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BB lança sua rede sobre Banestes e Banpará

  • 28/02/2011
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O Ministério da Fazenda está namorando a federalização dos bancos estaduais, leia-se a incorporação destas instituições pelo Banco do Brasil. As discussões vêm sendo travadas pelo ministro Guido Mantega, pelo secretário executivo Nelson Barbosa e pelo próprio presidente do BB, Aldemir Bendine, responsável pelos estudos técnicos. A ideia é fisgar os poucos bancos estaduais que ficaram de fora do arrastão feito pelo BB nos últimos três anos. Há dois alvos prioritários na mira: o Banestes, do Espírito Santo, e o Banco do Estado do Pará (Banpará). A operação, no entanto, está longe de ser uma unanimidade no governo. as voltas com duras medidas políticas, como o corte de gastos e o aumento mais contido do salário mínimo, Dilma Rousseff ainda não se pronunciou a respeito do assunto. Mas sabe-se que gente muito próxima do núcleo duro do governo tem restrições a  federalização dos bancos estaduais, a começar pelo ministro Antonio Palocci e por Alexandre Tombini, que, em pouco tempo no BC, já mostrou ter trânsito livre no gabinete presidencial. Ambos são contra a  medida, Entendem que partir para a federalização de bancos renderia a Dilma um desgaste político com os governadores, além de colocar graxa no propósito de um maior controle da liquidez almejado pelo Banco Central. Ressaltese ainda que nem o Banestes nem o Banpará estão sequer próximos da situação de instabilidade financeira que levou outros bancos estaduais a serem incorporados pelo BB. bate político, a Fazenda é entusiasta do projeto e do seu impacto sobre o mercado bancário. Mantega sempre defendeu a engorda do Banco do Brasil como forma de fortalecer sua posição na arbitragem de taxas de juros e tarifas bancárias, obrigando o restante da banca a seguir os mesmos padrões. O próprio BB, por sua vez, enxerga a medida como um maneira oblíqua de crescimento orgânico, uma espécie de greenfield alheio. Não obstante a reação adversa dos grupos financeiros privados, o BB entende que nada mais natural do que uma institiuição federal assumir o controle de bancos estaduais. O Banco do Brasil mira no kit de benefícios que costuma vir acompanhado de incorporações como esta: gestão da folha de pagamentos do funcionalismo estadual, carteiras de operação de crédito, notadamente consignado, e rede de agências, além do aumento da base de correntistas. No caso específico do Banestes e do Banpará, este pacote de vantagens é multiplicado pelo bom desempenho recente das duas instituições. No banco capixaba, a carteira de crédito mais do que dobrou em 2010, chegando a  marca de R$ 3 bilhões. Do total de operações de crédito do Banestes, mais de R$ 500 milhões são empréstimos aos servidores públicos do Espírito Santo, um maná que o Banco do Brasil quer para si. Embora de menor envergadura, o Banpará também teve um 2010 de resultados expressivos. Em relação ao ano anterior, a carteira de crédito subiu mais de 40%. O banco fechou o ano com cerca de R$ 1,5 bilhão em empréstimos. Deste total, 65% correspondem a financiamentos com desconto em folha. Na ponta do lápis, o Banco do Brasil agregaria cerca de R$ 11 bilhões de ativos com a incorporação das duas instituições ? R$ 9 bilhões provenientes apenas do Banestes. Herdaria ainda quase R$ 7 bilhões em depósitos.

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