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O presidente da Petrobras, Pedro Parente, bate todo o dia na madeira e repete a ladainha: pé de pato, mangalô, três vezes. Parente pensa na umbanda, na Bahia e na petroquímica. Pensa, sobretudo, em como se livrar da Braskem. O executivo tem dez milhões de motivos para querer bem longe a companhia monopolista da petroquímica brasileira: as enroscadas negociações do preço da nafta, nas quais a estatal, sócia da Braskem, acaba quase sempre se dando mal; o risco Odebrecht, intrínseco ao negócio; a expectativa de resultados financeiros cadentes da empresa; e, principalmente, a necessária desmobilização de ativos da Petrobras. Os 47% que a estatal detém na Braskem podem valer mais do que a abertura de capital da BR Distribuidora.
Há ainda outra vantagem em relação ao underwriting da subsidiária: a companhia pularia fora por inteiro da petroquímica, que tem um histórico repleto de nebulosas transações. O Ministério Público denunciou perdas de R$ 6 bilhões da Petrobras em tenebrosos contratos de venda da nafta para a Braskem, no período de 2009 a 2014. O presidente da petroquímica, Carlos Fadigas, disse que se tratava de uma alucinação. Não fosse por uma delação premiada, estaria mofando na prisão. Eparrei, minha mãe Yansã. O medo, contudo, generalizou-se.
A Itaúsa, holding da família Setubal, e a Dow Chemical, grupos que demonstraram interesse, pularam fora antes mesmo das controladoras, Petrobras e Odebrecht, definirem a modelagem da venda. A Shell também foi cogitada e fingiu-se de morta. Os sócios da petroquímica depositam sua esperança em uma operação complexa de abertura do capital na NYSE e transferência da sede para os EUA.
A engenhosa tacada, a cargo do Santander, permitiria a redução dos riscos Brasil e Odebrecht, com consequente destravamento do preço da companhia, dando porta de saída para os controladores – pelo menos a Petrobras – com a pulverização das ações. Mas até mesmo o banco espanhol, bastante empenhado em faturar sua comissão, sabe que é uma pedreira exportar o centro de decisão de um monopólio, cuja existência se deve em grande parte a largos favorecimentos estatais. Some-se a isso o fato de a Braskem sofrer as agruras de um acordo de leniência que pode ser suspenso a qualquer momento pela miríade de órgãos fiscalizadores e reguladores envolvidos, Ministério Público, TCU, AGU, PGR. Por enquanto, Parente, com seus rasos e ouriçados fios de cabelos, faz até mais do que pode. Resta observar o horizonte, de onde provem o tam-tam dos atabaques no terreiro da Odebrecht. Valei-me, meu santo Atotô Obaluaê.
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