais ocupantes de cargos no governo. Um exemplo é o ex-multiministro e ex-juiz do STF Nelson Jobim, atualmente operando como um híbrido de sócio de compliance e diplomata jurídico do BTG. Um exagerado wishful thinking aposta que até FHC estaria a postos para entrar em campo e não deixar o barco adernar. No espaço mais aristocrático da FGV, contudo, ninguém queria saber de conjuntura, previsões, econometria. A festa era para o grande Porto Gonçalves. Ele pertence à segunda geração heroica da EPGE, dirigida por Carlos Langoni – a primeira foi comandada por Mario Henrique Simonsen. As duas escolas ocuparam literalmente a área econômica do governo no seu tempo. Claudio Haddad, integrante da segunda geração, compareceu ao evento com grande fair play. Ele, que era uma espécie de Dartagnan do trio de mosqueteiros bilionários liderados por Jorge Paulo Lemannn, retornou a sua vertente acadêmica em uma escala compatível com sua fortuna: Haddad é o dono do Insper, maior concorrente da EPGE. Ele estava lá para dar abraços e apertos de mão e, principalmente, celebrar Porto Gonçalves, seu professor na EPGE. Presentes ainda Luiz Guilherme Schymura, Rubens Pena Cysne, Luiz Freitas e Joaquim Falcão, entre outros diretores de unidade. Também compareceram ex-alunos badalados como Maria Silvia Bastos Marques, Gustavo Loyola, e o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal. Lá do firmamento Eugenio Gudin, Otávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos abençoavam o encontro, sensibilizados.
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Moto contínuo
20/10/2016Entre os procuradores da Lava Jato, é grande a expectativa de que um acordo de delação com Branislav Kontic, ex-assessor de Antonio Palocci, torne praticamente inevitável que o próprio ex-ministro da Fazenda siga o mesmo caminho. É o demoníaco efeito pirâmide da deduragem.
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Bullets
28/09/2016O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, aquele que diz não saber o que disse saber, teria sido informado da operação contra Antonio Palocci na tarde da última quinta-feira. ••• Além da iminente venda de parte da Congonhas Minérios, Benjamin Steinbruch tenta atrair o China Development Bank para a Transnordestina . ••• O lobista Milton de Oliveira Lyra Filho, preso pela Lava Jato na última segunda-feira, é bastante próximo de badalados cartolas do futebol brasileiro, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin.
Acervo RR
Cara nova
15/08/2016O que têm em comum Thomas Morus e Henrique XVIII com Antônio Palocci e Luiz Marinho? Em princípio, nada. Mas há um pouquinho, sim. Palocci assumiu a missão de burilar o prefeito de São Bernardo. Tornou-se seu preceptor com a concordância de Lula. É um quadro a ser trabalhado para o futuro. E o futuro pode ser até 2018.
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A título de registro
24/05/2016Ontem, em Brasília, um ministro do próprio PMDB lembrava que, no quesito “primeiro escândalo”, Michel Temer derrotou Dilma Rousseff de goleada. Graças a Romero Jucá, Temer não completou sequer 15 dias na presidência sem uma grave crise em seu colo. Ao assumir, Dilma teve ao menos cinco meses de razoável calmaria até estourarem as denúncias sobre o aumento de patrimônio do então ministro Antonio Palocci, que levaram a sua demissão da Casa Civil.
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Munição guardada
7/03/2016O presidente do PT, Rui Falcão, tem dito em circuitos fechadíssimos que a maior munição guardada no paiol do governo é uma troca ministerial: Lula na Casa Civil e Antônio Palocci de volta à Pasta da Fazenda. Como hoje não existem grandes protagonistas da política que não estejam engolfados pela maré denuncista, não há nada contra Lula e Palocci.
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A indiferença sem vergonha da burguesia nacional
17/11/2015Rubens Ometto, Jorge Gerdau, Abilio Diniz, Pedro Passos, Roberto Setubal e Benjamin Steinbruch, só para dizer o nome de alguns dos mais destacados empresários do país que, ao menos, se dizem interessados nos rumos do Estado Nacional. Digamos que esses acumuladores de dinheiro buscam colocar uma pitada de organicidade e interesse público naquilo que é seu mantra individual: incentivos, crédito direcionado, barreira protecionista, redução dos gastos públicos, subsídios e câmbio subvalorizado. Nenhuma dessas variáveis representa, solta, o interesse nacional, ou sequer o bordado de uma política setorial consistente. As experiências governamentais anteriores revelam que o surgimento de tecnocracias eficientes somente ocorreu em sintonia com a existência de grupos influentes de empresários orgânicos, que queriam moldar o Estado a sua semelhança e ocupá-lo virtualmente. Os empresários citados no início deste texto não operam em grupo, não falam grosso, não conspiram em bloco, não têm um projeto de país que acomode bem seus negócios, e, sim, uma dúzia de pleitos de suas empresas que ignoram o Brasil. Os empresários têm sido a elite que traz a inovação capaz de quebrar a inércia após ciclos de dinamismo. FHC foi se pendurar em uma penca de financistas, ligados à aristocrática banca privada brasileira – Itaú, Safra e Unibanco – e a instituições do mercado de capitais, travestidos de acadêmicos independentes, ou seja, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pérsio Arida, Armínio Fraga e outros. No início do regime militar, Jorge Oscar de Mello Flores, Walter Moreira Salles, Antônio Gallotti, Gastão Bueno Vidigal e Eudoro Villela trabalharam com afinco no apoio à dupla estereotípica da tecnocracia, Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões. No Lula I e Lula II, o próprio Henrique Meirelles, saído do BankBoston, com a anuência de Antônio Palocci, era criatura e criador. Antes, é bem verdade, tinham vindo as empreiteiras – até a estigmatização pela Lava Jato, donatárias do melhor capital humano existente no país –, a Coteminas, de José de Alencar, e o Bradesco, única instituição financeira do país com uma preocupação nacional. Com o apoio desse núcleo ascenderam Marcos Lisboa, Murilo Portugal e Joaquim Levy. Os mais bem favorecidos perderam a amarra cívica, aquele tesão pelo país, a vontade de modelar o Estado até que ele fosse objeto de orgulho. A política empresarial é tímida, pífia e egoísta. Em pouco tempo, muitos deles sairão daqui, transferindo seus negócios para o exterior, de forma a que eles estejam protegidos naturalmente em dólar. Vai nos restar lembrar um dia 1º de janeiro, quando três anciões subiram a rampa do Palácio do Planalto esbaforidos e de braços dados, ajudando-se mutuamente, para uma frugal visita matinal ao então presidente da República, o general João Baptista Figueiredo. Roberto Marinho, Amador Aguiar e Azevedo Antunes eram a metáfora da fibra empresarial daqueles tempos. Tinham ido cumprimentar o presidente e conversar sobre o Brasil. Simbolicamente, os empresários morreram.
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Convocação
3/11/2015Abilio Diniz contratou o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para defendê-lo no caso dos pagamentos feitos pelo Pão de Açúcar à consultoria de Antonio Palocci. À época, Abilio era presidente do Conselho do grupo.
Acervo RR
Convocação
3/11/2015Abilio Diniz contratou o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para defendê-lo no caso dos pagamentos feitos pelo Pão de Açúcar à consultoria de Antonio Palocci. À época, Abilio era presidente do Conselho do grupo.
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Risco WTorre sobrevoa o Aeroporto de Viracopos
23/09/2015O iminente desembarque da WTorre no Aeroporto de Viracopos acendeu o sinal de alerta entre os demais acionistas da concessão. A Triunfo e a francesa Egis – donas de 55% da Aeroportos Brasil – se movimentam para barrar o ingresso da construtora paulista no consórcio. A dupla, que, a princípio, havia desistido do direito de preferência sobre as ações da UTC, voltou atrás e já teria manifestado interesse na compra dos 45% restantes. O problema é que, neste caso, querer não é exatamente poder. O exercício da opção de compra exige um esforço financeiro além das possibilidades de momento da Triunfo. Segundo o RR apurou, o grupo saiu a campo em busca de funding para financiar a operação. A Egis aceita dobrar sua participação, hoje na casa dos 10%. Mas a Triunfo terá de entrar com a maior parte dos recursos necessários para igualar a oferta apresentada pela WTorre e seus parceiros, Invixx e Fortress, da ordem de R$ 540 milhões. Mas por que tamanha ojeriza em relação à WTorre, a ponto de provocar essa reviravolta na operação? A Egis e, sobretudo, a Triunfo não querem se livrar de um problema, a UTC, para colocar outro no lugar. A construtora de Walter Torre é vista como um parceiro de altíssimo risco, tanto do ponto de vista institucional quanto econômico-financeiro. Ainda que longe do grau de protagonismo da UTC, a WTorre também tem um pé na Lava Jato. A Justiça investiga as relações entre Walter Torre e as empresas de consultoria de José Dirceu e Antonio Palocci, das quais era cliente. Como se não bastasse a proximidade com o “petrolão”, a WTorre é hoje uma empresa em delicada situação financeira, com dívidas na praça e enroscos societários. A construtora é conhecida por operar com níveis de alavancagem pouco prudentes. Em maio, por exemplo, teria sido obrigada a emitir às pressas cerca de R$ 50 milhões em notas promissórias para quitar o pagamento de debêntures que venceriam poucos dias depois. Outro caso que depõe contra a companhia é o Allianz Parque, estádio do Palmeiras. Proprietária da arena, a construtora de Walter Torre estaria atrasando o pagamento de funcionários e de fornecedores. As dívidas já teriam ultrapassado a marca de R$ 100 milhões. O Palmeiras e a norte-americana AEG, que faz o gerenciamento do estádio, estão dispostos a dar um cartão vermelho para a WTorre e assumir o controle da arena. Nessas circunstâncias, Triunfo e Egis se perguntam de onde a WTorre vai tirar os recursos necessários para bancar sua parte no plano de investimentos da Aeroportos Brasil, que totaliza quase R$ 10 bilhões. Elas preferem nem saber.
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Atração fatal
1/09/2015A Lava Jato é um ímã que insiste em atrair o empresário Carlos Sanchez, dono do laboratório farmacêutico EMS. Além das notórias relações com José Dirceu, em seu último depoimento Alberto Youssef também teria ligado Sanchez a Antonio Palocci.
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Que fase!
14/05/2015Em apenas dois meses, o Banco Safra apareceu na Zelotes, no SwissLeaks e na lista de clientes da consultoria de Antônio Palocci. Para fechar o Grand Slam dos escândalos, só falta ser citado na Lava Jato.
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Cesar Mata Pires procurou o ex-ministro Antonio Palocci
8/04/2015Cesar Mata Pires procurou o ex-ministro Antonio Palocci a título de consultoria. Palocci saiu do encontro com a impressão de que só mesmo o saudoso Marcio Thomaz Bastos poderia ajudar o dono da OAS.
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A morte e a morte do capitalismo de Estado
23/03/2015O quartel-general do Insper, instituição de ensino da ciência econômica, administração e direito, nessa ordem de importância, fica localizado na Rua Quatá, Vila Olímpia, endereço nobre de São Paulo. Nas proximidades, no Ibirapuera, respirase o pouco ar puro que sobrou na cidade. O bucolismo do parque, contudo, não encontra qualquer associação com a usina efervescente de ideias que funciona nos porões do Insper. Naquela casa, o vice-presidente da instituição, Marcos Lisboa, é o maestro de uma sinfonia wagneriana sobre economia aplicada, cuja inspiração é o assassinato do capitalismo de Estado.”Marquinhos”, conforme é chamado na academia e no mercado, já jogou em vários times -pertenceu, por exemplo, aos quadros da FGV e foi secretário de política econômica na gestão de Antônio Palocci na Fazenda. Mas parece ter se encontrado no Insper, sobre os auspícios do ex-banqueiro Claudio Haddad, o menos parlapatão dos economistas conservadores do país. O discreto Haddad foi o quarto mosqueteiro do trio de ouro do Garantia -Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Não aparecia na foto e ganhava muito menos, o que, ainda assim, significava muito. Decidiu tirar o Ibmec do economista Paulo Guedes e depois extraiu o Insper das entranhas do Ibmec, deixando uma marca de ódio entre ambos os acionistas. É ele o grande patrono da nova agenda macro e microeconômica que vem sendo forjada por um batalhão de economistas. “Marquinhos”, seu regente eleito, constituiu uma joint venture informal com a faculdade de economia da PUC-RJ, celeiro do Plano Real, onde hoje se encontram os economistas reflexos do Insper. A agenda, assumidamente liberal, pretende desmontar a estrutura que deu ao PIB brasileiro 60 anos seguidos de crescimento médio em 7%. Será entregue ao futuro mandatário, em 2018 -ou antes, se for o caso. Os economistas do Insper sabem que trabalham sobre um cenário de terra arrasada. Não se trata de caracterizar o ajuste fiscal como uma política liberaloide. Até o professor Celso Furtado, que está sentado a esquerda do deus exdesenvolvimentista, praticou um bruto arrocho com seu Plano Trienal, em idos hiperinflacionários. Mas o estrago que a presidente Dilma Rousseff provocou, com seu esquizofrênico ativismo estatal, não tem paralelo. O sistema de propulsão da economia brasileira sempre foi constituído de uma gigantesca companhia, a Petrobras -com funções de agência de interiorização e desenvolvimento -, um banco de fomento, o BNDES, dois grandes bancos varejistas, com impacto social e poder de mediação no mercado de crédito, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e o Complexo Eletrobras. Construí- lo demorou mais de seis décadas. Destruí-lo, custou só um quinquênio. A dizimação foi tamanha que eliminou os anticorpos contra a conquista pelos grupos de interesse. E os decantados investimentos sociais também serão reduzidos a título de melhoria da qualidade das políticas. O Insper vai fazer a sua agenda; outros farão também, homólogas. É o início apoteótico do ciclo conservador no Brasil, meio que na contramão do mundo. Tá tudo dominado!
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Usucapião
13/02/2015Antonio Palocci já foi e voltou, foi e voltou, mas seu irmão segue firme e forte no governo. Faltam apenas dois meses para Adhemar Palocci completar uma década na diretoria de planejamento da Eletronorte. Merece uma placa.
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A “morte e vida joaquina” da microeconomia
27/01/2015A agenda microeconômica de que o Brasil precisa já deveria ter começado há um século. Em um mundo idealizado, Joaquim Levy faria imediatamente uma convocação cívica ao economista Marcos Lisboa – o tucano José Roberto Mendonça de Barros também é talhado para o cargo, mas seu custo político o inviabiliza. “Marquinhos” tocou uma espécie de gabinete de desatar nós microeconômicos durante a gestão Antônio Palocci, herdando o portfólio de ideias da chamada “agenda perdida”. Foi levado por Palocci, tal qual Levy por Dilma Rousseff, sem lenço nem ideologia, por puro pragmatismo. É bom de ouvir que a agenda micro não dói; já a macro machuca. Por isso tudo, ajuste austero deve ser amaciado com um programa microeconômico. Enquanto o “Darth Vader Levy” está mandando bala, cortando aqui e estripando acolá, esse outro rincão do Ministério da Fazenda, ou quiçá do Planejamento, estaria dedicado a trabalhar para o lado bom da força, lubrificando a engrenagem econômica, sem subsídios financeiros ou incentivos fiscais. A agenda micro desburocratizaria a economia, resgataria o programa draw back verde amarelo, ao mesmo tempo em que reduziria os entraves a s importações consideradas fundamentais para o aumento da produtividade. Livraria a Petrobras da obrigatoriedade de participação da exploração em todos os campos de petróleo. Com base na moderna teoria de leilões, simplificaria as licitações para as concessões, instituiria o project finance pleno, reestruturaria o sistema de financia- mentos do BNDES, compartilhando suas operações com a banca privada, de forma a estimular sua participação em empréstimos de longo prazo. A agenda micro iria além. Criaria um sistema de prestação de contas dos bancos públicos – BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica etc – obrigando a divulgação de argumentos socioeconômicos pelas quais estas instituições decidiram emprestar eou participar do capital de empresas. Agilizaria os licenciamentos ambientais. Levaria para o Palácio do Planalto alguns gabinetes que deveriam ser plenipotenciários, tais como o de regulação das obras e concessões prioritárias. O ex-presidente da Vale Eliezer Batista, em entrevista ao RR publicada na edição nº 4.999, disse que o gabinete da Agência Nacional de aguas (ANA) deveria ser transferido para a própria Presidência da República. Um sapecão de boas notícias permitiria a Joaquim Levy praticar as necessárias perversões sem parecer que a economia está circunscrita somente a cortes e despesas torturantes. O ministro da Fazenda, caso decida caminhar nessa direção, tem um naipe de ouro em suas mãos. Basta ir buscar o bom e velho professor Aloisio Araújo, que veste a camisa 10 nesse assunto, e os professores Ruben Penha Cysne, Roberto Castello Branco e Sergio Werlang, uma turma da FGV, que, em nome da amizade e respeito a Levy, provavelmente aceitaria colocar as mãos na massa. O Brasil só perde mais essa oportunidade para dar uma melhoria na sua produtividade se quiser. Ou se Dilma não deixar.
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Wagner e Meirelles saem na dianteira
28/10/2014“Eleição nova, governo novo, equipe nova.” Ontem, as bolsas de apostas do mercado levaram ao pé da letra a declaração da presidenta Dilma Rousseff. Entre os ministérios mais relevantes, Jacques Wagner – acredite se quiser – superou Nelson Barbosa na pasta da Fazenda. Wagner se cercaria de uma boa equipe técnica, com nomes respeitados no mercado, a exemplo de Otaviano Canuto. Fala-se até que Joaquim Levy, hoje no Bradesco Asset Management, retornaria ao posto de secretário do Tesouro, que ocupou no governo Lula I – cargo, diga-se de passagem, carente de forte higienização depois de ter sido satanizado por Arno Augustin. No BC, Henrique Meirelles toma a dianteira, seguido de perto pelo atual nº 1 da autoridade monetária, Alexandre Tombini. Se essa composição der certo, o segundo mandato de Dilma repete os governos Itamar Franco e Lula I, ambos sem ministros da Fazenda “profissionais”, digamos assim. Para quem não se lembra, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso debutou na economia no governo Itamar, e o médico Antônio Palocci estreou no mesmo posto conduzido pelo comandante Lula. Palocci, aliás, continua no páreo. Não fosse o passivo de questionamentos a lisura do seu comportamento, estaria léguas a frente de Wagner. O ex-presidente Lula defende que o custo Palocci é muito menor do que seu benefício. Mas a presidente Dilma, segundo apostadores de tradição, acha que se é preciso emplacar um da dupla, Meirelles é politicamente o mais soft, mesmo que menos afinado ao seu temperamento. Dilma está convencida de que o BC será o que já é: autônomo. Portanto, colocar no seu comando o pomposo Meirelles já não representaria o mesmo incômodo. De qualquer forma, a presidente pensa em uma novidade: antes da definição dos quadros da economia, Dilma enviaria formalmente, na função de interlocutores do governo para reuniões com o setor financeiro e o empresariado, Antônio Palocci, Henrique Meirelles, Jacques Wagner e, inclusive, Aloizio Mercadante – sim, por mais modorrentas que sejam as expectativas geradas por “Mercadados”, ele está no jogo. Como pode se ver, as apostas são de que Dilma sinalizará mudanças que excitarão gulosamente as papilas gustativas do mercado. Se o sabor realmente será apetitoso, só o tempo dirá.
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Palocci é o trunfo de Dilma contra o terceiro turno
1/10/2014Primeiro a presidenta Dilma Rousseff tem de pensar em ganhar as eleições e somente depois tratar do futuro governo? É tão óbvio como parece? Nem tanto quanto aparenta. Dilma tem um grupo de trabalho a frente do assunto, a começar pelo ex-presidente Lula, que tem sondado nomes para os cargos de maior importância. O ministro Aloizio Mercadante, por sua vez, matuta futuros planos de governo e estuda opções para outros postos de relevo, além do segundo e terceiro escalões. Em meio a essa movimentação, surge uma ousada conjectura: o ex-ministro Antônio Palocci seria reconduzido novamente ao Ministério da Fazenda. Reza a lenda que é Lula quem profetiza a escolha. Por essa versão, Palocci seria o “Armínio Fraga de Dilma”. E só não teria vestido o uniforme eleitoral para não incinerar a campanha da presidenta e a sua própria candidatura a ministro em um ambiente politicamente inflamável e suscetível ao jogo sujo. Trata-se de uma bala de prata no coração das trevas do empresariado em geral, e do setor financeiro, especificamente. Palocci simplesmente desapareceu. Viajou para o exterior. Não ajudou na arrecadação financeira. Em síntese, se poupou ao extremo. Curioso, não? O RR ouviu cinco grandes empresários sobre a hipótese de Palocci II, a missão. Todos os entrevistados foram taxativos de que Dilma, a não ser que haja um coelho na cartola, não tem outro nome capaz de influir nas expectativas apenas com sua presença no governo. A “era Mantega” reforçou a necessidade de um operador altamente crível. Palocci já foi chefe do Gabinete Civil no início do governo Dilma, tendo, a época, um papel mais influente do que o próprio ministro da Fazenda. Há quem diga que o temperamento forte de Dilma não é compatível com o dele, apesar de o ex-ministro ser um sujeito sabidamente jeitoso. Os novos tempos parecem exigir que Dilma abdique da sua obsessão em ser ministra plenipotenciária. Palocci seria o Senhor da Guerra contra a campanha de desestabilização que se desenha após as eleições, já alcunhada de “terceiro turno”. O maior óbice ao seu retorno seriam os seus rolos jurídicos. Mas os casos já estão devidamente julgados, sem nenhuma condenação. O episódio do caseiro Francenildo dos Santos Costa foi arquivado pelo STF por falta de provas. A acusação de que teria um apartamento alugado em nome de um laranja foi motivo de censura ética, o que não impede a sua volta ao governo. Em junho de 2012, a Justiça arquivou a investigação sobre a suspeita de lavagem de dinheiro. E, finalmente, em 2013, o Ministério Público de São Paulo requereu o arquivamento da investigação sobre sonegação fiscal e crimes tributários a ele atribuídos. Portanto, Palocci está prontinho para voltar. Mas Dilma tem de ganhar e concordar. Esta última é “que são elas”.
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Hedge para 2015
4/07/2014Antonio Palocci estuda aceitar o convite para integrar o Conselho de Administração de uma das maiores empresas do Brasil pelo critério de faturamento. O ex-ministro da Fazenda está a léguas de distância de um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff.
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Será que Dilma vai deixar o Ministério da Fazenda?
12/05/2014A presidente Dilma Rousseff, na contramão da recomendação de conselheiros próximos, não quer dar um pio sobre o eventual substituto de Guido Mantega antes do resultado eleitoral. Pelo contrário. Vai congestionar o tabuleiro do xadrez com mais peças ainda. A indicação do presidente do BC, Alexandre Tombini, que poderia ser anunciado como futuro ministro da Fazenda antes das eleições ou mesmo suceder Mantega sem a realização do teste das urnas, foi colocada no congelador. Tombini ainda é o preferido nas casas de apostas. Seu perfil combina a perfeição com o estilo “Le ministre c’est moi”, de Dilma. Mas, até por isso, careceria de mais drive para reverter as expectativas pessimistas. Se dependesse de Lula, eterno padrinho de Dilma – eterno enquanto dure, diga-se de passagem -, o candidato a Fazenda seria o ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy, atualmente dirigindo a Bram – Bradesco Asset Management. Levy traria para o governo uma pegada mais ortodoxa. Seria o Palocci da vez. Mas há uma questão: o que o mercado quer ouvir não é necessariamente o que Dilma pretende dizer. A presidente sente alergia ao receituário de Levy e, aparentemente, não tem intenção de escrever nenhuma carta aos brasileiros. Surge, então, outro nome: existe concordância entre Lula e Dilma de que Aloizio Mercadante cumpriria requisitos importantes para o cargo: carrega bom conhecimento de economia, foi formado na mesma universidade em que a presidente se diplomou – Unicamp -, tem boa circulação política, conversa com o empresariado e, o que é fundamental, goza da confiança de Dilma. Mas falta-lhe punch. Mercadante é um Mantega melhorado. E Luciano Coutinho? O quadro do governo mais festejado e trabalhado para a missão – e possivelmente o mais preparado – talvez nem saia da raia. Ficou politicamente muito desgastado com a campanha contra o BNDES e a política dos “cavalos vencedores”. Ah, para alguns, Luiz Gonzaga Belluzzo correria por fora. Provavelmente esses “alguns” não conhecem Belluzzo, que sofre de uma síndrome parecida com a do empresário Antônio Ermírio de Moraes frente a situações de pressão violenta. Ermírio chorava aos cântaros e reportava sua negativa a motivações de saúde. Belluzzo não chora, mas fica cheio de placas vermelhas e é acometido de uma rinite violenta. De mais a mais, Belluzzo não tem falado praticamente com Dilma. E quando lhe perguntam sobre ela, elogia a presidente, mas diz que é amigo do Lula. Outros queimados pertencem a turma dos Conselhos da Petrobras: Fabio Barbosa, Jorge Gerdau e Roger Agnelli. Todos foram cogitados em algum momento, mas, por motivos distintos, é melhor que nem passem na porta do Palácio do Planalto. Entre os empresários, dois nomes têm sido recorrentemente mencionados: Abílio Diniz e Josué Gomes da Silva. No entanto, pesa contra ambos a recusa ao convite da presidente para que assumissem o Ministério do Desenvolvimento, entre o final do ano passado e este ano. Foram pouco colaborativos em um momento em que deveriam mostrar disposição cívica. O mais provável mesmo é que, no final, emplaque um ovo poché num consommé, ou seja, o nome de Alexandre Tombini. Seria eufemismo para a manutenção de Dilma Rousseff como ministra de fato da Fazenda.
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Conquista do Estado é o mote de Dilma para 2014
19/11/2013A candidata a reeleição Dilma Rousseff está postada frente a uma encruzilhada: ou se reinventa como gerente ou fenece como presidente. Crescem as articulações para que seu programa de campanha tenha como prioridade nº 1 uma gigantesca faxina nos entulhos da administração pública. A proposta fervilha ao redor de Dilma. Apenas para citar os principais nomes, passa pelo onipresente Lula, pelo energizado Rui Falcão, pelo higienizado Antônio Palocci e pelo conselheiro Jorge Gerdau. Devido a pesada agenda de governo, o Estado brasileiro tornouse para Dilma algo tão indômito quanto o Velho Oeste americano. Nesse território selvagem, vícios históricos foram potencializados por inépcia gerencial frente a um megadesafio de modernizar a infraestrutura e atrair empresários para projetos ainda não maduros, quando não carentes de uma engenharia de base. A tese é de que nesse caso não valem vãs promessas de campanha, mas a apresentação de um plano detalhado e audacioso que responda a críticas e desejos. Um dos mais preparados cardeais do PT já levou a Dilma Rousseff um calhamaço com mais de três mil itens para a modernização da máquina pública, um projeto transversal que envolveria não apenas o Executivo Federal, mas outras instâncias de Poder. O arco vai da área regulatória, leia-se o papel das agências setoriais, até os órgãos de controle e fiscalização, como TCU e Ministério Público, passando pelo inevitável embate com os grupos de interesse pendurados no aparelho de Estado, mais precisamente nos Ibama, nas Funai ou nas Feema da vida. A pobreza está praticamente erradicada, mas Dilma não se mostrou a supersíndica. Tortuosamente, em sua gestão, o Brasil ficou parecendo viver no “Tempo das Diligências”. A conquista do Estado como peça de resistência do programa eleitoral tornou-se um discurso praticamente inexorável para mudança do ambiente econômico e da percepção de abulia gerencial. A própria presidente da República considera a máquina do governo muito aquém da sua exigência. Uma fonte entusiasmada com a ideia argumenta que Dilma não pode ter medo de mexer em tudo. “Imaginem um slogan de campanha na linha “um Brasil em que uma nova empresa pode surgir a cada três dias”. Atualmente são 180 dias. Ressalte-se que uma parte das iniciativas já está guardada em alguma gaveta no Palácio do Planalto. Há pouco mais de um ano, num trabalho conduzido diretamente pelo próprio Jorge Gerdau, a consultoria McKinsey mergulhou nas engrenagens da máquina administrativa e produziu um longo estudo sobre gestão pública, com uma série de proposições. Existem diversas sugestões que vem de antes. Exemplo: a proposta do Instituto Talento Brasil, encaminhada ao ex-ministro Palocci, de criar uma comissão permanente de produtividade com plenos poderes, na linha do modelo australiano. De certa forma, ainda que por caminhos tortuosos, é como se a virtual gestão Dilma II retornasse ao Lula I, quando foram adotadas diversas medidas microeconômicas que permitiram uma melhoria do ambiente de negócios no país. A sensação – não imotivada – de piora acentuada do Estado deixa rarefeitas alternativas: ou Dilma aceita o seu destino ou, então, que ache um John Wayne para ser seu primeiro-ministro. Reeleita, ninguém tem dúvida, ela já está.
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Lula não sabia do BC mais dependente
4/11/2013Lula pode quase tudo, mas sabe menos do que se espera. Se tivesse sido informado pela presidente ou por seus mosqueteiros, não teria disparatado na tentativa de precipitar a votação do projeto semimorto de autonomia do Banco Central. Nem Lula quis, durante sua gestão, nem Dilma quer a independência do BC. Há pontos em comum na disposição histórica de ambos de manter a autoridade monetária sob rédeas. Governos que fazem da política social sua prioridade, a despeito do viés inflacionário, se sentem mais confortáveis com um Banco Central mais manso. Influenciado por Henrique Meirelles e Antônio Palocci, Lula cedeu a cantilena de que a medida seria uma ponte com o empresariado descontente e o capital internacional descrente. Deixou-se levar também pela ideia de que a autonomia do BC seria um peixe ávido por ser fisgado. Não faltariam aventureiros a procura de um mote capaz de torná-los mais críveis junto a s elites financeiras e industriais. Marina Silva e Eduardo Campos já se ordenaram na “Igreja do tripé” e não custaria muito proporem até que o BC se mudasse para outro continente. Já Aécio Neves criaria o “Banco das Garças” e o tornaria dependente apenas do departamento de economia da PUC-RJ. O fato é que Lula levou a Francisco Dornelles um aval não dado por Dilma para a condução do projeto no Senado Federal. Foi desautorizado publicamente, com o respeito que sua figura merece. E solicitado a desdizer suas declarações. Mas do que Lula não sabia? Ele não tinha sido informado sobre a disposição de Dilma em levar o presidente do BC, Alexandre Tombini, para o Ministério da Fazenda, ao mesmo tempo em que conduziria o empresário Josué Gomes da Silva para o Desenvolvimento – ver RR nº 4.740. Para o lugar de Tombini ascenderia um dos seus atuais diretores. Ou seja, nunca antes a Fazenda e o BC teriam estado tão indissociavelmente alinhados. A tese da independência seria substituída pela “nova dependência virtuosa”. A dúvida agora é se Dilma e Lula conseguem fazer com que a tese da autonomia do Banco Central suma do mapa. Uma saída seria antecipar a operação Tombini, empurrando Mantega para o Planejamento. De todo modo, como dizia o ex-ministro Raphael de Almeida Magalhães, quem tem voto é o presidente e não o BC. Quer dizer, então, que o Banco Central vai ficar independente da vontade do povo? Ou que o presidente vai ter de assinar o que o BC quer porque quer? Aceitamos apostas.
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Josué Gomes da Silva já está fardado para 2014
29/10/2013A que vem Josué? A pergunta, em tom quase bíblico, começará a ser respondida no início de 2014, quando Josué Gomes da Silva deverá deixar o comando da Coteminas para se dedicar ao que se anuncia como o grande projeto da sua vida. Recém-filiado ao PMDB, prepara-se para zarpar de vez em direção a política. Josué não é exatamente um vestibulando na matéria. Afinidade com o poder não lhe falta. Ele talvez seja hoje o empresário mais próximo de Lula, notadamente no que diz respeito a discussão da economia nacional. O herdeiro de José Alencar tem participado do grupo de avaliação de conjuntura que se reúne regularmente com o expresidente, no qual se notabilizam Antonio Palocci, Paulo Okamoto, Aloizio Mercadante – Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo costumam aparecer, embora com menos assiduidade. O passe político de Josué, ressalte-se, foi disputado a peso de ouro. Todos os partidos de maior expressão conversaram com ele. O empresário foi para onde Lula o aconselhou a ir. O próprio ex-presidente esteve presente ao seu ato de filiação ao PMDB, uma efeméride, aliás, repleta de simbolismos. A cerimônia foi conduzida por Michel Temer, sucessor de seu pai na vice-presidência da República. E por onde Josué Gomes da Silva caminhará na política? Uma das possibilidades aventadas não lhe apetece muito. a€ boca pequena, ele tem dito que não se vê como o vice do PMDB na chapa de Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais. A candidatura ao Senado seria o caminho natural e, a priori, com grandes chances de vitória. No entanto, a hipótese do coração de Josué e do cérebro de Lula seria o seu début no governo em 2014. Neste caso, ele assumiria a vaga deixada pelo próprio Pimentel no Ministério do Desenvolvimento, herdando uma Pasta ainda mais forte, com poderes sobre o BNDES e autoridade sobre o BB e a CEF. Josué, então, ganharia musculatura para assumir a Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff, com a missão de galvanizar o apoio empresarial com vistas ao crescimento médio do PIB da ordem de 3,5% no próximo governo. A partir daí, o céu seria o limite. No seu firmamento político, Josué poderia ser o candidato da situação – não pelo PT, mas pelo PMDB – a sucessão de Dilma. Mas cada coisa a seu tempo. Neste momento, Josué deve ser visto como é: um soldado a disposição para 2014. Josué Gomes da Silva já teria um nome no bolso do colete para assumir a presidência da Coteminas. No entanto, essa talvez seja a parte menos complexa da operação. Ele próprio tem feito questão de dizer a alguns empresários que hoje, após a reestruturação deflagrada com a compra da Springs, a Coteminas anda sozinha. Josué foi um dos primeiros do setor a não apenas assimilar como colocar em prática a tese de que a indústria precisa de um canal de serviço. Saiu comprando redes varejistas para verticalizar a operação, isso antes do célebre estudo da McKinsey, segundo o qual os serviços representam 23% do valor adicionado da indústria. Cabe ressaltar também que o empresário Josué Gomes da Silva sempre procurou deixar o caminho pavimentado para o político Josué Gomes da Silva, a começar pelo grau de independência em relação ao governo. Hoje, a Coteminas praticamente não tem dívida com o BNDES, um conselho de José Alencar que o rebento seguiu a risca.
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Eduardo Campos reedita a “agenda perdida”
27/09/2013Ao chegar a mandatário da Nação, Eduardo Campos quer reger gente altamente preparada e com inequívoco propósito de rejuvenescer, revigorar e inovar na gestão do Estado. Há um laivo de Fernando Collor em todo esse viés modernizante – certamente uma semelhança distante, Deus queira! Campos acha que os conceitos que podem ser capturados são dinamismo, vontade de trabalho, avanço do social, reformas “invisíveis” pelo aumento da competitividade, refundamento do aparelho de regulação e uma reinvenção do Estado que tenha como eixo a produtividade e a valorização dos seus funcionários. Para pensar e executar esse compêndio programático, o pernambucano quer mosqueteiros afinados entre si, com uma trajetória de debate e pensamento comum. Um time entrosado como foram Henrique Meirelles e Antônio Palocci. Campos não tem o viés autoritário de Dilma Rousseff e tampouco sofre da sua dificuldade de sedução, mas nutre veleidades intelectuais. Acha que seu programa de governo tem de namorar o povo e o empresariado. Ele já tem os preferidos para constituir seu staff. Muitos deles ignoram sua predileção. Algo similar ocorreu durante o governo de Ernesto Geisel, quando pastas importantes, como a da Fazenda, tiveram seus convites feitos no dia seguinte a indicação. Logo após a confirmação de seu mandato, Geisel enviou o general Golbery do Couto e Silva como emissário para convidar Mario Henrique Simonsen, que tomou um susto com a convocação. Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, possivelmente agiria da mesma forma. Campos, por algum curioso capricho do destino, quer escalar nomes que já ladearam o desafeto Ciro Gomes na produção de um programa reformista e emancipador, mantendo a atual âncora no social. Alguém se lembra da “Agenda Perdida”? E quem seriam os “agendadores”? Uma patota que já fez isso no período da primeira campanha eleitoral de Lula, foi adotada por Palocci, não se queimou politicamente e traria uma brisa de novidade para o núcleo duro do governo. Estamos falando de Marcos Lisboa, Armando Castelar, José Alexandre Scheinkman, Aloísio Araujo e Samuel Pinheiro, entre outros. Digamos que o grupo dos sonhos de “Edu” tenha em comum uma visão menos dogmática, com uma pegada mais microeconômica, estruturante e pró-regulatória. Haveria ainda o luxo de ter Scheinkman, o mais festejado economista brasileiro na academia norte- americana, vestindo as armas do BC. Mas tudo ainda são desejos e conjecturas. Por ora, Campos é um arremedo de candidato. E mesmo que o seja, entre a vontade e o sucesso existem estradas não raras vezes intransponíveis. Mas que Campos adoraria cingir todo o time perdido pelos “irmãos Gomes”, isso ele adoraria.
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Insucesso das concessões é o estopim do “Volta, Lula”
14/08/2013Lula dá uma bicada na xícara de cafezinho e observa a entrada de Antônio Palocci. Sentado ao seu lado, o fiel escudeiro Paulo Okamotto. O local do encontro é a Rua Ipiranga 21, sede do Instituto Lula. Os compadres estão aguardando o companheiro Aloizio Mercadante para o início de mais uma reunião semanal de conjuntura, seguida de almoço em restaurante discreto. – O Mercadante vai trazer as informações fresquinhas sobre o rolo das concessões. O Guido não vai poder vir – diz Lula. O ex-presidente acompanha cada grão de areia do processo de embaraço e desembaraço das licitações. Tem cristalina noção de que o resultado pode ser o sal do seu destino político. Se as concessões não andarem bem nos trilhos, a mídia vai fazer o maior rebuliço, propalando o fracasso. – Aí, sobra para mim. Começa a gritaria do “Volta, Lula!” – diz o ex-presidente, entre incomodado e satisfeito. Paulo Okamotto alerta: – A arquitetura das concessões tem de ser feita bem direitinho, sem brecha para algum lapso que possa ser capturado como malfeitoria. A “canalha” vai plantar tudo o que puder e mais alguma coisa. – Olha o trem-bala! Esse já atrasou de vez. O diacho é que acaba interferindo nas outras concessões – rosna Lula. Palocci intervém, enrolando as palavras com seu sigmatismo – ou língua presa: – Eu converso com os empresários e o mal-estar é muito grande. O principal problema é de interlocução. Para discutir assuntos fundamentais, como taxa de retorno, financiamentos do BNDES e regras de participação, são necessárias reuniões com até seis ministérios. Estão na parada a Gleisi, o Mantega, o Augustin, que virou meio ministro, a Mirian Belchior, o Pimentel, o Paulo Bernardo, esse Bernardo Figueiredo e até o Jorge… – Que Jorge? – interrompe Lula. – O Gerdau – responde Palocci. – Ah, sim. Mas ele já teve mais prestígio. Caiu lá para baixo com a Dilma. O problema é que politizaram os reajustes tarifários. Amansaram as manifestações, mas repassaram a conta para as concessões. É por aí que eles vêm para cima de mim. Aliás, já está uma romaria de empresários Enfim… E o que mais está pegando, hein? – inquire Lula. – O leilão do Campo de Libra parece que está meio equacionado. O rolo são os outros blocos – lembra Okamotto. Palocci rebate: – Os problemas maiores são nas áreas ferroviária e aeroportuária. Ninguém se entende. Vocês viram? O Augustin desmentiu o Figueiredo e foi desmentido pelo Mantega. Só falta a “alemã” desmentir todos. – As concessões são meu calcanhar de Aquiles – matuta Lula. Eis que Okamotto pergunta: – E o Mercadante, pô? Lula e Palocci: – Ele não vem mais. – Então, vamos almoçar e tomar uma cachacinha, que minha batata tá assando – convida a cada vez mais demandada lenda viva da política brasileira. Obs: A conversa acima foi psicografada por uma fonte que enxerga do Além. Ato falho; ela enxerga além.
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Lula cria círculo contra o cubismo da economia
20/06/2013Há uma versão cabocla do Círculo de Bloomsbury se reunindo periodicamente em salas reservadas de hotéis alternados, em São Paulo. Não, esse círculo climatizado, bem abrasileirado, não se caracteriza pela predominância de intelectuais e artistas. Para início de conversa, quem domina o grupo é o ex-presidente Lula, que está mimetizando o slogan do “paz e amor” para “Lulinha inflação e câmbio” – preços mais baixos, é claro, e um dólar mais perto do câmbio de equilíbrio. Nos lugares do poeta Lytton Strachey e da escritora Virgínia Woolf, integrantes do Círculo britânico, estão Paulo Okamoto e Antônio Palocci. Sim, Palocci voltou ao centro da articulação política da economia – se é que um dia chegou a sair inteiramente. O “Bloomsbury do PT” tem se dedicado ao acompanhamento e a discussões sobre a conjuntura, sob o comando de Lula, cada vez mais enfurnado nas questões econômicas. O ex-presidente tem a intuição dos adivinhos. Estaria captando que determinados esgarçamentos da economia não seriam resultado direto de falhas de gestão, comunicação ou formulação, mas, sim, de um incômodo com a agenda do governo. Neste caso, a infraestrutura seria um exemplo paradigmático. Os empresários todos querem a modernização, mas, ao mesmo tempo, são agentes do atraso, obstrutores do processo, pois temem serem desalojados desse arranjo de ocupação histórica do setor. O embate pela taxa de retorno, ampliação de incentivos e captura do Estado seriam alguns desses pontos. Lula entendeu que a mão da regulação que afaga é a mesma que bate, e tudo a um só tempo. O Bloomsbury caboclo foi se alastrando. Tem o seu Maynard Keynes – bem mais gordo, diga-se de passagem, porém com o mesmo humor sardônico. O ex-ministro Delfim Netto tornou-se o mais combativo, operante e preparado assessor econômico pessoal de Lula, do governo e – por que não dizer? – do PT. Desde março, foram incorporados também os ministros Aloizio Mercadante e Guido Mantega. Ambos participaram de um desses almoços na semana passada – ver RR edição nº 4.642 -, quando foi discutida a provável ideologização de medidas necessárias pelo governo na área macroeconômica. O que precisa ser feito tanto pode ser interpretado como pragmatismo quanto uma guinada a direita, na qual o governo negaria a si próprio e adotaria o modelo de gestão da oposição. Os cavalheiros do Círculo do PT concordam que a ênfase deve ser dada aos aspectos microeconômicos. A ourivesaria dessas medidas pode ser feita fora da luz dos grupos de interesse, destrutivos patológicos, mídia engajada e outros que pré-julgam ou interpretam negativamente não o resultado, mas o processo. Dilma participou de um almoço. A presidente tem convicções fortes, algumas delas na mão inversa do que pensa o grupo. Lula levou recentemente um pedido do pequeno staff informal: que Dilma concentre todos os esforços do aparelho de Estado para não deixar que atrase nenhum, nenhunzinho, dos leilões de concessões previstos para os quatro últimos meses do ano. Parece prosaico, mas vai fazer para ver se é mole… O ex-pau de arara Lula enxerga através das xícaras de porcelana usadas por aqueles engalanados de Bloomsbury no seu chá das cinco. Talvez tenha que ser ele a dar o norte
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Marcos Lisboa desce quadrado
11/06/2013O economista Marcos Lisboa, ex-Itaú-Unibanco e atualmente no Insper, está entalado na garganta da equipe econômica. Não só pelas funestas projeções e trituradoras análises de conjuntura. Mas principalmente porque Marquinhos era considerado quase um colaborador do governo. Alguém como Armínio Fraga, ideologicamente distinto, mas com honestidade intelectual e fidalguia. Fraga tornou-se o “moneta” de referência logo no primeiro governo Lula, quando ajudou na transição do BC para Henrique Meirelles. Marquinhos, por sua vez, trabalhou na série de propostas microeconômicas que viriam a resultar no documento de campanha do Ciro Gomes, ?Agenda perdida?, adotado em numerosas vezes pelo governo do PT. O fato é que o querubim conservador transformou-se num emplumado carniceiro. Dois artigos bem recentes do economista foram compreendidos pela equipe de Guido Mantega como uma declaração de guerra. Em tempo: o ex-ministro Antonio Palocci se ofereceu para amaciar Marquinhos. Os dois têm uma boa liga.
Acervo RR
Palocci
9/10/2012O tempo passa, o mensalão voa, e o consultor Antonio Palocci continua numa boa. O ex-ministro fechou contrato com uma grande petroleira norte-americana, que tem penado para conseguir licenças ambientais no Brasil e ainda enfrenta sérios problemas de interlocução com o governo e a ANP.
Acervo RR
Palocci e o pré-sal
15/08/2012A consultoria de Antonio Palocci vai de vento em popa. A Halliburton recorreu aos préstimos do ex-ministro, interessada em aumentar a venda de serviços e equipamentos para petroleiras instaladas no país. Pelo menos esse é o motivo que a empresa alega.
Acervo RR
Uma nota só
5/07/2012O ex-ministro Antonio Palocci tem criticado seu sucessor. Segundo Palocci, Guido Mantega é Ph.D. em abrir a sacola de dinheiro do Tesouro. E nada mais. Para Palocci, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, por mérito, é que deveria ser o ministro da Fazenda.
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Palocci
29/09/2011Antônio Palocci está ajudando um grande grupo asiático do setor de eletroeletrônicos a aplainar pendências trabalhistas no Brasil. Tomara que não compre um novo apartamento.
Acervo RR
Dilma recria o PAC com a costela do PSDB
22/07/2011Antonio Palocci está de volta ao gabinete civil. Ao menos simbolicamente. A presidente Dilma Rousseff comprou integralmente a proposta do ex-ministro para a criação de um programa de aceleração das concessões. Curiosamente, a abreviação do novo plano do governo é homônima a do velho PAC, que saiu da vitrine de realizações para o empório dos projetos que ninguém quer mostrar. A ideia de ampliação do regime de concessões sempre foi a menina dos olhos de Palocci, que desde o primeiro mandato do presidente Lula cultivou as reformas microeconômicas como um dos alicerces da sua política. A grande diferença, além da escala pretendida, é que no governo Dilma o programa de aceleração das concessões será precedido de uma costura com os sindicatos. O governo quer afastar ao máximo a associação das novas licenças da ideia de desemprego. Apesar do eufemismo e da rima, no discurso de Dilma concessão não é privatização. As áreas que serão objeto da exploração privada são praticamente as mesmas que estão contidas no desacreditado PAC ? o original, diga-se de passagem. Serão leiloadas sob o regime de concessão rodovias, ferrovias, hidrovias, terminais portuários, linhas de transmissão, ou seja, um mostruário para fazer inveja a qualquer tucano. E os aeroportos? Estes serão o pilar de sustentação do programa. Só que, em vez dessas iniciativas serem feitas de forma dispersa e anunciadas em ministérios distintos, de formadescoordenada, as concessões estariam todas alinhadas em um plano de responsabilidade da Presidência da República. No saldo final, Dilma estaria aumentando o setor público sem a intervenção direta e os gastos do Estado. Ao contrário do programa de privatizações de FHC, que teve o BNDES como protagonista, a rainha das concessões do governo Dilma será a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. A grande preocupação dos operadores do governo envolvidos no projeto é a sua comunicação. Todos são escolados no impacto político negativo que há na associação da palavra privatização com os atos do governo. Foi assim desde FHC, que viu despencar sua popularidade com a satanização da venda de ativos do Estado. Que o digam José Serra e Geraldo Alckmin para o gáudio de Lula e da própria Dilma. É bem provável, inclusive, que Lula venha a ser chamado a dar sua contribuição na propaganda do novo PAC, mas a grande dama das concessões será mesmo a presidente da República. Dilma tem um feito em seu portfólio que a avaliza para esse papel: a maternidade do modelo de privatização de rodovias que privilegia a tarifação mais baixa em vez da maior proposta pelo ativo. Se for bem embalado, o projeto melhora a governança, reduz o atraso nas obras públicas e o gap de investimentos em infraestrutura, aumenta a competitividade sistêmica e transforma o neoliberalismo em um apêndice inorgânico do camaleônico PT.
Acervo RR
Comunicação
27/06/2011Uma das principais agências de comunicação do Brasil viu sua imagem virar carvão no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios. Tudo por causa do episódio da demissão de Antonio Palocci.
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Consigliere
24/06/2011Desde que estourou o escândalo envolvendo o exministro Antonio Palocci, Dilma Rousseff teve três longas conversas com o exministro da Comunicação Social, Franklin Martins.
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Mão na mesa
20/06/2011Antonio Anastasia comprou o barulho da Fiat. Intercedeu a favor da montadora para liberar um terreno em Betim, alvo de um arrastado contencioso com a Prefeitura local. Em jogo, um investimento de R$ 2 bilhões para a ampliação da fábrica da montadora. Antonio Palocci está esfriando a cabeça na casa de praia de Marta Suplicy.
Acervo RR
Brasil competitivo
16/06/2011Com a defenestração de Antonio Palocci, Jorge Gerdau está falando com as paredes do Palácio do Planalto.
Acervo RR
-Reunião das nove- em pauta no governo Dilma
31/05/2011Círculo mais próximo a presidente Dilma Rousseff tem aconselhado-a, dia sim e outro também, a adotar o mesmo modelo de reuniões matinais com os “ministros da casa”, que caracterizou o governo Figueiredo. Naquela ocasião, governavam junto ao general-presidente os ministros Leitão de Abreu, Octávio de Medeiros, Delfim Netto, o secretário geral da presidência, Heitor de Aquino Ferreira, além de participações especiais de Walter Pires. Com Dilma, os ministros garantidos seriam Fernando Pimentel, Antonio Palocci, o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, além ? surpresa! ? das luxuosas aparições do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Guido Mantega, que tem tido uma participação saliente, pelo menos em praça pública, não consta entre os conselheiros de carteirinha. Conselhos de lá, conselhos de cá, parece haver um nó no meio de tudo. A simples sugestão da superassessoria que partilharia a gestão deixa enrustida uma notícia que ninguém quer ouvir.
Acervo RR
Fábio Barbosa é o trunfo do PT na eleição em São Paulo
26/05/2011Fábio Barbosa, presidente do Conselho de Administração do Santander, tornou-se o José Alencar do PT para as eleições municipais em São Paulo, em 2012. Trata-se de um pedido direto do ex-presidente Lula. Barbosa é visto como o vice sob medida para qualquer um dos candidatos que vier a disputar o pleito ? Marta Suplicy, Fernando Haddad ou Aloizio Mercadante. Este último, inclusive, mantém uma relação bastante estreita com o executivo. A exemplo do papel desempenhado por Alencar em 2002 em um nível mais abrangente, Barbosa funcionaria como uma espécie de avalista da candidatura petista entre o empresariado de São Paulo, no que promete ser uma das mais acirradas disputas já vistas pela Prefeitura da capital. Caberia a ele, principalmente, aproximar o partido da banca. Fábio Barbosa e Lula acabaram criando uma relação de proximidade ao longo dos últimos oito anos. Não custa lembrar que Barbosa foi convidado por três vezes para assumir a presidência do Banco Central. A primeira delas, em 2002, ocorreu por intermediação de Antonio Palocci. Barbosa era o primeiro nome da lista, a frente do próprio Henrique Meirelles. A segunda convocação se deu em 2008, pouco antes de o Brasil receber o investment grade da Standard & Poor’s. Na ocasião, o então presidente Lula chegou a convidar também o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, no que certamente foi o período mais tenso de toda a gestão de Henrique Meirelles a frente do BC. O terceiro e mais recente chamamento para que Barbosa assumisse o comando da autoridade monetária foi feito em dezembro de 2010, já com vistas a montagem do governo de Dilma Rousseff. Mais uma vez, o executivo declinou. Não obstante ter posado de Pedro e negado o pedido de Lula por três vezes, Barbosa continuou em alta junto ao PT e ao próprio ex-presidente. Sua tríplice recusa foi feita com fundamentos consistentes e acabou compreendida pelo governo, muito em razão dos serviços prestados. Durante boa parte da gestão Lula, ele foi um canal permanente entre o governo e o setor financeiro. Entre seus pares, Barbosa ganhou o epíteto de ?o banqueiro do PT?. Em tempo: mais uma vez, os destinos de Fábio Barbosa e Henrique Meirelles se cruzam. Se o Congresso Nacional postergar ainda mais a aprovação da indicação de Meirelles para a presidência da Autoridade Olímpica, corre o risco de ter de sabatinar outro nome. Já antevendo a saída de Barbosa do banco, prevista para o fim do ano, o Santander sondou o excomandante do BC para assumir a presidência de seu Conselho de Administração no Brasil.
Acervo RR
Eduardo Campos vence duelo nuclear com Jacques Wagner
10/05/2011O governador Eduardo Campos, do PSB, venceu a queda de braço com o petista Jacques Wagner. O governo bateu o martelo com relação a localização da quarta usina nuclear brasileira, que era disputada de forma acirrada por Pernambuco e Bahia. A geradora ficará na região de Belém do São Francisco, no município de Itacuruba, a 470 quilômetros de Recife. Palavra do próprio ministro Edison Lobão, que se encontrou recentemente com Campos para antecipar a decisão. Trata-se da primeira das três novas geradoras atômicas cuja construção foi autorizada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O anúncio oficial deverá ser feito pelo Ministério de Minas e Energia em junho. Detalhes técnicos da nova usina já foram alinhavados. A geradora terá seis reatores com capacidade para produzir 6.600 megawatts. O custo do empreendimento será de R$ 10 bilhões. É um projeto de longo prazo. A compra definitiva do terreno está prevista para 2012. A expectativa é que todas as licenças sejam concedidas no ano seguinte. Pelo cronograma, o início das obras ocorrerá apenas em 2015, e o da operação é estimado para março de 2020. Na partida, todo o projeto ficará concentrado nas mãos da Eletronuclear. A estatal será responsável pela contratação do consórcio que cuidará da parte de engenharia civil e pela compra de equipamentos. No entanto, todos os esforços do governo estão focados na aprovação da emenda constitucional que permite a participação de investidores privados na operação de usinas nucleares ? ver RR – Negócios & Finanças edição nº 4.052. O governo quer convencer o Congresso a votar a alteração ainda neste ano ? as negociações com os parlamentares da base aliada têm sido conduzidas pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Nem tanto pela usina pernambucana, cujo leilão está previsto apenas para 2014, quando, acredita o Ministério de Minas e Energia, as novas regras já terão entrado em vigor. O motivo da pressa é a licitação para a operação de Angra 3, prevista para os próximos dois anos. A ideia do governo é que o controle das usinas permaneça nas mãos do Estado, abrindo até 40% dos consórcios para a iniciativa privada.
Acervo RR
Dilma assume o risco político das obras do PAC
12/04/2011Dilma Rousseff vai transformar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em uma operação de guerra. Anunciará em breve um conjunto de decisões para desobstruir todos os obstáculos que vêm travando as obras do PAC. Na prática, Dilma vai assumir o risco político dos empreendimentos. Fica responsável pelo desatamento dos nós criados pela Funai, pelo Ibama, pelo Ministério Público e prefeituras, entre outros. A própria Presidência da República vai tocar a condução do PAC. A administração de todos os projetos ficará a cargo do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Segundo informações filtradas do próprio Planalto, ao anunciar as novas medidas com pompa e circunstância, Dilma vai enfatizar que um dos objetivos deste novo modelo é transformar as obras do PAC em exemplo de lisura, cumprimento de prazos, respeito a s leis e ao orçamento e elevados padrões de qualidade, uma referência para todas as futuras realizações do governo. Algumas medidas são radicais. O governo exigirá que para cada uma das motivações geradoras de atrasos nos projetos seja determinado um prazo para o encaminhamento de solução e resolução do problema. Não haverá tolerância. O novo discurso será amparado em forte campanha publicitária. Volta com exposição redobrada a prestação regular de contas sobre o andamento das obras do PAC, prática que simplesmente sumiu do mapa. O próprio Planalto assumirá também o risco da negociação com as municipalidades, identificadas como uma das principais barreiras para o bom andamento das obras do PAC. Todas as contrapartidas passarão a ser acertadas previamente com as prefeituras, de forma a evitar o aparecimento de exigências inaceitáveis no meio do caminho. Não faltam referências a obras que foram postergadas ou até mesmo suspensas devido a pedidos inusitados e fora de hora feitos por diversas prefeituras. Um exemplo chega a ser folclórico: em certa ocasião, a expansão do porto de Itaguaí, projeto a época tocado em conjunto pela Vale e pela CSN, empacou em condicionalidades exóticas da prefeitura local que não estavam no contrato original, como a construção de uma praça e de um clube na cidade. Inicialmente, a candidata a ministra plenipotenciária do PAC era Miriam Belchior, que tocaria o novo gabinete dentro da Pasta do Planejamento. O tamanho do contencioso previsto, entretanto, dirigiu a escolha para uma seleção darwniana. Ao entregar o comando do PAC a Antonio Palocci, Dilma parte da premissa de que um conjunto de projetos cujo atraso tem um potencial de risco sistêmico só andará se estiver pendurado na própria Presidência da República. Não chega a ser a reinvenção da roda. A história recente mostra que grandes missões de governo foram entregues exatamente a Casa Civil. Foi o caso da gestão da crise energética no governo FHC, que ficou sob o comando de Pedro Parente, e do próprio PAC, conduzido por Dilma em seu período a frente do Ministério. Além da ligação direta com o gabinete da Presidência, outro fator empurra o PAC na direção de Palocci. A própria Dilma entende que no núcleo duro do governo apenas ele tem densidade política suficiente para a empreitada. Um outro fator pesou pró- Palocci: Dilma está forte demais e não teme vitaminar a eminência do Gabinete Civil com excesso de poder
Acervo RR
Metrô no PAC 2
1/04/2011O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, negocia com Antonio Palocci a inclusão no PAC 2 do trecho do metrô entre o Rio de Janeiro e Niterói e São Gongalo. O custo do empreendimento deverá chegar a R$ 2 bilhões
Acervo RR
Almirante
31/03/2011Antônio Palocci está debruçado sobre projeto que altera a gestão do Fundo de Marinha Mercante. No formato desenhado pela Casa Civil, o BNDES terá ainda mais poder de decisão sobre os empréstimos. O Ministério dos Transportes passará a ser uma peça decorativa no processo.
Acervo RR
Barreira
25/03/2011O empresário Maurílio Biagi tem chorado suas pitangas com o ministro Antonio Palocci, de quem é muito chegado desde os tempos de prefeitura de Ribeirão Preto. As conversas giram em torno de uma atuação mais forte do BNDES para frear o avanço do capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro.
Acervo RR
Valec no exterior
14/03/2011O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, perdeu a queda de braço com Antonio Palocci – e quem não perderia- A Casa Civil vai conduzir o processo de criação de um braço internacional da Valec. O projeto é ambicioso e prevê a associação com concessionárias na América Latina e a formação de um cinturão para o transporte de cargas no continente
Acervo RR
BB lança sua rede sobre Banestes e Banpará
28/02/2011O Ministério da Fazenda está namorando a federalização dos bancos estaduais, leia-se a incorporação destas instituições pelo Banco do Brasil. As discussões vêm sendo travadas pelo ministro Guido Mantega, pelo secretário executivo Nelson Barbosa e pelo próprio presidente do BB, Aldemir Bendine, responsável pelos estudos técnicos. A ideia é fisgar os poucos bancos estaduais que ficaram de fora do arrastão feito pelo BB nos últimos três anos. Há dois alvos prioritários na mira: o Banestes, do Espírito Santo, e o Banco do Estado do Pará (Banpará). A operação, no entanto, está longe de ser uma unanimidade no governo. as voltas com duras medidas políticas, como o corte de gastos e o aumento mais contido do salário mínimo, Dilma Rousseff ainda não se pronunciou a respeito do assunto. Mas sabe-se que gente muito próxima do núcleo duro do governo tem restrições a federalização dos bancos estaduais, a começar pelo ministro Antonio Palocci e por Alexandre Tombini, que, em pouco tempo no BC, já mostrou ter trânsito livre no gabinete presidencial. Ambos são contra a medida, Entendem que partir para a federalização de bancos renderia a Dilma um desgaste político com os governadores, além de colocar graxa no propósito de um maior controle da liquidez almejado pelo Banco Central. Ressaltese ainda que nem o Banestes nem o Banpará estão sequer próximos da situação de instabilidade financeira que levou outros bancos estaduais a serem incorporados pelo BB. bate político, a Fazenda é entusiasta do projeto e do seu impacto sobre o mercado bancário. Mantega sempre defendeu a engorda do Banco do Brasil como forma de fortalecer sua posição na arbitragem de taxas de juros e tarifas bancárias, obrigando o restante da banca a seguir os mesmos padrões. O próprio BB, por sua vez, enxerga a medida como um maneira oblíqua de crescimento orgânico, uma espécie de greenfield alheio. Não obstante a reação adversa dos grupos financeiros privados, o BB entende que nada mais natural do que uma institiuição federal assumir o controle de bancos estaduais. O Banco do Brasil mira no kit de benefícios que costuma vir acompanhado de incorporações como esta: gestão da folha de pagamentos do funcionalismo estadual, carteiras de operação de crédito, notadamente consignado, e rede de agências, além do aumento da base de correntistas. No caso específico do Banestes e do Banpará, este pacote de vantagens é multiplicado pelo bom desempenho recente das duas instituições. No banco capixaba, a carteira de crédito mais do que dobrou em 2010, chegando a marca de R$ 3 bilhões. Do total de operações de crédito do Banestes, mais de R$ 500 milhões são empréstimos aos servidores públicos do Espírito Santo, um maná que o Banco do Brasil quer para si. Embora de menor envergadura, o Banpará também teve um 2010 de resultados expressivos. Em relação ao ano anterior, a carteira de crédito subiu mais de 40%. O banco fechou o ano com cerca de R$ 1,5 bilhão em empréstimos. Deste total, 65% correspondem a financiamentos com desconto em folha. Na ponta do lápis, o Banco do Brasil agregaria cerca de R$ 11 bilhões de ativos com a incorporação das duas instituições ? R$ 9 bilhões provenientes apenas do Banestes. Herdaria ainda quase R$ 7 bilhões em depósitos.
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Casa Civil
5/01/2011O ministro Antonio Palocci terá uma nova e politicamente complexa atribuição na Casa Civil. Caberá ao ministério centralizar a nomeação de representantes do governo federal no Conselho de Administração de companhias estatais, sociedades de economia mista e empresas privadas das quais a União é acionista. A Casa Civil vai também elaborar um manual de conduta para seus indicados. Será um adendo a cartilha produzida recentemente pelo Ministério do Planejamento, que se concentrou nas empresas públicas.
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NA
4/01/2011Há um forte lobby em Brasília _ a frente o presidente da CNI, Robson Andrade _ para que a Camex vá do Ministério do Desenvolvimento para a Casa Civil. Antonio Palocci agradece.
Acervo RR
Palocci na cabeça
1/12/2010Pesquisa feita por instituto de São Paulo para medir a receptividade dos empresários aos nomes confirmados e cogitados para o governo de Dilma Rousseff apontou Antonio Palocci na liderança absoluta. O futuro presidente do BC, Alexandre Tombini, é o lanterninha.
Acervo RR
Retratos sem retoques dos apóstolos de Dilma
25/08/2010Que sai Lula e entra Dilma – Serra? Que Serra? – não há novidade. A bolsa de apostas agora está concentrada nos primeiros dias do futuro governo. Os dados estão rolando primeiramente sobre o seu ministério. Os principais nomes já estão previstos. Mas as combinações dos cargos a serem ocupados são múltiplas. Antônio Palocci, por exemplo, pode vir a ser ministro-chefe do Gabinete Civil, com responsabilidade pela articulação política, ou ministro da Saúde, em uma reedição do modelo FHC/Serra. No entanto, as hipóteses para as funções de Palocci não se encerram em Brasília. Os franco atiradores do PT, que têm no futuro ministro sem pasta José Dirceu seu expoente principal, gostariam de vê-lo na Petrobras, até por motivos estratégicos. A estatal, símbolo máximo de poder nesses tempos de pré-sal, estará no centro de uma encarniçada disputa política, sendo difícil para a presidente definir o novo titular mesmo trazendo o cargo para sua cota pessoal. Palocci mataria dois coelhos com uma só cajadada, colocando a Petrobras na antessala do Planalto. E quem faria a coordenação política do governo Dilma? O ministro Paulo Bernardo divide as preferências com a ministra Erenice Guerra para a Casa Civil, ressaltando-se sempre que o pole position é de Antônio Palocci. Mais provável é que, se a disputa for entre os dois, Erenice seja a Dilma da Dilma. Paulo Bernardo seria mantido no Planejamento, que deixaria de ser ministério e voltaria a ser uma secretaria ligada ao Planalto. Há quem diga também que Bernardo tem vaga garantida no Banco do Brasil, mas aí pode ser mais desejo do que evidência. Comenta-se que é no BB que Sérgio Rosa gostaria de saltar de bancário a banqueiro. Mais um do time do “gostaria”. Erenice poderia ainda assumir a Secretaria da Presidência, tornando-se uma espécie de Gilberto Carvalho de Dilma. As maiores apostas, entretanto, cravam que esse cargo será ocupado por Miriam Belchior, atual coordenadora das obras do PAC. Ou seja: as dilmetes, Erenice e Miriam, permaneceriam no Planalto mais ou menos onde estão. O Ministério da Fazenda, que sempre esteve entre os maiores cacifes da bolsa de apostas ministerial, desceu para um segundo degrau. Isto porque a previsão de um superministro Luciano Coutinho está sendo desinflada pelo próprio. Luciano preferiria continuar onde está. No BNDES, tem o apoio absoluto da corporação e projetos para implementar por pelo menos duas décadas. Já Guido Mantega trabalha 25 horas por dia para sequer se levantar da cadeira. Será, contudo, um ministro mais fosco ainda do que é na atual gestão. Em cima da sua cabeça estarão Dilma, Palocci, Paulo Bernardo e Erenice, todos com disposição de apitar na economia. E do lado, existe o plano de criação de um ministério tonificado para o comércio exterior e indústria, no qual se imagina assentar o atual presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que passou a ser, digamos assim, da cota do próprio Lula. Mantega deverá continuar privando da companhia querida de Henrique Meirelles no BC. É muito provável, entretanto, que Meirelles somente faça a transição, saindo em agosto, quando ocorre a eleição para a presidência do BIS, o Banco Central dos Bancos Centrais. Este, por enquanto, é seu plano de voo. O núcleo duro ministerial de Dilma Rousseff seria finalizado com a presença de Aloizio Mercadante, que saltaria direto da derrota pela disputa do governo de SP para o Ministério da Educação. Bem, pode ser que o desenho final seja diferente. Mas não será muito. Façam suas apostas.
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Palocci 1
9/08/2010Antonio Palocci não é, sabidamente, de contar vantagem. Mas aposta alto suas fichas no desempenho do PT nas urnas. Diz e assina embaixo que o partido vai fazer mais de 130 deputados federais.
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Palocci 2
9/08/2010Potencial candidato a ministro da Casa Civil no eventual governo Dilma Rousseff, Antônio Palocci recuou em sua previsão de que a candidata vence no primeiro turno com uma diferença de 15 pontos percentuais sobre José Serra. Agora, acha que a distância chega aos 20 pontos percentuais.
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Pós-sal
22/06/2010Michel Temer entregou os pontos. Na última quarta-feira, em conversa telefônica com deputados da base aliada durante sua estada em Paris, disse com todas as letras que não há como antecipar para julho a votação do projeto de lei que estabelece o modelo de exploração do pré-sal. Um dos interlocutores foi o próprio Antonio Palocci, que reassumiu a relatoria da proposta.
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Dilma rearruma as peças no tabuleiro do poder
21/06/2010Nem tudo é o que parece ser no mosaico de nomes apontado, desde já, como pule de dez para um eventual governo de Dilma Rousseff. Personagens aparentemente fora do jogo e que, até agora, permanecem na penumbra da campanha são fortes candidatos a deslocar o centro de poder e tomar o espaço supostamente destinado a estrelas de primeira grandeza. É o caso da tríade Erenice Guerra, atual titular da Casa Civil, Miriam Belchior, coordenadora do PAC, e Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras ? jocosamente tratadas no núcleo de campanha do PT como as “Dilmetes”. Além da fama de competentes que as cerca, o trio tem um ativo valioso, capaz de fazer diferença na hora H da montagem dos quadros de governo: são histórica e afetivamente ligadas a Dilma. Ou, como diz uma fonte do primeiríssimo escalão da campanha petista, todas elas podem ouvir uma carraspana em alto bom som de Dilma sem qualquer resquício de mágoa ou ressentimento. Ao contrário das “Dilmetes”, alguns blockbusters, tratados por analistas políticos e pela mídia como favas contadas para a equipe de governo de Dilma Rousseff, não têm, nem de longe, um grau de afinidade tão estreito e orgânico com a candidata. Os principais exemplos são Antônio Palocci, Luciano Coutinho e Henrique Meirelles. Dilma os enxerga como curingas, e não necessariamente como ases com lugar cativo no governo. No caso de Palocci, a aproximação com a candidata é resultado de um oportunismo eleitoral, no bom sentido. Ele se tornou um nome imprescindível para a campanha, mas, talvez, não para o governo. Dilma considera que é bom tê-lo por perto, mas não obrigatoriamente em um posto-chave. O mesmo se aplica a Luciano Coutinho, visto como favorito para a Fazenda. Com a ressalva de que Coutinho vem construindo, nos últimos anos, uma relação bem mais próxima de Dilma Rousseff. Outra diferença entre ambos. Ao longo de sua gestão na Fazenda, Dilma fez várias críticas públicas a Palocci. Nunca se ouviu o mesmo em relação a Coutinho. Henrique Meirelles, cotado para um tricampeonato no comando do Banco Central, é outro que carece de maior familiaridade com Dilma Rousseff. Informações filtradas junto ao comando de campanha do PT apontam José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa como nomes, no momento, mais bem posicionados na corrida pelo cargo. Ambos, aliás, notadamente Lisboa, surgem como possíveis contribuições do próprio Palocci. Seria uma forma de o ex-ministro participar do governo, senão de corpo presente, ao menos em pensamento. No que depender da vontade de Dilma Rousseff, seu governo tem tudo para ser um matriarcado. A distribuição dos cargos ainda é um jogo a ser jogado, mas Erenice Guerra, Mirian Belchior e Maria das Graças Foster são peças das quais Dilma não abre mão. Erenice é vista como a Dilma da Dilma, ou seja, nome talhado para a própria Casa Civil. Outra possibilidade seria sua ida para a Chefia de Gabinete da Presidência, lugar hoje ocupado por Gilberto Carvalho. Miriam Belchior é candidata a uma vice-presidência do BNDES. Graça Foster, por sua vez, seria um nome forte para a Petrobras, ainda que sua indicação enfrente forte resistência entre os funcionários da estatal. Graça não é conhecida exatamente pelo jogo de cintura que o cargo exige.
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Darling
8/06/2010Os Setúbal e os Moreira Salles estão tratando o economista Marcos Lisboa com pão-de-ló e leitinho. No Itaú-Unibanco, todos acham que ele terá missão a cumprir em um eventual governo Dilma Rousseff. Antonio Palocci adora o rapaz.
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O cérebro
28/05/2010O maior lobby em andamento hoje na República é o do Brain (Brasil Investimentos & Negócios), leia-se a criação de um enclave financeiro internacional no país. Antonio Palocci gosta da ideia encabeçada por Febraban, BM&F Bovespa e outras entidades. Mais até do que Henrique Meirelles.