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Judiciário

Afastamento de juízes da Lava Jato tem a caligrafia de Alexandre de Moraes

18/04/2024
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No próprio CNJ, há quem enxergue a silhueta de Alexandre de Moraes na decisão do corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, de afastar a juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, além de outros três magistrados da Lava Jato – punição, em parte, anulada posteriormente pelo ministro Luis Roberto Barroso. Salomão é bastante próximo de Moraes desde 2020, quando ambos atuaram juntos no TSE. Na Corte a sintonia entre ambos chamava a atenção: raras vezes, os dois tiveram votos divergentes em julgamentos no plenário, como pode ser observado nas gravações das sessões disponíveis no canal do Tribunal no YouTube. No mês de agosto de 2022, quando Moraes foi empossado na presidência do TSE, em conversa com o RR Salomão vaticinou que o colega ia “vir com tudo” à frente da Justiça Eleitoral. Não era uma profecia, mas uma declaração de quem priva dos pensamentos do ministro do STF. Por sinal, magistrados próximos a Salomão sabem que ele sonha com uma cadeira no Supremo, com o apoio de Moraes.

#Alexandre de Moraes #Lava Jato

Empresa

Andrade Gutierrez prepara seu regresso à África

11/04/2024
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A Andrade Gutierrez está pavimentando seu retorno à África. O RR apurou que a construtora vem mantendo contatos com o governo de Angola para participar de projetos de infraestrutura no país. Um dos alvos cobiçados seria a construção de uma ferrovia de quase 600 km que ligará o Corredor do Lobito, uma dos eixos logísticos de Angola, à Zâmbia. Ressalte-se que, no ano passado, o CEO da construtora, Carlos Souza, esteve entre os executivos do setor de construção pesada que se reuniram com o ministro Fernando Haddad pedindo financiamento público para contratos em Angola. A empresa de Sergio Andrade teve uma bem-sucedida trajetória no continente africano. Em 2014, por exemplo, por meio da subsidiária Zagope, operava simultaneamente em dez países. A Lava Jato e o consequente extermínio do crédito pública para a exportação de serviços de engenharia varreram a Andrade Gutierrez do mapa da África. Consultada, a empreiteira não quis se pronunciar.

 

#Andrade Gutierrez #Angola #Infraestrutura

Política

Absolvição recoloca Sergio Moro e Lava Jato no game de 2026

9/04/2024
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A cada mais provável absolvição de Sergio Moro no TRE-PR já provoca especulações no Congresso Nacional com vistas às eleições de 2026. Neste momento, deputados e senadores da ala bolsonarista celebram nos corredores do parlamento a salvação do ex-ministro da Justiça. Até então, Moro encontrava-se em uma situação de baixa influência no jogo sucessório. As cartas postas na mesa estavam restritas ao próprio Jair Bolsonaro, ao governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, e à ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. Moro passa a ser uma espécie de quarto mosqueteiro nas hipóteses de composição de uma chapa bolsonarista puro-sangue. O senador se reaproximou publicamente do ex-presidente durante os debates eleitorais de 2022, aconselhando Bolsonaro a olhos vistos. O resgate de Moro, de uma certa forma, traz novamente ao cenário a Lava Jato como elemento do discurso de campanha do bolsonarismo. Uma Lava Jato purificada a partir do estado do Paraná, com potencial de atrair antigos admiradores em nível nacional. Sob certo aspecto, a iminente absolvição do ex-juiz contribui com o projeto bolsonarista de tentar antecipar o debate sobre as eleições de 2026. Moro livre do risco de cassação traz o tempero da anticorrupção que fez parte da narrativa de Jair Bolsonaro no pleito de 2018 e durante o seu governo.

#Eleições #Lava Jato #Sérgio Moro

Empresa

Álya e NG GDK também buscam o waiver da Petrobras

27/03/2024
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Mais duas empresas linchadas pela Lava Jato estão na “fila do perdão” da Petrobras. Álya (como foi rebatizada a antiga Queiroz Galvão Construtora) e NG GDK (Nova Geração GDK) buscam retomar a prestação de serviços para a estatal, juntando-se a outros grandes grupos da construção pesada que voltaram a firmar contratos com a companhia – como Novonor (ex-Odebrecht) e Andrade Gutierrez, conforme informou o Estado de S. Paulo. No caso da Álya, o Grupo Queiroz Galvão, seu controlador, já percorreu algumas casas desse longo tabuleiro. Em 2016, a subsidiária Queiroz Galvão Óleo e Gás, que atua no fornecimento de sondas e embarcações, foi retirada da lista da empresas impedidas de fazer negócio com a Petrobras. Em 2021, o grupo deu um passo ainda mais efetivo: à época, ainda chamada de Queiroz Galvão, a construtora voltou a vencer uma licitação do governo federal após um hiato de sete anos, assumindo as obras de 115 quilômetros de transposição do São Francisco, um contrato de R$ 938 milhões. A NG GDK, por sua vez, ainda se encontra em um processo de rearrumação da própria casa. O RR apurou que a empresa pretende sair da recuperação judicial até outubro. Ressalte-se que, mesmo após o tufão da Lava Jato, a empreiteira manteve todo o seu maquinário, sem vender nenhum equipamento – alguns estão alugados a terceiros.

Quase uma década depois, o setor de construção pesada ainda tenta deixar para trás os escombros da Lava Jato. A Operação dizimou a mais preparada indústria nacional, seja pelo seu capital humano de excelência, seja pelo maquinário de ponta e pela notória competitividade no exterior. Até hoje não há explicação para o fato de a Lava Jato ter punido não apenas os acionistas controladores por práticas de corrupção, mas também os profissionais e o setor como um todo. O caminho de volta é longo e íngreme. Além do retorno ao círculo de fornecedores da Petrobras, a ressurreição da indústria da construção pesada passa também pela retomada do crédito público à exportação dos serviços de engenharia, outro anátema deixado pela “República de Curitiba”. Da Lava Jato para cá, as empreiteiras mudaram suas práticas e, sobretudo, suas marcas. Praticamente todas as grandes construtoras passaram por um rebranding como forma de purgar os pecados do passado. Uma rara exceção foi a Andrade Gutierrez, cujo dono, Sergio Andrade, acompanha a ressurreição da empresa da sua quinta em Portugal.

#Álya #NG GDK #Petrobras

Governo

O 1º de maio na “casa” de Lula

21/03/2024
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CUT, UGT e Força Sindical discutem levar a tradicional celebração do 1º de Maio do Vale Anhangabaú, seu cenário histórico, para o Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo. A mudança se deve à dificuldade de organizar o megaevento do Dia Internacional do Trabalho no Anhangabaú após a sua concessão para a iniciativa privada. Lula já foi convidado para o ato unificado. Se aceitar, estará em “casa”, dirão línguas mais ferinas. Além de torcedor do Corinthians, foi no seu governo que a Odebrecht construiu a Arena Itaquera, um negócio que acabou investigado pela Lava Jato.

 

#CUT #Lula #UGT

Empresa

Lava Jato do Peru ainda respinga em empreiteira da IG4

11/03/2024
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As negociações conduzidas pela IG4 para a entrada de um novo investidor na empreiteira peruana Aenza têm se arrastado mais do que o previsto. A gestora do ex-GP Paulo Mattos ainda paga o preço pelos malfeitos pregressos da construtora, comprada em 2020. O maior entrave à chegada de um sócio vem da área de compliance, leia-se pendências remanescentes do tempo em que a empresa ainda se chamava Graña y Montero e foi tragada pela versão peruana da Lava Jato.

Somente no último mês de dezembro a Aenza iniciou o pagamento à Procuradoria General del Estado, o equivalente à PGR local, previsto no acordo de colaboração firmado com a Justiça do Peru. Há ainda outro impasse, que se cruza com a punição imposta pelas antigas acusações de corrupção. A Aenza cobra do governo peruano uma indenização da ordem de US$ 28 milhões pelo suposto descumprimento de obrigações contratuais na concessão da Tren Urbano de Lima, da qual a empreiteira tem 75%.

O valor é relativamente pequeno, mas o enrosco é grande. A operadora de trens apresentou ao Ministério dos Transportes do Peru um pedido de arbitragem do contrato. No entanto, o governo alega que o acordo de colaboração assinado com a Justiça impede a Aenza e suas controladas de moverem processos dessa natureza contra o Estado. Procurada, a IG4 não quis se manifestar.

#Aenza #IG4

Política

Ex-tesoureiro do PT exorciza Lava Jato e volta ao game

11/03/2024
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O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto está saindo das sombras, ainda que não muito. Tem participado de articulações políticas para o lançamento de candidaturas do partido a prefeituras. O petista tem razoável influência em municípios da Grande São Paulo, como Guarulhos e Osasco. Vaccari, aos poucos, vai entrando na lista de petistas que conseguiram exorcizar a Lava Jato. No início do ano, o ministro Edson Fachin, do STF, anulou a condenação de Vaccari por suposta corrupção em contratos de navios-sondas com a Petrobras. Na semana passada, a desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do TRF1 trancou uma ação contra o petista que corria na 12ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.

#Lava Jato #PT

RR Destaques

Agenda no Congresso

27/02/2024
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Enquanto tem mais uma boa notícia na área econômica, com o IPCA-15 de fevereiro abaixo do esperado (apesar de alta importante nos alimentos), o governo se aproxima da primeira grande batalha legislativa de 2024 – e um teste para as relações com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.

Trata-se das negociações em torno da transformação da MP que reonerou 17 setores da economia e derrubou o Perse, voltado especificamente ao setor de eventos, em Projeto de Lei. A mensagem de Arthur Lira hoje, “vazando” que as posições do governo sobre o tema se mantém contraditórias, não significa que vá bater de frente com o Planalto (ainda que tenha defendido com unhas e dentes ambas as medidas).

O que Lira quer dizer é que não aceitará uma costura que “se imponha” do Senado para a Câmara. No que tange as desonerações, é uma questão de timing. Extender a validade da MP pode ajudar a arrecadação – e Lira pode até concordar com a “gambiarra”, desde que faça parte de um acordo acertado diretamente com ele.

Mas que elas vão cair, basicamente não há dúvidas. O melhor cenário para o governo é recuperar alguma coisa ao retomá-las, em outro formato, via PL. E, até para tanto, terá que trabalhar muito.

No que se refere ao Perse, o cenário permanece mais favorável no Senado, não à toa a Casa vem sendo o palco central das discussões. Mas também permanecem as resistências na Câmara e falta a Fazenda indicar que tipo de meio termo estará disposta a apresentar. Aí, no entanto, tem mais chances de ganhar, até porque já avançou essa batalha na mídia.

Como nada andará sem Haddad (com Covid) e Lula – ainda que tendo se aproximado do Congresso – não parece focado na questão, ao menos enquanto o ministro da Fazenda está “fora de jogo”, o risco é que o espaço seja ocupado por outros atores e isso gere ruído.

A reação do governo

Capitaneada por Lula, a base governista aponta para uma narrativa de objetivos claramente eleitorais na reação ao ato com o ex-presidente Bolsonaro na Paulista, com algumas linhas simultâneas:

> Reconhecer a força do ex-presidente, mas como argumento para defender a união em torno do governo e a mobilização popular (na verdade visando às eleições e com muito foco em São Paulo, que será a grande batalha do ano).

> Trabalhar para que a demonstração de força não “contamine” o Congresso. Nesse sentido, podem entrar nas negociações com Lira, em torno do apoio ao seu candidato à sucessão, entre outras medidas, o isolamento de deputados da base que assinaram pedido de impeachment.

> Reforçar a ideia de que nada mudará nos processos que envolvem o ex-presidente Bolsonaro – pelo contrário.

> Abraçar a polarização, não necessariamente em todo o espectro político (não será assim na economia, por exemplo), mas certamente na questão da Palestina.

Lula não deixa de ter mudado o tom, dando diversos sinais que visam mostrar que não fez uma comparação direta ao Holocausto e tentando se aproximar da comunidade judaica – pelo menos a de esquerda. No entanto, a reiteração do tema evidencia que apostará nele, sim.

Lava Jato ou não, eis a questão

 Interessante observar como se movimentará o governo, junto ao STF, no que se refere à possibilidade de revogação (ou renegociação) dos acordos de leniência no âmbito da Lava Jato. Por um lado, a ideia de “enterrar” o máximo possível a operação agrada; por outro, a perda de arrecadação incomoda.

Indicadores

Saem amanhã o IGP-M, a Sondagem de Serviços e a Sondagem do Comércio, todas para fevereiro (FGV). No exterior, será divulgada a segunda parcial do PIB dos EUA no último trimestre de 2023.

#Arthur Lira #IPCA 15 #Jair Bolsonaro #Lula #Rodrigo Pacheco

Destaque

Petrobras e Adnoc esbarram nos “pontos cegos” da Braskem

22/02/2024
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Petrobras e Adnoc (Abu Dhabi National Oil Company) estão se deparando com entraves maiores do que o previsto na due diligence da Braskem. Segundo informações obtidas pelo RR, ambas já adiaram por duas vezes a conclusão dos trabalhos e, dentro da estatal, já se admite a possibilidade de o processo não terminar sequer no mês de março. Petrobras e Adnoc têm requisitado seguidamente informações adicionais à Braskem, na tentativa de elucidar “pontos cegos” da companhia – segundo o RR apurou, expressão que vem sendo utilizada pelos próprios executivos da estatal.

A empresa brasileira e o grupo de Abu Dhabi teriam identificado algumas toxinas de ordem contábil na Braskem. São dados um tanto quanto difusos que têm exigido uma atenção especial. Aliás, mais do que especial. Compliance é, foi e por muito tempo será um gerador de insegurança para quem quer que faça negócio com os Odebrecht.

A Braskem não carrega a quantidade de pecados da empreiteira, mas também foi tragada pela Lava Jato. A petroquímica chegou a ter um ex-presidente, José Carlos Grubisich, condenado pela Justiça dos Estados Unidos. Réu confesso, Grubisich admitiu a existência do que pode ser chamado de um “mini departamento de operações estruturadas”, leia-se uma área da Braskem que reservou cerca de R$ 1,4 bilhão para o pagamento de propinas a funcionários públicos e políticos. Procuradas pelo RR, Novonor, Petrobras e Braskem não se pronunciaram.

Além das questões contábeis, há outro fator de preocupação para Petrobras e Adnoc: os esqueletos ambientais que possam estar guardados nos armários da Braskem. Vide o desastre na mina de Maceió. A companhia controlada pela Novonor recebeu alertas da autoridades sobre os riscos de desmoronamento e foi cobrada pela Agência Nacional de Mineração para fazer testes de sonar na região.

Ignorou solenemente as exigências durante anos. Preferiu jogar areia sobre o caso. Literalmente. O crime na capital alagoana seria um fato isolado ou a revelação de um modus operandi de negligência e descaso com os preceitos mais básicos do ESG?

É uma dúvida que a Petrobras e a empresa de Abu Dhabi precisam equacionar o quanto antes em seu trabalho de auditoria, dado o impacto que a eventual existência de outros passivos ambientais pode ter, tanto do ponto de vista criminal, quanto reputacional ou econômico.

A Adnoc está chegando agora no pedaço. Já a Petrobras sabe bem o terreno em que está pisando. Sua relação histórica com a Braskem combina diferentes papéis: o de acionista, o de partícipe da complexa colagem societária que deu origem à empresa e como vítima dos malfeitos perpetrados pela família Odebrecht.

#Adnoc #Agência Nacional de Mineração #Braskem #Odebrecht #Petrobras

Destaque

Governo finalmente se reencontra com a indústria de bens de capital

19/02/2024
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O flerte inicial entre a indústria de bens de capital e construção pesada e o governo Lula está se tornando um namoro tórrido e público. Na esteira da nova política industrial e do PAC – dois dos programas do governo com maior afinidade entre si -, o ministro da Indústria e Comércio e Turismo e vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem alinhado com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, novas formas de apoio compartilhado com a iniciativa privada para aumentar o gás de ambos os segmentos. Não se pensa em nada que lembre subsídio ou incentivo via Tesouro Nacional. Mas uma miríade de títulos e mecanismos para o aumento da formação bruta de capital fixo do país. Há uma preocupação do governo de que as políticas de fomento possam ser caracterizadas como repetição da estratégia dos “campeões nacionais”. Por isso, o modelo de financiamento usado recorrentemente nos demais governos do PT vai ficar lá mesmo, no passado.

Em 2024, os investimentos em infraestrutura alcançarão um recorde histórico, mas ainda com um carry over expressivo das concessões cavadas pelo ex-ministro e governador de São Paulo, Tarcísio Freitas. A comunicação será um fator fundamental para que a retomada das inversões em infraestrutura não esteja associada aos vícios e más práticas do passado.  A ideia é que 2025 seja melhor ainda, já que há um ano inteiro para trabalhar novas PPPs e concessões. Além da nova ordem mundial da “economia verde”, na qual o Brasil tem vantagens comparativas.

Em conversa com o RR, o diretor de planejamento da ABDIB (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base), Roberto Guimarães, deixou claro que o setor e o governo estão bastante alinhados. Ele lembra que a ABDIB participa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), do qual o presidente da Associação é um dos integrantes, além de atuar em todas as discussões sobre a política industrial, incluindo a Nova Indústria Brasil, lançada no mês passado. Guimarães classifica como excelente a troca com o atual governo e considera a nova política “muito bem desenhada”, com tudo para funcionar. Ele acredita que a reindustrialização do país está a caminho e agora é para valer. Bom ouvir palavras tão otimistas vindas de um vocalizador da indústria. Já era a hora.

O setor de bens de capital teve seu auge entre 1950 e o fim do século XX. De lá para cá o que se viu foi uma terra arrasada. Entre os pioneiros que acompanharam a ascensão e queda do setor, alguns se adaptaram e outros foram obrigados a se retirar. Poucos saíram ilesos. Em meio a esse processo de desmonte, alguns dos grandes nomes fundadores da ABDIB, como as Indústrias Villares, Cobrasma e Máquinas Piratininga, desapareceram. Outras, como a Bardella, se apequenaram ou entraram em recuperação judicial.

Entre as pioneiras, a Romi, por exemplo, continua operando e é uma das principais fabricantes de máquinas-ferramenta do Brasil, com uma produção diversificada e atuação internacional. Listadas na Bolsa, Inepar, Aeris e WEG (esta última um case de sucesso) são algumas que também atuam na área com destaque. Com relação à indústria da construção pesada, é desnecessário dizer a demolição feita com o Lava Jato ou dar nome aos bois daqueles que foram atingidos de forma brutal com a operação. Todas as grandes companhias foram empurradas para o cadafalso. E eram o creme que o Brasil tinha na indústria nacional.

#BNDES #Geraldo Alckmin #Lula #Ministério da Indústria e Comércio

Destaque

Novonor tenta sair das sombras da Lava Jato também no Peru

8/02/2024
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A, Novonor ex-Odebrecht, oscila entre o inferno e o purgatório. Na primeira categoria, estão a recuperação judicial, dívidas de quase R$ 100 bilhões, o crime ambiental da Braskem em Alagoas e a dificuldade para a venda da própria petroquímica. O outro lado, o da purga dos antigos pecados, encontram-se importantes vitórias nos tribunais – notadamente a decisão do ministro Dias Toffoli de suspender o pagamento de R$ 14 bilhões em multas junto ao MPF – e avanços em países onde até outro dia a empresa parecia estar irremediavelmente criminalizada. É o caso do Peru.

O RR apurou que a Novonor entrou na disputa pelas obras de ampliação da Barragem de Limón, no Rio Huancabamba. Os valores giram em torno dos US$ 250 milhões. A expansão da barragem integra um dos maiores empreendimentos de infraestrutura em execução no Peru: a transposição e irrigação do Vale do Olmos, que já consumiu quase US$ 3 bilhões em investimentos.

O grupo, ressalte-se, participou de uma das fases do megaprojeto, estando à frente das obras para o desvio do Rio Huancabamba. No entanto, em 2016, quando a Lava Jato já chegava ao pescoço da família Odebrecht, o negócio foi repassado à Brookfield. Em contato com o RR, a Novonor confirmou que a “a NPI – Novonor Participações e Investimentos, braço operacional do Novonor no Peru, avalia apresentar ao Governo Regional de Lambayeque uma Iniciativa Privada Autossustentável (IPA) para a ampliação da capacidade de armazenamento da barragem de Limón”.

A negociação com as autoridades do Peru tem um razoável valor simbólico. Há oito anos, a velha Odebrecht não participa de licitações públicas naquele país. Os motivos são sabidos: a empresa também foi duramente atingida pela versão peruana da Lava Jato.

Do ponto de vista político, pode até se dizer que o impacto da corrupção estruturada foi ainda maior do que no Brasil: quatro ex-presidentes da República foram denunciados e presos por receberem propina da Odebrecht. Ainda assim, graças a um carry over pré-criminalização, o Peru concentra 11% da carteira de contratos da OEC, braço de construção pesada da Novonor. No plano internacional, está atrás apenas de Angola, que representa aproximadamente 34% do backlog da empresa.

De acordo com a fonte do RR, o grupo articula com autoridades peruanas sua participação em outros negócios. O que não falta no país é obra para tocar. O PróInversion – uma espécie de “PAC peruano” – prevê a licitação de até 40 projetos de infraestrutura, tanto por meio de concessões quanto PPPs, com investimentos estimados em US$ 8 bilhões.

Consultada sobre outros projetos no radar, a companhia disse que a NPI “está sempre atenta a oportunidades”.

Nesse longo processo de expurgação, a Novonor ainda aguarda pelo maior dos perdões: o da Petrobras. Somente no ano passado, foi autorizada a voltar a participar de licitações da petroleira. Até o momento, não consta que tenha firmado qualquer novo contrato com a companhia. A retomada da prestação de serviços para a estatal consumaria a maior das “absolvições” – a Petrobras se tornou um emblema de todos os pecados da velha Odebrecht.

A Odebrecht ficou marcada pela corrupção sistêmica capitaneada por seus acionistas e executivos. Mas o passado de malfeitos não apaga o que o grupo sempre teve de melhor: um quadro de engenheiros de excelência, o reconhecimento como uma referência em construção pesada e o status de ser a mais competitiva das empresas brasileiras em exportação de serviços. A recuperação da companhia é uma excelente notícia.

#Braskem #Dias Toffoli #MPF #Novonor #Odebrecht #Petrobras

RR Destaques

RR Destaques – 01/02/2024

1/02/2024
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Política econômica via STF

O julgamento da “revisão para toda a vida” é um exemplo de qual o objetivo central do governo na relação com o STF. Ainda que as posições de Alexandre de Moraes nas investigações do 08.01 e acerca de do ex-presidente e de integrantes do governo Bolsonaro empolguem a militância, não está aí o foco central de Lula.

Na verdade, embora tais medidas tendam a enfraquecer a oposição, em termos parlamentares e eventualmente eleitorais, ao inviabilizarem o ex-presidente e outros candidatos a ele ligados, sua prorrogação indefinida também acende o alerta em setores do PT que tem a “pulga atrás da orelha” com o Judiciário, desde a Lava Jato.

Por outro lado, a boa vontade do Supremo no que tange pautas ligadas à questão orçamentária, econômica e fiscal se mostrarão tão importantes para o governo quanto a agenda econômica no Congresso.

Se o julgamento em questão, que pode “melhorar” as contas do INSS, é um vetor desse processo, outro, já definido, foi a autorização para o pagamento de precatórios via crédito extraordinário, em 2023.

A decisão, vai ficando mais claro, embute um duplo objetivo para 2024:

> Concentrar o “baque” no primeiro ano de governo, com mais margem para arcar com “prejuízo” e até defender o déficit, movimento encampado mais fortemente por Haddad de ontem para hoje;

> Encontrar um forma “alternativa” de injetar dinheiro na economia, de modo a ampliar o teto de crescimento em 2024, meta central para o Planalto.

São questões como essa – e a projeção de outras do mesmo calibre – que explicam o prestígio dado por Lula ao Judiciário, demonstrado hoje pela presença na reabertura dos trabalhos do STF e na convocação “de gala” realizada para marcar o início da gestão do agora ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

EUA em foco

O BC sinalizou para uma preocupação menor em relação ao cenário internacional mas, ainda sim, marcou a persistência de incertezas quanto à resistência da inflação como fator ligado à curva da Selic – ainda que já projetando novos recuos de 0,5pp nas próximas duas reuniões do Copom. Já o Fed deixou uma brecha para “surpresas” que permitissem uma redução na próxima reunião, em março, mas enfatizando que a hipótese é improvável.

Nesse sentido, terá forte impacto nas expectativas, amanhã, a divulgação do Relatório de Emprego (Payroll) dos EUA em janeiro. Enquanto isso, no Brasil, o foco estará na Pesquisa Industrial de dezembro (IBGE).

Tebet em campo

Ao entrar tanto no tema da recomposição orçamentária – e as negociações com o Parlamento nesse sentido – quanto na gestão dos precatórios, a ministra Simone Tebet indica que continua a ampliar seu protagonismo.

Política de combustíveis

O preço dos combustíveis se tornou, nos úlimos anos, peça central do embate político, com influencia direta, inclusive, na oscilação da popularidade presidencial.

Nesse sentido, o governo pode enfrentar alguma pressão (e movimentos da oposição) a depender dos efeitos diretos que o aumento do ICMS nos combustíveis, a partir de amanhã, terá no preço final, nas bombas.

Infraestrutura

Cade fecha o cerco a empreiteiras do “PAC Favelas”

22/01/2024
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O RR apurou que o Cade vai retomar em fevereiro o julgamento sobre possíveis condutas anticompetitivas na execução do “PAC Favelas”, projeto de urbanização das três maiores comunidades do Rio de Janeiro – Complexo do Alemão, de Manguinhos e na Rocinha. Por “condutas anticompetitivas” entenda-se a formação de cartel para tocar as obras. A investigação, um derivativo da Lava Jato, mira pesos pesados da construção, como Andrade Gutierrez, Novonor (antiga Odebrecht), Queiroz Galvão e Coesa, leia-se a antiga OAS. Esta última é uma das mais enroladas no caso. A companhia chegou a fazer um acordo de leniência com o Cade, a exemplo da Andrade Gutierrez e da Odebrecht, mas o benefício foi suspenso pelo próprio órgão antitruste pelo descumprimento integral de Termos de Compromisso de Cessação (TCCs).

#Andrade Gutierrez #Cade #Lava Jato #Novonor

Institucional

STF avança sobre todos os espaços do Congresso

9/01/2024
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Ao contrário do que muitos pregam, a estratégia de Lula de governar também ao lado do Judiciário está longe de ser uma compensação por eventuais insucessos nas negociações políticas com o Congresso. A aposta no “judiciarismo de coalizão”  como diz o cientista político Christian Lynch – corrobora que o presidente da República está apenas seguindo o zeitgeist. Não adianta brigar contra o espírito do tempo: o STF consolidou-se como um personagem participativo das relações de troca inerentes à política e como um dos elementos fundamentais para sustentar o eixo de equilíbrio da governabilidade. Para além de outros quesitos, o grau de exposição da Suprema Corte pode ser tomado como uma métrica de razoável precisão para se aferir o protagonismo adquirido pela instituição nos últimos anos vis-à-vis o próprio Congresso. É o que mostra levantamento exclusivo realizado junto aos 40 veículos impressos e online mais relevantes do país, a partir do uso de inteligência artificial. Em 2015, no embalo da escalada da Lava Jato, as referidas publicações fizeram 3.968 menções à Corte. O número não significou sequer a metade da soma de citações à Câmara dos Deputados e do Senado (9.439). No ano seguinte, é possível verificar o primeiro grande salto de exposição do STF. Em 2016, o total de registros mais do que duplicou, chegando a 9.542. Ainda assim, abaixo do espaço ocupado pelas duas Casas parlamentares (13.868 referências). 

Três anos depois, em 2019, o Supremo chegou a 46.879 citações  quatro vezes mais na comparação com 2016. Além de questões jurídicas per si – a começar pela anulação de sentenças da própria Lava Jato em instâncias inferiores –, já é possível se observar um maior peso do STF no jogo político. E o então presidente Jair Bolsonaro tem muito a ver com isso, ao estabelecer um campo praticamente permanente de atrito com a Corte. Ali, mais do que convidado, o Supremo foi “intimado” a se politizar. Usando-se ainda o critério da exposição, em 2020, faltou pouco para o STF ocupar um espaço maior do que o do Congresso na mídia. Naquele ano, foram 90.130 registros sobre o Supremo, contra 98.977 do Senado e da Câmara. Se Bolsonaro “intimou”, Lula convidou. 

Em 2023, com a notória aproximação do presidente da República do Judiciário, o STF teve um volume de aparição ainda maior, chegando 114.890 – maior marca apurada desde 2010. Significa dizer que o número de citações ao Supremo cresceu 26% em relação a três anos antes. Para efeito de comparação, no mesmo intervalo, as citações à Câmara e ao Senado subiram 18%.

. A aposta no “judiciarismo de coalizão”  como diz o cientista político Christian Lynch – corrobora que o presidente da República está apenas seguindo o zeitgeist. Não adianta brigar contra o espírito do tempo: o STF consolidou-se como um personagem participativo das relações de troca inerentes à política e como um dos elementos fundamentais para sustentar o eixo de equilíbrio da governabilidade. Para além de outros quesitos, o grau de exposição da Suprema Corte pode ser tomado como uma métrica de razoável precisão para se aferir o protagonismo adquirido pela instituição nos últimos anos vis-à-vis o próprio Congresso. É o que mostra levantamento exclusivo realizado junto aos 40 veículos impressos e online mais relevantes do país, a partir do uso de inteligência artificial. Em 2015, no embalo da escalada da Lava Jato, as referidas publicações fizeram 3.968 menções à Corte. O número não significou sequer a metade da soma de citações à Câmara dos Deputados e do Senado (9.439). No ano seguinte, é possível verificar o primeiro grande salto de exposição do STF. Em 2016, o total de registros mais do que duplicou, chegando a 9.542. Ainda assim, abaixo do espaço ocupado pelas duas Casas parlamentares (13.868 referências). 

Três anos depois, em 2019, o Supremo chegou a 46.879 citações  quatro vezes mais na comparação com 2016. Além de questões jurídicas per si – a começar pela anulação de sentenças da própria Lava Jato em instâncias inferiores –, já é possível se observar um maior peso do STF no jogo político. E o então presidente Jair Bolsonaro tem muito a ver com isso, ao estabelecer um campo praticamente permanente de atrito com a Corte. Ali, mais do que convidado, o Supremo foi “intimado” a se politizar. Usando-se ainda o critério da exposição, em 2020, faltou pouco para o STF ocupar um espaço maior do que o do Congresso na mídia. Naquele ano, foram 90.130 registros sobre o Supremo, contra 98.977 do Senado e da Câmara. Se Bolsonaro “intimou”, Lula convidou. 

Em 2023, com a notória aproximação do presidente da República do Judiciário, o STF teve um volume de aparição ainda maior, chegando 114.890 – maior marca apurada desde 2010. Significa dizer que o número de citações ao Supremo cresceu 26% em relação a três anos antes. Para efeito de comparação, no mesmo intervalo, as citações à Câmara e ao Senado subiram 18%.

#Congresso #protagonismo #STF

Deltan-Dallagnol

Judiciário

Dallagnol é um troféu sob medida para início de mandato de Paulo Gonet

3/01/2024
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A Lava Jato ainda vive, ao menos para fustigar seus principais condutores. De uma fonte do MPF próxima, muito próxima de Paulo Gonet: uma das primeiras ações do PGR ao fim do recesso do Judiciário será autorizar abertura de investigações sobre a proposta do então procurador Deltan Dallagnol de criar uma fundação com R$ 2,5 bilhões oriundos de recursos recuperados pela Lava Jato. No fim do ano passado o Ministério Público do Paraná remeteu à PGR uma apuração preliminar sobre possíveis irregularidades na proposta. Aos olhos do governo que o escolheu, a abertura do processo seria um vistoso cartão de visitas da gestão Gonet na Procuradoria Geral da República.

#Deltan Dallagnol #Ministério Público do Paraná #MPF #Paulo Gonet #PGR

Empresa

Um “nada consta” para os acionistas de referência das Americanas

1/12/2023
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Há uma razão principal para o Safra não ter aceitado o acordo com o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que prevê a conversão de dívidas a capitalização da Americanas. Na leitura dos advogados do banco, existe uma sutileza jurídica na proposta. O entendimento é que, mais à frente, o próprio trio poderá usar o acordo como uma espécie de concordância legal dos credores de que os sócios de referência da Americanas não tiveram participação na fraude contábil. Procurado, o banco não se pronunciou.

Os Safra jamais utilizariam publicamente o termo com que tratam os “Lemann Brothers”. Mas, nas internas, o epiteto comum é “fora da lei”. Não obstante a nomenclatura ser forte, os Safra não estão errados. Deixar de enxergar durante 20 anos as fraudes nos balanços da sua própria empresa merecia uma segunda Lava Jato, na versão varejo. Mas o trio calafrio tem um marketing impecável.

Lemann, Telles e Sicupira se tornaram vítimas nesse episódio de referência internacional. By the way: a Americanas não está sozinha. Não faltariam casos para entrar no radar de uma eventual “Lava Jato varejista”. O Magazine Luiza admitiu recentemente que cometeu um “erro contábil” no balanço de março, referente ao reconhecimento das receitas de bonificações a fornecedores.

Em 2019, investigação independente constatou fraudes contábeis nas demonstrações da ViaVarejo relacionadas à “manipulação da provisão para processos trabalhistas”.

#Banco Safra #Carlos Alberto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Lojas Americanas

Destaque

Risco Mantega é um pêndulo entre o Planejamento e a Petrobras

29/11/2023
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A ameaça Guido Mantega parece não largar o governo Lula. A proposta inicial era empurrá-lo para a presidência da Vale, “esquecendo” que a empresa não é mais estatal. Agora, surgem duas ideias no governo de arrepiar.

A primeira é incluir Mantega em um troca-troca com Simone Tebet: ela iria para a Pasta da Justiça e Mantega reassumiria o Ministério do Planejamento, cargo que já ocupou no Lula I, entre 2003 e 2004. Na segunda, e perigosíssima alternativa, ele ficaria de regra três para a presidência da Petrobras, como potencial substituto de Jean Paul Prates, que balança mais do que bambu em ventania. Mantega chegaria à estatal com o poder de conduzir o recém-anunciado plano de investimentos da companhia, uma montanha de dinheiro de US$ 102 bilhões a ser desembolsada pelos próximos cinco anos.

A essa altura, a hipótese mais suave é encher a árvore de Natal do ex-ministro de vagas em conselhos de administração, como BNDES, Itaipu, BB etc. O fato é que tanto o PT quanto o próprio Lula parecem se sentir na obrigação de recompensar Mantega pela lealdade nos tempos das águas mais profundas da Lava Jato. O ex-ministro chegou a ser foi preso no hospital quando acompanhava um exame médico da sua esposa e não abriu o bico.

#BNDES #Guido Mantega #Lula #Ministério do Planejamento #Simone Tebet

Política

Tarcísio de Freitas já tem adversário para 2026. E não é Lula

26/10/2023
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Sergio Moro não morreu. Mesmo com a sombra do processo na Justiça Eleitoral, que pode custar a cassação do seu mandato, o senador está em campanha para a Presidência da República em 2026. Moro trabalha em duas frentes. Na política, articula apoios para viabilizar sua candidatura, dentro ou fora do União Brasil. Um dos cenários traçados é uma dobradinha com Deltan Dallagnol, que testaria a força do lava-jatismo nas urnas já no ano que vem, disputando a Prefeitura de Curitiba pelo Partido Novo. Em outro front, o ex-juiz tem se dedicado a esculpir a imagem de candidato a partir de um meticuloso trabalho de comunicação. Nas redes sociais, é possível identificar uma maior presença de Moro. No X (antigo Twitter), por exemplo, o senador mantém uma média de cinco postagens diárias, praticamente todas com um ponto em comum: Lula é citado, ou melhor, criticado em mais de 90% das publicações.

A edificação da candidatura Sergio Moro se reflete também no aumento da sua exposição. A julgar pelas menções ao seu nome, Moro é o principal candidato a disputar as “prévias da direta” com Tarcísio de Freitas, leia-se a definição do adversário de Lula ou de seu indicado no pleito presidencial. É o que mostra um levantamento exclusivo junto a uma base com 212.180 veículos de todo o país. Do dia 1º de janeiro às 20h30 de ontem, o senador somou 61.392 citações vinculadas à eleição de 2026. É superado apenas pelo próprio Tarcísio, cuja exposição é naturalmente alavancada pelo cargo que ocupa – o governador de São Paulo é quase um segundo presidente do Brasil. O ex-ministro da Infraestrutura totaliza 95.862 registros. Moro está à frente de outros nomes apontados como possíveis candidatos da direita em 2026, como a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro (48.948 citações) e o governador Romeu Zema, que, a julgar pela pesquisa e pelas 31.291 referências computadas, tem sua visibilidade circunscrita aos muros de Minas Gerais.

O maior calcanhar de Aquiles de Sergio Moro é também o seu principal handicap, notadamente junto a um eleitorado mais à direita da direita: a vinculação com Jair Bolsonaro. Ainda que esta seja uma relação marcada por frenéticos zigue-zagues. No embalo da Lava Jato, Moro foi um dos primeiros ministros anunciados por Bolsonaro após a eleição de 2018. À frente da Pasta da Justiça, teve poder e foi esvaziado quase na mesma medida. Saiu do governo atirando contra Bolsonaro, com denúncias de interferência na Polícia Federal. O aliado que virou desafeto voltou a ser aliado ao apoiar publicamente a reeleição do presidente. O calendário marcava 2022, mas Moro já enxergava 2026. Mais do que a motivação de se unir a Bolsonaro, o ex-juiz já trabalhava em prol de um autoprojeto: reforçar a imagem do anti-Lula.

#eleição #Sérgio Moro #Tarcísio de Freitas

Empresa

A nova identidade das velhas empreiteiras baianas

29/08/2023
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Devagar e paulatinamente as empreiteiras que foram devastadas pela Lava Jato estão se recuperando, ainda que as obras do governo federal sigam em ritmo bem inferior do que antes do carrasco Sérgio Moro. As construtoras baianas tocaram os atabaques, capricharam no compliance e mudaram suas marcas. A OAS virou Coesa; a Odebrecht tornou-se OEC; e a GDK adicionou duas letras ao seu nome, o NG (de Nova Geração). O mercado que tem crescido mais para as empreiteiras da Bahia é o de obras dos governos estaduais.  

Com a mudança da Petrobras macarthista, a cassação de contratos com a estatal e multa paga pelos “cleptobrasmaníacos” e as exigências cada vez mais radicais de governança e transparência das empreiteiras, os deserdados pulam animadamente atrás do trio elétrico. A GDKNG, por exemplo, previa levantar a recuperação judicial só em novembro, mas já antecipou a suspensão para o início de outubro. A expectativa agora é a retomada do acesso às obras federais, em ritmo acelerado. 

 

#Lava Jato #Odebrecht #Sérgio Moro

Política externa

Lula vai à Angola e Angola vem ao Brasil vender o seu petróleo

21/08/2023
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O petróleo terá um papel central na pauta da visita de Lula a Angola, nos próximos dias 25 e 26.Os angolanos pretendem buscar investidores no Brasil para atuar na exploração e produção de óleo e gás. Segundo tratativas preliminares entre os dois países, a própria Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis de Angola pretende realizar um road show no Brasil para promover suas futuras rodadas de licitações. Há uma marcada logo ali na frente, em 30 de setembro, quando a agência vai leiloar as bacias terrestres de Kwanza e do Congo. Em tempo: cabe recordar que, em um passado recente, a Petrobras já teve operações de exploração e produção no continente africano, mais precisamente em Angola, Benin, Gabão, Tanzânia e Namíbia, por meio de uma joint venture com o BTG. Um negócio de incômoda lembrança tanto dentro da estatal quanto para André Esteves. Em 2019, a Lava Jato investigou suspeitas de irregularidades na venda dos ativos ao banco. 

#Angolana #BTG #Lula #Petrobras

Política

Campos Neto e Aras são dois servidores em busca do seu “Dia do Fico”

3/08/2023
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O que não são 24 horas na vida de um servidor público. A reunião do Copom, realizada ontem, com a redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica pode ter redimido Roberto Campos Neto junto a Lula, Fernando Haddad e parte do PT, inclusive alguns dos seus membros mais raivosos. O imaginário slogan “Bota fé no Campos Neto, que ele passa para o lado de cá” teria um correspondente no “engavetador mor”, Augusto Aras, que tem “prestado serviços” a Lula, limpando sua barra até com o PT. Aras vem recebendo apoio a sua permanência de próceres, como Jaques Wagner e Rui Costa. O procurador geral da República tem detonado as bases da Lava Jato e acossado Jair Bolsonaro por todos os lados. São ações que calam fundo em Lula. Não há nada que tenha recebido o pollice verso do pragmático presidente como a dupla Lava Jato e Bolsonaro: estão condenados à “morte”. Aras tem pouco menos de dois meses para ser reconduzido ao cargo, período em que vence o seu mandato. Já Campos Neto tem 19 meses para criar fatos que o mantenham no posto.  

Ontem, Campos Neto foi um dos membros do Copom que deram a maioria apertada para que a Selic descesse em 0,5 ponto percentual – cerca dois terços do mercado apostavam em um corte de 0,25 pp –, votando em uma queda maior da juros. E mais: o Comitê deixou praticamente cravado que o ciclo de afrouxamento da política monetária já está decidido e que podem ser esperadas recorrentes reduções de 0,5 pp na Selic. Haddad já afirmou que gostaria de 10 quedas sucessivas de 0,5 pp nas próximas reuniões do Copom, de forma a chegar uma taxa neutra dos juros de 5%, obtendo sucesso em colocar a inflação no centro da meta de 3% ou mesmo pouquinho acima. O ministro da Fazenda falou, meio que assim sem motivo, que esse prazo de derrubada da Selic culminaria com o período de saída ou recondução de Campos Neto do comando do BC. O que quis dizer com essa associação é ambiguidade pura.  

Por um ângulo mais controverso, foi o “Campos Neto de Bolsonaro” que fez o “trabalho sujo” na política monetária para que Lula, com seis meses de governo, pudesse faturar a deflação e uma garantia de declínio firme da taxa de juros. Em agosto de 2021, o BC iniciou o seu longevo ciclo de aumento da Selic. O patamar de 13,75% durou de março de 2022 a junho de 2023. Foram 16 meses com os juros mais altos do mundo. Campos Neto enfrentou uma “inflação de pandemia”. Em um período de 12 meses desde o início da tragedia do coronavírus, o preço dos alimentos subiu 15% no país. Em São Paulo, o valor da cesta básica aumentou 29% devido aos efeitos nefastos do vírus assassino na economia. Com um afrouxo fiscal obrigatório devido à acidentalidade pandêmica, sobrou para segurar a inflação a política monetária, já que o câmbio sofreu pressão inclemente dos resultados excepcionais da exportação das commodities. Fazer o que nessa situação? – ribombava eufórica a Faria Lima.  

A crítica maior que se faz ao presidente do BC, que na verdade não deveria ser feita só a ele, mas democratizada entre os 11 membros do colegiado da autoridade monetária, conforme tem insistido o RR, foi manter por tempo demais os juros em 13,75%, segurando o PIB por mais tempo do que o necessário. Talvez vá colher uma deflação maior do que a recomendável, digamos assim, e a inflação negativa contrai o crescimento econômico. Há controvérsias em relação ao erro, porque o PIB deste ano, ainda sob o impacto do arrocho da política monetária na economia, vai crescer acima das expectativas.  

A especulação pró-Campos Neto e Aras é boa. Mas, contra a manutenção da dupla, contudo, há um trem petista vindo na direção oposta. Lula já demonstrou sobejamente que, se puder aparelhar os principais cargos da economia, fará as mexidas animadamente. Por outro lado, o próximo presidente do BC já está encomendado: Gabriel Galípolo, principal assessor de Haddad, foi conduzido a diretoria de Política Monetária – segundo cargo mais importante depois da presidência da instituição – com o intuito de substituir Campos Neto no final do seu mandato, em novembro de 2024. Mas se o BC entregar uma Selic de menos 0,75%, com voto favorável do atual comandante da instituição? E se houver uma composição para que Galípolo ocupe um outro cargo estratégico dentro do governo? E se votar pró-governo em outras decisões relevantes. E se a inflação ficar abaixo do centro da meta? Haddad disse que “o Brasil acordou mais aliviado com a queda da Selic”. Campos Netto também deve ter acordado melhor. Se 24 horas podem ser o tempo absoluto para um funcionário público, o que se diria de 570 dias.

#Augusto Aras #Roberto Campos Neto

Política

“Lei dos vazamentos” paira sobre a mesa de Arthur Lira

1/08/2023
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem sido assediado para apoiar uma “lei dos vazamentos”. Parece um negócio difícil de pegar. Afinal, vale a sensaboria: vazamentos são vazamentos. Assim foi a festa da Lava Jato. Ocorre que cada vez mais os vazamentos são oficiais, digamos assim. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que o diga. O órgão praticamente assina a quebra de sigilos financeiros, ignorando que os inquéritos estão em andamento, que a defesa ainda desconhece o teor das investigações e que o expediente prejulga o infeliz junto à opinião pública. Nos tempos tenebrosos de Sérgio Moro e “República de Curitiba”, a explicação para o procedimento, feito à luz do dia, era que a pressão da imprensa ajudava a evitar que os processos fossem para a gaveta ou parassem devido à influência de algum “poderoso”. Deu no que deu. Agora, o próprio Moro tem de rezar para não ser vítima da sua criatura. Não se sabe como Arthur Lira conduzirá as conversações, nem mesmo se os deputados incomodados têm disposição ou força para tocar o pleito para frente, mas quando uma lei, a que proíbe os vazamentos de quebra de sigilos nos inquéritos, deixa de ser tratada como lei, há algo de errado que precisa ser corrigido. 

#Arthur Lira #Lei dos vazamentos

Institucional

Investigação contra Mauro Cid gera ruídos entre governo e militares

28/07/2023
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O uso de todas as formas de investigação, pressão, desabono e vazamento de indícios sobre ainda “eventuais” ilícitos feitos pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid, está arranhando o ambiente de concórdia do governo com as Forças Armadas. O RR conversou com um brigadeiro quatro estrelas da Aeronáutica, incomodadíssimo com a condução de todo o processo. Segundo ele, o Coaf está soltando notas sobre “possibilidades”, o que pré-julga Mauro Cid, um oficial do Exército. “Ele deveria, no mínimo, ter um tratamento à altura do seu cargo e não ser queimado em praça pública, antes de qualquer julgamento, como um meliante”. O oficial da Aeronáutica disse que colocaram “Deus e o mundo” para acossar Mauro Cid: “Do jeito que estão fazendo, ninguém escapa dessa inquisição”. Consultada pelo RR, a Aeronáutica não se manifestou até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para o posicionamento. 

O brigadeiro considera pusilânime a postura do Ministério da Defesa, de manter-se à distância dos fatos, sem qualquer pronunciamento, como se fizesse parte do “comando de caça” a Bolsonaro. Perguntado se a Aeronáutica se manifestaria, respondeu que “o assunto está a cargo do Exército e normalmente a Força Aérea bate continência ao Exército”. Na verdade, o brigadeiro quis ignorar que os fatos não se alinham inteiramente a sua indignação. O tenente coronel Mauro Cid está preso em Batalhão do Exército com tratamento diferenciado com que um militar da sua posição é tratado. Quanto às ações conjuntas do Coaf, MPF e Polícia Federal, com vazamentos de informações a torto e a direita, trata-se de um expediente que vem do início do século e se consagrou com a Lava Jato. À época, foi divulgado um grampo de conversa da Presidente da República, talvez a mais inconstitucional das ações contra uma chefe de Estado – algo fundamental para o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência. Nenhum dos generais, brigadeiros e almirantes achou anormal. Não custa lembrar que Dilma era comandante em chefe das Forças Armadas. Para os militares vale um peso e duas medidas.

#Mauro Cid

Governo

Augusto Aras tem o “voto” de Zanin para permanecer na PGR

28/07/2023
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No entorno do presidente Lula, o advogado e futuro ministro do STF Cristiano Zanin tem se notabilizado como uma das principais vozes favoráveis à permanência de Augusto Aras na PGR. Em conversas reservadas, segundo a fonte do RR, Zanin costuma dedicar palavras elogiosas a Aras pelo desmonte da Lava Jato, notadamente da chamada “República de Curitiba”. No passado recente, o próximo ministro do STF já se declarou contrário à escolha de um nome da lista tríplice por conta da “politização” dentro do Ministério Público.

#Augusto Aras #Lula #PGR

Justiça

Estados miram uma grana extra no crepúsculo da Lava Jato

3/07/2023
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A decisão do ministro Edson Fachin autorizando que parte da indenização paga por um delator à Petrobras seja compartilhada com o Mato Grosso traz um novo matiz, ainda que tardio, à Lava Jato. São Paulo e Pernambuco também deverão receber uma parcela da sanção. O erário dos dois estados teve perdas com desvios de recursos revelados, em seu acordo de colaboração com a Justiça, por Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef. Segundo o RR apurou, procuradores do Mato Grosso, São Paulo e Pernambuco já estão debruçados sobre os processos da Lava Jato com o objetivo de identificar novas possibilidades de pedidos de indenização. 

#Edson Fachin #Lava Jato #Petrobras

Destaque

O setor de construção pesada vai voltar. E quem diz é José Dirceu

21/06/2023
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Ainda sobre a breve, mas fulgurante, passagem de José Dirceu pelo Rio, na última sexta-feira, dia 16 de junho. Em palestra noturna, seguida de jantar com o grupo Prerrogativas – conforme noticiou o RR  – Dirceu deitou falação no que considera o maior tumor produzido pela Lava Jato: a destruição da construção pesada. O ex-ministro diz que o presidente Lula tem a mesma opinião. Afirmou que tem contatos na América Latina, a mais atingida pelo escangalhamento do setor – “na verdade, quem foi mais atingido fomos nós mesmos”, sublinhou. Dirceu informou que vai trabalhar pelo soerguimento da construção pesada. Só não disse como. Seja lá como vai poder ajudar esse segmento, que já teve suas grandes empresas todas ranqueadas no topo das maiores do Brasil, a verdade é que a premissa de Dirceu está certa, certíssima.  

Com a Lava Jato foi construída uma narrativa para “criminalizar” também as empreiteiras e não somente os dirigentes e sua rede de operadores, que cometeram falcatruas. Verdade seja dita: no desmonte da construção pesada, os juízes deram o kick off e se acumpliciaram, com omissões e associações indevida, aos demolidores da construção pesada. Mas não foram os protagonistas da destruição das companhias, papel que coube aos órgãos de controle, liderados pelo TCU. Este cometeu uma espécie de macartismo empresarial. Praticamente quebrou o top ten das empreiteiras. Atrocidades foram cometidas, como o cancelamento de contratos de obras e a suspensão do crédito público. Uma a uma, empresas como Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, que vinham, inclusive, investindo na diversificação das suas atividades, tiveram de vender todos os novos projetos. Um braço importante do seu core business, a comercialização no exterior de serviços de engenharia, simplesmente se desmilinguiu. Ao mesmo tempo, acabaram sendo “expulsas” das centenas de obras que construíam no Brasil.  

Para bom observador, José Dirceu veio dar este recado como ventríloquo de Lula. O ex-ministro, apesar da grande discrição, toca de ouvido com o presidente, que já disse pública e enfaticamente que vai recuperar a construção pesada nacional e retomar a exportação de serviço. Lula tem, inclusive, relações de afeto no setor, a exemplo de Emílio Odebrecht.  

De acordo com Dirceu, o presidente está, sim, decidido a destruir o legado do lavajatismo. E o resgate das grandes empreiteiras é uma das ações que vão nesta direção. O ex-todo poderoso chefe da Casa Civil observou que um dos eixos da geopolítica de Lula é justamente retomar o protagonismo nos continentes, sobretudo na América Latina e na África, contendo também a expansão da China nas mesmas regiões. A exportação de serviços assim como a defesa da inclusão ou fortalecimento da participação dos países de ambos nos foros multilaterais são instrumentos com os quais o assessor de Lula, Celso Amorim, conta para fazer valer a geopolítica brasileira. Segundo José Dirceu, as condições presentes são ainda mais favoráveis para o Brasil retomar seus mercados.  

O movimento imediato no xadrez da defesa é a desmontagem na CCJ da PEC esdrúxula que vem sendo articulada pela oposição para impor a exigência de aval do Congresso Nacional em caso de financiamento de bancos públicos federais a engenharia de obras no exterior. Em tempo: Dirceu não gastou tempo falando em Cuba, um dos pivôs do discurso de satanização da venda de serviços de engenharia, apesar das sabidas fortes relações com a pequena ilha. Se Lula é eminentemente um pragmático, conforme já foi dito, Dirceu disputa com ele o posto de referência nesse quesito. O Grupo Prerrogativas é um coletivo de juristas e magistrados mais ativos no combate à Lava Jato e na defesa da democracia. 

#Andrade Gutierrez #Camargo Corrêa #José Dirceu #Lava Jato #Odebrecht #TCU

Negócios

O retorno ao game de um velho conhecido da Lava Jato

19/05/2023
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Após enfrentar os percalços da Lava Jato, o executivo Eduardo Antonello, ex-CEO da Golar Power, está de volta ao mercado. Em conversas com investidores do setor, tem acenado com a promessa de projetos grandiosos na área de GNL (Gás Natural Liquefeito). O track records joga a seu favor. Enquanto esteve à frente da Golar Power – uma joint venture entre a norueguesa Golar LNG e o fundo norte-americano Stonepak -, Antonello liderou uma leva de empreendimentos no segmento. Hoje a empresa tem oito terminais de regaseificação de GNL já em operação ou em construção no país. A volta ao setor será um bom teste do quanto a citação na Lava Jato arranhou a reputação de Antonello. O executivo foi investigado por suspeitas de corrupção em contratos entre a Seadrill – empresa de perfuração em águas profundas que ele dirigia – e a Petrobras. Posteriormente, o STJ anulou as investigações.  

#Golar Power #Petrobras #Stonepak

Deltan-Dallagnol

Justiça

“Risco Aras” paira sobre Deltan Dallagnol

18/05/2023
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O inferno judicial de Deltan Dallagnol, ao que parece, está apenas começando. Após a cassação do seu mandato de deputado federal, a apreensão de Dallagnol se concentra na reunião do Conselho Superior do MPF marcada para o próximo dia 6 de junho. Nessa data, o procurador-geral da República, Augusto Aras, deverá apresentar seu voto em um processo contra o agora ex-parlamentar. O que está em jogo, neste caso, é a possível criminalização do ex-chefe da força tarefa da Lava Jato em Curitiba. Ou seja: a transferência do processo contra Dallagnol do MPF, ou seja do âmbito administrativo, para o STJ. O Conselho Superior do Ministério Público tem esse poder. O temor de Dallagnol é que Aras use o julgamento e carregue no parecer para se credenciar junto ao presidente Lula e garantir a recondução ao cargo de procurador-geral. A posição de Aras deverá influenciar o voto de parte do Conselho. Como se não bastasse, o relator do processo, o subprocurador geral Mauro Bonsaglia, já defendeu, em um seu parecer de 80 páginas, que Dallagnol vá para o banco dos réus do STJ. 

#Augusto Aras #Deltan Dallagnol #Lava Jato #STJ

Política

Um curto-circuito petista dentro de Itaipu

15/05/2023
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A distribuição de cargos em Itaipu Binacional está provocando uma saia justa dentro do PT. O presidente do lado brasileiro da hidrelétrica, Ênio Verri, estaria cozinhando até onde pode a nomeação do ex-deputado federal André Vargas como assessor especial da companhia. Seu nome enfrenta resistências dentro do Conselho e da própria direção da estatal. Mas Verri dificilmente vai conseguir atender aos pleitos interna corporis contra a chegada de Vargas. O ex-parlamentar, assim como o próprio Verri, é uma indicação direta da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Vargas foi um dos petistas condenados pelo então juiz Sergio Moro, na Lava Jato. Em dezembro do ano passado, a sentença foi anulada pelo STF. Em fevereiro, a assessoria de Itaipu chegou a soltar nota negando a contratação de André Vargas. No que depender de Gleisi, muito em breve terá de publicar outra, informando sobre a sua nomeação.

#Gleisi Hoffmann #Itaipu Binacional #PT

Futebol

CBF esvazia Fernando Sarney e se aproxima do PT

26/04/2023
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Há uma fissura na cúpula da CBF. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, jogou Fernando Sarney para escanteio. Fernando, que ocupa uma das oito vice-presidências da Confederação, foi aparteado de todas as discussões estratégicas dentro da CBF. Rodrigues também tirou do filho do ex-presidente José Sarney o papel de articulador político da entidade junto ao governo e ao Congresso. O esvaziamento é amplo, geral e irrestrito. Há cerca de um mês e meio, Fernando Sarney já havia sido apeado do posto de representante da CBF junto à Fifa e à Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol). Rodrigues comprou uma briga de peixe grande. Além do notório peso político que seu sobrenome carrega, Fernando Sarney tem um longo histórico de poder na CBF. Entre idas e vindas, Fernando atua junto à entidade desde 1989 e ocupa uma das vice-presidências há 19 anos. 

Ao lipoaspirar os poderes de Fernando Sarney, Ednaldo Rodrigues está, por tabela, reduzindo também o espaço de influência do ex-presidente da CBF, Marco Polo del Nero. Banido do futebol pela Fifa por suborno e corrupção, Del Nero ainda paira sobre a Confederação como uma eminência parda. Fernando Sarney é um dos integrantes da diretoria da CBF mais ligado ao ex-presidente da entidade. Foi Del Nero quem o indicou, em 2015, para ser o representante da CBF na Fifa. 

Ednaldo Rodrigues, ex-presidente da Federação Baiana de Futebol, que se aproveitou de um vácuo de poder na CBF após o afastamento do então presidente Rogério Caboclo, tem feito mudanças importantes no eixo político da entidade. Rodrigues entregou a articulação política ao novo secretário geral da Confederação, Alcino Reis Rocha. É o nome certo para o momento. Rocha tem linha direta com o PT. Foi secretário Nacional de Futebol e Defesa do Torcedor no segundo mandato de Lula, quando da gestão de Orlando Silva no Ministério dos Esportes. Ocupou ainda a presidência da São Paulo Turismo quando o agora ministro Fernando Haddad era prefeito da capital paulista. Rodrigues parece disposto a fazer as concessões necessárias para azeitar o meio de campo com o governo Lula. Desde o início do ano, por exemplo, há rumores nos bastidores da bola de que Andrés Sanchez poderá ocupar um cargo na CBF. Ex-presidente do Corinthians, Sanchez foi deputado federal pelo PT e é próximo do presidente Lula. Era o manda-chuva do clube paulista quando a Odebrecht construiu o Itaquerão. Em seu depoimento à Lava Jato, o empresário Emilio Odebrecht teria classificado a obra com um “presente” para o corinthiano Lula.  

#CBF #Conmebol #Del Nero #Ednaldo Rodrigues #Emílio Odebrecht #Fernando Sarney #Fifa #Marco Polo Del Nero

Justiça

José Eduardo Cardozo entra na disputa por vaga no STJ

24/04/2023
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O nome do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, circula no Palácio do Planalto como candidato a assumir uma cadeira no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em substituição ao ex-ministro Felix Fischer. A vaga, ressalte-se, é destinada à advocacia – a OAB vai elaborar uma lista sêxtupla que será enviada ao presidente Lula. Desde que deixou o governo, Cardozo é sócio do escritório Celso Cordeiro e Marco Aurélio Carvalho, em São Paulo. Sua nomeação poderá representar um curioso dueto nos tribunais superiores, com a presença de dois advogados de presidentes da República petistas. Se Cristiano Zanin, forte candidato ao STF, comandou a defesa de Lula na Lava Jato, Cardozo advogou para Dilma Rousseff no processo de impeachment.

#José Eduardo Cardozo #OAB #STJ

Justiça

Tacla Duran vira uma pedra preciosa

13/04/2023
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O depoimento do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran está provocando uma certa tensão entre as autoridades. Segundo o RR apurou, a Polícia Federal destacou mais de 40 agentes para reforçar o esquema de segurança no Fórum do Paraná, amanhã, quando Tacla Duran comparecerá à 13ª Vara Federal de Curitiba. Além do pedido feito pela Procuradoria Regional da República, em Curitiba, a determinação para o policiamento extra teria partido do próprio ministro Flavio Dino. Figurinha carimbada da Lava Jato, Tacla Duran ganhou relevância ao denunciar uma suposta tentativa de extorsão por parte do então juiz e hoje senador Sergio Moro, aquele que Lula, segundo suas próprias palavras, só pensava em “f…” durante a sua prisão. 

#Tacla Duran

Institucional

A Lava Jato ainda ecoa no Ministério Público

27/03/2023
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O Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) vai se reunir dentro de instantes para analisar uma reclamação contra o ex-procurador e agora deputado federal Deltan Dallagnol. De acordo com a queixa apresentada pelo subprocurador da República, Mario Luiz Bonsaglia, Dallagnol teria violado normais penais na coordenação da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. A denúncia provoca divisões no Conselho, a começar pela própria competência do órgão em relação ao caso. Aliados de Dallagnol defendem que o CSMPF aprecia apenas casos de caráter administrativo ou disciplinar. E que suas atribuições não alcançam ex-procuradores, como Dallagnol, que pediu exoneração do Ministério Público no ano passado para entrar na política. No entanto, há integrantes do Conselho, a começar pelo próprio Bonsaglia, que entendem exatamente o oposto: o CSMPF teria poderes não apenas para apreciar acusações de ordem criminal como encaminhar denúncia ao STJ mesmo tratando-se de um ex-procurador – a Corte é o foro responsável por julgar supostos crimes atribuídos a membros do Ministério Público da União.

Uma fonte do Conselho Superior disse ao RR que o placar interno é favorável a Deltan Dallagnol e há poucas chances da denúncia contra ele prosperar. A ala pró-Dallagnol atribui a queixa a uma rixa pessoal de Mario Bonsaglia. Pelo sim, pelo não, Dallagnol tem tomado suas precauções. Nos últimos, de acordo com a mesma fonte, enviou a integrantes do CSMPF um relatório defendendo a lisura de seus atos.

Em tempo: além do próprio Deltan Dallagnol, o protagonismo de Mario Bonsaglia também aumenta a dimensão política do enredo. Bonsaglia é tido como um candidato de peso à sucessão de Augusto Aras na Procuradoria Geral da República, em setembro. Na eleição interna de 2021, ele foi o mais votado da listra tríplice, que acabou sendo rasgada por Jair Bolsonaro – procedimento que Lula deverá repetir, conforme suas seguidas declarações.

#CSMPF #Deltan Dallagnol #Lava Jato

Política

Lula quer aumentar a dose de veneno contra Moro

24/03/2023
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O RR apurou que o presidente Lula encomendou ao ministro da Justiça, Flavio Dino, que coloque lenha nas “armações” do senador Sérgio Moro, principalmente em fatos inéditos comprometedores e vinculados à Lava Jato. Está valendo também o desenterro de ossos da operação. Tudo que possa comprometer Moro e sustentar o discurso de que as ameaças do PCC ao ex-ministro são uma “farsa”. É uma espécie de macarthismo versão petista.

Se o veneno será, de fato, inoculado não se sabe. Mas com certeza ficará guardado no paiol de Lula. Um exemplo dos fatos comprometedores de Moro, que podem ganhar uma dimensão maior, dependendo da narrativa e novas informações, é a relação do ex-juiz com a CIA. Ela existiu – ou existe. Mas pode ir de um simples comparecimento a um curso de extensão à suspeita de espionagem.

Seja como for, Lula destampou um bueiro no qual o risco de afogamento no equívoco é muito mais seu do que o de Moro. O senador estava quieto no seu canto, lambendo as feridas da sua participação no governo Bolsonaro. Lula veio e colocou os holofotes sobre o ex-ministro, levantando ilações sobre uma operação realizada pela Polícia Federal, subordinada a Dino e, em última instância, a ele próprio. Moro só tem a agradecer. O presidente construiu uma pantomima na qual ele interpreta um personagem que anda em círculos, oscilando entre a tolice e a vilania. Lula alimenta seus inimigos com seu estoque de suspeições equivocadas. E o que é pior, tende a fazer do emblema “avançar ou avançar” a marca do seu governo. Avançar mesmo que seja em direção ao abismo.

Destaque

Bolsonaro pretende contra-atacar o escândalo das joias na mesma moeda

7/03/2023
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Olho por olho, dente por dente. Assim o clã Bolsonaro planeja contra-atacar o escândalo das joias. O RR apurou junto a fontes próximas à família de que o ex-presidente e seus filhos pretendem lançar um pedido de auditoria dos bens valiosos ofertados a Lula durante os seus dois primeiros mandatos. Por intermédio de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, parlamentares aliados já teriam sido acionados para requisitar formalmente no Congresso uma devassa dos presentes recebidos pelo petista de outros chefes de governo entre 2003 e 2010. A ideia é atribuída, principalmente, a Carlos Bolsonaro, a quem caberia a missão de inflamar a militância “bolsonarista” nas redes sociais em torno da investigação. O objetivo não é apenas criar um fato diversionista, para eclipsar a denúncia de que Jair Bolsonaro supostamente tentou trazer irregularmente para o país joias doadas à ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, no valor de aproximadamente R$ 16 milhões. Os filhos do ex-presidente entendem que é possível enredar Lula na teia que seus próprios assessores lançaram ao vazar informações da Receita Federal contra Bolsonaro.  

No fim de semana, segundo as fontes ouvidas pelo RR, os filhos de Bolsonaro já começaram a levantar munição contra Lula. A premissa é que o telhado do atual presidente é de vidro. Em março de 2016, por exemplo, a Lava Jato determinou a busca e apreensão de itens ofertados ao petista que estavam guardados em um cofre do Banco do Brasil em São Paulo. Os bens teriam sido indevidamente incorporados ao acervo pessoal de Lula e não ao da Presidência da República. Não consta entre esses itens a presença de joias ou de bens de notório valor. A parte não é necessariamente o todo. O entorno de Bolsonaro aposta que uma auditoria pode trazer à tona fatos ainda não devidamente apurados. Um exemplo: até hoje não ficou claro o papel da OAS nessa história. Tão logo Lula deixou o governo, a empreiteira teria ajudado a bancar o armazenamento de algumas das doações ao petista. Há ainda uma questão de escala que pode ajudar na vendeta dos Bolsonaro: estima-se que Lula tenha recebido cerca de 1,4 mil objetos de chefes de estado classificados como de “cunho pessoal” ao longo de oito anos.   

Está claro que o governo Lula decidiu garimpar fatos e cifras para criminalizar Jair Bolsonaro. Foi assim, logo no início de mandato, com o vazamento de dados do cartão corporativo do ex-presidente. A família Bolsonaro quer pagar na mesma moeda, ainda que a sua esteja um pouco “depreciada”. 

#Jair Bolsonaro #Lula #PL #Valdemar da Costa Neto

Economia

O Paulo Guedes de agora tem muito mais bilhões na cachola

2/02/2023
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Para onde vai Paulo Guedes? That´s the question. Segundo fontes ligadas ao ex-ministro, ele esperará o prazo da quarentena e voltará à parceria com o irmão, Gustavo Guedes. A mesma fonte do RR diz que o aconselhamento dado a Guedes é para que ele recauchute a antiga operação, tornando-a mais modesta e menos visível. O ex-ministro e seu irmão foram sócios na BR Investimentos. Ambos foram investigados por supostos crimes contra o sistema financeiro no uso de dinheiro de fundos de pensão estatais: Previ, Funcef, Petros e Postalis. A lambança foi enorme. A Previc, órgão fiscalizador dos fundos de pensão, descascou os investimentos feitos pelos “Guedes” na empresa HSM, que gerou um prejuízo de R$ 16 milhões. À época, Gustavo prestou depoimento ao Ministério Público, envolvendo megaempresas, que seriam partners no FIP BR Educacional. Tudo passou como se nada houvesse havido.    

A nomeação de Paulo Guedes para o Ministério da Economia teve um papel cleaner em relação aos estranhos acontecimentos que envolviam sua ex-empresa e seu irmão. Gustavo continua sendo o porto de referência, mas Paulo pode muito bem dizer: “Sempre terei Serfaty”. O ex-ministro tem uma história de tapas e beijos – mais beijos, para ser verdadeiro – com o ex-sócio no Banco Pactual, Marcelo Serfaty. Foi no Pactual, ícone dos bancos de investimentos na década de 80, que Paulo Guedes converteu a sua murcha exposição na academia (um complexo que o ex-ministro sempre carregou) em um sucesso estelar na área financeira.   

As idas e vindas da trajetória de Guedes como financista daria um filme candidato ao Oscar. O ex-ministro saiu do Pactual, ingressou como sócio na asset JGP – essa, sim, uma história de mais tapas do que beijos. Saiu da empresa e, em um período “de baixa”, foi acolhido pelo “parça” Serfaty. Reza a lenda que foi no escritório do ex-sócio que Paulo, ansioso e sequioso por resultados, perdeu e ganhou uma fortuna. Serfaty foi fundador e CEO da Fidúcia Asset Management. Pouco tempo depois criou o fundo de private equity G5 Partners. Paulo Guedes teria se tornado sócio deste fundo. É nesse ponto que começa um segundo episódio rumoroso. Já em pleno governo Bolsonaro, sem medo de qualquer responsabilização ou dilema ético, o então ministro indicou Serfaty para conselheiro do Banco do Brasil e logo depois para a presidência do Conselho do BNDES. A área de integridade do banco de fomento levantou objeções à nomeação. Mas quem naquele tempo bateria de frente com o todo poderoso ministro da Economia?  

Em paralelo, já corria a investigação sobre as relações do fundo G5 Partners – private equity do qual o ex-ministro teria sido sócio com Serfaty – e o BNDES. Ou seja, o dono de um private equity, sócio ou ex-sócio de um ministro poderoso, conselheiro principal do maior banco de desenvolvimento do país, estaria se locupletando com contratos desse mesmo banco. O atual presidente da Petrobras e então senador, Jean Paul Prates, no dia 1° de agosto de 2020, entrou com requerimento de informações pelo Senado Federal sobre o conflito de interesse envolvendo toda a operação. De acordo com fontes ligadas a Prates, o Comitê de Ética do BNDES teria sentado em cima do processo. Pode-se concluir que interesses mais musculosos do que o tímido pedido do senador se levantaram, matando, juntamente com o auge da pandemia, a demanda por esclarecimentos. Naquele momento, Paulo Guedes mais parecia um foguete decolando em direção ao sol.    

Recuando alguns anos e retornando ao período de parcerias com o mano Gustavo, ocorre mais uma daquelas coincidências que fazem do mercado financeiro um simulacro das famílias aristocráticas do século XVIII e XIX: todo mundo se conhece e os parentes se casam um com os outros. Serfaty tinha sido coordenador das áreas de planejamento estratégico e pesquisa macroeconômica do Banco Bozano Simonsen, um potentado dos anos 80 e 90. Ele teria feito uma ponte entre Paulo Guedes e Júlio Bozano, um verdadeiro mito entre os banqueiros. Bozano, além de ser uma águia, é um charme só. Mas quem conhece o ex-ministro sabe que na primeira hora ele é simplesmente irresistível. Paulo já estava mexendo com projetos de educação além de operações diversificadas de private equity. Apresentou, então, seu pacote a Bozano. Foi a mistura da fome com a vontade de comer.    

Em 2013, faltando pouco mais quatro anos para se tornar o “posto Ipiranga”, Paulo Guedes deixou sua BR Investimentos ser incorporada pelo Grupo Bozano, associando sua grife de enfant terrible à do tradicional banqueiro. A partir daí, já sócio de Bozano, saboreou de tudo um pouco: fundos de ações, multimercados, quantitativos. E mais: operações de private equity nas empresas Estapar, Oba Hortifruti, Hospital Vera Cruz, Ânima Educação, Abril Educação e Amor aos pedaços, só para citar as mais votadas. O resultado desse refogado entre competência e rede de relacionamentos foi que a Bozano, gestora de recursos da qual Paulo era sócio, já administrava recursos da ordem de R$ 2,7 bilhões quando o futuro ministro despontou na aurora da campanha de Bolsonaro. Como há sempre um instrumento desafinado para atrapalhar a orquestra, a Lava Jato entrou no circuito associando o nome da Bozano a compra de dólares no paralelo, através de uma conta no banco Morgan Stanley, em Nova York. Até a Operação ser deflagrada, comprar dólares no black era tão simples como comer um biscoito de polvilho.    

Não chegou a faiscar Paulo Guedes, mas para Bozano, o incomodo foi muito maior devido à prisão de um diretor na Operação “Câmbio, desligo”, que apontou o suposto envolvimento da instituição na compra e entrega das verdinhas. Como sempre, tudo se resolveu com bons advogados. Mas e agora José? – corrija-se para e agora Paulo? Para onde vai o performático ex-czar da economia, tão simbiótico com Jair Bolsonaro, que podia ser considerado praticamente uma costela do ex-presidente. Conforme é sabido, o poder de Guedes era tão grande, mas tão grande, que ele se negou a mostrar sua conta bancária offshore não declarada ao Congresso, e ficou tudo por isso mesmo. Paulo Guedes vale hoje um “pré-sal” em termos de informações guardadas na cachola e acessos acumulados durante o seu reinado no Ministério da Economia. Isso ninguém lhe tira.  

Mesmo que a quarentena virasse uma década, ninguém proibiria o ex-ministro de recorrer ao bordão de Rick Blaine, no eterno Casablanca: “Sempre terei o mano Gustavo”. Um porto seguro onde Paulo Guedes poderá voltar a operar o mercado, agora com uma potência que vai além da sua decantada inteligência. Sim, a força de quem enxergou tudo, aprendeu tudo, conheceu tudo e todos. Em condições normais, vai ser difícil conter o poder de fogo do financista. O mercado que aguente. 

#Paulo Guedes #Previc

Destaque

Governo Lula ensaia um arriscado remake na indústria naval

27/01/2023
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A gestão Lula ensaia um preocupante volta ao passado. O governo pretende usar o BNDES e, mais especificamente, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) na proa de um projeto de ressurreição da indústria naval brasileira. A ideia é aumentar o orçamento do FMM e, consequentemente, os empréstimos feitos pelo banco de fomento com recursos do Fundo. O governo enxerga uma oportunidade de estimular a produção de plataformas e equipamentos destinados à instalação de eólicas offshore, segmento que deverá ter uma pesada onda de investimentos no Brasil. Outra proposta em discussão é usar o FMM para fomentar a renovação da frota de apoio à Petrobras – medida que, a julgar pelo track records dos governos do PT, viria acompanhada do aumento dos índices de conteúdo local.  

A missão caiu no colo de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No que depender da sua vontade, Alckmin tem outras prioridades à frente da Pasta, como, por exemplo, o complexo industrial de saúde e área de defesa. No entanto, cumprindo os desígnios de Lula, que já manifestou por diversas vezes a disposição de reativar a indústria naval no país, Alckmin tem mantido interlocução com o setor. Segundo o RR apurou, representantes da construção naval já fizeram chegar a Alckmin a proposta de criação de um projeto nos moldes do antigo Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo da Petrobras). 

Ao longo do governo Bolsonaro, o Fundo da Marinha Mercante aguou. Entre 2019 e 2022, os repasses do FMM somaram aproximadamente R$ 3,3 bilhões. A cifra liberada em 2020, por exemplo (R$ 350 milhões), foi a mais baixa dos 13 anos anteriores. Nos quatro anos anteriores (de 2015 a 2018), o Fundo da Marinha Mercante havia financiado cerca de R$ 12,6 bilhões em projetos. Isso em um período em que a Lava Jato já havia destroçado boa parte da indústria naval.  

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas é difícil entender o que o governo pretende. Por mais que mire em novas oportunidades de impulso à indústria local – como no caso das eólicas offshore -, o projeto de apoio da indústria naval com dinheiro do FMM repete uma política adotada nos governos de Lula e Dilma que deu errado. Muito errado. Mais do que isso: a investida remete a episódios escabrosos com a aplicação de recursos públicos em empresas como Sete Brasil e OSX.  

#BNDES #Lula

Política

Será que o capital e o trabalho vão se entender?

13/01/2023
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O ministro Luiz Marinho quer montar uma espécie de comitê no âmbito da Pasta do Trabalho, reunindo representantes do movimento sindical e empresários. Esse “conselhinho” teria como principal objetivo discutir propostas para a revisão da reforma trabalhista do governo Temer. De uma certa forma, e fazendo as devidas ressalvas, a medida será um ingresso no túnel do tempo. Mais precisamente no governo Dilma Rousseff. Em seu governo, foi criada pelo secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, uma comissão tripartite, composta pelo Palácio do Planalto, empresários – notadamente da construção pesada – e sindicatos de trabalhadores para discutirem questões de ordem social envolvendo as partes. Com a Lava Jato, foi tudo para o espaço.

#Dilma Rousseff #Luiz Marinho #Pasta do Trabalho

Justiça

A “Lava Jato” do Peru também está fenecendo

20/12/2022
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As tratativas para a retomada da parceria entre os Ministérios Públicos do Peru e do Brasil micaram. Mesmo com a recente vinda ao país do chefe da Equipe Especial do MP peruano, Rafael Barba, não houve acordo para um novo convênio de cooperação no âmbito das investigações contra empreiteiras brasileiras no país vizinho. Coincidência ou não, a ruptura se deu após a Novonor (ex-Odebrecht) denunciar ao MPF que autoridades peruanas haviam violado acordo firmado entre os dois países. Os procuradores peruanos teriam utilizado provas produzidas no Brasil em ações contra a Novonor. Em meio à grave crise política no país vizinho, a versão peruana da Lava Jato também dá sinais de fenecimento. Em com resultados pífios: após quatro anos de trabalho, até agora não houve nenhuma condenação de acusados por corrupção.

#Lava Jato #Novonor

Política

Fernando Pimentel desponta como candidato ao “Conselhão”

25/11/2022
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Gleisi Hoffmann tem defendido o nome do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel para comandar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, cuja recriação já foi publicamente anunciada por Lula. Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio de Dilma Rousseff, Pimentel tem bom trânsito junto a diversos setores abrigados sob o guarda-chuva do CDES, tais como o empresariado, entidades da sociedade civil e movimentos sindicais. Uma contraindicação seria o fato de o ex-governador carregar máculas da Lava Jato: chegou a ser condenado a dez anos. Mas, assim como o futuro presidente da República, posteriormente a própria Justiça anularia a condenação.

#Dilma Rousseff #Fernando Pimentel #Gleisi Hoffmann #Lula

Destaque

Ometto desponta como uma grande “potência energética” no próximo governo

14/11/2022
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O controlador da Cosan, Rubens Ometto, é candidato a ser no governo Lula, na área de energia renovável, o que a JBS se tornou na cadeia de proteína, a partir de primeira era do PT. Há fortíssimas ressalvas na comparação. Ometto vai colocar o grosso do dinheiro do seu bolso, e não da torneira financeira do BNDES. Quanto à diferença de métodos para obtenção de recursos entre o dono da Cosan e os irmãos Batista, controladores da JBS, a Lava Jato já contou o que havia para contar sobre esses últimos. O prestígio de Ometto com Lula é tanto que possivelmente ele seria guindado a um Ministério caso somente acenasse com a ideia ao amigo. Segundo o RR apurou, o presidente eleito pretende se reunir com Ometto ao voltar da COP 27, no Egito. Será um dos primeiros encontros de Lula com um empresário após a eleição, o que dá a medida do estreito relacionamento do dono da Cosan – ressalte-se que ambos já tiveram duas conversas reservadas durante a campanha. Ometto é visto como um personagem fundamental para os planos do novo governo de estimular fortemente a produção de energia limpa e de combustíveis verdes no Brasil. Ele é um cala boca para os críticos de que o governo Lula quer trocar a seiva do investimento privado pelo subsidiado investimento público. 

 

Vai ter muita grana do empresariado para as renováveis. Os números falam por si: na semana passada, a Raízen – joint venture entre a Cosan e a Shell – anunciou um investimento de R$ 6 bilhões na construção de cinco plantas de etanol de segunda geração. As atenções se voltam também para o hidrogênio verde. A Raízen desponta, desde já, como um dos potenciais candidatos a liderar alguns dos maiores projetos do setor no Brasil. O grupo fechou recentemente uma parceria com a USP com objetivo de desenvolver uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde. E se alguém tem álcool de sobra no país é a dobradinha entre a Cosan e a Shell: são 35 usinas, com capacidade de produção de 3,5 bilhões de litros por ano.  

 

Fosse em outros tempos, o próprio Ometto e a Raízen seriam fortes candidatos a “cavalos vencedores”. A repetição desse velho modelo está fora de cogitação para o próximo governo Lula, conforme o RR já adiantou. O que não quer dizer que a Raízen não possa se favorecer de uma nova estratégia de incentivos para o aumento da inserção internacional do Brasil, focada em produtos – caso da energia verde – e não em empresas.   

#Cosan #Energia #Lula #PT #Raízen #Rubens Ometto

Justiça

A Lava Jato vive. No Peru 1

11/11/2022
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O empresário brasileiro Marcos de Moura Wanderley está sendo esperado no Tribunal Superior Nacional do Peru no dia 12 de dezembro. Trata-se da audiência final de mais um processo relativo à versão peruana da Lava Jato. Ex-representante da Camargo Corrêa no país, Wanderley é investigado no âmbito da ação que apura pagamento de propinas e lavagem de dinheiro na construção de um trecho da rodovia Interoceânica. Segundo a Justiça peruana, um dos beneficiados com o suborno teria sido o então presidente do país, Alejandro Toledo. Por sinal, no quesito “presidentes da República”, proporcionalmente a “Lava Jato peruana” ganha da brasileira. Além de Toledo, as acusações de corrupção envolvem Ollanta Humala e Alan Garcia – este último se suicidou em abril de 2019.  

#Camargo Corrêa #Lava Jato #Peru

Justiça

A Lava Jato vive. No Peru 2

11/11/2022
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Além de Hilberto Mascarenhas, ouvido há cerca de duas semanas, o Ministério Público do Peru pretende colher o depoimento de outros ex-executivos da antiga Odebrecht. Segundo informações compartilhadas com o MPF brasileiro, os procuradores peruanos têm fatos novos que apontam o envolvimento de mais autoridades peruanas e o pagamento de propinas ainda maiores na construção do metrô de Lima. De acordo com a mesma fonte, o Ministério Público do país vizinho pretende concluir as investigações até janeiro.  

#Hilberto Mascarenhas #Ministério Público do Peru #MPF #Odebrecht

Política

Indicação de Mantega parece até obra da oposição

9/11/2022
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A indicação do ex-ministro Guido Mantega, feita ontem, para compor a equipe de transição é uma demonstração de que a desinteligência política, que costuma caracterizar algumas decisões do PT, deve ter contagiado o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin – tido como um experiente articulador. Ouvir o nome de Mantega é o exatamente o que o mercado, sua excelência, não quer. Mesmo que Mantega, um personagem controverso no episódio do Lava Jato e questionado em toda a sua participação nos governos do PT, tenha por algum motivo que constar da equipe da transição, seu nome poderia muito bem-estar entre os últimos da fila, entre os 50 participantes previstos para integrar o grupo. Mas agora….

#Geraldo Alckmin #Guido Mantega #PT

José Dirceu é a bola da vez na campanha de Bolsonaro

4/10/2022
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No que depender de Carlos Bolsonaro, José Dirceu deverá ser uma peça importante na campanha de Jair Bolsonaro no segundo turno. “Carluxo” defende como estratégia o uso do nome de Dirceu para intensificar o discurso de criminalização de Lula e do PT. Ressalte-se que o track records joga a favor do “02”. Até agora, ele acertou todas na estratégia de campanha, vide os ataques a institutos de pesquisa – ver RR de ontem.

No caso de Dirceu, sua proposta é explorar ao máximo a folha corrida do petista, incluindo a produção de vídeos para as redes sociais e para os programas eleitorais de Bolsonaro. O staff do presidente já estaria selecionando imagens “emblemáticas” da trajetória do ex- ministro da Casa Civil. O acervo iria da época de guerrilheiro à prisão e julgamento na Lava Jato. O próprio presidente deverá levantar a bola nos debates, fazendo menção a José Dirceu de forma a constranger e seu oponente. Ou seja: Bolsonaro utilizaria a criatura contra o seu criador.

Com essa estratégia, a campanha de Jair Bolsonaro pretende jogar luz sobre uma figura que o próprio PT, prudentemente, tem mantido na penumbra durante toda o processo eleitoral. Segundo o RR apurou, no comitê político de Bolsonaro já se discute ações até mais contundentes. Uma delas seria o vazamento da “informação” de que Dirceu terá um cargo no eventual governo Lula, assumindo, mais uma vez, toda a coordenação política do petista. Nos cálculos de Carlos Bolsonaro, essa narrativa teria o efeito de aumentar tensões e galvanizar uma parcela do eleitorado que não votou nem no atual presidente nem em Lula no primeiro turno. Para eleitores ao centro e à direita, a menção ao nome de Dirceu já seria suficiente para evocar o pior dos recalls: o cérebro por traz do mensalão, do petrolão e de toda a sorte de atos criminosos necessários para assegurar uma longeva permanência do PT no Poder.

#Carlos Bolsonaro #Jair Bolsonaro #José Dirceu #Lula #PT

Velhas mágoas

28/09/2022
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O PT enxerga pitadas de João Santana no discurso cada vez mais belicoso de Ciro Gomes contra Lula. O marqueteiro, fisgado na Lava Jato, guarda imenso rancor do partido. Ainda hoje cobra na Justiça uma dívida de R$ 15 milhões por serviços prestados na campanha de Dilma Rousseff em 2014.

#Ciro Gomes #Lava Jato #Lula #PT

Jair Bolsonaro é o eleito do empresariado

27/09/2022
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Os dirigentes empresariais estão fechados com Jair Bolsonaro. É o que mostra sondagem realizada pelo RR junto a executivos de 96 companhias. Diante da polarização entre os dois candidatos líderes das pesquisas, a newsletter perguntou: “Entre Jair Bolsonaro e Lula, qual é a sua intenção de voto?”. Resultado: Bolsonaro teve 59%, contra 41% do petista. A enquete foi dividida por dez segmentos da economia, arbitrados pela newsletter em razão da sua importância e representatividade: construção pesada, bens de capital, financeiro, varejo, energia, bens de consumo não duráveis, petroquímica/química, tecnologia, automobilístico e agronegócio.

Cabe ressaltar que há uma assimetria entre o número de entrevistados em cada setor, devido a diversos fatores, como a concentração de players em determinados segmentos e o total de executivos que aceitaram participar da sondagem. De qualquer forma, o RR considera que, em razão da importância dos dirigentes e o retrato dos setores, a enquete guarda uma boa representatividade. Os dados oferecem subsídios valiosos para se identificar os setores mais afeitos ou refratários a cada um dos dois candidatos. Os números evidenciam que o PIB brasileiro pende a favor de Bolsonaro: o candidato à reeleição teve maior votação entre os executivos de seis dos dez segmentos. Não chega a ser exatamente uma surpresa. Os pilares da política econômica de Bolsonaro ou especificamente do seu ministro Paulo Guedes são mais palatáveis ao empresariado do que o ideário pregado pelo PT. Se o atual governo não conseguiu entregar mais – reformas, concessões, privatizações etc – isso se deve à pandemia.

 

 

É importante ressaltar que, em todos os setores em que lidera as preferência de voto, Jair Bolsonaro aparece como uma margem razoavelmente folgada em relação a Lula. A maior diferença veio do agronegócio: 79% a 21% em favor do presidente. O candidato à reeleição lidera também com ampla vantagem as intenções de voto no setor financeiro: 67% a 33%. Outra área bastante favorável a Bolsonaro é o de tecnologia (TI, softwares, games e startups): 65%, contra 35% de Lula – número certamente alimentado pelas seguidas desonerações fiscais a segmentos dessa indústria. O presidente teve uma votação semelhante entre os dirigentes empresariais do mercado de energia (que englobou empresas do setores elétrico e de óleo e gás): 67%, contra 33% atribuídos a Lula. Nesse caso, nem é necessário evocar qualquer realização do governo Bolsonaro. Basta lembrar da desastrosa intervenção de Dilma Rousseff nas tarifas de energia para entender a rejeição ao candidato petista.

Não obstante a preferência majoritária por Jair Bolsonaro, Lula tem seus redutos eleitorais entre empresários que muito provavelmente oscilam entre uma saudosa memória do que foram e um profundo descontentamento com o que são. Na sondagem do RR, o petista levou vantagem sobre Jair Bolsonaro junto aos dirigentes empresariais dos setores bens de consumo (58% a 42%); construção pesada (60% a 40%) e bens de capital (67% a 33%). No primeiro caso, a liderança de Lula nas intenções de voto pode ser atribuída à memória da farta concessão de crédito em seu governo e do consequente impacto sobre o consumo. Já as indústrias de bens de capital e de construção pesada, especialmente esta última, foram setores que viveram tempos de bonança no governo Lula, acabaram duramente atingidos pela Lava Jato e não tiveram qualquer apoio da gestão Bolsonaro para a sua recuperação. No ano passado, por exemplo, o PIB da construção pesada caiu 8,3%, enquanto o Produto Interno Bruto como um todo subiu 4,6%. O PIB do setor, ressalte-se, acumula perdas reais de 51,4% desde 2014.

O RR também perguntou aos executivos consultados como eles avaliam as políticas do governo Bolsonaro para seus respectivos setores. Como seria de se esperar, as respostas conversam com as intenções de voto apuradas em cada segmento econômico. O agronegócio confirmou ser uma “república bolsonarista”: 71% dos entrevistados classificaram a gestão do presidente como “ótima”. Outros 21% consideram o governo “bom” para o segmento, e apenas 8% cravaram a resposta “regular”. Nenhum dos entrevistados do agronegócio avalia a administração Bolsonaro como “ruim”. O mesmo ocorreu entre executivos da área financeira: nenhum dos respondentes entende que o governo é “ruim” para o setor, ainda que os resultados não sejam tão favoráveis ao candidato à reeleição quanto no agronegócio. Dos entrevistados, 33% qualificam o governo como “regular”. A maioria, 67%, avalia o atual presidente como “bom”.  Entre os executivos da área financeira, ninguém escolheu a opção “ótimo”.

 

A enquete revela também a alta aceitação de Jair Bolsonaro entre o setor de tecnologia: o governo foi considerado “ótimo” por 55% dos entrevistados e “bom” por 20%. Apenas 15% e 10% classificam a política do presidente, respectivamente, como “regular” ou “ruim”. Os dirigentes da indústria petroquímica também veem as ações de Bolsonaro como positivas para o seu segmento. Um universo de 75% dos entrevistados avalia o governo como “ótimo” (25%) e “bom” (50%). Outros 25% entendem a gestão como “regular” e nenhum dos respondentes do setor considera “ruim”.   A pior avaliação de Bolsonaro vem, como não poderia deixar de ser, de setores com predominância de intenção de voto em Lula. Nenhum dos dirigentes da indústria da construção pesada respondeu que o governo é “ótimo” para o setor. Outros 20% classificam como “bom”. A maioria das respostas se concentra em “regular” – 60%. Por sua vez, 20% dos executivos avaliam a política de Bolsonaro para o segmento como “ruim”.

O setor de bens de capital é ainda mais hostil ao atual presidente. A maioria dos dirigentes que participaram da enquete reputa a atual gestão como “ruim” (50%) ou “regular” (33%). Apenas 17% classificam como “boa”. E nenhum dos executivos da indústria de bens de capital respondeu que a política de Bolsonaro é “ótima” para o seu setor. Um dado curioso é a avaliação da gestão junto à indústria de bens de consumo não duráveis (a sondagem abrangeu empresas de alimentos e de bebidas). Ainda que Lula tenha liderado nas intenções de voto entre os dirigentes do setor, os entrevistados majoritariamente consideram o governo Bolsonaro “ótimo” (25%) ou “bom” (58%). Apenas 17% dos consultados classificam a política do presidente como “regular” (9%) ou “ruim” (8%). A aparente contradição entre a tendência de votação majoritária em Lula e a avaliação favorável de Bolsonaro pode ser atribuída ao impacto positivo do Auxílio Brasil e de outras medidas econômicas sobre o poder de compra da população. É possível inferir que, se a mesma sondagem fosse realizada há poucos meses, antes da criação do benefício, talvez Bolsonaro não tivesse uma avaliação tão favorável entre fabricantes de alimentos e bebidas. No geral, contabilizando-se os dez setores do levantamento, o governo do presidente Jair Bolsonaro teve a seguinte avaliação dos dirigentes ouvidos pelo RR: “ótimo” (29%); “bom” (33%); “regular” (27%); “ruim” (11%).

Além da percepção sobre o governo Bolsonaro, o RR procurou auscultar também as expectativas dos dirigentes empresariais sobre o possível retorno de Lula ao Poder. A newsletter perguntou aos 96 executivos: “Você acha que uma eventual eleição do ex-presidente Lula trará mudanças positivas ou negativas em relação às políticas para o seu setor?”. O cenário mais favorável ao petista veio da indústria de bens de capital – não por coincidência, área em que Bolsonaro somou um dos piores índices de avaliação na mesma enquete: 83% entendem que o retorno de Lula será ao favorável ao segmento; apenas 17% dizem o contrário. Também no segmento de construção pesada, a avaliação é que a saída de Bolsonaro seria benéfica: 60% entendem que a eleição de Lula trará mudanças positivas e somente 40%, negativas.

Um dado curioso é a avaliação do setor financeiro. Entre os executivos entrevistados, 67% avaliam que a volta do ex presidente terá um impacto positivo sobre o segmento – ao passo que 33% consideram que a eleição do petista será negativa. De uma maneira geral, trata-se de um segmento da economia que não vota em Lula, como a própria sondagem do RR comprova. Mas não se pode negar que o setor financeiro foi bem contemplado pelo petista em seus oito anos de mandato, com resultados altamente lucrativos. A lembrança da concessão de crédito e do salto do poder aquisitivo da população entre 2003 e 2010 certamente move também a avaliação dos dirigentes empresariais do varejo. Entre os entrevistados, 68% dizem que o retorno de Lula terá efeitos positivos para o setor – 32% vão pela mão oposta. Talvez por motivos análogos aos do varejo, algo similar ocorre na indústria de bens de consumo não duráveis: 67% entendem que a eleição do petista será benéfica.

Lula, no entanto, é malvisto por outros importantes segmentos da economia, a começar pelo agronegócio, seu grande calcanhar de Aquiles junto ao empresariado. Entre os executivos do setor responsável por mais de 27% do PIB, 71% avaliam que uma eventual eleição de Lula trará consequências negativas para a agricultura e a pecuária. A área de energia também demonstra uma considerável rejeição ao ex-presidente: 78% afirmam que sua volta ao Palácio do Planalto trará mudanças negativas para as empresas de energia elétrica, óleo e gás. Também na área de tecnologia, a expectativa em relação a Lula é bastante desfavorável: 75% dos dirigentes entrevistados pelo RR afirmam que a presença do petista no Poder terá impacto negativo sobre o segmento. No cômputo total, uma eventual eleição de Lula terá impacto negativo para a economia na opinião de 51% dos entrevistados.

#Economia #Eleições 2022 #Investimento #Jair Bolsonaro #Lula

Jair Bolsonaro é o eleito do empresariado

27/09/2022
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Os dirigentes empresariais estão fechados com Jair Bolsonaro. É o que mostra sondagem realizada pelo RR junto a executivos de 96 companhias. Diante da polarização entre os dois candidatos líderes das pesquisas, a newsletter perguntou: “Entre Jair Bolsonaro e Lula, qual é a sua intenção de voto?”. Resultado: Bolsonaro teve 59%, contra 41% do petista. A enquete foi dividida por dez segmentos da economia, arbitrados pela newsletter em razão da sua importância e representatividade: construção pesada, bens de capital, financeiro, varejo, energia, bens de consumo não duráveis, petroquímica/química, tecnologia, automobilístico e agronegócio.

Cabe ressaltar que há uma assimetria entre o número de entrevistados em cada setor, devido a diversos fatores, como a concentração de players em determinados segmentos e o total de executivos que aceitaram participar da sondagem. De qualquer forma, o RR considera que, em razão da importância dos dirigentes e o retrato dos setores, a enquete guarda uma boa representatividade. Os dados oferecem subsídios valiosos para se identificar os setores mais afeitos ou refratários a cada um dos dois candidatos. Os números evidenciam que o PIB brasileiro pende a favor de Bolsonaro: o candidato à reeleição teve maior votação entre os executivos de seis dos dez segmentos. Não chega a ser exatamente uma surpresa. Os pilares da política econômica de Bolsonaro ou especificamente do seu ministro Paulo Guedes são mais palatáveis ao empresariado do que o ideário pregado pelo PT. Se o atual governo não conseguiu entregar mais – reformas, concessões, privatizações etc – isso se deve à pandemia.

 

 

É importante ressaltar que, em todos os setores em que lidera as preferência de voto, Jair Bolsonaro aparece como uma margem razoavelmente folgada em relação a Lula. A maior diferença veio do agronegócio: 79% a 21% em favor do presidente. O candidato à reeleição lidera também com ampla vantagem as intenções de voto no setor financeiro: 67% a 33%. Outra área bastante favorável a Bolsonaro é o de tecnologia (TI, softwares, games e startups): 65%, contra 35% de Lula – número certamente alimentado pelas seguidas desonerações fiscais a segmentos dessa indústria. O presidente teve uma votação semelhante entre os dirigentes empresariais do mercado de energia (que englobou empresas do setores elétrico e de óleo e gás): 67%, contra 33% atribuídos a Lula. Nesse caso, nem é necessário evocar qualquer realização do governo Bolsonaro. Basta lembrar da desastrosa intervenção de Dilma Rousseff nas tarifas de energia para entender a rejeição ao candidato petista.

Não obstante a preferência majoritária por Jair Bolsonaro, Lula tem seus redutos eleitorais entre empresários que muito provavelmente oscilam entre uma saudosa memória do que foram e um profundo descontentamento com o que são. Na sondagem do RR, o petista levou vantagem sobre Jair Bolsonaro junto aos dirigentes empresariais dos setores bens de consumo (58% a 42%); construção pesada (60% a 40%) e bens de capital (67% a 33%). No primeiro caso, a liderança de Lula nas intenções de voto pode ser atribuída à memória da farta concessão de crédito em seu governo e do consequente impacto sobre o consumo. Já as indústrias de bens de capital e de construção pesada, especialmente esta última, foram setores que viveram tempos de bonança no governo Lula, acabaram duramente atingidos pela Lava Jato e não tiveram qualquer apoio da gestão Bolsonaro para a sua recuperação. No ano passado, por exemplo, o PIB da construção pesada caiu 8,3%, enquanto o Produto Interno Bruto como um todo subiu 4,6%. O PIB do setor, ressalte-se, acumula perdas reais de 51,4% desde 2014.

O RR também perguntou aos executivos consultados como eles avaliam as políticas do governo Bolsonaro para seus respectivos setores. Como seria de se esperar, as respostas conversam com as intenções de voto apuradas em cada segmento econômico. O agronegócio confirmou ser uma “república bolsonarista”: 71% dos entrevistados classificaram a gestão do presidente como “ótima”. Outros 21% consideram o governo “bom” para o segmento, e apenas 8% cravaram a resposta “regular”. Nenhum dos entrevistados do agronegócio avalia a administração Bolsonaro como “ruim”. O mesmo ocorreu entre executivos da área financeira: nenhum dos respondentes entende que o governo é “ruim” para o setor, ainda que os resultados não sejam tão favoráveis ao candidato à reeleição quanto no agronegócio. Dos entrevistados, 33% qualificam o governo como “regular”. A maioria, 67%, avalia o atual presidente como “bom”.  Entre os executivos da área financeira, ninguém escolheu a opção “ótimo”.

 

A enquete revela também a alta aceitação de Jair Bolsonaro entre o setor de tecnologia: o governo foi considerado “ótimo” por 55% dos entrevistados e “bom” por 20%. Apenas 15% e 10% classificam a política do presidente, respectivamente, como “regular” ou “ruim”. Os dirigentes da indústria petroquímica também veem as ações de Bolsonaro como positivas para o seu segmento. Um universo de 75% dos entrevistados avalia o governo como “ótimo” (25%) e “bom” (50%). Outros 25% entendem a gestão como “regular” e nenhum dos respondentes do setor considera “ruim”.   A pior avaliação de Bolsonaro vem, como não poderia deixar de ser, de setores com predominância de intenção de voto em Lula. Nenhum dos dirigentes da indústria da construção pesada respondeu que o governo é “ótimo” para o setor. Outros 20% classificam como “bom”. A maioria das respostas se concentra em “regular” – 60%. Por sua vez, 20% dos executivos avaliam a política de Bolsonaro para o segmento como “ruim”.

O setor de bens de capital é ainda mais hostil ao atual presidente. A maioria dos dirigentes que participaram da enquete reputa a atual gestão como “ruim” (50%) ou “regular” (33%). Apenas 17% classificam como “boa”. E nenhum dos executivos da indústria de bens de capital respondeu que a política de Bolsonaro é “ótima” para o seu setor. Um dado curioso é a avaliação da gestão junto à indústria de bens de consumo não duráveis (a sondagem abrangeu empresas de alimentos e de bebidas). Ainda que Lula tenha liderado nas intenções de voto entre os dirigentes do setor, os entrevistados majoritariamente consideram o governo Bolsonaro “ótimo” (25%) ou “bom” (58%). Apenas 17% dos consultados classificam a política do presidente como “regular” (9%) ou “ruim” (8%). A aparente contradição entre a tendência de votação majoritária em Lula e a avaliação favorável de Bolsonaro pode ser atribuída ao impacto positivo do Auxílio Brasil e de outras medidas econômicas sobre o poder de compra da população. É possível inferir que, se a mesma sondagem fosse realizada há poucos meses, antes da criação do benefício, talvez Bolsonaro não tivesse uma avaliação tão favorável entre fabricantes de alimentos e bebidas. No geral, contabilizando-se os dez setores do levantamento, o governo do presidente Jair Bolsonaro teve a seguinte avaliação dos dirigentes ouvidos pelo RR: “ótimo” (29%); “bom” (33%); “regular” (27%); “ruim” (11%).

Além da percepção sobre o governo Bolsonaro, o RR procurou auscultar também as expectativas dos dirigentes empresariais sobre o possível retorno de Lula ao Poder. A newsletter perguntou aos 96 executivos: “Você acha que uma eventual eleição do ex-presidente Lula trará mudanças positivas ou negativas em relação às políticas para o seu setor?”. O cenário mais favorável ao petista veio da indústria de bens de capital – não por coincidência, área em que Bolsonaro somou um dos piores índices de avaliação na mesma enquete: 83% entendem que o retorno de Lula será ao favorável ao segmento; apenas 17% dizem o contrário. Também no segmento de construção pesada, a avaliação é que a saída de Bolsonaro seria benéfica: 60% entendem que a eleição de Lula trará mudanças positivas e somente 40%, negativas.

Um dado curioso é a avaliação do setor financeiro. Entre os executivos entrevistados, 67% avaliam que a volta do ex presidente terá um impacto positivo sobre o segmento – ao passo que 33% consideram que a eleição do petista será negativa. De uma maneira geral, trata-se de um segmento da economia que não vota em Lula, como a própria sondagem do RR comprova. Mas não se pode negar que o setor financeiro foi bem contemplado pelo petista em seus oito anos de mandato, com resultados altamente lucrativos. A lembrança da concessão de crédito e do salto do poder aquisitivo da população entre 2003 e 2010 certamente move também a avaliação dos dirigentes empresariais do varejo. Entre os entrevistados, 68% dizem que o retorno de Lula terá efeitos positivos para o setor – 32% vão pela mão oposta. Talvez por motivos análogos aos do varejo, algo similar ocorre na indústria de bens de consumo não duráveis: 67% entendem que a eleição do petista será benéfica.

Lula, no entanto, é malvisto por outros importantes segmentos da economia, a começar pelo agronegócio, seu grande calcanhar de Aquiles junto ao empresariado. Entre os executivos do setor responsável por mais de 27% do PIB, 71% avaliam que uma eventual eleição de Lula trará consequências negativas para a agricultura e a pecuária. A área de energia também demonstra uma considerável rejeição ao ex-presidente: 78% afirmam que sua volta ao Palácio do Planalto trará mudanças negativas para as empresas de energia elétrica, óleo e gás. Também na área de tecnologia, a expectativa em relação a Lula é bastante desfavorável: 75% dos dirigentes entrevistados pelo RR afirmam que a presença do petista no Poder terá impacto negativo sobre o segmento. No cômputo total, uma eventual eleição de Lula terá impacto negativo para a economia na opinião de 51% dos entrevistados.

#Economia #Eleições 2022 #Investimento #Jair Bolsonaro #Lula

A “volta” de Angra 3

22/09/2022
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A Eletronuclear vai iniciar nos próximos dias a concretagem de Angra 3. Será a retomada das obras de construção da usina, paralisadas desde 2015, por causa da Lava Jato. O Ministério de Minas e Energia estima que serão necessários cerca de R$ 17 bilhões para a conclusão da unidade, prevista para 2026.

#Eletronuclear #Lava Jato #Ministério de Minas e Energia

“Jurisprudência” contra Petrobras

8/09/2022
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Corre na Petrobras que outros investidores da Sete Brasil pretendem aproveitar a brecha aberta pela Justiça norte-americana para acionar a estatal. A medida poderia beneficiar, por exemplo, o ex-banqueiro Aldo Floris, que aportou recursos na antiga fabricante de sondas por meio da Luce Drilling. A Justiça dos Estados Unidos acolheu recentemente a tese da EIG Global de que a Petrobras teria praticado fraude ao induzir investidores a entrar no capital da Sete Brasil, acobertando fraudes nos contratos com a empresa. Procurada, a Petrobras informou que “seguirá se defendendo vigorosamente no processo e reafirma a sua condição de vítima das atividades ilícitas investigadas no âmbito da Operação Lava Jato, conforme reconhecido por todas as instâncias do Judiciário brasileiro.”

#Operação Lava Jato #Petrobras #Sete Brasil

O desembargador do “01”

23/08/2022
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Flavio Bolsonaro trabalha pela indicação do advogado Victor Granado Alves ao cargo de desembargador do TRF2 – na vaga aberta com a nomeação de Messod Azulay para o STJ. Granado é um nome de confiança de Flavio. A proximidade tem seus bônus e seus ônus. Em 2018, o advogado foi acusado de ter vazado para o “01” a realização da Operação Furna da Onça, uma das fases da Lava Jato, que investigou deputados estaduais no Rio.

#Flavio Bolsonaro #TRF2

Embraer quer pousar seus veículos elétricos na China

11/08/2022
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O RR apurou que a Embraer planeja montar uma joint venture na China voltada à fabricação e comercialização de eVTOLs – veículos elétricos de decolagem e pouso vertical. De acordo com a mesma fonte, um dos caminhos aventados seria um parceria com a Aviation Industry Corporation of China (Avic), de quem a empresa brasileira já foi sócia na produção de jatos executivos. A Avic também tem feito estudos para desenvolver modelos de eVTOL, por meio da China Aviation Industry General Aircraft, sua subsidiária. A direção da Embraer trata a associação com um grupo chinês como um movimento fundamental para alavancar as vendas do seu futuro veículo elétrico, uma espécie de passaporte não apenas para o mercado local, mas para outros países da Ásia. A investida faz parte de um projeto maior da Embraer de iniciar também a produção de jatos regionais na China – ver RR de 4 de abril. Consultada, a companhia não se pronunciou. A carteira comercial da Eve – a subsidiária da Embraer responsável pela produção dos eVTOLs – soma aproximadamente 1,1 mil pedidos. Além do foco na China, a companhia aposta também em parcerias para o desenvolvimento de produtos segmentados. É o caso do recente acordo firmado com a britânica BAE Systems, voltado ao desenvolvimento de variantes do “carro voador” para o setor de defesa. A associação já nasceu com uma encomenda potencial de 150 aeronaves.

#Avic #BAE Systems #China Aviation Industry General Aircraft #Embraer

A lenta e complexa ressurreição da construção pesada

13/07/2022
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O comitê de economistas do PT responsável pelo programa econômico do Lula, Aloizio Mercadante à frente, tem quebrado a cabeça para encaixar o setor de exportação de serviços no texto. Em princípio, Lula não abriria mão dessa inclusão, pois ela faz parte do seu roteiro diplomático, caso seja eleito. Ou seja, China, África e América do Sul, para início de conversa. O assunto é delicado. Foi pela via da exportação de serviços de engenharia que a Lava Jato se cristalizou. A proximidade com as empreiteiras, de certa forma, foi responsável pela sua prisão.

O fato é que, independentemente dos passivos de outrora, Lula sabe que é preciso descontaminar essas operações. O tema é também examinado, internamente, pela área militar. As Forças Armadas reconhecem que a inanição do Brasil junto aos países demandadores de serviços de arquitetura, engenharia e construção, enfraquece um dos pilares geopolíticos da Nação. No caso específico, África e América do Sul, que estão sendo disputados palmo a palmo pela China e Chile, principalmente, e Coreia e Índia correndo em uma segunda fila. Talvez os militares e suas preocupações legítimas sejam um caminho para o resgate para exportações de serviços.

Eles sabem, por exemplo, que nos países africanos se encontram os maiores depósitos minerais do mundo, algumas das maiores riquezas inexploradas em energia fósseis e oportunidades de participação em obras de infraestrutura gigantescas. Mas há complicadores de toda ordem. Primeiramente seria preciso resgatar a construção pesada, que foi Deus e o diabo na terra arrasada por petistas de goela larga. Esse segmento esteve próximo da dizimação com Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e cia. Há um outro enfoque: o setor, juntamente com as áreas de arquitetura, seguros e financeiro) foi responsável pela geração direta e indireta de R$ 170 bilhões em cinco anos (2008 a 2012), segundo um dos últimos estudos antes do fenecimento da indústria da construção pesada.

Nesse saco cabem propinas pagas a estatais, governantes de outros países e em toda a cadeia de venda do serviço. Lula não pode dizer, mas a China e o Chile, fazem igualzinho, porque somente assim se fecham contratos dessas operações, noves fora a corrupção dentro do país. Mas atrás desses US$ 170 bilhões vem gente. Está se falando da indústria de trans- formação e de bens de capital, que exportam seus produtos em função da venda de serviços no exterior. Se o Brasil fizer forfait, vai ficar de fora de investimentos na infraestrutura global da ordem de US$ 60 trilhões. O PT sabe que vai ter que colocar o BNDES para trabalhar no assunto com urgência. Só que agora de forma limpa e transparente.

#Chile #China #Forças Armadas #Lula #PT

Lava Jato

24/06/2022
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O ex-procurador geral da República Rodrigo Janot quer disputar uma vaga no Senado pelo Podemos do Distrito Federal. Por ora, o partido lhe acena apenas com a candidatura a deputado.

#Rodrigo Janot

Rasteiras e rabo de arraia

27/05/2022
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Há uma briga demoníaca no setor de venture capital. O contencioso está correndo na Justiça e envolve o nome de um dos beneficiados com a delação premiada na Lava Jato. Já, já o assunto vem à tona.

#Lava Jato

Prova da discórdia

6/05/2022
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Uma questão do concurso para o Ministério Público do Rio de Janeiro, realizado no último fim de semana, está causando polêmica no meio jurídico. A prova fez referência à admissibilidade do STF a provas obtidas a partir da instalação de escutas ambientais em escritórios de advocacia. O parecer favorável do Supremo é contestado por renomados juristas, que consideram a prática da “busca exploratória” em bancas um legado perigoso da Lava Jato. Em fevereiro, vale lembrar, a Câmara aprovou projeto de lei proibindo operações de busca e apreensão e outras medidas cautelares em escritórios de advocacia se fundamentada em delações sem provas.

#Lava Jato #Ministério Público do Rio de Janeiro

Um pé no CNJ

8/04/2022
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No Palácio do Planalto, o nome do criminalista André Callegari é considerado pule de dez para integrar o Conselho Nacional de Justiça – a escolha cabe ao presidente Jair Bolsonaro. Entre outros clientes célebres, Callegari advogou para o empresário Joesley Batista durante a Lava Jato.

#Conselho Nacional de Justiça #Jair Bolsonaro #Joesley Batista #Palácio do Planalto

O candidato de Flavio Bolsonaro

7/04/2022
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No TJ-RJ circula a informação de que, nos últimos dias, emissários de Flavio Bolsonaro têm feito um corpo a corpo junto a desembargadores da Corte. O objetivo seria angariar votos para o advogado Vitor Marcelo Aranha Rodrigues, candidato ao cargo de desembargador pelo quinto constitucional da OAB. A votação, marcada para o próximo dia 11 de abril, será secreta, conforme o RR antecipou com exclusividade em 22 de março.

A candidata de Augusto Aras

A subprocuradora Lindôra Araújo é o nome do momento no Ministério Público Federal. Além de indicá-la para o cargo de vice procuradora da República, Augusto Aras trabalha nos bastidores para emplacar a candidatura de Lindôra ao Conselho Superior do Ministério Público (CSMPF). Trata-se de um movimento estratégico para o PGR, que corre o risco de perder influência dentro do colegiado com o fim dos mandatos de Mario Bonsiglia e Nívio de Freitas. Ambos costumam votar alinhados a Aras. Em 2020, não custa lembrar, Lindôra chegou a se candidatar ao CSMPF, mas saiu da disputa após uma suposta tentativa de interferência na força-tarefa da Lava Jato.

#Augusto Aras #CSMPF #Flavio Bolsonaro #Lindôra Araújo #Ministério Público Federal #OAB

Para onde Aécio Neves caminha?

28/03/2022
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Aécio Neves tem sido estimulado por parlamentares e prefeitos mineiros a disputar novamente uma vaga no Senado. Por ora, em conversas reservadas, não diz nem que sim, nem que não. Além da recuperação dos espaços de poder dentro do PSDB, vide sua cruzada anti-Doria, aliados apontam outra razão para Aécio concorrer a senador: o recente veredito da 7a Vara Criminal de São Paulo, absolvendo o tucano da acusação de ter recebido propina de Joesley Batista, dono da JBS. No entorno de Aécio, a leitura é de que, do ponto de vista eleitoral, a decisão da Justiça está para ele assim como o cancelamento das condenações da Lava Jato está para Lula.

#Aécio Neves #PSDB

Suprema Corte

10/03/2022
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Sergio Moro vem tentando atrair o ex-ministro do STF Ayres Britto para a sua campanha. Curiosamente, quando ainda estava no Supremo, o jurista por diversas vezes atacou a “ilegitimidade” da Lava Jato.

#Lava Jato #Sérgio Moro #STF

Lava Jato peruana

25/02/2022
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Marcelo Odebrecht deverá depor ao Ministério Público de São Paulo no dia 16 de março. Ao menos por ora, na condição de testemunha arrolada pelo MP do Peru no julgamento do ex-presidente Ollanta Humala. Ele é acusado de ter recebido propina da então Odebrecht.

#Marcelo Odebrecht #Ministério Público de São Paulo #Odebrecht

Plantão judiciário

22/02/2022
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Em conversas reservadíssimas no STF, Gilmar Mendes tem cravado que o desembargador Ney Bello, do TRF-1, está com um pé no STJ. Com o seu dedicado apoio.

O Centrão trabalha para dizimar as chances de indicação dos desembargadores João Gebran e Leandro Paulsen, do TRF-4, à outra vaga no STJ. Ambos são vistos como “carrascos” de políticos: na Lava Jato, referendaram quase todas as decisões de Sergio Moro.

#Gilmar Mendes #Sérgio Moro #STJ

Novas cartas no baralho da campanha

18/02/2022
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Há uma estrela ascendente no rol de assessores militares de Jair Bolsonaro: o coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva, que ocupa a Secretaria Especial de Modernização do Estado, vinculada à Secretaria Geral da Presidência. Ligado ao general Luiz Eduardo Ramos e egresso da área de Inteligência do Comando Militar do Sudeste, o oficial tem sido um assíduo conselheiro de Bolsonaro para temas sensíveis, como governo digital e segurança cibernética do aparelho de Estado. De acordo com fonte do Palácio do Planalto, o grau de confiança do presidente em relação ao colaborador é tão elevado que Bolsonaro pretende, inclusive, contar com a sua participação no núcleo duro de campanha.

O advogado Uziel Santana, presidente licenciado da Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos), tornou-se um personagem quase onipresente na campanha de Sergio Moro. De um lado, é o responsável por aproximar o candidato das igrejas neopentecostais; por outro, recebeu a missão de articular um manifesto de juristas pró-Moro contra o TCU. O objetivo é denunciar os “abusos” do Tribunal de Contas, que investiga a relação entre a Alvares & Marsal, consultoria onde o ex-juiz trabalhou, e empreiteiras condenadas pela Lava Jato.

Damares Alves mergulhou na campanha de Tarcísio Freitas. A ministra da Mulher e da Família tem trabalhado para aproximar o candidato ao governo de São Paulo de lideranças evangélicas no estado, notadamente da Igreja Universal. Nas próximas semanas, Freitas deverá fazer uma peregrinação por templos no interior do estado, ao lado da colega de Ministério.

#Damares Alves #Eleições 2022 #Jair Bolsonaro #Sérgio Moro #Tarcísio Freitas #TCU

Horário eleitoral

10/02/2022
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Emissários de Sergio Moro sondaram uma plataforma de streaming tentando emplacar uma série documental sobre a Lava Jato.

#Lava Jato #Sérgio Moro

A Lava Jato e seus afogados

21/12/2021
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O fundo do braço direito do lavajatado Jaime de Paula, Marcel Arins, tenta, junto com Katia Negreiros, desesperadamente captar dinheiro para fazer qualquer negócio em venture capital. O mercado anda escaldado de abraço de afogado, ainda mais após a Operação Hemorragia.

#Jaime de Paula #Lava Jato

Política

Partido da Lava Jato

17/12/2021
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O ex-procurador Carlos Fernandodos Santos Lima, um dos “homens de ouro” da Lava Jato, bateu o martelo: vai concorrer à Câmara dos Deputados. Junta-se a Sergio Moro e Deltan Dallagnol no Podemos para reeditar a “República de Curitiba”.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Sérgio Moro

Coalizão “anti-Lava Jato” no STJ

16/12/2021
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A candidatura da desembargadora do TRF-1 Mônica Sifuentes ao STJ enfrenta resistências da ala anti-Lava Jato da Corte, a começar pelo presidente do Tribunal, Humberto Martins. Entre outras matérias relacionadas à operação, a desembargadora defendeu a prisão de delatores que mentiram ou omitiram informações em seus depoimentos. Foi o caso de Joesley Batista e do então executivo da JBS, Ricardo Saud. Mônica autorizou a prisão dos dois após o MPF identificar que ambos esconderam fatos relevantes em seus acordos de delação. Curiosamente, bateu de frente com o ministro do STJ Néfi Cordeiro. A desembargadora disputa justamente a vaga aberta por Cordeiro na Corte. Procurado, o STJ limitou-se a informar que a formação das listas para a escolha dos novos ministros será no dia 23 de fevereiro. Sobre a resistência interna ao nome de Mônica Sifuentes nenhuma palavra.

#JBS #Joesley Batista #Mônica Sifuentes #STJ

Infraestrutura abre as comportas do FMM para a indústria naval

7/12/2021
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O ministro Tarcísio Freitas parece um foguete. Agora, chamou para si a missão de reverter o quadro anímico da indústria naval no país. O Ministério da Infraestrutura vai afrouxar as rédeas do Fundo da Marinha Mercante (FMM), administrado pela Pasta. A ideia é flexibilizar os critérios para a concessão de recursos, contemplando um número maior de projetos.

A Pasta pretende também reduzir o período de análise dos pedidos de empréstimo, que, em alguns casos, se arrastam por quase dois anos. Segundo o RR apurou, as novas regras deverão ser anunciadas até janeiro. Em contato com a newsletter, o Ministério da In[1]fraestrutura confirmou que “estuda aprimorar os critérios para prover re[1]cursos para o setor naval por meio do Fundo da Marinha Mercante.”.

Ainda de acordo com a Pasta, “esse processo de revisão está em andamento e será detalhado quando finalizado.” O FMM e consequentemente a indústria naval ainda pagam o preço da Lava Jato. A Operação investigou mais de R$ 5 bilhões em repasses do Fundo da Marinha Mercante a em[1]preiteiras durante os governos do PT. Como consequência, o governo adotou regras mais draconianas para a concessão de empréstimos. Hoje, no entanto, há um consenso na equipe de Tarcísio Freitas de que o torni[1]quete apertou demais. O orçamento do FMM para este ano contempla R$ 6,8 bilhões. Até agora, no entanto, o Ministério liberou apenas 17% desse valor, ou seja, R$ 1,2 bilhão.

#Lava Jato #Ministério da Infraestrutura #PT #Tarcísio Freitas

“Me esqueçam”

17/11/2021
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Sérgio Andrade, controlador da Andrade Gutierrez, está praticamente jogando o chapéu. Tem ficado mais em Portugal do que no Rio, sua residência oficial, ou em Belo Horizonte, onde reside parte do clã. A Lava Jato deixou marcas profundas no empresário. Ele simplesmente não quer mais ter a vida desgastante de acionista e CEO, ainda que informal. Se fosse simples, passava a empresa para  frente.

#Andrade Gutierrez #Lava Jato

As seguidas mortes da Lava Jato

27/10/2021
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No MPF, Augusto Aras é apontado como o mentor do processo aberto pelo Conselho Nacional do Ministério Público contra 11 procuradores que integravam a força-tarefa da Lava Jato no Rio. Eles são acusados de terem divulgado informações sigilosas da operação.

#Augusto Aras #Lava Jato #Ministério Público Federal

Volta ao passado

26/10/2021
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A Funcef estuda retomar suas aplicações em Fundos de Investimentos de Participações. Os FIPs estão no índex da fundação desde que a Lava Jato desvendou uma série de desvios de recursos da entidade nesta modalidade de investimento.

#Funcef

Guerra à vista no Ministério Público

22/10/2021
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Segundo o RR apurou, o procurador federal Castor de Mattos vai para a briga. Mattos pretende recorrer não só ao próprio Conselho Nacional do Ministério Público, mas também à Justiça contra a sua demissão, decretada na última segunda-feira pelo colegiado. O procurador foi guilhotinado por ter patrocinado um outdoor em apoio à Lava Jato.

#Conselho Nacional do Ministério Público #Lava Jato

Cicatriz na pele

18/10/2021
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Mesmo com o apoio público de Ciro Gomes, a candidatura de Rodrigo Neves ao governo do Rio, em 2022, ainda enfrenta resistências do PDT. O motivo é o carimbo da Lava Jato que Neves traz no peito. Em 2018, o então prefeito de Niterói foi preso sob a acusação de receber propina. Só voltou ao cargo por meio de um habeas corpus.

#Ciro Gomes #PDT

Sabatina training

31/08/2021
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André Mendonça tem visto e revisto vídeos da recente sabatina de Augusto Aras no Senado. O candidato ao STF vem sendo aconselhado por aliados a repetir o tom sereno de Aras e, sempre que possível, dar uma estocada na Lava Jato. Esse discurso é música para os ouvidos dos parlamentares.

#Augusto Aras #Lava Jato

ESPECIAL | Os “frotistas” sentaram praça na política

10/08/2021
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O RR fez afirmações contundentes, em duas edições da newsletter (26 de julho e 4 de agosto), sobre a aversão dos militares a Lula. A repercussão foi grande. Mas nada vai mudar. As Forças Armadas continuam sendo o “partido” mais fiel ao presidente e odeiam Lula pela conjugação de acontecimentos históricos, envolvendo a biografia e uma certa distonia nos discursos. As alianças políticas, relações internacionais, posicionamento em temas como a Amazônia – os generais acham que os países ricos querem usurpá-la do Brasil – e o discurso demasiadamente pró-povo, confundido com a intenção de criação de um exército de contingência, geram um incômodo sem par dos militares em relação ao petista.

O episódio da Lava Jato deu o arremate nesse divórcio do que nunca foi um casamento. Veio então o Armagedom. Com a eleição de Jair Bolsonaro, os ataques de Lula ao presidente passaram a ser tomados como contra os militares. Até o ex-comandante do Exército, general Villas Bôas – um “castelista” de raiz -, que se comportou com fidalguia na gestão Lula deu um basta aos pruridos e saiu da caserna para o Twitter, fazendo ameaças. Bolsonaro, então, com sua linguagem dos quartéis – entre o grosseiro e o inconveniente – e as permanentes mesuras aos militares, tornou-se o candidato in pectore das Forças Armadas. O RR conversou com três generais da ativa. Ainda que com desconforto para comentar o tema, todos desmentiram ou desconfiaram da frase do general Hamilton Mourão sobre a esperança em relação ao surgimento de uma terceira via para a disputa eleitoral.

O candidato verde oliva é Bolsonaro. O “inimigo” é Lula. O ex-presidente representa na cabeça dos militares um caso psicanalítico, tamanho o número de interpretações, ressignificações, mal entendidos e acidentes cognitivos. Lula não é o bicho papão que pensam as Forças Armadas. Ao longo da sua trajetória, fez alianças à gauche e à droite. Como todo mobilizador social, acendeu um sinal no Forte Apache. A proximidade, na campanha, com colaboradores e ativistas petistas e de outras correntes mais aguerridas e, principalmente, a ida de José Dirceu para chefiar o governo, funcionaram como o balde de água vermelha. A disposição de “El Comandante” de influir na formação dos militares e intervir no sistema de informações das Forças, além de apoiar um projeto de regulação da mídia, colocou socialistas brandos e radicais no mesmo saco.

Lula, que nunca foi um socialista, acabou embrulhado como o mais perigoso deles. Isso jamais foi dito, mas causou reações fortíssimas. Dilma Rousseff, por sua vez, chegou com a sua indisposição para acarinhar o estamento militar. Pelo contrário: valorizava sua trajetória de guerrilheira – esfregada várias vezes na cara dos oficiais -, reforçando o que já era um pensamento inamovível: a revolução bolchevique estaria aguardando em alguma esquina para marchar e “tomar o poder”. Um poder, aliás, que os petistas já detinham. Vai entender… Durante a passagem de Joaquim Barbosa pelo STF, foi utilizada a teoria do domínio do fato para enfeixar Dirceu como o “cérebro da meliância” e Lula, o “chefe da gangue”.

Sergio Moro, posteriormente, foi useiro e vezeiro do mesmo expediente. Os militares, com todas as preocupações com ingerências na sua soberania, nunca fizeram carga sobre uma suposta associação de Moro com a CIA, apesar de alguns indícios de que as ligações existiam. Pode ser. Mas Moro serviu a um propósito além da “eugenia jurídica”. Ao contrário do que ocorreu com o ex-juiz, foram levantadas todas as suspeitas sobre a “guerrilheira Wanda” ter criado a Comissão da Verdade com o objetivo de manifestar seu desapreço pelos militares. A iniciativa foi um marco de afastamento do PT das forças de segurança, que encontrariam em Bolsonaro a sua tradução mais oportuna. O atual presidente apoia procedimentos “mais brutos”, digamos assim, e domina a linguagem intimidadora do estamento policial.

O pachorrento Lula nunca foi um quadro de armas ou um pregador bolchevique perigoso, nem mesmo um menchevique manso. Bobagem. Como dizia o general Golbery do Couto e Silva, “Lula é dos nossos”. O cardeal Dom Evaristo Arns falava a mesma coisa. Sindicalistas também. Os poderosíssimos dirigentes das grandes montadoras achavam o ex-presidente um bom negociador, mas suave. Ele sempre queria concluir as conversações em torno de um chope ou um copo de destilado, de preferência em um boteco. Golbery não disse que o então sindicalista era um dos “nossos” para depreciá-lo. Quem “não era dos nossos” era Leonel Brizola. Lula teve um papel importante no xadrez dos militares da época para o desmonte do político gaúcho.

Nem assim, deixou de ser “comunista”. O petista é articulado, pragmático, negociador por natureza, odeia soluções agressivas, tem passagem por todos os grupos da sociedade civil e está pronto para compor com a centro-direita e até com uma direita civilizada na feitura do seu programa de governo e na composição da base aliada. Aliás, já fez isso no passado. Os generais “castelistas”, a começar pelo presidente Geisel, tratavam Lula como um ogro de pelúcia. Tinham a compreensão de que o líder sindical podia ser mais colaborador do que adversário.

A distensão gradual e democrática da ditadura tinha no petista um hábil apoiador. Lula mordia e soprava. Com Jair Bolsonaro, o Alto Comando, os quartéis, as polícias, todos endureceram. O número de “frotistas” – referência ao ex-ministro do Exército, general Sylvio Frota – aumentou, especialmente no Palácio do Planalto. O general Braga Netto, que já teve seu momento “castelista”, bandeou-se para o “frotismo”, afinando suas posições com as do general Augusto Heleno, um “frotista” de carteirinha. Esta simbiose entre Bolsonaro e os militares acaba por gerar malefícios, inclusive para a própria imagem das Forças Armadas. Um exemplo: até exercícios militares ou mesmo solenidades passam a ser interpretados como manifestações políticas.

É o caso do desfile de blindados das Forças Armadas programado para hoje, em Brasília. Lula tem determinação, como já mostrou em episódios de prisão e massacre moral. Voltou às quadras para disputar uma nova partida. Leva um carry over complicadíssimo, de fidelidade em relação aos “companheiros vermelhos”, que ousaram mais do que podiam em uma convivência de cristais. Mas não é um vampiro nem a mula de sete cabeças. Muito menos um Lenin reencarnado. É um populista, igual Bolsonaro, s que antenado em causas mais patrocinadas pelo mundo. Lula é o candidato ESG; Bolsonaro, o postulante que chuta porta de todas as causas humanitárias internacionais. Ambos prometem o que não vão entregar. Nenhum deles diz sinceramente quem é.

Inventaram personagens. A questão é que o “comunismo d plantão”, que, segundo os radicais, ameaça tingir a bandeira verde e amarela de vermelho, foi anexada ao pacote “Lula incendiário”. Como se muda um pensamento obsessivo? Mesmo que o trem não vá na direção da Estação Finlândia, Luiz Inácio não escapará da pecha de comunista. É o “Joseph” Lula da Silva, vulgo Koba, um nordestino atarracado que poderia ser tomado por um georgiano, a despeito das diferenças de biotipo. O ex-presidente terá de convencer os quartéis de que o Lula revolucionário somente existe no imaginário dos militares. Bolsonaro, por sua vez, joga o jogo com um trunfo na mão. É o presidente-candidato confiável para todas as forças de segurança do país. Paciência! É difícil que, para os militares, o “sapo barbudo” deixe de ser o “Lulinha vermelho”, sem paz nem amor. Na atual geração de generais, essa visão dos fatos parece irreversível. Mas, mesmo com todo o excesso de convicção, anotem: não vai ter golpe.

#Forças Armadas #General Augusto Heleno #Lula #Sérgio Moro

Os lavajatistas resistem

6/08/2021
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A ala pró-Lava Jato do Ministério Público – sim, ela ainda existe – cogita lançar um manifesto contra a recondução do promotor Rinaldo Reis Lima ao Conselho Nacional do MPF. Recentemente, Lima propôs ao colegiado a demissão de todos os 11 procuradores da extinta força-tarefa no Rio de Janeiro, pelo suposto vazamento de informações da Operação.

#Ministério Público

Quitação de dívida

29/07/2021
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Ainda que não seja sua “jurisdição”, Arthur Lira tem se empenhado em garimpar votos no Senado para a nomeação de André Mendonça ao STF. É como se estivesse pagando uma dívida. No fim do ano passado, quando surgiu a polêmica se Lira poderia ou não disputar a presidência da Câmara sendo réu na Lava Jato, Mendonça se manifestou favoravelmente à candidatura.

#Arthur Lira #STF

A agenda da CIA

23/07/2021
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O diretor da CIA, William J. Burns, conversou sobre três assuntos, entre outros, com Jair Bolsonaro: Sérgio Moro, Lula e Lava Jato. A fonte da informação é quentíssima. Burns encontrou o presidente Bolsonaro no dia 1o de julho, em uma “visita de cordialidade”, sem que a agenda fosse divulgada pelo Palácio do Planalto.

#CIA #Jair Bolsonaro #Lava Jato #Lula

Avalanche Cunha

22/06/2021
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Eduardo Cunha está arrastando o MDB do Rio – ao menos a parte que sobreviveu à Lava Jato – para a base aliada do governador Claudio Castro. É o mesmo que dizer que está empurrando o partido para o colo de Jair Bolsonaro.

#Eduardo Cunha #MDB

Centrão Gomes

10/06/2021
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Além do recém-lançado vídeo em que Ciro Gomes cola em Jair Bolsonaro a pecha de traidor, João Santana, novo marqueteiro do pedetista, já trabalha em outro filmete, agora com ataques a Lula.

Em tempo: vai ser curioso se o mote da peça contra Lula for a Lava Jato. Santana, como se sabe, foi preso e condenado por receber em caixa 2 quando cuidou da campanha de Dilma Rousseff em 2010.

#Ciro Gomes

Delação al mare

8/06/2021
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A “Lava Jato” chegou ao Tribunal Marítimo. A Corte promoveu uma mudança em seu regimento interno e passará a aceitar colaboração premiada e acordos de leniência para casos de acidentes de navegação.

#Tribunal Marítimo

Bloco anti-Aras

4/06/2021
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Segundo o RR apurou, dois ferrenhos opositores de Augusto Aras vão disputar as eleições para o Conselho Superior do Ministério Público (CSMPF): Luciano Maia e Hindemburgo Chateaubriand. Maia ocupou o cargo de vice-procurador geral de Raquel Dodge. Já Chateaubriand foi uma das primeiras vozes a se levantar dentro do MPF contra o esvaziamento das forças-tarefas, notadamente da Lava Jato, imposto por Aras.

#Augusto Aras

A Lava Jato não pega mais ninguém

27/05/2021
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Apontado como cúmplice do doleiro Dario Messer, o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes livrou-se da Lava Jato. O TRF-2 extinguiu o processo contra Cartes, acusado de ter ajudado na fuga de Messer para o país vizinho, em 2018. Em 2019, o juiz Marcelo Bretas chegou a expedir uma ordem de prisão contra o ex-presidente paraguaio. Livre no Brasil, Cartes ainda responde a uma ação em seu país por suposta associação criminosa com Messer.

#Lava Jato

Astro rei

24/05/2021
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Segundo o RR apurou, a EDP, leia-se a chinesa Three Gorges, estaria em negociações para a compra do projeto de construção de um complexo de energia solar em Canindé do São Francisco (SE). O ativo pertence à Nova Engevix, que busca recuperar fôlego após quase ser soterrada de vez pela Lava Jato.

#Nova Engevix

As últimas pinturas da esmaecida Lava Jato

20/05/2021
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A Polícia Federal avalia pedir à Justiça a desapropriação de dezenas de obras de arte apreendidas em janeiro de 2020 na casa de Marcio Lobão, filho do ex-ministro Edison Lobão e ex-presidente da Brasilcap. O executivo é investigado, no âmbito da Lava Jato, por suposta participação em um esquema de corrupção na Transpetro. Há suspeitas de que a compra das peças de arte, hoje sob a guarda do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, teria servido para ocultar e dissimular o recebimento de propina.

#Marcio Lobão

Uma rara vitória da Lava Jato

5/05/2021
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Segundo o RR apurou, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) negou pedido do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) de divulgação dos nomes dos procuradores norte-americanos que tiveram acesso aos arquivos da Lava Jato, assim como das informações colhidas por eles. Pimenta busca provas de que Deltan Dallagnol e cia. teriam repassado ilegalmente dados das investigações à Justiça dos Estados Unidos. Dallagnol pode respirar melhor, mas muito provavelmente será um alívio efêmero. Quer seja com Jair Bolsonaro, que seja com Lula no Palácio do Planalto, a batata do procurador vai assar.

#Deltan Dallagnol #Paulo Pimenta

Conversa refinada

26/04/2021
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A holandesa Vitol reabriu conversações com a Petrobras para a compra de ativos em refino da estatal. As duas empresas têm uma relação de idas e vindas. Fisgada pela Lava Jato, a Vitol ficou proibida de fazer negócio com a Petrobras. Recebeu salvoconduto após um acordo de leniência de R$ 232 milhões.

#Petrobras #Vitol

O crime dos irmãos Batista compensa

22/04/2021
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A rentabilidade da JBS é uma prova de que o crime compensa. Conforme informou o Valor Econômico na última segunda-feira, desde maio de 2017, quando estourou o escândalo da conversa entre Joesley Batista e Michel Temer, o valor de mercado da empresa cresceu 223%. Esse número joga foco sobre uma lacuna da Lava Jato: mesmo com todos os delitos praticados e confessados à Justiça, Joesley e demais controladores da JBS seguem auferindo lucros expressivos – parte deles provenientes de facilidades geradas por crimes cometidos bem antes da conversa imprópria com Temer.

A JBS fechou um ótimo negócio vis-à-vis a proporção dos crimes cometidos e os ganhos obtidos. Em seu acordo de leniência, o grupo comprometeu-se a pagar uma multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos. Com a correção pelo IPCA, estima-se que o valor final chegue a R$ 20 bilhões, ou seja, uma “prestação” de aproximadamente R$ 800 milhões/ano. Para efeito de comparação, essa cifra equivale a 35% do lucro médio da JBS entre 2017 e 2020 (R$ 2,28 bilhões por ano). Ou a menos de 3% do faturamento da empresa só em 2020. Se pensarmos na multa imposta, na física, aos irmãos Joesley e Wesley Batista, a punição pelos malfeitos foi ainda mais irrisória: R$ 1 bilhão.

O RR já tratou do assunto em 25 de novembro de 2019. À época, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara chegou a discutir um projeto prevendo a desapropriação de empresas cujos controladores tenham sido condenados por crime de corrupção ou lavagem de dinheiro. Com o desmonte da Lava Jato, o tema volta à tona: é necessário criar algum tipo de mecanismo para evitar que esse primado da usurpação indevida se perpetue.

A Constituição prevê a possibilidade de expropriação, mas apenas de bens imobiliários. Na avaliação de juristas consultados pelo RR, a hipótese de desapropriação de companhias pertencentes a empresários condenados por corrupção exigiria uma PEC. Ressalte-se que, em 2016, o então ministro da Transparência, Torquato Jardim, chegou a propor ao Congresso mudanças na Lei Anticorrupção. Sua recomendação previa a venda compulsória do controle ou até mesmo a dissolução de empresas reincidentes em casos de pagamento de propina. Por ora, a JBS segue como se a Lava Jato sequer tivesse existido. Ainda que indiretamente, a compra da holandesa Vivera, anunciada na segunda-feira, é mais um bônus de negociações suspeitas realizadas no passado.

#JBS #Joesley Batista

Mais uma de Sergio Moro

6/04/2021
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O Ministério Público Federal está entrando com recurso na tentativa de suspender o agravo regimental da Segunda Turma do STF, que anulou a sentença contra o doleiro Paulo Roberto Krug. É mais uma investida do Supremo contra Sergio Moro. Krug foi condenado pelo então juiz por crimes financeiros no âmbito do caso Banestado, que, de certa forma, serviu para a “República de Curitiba” como um aquecimento para a Lava Jato.

#Paulo Roberto Krug

Lava Jato em vertigem

29/03/2021
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Uma fonte do RR ligada a Petra Costa disse que a diretora de “Democracia em Vertigem” estuda produzir um documentário sobre a derrocada da Lava Jato e de Sergio Moro.

#Lava Jato #Sérgio Moro

O jogo virou?

22/03/2021
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A “Rádio Lava Jato” informa: a defesa de Eduardo Cunha deverá solicitar ao STF acesso ao conteúdo de todas as mensagens entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol obtidas pela Operação Spoofing. É mais caldo para o pedido de suspeição de Moro.

#Deltan Dallagnol #Eduardo Cunha #Sérgio Moro

Outro prego no caixão da Lava Jato

15/03/2021
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O processo de desmontagem e desmoralização da Lava Jato avança, de forma sincronizada, em várias frentes. Ao mesmo tempo em que o STF julga a suspeição de Sergio Moro, o RR apurou que Augusto Aras deverá encaminhar ao Conselho Nacional do Ministério Público o pedido de abertura de mais dois processos contra Deltan Dallagnol e os demais integrantes da força-tarefa. De acordo com a mesma fonte, o entendimento na PGR é que os procuradores incorreram em violação de sigilo profissional (previsto no artigo 325 da Constituição) e em quebra do sigilo das operações de instituições financeiras (tratada no artigo 10, da Lei Complementar 105/2001). Eles teriam infringido os dois artigos ao pedir para investigar ministros do STF e do STJ. Consultada pelo RR, a Procuradoria Geral da República informou que “não antecipa posicionamentos ou manifestações”. Uma eventual punição interna corporis contra Dallagnol e cia. daria ainda mais fôlego ao inquérito aberto pelo STJ para apurar se a “República de Curitiba” investigou ilegalmente ministros da Corte. No Tribunal, há quem diga que, indiretamente, esse seria um fator a mais de pressão para a eventual anulação de provas usadas pela força-tarefa.

#Augusto Aras #Deltan Dallagnol #Lava Jato #Sérgio Moro

Mais um desencontro entre o traidor e o destemperado

9/03/2021
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Ciro Gomes teve uma série de conversas com aliados ontem à tarde tão logo saiu a decisão do ministro Edson Fachin anulando as condenações de Lula. O teor das discussões pode ser resumido em uma frase: é bater ou bater. Ciro deixou claro que vai subir o tom contra o ex-presidente. As circunstâncias exigem uma agenda de combate ainda mais vigorosa.

O waiver do STF fortalece Lula sob os mais variados aspectos: reaquece seu eleitorado, traz a hipótese de crescimento nas pesquisas eleitorais e alimenta o discurso do ex-presidente de que ele foi injustiçado e perseguido por Sergio Moro. Ciro só tem uma certeza em relação a 2022: Jair Bolsonaro já está no segundo turno. Portanto, o seu mata-mata é com Lula. Trata-se do adversário a ser batido no primeiro turno.

Seria um acerto de contas com o “traidor”, como Ciro costuma se referir a Lula. Ciro Gomes foi cuidadoso em sua primeira manifestação pública sobre a decisão do STF. Até como forma de não se desdizer, republicou no Twitter uma sucessão de declarações dadas por ele entre 2016 e 2019 atacando a Lava Jato e o juiz Sergio Moro. Mas que ninguém se deixe enganar por esse Ciro ponderado.

A mão vai pesar e muito contra Lula. Uma amostra veio ontem mesmo, na parte da manhã, poucas horas antes do anúncio da decisão de Fachin. Em uma entrevista, ao ser perguntado sobre a possibilidade de candidatura de Lula em 2022, o pedetista rebateu: “Não contem comigo para esse circo”. Ciro Gomes mantém um pé na Faria Lima e outro em Paraisópolis. As conversas com a esquerda permanecem – ele pretende se encontrar com Guilherme Boulos. Ainda que Ciro e Lula sejam antípodas, sempre haverá a possibilidade de uma aliança da esquerda em um segundo turno.

#Ciro Gomes #Jair Bolsonaro #Lula #Sérgio Moro

Usina encalhada

22/02/2021
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Segundo o RR apurou, até o momento não apareceu qualquer comprador para a Usina São Fernando, em Dourados (MS) – o prazo dado pela Justiça do Mato Grosso do Sul para a apresentação de ofertas termina no dia 26. Má notícia para BNDES e BB, dois dos maiores credores da usina que pertenceu ao empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula e condenado pela Lava Jato.

#Mato Grosso do Sul

Aras x Dallagnol: a jogada final?

19/02/2021
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A Lava Jato acabou, mas o “duelo final” entre Augusto Aras e a “República de Curitiba” está só começando. Procuradores da ala lavajatista do Ministério Público Federal se mobilizam com o objetivo de evitar uma punição rigorosa contra Deltan Dallagnol e demais integrantes da força-tarefa. Segundo informações filtradas pelo RR junto ao MPF, há uma pressão para que o pedido de investigação contra Dallagnol e cia. saia do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e vá para o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF). A movimentação dessa peça no tabuleiro do MPF é vista como fundamental para brecar uma dura sanção contra os procuradores da Lava Jato. Augusto Aras é minoria dentro do CSMPF: de acordo com a fonte do RR, ele conta com o voto de apenas quatro dos dez integrantes do colegiado. Ou seja: haveria uma grande chance de o processo contra Dallagnol e equipe ser arquivado. Trata-se, no entanto, de uma jogada complexa. Nesse intrincado xadrez interna corporis, Aras saiu na frente ao estrategicamente enviar o pedido de investigação a Rinaldo Reis, corregedor nacional do CNMP. Reis é um nome próximo ao procurador-geral e é tido por seus colegas como um procurador pouco simpático à Lava Jato e aos seus componentes.

#Augusto Aras #Deltan Dallagnol

Morte súbita

18/02/2021
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Informação que circula nos corredores do Ministério Público do Rio: Augusto Aras poderá antecipar o fim da Lava Jato no estado, previsto para abril.

#Augusto Aras

Deltan ´s boys

9/02/2021
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Circula no MPF a informação de que os procuradores de Curitiba pretendem lançar um manifesto contra o fim da Lava Jato e, por tabela, o governo Bolsonaro. Sergio Moro teria sido convidado para ser um dos subscritores. Por ora, não disse nem que sim nem que não.

#Lava Jato #Sérgio Moro

PowerPoint

8/02/2021
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Com o fim da Lava Jato e a consequente perda de poder dos seus procuradores, Lula vai avançar novamente sobre Deltan Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público Federal (CNMPF). Segundo o RR apurou, a defesa do ex-presidente prepara uma nova queixa contra Dallagnol. Na primeira tentativa, no ano passado, o caso foi arquivado pelo CNMPF.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Lula

Nome certo no lugar certo

15/01/2021
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No Ministério Público circula a informação de que Augusto Aras pretende transferir o procurador Celso Três da chefia da Operação Greenfield para o comando da Lava Jato. O curioso é que Três assumiu a liderança da Greenfield há apenas dois meses e sua atuação tem sido questionada por seus colegas. Há quem diga ele vem agindo para esvaziar a Operação. Sob a lógica de Aras, talvez seja um mérito. Ressalte-se ainda que Três sempre foi um crítico da Lava Jato e, em especial, de Sergio Moro. Entre outros ataques, já disse que a “parcialidade de Moro é escandalosa”.

#Augusto Aras #Lava Jato #Operação Greenfield

Bancada do Seripieri

17/12/2020
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Guardadas as devidas proporções, a delação do empresário José Seripieri Filho é tratada no STF como uma espécie de “Lava Jato da saúde”. Segundo fonte do Supremo, ao menos 25 deputados receberam “mesadas” regulares da Qualicorp, empresa fundada por Seriperi, a partir de 2014.

#Qualicorp

Acervo RR

Fim de linha

14/12/2020
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A decisão de Augusto Aras de estender a Lava Jato do Rio somente até 31 de janeiro de 2021 gerou insatisfação entre os integrantes da força-tarefa. Bom para os meliantes. Vai ter muita investigação que não será concluída.

#Augusto Aras #Lava Jato

Ao menos faz barulho

3/12/2020
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A defesa de Lula vai usar o novo trabalho de Sergio Moro como munição no pedido de anulação da sentença contra o ex-presidente. O ex-juiz está assumindo um cargo na consultoria que conduz a recuperação judicial da Odebrecht, um dos principais alvos da Lava Jato.

#Lula #Sérgio Moro

Operação “Lava Floresta”

18/11/2020
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A Lava Jato está ajudando a debelar incêndios pelo Brasil. Após destinar cerca de R$ 14 milhões em recursos recuperados pela Operação para o combate às queimadas na Região Amazônica, o deverá autorizar uma nova tranche dos recursos recuperados pela Lava Jato para as ações no Pantanal.

#Lava Jato #STF

O nome para o STJ

6/11/2020
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Nos gabinetes do Palácio do Planalto, o nome do desembargador Abel Gomes circula como o favorito para a próxima vaga no superior Tribunal de Justiça (STJ), em substituição ao ministro Napoleão Maia, que se aposentará em dezembro. Línguas ferinas do Judiciário dizem que seria uma maneira de Jair Bolsonaro esvaziar ainda mais a Lava Jato. Gomes é o rigoroso relator dos processos da Operação no Tribunal Regional Federal da 2a Região, no Rio de Janeiro. Gomes tem negado recursos e pedidos de habeas corpus de vários condenados em primeira instância.

#Abel Gomes #STJ

Conta-crime

30/10/2020
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A Operação Greenfield, que apura fraudes nos fundos de pensão durante os governos do PT, tem se revelado uma espécie de “Lava Jatinho” no quesito arrecadação. De acordo com um dos procuradores do MPF à frente das investigações, até o fim do ano a Operação deverá somar cerca de R$ 12,5 bilhões recuperados por meio de acordos de leniência, delações premiados e reparação de danos. É pouco mais de um terço do saldo alcançado pela Lava Jato até o momento, na casa dos R$ 34 bilhões.

#MPF #Operação Greenfield

Reforços a caminho

26/10/2020
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A Lava Jato respira – ainda que por aparelhos. Segundo fonte do MPF, a força-tarefa do Rio está prestes a receber reforços. Serão pelo menos três novos procuradores. Eles vão se dividir em investigações e processos relacionados a quatro “braços” da Operação: Arco Metropolitano, PAC das Favelas, Saqueador e Eletronuclear.

#Lava Jato

No fundo do buraco do metrô

15/10/2020
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Um dos procuradores da Lava Jato em São Paulo crava para o RR: novas investigações apontam que o executivo Dalton Avancini, ex-Camargo Corrêa, seria líder do suposto esquema de fraudes em licitações das obras das linhas 2, 4 e 5 do metrô de São Paulo. Os acertos se davam no âmbito do “Tatu Tênis Clube”, como as grandes empreiteiras do país se referiam ao esquema de cartel montado para combinar resultados de concorrências, entre outros ilícitos. Procurada, a defesa de Avancini não se pronunciou. Também consultado, o MPF-SP disse apenas “não confirmar a informação”. Entende-se o cuidado: o Ministério Público acaba de denunciar Avancini e outros quatro executivos acusados de formação de cartel nas obras do metrô paulista. O ex-Camargo Corrêa, ressalte-se, já tem forte envolvimento na Lava Jato. Em 2015, fechou delação premiada. Mas, de lá para cá, novas acusações caíram na sua conta.

#Camargo Corrêa #Lava Jato #Ministério Público

A luta do século

15/10/2020
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Teoria conspiratória que circula no entorno de João Doria. A demolição da Lava Jato é para tornar Lula elegível. Bolsonaro quer disputar a eleição de 2022 com o ex-presidente. Ele considera que seria uma vitória acachapante e simbólica. E, com Lula na competição, Bolsonaro tiraria Sérgio Moro da disputa. Faz sentido como ficção científica.

#João Doria #Lula

“Barreira alfandegária”

9/10/2020
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Ex-chefe da Agência Federal de Inteligência da Argentina, Gustavo Arribas foi impedido de entrar no Brasil há cerca de dez dias, para cuidar de interesses de jogadores de futebol que representa. Em seu país, Arribas responde a processo relacionado a investigações da Lava Jato do lado de cá da fronteira. O caso é dos mais intrincados: Arribas é acusado de participar de um esquema de corrupção em licitações públicas em São Paulo. O dinheiro teria saído do Brasil, transitado por uma conta em Hong Kong e, finalmente, sido entregue a ele em Buenos Aires.

#Agência Federal de Inteligência da Argentina #Gustavo Arribas

Desculpas que é bom, nem pensar

21/09/2020
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A Lava Jato terá um “cantinho” especial na campanha eleitoral do PT. A cúpula do partido tem orientado candidatos a prefeito a descarregar suas baterias no Ministério Público, em especial em Deltan Dallagnol. Os petistas querem se aproveitar do enfraquecimento da Operação e dos processos contra Dallagnol dentro do próprio MP para desqualificar a Lava Jato e a criminalização do partido, em especial de Lula.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato

A peça Marco Aurelio Mello

16/09/2020
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Os principais escritórios de advocacia envolvidos com a Lava Jato monitoram de perto os próximos movimentos no tabuleiro do STF. Há uma torcida para que o ministro Marco Aurelio Mello seja estimulado por alguns de seus pares a se transferir da Primeira para a Segunda Turma, no lugar de Celso de Mello, que se aposentará em novembro. Marco Aurelio é o ministro mais antigo da Primeira Turma, o que, pelo regimento da Corte, lhe dá a prerrogativa de solicitar sua migração. Em tese, sua presença ajudaria a diluir a ala punitivista da Segunda Turma, formada por Edson Fachin e Carmen Lucia. Marco Aurelio se juntaria a Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, assim como ele considerados de perfil garantista.

#Lava Jato #Marco Aurelio Mello

Um “levante” no Ministério Público

11/09/2020
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A punição disciplinar a Deltan Dallagnol, por postagens contra Renan Calheiros, aumentou a temperatura no Ministério Público. O RR apurou que um grupo de procuradores articula para os próximos dias a publicação de um manifesto de desagravo a Dallagnol e de apoio às forças-tarefas, especialmente a Lava Jato, e contra a “caça às bruxas” dentro do MP. A maior parte dos “insurretos” se concentra no Paraná, como não poderia deixar de ser, e em Brasília. Os artífices do movimento ainda discutem a dosimetria do protesto, especialmente no que diz respeito às menções ao PGR, Augusto Aras. No entanto, segundo um dos procuradores relatou ao RR, “é preciso reagir o quanto antes ao ‘macarthismo’” – ou seria “bolsonarismo”? – instaurado no Ministério Público. A mobilização teria ainda um caráter profilático: seria uma forma de constranger o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) e evitar uma sucessão de punições a Dallagnol. O procurador é alvo de mais oito processos no CNPM. A pena de censura imposta a ele na última segunda-feira pode ser usada como agravante nas demais ações e levar até a suspensão de suas funções.

Em tempo: aliados de Deltan Dallagnol no Ministério Público enxergaram as digitais de Augusto Aras no voto do relator Otávio Luiz Rodrigues Júnior, do CNMP, favorável à sua punição. Procuradores ouvidos pelo RR chegaram a destacar trechos da peça e compará-los a entrevistas e discursos de Aras, a começar pelo mandamento do PGR de que “um membro do MPF só deve se manifestar sobre os processos em que atua no uso das suas atribuições.”

#Augusto Aras #Deltan Dallagnol #Ministério Público #PGR #Renan Calheiros

Pressão sob medida

8/09/2020
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O RR apurou que os 13 integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba cogitaram seguir Deltan Dallagnol e abandonar a operação. Blefe ou não, recuaram após a confirmação de que a força-tarefa será estendida por mais um ano.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato

Toda a Lava Jato será castigada

8/09/2020
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A Lava Jato vai sofrer mais um constrangimento dentro do próprio MPF. Segundo o RR apurou junto a um dos integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público, na reunião de amanhã o colegiado vai reabrir o Procedimento Administrativo Disciplinar contra o procurador da República Diogo de Mattos. Em 2019, Mattos, ex-integrante da força-tarefa, comprou espaço em um outdoor em Curitiba e pôs um anúncio em homenagem à Lava Jato. Na época, com Sergio Moro no governo, a investigação pedida pelo corregedor-nacional do MP, Rinaldo Reis Lima, acabou arquivada. Porém, agora, o vento mudou de direção.

#Lava Jato #MPF #Sérgio Moro

Conexão Lima

3/09/2020
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A IG4, do ex-GP Investimentos Paulo Mattos, prepara uma oferta pública para a aquisição das ações da construtora Graña y Montero na Bolsa do Peru. Com a operação, a gestora vai consumar a compra do controle da maior empreiteira peruana. Talvez seja a parte menos complexa da investida da IG4 no país andino. Mattos e seus sócios estão submersos em negociações para fechar o pagamento de indenizações ao governo do Peru. A Graña y Montero acabou abalroada pelos desdobramentos da Lava Jato em território peruano. Dois ex-dirigentes da empreiteira foram condenados sob a acusação de pagamento de propina a autoridades locais, entre elas o ex-presidente do Peru Alejandro Toledo.

#GP Investimentos #Paulo Mattos

Missões a cumprir

26/08/2020
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De volta ao STJ, após duas licenças médicas em sequência, o ministro Felix Fisher fez questão de conversar com seus próprios pares para dissipar os boatos de que iria antecipar sua aposentadoria. Em um gesto eivado de simbolismo, aceitou o convite do novo presidente da Corte, Humberto Martins, para comandar o futuro comitê de Gestão Estratégica do STJ. Em tempo: Fisher tem um papel fundamental na engrenagem – ainda que com vários pontos de corrosão – da Lava Jato: é o relator dos casos ligados à operação no STJ.

#Felix Fisher #STJ

Ao alcance dos olhos

25/08/2020
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Condenados na Lava Jato em prisão domiciliar, a exemplo de Eduardo Cunha, têm solicitado à Justiça a suspensão do uso de tornozeleira. Os advogados alegam que, com o isolamento social, o monitoramento eletrônico tornou-se desnecessário. Não colou. O TRF4 tem negado os pedidos.

#Eduardo Cunha #Lava Jato

Dívidas do crime

24/08/2020
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Segundo informações filtradas do Ministério Público Federal, 25 signatários de acordos de delação premiada entre pessoas físicas e empresas – a maior parte no âmbito da Lava Jato – estão inadimplentes no pagamento de suas multas. O “calote” acumulado já soma cerca de R$ 300 milhões. Todos esses acordos correm o risco de serem anulados.

#Lava Jato #Ministério Público Federal

“Habeas corpus” para Dallagnol

24/08/2020
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Os “astros” parecem estar conspirando a favor de Deltan Dallagnol. Depois da decisão do ministro Celso de Mello, que suspendeu dois processos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o chefe da força-tarefa da Lava Jato poderá também se livrar  da terceira ação contra ele. Segundo o RR apurou, há um entendimento no colegiado de que a ação contra Dallagnol por causa do famoso “Power Point” contra o ex-presidente Lula deve ser automaticamente arquivada sem ser julgada. O cancelamento seria uma consequência da prescrição das penas de advertência ou censura contra o procurador, uma vez que as acusações já têm mais de quatro anos.

#Deltan Dallagnol

Procuradoria Geral x Suprema Corte

19/08/2020
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Ontem, assessores diretos do procurador geral da República, Augusto Aras, disparavam críticas aos “dois pesos e duas medidas” de Celso de Mello. O motivo foi a decisão proferida pelo ministro do STF na última segunda-feira, suspendendo ações contra Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, no Conselho Nacional do Ministério Público. Colaboradores do anti-lavajatista Aras lembravam que, no ano passado, o mesmo Celso de Mello decidiu que não cabia ao Supremo, mas, sim, ao próprio Ministério Público, investigar a conduta de Dallagnol. Ou seja: Mello teria apagado o que escreveu, interferindo em um assunto da alçada do MP. Como se já não houvesse tensão institucional de sobra…

#Augusto Aras #Deltan Dallagnol

Premonição?

17/08/2020
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Segundo fonte do Ministério Público Federal, os procuradores da Lava Jato em São Paulo apuraram que Verônica Serra, filha de José Serra, tinha planos de se mudar para a Califórnia pouco antes de estourar a denúncia de lavagem de dinheiro contra ela e seu pai.

#Ministério Público Federal

Um “infiltrado” na Polícia Federal

6/08/2020
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O delegado Cléo Matusiak foi escolhido para assumir a coordenação-geral da Polícia Fazendária, órgão vinculado à diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF. A indicação partiu do próprio ministro da Justiça, André Mendonça. Trata-se de uma rara brecha concedida pelo governo Bolsonaro a um integrante da “República de Curitiba”. Matusiak integrou a força-tarefa da Lava Jato em 2018, quando estava na superintendência da PF no Paraná.

#Cléo Matusiak #Lava Jato #PF

Lava Jato 1

5/08/2020
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A declaração de Augusto Aras de que a Lava Jato tem uma caixa preta com dados de 38 mil pessoas ressuscitou a CPI da Lava Toga. Um grupo de senadores, à frente Alessandro Vieira (Cidadania-SE), trabalha junto a Davi Alcolumbre pela instauração da Comissão.

#Augusto Aras #Davi Alcolumbre #Lava Jato

Lava Jato 2

5/08/2020
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Diante dos sinais de fenecimento da Lava Jato, Alvaro Dias sonha em lançar candidatura de Deltan Dallagnol ao Senado pelo Podemos, em 2022. Dias tem obsessão pela República de Curitiba. Em 2018, durante a campanha, convidou Sergio Moro para o Ministério da Justiça. Levou um “não”.

#Deltan Dallagnol #Sérgio Moro

Três letras que fazem o chão tremer

4/08/2020
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A candidata da oposição à presidência da Firjan, Ângela Costa, contratou um tanque panzer para conseguir o seu intento. A agência de comunicações FSB, um potentado do setor, é uma especialista em dar nó em pingo d’água enlameado. A lama da citação não tem nada a ver com a Firjan; só qualifica a competência mais específica dos sujeitos. A FSB esteve ao lado de praticamente todos os investigados e encarcerados no Lava Jato. Chegou a ser muito combatida por prestar serviços por 10 anos às gestões de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, alternando a inexistência de contratos com documentos mais “espertos”. Era a contratada dileta do chefe do gabinete civil de Cabral, o inefável Regis Fichtner. Diga-se de passagem que a FSB inaugurou a era de assessoria do governo inteiro. Um bombom. Os caras são bons, indiscutivelmente, mas dão medo com suas “práticas eficientes”.

#Firjan #FSB #Luiz Fernando Pezão #Sérgio Cabral

Menos Força e mais sindical

3/08/2020
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A cúpula da Força Sindical discute a mudança do nome da entidade. Dos muros para fora, o rebatismo deverá ser justificado pela necessidade de renovação da marca e outras platitudes do gênero. O motivo real, no entanto, seria desvincular a central do deputado “Paulinho da Força”, alvo recentemente da Operação Dark Side, um desdobramento da Lava Jato. O parlamentar é acusado de ter recebido irregularmente cerca de R$ 1,7 milhão para suas campanhas eleitorais de 2010 e 2012.

#Força Sindical

A desidratação da Operação Greenfield

31/07/2020
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Há um novo foco de embate dentro do Ministério Público. Simultaneamente ao desmonte da Lava Jato, procuradores do MPF apontam que Augusto Aras estaria agindo para desarticular também a Operação Greenfield, que investiga irregularidades nos fundos de pensão. A PGR tem ignorado os seguidos pedidos de locação de novos procuradores para o caso. A rigor, a força-tarefa da Greenfield hoje é o exército de um homem só, o procurador da República Anselmo Lopes, chefe de si próprio na equipe. O desmanche se dá justo no momento em que o MPF denunciou à Justiça 13 ex-dirigentes de Previ, Petros e Funcef, o que, na visão dos procuradores, poderá ensejar acordos de delação, denúncias e novas linhas de investigação. A PGR chegou a lançar um edital interno para selecionar colaboradores para a Greenfield, no entanto os desafetos de Aras no MPF dizem que a medida é apenas para inglês ver. Os procuradores sequer seriam cedidos de forma exclusiva para a Operação. Ou seja: formalmente ficariam alocados na força-tarefa, em Brasília, mas, na prática, seriam usados em outros casos.

A Lava Jato que interessa

Está por detalhes para a PGR fechar o acordo de delação de Rodrigo Tacla Duran. Trata-se de uma rara ponta da Lava Jato que Augusto Aras parece empenhado em levar adiante. Apontado como operador de empreiteiras, Tacla Duran se notabilizou por jogar foco sobre Sergio Moro. Ele acusou o advogado Carlos Zucolotto, amigo pessoal do ex-juiz, de ter cobrado US$ 5 milhões em troca de vantagens em um acordo de delação.

#Augusto Aras #Ministério Público #Operação Greenfield #Sérgio Moro

Água e esgoto

30/07/2020
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No rastro do novo marco regulatório do setor, a Queiroz Galvão estuda entrar nas privatizações da área de saneamento. Seu alvo prioritário é a mineira Copasa.Seria a volta do grupo às grandes licitações de concessões públicas após a Lava Jato.

#Queiroz Galvão

Augusto Aras vira o jogo contra a Lava Jato

17/07/2020
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O procurador-geral da República Augusto Aras está costurando um acordão dentro do Ministério Público para garantir a criação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado – tida pela “República de Curitiba” como a sentença de morte da Lava Jato. O novo órgão substituirá todas as forças-tarefas existentes no MPF, concentrado um poder que hoje está atomizado por pequenos “condomínios” de procuradores. Aras já teria o apoio de quatro dos demais nove membros do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) – o décimo integrante do colegiado é ele próprio.

Um personagem importante nesse enredo é o vice-procurador geral, Humberto Jacques de Medeiros. Braço direito de Aras, Medeiros vem tendo um papel relevante na articulação para a aprovação da proposta, de autoria de um grupo de subprocuradores, entre os quais Hindenburgo Chateaubriand Filho e José Adonis Sá. Consultada pelo RR, a Procuradoria Geral da República informou que “não há previsão para que o projeto seja discutido no CSMPF”. Augusto Aras é um cumpridor de missões – atributo que lhe garante a confiança do presidente Jair Bolsonaro.

Ainda que indiretamente, acabar com a Lava Jato é esvaziar o legado de Sergio Moro, assim como a importância do ex-ministro no aparelho de Justiça. Caso a implantação da Unidade Nacional se confirme, será uma demonstração de força de Aras até certo ponto surpreendente, dado o resultado recente das eleições para o Conselho Superior, quando os “independentes” se tornaram majoritários dentro do colegiado. Uma das moedas de troca de Aras nas negociações seria a indicação dos dois novos subprocuradores da República – a escolha sairá em agosto. Em outro front, em um gesto de trégua com opositores, o PGR manteve a promoção de Eliana Torelly a subprocuradora, colocando ponto final em um imbróglio que se arrastava no Conselho Nacional do Ministério Público desde março.

#Augusto Aras #Lava Jato #Ministério Público

Julgamento antecipado

10/07/2020
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A investida da Lava Jato sobre José Serra não deve passar de uma bala de festim. A tese é de um conceituado criminalista: se as supostas acusações da República de Curitiba ao tucano se referem a fatos ocorridos em 2007, Serra já está “absolvido”. A prescrição para crimes de lavagem de dinheiro é de 16 anos. Mas para condenados acima de 70 anos, esse prazo cai pela metade, portanto oito anos. Como Serra tem 78 anos, das duas uma: ou a Lava Jato liga o senador a um crime ocorrido de 2012 para cá, ou é melhor nem perder seu tempo.

***

By the way: se serve de consolo para a força tarefa de Curitiba, no caso da filha de Serra, Veronica Serra, investigada no mesmo inquérito por supostas contas ocultas no exterior, o prazo ainda não prescreveu.

#José Serra #Lava Jato

O teatro do MPF

9/07/2020
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É consenso dentro do Ministério Público que o processo aberto pela Corregedoria Federal contra a subprocuradora-federal Lindôra Araújo será apenas para inglês ver. Segundo fonte do próprio MPF, não há qualquer comprovação de que Lindôra tentou obter dados e informações da Lava Jato sem formalizar o pedido. Desse jeito, vai ficar o dito pelo não dito.

#Lava Jato #Ministério Público

Augusto-Aras

Mais uma derrota de Aras?

7/07/2020
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A proposta apresentada pelo vice-procurador geral da República, Humberto Jacques, de criação de uma Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Unac) enfrenta forte resistência dentro do Ministério Público Federal. Primeiro, porque a nova estrutura tiraria poderes das forças-tarefas, como a Lava Jato. Segundo, porque todos sabem que o verdadeiro pai do projeto é o PGR Augusto Aras, que amarga crescentes índices de reprovação entre os demais procuradores.

#Augusto Aras #Ministério Público Federal #PGR

O inimigo do meu inimigo

30/06/2020
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O RR apurou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, vai pedir à Justiça a extradição do advogado Rodrigo Tacla Duran. Foragido na Espanha desde 2016, ele responde por quatro ações penais por lavagem de dinheiro e é acusado de ter sido operador de empreiteiras condenadas na Lava Jato. Paralelamente à extradição, a Procuradoria Geral da República negocia com a defesa de Duran um acordo de delação premiada. O duplo movimento da PGR chama a atenção pelo timing. O retorno de Duran ao Brasil tende a jogar foco sobre o ex-ministro Sergio Moro, agora desafeto do presidente Bolsonaro. Logo após fugir do Brasil, Duran acusou o advogado Carlos Zucolotto, amigo de Moro, de ter pedido US$ 5 milhões para intermediar sua delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Desde então, ficou o dito pelo não dito.Procurada pelo RR, a PGR limitou-se a dizer que “não se pronuncia sobre acordo de delação premiada”.

Por falar na PGR, Augusto Aras passou o fim de semana pedindo votos para os procuradores Hildemburgo Chateaubriand e Maria Caetana, que disputam hoje as duas vagas restantes no Conselho Superior do Ministério Público. O principal opositor da dupla é José Bonifácio Andrada, que foi vice-procurador geral da República na gestão de Rodrigo Janot. Na última hora, Aras perdeu uma candidata de peso: sua aliada, a subprocuradora Lindora Araújo desistiu de concorrer depois de procuradores da Lava Jato em Curitiba afirmarem que ela teria tentado acessar material sigiloso da Operação.

#Augusto Aras #Jair Bolsonaro #Ministério Público #PGR

Índice de rejeição

29/06/2020
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No que depender de Luiz Henrique Mandetta, as portas do DEM estão abertas para o ex- colega de governo Sergio Moro. Já não se pode dizer o mesmo de outros caciques do partido, a começar por Rodrigo Maia. Ainda há muito ressentimento com o ex-juiz da época da Lava Jato.

#DEM #Luiz Henrique Mandetta #Sérgio Moro

“Lava Jato do Cerrado”

29/06/2020
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A delação Mario de Queiroz Galvão, sócio da Galvão Engenharia, tem tudo para desaguar numa “Lava Jato do Cerrado”. Além de acusações contra o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), o empresário teria citado outros dois ex-governadores do Centro-Oeste.

#Galvão Engenharia

Estrada esburacada

29/06/2020
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O PL, de Valdemar da Costa Neto, quer uma diretoria do DNIT. O partido tem notórios serviços prestados à autarquia. Que o diga a Lava Jato.

#Dnit #PL

Habeas corpus para Raupp

5/06/2020
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Os advogados do ex-senador Valdir Raupp (MDB-RO) estudam entrar no STF com um pedido preventivo de habeas corpus. Sinal de apreensão com o julgamento de Raupp na 2a Turma do próprio Supremo, marcado para a próxima terça-feira. Ele e dois assessores parlamentares são acusados, no âmbito da Lava Jato, de ter recebido propina da Queiroz Galvão. Segundo as investigações, o pagamento de R$ 500 mil teria sido contrapartida para contratos firmados entre a empreiteira e a Petrobras.

#MDB #Petrobras #Queiroz Galvão #STF

Crônica de um Brasil com sombrero

28/05/2020
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O Brasil, que já vislumbra o risco de um isolamento comercial devido à disparada dos casos de coronavírus e a ameaça de ser o propagador de uma segunda onda da doença no mundo, está ameaçado de sofrer também um lockout moral. O estouro de novas denúncias de relações promíscuas entre o Poder Público e o setor privado tende a aumentar a aversão internacional ao país. De certa forma, o Brasil parece marchar na direção de um processo de “mexicanização”, leia-se o acúmulo por anos e mais anos de casos de corrupção institucionalizada.

Os quatro últimos presidentes mexicanos foram ou são alvo de investigação por irregularidades. No caso do Brasil, é preciso fazer uma ressalva. O presidente Jair Bolsonaro tem mil e um problemas ao seu redor, mas não pesam sobre seus ombros denúncias de corrupção, ao contrário do que ocorreu nos governos petistas e na gestão de Michel Temer. Ainda assim, a comparação entre Brasil e México se aplica pelo “conjunto da obra”. O Índice de Percepção de Corrupção (IPC) da Transparência Internacional corrobora essa proximidade.

O Brasil ocupa o 106o lugar em um ranking de 180 nações – quanto mais baixa a posição maior a percepção de corrupção. Está a apenas 24 degraus do México, que ocupa o 130o posto na medição da Transparência Internacional. No “ranking” do Google, a distância entre os dos países é proporcionalmente ainda menor. No final da tarde de ontem, uma busca por “Corruption AND Brazil” exibia cerca de 73,7 milhões de resultados – contra 77,6 milhões para uma pesquisa por “Corruption AND Mexico”.

O Brasil é um país em permanente estado de busca e apreensão. Não obstante sua amplitude e impacto, a Lava Jato não foi um programa de Estado para o combate à corrupção, mas uma Operação, que teve suas virtudes e seus pecados. Os casos destampados nos últimos dias pelo Supremo Tribunal Federal e pela Polícia Federal mostram que o Brasil está se revelando um benchmarking de uma nova corrupção ou uma corrupção 3.0. Sob certo aspecto, saem os canteiros de obra e as malas de dinheiro e entram algoritmos e régias contribuições financeiras para impulsionamentos nas redes sociais.

#Covid-19 #Jair Bolsonaro #Lava Jato #Michel Temer

“O Ministério da Justiça sou eu”

21/05/2020
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A pressão pela troca de cargos na Polícia Federal não foi a única interferência direta de Jair Bolsonaro na Pasta da Justiça. Segundo circula no próprio Ministério, o presidente da República também cobrava de Sergio Moro a demissão do então secretário de Operações Integradas, Rosalvo Ferreira Franco. Trata-se de uma área fulcral do Ministério, que centraliza operações policiais conjuntas entre as forças de segurança federais, como a própria PF, e estaduais. Delegado da Polícia Federal e próximo a Moro, Rosalvo foi um dos integrantes da “República de Curitiba”. Em 2016, chegou a ser acusado por um agente da própria PF de ter ordenado a instalação de escutas ilegais em celas de presos da Lava Jato em Curitiba. Ficou o dito pelo não dito.

#Jair Bolsonaro #Polícia Federal #Sérgio Moro

Governadores atiram para todos os lados

13/05/2020
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A Operação Lava Jato está virando a “cloroquina” para o tratamento dos efeitos fiscais da pandemia. Sem dinheiro em caixa, Romeu Zema deverá ser o próximo governador a requisitar ao STF recursos recuperados pela Lava Jato para custear ações de combate ao coronavírus. Seguirá os passos do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, que entrou com pedido junto ao ministro Alexandre de Moraes para a liberação de R$ 79 milhões.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, formalizou junto ao governo da Noruega, na semana passada, um pedido de recursos para a compra de equipamentos médicos. O dinheiro viria do Fundo Amazonas, que está congelado desde o ano passado, no auge do imbróglio com o governo Bolsonaro por conta das queimadas na região. São aproximadamente R$ 133 milhões/ano que se encontram represados.

#Lava Jato #Operação Lava Jato #Romeu Zema

Lava Jato Country Club

12/05/2020
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Evidência do prestígio do juiz Marcelo Bretas no Palácio do Planalto. Candidatíssimo a uma vaga no STF, o magistrado teria sido um dos avalistas da nomeação do delegado Tácio Muzzi para a superintendência da Polícia Federal no Rio. Ambos tocam de ouvido nas operações da Lava Jato no estado.

#Marcelo Bretas #Palácio do Planalto #Polícia Federal

Terra de Sergio Andrade

8/05/2020
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Estão em curso estranhas manobras na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte para murchar a CPI da Andrade Gutierrez, que investiga irregularidades em obras da empreiteira para a Prefeitura local. Em menos de três meses, houve duas abruptas trocas na relatoria da Comissão. A princípio, não há Lava Jato no Legislativo de BH.

#Andrade Gutierrez #Lava Jato

O sobrenome pesa

7/05/2020
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Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador Sergio Cabral, já busca apoio – político e, sobretudo, financeiro – para disputar uma vaga na Câmara dos Vereadores. Marco Antônio, não custa lembrar, foi reprovado no primeiro teste eleitoral pós-Lava Jato: não se reelegeu deputado federal em 2018. Em quatro anos, despencou de 190 mil para pouco menos de 20 mil votos.

#Sérgio Cabral

Vai começar a guerra suja entre Bolsonaro e Moro

27/04/2020
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Sérgio Moro demorou demais para pedir demissão. Engoliu todos os sapos. Mas a decisão do presidente Jair Bolsonaro de demitir o diretor da Polícia Federal, Mauricio Valeixo, e colocar no escaninho das incertezas um pedido do ministro dado como certo, soou como uma pá de cal na sua permanência. Detalhe: Valeixo era personagem central na investigação de Carlos Bolsonaro como um dos principais articuladores das fake news. Na véspera da decisão fatídica, Moro cobrou a garantia de que sua vaga no Supremo estava acertada.

Afinal, faltam poucos meses para a troca de um juiz da Corte. Ouviu que a indicação para a primeira vaga do STF, leia-se a substituição de Celso de Mello, em novembro, estava fora de cogitação – e a segunda vaga (Marco Aurélio Mello, em junho de 2021) “será analisada na devida circunstância”. Não fossem essas as respostas, talvez comesse da farinha do desprezo por vários meses ainda. Moro encerra sua passagem pelo desastroso governo Bolsonaro para trilhar uma trajetória política escrita por ele há muitos anos: a disputa da Presidência. De um lado, tem a seu favor a opinião pública. Por outro, sempre esteve nas graças da mídia. Com os amplos apoios que já possui e a construção de um arremedo qualquer de base partidária, Moro está vestido com as armas de candidato à disputa pela Presidência em 2022.

Tem documentos e horas de conversas gravadas no seu celular que não o deixarão ser esquecido até a campanha eleitoral. Se cravar a estaca no coração do “vampiro”, ou seja, se Bolsonaro for impichado, se gabarita como o principal candidato do certame. Mas, do outro lado da cerca, está a cruz. O calvário de Moro serão vazamentos da pior espécie, atacando sua moral e princípios. Em parte, vai experimentar uma dosagem do próprio remédio. A Polícia Federal, agora com “novo chefe”, tem milhares de horas de gravação de conversas do ex-ministro. O gabinete do ódio vai funcionar feericamente.

Alguém tem dúvidas? Uma inacreditável e oportuna pororoca entre petistas e bolsonautas é bastante plausível. Na última sexta-feira, nas análises das redes, 17% da pancadaria no lombo de Moro vieram das hostes petistas. No Congresso, não se deve esperar muita simpatia por Moro. Há ainda muito rancor e ressentimento devido à Lava Jato. Da forma como saiu, atirando com calibre 12, tudo indica que tem farta munição entre documentos e conversas. Se for frio como aparenta ser, pode se tornar o grande catalisador da posse de um general de quatro estrelas na Presidência. A hipótese Hamilton Mourão seria apenas um rito de passagem. O mais provável é que, se isso ocorrer, Moro já esteja lá na frente, com um pé nas urnas e o outro no Palácio do Planalto. A promessa é de uma guerra cheia de golpes baixos.

#Jair Bolsonaro #Sérgio Moro

Linha imaginária

23/04/2020
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O governo Doria teme que a crise atropele a transferência da Linha 6 do metrô à espanhola Acciona. O processo deveria ser encerrado
em abril, mas já foi postergado para meados de maio. A novela é antiga: o consórcio original, o Move SP, suspendeu a construção no auge da Lava Jato. Faltam, por baixo, R$ 10 bilhões para a conclusão das obras.

#João Doria

Canteiros I

17/04/2020
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A criação de um sindicato bancário coordenado pelo BNDES para recuperar grandes empresas pode ser um achado para resgatar a indústria da construção pesada. Como se sabe, as empreiteiras constituíam um dos setores mais robustos da economia. Foram varridas do mapa pela Lava Jato. Como o país vai precisar, e muito, da construção pesada logo mais à frente, está descortinada a oportunidade para se corrigir um grande equívoco.

#BNDES #Lava Jato

Asfalto quente

9/04/2020
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Nos estertores da Lava Jato, está em curso uma tentativa do Ministério Público de São Paulo de triscar nos governos tucanos no estado. O acordo de colaboração firmado com a Ecovias tem um alvo em específico: o Dersa, o departamento de rodovias do estado. Os procuradores estão convictos de que a empresa dos herdeiros de Cecilio do Rego Almeida é um arquivo-vivo de malfeitos cometidos no Dersa durante os governos de José Serra e Geraldo Alckmin. Além de colaborar com as investigações, o acordo com o Ministério Público custará à Ecovias R$ 638 milhões.

#Dersa #Lava Jato #Ministério Público

XP Investimentos é o novo Diário Oficial

7/04/2020
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Aparentemente, tem muito nexo empresarial a XP Investimentos se transformar no canal de comunicação do governo federal. O público da instituição é aquele que quer ouvir as autoridades e apoiá-las, a despeito das insuficiências das respostas e do descaso dos palestrantes. Do ponto de vista das vantagens, é fácil concluir que a XP ganha status, acesso diferenciado às autoridades e marketing, ao realizar o meeting no quais ministros e assessores dão respostas vazias e enevoadas.

Não há inteligência, mas empatia entre torcedores de um mesmo time. O pessoal do governo se sente feliz. Está falando para sua claque. As críticas eventuais e contraditos são tão envergonhados que parecem uma concordância. Então, está tudo muito bom para XP? Mais ou menos. Em algum momento pode, sim, rolar uma puxada de tapete, uma Lava Jato da promiscuidade do público e do privado no setor financeiro.

Quem sabe uma compra de títulos escancaradamente reveladora de uma percepção paranormal, digamos assim? Provável? Pelo menos nesse governo, agradece-se os bons serviços de celebração do modelo econômico. A XP é superamiga. O fato é que a XP tornou-se uma empresa satélite do governo Bolsonaro.

Ela vive em uma espécie de elisão regulatória, servindo de canal de transmissão para os grandões de Brasília. Como perguntar não custa, por que todo o time da área econômica, principalmente, não propõe democraticamente, fazer um pool com Itaú, Bradesco e Santander para transmitir o show off das autoridades? Bastaria incluir a XP. Seja como for, a corretora já realizou o lucro. E junto com os parceiros do governo – no bem sentido – realiza um espetáculo intelectualmente tristonho e de pouco teor informativo.

#XP Investimentos

Declaração de renda

1/04/2020
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Após recuperar 27 pedras de diamantes e 4,5 quilos de ouro guardados por Sergio Cabral em bancos da Suíça, a Lava
Jato está agora levantando uma nova conta do ex-governador, no mesmo país. É mais um dos anéis entregues pelo próprio Cabral em sua delação na esperança de reduzir algumas décadas na sua pena, que, por ora, soma 280 anos.

#Sérgio Cabral

TRF4 é um “tribunal de exceção”

23/03/2020
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OAB vai recorrer ao ministro Dias Toffoli, presidente do Conselho Nacional de Justiça, para que ele determine o fechamento do Tribunal Regional Federal da 4a Região. Trata-se do único TRF do país que ainda mantém audiências presenciais mesmo com o alastramento do novo coronavírus. A Ordem dos Advogados solicitou a suspensão das atividades ao próprio presidente do TRF4, desembargador Victor Laus, mas ele decidiu manter as sessões para “evitar o risco de prescrições de processos”. Ressalte-se que a Corte é responsável pelo julgamento dos recursos da Lava Jato.

#Dias Toffoli #OAB

Deltan-Dallagnol

Da Lava Jato para as urnas?

18/03/2020
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A desolação de Deltan Dallagnol com o fade out da Lava Jato, expressa em recentes entrevistas, encheu Alvaro Dias de esperança. Dias está convicto de que agora consegue fisgar o procurador e convencê-lo a disputar a Prefeitura de Curitiba pelo Podemos.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato

Veredito

17/03/2020
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O presidente do STF, Dias Toffoli, conteve a “intentona” dos tribunais que se recusavam a aderir ao Sistema Eletrônico de Execução Unificada de Pena. O TJ-SC e o TRF4, que julga os recursos da Lava Jato, devem anunciar sua integração à plataforma nos próximos dias. Eram os últimos insurretos, que alegavam já ter sistemas similares. Um ultimato do CNJ, também presidido por Toffoli, pôs ordem na casa.

#CNJ #Dias Toffoli #STF

Novela do SBT

5/03/2020
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O folhetim da Lava Jato no Rio pode ter em breve um de seus capítulos de maior audiência: o juiz Marcelo Bretas cogita uma acareação entre Sergio Cabral e a ex-primeira dama Adriana Ancelmo. As denúncias de um contra o outro não batem.

#Adriana Ancelmo #Lava Jato #Sérgio Cabral

Luz no fim do túnel

2/03/2020
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Os advogados de Lula celebraram a decisão de Gilmar Mendes de anular as operações de busca e apreensão da Lava Jato em endereços de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do Grupo Caoa. A medida dá fôlego à tentativa da defesa do ex-presidente de anular a ação que investiga um suposto esquema de venda de MPs para a indústria automotiva em seu governo.

#Gilmar Mendes #Grupo Caoa #Lula

Lava Jato peruana avança sobre OAS, Andrade e Queiroz Galvão

18/02/2020
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A “Lava Jato” do Peru volta a assombrar as empreiteiras brasileiras. Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS receberam, na semana passada, uma notificação do Instituto Nacional da Defesa da Concorrência peruano. As três são acusadas de participar de um esquema de cartel para fraudar e vencer licitações de obras públicas no país. O espectro das investigações é amplo: envolve 35 corporações peruanas e estrangeiras que teriam manipulado concorrências de infraestrutura no país de 2002 a 2016.

Nesse período, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS ampliaram consideravelmente sua presença local. Atuaram em importantes obras públicas do Peru, a exemplo do Corredor Viário Interoceânico Sul – a megaconexão rodoviária entre o Norte do Brasil e portos no Pacífico, lançada nos governos de Lula e de Alejandro Toledo –, o Parque Rímac, via expressa de 25 quilômetros em Lima, e a hidrelétrica de Inambari, na Amazônia peruana. Somados, esses projetos passaram de US$ 5,5 bilhões. Segundo o RR apurou, as três empreiteiras teriam até o fim de março para apresentar sua defesa ao órgão antitruste do Peru. Procuradas, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS não se pronunciaram.

De acordo com as investigações das autoridades peruanas, o esquema de cartel se enraizou dentro do Ministério do Transporte e Comunicação local. Uma das mais importantes conexões entre as empreiteiras e o órgão era o advogado Rodolfo Prialé, principal representante do que ficou conhecido como “Club de la Construcción”, uma espécie de “Country Club da propina”. Em depoimento à Justiça peruana, três ex-dirigentes da OAS admitiram o pagamento de 25 milhões de sóis peruanos, algo equivalente a US$ 7,3 milhões, a Prialé. Além das investigações no âmbito administrativo, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão, assim como outras empreiteiras brasileiras, são citadas em ações judiciais da Lava Jato peruana.

#Andrade Gutierrez #Lava Jato #OAS #Queiroz Galvão

Sucessão forçada na Cervejaria Petrópolis

18/02/2020
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Giulia Faria, herdeira da Cervejaria Petrópolis, assumiu de vez a gestão executiva da companhia. Ou quase: sempre que precisa, tem no diretor-geral Marcelo de Sá uma espécie de tutor. Já o patriarca Walter Faria está mais preocupado com a sua própria defesa. Solto, em dezembro, após pagar uma fiança de R$ 40 milhões, Faria é investigado pela Lava Jato por lavagem de dinheiro. Entre outros malfeitos, é acusado de ter remetido ilegalmente para o exterior mais de R$ 1,4 bilhão.

#Cervejaria Petrópolis #Lava Jato #Walter Faria

Escolta policial

14/02/2020
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O ministro Sergio Moro ganhou um importante aliado na campanha pela manutenção de Maurício Valeixo no comando da Polícia Federal: o juiz Marcelo Bretas, o “Moro” da Lava Jato no Rio. O problema é que a pressão crônica pela demissão de Valeixo vem diretamente do presidente Jair Bolsonaro.

#Lava Jato #Sérgio Moro

Asfalto quente

14/02/2020
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O governador João Doria cogitou vedar a participação de empreiteiras condenadas pela Lava Jato na licitação para a conclusão das obras do trecho Norte do Rodoanel. Foi demovido pelo secretário de Transportes, José Octaviano Machado, diante do risco de entregar um projeto de R$ 2 bilhões a empresas do segundo grupo. Não é hora de jogar para a arqui- bancada com um empreendimento que está paralisado há quase seis anos.

#João Doria #Lava Jato

Lava Jato ainda pulsa

10/02/2020
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Após sofrer baixas na reta final de Raquel Dodge na PGR, a força-tarefa da Lava Jato vai ganhar reforços. Augusto Aras autorizou a transferência dos procuradores Joel Bogo e Luciana Miguel Cardoso para a “República de Curitiba” – ambos, por sinal, são casados. Atendeu a um pedido direto do próprio Deltan Dallagnol, que tenta manter a Lava Jato respirando.

#Lava Jato #PGR #Raquel Dodge

STF é “jurisdição” exclusiva de Aras

28/01/2020
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Há uma guerra de versões em torno do pedido de demissão do coordenador da Lava Jato na PGR, José Adônis Callou de Araújo Sá. O subprocurador deixou o cargo alegando que o PGR Augusto Aras havia lhe prometido autonomia total para conduzir os casos da Operação. Há controvérsias. Segundo uma fonte do próprio gabinete de Aras, logo após assumir o Procurador Geral da República foi enfático na recomendação dada aos integrantes da força-tarefa: toda a tramitação de processos e o trânsito de documentos e informações junto ao STF seriam conduzidos exclusivamente por ele. Na semana passada, após a saída de José Adônis, Aras repetiu a determinação expressa a todos os demais membros da equipe da Lava Jato na PGR. Quem não aceitar a regra do jogo, que siga os passos de Adônis.

#Augusto Aras #Lava Jato #PGR

Meritocracia

27/01/2020
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O ex-deputado federal Abelardo Lupion – braço direito e esquerdo de Onyx Lorenzoni – ganhou uma “promoção”. Responsável pela interlocução entre a Casa Civil e a Câmara, passou a fazer também o meio de campo com o Senado. Já circula, inclusive, pelos corredores do Palácio do Planalto com uma lista de indicações de senadores para agências reguladoras. Lupion, não custa lembrar, foi um dos parlamentares citados na Lava Jato. Mas, também, quem não foi?

#Casa Civil #Lava Jato #Onyx Lorenzoni

O coração e os esquemas de Messer ainda pulsam

17/01/2020
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Não fosse a Polícia Federal, o doleiro Dario Messer teria dado uma prova de amor bem peculiar para a namorada Myra Oliveira  Andrade,presa desde o dia 19 de novembro do ano passado. Segundo fonte do MPF, os Ministérios Públicos do Brasil e do Paraguai reuniram fortes evidências de que os dois funcionários da Fe Cambios presos na semana passada na fronteira entre Brasil e Paraguai estariam trazendo dinheiro ao país para custear o pagamento da defesa de Myra. Os dois empregados da casa de câmbio paraguaia carregavam um total de US$ 150 mil em espécie, sem origem declarada. Durante o tempo em que esteve foragido da Justiça, Messer costumava mover mundos e, principalmente, fundos para ver sua amada.

De acordo com dados da Inteligência da Polícia Federal, os encontros eram cercados de cuidados e ocorriam quase sempre em cidades da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Há muito de amor e de autoproteção no empenho de Messer em ajudar a namorada. Presa pela Operação Patrón, um desdobramento da Lava Jato, Myra detém informações importantes do esquema criminoso comandado pelo doleiro. Ela é acusada por autoridades do Brasil e do Paraguai de ser cúmplice e funcionar como um braço operacional de Messer. Segundo as investigações, entre outras atribuições, costumava transportar remessas de dólares entre Brasil e Paraguai e também para os Estados Unidos. Em dezembro, o ministro Gilmar Mendes negou pedido de habeas corpus feito por seus advogados. Poucos dias antes, o TRF da 2ª região também havia rechaçado solicitação semelhante.

A prisão dos funcionários da Fe Cambios mostra que, mesmo asfixiado pela Justiça de dois países, o doleiro Dario Messer e seus cúmplices ainda conseguem mover peças no seu tabuleiro de crimes contra o sistema financeiro. Procurado pelo RR, o Ministério Público Federal do Rio confirma que, segundo as investigações, o esquema de Messer continua funcionando mesmo após sua prisão. O MPF-Rio não se pronunciou especificamente sobre o destino dos recursos apreendidos com os funcionários da casa de câmbio paraguaia.

De acordo com a fonte do RR, os Ministérios Públicos dos dois países têm indícios de que expediente semelhante foi utilizado recentemente para ajudar financeiramente outros integrantes do esquema liderado por Dario Messer. Ressalte-se que a prisão dos emissários da Fe Cambios despachados para o Brasil se deu um dia depois do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, aceitar a denúncia e consequentemente transformar em réus Edgard Aranda Franco e José Fermin González, respectivamente dono e gerente da casa de câmbio. Ambos integram a lista de 19 pessoas acusadas pelos Ministérios Públicos dos dois países de integrar o esquema criminoso montado pelo “doleiro dos doleiros”.

#Dario Messer #Lava Jato #MPF

Inidônea

13/01/2020
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A Queiroz Galvão queima seus últimos cartuchos na tentativa de fechar um acordo de leniência com a CGU. Está difícil. Tudo indica que será a única grande empreiteira fisgada pela Lava Jato a ser declarada inidônea pela Controladoria-Geral.

#Lava Jato #Queiroz Galvão

Curitiba no banco dos réus

10/01/2020
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O Conselho Nacional do Ministério Público voltará do recesso com apetite. Numa decisão rara, marcou julgamentos para dois dias seguidos: 11 e 12 de fevereiro. O RR apurou que a maioria das ações, adivinhem só, será contra procuradores da Lava Jato.

#Ministério Público

Lento retorno ao game

10/01/2020
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A Nova Participações estaria em busca de parceiros para disputar as futuras concessões do governo Bolsonaro, notadamente no setor rodoviário. Por trás da nova placa esconde-se a antiga Engevix, do empresário José Antônio Sobrinho, uma das figurinhas carimbadas da Lava Jato. Consultada, a Nova Participações ressalta que “está apta a participar de concorrências públicas” depois de firmar acordo de leniência com a CGU. Garante, no entanto, que “neste primeiro momento” seu objetivo é atuar, como contratada, na elaboração de projetos e construção de obras de engenharia necessários às concessões.

#Engevix #Jair Bolsonaro #Nova Participações

Metrô de São Paulo a caminho da Justiça

8/01/2020
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A linha 6 do metrô de São Paulo vai parar nos tribunais. Queiroz Galvão e UTC Participações deverão entrar na Justiça para impedir a transferência da concessão para a espanhola Acciona nos termos impostos pelo governo de São Paulo. A gestão Doria exige que o consórcio Move São Paulo, encabeçado pelas duas empreiteiras, abra mão de qualquer disputa arbitral e, principalmente, de contestação judicial contra o estado. As duas construtoras entendem que têm dinheiro a receber. O imbróglio é antigo e, só para não variar, passa por Curitiba. Tragado pela Lava Jato, o Move São Paulo interrompeu as obras da construção da linha 6. Estima-se que sejam necessários mais de R$ 12 bilhões para a sua conclusão.

#João Doria #Queiroz Galvão #UTC Engenharia

2019 foi um ano de acertos dobrados no RR

30/12/2019
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4 de janeiro. O ano de 2019 e a era Bolsonaro nem bem tinham raiado quando o RR cravou não apenas a decisão do novo governo de privatizar a Eletrobras, mas também os movimentos de Jorge Lemann para comprar a empresa, por meio do 3G Radar. Poucas semanas depois, as duas informações estavam em toda a mídia. Foi o primeiro dos incontáveis furos aos quais o assinante do Relatório Reservado teve acesso, com exclusividade, ao longo deste ano – boa parte deles antecipando passos do Poder, notadamente do presidente Jair Bolsonaro e de sua equipe. Na edição de 8 de janeiro, a newsletter destrinchou o projeto da gestão Bolsonaro para murchar o Ibama e demais órgãos da área ambiental por dentro.

Não deu outra: o meio ambiente se tornaria um nervo exposto no primeiro ano de seu governo, como se veria mais à frente, em um dos episódios de maior repercussão de 2019. Em 21 de agosto, o RR informou, em primeira mão, que o Itamaraty tinha a informação de que governos da Europa preparavam um forte ataque à política ambiental do presidente Bolsonaro, com ênfase no desmatamento da Amazônia. A matéria do RR informava, inclusive, o Dia D e o lócus da ofensiva: 24 de setembro, data de abertura dos chamados debates de alto nível da 74ª Assembleia Geral da ONU. Dito e feito. O Brasil sofreu um bombardeio sem precedentes de grandes líderes globais por conta das queimadas na Amazônia, e o tema ditou o discurso de Bolsonaro nas Nações Unidas. Em 4 de setembro, o RR também foi o primeiro veículo a noticiar a coalizão entre a bancada ruralista e grandes tradings para evitar a moratória da soja, assunto que estouraria na imprensa duas semanas depois.

Nos primeiros dias de mandato do Capitão, precisamente em 9 de janeiro, o RR trouxe em primeira mão a determinação do Planalto de abrir a “caixa-preta” da Previdência, com uma devassa nos bancos de dados da Dataprev e nos pagamentos de benefício do INSS, que seria formalmente anunciada semanas depois. Em 17 de janeiro, a publicação revelou os planos de Bolsonaro de espalhar escolas cívico-militares pelo país – projeto que só seria formalmente divulgado em setembro, com o anúncio da construção de 216 colégios até o fim do atual mandato. Ainda em janeiro, no dia 21, o RR informou sobre a disposição de Paulo Guedes em rasgar a camisa de força do Orçamento, com a desvinculação das receitas. O ministro abriu essa guerra, ainda que, até o momento, sem vitória. Por dever de ofício, auscultar os gabinetes de Paulo Guedes e da equipe econômica foi um exercício quase diário do RR, o que permitiu antecipar decisões ou projetos ainda que no seu nascedouro.

Em 15 de fevereiro, o RR foi o primeiro veículo a colocar sobre a mesa que o Ministério da Economia cogitava um shutdown, ou seja, a suspensão geral dos pagamentos dos gastos públicos. O risco estava diretamente vinculado à não aprovação da reforma da Previdência e chegou a ser tratado em conversas entre Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, conforme revelou a newsletter. O tema somente começou a aparecer na mídia em maio. Em novembro, o próprio ministro viria a falar na possibilidade de um “shutdown à brasileira”, com a adoção de medidas combinadas para “estancar a sangria de despesas até que o equilíbrio fiscal seja restabelecido”, como suspensão de reajustes para o funcionalismo, reestruturação de carreiras no serviço público etc etc.

Em 13 de junho, o RR noticiou a intenção de Paulo Guedes de soltar recursos pingados para adoçar a boca dos brasileiros e injetar uns trocados na economia – no que a newsletter chamou de uma estratégia “rouba montinho”, ou seja, tira um pouquinho de moedas daqui e empurra para ali. Pouco tempo depois, as migalhas começaram a cair sobre a mesa, com a liberação de dinheiro do FGTS, um pequeno puxadinho no orçamento do Minha Casa, Minha Vida e até um cata-cata de grana para honrar o pagamento de bolsas do CNPq. O drama fiscal foi acompanhado no detalhe do detalhe pelos assinantes do RR, a partir de informações exclusivas e análises argutas. O RR seguiu cada pegada do Copom, especialmente a sua intenção de acelerar a redução da Selic, tendo como meta juros reais de 1% neste ano, conforme a newsletter informou em 17 de setembro. Por falar em juros, o Relatório Reservado foi o primeiro veículo a chamar a atenção para a dissintonia entre os dois grandes bancos estatais diante da forte queda da Selic.

No dia 7 de outubro, a publicação abordou a posição do Banco do Brasil, de Rubem Novaes, nome historicamente vinculado a Paulo Guedes, de não reduzir suas taxas de juros, diferentemente da Caixa Econômica. Poucos dias depois, o restante da mídia abriu os olhos para o assunto e o próprio BB acabaria por anunciar um corte em suas taxas. Ainda percorrendo os bastidores das grandes decisões da economia, o assinante do RR soube antes, no dia 19 de agosto, que o governo estava prestes a lançar um programa de privatizações como o “país nunca viu”. Dois depois, a notícia se confirmava – ainda que sem fazer jus à expressão hiperbólica cunhada dentro do próprio Ministério da Economia. Em 21 de agosto, o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, divulgava oficialmente o plano de venda de nove estatais – à exceção dos Correios, e olhe lá, nenhuma de fechar o comércio. Por ora, o explosivo programa de privatizações anunciado por Bolsonaro e Guedes não passa de um estalinho.

Ainda na seara das concessões públicas, nos estertores de 2019, mais precisamente em 4 de dezembro, o RR noticiou um mutirão interministerial do governo para aprovar o marco regulatório do saneamento – condição sine qua nom para destravar a venda de estatais do setor. Cinco dias depois o próprio ministro Paulo Guedes confirmava que o governo havia intensificado a articulação política para acelerar a aprovação da lei no Congresso. Seguindo na agenda econômica, o RR foi o primeiro a puxar uma questão que somente dias depois seria fisgada pela mídia de um modo geral. Na edição de 8 de novembro, após consultar importantes juristas, a newsletter trouxe a informação de que o Conselho Fiscal da República – o ornitorrinco criado por Paulo Guedes juntando partes do Executivo, Legislativo e Judiciário – é inconstitucional. Do fiscal para o câmbio, em 22 de novembro o RR trouxe à tona a crescente preocupação do Banco Central com a escalada do dólar.

Quatro dias depois, a autoridade monetária entrou no mercado vendendo a moeda americana para segurar as cotações, expediente que ainda se repetiria mais algumas vezes. Em 20 de fevereiro, o RR esmiuçou o grande projeto do “governo digital” que começava a ser engendrado no Ministério da Economia, mais precisamente na área comandada pelo Secretário Paulo Uebel, com o objetivo de arrumar a máquina pública tanto para dentro quanto para fora, leia-se o atendimento à população. Somente mais para o fim do ano, o tema cairia no radar da mídia, com direito a capa de revista semanal. Ainda no âmbito da economia, em 11 de fevereiro, a newsletter informou sobre o convite do então presidente do BNDES, Joaquim Levy, a Gustavo Franco para assumir a presidência do Conselho de Administração, formalizado apenas no fim daquele mês.

Da mesma forma, em 19 de junho, o RR antecipou que o economista deixaria de ser o chairman da agência de fomento antes mesmo de assumir o cargo. Àquela altura, oficialmente Gustavo Franco e o próprio BNDES negavam o meia volta, volver, garantindo que o processo de indicação transcorria normalmente e a demora na posse se devia à burocracia do rito. Pois bem… Somente no fim de julho, mais de um mês após a notícia do RR, o economista e o banco admitiram o desenlace antes mesmo do casório. Em 16 de dezembro, o RR colocou foco sobre o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida, antecipando os preparativos para a sua saída do governo.

Uma semana depois, Paulo Guedes e toda a equipe econômica fizeram um desagravo público a Mansueto. Chamou a atenção do empenho do ministro em garantir a permanência do economista no cargo por “pelo menos mais um ano”. Mais sintomático, impossível. Guedes desmentiu e o RR reafirmou e reafirma o que disse: Mansueto vai deixar o governo em breve. Ao longo de 2019, o RR manteve a tradição de acompanhar amiúde a área de Defesa, que, não bastasse sua importância per si, ganhou um  destaque ainda maior no noticiário devido ao notório imbricamento entre o estamento militar e o governo Bolsonaro.

Em 25 de fevereiro e 13 de março, período marcado pelo agravamento da crise institucional na Venezuela e por forte tensão na fronteira, a newsletter revelou a preocupação das Forças Armadas com a fragilidade do sistema brasileiro de defesa, resultado da contínua asfixia orçamentária comum a todos os últimos governos brasileiros. Em 5 de abril, o RR abordou a tensão entre militares, ainda que da reserva, e o Judiciário. A publicação destacou o editorial da Revista do Clube Militar, por meio do qual o presidente da instituição, General de Divisão Eduardo José Barbosa, fez duras críticas ao STF. Na ocasião, o oficial da reserva classificou como uma “evidente ofensiva contra a Lava Jato” a decisão do Supremo de que processos de “caixa 2” migrem para a Justiça Eleitoral. Nos dias a seguir, o assunto ganharia evidência na mídia.

O RR também foi um intérprete das tensões institucionais que cercam o governo Bolsonaro. Em 2 de maio, em matéria intitulada “FHC é o maior conspirador da República”, a newsletter desvendou as movimentações do ex-presidente junto aos principais grupos de poder do país em um período de efervescência por conta dos seguidos episódios de quebra de decoro protagonizados por Jair Bolsonaro. Menos de duas semanas depois, FHC não se fez de rogado e verbalizou publicamente a palavra que tanto vinha sussurrando na penumbra: “O impeachment às vezes é inevitável”. Entre as várias “guerras” abertas por Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato, está o embate com a própria mídia. Em 9 de agosto, o RR trouxe a informação de que o presidente da República determinaria o corte de assinaturas de grandes jornais e revistas nos órgãos federais. Bingo! Em 31 de outubro, o governo anunciava o cancelamento da assinatura da Folha de S. Paulo.

O ministro Sergio Moro e, por extensão, o Judiciário estiveram no centro de outros importantes furos do RR ao longo de 2019. Em 1 de abril, a newsletter divulgou a movimentação de Moro para aumentar o orçamento da sua Pasta e aumentar o efetivo da Polícia Federal. Um mês depois, Paulo Guedes soltou a grana, e o ministro da Justiça anunciou a convocação de 1.200 aprovados em concurso para a PF realizado no ano passado. Em 11 de junho, o RR antecipou uma grande ação da Justiça, notadamente da Polícia Federal, para combater a atuação do crime organizado, sobretudo do PCC, no contrabando de ouro. Sete dias depois, a PF deflagrava a Operação Ouro Perdido, desbaratando uma quadrilha que havia movimentado cerca de R$ 145 milhões. No agitado ano de Sergio Moro, talvez nenhuma outra agenda supere o vazamento dos seus diálogos com os procuradores da Lava Jato, iniciado pelo The Intercept Brasil. O assinante do RR soube, com exclusividade, das movimentações de Moro nos bastidores para administrar o escândalo.

Em 29 de julho, por exemplo, a publicação antecipou que o ministro, em uma ardilosa estratégia, ligou para uma relação de 26 autoridades dos Três Poderes para informar e “tranquilizá-los” sobre o hackeamento de seus celulares e computadores. Por falar em Lava Jato, ao longo de 2019, por diversas vezes o RR chamou a atenção para o desmonte do setor de construção pesada com a insistência do aparelho de Justiça em punir as empresas e não apenas seus controladores. Em 10 de outubro, na esteira da criação do Instituto Brasileiro de Autorregulação do Setor de Infraestrutura, o RR enfatizou que a redenção das empreiteiras e a salvaguarda de seus milhares de empregos – os que ainda restaram – deveriam ser tratadas como assunto de Estado. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Em 26 de dezembro, a imprensa divulgou um relatório da CGU levantando o risco de calote em acordos de inadimplência devido à falta de retomada da atividade no setor de construção pesada. Eureka!

No âmbito do Judiciário, o RR revelou a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de criar varas especializadas para o julgamento de integrantes do crime organizado, informação que somente seria divulgada pelos grandes jornais em 1 de julho. Em 23 de agosto, a newsletter antecipou a união entre os Ministérios Públicos do Brasil e do Paraguai para investigar o doleiro Dario Messer e sua abastada clientela nos dois países. Em 11 de outubro, o RR divulgou que os dois MPs tinham à mão uma lista de 36 clientes do doleiro. Mais uma vez, no alvo: em 20 de dezembro, o Ministério Público do Brasil indiciou 18 pessoas ligadas a Messer, entre elas o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes. Os outros 18 que esperem. A sua hora vai chegar… Como não poderia deixar de ser, não obstante o peso do noticiário político institucional, a seleta rede de informantes do RR no ambiente corporativo permitiu à newsletter antecipar importantes fatos do universo empresarial em 2019.

Em 14 de fevereiro, a publicação noticiou os preparativos para a saída de Fabio Schvartsman da presidência da Vale, na esteira da tragédia de Brumadinho. No dia 2 de março, a mineradora anunciava o afastamento “temporário” de Schvartsman do cargo. Mero jogo de palavras: o executivo deixava o posto em definitivo, carregando no currículo 270 mortes. Em 29 de maio, o RR informou, com exclusividade, da parceria entre Starboard e Apollo para a compra da ViaVarejo. Dois dias depois o assunto estava estampado nos principais jornais do país. No fim, a dupla de gestoras perdeu o negócio. Michael Klein foi mais rápido no gatilho e ficou com a ViaVarejo. Em 30 de maio, o Relatório Reservado publicou, em primeira mão, a condenação da Volkswagen pelo TJ-RJ pelo escândalo da adulteração de resultados de emissão de poluentes em veículos a diesel. Outros veículos só noticiaram o veredito, no valor total de R$ 460 milhões, quatro dias depois.

Na edição de 24 de junho, o RR antecipou um movimento decisivo no processo de recuperação judicial da Saraiva: uma “rebelião” dos credores, condicionando a aprovação do plano ao afastamento da família da gestão da empresa. Mais um tiro certeiro: em 29 de agosto, a saída de Jorge Saraiva Neto do comando da companhia foi confirmada. Em 14 de agosto, o RR publicou, com exclusividade, a retomada dos planos da JBS de abrir o capital nos Estados Unidos. No apagar das luzes de 2019, o RR levantou ainda um caso inusitado: sete donos de embarcações incendiadas na Marina de Angra dos Reis (RJ) aguardam há meses pelo pagamento de seus seguros. Por ora, nem a BR Marinas, concessionária do atracadouro, nem a Tokyo Marine, responsável pela apólice coletiva do local, pagaram um centavo pelo sinistro.

Dez dias depois, o assunto estava em coluna de prestígio de uma revista semanal. Essa seleta de acertos foi apenas uma pequena amostra do número elevado de furos e análises premonitórias com que a newsletter brindou seus assinantes durante 2019. O leitor do RR não tem dúvida de que em nossas páginas pode enxergar o noticiário mais à frente. Em 2020, esperamos ter a honra de que nossos assinantes permaneçam nos prestigiando. Ainda em 2019, o Relatório Reservado adensou o volume de informações disponibilizadas ao seu assinante com o lançamento do Observatório RR – uma nota técnica diária sobre assunto específico e relevante – e o Termômetro RR, que antecipa a temperatura da agenda política e econômica do dia seguinte. Em 2020, podem esperar, teremos muito mais. Que venham novos acertos e muito mais assinantes!

#Jair Bolsonaro #Ministério da Economia #Paulo Guedes #Selic

Charada

26/12/2019
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Qual é a empresa que faz pesquisa de opinião, campanha política, assessoria de imprensa para os financiadores dos candidatos, presta serviços para o setor público sem licitação e está envolvida com diversos dos condenados da Lava Jato? Qual? Qual? Adivinhão!

#Lava Jato

Acervo RR

Efeito Palocci

18/12/2019
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A Rádio Corredor da Lava Jato informa: a PF estaria preparando uma operação ainda para este ano com base na delação de Antonio Palocci. O sinal verde teria saído do gabinete de Edson Fachi.

#Edson Fachi #Lava Jato

STJ deve puxar o “bolsonarismo” nas Cortes superiores

12/12/2019
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A primeira oportunidade para Jair Bolsonaro indicar um nome “terrivelmente evangélico” ou algo do gênero para uma Corte superior
poderá ocorrer antes do previsto, logo no início de 2020. Segundo o RR apurou, o ministro Félix Fisher deverá se aposentar do STJ por questões de saúde. Diante da gravidade do assunto, o RR consultou o Superior Tribunal de Justiça. Por meio da assessoria, a Corte negou a informação, ressaltando que a licença médica do ministro vai até o próximo dia 22 de dezembro, exatamente quando se inicia o recesso do Judiciário.

Está feito o registro. No entanto, de acordo com uma fonte muito próxima a Fisher, o pedido de aposentadoria deverá ser formalizado antes do Carnaval. Vítima de uma embolia pulmonar, o ministro, 72 anos, está licenciado do STJ desde agosto. A rigor, a primeira vaga a se abrir nos tribunais superiores no governo Bolsonaro está programada para novembro de 2020, quando Celso de Mello completará 75 anos e deixará o STF.

Além de servir como um diapasão das futuras escolhas de Bolsonaro, notadamente para o Supremo, outras questões conferem ainda mais relevância à sucessão de Felix Fisher. O ministro é o relator da Lava Jato no STJ. Sobre sua mesa estão, por exemplo, os recursos de apelação da defesa de Lula. Além disso, a vaga de Fisher é da cota da OAB, que encaminha uma lista tríplice para a aprovação ou não do presidente da República. Como se sabe, a relação entre Bolsonaro e a entidade é repleta de delicadezas.

#Jair Bolsonaro #STJ

O “regulador” da agência reguladora

12/12/2019
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O imbróglio da concessão de Viracopos aterrissou no Palácio do Planalto, levando junto sua intrincada teia de lobbies e interesses corporativos. Os acionistas da Aeroportos Brasil (ABV) – Grupo Triunfo e UTC, ambos criminalizados pela Lava Jato – pediram à Casa Civil que intervenha na contenda entre a empresa e a Anac. A companhia quer passar a concessão adiante – tem sobre uma oferta da Zurich AG – ou, no limite, devolver a licença. Mas, nos bastidores, acusa a agência reguladora de agir para prejudicar a venda, com decisões administrativas arbitrárias e cobranças indevidas. Um extenso dossiê foi deixado no Ministério, no qual os acionistas da ABV descrevem os entreveros dos sete anos em que a empresa assumiu o negócio.

#Aeroporto de Viracopos #Grupo Triunfo #UTC

Ministério Público conta os centavos para fechar as contas

29/11/2019
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A Lava Jato e outras operações menos votadas estão sob risco, não por questões de ordem jurídica ou política, mas por falta de vil metal. Mal assumiu, o PGR, Augusto Aras, terá de negociar junto à Secretaria de Planejamento e Orçamento do Ministério da Economia a liberação de verba suplementar para o Ministério Público. Segundo fonte do MPF, os recursos disponíveis para 2019 acabaram no início do mês.

Consultado sobre o seu orçamento, o MPF diz que “prestará contas, oportunamente, nos prazos legais e perante os órgãos competentes, as quais serão devidamente publicizadas.” Afirma ainda que “não há, neste momento, manifestação extraordinária acerca de execução orçamentária em curso” Está feito o registro. No entanto, de acordo com informações filtradas do próprio MPF, há quase 60 dias de despesas a descoberto até o fim do ano, incluindo o salário dos procuradores e pagamento de prestadores de serviço. Ainda que o buraco seja emergencialmente tampado, 2020 promete um cobertor ainda mais curto. O orçamento do MPF previsto para o ano que vem é de R$ 4 bilhões, inferior ao deste ano, de R$ 4,2 bilhões.

#Ministério Público

“Nova fase” da Lava Jato pode cassar controle acionário; irmãos Batista devem puxar a fila

25/11/2019
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A Lava Jato pode renascer das cinzas com um vigor punitivo sem precedentes na história do país. O RR teve a informação de que o Congresso, mais especificamente a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, retomou, discretamente, as discussões em torno de um projeto de lei ou PEC propondo a transferência compulsória do controle de empresas cujos acionistas tenham sido condenados por crime de corrupção, lavagem de dinheiro e congêneres. Segundo o RR apurou, o Legislativo tem sido encorajado pelo Palácio do Planalto a levar a medida adiante. No círculo palaciano, a proposta é vista como passível de ser capitalizada pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem sido acusado de agir para matar a Lava Jato e asfixiar ações de combate à corrupção por motivações óbvias e consanguíneas. A ressurreição da operação lhe traria dividendos políticos, ao vir acompanhada da mensagem de que o seu governo foi o mais rigoroso na punição dos criminosos de “colarinho branco”.

Todas as corporações investigadas ou mesmo condenadas na Lava Jato ou em operações afins – Zelotes, Greenfield, Carne Fraca etc – estariam potencialmente na linha de tiro da nova legislação. A título de exemplo do que vem sendo chamado no Congresso de “prêmio do crime”, não haveria caso mais emblemático, devido à relação valor da punição/lucro empresarial, do que a JBS, dos irmãos e corruptores confessos Joesley e Wesley Batista. Coincidência ou não, a proposta renasce no Congresso justamente no momento em que o procurador-geral da República, Augusto Aras, pede ao STF a anulação do acordo de delação dos Batista. A eventual suspensão do acordo representaria o fim da alforria que os irmãos Batista receberam pelos crimes flagrados na Lava Jato. A anulação retiraria toda a blindagem jurídica que hoje protege os dois empresários, abrindo caminho para a reabertura das ações criminais contra a dupla e, eventualmente, a sua condenação. Não por acaso, a JBS tem sido a referência nos debates do tema entre parlamentares.

O projeto em discussão é de que o dano causado à sociedade não pode ser transformado em prêmio à criminalidade deixando o acionista com o controle e os frutos da empresa mediante o pagamento de uma multa proporcionalmente inexpressiva. De fato, se há uma corporação no Brasil que faz parecer que o crime compensa é a companhia dos irmãos Batista, dada a dosimetria da punição que os empresários receberam. Diferentemente de outras empresas ou mesmo setores inteiros da economia devastados pela Lava Jato, como construção pesada e  indústria naval, os acionistas da JBS pagaram pouco, muito pouco pelos delitos que cometeram e os dividendos de prosperidade que auferiram. A multa imposta no acordo de leniência foi quase um presente vis-à-vis o faturamento e a lucratividade da companhia. Pelo acordo homologado com o MPF, Joesley e Wesley Batista comprometeram-se, em 2017, a pagar uma multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos. Corrigida, a cifra pode se aproximar dos R$ 20 bilhões, mas, para efeito de comparação, tomemos como base o valor de face da punição, assim como dos resultados da JBS.

A punição equivale a 6,4% do faturamento médio da companhia entre 2014 e 2018 (R$ 159,2 bilhões/ano), um pedaço do período mais recente em que os Batistas inflaram sua rentabilidade com o dinheiro do crime. Dividida em valores iguais pelo período de 25 anos, a multa equivale a aproximadamente R$ 412 milhões/ano. Não chega a um quarto do lucro médio auferido pela JBS nos últimos cinco anos (R$ 1,86 bilhão por ano). Representa ainda menos de um terço do lucro atribuído a sócios da empresa controladora no mesmo período, de acordo com o balanço da JBS – algo como R$ 1,4 bilhão, em média, por ano. Em um exercício meramente hipotético, se a lucratividade média da companhia nos últimos cinco anos se mantiver constante ao longo dos 25 anos de pagamento da multa, o grupo terá um resultado positivo de R$ 46,5 bilhões, quase cinco vezes o valor de face do acordo de leniência. Ressalte-se ainda que uma parte incalculável, mas certamente bastante expressiva, embutida nesses números, tanto a valor presente quanto futuro, decorre da “absolvição” dos Batista e da JBS em função do acordo de leniência.

Não por acaso, entre parlamentares, há quem diga que Joesley e Wesley cometeram o “crime perfeito”. Subornaram políticos e autoridades, trocaram favores com partidos políticos, se aproveitaram do desvio de recursos públicos, receberam empréstimos oriundos do erário e construíram um império erguido sobre a combinação dessas práticas, sem perder nem um hectare desse latifúndio empresarial com a descoberta de seus delitos. Ao contrário de outras corporações fisgadas pela Lava Jato, a JBS está onde sempre esteve e é muito maior. Diante da gravidade do assunto, o RR entrou em contato com a empresa, por intermédio do assessor de comunicação Guilherme Barros. Na última terça-feira, dia 19, encaminhou 10 perguntas elaboradas com o apoio de parlamentares. A JBS, no entanto, sequer retornou à newsletter no prazo dado para resposta das questões – última quinta-feira, dia 21, às 17 horas. A medida em discussão no Congresso é extremamente polêmica e exige um amplo e profundo debate entre os mais diversos setores da sociedade. Não obstante a gravidade dos crimes correlatos, a proposta de expatriação soa como algo pouco afeito a regimes democráticos. Mas não é estranha à Constituição.

Os artigos 182 e 184 da Constituição também estabelecem condições de tomada do controle privado pelo Estado, mas sempre com foco na propriedade imobiliária, seja ela urbana ou rural. Nos dois artigos, a expropriação é sempre vinculada a uma contrapartida, com o pagamento de indenização em dinheiro. A exceção está no Artigo 243, que versa sobre a hipótese de confisco – “expropriação imediata, sem direito à indenização”. O objeto são imóveis rurais, “glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas”. Não, há, portanto, na Constituição menções específicas à possibilidade de expropriação de bens mobiliários, caso das ações de uma empresa. Por esta razão, no entendimento de juristas ouvidos pelo RR, a hipótese de punição de empresas criminalizadas mediante venda obrigatória do controle exigiria uma Proposta de Emenda Constitucional em nome da sua segurança jurídica. De toda a forma, a ideia não é nova.

Nos últimos anos, já espocou aqui e acolá, ainda que com nuances diferentes. Em 2016, no auge da Lava Jato, o então ministro da Transparência, Torquato Jardim, propôs ao Congresso mudanças na Lei Anticorrupção. À época, Jardim recomendou a venda compulsória do controle ou, em um movimento ainda mais radical, até mesmo a dissolução de empresas reincidentes em casos de pagamento de propina a autoridades e envolvimento em desvio de recursos públicos. O foco principal eram companhias que mantinham contrato com o governo. Mas as discussões não avançaram. No fim do ano passado, uma comissão de juristas – entre os quais os professores Carlos Ari Sundfeld (FGV-SP), Juarez Freitas (UFRGS) e Sérgio Guerra (FGV-Rio) – encaminhou a Rodrigo Maia um pacote de propostas para o combate à corrupção. Entre elas, uma emenda na Lei Anticorrupção (1.846/13), estabelecendo que os donos de empresas envolvidos em crimes desta natureza sejam obrigados a vender todas as suas ações em um prazo de dois anos.

Como forma de evitar casuísmos ou arbitrariedades, a premissa das discussões em curso no Congresso neste momento é que a expropriação somente se consumaria depois de o processo transitar em julgado, ou seja, esgotados todos os recursos jurídicos possíveis. Com o respaldo de juristas, membros da CCJ estudam se a medida poderia ser implantada apenas com a mudança na Lei Anticorrupção ou se trata de matéria constitucional, o que exigiria uma PEC. Em seu artigo 5º, a Carta Magna prevê a inviolabilidade do direito à propriedade. No entanto, como pontua o jurista Roger Stiefelmann Leal, doutor em Direto do Estado pela USP e professor de Direito Constitucional na Faculdade de Direito da USP, em seu trabalho “A propriedade como direito fundamental”, isso não significa que “a propriedade assume, em face da ordem constitucional, caráter absoluto, que inadmite restrições. A exemplo de diversos direitos fundamentais, o direito de propriedade comporta limitações e abrandamentos em sua aplicação em nome de outros valores também tutelados pelo texto constitucional.”. próprio artigo 5º, em seu parágrafo XXIV, diz que “a lei estabeleceráo procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.”

A legislação penal até contempla hipóteses de confisco em situações que guardam mais proximidade com os crimes da Lava Jato e as discussões em andamento no Congresso. Mas o entendimento é que a medida se aplica ao “produto do crime”, ou seja ganhos pecuniários auferidos em razão de práticas ilícitas. O Artigo 91 do Código Penal determina a perda em favor da União – “com a ressalva dos legítimos direitos do lesado e do terceiro de boa-fé” – do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática de fato criminoso”. Dispositivo razoavelmente semelhante está previsto no Artigo 7º, I, da Lei no 9.613, de 1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Como ressalta Roger Stiefelmann Leal, “o confisco constitui, portanto, penalidade excepcional de privação da propriedade sem o pagamento de indenização, que somente cabe ser aplicada mediante expressa previsão em lei”.

A legislação que priva os controladores dos seus direitos pode ter uma amplitude e flexibilidade bastante variadas. Há dúvida se a expropriação atingiria os detentores de capital das empresas com prejuízos no período de prática corrupta, ou que estão em recuperação judicial. A premissa, um tanto o quanto tortuosa, é que, não havendo lucro, não haveria o “prêmio do crime”. Outra questão complexa diz respeito ao procedimento em relação aos acionistas com parentesco, tendo ou não havido transferência de ações dos controladores no período determinado. Não existiria o risco de favorecimento por aproximação familiar? Não estaria configurado um “laranjal de ordem natural”? Finalmente, não seriam os parentes acionistas sujeitos à mesma regra de expropriação? A proposta de cassação do controle, com venda posterior em leilão público, tem semelhanças com um ovo de serpente. Pode ser um destampatório de iniciativas contra a propriedade em um governo que, apesar da pegada liberal, tem um DNA autoritário e protofacista. O RR põe um pé atrás com esse tipo de medida. Mas não há como não concordar que os criminosos foram favorecidos, as multas foram baixas, eles poluem as empresas e estimulam outras contravenções. Roubar e acumular fortunas pagando um dízimo bem menor do que o retorno do capital pode ser considerado um bom negócio por muita gente.

#Jair Bolsonaro #JBS #Joesley Batista #Lava Jato #Wesley Batista

Operação SOS Dallagnol

19/11/2019
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O RR apurou que Luiz Fux não está sozinho no esforço de blindagem de Deltan Dallagnol no STF. Além de Fux, que concedeu liminar suspendendo o processo disciplinar contra o procurador no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o ministro Alexandre Moraes articula para que o mérito da questão não seja julgado em plenário antes de 4 de dezembro. Este é o dia D, de Dallagnol, no CNMP. Trata-se da data de prescrição do processo contra o chefe da força-tarefa da Lava Jato. Do outro lado do cabo de guerra está o próprio presidente do STF, Dias Toffoli, autor da representação contra Dallagnol.

#Deltan Dallagnol

Condomínio da Lava Jato

18/11/2019
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O ministro Sergio Moro planeja concentrar todos os presos da Lava Jato em um única presídio federal. Os estudos estão a cargo do Departamento Penitenciário Nacional. O favorito a “hospedar” os condenados pelo próprio Moro e demais instâncias é o presídio de Brasília, que está tinindo de novo – foi inaugurado no ano passado. A turma da Lava Jato ficaria em uma ala própria, o que impediria que empresários e políticos dividam celas com criminosos de alta periculosidade, como ocorre atualmente.

#Lava Jato #Sérgio Moro

Se a Aliança derreter…

18/11/2019
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Mesmo com o anúncio de Jair Bolsonaro de que fundará um novo partido, a “Aliança pelo Brasil”, o PP deixou uma porta entreaberta para o retorno do Capitão. O emissário do convite foi o senador Ciro Nogueira, réu na Lava Jato.

#Jair Bolsonaro #PP

SOS Lava Jato na Pauliceia

13/11/2019
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Há uma força-tarefa dentro da força-tarefa para blindar a Lava Jato em São Paulo. Os membros do MPF à frente da Operação no estado fazem pressão sobre o PGR Augusto Aras para que a colega Anamara Osório Silva siga vinculada às investigações. Coordenadora da Lava Jato em São Paulo até outubro e especialista em crimes financeiros, Anamara foi promovida a procuradora regional da República. Mesmo com o upgrade, ela própria quer manter um pé na Lava Jato, o que é permitido pelo regimento do PF. No entanto, sua permanência na equipe depende de uma autorização especial de Aras. Os membros do Ministério Público temem que a saída de Anamara seja o início de processo de esvaziamento da Operação em São Paulo.

#Augusto Aras #PGR

Sem-terra no encalço dos Bumlai

7/11/2019
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Depois da Lava Jato, o MST. Sem-Terra têm montado acampamentos em estradas em torno da Usina São Fernando, em Dourados (MS), pertencente à família Bumlai. Os herdeiros do empresário José Carlos Bumlai – o “amigo do Lula” condenado a nove anos de prisão por corrupção passiva – tentam brecar na Justiça os seguidos pedidos de posse de terras feitos por integrantes do MST. A usina sucroalcooleira entrou em falência em 2017, com dívidas de quase R$ 800 milhões. Já houve duas tentativas de venda judicial da empresa e das terras, canceladas por falta de compradores.

#Lava Jato #MST

Desencontro nacional

5/11/2019
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Dois fatos chamaram a atenção na abertura do 36º Encontro Nacional dos Procuradores da República, na última sexta-feira, em Mangaratiba (RJ). Ao contrário do que se esperava, o PGR Augusto Aras ficou por poucas horas e saiu. E não havia qualquer integrante da força tarefa da Lava Jato.

#PGR

Partido da Lava Jato

5/11/2019
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Alvaro Dias, que tentou de todas as formas atrair Sergio Moro para a sua campanha presidencial em 2018, tem novo alvo: está convencido de que Deltan Dallagnol daria um ótimo candidato à Prefeitura de Curitiba pelo seu partido, o Podemos.

#Alvaro Dias #Sérgio Moro

Debulhando páginas

4/11/2019
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Glenn Greenwald e equipe estão debulhando páginas e páginas dos vazamentos da turma da Lava Jato e não têm encontrado munição de maior calibre.

#Glenn Greenwald #Lava Jato

Alerj na mira de Bretas

1/11/2019
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A Rádio Lava Jato informa: o juiz Marcelo Bretas estaria prestes a deflagrar uma nova fase da Operação com base na delação de Carlos Miranda, operador do ex-governador Sergio Cabral. Alvo: 12 deputados da Alerj, sete deles ainda com mandato.

#Lava Jato #Sérgio Cabral

Um “habeas corpus” para Moro

28/10/2019
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Um importante interlocutor do ministro Dias Toffoli informou ao RR que há uma movimentação no tabuleiro da Suprema Corte para que o processo de suspeição do ex-juiz Sergio Moro seja empurrado para 2020. Além do próprio Toffoli, o adiamento teria o apoio dos ministros Luiz Roberto Barroso e Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. Com esta medida, o Supremo esfriaria a temperatura, evitando a apreciação em sequência de duas pautas-bomba diretamente vinculadas e identificadas aos interesses de Lula, contando-se a prisão em segunda instância. A contra-indicação, ressalte-se seria deslizar esta agenda contra Moro para 2020, um ano eleitoral. Mas, por se tratar de um pleito municipal e a julgar pelas novas e enfáticas declarações do Ministro da Justiça dizendo que jamais será candidato, o efeito colateral seria menor. O pedido de suspeição de Sergio Moro impetrado pela defesa de Lula, que pode abrir caminho para a anulação de sentenças do ex-magistrado, já teve dois votos contrários na Segunda Turma do STF – do próprio Fachin e de Carmén Lucia. Depois disso, o processo foi retirado da pauta. Faltam ainda três votos a serem proferidos na Turma – Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.

#Dias Toffoli #Sérgio Moro

Intercept

23/10/2019
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Deltan Dellagnol e seus pares da “República de Curitiba” têm carregado nas críticas ao juiz Luiz Antônio Bonat, substituto de Sergio Moro na 13ª Vara Federal. Os procuradores se ressentem do “ritmo Bonat”. Neste ano, foram apenas cinco Operações a partir de Curitiba, contra nove da “Lava Jato carioca”, leia-se o juiz Marcelo Bretas. Em tempo: segundo a fonte do RR, as críticas a Bonat se dão em conversas tête-à-tête. Nada de Telegram.

#Deltan Dellagnol #Sérgio Moro

Augusto Aras deve “absolver” Dallagnol

18/10/2019
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Augusto Aras já tem data marcada para sua primeira demonstração formal de apoio à Lava Jato. Segundo relato de um de seus principais colaboradores na PGR, Aras já confidenciou sua posição favorável a Deltan Dallagnol em dois processos que serão julgados pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) na próxima terça-feira, dia 22. Uma das ações, movida pela defesa de Lula, pede punição a Dallagnol por conta do famoso Power Point que aponta o ex-presidente como o centro de uma “organização criminosa”. Outro processo é a reclamação disciplinar encaminhada pelo ministro Dias Toffoli. Ele pede uma punição disciplinar a Dallagnol pela declaração de que o STF “passa a mensagem de leniência a favor da corrupção em algumas decisões”. A votação está 4×2 a favor do procurador. Aras deverá garantir o quinto voto. Ainda vão ficar faltando mais três para a absolvição do chefe da força-tarefa da Lava Jato.

#Augusto Aras #Deltan Dallagnol #Lava Jato #PGR

Arquivo vivo

17/10/2019
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A rádio corredor da Lava Jato informa: o MPF vai tentar novamente a extradição do advogado Rodrigo Tacla Duran, preso na Espanha. Ele é acusado de participar do propinoduto do Comperj. Tem muito a dizer

#Lava Jato #MPF

O blockchain de Augusto Aras na PGR

10/10/2019
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Augusto Aras quer tornar o trabalho de Glenn Greenwald e congêneres mais difícil. O novo Procurador-Geral da República pretende implantar regras ainda mais rigorosas para restringir o fluxo de informações dentro do Ministério Público e também a comunicação dos procuradores com o “mundo exterior”. Segundo uma fonte da PGR, uma das medidas será a disponibilização de celulares criptografados para integrantes do MPF, notadamente aqueles envolvidos em grandes operações de maior apelo midiático. O novo PGR deverá também proibir o envio de qualquer documento oficial e mesmo troca de mensagens sobre operações em curso por meio de aplicativos como WhatsApp e Telegram – este último o meio usado para as conversas entre Sergio Moro, Deltan Dallagnol e colegas da força-tarefa da Lava Jato devassadas pelo hacker e posteriormente entregues ao The Intercept. De acordo com a mesma fonte, Aras pretende ainda vetar qualquer manifestação sobre investigações nas redes sociais. A medida parece ter endereço certo: o próprio Dallagnol, o trending topics do Ministério Público, com seus mais de um milhão de seguidores no Twitter. Procurado, o MPF informou que, “desde maio, quando foram identificadas tentativas de ataques, a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação tomou diversas medidas de proteção e investigação”. Segundo o órgão, “essas ações continuam em andamento”. Consultado especificamente sobre a possibilidade de uso de aparelhos criptografados e de veto ao uso de redes sociais e aplicativos, o MPF não se pronunciou.

#Augusto Aras #Ministério Público Federal #PGR

Redenção das empreiteiras deveria ser assunto de Estado

10/10/2019
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O Instituto Brasileiro de Autorregulação do Setor de Infraestrutura, que nasce hoje sob a égide da melhor prática do compliance, configura na verdade uma instituição de lobby. O bom lobby, no estilo norte-americano, diga-se de passagem. Só que ele nasce no lugar errado. Melhor seria se surgisse no meio do aparelho de Estado, com a função de desbastar a cerca de arame que impede o investimento público em obras com as empreiteiras envolvidas na Lava Jato, responsáveis pela maioria dos grandes projetos de infraestrutura. TCU, AGU, PGR, Ministério Público, empresas estatais, Tribunais de Justiça, eventualmente departamentos no próprio Ministério da Infraestrutura… Todos beberam do caldo servido pelo ministro Sergio Moro; um caldo feito à base do macarthismo contra a indústria da construção pesada.

Essas instituições, mesmo com recomendações de alívio em relação às medidas mais draconianas – por exemplo, não contratar ou financiar as grandes empreiteiras –, permanecem embriagadas com a cultura da Lava Jato, assim como engessadas em seus procedimentos proibitivos. É dentro do governo, portanto, que se há de caminhar. Seria uma missão para alguém como o ministro Tarcísio Freitas, prestigiado no Palácio do Planalto, a quem caberia como uma luva a função de desembaraçar os óbices empresariais na infraestrutura. O Instituto de Autorregulação é composto de forma desabrida pelas grandes empreiteiras, que estão ali para defender o próprio umbigo.

Estão também entidades empresariais, como a CBIC e o Sinicon, ambos com interesses sabidos. A confluência dos desejos pode acabar confundindo-os como um instituto criado para acabar com a Lava Jato. Há boa intenção em cada parágrafo do estatuto, mas o exagero no tom do arrependimento chama mais a atenção pelo que foi feito do que pelo que não se pretende mais fazer. Por enquanto, não passa de uma sopa de letras. O maior acerto está na escolha do general Sergio Etchegoyen para a presidência executiva do Instituto de Autorregulação. Com reputação ilibada e currículo exemplar, o general poderia ter se mantido no governo. Talvez ali pudesse ter feito bem mais pela construção pesada. Corre certo risco associando sua imagem a causas ambíguas e a empresa de relações públicas também ligada às empreiteiras.

#Lava Jato #Ministério da Infraestrutura

Recuo da Lava Jato

8/10/2019
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A força-tarefa da Lava Jato chegou a cogitar uma acareação entre Lula e o delator Antonio Palocci. A ideia, no entanto, foi engavetada. Com o crescente risco de anulação da sentença no STF, seria uma oportunidade de ouro para o ex-presidente transformar a confrontação em palanque e desancar a “República de Curitiba” e o ex-juiz Sergio Moro.

#Antônio Palocci #Lava Jato #Lula

Uma testemunha sob medida

3/10/2019
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Aos olhos da força-tarefa da Lava Jato, a forma como Antonio Palocci construiu sua delação contra a Camargo Corrêa foi bastante conveniente para a empresa. Ao denunciar que a empreiteira teria pagado propina para que a Petros comprasse a sua participação na Itaúsa, Palocci jogou toda a arquitetura do esquema nas costas do falecido ex-ministro Luiz Gushiken. Segundo o RR apurou, os únicos relatos com algum grau de precisão feitos por Palocci em seu depoimento se referem a supostas reuniões entre Gushiken e representantes da Camargo Corrêa. A defesa das herdeiras de Sebastião Camargo vai pintar e bordar com esse álibi do além.

#Antônio Palocci #Lava Jato

Pecado capital

3/10/2019
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A psicóloga Petrúcia de Melo Andrade está deixando a Secretaria Nacional dos Diretos da Criança e do Adolescente. Para todos os efeitos, nos corredores da Pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos a versão “oficial” é que Petrúcia não entregou os resultados esperados pela ministra Damares Alves. Seus colegas de Ministério, no entanto, desconfiam que os antigos vínculos da psicóloga com o PT falaram mais alto.

Em tempo: em seu lugar, deverá assumir o procurador Rafael Meira Luz, um nome mais afeito ao governo Bolsonaro. Ele integra o grupo MP-Pró-Sociedade, que saiu em defesa dos procuradores da Lava Jato quando do vazamento das mensagens entre Deltan Dallagnol e Sergio Moro.

#Damares Alves #Pasta da Mulher

Ação de Lula vai andar

23/09/2019
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Segundo o RR apurou, a Corte Especial do STJ vai referendar hoje, por unanimidade, a convocação do desembargador Leopoldo Raposo para ocupar interinamente a cadeira do ministro Felix Fischer, afastado por problemas de saúde. Raposo assumirá a relatoria dos processos da Lava Jato sob holofotes: uma de suas primeiras missões será julgar os embargos de declaração da defesa de Lula.

#Lula #STJ

Escombros da Lava Jato

19/09/2019
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As orelhas dos procuradores da “República de Curitiba” vão pelar no próximo dia 27. Nessa data, Ciro Gomes vai falar a trabalhadores da indústria da construção em São Paulo sobre a crise do setor.

#Ciro Gomes

Estrada sinuosa

17/09/2019
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Aliados de João Doria ainda não entenderam muito bem a sua decisão de extinguir a Dersa, a estatal de obras de infraestrutura de São Paulo. A empresa vinha sendo um conveniente vazadouro de malfeitos dos governos de Geraldo Alckmin e José Serra, dois “cabeças brancas” do PSDB e antípodas de Doria no partido. No círculo próximo a Doria, há quem diga que melhor seria deixar a Dersa sobreviver um pouco mais sob os holofotes da Lava Jato e da mídia.

#Dersa #João Doria

Ecos da Lava Jato

13/09/2019
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A China Construction Third Engineering, uma das maiores empreiteiras do mundo, ensaia sua entrada no Brasil. O desembarque se daria de mãos dadas com a conterrânea Three Gorges, ancorado nos projetos de geração e transmissão do grupo chinês no país. A dupla já tem negócios em comum em Portugal – a Three Gorges é controladora da EDP.

#China Construction Third Engineering #China Three Gorges (CTG)

Bancos públicos deixam a proa do FMM

12/09/2019
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O governo Bolsonaro pretende reduzir o peso dos bancos públicos na gestão do Fundo de Marinha Mercante (FMM). A proposta tem como defensores os ministros Paulo Guedes e Tarcisio Freitas. A ideia é que Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES passem a ter, cada um, apenas um representante no Conselho do FMM – atualmente, são duas cadeiras. A medida seria mais um movimento do governo Bolsonaro para se distanciar dos governos do PT. BB, Caixa e BNDES passaram a ter maior interferência na gestão do FMM na era Lula, por ocasião dos grandes projetos para a indústria naval que surgiram no rastro da descoberta do pré-sal. Dali saíram mais de R$ 5 bilhões para estaleiros denunciados na Lava Jato, além do empréstimo para a malfadada Sete Brasil. É até surpreendente que Bolsonaro ainda não tenha falado em “abrir a caixa-preta” do FMM, que tem um orçamento para 2020 de R$ 6,3 bilhões.

#Fundo de Marinha Mercante #Paulo Guedes #Tarcísio Freitas

Cadeira vazia

5/09/2019
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Após uma longa internação, o ministro Felix Fischer, relator da Lava Jato no STJ, recebeu alta hospitalar, mas seguirá de licença médica em casa. Na Corte, não há qualquer previsão sobre seu retorno às atividades nem de convocação de um ministro-substituto. Ou seja: novos casos da Lava Jato terão de ser redistribuídos entre outros integrantes da 5ª Turma.

#Felix Fischer #Lava Jato #STJ

Lava Jato pisa na soleira do TCU

30/08/2019
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O RR apurou que o acordo de delação do advogado Tiago Cedraz Oliveira com o MPF já está sobre a mesa do ministro Edson Fachin, a quem caberá homologar ou não a confissão. Tiago poderá empurrar a Lava Jato para dentro do Tribunal de Contas da União. O delator é filho de Aroldo Cedraz, ministro da Corte, e sempre teve acesso privilegiado a outros membros do Tribunal. Pesa sobre os Cedraz a acusação de ter recebido propina da UTC entre 2012 e 2014 para interferir em processos de interesse da empreiteira no TCU.

#Lava Jato #MPF

Embargos

14/08/2019
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Ao conceder 30 dias de licença médica para o ministro Felix Fischer, a Corte Especial do STJ tentou ganhar tempo. Seus integrantes defendem que o presidente do Tribunal, João Noronha, aproveite o período para redistribuir os processos da Lava Jato relatados por Fischer, o que incluiria recursos impetrados pela defesa de Lula. Por ora, no entanto, Noronha não deu qualquer sinal nesta direção.

#Lava Jato #STJ

JBS prepara um banquete no maior silêncio

13/08/2019
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Mesmo para quem enxerga apenas os notórios contratempos da JBS, não há como negar que a empresa se tornou o maior colosso empresarial do país. A JBS venceu, playboy! O ano de 2019 promete ser o melhor da sua história.O grupo vai romper a barreira dos R$ 200 bilhões em faturamento – contra R$ 182 bilhões em 2018 –, consolidando-se como a maior receita entre as companhias privadas não-financeiras do Brasil. A emblemática cifra deverá ser celebrada com a extinção de todas as pendências junto às autoridades norte-americanas. Segundo o RR apurou, a JBS USA, responsável por mais de 80% do faturamento do grupo, estaria em negociações avançadas para fechar ainda neste ano um acordo com o Departamento de Justiça norte-americano (DOJ).

Guardadas as devidas proporções, o imprimatur do DOJ funciona como uma leniência, um atestado de que a empresa está quite com a legislação local. Com a vantagem de que, ao contrário do Brasil, todos os processos e eventuais punições ficam concentrados em um único órgão. O acordo com o Departamento de Justiça é a peça que falta para o grande salto do conglomerado: o tão aguardado IPO da JBS USA nos Estados Unidos. A operação deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2020. O timing seria feito sob medida para evitar qualquer tipo de entrave junto ao BNDES, sócio do grupo.

A rigor, no entendimento dos acionistas controladores da JBS, a oferta de capital do braço norte-americano não precisaria da anuência do banco. No entanto, o atual acordo de acionistas da empresa – firmado em 2009 e renovado automaticamente em 2014 – vence no dia 22 de dezembro deste ano. Uma série de circunstâncias no mercado internacional conspira para o crescimento dos resultados da JBS. As vendas para os Estados Unidos vão de vento em popa com o impulso da economia local – o PIB norte-americano subiu 3,1% no primeiro trimestre. A companhia surfa também no surto da chamada febre africana que afeta as criações de porcos na China. A doença já dizimou mais de 10% dos animais no país asiático, detentor do maior rebanho suíno do mundo.

Na esteira da moléstia, há previsões de que o preço da carne de porco no mercado chinês deverá subir até 70% neste ano. A JBS ganha duas vezes. Além do efeito direto, com o crescimento dos embarques de carne de porco para a China, a companhia tem feito um banquete devido ao aumento do consumo de carne de boi no país asiático para compensar a queda na oferta de suínos. Nos primeiros quatro meses do ano, a subsidiária da JBS na Austrália ampliou em quase 80% as exportações de produtos de origem bovina para o mercado chinês. A JBS tem anticorpos naturais que lhe permitiram, do ponto de vista do business, passar praticamente incólume aos momentos mais conturbados da sua história recente. Ao contrário das empreiteiras, a empresa não foi atingida no plexo pela Lava Jato. É a vantagem de não ter o Estado brasileiro como cliente.

Seu mercado é o mundo. Desta forma, mesmo com os efeitos da Operação sobre seus acionistas controladores, a companhia conseguiu caminhar a latere. A título de comparação, se a Lava Jato atingisse a Vale, o efeito seria o mesmo da JBS. Apesar de todas as controvérsias e da instrumentalização política em torno dos aportes do BNDES, a participação na JBS é, com o perdão do trocadilho, o filé mignon da carteira da BNDESPar e, consequentemente, do já anunciado plano de desmobilização de ativos da instituição. Em 2007, quando o banco fez a primeira injeção de capital na empresa, a ação estava em R$ 7. Hoje, é negociada na casa dos R$ 28. Nesse intervalo, houve um natural período de queda pelos motivos mais do que óbvios, mas, nos últimos 12 meses, o papel acumula uma alta de 223%. Significa dizer que só nesse espaço de tempo o valor da participação do BNDES saltou de R$ 5 bilhões para mais de R$ 16 bilhões. Se houvesse uma simetria da Lava Jato, nivelando o impacto da operação sobre todos os cavalos vencedores, a JBS não seria a única a mostrar a potência da big company nacional. Faltou pensar no bem do Brasil, com maior amplitude.

#JBS

Terça-feira, 13

12/08/2019
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Deltan Dallagnol será o foco da reunião do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), marcada para amanhã, em Brasília. Além da análise do pedido de afastamento de Dallagnol protocolado pelo senador Renan Calheiros, o procurador será alvo também da OAB. O RR apurou que os dois representantes da Ordem no órgão, Leonardo Accioly e Eric Venancio, vão solicitar o desarquivamento do pedido de sindicância contra Dallagnol e demais membros da força-tarefa da Lava Jato, a partir das mensagens publicadas pelo The Intercept e veículos parceiros.

#Deltan Dallagnol

O avesso da Lava Lato

8/08/2019
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Surgiu uma luz no fim do túnel para muitos dos “órfãos da Lava Jato”. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado e São Paulo está fechando um acordo com empresas estrangeiras para exportar mão de obra. Um primeiro grupo de aproximadamente 200 trabalhadores brasileiros deverá atuar em obras civis em Portugal e nos Estados Unidos – Miami inicialmente. A comitiva tem carpinteiros, eletricistas, pedreiros, soldadores e até gerentes.

#Lava Jato

Grupo inglês avança no câmbio

6/08/2019
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A britânica Moneycorp, que comprou recentemente a corretora de câmbio Novo Mundo, desponta como forte candidata a novas aquisições no Brasil. O setor passa por um inexorável processo de consolidação em meio à dura competição com os grandes bancos e o aperto regulatório imposto pelo BC nos últimos anos. Isso para não falar de players menos ou nada ortodoxos varridos do mercado pela Lava Jato.

#Moneycorp

Território partido

6/08/2019
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O campo da esquerda diverge em relação à convocação do ministro Sergio Moro pela Câmara. PT e PSOL insistem no requerimento para que Moro preste esclarecimentos sobre a Operação Spoofing e o destino das mensagens apreendidas pela PF. O PCdoB, no entanto, está inclinado a não assinar a convocação. O partido entende que a medida será um tiro n´água e apenas dará tribuna para Moro se vangloriar ainda mais da Lava Jato.

#PSOL #PT #Sérgio Moro

Operação tartaruga no STJ?

5/08/2019
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A decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Noronha, de não convocar um magistrado substituto para o ministro Félix Fisher, afastado por razões de saúde, causou estranheza entre os demais membros da Corte. Os processos da Lava Jato na 5ª Turma, relatados por Fisher, terão de ser distribuídos um a um. Essa lenta roleta vai atrasar toda a pauta de julgamentos. Ganha quem ainda não foi levado ao banco dos réus e perde quem aguarda a apreciação de recursos. É o caso do ex-presidente Lula, que espera pelo veredito em relação ao seu pedido de transferência para o regime aberto.

#Lava Jato #STJ

Cartilha

5/08/2019
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O subprocurador Augusto Aras fez chegar ao Palácio do Planalto sua palavra de que manterá Deltan Dallagnol da Lava Jato caso assuma a PGR. Aras é apontado como o favorito do clã dos Bolsonaro para o cargo.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #PGR

Vaga à vista no STJ?

1/08/2019
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A primeira indicação do presidente Jair Bolsonaro para o STJ pode acontecer antes do previsto – dezembro de 2020. Segundo o RR apurou junto a um dos membros da Corte, o ministro Félix Fischer confidenciou a colegas a intenção de anunciar sua aposentadoria em razão de problemas de saúde. Fischer está internado há uma semana tratando-se de uma embolia pulmonar. O magistrado tem um papel chave no Tribunal: é o relator da Operação Lava Jato no STJ. Hoje, a Corte Especial, formada pelos 15 ministros mais antigos, vai se reunir para discutir o que fazer com os processos relatados por Fischer, por ora contemplando um cenário de ausência temporária. As duas possibilidades sobre a mesa são a convocação de um magistrado-substituto ou um sorteio para transferir a relatoria das ações.

#Jair Bolsonaro #STJ

Um freio ou um acelerador do “Moro Leaks”?

25/07/2019
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A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto está de plantão. A expectativa é que a prisão do grupo de hackers acusado de invadir o celular de Sergio Moro, Deltan Dallagnol e de centenas de outras autoridades provocará um contra-ataque por parte do The Intercept e sua rede de veículos consorciados – Folha de S. Paulo, Veja e o blog do jornalista Reinaldo Azevedo. Por contra-ataque entenda-se uma onda ainda mais forte e de maior impacto de vazamentos de mensagens e áudios trocados entre o então juiz e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato. Uma fonte do RR, encrustada estrategicamente no epicentro do governo, deu uma ideia da percepção do Palácio: “Pensamos como se nós fossemos o pessoal do Intercept. O que faríamos? Faríamos uma ofensiva imediata. Por que, então, eles não farão?” Segundo a mesma fonte, o governo chegou a analisar a possibilidade do uso de mandado judicial para impedir novos vazamentos a partir do fato criado com a prisão dos hackers. A medida foi descartada como sem sustentação jurídica e mais nociva ao governo do que o material do The Intercept, cuja letalidade atinge Sérgio Moro e não Bolsonaro. Por enquanto, com a captura dos meliantes digitais, o governo consideraria que sua situação está mais confortável. Mesmo que venha chumbo quente por aí.

#Deltan Dallagnol #Sérgio Moro #The intercept

Horário eleitoral

19/07/2019
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Raquel Dodge está empenhada em desconstruir a ideia de que o ritmo de investigações da Lava Jato arrefeceu. Esse foi o mantra entoado por Raquel na reunião da última terça-feira com Deltan Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa de Curitiba. No encontro, segundo um dos presentes, a Procuradora-Geral parecia mais preocupada em evitar que o pedido de exoneração do coordenador da Lava Jato na PGR, José Alfredo de Paula, macule sua campanha para a recondução ao cargo do que em tratar do caso “The Intercept”.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Raquel Dodge

Consolidação da construção pesada pode ser a grande obra de Montezano no BNDES

17/07/2019
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O engenheiro Gustavo Montezano, que tomou posse na presidência do BNDES ontem, vai surpreender os que apostavam unicamente no seu perfil estripador. A abertura da “caixa-preta” do banco já são favas contadas. Mas, de dentro dela, pode emergir uma gentil consolidação entre as maiores empresas de construção pesada do país. O pupilo de Paulo Guedes está convencido de que esse movimento é o mais indicado para robustecer o setor de forma higienizada.

As grandes empreiteiras já foram um cartel antes de se tornarem uma máquina de corrupção. Talvez esteja na hora de se concentrarem ainda mais para sobreviver às sequelas do “petrolão” e da Lava Jato. O governo excomungou as chamadas big five da construção pesada – hoje circunscritas a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Praticamente inviabilizou as empresas. Hoje as três construtoras, que já estiveram pela hora da morte, melhoraram seus fundamentos e estão reiniciando sua carteira de obras. Ao BNDES, que pariu o Mateus da exportação de serviço, caberia embalá-lo de forma sustentável, sólida, sem favorecimentos.

Questões à frente de Montezano: o maior impeditivo à consolidação corporativa não é econômico-financeiro, mas de diferença das culturas; a exemplo do que ocorreu na conglomeração final do setor bancário – Bradesco, Itaú e Unibanco – há lugar para a fusão de dois, o terceiro ficará sem a cadeira; o ideal é que a empresa nascente seja uma public company, o que vem a ser uma verdadeira alquimia societária em um setor marcado pelo controle familiar. O presidente do BNDES sabe que as mal faladas empreiteiras concentram o melhor capital humano da República – a Odebrecht é quase uma universidade. Rearrumar o setor e trazê-lo para o game da infraestrutura nacional representaria a remissão de um dos maiores desatinos com a indústria brasileira.

#BNDES #Gustavo Montezano

Uma “contusão” providencial de Moro?

9/07/2019
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O pedido de licenciamento do ministro Sergio Moro, depois de comemorar efusivamente os gols da seleção brasileira, estava sendo atribuído a vazamento de um dos veículos parceiros do The Intercept na divulgação das falas secretas da Lava Jato. A referida publicação teria sido interceptada pela Polícia Federal, que iniciaria um processo de investigação com base nas informações colhidas. Moro teria tirado alguns dias para não estar a postos quando a operação entrasse em curso. A fonte do RR é boa, mas a história parece inverossímil. Até porque Moro teria de voltar para enfrentar o dragão das denúncias. E a licença demora pouco tempo.

#Lava Jato #Sérgio Moro #The intercept

O “Fla-Flu” do Ministério Público

5/07/2019
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Um grupo de procuradores do Ministério Público Federal tem se reunido com o objetivo de preparar uma peça ainda mais contundente, solicitando a abertura de processo disciplinar contra Deltan Dellagnol. Trata-se de uma reação ao arquivamento do primeiro pedido por parte do corregedor do MPF, Orlando Rochadel Moreira. A decisão de Rochadel gerou forte insatisfação entre componentes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Uma ala do CNMP insiste na averiguação da conduta de Dellagnol e demais integrantes da força-tarefa da Lava Jato à luz das mensagens reveladas pelo The Intercept e outros veículos. Além do mérito, a forma como Orlando Rochadel conduziu a questão acirrou os ânimos. Segundo o RR apurou junto a um integrante do CNPM, os conselheiros tomaram conhecimento do arquivamento apenas pela imprensa. Pelo regimento interno, o corregedor tem a prerrogativa de deferir ou não pedidos de instauração de processos disciplinares. Na prática, contudo, casos mais complexos, como o de Dellagnol, costumam ser discutidos previamente com o CNMP. Além disso, a praxe é que os quatro conselheiros responsáveis pelo encaminhamento do pedido original fossem formalmente notificados da decisão, o que, segundo a fonte do RR, não ocorreu. Procurada, a Corregedoria do MPF não quis se pronunciar.

Em tempo: membros do Conselho Superior do Ministério Público Federal interpretaram o resultado da eleição para o colegiado, encerrada na semana passada, como mais uma evidência da divisão no MPF. As duas vagas no colegiado destinadas a subprocuradores da República serão ocupadas por representantes de grupos antagônicos. O vencedor, Alcides Martins (65% dos votos), é tido como de perfil independente e mantém uma relação institucional com a “República de Curitiba”. Já o segundo colocado, José Adonis Araújo (59%), é próximo de Deltan Dellagnol e cia. e se notabiliza por ser um defensor desabrido da Lava Jato.

#CNMP #Deltan Dellagnol #Ministério Público Federal

Cabral atira para tudo que é lado

5/07/2019
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Além das acusações a Eduardo Paes e ao ex-presidente do COB Carlos Arthur Nuzman Sergio Cabral também quebrou a omertà com Luiz Fernando Pezão. Segundo a Rádio Corredor da Lava Jato, Cabral revelou à Justiça pagamentos de propina que teriam sido feitos pelo empresário Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, a Pezão entre 2015 e 2017. Deve ter dado sono nos procuradores do Ministério Público.

#COB #Eduardo Paes #Luiz Fernando Pezão #Sérgio Cabral

Ecos da Lava Jato

2/07/2019
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Mesmo com o recente contrato para o fornecimento de 12 mil toneladas de tubo para o campo de Libra, a Vallourec ainda está longe dos tempos áureos no Brasil. A empresa estima que o mercado interno absorverá apenas 30% da sua produção no país até o fim de 2020. Antes do “petrolão”, no auge da cadeia de petróleo e gás no Brasil, a demanda doméstica respondia por mais de 80% da capacidade da empresa no país. O que salva as duas fábricas do grupo em Minas Gerais são as exportações. Consultada, a Vallourec informou que “não divulga informações mercadológicas sobre a venda de seus produtos.”

#Vallourec

Os prós e contras do “Morodória”

27/06/2019
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O Palácio do Planalto nutre sentimentos dúbios em relação à ofensiva de apoio de João Doria a Sergio Moro. Por um lado, ela fortalece a posição de Jair Bolsonaro, que capturou Moro; por outro, é vista como uma forma de Doria tirar casquinha do ministro da Justiça, a priori um “ativo” do presidente. A aproximação se intensificará amanhã, quando o governador vai condecorar Moro com a Ordem do Ipiranga. Paranoia ou não, os radares do Planalto também identificaram um movimento para vincular Doria a Moro nas redes sociais. Nos últimos dois dias, na esteira das manifestações convocadas para domingo em apoio à Lava Jato, a hashtag #Dia30AceleraBrasil disparou no Twitter. Ela remeta ao principal bordão de Doria, “Acelera, São Paulo”.

#João Doria #Lava Jato #Sérgio Moro

Lava Jato da mídia

25/06/2019
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As majors da mídia estão em estado de fricção. O incomodo se deve ao acordo firmado pela Folha de S. Paulo com o The Intercept para divulgação dos e-mails, fotos e áudios hackeados dos smartphones de Sergio Moro e do procurador Deltan Dellagnol. A Folha pode muito bem, em meio a informações de interesse, divulgar conversas da concorrência com os procuradores e juízes. E aquilo que é dito na intimidade normalmente é o que não se quer jamais ver publicado nos jornais.

#Deltan Dallagnol #Sérgio Moro

A guerra fria entre Bolsonaro e Davi Alcolumbre

18/06/2019
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Se não for devidamente acalmado, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, poderá se tornar um grave problema para o governo. Em vez de abrandar a temperatura, a conversa entre Alcolumbre e Jair Bolsonaro há cerca de duas semanas aumentou o grau de animosidade entre as partes. Segundo uma fonte muito próxima ao presidente do Senado, o parlamentar foi levar as manifestações de incômodo de seus pares com o modus operandi de Bolsonaro. Alcolumbre questionou o expediente do presidente da República de usar as redes sociais para constranger e pressionar os parlamentares a votar a favor de propostas de interesse do governo.

Disse que a estratégia tem gerado consequências delicadas para os senadores. De acordo com a fonte do RR, Alcolumbre citou, inclusive, que ele e seus colegas têm recebido telefonemas e e-mails com ameaças de morte caso não aprovem projetos da agenda governista. Como seria de se esperar, Bolsonaro não deixou por menos. Sem mesuras ou meias palavras, bem ao seu estilo, teria reagido a Alcolumbre dizendo: “Vocês que não me pressionem. Quem tem o povo na mão sou eu”. O RR tentou contato com o presidente do Senado por meio de sua assessoria, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

A julgar por movimentos recentes de parte a parte, nem Jair Bolsonaro nem Davi Alcolumbre parecem dispostos a recuar. No último sábado, o presidente Bolsonaro deu uma nova reprimenda em praça pública no Senado, por meio do seguinte post no Twitter: “A CCJ do Senado decidiu revogar nossos decretos sobre CACs e posse de armas de fogo. Na terça (18), o PL será votado no plenário. Caso aprovado, perdem os CACs e os bons cidadãos, que dificilmente terão direito de comprar legalmente suas armas.

Cobrem os senadores do seu Estado.” A última frase parece ter sido feito sob medida. Por sua vez, o disparo de Davi Alcolumbre já tinha ocorrido três dias antes. Na quarta-feira passada, subitamente Alcolumbre ressuscitou o chamado projeto do abuso de autoridade, parado desde 2017. A proposta prevê punições mais duras a excessos cometidos por magistrados e procuradores – a título de exemplo, entre os casos passíveis de punição constam obter provas por meios ilícitos e divulgar gravação sem relação com a prova que se pretendia produzir. Há, inclusive, uma articulação para que o tema seja votado na sessão de hoje da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A essa altura, se o projeto vai ou andar no Senado, é quase um detalhe. Para Alcolumbre, talvez baste a vinculação entre a proposta e a revelação, pelo The Intercept, das mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Não basta ter uma arma. Às vezes, é preciso colocá-la sobre a mesa. Quem aponta para Moro mira na Lava Jato, mas também enxerga Bolsonaro no visor.

#David Alcolumbre #Jair Bolsonaro

Segundo clichê

13/06/2019
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A subprocuradora Luiza Frischesein venceu a eleição para o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), mas pode não tomar posse – conforme antecipou o RR na edição da última terça-feira. Sua vitória está sub judice. Derrotado, o subprocurador Moacir Guimarães entrou com pedido de impugnação da candidatura de Luiza. O assunto ganha importância diante do vazamento das mensagens entre Sergio Moro e Deltan Dellagnol. Cabe ao CSMPF a abertura de processos administrativos contra integrantes do Ministério Público. Luiza é ligada aos procuradores de Curitiba e ferrenha defensora da Lava Jato.

#CSMPF #Luiza Frischesein

Acervo RR

Segundo clichê

13/06/2019
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A subprocuradora Luiza Frischesein venceu a eleição para o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), mas pode não tomar posse – conforme antecipou o RR na edição da última terça-feira. Sua vitória está sub judice. Derrotado, o subprocurador Moacir Guimarães entrou com pedido de impugnação da candidatura de Luiza. O assunto ganha importância diante do vazamento das mensagens entre Sergio Moro e Deltan Dellagnol. Cabe ao CSMPF a abertura de processos administrativos contra integrantes do Ministério Público. Luiza é ligada aos procuradores de Curitiba e ferrenha defensora da Lava Jato.

#CSMPF #Luiza Frischesein

“Moro Leaks”: cenários do day after

12/06/2019
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O RR teve acesso a um paper feito por encomenda de entidade empresarial sobre os cenários políticos previsíveis depois do “Moro Leaks” promovido pelo The Intercept. A síntese do documento é “que vai ter guerra, sim”. Alguns pontos mais instigantes são os seguintes:

O The Intercept faz um jornalismo profissional, mas tem um viés de esquerda. Assumiu um compromisso de divulgar lotes de gravações e vai cumpri-lo. A julgar pelo que recomendam as melhores práticas da imprensa, o conteúdo a ser divulgado será ainda mais “quente”.

  • Quanto mais explosivo for o material em poder do The Intercept, maior o nível de beligerância na sociedade, que tende a se dividir entre os “Lava Toga” e os defensores do “Lava Jato”. Os jornalistas teriam “bom conteúdo” para pelo menos dois meses de divulgação.
  • O PT vai se apoderar de duas bandeiras: a da perseguição e a da injustiça. Serão cristãos na arena, mas sem nenhuma docilidade. Pelo contrário. Aguarda-se estridência, movimentos de rua e ataques nas redes, em um crescendo no ritmo da divulgação dos grampos.
  • Lula é um dos principais beneficiados pelo “Moro Leaks”. Sua imagem estava sendo corroída pela pecha de meliante. Reassume uma condição de mártir e pode até virar símbolo pop, ao melhor estilo de Che Guevara, com seu rosto estampado em T-shirts.
  • Bolsonaro disputa com Lula o panteão de vencedor com o “Moro Leaks”. O presidente está sempre sedento por guerra. Esse é o ambiente que o justifica. Vai surfar no ódio que deverá assolar o país. E deslizará em uma espuma de ira e rancor.
  • Retornam à ribalta Olavo de Carvalho, “Carlucho”, Eduardo “03”, Alexandre Frota, Janaina Paschoal, Kim Kataguiri, Lobão, Luiz Felipe Pondé e demais influenciadores, aliados e dissidentes, que voltam a ter um inimigo comum.
  • Apesar do regozijo com o anfiteatro de guerra, Bolsonaro pode acusar uma perda: o atraso das reformas. Mas sempre terá o álibi de atribuí-las ao PT, na medida que The Intercept pode muito bem ser chamado de braço midiático da esquerda.
  • O acalorado ambiente político poderá lascar o posicionamento granítico do ministro da Economia, Paulo Guedes, que teria de abrir mão da sua avareza em termos fiscais. Guedes seria levado a seguir o dito romano e distribuir pão às massas. Medidas de caráter emergencial pró-consumo e emprego seriam adotadas.
  • O Supremo fará malabarismos para mostrar que questiona os procedimentos dos “Lava Jatos” à luz dos novos fatos, mas não mudará nenhuma das decisões já tomadas. No final, o “Moro Leaks” pode se transformar em marketing para o STF.
  • O ministro da Justiça, Sérgio Moro, é o grande perdedor com os vazamentos. Com ele, perde também a “República de Curitiba”. Bolsonaro pode até segurar Moro, trazendo-o para a sua trincheira como vítima do petismo. Mas os projetos do ministro e mesmo sua nomeação para o STF ficam “sub Intercept”.

#Jair Bolsonaro #Lava Jato #Lula #Sérgio Moro #The intercept

As duas cartas de Ciro Nogueira

16/05/2019
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O presidente do PP, o notório Ciro Nogueira, movimenta duas peças simultaneamente na disputa pelo redivivo Ministério das Cidades. Além de Alexandre Baldy, indicou para o cargo o nome de Gilberto Occhi. Nogueira faz assim um hedge para a hipótese de Baldy recusar o convite para permanecer com o homem-forte da área de transportes no governo de João Dória. Occhi acumulou extensa folha de serviços prestados aos antecessores de Jair Bolsonaro: comandou a própria Pasta das Cidades no governo Dilma e presidiu a Caixa Econômica na gestão Temer. Assim como boa parte dos próceres do PP, a começar pelo próprio Nogueira, não escapou da Lava Jato. Foi acusado pelo doleiro Lucio Funaro de comandar um esquema de rateio de propina a parlamentares do partido quando ocupava a vice-presidência de Governo da Caixa Econômica.

#Caixa Econômica #Ciro Nogueira #João Doria

Cabeça a cabeça

14/05/2019
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O ex-secretário de Saúde do Rio, Sergio Cortes, acelera as tratativas para fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Cortes disputa uma corrida com o antigo chefe, Sérgio Cabral. Se o ex-governador destampar de vez a Caixa de Pandora da saúde, lá se vai sua moeda de troca com a Lava Jato.

#Sérgio Cabral #Sérgio Côrtes

A quem interessa um Coaf sem poder de polícia?

10/05/2019
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Antes que se iniciem as torrenciais maledicências, não é uma demanda de Paulo Guedes o iminente retorno do Coaf para o Ministério da Economia. A medida só tem uma tradução: a redução dos dispositivos e da força-tarefa que vêm sendo montados por Sérgio Moro para intensificar o combate à corrupção e a crimes financeiros. A medida expõe Guedes e o atrapalha nas grandes batalhas pelas reformas estruturais.

À primeira vista, não há probabilidade da manutenção do projeto do ministro da Justiça na Pasta da Economia. Moro idealiza um Coaf conectado à Polícia Federal e ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, subordinados à Justiça. Além da já anunciada duplicação do quadro de funcionários, composto por 37 servidores, também estão programados investimentos para a integração do Conselho com a área de Inteligência da PF. Os planos de Moro preveem ainda a nomeação de especialistas em lavagem de dinheiro para postos-chave no Coaf.

O cartão de visitas já foi apresentado: indicado por Moro, o presidente do Coaf, Roberto Leonel, foi chefe da Inteligência da Receita Federal em Curitiba e atuou no caso do Banestado e na Lava Jato. No momento, qualificar qualquer tipo de ação política por trás do movimento pendular do Coaf é quase um exercício epistemológico. As circunstâncias não suportam diagnósticos cartesianos. A quem interessa desmobilizar o aparelho de investigação de crimes financeiros formulado por Sérgio Moro a partir do Coaf? O Centrão?

Os investigados pela Lava Jato? Os condenados por Moro? Olavo de Carvalho? Antes que alguém faça qualquer ilação sobre o relacionamento atávico entre Paulo Guedes e o mercado financeiro, ressalte-se logo que essa associação é venal. A celeuma em torno da volta do Coaf à Economia pode não passar de mera fumaça. Ontem mesmo, em mais um movimento errático, Jair Bolsonaro fez um apelo, ainda que tímido, para que o plenário do Congresso devolva o Coaf a Moro. Por enquanto, o projeto do ministro da Justiça segue de pé. Mas tudo pode acontecer. Até mesmo não acontecer nada.

#Coaf #Jair Bolsonaro #Paulo Guedes #Sérgio Moro

Lava Jato em Madri

7/05/2019
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Segundo fonte do Ministério Público Federal, a força-tarefa da Lava Jato prepara um novo pedido de extradição de Rogério Tacla Durán. De acordo com as investigações, empresas de Durán no exterior teriam movimentado cerca de R$ 95 milhões em recursos desviados da Petrobras para o pagamento de propinas. Há cerca de dois anos, o MPF pediu a sua extradição, negada pelas autoridades espanholas. Desde então, ele é considerado foragido pela Justiça brasileira.

#Lava Jato

Rio de Janeiro contra o crime

3/05/2019
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A julgar por movimentos paralelos em curso no Judiciário, muita água barrenta ainda vai passar pela Lava Jato e suas operações derivadas no Rio de Janeiro. O Tribunal de Justiça do estado (TJ-RJ) prepara uma reestruturação interna com a criação de quatro varas especializadas no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. De acordo com a fonte do RR, cada uma delas teria um juiz exclusivo e quadro pessoal próprio. Na paralela, coincidentemente ou não, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio também estuda implementar quatro novas varas para julgar especificamente processos de corrupção e lavagem relacionados à caixa 2 de campanha. A medida vem no rastro da decisão proferida pelo STF no mês passado, de que cabe à Justiça Eleitoral julgar os casos de políticos que receberam recursos não declarados na prestação de contas eleitorais.

#Governo do Rio de janeiro #Lava Jato

Fronteiras fechadas

2/05/2019
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A defesa de Marcia Mileguir, investigada pela Lava Jato, vai recorrer ao STJ. Em março, o juiz Luiz Antonio Bonat, substituto de Sérgio Moro na 13ª Vara Federal, negou o pedido para que ela viajasse aos Estados Unidos para acompanhar um suposto tratamento médico de seu filho. O “novo Moro” não se convenceu com os laudos e atestados apresentados pela defesa. Desconhece-se a carta que os advogados de Marcia têm na manga para dobrar o STJ. Presa na 56ª fase da Lava Jato, Marcia é acusada de ter participado, ao lado do companheiro David Arazi, de um esquema de corrupção que teria desviado cerca de R$ 67 milhões na construção da nova sede da Petrobras em Salvador.

#Lava Jato #Sérgio Moro #STJ

Laboratório de malfeitos

29/04/2019
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A Polícia Federal teve acesso a documentos e extratos bancários no exterior que revelam novos detalhes do esquema de propina montado pelo Labogen, ligado a Alberto Yousseff. As investigações apontam para conexões com políticos da Argentina e do Paraguai. As diligências se baseiam na delação premiada dos doleiros Leonardo Meirelles e Nelma Kodama, assim como Yousseff presos nos primórdios da Lava Jato, ainda em 2014. Procurada, a PF diz que “não se manifesta sobre investigações em andamento.”

#Polícia Federal

Produto exportação

23/04/2019
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A Lava Jato e suas congêneres menos votadas colocaram o Brasil de vez no jet set internacional dos crimes financeiros. O Ministério da Justiça já contabiliza mais de três mil processos com pedidos de cooperação jurídica internacional de 50 países, notadamente para o pagamento de indenizações e recuperação de ativos.

#Minha Casa Minha Vida

“Reforma da Previdência”

10/04/2019
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A Previdência do ex-senador Valdir Raupp está na mira do Ministério Público Federal, que analisa a legitimidade ou não do benefício concedido a ele. Raupp voltou à lista de aposentados vitalícios de Rondônia, na condição de ex-governador do estado. Receberá algo em torno de R$ 25 mil – a pensão havia sido extinta em 2011 pelo então governador Confúcio Moura. Raupp é investigado pela Java Jato. Em dezembro, o próprio MPF solicitou à Justiça o bloqueio de aproximadamente R$ 100 milhões em bens do exsenador para ressarcimento da Petrobras por supostos desvios em contratos.

#Lava Jato #MPF #Valdir Raupp

Um velho conhecido do CNJ

8/04/2019
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O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Emmanoel Pereira é tratado por seus pares na Corte como pule de dez para ocupar um assento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O mandato do atual representante do TST no órgão, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, se encerra no próximo mês de agosto. Pereira tem familiaridade com o CNJ. Seu filho, o advogado Emmanoel Campelo de Souza Pereira, integrou o Conselho como representante da Câmara dos Deputados. Na ocasião, foi indicado pelo então presidente da Casa, Henrique Alves, tragado pela Lava Jato. Em tempo: em 2012, o próprio Emmanoel Pereira quase virou alvo do CNJ. À época, por oito votos a seis, o plenário rejeitou a abertura de processo contra o ministro, acusado de manter um servidor-fantasma em seu gabinete no TST.

#CNJ #TST

República dos manifestos

8/04/2019
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Entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências estão mobilizando comunidade científica para um protesto contra o governo, em Brasília. O motivo é o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 29 de março, contingenciando 42,7% nas despesas de investimento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Na semana passada, algumas dessas entidades já enviaram uma carta a Bolsonaro criticando os cortes.

Das ciências para o Judiciário: procuradores da força-tarefa da Lava Jato discutem a divulgação de um manifesto contra o Supremo nos próximos dias. O agravo se deve ao julgamento de Deltan Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que será retomado amanhã. O pedido de processo partiu do presidente do STF, Dias Toffoli, em razão de uma entrevista de Dallagnol. O coordenador da Lava Jato disse que “Os três mesmos ministros de sempre do Supremo tiram tudo de Curitiba e mandam para a Justiça Eleitoral e dão sempre os habeas corpus”. Referia-se a Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e ao próprio Toffoli.

#Dias Toffoli #Jair Bolsonaro #SBPC

Críticas e desagravos opõem togados e ex-fardados

5/04/2019
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Há uma óbvia relação entre o ato de desagravo ao Supremo Tribunal Federal na última quarta-feira e o editorial da nova edição da Revista do Clube Militar. O manifesto de apoio da “sociedade civil” ao STF – que uniu da OAB à CNBB e ao Conselho de Pastores, passando por Fiesp e Força Sindical – ocorreu poucos dias após a publicação entrar em circulação com o editorial intitulado “Ditadura da Toga?”. No texto, o presidente do Clube Militar, General de Divisão Eduardo José Barbosa, faz duras críticas à decisão do STF de que processos de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à prática do “caixa 2” devem migrar para a Justiça Eleitoral.

O General afirma que “fica evidente uma ofensiva contra a Operação Lava Jato, deixando a suspeição de haver uma disputa pelo poder no âmbito do próprio Judiciário ou uma tentativa de ‘favorecer a defesa dos corruptos’”. No editorial, o presidente do CM classifica como “uma atitude presunçosa, arrogante e, mesmo, raivosa” a decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, que determinou a abertura de inquérito “para apurar contestação, ofensa, crítica ou ameaça” contra os ministros da Corte e seus familiares. “Por que não se pode criticar ou contestar?”, questiona o General Barbosa. Por sua vez, segundo informações correntes, o ato “espontâneo” de desagravo ao STF teria sido organizado pelos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux. O cenário é de uma “guerra fria”.

É importante que se faça algumas ressalvas. O STF não representa o Judiciário, em que pese ser a mais alta Corte do país. O Clube Militar, por sua vez, não vocaliza os militares da ativa, não obstante representar todos os oficiais que passaram pelo Exército, o que não é pouca coisa. Consultado pelo RR se o editorial em questão configura uma crítica a um episódio específico, o chamado julgamento do “caixa 2”, ou se trata de uma avaliação negativa do comportamento recente do STF, o CM respondeu que “Ambos”. Perguntado se planeja outras manifestações publicas neste sentido, o Clube Militar disse “Talvez”.

O RR também entrou em contato com o STF, que não quis se pronunciar sobre o episódio. Pode ser que seja apenas um jogo de cena, mas uma fonte do Supremo disse à newsletter que não reconhecia qualquer importância na manifestação do General Barbosa. Ao se referir à posição do Clube Militar, em tom irônico o interlocutor chegou a se utilizar da frase proferida pelo ministro Ricardo Vélez ao mencionar o “guru” Olavo de Carvalho e suas seguidas interferências na Pasta da Educação: “Não passam de fenômenos meteorológicos.

#OAB #Operação Lava Jato #STF

Sérgio Moro busca munição financeira para a Polícia Federal

1/04/2019
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Ao mesmo tempo em que tenta, a duras penas, avançar com seu pacote anticrime no Congresso, o ministro Sérgio Moro abriu outro front de combate dentro do governo. Moro tem pleiteado à área econômica a liberação de recursos adicionais para a Polícia Federal. O orçamento para 2019 é praticamente o mesmo do ano passado – em torno de R$ 7,5 bilhões. O aumento do efetivo da PF está condicionado à munição financeira extra.

Sem o reforço, a corporação não conseguirá colocar em marca o plano de contratar ainda neste ano de 500 a mil dos aprovados em concurso realizado em 2018. Não é só: a Justiça defende a realização de novo processo seletivo. Estima-se que hoje a PF tenha um déficit, por exemplo, de aproximadamente 400 delegados em seus quadros por conta de restrições orçamentárias, que se acentuaram nos últimos quatro anos.

Consultado pelo RR, o Ministério da Justiça confirmou que “há o pedido de aumento de despesa relativo às nomeações do concurso realizado em 2018, além do pedido de autorização de novo concurso.” A Pasta informou ainda que “o Ministério da Economia também deverá ser provocado para se manifestar acerca viabilidade do atendimento do pedido.” A escassez de pessoal tem se refletido diretamente no ritmo de trabalho da PF. É bem verdade que, nos últimos anos, o grau de complexidade e o volume de operação cresceram consideravelmente – a Lava Jato praticamente exigiu uma Polícia Federal só para ela. Ainda assim, a corporação tem levado, em média, um ano e nove meses para concluir uma investigação. Em 2017, esse índice era de um ano.

#Ministério da Justiça #Polícia Federal #Sérgio Moro

A “Lava Jato portenha”

15/03/2019
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Segundo fonte da própria Polícia Federal, novas investigações no âmbito da Operação Descartes, desdobramento da Lava Jato, confirmam que recursos desviados da Petrobras alimentaram um esquema de suborno a autoridades da Argentina. O RR apurou que o doleiro Leonardo Meirelles, ex-sócio de Alberto Yousseff, delatou ao Ministério Público Federal o nome de cinco altos integrantes  do governo argentino que teriam sido beneficiados, a partir de propina que era paga pelo laboratório Labogen. Em março do ano passado, a própria Polícia Federal citou o suposto envolvimento no caso do diretor do Serviço de Inteligência da Argentina, Gustavo Arribas. Procurada, a PF informou que “não comenta a situação de pessoas físicas ou jurídicas que porventura sejam investigadas/mencionadas”. Quanto ao inquérito da Operação Descarte, a instituição disse que “ele se encontra em andamento, em segredo de Justiça”. Também consultado, oMPF informou que a “Operação está em andamento regular e estão sendo realizadas diligências de investigação.” Em tempo: é sintomático que o delegado Elzio Vicente da Silva, que comandou a diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal até o início deste ano, seja o nome mais cotado para assumir o posto de adido da corporação em Buenos Aires – ver RR edição de 20 de fevereiro.

#Lava Jato #Petrobras

“Luizinho” e “Pezão”, uma dupla inseparável

12/03/2019
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Luiz Carlos Vidal Barroso, o “Luizinho”, ex-assessor de Luiz Fernando Pezão entrou no STF com pedido de revogação da sua prisão preventiva. “Luizinho” foi detido em dezembro na Operação Boca de Lobo, desdobramento da Lava Jato. Os procuradores estão convictos de que o ex-assessor pode levar a novas pegadas de Pezão ainda não mapeadas pelo MPF.

#Luiz Fernando Pezão #STF

Fim de uma novela?

8/03/2019
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As atenções da Lava Jato estão voltadas para o gabinete de Edson Fachin. Segundo o RR apurou, na próxima semana, no retorno do recesso do Judiciário, o ministro do STF deverá avaliar o acordo de delação premiada do empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS. Pode ser o epílogo de uma das mais longas novelas da Operação. Entre idas e vindas, Pinheiro negocia o acordo há mais de dois anos.

#Edson Fachin #Lava Jato

O aguardado aniversário de “Paulo Preto”

1/03/2019
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A defesa de Paulo Vieira de Souza, o “Paulo Preto”, deverá entrar nos próximos dias com um pedido de habeas corpus no Supremo. Para os advogados do ex-diretor do Dersa, o departamento de estradas de São Paulo, tão ou mais importante do que evitar a prisão de “Paulo Preto”, condenado ontem em primeira instância, é ganhar tempo. No próximo dia 7 de março, o ex-homem forte das rodovias paulistas completará 70 anos, o que automaticamente reduzirá metade a prescrição dos crimes que lhe são imputados pela Lava Jato.

#Dersa #Lava Jato

Acervo RR

Tiro ao alvo

27/02/2019
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O governo Bolsonaro prepara uma espécie de “Lava Jato do esporte“. A ideia é realizar uma devassa na concessão de recursos públicos para federações e confederações desportivas, por meio de contratos de patrocínio. Somente no ano passado, sete estatais, a começar pelo trio Caixa Econômica, Banco do Brasil e Eletrobras, desembolsaram quase R$ 400 milhões em mais de sete dezenas de acordos de patrocínio.

#Jair Bolsonaro #Lava Jato #Ministério dos Esportes

Amizade verdadeira

27/02/2019
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Há amizades que resistem a tufões, quiçá a uma Lava Jato. Guido Mantega e André Esteves, por exemplo, nunca se perderam de vista.

#André Esteves #Guido Mantega #Lava Jato

Bloco da Lava Jato

27/02/2019
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O prefeito afastado de Niterói, Rodrigo Nunes, já tem traje para o Carnaval: o de presidiário. A tentativa de seus advogados de tirá-lo da cadeia antes da folia atravessou a avenida. O 3º Grupo de Câmaras Tribunais do Tribunal de Justiça marcou para 12 de março a sessão que decidirá se aceita ou não a denúncia do Ministério Público estadual contra o chefe do Executivo, acusado de desviar R$ 10.982.363,93 da verba de transporte do município, entre 2014 e 2018. O caso seria apreciado na semana passada, junto com os processos de outros quatro réus, mas foi adiado. Em dezembro último, Neves teve negado no STJ e no STF o pedido de habeas corpus, para responder em liberdade às acusações de ter praticado os crimes de corrupção ativa e passiva. Sua prisão já dura mais de 70 dias.

#Rodrigo Nunes

“Infinitum” enquanto dure

26/02/2019
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A 60a fase da Lava Jato gerou controvérsias no meio jurídico, não exatamente pela prisão de Paulo Preto, mas pelo nome de batismo da operação – “Ad infinitum”. Entre criminalistas, a escolha soou como uma mensagem nada subliminar, um recado dos procuradores da República ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Recentemente, Santa Cruz disse que todo processo judicial precisa ter “começo, meio e fim” e que a Lava Jato não pode ser “um livro interminável”.

#Lava Jato

Luta inglória

14/02/2019
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A defesa de Lula tenta anular a convocação de Antonio Palocci como testemunha de acusação do processo que apura possível tráfico de influência do ex-presidente na compra dos caças da Força Aérea. Os advogados levantam a suspeição de Palocci devido aos acordos de delação premiada que ele fechou em ações no âmbito da Lava Jato – nos dois casos usando acusações a Lula como moeda de troca.

#Antônio Palocci #Lula

A gangorra de Sérgio Moro

12/02/2019
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Estão sobre a mesa de SéEstão sobre a mesa de Sergio Moro números frescos sobre o combate à corrupção no Brasil em 2018. A Polícia Federal apreendeu cerca de R$ 1,8 bilhão em operações desta natureza. A cifra engloba valores em espécie, além de bens bloqueados. Moro, no entanto,rgio Moro números frescos sobre o combate à corrupção no Brasil em 2018. A Polícia Federal apreendeu cerca de R$ 1,8 bilhão em operações desta natureza. A cifra engloba valores em espécie, além de bens bloqueados. Moro, no entanto, ainda avalia se apresentará ou não os indicadores na próxima semana, em Paris, onde participará de reunião do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) – organização de investigação e repressão a lavagem de dinheiro e fi nanciamento ao terrorismo. Dependendo do ângulo que se olhe, os números podem ser positivos ou frustrantes. O valor amealhado corresponde praticamente a metade do total apreendido em 2017, cerca de R$ 3,7 bilhões. De alguma forma, ambos os resultados vão para a conta de Moro. A maior parte dessa derrama veio da Lava Jato, capitaneada por ele.

#Sérgio Moro

Rolam os dados na sucessão da PGR

8/02/2019
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A disputa pela sucessão de Raquel Dodge na PGR, prevista para setembro, está a pleno vapor. Desde já, o procurador Deltan Dellagnol, que conta com o valioso apoio de Sergio Moro, é tido como pule de dez. No entanto, começa a ganhar corpo no MPF uma
candidatura mais moderada: a do procurador Vladimir Aras. Sua base de apoio está concentrada entre procuradores de perfil mais acadêmico. Antes, Aras deverá disputar a presidência da Associação Nacional dos Procuradores da República. Seria uma espécie de prévia. Uma vitória no pleito aumentaria o cacife de Aras para brigar por uma vaga na lista tríplice que o MPF terá de enviar ao Palácio do Planalto. Dado o favoritismo de Dellagnol, a presença de Aras serviria ao menos para dar um molho na campanha eleitoral no MPF. Integrante da força-tarefa da Lava Jato, já chegou a defender que o TSE deveria acatar a liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU, determinando a preservação dos direitos políticos de Lula e consequentemente sua candidatura à Presidência.

#PGR

Leilão da Norte-Sul sob risco

7/02/2019
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Há uma pedra, ou melhor, milhares de pedras superfaturadas no caminho do governo Bolsonaro e da privatização da Norte-Sul. A licitação, prevista para março, corre risco devido a investigações conduzidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os contratos de compra de brita para a ferrovia, entre outras possíveis irregularidades averiguadas pela Corte. O TCU constatou crimes de corrupção, fraudes em licitação e sobrepreço na aquisição das pedras colocadas nos trilhos entre Porto Nacional (TO) e Estrela d ´Oeste (SP), exatamente o trecho que o governo pretende levar a leilão ainda no mês que vem.

Em decisão proferida ontem (processo no 014.364/2015-8), o Tribunal condenou ex-dirigentes da estatal Valec e empresas envolvidas na operação a multas no valor total de R$ 22,5 milhões. O governo corre contra o relógio. O ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, assumiu pessoalmente as gestões junto ao Tribunal de Contas na tentativa de agilizar a tramitação do processo e, com isso, remover os óbices ao leilão da Norte- Sul. O caso não é simples. Vai além dos gabinetes do TCU e se materializa em um problema prático que afeta a própria operação da ferrovia.

Segundo auditoria conduzida pelo próprio órgão no ano passado, a brita que está hoje nos trilhos é tecnicamente inadequada. Com base em estudos feitos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o TCU constatou que a troca do material e a desmontagem e remontagem de estruturas pode custar mais de R$ 100 milhões. É mais uma herança da gestão de José Francisco das Neves, o “Juquinha”, que mandou e desmandou na Valec de 2003 a 2011. Tragado pela Lava Jato, foi condenado a dez anos de prisão por crimes de formação de cartel, fraudes em licitação e peculato. Um dos protagonistas do processo no TCU, “Juquinha” terá de pagar uma multa de R$ 4 milhões. Foi ainda inabilitado para exercer cargo na administração pública por oito anos. A essa altura, está longe de ser o maior dos seus problemas.

#Jair Bolsonaro #Norte-Sul #TCU #Valec

Dia D

3/02/2019
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Sérgio Moro terá uma efeméride pela frente: em 17 de março, a Lava Jato completará cinco anos. Por si, os folguedos estão garantidos. Se um peixe graúdo cair na rede, aí a data ganha ares de feriado cívico.

#Lava Jato #Sérgio Moro

Funcionário fake da Transpetro

1/02/2019
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Investigadores que atuam na Operação Lava Jato identificaram que o ex-presidente do Grupo Estre, Wilson Quintella Filho, entrou 99 vezes na sede da Transpetro, entre 2008 e 2014. O executivo de uma das maiores empresas de serviços ambientais do Brasil foi preso na quinta-feira, 31, pela Polícia Federal, suspeito de integrar um esquema envolvendo 36 contratos do grupo com a estatal, negócios que somados chegariam a R$ 682 milhões segundo a Polícia Federal. As investigações partiram da delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da estatal.

#Lava Jato #Transpetro

Bagaços da Lava Jato

1/02/2019
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Em recuperação judicial, a usina sucroalcooleira São Fernando, de Dourados (MS), teria demitido mais de 300 funcionários nos últimos três meses. É mais um capítulo do calvário da empresa pertencente à família de José Carlos Bumlai, o “amigo” de Lula preso e condenado pela Lava Jato.

#Lava Jato

Governo Bolsonaro desata os nós dos acordos de leniência

24/01/2019
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O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes Freitas, vão coordenar uma nova regulamentação dos acordos de leniência. O propósito não é mudar, na essência, a legislação existente. Mas evitar que os órgãos envolvidos no resgate da idoneidade das empresas não tropecem uns nos outros, desautorizando-se entre si. Até agora, os acordos de leniência têm feito mais a alegria dos escritórios de advocacia do que o das próprias empresas da construção pesada envolvidas na Lava Jato. As discussões estão sendo feitas junto ao Ministério Público, Advocacia Geral da União (AGU), Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU). São esses órgãos que batem cabeça quando o assunto é a leniência das empreiteiras.

Todas as majors do setor estão enredadas nessa teia de habilitações e banimentos. É consensual a necessidade de uma re-regulamentação para blindar as empresas desse processo kafkaniano. O ministro da Infraestrutura é quem se mostra mais convencido da urgência da reabilitação das empresas hoje impossibilitadas de assinar contratos com o setor público. O governo pretende implementar uma agenda pesada em infraestrutura.

Dá para fazer sem as empreiteiras peso pesado? Até dá. Mas é muito mais difícil levantar esse canteiro de obras somente com médias empresas nacionais e estrangeiras. Gomes Freitas está fazendo gestões também para evitar que uma nova versão da Lei das Licitações passe incólume pelo veto da Presidência da República. A malsinada legislação exige que os participantes tenham uma certidão negativa ampla, geral e irrestrita. Isso tiraria do páreo as empresas que estão em recuperação judicial e reestruturando suas dívidas. A AGU já anunciou que vai assinar quatro acordos de leniência ainda este ano. A Camargo Correa deverá ser a primeira contemplada. Ocorre que a Camargo já fez acordos com o MPF e o Cade. Será que posteriormente terá também que pedir a bênção ao TCU?

#Jair Bolsonaro #Onyx Lorenzoni

Lava Jato avança no Rio

24/01/2019
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O juiz Marcelo Bretas tem encontro hoje com investigados na Operação Calicute, que representou a 37ª fase da Lava Jato e teve como principal alvo o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Bretas interroga Adriano José Reis, membro de um clã que comanda concessionárias no Rio de Janeiro e delatou esquema de blindagem fiscal no governo Cabral e Carlos Emanuel de Carvalho, apontado como operador financeiro do ex-governador.

#Lava Jato

Os avalistas que importam

21/01/2019
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Causou certo desconforto na Polícia Federal a nomeação do delegado Igor Romário de Paula como diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado. O cargo, historicamente, é ocupado por delegados de longa carreira que já tenham passado pelas superintendências mais relevantes, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Romário de Paula chefiou a PF em Alagoas e posteriormente se notabilizou por trabalhar na tropa da Lava Jato na “República de Curitiba”. Se não passou por cargos tidos por seus colegas como mais importantes, tem o apreço e a admiração do novo diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e, sobretudo, de Sergio Moro. Convenhamos, não é pouca coisa.

#Polícia Federal

O governo Temer ainda não acabou…

17/01/2019
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Familiares de Geddel Vieira Lima – entre eles sua mãe, Marluce, também denunciada na Lava Jato por suposto crime de lavagem de dinheiro – estariam pressionando o ex-deputado a negociar um acordo de delação premiada. Ou seja: o pedido da PGR Raquel Dodge à Justiça para a condenação de Geddel a 80 anos de prisão já surtiu o primeiro efeito.

O futuro ex-senador Romero Jucá já oficializou aos mais próximos: na semana pós-Carnaval abrirá seu escritório de consultoria parlamentar em Brasília. Isso, claro, se ainda estiver na “pista” até lá.

#Geddel Vieira Lima

Do General ao superministro, com carinho

15/01/2019
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O ministro da Justiça, Sérgio Moro, sempre contou com o estímulo do ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Moro ouviu palavras de elogio ditas em encontros pessoais e sempre esteve na linha de alcance dos recados indiretos do general. Entre os dois há uma grande empatia e cordialidade. Antes de transmitir o cargo de comandante do Exército para o general Leal Pujol, o general Villas Bôas se encontrou com Moro, de quem ouviu sobre os planos para prosseguir no combate à corrupção sistêmica no país. O ministro da Justiça afirmou que essa é uma guerra permanente. Teria dito que a operação não é mais a Lava Jato, mas a “Lava para Sempre”. São palavras, aliás, que deverão ser ouvidas por muito tempo a partir dos próximos dias. O general assentiu. Villas Bôas sempre foi um entusiasta do homem e de suas ideias. Tornou clara sua admiração no discurso de transmissão de cargo, quando ombreou Moro com o presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto, comandante da intervenção no Rio, como as referências republicanas do nosso tempo. Villas Bôas vai para a História. E Moro segue para cumprir o que antecipou ao general: organizar uma força-tarefa nacional, desconcentrando o antigo forte apache de Curitiba e ampliando as sinergias entre o Ministério Público e Polícia Federal. A geração de fatos na área criminal é um dos instrumentos de sustentação do governo Bolsonaro. É um bem em si e eficiente ferramenta política. Poder similar ao de Moro em outras democracias somente o exercido por John Edgar Hoover, diretor geral do FBI, considerado a maior organização policial do mundo, que permaneceu no cargo por 48 anos.

#Sérgio Moro

Bolsonaro revela os “segredos” dos bancos públicos

8/01/2019
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De uma forma ou de outra, o governo vai flexibilizar a lei do sigilo bancário. A medida se aplicará somente aos bancos públicos. Mas não está decidido se valerá só para contratos pretéritos ou se tornará uma regra geral. Mesmo em relação aos financiamentos já acordados há dúvida se o disclosure seria aplicado de uma forma ampla ou somente nas operações com empresas envolvidas em investigações criminais.

No passado, o BNDES recusou-se a abrir os contratos de financiamentos de companhias envolvidas na Lava Jato, alegando a lei do sigilo bancário. A tendência é que apenas os termos dos empréstimos às empresas empepinadas sejam divulgados. Se dependesse de ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe, todos os grandes contratos de financiamento feitos junto ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social seriam abertos. A transparência seria um requisito para o financiamento público amplo, geral e irrestrito.

A medida pode até ter um anteparo de fundo ético, representando uma prestação de contas ao contribuinte, que é quem paga uma boa parte desses empréstimos. Mas ela tende a reforçar a desconfiança nos atos de governo, que diz uma coisa e faz outra. A Receita Federal recentemente ensaiou a tese de que a anistia em relação à origem dos recursos repatriados deveria ser suspensa, contrariando compromisso firmado em lei. Mexer no sigilo bancário, ainda que de forma estanque, pode suscitar insegurança regulatória.Outras operações financeiras legítimas poderiam ser abertas, sabe-se lá por quais critérios. A quebra de contratos e o devassamento da privacidade são dois corvos voando sobre a democracia. É bom que não se confunda liberalismo econômico e radicalização da transparência com aborto da fé pública.

#BNDES #Jair Bolsonaro #Lava Jato

Enquanto prepara sua resposta, Bolsonaro deve fazer uma reforma “pré-ministerial”

14/12/2018
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Há pressões dos generais auxiliares de Jair Bolsonaro para que ele promova uma “reforma ministerial” antes mesmo de tomar posse. A recomendação é que Bolsonaro “demita” de imediato um ou até mais dos seus futuros ministros investigados ou denunciados em escândalos de corrupção. Militares assessores do presidente eleito pregam que ele precisa não apenas responder às acusações que pairam sobre ele e seu filho Flavio, mas também agir duramente e afastar, desde já, colaboradores moralmente incapacitados de formar o novo governo. Até porque, neste novo contexto, é grande o risco de que as denúncias que pesam sobre seus ministros acabem potencializando as próprias suspeições contra o clã.

O troca-troca no Ministério reforçaria o discurso de “tolerância zero” com a corrupção que pautou a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. A latere, não deixaria de ser também uma forma de proteger o superministro da Justiça, Sérgio Moro, fadado a ser um “caçador de corruptos” cercado de fichas sujas por quase todos os lados. À exceção dos nomes egressos das Forças Armadas, o ecossistema ministerial de Bolsonaro reúne uma vasta fauna de denúncias, escândalos e acusações. O presidente eleito não tomou os cuidados necessários. De uma certa forma, ele “temerizou” a escolha do seus ministros. Uma simples consulta ao Google já é suficiente para dimensionar o grau de “criminalização” a priori do futuro gabinete. Ontem, às 19h42, no fechamento desta edição (como se sabe, os algoritmos do Google mudam ao longo do dia), uma busca vinculando o nome de Paulo Guedes ao termo “denúncias” somava 377 mil resultados.

A massa de menções é puxada, logicamente, pelo noticiário das investigações sobre possível fraude na gestão de recursos de fundos de pensão. Onyx Lorenzoni vem logo a seguir. Sua associação à expressão “Lava Jato” resultava, na mesma hora, em 259 mil menções. O futuro chefe da Casa Civil admitiu ter recebido cerca de R$ 100 mil da JBS, mas nega corrupção. “Foi apenas caixa 2”, costuma repetir em autodefesa. Último dos indicados para o ministério de Bolsonaro, o futuro titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aparece com aproximadamente 137 mil indexações quando vinculado à palavra “denúncias”. Da época em que comandava a Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, Salles foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo de tentar vender o edifício sede do Instituto Geológico do estado para uma empresa pertencente a um amigo seu.

O indicado ao Meio Ambiente é alvo de uma denúncia do Ministério Público de São Paulo por alteração ilegal do plano de manejo de uma área de proteção ambiental em Várzea do Rio Tietê (SP). Indicada para a Agricultura, a deputada Tereza Cristina carrega mais de 123 mil citações na Internet associando-a à Lava Jato. De acordo com as investigações, Tereza teria participado de um esquema de concessão de benefícios fiscais para a JBS quando ocupava a Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Produção de Mato Grosso. Na mesma época, segundo as investigações, a deputada arrendava uma propriedade rural dos acionistas da empresa no estado. Futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta tem até uma ficha modesta se comparada à exposição de seus pares na Internet.

Ontem à noite, o Google contabilizava 32,8 mil resultados somando-se seu nome à palavra “corrupção”. Mandetta é investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 da época em ocupou o cargo de secretário de Saúde de Campo Grande (MS). As acusações dizem respeito à implantação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa). O projeto nunca saiu do papel, mesmo após o desembolso de aproximadamente R$ 16 milhões em recursos repassados pelo governo federal.

#Jair Bolsonaro

Guarda suíça

11/12/2018
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O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que deixou a força tarefa da Lava Jato em setembro, foi sondado por Sérgio Moro para integrar sua equipe no Ministério da Justiça. Lima era o segundo na hierarquia do “petrolão” no Ministério Público Federal, atrás apenas de Deltan Dallagnol, também cotado para fazer parte desta nova “força-tarefa”.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Sérgio Moro

Redenção das empreiteiras nacionais ganha espaço na agenda do governo Bolsonaro

30/11/2018
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O resgate das quatro grandes empreiteiras do país – Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão – está entre as premissas da equipe de Jair Bolsonaro para a reconstrução do setor de infraestrutura. Os principais defensores desta agenda seriam os auxiliares militares do presidente eleito. A descontaminação das grandes empresas de construção pesada é considerada essencial para a conclusão das mais de 2,7 mil obras paradas e o início de outras tantas. Esta retomada é necessária para que o país possa crescer acima dos 3,5% a 4%. Sem o avanço da infraestrutura, o teto do PIB é baixo.

O ajuste das contas públicas e mesmo o equilíbrio geral dos fatores poderão atrair recursos externos para os investimentos. Mas a equação da empreitada das obras permanece um dilema. Os assessores de Bolsonaro duvidam que mesmo a vinda em profusão de construtoras chinesas, por exemplo, não daria conta do conhecimento necessário para levantar os projetos de infraestrutura. Que empreiteira do país asiático conseguiria mobilizar a Amazônia em torno de grandes obras de energia e logística essenciais? As quatro grandes empreiteiras, que representavam mais de 50% do faturamento total do setor, foram praticamente interditadas com a operação Lava Jato. Agora, pagas as multas, punidos os gestores e controladores e fechados os respectivos acordos de leniência, estariam dadas as condições para a descriminalização ampla, geral e irrestrita das companhias.

Aliás, uma das autocríticas compartilhadas pelas equipes de Michel Temer e do futuro presidente é que as operações das empreiteiras deveriam ter sido preservadas. Uma coisa é a culpa dos homens; outra é o capital humano e a capacidade de contribuição das construtoras. Outro dado é que a Lava Jato mudou a intensidade do compliance das contratantes e das contratadas. As condições do passado para práticas de corrupção hoje são exíguas. Durante o processo de expurgo das big four, a construção pesada perdeu cerca de 400 mil postos de trabalho.

Uma parcela desse contingente era altamente especializada. Existe sempre a possibilidade de grupos estrangeiros sublocarem parte das empreiteiras nacionais, assumindo em bloco contratos, mão de obra etc. A receita parece trivial, mas, na prática, nunca deu certo, pelo menos na escala necessária. As diferenças de culturas e de conhecimento das peculiaridades locais não podem ser ignoradas. No Equador, por exemplo, onde houve um aumento expressivo do número de obras tocadas por companhias chinesas, operários dormiam amontoadosdentro de contêineres. O Brasil detém uma das melhores expertises internacionais no setor de construção pesada. O que mudou foi a higienização de expedientes inaceitáveis. A qualidade dos serviços permanece a mesma.

#Andrade Gutierrez #Camargo Corrêa #Jair Bolsonaro #Odebrecht #Queiroz Galvão

Empreiteira à venda

22/11/2018
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Os acionistas da Galvão Engenharia abriram conversações para a venda de parte ou mesmo do controle do grupo. Um dos candidatos é a China Communications Construction Company, que comprou 80% da Concremat. A Galvão carrega as chagas da Lava Jato. Segue no índex da Petrobras e ainda tenta fechar um acordo de leniência com o TCU.

#Galvão Engenharia

O “Moro do Rio”

21/11/2018
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O ex-delegado Leandro Daiello, que comandou a Polícia Federal no auge da Lava Jato, está cotado para integrar a equipe de Wilson Witzel. Guardadas as devidas proporções, Daiello seria o “Sérgio Moro” do governador do Rio.

#Lava Jato #Wilson Witzel

A conferir

16/11/2018
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A Rádio Lava Jato informa que novos trechos da delação de Antonio Palocci deverão ganhar o mundo nos próximos dias. Desta vez, ao menos, não será em semana de eleição.

#Lava Jato

O “super-delegado” do “super-ministro”

7/11/2018
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O delegado da Polícia Federal Marcio Anselmo está bem cotado para integrar o grupo de “intocáveis” que Sérgio Moro pretende levar para o Ministério da Justiça. Anselmo, por si só, é uma grife: responsável por iniciar as investigações da Lava Jato, em Curitiba, em 2014, inspirou um dos policias da série “O Mecanismo”, da Netflix. Hoje, está na chefia da Coordenação-Geral de Repressão à Corrupção (CGRC).

#Sérgio Moro

Cessão onerosa ganha seu “fast track”

6/11/2018
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O ministro extraordinário Onyx Lorenzoni, futuro responsável pela Casa Civil, passou o dia de ontem em tratativas com o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, para garantir que a Casa vote ainda nesta semana o Projeto de Lei 78/20180. Trata-se da proposta que permite à Petrobras negociar até 70% dos cinco bilhões de barris de petróleo a que tem direito de explorar no pré-sal, por meio da chamada cessão onerosa. Paulo Guedes conta com os recursos que jorrarão da operação para abater o déficit fiscal. Por ora, a previsão de arrecadação ainda é dispersa: vai de R$ 30 bilhões até R$ 100 bilhões. O novo governo tem importantes aliados na causa. Grupos estrangeiros de óleo e gás também fincaram suas plataformas de lobby no Senado para acelerar a votação do PL. Os líderes dos partidos da base aliada já aprovaram um requerimento de urgência para a matéria entrar em pauta.

Por falar em cessão onerosa, Onyx Lorenzoni tem usado de todo o seu prestígio junto a Jair Bolsonaro para que o deputado José Carlos Aleluia, autor do PL 78/2018, assuma o Ministério de Minas e Energia. Correligionário de Lorenzoni no DEM, Aleluia não conseguiu se reeleger para a Câmara dos Deputados. Pesa contra ele a manifesta disposição de Bolsonaro de montar um Ministério higienizado, sem condenações ou mesmo suspeitas de atos ilícitos. Aleluia foi citado na Lava Jato pelo suposto recebimento de R$ 300 mil, via Caixa 2, para a sua campanha eleitoral em 2010.

#Casa Civil #Onyx Lorenzoni

Lava Jato para todos

5/11/2018
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Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no MPF, é o nome de João Doria para a Secretaria de Justiça de São Paulo. Com Sérgio Moro no Ministério da Justiça e o procurador Carlos Fernando Lima cotado para a Secretaria de Segurança Pública de Wilson Witzel no Rio, Doria não quer deixar por menos.

#Deltan Dallagnol #João Doria

Novas flechadas contra o Bertin

5/11/2018
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Nos corredores da Lava Jato, em Curitiba, circula a informação de que a Polícia Federal prepara uma nova investida no âmbito da Operação Cui Bono. O alvo seria a família Bertin. Haveria novas denúncias com base na delação do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Fabio Cleto. O Grupo Bertin foi acusado de participar de um esquema para a  obtenção de financiamentos da CEF. No início de outubro, o MPF já apresentou à Justiça uma denúncia contra Natalino, Reinaldo e Silmar Bertin, todos acionistas do grupo. E olha que Sérgio Moro ainda nem assumiu o Ministério da Justiça…

#Lava Jato

Sérgio Moro leva Bolsonaro a remontar o tabuleiro da Defesa e da Segurança Pública

1/11/2018
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O fator Sérgio Moro divide o mandato sobre a segurança pública na gestão de Jair Bolsonaro. O afã de conceder superpoderes ao juiz e, assim, atrai-lo para o governo pode acabar mudando os planos do presidente eleito de atribuir ao general Augusto Heleno o controle total sobre essa área. Segundo o RR apurou, o modelo originalmente concebido previa a fusão dos Ministérios da Defesa e da Segurança Pública, sob o comando do general Heleno.

No entanto, a ideia do convite a Moro surgiu transversalmente, exigindo novas adequações. Tirar a Polícia Federal da Segurança e passá-la para a Justiça faz sentido. Ainda que se possa ponderar sobre um possível efeito colateral: deixar a PF sob a batuta de Moro traria a reboque o risco de restringi-la às funções de braço policial de uma Lava Jato ampliada, agora não mais em Curitiba, mas em Brasília.

No entanto, deslocar o Susp (Sistema Único de Segurança Pública) para o Ministério da Justiça desmontaria toda a concepção que vinha sendo estudada, esvaziando, antes mesmo do seu nascedouro, uma Pasta da Defesa com um perímetro de atuação ainda mais amplo. Ressalte-se que os dados ainda estão rolando e, por ora, nenhum dos modelos cogitados pode ser dado como decidido. Até mesmo em função do iminente aceite de Sérgio Moro, a equipe de Bolsonaro trabalha para encontrar uma divisão diplomática e operacionalmente lógica para a montagem deste puzzle ministerial. Esta questão passa pelo coração da campanha de Bolsonaro.

O combate à violência sempre esteve no epicentro da candidatura e do discurso do Capitão, sendo um dos pontos-chave para a sua eleição. No que depender do desejo do grupo de quatro estrelas que acompanha Bolsonaro, o general Heleno teria o comando central de todo o aparelho de Defesa e Segurança na esfera federal, englobando sob o mesmo guarda-chuva as Forças Armadas, a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança, além dos respectivos serviços de Inteligência destas instituições e da própria Abin. A integração das Pastas da Defesa e da Segurança Pública é vista pelos próprios generais Hamilton Mourão e Augusto Heleno como um encaixe de maior nexo, seja pela afinidade das atribuições envolvidas, seja pela probabilidade de resultados mais eficazes.

A própria presença de Bolsonaro na Presidência da República reforça a ideia de aproximação entre as Forças Armadas e a segurança pública. Com a eleição do Capitão e de Wilson Witzel, que também fincou sua campanha no discurso do combate ao crime, a possibilidade de que a intervenção federal no Rio de Janeiro se estenda por 2019 já está dada. O próprio governador eleito anunciou que solicitará a manutenção do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por mais dez meses além do prazo original (dezembro), o que, no mínimo, representaria a permanência dos militares nas ruas do Rio até outubro do próximo ano.

Por esta linha de raciocínio, há ainda outro ponto importante: os elevados índices de criminalidade em grandes regiões metropolitanas do país aumentam as chances de que as Forças Armadas sejam convocadas para atuar na segurança em outras unidades da federação. Por outro lado, os cenários cruzados sobre os quais Bolsonaro e sua equipe trabalham também apontam para uma sinergia considerável caso a Segurança Pública fique na Pasta da Justiça. Moro passaria a comandar um sistema unificado de informações, contemplando também a Secretaria da Transparência e Combate à Corrupção, a CGU e o Coaf. Esta integração seria de grande serventia, por exemplo, para a asfixia do crime organizado. A solução para a equação sairá nos próximos dias. Sobre um ponto não há qualquer discussão no entorno de Bolsonaro: o general Heleno e Sérgio Moro são vistos como peças valiosas e imprescindíveis para o próximo governo.

#Jair Bolsonaro #Sérgio Moro

Lava Jato pós-eleitoral

29/10/2018
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A Rádio Lava Jato informa: com o fim das eleições, a Polícia Federal estaria preparando uma nova operação no Rio com base na delação de Carlos Miranda, apontado como operador de Sérgio Cabral. O alvo seria a Assembleia Legislativa do Rio.

#Lava Jato

Fantasmas da Lava Jato ameaçam negócio entre Andrade Gutierrez e Apollo Management

11/10/2018
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Ainda vai levar um tempo para que a Andrade Gutierrez purgue seus malfeitos. Que o diga o Apollo Management, uma das grandes gestoras dos Estados Unidos, com mais de US$ 250 bilhões sob seu guarda-chuva. Segundo informações filtradas da própria empreiteira, os norte-americanos estariam em negociações para a compra de uma participação na Andrade Gutierrez. O aporte de capital poderia passar da casa dos US$ 500 milhões. No entanto, de acordo com a mesma fonte, o Apollo vem encontrando dificuldades para o fechamento do negócio, notadamente no que diz respeito à área de compliance. Uma due diligence na empresa de Sergio Andrade é quase um case de risco jurisdicional, tamanho o grau de criminalização do grupo pela Lava Jato.

Toda vez que se aproximam da companhia, os norte -americanos sentem o cheiro do ralo, seja por tudo que já foi destampado pela força-tarefa de Curitiba, seja pela ameaça de que dejetos do passado ainda se encontrem depositados nos negócios do grupo. O receio maior do Apollo Management atende pelo nome de CCR. Gradativamente, a Lava Jato se aproxima da holding de concessões controlada pela Andrade Gutierrez e pela Camargo Corrêa, no âmbito das investigações contra o Dersa, em São Paulo. No fim de setembro, o ex-presidente da CCR, Renato Vale, foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal.

Segundo o doleiro e delator premiado Adir Assad, Vale seria o responsável por operar um suposto esquema de corrupção, com distribuição de propina para agentes públicos. Nos corredores da Lava Jato, o que se diz é que as investigações contra o Dersa ganharão fôlego após as eleições. Procurados pelo RR, Andrade Gutierrez e Apollo não quiseram se pronunciar. Nos últimos meses, a Andrade Gutierrez teria mantido conversações com outros fundos norte-americanos e canadenses. Nenhuma dessas tratativas avançou no mesmo nível das gestões com o Apollo. Para a empreiteira, o aporte da gestora de Nova York funcionaria como uma alternativa à venda de ativos, entre os quais a própria participação na CCR.

O grupo conseguiu afrouxar um pouco o seu garrote financeiro ao renegociar cerca de US$ 330 milhões em dívidas que venceriam ainda neste ano. Para todos os efeitos, a situação ficou mais palatável para a construtora, com uma dívida de aproximadamente R$ 1,5 bilhão para um caixa em torno de R$ 600 milhões. No entanto, ainda há contas a pagar pelas diabruras do passado. Ao menos uma delas já está no radar da Andrade Gutierrez. As negociações para um acordo de leniência com a AGU deverão trazer a reboque uma multa superior a R$ 1 bilhão.

#Andrade Gutierrez #Apollo Management

Risco Picciani

11/10/2018
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Os velhos aliados do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Jorge Picciani estão apreensivos. Em prisão domiciliar, Picciani ficou bastante abalado com o resultados das urnas. Com a derrota na eleição, seu filho Leonardo Picciani perderá o mandato de deputado e o foro privilegiado a partir de fevereiro de 2019. Picciani é capaz de quebrar qualquer pacto de silêncio caso a Lava Jato trisque nos calcanhares do herdeiro.

#Jorge Picciani

Lula vs. Dallagnol: vale a pena ver de novo?

4/10/2018
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O Conselho Nacional do Ministério Público Federal lncluiu na pauta de julgamentos da próxima quarta-feira, 10 de outubro, três dias após o primeiro turno, a apreciação da nova queixa da defesa de Lula contra os procuradores da Lava Jato. Os advogados do ex presidente alegam que o MPF tem violado garantias e direitos legais e pedem a abertura de um processo administrativo. O alvo principal é Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa. A julgar pelo retrospecto, vai ser mais um tiro n ´água. Até o momento, a defesa do petista perdeu todas as suas representações contra os procuradores no colegiado do MPF. Em abril, o Conselho barrou queixa contra integrantes da força-tarefa que, segundo os advogados de Lula, havia desrespeitado “os deveres funcionais e o princípio da presunção de inocência”. Pouco depois, outra representação foi arquivada, também por unanimidade.

#Lula

Rádio Lava Jato

28/09/2018
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A Rádio Lava Jato informa que a Polícia Federal prepara uma nova investida sobre o Dersa, o departamento de obras rodoviárias de São Paulo. Mas só após a eleição.

#Dersa #Lava Jato

BTG busca outra porta de saída da África

26/09/2018
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O encerramento das tratativas entre o BTG e a Vitol para a venda de 50% da PetroÁfrica não significa necessariamente a permanência do banco da empresa. Segundo o RR apurou, a instituição financeira já abriu outras frentes de negociação. O banco de André Esteves tenta arrancar uma proposta superior à apresentada pela Vitol, da ordem de US$ 1,3 bilhão. Trata-se do mesmo valor ofertado pela trading holandesa para ficar com os outros 50% da PetroÁfrica pertencentes à Petrobras. No fundo, não convém nem à estatal nem ao banco de André Esteves permanecer em um negócio maculado pela Lava Jato.

#BTG

“Dia dos Paes”

20/09/2018
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Eduardo Paes (DEM) é o “paizão” dos órfãos políticos da Lava Jato. Além do apoio a Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha, vem se empenhando na campanha de Marco Antonio Cabral (MDB). Além de pedir votos, Paes tem cooperado na arrecadação de recursos para garantir a reeleição do herdeiro do ex-governador Sergio Cabral à Câmara dos Deputados. Não convém criar rusgas com dois presidiários tão explosivos quanto Cunha e Cabral.

#DEM #Eduardo Paes

Abílio Diniz é o ministro da Fazenda dos sonhos de Fernando Haddad (e de Lula)

19/09/2018
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Fernando Haddad já encontrou a pedra filosofal do seu governo. Abílio Diniz vem sendo sondado para assumir o Ministério da Fazenda na eventual gestão do petista. Como tudo que diz respeito à candidatura Haddad, o ex-presidente Lula tem papel determinante na escolha, da qual é o avalista-mor. As tratativas, ressalte-se, passam à margem do atual comando do PT. São conduzidas pelo núcleo central da articulação política de Haddad, em sua maioria assessores herdados do próprio Lula. Sob os mais diversos aspectos, a eventual indicação de Abílio para a Fazenda é tratada pelo entorno do candidato petista como um dos grandes achados de sua campanha – guardadas as devidas proporções, algo similar ao que a presença de Paulo Guedes representa para a candidatura de Jair Bolsonaro.

Procurados, Fernando Haddad e Abílio Diniz não quiseram se pronunciar. É bem verdade que outros nomes têm rodado o entorno de Fernando Haddad como potenciais comandantes da economia no governo petista, entre eles o de Marcos Lisboa, secretário executivo do Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Lula. Lisboa, no entanto, é um peso-pena se colocado na balança ao lado de Abílio Diniz. O ex-Pão de Açúcar seria um ministro turn key, um combo completo. Ao escolhê-lo, Haddad levaria no mesmo pacote staff, interlocução com o empresariado, simpatia da mídia e, sobretudo, doses hectolítricas de credibilidade. A eventual “nomeação” de Abílio Diniz para a Fazenda antes das eleições – hipótese cogitada no QG de campanha de Haddad –, teria o condão de atrair a confiança do mercado, inclusive no exterior.

Abílio é um personagem do mundo, membro do board do Carrefour em Paris. Algo que os principais assessores econômicos do PT – como Guilherme Mello, Marcio Pochmann, Ricardo Carneiro e Luiz Gonzaga Belluzzo –, além do próprio Marcos Lisboa, estão longe de conseguir, sem qualquer demérito à trajetória de cada um. Abílio seria o avalista do compromisso do governo Haddad com o ajuste fiscal e a realização das reformas estruturantes. Além disso, o petista teria ao seu lado um empresário puro-sangue do setor real, em contraponto aos financistas que cercam os demais candidatos à Presidência. Ressalte-se ainda que a indicação de Abílio significaria a presença de um nome sem máculas na Pasta da Fazenda, algo que ganha ainda mais relevância em se tratando de um partido que tem dois ex-titulares do cargo fisgados pela Lava Jato – Antonio Palocci e Guido Mantega. Para Abílio Diniz, a nomeação para o Ministério da Fazenda seria a coroação de sua trajetória, a pedra preciosa que falta em sua cravejada biografia. Ressalte-se que Abílio, não é de hoje, flerta com a vida pública, notadamente na era petista.

Caso raro de empresário que nunca “tucanou”, esteve cotado para assumir a Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff. Sua relação com Lula sempre foi a melhor possível. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2010, ele se declarou “fã de carteirinha” do então presidente da República. No fim de 2011, quando o petista esteve internado no Sírio-Libanês para tratar de um câncer, o ex-dono do Pão de Açúcar o visitou. Segundo testemunhas, foi um encontro repleto de mesuras de parte a parte. A idade não seria um obstáculo para Abílio Diniz assumir o manche da economia. Suas condições físicas são excelentes. Como ele próprio costuma dizer, desde os 29 anos ele se preparava para chegar aos 80. Abílio teria o vigor necessário para tourear o Congresso, negociar as reformas e, sempre que necessário, matar no peito e trazer para a sua responsabilidade agendas extremamente desgastantes. Um exemplo: ele já defendeu abertamente a elevação da carga tributária: “Se a atividade econômica cresce, aumenta a receita. Enquanto não cresce, tem de aumentar o imposto. Quem disser o contrário, é hipocrisia”.

#Fernando Haddad #Lula

República de Curitiba

17/09/2018
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Alvaro Dias, o presidenciável que mais santifica a Lava Jato, agora tem se contorcido por causa dela. Em petit comité, joga na conta do seu partido, o Podemos, a responsabilidade pela escolha do empresário Joel Malucelli como seu suplente no Senado. A proximidade da eleição permite tudo, até  renegar uma amizade de longa data. Malucelli foi preso, acusado de participar de um suposto esquema de corrupção montado no governo de Beto Richa.

#Alvaro Dias #Lava Jato

Furnas faz sombra em Aécio

12/09/2018
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Uma má notícia para Aécio Neves: segundo a “Rádio Corredor” de Furnas, o lobista Fernando Antonio Guimarães Hourneaux de Moura estaria negociando um novo acordo de delação premiada. Hourneaux foi acusado de representar interesse ilícitos do então diretor da estatal Dimas Toledo – o que, na prática, significaria representar interesses ilícitos de Aécio. Coincidência ou não, no início de agosto a procuradora geral da República Raquel Dodge pediu ao Supremo a reavaliação do arquivamento de investigação contra o senador tucano referente a um suposto esquema de corrupção em Furnas. O inquérito foi para a geladeira por decisão de Gilmar Mendes. Caso se confirme o novo acordo com a Justiça, Hourneaux será um caso raro de condenado da Lava Jato duplamente arrependido. Em 2016, o lobista fez delação premiada, mas perdeu os benefícios por apresentar versões conflitantes em seus depoimentos. Se lhe serve de consolo, uma boa notícia para Aécio Neves: o início das filmagens da segunda parte de ‘Polícia Federal: a lei é para todos’ ficou para dezembro, ou seja, depois das eleições. Com isso, Aécio se livra dos holofotes que o simples começo das gravações jogaria sobre a sua campanha. Segundo o roteiro, o filme começa exatamente com o escândalo do grampo que flagrou Aécio.

#Aécio Neves

Programação interrompida

6/09/2018
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A iminente cassação da candidatura de Anthony Garotinho ao governo do Rio é fator de alívio no QG de campanha de Eduardo Paes. Os assessores do ex-prefeito receberam a informação de que o kamikaze estava preparando uma série de armadilhas para os debates eleitorais. A munição de maior calibre ficaria para o programa da Globo, quando Garotinho aproveitaria a transmissão para sacar do coldre uma nova acusação ligando Paes à Lava Jato. Nada que não possa ser passado à mídia, mas, sem o acting de Garotinho ao vivo, tudo perde força.

#Anthony Garotinho #Eduardo Paes

O presidente da Lava Jato

3/09/2018
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Alvaro Dias está tentando arrancar uma declaração de apoio de um dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O procurador Deltan Dallagnol já tirou o corpo fora. “Melhor” fez Sergio Moro, quando soltou uma nota em que não confirmou nem negou se aceitaria o convite de Dias para o Ministério, dando mais exposição ao assunto.

#Lava Jato

Cortes faz mal à saúde

23/08/2018
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Aliados de Sergio Cabral ainda não fisgados pela Lava Jato estão aflitos diante do risco da “bomba Sergio Cortes” explodir de vez. O consenso é que agora, com o indiciamento de sua mulher, Verônica Vianna, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex secretário de Saúde do governo Cabral vai partir para um acordo de delação premiada.

#Lava Jato

O 11 de setembro de Lula

8/08/2018
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A direção do PT está bastante apreensiva com o novo encontro face a face entre Lula e seu algoz, Sérgio Moro. O interrogatório do ex-presidente no âmbito da ação do sítio de Atibaia está previsto para 11 de setembro. A defesa de Lula vai usar de todos os instrumentos jurídicos na tentativa de impedir a divulgação das imagens.

É muito pouco provável que alcance o intento. Desde o início da Lava Jato, Moro tem dado disclosure aos depoimentos, sobretudo o das estrelas da operação. O temor do PT é o impacto que a divulgação de novas imagens de Lula no banco dos réus, a três semanas das eleições, terá sobre o candidato do partido à Presidência, seja ele quem for. O que não faltará é farto material para ser utilizado nos programas eleitorais e nas redes sociais pelos demais presidenciáveis.

Uma saída seria o próprio PT se aproveitar da ocasião para bradar o discurso da prisão política. Mas, a essa altura, o próprio partido já não leva muita fé na eficácia do expediente. A grade de programação montada pelo juiz Sérgio Moro dá um caráter ainda mais midiático ao 11 de setembro de Lula. Como se não bastasse o interrogatório do ex-presidente, estão previstos para o mesmo dia os depoimentos da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-ministro Gilberto Gil, ambos na condição de testemunhas de defesa de Lula.

#Lula #PT

Petrobras e Acron ainda sob impasse

3/08/2018
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Há arestas a serem aparadas para a venda da unidade de fertilizantes nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS) ao russo Acron Group. A mais pontiaguda delas diz respeito ao principal: o valor do negócio. O Acron quer deduzir do preço a cifra de aproximadamente R$ 1,5 bilhão que terá de desembolsar para concluir as obras da planta – ainda faltam aproximadamente 20% do projeto. Outro ponto ainda nebuloso é a obsolescência dos equipamentos já instalados. A construção da unidade está paralisada desde 2014, quando do estouro da Lava Jato.

#Acron Group #Petrobras

Roberto Viana é a Sherazade das “mil e uma Petras”

2/08/2018
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Roberto Viana, dono da Petra Energia, tem feito um intrigante ziguezague no jogo do petróleo. Dotado de uma razoável capacidade de mimetismo, parece ter trocado a pigmentação de empresário do segmento de exploração e produção de óleo e gás pela de adviser ou algo que o valha na área de refino. Viana tenta intermediar a entrada da PetroChina no projeto de construção de uma refinaria no Maranhão.

O empreendimento ficaria no terreno reservado para a Premium I, um dos tantos investimentos da Petrobras dizimados pela Lava Jato. No fim do ano passado, o empresário chegou a ciceronear representantes da empresa chinesa em conversas com a ANP e a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE). Ao menos um dos encontros contou com a participação do então ministro de Minas Energia, Fernando Coelho Filho. De lá para cá, as tratativas pouco ou nada avançaram, mas Viana não perde a pose de quem vai colocar o projeto de aproximadamente US$ 10 bilhões no colo dos chineses.

O que ele ou a própria Petra lucraria nesses acordos é desconhecido. Em sua sinuosa movimentação pelos labirintos do setor, Roberto Viana surge como uma espécie de Mario Garnero do petróleo. Assim como Garnero, com a sua Brasilinvest, os projetos de Viana não necessariamente se materializam sob a forma de business. Eles parecem existir apenas para efeito de public relations. O fato é que a movimentação do empresário confunde até mesmo a ANP e a Petrobras e talvez seja esse mesmo o seu objetivo: passar uma imagem de sucesso na área de refino para camuflar o es- farelamento dos seus negócios em exploração e produção.

A Petra atravessa um momento delicado. Dos 30 contratos de concessão, 20 estão suspensos pela própria ANP, em função de atrasos no licenciamento ambiental e ações civis ajuizadas pelo Ministério Público. Procurada, a agência reguladora confirma a suspensão, a fim de evitar que “a fase de exploração seja encerrada sem que o concessionário tenha possibilidade de executar os compromissos contratuais assumidos. Tais contratos têm sua continuidade garantida, assim que os motivos que deram origem à suspensão forem superados.” Cabe lembrar que, nos últimos anos, a petroleira devolveu outras 22 áreas. Entre suas congêneres, há até quem duvide que a Petra ainda exista. No mundo digital, não deixa de ser uma verdade: o site da empresa está fora do ar. Consultada pelo RR, a Petra não quis se pronunciar.

#Petra Energia

O retorno de Otavio costas-largas

27/07/2018
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O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otavio Azevedo, tal como Diógenes, o cínico, caminha com uma lanterna na mão em busca de um negócio que cicatrize sua alma. Já estudou companhia de call center e uma empresa de saúde, e segue em sua procura irrefreável. O executivo é tido como um sujeito genial. Azevedo foi preso na Operação Lava Jato e fez acordo de delação. No meio das empreiteiras, o consenso é que pagou o pato por suas malfeitorias e de gente que estava um andar acima dele.

#Andrade Gutierrez

O triângulo das bermudas dos acordos de leniência

13/07/2018
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Empreiteiras que já foram reabilitadas pela Petrobras, caso especialmente da Andrade Gutierrez, estão apreensivas com o risco de que o seu “habeas corpus” venha a ser desautorizado por outros órgãos, impedindo a prestação de serviços à estatal. A empresa de Sergio Andrade encontra-se em situação particularmente frágil por ter fechado um acordo de leniência com o Ministério Público Federal. O TCU, por exemplo, quer declarar a inidoneidade da empreiteira. Por razões mais do que óbvias, talvez a Petrobras esteja sendo mais precavida do que todas as demais esferas de controle da República. Ainda há 14 grupos na sua lista suja.

Essa perversão institucionalizada do “Sistema U” (apud Elio Gaspari) – constituído pela Advocacia Geral da União (AGU), Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) – ao dispor sobre os acordos de leniência das empresas em uma espécie de duradouro bafo-bafo entre os três órgãos, tem provocado inanição das companhias e perda de milhares de empregos. Não fossem a anomia e o déficit de autoridade que grassam no país, já teria sido regulamentado um prazo mínimo para o fechamento dos acordos de leniência empresarial. Até porque uma das maiores burrices do país é continuar insistindo que a punição de dirigentes malfeitores deve se estender as suas companhias.

Desde final de 2016, a Advocacia Geral da União, a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União estudam a criação de um sistema único integrado para agilizar os acordos de leniência. O Ministério Público Federal, que também intervém no processo, tem estado pouco presente nas discussões. O fato é que todos batem cabeça, e um desautoriza o que o outro aprovou. Uma fonte do RR apurou que não há data ou prazo limite para a definição da ação colaborativa dos órgãos da União. É praticamente certo que neste governo a burocratização da leniência permaneça dando a tônica do inferno empresarial. Hoje, dependendo da fonte, o número de empresas consideradas inidôneas devido à Lava Jato varia. Vai de uma dezena a quase o dobro, dependendo do órgão consultado. Sabe-se que seis companhias tiveram suas tratativas encerradas pelo governo. Este, por sua vez, não informa o nome dos grupos que tiveram o pleito negado. Mais justo seria se o trio de juízes-xerifes da União também fizesse um acordo de leniência com as empresas condenadas ao limbo devido à morosidade e ao atraso no cumprimento das suas funções. As multas de um lado e de outro poderiam ser compensadas. A Nação, esta já foi condenada a pagar o pato dos erros cruzados.

#Andrade Gutierrez #Petrobras

Cirurgia

9/07/2018
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Segundo o RR apurou, a PF está prestes a desbaratar um esquema para a compra de próteses cirúrgicas no governo Cabral. A denúncia também teria partido do ex-secretário de Saúde Sergio Cortes, que já arrastou para a Lava Jato empresas como a Philips, suspeita de pagar propina para a venda de equipamentos médicos.

#Lava Jato #PF

Amores tucanos

29/06/2018
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Aécio Neves tem defendido a expulsão do insurreto Arthur Virgilio, prefeito de Manaus, do PSDB. Pura vendetta pessoal. Virgilio pregou o expurgo de Aécio do partido quando o senador foi desnudado pela Lava Jato.

#Aécio Neves #Lava Jato #PSDB

Nova geração

29/06/2018
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Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, tem conduzido as articulações para uma possível aliança entre o MDB do Rio e o DEM, de Eduardo Paes. Em condições normais, Cabral, 27 anos, estaria na quarta fileira da orquestra, mas, como se sabe, a Lava Jato tirou de circulação os regentes do MDB fluminense

#Eduardo Paes #MDB #Sérgio Cabral

Inidoneidade porosa

28/06/2018
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O TCU já se movimenta para brecar o contrato de R$ 48 milhões entre a Queiroz Galvão e a Prefeitura de São José dos Campos, que prevê a construção de uma ponte na cidade. A empreiteira foi declarada inidônea por cinco anos, mas recorreu, abrindo uma brecha
para ser contratada pelo setor público. O TCU teme que outras construtoras punidas na Lava Jato usem de expediente similar.

#Queiroz Galvão

Projeto de Eliezer Batista para as empreiteiras ficou no baú da história

22/06/2018
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Eliezer Batista foi uma usina nuclear de ideias. Várias delas jamais vieram à tona. Em um desses casos, Eliezer esteve por mudar a imagem historicamente predadora das empreiteiras. À época, a Lava Jato era só conjectura. Corria o ano de 2011, quando o ex-ministro Rodolpho Tourinho Neto, então presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada), o procurou para colaborar com um projeto praticamente pioneiro no setor, que unia o governo, capital e o trabalho. Em pauta, a implementação de um amplo plano de ações para aperfeiçoar as condições laborais na área de construção, o que ajudaria a reforçar consideravelmente o papel social das empreiteiras.

Foi criada, então, uma Mesa Nacional tripartite, com o propósito de discutir e definir as medidas a serem implantadas. Esse grupo reuniu a iniciativa privada, leia-se as maiores construtoras do país, os sindicatos de trabalhadores da construção pesada e grandes centrais sindicais e o governo federal, representado por diversas instâncias de Poder – incluindo Casa Civil, Ministérios do Planejamento, do Trabalho e do Desenvolvimento, entre outros órgãos, coordenados pela Secretaria Geral da Presidência da República. O momento de formação da Mesa Nacional foi simbólico: março de 2011, no auge dos conflitos trabalhistas nos canteiros de algumas das maiores obras de infraestrutura em andamento na ocasião – a exemplo das usinas de Jirau e Santo Antônio e a refinaria Abreu Lima. Faltava um conceito mais amplo para o projeto, que amarrasse também as comunidades, o território e o seu entorno. Tourinho foi aconselhado a procurar Eliezer Batista, que era um especialista em dar nó em pingo d’água.

E assim foi. Dom Batista adequou a concepção da Gestão Integrada do Território (GIT) às demandas para ampliação dos propósitos da Mesa Nacional tripartite. O conceito de GIT foi criado por Eliezer como sendo um passo além em relação à ideia original de desenvolvimento sustentável, enfeixando todas as variáveis em torno de um determinado projeto, sejam elas de ordem econômica, social, ambiental e cultural. O conceito inspirou o Sinicon em diversas das premissas discutidas na Mesa Nacional e levadas ao governo, tanto no âmbito do ambiente de trabalho quanto nas relações com a comunidade.

É possível destacar, entre elas, as propostas de criação de cursos de formação e capacitação profissional, com o co-financiamento da própria iniciativa privada; implantação de sistemas de certificação profissional; maior participação sindical nas decisões relacionadas à força de trabalho; treinamento intensivo sobre máquinas e equipamentos; geração de relatórios de impactos sociais/ambientais dos empreendimentos com as respectivas medidas de compensação em benefícios às populações atingidas; garantia de financiamento para planos de realocação de moradores com indenizações justas; implantação de políticas públicas de combate a práticas de exploração de crianças e adolescentes; ampliação da estrutura de segurança contra o crime organizado e o tráfico de drogas na região. As propostas discutidas na Mesa Nacional deram origem a um documento sem precedentes no setor: o “Compromisso Nacional Tripartite para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção”, firmado no fim de 2011 e apre- sentado à presidente Dilma Rousseff no início de 2012. Por uma série de entraves graves – que desaguaram no impeachment – o projeto lamentavelmente não seguiu adiante.

Caso as ações previstas no Compromisso fossem colocadas em práticas, as empreiteiras teriam uma função social e mesmo econômica mais abrangentes. Provavelmente não fosse o suficiente para mudar o que estava por vir, mas possivelmente teria ajudado a evitar a incineração da indústria da construção pesada. Uma pena! Com a concretização da ideia, Eliezer teria escrito mais uma página notável da história. Em tempo: os estudos realizados ficaram guardados em alguma gaveta do Sinicon, que hoje foi praticamente absorvido pela Abdib.

#Eliezer Batista

Ampla defesa

15/06/2018
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A candidatura do ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira (PSOL-DF) ao Senado tem obtido o apoio de colegas ilustres. É o caso do advogado Pierpaolo Botini, um dos mais requisitados por réus, denunciados e suspeitos da Lava Jato

#PSOL

Complexo de Elektra

12/06/2018
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Três anos após a Elektra fechar suas lojas no Brasil, ex-funcionários da varejista mexicana ainda cobram na Justiça dívidas trabalhistas que somariam cerca de R$ 20 milhões. É o legado do bilionário Ricardo Salinas, que passou como um cometa pelo país e também deixou para trás o Banco Azteca, liquidado pelo BC. Talvez Salinas não tenha seguido os conselhos do consultor José Dirceu. Segundo as investigações da Lava Jato, o grupo mexicano pagou cerca de R$ 1,7 milhão à JD, a consultoria do ex-ministro

#Elektra

Ciro Gomes acena com proposta de devassa patrimonial dos presidenciáveis

8/06/2018
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Ciro Gomes estuda propor publicamente aos demais concorrentes à Presidência da República que aceitem passar por uma rigorosa auditoria do seu patrimônio pessoal. A medida funcionaria como uma espécie de amplo inventário da idoneidade dos candidatos ao Palácio do Planalto, com a anuência e cooperação de diversos órgãos competentes, a exemplo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Receita Federal, Banco Central, Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) etc. Entre outras sugestões, Ciro discute com seus assessores a possibilidade de aproveitamento dos acordos operacionais feitos entre o Brasil e autoridades de outros países para a troca de informações financeiras e fiscais com o objetivo de gerar salvo-condutos para os presidenciáveis.

A medida, ressalte-se, teria um grau de profundidade e extensão muito maior do que o historicamente adotado em outros processos eleitorais. A perquirição se aplicaria não apenas ao candidato, mas também a parentes de primeiro e segundo graus. A investigação teria o devido, com a disponibilização pública das informações financeiras coletadas. A proposta embalada por Ciro Gomes pode até soar como demasiadamente invasiva. No entanto, há que se considerar que circunstâncias excepcionais pedem e justificam soluções excepcionais.

O país viverá um processo eleitoral sem precedentes, dado o grau de criminalização da política trazido – ou desvendado – pela Lava Jato. Um número de candidatos jamais visto chegará à urna eletrônica com a imagem encardida por acusações de corrupção, quando não com denúncias já formalizadas à Justiça – para não falar que o líder virtual das pesquisas à Presidência está na carceragem da PF, em Curitiba. Aos olhos da opinião pública, a premissa que prevalece hoje é a de que todos são culpados até que se prove o contrário.

Some-se a isso o fato de que o atual modelo de prestação de contas estabelecido pela legislação eleitoral revelou-se uma malha de trama larga demais, incapaz de reter devidamente indícios de enriquecimento ilícito e de eventuais malfeitos na vida pública. Em 2010, por exemplo, quando se reelegeu para o governo do Rio, Sérgio Cabral declarou ao TSE um patrimônio de R$ 843.094,42. O futuro desvendaria outras cifras. Originalmente, Ciro Gomes pensou em recuar da proposta de devassa patrimonial dos candidatos devido aos constrangimentos que ela poderia provocar junto ao PT, eventualmente um potencial aliado até mesmo para o primeiro turno. Mas, se hoje existe uma liderança política que já teve suas contas escancaradas e seus problemas assumidamente revelados é o ex-presidente Lula.

#Ciro Gomes

Memórias da Lava Jato

7/06/2018
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Vem aí a “terceira denúncia” contra Michel Temer. Rodrigo Janot, que está escrevendo um livro sobre os bastidores da sua passagem pela PGR, já tem proposta para transformar as memórias da Lava Jato em filme

#Michel Temer #PGR #Rodrigo Janot

Rede pressiona Marina Silva a subir no ringue eleitoral

28/05/2018
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O staff de Marina Silva empurra a candidata na direção do ringue. A recomendação de seus estrategistas de campanha é para que ela comece a golpear Ciro Gomes, Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin, seus concorrentes diretos por uma vaga no segundo turno – no caso do tucano, mais pela expectativa de recuperação da sua candidatura e pelo peso eleitoral do PDSB do que efetivamente pela sua posição nas pesquisas divulgadas até o momento. A estratégia prevê que a candidata da Rede intensifique sua presença na mídia, com uma sequência de entrevistas focadas em cada um dos seus alvos, expondo suas respectivas fragilidades e contradições.

A ideia é que Marina use também os concorrentes como “escada” para ressaltar o que pesquisas de opinião encomendadas pela Rede indicam como seus maiores atributos: serenidade, coerência política e integridade. Cada um deles parece feito sob medida para um discurso de contraste com os adversários. A serenidade faz contraponto ao destempero e, não raramente, extremismo de Bolsonaro.

A coerência política é um dos pontos de vulnerabilidade de Ciro, que já vestiu camisas partidárias dos mais diversos tons. A integridade surge como um petardo na direção de Alckmin, citado na Lava Jato. O tucano, aliás, será o alvo preferencial de Marina. Ele é visto pelos estrategistas da Rede como o concorrente mais vulnerável e o mais suscetível a perder votos para a candidata – os poucos que tem.

Até porque há um entendimento de que, sob certos ângulos, Marina corre na mesma raia de Alckmin e ambos disputam uma faixa similar do eleitorado – ver RR edição de 24 de abril. A percepção entre seus colaboradores é que Marina Silva está sendo excessivamente Marina Silva, adiando em demasia sua entrada no combate eleitoral. O temor é que esta postura cobre um preço quando a campanha começar oficialmente. O risco é Marina levantar voo para cair logo à frente, como ocorreu em 2014.

Por esta razão, seu entorno recomenda ações mais contundentes. Miro Teixeira e João Paulo Capobianco, seus principais articuladores políticos, pregam que Marina acelere as viagens pelo país. Por sua vez, o economista Marcos Lisboa defende que a candidata lance uma espécie de “Carta ao Povo Brasileiro”. O objetivo seria destrinchar suas propostas para a economia, reafirmar seu compromisso com agendas inadiáveis, como o ajuste fiscal e as reformas, e, com isso, desarmar as resistências que seu nome ainda encontra junto ao empresariado. Tudo o que seus assessores querem evitar é uma repetição de 2014, quando ela anunciou dois planos para a área econômica no espaço de 15 dias, um desdizendo o outro em diversos pontos.

#Ciro Gomes #Marina Silva

Bertin se arrasta entre venda de ativos, contenciosos e Lava Jato

24/05/2018
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Com uma dívida de R$ 8 bilhões, o Grupo Heber, holding da família Bertin, está sendo esquartejado e colocado em pedaços sobre o balcão. O clã tenta se desfazer da SPMar, concessionária dos trechos Sul e Leste do Rodoanel de São Paulo. Segundo o RR apurou, as negociações para a transferência do controle aos credores teriam esfriado, por conta de divergências com o maior deles, a Caixa Econômica, à qual a companhia deve mais de R$ 3 bilhões.

A concessionária paulista teria sido oferecida à CCR e à Ecorodovias. Os Bertin buscam também um comprador para a sua participação na Rodovias do Tietê, que, ao contrário da SPMar, não está incluída na recuperação judicial. Mas poderia: a concessionária carrega um passivo de R$ 1,5 bilhão e já sinalizou aos credores a dificuldade de honrar débitos de curto prazo. O pano de fundo dessa desconstrução mistura disputas consanguíneas e Lava Jato.

Os irmãos Fernando e Reinaldo Bertin estariam travando um duelo pelo comando das raspas e restos do grupo. O primeiro foi apeado da presidência do Conselho há cerca de quatro anos e agora tenta retomar o espaço que perdeu e dar as cartas no processo de recuperação judicial do Grupo Heber. Reinaldo foi o responsável por desmontar a megalômana pirâmide de empresas
que o irmão ergueu.

Fernando teria o apoio de dois dos três irmãos, mas enfrenta resistência na segunda geração da família, que o responsabiliza pelo malfadado processo de diversificação do grupo, que torrou bilhões de reais do patrimônio dos Bertin no setor de energia e ajudou a empurrar o sobrenome para as páginas policiais. O doleiro Lucio Funaro acusa o grupo de ter pago propina a Michel Temer e Moreira Franco. A família é suspeita também de ter contribuído para a reforma do célebre sítio de Atibaia, cuja propriedade é atribuída ao ex-presidente Lula.

#Grupo Heber #Lava Jato

Ciro mira no renascimento da construção pesada

22/05/2018
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Ciro Gomes pretende incluir em seu programa de campanha um plano para o ressurgimento da indústria nacional da construção pesada. O assunto é conduzido por Roberto Mangabeira Unger, um dos principais estrategistas da candidatura de Ciro à Presidência. O que está em jogo, ressalte-se, não é um waiver coletivo aos delitos do passado, mas, sim, a aceleração dos processos de leniência, com as devidas punições dos malfeitores – executivos e empresários.

Ciro parte do fato de que a retomada do setor depende inexoravelmente da possibilidade de que estas construtoras voltem a prestar serviços ao Estado. Da mesma forma, a medida não significaria o fechamento das portas às empreiteiras internacionais, mas permitir que esta competição se dê em isonomia de condições. A medida teria uma série de desdobramentos positivos, do ponto de vista econômico, social e estratégico.

Ciro quer evitar que a deterioração do setor se torne um fator de desequilíbrio do balanço de pagamentos. As empresas da construção não têm vocação , a não ser com apoio do BNDES. No entanto, os programas do banco para a exportação de serviços de engenharia estão adormecidos. Por fim, a maior razão de todas: o impacto que a recuperação desta indústria teria sobre as taxas de emprego. Nos últimos três anos pós-Lava Jato, o setor perdeu mais de 400 mil vagas.

#Ciro Gomes

Rádio Lava Jato

22/05/2018
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A Rádio Lava Jato informa: os novos depoimentos do ex-diretor da Petrobras Renato Duque atingem duramente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari.

#Lava Jato #PT

O checkout da GP

22/05/2018
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A GP estaria preparando sua saída do setor hoteleiro, com a venda da participação na Brazilian Hospitality Group (BHG). A inapetência da gestora em relação ao negócio é antiga: no ano passado, a BHG entregou à Accor a gestão de 26 hotéis.

#GP

Petrobras ainda busca o “ponto ótimo” do compliance

21/05/2018
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A troca de guarda na nevrálgica área de compliance da Petrobras é cercada de expectativas na companhia. Segundo o RR apurou, Rafael Mendes Gomes assume hoje a diretoria de Governança e Conformidade em substituição a João Elek com uma missão prioritária conferida pelo alto comando da estatal: reestruturar o departamento de apuração de denúncias. O preço da Lava Jato será sempre a eterna vigilância e um grau de rigidez por vezes um tom acima.

No entanto, a área tem sido alvo de críticas dentro da Petrobras: os funcionários enxergam muitos excessos e baixa efetividade. O departamento é questionado por acolher acusações pouco fundamentadas, pela falta de qualidade técnica das investigações, pela baixa transparência e por penalizações consideradas indevidas. Há hoje um caso notório dentro da sede, na Av. Chile: um gerente que atuava no projeto da Petroquímica Suape foi demitido por justa causa devido a acusações graves de irregularidades.

No entanto, o funcionário contesta a denúncia. Em carta enviada à Ouvidoria, elenca uma série de questões que põem em xeque a profundidade das investigações internas. O cenário hoje em nada lembra a terra-arrasada de 2015, quando João Elek assumiu a área de Governança e Conformidade – única diretoria da Petrobras em que o titular deve ser obrigatoriamente contratado no mercado. Elek chegou em meio ao turbilhão da Lava Jato e da maior crise da história da Petrobras.

Em três anos, estruturou o modelo de compliance da companhia e encerrou as ações coletivas das quais a estatal era alvo nos Estados Unidos, fechando o acordo de US$ 3 bilhões no ano passado. Elek, é bem verdade, teve um sobressalto na sua passagem pela empresa: em agosto do ano passado foi afastado temporariamente do cargo devido à contratação direta, sem licitação, da Deloitte, no momento em que sua filha se candidatava a uma vaga de emprego na empresa de auditoria – acabaria contratada pouco depois. O caso chegou ao Comitê de Ética da Previdência da República. Elek foi inocentado.

Teve melhor sorte do que as dezenas de funcionários da estatal que passaram pelo crivo da sua diretoria e acabaram demitidos por conta de denúncias até mais brandas. Desse episódio, surgiu, inclusive, um cargo sui generis na Petrobras. A área de compliance é a única a ter um diretor adjunto. Segundo informações filtradas da companhia, o posto foi criado profilaticamente para suprir uma eventual suspensão definitiva de Elek. Curiosamente, a função foi mantida mesmo após a volta do executivo.

#Petrobras

Pedro Parente quer deixar a “PetroGreen” como um de seus legados

18/05/2018
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Ainda circunscrita ao âmbito das discussões de cenários e megatrends, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, e seu comitê estratégico voltaram a se debruçar sobre uma ideia que ronda a estatal já faz tempo. Trata-se da conversão da companhia, hoje integralmente focada na exploração, refino e distribuição dos derivados de petróleo, em uma empresa voltada também à produção e comercialização de energia limpa. A “PetroGreen” já foi, inclusive, pauta de reunião do Conselho de Administração nas gestões de Henri Philippe Reichstul e de José Sérgio Gabrielli. Com a eclosão da Lava Jato, a crise financeira da companhia e o imbróglio fiscal do país, além da hegemonia do pensamento desestatizante no Brasil, essas ideias submergiram em um profundo estado de criogenia.

Agora que as águas por onde navega a Petrobras estão mais tépidas, é possível a Parente pensar em um prazo mais longo sem que a gestão do dia a dia ameace incinerá-lo. O executivo sabe que os dados já estão jogados: as petroleiras em todo o mundo vêm se transformando em companhias de energia latu sensu, com a ampliação do core business crescentemente em favor da geração de energia limpa. O pré-sal seria uma dádiva, um ponto de apoio na direção do futuro. Só que essa âncora estaria se tornando cada vez mais fluida devido à velocidade dos fatos.

A repetição do truísmo de Keynes tornou-o até enfadonho, mas ele continua imbatível; “A realidade muda, eu mudo”. A Petrobras não mudou e está cada vez mais distante do seu amanhã estratégico, não obstante todos os surveys projetarem uma queda da demanda dos derivados de petróleo vis-à-vis as novas energias. Nas duas últimas gestões da companhia, a diversificação foi praticada até com algum entusiasmo.

A estatal encantou-se com o biodiesel a partir de insumos renováveis da natureza e criou a Petrobras Biocombustível. Montou também um colar de PCHs, o que, no rastro da saga de malfeitorias da empresa, logo depois tornou-se um projeto controverso devido ao processo de escolha dos sócios, modelo de negócio e motivações outras inconfessáveis. O alvo nas PCHs caiu por terra e os ativos desmobilizados. A unidade de biodiesel, por incompetência em criar mercado, também se escafedeu.

O espaço natural para que a companhia crescesse fora do petróleo seriam as áreas de energia solar e eólica, conforme já dito. Faz todo sentido, com a redução da sua alavancagem, a Petrobras provisionar no seu orçamento recursos a serem aplicados no investimento em diversificação energética. Em tempos de Lava Jato e paranoia quanto à interpretação de novos gastos, é provável que o desenvolvimento de projetos de energia limpa fique como recomendação para o futuro governo. Mas folga saber que a “PetroGreen” está sendo pensada a sério.

#Pedro Parente #Petrobras

Entre a Lava Jato e as fraudes fiscais

18/05/2018
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O clã dos Peixoto de Castro tem novo encontro marcado com a Lava Jato. O TRF4, de Porto Alegre, negou o pedido de adiamento do julgamento do empresário Paulo Cesar Peixoto de Castro Palhares, previsto para o próximo dia 30. “Poleca”, como é chamado pelos amigos, foi absolvido em primeira instância pelo juiz Sergio Moro. No entanto, seu pesadelo ainda está longe do fim. O Ministério Público Federal entrou com recurso. O julgamento do dia 30 se refere ao processo 5030883-80.2016.4.04.7000. Segundo investigações do MPF, o empresário teria pago mais de R$ 7 milhões em propinas para que a Apolo Tubulars, empresa do Grupo Peixoto de Castro (GPC), conseguisse contratos junto à Petrobras. Os últimos dias, por sinal, têm sido particularmente terríveis para os Peixoto de Castro, outrora donos de uma das maiores fortunas do Rio de Janeiro. Paulo Cesar e seu irmão, Antonio Joaquim Peixoto de Castro Palhares, foram denunciados pelo Ministério Público do Rio por supostas fraudes tributárias na antiga Refinaria de Manguinhos, controlada pela família até 2008. “Poleca”, aliás, parece querer distância do seu passado. Nas últimas duas semanas, vendeu o que ainda tinha de ações da holding GPC Participações

#Lava Jato

“Extradição”

15/05/2018
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Há uma articulação entre o presidente Michel Temer e o PSDB para que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, assuma e Embaixada do Brasil em Paris. De preferência, antes que a caixa-preta do Dersa venha a ser aberta. Investigações da Lava Jato ligam o chanceler ao ex-diretor da estatal, Paulo Vieira de Souza, o Paulo “Preto”.

#Dersa #Michel Temer

Política

Chiaroscuro

10/05/2018
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A desistência de Bernardinho em disputar o governo do Rio trouxe alívio a João Paulo Diniz e Luiz Urquiza, sócios da Body Tech. Ambos temiam pela saída do treinador da sociedade. Bernardinho é hoje a grande reserva reputacional da Body Tech, em contraponto ao encalacrado Alexandre Accioly, investigado pela Lava Jato.

#Bernardinho #Bodytech

Acervo RR

Reforço

8/05/2018
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A Polícia Federal está reforçando a equipe dedicada à Lava Jato em São Paulo. Ao que tudo indica, vem operação das grandes pela frente.

#Lava Jato

Ciro e Gleisi trocam tapas que não doem

8/05/2018
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Não era para ser assim, mas o chumbo trocado entre Gleisi Hoffmann e Ciro Gomes tem produzido um efeito de ocupação midiática muito além do imaginado – e desejado – pela concorrência. Os adversários da esquerda chegam a considerar que melhor seria se ambos estivessem se acarinhando na imprensa. Segundo breve pesquisa, ontem, no Google, Ciro e Gleisi conseguiram triplicar o noticiário do PDT e do PT em relação às legendas da direita, noves fora assuntos relacionados à prisão de Lula, é claro.

Do lado do PT, Gleisi se auto-escalou praticamente solitária para morder o candidato do PDT, que responde de volta com farpas dirigidas à senadora. Os dois aparentemente sabem até onde podem ir. Gleisi não agride a inconstância partidária de Ciro, assim como este não alude às investigações da Operação Lava Jato sobre ela. Os outros generais do PT, Fernando Haddad, Jaques Wagner e Patrus Ananias, potenciais candidatos a presidente, estão inseridos em um script diferenciado.

Todos reiteram sua disposição de manter uma janela entreaberta para que Ciro venha a ser cabeça de chapa de uma coalizão de esquerda. Ou seja, tem conversa aí. O candidato do PDT mantém a coerência. Se Lula vier candidato, retira-se do pleito. Mas, como Lula não vem e ele tem seu próprio partido e sua candidatura é competitiva, Ciro vai tocando o bonde. A posição isolada de Gleisi, apesar do seu posto de liderança partidária, deixa mais confortável o partido para pular no barco do pedetista.

É como se a bronca fosse de Gleisi. Se bem que, como sempre, tudo dependerá quase que exclusivamente do arbítrio de Lula. O “presidente do fato” do PT já trocou mordidela com Ciro. Mas até as ruas asfaltadas que vão de São Bernardo à Av.Paulista sabem do pragmatismo de Lula, capaz de juntar José Dirceu, Roberto Requião e Paulo Maluf na mesma caçamba de alianças. Por enquanto, os puxões de orelha de Gleisi favorecem Ciro, que aproveita o atalho na mídia para ir empurrando seu discurso. Mas ele sabe que esse jogo tem cartas marcadas. Ou seja: à medida que Lula posterga a indicação do seu preferido, vai fragilizando as candidaturas da esquerda, inclusive o poste do PT. Até lá o casal 20 vai trocando tapas sem beijos.

#Ciro Gomes #Gleisi Hoffman

Operação Skala ameaça afundar investimentos no setor portuário

7/05/2018
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A Operação Skala corre o risco de reproduzir na área portuária o estrago que a Lava Jato fez na construção pesada. Os processos não criminalizam somente os controladores, mas também suas companhias. O resultado é que as empresas ficam em estado de paralisia e suspendem seus investimentos. Não bastasse essa simbiose entre o dono e seu negócio, a Operação Skala colocou no limbo o Decreto dos Portos, que viabilizaria investimentos de R$ 25 bilhões no setor e algumas operações de M&A necessárias à saúde financeira de importantes players portuários. Há uma anomia nunca dantes vivida no setor. Todas as empresas aguardam normas para adequação e adaptação dos contratos às novas regras. O episódio envolvendo a Rodrimar e a Libra criou uma cadeia de suspeição em todo o setor, a exemplo do que aconteceu com as empreiteiras. A quantidade de agentes envolvidos na “absolvição” das empresas é outro complicador. Ela atravanca o processo e praticamente inviabiliza o retorno das companhias à condição anterior. Criou-se uma percepção de que todos os terminais de contêineres estão potencialmente criminalizados, aguardando alguma nova delação para ter seu nome igualmente envolvido em um dos criativos epítetos com os quais a Polícia Federal batiza suas operações. O setor portuário tem uma burocracia de governo kafkaniana. Sua área jurídico-regulatória é bem maior do que a da construção pesada, que protagonizou os principais escândalos de corrupção do país. São atores influentes em eventual acordo de leniência, cada um em sua respectiva zona de comando, Codesp, Ministério da Justiça, Antaq, a Secretaria de Portos – antes na esfera da Presidência da República e agora na do Ministério dos Transportes –, AGU, PGR e TCU. Sem a leniência, o crédito oficial e benefícios fiscais estão suspensos. O saldo é a crescente debilidade em uma das áreas da infraestrutura mais carentes e mais relevantes. Se for repetido o modelo da Lava Jato de aprisionar as empresas junto com os controladores, o comércio exterior brasileiro, a indústria, e, em última instância, o consumidor vão pagar o pato do naufrágio portuário.

#Lava Jato #Operação Skala

Lava Jato além-mar

7/05/2018
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O lendário empresário Antônio Carlos de Almeida Braga colocou à venda sua quinta na cidade de Sintra, em Portugal. Consta que um empreiteiro mineiro, envolvido no Lava Jato, fez sondagens sobre o imóvel. Caberia uma investigação sobre a origem do dinheiro

#Lava Jato

Ciro quer distância do “Risco Chalita”

4/05/2018
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São Paulo tornou-se um ponto de fricção entre Ciro Gomes e a cúpula do PDT. O motivo é a insistência do presidente do partido, Carlos Lupi, em lançar Gabriel Chalita como candidato ao governo de São Paulo. Entre os quadros do PDT no estado, Chalita é, sem dúvida, o nome mais conhecido pelo eleitorado. Ocorre que o seu recall vale tanto para o bem quanto para omal. Mesmo que por vias oblíquas, sua entrada em cena aproximaria a Lava Jato da candidatura de Ciro. Chalita, que durante sua trajetória no MDB sempre foi uma espécie de protegido de Michel Temer, é citado em denúncias contra o presidente. Em sua delação, o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado afirmou que, a pedido de Temer, arrecadou recursos ilegais para a campanha de Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012. O doleiro Lucio Funaro, por sua vez, afirmou que Chalita foi beneficiado por recursos desviados da Caixa. Ter um palanque no maior colégio eleitoral do país é vital para Ciro, mas não com uma companhia dessas a seu lado.

#Ciro Gomes #PDT

NC Farma prescreve a compra do laboratório Medley

3/05/2018
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O empresário Carlos Sanchez, controlador da NC Farma, joga duas cartadas simultâneas nas negociações com a Sanofi . De um lado, fez uma oferta pela Zentiva, a divisão de genéricos do grupo na Europa; do outro, avança sobre o laboratório brasileiro Medley,
também controlado pelos franceses. Se, na Europa, a briga é bem mais acirrada – a imprensa francesa crava o fundo Advent como favorito para a aquisição da Zentiva -, no Brasil a NC Farma teria exclusividade nas tratativas com a Sanofi . O Medley, um dos maiores fabricantes de genéricos do país, estaria avaliado em aproximadamente US$ 500 milhões. Procurada pelo RR, a NC Farma não quis se pronunciar. A Sanofi , por sua vez, confirmou as tratativas para a negociação da sua unidade de genéricos da Europa, mas nega que a Medley esteja à venda. Está feito o registro. No entanto, a fonte do RR garante o interesse de Sanchez pelo laboratório e lembra que a NC Farma já assumiu uma fábrica da Medley em Brasília. Por sinal, desde que adquiriu a companhia, em 2009, o grupo francês jamais conseguiu colocar o negócio no prumo. Trocou a direção da controlada e impôs um draconiano processo de corte de custos. Não surtiu o efeito esperado. O Medley, que, em 2013, era o terceiro maior fabricante de genéricos do país, caiu para o sexto posto. Carlos Sanchez em nada lembra o empresário que há cerca de dois anos chegou a ser atormentado pela Lava Jato por conta de seu relacionamento com José Dirceu. Entrou no segmento de mídia e tem investido em energia eólica ao mesmo tempo em que vem comprando ativos na indústria farmacêutica no Brasil e no exterior. Com a aquisição da Medley, a NC sairia de R$ 16 bilhões para quase R$ 18 bilhões em faturamento e ampliaria sua liderança no mercado brasileiro, distanciando-se de Hypera, Aché e da própria Sanofi.

#NC Farma #Sanofi

UTC contesta decisão do Cade

3/05/2018
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A contenda entre a UTC Engenharia e o Cade deverá parar nos tribunais. A empresa, uma das figurinhas carimbadas da Lava Jato, pretende acionar o órgão antitruste na Justiça. Na semana passada, o Cade suspendeu o acordo de leniência firmado com a empreiteira e reabriu o processo que investiga sua suposta participação em um cartel na construção da Usina Angra 3. A UTC descumpriu sua parte no acordo ao não quitar a multa de R$ 139 milhões. Procurada pelo RR, a empresa confirma “o atraso no pagamento”, atribuindo-o ao fato de estar em “recuperação judicial, sem acesso aos seus recebíveis”. Sobre a decisão de acionar o Cade, a UTC não se pronunciou.

#Lava Jato #UTC Engenharia

Queiroz Galvão busca a alforria da CGU

2/05/2018
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A Queiroz Galvão estaria em negociações com o Ministério da Transparência (CGU) para firmar um acordo de leniência no âmbito da Lava Jato. As tratativas giram em torno das acusações de pagamento de propina para a obtenção de contratos com a Petrobras – no período de 2005 a 2014, entre serviços diretos e indiretos, a empreiteira firmou mais de R$ 9,7 bilhões em acordos com a estatal. Segundo a fonte do RR, a Queiroz Galvão já estaria fazendo caixa para honrar as eventuais multas fixadas pela CGU. A venda da participação de 10% da Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) no campo de Carcará teria sido motivada exatamente por esta necessidade. O negócio com a Statoil renderá à QGEP cerca de US$ 380 milhões. Não custa lembrar que, em março, o Conselho de Administração da petroleira propôs a distribuição excepcional de R$ 400 milhões em dividendos – por equivalência patrimonial, 63% desse montante irão para a holding. Procurada pelo RR, a CGU informou que, devido ao “sigilo imposto pela Lei Anticorrupção, não se manifesta sobre nomes de empresas, possíveis termos, existência ou não de acordos, bem como detalhes de eventuais negociações em curso.” A Queiroz Galvão também não quis se pronunciar.

#Queiroz Galvão

Lava Jato nos calcanhares de Blairo Maggi

2/05/2018
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A circunstância merecia um ambiente puramente celebrativo e conversas mais amenas, mas foi impossível evitar. O casamento de Belisa Maggi, filha do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na última sexta-feira, acabou sendo “invadido” pela Lava Jato. Nas rodas de conversas entre os políticos convidados, o assunto era um só: a nova rodada de depoimentos do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa, que ameaça levar de arrasto alguma das principais lideranças da política do estado, a começar pelo próprio Maggi.

#Blairo Maggi

Venda de ativos da Petrobras vira adubo político

30/04/2018
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O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, intercedeu junto ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, na tentativa de acelerar as negociações para a venda da unidade de nitrogenados de Três Lagoas à russa Acron. Candidato à reeleição, tudo o que Azambuja mais quer é subir no palanque e anunciar a retomada de um projeto de R$ 2 bilhões, capaz de gerar três mil empregos. O governador já garantiu à Acron benefícios fiscais para o reinício das obras, paralisadas pela Lava Jato. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o problema é que a oferta apresentada pelos russos à Petrobras não chega sequer à metade do valor do ativo, cerca de US$ 700 milhões.

#Pedro Parente #Petrobras

BNDES já trata 2018 como um ano perdido

26/04/2018
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A área técnica do BNDES responsável pelos financiamentos à ex-portação de serviços de engenharia já virou a folhinha do calendário para 2019. O setor está encruado pela Lava Jato e somente raros projetos deverão entrar no banco. As empreiteiras estão estigmatizadas e os próprios técnicos do BNDES são colocados sub judice ao cumprirem seu trabalho de análise e recomendação. É uma doideira, porque a exportação de serviços gera divisas, encomendas no mercado nacional e inserção geopolítica. É o caso de torcer para que o futuro mandatário tenha força política e a cabeça no lugar. Por enquanto, o cenário no banco é fronteiras fechadas para a comercialização dos serviços de engenharia.

#BNDES

Marina Silva ganha plumagem de tucana e avança sobre Geraldo Alckmin

24/04/2018
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No jeito, estilo e discurso, Marina Silva está se revelando mais tucana do que os próprios tucanos. No entanto, no que diz respeito ao seu adversário e quase congênere emplumado, Geraldo Alckmim, Marina o atacará como uma ave de rapina amazônica. A orientação do seu comitê de campanha é bater forte no ex-governador quando se trata da Lava Lato e mesclar com uma crítica mais suave ao falar sobre a competência dos seus próprios quadros técnicos, a consistência do programa de governo e sua trajetória ilibada. É a hora em que a harpia de olhos fundos vai renascer com a plumagem de um tucano.

Graças a uma rara capacidade de mimetismo político, a candidata da Rede tem atraído para a sua campanha o que mais parece ser uma equipe de FHC melhorada. Já fazem parte do ecossistema de Marina os economistas André Lara Rezende, Eduardo Giannetti e Ricardo Paes de Barros. Agora, ela está trazendo para o time Marcos Lisboa. O próximo passo de Marina é agregar a este liberal um personagem de apelo popular e impacto midiático. Algo parecido com um Luciano Huck.

A Marina Silva tucana em nada lembra a Marina Silva seringueira. O notório esforço para encarnar o ideário liberal transformou Marina em uma espécie de Lepidothrix vilasboasi, pássaro raro da Amazônia considerado pela ciência a primeira ave híbrida da América. A sua “social democracia amazônica” tem lhe permitido ser uma parabólica de um espectro da centro-direita que ainda vaga com uma lanterna na mão em busca do seu candidato. A Marina tucana faz sucesso nos Jardins e na Avenida Paulista, vide a histórica relação com Neca Setubal, herdeira do Itaú, e Guilherme Leal, sócio da Natura – ainda que este último tenha se afastado mais recentemente.

No entanto, a “tucana transgênica” vai além e chega aonde o “tucano puro-sangue” não consegue ir. Graças a sua origem, sua trajetória política e à própria história no PT, Marina tem algo que Alckmin praticamente desconhece: povo. De acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, 91% da população de renda mais baixa sabem que é Marina Silva, contra 82% de Alckmin. No eleitorado como um todo, seu recall é superior: 94%, contra 87%. Ou seja: a candidata que, não obstante ter disputado duas eleições presidenciais, está longe de manter uma exposição intensa é mais conhecida pelo brasileiro do que o político que governou o maior estado do país por 12 anos e quatro meses.

O confronto direto guarda ainda outro número favorável à Marina: seu índice de rejeição é inferior ao de Alckmin – 22% a 29%. Geraldo Alckmin é hoje um boxer grogue, cambaleante, tentando sair das cordas. Marina baila ao seu redor como se fosse Cassius Clay. Pela métrica que for, ela o nocauteia em  força eleitoral, vide as redes sociais. No Facebook, a candidata da Rede tem mais de 2,2 milhões de seguidores; o ex-governador se arrasta para chegar à marca de um milhão. E nesse duelo privado, há ainda uma diferença fulcral: Marina não está na Lava Jato. Talvez até pelo seu permanente estado de mutação e “desmutação”, Marina Silva tem outra vantagem: entre os principais presidenciáveis, talvez seja hoje quem mais tem capacidade de sorver votos de candidatos de diferentes espectros, a começar pelo próprio Alckmin.

Além de ser uma ameaça ao PSDB, Marina pode capturar apoios do Centrão, leia-se a geleia na qual patinam Michel Temer, Henrique Meirelles, Rodrigo Maia, Alvaro Dias e Paulo Rabello de Castro. Historicamente próxima a órgãos da sociedade civil mais vinculados ao campo da esquerda, como sindicalistas, sem-terra, ambientalistas, Marina pode ainda fisgar eleitores do próprio Lula e de seu aguardado “poste”. O xeque-mate seria a dobradinha Marina Silva-Joaquim Barbosa. Os sinais de aproximação são patentes. Marina, ressalte-se, já enviou parte do seu programa a Barbosa, pedindo que ele opinasse sobre as propostas, não necessariamente na condição de candidato, mas como homem público. Seria uma combinação com tempero brasileiro ao gosto do eleitor, uma chapa com pinta de segundo turno.

#Geraldo Alckmin #Marina Silva

China Railway e RZD exigem que Norte-Sul desvie da Lava Jato

20/04/2018
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A China Railway e a russa RZD Railways, apontadas como as principais candidatas à concessão da Norte-Sul, ameaçam ficar de fora do leilão. A dupla exige mudanças no modelo da licitação. Da forma como o script está montado, há o risco de a Norte-Sul arrastar seu futuro concessionário para dentro da Lava Jato. O motivo é a obrigatoriedade de que o investidor privado assuma antigos contratos firmados pela estatal Valec – boa parte deles alvo de investigações do Ministério Público e do TCU.

Segundo o RR apurou, China Railways e RZD consideram como caso de maior risco o acordo de R$ 166 milhões com a Constran, leia-se UTC, e a Carioca Engenharia para a construção de um trecho de 140 quilômetros da via férrea, o chamado Lote 4. No ano passado, o TCU determinou o bloqueio de bens da Constran devido a fraudes e superfaturamento na montagem de outro trecho da ferrovia – na ocasião o Tribunal ainda puniu a empresa, um de seus executivos e dois ex-dirigentes da Valec a ressarcir os cofres públicos em cerca de R$ 70 milhões. O governo chegou a reduzir o preço de outorga da Norte-Sul em 30% como contrapartida à transferência dos contratos e demais obrigações da ferrovia ao futuro concessionário.

China Railway e RZD, no entanto, entendem que não há desconto que pague o risco potencial das ossadas guardadas na Valec. Para os investidores a estatal deveria suspender os antigos contratos – a maioria deles firmada na gestão de seu antigo presidente, José Francisco das Neves, o “Juquinha”, já condenado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Por sinal, se há alguém que, por dever de ofício, conhece os labirintos da Valec e as ameaças embutidas na Norte-Sul é Bernardo Figueiredo, representante da RZD no Brasil e principal interlocutor entre os investidores e os ministros Moreira Franco – que, mesmo nas Minas e Energia, mantém um pé nas PPIs – e Valter Casimiro, titular da Pasta dos Transportes. Ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Figueiredo foi o homem-forte da área de logística do governo Dilma I.

#China Railway Construction Corporation (CRCC) #RZD

Lava Jato investiga as elétricas relações entre Aécio Neves e Sergio Andrade

19/04/2018
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Aécio Neves tem os dois pés muito bem fincados no setor elétrico. A Polícia Federal, que já vasculhou as relações heterodoxas entre Aécio e Furnas, agora está investigando denúncias do envolvimento não convencional do senador com a Cemig. As apurações passam obrigatoriamente pelo empresário Sérgio Andrade e pela associação entre a Andrade Gutierrez e a estatal mineira. A operação é a peça-chave do quebra-cabeças.

Há suspeitas de transferência de recursos da Cemig em benefício de Aécio a partir justamente da entrada da empreiteira no capital da distribuidora. Uma parcela do dinheiro teria sido destinada para financiar, irregularmente, campanhas eleitorais do senador e de aliados do PSDB. A Polícia Federal garimpa contratos com fornecedores e parcerias com terceiros realizadas pela Cemig entre 2009 e 2011 – não por coincidência, um ano antes e um depois do ingresso da construtora no seu capital. A PF investiga também outras pontas no relacionamento entre Aécio e Sergio Andrade.

É o caso da participação da Andrade Gutierrez no consórcio que ganhou a licitação para a construção da Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, em 2007. Delatores da Lava Jato já relataram o pagamento de propina a Aécio referente ao contrato de R$ 2 bilhões. No fim de 2009, a Andrade Gutierrez assumiu uma dívida de R$ 2,11 bilhões da AES com o BNDES. Em troca, recebeu dos norte-americanos o equivalente a 32,96% do capital votante da Cemig, ações que haviam sido dadas como garantia ao banco de fomento.

À época, Aécio Neves foi mais do que um entusiasta da associação. Usou toda a sua influência como governador de Minas Gerais para garantir o intrincado acordo e a presença da construtora no capital da distribuidora de energia. Para Aécio, tinha de ser a Andrade e ponto. A rigor, ressalte-se, o negócio só viria a se consumar efetivamente em junho de 2010, quando ele já havia se desincompatibilizado do cargo de governador para concorrer ao Senado.

No entanto, o acordo entre Andrade Gutierrez, AES e BNDES foi fechado em 22 de dezembro de 2009, quando Aécio ainda estava no governo. A operação transformou Sergio Andrade em um minoritário peso-pesado da distribuidora. Ele passou a ter voz não só na condução da estratégia de negócios da Cemig, mas em questões capitais como política de distribuição de dividendos, parcerias operacionais, contratos com terceiros. A dobradinha Aécio/Sergio Andrade se espraiava também sobre a Light, controlada pela estatal mineira. Uma fonte da distribuidora fluminense ligada a Jerson Kelman, que comandou a empresa entre março de 2010 e agosto de 2012, afirma que era perceptível a influência de Aécio junto a acionistas da companhia.

Kelman,B por sinal, deixou a presidência da Light por conta de divergências com executivos indicados pela Cemig e pelas tentativas da companhia mineira de interferir na gestão da controlada. O RR entrou em contato com os citados. A Polícia Federal informou que “não se manifesta sobre investigações em andamento”. A assessoria de Aécio Neves diz que “a entrada da Andrade Gutierrez como sócia da Cemig não guarda nenhuma relação com o governo de Minas e, por extensão, não guarda nenhuma relação com o senador”.

Ressalta também que “a Andrade Gutierrez comprou as ações da Cemig diretamente do BNDES. Foi, portanto, uma negociação com o governo federal, à época administrado pelo PT”. Ainda de acordo com a assessoria de Aécio, “Quando a Andrade Gutierrez se tornou sócia da Cemig (em junho de 2010), o senador não era mais sequer governador do estado (março de 2010). Portanto, não poderia ter qualquer relação com a operação”. A Cemig não quis se manifestar sobre o assunto. O RR fez também seguidas tentativas de contato com a Andrade Gutierrez até depois do horário estipulado para o fechamento desta edição. O último e-mail para a assessoria da construtora foi enviado às 19h08, seguido de um recado telefônico. No entanto, a empresa não retornou.

#Aécio Neves #Cemig #Furnas #Lava Jato

Os artilheiros do Tetra

19/04/2018
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O Podemos cogita o nome do deputado estadual Bebeto como vice de Romário na disputa pelo governo do Rio de Janeiro. Aos olhos do partido,nenhuma outra sigla conseguirá reunir uma dobradinha tão popular. Ainda mais depois que as principais lideranças da política fluminense tomaram um cartão vermelho da Lava Jato.

#Romário

Da sacada

19/04/2018
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O empreiteiro Fernando Cavendish, pego com a boca na botija na Lava Jato, festejou animadamente a prisão de Lula da sacada do seu estonteante apartamento na Av. Delfim Moreira. O roto falando do esfarrapado.

#Fernando Cavendish #Lava Jato

A maré virou para a B3

18/04/2018
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A B3, que até então tinha todo o interesse em procrastinar o caso, agora pressiona o Cade para acelerar o processo contra a ATS Brasil em torno da abertura de uma nova bolsa de valores no país. O objetivo é surfar na onda da Lava Jato e aproveitar a criminalização da concorrente para barrar o projeto. Na semana passada, o empresário Arthur Machado, presidente da ATG Brasil – por sua vez, acionista da ATS – foi preso na operação que apura desvios de recursos na Postalis. O fundo de pensão dos Correios aportou cerca de R$ 120 milhões no negócio.

#Cade

Google se protege do risco jurídico das fake news

17/04/2018
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As eleições deste ano podem sair mais caras do que o previsto para o Google. Aliás, para ser mais preciso,  a temporada promete ser das mais infelizes para a empresa. O site de busca vem colecionando processos judiciais, ao mesmo tempo em que tenta se resguardar de todas as maneiras de novas ações relacionadas à campanha eleitoral. O Google espera um tiroteio de por todos os lados. A empresa já reuniu uma tropa de advogados de alto calibre com o objetivo de planejar contratos com maiores salvaguardas contra a acusação de reter informações caluniosas ou difamatórias.

Com base em dados já acumulados, a expectativa da companhia é que o Brasil seja, neste ano, a pior performance do Google no quesito “contenciosos”. Até porque a evolução dos processos revela uma mudança de psicologia comportamental que não estava tão clara anteriormente, com a redução do medo do confronto jurídico com o site. Havia em torno do Google uma aura de intocabilidade que está indo para as nuvens. O Google Maps, onde os internautas podem registrar estabelecimentos e empresas pelo nome, é um exemplo das armadilhas jurídicas em que a companhia pode cair.

Segundo o RR apurou, a cada dia o Google tem barrado dezenas de usuários que tentam marcar em seu serviço de mapas o sítio de Atibaia e o Condomínio Solaris, na Praia do Guarujá, como sendo o “sítio do Lula” e o “triplex do Lula”. Seria um prato cheio para a defesa do ex-presidente acionar o site. Procurado pelo RR, o Google não quis se pronunciar sobre o assunto. A ameaça jurídica é potencializada pela inflamável combinação de eleições e Lava Jato. Há um de citados na Operação que brigam na Justiça pelo chamado “direito ao esquecimento”. Desde 2009, o Google já recebeu mais de seis mil pedidos de exclusão de conteúdo de suas páginas, totalizando quase 65 mil itens.

#Google

Arco da velha

17/04/2018
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A Lava Jato investiga um suposto esquema de corrupção referente às obras de construção do Arco Metropolitano do Rio. Mais de uma dezena de empreiteiras e fornecedores teriam participado do “mutirão da propina”. O esquema teria sido revelado na delação de executivos da OAS, uma das companhias que lideraram o projeto. A empreiteira baiana conhece cada cantinho do Arco Metropolitano: não custa lembrar que a empresa fechou um acordo de leniência com o Cade após confessar sua participação em um cartel formado para disputar as diversas licitações do empreendimento.

#Lava Jato #OAS

O MDB é uma família

17/04/2018
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Leonardo Picciani e Marco Antonio Cabral têm tido um papel cada vez mais ativo no MDB do Rio, notadamente na costura de coligações para as eleições de outubro. Nas conversas internas, defendem que a sigla não tenha candidato próprio ao governo do estado e se concentre em reconstruir sua bancada na Alerj e no Congresso Nacional. Não quer dizer, no entanto, que a Lava Jato tenha precipitado a “sucessão” no MDB do Rio. Os interlocutores da dupla sabem muito bem que os jovens parlamentares apenas dublam seus respectivos pais, Jorge Picciani e Sérgio Cabral.

#Leonardo Picciani #MDB #Sérgio Cabral

Lava Jato testa os anticorpos de Walter Faria

16/04/2018
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O RR recebeu informações de que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal estariam preparando uma nova investida sobre Walter Faria e a cervejaria Petrópolis. A ação seria um desdobramento das investigações contra o ex-governador Sergio Cabral e o presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani. Segundo a fonte do RR, o caso teria relação com benefícios fiscais recebidos pela cervejeira no Rio de Janeiro durante o governo Cabral, da ordem de R$ 280 milhões. Como contrapartida, a empresa teria feito doações ilegais para candidatos aliados a Cabral em 2014.

Diante da gravidade das informações, a newsletter procurou ouvir os personagens envolvidos. A Polícia Federal disse que “não se manifesta sobre eventuais investigações em curso”. O RR fez seguidos contatos com a Petrópolis, que não quis se pronunciar sobre o assunto, assim como o Ministério Público. As suspeitas remetem ao relacionamento entre Faria e Picciani, que já é alvo da Operação Cadeia Velha, um derivativo da Lava Jato no Rio. Faria é sócio da Tamoio Mineradora, que tem o parlamentar com um de seus acionistas.

O dono da Petrópolis também seria comprador de gado nos leilões realizados pela família Picciani. Faria, no entanto, tem demonstrado uma resiliência que faz lembrar o Paulo Maluf dos bons tempos. Montou um esquadrão de advogados, instalou um bunker de acompanhamento e lobby no Congresso e vem driblando as seguidas denúncias criminais. A Petrópolis aparece na Operação Caixa 3. A Polícia Federal investiga empréstimos no total de R$ 827 milhões concedidos pelo Banco do Nordeste à empresa entre 2013 e 2014 para a construção de duas fábricas – uma na Bahia e outra em Pernambuco.

Faria está citado também na Operação Zelotes. Segundo investigações, a Petrópolis teria sido uma das empresas beneficiadas com o esquema de propinas dentro do Carf. Em outubro do ano passado, inclusive, o próprio Conselho anulou julgamento anterior que havia revertido uma autuação da Receita Federal contra a cervejeira no valor de R$ 8,6 milhões. O Fisco, aliás, é um caso à parte na trajetória da Petrópolis. Em 2005, Faria chegou a ser preso na Operação Cevada, sob a acusação de sonegação de tributos estaduais e federais.

Em 2012, a fábrica da empresa em Boituva (SP) foi alvo de uma operação de busca e apreensão. A cervejeira foi acusada pela Secretaria de Fazenda do estado de sonegar cerca de R$ 600 milhões em impostos entre 2006 e 2011. Em janeiro deste ano, o Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro confirmou multas da ordem de R$ 1 bilhão contra a companhia. Segundo o relator do processo, “a Petrópolis agiu com “dolo, fraude ou simulação” ao fazer operações triangulares para evitar o recolhimento do ICMS devido. Walter Faria, no entanto, parece imune a tudo e a todos. O próprio crescimento da Petrópolis – imprensada entre o “monopólio” da Ambev e o avanço da Heineken – é um sinal da sua capacidade de sobrevivência em condições adversas. Contra todas as apostas, que a classificavam como presa fácil, a companhia tem resistido ao processo de consolidação do setor cervejeiro. Faria é praticamente intocável.

#Cervejaria Petrópolis #Ministério Público #Walter Faria

Planalto avalia troca na ANTT

16/04/2018
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Como se não bastasse a fuzilaria direta sobre Michel Temer, o Palácio do Planalto ainda tem de desviar das balas perdidas. Há um sério risco de que a prisão de Paulo Vieira de Souza, o “Paulo Preto”, ricocheteie no governo federal, mais precisamente na ANTT. A reta que liga os dois pontos é o engenheiro Mário Rodrigues Junior, nomeado há menos de dois meses para a direção-geral da agência reguladora por indicação do ex-deputado Valdemar da Costa Neto. No Planalto, já se discute a possibilidade de afastá-lo do cargo. Mario Rodrigues e “Paulo Preto”, apontado como operador de um suposto esquema de corrupção do PSDB em São Paulo, ocuparam cargos na direção do Dersa. O risco da indicação de Rodrigues para a ANTT já era pedra cantada. Seu nome foi citado na Lava Jato pelo ex-diretor da OAS Carlos Henrique Lemos. Antes o Planalto tivesse ouvido as manifestações feitas pelos próprios servidores da ANTT em fevereiro, pedindo que a nomeação de Rodrigues fosse revista. Agora, qualquer movimento no tabuleiro vai fazer um barulho maior.

#ANTT #Michel Temer

Serpros junta Lava Jato e Greenfield

16/04/2018
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A investida da Lava Jato sobre o Serpros promete reaquecer as investigações da Operação Greenfield, que apura desvios de recursos no fundo de pensão. As respectivas forças-tarefas do Ministério Público Federal já trabalham em conjunto, destrinchando investimentos suspeitos da entidade. Um dos casos mais rumorosos é o aporte de R$ 77 milhões para a construção de um hotel na Barra da Tijuca, que receberia a bandeira Trump. Consultada, o Serpros não se pronunciou especificamente sobre o hotel. Disse apenas que “o desdobramento da operação da Polícia Federal refere-se a apurações observadas nos investimentos realizados no período de 2011 a 2015”.

#Lava Jato #Operação Greenfield

Pulgas atrás da orelha

11/04/2018
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A investida da Lava Jato, ontem, sobre Eunício de Oliveira colocou duas pulgas atrás da orelha de Renan Calheiros, outro notório “lulista” do MDB.

#Lava Jato #Renan Calheiros

O beijo no asfalto de Eliseu Padilha

9/04/2018
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O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, articula uma espécie de waiver para as concessões rodoviárias arrematadas em 2013 e 2014, com o objetivo de desarmar, de uma vez por todas, uma bomba-relógio da ordem de R$ 6 bilhões. A cifra em questão corresponde ao valor das revisões contratuais solicitadas pelas operadoras, quase todas em grave crise financeira e inadimplentes com o governo há mais de dois anos. Entre elas figuram a Galvão Engenharia e a Triunfo Participações, ambas alvejadas pela Lava Jato. A solução engendrada por Padilha é um meio-termo em relação à Medida Provisória editada no ano passado, que caducou em fevereiro. Em vez de estender o prazo para que as concessionárias façam os investimentos atrasados, como rezava a MP, o governo deverá autorizar a venda das licenças, na tentativa de destravar mais de R$ 10 bilhões em investimentos que estão parados. A maioria das concessionárias não chegou nem perto de duplicar a rodovia arrematada, conforme previsto no edital.

#Eliseu Padilha

CCR trafega entre os trilhos da Invepar e da Supervia

6/04/2018
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Sergio Andrade e as herdeiras de Sebastião Camargo “laranjaram” sua delação na voz de prepostos, terceirizaram sua culpabilidade e agora, ainda que por vias oblíquas, parecem comprovar que o malfeito às vezes compensa. O elogio à esperteza e à dissimulação ganha forma por meio de um grande projeto de consolidação na área de concessões públicas capitaneado, indiretamente, por Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Controlada pelas duas empreiteiras, a CCR avança simultaneamente sobre a Invepar, leia-se OAS e fundos de pensão, e a Supervia, pertencente à Odebrecht.

A dupla aquisição daria à empresa a supremacia do transporte sobre trilhos no Grande Rio, juntando sob o mesmo guarda-chuva as concessões do Metrô e dos trens urbanos da cidade – leia-se uma receita somada da ordem de R$ 1,4 bilhão/ano e uma média de aproximadamente 1,2 milhão de passageiros/dia. Mais do que isso: a CCR se firmaria como o grande grupo privado de transporte público do Rio, detentor de boa parte do direito de ir e vir do carioca – a empresa é acionista também das Barcas S/A e do VLT. Nada contra a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa, mas a possibilidade da dupla enfeixar a Invepar e a Supervia confirma o quanto o Brasil é mesmo macunaímico.

A Lava Jato da qual Sergio Andrade e as “meninas” da Camargo conseguiram se evadir é a mesma que empurra a Invepar e a Supervia para o seu colo. É possível dizer que as duas empresas só estão no balcão devido ao efeito devastador da Operação sobre seus respectivos acionistas. Depois de se desfazer das suas participações no Galeão e na Embraport, a Odebrecht Transports se vê obrigada a colocar à venda o controle da Supervia. Por sua vez, a negociação da Invepar é resultado do desmonte da OAS, que entrou em recuperação judicial com uma dívida de quase R$ 10 bilhões.

No caso da Invepar, a conjugação de fatos favoráveis à Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa é ainda mais contundente. A CCR sempre correu por fora na disputa pela empresa. Agora, no entanto, passou a uma posição privilegiada. Segundo o RR apurou, as negociações entre o Mubadala, a OAS e o trio Previ,Petros e Funcef perdeu fôlego depois que o fundo árabe se uniu à francesa Vinci. Esta entendeu que as cifras da operação estavam altas demais. Resultado: o Mubadala recuou, reduzindo o valor apresentado originalmente. Além da posição hegemônica no Rio, a compra da Invepar teria outro importante benefício para a CCR e seus acionistas. Hoje, o portfólio de ativos da empresa tem um tempo curto de duração: a maior parte das concessões vencerá entre cinco e dez anos. Por  sua vez, a carteira de ativos da Invepar é mais longeva, com vencimento médio em 20 anos.

#CCR #Invepar #Supervia

Novos depoimentos

5/04/2018
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O ex-governador do Mato Grosso e delator premiado Silval Barbosa estaria fazendo novos depoimentos à Lava Jato. A orelha de Blairo Maggi vai arder.

#Blairo Maggi #Lava Jato

Conversa ao pé do ouvido

4/04/2018
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O senador Ciro Nogueira (PP-PI), já denunciado na Lava Jato, é um dos grandes vencedores da reforma ministerial. Com a ida do correligionário Gilberto Occhi para o Ministério da Saúde, foi Ciro quem negociou pessoalmente com o presidente Michel Temer a efetivação do vice de Habitação da Caixa Econômica, Nelson Antonio de Souza, no comando do banco. A conversa decisiva se deu na tarde do último dia 28 de março, no Palácio do Planalto. Souza, assim com Ciro, é PP e Piauí na cabeça. No governo Dilma, também por indicação do senador, presidiu o Banco do Nordeste.

#Lava Jato #Michel Temer

Anglo American joga detritos do Minas-Rio no colo da Techint

3/04/2018
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O quase permanente estado de litígio com a Nippon Steel na Usiminas periga se tornar o menor dos problemas da Techint no Brasil. O grupo ítalo-argentino está às portas de um contencioso com a Anglo American, tendo como pano de fundo o acidente ambiental nas instalações da mineradora em Santo Antonio do Grama, na Zona da Mata mineira. Os anglo-australianos já encontraram o “culpado” pelo sinistro: segundo o RR apurou, deverão acionar judicialmente a Tenaris, controlada pela Techint, responsabilizando-a pelos dois vazamentos de polpa de minério ocorridos no intervalo de apenas 20 dias.

A Anglo American teria identificado uma trinca no mineroduto supostamente em razão de uma falha no processo de fabricação do tubo, fornecido pela Tenaris. Nos bastidores, o “duto” entre as duas empresas já estourou. De acordo com a fonte do RR, na semana passada teria ocorrido uma série de reuniões entre executivos e engenheiros da Anglo American e da Tenaris, marcadas pelo tom beligerante e por mútuas acusações. Consultada pelo RR, a mineradora informou que “as causas dos vazamentos ainda estão sendo investigadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas e Universidade Federal de Minas Gerais”.

Disse ainda que, “neste momento não há estimativa dos impactos financeiros decorrentes dos incidentes.” Já a Tenaris não quis se pronunciar. A Justiça determinou o bloqueio preliminar de R$ 10 milhões da Anglo American para cobrir as primeiras ações de contenção do acidente. Por ora, no entanto, as consequências do duplo vazamento são incalculáveis, seja do ponto de vista ambiental, financeiro ou reputacional. Anglo American e Tenaris travam uma queda de braço não apenas para mitigar o risco jurídico e os custos econômicos, mas também para reduzir as fissuras sobre a sua imagem institucional.

Herança da MMX, de Eike Batista, o mineroduto Minas-Rio é o maior do mundo, com seus 530 quilômetros. Trata-se de um “cartão postal” tanto da Anglo American quanto da Tenaris, agora manchado pelos mais de 500 m3 de polpa de minério despejados, até o momento, na corrente fluvial da região de Santo Antônio do Grama. Os herdeiros do mítico industrialista italiano Agostino Rocca – o aliado de Mussolini que fugiu para a Argentina após a Segunda Guerra Mundial e lá criou a Techint – parecem viver seu inferno astral no Brasil. O acidente no Minas-Rio, o iminente contencioso com a Anglo American e a pecha de sujismunda do meio ambiente ameaçam aumentar o grau de criminalização dos ítalo-argentinos no país. A Techint, não custa lembrar, está envolvida na Lava Jato. O grupo foi declarado inidôneo pelo TCU por participar do esquema de propinas na construção da usina nuclear de Angra 3.

#Technint #Usiminas

A nova missão de Raul Jungmann?

3/04/2018
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Imagine se Raul Jungmann, recém-saído do PPS após 26 anos, estivesse de malas prontas para se aninhar no MDB, atendendo a um pedido do próprio Michel Temer… E se o pernambucano Jungmann trocasse não só de partido, mas de província, tornando-se um retirante eleitoral rumo ao “Sul Maravilha”. Suponha que nessa travessia um dos ministros mais importantes e leais de Temer deixasse a Pasta  da Segurança Pública para cumprir um múnus ainda maior e, na atual circunstância, intrinsicamente ligado ao cargo que ocupa: disputar a eleição para o governo do Rio. Que outro candidato teria tamanha legitimidade e conhecimento de causa para evocar a agenda da segurança pública?

Quem se não o ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública teria maior autoridade para prometer o aumento dos investimentos na área e defender a permanência das forças militares no estado? Quem poderia cruzar o estado, visitar comunidades, posar ao lado das tropas do Exército fardado de “governador interventor” se não Jungmann? Talvez o eleitor fluminense, num arroubo bairrista, rejeitasse um forasteiro; talvez o fato de não ser uma das lideranças políticas do estado, quase todas enlameadas, se tornasse outro de seus handicaps.

Talvez Jungmann viesse a suprir uma vacância no próprio MDB do Rio, destroçado pela Lava Jato – curiosamente, em sua carta de despedida do PPS, o ministro fez menção a sua passagem pelo antigo MDB nos tempos de “resistência democrática”. Ficção? Realidade? O dia 6 de abril, prazo limite para a desincompatibilização de cargos públicos e mudança de domicílio eleitoral, tem a resposta para alguns dos enigmas de 7 de outubro.

#MDB #Raul Jungmann

José Marcio Camargo surge como alternativa para que o BNDES não se torne o “Banco do Jucá”

29/03/2018
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Aparentemente está tudo certo na sucessão da equipe econômica. O secretário executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, assumiria a Pasta. O secretario de Acompanhamento Econômico, Mansueto de Almeida, iria para o Ministério do Planejamento. E o atual titular do Planejamento, Dyogo de Oliveira, que ameaçava sair se não fosse nomeado ministro da Fazenda, iria para o BNDES. Uma solução ao contento do que desejava Henrique Meirelles.

Em Brasília, comenta-se que a dança do miudinho, ritmo nordestino em que as partes se sacolejam com passos curtos, tem sido praticada, dia sim, dia não, por Michel Temer e Meirelles. Na sucessão da equipe econômica, Temer prometeu a Meirelles que pedido feito seria pedido aprovado. Teve de contornar as demandas de parte do MDB. O partido pleiteava o cargo de ministro da Fazenda para Dyogo de Oliveira.

A carga contra Guardia e Mansueto, por sua vez, era porque ambos estariam mais identificados com o PSDB do que com o MDB. Seria um contrassenso entregar o filé da reforma ministerial ao inimigo em um ano eleitoral. Até ontem, o senador Romero Jucá – um dos articuladores da campanha contra os pupilos de Meirelles, chamando-os de quinta coluna a serviço dos tucanos – trabalhava nos bastidores para que seu apadrinhado Oliveira emplacasse na Fazenda. O BNDES, segundo ele, seria um prêmio de consolação. O problema de Oliveira é que, em qualquer dos cargos, ele carregará o DNA de Jucá e, portanto, a marca da Lava Jato como legado do seu protetor.

Com a virtual confirmação de Guardia na Fazenda, a presidência do BNDES virou motivo de comemoração entre os emedebistas. Em meio às intrigas da Corte, um nome surgiu ontem como tertius: o do economista José Marcio Camargo. Sua indicação para a presidência do BNDES repetiria o modelo adotado na escolha de Paulo Rabello de Castro. Ou seja: seria da cota pessoal do presidente Temer. A medida teria por objetivo blindar o banco neste período eleitoral, desassociando-o de nomes e fatos políticos.

Camargo tem serviços importantes prestados ao Palácio do Planalto e à presidência da Câmara dos Deputados. Esteve presente em todas as reuniões com empresários e parlamentares para explicar as reformas. O ex-professor da PUC-RJ tem bom relacionamento com o núcleo duro do governo e é afinadíssimo com Guardia e Mansueto. Atualmente é economista da gestora de recursos Opus. Trata-se de uma candidatura eminentemente técnica, sem mácula de qualquer ordem. Um predicado de valor inestimável para um presidente do BNDES.

#BNDES #Secretaria da Fazenda

O mecanismo

29/03/2018
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Em meio à intervenção federal, as investigações da Lava Jato no Rio de Janeiro deverão engatar uma sexta marcha. O novo diretor da Polícia Federal, Rogério Galloro, planeja reforçar a equipe com o deslocamento de mais dois delegados. Hoje, o time da PF que atua na Operação no estado conta com sete delegados.

#Lava Jato #Polícia Federal

Ex-secretário de Cabral mira em Pezão

28/03/2018
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A entrevista concedida no último fim de semana por Sergio Cortes, ex-secretário de Saúde de Sérgio Cabral, acendeu o sinal de alerta no Palácio Guanabara. Além do discurso com o nítido propósito de se distanciar de Cabral, o “arrependido” Cortes deixou claro que vai apontar sua metralhadora de memórias na direção do governador Luiz Fernando Pezão. Como Cabral já foi mais do que destrinchado pela Lava Jato, Pezão seria o seu “vale delação”. Por sinal, em seus depoimentos à Justiça, Cortes já deu alguns spoilers das próximas cenas, a exemplo da denúncia de que Pezão teria recebido propina de um fornecedor de contêineres para o governo do estado.

#Sérgio Cabral

Fósforo e querosene

27/03/2018
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Caberá ao próprio presidente nacional do PR, Antonio Carlos Rodrigues, indicar o secretário de Logística e Transporte de São Paulo no governo de Marcio França. Prestes a assumir o cargo de Geraldo Alckmin, França está brincando com fogo. Rodrigues, ex-ministro dos Transportes do governo Dilma II, terá sob o seu condão o Dersa – justo no momento em que a Lava Jato ameaça abrir o que seria a Caixa de Pandora dos governos tucanos em São Paulo. Ressalte-se ainda que o presidente do PR chegou a ser preso no fim do ano passado.

#Dersa #Geraldo Alckmin

Apoio mútuo

26/03/2018
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O diretor da GRT Partners e fundador do Banco Pactual, Luiz Cezar Fernandes, tem conversado com o controlador do BTG, André Esteves. Os dois, que já se detestaram, hoje mantêm uma relação afetuosa. Fernandes previu no ano passado que o Brasil decretaria o calote da dívida interna em breve. E Esteves permanece encalacrado com processos na Lava Jato.

#Banco Pactual #BTG

O estrategista

23/03/2018
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Sérgio Andrade tem pavoneado sua performance na Operação Lava Jato. O empresário diz que a Andrade Gutierrez saiu praticamente ilesa dos tiroteios e revela as práticas e truques desse milagre. Um dos segredos está na coordenação direta da comunicação. Não
há uma vírgula das ações de informação e contrainformação na mídia que não tenha passado pelo crivo do empreiteiro.

#Andrade Gutierrez #Operação Lava Jato

Negócios

Sem açúcar e sem afeto

22/03/2018
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As denúncias contra o ex-ministro Delfim Netto na Lava Jato põe em risco a sua permanência no board da Biosev, braço sucroalcooleiro da Louis Dreyfus. As normas de compliance do grupo francês são extremamente severas para casos dessa natureza.

#Biosev #Delfim Netto #Louis Dreyfus

Tem peixe na área

22/03/2018
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Romário está buscando o apoio do PSB a sua candidatura ao governo do Rio. A sigla flerta com Eduardo Paes, mas o ex-prefeito é uma incógnita por conta da Lava Jato.

#Eduardo Paes #PSB #Romário

Justiça faz nova caçada ao “Rei Arthur”

16/03/2018
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O juiz Marcelo Bretas prepara um novo pedido à Justiça dos Estados Unidos para a extradição do empresário Arthur Soares, o “Rei Arthur”. As autoridades norte-americanas já negaram por quatro vezes a entrega do foragido da Lava Jato, que mantém residência em Key Biscaine, na Flórida. O pedido se baseia em recentes depoimentos do ex-secretário de Saúde do governo Cabral, Sergio Cortes. A Facility, empresa de Arthur, é acusada de ter recebido mais de R$ 1,7 bilhão/ano em contratos irregulares com o governo Cabral.

#Arthur Soares

Pariu Mateus e se foi

16/03/2018
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Geraldo Alckmin fez o convite para Eduardo Paes retornar ao PSDB e depois tomou Doril. Na Executiva Nacional do partido, dirigida por Alckmin, sequer se fala no assunto depois das recentes denúncias contra Paes na Lava Jato. A batata quente foi empurrada para o diretório do Rio.

#Eduardo Paes #Geraldo Alckmin #PSDB

A caravana do PR

8/03/2018
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O presidente do PR, Antonio Carlos Rodrigues, “arrancou” de Michel Temer a garantia de que o partido seguirá no comando do Ministério dos Transportes após a saída de Mauricio Quintella, em abril. O nome já indicado pela sigla para o cargo é o do ex-deputado Bernardo Santana. O PR acredita que, a esta altura, ninguém mais se lembrará de que Santana foi citado na Lava Jato. Até aí, morreu Neves. O próprio Rodrigues chegou a ser preso em dezembro do ano passado, sob a acusação de crimes de corrupção, extorsão e participação em organização criminosa.

#Michel Temer #Ministério dos Transportes

O labirinto de Eduardo Paes

6/03/2018
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Em meio às conversas para a sua filiação ao partido, Eduardo Paes e PSDB já discutem um plano alternativo. Paes não sairia candidato ao governo do Rio, mas, sim, ao Senado – no que é tratada pelos tucanos como uma eleição líquida e certa. Isso, claro, se o nome do ex-prefeito puder aparecer na urna eletrônica. Paes ainda terá de recorrer ao TSE da decisão do TRE-RJ, que o declarou inelegível por oito anos. E ainda tem a Lava Jato…

#Eduardo Paes #PSDB

Etanol dos Gradin evapora suspeições

2/03/2018
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O empresário Bernardo Gradin conseguiu passar quase ileso pelas denúncias que atingiram a gestão da Braskem – foi questionado em relação a um contrato de preço da nafta e só. Talvez não tenha a mesma sorte no que diz respeito às suas relações empresariais com o BNDES. Gradin usou o modelo consagrado por Eike Batista de pedir dinheiro para um pré-projeto que só existe em sonhos e no rabisco de papel.

O BNDES, em 2011, colocou R$ 1 bilhão na Gran-Bio, produtora de etanol celulósico apresentada como o estado da arte no setor de combustíveis ecológicos. De lá para cá, a empresa dos Gradin apresentou mais problemas do que soluções, tornando-se um case de “cavalo perdedor”. No fim do ano passado, Bernardo Gradin voltou ao BNDES e pediu mais dinheiro. Em meio ao rolo da Lava Jato, seu pleito foi colocado na gaveta.

Há indícios de que o Ministério Público, entre outros projetos merecedores de averiguação, colocou a GranBio na lista dos financiamentos e participações a serem investigados. Afinal, por que os recursos oficiais foram investidos em um projeto sem as devidas contrapartidas? Consultados, GranBio e BNDES não se pronunciaram. Bernardo já foi tido como um campeão, quando acumulava as presidências da Braskem e da Abiquim. Hoje, esconde-se entre insucessos e um ruidoso contencioso com o clã dos Odebrecht, no qual nenhuma das partes sairá ganhando em relação ao status quo anterior.

#Bernardo Gradin #BNDES #Braskem

Pet shop boy

2/03/2018
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Alexandre Accioly, antes de se envolver no rolo da Lava Jato, pensava em se meter no ramo das pet stores. Como tudo que faz, o empresário tinha ideia de fazer uma mega loja temática para vender os bichinhos, um verdadeiro parque de diversão da cachorrada. Accioly foi o Midas da Bodytech. A venda e cuidados com os pets é um dos negócios que mais cresce no mercado brasileiro.

#Alexandre Accioly #Lava Jato

Eleições contemplam do plebiscito da privatização ao fundo de desestatização no atacado

28/02/2018
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O ex-presidente Lula, sabidamente um antiprivatista, recebeu da sua assessoria econômica, na semana passada, sugestão para que realize um plebiscito sobre a venda das estatais. Antes que se pense em oportunismos e narrativas eleitorais, a consulta popular não está para Lula como a intervenção federal no Rio para Michel Temer. A expectativa dos autores da ideia é que a privatização seja aclamada nas urnas. A imagem das companhias estatais foi uma das principais atingidas com a operação Lava Jato.

O plebiscito, caso favorável, liberaria o ex-presidente do seu compromisso com o estatismo. Se a decisão fosse antiprivatista, melhor para Lula, que ficaria onde sempre esteve. O mais provável, ressalte-se, é que o ex-presidente se torne inelegível e a proposta fique guardada na cachola dos seus conselheiros. O relevante, contudo, é que a privatização vai chegando ao coração da esquerda. Com diferenças de ênfase na aprovação da medida, o trio de potenciais substitutos de Lula na disputa pela Presidência – Fernando Haddad, Jaques Wagner e Ciro Gomes – não engrossam as hostes estatizantes.

A candidata Marina Silva, que ideologicamente se situa em um ecossistema desconhecido, é hoje privatista até mesmo quando quer disfarçar que não é. Como toda regra tem exceção, o provável candidato do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos, performa como isolado baluarte antiprivatista. Como o PSOL não passa de um átomo no macrocosmo da política nacional, as convicções de Boulos não alterarão o rumo de desmobilizações dos ativos públicos desde já traçado.

Todos os demais candidatos defendem com unhas e dentes que o Estado se desfaça das suas empresas. O saldo das antigas e novas adesões criou um cenário único: é inimaginável o país atravessar o período de 2019/2022 com o mesmo quadro de grandes estatais – ver RR de 18 de janeiro. Todos os presidenciáveis estão alinhados: dos mais contidos, como Ciro Gomes, aos mais disparatados, como Jair Bolsonaro. O capitão, inspirado pelo seu guru, o economista Paulo Guedes, namora privatizar no atacado. Transferiria todas as estatais para um fundo cujo valor seria abatido da dívida pública, fazendo uma espécie de recuperação judicial do passivo interno federal. O Brasil com diminuto número de empresas estatais era inimaginável. Agora, tudo indica que é inevitável. Para o bem ou para o mal.

#Fernando Haddad #Lula #Michel Temer

Termômetro

26/02/2018
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Uma decisão proferida pelo ministro Edson Fachin na última quinta-feira foi recebida com apreensão pela defesa de Lula. Ao indeferir pedido de habeas corpus para o agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, condenado na Lava Jato, Fachin confirmou a tendência de o STF acompanhar as decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) neste tipo de matéria. O STJ já havia negado habeas corpus para “Careca”. Assim como negou recentemente para o ex-presidente Lula e o ex-ministro Henrique Alves.

#Henrique Alves #Lula

O Dia D da São Fernando

21/02/2018
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Amanhã pode ser uma data decisiva no calvário da Usina São Fernando, da família Bumlai. O juiz Jonas Hass Silva Júnior, da 5a Vara Cível de Dourados (MS), abrirá a única proposta apresentada no leilão da falida companhia. Segundo o RR apurou, a oferta foi feita pela Pedra Angular Açúcar e Álcool, liderada pelo economista Winston Fritsch. Caberá ao juiz decidir se aceita a proposta de ponto ou a submete à assembleia de credores já marcada para o dia 1o de março. Pertencente aos filhos de José Carlos Bumlai, a São Fernando derreteu à medida que o empresário, o “amigo de Lula”, foi tragado pela Lava jato.

#Usina São Fernando

Alckmin mantém o Dersa sob proteção tucana

20/02/2018
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Geraldo Alckmin barrou as articulações de seu vice e sucessor, Marcio França, para entregar a Secretaria deLogística e Transporte de São Paulo ao PR. Alckmin cravou a permanência do tucano Laurence Casagrande no cargo. O PSDB considera visceral manter ascendência sobre a Secretaria e consequentemente sobre o Dersa, principalmente agora em que a Lava Jato vasculha essa caixa-preta. Isso para não falar do próprio “Risco PR”: a mistura do partido com a área de transportes seria um chamariz para o Ministério Público. A sigla indicou para a presidência da Valec José Francisco das Neves, que acabou condenado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

#Dersa #Geraldo Alckmin

Um latifundiário por outro na Agricultura

15/02/2018
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O nome de Ronaldo Caiado (DEM-GO) circula no Palácio do Planalto como forte candidato a assumir o Ministério da Agricultura, caso Blairo Maggi se desincompatibilize do cargo em abril. Caiado tem mandato parlamentar garantido até 2022, o que facilitaria sua licença do cargo de senador. Diferente de Maggi, cujo futuro político ainda é uma incógnita. Ele é citado como possível candidato ao Senado ou mesmo ao governo do Mato Grosso pelo PP. Isso se a Lava Jato deixar. Maggi é investigado na Operação e já foi citado na delação premiada do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa.

#Blairo Maggi #Ronaldo Caiado

Lava Jato recebe reforço no Rio

5/02/2018
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O temor de muitos de que Raquel Dodge pudesse puxar o freio da Lava Jato não tem se justificado, notadamente no que diz respeito ao braço da operação no Rio de Janeiro. A PGR deverá destacar mais um procurador para a força-tarefa do Rio. No início do ano, outro integrante do Ministério Público já havia sido deslocado para a cidade – hoje, a equipe conta com dez procuradores. O reforço da tropa se deve às recentes denúncias apresentadas contra Sérgio Cabral e à expectativa de novos acordos de delação.

#Lava Jato #PGR #Raquel Dodge

Credores caçam as contas de João Lyra no exterior

5/02/2018
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Os credores da Laginha Agro Industrial, a finada holding de João Lyra, estão com a faca entre os dentes diante da revelação da Justiça de que o usineiro mantém contas secretas naquele país. Bancos e fornecedores vão solicitar à Justiça brasileira o bloqueio de recursos do empresário no exterior para cobrir as dívidas deixadas pela Laginha. O passivo total é de mais de R$ 2 bilhões. Lyra, não custa lembrar, também está na mira da Lava Jato, que investiga possíveis irregularidades em empréstimos feitos pela BR Distribuidora às suas usinas, com a intermediação do senador Fernando Collor.

#Agro Industrial #João Lyra

Compliance é com a Camargo Corrêa

2/02/2018
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A Camargo Corrêa tem apresentado seu plano de compliance a bancos e entidades associativas. A empreiteira pretende ser uma vitrine das melhores práticas entre as suas congêneres. Desde o início da Lava Jato, como se sabe, a Camargo Corrêa procurou se distanciar das demais concorrentes envolvidas no escândalo, inaugurando a delação premiada, e depois colocando em suspeição a credibilidade das demais para disputarem contratos com a área pública, notadamente no estrangeiro. A companhia, que tem a fama de usar punhos de renda, não diz com essas palavras, mas deixa entrever que políticas de integridade para valer são as dela. O resto da turma é tudo enganação.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

CCR quer ser a dona do pedaço no Rodoanel de São Paulo

1/02/2018
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A CCR estaria em negociações para a compra da SPMAR, concessionária pertencente ao Grupo Bertin. Segundo o RR apurou, as conversações se desenrolam desde o fim do ano passado. Com a aquisição, a CCR, que já administra o trecho Oeste do Rodoanel de São Paulo, assumiria também a operação das faixas Sul e Leste, sob concessão da SPMAR – a exceção ficaria por conta do trecho Norte, arrematado há três semanas pela Ecorodovias. Ou seja: a CCR passaria a controlar 136 km dos 180 km do Rodoanel, eixo fundamental no mapa logístico de São Paulo, especialmente no transporte rodoviário de cargas para o Porto de Santos.

Teria ainda um salto de receita na operação do empreendimento de cerca de R$ 300 milhões para algo próximo dos R$ 700 milhões. Em tempo: o timing da investida não deixa de ser curioso. Caso o negócio saia, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, controladas da CCR e duas das empreiteiras mais criminalizadas pela Lava Jato, passariam a ter a primazia sobre três quartos do Rodoanel. Isso justo no momento em que a força-tarefa de Curitiba trisca nos governos José Serra e Geraldo Alckmin e em grandes obras conduzidas pelo Dersa – o departamento de estradas de rodagem de São Paulo.

O momento de fragilidade da família Bertin joga a favor da CCR. A SPMAR é uma das nove subsidiárias que integram o processo de recuperação judicial do Grupo Bertin. Trata-se também um de seus ativos mais cobiçados. A venda do controle da concessionária é vista no mercado como um movimento quase inexorável para o abatimento da dívida da Bertin, superior a R$ 7 bilhões. A CCR, no entanto, terá de tapar alguns buracos nessa estrada. É provável que a negociação tenha de passar por um acordo com a Caixa Econômica Federal. O banco alega ter direito sobre recebíveis da SPMAR como garantia de empréstimos concedidos à Heber, subholding da família Bertin onde está pendurada a empresa de concessões rodoviárias.

#CCR #Ecorodovias #Grupo Bertin

“Caixa 2 digital” assombra as eleições de 2018

31/01/2018
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A regra não escrita no Tribunal Superior Eleitoral, Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários é que quanto menos se falar de cripto-moedas nas eleições de 2018, melhor. As instituições que de alguma forma lidam com a tentativa de regulamentação dos bitcoins e congêneres estão impotentes frente ao inevitável “caixa 2 digital”. Falar no assunto só lembra que o instrumento existe e ninguém pode impedir seu uso. O TSE arriscou a bravata e proibiu o uso das “moedas virtuais” tanto na arrecadação quanto nos gastos de campanha. Mas não consegue dizer como identificará os corruptos digitais.

Na prática, nada impede que o marqueteiro de campanha, por exemplo, tenha seus serviços pagos por meio de criptomoedas, transações feitas sem intermediários e através de processo criptografado.  O TSE não reconhece formalmente o perigo de bitcoins se tornarem instrumento para lavagem de dinheiro e desvio de recursos ilícitos. A Justiça Eleitoral esclarece que a interdição das criptomoedas é simplesmente baseada em pareceres do Banco Central e da CVM, que, da mesma forma, estão se “pronunciando apenas para se pronunciar”, sem efeito algum.

A eficácia das criptomoedas para os “pagamentos por fora” é diversas vezes superior às práticas antecessoras – financiamento direto de campanha pelas empresas ou pagamento em paraísos fiscais offshore. Com o bitcoin não existe a teoria que permitiu um enorme avanço no combate à corrupção, ou seja, “siga o dinheiro”. Isto porque ele não pode ser localizado. É da sua origem a preservação do anonimato do seu dono. Não é um instrumento legal; é supralegal. A Lava Jato não teria sido o que foi se as operações de ocultamento de recursos se dessem hoje. A corrupção praticada pelos diretores da Petrobras não teria sido comprovada, pois a propina não seria localizada, em função de acordos com as instituições financeiras internacionais.

Malas cheias de dinheiro, como as encontradas em Salvador, no apartamento de Geddel Vieira Lima – ex-ministro da Secretaria de Governo, que se encontra preso no Complexo Penitenciário da Papuda – ficaram no passado. Agora, basta o envio de chave-privada de uma carteira virtual, repleta de bitcoins, por exemplo, para efetuar pagamentos de serviços não contabilizados oficialmente. Há espaço para doações ilegais por meio de diversas “quase moedas”, a exemplo do ethereum, IOTA ou litecoin, para citar as mais badaladas.

O aspecto contravencional pode aumentar se for acrescida a possibilidade de “mineração de bitcoins” em computadores sem autorização. Já foi identificada uma corrida para o Paraguai dos garimpeiros do blockchain de forma a montar aparatos computacionais com placas poderosas para minerar as moedas virtuais a partir daquele país. Isso poderia ser feito na Etiópia, na Bélgica, em qualquer lugar. A IBM anuncia para daqui a dois anos a criação de um computador quântico, com placas dotadas de brutal capacidade de processamento, capazes de gerar criptomoedas em abundância, o que permitiria forçar o desabamento dos preços. Aguarde-se. Por enquanto, não há muito o que fazer. O dinheiro virtual é a jabuticaba da elisão fiscal no financiamento de campanha em 2018.

#Bitcoins

Pedro Parente promove uma revolução digital na estrutura de trabalho da Petrobras

30/01/2018
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O presidente da Petrobras, Pedro Parente, vai dar um tiro de morte na “Petrossauro”. A empresa, sob sua gestão, está promovendo silenciosamente a maior revolução digital do trabalho que já se viu na esfera do Estado e dificilmente comparável mesmo entre corporações do setor privado. A Petrobras vai implementar o regime de teletrabalho, que permitirá a seus funcionários atuarem de forma remota em alguns dias da semana. O projeto-piloto será implementado de forma gradativa, em cinco “ondas”, com a meta de atingir 1,2 mil empregados até outubro.

A primeira “onda”, prevista para fevereiro, envolverá 200 funcionários do RH e do departamento jurídico. A segunda, 100 trabalhadores das equipes de responsabilidade social e saúde, meio ambiente e segurança (SMS). A terceira etapa atingirá 150 pessoas da área de projetos de sistemas de superfície. A quarta e a quintas fases englobarão, respectivamente, 300 e 450 colaboradores, das áreas de Gestão Integrada de Exploração & Produção, Refino & Gás, Comunicação, Estratégia, Finanças, Conformidade e Tecnologia da Informação.

Após estudos internos, todas estas gerências foram consideradas compatíveis com o teletrabalho, com uma quantidade de empregados em regime administrativo flexível no Rio de Janeiro adequada à capacidade tecnológica de cada onda e vistas como da diversidade de atividades e perfis da Petrobras. Ou seja: trata-se de uma amostragem cujos resultados servirão de termômetro para a expansão do projeto a outras áreas. A implementação da proposta traz a reboque alguns desafios para a Petrobras, a começar pela forma de controle das horas efetivamente trabalhadas e do nível de produtividade dos funcionários que aderirem ao novo sistema. Ao mesmo tempo, o projeto é uma adaga de dois gumes. Por um lado, é a prova de que uma estatal pode ser eficiente independentemente da sua origem; por outro, também pode ser interpretado como a evidência de que tudo está sendo feito para que ela deixe de ser uma estatal. Vai depender do gosto do freguês.

O regime de teletrabalho chegou a ser discutido em 2015, ainda na gestão de Aldemir Bendine. No entanto, a ideia acabou engavetada em meio à reestruturação da companhia e, sobretudo, ao tratamento das chagas descobertas pela Lava Jato. O projeto voltou à ordem do dia no ano passado, seguindo algumas premissas. O novo modelo estará disponível para todos os empregados em regime administrativo flexível (com ou sem função gratificada), terá adesão voluntária, com o limite de até três dias por semana. Ressalte-se que não haverá qualquer custo adicional para a estatal.

Inicialmente, o projeto-piloto foi idealizado para um público-alvo de até 2,5 mil funcionários. No entanto, a Petrobras teve de readequar o programa por recomendação da área de tecnologia. O sistema de TI da companhia só dispõe de 1,5 mil licenças de acesso remoto simultâneo. Desse total, cerca de 1,1 mil de autorizações vêm sendo utilizadas sistematicamente em horários de pico, o que deixa uma margem de apenas 400 novas licenças. Por isso, a opção de implantação do projeto em “ondas”,uma forma calculada de mitigar riscos e dar tempo para que a estatal possa estimar o custo de criação das licenças adicionais e a viabilidade econômica não só do projeto-piloto, mas da sua extensão para o maior número possível de funcionários.

O legado digital-trabalhista de Pedro Parente poderá atingir, já em 2019, cerca de 20 mil funcionários. Este é o público-elegível para o teletrabalho projetado pela estatal para o próximo ano. A companhia já está calculando o investimento necessário, notadamente em infraestrutura tecnológica, para alcançar este universo. Trata-se de uma contribuição da Petrobras que eventualmente poderá ser estendida a outras empresas do setor público. O projeto-piloto da petroleira dará respostas determinantes que vão da otimização das despesas operacionais ao interesse dos empregados pelo regime de teletrabalho, os dias da semana mais requisitados, a adaptação do funcionário e os ganhos de produtividade.

#Pedro Parente #Petrobras

Troca de identidade

30/01/2018
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A moda pegou. Depois do PMDB, que ressuscitou o velho MDB, agora é o PP que quer mudar seu nome de batismo. Maculado pela Lava Jato, já entrou com o pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para adotar o Progressistas.

#PMDB #PP

Lava Jato invade o metrô de São Paulo

30/01/2018
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A Lava Jato avança sobre trilhos tucanos. Os procuradores de Curitiba teriam reaberto as investigações sobre um suposto esquema de corrupção e financiamento ilegal de campanha a partir da construção da Linha 6 do Metrô de São Paulo, identificada pela sugestiva cor laranja. O início das obras se deu em 2015, no governo Alckmin. As denúncias, segundo informações filtradas pelo RR, atingem a Queiroz Galvão e a UTC, sócias da Odebrecht no consórcio.As primeiras denúncias sobre a Linha 6, projeto de R$ 10 bilhões, surgiram no ano passado, mas as apurações não se aprofundaram. Desta vez, a força tarefa teria juntado novas peças a partir da delação de executivos da Odebrecht e, sobretudo, da Camargo Corrêa.

#Geraldo Alckmin #Lava Jato #Odebrecht

O sétimo selo de Renato de Duque

29/01/2018
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O RR apurou que o juiz Sérgio Moro está prestes a finalizar mais uma sentença envolvendo o ex-Petrobras Renato Duque, com base na delação do ex-lobista da Toyo Setal, Julio Camargo. O executivo confessou ter pago R$ 12 milhões em propina a Duque. O ex-dirigente da Petrobras é figurinha carimbada da Lava Jato: já foi condenado por Moro em outros seis processos, cujas penas somam mais de 70 anos de prisão.

#Petrobras #Renato Duque #Sérgio Moro

Sondagem RR: Paulo Cunha é o executivo mais qualificado do país; Schvartsman, o destaque de 2017

29/01/2018
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Se fosse possível clonar os principais atributos dos maiores executivos do país, o empresário mais gabaritado seria uma combinação de Paulo Cunha, Fabio Schvartsman e Jorge Gerdau, com uma pitada de Paulo Skaf. É o que mostra enquete realizada pelo Relatório Reservado junto a uma pequena amostragem da sua base de assinantes. No total, foram consultadas 51 pessoas, pre-dominantemente empresários, executivos, banqueiros e juristas. Cada um dos nomes acima pontificou em uma categoria diferente da sondagem.

Cunha, presidente do Conselho do Grupo Ultra, foi apontado por 17% dos entrevistados como o dirigente empresarial mais qualificado do país. Schvartsman, presidente da Vale, foi considerado o “executivo de destaque” em 2017; Jorge Gerdau, a maior liderança empresarial; e Paulo Skaf, o dirigente empresarial com maior influência política. Pedro Parente, presidente da Petrobras, ficou em segundo lugar no ranking dos executivos mais qualificados do país, logo atrás de  Cunha, com 15%. Foi seguido por Carlos Britto, da InBev, e Wilson Ferreira Jr., da Eletrobras, respectivamente com 12% e 11%.

O próprio Fabio Schvartsman e José Galló, n. 1 da Lojas Renner, também foram citados, respectivamente com 8% e 6%. Schvartsman foi eleito o destaque entre os executivos brasileiros em 2017 com 36% dos votos. Em pouco mais de oito meses no cargo, ele conduziu o processo de reestruturação societária da Vale, a migração para o Novo Mercado e acentuou o processo de redução do nível de alavancagem da companhia. A seguir, apareceram Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e novamente José Galló, empatados com 14%. Wilson Ferreira Jr. teve 11%.

No quarto lugar, Pedro Parente foi novamente citado, por 9% dos consultados. Na sequência, Amos Genish, que assumiu o comando da Telecom Italia, mereceu 8% dos votos. Outros sete executivos foram mencionados como destaque de 2017, com percentuais dispersos. Para os assinantes do RR, Jorge Gerdau é a maior liderança empresarial do Brasil, com 21%. Em segundo lugar, Abilio Diniz, com 17%. Logo atrás, os dois mais prestigiados nomes da banca nacional: novamente Luiz Carlos Trabuco, com 17%, e Roberto Setubal, do Itaú (12%). Gerdau também foi mencionado como o dirigente com maior representatividade em seu setor, empatado com Rubens Ometto, dono da Cosan, ambos com 19%. Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, apareceu com 11%.

Ligeiramente atrás, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff (10%). O RR também perguntou aos seus assinantes quem é o dirigente empresarial com maior influência política no Brasil. Paulo Skaf, híbrido de presidente da Fiesp e pré-candidato ao governo de São Paulo, recebeu 41% dos votos. Superou seu companheiro de chapa na entidade – e de menção na Lava Jato -, Benjamin Steinbruch (29%). Em terceiro, Robson Andrade, presidente da CNI, foi escolhido por 9%.

A enquete do RR não falou apenas de flores. O espinho veio sob a forma da pergunta “Qual o dirigente empresarial de trajetória mais declinante do Brasil?” – lembrando que nomes de condenados na Lava Jato não foram contabilizados. Deu André Esteves, sócio do BTG, na avaliação de 11% dos entrevistados. Atrás dele, apareceu Ricardo Nunes (6%), da combalida Máquina de Vendas. Paradoxalmente, Skaf surgiu mais uma vez. Para 5%, o presidente da Fiesp entrou em um ciclo declinante – ainda que as pesquisas o coloquem entre os três primeiros colocados na disputa pelo governo de São Paulo. Logo a seguir, com 4%, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do Grupo Caoa, citado nas operações Zelotes e Acrônimo. Na opinião de 3%, Maria Silvia Bastos Marques é a executiva em maior declínio, resultado que reflete sua recente passagem pela presidência do BNDES. Terá a oportunidade de reverter esta percepção na presidência da Goldman Sachs no Brasil.

#Fabio Schvartsman #Jorge Gerdau #Paulo Cunha #Paulo Skaf

O homem mais poderoso do Palácio do Planalto não se chama Michel Temer

23/01/2018
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Diz um observador palaciano atento que são nítidos os sintomas de uma admiração profunda do presidente Michel Temer pelo seu ministro-chefe da Secretaria Especial, Moreira Franco. A fonte afirma que Temer chega a sofrer da Síndrome de Stendhal quando se encontra frente a frente ao seu “ministro particular”. A Síndrome toma emprestado o pseudônimo de Henry -Marie Bayle, autor da obra-prima “O Vermelho e o Negro”. O fenômeno psicológico leva ao surgimento de diversos sintomas – emoção seguida de entorpecimento, desorientação têmporo-espacial, sudorese profusa e desrealização – mediante a contemplação de uma obra de arte ou um fato excepcional.

Noves fora as hipérboles e figuras de linguagem, Moreira Franco é o personagem gerador de tamanha deferência. O ministro assumiu uma posição sem par no governo. É o único que defende Temer com um entusiasmo que beira a fúria, quer seja na mídia, contra os adversários, na base aliada e junto aos demais ministros. Moreira Franco é um Leão. Michel Temer despacha com ele em todos os instantes, inclusive em casa em quase todos os finais de semana. O ministro estimula Temer a desdenhar das denúncias da Lava Jato e das reportagens na imprensa. “É tudo perereca do brejo”, diz. Ele se apodera de um velho bordão do seu jurássico passado de esquerdista: “No pasarán”. Moreira assopra no ouvido o que o presidente deve falar, escreve o esqueleto dos seus discursos e participa de todas as discussões ministeriais como se tivesse mais uma insígnia na lapela. Na maioria das vezes é quem dá o voto de minerva quando a bola está quicando entre ministros do porte de Henrique Meirelles e Eliseu Padilha.

Para ser o primeiro-ministro, a Moreira só falta o título. A eminência platinada quer Temer candidato à reeleição neste ano. É o principal entusiasta da ideia. “Já que estamos aqui, vamos seguir juntos”, diz. Encomenda pesquisas próprias, busca pesquisas dos outros, está sempre com dados para fazer a cabeça do presidente em relação à ideia. É uma mistura de Julian Assange, Cardeal Mazarini e Beth Davis. Um ornitorrinco angorá. Sem dúvida o homem mais poderoso do Planalto, bem mais proativo do que Michel Temer, falando por ele, fazendo por ele. Tem uma mão manobrando as verbas de publicidade e a outra, as licitações e todos os contratos da infraestrutura do país. Na circunstância, Moreira somente é ombreado pelo deputado Rodrigo Maia. Mas costuma dizer que sua caneta tem mais tinta do que a do presidente da Câmara dos Deputados.

Temer e Moreira se complementam como raros parceiros. Mas há algo delicado feito uma porcelana, um papel crepom. Quando Temer se depara com seu ministro querubim de cabelos brancos, seus olhos revelam que ali, mais do que um auxiliar, está um amigo dotado de habilidades especiais. E ele parece estar vendo a catedral da Santa Croce, em Firenze. A impressão é de que nunca dois colaboradores do governo se entenderam com tamanha sintonia.

#Michel Temer #Moreira Franco

O “vai ou racha” do Estaleiro Atlântico Sul

23/01/2018
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O RR recebeu a informação de que Camargo Corrêa e Queiroz Galvão teriam retomado conversações para a venda do Estaleiro Atlântico Sul (EAS). As chinesas COOEC e Cosco estariam entre as interessadas no ativo – ambas prestam serviço à Petrobras. Procurada, a Queiroz Galvão nega a venda da sua participação. Já a Camargo Corrêa não quis se manifestar sobre o assunto. As circunstâncias nunca foram tão propícias à venda do estaleiro – dentro do que é possível chamar de “circunstâncias propícias” quando se trata de um empreendimento que carrega R$ 1 bilhão em dívidas e tem como sócios dois grupos criminalizados pela Lava Jato. O EAS experimenta uma rara maré enchente de contratos. Neste momento, está construindo cinco navios Aframax para a Transpetro. Além disso, deverá receber cerca de R$ 400 milhões do Fundo da Marinha Mercante.

#Camargo Corrêa #COOEC #Cosco #Queiroz Galvão

Mandato-tampão

18/01/2018
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A Lava Jato tem fortes indícios de que, na “ausência” de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima assumiu os interesses do ex-presidente da Câmara junto à Caixa Econômica Federal e a dois grupos privados já citados na Operação.

#Caixa Econômica #Eduardo Cunha #Geddel Vieira Lima #Lava Jato

BR Distribuidora desperta de sua hibernação

16/01/2018
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Após virar a página do IPO da BR Distribuidora, Pedro Parente tem duas preocupações mais agudas em relação à estatal: recuperar o terreno perdido na distribuição de combustíveis e reforçar a blindagem na estrutura de compliance da subsidiária, tantas vezes vazada no passado recente. Contra a primeira moléstia, o receituário prescreve cerca de R$ 2,5 bilhões. É o volume de investimentos previstos para a BR ao longo dos próximos quatros anos. A meta é chegar a dez mil postos até 2021 – o número hoje gira em torno dos oito mil. As medidas incluem ainda um banho de loja na BR Mania, com mudanças no layout e no portfólio de serviços.

Consultada, a BR informou que não pode passar informações “que não constam do formulário de referência registrado na CVM“. Seja devido à Lava Jato e ao seu impacto sobre a capacidade de investimento da Petrobras, seja por conta das idas e vindas que cercaram o IPO da BR, a empresa entrou em hibernação nos últimos anos. O prejuízo a ser tirado não é pequeno. De 2012 para cá, a participação da estatal nas vendas de derivados de petróleo caiu de 40% para cerca de 35%.

Cada ponto percentual significa algo como R$ 2,5 bilhões em receita. A concorrência, notadamente Ipiranga e Raízen, agradece. Ao mesmo tempo, Parente carrega a ideia fixa de que a BR precisa apertar ainda mais as porcas e parafusos do compliance, sobretudo agora que responde às liturgias de uma empresa de capital aberto. Assim como a nave-mãe, a subsidiária serviu de esconderijo para ratos e insetos das mais diversas espécies. O episódio mais controverso envolve o suposto esquema para a compra irregular de etanol comandado pelo diretor da BR nos anos 90 João Augusto Henriques, apontado pela Justiça como operador do PMDB. Segundo as investigações, o próprio presidente Michel Temer, à época congressista, teria sido o responsável pela ida de Henriques para a BR, beneficiando-se posteriormente dos dividendos gerados por tal nomeação.

#BR Distribuidora #CVM #Petrobras

Ilan Goldfajn pendura o figurino de “hawkish” no armário

16/01/2018
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O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vai enterrar o seu passado de “hawkish”. Ele resistiu o quanto pode a reduzir os juros quando diversos economistas já davam como favas contadas que a inflação desabaria. Goldfajn venceu a queda de braço com seus críticos. Foi festejadíssimo na medida em que o IPCA desceu pela primeira vez abaixo do piso da meta, o que pode ser bom por um ângulo – a folga para praticar juros mais baixos no decorrer do ano e o aumento do poder de renda da população – e ruim por outro – confirma que o déficit nominal poderia ser menos pressionado com uma Selic reduzida há mais tempo e uma recessão e desemprego menores. Assim é, se lhe parece.

O RR conversou com um amigo de Goldfajn, que costuma ler os pensamentos do presidente do BC. Ele diz que vem aí uma queda firme dos juros, provavelmente dividida em duas ou três reuniões do Copom. O BC estaria considerando que tem gordura para queimar (o IPCA previsto pelo boletim Focus, divulgado ontem, foi de 3,98%), a despeito das eventuais tensões eleitorais e da ameaça de novidades da Lava Jato.

O risco externo, com um aumento maior dos juros norte-americanos, também estaria bem digerido no cenário de uma Selic reduzida. A taxa básica, hoje de 7,25%, terminaria o ano em 6,50%. Curiosamente, o  Focus de ontem publicou uma projeção dos top five de uma Selic entre 6,75% e 6,50%, para uma mediana de 6,75%, em 2018. Como sempre os percentuais levam um componente de “achismo”. Mas a tendência de um Goldfajn “dovish” parece ser um consenso. A fonte do RR garante que o declínio da Selic não tem nada a ver com o calendário eleitoral. “O Ilan já deu provas que está descolado das influências da área política.”

#Ilan Goldfajn

Leniência da SBM sob interrogação

15/01/2018
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O acordo de leniência da holandesa SBM, uma das empresas fisgadas pela Lava Jato, com o Ministério da Transparência (CGU) sofreu contra-tempos. A assinatura deveria ter ocorrido em dezembro, mas o prazo foi postergado para o fim deste mês. Ao contrário do que diz publicamente, a CGU recuou alguns metros após a nova ação de improbidade administrativa contra a SBM, movida pelo Ministério Público Federal. O processo foi aberto com base na delação do próprio ex-presidente da companhia no Brasil, Julio Faerman, que relatou pagamento de propinas para executivos da Petrobras.

#CGU #Lava Jato #SBM

“Furo certo” é o candidato do RR para 2018

29/12/2017
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No 12 de maio, quando ainda vigorava a projeção de R$ 139 bilhões, o Relatório Reservado informou que o déficit primário em 2017 ficaria acima dos R$ 154 bilhões do ano passado. Bingo! Deu R$ 159 bilhões na cabeça. Esta foi uma das mais reveladoras bolas de cristal do RR no ano. Ao longo de 2017, a newsletter deu, em primeira mão, 2.582 informações; citou 298 corporações dos mais diversos setores, mencionou 1.122 personagens centrais na cena brasileira, entre dirigentes empresariais, políticos e autoridades. Os oráculos do RR estão sempre em alerta!

Ao longo do ano, o RR antecipou várias das fórmulas que compuseram o receituário de Michel Temer e Henrique Meirelles, seja entre medidas efetivamente adotadas, seja entre propostas que não saíram do papel: da segunda perna da repatriação à securitização de imóveis e outros ativos da União, passando pelo uso de precatórios – leia-se depósitos judiciais não sacados pelos credores há mais de dois anos – para o equilíbrio fiscal. O RR foi também a primeira publicação a revelar, em 21 de fevereiro, a disposição do presidente Temer em extinguir a Reserva Nacional do Cobre (Renca). Temer assinou embaixo o furo do RR, só que a lápis: anunciou o fim da Renca, mas não suportou as manifestações contrárias e voltou atrás em sua decisão.

Por falar em sístoles e diástoles presidenciais, em 16 de janeiro o RR informou que Michel Temer empurraria para seu sucessor a reforma da Previdência dos militares. Aliás, em algumas ocasiões ao longo de 2017, as Forças Armadas, notadamente o Exército, foram empurradas, por “aproximações sucessivas”, para o centro das crepitações político-institucionais. A Corporação, no entanto, não arredou um só milímetro do seu ponto de equilíbrio muito em função da capacidade de liderança do Comandante Eduardo Villas Bôas, não obstante suas notórias limitações decorrentes de uma doença degenerativa – informação, aliás, divulgada com exclusividade pelo RR em 13 de março.

A Lava Jato parece ter entrado em processo de fade out. Ainda assim, em 2017, o RR perscrutou os passos de seus principais protagonistas. O reino de crimes de Sérgio Cabral foi virado e revirado pelo Ministério Público, pelo Judiciário e pelas fontes da publicação. Em 1 de fevereiro, a newsletter antecipou a investida da Lava Jato e de sua consorte Calicute sobre Regis Fichtner, secretário da Casa Civil durante do governo Cabral. No dia 20 do mesmo mês, o Relatório noticiou que o MPF exumava os benefícios fiscais concedidos em sua gestão. Em 23 de outubro informou que o ex-secretário de Saúde do Rio Sergio Cortes havia revelado aos procuradores um esquema para a compra de vacinas, medicamentos e próteses, o que viria a ser amplamente divulgado pela mídia na primeira semana de novembro.

No noticiário corporativo, a publicação antecipou, em 20 de fevereiro, uma das maiores operações de M&A do país em 2017 – e, convenhamos, não foram muitas: a venda da Votorantim Siderurgia para a ArcelorMittal. A negociação seria oficialmente anunciada três dias depois. Ainda em fevereiro, o RR informou que a área de refino também entraria no plano de desmobilização de ativos da Petrobras, decisão confirmada pelo presidente da estatal, Pedro Parente, em abril. A newsletter revelou também o cheiro do ralo da AmBev: na edição de 18 de janeiro, trouxe à tona o relatório, àquela altura inédito, do analista do HSBC Carlos Laboy, listando 15 graves problemas da cervejeira: do uso de caixas sujas com odor de cerveja podre no assoalho à falta de uma estratégia para as bebidas alcoólicas.

A fama de “pé sujo” custou muito em marketing e propaganda para a empresa de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Da economia real para a “virtualíssima”, o RR acertou em cheio, mais uma vez, na edição de 15 de setembro, quando informou que o BC e a CVM haviam criado grupos de  trabalho para acompanhar o crescimento do mercado de bitcoins no país. Ao apagar das luzes de 2017, só para não variar, mais um furo se consuma: a venda da Unidas à Locamerica, noticiada em junho. Por fim, um furo de reportagem, que vale mais pela admiração da newsletter em relação ao personagem: em 27 de janeiro, o RR informou sobre o lançamento da biografia do então presidente do Conselho do Bradesco, Lázaro Brandão.

#Henrique Meirelles #Jorge Paulo Lemann #Michel Temer #Pedro Parente

Chamada final da Petrobras em Uberaba

21/12/2017
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Surgiu uma fagulha de esperança para um dos tantos projetos da Petrobras interrompidos pela Lava Jato. A estatal montou um grupo de trabalho com o objetivo de buscar uma saída para a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados de Uberaba (MG), cujas obras encontram-se paradas desde 2015. A previsão é que os estudos estejam concluídos em 90 dias. A princípio, nada de dinheiro novo da Petrobras – a companhia não tem interesse em tocar o empreendimento, orçado em quase R$ 2 bilhões. O caminho mais provável é a venda integral do complexo, a exemplo do que está sendo feito com a planta de nitrogenados de Três Lagoas (MS). Trata-se de uma costura complexa, que envolve também a Gasmig. A viabilidade do projeto depende da construção de um gasoduto para o fornecimento de gás natural à fábrica de amônia. A unidade de Uberaba, ressalte-se, esteve na beira da cova: em cima do laço, a Petrobras suspendeu o leilão dos equipamentos já instalados, que ocorreria no último dia 14 de novembro.

#Lava Jato #Petrobras

Sondagem revela que Lula tem o maior número de empresários fiéis; Bolsonaro passa em branco

20/12/2017
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Lula, por mais paradoxal que possa parecer, é o candidato vinculado ao maior número de nomes do empresariado. Por sua vez, Jair Bolsonaro está no extremo oposto: não consta sua ligação com os donos das grandes corporações privadas. Estas são algumas das constatações da sondagem realizada pelo Relatório Reservado junto a uma parcela da sua base de assinantes – no total, 128 pessoas, predominantemente empresários, executivos, analistas de mercado e advogados, entre outros. A verificação ocorreu entre 12 e 15 de dezembro. O RR indagou: “Quais são os empresários mais identificados com os seguintes pré-candidatos à Presidência da República?”

O levantamento indicou que há uma razoável confusão na vinculação entre empresário e presidenciável, dado o elevado grau de dispersão, a associação dos mesmos nomes a diferentes postulantes ou mesmo a ausências de indicações – na média entre todos os candidatos, 37% dos assinantes não souberam responder. O RR citará apenas as três primeiras colocações, quando houver. Ressalte-se ainda que os votos conferidos a empresários réus ou condenados na Lava Jato não foram contabilizados, devido a sua natureza eminentemente de ataque à imagem do candidato. Lula foi quem teve o maior número de empresários mencionados, 23. Segundo os consultados, Josué Gomes da Silva é o mais associado ao petista, com 7%. Certamente, a ligação entre o ex-presidente e o pai de Josué, José de Alencar, seu vice por oito anos, impulsionou as respostas.

A seguir, Jorge Gerdau, Katia Abreu, Luiza Helena Trajano e Walfrido Mares Guia, ministro do governo Lula, empatados com 4%. No terceiro lugar, com 2%, aparecem David Feffer e Armando Monteiro, ex-presidente da CNI. O oposto de Lula é Bolsonaro. Talvez o resultado que mais chama a atenção na sondagem, nenhum dos entrevistados conseguiu citar um empresário próximo ao candidato representante da extrema direita. Assim como a inexistência de identificação com um pensamento econômico, esta é outra lacuna de Bolsonaro. Ciro Gomes não chega a ter uma falta de aderência tão radical, mas também ficou clara a dificuldade dos assinantes do RR em apontar empresários ligados ao pré-candidato do PDT. Só dois nomes foram citados, por 5% e 3%, respectivamente, dos consultados: o de Carlos Jereissati, dono do Iguatemi, e o do presidente da CSN, Benjamin Steinbruch.

Certamente, a lembrança do empresário cearense foi motivada pela relação histórica de Ciro com Tasso Jereissati, irmão de Carlos. Já Benjamin até recentemente era patrão de Ciro. Segundo os entrevistados, os empresários mais identificados com Geraldo Alckmin são Roberto Setubal e Jorge Gerdau, empatados com 6%. Com 3% dos votos, vieram Abílio Diniz, Rubens Ometto e Beto Sicupira. Juntos, no terceiro lugar, com 1%, Nizan Guanaes, o presidente da Anavea, Antonio Megale, e o presidente da Fecomercio-SP, Abram Szajman. No caso de Marina Silva, deu o óbvio. Para 11%, Neca Setubal, herdeira do Itaú e fiel aliada, é a empresária com o maior grau de aderência a Marina. Em seguida, Guilherme Leal, da Natura, e Artur Grynbaum, do Boticário.

Candidato a vice na chapa de Marina em 2010, Leal foi lembrado por 7%. Grynbaum, recebeu 5% das indicações. Os entrevistados apontaram um total de seis nomes associados a Marina. Por fim, o mais “novo” candidato na praça: Michel Temer. Para 14% dos entrevistados, o presidente da Fiesp e correligionário Paulo Skaf é o empresário que apresenta a maior coesão com Temer. Quase que por atração gravitacional, o vice da Fiesp, Benjamin Steinbruch, ressurge em outra extremidade, chamado de “temerista” por 7% dos consultados. Jorge Gerdau, uma espécie de “PMDB do empresariado”, foi novamente citado, empatado com o ministro Blairo Maggi, ambos com 5%. Temer foi associado diretamente a 10 empresários. À exceção de Marina, Ciro e, obviamente, Bolsonaro, todos os demais candidatos foram vinculados a dirigentes condenados ou investigados na Lava Jato.

#Jair Bolsonaro #Lula

Frentão da ficha limpa

15/12/2017
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Entidades como Associação Comercial de São Paulo, Fecomércio-SP, Ethos e ETCO, entre outras, estão articulando uma frente com o objetivo de bater bumbo durante a campanha eleitoral, notadamente contra candidatos citados na Lava Jato.

#Fecomércio

Falta de energético

13/12/2017
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O governo quebra a cabeça para montar os blocos de concessões aeroportuárias que serão licitadas em 2018. Na avaliação da Secretaria do PPI e do Ministério dos Transportes, dos 13 terminais, apenas dois têm punch para serem ofertados individualmente: Maceió e, sobretudo, Recife. Entre os demais, sobram peças de difícil encaixe pela reduzida atratividade. O caso mais complicado é o do aeroporto de Macaé, que afundou junto com a Lava Jato e a queda das cotações do petróleo. Desde o ano passado, não há voos regulares no local. Nas simulações do governo, o terminal pode ser licitado junto com o aeroporto de Vitória ou em um pacote ainda maior, que envolveria um terminal de menor porte do Nordeste, como Juazeiro do Norte ou mesmo Aracaju. Seria uma vitamina aero-regional.

#Ministério dos Transportes

Sobrou para os fundos de pensão

6/12/2017
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Se a Lava Jato parece ter entrado em slow motion, a Operação Greenfield vai ganhar um gás. Ainda neste mês, o novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia, deverá designar mais dois delegados para reforçar o grupo de trabalho que investiga desvios de recursos na Previ, Funcef, Petros etc. No momento, há apenas uma delegada destacada para o caso. A expectativa na própria PF é que o reforço permitirá à Greenfield avançar sobre fundos de pensão que ainda não foram devidamente revirados pela Operação.

#Lava Jato #Operação Greenfield

Ho ho ho

6/12/2017
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O espírito natalino invadiu a Lava Jato. Além de Marcelo Odebrecht, que deixará o regime fechado no dia 19, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró poderá sair de casa nos dias úteis a partir de 26 de dezembro.

#Lava Jato #Marcelo Odebrecht #Nestor Cerveró #Petrobras

Demissões na UTC

5/12/2017
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Desde julho, a UTC Engenharia teria demitido mais de três mil trabalhadores somente em Macaé, no Norte do Rio. A companhia, inclusive, teria planos de vender a sua base de operações na cidade fluminense. A unidade se tornou praticamente um elefante-branco depois que a Petrobras negou-se a firmar aditivos contratuais com a UTC, reteve pagamentos e incluiu a empresa no seu índex. Devastada pela Lava jato, a empreiteira do delator Ricardo Pessoa entrou em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 3,5 bilhões.

#Lava Jato #Petrobras #UTC Engenharia

Sobre a mesa

5/12/2017
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Já são 18 acordos de delação premiada, no âmbito da Lava Jato e da Calicute, que estão sobre a mesa da Procuradora-Geral Raquel Dodge à espera do seu imprimatur. Ou não.

#Lava Jato #Operação Calicute #Raquel Dodge

O “arco da velha” da gestão Cabral

4/12/2017
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A expectativa entre os procuradores da Operação Calicute é que a prisão de Henrique Alberto Ribeiro, ex-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio (DER-RJ), seja decisiva para desenterrar cobras, lagartos e outros répteis entocados na estatal. O alvo prioritário é o Arco Metropolitano do Rio, uma das maiores obras do DER-RJ no governo de Sérgio Cabral. Ribeiro era responsável pela negociação de contratos com as empreiteiras.

Segundo o RR apurou, há indícios de que recursos teriam sido desviados para financiar campanhas de aliados de Cabral. Procurado, o Ministério Público Federal não se pronunciou até o fechamento da edição. O projeto do Arco Metropolitano começou em R$ 1 bilhão. Ao ser inaugurado, em 2014, havia consumido mais de R$ 2 bilhões em meio a uma teia de aditivos contratuais.

Entre a construção do Arco e manutenção e reparos de rodovias vicinais, o empreendimento envolveu mais de três dezenas de empreiteiras, entre elas Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Delta e Carioca – todas devidamente devassadas pelas Lava Jato. Não custa lembrar que projeto também está na mira do Cade. Com base em acordo de leniência com a OAS, o Conselho investiga a formação de cartel nas obras de construção do Arco Metropolitano que envolveriam 23 empreiteiras.

#Andrade Gutierrez #Odebrecht #Operação Calicute #Sérgio Cabral

Economia é o cacife eleitoral de Temer para 2018

1/12/2017
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O presidente Michel Temer está se autocoroando como peça central da eleição de 2018. Ou para ser mais preciso: de vetor decisivo na campanha para impedir o “Lula lá”. Temer tem certeza de que será um cabo eleitoral fortíssimo, esgrimindo a caneta mais cheia de tinta da República. Acha que tem bons candidatos em cada uma das mãos, ou seja, Rodrigo Maia e Henrique Meirelles – com preferência para este último, mais identificado com sua gestão. E arrisca afirmar que estão germinando as condições para a sua reeleição, uma hipótese implausível até então. Ou seja: Temer estaria em todas. Mas como pode um presidente com uma popularidade de somente 3% almejar a manutenção do cargo?

Os entusiastas do “Fica Temer” acreditam que os bons resultados da política econômica ainda não foram percebidos pela população. Os preços caíram tremendamente, mas é preciso uma permanência mais longa nesse patamar para que os consumidores acreditem que eles estão sob controle. A equipe econômica acredita que os juros mais baixos da Selic surtirão efeito maior sobre a economia por volta de março. É a inércia sempre aludida pelos monetaristas. Os laboratoristas eleitorais do Planalto, por sua vez, acreditam que a taxa de ocupação terá uma alta progressiva durante todo o ano de 2018.

O target dos“temeristas” seria um desemprego na faixa de 10%, gatilho para o lançamento da sua candidatura. Para efeito do discurso eleitoral, o presidente teria vencido todos os principais inimigos da economia popular – inflação, juros e desemprego –, herança do lulopetismo. O segundo round seria costurar uma grande aliança com o DEM e os partidos fisiológicos da sua base aliada, parte mais fácil da empreitada.

Nas contas dos “temeristas”, conforme divulgado na imprensa, se o presidente chegar a 12% do eleitorado em meados do próximo ano, dá para entrar firme no certame. A claque de Temer também desconsidera os problemas do presidente com a Lava Jato. Os adversários também estão no mesmo barco.

Pesa ainda uma pesquisa recente que revela o pouco caso do eleitor com a pecha de corrupto dos políticos. “Afinal, qual deles não é?”, seria a conclusão da sondagem. Para os lulistas e tucanos, esse desfecho, com a glorificação de Michel Temer, é uma obra de Stephen King, na qual haveria mais desejo do que inspiração na realidade. De qualquer forma, a despolarização da contenda clássica PT versus PSDB pode vir a ser a grande novidade da disputa presidencial, com uma inesperada vitória do patrimonialismo hiperprofissional pela via do voto democrático.

#Henrique Meirelles #Michel Temer #Rodrigo Maia

Petrobras e BTG querem distância total

1/12/2017
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Petrobras e BTG teriam aberto conversações com a Total para a venda do controle da Petrobras Oil&Gas, a malfadada joint venture entre ambos na África, com participação em três campos em águas profundas na Nigéria. O grupo francês é operador de dois deles – Akpo, já em produção, e Egina, ainda em fase de desenvolvimento. Segundo o RR apurou, a Petrobras Oil&Gas também teria sido oferecida à Chevron, responsável pela operação do campo de Agbami. Os norte-americanos, no entanto, parecem estar na mão contrária em relação à África. Recentemente venderam um pacote de ativos em exploração e produção na África do Sul para a Glencore. A joint venture entre a Petrobras e o BTG, não custa lembrar, remete a um passado que tanto a estatal quanto o banco querem enterrar. O negócio chegou a ser investigado pela Lava Jato devido a suspeitas de pagamento de propina a autoridades locais.

#BTG Pactual #Lava Jato #Petrobras

Risco de caducidade sobrevoa o Aeroporto de Viracopos

30/11/2017
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O tempo fechou sobre o aeroporto de Viracopos. Segundo o RR apurou, a hipótese de caducidade e relicitação da concessão vem ganhando altitude na Casa Civil e no Ministério dos Transportes por conta de arestas pontiagudas nas tratativas entre o governo e os acionistas privados do terminal. O pano de fundo são as negociações mantidas pela UTC Engenharia para vender sua participação de 45% na Aeroportos Brasil, por sua vez controladora da concessionária. O governo tem adotado uma postura rígida, desde já colocando uma série de condições para aprovar a operação.

A principal exigência é que o novo acionista e a Triunfo Participações, dona de outros 45% da holding, se comprometam a fazer um aporte de capital na concessionária. No caso da Triunfo, trata-se de algo pouco provável diante da delicada situação financeira da companhia – às voltas com uma recuperação extrajudicial e uma dívida em torno de R$ 2,5 bilhões. Setores do governo, a começar pela própria Pasta do Transporte, sempre mantiveram um pé atrás em relação à retomada da concessão, sobretudo pelo fato de que dificilmente haverá tempo para relicitar a licença em 2018.

No entanto, o impasse nas negociações e a fragilidade financeira da UTC e da Triunfo – ambas despedaçadas pela Lava Jato – criam uma zona cinzenta que pode levar à solução mais radical. Outro ponto de divergência diz respeito ao próprio contrato de concessão. O governo já sinalizou que é contrário a um novo reequilíbrio econômico do acordo, conforme pleito da Aeroportos Brasil. A concessionária alega que o ajuste aprovado pela Anac no fim de 2016 foi parcial e, portanto, não compensou a queda de receita e o descompasso com as projeções de faturamento que balizaram a privatização. Enquanto isso, as dívidas com o poder concedente aumentam. Em julho, a Triunfo não quitou a quinta parcela da outorga, de R$ 169 milhões, o que levou a Anac a acionar a seguradora para receber o valor. No ano passado, a UTC também deixou de honrar o pagamento da contribuição fixa.

#Aeroporto de Viracopos #Triunfo Participações #UTC Engenharia

Figura carimbada

28/11/2017
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Hoje, um dos principais interlocutores políticos de Geraldo Alckmin fora do PSDB é o senador Ciro Nogueira, do PP, uma das figurinhas carimbadas do escrete da Lava Jato.

#Ciro Nogueira #Geraldo Alckmin #Lava Jato #PSDB

Tropa de advogados

27/11/2017
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Alexandre Accioly colocou uma tropa de advogados para arrumar uma forma de ir embora do Brasil. É mais complicado do que parece. Ele está citado na Lava Jato como atravessador de caixa 2.

#Alexandre Accioly #Lava Jato

Credores da Queiroz Galvão caminham sobre uma corda bamba

23/11/2017
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Apertar de vez o cerco à Queiroz Galvão, sob o risco de empurrá-la para um indesejável processo de recuperação judicial, ou seguir preso a uma negociação que não avança? Este é o dilema que aflige os bancos credores da companhia, entre os quais destacam-se Santander, Safra, Votorantim e Credit Suisse. Quase um ano após
a contratação da consultoria Alvarez & Marsal, o processo de repactuação da dívida do grupo pouco saiu do lugar – ao contrário do passivo, que, nesse período teria rompido a barreira dos R$ 10 bilhões.

Segundo o RR apurou, outros bancos, como o Santander, cogitam seguir os passos do Votorantim e executar na Justiça seus créditos contra a Queiroz Galvão – a instituição financeira dos Ermírio de Moraes cobra em juízo o pagamento de aproximadamente R$ 440 milhões. Trata-se, no entanto, de um movimento arriscado, que pode se transformar em um tiro no pé dos espanhóis e dos demais credores. O processo de negociação da dívida da Queiroz Galvão tornou-se uma guerra de nervos. Os acionistas da companhia jogam pôquer com os credores e usam o próprio risco de uma recuperação judicial como forma de domar os bancos.

É tudo o que eles não querem. A esta altura, os credores serão os grandes derrotados caso a Queiroz Galvão mergulhe em um processo de RJ, que congelaria o pagamento de qualquer dívida sabe-se lá por quanto tempo. A situação se agrava pelas notórias dificuldades do grupo de fazer caixa com a venda de suas operações. A construtora está fora do game: praticamente sumiu do mapa, tragada pela Lava Jato.

Nos últimos meses, a empresa tentou, em vão, negociar seu parque eólico, pendurado na Queiroz Galvão Energia, por um valor aproximado de US$ 500 milhões. O ativo mais “vendável” do grupo é a Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP). Segundo o RR apurou, Total e Statoil já demonstraram interesse pela companhia. Um fundo de private equity inglês também avalia o negócio.

O problema, o grande problema, é o preço. A família está pedindo algo em torno de R$ 4 bilhões pela QGEP, praticamente o dobro do valor de mercado (R$ 2,1 bilhões). Não há prêmio de controle ou qualquer outra variável que justifique a cifra. A QGEP já não tem mais o que sempre foi o seu melhor ativo – a participação no bloco BM-S-8, mais conhecido como Carcará – vendido neste ano para a própria Statoil. Do portfólio da empresa, apenas uma concessão já está em produção, o Campo de Manati, no litoral baiano. Todo o restante da sua carteira é composto por ativos ainda em fase de exploração ou desenvolvimento.

#Queiroz Galvão #Santander #Votorantim

O downgrade de Imbassahy

23/11/2017
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Antônio Imbassahy vai aceitar a nova missão, como um bom soldado, mas trata a transferência para a Secretaria de Direitos Humanos ou o Ministério da Transparência como um downgrade. Especialmente no segundo caso. Com
o esvaziamento da Lava Jato, a antiga CGU tornou-se objeto de decoração na estrutura de governo. Prova disso que é o cargo é ocupado há seis meses por um ministro interino, Wagner de Campos Rosário, que ninguém sabe qual apito toca. Imbassahy teme que a mudança o arremesse na penumbra política até abril, reduzindo seu poder de fogo para concorrer ao governo da Bahia.

#Antonio Imbassahy #CGU

O distintivo e a urna

23/11/2017
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O Partido Novo e a Rede enviaram emissários para auscultar as pretensões políticas do ex-diretor da Polícia Federal Leandro Daiello. Ter o “xerife” da PF durante a Lava Jato seria um grande ativo eleitoral. Ressalte-se que Daiello
não só deixou a direção, como pediu aposentadoria da corporação.

#Partido Novo #Rede Sustentabilidade

Lava Jato decola

21/11/2017
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A Lava Jato vai decolar de Viracopos. Além da UTC, a Triunfo também quer vender sua participação no aeroporto.

#Grupo Triunfo #Lava Jato

Mudança de planos

21/11/2017
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O marqueteiro e delator Renato Pereira estava tão confiante em sair da Lava Jato com uma pena leve que já fazia planos para as eleições de 2018. Tinha a expectativa, por exemplo, de colaborar na campanha de Eduardo Braga ao governo do Amazonas – Pereira prestou consultoria à equipe de Braga na eleição suplementar no estado, em agosto deste ano. Agora, com a rejeição da sua delação no Supremo, o futuro do marqueteiro volta às mãos da PGR, Raquel Dodge.

#Lava Jato

Abuso de autoridade de quem mesmo?

20/11/2017
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Rodrigo Maia está botando pressão entre seus pares para acelerar a tramitação do projeto de lei sobre os crimes de abuso de autoridade, que ficou parado na Câmara por quase seis meses. A ideia é que a Comissão Especial criada em outubro para analisar a matéria encerre seus trabalhos ainda neste ano, o que permitiria a votação da proposta
no início do ano legislativo de 2018. Promessa de nova fricção entre o Legislativo e o Judiciário. Entidades como a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) se mobilizam desde já para evitar que o projeto seja uma forra dos deputados contra o Ministério Público e a Lava Jato.

#Rodrigo Maia

Desnacionalização da década

17/11/2017
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O ano passado registrou o recorde de desnacionalizações da década. Em praticamente todos os setores, as aquisições feitas pelo capital estrangeiro sobrepujaram às da iniciativa privada nacional. A Lava Jato colaborou com esse placar.

#Lava Jato

BB Tecnologia é candidata a puxar o segundo time das privatizações

14/11/2017
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O governo discute a venda da BB Tecnologia e Serviços (BBTS), mais conhecida por seu nome de batismo: Cobra Computadores. A privatização da subsidiária do Banco do Brasil seria o pontapé inicial em um processo de alienação de estatais de médio porte, que formam uma espécie de segundo grupo da infraestrutura nacional, a exemplo da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O projeto está a cargo da Casa Civil.

Os estudos para a venda da BBTS ainda se encontram em fase de gestação, mas há um ponto pacífico no governo: qualquer que venha a ser o modelo, ele terá de contemplar a garantia de manutenção do contrato com a própria instituição financeira. O BB evitaria, assim, qualquer risco de continuidade na sua plataforma tecnológica; por sua vez, o futuro controlador da empresa teria assegurada a permanência de um cliente âncora, responsável por mais de 80% do faturamento da BBTS. Por um paradoxo, a dependência do BB seria um colchão que daria tempo ao novo dono da empresa de TI para pedalar o negócio, buscar clientes no mercado e justamente reduzir a dependência do banco estatal.

Procurado, o BB informou “que não há estudo no banco para a venda da BBTS.” Está feito o registro. Nos últimos anos, a negociação do braço de tecnologia do Banco do Brasil é um assunto que já foi e voltou no governo algumas vezes. A BBTS está longe de ser um primor em termos de resultado para o grupo. Nos últimos dois anos, deu um retorno médio de apenas 2% sobre o seu faturamento total (próximo de R$ 1 bilhão).

Além disso, desde os tempos da Cobra, a companhia de TI sempre foi terreno fértil para malfeitos. A BBTS não passou incólume à Lava Jato. A subsidiária do Banco do Brasil já foi citada em investigações sobre suposta fraude em licitações e desvio de recursos em contratos com empresas de TI, como a CTIS. Consultado sobre o tema, o BB disse que colabora “com qualquer investigação que envolva fatos relacionados às suas atividades.”

#Banco do Brasil #Conab

Uma luz para Pimentel

14/11/2017
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No PT, o entendimento é que a hecatombe do PSDB poderá dar de bandeja a Fernando Pimentel uma reeleição que parecia improvável após a Lava Jato e a Operação Zelotes. O pré-óbito político de Aécio Neves e as ranhuras na relação entre PSDB e PMDB dificultam o lançamento de um nome de peso para concorrer com Pimentel.

#Fernando Pimentel #Lava Jato #PSDB #PT

“Caldeirão do Huck” tem espaço de sobra para tucanos

13/11/2017
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A depender do resultado das eleições para a presidência do PSDB, uma fieira de tucanos poderá estrear no “Caldeirão do Huck”. Na última sexta-feira, o apresentador e quase pré-candidato já participava de conversas sobre os despojos da guerra do PSDB. Huck enfraqueceria ainda mais o partido, alistando quadros de prestígio em suas fileiras.

A visão dos “huckistas” é que, mesmo se surgir uma terceira via, entre o grupo de Tasso e o de Aécio, o senador cearense poderia caminhar com seus aliados em direção à candidatura de Huck. O eventual empecilho seria a lealdade com Geraldo Alckmin, que tem se mostrado firme na defesa de que os tucanos saiam do governo Michel Temer. Porém, se o governador de São Paulo continuar patinando nas pesquisas e a candidatura Lula se confirmar, Huck pode ser uma das poucas alternativas para evitar o que para os tucanos seria o maior de todos os desastres.

Alckmin, por sinal, está fazendo seu hedge: na última sexta-feira, esteve na Casa das Garças, no Rio, reduto dos pensadores tucanos que integram a legião pró-Tasso. Por uma dessas ironias do destino, Luciano Huck é um grande amigo de Aécio Neves. No entanto, verdade seja dita, se afastou um pouco do ex-parceiro de noitadas em função do seu envolvimento no noticiário da Lava Jato.

Huck, ainda na linha das curiosidades, costuma se consultar com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que era considerado nome certo para o Ministério da Fazenda se Aécio fosse parar na Presidência da República. Fraga ocupa o mesmo posto nos planos de Huck. O que liga a zona norte de Tasso com a zona sul do apresentador é uma miríade de economistas liberais identificados com Armínio Fraga. É a algaravia da política que segue seu rumo.

#Caldeirão do Huck #Luciano Huck #PSDB

Preleções sobre o banco de reservas da candidatura Lula

13/11/2017
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O presidente do PDT, Carlos Lupi, e o ex-governador Jaques Wagner têm proseado sobre a candidatura do campo da esquerda se Lula for impedido de participar da disputa. Não são muitas as alternativas. O nome de Wagner surgiu, é claro, em várias combinações. É um notório candidato a pré-candidato se o titular não for para a eleição. As outras hipóteses levam a Ciro Gomes. Na primeira, ele encabeçaria a chapa com o ex-prefeito Fernando Haddad como vice-presidente. Outra derivada seria Ciro sair para a presidência com um empresário como vice, repetindo o modelo dos Lula I e II. O nome ideal é o filho de José Alencar, vice de Lula. O dono da Coteminas, Josué Gomes da Silva, esteve cotado para ser ministro por pelo menos três vezes nos governos de Lula e Dilma Rousseff. E uma chapa com Haddad na presidência? O consenso é que o político paulista não agrega à esquerda e ainda fraciona o monolítico e majoritário eleitorado do PT no Nordeste. O que ambos querem é que Lula supere a Lava Jato. Se isto acontecer, sua eleição para presidente é a única coisa praticamente certa na política brasileira.

#Carlos Lupi #Fernando Haddad #Jacques Wagner #PDT

A ingratidão de João Lyra

13/11/2017
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O RR apurou que o usineiro João Lyra pretende se unir ao bloco de empresas sucroalcooleiras que processa a Petrobras na Justiça. São mais de 30 companhias – entre elas pesos-pesados como Raízen e São Martinho – que cobram da estatal uma indenização por supostos prejuízos decorrentes da sua política de preços de combustíveis. A empresa de Lyra, a Usina Laginha, entrou em recuperação judicial em 2008 e teve sua falência decretada em 2012, com aproximadamente R$ 2 bilhões em dívidas. O usineiro, ao que parece, busca um bode expiatório para a quebra
da companhia. Logo a Petrobras, que tanto o ajudou… A Lava Jato investiga supostos repasses ilegais de recursos da BR à Usina Laginha, no valor de R$ 7,2 milhões, que teriam sido feitos com a intermediação de Fernando Collor.

#Petrobras #Raízen

Lava Jato na porta da Minerva

8/11/2017
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O Ministério Público Federal investiga os pagamentos feitos pela Minerva Foods à Yasmin Julieta Cardoso, irmã do ex-governador de Tocantins Sandoval Cardoso. O Coaf já teria enviado ao MPF os documentos comprovando a transferência de R$ 9,4 milhões. O Minerva alega que o depósito na conta de Yasmin se deu como pagamento à compra de 6.319 cabeças de gado. Sandoval Cardoso foi preso no ano passado acusado de fraudar licitações do governo do estado.

#Coaf #Minerva Foods #Ministério Público

Alcateia

7/11/2017
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Mencionado nas delações da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, Edison Lobão segue inabalável. Já iniciou sua campanha de reeleição ao Senado pelo PMDB, sempre com as bênçãos de José Sarney.
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Não é só: no Banco do Brasil, já se dá como certo que Marcio Lobão, filho do ex-ministro, terá seu mandato renovado à frente da Brasilcap. “Lobinho” também está citado na Lava Jato. Mas isso não passa de um detalhe.

#Andrade Gutierrez #José Sarney #Odebrecht #PMDB

Lava Jato e sua tourada em Madri

31/10/2017
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A força-tarefa da Lava Jato fará nova tentativa para obter a extradição de Rodrigo Tacla Duran, que está preso na Espanha. Ele é acusado de ter movimentado mais de R$ 60 milhões em recursos ilegais oriundos do “departamento de operações estruturadas” da Odebrecht. Duran tem se segurado à dupla nacionalidade – é também cidadão espanhol – para permanecer em Madri, onde aguarda julgamento da justiça local.

#Lava Jato #Odebrecht

Tordesilhas

27/10/2017
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Se o PR, do mensaleiro Valdemar Costa Neto, tomou a Infraero, o DNIT foi dado de bandeja pelo Palácio do Planalto ao PP, de Ciro Nogueira, figurinha carimbada da Lava Jato.

#Dnit #Infraero #Lava Jato

A longa busca do perdão

26/10/2017
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A sueca Skanska tenta fechar ainda neste ano o acordo de leniência com o Ministério Público Federal. Mesmo assim, os escandinavos ainda estarão longe da purificação no Brasil. As tratativas com o Ministério da Transparência seguem arrastadas. A empreiteira permanece também no índex da Petrobras. A Skanska, não custa lembrar, interrompeu suas atividades no Brasil após ser tragada pela Lava Jato. A leniência seria seu bilhete de retorno.

#Skanska

Campo minado

24/10/2017
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O deputado Lucio Vieira Lima, irmão de Geddel, procura discretamente um comprador para sua fazenda no sul da Bahia. As terras têm sofrido seguidas invasões de grupos indígenas. Mas, no fundo, o que Vieira Lima deve estar temendo mesmo é que a fazenda, assim como seus demais imóveis, sejam eventualmente tomados pela “tribo” da Lava Jato.

#Geddel Vieira Lima

A longa rapinagem das Docas pelos santos de pau oco

23/10/2017
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O presidente Michel Temer tornou-se adepto de um antigo pleito do setor de navegação e portos: a profissionalização da gestão da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), autoridade portuária de Santos. Desde que, é claro, ele faça os cargos centrais da diretoria. Segundo uma fonte do RR, a medida não passa de um subterfúgio para dissimular os desmandos praticados na companhia há quase duas décadas. O atual presidente da autoridade portuária, José Alexi Oliva, tem sentido cada vez mais o círculo fechar em torno da sua gestão.

A empresa tem o nome mencionado em extensos trechos de delações da Lava Jato. Estar hoje no comando da companhia sem abrir inquéritos administrativos é a mesma coisa que ser conivente com as operações pouco ortodoxas do passado. Consultada sobre as mudanças na direção, a Codesp não se pronunciou até o fechamento desta edição. Oliva faz parte de um seleto time de presidentes das Docas feitos sob a influência de Michel Temer: Marcelo Azeredo, Paulo Fernandez Carmo e Wagner Rossi.

O presidente, de acordo com a mesma fonte, quer mudar para que tudo continue como está. Ou seja: pretende deslocar a autoridade portuária e colocar um tampão naquela instância-marítima onde flutuam improbidades de toda ordem. Seu nome já está na boca do sapo, quer dizer do STF, que terá de apreciar o pedido da Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, para que seja autorizada investigação sobre as estranhas relações de Temer com a Codesp. Para o RR o assunto é velho, basta ver as edições de 21 e 22 de março de 2016 e 21 de março e 14 de setembro deste ano.

Temer aparece ligado às Docas paulistas em mais de mil citações no Google. Mesmo se fosse só a nata desse creme azedo, ela já seria esclarecedora. Basta ver os balanços da Codesp que, se não revelam repasses de propinas, explicitam estranhos passivos de operações pouco esclarecedoras. Os documentos das diversas administrações da companhia sobre o controle do mesmo grupo de interesse são comprovantes do que não fazer na gestão de uma empresa pública.

Durante esse período, a autoridade portuária não teve gestores independentes. Respondeu a ordens do oligopólio da marinha civil e da oligarquia dos governantes do país. Se forem buscados, não faltarão testemunhos para descortinar a quem serviu a autoridade portuária em Santos. Sobre os nomes das empresas que sofreram extorsão e as que usufruíram do butim, o RR pretende se manter em silêncio.

Eles estão repetidos em diversos e longos trechos nas delações premiadas. São grandes operadoras e políticos supracitados. Os números superam os R$ 3 bilhões. E muitos pagaram e não receberam a contrapartida pelo dinheiro que deram, tendo que engolir calados. Os delitos mais graves estão trancados em um cadeado com trinca de titânio. É mais fácil pressionar Eduardo Cunha para que inclua esses escândalos no seu “Almanaque de delação premiada”. Temer com certeza não dirá nada.

#Codesp #Governo do Estado de São Paulo #Lava Jato #Michel Temer

Plano de saúde

23/10/2017
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Em negociações com o Ministério Público Federal para fechar um acordo de delação, o ex-secretário de Saúde do governo Cabral, Sérgio Côrtes, promete escancarar as vísceras do PMDB no Rio de Janeiro. Côrtes tem revelado detalhes de um esquema para a compra de vacinas, medicamentos e próteses, com capilaridade em dezenas de municípios do Rio de Janeiro. A operação envolveria distribuidoras de artigos hospitalares no Brasil e no exterior e, não poderia faltar, doleiros – espécie onipresente no ecossistema da Lava Jato. Segundo investigações do MPF, parte dos recursos públicos desviados teria sido utilizada para financiar a reeleição de Sérgio Cabral ao governo do Rio, em 2010, e candidaturas do PMDB a prefeituras no estado do Rio em 2012. Além, claro, de deixar muita gente rica.

#Lava Jato #PMDB #Sérgio Cabral #Sérgio Côrtes

Cunha e sua única moeda de troca

23/10/2017
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A situação jurídica de Eduardo Cunha se agravou consideravelmente nas últimas semanas. Na avaliação da força-tarefa da Lava Jato, os depoimentos do doleiro Lúcio Funaro e do ex-deputado Pedro Correia reduziram consideravelmente as chances de Cunha fechar um acordo de delação. A não ser que ele saque da cartola o maior de todos os coelhos.

#Eduardo Cunha #Lava Jato #Lucio Funaro

Autopista da propina

19/10/2017
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O doleiro Adir Assad, um dos 158 delatores da Lava Jato até o momento, teria encaminhado ao MPF documentos para comprovar o pagamento de propina em obras do Rodoanel em São Paulo. São planilhas e extratos bancários de movimentações de contas no exterior. As acusações atingem a Odebrecht e o ex-diretor da estatal Dersa Paulo Vieira de Souza, o “Paulo Preto”. Mas atingem, sobretudo, o senador José Serra. Em sua delação, Assad afirmou que parte dos recursos desviados foram destinados a Serra, então governador de São Paulo. O senador já negou qualquer relação com o doleiro.

#Adir Assad #José Serra #Lava Jato #Odebrecht

Em mandarim o bordão do presidente é “Fica Temer”

16/10/2017
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Lula cultuava Chávez e Morales na sua política externa bolivariana, além de presidentes da África subsaariana. Já o fetiche de Michel Temer tem os olhos amendoados. O nome do idolatrado é Xi Jinping, presidente da República Popular da China. A identidade não é ideológica.

O projeto de Temer é arrancar um compromisso firme de investimento com os chineses, assinando o primeiro acordo bilateral do Brasil com outra nação, praticamente nos moldes de um mercado comum. Os termos iriam além dos firmados no despenteado Mercosul: cotas para trabalhadores brasileiros e chineses em obras mútuas de bandeira própria, dispensa de licitação para projetos de engenharia básica em empreendimentos pré-licitados, preferência em “privatizações estratégicas”, garantia de ampla desburocratização nos negócios da China, sistema preferencial de tarifas aduaneiras e criação de uma espécie de PPC – Parceria Público Chinesa etc. Os passos seguintes para consolidação do bloco Brasil-Ásia seriam acordos econômicos com a Coreia do Sul e a Índia.

Mas a prioridade do governo Temer é cimentar uma ponte para Beijing. O Brasil dos sonhos da segunda geração da Lava Jato é uma ópera comercial Sino-Tropicalista. Temer quer detonar os 35 acordos ocos que Dilma Rousseff fez com chineses para obter o falso montante de R$ 53 bilhões. O dinheiro não veio no seu tempo. De 2015 até setembro de 2017, os investimentos orientais superaram os US$ 60 bilhões – a maior parte, no entanto, pós-impeachment.

O Brasil é o segundo destino dos aportes de capital da China. E o passivo externo líquido (IDE) do país com os chineses já superou os US$ 100 bilhões. Parece muito, mas é pouco. Se Temer avançar um terço das suas ambições na China, terá compensado sua popularidade zero na margem de erro das pesquisas de opinião. É o maior projeto que o Brasil poderia almejar fora das suas fronteiras, nunca dantes sequer cogitado pelos governos anteriores.

#Michel Temer #PPC #Xi Jinping

Seguro anti-Lava Jato

16/10/2017
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A demora na venda da participação da Cemig na Usina de Santo Antônio para a chinesa State Power Investment Overseas (Spic) não passa apenas por pendências financeiras. O impasse se deve, sobretudo. a exigências jurídicas feitas pelos asiáticos para se proteger de eventuais punições no âmbito da Lava Jato. Denúncias de corrupção pesam sobre o consórcio responsável pela construção e operação da hidrelétrica. Em suas delações, executivos da Odebrecht, uma das acionistas, relataram o pagamento de propina para a obtenção de recursos do FI-FGTS.

#Cemig #Lava Jato #Spic

O que haverá nos canaviais da São Fernando?

13/10/2017
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A Usina São Fernando já “moeu” os empresários Mauricio e Guilherme Bumlai – filhos de José Carlos Bumlai, o “amigo do Lula” –, afastados da companhia por decisão judicial. Mas quem corre mesmo o risco de ser triturado pela falência da empresa são seus 1,2 mil funcionários. Até o momento, a Justiça não sinalizou se haverá nova tentativa de venda da usina ainda neste ano.

Por ora, os salários dos trabalhadores estão sendo pagos graças à manutenção da produção de álcool e açúcar. No entanto, o fôlego não vai durar muito sem a receita esperada com a venda de ativos. A massa falida da São Fernando soma aproximadamente R$ 1,3 bilhão em dívidas. Nenhum candidato apresentou oferta pela usina no prazo estipulado pela Justiça, até 19 de setembro.

O valor fixado, R$ 716 milhões, levou a culpa pelo fracasso. Há quem diga, no entanto, que a variável que realmente afugenta os investidores é o risco de tropeçar em ossadas contábeis e, sobretudo, jurídicas nos canaviais da São Fernando. Para todos os efeitos, a empresa sempre pertenceu a Maurício e Guilherme Bumlai. Consta, no entanto, que o patriarca, preso na Lava Jato, tinha grande influência sobre o negócio. Para o bem e para o mal.

#Usina São Fernando

Constantino II, a missão

9/10/2017
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Segundo o RR apurou, a delação de Lucio Funaro deverá custar um recall a Henrique Constantino, um dos acionistas da Gol, que fechou acordo de colaboração com a Lava Jato. Colaboração, assim, assim… A partir dos depoimentos dos doleiros, os procuradores de Curitiba estão convictos de que Constantino tem mais a contar sobre suas doações ilegais a Michel Temer e ao PMDB.

#Gol #Henrique Constantino #Lava Jato #Lucio Funaro

Primeira página

5/10/2017
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Sérgio Moro e Deltan Dallagnol têm um encontro público marcado no dia 24. Vão participar de evento no jornal Estado de S. Paulo sobre a Operação Mani Pulite, fonte de inspiração da força tarefa da Lava Jato.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Sérgio Moro

Acervo RR

Primeira página

5/10/2017
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Sérgio Moro e Deltan Dallagnol têm um encontro público marcado no dia 24. Vão participar de evento no jornal Estado de S. Paulo sobre a Operação Mani Pulite, fonte de inspiração da força tarefa da Lava Jato.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Sérgio Moro

Só reencarnando

5/10/2017
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A Galvão Engenharia, dizimada pela Lava Jato, procura um comprador.

#Galvão Engenharia #Lava Jato

Aposentadoria de Bendine na berlinda

3/10/2017
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A direção do Banco do Brasil e o Conselho Deliberativo da Previ têm sido pressionados por associações de funcionários e aposentados a rever o pagamento da chamada aposentadoria “cheia” a Aldemir Bendine. O assunto sempre causou incômodo dentro do BB. Ocorre que a Lava Jato e as graves denúncias contra a gestão de Bendine amplificaram os questionamentos à legitimidade dos valores recebidos pelo hoje hóspede da carceragem da PF em Curitiba. Foi justamente durante a sua administração que o BB alterou as regras de aposentadoria e permitiu a incorporação de benefícios (como férias e vale-alimentação) ao salário-base. A alteração favoreceu diretamente o ex-n. 1 do banco, além de aproximadamente 30 outros executivos que conseguiram pendurar uma série de pingentes na sua aposentadoria. Calcula-se que Bendine receba hoje algo próximo dos R$ 65 mil. Por falar em benefícios indiretos, consta que o ex-presidente do BB solicitou à instituição que custeasse a sua defesa na Lava Jato, alegando que as acusações contra ele se referem a atos administrativos no exercício da presidência da instituição – seus advogados negam o pedido.

#Aldemir Bendine #Banco do Brasil #Lava Jato #Previ

Linhagem

2/10/2017
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Recém-condenado por Sérgio Moro a 15 anos de prisão, o ex-gerente da Petrobras Roberto Gonçalves negocia um acordo de delação com a força tarefa da Lava Jato. Gonçalves vem a ser o substituto do notório Pedro Barusco na estatal. Em todos os sentidos.

#Lava Jato #Petrobras #Sérgio Moro

Samek eletrocutado

29/09/2017
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As investigações da Lava Jato contra Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo estão prestes a eletrocutar Jorge Samek, que comandou Itaipu nos 13 anos do governo PT.

#Jorge Samek #Lava Jato #PT

Dízima periódica

29/09/2017
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A força tarefa da Lava Jato considera razoável a probabilidade de o recall da Camargo Corrêa, que nasceu da delação da Odebrecht, ricochetear e provocar um recall da própria Odebrecht.

#Camargo Corrêa #Lava Jato #Odebrecht

Palocci atropela Caoa

29/09/2017
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Nas tratativas para fechar sua delação, Antônio Palocci soltou o freio de mão e empurrou a Lava Jato na direção do Grupo Caoa. Segundo o RR apurou, o ex-ministro deu detalhes da consultoria prestada à montadora nos idos de 2012, por meio de sua empresa, a Projeto. De acordo com a mesma fonte, Palocci relatou ter intermediado o repasse ilegal de recursos para parlamentares com o objetivo de aprovar medidas de interesse da Caoa. O ex-ministro teria revelado ainda aos procuradores de Curitiba que quase assumiu a presidência da companhia justamente em 2012.

#Antônio Palocci #Grupo Caoa #Lava Jato

Força-tarefa contra o crime organizado é uma missão sob medida para Sérgio Moro

28/09/2017
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Se o diretor Brian de Palma filmasse uma versão brasílica de Os Intocáveis, o juiz Sérgio Moro seria um candidato imbatível para interpretar o papel do incorruptível policial Eliot Ness. Na vida real, Moro também cabe no figurino de paladino contra o crime. Só que dessa vez despido da toga de juiz. Como não poderia deixar de ser, o nome de Sérgio Moro foi citado repetidas vezes na reunião entre a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen.

O encontro teve por objetivo discutir a criação de uma força-tarefa, no modelo da Lava Jato, para o combate ao crime organizado e ao estado paralelo financiado por ele. Veja-se que o enunciado da missão é extenso. O futuro Eliot Ness, que ficará subordinado ao Ministério Público, vai centralizar ações dispersas junto a diversos órgãos do governo. Porém, mais importante é que abaterá dois coelhos com uma única cajadada: criará uma efetiva operação integrada de combate ao crime e livrará as Forças Armadas do inconveniente abacaxi de serem chamadas a toda hora para fazerem figuração no palco de uma guerra na qual sua presença é indesejada pelos próprios militares.

O Rio de Janeiro é o foco da força-tarefa. Não somente em função do crime e da violência registrados na cidade, mas devido a sua capilaridade com todo o Brasil e suas fronteiras. Haja poder para o delegado que colocar essa estrela no peito. O juiz Sérgio Moro está acostumado a deter o mando absoluto na sua esfera de atuação. Teria de acrescer ainda mais em força e autoridade. Algo como um presidente de um Banco Central formalmente independente, com poder sobre tropas, serviços de Inteligência e ingerência sobre as unidades federativas. Um justiceiro judicializado, votado no Congresso.

Moro realizou cursos na CIA – sabe-se lá do que, é bem verdade; tem sua própria patota no Ministério Público, que vibraria em entrar nesse campo; e é obsessivo no combate à criminalidade. Para o governo, deslocá-lo para o centro das ações de segurança do país seria uma demonstração de desprendimento e isenção muito acima das investigações e suspeitas que pairam sob a cabeça de ministros e do próprio presidente. Coisa de estadista, diria a base aliada. E a Lava Jato? Não seria uma sinalização do seu final? Nada!

O próprio Moro validaria sua saída e a ascensão de quem fosse para o seu cargo. Continuariam presentes Marcelo Bretas, Deltan Dallagnol e companhia. E mesmo Lula já estaria tão enforcado que não precisaria de Moro para o golpe final. O juiz já afirmou que não irá para a política. Para o STF dificilmente um novo presidente o indicará. Melhor um juiz mais amigável. E a aposentadoria vem aí. O papel de Eliot Ness lhe caberia como uma luva. Contudo, por enquanto o que existe é um nome ao vento, puro wishful thinking. Já, já a resposta será dada.

#Forças Armadas #Lava Jato #Sérgio Moro

A difícil missão de higienizar o PMDB

28/09/2017
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Os marqueteiros do PMDB discutem nos mínimos detalhes o “espetáculo” da convenção nacional marcada para o próximo dia 4 de outubro, quando o partido mudará sua identidade para MDB. A maior preocupação é evitar que o evento ganhe a pecha de “convenção da Lava Jato”. Há quem defenda, inclusive, que Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá participem em horários diferentes. A ideia é evitar que três dos mais próximos e maculados aliados de Michel Temer sejam capturados no mesmo instantâneo. No partido, é citada, como exemplo, a reunião de março de 2016 que formalizou a saída do PMDB do governo Dilma. Na ocasião, a imagem de Eduardo Cunha, Jucá e Padilha celebrando, juntos, com as mãos para o alto bombou nas redes sociais. Se serve de alento, desta vez Cunha é uma preocupação a menos para a marquetagem do PMDB.

#Eliseu Padilha #Moreira Franco #PMDB #Romero Jucá

Outras engenharias

27/09/2017
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A delação do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Fabio Cleto afunda ainda mais a Carioca Engenharia na Lava Jato. Segundo Cleto, a companhia teria funcionado como uma espécie de hub das propinas pagas por construtoras e concessionárias públicas do Rio a Eduardo Cunha. Recolhia o pedágio, que depois seguia direto para contas de Cunha na Suíça.

#Caixa Econômica #Carioca Engenharia #Lava Jato

Lava Jato busca o ponto de fissura da INB

26/09/2017
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A Lava Jato, que fez uma limpeza na Eletronuclear, vai direcionar suas baterias para as estranhas práticas de financiamento indireto de campanha, licitações sob medida e contratos com preços diferenciados da Indústria Nuclear Brasileira (INB). Segundo a fonte do RR, o Ministério Público está investigando essas relações perigosas. Não deve ser muito difícil, conforme revela o mapa da cadeia de comando da INB. O presidente do instituto, José Carlos Tupinambá, foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio por desvio de verbas em uma secretaria do Município de Duque de Caxias, indicado pelo atual prefeito da cidade, Washington Reis, por sua vez condenado pelo STF por improbidade administrativa e agora pelo TRE, estando em vias de ter seu mandato cassado. A INB seria um feudo de Jorge Picciani, Washington Reis e Sergio Cabral, condenado a 45 anos. O RR tentou contato com a estatal, por telefone e e-mail, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

#Eletronuclear #INB #Lava Jato

O partido da República de Curitiba

26/09/2017
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O ex-tucano Alvaro Dias, pelo jeito, quer transformar o Podemos no “Partido da Lava Jato”, no bom sentido. Além da investida sobre Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no Ministério Público Federal (MPF), o senador convidou também o procurador Carlos Fernando dos Santos para se filiar à sigla. No mosaico idealizado por Dias, pré-candidato à Presidência da República, Dallagnol concorreria ao Senado e Carlos Fernando, à Câmara dos Deputados.


Em tempo: se não conseguir transportar a “República de Curitiba” para o Podemos, ao menos restará ao senador a possibilidade de transformá-lo no “Partido dos Dias”. Alvaro quer levar para a sigla o irmão Osmar Dias, hoje no PDT, para disputar o governo do Paraná.

#Deltan Dallagnol #Podemos

Confissão

26/09/2017
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A Camargo Corrêa estaria negociando um acordo de leniência com o Cade, que investiga a formação de cartel nas obras do Arco Metropolitano do Rio. Comparado à Lava Jato, será a confissão de um pecadilho.

#Cade #Camargo Corrêa #Lava Jato

O guarda – malas de Geddel

25/09/2017
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Lucio Funaro foi o “GPS” que levou a Polícia Federal ao “guarda-malas” de Geddel Vieira Lima em Salvador. Consta que o doleiro tem na ponta da língua outros endereços de notórios protagonistas da Lava Jato.

#Geddel Vieira Lima #Lava Jato

Meirelles já está com um pé fora da Fazenda

22/09/2017
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Henrique Meirelles está morto! Viva Henrique Meirelles! Ou vice-versa. O enigma tem prazo de validade: dia 1° de abril de 2018, data limite para que o ministro da Fazenda se desincompatibilize do cargo com o objetivo de disputar as eleições para a Presidência da República. Meirelles não solta um pio sobre o assunto. Um interlocutor bastante próximo do ministro disse ao RR que a balança estava equilibrada sobre a decisão de deixar a pasta e subir nos palanques. Por ora, Meirelles mantém um pé cá e outro acolá. Mas o risco de contaminação com o mar de lama da Lava Jato tem pesado a favor da aventura.

Na contramão, não o temor da derrota, mas o ônus de deixar ao abandono o mercado, esse senhor de todos os oceanos, e ser a peça central da desintegração de um governo do qual representa rara reserva de valor moral e tecnocrático. A economia pode reagir mal a sua saída e ele ser acusado, em sua decisão frívola, da desancoragem das expectativas. A questão é ambígua, pois a mudança de humor da economia também pode ser interpretada como um trunfo da sua importância presente e futura. Henrique Meirelles ronda os palanques não é de hoje: esteve cotado para ser o vice da chapa de Dilma Rousseff em 2010 e flertou com a ideia de disputar o governo de Goiás.

Na semana passada, Gilberto Kassab se adiantou aos fatos e “lançou” sua candidatura à Presidência pelo PSD. Meirelles agradeceu afirmando que está concentrado na sua atual missão, e abriu um sorriso metálico cheio de dentes. Em nenhum momento, disse que não será candidato. Para todos os efeitos, o suspense permanece. O RR consultou uma pequenina amostra de um segmento do eleitorado bastante afinado com o ministro da Fazenda. Fez uma sondagem com 28 empresários e perguntou se, em sua opinião, Meirelles será ou não candidato. O “não” ganhou com alguma vantagem: 71% a 29%.

Questionados sobre as chances de vitória do “guardião da economia”, 83% afirmaram que Meirelles não será eleito caso entre na disputa. Não por falta de atributos. O RR perguntou aos entrevistados quem era mais habilitado para o exercício da Presidência da República, num confronto direto entre o ministro da Fazenda e todos os principais candidatáveis citados nas pesquisas eleitoras. Meirelles venceu todos eles, com índice acima de 70% das respostas. Seus três resultados mais baixos se deram na comparação com João Doria (78%), Geraldo Alckmin (76%) e Lula (71%).

Nas comparações com Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Marina Silva e o próprio Michel Temer, Meirelles disparou na sondagem. Se Henrique Meirelles, de fato, embarcar na viagem eleitoral, é razoável que leve um bilhete de volta cuidadosamente guardado no bolso do paletó. Esta segunda perna seria um eventual retorno à cadeira de ministro da Fazenda. Ou seja: Meirelles entraria na disputa à Presidência jogando por dois resultados. Mesmo perdendo nas urnas, seu segundo turno particular seria a recondução ao posto de maestro e fiador da economia.

Não é uma hipótese improvável. Sabidamente, o titular da Fazenda tem excelente trânsito entre correntes político-partidárias distintas. Tem o handicap de ser sócio de inegável impacto eleitoral: com Lula, entregou distribuição de renda; com Temer, assegurou a queda da inflação. Leva ainda consigo a marca de recordista de tempo na cabine de comando da economia – até ontem, contabilizando-se o período na presidência do Banco Central e na cadeira de Ministro da Fazenda, somava 3.420 dias ou 82.080 horas de horas de voo.

Henrique Meirelles é um homem abastado – sua fortuna pessoal se aproxima da casa de R$ 1 bilhão – e pode tranquilamente financiar sua campanha. Enricou acima de qualquer suspeita. Se ficar parado no mesmo lugar, corre o risco de ver seus ternos de corte bem talhados respingados pelos fluidos pútridos do entorno político. Cabe monitorar os bastidores. Faltam 4.608 horas para, no mais tardar, o Brasil saber se terá mais um candidato à Presidência e um novo ministro da Fazenda

#Gilberto Kassab #Henrique Meirelles #Lava Jato

A polícia de Blairo

21/09/2017
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Com a Lava Jato a triscar nos seus calcanhares e o festival de grampos na República, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, tem se aconselhado amiúde com dois dos seus mais próximos colaboradores: os coronéis da Polícia Militar Eumar Novacki e Coaraci Nogueira, respectivamente secretário-executivo e chefe de gabinete do Ministério.

#Blairo Maggi #Lava Jato

Dr. Ulysses não merecia tamanha homenagem

20/09/2017
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Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá estão à frente de uma estranha cruzada. O trio “Lava Jato” pressiona a Executiva do partido a aprovar a transformação da Fundação Ulysses Guimarães em instituto – a proposta será analisada no próximo dia 4 de outubro. Parece uma filigrana, mas só parece. Sob o regime de instituto, muita coisa muda de figura, a começar pelo fato de que a entidade estará imune à fiscalização do Ministério Público. Não custa lembrar que Moreira e Eliseu são os “donos” da capitania. Entre mandatos alternados, ambos comandam a Fundação Ulysses Guimarães há 16 anos.

#Eliseu Padilha #Lava Jato #Moreira Franco #Romero Jucá

Um dia esse fado ainda vai acabar desafinando

20/09/2017
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Não é só a turma da Lava Jato que está buscando visto de residência em Portugal. Há cerca de mil brasileiros em média, por semana, fazendo consultas de como obter a cidadania portuguesa. Desde o início do ano surgiram mais de 500 empresas na internet especializadas em tratar da burocracia, assessorar na busca de imóveis para compra ou aluguel, na mudança e na manutenção da moradia. Globalvisa, Strobel & Santos e Schultz Vistos são algumas das líderes no setor. Segundo fonte de uma dessas empresas, na aquisição de alguns imóveis em Portugal foram utilizados sofisticadas triangulações com recursos de estranha procedência não repatriados nas duas janelas abertas pelo BC. De acordo com o mesmo informante, somente os chineses estão mais presentes em Portugal do que os brasileiros. Só que os chineses voltam para casa e os brasileiros ficam.

#Lava Jato

Ilan Goldfajn volta a azedar a festinha da Selic

20/09/2017
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A ida a público do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, para antecipar os próximos passos da política monetária – ritmo de queda da taxa Selic moderadamente menor – reflete uma divisão entre o núcleo duro do Palácio do Planalto e a equipe econômica. Os cardeais Moreira Franco e Eliseu Padilha são favoráveis à manutenção ou mesmo a precipitação do afrouxamento monetário. Segundo a dupla, não haveria justificativa para um recuo no percentual de redução da Selic.

O argumento contra a diminuição do ritmo de declínio das taxas de juros, paradoxalmente, é dado pelo próprio Ilan: o risco de desancoramento da inflação é baixo. Com o desemprego prosseguindo em patamar elevado, o câmbio cadente e o ritmo anêmico da atividade econômica, a taxa de inflação deverá seguir até o fim de 2018 na fronteira dos 4%, provavelmente pulando a cerca para a casa dos 3%. Ilan espera uma baixa do índice de preços mais sustentável, até porque o nível de capacidade ociosa da economia é grande, e a velocidade de aquecimento da atividade produtiva não seria suficiente para conter o flerte com o piso da meta. A hora seria de dar um gás no consumo.

Até pouco tempo atrás, Ilan foi triturado entre os seus pares porque não teria tido a sensibilidade de baixar os juros quando a inflação já havia embicado para baixo e a recessão sacrificava o país. Parece estar obcecado com essa receita. O “custo Ilan” não é bem absorvido no Palácio do Planalto. Fica na conta de Henrique Meirelles. O ministro está alinhado com o presidente do BC; é o seu escudo de proteção. Meirelles acha que a prudência é sempre a medida do acerto na política econômica, mesmo que seu preço seja a revelação futura de que a autoridade monetária foi lenta ou não entendeu os sinais da conjuntura.

A entrevista atípica de Ilan foi combinada com Meirelles. Ela cria um fait accompli com o BC e antecipa o comportamento futuro da Selic, praticamente ditando o corte da taxa que será aprovado na reunião do Copom de outubro (0,75 ponto percentual). O ministro também se arroga a falar da política monetária, como se fosse o condutor do BC. Ele justifica a falta de ousadia com variáveis que não parecem tão determinantes para formação da taxa na circunstância: contenção da liquidez nos Estados Unidos, o destempero nuclear da Coreia do Norte e os efeitos sobre o câmbio. Faltou só a Lava Jato.

O que Meirelles realmente não quer é baixar a taxa de juros para ter que levantá-la logo depois com várias altas sucessivas. Ou seja: a Selic agora vai cair devagarinho para não ter de voltar a subir novamente em futuro breve, com maior intensidade e rapidez. As raposas do Palácio, contudo, não se conformam. Com o aumento da renda das famílias decorrente da brutal correção dos preços, uma ajuda a mais dos juros é o que falta para lambuzar as expectativas de mel e puxar o consumo nos meses natalinos.

O discurso de Ilan teria de ser exatamente o contrário. Por enquanto Meirelles reina e Ilan é independente. Que seja. Até 24 de outubro, quando se realiza a penúltima reunião do Copom no ano, pipocarão de todas as partes pleitos para que a política monetária mude; que a queda dos juros seja mantida no patamar de um ponto percentual ou eventualmente um pouco além, atingindo 1,25 ponto; e que o BC ouse um piso da Selic na faixa de 6% – atualmente as previsões do mercado são de uma taxa de 7,25% no início de 2018 – acelerando o ritmo de correções para baixo da taxa básica. Moreira Franco e Eliseu Padilha, é claro, não terão nada a ver com isso. Coisa do mercado. Ou da mídia. Seja lá o que for, o script está dado.

#Banco Central #Eliseu Padilha #Ilan Goldfajn #Moreira Franco

Petrobras abre a porta de suas refinarias

19/09/2017
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A Petrobras e a Repsol Sinopec mantêm conversações para uma possível associação na área de refino. Segundo o RR apurou, as tratativas com os chineses envolveriam a conclusão das obras de construção da má afamada unidade de Abreu Lima – um dos grandes projetos da estatal corrompidos pelo “petrolão” e interrompidos pela Lava Jato. Parte da unidade está em operação desde 2014, mas, de acordo com cálculos da Petrobras, ainda faltam ao menos R$ 2 bilhões em investimentos para a refinaria atingir a capacidade originalmente estimada. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, já confirmou que o processo de desmobilização de ativos da estatal incluirá operações de refino – conforme antecipou o RR na edição de 24 de fevereiro. Por ora, no entanto, os fatos parecem indicar que a prioridade da companhia é a busca de parceiros para concluir projetos inacabados. Consta que a China National Petroleum Corporation (CNPC) tem interesse em se associar ao Comperj. Em tempo: no caso de Abreu Lima e, mais especificamente, da Repsol Sinopec, as tratativas têm um certo ar de déjà vu. A então espanhola Repsol foi sócia da Petrobras na refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul.

#Lava Jato #Petrobras #Repsol Sinopec

As linhas e entrelinhas no discurso do General Mourão

19/09/2017
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As declarações do General de Exército Hamilton Mourão sobre a possibilidade de uma intervenção militar no Brasil guardam alguma conexão com os assuntos discutidos nos dias anteriores em encontros dos generais de quatro estrelas. Sua palestra na última sexta-feira à noite na Loja Maçônica Grande Oriente do Brasil se deu na sequência de uma semana intensa. Durante cinco dias consecutivos, de 11 a 15 de setembro, o Alto-Comando do Exército esteve reunido no Quartel General da Corporação, em Brasília, mais conhecido como Forte Apache.

Segundo informações filtradas pelo RR, ainda que o General Mourão possa ter se excedido na forma e no conteúdo, sua fala remete a pontos cardeais abordados durante as reuniões do Alto-Comando. Os Oficiais passaram a limpo, temerosos, cenários de crise e os planos de ação – “muito bem feitos” nos dizeres do general Mourão -, nos quais três variáveis aparecem com destaque: a desordem social, o crime organizado e a corrupção institucionalizada. Sob a ótica militar, o esgarçamento das instituições e o crescente estado de criminalização são questões que vão muito além da Lava Jato.

Ela passa pelo imbricamento de agentes não necessariamente associados entre si – de políticos e partidos a autoridades da área de segurança pública e magistrados, de movimentos sociais ao crime organizado. Nas etapas das “aproximações sucessivas”, para usar terminologia adotada pelo próprio General Mourão, vão se configurando pontos de interseção entre as variáveis críticas. É a propagação ondulatória desses pontos de interseção que levaria a uma situação limite. Nessa circunstância, indefinida a priori, os militares se veriam obrigados a “intervir dentro da lei”, por mais estranha que pareça essa dialética.

Pelo clima de apreensão dos encontros, a tendência é que estas discussões sejam intensificadas nas próximas reuniões do Alto-Comando do Exército – o encontro da semana passada foi o quinto de um total de sete; os dois últimos do ano estão previstos para outubro e dezembro. Entre os Oficiais, há uma percepção de que um quadro agudo de deterioração da ordem, que justificaria uma ação mais radical da parte do Exército, possa vir não pelo vetor da crise política stricto sensu, mas pela segurança pública. Um exemplo: segundo o RR apurou, nos encontros da semana passada os Oficiais discutiram assuntos viscerais como o aumento da entrada de armas e drogas no país.

Um dado, por si só, dá a dimensão da gravidade: a Inteligência do Exército tem informações de que a área plantada de coca na Colômbia praticamente duplicou nos últimos três anos, em função de uma flexibilização da política antidrogas após o acordo com as Farc. A associação entre o estado de calamidade do Rio e o desenfreado narcotráfico do país vizinho é automática. O alinhamento do Alto-Comando é total em torno do tripé do Exército definido pelo General Villas Boas – “legalidade”, “legitimidade” e “manutenção da estabilidade” –, expressões repetidas nas reuniões da semana passada e citadas pelo General Mourão em sua palestra na última sexta-feira.

A nota divulgada à imprensa pelo Comandante do Exército, General Villas Boas, reafirmando o compromisso democrático do Exército, foi dirigida ao público externo. Internamente os generais concordam com o conteúdo da fala de Mourão – noves fora exageros, como a expressão “impor” – pois delimitam uma linha demarcatória rígida entre significados contextuais das palavras “intervir” e “golpe”. Está última, por sinal, banida do vocabulário castrense. O General Mourão – que, curiosamente, cumpriu uma trajetória oposta à do primeiro ministro do Exército da abertura democrática, General Leônidas Pires Gonçalves, passando do Comando Militar do Sul para a secretaria de Finanças do Exército – tem sabidamente uma forte influência entre os chamados níveis intermediário e subalterno do oficialato, de capitão para baixo. Apesar do discurso fora do tom, não houve puxão de orelha.

#Exército #Lava Jato

Efeito colateral

18/09/2017
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A direção da Petrobras discute o rompimento do contrato com o escritório Trench, Rossi e Watanabe (TRW), envolvido no caso JBS. O TRW presta serviços à estatal na área de compliance. Segundo o RR apurou, o atual contrato, no valor de R$ 96 milhões, vence no primeiro semestre de 2018. Consta que, há alguns meses, a Petrobras teria pressionado o escritório a interromper sua relação contratual com a JBS, por conta de potencial conflito de interesses no âmbito da Lava Jato.

#JBS #Lava Jato #Petrobras #TRW

Exumação

15/09/2017
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Gabriel Chalita, o protegido de Michel Temer, é só o fio da meada das campanhas peemedebistas. O doleiro Lucio Funaro abriu para a Lava Jato as vísceras das candidaturas majoritárias do PMDB em São Paulo desde 2006, com destaque para Paulo Skaf em 2010 e 2014. Temer está em todas.

#Lava Jato #Michel Temer #Paulo Skaf

Pesos e medidas

15/09/2017
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A investida da Lava Jato sobre Carlos Arthur Nuzman e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem causado níveis distintos de preocupação no PC do B, que cedeu dois ministros dos Esportes durante as obras da Rio-2016. Em relação a Aldo Rebelo, que ocupou o cargo de 2011 e 2015, a aflição é baixa. Consta que o santo de Rebelo não batia com o de Nuzman, e ambos mal se falavam. O mesmo já não se aplica a Orlando Silva, que permaneceu no Ministério de 2006 a 2011. Nesse caso, o termômetro do PC do B acusa temperaturas mais altas. À época, já se dizia no partido que Silva estava excessivamente próximo do presidente do COB.

#Lava Jato #Rio 2016

As bombas de Palocci

14/09/2017
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Em sua delação, Antônio Palocci promete escancarar para a Lava Jato as entranhas de um esquema de venda de MPs no Congresso, que teria atravessado, principalmente, as gestões de Henriques Alves e Eduardo Cunha na Câmara e de Renan Calheiros no Senado.

#Antônio Palocci #Henrique Alves #Lava Jato #Renan Calheiros

Cerco ao Comperj

13/09/2017
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Por enquanto não há manifestação de interesse por parte dos chineses na aquisição do Comperj, projeto da Petrobras abalroado pela Lava Jato. Mas Itaboraí (RJ) tem recebido uma invasão dos asiáticos. No centro da cidade, logo depois do bairro de Manilha, um prédio novinho será ocupado só por chineses.

#Comperj #Petrobras

Recall elétrico

13/09/2017
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No QG da Lava Jato em Curitiba, a expectativa é que a “delação da delação” dos executivos da Camargo Corrêa atire “para matar” contra José Sarney, Edison Lobão, Valmir Raupp, entre outros peemedebistas com ascendência sobre o setor elétrico. A Odebrecht já mostrou o caminho das pedras.

#Camargo Corrêa #José Sarney #Lava Jato

Luciano Coutinho veste a armadura do acadêmico

13/09/2017
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O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho traçou uma rota para atravessar o período de turbulência. Vai concentrar sua atividade e exposição em questões de ordem acadêmica, preferencialmente não relacionadas ao banco. Apesar da indissociabilidade com a LCA Consultoria, pretende se divorciar temporariamente de funções executivas, mesmo continuando ligado à empresa.

Luciano acha que o melhor desinfetante para as agruras sofridas com a Lava Jato é voltar a ser o que sempre foi: um economista industrialista, e escrever, escrever, como se não houvesse amanhã. Essa é sua chinese wall. Ele atravessa com a placidez de um monge os tormentos das circunstâncias, tais como o bloqueio dos seus bens por um juiz federal do Mato Grosso. Nada a ver com a Lava Jato. Aliás, o maior espalha-brasas entre todos os delatores, o empresário Joesley Batista, fez questão de ressaltar que Coutinho não tinha qualquer relação com suas operações pouco republicanas.

Em meio a tanta notícia desagradável, eis um fato positivo: Luciano Coutinho é um dos economistas com maior network entre os empresários de São Paulo e relacionamento no circuito internacional de agências de fomento. Ele continua a ser visitado, emitindo opiniões e prestando conselhos. Com seu jeito zen, não se arrepende sequer da longa temporada no BNDES, uma antiga obsessão profissional.

Coutinho largou umas das consultorias mais bem-sucedidas de São Paulo para dar expedientes de 15 horas com uma remuneração bem inferior à que tinha na sua empresa. Agora, inexoravelmente vai ter seu momento de Geni, tomando pedradas aqui e acolá. Por isso não é o momento de falar da teoria que fundamentava os “cavalos campeões” ou da exportação de serviços de engenharia. Em situações de linchamento não há defesa que se sustente. Mas, Coutinho faria quase tudo outra vez.

Seus amigos dizem que ele repensaria o timing de saída do banco, que poderia ter ocorrido quando se iniciaram os escândalos envolvendo a Petrobras. No entanto, ele quis se defender dentro da instituição. Depois do engenheiro Marcos Vianna foi o mais longevo presidente do banco e o mais identificado com a corporação. Quanto a sua gestão, os dados estão contidos no “livro verde”, com o qual o atual presidente, Paulo Rabello de Castro, vem defendendo a lisura e acerto técnico dos profissionais do banco.

#BNDES #Lava Jato #Luciano Coutinho

Gregos e troianos

13/09/2017
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Curiosamente, Joesley Batista uniu os extremos em sua defesa. Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, é militante ferrenho contra a delação; já Pierpaolo Botini foi um dos primeiros a oferecer esse instituto aos seus clientes quando a Lava Jato estourou nas paradas.

#Joesley Batista

Michel Temer se sente menos impopular e pode reduzir ritmo do ajuste fiscal

12/09/2017
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O presidente Michel Temer passou a nutrir dúvidas em relação à intensidade do ajuste fiscal em 2018 – já que 2017 são favas contadas. Temer tem usufruído da brisa da redução do desconforto popular. O quadro econômico para a população melhorou, e quando não melhorou, estagnou, o que, frente ao longo período de índices negativos, pode ser celebrado como uma vitória.

A inquietude de Temer encontra mais eco em Eliseu Padilha do que em Moreira Franco e Henrique Meirelles, defensores da tese de que o sucesso desse governo não pode ser medido por satisfação ou empatia com o povo. Segundo a fonte do RR, a percepção de Temer é que, se reduzir sua impopularidade e continuar na sua toada, governando para a sua bancada no Congresso e a Avenida Paulista, poderá atingir uma inesperada força como cabo eleitoral em 2018, para dizer o mínimo. Relatório do Credit Suisse que circulou ontem nos meios financeiros canta algumas pedras animadoras para o presidente.

No cenário projetado pelo banco – um crescimento médio de 2% do PIB por um período superior a um quinquênio – as taxas de desemprego estimadas são 13%, em 2017; 12%, 2018; 11%, 2019; e 10%, 2020. Não chega a ser uma Brastemp, mas, comparando-se com o desemprego de 13,7% em março passado, os números são alvissareiros. A favor das expectativas do governo pesa o fato de que o banco suíço sempre foi pouco otimista em relação aos resultados da política econômica. Mas Temer já está saboreando outros frutos da boa safra na economia. A inflação é a menor em 37 anos na faixa do salário mínimo.

Os preços da cesta básica desabaram devido à deflação sobre alimentos decorrente da hipersafra agrícola. A renda da família aumentou, ainda por conta da queda da inflação, e é ela que vem puxando o Pibinho. O aluguéis em média estão mais baixos 20%. Pode dizer que nunca dantes a carestia tomou um tombo tão grande na história deste país. Mas, como acender uma vela aos pobres e outra ao empresariado? A inércia agora trabalha a favor.

O cenário favorável é de melhoria da conjuntura. Para manter as expectativas empresariais aquecidas, Temer vai prosseguir com os anúncios e ações de impacto nas privatizações e concessões e iniciar uma agenda de reformas microeconômicas. Como metas fiscais mais largas para 2017 e 2018, o governo prosseguirá no seu paradoxo de sucesso, que é confessar a falência no ajuste orçamentário, rever as contas para depois, então, atingir o compromisso
e vangloriar-se do seu feito.

Há também receitas não tipificadas que ajudarão a fechar o buraco, como o pagamento de R$ 180 bilhões devidos pelo BNDES ao Tesouro, junto com o repasse da economia do custo de carregamento das reservas cambiais na medida em que se reduz o diferencial entre a Selic e o juro de remuneração do lastro em moeda forte. Esses recursos irão todos para abater o déficit primário. E o fiscal estaria resolvido? Fica faltando a reforma da Previdência, que não só é aritmeticamente necessária, como tornou-se simbólica.

Mas se ela não sair até novembro, fica na conta do próximo governo. Na equação desse upgrade do presidente não é incorporada a variável da Lava Jato. Ela é imponderável e pode atingir a todos indistintamente. Se Temer avançar no ajuste, tomando novas medidas impopulares para a “modernização” da economia, se tornará em uma espécie de “Getulio Vargas da burguesia”, dando cabo das encomendas reformistas que trouxe para o centro do governo desde o impeachment de Dilma Rousseff. Se contiver o andor, pode ser que sua impopularidade caia e sua força eleitoral surpreenda.

#Eliseu Padilha #Henrique Meirelles #Michel Temer #Moreira Franco

Encontro marcado

12/09/2017
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A Rádio Lava Jato informa: a delação de Lucio Funaro e a prisão de Geddel Vieira Lima vão trazer de volta à ribalta o advogado José Yunes, o amigo de Michel Temer.

#Geddel Vieira Lima #Lava Jato #Michel Temer

Escorrendo

8/09/2017
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A investida sobre Carlos Arthur Nuzman foi só a “cerimônia de abertura”. A Lava Jato vai escorrer para diversas confederações penduradas no COB.

#Lava Jato

Delação empurra Lava Jato para a lavoura

4/09/2017
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Guardadas as devidas proporções, Silval Barbosa está para o agribusiness como Antonio Palocci para o sistema financeiro. A delação do ex-governador do Mato Grosso tem causado forte apreensão entre grandes grupos agrícolas do país. Por dever de ofício, Silval semeou uma forte relação com as empresas do setor – muitas delas fizeram pesados investimentos no estado durante a sua gestão. Um capítulo especial é o Fundo de Financiamento do Centro Oeste (FCO), administrado pelo Banco do Brasil. Ao longo do seu mandato, o peemedebista Silval valeu-se da proximidade com o governo federal para aumentar o volume de recursos do FCO destinados ao Mato Grosso e, em especial, ao agronegócio. Grandes conglomerados como Cargill e Louis Dreyfus tiveram projetos financiados pelo fundo. Segundo o relato de uma fonte do RR, à época Silval tinha por costume se vangloriar em reuniões com executivos do setor privado, afirmando que os recursos não sairiam se não fosse ele o governador. A velha técnica
de vender dificuldades…

#Antônio Palocci #Banco do Brasil #Cargill

Sempre há o MP no caminho da Petrobras

4/09/2017
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A ação de improbidade do Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul contra o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli mirou no executivo, mas acabou ricocheteando no plano de desmobilização de ativos da estatal. Segundo o RR apurou, as investigações esfriaram as conversas entre a companhia e a China National Petroleum Corporation (CNPC) para a venda do controle da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados de Três Lagoas (MS). O temor dos chineses é assumir um empreendimento repleto de esqueletos e ossadas. Até então, o projeto vinha atravessando a Lava Jato com poucas escoriações. Recentemente, no entanto, o TCU apontou o pagamento indevido de R$ 155 milhões ao consórcio responsável pela construção da unidade, encabeçado pela Galvão Engenharia.

#Petrobras

Os pesos e medidas da leniência

1/09/2017
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A holandesa SBM, uma das empresas flagradas em delito pela Lava Jato, colocou os órgãos de controle da República e a Petrobras em rota de colisão. O Ministério Público Federal (MPF) está brecando a assinatura do acordo de leniência da empresa. Mais de um ano após o início das tratativas, o MPF ainda não se convenceu quanto à confissão da empresa. A avaliação é que a documentação disponibilizada pelos holandeses até o momento só revela segredos de polichinelo; as informações ajudaram muito pouco nas investigações. Do outro lado, no entanto, o Ministério da Transparência e a própria estatal já aceitaram os termos da proposta e pressionam pela assinatura do acordo de leniência com a SBM. Aliás, entre antigos fornecedores, a insistência da Petrobras em dar o salvo-conduto aos holandeses tem alimentado a interpretação de que a companhia estaria sendo mais rigorosa com empresas nacionais do que estrangeiras.

#Lava Jato #MPF #Petrobras #SBM

Águas e esgotos

1/09/2017
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A Galvão Engenharia, que vendeu a CAB Ambiental para o fundo IG4 Capital, deixou para trás um veio de água barrenta em Cuiabá, onde era responsável pela concessão de saneamento. Rebatizada de Iguá Saneamento, a empresa já apresentou à Prefeitura um plano emergencial de investimentos da ordem de R$ 250 milhões. A nova concessionária corre contra o tempo. Tragada pela Lava Jato, a Galvão Engenharia atrasou projetos e cancelou investimentos na cidade – a ponto de a Prefeitura de Cuiabá ter decretado intervenção na operação e forçado a venda do negócio.

#CAB Ambiental #Galvão Engenharia

Sucessão de Mata Pires é um entrave à venda da OAS

29/08/2017
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O falecimento de Cesar Mata Pires surge como um complicador para os planos de venda da OAS. O empreiteiro estava em conversações avançadas com um grande grupo chinês da construção pesada. Agora, a ausência de Mata Pires automaticamente empurra a questão para um território mais arenoso, no qual despontam seus herdeiros e seu notório sócio, Leo Pinheiro.

A situação dos três lança um ponto de interrogação sobre o futuro da construtora e o desenrolar das tratativas com os chineses. Dono de 10% da OAS, Leo está preso, após ser condenado, já em segunda instância, a 26 anos de detenção. Por sua vez, os dois dos três filhos do empreiteiro que estão à frente dos negócios da família, Cesar Mata Pires Filho e Antonio Carlos Mata Pires, negociam um acordo de delação. Procurada pelo RR, a OAS não quis se pronunciar.

A morte de Mata Pires é um obstáculo não só à venda do controle da OAS, mas à resolução de outras pendências que orbitam em torno do processo de recuperação judicial da empreiteira. Uma das mais fulcrais é a transferência, para os seus próprios credores, da participação societária da companhia na Invepar. Sem Cesar Mata Pires, a OAS perde seu sistema nervoso central, sua voz única de comando.

A fragmentação do poder decisório tem outros agravantes: consta que o relacionamento entre Leo Pinheiro e os filhos de Mata Pires se desgastou durante a Lava Jato. Antonio Carlos e Cesar Mata Pires Filho carregam a fama de brigões. Têm a quem puxar: em suas veias e artérias há a efervescente mistura do sangue de Cesar Mata Pires ao do avô materno, Antonio Carlos Magalhães. O próprio espólio de ACM é um exemplo desse poder de combustão. Ao lado de Mata Pires, seu marido, Tereza Magalhães, filha do ex-governador baiano, entrou com uma ação contra os irmãos e a própria mãe reclamando uma fatia maior na partilha. O contencioso durou quase 15 anos.

#OAS

Gilmar Mendes e seu crucial ponto de mutação

28/08/2017
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O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes é o que poderia se chamar de um homem de aço. Porém, mesmo com o perfil siderúrgico, tem acusado o bombardeio maciço das últimas semanas na mídia convencional e nas redes sociais. O RR apurou que Gilmar confidenciou a pelo menos um interlocutor do Olimpo da República seu plano alternativo de se candidatar ao Senado por Mato Grosso nas próximas eleições.

O ministro caracterizaria a opção de trocar o Supremo pela carreira parlamentar como um ato de indignação com as acusações e a campanha difamatória, além de ressaltar sua disposição de participar do processo de renovação do Congresso Nacional. Com a iniciativa, abriria uma vaga para Michel Temer fazer seu sucessor no STF. Consultada, a assessoria de Gilmar Mendes informou que “não há previsão de aposentadoria do ministro, nem de qualquer candidatura a cargo eletivo”. Afirmou também que Gilmar Mendes “acredita que ainda tem muito a colaborar no STF.”

Caso venha a ser tomada, trata-se de uma decisão radical, pois, se Gilmar Mendes é alvejado por todos os lados, ao mesmo tempo tem um dos maiores escudos que se pode imaginar na República. A fonte do Relatório Reservado fez questão de ressaltar: este é um caminho que pode ser trilhado, mas não foi ainda escolhido. Não fossem as pesadas críticas à libertação de nove presos da Lava Jato no Rio de Janeiro e a sua defesa explícita de que condenados só sejam presos após julgamento de recursos no STJ; o abaixo-assinado virtual solicitando seu impeachment, que se aproxima de um milhão de signatários; as notas de repúdio da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB); os pedidos da Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) para que o STF freie o seu comportamento; as denúncias de contribuição de empresas estatais ao seu instituto; a ausência de manifestações de apoio de seus próprios pares e a personificação da vilania em rede televisiva nacional, poderia se dizer que Gilmar Mendes fez um acordo mefistofélico com sua eternidade no Supremo.

#Gilmar Mendes #Michel Temer

A nau dos afogados na volta à Petrobras

28/08/2017
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O empresário Rubens Botteri, sócio da Great Oil Perfurações Brasil, está em jornada para retornar sua posição de fornecedor relevante da Petrobras. A estratégia envolve um trabalho de aproximação intensa com a diretoria
da estatal, além de lobby em todas as frentes. De 2009, quando ainda atendia pelo nome de Tuscany, a 2017, a companhia embolsou mais de R$ 200 milhões em contratos de aluguel e operação de sondas terrestres para a estatal.

O declínio da parceria comercial com a Petrobras acentuou a trajetória cadente da empresa. O enredo é rocambolesco. A antiga Tuscany entrou em processo de falência nos Estados Unidos. Seus ativos foram esquartejados e vendidos. Antes de ser arrematada por Botteri e dar origem à Great Oil, a operação brasileira da Tuscany foi comprada pela Oil M&S, do empresário argentino Cristóbal López, outro personagem que teve seu momento na Petrobras.

Dono de cassinos e com múltiplos interesses no setor de óleo e gás, López cultivou a amizade dos Kirchner, o que, segundo fontes ouvidas pelo RR, foi fundamental para a aquisição da refinaria da estatal brasileira em San Lorenzo, na Argentina. A operação gerou um inquérito da Polícia Federal no início da Lava Jato. López sumiu do mapa da Petrobras. Já Botteri tenta voltar. Seu foco são os campos onshore da estatal no Nordeste.

#Petrobras

Lava Jato 24 quilates

25/08/2017
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A rede de joalheiras H. Stern chegou à marca de cem demissões no Rio de Janeiro desde dezembro do ano passado. É uma mistura de crise com Lava Jato.

#H. Stern #Lava Jato

Lava Jato em Madri

24/08/2017
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A Lava Jato pretende colher na Espanha o depoimento de Rodrigo Tacla Duran, acusado de operar 12 contas offshore com recursos desviados de contratos públicos. Má notícia para as já enlameadas Mendes Junior e UTC Engenharia, que fariam parte do esquema. Em julho, a Lava Jato tentou a extradição de Duran, negada pela Justiça espanhola – ele tem dupla nacionalidade.

#Lava Jato #Mendes Junior #UTC Engenharia

O encontro das águas turvas

24/08/2017
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Com uma dívida estratosférica e dois sócios citados na Lava Jato – Wilson Quintella Jr. e BTG Pactual – a Estre Ambiental parece ter escolhido a dedo o seu novo e incensado parceiro, a norte-americana Avenue Capital Group. A companhia de investimentos nova-iorquina carrega seus próprios escândalos, apimentados por relações incestuosas com alguns dos nomes mais poderosos da América. Na imprensa dos Estados Unidos, espocam suspeições sobre os negócios do fundador da gestora, o americano de origem marroquina Marc Lasry, com o atual presidente Donald Trump no setor imobiliário e em cassinos de Atlantic City.

Lasry é republicano quando precisa e democrata quando as circunstâncias pedem. A proximidade com o casal Clinton sempre gerou ilações sobre trocas de favores de parte a parte, principalmente depois que Chelsea, filha de Bill e Hillary trabalhou no Avenue Capital Group, de 2006 a 2009. Ressalte-se que Larsy foi um generoso doador para a campanha da ex-primeira-dama à Casa Branca.

Mas nada disso importa muito para Wilson Quintella Jr. e BTG. O que interessa mesmo é a oportunidade de se associar a uma holding com ações negociadas na Nasdaq. E jogar a dívida de R$ 1,5 bilhão para uma nova casca empresarial, com sede em Caymann.

#Estre Ambiental #Lava Jato

Alckmin celebra noivado com o PTB

23/08/2017
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Em conversa com o presidente do PTB-SP, o deputado Campos Machado, Geraldo Alckmin recebeu a garantia de que o partido apoiará sua candidatura à Presidência da República. O curioso é que a aliança valeria para o Brasil, mas não para a eleição ao governo de São Paulo. O PTB tem pretensões de lançar um candidato próprio. Nem que seja para cobrar caro pela saída da disputa.


Por falar em PTB, enquanto Jair Bolsonaro está de mudança para o PEN, o filho Flavio Bolsonaro, também do PSC, conversa com o partido de Roberto Jefferson. Para trocar de sigla, quer a garantia de que será candidato ao governo do Rio. A princípio, o PTB está comprometido com Eduardo Paes, mas com a Lava Jato tudo pode mudar.

#Geraldo Alckmin #Jair Bolsonaro #PTB

Family office

21/08/2017
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Jorge Picciani está se tornando tutor político dos “órfãos” da Lava Jato. Mentor de Marco Antonio Cabral, filho de Sérgio Cabral, terá também participação direta na campanha de Danielle Dytz da Cunha à Câmara dos Deputados. Herdeira do capital político de Eduardo Cunha – sim, ele existe -, já é possível antever a jovem Danielle em palanques do interior do Rio, nas inúmeras cidades dominadas pelo PMDB, falando da “injustiça” que fizeram com seu pai.

#Eduardo Cunha #Jorge Picciani #PMDB #Sérgio Cabral

Moreira Franco, o ministro que secretaria

21/08/2017
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A análise do clipping do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Moreira Franco, nos últimos 50 dias é mais uma contribuição para o tratado geral da hipocrisia que assola o país. A busca foi feita nos principais jornais e revistas do país e o período da cobertura é aleatório. Nesse intervalo de tempo, o ministro tratou basicamente dos mesmos assuntos que faziam parte da sua agenda como secretário executivo do Programa de Parcerias para Investimentos (PPI).

Um total de 79% das suas declarações na mídia referem-se a temas como concessões, licitações, investimentos, parcerias, privatizações, em síntese os mesmos assuntos que eram da competência do seu cargo anterior. Os 21% restantes são opiniões variadas em momentos de crise política e pitacos sobre economia e temas diversos, nada que seja propositivo ou consistente. Somente com as concessões aeroportuárias, iniciativa que estava vinculado ao seu “cargo anterior”, Moreira “gastou” 30% da sua exposição midiática.

Sabe-se lá porque o ministro tem uma fixação por aeroportos, sem fazer desfeita à importância dessas plataformas na infraestrutura do transporte de passageiros e carga. Portanto, pelo que disse e pelo que disse que faz, a Secretaria Geral da Presidência e a Secretaria Executiva do Programa de Parceria para Investimentos são a mesma coisa. Exceção seja feita à nomenclatura flibusteira, que confunde seis com meia dúzia. A ardileza a torna anedótica quando confundem-se as responsabilidades e hierarquias, ou seja, a secretaria executiva do Programa das PPI está vinculada formalmente à Secretaria Geral da Presidência, cujo titular de uma era o mesmo que da outra.

Ah, bom! O ministro é réu em processo da Lava Jato. Foi nomeado para o posto superior em episódio idêntico ao da indicação de Lula como ministro do Gabinete Civil, que foi revertida em função do vazamento de grampo inconstitucional da Presidência da República, autorizado pelo juiz Sérgio Moro. Lula perdeu o foro privilegiado. Moreira ganhou o direito à exclusividade do STF.

Imagina-se que o Supremo aprovou a alteração do seu status sem saber que ele estava mudando de posto para fazer o mesmo que fazia antes. Sérgio Moro ignorou solenemente as coincidências do caso Moreira. No mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) – mais precisamente a Procuradoria da República no Amapá – voltou à carga, se manifestando pelo afastamento do ministro Moreira, que o STJ julgou moral e juridicamente apto ao cargo, que é réu da Lava Jato, que faz na Secretaria da Previdência o mesmo que fazia na Secretaria da PPI, que ganhou foro privilegiado e que elevou a concessão dos aeroportos ao pináculo da reconstrução da infraestrutura nacional – sem menosprezar, insista-se, a importância desses anfiteatros de partidas e chegadas de aeronaves. Recomenda-se a autoridades, partes interessadas e afins, a leitura analítica do clipping dos jornais. Como dizia Eça de Queiroz, “para aparecerem nos jornais, há assassinos que assassinam”.

#Moreira Franco

Efeito dominó

17/08/2017
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O governo tem um calendário próprio para a Lava Jato. Em setembro, Raquel Dodge assume a Procuradoria-Geral da República. Em outubro, seria a vez de trocar o comando da Polícia Federal, com a substituição do “incontrolável”
Leandro Daiello.

#Lava Jato

Largou o barco

17/08/2017
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A investida da Lava Jato sobre o ex-secretário Rodrigo Bethlem calou fundo no entorno de Eduardo Paes. Bethlem é
tido como “volúvel”. Basta lembrar que, no meio da eleição, pulou para o barco de Marcelo Crivella.

#Eduardo Paes #Lava Jato #Rodrigo Bethlem

Exumação

15/08/2017
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A Lava Jato está revirando as vísceras da gestão de Aldemir Bendine no Banco do Brasil. O BB já encaminhou aos procuradores documentação sobre as maiores operações de empréstimo fechadas entre abril de 2009 e fevereiro de 2015, período em que Bendine estava na presidência. Consultado, o BB disse “reafirmar seu compromisso de colaborar com as investigações.”

#Aldemir Bendine #Banco do Brasil #Lava Jato

Conselho do conselho

15/08/2017
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Além do Conselho Curador, o governo planeja montar um comitê de compliance exclusivo para o FI-FGTS, que hoje pega carona na estrutura da Caixa Econômica. A Lava Jato está aí para mostrar que sempre há um Eduardo Cunha disposto a beliscar a grana dos trabalhadores.

#Caixa Econômica #FI-FGTS #Lava Jato

Jogo perigoso

11/08/2017
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A convocação da seleção brasileira, ontem, na sede da CBF, correu o risco de pular das páginas esportivas para o noticiário policial. Além do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que não deixa o Brasil com medo de ser preso pelo FBI, estava presente o ex-deputado e Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Gustavo Perrella, um dos donos do helicóptero apreendido, em junho do ano passado, com 445 quilos de cocaína. Sempre próximo a ele também o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, filho do presidente da

Alerj, Jorge Picciani, citado na Lava Jato.

#Alerj #CBF #Leonardo Picciani #Marco Polo Del Nero

Território de Jacob Barata começa a ser invadido

10/08/2017
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O iminente desmanche do baronato das empresas de ônibus do Rio, personificado na figura do empresário Jacob Barata, deverá abrir espaço para a chegada de outro nome não menos notório da área de transporte público: o empresário português José Ruas Vaz, radicado em São Paulo há quase 60 anos. Ruas é uma espécie de avatar luso-bandeirante de Jacob Barata, seja pela hegemonia na operação de ônibus urbanos – domina mais de 50% da frota paulistana –, seja pela relação de proximidade com políticos e autoridades. A “Operação Rio” começou há cerca de um mês.

O empresário comprou a participação de 58% da Odebrecht TransPort na Otima, assumindo o controle da concessionária de pontos e abrigos de ônibus no Rio e em São Paulo. Ao assumir o comando da Otima, o empresário passa a ter uma posição estratégica na Cidade Maravilhosa. Esse bilhete lhe permitirá estreitar relações com a Prefeitura e o governo do estado e aumentar seu poder de fogo para disputar concessões de ônibus locais, notadamente na Região Metropolitana. Como de hábito, Ruas está no lugar certo, na hora certa. Sua investida em terras cariocas se daria no momento em que a Lava Jato começa a rasgar a teia de esquemas no transporte público do Rio.

O empresário aposta que importantes empresas de ônibus ficarão pelo caminho, abrindo espaço para novos protagonistas. Consultado sobre a aquisição da Otima e os planos para o Rio de Janeiro, o Grupo Ruas disse que “não possui nenhum interesse em investir na cidade.” A Odebrecht TransPort, no entanto, confirmou a venda da participação para o grupo.

Aos 89 anos, José Ruas Vaz comanda uma frota com mais de 15 mil ônibus na cidade de São Paulo, que transportam aproximadamente dez milhões de passageiros por dia. Por meio da RuasInvest Participações, é acionista também de fabricantes de carrocerias, como a Caio-Induscar. Em março, adquiriu a montadora catarinense Busscar, com a promessa de retomar ainda neste ano as operações da empresa, que entrou em falência há três anos. Seus investimentos se ramificam ainda pela área financeira: é sócio do Banco Luso Brasileiro, onde tem a companhia do patrício Américo Amorim, um dos homens mais ricos de Portugal.

Os desafetos de Ruas o acusam de crescer à base do expediente de abrir e fechar empresas ao longo de décadas, deixando um rastro de dívidas. Consta que em determinado momento suas companhias chegaram a ter mais de R$ 750 milhões em débitos com a Previdência, como chegou a ser noticiado na imprensa paulista. Perguntado sobre eventuais fechamentos de empresa e dívidas já apontados pela mídia, o Grupo Ruas disse apenas que “se reserva em sigilo”.

#Jacob Barata #Odebrecht

“Arena Sérgio Moro”

10/08/2017
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Segundo o RR apurou, a cervejaria Petrópolis estaria negociando a redução dos valores do contrato de naming & rights da arena Itaipava Fonte Nova, em Salvador. Procurada, a empresa nega a mudança no contrato. Está feito o registro. No ano passado, apertada pela crise, a Petrópolis já fez um primeiro e duro ajuste nos valores. De acordo com a fonte do RR, o contrato teria caído de R$ 76 milhões para algo perto de R$ 20 milhões. A Fonte Nova, diga-se de passagem, é uma Arena marcada pela Lava Jato: tem o patrocínio da Petrópolis, citada na Operação, e é administrada por OAS e Odebrecht.

#Cervejaria Petrópolis #Lava Jato

Em nome do filho

10/08/2017
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O nome de Leonardo Picciani surge, desde já, como o estepe do PMDB para 2018 caso a Lava Jato afogue a candidatura de Eduardo Paes ao governo do Rio. O que divide o coração de seu pai, Jorge Picciani, é o risco do rebento não ganhar a eleição, terminar seu mandato de deputado federal e acordar em 1 de janeiro de 2019 sem imunidade parlamentar.

#Eduardo Paes #Leonardo Picciani #PMDB

Candidato importado

9/08/2017
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O PSDB poderá lançar mão de uma solução externa para retomar o mando do segundo maior estado do Brasil: importar o deputado Rodrigo Pacheco, do PMDB, para concorrer ao governo de Minas Gerais. O nome natural dos tucanos, Antonio Anastasia, está “interditado” depois que a Lava Jato tragou seu mentor político, Aécio Neves.

#Lava Jato #PMDB #PSDB

Braskem abre a porteira para um “Bye, bye, Brasil” corporativo

8/08/2017
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A virtual conversão da Braskem em empresa norte-americana, com a transferência da sua sede para os Estados Unidos e negociação das suas ações na New York Exchange, acendeu uma luz amarela. Há um movimento embrionário de êxodo das empresas brasileiras para o exterior. Segundo a fonte do RR, Gerdau e Ioschpe Maxion são duas das companhias que estariam com estudos avançados para realizar o seu “Bye, bye, Brasil”.

A Gerdau é a empresa brasileira com maior índice de transnacionalidade, com 57% das suas receitas provenientes de operações de fora do país. A Iochpe Maxion, que produz autopeças e equipamentos, é a segunda multinacional verde-amarela em internacionalização, segundo medição da Fundação Dom Cabral. Comenta-se que também a Camargo Corrêa analisa tornar-se uma firma europeia.

Procuradas, Gerdau e Camargo Corrêa negaram a transferência da sede. A Iochpe Maxion não se pronunciou. O argumento utilizado por grande parte dessas empresas é a manutenção da maior parte das suas operações no exterior. São fatores relevantes para a troca de nacionalidade a redução dos elevados ônus fiscal-tributário e financeiro e o descarte do Custo Brasil.

Em alguns casos, a Lava Jato também é levada em consideração. Em outubro do ano passado, o BNDES brecou a desnacionalização da JBS, cujo plano de reestruturação a tornaria uma empresa irlandesa com ações negociadas na bolsa norte-americana e transferência de ativos que representam 85% da geração de caixa operacional. A deterioração da economia do país e a percepção crescente de que a crise é estrutural são fortes estímulos para que casos pontuais se transformem em um efeito manada.

Até porque o mercado sanciona essa decisão com valorizações expressivas do capital das empresas. O legendário ex-presidente da Rhodia no país, Edson Musa, dizia que é tão ou mais preocupante do que o desejo dos brasileiros de deixar o país era o das empresas nacionais quererem transferir suas sedes para o exterior. A exportação do centro de decisão dessas companhias vai resgatando o Brasil-Colônia, no qual as elites comandam a distância as operações fabris e extrativistas.

#Braskem #Camargo Corrêa #Gerdau

A rádio repatriação informa

8/08/2017
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Um espumante empresário citado na Lava Jato teria desembolsado cerca de R$ 100 milhões em impostos para trazer seu dinheiro de volta ao país.

#Lava Jato

Meirelles quer distância de “gambiarra fiscal”

4/08/2017
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A algaravia que está sendo feita nos mercados e no meio acadêmico para arrumar um “jeitinho” de mudar a meta do déficit primário sem que pareça que ela foi mudada não tem o aval do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A proposta de criar uma nova meta – o complexo resultado fiscal estrutural –, que levaria em conta os efeitos do ciclo econômico ou zunir de vez o cálculo do resultado primário, adotando somente a meta das despesas conforme a PEC do Teto, podem criar dúvidas sobre as boas intenções da equipe econômica. Mexer na atual métrica da execução orçamentária com base na contabilidade reconhecida mundialmente é um atestado de suspeição junto aos organismos financeiros internacionais, agências de rating e instituições multilaterais.

O Brasil, com suas dezenas de cartas de intenção negociadas com credores estrangeiros, não tem uma tradição de rigor contábil indiscutível. O abandono do sistema de avaliação da performance fiscal a esta altura do campeonato pareceria tudo menos preciosismo isento e tentativa de aprimoramento. Meirelles sabe que a meta dos déficits de 2017 e 2018, anos inscritos no calendário eleitoral, não evaporarão no ar apenas porque alguns ourives da teoria econômica decidiram que lé soma com cré, ou o contrário.

A percepção será a de que Lula e Dilma cumpriram seus compromissos fiscais, e Henrique Meirelles, posto no cargo justamente para consertar o desarranjo nas contas públicas, fugiu da raia e jogou os saldos negativos para debaixo do tapete. É mais fácil reconhecer que a previsão do déficit primário não vai fechar devido a variáveis endógenas (arrecadação mais fraca devido à recessão) ou “exógenas” (crise da Lava Jato) do que passar uma borracha no resultado ou aprovar uma sangria tributária. A boa regra – já diziam Simonsen, Delfim, Pastore, José Serra e quem mais vier – seria trocar a meta do déficit primário pelo déficit nominal, que permite verificar também o impacto dos juros nas contas públicas.

Ninguém nunca topou, mas é o que recomenda a boa praxe internacional. O injustiçado Joaquim Levy bem que tentou, em uma surpreendente tabelinha com Serra, aprovar uma PEC do Teto que propunha o controle das despesas com base no limite para a dívida bruta do governo. Precisamente no dia 18 de novembro de 2015, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, Levy propôs que a medida fosse adotada. Levou bomba. A iniciativa permitiria que o fator juros fosse levado em consideração nos cálculos do desajuste fiscal, possibilitando uma regência cíclica da despesa financeira e do resultado primário quando fosse o caso, desde que a dívida bruta, verdadeiro comprovante da solvência do país,
estivesse controlada.

#Henrique Meirelles #PEC do Teto

João Lyra duela com credores, herdeiros e a Lava Jato

2/08/2017
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Aos 86 anos, o usineiro e ex-deputado João Lyra mostra fôlego para evitar as armadilhas que surgem em seu caminho – venham elas de Curitiba, onde sua relação com Fernando Collor e a BR Distribuidora é escarafunchada, ou da Comarca de Coruripe (AL). É lá que se arrasta o processo de falência de seu antigo império sucroalcooleiro, que vive novos e decisivos capítulos nesta semana. Lyra e seus herdeiros tentam brecar na Justiça o leilão de ativos da massa falida da Laginha Agro Industrial, que teve início no último dia 26 e se estende até a próxima sexta-feira. Trata-se de um momento chave desta epopeia “sucro-judicial”.

Nove anos após o pedido de recuperação, os 14 mil funcionários e centenas de fornecedores e bancos credores não receberam um centavo sequer. O leilão é a primeira possibilidade concreta de pagamento de parte dos R$ 2 bilhões em dívidas. O primeiro tiro contra os credores errou o alvo: na última quarta-feira, um dos filhos do empresário, Antonio José Pereira Lyra, entrou com um pedido de suspensão do leilão, negado pelo desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo, do TJ-AL.

Os Lyra, no entanto, não desistem tão facilmente. Segundo o RR apurou, os advogados do próprio patriarca também estariam se movimentando para suspender os efeitos do leilão, no qual são ofertados o terreno e o imóvel onde funcionava a sede do grupo, em Maceió, além de um apartamento e um imóvel comercial. Ressalte-se que João Lyra e seus herdeiros correm em raias separadas. Duelam com os credores tanto quanto digladiam entre si. Os filhos já entraram na Justiça com um pedido de interdição do pai.

O expediente lhes daria a possibilidade de assumir o mando dos ativos no caso de uma eventual transformação da falência em recuperação judicial – em fevereiro, Lyra impetrou recurso no STJ pleiteando esta reversão. Não obstante a dívida da Laginha, sempre dá para extrair algum caldo de um patrimônio avaliado em R$ 1,9 bilhão. Curiosamente, por mais dolorosa que seja, sob certo aspecto esta disputa consanguínea é conveniente para o clã. A família deve, não nega, mas, enquanto briga, ganha tempo e preserva o patrimônio congelado.

O RR fez seguidas tentativas de contato com os advogados de João Lyra, por telefone e e-mail, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. João Lyra centra suas atenções na Justiça alagoana, sem tirar o olho da Lava Jato, uma ameaça cada vez mais presente. Em março, a Polícia Federal concluiu as investigações em torno de pagamentos e empréstimos de R$ 7,2 milhões feitos pela BR à Laginha, com a suposta interferência do senador Fernando Collor. Segundo a PF, há indícios de irregularidades no repasse dos recursos. O caso agora está na PGR

#BR Distribuidora #Fernando Collor #Grupo João Lyra

Negócios

Secos e molhados

2/08/2017
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Mesmo com a Lava Jato nos calcanhares, o senador Edison Lobão terá o usufruto de uma diretoria na Chesf e outra no Banco do Nordeste. O duplo “vale-nomeação” é parte dos dividendos pelo empenho em garimpar votos a favor de Michel Temer no plenário da Câmara.


Por sua vez, o deputado e ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento deverá ser agraciado com uma diretoria da Valec. Ontem, no fim do dia, o Planalto dava como certo a captura do parlamentar, que andava indeciso em relação à votação de hoje. Não custa lembrar que a Valec é um campo minado: o ex-presidente da estatal, José Francisco das Neves, foi condenado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.


Também ontem, no início da noite, o Planalto celebrava a estratégica reaproximação com o vice-presidente da Câmara, Fabio Ramalho (PMDB-MG). O parlamentar, conhecido como “Fabinho Liderança”, estava rompido com o governo desde fevereiro, quando foi preterido por Osmar Serraglio para assumir o Ministério da Justiça. Durante
todo o dia, Ramalho trabalhou para cooptar o PMDB mineiro a votar com o governo. À noite, completaria a missão com um jantar em seu apartamento funcional, onde receberia parlamentares de diversas siglas.

#Chesf #Lava Jato #Valec

Sob encomenda

2/08/2017
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Meio de brincadeira, meio a sério, Eduardo Paes tem comentado com aliados a possibilidade de virar enredo na Marques de Sapucaí em 2018. Funcionaria como o lançamento da sua campanha ao governo do Rio. Isso, claro, se a Lava Jato não atravessar o samba do ex-prefeito.

#Carnaval #Eduardo Paes

GranBio evapora no ar

1/08/2017
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Bernardo Gradin está vendendo a GranBio, produtora de etanol celulósico criada em parceria com o BNDES. A empresa é um daqueles projetos que foi sem nunca ter sido. Recebeu financiamento do banco no melhor modelo Eike Batista, em que o empréstimo ia para algo que nunca existiu fora do papel. Gradin aparenta querer se livrar de tudo no Brasil para ir viver sem riscos no exterior como bilionário que é. Permanecerá, a distância, em sua disputa judicial encarniçada com Marcelo Odebrecht pelo valor justo para a venda de parte minoritária da holding baiana. Mas é melhor mesmo ficar fora daqui. Gradin já foi citado por Paulo Roberto Costa na Lava Jato.

#Bernardo Gradin #BNDES

Montando o quebra-cabeça

1/08/2017
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A delação do doleiro Lucio Funaro tem ajudado a Lava Jato a montar o quebra-cabeças da atuação de Michel Temer na arrecadação de campanha do pupilo Gabriel Chalita.

#Lava Jato #Michel Temer

Risco Bendine paira sobre a WTorre

28/07/2017
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A prisão de Aldemir Bendine ameaça empurrar um pouco mais a Lava Jato na direção da WTorre. Entre as operações de Bendine no radar da República de Curitiba, os procuradores investigam em que circunstâncias se deu o empréstimo de aproximadamente R$ 150 milhões do Banco do Brasil para a empresa, feito em 2010. Os recursos se destinaram à construção do Allianz Parque, o estádio do Palmeiras.

À época, Bendine – por sinal, palmeirense – estava na presidência do BB. O RR apurou que o financiamento à WTorre já teria sido objeto de auditoria interna no Banco do Brasil. O BB teria identificado indícios de irregularidades no empréstimo. Consultado, o banco disse que “as operações de clientes estão protegidas por sigilo bancário”. Afirmou ainda que “irá colaborar com qualquer investigação que envolva sua atuação”.

Consultado sobre a auditoria, o BB não quis se pronunciar. A WTorre, por sua vez, informou ao RR que “não há qualquer processo relacionado a empréstimos tomados junto a bancos e que não está envolvida na Operação Lava Jato, não tendo sido incluída em qualquer denúncia.” A empresa, no entanto, já foi citada no “petrolão“. Segundo o empreiteiro Ricardo Pernambuco Junior, da Carioca Engenharia, a empresa teria recebido propina de R$ 18 milhões para deixar de participar de uma licitação do Cenpes, o Centro de Pesquisas da Petrobras. Há cerca de um ano o empresário Walter Torre chegou a ser alvo de um mandado de condução coercitiva expedido por Sérgio Moro.

#Aldemir Bendine #Banco do Brasil #Petrolão #WTorre

Cadeira cativa

27/07/2017
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A Lava Jato não afetou as capitanias de Edison Lobão no governo. Que o diga o presidente do Banco do Brasil, Paulo
Rogerio Caffarelli, que tenta, tenta, tenta e não consegue tirar Marcio Lobão, filho do senador, do comando da Brasilcap.

#Brasilcap #Lava Jato

Alento para os Bumlai

26/07/2017
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O fundo norte-americano Proterra está sobrevoando os canaviais da Usina São Fernando, em Dourados (MS). A empresa é badalada, não necessariamente pelo açúcar e álcool que produz, mas por pertencer aos filhos do
notório José Carlos Bumlai, o amigo de Lula que foi tragado pela Lava Jato.

#José Carlos Bumlai

Três vezes Lava Jato

19/07/2017
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O Rodoanel, em São Paulo, é “tri-investigado” pela Lava Jato. O Ministério Público Federal já recolheu provas de irregularidades no projeto provenientes de três fontes: Leo Pinheiro, da OAS, o doleiro Adir Assad e Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”, diretor do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) entre 2007 e 2010.

#Lava Jato #OAS #Rodoanel

Um debate celestial sobre o crédito subsidiado

12/07/2017
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A discussão sobre os juros subsidiados do BNDES tem um milhão de anos, como diria Nelson Rodrigues, e está vinculada a escolhas em relação ao país que se deseja e o timing da realização desse ideal. O RR confessa seu despreparo para intervir nesse assunto sem algum apoio externo. Com a devida licença a Elio Gaspari, useiro e vezeiro do expediente, foi buscar em Roberto Campos e Hedyl Rodrigues Valle um amparo celestial para ingressar no debate, requentado pela batalha em torno da TJLP. Só para contextualizar, o RR nasceu nesse berço de disputa de ideias – lá se vão 57 anos. Hedyl foi o criador do RR e presidente da Associação de Funcionários do BNDES, por essa época. Campos fundou o banco, ocupou sua presidência e sempre foi odiado pelos funcionários. Ambos afinaram suas ideias nesse período de convivência no éter. É só conferir no breve diálogo.

HRV: O subsídio é uma das formas de antecipar a concretização de prioridades. É uma alavanca que o Estado usa quando o mercado não se mostra afeito a realizar alguma tarefa essencial ao progresso. Acredito que foi por isso que você fundou o BNDES.

RC: Como diria o arguto Mao Tse Tung, “não interessa a cor do gato se o inimigo é o rato”. O BNDES naturalmente teria de ser reorientado na medida em que as demandas vão mudando. Recentemente, o banco teve um papel muito importante na desestatização, o que eu acho que deveria ser mantido como uma das suas prioridades. É claro que são condenáveis as reservas de mercado. Os subsídios são um soro ofídico intervencionista para curar o envenenamento provocado pela abstinência da iniciativa privada. O Estado somente atrapalha, mas infelizmente é necessário. Eu privatizaria até a Casa da Moeda.

HRV: Mas você manteria os subsídios às empresas? Eu recordo que, mesmo quando fez sua inflexão radical pela liberalização, desregulamentação e privatização, você não descartava o BNDE como agência de fomento.

RC: Acredito que o importante é maximizar a velocidade do crescimento da renda, da criação de empregos e da absorção de tecnologia. O resto é sentimentalismo. Graças ao recrutamento por concurso público o BNDE manteve uma saudável tradição meritocrática, com nível técnico bastante satisfatório. Naturalmente não escapou ao vício do burocratismo com a irrupção do nacional-estatismo. Melhor com o banco ou sem ele? Eu diria com ele. Melhor com algum subsídio ou sem subsídio nenhum? Ora, subsídios nunca são bons. Mas as imperfeições são inevitáveis. No final tudo se resume a uma assertiva: no socialismo as intenções são melhores do que os resultados e no capitalismo os resultados são melhores do que as intenções.

HRV: A nova bête noire dos subsídios é a corrupção. A Lava Jato deu uma dimensão hollywoodiana à corrupção. A distorção no debate é tratar o subsídio como uma jabuticaba. Ora, os Estados Unidos subsidiam sua indústria militar com recursos do Tesouro, que constam do orçamento do Pentágono. Com relação à corrupção, a receita é dura lex sed lex.

RC: Eu acreditava muito nos mecanismos governamentais, mas eles têm células cancerígenas que crescem incontrolavelmente. Há algo de doentio na máquina estatal. A experiência de jovem me deixou cético em relação às reais possibilidades do Estado. Mas acho razoável pensar em administrar as desigualdades, buscando igualar as oportunidades sem impor resultados.

HRV: A discussão do subsídio foi redirecionada quase que exclusivamente para o seu aspecto distributivista, que está na essência da crítica dos empréstimos aos “cavalos vencedores”. O problema é que há empreitadas que não podem ser tocadas pelas pequena e médias empresas. São obras e projetos essenciais ao desenvolvimento que não estão no radar do mercado. Em linhas gerais, você acha que é possível resgatar o crescimento da indústria sem algum estímulo do Estado?

RC: Se me perguntassem sobre o nível do debate econômico do país eu diria que é uma razoável aproximação do Q.I da ameba. O BNDE não deve ser um instrumento de política monetária nem um mecanismo de redistribuição de renda. Acho que o banco é apenas um estágio na evolução dialética. Como diria Santo Agostinho, “Deus, fazei-me casto, mas não agora”.

#BNDES

As águas turvas de Santo André

11/07/2017
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Na terra de Celso Daniel, a água ferve entre denúncias de propina e disputas políticas. A Prefeitura de Santo André estuda buscar um novo parceiro privado para a concessão de saneamento na cidade. O prefeito Paulo Serra (PSDB) já decidiu que não vai sancionar a PPP entre a Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e a Odebrecht Ambiental, firmada na gestão de seu antecessor, o petista Carlos Grana. Em depoimento à Lava Jato, o ex-executivo da empresa Guilherme Paschoal informou o pagamento de doações irregulares à campanha de Carlos Grana em troca da concessão de saneamento da cidade. Consultada pelo RR, a Prefeitura negou que vá fazer uma nova PPP. Mas confirmou o rompimento do acordo com a Odebrecht.

#Lava Jato #Odebrecht

Trem pagador

10/07/2017
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A avalanche que caiu sobre caciques do transporte público no Rio acendeu entre as empresas do setor a paranoia de que Julio Lopes está colaborando com a Lava Jato. Lopes comandou a Secretaria de Transportes na era Cabral. Era muito bom de trânsito, especialmente com as concessionárias do setor.

#Lava Jato #Sérgio Cabral

Grupo Galvão é alvejado por todos os lados

7/07/2017
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Dois golpes sincronizados – um desferido em Brasília e o outro, no Mato Grosso – têm tudo para agravar a sangria do Grupo Galvão e comprometer ainda mais seu processo de recuperação judicial. Segundo o RR apurou, o Ministério dos Transportes acelera os trâmites para anunciar até o fim deste mês a caducidade da concessão da BR-153, arrematada pela companhia em 2014. O governo conduz a questão a toque de caixa, no intuito de reprivatizar a rodovia ainda neste ano. Em outro front, a Prefeitura de Cuiabá deverá sacramentar também nas próximas semanas a cassação da licença do serviço de saneamento na cidade, a cargo da CAB Ambiental, controlada pela Galvão.

Procurado, o Ministério dos Transportes confirmou que o decreto de caducidade da BR-153 já se encontra em análise técnica e jurídica para posterior encaminhamento à Presidência da República. A Prefeitura de Cuiabá e a própria Galvão não se pronunciaram. Para a Galvão, o caso de maior impacto é o da CAB. Caso se confirme, a perda da concessão em Cuiabá vai desidratar a empresa em 40% da sua receita.

A holding de saneamento está avaliada em R$ 800 milhões. Sem o contrato de Cuiabá, essa cifra despenca. Ressalte-se que o processo de recuperação judicial da Galvão e a renegociação da dívida de R$ 2 bilhões se baseiam na desmobilização de ativos. A iminente perda das duas concessões, ambas por descumprimento de contato, reflete o enfraquecimento do Grupo Galvão após a Lava Jato. Seus principais dirigentes foram condenados por Sergio Moro, a começar pelo maior acionista, Dario de Queiroz Galvão Filho, herdeiro de um dos fundadores da Queiroz Galvão.

#Grupo Galvão

Crise nos gramados 1

6/07/2017
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Em negociações com empresas da China e do Oriente Médio, o Corinthians já está aceitando 40% a menos do que pedia, há três anos, pelo contrato de naming & rights do Itaquerão. Como se não bastasse a crise, o deságio leva em consideração também o desgaste da imagem do estádio, construído pela Odebrecht e citado na Lava Jato.

#Corinthians

Reforma política vira uma boia para os náufragos da Lava Jato

5/07/2017
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A reforma do sistema político é o biombo por trás do qual começa a ganhar corpo um grande acordão com o objetivo de salvaguardar as principais lideranças partidárias do país criminalizadas pela Lava Jato. O pacto coletivo está sendo costurado em torno do projeto da reforma política em elaboração na Comissão Especial da Câmara. Uma das propostas mais agudas neste sentido é a instituição de foro privilegiado para ex-presidentes da República. Para tanto seria aproveitada uma outra PEC, já em curso no Senado, que trata de assunto correlato ao tema.

Não custa lembrar que, nos estertores do seu governo, Fernando Henrique Cardoso sancionou lei protegendo ex-chefes de governo de juízes de primeira instância. Três anos depois, o STF derrubou o dispositivo. Uma forma de envernizar a prerrogativa em sua segunda versão seria conceder a ex-presidentes o cargo de senador vitalício. Como única condição restritiva: esses novos membros não poderiam assumir a presidência da Casa.

A medida conta com o apoio irrestrito do PT, do PSDB e do PMDB, siglas que aninham quatro dos cinco ex-mandatários vivos – a exceção é Fernando Collor, do PTC. Além de José Sarney, o PMDB tem ainda o futuro ex-presidente Michel Temer, cada dia mais enrascado na Lava Jato. O pacto em torno da reforma política passa também pelo afrouxamento da legislação eleitoral, notadamente as regras para o caixa de campanha. O texto final da reforma eleitoral deverá propor o aumento do financiamento público de R$ 1,8 bilhão para R$ 3 bilhões. Mais do que isso: permitirá a retomada das doações empresariais.

O modelo negociado entre os parlamentares prevê a fixação de um percentual em cima da arrecadação total de 2014. As doações seriam feitas diretamente para o partido e não para o candidato. Outra proposta considerada visceral que conta com o apoio dos grandes partidos é o voto em lista fechada em 2018 – apenas no pleito seguinte, em 2022, vigoraria o modelo alemão de voto misto (lista aberta e fechada). Esta amarra é o preço da fidelidade ao governo neste momento.

A lista fechada aumenta a “impessoalidade” dos candidatos para o eleitor e favorece os caciques regionais de cada sigla, os nomes mais tradicionais da política, justamente os mais maculados pela Lava Jato. Ameaçados pela estimativa de renovação do Congresso de 50% a 60%, acima da média histórica em torno de 40%, os parlamentares querem o mínimo de garantia de que sua lealdade a um governo todo enlameado não custará sua própria cabeça nas urnas em 2018. A proposta da lista fechada traria, segundo seus defensores, a vantagem adicional de instituir a tão sonhada fidelidade partidária e a possibilidade do encaminhamento de “questões fechadas” à bancada.

#Lava Jato

Nem a Lava Jato desmata as florestas de André Esteves

29/06/2017
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André Esteves está acumulando um tesouro em recursos naturais, à espera que o Congresso Nacional aprove o projeto de lei que autoriza a venda de terras para o capital estrangeiro. Por meio da Timberland Investment Group (TIG), o BTG Pactual tem se mostrado um agressivo comprador de ativos florestais. Segundo o RR apurou, a Timberland entrou na disputa pelas reservas da Eldorado, a fabricante de celulose da J&F Investimentos – seus concorrentes são a chilena Arauco e a canadense Brookfield.

Em outro front, mantém negociações para a compra de bases florestais no país que somam mais de 200 mil hectares. Neste caso, contabilizando-se também a eventual aquisição dos ativos da Eldorado, o portfólio da Timberland no Brasil mais do que dobraria, pulando de 300 mil para aproximadamente 740 mil hectares. Consultado pelo RR, o BTG não quis se pronunciar sobre o assunto. Já a Eldorado informou que “não há qualquer discussão em andamento para a venda de florestas”. Está feito o registro.

Ao mesmo tempo, o BTG é comprador de terras em geral, notadamente áreas agrícolas, com negociações engatilhadas no Norte e Nordeste. A agressiva política de aquisições deixará o banco em uma posição privilegiada para negociar com os fundos internacionais que já aquecem as turbinas para desembarcar no Brasil. O projeto de lei no 2289/07, que permite a venda de terras e bases florestais para estrangeiros, deveria ter sido votado ainda no primeiro semestre. Esta era a expectativa do relator, o deputado Newton Cardoso Junior, e dos partidos aliados.

No entanto, a crise política e as reformas empurraram a questão. Enquanto a votação não ocorre, André Esteves vai adubando sua carteira de ativos florestais no país, que já estaria precificada em mais de US$ 1 bilhão. A Lava Jato não foi capaz de incinerar as árvores do BTG. Este é um dos raros negócios que passou incólume ao desmonte das participações societárias do banco após a prisão de André Esteves, em novembro de 2015.

Trata-se de uma operação que vai além das fronteiras brasileiras. A Timberland está ampliando seu cinturão de ativos florestais em todo o continente americano. Segundo o RR apurou, neste momento o fundo também está envolvido em negociações para a compra de áreas na América Central e, sobretudo, nos Estados Unidos, onde já tem quase 300 mil hectares. Recentemente, ao lado de outros investidores, o Timberland desembolsou cerca de US$ 400 milhões para comprar as reservas da norte-americana Weyerhaeuser no Uruguai. Foram mais de 300 mil hectares.

#André Esteves #BTG Pactual #Lava Jato

Arrastão

29/06/2017
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Rodrigo Maia e ACM Neto intensificam a cruzada para engrossar as fileiras do DEM. Além do avanço sobre o PSB, têm cortejado pessoalmente parlamentares do PP e do PR. Ou seja: vão encher o partido de citados na Lava Jato. Como se o DEM já não tivesse os seus…

#ACM Neto #Rodrigo Maia

Se a Lava Jato deixar

26/06/2017
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A Eletronuclear vai retomar as obras de Angra 3 no primeiro trimestre de 2018. Se a Lava Jato deixar, claro.

#Eletronuclear #Lava Jato

Biblioteca Rocha Loures

26/06/2017
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Rodrigo Rocha Loures sempre foi um homem muito organizado. Além do longo histórico de mensagens em seu celular, a Polícia Federal colheu um vasto e valioso acervo de e-mails e arquivos em seus computadores. A força tarefa da Lava Jato já está se deliciando com o material.

#Lava Jato

Mais um Palocci na Lava Jato

23/06/2017
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A Lava Jato está trilhando por um caminho consanguíneo no âmbito das investigações contra Antonio Palocci. O Ministério Público avança na direção de Adhemar Palocci, ex-diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronuclear. Adhemar era o homem de confiança do irmão mais famoso no Sistema Eletrobras. Em 2015, após uma auditoria, a KPMG recomendou à direção da holding o afastamento do executivo da Eletronuclear. À época, teria descoberto irregularidades em contratos firmados na alçada do executivo. Os procuradores estão debruçados sobre a documentação. Ressalte-se que Adhemar não é marinheiro de primeira viagem na Lava Jato. Já foi citado na delação de Dalton Avancini, ex-presidente da construtora  Camargo Corrêa, que o acusou de receber propina na construção de Belo Monte.

#Antônio Palocci #Lava Jato

A mão de ferro de Michel Temer sobre a propriedade privada

20/06/2017
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O governo Temer está reagindo à Lava Jato com a adoção de um “intervencionismo democrático”. A resposta às recorrentes operações do Ministério Público e da Polícia Federal são Medidas Provisórias a granel, todas a título de proteção do mercado, que mais intimidam do que tranquilizam. A última geração das MPs na fronteira dos atos de exceção ainda fervilha nos tubos de ensaio do laboratório do Planalto. Com o discurso salvacionista das empresas e dos acionistas minoritários, o novo dispositivo judicial permitiria intervir na gestão e no controle da propriedade privada.

Os empresários responsáveis por danos ao mercado e ao Estado, condenados por delitos graves na área econômica, seriam obrigados a alienar sua participação societária. A depender do ângulo, parece justa a intervenção. Em casos como os da JBS e da Odebrecht, quem paga o pato pela má conduta dos donos é a empresa, seus funcionários, fornecedores a acionistas. Enquanto os controladores estão à frente da companhia, ela será submetida a punições mais prolongadas por inidoneidade, terá dificuldades nos seus acordos de leniência, verá o business ser contaminado pelo marketing da imoralidade dos seus proprietários, e massacrada por todas as instâncias do próprio governo.

Os que esgrimem em favor dessa argumentação lembram o Proer, quando os donos dos bancos foram forçados a se afastar do controle das instituições. Só que no Proer, é bom que se faça a ressalva, os bancos estavam quebrados. A outra ótica é a do grito de alerta contra o arbítrio em relação à propriedade privada. Os critérios que determinariam a intervenção são de tangibilidade discutível. O governo também poderá julgar onde e como quer intervir. Ao contrário do que se propõe, a MP pode se tornar uma ode à insegurança regulatória e uma péssima mensagem ao capital estrangeiro.

Mas Temer não está para brincadeira. A MP da alienação do controle das empresas privadas será apenas mais um ponto cardeal de uma estrada em construção. De certa forma, o governo já tem ensaiado ou mesmo adotado medidas que caminham nessa direção. Foi o caso da “MP das Concessões”, cuja gestão foi confirmada por agências reguladoras, que permitirá a intervenção em qualquer concessionária ou permissionária de serviços públicos, de operadoras de telefonia a aeroportos, rodovias e ferrovias – o governo, que não pisa no próprio calo, tirou as concessões de radiodifusão dessa lista.

O dispositivo bate de frente com a Emenda Constitucional no 8. Em seu artigo 2o, ela diz que: “É vedada a adoção de medida provisória para regulamentar o disposto no inciso XI do art. 21 com a redação dada por esta emenda constitucional” – o inciso XI trata exatamente da exploração dos serviços de telecomunicações, pela União ou mediante autorização, concessão ou permissão. Mas o governo já anunciou que seus tentáculos invadirão todas as empresas de infraestrutura sob o regime de concessão ou PPP.

A ideia permanece no paiol, mas a essência da blitzkrieg já está materializada, por exemplo, na Lei 13.448/17, que abriu espaço para o governo decretar a caducidade e retomar as concessões das rodovias licitadas em 2013 e 2014. Está também no espírito da MP 784, que inaugura um novo jugo nas áreas de regulação e fiscalização do setor financeiro, permitindo – ou estimulando – que as empresas negociem com o Banco Central e a CVM acordos de leniência na esfera administrativa. Os poderes de ambas são turbinados. O limite de multa máxima do Banco Central saltou de R$ 250 mil para R$ 2 bilhões. Já o limite de multa da CVM disparou de R$ 50 mil para R$500 milhões. O conjunto de MPs, a despeito do juízo do mérito, enfeixa o governo de um poder descomunal. É prepotente, arbitrário, invasor de direitos. Temer, definitivamente, quer mostrar que sabe reagir à altura.

#Lava Jato #Michel Temer

Onde há fumaça…

20/06/2017
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Na última sexta-feira, chegou ao Palácio do Planalto a informação de que Geddel Vieira Lima estaria negociando espontaneamente um acordo de colaboração com a Lava Jato. Vale lembrar que o ex-ministro já colocou seu passaporte e seu sigilo bancário e fiscal à disposição do STF.

#Geddel Vieira #Lava Jato #STF

Pagot, mas pode chamar de Blairo Maggi

19/06/2017
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Os depoimentos do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa à Lava Jato prometem complicar ainda mais a situação de Luiz Antonio Pagot – e, por extensão, de Blairo Maggi. As denúncias envolvem irregularidades em obras do DNIT. Ex-secretário de Infraestrutura do MT no governo Maggi, Pagot tem um extenso currículo. Foi citado nas delações da Odebrecht pelo suposto pagamento de caixa 2 a Maggi. Em 2011, foi exonerado da diretoria do próprio DNIT após denúncias de corrupção. Sete anos antes, havia sido condenado por fraude em licitação na Secretaria de Transportes de Mato Grosso.

#Blairo Maggi #Lava Jato #Odebrecht

House of Cunha

19/06/2017
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Prevista para 2018, a série do Netflix sobre a Lava Jato, dirigida por José Padilha, será lançada simultaneamente no Brasil e em mais de 50 países. É Sergio Moro tipo exportação.

#Lava Jato #Netflix

Quem aprova a recuperação da Sete Brasil?

16/06/2017
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Se alguém ainda acredita na aprovação do plano de recuperação judicial da Sete Brasil, basta acompanhar a sequência de no shows da assembleia de credores. Segundo o RR apurou junto a um dos sócios da companhia, é grande o risco de que a reunião prevista para 26 de junho seja novamente postergada. A se confirmar, será o sexto adiamento desde janeiro. De acordo com a fonte, a ameaça se deve à falta de consenso entre acionistas e credores. Os bancos exigem um aporte de capital para dar o imprimatur ao plano de recuperação. No entanto, entre os sócios – uma colmeia que inclui Petrobras, Petros, Funcef, Previ, Santander, BTG etc – ninguém está disposto a colocar mais dinheiro em um projeto carcomido pela inviabilidade econômica e pela Lava Jato. Além disso, falta o salvo-conduto da própria Petrobras. O plano prevê a construção de quatro sondas para a estatal, o que ajudaria a abater 25% da dívida total, de R$ 20 bilhões. Procurada, a Sete Brasil reafirmou que a assembleia está marcada para 26 de junho. Disse ainda que “o processo de recuperação prevê a necessidade de novos recursos para a conclusão das sondas”. O RR torce para que, desta vez, a assembleia se realize.

#Funcef #Petrobras #Previ #Sete Brasil

Grand Slam da Lava Jato

16/06/2017
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O discretíssimo, quase invisível, ministro do Desenvolvimento, o pastor Marcos Pereira, tem revelado o dom da onipresença. Está na lista da Odebrecht, na relação da JBS e foi acusado de receber recursos desviados da Caixa Econômica Federal. Só falta aparecer na delação de Rodrigo Rocha Loures…

#JBS #Odebrecht

Expresso da propina

14/06/2017
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A prisão do ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, vai abrir um novo trilho para a Lava Jato. A força-tarefa está desvendando um esquema de corrupção envolvendo não apenas a construção da Norte-Sul, mas também a Ferrovia de Integração Oeste-Leste e a chamada Ferrogrão, que sequer saiu do papel.

#Lava Jato #Valec

China Gezhouba deságua no setor de saneamento

13/06/2017
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O setor de saneamento será a porta de entrada no Brasil de uma das maiores empreiteiras chinesas: a China Gezhouba Group Company (CGGC). Uma hidra com negócios em construção civil, energia e transporte e mais de US$ 30 bilhões em ativos, a CGGC está em conversações com a Prefeitura de Cuiabá para assumir a concessão de saneamento na capital mato-grossense. A operação, pertencente à CAB Ambiental, leia-se Galvão Engenharia, está sob intervenção do município desde o ano passado por descumprimento de contrato.

Nos últimos meses, cresceram as chances de a Prefeitura decretar a caducidade do contrato e realizar nova licitação. A CGGC está na primeira fila. Já teria se comprometido a assumir o plano de investimentos de R$ 1,5 bilhão. Procurada pelo RR, a Prefeitura informou que já exigiu da CAB a comprovação de capacidade técnica e operacional para gerir a concessão. Sobre a CGGC, não se pronunciou. Por ora, a profecia da invasão de empreiteiras chinesas no Brasil no rastro da Lava Jato não se consumou.

O desembarque tem se dado na base do conta-gotas, com interesses ainda razoavelmente restritos. É o caso da CGGC, que está abrindo um escritório em São Paulo e chega de olho em dois segmentos: energia e saneamento. Além de Cuiabá, está em negociações com o governo de São Paulo para assumir a PPP de São Lourenço. Constituída originalmente pela Camargo Corrêa e pela Andrade Gutierrez, a PPP é responsável pela construção do novo sistema para o abastecimento hídrico da capital paulista. Trata-se de um projeto de R$ 900 milhões.

#Andrade Gutierrez #Camargo Corrêa #CGGC

O doleiro dos doleiros

9/06/2017
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A Lava Jato vai promover um fratricídio. Em negociação para fechar um acordo de delação, o doleiro Lucio Funaro promete entregar Dario Messer. Ele é considerado o doleiro dos doleiros.

#Lava Jato

Furnas: próximos capítulos já estão escritos

9/06/2017
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A operação “Barão Gatuno” deflagrada quinta-feira (08/06) em Furnas foi um cartão de visitas. Segundo fonte do Ministério Público, o lobista Fernando Hourneaux de Moura negocia com a força-tarefa da Lava Jato uma nova rodada de depoimentos, na qual promete esmiuçar no detalhe do detalhe o esquema de corrupção na estatal. Sua metralhadora aponta na direção de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, que ontem foi alvo de condução coercitiva. Atirar em Dimas, como se sabe, significa acertar Aécio Neves. Hourneaux, é bom que se diga, tem interesse redobrado em abrir seu baú de memórias, para evitar a anulação do seu acordo de delação. O lobista confessou ter omitido do juiz Sergio Moro sua relação com José Dirceu. Só não foi preso novamente por conta de um habeas corpus concedido pelo STF.

#Furnas

Nova lei põe Temer e operadoras rodoviárias em rota de colisão

8/06/2017
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Como se já não tivesse problemas em altíssima escala, o governo Temer está às portas de um contencioso com um grupo de empresas de infraestrutura – diga-se de passagem, uma espécie de “Clube da Lava Jato”, que inclui CCR, Invepar, Triunfo e Galvão Engenharia. Todas elas arremataram concessões rodoviárias na 3ª etapa dos leilões da ANTT, em 2013 e 2014, e agora se mobilizam para entrar em bloco na Justiça. A medida é vista como a única saída para brecar os efeitos da Lei 13.448/17, sancionada por Michel Temer na última segunda-feira.

Ela abriu caminho para a retomada e a relicitação das licenças. Originária da MP 752, a nova lei excluiu a possibilidade de revisão dos investimentos e dos prazos, como pleiteavam as concessionárias. As companhias pediam um intervalo de 12 anos para concluir a duplicação das rodovias. No entanto, a exigência de cinco anos foi mantida. No fim de semana passado, o ex-governador baiano e hoje presidente da Associação Brasileira das Concessões Rodoviárias (ABCR), Cesar Borges, fez uma série de gestões em Brasília no intuito de convencer o presidente Michel Temer a não sancionar a lei.

Em vão. Formalmente, a ABCR adota um tom conciliador. Consultada, afirmou que a lei “prevê procedimentos para que as empresas possam fazer uma devolução amigável de contratos (relicitadas)”. No entanto, intramuros, as concessionárias avaliam que o governo foi intransigente nas negociações e não levou em consideração a crise econômica e a queda de tráfego nas rodovias. Neste cabo de guerra, o que menos importa é quem tem razão. O contencioso vai para a conta da FBCF, da taxa de desemprego, do PIB etc.

Cresce o risco de que o imbróglio paralise de vez os investimentos em mais de cinco mil quilômetros de rodovias. No atual ambiente político e econômico, não há qualquer garantia de que as concessões eventualmente retomadas pelo governo sejam relicitadas a curto prazo. Em extensão, as concessões da chamada 3ª etapa equivalem à metade de quase todas as rodovias federais já sob gestão privada.

Com uma Lava Jato nas costas, somada à maior recessão da história do país, as operadoras não seguraram o tranco. Todas as obras estão atrasadas ou paralisadas. A Invepar, por exemplo, só conseguiu duplicar um terço dos quase mil quilômetros da BR 040 entre Juiz de Fora e Brasília. A CCR suspendeu as obras da BR-163 no início de maio. O caso mais grave é da Galvão Engenharia. A empresa só teria ampliado até agora algo como 8% do trecho total da BR-153 entre Goiânia e Gurupi (TO).

#CCR #Invepar #Lava Jato #Michel Temer

Silêncio dos inocentes

7/06/2017
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José Antunes Sobrinho, único remanescente entre os antigos acionistas da enrascada Engevix, tem falado cobras e lagartos dos ex-sócios, Cristiano Kok e Gerson Almada. Empurra para a dupla praticamente toda a responsabilidade pelos malfeitos da empreiteira. Quem o ouve fica com a impressão de que Sobrinho só entrou na Engevix depois da Lava Jato.

#Engevix #Lava Jato

Maggi 2018: Brasília, Cuiabá ou Curitiba?

7/06/2017
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Blairo Maggi está relutante em ser candidato à presidência da República em 2018, como defende a cúpula do PP, seu partido. Pesquisa recém-chegada às suas mãos mostra que ele terá uma eleição tranquila, em primeiro turno, caso se candidate ao governo do Mato Grosso. No entanto, o risco é que nem o desejo do PP nem a sua própria vontade determinem o futuro político de Maggi. Os ventos de Curitiba sopram que o ministro da Agricultura já teria sido citado nos depoimentos do ex-governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, à Lava Jato.

#Blairo Maggi #PP

Prisão com delay

7/06/2017
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Ontem, em conversas reservadas, líderes do PMDB demonstravam surpresa não com a prisão de Henrique Alves, mas com o tempo que ela demorou. As primeiras menções ao ex-ministro na Lava Jato datam de 2014, feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

#Henrique Alves #PMDB

Venda da Estre Ambiental é um rio contaminado pela Lava Jato

6/06/2017
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O empresário Wilson Quintella Filho tem duas prioridades cruciais neste momento: desvencilhar-se da Lava Jato, que insiste em arrastá-lo para o seu redemoinho, e encontrar um comprador para a Estre Ambiental, uma das maiores empresas privadas de saneamento do país. A primeira questão interfere decisivamente na segunda. Interessados na companhia existem. Segundo o RR apurou, há canais abertos de negociação com a espanhola Acciona e a canadense Brookfield.

A mexicana Pasa, que no ano passado esteve muito perto de se associar à Estre, ainda corre por fora. No entanto, mais do que a elevada dívida, que já estaria na casa de R$ 1,5 bilhão, a pressão dos bancos credores e os maus resultados da companhia, o maior entrave à venda do controle vem de outra direção. Todos os resíduos e dejetos da Estre Ambiental parecem escoar para um único local: Curitiba.

O turbilhão da Lava Jato ameaça invadir a Estre dos mais diversos lados. Pode vir dos depoimentos de Fabio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa e ex-gestor do FI-FGTS, ao qual a companhia solicitou um aporte de R$ 500 milhões, que acabou não se realizando; ou de uma eventual delação do próprio Eduardo Cunha, o condutor dos passos de Cleto, a quem, digamos assim, recomendou que aprovasse a capitalização da empresa. O maior risco, no entanto, está dentroda própria Estre: o BTG, importante sócio da companhia, com 27,4% do capital.

Os persistentes rumores de que André Esteves já teria feito um acordo de delação premiada calam fundo em Wilson Quintella. É por ali que um veio de lama pode invadir os reservatórios da Estre. Enquanto a venda não sai e o fantasma da Lava Jato espreita à porta, a Estre Ambiental acumula prejuízos.

Até o momento, a empresa não divulgou os resultados de 2016, mas é pouco provável que tenha conseguido estancar a sangria dos anos anteriores: as perdas somadas entre 2013 e 2015 passaram dos R$ 800 milhões. O passivo, por sua vez, teria superado a marca de 3,5 vezes o Ebitda. Wilson Quintella Filho quer distância desta água barrenta. Por todos os motivos.

#Brookfield #BTG #Estre Ambiental #Lava Jato

Acervo RR

Sinal de alerta

6/06/2017
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A Caixa Econômica está contratando uma auditoria externa para passar um pente fino nos financiamentos e participações societárias acima de R$ 1 bilhão. Para não variar, as mais enroladas passam por aportes nas empresas da Lava Jato.

#Caixa Econômica #Lava Jato

Playoff

5/06/2017
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A Arena Fonte Nova deverá ser o novo ponto de encontro da Lava Jato com OAS, Odebrecht e o cervejeiro Walter Faria, que detém os naming & rights do estádio baiano.

#Lava Jato #OAS #Odebrecht #Walter Faria

Litigioso

2/06/2017
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O delator Fernando Baiano, que cumpre prisão domiciliar, corre o risco de perder sua cobertura de 800 m² na Barra da Tijuca, no Rio. Não para a Lava Jato, mas para a ex-mulher, que exige na Justiça o imóvel e mais um pouco do ex-operador do PMDB.

#Lava Jato #PMDB

Energia

Comportas abertas

31/05/2017
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A força tarefa de Curitiba já trata a iminente delação de João Vaccari como o elo perdido entre a Lava Jato e o setor elétrico. O ex-tesoureiro do PT teve missões de destaque no tempo em que passou pelo Conselho de Itaipu.

#João Vaccari #Lava Jato #PT

Memórias de Janot

31/05/2017
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Rodrigo Janot, que deixa a PGR em setembro, foi procurado por uma grande editora interessada em publicar suas “memórias premiadas” da Lava Jato. Por que não? Até FHC fez.

#Fernando Henrique Cardoso #Lava Jato #Rodrigo Janot

Uma arena cada vez mais pantanosa

31/05/2017
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O governo do Mato Grosso entrou na Justiça contra a Mendes Junior. Três anos após a Copa do Mundo, cobra uma indenização de R$ 17 milhões da empreiteira, que entregou a Arena Pantanal com as obras inconclusas. Não uma, mas duas vezes. No ano passado, por decisão judicial, a Mendes Junior retomou o projeto e pouco depois interrompeu as obras novamente. O governo do estado aguarda ainda autorização da Justiça para contratar outra construtora a quem caberá terminar o trabalho. É muito contencioso para tão pouco torcedor: a Arena tem uma média de ocupação inferior a 5%. Procurados, o governo do Mato Grosso e a Mendes Junior não se pronunciaram.

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O eterno canteiro de obras é o menor dos problemas da Arena Pantanal. Segundo uma fonte do Ministério Público, o estádio é um dos próximos alvos da Lava Jato. Trata-se do segundo tempo da operação realizada na semana passada, que culminou nas prisões dos ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda, acusados de superfaturamento nas obras do Mané Garrincha, em Brasília.

#Mendes Junior

Delação sub judice

26/05/2017
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O recente depoimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque à Lava Jato vai mudar o acordo de delação de Delcídio do Amaral, conforme apurou o RR. Duque teria relatado o pagamento de propina a Delcídio na compra da refinaria de Pasadena, fato que o ex-senador havia negado aos procuradores. Procuradas, a PGR e a defesa de Delcídio não comentaram o assunto.

#Delcídio do Amaral #Lava Jato #Petrobras

Trem pagador

26/05/2017
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Preso ontem, o ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, é só uma escala da Lava Jato, um atalho para a estação Sarney.

#Lava Jato #Valec

Aécio Neves “vendeu” a Vale que não tinha

26/05/2017
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Em sua primeira reunião com o Conselho de Administração da Vale, na quarta feira (24), por volta de 9h30, na sede da companhia, Fabio Schvartsman, despiu-se dos constrangimentos que o acometeram no decorrer dos últimos oito dias, e disse, firme, a que veio. As diretrizes da sua gestão são: desempenho, estratégia, governança e sustentabilidade. Também não houve meias palavras em relação às prioridades.

Elas são duas: integridade das barragens e transformação da empresa em uma public company. Schvartsman foi atingido por um estilhaço da delinquência de Aécio Neves. Para alguém que, nos últimos cinco anos, esteve nos rankings dos 20 melhores executivos do país, frequentou todas as listas dos mais bem sucedidos dirigentes empresariais, conforme a avaliação da nata dos head hunters, e somente deu sete entrevistas no período (quase uma por ano), é possível imaginar a violência do impacto da notícia. A serena explanação de Schvartsman no Conselho é um ponto de partida para que o RR relate mais um capítulo da criminosa tentativa do ex-governador de Minas de usar a Vale como uma de suas falsas moedas de troca.

As primeiras conversas sobre a substituição de Murilo Ferreira da presidência da Vale começaram entre os acionistas-chave da companhia, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli. O assunto nunca foi tratado com Michel Temer, mas com o seu “entorno” no Palácio do Planalto. As “pressões” sempre se resumiram a assuntar como o processo estava sendo conduzido. As menções a influências de políticos mineiros, Aécio à frente, vinham de meados de 2016, antes da decisão de Ferreira de abdicar do cargo, antecipando-se, inclusive, ao próprio Conselho.

Em ordem decrescente de grandeza, o deputado Fabio Ramalho (o popular “Fabinho Liderança”), o deputado Newton Cardoso Jr., e Aécio fizeram chegar aos acionistas o interesse da “mineirada” que a solução para a presidência da Vale passasse pelo estado. Até então, Aécio falava com o “entorno do Planalto” e por meio da imprensa. Com a ampliação da Lava Jato e o aumento de operações da Polícia Federal, todos os sócios da Vale (os supracitados, mais BNDESPAR e Mitsui) entenderam que a nomeação do novo presidente deveria ser inteiramente blindada. A decisão foi levada ao “entorno do Planalto” há pouco mais de 60 dias.

O gabinete do Palácio, então, “autorizou” que fosse formado um comitê, presidido por Caffarelli, para definir a sucessão. Foi escolhida a Spencer Stuart, por consenso entre os sócios. A empresa de head hunter foi encarregada de apresentar diversas opções com um perfil desejado. A Spencer levantou 20 nomes. A lista, posteriormente, foi afunilada para cinco candidatos, entre os quais o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, e o presidente da Nissan, Carlos Ghosn. O nome de preferência de Joesley Batista, o ex-presidente da Petrobras e do BB, Aldemir Bendine, sequer constou da relação inicial de 20 executivos.

A escolha de Schvartsman foi feita  por unanimidade entre os acionistas. O processo estava sacramentado, por assim dizer, em 22 de março. No dia 23 de março, Aécio procurou os acionistas da Vale, pedindo uma reunião urgente, tendo em vista a “importância da decisão para Minas”. O encontro foi marcado para o dia seguinte. Na sexta-feira, 24 de março, às 10 horas, o senador foi ao encontro de Trabuco e Caffarelli, nasede do Banco do Brasil, no quarto andar do prédio localizado na Av. Paulista, n° 1.200.

A reunião durou pouco mais de uma hora. Aécio somente queria assuntar como estava o processo da sucessão na Vale. Não arriscou qualquer sugestão de nome. Sabia que os dados já tinham sido jogados. De lá seguiu para o Hotel Unique, onde foi gravado por Joesley Batista, bravateando que “tinha feito o presidente da Vale”. Levou os R$ 2 milhões que queria sem entregar a moeda que não tinha. No dia 27 de março foi anunciada a escolha de Fabio Schvartsman para a presidência e, ao que tudo indica, o bem da Vale.

#Aécio Neves #Joesley Batista #Vale

A hora e a vez de Benjamin Steinbruch

25/05/2017
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As eleições para a diretoria executiva e plenária do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), marcadas para 7 de agosto, têm o condão de relançar no palco político a dobradinha Paulo Skaf e Benjamin Steinbruch, candidatos a mais um mandato nos cargos de presidente e vice-presidente. À luz dos fatos recentes e daqueles que estão próximos de vir à tona, é Steinbruch quem se exporá mais com a função de regra três de pelego. Na Fiesp/Ciesp de Paulo Skaf, vice-presidente não reina, mas é cúmplice – pelo menos é o que consta da delação de Marcelo Odebrecht na Lava Jato, segundo a qual a Odebrecht serviu de “laranja” para encobrir doações da CSN à campanha do presidente da Fiesp ao governo de São Paulo, em 2010.

Skaf já é um sujeito manjado. Mas a extensa rede de conexões do vulgo “barão do aço” só agora começa a ser desvendada. Na Fiesp, Steinbruch não pediu a ninguém que intermediasse caixa 2, mas foi, no mínimo, conivente com o uso de recursos da entidade para fins eleitorais. Skaf, como se sabe, foi para o PMDB convidado por Michel Temer. Concorreu novamente ao governo em 2014 e deixou Steinbruch esquentando a cadeira da presidência da entidade. Duda Mendonça foi chamado para fazer a campanha.

A agência do mesmo Duda venceu concorrências consecutivas para operar a comunicação do Sesi e Senai. Na mesma época, idos de 2013, o gasto anual com comunicação, quase dobrou, chegando a R$ 32 milhões. Ou seja, maior do que a verba com publicidade do BNDES à época. BNDES, aliás, cuja mudança na gestão tornou-se uma fixação dos donos da Fiesp.

Registre-se que o Ministério Público entendeu que os gastos publicitários astronômicos da Fiesp tratava-se de campanha antecipada. A Justiça Eleitoral paulista considerou a ação do MP improcedente, mas o assunto ainda aguarda decisão do TSE. Mas, tudo bem, eles que são empresários que se entendam na Fiesp. As travessuras do “barão do aço” mudam de patamar quando migram do ambiente corporativo para a área política e o investimento de interesse público.

Um vazamento estrategicamente tampado foi a inclusão de Steinbruch na lista cruzada dos 16 grandes doadores da campanha presidencial de 2014 e os correntistas de “dinheiro frio” relacionados a contas na agência do HSBC na Suíça – caso SwissLeaks. Ninguém mais sabe, ninguém mais viu. O que é sabido por todos, no entanto, é que a ferrovia Transnordestina está atrasada em 10 anos. E deve atrasar uns tantos outros mais. O projeto já consumiu mais de R$ 6 bilhões. A CSN, que se apoderou do negócio, colocou um tiquinho.

A verba está sendo revista para o dobro. O RR consultou o empresário Benjamin Steinbruch, por meio da assessoria da CSN, mas não obteve retorno. A obra está no alvo do TCU devido às estranhezas licitatórias e de disparidade de valores verificadas no contrato que permitiu à CSN reinar na concessão e mandar e desmandar no projeto. Vazamentos – ah, sempre os vazamentos – de uma virtual delação de Antônio Palocci explicariam os motivos da resiliência de Steinbruch na Transnordestina. É provável, inclusive, que, caso o ex-ministro Ciro Gomes venha realmente se candidatar à presidência e seja perguntado por que foi ajudar Steinbruch a gerir o imbróglio da ferrovia, com cargo e sala no escritório da CSN, o político nordestino responda: “Fui, vi, não gostei e me mandei”. O presidente da CSN, sem sobra de dúvida, vive o momento menos favorável da sua vida pública e fulgurante trajetória empresarial.

#BNDES #Fiesp #Odebrecht

Uma nova estrada

25/05/2017
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Iniciou-se a temporada de “leniência a conta-gotas”. Galvão Engenharia e Triunfo, encalacradas na Lava Jato, abriram tratativas com o governo para se beneficiar da MP editada ontem, que abre caminho para a prorrogação de concessões rodoviárias em dificuldades financeiras. Operadoras, respectivamente, da BR-153 e das BR-060 e 262, negociam o reescalonamento dos investimentos.

#Galvão Engenharia #Grupo Triunfo #Lava Jato

A Operação Lava Jato que se cuide: os pragmáticos estão chegando

24/05/2017
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A proposta de um circuit breaker na Lava Jato espocou, ontem, em Brasília, São Paulo e Rio, os três pontos cardeais da política, como o elo ideal de um acordo entre os partidos para a sucessão do presidente Michel Temer via eleições indiretas. Segundo as informações vindas dessas três direções, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e o próprio Rodrigo Maia seriam favoráveis a um pacto que levasse em consideração um mínimo de previsibilidade no cenário nacional, o que incluiria dar continuidade às reformas já decididas, apoiar a política econômica do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e congelar o risco Lava Jato até as eleições de 2018. Esta última premissa implicaria um waiver para a frente em delações premiadas, vazamentos seletivos e prisões coercitivas, entre outras práticas menos votadas.

O ponto de concórdia é que o país é maior do que a República de Curitiba. A tarefa exige alinhamento total entre os astros. Primeiro é necessário convencer a obstinada força-tarefa curitibana, e suas ramificações paulistas e cariocas, além dos bolsões radicais, porém sinceros, da Polícia Federal. Esse agrupamento tem monopólio de informações comprometedoras capazes de enrubescer até o mais longevo chefão do FBI, Edgar Hoover, caso ele estivesse entre nós.

Depois é preciso articular a mídia, que teria de ser mais parcimoniosa em relação ao provável ataque de vazamentos. Seria obrigatório acertar com Lula como ficaria o seu passivo de sete inquéritos quase repetitivos, já que o waiver a ser acordado é para o porvir e não para trás. E finalmente o entendimento exigiria uma saída sem constrangimento prisional a Michel Temer. Tudo passaria pelo crivo do Supremo Tribunal Federal, anfiteatro do pacto nacional. Em uma visão cínica, eventuais ressalvas às concessões no acordo não seriam excepcionais, tendo em vista decisões de imensa magnitude pragmática tais como a premiação pela delação de Joesley Batista.

O jurista Nelson Jobim é a unanimidade entre os poderosos para assumir o papel de negociador e liaison entre o Congresso e o STF. O maior desafio, contudo, é explicar essa colagem para o distinto público. Apesar de que algumas forças da mídia já ensaiam a defesa da tese na antessala de qualquer acordo. Por enquanto, há mais desejo do que encaminhamento factível pelas partes interessadas.

#Eleição Nacional -2018 #Lava Jato #Lula #Michel Temer

A Inteligência, com “I” maiúsculo, de Renan Calheiros

24/05/2017
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Renan Calheiros é tido entre seus pares como uma referência no que diz respeito a cuidados com segurança e privacidade. O senador costuma pedir a interlocutores que deixem celulares e pastas fora do seu gabinete. Teria também o hábito de fazer varreduras periódicas em seus telefones e computadores contra escutas diretas e ambientais. São procedimentos até prosaicos diante do aparato de segurança e inteligência que Renan montou quando presidia o Senado. Só em 2015, a Casa gastou mais de US$ 120 mil na compra de quatro malas antigrampo. À época, Renan também enviou policiais legislativos para participar de um treinamento antiespionagem em Atlanta, nos Estados Unidos. Na ocasião, é bom lembrar, a polícia do Senado foi acusada pela Lava Jato de interferir nas investigações, inclusive buscando escutas em apartamentos de parlamentares.

#Lava Jato #Renan Calheiros

“Lava Jatô”

23/05/2017
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A Justiça da França teria solicitado à Eletronuclear o envio de uma série de documentos referentes ao projeto de conversão de urânio usado em Angra 1 e 2. Recentemente, procuradores franceses estiveram no Brasil averiguando denúncias de supostas irregularidades em contratos de empresas conterrâneas com a estatal brasileira.

#Eletronuclear

Temer não queria ser ouvido; por isso, acabou sendo “escutado”

22/05/2017
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Um dos enigmas do grampo de Michel Temer – a incapacidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em rastrear escutas e garantir a privacidade do presidente da República – foi respondido em parte ao RR por uma fonte do setor de informações das Forças Armadas. Por arrogância ou intenção proposital de não ter suas conversas monitoradas, Temer deixou “pontos vazios” e mandou relaxar os procedimentos de controle e segurança nas suas dependências. É até razoável aceitar que o porão do Palácio do Jaburu não estivesse entre as dependências mais visadas para que fosse montado algum sistema de averiguação.

Mas é estranho que Joesley Batista, um empresário notoriamente envolvido na Lava Jato, tivesse liberado seu ingresso de carro na guarita do Jaburu sem a obrigatoriedade de identificação. Ou mesmo que, com tamanha folha corrida, não fosse feita pelo menos uma revista protocolar no “convidado” – abrir pastas, palmear bolsos etc. Algo bem menos invasivo do que a busca realizada pela Alfândega norte-americana no ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim. Convém rememorar que foi o próprio Temer quem desautorizou a aquisição de equipamentos para interferência em dispositivos eletrônicos (ver RR edição de 18 de maio).

A metade do enigma da esfinge, portanto, está decifrada: o setor de informações não foi inepto nas suas responsabilidades. Foi Temer que não deixou o GSI funcionar. A segunda interrogação é de um silêncio ensurdecedor: o presidente agiu de caso pensado ou por se sentir acima de qualquer risco? É um dilema entre a criminalidade e a onipotência. Nenhuma das hipóteses abona plenamente Michel Temer.

Currículo do crime

O Serviço de Inteligência do Exército tem informações de que grandes facções criminosas, como o PCC, montaram uma espécie de “universidade do crime”, algo razoavelmente similar ao modelo adotado por grupos terroristas. Seus integrantes têm aulas sobre logística, armamentos, tecnologia etc. Em alguns casos, há um sistema de avaliação com notas, que serve como referência para “promoções hierárquicas”.

#Joesley Batista #Lava Jato #Michel Temer

Ideia de inimigo

22/05/2017
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Aliados de Fernando Pimentel articulam um encontro com prefeitos mineiros que funcionaria como uma espécie de desagravo ao governador. A essa altura, periga ser um fracasso de público. Pimentel fechou o Grand Slam: está na Lava Jato, na Acrônimo e, agora, na delação de Joesley Batista.

#Fernando Pimentel #Joesley Batista #Lava Jato

Todas as concessões a Meirelles, antes que o investimento vire pó

19/05/2017
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Cabe ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assumir imediatamente a condução de todo o programa de concessões de infraestrutura do governo. Ontem mesmo, grandes empresários do país iniciaram articulações nesta direção, inclusive com pedidos ao próprio ministro. A premissa é que não há no entorno do presidente Michel Temer nenhum outro nome com a dimensão e a credibilidade necessárias, interna e externamente, para garantir a continuidade do Programa de Parcerias de Investimento (PPI) e de outras licitações fundamentais para reduzir o rombo nas contas públicas e colocar a economia em marcha.

É preciso assegurar, inclusive, que as agências do fomento na área da infraestrutura, a exemplo do BNDES – hoje pendurada na esfera de decisão de Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência – sejam transferidas para a alçada de Meirelles. A delação do empresário Joesley Batista fragilizou ainda mais a figura de Temer e, por osmose, dos ministros do Palácio do Planalto. Na visão do empresariado, a presença de Moreira Franco à frente das PPIs contamina os leilões previstos para 2017 e 2018.

Assim como inviabiliza as negociações em curso para a renovação prévia de licenças ferroviárias e portuárias, com a contrapartida de novos investimentos, e a licitação antecipada de concessões rodoviárias que vencem apenas em 2021, além de deixar em stand by uma parcela imprevisível de investimentos associados aos financiamentos ou decisões do Estado brasileiro. Na visão dos empresários, o programa de concessões de infraestrutura será inevitavelmente politizado e não há como viabilizar sua execução sem um condutor incólume ao emporcalhamento do governo Temer. Se Henrique Meirelles já era o avalista do ajuste fiscal (o que nunca foi pouco), o pleito é para que acumule esse papel com o de fiador do PPI e das demais licitações.

O entendimento é que o capital estrangeiro não virá para os leilões se não tiver garantias firmes em relação às regras e, sobretudo, à legitimidade do processo. Ou, na atual circunstância, alguém consegue enxergar o ministro Moreira Franco, vulgo “Gato Angorá” nas delações dos executivos da Odebrecht, falando para uma plateia de investidores internacionais? O que está em jogo é uma cifra potencial da ordem de R$ 1,19 trilhão até 2018, envolvendo a arrecadação com novas concessões e extensão do prazo de antigas, rodadas de leilões do pré-sal e aportes financeiros públicos e privados previstos para as áreas de transporte, logística, energia, saneamento básico e habitação. Há risco real de que seja feito um write off de centenas de bilhões, ampliando a crise para um patamar até então inimaginável e comprometendo gerações de brasileiros com a mediocridade nacional. Meirelles tem um papel épico nesse momento histórico. Deus queira que não tenha nada a ver com a Lava Jato.

#Henrique Meirelles #JBS #Moreira Franco #PPI

A serenidade das instituições sólidas

18/05/2017
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, reinou na interlocução com o Palácio do Planalto desde o primeiro momento do estouro do escândalo das delações contra Michel Temer. Nenhum outro parlamentar teve o protagonismo de Maia, que, a partir das 19 horas, participou das reuniões com Temer e ministros palacianos e da área econômica. Maia tornou-se um fauno político, meio presidente da Câmara, meio presidente da República, a depender do impedimento de Temer, agora provável a despeito do julgamento pelo TSE da chapa de Dilma Rousseff com seu então vice.

No Legislativo, pipocaram manifestações pró-impeachment e renúncia de Temer, indo de um espectro que uniu de Alexandre Molon (Rede) a Ronaldo Caiado (DEM). A comunicação do STF e das Forças Armadas com o Planalto foi rarefeita, segundo o que foi possível o RR apurar nessa circunstância junto a fontes privilegiadas. As duas instituições têm seu papel hiperbolizado na atual crise como guardiãs da ordem e da moral, devido à contaminação do Congresso pela Lava Jato (um terço dos parlamentares está citado nas investigações).

Não foram apuradas maiores movimentações ou focos de tensão no Supremo nem no Alto-Comando militar. A fonte do RR informou que o liaison do STF com o Planalto foi o ex-ministro da Justiça e atual integrante da Suprema Corte, Alexandre de Moraes. A ministra Carmem Lúcia, mencionada como potencial candidata à Presidência da República em uma eventual eleição indireta, não manteve contato co a cúpula do governo. Também não teria havido call, reunião de emergência ou mesmo um frisson de telefones cruzados entre os togados, conforme-se poderia imaginar.

O ministro do STF Edson Fachin – a quem cabe homologar ou não a delação de Joesley Batista, dono da JBS, comprometendo o presidente da República – comunicou o fato anteriormente a seus pares do Supremo. No início da noite, fechou-se no seu gabinete com assessores, não atendendo a demandas da imprensa. Nada vazou antes da hora D, quando “O Globo” soltou o artefato nuclear.

O ministro do GSI, general Sérgio Etchegoyen, comunicou-se com os comandos militares somente de fora para dentro do Planalto, por meio de informes da respectivas Segundas Seções das três Forças. Segundo apurou o RR, a principal preocupação foi com a segurança pública. Manifestações poderiam eclodir aqui e acolá – a exemplo do que aconteceu em frente ao Palácio do Planalto e na Av. Paulista.

O general Etchegoyen tinha motivo particular de incômodo ou de conforto, dependendo da ótica, pois recomendara ao gabinete presidencial que adquirisse equipamentos capazes de interferir no funcionamento de dispositivos eletrônicos, como celulares, gravadores ou câmeras, dentro do Planalto e do Jaburu e simplesmente teve sua orientação ignorada. O Brasil parecia que ia acabar nos jornais televisivos de ontem à noite. É provável que hoje a coisa ainda piore. Mas é bom saber que há serenidade nos polos cruciais de condução do país não contagiados pela suspeição.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Michel Temer #Rodrigo Maia

Quem não tem Dutra caça com BR-153

17/05/2017
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O vai e vem de concessões rodoviárias que venta na mão contrária da CCR também poderá soprar a seu favor. A companhia pretende disputar o leilão de relicitação da BR-153 caso se confirme, como tudo indica, a revogação da licença pertencente à Galvão Engenharia. Guardadas as diferenças de porte das duas operações, seria uma forma de a CCR compensar a ausência da Nova Dutra a partir de 2021, ainda que sejam casos bem distintos. O governo decidiu não renovar a concessão da Dutra e promover um leilão já em 2018, três anos do fim da vigência do atual contrato. No caso da BR-153, o buraco no asfalto é mais embaixo. Tragada pela Lava Jato, a Galvão Engenharia não cumpriu o plano de investimentos da concessionária.

#CCR #Galvão Engenharia #Lava Jato

“Força-tarefa” da Petrobras não poupa a prata da casa

17/05/2017
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A expectativa da força-tarefa da Lava Jato é que a auditoria interna da Petrobras identifique novos envolvidos no “petrolão” dentro da própria empresa. Os procuradores têm bons motivos para esperar que futuros indiciados surjam das apurações feitas pela estatal. Informações colhidas pelos “investigadores” da Petrobras foram decisivas para a 40ª fase da Lava Jato, deflagrada há dez dias – três ex-gerentes da companhia são acusados receber cerca de R$ 100 milhões em propina (dois deles chegaram a ser presos na operação).Consultada, a estatal confirmou que tem enviado “rotineiramente às autoridades resultados de suas apurações internas, além de ser assistente de acusação em todas as ações impetradas pelo Ministério Público Federal”. A “força-tarefa” montada pela Petrobras incluiu a criação de um Comitê Especial de Investigação, comandado pela ex-ministra do STF Ellen Gracie, e de um canal de denúncias independentes.

#Lava Jato #Petrobras

Andrade e Gutierrez

17/05/2017
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A distinta senhora Angela Gutierrez, acionista da Andrade Gutierrez e integrante do Conselho de Administração da empreiteira, tem vivido dias de muita ansiedade com o recall da Lava Jato. Apesar de não ter nada a ver com as lambanças em sua companhia, não consegue confiar no seu sócio Sérgio Andrade.

#Andrade Gutierrez #Lava Jato

Palocci empurra Lava Jato na direção das montadoras

16/05/2017
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Assim como andou tirando o sono dos bancos, agora a possível delação de Antonio Palocci inquieta também as montadoras, que teriam participado de um suposto esquema de propina para a obtenção de benefícios fiscais. Segundo a fonte do RR, um dos operadores da indústria automobilística seria o empresário Carlos Alberto Oliveira Andrada, da Caoa. Ressalte-se que, de acordo com dados disponibilizados pela Receita Federal, o grupo desembolsou mais de R$ 12 milhões pelos serviços da Projeto, consultoria de Palocci. Os contratos foram firmados por meio de duas empresas – Hyundai Caoa do Brasil e Caoa Montadora de Veículos. Foi uma época bastante próspera para a Caoa. O RR entrou em contato com a Caoa, mas a empresa não quis se pronunciar.

#Antônio Palocci #Grupo Caoa #Lava Jato

A missão de Temer na “Operação Troca Dono”

16/05/2017
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A operação Lava Jato e o governo de transição de Michel Temer têm objetivos complementares declarados e não declarados. O combate à corrupção e a caracterização de Lula e do PT como núcleo central da roubalheira são bandeiras explícitas do Ministério Público. No caso do governo Temer, há concordância plena com a punição dos entes privados envolvidos na Lava Jato.

O alvo não declarado, contudo, é a mudança da titularidade e da geografia no controle societário dos grandes grupos empresariais. Digamos que Lula e o PT tenham aparelhado o Estado brasileiro, com a nomeação dos cargos de primeiro, segundo, terceiro, quarto e outros escalões de estatais e do setor público. Temer, por sua vez, quer aparelhar a grande burguesia nacional. Está dito no não dito.

A inação sobre o imbróglio da leniência é eloquente. Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, AGU, TCU e MP divergem em relação ao acordo, atrasam o processo de salvação das empresas e ninguém se apresenta para arbitrar o impasse. Com isso, BNDES, Petrobras, Banco do Brasil e governos importadores de serviço matam os principais conglomerados. Michel Temer et caterva não podem vocalizar oficialmente o projeto de “mudança societária na marra”. Mas, há francos porta-vozes à disposição. Exemplo: para o tucano Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, a Odebrecht deveria ser vendida.

No caso das empresas envolvidas na Lava Jato, ele sugere um modelo similar ao Proer, em que os controladores dos bancos foram afastados. A bola da vez dessa escalada para criação de um empresariado novo, cosmopolita – e, preferencialmente, sob o mando do capital estrangeiro – é a indústria da proteína (há sites que insistem irresponsavelmente que os bancos virão a seguir). Quando se fala nesse setor, fala-se da JBS. Há uma sequência de acontecimentos que induzem a pensar que os objetivos declarados da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal e os não declarados do governo Temer se reencontram agora na cadeia da proteína e, mais especificamente, na empresa dos irmãos Batista.

Nessa linha do tempo, não obstante seu impacto nocivo sobre o setor e as contas externas brasileiras, a Carne Fraca teria sido apenas um aquecimento para a operação deflagrada na última sexta-feira, com as diligências na sede da JBS e no BNDES e os mandados de condução coercitiva contra o empresário Joesley Batista e o ex-presidente do banco, Luciano Coutinho. Grandes empresas do país podem ter cometido práticas condenáveis e devem ser punidas por elas. Isso não quer dizer que há de se concordar com um projeto de poder cujo objetivo seria deslocar o controle de algumas das maiores corporações do país que deram certo.

No caso da JBS, em 2009 a empresa empregava aproximadamente 19 mil pessoas. Cinco anos depois, esse número já beirava os 120 mil, contando apenas os postos de trabalho diretos no Brasil – hoje são 160 mil. Em 2007, as exportações da JBS somavam US$ 3,8 bilhões. No ano passado, bateram nos US$ 14 bilhões. Do ponto de vista do investimento em si, poucas vezes na história o BNDES fez um negócio tão rentável.

Se tivesse vendido sua participação na JBS quando a ação bateu nos R$ 17, em setembro do ano passado, o banco realizaria um lucro da ordem de R$ 6 bilhões – no momento do primeiro aporte da agência de fomento na empresa, em 2007, a cotação era de apenas R$ 7. O Brasil ganhou em todos os sentidos com a hegemonia no mercado mundial de proteína, o que tacanhamente é reduzido à aposta em um “cavalo vencedor”. Pode ser que haja um projeto em curso para desnacionalizar a JBS, entre outras corporações. Assim é, se lhe parece.

#Lava Jato #Lula #Michel Temer #PT

“Arena Lava Jato”

12/05/2017
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As tratativas entre o Corinthians e a Qatar Airways para a venda do naming & rights do Itaquerão esfriaram. É mais uma negociação que provavelmente não resistirá aos escândalos ligando o estádio à Lava Jato.

#Corinthians #Lava Jato #Qatar Airways

Gestão da família

11/05/2017
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Não bastasse a pressão da Lava Jato, Adriana Ancelmo vem tendo ainda uma peleja com Marco Antonio Cabral, filho de Sérgio Cabral, pela, digamos assim, gestão das finanças da família.

#Adriana Ancelmo #Lava Jato #Sérgio Cabral

Mubadala prefere ficar só a estar mal acompanhado na Invepar

10/05/2017
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As tratativas para o ingresso do Mubadala no controle da Invepar avançam para um modelo ainda mais radical. O fundo soberano de Abu Dhabi negocia a aquisição não apenas dos 25% do capital que pertenciam à OAS e estão sendo transferidos para um grupo de credores da empreiteira, mas também dos 75% restantes nas mãos da Previ, Petros e Funcef. Segundo o RR apurou, a operação se daria em duas fases. Inicialmente, o Mubadala compraria uma parte das ações em poder dos fundos de pensão, de modo a atingir uma participação entre 40% e 60%, contando a fatia dos credores da OAS.

Essa etapa envolveria o pagamento de algo em torno de R$ 3,5 bilhões, tomando-se como base um valuation integral da Invepar da ordem de R$ 6 bilhões. Em um segundo movimento, os árabes convocariam um aumento de capital, sem a adesão de Previ, Petros e Funcef, que, então, teriam sua participação diluída a zero. As negociações em torno deste modelo ainda são embrionárias e dependem de uma série de variáveis, a começar pela consumação da transferência das ações da OAS para os credores.

No entanto, desde já é possível dizer que esta configuração traria benefícios para todas as partes. Os bondholders da OAS dividiriam algo em torno de R$ 1,5 bilhão. Petros, Previ e Funcef, por sua vez, fariam caixa em um momento crucial, em que reduzem sua carteira de renda variável para cobrir seus bilionários déficits atuariais. Procurada, a Funcef disse estar “aberta a ouvir propostas”, mas garantiu que não há oferta concreta.

Previ e Petros não se pronunciaram. O Mubadala, por sua vez, enxerga na aquisição integral uma maneira de higienizar a companhia e criar uma “Nova Invepar” dissociada dos problemas de imagem que a cercam. A coabitação entre OAS e os fundos de pensão transformou a empresa no local onde a Lava Jato faz esquina com a Operação Acrônimo. Deter os 100% do capital também daria ao fundo soberano margem de manobra para a posterior atração de outros investidores.

#Funcef #Invepar #Petros #Previ

Cerveró II, a missão

10/05/2017
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O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, deverá fazer uma nova rodada de depoimentos à força tarefa da Lava Jato. O recall estaria relacionado a denúncias feitas recentemente pelo seu ex-colega de estatal, Renato Duque. Não custa lembrar que Cerveró fez delação premiada.

#Nestor Cerveró #Petrobras

Sucessão na Defesa é uma farpa nas relações entre Planalto e Forças Armadas

9/05/2017
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A saída de Raul Jungmann do Ministério da Defesa para disputar a reeleição à Câmara dos Deputados, já anunciada dentro do Planalto, está produzindo uma ranhura na superfície lisa do relacionamento entre o governo Temer e o Exército Brasileiro. As gestões têm como pano de fundo as aspirações embrionárias das Forças Armadas de que o futuro titular da Pasta seja um militar, quebrando uma tradição de 18 anos. Desde a sua criação, no governo FHC, foram dez ministros, incluindo Jungmann, todos civis.

O Ministério da Defesa sempre foi tratado como uma espécie de concessão dos militares, vigiada de perto. No entanto, a situação parece estar mudando diante das circunstâncias, que combinam crise política e as suspeições que cercam boa parte do Executivo e do Legislativo. Da parte das Forças Armadas, há ainda uma questão interna tão relevante quanto delicada: o “fator Villas Bôas”.

Por conta do seu estado de saúde, há uma considerável probabilidade de que o General Eduardo Villas Bôas tenha de se afastar do Comando do Exército antes mesmo de uma mudança no Ministério da Defesa. Hoje, o General Villas Bôas é visto como o principal fator de tranquilidade no aparelho das Forças Armadas diante do quadro de entropia política e institucional. Para todos os efeitos, Raul Jungmann terá até abril de 2018 para se desincompatibilizar do cargo – procurado pelo RR, o ministro não quis se pronunciar. No entanto, nada que envolva as Forças Armadas é feito de sopetão: as peças já começaram a circular pelo tabuleiro da sucessão.

Um candidato mais do que natural seria o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, hoje tido como o segundo nome mais importante e influente do Exército. No entanto, existem alguns pruridos para a sua indicação. Sua escolha criaria um embaralhamento hierárquico à medida que ele ficaria em um cargo superior ao do comandante do Exército – hoje, mesmo no GSI, que tem status de ministério, ele é um subordinado ao General Villas Bôas dentro dos critérios do Exército.

É bem verdade que se tratando dos oficiais em questão, uma eventual troca de posições formais não seria um problema, dada a excelente relação entre ambos. De toda forma, o mais provável é que o General Etchegoyen permaneça no GSI. Tanto ele quanto Temer compartilham da opinião de que sua presença no Palácio tem sido estratégica para dar fluidez às relações entre a Presidência e as Forças Armadas. Não obstante, Etchegoyen ser guardado como uma reserva técnica para ocupar o próprio cargo de comandante do Exército.

Outro nome egresso do estamento militar cogitado para substituir Raul Jungmann é o do Secretário-Geral do Ministério da Defesa, o General-de -Exército Joaquim Silva e Luna, ex-chefe do Estado-Maior do Exército. Quando Temer assumiu a presidência ainda provisoriamente, em maio de 2016, o General Silva e Luna esteve cotado para a Pasta. O fato é que, na hipótese de nomeação de um militar para a Defesa, com a permanência de Etchegoyen no GSI e a forte liderança do comandante Villas Bôas à frente do Exército, Temer teria ao seu redor uma espécie de Junta Militar.

Seriam três generais de quatro estrelas formando um cinturão em torno dos ministros civis do Planalto e do próprio Temer, todos citados na Lava Jato. Sabe-se lá se é apenas coincidência, se uma manobra para garantia institucional, se o objetivo é o de tutela disfarçada ou se a intenção é preventiva, uma alternativa a uma atitude de força maior, aquela mesmo que nem “nós” nem “eles” ousam sequer pronunciar o nome. Vade retro! A questão, ressalte-se, não está fechada a priori.

As gestões em curso preveem também a hipótese de continuidade da linhagem civil no Ministério da Defesa. O nome de Nelson Jobim, que já ocupou o cargo, é constantemente lembrado no Palácio do Planalto. Porém, pesa contra ele uma bruta contraindicação: sua atual estadia como sócio do BTG Pactual, onde está ao lado de um banqueiro citado na Lava Jato.

#Eduardo Villas Bôas #Ministério da Defesa #Raul Jungmann

Ruídos na linha do Ministério Público

8/05/2017
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Há um engarrafamento no tráfego de informações entre os Ministérios Públicos de Curitiba e do Rio de Janeiro. Segundo fonte do MP do Rio, a demora no envio de documentos e das delações feitas à força-tarefa da Lava Jato tem atrasado algumas investigações no âmbito da Operação Calicute, notadamente no que diz respeito a novas frentes de atuação, como a linha 4 do Metrô e a construção do Porto Maravilha. Nada que não possa ser solucionado com uma boa conversa e um ajuste nos procedimentos, espera-se.

#Lava Jato #Operação Calicute

Efeito José Dirceu 1

4/05/2017
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Ontem mesmo, os líderes do MBL e do Vem pra Rua começaram a articular novas manifestações a favor da Lava Jato, para o início de julho. As primeiras convocações devem pipocar nas redes sociais até o fim desta semana.

#Lava Jato

Pombo-correio

4/05/2017
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Um pombo-correio da Lava Jato informa: a delação de Idelfonso Colares, da Queiroz Galvão, traz fatos ainda mais atômicos sobre o esquema de corrupção na Eletronuclear.

#Eletronuclear #Lava Jato #Queiroz Galvão

Sérgio Andrade sai das sombras onde Otávio Azevedo sempre o escondeu

4/05/2017
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Na ponta do lápis e sobre o papel almaço, que é onde ficcionistas de finos hábitos cometem seus escritos, o empreiteiro Sérgio Andrade bem que poderia ser um personagem literário. Andrade evoca o Fausto de Goethe. Ele negocia sua alma com Mefistófeles em troca da onipresença de Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, em todo o processo da Lava Jato. Azevedo, por sua vez, teria vendido seu sacrifício a Andrade, por farta pecúnia. O pagamento de gratificação entre sócios é o que permite ao empreiteiro ocultar-se no latíbulo perfeito, onde todos veem e sabem sem que ninguém o enxergue e denuncie.

Consta que Andrade pagou uma gratificação de R$ 140 milhões a Azevedo pelos seus sacrifícios. O executivo assumiria solitariamente a magnífica culpa pelos malfeitos. Como todos sabem, Andrade e Azevedo são o par perfeito da construção pesada. Aliás, eles ultrapassaram o setor, atravessando de mãos dadas os territórios da energia elétrica e da telefonia. Em todas essas empreitadas deixaram um rastro de práticas inconfessáveis. Foi identificada através das delações uma hidra de subornos: pagamentos por fora a Aécio Neves no processo de entrada no capital da Cemig, propina ao ex-deputado Eduardo Cunha e irregularidades nas obras do metrô de São Paulo, Rodoanel, Linha Amarela, hidrelétrica de Jirau, Angra 3, Belo Monte, Petrobras, reforma do Maracanã, além da GameCorp de Lulinha etc. etc. etc.

Diria Mefistófeles diante da extensa lista: nada que as outras empreiteiras não tenham feito. Os donos das demais construtoras, porém, não tinham um Otávio Azevedo. Ele entregou nomes, posou para a história algemado, cometeu perjúrio ao mudar seu próprio depoimento, mas, em momento algum, girou sua metralhadora na direção de Sergio Andrade. Manteve também prudente silêncio sobre as perigosas armações que levaram à criação da Oi e sua fusão com a Portugal Telecom, permitindo que a Andrade Gutierrez e a La Fonte – pertencente ao empresário Carlos Jereissati – abrissem uma janela milionária de saída depois de tosquiar a empresa e deixá-la às portas da recuperação judicial.

Também aqui interviria, recorrente, Mefistófeles: ora, o ex-presidente da Camargo Correa Dalton Avancini teve a mesma atitude protetora com as sócias da empreiteira, as irmãs Regina Camargo Pires de Oliveira Dias, Renata de Camarg Nascimento e Rosana Camargo de Arruda Botelho. O executivo não envolveu as meninas em instante nenhum. Assim não é, e nem lhe parece. As filhas do fundador da empreiteira, Sebastião Camargo, são herdeiras no estilo passadista: moram na Europa, não participam da gestão, nem sabem o que acontece na firma.

Para todos os efeitos, terceirizaram seu papel de donas para os respectivos maridos. Sergio Andrade, ao contrário, era sócio, gestor, planejador e executor das artimanhas da construtora. E todos sabem disso. Passados 22 meses desde que Otávio Azevedo foi preso, solto, preso mais uma vez e novamente solto, aguardando o desfecho de sua pena em prisão domiciliar, tudo indica que Sergio Andrade, enfim, sairá das trevas, no recall convocado pela força-tarefa de Curitiba.

Há versões de que Andrade se antecipará aos fatos em uma colaboração espontânea, prática já ocorrida com diversos outros depoentes da Lava Jato. Seria mais uma astuciosa manobra do empresário para se manter firme como Minas Gerais, de onde é oriundo: estar na escuridão, onde sempre esteve. Mas, mesmo com essa espontaneidade toda na sua delação, não haverá mais jeito. Otávio Azevedo fez tudo o que podia ser feito. Agora Sergio Andrade virá à tona.

#Lava Jato #Sergio Andrade

A contagem regressiva da Odebrecht

3/05/2017
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A Odebrecht pretende fechar todos os acordos de leniência até o fim de junho, garantindo sua alforria para disputar licitações públicas já no segundo semestre. Como forma de acelerar esse processo, a própria construtora solicitou ao Ministério Público Federal que assuma a coordenação da aplicação de todas as multas no âmbito da Lava Jato, informação confirmada ao RR por um dos procuradores. As penalidades aplicadas à Odebrecht deverão somar cerca de R$ 6,8 bilhões. Isso sem levar em conta novos arroubos da AGU.

#Odebrecht

Otimismo pré-datado

3/05/2017
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O RR assiste a uma reversão de expectativas edulcoradas pelos economistas nas páginas dos jornais. Mas, estranho, as previsões de agora são as mesmas das primeiras entrevistas de Henrique Meirelles em 2016: crescimento rodando em 2,5% do PIB no último trimestre de 2017 e uma expansão de 4% do PIB em 2018, tudo por causa das reformas, dos estoques baixos da economia no fundo do poço, dos sagues das contas inativas do FGTS etc. etc. etc. Ninguém fala nos efeitos de uma provável empinada do desemprego – pelo menos neste ano -, impacto da Lava Jato, aumento do risco Brasil em função do ambiente político conturbado em 2018, “Efeito Trump” na economia internacional, queda dos investimentos devido à incerteza eleitoral etc. etc. etc. Os economistas já mudaram suas previsões diversas vezes nesse período. Afinal de contas, o que são previsões se não bolhas de sabão. Tomara que estejam certos.

#FGTS #Henrique Meirelles #PIB

Credores da Arena do Grêmio dão cartão vermelho para a OAS

28/04/2017
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Enquanto o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro inflama as arquibancadas da Lava Jato, o cerco se fecha contra a empreiteira no gramado da Arena Grêmio. Os credores, à frente Santander e Banco do Brasil, vestiram a camisa do tricolor gaúcho e pressionam a construtora a aceitar a oferta do clube pelo estádio, hoje controlado pela empresa. O Grêmio já colocou as cartas sobre a mesa: topa assumir o financiamento de R$ 113 milhões obtido pela OAS para a construção da Arena.

Propõe ainda pagar diretamente aos bancos um valor mensal entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões pelos próximos 19 anos, dinheiro que inicialmente seria repassado à empreiteira. E a construtora? Para ela não sobraria nem uma moeda para tirar o cara ou coroa. A tabelinha entre os bancos e o Grêmio pode ser a pá de cal na esperança da OAS de fazer dinheiro com a venda da Arena.

As tratativas para a transferência da Arena se arrastam desde 2015. A OAS chegou a pedir mais de R$ 400 milhões, mas foi perdendo fôlego em meio à recuperação judicial. No mês passado, o clube suspendeu as conversas. Segundo uma fonte que acompanha as negociações, a última reunião entre os dirigentes do Grêmio e representantes da OAS se deu em meados de março. Do lado dos gaúchos, trata-se de um recuo mais do que calculado. A nova estratégia do Grêmio é jogar no desespero do “adversário”, valendo-se do apoio dos bancos para empurrar a empreiteira contra a parede.

#Grêmio #Lava Jato #Leo Pinheiro #OAS

Um sócio para Christiani-Nielsen

27/04/2017
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Uma das mais tradicionais construtoras do Rio, a Carioca Christiani-Nielsen busca um sócio. A Lava Jato arrasou a empreiteira. E a falência do estado completou o serviço.

#Lava Jato

Lula quer ser crucificado por Moro em cadeia nacional

26/04/2017
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O ex-presidente Lula vai exigir direitos iguais de transparência no seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, conforme apurou o RR. Lula teme que Moro, sob o argumento de defesa da ordem pública frente ao risco de incitamento da população, suspenda a disponibilização das imagens. Segundo os advogados do ex-presidente, o juiz tem dado provas da sua radicalidade. Usam como exemplo a condução coercitiva, em março do ano passado, e a exigência presencial de Lula nos depoimentos das suas 87 testemunhas de defesa.

Sem rede social ou exposição televisiva, a estratégia do ex-presidente será seriamente mutilada. Segundo a fonte do RR, Lula pretende expor o seu flagelo com a Lava Jato no depoimento a Sérgio Moro. A estratégia de vitimização como defesa não provém dos advogados que o auxiliam, mas dele próprio. Lula pretende dar prioridade ao ato político em vez de usar a tribuna para uma defesa nos termos protocolares que vêm sendo ditados por Moro.

Segundo o RR apurou, Lula vai responder às perguntas de Sérgio Moro cobrando as provas e enfatizando sua martirização. Nesta estratégia de “Mandelização” da sua imagem, o ex-presidente quer sair do encontro como um perseguido político, e não como um político acusado de ter cometido crime de corrupção. A garantia da transmissão pública do seu testemunho é considerada mais importante do que a eventual mudança da data do depoimento, que poderá ser transferida do próximo dia 3 para o dia 10 de maio, ou algum outro dia na vizinhança.

Alguns companheiros de luta do ex-presidente consideram o adiamento prejudicial a Lula, pois distancia o evento da série de acontecimentos de forte impacto social que vem sendo chamada de “agenda do fim do mundo”: a greve geral convocada para o dia 28; a votação da reforma trabalhista, prevista para o dia 27, véspera da paralisação; e o envio do texto final da reforma da Previdência à Comissão Especial da Câmara, com objetivo de julgamento pelo plenário exatamente no dia 3 de maio. Lula não marchará o caminho do incitamento – e quem se lembra da sua performance frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo sabe que não lhe falta talento para convocação à luta, muito pelo contrário. Mas a hora é do calvário. Se Moro não impedir, vai protagonizar com ele, em transmissão televisiva, o duelo pela cruz da Lava Jato.

#Lava Jato #Lula #Sérgio Moro

A Lava Jato aos olhos do “Príncipe”

20/04/2017
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Um uspiano da corte do “Príncipe dos Sociólogos” fez um apanhado das sacadas de FHC sobre o impacto das delações da Odebrecht na psicologia dos grãos-tucanos presidenciáveis: “O Serra, como sempre, vai ser o mais frio, mantendo-se calado e distante, no aguardo de que o desenrolar dos fatos o favoreça. O Aécio, com seu jeito brigão, mais parece um furacão que espalha areia para todos os lados e aquece os assuntos mais do que deveria. O Alckmin é o mais sereno e quem está tratando os assuntos como se deve, rebatendo as acusações com firmeza e da forma mais contida”. FHC confia que o fator tempo tornará cada vez mais viva a responsabilidade do PT sobre os escândalos denunciados. “O PT protagonizou na primeira hora a Lava Jato. Até prova em contrário, a primeira versão é aquela que deixa marcas indeléveis”.

#Fernando Henrique Cardoso #Odebrecht #PT

Será um déjà-vu no sindicalismo do ABC?

20/04/2017
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Nasce uma flor no deserto da política brasileira. O nome da rosa é Rafael Marques. A novidade remonta aos primórdios, quando surgia uma liderança trabalhista, que também usava macacão de fábrica. Assim como Lula foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, Rafael é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC paulista. As semelhanças não terminam aí. Lula sempre teve claro que a população do país era de corte conservador, que jamais seria bolchevique, conforme fantasiavam seus pares.

O avanço possível, portanto, teria de se dar através de um acordo permanentemente renovado entre o trabalho (setores menos favorecidos) e as elites; um pacto que, aliás, começou de forma indireta – pela via do controle inflacionário – no governo Fernando Henrique Cardoso, e parece ter-se esgarçado de forma definitiva no governo Temer. Rafael Marques não somente pensa igual, como é mais propositivo. Tem na ponta da língua um longo cardápio de medidas alternativas que poderiam integrar as reformas da previdência, trabalhista e tributária. Detém também o conhecimento das representações dos setores da economia e a evolução do emprego, produtividade e participação no PIB, o que lhe permite enxergar pelo alto onde estão as possibilidades de aliança e negociações.

Rafael é Lula até debaixo d’água e não vê alternativa para as esquerdas a não ser a candidatura do ex-presidente. Mas, ao mesmo tempo, defende uma renovação da política, conspurcada pela Lava Jato. Em São Bernardo, Santo André e São Caetano do Sul onde tudo começou, participantes atilados do sindicalismo profundo enxergam razoável possibilidade de um raio cair duas vezes no mesmo lugar. No próximo dia 28, Rafael terá um primeiro teste como líder trabalhista. É um dos principais organizadores da greve geral marcada para aquela data.

Para todos os efeitos, ele faz o seu dever de casa direitinho. Afirma que não disputará mais um mandato no Sindicato, do qual está à frente desde 2012, e que também não será candidato a deputado federal em 2018. Nenhuma palavra sobre o tema Presidência da República. Isso não é assunto para ele, um lulista de carteirinha, tratar em público. Quem quiser que fale. Marques tem a pinta da renovação da esquerda e parece deter o condão de reagrupar as centrais sindicais e fundir novamente o lulismo com o petismo.

Quem o diz são alguns caciques do partido, que no murmúrio das conspirações deixam entreouvir o nome do sindicalista como contendor à altura em um enfrentamento com João Doria, Jair Bolsonaro e Marina Silva. Mas e a eterna esfinge, Luiz Inácio Lula da Silva? Sua candidatura se encontra cada vez mais próxima do impedimento. No entanto, como diz o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, “castrar a potencial candidatura de Lula é café pequeno. Ele detém fabuloso e invulnerável estoque de votos plurais e o dedo que lhe falta é o da delação, não o da vitória. Para onde apontar lá terão milhões de votos”. Rafael Marques é a novidade que pode estar postada bem à frente do dedo indicador de Lula. Mas falta foco, diria o leitor. Tudo a seu tempo. Por enquanto, Lula é o único candidato do PT à presidência.

#Lula #PT

Se os elevadores falassem…

19/04/2017
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Entre os procuradores da Lava Jato, o tradicional Edifício Depaoli, no Centro do Rio, já ganhou a jocosa alcunha de “Propinão”. O prédio abriga escritórios do ex-deputado Eduardo Cunha, do senador Lindbergh Faria e da UTC Engenharia. Nos últimos meses, a presença de agentes da Polícia Federal no condomínio virou rotina.

#Eduardo Cunha #Lava Jato #UTC Engenharia

Rádio pirata

18/04/2017
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A Lava Jato investiga se Eduardo Cunha ainda é sócio de uma rádio em Pernambuco que, segundo ele, teria sido vendida há dez anos. Entre os procuradores, a emissora já ganhou um slogan: “A rádio que toca propina”.

#Eduardo Cunha #Lava Jato

Lava Jato Olímpica

18/04/2017
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Grandes arenas, contratos milionários, patrocínios de estatais, devassa nas confederações esportivas… O espetáculo está armado para uma “Lava Jato Olímpica“.

#Lava Jato

A razão cínica da “Constituinte Já”

18/04/2017
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O jogo foi pesado nesses dias da Semana Santa. Com sua entrevista à Band, Michel Temer assumiu-se como o Pôncio Pilatos da sua própria ópera bufa. Denunciou o golpe em Dilma Rousseff, lavrado por Eduardo Cunha. Sua aquiescência foi uma confissão de cumplicidade. Lavou as mãos. As mesmas que estendeu a Lula sob o corpo de D. Marisa e estão novamente ao seu dispor.

O Plano B do PMDB de reeditar uma chapa com Lula na cabeça pode passar a ser o Plano A se houver somente uma boia salva vidas para todos. Ou seja: enquanto o TSE pensa sobre o andamento do processo de cassação da chapa Dilma/Temer, a conspiração para uma nova tabelinha PT/PMDB correria solta. Das cinzas, o renascimento. O ex-presidente reza a todas as santas de São Bernardo, Santo André e Diadema, por uma solução que o poupe de ter de partir para a briga.

Lula carrega evidências de crimes nas costas, tem dúvidas se seu exército atende o chamado para a luta e, o que é pior, teme, caso venha a ser preso, que ninguém vá para as ruas. Seria a sentença aplicada pelo povo. Só agendas diversionistas como a da Constituinte e do pacto o tiram dessa. O cacife que Lula dispõe é a resiliência de 30% do eleitorado. Mas, para esse jogo ser jogado, é preciso que emissários de todos os reinos se disponham a defender firmemente seu protetorado.

Os ex-presidentes da República, FHC à frente, alicerçam o pacto que seria firmado não em cima da Lava Jato, mas da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que tomaria posse neste ano. Eles conduziriam o governo Temer ao seu desfecho em 2018, fazendo do pacto um cordão sanitário, pelo menos do ponto de vista simbólico e ritualístico. É quase certo que a Constituinte teria uma participação especial da tropa do STF, que não pretende entregar de mãos beijadas o caminhão de poder arrancado dos últimos governos.

Nesse cenário em que a ficção flerta com a realidade, o condutor dos trabalhos seria o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, na condição de candidato a vice-presidente em uma virtual chapa com Lula. As reformas de Temer entrariam no bojo da Constituinte, passando, assim, a serem emendas com maior legitimidade. Com a mudança prevista da Constituição, tudo que foi operado pela Lava Jato, até a própria forma de funcionamento do Ministério Público, uma jabuticaba amarga que brotou na carta de 1988, fica sub judice ou na espera de reconstitucionalização.

Da boca para fora, a velha guarda dos parlamentares pregará a renovação da política. Ao mesmo tempo buscará a costura de um acordo que alivie as penas e reduza os dolos próprios e dos seus pares. O pacto é plural. A melhor metáfora seria a de uma orquestra sinfônica com um naipe de metais e uma seleta de violinos e violoncelos cortantes de tão afiados. Ou um filme de George Lucas, com a Constituinte voando na velocidade da luz e cuspindo leis como balas, sem poder errar o alvo. E as eleições representando o lado claro, clean, da força, trazendo a mudança e o rejuvenescimento. Há um quê de realismo mágico sem dúvida nesse enredo do RR. Um combinado de informações de cocheira com uma composição literária à lá Julio Cortázar. São muitas as predições a confirmar. Quem viver verá?

#Dilma Rousseff #Lula #Michel Temer #PMDB

Apólice da Techint

13/04/2017
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A Techint teria incluído no contrato de compra da CSA uma espécie de cláusula “anti-Lava Jato”. O dispositivo permitiria ao grupo ítalo-argentino cancelar a operação sem multa caso a siderúrgica seja condenada no processo movido pelo Ministério Público do Rio. O MP acusa a CSA de ter recebido incentivos fiscais indevidos do governo Cabral na gestão da ThyssenKrupp. A Thyssen afirma que todos os benefícios atenderam às contrapartidas legais.

#Techint

Pelo avesso

12/04/2017
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As concessionárias da Invepar passaram pelo pente fino de uma auditoria externa. Para todos os efeitos, a tomografia está relacionada à iminente entrada de um novo investidor no lugar da OAS. Mas, não custa lembrar, a empresa já foi citada na Lava Jato.

#Invepar #OAS

Força tarefa da PPI remonta a Carlos Lacerda

12/04/2017
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A iniciativa do governo de blindar os projetos de concessões com a criação de uma “força tarefa” de nove auditores da Controladoria Geral da União para agilizar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) tem inspiração no governo Lacerda. Na época, o governador da Guanabara tocava as maiores obras da América Latina – Aterro do Flamengo, Estação de Tratamento de Água do Guandu, túneis Rebouças e Santa Bárbara, Emissário Submarino etc. – com velocidade espantosa. O segredo do sucesso, além da notória energia de Lacerda e de seu vice-governador, Raphael de Almeida Magalhães, era o modelo de discussão e aprovação paripassu dos projetos. Os engenheiros e advogados de governo discutiam previamente os estudos de viabilidade, exigências e licenças com os integrantes do TCU como se fossem uma só equipe, e tudo saia dali aprovado, direto para os canteiros de obras. Na época deu certo. Mas os homens públicos eram outros, a prioridade era colocar os projetos de pé, e o Estado não estava tão capturado por grupos de interesse (agências reguladoras, órgãos ambientais, indígenas etc). Ah, sim, também não havia a Lava Jato…

#Lava Jato #PPI

Forças Armadas são a instituição mais confiável do país; Congresso, a mais corruptível

6/04/2017
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Parece até que o Brasil voltou no tempo: as Forças Armadas são a instituição mais confiável do país, enquanto o Congresso Nacional é visto como a mais propensa de todas a corrupção. É o que revela sondagem realizada pelo Relatório Reservado junto a uma parcela da sua base de assinantes. A enquete, no modelo de respostas espontâneas, foi feita entre 27 e 31 de março.

Entre os 142 assinantes que participaram do levantamento, 67% apontaram a tríade Exército, Marinha e Aeronáutica como o estamento de maior credibilidade. A boa imagem das Forças Armadas não chega a ser uma novidade. O que chama a atenção é a diferença para os demais. A segunda instituição mais lembrada foi o MP, com distantes 10%. STF e Polícia Federal ficaram em terceiro e quarto, respectivamente com 7% e 5%. A seguir, a Igreja (4%), a imprensa (3%) e o TCU, com 2%. Por fim, apareceram o governo federal e o Congresso, cada um com apenas 1%. A reputação do Parlamento está mesma em baixa.

O Congresso foi citado por 36% dos entrevistados como a instituição mais propensa a atos de corrupção. O governo do Rio ficou em um nada honroso segundo lugar, com 13%. A Petrobras veio logo a seguir, com 10%, um indício de que a estatal ainda terá de trabalhar muito para recuperar sua imagem. Receita Federal e Polícia Militar empataram, cada uma com 6% dos votos. Ressalte-se a presença da própria Presidência da República na relação das instituições mais suscetíveis a corrupção, com 5%, mesmo percentual de citações ao Judiciário.

Na sequência, apareceram o Detran, a Polícia Civil e o governo de Minas Gerais, cada um com 4%. Com 3% surgiu o BNDES, possivelmente por conta das ilações que cercaram algumas operações do banco no governo do PT. Foram votados ainda a Fazenda, 2%, e o BB e a Polícia Federal, cada um com 1%. O RR também perguntou: “Qual é a autoridade que mais honra seu cargo?” Pule de dez: deu Sérgio Moro na cabeça, com 34%. Cármen Lucia ficou em segundo, com 17%. João Doria recebeu 15%; Jair Bolsonaro, 9%. Logo a seguir, Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato (7%).

O top five é uma evidência de que o Brasil está cada vez menos “político” e mais “judicializado”. Se não vinculados ao Judiciário, Doria e Bolsonaro personificam em seus discursos o “político que não é político”. Os assinantes do RR mencionaram ainda o presidente da Petrobras, Pedro Parente, com 5%, e ACM Neto (4%). Apenas 2% citaram Henrique Meirelles como um personagem que honra seu cargo público, certamente um reflexo da crise econômica.

Os entrevistados mencionaram ainda Rodrigo Janot e Geraldo Alckmin, com 2% cada um, além da presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, e de Gilmar Mendes, cada um com 1%. E Michel Temer? Ele aparece no rodapé da enquete, também com 1%. Michel Temer “brilhou” também na quarta e última pergunta: “Se possível, quem você tiraria de um cargo público?”. Entre os entrevistados, 38% cravaram o nome de Temer, mais do que o dobro do segundo colocado, Eliseu Padilha (15%).

Aliás, o Planalto pontificou nos três lugares mais altos do indesejável pódio: Moreira Franco chegou em terceiro, com 11%. Logo atrás, Luiz Fernando Pezão, com 10%. A relação dos “impeacháveis” seguiu com Romero Jucá e Aécio Neves, cada um com 5%. Henrique Meirelles recebeu 4% das respostas. Certamente por outros motivos, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, também foi citado por 4%. Entre os assinantes, 3% disseram que gostariam de ver Maria Silvia fora da presidência do BNDES. Rodrigo Maia foi outro lembrado por 3% dos consultados. Por fim, um fato curioso. Para 2% dos entrevistados, Sérgio Moro é que deveria ser afastado de suas funções. Devem ter lá seus motivos.

#Cármen Lucia #João Doria #Michel Temer #Sérgio Moro

Lava Jato, dívidas e, agora, os sem-terra no caminho dos Bumlai

3/04/2017
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O calvário dos Bumlai parece não ter fim. A usina São Fernando, de propriedade da família, tem sido alvos de invasões de sem-terra. No mês passado, em um entrevero com policiais, os manifestantes chegaram a ameaçar incendiar as instalações da companhia sucroalcooleira. Comandada pelos filhos de José Carlos Bumlai, Maurício e Guilherme, a São Fernando vive grave crise financeira. Com uma dívida estimada em mais de R$ 1,5 bilhão, teria demitido cerca de 600 trabalhadores no período de um ano.

#José Carlos Bumlai

Os fundos de Cunha

31/03/2017
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A delação de Fabio Cleto, que era o homem de Eduardo Cunha na Caixa Econômica, empurra a Lava Jato para cima dos fundos de pensão Petros, Previ e Funcef. Cleto tem ajudado a força tarefa a mapear a interferência do próprio Cunha em investimentos da tríade, a começar pela malfadada Sete Brasil.

#Caixa Econômica #Eduardo Cunha #Lava Jato #Petros

Nos corredores de Furnas…

31/03/2017
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Há um ex-ouvidor de Furnas soltando o verbo na Lava Jato. Nos corredores da estatal comenta-se que mais gente da ouvidoria vai abrir o bico.

#Furnas #Lava Jato

Picciani engorda seu gado

29/03/2017
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Mesmo com a Lava Jato a revirar seu pasto, a família Picciani prepara-se para abrir a temporada 2017 dos seus leilões de gado, alvo de variadas denúncias. Nos dias 17 e 18 de abril, o Grupo Monte Verde, de propriedade do clã, realizará dois pregões virtuais. Trata-se de um aquecimento. O grande evento está previsto para 2 de maio: a 33a Noite dos Campeões, em Uberaba. No ano passado, os Picciani protagonizaram os dois maiores negócios da festa. Diandria, uma matriz de sete anos de idade, foi vendida por R$ 816 mil. Já a nelore Taiga, de 28 meses, alcançou o lance de R$ 900 mil.

#Jorge Picciani #Lava Jato

Velha estrada

28/03/2017
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Mesmo com a Lava Jato nos seus calcanhares, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, tem se empenhado em indicar nomes para a diretoria do DNIT. Não custa lembrar que, entre as acusações que pesam sobre o partido, está o repasse de recursos ilegais da autarquia por meio de um contrato com a Queiroz Galvão.

#Lava Jato #Queiroz Galvão

Laços de família

22/03/2017
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Presos no início do mês, os lobistas Jorge Luz e seu filho Bruno Luz já sinalizaram a disposição de fazer delação premiada. Ambos são apontados pela Lava Jato como operadores do PMDB.

#Lava Jato #PMDB

PF erra na dose e promove uma carnificina reputacional

21/03/2017
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A Policia Federal dessa vez não fez conduções coercitivas e vazamentos seletivos, mas exercitou todo o autoritarismo e inconsequência que poderia se imaginar na generalização e exposição irresponsável de um dos setores da economia com maior geração de empregos e inserção competitiva internacional. Todas as autoridades da área agropecuária foram desprezadas, ninguém da cúpula do governo foi consultado, desconhece-se o percentual dos desvios em relação à totalidade da produção e da exportação e ignoram-se as diferenças entre as irregularidades das empresas pode ser que haja bois de piranha nessa carnificina reputacional. Os laudos técnicos são pouco substanciosos para uma operação desse porte e as propinas pagas para calar a fiscalização ainda estão no território da suspeição em diversos casos – portanto, não há culpa decretada para todas as companhias – e o assunto viralizou na internet. A queima de riqueza com o emporcalhando das marcas das empresas é incalculável e tem um impacto redobrado em relação à imagem do país, devido ao acúmulo com o propinódromo da Lava Jato. É um caso onde não há acordo de leniência que arrume as coisas. A operação “Carne Fraca” reforça a percepção de um país sem crédito, moral e vergonha na cara. Cabe um investigação rigorosa, sem dúvida. Mas a PF não podia passar por essa sem uma admoestação pública e confissão de precipitação e mea culpa internacional na condução desastrada das investigações e divulgação como se fosse uma instituição inimiga do aparelho de Estado.

#Lava Jato #Operação Carne Fraca #Polícia Federal

Uma no cravo…

17/03/2017
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O resultado do leilão das concessões aeroportuárias, decantado em prosa e verso pelo governo, merece destaque positivo, tendo em vista a crise econômica, a Lava Jato, a imprevisibilidade do quadro institucional e político. Mas o ágio médio de 256,5% sobre o mínimo estabelecido para as quatro licenças ficou razoavelmente abaixo do sobrepreço médio de 401% da primeira rodada de concessões, em 2012, quando foram leiloados os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas. Vá lá que os ativos das concessões pioneiras eram mais parrudos. Mas, em tempo de seca, uma gota é um oceano.

#Aeroportos #Lava Jato

Com João Doria, é tudo às claras

14/03/2017
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O prefeito de São Paulo, João Doria, criou um hedge para “lava jatos e jatinhos”: a transparência do conflito de interesses. Doria estimula a doação das empresas à Prefeitura, a despeito das relações tortuosas entre o público e o privado, e mostra tudo a todos. Tampouco se abala com a superposição de eventual publicidade das companhias doadoras nos eventos da sua empresa, o Grupo Lide. O argumento é que elas – ou pelo menos grande parte – já contribuíam para o Lide antes mesmo dele assumir o cargo de prefeito. Para todos os efeitos, Doria é rico, financiou sua campanha eleitoral com recursos próprios e não precisa daquilo. Ele criou o híbrido perfeito de promiscuidade pública com filantropia empresarial. A fórmula está disponível aos atuais e futuros alcaides milionários do Brasil.

#Grupo Lide #João Doria

A “voz” de Palocci

10/03/2017
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Branislav Kontic, unha e carne de Antônio Palocci, mantém tratativas com a Lava Jato para uma delação premiada. Com problemas de saúde, Kontic cumpre prisão domiciliar depois que tentou o suicídio na cadeia.

#Antônio Palocci #Lava Jato

Negócios

Passos largos

10/03/2017
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A força tarefa da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Rio de Janeiro, avança a passos largos sobre a área de transporte do governo de Sérgio Cabral.

#Lava Jato #Operação Calicute #Sérgio Cabral

Heineken sobe a temperatura do mercado cervejeiro

9/03/2017
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A aquisição da Brasil Kirin é o ponto de partida do grande projeto de expansão da Heineken no mercado brasileiro, que passa por expressivos investimentos em distribuição, expansão da rede de re-venda e consolidação de ativos. A companhia adotará uma estratégia de marketing mais agressiva, focada nos pontos de venda, com o intuito de disputar espaço consumidor a consumidor. Não é para menos: cada ponto a mais de market share no setor significa uma receita anual próxima dos R$ 800 milhões.

No entanto, para matar a sede dos holandeses no mercado brasileiro só mesmo com novas aquisições. Neste caso, todos os caminhos apontam na direção da Petrópolis. A companhia é vista como uma presa enfraquecida por uma conjunção de fatores. Habituada a disputar a vice-liderança do setor, a fabricante da Itaipava ficou em uma posição difícil. Com aproximadamente 13% de share, viu a Heineken abrir uma boa distância ao saltar de 9% para 17%. Outro ingrediente nessa levedura é a Lava Jato.

O avanço das investigações sobre Walter Faria e a Petrópolis fragiliza a companhia e pressiona o empresário a deixar o negócio. Ressalte-se que os problemas fiscais de Faria vão muito além da Lava Jato. Uma eventual aquisição da Petrópolis pela Heineken criaria uma circunstância até pouco tempo inimaginável, com o surgimento de um concorrente capaz de arranhar a condição de quase monopolista da Ambev.

Até porque a cervejeira de Jorge Paulo Lemann e cia. tem contribuído para esse cenário com seus próprios erros estratégicos. Há sete anos, segundo a Nielsen, a Ambev dominava 70% das vendas de cerveja no Brasil. De lá para cá, seu market share caiu para 66%. Há controvérsias. De acordo com os dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, sua participação não passa de 58%. No caso de compra da Petrópolis, a Heineken passaria a ser uma “Meia Ambev”, com 30% do mercado.

A Ambev corre sério risco de ver essa diferença cair ainda mais caso não resolva problemas crônicos. Segundo relatório do analista Carlos Laboy, do HSBC Securities, divulgado no dia 2 de março, a “estratégia de marketing adotada pela companhia nos últimos anos fracassou no sentido de convencer os consumidores sobre o valor e a diferença das marcas”. Na sua avaliação, a “empresa se recusa a admitir as falhas mercadológicas, se limitando a classificar a situação como temporária”.

#Ambev #Brasil Kirin #Cervejaria Petrópolis #Heineken #Jorge Paulo Lemann #Walter Faria

Sangramento

9/03/2017
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O governo deveria assumir a exigência de troca do controle das empreiteiras da Lava Jato em vez de ficar sangrando as ditas. Afinal, são milhares de empregos em jogo.

#Lava Jato

Lobão vs. Machado

9/03/2017
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Depois que a Lava Jato bateu à porta de seu filho, Marcio Lobão, o senador Edison Lobão só se refere ao delator Sergio Machado de “traíra” para baixo. O pior é que Lobão pai tem certeza de que não parou por aí…

#Edison Lobão #Lava Jato #Sérgio Machado

Um tucano contou

8/03/2017
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Comentário de um tucano de alta plumagem: “Se a Lava Jato avançar para o seu lado, o que o Aécio fará com o seu ´Eliseu Padilha ´, que atende pelo nome de Andreia Neves?”

#Aécio Neves #Lava Jato

A Meirelles, a maré mansa da economia; a Temer, as bombas da Lava Jato

7/03/2017
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Michel Temer, ao mesmo tempo em que se enrola no arame farpado da Lava Jato, começa a colher bons resultados na economia. Corre o risco, contudo, de ver diluída sua autoria no conjunto da obra. No momento, a visibilidade está toda voltada para Henrique Meirelles, tornado primeiro-ministro pelas circunstâncias. É ele quem decide tudo. Mas digamos que Temer, por direito, foi quem semeou melhorias nos fundamentals, aumentando a previsibilidade das políticas monetária e fiscal.

Não resta dúvida de que colaborou. Se bem que, pelo menos nessa fase, a conjuntura melhoraria por suas próprias pernas – e quem acompanha o RR já sabia – em decorrência da “teoria perversa da economia”, a mesma tese do fundo do poço que apregoa a recuperação estatística após um declínio profundo. A boa novidade, entretanto, é a brisa que sopra os preços das commodities, pressionando em favor da desvalorização do dólar, a melhoria dos termos de troca e um saldo bem mais favorável na balança comercial. Ou seja: um ambiente externo mais amigável para o Brasil. No mais, a inflação desce abaixo da meta de 4,5% – na previsão mais otimista chega a 4% em dezembro – e a Selic cai entre 9% e 9,5% no final do ano.

Por sua vez, o PIB encerra 2017 também em perspectiva mais alvissareira, na faixa de 1%, mas com a expansão da atividade produtiva rodando entre 2,5% e 3% no último trimestre. A aprovação das reformas da Previdência e trabalhista altera pouco o cenário do curtíssimo prazo. Ambas já estão precificadas. No entanto, uma eventual votação contrária no Congresso, especialmente no caso da Previdência, teria um forte impacto sobre as expectativas. Os investidores continuam regidos pela insegurança decorrente da Lava Jato, que voltou a subir elevados decibéis, e pela mais do que provável desmontagem do carry trade devido à queda dos juros.

As empresas e as famílias continuam padecendo as agruras da desalavancagem, depois de baterem o recorde de endividamento da história do país. As bolsas permanecem com tendência de alta ao sabor dos ventos das commodities, aguardando, entretanto, uma sinalização mais firme da política monetária norte-americana. E o desemprego? Ele desafina a maré de números positivos de 2017.

Por uma lógica inercial própria, a taxa de desocupação é a última a se recuperar com um atraso de quatro a cinco meses. Antes disso pode subir, ultrapassando os 14%. A percepção da melhoria do cenário econômico, portanto, fica nublada sem uma queda nítida do nível de desemprego. Vale anotar que o ministro Henrique Meirelles assumiu uma posição confortável no xadrez político: fatura o que der certo na política econômica e deixa deslizar por gravidade para Temer tudo aquilo que der errado. Hoje, Meirelles posa de âncora e o presidente de goma arábica. O que colar em Temer colou.

#Henrique Meirelles #Lava Jato #Michel Temer

Indústria nacional dá mais um passo em direção à africanização

3/03/2017
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Brasília, 9 de fevereiro, 17:30, horário de encerramento do encontro extraordinário entre representantes da indústria e do governo. O diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, lamenta, em silêncio, o golpe aplicado no empresariado nacional. O motivo de tantos acabrunhamentos somente viria a ser anunciado na quarta-feira pré-carnavalesca, dia 22, pelos Ministérios da Fazenda e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços: o enterro das regras de primazia do conteúdo local na exploração de petróleo e gás.

A reunião do Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural (Pedefor) foi um destes eventos que se realizam somente para cumprir o protocolo. As notas técnicas e metodológicas dos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria, igualmente rasas, só divergiam na intensidade do corte. Já estava antecipadamente condenada a participação decisória da empresa nacional na 14ª Rodada de Blocos. Vitória das companhias petroleiras. Se pudessem, comprariam tudo no exterior.

O conteúdo nacional não será mais um critério de pontuação nos leilões. A contrapartida do governo à indústria foi um gelatinoso final do “waiver” – anistia que vinha sendo concedida às empresas incapazes de atingir as exigências de conteúdo local. No mais, o percentual da obrigatoriedade cai em todas as áreas da exploração em terra e offshore. Está tudo dominado. Os argumentos da Fiesp pró-conteúdo local não se restringem às perdas nas áreas de geração de emprego, produção, arrecadação tributária e adensamento de cadeias. Eles mostram uma realidade distinta da encampada pelo governo.

O RR acha que eles merecem ser conhecidos: A retirada das atuais regras de conteúdo local reduz os impactos do investimento em exploração e desenvolvimento de petróleo e gás na economia: queda de 17 vezes na produção de bens e serviços e na arrecadação de tributos; redução de 13 vezes na geração de PIB e de 11 vezes na geração de emprego; A política de conteúdo local não influenciou negativamente nos resultados das rodadas de licitação. Pelo contrário: observa-se que a partir da 7ª Rodada (2005 a 2015), quando as regras eram ainda mais específicas, com adoção da cartilha e certificação de cerca de 90 itens, arrecadou-se mais valores em bônus, e mais áreas foram arrematadas percentualmente e em tamanho; O que influencia o resultado dos leilões é o preço internacional do petróleo e não o conteúdo local; Não há provas concretas de que os prazos e preços sejam comprometidos pelo conteúdo local. Ao contrário, esses problemas existem em grande medida nos produtos importados.

Segundo a consultoria EY, 78% das plataformas encomendadas em todo o mundo acabam atrasando e 53% têm algum estouro no orçamento original; O Brasil entregou nove plataformas dentro do prazo, enquanto 12 sondas importadas tiveram atraso médio de dois anos e ficaram 500% acima do orçamento; Na 13ª Rodada, além do preço do petróleo, seu resultado foi influenciado pela qualidade das áreas ofertadas, pela operação Lava Jato, e pelas dificuldades financeiras e de gestão da Petrobras, que não podia cumprir a legislação de participar com 30% em todas as áreas.

#Fiesp #Ministério da Fazenda #Ministério da Indústria

Sobra para os tucanos?

2/03/2017
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O que se diz na coxia da Lava Jato é que o doleiro Adir Assad está negociando sua delação. Mais uma péssima notícia para Sérgio Cabral. Mas talvez não só para Cabral. Consta que Assad sempre teve uma relação próxima do PSDB paulista, com trânsito livre nas estradas do estado por meio do Dersa.

#Adir Assad #Dersa #Lava Jato #Sérgio Cabral

Os “Kennedy da Lava Jato”

24/02/2017
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José Padilha está reescrevendo episódios da série “Lava Jato” para incluir dois personagens fundamentais que passavam quase em branco no roteiro original: o ex-governador Sérgio Cabral e a ex-primeira dama Adriana Ancelmo. A produção da Netflix ainda não tem data de estreia, mas, até lá, é possível que Padilha tenha de adicionar outros nomes que ainda não vieram à tona na trama real.

#Adriana Ancelmo #Lava Jato #Netflix #Sérgio Cabral

Os sócios que contaminam a Águas do Brasil

23/02/2017
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Sócias da Águas do Brasil, Cowan e New Water temem que a empresa não seja autorizada a disputar as novas concessões da área de saneamento. O motivo são os outros dois acionistas da companhia: Queiroz Galvão e Carioca Engenharia, ambas encalacradas com a Lava Jato. Esta última, inclusive, está no meio de um acordo de leniência. Procurada, a Águas do Brasil informou que tem participado de processos licitatórios e é absolutamente independente de seus sócios.

#Águas do Brasil #Carioca Engenharia #Lava Jato #Queiroz Galvão

Brita dos Picciani

23/02/2017
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A mineradora Tamoio, fabricante de brita da família Picciani, tem detonado empregos como quem explode uma pedreira. A entressafra, sem dúvida, é resultado da crise no setor de construção. Mas os demitidos repetem como um mantra a mesma expressão: Lava Jato, Lava Jato…

#Jorge Picciani #Lava Jato #Mineradora Tamoio

Um tiro no Lobo mau

22/02/2017
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O presidente do BB, Paulo Sergio Caffarelli, já teria indicado o ex-Previ Dan Conrado para o lugar de Marcio Lobão na Brasilcap. O que faltava era Lava Jato atravessando a porta giratória do banco. Procurado, o BB nega.

#Banco do Brasil #Brasilcap #Lava Jato

As três Marias

20/02/2017
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A Camargo Corrêa anda preocupada com o que vai dizer se houver realmente uma segunda chamada das delações. Todo cuidado é pouco para que nenhum acontecimento sequer respingue no “3R”, como são chamadas Regina, Renata e Rosana, acionistas controladoras imaculadas na Lava Jato.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

Doria e ACM Neto é a chapa puro sangue da Fiesp

17/02/2017
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O empresariado de São Paulo, em especial a banda de música da Fiesp, está excitado com a chamada chapa “Messi e Neymar” para disputar as eleições de 2018. A dobradinha já tem até slogan: “Dois artilheiros na presidência e vice-presidência do Brasil”. O Messi em questão é o onipresente prefeito de São Paulo, João Doria, que parece disposto a não sair da mídia até concretizar seu sonho de poder.

O Neymar, por sua vez, vem do Nordeste. É o atual prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, provavelmente o alcaide mais popular do país – na última eleição venceu com 74% dos votos no primeiro turno. Ambos teriam, caso a campanha começasse hoje, de abdicar de mais de 1.520 dias de governo nas suas cidades. Nos respectivos partidos, PSDB e DEM, ao que consta não foi sequer cogitada uma chapa com os dois políticos. Aliás, “políticos” é quase uma licença poética, pois Doria e ACM Neto se intitulam gestores antes de tudo. É justamente a ideia de renovação, cara limpa e novas práticas que inspira os endinheirados a apostar na dupla.

A fonte do RR diz que algum badalo na mídia e uma pesquisa de opinião na hora certa bastam como rastilho de pólvora para a candidatura. E PSDB e DEM se misturam como café com leite. Não se trata de uma solução simples, pelo menos do lado dos tucanos, que têm três nomes na disputa pela candidatura: Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. O que estimula o empresariado pró-Doria e ACM Neto, entretanto, é a falta de drive de Aécio e Alckmin nas pesquisas.

No último Datafolha, o senador tinha 11% contra Lula reinando com 25%. Alckmin, por sua vez, não passava de 8% e dava mais um pontinho a Lula, que atingia 26%. José Serra já se tornou até carta fora do baralho nessas sondagens. Um dado relevante: Dória e ACM Neto estão limpinhos, o que é uma ironia quando se fala na Operação Lava Jato, uma emporcalhadora de imagens. Ao que se sabe, nem Alckmin nem Aécio estão tão longe da alça de mira da força tarefa de Curitiba. E Michel Temer? Dória e ACM Neto terão, somados, apenas mais 17 anos do que Michel Temer, caso ele se elegesse para a presidência em 2018 e terminasse o mandato (81 anos). Só uma coisa é certa em relação a uma aventura com a chapa “Messi e Neymar”. Não vai faltar dinheiro.

#ACM Neto #Eleições #João Doria

O “cisne branco” das delações

17/02/2017
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Os velhos companheiros de farda têm se mobilizado em torno da situação do vice-almirante da Marinha, Othon Luis Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear. Entre seus antigos colegas, há um crescente apelo para que ele faça um acordo de delação premiada com a Lava Jato. Seus pares, é bom que se diga, não fecham os olhos para os graves desvios de conduta do ex-oficial no comando da estatal. Mas temem que Othon Pinheiro – reconhecido na área militar e no setor de energia pelos notórios serviços prestados ao Programa Nuclear Brasileiro – seja a força centrípeta de todos os malfeitos cometidos na estatal. Outros cinco ex-dirigentes da Eletronuclear ainda são investigados pela Lava Jato, mas, por ora, apenas Othon Pinheiro foi julgado e condenado. À prisão perpétua, costumam dizer seus contemporâneos nas Forças Armadas: aos 77 anos, o ex-oficial recebeu uma pena de 43 anos de prisão. No entanto, a própria punição não é o veredito que mais lhe dói. Sua filha, Ana Toniolo, foi condenada a 14 anos e 10 meses em regime fechado por também ter participado de um esquema de corrupção na construção da Usina Angra 3 – as obras, por sinal, estão paradas desde descoberta das irregularidades atômicas. Portanto, mais do que para seu próprio usufruto, Othon Pinheiro tem fortes razões consanguíneas para abrir seu baú de memórias na Eletronuclear.

#Eletronuclear #Lava Jato #Othon Pinheiro

Mubadala é a conexão entre os trens da Supervia e da Invepar

16/02/2017
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O avanço sobre a participação da OAS na Invepar é apenas uma das peças do quebra-cabeças que o Mubadala pretende montar no transporte de passageiros no Rio. O mosaico se completaria com a entrada no capital da Supervia, leia-se Odebrecht Transportes. Com o duplo bilhete, caberia ao fundo de Abu Dhabi costurar a fusão entre as duas empresas e criar uma das maiores concessionárias de transporte urbano do país, com o controle do metrô e dos trens na cidade. Esse caminho conta com a simpatia de Previ, Funcef e Petros, os demais sócios da Invepar. Além de fazer o maior sentido do ponto de vista econômico e viário, a associação teria ainda a função de higienizar a imagem das duas empresas, afetada pelo tsunami da Lava Jato sobre os seus respectivos controladores.

#Invepar #Lava Jato #OAS #Supervia

André Esteves back to the game?

14/02/2017
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Há uma certa expectativa de que André Esteves ressurja das brumas da Lava Jato amanhã, participando da divulgação dos resultados do BTG e da teleconferência com analistas. Por ora, os acionistas estão rachados em relação ao retorno de Esteves à ribalta. Quem defende sua exposição entende que o banqueiro não tem nada a temer, e a inclusão do seu nome na Lava Jato foi um equívoco. Já estaria mais do que na hora de virar a página e seguir em frente. A presença de Esteves também seria oportuna para demonstrar a unidade dos acionistas no momento em que um dos sócios, o ex-chefe de fusões e aquisições, Marco Gonçalves, foi praticamente expulso em um episódio controverso de inadimplência de um valor ínfimo frente às cifras auferidas pelos donos do BTG. O RR torce pela reaparição do destemido banqueiro.

#BTG #Lava Jato

A sociedade dirá se quer arma, droga e cassino

13/02/2017
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O ex-presidente do Senado Renan Calheiros lidera um grupo de parlamentares empenhado em articular um dos movimentos mais polêmicos da política brasileira. Deslocar do âmbito do Congresso Nacional para a consulta popular a legalização de três dos mais satanizados “direitos” hoje regulamentados ou em fase de liberalização em grande parte dos países mais civilizados: porte de arma, consumo de drogas e jogo de azar. Todos eles já foram motivo de recorrentes projetos de lei, submetidos ao Congresso e invariavelmente desaprovados.

O grupo de parlamentares considera que há mais simpatizantes da aprovação entre deputados e senadores do que o contrário, mas eles são temerosos do julgamento da opinião pública e da sua própria bancada, além da mídia, é claro. A saída seria submeter a legalização ao crivo do povo, que definiria o vencedor dessa guerra fria. O referendo, e não o plebiscito, seria o instrumento adequado para a consulta, pois já existem leis repressoras do jogo, do porte de armas e do uso de drogas.

A grande pergunta é se a população quer virá-las de ponta- cabeça, ou seja, liberar as práticas reprimidas. A ideia é realizar o debate à luz dos exemplos de maior notoriedade no mundo, como a Segunda Emenda da Constituição do EUA, que permite manter e portar armas, inspirada na common-law inglesa. Há legislações em diversos outros países regulamentando o uso de droga e os cassinos – o livre funcionamento destes últimos é quase um consenso na maioria das nações ocidentais.

Renan Calheiros, ressalte-se, terá de renegociar seu posicionamento anterior contrário ao uso de armas – ele foi autor do Estatuto do Desarmamento – em nome da proposta de um tríplice referendo. Jogo e liberalização das drogas é com ele mesmo. As bancadas do jogo, da bala e pró descriminalização de drogas no Congresso são bem menores do que se imagina (jogo: 59 parlamentares; armas: 31; e drogas: 11). Quando comparadas à das empreiteiras (223), ruralista (205) e empresarial (201) nem sequer chegam a fazer cócegas. Mas os defensores da legalização acham que ganham a parada se o povo for consultado. Foi assim com o plebiscito da comercialização das armas, contra oponentes como a Igreja e a Rede Globo.

Hoje não faltam posicionamentos favoráveis à legalização das drogas, entre eles o do militante pró-maconha Fernando Henrique Cardoso, dos juízes do STF Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ah, Lula também figura nesse time. Há também a bancada da execração da droga, comandado pelo deputado Omar Terra (PMDB-RS), que prega a amputação das pernas dos traficantes. Entre os defensores da abertura dos cassinos estão sete ministros do governo Michel Temer, ele próprio um simpatizante da proposta. O futuro ministro do STF Alexandre de Moraes já tem até sugestão para o destino da arrecadação estimada de R$ 18 bilhões (para um faturamento de R$ 60 bilhões) com o jogo: 5% iriam para o Fundo Nacional de Segurança. Já o senador Fernando Bezerra defende que 95% sejam carregados para a seguridade social.

Os militantes pró-jogo contam com o apoio expressivo de governadores e prefeitos, carentes que são de novas fontes de recursos. Os paladinos das armas de fogo apostam que o ambiente de insegurança, criminalidade e violência empurrará a população a decidir em seu favor. Entre os apoiadores, há quem ache que é necessário ir devagar com o andor pelo risco de medidas tão complexas cindirem o país. Além disso, tirar essas questões do Congresso e levá-las para as ruas depende dos próprios parlamentares. Câmara e Senado terão de abdicar do seu poder legislativo para entregá-lo à população. Renan Calheiros acha que as citações ao seu nome na Lava Jato não atrapalham os avanços do projeto. O convencimento das duas casas do Congresso é uma questão de tempo.

#Lula #Michel Temer #Renan Calheiros #STF

O supremo defensor das primeiras-damas

13/02/2017
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Além do notório saber jurídico, o futuro ministro do STF Alexandre de Moraes exibe uma curiosa capacidade de atuar na elucidação de crimes de alguma forma relacionados a primeiras-damas. É o caso, por exemplo, da valiosa colaboração prestada à família Alckmin no fim do ano passado – um episódio bem menos badalado do que o da recuperação do celular pessoal de Marcela Temer, com a prisão de um chantagista que exigia R$ 15 mil pelo aparelho. Já como ministro da Justiça, Moraes acompanhou as investigações da polícia de São Paulo até a prisão do bandido que havia invadido a mansão do empresário Adhemar César Ribeiro, cunhado da primeira-dama do estado, Lu Alckmin. Ribeiro, por sinal, está citado na Lava Jato como o suposto portador de um repasse ilegal de R$ 2 milhões da Odebrecht a Alckmin, na campanha ao governo de São Paulo em 2010.

#Alexandre de Moraes #STF

Gato angorá

10/02/2017
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Corre em Brasília a informação de que Fabio Cleto delatou à Lava Jato esquemas que já estariam pendurados na vice-presidência de Governo da Caixa Econômica antes de sua chegada ao cargo, em 2011. Um ano antes quem estava no mesmo posto era Moreira Franco.

#Caixa Econômica #Lava Jato

Uma Libra a menos no carnaval carioca

8/02/2017
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Este ano não vai ser igual àquele que passou, aliás, aos outros que passaram: o Carnaval carioca não terá o camarote Libra/Grande Rio, um dos mais babilônicos da Marques de Sapucaí. Pode ser até que o empresário Jayder Soares, patrono da escola de samba e apontado como dono do jogo do bicho em Duque de Caxias, toque o barco sozinho. Mas dificilmente terá a tradicional parceria com o amigo Gonçalo Torrealba, manda-chuva do Grupo Libra, que transformou o camarote em uma passarela de autoridades, parlamentares e empresários daqui e do exterior. Neste ano, com o enredo nacional da Lava Jato, não parece boa ideia ser o anfitrião da boca livre no Sambódromo. Melhor reduzir a exposição da imagem. A título de ilustração: o falecido ministro Rodolpho Tourinho compareceu uma vez a essa folia momesca. Quando chegou ao camarote e viu a promiscuidade entre o público e o privado, se mandou, ressabiado, não sem antes comentar: “Cruzes, eu não sabia do que se tratava. Não volto nunca mais aqui”.

#Grupo Libra #Jayder Soares #Lava Jato

Construtora Série B

6/02/2017
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O Ministério da Integração deve aprovar ainda neste mês a proposta da construtora Passarelli para concluir as obras de transposição do Rio São Francisco no Eixo Norte, um contrato de R$ 440 milhões. É mais um exemplo de empreiteira da segunda divisão que se aproveita da Lava Jato. A obra estava com a Mendes Junior, que desistiu do projeto.

#Lava Jato #Mendes Junior #Passarelli

Oriente Construção é mais uma obra do governo Cabral

2/02/2017
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A Lava Jato está revelando o inacreditável ecossistema criado em torno de Sérgio Cabral. Um dos personagens desse universo de relações incestuosas, o empreiteiro Cesar Farid Fiat, sócio da Oriente Construção Civil, carrega um currículo no qual se misturam denúncias de pagamento de propina, contratos públicos sob suspeita, e até acusações de grilagem de terras. A prisão, em novembro, de Alex Sardinha Veiga, representante da Oriente, tem ajudado a esquadrinhar as ligações entre o empreiteiro e o governo Cabral. Somente no ano de 2011 o estado contratou a construtora para quatro obras na Região dos Lagos, no valor total de R$ 11,4 milhões.

Consta que a Oriente atuou em parceria com a já notória Delta, de Fernando Cavendish. O governo Cabral era uma grande família. Também por volta de 2011, Geraldo André de Miranda Santos – acionista da Oriente e filho de Lina Maria Miranda Santos, esposa de Farid Fiat – se associou ao deputado estadual Paulo Melo, um dos políticos mais influentes do estado. Ambos criaram a PMGA Incorporação e Construção, dona de terrenos exatamente na Região dos Lagos. À época, a mulher de Paulo Melo, Francianne Motta, era prefeita de Saquarema, um dos municípios locais.

Como se não bastassem as denúncias contra a Oriente, ainda repousa sobre Cesar Farid Fiat a acusação de ocupação ilegal de terras localizadas no município de Silva Jardim. Coincidência ou não, trata-se de um dos latifúndios eleitorais de Paulo Melo no interior do estado. Farid Fiat é dono da Fazenda Santa Maria. Ou, pelo menos diz ser. Em 1996, o empreiteiro ingressou na Justiça com diversos processos requerendo o usucapião da área.

Quatro desses pedidos foram atendidos, abrangendo aproximadamente 50 alqueires. Hoje, no entanto, ele se apresenta como proprietário de todos os 300 alqueires da Santa Maria. Desde dezembro, por sinal, cerca de 180 famílias estão acampadas na fazenda. São lavradores que tentam reconhecer na Justiça a legitimidade da posse da área.

#Fernando Cavendish #Lava Jato #Oriente Construção Civil #Sérgio Cabral

Prisão de Eike fecha o cerco ao “premiê” de Cabral

1/02/2017
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A prisão de Eike Batista e sua eventual delação prometem trazer para a ribalta um personagem chave no governo de Sérgio Cabral: o ex-secretário da Casa Civil Regis Fichtner. Segundo confidenciou ao RR um deep throat da “república de Curitiba”, os procuradores da Operação Calicute, o braço da Lava Jato no Rio, estariam puxando o fio da meada dos pagamentos feitos pelo Grupo EBX ao escritório de advocacia Andrade & Fichtner, do qual o ex secretário de Cabral é sócio. A firma presta serviços à LLX, em um contrato que remonta à construção do Porto do Açu. À época, em 2009, o governo Cabral desapropriou, com rara celeridade, cerca de 90 quilômetros quadrados para a instalação do complexo logístico-portuário.

Dezenas de proprietários de imóveis e terras entraram na Justiça contra a LLX e o estado. Do limão, fez-se uma limonada. Coube ao Andrade & Fichtner defender a empresa. Àquela altura, o escritório era comandado pela irmã de Regis Fichtner, Viviane Fichtner Pereira. O então secretário da Casa Civil estava afastado da banca havia três anos – ao deixar o governo, retornou para a empresa. Procurado, o Ministério Público Federal não se pronunciou até o fechamento desta edição, alegando que todos os procuradores que acompanham o caso estavam envolvidos com o depoimento de Eike à PF. Por sua vez, o Andrade & Fichtner confirmou que presta serviços à LLX desde abril de 2009. Disse desconhecer “a existência de qualquer investigação” no âmbito da Calicute. Por fim, afirmou que o sócio Regis Fichtner não tem qualquer relação de “parentesco, afinidade, amizade ou inimizade” com Eike Batista.

Regis Fichtner foi um dos personagens mais poderosos da gestão Cabral. Era praticamente o seu “primeiro-ministro”: cuidava da articulação política à contratação de fornecedores, passando pelas grandes obras e projetos do estado. Foi também tesoureiro na primeira campanha de Cabral ao governo do Rio,  em 2006. Em 2010, embora a função tenha sido oficialmente entregue a Wilson Carlos Carvalho – preso em novembro –, auxiliou na arrecadação de doações para a reeleição do governador.

Entre outras esquinas, Eike Batista e Regis Fichtner também se encontraram na concessão do Maracanã, em 2013. À época, Fichtner conduziu o processo de privatização do estádio, inclusive representando pessoalmente o governo em audiências públicas. A licitação foi vencida pelo consórcio Maracanã S/A, liderado pela Odebrecht. Não obstante sua diminuta participação societária por meio da IMX – apenas 5% –, Eike era a principal face, quase o garoto-propaganda do pool de investidores, que tinha ainda a norte-americana AEG.

#Eike Batista #Grupo EBX #Operação Calicute #Sérgio Cabral

Eike é o fator mais imponderável da Lava Jato

31/01/2017
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O risco Eike Batista não tem limite. Devido a componentes megalômanos notórios e a uma ética peculiar – “tudo é mercado, as pessoas têm direito a cobrar por tudo” – a delação do empresário pode se tornar uma bomba mais explosiva do que o testemunho de Marcelo Odebrecht. Eike vai de A a Z. A crônica de regalias obtidas junto ao empresário registra o nome dos peixões José Dirceu, José Sarney, Aécio Neves, Delcidio do Amaral e o notório Sérgio Cabral.

Ele teve relações próximas com Lula, que foi requisitado pelo empresário durante e após o seu mandato para contornar problemas em países da América do Sul. Mas Eike tornou-se ainda mais próximo de Dilma Rousseff, de quem foi publicamente um entusiasta. Dilma ajudou o empresário em diversas vezes, pedindo celeridade à burocracia e facilitando seus pedidos na esfera da administração pública. Eike teve o que quis da Petrobras (vendeu uma termelétrica, a “Termoluma”, por um preço três vezes maior do que o valor de mercado), do BNDES (o banco tornou-se sócio de seus projetos “no papel”), da Fazenda (a “delação não premiada” sobre Guido Mantega é uma amostra de como os pedidos eram feitos e atendidos) e do Gabinete Civil, de Gleisi Hoffmann.

Os Conselhos das empresas de Eike também eram constituídos de luminares com trânsito diferenciado, a exemplo da ex-ministra do STF Ellen Gracie e de Pedro Malan. Todos os conselheiros nas diversas empresas de Mr. Batista foram agraciados com a honraria de processos na CVM. Eike sempre considerou que o “vil metal” resolve tudo. E não por distorção de caráter ou amoralidade, mas por patologia mesmo.

Ele acredita que comprar o que for é um caminho natural para resolver qualquer coisa. Aliciou mais de 40 geólogos e engenheiros da Petrobras (todos detentores de informações estratégicas e confidenciais) simplesmente triplicando ou quadruplicando seus salários. Com a Vale, usou o mesmo expediente do “vem para MMX, você também”. Arrumou um inimigo, o então presidente da mineradora Vale Roger Agnelli, para o resto da vida. Agnelli bem que tentou, mas não conseguiu equiparar os salários alucinantes oferecidos pelo empresário, que se apoderou de dezenas de funcionários seus, igualmente detentores de segredos vitais da Vale.

Quem conhece Eike Batista – tais como Bradesco, Itaú, Ricardo K, BTG, Rodolfo Landim, José Luis Alqueres, entre tantos e tantos – pode avalizar que ele age como se sofresse da Doença de Huntington, enfermidade em que as pessoas se comportam de forma inadequada e dizem coisas sem pensar. Sua megalomania o levou a contenciosos com governos da Rússia, Venezuela, Bolívia e Grécia, neste último é persona non grata. Quando tinha seus R$ 25 bilhões, Eike distribuiu muito dinheiro pelos critérios mais e menos imagináveis. Se for levado à delação, imbuído das virtudes que sempre encontra em tudo que faz, vai falar cobras e lagartos. Será o momento mais imponderável da Lava Jato.

#BNDES #Eike Batista #Vale

E ainda tem a Queiroz Galvão…

31/01/2017
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Enquanto todos os holofotes se voltam de maneira justificada para a Odebrecht, a Queiroz Galvão está na bica de fechar seu acordo de delação. O depoimento com maior potencial destrutivo é o do ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho, que promete espalhar as brasas da Lava Jato pelo setor elétrico. As fagulhas atingiriam até o governo FHC.

#Lava Jato #Odebrecht #Queiroz Galvão

O “dono” do Palmeiras

31/01/2017
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O empresário José Roberto Lamacchia – dono da Crefisa e da Faculdade das Américas, ambas patrocinadoras do Palmeiras – já revelou a pessoas próximas a disposição de também assumir a gestão da Allianz Arena. É praticamente um projeto de “take over” do clube paulista, que passa pelo caixa e pelo poder político. Além do patrocínio, de R$ 78 milhões/ano, a esposa de Lamacchia, Leila Pereira, já anunciou publicamente que vai se candidatar à presidência do Palmeiras em 2019. Em tempo: hoje a gestão da Allianz Arena está nas mãos do empresário Walter Torre, citado na Lava Jato. Lamacchia tem, digamos assim, um currículo mais modesto: é acusado de ter fraudado uma assembleia de acionistas para assumir o controle da Faculdade das Américas.

#Allianz Arena #Crefisa #Faculdades das Américas #Palmeiras

A hora e a vez de Marcelo Caetano

30/01/2017
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Passada essa temporada na qual a prioridade do governo é equacionar a vacância do STF e a relatoria da Lava Jato, quem está escalado para protagonizar a próxima pauta da vez é o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano. Tanto Michel Temer quanto Henrique Meirelles acham que ele tem um papel importante para desempenhar na batalha pela reforma da Previdência. Ou seja: quem vai para mídia é Caetano. O secretário é um dos maiores especialistas do país na matéria e foi colocado no cargo por Meirelles para dar uma clara sinalização da prioridade do tema para o governo. Portanto, com a palavra, Marcelo Caetano.

#Lava Jato #Michel Temer #Ministério da Fazenda #STF

Lava Jato em plenário

27/01/2017
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O site jurídico Jota avançou em relação às hipóteses publicadas ontem pelo RR, levantando a possibilidade de que não apenas o sorteio do novo relator, mas todos os julgamentos da Lava Jato sejam levados a plenário.

#Lava Jato

Lava Jato mais longe do “trio calafrio” do STF

26/01/2017
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Os algoritmos do Palácio do Planalto e da presidência STF indicam que a solução de menor risco para a Lava Jato é exatamente aquela até agora menos cogitada, mas, ressalte-se, prevista no Regimento. Ontem, no fim do dia, um caminho até então pouco trilhado começou a despontar como rota preferencial: a extensão a todo o plenário do sorteio da relatoria da Operação. Seria uma alternativa a decisões mais ortodoxas.

A primeira delas, a relatoria ser herdada automaticamente pelo substituto de Teori Zavascki indicado por Michel Temer. A outra hipótese, limitar o sorteio dos processos à Segunda Turma, da qual Teori fazia parte. A terceira, entregar a relatoria ao ministro mais velho da Segunda Turma, Celso de Mello. Esta saída, no entanto, exporia demasiadamente suas reais intenções.

A proposta do sorteio entre todos os ministros em plenário diluiria um risco implícito na “roleta russa”: a probabilidade de a Lava Jato cair nas mãos de Gilmar Mendes, José Dias Toffoli ou Ricardo Lewandowski, integrantes da Segunda Turma. A ascensão de um deles à relatoria da “Mani Pulite brasileira” poderá abrir espaço para um tufão de vazamentos, reclamações na mídia e questionamentos por investigados e réus, gerando uma maré contrária à Lava Jato. Os três ministros são permanentes alvos de contestação por supostamente carregarem preferências ideológicas ou mesmo partidárias sob a toga.

Entre os integrantes da Força Tarefa, a possibilidade de um dos três ministros vir a ser o relator da Lava Jato é vista como um fator de risco tão grande quanto a hipótese do substituto de Teori, escolhido por Michel Temer, assumir a Operação. Por ora, o próprio presidente descarta esta solução. A decisão quanto ao sorteio só deverá ser anunciada após o recesso do STF.

De qualquer forma, a redistribuição dos processos em plenário também tem suas sequelas, a começar pela reação daqueles a quem a medida pretende mitigar a participação. Como membros da Segunda Turma, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Lewandowski vêm atuando na Lava Jato desde o início. Por sua vez, a remoção de um dos juízes da Primeira para a Segunda Turma, também prevista no Regimento, não resolve a questão da relatoria.

Existem interpretações distintas sobre quais processos sob responsabilidade de Teori seriam transferidos para este novo integrante. Há apenas duas certezas. A primeira é que ele carregaria seus casos da Primeira para a Segunda Turma. A outra é a ordem de preferência das remoções: Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Este último, estranhamente apontado como o preferido na dança das cadeiras.

#Lava Jato #Michel Temer #STF #Teori Zavascki

Os olhos de Pedro Parente em Brasília

25/01/2017
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O presidente da Petrobras, Pedro Parente, contratou a consultoria Arko, do cientista político Murilo Aragão. Parente é um salto de profissionalismo em tudo que faz. Quando o presidente da estatal era Ademir Bendine, sua assessoria de comunicação, a FSB, acumulava esse serviço. Definitivamente, naquela circunstância, não era a empresa mais adequada para a tarefa, devido a sua proximidade nos casos Lava Jato, Delta, Sérgio Cabral.

Questionado, Bendine dizia que a assessoria era sua, de caráter privado, e não da companhia. Consultada, a FSB confirma “que foi contratada pela Petrobras para prestar serviços de comunicação, monitoramento e análise de conjuntura no âmbito da chamada CPI da Petrobras. O serviço era prestado à empresa e não em caráter pessoal a qualquer executivo.” Parente é diferente.

Não se dissocia da estatal. E tem enorme cuidado com a folha corrida dos que lhe cercam. O executivo aproveitou ainda o convite à Arko para ajustar a operação da companhia em Brasília. Pelo menos uma parte das tarefas do escritório da Petrobras ficará na conta de Murilo Aragão.

#Arko #Pedro Parente #Petrobras

Um discurso de oportunidade para o PT

24/01/2017
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A questão mais discutida pela cúpula do PT no fim de semana foi a necessidade de o partido trazer para si a bandeira da intensificação das investigações da Lava Jato, “doa a quem doer”. Pragmatismo puro! Neste momento, interessa à sigla dar corda às teorias da conspiração que cercam a morte de Teori Zavascki.

#Lava Jato #PT #Teori Zavascki

Temer cozinha o “risco Derziê” em banho-maria

19/01/2017
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Desde o fim de semana, assessores palacianos tentam persuadir Michel Temer a matar o mal pela raiz e afastar o vice-presidente de Governo da Caixa Econômica, Roberto Derziê. Por ora, o presidente tem optado por manter tudo como está para ver como é que fica, como é do seu feitio em casos desta natureza. Antigo assessor de Temer, com que trabalhou na vice-presidência da República e na articulação política, Derziê ameaça empurrar a Lava Jato algumas jardas a mais para dentro do Palácio do Planalto. O executivo está citado na Operação Cui Bono, deflagrada na semana passada. Ele é investigado pela suposta participação em um esquema para o desvio de verbas da Caixa à BR Vias, da família Constantino.

#BR Vias #Caixa Econômica #Michel Temer

Na soleira da Espanha

19/01/2017
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A delação do lobista “Fernando Baiano” colocou a Lava Jato na soleira de dois grandes grupos espanhóis com concessões públicas no Brasil.

#Lava Jato

Moreira e Padilha se despedem do Planalto. Será?

18/01/2017
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Em Brasília só se respira a reforma ministerial. O lance mais ousado seria a assepsia do Palácio do Planalto com a troca de Eliseu Padilha pelo general Sérgio Etchegoyen, na Casa Civil, e de Moreira Franco por Maria Silvia Bastos Marques, na Secretaria do PPI. Em relação à Casa Civil, a síntese da mudança é que Padilha está excessivamente voltado para a articulação política; já Etchegoyen não quer papo e, sim, botar a mão na massa. Michel Temer estaria optando pela infantaria, mesmo tendo vigorosos laços de amizade com Padilha – amigos, amigos, Lava Jato à parte.

Para o Gabinete de Segurança Institucional, iria outro garboso militar. Ressalte-se que o nome escolhido originalmente para o lugar de Padilha era o do presidente da Petrobras, Pedro Parente, que mandou avisar sobre sua total satisfação com o atual posto, no qual sua gestão é reconhecida e começa a render dividendos. Para Brasília, Parente não volta de jeito nenhum. Com dois militares de alta patente, sendo que o eventual futuro chefe do Gabinete Civil é o interlocutor mais próximo do comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, sabe-se lá se por coincidência ou obra do inconsciente Michel Temer militarizou o núcleo duro do governo.

Para equilibrar esse ambiente de coturnos e óculos Ray-Ban somente a graça de Maria Silvia Bastos Marques. A presidente do BNDES seria convidada para o cargo de Moreira Franco. Sua missão seria dinamizar a Secretaria do PPI, que não sai do lugar. Caso seja chamada, é bem possível que Maria Silvia aceite. A moça é voluntariosa, vaidosa e topa grandes desafios. Ela meio que acumularia o novo cargo com o comando do BNDES, do qual seria uma espécie de eminência parda.

Com a chegada ao Planalto, a dupla Maria Silvia e Marcela Temer emprestaria charme, beleza e fragrância de lavandas silvestres a um ambiente plúmbeo, com cheiro de detergente e limpa-vidro. E a dobradinha Padilha e Moreira? Restaria a eles fazer o percurso de Romero Jucá e tentar “ministeriar” informalmente, torcendo para que os voos para Curitiba estejam lotados por séculos, seculorum, amém.

#BNDES #Eliseu Padilha #Moreira Franco #Petrobras

Metrô do Rio empurra a Lava Jato em direção ao Citi

12/01/2017
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O banco que nunca dorme tem motivos para ficar ainda mais insone. Os trilhos do Metrô do Rio estão conduzindo a Lava Jato na direção do Citibank. Os procuradores de Curitiba, que atuam em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro, dedicam-se a destrinchar as relações entre Sérgio Cabral e a Opportrans. Trata-se do antigo consórcio que administrou o transporte metroviário na cidade até janeiro de 2009, quando a concessão foi vendida à Invepar.

O que mais intriga a força tarefa da Lava Jato é uma operação consumada em 2007, ano em que o Citi dava as cartas no comando da Opportrans – representado por uma tradicional banca de advocacia –, após romper a sociedade com o Opportunity, em 2005. Na ocasião, o então governador Sérgio Cabral estendeu a concessão do metrô por mais 20 anos, até 2038. Em contrapartida, o consórcio se comprometeu a investir cerca de R$ 1 bilhão na compra de novos vagões. O acordo percorreu um caminho tão sinuoso e desalumiado quanto os túneis do metrô do Rio. Por meio de um Instrumento Particular de Transação, a Opportrans quitou uma antiga dívida do próprio governo do Rio com a Camargo Corrêa, no valor aproximado de R$ 40 milhões. Em troca da gentileza, a empreiteira concordou em retirar as cinco ações judiciais que movia contra o estado.

Outro ponto chama a atenção dos procuradores: o acordo foi publicado no Diário Oficial do Rio de Janeiro ao apagar das luzes de 2007, precisamente no dia 31 de dezembro, uma data mais propícia para abafar do que dar visibilidade ao acerto. Naquele mesmo ano, coincidência das coincidências, o Metrô Rio havia contratado os serviços do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo. Todas essas decisões tiveram a anuência do Citi, à época responsável pela administração do consórcio e na linha de frente das negociações com o governo do Rio.

Uma das tarefas da Lava Jato é cruzar os repasses da Opportrans/Citi à Camargo Corrêa com os pagamentos do Metrô ao escritório da então primeira-dama. Mais do que isso: juntar essas peças e confrontá-las com as próprias movimentações financeiras de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo. Boa parte desse enredo, não custa lembrar, chegou a ser escarafunchada na Operação Castelo de Areia, que tinha como alvo a Camargo Corrêa. No entanto, todos esses fatos foram para o limbo com a anulação das investigações. Agora, o caso ganha um novo tom, com a entrada em cena dos procuradores da Lava Jato e do Ministério Público do Rio. A exemplo do Citi, eles também nunca pregam o olho.

#Citibank #Invepar #Lava Jato #Opportunity

Sondagem RR: o futuro de Lula está entre a prisão e o Palácio do Planalto

9/01/2017
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Sérgio Moro será o grande árbitro das próximas eleições. É o que mostra uma sondagem realizada pelo Relatório Reservado nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador entre os dias 18 e 29 de dezembro. Para 71% dos 418 consultados, Lula será preso neste ano ou, no mais tardar, em 2018. Mas e se ele não for para a cadeia? Bem, neste caso, em vez de Curitiba, seu destino será Brasília: a maior parte acredita que Lula voltará à Presidência da República.

Entre os entrevistados, 58% afirmaram que o ex-presidente vencerá qualquer um dos seus potenciais adversários se puder disputar as eleições. Quem mais tem chance de derrotá-lo é Marina Silva, na opinião de 17%. Para 7%, Lula perderá o duelo para Aécio Neves, o mais bem colocado entre os pré-candidatos do PSDB. Geraldo Alckmin teve 5%, José Serra, 2%, e FHC foi o lanterninha entre os tucanos, com apenas 1% – resultado que tanto pode ser atribuído a uma baixa popularidade ou a uma convicção coletiva de que ele passará longe das urnas em 2018.

Acima de Alckmin, Serra e FHC, surge Jair Bolsonaro, que, na avaliação de 6% dos consultados, superaria Lula em uma hipotética corrida eleitoral. Para 3%, uma vez candidato, o ex-presidente será suplantado por Ciro Gomes. Por fim, apenas 1% crê que o atual presidente Michel Temer venceria o petista em uma eventual disputa eleitoral. Ainda assim, a percepção da maioria é de que o nome de Lula dificilmente aparecerá na urna eletrônica.

De acordo com 42% dos entrevistados, sua prisão se dará neste ano. Outros 29% acreditam que Sérgio Moro deixará a decisão para 2018. Para 5%, o pedido de detenção ficará para o ano seguinte, portanto após as eleições. No entanto, um contingente bastante expressivo (24%) respondeu que Lula não irá para a cadeia – um grupo que certamente mistura fiéis eleitores do ex-presidente com incrédulos oposicionistas.

A pergunta que não quer calar: “Lula é culpado pelos crimes que lhe são atribuídos?”. Para 51% das pessoas ouvidas pelo RR, não há dúvidas: “Sim, as provas disponíveis são definitivas”. Outros 12% comungam da tese do domínio do fato: dizem que “Sim, uma vez que o ex-presidente era responsável por tudo que se passava no governo”. Há ainda 5% dos entrevistados que consideram Lula culpado, mas aproveitam para dar um cascudo na mídia: para eles, a maior parte das acusações é amplificada pela imprensa.

No lado oposto, 21% dos consultados afirmam que o ex-presidente é inocente e vítima de um complô para evitar seu retorno ao Planalto. Outros 7% acreditam que Lula não é culpado porque, até o momento, não há provas de que ele tenha recebido propina. Por fim, 4% dos entrevistados dizem crer na inocência do petista por não haver comprovação de que ele seja o dono dos imóveis citados na Lava Jato.

O Relatório Reservado perguntou ainda como Lula será visto pela população no caso de uma prisão antes de 2018. De acordo com 43%, a detenção reforçará a imagem de “grande corrupto”. No entanto, 29% dos entrevistados acreditam que o cárcere provocará um efeito contrário e o ex-presidente passará a ser visto predominantemente como um herói.

Na avaliação de 6%, nem tanto ao céu, nem tanto ao mar: o ex-operário que chegou ao Planalto perderá importância no cenário político e será esquecido aos poucos. Trata-se do mesmo percentual de pessoas para as quais Lula será considerado um preso político. Para um grupo ligeiramente menor (5%), o papel que caberá a Lula após uma eventual detenção é o de “vilão do PT e dos demais partidos de esquerda”. Outros 11%, no entanto, afirmam que, mesmo preso, o petista será um importante cabo eleitoral em 2018.

#Eleição Nacional -2018 #Lula #PT #Sérgio Moro

“Não te disse, meu filho?”

5/01/2017
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Mesmo com o fantasma da Lava Jato, o senador Edison Lobão começou 2017 aliviado. A dança das cadeiras que atingiu o Banco do Brasil na virada do ano poupou o seu rebento, Marcio Lobão, presidente da Brasilcap desde 2008. Ao menos, por ora.

#Banco do Brasil #Brasilcap #Lava Jato

Romero Jucá articula o acordão do “Fica, Temer”

2/01/2017
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O senador Romero Jucá tem se aproveitado da sua condição de parlamentar anfíbio – um pé no Congresso e o outro no Executivo – para conspirar, dentro e fora do governo, sobre propostas que envergonhariam golpistas ferrenhos e de tradicional linhagem. Jucá desmente na lata quem disser que ele está querendo raspar da Constituição os trechos que, conforme seu discurso, “ameaçam a ordem” do país, na mais atípica das circunstâncias críticas nacionais. Mas está sim.

O movimento viria do Legislativo e das classes empresariais. O STF seria parceiro no golpe. Ou seria golpeado. A ver. O RR fez várias tentativas de contato com o senador Romero Jucá, por e-mail, celular e por intermédio de sua assessoria, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. A chicana viria em dois movimentos. O primeiro seria encontrar expediente que pudesse blindar Michel Temer no caso de uma decisão do TS cassando a chapa com Dilma Rousseff.

Temer gozaria de dois anos de anistia, de forma a completar o ajuste econômico e concluir a transição para as eleições diretas em 2018. A alternativa, segundo os dizeres atribuídos a Jucá, seria a barbárie política com o risco do retrocesso do autoritarismo. Temer somente sairia em um processo de impeachment clássico, com provas de culpabilidade criminal. Mesmo assim, com o Congresso na mão, teria condições para esticar a corda.

É uma boa aposta que não deixaria o governo antes de 2018. Para o caso desse drible por fora da lei não dar certo, Jucá costura uma segunda proposta: se Temer sair, a equipe econômica (Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, Pedro Parente, Maria Silvia Bastos etc.) fica, tornando o futuro presidente um monarca ridiculamente sem poderes. O grupo dos tecnocratas eleitos deveria estar protegido das delações e da sede punitiva da Lava Jato.

Caberia a eles dar sequência ao plano de estabilização econômica, transformado, nos novos termos, em um programa de Estado. O RR exibe o trailer dessa película trash para conferência futura. Quem assistiu aos últimos filmes da escatologia política nacional não tem por que duvidar de mais essa obscenidade.

#Eleição Nacional -2018 #Michel Temer #Romero Jucá

RR escreve certo em um ano de linhas tortas

30/12/2016
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No dia 4 de julho, o Relatório Reservado foi a primeira publicação a cravar que haveria uma segunda rodada de repatriação de recursos. Na ocasião, quando as estimativas mais otimistas giravam em torno dos R$ 30 bilhões, o RR informou também que Henrique Meirelles trabalhava com uma projeção acima de R$ 50 bilhões para o total arrecadado com a tributação dos recursos trazidos de volta ao país. Dito e feito! Estas foram apenas algumas das inúmeras informações que o assinante do RR soube na frente ao longo de 2016.

Durante o ano, em 247 edições, a newsletter publicou 2.584 notas e matérias. Desse total, 81% das notícias veiculadas se consumaram ou, ao menos, foram alvo de especulação na mídia. As informações que não se confirmaram posteriormente podem ser atribuídas, em grande parte, ao espírito agressivo da publicação e à busca da informação exclusiva na sua gênese, por vezes no limiar entre o fato e a boa especulação. O Relatório Reservado é adepto da máxima de Samuel Beckett: “Tente de novo, erre de novo, erre melhor”. Este foi o ano em que a política obscureceu a economia, o que se refletiu no noticiário do Relatório Reservado. Em 2016, a newsletter acompanhou amiúde o processo de impeachment de Dilma Rousseff, a chegada ao Poder de Michel Temer e de seu governo sub judice, as delações da Lava Jato que fizeram Brasília tremer.

Ainda nas raias da macroeconomia, o RR antecipou uma série de medidas que viriam a ser anunciadas ou, ao menos, estudadas pelo governo, como desonerações fiscais, securitização da dívida ativa, suspensão temporária do pagamento das dívidas das unidades federativas com os bancos públicos federais no âmbito de uma “Lei de Recuperação Judicial” para os estados – esta última tema de reportagem na edição de 5 de dezembro. Na edição de 2 de março, ainda no governo Dilma Rousseff, o RR informou que o Congresso aprovaria o projeto de lei do senador José Serra desobrigando a Petrobras de participar de todas as concessões no pré-sal. A estatal, aliás, foi a companhia mais mencionada na publicação em 2016, com 145 citações.

O RR publicou, com exclusividade, algumas das primeiras medidas adotadas por Pedro Parente na empresa, inclusive com a criação de novos instrumentos de compliance. No dia 16 de junho, a newsletter antecipou que GP Investimentos, Advent e a suíça Vitol haviam apresentado propostas para comprar uma participação minoritária na BR Distribuidora. Menos de uma semana depois, o próprio Parente confirmaria o recebimento das ofertas. Ficou o dito pelo não dito. O modelo de venda da BR foi revisto, o processo, reaberto e, até agora, nem sinal de que a operação vá sair do papel. Em 2016, apesar da abulia generalizada do empresariado, o RR seguiu de perto Jorge Paulo Lemann, Abilio Diniz, Benjamin Steinbruch, Roberto Setubal, entre outros nomes que comandam, do lado privado, a economia nacional. Cobriu no detalhe do detalhe a área de infraestrutura, as concessões e “desconcessões” do setor, o desmonte da indústria da construção pesada e a desmobilização de ativos da Camargo Corrêa.

Em um ano pautado por estratégias defensivas, suspensão de investimentos e seguidos passos para trás, é sintomático que algumas operações de M&A antecipadas pelo Relatório Reservado e posteriormente tratadas pela mídia tenham, ao menos por ora, ficado no quase, casos da venda da participação da OAS na Invepar para a Brookfield e da negociação dos ativos da japonesa Kirin no Brasil. A etapa que se encerra, no entanto, não foi feita apenas de recuos. Pelo menos não no caso do próprio Relatório Reservado. 2016 foi o ano em que o RR intensificou sua presença nas redes sociais, reformulou seu site e lançou um novo layout em sua versão newsletter, agora com duas páginas e mais informações diárias. Que venha 2017!

#Brookfield #Camargo Corrêa #OAS #Petrobras

As variáveis que a econometria não pega

30/12/2016
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Os laboratórios de pesquisas dos grandes bancos de investimentos, independentes ou vinculados à área de research do Banco Central, em Brasília, e os nerds da academia deveriam empreender uma tour de force para testar modelos sobre as duas variáveis que podem jogar por terra a produção de cenários econômicos no Brasil. Uma delas é a crise política, um vetor nos dias de hoje completamente fora de controle. Não há econometria que consiga matematizar e capturar a dinâmica e os efeitos do Lava Jato.

Outra variável imprevisível é o impacto que as instituições “grandes demais para quebrar” – importantes empresas, estados, municípios etc. – podem ter na economia. Até há indicadores antecedentes da probabilidade de quebra, a exemplo do ocorrido com as unidades federativas, mas inexistem modelos econométricos que precisem o timing e seus efeitos macroeconômicos. O mais provável, como têm feito historicamente os economistas, é que o “too big to fail” seja sublimado dos cenários econômicos.

Haveria uma terceira variável permanentemente fora dos modelos: a hipótese do trabalhador não concordar, como um boi de orelha murcha, com certos experimentos macro e microeconômicos que lhe retiram a capacidade de pagar a escola do filho, quitar o aluguel e manter a alimentação da família. Os modelos não levam em consideração a indignação do povo.

#Banco Central #Lava Jato

Usina dos Bumlai corre o risco de virar bagaço

29/12/2016
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Como se já não bastassem os efeitos devastadores da Lava Jato, a família Bumlai está na iminência de sofrer um duro golpe, que praticamente seria a pá de cal sobre seus negócios agropecuários. A recente decisão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul de suspender a assembleia de credores da Usina São Fernando aumentou consideravelmente o risco de bancarrota da companhia. O fundo norte-americano Amerra Capital Management, visto como a última solução para a empresa, recuou nas negociações para a compra da usina sucroalcooleira. O motivo é a intransigência dos credores em aceitar a proposta de deságio de quase 50% do passivo da São Fernando, na casa de R$ 1,5 bilhão.

Entre os bancos, o mais agressivo é o BNP Paribas, que já entrou na Justiça com o pedido de falência da empresa. Os franceses têm o apoio de outras instituições financeiras. O próprio BNDES, que tem a receber cerca de R$ 300 milhões, já lavou as mãos em relação à companhia dos Bumlai. No caso de falência, os ativos – a usina de álcool e açúcar de Dourados (MS) e as unidades de cogeração São Fernando I e São Fernando II – seriam vendidos para o pagamento dos credores. A família ainda tenta um acordo com os bancos que permita a retomada das conversações com o Amerra, mas a tarefa é árdua.

O próprio fundo norte-americano não teria apresentado garantias firmes para o pagamento das dívidas, ainda que com expressivo desconto. Além disso, o passado dos Bumlai joga contra. E isso não se aplica apenas à Lava Jato. Os credores da São Fernando têm os dois pés atrás com os controladores da empresa. A família é acusada por agricultores da região, por exemplo, de ter provocado um incêndio criminoso em suas plantações de cana, em 2013, por falta de recursos para arcar com a moagem da matéria-prima – ver RR edição de 29 de outubro de 2015.

A proximidade com o poder fez a fortuna e a desgraça dos Bumlai, um dos mais importantes sobrenomes do agronegócio no Centro-Oeste. A agonia da Usina São Fernando – para todos os efeitos de propriedade de Guilherme e Maurício, filhos de José Carlos Bumlai – é apenas a parte mais visível da debacle dos negócios do clã. Das mais de 200 mil cabeças de gado contabilizadas há cerca de três anos, sobraram menos de duas mil, no que mal pode ser chamado de um “family office agropecuário”.

#Amerra Capital #BNDES #BNP Paribas #Usina São Fernando

Efeito dominó

29/12/2016
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A delação do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Fabio Cleto está permitindo à Lava Jato montar um novo e instigante quebra-cabeças: as peças revelam as relações entre empresas interessadas em obter recursos do FI-FGTS, administrado pela Caixa, e uma miríade de parlamentares que orbitavam em torno de Eduardo Cunha.

#Caixa Econômica #FI-FGTS #Lava Jato

Austríaca RHI entra no radar da Lava Jato

28/12/2016
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A Lava Jato está triscando na austríaca RHI, que acaba de se unir à Magnesita para criar a maior fabricante de refratários do mundo. O Ministério Público do Rio, que colabora com a força tarefa de Curitiba nas investigações relacionadas a Sérgio Cabral, apura as circunstâncias dos benefícios tributários concedidos pelo governo do Rio à RHI Refratários Brasil Ltda. Segundo investigações preliminares, a empresa teria recebido 11 isenções fiscais desde agosto, quando a situação nas contas públicas do estado já era calamitosa.

Ressalte-se que o grupo austríaco não tem qualquer site de produção no Rio. Seu próprio centro de decisões no país está sediado em Belo Horizonte. Procurado pelo RR, o governo do Rio disse que não poderia revelar a “quantidade de incentivos” concedidos à RHI “em razão do sigilo fiscal”. A Secretaria de Fazenda informou que a RHI Refratários Brasil “encontra-se enquadrada no Tratamento Tributário Especial (TTE), criado para empresas tipicamente importadoras que utilizam os portos fluminenses”. A RHI, por sua vez, confirmou que possui “Regime Especial de diferimento parcial de ICMS na importação de produtos pelo Estado do Rio.”

Esse Regime Especial, segundo a companhia, “foi diferido em 29 de Julho de 2016 com base na Resolução SEFAZ no 726 de 19 de fevereiro de 2014”. A empresa negou, no entanto, que tenha recebido isenções fiscais do governo fluminense. A RHI disse ainda não ter conhecimento de qualquer investigação sobre seus negócios no Brasil no âmbito da Lava Jato. O fio da meada que o Ministério Público está desenrolando leva a 2011, quando as relações entre a RHI e autoridades do Rio se intensificaram.

Nesse ano, durante o governo de Sérgio Cabral, a empresa anunciou um investimento de 85 milhões de euros na construção de uma fábrica em Queimados, na Baixada Fluminense. A companhia chegou a comprar o terreno, por sinal outro trecho nebuloso na biografia dos austríacos no país. Conforme o RR publicou na edição de 14 de setembro de 2011, a RHI pagou à época R$ 11,7 milhões pela propriedade que, cinco dias antes, segundo registros em cartórios locais, havia sido negociada por apenas R$ 2,5 milhões. O empreendimento foi continuamente adiado.

Em 2012, segundo informação confirmada pela própria companhia ao RR, a RHI suspendeu a instalação da fábrica. Os procuradores têm motivos para acreditar que nem em um século o projeto sairia do papel. A percepção é que a fábrica da RHI nunca passou de um holograma.

#Lava Jato #RHI

A mais prioritária das obras da Odebrecht

28/12/2016
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Escutem o que diz a pitonisa: a Odebrecht vai renascer. A empresa tem tradição de reverter grandes escândalos, a exemplo dos casos PC-Collor e Anões do Orçamento. Não há episódio que sirva de paralelo à Lava Jato, é verdade. Mas nada foi feito em nenhuma empresa brasileira comparável ao plano de mobilização e motivação do corpo de colaboradores, à grandiosidade da operação de comunicação e à mega estrutura de compliance que será tocada por Sérgio Foguel.

Foguel está na Odebrecht há 25 anos, sempre lidando com a área de desenvolvimento humano e organizacional. Trata-se de um quadro altamente ideológico – um dos criadores do Instituto Millenium -, com excelente formação acadêmica. Foi resguardado em uma estufa na companhia e escolhido a dedo por Emilio Odebrecht para comandar a teia de controles que está sendo implantada na companhia.

A sobrevivência da Odebrecht não suporta ações fora do superlativo. De uma certa forma, foi assim nos outros escândalos e situações-limite. Agora o multiplicador é maior. Mas, como dizem os orientais, em toda a adversidade existe uma oportunidade. Na cauda do turbilhão de horrores que se abateu sobre a empresa, há um lado positivo, submerso, que não dá manchetes nas mídias.

A companhia baiana tem feito um ajuste severo, com corte de gastos, melhoria de processos e reestruturação do perfil da dívida. Uma das etapas da estratégia de recuperação da imagem é divulgar os passos do seu calvário de autocrítica e as medidas amplas e rigorosas de compliance. A cada ajoelhada no milho, uma entrevista, release, nota ou comunicado mostrando arrependimento e a disposição de seguir as melhores práticas de conformidade.

#Lava Jato #Odebrecht

Lava Jato 1

27/12/2016
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A Lava Jato investiga as relações do doleiro e lobista Lucio Funaro com Furnas. O que significa dizer que ela investiga as guloseimas e travessuras de Eduardo Cunha na estatal.

#Eduardo Cunha #Lava Jato

Lava Jato 2

27/12/2016
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Com o recesso do Judiciário, boa parte da força tarefa da Lava Jato entrou de férias. Sérgio Moro, também. Nada impede, no entanto, que ele tenha deixado algum mandado de prisão assinado.

#Lava Jato #Sérgio Moro

O eterno preço da Lava Jato

26/12/2016
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Os funcionários da BR Distribuidora foram submetidos a um processo de background check, uma espécie de tomografia das suas práticas profissionais, incluindo uma auditoria em e-mails e celulares funcionais. Em parte, o processo pode ser atribuído aos preparativos para a venda da companhia; em parte, claro, às rígidas regras de compliance implantadas na estatal após a Lava Jato.

#BR Distribuidora #Lava Jato

Natal da Lava Jato

21/12/2016
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Ontem, nos corredores do Congresso havia um forte burburinho de que o Natal da Lava Jato poderá chegar antes do dia 24.

#Lava Jato

Reforma 2

21/12/2016
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Por falar em reforma ministerial, Michel Temer parece gostar de viver perigosamente. Um dos cotados para o novo Ministério é o deputado Aguinaldo Ribeiro, presidente do PP, partido que já teve 38 integrantes citados em inquéritos da Lava Jato.

#Lava Jato #Michel Temer

O fado da Lava Jato

20/12/2016
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A denúncia atribuída ao ex-executivo da Odebrecht, Leandro Azevedo, de que contas do Banco Banif em paraísos fiscais foram usadas para o pagamento de propina a políticos aflige duplamente os portugueses. Além do risco jurídico, há o temor de que a Lava Jato incinere de vez as chances de venda dos ativos do Banif no Brasil. Este, inclusive, teria sido o fator primordial para o BTG ter desistido da aquisição, em julho deste ano. Procurado pelo RR, o Banif não quis se pronunciar sobre a negociação da operação brasileira nem sobre a citação no âmbito da Lava Jato.

#Banco Banif #Lava Jato #Odebrecht

Acervo RR

Camuflagem

5/12/2016
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O “limitado” patrimônio dos Cabral tem chamado a atenção dos procuradores da Lava Jato. Dos diversos veículos à disposição de Sérgio Cabral e da família, apenas um está registrado em seu nome, um Hyundai Azera. Adriana Ancelmo, por sua vez, não é proprietária de qualquer automóvel. Já era assim em 2010, quando Cabral se reelegeu para o governo do Rio. Àquela altura, em sua declaração de bens constava apenas um Toyota Corolla, modelo 2006.

#Lava Jato #Sérgio Cabral

Camuflagem

5/12/2016
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O “limitado” patrimônio dos Cabral tem chamado a atenção dos procuradores da Lava Jato. Dos diversos veículos à disposição de Sérgio Cabral e da família, apenas um está registrado em seu nome, um Hyundai Azera. Adriana Ancelmo, por sua vez, não é proprietária de qualquer automóvel. Já era assim em 2010, quando Cabral se reelegeu para o governo do Rio. Àquela altura, em sua declaração de bens constava apenas um Toyota Corolla, modelo 2006.

#Lava Jato #Sérgio Cabral

BNDES desperta de sua hibernação na infraestrutura

29/11/2016
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O BNDES, enfim, começa a sair do processo de abulia que o acometeu após o impeachment de Dilma Rousseff. O banco prepara-se para um novo ciclo de investimentos na área de infraestrutura, na esteira da assinatura da Medida Provisória 752, que estabelece as regras para prorrogação e relicitação de concessões rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias. A expectativa é de um expressivo aumento do número de pedidos de financiamento no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). A maior retomada deverá vir do setor ferroviário, um dos mais afetados pela estiagem financeira na área de infraestrutura – vide a própria carteira de empréstimos do BNDES: em outubro, por exemplo, o valor total dos projetos para o segmento encaminhados ao banco foi 29% inferior ao de igual período em 2015. Procurado, o BNDES não retornou até o fechamento desta edição.

Estimativas preliminares do BNDES apontam para um investimento em torno de R$ 10 bilhões no curto prazo apenas com a prorrogação de concessões ferroviárias. Neste caso, já há um grupo candidato a locomotiva do setor: a Rumo Logística, de Rubens Ometto, tem projetos em análise no banco que somam R$ 3,5 bilhões. Significa dizer que a empresa responde por 42% de todos os pedidos de financiamento da área de transporte ferroviário sob avaliação do BNDES. A Rumo, aliás, pode ser duplamente beneficiada pela MP, com a renovação antecipada das licenças da Malha Paulista e da Malha Sul. No total, o plano de investimentos da companhia ultrapassa os R$ 8 bilhões. A maior parte deste valor está condicionada à extensão dos contratos de concessão.

Ressalte-se que o PPI, como de resto quase tudo na República, depende do que está por vir de Curitiba. No BNDES, a expectativa é que a Lava Jato não interrompa o processo de recuperação do investimento que se desenha no horizonte. A experiência com o denuncismo foi massacrante para a carteira de projetos do banco. Na Avenida Chile, a torcida é para que este embrionário ciclo de pedidos de financiamento para a infraestrutura ganhe corpo. Afinal, é para isso que o banco existe.

#BNDES #Rubens Ometto #Rumo Logística

O ouvidor

29/11/2016
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Paulo Otto Von Sperling, ex-assessor de José Dirceu e ex-ouvidor da Petrobras, está processando a companhia. Sperling foi afastado da estatal em maio de 2015, em meio à Lava Jato. O que se diz na Petrobras é que, em seis anos à frente da ouvidoria, ele teria dado andamento apenas a duas investigações internas. A defesa de Von Sperling afirma que a ação se deve a “diferenças de verbas trabalhistas”. A Petrobras não quis se manifestar, alegando que o processo corre em segredo de Justiça.

#Lava Jato #Petrobras

A hora da verdade para as empreiteiras da segunda divisão

24/11/2016
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As empreiteiras do time reserva estão esperando com apreensão a segunda onda de delações e acordos de leniência. São empresas de menor porte, tais como C.R. Almeida, Barbosa Mello e Metropolitana, que vivem a dramática expectativa de serem incluídas nas denúncias de propina. O medo se justifica por todos os motivos. Mesmo que não tenham nada a ver com qualquer dos casos de corrupção citados, basta que o nome da companhia seja mencionado para que haja restrições ao pagamento de obras em curso e à participação em novas licitações. O risco de a Lava Jato atingir essas empresas tem sido discutido no governo, que conta com as empreiteiras emergentes para participarem de maneira consorciada nas PPPs, ou mesmo em associação com as gigantes chineses, dando o tempero nacional nas obras de construção pesada.

 O governo também considera que as empresas menores poderiam assumir, em associação ou individualmente, algumas das empreiteiras de maior porte em recuperação judicial. A preocupação é a mesma: evitar que todos os planos para o setor sejam dependentes do capital estrangeiro. A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) vem mantendo reuniões com empresários e autoridades buscando discutir medidas profiláticas. A entidade mais ativa, contudo, é o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp), que tem procurado, inclusive, articular uma pequena reserva de mercado para as empreiteiras estaduais.

#CR Almeida #Lava Jato

Dívida eletrocuta Queiroz Galvão Energia

23/11/2016
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 Deu curto-circuito no processo de reestruturação do passivo da Queiroz Galvão Energia, braço do grupo na área de geração. Os credores teriam recusado a proposta apresentada pela companhia para a troca do passivo de curto prazo por debêntures não conversíveis com vencimento em três anos. Bancos e grandes fornecedores, entre os quais a General Electric, pressionam a Queiroz Galvão a vender ativos para cobrir suas dívidas. Os compromissos da empresa para os próximos 12 meses somam cerca de R$ 600 milhões. O grupo teria suspendido pagamentos devido às dificuldades de se refinanciar no mercado após a Lava Jato. O caso da própria GE é um dos mais delicados. A Galvão Queiroz Energia comprou mais de R$ 400 milhões em turbinas eólicas da empresa norte-americana.

 A Queiroz Galvão Energia controla quatro hidrelétricas, cinco usinas eólicas e outras duas de biomassa. Seus ativos estão avaliados em R$ 4 bilhões. Dá e sobra para cobrir a dívida total, mas comprador que é bom não aparece. A intenção do grupo é vender integralmente a subsidiária de energia, mas, na falta de candidato, é provável que a Queiroz Galvão seja obrigada a aceitar propostas avulsas pelas suas usinas. Os credores agradecem.

• Procuradas, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Queiroz Galvão.

#Queiroz Galvão

Queiroz Galvão

22/11/2016
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 As negociações com a força-tarefa da Lava Jato para a delação de Ildefonso Colares e Othon Zanoide de Moraes Filho, ex-Queiroz Galvão, envolveriam principalmente a usina de Belo Monte. Os dois carregam um baú de boas histórias sobre o projeto. Procurada, a Queiroz Galvão afirma “desconhecer qualquer acordo de delação.”

•••

 Recordar é viver: em suas famosas gravações, o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado já alertava sobre a catástrofe que a Queiroz Galvão poderia provocar no PMDB.

#Lava Jato #Queiroz Galvão

Acervo RR

Queiroz Galvão

22/11/2016
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 As negociações com a força-tarefa da Lava Jato para a delação de Ildefonso Colares e Othon Zanoide de Moraes Filho, ex-Queiroz Galvão, envolveriam principalmente a usina de Belo Monte. Os dois carregam um baú de boas histórias sobre o projeto. Procurada, a Queiroz Galvão afirma “desconhecer qualquer acordo de delação.”

•••

 Recordar é viver: em suas famosas gravações, o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado já alertava sobre a catástrofe que a Queiroz Galvão poderia provocar no PMDB.

#Lava Jato #Queiroz Galvão

Esclarecimento

16/11/2016
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Em relação à matéria postada no dia 1 de novembro, o empresário Ricardo Andrade Magro procurou o RR para fazer o seguinte esclarecimento:

“A Refinaria de Manguinhos é companhia aberta com ações negociadas na Bovespa, logo não detém um dono. A família de Ricardo Andrade Magro detém apenas quantidade majoritária das ações da companhia”.

Ricardo Andrade Magro, nunca foi intimado para prestar qualquer tipo de esclarecimento na chamada Operação Lava-Jato. Logo, desconhece que seja alvo desta investigação.

Da mesma forma, desmente que tenha sido parceiro de negócios do Sr. Eduardo Cunha, ressaltando que o único fato que envolveu o seu nome com o do ex-deputado, foi objeto de inquérito junto à Suprema corte brasileira, que arquivou o caso a pedido da Procuradoria Geral da República, por considerar que não existia qualquer crime na referida apuração.

Por fim, Ricardo Andrade Magro enfatiza que, diferentemente, do destacado pelo site, jamais teve qualquer tipo de interesse em colocar obstáculos na referida fusão e que tem certeza que a mesma afirmação se aplica à Refinaria de Manguinhos”.

#Banco Central #Ilan Goldfajn

Não seria o momento de uma Constituinte Fiscal?

14/11/2016
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Não se sabe se em tom de desabafo ou propositivo, mas o ex-ministro e vice-governador Francisco Dornelles tem dito que o Brasil precisa de uma Assembleia Constituinte para repensar os critérios de transferências entre suas unidades federativas. Os estados e municípios deixaram de ser regidos pela lei, o gasto se descolou do orçamento e a gestão e o bom senso tornaram-se inimigos figadais. A Lei da Responsabilidade Fiscal é hoje um instituto jurídico completamente desmoralizado. O delito é anistiado naturalmente e não há mais culpados. Se a lei não vale, a gestão do orçamento é tão fictícia quanto as restrições ao seu descontrole. E sem um mínimo de bom senso voltamos ao velho ditado: em casa que não tem pão, todos brigam e ninguém tem razão.

 O país está quebrado, e não foi só o PT e sua nova matriz econômica que estilhaçaram as finanças públicas. Piscam os motivos para a esbórnia fiscal: uma seca de cinco anos, epidemias infecciosas, queda brutal do comércio exterior, deterioração do preço das commodities, a Lava Jato e suas consequências sobre a Petrobras, o cancelamento da esmagadora maioria das obras no Brasil. Ah, e ainda um impeachment na conta. O Brasil ameaça repetir a Argentina de Raul Alfonsín, que quebrou pelas províncias, estragou pelas bordas.

 As transferências de recursos da União vão deixando de obedecer ao nexo causal. Os critérios dos Fundos de Participação dos Estados são ultrapassados pela primazia da enfermidade fiscal. No bolo final dos recursos transferidos, os requisitos constitucionais acabam sendo, na prática, um mero detalhe. O RR tem ressaltado, não é de hoje, que União, estados e municípios precisam de um regime fiscal que preveja, além do controle de gastos e da reforma da Previdência. auditorias externas, dispositivos de compliance com regras para acender a “luz vermelha” a menor ameaça de insolvência, um Conselho Fiscal de Segurança, que assumiria a gestão a partir de determinadas métricas de risco etc. Tem falado também que é necessário fazer um encontro de contas, um ajuste patrimonial, uma troca de ativos entre estados e União, com securitização de dívidas e vendas compartilhadas de empresas de unidades federativas distintas. Em linhas gerais, mais ou menos o que o governador Luiz Fernando Pezão propôs. Pezão pensou no bolso do Rio. Dornelles pensou em uma disciplina para o Brasil. Talvez a ideia da Constituinte Fiscal seja o que há de mais rápido e barato para resolver um imbróglio deste tamanho. Com certeza duraria menos do que o ajuste fiscal com 10 anos de carência proposto por Michel Temer e Henrique Meireles.

#Francisco Dornelles #Lava Jato #Pezão #PT

Cultura fica para depois

3/11/2016
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 A Lava Jato decepou os projetos na área da Cultura. A Transpetro é a campeã do ranking.

#Lava Jato #Transpetro

“Bidelator”

3/11/2016
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 Leo Pinheiro, da OAS , é nitroglicerina em dose dupla: além da Lava Jato, negocia um acordo de delação no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desvios nos fundos de pensão.

#Delação premiada #Lava Jato #Leo Pinheiro #OAS #Operação Greenfield

Ultra encontra um pedágio pelo caminho

1/11/2016
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  No Grupo Ultra, há poucas dúvidas quanto às intenções de Ricardo Andrade Magro, dono da Refinaria de Manguinhos. Investigado pela Lava Jato, o antigo parceiro de Eduardo Cunha está diante de uma grande oportunidade de “negócio”. E esta oportunidade surgiu à sua frente graças ao Cade, que declarou Manguinhos como parte interessada na venda da rede de postos Ale para a Ipiranga. Ou seja: Magro conseguiu colocar o bode na sala e agora, ao que tudo indica, vai cobrar caro para tirá-lo de lá. O Ultra, dono da Ipiranga, já trata como inevitável uma dura negociação com Manguinhos para que a refinaria não se interponha – tanto na esfera administrativa, caso do Cade, quanto, sobretudo, no âmbito jurídico – à venda dos postos Ale.  Em sua decisão, o Cade considerou que a aquisição da Ale pela Ipiranga poderá causar um grau de concentração na compra de combustível capaz de afetar os interesses da Refinaria de Manguinhos. Curioso: ao que consta, Manguinhos não refina uma gotícula de petróleo há anos. Seu core business é brigar com o governo do estado para não pagar o ICMS sobre o pouco combustível que comercializa, todo ele importado. • As seguintes empresa não retornaram ou não comentaram o assunto: Manguinhos.

#Ale #Grupo Ultra #Ipiranga #Lava Jato #Ricardo Andrade Magro

Marcelo e Bernardo, os irmãos corsos às avessas

31/10/2016
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  As famílias Odebrecht e Gradin sempre foram indissociáveis. Seus principais acionistas, Norberto Odebrecht e Victor Gradin, somariam 180 anos cravados se o fundador do grupo estivesse vivo – Norberto faleceu em 2014. Ambos esbanjaram sabedoria, ambição e lealdade mútua. Até os 91 anos, Norberto dirigia, ao lado de Victor, a Mercedes Benz, modelo C1, que lhe foi presenteada pelo sócio no seu aniversário de 81 anos. Em 1974, quando Victor foi convidado por Norberto a fazer parte daquela construtora em ascensão, não havia sequer nada parecido com a Lava Jato. A “partidarização das comissões” era residual: a molhadela, espórtula ou gratificação ficava nas mãos da burocracia ou do próprio tubarão.  Norberto e Victor foram amigos elevados à enésima potência. Victor levou a Odebrecht para o front petroquímico, a industrialização e a modernização de processos. Era um estrategista. Norberto enxergava longe, criou uma cultura corporativa, prezava o capital humano. Era um sacerdote. Se estivesse vivo e não tivesse ocorrido o grande cisma das famílias, os dois duelariam juntos, lado a lado, no front da Lava Jato. A terceira geração dos Odebrecht e a segunda do Gradin sepultaram essa história de fraternidade. Marcelo e Bernardo, os dois eleitos para gerir o império, criaram o seu “Lava Odebrecht”. Jovens, preparadíssimos, ambos conviveram como amigos desde a infância. Ninguém diria que se tornariam uma versão reversa dos irmãos corsos, de Alexandre Dumas, em um processo de desunião crescente com o passar do tempo. Marcelo mandava na construtora e na área de novos negócios. Bernardo, na petroquímica e projetos industriais. Sim, ainda há Miguel Gradin, com quem Marcelo compartilhou o curso de preparação de oficiais da Reserva em Salvador, em 1987. Posteriormente trabalharam juntos na inglesa SLP Engineering, de óleo e gás. Mas Miguel nunca foi um “irmão corso”.  No ano da discórdia de 2010, Marcelo convenceu seu pai, Emílio, e o avô, já afastado das decisões empresariais, sobre uma revisão do acordo de acionista com os Gradin, detentores de 20% do grupo. Estão até hoje em um contencioso pestilento em torno de valores de compra e venda das participações. A partir daí, Marcelo tirou Bernardo das funções executivas da Odebrecht – Miguel também foi afastado. E veio o pior tormento, soprado com fúria pelos procuradores e juiz de Curitiba. Como se sabe, os Odebrecht estão pagando o preço. Já os Gradin “não dominaram o fato”.  Consta que Paulo Roberto Costa denunciou, em julho, Bernardo Gradin por ter negociado com ele, em condições vantajosas, a compra de nafta da Petrobras para a Braskem. Há menções a Bernardo também em episódio de “convencimento” da Petrobras a entrar como sócia da petroquímica da Odebrecht em uma fusão com a Quattor. Digamos que a cota de delações sobre Bernardo seja o correspondente ao percentual de ações que os Gradin têm no grupo e querem vender caro. Mesmo assim o clã passou ao largo da Lava Jato. É curioso! Houvesse a fidalguia de outrora, talvez Bernardo estivesse batalhando pelo amigo de infância como faziam os cavalheiros instituídos de honra e tradição. A têmpera com que foram forjados Norberto e Victor ficou restrita a uma geração.

#Bernardo Gradin #Braskem #Lava Jato #Marcelo Odebrecht #Odebrecht #Paulo Roberto Costa #Petrobras

Hora do tucano

31/10/2016
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 Os procuradores de Curitiba não apenas avançam sobre o PSDB como estão juntando diversos pontos que ligam a Lava Jato ao escândalo de corrupção em contratos do metrô de São Paulo.

#Lava Jato #PSDB

Acervo RR

Calendário

28/10/2016
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 Coincidência que não quer calar: Constantino de Oliveira Junior saiu da presidência executiva da Gol em 2012. Ou seja: deixou de ser diretor estatutário exatamente no ano em que, segundo a Lava Jato, a companhia aérea começou a fazer pagamentos para empresas ligadas a Eduardo Cunha.

#Eduardo Cunha #Gol #Lava Jato

Torniquete

28/10/2016
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 O Ministério Público do Rio pediu à Justiça a suspensão dos pagamentos ao ex-chairman do Grupo Peixoto de Castro, Paulo Cesar Palhares Peixoto de Castro, o “Poleca”. Mesmo afastado do cargo por decisão judicial, após se tornar réu da Lava Jato, “Poleca” continua recebendo seu pró-labore, segundo o parecer do MP sem qualquer justificativa para que o caixa da empresa seja “sangrado com a despesa”.

#Lava Jato

Bullets

28/10/2016
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 O ministro das Relações Exteriores José Serra não está em boa forma. E dessa vez não é a sua notória hipocondria. •••  A delação de Delcidio do Amaral está empurrando a Lava Jato na direção do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, ou seja, na direção de Aécio Neves. ••• Marcelo Crivella tem informações seguras de que o vazamento das fotos de sua prisão, em 1990, se deu por obra e graça de um de seus principais aliados. Um verdadeiro molequinho.

#Aécio Neves #Delcídio do Amaral #Furnas #José Serra #Lava Jato #Marcelo Crivella

Lama no pneu

27/10/2016
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 A Lava Jato está triscando na JAC Motors. Os procuradores puxam o fio da meada das relações entre a montadora chinesa e o ex-ministro Antonio Palocci. Por três anos, a companhia desfrutou de benefícios fiscais previstos no Inovar Auto sem atender à premissa básica do programa: ter produção no Brasil. Procurada, a JAC nega qualquer contato com Palocci e garante ter a “intenção de produzir automóveis no país”.

#Antônio Palocci #JAC Motors #Lava Jato

Em nome do pai

26/10/2016
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 Mesmo alvejado pela Lava Jato, Edison Lobão trabalha para demover o Planalto da ideia de trocar a direção da Brasilcap. A subsidiária de capitalização do BB é comandada, desde 2008, por Marcio Lobão, filho do ex-senador.

#Brasilcap #Edison Lobão #Lava Jato

Sussurros e carinho na festa do professor Porto

25/10/2016
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 Foi bonita a festa, pá. Na última sexta-feira, diversas safras de economistas que passaram pela Escola de Pós-Graduação e Economia (EPGE), atual Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV, se reuniram no salão nobre da instituição para celebrar os 70 anos do professor Antônio Carlos Porto Gonçalves, um craque na arte de se fazer querido. O que mais se ouviu no encontro fechado foram histórias da convivência acadêmica. Mas, catando aqui e acolá, puderam ser extraídas algumas observações valiosas sempre ditas aos sussurros: o governo de Michel Temer estaria blindado pela qualidade da sua equipe – Wilson Ferreira Jr., Maria Silvia, Pedro Parente etc – e tem os apoios político e da mídia para realizar o maior número de reformas conservadoras-modernizantes desde o movimento militar de 1964. Só tem de correr, pois a estrada da Lava Jato é acidentada, e 2018 já é dado como um ano morto. Quanto mais rapidamente as reformas forem aprovadas, mais célere as agências de rating elevarão a nota do Brasil, maiores serão as quedas dos juros e mais amplo o espaço para o crescimento dos investimentos.  Economistas ouvidos consideram que Michel Temer não vai repetir Lula. O ex-presidente assistiu ao Judiciário desmontar seu alto comando – José Dirceu, José Genoíno, Luiz Gushiken, Antonio Palocci etc – sem ter quadros à altura para substituir os alvejados. Temer estaria conversando não só com os que se encontram na linha de tiro, entre eles alguns de seus principais assessores, mas com potenciais ocupantes de cargos no governo. Um exemplo é o ex-multiministro e ex-juiz do STF Nelson Jobim, atualmente operando como um híbrido de sócio de compliance e diplomata jurídico do BTG. Um exagerado wishful thinking aposta que até FHC estaria a postos para entrar em campo e não deixar o barco adernar.  No espaço mais aristocrático da FGV, contudo, ninguém queria saber de conjuntura, previsões, econometria. A festa era para o grande Porto Gonçalves. Ele pertence à segunda geração heroica da EPGE, dirigida por Carlos Langoni – a primeira foi comandada por Mario Henrique Simonsen. As duas escolas ocuparam literalmente a área econômica do governo no seu tempo. Claudio Haddad, integrante da segunda geração, compareceu ao evento com grande fair play. Ele, que era uma espécie de Dartagnan do trio de mosqueteiros bilionários liderados por Jorge Paulo Lemannn, retornou a sua vertente acadêmica em uma escala compatível com sua fortuna: Haddad é o dono do Insper, maior concorrente da EPGE. Ele estava lá para dar abraços e apertos de mão e, principalmente, celebrar Porto Gonçalves, seu professor na EPGE. Presentes ainda Luiz Guilherme Schymura, Rubens Pena Cysne, Luiz Freitas e Joaquim Falcão, entre outros diretores de unidade. Também compareceram ex-alunos badalados como Maria Silvia Bastos Marques, Gustavo Loyola, e o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal. Lá do firmamento Eugenio Gudin, Otávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos abençoavam o encontro, sensibilizados.

#BTG Pactual #FGV #FHC

O frio na espinha que a prisão de Lula provoca

20/10/2016
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  Não há tempo de estio na jornada de Luiz Inácio Lula da Silva. A chapa da Lava Jato está sempre fervendo. Na última sexta-feira, escaparam pelas goteiras dos comandos de Curitiba e Brasília sinais de que falta pouco para um xeque-mate. A ansiedade cresceu quando, no meio da tarde, circularam informações sobre uma reunião convocada pela presidente do STF, Cármen Lucia, com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann. A motivação formal do encontro publicada nos jornais foi a discussão do Plano Nacional de Defesa, com ênfase na situação dramática do Rio de Janeiro. Mas uma outra versão causou insuperável frisson nos setores diretamente envolvidos. Segundo este relato, as autoridades teriam discutido as consequências de uma grande comoção popular com a prisão de Lula.  A articulação de manifestações violentas por parte de sindicatos e movimentos populares teria sido capturada pela rede de informações do governo. Não são necessários espiões ou arapongas para chegar a essa conclusão. Nas redes sociais, nos últimos dias, têm se multiplicado as ameaças abertas sem nenhuma preocupação de sigilo por parte dos autores. O teor é mais ou menos “prende o Lula que nós vamos explodir tudo”.  Ontem circularam rumores fortes de que o líder do PT seria encarcerado até o fim desta semana na “Operação Fim de Papo”. O já célebre PowerPoint de Deltan Dallagnol e sua tropa de choque apresentando Lula como o “general do crime” não deixa dúvidas de que o pedido de prisão preventiva é inevitável. Nenhuma autoridade pública se comporta daquela maneira se a decisão já não estiver tomada. No Instituto Lula a informação é de que os advogados do ex-presidente têm uma comunicação difícil com o Ministério Público.  Por sua vez, no governo Temer ninguém acha essa prisão uma boa nova. Temer vê um domínio do Congresso total, a aliança sólida com a mídia, as ruas calmas, o ambiente propício para aprovação das reformas conservadoras, então para que um risco político dessa magnitude? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que, como está, Lula será um farrapo em 2018, mas, se for preso, torna-se perigosíssimo. Há cheiro de pólvora debaixo do tapete da Lava Jato e nenhuma sensibilidade do Ministério Público em relação à representatividade de Lula e seu apelo popular. A aposta de Deltan Dallagnol e dos procuradores do seu grupo de trabalho é de que a prisão será mais uma e nada mais. A essa altura, é torcer para que estejam certos.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Lula

Moto contínuo

20/10/2016
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 Entre os procuradores da Lava Jato, é grande a expectativa de que um acordo de delação com Branislav Kontic, ex-assessor de Antonio Palocci, torne praticamente inevitável que o próprio ex-ministro da Fazenda siga o mesmo caminho. É o demoníaco efeito pirâmide da deduragem.

#Antônio Palocci #Lava Jato

Rigor

20/10/2016
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 O acordo que a Pasa, do México, está costurando com a Estre Ambiental é mais rigoroso do que o habitual em contratos dessa natureza, notadamente no que diz respeito aos antecedentes da empresa brasileira. Os mexicanos exigem o direito de cancelar a fusão, sem qualquer ônus, caso a companhia seja chamada a responder por algum eventual ilícito do passado. O motivo da cautela da Pasa atende pelo nome de Lava Jato. Citada nas investigações, a companhia controlada pelo BTG e pelo empresário Wilson Quintella prestou serviços de coleta e tratamento de lixo à Petrobras entre 2010 e 2014, período no qual teria amealhado mais de R$ 700 milhões. Em dezembro do ano passado, não custa lembrar, a PF chegou a fazer uma operação de busca e apreensão no escritório da Estre em São Paulo. Procurada, a empresa não quis se pronunciar sobre o assunto.

#BTG Pactual #Estre Ambiental #Lava Jato

Delação destilada

18/10/2016
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 Gim Argello reabriu as negociações para uma delação premiada. Por duas vezes, os procuradores da Lava Jato brecaram o acordo por entender que o ex-senador contava da missa apenas a metade em seus depoimentos. Agora que foi condenado a 19 anos de prisão, Argello vai soltar a voz.

#Delação premiada #Lava Jato

Asfalto quente

14/10/2016
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 A Lava Jato estaria avançando mais algumas jardas na direção da Dersa, a estatal paulista responsável, entre outros projetos bilionários, pela construção do Rodoanel.

#Dersa #Lava Jato

Luiz Estevão

5/10/2016
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 A delação premiada do ex-senador Gim Argello empurra a Lava Jato ainda mais na direção do empresário Luiz Estevão, que cumpre pena na penitenciária da Papuda.

#Lava Jato

Bullets

28/09/2016
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 O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, aquele que diz não saber o que disse saber, teria sido informado da operação contra Antonio Palocci na tarde da última quinta-feira. •••  Além da iminente venda de parte da Congonhas Minérios, Benjamin Steinbruch tenta atrair o China Development Bank para a Transnordestina . •••  O lobista Milton de Oliveira Lyra Filho, preso pela Lava Jato na última segunda-feira, é bastante próximo de badalados cartolas do futebol brasileiro, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

#Alexandre de Moraes #Antônio Palocci #Benjamin Steinbruch #CBF #China Development Bank #José Maria Marin #Lava Jato #Transnordestina

Pacote completo

21/09/2016
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 Torre quer vender um pedaço da recém-criada WTLog. Quem chegar vira sócio de uma carteira de R$ 600 milhões em galpões imobiliários e de um empresário investigado na Lava Jato e na Greenfield. • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto:  WTLog.

#Lava Jato #Operação Greenfield #WTLog

Bullets

19/09/2016
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 José Serra pretende não só participar do road show dos outros ministros no exterior, mas também organizar os seus individuais. Desafia quem vai captar mais.  Se a República de Curitiba quiser depurar suas investigações na Lava Jato, recomenda-se ouvir o presidente da PwC, Fernando Alves, um expert em Odebrecht e Petrobras.  Geraldo Alckmin trabalha junto ao Planalto para que recursos do FI-FGTS também sejam usados na venda de concessões estaduais. Puxa a brasa para a sua Cesp .  

#Cesp #Geraldo Alckmin #Lava Jato #Odebrecht #Petrobras #PwC

Lula quer apresentar Michel Temer à Lava Jato

16/09/2016
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 O PT tem duas estratégias e um posicionamento definidos para reagir à denúncia do Ministério Público Federal contra Lula. Estes pontos foram exaustivamente debatidos pela cúpula do partido ao longo da tarde de ontem, após o pronunciamento do ex-presidente. Segundo a fonte do RR, assíduo interlocutor do ex-secretário da Presidência da República Gilberto Carvalho, a postura de Lula não será a do candidato de 1989, mas de 2002. Ou seja: indignado, sim, no entanto, até segunda ordem, cordial, bem humorado e disposto ao diálogo. Já as referidas estratégias se cruzam entre si. Uma delas é evitar o confronto aberto com a Lava Jato, mas, ao mesmo tempo, desacreditá-la. Isso significa colocá-la sob suspeição, lançando sobre ela a pecha de parcial e de olhar apenas para um partido ou grupo político. A questão é a sutileza, o ponto da massa antes de tirá-la do forno, coisa em que Lula é perito.  Este movimento abrirá caminho para o complemento da tática delineada pelo PT. O partido pretende colocar foco no atual governo, adotando um discurso com o intuito de colar o Ministério Público em Michel Temer e seus colaboradores mais próximos, muitos deles já devidamente carimbados pela Lava Jato. A premissa é que o bombardeio ao atual presidente e sua távola redonda ajudaria a quebrar o protagonismo do PT e do próprio Lula na Operação. Permitiria também o take over do “Fora, Temer”, grudando o slogan das ruas às investigações do “petrolão”. Ao mesmo tempo, jogar foco sobre Temer evitaria que o ex-presidente concentrasse sua munição contra os procuradores de Curitiba. Até porque este está longe de ser o melhor Lula. Quando se dirige ao Ministério Público, ele automaticamente precisa vestir uma camisa de força e tomar todos os cuidados. Ontem, por exemplo, não fez qualquer menção nominal a Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa e âncora do espetáculo midiático conduzido na véspera pelo Ministério Público. No PT, há a convicção de que um duelo escancarado não é o caminho mais recomendável. Seria muito desgaste para pouco resultado, tamanho o prestígio de Sergio Moro e seus cruzados junto à opinião pública. Além do mais, até no discurso oficial quem quer abafar a Lava Jato é Temer, Renan, Cunha, Aécio etc. Não Lula.  No entanto, talvez o ponto mais sensível seja como Lula deve abordar a palavra que não ousa dizer seu nome. Ontem, em 1h20 de discurso, ele não pronunciou o termo “prisão”. Contudo, quem o psicografa garante que o tema terá a sua vez e Lula, como de hábito, saberá o timing exato de colocá-lo sobre a mesa. Ao citar a questão de viva-voz, ele poderá dizer que sua detenção está decidida há décadas e décadas pelas elites. E que o que está em jogo não é o seu cárcere, mas a prisão de uma causa. Por enquanto, não há pistas sobre quem terá o mando de campo do destino de Lula: o discurso evangelizante dos rapazolas da procuradoria ou o rugido rouco das ruas. A única aposta firme é que a imolação de Lula é uma fagulha com inegável poder de combustão.

#Lava Jato #Lula #Michel Temer #PT

Tratando a paralisia da Toyo Setal

16/09/2016
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?  O empresário Augusto Mendonça, encalacrado até a medula com a Lava Jato, está sacando do bolso mais uma cartada para tentar resolver a situação de quase paralisia da Toyo Setal, dona do estaleiro EBR e da Toyo Setal Empreendimentos, braço de engenharia industrial. Propôs à sócia Toyo dividir a companhia em duas. Os japoneses ficariam com o estaleiro e Mendonça, com a outra empresa. Dessa forma, haveria menos encrencas para cada um administrar. Dos três grandes projetos da Toyo, dois estão paralisados: o Comperj e a fábrica de amônia da Petrobras em Uberaba (MG). • Procuradas, as seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Toyo Setal

#EBR #Toyo Setal

Privatizações e Lava Jato têm encontro marcado no PPI

13/09/2016
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 A segunda-feira foi de bate-cabeças no Palácio do Planalto. Muitas ideias, poucas decisões. Ontem à noite, a poucas horas da primeira reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), ainda não havia uma definição dos projetos e do pacote de benefícios aos futuros investidores que serão levados para o encontro de hoje, em Brasília. O secretário Moreira Franco passou o dia catando pedacinhos de programas anteriores. Até raspas e restos do velho PAC foram usados para dar um toque sinfônico, digamos assim, à apresentação. Colocar vértebras no projeto talvez seja o menor dos problemas. O núcleo duro do Planalto – leia-se o próprio Moreira, Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha – está ciente de que o governo perdeu o que seria o grande ativo para a realização de um programa de privatizações em larga escala: uma espécie de leniência coletiva, ou seja, um grande acordão que permitisse às maiores empreiteiras do país – tanto as já condenadas quanto aquelas ainda sob investigação – além dos grandes investidores, a exemplo dos fundos de pensão, purgar seus malfeitos, quitar seus débitos com a Justiça e, assim, voltar ao game das concessões.  Esta hipótese parecia ter sustentação em Michel Temer e seu grupo político. Puro desejo. O próprio presidente da República e alguns de seus mais próximos colaboradores – a começar exatamente pelo trio Moreira, Geddel e Padilha – são alvos de investigações da Lava Jato, o que automaticamente lhes tira a autoridade para articular uma solução dessa natureza. Um movimento neste sentido vindo dos lados do PMDB será visto como uma tentativa de abafar Curitiba. Ao mesmo tempo, qualquer facilidade ou benfeitoria no programa de desmobilização patrimonial teria a fragrância da suspeição. Ou seja: com o governo Temer, a Lava Jato tornou-se uma “doença” auto-imune.  As aflições do Planalto passam ainda pela crise econômica e pela tensão das ruas. O projeto de ajuste fiscal tem um delay entre a produção de mal estar e bem estar. Enquanto a sensação é de usurpação de direitos, piora da renda e do desemprego – em parte carry over do governo Dilma –, o ambiente de indignação ganha novos decibéis a cada dia. A maneira de mitigar o bordão “Fora Temer” seria entregar parte do que os movimentos sociais querem, entre outras ações suspendendo as reformas trabalhista e da previdência. Mas seu nome não seria Michel se lá estivesse para repetir o governo anterior.  Os ativos de Michel Temer começam a se queimar rapidamente. De maior avalista do seu governo e potencial candidato em 2018, Henrique Meirelles periga se transformar em um ministro insípido, silenciado pelo seu próprio e repetitivo discurso. Só o próprio Temer poderia salvar seu governo de se tornar cada vez mais ralo, com vigor, decisões enérgicas, capacidade de comunicação e carisma. Alguém viu esse Michel Temer por aí?

#Eliseu Padilha #Geddel #Henrique Meirelles #Lava Jato #Michel Temer #Moreira Franco #PMDB #PPI

Itochu sobre as águas brasileiras

12/09/2016
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 A Itochu quer comprar os 51% restantes da Queiroz Galvão na holding Águas do Brasil. Os nipônicos, donos de 49% do negócio, pretendem consolidar o capital integral da empresa. Além dessa aquisição, a Itochu estuda fazer uma oferta pela OAS Soluções Ambientais. Essa animação toda reflete o baixo preço dos ativos no Brasil, decorrente da valorização cambial e da Lava-Jato. Caso feche as duas transações, a Itochu chegará ao segundo lugar do ranking entre os grupos privados da área de saneamento, atrás apenas da Odebrecht Ambiental . • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto: Itochu e Queiroz Galvão.

#Itochu #Lava Jato #OAS #Odebrecht #Queiroz Galvão

Temer vai à China colher o arroz semeado por Dilma

2/09/2016
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 O presidente Michel Temer desembarca hoje em Xangai, na sua primeira missão como titular do cargo, sabendo que os jornais Xinmin Evening News, Beijing Daily, Canako Xiaoxi e Nanfang City News – somente para dizer alguns dos mais votados periódicos chineses – não economizaram palavras simpáticas a sua antecessora. Não poderia ser diferente. Os acordos que serão assinados nos próximos dias avançam muito pouco em relação à agenda bilateral negociada ao longo do governo Dilma Rousseff. A rigor, Temer leva na bagagem, sem maior alarde, apenas duas novidades: o iminente fim das restrições à compra de terras no Brasil por investidores estrangeiros e a flexibilização das regras para a importação de mão de obra. São temas fulcrais para os chineses. O primeiro diz respeito a algumas das maiores tradings agrícolas do mundo, a exemplo do China National Agricultural Development Corporation e do PetroPetron, que têm planos de adquirir áreas para a produção de grãos, notadamente no Centro-Oeste.  A segunda questão interessa diretamente a empreiteiras e grupos de infraestrutura chineses, fortes candidatos a ocupar os vazios deixados pela indústria da construção pesada no Brasil após a Lava Jato. Neste caso, os acordos de financiamento para projetos no setor teriam como contrapartida a garantia de contratação de trabalhadores do país asiático. Já há precedentes no aproveitamento, em menor escala, de mão de obra estrangeira em grandes empreendimentos no país. Um exemplo é o da construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico , que contou com a importação de 600 operários chineses. É bem verdade que trocar investimentos por postos de trabalho não é uma escolha simples. Mas talvez doa menos para um governo que, na sua interinidade, já mostrou não dar prioridade à agenda social.  Praticamente todos os grandes acordos – do financiamento para a Petrobras à compra de aeronaves da Embraer – estão engatilhados desde a visita do primeiro-ministro Li Keqiang ao Brasil, em maio do ano passado. Michel Temer vai apenas pespegar sua assinatura sobre a de Dilma Rousseff. A verdade verdadeiríssima é que a origem desse namoro com os chineses antecede todos os personagens citados. Ela pertence por mérito ao ex-presidente da Vale Eliezer Batista. Já no governo Lula, Eliezer defendia a atração de investidores chineses como forma de viabilizar a execução de grandes projetos de infraestrutura. Construiu as pontes e saiu de campo. Agora, quem sabe Temer colha do arrozal germinado. Arroz é que não falta.

#China National Agricultural Development #Dilma Rousseff #Embraer #Impeachment #Michel Temer #Petrobras

Como será o amanhã de Dilma Rousseff?

29/08/2016
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 Dia seguinte à votação final do impeachment: Dilma Rousseff prepara-se para deixar o Palácio da Alvorada. Acometida desde a véspera de sentimentos mórbidos, nutre a desagradável sensação de ser a sua própria Lady Macbeth. Mas, às favas com as névoas da alma, só resta prosseguir pelejando. Foi o que sempre fez desde os tempos de guerrilheira. Ao mirar os canteiros de flores que mimoseiam o jardim, presente do imperador Hiroito a JK, a ex-presidente repassa nos pensamentos quais serão os passos seguintes. Pretende rodar pelo mundo, indo ao encontro de líderes políticos de diversas latitudes. Quer aproveitar o calor da cassação e do interesse que o assunto desperta na imprensa estrangeira. Tem o que dizer: foi vítima de um “golpe parlamentar” em um país que é a terceira maior democracia e oitava economia do mundo. Quer manter acesa a chama da indignação. Dilma vai apoderar-se da bandeira da defesa da Lava Jato, que estaria sob a ameaça do grupo político que a apeou do poder. O vulpino Michel Temer seria o maior inimigo da Lava Jato.  Dilma margeia o lago em frente ao Alvorada. Ao ver sua imagem refletida no espelho d´água, pensa consigo mesma. “Jamais movi um dedo para obstruir as investigações; não transferi delegados nem pressionei procuradores; e nunca intercedi junto a esse ou aquele ministro do Supremo.” A ex-presidente sabe que o seu maior ativo é imolação pública no altar da legalidade. Nos seus planos está a troca de partido. A interlocução com os líderes do PT é cada vez mais rara, quase inexistente. Dilma enxerga uma nova bandeira partidária. O PDT é uma pule de dez. Ela se vê agora em um escritório, muito possivelmente em Porto Alegre, cercada por uma equipe de técnicos e assessores. Nada de “Instituto Dilma”. Um centro de estudos modesto, com poucos sponsors. Um exemplo seria a fiel amiga e “latifundiária de esquerda” Katia Abreu. Esse gabinete paralelo, chefiado pelo ex-marido e leal companheiro de vida Carlos Araújo, irá acompanhar o “governo golpista” e produzir estudos contrariando os números e medidas adotadas.  A secura do ar do Planalto Central, à qual nunca se habituou, deixaria finalmente pelas costas. Na véspera da sua crucificação pelo Senado, a figura do ex-presidente Lula inundou sua memória, com imagens da convivência entre ambos repetindo-se no pensamento. A partir dali seus caminhos se bifurcariam: Lula lá, ela cá. Da sua trajetória épica de lutas no poder central carrega consigo apenas singelos dizeres: “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”. É a sua verdade absoluta.

#Dilma Rousseff #Impeachment

Expertise

23/08/2016
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 Os procuradores da Lava Jato, que já viram de tudo, estão impressionados com os meticulosos conhecimentos do contador Roberto Trombetta sobre a criação de empresas offshore. Seus depoimentos são aulas magnas sobre o tema. Não custa lembrar, Trombetta é investigado também no caso dos Panamá Papers. Ele aparece na famosa papelada da Mossack Fonseca como dirigente de offshores de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do Grupo Caoa.

#Grupo Caoa

Efeito Othon

23/08/2016
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 A Eletronuclear está praticamente parada. Todos os projetos e contratos vêm sendo submetidos a um pente-fino da área de auditoria. São os ecos da gestão do vice-almirante Othon Pinheiro da Silva, afundado pela Lava Jato.

#Eletronuclear

TV Anastasia

22/08/2016
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 Cada sessão da comissão do impeachment na TV Senado já é tratada no PSDB como um ato de campanha de Antonio Anastasia ao governo de Minas Gerais em 2018. Isso, claro, se a Lava Jato não interromper a caminhada.

#Lava Jato #PSDB

Resposta Ricardo Magro

18/08/2016
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 Sobre a nota publicada no dia 11/08, Ricardo Magro informa “desconhecer que seja investigado pela Operação Lava-Jato e considera pouco profissional o termo figurinha carimbada da Lava-Jato. Por fim, destaca que a Refinaria de Manguinhos é uma empresa listada na Bovespa, tendo como acionista majoritário empresa do Grupo Familiar que o mesmo faz parte.”

#Lava Jato

Delação passam pelos trios da Fiol

16/08/2016
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 Em sua delação premiada, o empreiteiro José Antunes Sobrinho, da Engevix, teria relatado um esquema de propinas envolvendo a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Uma das empresas que participam do projeto é a Argeplan, já investigada pela Lava Jato. Entre os sócios da companhia está o coronel aposentado da PM de São Paulo João Baptista Lima Filho, ligado a Michel Temer desde a década de 80, quanto o presidente interino comandou a Secretaria de Segurança paulista. Lima tem hoje um patrimônio avaliado em R$ 15 milhões.

#Engevix

Rodoanel é uma estrada sem fim para Isolux e Mendes Junior

11/08/2016
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 A tolerância do governo de São Paulo com a espanhola Isolux e a Mendes Junior chegou ao fim. Segundo o RR apurou, o Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) já está tomando as providências jurídicas necessárias para o rompimento do contrato com as duas empresas, líderes do consórcio responsável pela construção do trecho norte do Rodoanel. Pelo cronograma original, a obra deveria ter sido inaugurada em fevereiro deste ano, mas, até o momento, apenas 54% do projeto estão concluídos. No início do ano, pressionada pelo governo de São Paulo, Isolux e Mendes Junior teriam se comprometido a acelerar as obras e até mesmo buscar parceiros para tocar o empreendimento. Mas não fizeram nem uma coisa nem outra, praticamente enterrando qualquer possibilidade de nova negociação com o governo.  Por se tratar de um dos maiores projetos de infraestrutura no estado, os atrasos na construção do Rodoanel têm gerado um razoável desgaste para o governo de Geraldo Alckmin. Talvez seja por isso que as próprias autoridades estaduais estejam confusas quanto à melhor maneira de tratar o caso publicamente. Procurada pelo RR, a assessoria do governador Alckmin negou os atrasos e o rompimento do contrato com as duas empresas. No entanto, a própria Dersa, um órgão estatal, informou ao RR que discute com a Isolux e a Mendes Junior “divergências relativas às obras do lote 1 do Rodoanel Norte”. A empresa confirmou que “o contrato poderá ser, inclusive, rescindido”.  O contencioso com o governo de São Paulo fragiliza ainda mais a situação tanto da Isolux quanto da Mendes Junior. A empreiteira brasileira foi tragada pela Lava Jato e entrou em recuperação judicial. Ainda que por outros motivos, a Isolux não vive melhor sorte. A grave crise financeira que afeta o grupo na Espanha se espraiou pela operação brasileira. A subsidiária, que entrou em recuperação extrajudicial no início do ano, está se desfazendo de seus ativos na área de transmissão. Os espanhóis esperam anunciar nas próximas semanas a venda de suas participações no setor para a Brookfield, incluindo seu maior projeto: o linhão de Tucuruí ligando Manaus a Macapá. • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto: Isolux e Mendes Junior.

#Brookfield #Dersa #Isolux #Mendes Junior

On the records

11/08/2016
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 Ricardo Andrade Magro, dono da Refinaria de Manguinhos e figurinha carimbada da Lava Jato, tentou por duas vezes um encontro com Eduardo Cunha. Não teve sequer resposta. Consta que Cunha ficou bastante intrigado com a insistência do antigo parceiro em revê-lo. Talvez tenha sentido um cheiro de “Sergio Machado” no ar.

#Eduardo Cunha #Refinaria de Manguinhos

Lava Jato

10/08/2016
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 A Construbase teria aberto negociações com a CGU para fechar um acordo de leniência. A empreiteira é investigada pela Lava Jato por suspeitas de irregularidade em contratos com a Petrobras, entre eles a construção do centro de processamento de dados do Cenpes. • As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Construbase.

#Construbase #Petrobras

Lava Jato AM

5/08/2016
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 A Rádio Satélite, de Pernambuco, estaria à venda. Trata-se de uma mais célebres emissoras do país desde o advento da Lava Jato. O Ministério Público Federal garante que ela pertence a Eduardo Cunha. O deputado, por sua vez, não se cansa de negar a propriedade da rádio, afirmando que a vendeu para o pastor RR Soares há quase dez anos.

#Eduardo Cunha #Lava Jato #Rádio Satélite

Lobinho

4/08/2016
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 Na Brasilcap, já se dá como certo o fim do reinado de Marcio Lobão, presidente da companhia há quase uma década. Procurada, a empresa nega sua saída. O que não dá para negar é o desgaste dele. Filho do ex-ministro Edison Lobão, está citado na delação premiada de Sergio Machado. Segundo o ex-presidente da Transpetro, Marcio Lobão recebia propinas de R$ 300 mil mensais em nome do pai.  Por falar na família Lobão, o que se diz nos bastidores da Lava Jato é que a ofensiva sobre a Queiroz Galvão vai complicar de vez a situação do ex-ministro.

#Brasilcap #Queiroz Galvão #Sérgio Machado #Transpetro

Radioatividade

2/08/2016
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 Nos corredores da Eletronuclear o que se diz é que o ex-presidente da estatal, o almirante Othon Pinheiro da Silva, tem sido pressionado pela família a contar o que sabe à Lava Jato. Recentemente, ele passou da prisão domiciliar para preventiva.

#Eletronuclear

A vez de Zelada

1/08/2016
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 Mais um baú de trepidantes memórias poderá se abrir na Lava Jato. Condenado a 12 anos de prisão, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada abriu negociações para um acordo de delação premiada.

#Lava Jato #Petrobras

Jucá elétrico

26/07/2016
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 Em novo depoimento à Lava Jato, Sergio Machado teria desfiado um rosário de traquinagens do senador Romero Jucá na Eletronorte.

#Eletronorte #Lava Jato

Cartão vermelho

22/07/2016
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 Alvo da Lava Jato, o empresário Walter Torre enfrenta ainda a ira do Palmeiras. O clube paulista estuda entrar na Justiça para afastar a WTorre da gestão da Allianz Arena. A empresa teria descumprido uma série de cláusulas contratuais e pagamentos a terceirizados. • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto: WTorre.

#WTorre

Grande família

20/07/2016
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 Pelos documentos apreendidos na residência do lobista Milton Lyra no último dia 5 de julho, os procuradores da Lava Jato estão convencidos de que ele tem a chave da alma dos senadores Romero Jucá e Eunício de Oliveira.

#Lava Jato

Mapa da mina

11/07/2016
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 A Galvão Engenharia é um case entre as empresas do setor que logo no início do Lava Jato optaram por saldar suas dívidas. O ovo de Colombo foi a securitização dos atrasados da Petrobras e a negociação desses passivos com os bancos credores. Quando fez as operações, o deságio sobre os débitos da estatal ainda estava baixo. Quem esperou a Lava Jato turbinar já não conseguiu reestruturar suas dívidas com o mesmo modelo.

#Galvão Engenharia #Lava Jato #Petrobras #Petróleo

Temer precisa pagar pelo passado antes das novas concessões

7/07/2016
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 O anúncio da secretaria geral do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) de que a temporada de novos leilões de concessões está prestes a ser iniciada é considerada uma piada de salão na indústria de bens de capital. O secretário-ministro Moreira Franco até pode se esforçar para dar celeridade ao processo. Só que o buraco dos investimentos é bem mais embaixo. O governo é inadimplente em contratos de concessões desde 2012. O valor dos recursos travados já chega a R$ 40 bilhões. Em tese, a retenção de verbas não estaria projetada no déficit primário de R$ 170 bilhões estimado para este ano. Se fosse para valer, o rombo saltaria para R$ 210 bilhões, ou, na hipótese mais edulcorada, para R$ 185 bilhões, com o governo honrando os aditivos em contratos do século passado, a partir de 1994, no valor de R$ 15 bilhões. Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), esses aditivos poderiam ser destravados no curto prazo, com os pagamentos realizados em até seis meses.  O pré-calote com as concessões não é um fato isolado no sertão da formação bruta de capital fixo. A falta de uma solução para o acordo de leniência com as empreiteiras e os pagamentos suspensos pela Petrobras – quer seja pelo simples atraso dos investimentos, quer seja pela inidoneidade dos seus fornecedores – se juntam às dívidas oficiais com as concessionárias. Aliás, bom negócio se os atrasados forem considerados dívidas e não simplesmente pagamentos cancelados por alguma motivação não prevista. Entre os múltiplos motivos da queda dos investimentos consta a Lava Jato. A operação passa a limpo o país do futuro, mas, no curto prazo, cria um psiquismo enorme entre os empreendedores do setor de infraestrutura. É o chamado risco de “quem será a próxima vítima?”.  Se quiser reverter esse cenário de 10 trimestres consecutivos de retração na formação bruta de capital fixo, o governo de Michel Temer terá de ir além das trucagens com as expectativas, valendo-se de juras e promessas refletidas nos índices de confiança. Um bom início é coçar o bolso e saldar algum dos atrasos com esses mesmos empresários que pretende chamar para a próxima rodada de concessões.

#Lava Jato #Michel Temer #Moreira Franco #Petrobras #PPI

Acervo RR

Hora da verdade

6/07/2016
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 Nos últimos dias, o ex-deputado André Vargas passou a considerar como nunca antes a hipótese de uma delação premiada. O motivo é a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo. Vargas teme que a Lava Jato esteja fechando o cerco a Gleisi Hoffmann, assim como ele uma das principais peças do PT no Paraná.

#Lava Jato

Uma esperança chinesa para os credores do Grupo João Lyra

5/07/2016
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 Surge um fiapo de esperança para os fornecedores, credores financeiros e os mais de dez mil funcionários do Grupo João Lyra, vítimas da má gestão e dos escândalos que culminaram na falência da companhia. A possível solução vem da China. Um dos maiores produtores de açúcar e etanol da Ásia e ainda sem negócios no Brasil, o Rui Feng Group tem interesse em assumir as cinco usinas do conglomerado alagoano. Para tanto, negocia com os bancos e os administradores da massa falida uma considerável redução na dívida do João Lyra, que totaliza cerca de R$ 2 bilhões – mais de metade do valor se refere aos passivos financeiros. A relação das instituições bancárias chama a atenção pela biodiversidade: entre os principais credores estão o Banco do Nordeste, o inglês Calyon, o belga Alcotra e o francês Natixis. A venda de boa parte dos 40 mil hectares em terras em Alagoas e Minas Gerais, avaliados em aproximadamente R$ 500 milhões, permitiria o pagamento dos funcionários com alguma folga. Estima-se que as dívidas trabalhistas estejam na casa dos R$ 200 milhões.  O próprio processo de falência do Grupo João Lyra é tão nebuloso quanto a trajetória final da companhia. Desde 2012, dois juízes e dois desembargadores já passaram pelo caso e se afastaram posteriormente. Três administradores da massa falida também renunciaram ao posto, em todos os casos sem maiores justificativas para a decisão. Nesse intervalo, a dívida, que começou em R$ 1 bilhão, duplicou. No mesmo período, multiplicaram-se também as denúncias contra o usineiro e ex-deputado João Lyra. O empresário está citado na Lava Jato. A Justiça investiga as sinuosas relações entre o grupo e a BR Distribuidora, sempre costuradas por Fernando Collor. As denúncias envolvem ainda um empréstimo do Banco do Brasil ao usineiro, no valor de R$ 50 milhões, que só teria se consumado graças à intervenção do ex-presidente da República. • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto: João Lyra.

#Agronegócio #Alcotra #Banco do Brasil #Banco do Nordeste #BR Distribuidora #Calyon #Grupo João Lyra #Natixis #Rui Feng Group

Vice do vice

4/07/2016
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 Em público, Fernando Haddad diz que Gabriel Chalita está mantido como candidato a vice em sua chapa; entre quatro paredes, já busca alternativa. O assunto foi tratado nos últimos dias entre o prefeito e Carlos Lupi, que acumula a presidência nacional e de São Paulo do PDT. A preocupação de Haddad é o impacto negativo da citação de Chalita na delação de Sérgio Machado. Já basta o desgaste do PT com a Lava-Jato.

#Carlos Lupi #Fernando Haddad #Lava Jato #PDT #PT #Sérgio Machado

Custo BR

28/06/2016
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 Um dos passivos da Lava Jato que serão herdados pelo novo sócio ou – quem sabe? – futuro controlador da BR Distribuidora: neste momento, há 36 funcionários da estatal sob investigação interna. Seus e-mails, ligações telefônicas e negociações comerciais de que participaram estão sendo escarafunchados de cima a baixo. • As seguintes empresas não se pronunciaram ou não comentaram o assunto: BR Distribuidora.

#BR Distribuidora #Lava Jato #Petróleo

Mapa da mina

23/06/2016
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Leo Pinheiro, da OAS , estaria ajudando a Lava Jato a percorrer os labirintos da participação da Funcef na Bancoop, a cooperativa imobiliária que foi dirigida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

#Funcef #OAS

Ranking

22/06/2016
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 Na avaliação do próprio Planalto, Bruno Araújo, das Cidades, e Mendonça Filho, da Educação, disputam cabeça a cabeça quem terá a honra de ser o próximo ministro degolado pela Lava Jato.

#Lava Jato

Vida real

17/06/2016
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 Os procuradores de Curitiba, especialmente Deltan Dallagnol, foram sondados para fazer uma participação especial na série sobre a Lava Jato que José Padilha está produzindo para o Netflix.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Netflix

Perigo real

14/06/2016
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 O ex-senador Gim Argello, preso há dois meses, tem um motivo extra para contar tudo o que sabe aos procuradores de Curitiba: evitar que sua mulher, Marcia Cristina Varandas Argello, também caia no alçapão da Lava Jato. A força tarefa investiga uma série de movimentações suspeitas em contas da esposa do ex-parlamentar.

#Lava Jato

Quem encara os riscos da repatriação?

13/06/2016
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 Desabou a expectativa de ingresso de recursos estrangeiros no país através da janela da repatriação. Para os técnicos do Ministério da Fazenda um dos motivos deste recuo são as imprecisões existentes na lei, que deixaram um rastro de dúvidas sobre a segurança e o ônus efetivo da operação. A causa maior, entretanto, é o clima de instabilidade institucional que atravessa o país: “A cultura da prisão”, segundo o interlocutor do RR.  A solução para reverter a inquietação dos detentores de recursos externos seria a aprovação de garantias por meio de emenda constitucional. Mas não parece aos técnicos que o Congresso esteja colaborativo a esse ponto. “Pedido de prisão de políticos, Operação Lava Jato, denúncia de propinas e a anistia de dinheiro fugitivo é uma equação que não fecha”.

#Lava Jato

Zero de vestígio

13/06/2016
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 O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, não deixou digitais em sua sala na empresa. Machado carregou o celular e o computador ao sair. Ambos pertenciam à Transpetro. Com o aperto da Lava Jato, os aparelhos lhe foram cobrados. E nada. Reclamados. E nada. Demorou 23 dias para serem devolvidos sem qualquer vestígio que tinham sido usados um dia. Ah, sim, o celular tinha um ligeiro arranhão no visor

#Transpetro

Big four

13/06/2016
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 Na Odebrecht não há quem não se lembre de um zeloso auditor, altamente competente, que, durante dois anos, só faltava virar a noite na empresa tamanha sua dedicação. A prestação do serviço foi antes da Lava Jato. O sujeito era conhecido tão somente como “Bigode”. Se tivesse mantido guarda, talvez muita coisa pudesse ter sido evitada.

#Odebrecht

Não custa lembrar

2/06/2016
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Os senadores Renan Calheiros e Eunício de Oliveira, ambos do PMDB, teriam sido citados nos primeiros depoimentos de Gim Argello, já no âmbito do acordo de delação premiada. Não custa lembrar que Eunício foi responsável pela indicação do ex-senador Vital do Rego para o TCU. Este, por sua vez, já está na mira da Lava Jato há algum tempo. Segundo depoimento do empreiteiro José Antunes Sobrinho, da Engevix, o ex-senador Argello dizia recolher dinheiro das empreiteiras em nome de Vital do Rego, à época em que ele presidia a CPI da Petrobras no Senado.

#Engevix #PMDB

Fundos de pensão pegam um desvio para longe da Invepar

1/06/2016
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 Gueitiro Genso, Henrique Jäger e Sérgio Mendonça, presidentes da Previ, Petros e Funcef, estão encaminhando aos seus respectivos mantenedores uma proposta que beneficia a todos: a venda conjunta de suas participações na Invepar , uma das maiores holdings de concessões do país – dona, entre outros ativos, da Linha Amarela e do Metrô do Rio. O projeto deve receber as bênçãos do Palácio do Planalto. E nem poderia ser diferente, na medida em que a saída do capital da problemática holding de concessões de infraestrutura tira um fardo das costas do Banco do Brasil, da Petrobras e da Caixa Econômica Federal (CEF). Na última linha, quem agradece são os próprios trabalhadores e aposentados dos dois bancos e da petroleira. Com um déficit atuarial somado da ordem de R$ 40 bilhões, os fundos se veem forçados a desembarcar o quanto antes de uma companhia que, somente nos próximos 12 meses, exigirá aportes de mais R$ 3 bilhões para arcar com investimentos e passivos de curto prazo. Não custa lembrar que, no fim de 2015, Previ, Petros e Funcef foram obrigadas a injetar cerca de R$ 1 bilhão na Invepar para que a empresa pudesse honrar o pagamento de dívidas a descoberto.  Além do mais, até comprador já apareceu. Segundo informações filtradas junto à companhia, a trinca já teria oferecido sua fatia de 75% para a Brookfield. No ano passado, o grupo canadense esteve perto de ficar com os 25% que pertenciam à OAS, mas desistiu do negócio, curiosamente por divergências com as próprias fundações, que, àquela altura, não consentiram em revisar o acordo de acionistas da Invepar. Posteriormente, as ações da OAS acabaram transferidas para credores da empreiteira baiana – operação que deverá ser referendada em assembleia marcada para o próximo dia 7. Tomando-se como base a proposta feita pela Brookfield à construtora em 2015, estima-se que a compra dos 75% de Previ, Petros e Funcef giraria em torno de R$ 4 bilhões.  Em tempo: além de se livrar de um fardo financeiro, a venda do controle da Invepar permitiria à Previ, Petros e Funcef dar um passo para longe da Lava Jato. O presidente da companhia, Gustavo Nunes da Silva Rocha, é investigado por suspeita de interceder junto ao exsenador Gim Argello para que a CPI da Petrobras não convocasse executivos da OAS, “mediante pagamentos indevidos travestidos de doações eleitorais”. As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Invepar e Brookfield.

#Banco do Brasil #Brookfield #Funcef #Invepar #OAS #Petros #Previ

Um pacto à luz do dia em nome da democracia

31/05/2016
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 O futuro da democracia brasileira passa, nas próximas semanas, pela antecipação da eleição direta para a Presidência, um pacto entre as principais lideranças políticas e os Poderes da República e a definição sobre a negociação de uma “janela” na Lava Jato para que o pleito possa se dar de forma soberana. A ordem dos fatores altera o produto. O pacto social antecede os demais, pois lubrifica as mudanças constitucionais necessárias e o novo ambiente institucional. O acordão por meio do qual pretende se legitimar as “Diretas Já” é primo distante daquele conspirado por Romero Jucá e Sérgio Machado. É motivado por intenções distintas, pode ser articulado e anunciado à luz do dia e, em vez de ser uma costura entre Eduardo Cunha, Michel Temer, Renan Calheiros et caterva, seria alinhavado, por cima, por Fernando Henrique Cardoso, Lula, Ciro Gomes, Dilma Rousseff, Jaques Wagner, Tasso Jereissati e, acreditem, Aécio Neves, além de empresários de primeira grandeza que voltaram a pensar no Brasil.  Os articuladores não acreditam em uma reação de Temer e sua turma, denunciando o “golpe dentro do golpe”, apesar de estarem atentos aos afagos cada vez mais explícitos do presidente interino aos comandantes militares. O professor de Direito Constitucional e suas eminências pardas sabem que a governança do país é extremamente frágil. Um “frentão” juntaria as ruas com a Av. Paulista e mudaria de direção o leme da imprensa. O espinho é o que fazer com a Lava Jato, que, se por um lado, descortinou as tenebrosas transações com a pátria mãe tão distraída, por outro, gangrenou a democracia com a criminalização do futuro. A instituição de uma “janela” na nossa Operazione Mani Pulite seria uma concessão para que as eleições diretas já não se dessem no ambiente de investigações, delações e aceitação de provas forjadas que sancionam a culpa antes mesmo da denúncia. Pensa-se em algo derivado a partir do modelo de anistia com punições razoáveis criado para a repatriação do capital estrangeiro: quem confessa sua irregularidade não é criminalizado, mas paga multa pecuniária.  Todos os participantes desse programa de adesão espontânea não teriam seus direitos eleitorais subtraídos inteiramente, mas somente no próximo pleito. A condição para que o próprio infrator confessasse a “malfeitoria de fato” sem ser criminalizado esterilizaria os porões das investigações, nos quais a intimidade do cidadão é devassada e revelada no limite dos seus pensamentos inconfessáveis, que nada têm a ver com qualquer dos delitos aventados. É nesse ponto crucial que surge a importância simbólica de Sérgio Moro em toda essa arrumação. Caberia a ele validar a seguinte mensagem: a Lava Jato não morreu, a Lava Jato entrou em uma nova fase. E não vai ter “golpe” e crime estampado diariamente nas bancas de jornais. Vai ter eleição e vai ter governança.

#Aécio Neves #Ciro Gomes #Dilma Rousseff #Eduardo Cunha #FHC #Jaques Wagner #Lava Jato #Lula #Michel Temer #Renan Calheiros #Romero Jucá #Sérgio Machado #Sérgio Moro

Água e esgoto

27/05/2016
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 A Aegea Saneamento negocia a compra de ativos da OAS Soluções Ambientais. Tragada pela Lava Jato, a empresa se resume hoje a uma concessão em Guarulhos e outra em Lima, no Peru. Procurada, a Aegea confirmou o interesse na operação de Guarulhos.

#Aegea #Lava Jato #OAS

Sala de espelhos

25/05/2016
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 Michel Temer só se decidiu pelo afastamento de Romero Jucá, na última segunda-feira, após uma longa conversa com Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, também citados na Lava Jato. Faz sentido.

#Lava Jato

“Governo Cunha” avança novas jardas

20/05/2016
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  A cada dia que passa, Eduardo Cunha amplia seu raio de ação e estende um novo tentáculo no governo Michel Temer. Cunha mira agora nos bancos estatais. Na Caixa Econômica Federal, a bola da vez é o deputado Manoel Junior (PMDB-RJ), forte candidato à vice-presidência de Operações Corporativas. O parlamentar carrega como maior credencial para o cargo o fato de ser um dos mais fiéis aliados de Cunha no Congresso. Ao mesmo tempo, o presidente afastado da Câmara estaria cavando uma diretoria do Banco do Brasil para o executivo Joaquim Cruz, funcionário de carreira da instituição. Neste caso, a indicação pode ser atribuída a um “consórcio” entre Cunha e Ciro Nogueira, presidente do PP. Foi o próprio Nogueira que há cerca de dois meses garantiu a nomeação de Joaquim Cruz para a diretoria de negócios do Banco do Nordeste .  O que mais chama a atenção é a investida de Eduardo Cunha sobre a Caixa Econômica. Caso se confirme, a nomeação de Manoel Junior configurará caso de reincidência. Durante o governo Dilma Rousseff, Cunha manteve os dois pés no banco com a presença de Fabio Cleto na vice-presidência de Governo e Loterias. Deu no que deu. Hoje, Cleto negocia um acordo de delação premiada com a Lava Jato. Ele já teria confirmado aos procuradores de Curitiba que Eduardo Cunha recebia propina de empresas beneficiadas com recursos do FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa.

#Banco do Nordeste #Caixa Econômica #Eduardo Cunha #FI-FGTS #Lava Jato #Michel Temer

“Nada consta”

20/05/2016
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 O ministro Romero Jucá faz intensa campanha no Planalto para que Fernando Bezerra (PSB-PE) seja o líder do governo no Senado. Bezerra, aliás, preenche o que parece ser um dos requisitos para participar da gestão Temer: está citado na Lava Jato.

#Lava Jato

Um “ficha suja” a menos no governo Temer

18/05/2016
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 A nomeação de Blairo Maggi para o Ministério da Agricultura teve o empurrão de uma incrível coincidência de fatos nas esferas política e jurídica, que passou praticamente despercebida. Segundo o RR apurou, Michel Temer teria oficializado o convite a Maggi em 5 de maio, uma quinta-feira. No dia seguinte, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao STF o pedido de arquivamento do inquérito que investigava o senador no âmbito da Operação Ararath. O processo perambulava pela PGR desde maio de 2014.  Apenas dois dias úteis depois, na terça-feira, 10 de maio, o ministro Dias Toffoli acolheu o pedido do PGR e mandou para as calendas a investigação sobre a suposta participação de Maggi em um esquema de lavagem de dinheiro. Menos de 24 horas depois, o senador deixava o PR e assinava sua ficha de filiação ao PP, enquadrando-se no “sistema de cotas” do novo Gabinete. E Temer, ele próprio um presidente da República citado no “petrolão”, pôde ao menos reduzir o contingente de ministros na mira do Supremo. Já basta o trio Henrique Alves, Geddel Vieira Lima e Romero Jucá, todos envolvidos na Lava Jato.

#Blairo Maggi #Rodrigo Janot

Um cão entre os jaburus

17/05/2016
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 Os “jaburus” – leia-se o quarteto de ferro Moreira Franco, Eliseu Padilha, Romero Jucá e Geddel Vieira Lima – avaliaram a primeira entrevista do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, publicada no último fim de semana, como um desastre. O consenso é que Moraes vai penar para se livrar da pecha de que sua grande missão no cargo é brecar a Lava Jato. Além disso, o novo ministro levou para dentro do governo assuntos absolutamente indesejados, como repressão a manifestações e movimentos sociais e o escândalo da merenda de São Paulo.

#Lava Jato

Temer acende uma vela para as Forças Armadas

16/05/2016
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 Não se sabe ao certo onde termina o reconhecimento à importância das Forças Armadas para a nação e começam o pragmatismo e o senso de autopreservação de Michel Temer. O fato é que o novo presidente vai governar de mãos dadas com o oficialato. Como se não bastasse o tributo à bandeira no uso do slogan positivista “Ordem e Progresso”, a relevância que Temer dará a esta aliança pode ser medida pela antecedência com que ela foi costurada. Segundo o RR apurou, a estrutura de comando da área de defesa do governo Temer começou a ser alinhavada em setembro do ano passado, quando as discussões sobre o impeachment de Dilma Rousseff se intensificaram e as ruas começaram a efervescer. Esse cenário trouxe a reboque um natural frenesi quanto à hipótese de um quadro de absoluta desordem pública e institucional desembocar em uma intervenção militar, algo que perdurou até a consumação do afastamento de Dilma. Temer tratou de construir suas pontes com as Forças Armadas, contando sempre com a participação decisiva de Nelson Jobim.  Candidato de primeira hora de Temer para o Ministério da Defesa, o próprio Jobim recusou o cargo por atuar como advogado de empresas envolvidas na Lava Jato. Mesmo sem se sentar na cadeira de ministro, foi o grande articulador da montagem da equipe de governo para o setor. Curiosamente, os militares queriam a permanência de Aldo Rebello na Defesa, que não aceitou permanecer na gestão Temer. Foi, então, que Jobim sacou o nome de Raul Jungmann e trabalhou pela sua aprovação junto à área militar.  Nelson Jobim teve participação decisiva também na escolha de Sergio Etchegoyen para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O ex-ministro do STF é muito amigo do general e de seu irmão Ciro Etchegoyen, relacionamento que vem desde a cidade de Cruz Alta (RS). Foi um momento de inspiração de Jobim. Etchegoyen é duro que nem um carvalho, mas tem um perfil democrata e detona qualquer um que venha pregar como vivandeira junto aos bivaques. O oficial terá sob seu comando uma espécie de “super” Gabinete. A intenção do governo Temer é fortalecer a área de informações de forma ampla, em um aspecto lato sensu. A medida vale não apenas para as Forças Armadas e as polícias civil e militar, mas também para o serviço de inteligência em diversas outras instâncias do Estado, desde o BC e o Coaf, leia-se o monitoramento de movimentações financeiras suspeitas de conexão com o crime organizado e terrorismo internacional, até o Ministério da Agricultura, responsável pelas “fronteiras fitossanitárias” do país.  Dentro dessa grande pactuação, é grande a expectativa entre o Alto-Comando Militar que já nos próximos dias Michel Temer anuncie a retomada de projetos estratégicos das Forças Armadas. Espera-se também que o governo apresente um plano para a quitação dos mais de R$ 10 bilhões em dívidas com grandes fornecedores das três Forças, como Embraer e Iveco – ver RR edição de 2 de maio. Outra questão extremamente nevrálgica – e haja ajuda da equipe econômica – é a pressão dos militares por uma melhor política salarial. Uma das reivindicações ao novo governo é trazer para o presente o aumento dos militares concedidos pela presidente afastada Dilma Rousseff. O reajuste, na média de 22%, foi escalonado até 2019. Um soldado, por exemplo, que recebia R$ 1.500, terá de esperar mais três anos para que o soldo chegue a R$ 1.800.

#Embraer #Forças Armadas #Iveco

Trilogia dos descaminhos do novo governo

13/05/2016
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 A aprovação do impeachment, com a destituição de Dilma Rousseff, não encerra o episódio da usurpação da governança brasileira. Nos 180 dias de confinamento de Dilma no Alvorada ou mesmo com a abreviação pelo Senado do mandato presidencial, não há clareza sobre a permanência de Michel Temer até o final do governo. Os cenários montados por estrategistas militares, cientistas políticos e lideranças empresariais, todos eles estabelecendo o horizonte de término em 2016, consideram, inclusive, que, depois da nomeação de Temer, venha a sua deposição. A reviravolta capaz de evitar esse desfecho dependeria de uma guinada populista do novo presidente, adotando um estelionato programático para se manter no poder. Nesse primeiro cenário, Temer abriria o saco de bondades com uma das mãos, aumentando os gastos sociais, e com a outra soltaria a inflação. O primeiro, festivo e de fruição imediata, disfarçaria o segundo, cujo efeito é diferido no tempo e sempre pode ser golpeado em um round posterior, com a velha política do stop and go. A inflação traz o ajuste fiscal em um primeiro momento. Mas é como receitar a amputação da perna para uma entorse no pé.  O perfil do governo Temer, entretanto, parece ser diferente do vira-casaca. Imagina-se que, para isso, ele não teria chamado o ultraconservador Henrique Meirelles para tocar a Fazenda e a Previdência. E lembrai-vos que ele tem de atender aos reclamos da Av. Paulista. No segundo cenário, Temer governaria no ritmo que tem sinalizado, desagradando as classes já irritadas com o golpe. A desobediência civil grassaria, manifestações de rua pipocariam aqui e acolá, cada vez mais violentas. Lula, perseguido, caminharia pelo país como candidato. O Congresso não seria o facilitador que todos esperam, pois cobraria o débito dos votos para o impeachment. O duo Ministério Público e Polícia Federal seguiria destrinchando a infindável Lava Jato, agora cada vez mais perto de Temer. E o STF ficaria “aguardando ativamente” algum processo capaz de contragolpear o presidente. Seriam, então, decretadas novas eleições.  O terceiro cenário é explosivo. Temer mostra-se obcecado com a fantasia de que é um estadista, reencarna o marechal Humberto Alencar Castello Branco e anuncia o programa de ajuste que o PSDB inventou para não ser aplicado. Dilma e Lula, vistos como mártires, estão presos e fazem pressão do cárcere. As ruas estão enlouquecidas. Lembram as jornadas de julho de 2013. Os governos estaduais acionam suas máquinas de repressão. Empresários e parlamentares pedem a intervenção do Exército, que cede contra a vontade. Temer é deposto. Um ministro do STF assume a presidência e prepara a transição para as eleições de 2018. As três variantes poderiam se multiplicar em outras infinitas. O RR não privilegia qualquer uma delas na medida em que o provável afasta-se cada vez mais de si mesmo. Mas há bastante método na análise da loucura em que se tornou a conjuntura política e psicossocial do país.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Michel Temer

Petros é o “fundo de imprevidência” da Petrobras

9/05/2016
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 Os funcionários e aposentados da Petrobras estão em pé de guerra com a direção da Petros. Segundo o RR apurou, as entidades que reúnem os participantes do fundo de pensão – a começar pela maior de todas, a Ambep (Associação de Mantenedores-Beneficiários da Petros) – vão entrar na Justiça para suspender o plano de equacionamento do déficit atuarial elaborado pela entidade, na linha do “eu devo e vocês pagam”. Os beneficiários pretendem também exigir o afastamento do presidente da Petros, Henrique Jäger, e do diretor de investimentos, Licio da Costa Raimundo.  A diretoria da Petros já sinalizou que os aposentados e pensionistas terão de pagar a conta pelo rombo nas finanças da fundação. O caso mais dramático é do PPSP, o maior dos planos administrados pelo fundo de pensão, com 60 mil participantes. O rombo na carteira passa dos R$ 15 bilhões. O plano alinhavado pela Petros prevê o aumento gradual da taxa de contribuição paga mensalmente pelos beneficiários – o índice varia de 3% a 14,5% dos vencimentos mensais de acordo com a renda. O novo intervalo ainda não foi formalmente fixado, mas, segundo informações filtradas junto à fundação, ele subiria para algo entre 6% e 20%. Ou seja: a contribuição dos aposentados e pensionistas que recebem menos duplicaria.  Procurada pelo RR, a Petros informou que “não recebeu notificação sobre qualquer decisão judicial dessa natureza”. Informou ainda que não “pode se manifestar sobre valores finais de 2015 enquanto as demonstrações contábeis não estiverem aprovadas”. No entanto, a Petros confirma que o “déficit demandará a construção de um plano de equacionamento, que será amplamente discutido com a patrocinadora, representantes dos participantes e assistidos do PPSP e Previc”. Por sua vez, a Ambep não se pronunciou.  Os funcionários e aposentados da Petrobras estão sob a tempestade perfeita. A Lava Jato é parte importante do temporal: as dívidas da própria mantenedora com a Petros já beiram os R$ 13 bilhões, o equivalente a 60% do déficit total da fundação – estimado em mais de R$ 20 bilhões. As desastrosas – para se dizer o mínimo – decisões de investimento tomadas pela direção do fundo nos últimos anos também ajudaram a dizimar as finanças da entidade. Neste rol, entram negócios que caminham na fronteira da catástrofe e da suspeição, como a Lupatech e, sobretudo, a Sete Brasil.  Há ainda operações no mercado de capitais que, se não controversas, sugerem ao menos uma imprevidência ou má gestão dos recursos da Petros. Em fevereiro, após uma longa queda de braço com a Dasa, a fundação aceitou a oferta pública de R$ 10,50 por ação e vendeu a sua participação de 10% na rede de laboratórios. Dois anos antes a Dasa havia proposto R$ 14 pelo papel. Os aposentados da Petrobras se perguntam por que cargas d´água a direção do fundo não esperou por uma recuperação das cotações em vez de engolir um preço 25% mais baixo. A Petros confirma a venda das ações, mas alega que foi obrigada a fechar negócio, contra a sua vontade, por conta da saída da Dasa do Novo Mercado.

#Dasa #Lupatech #Petrobras #Petros #Sete Brasil

Alcateia

4/05/2016
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 O que se diz nos corredores da Lava Jato é que os novos depoimentos de Nestor Cerveró jogam lava quente em cima do ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão.

#Lava Jato #Nestor Cerveró

Águas do Brasil

3/05/2016
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 A Águas do Brasil – controlada por figurinhas carimbadas da Lava Jato, como Queiroz Galvão e Carioca – furou o bloqueio da estatal mineira Copasa. Fechou um contrato de concessão com a prefeitura de Pará de Minas e negocia acordos com mais cinco municípios do estado. Procurada pelo RR, a Águas do Brasil não comentou o assunto.

#Águas do Brasil #Carioca Engenharia #Copasa #Queiroz Galvão

Acervo RR

Águas do Brasil

3/05/2016
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 A Águas do Brasil – controlada por figurinhas carimbadas da Lava Jato, como Queiroz Galvão e Carioca – furou o bloqueio da estatal mineira Copasa. Fechou um contrato de concessão com a prefeitura de Pará de Minas e negocia acordos com mais cinco municípios do estado. Procurada pelo RR, a Águas do Brasil não comentou o assunto.

#Águas do Brasil #Carioca Engenharia #Copasa #Queiroz Galvão

China Construction vasculha os escombros da Lava Jato

27/04/2016
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 A China Communications Construction Company (CCCC), uma das maiores empreiteiras de seu país, está em busca de ativos no Brasil. O RR apurou que representantes do grupo já teriam mantido contatos com a Galvão Engenharia e a Engevix, ambas demolidas pela Lava Jato e em processo de recuperação judicial. Além de uma porta de acesso à indústria brasileira de construção pesada, os chineses enxergam uma boa oportunidade de negócio sob os escombros do “petrolão”. A Galvão Engenharia tem aproximadamente R$ 2 bilhões em recebíveis referentes a obras já concluídas. A Engevix, por sua vez, algo em torno de R$ 1,5 bilhão. Seus atuais controladores não podem se dar ao luxo de esperar pelo dia em que esses recursos entrarão no caixa. Mas a CCCC, sim.  Criada há menos de uma década, a CCCC fatura por ano mais de US$ 60 bilhões. Entre outras áreas de negócio, é, por exemplo, a maior construtora de portos da China. Não por acaso, além do ingresso no setor de construção pesada, os planos do grupo para o Brasil também passam pela infraestrutura portuária. Em parceria com tradings agrícolas, a CCCC estuda participar dos leilões de novos terminais no Pará, previsto para o dia 10 de junho. As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Galvão Engenharia e Engevix.

#China Communications Construction Company (CCCC) #Engevix #Galvão Engenharia

Naji Nahas sempre volta à ribalta

22/04/2016
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 Investigado pela Lava Jato e alvo da delação premiada do empreiteiro Milton Schahin, Naji Nahas vê ressurgir na Justiça um rumoroso caso que remonta à década passada. O empresário Marco Antônio Audi reuniu novas provas no processo de cobrança de uma dívida de mais de R$ 130 milhões do especulador com a Química Industrial Paulista. Nahas sempre alegou não ter patrimônio suficiente para cobrir o passivo. No entanto, segundo o RR apurou, Audi vai apresentar testemunhas envolvidas na venda do terreno que hoje abriga o Pátio Malzoni com o objetivo de provar que ele é um dos proprietários do imóvel, uma dos mais luxuosos centros empresariais de São Paulo. Para todos os efeitos, a famosa Torre A do Pátio Malzoni, com 26.900 m2 vazios há cinco anos, pertence a um grupo de investidores árabes, cujos nomes ninguém nunca ouviu falar. Vários credores já entraram na Justiça pedindo a investigação sobre a propriedade do terreno da Torre Malzoni. Alegam que ela pertence a Nahas e que deveria, portanto, ser arrestada.

#Lava Jato #Química Industrial Paulista

Lula sopra para longe a campanha do “Diretas Já”

19/04/2016
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 Diretas já ou em 2018? Esse é o dilema que está dividindo o “Estado Maior” do PT, a começar por Dilma Rousseff e Lula. Apesar do fragoroso baque político, o governo acha que ainda tem fôlego para ressurgir por outro caminho. A presidente, com o apoio do “lulista” Jaques Wagner, defende que se inicie imediatamente a campanha pela antecipação das eleições. Dilma está destroçada e já tinha ensaiado publicamente a proposta antes da votação do impeachment. Nesse caso, o pleito se realizaria em outubro, junto com as eleições municipais. Por essa visão, o ambiente altamente politizado e a expressiva posição de Lula nas pesquisas de intenção de voto favoreceriam a candidatura. Existe também a leitura de que a precipitação da campanha o blindaria contra a Lava Jato. Seria como se a prisão de Lula fosse “um golpe elevado ao quadrado”.  O ex-presidente, contudo, parece preferir o conselho de Leonel Brizola: “Mingau quente se come pelas bordas”. Lula acredita que, depois da euforia promovida pelo mercado, pela mídia e pela parcela do Congresso que cobrará de Michel Temer sua prebenda, o preço de ser o salvador da pátria vai custar caro ao atual vice-presidente. O seu cobertor ficará curto: ou deixará os empresários insatisfeitos em suas elevadas expectativas ou os trabalhadores ao relento. Agasalhar a ambos é uma missão difícil, que não se coaduna com o perfil de Temer e de seus aliados e muito menos com o seu programa de governo. Lula também acredita que o discurso do “golpe” vai render mais no longo prazo. Ele pretende retomar as viagens ao exterior, buscando criar uma consciência nessa direção, de fora para dentro do país. Toda essa coreografia, é claro, dependerá do STF ou de Sergio Moro.  Temer também pretende fazer suas surpresas. Manterá o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), ainda que com nova composição, e criará um Conselho Superior da República para o qual espera contar com a participação de Fernando Henrique Cardoso. Os programas sociais de menor custo no orçamento e forte impacto inclusivo, a exemplo do Bolsa Família, Pronatec e Fies, não só serão mantidos como também reforçados. Serão a contrapartida da desindexação salarial, da reforma da Previdência e da flexibilização das relações trabalhistas. A novidade das novidades seria uma campanha de governo contra a corrupção, conclamando a todos a ficarem alertas. Com isso, a gestão Temer manteria aceso o espírito do impeachment. Seus compromissos em um futuro governo se entrelaçam desde já: fazer uma administração capaz de apagar o PT da memória e garantir que as eleições se realizem somente em 2018.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Jaques Wagner #Lava Jato #Michel Temer #PT #Sérgio Moro

Efeito dominó

14/04/2016
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 Entre efeitos colaterais de maior ou menor impacto, o envolvimento de Delcídio do Amaral na Lava Jato embaralhou a disputa pela prefeitura de Campo Grande (MS). A candidatura de Zeca do PT, que tinha em Delcídio seu principal articulador, perdeu força. A ponto de o ex-governador André Puccinelli (PMDB) tentar cooptar petistas para a sua campanha.

#Delcídio do Amaral #Lava Jato #PMDB

Economia segue no breu com ou sem impeachment

11/04/2016
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 A julgar por um relatório de conjuntura do Ministério da Fazenda, a maior previsibilidade decorrente da votação do impeachment não terá um impacto significativo no crescimento do PIB até o fim do governo. Segundo documento interno, ao qual o RR teve acesso, o cenário provável, e não dito, é ainda um pouco pior do que o avalizado pelas previsões do Boletim Focus. A economia desceria a ladeira em torno de 4,5% a 5%, em 2016. Em 2017, a queda do PIB ficaria entre 0,2% e 0,5%. Só em 2018, a taxa negativa seria revertida para um crescimento entre 1% e 1,8%. O Focus mais recente, divulgado em 1º de abril, prevê queda de 3,73% neste ano e crescimento de 0,3% em 2017. O fator considerado determinante para a mudança em direção a um viés mais positivo seria o da implementação de reformas, a exemplo da Previdência, a partir de 2017, o que poderia impulsionar o PIB de 2018. De qualquer forma, sob o ângulo do crescimento econômico, o segundo governo Dilma – mesmo dividido com o primeiro Temer – será imbatível como o período mais negativo da história do Brasil pós-ditadura. No cenário otimista, os números da Fazenda encostam nos do Focus: uma queda do PIB de 3,1% neste ano e alta de 1% em 2017.  Os técnicos acreditam que os pontos mais positivos – ampliação do ajuste externo, expressivo da repatriação de recursos, alguma melhoria nos termos de troca, queda da inflação e redução das taxas de juros – não são estímulos suficientes ao aumento necessário dos investimentos. O governo continuará lidando com o fator Lava Jato e a insegurança que a operação produz junto aos investidores. A Petrobras permanecerá se arrastando neste biênio e contribuindo bem abaixo do seu potencial para o aumento da formação bruta de capital fixo. E a indústria prosseguirá dependente da brisa soprada pelo câmbio, arrefecida em função de uma aguardada fase de valorização do real já a partir do segundo semestre deste ano. Com Dilma Rousseff ou com Michel Temer, a expectativa é que a rearrumação da economia tenha um impacto contracionista do PIB até 2018.

#Dilma Rousseff #Ministério da Fazenda #Petrobras #PIB

Onipresença

11/04/2016
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 Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do Grupo Caoa, está no escândalo do BVA, na Operação Zelotes e no “Panama Papers”. Só falta a Lava Jato.

#BVA #Grupo Caoa #Panama Papaers

Concessões rodoviárias trafegam pelo acostamento

8/04/2016
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 Ao mesmo tempo em que trabalha em um novo plano de concessões de infraestrutura, o governo se contorce para impedir o revés de licitações já realizadas. A questão mais urgente envolve o pacote de cinco rodovias federais privatizadas entre setembro e dezembro de 2013, que somam cerca de três mil quilômetros e um investimento da ordem de R$ 11 bilhões. Em bloco, os vencedores do leilão – entre eles CCR, Invepar, o consórcio Planalto, que reúne uma miríade de construtoras, e a Galvão Engenharia, de todas a mais combalida – tentam arrancar do Ministério dos Transportes uma série de mudanças nas regras dos projetos. Os pontos nevrálgicos são o aumento da taxa de retorno, com equiparação às concessões mais recentes, e a extensão do prazo para conclusão dos investimentos. Como seria de se supor, o jogo é jogado na base do pé alto e chuteiras com travas de alumínio. Há ameaças explícitas de entrega das concessões caso as exigências não sejam aceitas.  As rodovias ofertadas em 2013 foram a leilão com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 7,2%. Àquela altura, já era considerado um índice apertado vis-à-vis as exigências de investimento. Com a Lava Jato e a recessão econômica, o negócio ficou inviável. Os investidores exigem uma Taxa de Retorno superior a 9%, em linha com as concessões de rodovias realizadas posteriormente. Para não mexer nas tarifas de pedágio, na ocasião tão celebradas pelo governo – o deságio médio sobre o lance inicial foi de 51%, contra 43% da rodada anterior –, a equação só é possível com a redução dos investimentos compulsórios e um prazo maior para a sua execução.  Entre todas as rodovias leiloadas em 2013, a situação mais dramática é a da concessão do trecho da BR- 153 entre as cidades de Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO), nas mãos da Galvão Engenharia. Em recuperação judicial e submersa na Lava Jato, a companhia suspendeu investimentos e praticamente paralisou todas as obras previstas no edital. A situação chegou a tal ponto que a ANTT já ameaça tirar a concessão. Outro caso que preocupa as autoridades é o da BR-040, controlada pela Invepar. As dificuldades financeiras da OAS, também em recuperação judicial, congelaram os investimentos na operação.

#ANTT #CCR #Galvão Engenharia #Invepar #OAS

Tudo em família

6/04/2016
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 A Lava Jato está ligando os pontos entre o Postalis , o ex-ministro Edison Lobão e seu filho Luciano Lobão.

#Lava Jato #Postalis

Lava Jato põe foco nas feridas do Grupo Bertin

5/04/2016
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 Os fatos que começam a ser desvendados pela Lava Jato apenas confirmam o que parceiros, credores e mesmo autoridades já conhecem: o Grupo Bertin tem um estilo bastante peculiar de fazer negócios. O jeito Bertin inclui relações sinuosas com o poder, sobre as quais a força-tarefa de Curitiba começa a jogar foco. Segundo o RR apurou, a acusação de operações fraudulentas com o pecuarista José Carlos Bumlai, que veio a público na última semana, seria apenas o fio da meada. De acordo com fontes envolvidas nas investigações, outra ponta deste emaranhado levaria ao lobista Fernando “Baiano”, tido como operador do PMDB. A conferir.  O estilo Bertin inclui também vender energia de térmicas que não existem. E quem o diz é a própria Aneel, que recentemente anunciou a abertura de um processo para cobrar da companhia uma multa de R$ 6,25 bilhões. Seis usinas do grupo deveriam ter iniciado sua operação em 2013, mas, até hoje, as obras não foram concluídas. Ao longo dos últimos três anos, a agência reguladora fez uma série de alertas ao Bertin, que procrastinou o caso até não poder mais. A situação chegou a tal ponto que, ao divulgar a instauração do processo, o diretor geral da Aneel, Romeu Rufino, disse textualmente que “hoje encerramos a longa e triste história desse contrato”.  A julgar pelos fatos, o modus operandi do Bertin passa também pelo expediente de deslocar para sócios dívidas que lhe pertencem. O caso em questão está prestes a eclodir no Espírito Santo. O Tribunal de Justiça do estado vai julgar em breve ação em que o grupo é acusado de tentar empurrar para terceiros passivos de outras sociedades das quais é acionista, por meio de manobras contábeis vistas como pouco ortodoxas. O valor da causa gira em torno dos R$ 70 milhões.  A maneira Bertin de reger seus negócios se volta contra o próprio grupo. A extensa folha de litígios ameaça a reestruturação da companhia, justamente agora em que seus acionistas, os irmãos Fernando, Silmar e Natalino, estariam tentando se desfazer de ativos para fazer caixa e repactuar as dívidas de suas empresas. Segundo informações filtradas junto ao Bertin, o grupo procura um comprador para a Águas de Itu, sua única concessão de saneamento. Em outro front, estaria em negociações para a venda do controle da Infinity Bioenergy, que reúne seis usinas sucroalcooleiras. As concessões rodoviárias SPMar e Atlantia também estariam na prateleira. Alguns destes ativos, no entanto, fazem mais parte do problema do que da solução. É o caso da Infinity Bioenergy. Em recuperação judicial, a companhia carrega um passivo estimado em aproximadamente R$ 2 bilhões. Procurado pelo RR, o Grupo Bertin não comentou o assunto.

#Águas de Itu #Aneel #Atlantia #Bioenergy #Grupo Bertin #Infinity #SPMar

Wärtsilä põe um pé na porta de saída

5/04/2016
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  A Wärtsilä, gigante mundial da produção de sistemas de geração para plataformas de petróleo e termelétricas, está com um pé fora do Brasil. A empresa já esgotou todo o seu paiol de medidas na tentativa de manter a operação no país, com demissões, redução dos custos e suspensão de contratos com fornecedores. A única planta da companhia no Brasil, localizada no Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro, está paralisada e não há qualquer previsão de retomada das atividades.  A Wärtsilä foi arrastada pela Lava Jato e, em particular, pela débâcle da Sete Brasil. A encomenda de motores para dez sondas para a prestadora de serviços à Petrobras foi cancelada. Para piorar, até o momento os finlandeses não conseguiram fechar qualquer novo contrato que justificasse a reabertura da fábrica do Açu e, no limite, a própria continuidade das suas operações no Brasil. Procurada, a companhia confirma que decidiu “hibernar” a operação do Açu devido aos “adiamentos no prazo de entregas de equipamentos”. A Wärtsilä garante que o “Brasil permanece como um dos principais mercados para a empresa no mundo”.  Apesar de termos publicado o posicionamento da Wärtsila, a companhia procurou o RR, após a publicação da matéria, para esclarecer alguns pontos. Segue o consideramos relevante. O restante já está esclarecido na matéria.  “A companhia classifica como leviana a informação de que fora “arrastada” pelo andamento das operações da Lava Jato, uma vez que suas operações no país não se resumem ao contrato com a Sete Brasil. Com uma base instalada de 2600 MW em 30 usinas e 1166 MW em 271 embarcações e instalações offshore, a empresa atua em três grandes divisões: Energy Solutions; Marine Solutions; e Services, não restringindo, portanto, sua operação ao Delivery Centre Açu (DCA) – unidade que encontra-se em hibernação no aguardo dos novos prazos por parte de seus clientes. No Brasil, a empresa opera seu escritório matriz no Rio de Janeiro e centros de serviços em Niterói (RJ), Manaus (AM) e Recife (PE), além de estar presente em outros seis estados.”

#Lava Jato #Petrobras #Wärtsilä

Lupatech inicia sua operação desmonte

4/04/2016
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 A Lupatech – uma das tantas empresas do setor de óleo e gás pisoteadas pela Lava Jato e órfãs dos investimentos da Petrobras – está se desmanchando. Em recuperação judicial, a companhia decidiu fechar uma fábrica na Bahia, lançando mais 350 nomes nas estatísticas de desemprego do “petrolão”. A medida é um reflexo direto da drástica redução de encomendas da Petrobras, que nos áureos tempos, chegou a responder por quase 90% do faturamento da Lupatech. A unidade de Rio das Ostras, no Norte fluminense, deverá ter o mesmo destino e ser desativada. A empresa também vai se desfazer de ativos. O plano de desmobilização deverá ser encabeçado pela Lupatech Oil Field Services, seu braço de prestação de serviços para petroleiras criado a partir da associação com outra empresa do segmento, a Penta OFS.  Por mais paradoxal que possa parecer, a operação de desmonte é a única boa notícia que a Lupatech tem a oferecer neste momento. O imediato enxugamento do grupo é visto pelos acionistas – entre eles Itaú, Banco Votorantim, JP Morgan e BNDES – e pelos credores como a única possibilidade de saída da recuperação judicial e até mesmo de sobrevivência do negócio. A capitalização de R$ 1 bilhão feita pelos sócios no início do ano passado não deu nem para a partida. A empresa tem um passivo de R$ 600 milhões para um patrimônio líquido de R$ 100 milhões. Nos últimos dois anos, perdeu mais de R$ 700 milhões. Procurada pelo RR, a Lupatech não comentou o assunto.

#Banco Votorantim #BNDES #Itaú #JP Morgan #Lupatech #Penta OFS #Petrobras

Camargo Corrêa desfruta com júbilo do elogio da traição

31/03/2016
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 O presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, Victor Hallack, se considera o grande vencedor entre todos os dirigentes da construção pesada envolvidos na Lava Jato. Segundo fonte do RR, em petit comité Hallack não só descarta os planos de venda da empreiteira do grupo, que, chegaram a ser publicamente cogitados, como confidencia que as operações de Sergio Moro deverão resultar em um grande crescimento da companhia no setor. O raciocínio do executivo é o de um fino estrategista. Ele acredita que a delação e o acordo de leniência de primeira hora higienizaram a Camargo Corrêa, distinguindo-a das demais empreiteiras no quesito “reputação”. Palavras textuais de Hallack: “A Camargo Corrêa passou a ter uma posição privilegiada e a sociedade já percebeu isso”.  O segundo round é a aposta de que o governo não deixará a engenharia nacional ser soterrada. Em algum momento – e Hallack está convicto de que ele não deverá tardar –, será necessária uma temporada de consolidação de um setor que se encontra praticamente quebrado. Não é difícil prever que o biotônico financeiro vai favorecer a Camargo Corrêa. A primazia nesse processo é o dote pela traição de seus pares. A deduragem inaugural permitirá que a companhia seja a primeira da fila para receber os pagamentos de obras públicas em conclusão. A Camargo Corrêa também poderá se apresentar em novas licitações.  Hallack fez tudo de caso pensado. Separou as sócias do grupo do imbróglio e instruiu os principais executivos a abrirem o bico, livrando-se, ele próprio, da ameaça de outras delações – afinal, quem fala primeiro se protege das maldades do segundo. Ao mesmo tempo, criou condições para o fortalecimento da companhia, vendendo ativos que não pertenciam ao core business e blefando ao dizer que passaria à frente a construtora. Com todas essas manobras, trouxe para si a prerrogativa de desqualificar as demais empresas do setor, inclusive ressaltando que elas não têm credibilidade para assinar novos contratos no exterior. Na visão da concorrência, Hallack agiu como Joaquim Silvério dos Reis, usando de um expediente traiçoeiro para fechar o mercado a todas as grandes congêneres. A Camargo Corrêa é uma empresa de grande tradição na engenharia nacional. Tem um portfólio de obras que a qualifica e uma gestão reputada entre as melhores do setor. Não precisava se tornar vencedora aproveitandose do expediente da aleivosia para tripudiar sobre as demais. É uma história de sucesso desavergonhado.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

Em cadeia

28/03/2016
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 O ardoroso fã clube de Eduardo Cunha no Congresso não tem mesmo limites. Seus aliados estão espalhando que Cunha pretende fazer um pronunciamento em rede nacional, às vésperas da votação do impeachment, para, digamos assim, apresentar à população um balanço das atividades “mais recentes” da Câmara. Isso, claro, se a Lava Jato permitir.

#Eduardo Cunha #Impeachment

Lava Jato

23/03/2016
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 A deduragem do empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS, promete ser uma das mais reveladoras da nova leva de depoimentos já colhidos pela Lava Jato. A delação, segundo uma fonte do RR, vai pipocar nas mídias neste fim de semana. A ver.

#Lava Jato #OAS

Impeachment de Dilma lava as mazelas de Temer

22/03/2016
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  Michel Temer reza todos os dias pelo impeachment de Dilma Rousseff. A mudança do Palácio do Jaburu para o Alvorada representa bem mais do que um projeto de poder. Significa também a conquista de um salvo-conduto, ainda que simbólico. Colocar a faixa de Presidente da República seria o mais convincente aceno a Sergio Moro e seus procuradores para que deixassem suas denúncias em banho-maria, pois o país não suportaria outro processo de impedimento.  Temer é citado na Lava Jato por uma suposta participação em um esquema de propina vinculado à compra irregular de etanol pela BR Distribuidora. A história de que o vice-presidente recebeu por muitos anos uma mesada informal da estatal já virou lugar-comum, mas essa não seria sua única travessura. Ele teria reinado na Cia. Docas de Santos, uma informação igualmente requentada, não constasse da delação de Delcídio do Amaral. Por meio de sua assessoria, o vice-presidente Michel Temer nega as acusações.  Temer está convicto de que a Presidência da República é um antibiótico de largo espectro. Mesmo porque ele deverá se deparar com um quadro bem mais favorável, marcado pelo arrefecimento da crise política e por um Congresso novamente domável. Na economia, ele herdaria um momento de melhorias já contratadas no governo Dilma, em razão do aumento dos investimentos estrangeiros, do crescimento das exportações e da queda da inflação.  Com relação à mídia, por sua vez, a expectativa é de um noticiário igualmente mais ameno. Sem a queda de Dilma, entretanto, Temer é candidato a um distúrbio neurovegetativo. Fica difícil imaginar que o vice sairá ileso caso a Lava Jato siga no trilho atual. Segundo o RR apurou, a delação de Delcídio do Amaral avançou muitas jardas em relação às denúncias feitas pelo exdiretor da BR João Augusto Henriques, preso desde setembro – vide RR edição 28/ 9. De acordo com uma fonte, Delcidio revelou em novos depoimentos que Temer teria se beneficiado do esquema da BR por mais de uma década. Os pagamentos teriam se iniciado antes da nomeação de Henriques para a diretoria da estatal e perdurado mesmo após a sua saída do cargo. Ainda segundo o informante do RR, Delcídio informou que os recursos repassados a Temer giravam em torno de R$ 70 mil por mês.  A princípio, se comparado aos valores bilionários que caracterizam a Lava Jato, a cifra soa como modesta. Mas, partindo-se da denúncia de que o esquema durou mais de 10 anos, uma conta matemática simples mostra que o vice-presidente teria recebido algo superior a R$ 8 milhões. Ainda segundo a fonte do RR, Temer não seria o único figurão alvejado pela revelação do propinoduto da BR. De acordo com Delcídio, Eduardo Cunha e o então presidente do PMDB em Minas Gerais, o deputado federal Fernando Diniz, já falecido, também se favoreciam do esquema do etanol.

#BR Distribuidora #Cia. Docas de Santos #Delcídio do Amaral #Dilma Rousseff #Eduardo Cunha #Impeachment #Michel Temer

Delatar ou não delatar?

22/03/2016
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Mesmo com o relaxamento da prisão de José Carlos Bumlai por questões de saúde, seus familiares insistem para que o pecuarista feche um acordo de delação premiada. O maior temor dos parentes é que seu filho mais velho, Mauricio Bumlai, seja inapelavelmente arrastado para a Lava Jato. Mais de metade dos bens do empresário está também no nome do primogênito. Com os números que têm nas mãos, os procuradores federais podem fazer um estrago. Segundo as investigações, o patrimônio de José Carlos Bumlai saiu de R$ 3,8 milhões em 2004 para R$ 270 milhões em 2012, sem que houvesse a comprovação de renda suficiente para justificar o aumento no período.

#José Carlos Bumlai #Lava Jato

Toma lá, dá cá

18/03/2016
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 Vai sobrar para Minas Gerais. O empreiteiro Sergio Cunha Mendes negocia um acordo de delação premiada. Ressalte-se que o ex-vicepresidente da Mendes Junior já foi condenado por Sergio Moro a 19 anos de prisão.  Nos cálculos da Lava Jato, o iminente acordo de leniência com a UTC Engenharia, de Ricardo Pessoa, deverá render algo em torno de R$ 600 milhões. Procurada pelo RR, a Mendes Junior não comentou o assunto.

#Lava Jato #Mendes Junior #UTC

Tucanos saem feridos do massacre contra o PT

15/03/2016
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  Passados os momentos de euforia, a noite do último domingo foi de preocupação para os principais líderes do PSDB. Até o início da madrugada, a cúpula do partido, notadamente Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, José Serra, Alberto Goldman e Aloisio Nunes Ferreira, manteve uma intensa linha cruzada de conference calls e trocas de mensagens, nas quais expressaram sua apreensão com o rescaldo das manifestações. Nas entrelinhas, os protestos acabaram se revelando um sinal de alerta para o PSDB. Na avaliação dos caciques do partido, ficou claro que a sigla não capitalizou a mobilização das ruas. O PT sangra abundantemente, mas os tucanos não conseguem se aproveitar dessa hemorragia.  Em diversas capitais do país, menções ao PSDB geraram vaias. A maior surpresa, contudo, foi com a “acolhida” que os dois pré-candidatos do partido à presidência tiveram na Av. Paulista. Assim que chegaram ao local, por volta das 16 horas, Geraldo Alckmin e Aécio Neves foram longamente apupados. O senador mineiro foi recebido aos gritos de “Aécio ladrão”. Alckmin, por sua vez, teve de enfrentar impropérios relacionados ao desvio de merenda nas escolas públicas e à crise no abastecimento de água no estado. Escoltados por policiais à paisana, não permaneceram mais do que 20 minutos entre os manifestantes. Foram aconselhados pelo secretário estadual de segurança, Alexandre de Moraes, a voltar para o carro. Antes, segundo o RR apurou, Moraes teria solicitado reforço policial.  Pesquisas encomendadas pelos tucanos já traziam sinais de que a epidemia anti-PT começa a contagiar o PSDB, além do próprio PMDB – a rigor, os partidos que realmente contam no jogo político. Entre os tucanos a maior dose de antipatia é dirigida a Aécio Neves, possivelmente uma reação à postura mais radical do senador mineiro. A percepção é que ele escalou em demasia a bandeira do impeachment de Dilma Rousseff, passando ao eleitor mais sensível a clara sensação de que sua única preocupação é antecipar as eleições de 2018 em nome de um projeto pessoal. Ressalte-se que o senador mineiro já vem em um processo de desgaste que se acentua com a delação premiada de Delcídio do Amaral. Os depoimentos do petista trazem Aécio para a Lava Jato.  A falta de maior apoio mesmo entre a parcela da população que defende a queda de Dilma Rousseff aumenta a preocupação dos tucanos com o day after de um eventual impeachment. A inquietação alcança também a postura da mídia diante da continuidade da Lava Jato – e ninguém duvida de que ela sobreviverá, mesmo com uma troca de governo. O PSDB não tem qualquer garantia de que os vazamentos serão contidos e muito menos de que a imprensa se manterá distante de eventuais denúncias contra o partido. Por uma curiosa atração fatal, tucanos e petistas, dois extremos que se odeiam, podem acabar irmanados na beira do precipício, mesmo que de costas um para o outro.

#Aécio Neves #Delcídio do Amaral #Dilma Rousseff #Geraldo Alckmin #Impeachment #José Serra #Lava Jato #PSDB #PT

Política

Pai zeloso

15/03/2016
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 O coração de pai teria sido determinante na decisão do ex-presidente do PP Pedro Corrêa de fechar sua delação premiada. A Lava Jato começava a triscar nos calcanhares de sua filha, a também ex-deputada Aline Corrêa.

#Lava Jato

Ponte a OAS

11/03/2016
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 A Lava Jato espera que a delação premiada de Leo Pinheiro seja também uma ponte até Cesar Mata Pires, o todo-poderoso da OAS.

#Lava Jato #OAS

Delação elétrica

9/03/2016
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 A Rádio Lava Jato informa: além da senadora Gleisi Hoffmann, a delação premiada do ex-vereador paranaense Alexandre Romano, vulgo “Chambinho”, apontaria também na direção do presidente de Itaipu, Jorge Samek. A conferir.

#Itaipu Binacional #Lava Jato

Jararaca empurra a Lava Jato no rumo da isenção

7/03/2016
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 Pode ser que a jararaca não vire o jogo ainda, mas o humilhante episódio da condução coercitiva vai corrigir distorções escandalosas no processo de delação premiada. Até agora, Ministério Público e Polícia Federal bons eram aqueles que colhiam depoimento de indícios de ilícitos somente de um setor das arquibancadas, ideologicamente bem definido e representando o agrupamento político mais odiado pelas classes dominantes. Esse agrupamento era invariavelmente associado com o segmento empresarial detentor da pecha de mais corrupto da sociedade pelo fato de ter as incestuosas relações com o Estado desde sempre. Ministério Público e Polícia Federal ruins seriam os que se manifestassem pelo benefício da dúvida para o PT e as empreiteiras que sempre viveram nas franjas de qualquer governo. É possível que tenham surgido condutas condenáveis ou criminalizáveis dessa parceria? É mais do que provável; é certo. Mas é injusto, faccioso, tendencioso que as delações premiadas fiquem circunscritas a um lado só da história.  Pois bem, segundo uma fonte do RR, a reação popular à condução coercitiva de Lula tocou fundo nas sinapses do estrategista Sergio Moro. Até agora a batalha pela adesão popular tinha sido ganha. Mas só até agora, ressalte-se. Existem 11 delatores premiados na fila para a beatificada deduragem. A orientação agora é que a entrevista seja giratória, ou seja, o dedo duro terá de acrescentar denúncias novas em outras esferas de interesse, ou seja, fora do “crime em voga”. O delator vai precisar sair da casca e entregar infrações em áreas diversas, personagens diferentes, partidos e grupos ideológicos distintos. Em síntese, terá de fazer justiça, a concepção que Moro vendeu, mas não entregou. O impacto da entrada de Lula em cena, inflado pela humilhação, fragiliza a opção única pelo PT como monopolizador da criminalidade nacional. Avaliaram mal a força do seu carisma. A operação, que era para quebrar a espinha do ex-presidente, ressuscitou sua fibra e a militância do partido. Um desastre de imagem, para um nada de retorno.  O RR teve a garantia de que Lula vai bater na tecla dessa descarada predileção do Judiciário por ele e seus companheiros. Os procuradores, por sua vez, não passarão recibo. Para manter o projeto de poder da República de Curitiba, Moro vai trazer à baila a turma de FHC, Sarney e Collor. Aliás, o RR nunca acreditou que o PT fosse uma obsessão dos procuradores. A coroa de espinho da oposição estaria guardada. O foco original no PT era devido à sua condição de poder dominante. Agora, vai sobrar delação para todo mundo. Se não for assim, Moro, ao invés de virar o Zorro, o justiceiro, vira o Tonto, enviesado de corpo inteiro no jogo político.  NR: A questão Lula em nada altera a palermice do governo. Dilma Rousseff tem de acertar alguma coisa para pegar uma carona no episódio.

#Dilma Rousseff #Lava Jato #Lula #Sérgio Moro

Leniência

7/03/2016
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 O que se diz nos corredores da Lava Jato é que a Galvão Engenharia está prestes a assinar um acordo de leniência com a Controladoria Geral da União (CGU). Procurada, a empresa nega.

#CGU #Galvão Engenharia #Lava Jato

Pátria da delação

4/03/2016
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 A suposta delação-bomba de Delcídio do Amaral, desconfirmada pelo próprio ontem, está preocupando os entusiastas de que a Lava Jato vá atropelar Lula e Dilma. Mesmo que não tenha feito a delação, não será a primeira vez que Delcídio desmente o que disse, vide o caso Esteves.  Por falar no assunto, a escola de deduragem da Camargo Corrêa ainda não emplacou. Só dois funcionários aderiram ao Programa Interno de Incentivo à Colaboração, implantado pelo grupo.

#Camargo Corrêa #Delcídio do Amaral #Lava Jato

Onipresença

4/03/2016
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 Como se já não bastasse a Lava Jato, a Operação Zelotes está triscando nos calcanhares da Engevix.

#Engevix #Lava Jato

Só falta o cachê

3/03/2016
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 Os líderes do “Vem pra Rua” tentam convencer o procurador Deltan Dallagnol e demais integrantes da força-tarefa da Lava Jato a participar das manifestações previstas para o dia 13 de março. Seriam os garotos-propaganda ideais para evitar o fracasso dos últimos protestos.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato

Caixa de Pandora

29/02/2016
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 O que se diz nos corredores da Lava Jato é que, depois da Valec, a próxima vítima do acordo de leniência da Camargo Corrêa será o DNIT, há tempos uma espécie de sesmaria do PP. A conferir.

#Camargo Corrêa #Lava Jato #Valec

Estado de vigília com a “Operação Próxima Vítima”

25/02/2016
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  A “higienização” promovida pelo Judiciário está criando um clima de pânico no meio empresarial. O RR conversou com um dos participantes de uma reunião realizada em São Paulo entre potentados do setor privado – o encontro contou também com a presença de um ex-ministro do STJ. O sentimento dominante, segundo a fonte, é que o empresariado, de antemão, já foi criminalizado. O informante abre o jogo: “Tendo em vista as relações tradicionalmente incestuosas com o setor público, as empresas privadas, com raríssimas exceções à regra, podem ser enquadradas em alguma malfeitoria.”  A indignação maior é com a fragilização dos mecanismos de defesa: “É como se o Judiciário tivesse ampliado seu direito dentro do estado de direito.” O recurso recorrente da delação, a extrapolação do instrumento da prisão preventiva e o vazamento de informações de processos que correm em segredo de Justiça seriam exemplos do novo regime em vigor. A priori, seguindo a linha de raciocínio da Lava Jato, todos os empresários já estão condenados pela simples suspeição. Por este fato, vivem em permanente expectativa sobre quem será a próxima vítima. A convicção é que a volúpia criminalizante transbordará da construção pesada para outros setores da economia. De acordo com a fonte, a sensação é de que não existe chão debaixo dos pés: “No passado recente, era ainda uma boa paranoia se pensar que o processo estava condicionado a uma disputa ideológico-partidária no epicentro do poder. Hoje, não restam mais dúvidas de que o Judiciário não está nem à esquerda nem à direita, e, muito menos, em conformidade com o histórico de suas ações no país.”  Há concordância de que os ilícitos relacionados à Petrobras fugiram a qualquer parâmetro anterior. Ocorre que o caso, muito embora a sua excepcionalidade, estendeu a todo o setor empresarial a dúvida quanto à probidade de seus atos. In dubio, corruptum est. A resultante são ameaças veladas de desinvestimento, fuga de capitais, desemprego, colapso de segmentos inteiros da indústria etc. Essa reação ao risco jurídico se dá em um péssimo ambiente econômico, o que acaba potencializando seu efeito destrutivo sobre o “espírito animal” do empresário (Apud John Maynard Keynes).  É compreensível o mal-estar dos empresários com essa nova combinação de fatos. Contudo, não há como justificar à luz do dia práticas como caixa 2, tortuosos financiamentos de campanha, contas invisíveis no exterior etc. Quem tomou o risco desses procedimentos para maximizar seus lucros que assuma as consequências – não custa lembrar que “lucro” vem da mesma raiz que a palavra “logro”. Mas alguma coisa se quebrou. Esse medo compartilhado pelo empresariado não tem precedente. As reuniões vão continuar, garante a fonte do RR.

#Lava Jato

Fila para o “Lava Jato”

24/02/2016
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 O juiz Sergio Moro tem sido procurado por uma grande editora interessada em comprar os “direitos autorais” da Lava Jato. A concorrência vai fazer fila.

#Lava Jato #Sérgio Moro

Mendes Junior deixa o metrô passar

19/02/2016
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  Por vias oblíquas, a Lava Jato desembocou no metrô paulista. O Palácio dos Bandeirantes já dá como certa a necessidade de uma nova licitação para a conclusão das obras do monotrilho da linha 17 ao longo da Avenida Jornalista Roberto Marinho, um dos projetos viários mais encruados da cidade. O mais provável é que a concorrência seja realizada no segundo semestre, o que empurraria a retomada dos trabalhos para 2017.  Mesmo que indiretamente, é mais um projeto de infraestrutura abalroado pelo petrolão. Convocada pelo governo paulista para tocar o empreendimento, de R$ 260 milhões, a Mendes Junior – segunda colocada na licitação em parceria com a construtora Heleno & Fonseca – já teria sinalizado que não vai pegar este trem andando. Falta-lhe fôlego para assumir a operação. Atropelada pela Lava Jato – o herdeiro Sergio Mendes Cunha já foi condenado a 19 anos de prisão –, a empreiteira se contorce para concluir os projetos em andamento. Consultado, o Metrô paulista informou que poderá abrir novo processo licitatório caso “os segundos colocados não tenham interesse” em assumir a obra.  A própria postura do governo paulista não ajuda a desatar o nó do projeto. Que o digam a Andrade Gutierrez e a CR Almeida. Vencedoras da concorrência e responsáveis pelas obras, as duas construtoras entraram com uma ação na Justiça para rescindir o contrato. O Metrô de São Paulo não estaria cumprindo uma série de cláusulas do contrato, algo que a concessionária nega. Procurado pelo RR, a Mendes Junior não comentou o assunto.

#Andrade Gutierrez #CR Almeida #Heleno & Fonseca #Mendes Junior

Zelotes trisca nos calcanhares de André Esteves

17/02/2016
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  O banqueiro André Esteves corre o risco de sentir saudades da Lava Jato. No lugar desta primeira experiência supostamente criminal da sua vida, entraria a Operação Zelotes, com muito mais nitroglicerina do que a antecedente, responsável pela temporada de Esteves no cárcere. A fonte do RR é um lobista que tem colaborado com a Zelotes. Segundo o informante, o balcão de interesses do ex-dono do BTG seria amplo. Nele caberiam medidas provisórias sob encomenda, incluindo setores diversos além da área bancária, facilidades para a compra do Bamerindus e um balaio de créditos podres carregados pelo Banco Central. Os procedimentos incestuosos incluiriam até o Banco Pan, uma aquisição que não se revelou um bom negócio, mas vinha indexada a um pacote de futuras oportunidades. Esteves era somente a ponta financeira dessa ramificação da Zelotes. A carta que fechava a canastra na partida seria o ex-ministro Guido Mantega, principal interlocutor, confidente e, digamos assim, facilitador do ex-todo-poderoso banqueiro.  Não é de hoje que Mantega vem sendo cozido em banho-maria pelos procuradores e policiais. Ele tem ligações com vários casos, ainda em fase de investigação. Mas, quando se fala em André Esteves, dificilmente as linhas de um e de outro deixam de estar embaraçadas. Uma dessas simbióticas operações é um fundo aparentemente prosaico criado pelo Ministério da Fazenda para investimento nos países da África, cuja exigência para sua criação era a presença do BTG como gestor. O caso está sob investigação.  Em um tempo de impunidade, no qual o limite da separação entre os interesses do setor público e do privado era extremamente flexível, as relações entre Esteves e Mantega até podiam ser compreendidas como uma assessoria informal visando à colaboração com o Estado. Sob esse prisma não haveria nada de mais na frequência exagerada de encontros entre ambos, inicialmente, em restaurantes discretos, mas depois abertamente, inclusive no badalado Fasano. Ocorre que essa licorosa versão não era verdadeira. Esteves não era um generoso assessor de Mantega. E Mantega não estava somente em busca de bons conselhos. O sumo dos interesses entre ambos é o que a Operação Zelotes está tentando espremer com suas averiguações.

#André Esteves #Banco Central #BTG Pactual #Ministério da Fazenda #Operação Zelotes

Blockbuster

17/02/2016
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 Uma das próximas atrações da Lava Jato será a acareação entre Fernando Baiano e Alberto Youssef.

#Lava Jato

Estre Ambiental é um copo cheio de impurezas

11/02/2016
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  Acusação de sonegação de impostos da ordem de R$ 110 milhões pelo Ministério Público Federal em São Paulo, cadeira cativa na Operação Lava-Jato, queda de receita, prejuízos, alto endividamento. A água da Estre Ambiental é imprópria para consumo humano. O empresário Wilson Quintella vê o que já foi um dos maiores grupos privados de serviços ambientais do país se evaporar sem encontrar uma solução para a encruzilhada em que o negócio se encontra. Uma parte expressiva dos contratos de concessão vence nos próximos 12 meses. A dívida de quase R$ 2 bilhões exige novos aportes de capital no curto prazo. De “dentro de casa”, o dinheiro dificilmente virá. A Angra Partners, dona de 8% do capital, não está disposta a colocar mais recursos na Estre e dá sinais de que quer pular fora do negócio. O BTG, então, nem se fala. Neste momento, o banco, que detém 32% da companhia, mal consegue ajudar a si próprio. Quintella foi buscar uma saída da porta para fora da empresa. Nos últimos meses, vem tentando fisgar um novo investidor, até o momento sem sucesso. As recentes gestões com a GP Investments e a espanhola GS Inima, que comprou recentemente ativos de saneamento do grupo OAS, esbarram na intransigência do empresário, que quer permanecer no negócio como um acionista relevante e tomar conta da gestão.  Wilson Quintella não se dá por vencido. Cria do ex-rei da soja, o falecido Olacyr de Moraes, de quem foi sócio na Constran – posteriormente comprada pela UTC (incrível como as águas da Lava-Jato sempre se encontram em algum ponto) –, o empresário já virou o jogo diversas outras vezes na vida. Às vezes, quando o jogo sequer havia começado. Do zero construiu uma holding na área de saneamento e serviços ambientais com 17 centros de tratamento de resíduos no Brasil, Argentina e Colômbia e faturamento de R$ 2,5 bilhões ao ano. Mas hoje as circunstâncias lhe são cada vez menos favoráveis. O alívio poderia vir do fundo FIFGTS, ao qual a Estre Ambiental solicitou um aporte da ordem de R$ 500 milhões. No entanto, o processo está parado no conselho curador do Fundo desde 2014 e não há qualquer previsão para ser concluído, ainda mais com a Lava-Jato no encalço da Estre e de Quintella.  A empresa Estre Ambiental não retornou ou não comentou o assunto.

#Angra Partners #BTG Pactual #Estre Ambiental #GP Investimentos #Lava Jato

Oportuno

11/02/2016
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 O surgimento do nome de Gustavo Rocha, presidente da Invepar, na Lava-Jato é música aos ouvidos de Previ, Petros e Funcef . Os três fundos não veem a hora de destronar o executivo, indicado pela OAS.

#Funcef #Invepar #Lava Jato #OAS #Petros #Previ

Dilma desperdiça ida ao Congresso Nacional

4/02/2016
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 O ex-ministro Delfim Netto atendeu ao telefonema de um jornalista velho de guerra, anteontem, após a visita feita pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso, com os seguintes dizeres: – Deu certo, viu, ela já devia ter ido lá antes.  Delfim Netto tinha feito na semana passada uma espetacular ofensiva em todos os grandes jornais do país conclamando a presidente a encaminhar ao Congresso as grandes reformas capazes de viabilizar a governabilidade.  “Ela tem que presidir o país”, falou.  O ex-ministro acertou em parte. Dilma se dirigiu ao Congresso para pedir o seu apoio e levou projetos importantes para o curto prazo, como a DRU e a CPMF. Mas, reformas de fôlego que poderiam escavar mais fundo em busca do ânimo nacional, pois bem, essas ficaram encruadas, guardadas para uma segunda visita. A presidente mencionou sua antiga proposta para a mudança na contribuição da previdência, por prazo e tempo de idade, mas empurrou sua apresentação para daqui a seis meses. Falou sobre o controle das despesas do governo e sobre a meta fiscal flexível para o pagamento da dívida pública, vinculada à arrecadação. Também é algo cujo projeto deverá ser submetido ao Congresso depois do primeiro semestre. Todas essas últimas ideias são chocas e requentadas.  É uma pena. Por uma dessas estranhas combinações do zodíaco político, talvez essa tenha sido uma das melhores oportunidades para Dilma chamar o Congresso à sua responsabilidade no enfrentamento da crise nacional. Mesmo com um noticiário avesso – queda da popularidade, recessão, Lava-Jato, apupos no plenário etc. – havia um desejo latente de que ela comparecesse à grande arena e, quem sabe, despejasse sobre os parlamentares centenas de medidas legislativas reprimidas. Podia não dar em nada, mas resultaria, pelo menos, na quebra da imobilidade gerencial e política que pauta sua gestão e um bom momento para a posteridade.  Talvez a culpa tenha sido de Delfim, que criou a expectativa de uma atitude épica da presidente, bradando da tribuna as reformas que mudariam o país. Seria a primeira vez que Dilma apresentaria um programa de governo para valer, abrangendo questões matriciais que atravancam o país nas áreas tributária, trabalhista e de reforma do Estado, além, é claro, da previdenciária.  Mas o ex-ministro, consultor autodeclarado do ex-presidente Lula, meio mago e meio ogro, acha que o mais importante foi ela ter aprendido o caminho do Congresso. Se Dilma não for definitivamente inviável, ela volta. E aí, quem sabe, o conteúdo das “reformas” fará jus aos aconselhamentos do professor Delfim. Ao contrário do que pregam os minimalistas, menos, no caso da presidente, não é mais. É mínimo.

#CPMF #Delfim Netto #Dilma Rousseff #DRU #Lava Jato

Obra chinesa

2/02/2016
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 A Sinohydro, uma das gigantes chinesas da construção pesada, está prestes a desembarcar no Brasil, ávida para aproveitar o vácuo deixado pela Lava Jato. A companhia já atua em outros países da América do Sul, como Argentina e Bolívia.

#Lava Jato #Sinohydro

Vallourec sofre os efeitos colaterais da Lava Jato

1/02/2016
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 A Vallourec não está na ponta da língua de delatores premiados, não foi alvo de diligências da Polícia Federal, sequer é suspeita de algum malfeito. Ainda assim, é mais uma das tantas empresas da cadeia de óleo e gás arrastadas pela Lava Jato. O “petrolão” lançou a fabricante de tubos em sua mais grave crise em 63 anos de Brasil, contabilizando-se as quase cinco décadas em que atendia pelo nome de Mannesmann. Seu prejuízo acumulado já estaria na casa dos R$ 2 bilhões, boa parte proveniente da joint venture com a japonesa Sumitomo – leia-se a Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB). Com uma queda de mais de 50% na carteira de pedidos e recorrentes prejuízos, a direção do grupo francês trabalha com dois cenários para 2016: um ruim e o outro ainda pior. No primeiro caso, a hipótese sobre a mesa é a suspensão de um turno inteiro de trabalho e a desativação de um alto-forno na fábrica do Barreiro, em Belo Horizonte, o que acarretaria na demissão de quase metade do atual efetivo de quatro mil funcionários. Mas a escala Richter da Vallourec poderá registrar um abalo sísmico ainda maior: o fechamento em definitivo da usina. Com uma taxa de ociosidade acima dos 60% e instalações obsoletas, a planta de Barreiro iria para o sacrifício, uma forma de os franceses preservarem a moderna unidade de Jaceaba, também em Minas Gerais, esta em associação com a Sumitomo.  Não obstante o interesse dos franceses em resguardar a fábrica de Jaceaba, a própria VSB faz parte do problema e não da solução. No ano passado, a joint venture foi obrigada a fazer uma baixa contábil da ordem de R$ 1,4 bilhão referente ao valor da planta industrial. Franceses e japoneses estimam que nem em uma década conseguirão recuperar os R$ 5 bilhões investidos na unidade, inaugurada em 2011. Mesmo após ter fechado com a Petrobras um contrato para a venda de tubos sem costura no valor de R$ 8 bilhões, a VSB passou cinco meses do ano operando com a bandeira a meio mastro. Cerca de mil funcionários, metade do quadro de pessoal da fábrica de Jaceaba, tiveram seu contrato de trabalho suspenso entre julho e novembro. A VSB pegou a tempestade perfeita. Além do “petrolão” e da consequente retração dos investimentos em E&P no Brasil, a empresa foi duramente afetada pela queda dos preços do petróleo – em grande parte, a fábrica de Jaceaba foi projetada para atender encomendas internacionais. A empresa Vallourec não comentou o assunto.

#Petrobras #Sumitomo #Vallourec #VSB

Quem disse que Lula silenciará com a prisão?

29/01/2016
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 Os corvos mais afamados grasnam estridentes: é uma questão de dias ou semanas a prisão preventiva do ex-presidente Lula. Um tempo longo quando se pensa que ela está decretada há mil anos com base em odiosa discordância ideológica de opositores. Portanto, parece não haver novidade se ele for encarcerado no âmbito da Operação Lava-Jato. Mas há o risco e tensão de que a liturgia da degradação não ocorra em praça pacificada. Existem sérias dúvidas sobre a forma de reação de Lula e a resposta dos movimentos sociais a uma eventual conclamação do ex-presidente. Analistas refinados do cenário político consideram que não haveria por que Lula “deixar barato” um episódio que vem sendo refogado em banho-maria desde o início da Lava-Jato. A única questão rebelde em meio ao oceano de previsibilidade era sobre o timing da prisão: mais próxima ou menos próxima da eleição presidencial. Tudo indica que venceram os moderados, aqueles que previam um risco de maior comoção caso a medida fosse tomada nas cercanias de 2018. Mesmo que o assunto esteja sendo tratado como “estritamente jurídico”, valem as advertências: Lula é um ícone, está em xeque toda a sua história, a prisão será associada a um projeto de assassinato do PT.  Pelo menos potencialmente existe uma “nação petista” aguardando ansiosamente a ordem de combate e a própria presidente Dilma se verá obrigada a entrar firme na contenda. A combinação de fatores coloca a “República de Curitiba”, como são chamados os procuradores que gravitam em torno do juiz Sérgio Moro, no cume da sua responsabilidade. A prisão de Lula e os prováveis episódios de aviltamento – vazamentos seletivos, pré-julgamentos na mídia, delações premiadas, encarceramento por tempo indeterminado etc. – atingem o cerne da sucessão política. O ex-presidente Lula tinha na última pesquisa de opinião cerca de 30% dos votos certos na eleição de 2018. Que perca metade, ainda não seria pouca coisa para início de campanha. Tem a memória coletiva a seu favor. Ou não foram tempos de bem-estar para a população a chamada “era Lula”? E ainda que por uma lógica tortuosa conta com a piora do ambiente socioeconômico a seu favor. A lembrança tende a ser: “Com Lula não era assim.”  As consequências da prisão seguem longe. Vão para o mesmo saco também o governo e o mercado, cujos interesses se entrelaçam. Dilma vai dispersar, fazer mais oposição do que governar. Ela não é bem o que pode se chamar de petista, mas com Lula engaiolado a Lava-Jato chega à sua sala de estar e reaquece o caldeirão do impeachment. Resumo da ópera: projetos de concessões parados, aumento da aversão ao risco e mais recessão. E o mercado? Bem, as bolsas vão primeiro subir e depois cair, com a antevisão de que o apetite pelo crédito e o consumo cairão, que o dólar dará um salto e que mesmo com os ativos baratos os investidores externos entrarão em sobressalto com a hostilidade política e psicossocial do país. A alternativa a esse estado dos fatos é Lula assumir o silêncio dos cordeiros, o povo ignorar solenemente sua prisão e Dilma dar as costas para o ex-padrinho, desmoralizado e pestilento. Convenhamos que é difícil.

#Dilma Rousseff #Lava Jato #Lula #PT #Sérgio Moro

Lula romper com Dilma é uma estultice como nunca se viu

28/01/2016
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 A tese de rompimento de Lula com a presidente Dilma Rousseff tendo em vista a candidatura em 2018 é no mínimo naif. O RR conversou com um dos interlocutores mais próximos do ex-presidente – olhem para o Instituto Lula e vão encontrar a fonte sempre por lá – que disse: “Só quem não conhece o Lula não sabe que ele combina o morde e assopra.” Ele e Dilma conhecem os passos do minueto. A ideia é que Lula empurra as decisões do governo – ou atravanca – em acordo com a presidente. Lula é um campeão em alçar balões de ensaio. Quando parece que ele está contra o Planalto, é tudo acordado. A declaração de que o governo deveria dar uma “keynesianada”, abrindo os cofres para que os bancos públicos ampliassem os financiamentos para o aquecimento da economia não poderia ser dada por Dilma. Se ela falasse, sancionava. Nelson Barbosa só arranhou o assunto. Lula não. Ele podia colocar na roda – como fez – para ver o retorno dos agentes econômicos, mídia etc e tal.  A empinada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social também foi uma dessas tricotadas. Uma das participantes do Conselhão já tinha convencido Dilma sobre a oportunidade do relançamento do CDES. Na conversa da presidente com Lula, ficou acertado que o vazamento se daria como se a ideia fosse dele. Assim foi feito. Saiu na imprensa que a sacada era de Lula e que Jaques Wagner seria o operador. Dilma estará lá hoje, toda supimpa fazendo o discurso inaugural. A fonte do RR disse que o ex-presidente ficou muito mais confortável com nomes como Jaques Wagner, Edinho Silva, Ricardo Berzoini e Nelson Barbosa ocupando os cargos principais do Planalto e Fazenda.  Mas isso em nada alterou o compromisso entre ambos de acertar, passo a passo, a articulação política. É a cláusula pétrea da relação dos dois. Segundo a fonte, “é óbvio que para Dilma é ruim o distanciamento ou a fragilidade política do seu maior esteio. Quanto a Lula, não dá nem para imaginar ele queimando caravelas e fechando portas. No que diz respeito a assuntos cabeludos, tais como o triplex de Lula ou o envolvimento de Dilma com a Lava Jato, ficamos assim combinados: nem um nem outro darão qualquer declaração que avance além da convicção de ambos em relação à lisura mútua, nada que adentre os meandros do caso. As defesas tanto de um quanto de outro serão amareladas porque fazem parte da misen-scène acertada. No mais, está compreendido que o candidato a presidente tem que criar fatos e discordar com jeitinho da titular do cargo. Lula é o candidato em 2018. Candidato dele mesmo e de Dilma. Esse chumbo trocado não dói. Somente se houver um fato excepcional, daqueles fora da curva, essa equa- ção será alterável.

#Dilma Rousseff #Lula #PT

Dilma convoca Simão para o “Ministério do Compliance”

27/01/2016
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  A placa na entrada do prédio diz “Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão”. No entanto, o nome mais apropriado para o cargo que Valdir Simão assumiu é o de “ministro do Compliance”. Dilma Rousseff foi buscar seu homem de confiança na CGU para transformá-lo em uma espécie de general controller das contas públicas. Engana-se no entanto quem pensa que os afazeres de Simão ficarão restritos a pareceres sobre as contas do governo. Ele também será o ministro do “cata milho”. Explica-se: uma das missões atribuídas a Simão foi a de escarafunchar no cipoal da contabilidade pública onde é possível otimizar, reduzir e acabar com superposições de gastos.  A ideia é que os trocados obtidos com essa economia não sejam destinados ao superávit primário, mas sim a irrigar linhas de financiamento a setores específicos, notadamente os intensivos em mão de obra. Um garimpo de 0,02% a 0,03% do PIB para oxigenar a atividade produtiva não seria nada mal nas circunstâncias atuais. De uma forma oblíqua, portanto, Simão será também o ministro do “orçamento suplementar imprevisto”, responsável por algum elixir para mitigar a violenta recessão.  Cabem diversos rótulos ao novo ministro do Planejamento, à exceção curiosa de “ministro do Planejamento”. Ele é chamado de “ministro complementar” de Nelson Barbosa. Foi escolhido para evitar que o ministro da Fazenda tome bolas nas costas da contabilidade sempre arisca do governo, além, é claro, de não fazer sequer sombra ao reinado de Barbosa no comando da área econômica. Simão tem lá suas mumunhas. Ele é um dos poucos que falam baixinho no ouvido da presidente Dilma.  O ministro do Compliance promete também uma outra boa novidade para a presidente: vai montar um sistema de acompanhamento do orçamento que vá além das informações disponíveis hoje no Portal da Transparência. Em tempo de Lava Jato, a presidente quer dispor de um disclosure maior das contas públicas A ideia é alardear que nunca antes na história deste país um governo deu tamanha exposi- ção aos seus números. Afinal, contabilidade também é democracia.  Valdir Simão tem um variado repertório de serviços prestados ao governo Dilma Rousseff.Destaca-se a implantação do Gabinete Digital da Presidência da República. Tal missão fez do ministro uma espécie de auditor privativo de Dilma. Ela está na raiz da sua inusitada escolha para o posto que foi um dia do emblemático João Paulo dos Reis Velloso. Valdir Simão também deverá tratar da parte contábil dos diversos assuntos regulatórios pendentes na esfera econômica do governo. Um dos alvos é a cobrança da dívida ativa – em 2015, o governo obteve cerca de R$ 15 bilhões; neste ano, a meta é chegar aos R$ 35 bilhões. O Planalto e a própria Fazenda estão convictos de que Simão, auditor de carreira da Receita Federal, é o homem talhado para ajudar nesse garimpo fiscal.

#Compliance #Dilma Rousseff #Lava Jato

Somente o dedo do dono pode salvar a Petrobras

20/01/2016
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  O ex-ministro Delfim Netto deveria ser convocado para explicar o impacto das externalidades no planejamento da economia brasileira. Tanto ele quanto Mario Henrique Simonsen pagaram o preço de não terem antevisto o choque dos preços do petróleo e a brutal elevação dos juros norte-americanos conduzida pelo então presidente do Fed, Paul Volcker. Os dois eventos escangalharam com a economia do país por um tempo bem maior do que promete a efeméride de Dilma Rousseff. O paralelo que se faz hoje em relação às externalidades é com a agônica Petrobras .   A empresa é acusada de incompetência por não ter adivinhado a queda do petróleo para o valor irrisório de US$ 30 – as novas projeções rebaixam o preço a inacreditáveis US$ 20 (durante o período de 2002 a 2014, a cotação média foi superior a US$ 60 e, em 2014, chegou a US$ 104). É bombardeada pelo episódio da Lava Jato, uma máfia de três ou quatro diretores, com extensa capilaridade junto a fornecedores e políticos, cuja responsabilidade não pode ser atribuída à corporação, e por planos de negócios avantajados, todos aprovados por um conselho composto por alguns dos mais renomados empresários e técnicos do setor privado. Estes, assim, como os demais integrantes da estatal, não conseguiram profetizar a mudança de parâmetros fundamentais ao planejamento dos investimentos, a exemplo do câmbio (a média da cotação do dólar entre 2002 e 2004 foi pouco superior a R$ 2,00, distante dos mais de R$ 3,00 que vigoram de 2014 para cá) e do PIB (em 2002, o crescimento do PIB estava em 3,1% e, no ano de 2013, em 3%, com um avanço médio de 3,7% no período, contra prováveis 3% negativos em 2015).  O governo errou muito, sem dúvida. Mas boa parte foram erros velhos, nem por isso perdoáveis, a exemplo do uso do controle de pre- ços dos combustíveis para segurar a inflação – todos os governos anteriores usaram da mesma prática. Erro de novíssima geração foi a participação compulsória da estatal em 30% de todos os projetos no pré-sal. A obrigatoriedade de conteúdo nacional, apontada como obtusa, contraditoriamente foi festejada por industriais e financistas no momento da sua aprovação. O fato é que a Petrobras está aos cacos, e parlamentares, economistas e empresários, no limite da irresponsabilidade, insistem que o problema é dela; e ela que se dane. Ou seja: a companhia não seria uma responsabilidade também do governo, do Estado e do povo brasileiro.  O RR tem dito diversas vezes que a maior empresa do país e também maior agência contratante de mão de obra e compradora de equipamentos, além de braço para interiorização econômica, necessita de um plano com quatro vertentes: corte de gastos, redução de investimentos, desmobilização de ativos e capitalização. É este ultimo componente, talvez o mais importante, que tem sido dizimado pelos críticos. Ao contrário do que dizem, a Petrobras pode, sim, ser capitalizada sem qualquer impacto na dívida bruta da União.  A operação consistiria na criação de uma Sociedade de Propósito Específico pelo Tesouro no exterior. O governo capitalizaria esta SPE com alguma parcela de reservas cambiais. Com esses recursos, seriam compradas dívidas de curto prazo da estatal, que passariam a integrar o ativo da SPE. Ela poderia negociar os financiamentos por linhas de longo prazo. A Petrobras, por sua vez, teria uma brutal redução do seu custo financeiro. O segredo de polichinelo seria a cura do fetiche de que as reservas são intocáveis. Ora, se são intocáveis, para que, então, ter reservas?

#Petrobras

“Google Maps” do Lava-Jato

20/01/2016
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 No QG da Lava Jato, a delação premiada do empresário João Antônio Bernardi Filho já é chamada de “Google Maps”. Seus depoimentos têm sido decisivos para mapear os passos do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, aqui e lá fora.

#Delação premiada #Lava Jato

Carlyle e GIC avançam sobre o controle da Rede D´Or

19/01/2016
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 A estratégia do Carlyle e do GIC para a Rede D’Or vai além da Rede D’Or. A companhia será a ponta de lança de um abrangente projeto de consolidação na área de saúde. A estratégia da gestora norte-americana e do fundo soberano de Cingapura é transformar a Rede D’Or em um grande grupo de healthcare, uma holding com participações em hospitais, laboratórios de medicina diagnóstica e clínicas especializadas em doenças de alta complexidade. Carlyle e GIC pretendem jogar para dentro da empresa suas futuras aquisições na área médica no Brasil. Antes, no entanto, querem se assegurar de que terão as rédeas do negócio. Para isso, estariam articulando um novo aporte de capital na Rede D’Or com o objetivo de assumir o controle. Segundo uma fonte que acompanha as conversações, as cifras podem chegar a R$ 3 bilhões. A operação envolveria a transferência de aproximadamente 15% das ações. Com a nova capitalização, a participação da família Moll – fundadora e maior acionista da Rede D’Or – seria diluída dos atuais 64% para 49%. Consequentemente, a dupla GIC e Carlyle sairia de 36% para 51%, assumindo o controle da companhia. Assim como ocorreu nas recentes capitalizações realizadas pelos dois investidores internacionais, os novos recursos iriam direto para o caixa da Rede D’Or, com o objetivo de financiar futuras aquisições e também os projetos greenfield. Para este ano, estão programados investimentos da ordem de R$ 500 milhões na expansão e modernização da rede hospitalar.  Consultada pelo RR, a Rede D´Or garantiu que “não há negociação em andamento neste momento”. Está feito o registro. No entanto, os fatos recentes sugerem que a transferência do controle da empresa vem se desenhando gradativamente, com os seguidos avanços do Carlyle e do GIC sobre a participação dos demais sócios. Em abril do ano passado, no embalo da nova legislação que permitiu a entrada de investidores estrangeiros na área hospitalar, os norte-americanos pagaram cerca de R$ 1,75 bilhão ao BTG para ficar com 8,3%. Um mês depois, foi a vez de o fundo soberano de Cingapura comprar 14% junto à própria instituição financeira e à família Moll. Em dezembro, os asiá- ticos fisgaram os 11,7% que ainda estavam em poder do BTG. Esta operação, ressalte-se, já estava engatilhada, mas a intenção do banco era seguir na mesma toada e vender o restante das suas ações ao longo do primeiro semestre deste ano. A Lava Jato precipitou os fatos.

#BTG Pactual #Carlyle #GIC #Rede D'Or

Caça aos lobos

14/01/2016
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 Edison Lobão cospe marimbondos a cada vez que ouve o nome do principal acionista do Grupo Schahin, o homônimo Salim Schahin. Ele está convencido de que a ofensiva da Lava Jato sobre seu rebento, Edison Lobão Filho, tem o dedo de Schahin, que fechou acordo de delação premiada há cerca de dois meses.  Por falar em Salim Schahin, o nome do senador Delcídio do Amaral tem sido repetidamente citado nos depoimentos do empresário.

#Grupo Schahin

Em 2016, vem aí a Operação “Furo Certo”

30/12/2015
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 Millôr Fernandes costumava dizer “Viva o Brasil, onde o ano inteiro é primeiro de abril”. Pois o ano de 2015 foi ainda mais desafiador para aqueles que se dedicam a separar a verdade da burla e o fato da ficção. O Relatório Reservado está convicto de que realizou esta decantação com êxito em suas 246 edições de 2015. Aliás, foi exatamente em abril, não no dia 1º, mas no dia 30, que o RR abordou pela primeira vez a regularização dos recursos de brasileiros no exterior. Àquela altura, o assunto sequer estava na ordem do dia. Ninguém apostava também na substituição de Joaquim Levy no seu período de apogeu. O RR cantou a bola que o novo ministro da Fazenda seria Nelson Barbosa. Dito e feito. O RR acompanhou de perto o esforço de Joaquim Levy para tocar o ajuste fiscal. Ao mesmo tempo, trouxe à tona uma série de ideias discutidas pela equipe econômica que sequer chegaram a ser colocadas em prática, como o ajuste patrimonial (privatizações, leilões de concessão em marcha forçada e securitização de ativos dispersos), o limite para o gasto público e a implantação de um regime de bandas fiscais, tema de matéria na edição de 5 de março e que viria a ser alvo de intenso debate nos meses seguintes. Há outras propostas que o RR antecipou e, por ora, deixa de bandeja para que se concretizem em 2016.Uma delas é a securitização da dívida ativa da União. Outras medidas são a ampliação da capacidade de solvência, com a liberação de cheques em branco do FMI, Bird, Banco dos Brics e CAF, e a utilização das reservas na suspensão da rolagem de swaps cambiais e abatimento da dívida pública bruta. O uso do lastro em moeda forte poderia também ser usado para o reequilíbrio da Petrobras por meio da criação de uma SPE no exterior capitalizada com recursos da União, o que permitiria a compra dos passivos de curto prazo da estatal, reduzindo seu custo financeiro.  Por falar em Petrobras, entre as 2.180 matérias e notas veiculadas pelo Relatório Reservado em 2015, nenhuma outra empresa foi mais citada do que a estatal – 185 menções. Em muitas das vezes, o RR trouxe notícias que não gostaria de dar. Foi o caso da edição de 16 de junho, quando antecipou o draconiano programa de cortes da estatal, com a previsão de redução de 70 mil a 100 mil postos de trabalho. Em contrapartida, os leitores do RR puderam acompanhar de perto o processo de higienização da companhia. Em 23 de setembro, informamos com exclusividade as novas medidas implantadas pela estatal para melhorar sua estrutura de compliance. Além disso, o RR antecipou, na edição de 20 de julho, a saída de José Andrade de Lima Neto da presidência da BR Distribuidora. Ainda que a política econômica tenha espremido o noticiário corporativo, o Relatório manteve seu compromisso de perscrutar os passos dos maiores grupos empresariais brasileiros. Apenas para refrescar a memória, alguns exemplos de notícias que chegaram primeiro no RR. Em 9 de março, a newsletter antecipou mudanças na gestão da Telefônica Brasil, com o afastamento do então diretor geral, Paulo Cesar Teixeira. Em 2 de junho, informamos que Abilio Diniz compraria mais 2% do Carrefour Brasil, o que se confirmou logo à frente. Em 16 de outubro, o RR cravou que o governo derrubaria a participação obrigatória da Infraero nas licitações aeroportuárias. Na edição de 24 de novembro, dissemos que a situação do então presidente da Light, Paulo Roberto Pinto era insustentável. Seis dias depois, o executivo deixou o comando da distribuidora. Em 11 de dezembro, o Relatório revelou a necessidade da Rumo ALL vender ativos para honrar compromissos financeiros, fato que ganharia os jornais uma semana depois. Nas edições de 26 de maio e 28 de outubro, a publicação tratou das perdas do Walmart no Brasil e do risco de fechamento de mais lojas. Ao longo do ano, o RR contou em detalhes a saga da saída do HSBC do Brasil, com sua venda para o Bradesco. No dia 15 de setembro, o RR antecipou a assembleia de credores da OAS que abriria caminho para a iminente venda de sua participação na Invepar à Brookfield. O Relatório também saiu na frente contando detalhes do derretimento da indústria siderúrgica nacional, notadamente da CSN e da Usiminas. Da mesma forma, a publicação desvendou os planos da Camargo Corrêa de liquidação de seus ativos. Falta fôlego aos autores do RR para elencar o total de acertos em 2015. Seria preciso muitas edições como esta. A Lava Jato, como não poderia deixar de ser, mereceu um RR dentro do RR. Nos últimos 12 meses, foram 159 notícias, esquadrinhando a operação pelo ângulo das empresas e dos personagens envolvidos. Em 2015, o RR citou mais de 450 nomes entre corporações, empresários, executivos e autoridades. Não faltou, no entanto, quem quisesse silenciar o Relatório Reservado, a começar pelo ex-maior banqueiro de investimentos do Brasil. André Esteves tentou constranger o RR das mais diversas maneiras. Chegou a entrar na Justiça com o claro propósito de evitar a divulgação de informações contrárias aos seus interesses, como a mal explicada compra de blocos da Petrobras na África e a não menos polêmica aquisição de postos da BR Distribuidora. O tempo mostrou de que lado estava a verdade. Que assim seja em 2016. O RR renova o compromisso de levar até o seu assinante informações exclusivas com base em seus três princípios basilares: independência, destemor e isenção. O RR voltará a circular na próxima segunda-feira, dia 4 de janeiro. A todos os assinantes, um Feliz 2016!

O show do dinheiro lubrificante não pode parar

29/12/2015
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 Os José Dirceus, Marcos Valérios e Duda Mendonças, ressalvadas as grandes diferenças de hierarquia, trajetória e estilo, não farão sucessores. Esse modelo captador faliu. Foi essa maneira desenxabida de levar o lado pecuniário da política para o coração das empresas, tatuando a grana na pele das instituições, que se autocondenou por deméritos de sobra. O coquetel da intensidade com que o PT foi ao pote com a disposição das oposições de criminalizá-lo foi o catalisador das mudanças. O partido buscou um atalho na prática milenar de angariar fundos das empresas – no seu caso preferencialmente as estatais, mas também as privadas –, ao abreviar o processo e buscar o ervanário direto na fábrica, e não raras vezes na mão do dono. No passado, havia uma diplomacia da captação. Homens com a sofisticação de um Mauro Salles ou de um Jorge Serpa faziam da tarefa uma exibição de balé clássico – o verdadeiro estado da arte. Não têm substitutos, e os novos tempos provavelmente não suportariam tamanho refinamento. Portanto, é difícil ainda enxergar o novo perfil dos traficantes de influência, lobistas, tesoureiros de campanha e homens da mala, entre outros do ramo que ocuparão o vácuo deixado pelo mensalão, petrolão, Lava Jato, “República Independente de Curitiba”, “Japonês da PF” e coisa e tal. É bem possível que sobre um quinhão para as grandes agências de comunicação, pois tantas se misturaram de tal forma às estruturas de governo que não seria estranho se elas incluíssem no rol da sua prestação de serviços terceirizados o trabalho de intermediação científica do “dinheiro político ou de campanha” – se é que já não o fazem. As grandes empresas é que não deixarão mais que se encurte o caminho entre as tratativas para o agrado do político e o pagamento da contribuição suspeita, conforme virou regra no passado recente.  A obrigação de carimbar as verbas no TSE será insuficiente. Os empresários aumentarão o disclosure, divulgando suas demonstrações oficiais de financiamento eleitoral em outros espaços, tais como entidades da sociedade civil, a exemplo do Dieese e o Portal Transparência Brasil. Políticos ou profissionais carimbados da grana chegarão nas grandes corporações sendo vigiados desde a garagem e o elevador. A tomada de decisão não se dará de forma direta, e o political wall será reforçado com novas camadas de concreto. Afinal, a intimidade pecuniá- ria foi seriamente ferida. A solução será dialética, com o problema engendrando sua própria saída. No final, o mercado encontrará a solução profissional para que o sistema continue funcionando. A partir de março, esse filme, já com novos protagonistas, poderá ser visto nas mais ou menos cotadas prefeituras e câmaras municipais e em todas as empresas que contam no país.

Emílio reescreve o seu capítulo na Odebrecht

22/12/2015
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  A solução para o comando da Odebrecht durante a ausência de Marcelo Odebrecht se chama Odebrecht e já se encontra na própria Odebrecht. Consta que, quando confrontado com a pergunta, o patriarca Emílio afirma que o tempo é o senhor da História e aliado daqueles que têm paciência. Se a memória do RR não falha, ouvimos a mesma frase proferida por Norberto Odebrecht, há mais de 20 anos, durante uma exposição sobre o Livro Verde, uma espécie de bíblia doutrinária corporativa do grupo. Antigo presidente da companhia, Emílio, pai de Marcelo, assumiria o posto em um rito de transição, tanto retornando ao passado, literalmente, quanto voltando ao futuro, metaforicamente. Ou seja: ele guardaria o cargo para um planejado retorno de Marcelo, absolvido sem provas, sendo o único a não apelar para o acordo de delação e a recusar a culpa que lhe vem sendo imputada. Que ninguém se iluda: a saída de Marcelo do comando da companhia é processual e jurídica. Não ganha um camarão seco do vatapá quem apostar que ele não volta e vai ficar na lagoa escura de Abaeté lendo livros de engenharia ou coisa assim.  Emílio Odebrecht é um homem jovem para os padrões laborais de hoje, com 70 anos (Lula tem a mesma idade, e FHC, 84 anos). Ninguém está mais por dentro da empresa do que ele, com a vantagem adicional de ter enfrentado as duas crises de imagem mais cabeludas da história da empreiteira. Tempo ruim não lhe mete medo. Emílio poderia assumir com o mandato explicitado ou operando por detrás da coxia, com um fronting, provavelmente um executivo com tradição no grupo ou mesmo um dos presidentes das unidades, conforme especula o mercado. A história da corporação dá pouca margem para pensar que o patriarca se esconderia nessa hora. O retorno de Emílio reafirmaria a mensagem de que a Odebrecht não é uma empresa comum. Tem uma sólida cultura arraigada e um regime hierárquico que lembra muito o shogunato japonês, fincado em valores e respeito aos mestres.  Por enquanto, o saldo da Lava Jato para a empresa baiana equivale a um pesadelo. Mas no coração da companhia não falta quem enxergue um passo além da tragédia. O episódio seria uma provação para uma Odebrecht mais forte, com Marcelo de volta e o rótulo de única empreiteira que atravessou o rolo compressor da “República de Curitiba” sem ceder ao dilúvio de indícios, ilações e suspeições. A ver. Ou, como se diz na Bahia, “Ó, pai, ó”.

#Lava Jato #Odebrecht

Olho no olho

16/12/2015
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 A força tarefa da Lava Jato pretende realizar uma acareação entre Salim Schahin e José Carlos Bumlai, fartamente citado no depoimento do dono do Grupo Schahin .

#Grupo Schahin #Lava Jato

Acervo RR

Olho no olho

16/12/2015
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 A força tarefa da Lava Jato pretende realizar uma acareação entre Salim Schahin e José Carlos Bumlai, fartamente citado no depoimento do dono do Grupo Schahin .

#Grupo Schahin #Lava Jato

Raspas e restos

11/12/2015
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 O fundo NML Capital, de Nova York, está cavoucando ativos entre os escombros da Lava-Jato. Por pouco não fechou a compra da UTC. Agora, estaria conversando com a Engevix. A construtora nega a venda do controle.

#Engevix #NML Capital #UTC

Por que Mr. Batista chora e ri com a Lava Jato

27/11/2015
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  Os fatos da última quarta-feira devem ter despertado em Eike Batista as lembranças e os sentimentos mais antagônicos. Tanto André Esteves quanto Delcídio do Amaral estão indissociavelmente ligados a sua trajetória, ainda que em polos opostos. O banqueiro remete a alguns dos maiores insucessos de Eike. Em sua biografia, Esteves aparece como o adviser de dupla face, por vezes mais empenhado em ludibriá-lo e tirar proveito dos problemas do empresário do que ajudar a solucioná-los. Já Delcídio é o parceiro fiel que o conduziu pela mão entre os corredores mais estreitos do poder e ajudou Eike a se livrar do complexo de não ser um “empresário do PT”, como ele mesmo dizia.  Para Eike, André Esteves foi quase sempre sinônimo de operações sinuosas e malsucedidas. Foi Esteves quem expôs o empresário a uma situação constrangedora ao convencê-lo a visitar o Bradesco e externar sua disposição de comprar a participação do banco na Vale. Poucos dias depois, o banqueiro vazava aos jornais o interesse de Eike e a fictícia negociação. Aliás, não foram poucas as vezes em que as reais intenções de Esteves só se revelariam posteriormente. Assim foi por ocasião do IPO da OSX, em 2010. Só bem mais tarde Eike identificou que o BTG usava um duplo chapéu. Adviser da operação, o banco trabalhou na ponta contrária e forçou a oferta a um piso mais baixo, com o propósito de ele próprio encarteirar os títulos. Algo similar ocorreu em 2013, quando os negócios de Eike já derretiam. Convocado para assessorar a EBX na venda de ativos, o banco avaliou a LLX a um preço três vezes menor do que, posteriormente, o grupo viria a conseguir no mercado. Mais uma vez, o BTG estava nas duas pontas. Esteves teria subapreciado o negócio com o objetivo de fazer uma oferta pela LLX por meio de um fundo. Antes da ruptura em definitivo, o banqueiro ofertou a Eike um crédito de R$ 1 bilhão e pediu participação nos resultados das empresas, um modelo que se revelaria um trampolim para uma tentativa de take over do grupo.  Já Delcídio sempre se notabilizou-se por ser um grande facilitador para os negócios da EBX. A relação começou por conta do projeto de Eike de construir um complexo minero-siderúrgico em Corumbá (MS). Ainda no governo FHC, antes de deixar a diretoria de gás e energia da Petrobras, Delcidio modelou, juntamente com Nestor Cerveró, o controverso contrato que beneficiaria a EBX e, em especial, a Termoluma com um retorno inusitado para o setor. Gradativamente, o petista se tornou um dos mais importantes canais de interlocução entre Eike e o governo Lula. Com o tempo, passou a recrutar executivos para o grupo, sobretudo na Petrobras. Paulo Monteiro, que formalmente cuidava da área de sustentabilidade, transformou-se em uma extensão do parlamentar na EBX tanto quanto uma extensão do empresário no gabinete de Delcídio. Foi o senador também quem aproximou Eike de José Dirceu, na frustrada tentativa de equacionar um imbroglio com o governo boliviano. Por todos estes fatos, os novos capítulos da Lava Jato deixaram Eike dividido. Os sentimentos difusos não somam um resultado conclusivo. Nessa pororoca de emoções, talvez o melhor mesmo é que nem Esteves nem Delcídio tivessem passado por sua vida.

#André Esteves #BTG Pactual #Delcídio do Amaral #EBX #Eike Batista #Lava Jato #OSX

Lava Jato assusta

27/11/2015
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 Na última terça-feira, por volta das 7h, os funcionários que chegavam à sede da BR Distribuidora, na Cidade Nova, no Centro do Rio, foram surpreendidos com uma diligência da Polícia Federal. Cerca de 20 agentes se espalharam pela portaria principal e pela garagem, bloqueando todas as saídas. Em poucos minutos, correu pelo prédio a informação de que a companhia estava sendo alvo de mais uma operação da Lava Jato. Para alívio geral, todo o esquema tinha por objetivo “apenas” a prisão do gerente da BR em Brasília, Adão Pereira, suspeito de participar de um cartel de distribuição de combustíveis no Distrito Federal.

#BR Distribuidora #Lava Jato

Como Esteves tentou forçar o silêncio do RR

26/11/2015
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  André Esteves sempre foi um vencedor, mas não necessariamente um bom desportista. Quando contrariado, o banqueiro tentou invariavelmente pressionar o RR. Em abril deste ano, entrou com uma ação na Justiça com o claro propósito de coagir, da pior maneira, a publicação e evitar a divulgação de novas informações eventualmente avessas aos seus interesses. No processo, além de um pedido de indenização na casa dos seis dígitos, Esteves evocou a figura do crime contra o Sistema Financeiro Nacional, com menção à possível reclusão de dois a seis anos, o que tornou ainda mais flagrante o objetivo de constranger a newsletter. O RR jamais fez menção ou levantou qualquer dúvida em relação à saúde financeira do BTG. Muito pelo contrário. Uma busca no site da publicação revela uma série de notas e matérias vinculando o banco a importantes negociações de M&A ou a investimentos na área de private equity. Em todos os casos, ressalte-se, o RR abriu espaço para o posicionamento da instituição, que, na maioria das vezes, optou por não se pronunciar. Agora, sabe-se por quê.  No processo, André Esteves faz menção fundamentalmente à matéria veiculada na edição de 27 de março, com o título “Esteves mergulha nas águas viscosas da Petrobras”. O banqueiro questionou a veracidade de informações que, hoje, à luz dos fatos, no mínimo são objeto de averiguação da força-tarefa da Lava Jato, como a compra de 50% de uma série de blocos de óleo e gás da Petrobras na África. Em sua defesa, Esteves afirmou que pagou o “nada módico” preço de US$ 1,525 bilhão. Depende do ponto de vista. Há fartas evidências de que os ativos foram subapreciados – inicialmente, os blocos estavam avaliados em US$ 7 bilhões. Curiosamente, deve-se dizer, tais operações estavam sob a esfera da diretoria internacional da Petrobras, no passado recente ocupada por Nestor Cerveró, personagem central dos fatos que levaram a Justiça a decretar a prisão de André Esteves. A operação lembra, por vias tortas, o caso da refinaria de Pasadena, pois o contrato permitia a Esteves abandonar o negócio sem aportar os investimentos acordados.  André Esteves contestou também informações relacionadas à compra de postos da BR Distribuidora pela Derivados do Brasil (DVBR). Como não poderia negar a existência da operação, o banqueiro procurou o expediente do diversionismo ao dizer que a DVBR “não integra o Grupo BTG” e é controlada pela “BTG Alpha, companhia de um grupo de acionistas do BTG Pactual”. Neste ponto, o banqueiro tentou fazer crer que a publicação creditava ao BTG Pactual a participação no episódio, como se tal associação colocasse em risco a credibilidade da instituição financeira. Só que em nenhum momento o RR atribuiu o negócio ao banco, mas, sim, ao próprio Esteves. O banqueiro negou também qualquer relação com o doleiro Alberto Youssef, desmentindo todos os veículos de comunicação do país. Nota  O RR não se jacta do desenrolar dos fatos e, como todos, espera que as denúncias relacionadas à Lava Jato sejam investigadas a fundo. Diante das circunstâncias, apenas se sente no dever de esclarecer algumas questões, em respeito aos seus leitores e a sua própria história, prestes a completar meio século. André Esteves não precisa constranger um veículo jornalístico cuja função é produzir subsídios para analistas argutos, a exemplo do que dizia o saudoso ex-ministro Mario Henrique Simonsen. O banqueiro sempre foi um vencedor. Ao menos até ontem.

#Alberto Youssef #André Esteves #BR Distribuidora #BTG Pactual #Lava Jato #Nestor Cerveró

Lava a Jato

25/11/2015
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Uma curiosidade, nada mais do que uma curiosidade: entre a 20ª e a 21ª etapa da Lava Jato, realizada ontem, passaram-se apenas oito dias, um período bem inferior ao intervalo médio entre as 12 operações deste ano (21 dias).

#Lava Jato

Para onde vai a estrada da CR Almeida?

17/11/2015
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 As placas na estrada indicam que faltam poucos quilômetros para os herdeiros de Cecilio do Rego Almeida desembarcarem do controle da CR Almeida. A companhia estaria desativando o escritório de São Paulo, medida que deverá se estender também à filial do Rio de Janeiro. Na sede do grupo, em Curitiba, fornecedores e prestadores de serviços teriam sido convocados para negociar uma drástica redução dos valores de seus contratos. Vistas de maneira isolada, parecem medidas até comezinhas, forçadas pela conjuntura econômica e pelo impacto da Lava Jato sobre a área de infraestrutura como um todo. No entanto, se coladas a outras peças, está formado o mosaico da venda do controle da CR Almeida e, por extensão, da EcoRodovias, seu braço na área de concessões. A CR Almeida nega a venda do controle e as medidas de corte de custos. Mas, já há algum tempo, espocam boatos sobre a saída da família do negócio. O nome da Merrill Lynch é citado como provável adviser. Entre os candidatos estaria a canadense Brookfield. Motivos para a decisão não faltam. A crise na área de construção e a escassez de crédito se juntam a crescentes desentendimentos familiares e aos baixos resultados da EcoRodovias. No terceiro trimestre, a receita e o lucro da empresa caíram 3%.

#Brookfield #CR Almeida #Ecorodovias #Rodovias

A indiferença sem vergonha da burguesia nacional

17/11/2015
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 Rubens Ometto, Jorge Gerdau, Abilio Diniz, Pedro Passos, Roberto Setubal e Benjamin Steinbruch, só para dizer o nome de alguns dos mais destacados empresários do país que, ao menos, se dizem interessados nos rumos do Estado Nacional. Digamos que esses acumuladores de dinheiro buscam colocar uma pitada de organicidade e interesse público naquilo que é seu mantra individual: incentivos, crédito direcionado, barreira protecionista, redução dos gastos públicos, subsídios e câmbio subvalorizado. Nenhuma dessas variáveis representa, solta, o interesse nacional, ou sequer o bordado de uma política setorial consistente. As experiências governamentais anteriores revelam que o surgimento de tecnocracias eficientes somente ocorreu em sintonia com a existência de grupos influentes de empresários orgânicos, que queriam moldar o Estado a sua semelhança e ocupá-lo virtualmente. Os empresários citados no início deste texto não operam em grupo, não falam grosso, não conspiram em bloco, não têm um projeto de país que acomode bem seus negócios, e, sim, uma dúzia de pleitos de suas empresas que ignoram o Brasil.  Os empresários têm sido a elite que traz a inovação capaz de quebrar a inércia após ciclos de dinamismo. FHC foi se pendurar em uma penca de financistas, ligados à aristocrática banca privada brasileira – Itaú, Safra e Unibanco – e a instituições do mercado de capitais, travestidos de acadêmicos independentes, ou seja, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pérsio Arida, Armínio Fraga e outros. No início do regime militar, Jorge Oscar de Mello Flores, Walter Moreira Salles, Antônio Gallotti, Gastão Bueno Vidigal e Eudoro Villela trabalharam com afinco no apoio à dupla estereotípica da tecnocracia, Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões. No Lula I e Lula II, o próprio Henrique Meirelles, saído do BankBoston, com a anuência de Antônio Palocci, era criatura e criador. Antes, é bem verdade, tinham vindo as empreiteiras – até a estigmatização pela Lava Jato, donatárias do melhor capital humano existente no país –, a Coteminas, de José de Alencar, e o Bradesco, única instituição financeira do país com uma preocupação nacional. Com o apoio desse núcleo ascenderam Marcos Lisboa, Murilo Portugal e Joaquim Levy.  Os mais bem favorecidos perderam a amarra cívica, aquele tesão pelo país, a vontade de modelar o Estado até que ele fosse objeto de orgulho. A política empresarial é tímida, pífia e egoísta. Em pouco tempo, muitos deles sairão daqui, transferindo seus negócios para o exterior, de forma a que eles estejam protegidos naturalmente em dólar. Vai nos restar lembrar um dia 1º de janeiro, quando três anciões subiram a rampa do Palácio do Planalto esbaforidos e de braços dados, ajudando-se mutuamente, para uma frugal visita matinal ao então presidente da República, o general João Baptista Figueiredo. Roberto Marinho, Amador Aguiar e Azevedo Antunes eram a metáfora da fibra empresarial daqueles tempos. Tinham ido cumprimentar o presidente e conversar sobre o Brasil. Simbolicamente, os empresários morreram.

#Abilio Diniz #Benjamin Steinbruch #Jorge Gerdau #Pedro Passos #Roberto Setubal #Rubens Ometto

Inimigo meu

13/11/2015
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Notícia que Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha não gostariam de ler. Na Lava Jato, a expectativa é que o acordo de delação premiada do lobista João Augusto Henriques seja sacramentado na próxima semana.

#Eduardo Cunha #Lava Jato #Michel Temer #Renan Calheiros

Edgar Allan Poe

12/11/2015
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 O presidente da UTC , Ricardo Pessoa, peça chave na Lava Jato, tem dado a entender que o conteúdo da sua delação premiada foi induzido pela advogada Beatriz Catta Preta. Se insistir nesta tecla, pode cair um Rei de Copas do Petrolão.

#Lava Jato #UTC

GP Investimentos filtra a água e o esgoto da Lava Jato

9/11/2015
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  A GP Investimentos enxergou um veio de água potável minando entre os destroços da Lava Jato. A gestora de recursos está em negociações para a compra da OAS Soluções Ambientais e da CAB Ambiental, do Grupo Galvão. Segundo o RR apurou, o braço de saneamento da empreiteira de Cesar Mata Pires está avaliado em aproximadamente R$ 200 milhões. No caso da CAB, os valores sobre a mesa giram em torno dos R$ 500 milhões. Uma vez cravada a dupla aquisição, o caminho das pedras está traçado: o objetivo da GP é consolidar as duas companhias e criar um dos maiores grupos privados de saneamento do país. Juntas, CAB e OAS Soluções Ambientais somam um faturamento em torno de R$ 700 milhões, 20 concessões em cinco estados e aproximadamente 10% de market share. Entre as empresas privadas, a dupla ficaria atrás somente da Águas do Brasil e da Odebrecht Ambiental .  A GP se aproveita do momento de fragilidade de um setor umbilicalmente ligado às grandes empresas de construção pesada do país e, por isso mesmo, superofertado de ativos – outra empresa à venda é a Aegea, do Grupo Equipav.. A empresa nega a informação e ainda afirma que analisa oportunidades de aquisição. CAB e OAS Soluções Ambientais são companheiras de calvário. Seus acionistas controladores foram arrastados pelo “petrolão”, entraram em recuperação judicial e precisam vender ativos o quanto antes para salvar a própria pele. Como não poderia deixar de ser, tanto de um lado quanto de outro, a fonte secou. Enquanto a venda não sai, CAB e OAS não têm outra opção se não sugar o próprio caixa para tocar os projetos em curso em suas concessões. Não obstante a realidade dos fatos, a GP aposta suas fichas no potencial de crescimento das duas empresas. Com 18 concessões, a CAB cresceu 6% no ano passado, rompendo a marca de R$ 600 milhões em receita. A OAS tem um faturamento bem menor, em torno de R$ 80 milhões. Em compensação, como boa parte dos projetos entrou recentemente em operação, a empresa ainda está no período dos longos saltos. No ano passado, sua receita subiu 500%

#Aegea #Águas do Brasil #CAB Ambiental #GP Investimentos #Grupo Equipav #Grupo Galvão #Lava Jato #OAS #Odebrecht Ambiental

Atalho

5/11/2015
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 No QG da Lava Jato, a Camargo Corrêa é vista como um atalho entre Curitiba e São Bernardo do Campo.

#Camargo Corrêa

Um solução indiana para Abreu Lima

30/10/2015
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 O nome do bilionário indiano Venugopal Dhoot tem sido pronunciado de forma cada vez mais recorrente na Petrobras. Nem tanto pela já anunciada disposição do magnata em investir US$ 2,5 bilhões em seus dez blocos de petróleo e gás no país – um deles, o SEAL-M-426, em Sergipe, uma parceria com a própria estatal. O interesse da Petrobras reside na intenção da Videocon Industries, controlada por Dhoot, de verticalizar sua operação no Brasil, a começar pela área de refino. A direção da companhia enxerga no empresário um sócio em potencial para a refinaria de Abreu Lima, uma das cabeças de burro que a Lava Jato enterrou na estatal.  Nos cálculos mais conservadores, ainda falta pelo menos US$ 1,5 bilhão para que a Abreu Lima possa entrar em operação com a capacidade originalmente prevista de 230 mil barris/ dia. Esse investimento só se viabilizará com a presença de um parceiro. A Petrobras não quer e, sobretudo, não pode dispender sozinha dessa cifra, que representa 10% do seu orçamento para a área de abastecimento no perí- odo 2015-2019.

#Abreu Lima #Petrobras #Venugopal Dhoot #Videocon Industries

Investigação virtual

30/10/2015
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 Os procuradores da Lava Jato querem ouvir o ex-funcionário do Congresso Luiz Antônio Souza da Eira. Para quem não está ligando o nome à pessoa, trata-se do ex-diretor de informática da Câmara dos Deputados, demitido por Eduardo Cunha em abril deste ano. Em sua delação premiada, o lobista Fernando “Baiano” trouxe à tona novos fatos relacionados ao rumoroso episódio dos requerimentos encaminhados à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, em 2011, cujo objetivo seria pressionar a Mitsui. Suspeita-se que Eduardo Cunha tenha sido o verdadeiro autor dos documentos, que, para todos os efeitos, foram registrados no sistema da Casa em nome da então deputada Solange Almeida.

#Eduardo Cunha #Mitsui

Empecilho

23/10/2015
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 A um só tempo, Romeu Tuma Junior está prestes a assinar a ficha de filiação ao PTB, colabora com o PMDB no âmbito da CPI do BNDES e tem prestado consultoria informal ao PSDB em assuntos relacionados à Lava Jato. Para o ex-secretário Nacional de Justiça, não importa a cor do gato se o objetivo é piorar ainda mais a vida do governo.

#BNDES

O réu perpétuo e o vampiro de Curitiba

22/10/2015
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Marcelo Odebrecht deve representar um perigo horrível: o risco de se escafeder para os confins do mundo, levando consigo a caixa de Pandora do Lava Jato. Se vacilar, Sérgio Moro vai evoluir dessa versão tupiniquim de Guantánamo para o panóptico, do filósofo Jeremy Benthan. Esta última geringonça era um idealizado cárcere, transparente e permanentemente vigiado de forma que o presidiário não tivesse privacidade sequer para piscar os olhos – ou fazer suas necessidades. A prisão preventiva do empresário, que não admite a presunção de inocência a despeito das provas incitarem mais dúvidas do que confirmações, é fundamentada nos cuidados para que Marcelo não “dê sinais capazes de colocar em risco a investigação”. Como os computadores, celulares e arquivos do empreiteiro já foram varridos, a preocupação deve ser com métodos incomuns, tipo batucar com o lápis em algum bloquinho, que pode muito bem ser interpretado como código morse. Por esses critérios, Marcelo pode ficar preso até ao fim da vida, basta não ter cometido ilicitude e, por uma questão de hombridade, recusar-se a confessar o crime que não cometeu. Bem, pelo menos Moro deu uma aliviada e, graças a uma determinação do STF, excluiu o “risco a ordem pública” como justificativa para a permanência do réu na prisão. Se Moro tirasse aquela camisa preta para higienizar o pensamento, talvez chegasse à conclusão de que deixar Marcelo Odebrecht obrar seria mais vantajoso para o país do que tratá- lo como Dillinger. Era capaz de ele já ter colocado mais de 1% do PIB nos canteiros de obras do Brasil.

#Marcelo Odebrecht #Sérgio Moro

China Construction junta seus tijolos no Brasil

13/10/2015
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Nem Camargo Corrêa, nem OAS, tampouco Engevix e muito menos UTC. A primeira empreiteira asiática disposta a aportar nessas latitudes quer somar pequenas unidades para se tornar grande no setor. A China State Construction Engineering Corporation (CSCEC) analisa a consolidação de empresas menores para disputar um mercado em que os principais players estão impedidos ou debilitados. A CSCEC não é uma aspirante qualquer. Trata-se da primeira colocada no ranking da revista World Construction e sob qualquer critério é uma das cinco maiores empreiteiras do mundo, com filiais em 29 países, 230 mil empregados e faturamento anual da ordem de US$ 130 bilhões. No ano passado, deu as caras pela América do Sul, fechando o acordo para execução das obras dos aquedutos Paraná-Estacas e Mandisovi Chico, na província de Entre Ríos, localizada ao norte de Buenos Aires. No Brasil, ainda está invisível. A CSCEC já delegou mandato para que sejam realizados os estudos sobre as companhias com perfil adequado. Elas devem ser de médio e pequeno portes, ter especializações complementares, notória habilitação técnica e possibilidade de aquisição a preços baixos. Dependendo da combinação dessas variáveis, as compras podem ser duas, três ou mais. Os primeiros alvos seriam as baianas GDK e Setel Construtora, empresas que poderiam ser adquiridas na bacia das almas, ao valor de aproximadamente US$ 150 milhões. Com a compra das duas empreiteiras, a CSCEC teria uma qualificação equivalente à que a Odebrecht tem hoje no Brasil. A iniciativa iria ao encontro dos planos da Petrobras, que vem estimulando o ingresso de empresas estrangeiras para disputar o fechado mercado brasileiro. Procuradas pelo RR, GDK e Setel preferiram não se pronunciar sobre o assunto. A GDK, que se enrolou com o episódio do Land Rover e foi citada na operação Lava Jato, encontra-se em processo de levantamento da recuperação judicial e está negociando sua parte boa (acervo técnico, equipamentos e estrutura operacional). Os passivos ficariam na antiga companhia. Essa nova empresa é que seria negociada com os chineses. No pacote iria também um estaleiro, localizado na Bahia, com 80% das instalações terrestres já construídas e voltado para a fabricação de módulos e plataformas offshore. Os chineses estão atentos às possibilidades de ganhos em estaleiros. Para se ter uma ideia, uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, que será licitada pela Petrobras ao preço de US$ 1,6 bilhão, teria todo o investimento pago em três anos considerando-se 8% de lucro líquido. A Setel, por sua vez, tem prestação técnica em praticamente todos os segmentos da infraestrutura: obras aeroportuárias, rodovias e saneamento. A empresa tem atividade inteiramente complementar à da GDK. Caso os contatos sigam bom rumo, o escritório central da CSCEC será instalado no Rio de janeiro. O mercado de obras identificadas para as quais os chineses estariam aptos soma mais de US$ 20 bilhões. A título de qualificação, os megaempreiteiros construíram o “Ninho de Pássaro”, estádio olímpico de Pequim, e as principais instalações para os últimos Jogos em Londres.

#CSCEC #GDK #Setel

Walter Faria enfrenta novas acusações de sonegação fiscal

8/10/2015
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 Na mira da Lava Jato, acusado de receber recursos desviados da Petrobras e, posteriormente, repassá-los ao PT, o cervejeiro Walter Faria está no epicentro de mais um escândalo. As suspeitas sobre a participação do Grupo Petrópolis em um esquema de sonegação fiscal no Mato Grosso espalham-se por outras regiões. Os Ministérios Públicos de São Paulo e do Paraná se uniram ao seu congênere mato-grossense nas investigações contra a fabricante de bebidas. Há fortes indícios de que a empresa teria replicado o mesmo expediente nos dois estados. O esquema se basearia na devolução simulada de matéria-prima para a produção de cerveja, notadamente soja. A Petrópolis se beneficiaria de créditos fiscais referentes ao retorno do insumo ao fornecedor. No entanto, segundo as investigações, há evidências de que boa parte da matéria-prima declarada não retornava efetivamente ao seu fabricante, embora fossem emitidas notas fiscais relativas à devolução. Os procuradores dos três estados estão debruçados sobre calhamaços de guias de recolhimento supostamente frias.  O Ministério Público do Mato Grosso confirma o caso. Segundo o MP, há “um procedimento investigatório em tramitação na 14ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, que antecede o inquérito, para apurar o suposto esquema envolvendo o Grupo Petrópolis”. O total sonegado pode chegar a R$ 140 milhões. Ainda de acordo com o MP, esse é o valor do processo administrativo que aguarda julgamento pela Secretaria de Fazenda do Mato Grosso. O RR também entrou em contato com o Ministério Público de São Paulo e do Paraná. Ambos não se pronunciaram, com a alegação de que apenas o MPMT, origem do processo, fala sobre o caso.  Segundo o RR apurou, no caso do Paraná e, sobretudo, de São Paulo, as cifras sob investigação seriam bem maiores, em razão dos volumes de mercadorias movimentados nos dois estados. As denúncias envolvem também a cooperativa paranaense Imcopa, uma espécie de irmã xifópaga da Petrópolis. Em 2009, ambas anunciaram uma associação para a produção e distribuição de soja. Os credores da Imcopa, entre os quais Credit Suisse e ING, tentam provar que Walter Faria é o verdadeiro dono da empresa e, portanto, responsável pelas dívidas de mais de R$ 1 bilhão da cooperativa agrícola.

#Cervejaria Petrópolis #Credit Suisse #Imcopa #Lava Jato #Petrobras

Postos da BR Distribuidora são “saqueados” pela concorrência

7/10/2015
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Que BR Distribuidora será ofertada ao mercado? A líder absoluta na venda de combustíveis no país, notabilizada por sua portentosa estrutura logística e uma rede com mais de 7,5 mil postos, ou uma empresa em célere processo de erosão, saqueada por seus competidores? Quanto mais o IPO demorar em razão das circunstâncias adversas do mercado, maiores as chances de os investidores se depararem com a segunda opção. A BR encontra-se sob forte ataque da concorrência: alguns dos principais grupos do setor estão se aproveitando do momento de fragilidade da estatal – e, em última instância, de todo o Sistema Petrobras – para arrancar um pedacinho da companhia, avançando sobre seus revendedores. As tentativas de pilhagem do market share da empresa vêm dos mais diversos lados. Rubens Ometto e Shell estão entre os mais agressivos: apenas nos meses de julho e agosto, a Raízen abriu conversações com cerca de 150 proprietários de postos de combustíveis que usam a bandeira da BR. Já a Ale , da Marcelo Alecrim, avança sobre revendedores da estatal em São Paulo, Minas Gerais e Ceará. A expectativa da empresa é fisgar algo perto de 70 estabelecimentos até dezembro. O avanço dos predadores reflete a vulnerabilidade da presa. A BR é hoje um gigante alquebrado, que, assim como todas as subsidiárias da Petrobras, purga os efeitos da Lava Jato e sofre com a asfixia financeira da companhia. É também uma empresa acéfala, sem presidente há mais de um mês. Ou um pouco mais, numa conta rigorosa: antes mesmo de deixar o cargo, o ex-presidente José Lima Neto, citado no “petrolão”, já era um dirigente enfraquecido, pálido, sem voz de comando. Ao mesmo tempo, a BR vive um situação de esgarçamento na relação com seus revendedores. No afã de aumentar sua arrecadação, a estatal vem espremendo os distribuidores com uma política de cobrança de royalties cada vez mais sufocante. A inevitável insatisfação da tropa serve de combustível para o avanço dos concorrentes, que têm oferecido condições vantajosas para comprar o passe destes revendedores e embandeirar os postos com sua logomarca. Para se ter uma ideia do apetite com que a concorrência avança sobre a BR, a possibilidade de abduzir distribuidores da estatal teria sido uma das razões para a Ale suspender o processo de venda do seu controle. Neste momento de notória depreciação dos ativos, o empresário Marcelo Alecrim trocou de lado no balcão, vislumbrando a possibilidade de engordar sua companhia com os postos da BR e, posteriormente, retornar para a vitrine com um melhor valuation. Procurada pelo RR, a Ale disse que está investindo R$ 133 milhões em 2015 para ampliar sua rede, sem fazer menção específica aos postos da BR.

#BR Distribuidora

Imunização

6/10/2015
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Entre outras razões, há uma boa justificativa para Lula antecipar uma eventual pré-candidatura em 2018: buscar nas ruas uma “pré-imunidade” contra a Lava Jato.

#Lava Jato #Lula

Citado

2/10/2015
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O delator João Augusto Rezende Henriques citou o nome de André Esteves na Lava Jato.

#André Esteves

Rodoanel passa cada vez mais longe da Mendes Junior

29/09/2015
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A Mendes Junior vive um momento delicado. De um lado, a Lava Jato avança ainda mais sobre a empreiteira, no rastro da delação do ex-gerente da área internacional da Petrobras, Eduardo Musa; do outro, a companhia corre o risco de perder um de seus negócios mais importantes. O governo de São Paulo já cogita a possibilidade de suspender o contrato de construção do trecho Norte do Rodoanel, um projeto de aproximadamente R$ 700 milhões. O motivo seriam os atrasos nas obras, que estariam relacionados a dificuldades de caixa da Mendes Junior. O esgarçamento das relações entre a empresa e o Palácio Bandeirantes não vem de hoje. Nos primeiros quatro meses do ano, a estatal Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A – teria enviado quase uma dezena de notificações à empreiteira pelo descumprimento de etapas do projeto. Em abril, o governo e a companhia ensaiaram uma trégua, com a renegociação dos prazos. No entanto, de lá para cá, a situação teria se agravado. A Mendes Junior estaria atrasando o pagamento de operários e de prestadores de serviços subcontratados, que, por sua vez, responderiam com operações-tartaruga. De acordo com informações filtradas junto ao próprio governo de São Paulo, no atual ritmo a expectativa é que o trecho Norte da principal obra de infraestrutura rodoviária do estado só fique pronto no segundo semestre de 2018. Ressalte-se que a data de inauguração já havia sido postergada de junho de 2016 para junho de 2017. Oficialmente, a Dersa garante que este prazo está mantido. No entanto, segundo o RR apurou, o governo paulista já estaria estudando os procedimentos a serem adotados em caso de ruptura do contrato. As hipóteses sobre a mesa iriam da convocação da segunda colocada na concorrência, a Odebrecht, à realização de uma nova licitação.

#Dersa #Mendes Junior

Risco WTorre sobrevoa o Aeroporto de Viracopos

23/09/2015
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O iminente desembarque da WTorre no Aeroporto de Viracopos acendeu o sinal de alerta entre os demais acionistas da concessão. A Triunfo e a francesa Egis – donas de 55% da Aeroportos Brasil – se movimentam para barrar o ingresso da construtora paulista no consórcio. A dupla, que, a princípio, havia desistido do direito de preferência sobre as ações da UTC, voltou atrás e já teria manifestado interesse na compra dos 45% restantes. O problema é que, neste caso, querer não é exatamente poder. O exercício da opção de compra exige um esforço financeiro além das possibilidades de momento da Triunfo. Segundo o RR apurou, o grupo saiu a campo em busca de funding para financiar a operação. A Egis aceita dobrar sua participação, hoje na casa dos 10%. Mas a Triunfo terá de entrar com a maior parte dos recursos necessários para igualar a oferta apresentada pela WTorre e seus parceiros, Invixx e Fortress, da ordem de R$ 540 milhões.   Mas por que tamanha ojeriza em relação à WTorre, a ponto de provocar essa reviravolta na operação? A Egis e, sobretudo, a Triunfo não querem se livrar de um problema, a UTC, para colocar outro no lugar. A construtora de Walter Torre é vista como um parceiro de altíssimo risco, tanto do ponto de vista institucional quanto econômico-financeiro. Ainda que longe do grau de protagonismo da UTC, a WTorre também tem um pé na Lava Jato. A Justiça investiga as relações entre Walter Torre e as empresas de consultoria de José Dirceu e Antonio Palocci, das quais era cliente.   Como se não bastasse a proximidade com o “petrolão”, a WTorre é hoje uma empresa em delicada situação financeira, com dívidas na praça e enroscos societários. A construtora é conhecida por operar com níveis de alavancagem pouco prudentes. Em maio, por exemplo, teria sido obrigada a emitir às pressas cerca de R$ 50 milhões em notas promissórias para quitar o pagamento de debêntures que venceriam poucos dias depois. Outro caso que depõe contra a companhia é o Allianz Parque, estádio do Palmeiras. Proprietária da arena, a construtora de Walter Torre estaria atrasando o pagamento de funcionários e de fornecedores. As dívidas já teriam ultrapassado a marca de R$ 100 milhões. O Palmeiras e a norte-americana AEG, que faz o gerenciamento do estádio, estão dispostos a dar um cartão vermelho para a WTorre e assumir o controle da arena. Nessas circunstâncias, Triunfo e Egis se perguntam de onde a WTorre vai tirar os recursos necessários para bancar sua parte no plano de investimentos da Aeroportos Brasil, que totaliza quase R$ 10 bilhões. Elas preferem nem saber.

#Egis #Grupo Triunfo #UTC #WTorre

Serginho voltou

15/09/2015
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 Dilma Rousseff voltou a conversar bastante com Sergio Cabral. Agora, então, que a Lava Jato arquivou as denúncias contra o ex-governador, a interlocução só tende a crescer.

#Dilma Rousseff #Lava Jato #Sérgio Cabral

Ressurreição

15/09/2015
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Entre os procuradores da Lava Jato, a expectativa é que a delação de Fernando Baiano destampe um caldeirão de malfeitos no Dnit. Má notícia para o momentaneamente esquecido Fernando Cavendish, ex-controlador da Delta. Há três anos, a empreiteira foi investigada na CPI do Cachoeira por suas ligações com o Dnit.

#Dnit #Lava Jato

A vez da Funcef

11/09/2015
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A Lava Jato acelera na direção da Funcef. Alberto Youssef teria revelado à Justiça detalhes de como ele e o ex-deputado André Vargas influenciavam investimentos da fundação no setor imobiliário de acordo com seus interesses. A Funcef afirma que “não tem e nunca teve nenhum investimento com empresas do grupo de Alberto Youssef.” Por falar em Funcef, a fundação caminha para fechar o quarto ano seguido com déficit atuarial. Os resultados negativos acumulados nesse período já teriam superado a marca de R$ 6 bilhões. Oficialmente, a fundação diz que os dados do atual exercício “só serão consolidados no fim de 2015”.

#Alberto Youssef #Funcef #Lava Jato

Nova delação

10/09/2015
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Nos bastidores da Lava Jato já se dá como certo que o lobista Fernando Antônio Hourneaux vai engrossar o bloco da delação premiada.

#Delação premiada #Lava Jato

Assento marcado

10/09/2015
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O ex-ministro Paulo Bernardo tem dito que sua vaga na presidência de Itaipu Binacional está assegurada. O Planalto precisava de um respiro devido às implicações da sua cara-metade com a Lava Jato. Daí o recuo de Dilma Rousseff na sua nomeação.

#Itaipu Binacional

Serpros é um processador de prejuízos

9/09/2015
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O buraco nas contas do Serpros é muito mais embaixo. A dois meses do fim da intervenção de 180 dias decretada em maio deste ano, a direção da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) já discute a possibilidade de prorrogação do regime especial. A situação no fundo de pensão dos funcionários do Serviço Federal de Processamento de Dados seria mais delicada do que supunha o próprio órgão regulador. Segundo o RR apurou, o interventor Walter de Carvalho Parente teria encontrado mais ossadas na contabilidade da fundação, incluindo novos prejuízos decorrentes de aplicações no Banco BVA, liquidado pelo BC. Apenas neste caso, as perdas, inicialmente estimadas em R$ 130 milhões, chegariam à casa dos R$ 200 milhões, ou 5% do patrimônio total do Serpros, em torno de R$ 4 bilhões. Onde tem denúncia, suspeita de irregularidade e escândalo, o Serpros está por perto. A entidade é citada na Lava Jato como um dos fundos de pensão que teria sido usado por Alberto Youssef para movimentar recursos desviados da Petrobras. O Serpros também é investigado no âmbito da CPI dos Fundos de Pensão. Os parlamentares já requisitaram à fundação todas as suas apresentações contábeis e demonstrativos de investimento referentes ao período entre 2003 e 2015. A CPI pretende ouvir também uma boa parte dos 17 ex-dirigentes e conselheiros do fundo que tiveram seus bens pessoais bloqueados por determinação da própria Previc. * Procurada, a Previc não nos retornou.

#Alberto Youssef #Banco BVA #Banco Central #Lava Jato #Previc #Serpros

Crise do Orçamento trava até soluções para as empreiteiras

3/09/2015
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As idas e vindas do Orçamento da União não emperram apenas o equacionamento das contas públicas. Seus efeitos se alastram por outras questões prioritárias para a retomada da atividade econômica, a começar pelo destravamento da construção pesada. O bate-cabeças do governo em torno da proposta orçamentária paralisou os trabalhos do grupo montado no Ministério da Fazenda – por meio da portaria nº 640 publicada no dia 11 de agosto – com o objetivo de discutir medidas capazes de melhorar o ambiente de negócios no Brasil. Entre outras atribuições, uma das missões precípuas deste comitê é apresentar soluções que permitam às grandes empreiteiras sair do estado de congelamento em que foram lançadas pela Lava Jato, retornar ao mercado e participar de concessões e PPPs. O grupo tem aproximadamente 45 dias para concluir os trabalhos e apresentar suas propostas, prazo que, segundo a portaria, poderá ser estendido por igual período. Mas há quem acredite que nem mesmo o tempo extra será suficiente tamanho o grau de letargia em que as discussões se encontram. O atraso não se deve apenas à notória falta de energia do governo para tratar de questões centrais. Não há unicidade dentro da Abdib, que representa o setor privado junto ao grupo de trabalho na Fazenda. A falta de consenso entre as próprias empreiteiras tem resultado no surgimento de ideias despropositadas. Um exemplo diz respeito ao custo da idoneidade para o setor, leia-se as multas que as maiores empreiteiras do país terão de quitar para purgar o passado e receber autorização para participar de licitações públicas – há estimativas de que este valor poderá chegar a R$ 17 bilhões. Em vez do pagamento direto dos recursos, as empresas repassariam ativos à Petrobras e à União como ressarcimento de prejuízos eventualmente causados pelo desvio de recursos públicos. Estas últimas colocariam os respectivos ativos em leilão. Parece uma daquelas soluções de quem quer complicar e não resolver. O atraso nas discussões breca também a possibilidade de ingresso do capital estrangeiro no setor, visto que os grandes players internacionais somente participarão de consórcios ou de parcela do capital das empreiteiras sob risco de declaração de inidoneidade se elas forem higienizadas. Investidores chineses, alemães e sul-africanos, entre outros, demonstram interesse em entrar no Brasil – consta que a Camargo Corrêa já está entabulando conversações neste sentido. Mas, no atual ambiente de insegurança jurídica, é pouco provável que alguma negociação avance. Que grupo estrangeiro correrá o risco de se unir a uma empreiteira que, a qualquer momento, poderá ser considerada inidônea?  Enquanto isso, a construção pesada elimina quase 30 mil postos de trabalho por mês.

#Abdib #Camargo Corrêa #Lava Jato

Mata-borrão

2/09/2015
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O mundo é pequeno: uma das doações que, segundo o TSE, não foram devidamente lançadas na prestação de contas de Aécio Neves veio da Construbase. A empresa foi citada na Lava Jato por supostas irregularidades em uma obra no Cenpes, o centro de pesquisas da Petrobras. * A Construbase não retornou ao contato do RR.

#Aécio Neves #Construbase #Lava Jato #TSE

Acervo RR

Mata-borrão

2/09/2015
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O mundo é pequeno: uma das doações que, segundo o TSE, não foram devidamente lançadas na prestação de contas de Aécio Neves veio da Construbase. A empresa foi citada na Lava Jato por supostas irregularidades em uma obra no Cenpes, o centro de pesquisas da Petrobras. * A Construbase não retornou ao contato do RR.

#Aécio Neves #Construbase #Lava Jato #TSE

Atração fatal

1/09/2015
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A Lava Jato é um ímã que insiste em atrair o empresário Carlos Sanchez, dono do laboratório farmacêutico EMS. Além das notórias relações com José Dirceu, em seu último depoimento Alberto Youssef também teria ligado Sanchez a Antonio Palocci.

#Alberto Youssef #Antônio Palocci #Carlos Sanchez #EMS #Lava Jato #Palocci

Plantão médico

31/08/2015
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 Preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, o ex-deputado Luiz Argôlo teria sido diagnosticado com depressão. Argôlo ficou notório na Lava Jato pelo apelido que lhe foi dado por Alberto Youssef: “Bebê Johnson”.

#Alberto Youssef #Lava Jato

Leniência

20/08/2015
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Além da Camargo Corrêa, a Setal Engenharia, de Augusto Mendonça, também estaria negociando um acordo de leniência com a Justiça no âmbito da Lava Jato. * A Setal Engenharia não retornou nosso contato.

#Camargo Corrêa #Lava Jato #Setal Engenharia

Bendine dedetiza cada cantinho da BR Distribuidora

19/08/2015
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Antes que algumas baratas e escorpiões do passado comecem a subir pelos ralos e infestem o IPO da BR Distribuidora, Aldemir Bendine vai dedetizar todas as tubulações e canos da companhia. Ainda nesta semana, o presidente da Petrobras anunciará um rigoroso projeto de higienização das práticas de governança na controlada. O ponto alto será a criação de uma gerência executiva de compliance, tendo como coadjuvante o fortalecimento da ouvidoria-geral da empresa. O timing para a implantação das novas medidas não está relacionado apenas aos preparativos para a abertura de capital. A pressa de Bendine em colocar o projeto na rua e divorciar a BR da gestão anterior na Petrobras é profilática. A julgar pelos fatos recentes, as chances de a Lava Jato se espalhar pela subsidiária são cada vez maiores. Há cerca de um mês, na mesma semana em que foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal, a companhia afastou dois diretores supostamente envolvidos em irregularidades – um indicado pelo PT e outro ligado ao senador Fernando Collor. O próprio presidente da BR, José Lima de Andrade Neto, está na berlinda. O executivo foi acusado por um gerente da estatal de ter favorecido a UTC Engenharia, do delator Ricardo Pessoa, em três contratos no valor total de R$ 650 milhões. Por razões mais do que óbvias, a BR Distribuidora puxará a fila, mas as medidas aplicadas na companhia serão gradativamente estendidas às demais controladas do Sistema Petrobras. Atualmente, algumas das subsidiárias já dispõem de uma área própria de compliance, que também ganharão o status de gerência executiva – no organograma da companhia, um andar que só fica abaixo das diretorias. Em todos os casos, o novo gerente responderá diretamente ao presidente e ao Conselho de Administração da respectiva subsidiária. Significa dizer que cada empresa replicará o modelo adotado na própria Petrobras, onde o diretor de Governança, Risco e Conformidade da holding, João Adalberto Elek Junior, se reporta a Bendine e ao Conselho. Se, por ventura, há outros malfeitos escondidos nos escaninhos da companhia, quanto antes aparecerem e forem devidamente debelados melhor para todos. *A Petrobras não retornou ao nosso contato.

#Aldemir Bendine #BR Distribuidora #Lava Jato #Petrobras

O calvário daqueles que não pagaram propina

18/08/2015
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A Lava Jato tem um lado B, uma raspa do tacho das delações premiadas que provavelmente não merecerá as manchetes dos jornais. Os depoimentos à Justiça começam a trazer à tona o drama de empresas que pagaram o preço de não terem pagado o preço da corrupção na Petrobras. São muitos nomes – Produman, Multitek, Jaraguá, Brasil Ecodiesel… – e um mesmo destino: prestadores de serviço e parceiros comerciais da estatal que sofreram todo o tipo de sabotagem e foram, muitos deles, escorraçados do mapa por se recusarem a participar do “propinoduto” montado por Paulo Roberto Costa, Renato Duque et caterva. Os protagonistas desta face praticamente oculta do petrolão não estão em Curitiba, mas também enfrentam ou enfrentaram seu próprio cárcere, leia-se asfixia financeira, dificuldades de honrar compromissos, demissões, recuperação judicial e, em alguns casos, a extinção. Na Lava Jato, até o light side é dark! Os depoimentos dos delatores têm revelado como os fornecedores da Petrobras que não integravam a confraria do “petrolão” eram tratados com requintes de crueldade. Os maus-tratos vinham essencialmente da parte de Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Havia ordens expressas para que os pagamentos destes prestadores de serviço fossem represados. No aparato de tortura, outro expediente comum era a recusa a firmar aditivos contratuais, mesmo quando ficavam absolutamente comprovados o aumento dos custos de determinado projeto. Entende-se porque, entre 2008 e 2013, sucessivos fornecedores da Petrobras começaram a entrar em coma financeiro. O prontuário médico é extenso e foi devidamente registrado no noticiário da época. A Multitek, que prestava 90 tipos de serviços de engenharia à Petrobras, teve R$ 250 milhões em pagamentos bloqueados. De uma hora para outra, viu-se forçada a romper 11 contratos com a estatal e demitir 1,7 mil operários. A Produman, que fazia serviços de manutenção na Reduc, foi obrigada a demitir 1,5 mil funcionários. A Conduto, responsável pelo fornecimento de tubos para a refinaria Abreu Lima, acumulou R$ 80 milhões em dívidas e entrou em recuperação judicial. O mesmo destino da Cemon e da Jaraguá, outros fornecedores esmigalhados pela Petrobras. Muitas destas empresas ainda sobrevivem ligadas a aparelhos; outras não resistiram. O RR não conseguiu contatar os dirigentes da Conduto e da Produman. Multitek, Cemon e Jaraguá não quiseram se pronunciar, assim como a Petrobras. A retaliação não se limitava a empresas de engenharia. Que o diga a Brasil Ecodiesel. A empresa tinha um contrato que lhe garantia o fornecimento regular de biodiesel para a Petrobras. Em determinado momento, no entanto, a estatal interrompeu a retirada do combustível e, consequentemente, os pagamentos, impondo um duro golpe à produtora de biodiesel. O RR conversou com um dirigente da antiga Brasil Ecodiesel que, em off, confirmou que a companhia chegou a ter 600 mil litros em estoques. A partir daí, a empresa foi minguando, minguando, minguando. Junto com ela, caiu por terra um projeto pioneiro de reforma agrária privada vinculada ao cultivo da mamona, que garantia moradia para 300 famílias de colonos em Canto do Buriti (PI). Quem poderia dar um belo depoimento sobre a saga da Brasil Ecodiesel é a própria presidente Dilma Rousseff. Quando era ministra de Minas e Energia, Dilma visitou a região e se debulhou em lágrimas ao conhecer o projeto.

#Brasil Ecodiesel #Cemon #Conduto #Jaraguá #Lava Jato #Multitek #Paulo Roberto Costa #Petrobras #Produman #Renato Duque

“Eletrolão”

18/08/2015
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Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, conversou longamente com o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre os riscos da Lava Jato avançar sobre as empresas do Sistema Eletrobras. Após o encontro, Braga confidenciou a um colaborador que saiu da reunião mais intranquilo do que entrou.

#Eduardo Braga #Eletrobras #Lava Jato #Renan Calheiros

JAC Motors

14/08/2015
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O surgimento do nome de Sergio Habib, acionista da JAC Motors no Brasil, na Lava Jato acicatou ainda mais sua relação com a montadora chinesa. Segundo investigações, Habib teria custeado viagens de Lula ao exterior. Tudo o que a JAC menos quer é ver sua marca associada ao escândalo, sobretudo agora que cogita uma fábrica própria no país.

#JAC Motors #Lava Jato

Renan tem seus 15 minutos de fama e descrédito

12/08/2015
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Renan Calheiros quer tudo ao mesmo tempo agora: criar um oceano entre ele e Eduardo Cunha, resgatar o protagonismo perdido para Michel Temer e purificar-se aos olhos incautos dos consumidores de factoides. Quem sabe não queira também fincar as bases de um “parlamentarismo branco”, de olho na disputa em seu próprio partido. A agenda da Terra do Nunca apresentada pelo presidente do Senado ao ministro Joaquim Levy é um conjunto de 27 propostas que vem se arrastando no Congresso como um ser invertebrado. As medidas, quando passaram pela porta do Executivo, foram malhadas de pancada pelo corporativismo dos  Ibamas, Feemas e Funais da vida (casos do fast track para a aprovação de licenças ambientais e da flexibilização das regras para investimentos em zonas costeiras e áreas naturais). Difícil dizer onde termina o compromisso com a governabilidade e começam a astúcia e a venda de ilusões. O imposto sobre heranças faz parte de qualquer compêndio sobre ludíbrios. Ficou faltando o tributo sobre fortunas. São medidas desejáveis desde sempre. É provável que Aécio Neves, em off the records, assinasse embaixo a maior parte delas. Mas com  o Congresso sublevado, por que milagre a agenda da salvação seria aprovada? Para o gáudio dos dois santos do PMDB, Renan e Temer? Ou para a redenção de Dilma Rousseff? É mais provável que a resposta se encontre nas entranhas da Lava Jato. Renan é um homem bem informado. E desembainhar suas armas ao lado de Cunha mais parece um convite à autoimolação. É possível que sobre uma coisa ou outra desse exagerado balão de ensaio. Roberto Campos, em sua peroração ultraliberal, dizia que costumava jogar dez iscas para fisgar um único peixe. Em meio ao colar de medidas salvacio­nistas, a repatriação de capital como fórmula de financiamento da reforma do ICMS pode ser o lambari a ser pescado. Digamos que seja uma tainha, afinal não é tão pouca coisa assim. A manobra diversionista, no melhor dos mundos, permitiria, inclusive, que o governo reduzisse um pouco a draconia­na multa com a qual pretende saudar os capitais que se dispuserem a tomar o risco do retorno. O fato é que Renan, pelo menos por um dia, saiu da última fila entre os líderes do PMDB e assumiu a pole position da política nacional. Os motivos para que nada aconteça, contudo, são muitos. A consequência mais antirrepublicana dessa fábrica de miragens fomentada por esses homens públicos e probos é fazer com que as pessoas, já descrentes, simplesmente não acreditem em fato algum. Mesmo sem saberem do que se trata.  

#Eduardo Cunha #Michel Temer #Renan Calheiros

Ecorodovias aterrissa no aeroporto de Brasília

10/08/2015
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Derrotada nas licitações dos aeroportos do Galeão e de Guarulhos, a Ecorodovias não desiste do seu sonho de Ícaro. Em meio à Lava Jato e à retração dos investimentos em infraestrutura, a companhia abriu negociações com a argentina Corporación América para a compra de 50% da Inframérica. A holding é concessionária do aeroporto de Brasília, além do terminal de São Gonçalo do Amarante (RN). Segundo fontes que acompanham as negociações, a oferta da Ecorodovias gira em torno de R$ 350 milhões, um pouco abaixo, portanto, dos R$ 400 milhões pagos pela Corporación América à Engevix. A concessionária, controlada pela CR Almeida, acena também com futuros aportes e um bilhete marcado para os próximos leilões do setor. De acordo com as mesmas fontes, o principal alvo do interesse é a concessão do Aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre. Procurada, a Corporación América negou a venda de parte da Inframérica, mas disse não descartar “novos parceiros para os próximos leilões”. O braço de concessões da CR Almeida vive uma dicotomia. No setor, muitos se perguntam qual é a verdadeira Ecorodovias: a empresa que vence seguidos leilões de concessões rodoviárias, como no caso recente da Ponte Rio-Niterói, ou a que não consegue deslanchar seu planos de expansão e cumprir a meta de entrar em novos segmentos de negócio, notadamente na gestão de aeroportos? A companhia espera quebrar esta bipolaridade muito em breve. As conversações foram deflagradas há cerca de um mês. Trata-se da perfeita simbiose entre a vontade de comprar e, sobretudo, o desejo de vender. Se a Ecorodovias tenta preencher uma lacuna em seu plano de negócios, a Corporación América, do empresário portenho Eduardo Eurnekian, quer ocupar o mais rapidamente possível o assento deixado pela Infravix. Sem musculatura suficiente para seguir no negócio, a empresa do Grupo Engevix vendeu sua participação de 51% no consórcio para os argentinos. A Corporación América, no entanto, não tem o menor interesse de pilotar esse Boeing sozinha. O plano de voo exige investimentos da ordem dde R$ 1,5 bilhão, divididos quase que igualitariamente entre os aeroportos de Brasília e de São Gonçalo do Amarante.

#Corporación América #CR Almeida #Ecorodovias

Sexta-feira 14

7/08/2015
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No QG da Lava Jato, a expectativa é que Fernando “Baiano” feche seu acordo de delação até a próxima sexta-feira, dia 14, mas com cara de 13.

#Lava Jato

Cidade Alerta II

5/08/2015
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Os adversários de José Luiz Datena nas eleições à Prefeitura de São Paulo nem precisarão se dar ao trabalho de atacar seu partido, o PP. Bastará dar voz ao próprio Datena, exibindo no horário eleitoral a reprise dos diversos momentos em que o apresentador disparou na TV cobras e lagartos sobre os políticos envolvidos na Lava Jato.

#Datena

Repaginação da Petrobras vai muito além do compliance

5/08/2015
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A juíza Ellen Grace, integrante do comitê especial criado para acompanhar as investigações internas sobre corrupção na Petrobras, tem a discrição como sua regra de ouro. Mas fez uma pequeníssima confidência que reflete com perfeição o espírito na empresa. Para ela, sob o aspecto econômico-financeiro, os problemas são assustadores; mas do ponto de vista da comunicação interna e externa, do compliance e das práticas de governança, a companhia está ficando um lustro. Na última sexta- feira, as palavras de Ellen fizeram coro com a apresentação de Aldemir Bendine, que divulgou as novas regras para o relacionamento entre a estatal e seus mais de 13 mil fornecedores. No entanto, a cereja no sundae da governança, ainda tratada com discrição, diz respeito à liberação de pagamentos de grandes contratos a terceiros. Na época de Paulo Roberto Costa, Renato Duque e cia., bastava uma única assinatura para que bilhões fossem movimentados. Agora, a quitação de compromissos de maior monta exige a aprovação de dois diretores, além do imprimatur do próprio Conselho de Administração. Em outro front, o comando da Petrobras tem dado uma atenção maior à ouvidoria-geral. O posto vem sendo ocupado interinamente pelo engenheiro Ricardo Antônio Abreu Ianda, há 38 anos na estatal. A companhia está à procura de um novo profissional para o cargo. O antigo responsável pela área, Paulo Otto Von Sperling, foi afastado em maio deste ano. Com o advento da Lava Jato, descobriu-se que Sperling, ex-assessor de José Dirceu, era um ouvidor que ouvia mal. Em seis anos no cargo, entre as centenas de denúncias que recebeu, ele teria dado andamento a investigações em apenas duas delas. A transmutação da estatal se reflete também na comunicação institucional. Os excessos da gestão de Maria das Graças Foster deram lugar a uma postura bem mais sóbria. Em meio à fervura da Lava Jato, não há um deslize ou resposta fora do tom tanto junto à imprensa quanto nos meios de comunicação da própria companhia, sobretudo nas mídias digitais. As declarações da diretoria e do próprio presidente se tornaram raras, e, quando feitas, extremamente contidas. Aldemir Bendine toca de ouvido com o presidente do Conselho, Murilo Ferreira, responsável pela interlocução junto ao governo, notadamente Dilma Rousseff. A miríade de interlocutores e coadjuvantes que caracterizava a comunicação institucional nas gestões anteriores desapareceu. A performance do novo comando começa a agradar o espírito corporativo da estatal. Quem conhece a empresa sabe que ganhar a admiração dos funcionários é ganhar sua alma. Tudo a seu tempo. No curto prazo, o dever de casa das restrições é inevitável. Não é à toa que, no último dia 24, houve uma greve nas unidades operacionais da companhia e já se discute uma nova paralisação.

#Aldemir Bendine #Ellen Grace #Lava Jato #Petrobras

Nada consta

4/08/2015
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O convescote da semana passada, patrocinado por João Doria Jr., foi apenas a partida. Eduardo Cunha pretende manter uma agenda regular de encontros com o empresariado, como forma de demonstrar que seu poder e sua capacidade de interlocução seguem inabalados mesmo após as denúncias na Lava Jato. A bola da vez são federações de indústrias e associações comerciais.

#Eduardo Cunha #Lava Jato

Acervo RR

Banco Safra

31/07/2015
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O Banco Safra vai dar pinta na Lava Jato? Não, o RR não acredita. Mas se, por acaso, o governo tiver dúvida pode fazer que nem fez com o HSBC e pedir a lista das contas. O governo suíço está afinadíssimo com o Brasil.

#Banco Safra #Lava Jato

Banco Safra

31/07/2015
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O Banco Safra vai dar pinta na Lava Jato? Não, o RR não acredita. Mas se, por acaso, o governo tiver dúvida pode fazer que nem fez com o HSBC e pedir a lista das contas. O governo suíço está afinadíssimo com o Brasil.

#Banco Safra #Lava Jato

Lava Jato vai aonde o povo está

30/07/2015
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 A imagem do procurador da República Deltan Dallagnol no altar de uma igreja Batista é absolutamente emblemática: a um só tempo, reforça o tom messiânico da Lava Jato e revela uma estratégia de publicização das investigações ainda mais agressiva. A apresentação de Dallagnol a uma plateia de religiosos na última segunda- feira, no Rio de Janeiro, foi apenas o ponto de partida. Os integrantes da força-tarefa responsável pela Lava Jato estão dispostos a fazer uma cruzada. O objetivo é dar mais visibilidade aos detalhes da Operação e, de quebra, galvanizar o apoio da população à  devassa na Petrobras e nas maiores empreiteiras do país. A intenção é fazer apresentações em universidades, igrejas, sindicatos de trabalhadores e outros lócus representativos de espectros da sociedade.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato

Horário eleitoral

29/07/2015
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Tanto os adversários políticos quanto os aliados já notaram a diferença: ainda não se sabe ao que, mas José Eduardo Cardozo saiu em campanha. Há alguns dias, por exemplo, ficou uma hora ao vivo na Rede TV: esbanjou simpatia, respondeu perguntas de telespectadores e exibiu seus dotes de pianista. Nem parecia o ministro da Justiça em tempos de Lava Jato. Vai ter mais: Cardozo já negocia aparições no SBT e na Band.

#José Eduardo Cardozo

Les petites filles modèles da Camargo Corrêa

27/07/2015
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As reuniões de fim de semana com familiares e amigos na Fazenda Guariroba continuam a ser sagradas, assim como os passeios, ao cair da tarde, pelas vitrines da Rue du Faubourg Saint Honoré, programa obrigatório nas revigorantes temporadas em Paris, entremeadas por um ou outro jantar beneficente. Mas, na maior parte do tempo, as distintas Renata de Camargo Nascimento, Regina Camargo Pires Oliveira Dias e Rosana Camargo de Arruda Botelho habitam território inacessível, tal como uma tela de Renoir ou um romance da Condessa de Ségur. Não há Lava Jato, Ministério Público ou Polícia Federal capaz de trincar a redoma mágica erguida em torno das controladoras da Camargo Corrêa. Até o momento, diferentemente do que vem ocorrendo com alguns de seus pares no setor, as herdeiras de Sebastião Camargo têm sido poupadas do maior escândalo de corrupção da história do país. É como se delatores, procuradores, forças policiais e a imprensa tivessem se irmanado num pacto amnésico. Mesmo você, caro leitor, responda rápido se leu ou ouviu falar sobre alguma delas. A Camargo Corrêa está no núcleo do “petrolão” – como esteve também, como protagonista absoluta, no epicentro da Operação Castelo de Areia. Mesmo assim, Renata, Regina e Rosana seguem intocadas, como as vestais do templo das empreiteiras. Os ex-executivos da companhia Dalton Avancini, Eduardo Leite e João Ricardo Auler foram os primeiros dirigentes do setor condenados na Lava Jato. E, mais uma vez, nada respingou nas túnicas brancas das três empresárias. Os leais Avancini e Leite dispararam suas delações premiadas para o lado, para baixo, na diagonal, mas não apontaram sequer um dedo indicador para o andar de cima. E por que se omitem os inquisidores da Justiça? Como podem os executivos manejar R$ 50 milhões para o pagamento de propinas – valor que será ressarcido à  Petrobras – sem que os donos da empresa, uma referência no compliance corporativo, sequer suspeitem do passeio deste numerário? Será que a Camargo Corrêa é um organismo sem sistema nervoso central, no qual cada braço dita seu movimento, ou o domínio do fato, como o inferno de Sartre, são os outros? Apesar de sua extensão e ousadia, a Lava Jato segue com os olhos vendados para as sucessoras de Sebastião Camargo, tanto quanto as sucessoras de Sebastião Camargo querem agora ficar longe de algumas heranças que lhes couberam. Se, ainda jovens, Renata, Regina e Rosana foram preservadas da crueza da vida real pelo próprio pai, quando mulheres escudaram-se atrás dos maridos – matrimônios estes que parecem ter sido milimetricamente conduzidos por um head hunter. Os respectivos príncipes consortes – Luiz Roberto Ortiz Nascimento, Carlos Pires Oliveira Dias e Fernando de Arruda Botelho, já falecido – se ocuparam de cargos de mando na Camargo Corrêa, permitindo que as meninas de Sebastião Camargo se mantivessem distantes do campo de batalha. A Lava Jato estourou, e à  medida que as investigações avançaram, providencialmente chegaram ao noticiário relatos da preocupação de Renata, Regina e Rosana com os princípios e valores que deixarão para seus filhos, sugerindo a disposição de até mesmo deixar de vez a construção pesada. Surgiram em cena exatamente para serem esquecidas pela plateia. Por ora, tem dado certo.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

O comando do Partido Progressista

24/07/2015
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O comando do Partido Progressista ou o que ainda sobrou dele discute uma repaginação da sigla, a começar pela troca do nome. Depois da Lava Jato, até o velho PDS soa melhor do que PP.

#Lava Jato

Medo e júbilo frente à  convicção absolutista da Lei

23/07/2015
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Marcelo Odebrecht encontra- se em uma situação difícil. Sua detenção foi transformada em símbolo da virilidade da Lei. Sua condenação é o emblema de uma nova orquestração entre poderes. Os que o defendem são acusados de acólitos do ancien régime, do peculato e da corrupção. Muito antes da Lava Jato se transformar no atual espetáculo, Marcelo Odebrecht vinha sendo caçado como exemplo dos “novos tempos”. Pode-se afirmar que a 14ª fase da Lava Jato já estava identificada na primeira investigação. O sistema, digamos assim, deixou bem claro que a operação soaria como uma derrota se o empresário não perfilasse entre os indiciados. Marcelo teria de ser o troféu, a cabeça do leão empalhada e pendurada na carceragem da PF, em Curitiba. A situação é kafkiana, pois se tornou uma afronta levantar um testemunho favorável ao empresário. Não bastasse a circunstância de antagonismo criada pelo Ministério Público, onde Lei e Justiça ocupam, cada uma, seu próprio galho, está encravado no imaginário nacional que as empreiteiras são o ícone da corrupção nacional. E a Odebrecht é a maior delas. Imagine uma corporação que representa um dos braços do departamento de Estado, onipresente na construção da infraestrutura, participante da defesa nacional e gigante da indústria em parceria com a maior empresa estatal. à‰ difícil conceber que os diálogos fossem monásticos no convento das reuniões de trabalho e negociações contratuais. Eram reais, crus, nus, com seus vícios de origem, e não permanentes acordos de corrupção mefistofélica. Qualquer conversa perscrutada em sua intimidade é passível de suspeição, até mesmo pela excessiva liberdade que a privacidade suporta. E, no novo regime, in dubio pró-acusador. Duvida-se que, confiscado o computador do juiz Sérgio Moro, não fosse encontrada qualquer frase passível de ser interpretada como desabonadora da sua conduta. O que se vê é a Polícia Federal fazendo uma impressionante exegese no conteúdo de bilhetes e recados da correspondência pessoal de Marcelo Odebrecht. Fora o exercício público de criptografia, temos as principais acusações, e elas são no mínimo controversas. O suposto pagamento de propina da Braskem a funcionário da Petrobras, com objetivo de reduzir o valor da nafta em contrato de longo prazo, não encontra sustentação na realidade – se alguém pagou, não levou, conforme demonstram as séries temporais dos preços do combustível. E a criminalização das pretensamente promíscuas viagens do ex-presidente Lula para defender a exportação de serviços fere o raciocínio lógico. Defender a exportação de serviços do Brasil em qualquer cantão do estrangeiro sem defender o interesse da Odebrecht é uma equação impossível. Mas, mexe e remexe, algum deslize Marcelo terá cometido. Já não interessa mais o tamanho do delito, tampouco a prioridade da Nação. O ofídio do monergismo deixa seu rastro de prepotência na consciência do país. Estamos todos vingados?

#Marcelo Odebrecht

Mendes Junior

17/07/2015
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Abalroada pela Lava Jato – como qualquer boa casa do ramo , a Mendes Junior pretende vender um pacote de máquinas, equipamentos e imóveis. A expectativa é arrecadar até R$ 300 milhões, que serão usados para amortizar o passivo. No prazo de até três anos, Murilo Mendes tem R$ 1 bilhão em dívidas para pagar.

#Lava Jato

Ficha limpa

9/07/2015
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A Lava Jato – quem diria? – está beneficiando Paulo Maluf. Apeado da presidência do diretório paulista do PP no ano passado, Maluf está recuperando poder dentro do partido graças ao “petrolão”, que dizimou algumas das principais lideranças da sigla.

#Lava Jato #Maluf

Construção é o coração das trevas do desemprego

8/07/2015
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 Se todos os demais setores da economia tivessem direito ao seu próprio programa de manutenção dos postos de trabalho, ainda assim seria praticamente impossível segurar a taxa de emprego neste ano. Não há FAT ou política de desoneração da folha capaz de compensar o esfarelamento da área de construção civil no país. Nenhuma outra atividade tem deixado um número tão expressivo de trabalhadores pelo caminho. Os dados são assustadores; só não vê quem não quer. Entre maio de 2014 e maio de 2015, o Brasil registrou, no total, um decréscimo de aproximadamente 593 mil postos de trabalho. Sozinho, o segmento de construção entrou com 56% dessa estatística macabra. Significa dizer que mais de 334 mil vagas viraram pó em 12 meses, o equivalente a quase mil carteiras de trabalho a menos por dia nos canteiros de obra do país. Há pouco mais de um ano, o setor representava 6,4% de todos os empregos do país. Hoje, este índice já está em 5,8%. E que ninguém pense que a devastação está restrita a  indústria da construção pesada, duramente afetada pela paralisia de investimentos em infraestrutura. Este nicho do mercado, de melhor remuneração, perdeu mais, é verdade: 174 mil postos de trabalho em 12 meses, o correspondente a 29,4% de todas as vagas fechadas no Brasil. No entanto, o segmento de construção civil não ficou muito atrás: a degola atingiu 160 mil empregos, ou 27% do total. A deterioração do setor de construção tem um enorme efeito corrosivo sobre a economia como um todo. Cada R$ 1 milhão que deixa de ser investido em obras significa um corte de R$ 1,6 milhão em termos de valor adicionado. Se convertida em gente, a perda é ainda mais dolorosa: 56 postos de trabalho a menos. Este quadro é consequência direta de uma trágica combinação. De um lado, a Lava Jato, que criminalizou quase um setor inteiro e atinge o futuro das empreiteiras, por praticamente inviabilizar sua entrada em novos projetos na área de infraestrutura; do outro, a grave crise financeira do Dnit, um explosivo de efeito imediato, que espalha estilhaços por obras já em andamento. Some-se a isso os cortes de investimento decorrentes da política de ajuste fiscal do governo. É como se as bombas de Hiroshima e Nagasaki caíssem no mesmo lugar e na mesma hora, num catastrófico sincronismo. O mais estranho é que um setor com tamanho impacto econômico e social como a da construção civil tenha sido colocado a  margem dos seguidos programas de manutenção dos postos de trabalho. Parece até que o esquecimento tem como segundas intenções reduzir o salário real do trabalhador com o objetivo de colaborar no ajuste fiscal e no combate fiscal. O governo joga uma roleta russa, que salva, sim, alguns segmentos da economia intensivos em mão de obra, mas atinge a femoral do maior de todos os empregadores do país. Curiosa seleção nem tão natural assim. Mecanismos como a desoneração da folha de pagamentos e o recém- anunciado Programa de Proteção ao Emprego têm servido para eleger uma elite do trabalho. Alguns setores vêm merecendo uma deferência negada a outros. No fim das contas, a quem é essa deferência: ao trabalhador ou ao empregador?

#Ajuste fiscal #Dilma Rousseff #FAT

Acervo RR

Pai da criança

7/07/2015
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Bernardo Gradin, ex-Odebrecht, é alvo de uma ação coletiva contra a Braskem movida por investidores norte- americanos. Curioso Gradin não aparecer na Lava Jato. Foi ele quem negociou todos os detalhes do Comperj, projeto citado nos autos.

#Braskem #Lava Jato

Lava Jato do B

6/07/2015
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Sergio Moro quer ouvir novamente os ex-executivos da Camargo Corrêa Dalton Avancini e Eduardo Leite. Está convicto de que a dupla dinâmica tem muito mais a dizer, especialmente sobre os contratos da empreiteira no setor elétrico.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

Se Lula defender Aloizio

1/07/2015
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Se Lula defender Aloizio Mercadante contra as denúncias da Lava Jato, entenda com o sinal trocado. Se o ex-presidente ficar calado, saiba que é uma manifestação de apoio.

#Lava Jato #Lula

Mitsui é o curto-circuito da vez na hidrelétrica de Jirau

30/06/2015
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Com a Lava Jato a triscar nos seus calcanhares e em meio a um contencioso com a Aneel, o consórcio responsável pela construção da hidrelétrica de Jirau tem mais um fio desencapado pelo caminho. Dois anos após embarcar no negócio, a Mitsui quer vender sua participação de 20% na Energia Sustentável do Brasil (ESBR) – holding que abriga ainda Engie, antiga GDF Suez, Camargo Corrêa, Eletrosul e Chesf. A coabitação entre espécies corporativas tão distintas e com interesses tão díspares não deu liga. Os demais acionistas da ESBR teriam instaurado um apartheid societário, alijando a trading de praticamente todas as decisões estratégicas. Não foi para virar uma mera passageira sentada no banco de trás do consórcio que a Mitsui pagou quase US$ 530 milhões e ingressou na usina. A julgar pelo desprezo da Engie, da Camargo Corrêa e das duas estatais em relação aos japoneses, a decisão da Mitsui poderia soar até como uma boa notícia. No entanto, a iminente saída da trading do consórcio traz um problema a reboque: periga os demais integrantes da ESBR terem de colocar a mão no bolso para recomprar a participação nipônica. Afinal, quem se habilita a entrar num negócio marcado por sucessivos atrasos nas obras, riscos ambientais e declaradamente na alça de mira da Lava Jato? As relações entre a Mitsui e seus sócios em Jirau se deterioraram, sobretudo, neste ano. Recentemente, a trading não teria participado das gestões com o Ministério de Minas e Energia em torno do possível aumento da capacidade de geração em 420 MW durante os meses de estiagem – negociação que envolve também o governo da Bolívia. O mesmo ocorreu quando da decisão da ESBR de abrir um contencioso contra a Aneel. O consórcio conseguiu uma liminar contra a determinação da agência reguladora, segundo a qual as grandes usinas em construção na Amazônia não poderiam mais evocar problemas como greves, revoltas trabalhistas e dificuldades de obtenção de licenças ambientais para se eximir de atrasos nos cronogramas dos projetos.

#Aneel #Camargo Corrêa #Jirau #Mitsui

Lava Jato resfria o programa nuclear brasileiro

29/06/2015
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A Lava Jato empobreceu também o urânio brasileiro. O desenfreado cerco a s grandes empreiteiras praticamente paralisou o programa nuclear nacional. Que o diga a russa Rosatom, virtual parceira do governo brasileiro para a instalação de novas usinas atômicas. Nem mesmo as boas relações entre Dilma Rousseff e Vladimir Putin e os seguidos acordos bilaterais entre os dois países resistiram ao juiz Sergio Moro. A aliança entre a Rosatom e a Camargo Corrêa, que já haviam assinado um memorando de entendimentos para investimentos na área nuclear, desintegrou- se. Forçada pelas circunstâncias, a construtora cancelou qualquer novo projeto no setor. Desde então, os russos seguem em busca de um nome para ocupar o vazio deixado pela Camargo Corrêa, de preferência também uma grande empreiteira – afinal, que outro setor no Brasil tem tamanha familiaridade com o negócio? Praticamente todas as construtoras do primeiro time criaram uma área de defesa e segurança: a Odebrecht, por exemplo, participa do projeto de montagem do primeiro submarino nuclear brasileiro. Neste momento, no entanto, é mais fácil os russos acharem cé sio 137 sob o asfalto da Rua das Flores, em Curitiba, do que encontrar uma grande construtora que não tenha sido atingida pela radioatividade do petrolão. Uma coisa puxa a outra. Nos últimos meses, as conversações entre a Rosatom e o governo brasileiro esfriaram consideravelmente. Havia a expectativa de que a própria presidente Dilma Rousseff fizesse uma viagem a  Rússia no mês de maio, quando se encontraria com Vladimir Putin para dar continuidade ao projeto. No entanto, a visita não se confirmou. Ruim para a Rosatom, que apostou um monte de fichas no programa nuclear brasileiro. A companhia instalou uma subsidiária no país, a Rusatom Overseas Network, montou uma representação no Rio de Janeiro e designou um de seus mais promissores executivos para comandar os sete funcionários locais, Ivan Dybov. Muito barulho por nada. Por ora, a Rosatom fechou apenas um contrato com a Comissão Nacional de Energia Nuclear para o fornecimento de molibdênio-99, usado na medicina nuclear.

#Camargo Corrêa #Lava Jato #Rosatom

Ninguém escapará ao cárcere do Google

26/06/2015
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Agora não há mais dúvida: foi o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, quem carimbou Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo como participantes do cartel das empreiteiras. Recaem suspeitas sobre as condições em que Pessoa fez a delação dos dois potentados, de todas a mais tardia. O presidente da moribunda UTC sempre foi um sujeito extremamente alegre, tabagista extremado, contador de piadas, amante do excesso. Sujeito a s penitências do encarceramento na Guantánamo versão Lava Jato, imposto pelo juiz Sergio Moro, Pessoa foi quebrado na sua mais aguerrida resistência – que, diga-se de passagem, já não era muita. Provavelmente daria declarações em outras circunstâncias impensáveis para se livrar da prisão. Mas há quem diga que havia uma certa animosidade, tanto do lado de Ricardo Pessoa quanto de Marcelo Odebrecht, rusga decorrente de disputa pela contratação de serviços da Petrobras. O curioso é que grande parte das brigas entre empreiteiras nas licitações da estatal se devia aos bids que levavam a preços vis, muitas vezes incapazes de sustentar a obra sem o prejuízo nas contas do vencedor. A Mendes Jr. era uma das campeãs em colocar os preços abaixo do nível morto. A UTC, volta e meia, ia pelo mesmo caminho (isso é cartel?). Se a bronca com Marcelo Odebrecht pode ter guiado o dedo duro premiado de Ricardo Pessoa, desconhece-se motivação extra-autos para a prisão de Otávio Azevedo, uma espécie de embaixador da boa vizinhança no setor. Não é nem muito claro o conteúdo da denúncia contra ele. Azevedo era mais gestor da operação de telefonia da Andrade Gutierrez do que pertencente a  infantaria puro-sangue dos empreiteiros. Mesmo porque foi no setor de telecomunicações que ele construiu a maior parte de sua trajetória, notadamente como executivo da Telemig e da Telebrás. Bem, que a Justiça dê o seu veredicto, investigue e mostre resultados convincentes, sabendo-se, de antemão, que, pelas sequelas da sua genética processual, os indiciados já sofreram uma irreparável condenação. Não se livram nunca mais de milhões e milhões de páginas no Google, que serão lidas pelo mundo afora e por muitas das suas gerações.

#Lava Jato #Odebrecht #Ricardo Pessoa #UTC

O inferno astral da Cetip

26/06/2015
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 O inferno astral da Cetip parece não ter fim. Apesar das intensas negociações com a direção do Detran de São Paulo, o presidente da empresa, Gilson Finkelsztain, não evitou o pior: a companhia perdeu a exclusividade no registro dos contratos de financiamento de veículos no estado, negócio que representa 5% do seu faturamento. Tão ruim ou até pior do que a subtração desta receita é o risco de que a decisão estimule os departamentos de trânsito de outros estados a adotar a mesma medida. Até porque deve ser grande a pressão para que os Detrans se afastem de uma empresa que tem um pé na Lava Jato. Segundo denúncias feitas pelo doleiro Alberto Youssef, a GRV, subsidiária da Cetip, teria subornado parlamentares do PP para assegurar um contrato com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

#Alberto Youssef #Cetip #Detran #Lava Jato

Príncipe

25/06/2015
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O nome do Instituto FHC aparece em meio a s varreduras da Lava Jato. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que o caso da sua instituição é bem diferente das doações e pagamentos de conferências feitos ao Instituto da Cidadania. Isto porque ele realmente teria ministrado as palestras. Então, tá… *** Ainda sobre FHC. O expresidente teria dito que não ficaria nem um pouquinho desconfortável se fosse feita uma auditoria das contas do seu Instituto e o de Lula. FHC não fala em um levantamento da acumulação de riqueza de ambos. Não vem ao caso.

#Lava Jato

Camargo Corrêa

24/06/2015
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Mesmo com Lava Jato, delação premiada de executivos, denúncias envolvendo doações para o Instituto Lula, a vida tem de continuar… A Camargo Corrêa estaria negociando com a espanhola Enagás a montagem de um consórcio para disputar a construção de um gasoduto de 200 km no Peru, um negócio de US$ 4 bilhões. Formalmente, a empreiteira nega o acordo.

#Camargo Corrêa #Enagás

O rating dos cenários pós-Odebrecht e Andrade

22/06/2015
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Os fatos da última sexta-feira já pertencem ao Google – o guardião do passado de tudo e de todos. A questão é o porvir. Potencialmente, quais são as consequências mais graves dos acontecimentos que chocalharam todas as grandes empreiteiras e estressaram as expectativas em relação ao destino nacional? O Relatório Reservado se veste de agência de rating e se propõe a classificar o risco de cenários possíveis. Quanto maior a nota maior a probabilidade da ocorrência. Em alguns dos casos, oxalá o RR incorpore para valer esses oráculos e erre o máximo possível. * A Lava Jato esterilizou os grandes grupos nacionais, historicamente, os grandes investidores em infraestrutura. O cenário é de terra arrasada. Sem saída, o governo cancela todos os leilões. Rating: CCC- * Diante das circunstâncias, o governo salva o que é possível dos leilões de infraestrutura, recorrendo a empreiteiras do segundo grupo e a empresas estrangeiras. Temos um plano de concessões padrão “banco de reserva”. É o que dá para o momento. Rating: BBB+ * A paralisia das grandes empreiteiras afeta não apenas as futuras concessões, mas também as obras já em andamento. Os pagamentos atrasam; tratores param e operários cruzam os braços a  beira de estradas que começam, mas não terminam! Rating: BB+ * A discussão volta a  baila com força total: até quando o governo assistirá, inerte, a  débâcle de um setor que responde por 7% do PIB e por oito milhões de empregos? A indústria da construção pesada não é grande demais para quebrar? Rating: AAA+ * O setor de construção pesada enverga, mas não quebra e volta a sua normalidade, afinal o capital, uma vez mutilado, se regenera como os répteis. Rating: DDD- ? Todos se dão conta de que, para o bem do próprio Brasil, é preciso conter esse macarthismo “tucano-juridicano”. O caso sai da esfera jurídica e um grande pacto político-institucional surge a  mesa: as grandes empreiteiras assinam um acordo de leniência coletiva, purgam seus excessos e voltam ao game. Rating: CC * A seleção natural entra em cena: grandes empreiteiras quebram e levam consigo toda uma cadeia de fornecedores. Algumas espécies se transmutam e sobrevivem por meio de fusões. Concentração de mercado em estado puro, com o que ela tem de mais cruel: perda da competitividade e desemprego. Rating: B * Cresce a percepção de insegurança no que diz respeito a s relações de parceria no Brasil. Afinal, ser preso torna-se um fato comum, que pode acontecer a qualquer momento. A gringalhada, que não é boba, se retrai. O investimento direto estrangeiro despenca. Rating: BB+ * O cerco se fecha; peças da Operação 2018 se juntam num quebra cabeças de encaixes marcados. A Lava Jato, enfim, cumpre seu desígnio e chega ao cume do Everest: Lula está na cadeia. Rating: A+ Obs: Se alguém perguntar, não confirmamos essa nota. * Um dos mais populares líderes políticos da história do Brasil está preso. O tecido social se esgarça rapidamente e o risco de ruptura é iminente. As tensões de classe chegam a níveis intoleráveis, levando a um quadro de conflagração política e social. O asfalto ferve e o RR pergunta: e o ajuste fiscal? Rating: b+ (a mais paradoxal nota do rating, tão alta quanto minúscula e acanhada).

#Lava Jato

Trilho chinês

17/06/2015
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A China Railway Construction Corporation (CRCC) é forte candidata a  concessão dos dois novos trechos da Ferrovia Norte-Sul. A busca por parceiros já começou. Há alguns meses, a CRCC chegou a entabular um acordo com a Camargo Corrêa, mas a Lava Jato mudou o trilho de direção.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

Dilma põe fim ao reinado de “Samek I” na Itaipu Binacional

15/06/2015
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 O pontificado de Jorge Samek está chegando ao fim. Após 12 anos no cargo, o mais longevo diretor-geral da história de Itaipu Binacional vai deixar a empresa até agosto. Segundo fonte do Palácio do Planalto, sua saída já teria sido acertada com a própria presidente Dilma Rousseff. Nomeado para o comando da hidrelétrica no primeiro mandato de Lula, Samek notabilizou-se como um dos mais influentes conselheiros de Dilma para o setor elétrico, desde os tempos em que ela ocupava o Ministério de Minas e Energia. Nos últimos meses, no entanto, a relação perdeu voltagem. Samek já não desfruta de tanto prestígio. No início do ano, o expresidente Lula chegou a trabalhar pela sua indicação para a Pasta de Minas e Energia, mas Dilma rechaçou a indicação. Quadro histórico do PT paranaense, Jorge Samek talvez tenha apenas cometido o pecadilho de estar no lugar errado na hora errada, mas o fato é que o seu esvaziamento coincide com a Lava Jato. Para todos os efeitos, ele segue imune ao petrolão: seu nome não aparece em qualquer depoimento. No entanto, uma a uma, todas as cartas mais altas ao seu redor têm caído sobre a mesa. O ex-deputado André Vargas e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, estão presos. Já a senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, Paulo Bernardo, são citados nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef. Ou seja: o PT do Paraná é uma lâmpada incandescente do qual Dilma pretende manter prudente distância. Isso vale para Samek. Caso se confirme a sua saída, a última impressão que ficará da longa gestão de Jorge Samek é um ajuste a  la Joaquim Levy. Nos últimos três anos, Samek tem feito uma série de cortes na companhia. O número de funcionários caiu 15%, índice que só não foi maior devido a  resistência do governo paraguaio, sócio e cogestor da companhia, em acompanhar o congelamento de postos de trabalho feito do lado de cá da fronteira. Hoje, a porção brasileira tem 1.390 trabalhadores, contra 1.783 no país vizinho. No ano passado, as despesas operacionais caíram 10%. Se estivesse numa empresa de Jorge Paulo Lemann, a navalhada valeria a Samek um polpudo bônus de fim de ano, fora os tapinhas nas costas. Numa estatal, no entanto, tais números cobram um certo preço – mesmo em época de constrição orçamentária. A gestão contracionista dos últimos anos, potencializada pela inevitável fadiga de relacionamento após tantos anos no mesmo cargo, acentuou o desgaste de Samek dentro de Itaipu Binacional, criando um cenário mais desfavorável a  sua permanência no cargo.

#Ajuste fiscal #Alberto Youssef #Dilma Rousseff #Gleisi Hoffmann #Itaipu Binacional #Joaquim Levy #Jorge Paulo Lemann #Jorge Samek #PT

BR Distribuidora está longe da sua melhor forma

10/06/2015
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Justo no momento em que a Petrobras prepara a abertura de capital da BR Distribuidora, a subsidiária passa por um período de baixa octanagem. A companhia convive com perda de receita, atritos com revendedores e o risco de defecções em série em sua rede de postos. As vendas da BR teriam recuado 15% nos quatro primeiros meses do ano em relação a igual período em 2014 – em alguns estabelecimentos, a queda seria de 20%. A comparação com a concorrência é desfavorável a  estatal: no mesmo período, Shell e Ipiranga, por exemplo, cresceram 5%. Os maus resultados funcionam como um fósforo aceso próximo a uma poça de gasolina. O combustível em questão são as divergências entre a BR e seus revendedores. Desde o ano passado, a estatal tem apertado os postos na renegociação dos contratos, carregando a mão no aumento dos royalties pelo uso de sua marca. Com a queda das vendas e das margens operacionais, o clima de tensão teria se acentuado. Alguns revendedores de maior porte ameaçam romper o contrato com a BR e trocar de bandeira. Segundo o RR apurou, um único grupo de São Paulo, dono de mais de duas dezenas de postos, já estaria em negociações com a Shell. Normalmente, movimentos como este têm duas consequências: ou a distribuidora de combustíveis rapidamente acusa o golpe, recolhe os punhos e renegocia as condições contratuais ou acaba sendo vítima de um efeito manada: cada rede de postos que vira-casaca acaba estimulando outros representantes a fazer o mesmo. Ressalte-se que nada muda nos planos da Petrobras: o IPO da BR vai sair. Mas, logicamente, ao preço das circunstâncias, leia-se com um inevitável desconto no valuation da empresa. É do jogo. Resta a  estatal reduzir o tamanho do prejuízo. As diretorias da Petrobras e da BR têm trabalhado em conjunto na busca por explicações e soluções para o mau desempenho da distribuidora nos últimos meses. A caça a s bruxas já teria encontrado alguns culpados: a queda dos investimentos no treinamento de funcionários; perda de qualidade no atendimento e consequente aumento do número de reclamações por parte dos clientes, o que gera uma propaganda boca a boca a s avessas; performance opaca das lojas BR Mania, que não estariam cumprindo a contento o papel de atrair consumidores para os postos de combustíveis. Acredite quem quiser: sobrou até para a Lava Jato. Segundo informações filtradas junto a  Petrobras, a partir de pesquisas de opinião, a estatal identificou que uma parcela da queda das vendas da BR se deve a  reação dos próprios consumidores, que associam a distribuidora aos escândalos de corrupção na petroleira e, por essa razão, passaram a abastecer em outros postos. Na empresa, pasmem, haveria até mesmo registros de frentistas que afirmam terem sido chamados de “ladrão” por clientes mais exaltados.

#BR Distribuidora #Petrobras

Toyo arruma suas gavetas no Brasil

8/06/2015
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A Toyo cansou de aparecer no noticiário policial. Tragado pela Lava Jato, o grupo japonês teria tomado a decisão de romper a joint venture com o Grupo Setal e encerrar suas operações no Brasil. A Toyo Setal é uma das construtoras que estão no epicentro do petrolão. O empresário Augusto Mendonça Neto, acionista controlador, e o executivo Julio Camargo, presidente da companhia, assinaram acordos de delação premiada. O RR fez várias tentativas de contato com a Toyo, por meio de seu escritório no Rio de Janeiro ou diretamente com a sede, em Tóquio. No entanto, o grupo não retornou até o fechamento desta edição. A Toyo Setal tem dois importantes contratos com a Petrobras, a começar por um dos maiores investimentos da estatal. A empresa é responsável pela construção de duas unidades de produção de hidrogênio no Comperj. Em outro front, participa também do projeto de instalação de uma fábrica de amônia em Uberaba (MG) -empreendimento, aliás, que está na corda bamba, devido aos seus altos custos.

#Lava Jato #Toyo Setal

Queiroz Galvão

2/06/2015
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A Queiroz Galvão está revendo sua participação na construção da hidrelétrica de Tumarín, na Nicarágua, orçada em pouco mais de US$ 1 bilhão. Em tempos de Lava Jato, uma boa dose de prudência não faz mal a ninguém. O controverso projeto da Eletrobras tem sido duramente questionado pelos minoritários da empresa. Ainda assim, a estatal segue no empreendimento.

#Queiroz Galvão

Compra do Aché é o remédio para todos os males da EMS

1/06/2015
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 O empresário Carlos Sanchez, que, ultimamente, tem frequentado com recorrência a prateleira dos escândalos, quer voltar a  gôndola dos grandes negócios na indústria farmacêutica. O dono da EMS estaria se unindo ao fundo norte- americano Advent para fazer uma oferta pelo controle do Aché, pertencente a s famílias Depieri, Siaulys e Baptista. Ressalte-se que esta não é a primeira tentativa da gestora de recursos de desembarcar em um grande laboratório nacional. Em 2013, o Advent manteve conversações com a goiana Teuto, que acabou se associando a  Pfizer. Caso se confirme, a compra do Aché tem tudo para ser uma das maiores operações de M&A já realizadas no setor, seja pelos valores envolvidos, seja pelo seu impacto no mercado. Há quase dois anos, o Aché abriu tratativas com diversos laboratórios internacionais – entre eles a própria Pfizer e o Novartis – para a venda do seu controle, mas nenhum dos candidatos aceitou pagar o preço exigido pelas três famílias. O tempo passou, mas, segundo o RR apurou, o valor segue no mesmo patamar: em torno dos US$ 5 bilhões. No caso específico da EMS, este é o preço para se chegar ao paraíso. Com a aquisição do Aché, a companhia de Carlos Sanchez se consolidaria como o maior fabricante de medicamentos do país, com uma receita consolidada superior a R$ 13 bilhões. Praticamente metade desse valor viria da venda de genéricos. O peso da EMS no setor é proporcional a  influência de Carlos Sanchez, talvez o empresário do ramo farmacêutico com mais trânsito junto ao governo nos últimos anos. Tamanho prestígio tem seus efeitos colaterais, como vem mostrando o noticiário recente. Coincidência ou não, o avanço sobre o Aché se dá no momento em que a EMS enfrenta uma grave crise institucional. O laboratório foi citado como um dos clientes da consultoria de José Dirceu. Aliás, um dos clientes, não! “O cliente”! Segundo as investigações, a companhia encabeça a lista de pagamentos ao exministro, com um desembolso total de quase R$ 8 milhões. Além disso, a EMS é mencionada na Lava Jato como uma das parceiras da Labogen, empresa que tinha entre seus sócios o doleiro Alberto Youssef.

#Aché #Advent #Alberto Youssef #Carlos Sanchez #EMS #Lava Jato #Pfizer

Agnus dei

1/06/2015
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A denúncia da PF sobre a eventual participação da Odebrecht na Lava Jato poderia ser feita por e-mail e não por intermédio da imprensa. Melhor, poderia ser feita em um guichê de atendimento ao público. Seria curioso: – Bom dia! O senhor participou de alguma iniciativa para formação de cartel? – Não, não participei, não! – Ok, obrigado. Vamos avisar a  mídia que o senhor disse que não é corrupto. Próximo…

#Lava Jato #Odebrecht

A Petrobras deverá, enfim, reconsiderar

29/05/2015
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A Petrobras deverá, enfim, reconsiderar os valores do contrato e manter a construção de pelo menos uma das duas plataformas encomendadas ao estaleiro QGI Brasil – sociedade entre a Queiroz Galvão e a Iesa a“leo e Gás. Trata-se de mais um vaivém na novela que se arrasta desde o estouro da Lava Jato. Em abril, conforme informou o RR nº 5.092, a QGI devolveu o contrato para a Petrobras, entre outros motivos pelo fato de que a estatal se recusou a negociar aditivos que cobrissem o aumento dos custos do projeto. A dificuldade da petroleira em realocar a encomenda em outro estaleiro falou mais alto.

#Petrobras #QGI Brasil

Olha o camarão!

26/05/2015
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Investigado na Lava Jato por causa de negócios com a Refinaria Getulio Vargas, o Grupo MPE está se desfazendo de ativos ligados ao agronegócio. Deverá vender desde a sua criação de camarões na Bahia – operação confirmada pela própria MPE – a fazendas no Centro-Oeste.

#Lava Jato

Lava Jato

25/05/2015
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Os delatores premiados da Camargo Corrêa não param de atirar. Já bate nas duas dezenas o número de obras supostamente superfaturadas na Petrobras que constam dos depoimentos dos executivos Dalton Avancini e Eduardo Leite.

#Camargo Corrêa #Petrobras

Armando Falcão

21/05/2015
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Se André Esteves pudesse, tirava o Google do ar. Na reta final das negociações para a compra do Banco BSI, sediado em Lugano, Esteves não aguenta mais ouvir as mesmas perguntas dos suíços: “E a Lava Jato? E a Sete Brasil? E a Brazil Pharma?”.

Fundo norueguês

20/05/2015
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 Entre a Lava Jato e um mercado imobiliário em crise, o fundo soberano da Noruega nem pensa duas vezes. Nos últimos dias, o Government Pension Fund Global se desfez de um expressivo lote de ações da Alpargatas, leia-se Camargo Corrêa. Em contrapartida, tem disparado sucessivas ordens de compra de papéis da Gafisa.

#Alpargatas #Camargo Corrêa #Gafisa #Lava Jato

Lava Jato

19/05/2015
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Citada na Lava Jato, a japonesa JB Minovix tenta pular fora da Ecovix, dona do estaleiro Rio Grande. Com as atividades praticamente paralisadas, a companhia já teria feito mais de três mil demissões desde setembro do ano passado. *** A defesa de Nestor Cerveró voltou a considerar a possibilidade de chamar o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, como testemunha de defesa. Os advogados do executivo já haviam desistido da ideia. Mas, se Renato Duque pode, por que não Cerveró?

#Lava Jato

CAB Ambiental derrete Á  espera de um comprador

19/05/2015
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Uma das maiores empresas privadas de saneamento do país, a CAB Ambiental definha sobre o balcão. a€ venda desde o ano passado, a companhia foi tragada pela grave crise financeira de seu acionista controlador, a Galvão Engenharia. Nas 18 concessões do grupo espalhadas por cinco estados, o cenário é praticamente o mesmo. Os investimentos foram quase que integralmente suspensos. A CAB estaria ainda postergando o pagamento de fornecedores – segundo um de seus maiores prestadores de serviço, os atrasos chegam a 90 dias. O braço de saneamento da Galvão Engenharia também vem descumprindo o cronograma de obras em algumas de suas principais concessões. O caso mais crítico é o da CAB Cuiabá. O prefeito da capital mato-grossense, Mauro Mendes, ameaça cassar a concessão da companhia, que não estaria respeitado as metas de universalização da distribuição de água na cidade previstas em contrato. A secura na CAB Ambiental é uma das faces da gravíssima situação financeira da Galvão Engenharia, que entrou recentemente com o pedido de recuperação judicial. A venda da concessionária de saneamento é fundamental para a própria continuidade do grupo. No entanto, a novela se arrasta desde o ano passado. Em meados de 2014, a GP Investimentos quase fechou a compra da CAB, mas as negociações ficaram pelo caminho. Desde então, as condições da Galvão se agravaram ainda mais, sobretudo após o advento da Lava Jato. Com uma dívida superior a R$ 1 bilhão, o grupo já demitiu mais de dez mil empregados desde novembro. Recentemente, em mais um capítulo da sua crise, a CAB deixou de assumir a concessão da BR- 153 por falta de recursos para tocar as obras previstas no edital de privatização.

#Galvão Engenharia

Sobrou para a ex

18/05/2015
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Ecos da Lava Jato: o empreiteiro Augusto Mendonça Neto, dono da Setal, não estaria honrando os compromissos firmados no acordo de separação da atriz Gisele Fraga, com quem foi casado entre 2006 e 2011.

#Lava Jato

Lava Jato

15/05/2015
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A terra treme na República dos Sarney. Em seu primeiro depoimento pós-delação premiada, além da menção ao ex-ministro Edison Lobão, o empreiteiro Ricardo Pessoa teria apresentado novos detalhes sobre a construção da refinaria Premium, no Maranhão.

#Lava Jato

Que fase!

14/05/2015
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Em apenas dois meses, o Banco Safra apareceu na Zelotes, no SwissLeaks e na lista de clientes da consultoria de Antônio Palocci. Para fechar o Grand Slam dos escândalos, só falta ser citado na Lava Jato.

#Banco Safra #Lava Jato

Aldemir Bendine é o artilheiro dos sonhos da Camargo Corrêa

6/05/2015
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 Aldemir Bendine pode muito bem ficar na Petrobras – na avaliação do Planalto, sua performance na divulgação do balanço foi impecável. Pode também ir para o BNDES, intenção inicial da presidente Dilma Rousseff, conforme informou o RR. Mas, talvez, o porvir de Bendine não esteja nem de um lado nem de outro da Avenida Chile e muito menos no próprio governo. O executivo do momento teria uma proposta da iniciativa privada para um ponto futuro: Bendine iria para a Camargo Corrêa com a tarefa de comandar a reconstrução de um dos maiores grupos empresariais do país. Guardadas as devidas proporções, após conduzir o processo de higienização da Petrobras, ele replicaria a missão na outra face da Lava Jato, dedicando- se a  reestruturação de uma das empreiteiras protagonistas do escândalo.  Aldemir Bendine é um craque sob os mais diversos aspectos. Em quase cinco anos na presidência do Banco do Brasil, enfrentou dois episódios espinhosos que poderiam ter lhe custado o cargo. Em 2010, Bendine foi questionado pela aquisição de um imóvel no interior de São Paulo, no valor de R$ 150 mil, pagos em dinheiro vivo. No ano passado, num caso ainda mais rumoroso, veio a  tona o empréstimo de R$ 2,7 milhões do BB a  socialite e empresária Val Marchiori, amiga pessoal do executivo. Em ambos os casos, Bendine mostrou ter o corpo fechado. O placar de momento na Petrobras marca dois a zero a favor de Bendine. Em apenas um bimestre a  frente da estatal, o executivo conseguiu fechar o valor da baixa contábil decorrente dos episódios de corrupção e apresentar o balanço de 2014. O artilheiro Bendine já prepara o próximo chute, leia-se o anúncio de um programa de investimentos mais enxuto, adequado a s circunstâncias e ao próprio processo de desmobilização de ativos da estatal. Sai de cena a versão anterior, marcada por cifras demasiadamente anabolizadas e inexequíveis, e surge, em seu lugar, um plano de negócios factível, em linha com a realidade e com o choque de gestão em curso na estatal. Trata-se de mais um movimento que tem tudo para cair no gosto do mercado. E, no placar da Petrobras, lá estará: três a zero para Bendine. Não é a  toa que a Camargo Corrêa teria uma camisa a  sua espera.

#Aldemir Bendine #Banco do Brasil #BNDES #Camargo Corrêa #Dilma Rousseff #Petrobras

Epidemia

5/05/2015
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Segundo a Rádio Lava Jato, a OAS a“leo e Gás também está em vias de pedir recuperação judicial, a exemplo de outras nove empresas do grupo.

#Lava Jato

BTG e Safra disputam ativos do Société Générale

29/04/2015
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Justamente no momento em que têm seus nomes citados em dois grandes escândalos da República – o primeiro na Lava Jato e o segundo, no caso Carf -, BTG Pactual e Safra travam uma disputa particular no ranking bancário nacional. Esta trama tem um coadjuvante de luxo: o Société Générale. O encerramento das atividades do Cacique e do Pecúnia e a consequente saída do varejo foram apenas o início do fim do banco francês no país. Segundo informações filtradas junto ao próprio Société, o grupo procura um comprador para o que restou das suas operações no Brasil – leia-se a unidade de corporate & investment banking. É justamente neste ponto do enredo que entram em cena o BTG e o Safra. As duas instituições estariam mantendo conversações com o Société Générale. Ambas olham para o banco francês e enxergam a possibilidade de avançar uma casa no tabuleiro da banca nacional. O interesse do BTG e do Safra traz um ingrediente extra para a operação. A saída do Société Générale do Brasil poderá ter um impacto sobre o ranking bancário nacional que provavelmente não teria caso fossem outros os candidatos ao negócio. Com a aquisição, a casa bancária dos Safra pularia de R$ 140 bilhões para aproximadamente R$ 158 bilhões em ativos, ultrapassando no photochart o BTG, que atualmente soma cerca de R$ 154 bilhões. Por sua vez, ao ficar com as operações do grupo francês no Brasil, o banco de André Esteves não apenas abriria distância do Safra como ainda tomaria a posição do HSBC no ranking bancário, tornando-se o quarto maior banco privado do país em ativos. Além do avanço no tabuleiro do setor, a operação teria uma mais-valia tanto para o BTG quanto para o Safra. O eventual vencedor do duelo poderá dar uma lustrada na sua imagem no momento em que seu nome aparece nos jornais associado a investigações policiais. O Société Générale protagoniza uma das mais anunciadas – e negadas – despedidas do setor. Mesmo após anunciar o fechamento de seus dois bancos de varejo, em fevereiro deste ano, os franceses desmentiram que estivessem prestes a deixar o país. a€quela altura, no entanto, provavelmente já arrumavam as malas. Aliás, o próprio CEO do banco no Brasil, Francis Repka, já teria acertado seu retorno a  Europa para dirigir outra subsidiária do grupo.

#BTG Pactual #Société Générale

Camargo Corrêa se especializa em demolições

29/04/2015
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Os pares da Camargo Corrêa não estão reconhecendo a postura excessivamente colaborativa da empresa com as investigações da Lava Jato. Para todos os efeitos, a delação está personificada nas figuras de Dalton Avancini e Eduardo Leite, presidente e vice-presidente da empreiteira. Mas a informação que circula é de que os dois dirigentes têm trocado figurinhas com a companhia. Tudo bem que a Camargo Corrêa e a dupla de executivos estão encalacrados e precisam se safar. Mas o afã de delatar gregos e troianos, incluindo episódios que não estão necessariamente vinculados ao caso – alguns deles envolvendo procedimentos legítimos, porém relatados como se fossem crime – tem surpreendido até os próprios inquisidores. A empreiteira fundada por Sebastião Camargo, vulgo “China”, era a companhia líder do corporativismo que reinava no setor até pouco mais da metade desta década. Com o escândalo da Petrobras, tornou-se a maior colaboradora do Ministério Público e da Polícia Federal nos quesitos “novos e velhos nomes”, “fatos comprobatórios” e “casos que nunca vieram a  tona”. Em tempo: a Camargo Corrêa está dividindo sua governança entre a que olha para o futuro e a que toureia o passado cada vez mais presente. O recado das entranhas da empreiteira é de que “perdeu, perdeu”. Acabou a condescendência. Quem dedura na frente e com intensidade leva a vantagem da primeira versão, principalmente se a denúncia for fresquinha.

#Camargo Corrêa

Lava Jato

27/04/2015
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 Em seu depoimento mais recente, Paulo Roberto Costa teria dado novos e inflamáveis detalhes sobre o uso de recursos da Petros em empresas vinculadas ao doleiro Alberto Youssef. Consultada, a fundação não quis se pronunciar, alegando “não ter conhecimento do depoimento citado”.

#Alberto Youssef #Petros

Lava Jato

23/04/2015
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O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco teria colocado a  venda sua mansão na Joatinga, na Zona Sul do Rio. O imóvel é avaliado em R$ 6 milhões, uma ninharia perto dos quase US$ 100 milhões que o executivo declaradamente embolsou em propinas. O RR entrou em contato com os advogados de Barusco, mas não obteve retorno.

#Petrobras

Estaleiro à deriva

16/04/2015
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A UTC Engenharia, uma das protagonistas da Lava Jato, está prestes a demitir mais 100 operários do seu estaleiro em São Gonçalo (RJ). Desde dezembro, cerca de 650 trabalhadores já foram jogados ao mar.

#Lava Jato

Delação

7/04/2015
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Informação que chega pela “Rádio Lava Jato”: além das denúncias contra a Valec, a delação premiada do presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, tem elementos de sobra para complicar ainda mais a vida do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. A conferir.

Saída a jato

6/04/2015
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Envolvida na Lava Jato, a Samsung Heavy Industries estaria se preparando para deixar o Brasil. É a vantagem das pessoas jurídicas, que não precisam entregar seu passaporte a  Justiça.

Petrobras é sinônimo de ficha suja para estaleiros

1/04/2015
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Foi-se o tempo em que a Petrobras era uma boa companhia que fique bem entendido o jogo de palavras da afirmação. Se, ao longo da história, ter uma relação comercial com a petroleira sempre foi uma demonstração de prestígio e um atestado de proficiência, hoje há um claro receio dos prestadores de serviço em aparecer na mesma foto em que a estatal. Aos poucos, estes fornecedores ensaiam um processo de descolamento da companhia. É o caso da QGI Brasil, a antiga Quip, controlada pela Queiroz Galvão (80%) e pela Iesa a“leo e Gás (20%) e dona do estaleiro Honório Bicalho, na cidade de Rio Grande (RS). No melhor estilo “Toma que o filho é teu”, a empresa está devolvendo a  Petrobras o contrato para a construção de duas plataformas, a P-75 e a P- 77. Os equipamentos deveriam ser entregues ainda neste ano, mas, até o momento, apenas 30% do processo de montagem estão concluídos. A QGI ganhou a licitação para o fornecimento das duas plataformas em 2013, ao preço de US$ 800 milhões cada uma. A dobradinha OSX/Mendes Junior vai pelo mesmo caminho da QGI e também se mexe para se desgrudar da Petrobras. Neste caso, a dupla parece ter encontrado uma “solução de mercado”. Com a concordância da própria estatal, está repassando a um grupo chinês o contrato para a integração dos módulos e montagem de dois FPSO (embarcações para o armazenamento e transferência de óleo), cuja licitação ocorreu em 2012. Ao todo, o projeto está orçado em aproximadamente US$ 900 milhões. Ao contrário do que as circunstâncias possam sugerir, o descolamento da Petrobras não é motivado (apenas) pela inadimplência da companhia. O que move os prestadores de serviço é, notadamente, o risco de crédito. Ter contrato com a estatal virou um estigma. Hoje, o fato de uma empresa carregar em sua carteira contratos futuros e performados da Petrobras tornou- se, por si só, um óbice para a obtenção de recursos. Nem é necessário ser um ficha suja. Vide o caso da própria QGI. A empresa cometeu o “pecado” de ter tido entre seus sócios a UTC Engenharia e a Camargo Corrêa, encalacradas até o pescoço com a Lava Jato. Ambas já deixaram o negócio: a primeira em julho de 2013; a segunda, sete meses depois. No entanto, o estaleiro paga o preço pelo malfeito alheio. Ou seja: a maldição do “petrolão” inverteu a ordem natural das coisas: hoje, um fornecedor da Petrobras precisa provar, de antemão, que não tem culpa no cartório. Há ainda outro fator que estimula a devolução dos contratos. Os prestadores de serviço sabem que, na atual conjuntura, pleitos absolutamente dentro das regras do jogo como ampliação dos prazos de entrega e aditivos para cobrir aumento de custos do projeto não serão aceitos pela Petrobras. Sendo assim, melhor passar o bastão para outro corredor. A questão é que a bola de neve não para de crescer: empreiteiras, estaleiros, bancos… Aos poucos, os mais diversos setores têm sido carregados pela avalanche da Lava Jato, o que só aumenta a necessidade de uma emergencial freada de arrumação neste processo. Se não houver uma pronta intervenção por parte do governo, crescem consideravelmente as chances de uma debandada em massa dos fornecedores de capital nacional, deixando a porta escancarada para a chegada de forasteiros. É tudo o que a gringolândia mais deseja.

#Camargo Corrêa #Petrobras #Queiroz Galvão

Pré-Sal Petróleo não saiu sequer da superfície

31/03/2015
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Caro leitor, responda rápido: você se lembra da Pré- Sal Petróleo S/A (PPSA)? Pois é… Pouco mais de um ano e meio após ser criada em meio a grandes expectativas e intensas disputas políticas, a estatal responsável pela gestão dos contratos de partilha no pré-sal vive, ou melhor, sobrevive nas sombras. Instalada no edifício no 1 da Avenida Rio Branco, no Centro do Rio – em Brasília, sede oficial, ainda não há sequer um escritório definitivo -, a empresa é hoje uma repartição pública esquálida, com reduzido poder de influência sobre o setor e sérias limitações de orçamento. Ao longo de todo o ano passado, a PPSA recebeu da União um aporte de aproximadamente R$ 15 milhões. Não deu nem para o gasto. Concebida para ter cerca de 180 profissionais, a empresa não conseguiu chegar nem perto deste número. Hoje, o efetivo é composto por pouco mais de 30 funcionários, contabilizando- se o presidente, Oswaldo Pedrosa, e outros três diretores. Apesar de todo o empenho, o mirradinho corpo técnico não consegue dar vazão a s demandas que chegam a  estatal. Embora, até o momento, suas atribuições sejam meramente burocráticas, o volume de trabalho cresceu razoavelmente desde o surgimento da empresa. O total de reservas sob o guarda-chuva da PPSA mais do que duplicou em um ano e meio. Hoje, este manancial oscila entre 18 bilhões e 30 bilhões de barris, considerando- se a soma dos campos de Libra, Búzios, Atapu, Sépia e Itaipu, todos com participação da Petrobras. Além da gestão dos contratos de partilha, a estatal atua na intermediação de acordos de individualização de produção em blocos contíguos, ou seja, uma espécie de juiz de paz entre vizinhos do pré-sal. A PPSA foi atingida pela tempestade perfeita. A Lava Jato e o consequente estado de inanição da Petrobras – associados ao hiato de leilões no pré-sal (a próxima rodada está prevista apenas para 2016) e os drásticos cortes no orçamento da União – jogaram por terra as projeções financeiras da empresa. A rigor, a estatal tem duas fontes de receita: uma a futuro, leia-se a participação nos lucros dos blocos do pré-sal; outra, referente aos bônus de assinatura dos contratos de concessão. Pelo menos assim dizia o script. No entanto, até hoje a PPSA ainda não teria recebido os R$ 50 milhões relativos a  outorga do campo de Libra.

#Lava Jato #Petróleo #Pré-Sal

Esteves mergulha nas águas viscosas da Petrobras

27/03/2015
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 André Esteves nunca escondeu que não tem pruridos em escavar ativos podres. Eis aí a carcaça do Bamerindus como prova inconteste. Mas, neste momento, é melhor não mexer com as mãos limpas em projetos que atravessam a calçada da Lava Jato. O banqueiro vai usar luvas cirúrgicas e terceirizar sua participação para entrar de banda no setor da construção pesada. A Petrobras, como sempre, é a meca. Esteves quer aproveitar a crise de liquidez das empreiteiras de estirpe para reservar seu assento em futuras cartas- convite da estatal. O expediente encontrado é a compra de um pedaço da Triunfo por meio de um fundo offshore. Receita manjada, essa operação ficará no quintal. Na sala, a Triunfo contratará o BTG para vender participação em algumas subsidiárias. O objetivo de ambas as iniciativas é gerar recursos para a compra de uma empresa do setor que agregue a  Triunfo capital humano e maior tecnologia em obras do ramo. Em idos nem tão distantes, Esteves namorou uma empresa da construção pesada, a Delta, mas a aquisição não andou. É provável que André Esteves não tenha a menor ideia, mas existiu no Brasil, nos idos dos anos 30, um híbrido de banqueiro e empreiteiro que prestou os melhores serviços ao país, notadamente a  indústria nacional. Trata-se de Roberto Cochrane Simonsen, flor rara da elite empresarial. O presidente do BTG se identifica com outras espécies, a dos predadores financeiros e os caçadores de tesouros públicos desprotegidos. O Esteves predador não é nenhuma novidade. Mas, o caçador de arcas mal cuidadas é um ente em desenvolvimento. Fincou seu primeiro pé na Petrobras, em 2012, em um ativo desguarnecido. Comprou 50% dos blocos da estatal na africa; raspou o que tinha na Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia. Na primeira estimativa, o valor total dos campos foi calculado em US$ 7 bilhões. Depois, foi recalculado em US$ 4,5 bilhões, posteriormente reduzido para US$ 3,05 bilhões. Moral da história: a operação de compra acabou sendo fechada em US$ 1,5 bilhão. O BTG pagou o menor dos menores preços – o TCU investiga se foi ele quem arbitrou o valor -, auferiu dividendos de US$ 150 milhões no oitavo mês, prevê ganhar US$ 1,8 bilhão em três anos e pode realizar a cláusula do contrato de abandonar o negócio, sem fazer qualquer investimento, a qualquer tempo (uma espécie de “Pasadena das savanas”). Esteves também bicou a Petrobras via BR Distribuidora, no fatídico ano de 2012. Nesse ponto da história, o assunto se torna mais periclitante devido ao ingresso na trama do doleiro Alberto Youssef. Ele associa Esteves ao propinódromo da estatal. Junto com seu sócio Carlos Santiago, o “Carlinhos”, na Derivados do Brasil (DVBR), o banqueiro teria embolsado R$ 300 milhões em investimentos nos postos, ao custo módico de R$ 6 milhões em propina. Com a Triunfo, Esteves passaria também a ser dono do aeroporto de Viracopos e de rodovias. O verdadeiro oceano a ser singrado, contudo, são as águas viscosas da Petrobras.

#Alberto Youssef #André Esteves #BR Distribuidora #BTG Pactual #Grupo Triunfo #Lava Jato #Petrobras

Saneamento

26/03/2015
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A Galvão Engenharia, que entrou ontem com pedido de recuperação judicial, procura freneticamente um comprador para a participação de 66% na CAB Ambiental. Formalmente, a construtora não se pronuncia sobre o assunto, alegando ser uma S/A. A venda é fundamental para o grupo aprumar suas finanças. Encalacrada com a Lava Jato, a Galvão já fez 11 mil demissões desde novembro – número confirmado pela própria empresa.

#Saneago

Petrobras volta a campo com empreiteiras da segunda divisão

26/03/2015
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 Meio que na moita, a Petrobras retomou a contratação de empreiteiras para tocar obras que só faltam gritar por socorro. Por enquanto, a estatal vai mesmo na versão “fusquinha”: construtoras do segundo ou terceiro time chamadas para disputar as licitações. São três as pequerruchas que irão inaugurar a era pós- Lava Jato: Azevedo Travassos, Encalço Engenharia e Bueno Engenharia. Nem todas estas moçoilas são virgens no que se refere a  Lava Jato. A Bueno Engenharia foi citada pelo “empresário” Mario Goes, um dos operadores de pagamento de propina a  estatal, na nona fase da investigação, chamada de ?My Way?. Pipocou em algumas páginas de jornal, mas livrou-se do alistamento no grupo das 23 empreiteiras sub judice. As três empresas foram convocadas pela Petrobras para disputar a construção do duto de 28 polegadas e 47 quilômetros que vai de Maricá, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, ao Comperj, complexo petroquímico da estatal que se encontra em estado de hibernação. Tudo indica que Aldemir Bendine quer fazer desta volta a s obras um ato político. Só isso explica a convocação a s pressas de empreiteiras acostumadas a assistir ao jogo sentadas no banco de reservas. A Petrobras marcou a abertura do envelope para o dia 24 de abril. Só que a obra está prevista para 2016. Com um pouquinho de boa vontade, a estatal poderia esperar que alguns dos titulares se redimissem nos próximos meses, de forma a contar com a participação de algumas das maiores indústrias da construção pesada. Nada contra trazer os peso-penas. Mas o certame de obras da Petrobras não é bem o espaço apropriado para a prática de justiça social ou democratização da concorrência. E qual das convidadas vai dar um preço firme? A carta convite, aliás, continua sendo a gazua para o ingresso na Petrobras, onde não se pratica a boa e velha licitação. Desde a gestão Fernando Henrique Cardoso, a estatal está livre das amarras da Lei n° 8.666. FHC brindou-a com o expediente da escolha seleta, ou seja, ela chama quem quer para participar da concorrência pelas suas obras. Foi justamente esse sistema que acordou o Cade – o órgão antitruste identificou no expediente um convite a  formação de cartel. Realmente, não há motivo no universo que impeça a combinação de preços entre os disputantes. Mas até essa questão, no momento, é menor. O importante é que a Petrobras e o país possam contar com os préstimos da elite empresarial do setor. Já demorou demais.

#Aldemir Bendine #FHC #Lava Jato #Petrobras

Os dirigentes da Alstom rezam todas as noite

26/03/2015
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 Os dirigentes da Alstom rezam todas as noites para Sergio Moro. A Lava Jato transformou o escândalo dos trens em São Paulo em nota de rodapé no noticiário.

#Alstom #Lava Jato #Sérgio Moro

A propina mais masoquista do mundo

25/03/2015
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Os indiciados na Lava Jato, que penaram as privações da Guantánamo curitibana, já disseram com todas as letras aos seus defensores constituídos: “A primeira pergunta era sempre a mesma: “O que temos de informações contra a Odebrecht?”. Os intocáveis de Sergio Moro foram bater no grupo baiano por uma via oblíqua, a Braskem, por meio de uma denúncia enviesada, que envolve a empresa e sua sócia Petrobras. Seria o único caso do “petrolão” em que não há prestação de serviços. A delação parece sem pé nem cabeça. A Braskem, conforme o relato fiel da lavação a jato, estaria pagando propina para a estatal prejudicá-la com contratos draconianos de fornecimento da nafta. Basta olhar o histórico dos preços. A Braskem sempre sofreu nas negociações para a garantia do combustível. Até agora, é o maior non sense da Lava Jato.

#Braskem #Lava Jato #Odebrecht

Cetip empurra a Lava Jato para dentro da Bolsa de Nova York

24/03/2015
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 Se a Lava Jato entra por uma porta, o maior acionista da Cetip sai por outra. A Intercontinental Exchange (ICE) está decidida a deixar o negócio. O motivo é a denúncia do doleiro Alberto Youssef de que a GRV, subsidiária da Cetip, subornou parlamentares do Partido Progressista (PP) para assegurar um contrato com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Desde a semana retrasada, quando as acusações de Youssef vieram a público, o clima entre os norte-americanos e o comando da antiga clearing do mercado de capitais brasileiro é de tensão. Sócia, entre outros negócios, da Bolsa de Nova York, a ICE cobra da Cetip um posicionamento mais firme em relação ao assunto. Os norte-americanos estão irritados com o comportamento passivo da direção da companhia, a começar pelo seu presidente, Gilson Finkelsztain. O próprio fundador e CEO da ICE, Jeffrey Sprecher, chamou o assunto para si. De acordo com uma fonte próxima a  Cetip, Sprecher teve uma dura conversa telefônica com Finkelsztain dois dias após o vazamento do depoimento de Youssef. Segundo o informante do RR, Sprecher exigiu que a Cetip emitisse um comunicado oficial refutando as acusações de Youssef. Até o momento, contudo, não foi feito. Na empresa, diante da inexplicável insubordinação, Finkelsztain já é visto como uma carta fora do baralho. Para todos os efeitos, tanto a ICE quanto Finkelsztain entraram em cena quando o malfeito já estava perpetrado. De acordo com Alberto Youssef, o pagamento de propina a parlamentares do PP começou antes de a GRV ter sido adquirida pela Cetip, em dezembro de 2010, e antes também de os norte- americanos comprarem 12% do capital, em julho de 2011. Finkelsztain, por sua vez, somente assumiria a presidência da Cetip em 2013. Ainda assim, os norte- americanos estão bastante apreensivos com a possibilidade de o escândalo respingar em sua própria operação nos Estados Unidos. Não é para menos. Na condição de uma das maiores acionistas da Bolsa de Nova York, tudo o que a ICE menos quer e menos pode é ter seu nome envolvido em um escândalo dessa dimensão – o que justifica a sua disposição de deixar o negócio. Mesmo porque, além dos eventuais danos a  imagem da Cetip, o episódio pode ter um impacto considerável sobre o próprio desempenho da companhia. Ressalte-se que o contrato para o registro de gravames (restrições) a financiamentos de veículos no sistema do Denatran é hoje o maior dos negócios da empresa. Responde por 40% do faturamento da companhia.

#Alberto Youssef #Cetip #Lava Jato #PP

Enfim, um substituto para Cerveró na BR

20/03/2015
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 Na reunião prevista para a próxima quinta-feira, dia 26 de março, o Conselho de Administração da BR Distribuidora deverá anunciar o nome de Carlos Alberto Barra Tessarollo como novo diretor financeiro da estatal. Já não era sem tempo. O cargo está vago há exatamente um ano, desde que Nestor Cerveró foi afastado por conta das investigações na Lava Jato. De lá para cá, a área financeira foi acumulada pelo próprio presidente da BR, José Lima de Andrade Neto. A escolha de Carlos Alberto Tessarollo é uma evidência de que o poder de Aldemir Bendine já começa a se espraiar pelas subsidiárias da Petrobras. Atual gerente de seguros da estatal, Tessarollo é ligado a Ivan Monteiro, executivo que Bendine trouxe consigo do BB para assumir a diretoria financeira da Petrobras. Em tempo: o novo responsável pelas finanças da BR integra também o corpo técnico da Associação Brasileira de Gerência de Riscos. Faz sentido!

#Aldemir Bendine #BR Distribuidora #Lava Jato #Nestor Cerveró #Petrobras

Concremat derruba sua paredes Á  espera da Promon

19/03/2015
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Espécie rara de construtora ainda imune aos efeitos da Lava Jato – não obstante a extensa folha de serviços prestados a  Petrobras, incluindo a malfadada refinaria Premium I, no Maranhão – a Concremat entrou em obras. Por de trás dos tapumes inicia-se uma reforma da qual a companhia controlada por Mauro Ribeiro Viegas deverá sair associada a outro grupo do setor. Quem estará do outro lado da mesa? Segundo um privilegiado interlocutor do próprio Viegas, uma boa aposta é a Promon Engenharia. No passado recente, de acordo com a mesma fonte, as duas empresas chegaram a manter conversações, mas a construção não passou sequer da primeira camada de tijolos. Eram outros tempos: a Petrobras honrava seus contratos, os investimentos em infraestrutura subiam a ladeira e não havia uma recessão a  espera na próxima esquina. Procuradas pelo RR, Concremat e Promon negaram a associação. Estranho seria se confirmassem qualquer negociação neste sentido. As circunstâncias, no entanto, parecem empurrar uma na direção da outra. Especialmente no caso da Concremat. a€ medida que o tempo passa, cresce a pressão sobre a companhia. Nas atuais condições de temperatura e pressão, é inevitável que os resultados da construtora sofram um significativo processo de desidratação nos próximos meses. Do seu faturamento total – cerca de R$ 1,5 bilhão, no ano passado -, quase metade está pendurada em obras públicas. Por sinal, tamanha proximidade com o Poder sempre atraiu olhares curiosos na direção da Concremat e de sua carteira de contratos. Se, até o momento, a companhia passou incólume ao “petrolão”, seu passado recente registra alguns sobressaltos. Línguas ferinas costumam, por exemplo, destilar insídias acerca do relacionamento entre a Concremat e a Prefeitura do Rio. A presença de Antonio Pedro Viegas Figueira de Mello, neto de Mauro Viegas, no comando da Riotur só alimenta o disse-me-disse. Intrigas a  parte, o fato é que projeções da própria Concremat apontariam para uma queda de até 40% das receitas com o governo devido a  retração dos investimentos públicos em infraestrutura – número formalmente negado pela empresa. De toda a forma, a companhia está cada vez mais distante da prosperidade da última década, quando a empresa cresceu, em média, 15% ao ano. Para Mauro Viegas, portanto, a associação com a Promon traria a reboque o Pátria Investimentos, sócio da construtora por meio do fundo P2 Brasil, e, com ele, a expectativa de um porvir um pouco menos árido.

Gasoduto paulista pega desvio para longe do “petrolão”

11/03/2015
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O vácuo deixado pela Petrobras em alguns negócios de médio porte começa a ser preenchido. Ao menos é o caso do projeto de construção de um gasoduto entre a Bacia de Santos e Cubatão, orçado em aproximadamente R$ 2 bilhões. Shell, Total e Galp são fortes candidatas a ocupar o lugar da estatal. A tríade está em negociações com o governo de São Paulo para desembarcar no empreendimento, assumindo a instalação e a operação do pipeline. O projeto, conduzido pela Secretaria de Energia do estado, foi originalmente concebido para ser pendurado na Petrobras, a principal fornecedora de gás para as três distribuidoras que operam em terras paulistas – Comgás, Gás Natural Sul e Gas Brasiliano, da qual, inclusive, a estatal é uma das sócias. No entanto, havia um “petrolão” no traçado do gasoduto – como, aliás, de tantos outros investimentos da companhia sob risco de serem carregados pela Lava Jato. Na reta final da gestão Graça Foster, a Petrobras formalizou sua saída do negócio, alegando não se tratar de um empreendimento estratégico. O que está em jogo é a instalação de uma estrutura com capacidade para o transporte de 16 milhões de metros cúbicos diários de gás, praticamente metade do Bolívia-Brasil. Caso Total, Shell e Galp assumam o investimento, este será um dos poucos entre os tantos projetos de gasodutos tracejados nos últimos anos que efetivamente sairão da prancheta. De igual porte, até o momento, só deve vingar o pipeline de 450 quilômetros no Triângulo Mineiro, que será usado para abastecer a fábrica de amônia da própria Petrobras em Uberaba. Os três grupos europeus entrarão no negócio com uma dupla identidade: atuarão tanto com o chapéu de operadores do duto quanto o de fornecedores de matéria-prima – todos têm participação em blocos de gás na Bacia de Santos. O projeto passa obrigatoriamente pelo Palácio Bandeirantes. Além de responsável pela cessão da chamada faixa de servidão por onde passará o gasoduto, o governo paulista poderá ter uma participação no equity do negócio. Muito provavelmente seu ingresso na operação se dará por meio da Empresa Metropolitana de aguas e Energia (EMAE), que, inclusive, já dispõe de uma área de servidão próxima ao traçado idealizado para o gasoduto, por onde passam tubulações de água.

O que se diz nos corredores da Lava Jato

5/03/2015
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O que se diz nos corredores da Lava Jato é que o juiz Sergio Moro deverá marcar um novo depoimento do empresário Augusto Mendonça, da Toyo Setal, ainda para este mês.

Prejulgamento

2/03/2015
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Cá entre nós: até a Lava Jato deveria ter limites. O Ministério Público afirma que a Odebrecht adotou uma operação sofisticada no exterior para pagar propinas sem deixar rastros, que ainda não foi sequer identificada, mas é motivo de investigação. Ora, se supostos expedientes sem vestígios podem ser vazados para prejulgamento de empresas, a Lava Jato fundou um regime de exceção.

Classificados

24/02/2015
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Segundo pessoas próximas a Nestor Cerveró, os filhos do executivo teriam colocado a  venda um apartamento em Ipanema, avaliado no mercado em cerca de R$ 3 milhões. Este seria um dos imóveis que Cerveró teria transferido para os rebentos tão logo a Lava Jato estourou. Consultado pelo RR, o advogado do ex-diretor da Petrobras, Edson Ribeiro, afirmou que nenhum dos filhos de Cerveró está se desfazendo de patrimônio. Está feito o registro.

Concessões rodoviárias trafegam sobre o meio fio

23/02/2015
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A Operação Lava Jato não está sozinha. Uma conjugação de fatores ameaça jogar para o acostamento as licitações de rodovias realizadas pela ANTT em 2013 e 2014, tão festejadas por Dilma Rousseff. Há um risco real de defecções por parte dos investidores e, no limite, até mesmo de revisão ou cancelamento dos leilões. Os buracos na pista começam pelo funding dos projetos. O BNDES assegurou o financiamento de até 70% dos investimentos obrigatórios previstos no edital. Até agora, no entanto, não há qualquer compromisso contratual firmado entre os concessionários e o banco. Por ora, os consórcios vencedores da licitação receberam do BNDES apenas um term sheet, com as condições previstas para o desembolso dos empréstimos. Ou seja: tudo ainda está somente no campo das boas intenções. E boas intenções não pagam máquinas e equipamentos, fornecedores, cimento, operários etc. Outro fator de risco para a continuidade dos projetos são as draconianas condições impostas nos editais de licitação. Quando as concessões foram levadas a leilão, ainda não havia ?petrolão?, empreiteiras engessadas, dólar a  beira dos R$ 3,00, retenção de financiamentos públicos e ameaça de recessão. Tampouco havia a perspectiva de uma disparada no custo do asfalto, produto de preços administrados. No fim do ano passado, mais precisamente entre os dias 24 de novembro e 22 de dezembro, a Petrobras promoveu dois aumentos do insumo, que representaram uma alta acumulada de quase 40%. A realidade, portanto, mudou brutalmente desde o momento em que o governo definiu as regras para os leilões realizados nos últimos dois anos. Naquele momento, em meados de 2013, a exigência de duplicação das rodovias em cinco anos parecia palatável. Na atual conjuntura, tornou-se inexequível. Guardadas as devidas proporções, tal regra está para as concessionárias de rodovias assim como a obrigatoriedade de ter 30% de todos os blocos do pré-sal está para a Petrobras. Trata-se de uma exigência absolutamente despropositada para as circunstâncias, um bode que o governo colocou no meio da estrada e agora será obrigado a retirar sob o risco de assistir a  desistência de alguns investidores e, consequentemente, ao cancelamento de concessões já realizadas. O temor maior é com relação aos espécimes de menor porte. Um exemplo é o Consórcio Planalto, que arrematou a licença para operar a rodovia BR-050, entre Goiás e Minas Gerais. Nenhuma das nove empreiteiras que compõem o condomínio de investidores figura entre o primeiro time da construção pesada no Brasil. As concessionárias reivindicam também a adequação das exigências e metas de investimento a s particularidades de cada projeto. Os editais não levam em consideração especificidades e diferenças técnicas entre uma rodovia e outra. O modelo atual é uma peça monocromática, igual para todas as concessões, o que só agrava as distorções de custo. Já está mais do que na hora de o governo ouvir um velho pleito do ex-ministro Delfim Netto, para quem o Brasil deve parar de improvisar nas concessões públicas e recorrer a  moderna teoria dos leilões, com seus mecanismos de proteção para impedir que processos como esse naufraguem. Voluntarismo dá nisso: é muito buraco na estrada.

#ANTT #BNDES

BTG Pactual se esquiva dos respingos da Lava Jato

20/02/2015
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Das duas uma: ou André Esteves acredita que a situação da Petrobras vai piorar ainda mais ou, então, avalia que o risco político não compensa qualquer proximidade da companhia neste momento. Só isso explica a decisão do BTG Pactual de se despir do figurino de fornecedor da estatal e vender suas empresas na área de óleo e gás mesmo com a forte depreciação dos ativos do setor. O banco procura um comprador para a DSB Investimentos, holding que controla a Deep Sea Supply BTG (Dess BTG) e a Bravante. As duas empresas são donas de uma das maiores frotas de apoio a atividades offshore do país, que atende, notadamente, a  Petrobras. São 60 embarcações, entre equipamentos próprios e de terceiros. O principal candidato a  aquisição está sentado bem ao lado do BTG. Trata-se do FIP Brasil a“leo & Gás, fundo administrado pela Valora Gestão de Investimentos, que, desde maio deste ano, detém uma participação minoritária na DSB. Quem corre por fora é a Goldman Sachs. O banco norte-americano está montando um fundo de participações na América Latina com foco na área de energia, notadamente petróleo e gás e atividades afins. Com a venda da DSB, André Esteves enterra de vez a pretensão de montar uma grande operação integrada de supply chain. Na outra ponta, o BTG Pactual já jogou a toalha em relação a  recuperação da Sete Brasil, da qual é acionista. A empresa, que fornece sondas para a Petrobras, vive uma situação dramática. Precisa levantar cerca de R$ 2 bilhões para honrar dívidas que vencem no curto prazo. Não é de hoje que o BTG sinaliza a disposição de pular fora do setor. A evidência mais aguda veio em 2013, quando o banco desistiu da compra da Companhia Brasileira de Offshore (CBO), então pertencente ao Grupo Fischer e posteriormente arrematada pelas gestoras Vinci e P2. Desde então, Esteves e cia. têm reduzido consideravelmente os aportes na Dess BTG e na Bravante. Originalmente, o plano de investimento das duas empresas para o biênio 2014/2015 girava em torno dos US$ 600 milhões – a maior parte destes recursos destinada a  compra de dez navios. Metade seria construída nos Estados Unidos e o restante, no estaleiro da própria Bravante, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Até agora, no entanto, apenas um terço da cifra foi efetivamente desembolsada e a direção da DSB trabalha com a expectativa de encomenda de apenas cinco novas embarcações. Em tempo: e os campos de petróleo na africa que o BTG adquiriu junto a  Petrobras em condições de mãe para filho? Nesses, o banco não mexe. Trata-se de um operação rentável, cujo risco político já está devidamente amortizado.

#BTG Pactual #DSB #Petrobras

Dilma nunca prestou contas ao Brasil

13/02/2015
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A abertura da caixa de Pandora da Petrobras e a descoberta dos malfeitos ali depositados são, ao mesmo tempo, sintoma e sequela de uma patologia nacional que alcançou proporções epidêmicas no governo Dilma: a falta de transparência, notadamente na gestão pública. O Estado brasileiro é uma companhia aberta, com 200 milhões de acionistas, que não publica balanço. O governo é o primeiro a dar o exemplo. No ano passado, um período pródigo em exposição para os seus padrões, Dilma Rousseff proferiu 147 discursos, concedeu 33 entrevistas e assinou 47 notas oficiais – os números do Portal da Presidência, ressalte- se, incluem apenas as comunicações no exercício do cargo, expurgando, até onde isso é possível, os atos de campanha. Em 77% dos pronunciamentos conferidos pelo RR, Dilma entediou a plateia com a mesma música, entoando repetidos dados monotemáticos sobre os resultados das políticas sociais no agregado dos governos petistas, anunciando obras – em grande parte, não realizadas – ou falando sobre a perseguição das elites. Apenas em 23% de seus pronunciamentos, a presidenta tratou com ênfase de temas prementes para a agenda nacional, como juros, política fiscal, benefícios trabalhistas, crise hídrica, racionamento de energia, resultados das contas públicas etc. O que disse foi vergonhosamente desmentido pela realidade. Se Dilma Rousseff assinasse um balanço financeiro, levaria uma multa da CVM e as demonstrações contábeis do seu governo seriam suspensas por imprecisão ou improbidade. Pois bem, depois de se pronunciar de forma claudicante ou mesmo fraudulenta, a presidenta não aproveitou nenhuma das oportunidades imediatamente posteriores para explicar as afirmações inverossímeis. Em apenas 6% das suas comunicações, ela voltou aos assuntos críticos tratados anteriormente. E o fez não para prestar contas sobre a mudança das circunstâncias, mas para sustentar que os problemas inexistiam ou havia exagero e manipulação na extensão da sua gravidade. É importante ressaltar que o RR deu um desconto e não se deteve aos pronunciamentos sobre assuntos como o “mensalão” ou a Operação Lava-Jato. Os números falam por si: os 147 discursos de Dilma correspondem a cerca de 1,5 milhão de caracteres com espaços, ou seja, noves fora os agradecimentos praticamente o mesmo número de caracteres do livro “O Capital”, de Thomas Piketty, obra do século sobre a redistribuição de renda. A mais criteriosa demonstração de dados foi o “Balanço da Copa do Mundo”, aquela que perdemos de 7 x 1, com 10 mil caracteres. O maior discurso foi feito no lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, com 20 mil caracteres. Do total, algo em torno de 345 mil letras e espaços, correspondentes exatamente a 23%, foram gastos com dizeres que mereceriam ser lançados como prejuízo se a linguagem fosse a das demonstrações financeiras. O número de explicações sobre os desmentidos que a realidade acusaria é residual. Nem sequer merece ser citado em volume de caracteres. Assim que assumiu o Gabinete Civil no governo Lula, Dilma Rousseff acenou com um nível maior de transparência, com a criação de um sistema de acompanhamento dos projetos do PAC quase em tempo real. O “Pacômetro”, no entanto, empacou – como, aliás, muitos dos projetos contidos no PAC. Na Presidência, Dilma exacerbou o desprezo pela prestação de contas e veracidade das informações. Teme-se que tenha viciado o país na escuridão de si próprio. E na omissão de seus governantes.

Metralhadora

10/02/2015
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O que se diz nos labirintos da Lava Jato é que o depoimento de Julio Camargo, consultor da Toyo Setal, espalha brasa sobre quase duas dezenas de empresários e executivos com negócios na Petrobras.

#Lava Jato #Petrobras

UTC Engenharia

6/02/2015
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Ecos da Lava Jato: a Constran, leia-se a UTC Engenharia, está prestes a jogar a toalha e pular fora de um dos consórcios que disputam a construção do túnel subterrâneo entre Santos e Guarujá, estimada em R$ 2 bilhões. Não deverá deixar saudades em seus parceiros – Mantovani e Piacentini Tecenge. *** Por falar em UTC, consta que o empresário Ricardo Ribeiro Pessoa e sua família têm enfrentado, digamos assim, alguns problemas de liquidez. Pessoa, curiosamente, foi um dos poucos presos na Lava Jato autorizados a movimentar contas bancárias.

Arquivo morto

29/01/2015
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O processo de arrumação da Petrobras pós Lava-Jato passa pelo enxugamento no número de empresas do grupo. A Gaspetro, que reúne participações em distribuidoras de gás, deverá ser a primeira degolada. Seus ativos seriam pendurados na própria holding. Oficialmente, a Petrobras nega a extinção da Gaspetro.

#Gaspetro #Lava Jato #Petrobras

Eletrobras pluga seus investimentos na State Grid

26/01/2015
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 Se, no passado, a State Grid era uma pulga atrás da orelha do governo, desconfiado de suas reais intenções no país, agora os chineses pisam em tapete vermelho. Os asiáticos mereceram a distinção de uma reunião com Eduardo Braga no fim de dezembro, antes, portanto, de ele assumir formalmente o Ministério de Minas e Energia. Motivo do encontro: o governo quer estender a parceria entre a Eletrobras e a State Grid, por ora restrita a  construção da linha de transmissão de Belo Monte. O foco é a área de geração. Em pauta, a construção não apenas de hidrelétricas, mas também de termelétricas a gás natural, carvão e biomassa, usinas eólicas e solares. As duas empresas deverão assinar um protocolo de intenções tão logo seja definida a nova diretoria da Eletrobras. Em português claro: a área de Minas e Energia quer transformar o grupo chinês em parceiro preferencial da estatal para investimentos no segmento de geração. O que mais a Eletrobras precisa, a State Grid tem de sobra. Os chineses já desembolsaram mais de R$ 8 bilhões no Brasil em investimentos no setor de transmissão. Prometem outro tanto para os próximos quatro anos. A parceria com a estatal no segmento de geração envolveria aportes da ordem de R$ 12 bilhões em três anos, valor equivalente a um quarto do que a Eletrobras prevê investir no período para a expansão do parque gerador brasileiro. Ou seja: a aliança com os asiáticos, se consumada, trará um refrigério para o caixa da companhia. O estreitamento das relações entre a Eletrobras e a State Grid tem também um forte caráter profilático. Por razões mais do que óbvias, o Ministério de Minas e Energia trabalha com a expectativa de uma redução dos aportes das grandes construtoras em projetos hidrelétricos. Ao que tudo indica, ainda há muita água para passar pelas turbinas da Operação Lava Jato. As negociações com a State Grid preveem ainda a atração de outros parceiros internacionais, como as nipônicas Itochu e Sumitomo, interessadas em participar como investidoras de projetos na área de geração.

#Eletrobras #Lava Jato #Ministério de Minas e Energia #State Grid

Roupa da moda

26/01/2015
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Mesmo com Lava-Jato, a vida não para. A Camargo Corrêa busca ativos na área de moda. O grupo considera que a Enjoy cabe perfeitamente nos planos de crescimento da Alpargatas, seu braço neste segmento. A grife carioca tem 40 lojas.

#Camargo Corrêa #Lava Jato

Operação Lava-Jato une capital e trabalho

22/01/2015
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Quem diria que a corrupção poderia ser o fermento para a aliança entre capital e trabalho? A farinha do bolo é a inação do governo, que deixa a paralisia das obras como está para ver como é que fica. E a Petrobras é o jiló, no lugar da cereja. Avança em medidas de moralização que ferem o seu próprio ventre. Estamos falando da proibição das 23 empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato de participarem de novos editais de licitação e da reserva de mercado para empresas estrangeiras se candidatarem a  construção dos equipamentos da indústria naval, ambas da lavra da Petrobras. Leia-se, com o patrocínio do governo, que ruge para a plateia, mas somente morde o próprio pé. Resultado da opereta: trabalhadores e empresários, uni-vos, que como está não pode ficar. As empreiteiras e a cadeia de fornecedores da Petrobras já aguardam o reforço dos empregados, que prometem entrar em cena. A CUT, Força Sindical, Confederação Nacional dos Metalúrgicos e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção organizam uma reunião para os próximos dias que poderá desembocar em um movimento de paralisação para protestar contra a charlatanice, que promete assepsia, mas trará o desemprego e a ruina de indústrias nacionais. Trabalhadores da indústria automobilística e eletricitários aumentam o cordão dos desesperados. Tanto barulho não é para pouco. O deputado Bebeto Galvão, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção denuncia que estão prestes a serem demitidos 100 mil trabalhadores. Para se ter uma ideia do que significa esse número, somam 300 mil trabalhadores, inclusive terceirizados, o contingente que atua a serviço da estatal. O Comperj, com 81% já concluído, está mandando para casa cinco mil empregados. É demissão para tudo quanto é gosto e feitio. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, mandou embora sete mil trabalhadores; a Iesa, no Rio Grande do Sul, 1.000; a Galvão, 1.000; a Engevix, 500; o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, 1.000; a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados, 3,5 mil; e por aí vão muitos outros. A ausência de um acordão que permita desatar os nós da Operação Lava-Jato pode levar o setor de infraestrutura a potencializar a cada vez mais provável recessão conduzida por Joaquim “Mãos de Tesoura”. A diferença é que os cortes esterilizantes no custeio cicatrizam, já os cortes nos investimentos gangrenam. Corre-se o risco de retrocesso de uma das grandes conquistas das últimas décadas, que é o programa de concessões. A opção pela penitência moral em detrimento do custo social leva a crer que o governo optou mesmo por jogar o bebê fora junto com a água suja da bacia.

Rasante

22/01/2015
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A alemã Fraport fez uma oferta para comprar a parte da UTC na Aeroportos Brasil Viracopos, que administra o terminal aeroportuário de Campinas. A UTC, como se sabe, está sendo lavada a jato.

#BTG #Sky Airline

Petrobras blefa com fornecedor estrangeiro

15/01/2015
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A Petrobras espera que parta do governo algum tipo de pacto capaz de liberá-la do grilhão que a impede de se relacionar normalmente com as empreiteiras. É necessário que um acordo mais amplo, envolvendo todas as partes – Judiciário, governo, empresas -, permita que a estatal seja ressarcida, que em alguns contratos haja mudança do prestador de serviço e que o setor seja redimido, pois alguns grãos não podem destruir todo o milharal. O estigma que hoje paira sobre a construção pesada é nocivo para o país sobre todos os aspectos, mas especialmente em função do monumental – e não há outro termo – programa de investimentos em infraestrutura previsto para os próximos anos. O governo está jogando dominó em um tabuleiro pedregoso. A decisão da suspensão das 23 empreiteiras citadas na investigação da operação Lava-Jato foi engendrada no Palácio do Planalto e aceita de bom grado pelo Conselho de Administração da Petrobras, pois configura uma ação enérgica para melhoria da imagem da empresa, além de colaborar bastante no projeto de sustentação no cargo da presidente da companhia, Maria das Graças Foster, pelo menos até a publicação do balanço do terceiro trimestre e divulgação das primeiras conclusões do relatório dos escritórios de advocacia contratados para análise do caso. Na hermenêutica do Planalto, a retirada de Graça a fórceps atinge diretamente Dilma e amplia o escândalo da Petrobras, pois caracterizaria o pleno conhecimento das falcatruas por toda a diretoria, e quiçá pelo Conselho. Por algum tempo, o menor possível espera-se. Graça fica e a indústria permanece em estado de sítio. Enquanto isso, urde-se um pacto, com a abrangência e mensagens necessárias para tirar o país dessa camisa de força. Portanto, há uma dosagem graúda de exibição midiática na interpretação de que a Petrobras vai abrir suas portas aos fornecedores estrangeiros. Alguns módulos urgentes poderão ser objeto de licitação exclusiva aos gringos. Faz parte da ópera. Mas até uma criança sabe que a continuidade dessa política tem um custo social tremendo para as empresas nacionais e incorrerá no tempo em impacto nocivo sobre o balanço de pagamentos. Os recursos da Petrobras são a seiva que permite as empreiteiras participarem do programa de concessões e parcerias público-privadas. É um blefe dizer que vai se ferir um setor representante de 5,9% do PIB, com 878 mil empregos diretos e indiretos, 9.200 empresas ativas e que participará de investimentos de R$ 886 bilhões até 2018 – um volume de recursos maior do que o PIB de qualquer país da América do Sul. O governo precisa dar um prazo a si mesmo e trazer os agentes a  mesa para dizer que a estatal está com seus controles fortalecidos, que as punições serão personalizadas e contratuais e não arbitradas como castigo das empresas, quando o principal castigado é o país. Já, já, estados e municípios sentirão na pele os efeitos da suspensão de pagamentos das empreiteiras. A Petrobras e o Brasil aguardam ansiosos o bendito pacto.

#Petrobras

Correnteza

15/01/2015
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O “petrolão” não está assustando nem um pouco a Kawasaki Heavy Industries. Além de sócia em um estaleiro na Bahia, a companhia nipônica negocia a compra na bacia das almas da Estaleiros do Brasil (EBR), que pertence a  Toyo Setal, enrolada até o pescoço na Operação Lava-Jato.

Operação secador

7/01/2015
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 A Operação Lava-Jato tem feito milagres. Em busca de apoio político para enfrentar o duríssimo momento, Cesar Mata Pires, dono da OAS, ensaia uma reaproximação com o prefeito de Salvador, ACM Neto. Ambos tornaram-se inimigos figadais depois que Teresa Magalhães, esposa de Mata Pires e filha de Antônio Carlos Magalhães, rompeu com a família em meio ao rumoroso processo de partilha do espólio do ex-governador.

#ACM Neto #Lava Jato #OAS

Até quando Graça vai sangrar o óleo da Petrobras?

16/12/2014
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Dilma Rousseff está deixando sua fraterna amiga Maria das Graças Foster sangrar na presidência da Petrobras. Nesse martírio inglório e prolongado, a única coisa certa é que a demissão de Graça é inevitável. O propósito inicial de dar tempo a  executiva para que ela limpasse a casa e saísse por cima das malfeitorias (ver RR edição nº 5.000) perdeu o sentido com as recentes denúncias. Agora, a cada dia no cargo, mais humilhante será sua queda. A verdade é que a Petrobras tornou-se um pelourinho no qual está exposta toda a diretoria. São cem chibatadas toda vez que a Lava Jato é mencionada. A questão maior, porém, não é assistir ao calvário de Graça pelos jornais, mas definir o perfil do seu sucessor. As circunstâncias exigem que o futuro presidente da Petrobras seja uma espécie de São Jorge, para que seus inimigos, tendo pés, não o alcancem; tendo mãos, não o peguem; tendo olhos, não o enxerguem; e nenhum tipo de denúncia de corrupção possa lhe fazer mal. Para início de conversa, o sucessor de Graça Foster não deve ser oriundo dos quadros da Petrobras. Será constrangedor a qualquer um dos profissionais da empresa colocar sob desconfiança seus pares, quiçá amigos. Subtraia-se deste baralho também qualquer carta de naipe político. O PT e a base aliada estão sub judice quando se trata de Petrobras. Portanto, soluções de araque como Jaques Wagner e Aloizio Mercadante surgem como balões a serem rapidamente incinerados. Imagina- se que não estejam talhados para o cargo economistas e burocratas com jeito de membros permanente de algum staff. O lugar é para gente cascuda, peso pesado, com carapaça de rinoceronte. O bom nome deveria ser de um renomado e experiente gestor, bem-sucedido nos seus negócios, com fama de austero e disciplinador. Esses são predicados sob medida para o mercado, que enxerga hoje a Petrobras como uma toca de roedores. Cortado o paletó, resta costurá-lo. Sugestões para o cargo: Paulo Cunha, Jorge Gerdau e, vá lá, Benjamin Steinbruch. O primeiro, presidente do Conselho do Grupo Ultra, foi um dos pioneiros do Polo Petroquímico de Camaçari e já teve seu nome cotado nas hostes palacianas (ver RR nº 4.994). Gerdau e Steinbruch foram membros do Conselho de Administração da Petrobras. Para qualquer um deles, o convite deveria ser feito como uma missão santa. E o mais rapidamente possível, antes que Maria das Graças seja canonizada pelo seu martírio.

Efeito colateral

12/12/2014
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Além dos dias na prisão, a Operação Lava Jato já trouxe a primeira perda financeira concreta para o empresário Ricardo Ribeiro Pessoa, dono da UTC Engenharia. A gestora norte-americana NML Capital, que estava interessada na compra da Constran, controlada pela UTC, suspendeu as conversas e sumiu do mapa. A NML, ressalte-se, é especializada na aquisição de empresas com dificuldades. Mas tudo tem limite.

Camargo Corrêa e China Railway são trens em rota de colisão

3/12/2014
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Enquanto a Operação Lava Jato avança, os planos da Camargo Corrêa para o segmento de concessões ferroviárias retrocedem. A associação com a China Railway Construction Corp (CRCC) para a próxima rodada de leilões da ANTT, que já era tratada pelo altocomando da construtora como favas contadas, está descarrilando. Em julho, na esteira da visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, as duas empresas assinaram um termo de acordo para estudos de viabilidade de investimentos em logística. A ideia original era formalizar a parceria ainda neste ano, mas, segundo fontes que acompanham as negociações, dificilmente este prazo será cumprido. Há um impasse em relação a  composição societária do consórcio. Os chineses, que, a princípio, teriam uma fatia minoritária no negócio, subitamente mudaram de direção. A CRCC teria condicionado o acordo a  garantia de uma participação superior a 51%. O grupo asiático alega que a maior parte do funding virá da sua lavra – leia-se as operações de financiamento já engatilhadas com um pool de instituições de seu país, a começar pelo China Development Bank. Como instrumento de pressão, os chineses já sinalizaram aos dirigentes da Camargo Corrêa que, na paralela, abriram conversações com a OHL e a Isolux, que substituiriam a construtora brasileira no consórcio. Procurada pelo RR, a Camargo Corrêa limitou-se a informar que não integra qualquer consórcio com a CRCC. Perguntada se o termo de acordo firmado em julho foi desfeito e se as conversações com os chineses estão definitivamente interrompidas, a empresa não se pronunciou. De acordo com as mesmas fontes, a abrupta mudança no posicionamento da CRCC pode ter ligações com o recente caso protagonizado pela companhia no México. Há cerca de duas semanas, o governo mexicano cancelou uma licitação vencida pelos chineses para a construção de uma linha férrea entre a Cidade do México e Querétaro, na região central do país. Além da perda do negócio, o grupo ainda viu escorrer pelo ralo algumas dezenas de milhões de dólares que desembolsou em estudos técnicos de viabilidade. É possível que o episódio tenha descarregado na corrente sanguínea dos asiáticos uma boa dose de desconfiança em relação a  América Latina. No entanto, diante das circunstâncias, línguas mais ferinas destilam a tese de que a CRCC teria deliberadamente criado uma situação de impasse para forçar o fim das negociações e manter prudente distância da Camargo Corrêa.

Um PAC feito sob medida para as circunstâncias

1/12/2014
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O governo vai lançar um “Programa de Aceleração do Crescimento meia dose” para estimular os investimentos em 2015. Os PACs I e II prosseguirão sendo tocados, só que com redefinição das prioridades, assim como da velocidade de conclusão entre as obras. São previstas dificuldades burocráticas e de ordem jurídica devido a  Operação Lava Jato, além dos cortes orçamentários feitos por Joaquim “Mãos de Tesoura” Levy. Não há da parte do governo a intenção de importar serviços de construção pesada. Essas empresas são competitivas em custo, mas não têm vocação tradable. Parecem uma nuvem de gafanhotos no trigal do câmbio: destroçam o balanço de transações correntes, que já anda dando sinais de enfermidade. As empreiteiras gringas vão chegando, fecham contratos vultosos e remetem montanhas de divisas para seus países de origem. A saída ofertada pelo “PAC meia dose” são obras menores e concessões mais modestas. Os empreendimentos terão menor taxa de ambição, menos complexidade regulatória, projetos de engenharia básica mais simples e inclusão de empreiteiras e firmas de engenharia médias. Estas empresas, em diversos casos, foram excluídas da primeira fase dos PACs devido a  escala das obras. Atenção: a Petrobras, com pré-sal e tudo mais, também está inclusa nessa receita de projetos bem menos grandiloquentes. O “PAC meia dose” está sustentado na promessa de que o BNDES, não obstante a previsão de menos recursos para investimentos, será redesenhado para tornar- se basicamente um banco de infraestrutura. Nesse novo modelo, finalmente teria chegado a hora da turma do meio. Projetos menores, menos recursos necessários. As empreiteiras da segunda divisão correm um grande risco porque os estados e municípios estão atrasando os pagamentos. O desafio será buscar a sintonia fina capaz de equilibrar a implementação do “PAC meia dose” com o andamento do que ainda resta a construir dos PACs de Lula II e Dilma I. É bom lembrar que este último foi splitado em um programa de concessões apelidado de “kit felicidade”, que promoveu apenas uma alegria miúda. Talvez seja o caso de se dar um desconto uma vez que o governo era neófito no assunto e foi obrigado a colocar na praça um bloco de dezenas de concessões. O “PAC meia dose” nasce com chance de chegar ao fim no tempo programado, uma conquista ímpar em se tratando de obras públicas. Serão aeroportos regionais, terminais portuários medianos, estradas na medida justa e pequenas centrais hidrelétricas, entre outros projetos do tamanho do senador Romário. Não é o Brasil estonteante que nos venderam. Mas é formação de capital fixo de primeira, na veia, com princípio, meio e fim, e não o gigantismo malhado que teimam em impingir por estas plagas. Um caso em que menos pode muito bem ser mais.

Efeito colateral

25/11/2014
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Pode ser apenas coincidência. Ou não. Mas desde que as investigações no âmbito da Operação Lava- Jato avançaram, a área de Minas e Energia puxou o freio de mão nos estudos de viabilidade para o leilão das hidrelétricas do Tapajós. No Ministério, a percepção geral é de que dificilmente a primeira licitação sairá em 2015, como estava previsto.

“Paulinho” 1

24/11/2014
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A francesa Egis deve gostar de fortes emoções. Sócio da UTC Engenharia na concessão do Aeroporto de Viracopos, o grupo costura uma parceria com a Camargo Corrêa para os próximos leilões aeroportuários. Em tempo: a fonte do RR, um executivo do setor, não conseguiu conter o sarcasmo: “Com tanto lava-jato em volta, aos menos os aviões vão estar sempre bem limpos”.

Roupa suja a Camargo Corrêa lava em casa

14/10/2014
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Enquanto acompanha os desdobramentos da Operação Lava Jato, que ainda deve dar muito pano para manga, a Camargo Corrêa avança na reestruturação de seus negócios no setor têxtil. Após o fechamento de capital da Tavex nas bolsas de Madri, Valência e Bilbao, o grupo vai transferir para o Brasil o centro de decisões da fabricante de tecidos denim, sua controlada. Os planos incluem ainda o fechamento de uma das fábricas da companhia no exterior. A principal candidata a  degola é a unidade da Argentina – as demais plantas internacionais ficam na Espanha, Marrocos e México. O mercado argentino passará a ser atendido pela produção brasileira. Aliás, uma boa notícia para os funcionários da Tavex no Brasil: ao menos por ora, a Camargo Corrêa não cogita a desativação de qualquer uma das quatro fábricas no país. Ao trazer a direção da Tavex para perto de sua vista, o alto-comando da Camargo Corrêa espera aprumar um negócio que tem sido mais problema do que solução. E não é por falta de aperto. Mudanças de gestão e programas de corte de custo passaram a fazer parte da rotina da companhia, mas sem surtir os efeitos desejados. A Tavex caminha para fechar no vermelho pelo quarto ano consecutivo. Se serve de consolo, as vendas deverão crescer cerca de 10%, contra uma queda de 15% no ano passado. Além disso, ao longo de 2014, a Camargo Corrêa conseguiu reduzir em aproximadamente 20% a dívida líquida da empresa, hoje na casa dos 230 milhões de euros.

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