Tag: Lula

RR Destaques

O governo aposta pesado no STF

26/04/2024
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Se confirmada, a vitória do governo no STF, envolvendo a suspensão de parte da Lei que prorrogou a desoneração da folha até 2017 terá algumas consequências imediatas:

1) Aprofundará – e muito – a estratégia do Planalto de operar o STF como uma casa revisora do Congresso. Nesse sentido, ficará muito mais aguda a “faca no pescoço” reversa sobre deputados e senadores, qual seja: se não houver negociação, a Suprema Corte pode entrar no jogo – e ter a palavra final;

2) A concretização desse movimento em um tema tão polêmico alimentará, sim, a imagem de que o governo está disposto a usar essa arma. Consequentemente seu poder de barganha, potencialmente. Além de gerar uma válvula de escape para o “domínio” dos parlamentares sobre pautas econômicas;

3) O outro lado é que não se trata de um Congresso muito afeito a aceitar derrotas. E, em ano duplamente eleitoral – no comando de Câmara e Senado e nos municípios – é difícil imaginar que não haja reação.

Nesse sentido, a grande questão seria de onde pode vir esse “troco”. A regulamentação da reforma tributária é a oportunidade mais óbvia e, também, a menos provável. Ao menos para um “ataque” frontal. Isso porque trata-se de uma pauta que já ganhou ares institucionais e que tem muita atenção da mídia – e nas redes sociais.

Ou seja, o custo de inserir “bombas” no projeto pode ser muito arriscado e não vingar. Como ocorrerá, tudo indica, com iniciativa do próprio presidente do Senado para aumentar os. Vencimentos de parte dos membros do Judiciário. Tema aliás que, se enterrado for, ainda poderá se voltar contra ele e ser usado por seus adversários políticos.

Um ponto muito mais fácil seria acelerar a derrubada de vetos de Lula – que atinge emendas parlamentares – ou condições mais favoráveis para a negociação das dívidas dos estados. Isso sem falar, é claro, em uma agenda de “enquadramento” do STF, em geral capaz de agregar maioria no Parlamento.

Outra possibilidade – e que soaria como música aos ouvidos do mercado, daí ser uma carta na manga também de Arthur Lira – é por na mesa uma reforma administrativa na qual estejam embutidos cortes de custos. É o que Pacheco aventa hoje.

A ver, entretanto, se o governo tentará fazer uma dobradinha: ganhar no STF e “acalmar” Pacheco em outra área – seja com verbas seja com apoio político em seu estado, Minas Gerais.

A Fazenda continua forte

O afago de Lula em Haddad, hoje, deixa claro que as principais bandeiras da atual gestão vêm da Fazenda – daí a ênfase no Desenrola. As alfinetadas ao longo da semana não perdem seu sentido – cobrar liberação de verbas para o Congresso e, mais importante, para projetos que Lula valoriza.

Ou seja, o presidente topa não ceder às alas menos responsáveis fiscalmente do governo. Topa, também, “ser convencido” por Haddad, como foi no que tange a meta fiscal de 2023 e os dividendos da Petrobras. Não aceitará, contudo, fazer uma política centrada em ajustes de gastos.

Ao mesmo tempo, os recados, está claro, não passam disso – indicações aos setores políticos, muito mais mais do que os sociais, com os quais busca se articular. Não apontam para qualquer enfraquecimento da Fazenda.

 

Queda da Selic não está decidida 

Entre o impacto do IPCA-15 de abril abaixo das expectativas, no Brasil, do PCE de março dentro do esperado, nos EUA, e das declarações de Roberto Campos Neto, as expectativas majoritárias de um corte de 0,25pp na próxima reunião do Copom se manterão. Mas volta-se a abrir uma janela, sim, para um recuo de 0,5pp.

Indicadores

Saem na próxima segunda o IGP-M e as Sondagens do Comércio e de Serviços de abril (FGV).

#Lula #STF

Governo

Centrais sindicais se unem ao TCU na bomba fiscal do abono

22/04/2024

As centrais sindicais, base histórica de Lula, vão fazer coro com o TCU…

#Codefat #Fernando Haddad #Lula #TCU

Institucional

Elon Musk faz um aceno a Lula

10/04/2024
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Elon Musk pode até ter afinidades ideológicas com Jair Bolsonaro, mas, ao que parece, sabe até onde pode esticar a corda. O RR apurou que hoje, ao longo do dia, emissários de Musk sondaram o Palácio do Planalto sobre a possibilidade de um encontro entre o empresário e Lula. Ainda que o dono do “X” (antigo Twitter) siga desafiando o ministro Alexandre de Moraes nas redes, uma espécie de metaverso institucional que suporta certas irresponsabilidades, Musk buscaria na reunião com o presidente da República alguma solução de distensionamento que não melindrasse o STF. O governo, por sua vez, pode fazer do limão uma limonada e aproveitar o episódio para barganhar com Musk e trazer algum ganho tecnológico para o país. Teria que ser, é claro, algo retumbante, que justificasse o mau comportamento de Musk não só com o STF, mas com todo o governo brasileiro, além de soar como um pedido de desculpa. Para Musk, cujas empresas têm um faturamento superior a diversos PIBs do mundo, o Brasil é estratégico, não somente do posto de vista financeiro, mas da geopolítica do negócio. A atitude também configura um comportamento que pode vir a servir de precedente junto a outros países. Ressalte-se que a Starlink, pertencente ao empresário sul-africano, já é líder da internet por satélite no Brasil. Na Amazônia Legal, estima-se que 90% das cidades acessem provedores de banda larga por satélites da Starlink. Por todas as circunstâncias, é difícil que Lula venha a receber Elon Musk. Se bem que o presidente da República é imprevisível e chegado a um improviso, sobretudo quando o assunto é política externa e congêneres.

#Elon Musk #Lula #STF #Twitter

Governo

TCU deve abrir processo para investigar compra de móveis da Presidência

28/03/2024
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Lula arrumou sarna para se coçar com a história do “sumiço” dos móveis do Palácio do Alvorada – ver RR. O Ministério Público junto ao TCU vai solicitar ao órgão uma apuração dos gastos da Presidência da República na aquisição de mobiliário e utensílios a partir de janeiro de 2023. A investigação envolverá não apenas as despesas na aquisição de móveis para substituir os que “desapareceram” – posteriormente encontrados -, mas também com a hospedagem de Lula e Janja por 40 dias no Hotel Meliá, em Brasília. À época, a estada do casal foi justificada pela necessidade de reforma e de compra de móveis para o Palácio do Alvorada. A redecoração foi conduzida pela própria primeira-dama, que chegou a visitar pessoalmente shoppings da capital para pesquisar o preço de sofás, mesas, camas etc.

#Lula

Opinião

Talvez os ministros de Lula tenham que estudar mais

27/03/2024
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Há uma relação de disfuncionalidade cognitiva entre os ministros de Lula e o próprio presidente quando criticam Roberto Campos Neto ou mesmo o BC, de forma institucionalizada, toda a vez que a política monetária não funciona conforme sua vontade primitiva. Ou seja, se não for para reduzir juros, tudo o mais está errado, invariavelmente. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, cuja Pasta não tem nada a ver com política monetária ou qualquer assunto similar, disse hoje que o BC “tem que estudar mais. Está faltando estudar um pouco fundamentos da economia”. De acordo com Marinho, aumentar a taxa básica de juros, a Selic, é “a forma burra de fazer”. Marinho talvez não seja burro. Pode ser que somente essa declaração tenha sido uma burrice. Mas o fato é que ele não sabe que toda a declaração de autoridade da República interveniente nas decisões de política monetária tem o condão de elevar as taxas, através do seu impacto na curva de juros futura, noves fora, a sinalização de que o presidente do BC e toda a instituição são uns mentecaptos. Também estimula a queda bolsa e a elevação do dólar. De qualquer forma, os juros não recuam porque um ministro se manifesta. Se Marinho realmente quer que as taxas caiam, deveria evitar palpitar sobre o assunto. Pelo menos publicamente. Seria outra burrice.

#Lula #ministros

Política

Lula versão 3.0 não consegue conter a própria língua

25/03/2024
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O casal Bolsonaro está acionando Lula, por danos morais, seguindo o script clássico dos pedidos de retratação e apostando piamente na sua condenação. O presidente, segundo a normalidade dos acordos na Justiça, teria de se desculpar na mesma mídia, usando o mesmo tempo que utilizou nas ofensas a Jair e Michelle Bolsonaro – ao dizer que mais de duas centenas de móveis sumiram do Palácio do Alvorada. Pau que bate em Chico bate em Francisco. Lula não tem como ganhar a contenda, a não ser com o uso de alguma chicana, o que seria uma saída desavergonhada. Talvez consiga publicar a retratação em outra mídia que não a Globonews, veículo de imprensa exigido pelo casal Bolsonaro. Mas não escapará da confirmação de que foi irresponsável, ou no mínimo precipitado, já que mentiu desaforadamente, ao afirmar que 261 móveis desapareceram do Palácio da Alvorada, atribuindo a suposta cleptomania ao casal de moradores anteriores. O casal Bolsonaro também pede R$ 20 mil de indenização que serão doados para a caridade. Os móveis já foram encontrados. Ficará tudo como uma patetice. Só que os residentes anteriores foram tratados como ladrões. É coisa séria.

Em outro tempo e circunstâncias completamente diferentes, o jornalista Paulo Francis, irresponsavelmente, afirmou no ar, em pleno programa de televisão, que os diretores da Petrobras detinham cada um US$ 30 milhões em contas no exterior. Francis não tinha e nem teria jamais como provar essa declaração. O então presidente da Petrobras, Joel Rennó, e toda a diretoria da estatal processaram o jornalista, em Nova York. Ganharam a causa e deixaram Francis desesperado porque não tinha fundos para pagar a fortuna devida. Rennó conta em detalhes o episódio em livro sobre sua trajetória, que acaba de ser lançado. Pois bem, o então presidente Fernando Henrique e José Serra, entre outros personagens influentes, se mobilizaram para que Rennó voltasse atrás, mas todos os diretores que tiveram a imagem conspurcada foram inflexíveis. Francis morreu antes que a novela tivesse um capítulo final. Talvez Rennó e seus subordinados até retirassem a ação. Mas o falecimento do jornalista foi atribuído ao processo por uma quase maioria de formadores de opinião.

No caso de Lula, não se trata de achar US$ 30 milhões, à época irrastreáveis, mas de móveis que, inclusive, foram encontrados quase ato contínuo. Ou seja, não há contravenção alguma da parte de Bolsonaro e de sua esposa. O que há é mais uma declaração desbocada do presidente. Lula não vai morrer por isso. Ao contrário, repetirá várias vezes os desvarios verbais. É da sua natureza. Bolsonaro fica na torcida para que o desafeto continue errando passes no seu campo. Em cada vacilada, fará um estrago nas redes, sua área de maior expertise. Parece até que, na política, trocaram apenas de cadeira. Bolsonaro em sua gestão era seu principal opositor. Lula, ao que tudo indica, gostou do modelo e adotou a “auto fritura”. Fica tudo meio por isso mesmo, com forte tempero de ridículo.

#Lula

Economia

Afago à classe média vai custar um sacrifício nas contas públicas

25/03/2024
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O chamado “pacote da classe média” vai exigir, provavelmente, o contingenciamento de recursos e algumas casas decimais acima do 0% de déficit fiscal ainda projetado pelo Ministério da Fazenda. Lula viu, Lula disse, Lula entendeu – e sem modéstia, o RR tinha cantado a pedra. O presidente não está falando nem governando para a classe média, que tem ficado fora dos seus principais projetos, voltados quase todos para o seu público eleitoral, um contingente de baixa renda e concentrado nas regiões Norte e Nordeste.

Entre as medidas que podem agradar o miolo do eleitorado estão a gradação do IR da pessoa física – que poderia comportar até uma queda da alíquota, descontando o benefício do IR dos super ricos -, concursos públicos (BC, CVM, INSS, Ministério da Saúde, entre outros, já colocaram a língua de fora em relação à falta de funcionários), cortes nos juros no crédito para aquisição de automóveis, ajustes no consignado, redução dos preços administrados etc. Todas essas medidas atingem o público-alvo.

Mas custam muita grana. Lembrando que o governo, quase inevitavelmente, terá de consignar recursos neste ano, e em valor bem superior em 2025. É dinheiro que vai comer gastos discricionários, e, portanto, que vai faltar para despesas cruciais da gestão Lula. Isso para não falar da renegociação da dívida dos estados, que vai tomar tempo e pode roubar algum recurso do orçamento.

#CVM #INSS #Lula #Ministério da Fazenda

Destaque

Lula pode copiar Bolsonaro para reduzir preços dos alimentos

22/03/2024
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Qualquer que seja a política para redução de preços, notadamente dos alimentos, que Lula venha a estimular vai se chocar com as contas fiscais. Mas há uma solução, menos onerosa para o Estado, que o presidente poderá colocar sobre a mesa. Uma receita parecida com o jogo de “rouba montinho”. Os supermercados entrariam agora assumindo a redução dos preços em troca do aumento imediato da demanda resultante da medida. Ou seja: o aumento da escala compensaria o “sacrifício” das margens. O varejo teria outras compensações. O governo faria a publicidade pró-supermercadista, enaltecendo o apoio dos empresários do setor – e, claro, tirando sua casquinha. Em troca, emitiria precatórios a perder de vista para cobrir as “perdas” dos varejistas.

A proposta soa familiar? Lembra algo? Sim, Lula está bebendo na fonte de Paulo Guedes. O ministro da Economia do governo Bolsonaro namorou a queda dos preços da cesta básica – pelo menos de alguns deles – dividindo o custo com os supermercados. Chegou a se reunir com seu chefe e dirigentes dos “grandões do varejo”. O modelo era razoavelmente simples. O que parece não coadunar com a iniciativa é que o presidente estaria colocando uma azeitona na empada de Bolsonaro. O capitão poderia muito bem dizer que Lula estaria copiando uma receita sua.

A dobradinha com o supermercados, ressalte-se, seria uma solução menos calórica do ponto de vista fiscal do que outras aventadas pelo governo para conter a alta dos alimentos. Uma delas – conforme o RR antecipou  – é a recomposição dos estoques da Conab. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, quer cerca de R$ 500 milhões para a compra em leilões públicos de feijão, arroz, trigo e milho. A causa é justa. O que não se sabe é de onde esse dinheiro, que não está em rubrica nenhuma do Orçamento, sairia.

#Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes

Energia

Compra de energia da Venezuela sofre blecaute

22/03/2024
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O governo Lula e, mais especificamente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, têm um abacaxi elétrico para descascar. A estatal venezuelana Corpoelec fez chegar a Silveira e seus assessores que está com dificuldades operacionais para cumprir o contrato de venda de energia firmado com o governo brasileiro no fim do ano passado. Por dificuldades operacionais entenda-se falta de “mercadoria” para entregar.

A estatal venezuelana não tem conseguido gerar nem mesmo o mínimo de 13 mil KW necessário para abastecer o território da Venezuela. Na semana passada, dos 24 estados venezuelanos, 23 tiveram apagões. Segundo as informações que chegam ao Ministério de Minas e Energia, as três maiores usinas hidrelétricas do país vizinho estão com severos problemas de manutenção, notadamente a maior e mais estratégica delas, a de Guri, conectada a Roraima por uma linha de transmissão de 676 km.

Trata-se de uma agenda com potencial de gerar certo desgaste para o governo Lula. Assim que assumiu a Presidência, em 2019, Jair Bolsonaro suspendeu o contrato de compra de energia da Venezuela que vigorava desde 2001. Logo no primeiro ano de seu terceiro mandato, Lula religou o acordo. Não sem justificativas. Roraima, que não está interligada ao Sistema Nacional, sofre com seguidos blecautes e precisa de uma fonte extraordinária de fornecimento de energia. Só que a Venezuela não está conseguindo acender nem suas próprias lâmpadas, quiçá as do país ao lado.

#Alexandre Silveira #Lula #Ministério de Minas e Energia

Política externa

Cabo Verde monta um balcão de PPPs no Brasil

22/03/2024
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A “Rádio Itamaraty” informa: o RR apurou que o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, vai visitar o Brasil ainda neste ano. No campo da diplomacia, será uma retribuição à visita de Lula ao país africano em julho do ano passado; na esfera comercial, no fundo o que interessa mesmo, Neves vem em busca de investidores dispostos a participar do programa de privatizações, de um lado, e de PPPs, do outro, lançado pelo seu governo. Tem ativo para tudo que é gosto em Cabo Verde: energia, setor portuário, telecomunicações, saneamento, entre outros.

#Cabo Verde #Lula

Governo

O 1º de maio na “casa” de Lula

21/03/2024
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CUT, UGT e Força Sindical discutem levar a tradicional celebração do 1º de Maio do Vale Anhangabaú, seu cenário histórico, para o Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo. A mudança se deve à dificuldade de organizar o megaevento do Dia Internacional do Trabalho no Anhangabaú após a sua concessão para a iniciativa privada. Lula já foi convidado para o ato unificado. Se aceitar, estará em “casa”, dirão línguas mais ferinas. Além de torcedor do Corinthians, foi no seu governo que a Odebrecht construiu a Arena Itaquera, um negócio que acabou investigado pela Lava Jato.

 

#CUT #Lula #UGT

Governo

Planalto busca influenciadores para melhorar o “engajamento” de Lula

19/03/2024
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Entre as medidas discutidas no Palácio do Planalto para melhorar a trôpega comunicação do governo, uma das ideias que ganha corpo é a “convocação” de influencers próximos do presidente Lula. Fariam parte dessa blitzkrieg digital nomes como Nath Finanças, que tem 700 mil seguidores no Instagram e outros 360 mil no YouTube, e Felipe Neto, este um fenômeno de audiência, de números hiperbólicos – são mais de 73 milhões de inscritos, somando-se seus perfis nas duas redes. Ambos, inclusive, integram o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado Conselhão. Felipe Neto, não custa lembrar, teve um papel importante na campanha eleitoral de 2022, sendo uma das principais vozes de apoio a Lula nas redes sociais, notadamente junto a um público mais jovem.

#influenciadores #Lula #Palácio do Planalto

Destaque

“Chanceler” Lula assume negociações para acordo entre Mercosul e Japão

18/03/2024
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Enquanto as articulações entre o Mercosul e a União Europeia não atam e nem desatam, o governo Lula vai mergulhar em outra intrincada costura diplomática: a negociação de um tratado de livre comércio entre o bloco econômico e o Japão. O próprio presidente Lula chamou a missão para si, como fez nas gestões para a entrada de novos países nos BRICs e no ingresso da Venezuela no próprio Mercosul. Segundo uma alta fonte do Itamaraty, a diplomacia dos dois países já trabalha nos preparativos para uma visita do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, ao Brasil, ainda neste semestre. Lula e Kishida tiveram uma conversa por telefone no início do ano, quando o premiê japonês disse com todas as letras ser favorável ao acordo com o Mercosul.

Esta é mais uma agenda que deve provocar fricções dentro do Mercosul. O governo Lula dá uma relevância ao acordo que não encontra paralelo nos países vizinhos. No ano passado, em visita à cidade japonesa de Nigata, o ministro Fernando Haddad declarou publicamente o interesse do Brasil em negociar o tratado. Dizer que Lula está falando sozinho é exagero. O governo do Paraguai já deu sinais de que apoia as tratativas com o Japão. O mesmo não se pode dizer de Argentina e Uruguai, que têm deixado o Mercosul de lado para cuidar da própria vida e buscar acordos bilaterais. Mas convém lembrar que ficar fora do acordo é desdenhar da influência do Brasil – motor do Mercosul -, com o Paraguai na esteira, e da possibilidade que estes façam seus acordos bilaterais na contramão dos países dissidentes. No Itamaraty, a leitura é que a maior resistência virá do governo uruguaio. No momento, os esforços do presidente Luis Lacalle Pou na área de política externa estão concentrados na negociação de um tratado de livre comércio com a China.

#Brics #Japão #Lula #Mercosul

Agronegócio

Governo Lula bate cabeça até para anunciar medidas positivas

18/03/2024
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A apresentação do plano emergencial de apoio ao agronegócio, que será lançado ainda neste mês, está gerando discussões no governo que sequer deveriam existir. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, quer levar o jogo para a casa do “adversário”, organizando um grande evento com a presença de Lula na região de Rondonópolis (MT), uma das maiores produtoras de grãos do Brasil. Seria uma forma de reunir agricultores, proprietários de terras, dirigentes de entidades empresariais do setor e membros da bancada ruralista ao redor do presidente. No entanto, colaboradores no entorno de Lula, a começar pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, defendem que a divulgação seja feita no próprio Palácio do Planalto, pelo temor de protestos contra o presidente.

#Agronegócio #Carlos Fávaro #Lula #ministro da Agricultura

Destaque

Lula corre o risco da “Síndrome de Biden” no melhor momento do seu governo

13/03/2024
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A retirada de pautas de “costumes” e “identitárias” da lista de 48 projetos prioritários em tramitação no Congresso indica que o Palácio do Planalto começou a entender o tamanho do problema. O governo precisa falar para fora das suas bases. O maior desafio da gestão Lula, neste momento, é mudar a percepção de uma parcela significativa da população que não se sensibiliza com velhas bandeiras petistas e nem mesmo com os bons números da economia – ainda que parte expressiva dessas conquistas sofra um delay até serem vivenciadas. Este diagnóstico é compartilhado por uma das poucas cabeças críticas e pensantes do PT, o ex-ministro José Dirceu. Em conversas reservadas, Dirceu tem colocado o dedo na ferida: o governo não consegue se comunicar com uma faixa que vai de 30% a 40% da população formada por eleitores moderados, leia-se um “centro” que não é Bolsonaro-raiz nem lulista. E tampouco tem sido capaz de mobilizar o seu próprio eleitorado cativo – prova disso é a inércia da militância petista.

É como se o governo estivesse apostando todas as fichas na velha empatia de Lula, um risco a ser ponderado. Este é um tema sensível para ser tratado até mesmo em petit comité, nos círculos petistas mais intestinos. Esse ponto de atenção se cruza com questões delicadas, como a hipótese de Lula estar sofrendo de uma espécie de “Síndrome de Biden”. A passagem do tempo, a sensação de envelhecimento, não apenas físico, mas de suas ideias, e a contínua mesmice formam o que pode vir a ser uma combinação fulminante para o presidente. Ainda mais com uma comunicação que tem se revelado incapaz de suprir os sinais de defasagem da sua velha receita política.

Sob certo ângulo, um dos principais adversários do governo Lula é o próprio Lula. O presidente de 2024 não é mais o presidente de 2003. Seu discurso parece ter empenado para um só lado. Lula fala sobre a Guiana, Venezuela, Israel, Gaza, Conselho de Segurança da ONU, Nicarágua, União Africana, como se bastasse virar as caixas de som apenas o exterior. São muitos decibéis para a comunidade internacional, sussurros para o front interno e, o que é ainda pior, um silêncio quase absoluto em relação ao tal “centro” do eleitorado que não tem “time de coração”. Um erro que pode custar caro. O PT não tem gordura eleitoral para queimar. Qualquer percentual de aprovação perdido neste momento pesará muito em 2026.

A má comunicação do governo foi, inclusive, pauta de uma entrevista do ministro Rui Costa, ontem, à GloboNews. A gestão Lula não vem conseguindo capitalizar nem mesmo realizações importantes que têm impacto direto no dia a dia e no bem-estar da população. A queda do índice de aprovação se dá justo no momento em que a inflação está sob controle, o desemprego recua, as taxas de juros cedem gradativamente, a renda sobe, o consumo cresce, a insegurança alimentar diminui etc. É como se todas essas coisas acontecessem em Mercúrio e Lula presidisse Netuno.

O trabalho da Secom, comandada pelo petista Paulo Pimenta, tem sido motivo de críticas nas diversas matizes da esquerda. Se Lula não está ajudando muito, a estrutura de comunicação do governo também tem feito pouco para estancar a perda de popularidade do presidente. É notório e sabido que o Palácio do Planalto e, mais especificamente, a Secom não têm a mesma competência da oposição no uso das mídias sociais. Não se vê nas redes a construção de uma narrativa por parte do governo capaz de sensibilizar a opinião pública. Bolsonaro, ao contrário, segue a todo vapor no ambiente digital. No “X” (o antigo Twitter), por exemplo, tem 12 milhões de seguidores, 3,3 milhões a mais do que o perfil de Lula. Segundo levantamento realizado pelo RR, as 27 postagens feitas na conta oficial do presidente da República ao longo dos últimos cinco dias (até o fim da tarde de ontem) tiveram, em média, 11.720 curtidas. Já as 13 publicações do perfil de Bolsonaro no “X” durante o mesmo período atingiram praticamente o dobro: 21.800 curtidas, em média.

A incapacidade da gestão Lula e do próprio presidente da República em dialogar fora da faixa do seu eleitorado histórico e dar visibilidade as suas ações se torna ainda mais problemática diante de um governo vazio de “rostos” e de nomes. De todos os ministros, o único que demonstra capacidade de comunicação é Fernando Haddad. Ainda assim, com abrangência restrita: Haddad fala praticamente para uma única rua, que começa em Pinheiros e termina no Itaim Bibi.

#Lula

Política externa

O contato diplomático possível entre Brasil e Argentina

12/03/2024
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O RR apurou que o diplomata Daniel Raimondi, futuro embaixador da Argentina em Brasília, conversou na semana passada com o chanceler Mauro Vieira, no primeiro contato oficial após ter recebido o agrément do governo brasileiro. Raimondi deverá apresentar suas credenciais ao presidente Lula em abril. Com o simples aperto de mãos, o diplomata já terá

Mais interlocução com Lula do que o seu chefe, Javier Milei. Três meses já se passaram desde a posse, e Milei e Lula jamais trocaram uma palavra sequer.

#Argentina #Javier Milei #Lula

Empresa

Vale faz prestação de contas on demand para o governo Lula

7/03/2024
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A diretoria da Vale vai dar visibilidade a diversas ações, mesmo inconclusas, que estejam alinhadas a demandas do governo em relação à companhia, ao menos as previsíveis. Entram nesse rol investimentos na equação de problemas de meio ambiente, uma solução final para Brumadinho, gastos com sustentabilidade e integração regional e apoios a comunidades mais distantes. Tudo que remeta ao ambiental e social.

O que está em discussão, nas interpelações e interferências de Lula, não são exatamente os resultados financeiros da mineradora. O presidente quer afago nas áreas que lhe apetecem e sensibilizam suas bases políticas. Como é de costume, Lula ameaça antes com um Exocet – no caso a indicação extravagante de Guido Mantega para a presidência da companhia – para, mais à frente, obter alguma reciprocidade, ainda que proporcionalmente inferior as suas demandas megalomaníacas e intervencionistas. O fato é que vai ter muito trabalho na Vale para agências de publicidade e assessorias de imprensa.

#Lula #Vale do Rio Doce

Governo

Lula tem seu momento de Bolsonaro na Ciência e Tecnologia

7/03/2024
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Parece até notícia velha do governo Bolsonaro. Cientistas e importantes entidades representativas da área – como ABC (Academia Brasileira de Ciências) e SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – preparam um manifesto conjunto contra o Ministério da Ciência e Tecnologia – e, por extensão, contra o governo Lula. O motivo é o fechamento da oficina e dos laboratórios do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) instalado no campus da UFRJ na Praia Vermelha. A unidade tem importantes contribuições na pesquisa científica. Do CBPF saíram por exemplo, protótipos de máscaras usadas por médicos e outros profissionais da área de saúde que atuaram na linha de frente do combate à Covid.

A universidade deu ultimato para despejo no final de dezembro do ano passado, encerrando um processo de retomada iniciado em 2006. Um armistício chegou a ser estabelecido em 2011, pelo então ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e, à época, o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira. Na ocasião, ambos concordaram com a construção de um laboratório na Urca, em terreno da universidade, e outro na Ilha do Governador. As duas obras nunca saíram do papel. Agora, o tempo de paz acabou. Os pesquisadores do CBPF suspeitam que a pressa em colocar oficina e laboratório na rua faça parte do acordo de cessão da área do antigo Canecão para uma empresa.

#CBPF #Jair Bolsonaro #Lula #SBPC

Destaque

Jair Bolsonaro quer colocar seu “exército” nas ruas

6/03/2024
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Jair Bolsonaro e seus acólitos estão montando uma agenda de manifestações de rua e de eventos reunindo tradicionais grupos de apoio do ex-presidente, como ruralistas e evangélicos. A ideia é divulgar o calendário com razoável antecedência, de forma a mobilizar seguidores e fazer espuma nas redes. Na métrica de Bolsonaro e de seu entorno, o engajamento nas mídias sociais será uma demonstração de força tão sonora quanto os próprios atos públicos. Vide a Avenida Paulista.

Além da expressiva presença de seguidores – 185 mil pessoas nos cálculos do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP -, a manifestação do último dia 25 de fevereiro ajudou a turbinar as menções a Bolsonaro nas redes. Um exemplo: os disparos via Telegram, que haviam perdido um pouco da sua força após a saída de Bolsonaro da Presidência da República, voltaram a crescer. Segundo levantamento do Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), nos dias anteriores 96 grupos bolsonaristas replicaram continuamente mensagens de convocação.

O clã Bolsonaro acredita que os números, tanto de comparecimento nas ruas quanto de impacto nas redes, podem ser bem maiores se todas as datas forem anunciadas antecipadamente.

O chamamento de Bolsonaro aos seus apoiadores mais viscerais serve a diferentes propósitos. Um deles é um pretenso efeito dissuasivo sobre o Judiciário. Quanto mais as investigações do STF avançam, maior a necessidade de o ex-presidente mostrar que tem gente na rua disposta a defendê-lo. Ao mesmo tempo, do ponto de vista político é necessário manter a chama do “bolsonarismo”.

Há uma eleição ali na esquina: o pleito municipal de outubro será o primeiro teste de Bolsonaro e de seus aliados nas urnas depois da derrota para Lula em 2022. E um “esquenta” para 2026.

Além da organização de manifestações de apoio ao ex-presidente, o clã Bolsonaro enxerga também a possibilidade de “capturar” efemérides com potencial para, digamos assim, eletrizar seus seguidores. Há duas janelas de oportunidade no curto prazo. Em 31 de março, o golpe militar de 1964 completará 60 anos. Praticamente dois meses depois, no dia 30 de maio, em São Paulo, será realizada a 32ª Marcha para Jesus, um dos maiores eventos evangélicos do país.

A estratégia do clã Bolsonaro de agendar antecipadamente um calendário de eventos é uma faca de dois gumes: se, por um lado, permite incitar os próprios seguidores, por outro dá munição ao adversário. Ou seja: possibilita que o governo trabalhe com alguma folga no monitoramento e na desconstrução das manifestações. A mobilização da Avenida Paulista colocou alguns grilos na cabeça dos assessores mais próximos de Lula.

O que mais incomoda o Palácio do Planalto é o risco da agenda “bolsonarista” envolver a convocação de grupos específicos de apoiadores do ex-presidente, como agentes de segurança de fora da ativa e representantes de clubes de tiro. Além disso, o evento da Avenida Paulista reforçou a resiliência do “bolsonarismo” mesmo em um ambiente com fundamentos positivos para o atual governo. Bolsonaro colocou quase 200 mil pessoas na rua com o PIB acima das expectativa, taxa de juros em declínio, desemprego a 7,6% – a menor taxa desde 2015 -, inflação sob controle. Ou seja: ao que parece, uma fatia expressiva dos apoiadores de Jair Bolsonaro é imune à melhora do país. Até porque uma parcela importante desse apoio é alimentada pelo antilulismo.

#Jair Bolsonaro #Lula

Política externa

Lula negocia aporte dos Emirados Árabes para o Fundo Amazônia

4/03/2024
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Não obstante um tropeço ou outro, o empenho de Lula no exterior tem gerado resultados consistentes para o Brasil. Segundo informações filtradas do Itamaraty, o presidente negocia diretamente com os Emirados Árabes Unidos um aporte expressivo no Fundo Amazônia. São os primeiros dividendos colhidos pelo Brasil em decorrência do esforço diplomático de Lula para a entrada dos árabes no bloco dos BRICs. Por sinal, desde o início do seu governo, Estados Unidos, Suíça, Dinamarca e União Europeia se juntaram ao rol de países financiadores do Fundo Amazônia. Isso para não falar da retomada dos aportes da Noruega e Alemanha, historicamente os maiores doadores de recursos.

#Emirados Árabes Unidos #Fundo Amazônia #Lula

Destaque

Governo Lula flerta com um PIB médio de 3%

4/03/2024
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Mesmo que a implicância com o presidente da República seja a mesma, já existe na Faria Lima quem esteja comemorando a gestão da política econômica de Fernando Haddad até o final do governo Lula. As pitonisas consultadas pelo RR consideram que está cada vez mais provável a mediana do crescimento do PIB até 2026 superar os 3%. Trata-se de um percentual que vem sendo considerado uma fronteira inatingível pela maioria dos analistas de mercado.

Ele estaria pelo menos 1 p.p acima do PIB potencial do Brasil calculado pelas instituições financeiras – entre 1,5% e 2%. O Ministério da Fazenda aumenta a aposta e estima que o PIB potencial é de 2,5%. Entenda-se como PIB potencial o patamar de crescimento da economia que não pressiona a inflação.

O Boletim Focus,  em sua última rodada (23 de fevereiro),  projeta um PIB de 1,75% para 2024. Parece baixo, mas, tratando-se do conservadorismo dos analistas, é um bom piso para o início do ano. Vale recordar que, em 2023, a previsão para o crescimento do PIB, nesse mesmo período, era de apenas 0,5%. No fim das contas, a economia cresceu 2,9% no ano passado, ou seja, quase seis vezes o índice esperado pelos analistas.

É provável que um erro tão grande do Focus não ocorra neste ano, mas os números do primeiro mês de 2024 foram bastante positivos e interpretados como um indicador de que a economia está andando dentro da pista, com baixa possibilidade de descarrilhar. Até 2026, o Boletim projeta uma mediana do PIB de 2%. Vale o registro de que o Focus estima o mesmo PIB de 2% para 2025 há 11 semanas e para 2026 há 29 semanas.

Arrisca até uma previsão dos mesmos 2% até 2027 – depois, portanto, do atual mandato presidencial – há 31 semanas.

Como foi dito antes, esses 2% podem ser considerados um piso. Com a confirmação desses índices, o resultado primário ficaria dentro da meta sem pirotecnias fiscais, quase que por inércia. A arrecadação deve garantir o cumprimento do arcabouço fiscal.

As projeções que fundamentam o otimismo são a combinação de uma atividade produtiva aquecida – com o aumento da renda e do consumo -, PIB em alta e inflação em baixa, e mais e mais investimentos públicos e privados. Antes que se esqueça, há ainda o fator Haddad, talvez a maior âncora atual da economia e o novo querido da Faria Lima.

A manutenção de um PIB mediano na casa dos 3% reposiciona o Brasil no patamar do crescimento global da economia – as estimativas para a alta do PIB mundial em 2024 vão de 2,4% (Banco Mundial) a 3,1% (FMI). Na última década, o país passou longe do Planeta Terra. Entre 2013 e 2022 (os dados gerais de 2023 ainda não estão consolidados), o PIB global subiu, em média, 2,74% por ano. No mesmo período, a economia brasileira cresceu (se é que o termo pode ser usado) ao ritmo de 0,46% ao ano.

Portanto, em relação à base de comparação, a mediana de 3% ao ano que se anuncia para o governo Lula soa como alvissareira. Mas, quando a referência são as necessidades do país, esse índice ainda é muito baixo. O Brasil precisaria crescer, ao menos, 5% ao ano para fazer frente às demandas em infraestrutura, saúde, educação, segurança etc, algo que hoje ainda não é possível devido às restrições do PIB potencial.

Além disso, não é só uma questão de aumentar o tamanho do bolo, mas também a forma como ele é dividido. O crescimento do PIB terá de vir acompanhado de uma alocação correta dos recursos, mesmo porque se espera uma presença maior do Estado em investimentos estruturantes cruciais.

#Fernando Haddad #Lula #PIB

RR Destaques

Agenda no Congresso

27/02/2024
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Enquanto tem mais uma boa notícia na área econômica, com o IPCA-15 de fevereiro abaixo do esperado (apesar de alta importante nos alimentos), o governo se aproxima da primeira grande batalha legislativa de 2024 – e um teste para as relações com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.

Trata-se das negociações em torno da transformação da MP que reonerou 17 setores da economia e derrubou o Perse, voltado especificamente ao setor de eventos, em Projeto de Lei. A mensagem de Arthur Lira hoje, “vazando” que as posições do governo sobre o tema se mantém contraditórias, não significa que vá bater de frente com o Planalto (ainda que tenha defendido com unhas e dentes ambas as medidas).

O que Lira quer dizer é que não aceitará uma costura que “se imponha” do Senado para a Câmara. No que tange as desonerações, é uma questão de timing. Extender a validade da MP pode ajudar a arrecadação – e Lira pode até concordar com a “gambiarra”, desde que faça parte de um acordo acertado diretamente com ele.

Mas que elas vão cair, basicamente não há dúvidas. O melhor cenário para o governo é recuperar alguma coisa ao retomá-las, em outro formato, via PL. E, até para tanto, terá que trabalhar muito.

No que se refere ao Perse, o cenário permanece mais favorável no Senado, não à toa a Casa vem sendo o palco central das discussões. Mas também permanecem as resistências na Câmara e falta a Fazenda indicar que tipo de meio termo estará disposta a apresentar. Aí, no entanto, tem mais chances de ganhar, até porque já avançou essa batalha na mídia.

Como nada andará sem Haddad (com Covid) e Lula – ainda que tendo se aproximado do Congresso – não parece focado na questão, ao menos enquanto o ministro da Fazenda está “fora de jogo”, o risco é que o espaço seja ocupado por outros atores e isso gere ruído.

A reação do governo

Capitaneada por Lula, a base governista aponta para uma narrativa de objetivos claramente eleitorais na reação ao ato com o ex-presidente Bolsonaro na Paulista, com algumas linhas simultâneas:

> Reconhecer a força do ex-presidente, mas como argumento para defender a união em torno do governo e a mobilização popular (na verdade visando às eleições e com muito foco em São Paulo, que será a grande batalha do ano).

> Trabalhar para que a demonstração de força não “contamine” o Congresso. Nesse sentido, podem entrar nas negociações com Lira, em torno do apoio ao seu candidato à sucessão, entre outras medidas, o isolamento de deputados da base que assinaram pedido de impeachment.

> Reforçar a ideia de que nada mudará nos processos que envolvem o ex-presidente Bolsonaro – pelo contrário.

> Abraçar a polarização, não necessariamente em todo o espectro político (não será assim na economia, por exemplo), mas certamente na questão da Palestina.

Lula não deixa de ter mudado o tom, dando diversos sinais que visam mostrar que não fez uma comparação direta ao Holocausto e tentando se aproximar da comunidade judaica – pelo menos a de esquerda. No entanto, a reiteração do tema evidencia que apostará nele, sim.

Lava Jato ou não, eis a questão

 Interessante observar como se movimentará o governo, junto ao STF, no que se refere à possibilidade de revogação (ou renegociação) dos acordos de leniência no âmbito da Lava Jato. Por um lado, a ideia de “enterrar” o máximo possível a operação agrada; por outro, a perda de arrecadação incomoda.

Indicadores

Saem amanhã o IGP-M, a Sondagem de Serviços e a Sondagem do Comércio, todas para fevereiro (FGV). No exterior, será divulgada a segunda parcial do PIB dos EUA no último trimestre de 2023.

#Arthur Lira #IPCA 15 #Jair Bolsonaro #Lula #Rodrigo Pacheco

Política

Lula desdenha da Avenida Paulista e aposta na agenda internacional

26/02/2024
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O presidente Lula não vê com preocupação o mal-estar causado pela menção a Hitler ao condenar o massacre realizado por Israel na Faixa de Gaza, seus efeitos negativos junto à comunidade internacional ou mesmo seu uso como insumo para a volta de Jair Bolsonaro às ruas e o resgate do bordão do impeachment. Pelo contrário. Lula considera que esses fatos aumentaram sua centralidade. O presidente talvez seja a pessoa no país que mais acredita na máxima “falem mal, mas falem de mim”. Na história recente do Brasil, ninguém teve sua imagem tão triturada quanto ele. Ontem, segundo informações filtradas do Palácio do Planalto, o presidente acompanhou com desdém a passeata do seu principal opositor, recebendo relatórios da área da Inteligência e telefonemas que só confirmavam seu ponto de vista. Lula é um especialista em amenizar discursos anteriores que foram “mal interpretados”. O presidente tem um Judiciário alinhado, está afinando as relações com o Congresso, tem uma economia que anda mais favoravelmente do que o esperado e vai usufruir da melhor agenda internacional que um mandatário recebeu de bandeja.

Segundo informa o jornal Valor Econômico na edição de hoje, só nas próximas semanas, Lula participa como destacado chefe de Estado da Cúpula da Comunidade do Caribe (onde certamente vai meter sua colher no conflito entre a Venezuela e Guiana), o encontro de chefes de Estado da Comunidade de Chefes de Estado Latino-Americanos e Caribenhos e do encontro dos presidentes dos Bancos Centrais em São Paulo. Mais à frente, tem presença garantida em reunião da Una-África. Depois, ainda vão rolar o encontro dos chefes de Estado do G20 e o discurso de abertura dos trabalhos na ONU. Ano que vem ainda terá o presentão da COP-30, em Belém (PA), um palco sob medida para Lula. No meio dessa miríade de eventos, a diplomacia brasileira está encaixando visitas consideradas estratégicas. No mais, Lula vai aguardar que a Polícia Federal, STF e aliados deem conta de Bolsonaro. O ex-presidente, conforme já se viu, não sabe lidar com uma “centralidade que lhe é negativa”. E Lula ainda guarda munição para ser usada na hora certa. Um exemplo: a palavra “genocídio” pode ser resgatada para se referir à gestão da pandemia no governo Bolsonaro.

O script é positivo. Ainda assim, é sempre provável que o Lula faça da limonada um limão, tropeçando nas próprias palavras. Seu histórico de tombos verbais é razoável. Há também o risco de que aliados cometam suas bobagens – Gleisi Hoffmann, por exemplo, é campeã em declarações desastrosas. Mas, para contrabalançar, sempre haverá Bolsonaro, um expert em discursos politicamente incorretos.

#Faixa de Gaza #Israel #Jair Bolsonaro #Lula

Destaque

Questão indígena vira uma lança apontada contra o governo Lula

26/02/2024
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No Palácio do Planalto há, desde já, uma razoável dose de apreensão com a Assembleia Geral da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), marcada para abril. Segundo informações obtidas por interlocutores do governo junto à Igreja Católica, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), presidido por Dom Leonardo Steiner, vai apresentar um minucioso relatório retratando um cenário crítico para diversas etnias indígenas no país, notadamente na Região Amazônica. Além das invasões de terra, da atuação de garimpos ilegais e dos assassinatos por disputas de ordem fundiária, o documento deverá levantar outras questões sensíveis, como a disseminação de doenças graves em Territórios Indígenas, a exemplo da malária e de infecções respiratórias, e o aumento da desnutrição. Entre os yanomamis, por exemplo, há informações de que os casos de insuficiência alimentar já atingem mais de 60% das crianças.

Trata-se de uma fotografia delicada, com potencial de gerar um significativo desgaste para o governo Lula, notadamente no exterior, colocando em xeque suas políticas para as populações indígenas. Ressalte-se que Dom Leonardo Steiner, Arcebispo Metropolitano de Manaus, é uma das vozes mais respeitadas e influentes, tanto dentro quanto fora do país, em relação à causa indigenista. O RR entrou em contato com o Cimi, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

O governo Lula até tem como álibi a herança recebida da gestão anterior. Durante o período Bolsonaro, houve, por exemplo, 795 assassinatos de indígenas – segundo dados do próximo Cimi -, número 54% superior ao registrado nos quatro anos dos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer. Já os casos de morte por desnutrição entre os yanomamis subiram 331% entre 2019 e 2022 na comparação com o quadriênio anterior. No entanto, a gestão Lula tem sobre si alguns indicadores pouco recomendáveis.

Um dos mais incômodos foi divulgado na semana passada: em 2023, 363 yanomamis morreram, por crime ou doença, 6% a mais do que em 2022, último ano do mandato de Bolsonaro. É sintomático que, em outubro do ano passado, a Secretaria de Saúde Indígena tenha interrompido a divulgação dos relatórios periódicos com indicadores do Território Yanomami.

#Cimi #CNBB #Lula #Manaus

Política

Brasil x Israel respinga em Davi Alcolumbre

23/02/2024
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Davi Alcolumbre, judeu sefardita, está entre a cruz e a espada. O senador tem sido pressionado por entidades da comunidade judaica no Brasil a se pronunciar contra as declarações do presidente Lula em relação ao holocausto. Segundo o RR apurou, uma delas chegou a solicitar uma audiência com o parlamentar para tratar do tema. Até o momento, no entanto, o pragmatismo político tem falado mais alto: Alcolumbre é candidatíssimo à presidência do Senado no ano que vem e conta com o apoio do presidente Lula.

#Davi Alcolumbre #Israel #Lula

Política externa

Lula vai ao Vietnã. Em nome do Brasil e do Mercosul

23/02/2024
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O RR apurou que uma comitiva do Itamaraty e do Ministério da Agricultura embarcará para o Vietnã na primeira quinzena de março. A missão é preparar o terreno para a visita do presidente Lula, ainda neste semestre. A importância da viagem vai além da esfera bilateral: Lula pisará em Hanoi com o objetivo de alinhavar um acordo do país asiático com o Mercosul

#Lula #Ministério da Agricultura

RR Destaques

G20 e Congresso

21/02/2024
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Ainda que o tema de Israel permaneça muito forte na mídia e nas redes – e que continue a estar no foco de Lula e do Itamaraty – o governo dá sinais de que, salvo novas movimentações, avalia que já “colheu” o que buscava e, a partir de agora:

1) Não tem interesse em escalar o conflito, ainda mais porque lê como muito positiva a reunião entre o secretário de Estado dos EUAAntony Blinken, e Lula.

A ausência de qualquer menção de Blinken ao caso seria, de acordo com essa leitura, uma confirmação de que não haverá desgaste com os EUA. E de que os norte americanos, ainda que apoiem decisivamente Israel, também tem divergências com Netanyahu, particularmente porque defendem a constituição de um estado palestino.

Para Biden, o foco seria evitar o alinhamento do Brasil com Russia e China e poder se apoiar no país como forma de conter as pretensões da Venezuela na Guiana, sem um envolvimento direto. O Planalto está disposto a cumprir esse papel e que usar o G20 para projetar liderança. Para tanto, quer evoluir da Palestina para o debate da ordem global – como faz hoje o ministro Mauro Vieira.

2) Vai se voltar novamente para a agenda econômica e as negociações no Congresso, que continuarão a ter como pano de fundo à sucessão nas presidências da Câmara e do Senado.

É esse o sentido do “ressurgimento” de Haddad no noticiário e nos bastidores políticos, retomando as negociações acerca das reonerações e das emendas parlamentares.

Nesse campo, o acordo está muito mais próximo com Rodrigo Pacheco (que criticou as falas de Lula) do que com Arthur Lira, que não deu tanta atenção ao tema, até o momento (a não ser como “mediador” de embates no púlpito da Câmara).

Os próximos passos nesse jogo mostrarão em que pé está a base parlamentar do governo, após uma série de atritos recentes (mas também concessões) e como funcionará a “linha direta” entre Lula e Lira. Outro ponto a ser observado são as movimentações sucessórias.

O incomodo de Bolsonaro com a possibilidade de que o nome do deputado Marcos Pereira (Republicanos) ganhe tração confirma que ele seria, mesmo, o candidato preferido do Planalto. A questão é se vai ser possível uma composição com Lira, nesse sentido.

Outro fator que fica nítido hoje é a dualidade inerente ao governo – que se manterá. Enquanto Lula faz um “gol” com sua base social (apesar do desgaste e da polêmica gerados), Haddad aborda o déficit da previdência, um tema quase “tabu” na esquerda.

Indicadores internacionais

Destaque amanhã, no exterior, para os PMIs Industrial e de Serviços de fevereiro e para os Pedidos Iniciais de Seguro Desemprego, todos relativos aos EUA, bem como para o IPC de janeiro na zona do Euro.

#Antony Blinken #Arthur Lira #Estados Unidos #Israel #Lula #Rodrigo Pacheco

Política

Imbróglio com Israel: uma saída pelo centro

21/02/2024
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As discussões travadas no Palácio do Planalto contemplam ainda uma terceira via: a divulgação de um comunicado focando menos na parte e mais no todo. A ideia seria embalar o posicionamento com um discurso de pacificação mundial. Ou seja: Lula pode até ter usado de palavras duras e de imagens fortes em relação a Israel, mas com o propósito de liderar um movimento para debelar os conflitos internacionais que se espalham pelas mais diversas regiões do planeta. Seria como uma conclamação a chefes de Estado de todo o mundo para se empenharem pelo fim não apenas da guerra entre Israel e Hamas, mas também dos confrontos entre Rússia e Ucrânia e dos combates armados em Mianmar, Sudão, Somália, entre outros. Essa estratégia teria, sim, uma dose de diversionismo. No entanto, poderia ser uma maneira de Lula tentar fazer do limão uma limonada para ser servida não só no front interno, mas, sobretudo, para líderes internacionais. É a missão mais difícil.

#chefes de Estado #Israel #Lula #Palácio do Planalto

Política

Imbróglio com Israel: uma saída pela esquerda

21/02/2024
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Os colaboradores de Lula, principalmente Celso Amorim, acham que o presidente deve soprar via comunicado e morder com a continuidade dos protestos às atitudes ofensivas e anti diplomáticas de Israel. O tom é que o agravo foi contra a Nação brasileira, indo além da condenação da fala do presidente. Ou seja: Amorim defende que se morda mais antes de soprar. E que o comunicado seja o suficientemente amplo para incluir, mesmo que de forma as vezes subliminar, os públicos judaicos interno e externo, e afins, como os neopentecostais e simpatizantes.

#Celso Amorim #Israel #Lula

Política

Imbróglio com Israel: uma saída pela direita

21/02/2024
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Os assessores do presidente Lula diretamente envolvidos em encontrar uma solução adequada para retirar a crise com Israel da pauta – à frente Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira – estão quebrando a cabeça com uma questão de ordem semântica: fazer com que um pedido de desculpas seja compreendido como um esclarecimento. A narrativa exige a condenação firme do holocausto, a distinção do povo judaico do massacre da Palestina – esta, uma decisão de Estado -, e a confissão de que no calor da indignação o presidente fez uma associação forte que não corresponde ao seu real pensamento. Esse caminho pressupõe outro malabarismo: condenar os atos terroristas e desumanos do Hamas. No momento, está sendo feito um enorme garimpo em declarações anteriores de Lula positivas a tudo que se refere a Israel e aos judeus, para embasar o comunicado. A linha da argumentação é a de “como Lula disse em outra oportunidade…”. O esforço é encontrar a referência nos seus dois mandatos anteriores. Isso daria um peso institucional e credibilidade maiores à iniciativa. Vão achar. Lula fala sobre tudo e sobre todos.

#Celso Amorim #Israel #Lula #Mauro Vieira

Política

Ometto já tem candidato para comandar a bancada ruralista

21/02/2024
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Uma notícia alvissareira para o governo Lula: Rubens Ometto, um dos empresários mais próximos ao presidente da República, está empenhado em fazer o novo presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agricultura). O dono da Cosan é apontado nos gabinetes da Câmara como artífice da candidatura do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). O mandato do atual nº 1 da bancada ruralista, Pedro Lupion, vai até dezembro, mas as costuras para a sua sucessão já estão a pleno vapor. Ao contrário de outras lideranças da FPA, Jardim costuma adotar um tom menos rascante em relação ao governo Lula, inclusive com elogios em determinadas ocasiões, como no lançamento do Plano Safra. No setor, é notória a relação e, mais do que isso, a influência de Ometto sobre o parlamentar. Em tempo: em 2018, por sinal, o empresário foi um dos principais doadores da campanha de Jardim à Câmara.

#Cosan #Frente Parlamentar da Agricultura #Lula #Rubens Ometto

RR Destaques

O cálculo do Planalto

20/02/2024
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Movimentos como o apoio do presidente da Colômbia, Gustavo Pedro, e a forte mobilização da base lulista nas redes, hoje, diminuem a percepção de que as declarações de Lula acerca de Israel foram um improviso ou um deslize. Tal linha  parece ainda mais clara porque o Planalto, em vez de evitar, abraçou o tema, por meio de diversas manifestações e da comunicação oficial – ainda que sem reiterar a comparação entre as ações de Israel e do Nazismo.

Ao mesmo tempo, ocorre uma curiosa inversão de papéis. A oposição reage com força e organização no Congresso, contando com novo aceno do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que cobra retratação de Lula além de dominar a grande mídia. Enquanto isso, a defesa e construção de narrativa “governistas” invadem as redes sociais.

Trata-se de um dos mais fortes engajamentos conquistados pelo Planalto em muito tempo, praticamente revertendo a “decepção” com diversas ações recentes de Lula, como a escolha dos ministros do STF.

Parecem ser essas, justamente, as apostas do Planalto, ao não recuar:

1) A “descoberta” de um tema capaz de energizar e engajar seus apoiadores, algo típico da polarização dos últimos anos, mas que ainda parece passar ao largo da compreensão da grande mídia;

2) A imagem de Lula como a liderança que capitaneia a reação às ações militares de Israel, dizendo o que EUA e Europa não seriam capazes de dizer e assumindo a frente da América do Sul e dos países em desenvolvimento. Uma forma de ganhar protagonismo no “sul global”, mas sem qualquer tipo de alinhamento com Rússia e China – o que, aí sim, incomodaria os norte americanos.

Ou seja, por um lado, haveria pouco ou nada a perder nas relações com o “Ocidente” (ainda mais com o acordo entre Mercosul e União Europeia praticamente enterrado). Por outro, bastante a ganhar com a ideia de que Lula tenta impedir uma nova ofensiva em Gaza, “puxando” outros países no processo. Ou, caso ela ocorra e gere novas mortes e condenações humanitárias, que o país teve a coragem de denunciá-la, previamente.

Não é à toa que essa narrativa está sendo construída nas redes, como uma teia, por meio de diferentes fontes, interlocutores e conteúdos.

3) A avaliação de que, tendo sempre na manga a carta não de uma retratação, mas de algum tipo de retificação, o tema, por polêmico e desgastante que seja, não estaria entre as prioridades do mundo político (Centrão a frente) nem dos agentes econômicos (o que parece corroborado pelas duas altas consecutivas da bolsa, ontem e hoje).

Não se está aqui avaliando, de forma alguma, o teor das declarações. Nem que a “estratégia” será bem-sucedida. O governo, por exemplo, não parece ter intenção de implementar qualquer tipo de “boicote” econômico, o que pode até ocorrer, da parte de Israel, onde Netanyahu usa a questão como arma de política interna.

Mas trata-se, aí sim, de um sinal contundente de algo que o Destaques vem salientando: Lula buscará, a seu modo, uma comunicação mais ofensiva e mais polarizada em 2024. Seja porque avalia que o governo terá mais a entregar e está mais “seguro”, seja porque calcula que esse será o mote das eleições.

A conclusão? Não se trata de um erro ou de um ponto fora da curva e, sim, de uma tendencia.

Já o grau de pragmatismo envolvido no processo se dará na decisão de como e quando “baixar a fervura” (ainda que indiretamente e com a possibilidade de resposta a postagens do chanceler israelense nas redes sociais). A oportunidade mais óbvia já está na mesa: a visita do secretário de estado dos EUAAntony Blinken, que chegou hoje ao Brasil.

 

Indicadores

Ainda sobre os EUA, mas na economia, destaque para a divulgação, amanhã, da Ata da reunião do FOMC, que definiu a manutenção da taxa de juros.

#Israel #Lula #Mercosul #Rodrigo Pacheco #Senado #União Europeia

RR Destaques

Lula, o médico e o monstro?

19/02/2024
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A forte repercussão interna da declaração de Lula, comparando a ação de Israel na Palestina ao Holocausto, causa efeitos opostos:

> Tira a atenção preponderante que vinha sendo dada, na mídia, às investigações que atingem o ex-presidente Bolsonaro. Também vai gerar duras condenações e menos boa vontade editorial de veículos que vinham sendo mais favoráveis a Lula.

O movimento pode ser apenas conjuntural, mas é significativo, a partir do momento que ocasiona acusações não de exagero ou erro diplomático e, sim, de antissemitismo – o que atingirá parte do eleitorado do petista, de centro ou ligado à comunidade judaica. Na política, abre um flanco para reações da oposição, na sociedade, nas redes e no Congresso;

> Cria um dos maiores amálgamas na base de esquerda desde o início do governo, algo que é muito perceptível nas redes sociais.

Nessa esfera, Lula ganhará pontos com a ideia de que falou algo que a maioria dos políticos não teria coragem de afirmar. A linha – muito presente na política polarizada de hoje – é de legitimidade, de que “tem lado”. Também já se atribui a ele a “liderança” de um processo internacional para evitar que Israel amplie sua ofensiva para o sul de Gaza.

Mesmo que o presidente faça reparos a sua declaração, terá ganho pontos junto a esse público.

Entretanto – e a despeito de avaliações sobre o teor da declaração – o efeito para a imagem, mobilização social e ação parlamentar do Planalto e de seus adversários ainda precisará ser medido. E terá duas “réguas” iniciais:

> Qual o grau de reação pode haver no Congresso? Em um momento no qual a oposição se via muito fragilizada e não conseguia emplacar o discurso de perseguição, ganhará uma “válvula de escape”?

> A mobilização de sua base compensará a percepção de um alinhamento unilateral com a Palestina, em uma linha que o governo vinha evitando cruzar de forma tão definitiva?

No contexto em que a defesa de Israel se transformou em ponto importante na doutrina de parte das igrejas evangélicas, pode ser um fator de impulso para a manifestação a favor de Bolsonaro, organizada, justamente, pelo pastor Silas Malafaia? E se tornará mais um golpe sobre a popularidade e entrada do presidente em um grupo no qual já tem enormes dificuldades de comunicação?

#Holocausto #Jair Bolsonaro #Lula #Palestina #Silas Malafaia

Destaque

Governo finalmente se reencontra com a indústria de bens de capital

19/02/2024
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O flerte inicial entre a indústria de bens de capital e construção pesada e o governo Lula está se tornando um namoro tórrido e público. Na esteira da nova política industrial e do PAC – dois dos programas do governo com maior afinidade entre si -, o ministro da Indústria e Comércio e Turismo e vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem alinhado com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, novas formas de apoio compartilhado com a iniciativa privada para aumentar o gás de ambos os segmentos. Não se pensa em nada que lembre subsídio ou incentivo via Tesouro Nacional. Mas uma miríade de títulos e mecanismos para o aumento da formação bruta de capital fixo do país. Há uma preocupação do governo de que as políticas de fomento possam ser caracterizadas como repetição da estratégia dos “campeões nacionais”. Por isso, o modelo de financiamento usado recorrentemente nos demais governos do PT vai ficar lá mesmo, no passado.

Em 2024, os investimentos em infraestrutura alcançarão um recorde histórico, mas ainda com um carry over expressivo das concessões cavadas pelo ex-ministro e governador de São Paulo, Tarcísio Freitas. A comunicação será um fator fundamental para que a retomada das inversões em infraestrutura não esteja associada aos vícios e más práticas do passado.  A ideia é que 2025 seja melhor ainda, já que há um ano inteiro para trabalhar novas PPPs e concessões. Além da nova ordem mundial da “economia verde”, na qual o Brasil tem vantagens comparativas.

Em conversa com o RR, o diretor de planejamento da ABDIB (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base), Roberto Guimarães, deixou claro que o setor e o governo estão bastante alinhados. Ele lembra que a ABDIB participa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), do qual o presidente da Associação é um dos integrantes, além de atuar em todas as discussões sobre a política industrial, incluindo a Nova Indústria Brasil, lançada no mês passado. Guimarães classifica como excelente a troca com o atual governo e considera a nova política “muito bem desenhada”, com tudo para funcionar. Ele acredita que a reindustrialização do país está a caminho e agora é para valer. Bom ouvir palavras tão otimistas vindas de um vocalizador da indústria. Já era a hora.

O setor de bens de capital teve seu auge entre 1950 e o fim do século XX. De lá para cá o que se viu foi uma terra arrasada. Entre os pioneiros que acompanharam a ascensão e queda do setor, alguns se adaptaram e outros foram obrigados a se retirar. Poucos saíram ilesos. Em meio a esse processo de desmonte, alguns dos grandes nomes fundadores da ABDIB, como as Indústrias Villares, Cobrasma e Máquinas Piratininga, desapareceram. Outras, como a Bardella, se apequenaram ou entraram em recuperação judicial.

Entre as pioneiras, a Romi, por exemplo, continua operando e é uma das principais fabricantes de máquinas-ferramenta do Brasil, com uma produção diversificada e atuação internacional. Listadas na Bolsa, Inepar, Aeris e WEG (esta última um case de sucesso) são algumas que também atuam na área com destaque. Com relação à indústria da construção pesada, é desnecessário dizer a demolição feita com o Lava Jato ou dar nome aos bois daqueles que foram atingidos de forma brutal com a operação. Todas as grandes companhias foram empurradas para o cadafalso. E eram o creme que o Brasil tinha na indústria nacional.

#BNDES #Geraldo Alckmin #Lula #Ministério da Indústria e Comércio

Política

Lula e Bolsonaro não deixam um centímetro de espaço para a terceira via

16/02/2024
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A polarização da política brasileira, ao que tudo indica, ainda vai durar muito. Lula e Jair Bolsonaro são as maiores personificações do Poder no Brasil, tanto na percepção interna quanto aos olhos do mundo. É o que aponta levantamento exclusivo realizado pelo RR junto a 430 veículos da imprensa nacional e internacional. O atual e o ex-presidente da República foram, disparados, os personagens da política e da cena institucional mais citados ao longo de 2023. Lula somou 6.127.892 menções, três vezes mais do que seu antecessor. Bolsonaro totalizou 2.088.935 citações, exposição esta alavancada pelas denúncias e escândalos que se seguiram após a sua saída da Presidência. A presença dos dois antípodas no “ranking do Poder” não chega exatamente a surpreender. O que chama atenção é a concentração de menções a ambos, o que reflete a dualidade da política brasileira e, sob certo aspecto, um vácuo de novas lideranças. Juntos, Lula e Bolsonaro somaram o equivalente a 67% das referências às dez autoridades do país mais citadas em todo o mundo.

O levantamento do RR corrobora a ideia de “judicialização” da política brasileira. A exposição nas mídias retrata o deslocamento do eixo de Poder para membros do Judiciário, o que não deixa de ser uma consequência desse gap de figuras públicas de maior proeminência tanto no Executivo quanto no Legislativo. Depois de Lula e de Bolsonaro, a terceira autoridade do país com maior número de menções em 2023 foi o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foram 852.507 registros nos veículos analisados. Outros dois integrantes da Suprema Corte aparecem no top ten: Gilmar Mendes, na 9ª posição (271.855 citações), e Luis Roberto Barroso (191.028 referências).

Na esteira das investigações envolvendo o próprio Bolsonaro, Moraes mereceu um espaço maior do que o mais importante e visado ministro do governo Lula e eventual candidato à sucessão do petista. Mesmo com o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, Fernando Haddad ficou atrás do ministro do STF, ocupando a quarta posição entre as autoridades brasileiras mais citadas em 2023 no país e no exterior, com 840.627 referências. Na sequência, outro integrante do Ministério de Lula. O ex-titular da Pasta da Justiça, Flavio Dino, ficou em quinto lugar, com 691.425 registros. Uma parcela expressiva da sua exposição espelha a importância e, por extensão, visibilidade que Dino amealhou após o 8 de janeiro de 2023.

Na sexta e sétima posições, aparecem, respectivamente, Rodrigo Pacheco (475.558 citações) e Arthur Lira (385.124 registros), estatística que mostra a amplitude de poder dos presidentes do Senado e da Câmara e o quanto do factual político passa obrigatoriamente por ambos. Já a oitava posição do ranking diz muito sobre 2023, mas talvez, nas entrelinhas, fale ainda mais sobre 2026. Tarcísio Freitas recebeu 368.433 menções das mídias nacional e internacional no ano passado. Uma parcela expressiva dessa exposição vai no embalo do cargo que ocupa – sob certo aspecto, o governador de São Paulo é quase um segundo “presidente da República”. No entanto, muito do foco sobre Tarcísio se deve a sua posição de maior força da centro-direita para a próxima eleição presidencial.

#Bolsonaro #Lula

Destaque

Lula usa seus créditos com a Bolívia para negociar parceria no lítio

16/02/2024
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Assim como os constantes afagos a Nicolás Maduro miram o apoio da Venezuela à entrada do Brasil na Opep, o empenho de Lula para o ingresso da Bolívia no Mercosul também está eivado de segundas intenções. Principal articulador da adesão do país andino ao bloco econômico, o presidente quer usar o crédito acumulado para destravar um assunto estratégico: um acordo com os bolivianos na produção de lítio. Segundo o RR apurou, Lula deverá se encontrar com o presidente boliviano, Luis Arce, no mês que vem, em La Paz – o Itamaraty já trabalha nos preparativos da reunião.

Além do fator Mercosul, o presidente brasileiro tem outras moedas de troca para colocar sobre a mesa. Desde dezembro, a Petrobras tem ampliado gradativamente o volume de gás da Bolívia, flexibilizando o limite de 20 milhões de metros cúbicos diários previstos no contrato com a YPFB. Na conversa com Arce, Lula deverá também reafirmar o compromisso do Brasil em financiar projetos bilaterais na área de infraestrutura, a começar pela Ponte Internacional Guajará-Mirim.

Até o momento, o lítio é sinônimo de insucesso na política externa do governo Lula. Nem mesmo o “soft power pessoal” do presidente junto aos países da América do Sul tem sido suficiente para dar ao Brasil uma posição privilegiada nesse jogo. Muito pelo contrário. Outras nações têm ocupado esse espaço geoeconômico na região, notadamente em território boliviano, onde estão quase 30% das reservas globais de lítio.

Em dezembro, a estatal russa Uranium One Group fechou um acordo com o governo da Bolívia para a exploração do mineral. Poucos meses antes, a Citic Guoan, da China, já havia firmado parceria semelhante com a gestão de Luis Arce. Ao todo, russos e chineses vão investir cerca de US$ 1,4 bilhão na construção de duas fábricas para a produção e exportação de 50 mil toneladas anuais de lítio a partir de 2025.

#Bolívia #Lula #Mercosul #Petrobras

Política

Centrais sindicais vão a Lula para blindar o caixa do FAT

16/02/2024
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A cúpula do sindicalismo brasileiro, leia-se a direção da CUT, da CTB (Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e da Força Sindical, quer uma audiência com o presidente Lula. Entre outros assuntos, vai levar o pleito de que o governo pare de usar os recursos do FAT para cobrir o déficit da Previdência – prática que começou na gestão Bolsonaro e tem sido mantida. Os sindicalistas já trataram do assunto com Luiz Marinho, ministro do Trabalho, Simone Tebet, do Planejamento, e o próprio Fernando Haddad. Mas nada aconteceu. Resta ir direto ao Olimpo.

#CTB #CUT #FAT #Lula

Política

Romero Jucá busca a blindagem de um foro privilegiado

15/02/2024
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Quem te viu, quem te vê: corre em petit comité dentro do MDB a informação de que Romero Jucá, um dos mais influentes nomes da política nos governos dos PT e de Michel Temer, está buscando o apoio de Lula para disputar a Prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima. Em 2022, Jucá concorreu a uma vaga no Senado e perdeu. Está sem a proteção de um cargo com foro privilegiado no momento em que a água começa a subir: ele é investigado pela PF por supostamente participar de um esquema de desvio de recursos de obras públicas em Roraima.

#Lula #MDB #Michel Temer #PT #Romero Jucá

Política

PT quer novo ministro da Articulação. Só falta combinar com Lula

9/02/2024
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Informação que corria à boca miúda no fim da tarde de ontem, no Congresso: há um movimento dentro do PT, que teria o apoio de governadores do Nordeste, para fazer do deputado federal José Guimarães, do Ceará, o novo ministro da Articulação Política. De certa forma, Guimarães já tem um pé na função como líder do governo na Câmara. O mais provável é que a sua “candidatura” sequer passe da porta no Palácio do Planalto. O ministro Alexandre Padilha pode até cair, mas não agora. Lula não vai colocar essa azeitona na empada de Arthur Lira.

#Arthur Lira #Lula #PT

Destaque

Fazer ou não o disclosure dos benefícios fiscais? Os prós e contras do governo dar nome aos bois

6/02/2024
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O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não estão exatamente preocupados com a privatização dos ativos do Estado, mas, sim, com a montanha de benefícios de toda ordem – uma outra forma de privatização do Estado. Há tímidas conversas no governo sobre a conveniência ou não de se consolidar esses números, com a justificativa de alertar a população sobre a insustentável situação das contas públicas. O disclosure das cifras e o tom emocional da comunicação ressoariam no Congresso e bateriam direto nos lobbies e grupos de interesse. São tantas contas, legitimas ou não, que o próprio governo não sabe o tamanho do rombo fiscal decorrente da soma das isenções, incentivos, gastos previdenciários e sociais, entre outros. Até porque na inércia o custo sempre sobe.

Relatório oficial calcula que os gastos com a Previdência, em 2023, serão equivalentes a 3,9% do PIB, ou seja, R$ 395 bilhões. Isso sem esquecer que Paulo Guedes fez uma reforma para aliviar esse custeio. Sem ela, estaríamos vivendo uma hecatombe fiscal. Mas o ex-ministro deixou um bomba de efeito retardado: a reforma da Previdência II, a missão.

O regime previdenciário do Brasil ocupa a 65a posição em um ranking de 70 países. Bem, pelo menos é um gasto legítimo. O que podem ser chamados de “gastos ilegítimos” são subsídios e incentivos, entre outras prebendas, concedidos a quem não precisa ou não tem fundamento justificável. Em 2022, o governo Bolsonaro deixou compromissos com essas rubricas de R$ 581 bilhões, o que corresponde a 5,86% do PIB do exercício fiscal do ano de 2021.

O fato é que somente os incentivos e a Previdência, somados, são superiores a 9% do PIB. Não há orçamento que aguente. Trata-se de um montante maior do que a despesa dos juros da dívida pública, de 7,9% do PIB, que nem sequer amortiza o principal. Voltando aos gastos ilegítimos ou sem sustentação de necessidade de apoio ou fomento, está o setor rural.

O agronegócio, possivelmente o segmento mais capitalizado do país, recebe subsídios. Tudo bem que ele entrega muito e é o que o país tem de mais elogiável. Mas o benefício é injusto e descalibrado, concentrador de renda e foge ao padrão internacional. Ainda mais inaceitáveis são os penduricalhos vergonhosos, tais como a linha de financiamento de crédito incentivado do BNDES para compra de jatinhos, usufruída por um leque de endinheirados, que vai de Luciano Huck a doleiros.

Nos Estados Unidos, existe uma taxa de 3% a 10% sobre a aquisição dessas aeronaves. Bolsonaro também isentou de tributos a compra de veleiros para competição e lazer. O imposto de importação de pistolas e revólveres foi suspenso, à exceção das Forças Armadas. A taxação das armas de fogo não é baixa, da ordem de 55%, mas não faz sentido o estímulo fiscal a esse item, cuja importação triplicou desde 2016. 

Um exemplo imbatível das distorções dos critérios de benefícios seria o “neopentecostalismo tributário”, ou seja, a discussão que se dá hoje no governo se pastores devem ser ou não gravados nos seus proventos. A traquitanda parece não ter fim. A questão maior é que o arcabouço fiscal foi feito em função do aumento das receitas. Sim, e o cumprimento das metas depende, em alguma parte, de um pedaço das despesas citadas acima e de outras ainda mais submersas.

A dúvida é se esse rombo deve ser esquartejado caso a caso, sem maiores alardes, com cortes espaçados, ou anunciado em campanha de comunicação à la “Lava Benefício”, mostrando o impasse do Estado devido a uma distribuição de recursos inexplicáveis, herança de governos variados, e, sejamos justos, consequência também de algumas acidentalidades, tais como a pandemia. Seja lá a opção que for escolhida, haja força política para levar essa missão à frente.

#BNDES #Fernando Haddad #Lula #Ministério da Fazenda

Governo

Secretaria Geral da Presidência provoca fagulhas no PT

5/02/2024
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Há vozes influentes dentro do PT, entre as quais a do ex-presidente do partido e atual deputado Rui Falcão, que defendem o retorno de Gilberto Carvalho à Secretaria Geral da Presidência. A articulação tem gerado algumas faíscas dentro da sigla. A atual presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, é a maior fiadora da permanência de Márcio Macedo, do PT do Sergipe, no cargo.

Macedo, ressalte-se, tem passado por um período de turbulência após a revelação de que três assessores viajaram a Aracaju, com recursos públicos, para participar de eventos pré-carnavalesco. Em tempo: atualmente Gilberto Carvalho, quadro histórico do PT e bem próximo a Lula, está “escondido” em um cargo de menor relevância, como secretário de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho.

#Gilberto Carvalho #Lula #Ministério do Trabalho #PT

Destaque

Lula aproveita reestruturação da Abin para colocar foco na Amazônia

1/02/2024
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O presidente Lula quer criar no âmbito da Abin algo como um departamento de informações sobre a Amazônia. Seria uma espécie de enclave dentro da Agência, com a missão de ocupar um vácuo identificado pelo Palácio do Planalto. O governo se ressente da falta de um aparato de Inteligência e de um sistema de investigações de campo mais apurado – espionagem mesmo – em uma região absolutamente estratégica para o país. Sob os mais diversos ângulos, a Amazônia é importante demais para o presidente da República não ser municiado sistematicamente com informações sensíveis colhidas in loco. A começar por uma questão de segurança. A região concentra crimes dos mais diversos tipos: ambientais, fundiários, garimpos ilegais, tráfico, contrabando etc. Talvez o mais “leve” seja o desmatamento.

A ideia não chega a ser tão original assim. No regime militar, o SNI (Serviço Nacional de Informações) tinha dois braços na região: o Gebam (Grupo Executivo do Baixo Amazonas) e o Getat (Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantins). Os objetivos de ambos eram outros: organizar a colonização fundiária, regular os interesses multinacionais na região, intensificar o controle do garimpo e, como não poderia deixar de ser, “arapongar” a movimentação dos comunistas na área. Ao contrário do departamento que se almeja criar na Abin, o Gebam e o Getat tinham funções executivas, ou seja, mandavam e desmandavam naquele inóspito coração das trevas. Lula, com toda razão, sabe que a hora para reestruturar a Agência é agora, na esteira das mudanças que estão sendo realizadas na entidade. A criação dessa “Abin da Amazônia” seria conduzida pelo “sangue novo” que assume o comando da instituição após a saída do diretor-adjunto, Alessandro Moretti, e de outros quatro diretores.

#Abin #Amazônia #Lula #SNI

Destaque

Casa Civil estuda realizar um amplo inventário das obras paradas no Brasil

29/01/2024
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Dentro da Casa Civil, responsável pela gestão do “Novo PAC”, começa a ganhar corpo a ideia de uma minuciosa auditoria das obras públicas paradas em todo o país. O inventário contemplaria todos os projetos de infraestrutura que contam com recursos federais, uma grande massa de empreendimentos em sua maioria nas mãos dos governos estaduais e, principalmente, de prefeituras. O ministro Rui Costa enxerga múltiplas valias na iniciativa.

A primeira delas, stricto sensu, é servir com um balizador para os investimentos públicos em infraestrutura. O mapeamento permitiria ao governo separar o joio do trigo. Ou seja: definir os projetos que são efetivamente prioritários para o país e precisam ser retomados e aqueles que podem ser postergados ou mesmo perderam o sentido e devem ser interrompidos de vez.

Além disso, a medida permitiria à gestão Lula criar um fato político de razoável potência. A estratégia seria levar esse amplo relatório ao Legislativo, uma forma de o governo não assumir sozinho a decisão das obras a serem retomadas ou descartadas. Esse movimento permitiria ao Executivo dividir com o Congresso a responsabilidade sobre a distribuição dos recursos federais para a área de infraestrutura. Ou, na pior das hipóteses, constranger o Senado e a Câmara a discutir o assunto. Ainda que por tabela, seria uma maneira de envolver também governadores e prefeitos – em última instância, os parlamentares representam suas bases estaduais e municipais.

O Brasil é um canteiro de obras às escuras. Não há clareza nem mesmo sobre a quantidade de construções paralisadas no país. O número mais recente, a partir de levantamento do TCU, aponta 8,6 mil empreendimentos parados, de um total de 21 mil projetos que contam com recursos federais.

Significa dizer que 41% das obras públicas estão suspensas – em 2020, esse índice era de 29%. Ao todo, essas intervenções já consumiram mais de R$ 8,2 bilhões apenas em dinheiro da União. Hoje, é grana a fundo perdido. O segmento mais atingido é o de educação: são mais de 3,5 mil projetos parados. Em setembro do ano passado, o governo Lula chegou a lançar um  Pacto Nacional pela Retomada de Obras e de Serviços de Engenharia Destinados à Educação Básica.

#Casa Civil #Lula #Rui Costa #TCU

Justiça

O nome de Fux e do Judiciário do Rio para o STJ

29/01/2024
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Nos bastidores do Judiciário, o desembargador Aluisio Mendes, do TRF-2, é tido como forte candidato a uma cadeira no STJ, na vaga da ex-ministra Assusete Magalhães, que se aposentou no último dia 15. Mendes conta com o apoio do ministro do Supremo Luiz Fux, que trabalha junto ao Palácio do Planalto pela sua nomeação. O desembargador tem ainda outro trunfo: a cobrança do Judiciário Fluminense pela indicação de um magistrado local. No ano passado, em suas primeiras escolhas para o STJ no atual mandato, Lula optou por um desembargador do TJ de Minas Gerais, Afrânio Vilela, e outro do TJ do Ceará, Teodoro Santos.

#Aluisio Mendes #Luiz Fux #Lula #STJ

Política externa

A “outra” Margem Equatorial no caminho da Petrobras

26/01/2024
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Ainda que o assunto certamente monopolize a pauta, o encontro entre Lula e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, previsto para a primeira semana de março, não ficará circunscrito às tensões com a Venezuela. Segundo informações filtradas do Itamaraty, o governo guianês já comunicou formalmente à diplomacia brasileira que Ali pretende discutir uma possível parceria para investimentos em exploração e produção de petróleo. A Guiana foi o primeiro país a descobrir petróleo na Margem Equatorial. Suas reservas são estimadas em torno de 11 bilhões de barris. Em tempo: em dezembro, quando perguntado sobre a possibilidade de a Petrobras investir no país vizinho, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse que não era hora de “apostar na Guiana”. Mas, se Lula quiser, será.

#Jean Paul Prates #Lula #Petrobras

Destaque

Banco do Brasil surge como uma rota de escape para Guido Mantega

23/01/2024
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A Vale continua sendo a prioridade. No entanto, diante das notórias dificuldades para emplacar Guido Mantega como CEO da mineradora, o governo cogita um Plano B. Ou melhor: um Plano BB. A presidência do Banco do Brasil seria uma alternativa para a obsessão do PT e do próprio Lula em encontrar um cargo de prestígio para o ex-ministro da Fazenda.

O governo teria de fazer muito pouco ou quase nenhum contorcionismo para aninhar Mantega no comando do banco estatal, na cadeira hoje ocupada por Tarciana Medeiros – funcionária de carreira da instituição e ligada ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. Formalmente, cabe ao Conselho de Administração do Banco do Brasil aprovar a nomeação do presidente executivo. Conselho este em que cinco dos oito integrantes são indicados pelo acionista majoritário, o próprio governo. Ou seja: na prática, a governança do BB é a seguinte: a escolha do CEO se dá por uma canetada do presidente da República e ponto.

Há demandas do PT – e não são poucas – para as quais Lula costuma fazer ouvidos de mercador. Não é esse o caso. Seja por compromisso partidário, por lealdade, por razões de ordem afetiva ou por algum outro motivo insondável, tudo leva a crer que Guido Mantega não vai ficar ao relento.

Mesmo sendo um estorvo para o governo. Nesse contexto, além da maior flexibilidade para a nomeação, a indicação para o Banco do Brasil seria até mais fácil de justificar. Mantega continuaria sendo um contrabando, mas, ao menos, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES estaria na sua praia. Não consta que entre as suas expertises esteja o mercado mundial de minério de ferro.

Por essas e outras, fica até difícil entender o fetiche do governo pela Vale, uma manobra que mobiliza da Presidência da República a membros da cúpula petista. A escolha da mineradora parece ser a menos adequada. O que o Palácio do Planalto ganha ao assumir o desgaste político de praticamente takeoverizar o comando de uma empresa privada?

O governo teria de quebrar fortes resistências – na Vale já se fala até na extensão do mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, ainda que por um período mais curto, apenas para barrar a ofensiva pró-Mantega. Outra hipótese, a nomeação do ex-ministro para o Conselho, também seria um movimento intrincado. Ele dependeria da renúncia de um dos integrantes do board, cujo mandato vai até 2025.

#Banco do Brasil #Guido Mantega #Lula #Ministério da Fazenda #PT #Vale

Política externa

Alckmin corre países vizinhos para negociar acordos na área de energia

23/01/2024
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Geraldo Alckmin é mesmo um vice-presidente para toda obra. Lula pretende enviar Alckmin para uma viagem à Bolívia e Equador em fevereiro. Em pauta, a negociação de acordos no setor de energia com os dois países. O assunto envolve diretamente a Petrobras e a possibilidade de parcerias para investimentos em exploração e produção de óleo e gás nos dois países. A visita de Alckmin aos países vizinhos corrobora a ideia de que o vice-presidente deverá ter, a partir deste ano, um papel mais relevante na área de relações internacionais. Até pela necessidade de Lula se concentrar mais na política interna.

#Bolívia #Energia #Equador #Geraldo Alckmin #Lula #Petrobras

Política

Demissão no Ministério das Cidades deixa rusgas entre governo e MDB

23/01/2024
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A exoneração de Hildo Rocha da Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, autorizada pelo presidente Lula na semana passada, criou uma nódoa no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o MDB. O partido cobra do ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, explicações sobre o afastamento de Rocha. O que se diz nos bastidores é que a cúpula emedebista não foi comunicada previamente da decisão e soube da demissão pela imprensa. A sigla pressiona o governo para manter a primazia sobre o cargo e indicar o substituto de Rocha. Talvez seja o caso de cobrar também o ministro Jader Filho, filiado ao próprio MDB, que assinou embaixo a exoneração de seu ex-secretário-executivo.

#Lula #MDB #Ministério das Cidades

Energia

CTG Brasil tira da gaveta seu plano de IPO na B3

22/01/2024
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O RR apurou que a CTG Brasil, subsidiária da chinesa Three Gorges Corp, está retomando os planos de IPO na B3. A ideia é realizar a oferta de ações na bolsa brasileira ainda neste semestre. Internamente, segundo informações filtradas da companhia, os chineses trabalham com a estimativa de levantar algo em torno de R$ 3 bilhões. O IPO já esteve no radar da CTG Brasil em 2022 e no ano passado. Nas duas vezes, foi para a gaveta pelas condições adversas do mercado. Mas não só. No setor corre à boca miúda de que o recuo na oferta de ações seria uma represália pelo contencioso envolvendo as hidrelétricas Capivara, Chavantes, Taquaruçu e Rosana, pertencentes à Three Gorges. Em 2022, o Ministério de Minas Energia reduziu o índice de garantia física das usinas. Na prática, diminuiu a quantidade de energia que as hidrelétricas podem entregar ao sistema. A decisão até hoje gera mal-estar entre o governo brasileiro e o grupo chinês. O assunto chegou a ser tratado, inclusive, na visita de Lula a Pequim em abril do ano passado.

#CTG #Lula #Ministério de Minas Energia

Política

Procura-se um Ministério para Rubens Ometto

19/01/2024
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O presidente Lula gostaria de ver o empresário Rubens Ometto em algum Ministério. Mas falta vaga. O único posto com o qual o empresário mais de identifica, Indústria e Comércio, está ocupado pelo vice, Geraldo Alckmin. Imagine só. Em seus outros governos, Lula sempre encontrou espaço no Ministério para destinar a um empresário, inclusive a vice-presidência, ocupada pelo falecido José de Alencar, dono da Coteminas, durante todos os oito anos de seus dois primeiros mandatos.

#Lula #Rubens Ometto

Política

Lula deve encontrar protestos na Bahia

17/01/2024
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O Gabinete de Segurança Institucional vai reforçar a vigilância para a visita de Lula à Bahia nesta quinta-feira. O presidente é popular no estado, porém, foi detectado que os trabalhadores da Caraíba Metais preparam uma grande manifestação em Camaçari, por ocasião da cerimônia de implantação do Centro de Tecnologia Aeroespacial da Bahia. Em recuperação judicial, a empresa vem atrasando o pagamento de salário dos empregados, inclusive o décimo-terceiro. A empresa admite dificuldades, mas atribui ao fato de que a sua controladora, a Paranapanema, não conseguiu se desfazer de ativos que permitem capitalizá-la, para retomar o fôlego produtivo. A empresa opera com cerca de 30% de sua capacidade. A Caraíba é o única forte smelter de cobre no Brasil, mas os sócios não estão dispostos a colocar mais dinheiro na empresa, o que agravou a sua situação. Aliás, a Caraíba é um case de dificuldade empresarial desde a sua privatização. Ou seja, a suposta receita para todos, às vezes não dá certo para alguns.

Em contato com o RR, o GSI afirmou que “no cumprimento de suas competências legais, adota todas as providências para zelar pela segurança das autoridades protegidas, com a colaboração dos órgãos de segurança pública federais e estaduais”.

#Bahia #Gabinete de Segurança Institucional #Lula #protestos

Política Monetária

Fernando Haddad vai ter que rebolar para entregar as principais demandas macroeconômicas de Lula

17/01/2024
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A julgar pelo que se extrai da equipe econômica, Lula está querendo mesmo bons resultados na arrumação da casa. Essa é a pressão que emana do Planalto. O desequilíbrio fiscal dos estados é uma questão à parte, a ser negociada. Mas é fato que os governadores perderam muito de sua força. E o grande trunfo do marketing político são melhores números no âmbito federal. As projeções funestas para o PIB no início do ano passado eram de um crescimento de apenas 0,5%, e olhe lá. Vai dar 3%,  no barato. Na área federal, Haddad está se virando para manter a expectativa de um resultado primário zerado. Tem que catar coquinho e seguir com o mantra que existem muitas áreas onde o governo pode atuar para subir a sua arrecadação. Poucos acreditam que os gastos não vão subir, ainda mais porque há uma eleição para prefeitos no meio do caminho, que acaba batendo nas contas públicas do governo.

O fato é que a  Lei Orçamentária Anual de 2024 prevê um resultado primário de 0% do PIB. Lula quer um resultado negativo bem baixinho, próximo da meta, se for o caso de descumprí-la, como parece que é. Digamos que até 0,3% do PIB estaria de bom tamanho para o déficit primário do governo federal.  O Focus dessa semana crava 0,8%, mantendo a previsão do boletim anterior, apesar da gritaria dos economistas que o fiscal está se derretendo. O presidente não quer deixar que a expectativa de contingenciamento de recursos se torne uma unanimidade, até porque teria que cortar nos gastos discricionários. Leia-se investimentos. Portanto aguarda-se anúncio de grande profusão de medidas de aumento da arrecadação, viáveis ou não, para pelo menos amansar as expectativas do mercado.

Do lado do crescimento, que é a prioridade, o RR pinçou a previsão da carta do Itaú, no seu Radar do Mercado, enviado aos clientes premium, ontem, que acusa uma expansão do PIB de 1,8%. A previsão é um palito acima da mediana do Boletim Focus, que prevê um aumento de 1,6%. Se o Focus errar para baixo, na mesma medida do que ocorreu em 2023, o Produto deste ano chegaria a quase 4%. Lula deve faturar politicamente, ainda, a continuidade da deflação de alimentos, e um IPCA menor, mas ainda beirando na casa dos 4%. O presidente quer porque quer, segundo a fonte do RR,  um aumento do rating do Brasil, um desemprego de 7% – no máximo a continuidade na casa dos 8% – e um PIB acima de 2,5%. Tudo difícil. Fernando Haddad vai ter que rebolar.

#Fernando Haddad #Lei Orçamentária Anual #Lula #PIB

Destaque

Lula quer surfar na prancha de Arthur Lira na reforma administrativa

16/01/2024
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Lula pretende lavar as mãos como Poncio Pilatos na reforma administrativa, mas faturar por magnetismo político o esforço de Arthur Lira para que ela saia neste ano. Lira quer associar umbilicalmente um grande marco a sua gestão. O mandato do presidente da Câmara se encerra em fevereiro de 2025. Lira já disse em alto e bom som, diversas vezes, que a reforma administrativa é sua prioridade. Para dar uma ideia desse empenho, em 2023, em 5.700 mídias – impressa, on line, rádio e TV – foram encontradas 671 menções à sua defesa da medida “para ontem”. A minuta do projeto já está pronta para a discussão no Executivo.

Ninguém acredita que a essência da reforma sejam cortes mais radicais nos salários. Quem deve pagar mais um pouquinho é o Judiciário. Agora estão previstas novas regras para o emprego público, auditoria de performance do funcionalismo, obrigação de reciclagem, normas para concurso e diversas outras ações que permitam o aumento da produtividade da máquina.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad é contra o açodamento. Acha que tem que concluir a reforma tributária. A segunda parte, a da renda, é a mais complicada. Como dificilmente a reforma administrativa não sofrerá judicialização, eis aí uma confusão, que pode embolar as duas grandes mudanças estruturais do governo Lula.

O presidente já sinalizou que vai jogar parado, somente com o seu apoio tácito. Só se mexerá se a reforma andar. Nesse caso, capitalizará os avanços resultantes do esforço de Lira e estará na torcida para que o presidente da Câmara faça o seu sucessor. Afinal, duas reformas em um único governo é mais um feito para a coleção do “nunca se viu antes neste país”.

#Arthur Lira #Lula #Reforma Administrativa

Governo

Ricardo Capelli pode ir até para algum cargo no Palácio do Planalto

10/01/2024
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A conversa “muito positiva” entre Lula e Lewandowski abrangeu um Raio –X completo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Em que pese uma certa contrariedade do ex-ministro Flávio Dino, que queria indicar o titular da função, o cargo de secretário-executivo da Pasta deve ficar com o advogado Manoel Carlos de Almeida Neto, diretor jurídico da CSN. A indicação de Almeida Neto atenderia o PT. Em 2023, o partido chegou a sugerir ao presidente Lula  que o nomeasse para a vaga aberta por Lewandowski no Supremo. Se depender do titular da Pasta, o nome é bem vindo. Lewandowski e Manoel Carlos são amigos de longa data, além de terem atuado juntos por anos no STF, com destaque no Caso do Mensalão. Na CSN, o advogado está desde 2016.

Mas o que fazer com o atual secretário executivo da Justiça, Ricardo Capelli, considerado um dos heróis do 8 de janeiro? Capelli, que também é da confiança de Flávio Dino, queria ser ministro da Justiça. Dançou. Foi sondado para chefiar a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Não quis. Mas topa continuar na secretaria executiva da Pasta. Lula tem gratidão a Capelli. No impasse, pensa até em levá-lo para o Planalto, até que mais adiante ele possa concorrer ao Senado, surfando no peso político de Flávio Dino no estado. Vale lembrar que, em 2026, cada estado terá duas vagas no Senado Federal.

#Flavio Dino #Lula #Ministério da Justiça #Palácio do Planalto #Ricardo Capelli

Institucional

Lula desponta como “cleaner” da reputação das Forças Armadas

8/01/2024
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Lula tem diante de si um custo de oportunidade em um dos terrenos mais sensíveis para o seu governo: as Forças Armadas. No seu entorno, há o entendimento de que o presidente da República tem como contribuir para a recuperação da reputação dos militares – algo que, por sua vez, poderia ajudar também em um distensionamento nas relações entre o petista e a instituição. A premissa é que Lula colabora naturalmente para a descontaminação da imagem da Aeronáutica, da Marinha e, sobretudo, do Exército, ao não empurrar para as Forças Armadas pautas incômodas como as que ajudaram a minar seu capital reputacional nos últimos anos. Bolsonaro foi determinante para a piora da percepção da sociedade em relação aos militares ao levar para dentro dos quartéis temas como golpe, corrupção e aparelhamento da máquina pública. Não obstante a sintonia ideológica e, por extensão, política, o ex-presidente custou às Forças Armadas possivelmente o menor índice de confiança e o maior desgaste de imagem desde a redemocratização.

Um mergulho na exposição das Forças Armadas ajuda a enxergar e mensurar o impacto negativo dos anos Bolsonaro sobre a imagem da instituição. O mergulho, neste caso, é a análise de 122.563 veículos de todo o Brasil, por meio do uso de ferramenta de busca e inteligência artificial. O levantamento corrobora que a palavra “golpe” gradativamente grudou nas menções aos militares. Em 2018, último ano do governo Bolsonaro, houve 1.994 citações às Forças Armadas associadas ao termo, em sua maioria referências históricas ao passado. A partir de 2019, o pretérito deu lugar ao presente. As seguidas declarações dúbias de Bolsonaro e as ameaças subliminares – às vezes nem tanto – de ruptura institucional levaram a uma disparada da vinculação da ideia de golpe aos militares. 

Em 2019, primeiro ano de mandato do “capitão” foram registradas 23.618 referências a “Forças Armadas” e “golpe”, um salto de 1.085% em comparação a 2018. No ano seguinte, esse número subiu a 27.696 menções. Com a escalada das tensões institucionais e a proximidade das eleições, a soma de registros associando às Forças Armadas a um golpe chegou a 49.129, em 2021, e 50.160, em 2022.  O fim do governo Bolsonaro não significou um freio nessa associação. Pelo contrário. O 8 de janeiro, a descoberta de uma “minuta do golpe” e a prisão do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres inflaram ainda mais o número de citações. No ano recém encerrado, os 122.563 veículos analisados somaram mais de  65.000 menções a “Forças Armadas” e “golpe”. 

A mineração dos dados permite aferir o quanto o governo Bolsonaro contaminou, sobretudo, a imagem do Exército. Em 2018, houve 2.828 registros associando a instituição a golpe. No ano seguinte, com a chegada de Bolsonaro ao poder, esse número já cresceu para 25.752, ou seja, oito vezes maior. Em 2022, seu último ano de governo, foram 49.604 registros. Nada que se compare a 2023. Pelos mesmos motivos já descritos acima, ao longo desse ano foram 100.166 referências vinculando o Exército a golpe. Seja pela sua ascendência natural em relação às demais Forças, seja pela presença esmagadoramente majoritária entre os militares que ocuparam cargos no governo Bolsonaro, o Exército foi o mais atingido em sua reputação. Apenas a título de comparação, em 2023, Marinha e Aeronáutica somaram, respectivamente, 17.251 e 9.073 citações ligadas à expressão “golpe”.

Assessores próximos a Lula entendem que o seu governo pode também servir como um contraponto à gestão anterior no que diz respeito a vinculação dos militares a pautas “criminalizantes”. O governo Bolsonaro conseguiu algo até então improvável: associar a imagem das Forças Armadas à corrupção. Em 2018, houve 6.146 registros com menção a “militares” e corrupção, ou seja, uma média de 16,8 por dia. Na esteira, sobretudo, do caso das joias árabes e do envolvimento do tenente-coronel Mauro Cid, esse número disparou para 112.503 em 2023; ou seja, a cada dia, houve 308,2 citações associando militares à corrupção.

#Forças Armadas #Lula #reputação

Política externa

Governo Lula tenta abrir uma rota para o agronegócio pelo Paraguai

4/01/2024
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Uma pauta relevante para o agronegócio está na mesa das negociações bilaterais entre Brasil e Paraguai. O governo Lula trabalha para liberar a circulação de caminhões brasileiros do modelo bitrem no país vizinho. As tratativas, digamos assim, ordinárias têm sido conduzidas pelo Itamaraty e pelo Ministério dos Transportes. Mas no próprio Palácio do Planalto, o entendimento é que o assunto exige uma interlocução “extraordinária”, ou seja, gestões diretas do próprio presidente Lula junto ao seu colega paraguaio, Santiago Peña.

Os caminhões bitrem estão proibidos de cruzar a fronteira desde 2019. Com aproximadamente 30 metros de comprimento, sete eixos e peso bruto de até 57 toneladas, os veículos são usados, sobretudo, para o transporte de grãos. A interrupção do fluxo representa um razoável prejuízo para o agro brasileiro, por ter restringido as possibilidades de distribuição de produtos no Mercosul em maior escala. Se os danos aos produtores rurais  são expressivos a valor presente, o tamanho da perda será ainda maior no futuro, caso o Paraguai mantenha a proibição.

Até 2025 deverão ser concluídas as obras de implantação da Rota Bioceânica, que abrirá um corredor logístico para o agronegócio brasileiro até o Pacífico. Serão 3,4 mil quilômetros entre o Porto de Santos e as cidades chilenas de Iquique e Antofogasta. A Rota Bioceânica atravessará o território paraguaio, o que torna fundamental a liberação para a circulação de caminhões bitrem, tanto em termos de custos quanto de tempo. Estima-se que o novo corredor logístico reduzirá em até 15 dias o período necessário para a chegada de grãos brasileiros à Ásia.

#Agronegócio #Lula #Paraguai

Política

Repasse de recursos para o Mercosul trava no Congresso

3/01/2024
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Por onde quer que se olhe, o Mercosul se mostra um enrosco para a gestão Lula. Até o momento, o governo não conseguiu aprovar no Congresso Nacional a continuidade do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) – mecanismo solidário de financiamento com o objetivo de reduzir assimetrias entre os países do bloco. Os países membros do Mercosul se comprometeram a repassar, no total, cerca de US$ 100 milhões para o Focem. A cota que cabe ao Brasil é de US$ 70 milhões – a partilha é calculada com base na média histórica do PIB do bloco e de cada um dos seus integrantes. Ocorre que a liberação desses recursos depende do aval do Congresso.  

#Lula #Mercosul

Governo

A primeira-dama do social

2/01/2024
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O presidente Lula teria autorizado Janja a organizar uma viagem por diversos países – um de cada continente – para reuniões com organizações sociais. A primeira-dama pernoitaria nas embaixadas brasileiras em cada capital. A ideia por trás da iniciativa é Lula se empoderar com o empoderamento da Janja, ou seja, dar a ela uma roupagem de Michelle Obama dos trópicos. Será o “casal S” global – “S” de social. Mas parece tudo meio esquisito. 

#Janja #Lula #organizações sociais

Política

Lula surpreende e torna Campos Neto o mais bem tratado

2/01/2024
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No animado churrasco de fim de ano que Lula ofereceu a ministros, quem saiu com o troféu de mais bem tratado pelo presidente foi o comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto. Lula disse em alto em bom som para um Campos Neto enrubescido: “Temos as nossas diferenças, e quem não as tem. Mas se hoje fosse o final do ano de 2024, eu o reconduzia a presidência do BC”.

#Banco Central #Lula #Roberto Campos Neto

Energia

Brasil e Bolívia estudam “costurar” suas linhas de transmissão

2/01/2024
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Os governos do Brasil e da Bolívia têm mantido conversações em torno de uma cooperação na área de energia elétrica, inclusive com a possibilidade de interligação entre sistemas de transmissão.  Isto possibilitaria a venda de eletricidade, tal como ocorre com o gás, de parte a parte. Se o presidente Lula tiver um momento de saudosismo, pode até ressuscitar um projeto que chegou a ser discutido com os bolivianos em seu segundo mandato, pelos idos de 2007 e 2008: a construção de uma hidrelétrica binacional no Rio Madeira.  

#Bolívia #Energia #Lula #Rio Madeira

Política

Lula quer fisgar ACM Netto e União Brasil no mesmo anzol

22/12/2023
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Fonte do Palácio do Planalto disse há pouco ao RR que Lula pretende se encontrar com a ACM Netto. A conversa teria dois propósitos principais. O primeiro, de curto prazo: com seu notório poder de sedução política, o presidente enxerga no ex-prefeito de Salvador um potencial aliado para convencer o União Brasil a entrar de vez na base aliada do governo. Além disso, olhando para 2024, Lula vai trabalhar, desde já, para evitar que ACM Netto dispute a Prefeitura de Salvador aliado ao PL e ao bolsonarismo.

#2024 #Lula #União Brasil

Economia

Vem aí um feliz Natal para o comércio?

22/12/2023
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No primeiro ano do terceiro governo Lula, o jingle bells das vendas natalinas vai tilintar mais alto do que nas gestões anteriores do petista. Quem prevê a festa é o pessoal da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. Realmente, há no ar uma certa sensação de euforia que não se viu nos últimos natais. A conferir.

#Economia #Lula

Política externa

Lula e Lacalle Pou tentam aparar as arestas do Mercosul

21/12/2023
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De primeira: Lula e o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, estão articulando um encontro para a segunda quinzena de janeiro, segundo alta fonte do Ministério das Relações Exteriores. Em pauta, o acordo Mercosul-União Europeia – Lacalle Pou é contra – e o possível tratado bilateral entre Uruguai e China à latere do Mercosul – Lula é contra. Ou seja: a conversa já começará com quilômetros de distância a separar os dois chefes de governo.

#Lacalle Pou #Lula #Mercosul

Política

A cada afago do Planalto, o “aliado” Marcos Pereira devolve um espinho

19/12/2023
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O vice-presidente da Câmara e “ministeriável” Marcos Pereira (Republicanos) foi um dos principais articuladores políticos da derrubada do veto do presidente Lula à desoneração da folha de pagamento. A derrota do governo já era esperada, mas no próprio Palácio do Planalto a atuação de Pereira foi vista como decisiva para a construção da goleada final na Câmara – 378 votos contra e apenas 78 a favor do veto. É mais uma arritmia nas negociações para a entrada em definitivo do Republicanos na base aliada de Lula, que inclui a nomeação do próprio Pereira para um Ministério. Há pouco mais de um mês, o vice-presidente da Câmara causou mal-estar no Palácio do Planalto a recusar convite para uma reunião entre Lula e líderes partidários.

#Lula #Marcos Pereira #Palácio do Planalto

Política

João Doria vira um “parça” do governo Lula

13/12/2023
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O governo Lula e João Doria vivem um clima de lua-de-mel. Geraldo Alckmin, que reatou relações com o ex-governador após cinco anos de rusgas e mágoas, deverá participar do Lide Brazil Investment Forum. O encontro de empresários – um dos tantos convescotes organizados pelo Grupo Lide, de Doria – ocorrerá em Nova York, em maio de 2024. O convite é extensivo ao ministro Fernando Haddad. Antes mesmo do armistício com Alckmin, Doria já não vinha poupando elogios a Lula (“Ele pode ser o grande agente pacificador do Brasil”) e à condução da política econômica (“Uma boa surpresa”).

#Grupo Lide #João Doria #Lula

Destaque

Centrais sindicais disputam cadeira por cadeira no governo Lula

12/12/2023
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As grandes centrais sindicais do país, base histórica do PT, estão travando entre si uma queda de braço por maior espaço de influência e poder junto ao governo Lula. O objeto de disputa são os assentos nos principais órgãos de governo com representação de trabalhadores, a começar pelo Conselho Deliberativo do FAT (Codefat) e pelo Conselho Curador do FGTS. Um momento importante desse duelo, por ora ainda restrito aos bastidores, se dará na próxima quinta-feira, a partir das 10 horas, em Brasília, na última reunião do ano do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), vinculado ao Ministério do Trabalho. Segundo o RR apurou, com base na Lei 11.648/2008 e no artigo 8º do Regimento Interno do colegiado, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), vai propor uma ampla aferição do total de sindicatos e trabalhadores representados pelas maiores centrais brasileiras. Uma espécie de “censo” do sindicalismo. A CTB alega já ser a segunda maior entidade do setor no país em número de filiados, atrás apenas da CUT. No entanto, para efeito de indicação em conselhos federais, é apenas a quarta com mais representantes, atrás ainda de Força Sindical e UGT (União Geral dos Trabalhadores). O mais provável é que estas duas últimas se unam na reunião do CNT para brecar a proposta da contagem. A incógnita fica por conta da posição do próprio Ministério do Trabalho, a quem caberia a coordenação do “censo”, se aprovado pelo colegiado.

Por mais alguns possam enxergar dessa forma, não se trata de uma disputa paroquial. O que está em jogo é poder político, a força de influenciar em decisões sobre o destino de bilhões de reais. O Codefat e o Conselho Curador do FGTS vão dispor em 2024 de um orçamento somado de aproximadamente R$ 230 bilhões. A CTB, por exemplo, não tem assento no colegiado gestor do Fundo de Garantia.

#centrais sindicais #CNT #CTB #Lula #PT #trabalhadores

Política externa

Lula vai à Noruega em busca de recursos para o bioma amazônico

11/12/2023
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Lula disse que vai reduzir suas viagens internacionais. Pero no mucho. O RR apurou que o Itamaraty articula uma visita do presidente a países nórdicos no primeiro trimestre de 2024. O destino principal é a Noruega. O tema prioritário, investimentos na Amazônia.

#Itamaraty #Lula #viagens internacionais

Política

Fator Alcolumbre pode precipitar reforma ministerial

7/12/2023
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Assessores mais próximos de Lula defendem que ele se livre logo, ainda neste ano, do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. A partir do ano que vem, o maior padrinho político de Juscelino, Davi Alcolumbre, poderá estar na presidência do Senado. Aí tudo será mais difícil.

#Davi Alcolumbre #Juscelino Filho #Lula #Senado

Destaque

Risco Mantega é um pêndulo entre o Planejamento e a Petrobras

29/11/2023
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A ameaça Guido Mantega parece não largar o governo Lula. A proposta inicial era empurrá-lo para a presidência da Vale, “esquecendo” que a empresa não é mais estatal. Agora, surgem duas ideias no governo de arrepiar.

A primeira é incluir Mantega em um troca-troca com Simone Tebet: ela iria para a Pasta da Justiça e Mantega reassumiria o Ministério do Planejamento, cargo que já ocupou no Lula I, entre 2003 e 2004. Na segunda, e perigosíssima alternativa, ele ficaria de regra três para a presidência da Petrobras, como potencial substituto de Jean Paul Prates, que balança mais do que bambu em ventania. Mantega chegaria à estatal com o poder de conduzir o recém-anunciado plano de investimentos da companhia, uma montanha de dinheiro de US$ 102 bilhões a ser desembolsada pelos próximos cinco anos.

A essa altura, a hipótese mais suave é encher a árvore de Natal do ex-ministro de vagas em conselhos de administração, como BNDES, Itaipu, BB etc. O fato é que tanto o PT quanto o próprio Lula parecem se sentir na obrigação de recompensar Mantega pela lealdade nos tempos das águas mais profundas da Lava Jato. O ex-ministro chegou a ser foi preso no hospital quando acompanhava um exame médico da sua esposa e não abriu o bico.

#BNDES #Guido Mantega #Lula #Ministério do Planejamento #Simone Tebet

Política externa

Brasil a caminho da Opep?

29/11/2023
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Há uma certa expectativa no Itamaraty quanto a um eventual convite formal da Arábia Saudita para que o Brasil entre na OPEP, durante a viagem de Lula àquele país. A Arábia é o mais influente integrante da Opep. Sabe-se que a Venezuela faz o lobby do Brasil para o ingresso no cartel. Jair Bolsonaro tentou, tentou, mas não conseguiu. Mas qual a importância de se tornar sócio do clube produtor de energia fóssil? Do ponto de vista das decisões do país sobre sua política para o petróleo, nada de muito significativo. Mas o status e o marketing no exterior mudam. E marketing é com Lula mesmo.

#Jair Bolsonaro #Lula #OPEP

Política externa

Brasil costura apoio da Europa e dos EUA para novo fundo global

29/11/2023
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O Itamaraty e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, têm feito uma série de contatos internacionais em busca de apoio à proposta de criação de um fundo global para preservação de florestas tropicais, que será apresentada por Lula na COP28. Segundo o RR apurou, o Brasil já teria o sinal verde da Noruega e da Alemanha, dois tradicionais investidores do Fundo Amazônia, e da França. O que, na prática, significa dizer o sinal verde da União Europeia. Outro alvo prioritário são os Estados Unidos. O trabalho da diplomacia brasileira se concentra em garantir junto à Casa Branca uma declaração formal de apoio à iniciativa do presidente Joe Biden.

#COP28 #Joe Biden #Lula #Marina Silva

RR pelo mundo

Lula vai à Arábia. E Arábia vem ao Brasil

28/11/2023
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Lula tem crédito em Riad 

A aproximação entre Brasil e Arábia Saudita se dá na esteira do ingresso daquele país árabe no grupo dos BRICS a partir de 2024. Lula foi um dos principais patrocinadores do ingresso dos árabes no bloco, o que só aumentou seu prestígio junto ao governo saudita. Antes mesmo da chegada do presidente a Riad, a delegação brasileira aterrissou no país no começo desta semana. Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia, conversou com Abdulaziz bin Salman, Ministro saudita de energia. Além de Silveira, Rui Costa, da Casa Civil; e Sílvio Costa Filho, do Ministério dos Portos e Aeroportos participaram de reunião com o Ministro do Transporte, apresentando projetos de infraestrutura do Brasil, destacando o Novo PAC. Os líderes das duas nações testemunharam a assinatura de um memorando de entendimento entre as partes no que diz respeito ao setor de energia. https://www.arabnews.com/node/2416626/saudi-arabia

 

No radar da Embraer 

A Arabia Saudita, assim como outras nações árabes, é considerada um investidor-chave para o Brasil. Em 2022, o comércio bilateral brasileiro com as 22 nações da Liga Árabe atingiu recorde de US$ 17,74 bilhões. É preciso destacar a reunião com locais em evento promovido pela Embraer. A empresa brasileira disputa a venda de aeronaves militares ao país. No começo de outubro, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e a GACA, autoridade de aviação civil da Arábia Saudita, assinaram memorando de entendimento para cooperação e investimentos no setor. https://menafn.com/1107490602/Brazil8217S-Outreach-To-Arab-World-Lula8217S-Key-Agenda

 

Uma viagem dois em um 

Lula estreita os laços com o Oriente Médio. Após a visita à Arabia Saudita, irá ao Catar antes da realização da COP28. Os fundos soberanos das nações árabes redirecionaram os esforços da diplomacia brasileira para o mundo árabe. Para além da captação de investimentos, a influência geopolítica dessas nações no Oriente Médio foi determinante para a estratégia de aproximação de Lula.  https://bnn.network/world/brazil/brazilian-presidents-visit-to-riyadh-a-leap-in-diplomatic-relations/

 

Energia é tema estratégico 

O primeiro diálogo entre autoridades do Brasil e da Arábia Saudita tratou de assuntos de interesse das duas nações, a começar por transição energética. Evolução de questões internacionais de interesse comum foi pauta na reunião entre os dois líderes. A visita de Lula coincidiu com a vitória da Arabia Saudita como sede da Expo 2030. https://saudigazette.com.sa/article/638191/SAUDI-ARABIA/Crown-Prince-Brazilian-president-hold-talks-in-Riyadh

#Arábia Saudita #Diplomacia #Lula #Oriente Médio #Política Externa

Política

Defensor público de Lula vai precisar de um “defensor” no PT

28/11/2023
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A decisão de Lula de indicar Leonardo Magalhães para o comando da Defensoria Pública da União (DPU) enfrenta resistências dentro do próprio PT. Magalhães não conta com a simpatia de correntes da DPU mais próximas ao partido. Ele é tido como alguém vinculado ao ex-defensor público geral da União, Daniel Macedo, por sua vez nomeado para o cargo pelo então presidente Jair Bolsonaro. O que se diz nos corredores da DPU é que Magalhães só disputou a eleição interna do ano passado a pedido do próprio Macedo, uma forma de evitar a entrada de um candidato mais forte no pleito. Se o objetivo foi esse, a estratégia surtiu efeito: Magalhães acabou como terceiro colocado na lista tríplice.

#Daniel Macedo #DPU #Lula #PT

Agronegócio

Blairo Maggi constrói pontes entre o Planalto e o campo

28/11/2023
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O presidente Lula vem mantendo interlocução permanente com Blairo Maggi. O ex-ministro da Agricultura tem atuado nos bastidores para distensionar as relações entre o governo e o agronegócio. É uma missão cheia de sensibilidades, como a agenda das invasões de terra. Em uma das conversas mais recentes, segundo o RR apurou, Maggi levou ao presidente da República o pleito do agro para que “Lula segure o MST”.

#Blairo Maggi #Lula #Ministério da Agricultura

Política

Cid Gomes encontra uma barricada na porta do PT

24/11/2023
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O deputado federal José Guimarães, líder do governo na Câmara, tem se articulado intensamente dentro do PT para barrar a entrada de Cid Gomes no partido. Tornou-se quase uma questão de honra. Trata-se de rixa antiga da política cearense. Guimarães tem o impulsivo irmão do impulsivo Ciro Gomes na conta de um personagem pouco confiável. O parlamentar tem uma aliada importante, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também refratária a chegada do ex-governador cearense. Mas é aquela velha história: se Lula decidir que Cid vai se filiar ao PT, assunto encerrado.

#Cid Gomes #Lula #PT

Política externa

OCDE dá sinal verde à “conduta empresarial” no Brasil

24/11/2023
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Ainda que não seja exatamente uma prioridade da gestão Lula, os trâmites para a entrada do Brasil na OCDE avançaram mais uma casa. O Comitê de Investimentos da entidade referendou os procedimentos do governo brasileiro para a adoção dos padrões RBC (Responsible Business Conduct) – leia-se os princípios de Conduta Empresarial Responsável estipulados pela Organização. Em linhas gerais, trata-se de um selo da OCDE, atestando que os países-membros mantêm um ambiente regulatório estável para atividades empresariais. A apresentação feita ao Comitê pela AGU, mais precisamente por Beatriz Figueiredo Campos da Nóbrega, da Procuradoria Nacional da União de Assuntos Internacionais, serviu para limpar um pouco a barra do Brasil na OCDE. O governo brasileiro está pedindo desconto para quitar uma dívida de 5,1 milhões de euros. O valor se refere à taxa cobrada para ingresso na entidade. A inadimplência perdura desde abril.

#Lula #OCDE

Política externa

Pimenta ou diplomacia? Planalto discute reação a ataques de Milei contra Lula

23/11/2023
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Há uma divisão dentro do Palácio do Planalto em relação ao tratamento que deve ser dado aos ataques feitos por Javier Milei contra Lula. O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, tem defendido uma reação mais contundente, com a divulgação de um comunicado oficial da Presidência da República repudiando os termos usados por Milei para se referir a Lula – entre os quais “ladrão” e ex-presidiário.

Um impulsivo Pimenta já disse publicamente que o presidente brasileiro só deveria entrar em contato com o futuro chefe de governo argentino após receber um pedido de desculpas. Na contramão de Pimenta, Celso Amorim tem desempenhado o papel que lhe cabe, o do diplomata. Amorim rechaça a ideia de um posicionamento formal contra Milei. Pragmaticamente, prega que o novo presidente argentino ainda está sob os efeitos da disputa eleitoral e as coisas vão se resolver como sempre se resolveram: a partir das relações de Estado.

#Argentina #Javier Milei #Lula #Paulo Pimenta

Governo

A Ceitec ganhou uma sobrevida. Mas onde está o dinheiro?

22/11/2023
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Convencer o presidente Lula e a Casa Civil a suspender o processo de extinção da Ceitec foi a parte mais fácil da história. Agora, é que são elas: a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, tenta costurar dentro do governo a liberação de verba extra para a retomada das atividades da fabricante de chips. O orçamento de 2024 prevê apenas R$ 110 milhões para tudo, custeio e investimentos. Não dá nem para a saída: estima-se que serão necessários pelo menos R$ 300 milhões para efetivamente viabilizar a produção de semicondutores. Até hoje, a Ceitec produziu apenas um equipamento de tecnologia mais simples, para o rastreamento de gado. E já faz tempo: a fábrica está desativada há dois anos e oito meses.  

#Casa Civil #Ceitec #Lula

Política externa

Indústria torce para Lula blindar o Mercosul do fator Milei

21/11/2023
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Quem diria, mas na Fiesp a torcida agora é toda por Lula. O empresário fiespiano, que não dava bola para o Mercosul, ficou preocupado com a eleição do “Bolsonaro porteño” e o estrago que Javier Milei pode vir a fazer no bloco. O consenso entre os empresários é que somente Lula tem o jeitinho para amansar o novo presidente argentino em relação ao Mercosul. Estão certos. Quando se trata de política externa, Lula é o Messi da diplomacia.

#Javier Milei #Lula #Mercosul

Agronegócio

Brasil fecha um arco de investimentos soberanos para ampliar sua área agrícola

21/11/2023
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O governo Lula quer aproveitar a COP 28, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai, para anunciar um cinturão de parcerias bilaterais voltadas à recuperação e conversão de pastagens no Brasil. Segundo o RR apurou, além do acordo já engatilhado com o Salic (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company), fundo da família real da Arábia Saudita, há negociações avançadas com os Emirados Árabes e a China. No primeiro caso, os aportes serão feitos pelo ADQ (Abu Dhabi Developmental Holding Company).

O fundo soberano, que administra aproximadamente US$ 170 bilhões em ativos, tem sido o veículo usado pelos Emirados Árabes para investimentos globais em projetos vinculados a metas ESG. Nos últimos dois anos, o ADQ vem se notabilizando por aportes em empresas e iniciativas da cadeia de abastecimento alimentar. Do lado chinês, de acordo com informações que circulam no Ministério da Agricultura, o projeto deverá ter a participação da Cofco.

Maior processador e fabricante de alimentos da China, a companhia estatal tem expressivos investimentos no Brasil na produção de grãos. No Ministério da Agricultura, a estimativa é que os acordos com Arábia Saudita, Emirados e China permitirão a recuperação e conversão de até 30 milhões de hectares para a agricultura, o equivalente à metade de toda a área plantada do país. Ressalte-se que Lula chegará à Dubai, para a COP 28, na crista da onda.

Um ano após a sua participação na COP 27 como presidente eleito, quando assumiu uma série de compromissos ambientais, vai capitalizar aos olhos do mundo a queda de 22% do desmatamento na Amazônia Legal.  

#Agricultura #Amazônia legal #Cofco #COP 28 #ESG #Lula

Política externa

Governo Lula aumenta os tentáculos da Apex no exterior

21/11/2023
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A reabertura do escritório da Apex em Lisboa é apenas o ponto de partida. O governo Lula pretende ampliar significativamente a capilaridade internacional da agência. O projeto é tocado por Geraldo Alckmin e assessores no âmbito do Ministério do Desenvolvimento e da Indústria. A próxima fornada contemplaria a abertura de representações da Apex em Londres, Nova York e Nova Dehli. É a reversão do enxugamento da agência no governo de Jair Bolsonaro. Entre outras cidades, a gestão Bolsonaro fechou escritórios da Apex em Cuba e na África.

#Geraldo Alckmin #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério do Desenvolvimento e da Indústria

Política

PT compra o barulho de Lula contra Javier Milei

17/11/2023
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A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, consultou advogados do partido sobre a possibilidade de mover uma ação por calúnia e injúria contra Javier Milei, candidato de extrema direita à presidência da Argentina. O motivo é a forma como Milei tem se referido sistematicamente ao presidente Lula, chamando-o de “corrupto”. As duas últimas vezes foram no início desta semana, em entrevistas ao jornalista e escritor peruano Jaime Bayly e à Bloomberg. A entrada em cena do PT seria uma forma descaracterizar o processo como uma ofensiva jurídica formal da Presidência da República. A AGU tem uma procuradoria internacional, mas apenas para a defesa da União em demandas do Estado brasileiro junto a Cortes Internacionais.

#Gleisi Hoffmann #Javier Milei #Lula #PT

Governo

Lula quer aproveitar os vários “PACs” dentro do PAC

16/11/2023
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Lula vai transformar o “P” de PAC em “P” de política. A ideia discutida no Palácio do Planalto é que o presidente cumpra uma agenda de viagens a alguns estados, notadamente do Nordeste, para lançar obras locais incluídas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento. O roteiro deve começar por Bahia e Ceará, governados respectivamente pelos petistas Jerônimo Rodrigues e Elmano de Freitas. A premissa entre os assessores de Lula é que o Novo PAC tem projeto e dinheiro demais para ser anunciado uma única vez, apenas no plano nacional. Outra preocupação é evitar que governadores capitalizem sozinhos os investimentos em seus estados. Um exemplo: amanhã, Helder Barbalho fará um evento para anunciar um pacote de obras no Pará, todas incluídas no PAC.

#Helder Barbalho #Lula #PAC

Destaque

Disputa judicial coloca sob risco licitação do Porto de Itajaí

14/11/2023
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A primeira e única concessão portuária realizada até o momento pelo governo Lula está ameaçada de adernar nos tribunais. Segundo o RR apurou, a MMS Empreendimentos entrou, na semana passada, com um processo no TCU com o objetivo de anular o resultado do leilão de arrendamento do Porto de Itajaí. De acordo com informações obtidas junto a um dos ministros do Tribunal de Contas, três dos nove integrantes da Corte já teriam identificado inconsistências na decisão final da Antaq.

A MMS apresentou a melhor oferta no certame, mas foi desclassificada pela agência reguladora, com a justificativa de que não apresentou a documentação necessária para a comprovação da sua competência técnica. A segunda colocada, a Mada Araújo Asset Management, também foi desqualificada – segundo a Antaq, sua proposta “não teve sua exequibilidade demonstrada”. Com a dupla eliminação, a vitória caiu no colo do terceiro lugar no leilão, a Teconnave Terminal de Contêineres, de Navegantes. Esta última é controlada pelo Grupo TiL, por sua vez pertencente à MSC, um dos maiores conglomerados globais da área de navegação.

O imbróglio não deverá ficar restrito ao TCU. O RR apurou que a MMS vai recorrer à Justiça caso não consiga anular o resultado da licitação no âmbito do Tribunal de Contas. Deve levar junto a Mada Asset Management. Se a MMS for vitoriosa no TCU, o jogo vira de lado e dificilmente a Teconnave vai aceitar a decisão. Além da batalha judicial, outro fator aumenta a temperatura nos bastidores.

A decisão da Antaq tem alimentado ilações e teorias da conspiração. Nove entre dez executivos do setor portuário apontam o Grupo TiL, dono da Tecconave, como o player com maior prestígio dentro do governo. Diogo Piloni é visto como a personificação dessa influência. Atual diretor-superintendente da Portonave, também pertencente à TiL, Piloni comandou a Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários durante quase toda a gestão Bolsonaro, de janeiro de 2019 a julho de 2022.

Em contato com o RR, a Til informou que “acompanha todas as movimentações do processo seletivo transitório para operação do Terminal de Contêineres do Porto de Itajaí”. A TiL e o corpo jurídico da Teconnave “apresentaram, voluntariamente, suas contrarrazões para os recursos administrativos à Comissão Permanente de Licitação da Antaq e aguardam com tranquilidade o tramitar do processo.”

  • A empresa afirmou ainda que “Em relação às ilações sobre a lisura do processo, não possuem qualquer comprovação e não há nada que possa comprometer a qualificação de nossa proposta.”. Perguntada especificamente se Diogo Piloni teve alguma participação no processo de arrendamento, a Til não se manifestou. Também procurada, a MMS não se pronunciou.

Em meio a tensões, o RR apurou que a Antaq pretende formalizar o resultado do arrendamento temporário do Porto de Itaguaí por dois anos na próxima reunião de diretoria, prevista para quinta-feira, dia 16. A Teconnave já entregou ao órgão regulador toda a documentação exigida para atestar sua capacidade operacional.

#Lula #MMS Empreendimentos #Porto de Itajaí

Destaque

Está na hora do Brasil aproveitar as sinergias entre as áreas de Defesa e de Ciência e Tecnologia

10/11/2023
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De um lado, a notória escassez orçamentária da área de Defesa; do outro, o flagrante déficit do Brasil em inovação, pesquisa e desenvolvimento científico. Talvez seja hora de cruzar esses dois problemas em busca de uma solução comum. Militares de alta patente do Exército, Marinha e Aeronáutica têm se dedicado a discussões nessa direção, que eventualmente podem servir de subsídio para o governo atacar dois grandes gaps do país.

A ideia central seria levar para dentro das Forças Armadas um “pedaço” da Pasta de Ciência e Tecnologia, leia-se projetos e programas que tenham sinergia com a indústria de defesa. Esse crossover poderia se dar pela divisão de áreas e tarefas por departamentos específicos, tanto do lado das Forças Armadas quanto da Ciência e Tecnologia. O conceito não é exatamente novo. No primeiro governo Lula, os Ministério da Defesa e da Ciência e Tecnologia, em parceria com o BNDES, então presidido por Carlos Lessa, chegaram a realizar oito rodadas de debates para discutir oportunidades conjuntas que unissem investimentos em projetos militares e o desenvolvimento científico e tecnológico do país.

As discussões deram origem a um caudaloso documento de 316 páginas que, quase duas décadas depois, segue atual e poderia servir de proxy para a elaboração de um plano estratégico nacional – o material está disponível na internet.

No Brasil, há um histórico cruzamento entre as Forças Armadas e o desenvolvimento científico e tecnológico. O grande símbolo é a Embraer. Nascida dentro da Aeronáutica, a empresa é a mais inovadora e bem-sucedida iniciativa da indústria brasileira. Os exemplos não ficam apenas no passado. Agora mesmo a Marinha está desenvolvendo o seu submarino nuclear, um projeto na fronteira da fronteira da tecnologia. Há países em que a linha divisória entre a indústria de defesa e o desenvolvimento tecnológico é extremamente tênue, difícil até de definir onde termina um e começa o outro. Que o digam os Estados Unidos.

No ano passado, o país investiu mais de US$ 100 bilhões em tecnologia de defesa divididos por 24 áreas estratégicas. São projetos de inovação que transbordam do campo militar e têm impacto direto sobre setores como telecomunicações, microeletrônicos, softwares, biomedicina, logística, energia e até proteção climática, entre outros. Em maio deste ano, o governo Biden lançou a nova Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia voltada ao setor de defesa, que define 14 áreas tecnológicas críticas e vitais para manter a segurança e a soberania. Entre elas, estão biotecnologia, ciência quântica, inteligência artificial, energia renovável, computação avançada e interfaces homem-máquina.

Os índices de investimento público nas áreas de defesa e de ciência e tecnologia no Brasil são cadentes. Corta-se o pouco que se tem. Em 2011, o orçamento das Forças Armadas (R$ 62 bilhões) correspondia a 1,5% do PIB. Neste ano, essa proporção caiu para o menor nível em 12 anos. Os R$ 124 bilhões em verbas destinadas ao Exército, Marinha e Aeronáutica equivalem a algo em torno de 1,1% do PIB. É menos da metade da média global – 2,3% do PIB.

Para efeito de comparação, o Brasil está atrás de todos os países dos Brics: a Rússia desembolsa 5,3% do seu orçamento com despesas militares; a Índia, 2,5%; a China, 1,8%. Outro indicador reforça o gap orçamentário da área de Defesa. Com aproximadamente 2% do PIB global, o Brasil responde por apenas 1% do investimento soberano global na área militar. O quadro é ainda mais crítico quando se destrincha a natureza das verbas. Do orçamento das Forças Armadas deste ano, apenas R$ 8,4 bilhões, ou 6,7%, serão destinados à compra de equipamentos. Na Ciência e Tecnologia, os números são ainda mais desalentadores. A área dispõe de um “nano-orçamento”: as verbas federais previstas para este ano correspondem a 0,1% do PIB.

#Aeronáutica #BNDES #Exército #Forças Armadas #Lula #Marinha #Tecnologia

Governo

Ceitec ganha sobrevida, mas não se sabe para que

9/11/2023
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A decisão do presidente Lula de suspender a liquidação da Ceitec encerra uma novela e dá início à outra. Segundo o RR apurou, o governo pretende montar uma comissão, com representantes de diversos Ministérios e da iniciativa privada, para elaborar um novo plano de negócios para a fabricante de semicondutores estatal. Parece uma decisão de quem não sabe muito bem que decisão tomar. No início do mandato, o Palácio do Planalto criou um conselho interministerial para analisar a viabilidade econômico-financeira da Ceitec. A conclusão dos trabalhos foi adiada por duas vezes. No fim, esse colegiado levou 10 meses apenas para decidir que a Ceitec não deveria ser extinta

#Ceitec #Lula

Destaque

Agronegócio bate de frente com governo Lula e União Europeia

31/10/2023
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O esforço da gestão Lula para lustrar a imagem do Brasil na área ambiental deverá sofrer um incômodo revés. O agronegócio está engajado em duas frentes que têm tudo para despertar reações contrárias da comunidade internacional. Uma delas se cruza com as relações entre o Brasil e a União Europeia: segundo fonte ligada à entidade, a Aprosoja está decidida a liderar um movimento pela continuidade do uso do glifosato nas lavouras brasileiras.

Não está sozinha. Tem ao seu lado representações congêneres do agronegócio da Argentina e do Paraguai. De acordo com a fonte do RR, esse frentão está elaborando um manifesto contra a iminente decisão da UE de banir alimentos agrícolas produzidos com o uso do glifosato. O assunto é extremamente controverso e causa cisão entre as próprias nações do Velho Continente. A Comissão Europeia, braço executivo da UE, recomendou estender a autorização ao agrotóxico até dezembro de 2033.

No último dia 13 de outubro, a proposta foi levada à votação da União Europeia, mas não houve quórum mínimo, um indício de que dificilmente será aprovada. Procurada pelo RR, a Aprosoja não se manifestou.

Os grandes produtores brasileiros correm contra o relógio. Se nada mudar, a partir do próximo dia 15 de dezembro o defensivo agrícola será proibido na Europa. Péssima notícia para o agro brasileiro. O glifosato é o herbicida mais usado no país. Estima-se que esteja presente em cerca de 60% das áreas de plantio. Os efeitos do defensivo são objeto de controvérsia dentro da própria comunidade científica.

Vários países passaram a restringir ou mesmo proibir a substância com base, sobretudo, em um relatório produzido em 2015 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que classificou o herbicida como “provável cancerígeno humano”. Há, no entanto, pesquisas na direção oposta. Entre as de maior repercussão está o parecer científico divulgado, em 2022, pela Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) atestando que não há evidências de relação do glifosato com casos de câncer.  

O lobby internacional pelo glifosato se cruza com outro movimento contundente do agronegócio, este no front interno. Há uma ofensiva no Senado pela retomada da tramitação do projeto de lei nº 1.459/2022, mais conhecido como “PL do Veneno”, que flexibiliza regras para a aprovação e distribuição de agrotóxicos no país. A proposta está parada na Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Casa desde abril, muito em razão do empenho do próprio governo em barrar a mudança na legislação. Mas a “boiada” pede passagem e está prestes a atravessar a porteira. A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina negocia diretamente com Rodrigo Pacheco para que o PL seja apreciado e aprovado na CMA, última etapa necessária para a sua votação em plenário.

Em conversa com o RR, um dos líderes da Frente Parlamentar da Agricultura afiançou que a bancada ruralista já teria 46 votos a favor, cinco a mais do que o necessário para a aprovação. 

#Agronegócio #Lula #União Europeia

Política

PL quer destrinchar gastos do governo na Defensoria Pública

31/10/2023
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A oposição encontrou na Defensoria Pública da União (DPU) um flanco para atazanar o governo. O PL vai entrar com um requerimento de informação junto ao TCU. O objetivo é requisitar que o defensor-público geral em exercício, Fernando Mauro, divulgue os gastos do órgão sob a sua gestão – ou seja, desde 19 de maio, quando foi indicado temporariamente para o cargo pelo presidente Lula. O PL alega, desde já, que Mauro teria feito gastos indevidos, notadamente no pagamento de funções de confiança. Mesmo sem ser formalizado no comando da Defensoria, o próprio Igor Roque teria nomeado uma equipe de transição com dez pessoas. Ressalte-se que o PL foi um dos principais artífices para barrar a nomeação de Roque à chefia da Defensoria Pública, rejeitada na semana passada pelo Senado. 

#DPU #Lula #PL

Política

Ajuste fiscal x os “desajustes” de Lula

30/10/2023
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O anúncio de que a meta fiscal poderá tranquilamente não ser cumprida sem maiores ônus para a economia mostra “Lula sendo Lula”. O presidente muda compromissos, ideias, pensamentos em praça pública, sem que ninguém entenda. Não que seja mimético, um camaleão. Ele é o mesmo de sempre. Mas suas intenções é que são difíceis de decifrar. Elas, porém, existem. Complicado é o seu modo de fazer política; ele fala de forma oblíqua e contraditória, mirando o que os outros não veem. É senso comum no mercado que o presidente deu um by pass no ministro Fernando Haddad. Disparatou. Convocou um café da manhã com a imprensa para desautorizar seu principal ministro. Jogou para o alto todo o esforço da política econômica de acertar o fiscal. O que interessa é a gastança com investimentos e a humilhação frente ao Centrão. Essa interpretação faz mais sentido para os que acham Lula um “Bonaparte nordestino”, um político senil ou um caso de borderline avançado. Convém colocar mais elementos nesse caldeirão fiscal já transbordando de incertezas.  

O ministro Fernando Haddad, uma rocha para o mercado, mas sincero e sensato quando está no Planalto, já disse publicamente sobre sua insegurança no cumprimento da meta fiscal. No final de agosto, afirmou que ela dificilmente seria atingida, não obstante o mantra de que tudo será feito para alcançá-la. Ainda em outubro, o secretário do Tesouro. Rogério Ceron, apontou dificuldades para o cumprimento da meta de zerar o déficit do resultado primário. Todos, porém, falaram que nada muda na determinação do governo. Amém. Ou seja, dá empate quando se coteja as declarações sobre a firmeza de alcançar a meta com as dificuldades de alcançá-las.  

No mesmo dia da sua fatídica declaração, Lula falou com Haddad – assim como fala praticamente todo dia, presencialmente ou por celular. Estranha-se esse desentendimento. Seria uma peça de ficção se o presidente decidisse tomar para si a responsabilidade de flexibilizar uma meta desacreditada pela maioria do governo? Pelo Congresso? Pelo mercado? Pode haver um pulo do gato nessa pantomima.  Qualquer declaração dada por Lula já nasce “amaciada”, digamos assim. Suas contradições são facilmente digeridas. E ele voltar atrás não é novidade alguma. O presidente quer se livrar do discurso fura-teto, trazendo à baila o que todo mundo já sabe: as dificuldades políticas e orçamentárias para chegar a uma meta, que depende mais dos demais Poderes do que do governo.  

Como está tudo vinculado à receita fiscal, os sinais macroeconômicos indicam que o cenário tem piorado nesse quesito. Lula, portanto, estaria protegendo seu ministro da Fazenda, que permaneceria firme na defesa do seu objetivo, deixando para o presidente as dúvidas e relativizações. Se estourar o resultado do primário não furou teto nenhum. Não será improvável se Lula, em algum momento à frente, afirmar que a meta está mantida e o governo fará tudo para cumpri-la. De forma subliminar, o presidente vai jogando jeitosamente a dificuldade do ajuste nos interesses corporativos do Judiciário e Legislativo.   

Lula pretende trocar o rombo no orçamento pela aprovação não só da reforma tributária, mas de outras medidas estruturais – a reforma administrativa, por exemplo, conforme informou o RR. Para o mercado, que quer o ajuste fiscal para hoje, jogar com o tempo dessa maneira é que nem ler hieróglifos. Mas o que seria 0,25 pp a mais no déficit primário se esse rombo significasse o ajuste de um Estado disfuncional, ainda que um pouco mais caro do que o projetado. O presidente estaria jogando na sua carapaça de rinoceronte o impacto negativo já dado. Sendo o único que tem o condão de soluções improváveis, caso elas venham a ocorrer. O RR acredita que o enredo da meta fiscal ainda não terminou. Até agora, Lula fez política sempre de um modo esquisito, mas nunca deu pistas de que é maluco.

#Ajuste fiscal #Fernando Haddad #Lula

Destaque

Reforma administrativa é a joia da coroa no acordo entre Lula e Lira

27/10/2023
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Quanto vale a Caixa Econômica? Ainda que a forma e o mérito sejam moralmente contestáveis, a entrega do banco ao Centrão é uma moeda de troca decisiva para destravar um dos projetos estruturantes mais nevrálgicos para o país: a reforma administrativa. Já estaria fechado acordo entre Lula e Arthur Lira sobre a garantia de um fast track para a aprovação da proposta que o governo vai enviar ao Congresso ainda neste ano. Lira diz que já tem 23 frentes parlamentares apalavradas com a aprovação ou discussão da minuta de reforma que adormece na Câmara.

O Palácio do Planalto pretende realizar a reforma por meio de projetos de lei, e não por emenda constitucional, como é o caso da PEC 32, encaminhada ao Congresso pela gestão Bolsonaro. Lira, é óbvio, será peça-chave para acelerar a votação dos PLs. Até porque os projetos têm de passar rapidamente. Há uma eleição logo ali na frente.

O presidente da Câmara considera também que pode tirar uma casquinha do inevitável ganho político de Lula com as mudanças, que, nesse caso, seriam resultantes de um esforço combinado, o “Lulira”. Essas articulações remetem a uma pergunta: foi o Centrão que capturou Lula ou foi Lula que capturou o Centrão? As evidências mostram que esse é um falso dilema.

Com o seu estilo de fazer política por fatos que parecem consumados e linhas nunca retas, o presidente da República está entortando a espinha de observadores mais puristas. Goste-se ou não, aos poucos Lula vai construindo a ideia de que uma “democracia de permutas”, bem monitorada, pode fazer o país andar. E que as negociações feitas pelo Congresso ou o Centrão não são tão imorais conforme a leitura comum. Lula já aprovou o arcabouço fiscal, emplacou a reforma tributária na Câmara – para onde vai voltar após votação no Senado -, e, agora, pode tirar a reforma administrativa do papel. Lira ganha suas prebendas para distribuir ao seu grupo associado, e Lula recebe como reciprocidade a aprovação dos projetos políticos mais difíceis. Ou seja: em apenas um ano, seu governo vai deixar encaminhados três grandes projetos de reestruturação do Estado.

Não há paralelo de uma onda reformista dessa magnitude na República pós-reabertura. Mas, vamos lá: Quem tem o poder de encurralar mais o outro? Quem tem mais munição na cartucheira? Em síntese, quem tem “mais garrafas para vender” nesse toma lá dá cá? Lula ou Lira? O presidente da República tem um timing próprio. Segurou o quanto pode as mudanças na diretoria da Caixa. Ganhou tempo para aumentar o pacote de contrapartidas colocado à mesa de Arthur Lira.

E o presidente da Câmara já começou a cumprir sua parte. Nessa semana, o governo conseguiu aprovar a taxação para fundos exclusivos e offshore, medida fundamental para o cumprimento do arcabouço fiscal. Na linha de montagem de Lira, outros dois projetos de interesse do governo vão passar pela esteira em breve. Um deles é a proposta que muda as regras de tributação das subvenções públicas concedidas para atrair empresas ou estimular empreendimentos já existentes, como ICMS. Mas isso é tudo grão de milho. A espiga mesmo virá com a aprovação do estoque de mudanças estruturantes. É um jogo de ganha-ganha, apesar de muitas vezes parecer o contrário,

#Arthur Lira #Caixa Econômica #Lula #Palácio do Planalto

Destaque

G20 aumenta a tensão do governo com o crime no Rio de Janeiro

26/10/2023
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As discussões no governo federal sobre os ataques criminosos no Rio de Janeiro não estão circunscritas às áreas da Justiça e Segurança e de Defesa. O tema transbordou para o âmbito da Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência do G20, comandada pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira – da qual fazem parte ainda diversos outros ministros e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Há dois níveis de apreensão.

No aspecto reputacional, o que preocupa é a repercussão internacional da onda de violência no Rio a pouco mais de um ano do encontro do G20 na capital fluminense, em novembro de 2024. Existe o receio de uma repetição dos ataques no curto prazo, o que desmoralizaria o aparelho de segurança do Brasil, seja na esfera estadual ou federal. Ao mesmo tempo, os graves episódios da última segunda-feira, quando 35 ônibus e um trem foram queimados por criminosos, aumentam a tensão em torno do esquema de segurança que será montado para os sucessivos eventos oficiais do G20 programados para o ano que vem.

O momento crucial é a reunião de cúpula, com a presença na cidade dos chefes de Estado das 19 maiores economias do mundo e de altas autoridades da União Europeia. O temor é que o crime organizado aproveite as circunstâncias e a visibilidade global para dar uma demonstração de poder, com atos de violência no Rio durante o encontro dos líderes mundiais.

O governo dispõe de dados que permitem medir um pouco da temperatura no exterior em relação aos atos criminosos no Rio de Janeiro. A Secom vem monitorando o impacto que a violência na cidade tem na mídia internacional. Levantamento realizado a partir de uma base com mais de 614 mil veículos estrangeiros apontou, entre a noite da última segunda-feira e o início da tarde de hoje, 1.252 menções vinculando o Rio de Janeiro à criminalidade.

Os termos mais utilizados foram “mortes” e “homicídios” (427 registros), milícias (295) e violência (207). Ressalte-se que este é um recorte inferior a 48 horas. O mesmo trabalho de mineração traz outros indicadores ainda mais expressivos.

Considerando-se a mesma base, ao longo deste ano os veículos internacionais já publicaram 48.023 citações sobre o Rio associadas ao crime. Para se ter uma melhor noção do que representa, esse número corresponde a 39,8% da soma de todas as menções às outras 26 capitais do Brasil relacionadas à segurança pública (120.448). Destrinchando-se o mapeamento é possível observar as expressões mais associadas ao Rio.

Desde janeiro, são 25.418 referências vinculadas aos termos “homicídios” e “assassinatos”. Há 12.183 menções com a expressão “violência”. Além de 3.623 registros alusivos a “crime organizado” e “milícias”.

Em meio às conversas transversais entre diferentes áreas do governo, Lula adota manobras diversionistas, tentando ganhar tempo até encontrar medidas mais efetivas contra à crise na segurança pública. O primeiro movimento foi o envio de uma segunda leva de integrantes da Força Nacional de Segurança (FNS), uma solução que nada soluciona. No total, são 300 agentes, ou seja, na média um único homem para cada 25 quilômetros quadrados da Região Metropolitana do Rio. Outro balão de ensaio, que de tão usado por seus antecessores mal sai do chão, é o ressurgimento da proposta de criação do Ministério da Segurança Pública – ideia que já passou pelas gestões de Michel Temer, de Jair Bolsonaro e pela campanha eleitoral do próprio Lula.

Não passa de mais um truque de prestidigitação retórica para desviar o foco da plateia. Difícil achar uma saída que não passe por um movimento mais radical: muito provavelmente, a questão vai cair, mais uma vez, no colo dos militares.

Entre auxiliares próximos a Lula, existem vozes que defendem a intervenção federal como única medida possível para o enfrentamento do crime organizado no Rio de Janeiro. Há, inclusive, quem pondere que o envio de tropas das Forças Armadas para o Rio deveria ser feito logo agora, o mais longe possível de novembro de 2024, de forma a descolar a ação militar da reunião do G20. No entanto, independentemente do timing, Lula rechaça a ideia. Na última terça-feira, em entrevista, negou a intenção de decretar intervenção no Rio.

A recusa se deve a motivos óbvios: o presidente resiste a repetir Michel Temer e levar para dentro do Palácio do Planalto a responsabilidade pela crise na segurança pública, em última instância algo que compete aos governos estaduais.

Do ponto de vista político, os riscos são muito maiores do que o ganho potencial. Que o diga o próprio Temer. Durante a intervenção federal de 2018 no Rio, muitos dos índices de criminalidade regrediram. Mas os efeitos benéficos duraram pouco. Alguns meses após os militares se retirarem das ruas, os números voltaram ao patamar antigo.

É mais um motivo que pesa na balança e contribui para a resistência de Lula. Se 2018 deixou uma lição é que os oito meses de intervenção federal do governo Temer no Rio serviram apenas para varrer um pouco da poeira na superfície. Para ter de fato um impacto profundo, o Exército teria de permanecer um longo tempo à frente da segurança pública no Rio.

Em meio a pressões da opinião pública, assessores políticos do presidente Lula já monitoram também cobranças políticas, notadamente do Congresso, para a adoção de medidas mais duras e de caráter estrutural. Além de ações para a área de segurança stricto sensu, os ataques criminosos do início da semana fizeram recrudescer entre os parlamentares discussões em torno da proposta de que o Rio de Janeiro volte a ter o status de capital federal, coexistindo com Brasília. Em 2020, o então deputado federal bolsonarista Daniel Silveira chegou a divulgar a minuta de uma PEC sobre o tema. Mas o projeto não foi protocolado na Câmara. Diante das circunstâncias, o tema reaparece, mais atual e premente do que nunca. Seria uma medida de efeito reparador, na tentativa de fechar as chagas abertas com a transferência da capital. Foi um ato de violência do qual o Rio jamais se recuperou.

#Banco Central #Fernando Haddad #G-20 #Lula #Rio de Janeiro #Secom

Governo

Sindicalistas vão a Lula na tentativa de blindar o orçamento do FAT

26/10/2023
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Líderes da CUT, da Força Sindical e da UGT (União Geral dos Trabalhadores) solicitaram uma audiência com o presidente Lula. Entre outras questões, pretendem apresentar um relatório com os efeitos negativos do sistemático repasse de recursos do FAT para cobrir o déficit da Previdência Social. O documento centra suas baterias no impacto nocivo sobre os programas de requalificação e capacitação dos trabalhadores, afetados pela transferência de verbas do Fundo. A prática começou no governo Bolsonaro e foi mantida no Orçamento do FAT para 2024, já elaborado pela gestão Lula. O assunto tem, inclusive, causado fricção entre as centrais sindicais e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Os representantes dos trabalhadores no Codefat, responsável pela gestão do FAT, entendem que Marinho pouco tem se empenhado no governo para zerar ou ao menos reduzir a transfusão de recursos para o INSS.

#CUT #FAT #Lula

Energia

As aproximações sucessivas entre Brasil e Bolívia

25/10/2023
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O presidente Lula vai enviar o próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à La Paz para conduzir as negociações sobre a retomada dos investimentos da Petrobras na Bolívia. A visita de Silveira deverá resultar em uma espécie de memorando de entendimentos com a YPFB. O terreno para a viagem do ministro de Minas e Energia está sendo preparado pelos executivos da Petrobras que desembarcaram na capital boliviana no fim da semana passada. Os representantes da estatal manterão uma agenda de reuniões com a direção da YPFB para possíveis investimentos conjuntos na extração de óleo e gás e também na produção de lítio – – conforme o RR antecipou.

#Alexandre Silveira #Bolívia #Lula #Ministério de Minas e Energia #Petrobras #YPFB

Política

Planalto negocia com Rodrigo Pacheco um fast track para novos ministros do STJ

23/10/2023
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O governo Lula que atrasa a nomeação do futuro Procurador-Geral da República é o mesmo que tenta acelerar a indicação dos novos ministros do STJ. O Palácio do Planalto negocia com Rodrigo Pacheco para que os nomes de Daniela Teixeira, José Afrânio Vilela e Teodoro Santos sejam levados ao plenário do Senado ainda neste mês. O ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, conversou diretamente com Pacheco sobre o assunto. O problema é o tempo apertado. A sabatina do trio na Comissão de Constituição e Justiça está marcada para a próxima quarta-feira, dia 25. A única fresta na pauta do Senado seria na terça-feira seguinte, dia 31.

#Lula #Procurador-Geral da República #Rodrigo Pacheco #STJ

Destaque

Iveco corre contra o relógio para colocar seus blindados na Argentina

19/10/2023
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Às vésperas das eleições presidenciais na Argentina, uma negociação comercial com o país vizinho agita os bastidores nas áreas diplomática e militar. A Iveco mantém gestões junto ao governo, notadamente ao ministro da Defesa, José Múcio, para que o Brasil feche até o fim de novembro os termos da venda dos blindados Guarani produzidos em Sete Lagoas (MG) ao Exército argentino. Por termos, entenda-se, principalmente, o financiamento do BNDES, condição fundamental para que a Argentina consiga sacramentar o pedido.

Segundo o RR apurou, na tentativa de viabilizar a operação, a companhia e o próprio governo brasileiro já trabalham com a hipótese de uma cisão na encomenda. Nesse caso, o banco financiaria uma primeira tranche, envolvendo a venda de metade dos 161 veículos previstos originalmente – o que significaria um contrato da ordem de R$ 1 bilhão.  

O timing é fundamental. A negociação está diretamente ligada ao pleito do próximo dia 22, na Argentina. A Iveco tenta criar um fato consumado, um hedge para o caso do oposicionista Javier Milei vencer as eleições. Durante a campanha, o candidato de extrema direita tem repetido que vai aumentar consideravelmente os gastos na área de Defesa.

Fala, inclusive, em retornar a níveis de 30 anos atrás, quando o país investia quase 2,5% do PIB no setor – hoje, esse índice não passa de 0,8%. No entanto, em relação especificamente ao projeto de compra dos novos blindados para o Exército, Milei é uma incógnita. Até agora, não deu pistas do que pretende fazer.

O risco é que, uma vez eleito, ele enxergue a operação mais seu fardamento político do que militar. O negócio ficou razoavelmente carimbado como um acordo entre Lula e Alberto Fernandez, sobretudo pela garantia de financiamento do BNDES. 

As tratativas para o fechamento do contrato são complexas. Passam não apenas pela Iveco, fabricante dos blindados, e também por canais diplomáticos e militares entre os dois países. O Exército brasileiro está diretamente envolvido nas negociações.

Em maio, o próprio comandante da Força, general Tomás Miguel Paiva, esteve em Buenos Aires, quando teria tratado do assunto com o seu congênere argentino, o general Guilherme Pereda. Além de trabalhar por uma operação importante para a indústria de defesa brasileira, o Exército tem um interesse especial no acordo: detentor dos direitos sobre o Guarani, a instituição pode arrecadar até R$ 140 milhões em royalties caso os 161 veículos sejam vendidos.  

Em tempo: há ainda um componente adicional nesse enredo. Na leitura da Iveco, o governo Lula tem um “débito” para honrar. Em julho deste ano, o Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento do Itamaraty vetou a negociação de 450 viaturas Guarani para a Ucrânia. Os veículos seriam transformados em ambulâncias blindadas.

  Até hoje, as razões para a decisão não foram esclarecidas pelo governo brasileiro. A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados já requereu ao Itamaraty que explique os motivos do veto. O fato é que a Iveco viu escapar um contrato que poderia chegar a R$ 3,5 bilhões.  

#Argentina #Blindados #BNDES #Iveco #Lula

Destaque

Estados Unidos e México cobram do Brasil medidas para estancar imigrantes ilegais

17/10/2023
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Um tema espinhoso está ganhando peso na pauta diplomática entre Brasil, Estados Unidos e México. Segundo uma alta fonte do Itamaraty, o governo mexicano articula uma reunião entre autoridades dos três países para tratar do problema da imigração ilegal na América do Norte. O encontro deverá ocorrer ainda neste mês na Cidade do México.

O Brasil vai para a discussão em uma posição razoavelmente desconfortável. De acordo com informações filtradas do Ministério das Relações Exteriores, Estados Unidos e México têm cobrado do governo Lula ações mais efetivas para conter o fluxo de imigrantes brasileiros que tentam atravessar clandestinamente a fronteira entre os dois países. Há pressão, sobretudo do departamento de estado norte-americano, para que as autoridades brasileiras arranquem o mal pela raiz, ou seja, combatam quadrilhas que atuam em território nacional. Existem grupos criminosos no Brasil que chegam a cobrar US$ 15 mil por pessoa com a promessa de entrada nos Estados Unidos.

Além disso, Washington quer que o governo Lula mantenha iniciativas severas implementadas na gestão de Jair Bolsonaro que facilitam e agilizam a deportação de imigrantes ilegais. Assessores do presidente para a área de política externa, a começar pelo mais influente de todos, o embaixador Celso Amorim, já cogitaram a possibilidade de revogação de acordos diplomáticos assinados entre Brasil e Estados Unidos em 2019, logo no primeiro mandato de Bolsonaro.

A principal medida é a possibilidade brasileiros serem deportados apenas com atestado de nacionalidade emitido pelo Consulado, sem a necessidade de confecção de um novo passaporte ou identidade – a maior parte dos imigrantes detidos ilegalmente não porta documentos pessoais.

Este é um tema de razoável recorrência na agenda do Brasil com Estados Unidos e México. Nos últimos meses, no entanto, a questão tomou uma dimensão maior. A área de Investigações de Segurança Interna do Immigration and Customs Enforcement’s (ICE), o serviço de imigração norte-americano, e o Instituto Nacional de Migración, seu congênere mexicano, desbarataram uma grande quadrilha responsável por levar brasileiros ilegalmente para os Estados Unidos.

As autoridades descobriram também o uso de duas novas rotas a partir do estado de Yucatán, no Golfo do México, até a região de Nova Laredo, na divisa com o Texas, um trecho de mais de 2,2 mil km. De acordo com números do ICE reportados ao Ministério das Relações Exteriores, mais de 25 mil brasileiros foram presos entre janeiro e agosto tentando entrar clandestinamente em território norte-americano. Trata-se de um volume 18% maior do que o registrado em igual período no ano passado.

A elevação do fluxo de brasileiros se dá justamente no momento em que o governo de Joe Biden implementou mudanças na sua política de imigração, acelerando a deportação dos estrangeiros detidos tentando entrar ilegalmente em território norte-americano. Além disso, Estados Unidos e México também assinaram um novo acordo.

O governo mexicano – que, historicamente atua como um backing vocal da Casa Branca na questão da imigração ilegal – se comprometeu a “despressurizar” as cidades na área de fronteira, agilizando a identificação e deportação de imigrantes ilegais ainda detidos dentro do país.

#Estados Unidos #Itamaraty #Lula #México

Painel RR – Internacional

Como o mundo está vendo o Brasil no Conselho de Segurança da ONU

16/10/2023
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O Brasil está sob julgamento. Os olhos do mundo se voltam para a forma como o governo brasileiro, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, tem conduzido as tratativas em torno dos conflitos entre Israel e Hamas. O escrutínio global em um momento tão sensível pode ser determinante para afastar ou aproximar o Brasil de um velho projeto: tornar-se membro permanente do Conselho. 

  • Saboor Bayat 

A atuação do Brasil do contexto da guerra, na condição de presidente do Conselho de Segurança, tem chamado a atenção pelo seu papel ativo e pela dedicação acerca das questões humanitárias. O país assumiu um papel mediador perante um Conselho de Segurança dividido entre os países envolvidos no conflito.  

 

  • Michelle Nichols 

Também na sexta, o Brasil, apresentou a proposta de pausas para permissão de acesso à ajuda. Ambos condenaram os ataques e a hostilidade contra a população, enquanto a Rússia divulgou um projeto clamando pelo cessar-fogo humanitário. O Brasil condenou diretamente o grupo Hamas, enquanto a Rússia não citou nomes. Os membros do Conselho de Segurança têm apresentado dificuldades de chegar a um consenso sobre o conflito. Os cinco membros permanentes do conselho (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) possuem alinhamentos geopolíticos distintos em relação aos envolvidos na guerra

 

  • “Trabalho incansável” 

Lula afirmou que a atuação do país enquanto presidente do Conselho de Segurança da ONU será de “trabalho incansável” para evitar a propagação do conflito no Oriente Médio e para evitar uma catástrofe humanitária. O presidente tem tratado com autoridades do Egito a saída de brasileiros de Gaza, por meio da abertura da passagem de Rafah, na fronteira com o território egípcio. O governo do Egito teme em abrir a passagem e sofrer com o fluxo migratório intenso de pessoas em busca de refúgio e também com a possibilidade de infiltração do Hamas no país. 

 

  • Convocação do Conselho 

O jornal israelense destaca a postura do Brasil e de seus diplomatas pela convocação de uma reunião do Conselho de Segurança. De certa forma, a análise vale mais pelo que não está escrito: chama a atenção que um veículo israelense não tenha feito críticas à demora do governo brasileiro em se referir ao Hamas como um grupo terrorista. 

#Grupo Hamas #Israel #Lula #Michelle Nichols #ONU #Rússia #Saboor Bayat

Destaque

Dragagem do Rio Paraguai é o novo ponto de tensão entre Marina Silva e o agronegócio

16/10/2023
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A ministra Marina Silva está no centro da mais nova queda de braço entre o agronegócio e o governo Lula. A bancada ruralista tem feito pressão em Brasília pela concessão da licença ambiental para a dragagem do chamado tramo sul do Rio Paraguai, um trecho de 592 quilômetros entre Corumbá e a foz do Rio Apa. Segundo o RR apurou, integrantes da Frente Parlamentar da Agricultura solicitaram uma audiência com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para tratar do assunto.

Querem também uma reunião com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e o Coordenador-Geral de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Fluviais e Pontuais Terrestre do Instituto, Regis Fontana Pinto. Os grandes produtores rurais do Centro-Oeste e companhias de navegação tratam a limpeza como fundamental para aumentar o escoamento de grãos pela Hidrovia do Paraguai. No entanto, há uma Marina Silva no meio desse rio.

No Ministério do Meio Ambiente e do Ibama há fortes restrições à obra. Aos olhos do aparelho ambiental do Estado, o projeto conduzido pelo DNIT descumpre uma série de requisitos. Segundo o RR apurou, o Ibama levantou riscos de danos à qualidade da água para o abastecimento público, notadamente às populações ribeirinhas. De acordo com informações filtradas do Ministério, um minucioso estudo assinado por cientistas da Embrapa Pantanal, ICMBio, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e Panthera, organização global de conservação de felinos selvagens, aumentou ainda mais a resistência da ministra Marina Silva e de sua equipe.

Os pesquisadores apontam os potenciais impactos da dragagem para o Pantanal, com declínio nos sedimentos e nutrientes e diminuição dos habitats dos peixes, com severos efeitos sobre a subsistência e a atividade econômica da pesca na região. Um exemplo: a ruptura das termoclinas (camadas de oxigênio dissolvido), com a consequente mistura de faixas distintas da água, é uma ameaça à fauna local. Consultado pelo RR, o Ibama não se manifestou até o fechamento desta matéria.

Guardadas as devidas proporções, a dragagem do Rio Paraguai virou uma espécie de “Margem Equatorial” do agronegócio para a gestão Lula, em referência à rígida posição da ministra Marina Silva. Se, no caso da Foz do Amazonas, a pressão maior vem do próprio Estado – a Petrobras -, o impasse em relação à hidrovia é mais uma zona de fricção entre o governo e um setor da economia que já é naturalmente hostil ao presidente Lula. O ciclo das secas, que vai até o início de dezembro, aumenta os decibéis das cobranças do agronegócio em Brasília. O período potencializa os prejuízos causados pelo assoreamento de diversos trechos do Rio Paraguai.

As interrupções no fluxo de navios carregados são constantes. Estima-se que seja necessária a retirada de até dois milhões de metros cúbicos de sedimentos do manancial, trabalho previsto para quase três anos. Mesmo com as condições adversas de navegabilidade, a Hidrovia do Paraguai tem sido uma rota crescente não apenas para o agro, mas também para o setor de mineração. No primeiro semestre deste ano, o transporte de grãos cresceu 258% em comparação a igual período do ano passado. No caso do minério de ferro, o aumento beirou os 60%.

#Agronegócio #Ibama #Lula #Marina Silva #Renan Filho #Rio Paraguai

Política externa

Lula calibra o timing e a forma para se posicionar sobre conflitos em Gaza

10/10/2023
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A partir das conversas mantidas entre Lula e seus assessores de política externa, notadamente Celso Amorim, desde o fim de semana, há três possibilidades sobre a mesa para o posicionamento do Brasil em relação ao confronto entre Israel e o Hamas.  Uma delas é o envio de uma carta aberta do presidente brasileiro a todos os 193 países membros da ONU. Outra ideia é um manifestação de Lula por meio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, neste momento presidido temporariamente pelo Brasil.

Do ponto de vista formal, o presidente se dirigiria a um número restrito de nações – o Conselho tem 15 integrantes, sendo cinco permanentes (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China). Por fim, a terceira hipótese discutida é um posicionamento de Lula ao G-20. Este seria o caminho menos convencional. A rigor, o “clube” das 20 maiores economias globais é um fórum de ministros da Fazenda e autoridades monetárias.

No entanto, Lula avalia que há um custo de oportunidade. O fato de o Brasil ser o atual presidente do G-20 e sede da próxima reunião de cúpula, no ano que vem, daria uma dimensão maior ao posicionamento. Ressalte-se ainda que o grupo reúne os países que efetivamente decidem e mandam no concerto das nações.

#G-20 #Hamas #Israel #Lula #ONU

Política externa

Lula e Luiz Arce conversam sobre investimentos da Petrobras na Bolívia

9/10/2023
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Segundo uma fonte do Itamaraty, Lula terá, nesta semana, uma conversa por telefone com o presidente da Bolívia, Luiz Arce. Vai tratar da retomada dos investimentos da Petrobras na exploração de gás natural no país vizinho. E do interesse do Brasil em estender o atual contrato de fornecimento do insumo, que vence em 2025. Os preparativos para a conversa entre os dois presidentes começaram na semana passada, quando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com o seu congênere boliviano, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Franklin Molina Ortiz. Na segunda quinzena de outubro, representantes da Pasta de Minas e Energia e da própria Petrobras são aguardados na Bolívia, mais precisamente em Santa Cruz de La Sierra, para encontros com autoridades locais. A ideia é que sejam discutidos projetos para as reservas de San Alberto, Sábalo, Itaú e San Telmo Norte, no departamento de Tarija.

#Bolívia #Itamaraty #Lula #Petrobras

Política

Com Haddad, está quase tudo dominado

6/10/2023
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A Faria Lima não comprou Lula. Nem vai comprar. Mas votaria em Fernando Haddad se ele trocasse de partido. Mesmo achando que a mistura de ortodoxia e heterodoxia econômica tem uma combinação maior do que a recomendável – o mercado sempre quer no mínimo uma pitada a mais de ortodoxia –, a política econômica está sendo bem aceita pelas instituições financeiras, conforme o RR apurou junto a três executivos do alto escalão dos seus respectivos bancos. Há senões. A insuficiência do corte de gastos para equilibrar o arcabouço fiscal, todo centrado na receita do governo, é um desses senões. A reforma tributária da renda, a que mexe com dividendos, redução do imposto de renda para pessoa física e aumento para empresas, taxação dos juros sobre capital próprio e etc são outros. No entanto, o que mais incomoda a banca é o timing. Os executivos acham que o governo Lula e, mais especificamente, Fernando Haddad se perdem em negociações muito longas de medidas econômicas que existem presteza.

O arcabouço, por exemplo, que chegou a ser festejado pela bolsa e pelo mercado de câmbio, não foi aprovado ainda. A reforma tributária, que está no Congresso há quatro anos e no início do governo Lula estava pronta para ser aprovada, ainda vem sendo revolvida por comissões e lideranças do Congresso. A disputa sobre quem perderá seus gravetos no inevitável rouba-montinho sobre o resultado das empresas – um arcabouço construído sobre a arrecadação exige que alguém pague mais – interessa menos à Faria Lima, mas está sendo acompanhada com atenção.

Fora uma ou outra lacuna menos expressiva, Haddad faz muito do que Paulo Guedes fez e faria. A principal diferença não é nem a miríade de medidas liberais que o ex-ministro tentaria emplacar, como a privatização, mas que Guedes achava que o Brasil não cabia nas suas necessidades e o governo Lula pensa o contrário. A conjuntura, se não vai muito bem, vai muito razoável. A questão dos juros, que deixava a Faria Lima com os nervos à flor da pele, já está resolvida. Já se sabe o quanto as taxas devem cair neste ano (1 pp a 1,5 pp, chegando a uma Selic entre 10% e 11%). Já está devidamente digerida a estratégia de que os juros podem cair menos do que se previa, ou seja, taxas “menos baixas” não receberão o ataque do governo. A relação entre Roberto Campos Neto e o Palácio do Planalto virou um namoro – o RR já publicou que Campos Neto é candidato e permanecer no cargo, em novembro de 2024. A inflação pode dar um ou outro repique, mas não sobe ao patamar de 5%. O desemprego, que está em 8%, pode chegar a 7% até o fim do ano. O PIB cresce bem em relação às previsões. Vai a 3% neste ano – no início de 2023, a projeção era de 1% – e pode passar um pouco desse índice, sem que o mercado acuse pressão inflacionária com o crescimento da economia. Está sendo construído com parcimônia o monte de dinheiro que o governo vai jogar na economia – BNDES, estatais, orçamento da União, corte de incentivos, fundos do exterior etc.

Que o governo vai gastar mais é líquido e certo. A emenda constitucional do arcabouço prevê aumento de despesa todo ano. Talvez a lentidão nas negociações com o Centrão e outros grupos de interesse tenha a ver também com a conta dos recursos a serem investidos. Lula quer garantir o PIB, que é um grande formador de expectativas no modelo de política econômica do seu governo. A nomeação do novo presidente da CEF, partilha de ministérios, dinheiro a ser distribuído para parlamentares gastarem aqui e acolá, tudo estaria na dependência do total dos dízimos a serem pagos aos mercadores do templo. É preciso ver quanto vai se dispender com os “emolumentos” para calcular os recursos que irão sobrar para fazer a economia crescer mais neste ano e, principalmente, no próximo. O fato é que, na aurora de 2023, quando os mais otimistas ficavam com um crescimento do PIB entre 0,5% e 1,5%, o RR dobrou a estimativa para 3%. Pois bem, a previsão já está dada como certa. Para 2024, o mercado não chega a 2%. O RR repete sua previsão de 3%. Quem quer fazer uma aposta?

O enigma, verdade seja dita, tem muito do fiscal. Só que o mercado acredita que o espaço para aumento de receita não é suficiente para fechar o resultado primário das contas públicas. A publicação considera o contrário. Entre cortes de incentivos, reonerações, dívidas transitadas e julgadas e outras judicializações, além do espaço enorme para medidas criativas, há dinheiro, sim, para se enquadrar nos limites do arcabouço e auferir uma receita adicional para aquecer a economia neste ano e em 2024. Um dos executivos consultados, contudo, considera que, se emplacar os bons índices de 2023 em 2024, arrumar um bocado o lado fiscal e conseguir fazer a reforma administrativa, Lula já garantiu números positivos até o fim do governo. Só não acerta no milhar se a economia mundial entrar em uma espiral de crise. Mas aí, não só o governo Lula, mas todos perdem.

#Faria Lima #Haddad #Lula

Destaque

Ipiranga e Liquigás são as “surpresas” de Jean Paul Prates?

6/10/2023
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O termo “surpresas” usado publicamente pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não foi uma mera força de expressão. Segundo o RR apurou, a estatal pretende retornar não apenas à distribuição de combustíveis, mas também ao setor de GLP. A dupla investida é tratada no governo Lula como um movimento carregado de forte simbolismo, uma vez que representaria a reversão de duas decisões da gestão Bolsonaro, marcada por uma política de desinvestimentos na estatal.

A alta direção da Petrobras está discutindo possíveis caminhos para levar os dois projetos adiante. O primeiro movimento não chega a ser surpreendente, já que o próprio Lula repetiu algumas vezes a intenção de recomprar a antiga BR Distribuidora. “Surpresa” mesmo seria a estratégia adotada para o retorno da Petrobras à comercialização de combustíveis. Em vez da reestatização da Vibra Energia, em voga desde a campanha eleitoral, a Petrobras partiria para a compra da Ipiranga, do Grupo Ultra.

 Segundo informações filtradas da própria companhia, o próprio Prates é um entusiasta da ideia de uma proposta para a aquisição da companhia. O entendimento é que as circunstâncias podem favorecer o movimento. Não obstante a histórica gestão de excelência do Ultra, a Ipiranga vem apresentando seguidos engasgos na sua operação. A empresa tem sofrido com o binômio perda de margens e aumento das despesas. No segundo trimestre deste ano, o Ebitda caiu 43% em relação a igual período em 2022.

A queda da rentabilidade levou a empresa a cortar na própria carne, com o fechamento de mais de 400 postos no primeiro semestre.  

Ao comprar a Ipiranga, a Petrobras voltaria ao setor com seis mil postos. Uma vez mantido o atual contrato de cessão do brand à Vibra Energia – um tema também em discussão na estatal -, a bandeira BR passaria a estar presente em mais de 14 mil unidades, o equivalente a um terço de todos os pontos de venda de combustível do país. Ou seja: a Petrobras multiplicaria consideravelmente a exposição da marca com uma dimensão superior até mesmo ao número de postos da antiga BR Distribuidora em seus tempos de estatal. A ofensiva sobre a rede do Grupo Ultra seria também uma forma de contornar as notórias dificuldades para a aquisição da própria Vibra.

O estatuto da empresa tem uma série de barreiras erguidas exatamente para impedir ou ao menos dificultar a reestatização da empresa. A principal delas é a pílula de veneno imposta a qualquer investidor que atingir 25% do capital. A título de exercício: tomando-se como base apenas a cotação em bolsa, ou seja, sem qualquer prêmio, o valuation para 100% da Vibra é R$ 22 bilhões.  

No caso do GLP, segundo uma fonte da própria estatal, entre as cartas colocadas sobre a mesa, a principal delas seria a recompra da Liquigás. A empresa pertence à Copa Energia, mas ainda carrega grande associação com a Petrobras, sobretudo pela manutenção da antiga marca dos tempos de estatal. Além do investimento estratégico per si, a operação seria vital para posicionar a Petrobras na direção da sustentabilidade. O GLP é um combustível mais limpo e alternativa natural de transição para uma matriz de baixo carbono. 

O regresso da Petrobras ao segmento de gás de cozinha permitiria, ainda, a ampliação do relacionamento da estatal com as camadas mais baixas da população, importante e histórica base de apoio a Lula. Não por outro motivo, Jair Bolsonaro instituiu o Auxílio Gás no apagar das luzes de 2021, ano anterior às eleições presidenciais – o que, inclusive, lhe valeu uma investigação no Tribunal de Contas, conforme informou o RR.

#GLP #Jean Paul Prates #Lula #Petrobras #Vibra Energia

Governo

Codefat põe ministro do Trabalho e centrais sindicais em rota de colisão

3/10/2023
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As relações entre o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e seus antigos companheiros de sindicalismo passam por um momento de turbulência. Os representantes das centrais sindicais no Codefat, órgão responsável pela gestão do orçamento do FAT (R$ 115 bilhões neste ano), pressionam o ministro para reduzir os intervalos entre as reuniões do colegiado. O governo Lula já está entrando no seu décimo mês e, até o momento, o colegiado foi convocado apenas duas vezes neste ano.

E, por ora, não há previsão de encontro para outubro. Historicamente, o Codefat sempre teve como padrão se reunir ao menos uma vez a cada dois meses. A estiagem tem postergado a análise de projetos a serem financiados com o dinheiro do FAT.

O mesmo se aplica às propostas levadas pelos representantes dos trabalhadores para ampliar o repasse de recursos a programas de capacitação e requalificação profissional. O calendário rarefeito do Codefat contrasta com as promessas de Marinho de fortalecimento do Conselho.

#Codefat #FAT #Luiz Marinho #Lula

Política

Haddad quer reforço na Câmara para votação das pautas econômicas

29/09/2023
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O ministro Fernando Haddad negocia diretamente com o presidente Lula para que os ministros com mandato parlamentar sejam “exonerados” por um dia para engrossar a votação a favor de projetos da pauta econômica. O expediente seria usado já na próxima semana, caso Arthur Lira leve ao plenário, conforme prometido, a proposta de tributação dos fundos offshore. Na Câmara, a estratégia do “bate e volta” permitiria o retorno temporário à Casa dos ministros Alexandre Padilha, Luiz Marinho, Marina Silva, Juscelino Filho, Paulo Pimenta, Paulo Teixeira e Sonia Guajajara. O sinal de alerta veio com a aprovação, nesta semana, do marco temporal no Senado. Margareth Buzetti (PSD-MT), suplente do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, votou a favor do projeto e, consequentemente, contra o governo

#Arthur Lira #Fernando Haddad #Lula

Institucional

“PEC da lista tríplice” coloca procuradores e Lula em rota de colisão

28/09/2023
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Lula atiçou o espírito de corpo dentro do Ministério Público. A Associação Nacional dos Procuradores da República vai se engajar pela aprovação da PEC que obriga o presidente da República a escolher o Procurador Geral da República pela lista tríplice. A mobilização teria o emblemático apoio de Luisa Frischeisen e Mario Bonsaglia, dois dos três nomes mais votados para a sucessão de Augusto Aras – votação essa que não será seguida por Lula, segundo ele próprio já declarou reiteradas vezes. Como se já não bastasse a reação dos procuradores contra o presidente, há – por que não? – um componente de provocação no apoio ao projeto. Quem desarquivou a Proposta de Emenda sobre o tema (25/2020) foi o senador e ex-juiz Sergio Moro.

#Augusto Aras #Lula #Ministério Público

Destaque

Brasil costura acordo com a Índia para reduzir déficit de medicamentos

25/09/2023
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Brasil e Índia estão alinhavando um acordo bilateral no setor farmacêutico. Segundo um fonte do Ministério das Relações Exteriores, as tratativas diplomáticas foram iniciadas há cerca de duas semanas, por ocasião do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Brasil e Índia estão alinhavando um acordo bilateral no setor farmacêutico. Segundo um fonte do Ministério das Relações Exteriores, as tratativas diplomáticas foram iniciadas há cerca de duas semanas, por ocasião do encontro entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Narendra Modi durante a reunião de cúpula do G20.

De acordo com informações apuradas pelo RR, a parceria passa pela ampliação do fornecimento de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) produzido na Índia para o Brasil. A ideia é que os dois países também desenvolvam pesquisas conjuntas na área farmacêutica. Na relação de trocas bilaterais, será uma das contrapartidas à recente criação de uma aliança global dos combustíveis entre Brasil, Índia e Estados Unidos, da qual o presidente Lula foi o principal artífice – entre outras medidas, o governo brasileiro se comprometeu a transferir aos indianos tecnologia para a produção de etanol.

O Brasil tem sofrido sistematicamente com a falta de uma série de medicamentos, problema que atinge, sobretudo, a rede pública de saúde. Entre os casos mais graves, há déficit de insulina, de antibióticos, como amoxicilina e azitromicina, e de remédios oncológicos, a exemplo do Trastuzumabe, usado no tratamento de câncer de mama. Guardadas as devidas proporções, existem semelhanças entre a indústria farmacêutica e o setor de fertilizantes no quesito dependência externa. O Brasil importa mais de 90% do IFA – o princípio ativo dos medicamentos – usado pela indústria farmacêutica local. Mais de 50% dos insumos vêm de quatro países – Alemanha, Estados Unidos, Suíça e China. A Índia ocupa apenas o nono lugar no ranking dos maiores vendedores de IFA para o Brasil. Há um enorme espaço de crescimento nessa relação vis-à-vis o peso do país asiático nesse mercado.

A indústria farmacêutica indiana é responsável, por exemplo, pelo suprimento de insumos para atender a quase 40% da produção de genéricos nos Estados Unidos. No caso da África, esse índice beira os 60%. A Índia responde ainda por quase 70% da demanda global de vacinas, com destaque para os imunizantes Vacina Tríplice Bacteriana, BCG e sarampo.

#Índia #Lula #Ministério das Relações Exteriores

Empresa

Embraer negocia venda de aviões militares para a Arábia

22/09/2023
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A Embraer teria aberto negociações para a venda de aeronaves militares KC-390 para a Arábia Saudita. A Força Aérea local pretende substituir seus aviões de transporte Lockheed C-130 Hercules, produzidos no fim da década de 1970. As tratativas são um desdobramento da aproximação entre os dois países e do recente encontro entre Lula e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Por sinal, o itinerário diplomático do presidente tem sido uma boa bússola das investidas comerciais da Embraer. A companhia negocia a venda de quatro KC-390 para a Angola, onde Lula também esteve recentemente. Consultada, a companhia não se manifestou. 

#Arábia Saudita #Embraer #Lula

Destaque

Brasil quer colocar seus green bonds na prateleira dos fundos soberanos

20/09/2023
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A emissão de US$ 2 bilhões em títulos verdes na Bolsa de Nova York, anunciada por Fernando Haddad na última segunda-feira, é apenas parte de uma operação engenhosa no mercado de capitais. A equipe econômica estuda o lançamento de green bonds junto a fundos soberanos árabes. Esta seria a terceira de uma sequência de captações globais planejadas por Haddad e seus assessores. A segunda está prevista para a Europa, no mesmo modelo idealizado para Nova York, ou seja, com a emissão dos títulos em bolsa. Convém ressaltar que a emissão na Nyse é considerada fundamental para o futuro êxito das demais operações.

O pulo do gato está mesmo reservado para o Oriente Médio, com uma colocação de papéis restrita, direcionada especificamente a um sindicato de fundos públicos da região. Trata-se de uma operação criativa, sofisticada e razoavelmente ousada. Na prática, é como se o Brasil estivesse engendrando um novo mercado, a partir de investimentos em bloco de Estados soberanos em um mesmo instrumento financeiro. Entre os potenciais tomadores estão potentados como o Abu Dhabi Investment Authority (ADIA), o Kuwait Investment Authority (Kia), o Public Investment Fund (PIF), da Arábia Saudita, e o Mubadala, também de Abu Dhabi – um quarteto que soma mais de US$ 2,5 trilhões em ativos. 

A compra de títulos públicos atrelados a metas de sustentabilidade seria uma forma desses países reciclarem sua riqueza, oriunda e produtora da emissão de dióxido de carbono. Esse cinturão da Opep estaria aplicando seus recursos em papéis rentáveis e, ao mesmo tempo, fazendo uma operação cleaner da sua imagem, uma espécie de “fund washing”. Um mero exercício matemático, com base no volume que será ofertado na Bolsa de Nova York: mantidos os valores constantes, nas três tranches o governo estima arrecadar algo em torno de R$ 30 bilhões até o fim de 2024.

A equipe econômica está convicta de que haverá tomadores de sobra para os green bonds brasileiros, seja os emitidos diretamente em bolsa, seja em uma operação on demand para fundos públicos árabes. Até porque poucos países no mundo têm hoje tanto prestígio e autoridade para falar de metas de sustentabilidade quanto o Brasil. A excelente repercussão internacional do discurso de Lula na ONU que o diga. Entre os chefes de Estado, talvez não exista hoje um melhor “vendedor” de títulos verdes. De quebra, há ainda o fator Marina Silva. A ideia do governo é que a ministra do Meio Ambiente tenha, simbolicamente, um papel maior nos futuros lançamentos de papéis, notadamente na Europa. Aos olhos da comunidade internacional, Marina é vista praticamente como a personificação do compromisso brasileiro com o desenvolvimento sustentável. Sua presença no governo foi fundamental, por exemplo, para a retomada dos investimentos soberanos, mais especificamente da Alemanha e da Noruega, no Fundo Amazônia. 

#Abu Dhabi Investment Authority #Fernando Haddad #Lula #Marina Silva #Mubadala #ONU

Judiciário

Barroso já imprime sua marca na presidência do STF

20/09/2023
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Luis Roberto Barroso vai cumprir uma intensa agenda institucional até o próximo dia 28, quando assumirá a presidência do STF. Após o encontro com Rodrigo Pacheco, na segunda-feira, pretende se reunir com o presidente Lula, ainda nesta semana. A peregrinação prevê ainda visitas a Arhur Lira, ao ministro Flavio Dino e ao presidente do TCU, Bruno Dantas.

Estas duas últimas conversas carregam um componente peculiar: tanto Dantas quanto, sobretudo, Dino figuram entre os nomes cotados para o Supremo, em substituição a Rosa Weber, prestes a se aposentar. Para além de uma agenda protocolar pré-posse, os movimentos de Barroso devem ser interpretados como uma sinalização interna corporis. A gestão de Rosa Weber como presidente do STF é objeto de críticas entre seus próprios pares na Corte.

A interpretação é que a postura excessivamente low profile da ministra acabou por esmaecer, em alguns momentos, a representatividade institucional do Supremo junto aos demais Poderes.  

#Flavio Dino #Luis Roberto Barroso #Lula #Rodrigo Pacheco #STF #TCU

Destaque

Petrobras e Saudi Aramco têm um encontro marcado na energia renovável

18/09/2023
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O governo Lula reserva um papel relevante para a Petrobras nas relações bilaterais entre Brasil e Arábia Saudita. Há articulações para uma parceria entre a estatal e a Saudi Aramco na área de transição energética. A ideia é que as duas companhias façam investimentos conjuntos em geração eólica e na produção de hidrogênio verde no Brasil.

O acordo poderá ser turbinado com aportes do PIF (Public Investment Fund), fundo soberano saudita, que já anunciou um mega plano de desembolsar globalmente US$ 1 trilhão ao longo da próxima década em setores estratégicos, como energia limpa e cadeia de alimentos. O acordo reforçaria a estratégia do governo de impulsionar a atuação da Petrobras em geração renovável por meio da associação com grandes grupos internacionais, vide a Equinor. A estatal já firmou um memorando de intenções com a petroleira norueguesa para a construção de até sete usinas eólicas offshore no litoral brasileiro. Procurada pelo RR, a Petrobras não quis comentar o assunto.

As tratativas envolvendo Petrobras e Saudi Aramco se dão em um contexto diplomático mais amplo e favorável ao Brasil. O presidente Lula foi um dos principais articuladores da entrada da Arábia Saudita, assim como de outros países, no bloco dos BRICs. Seu prestígio junto aos sauditas pode ser medido pelo recente encontro reservado com o príncipe Mohammed bin Salman por ocasião da reunião de cúpula do G20 na Índia.

O Brasil tem a oportunidade surfar na enxurrada de investimentos que a Arábia Saudita está fazendo para renovar sua matriz energética e econômica – baseada em petróleo, petróleo e petróleo. Recentemente, a própria Saudi Aramco anunciou investimentos de US$ 2,5 bilhões na instalação de duas usinas solares no país. Nos planos sauditas cabem projetos colossais, como The Line, a cidade futurista que está sendo construída no deserto e será toda abastecida com energia limpa. A associação com a Petrobras em transição energética tem correlação também com outros investimentos já feitos pelos árabes no Brasil, como a recente aquisição de 13% da Vale Metals pela Manara Minerals, leia-se o próprio PIF. Com o acordo, a Arábia passou a ter em território brasileiro uma privilegiada fonte de suprimento de níquel e cobre, essenciais para a produção de baterias elétricas.

#Arábia Saudita #Brics #Lula #Petrobras #Saudi Aramco

Governo

Minha Casa Minha Vida empurra aprovação de novos financiamentos

18/09/2023
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A retomada do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ainda não saiu do papel. Dois meses após o presidente Lula oficializar a sua recriação, o Ministério das Cidades não aprovou nenhum novo empreendimento no âmbito do programa habitacional. Consequentemente, a Caixa Econômica também não iniciou a análise de pedidos de financiamento para futuros imóveis. Há alguma previsão para o anúncio de novas obras? Por ora, a pergunta segue sem resposta. Em contato com o RR, a Caixa informou que os questionamentos deveriam ser direcionados ao Ministério das Cidades, gestor do programa.

A Pasta, por sua vez, não se pronunciou. A demora contrasta com a promessa do governo de ampliar o volume de financiamentos e o número de beneficiados, sobretudo com a recriação da Faixa 1, para famílias com renda mensal de R$ 2.640. No governo, à boca miúda, a morosidade na aprovação e inclusão de novos projetos no MCMV é atribuída aos “entulhos” do passado.

Por “entulhos”, entenda-se os imóveis não entregues no âmbito do Casa Verde Amarela – como o Minha Casa, Minha Vida era chamado no governo Bolsonaro. Ressalte-se que o peso não deve cair apenas sobre os ombros do ex-presidente Jair Bolsonaro. São mais de 180 mil unidades habitacionais não concluídas, pendências que se acumulam desde 2010, último ano do Lula II. Dessas, quase a metade, cerca de 85 mil, estavam com as obras totalmente paralisadas em janeiro deste janeiro. O empenho do governo é para retomar a construção de pelo menos 40 mil unidades ao longo deste ano.  

#Lula #MCMV #Ministério das Cidades

Política

Mais um aceno dos Republicanos a Lula

18/09/2023
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Após emplacar Silvio Costa Filho no Ministério dos Portos e Aeroportos, o Republicanos dá mais um sinal de alinhamento com o governo Lula. Na semana passada, o presidente do partido, o deputado federal Marcos Pereira, contratou a advogada Ezikelly Barros para atuar em nome da legenda junto à Justiça Eleitoral. A escolha carrega um forte simbolismo político. Atuando como advogada do PDT, Ezikelly foi uma das autoras da ação no TSE que culminou com a condenação e a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. 

#Lula #Ministério dos Portos e Aeroportos #PDT

Institucional

Mudanças à vista no tabuleiro político do Ministério Público

15/09/2023
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Enquanto Lula não bate o martelo sobre a sucessão na Procuradoria Geral da República, há uma mudança à vista no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF). O subprocurador Alcides Martins deixará o colegiado em outubro. A troca terá razoável impacto no equilíbrio de forças políticas dentro do MPF. Martins é um nome próximo ao atual PGR Augusto Aras, que ainda nutre esperanças de permanecer no cargo. Seu substituto será Luciano Maia, que foi vice-procurador geral da República na gestão de Raquel Dodge. Maia pertence à chamada ala independente do MPF. Ou seja: trata-se de um nome não alinhado aos principais candidatos à PGR, os subprocuradores Paulo Gonet, Mario Bonsaglia e Antonio Carlos Bigonha.

#Lula #MPF #PGR

Tecnologia

Governo Lula empurra decisão sobre fabricante de chips

8/09/2023
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O governo, ao que parece, não tem ideia do que fazer com a Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada), fabricante de semicondutores instalada no Rio Grande do Sul. Segundo o RR apurou, no fim de agosto, o grupo interministerial criado com o objetivo de estudar soluções para a empresa encaminhou seu relatório à Presidência da República e à Pasta da Ciência e Tecnologia. O documento recomenda a retomada das atividades, com novos projetos, como a produção de chips de 350 a 180 nanômetros, de tecnologia mais avançada e maior valor de mercado – informação antecipada pelo RR. É o modelo defendido pela ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. O Palácio do Planalto, no entanto, está longe de bater o martelo.

De acordo com a mesma fonte, sem qualquer justificativa ou sentido, o governo prorrogou os trabalhos da comissão interministerial por mais três meses, empurrando qualquer decisão para o fim do ano. Até lá, se o Centrão levar tudo que pede, a própria Luciana Santos provavelmente já nem estará mais no Ministério.

A julgar pelo Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024, o Palácio do Planalto talvez até já tenha tomado a sua decisão. Só não anunciou. O valor reservado para a Ceitec no ano que vem é de R$ 46 milhões, um corte de R$ 7 milhões em relação ao orçamento deste ano.

Não é verba de governo que quer levantar o negócio. Com essa cifra, qualquer plano de retomada das operações da estatal se torna inviável. Muito menos de reestruturação e ampliação das suas atividades. Estima-se que a Ceitec precisaria de investimentos da ordem de R$ 1 bilhão para produzir semicondutores com tecnologia mais sofisticada.

#Ceitec #Lula #Ministério de Ciência e Tecnologia

Governo

Comunidade científica pressiona governo Lula de fora para dentro do Brasil

5/09/2023
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A ciência vai subir o tom contra o governo Lula. Segundo o RR apurou, entidades representativas da comunidade científica estão elaborando um documento a ser encaminhado a grandes organismos multilaterais da área, entre os quais o ISC (Conselho Internacional de Ciência), que reúne 140 organizações nacionais, a TWAS (Academia Mundial de Ciências), ligada à Unesco, e a Anso (Aliança de Organizações Científicas Internacionais). O objetivo é angariar o apoio de renomados órgãos internacionais contra os cortes nos investimentos públicos para a área de ciência e tecnologia no Brasil. Seria uma tentativa de pressionar o governo de fora para dentro do país. 

Há uma escalada no discurso da área científica o governo. Na semana passada, 66 entidades, entre as quais 56 associações afiliadas à SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) lançaram um manifesto com duras críticas às restrições orçamentárias para o setor.

O protesto mirou nominalmente em Lula: “´A ciência voltou’, anunciou o Presidente Lula no dia 12 de julho, ao restabelecer o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Queremos ver, na prática, essa volta.”

O principal motivo da revolta é manutenção das despesas com Ciência e Tecnologia na limitação de gastos imposta pelo novo arcabouço fiscal aprovado no Congresso. Outra razão é a decisão do governo em limitar a 50% os recursos não reembolsáveis do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – com o nome diz, recursos que não precisam ser posteriormente devolvidos pelos beneficiados. A medida contrariou determinação do Conselho do FNDCT, que havia fixado esse índice em 60%.

#Ciência #ISC #Lula

Política externa

Lula vai fazer política externa sem sair de casa

4/09/2023
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A próxima “viagem” internacional de Lula deverá ser em Brasília. O Palácio do Planalto e o Itamaraty articulam um encontro entre o presidente e embaixadores estrangeiros. Na reunião, Lula deverá bater na tecla dos assuntos que costumam inflar seu prestígio no exterior, como meio ambiente, transição energética e segurança alimentar. Para além da pauta, o evento teria um forte valor simbólico: na última vez que um presidente da República reuniu os embaixadores no Palácio do Planalto, deu no que deu: foi o malfadado encontro de 18 de julho de 2022, quando Jair Bolsonaro atacou o STF e a Justiça Eleitoral e lançou suspeições sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. Exatos 347 dias depois, a diatribe rendeu a condenação e a inelegibilidade de Bolsonaro.

#Justiça Eleitoral #Lula #Palácio do Planalto

Destaque

Governo Lula costura aliança entre BRICs e banco de fomento da América Latina

31/08/2023
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O governo Lula está empenhado em redesenhar o mapa da geopolítica global. Após ser um dos artífices da entrada de novos membros no clube dos BRICs, ainda que em escala menor o Brasil quer fazer algo similar na CAF (Corporación Andina de Fomento). Segundo o RR apurou, o governo pretende liderar gestões para o ingresso de países dos BRICs no banco de desenvolvimento latino-americano. Já existem tratativas para a chegada dos Emirados Árabes e do Catar. Seria só um aquecimento.

O grande objetivo do Brasil é trazer, sobretudo, a China e a Índia, o que aumentaria o poder de fogo da CAF, hoje um organismo de pequeno calibre se comparado a outras agências de fomento multilaterais. Ressalte-se que os dois países já têm um pé na entidade: China e Índia, esta por meio do Eximbank of India, figuram entre os aliados globais da CAF.  

Tão ou mais importante do que o efeito concreto dessa parceria é o seu impacto simbólico. O governo Lula tem sido uma força motriz importante para a reconfiguração das alianças multilaterais, a partir de uma nova análise combinatória entre países e blocos. Trata-se de uma construção que tem sido erguida gradativamente, como neste caso específico. Em junho, por exemplo, o New Development Bank (NDB) – o Banco dos BRICs – e a CAF renovaram um acordo de cooperação firmado originalmente em 2016. Na ocasião, Dilma Rousseff, presidente do NDB, e Sergio-Diaz Granados, presidente-executivo da agência latino-americana, citaram textualmente a disposição de “co-financiar projetos de desenvolvimento públicos e privados em países de interesse mútuo”. 

Este é um movimento visto como estratégico dentro do Itamaraty. O apoio dos BRICs à CAF reforçaria a posição de liderança do Brasil na América Latina, colocando o país em uma posição ainda mais privilegiada nas relações de troca regionais. Ao mesmo tempo, evidenciaria a proeminência do Brasil entre os próprios BRICs. A inclusão dos Emirados Árabes Unidos e do Catar vai por este caminho. Sob certo aspecto, o ingresso dos endinheirados do petróleo no banco latino-americano seria uma espécie de contrapartida tácita ao empenho do Brasil para inclusão dos dois países entre os BRICs.

De acordo com uma alta fonte diplomática em Brasília, a iniciativa tem também o apoio da Argentina, um membro razoavelmente influente dentro do CAF. Nesse caso, em relação especificamente ao Catar, não há nada de tácito: o voto argentino seria mesmo uma retribuição ao recente empréstimo de US$ 775 milhões do país árabe para o governo de Alberto Fernández quitar obrigações financeiras junto ao FMI.

Como de hábito, não há jogo só de ida na geoeconomia global. Para nações como China e Índia, assim como outros membros dos BRICs, a associação à CAF seria um caminho para aumentar a influência em uma região chave para a economia do futuro. Na América Latina, a começar pelo próprio Brasil, estão alguns dos maiores projetos de transição energética em curso no mundo. O Mercosul, com sua produção de grãos, é um dos grandes fiadores da segurança alimentar no mundo. E quem quiser cobre, cobalto e, sobretudo, lítio terá de fincar bandeira na América do Sul.  

Em tempo: além dos BRICs, o Itamaraty trabalha também pela inclusão de países menos abonados da América Latina na CAF. Os dois primeiros seriam Belize e Martinica. O assunto deverá ser discutido na reunião de cúpula da CAF prevista para o próximo dia 14 de setembro, em Madri. 

#Brics #CAF #Lula

Destaque

Petrobras pode ser o ponto de fusão entre Brasil e Bolívia no lítio

30/08/2023
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A retomada dos investimentos da Petrobras em terras bolivianas vai além da exploração de petróleo e gás. A estatal poderá ser uma ponte entre Brasil e Bolívia para uma parceria na produção de lítio. Ainda que incipientes, já existem alguns passos nessa direção.

Segundo o RR apurou, uma comitiva da Petrobras viajará ao país vizinho no mês que vem para visitar reservas do mineral pertencentes à estatal YLB (Yacimientos de Lítio Bolivianos). A delegação deverá percorrer as jazidas de Uyuni, Coipasa e Pastos Grandes, que somam cerca de 23 milhões de toneladas de lítio já comprovadas. De acordo com a mesma fonte, a agenda incluiria também encontros com representantes da chinesa Citic Guoan Corporation e da russa Uranium One Group.

Ao lado da YLB, ambas estão construindo dois complexos industriais opara a extração e processamento do mineral nas reservas de Uyuni e Coipasa, um investimento da ordem de US$ 1,5 bilhão. Em contato com o RR, a Petrobras informou que “está, no momento, desenvolvendo estudos sobre os investimentos para seu Plano Estratégico 2024-2028.” Segundo a companhia, “o direcionador estratégico para a área de gás e energia e renováveis é atuar de forma competitiva e integrada, otimizando o portfólio e atuando na inserção de fontes renováveis, com um indicativo de investir entre 6% e 15% do total previsto em projetos de baixo carbono.

” A Petrobras lembra que “baterias e outras tecnologias de armazenamento de energia fazem parte do contexto da transição energética”. Mas é cautelosa e diz que “atualmente não há nenhuma definição quanto a investimentos ou parcerias neste segmento nem acerca de seu posicionamento no segmento de extração de lítio.”

O próprio ministro de Energia da Bolívia, Franklin Molina, já andou dando spoiler sobre o assunto. Há pouco mais de um mês, em entrevista a uma TV local, deixou escapar a possibilidade de a Petrobras investir em lítio no país. O script idealizado pelo Brasil vai ainda mais longe. O governo brasileiro vislumbra a oportunidade de trazer parceiros internacionais para a produção do mineral do lado de cá da fronteira. Mais do que isso: a parceria com a Bolívia seria o passaporte para um movimento multilateral sabidamente almejado pela gestão Lula: a entrada do Brasil na “Opep do Lítio”, o bloco que está sendo costurado por bolivianos, chilenos e argentinos, detentores de quase 70% das reservas globais do insumo. O governo brasileiro acreditar estar empilhando créditos para que isso aconteça: além da retomada dos projetos da Petrobras na Bolívia, há conversações para o aumento dos volumes de gás adquiridos do país vizinho.

#Bolívia #Lítio #Lula #Petrobras

Governo

TCU pode causar um apagão em universidade “inaugurada” por Lula

30/08/2023
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No início de julho, Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana, participaram, com toda a pompa, da cerimônia que marcou o início da construção da sede da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), em Foz do Iguaçu. Dois meses depois, o projeto está sob risco de paralisação. Consultas preliminares feitas pelo governo junto ao TCU indicam irregularidade no formato de financiamento do projeto, a cargo de Itaipu. Há um entendimento no Tribunal de Contas de que a hidrelétrica, ainda que binacional, é controlada pela União e, portanto, não pode aportar recursos em outros órgãos federais, caso da Unila. Assessores do Ministério da Educação já estão quebrando a cabeça para garantir a continuidade das obras. Ressalte-se que a instalação da universidade não está prevista no orçamento da Pasta. 

#Lula #Ministério da Educação #Unila

Política

Indigenistas vão pedir a Lula que interceda junto a Zanin

29/08/2023
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A cúpula do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à CNBB, já solicitou uma reunião com o presidente Lula. O assunto é Cristiano Zanin. No entendimento da ONG, maior referência na representação da causa indígena no país, o governo passou a ter um papel fundamental no trabalho de sensibilização de Zanin em relação ao julgamento do marco temporal. Hoje mesmo, pela manhã, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, se reuniu com o ministro do STF para tratar do tema. Na semana passada, Zanin foi contrário a uma ação contra a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, acusa de atos de violência contra indígenas da etnia Guarani Kaiowá. Entre os indigenistas, o voto acendeu um alerta. Foi interpretado como um sinal de que Zanin está inclinado a votar a favor do marco temporal, pelo qual os indígenas somente teriam direito de reivindicar terras ocupadas até a Constituição de 1988. 

#Lula #Zanin

Empresa

Huawei cresce ainda mais aos olhos do presidente Lula

29/08/2023
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A Huawei está dando os últimos retoques em um projeto para a expansão de sua fábrica em Jundiaí (SP). O grupo chinês vai ampliar a produção de antenas no rastro dos investimentos em 5G no país, capitaneados por TIM, Claro e Vivo. A ideia entre a cúpula da Huawei é se reunir com Lula para apresentar formalmente o plano de investimentos. Ressalte-se que, em abril, o presidente visitou o centro de pesquisa da companhia em Xangai. À época, ficou célebre a foto de Lula usando um óculos virtual produzido pela Huawei. A imagem foi postada nas redes sociais do presidente e posteriormente apagadas – o que, à época, foi relacionado às acusações de espionagem contra a Huawei feitas pelo governo Biden. O fato é que hoje as relações entre a empresa e o governo brasileiro são as melhores. Nada que lembre as traulitadas aplicadas por Jair Bolsonaro e seu chanceler Ernesto Araújo.

#Huawei #Lula

Política externa

Imbróglio logístico entre Brasil e Argentina chega ao fim

29/08/2023
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Uma novela diplomática que o RR vem acompanhando no backstage da diplomacia, detalhe por detalhe, está perto do fim: segundo uma fonte do Itamaraty, a Argentina já comunicou ao governo brasileiro que vai suspender a cobrança de pedágio na hidrovia Paraná-Paraguai. Para todos os efeitos, a decisão dos argentinos vai vigorar por 60 dias, o tempo para que o assunto seja discutido no Comitê Intergovernamental da Hidrovia. No entanto, no Ministério das Relações Exteriores, ninguém leva fé que o governo Alberto Fernández vai retomar o pedágio às embarcações que atravessam o corredor logístico. Sobretudo depois que Lula abriu a porta dos Brics para a Argentina e propôs que, na falta de dólares, o país vizinho possa pagar as exportações brasileiras com Yuan. Estava escrito nas estrelas – e no RR – que o governo Lula tinha crédito de sobra para acabar com o contencioso multilateral.  

#Alberto Fernández #Argentina #Brics #Lula

Política

O teatro de Ciro Nogueira com o governo Lula

28/08/2023
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À luz do dia, Ciro Nogueira faz campanha para que o PP fique fora do governo Lula; quando a noite cai, o ex-ministro de Jair Bolsonaro trabalha intensamente nos bastidores para emplacar Marcelo Lopes da Ponte na superintendência da Codevasf no Ceará. Está tudo em casa. Ele foi chefe de gabinete de Ciro no Senado, onde hoje seu filho, Marcelo Henrique Ponte, está lotado como auxiliar permanente júnior. No ano passado, Ponte comandou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Sob sua gestão, o FNDE esteve no centro das denúncias de desvio de recursos para atender pedidos de pastores evangélicos. 

#Ciro Nogueira #Codevasf #FNDE #Lula #PP

Política

Planalto já embrulha o pacote de cargos do Republicano

25/08/2023
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Assim que voltar da viagem à África, Lula vai se reunir com o deputado federal Marcos Pereira, presidente do Republicanos. O parlamentar teria sido avisado do encontro no início da noite de ontem, por meio do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. No tête-à-tête, Lula deverá confirmar o que Pereira tanto quer ouvir: o Republicanos vai indicar o futuro ministro dos Portos, no lugar de Marcio França, e o presidente da Funasa. No pacote talvez ainda caiba uma superintendência da Codevasf.

#Codevasf #Lula #Marcos Pereira

Governo

Fator Janja entra em campo na disputa pela PGR

22/08/2023
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Estava faltando o fator Janja na sucessão da PGR. Não está mais. Segundo o RR apurou, a primeira-dama tem feito campanha junto a Lula pela indicação da subprocuradora-geral da República, Luiza Frischeisen. Luiza tem uma trajetória dentro do MPF ligada à defesa dos direitos humanos e, em especial, das mulheres. Entre outros postos, liderou o Grupo de Trabalho de Combate à Violência Doméstica e Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos do Conselho Nacional do Ministério Público. A subprocuradora foi a primeira e a segunda mulher a liderar uma lista tríplice votada entre seus pares: chegou à frente em 2021 e repetiu a dose neste ano. Trata-se de uma desvantagem, a julgar pelas recorrentes declarações de Lula praticamente descartando a escolha de um nome votado pelos procuradores. Isso, claro, se Janja não virar esse jogo. Nesse caso, a primeira-dama provocaria um strike de candidatos mais cotados, a começar pelo próprio Augusto Aras, que conquistou setores importantes dentro do PT para permanecer onde está.

#Augusto Aras #Janja #Luiza Frischeisen #Lula #PGR

Empresa

BYD engata um investimento atrás do outro no Brasil

22/08/2023
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O CEO mundial da BYD, Wang Chuanfu, vai se reunir com o presidente Lula e o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, durante a sua visita ao Brasil em outubro. Ao que tudo indica, não será para falar “apenas” da fábrica de Camaçari, onde os chineses vão investir R$ 3 bilhões para produzir carros elétricos. Há fortes sinais de que Chuanfu deverá anunciar o projeto de instalação de uma nova planta industrial, no Pará, para a fabricação de chassis de ônibus elétricos

#BYD #Lula #Pará

Política externa

Lula vai à Angola e Angola vem ao Brasil vender o seu petróleo

21/08/2023
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O petróleo terá um papel central na pauta da visita de Lula a Angola, nos próximos dias 25 e 26.Os angolanos pretendem buscar investidores no Brasil para atuar na exploração e produção de óleo e gás. Segundo tratativas preliminares entre os dois países, a própria Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis de Angola pretende realizar um road show no Brasil para promover suas futuras rodadas de licitações. Há uma marcada logo ali na frente, em 30 de setembro, quando a agência vai leiloar as bacias terrestres de Kwanza e do Congo. Em tempo: cabe recordar que, em um passado recente, a Petrobras já teve operações de exploração e produção no continente africano, mais precisamente em Angola, Benin, Gabão, Tanzânia e Namíbia, por meio de uma joint venture com o BTG. Um negócio de incômoda lembrança tanto dentro da estatal quanto para André Esteves. Em 2019, a Lava Jato investigou suspeitas de irregularidades na venda dos ativos ao banco. 

#Angolana #BTG #Lula #Petrobras

Política externa

Lula tenta ganhar tempo no difícil encaixe do Mercosul com a China

17/08/2023
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Informação de alta fonte do Ministério das Relações Exteriores: o governo brasileiro avalia solicitar uma reunião entre os presidentes dos países membros do Mercosul até o fim de outubro. Seria um movimento de Lula, com o apoio da Argentina e do Paraguai, com o objetivo de se antecipar à viagem do presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, a Pequim, programada para novembro. Lacalle Pou insiste na negociação de um acordo bilateral com a China em detrimento de um tratado entre o Mercosul e o país asiático. De acordo com a mesma fonte, Lula deverá colocar sobre a mesa a garantia de que o Brasil não fará mais reduções unilaterais de tarifas de importação de produtos de fora do bloco econômico.

#Argentina #Lula #Mercosul #Paraguai

Destaque

Palácio do Planalto dá a partida na sucessão na Anatel

16/08/2023
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O presidente da Anatel, Rodrigo Baigorri, está na mira do governo. Há uma movimentação no Palácio do Planalto pela escolha de um novo nome para comandar a agência reguladora. Segundo o RR apurou, o mais cotado é Cezar Alvarez, uma espécie de eminência parda da área de telecomunicações. Alvarez foi assessor direto de Lula em seu primeiro mandato e, posteriormente, secretário executivo do Ministério das Comunicações no governo Dilma. Mas, como sempre, é preciso combinar com o Centrão – o Republicanos, do ex-ministro Marcos Pereira, é quem mais tem se mexido para fisgar a cadeira de Baigorri. O fato é que o governo está disposto a tirar do comando da agência um nome escolhido por Jair Bolsonaro e ligado ao ex-ministro das Comunicações, Fabio Faria. O cargo tende a se tornar ainda mais estratégico com a possível ampliação do escopo de atuação da Anatel. Há estudos para que a agência assuma a regulação de plataformas digitais, especialmente das redes sociais, dentro de um contexto de combate à propagação de fake news.

Há uma peça-chave em toda essa engrenagem: o TCU. O Tribunal de Contas pode ser um facilitador ou entrave às pretensões do governo de mudar o presidente da Anatel. A Corte deve concluir ainda hoje o julgamento do processo nº 001.016/2022-9, que analisa “possíveis irregularidades ocorridas nos procedimentos que culminaram na indicação de membro do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações ao cargo de presidente do Conselho Diretor da Agência”. Na área técnica do Tribunal, há o entendimento de que nenhum dirigente de agência regulatória pode ficar mais do que cinco anos no órgão, independentemente do cargo que ocupa. É o caso de Baigorri, que já estava no Conselho Diretor da Anatel em 2020 e foi nomeado para a presidência em 2022, com o mandato até 2026 – ou seja, seriam seis anos seguidos na Agência.

LEIA AINDA HOJE: o RR conta os bastidores da disputa pelo comando da Aneel.

#Anatel #Lula #Ministério das Comunicações #TCU

Política

Uma agenda sob medida para estreitar a distância entre Lula e o agro

16/08/2023
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Os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e da Fazenda, Fernando Haddad, têm discutido medidas emergenciais de apoio aos produtores de leite, que atravessam uma forte crise. É tudo a toque de caixa. A ideia é que Lula capitalize o “pacote” de ajuda. O anúncio seria feito pelo próprio presidente no próximo dia 26 de agosto, em Esteio (RS), na abertura da Expointer, um dos maiores eventos do agro no Brasil. Uma das propostas sobre a mesa é a criação de uma linha de crédito especial do BNDES, algo similar aos R$ 2 bilhões que o banco de fomento deverá liberar para financiar o setor de proteína animal. Fávaro também busca junto à equipe econômica verba suplementar que permita à Conab retomar os estoques oficiais de leite – conforme o RR já informou. O ministro da Agricultura tem pressa. Além da delicada situação enfrentada pela pecuária leiteira, devido ao boom das importações e à forte queda dos preços no mercado interno, Fávaro enxerga uma oportunidade política.

No cálculo tanto de Fávaro quanto do próprio Palácio do Planalto, seria um gesto importante de aproximação com o agronegócio. A Frente Parlamentar da Agricultura tem feito seguidas reivindicações para que o governo restrinja as importações de leite e libere recursos para o setor. Hoje mesmo, segundo o RR apurou, produtores vão se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Vai ter mais pressão sobre Carlos Fávaro.

Em tempo: à medida em que a Expointer se aproxima, maior a preocupação de Fávaro e seus assessores com os movimentos do MST. Uma eventual escalada de invasões nas próximas duas semanas criaria uma ambiência inamistosa para a participação de Lula no evento.

#Agronegócio #Carlos Fávaro #Fernando Haddad #Lula

Política externa

Macron é um fator de apreensão para o Brasil e o Mercosul

15/08/2023
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A recusa de Emmanuel Macron ao convite de Lula para participar da Cúpula da Amazônia acendeu um sinal de alerta no Itamaraty. Não obstante a boa relação entre ambos e as palavras elogiosas de Macron ao evento, postadas no Twitter na última terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores olha não para a figura, mas para o fundo. A ausência foi interpretada como um indicativo de que Macron vai endurecer ainda mais nas negociações em torno do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente francês tem sido um crítico contumaz dos países da América Latina no que diz respeito as suas políticas ambientais. A França é considerada uma peça-chave para a ratificação do acordo comercial entre os dois blocos econômicos. Tanto que entre os assessores de política externa de Lula, a começar por Celso Amorim, já há quem defenda uma nova viagem do presidente à Europa ainda neste ano, com mais um encontro tête-à-tête com Macron. Por sinal, Paris traz ótimas lembranças recentes. Foi lá que, em junho, fez um discurso histórico por ocasião da Cúpula para o Novo Pacto de Financiamento Global.

#Emmanuel Macron #Lula #Mercosul #Ministério das Relações Exteriores

Destaque

Marco das criptomoedas e Drex vão embalar discurso de Lula contra o crime

14/08/2023
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O presidente Lula fez chegar a Roberto Campos Neto que gostaria de participar de evento que conjugasse o lançamento do Marco Legal das Criptomoedas e na nova moeda digital, o Drex.  Lula até já assinou a regulamentação de ambos os decretos. Mas enxerga o gancho político por um outro prisma: o combate à criminalidade e à lavagem de dinheiro. O crime de fraude com criptomoedas estará incluso no Código Penal Brasileiro. O presidente da República poderá dizer que prenderá tantos e recuperará zilhões em recursos. Afinal, esses números não existem. O slogan é mais ou menos o mesmo: “Nunca antes na história desse país um presidente fez tanto para combater o crime”. No caso, o crime digital, o mais difícil de ser identificado.

Do ponto de vista do Marco das Criptomoedas, faz sentido. A regulamentação organiza algumas ações de compliance meio mequetrefes, mas se esmera em tipificações de criminalidades das chamadas exchanges. Será complicado alcançar todas as corretoras – algumas delas operando na deep web. A maior dificuldade para fiscalização será bloquear as exchanges que custodiam criptomoedas de terceiros sem garantias e prestação de contas sobre os investidores. Afinal, uma das premissas das criptos é a não identificação do “verdadeiro dono”, com a existência somente de um “código de identificação”. Está nesse caso, por exemplo, o jogador Gustavo Scarpa, que teve prejuízo milionário ao aplicar seu dinheiro em uma empresa que não tinha autorização para operar no mercado.  

O Marco das Criptomoedas virá em 2024/25, como um pé de galinha. Falta acertar com a CVM, a Susep, a B3, costurar um acordo com os países que têm legislação diferentes para as exchanges – o ideal seria um acordo que nem o feito com os bancos para troca de dados sobre depósitos irregulares, que gerou a repatriação de recursos. Lula, se quiser, terá subsídios de sobra para falar, ao lado do seu “novo companheiro”, Campos Neto, sobre o alvo e as medidas de controle. A estimativa é que o valor detido por brasileiros em criptomoedas seja da ordem de R$ 270 bilhões. A previsão é de que esse bolo seja de propriedade de apenas 3% da população brasileira. Nesse meio há “dinheiro bom”, reconhecido e negociado na B3, por exemplo. Mas o “dinheiro ruim” não é sequer estimável, tamanha a quantidade de elos da blockchain pelos quais ele trafega ilegalmente. O patrimônio líquido dos fundos de investimentos com exposição a criptoativos, o “dinheiro bom”, soma cerca de R$ 700 milhões. Um tiquinho.   

Mas com ou sem o aperfeiçoamento da legislação, e testes necessários, o mercado vai mostrando que a banda toca à revelia do maestro. A previdência privada, por exemplo, por se tratar de captação de poupança popular, justifica uma maior vigilância sob os investimentos. Já a Susep ainda está emaranhada nas especificidades. A CVM, outro órgão regulador, responsável pelo enquadramento dos cripto em valores mobiliários, anunciou que ainda vai publicar um arcabouço regulatório neste ano – mais de metade do calendário já passou. Mas, como foi dito, o mercado não quer saber e já saiu na frente, incorporando as “cripto do bem” na sua carteira de investimentos ofertados. Em parceria com o BTG, a Empiricus lançou o Cripto Prev, antes de maiores costuras no Marco Legal. Uma parcela de até 20% do patrimônio desse fundo pode ser alocada em criptomoedas. A Hashdex, por sua vez, é a primeira gestora de um fundo, em parceria com a XP e a SulAmérica,  que replica um índice específico e tem em seu portfólio dois fundos de previdência com criptos. Não faltarão fundos com a criptomoeda.  

Com relação ao Drex, a moeda digital, Lula pode muito bem capturá-la como a segunda e mais avançada etapa da digitalização da economia brasileira, que se iniciou no Pix. No momento, ela está em teste com a participação de mais de uma dezena de instituições financeiras. Segundo a nota do BC, o Drex, ou seja, o Real Digital, propiciará “um ambiente seguro e regulado para geração de novos negócios e o acesso mais democrático aos benefícios da digitalização da economia e cidadãos e empreendedores”. Democratização será uma palavra-chave. O Drex terá paridade com o real. Ele vem sendo desenvolvido por 90 países, além do Brasil. Os bancos é que terão de rebolar. Os governos poderão enviar dinheiro diretamente para o cidadão sem intermediação bancária. A moeda digital promete também mudar conceitos na política monetária.  

Em síntese, o Drex vai funcionar assim: Drex Digital, para o atacado ou interbancário; Drex Tokenizado, para o varejo, ou seja, versões tokenizadas do depósito bancário – o dinheiro em sua versão digital do que a pessoa física tem no banco; e títulos do tesouro direto, com possibilidade de compra e venda de títulos públicos federais no mercado primário e secundário. Separando as tecnicalidades, trata-se de uma revolução do sistema de pagamentos e do controle legal das criptomoedas. Basta arrumar a narrativa. E haveria melhor garoto propaganda para colocar esse bloco na rua do que Luiz Inácio Lula da Silva? 

#Criptomoedas #Drex #Lula #Roberto Campos Neto

Destaque

Fator Mantega provoca forte mal-estar no comando da Vale

10/08/2023
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As sinalizações de que o governo Lula quer emplacar Guido Mantega na presidência da Vale têm provocado um grande mal-estar no comando da companhia. O mais incomodado é o atual CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeo, que seria “sacrificado” para dar lugar ao ex-ministro. Segundo o RR apurou, conselheiros da empresa também já se manifestaram, intramuros, contra a possível mudança – em tese, a eventual indicação de um novo presidente da Vale teria de ser submetida ao board. Como se não bastasse a tentativa de ingerência do governo em uma empresa privada, a reação adversa é alimentada por outras informações que chegaram ao conhecimento de dirigentes da mineradora. Mantega já teria falado a terceiros de pelo menos dois nomes que levaria para as vice-presidências da Vale. O ex-ministro é boquirroto. Ele também teria dito que, se estivesse à frente da companhia, não faria agora a venda de parte da operação de metais básicos, leia-se a Vale Base Metals (VBM). Há cerca de duas semanas, a empresa anunciou a transferência de 13% do negócio para a Manara Minerals, joint-venture entre o fundo soberano da Arábia Saudita e a companhia de mineração estatal Ma’adene, e o fundo californiano Engine No.1. Ressalte-se que o mercado considerou o acordo bastante positivo para a Vale. A companhia amealhou US$ 3,4 bilhões, o que significou um valuation de US$ 26 bilhões para 100% da VBM. O RR enviou uma série de perguntas à Vale, mas a empresa não se manifestou. 

Mantega prega a ideia de que a Vale Base Metals tem um valor ainda não mensurado de seus ativos, que permitiria uma precificação maior. Mais uma do ex-ministro: Mantega defende que a VBM ou a própria Vale seja um agente do Brasil para a costura de acordos multilaterais, a começar pela entrada do país na “Opep do Lítio”. Trata-se do grupo que está sendo criado por Bolívia, Argentina e Chile, detentores de quase 70% das reservas globais do metal. Até o momento, o Brasil, dono de algo em torno de 8% das jazidas já comprovadas, está fora da mesa de negociações. Hoje, por sinal, já haveria tentativas do governador Romeu Zema para que a Vale se tornasse um dos investidores no Vale do Jequitinhonha, onde estão concentrados cerca de 85% do lítio brasileiro. Ressalte-se que a VBM tem ainda outro ativo estratégico e com potencial de grandes reservas, o cobalto, também valioso para a transição energética.  

Na Vale, a leitura é que as “confidências” de Guido Mantega foram feitas sob medida para serem vazadas. Elas quase que configuram um programa de campanha de Mantega na tentativa de emplacar seu nome na presidência da mineradora com o apoio ou talvez seja mais adequado dizer a intervenção direta de Lula. É como se o ex-ministro já estivesse atropelando o Conselho da companhia de antemão. Além disso, as afirmações atribuídas a Mantega foram interpretadas dentro da Vale como mais uma evidência da disposição do governo de “reestatizar” a empresa, sem necessariamente mexer na sua composição societária, mas, sim, com um take over da sua gestão. Desde 2020 a Vale deixou de ter um bloco de controle com a pulverização do seu capital. Ainda assim, o governo tem um certo peso decisório. A Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, é o maior acionista individual, com 8,72%. Não seria nada improvável que o fundo de pensão tivesse capacidade de aglutinar outros sócios relevantes para a construção de um bloco de influência, capaz, entre outras decisões, de impor mudanças na gestão da empresa.  

#Argentina #Bolívia #Chile #Guido Mantega #Lula #Romeu Zema #Vale do Rio Doce

Política

A “marcha cívica” de Lula com os evangélicos

10/08/2023
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A Frente Evangélica da Câmara articula um grande evento religioso em Brasília, na semana do 7 de Setembro, com a participação do presidente da República. O principal artífice é o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), que assumiu na semana passada a coordenação da “bancada da Bíblia” no Congresso. Câmara lidera uma espécie de dissidência da Frente Evangélica, encabeçando um grupo de parlamentares mais alinhados ao governo. O próprio Lula fez questão de conversar com Silas Câmara antes da sua posse e, não satisfeito, despachou três ministros para a efeméride – Marcio França, da Pasta de Portos e Aeroportos, Jorge Messias, da Advocacia Geral da União, e Marcio Macedo, chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. A aproximação com Câmara é vista no Palácio do Planalto como um pequeno grande passo de Lula para reduzir as notórias arestas com as igrejas evangélicas, que não são poucas. Nas últimas semanas, por exemplo, surgiu mais um ponto de fricção com a recomendação do Conselho Nacional de Saúde a favor da legalização do aborto e da maconha.

#Frente Evangélica #Lula

Governo

Governo Lula repete gambiarra orçamentária de Jair Bolsonaro

8/08/2023
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O ministro Fernando Haddad vem demonstrando que no seu íntimo ainda estão guardadas formas de agir do governo Bolsonaro. Difícil se livrar de um tiquinho de tanta malandragem fiscal. A ortodoxia do ex-ministro Paulo Guedes nunca foi impeditiva de manobras para desmoralizar o orçamento em prol do equilíbrio de contas. A medida matricial é quase singela: simplesmente se autoriza o gasto condicionado a uma receita futura. Ou seja: a despesa não tem cobertura; está indexado a um “recebível” que ainda não existe. O recurso pode até surgir por Medida Provisória, mas, na prática, continua sendo um estelionato orçamentário.  

A mensagem modificatória do PLDO enviada pelo governo, evitando um corte de até R$ 40 bilhões com base em uma receita inexistente, é puro Bolsonaro, ou melhor, Paulo Guedes. O governo passado usava o expediente para evitar artificialmente que o teto furasse, assim como jogava para tempos distantes pagamentos, como os precatórios, simplesmente inexequíveis do ponto de vista orçamentário. É verdade que não conseguiu passar a boiada desejada devido à insuficiência de verbas para programas como o Farmácia Popular e o Minha Casa, Minha Vida. Mas passou um outro tanto.  

Pois bem, para cada delito deveria haver uma punição. Mas no caso de desrespeito orçamentário só sobrou a desmoralização. A regra de ouro – ditame constitucional criado para evitar que as operações de crédito não superem as despesas de capital, circunstância em que estavam previstas graves advertências e punições, inclusive ao mandatário da República – virou deboche. Hoje, ela está restrita ao pedido de créditos adicionais suplementares, feitos como um lugar comum e sempre aprovados pelo Poder Legislativo. Não consta que qualquer desses pedidos tenha sido negado ou que o presidente e seu ministro da Fazenda tenham levado carão.  

O expediente do gasto condicionado a receita futura é maroto, porque ele não realiza a ação irregular, ele somente difere a solução. No caso presente, ele permite que Lula não tenha que comprimir as despesas do governo e ajuda também na arquitetura das contas públicas. Em tempo: esse mecanismo, usado pelo chefe da Nação, não estava previsto no projeto do arcabouço fiscal. O argumento é o mesmo de sempre: as despesas do governo não cabem no orçamento. Esse expediente já causou momentos hilários.

Bolsonaro, por exemplo, em medida festejada pelos grileiros, cortou 40% das verbas ambientais no comparativo do PLOA de 2021/2022. A complementação dos recursos ficou condicionada a receitas futuras ou à aprovação de medida provisória. Em 2019, Bolsonaro precisava de R$ 250 bilhões de créditos adicionais para fechar o orçamento, não furar o teto e se livrar da desmoralizada Regra de Ouro, que, a priori, poderia levá-lo à acusação de crime de responsabilidade fiscal e impeachment. Foi uma balinha de jujuba. A Regra seguiu sendo ridicularizada, e foi aprovado um crédito monstro suplementar, sem passar pela Regra de Ouro devido ao coronavírus. Com os precatórios, aposentadorias e pensões deu-se o mesmo.  

O ex-governador Antônio Carlos Magalhaes foi um cruzado do orçamento impositivo. Hoje estaria se regozijando com a festa das emendas parlamentares, calculadas a partir de um buraco sem fundo. O orçamento, pelo jeito, serve só como indicativo. No resto, é uma geleia disforme que pode ser moldada conforme o gosto do freguês.  

#Farmácia Popular #Fernando Haddad #Jair Bolsonaro #Lula #Minha casa #Minha Vida #Paulo Guedes

Destaque

Estratégia Nacional de Cibersegurança é “hackeada” dentro do próprio governo

8/08/2023
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O projeto do governo de implantar uma Estratégia Nacional de Cibersegurança corre o risco de acabar na gaveta das boas intenções. A criação da Agência Nacional de Segurança Cibernética (ANCiber), eixo central da iniciativa, enfrenta fortes resistências dentro da própria estrutura de Estado. A relutância vem de uma série de órgãos que temem perder poder com o surgimento de um ente regulador, a começar pelo Ministério da Justiça. A medida trisca na sua jurisdição. A ANCiber vai esvaziar atribuições hoje pertencentes à ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), subordinada à Pasta.

O rol de insatisfeitos tem outros nomes, como a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) – recentemente aparteada do GSI e agora vinculada à Casa Civil -, e a Polícia Federal. Há objeções também da parte dos servidores do Serpro, considerado a maior empresa pública de tecnologia da informação do mundo e responsável pelo processamento da base de dados de todo o governo federal. Outro ponto de fricção é o fato de que os estudos para a elaboração da Estratégia Nacional de Cibersegurança e a implantação da ANCiber estão a cargo do GSI.

Dentro do próprio governo, há um receio de que o Gabinete de Segurança Institucional acabe tendo uma ascendência excessiva sobre a Agência e consequentemente sobre a gestão de dados sensíveis, tanto públicos quanto pessoais. A experiência Jair Bolsonaro ainda está viva: em seu mandato, o GSI foi menos um órgão de Estado e mais um braço de apoio ao próprio Bolsonaro. Lula deu sinal verde para o Gabinete de Segurança Institucional tocar o assunto, atuando, inclusive, na formulação de um projeto de lei com a instituição da nova Política Nacional de Cibersegurança, que será encaminhado ao Congresso.

No entanto, entre colaboradores mais próximos do presidente, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, há quem defenda que a formulação da Estratégia Nacional de Cibersegurança seja transferida para a alçada de outra área do governo, como o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, de Esther Dweck. A Pasta já responde por assuntos correlatos, por meio da Secretaria de Governo Digital, que, entre outras atribuições, é responsável pela segurança da informação dentro da estrutura de Estado e por políticas de proteção a dados pessoais.  Há também entraves de ordem orçamentária para a criação da nova agência. Ainda não existe qualquer definição de onde sairão os recursos necessários para a implantação da estrutura da ANCiber, um custo estimado em aproximadamente R$ 500 milhões.

Entre polêmicas e obstáculos, um ponto não se discute: o país precisa para ontem de uma nova política de cibersegurança. O Brasil é uma República “hackeada”, vide os seguidos ataques a sistemas de órgãos de governo. No último mês de maio, por meio da Operação Lutcha, a Polícia Federal desbaratou uma “ciber quadrilha” que invadiu os sistemas do INSS, causando um prejuízo da ordem de R$ 1 bilhão. Em agosto de 2022, um grupo de hackers denominado Everest teria roubado mais de três terabytes em informações sigilosas de órgãos da gestão federal.

A facção chegou a anunciar a venda dos dados sequestrados na deepweb. Em dezembro de 2021, a fragilidade de defesa cibernética do Estado teve o seu auge, ao menos na extensão do número de alvos. Um ataque hacker sincronizado e de grandes proporções atingiu simultaneamente os Ministérios da Economia e da Saúde e mais de 20 órgãos da gestão federal, segundo investigações da Polícia Federal à época.  

A proteção de dados tem sido uma corrida inglória para os países em geral. O setor de governo é atualmente a segunda maior vítima de crimes cibernéticos, atrás apenas do segmento industrial e à frente da área financeira. Em média, são mais de 1,5 mil ataques por semana. O Brasil supera a marca global. Entre dezembro de 2022 e maio de 2023, o governo brasileiro sofreu uma média de 2,4 mil invasões ou tentativas de invasões, segundo relatório de inteligência de ameaças da israelense Check Point Software. 

#ANCiber #ANPD #Cibersegurança #Lula #Ministério da Justiça #Polícia Federal

Destaque

Governo Lula já vislumbra que o “Desenrola Brasil” veio para ficar

4/08/2023
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O “Desenrola Brasil” é o novo Bolsa Família. De acordo com discussões já travadas no Ministério da Fazenda, a ideia do governo Lula é transformar o programa de renegociação de dívidas em uma iniciativa “permanente”, e não somente em uma medida de tiro curto. Mesmo porque há um entendimento de que o próprio “Desenrola” vai gerar uma espécie de moto contínuo, a ser administrado no tempo. A “desnegativação” do nome sujo na praça permitirá que o beneficiado volte a ter crédito e retome seu poder de compra, o que, automaticamente, à medida que mais pessoas forem favorecidas, trará a reboque o risco de um repique na inadimplência.

Trata-se de um efeito colateral quase inexorável, na visão da equipe econômica um “custo marginal” vis-à-vis o impacto positivo do programa sobre o consumo, notadamente de bens duráveis, e o fomento da economia. É justamente a principal motivação para que o “Desenrola” passe a ser “permanente”, dado o seu caráter pró-cíclico e contracíclico. O governo poderá gerir o intervalo entre esses ciclos de aumento do consumo e eventual crescimento dos índices de inadimplência, inclusive com a possibilidade de dosar o alcance do benefício. Na primeira fase, por exemplo, o “Desenrola” mirou naqueles com dívida de até R$ 100 em 31 de dezembro do ano passado.  

A comparação com o Bolsa Família, que aparece nas próprias conversas internas na Fazenda e no Palácio do Planalto, é alimentada pelo peso político do “Desenrola”. Os futuros governos estarão quase que algemados à iniciativa. A exemplo do Bolsa Família, a leitura é que dificilmente um presidente, seja quem for, assumirá o custo de acabar com o programa de renegociação de débitos. Some-se a isso o fato de que o “Desenrola” é um presente para a banca e para o varejo. Em sua largada, mais de seis milhões de dívidas foram “desnegativadas”. É gente que gradativamente vai voltar ao mercado de crédito e aos balcões do varejo. 

#Bolsa Família #Lula #Ministério da Fazenda

Destaque

Brasil usa seu crédito com a Argentina para resolver imbróglio fluvial

2/08/2023
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O governo brasileiro já entrou em campo para desatar um raro nó nas relações diplomáticas com a Argentina. O Palácio do Planalto trabalha para que o governo argentino suspenda a tarifa extra imposta aos navios que circulam no Rio Paraná entre Santa Fé e Confluência, um trecho de aproximadamente 550 quilômetros. Denominada “Via Navegável Troncal”, a taxação consiste na cobrança de US$ 1,47 por tonelada de registro bruto da carga. O “pedágio” fere acordos firmados entre os países do bloco. O assunto subiu para o andar mais alto da República e tem sido objeto de conversas entre o Lula e o presidente Alberto Fernández. O Brasil tem a faca e o queijo na mão para equacionar o imbróglio, dada a notória ascendência de Lula sobre Fernández. Isso para não falar que a Argentina está pires de mão, pleiteando o apoio brasileiro a diversos projetos, a começar pela construção do gasoduto Nestor Kirchner.  

A cobrança da tarifa está impondo um custo adicional a empresas de navegação e de logística que operam na Hidrovia Paraguai-Paraná, um dos principais corredores de escoamento de cargas do Cone Sul. Há um pleito de entidades representativas, a exemplo da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação, de que o governo brasileiro interceda no caso. Na última sexta-feira, um episódio aumentou o senso de premência do Itamaraty em resolver a questão. Segundo o RR apurou, a Administração Geral de Portos da Argentina apreendeu o rebocador “HB Grus”, pertencente à Hidrovias do Brasil, que circulava no Rio Paraná.  O órgão exigiu o pagamento de US$ 4.232,13 para liberar a embarcação. Consultada pelo RR, a empresa não quis se pronunciar.  

No que depender das relações entre Lula e Fernández, os setores e empresas interessados no assunto já podem olhar o futuro com um pouco mais de tranquilidade. É o caso da Arauco. O grupo chileno está investindo mais de R$ 15 bilhões em uma fábrica de celulose em Inocência (MS). No plano logístico do grupo, o Rio Paraná será uma rota fundamental de escoamento. De acordo com informações obtidas junto a fontes do Ministério das Relações Exteriores, além das gestões do presidente Lula junto à Casa Rosada, o chanceler Mauro Vieira vai levar a discussão para o âmbito do Mercosul, na tentativa de acelerar um acordo com a Argentina.

#Alberto Fernández #Argentina #Lula #Portos da Argentina

Política

Ex-presidente da CEF amplia seu raio de ação no governo

2/08/2023
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Há um nome em alta no Palácio do Planalto. A ex-presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, nº 2 da Secretaria Geral da Presidência, é hoje uma das assessoras com mais prestígio junto ao presidente Lula. Com uma atuação transversal, tem colaborado na formulação de propostas que vão do PAC, na Casa Civil, ao Minha Casa, Minha Vida, vinculado ao Ministério das Cidades – a ponto, inclusive, de gerar alguns desconfortos ao entrar em jurisdições alheias, como na esfera de atuação da ex-ministra Miriam Belchior, secretaria executiva da Casa Civil. Mas, no PAC, é bom que se diga, quem manda mesmo é Belchior.

#Caixa Econômica Federal #Lula #Palácio do Planalto

Política

“Pacto” entre Lula e Lira tem bônus cruzados e alto retorno para o presidente

1/08/2023
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O acerto de Lula com Arthur Lira, seja lá o nome que se queira chamar, custa caro para o governo, mas vai render bons frutos para o presidente. Lula diz que não quer conversa com o Centrão, mas com todos os partidos. Na verdade, o papo firme é com Lira, que é quem fala com as siglas. A palavra Centrão já entrou no vernáculo com um significado próximo a “holding de partidos, cujos objetivos, é retirar o máximo de recursos em verbas e cargos”. Lula vai retribuir serviços prestados pela “holding” em número bem superior ao de Jair Bolsonaro, mas o acordo é que os projetos de lei e reformas emanem, prioritariamente, do Congresso e não sejam enviados como de autoria do governo. O orçamento e o arcabouço balizarão montantes. Eles dão os limites. O resto segue as regras conhecidas do troca-troca da política.  

O presidente da Câmara, que já tinha dito, espontaneamente, sobre a probabilidade de aprovação de uma reforma administrativa em dois meses – o projeto já está na CCJ, mas provém da gestão Bolsonaro – vai usar, brevemente, a lógica reversa. Dizer que a reforma administrativa é um projeto da Câmara, segundo Lira, adaptado pelo atual governo e que já contaria com o apoio de Lula. A reforma tributária do consumo será aprovada em oito meses, dependendo é claro da celeridade do Senado. 

Vale o registro de que a reforma tributária é tentada há 30 anos sem êxito.  Mas, a conversa com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é mais fácil; o custo da casa, mais barato, a identificação do interesse dos estados, muito mais veloz; e há bem menos dispersão. Lira já adiantou que a reforma tributária da renda será bem recebida e com tramitação rápida, e os projetos do PAC tratados com entusiasmo pelo “Centrão”. 

Lula deixou claro que as PPPs serão bônus valiosos para que o entendimento entre as partes perdure o mais longe possível. Se vingar o que a dobradinha Lula e Lira almejam, o presidente poderá dizer que nunca na história nenhum outro mandatário aprovou tantas reformas estruturais em tão pouco tempo. E com razoável probabilidade de emplacar ainda uma reforma federativa.  Lembrando que existe no meio do caminho uma pedra chamada PT. E o risco, ainda que hoje pequeno, de Lira se transmutar em Eduardo Cunha. Mas, aparentemente, Lula dá conta desses fatores.

#Arthur Lira #Lula

Política

Centrão quer arrancar Sudene da cota do PSB

1/08/2023
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A Caixa Econômica é hoje a peça mais importante no xadrez que Lula está jogando com o Centrão. São muitas variáveis em jogo, a começar pela notória preferência do Palácio do Planalto em nomear uma mulher para o lugar de Rita Serrano – nesse caso, o nome mais cotado é o de Margarete Coelho, que conta com a confiança de Arthur Lira. Diante desse desenho, o próprio PP já busca um Plano B para Nelson Antonio de Souza, inicialmente indicado pelo partido para a presidência da CEF. A alternativa colocada sobre a mesa é a nomeação de Souza para o comando da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Trata-se, sim, de um downgrade – mesmo porque não há tantas cadeiras no governo tão valiosas quanto a presidência da Caixa, mais cobiçada do que muitos ministérios. Ainda assim, a Sudene tem sua relevância política, a começar pela ingerência sobre o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), dono de um orçamento de R$ 34 bilhões para este ano. Além disso, Nelson de Souza tem uma notória ligação com a região: já foi presidente do Banco do Nordeste. Tudo muito, tudo muito bem, mas o Plano B negociado pelo PP tem uma contraindicação. A eventual nomeação de Nelson de Souza para a Sudene significaria a saída de Danilo Cabral, que assumiu a chefia do órgão há menos de dois meses. Cabral foi indicado pelo PSB, partido de Geraldo Alckmin e importante aliado do PT no Nordeste.  

#Banco do Nordeste #Caixa Econômica #Lula #PSB

Destaque

Casa da Moeda terá um novo valor no governo Lula

31/07/2023
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No que depender do arco de propostas em estudo no Ministério da Fazenda para alargar o raio de atuação da Casa da Moeda, a estatal pode voltar a ser o potentado que já foi um dia. Um dos projetos sobre a mesa soa como uma maviosa canção para Lula e Marina Silva. Trata-se da criação de uma espécie de certificado de sustentabilidade, um selo a ser aplicado em embalagens de produtos de consumo, atestando o cumprimento das melhores práticas ao longo de toda a cadeia de produção. No entendimento do governo, além da tecnologia própria, a Casa da Moeda teria autoridade suficiente para ser essa certificadora. Para não falar da notória qualificação do seu corpo técnico. 

As discussões travadas no Ministério da Fazenda passam também por ampliar os serviços da estatal em rastreabilidade. Na Pasta, há quem vislumbre, inclusive, um entroncamento entre o upgrade da Casa da Moeda e a reforma tributária. Com a iminente criação do chamado “imposto do pecado”, a estatal pode vir a ser uma valiosa parceira da Receita Federal para rastrear bebidas alcoólicas e cigarros, itens que muito provavelmente estarão entre os atingidos pelo novo tributo. Ressalte-se que, no passado recente, a Casa da Moeda foi a responsável pelo Sicobe, uma ferramenta de acompanhamento da produção de bebidas. O serviço vigorou entre 2008 e 2016. No governo Temer, foi suspenso pela Receita Federal sem muita explicação. Na ocasião, a Casa da Moeda acenou com o lançamento de uma tecnologia substituta, o que nunca ocorreu. Ressalte-se que o Sicobe deixou saudade na estatal: em determinado momento, o serviço chegou a ser responsável por mais de 60% da receita da empresa – em 2015, rendeu mais de R$ 1,5 bilhão em faturamento. 

A ideia do governo é que a Casa da Moeda passe a ter um papel transversal dentro da estrutura de Estado, participando de projetos estratégicos em diversas esferas do governo, alguns dos quais já em curso. É o caso do Real Digital, a versão tokenizada da moeda brasileira, cujo projeto-piloto está sendo tocado pelo Banco Central em parceria com 16 instituições financeiras. No governo, há o entendimento também de que a Casa da Moeda deve ser uma peça-chave na implantação da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), a cargo do Ministério da Gestão e Inovação. Nesse caso, a proposta é que a estatal forme consórcios com empresas privadas com o objetivo de disputar contratos para a produção do documento – as licitações são de competência dos governos estaduais. A medida teria o efeito de corrigir uma estranha herança deixada pela gestão Bolsonaro. No fim do ano passado, a Câmara Executiva Federal de Identificação do Cidadão (Cefic), então subordinada à Secretaria Geral da Presidência, proibiu a formação de consórcios para a elaboração da CIN. Pelas regras, as empresas responsáveis pela confecção da nova identidade teriam de dominar todas as etapas de produção. As normas causaram perplexidade dentro do próprio governo, uma vez que alijavam a Casa da Moeda da operação. Além disso, há apenas duas companhias privadas no país que seriam capazes de atender a todos os requisitos.

Os estudos para a repaginação da Casa da Moeda partem da premissa de que a estatal tende a ser uma espécie em extinção caso permaneça majoritariamente concentrada na impressão de cédulas. A decadência desse setor é inexorável, por dois motivos principais: a brutal queda da circulação de dinheiro em espécie e a maior durabilidade das notas, por conta dos novos materiais e tecnologias empregados. Um exemplo didático do definhamento desse negócio vem daquela que é considerada a maior “Casa da Moeda” do mundo. A britânica De La Rue, que é responsável pela impressão das notas de libra e esterlina e mantém parceria com governos e bancos centrais de mais de 140 países, vem reportando seguidas quedas de rentabilidade. Em recente comunicado ao mercado, o grupo informou que a demanda por cédulas está nos níveis mais baixos em mais de 20 anos. 

A Casa da Moeda do Brasil vai em uma toada ainda pior. Nos últimos anos, a estatal tornou-se uma linha de montagem de prejuízos. Entre 2017 e 2020, as perdas somadas chegaram a R$ 545 milhões. A empresa voltou a ter lucro em 2021 e 2022, mas os ganhos foram modestos – respectivamente R$ 30 milhões e R$ 23 milhões. No ano passado, o faturamento da Casa da Moeda subiu 15%, chegando a R$ 1,3 bilhão – muito em função das encomendas do governo argentino para a produção de cédulas de pesos. Ainda assim, olhando-se para um período mais longo, as receitas da Casa da Moeda são cadentes. Em 2016, a estatal chegou a faturar mais de R$ 2,6 bilhões.

#Banco Central #Casa da Moeda #CIN #Lula #Marina Silva #Ministério da Fazenda

Governo

Augusto Aras tem o “voto” de Zanin para permanecer na PGR

28/07/2023
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No entorno do presidente Lula, o advogado e futuro ministro do STF Cristiano Zanin tem se notabilizado como uma das principais vozes favoráveis à permanência de Augusto Aras na PGR. Em conversas reservadas, segundo a fonte do RR, Zanin costuma dedicar palavras elogiosas a Aras pelo desmonte da Lava Jato, notadamente da chamada “República de Curitiba”. No passado recente, o próximo ministro do STF já se declarou contrário à escolha de um nome da lista tríplice por conta da “politização” dentro do Ministério Público.

#Augusto Aras #Lula #PGR

Destaque

Governo Lula quer retomar fabricação de chips. Só não sabe como

26/07/2023
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A China está gastando mais de US$ 140 bilhões para ser autossuficiente em semicondutores. A União Europeia lançou um programa de investimentos de 43 bilhões de euros para dobrar sua produção de chips até 2030. Enquanto isso, no Brasil… o governo Lula quebra a cabeça em busca de uma saída para o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), fabricante de semicondutores localizada no Rio Grande do Sul. A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PC do B), defende a retomada das atividades da Ceitec. Com base em estudos da área técnica da Pasta, prega ainda um upgrade da empresa. Por upgrade entenda-se o desenvolvimento de uma tecnologia mais avançada para a produção de chips de 350 a 180 nanômetros, segmento que atende a um mercado consumidor maior. A estatal foi concebida originalmente para fabricar insumos de 600 a 350 nanômetros. Quanto menor a medida, maior a capacidade de processamento. A mudança exigiria um investimento significativo para a modernização da planta. Um exemplo: os atuais equipamentos da Ceitec não permitem a filtragem de partículas das tecnologias de 350 a 180 nanômetros. 

A questão é: de onde virá o dinheiro para a conversão da fábrica da Ceitec se não há orçamento previsto sequer para a retomada das atividades da estatal? Esse é um ponto central das discussões travadas dentro da comissão interministerial criado com o objetivo de estudar soluções para a estatal. Esse grupo de trabalho tem até o dia 14 de agosto para apresentar um relatório. Mas as conversas comumente esbarram nas cifras. Estima-se que a empresa precise de algo em torno de R$ 1 bilhão para se tornar um centro de produção competitivo – praticamente o mesmo valor que recebeu entre 2008 e 2020, quando o governo Bolsonaro freou os aportes e incluiu a empresa no programa de privatizações. A estatal, ressalte-se, é historicamente deficitária. Seu primeiro lucro foi registrado apenas em 2021 – R$ 1,7 milhão, resultante em sua maior parte devido aos cortes draconianos que Bolsonaro fez no seu orçamento. Seu recorde de faturamento foi registrado em 2019 – R$ 155 milhões.  

O Brasil, diga-se de passagem, simplesmente não fabrica semicondutores avançados. Existem 11 empresas produzindo chips, mas todas concentradas no chamada backend, que é algo parecido com as “maquilas” ou montadoras – que fazem teste, afinamento e corte de componentes e não livram o país de uma dependência quase absoluta das importações. O país não atua no frontend, etapa que compreende a fabricação do componente. Como há um déficit global de chips, o Brasil fica refém da escassez global dos semicondutores. Recentemente, a Volkswagen anunciou que ia parar suas fábricas no país por falta de chips.  

Segundo informação apurada pelo RR, dentro do grupo interministerial, uma das propostas discutidas para aumentar a receita da Ceitec é ampliar seu escopo de atuação. Uma das ideias é entrar no desenvolvimento de tecnologias e equipamentos para a médica. Não é necessariamente um segmento estranho para a Ceitec. A empresa desenvolveu projetos de7 pesquisa no setor de saúde, para a detecção precoce de câncer.  

Outra hipótese sobre a mesa é buscar parcerias internacionais para financiar o “grande salto” da Ceitec. Pelas circunstâncias, o caminho mais óbvio é a China. Em abril, os presidentes Lula e Xi Jinping assinaram um acordo de cooperação para pesquisas e transferência de tecnologia na área de semicondutores. Na ocasião, em entrevista à Reuters, Celso Amorim, principal assessor de política externa do governo Lula, disse textualmente que o Brasil não se oporia “à instalação de uma fábrica chinesa de chips em solo nacional”. Talvez ela já exista e fique no Rio Grande do Sul. 

De toda a forma, a retomada da Ceitec é um trabalho hercúleo. Nos dois últimos anos do governo Bolsonaro, a estatal perdeu mais de 90% dos seus projetistas de chips – exatamente a alma do negócio. Projetos e pesquisas foram suspensos por falta de verbas

#Ceitec #China #Lula

Destaque

Copom: contagem regressiva para a queda da Selic

25/07/2023
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Ai, ai, ai, ai, está chegando a hora… A marchinha bem que poderia ser trilha sonora de Roberto Campos Neto, nesses momentos de muitas críticas e poucos elogios. Ainda mais agora com a proximidade da reunião do Copom da próxima semana, quando é praticamente certa a decisão de baixar a taxa Selic. O mercado apostava em uma queda de 0,25 p.p. Depois, seguiu a onda da pressão baixista, com as estocadas violentas do Planalto e da Fazenda, mudou o eixo e ajustou o sarrafo para uma redução de 0,50 p.p. O que deve vir mesmo, talvez com viés de baixa. Ontem, já não eram poucos os que apostavam em uma queda de 0,75 p.p. Ora, o declínio não será tão alto nem que a vaca tussa. Primeiro, porque, se desabar a taxa dessa forma, Campos Neto vai assinar o recibo de que o BC é independente para a torcida do Flamengo, mas não para Lula. Segundo, porque estaria praticamente confirmando que vem uma recessão pela frente. Terceiro, porque não fazem parte da cartilha do BC movimentos tão bruscos que deem margem a segundas interpretações muito além das declarações e atas do banco.  

Campos Neto é uma espécie de Alexandre Tombini às avessas. Tombini jogou a Selic para as profundezas dos 2% e manteve o que não deveria ter executado mais tempo do que devia. Campos sofre do mesmo mal com sinal contrário: mandou a Selic para a estratosfera dos 13,75% e hibernou em cima da taxa. O RR já disse que, no fundo, no fundo, Campos Neto não tem toda essa culpa. Na fixação da Selic, vale a decisão de cada um dos nove diretores do colegiado do Copom. Todos os votos têm o mesmo peso, todos os diretores são indemissíveis, todos aprovados pelo Congresso Nacional. Sabe-se oficialmente que quase não há divergências nas tantas reuniões do Copom na fase Campos Neto. Mas o RR desde já sorri com a crescente possibilidade de uma Selic na faixa de 11% ou menos em dezembro. Cravou a taxa quando todo mercado duvidava. O Boletim Focus ainda insiste em uma Selic de 12%. Só não desdenhamos porque entendemos a lógica cheia de hedge das instituições financeiras e o regime do inflation target. Mas nosso “departamento de research mega heterodoxo” é afiado. 

#Banco Central #Copom #Lula #Roberto Campos Neto #Selic

Política externa

Bolívia pede apoio do Brasil para construir fábrica de fertilizantes

25/07/2023
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A Bolívia tem feito sondagens junto ao governo Lula sobre o eventual interesse do Brasil em participar do projeto de construção de uma fábrica de amônia e ureia na região de Cochabamba. Os dois insumos são fertilizantes nitrogenados – a dependência brasileira do nitrogênio é de 95,7% da demanda interna. O empreendimento, a cargo da estatal boliviana YPFB, está orçado em aproximadamente US$ 1,3 bilhão. O governo do presidente Luiz Arce mira, sobretudo, na Petrobras. Ressalte-se que a companhia já anunciou o plano de retomar investimentos nos países vizinhos. Assim como sinalizou o seu retorno ao setor de fertilizantes. O projeto da YPFB juntaria uma coisa com a outra. A questão é como o governo Lula justificaria um investimento como esse em território boliviano com o Brasil tendo que importar 85% do fertilizante que consome.   

#Bolívia #Fertilizantes #Lula #YPFB

Política externa

Lula e futuro presidente do Paraguai têm um encontro marcado

24/07/2023
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O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, virá ao Brasil antes da sua posse, marcada para 15 de agosto, para se reunir com Lula. O tema nevrálgico da pauta será a renovação do Tratado Itaipu, que vence neste ano. Segundo informações filtradas do Itamaraty, assessores de Peña na área de política já sinalizaram que o seu governo vai comprar os 50% da produção de energia da hidrelétrica a que o Paraguai tem direito. Na Pasta de Minas e Energia, no entanto, há uma leitura de que o novo presidente do Paraguai quer apenas endurecer na primeira fase de negociações para, à frente, cobrar um preço maior para abrir mão de parte da sua cota.

#Lula #Paraguai #Tratado Itaipu

Política

Conab entra na lista de “contrapartidas” do Republicanos

24/07/2023
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A ala do Republicanos disposta a embarcar no governo Lula – encabeçada pelo próprio presidente do partido, Marcos Pereira – começa a colocar suas cartas sobre a mesa. Além do Ministério do Esporte, a sigla já sinalizou ao Palácio do Planalto o interesse na Conab. O nome do Republicanos para a presidência da estatal seria Cesar Hallum, ex-secretário de Política Agrícola no governo Bolsonaro. Atualmente o cargo é ocupado por um petista, Edgar Pretto, ex-deputado estadual no Rio Grande do Sul. Transferida do Ministério da Agricultura para a Pasta do Desenvolvimento Agrário no início da gestão Lula, a Conab tem como maior ativo político a gestão dos estoques públicos de grãos e, consequentemente, algum grau de ingerência sobre a formação de preços de insumos agrícolas no mercado interno.

#Conab #Lula #Ministério da Agricultura

Destaque

Governo Lula faz movimentos para distensionar relações diplomáticas com o Uruguai

20/07/2023
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Em meio a tensões diplomáticas no âmbito do Mercosul, o governo Lula prepara alguns afagos ao Uruguai. Segundo o RR apurou, o Ministério de Minas e Energia deverá autorizar, em caráter temporário, a venda de energia para o país vizinho. A informação, inclusive, já circula junto a um petit comité do setor elétrico, leia-se grandes grupos que têm atuado de forma mais intensa nas exportações do insumo, casos de Engie e AES. As vendas para o exterior estão suspensas desde 11 de junho, como uma medida de segurança energética e preservação dos níveis dos reservatórios com o fim do período de chuvas no país. O recuo seria uma medida de exceção, emergencial, uma política de boa vizinhança em apoio ao Uruguai, que vive a sua pior seca em mais de 70 anos. Nos últimos meses, o país se viu obrigado a aumentar consideravelmente a importação de energia elétrica. As hidrelétricas locais estão operando a apenas 15% da capacidade instalada. O governo brasileiro já sinalizou também a intenção de financiar a compra de equipamentos e tubulações para acelerar as obras de construção de uma adutora a partir do Rio San José, que deságua no Rio de La Plata, às margens de Montevidéu.  

Mais do que uma política de boa vizinhança, as medidas do governo brasileiro ganham uma dimensão maior no atual contexto das relações exteriores. O presidente Luis Lacalle Pou tem sido uma voz dissonante dentro do Mercosul e, por consequência, um agente de contestação à própria liderança do Brasil e – por que não dizer? – de Lula na América do Sul. Pou insiste em conduzir negociações para um acordo bilateral com a China à margem do bloco econômico.  

#AES #Engie #Lula #Mercosul #Ministério de Minas e Energia

Infraestrutura

Gigante chinês vai mostrar a Lula seu apetite pelo Brasil

19/07/2023
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Em sua visita à África do Sul, no mês que vem, para participar da reunião de cúpula dos Brics, Lula dará uma relevância especial à letra “C” do acrônimo. O Itamaraty está costurando um encontro do presidente com representantes da CRCC (China Railway Construcion Corporation). Os chineses já sinalizaram o interesse em aumentar seus investimentos em logística e mineração no Brasil. A companhia já tem projetos em minério de ferro no Amapá e estuda investimentos também na Bahia e no Rio Grande do Norte. A CRCC é um dos maiores conglomerados de infraestrutura da China, um potentado com negócios em construção pesada, ferrovias, rodovias e mineração.

#CRCC #Infraestrutura #Lula

Destaque

BC inicia estudos para uso de reservas cambiais em concessões

17/07/2023
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A pedido de Fernando Haddad, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vai realizar diversas simulações para encontrar o ponto ótimo de uso das reservas cambiais no fomento da economia. Serão chamados economistas do Brasil e do exterior para discutir o tema, que há mais de duas décadas vem sendo tratado de “forma irresponsável”, digamos assim. Já se falou, inclusive, em usar as reservas “jogando dinheiro de helicóptero na economia” sem ponderar que isso levaria ao crescimento da dívida pública. O atual projeto, mais precisamente, seria utilizar uma pequena parcela do lastro em moeda forte como garantia cambial para os investimentos em concessões de infraestrutura. A expectativa, ainda na base do “chutômetro”, é que o volume de recursos poderia triplicar, chegando a mais de R$ 300 bilhões – a estimativa para 2024 é que esses valores fiquem na casa de R$ 126 bilhões.  

O lobby a favor da medida é forte, dentro e fora do governo. Na quinta-feira, dia 13 de julho – último dado disponibilizado pelo Banco Central -, as reservas cambiais estavam em US$ 346, 7 bilhões. Um pedacinho de 10% significaria, portanto, garantias da ordem de US$ 34,6 bilhões – o equivalente a R$ 166 bilhões. Parece pouco dinheiro frente ao montante de dólares entesourados no cofre do BC. Mas pode ser que não. Não existe na academia um modelo das “reservas ótimas”. O FMI considera que são suficientes recursos correspondentes a seis meses das importações. Mas os economistas mais sofisticados, aqui e no mundo, classificam essa “sacada” como algo desprovida de base científica. A China teria um modelo próprio, com argumentação teórica, mas muito influenciado pela atipicidade do país. As demais nações tocam o assunto ao ritmo de suas próprias orquestrações cambiais. Não têm um modelo científico.  

O BC pretende se aprofundar no assunto, antes de dar um passo em falso. Uma das preocupações é o fluxo de recursos financeiros, inclusive de brasileiros com dinheiro no exterior. O investidor externo pode tirar seu capital do país em função da redução dos ganhos com a arbitragem das taxas de juros ou até mesmo por motivos sem uma fundamentação consistente, provocando o chamado efeito manada. Mas será que o uso de um tiquinho das reservas, algo na faixa de 10% ou 7%, até pouco menos, faria essa diferença toda? Qualquer afirmação é um pensar desejante. O BC nas suas gestões desde o primeiro mandato de Lula, quando o caixa de reservas começou a ficar mais cheio, repete que não há um modelo de referência que autorize o uso de um valor específico das reservas em relação ao estoque de dólares.  

Sabe-se que Campos Neto não tem apreço pela ideia, até por considerar o mercado de câmbio extremamente arrítmico e sensível a especulações de toda ordem.  Foi o atual presidente do BC que segurou insistentes pedidos do então ministro da Fazenda, Paulo Guedes, para meter a colher nas reservas. A discussão do uso ou não uso do lastro em moeda forte, portanto, é matusalêmica e até agora sem nenhuma conclusão. Mas com o argumento de que recursos serão para hedgear as concessões e o setor privado batendo bumbo atrás, pode ser que tenha chegado a hora de descascar um pouquinho do montante. Lula quer. E quer muito. 

#Banco Central #Lula #Roberto Campos Neto

Destaque

Lula quer entregar imóveis mobiliados no Minha Casa, Minha Vida

14/07/2023
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A declaração de Lula sobre um possível programa de incentivos à compra de eletrodomésticos é apenas o sopro de um projeto maior. A ideia é anabolizar o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com a entrega de imóveis mobiliados. A proposta já foi discutida com os ministros da área econômica, Fernando Haddad e Simone Tebet. As residências financiadas pelo programa habitacional incorporariam eletrodomésticos da linha branca, notadamente geladeira e fogão, e móveis básicos, como armários, camas, além de mesas e cadeiras. A medida teria como alvo a Faixa 1 do MCMV, recriada pelo presidente Lula e voltada a famílias com renda mensal de até R$ 2.640. Ou seja: seria uma iniciativa feita sob medida para uma camada da população com maiores dificuldades de acesso ao crédito no sistema financeiro.

Ressalte-se que a estratégia do governo de ampliar os benefícios do Minha Casa, Minha Vida inclui também a universalização da energia solar para todo o programa, com a instalação de placas fotovoltaicas nos imóveis. Ontem, ao sancionar a lei que recriou o MCMV, Lula vetou o artigo que previa a instalação dos painéis solares. Foi um recuo calculado. O trecho foi cortado porque estabelecia a obrigatoriedade de as distribuidoras comprarem o excedente de energia elétrica produzida por meio das placas de geração solar, proposta rechaçada pelas próprias empresas do setor elétrico. O governo pretende restabelecer o benefício em um segundo momento, não muito distante. Com isso, os compradores de imóveis pelo MCMV poderão ter uma economia de até 95% nos gastos com o consumo de energia.

A medida carrega, sim, genes populistas em seu cromossoma. Lula, um eterno morador dos palanques, poderá dizer que entrega não apenas a casa própria, mas a “casa pronta”. Noves fora o uso político, o impacto social da medida é inegável. Some-se a isso a possibilidade de aquecer setores da economia que vêm de seguidos invernos. Em 2022, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,7% em relação ao ano anterior. Em 2021, por sua vez, a retração chegou a 7%. Na esteira da recriação do Minha Casa, Minha Vida, a própria Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) sugeriu que o programa poderia incluir subsídios para a venda de equipamentos da linha branca.  Levantou uma bola que Lula já carregava com carinho debaixo do braço.

A ideia de Lula não chega a merecer um “Eureka”. A rigor, não se trata de uma iniciativa nova, mas de uma colagem de tentativas similares feitas no passado.  Em 2013, o governo Dilma lançou uma linha de crédito especial de R$ 18,7 bilhões para que os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida comprassem móveis e eletrodomésticos. Os equipamentos, ressalte-se, não vinham integrados aos imóveis, diferentemente da proposta acalentada por Lula – o que, do ponto de vista simbólico, tem um impacto ainda maior quando da entrega da residência. O Minha Casa Melhor, como foi chamado à época, era um programa dentro do programa, acoplado ao MCMV. O incentivo durou pouco, menos de um ano e meio. A própria ideia de instalação dos painéis solares também não vem de hoje. Surgiu no governo Bolsonaro, dentro do Casa Verde e Amarela, sua versão do Minha Casa, Minha Vida.

#Lula #Minha Casa Minha Vida

Política

Gestão Lula abre as torneiras no Nordeste

14/07/2023
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O governo Lula está somando crédito daqui e dali para irrigar os estados do Nordeste. O presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, sinalizou aos governadores da região que o orçamento do Crediamigo, a carteira de microcrédito da instituição, deverá chegar a R$ 13 bilhões neste ano. A cifra representa um aumento de 30% em relação ao valor desembolsado no ano passado (R$ 10 bilhões). O BNB pretende liberar ainda algo em torno de R$ 8 bilhões em recursos do Agroamigo, seu programa de microcrédito rural. A essa conta devem ser adicionados ainda os R$ 40 bilhões em repasses da Sudene, por meio dos fundos Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE). A pergunta que não quer calar é de onde Lula vai tirar o dinheiro para tantos programas de financiamentos com a restrições fiscais aprovadas. Mas isso parece ser um detalhe para o presidente

#Lula #Nordeste

Destaque

Governo quer reativar investimentos em energia nuclear

11/07/2023
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O governo Lula pretende avançar no programa nuclear brasileiro. A Pasta de Minas e Energia tem feito estudos em torno não apenas da conclusão das obras de Angra 3 – já anunciada pelo ministro Alexandre Silveira -, mas também da instalação de novas usinas atômicas no país. O ministro Alexandre da Silveira e seus assessores trabalham com a possibilidade de construção de até três geradoras, notadamente no Nordeste. Sob certo aspecto, é como se o Lula III estivesse voltando no tempo até o Dilma I: em seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff lançou o projeto de implantação de cinco usinas nucleares até 2030 – com o impeachment, a iniciativa viraria poeira atômica. Por coincidência – ou talvez não -, a própria composição da atual cadeia de comando da Eletronuclear sugere uma certa influência de Dilma Rousseff sobre a área. A ex-presidente indicou o presidente da estatal, Raul Lycurgo Leite. Foi responsável também pela nomeação do ex-diretor da Eletrobras Valter Cardeal para o Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), controladora da Eletronuclear.  

O governo enxerga a ampliação do parque nuclear brasileiro como parte de um projeto maior: ao lado de outras fontes de geração limpa, como eólicas, solares e hidrogênio verde, trata-se de mais um movimento com o propósito de consolidar o Brasil como uma das grandes potências globais da transição energética. É justamente a peça de mais difícil encaixe nesse quebra-cabeças. A retomada do programa nuclear é uma questão delicada. No front interno, resvala em grupos de interesse e agentes institucionais sensíveis, como ambientalistas e militares. Os novos investimentos esbarram também na resistência de auxiliares próximos a Lula. É o caso de Nelson Hubner, que comandou o Ministério de Minas e Energia no segundo mandato do petista e hoje também ocupa um assento no Conselho da ENBPar. Dentro do governo, Hubner é tido como uma das vozes mais fortes contra a construção de novas usinas atômicas e até mesmo a entrada em operação de Angra 3.  

Na área internacional, por sua vez, o tema também depende de intrincadas conexões. Em abril, o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, aproveitaram a passagem do chanceler russo Serguei Lavrov por Brasília para discutir possíveis cenários de parceria no setor. O ponto focal foi o fornecimento de combustível para o reator do submarino de propulsão nuclear que está sendo construído pela Marinha do Brasil. Mas a conversa envolveu também Angra 3. Ressalte-se que, em 2021, a Eletronuclear e a estatal russa Rosatom assinaram um memorando de entendimentos em torno de investimentos em energia nuclear. O acordo continua em vigor, mas a declaração de guerra da Rússia à Ucrânia esfriou as tratativas entre as duas empresas. Neste momento, avançar em uma negociação com o governo Putin em uma área tão complexa como essa no mínimo criaria pontos de fricção com os Estados Unidos e a União Europeia. No governo Lula, a China é vista como a alternativa mais à mão para um possível acordo de cooperação na energia nuclear. Nesse caso, todos os caminhos apontam na direção da CNCC (China National Nuclear Corporation), que seria um potencial parceiro não somente para a construção de Angra 3 como de futuras usinas.

#CNCC #Eletrobras #Eletronuclear #ENBPar #Lula #Ministério de Minas e Energia

Política externa

Há um palanque em Buenos Aires à espera de Lula

10/07/2023
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Segundo informação filtrada do Itamaraty, Lula fará uma viagem à Argentina até outubro para se reunir com o presidente Alberto Fernández. A data é simbólica: o petista desembarcará em Buenos Aires às vésperas das eleições presidenciais argentinas. Para todos os efeitos, a agenda oficial vai passar por temas prementes, que estão na pauta bilateral: como a venda de gás e o financiamento à construção do gasoduto de Vaca Muerta. No entanto, pelo timing, será difícil dissociar o Lula presidente da República do Lula cabo eleitoral. Na semana passada, por exemplo, ele teve um encontro com o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, candidato da situação à Presidência. Do lado de lá da fronteira, a reunião foi interpretada como uma manifestação de apoio velada – ou nem tanto – de Lula a sua candidatura. Nada muito diferente do que Jair Bolsonaro fez em 2019, ao visitar a Argentina durante a campanha eleitoral. Seu candidato, o então presidente Maurício Macri, foi derrotado.

#Alberto Fernández #Argentina #Jair Bolsonaro #Lula

Política

Tarcísio inicia road show pré-eleitoral no exterior bem ao estilo de Lula

7/07/2023
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Tarcísio de Freitas iniciou sua campanha à Presidência da República. O vídeo em que aparece sob vaias de “bolsonaristas” em uma reunião do PL, na última quinta-feira, representa simbolicamente o lançamento da sua candidatura. A cena mimetiza os movimentos políticos que vêm sendo cuidadosamente feitos pelo governador de São Paulo. De forma pragmática, Tarcísio tem se distanciado do radicalismo de Jair Bolsonaro, em um processo de higienização que o credencia a ser a segunda via na eleição de 2026. O ex-ministro da Infraestrutura está pavimentando o caminho para ser o candidato capaz de amalgamar o centro e a dita direta civilizada, além de alguns “fanáticos ma non troppo” ainda vinculados a Bolsonaro. E a construção da candidatura mira, desde já, tanto o front interno quanto externo. Tarcísio confidenciou a assessores a intenção de iniciar, no ano que vem, um giro de viagens internacionais. Vai correr o mundo com o chapéu de governante responsável pelo segundo maior PIB do Brasil, com o discurso para boi dormir que vai passar o pires junto aos gringos para trazer investimentos diretos para São Paulo. 

Há um aspecto importante a ser considerado do ponto de vista, digamos assim, geopolítico: o fortalecimento do nome de Tarcísio Freitas puxa quase que definitivamente a disputa presidencial de 2026 para dentro de São Paulo. Lula chegará à disputa eleitoral às vésperas de completar 81 anos. Sempre haverá a tentação de poder e a hipótese de o presidente entrar em 2026 com expressivos índices de popularidade. Hoje, no entanto, o mais provável é que ele use esse cacife para fazer seu sucessor. E os dois principais candidatos a candidatos estão também na Paulicéia, cada qual com seus respectivos handicaps. Fernando Haddad está algumas jardas à frente de todos. Além da condição de petista raiz, é o cara do momento. A aprovação da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal o colocarão em um patamar mais alto, inclusive junto à Faria Lima, que, de primeira, torceu o nariz para a sua nomeação como ministro. Um PIB médio em torno de 3% – e as mais recentes projeções mostram que essa é uma hipótese exequível – e o apoio de Lula transformariam Haddad em um supercandidato. Por outro lado, a inevitável indexação à economia pode cobrar seu preço, se algo der errado pelo caminho. Na atual circunstância, Haddad tem que andar na sombra das eleições de 2026. Primeiramente para não melindrar Lula, o orixá do seu partido, e segundo porque está preso à algema de ouro do Ministério da Fazenda, que pode, dependendo da sua performance, ser um grande, senão o seu maior cabo eleitoral.  

O outro nome que eventualmente pode vir a enfrentar Tarcísio Freitas em 2026 com o apoio de Lula é Geraldo Alckmin, que tem capitalizado cada vez mais sua dupla jornada de trabalho no governo. O vice-presidente e ministro já recebeu a indústria como capitania hereditária, o que, na prática, significa ser o “donatário” do empresariado paulista. Alckmin afagou as montadoras com carinhos e subsídios para a venda de carros populares. E ontem anunciou um pacote de mais de R$ 100 bilhões para o setor industrial, boa parte dos recursos vinculados a investimentos em inovação e transição energética. Se o gabinete de Tarcísio está a 9,7 km da Fiesp, Alckmin está a um telefonema do BNDES. 

E Jair Bolsonaro? O ex-presidente, agora inelegível, é quem parece estar mais disposto a antecipar a disputa eleitoral de 2026, como se fosse possível fazer dela o terceiro turno de 2022. Bolsonaro tem como principal ativo político um contingente mais extremado do eleitorado. A parcela menos radical tende a migrar para Tarcísio de Freitas, que vai disputar o eleitorado do centro e lulistas de ocasião, leia-se aqueles que votaram no petista em 2022 para apear Bolsonaro da Presidência. Com a hipótese Tarcísio já escorrendo entre os dedos, Michelle Bolsonaro desponta como a carta mais valiosa nas mãos do ex-presidente. Enquanto o PL tenta inflar a possível candidatura Michelle, restaria a Bolsonaro torcer para que Lula faça um governo desastroso ou esperar por algum fato novo e grave, algo que não aparece em qualquer previsão meteorológica.  

#Jair Bolsonaro #Lula #Tarcísio Freitas

Destaque

A comédia de Lula com o BC de comédia não tem nada

7/07/2023
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O presidente Lula, por desígnios do destino, mais fortuna do que virtù, pode faturar dobrado a mudança do horizonte de aferição da meta de inflação, a queda da taxa de juros e, finalmente, um IPCA mais comportado e dentro da margem de tolerância (4,75%), no final do ano. Os juros devem cair, mesmo que pouco. O Focus dessa semana prevê uma Selic de 12% em dezembro, mas já há instituições financeiras projetando uma taxa de 11%. É um índice extremamente alto, mas de serventia na arena política. O suficiente para o presidente provavelmente dizer que venceu o braço de ferro com Campos Neto. A guerra pelo aumento da meta de inflação Lula não ganhou, mas mudou a temporalidade, o que permite, com jeitinho, dizer que teve mais uma vitória contra o “BC do Bolsonaro”. Se der o samba que promete, o presidente vai tirar uma onda porque conseguiu o que seu antecessor tentou e não teve êxito – apesar dos méritos pelos atuais feitos, na maior parte, pertencerem à política monetária efetuada na gestão do ex-presidente.    

O terceiro ato tem muito mais ressonância: é a inflação ficar dentro da meta em dezembro deste ano. A conquista é positiva por si só, mas ela soma em dobro, pois tem efeito simbólico de forte impacto político: a redução da carestia. Lula vai dizer que domou o monstro remarcador de preços. É uma inverdade, mas vai dizer. No quesito inflação, Bolsonaro e Campos Neto entrarão juntos na roda. Ambos receberão cocorotes em dosagem correspondente à importância que têm no jogo da política. O presidente do BC teve de assinar duas cartas de desculpas ao Congresso pelo não cumprimento da meta de inflação, todas, é claro, no governo Bolsonaro. Ou seja: precisou pedir arrego ao Parlamento nos atípicos anos de 2021 e 2022, período da pandemia. Mas Lula sempre poderá dizer que Bolsonaro somente cumpriu as outras duas metas, nos anos de 2019 e 2020, devido às margens de tolerância mais altas, respectivamente, 5,75% e 5,5%. E poderá dizer também que ele ficou com os ossos de bandas superiores das metas de 4,75%, neste ano, e 4,50%, em 2024.   

Ainda existe a possibilidade de a fatura de Lula ser acrescida de um imprevisto crescimento do PIB de 3%, em 2023, conforme a expectativa do secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. No início do ano, a previsão era de um aumento de apenas 0,8%. Depois a estimativa foi corrigida um pouquinho, para 1,2%. Agora o BC subiu o sarrafo para 2%. O diretor do FGV Ibre, Luiz Schymura, acha factível ser maior. Por que não? Ele lembra, conforme artigo publicado na última terça-feira no Valor Econômico, que, em 2022, a projeção inicial de elevação do PIB era de pífio 0,3%, e o crescimento verificado fechou em notáveis 2,9%. Previsão do PIB é um exercício de grande imprevisibilidade. Mas o show do agrobusiness e a gastança do governo ajudam a acreditar que os 3% do PIB estão na caçapa neste final de ano. 

Se o crescimento da economia for nesse patamar, o que cada vez mais parece que vai acontecer, Lula fatura também em duas variáveis bastante vinculadas à política monetária: a dívida bruta pública interna e o resultado primário das contas públicas. Na lei orçamentária, o governo tinha previsto um déficit primário de 2,2% em relação a um PIB 2,5%. O que se dizia na ocasião é que seria no mínimo improvável alcançar essa projeção de crescimento da economia contida no PLOA. Hoje, no mercado se considera que chegar ao percentual de 2,5% não é nada demais. O Ministério da Fazenda já revisou sua projeção de déficit primário para 1% neste ano e não conta nessa alteração com os benefícios de uma reforma tributária e da aprovação do arcabouço fiscal. Se o PIB subir para 3% ou até um tiquinho mais, também, em grande parte, devido à sorte do presidente – e ao fato de Bolsonaro ter contribuído com a parte dura da tarefa – o déficit primário pode ficar próximo de zero, em dezembro. Fernando Haddad promete, formalmente, zerar o déficit só em 2024. Mas um número tão baixo, neste ano, não estava no radar do mercado.  

A dívida bruta do Brasil vai subir para o equivalente a 73,63% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme dados divulgados pelo Banco Central na última sexta-feira. Mas também deve ficar abaixo desta previsão. O crescimento do PIB estimado pelo BC é de 2%. Portanto, é razoavelmente provável que, com o PIB subindo mais, a relação dívida bruta/PIB caia mais neste ano, até porque terá ainda uma ajuda da redução da taxa de juros, que impacta diretamente o custo do passivo interno.   

Neste ponto da história em que estamos, o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, teve sua nomeação como diretor de Política Monetária aprovada na última terça-feira pelo Senado Federal, e além de manda chuva da área, já está sendo empoderado, informalmente, como substituto de Campos Neto em dezembro de 2024, quando termina o mandato do atual presidente do BC. Lula nomeou também o diretor de fiscalização, Ailton Aquino dos Santos. Em 2024, com as mudanças já acertadas e as quatro alterações programadas, o presidente não terá ainda a maioria absoluta da diretoria colegiada do BC, que somente será conquistada em 2025, mas conseguirá a maioria simples. Por mais que todos os diretores tenham sido indicados devido sua competência técnica, o BC independente ficará, no mínimo, levemente inclinado em favor do governo. A elevação da meta de inflação de 3% seria algo para 2025. Isso se o cenário não mudar muito. É muito provável até que daqui para frente o presidente alivie Campos Neto das suas bordoadas. Afinal, está tudo dominado, como se diz na linguagem do funk. Essa é a comédia por trás da política monetária, que de comédia não tem nada.  

#Banco Central do Brasil #IPCA #Lula #Ministério da Fazenda

Política externa

Lula desponta como o maior cabo eleitoral de Michelle Bachelet na ONU

6/07/2023
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Há uma outra sucessão, também em 2026, no radar do governo Lula. Mais precisamente do Itamaraty. Segundo o RR apurou, Argentina e Chile têm buscado o apoio do Brasil para a possível candidatura de Michelle Bachelet à Secretaria Geral das Nações Unidas. Atualmente, o posto é ocupado pelo português António Guterres, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro de 2026. A ex-presidente chilena sempre teve a simpatia tanto de Lula quanto de Dilma Rousseff. Em 2019, Bachelet foi alvo de ataques do então presidente Jair Bolsonaro. À época, na condição de Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, fez duras críticas à política de Bolsonaro para a área – ou à falta de uma política. A candidatura de Simone Bachelet seria construída a partir de uma coalizão entre países da América Latina, com o apoio de nações africanas. O presidente Lula teria um papel fundamental na construção dessa aliança e na busca de votos.  

O nome de Bachelet desponta com um apelo natural: a Secretaria Geral das Nações Unidas nunca foi comandada por uma mulher. Na América Latina, há outra potencial candidata: a mexicana Alicia Bárcena Ibarra, que disputou – e perdeu – com o brasileiro Jarbas Barbosa a eleição para a direção da Organização Pan-Americana de Saúde. Alicia, que assumiu o Ministério das Relações Exteriores do México, poderia ter o apoio dos Estados Unidos. 

#Argentina #Chile #Lula #Michelle Bachelet

Política

A metamorfose política de Ibaneis Rocha

5/07/2023
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Como diria Leonel Brizola, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, está “costeando o alambrado”. Bolsonarista de carteirinha, ao menos até o ano passado, Rocha tem feito movimentos de aproximação com o presidente Lula, em especial por meio da ala governista do MDB, leia-se Renan Calheiros. No curto prazo, tenta garantir que o Fundo Constitucional do Distrito Federal fique de fora dos limites impostos pelo novo arcabouço fiscal. No médio prazo, busca, desde já, o apoio do governo a sua candidatura ao Senado em 2026. Um dos possíveis cenários é que Rocha enfrente na eleição a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.  

#Ibaneis Rocha #Lula #MDB #Renan Calheiros

Governo

Lula quer ter Ricardo Lewandowski por perto

3/07/2023
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Segundo o RR apurou, Lula cogita convidar Ricardo Lewandowski para ter algum papel no seu governo. Possivelmente como consultor do Ministério da Justiça. Ou até mesmo prestando aconselhamentos diretos à Presidência da República, com uma sala no Palácio do Planalto. Porém, há assessor de Lula ressabiado com a ideia. Se, por um lado, a iniciativa pode ser compreendida na esfera da gratidão e competência, por outro também pode ser interpretada como uma recompensa por serviços prestados. Lewandowski estava à frente de alguns julgamentos no STF de interesse mais agudo do governo, a começar pela Lei das Estatais. A ação questiona a quarentena imposta a indicações políticas para a diretoria de empresas públicas. Lula, ressalte-se, deu uma demonstração de apreço por Lewandowski na sua própria sucessão no Supremo. Antes de oficializar a indicação de Cristiano Zanin, fez questão de conversar com o então ministro.  Com relação a possíveis juízos de valor sobre uma “relação de promiscuidade”, o histórico do presidente demonstra que ele não dá muita bola para essas coisas.

#Lula #Ricardo Lewandowski

Política externa

Moçambique quer atrair grandes produtores de algodão brasileiros

3/07/2023
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Em meio aos preparativos para a viagem de Lula à África, em agosto, Brasil e Moçambique negociam possíveis parcerias no agronegócio. Um dos alvos é o cultivo de algodão. Segundo informações filtradas junto ao Itamaraty, os moçambicanos querem o apoio do governo Lula para que grupos brasileiros do segmento passem a atuar no país. Na mira, gigantes do setor, como o Grupo Amaggi, do ex-ministro Blairo Maggi, e a SLC Agrícola. Moçambique, um dos principais produtores de algodão da África, vive um momento conturbado. A inglesa Plexus, que detinha uma parcela expressiva das lavouras de cotonicultura no país, suspendeu suas atividades, deixando mais de 80 mil pequenos agricultores locais praticamente sem renda. O imbróglio se desenrolou por meses. Na semana passada, uma empresa portuguesa comprou parte das operações da Plexus. O governo moçambicano quer aumentar o número de players no setor de algodão para reduzir a concentração na mão de uns poucos grupos. E o Brasil é visto como um parceiro natural.  

#África #Grupo Amaggi #Lula

Tributação

Alckmin quer acelerar pedidos de importação pelo Ex-Tarifário

29/06/2023
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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, elegeu como prioridade reduzir o estoque de pedidos de importação pelo regime Ex-tarifário represados na Câmara de Comércio Exterior (Camex), um legado da gestão Bolsonaro. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, são mais de 500 processos somente entre os que aguardam análise há três anos ou mais. Entre as primeiras providências, Alckmin deverá determinar que o Comitê Executivo de Gestão da Camex, responsável por avaliar os pedidos, se reúna a cada 30 dias e não de dois em dois meses, como vem fazendo desde o ano passado. O curioso é que a agenda tem contrariado uma resolução interna do próprio órgão, segundo a qual o Comitê deve realizar sessões ordinárias mensais.  

Da Fiesp a entidades setoriais, Alckmin tem recebido uma profusão de queixas da indústria sobre os impactos negativos da morosidade da Camex. O Ex-tarifário prevê a redução temporária e, em alguns casos, até mesmo a isenção na importação de máquinas e equipamentos sem similar nacional. O acúmulo de pedidos sem resposta provoca uma bola de neve, com o adiamento ou mesmo a suspensão de projetos de investimento e expansão de plantas industriais. Não raramente as empresas ainda têm de arcar com os custos de armazenamento de máquinas em portos ou aeroportos à espera de autorização para entrar no país. 

#Câmara de Comércio Exterior #Fiesp #Geraldo Alckmin #Lula #Ministério do Desenvolvimento

Justiça

Mais uma condenação à vista para Bolsonaro no TSE

29/06/2023
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Além do processo movido pelo PDT, que deve resultar na inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o TSE deverá concluir até amanhã o julgamento de mais uma ação contra o ex-presidente, esta impetrada pela Coligação Brasil Esperança, leia-se PT. Nesse caso, Bolsonaro é acusado de ter propagado, durante a campanha eleitoral, cerca de 200 publicações em redes sociais e aplicativos de mensagens com notícias falsas em referência a Lula e ao seu partido. Segundo um ministro do TSE em conversa com o RR, o ex-presidente deverá ser condenado, com o pagamento de valor pecuniário. E não vai parar por aí: até o momento, há pelo menos outras 13 ações contra Bolsonaro em curso no Tribunal Superior Eleitoral. 

#Jair Bolsonaro #Lula #PDT #TSE

Meio ambiente

Cúpula da Amazônia ganha ares de COP

28/06/2023
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Segundo informações filtradas do Itamaraty, o ministro da Transição Ecológica da França, Christophe Béchu, e a ministra do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, Steffi Lemke, sinalizaram que devem vir ao Brasil em agosto para participar da Cúpula da Amazônia. O presidente Lula pretende transformar a reunião entre os oito países sul-americanos membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OCTA) em um evento de dimensão global. Já convidou o presidente da França, Emmanuel Macron. Entre outros chefes de estado, está empenhado em trazer também ao Brasil o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. As tratativas diplomáticas vão se intensificar nas próximas semanas. Mas, no entendimento de assessores de Lula, não poderia haver maior chamamento aos líderes internacionais do que o discurso feito pelo presidente na semana passada, em Paris, em defesa da Amazônia. 

 

#Cúpula da Amazônia #Emmanuel Macron #Lula #Ministério do Meio Ambiente

Política externa

Brasil e Argentina avançam em negociações na área de energia

28/06/2023
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Na esteira do recente encontro entre Lula e Alberto Fernández, na última segunda-feira, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royón, deverá desembarcar em Brasília nos próximos dias. Na agenda, duas missões: negociar com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um acordo para a compra de gás do Brasil e discutir o possível empréstimo do BNDES à construção do gasoduto Nestor Kirchner. 

 

#Alberto Fernández #Argentina #BNDES #Lula #Ministério de Minas e Energia

Política

Um afago de Lula a José Sarney

28/06/2023
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O Palácio do Planalto cogita nomear o atual embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro, para o comando da PPSA. À frente da estatal do pré-sal, que vai ganhar novo fôlego na gestão Lula após ser praticamente escanteada por Jair Bolsonaro, Carreiro teria, por exemplo, a missão de conduzir o programa de aumento da oferta de gás natural, já anunciado pelo governo. Não é de hoje que o Planalto busca um cargo para repatriar Carreiro e fazer um afago a José Sarney, seu tutor político. Outra hipótese já aventada foi aninhar o embaixador e ex-ministro do TCU na diretoria de relações institucionais da Petrobras.

#Jair Bolsonaro #José Sarney #Lula #Palácio do Planalto #Petrobras

Política

Gleisi faz campanha por Wellington Dias na Casa Civil

27/06/2023
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A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem jogado mais óleo fervente na fritura do ministro da Casa Civil, Rui Costa. No entorno do presidente Lula, Gleisi tornou-se uma das vozes favoráveis não apenas à demissão de Costa, mas à indicação do ex-governador Wellington Dias para o seu lugar. Essa movimentação de peças se casa com a ideia que o próprio Lula vem matutando de entregar a gestão do Bolsa Família a um aliado de Arthur Lira. A saída de Dias da Pasta do Desenvolvimento Social abriria caminho para a chegada de um nome indicado pelo presidente da Câmara. Seria um prêmio de consolação – dos mais valiosos. Como se sabe, Lira queria mesmo o Ministério da Saúde. No entanto, como se sabe mais ainda, para a Lula a ministra Nísia Trindade, referência internacional na área, é intocável.

#Casa Civil #Gleisi Hoffmann #Lula #PT #Rui Costa #Wellington Dias

Política externa

Marina vai “vender” o Brasil em reunião de cúpula

26/06/2023
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A ministra Marina Silva será uma peça-chave na delegação brasileira que participará da reunião de cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia (EU), marcada para os dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas. Marina deverá ter uma agenda de encontros com autoridades da área de meio ambiente da comunidade europeia. No próprio Palácio do Planalto, a expectativa é que a ministra de maior prestígio internacional do governo Lula volte da Bélgica com novos acordos para investimentos em ações ambientais e até mesmo transição energética no Brasil.

Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já sinalizou a liberação de 2 bilhões de euros para a produção de hidrogênio verde. Segundo o RR apurou junto a fonte do Itamaraty, há gestões para que Noruega e França também anunciem o repasse de novos recursos para projetos de combate ao desmatamento na Amazônia. Nesse contexto, Marina pode se tornar a principal e única estrela da comitiva brasileira, caso Lula leve adiante a decisão de não participar da reunião de cúpula. Durante sua passagem por Roma, lideranças europeias trabalharam junto a assessores do presidente para convencê-lo a estar em Bruxelas no dia 17 de julho.

#Amazônia #Lula #Marina Silva #Palácio do Planalto #União Europeia

Política

O candidato de Rodrigo Pacheco para a PGR

26/06/2023
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem trabalhado junto ao Palácio do Planalto pela indicação do mineiro Antonio Carlos Bigonha, sub-procurador-geral da República, para o cargo de PGR. Pesam a favor de Bigonha as duras críticas que costuma fazer ao papel policialesco do Ministério Público, um discurso capaz de impulsionar apoios políticos para a sua nomeação. Por enquanto, a sucessão de Augusto Aras é uma grande incógnita. Lula já verbalizou que não seguirá a lista tríplice votada pelo MPF, encabeçada por Luiza Frischeisen. E, conforme o próprio RR já noticiou, o presidente flerta com a ideia de reconduzir o próprio Aras para mais um mandato.

#Lula #Ministério Público #Palácio do Planalto #PGR #Rodrigo Pacheco

Destaque

Governo pretende escancarar a “caixa preta” dos incentivos fiscais

20/06/2023
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A equipe econômica deu um deadline para si própria: vai anunciar quem perderá seus incentivos fiscais no máximo até outubro.  Antes, deverá divulgar uma “listona” dos atuais favorecidos, com o nome das empresas, seu CNPJ e o valor do “bombom” recebido do governo em 2022. Somente depois de abrir essas informações será apresentada a relação de cortes, contratos e prazos necessários, conforme companhias/setores para adequação à nova realidade fiscal. Existirão os benefícios suspensos já para 2024, cuja receita entrará no caixa no próximo exercício – o incentivo é um imposto ao contrário. Espera-se que nesse grupo esteja a maioria dos que serão alvejados. Há outro contingente de setores e empresas, em que os incentivos já estavam programados com diferimento no tempo devido às suas peculiaridades – há renúncias, por exemplo, vinculadas a investimentos cuja supressão das vantagens já previstas no budget das empresas levaria a desequilíbrio econômico e financeiro. 

O governo quer evitar ao máximo a judicialização dos cortes. Decidido está é que todas as empresas ou setores escolhidos serão enquadrados em um regime tributário com menos desigualdade, zerando ou reduzindo ou incentivos, até o fim do mandato de Lula. O Ministério da Fazenda acredita que o disclosure da “iniciativa privada que come o orçamento federal pela beirada” é um movimento estratégico. Sua função é minar a resistência dos lobbies e do próprio Congresso Nacional. Constranger primeiro para cortar depois, com os critérios mais técnicos possíveis – sabe-se que a questão tem imenso componente político – é o que está fechado até agora. A ver o quanto o governo consegue colocar no bolso.   

No empresariado não falta quem desacredite da firmeza dessa decisão, pelo menos em um horizonte tão curto. À exceção da gestão Sarney, todos os governos, com maior ou menor ênfase, tocaram na questão dos incentivos e subsídios, e, paralelamente, o montante das benesses somente foi aumentando. Segundo o líder de uma associação de classe que será afetada, “o Ministério da Fazenda ainda está beliscando o assunto”. Em primeiro lugar, não sabe muito bem nem o estoque nem quem efetivamente recebe os incentivos e subsídios – tal qual o Bolsa Família, há muitas fraudes e favorecimentos indevidos. É preciso apurar o grupo dos incentivados de araque. Há mais dúvidas. Em entrevista concedida em 23 de abril, Fernando Haddad afirmou que o governo estava abrindo mão de R$ 486 bilhões em perdas tributárias; em 29 de abril, esse número passou para R$ 568 bilhões; e, em 31 de maio, a informação é que as renúncias alcançariam R$ 641 bilhões. Isto significa que em 38 dias o valor variou R$ 155 bilhões. Ou seja: o Ministério da Fazenda não sabe o número exato da maior “caixa preta” das contas públicas.   

A fonte do RR diz que Lula quer fazer os cortes, mas tem uma pulga atrás da orelha. Se preocupa com a politização excessiva da iniciativa, que a medida seja encarada como um “plano do nós contra eles” ou uma “cruzada contra os ricos”. Um prato cheio para a oposição mais conservadora. Há também a narrativa de que a divulgação da identidade das empresas aquinhoadas pode ser interpretada como uma invasão de privacidade, ou seja, colocadas as imensas diferenças, seria como se o governo estivesse divulgando o número da conta bancária do cidadão e o valor disponível, o que é proibido. Haddad sensibiliza o presidente com o argumento de que o governo corre um risco ao não se proteger na comunicação: ao não dar nome aos bois e aos seus respectivos CNPJs, está ameaçado de deixar a condição de mocinho para se tornar vilão, mesmo junto a parcela dos seus aliados. E não cortar os incentivos ainda inviabilizaria todo o planejamento na área fiscal, a começar pelo arcabouço. O presidente pode ter todos os defeitos, mas não lhe falta intuição. O assunto certamente será ideologizado.   

Alguns cuidados já foram acertados: não serão divulgados nomes de pessoas físicas e haverá toda a discrição possível no trato da questão, após a divulgação dos CNPJs e da lista de cortes. Mas a verdade é que há muitos aspectos a serem resolvidos. Serão divulgados os CNPJs de todas as empresas que recebem incentivos fiscais? As companhias dos setores que continuarão recebendo benefícios – a exemplo da Zona Franca de Manaus e grande parte do setor agrícola – serão colocadas nesse mesmo balaio? Vale divulgar as informações das médias empresas? As pequenas serão poupadas, por motivos políticos e econômicos óbvios? Da mesma forma, empresas ou instituições ligadas a ações sociais serão incluídas na lista?   

Sabe-se que o governo quer jogar para debaixo do tapete os subsídios creditícios, até porque pretende utilizar esse expediente durante todo o mandato de Lula. De uma certa forma, o incentivo caracterizaria o lado ruim do sistema e o subsídio, o bom. Se for isso, o governo já começou a desfiar seu enredo de forma equivocada. O incentivo à fabricação de carros populares foi a maior mancada de fato – declarações fora de hora e tom e bravatas foram várias – desses pouco mais de 100 dias do governo Lula. 

#CNPJs #Fernando Haddad #Lula #Ministério da Fazenda

Política

O União Brasil que apedreja é o mesmo que afaga

20/06/2023
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O União Brasil tem adotado uma postura na linha Dr. Jekyll e Mr. Hyde com o governo Lula. De um lado, o “monstro” pressiona por mais cadeiras no Ministério, trabalha pela substituição da titular do Turismo, Daniela Carneiro – filiada ao próprio partido, mas vista como alguém da cota pessoal de Lula -, e ameaça barrar projetos de interesse do Palácio do Planalto no Congresso; por outro, a sigla tornou-se um importante aliado para a aprovação da indicação de Cristiano Zanin ao STF. O “médico”, nesse caso, atende pelo nome de Antônio Rueda, vice-presidente do partido. Rueda tem organizado seguidos encontros de Zanin com senadores, incluindo um jantar na semana passada, em Brasília. Simultaneamente, tem disparado mensagens a parlamentares pedindo votos a favor do indicado pelo presidente Lula. Os próprios colegas do União Brasil já questionam tamanho empenho. Para muitos, o Rueda vice-presidente do partido parece estar trabalhando pelo Rueda advogado: estima-se que o escritório do qual é sócio atue em mais de uma centena de processos em tramitação na Suprema Corte. 

#Daniela Carneiro #Lula #União Brasil

Política

Governo remove herança bolsonarista na Antaq

20/06/2023
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Aos poucos, o governo Lula vai removendo heranças bolsonaristas no segundo escalão. O superintendente de regulação da Antaq, Bruno Pinheiro, está deixando em cargo. Em seu lugar assume o atual superintendente de Desempenho, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Agência, José Renato Fialho. A saída de Pinheiro é um passo a mais no desmonte do grupo de poder que deu as cartas no setor portuário durante o governo Bolsonaro, capitaneado por Mario Povia e Diego Piloni. Povia, ex-diretor geral da Agência e ex-secretário de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, hoje ocupa funções burocráticas no órgão regulador, do qual é servidor de carreira. Já Piloni, que antecedeu Povia na Secretaria, cruzou a porta do serviço público para a iniciativa privada e virou consultor da TIL (Terminal Investment Limited), multinacional do setor portuário controlada pela MSC. Na Antaq resta ainda uma representante dessa estrutura que mandou e desmandou na área portuária nos últimos anos: Flavia Takafashi, diretor da Antaq. 

#Antaq #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Infraestrutura

Política

PT engrossa a ofensiva do governo Lula contra a Eletrobras

19/06/2023
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Diretamente ou indiretamente, a investida do governo Lula sobre a Eletrobras se dá pelos mais diversos lados. Segundo um prócer do PT disse ao RR, o partido estuda entrar com ações cruzadas em diferentes instâncias questionando a privatização da empresa. Uma das ideias é ingressar com uma representação no TCU. Ao mesmo tempo, o partido planeja acionar Secretária de Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, alegando que a venda da Eletrobras trouxe prejuízos ao consumidor. Um exemplo, neste caso: ao ser privatizada, a empresa foi obrigada a contratar oito mil MW de usinas termelétricas a gás, que vão entrar em operação entre 2026 e 2030. Esse custo será compartilhado com distribuidoras e, na última linha, vai bater na conta de luz. 

#Eletrobras #Lula #Ministério da Justiça #PT

Política

Juan Guaidó é o “troféu” da vez para a extrema direita brasileira

19/06/2023
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Eduardo Bolsonaro está articulando um encontro, em Miami, com Juan Guaidó, líder da oposição na Venezuela. O “03” pretende viajar com outros parlamentares bolsonaristas, como Nikolas Ferreira (PL-MG). Uma das ideias é transmitir o encontro ao vivo nas redes sociais – a arena preferida da extrema direita. O objetivo é criar um fato político em contraponto às recentes mesuras feitas por Lula a Nicolás Maduro durante sua visita ao Brasil. Naquela mesma semana, deputados e senadores aliados de Jair Bolsonaro chegaram a realizar uma reunião virtual com o venezuelano. Bolsonaro, não custa lembrar, foi um dos poucos chefes de Estado que reconheceram o “governo” Guaidó no início de 2019. Na ocasião, ele se autodeclarou presidente da Venezuela.  

#Eduardo Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Juan Guaidó #Lula #Nicolás Maduro #Venezuela

Mercado

Alckmin tenta destravar dívida da Argentina com transportadoras brasileiras

16/06/2023
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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria, Geraldo Alckmin, tem feito gestões junto a autoridades argentinas na tentativa de equacionar um impasse na área de comércio exterior. Uma série de exigências impostas pelo governo de Alberto Fernández tem provocado seguidos atrasos no pagamento de frete a companhias brasileiras de logística que transportam carga para o país vizinho. A bola de neve acumulada entre abril e junho soma aproximadamente US$ 150 milhões. E vai aumentar. Segundo o RR apurou junto a uma das maiores empresas do setor, outros US$ 40 milhões em faturas emitidas vencem até o próximo dia 20 e, por ora, não há qualquer sinal de que serão quitadas.

Geraldo Alckmin e seus assessores têm feito gestões junto ao ministro das Relações Exteriores e Comércio Internacional da Argentina, Santiago Andrés Cafiero. O assunto, segundo o RR apurou, já foi levado também ao embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli. Historicamente, a remuneração pelo transporte de carga para a Argentina sempre se deu no ato da entrega. Agora, no entanto, os importadores locais têm demorado até 90 dias para quitar o débito. E jogam a culpa para cima do governo. A última novidade veio do Banco Central da Argentina, que passou a exigir das transportadoras uma licença prévia – na prática, um calhamaço de documentos emitidos tanto por autarquias federais quanto provinciais.

#Alberto Fernández #Geraldo Alckmin #Lula #Santiago Andrés Cafiero

Governo

Tebet chama governadores e prefeitos para um Plano Plurianual realmente participativo

16/06/2023
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A ministra do Planejamento, Simone Tebet, pretende agendar uma série de reuniões com governadores e prefeitos de grandes capitais com o objetivo de colher propostas para a elaboração do Plano Plurianual Participativo 2024-2026. Trata-se de um dos raros movimentos do governo no sentido de cumprir o aceno feito por Lula antes mesmo de assumir a Presidência, de ouvir regularmente estados e municípios para a tomada de decisões – ver RR. Tebet trabalha com a meta de encaminhar a versão definitiva do documento ao Congresso na segunda quinzena de agosto.

#Lula #Simone Tebet

Política

Marcos Pereira pode ganhar um ministério. Mas qual?

14/06/2023
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Segundo fonte do Palácio do Planalto, Lula cogita dar um ministério a Marcos Pereira, presidente do Republicanos. No xadrez do Congresso, a cooptação do partido é vista como fundamental para atrair uma parcela do Centrão que tem votado predominantemente contra o governo. O problema é que, em vez de organizar, a movimentação dessa peça ameaça desarrumar ainda mais o tabuleiro das relações entre o Executivo e o Legislativo. Pereira já sinalizou a preferência por assumir o Desenvolvimento Regional, Pasta que, entre outras guloseimas orçamentárias, comanda a Codevasf. O problema é que hoje o Ministério pertence a Walder Goez, aliado de Davi Alcolumbre e personagem vital para conter uma possível debandada do União Brasil.  

#Codevasf #Lula #Marcos Pereira

Política

O candidato de Arthur Lira para o Tribunal Superior do Trabalho

13/06/2023
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O presidente da Câmara, Arthur Lira, está trabalhando com afinco nos bastidores para emplacar o advogado alagoano Adriano Avellino no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Em conversas com aliados nos bastidores, Lira já canta vitória, ou melhor, metade da vitória. Garante que Avellino estará na lista tríplice que será encaminhada ao presidente Lula. O conterrâneo do presidente da Câmara consta da relação de seis nomes votados pela OAB Federal. Desses, os atuais ministros do TST escolherão os três finalistas que serão submetidos a Lula. A vaga está destinada ao quinto constitucional da advocacia. 

#Arthur Lira #Lula #Tribunal Superior do Trabalho

Política externa

Casa da Moeda vai rodar mais dinheiro para a Argentina

12/06/2023
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Se há uma empresa brasileira que, literalmente, deve fazer ainda mais dinheiro com as boas relações entre Lula e Alberto Fernández é a Casa da Moeda. Há negociações para que a estatal brasileira fabrique uma nova remessa de pesos argentinos ainda neste ano. Por ora, as tratativas estão trancadas a sete chaves na empresa. Mas, segundo informações filtradas pelo RR, seria um contrato ainda maior do que o executado no ano passado, quando a Casa da Moeda produziu mais de 600 milhões de cédulas de pesos. A empresa brasileira deverá avançar atendendo uma parcela da demanda do Banco Central da Argentina que, nos últimos dois anos, foi suprida por encomendas a outros países, notadamente a China. Consultada pelo RR sobre o novo pedido, a Casa da Moeda disse que as “informações solicitadas sobre o contrato com a Casa da Moeda da Argentina são sigilosas”.

#Alberto Fernández #Casa da Moeda #Lula

Destaque

Governo Lula faz contorcionismos para a “reestatização” da Eletrobras

9/06/2023
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O governo está quebrando a cabeça para achar uma solução no mínimo coerente para conter os arroubos e satisfazer minimamente o presidente Lula em seu desejo de romper o estatuto da Eletrobras e comprar ações compatíveis com a participação da União na empresa. Na prática, o Estado detém 40,18%, mas seu poder de voto está restrito a 10%. Na visão do presidente, a União ficou na empresa como boi de piranha, para ser espoliada e contribuir com parcela maior dos investimentos quando for a decisão do Conselho – do qual a União faz parte. Os missionários de Lula na Fazenda e no Planejamento estudam a criação de uma classe de ações diferenciadas ou a transformação do capital excedente em um bloco só de golden share, a instituição de uma “holding de fachada” ou mesmo fazer um spin off de parte da companhia. Lula talvez tenha razão em alguns pontos que ele deduziu.  A pílula de veneno é um bom invento, tudo bem. Mas para quem entra na companhia, sabendo as regras desde a decisão de capitalização. Quem está dentro com um caminhão de ações é “takeoverizado” na marra, na forma mais hostil existente no mercado.  

O discurso de Lula de “estatizar” a Eletrobras é velho e desinformado. A privatização com o modelo de public company, com uma pitada de golden share é o estado da arte. Faltam ao presidente as lições do professor Octávio Gouvea de Bulhões, ex-ministro da Fazenda, para quem não sabe ou não se lembra. Dizia o sábio professor: “O mercado de ações é um instrumento de democratização e não de concentração do capital. Quanto mais pessoas forem acionistas, melhor, porque amplia a base do mercado. Eu criaria uma lei para que fossem dadas, sob a forma de bonificação, ações a todos os trabalhadores de empresas que tivessem um porte compatível com esse programa.” Bulhões, com palavras mais escorreitas, definiu o modelo e a intenção da “pílula de veneno” – expediente que limita as decisões da empresa a um percentual de ações até certo patamar.  

A medida foi adotada justamente para pulverizar a base do capital acionário e evitar que um grupo detentor de um número de ações maior assuma o controle e faça do comando da companhia um feudo similar ao que é visto em várias estatais, cuja governança responde mais aos grupos de interesse do que às verdadeiras prioridades da corporação. A governança de qualquer empresa decente tem de ser profissional. Ponto. Além do mais, a Eletrobras é uma empresa madura, o governo está sem recursos e, portanto, sem condições de investimentos. E mais: o Estado possui instrumentos regulatórios que podem corrigir a rota da empresa – estratégica, sem dúvida – caso seja necessário. 

Em tempo: há uma questão que Lula traz à tona e o RR não sabe responder. A parte excedente aos 10% das ações permitidos seguirão recebendo dividendos similares ou haverá também uma “pílula de veneno” para a remuneração dos acionistas? O discurso de reestatização da Eletrobrás soa tão inconveniente como as loas a Nicolau Maduro e a sua “democracia incompreendida”. Mas pode até ser que no varejo Lula tenha algumas pequenas questões pertinentes. 

  

#Eletrobras #Lula #Ministério da Fazenda #Nicolau Maduro

Infraestrutura

Um programa meia sola de concessões portuárias

9/06/2023
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Nada de Porto de Santos ou de qualquer outro peixe graúdo do setor. Por ora, o programa de concessões portuárias do governo Lula só tem bagrinho: o ministro dos Portos e Aeroportos, Marcio França, vai lançar até setembro o edital de licitação de quatro terminais pesqueiros –  Aracaju (SE), Cananéia (SP), Natal (RN) e Santos (SP). Diferentemente do projeto inicial, de leiloar as quatro concessões em um único bloco, a ideia é negociar os ativos separadamente. As regras estão passando pelos últimos ajustes e, ao contrário do ano passado, quando houve uma tentativa de venda em bloco, a ideia agora é negociar um a um. Uma fonte do Ministério revelou ao RR que haverá redução nos preços mínimos em comparação às licitações realizadas no ano passado – os terminais de Vitória e Manaus. O objeto é reduzir os riscos de licitações desertas, ou seja, sem ofertas. O TCU, ressalte-se, já deu sinal verde para os leilões.

#Lula #Marcio França #Porto de Santos

Governo

Lula anuncia detalhes do programa de estímulo a carros populares

5/06/2023
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A equipe econômica trabalhou a toque de caixa durante o fim de semana para fechar as regras do programa de estímulo à produção de veículos populares. A ideia no Palácio do Planalto é que Lula anuncie os detalhes do projeto durante a sua visita à fábrica da Stellantis, em Goiana (PE), prevista para amanhã. A escolha do local não foi aleatória. A ida de Lula ao local tem um caráter simbólico: a fábrica foi inaugurada pela então presidente Dilma Rousseff, em 2015.

#Lula #Palácio do Planalto

Crime organizado

Garimpeiros viram um problema bilateral para Brasil e Venezuela

2/06/2023
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Enquanto Lula e Nicolás Maduro trocam afagos, os ministros da Justiça, Flavio Dino, e da Defesa, José Múcio, negociam com a Venezuela uma operação conjunta das forças policiais e militares dos dois países contra os garimpeiros ilegais. As ações da Polícia Federal no território Yanomami têm levado uma onda de fugitivos para o país vizinho. Segundo investigações das áreas de Inteligência do Exército e da Polícia Federal, nos últimos 30 dias mais de 400 garimpeiros procurados pelas autoridades brasileiras atravessaram a fronteira e se instalaram nos estados venezuelanos de Bolívar e Amazonas. Muitos deles conseguiram escapar carregando máquinas e equipamentos de garimpo, além de armamentos e munição. Ainda segundo as investigações os garimpeiros estariam recrutando nativos tanto no Brasil quanto na Venezuela como “seguranças”, com a missão de vigiar a selva.

#Flavio Dino #Lula #Nicolás Maduro #Polícia Federal #Venezuela

Política externa

Argentina busca apoio do governo Lula para compras gás

2/06/2023
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, aproveitou sua passagem por Brasília para negociar com o governo Lula um acordo para a compra de gás. A operação envolveria a transferência de aproximadamente 10 milhões de metros cúbicos por dia, em um acordo pelo menos até o fim do ano. Na prática, o Brasil atuaria quase como um trader, um intermediário na venda do gás boliviano. O país andino estaria atrasando a entrega de insumo já contratado pela Argentina, algo não muito diferente do que a estatal boliviana YPFB fez com a Petrobras entre 2019 e 2020.

#Alberto Fernández #Argentina #gás #Lula #Petrobras #YPFB

Destaque

Maduro desponta como o “fiador” da entrada do Brasil na Opep

31/05/2023
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Há pelo menos duas versões para as loas de Lula a Nicolás Maduro, que excederam qualquer expectativa de exagero na recepção – Maduro teve honrarias de um grande chefe de Estado. A primeira das versões, um tanto quanto simplória, interpreta a apoteose de saudação a Maduro em terras brasileiras como mais um ato de pragmatismo. Lula pretendeu dar um sinal amigável as suas bases de apoio mais à esquerda. Por essa ótica, comprada por quase todas as mídias, os festejos para o presidente venezuelano foram planejados para afagar a bolha dos petistas e aliados mais ideológicos. A segunda versão é mais ambiciosa. Ela segue em linha com o projeto de Lula de levar o Brasil a um patamar de protagonismo na discussão e decisões da geopolítica. O presidente da Venezuela é visto no Palácio do Planalto como um aliado fundamental para o projeto acalentado pelo petista e seus principais assessores da área internacional, notadamente Celso Amorim: a entrada do Brasil na Opep. Maduro funcionaria como uma espécie de embaixador do pleito brasileiro junto aos demais integrantes das Organização dos Países Exportadores de Petróleo – da qual os venezuelanos são membros fundadores. Guardadas as devidas proporções, o presidente da Venezuela estaria para a causa como Donald Trump esteve, em certo momento, para as tratativas em torno do ingresso do Brasil na OCDE.  

Os números credenciam o Brasil a entrar na Opep. Na média, o país produz atualmente algo em torno de 3,2 milhões de barris de petróleo por dia. Esse volume seria suficiente para colocar o Brasil em quarto no ranking dos países membros da Organização, atrás apenas da Arábia Saudita, Iraque e Irã. Olhando-se para as reservas comprovadas, o poder de fogo brasileiro seria menor se comparado aos integrantes da entidade. Atualmente, o país tem cerca de 15 bilhões de barris, o que lhe daria apenas o décimo lugar no rol da Opep – por sinal, quem lidera nesse quesito é exatamente a Venezuela, com aproximadamente 300 bilhões de barris. Ressalte-se, no entanto, que o Brasil pode, em breve, dar um salto com a Margem Equatorial – o que, de certa forma, explica a disposição de Lula de levar adiante os projetos da Petrobras nessa nova fronteira petrolífera, não obstante os óbices de ordem ambiental.  Estudos mais recentes, como o do Centro de Infraestrutura (CBIE), indicam uma estimativa em torno de 30 bilhões de barris em reservas estimadas na região.  

O governo Bolsonaro, não custa lembrar, chegou a ensaiar articulações internacionais para o ingresso do Brasil na Opep. Na viagem que fez à Arábia Saudita, em 2021, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tratou do assunto com as autoridades locais. Como quase tudo na política externa da gestão Bolsonaro, a pauta não saiu do lugar.   

#Celso Amorim #Centro de Infraestrutura #Lula #Margem Equatorial #Nicolás Maduro #OPEP #Petrobras #Venezuela

Política externa

Lula pretende ir à Índia com um olho na África do Sul

30/05/2023
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De primeira: segundo uma fonte do Itamaraty, no recente encontro com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante a reunião de cúpula do G7, Lula comprometeu-se a fazer uma visita oficial ao país no segundo semestre. A agenda da viagem vai girar em torno da retomada do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul, o Ibas. Para Lula, é quase uma questão autoral em meio à política externa brasileira. O petista teve protagonismo nas tratativas que levaram à criação do Ibas, em 2003, exatamente no início de seu primeiro mandato. Formalmente, o Fórum de Diálogo nunca deixou de existir. Mas foi quase que totalmente abandonado no governo Bolsonaro. Em março, durante conversa telefônica com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, Lula tratou também da revitalização do bloco trilateral.  

Em tempo: neste momento, nenhuma outra empresa brasileira tem mais a ganhar com a aproximação entre Lula e o governo de Narendra Modi do que a Embraer. A companhia está em avançadas tratativas com as Forças Armadas indianas para o fornecimento de um lote de até 80 cargueiros militares KC-390. Para além desse acordo comercial, a Embraer tem interesses ainda maiores na Índia: o projeto de instalar uma fábrica de aviões regionais no país, ao lado de investidores locais. 

#África do Sul #Embraer #G7 #Lula

Governo

Disputas políticas agitam Defensoria Pública da União

30/05/2023
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É tenso o clima na Defensoria Pública da União (DPU). Há uma queda de braço entre aquele que seria e aquele que será o chefe do órgão. Indicado pelo presidente Lula para comandar a DPU, o defensor público Igor Roberto de Albuquerque foi designado assessor especial da instituição, um rito de passagem até ser sabatinado no Senado. Um de seus primeiros atos foi justamente articular a saída de Daniel Macedo, que também ocupava uma assessoria especial. Defensor Público Geral da União entre 2021 e 2022, Macedo foi reconduzido ao comando da instituição no fim do governo Bolsonaro. Com a pecha de “bolsonarista”, acabou preterido para a nomeação de Igor Albuquerque. A decisão do presidente Lula causou desconforto dentro da DPU. Macedo foi o primeiro da lista tríplice formada por seus colegas em novembro do ano passado, com 507 votos, ou seja, 75% do colégio eleitoral. Foi a maior margem histórica na disputa pelo posto de Defensor Geral da União. O que de nada lhe adiantou. 

#Defensoria Pública da União #Jair Bolsonaro #Lula

Justiça

Risco judicial afasta construtoras da faixa mais popular do Minha Casa, Minha Vida

29/05/2023
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O governo terá de desatar um nó para viabilizar a recriação da faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), voltada a camadas mais baixas da população. Importantes construtoras, à frente MRV, Tecnisa e Tenda, já sinalizaram que não vão entrar nesse segmento do programa habitacional. Ou seja: a promessa de Lula de aumentar a oferta de imóveis para famílias com renda mensal de até R$ 2,6 mil pode esbarrar na falta de quem os construa. A recusa das empresas se deve ao risco jurídico da operação. Existem hoje mais de 120 mil processos judiciais contra construtoras por reclamações e até mesmo pedidos de indenização relativos à venda de imóveis da faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida. A maioria esmagadora desse passivo diz respeito a projetos conduzidos durante os governos de Lula e Dilma Rousseff – uma vez que a gestão Bolsonaro extinguiu esse segmento do programa de crédito. Em termos financeiros, esse estoque de ações judiciais representa uma ameaça potencial da ordem de meio bilhão de reais. Consultada, a Tecnisa não quis se pronunciar. MRV e Tenda não retornaram aos seguidos pedidos de posicionamento do RR. 

O governo estuda soluções para equacionar o impasse. A maior delas, uma mudança na figura legal dos imóveis na faixa 1 do MCMV. Os projetos seriam enquadrados como uma obra pública, descaracterizando, assim, a relação comercial direta entre comprador e a empresa executora pela obra. Essa mudança funcionaria como uma espécie de blindagem, mitigando o risco de processos judiciais. Ou seja: nessa linha, o próprio governo poderia ser legalmente responsabilizado por problemas relacionados à obra ou mesmo atrasos na entrega das unidades. 

#Lula #MCMV #MRV #Tecnisa #Tenda

Destaque

Margem Equatorial é um falso dilema para o governo

26/05/2023
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O imbróglio da Margem Equatorial é uma “Escolha de Sofia que já está escolhida”. O Palácio do Planalto não vai recuar. Muito pelo contrário. O governo Lula está decidido a fazer o que for necessário para levar adiante os projetos da Petrobras na região. A decisão vai muito além da esfera corporativa. Trata-se de um assunto de Estado, conduzido a partir de um forte cálculo político e de um aguçado senso de oportunidade. É como se dois raios tivessem caído no mesmo lugar, ou melhor, na gestão do mesmo presidente da República. Em termos potenciais, a Margem Equatorial está para o Lula III como o pré-sal para o Lula I e II. A nova fronteira petrolífera do Brasil tem reservas estimadas em 30 bilhões de barris, segundo estudo da CBIE Advisory, do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Ou seja: o triplo das reservas já comprovadas do pré-sal.  

Entre os prós e contras que pesam na balança, o governo Lula vislumbra um saldo político positivo. A preocupação agora é administrar as possíveis perdas. O Palácio do Planalto sabe que precisa endurecer para tirar petróleo da Margem Equatorial, mas sem perder a ternura em pontos chave. A questão é como mitigar a desmoralização do Ibama; como encaixar a “operação fura-poço” na Amazônia sem perder a franquia do discurso de preservação ambiental; como não diluir o prestígio internacional de Lula nessa área. E, de alguma forma, tão ou mais importante: como acomodar Marina Silva, que, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, forma a tríade dos ministros indemissíveis, tamanho o desgaste político que a saída de qualquer um da respectiva Pasta traria. Marina é um fator de risco, vide o track records: no primeiro governo Lula deixou o Ministério do Meio Ambiente por não concordar com a “Margem Equatorial” da ocasião, leia-se a construção da Usina de Belo Monte. Ainda assim, há sinais, neste momento, de uma maior adaptabilidade de Marina às circunstâncias políticas. São sintomáticas, por exemplo, as suas declarações de que o Congresso tem poder demais e é o maior responsável pelo desmonte dos órgãos ambientais. É como se a ministra estivesse calculadamente desviando o foco do Planalto e do próprio presidente Lula para o Legislativo.  

De toda a forma, há uma dissintonia no governo Lula. Em vários aspectos, a teoria e a prática não dialogam, com colisões entre diferentes iniciativas e políticas. É o caso, por exemplo, das medidas anunciadas ontem para a produção de veículos populares. Não há dúvidas de que a indústria como um todo precisa de airbags, sobretudo um setor que, apesar de toda a tecnologia, ainda é intensivo em emprego, como o automobilístico. No entanto, é no mínimo um contrassenso de que um governo que se diz tão comprometido com a transição energética e a causa ambiental estimule a produção de automóveis em vez de fomentar soluções de mobilidade no transporte coletivo.  

De qualquer forma, essa questão é apenas um detalhe, algo infinitamente inferior frente ao problema maior da Margem Equatorial. Trata-se de um assunto de razoável peso institucional, capaz de gerar uma eventual crise interministerial e de desarticular um núcleo duro desse governo representado na figura da ministra Marina Silva.  

#Lula #Margem Equatorial #Ministério do Meio Ambiente #Palácio do Planalto #Petrobras #Usina de Belo Monte

Governo

Augusto Aras quer deixar como legado a frota aérea do Ministério Público 

26/05/2023
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O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, retomou os planos de aquisição de até seis aeronaves de pequeno porte para o Ministério Público. O projeto chegou a ser anunciado no ano passado, mas não decolou. Agora, Aras promete fechar a aquisição dos aviões até agosto, segundo uma fonte do próprio MPF. A celeridade tem razão de ser. O PGR parece empenhado em deixar a frota como legado da sua gestão à frente do Ministério Público – isso se Aras não for reconduzido ao cargo pelo presidente Lula, conforme o próprio RR já informou.

As aeronaves atenderão, sobretudo, ao deslocamento de procuradores na Região Amazônica. Estudos preliminares feitos pelo MPF indicam que o custo total não deve passar de R$ 2 milhões – serão adquiridos aviões pequenos, de, no máximo, seis lugares.

#Augusto Aras #Lula #Ministério Público #PGR

Economia

Enfim, o FAT dá sinais de vida no governo Lula

25/05/2023
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Os recursos do FAT – uma dinheirama de R$ 115 bilhões, segundo o orçamento deste ano – enfim vão começar a sair do papel. O Codefat, conselho gestor do fundo, marcou para o dia 21 de junho a sua primeira reunião no governo Lula III. O evento foi adiado seguidamente desde janeiro pela falta de quórum, devido à demora na escolha dos representantes dos ministérios no colegiado. Ao menos, depois de tanto retardo, a reunião vem sendo tratada como prioridade no governo. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já sinalizaram que vão comparecer pessoalmente. Até porque um dos itens da pauta promete ser quente: a definição dos parâmetros para a elaboração do orçamento do FAT para 2024, a cargo da Pasta do Planejamento. 

Desde já, há pressão dos representantes da classe trabalhadora – a começar por Sergio Luiz Leite, vice-presidente da Força Sindical – para que o governo evite desvios e gambiarras como a feita pela gestão Bolsonaro no ano passado. Na ocasião, cerca de R$ 14 bilhões do FAT foram usados para custear o pagamento de benefícios do INSS. Com isso, o Codefat se viu obrigado a rever investimentos em programas como o de qualificação profissional do trabalhador e de intermediação de mão-de-obra, uma de suas missões institucionais. Dos R$ 800 milhões necessários, apenas R$ 60 milhões foram efetivamente gastos em tais ações. 

#Codefat #INSS #Lula #Ministério do Planejamento #Simone Tebet

Destaque

Governo negocia acordo com a China para reduzir déficit de estocagem de grãos do Brasil

24/05/2023
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Cofco e Sinograin, dois gigantes do agronegócio chinês, sinalizaram o interesse de intensificar investimentos na ampliação da estrutura de armazenagem de grãos no Brasil. As tratativas envolvem tanto a construção de estruturas próprias de estocagem como uma parceria para a reforma e gestão de armazéns da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), subordinada à própria Pasta da Agricultura. Mais de 20 unidades armazenadoras da estatal estão fechadas por falta de investimentos. O governo Bolsonaro chegou a ensaiar um processo de venda dessas instalações, mas o projeto não andou. A notória escassez de estruturas de estocagem é um dos mais graves problemas do agronegócio brasileiro. Somente no Mato Grosso, o déficit de armazenagem equivale à metade de toda a safra do estado: são mais de 40 milhões de toneladas de grãos sem teto. Só para não variar, o cobertor dos recursos públicos é curtíssimo. Do Plano Safra 2023-2024, que totaliza mais de R$ 340 bilhões, apenas R$ 5 bilhões, ou algo como 1,5%, estão reservados para financiar a construção de silos e armazéns. 

Por ora, os investimentos da Cofco e da Sinograin estão na categoria das intenções. Trata-se de uma operação que depende de um acordo entre os governos do Brasil e da China, a partir de uma semente plantada durante a recente passagem de Lula por Pequim. A possível parceria junta a fome com a vontade de comer. O Brasil precisa de dinheiro: estudos indicam a necessidade de mais de R$ 15 bilhões de investimentos em estocagem para acompanhar o ritmo de crescimento da produção agrícola. A China, por sua vez, tem tratado a gestão de estoques agrícolas com algo estratégico, tanto dentro quanto fora de suas fronteiras. 

No ano passado, a Cofco e a Sinograin, ambas estatais, criaram uma joint venture para administrar todas as reservas locais de commodities agrícolas. No caso específico do Brasil, além de motivações de ordem geoeconômica, a China precisa resolver um problema que atinge diretamente a atuação da própria Cofco no país. O grupo já investiu entre 2019 e 2021 cerca de US$ 200 milhões na construção de estruturas próprias de armazenagem. Com uma crescente atuação na originação de grãos no Brasil, vai precisar de mais. Muito mais. 

#China #Cofco #Conab #Lula #Sinograin

Governo

Governo quer entrar de sola contra o racismo no futebol

24/05/2023
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Uma ideia passeou ontem, em Brasília, um dia após a divulgação das notas de repúdio dos Ministérios das Relações Exteriores, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Esportes contra os ataques racistas que o jogador Vinicius Jr. tem sofrido na Europa. A proposta é que o governo brasileiro lidere uma campanha internacional contra essas vergonhosas atitudes discriminatórias. Vini Jr. se soma a uma lista de atletas que receberam ou recebem essas ofensas, da qual fazem parte Neymar Jr., Roberto Carlos e Daniel Alves. A premissa do governo é que essas notas oficiais são apenas protocolares e dão uma dimensão rasa do problema.  

Por sua vez, a ideia do ministro da Justiça, Flávio Dino, de aplicar a legislação brasileira no exterior contra os torcedores que atacaram os jogadores brasileiros foi considerada risível. Seria criar uma espécie de jurisprudência permitindo que um país interferisse na decisão soberana de outra Nação. Ainda ontem, também, uma das vivandeiras célebres da Secretaria de Comunicação da Presidência da República ofereceu-se para organizar uma mega lista de um abaixo assinado contra o racismo, explorando a imagem do Vini. Seria uma representação da sociedade, e todos os integrantes do governo assinariam como cidadãos. Lula com certeza vai gostar mais de ser o garoto propaganda de uma campanha internacional antirracista, o que convenhamos, com ou sem a exposição publicista do Presidente da República, seria bom para o Brasil. A ver se cola. 

#Daniel Alves #Direitos Humanos e Esportes #Flavio Dino #Igualdade Racial #Lula #Neymar Jr. #Relações Exteriores #Roberto Carlos #Vinicius Jr.

Institucional

Agenda fixa com os quatro estrelas

24/05/2023
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Após um começo bastante turbulento, Lula tem revelado uma razoável satisfação com o comportamento do oficialato das Forças Armadas. Tanto que o presidente pretende realizar almoços regulares com a presença conjunta dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. No Palácio do Planalto, a ideia é atribuída ao próprio vice-presidente, Geraldo Alckmin, que também deverá participar dos encontros. Alckmin, como se sabe, é próximo do atual comandante do Exército, general Tomás Paiva. O objetivo é que Lula trate diretamente de pautas de interesse dos militares, notadamente questões de ordem orçamentária e os principais projetos de investimento das Forças Armadas. Recentemente, o petista participou de almoços isoladamente com cada um dos comandantes militares – o mais recente deles, no último dia 10 de maio, com o tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno, nº 1 da Aeronáutica. Duas semanas antes, o presidente da República almoçou com o Alto Comando do Exército.

#Exército #Forças Armadas #Geraldo Alckmin #Lula

Especial

Decálogo das fatalidades na política econômica do governo Lula

23/05/2023
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Passados 144 dias de mandato do presidente Lula, é incontestável que pouco foi feito de efetivo, não obstante haver planos em gestação e medidas sendo refogadas pelos Poderes. Há dúvida se o governo se preparou para administrar o país ou se está capturado pela crescente dominação dos grupos de interesse. Mas, de favorável, a democracia pulsa com vigor e o Brasil tem condições bastante propícias para o fortalecimento da sua imagem junto ao concerto das Nações, muito em função da elogiável diplomacia da gestão Lula. Todas as previsões elencadas abaixo não estão muito acima ou muito abaixo do que dizem as diversas pitonisas do mercado e instituições acadêmicas. O RR não vai fazer juízo de valor. Apenas, à luz das notícias publicadas no seu site e nas mídias, colocar foco naquilo que parece irresolvível ou inexorável, mantido o caráter “impositivo” da atual conjuntura. Todas as afirmações estão ancoradas em diversas fontes – é fácil reconhecê-las na simples leitura -, mas o RR prefere não citá-las para não fazer uma competição entre os emissores de opiniões. Vamos ao decálogo do que deve acontecer, para o bem ou para o mal.

  1. Os juros não deverão descer de forma significativa, mantendo-se acima do 8% no final do mandato do presidente Lula, quem quer que seja o presidente do Banco Central. Mas, o BC dará alguma sinalização de queda, ainda que pequena, já em 2023.Em qualquer hipótese aventada na atual conjuntura, os juros brasileiros em 2026 ficarão no top ten dos maiores do mundo.
  2. A taxa de juros nominal vai se manter elevada, em 2026, entre 8,5% e 9%. A Selic real ficará entre 4% e 5%. As médias das duas taxas de 2023 a 2026 serão elevadíssimas.
  3. O regime de metas de inflação será alterado, provavelmente na reunião do Conselho Monetário Nacional dos dias 19 e 20 de setembro. Para esse ano, a meta será mantida, afinal mais um ou outro “furo” não fará tanta diferença assim frente ao histórico de descumprimentos pelo Banco Central. A mudança se dará no próximo ano no horizonte de aferição do cumprimento da meta.
  4. A taxa de inflação fechará o quatriênio na faixa de 4% no mínimo. Para o Brasil não é muito. Mas vamos suar juros altos para chegar nesse patamar. A discussão se a sua causa é de demanda ou devido a outras variáveis seguirá incontornável até o final do mandato de Lula. É provável que o fator indexação, maior responsável pela inércia inflacionária, seja citado aqui e acolá, sem que saia do limbo onde se encontra.
  5. Não é provável um crescimento da atividade produtiva além do resultado medíocre dos últimos 20 anos – de 2002 a 2022 –, quando o Brasil teve uma média de expansão do PIB de 2,2%. Esse indicador é o teto para o PIB, lembrando que é “impossível” um crescimento médio de 4,6%, o recorde desde 1990, conforme o realizado no segundo governo Lula, entre 2007 e 2010. A exceção é a prática de heterodoxias. Nesse terreno, quase ficcional, vale tudo. A desindustrialização permanecerá na pauta e o Brasil será um país agrícola.
  6. A renda per capita permanecerá como um retrato do “padrão iníquo da política econômica do país”. A projeção é que o PIB per capita recue entre 0,2% e 0,4% em 2023. Para 2024, a estimativa é de um crescimento de 0,3%. Em 2024, o Brasil teria um crescimento do PIB per capita da ordem de – oxalá – 1%. É tudo pouquinho.
  7. A concentração de renda vai aumentar em linha com o ocorrido – por incrível que pareça – nos últimos 100 anos. Entre 1822 e 2022, a população brasileira cresceu 46,3 vezes, o PIB aumentou 704 vezes e a renda per capita subiu apenas 15,2 vezes. O Brasil é o segundo do mundo no quesito concentração de renda, situando-se atrás apenas do Catar ou de Moçambique, segundo as diferentes fontes consultadas. O segmento de 1% detentor de mais de 50% da renda de toda a população vai crescer sua parcela em relação ao restante.
  8. Mesmo com os salários caindo em termos reais, o emprego deverá se manter no mínimo estável ou mesmo crescente no período entre 2023 e 2026, criando uma assimetria em relação à mediocridade da performance da atividade econômica, devido à redução dos salários e à desobrigação dos cumprimentos trabalhistas. São fatores estruturais e de acomodação de vetores que levam a essa dessintonia. A massa do rendimento do trabalho cresce. A expansão do consumo das famílias cai e a inadimplência aumenta.
  9. É inexorável que o ajuste fiscal, seja lá o que for considerado na prática “ajuste”, se dará por meio de aumento da arrecadação. A sociedade vai pagar o maior quinhão pelo equilíbrio das contas públicas.
  10. De bom, a garantia de tranquilidade da área cambial.

#Lula

Governo

Governo Lula vai bater ponto na Fiesp

23/05/2023
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O governo Lula deverá participar em peso da celebração do Dia da Indústria, na próxima quinta-feira, na Fiesp. Além do próprio Lula, até ontem o início da noite, segundo o RR apurou, já haviam confirmado presença o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o ministro da Economia, Fernando Haddad, e o presidente do BNDES, Aloysio Mercadante. Será, ao mesmo tempo, um afago à indústria e, de quebra, um desagravo a Josué Gomes da Silva, que se encontra extremante pressionado pelos problemas internos da entidade. Apoiador histórico do presidente Lula, o filho do ex-vice-presidente José Alencar sofreu recentemente uma tentativa de golpe na Fiesp, encabeçada por Paulo Skaf.  

#BNDES #Fernando Haddad #Fiesp #Lula

Política

Fernando Bezerra é um líder do governo sem mandato no Senado

23/05/2023
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O ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma, Fernando Bezerra (MDB-PE), tornou-se uma espécie de 82º senador – a Casa tem 81 integrantes. Mesmo sem mandato desde fevereiro, Bezerra vem atuando informalmente nos bastidores do Congresso em busca de apoio a pautas de interesse do governo Lula. O trabalho tem sido recompensado: Bezerra já conseguiu emplacar o aliado Henrique Bernardes na diretoria da cobiçada Codevasf e negocia com o Palácio do Planalto duas indicações para a Sudene.

#Dilma Rousseff #Fernando Bezerra #Lula #Palácio do Planalto

Infraestrutura

Será que dessa vez a Hidrovia Tocantins-Araguaia sai da prancheta?

19/05/2023
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O governo Lula quer arrancar do fundo do rio um projeto que, entre idas (muitas) e vindas (poucas), já leva mais de 50 anos: a construção e posterior concessão da hidrovia Tocantins-Araguaia. O Ministério da Infraestrutura e o DNIT pretendem realizar, ainda neste semestre, as três primeiras audiências públicas, ponto de partida para o empreendimento deslanchar. São quase dois mil quilômetros navegáveis, cortando seis estados. A implantação da nova via fluvial é um pleito, sobretudo, do agronegócio e do setor de mineração. Do lado dos possíveis candidatos à gestão, a Hidrovias do Brasil, leia-se Pátra Investimentos, já sinalizou o interesse no negócio. 

No ano passado, o transporte de cargas na bacia do Tocantins-Araguaia cresceu 13% em relação a 2021. Estima-se que esse indicador pode ser multiplicado por quatro com a implantação da hidrovia. Mas há os senões: o empreendimento enfrenta a resistência de ambientalistas, pelo impacto da construção da via sobre ribeirinhos, quilombolas e territórios indígenas.  

#Lula #Ministério da Infraestrutura #Tocantins-Araguaia

Política externa

Rusgas entre Brasil e Uruguai mobilizam Itamaraty

19/05/2023
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Em meio aos preparativos para o encontro entre chefes de governo sul-americanos no próximo dia 30, em Brasília, um ponto tem merecido atenção especial do Itamaraty: a possibilidade de um encontro reservado entre Lula e o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, com o objetivo de aparar recentes arestas diplomáticas. Segundo informações colhidas pela área de Relações Exteriores do governo, Lacalle Pou atribui a Lula o esfriamento das negociações para um Tratado de Livre Comércio entre Uruguai e China. As tratativas perderam temperatura exatamente após a recente passagem do presidente brasileiro por Pequim. Lula jamais escondeu ser contra o acordo bilateral, defendendo que tratados dessa natureza sejam fechados no âmbito do Mercosul. O mal-estar entre Brasil e Uruguai fica ainda mais evidente pela inclinação de Lacalle Pou de não aderir ao Unasul (União de Nações Sul-Americanas). A ressurreição do bloco é um projeto de política externa quase pessoal de Lula. 

#Itamaraty #Lula #Unasul #Uruguai

Economia

Governo calibra o corte das renúncias fiscais para fazer receita “nova”

18/05/2023
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Pode ser que o RR esteja errando em algum número – até porque o governo não divulgou com detalhes sua proposta de corte das renúncias fiscais. Pode ser também que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteja pretendendo cortar parte dos R$ 600 bilhões em incentivos somente neste ano, o que o RR dúvida. Mas o governo está sentado em um pote de mel para o aumento da arrecadação durante toda a gestão Lula. Se o governo raspar 25% do valor total dos benefícios, conforme deseja o ministro da Fazenda, já terá R$ 150 bilhões neste ano. Ou seja: cobrirá com folga a receita adicional do mesmo valor previsto para fechar o arcabouço fiscal, já que estão programados mais recursos de outras fontes. Mantido o percentual de corte dos incentivos até 2026, o governo teria hipoteticamente R$ 600 bilhões a mais no acumulado de quatro anos.
Deixar de pagar é o mesmo que aumentar a receita. Trata-se de aumento de arrecadação e de carga tributária também, não obstante o governo negar a derrama. A renúncia fiscal é um imposto ao contrário. Se o governo passa a tesoura, ela vira um gravame. O projeto não dito é somar mais de um R$ 1 trilhão de receitas adicionais sem deixar de cumprir as metas do resultado primário. Haddad já está usando o expediente de pressão junto à opinião pública para enfrentar os lobbies contrários ao corte das isenções: quer dar transparência aos beneficiados – setores e pessoas físicas. Ameaça até com a divulgação dos CPFs dos donatários. Vai receber bala do Congresso, que rebate desde já com CPIs a granel. A bancada do agronegócio, por exemplo, já se antecipou e está ultimando a CPI do MST. O agro é um setor fortemente incentivado.
Os parlamentares também preparam ajustes no arcabouço que preveem corte de despesas e gatilhos. Talvez essa seja a forma mais eficiente de evitar que o governo se lambuze no pote de mel. O mercado, como se sabe, prefere a inanição fiscal do que a redução do “dinheiro grátis” dado pela União através dos incentivos. Há razões para as duas partes. O duelo já começou.

#Fernando Haddad #Lula #Ministério da Fazenda #MST

Política externa

Brasil e Argentina navegam em direções opostas sem perder a ternura jamais

18/05/2023
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Uma raríssima ocasião em que os governos de Lula e Alberto Fernández estarão em lados opostos. Segundo fonte do Itamaraty, o Brasil fechou questão e vai se alinhar a Bolívia, Paraguai e Uruguai contra a cobrança de pedágio imposta por autoridades argentinas na Hidrovia Paraguai-Paraná, no trecho entre o Porto de Santa Fé e a confluência do Rio Paraguai. A posição brasileira será levada, nos próximos dias, à Comissão Intergovernamental da Hidrovia, que reúne os cinco países. Conforme o RR já informou, do lado brasileiro há pressões do agronegócio e do setor de mineração, leia-se a Vale, para que o governo Lula interceda pela derrubada do pedágio de US$ 1,47 por tonelada.

#Alberto Fernández #Argentina #Lula #Rio Paraguai

Energia

China Huaneng acena com US$ 3 bilhões em investimentos no Brasil

17/05/2023
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Na esteira da recente passagem de Lula por Pequim, a China Huaneng Group está alinhavando um plano para investir em geração renovável no Brasil. De acordo com informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, as tratativas passam por projetos de usinas solares e eólicas. As primeiras conversas envolvem cifras da ordem de US$ 3 bilhões. Com ativos de aproximadamente US$ 250 bilhões, a China Huaneng Group é uma das cinco maiores estatais chinesas do segmento de geração. A empresa segue a trilha da Energy China International, que anunciou recentemente um novo pacote de investimentos no Brasil também na onda da aproximação entre Lula e o governo de Xi Jinping. Após a recente reunião entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da companhia, Lyu Zexiang, no fim de abril, a Energy China anunciou a intenção de investir mais de US$ 10 bilhões na produção de energia verde e em transmissão no Bras

#China Huaneng Group #Lula #Ministério de Minas e Energia #Xi Jinping

Destaque

Lula sobe no “palanque” para anunciar mudanças do Minha Casa, Minha Vida

16/05/2023
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O Ministério das Cidades e a Secom estão embalando um pacote de boas notícias no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para serem anunciadas pelo próprio presidente Lula. Até o início de junho a Pasta vai encaminhar ao Conselho Curador do FGTS a proposta de zerar o valor de entrada para financiamentos na faixa 1 do programa, uma promessa de campanha do petista. A medida favorecerá o estrato mais baixo do MCMV, famílias com renda mensal de até dois salários-mínimos. Pelas regras atuais, os beneficiários do programa posicionados nessa faixa têm de pagar, logo na partida, algo em torno de 20% do valor do imóvel, o que acaba funcionando como uma cláusula de barreira. Outra mudança prestes a sair do forno é o aumento do número de parcelas do financiamento, vinculada à ampliação dos subsídios do FGTS.  

A ideia da Secom é que Lula anuncie a medida em um grande evento no Nordeste. Fortaleza é a principal candidata – está prevista para as próximas três semanas a entrega de aproximadamente 900 imóveis do Minha Casa, Minha Vida na capital cearense. O Nordeste – proporcionalmente o maior colégio eleitoral do PT – é o alvo principal das mudanças no MCMV. Ao lado do Norte do país, trata-se da região com o maior número de construtoras que deixaram o programa habitacional nos últimos quatro anos. Com as medidas, o governo quer atrair novas empresas para o Minha Casa, Minha Vida.  

#FGTS #Lula #Minha casa #Minha Vida #Secom

Finanças

Política de boa vizinhança com a Argentina chega ao BB

16/05/2023
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O Banco do Brasil não apenas suspendeu o processo de venda da sua participação de 80% no Banco Patagônia como pretende fortalecer sua participação na instituição financeira argentina. Um dos projetos é transformar o Patagônia em ponta de lança para o financiamento de empresas brasileiras que atuam no país vizinho. Outra ideia é que o banco preste serviços a outras províncias argentinas. O Patagônia é o agente financeiro de Río Negro, administrando as contas e a folha de pagamentos de funcionários públicos da região. Em boa parte, a guinada estratégica do BB em relação à instituição financeira deve ser creditada na conta das siderúrgicas relações entre Lula e o presidente da Argentina, Alberto Fernández.

#Alberto Fernández #Argentina #Banco do Brasil #Banco Patagônia #Lula

Destaque

Haddad aposta na jogatina para aumentar a arrecadação fiscal

12/05/2023
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O ministro Fernando Haddad entrou em campo para regulamentar a barafunda das apostas eletrônicas, com a proposta de regulamentação encaminhada na última quarta-feira ao presidente Lula. Com o objetivo de aumentar a arrecadação fiscal, Haddad mira também na liberação de cassinos, tanto físicos quanto onlines. Segundo o RR apurou, o ministro tem mantido conversas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para destravar as propostas sobre o tema em tramitação na Casa. Na prática, seria uma espécie de “Operação limpa-pauta”, se necessário com o apensamento de diferentes projetos de lei para acelerar a sua votação. Pipocam matérias sobre o jogo no Senado, a maior parte delas com sobreposições. Assessores da Fazenda elencaram os principais projetos a serem embalados ou reembalados. Os PLs 2648/19 e 4495/20 tratam da liberação dos cassinos, desde que vinculados a resorts – esta seria a opção preferida da Fazenda. Há ainda o PLS (Projeto de Lei do Senado) 5015/15, que autoriza a construção de “hotéis-cassino” em unidades de conservação ambiental. Outro PLS (186/14) libera e regulamenta videoloterias, vídeo bingos e apostas esportivas online. Essa proposta, em especial, chama a atenção pelo seu relator: o senador e ex-ministro Ciro Nogueira, um dos maiores defensores do jogo no Congresso. Existem ainda duas propostas já aprovadas pela Câmara e que aguardam votação no Senado: os PLs 2234/22 e 442/91. Este último é chamado pelos próprios parlamentares de “liberou geral”: autoriza, de uma só tacada, cassinos, bingos e jogo do bicho. Tem “fezinha” para tudo que é gosto.  

Estudos feitos ainda na gestão de Paulo Guedes – que, diga-se de passagem, sempre defendeu o fim da proibição aos cassinos – projetavam uma derrama da ordem de R$ 20 bilhões por ano com a liberação do jogo. Ou seja: algo em torno de 13% dos R$ 150 bilhões em novas receitas necessárias para o governo cumprir o novo arcabouço fiscal.  

#Ciro Nogueira #Fernando Haddad #Lula #PLS #Rodrigo Pacheco

Política externa

Mais energia para a Argentina e para Alberto Fernández

12/05/2023
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Segundo informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, o governo brasileiro estuda medidas para viabilizar o aumento das exportações de energia para a Argentina. A Pasta vai autorizar novas empresas a vender o insumo ao país vizinho. Nos últimos meses, grandes grupos do setor, notadamente Enel e Engie, têm se notabilizado no fornecimento de energia aos argentinos. O fechamento de novos contratos seria estimulado também pela linha de crédito especial já anunciada pelo presidente Lula, com o objetivo de aumentar as exportações brasileiras para a Argentina.  

Mesmo com todas as ações do governo Lula, o aumento das exportações de energia para a Argentina, de Alberto Fernández, vai depender, e muito, de questões climáticas. A partir deste mês, o Brasil começa a entrar em um período de menos chuvas, com impacto direto sobre os reservatórios das hidrelétricas. O alento é que as usinas saíram do verão com uma “poupança” razoável. Nas hidrelétricas do Sul/Sudeste, por exemplo, os níveis de armazenamento hídrico estão em torno de 88%. Trata-se do maior volume dos reservatórios da região para um mês de maio desde 2000, quando do início da série histórica do ONS.   

#Enel #Engie #Lula #Ministério de Minas e Energia

Destaque

Imigração ilegal vira uma prioridade na agenda entre Estados Unidos e Brasil

11/05/2023
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A imigração tornou-se uma pauta razoavelmente sensível na agenda entre os governos Lula e Joe Biden. Segundo uma fonte do Itamaraty, Brasil e Estados Unidos têm discutido medidas conjuntas para apertar o cerco à entrada ilegal de cidadãos brasileiros em território norte-americano. Washington tem solicitado das autoridades do Brasil maior agilidade na identificação e no processo de deportação dos imigrantes clandestinos. O governo Lula, por sua vez, já emitiu sinais de cooperação. Um dos principais gestos nesse sentido tem sido a manutenção dos procedimentos mais severos implantados pela gestão Bolsonaro a partir de 2019. Um exemplo: contra todas as apostas de que a medida seria rapidamente derrubada, o consulado brasileiro permanece encaminhando ao governo norte-americano documentos de brasileiros deportáveis à revelia. Imigrantes clandestinos costumam destruir passaporte ou mesmo carteira de identidade para retardar o processo de deportação.  

As discussões diplomáticas vêm ganhando mais tração nos últimos meses, à luz de fatos novos. De acordo com as informações apuradas pelo RR, é o caso do “fator Belize”. Autoridades norte-americanas identificaram um novo esquema de “tráfico” de imigrantes a partir do país da América Central. Segundo as investigações, compartilhadas com o Ministério das Relações Exteriores, cerca de 80 brasileiros foram presos pelo serviço de imigração dos Estados Unidos nos últimos três meses após usarem essa nova rota, que parte de Belize, atravessa o México pela faixa leste e chega ao Texas, em regiões próximas à cidade de Laredo. Segundo um diplomata em conversa com o RR, o grupo em questão partiu de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A logística é complexa e envolve múltiplas conexões. Além de mexicanos e de belizenhos, há indícios da participação de haitianos no esquema, que se valeriam das ligações com parentes no Brasil. Estima-se que mais de 130 mil cidadãos do Haiti vivam em território brasileiro.  

Em 2021, já sob a presidência de Joe Biden, os Estados Unidos solicitaram ao governo Bolsonaro ajuda para conter a entrada de brasileiros clandestinos em território norte-americano. Na ocasião, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, chegou a tratar diretamente do assunto com o então ministro das Relações Exteriores, Carlos França. Naquele momento, por conta da grave crise econômica decorrente da pandemia, o fluxo de imigrantes bateu recordes históricos. Em 12 meses, mais de 47 mil brasileiros foram presos pela guarda de fronteira norte-americana. 

#Estados Unidos #Joe Biden #Lula

Destaque

Arábia Saudita surge como uma peça valiosa na política externa de Lula

10/05/2023
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Depois dos Estados Unidos e da China o RR apurou que o Ministério das Relações Exteriores articula uma viagem do presidente Lula à Arábia Saudita. O país é visto como uma peça cada vez mais importante no tabuleiro da política externa brasileira. Um dos temas principais da agenda que Lula vai abordar em Riad é um possível acordo na área de fertilizantes. A Arábia Saudita pode vir a ser um parceiro importante para o Brasil reduzir sua notória dependência da Rússia, de onde vêm aproximadamente 25% do total de importações do insumo. A negociação envolveria a SABIC (Saudi Basic Industries Corporation) e a Maaden (Saudi Arabian Mining Company), as duas maiores empresas locais do setor. O país árabe figura entre os maiores produtores e exportadores de adubo do mundo, ocupando o sexto lugar no ranking do comércio internacional do produto. Ainda assim, responde por apenas 3% do volume de fertilizantes importado pelo Brasil.  

Outra área de interesse do Brasil é a energia limpa. Segunda maior produtora mundial de petróleo, a Arábia Saudita tem feito uma lenta e calculada caminhada rumo à transição energética. As cifras sobre a mesa são hiperbólicas: o país promete investir mais de US$ 266 bilhões em fontes renováveis até 2030 – a meta é neutralizar suas emissões de carbono até 2060. O Brasil surge como forte candidato a receber um bocadinho dessa dinheirama

Na mão contrária, o Brasil vislumbra a possibilidade de diversificar sua pauta de exportações para a Arábia, esmagadoramente concentrada em commodities – proteína animal e açúcar, por exemplo, somaram 43% das vendas totais no ano passado. Entre outros setores, o governo Lula poderá entrar em cena para dar um empurrão na venda de aeronaves da Embraer. O governo saudita já sinalizou o interesse em comprar um lote do KC-390, o cargueiro militar fabricado pela companhia brasileira.

#Arábia Saudita #Lula #Maaden #Ministério das Relações Exteriores #SABIC

Política externa

Uma tabelinha geopolítica entre Brasil e Arábia Saudita

10/05/2023
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Entre os assessores de Lula para a área de política externa há quem enxergue possibilidades de negócio entre Brasil e Arábia Saudita em áreas menos convencionais. É o caso da geopolítica da bola. Vez por outra surgem especulações sobre o interesse dos árabes de investir no futebol brasileiro, com a compra de participações nas recém-surgidas SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol). A Arábia Saudita tem feito movimentos que sinalizam sua disposição de usar o esporte como objeto de afirmação do seu poderio geopolítico. Em 2021, o Public Investment Fund (PIF) – uma espécie de “family office” da realeza árabe, com mais de US$ 500 bilhões em ativos – comprou o Newcastle, da Inglaterra. Não custa lembrar que o Brasil já entrou na rota de outro investidor soberano do futebol, o City Football Group, pertencente ao Abu Dhabi United Group, leia-se o sheik Mansour bin Zayed. Dono do Manchester City, entre outros ativos, o grupo comprou recentemente a SAF do Bahia. Seria um estímulo para a Arábia Saudita trazer para o Brasil, guardadas, claro, todas as diferenças, a disputa geopolítica travada com Abu Dhabi no futebol inglês. 

#Arábia Saudita #Lula #SAFs

Política

Lula vai ter de “acumular” a Presidência e as Relações Institucionais

9/05/2023
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Cerca de 70% do aumento de receita necessário ao cumprimento da regra fiscal do governo estão, de uma forma ou de outra, vinculados ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, segundo uma consultoria política de Brasília. O espaço conquistado por Lira preocupa o Palácio do Planalto porque até agora o governo não conseguiu criar uma interlocução mais efetiva com o presidente da Câmara. Ou seja: a caravana das mudanças no Orçamento e nas regras fiscais não está andando nem com o toma lá e dá cá que rege as relações com o Congresso. Foi esse o motivo do pito do Presidente Lula no ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Se não se resolver com Lira, o governo não vai andar. Lula sabe que a batata de Lira vai assar na sua mão.  

Não se vê entre seus colaboradores ninguém com capacidade de articulação do próprio Lula. O presidente está irritado porque gostaria de avançar no projeto de se tornar uma liderança mundial, o que impactaria de fora para dentro sua gestão. A função acumulada de ministro das Relações Institucionais, altera, pelo menos temporariamente, seus planos. Provavelmente vai viajar menos do que previa e retornar a missão prioritária de desenroscar o nó górdio para as contas públicas que se tornou o Congresso.

#Lula

Política

Oi pode jogar no mesmo balaio todas as gestões do PT

9/05/2023
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No que depender da oposição, a CPI da Americanas vai ser uma quitanda de secos e molhados, onde caberão as mais diversas mercadorias. Segundo informações que circulam a boca miúda no Congresso, além da já manifesta intenção de escarafunchar outras empresas de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, o PL e parte do PP enxergam a Comissão como um trampolim para investigar, ou melhor, requentar eventuais irregularidades em companhias identificadas com gestões petistas. Um dos nomes recorrentemente citados nas conversas é o da Oi, que está em sua segunda recuperação judicial. A empresa carrega no seu DNA alguns genes do primeiro governo Lula: a Oi nasce do projeto de criação da “supertele” brasileira, que teve no então ministro da Casa Civil, José Dirceu, um de seus principais artífices.     

A princípio, o estratagema pode soar até com algo nom sense. Mas a história está cansada de reforçar uma máxima referente a CPIs: sabe-se como começam, mas nunca se sabe como vão terminar. Assessores do senador e ex-ministro Ciro Nogueira já estariam, inclusive, garimpando eventuais dados de ordem contábil para justificar uma possível investigação da Oi. De acordo com uma fonte do PP ouvida pelo RR, um desses fatos seria a descoberta, em 2018, de cerca de R$ 6,3 bilhões em depósitos judiciais que estavam indevidamente lançados no balanço da operadora. Nogueira, ressalte-se, é desde já um dos personagens mais fortes da CPI. É dele, por exemplo, a indicação do deputado Júlio Arcoverde (PP-PI) para presidir a Comissão.    

#Beto Sicupira #CPI da Americanas #Jorge Paulo Lemann #Lula #Marcel Telles #Oi #PL #PP

Mercado

Para a XP, o que interessa mesmo é o “salário-máximo”

8/05/2023
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A XP mostrou suas garras e fez contas sobre o impacto do salário-mínimo no governo Lula. Calculou, em tom de crítica, que valor chegará a R$ 216 bilhões. A XP segue o modelo norte-americano, que não liga muito para distribuição de renda. O que interessa é a rentabilidade do seu ativo. Com base no faturamento bruto da XP em 2022, de R$ 14 bilhões, é possível extrapolar o resultado da corretora para os próximos anos. Mantida a receita constante – em 2022, o faturamento da empresa cresceu 10% – o resultado acumulado da XP chegará a R$ 56 bilhões no fim do atual governo, caso a bufunfa não cresça, o que é improvável. Ou seja: o equivalente a um quarto do gasto calculado pela própria corretora com o aumento das despesas com o salário-mínimo – o que somente atrapalha o equilíbrio fiscal, segundo induz a XP.  Pode ser que haja realmente uma preocupação da corretora com as contas públicas. Mas a sensação de um desprezo agudo com os mais pobres ultrapassa milhas e mais milhas o nhenhenhém fiscal de Guilherme Benchimol e seu exército de rentistas. 

#Lula #XP Investimentos

Governo

Governo pretende aumentar a munição financeira da Imbel

5/05/2023
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A conversa de Lula com os oficiais do Alto Comando do Exército pode significar um upgrade da Imbel, indústria armamentista que há anos anda mal das pernas. Pode-se afirmar que o resultado financeiro da estatal depende integralmente das injeções de dinheiro das Forças Armadas. O projeto que foi conversado com o presidente é transformar a Imbel, que hoje basicamente produz rifles e pistolas, em um núcleo de desenvolvimento tecnológico. É claro que o BNDES entraria nesse projeto. Em tempo: nos últimos 10 anos não faltaram candidatos privados a adquirir a empresa. O Exército, mesmo a estatal sendo deficitária, se recusou a vendê-la. Lula pode transformar a companhia de armas em uma espécie de Embraer, extrapolando o core business – a indústria defesa -, e migrando para uma área mais ampla da tecnologia.

#BNDES #Forças Armadas #Imbel #Lula

Destaque

Petroleiros cobram de Jean Paul Prates a “desbolsonarização” da Petrobras

4/05/2023
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Há uma intentona em curso na Petrobras. Os petroleiros estão cobrando do presidente da companhia, Jean Paul Prates, a “desbolsonarização” da diretoria da estatal, leia-se a saída de executivos identificados como apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o RR apurou, o movimento, liderado pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), exige a cabeça do diretor executivo de Exploração e Produção, Joelson Falcão Mendes. Cobra também a demissão de Carlos José Travassos, que comanda a diretoria de Desenvolvimento da Produção. Ambos estariam abrigando em suas respectivas diretorias executivos que teriam feito campanha internamente a favor da reeleição de Bolsonaro. Mais do que isso: os representantes dos petroleiros acusam alguns desses gestores de terem perseguido funcionários apoiadores do presidente Lula. Nos corredores da Petrobras circula, inclusive, uma lista com dez nomes, notadamente de gerente executivos, classificados como “bolsonaristas”. Em contato com o RR, a Petrobras disse, como não poderia deixar de ser, que “Não há qualquer intenção da companhia ou do presidente Jean Paul Prates de substituir os diretores executivos de Exploração e Produção, Joelson Falcão Mendes, e de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos José Travassos.”. Garante também que não foi entregue “à companhia uma suposta lista de gerentes executivos, com base em seus posicionamentos políticos.” Pode até ser que a relação não tenha chegado formalmente à direção da empresa. O RR, no entanto, teve acesso à lista de dez nomes de gerentes executivos apontados como “bolsonaristas” e compartilhada no último fim de semana em grupos de WhatsApp de gestores da empresa. O RR fez também seguidas tentativas de contato com a FUP, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.  

A pressão maior recai sobre Joelson Mendes, que praticamente já assumiu o cargo com o status de “persona non grata” junto ao “chão de fábrica” da Petrobras. Mendes foi escolhido à revelia das lideranças sindicais. O nome de preferência dos petroleiros para a diretoria de Exploração e Produção sempre foi o do geólogo Guilherme Estrella, que ocupou o cargo nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Os petroleiros não desistem: exigem de Jean Paul Prates a substituição de Mendes por Estrella. A ofensiva contra o atual diretor de Exploração e Produção cresceu, sobretudo, nos últimos dez dias. De acordo com uma das fontes ouvidas pelo RR, representantes da FUP foram cobrar de Mendes a saída de gerentes apoiadores de Bolsonaro. Teriam ouvido, como resposta, que não haverá caça às bruxas. Em alguns setores da empresa já é dada como certa a queda de Mendes “para o lado”. Ou seja: a direção da empresa já estaria avaliando uma “missão” para ele em uma subsidiária da Petrobras. 

Independentemente das consequências, por si só a mobilização dos petroleiros contra os bolsões pró-Bolsonaro na estatal já refletem o aumento da força dos sindicatos com a volta do PT ao governo. Essa onda tem chegado às mais diversas praias. O sindicalista João Fukunaga, funcionário de carreira do Banco do Brasil, assumiu a presidência da Previ; o ex-deputado Decio Lima, também de origem sindical, foi o escolhido para comandar o Sebrae Nacional; o ex-presidente da CUT Vagner Freitas aterrissou na presidência do Conselho de Administração do Sesi. Na Petrobras, a FUP já cravou uma vitória que denota poder. A Federação teve um papel importante para brecar o aumento da remuneração da diretoria da Petrobras. A primeira proposta levada ao Conselho de Administração previa um reajuste de 44%. A repercussão negativa, potencializada pelas gestões políticas feitas por petroleiros, levou o governo a interferir e barrar o aumento. No fim, o índice ficou em apenas 9%.  

#CUT #Jair Bolsonaro #Jean Paul Prates #Lula #Petrobras #PT

Agronegócio

Mais um campo minado entre o governo e o agronegócio

4/05/2023
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Além da CPI do MST, surge um novo ponto de fricção entre a bancada ruralista e o governo no Congresso. A Frente Parlamentar da Agricultura vai apresentar um projeto de lei determinado a recomposição do Ministério da Agricultura, cindido no governo Lula em três – Agricultura e Pecuária, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Pesca e Aquicultura. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (Progressistas-PR), já sondou o presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre a possibilidade de o PL ser votado em regime de urgência antes do recesso do meio do ano, ou seja, até a primeira quinzena de julho. Entidades do setor, como a Sociedade Rural Brasileira e a Aprosoja, se empenharam em apoiar publicamente o projeto, aumentando o barulho em torno da proposta. Entre os principais argumentos para o meia-volta, volver, a FPA alega que a cisão do Ministério da Agricultura enfraquece a Secretaria de Política Agrícola e a definição de estratégias transversais para o setor. Pode ser. Mas, na prática, a semente do movimento, ao que tudo indica, é mesmo política.

#Arthur Lira #Frente Parlamentar da Agricultura #Lula #Ministério da Agricultura #MST

Justiça

Brasil busca apoio internacional contra o mercado ilegal do ouro

3/05/2023
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O Ministério da Justiça, com o apoio do Itamaraty, está tentando articular uma espécie de coalizão multilateral contra o comércio ilegal de ouro. Segundo informações apuradas pelo RR, já houve contatos diplomáticos com Canadá e Reino Unido. Outros alvos são Suíça e Índia. O objetivo é firmar acordos de cooperação com as autoridades locais para combater o contrabando do metal. Esses países figuram entre os principais destinos do ouro extraído e comercializado ilegalmente no Brasil. O governo Lula quer vincular a parceria ao contexto de proteção da Amazônia e, mais especificamente, do território indígena dos Yanomami – em área devastada, o garimpo irregular na região cresceu 54% em 2022. Não deixa de ser uma confissão de fracasso: na impossibilidade de matar o problema na raiz, o governo está pedindo ajuda internacional para podar o topo da árvore.  

#Lula #Ministério da Justiça #Yanomami

Destaque

Haddad quer para ontem nova regulamentação sobre o uso de precatórios

2/05/2023
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Em um movimento de vai e volta, o Ministério da Fazenda está pressionando a Advocacia-Geral da União para que corra com o prazo de 120 dias previsto para a revisão da Portaria Normativa AGU n°73/2022. Trata-se da instrução que regulamenta a utilização de precatórios na compra de imóveis, quitação de dívidas e pagamento de outorgas. Inicialmente, o governo atual não queria que os precatórios fossem utilizados como moeda para o pagamento do preço de outorga, uma iniciativa praticamente sancionada pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. Voltou atrás. O incomodo da Fazenda é com a enorme burocracia que atrasa os processos. Com certeza, o prazo para a regulamentação não ficará nos 120 dias previstos. Um grupo de trabalho formado por representantes dos principais órgãos de direção da AGU será responsável por apresentar ao advogado-geral da União, Jorge Messias, a proposta de nova portaria para regulamentar o assunto no âmbito das instituições. O texto deverá ser compatível não só com a nova estrutura organizacional da AGU, mas também com normas e procedimentos adotados pelo Conselho Nacional de Justiça, bem como refletir outras previsões já adotadas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), e, eventualmente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As agências reguladoras também querem palpitar no assunto. Enfim, o tema pode virar um rolo difícil de desenrolar.  

Na verdade, a regulamentação do uso dos precatórios como pagamento de privatizações, concessões e participação nas PPPs já estava pronta, mas a AGU voltou atrás. Segundo a própria instituição, foi verificado que a “Portaria Normativa AGU nº 73/2022 não oferece densidade normativa suficiente para disciplinar de forma adequada os procedimentos e trâmites internos entre os órgãos da Advocacia-Geral da União e entre órgãos vinculados, uma vez que enfatiza mais as obrigações que o administrado deve observar para utilizar os precatórios como pagamento. A norma não reflete, por exemplo, a atual estrutura interna da AGU, estabelecida pelo Decreto nº 11.328, de 1º de janeiro de 2023, que está vigente desde o dia 24 de janeiro. É aquela história: quem pariu Mateus que o embale. Ou desembale, que é o caso do governo Lula.  

Com parcela expressiva correspondente à herança deixada por Paulo Guedes, a dívida com precatórios para este ano vai passar de R$ 74 bilhões, com uma previsão de pagamento de apenas R$ 17,1 bilhões. Não se sabe muito bem o que levou ao governo vetar o uso dos precatórios em pagamentos diretamente à União para a parceria em serviços públicos ou aquisição de ativos. Talvez uma certa implicância ideológica. Primeiro, a atual gestão considerou inadequado o uso de precatórios para o pagamento da prorrogação de concessões. Depois afirmou que os precatórios seriam somente pagos em projetos de curto prazo. A seguir definiu que somente os projetos prioritários (?) poderiam ser amortizados com as dívidas do Estado junto a cidadãos ou empresas por conta de decisão judicial definitiva. Depois acabou vetando tudo. O saldo é que voltou tudo para o colo da AGU. 

Com a liberação dos precatórios para pagamento junto a órgãos federais, haveria mais espaço para a redução da dívida pública e menos pressão sobre as contas públicas. Hoje já existe um mercado secundário de precatórios, vitaminado recentemente em função da expectativa de quitação dos negócios com os negócios, digamos assim, junto ao governo. O seu uso permitiria a aceleração de muitas concessões e PPPs – as privatizações estão meio fora do radar do governo Lula. Vale lembrar uma historieta. Foram os chamados títulos podres – os “precatórios” dos anos 90 – que viabilizaram a Embraer, o nosso maior orgulho industrial e tecnológico. O artífice da operação e comprador da empresa, cuja saúde era questionada àquela época, foi o banqueiro Júlio Bozano, um dos responsáveis pela definitiva decolagem da companhia. Bozano ficou podre de rico com a privatização, melhor dizer ficou podrérrimo de rico – bilionário ele já era. Mas isso é um outro capítulo. 

#Fernando Haddad #Lula #Ministério da Fazenda #Paulo Guedes #Procuradoria Geral da Fazenda Nacional

Governo

Rio Grande do Norte dá a largada na privatização da Caern

2/05/2023
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Em meio à celeuma provocada pelas mudanças do governo Lula no marco legal do saneamento, o governo do Rio Grande do Norte prepara a privatização dos serviços de água e esgoto no estado. Segundo o RR apurou, a proposta em discussão é fatiar a Caern, a estatal do setor, em três pedaços. As concessões dos municípios das regiões centrais e oeste do estado seriam licitadas em um mesmo lote. As cidades litorâneas seriam embrulhadas em um pacote à parte. A terceira fatia seria justamente a menos apetitosa, composta por cidades menores, pouco rentáveis, que permaneceriam sob a gestão do estado. 

 

#Caern #Lula

Governo

Lula pode manter Aras ou promover a diversidade na PGR

27/04/2023
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Segundo informações filtradas do Palácio do Planalto, Lula está em dúvida se escolhe entre Yin e Yang para ocupar a Procuradoria Geral da República. O fator Yin é o feminino, no caso, representado pelo nome da subprocuradora aposentada Ela Wiecko – não há obrigatoriedade de nomeação de um membro do MPF na ativa – para o lugar de Augusto Aras na PGR. O fator Yang é o masculino, que simplesmente representaria a recondução do próprio Aras, cujo mandato termina em setembro. Wiecko chegou a ocupar a vice-procuradoria geral da República durante o mandato de Rodrigo Janot. Acabou renunciando ao cargo em agosto de 2016, após ser filmada participando de um ato contra o então presidente Michel Temer em Lisboa – na ocasião segurava uma faixa com os dizeres “Fora Temer” e “Contra o golpe”. Wiecko tem uma carreira ligada à área de direitos humanos. Participou da criação do comitê Gestor de Gênero e Raça do Ministério Público Federal e atuou pela defesa da legalidade da lista suja do trabalho escravo.

Aras é o que já se sabe: um nome fortemente identificado com o governo Jair Bolsonaro. Era considerada inadmissível a sua manutenção à frente da Procuradoria Geral da República, menos pelo RR, que antecipou as especulações publicadas ontem nas mídias. Segundo o RR, é exatamente a atuação de Aras na gestão Bolsonaro que o está creditando a permanecer no cargo, com forte apoio de alas do PT – quem diria? Como disse o RR, Lula precisa “segurar” o Ministério Público. Aras está mais que testado nessa missão. Dos 90 pedidos de investigação contra Bolsonaro, engavetou 76. Currículo é o que não falta a Aras: ingressou no Ministério Público Federal em 1987; atuou na Câmara de Direitos Sociais e fiscalização de Atos Administrativos em Geral; na Câmara Criminal; Câmara do Consumidor e Ordem Econômica, sendo promovido a subprocurador-geral da República. Em 2019, foi indicado para Procuradoria Geral da República. Em 2021 foi reconduzido ao cargo. Augusto Aras é doutor em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Não é pouca coisa.

Além de Ela Wiecko e Aras, há outros nomes que circulam com menos intensidade no entorno do presidente Lula para ocupar o cargo da PGR. É o caso de Célia Delgado, atual corregedora-geral do MPF. Trata-se de uma escolha um pouco mais complexa. A corregedoria-geral costuma causar um desgaste interno a quem ocupa o cargo, o que pode vir a ser um fator de resistência dos procuradores à indicação de Célia. Se bem que o próprio presidente Lula já disse reiteradas vezes que não pretende seguir a votação e a lista tríplice apresentada pelo Ministério Público. Outro nome que corre por fora é o da subprocuradora geral da República Luiza Frischeisen, conhecida internamente pela sua posição ferrenha contra Augusto Aras.

#Augusto Aras #Lula

Energia

Renegociação do Tratado de Itaipu promete alta voltagem

25/04/2023
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A renegociação do Tratado de Itaipu, que vence neste ano, promete ser um fio desencapado tanto para a área de Minas e Energia quanto para a de relações exteriores do governo Lula. Por meio de canais diplomáticos, o Paraguai já sinalizou que pretende utilizar integralmente a energia que lhe cabe na hidrelétrica. O país vizinho tem direito a 50% da produção de Itaipu, mas, em média, utiliza algo em torno de 20%. O Brasil compra o excedente a preços mais baixos do que no mercado. O Paraguai não só pretende exercer integralmente sua cota, como ter direito a vender a energia a clientes no Brasil. Na prática, portanto, quer concorrer diretamente com o lado brasileiro da usina. 

#Itaipu #Lula #Paraguai

Internacional

China quer uma cabeça de ponte portuária para escoar proteína brasileira

25/04/2023
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Ecos da recente visita de Lula a Pequim: a estatal chinesa Sino-Lac Supply Chain retomou o projeto de investir no setor portuário brasileiro. O RR apurou que há conversas com os governos do Maranhão e do Pará. O que está por trás do negócio é mais um movimento do governo chinês para assegurar o suprimento de proteína para a população do país. O objetivo central da Sino-Lac é a montagem de uma estrutural transversal de logística, envolvendo armazenamento, desembaraço aduaneiro, atestação fitossanitária e transporte de grãos e carne para o mercado chinês. Pela posição geográfica, os portos de Barcarena, no Pará, e de São Luís, no Maranhão, despontam como os principais candidatos a receber os investimentos. 

#China #Lula

Destaque

China vira fator de risco para a venda de blindados Guarani à Argentina

20/04/2023
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Há várias peças se movimentando de forma cruzada no tabuleiro da geopolítica global. A China que se aproxima do governo Lula é a mesma que pode deslocar interesses brasileiros na área de defesa. O Ministério das Relações Exteriores monitora, com alguma dose de preocupação, as tratativas entre Pequim e o governo argentino em torno de um acordo comercial para a negociação de equipamentos militares. Segundo uma fonte da própria Pasta, o Itamaraty tem informações de que os chineses estariam tentando atravessar a venda de 156 blindados Guarani, produzidos pela Iveco em Sete Lagoas (MG), para o Exército argentino. Trata-se, a um só tempo, de um negócio estratégico tanto para a indústria de defesa brasileira quanto para a política externa do governo Lula. Melhor dizendo: para o próprio Lula. Em janeiro, durante sua visita a Buenos Aires, o presidente tratou diretamente do assunto com Alberto Fernández. Na ocasião, ambos assinaram um acordo para destravar a venda dos blindados da Iveco, um negócio que se arrasta há mais de quatro anos. O que está em jogo é um contrato que pode chegar a R$ 1,8 bilhão.  

Além da relação entre Lula e Alberto Fernández, é importante dizer que o Brasil e a Iveco têm alguns handicaps em uma eventual disputa com a China: o motor e alguns dos componentes mecânicos já são fabricados em uma unidade da companhia na Argentina, o que ajudaria a reduzir o custo de produção dos veículos militares. Some-se ainda o fato de que o embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, é um incentivador do acordo. Em contrapartida, o risco é o governo de Pequim jogar o fornecimento de blindados dentro de um pacote maior de cooperação, que envolveria a venda de outros equipamentos bélicos, além da transferência de tecnologias. Nesse caso, o Brasil teria menor poder de barganha à mesa de negociações.  

Fatos recentes aumentaram o estado de alerta do governo brasileiro em relação ao assunto. Na semana passada, uma delegação da Administração Estatal de Ciência, Tecnologia e Indústria de Defesa Nacional da China (SASTIND), chefiada pelo vice-ministro Zhan Bin Xu, esteve em Buenos Aires. Entre outras autoridades, a comitiva se reuniu com o ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taiana. Desde janeiro, quando Lula e Alberto Fernández apertaram as mãos em Buenos Aires, algumas nuvens mudaram de lugar. Como se não bastasse a aproximação entre chineses e argentinos, há ainda um fator de risco que vem do atual jogo de tensões na geopolítica global, agravado pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Em fevereiro, o Federal Office for Economic Affairs and Export Control, escritório governamental que controla as exportações da Alemanha, embargou a venda de 28 blindados Guarani para as Filipinas. Os veículos possuem sistemas e peças de origem alemã, sujeitas ao controle de exportação da agência. No Itamaraty, o veto da Alemanha foi interpretado como uma retaliação a negativa do governo brasileiro – tanto na gestão de Jair Bolsonaro quanto de Lula – de fornecer equipamentos militares à Ucrânia. 

#Alberto Fernández #China #Iveco #Lula #Ministério das Relações Exteriores

Internacional

Governo Lula não admite “penetras” em sua liderança na América do Sul

19/04/2023
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O governo Lula está tratando a chamada conferência sobre os diálogos na Venezuela como uma agenda prioritária na área de política externa. Segundo o RR apurou, o presidente pretende enviar o embaixador Celso Amorim, seu assessor especial, a Bogotá no próximo dia 25. Trata-se da primeira rodada de negociações multilaterais com o objetivo de intermediar um acordo entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição. O próprio Lula empenhou-se na formação dessa espécie de colegiado diplomático para buscar a pax venezuelana – ao todo, 15 países, incluindo os Estados Unidos, participarão do encontro. No entanto, nas últimas semanas, a Colômbia, anfitriã da reunião, assumiu um certo protagonismo sobre a pauta. Lula, ao que parece, não quer arredar um milímetro no propósito de que o Brasil seja o grande condutor da política externa na América do Sul. Ressalte-se que, no início de março, o próprio Amorim esteve reunido com Maduro em Caracas, para “renovar as relações com a Venezuela”.  

#Celso Amorim #Lula

Economia

A “macro-oncologia” de Lula e Haddad

14/04/2023
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O mercado é mesmo sarcástico. Mas, volta e meia, acerta, com visão clínica. Em conversa com operadores, ontem, falava-se que, com Lula, a macroeconomia deveria ser transformada em “macro-oncologia”. A maldade é que, a cada pretensa solução apresentada, a dupla Lula e Haddad inventa um novo problema. A “macro-oncologia” seria a ciência de evitar que o conjunto de equívocos leve à metástase do país. Seja lá como ou em que momento for. Exemplos citados: o recuo na criação do Banco Central independente, a tentativa de reestatização da Eletrobras, a suspensão da venda de ativos da Petrobras, a intervenção da Presidência na formação da taxa básica de juros, a volta do gigantismo do BNDES com o correspondente impacto negativo da potência da política monetária, o relançamento subsidiado da indústria de construção naval etc. Faz sentido. Mas ainda há tempo para Lula e Haddad criarem seus próprios anticorpos.

#Haddad #Lula

Governo

Quem disse que o “Risco Lula” não faz bem aos negócios?

14/04/2023
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Não há fenômeno que não engendre seu próprio mercado. A bola da vez é Lula. Sua reeleição tornou-se terreno fértil para o surgimento de novos negócios que envolvem as expectativas em relação ao governo. É o caso, por exemplo, da Kobre & Kim, sediada em Nova York, que se apresenta como um escritório de “disputas e investigações”. Em e-mail marketing disparado na última quarta-feira, a empresa baseia seu speech de venda na 

premissa de que “a conturbada transferência de poder no Brasil revela os riscos que uma mudança de regime pode trazer para pessoas politicamente expostas”. Em seu site, a Kobre & Kim vai além. Menciona que “Alegações sobre o ataque ao Congresso Nacional em janeiro, por exemplo, levaram não apenas à prisão de assessores políticos (incluindo o ex-ministro da Justiça), mas também a uma investigação contra o próprio ex-presidente.” Ainda nas palavras da empresa, “Esse quadro mostra até onde as novas autoridades podem ir quando da persecução de oponentes políticos e dos seus aliados.” 

Os serviços descritos pela Kobre & Kim em seu site são reveladores de até onde essas novas empresas estão dispostas a ir. O portfólio causa alguma estranheza. O escritório cita entre suas especialidades “Preparar a narração fática”: “Ao enfrentar alegações politicamente motivadas, é importante esclarecer os fatos sobre as alegações em questão e porque são legais. As evidências precisam ser preparadas de maneira que sejam aceitas por tribunais e autoridades em todo o mundo, inclusive nos EUA, onde muitos casos relacionados ao Brasil são julgados no sul da Flórida e em Nova York.” A empresa se propõe também a “Avaliar vulnerabilidades de ativos contra ataques futuros pelo governo.”. A descrição desse item remete a uma zona um tanto quanto cinzenta: “Indivíduos em risco de ataque por autoridades governamentais devem considerar a realização de uma análise detalhada de suas estruturas de ativos – incluindo aquelas em jurisdições offshore presumidamente mais seguras, como nas Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman e em Dubai – em vista de potenciais ações politicamente motivadas para que medidas preparatórias e jurídicas possam ser tomadas na hipótese de uma investigação.” 

Outro serviço mencionado pela Kobre & Kim é “Desenvolver uma narrativa baseada em fatos para se proteger de contra-ataques midiáticos estimulados por investigações politicamente motivadas”. Segundo o escritório, “o judiciário não é a única arena onde o desenvolvimento de um plano proativo é benéfico. Uma investigação politicamente motivada também provavelmente receberá uma atenção significativa da mídia e, refutar simplesmente as alegações nem sempre será suficiente para enfraquecer a relevância da narrativa.” Nesse caso, “as pessoas em risco devem desenvolver uma estratégia de comunicação que antecipe futuras ações judiciais e sirva para desacreditar as acusações feitas, com o objetivo de mitigar qualquer dano reputacional eventualmente causado.” Pelo que se vê, o “Risco Lula” é rentável.

#Kobre & Kim #Lula

Destaque

Brasil busca parceiros internacionais para aumentar produção de fertilizantes

12/04/2023
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O governo pretende fazer movimentos mais contundentes no mapa geopolítico para reduzir o déficit de fertilizantes no Brasil. A estrada principal leva à Rússia. Lula tem feito aproximações sucessivas com Vladimir Putin no intuito de aumentar os investimentos de empresas russas na produção de adubo no país. Nenhuma outra nação tem uma posição tão expressiva na indústria brasileira de fertilizantes quanto a Rússia. O principal player é a Eurochem, que já comprou a Tocantins e Heringer e, segundo o RR apurou, está em busca de novas aquisições no país. Isso para não falar dos projetos greenfield da companhia, como o aumento da produção de concentrado fosfático no Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre (MG) – a meta é saltar de 400 mil toneladas para um milhão de toneladas por ano. No governo, há, inclusive, quem enxergue a Eurochem como um potencial parceiro da própria Petrobras, que, conforme o próprio Lula já declarou reiteradamente, voltará a ter um papel estratégico no aumento da produção interna de fertilizantes. A estatal, ressalte-se, tem importantes empreendimentos no pipeline. O maior deles é a conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN III), de Três Lagoas (MS). A companhia também planeja desengavetar a instalação da UFN V, em Uberaba. No caso da UFN III, não custa lembrar que outra empresa russa, a Acron, esteve perto de comprar a unidade em 2021. 

A Rússia é o principal, mas não o único caminho. Na cartografia dos fertilizantes, o governo Lula pretende pegar também uma estrada vicinal. A China surge como uma alternativa de parceria para aumentar a produção de adubo no Brasil. De acordo com informações filtradas do Itamaraty, autoridades diplomáticas dos dois países vêm discutindo a possibilidade de investimentos conjuntos no setor. O tema, inclusive, poderá ser incluído na pauta do encontro entre Lula e o presidente Xi Jinping, nesta semana. Ainda que não seja um grande player global da área de fertilizantes, a China teria interesses específicos para investir nesse segmento em solo brasileiro. Uma das motivações seria garantir o suprimento da Cofco International, um gigante do agronegócio. A estatal chinesa já investiu mais de US$ 1 bilhão na produção de grãos no Brasil. A empresa é hoje a sexta maior exportadora de soja do país. Não custa lembrar também que a China fez recentemente um movimento importante no tabuleiro sul-americano: a mineradora Shaanxi Coal Group anunciou investimentos de US$ 1,2 bilhão na instalação de uma fábrica de amônia e ureia na Argentina.  

A aproximação com a China seria uma forma de o governo brasileiro equilibrar a balança dos acordos internacionais de forma a não ficar excessivamente indexada à Rússia. Ou melhor: mais indexado à Rússia. O Brasil importa 85% dos fertilizantes que consome. Dessa montanha de adubo, mais de um terço vem do país de Vladimir Putin. 

#Acron #China #Cofco International #Fertilizantes #Lula #Rússia #Shaanxi Coal Group #Vladimir Putin

Meio ambiente

Lula quer transformar Cúpula da Amazônia em uma “COP do B”

12/04/2023
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O governo brasileiro pretende transformar a Cúpula da Amazônia em uma espécie de mini COP, a Conferência do Clima das Nações Unidas. Além do presidente francês, Emmanuel Macron, Lula planejar convidar outros líderes estrangeiros para o evento, programado para a primeira quinzena de agosto, em Belém.  Segundo o RR apurou, entre os nomes mencionados no Palácio do Planalto estão os dos primeiros-ministros da Alemanha e da Noruega, respectivamente Olaf Scholz e Jonas Gahr Støre. Os dois países são os principais financiadores do Fundo Amazônia. O governo brasileiro quer convidar também John Kerry, assessor especial da Presidência dos Estados Unidos para o Clima. Há pouco mais de um mês, Kerry esteve reunido com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e reafirmou o interesse do governo Joe Biden de aportar recursos na Amazônia.  

Lula está encantado com a ideia de ser anfitrião do evento. Quer transformar a Cúpula da Amazônia em uma bandeira do compromisso do seu governo com a questão do meio ambiente e das mudanças climáticas. Por isso, a estratégia de ampliar o encontro para além dos países da Amazônia. A presença de autoridades estrangeiras dará uma amplitude maior à Cúpula. Mais uma vez, Lula pretende se valer do seu notório prestígio internacional, de forma a impulsionar a repercussão do seminário.  

#Amazônia #Conferência do Clima das Nações Unida #Emmanuel Macron #Lula #Palácio do Planalto

Destaque

Atrasos do INSS causam prejuízos a bancos responsáveis pelo pagamento de aposentados

11/04/2023
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Como se não bastasse a polêmica redução dos juros do consignado para aposentados e pensionistas, há um novo ponto de fricção entre o governo e a banca privada relacionado ao INSS. Instituições financeiras responsáveis pelo pagamento dos benefícios da Previdência Social têm cobrado uma solução para o enorme volume de pedidos de aposentadoria represados na autarquia. São mais de cinco milhões de solicitações que estão paradas à espera da análise do INSS. Trata-se de um expressivo contingente de potenciais clientes que escapam entre os dedos dos bancos em razão da morosidade da máquina pública. Em 2019, Santander, Crefisa, Agibank. Itaú, BMG e Mercantil do Brasil venceram o leilão e assumiram o pagamento de todos os novos benefícios concedidos entre 2020 e 2024. No total, 23 bancos disputaram a licitação, realizada estado por estado. O sexteto vencedor ofereceu, em média, um ágio de 612%, número que dá a dimensão do interesse da banca pelo negócio.  

As seis instituições financeiras se comprometeram a pagar ao INSS cerca de R$ 24 bilhões ao longo de cinco anos. O valor do dote foi calculado com base na estimativa de que cinco milhões de novos aposentados e pensionistas entrariam na base de dados dos bancos a cada ano. Bulhufas. Entre 2020 e 2022, dos mais de 15 milhões de beneficiários projetados, apenas a metade ingressou no sistema, ou seja, uma média de 2,5 milhões por ano. Tudo em razão da letargia do Instituto em analisar os pedidos de benefício, uma bola de neve que cresceu durante o governo Bolsonaro – e, até agora, ainda não deu qualquer sinal de que derreterá na gestão Lula. Ou seja: os seis bancos que ganharam a licitação estão pagando por algo que não vêm recebendo. Com isso, a conta não fecha. O grande apelo para administrar a folha do INSS é justamente a possibilidade de oferecer produtos financeiros a aposentados e pensionistas. Consultado pelo RR sobre as perdas causadas pela lentidão da Previdência Social, o Mercantil do Brasil disse que “essas informações são de uso e controle interno e que não divulga esse tipo de dado. Por essa razão, a instituição não irá se manifestar sobre o assunto.” Também procurados, os demais bancos responsáveis pelo pagamento dos benefícios do INSS não se manifestaram.

#Agibank #BMG #Crefisa #INSS #Itaú #Lula #Previdência Social

Internacional

Lula e Fernández constroem uma ponte para a União Europeia

11/04/2023
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Lula deverá se reunir com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, até o início de maio. Entre outras pautas, segundo o RR apurou, vão discutir os próximos passos para a finalização do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. No momento, o governo argentino ocupa o comando pro tempore do bloco econômico. O tratado, assinado em junho de 2019, ainda precisa ser ratificado pelos quatro membros do Mercosul e pelos 27 países da UE. Lula e Fernández tentarão aparar arestas relacionadas ao setor agrícola e ao meio ambiente, o maior entrave para que o acordo seja sacramentado. Os dois presidentes têm certa pressa. A ideia é levar uma nova proposta aos europeus até meados de junho, quando será realizada a Cúpula UE-Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em Bruxelas. 

#Alberto Fernández #Argentina #Lula #Mercosul

Empresa

Eletrobras é nome certo no leilão de transmissão

10/04/2023
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Em meio aos arroubos reestatizantes do governo Lula, a Eletrobras vai entrar pesado no leilão de transmissão marcado para junho. Segundo o RR apurou, a empresa olha com especial apetite para os ativos no Nordeste, que terão um papel fundamental no mapa energético brasileiro. As futuras linhas da região serão responsáveis pelo transporte de boa parte da energia gerada nas usinas eólicas e solares já em operação ou em construção na região. Um dos trunfos da companhia para a disputa está sentado na cadeira de presidente. Wilson Ferreira Junior, CEO da Eletrobras, conhece de cor e salteado cada quilômetro dos novos empreendimentos em transmissão. Na sua primeira passagem pelo cargo, entre 2016 e 2021 – portanto, ainda nos tempos da Eletrobras estatal – Ferreira tinha um papel importante na formulação de projetos no setor elétrico no país, tocando de ouvido com a Aneel e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Em contato com o RR, a Eletrobras informou que “avalia constantemente oportunidades que estejam de acordo com sua estratégia”. 

#Eletrobras #Lula

Destaque

Fundo da Marinha Mercante vira entrave à revitalização do setor naval

10/04/2023
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Os planos do governo Lula de retomar os investimentos na indústria naval enfrentam um obstáculo logo na partida. O Ministério dos Portos e Aeroportos e a Fazenda têm quebrado a cabeça para recompor o orçamento do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Ao longo dos últimos anos, o FMM sofreu seguidas mordidas, que dependem de complexas negociações políticas, notadamente com o Congresso, para serem revertidas. A PEC 187/2019, por exemplo, permitiu ao governo federal usar o dinheiro retido nos fundos infraconstitucionais e vinculado a áreas específicas para outras finalidades que não a destinação original. Por sua vez, a mudança na Lei 10.893 reduziu de 25% para 8% o Adicional ao Frente para a Renovação da Marinha Mercante, a fonte básica de recursos para Fundo. Some-se a isso a estratégia do ex-ministro Paulo Guedes de usar o FMM para gerar resultado fiscal – somente em 2021 cerca de R$ 14 bilhões foram transferidos para o Tesouro Nacional. Resultado: a maré baixou como há muito não se via. O saldo disponível do Fundo para empréstimos gira atualmente em torno dos R$ 6 bilhões. Há cerca de quatro anos, essa cifra era de R$ 25 bilhões. 

O governo Lula pode até reclamar da herança recebida de seu antecessor. No entanto, parte da paralisia do Fundo da Marinha Mercante se deve também a problemas que já levam a assinatura da atual gestão. Ajudaria, e muito, se o governo conseguisse resolver a acefalia de quadros no Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, instância responsável por analisar os pedidos de empréstimo ao FMM. A reunião do colegiado que estava marcada para 23 de março não ocorreu. A princípio, o encontro seria reagendado para abril, mas o que se diz no setor é que antes de maio nada acontecerá. A Medida Provisória que transferiu o CFMM da Pasta da Infraestrutura para o recém-criado Ministério de Portos e Aeroportos simplesmente ignorou o conjunto de servidores. Do contingente de aproximadamente cem funcionários do Departamento de Navegação e Hidrovias, apenas quatro foram transferidos para o novo Ministério. Entre outras atribuições, o órgão é responsável pela formulação e execução das políticas do Fundo da Marinha Mercante. Ou seja: por onde se olha, o FMM está travado. Sequer lembra o Fundo que contribuiu, ao longo da história, para a construção de mais de 600 embarcações e equipamentos no país. Muitas delas na primeira passagem de Lula pela Presidência, quando a indústria naval viveu um duplo apogeu: de investimentos e escândalos de corrupção. 

#Indústria naval #Lula #Marinha Mercante #Ministério dos Portos e Aeroportos #Pasta da Infraestrutura #Paulo Guedes

Empresa

Petrobras e estatal boliviana ensaiam parceria na transição energética

10/04/2023
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Os governos do Brasil e da Bolívia têm mantido tratativas em torno de investimentos conjuntos na área de transição energética. As conversas envolvem a Petrobras. Segundo informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, uma das ideias sobre a mesa é uma parceria entre a companhia e a estatal boliviana Empresa Nacional de Electricidad (Ende) para projetos conjuntos em energia limpa nos dois países. Ressalte-se que a Ende está construindo a linha de transmissão Puerto Quijarro-San Juan del Mutún-Puerto Busch, esta última na fronteira com o Brasil. A estrutura pode ser envolvida na operação – por exemplo, na distribuição de energia na Região Centro-Oeste.  

A gestão Lula enxerga duas serventias no possível acordo entre a Petrobras e a Ende. Em primeiro lugar, seria um passo a mais no projeto recolocar a estatal nos trilhos da geração renovável. Nesse caso específico, a Petrobras não apenas cumpriria o desígnio traçado pelo atual governo – ser a principal propulsora de investimentos em transição energética no país – como também ampliaria sua influência no segmento dentro da América do Sul. Além disso, o acordo poderia funcionar com uma moeda de troca para a entrada do Brasil na “Opep do Lítio”, como vem sendo chamado o bloco organizado pela Bolívia, Argentina e Chile – ver RR. 

#Bolívia #Lula #Ministério de Minas e Energia #Petrobras

Destaque

Petrobras avança na venda do Polo Potiguar

6/04/2023
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De acordo com informações filtradas da Petrobras, a estatal deverá concluir até maio a transferência dos 22 campos onshore e offshore do Polo Potiguar à 3R Petroleum, um negócio de US$ 1,3 bilhão. Segundo o RR apurou, a direção da 3R teria sido comunicada sobre o prazo para o fechamento do contrato. Trata-se de uma operação sensível, com potencial de provocar mais faíscas na já chamuscada relação de Jean Paul Prates, presidente da companhia, com o Ministério de Minas e Energia e o próprio Palácio do Planalto. Faíscas que eventualmente podem vir a se tornar labaredas caso a Petrobras adote o mesmo procedimento com os demais ativos negociados na reta final do governo Bolsonaro – as vendas da refinaria Lubnor para a Grepar Participações; dos campos terrestres do Norte Capixaba para a Seacrest; e dos campos marítimos dos polos Golfinho e Camarupim para a BW. São os campos minados da gestão Prates.

A Petrobras se encontra sob forte pressão política. O Ministério de Minas e Energia solicitou formalmente a suspensão da venda dos ativos por meio de dois ofícios, que chegaram ao Gabinete da Presidência e foram direcionados internamente à diretora executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, Clarice Coppetti – um nome, por sinal, que suscita fagulhas políticas dentro da própria empresa. Ordem similar veio ainda mais de cima: o próprio presidente Lula declarou textualmente em entrevista ter determinado ao “companheiro Jean Paul” que interrompesse todas as operações em curso. Consultada pelo RR, a Petrobras não se manifestou especificamente sobre o timing para a conclusão da venda do Polo Potiguar e de outros ativos. A companhia limitou-se a replicar comunicados divulgados nos últimos dias. Na segunda-feira, dia 3, por meio de nota, a estatal reafirmou que a revisão dos processos de alienação de ativos “não deverá incluir desinvestimentos já em fase de assinatura e fechamento de contratos, de forma a cumprir plenamente os direitos e as obrigações já assumidas pela companhia e não causar qualquer dano às partes envolvidas nas negociações, em especial à Petrobras”. 

#3R Petroleum #Grepar Participações #Jean Paul Prates #Lula #Ministério de Minas e Energia #Petrobras #Polo Potiguar

Destaque

Equipe econômica discute propostas para taxar o agronegócio

5/04/2023
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Fernando Haddad e os seus assessores estão quebrando a cabeça para achar uma fórmula de tributar o agronegócio. O assunto é extremamente sensível. Haddad vai meter a mão em um vespeiro. A bancada do agronegócio é composta por 210 deputados e 26 senadores. É disparado o maior lobby no Congresso. É duro isentar o agronegócio enquanto o governo passa o pires para levantar os R$ 150 bilhões necessários à equação do arcabouço fiscal. Quando se fala em fazer uma política fiscal e uma reforma tributária distributivista, a desoneração do setor torna-se até ridícula. Em 2020 a venda dos produtos do agronegócio representaram o ingresso de somente R$ 21 mil em impostos de exportação. A soma foi de R$ 16,3 mil, o equivalente a 0,000004% do total das exportações do segmento agropecuário. Não dá nem para chamar isso de imposto.

Para se ter uma ideia de como o setor do agrobusiness é agraciado, adubos e fertilizantes, milho em grão, farejo de soja, sementes, produtos veterinários, agrotóxicos e ração estão entre os itens praticamente isentos de tributação. A questão é que se o setor não for gravado de alguma forma, vai se criar um enclave fiscal, oligopolizado, com baixa capacidade de geração de emprego e tremendamente rico. Jair Bolsonaro lutou ferrenhamente para manter – e até aumentar – as isenções e subsídios do agronegócio. Lula vai ter de chutar esse paralelepípedo. É um acerto na estruturar tributária do país que está pendente há anos.

#Fernando Haddad #Jair Bolsonaro #Lula

Política

Ruralistas e indígenas têm um “conflito” marcado no Congresso

5/04/2023
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A bancada ruralista está plantando uma semente polêmica no Congresso. A Frente Parlamentar da Agricultura pretende apresentar um projeto de lei que obrigue a União a indenizar fazendeiros que tiverem suas terras invadidas por indígenas. A ideia não é exatamente inédita. Em 2013, houve discussões no Congresso em torno do assunto. De lá para cá, essa agenda se tornou ainda mais complexa, pelo aumento do número de conflitos entre proprietários de terras e etnias indígenas em várias regiões do país, notadamente no Norte e Centro-Oeste. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de assassinatos por disputas fundiárias na Amazônia Legal cresceu 150% em 2022, na comparação com o ano anterior. 

O debate acontece num momento em que o Governo Lula prometeu que a Funai vai retomar os estudos antropológicos sobre terras em disputas no país, em paralelo às demarcações praticamente suspensas na gestão de Jair Bolsonaro. O Conselho Indigenista Missionário fez chegar ao Congresso pedido para que qualquer decisão seja tomada somente depois da realização de audiências públicas. Não se sabe se a Frente Parlamentar da Agricultura terá essa paciência.  

#Agricultura #CPT #Funai #Jair Bolsonaro #Lula

Política

Bolsonaro quer fazer um tour pela extrema direita internacional

5/04/2023
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Mal voltou ao Brasil, Jair Bolsonaro já deve subir no avião novamente. Pelo menos no que depender das articulações feitas por Eduardo Bolsonaro. A ideia é que o ex-presidente visite líderes internacionais da extrema direita. Segundo fonte próxima ao clã, entre os nomes estão o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán.

#Eduardo Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula

Internacional

Contencioso da Three Gorges vai para a pauta de Lula e Xi Jinping

4/04/2023
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A China Three Gorges (CTG) terá um lugar de destaque nas conversas entre Lula e o presidente da China, Xi Jinping, na visita a Pequim, remarcada para o dia 11. Segundo fonte do Itamaraty, o governo chinês já sinalizou que pretende discutir uma solução para o contencioso entre a CTG Brasil, subsidiária do grupo, e a União. A companhia entrou na Justiça contra uma medida do Ministério de Minas e Energia. No ano passado, a Pasta reduziu em 4,9% a garantia física das hidrelétricas Capivara, Chavantes, Taquaruçu e Rosana, pertencentes aos chineses. Ou seja: reduziu a quantidade de energia que as três usinas podem entregar ao sistema. A medida provocou um curto-circuito que vai além da Justiça. A CTG estaria condicionando a realização do seu já anunciado IPO no Brasil à reversão da medida. 

#China #China Three Gorges #Lula #Ministério de Minas e Energia

Política

Bolsonaro vai ser fiscal de Lula no YouTube

4/04/2023
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De volta ao Brasil, Jair Bolsonaro vai retomar suas lives semanais. A recomendação partiu de Carlos Bolsonaro, notório estrategista da comunicação nas redes sociais. A ideia é que Bolsonaro use as transmissões para fazer oposição aberta ao governo Lula no front que lhe é mais favorável, a internet. A ideia é que o ex-presidente aponte erros da gestão petista, sempre confrontando com números do seu governo. Seria uma forma de Bolsonaro manter a mobilização entre seus apoiadores mais fiéis, valendo-se das mídias digitais. As lives vão permitir, por exemplo, uma farta produção de recortes, com falas mais contundentes de Bolsonaro, a serem viralizadas nas redes e nos grupos de WhatsApp e Telegram.

#Carlos Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula

Destaque

Governo Lula joga a ancora pesada do Estado no setor portuário

3/04/2023
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A sanha estatizante do governo Lula paira sobre o Porto de Santos. Segundo o RR apurou, o ministro Marcio França pretende não apenas suspender a privatização da autoridade portuária local – a Santos Port Authority (SPA) – como dar à própria estatal um papel mais relevante. Segundo informações filtradas do Ministério dos Portos e Aeroportos, uma das ideias em discussão é que a SPA tenha uma participação societária em futuros empreendimentos no Porto. O primeiro deles seria o STS10, o futuro terminal de contêineres de Santos – uma das licitações mais aguardadas do setor. A estatal ficaria com uma fatia minoritária do empreendimento após a sua licitação. De certa forma, trata-se de um remake do modelo de concessões de aeroportos adotado no governo Dilma. A Infraero ganhou cadeira cativa em todos os consórcios, com uma participação compulsória de 49%. O formato não se mostrou exatamente um sucesso. A argentina Corporación America devolveu à União a concessão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN). A Odebrecht, que arrematou o Galeão, ficou apenas quatro anos no negócio. E hoje, sua sucessora, a Changi International, de Singapura, não sabe se sai ou se fica no aeroporto carioca.   

Marcio França já tem dado pistas de uma guinada a bombordo no setor portuário em comparação à política do governo Bolsonaro. Além de criticar o projeto de privatização da Santos Port Authority, França tem defendido reiteradamente uma maior participação dos entes públicos – seja União, de estados ou de municípios – na gestão de complexos portuários no país. O ministro tem usado a própria SPA como exemplo de eficiência e da capacidade do estado gerar resultados no setor – a empresa tem um caixa da ordem de R$ 1,5 bilhão.  

No caso específico de Santos, a ideia de uma maior presença estatal no setor ganha ainda mais relevância, não apenas por se tratar do maior porto do Brasil, mas também por algumas coincidências de timing. Em julho, vence a concessão da Ecoporto, que administra mais de 175 mil m² de área alfandegada no local. A empresa está no meio de um contencioso com a União pelo reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. Por ora, todas as opções ainda estão sobre a mesa: extensão da concessão, um acordo para o pagamento de indenização ou a devolução e relicitação. Pelas discussões travadas no Ministério dos Portos, um novo leilão contemplaria a presença da Santos Port Authority no consórcio.  

Outro ponto de interrogação no Porto de Santos é a Brasil Terminal Portuários (BTP), uma joint venture entre a APM Terminal, leia-se Maersk, e a Terminal Investment Limited, controlada pela MSC. Em maio de 2021, a BTP levou ao Ministério da Infraestrutura uma proposta de renovação antecipada do contrato de arrendamento de um terminal de contêineres no Porto de Santos, que vence em 2027. De lá para cá, o projeto praticamente não andou. Pela lógica que tem conduzido os debates no Ministérios dos Portos, um acordo para a prorrogação do contrato poderia ser atrelado, por exemplo, à entrada da SPA no negócio.

#Changi International #Corporación América #Lula #Maersk #Marcio França #Santos Port Authority

Economia

O arcabouço fiscal ainda depende das políticas de renda do governo

31/03/2023
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O principal questionamento dos economistas favoráveis a um ajuste fiscal com base no corte de gastos e a um teto mais restritivo do dispêndio público, vis à vis o arcabouço fiscal apresentado por Fernando Haddad, está calçado no aumento de arrecadação previsto e no piso das despesas. A maior parte dos críticos pró-fiscalismo restritivo está fazendo simulações com base em informações incompletas. Não foi divulgado ainda o “marco da expansão da arrecadação”, digamos assim. O dito pelo não dito é que o ajuste – que, para Haddad não é ajuste, mas sim “arcabouço” – não é estrutural. Ele depende do comportamento de diversos parâmetros, principalmente de mais receita. O governo ainda não apresentou a origem do aumento da arrecadação, previsto em R$ 150 bilhões neste ano – os valores podem ser ainda superiores. Claro que há de onde tirar os recursos. Os reclamantes do projeto apresentado levam em consideração uma estrutura tributária engessada, e concentradora de renda. Desde o início do seu mandato, Lula vocaliza que fará uma varredura nos incentivos fiscais, que são, em grande parte, uma forma de produzir o enriquecimento de poucos. A miríade de incentivos é ainda mais questionável devido à ausência de medição do retorno e eficiência dessa alocação. São cerca de R$ 460 bilhões de renúncias tributárias, sacolão de onde Haddad pode tirar uma parcela dos R$ 150 bilhões previstos para fechar a conta neste ano. Ou até a totalidade.
Há como otimizar fontes de receita com melhoria da engrenagem, economia na margem e reonerações de ordem variada. Para 2024, há espaço para deixar o orçamento com menos pressão em função da segunda fase da reforma tributária, já em junho, que vai desonerar as empresas e as pessoas físicas que recebem até determinado valor e taxar a riqueza. Há sérias dúvidas em relação à medida as formas de gravame da renda. A decisão mais firme é onerar os dividendos pagos às pessoas físicas e às empresas. Pode se dizer que nesse ponto a decisão está quase dada. E é aí que mora o incômodo maior dos apologistas do corte de gastos: há uma crítica, ainda que velada, a combinar políticas fiscais com distributivas. Isso não é dito, apesar de estar em todas as entrelinhas. O resumo, curto e grosso, é que não querem pagar o ônus do arcabouço, bolado para atender os compromissos de Lula com melhorias sociais, ambientais e de investimentos.
Por isso, a próxima fase da reforma tributária, que se dará pela renda, virá o mais rapidamente possível. O que pode se afirmar é que nem todos os modelos e análises apresentados por economistas respeitáveis (ou não) podem ser chamados de ciência pura. Vários deles estão eivados por colheres cheias de ideologia. O governo soltou uma pílula de rearrumação tributária que deverá ser bem mais profunda. A estrutura fiscal do país vinha sendo errática e suas metas sempre descumpridas – o que equivale a não ter meta alguma -, com um sistema tributário injusto e ineficiente.
Agora é esperar o complemento do arcabouço. O RR aposta que ainda vai ter regimes da banda em diversas áreas: tributária, de incentivo fiscal, patamar de rendas etc. Haddad gostou desse modelo, que traz uma pegada anticíclica cabível em outras formas de limites dos gastos e receitas. Mas a maior especulação, a despeito de toda a matemática com dados incompletos, não é se as metas são ou serão cumpridas, mas, sim, quem vai pagar a conta para o cumprimento delas. É natural que a turma do topo da pirâmide – e mesmo a do meio – resista a pagar o custo do arcabouço, que foi montado com objetivos de governo mais largos do que os da gestão Bolsonaro. Por isso, a implementação de qualquer reforma ou regime que contemplasse o social – e agora o novo desafio do ambiental – com uma política tributária e de rendas que não mantivesse o status quo concentrador da riqueza. Os próximos passos de Haddad e Simone Tebet, após a divulgação das medidas, será enfrentar a sanha de interesses do Congresso. Tirar bilhões de reais do bolso dos mais bem aquinhoados não é uma missão fácil. Uma ressalva é que há banqueiros, financistas e economistas mais isentos que não estão pensando somente no seu hervanario, mas no crescimento do país que se dará com o atendimento do social, ambiental e de investimentos. Agora é aguardar os complementos do arcabouço fiscal e o desenho da reforma tributária sobre a renda, sem esquecer que o modelo do IVA na tributação sobre o consumo também pode trazer uns recursos a mais.
É um luxo a manutenção da relação dívida bruta/PIB praticamente no mesmo patamar até o fim do governo, mesmo com o aumento de despesas essenciais e negligenciadas.

#Economia #Fernando Haddad #Jair Bolsonaro #Lula #Simone Tebet

Internacional

As águas do Rio Paraguai estão turbulentas

31/03/2023
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De acordo com informações apuradas pelo RR, representantes dos governos do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia deverão se reunir na próxima semana, em Montevidéu, na tentativa de equacionar um imbróglio multilateral. O alvo é a tarifa extra cobrada de forma unilateral pela Argentina para os navios que circulam pelo Rio Paraguai, no trecho entre Santa Fé-Confluência. O governo Lula já fez chegar às autoridades argentinas que é contra o “pedágio”. Uruguai e Paraguai também exigem a suspensão da taxa. Segundo o RR apurou, os paraguaios já subiram o tom: prometem recorrer a uma corte de arbitragem internacional caso a Argentina insista na cobrança. Do lado brasileiro, a tarifa de US$ 1,47 por tonelada de carga afeta, sobretudo, o agronegócio e o setor de mineração, notadamente a Vale. A hidrovia do Rio Paraguai tem sido uma rota importante para as exportações de minério de ferro, além de grãos.

#Argentina #Bolívia #Lula #Paraguai #Uruguai

Destaque

Itamaraty trabalha para debelar um “motim” na OEA

30/03/2023
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A diplomacia brasileira está trabalhando nos bastidores para desarticular uma espécie de intentona sul-americana na Organização dos Estados Americanos (OEA). Segundo o RR apurou, o Itamaraty tem feito gestões junto aos países vizinhos para barrar um movimento liderado pelo Chile e pela Argentina. De acordo com informações filtradas do Ministério das Relações Exteriores, a dupla tem buscado o apoio de governos da região para pressionar o secretário-geral da OEA, o uruguaio Luis Almagro, a antecipar o fim do seu mandato, que se encerra apenas em 2025. Dessa vez, a gestão Lula está na mão contrária dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Chile, Gabriel Boric, seus aliados. Um dos principais motivos atende pelo nome e sobrenome de Joe Biden. Nos meios diplomáticos, a informação é de que a Casa Branca é contrária a uma ruptura institucional na OEA – ainda que Almagro tenha sido reconduzido ao cargo, em 2020, com o apoio do então presidente, Donald Trump. Ressalte-se que os Estados Unidos têm o maior número de votos dentro do órgão multilateral. Praticamente nada é aprovado sem o seu aval. Nesse contexto, qualquer movimento para tirar o diplomata uruguaio da presidência da OEA pode gerar um ruído diplomático desnecessário com o governo Biden. Além disso, Almagro teve um papel de razoável relevância para Lula na eleição. Logo após o resultado do segundo turno, a OEA não apenas atestou a segurança das urnas eletrônicas, por intermédio de uma comissão enviada ao Brasil, como foi uma das primeiras vozes internacionais a reconhecer formalmente a vitória do petista.  

Segundo informações que circulam no Itamaraty, Argentina e Chile alegam que Luis Almagro vem negligenciando pautas de interesse da América do Sul na OEA. No caso específico do governo de Alberto Fernández, há um fator adicional que acirra a oposição ao diplomata: ainda que indiretamente, seria uma vendeta contra o próprio Uruguai, por divergências no âmbito do Mercosul. O presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pou, é um notório defensor da flexibilização as regras do bloco para que os participantes possam negociar individualmente acordos comerciais internacionais. A Argentina é contra. Argentinos e chilenos tentam se aproveitar também do momento de vulnerabilidade de Luis Almagro. Desde o fim do ano passado, ele é alvo de uma investigação aberta pela própria OEA. O diplomata é acusado de promover indevidamente a um alto cargo na entidade uma funcionária com quem teria mantido um relacionamento amoroso.  

#Argentina #Chile #Lula #Mercosul #Ministério das Relações Exteriores #Organização dos Estados Americanos

Política

Governo Lula pretende tirar Memorial da Anistia do chão

30/03/2023
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O governo estuda retomar as obras do Memorial da Anistia, em Belo Horizonte. A construção do monumento, idealizado para homenagear os perseguidos pela ditadura militar, foi interrompida em 2019, logo no primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro. Ao retirar o projeto da gaveta, a gestão Lula vai avançar em um terreno cheio de delicadezas. Por toda a carga simbólica envolvida, trata-se de uma iniciativa com o potencial de despertar sensibilidades, notadamente entre os militares, entre os quais já grassa uma resistência ao presidente Lula. Como se não bastasse, o Memorial da Anistia remete também a suspeitas de irregularidades. As obras – conduzidas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Prefeitura de BH, com apoio da Caixa Econômica – já consumiram cerca de R$ 28 milhões, quase seis vezes o valor originalmente previsto (R$ 5 milhões). Em 2020, o Ministério Público Federal abriu investigações, e a Polícia Federal chegou a indiciar 11 pessoas ligadas à UFMG. O caso acabou arquivado por falta de provas. 

#Belo Horizonte #Caixa Econômica #Lula #Memorial da Anistia

Energia

Brasil empurra crise hídrica para longe

29/03/2023
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Uma ótima notícia para o Brasil – e para o governo Lula. Segundo o RR apurou, a energia armazenada nos reservatórios do Sistema Interligado Nacional deverá atingir até o fim desta semana os maiores níveis desde 2007. De acordo com informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, a estimativa é que o subsistema Norte chegue a 99%. Ou seja: as hidrelétricas da região estão praticamente a plena carga. No caso do Nordeste, as projeções apontam para um indicador próximo dos 91%. O índice mede a energia potencialmente disponível por área a partir do volume de água dos reservatórios e consequentemente da capacidade de geração das usinas. Os dados apontam reduzida necessidade de acionamento de térmicas no país no início do outono, estação marcada pela queda da ocorrência de chuvas. No mapa energético nacional, a região que mais preocupa as autoridades do setor é o sul do país. Há cerca de duas semanas, a energia armazenada nos reservatórios da área estava em 40%. Na próxima medição, é provável que este número caia ainda mais – as previsões na Pasta giram em torno dos 38%. 

Muito provavelmente, o puxão de orelhas de Lula na gestão das hidrelétricas do país não foi por acaso. Na semana passada, durante a posse de Enio Verri no comando de Itaipu, o presidente criticou o desperdício de água pelas grandes usinas, batendo na tecla de que o país não sabe lidar com a abundância dos mananciais. Nos últimos meses, por exemplo, as usinas de Belo Monte, Tucuruí, São Simão – as duas primeiras operadas pela Eletrobras e esta última controlada pela chinesa Spic – abriram suas comportas para reduzir o nível dos reservatórios, deixando de gerar a energia equivalente. 

#Eletrobras #Lula #Ministério de Minas e Energia

Governo

PT quer Berzoini nas Comunicações

29/03/2023
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Segundo o RR apurou, há pressões do PT, notadamente de Gleisi Hoffmann, para que Ricardo Berzoini assuma o Ministério das Comunicações. A nomeação mataria dois coelhos com uma só cajadada. De um lado, representaria a demissão do atual ministro, Juscelino Filho, do União Brasil, que balança no cargo há semanas após as denúncias de que utilizou um avião da FAB para uma viagem pessoal; do outro, o PT encontraria um posto para Berzoini, que foi indicado para a presidência dos Correios e não pode assumir por não ter curso superior completo. Por sinal, um estranho paradoxo: caso se sente na cadeira de ministro das Comunicações, Berzoini passará a ser o chefe do presidente da estatal, Fabiano Silva, hoje no lugar que o petista não pode ocupar. Por ora, no entanto, Lula cozinha o pleito do PT em banho-maria. Berzoini é um “companheiro” de longa data, mas não é hora de arrumar problema com o União Brasil, dono da terceira maior bancada da Câmara e quarta maior do Senado.

#Gleisi Hoffmann #Lula #Ministério das Comunicações #PT #Ricardo Berzoini

Destaque

Governo Lula planeja um “revogaço” na venda de agrotóxicos

27/03/2023
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O governo Lula prepara um “revogaço” de medidas da gestão de Jair Bolsonaro que flexibilizaram a venda de defensivos agrícolas no Brasil. Um dos principais alvos é o Decreto 10.833, assinado por Bolsonaro em outubro de 2021. Ele alterou a Lei 7.802, mais conhecida como “Lei dos Agrotóxicos”, abrindo brecha para a comercialização no país de uma série de produtos até então proibidos. Alguns deles, inclusive, estão banidos pela União Europeia – casos das substâncias tiametoxamtriflumurom e imidacloprido, entre outras. Além de vedar a distribuição desses produtos no país, o Palácio do Planalto quer também devolver ao Ministério da Saúde a prerrogativa de avaliar e autorizar ou não o uso de agrotóxicos empregados em campanhas de saúde pública, extinta pelo Decreto 10.833.  Um exemplo: o popular “mata-mosquito” utilizado no combate à dengue nada mais é do que um defensivo agrícola – dos grupos químicos organofosforados, carbamatos e piretróides, cuja exposição excessiva pode gerar danos crônicos à saúde humana.   

Jair Bolsonaro criou uma espécie de “liberou geral” na venda de defensivos agrícolas. Durante os quatro anos de mandato, o seu governo autorizou a venda de 2.182 produtos, uma média de 45 aprovações por mês. Trata-se de um recorde na série histórica da Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, iniciada em 2003. Com as porteiras abertas, a gestão Bolsonaro notabilizou-se por outra marca: a liberação de 98 substâncias inéditas no Brasil. Até então, o recorde anterior pertencia ao segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (58 autorizações). Lula pretende usar o “revogaço” dos agrotóxicos como mais uma mensagem à comunidade internacional do compromisso do seu governo com políticas ambientais mais rígidas. Segundo informações apuradas pelo RR, o presidente planeja anunciar as medidas durante a Cúpula da Amazônia – prevista para junho ou julho.  

Há outras ações engatilhadas. O governo pretende também barrar a tramitação no Congresso do projeto de lei nº 1.459/2022, que recebeu de ambientalistas a alcunha de “PL do Veneno”. A proposta afrouxa as regras para aplicação de agrotóxicos e reduz o poder da Anvisa e do Ibama no controle dessas substâncias.  O PL já foi aprovado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado e está liberado para votação em plenário. A rigor, pode ser colocado em pauta a qualquer momento por Rodrigo Pacheco. Ou seja: ao contrário da mudança do Decreto 10.833, que poderá ser feita pela própria Presidência da República, barrar a “Lei do Veneno” depende de uma articulação com o Congresso. A missão não é simples. Há uma notória pressão da bancada ruralista e de empresários do agronegócio pela aprovação do PL. Será um ponto de fricção justo no momento em que o governo Lula tenta se aproximar do setor.

#Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Agricultura #Ministério da Saúde #Palácio do Planalto #PL

Destaque

BNDES é a ponta de lança do governo para a reestatização da Eletrobras

24/03/2023
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A gestão Lula pretende usar o BNDES como instrumento para a polêmica reestatização da Eletrobras. A ideia em discussão no governo passa pelo aumento da posição do banco no capital da empresa, seja com a aquisição de papéis em mercado, seja com a compra em bloco de ações pertencentes a outros sócios relevantes. Hoje, somando sua participação direta e os títulos na carteira do BNDES e da BNDESPar, a União detém 40,18% das ordinárias da Eletrobras. Apenas como um exercício meramente ilustrativo: a compra das ações em poder do BlackRock (5,1%) e do GIC, fundo soberano de Cingapura (6,4%), permitiria ao governo ter mais de 51% do capital da companhia – mais precisamente 51,6%. Significa dizer que a União voltaria a ser, matematicamente, a controladora da Eletrobras. Mas essa aritmética não basta. No quebra-cabeças petista da reestatização da Eletrobras, toda essa operação precisa estar encaixada com outra peça: a ofensiva do governo para modificar o estatuto da empresa.  

Conforme noticiou a jornalista Malu Gaspar, de O Globo, a Casa Civil e a AGU planejam entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no STF. O objetivo principal é retirar o dispositivo que limita o poder de voto dos acionistas da Eletrobras a 10% mesmo que sua participação seja superior a esse patamar. Com essa barreira, tanto faz um investidor ter 10% ou 40%: vai mandar igual. A derrubada desse teto abriria caminho para o Estado retomar as rédeas na companhia, seja como o maior acionista individual, status que já possui, seja novamente em uma posição de controle, isto é, com 50% mais um das ações ordinárias. Esse segundo cenário é um motivo a mais para o governo tentar dinamitar o atual estatuto da Eletrobras. O governo Bolsonaro criou uma “cláusula de barreira” ou uma espécie de “trava anti-PT” – como se vê, com certa dose de razão. Trata-se da pílula de veneno estabelecida no Artigo 10 do estatuto: “O acionista ou grupo de acionistas que, direta ou indiretamente, vier a se tornar titular de ações ordinárias que, em conjunto, ultrapassem 50% do capital votante da Eletrobras e que não retorne a patamar inferior a tal percentual em até 120 (cento e vinte) dias deverá realizar uma oferta pública para a aquisição da totalidade das demais ações ordinárias, por valor, no mínimo, 200% (duzentos por cento) superior à maior cotação das respectivas ações nos últimos 504 (quinhentos e quatro) pregões”. Ou seja: pelas regras do jogo em vigor, se a União ultrapassar a marca de 50% das ONs, terá de pagar três vezes pelo restante das ações. Em sua sanha reestatizante, o governo quer dar um cálice de cicuta para essa poison pill, o que lhe permitiria reassumir o controle da companhia sem ter de desembolsar uma fortuna. 

Toda essa complexa arquitetura, que vai do mercado de capitais à Suprema Corte, junta a fome com a vontade de comer. De um lado, a disposição do governo de que o BNDES volte a ser um agente de participação do Estado em empresas ou setores estratégicos; do outro, a notória intenção do presidente Lula de promover a reestatização da Eletrobras, manifestada recorrentemente durante a campanha eleitoral. O governo teria novamente uma máquina para fazer políticas públicas na área de energia. Ao lado da Petrobras, a empresa seria também uma propulsora de investimentos em transição energética. Pelo menos é a lógica petista que rege todo esse movimento. Uma lógica tão tortuosa quanto contestável, em razão dos riscos que traz a reboque. 

As manobras do governo Lula para reestatizar a Eletrobras geram automaticamente insegurança jurídica. Caso a retomada do controle da empresa se concretize, estará aberta a porteira para outros casos similares. É como se o Brasil inventasse o modelo das privatizações por temporada, que poderão valer para um determinado governo, mas não para outro. Ao mesmo tempo, a investida joga por terra a ideia de public company, que poderia ser adotada para outras estatais. Não poderia haver recado pior para os investidores, já ressabiados. Recentemente, por exemplo, surgiram rumores de que a Petrobras poderia cancelar vendas de ativos fechadas na reta final do mandato de Bolsonaro. Se há um partido que deveria se preocupar em afastar a pecha de “rasga contratos” é o PT. 

Em tempo: sob certo aspecto, o Lula III está bebendo na fonte do Lula I. Guardadas as devidas proporções, a estratégia de usar o BNDES como ponta de lança para o Estado retomar seus antigos poderes na Eletrobras remete a uma operação conduzida pelo próprio banco em 2003. Na ocasião, sob o comando do economista Carlos Lessa, o BNDES comprou uma participação de 8,5% na Valepar, holding controladora da Vale, que pertencia à Investvale – fundo de investimento dos funcionários da mineradora. Com esse movimento estratégico, à época muito contestado pelos privatistas puro-sangue, Lessa fechou a porta para uma eventual desnacionalização da companhia e até mesmo uma transferência da sua sede para o exterior. Àquela altura a Vale tinha um bloco de controle definido. A Mitsui, por exemplo, poderia assumir o mando da empresa caso adquirisse as ações em poder da Investvale. Ainda que as circunstâncias não sejam exatamente as mesmas, a Vale da vez se chama Eletrobras. E o BNDES vai voltar a ser aquele BNDES.

#BNDES #Eletrobras #Lula #Petrobras #PT #STF #Valepar

Infraestrutura

Hidrovia Brasil-Uruguai ganha seus primeiros contornos

23/03/2023
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Os governos dos presidentes Lula e Luis Alberto Lacalle Pou começam a tirar do papel o projeto da implantação de uma hidrovia entre Brasil e Uruguai. O primeiro passo mais agudo nessa direção será dado até o fim de abril: segundo o RR apurou, o Ministério dos Portos e Aeroportos vai abrir licitação para contratar a empresa que ficará responsável pela dragagem da bacia da Lagoa Mirim, na divisa entre os dois países. O trabalho se concentrará no canal de São Gonçalo, que conecta a Lagoa Mirim e a Lagoa dos Patos. 

O projeto dará fôlego ao complexo portuário de Rio Grande, pertencente à Uniao, mas sob administração do governo gaúcho. Há estudos de que a abertura da hidrovia poderá aumentar em 20% o volume de cargas exportadas pelo porto. Entre idas e vindas, há mais de 50 anos que a ideia de criação da hidrovia povoa as relações entre Brasil e Uruguai. Durante a gestão de Jair Bolsonaro, a proposta avançou razoavelmente. A hidrovia faz parte do PPI (Programa de Parcerias de Investimento), herdado pelo governo Lula. A execução do empreendimento depende mais de uma decisão política dos dois países do que de exatamente de funding. O projeto é barato: está estimado em R$ 30 milhões. E há costuras para que a CAF (Banco de desenvolvimento da América Latina) financie uma parte.

#Luis Alberto Lacalle Pou #Lula #Uruguai

Governo

Política econômica precisa do seu próprio “Desenrola”

21/03/2023
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Há mais discordância do que o próprio RR anteviu entre os grupos do governo que discutem a proposta e o timing da divulgação da reforma tributária, do arcabouço fiscal, taxa de juros e a meta de inflação. Sim, a elevação da meta de inflação e a mudança no regime do inflation target voltaram à baila, de onde talvez nunca tenham saído. Afinal, essas medidas foram cobradas publicamente pelo próprio Lula. O RR antecipou que a reforma e o arcabouço fiscal poderiam ter sido anunciados ontem, véspera do primeiro dia da reunião do Copom – pelo menos em suas linhas gerais. Amanhã, seria feito o primeiro movimento do ciclo de queda da taxa de juros, mesmo que somente fosse aposto o viés de baixa da Selic. Tudo sincronizado. Para isso, seria necessário que o BC desse ao Planalto a garantia de algum afrouxamento da taxa básica já nesta quarta-feira. Seria uma exceção à regra. Como se fosse uma reunião na antevéspera da reunião oficial do Copom para permitir que o presidente da República cantasse a pedra da Selic. O firme do presidente do BC, Robertos Campos Neto, não foi dado. A iniciativa quebraria o primado de independência do BC.

Lula e a área política do governo querem anunciar um buquê de boas notícias na economia, incluindo também o programa “Desenrola” e o marco regulatório das PPPs. O presidente acha que a reforma tributária de Bernardo Appy, que contempla, nesta primeira fase, somente a unicidade fiscal de vários impostos, com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), é insuficiente e, mesmo assim, ainda vai demorar a ser digerida no Congresso Nacional. Além do mais ela está indexada ao Centro de Cidadania Fiscal (Cecif), think thank do qual Appy foi diretor e onde o projeto da reforma foi desenvolvido. Os parceiros institucionais do Cecif são, nada mais, nada menos do que: Carrefour, Itaú, Raízen, Natura Cosméticos, Souza Cruz, Vale, Votorantim e Coca-Cola. Para o presidente, melhor seria temperar a reforma com medidas um pouco menos amigáveis para essas megaempresas. Lula gostaria que a parte de tributação dos dividendos e redução do imposto de renda das alíquotas da pessoa física fossem anunciadas juntas com o IBS. O presidente é simpático também à divulgação de algum corte de incentivos fiscais. É da lavra de Lula a frase: “Orçamento é para pobre, imposto é para rico”. E os mais de R$ 400 bilhões em incentivos não existem para reduzir as agruras dos mais pobres, conforme se sabe muito bem. Ou seja: a divulgação do chamado “pacote de credibilidade econômica” do governo vai ficar para depois da viagem à China. O presidente e a ala política do Planalto não querem picar as medidas e divulgar uma de cada vez. No avião, Lula e Fernando Haddad terão tempo de sobra para estressar o assunto.  

Em tempo: a mudança da meta de inflação, talvez o quesito menos votado do “pacote de credibilidade econômica”, permanece viva no debate, inclusive fora do governo. Agora mesmo, na FGV, no Rio, está tendo início um seminário fechado sobre o tema com a presença de afamados economistas. A meta de inflação e a condução da Selic são brotoejas na pele de Roberto Campos Neto. Tudo indica que ele vai ter que se coçar muito. Ontem mesmo uma tropa de choque, no BNDES, tendo à frente o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, detonou a política monetária do presidente do BC. A escalada contra o nível da Selic vai crescer. Sem alguma sinalização de que a taxa básica vai cair, fica difícil a permanência de Campos Neto com esse grau de pressão. Lula acha que, do ponto de vista da política, todas as medidas se tornam perfunctórias com juros “pornográficos”, conforme a definição do Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz. O presidente precisa entregar um pacote convincente de ações econômicas. Afinal, Lula já está por completar 100 dias de governo. Seria uma boa data para anunciar o “pacote da credibilidade”.

#Fernando Haddad #Lula #Selic

Política

Governo Lula vira concessão de parques ambientais de pernas para o ar

17/03/2023
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O RR apurou que o governador do Ceará, Elmano Freitas, manifestou ao presidente Lula e à ministra Marina Silva o interesse do estado em assumir a concessão do Parque Nacional do Jericoacara. O governo federal não apenas cancelou a licitação da unidade de conservação como deve suspender todo o plano de desestatizações do setor herdado da gestão Bolsonaro – conforme o RR antecipou

A importância do eventual acordo com Elmano Freitas extrapola as fronteiras do Ceará. A transferência do ativo pode servir de modelo para outros casos similares. No Ministério do Meio Ambiente, segundo a mesma fonte, já se discute até mesmo a possibilidade de uma gestão compartilhada entre União e estado. A recém-criada Secretaria de Bioeconomia e Recursos Genéticos, inclusive, já recebeu a missão de desenvolver projetos voltados ao aproveitamento bioeconômico dessas áreas. 

Há ainda casos delicados nesse terreno, que triscam a segurança jurídica. O governo federal, por exemplo, tem flertado com a ideia de anular a licitação do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, realizada no apagar das luzes do mandato de Jair Bolsonaro, em 22 de dezembro do ano passado. O leilão foi vencido pelo Parques Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura, ligado ao Banco Daycoval. O próprio governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, já formalizou ao governo Lula o interesse em assumir a concessão da unidade.  

#Lula #Ministério do Meio Ambiente #Parque Nacional do Jericoacara #Secretaria de Bioeconomia

Economia

Lula quer casar anúncio do arcabouço fiscal com a queda da Selic 

15/03/2023
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Há uma discussão entre os ministros palacianos e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação ao anúncio pelo presidente Lula do arcabouço fiscal e das principais linhas da reforma tributária, no dia 20, véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Do lado do Planalto, participam da tertúlia os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Juscelino Filho, das Comunicações. A proposta será uma verdadeira pérola se for combinada com o BC e a autoridade monetária, praticamente ato contínuo, no dia 21, reduzir a taxa Selic. Essa seria a sequência ideal para o Palácio do Planalto: a vinculação entre os dois fatos reforçaria o impacto midiático. É tudo para ontem, agora. Roberto Campos Neto terá de estar afinado nessa sinfonia, que, de uma certa forma, o enfraquece politicamente. Afinal, Lula quase impôs a queda dos juros a fórceps em declarações recorrentes, nas quais questiona, inclusive, a própria independência do BC.   

Se a taxa cair, haverá uma interpretação fácil de ser feita no mercado: Campos Neto não aguentou segurar a Selic, então não tem autonomia e vai deixar o cargo. O anúncio do pacote fiscal é considerado pré-condição para a baixa da Selic. É difícil de Lula engolir a ideia do “deixar tudo como está para ver como é que fica” na política monetária. Assim como é difícil também convencer o presidente do BC a fazer número. A área política do Palácio e o próprio Lula não achariam nada ruim se Campos Neto, pressionado, saísse da autoridade monetária. O mundo perfeito para o Planalto seria o presidente do BC baixar a taxa no dia 21, continuar fazendo hora uns dois ou três meses no cargo e, então, pedir o boné. Ficaria ruim até para o restante do colegiado de diretores, que poderia sair em debandada. Para o PT, longe de ser um problema. Como diz a presidente do Partido, Gleisi Hoffmann, eles não foram eleitos com Lula. Pertencem ao governo anterior. 

Em tempo: a depender de toda essa engrenagem, a pressão sobre Roberto Campos no dia 4 de abril poderá ser maior ou menor. Segundo o RR apurou, o presidente do BC já confirmou ao senador Otto Alencar que comparecerá à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa nessa data. Ressalte-se que Alencar, presidente da CAE e autor do “convite”, é um dos principais aliados do governo Lula no Senado. Se a Selic ficar no mesmo lugar, o bicho vai pegar!

#Lula #Selic

Internacional

Peso argentino made in Casa da Moeda?

15/03/2023
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Entre outros negócios, a sintonia entre Lula e o presidente Alberto Fernández pode acabar gerando um “troco” para a Casa da Moeda. Segundo o RR apurou, há gestões entre os dois países para que a estatal brasileira participe da concorrência para a produção de novas cédulas do peso argentino. O país vizinho vai imprimir mais dinheiro na esteira do lançamento da nota de dois mil pesos. 

#Alberto Fernández #Argentina #Lula

Destaque

José Dirceu está de “volta” ao governo

10/03/2023
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O ex-ministro José Dirceu não pretende retornar à ribalta da política ou mesmo ter qualquer proximidade explícita com o governo, mas voltou a trocar figurinhas diretamente ou através de terceiros com Lula. Dirceu tem aconselhado o presidente em decisões relevantes. É dele, por exemplo, a recomendação de que Lula coloque a Petrobras no centro do seu governo. A estatal, mesmo sendo uma vaca leiteira, foi tratada na gestão Bolsonaro como uma empresa da qual a União deveria se livrar, privatizando-a tão logo houvesse condições políticas necessárias. Na concepção do ex-presidente, influenciado pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, a Petrobras era vista tão somente em termos do valuation e dos recursos que poderiam ser distribuídos sob a forma de dividendos. De acordo com a fonte do RR, Dirceu disse textualmente a Lula, em contato pessoal, que a estatal deveria ser uma das protagonistas da sua gestão. A empresa teria todas as condições de ser um dos eixos geradores de riqueza que o governo precisaria, quer seja como realizadora e indutora de investimentos no mainstream – leia-se pré-sal; quer seja como a grande puxadora de projetos para renovação da matriz energética, um dos principais discursos de Lula no exterior. Dito e feito.   

Mais recentemente, o ex-ministro sugeriu ao presidente que, após a nomeação de Dilma Rousseff para o banco dos Brics ou Novo Banco do Desenvolvimento, iniciasse um processo de descontaminação do então titular, Marcos Troyjo. Dirceu, segundo a fonte do RR, considera que o diplomata, apesar de tingido por berrante tintura bolsonarista, pode ajudar o governo em articulações no exterior, mesmo que com um cargo informal. Troyjo teve um papel relevante no primeiro mandato de Lula. Foi ele que acompanhou José Dirceu nos contatos com o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney; com o chefão do FMI, Stanley Fischer; com o presidente do FED, Ben Bernanke; e com o poderosíssimo Secretário do Tesouro, Lawrence Summers.  Poucos sabem, mas foi nessa rodada de encontros que saiu a indicação e convite ao banqueiro Henrique Meirelles para assumir a presidência do Banco Central. Troyjo é um pragmático, que adora o poder.

Dirceu não quer colocar a cabeça para fora dos encontros reservadíssimos com os principais quadros do PT e dirigentes de outros partidos que considera fundamental para que o governo tenha uma amplitude política, tal como Renan Calheiros, por exemplo. Ficar malocado faz parte também do seu projeto de defesa. Dirceu é condenado a cumprir pena de 40 anos, ainda que a prisão seja domiciliar, devido ao processo do Mensalão. Foi como essa visão estratégica que não compareceu à posse de Lula, preferindo ficar distante da pompa, sentado na grama e sendo saudado pelos companheiros petistas com o epíteto que mais lhe agrada, “El Comandante”.   

Somente em um momento José Dirceu saiu da toca: em fevereiro, por ocasião do evento comemorativo dos 43 anos do PT, quando foi saudado por Lula como “agente político e militante da maior qualidade”. Entre Lula e Dirceu, ou mesmo entre Dirceu e a presidente do PT, Gleisi Hoffman – que não pensa igual a Dirceu, diga-se de passagem, sobre a estratégia para o partido – há um canal de contato mais visível e estreito: o líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, filho do ex-ministro. Zeca articula no Congresso, papeia aqui e acolá, leva e traz as informações. É uma prova de que Dirceu está sem estar no alto comando das decisões do PT.   

Não custa lembrar que Lula se referiu a José Dirceu como um dos responsáveis por sua eleição, com um conselho singelo e potente ao mesmo. Quando os petistas já estavam eufóricos, considerando que a probabilidade do ex-presidente voltar ao Poder era grande e estava dada, alguns dirigentes encasquetaram que o bom caminho era fazer uma campanha pelo impeachment de Bolsonaro. Dirceu fez chegar ao então candidato do PT que a estratégia acabaria por ressuscitar a tese da terceira via, que já adormecia aparentemente sem volta. Emplacou seu raciocínio. E, ainda que possa se dizer que a contribuição tenha sido modesta, o fato é que ajudou a emplacar Lula na presidência.  

#José Dirceu #Lula #PT

Meio ambiente

Brasil reúne os “shareholders” da Amazônia

10/03/2023
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O Brasil vai liderar uma reunião entre todos os países com responsabilidade territorial na Floresta Amazônica, incluindo até mesmo a França – por conta da Guiana Francesa. As conversas têm sido conduzidas entre o próprio ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e diplomatas das demais nações, a começar pelo embaixador colombiano em Brasília, Guillermo Rivera Flores. O encontro, incialmente previsto para maio, servirá como uma prévia da inédita Cúpula da Amazônia, que deverá ocorrer em junho ou julho por proposição do presidente Lula. 

#Floresta Amazônica #Lula

Política externa

Brasil e Alemanha costuram acordo na energia renovável  

9/03/2023
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O Brasil negocia com o governo alemão uma parceria para investimentos conjuntos em energia renovável. Segundo o RR apurou, o tema será discutido durante a visita dos ministros da Economia e da Agricultura da Alemanha, respectivamente Robert Habeck e Cem Özdemir. Ambos desembarcarão em Brasília no próximo sábado para uma série de reuniões não apenas com autoridades brasileiras – entre as quais a ministra Marina Silva -, mas também com representantes do setor privado. Os alemães pretendem financiar projetos de geração renovável e de eficiência energética vinculados a metas de redução das emissões de carbono. Parte expressiva dos recursos deverá ser destinada a projetos de hidrogênio verde. 

Em grande parte, os investimentos devem ser creditados ao prestígio internacional de Lula. Se há uma área em que o presidente vem nadando de braçada é na política externa. O governo do primeiro-ministro alemão Olaf Scholz desponta como um dos grandes parceiros, notadamente na agenda verde. No início do ano, a Alemanha anunciou a liberação do equivalente a R$ 1,1 bilhão para o Brasil, recursos que serão destinados a ações de desenvolvimento sustentável, combate ao desmatamento e inclusão social. Desse total, R$ 192 milhões vão ser aportados no Fundo Amazônia.  

#Alemanha #Lula #Olaf Scholz

Destaque

Brasil quer renegociar acordo com a China para as exportações de carne

9/03/2023
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Segundo o RR apurou, Lula pretende aproveitar a viagem a Pequim, no fim do mês, para iniciar uma discussão complexa com o presidente Xi Jinping: a revisão do protocolo assinado entre Brasil e China em 2015, referente às exportações de carne. A intenção do governo brasileiro é costurar um novo acordo, menos draconiano e punitivo para os frigoríficos nacionais. Na prática, Lula levará na bagagem a pressão para consertar o que os grandes grupos do setor classificam como uma herança maldita da gestão de Dilma Rousseff e um péssimo tratado comercial para os interesses brasileiros. O acordo em vigor há oito anos prevê o auto-embargo automático, ou seja, a suspensão imediata dos embarques, assim que detectado um único caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – a popular doença da “vaca louca”. E independentemente do local do registro. Ou seja: um diagnóstico de EEB no Oiapoque é o suficiente para brecar as exportações de um frigorífico no Chuí. A rigor é o que está acontecendo neste momento: todos os embarques de carne bovina brasileira para a China estão paralisados desde o dia 23 de fevereiro devido à identificação de um caso de “vaca louca” no Pará. Até o momento, não há uma data confirmada para a retomada das vendas. O prejuízo para os frigoríficos brasileiros – e para a balança comercial – já está na casa dos US$ 500 milhões. 

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que deverá acompanhar Lula na viagem a Pequim, já começou a entabular conversas prévias com autoridades chinesas. Nos últimos dias, tem mantido um canal direito de interlocução com o embaixador da China em Brasília, Zhu Qingqiao. Vai ser preciso muita diplomacia para remodelar um protocolo tão confortável para os chineses. O atual acordo, firmado na gestão de Katia Abreu à frente do Ministério da Agricultura, se deu em um momento de fragilidade do Brasil à mesa de negociações. Além disso, à época foi a moeda de troca aceita pelo governo brasileiro para a habilitação de quase duas dezenas de frigoríficos pelas autoridades chinesas. O problema é que o protocolo foi mal costurado. No entendimento dos exportadores, o maior pecado é a falta de dosimetria. Ainda que temporária, a pena para o Brasil é a mesma, seja na ocorrência de uma endemia, seja no registro de um caso atípico e isolado da doença. 

#China #Lula #Ministério da Agricultura #Xi Jinping

Economia

Prazo da reforma tributária segue uma estratégia política

7/03/2023
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Devagar, devagarinho, como diria Martinho da Vila, o governo vai revelando o que pode se esperar da reforma tributária, seu timing e a disposição de criar “impostos pontes” para que a negociação das medidas estruturais no Congresso ocorra com menos pressão e, ao mesmo tempo, sem deixar o caixa da União muito à descoberto. A priori não parece ser algo que surpreenda positivamente o mercado. Pelo contrário. Mas Lula marcou um tento quando, após sua diatribe contra as taxas de juros e condenado por nove entre dez analistas de instituições financeiras, acordou hoje com o “tal mercado” colocando a redução da Selic no radar. Na reforma tributária e no constructo fiscal, pode acontecer algo menos na base do acerto teórico do que na sugestão do presidente. Mas isso é um pensar desejante.

O surpreendente prazo de até 2025 anunciado pelo secretário especial da Reforma Tributária, Bernardo Appy,  para a regulamentação e efetivo funcionamento do novo gravame, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), mostra que a diretriz é tocar a reforma sem pressa, inclusive porque qualquer açodamento apenas servirá para deixar o governo refém do Centrão – o presidente da Câmara e líder do bloco, Arthur Lira, já mostrou as garras, dizendo que o governo não tem maioria sequer para aprovar uma matéria simples, quanto mais uma Emenda Constitucional. Por sua vez, a reforma do Imposto de Renda, que inclui o imposto sobre dividendos e a desoneração da folha de trabalho das empresas, ficaria para o fim de 2024. Essa é agenda tributária mais sensível aos grupos de interesse. Está empurrada para além das expectativas cronológicas porque o governo acena que os acordos políticos poderão ser feitos no tempo de validação do Congresso.

Esse passo a passo mais vagaroso já estava no horizonte de alguns economistas, tais como o professor Aloísio Araujo, do IMPA e FGV. Mas as novidades dos “impostos ponte”, sobre o petróleo, e uma certa trucagem no compromisso de não aumentar a arrecadação tributária vão revelando para onde deve seguir a nova gestão da Fazenda. Os “impostos ponte” podem ser comparados a uma contribuição provisória, portanto com prazo de duração definido. A novidade é que os recursos arrecadados poderão ser devolvidos direta ou indiretamente aos contribuintes. Ou seja: mesmo provisórios, os tributos renderão durante algum tempo. Um bom exemplo é o imposto sobre exportação do petróleo. Está previsto que não durará mais de quatro meses. Mas quem disse que é assim que a bola vai rolar. Mesmo com a disposição da Fazenda de fazer uma reoneração do tributo sobre os combustíveis para o mesmo patamar deixado por Bolsonaro, o imposto sobre exportação de petróleo deve ser mantido como reforço fiscal.  

No bolso do governo também está guardada uma estratégica contribuição provisória sobre a exportação de commodities agrícolas, que pagam poucos impostos e têm proporcionalmente uma margem de lucro enorme entre todos os setores da economia brasileira. Mas nada que signifique enfiar a enxada no lucro dos “campeões nacionais”. São medidas que ajudarão a cobrir o buraco fiscal enquanto a reforma tributária não mostrar ao que veio. Quanto à renúncia de maior arrecadação tributária, regulamentada por instrumento legislativo normativo, não consta que nenhum governo desde a abertura democrática tenha se comprometido com algo similar. A arrecadação cresce por motivos variados, alguns deles de caráter inteiramente exógeno.  

O que o governo pretende é adotar uma política anticíclica de devolução do acréscimo de receita e partir de determinado montante projetado no PLOA, que poderá também ser diferido no tempo. Ou não, e servir para o cashback e outras fórmulas de devolução de recursos. É como se o governo pagasse um dividendo ao contribuinte quando houver êxito nas suas contas fiscais. Toda essa arquitetura conversará com o novo arcabouço fiscal, é claro, que também vem no bojo de uma política anticíclica, não necessariamente ampla, nem geral, nem irrestrita. Tudo arrumadinho, devagar, devagarinho, conforme os versos da canção do Martinho.  

Resta a ver se esse plano cabe na realidade política do país, cada vez mais avessa à tramitação tranquila de qualquer projeto de interesse nacional, mesmo que a postergação ou os passos de cágado sejam, eventualmente, uma boa estratégia. Por enquanto, sobram a confusão, os desencontros do PT com o governo e um certo talento de Lula para o logro e a prestidigitação. O presidente está atirando para todos os lados, sendo hiperbólico na quantidade de elementos que pretende tratar de uma só vez. Fala de juros, meta, BC autônomo, etc. E, by the way, de reforma tributária. Essa sua excessiva e diversionista interferência em uma imensidão de assuntos nos quais ele até pode acertar no atacado, mas desconhece o varejo, causa ruídos no mercado.  

Pode dar certo, desde que o governo aloque racionalmente os parcos recursos disponíveis, gerados nos períodos de bonança, e distribua o excedente auferido em períodos de vacas gordas, acelere as fases da reforma tributária, apresente um arcabouço fiscal sólido – todos na direção da maré anticíclica – e faça uma provisão mais farta para o momento de ficar no osso. Mas, o RR, a luz dos dados disponíveis, insiste: está muito difícil arrumar a casa.

#Arthur Lira #Lula #Reforma Tributária #Selic

Destaque

Bolsonaro pretende contra-atacar o escândalo das joias na mesma moeda

7/03/2023
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Olho por olho, dente por dente. Assim o clã Bolsonaro planeja contra-atacar o escândalo das joias. O RR apurou junto a fontes próximas à família de que o ex-presidente e seus filhos pretendem lançar um pedido de auditoria dos bens valiosos ofertados a Lula durante os seus dois primeiros mandatos. Por intermédio de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, parlamentares aliados já teriam sido acionados para requisitar formalmente no Congresso uma devassa dos presentes recebidos pelo petista de outros chefes de governo entre 2003 e 2010. A ideia é atribuída, principalmente, a Carlos Bolsonaro, a quem caberia a missão de inflamar a militância “bolsonarista” nas redes sociais em torno da investigação. O objetivo não é apenas criar um fato diversionista, para eclipsar a denúncia de que Jair Bolsonaro supostamente tentou trazer irregularmente para o país joias doadas à ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, no valor de aproximadamente R$ 16 milhões. Os filhos do ex-presidente entendem que é possível enredar Lula na teia que seus próprios assessores lançaram ao vazar informações da Receita Federal contra Bolsonaro.  

No fim de semana, segundo as fontes ouvidas pelo RR, os filhos de Bolsonaro já começaram a levantar munição contra Lula. A premissa é que o telhado do atual presidente é de vidro. Em março de 2016, por exemplo, a Lava Jato determinou a busca e apreensão de itens ofertados ao petista que estavam guardados em um cofre do Banco do Brasil em São Paulo. Os bens teriam sido indevidamente incorporados ao acervo pessoal de Lula e não ao da Presidência da República. Não consta entre esses itens a presença de joias ou de bens de notório valor. A parte não é necessariamente o todo. O entorno de Bolsonaro aposta que uma auditoria pode trazer à tona fatos ainda não devidamente apurados. Um exemplo: até hoje não ficou claro o papel da OAS nessa história. Tão logo Lula deixou o governo, a empreiteira teria ajudado a bancar o armazenamento de algumas das doações ao petista. Há ainda uma questão de escala que pode ajudar na vendeta dos Bolsonaro: estima-se que Lula tenha recebido cerca de 1,4 mil objetos de chefes de estado classificados como de “cunho pessoal” ao longo de oito anos.   

Está claro que o governo Lula decidiu garimpar fatos e cifras para criminalizar Jair Bolsonaro. Foi assim, logo no início de mandato, com o vazamento de dados do cartão corporativo do ex-presidente. A família Bolsonaro quer pagar na mesma moeda, ainda que a sua esteja um pouco “depreciada”. 

#Jair Bolsonaro #Lula #PL #Valdemar da Costa Neto

Política

Lula vai chamar líderes partidários às falas

7/03/2023
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Segundo o RR apurou, antes da viagem à China, no fim do mês, Lula vai convocar os líderes de todos os partidos na Câmara e no Senado para uma reunião. A articulação está sendo conduzida pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. A ideia é que o próprio presidente da República vá ao Congresso para se encontrar com os parlamentares, o que daria um peso simbólico e uma dimensão maiores ao evento. Lula conclamaria os parlamentares a apreciar pautas de “interesse do Brasil”, como o novo salário-mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e a MP da reoneração dos combustíveis e do imposto sobre a exportação de petróleo bruto.  

#Lula #Rui Costa

Economia

Lula mobiliza todo o governo para ter um PIB superior ao de Bolsonaro 

3/03/2023
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Lula está obsessivo com a obtenção de um crescimento mínimo do PIB, em 2023, de 2,9%, ou seja, o índice alcançado por Jair Bolsonaro, em 2022, logo após dois anos de pandemia. A marca é difícil, mas factível, como se verá a seguir. O presidente sente o cheiro de Jair Bolsonaro pelos cantos do Palácio do Planalto. O capitão estaria guardando a munição dos seus acertos para retomar a “campanha eleitoral”, que, na verdade, nunca findou. O fato é que, com artificialismos ou não, Bolsonaro conseguiu bons números em quase todos os quesitos macroeconômicos mesmo com a pandemia, queda da atividade chinesa, explosão dos preços do petróleo e a guerra entre Rússia e Ucrânia, o que não é pouca coisa. Para sair do corner imposto pelo antecessor em relação ao crescimento da economia, Lula quer engajar o governo inteiro. Pediu à ministra do Planejamento, Simone Tebet, que faça uma espécie de planilha de todas as Pastas. O objetivo é que cada ministério saiba o impacto das suas atividades no PIB, de forma que os ministros tenham como ponderar seus gastos mirando prioritariamente o crescimento econômico. Entre uma despesa que tenha maior impacto na atividade produtiva ou não, que se realize a primeira.  

A meta de inflação será alterada, provavelmente na reunião do Conselho Monetário de junho. Há dúvida se ela será expandida para 4% ou 4,5%, ou se permanecerá nos 3%, que seriam diferidos para o fim do atual governo. Lula, então, teria quase quatro anos para alcançar o atual target por ora na corda bamba. Não haveria, portanto, meta de inflação anual. Seria o sinal para que o BC baixasse os juros. E Roberto Campos Neto jogasse a toalha – está tudo acertado para que André Lara Resende assuma a presidência do BC.  

Bem antes disso, entre março e abril, o novo arcabouço fiscal seria apresentado,  visando uma meta de redução da dívida/PIB para um patamar inferior aos 73% obtidos por Bolsonaro. Neste ano, o resultado da relação dívida/PIB já foi perdido, devendo caminhar para a faixa de 80%. A reforma tributária também seria posta na mesa, ainda que na sua fase preliminar. Mas Lula tem outras balas na agulha. Uma das mais aguardadas é o programa Desenrola, que está sendo estudado no Ministério da Fazenda de forma a conseguir o maior alcance possível. De preferência, zerando a inadimplência dos consumidores até dois salários-mínimos. A medida teria impacto relevante junto aos bancos, desobstruindo o canal de crédito e, principalmente, o comércio, segmento mais intensivo em mão de obra da economia. As últimas previsões para esse setor são de queda prolongada.  

O presidente acredita também que trará recursos em função da sua intensa ofensiva diplomática. No Planalto, há quem arrisque números ambiciosos de investimentos entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. Difícil? Sim. Improvável? Não. Ao contrário de Bolsonaro, Lula vai brandir a bandeira de proteção da Amazônia pelos quatro cantos do mundo. Falta a Petrobras no pacote, que, junto com o BNDES, estará encarregada em sacudir a formação bruta de capital fixo, um setor que andou de lado no governo Bolsonaro.É para isso que a petrolífera guardará uma parcela maior dos dividendos, como já deixou escapar o presidente da estatal Jean Paul Prates. O que Lula deseja não é necessariamente o que acontecerá, principalmente porque o carnaval de resultados obtidos por Bolsonaro no seu último ano de governo foi às custas do comprometimento desse primeiro ano da gestão do petista. Pode não ter conseguido de todo. Mas, que atrapalhou um bocado, atrapalhou.

#Jair Bolsonaro #Lula #PIB

Destaque

Brasil vai pleitear aos EUA reabertura de regime especial para importações

3/03/2023
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O RR apurou que o governo Lula pretende liderar uma negociação junto aos Estados Unidos para a reabertura do Sistema Geral de Preferências (SPG). Trata-se do regime tributário especial que permite o acesso de produtos de nações em desenvolvimento ao mercado norte-americano com isenção tarifária. De acordo com informações filtradas do Itamaraty, o Brasil estará à frente de um bloco composto por mais de 20 países da América Latina, mobilizados em torno do tema. Segundo a mesma fonte, há cerca de dez dias a Embaixada Argentina em Washington chegou a promover uma teleconferência com diplomatas não apenas da região, mas de outras economias em desenvolvimento – como Filipinas, Paquistão, Tunísia e Tailândia – em torno da questão. O SPG, que precisa ser renovado anualmente pelo Congresso dos Estados Unidos, está suspenso desde 2020. Naquele ano, o Brasil foi um dos três maiores beneficiados pelo regime especial, atrás apenas da Tailândia e da Indonésia. Na ocasião, as exportações brasileiras pelo SPG atingiram US$ 2,2 bilhões. Essa cifra, ressalte-se, foi achatada pelo impacto da pandemia e o consequente colapso na economia mundial. Estimativas do Ministério das Relações Exteriores e da Camex indicam um potencial para que esse valor chegue a US$ 5 bilhões a partir de 2024.

O governo Lula pretende usar do seu prestígio junto à gestão de Joe Biden para vocalizar o interesse desse bloco latino-americano. Trata-se, no entanto, de uma missão intrincada. As negociação passam não apenas pela Casa Branca, mas, sobretudo, pelo Congresso dos Estados Unidos. Mais precisamente pela Câmara dos Representantes, hoje de maioria republicana, sabidamente mais protecionista e hostil à flexibilização de barreiras comerciais. Em contrapartida, a reativação do SPG pode ser uma moeda de troca dos Estados Unidos para impor aos países beneficiados uma redução do comércio com a China.  

#Estados Unidos #Joe Biden #Lula

Política

Rui Costa invade a jurisdição de outros Ministérios

2/03/2023
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A concentração de poderes sob o guarda-chuva de Rui Costa, ministro da Casa Civil, está provocando atritos interministeriais. Os mais insatisfeitos são os ministros dos Transportes, Renan Filho, e de Portos e Aeroportos, Marcio França. Segundo o RR apurou, Costa vem conduzindo negociações relacionadas às respectivas áreas sem envolver as duas Pastas. Um exemplo: nos últimos dias, o secretário de Assuntos Federativos da Casa Civil, André Ceciliano, tem feito reuniões com governos estaduais para discutir a liberação de verbas federais para projetos ferroviários e portuários previstos no PAC sem passar pelos dois ministérios. Se o critério é prestígio e proximidade com o presidente Lula, muito provavelmente Rui Costa vai continuar atropelando Renan Filho e Marcio França.

#Casa Civil #Lula #Rui Costa

Negócios

Supermercados voltam à carga para vender medicamentos

2/03/2023
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As grandes redes de supermercados do país têm se movimentado junto ao governo Lula na tentativa de emplacar um antigo pleito: a liberação das vendas de medicamentos sem prescrição em supermercados. Os grupos do setor já identificaram um potencial aliado à causa. O vice-presidente da República, ministro do Desenvolvimento e médico, Geraldo Alckmin, seria favorável à medida. Não por acaso, tem sido um dos principais pontos de interlocução dos varejistas. Em janeiro, não custa lembrar, compareceu à posse do presidente reeleito da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi. Segundo o RR apurou, a entidade vai encaminhar a Alckmin e também ao ministro Fernando Haddad estudos sobre os possíveis impactos positivos da iniciativa, batendo, principalmente, na tecla da redução dos preços dos remédios em razão da escala e do número de lojas das grandes redes de hiper e supermercados do país. Um indicador que está sendo propalado aos quatro cantos pelos gabinetes de Brasília: na década de 90, o setor vendeu medicamentos por um ano. Nesse período, os preços caíram até 35%. Em contato com o RR, a Abras confirmou que “em oportunidades anteriores, encaminhou estudos sobre o tema para autoridades da área econômica. No entanto, levará novamente tais estudos, atualizados, às novas autoridades da Pasta”. 

#Fernando Haddad #Geraldo Alckmin #Lula

Economia

Recessão econômica bate à porta do governo Lula

28/02/2023
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Persistência dos juros altos; resiliência da inflação; dúvidas em relação ao compromisso fiscal do governo; queda na geração de emprego; prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia; volatilidade – com viés de baixa – no preço das commodities; retração do investimento e forte desaceleração do mercado de crédito devido à inadimplência do consumidor em geral; e o impacto da fraude ocorrida nas Lojas Americanas. Estas são somente algumas das dificuldades que podem levar o país a uma estagflação ou mesmo a uma recessão em 2023. O RR conversou com dois analistas do mercado que apresentaram, em off the records, projeções para o crescimento da economia neste ano diferentes daquelas vocalizadas por ambos na mídia e enviadas, segundo eles, ao Boletim Focus. Não seria de se estranhar se essas contradições fossem práticas comuns no mercado.  

O Focus vem aumentando recorrentemente as previsões para o PIB de 2023, sem que se encontre motivações maiores para o crescimento do Produto Interno – a última projeção, feita ontem, é de um PIB de 0,84% contra 0,80% na semana passada. Aliás, pelo contrário: as respostas da economia global e os índices de confiança de consumidores e empresas já sinalizam na direção inversa. Há ainda a probabilidade de que o efeito contracionista dos juros não se tenha dado de forma mais intensa, na medida em que existe a dúvida sobre o prazo da sua “inercia natural”. Pode aparecer pela frente uma fatura mais alta para a atividade produtiva pagar a conta. Para somar no pacote de problemas, agregue-se o consenso de que a performance do comércio, principal empregador do país, será bem mais baixa em relação ao ano anterior. 

Os cenários para os principais indicadores macroeconômicos, mantidos nas internas dos departamentos de research das instituições financeiras, conduzem a uma direção contrária ao que aponta o Boletim do BC. A “mediana” das estimativas mais conservadoras dos analistas ouvidos pelo RR, com 30% de probabilidade de ocorrência, é de um PIB de 0% com viés de baixa. Uma recessão, portanto, estaria batendo na porta do país no primeiro ano do governo Lula, sem que medidas mais firmes para correção dos desajustes da economia sequer tenham sido cogitadas. A reforma tributária é uma exceção, mas não se sabe se ela terá impacto de aumento arrecadatório, portanto restritivo para a atividade produtiva, ou será neutra, ou ainda expansionista.  

A FGV, por exemplo, analisa o cenário econômico sem dourar a pílula. O último Boletim Macro da instituição prevê um crescimento marginal do PIB de 0,2% neste ano, beirando, portanto, a estagflação. A colunista Claudia Safatle, do Valor Econômico, chama a atenção para a dificuldade que o BC pode ter para reduzir a taxa de juros neste ano, a confusa discussão sobre a independência da autoridade monetária e o “risco André Lara Resende” – desdém em relação à dívida bruta/PIB e ao resultado primário -, todos fatores que dificultam visualizar um cenário mais favorável para o PIB neste ano. É difícil também antecipar como serão conduzidas as medidas de política econômica cercadas de assimetrias por todos os lados. Um exemplo: a redução dos juros. O Focus, que vê sempre um cenário mais amigável, projeta uma Selic de 12,75%, em dezembro de 2023 – difícil que dê algo abaixo dos atuais 13,75%, dizem os analistas ouvidos pelo RR. Mas digamos que, devido a pressões políticas e à própria asfixia provocada pelos juros nas alturas, o BC empurre a taxa para 12% ou mesmo 11%, no final do ano. É possível que nem Lula acredite nessa Selic tão baixa, em dezembro. 

E se o BC desse esse cavalo de pau na taxa básica, reduzindo-a para percentuais mais baixos do que os citados acima, como é que ficaria o câmbio, uma das variáveis mais importantes para a formação da maioria os preços? A redução dos juros, com os quais o BC teria viciado o mercado, expulsaria o carry trade? É esse ingresso do capital externo “moteleiro”, conforme a alcunha do ex-ministro Delfim Netto, que hoje estaria segurando o dólar para que ele não escale os R$ 5,50 ou mesmo R$ 6 (hoje a cotação do dia foi de R$ 5,20). O câmbio, devido a sua correia de transmissão sobre os preços, puxaria a inflação para cima. Aliás, somente o efeito da reoneração dos preços dos combustíveis, confirmada ontem pelo governo, injetará uma dose de pressão na carestia.  

Pela ótica da atual diretoria do BC, que já incorreu em enormes idas e vindas, tais como baixar a Selic até dois pontos percentuais e depois realizar aumentos sucessos da taxa até os atuais 13,75%, os juros teriam de voltar a subir, mesmo que fosse um pouquinho. Isso se o “livro texto” fosse aquele seguido pela autoridade monetária até o momento. Essa gangorra dos juros não desce pela goela do setor produtivo, do governo e da área política em geral. Ela se soma às outras variáveis macroeconômicas em processo de erosão. O mais provável é um cenário pior do que aquele que se apresenta no Focus de ontem, para o PIB, os juros e a inflação. 

#Banco Central #FGV #Inflação #Lula #PIB

Destaque

Governo Lula e Benjamin Steinbruch se encaixam nos trilhos da Transnordestina

28/02/2023
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O governo vai abrir o cofre para financiar a conclusão das obras da Transnordestina, a cargo da CSN. Segundo o RR apurou, a ideia é lançar mão de uma tríplice injeção de capital, com empréstimos do BNDES, do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDN) e do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) – os dois últimos vinculados à Pasta da Integração e do Desenvolvimento Regional. Segundo a mesma fonte, paralelamente o Ministério dos Transportes estuda uma nova mudança no modelo de construção da ferrovia. De acordo com as discussões travadas dentro da Pasta, a ideia é usar a liberação de dinheiro público como moeda de troca para que a CSN reassuma integralmente a concessão do empreendimento e consequentemente a construção de todo o traçado original. No ano passado, a partir de um acordo com o governo Bolsonaro, houve uma cisão do projeto. A siderúrgica permaneceu responsável apenas pelas obras entre Eliseu Martins (PI) e o Porto de Pecém (CE), um trecho de aproximadamente 1,2 mil quilômetros, devolvendo à União a concessão do ramal de 520 quilômetros entre Salgueiro e o Porto de Suape, ambos em Pernambuco. Essa fratura da Transnordestina serviu apenas para jogar um problema no colo do governo Lula: estudos feitos pelo Ministério do Transporte indicam que a operação desse segundo pedaço até Suape de forma isolada, sem a garantia de conexão e os ganhos de escala do trecho entre Piauí e Ceará, torna o negócio praticamente inviável. 

Além da promessa de financiamento público, há um outro fator tão ou mais importante para colocar toda essa operação nos trilhos: a notória conexão entre Benjamin Steinbruch e o governo do PT surge como um potencial facilitador para o reencaixe entre as duas “Transnordestinas”. O dono da CSN é bastante próximo, sobretudo, de Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. No fim do ano passado, inclusive, Mercadante chegou a sondar o empresário para que ele assumisse o Ministério do Desenvolvimento e da Indústria – conforme o RR noticiou. Essa sintonia poderá ajudar a contornar entraves de ordem técnica que levaram a CSN a devolver à União parte da ferrovia. A siderúrgica alega que o governo pernambucano impactou o projeto, ao autorizar a construção de uma barragem no antigo leito dos trilhos. A obra exigiu um aumento de 42 quilômetros na extensão da ferrovia e, com isso, gerou um gasto extra de algumas centenas de milhões de reais com desapropriações.  

O acordo com a CSN e a reintegração dos dois trechos da Transnordestina sob uma única operação contribuiriam para destravar o empreendimento junto ao Tribunal de Contas da União. No início de fevereiro, o TCU apontou irregularidades na cisão da concessão em duas, autorizada pela ANTT no ano passado. Como consequência, a Corte suspendeu a liberação de qualquer recurso do governo federal para o empreendimento – tanto a parte nas mãos da CSN, quanto o trecho hoje sob responsabilidade da União. Ou seja: a engenharia financeira que vem sendo traçada em Brasília, com aportes do BNDES e dos fundos regionais, depende do nihil obstat do TCU. 

Atualmente, há pouco mais de 800 quilômetros de trilhos já instalados. Faltam quase mil quilômetros para a execução de todo o projeto conforme a sua concepção original. Estima-se que sejam necessários mais de R$ 8 bilhões para a conclusão da Transnordestina. Parte desses recursos poderão vir, por exemplo, por meio de uma emissão de debêntures incentivadas de infraestrutura, com a garantia de subscrição por parte do BNDES. O governo Lula trata o projeto como prioritário, não apenas pela sua importância econômica e social para a região – as obras deverão gerar cerca de cinco mil postos de trabalho diretos e indiretos -, mas também pelo seu “traçado político”. A Transnordestina corta estados governados por petistas ou aliados. Consta que os governadores do Ceará e de Pernambuco, respectivamente Elmano de Freitas e Raquel Lyra, têm mantido conversas frequentes com o ministro do Desenvolvimento Regional, Wellington Dias, em busca de apoio do governo federal para a retomada das obras. Nesse contexto, há ainda disputas federativas alimentadas pela própria divisão da Transnordestina em duas, na gestão de Jair Bolsonaro. Parlamentares de Pernambuco alegam que a manutenção desse formato vai criar um desequilíbrio concorrencial entre os dois maiores portos do Nordeste, beneficiando o Porto de Pecém, no Ceará, em detrimento do Porto de Suape.  

Tudo muito bom, tudo muito bem… Até se entende que o governo tenha as mais variadas motivações – seja de ordem econômica, seja de ordem política – para se engajar no projeto. No entanto, a Transnordestina é um benchmarking às avessas, um exemplo de como uma concessão não deve ser feita. Sua construção já torrou um enorme montante de recursos públicos. Há concessões que notoriamente não deram certo e hoje estão às portas de serem devolvidas à União – como, por exemplo, o Aeroporto do Galeão ou a Malha Oeste. No entanto, nenhuma delas consumiu tanto dinheiro e nem de perto apresenta o histórico de idas e vindas da ferrovia. Por muito menos, concessões foram tomadas ou relicitadas pelo governo.

#Benjamin Steinbruch #BNDES #CSN #Lula #PT #TCU #Transnordestina

Destaque

Estados Unidos pretendem garimpar metais estratégicos no Brasil

24/02/2023
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A agenda bilateral com os Estados Unidos, impulsionada pela recente visita de Lula a Washington, vai passar pelo subsolo brasileiro. Segundo informações filtradas do Itamaraty, os dois países estão alinhavando um acordo na área mineral. As tratativas envolvem, notadamente, níquel, cobalto e lítio. Em relação a este último, a Casa Branca já teria manifestado a disposição de financiar a atuação de mineradoras norte-americanas no Brasil – o país reúne cerca de 8% das reservas de lítio conhecidas do mundo. No caso do níquel e do estanho, o caminho já está mais bem desenhado. Trata-se de uma operação triangular, cujo terceiro vértice é a mineradora inglesa TechMet. Em novembro do ano passado, o governo norte-americano anunciou a liberação de aproximadamente US$ 30 milhões para financiar operações da companhia no Piauí. Foi apenas a primeira tranche. Na Embaixada brasileira em Washington, já se fala em um segundo aporte, desta vez na casa dos US$ 100 milhões.  

Fundada pelo sul-africano Brian Menell, a TechMet é um istmo do Departamento de Estado norte-americano. Um dos seus principais acionistas é o DFC (Development Finance Corporation), a agência de desenvolvimento do governo dos Estados Unidos. O presidente do Conselho Consultivo é o almirante Mike Mullen, ex-comandante do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas norte-americanas e principal conselheiro militar dos presidentes George W. Bush e Barack Obama. A TechMet atua como uma espécie de ponta de lança na iniciativa privada dos interesses geoeconômicos dos Estados Unidos na área de mineração.   

Trata-se de um acordo ganha-ganha. Ao montar uma cabeça de ponte mineral no Brasil, financiando projetos no setor mediante a garantia de suprimento, os Estados Unidos fazem mais um movimento no tabuleiro global para reduzir sua dependência de cadeias de valor dominadas pela China. Foi o que motivou o presidente Joe Biden a anunciar no ano passado a liberação de US$ 2,8 bilhões para estimular a produção de minerais estratégicos e a fabricação de baterias de veículos elétricos, uma forma de conter a excessiva presença chinesa nesses dois setores dentro dos Estados Unidos. Por sua vez, o Brasil passa a ter um aliado na produção de metais estratégicos na transição para um futuro de baixo carbono. Projeções da Agência Internacional de Energia indicam que a demanda por lítio deve crescer 40 vezes até 2040; e a procura por cobalto e níquel, entre 20 e 25 vezes.   

#Brasil #Brian Menell #Development Finance Corporation #Estados Unidos #Itamaraty #Lula #mineral #TechMet #Washington

Energia

ISA pretende entrar pesado no leilão da Aneel

17/02/2023
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Segundo fonte ligada à empresa, a colombiana ISA é nome certo no primeiro leilão de transmissão do governo Lula, marcado para 30 de junho. A incógnita é se o grupo entrará sozinho na disputa ou por meio da Taesa, da qual é acionista. O que, aliás, suscita uma segunda dúvida: será que a Cemig ainda estará na companhia até lá? Conforme o RR já informou, a estatal mineira busca um comprador para a sua participação na Taesa. Pode ser a própria ISA, que, assim, assumiria, sozinha, o controle da empresa de transmissão.  

#ISA #Leilão #Lula #Taesa

Política

Bolsa Família vira “garoto propaganda” dos 60 dias de Lula III

17/02/2023
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O Palácio do Planalto prepara o lançamento da primeira grande campanha publicitária do governo Lula. Segundo o RR apurou, a ideia é usar o relançamento do Bolsa Família, previsto para a próxima semana, como mote para enfeixar as medidas mais importantes dos primeiros 60 dias de gestão. O governo pretende bater bumbo, sobretudo, em relação às iniciativas de maior impacto social, como a recriação do Minha Casa, Minha Vida e o pagamento de R$ 600 aos beneficiários do próprio Bolsa Família.

#Bolsa Família #impacto social #Lula #Minha casa #Minha Vida #Palácio do Planalto

Destaque

Fraude da Americanas vira argumento para a reestatização da Eletrobras

15/02/2023
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O episódio da fraude da contabilidade das Americanas será usado como um dos motes da campanha do governo para a revisão do limite de participação acionária na Eletrobras. Lula já iniciou os trabalhos, afirmando que vai defender com unhas e dentes o direito da União aumentar sua participação no capital votante da antiga estatal. O Estado soma uma montanha de recursos esterilizados, mas não tem poder de decisão. E é proibido de comprar uma única ação em mercado além do teto estatutário. Hoje, a União detém cerca de 40% do capital da empresa, mas apenas 10% das ações com direito a voto.   

O modelo de capitalização adotado para a privatização da Eletrobras incluiu uma pílula de veneno, que restringe exatamente a 10% o total de ações com direito a voto que cada investidor pode deter. As decisões sobre a gestão da empresa são tomadas no Conselho de Administração, constituído pelos “acionistas de referência”. A 3G Radar, que tem entre seus controladores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, através da associação com a 3G Capital, é acionista de referência da Eletrobras. Trata-se do maior detentor de ações preferenciais, com 10,8%. Ou seja, no atual modelo, hipoteticamente, caso firmasse parceria com o Banco Clássico, controlado pela controversa família Abdalla – uma instituição que possui patrimônio avaliado em pouco mais de R$ 5 bilhões e possui 5% das ações ordinárias preferenciais da ex-estatal –, e mais alguns fundos estrangeiros, a 3G Radar mandaria na Eletrobras.   

Não há nada que impeça o trio de operar na compra e venda das ações, estando em posição privilegiada. Um exemplo de como funcionam essas operações se deu pouco depois da privatização. No dia 13 de fevereiro de 2021, Lemann e seus sócios venderam ações da companhia. No dia 25 de junho, recompraram. Nesse jogo de estica e encolhe, que se repetiu várias vezes, os “acionistas preferenciais”, hoje sob suspeição do mercado, reduzem um pouco sua quantidade de ações, e aumentam depois, e vice-versa, buscando sempre manter no mesmo patamar sua participação no capital votante. Um jogo simples, conhecido por iniciantes em operações com valores mobiliários. Questionada, a 3G informa “que não há qualquer acordo ou contrato regulando o exercício do direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários de emissão da companhia da qual a signatária seja parte”.   

Lula, pelo que já disse, não concorda com o modelo em que o poder de decisão do Estado permanece diluído, independentemente da sua disposição em aumentar sua participação no capital da empresa. Uma solução para desbloquear a pílula de veneno está sendo pensada no BNDES. Lembrai-nos que foi no banco, sob o governo Lula, que o falecido Carlos Lessa, então presidente da instituição, montou uma engenharia de compra, através da BNDESPar, das ações da Vale. À época, com esse movimento, impediu a venda da mineradora para investidores externos. Por enquanto, o 3G, seja Capital seja Radar, de uma forma esperta, é quem dá as cartas.  

#3G Capital #Americanas #Beto Sicupira #BNDES #Eletrobras #estatal #família Abdalla #fraude #Jorge Paulo Lemann #Lula #Marcel Telles #privatização #Vale

Política

Ex-ministro de Dilma entra na fila para o STF

14/02/2023
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A ex-presidente Dilma Rousseff soprou ao pé do ouvido de Lula a indicação de Eugênio Araújo para o STF – duas vagas vão se abrir neste ano com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Aragão foi ministro da Justiça de Dilma por dois breves meses, entre março e maio de 2016. Era o titular da Pasta quando a “chefe” foi afastada da Presidência. Ressalte-se que, durante o período de transição, Aragão integrou o Comitê de Transparência, Integridade e Controle, por indicação de Dilma. Mas STF é outra história. Seu nome enfrenta resistências dentro do próprio PT. Araújo associou-se recentemente ao advogado Willez Tomaz, tido como um personagem próximo do MDB e, mais precisamente, do grupo político do “golpista” Michel Temer.  

#Dilma Rousseff #Eugênio Araújo #ex-presidente #Lula #PT #Ricardo Lewandowski #Rosa Weber #STF #Willez Tomaz

Política

Área fiscal vai dominar reunião de Haddad e assessores

13/02/2023
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A reunião de Fernando Haddad com todos os seus assessores na primeira hora de amanhã, antes do encontro com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, tem por objetivo não só a mudança da meta de inflação. Haddad vai ouvir seus auxiliares sobre os argumentos prós e contra em relação ao target de 3,25%, em 2023, e 3%, em 2024. Mas quer consultá-los mesmo sobre os compromissos que o governo pode assumir na área fiscal, para anunciá-los após a reunião do CMN, na próxima quinta-feira. Haddad tem consciência de que a mudança da meta, em um primeiro momento, servirá de estilingue para que o mercado saia quebrando vidraças. As boas notícias no campo fiscal funcionariam como contrapeso a uma decisão que as instituições financeiras abominam. Até talvez porque as metas de inflação ambiciosas têm um papel implícito: manter as taxas de juros sempre um degrau acima do que o necessário. Os rentistas agradecem felizes. Se tivessem um lobby suficiente forte, faziam o BC puxar a meta para 1%.

#Fernando Haddad #Lula

Análise

Lara Resende desponta como favorito para a presidência do BC

13/02/2023
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Há uma disposição ferrenha do presidente Lula para levar André Lara Resende à presidência do Banco Central. Não há ninguém entre os colaboradores do governo que diga com tanta maviosidade o que Lula quer ouvir: taxa de juros, mudança da meta e, nas entrelinhas, uma autoridade monetária que toque o barco de forma afinada com a Presidência. Mas, sendo a versão válida, para que a substituição ocorra é preciso que Roberto Campos Neto jogue a toalha no chão. A blitzkrieg de Lula contra Campos Neto seria parte da operação para antecipar sua saída, prevista para ocorrer somente em dezembro de 2024, quando vence seu primeiro mandato, ou ainda em 2028, se ele decidir pela sua recondução. Pelo estatuto do Banco Central Independente, Campos Neto tem direito a oito anos de permanência no cargo, que somente podem ser abortados por desistência do titular do BC ou uma mudança sancionada pelo Congresso Nacional. Esta última hipótese é mais difícil: sondagens revelam a falta de apoio congressista à alteração da Lei Complementar n°179, de 2021, que sancionou a independência da autoridade monetária.  

Lula, que se sente mais emponderado que nunca, adotou, ao que tudo indica, a tática de throwing in the towel, ou seja, de levar o regulador a pedir demissão com uma massa de críticas permanente a política da autoridade monetária. Trata-se de uma estratégia sistematizada por analistas políticos norte-americanos. Mario Shapiro, professor da FGV Direito SP, em artigo publicado no Valor Econômico em sua edição de hoje, avança na argumentação da malhação do judas no BC. Segundo ele, “diante das restrições impostas pelo BC, é típica a atribuição de culpa a autoridade monetária pelos infortúnios do governo (blame-shifting)”. Lula comprou a fórmula integral para retirar Campos Neto do cargo. É pau puro na política monetária inteira.  

Do outro lado, Lara Resende tem sido tratado como um príncipe por Lula, Fernando Haddad e o comando do partido. Apoiou o presidente na primeira hora de campanha, participou do grupo de transição do governo na área de economia, integra o comitê de aconselhamento do BNDES, foi cogitado para ministro da Fazenda – quando chegou a se imaginar que Fernando Haddad poderia ser uma candidatura competitiva ao governo de São Paulo – e é nome cotado para um Conselho de Economistas para o Assessoramento Econômico da Presidência. Em tempo: nem Haddad, nem Simone Tebet, e aparentemente Geraldo Alckmin – que não dá um pio nessa discussão –, tem simpatia pelo tal Conselho.  

Durante todo o período da campanha eleitoral à posse de Lula, Lara Resende foi um cruzado pela redução de taxas de juros, uma meta de inflação equilibrada, uma menor preocupação com a dívida pública e um diferimento maior da meta de inflação no tempo para avaliação da eficácia no cumprimento da política monetária. Tudo que Lara Resende diz é música para Lula. O presidente não suporta essa relação fria, equidistante, sem uma prestação de contas mais intima, que Campos Neto imprimiu à gestão do BC independente. Na verdade Campos Neto reza por uma cartilha única, sem improvisações. Lula detesta essa “autonomia” sem beija mão. É como se o presidente do BC fosse um cluster no seu governo. Quanto aos juros, são realmente inaceitáveis.  

As fontes do RR arriscam a dizer que Lula quer romper com as algemas da ortodoxia. Gostaria de ter o seu “Plano Real monetário”. Para isso, teria de comprar a independência do BC, sem a qual Lara Resende não toparia a missão. Mas iriam de mãos dadas para a empreitada, já que um estaria mais ou menos sabendo como o outro se comportaria. 

   

O BC precisa ser blindado 

Em tese, um BC protegido constitucionalmente de interferências não é bom nem mau; apenas defende a autoridade monetária de virar um joguete dos interesses políticos dos governos. Quando o Banco Central eleva as taxas de juros, busca cumprir em sintonia fina sua tripla missão: controlar a inflação, perseguir o pleno emprego e zelar pela estabilidade do sistema financeiro. O sistema de metas de inflação procurou criar uma forma de definir e alcançar a carestia “razoável”. O Banco Central estabelece uma meta para a inflação e passa a persegui-la. É forçar a barra dizer que o BC ignora completamente o “pleno” emprego nos seus cenários, resultantes de centenas de variáveis que rodam nos seus modelos econométricos. A atual taxa de juros siderais está razoavelmente alinhada com uma subida do emprego formal e redução expressiva do desemprego – a taxa caiu de 14% para cerca de 8%. A percepção coletiva é que a autoridade monetária coloca o emprego no fim da fila, e a inflação à frente. Não há target para o nível “desejável” de desemprego.   

Antes da criação do hoje anatematizado Banco Central independente, a autoridade monetária era instada a tomar decisões motivadas ou estimuladas por uma hierarquia de poder superior, ou seja, o Ministério da Fazenda e, em um andar ainda mais alto, a Presidência da República. O resultado, não raras vezes, eram medidas inconsistentes ou enviesadas, que, mesmo atingindo positivamente alguns dos seus objetivos – inflação mais baixa e/ou “pleno” emprego –, careciam de sustentabilidade. As decisões eram políticas e não técnicas, não obstante haver algum componente político em qualquer poeira do universo, quanto mais em uma gestão técnica do BC.   

O assunto é complexo no mundo inteiro. Nem todas as coisas boas, contudo, estão condicionadas aos cânones da política econômica. Muitas vezes uma mudança na correlação de variáveis na lógica monetária e macroeconômica surpreende a todos com uma solução inesperada. Foi o caso do Plano Real, que, durante o seu período de formulação técnica, só tinha uma referência de efetiva operacionalização em Israel. Os jovens gênios da PUC, Persio Arida e o festejado André Lara Resende, trouxeram a ideia de inflação inercial para o campo de batalha da carestia e inventaram URV (Unidade Real de Valor). A sacada deu certo. A URV, planejada para ser transitória, teve como objetivo equilibrar preços relativos e remuneração de ativos. Ela funcionou como um transplante para adoção do real como moeda oficial do Brasil.   

Não há nada mais óbvio do que afirmar que juros dependem do movimento de várias placas tectónicas da economia. Para tomar decisão sobre o a elevação, manutenção ou redução da Selic várias camadas do BC são acionadas. Um conjunto de técnicos altamente qualificados analisa previamente um oceano de dados, que serão rodados em modelos econométricos sofisticados, gerando os cenários variados para que o presidente do BC independente, juntamente com sua diretoria – todos indicados pelo presidente da República e aprovados pelo Congresso Nacional – batam o martelo. Todos esses atributos constam do “estatuto do BC independente”, que tanto incomoda Lula no presente.   

  

Lembrai-vos de Henrique Meirelles 

O presidente Lula é um animal político da estirpe mais elevada da sua espécie. Deve ter razões, certas ou erradas, que não são sua idade elevada e a irritação decorrente dos muitos anos já vividos – versão Faria Lima –, nem o poder superlativo concedido pelo 8 de janeiro, para bater de frente, publicamente, com Roberto Campos Neto. A impressão é que ele atira no pé do próprio governo. Lula insiste, com todos os exageros de retórica, o que o BC tem de fazer ou não. Parece não saber que suas declarações mais pressionam a taxa de juros de longo prazo, que é a que importa, do que resultam em um aumento de meio ponto da Selic.  

No seu primeiro mandato, do qual se jacta de ter tido um BC autônomo e não independente, o presidente buscou intervir nas decisões do então titular da autoridade monetária, Henrique Meirelles. A literatura mais recente daquele período revela que Lula fritou Meirelles, ameaçou demiti-lo, mandou recados irritados, tinha até um candidato na manga do colete – o economista Luiz Gonzaga Belluzzo – tudo em função da taxa de juros. Achava que o elevado custo da moeda detonaria com a sua reeleição. Na época, não usou a estratégia do fazer barulho nas mídias:  encomendou a Antônio Palocci que desse um jeito de rifar Meirelles sem as suas digitais. Mas a inflação começou a cair e os juros também. E, quando perguntado nas internas se o tempo de Meirelles já tinha se esgotado, respondeu: “Não me fale mais desse assunto, agora está dando tudo certo”. Essa era a “autonomia” do BC que Lula considerava adequada, sujeita ao vai e vem da circunstância e da sua visão política.   

Lula piorou em relação ao passado ou está enxergando algo que ninguém viu, esbravejando diariamente contra a taxa de juros, o BC independente e a meta de inflação. A novidade é considerar o BC um bunker de Jair Bolsonaro porque o comandante da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, teria sido indicado pelo ex-presidente. Bobagem. Como demonstra o cientista político Alberto Almeida, Campos Neto poderia não ter elevado a taxa de juros pelo menos seis vezes no período relevante de campanha, mas fez o contrário, aumentando recorrentemente a Selic. 

O presidente terá direito a indicar neste ano dois diretores do BC, nas áreas de Fiscalização e Política Monetária – este último talvez o cargo mais importante do colegiado, depois do comandante da instituição. Nem por isso, os técnicos serão espiões do presidente, ou muito menos seus paus mandados. Lula até pode acertar no atacado com a cantilena dos juros altos, mas erra na forma. Todos os seus incômodos na área monetária – juros e meta de inflação – são legítimos e, alguns, até comprováveis empiricamente por acadêmicos.  São o caso dos juros, cuja taxa real da Selic, batendo já os 8,5%, e meta de inflação, fixada em 3%, podem, sim, ser chamadas “politicamente” de inaceitáveis ou inviáveis. 

A Selic é a mais alta do mundo. A taxa de real de 8,5% é o dobro do segundo maior índice real do planeta. Olhando de fora do BC, o nível dos juros não faz o menor sentido. Quanto à meta de inflação, ela parece ser construída para que o Brasil tenha uma taxa de juros nas alturas permanentemente. Como se sabe, o nível de juros no modelo de inflation target é o principal instrumento para levar o índice de preços permanentemente para dentro da meta: em 2024, o centro está fixado em 3%, com uma banda superior de 4,5%. A meta ambiciosa faz com que os juros sejam pouco flexíveis, na medida em que qualquer choquezinho de oferta ou pressão atípica sobre o fiscal, forçam as taxas a saírem de dentro da casca. Um exemplo: no governo Bolsonaro a meta de inflação nunca foi cumprida. 

No caso, curiosamente, Lula estaria alinhado com a discussão atual dos Bancos Centrais europeus, que deliberam sobre a redução do centro da meta para 4% a 4,5%, tendo em vista as previsões de que a inflação estrutural irá aumentar nos próximos anos. Ou seja: o mesmo percentual que o presidente defende para essas bandas. 

  

Mais “indemissível” do que um general 

A questão central é que Lula está misturando vários elementos ao mesmo tempo, repetindo esbravejando em praça pública contra seus novos inimigos figadais: Banco Central independente, meta de inflação, taxa de juros, Roberto Campos Neto, etc. Cabe dar ao presidente, um velho atirador de facas, o benefício de ter visto o que ninguém viu. Nesse caso, estaria mesmo precipitando uma eventual decisão de Campos Neto de não renovar seu mandato no BC, no fim de 2024. Lula quer que ele saia antes. De preferência, já! Deseja um experimento, melhor um invento de política monetária para chamar de seu. Um Plano Real do Banco Central. Mas, parece às vezes, que o presidente está carregando demais na estratégia do throwing in the towel. 

Com a apresentação do pacote fiscal pelo ministro da Fazenda, os impactos do efeito inercial dos juros já se manifestando nas expectativas do aumento de preços, e o inevitável reequilíbrio das cadeias de produção mais fragilizadas pela pandemia, a Selic vai baixar, com Campos Neto ou Lara Resende. No caso, Lula poderá ficar enroscado no mesmo enredo da gestão Meirelles: demorou para sacar o seu presidente do BC “autônomo” e foi obrigado a mantê-lo porque os resultados prometidos surgiram, conforme relata Maria Cristina Fernandes, colunista política do Valor Econômico.   

A mesma jornalista chama a atenção de que arrancar de forma autoritária Campos Neto do cargo que constitucionalmente ocupa pode ser mais difícil do que demitir oficiais de alta patente, a exemplo do que Lula fez com o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Campos Neto tem a claque do mercado financeiro, passagem entre os congressistas, respaldo na Lei e apoio corporativo. 

Lula detesta quem não preste contas. Um bom exemplo do que arrepia o presidente da República é um tecnocrata com a autoridade do professor Octávio Gouvea de Bulhões, presidente da Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc) – o BC dos anos 60 – e titular do Ministério da Fazenda no governo do general Castello Branco. Consta que, durante a fase mais dura do ajuste econômico do primeiro ano do golpe de 1964, Bulhões recebeu uma visita do então maior empreiteiro do país, Sebastião Camargo. O empresário relatou as queixas e mais queixas dos dirigentes do setor privado em relação ao arrocho monetário. Bulhões, que tinha fama de não se alterar jamais, ouviu calado, com sua expressão de monge. Camargo, então, carregou nas tintas. Disse que dezenas de grandes empresas iriam quebrar, a economia iria pifar e os empresários iriam se jogar pela janela, como aconteceu no período do crash da bolsa de Nova York. Ao que Bulhões respondeu, serenamente: “A janela está logo ali”.  Lara Resende, caso ungido, jamais teria uma atitude igual sem conversar com seu ministro ou o presidente. O economista tem o jogo de cintura, aprimorado por passagem bem mais agitada pelo governo no que diz respeito à adoção de teorias monetárias fora da caixa.  

De qualquer forma, um sinal da disposição mudancista do presidente é quando ele lança mão do discurso do “nós contra eles”. Se Lula escalar, não é improvável que ele misture bolsonarismo, militarismo e “independentismo” do BC.  O bordão da hora é “Autonomia, já, independência, nunca mais!” O presidente não quer só o cargo de Campos Neto ou juros mais baixos, mas um inventor na política do Banco Central que possa marcar sua gestão. A medida parece estar encomendada. 

Aguardemos o embate político entre os dois candidatos. André Lara Resende expôs suas ideias há menos de 24 horas, no Programa Canal Livre, da Bandeirantes. Teve espaço para dar uma aula e argumentar, com sua teoria monetária alternativa, que é possível atender tudo o que Lula almeja, mudando o arcabouço do pensamento econômico que hoje rege as decisões do BC. Para Lula deve ter sido uma ópera. 

Hoje, daqui a aproximadamente seis horas, Roberto Campos Neto dará entrevista no ao programa Roda Viva, da TV Cultura. É como se o curto intervalo de tempo tivesse sido combinado pelas partes. Vai servir de verificação da maior ou menor flexibilidade do presidente do BC. Sabe-se que Campos Neto já acena com uma meta menor – ainda que o seu menor seja residual, isto é, a manutenção da taxa de 3,25% deste ano para o ano que vem, contra os 3% fixados pelo Conselho Monetário Nacional. Pode ser que Campos modere o tom e acene com um tempo político mais razoável para a queda da inflação e dos juros. Pode ser. Mas os sinais vindos do entorno de Lula indicam que a preferência por Lara Resende é firme. Se não for agora, 2024 promete. 

#André Lara Resende #Banco Central #Lula #Roberto Campos Neto

Política

Lula vai tatuar o 8 de janeiro na pele de Bolsonaro

13/02/2023
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O 8 de janeiro passou demais do ponto. Esta é a reflexão que vem sendo feita no bunker bolsonarista, notadamente por Eduardo Bolsonaro. Segundo o RR apurou junto a interlocutores do parlamentar, o “03” tem pregado intramuros que os ataques em Brasília tiveram um grande vencedor: Lula. E, por consequência, um grande perdedor: o próprio Jair Bolsonaro. Em uma espécie de mea culpa interna corporis, Eduardo, principal responsável por levar a “Cartilha Bannon” para dentro do clã político, tem defendido a tese que o estímulo aos protestos foi um enorme erro de cálculo. O raciocínio é que os protestos deram ao presidente da República munição de sobra para bombardear Jair Bolsonaro e colar nele a pecha de “golpista”, “conspirador” e “criminoso”. A barbárie na capital federal produziu cenas que poderão ser fartamente usadas por Lula na campanha do “terceiro turno”, “ quarto turno” etc.  

O presidente não vai deixar o 8 de janeiro e seus mentores intelectuais caírem no esquecimento. Vide o discurso na reunião com líderes de partidos da base aliada na última quarta-feira, quando, mais uma vez, o presidente voltou à data: “Hoje não tenho dúvida de que isso foi arquitetado pelo responsável maior de toda pregação do ódio, da indústria de mentiras, de notícias falsas, que aconteceu nesse país nos últimos quatro anos”.  

Na guerra de narrativas, trata-se de um enredo de difícil desconstrução por parte de Bolsonaro e de seus. Assim como Lula afugenta o eleitorado flutuante – ou seja, aqueles que não são nem “lulistas” nem “bolsonaristas” – com suas declarações raivosas contra o presidente do Banco Central ou ao recorrer à anacrônica e puída mensagem da “guerra de ricos contra pobres”, o mesmo se aplica a Bolsonaro quando seu nome é indexado a depredações, vandalismo e destruição. 

A leitura dos fatos que Eduardo Bolsonaro tem verbalizado junto aos seus é eivada de pragmatismo. A essa altura, pouco importa quem financiou, quem mandou, quem viralizou ou quem depredou: o 8 de janeiro serviu para unir ainda mais os principais adversários de Jair Bolsonaro na República, com consequências políticas e, sobretudo, jurídicas ainda insondáveis. Os atos criminosos amalgamaram a coalizão entre os Três Poderes, notadamente entre o Palácio do Planalto e o STF – ou, dando nome aos bois, entre Lula e Alexandre de Moraes. Não se sabe se Bolsonaro chispou para a Flórida porque já tinha spoilers do 8 de janeiro, mas certamente não volta de lá muito em razão do 8 de janeiro. 

#Eduardo Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula

Política

Tem pimenta demais no vatapá de Rui Costa e Jaques Wagner

13/02/2023
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Uma disputa provinciana está respingando na relação entre um dos ministros mais próximos de Lula e o líder do governo no Senado. Rui Costa, titular da Pasta Civil, e Jaques Wagner têm travado uma queda de braço pelo preenchimento de cargos políticos na Bahia. A divergência mais recente se deu com a indicação de Aline Peixoto para o Tribunal de Contas de Salvador, patrocinada por Costa. Wagner trabalhou intensamente para emplacar um nome da sua cota, mas perdeu a parada para o ministro da Casa Civil. Segundo informações que circulam dentro do PT, as desavenças envolvem também indicações para a diretoria da Embasa e da Bahiagás. O impasse está deixando um terceiro petista em maus lençóis, o governador baiano Jerônimo Rodrigues, que não quer desagradar nem a Costa e nem a Wagner.

#Aline Peixoto #Bahia #Bahiagás #Embasa #Jaques Wagner #Jerônimo Rodrigues #Lula #PT #Rui Costa #Senado #Tribunal de Contas de Salvador

Análise

Lula precisa reduzir o spread das suas bravatas

9/02/2023
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Lula não tem que falar sobre política monetária. Se quer influenciar no assunto, que aja em silêncio, através dos seus ministros do setor, sem tumultuar o mercado. Simplesmente faça. Sem usar a opinião pública para politizar assuntos técnicos. Todas essas considerações já foram pontuadas pelo RR e também por economistas de diversas correntes e matizes ideológicos. Mas Lula não mentiu quando se referiu a um tempo em que industriais se amotinaram contra bancos, cindindo as partes mais dinâmicas da economia à época – hoje o agronegócio assumiu um protagonismo que não tinha. O bunker dos industriais era o Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec), à ocasião um instituto de pesquisas vinculado às bolsas de valores do Rio e São Paulo, que aprimorava o argumento dos empresários. Vivia-se os idos do final dos anos 70. Eram tempos curiosos em que as entidades e instituições do mercado de valores mobiliários confrontavam os bancos comerciais. O presidente do Ibmec era o ex-diretor do Brasil no FMI Herculano Borges da Fonseca, antecessor das gestões de Roberto Castello Branco e Paulo Guedes, respectivamente. Apesar da predominância da tecnocracia liberal no comando da entidade, a instituição seguia um modelo ideologicamente plural, a exemplo do Ipea, liderado por João Paulo dos Reis Velloso.   

Pois bem, foi nesse período que empresários paulistas encomendaram ao Ibmec uma pesquisa sobre a visão dos industriais em relação ao papel dos bancos na economia. Por trás da demanda estavam ícones da indústria manufatureira e de bens de capital, todos de capital nacional, tais como Paulo Vellinho, José Mindlin, Paulo Francini, Paulo Villares, Cláudio Bardella e Antonio Ermírio de Moraes. Lula não mentiu quando disse que Antônio Ermírio esculachava os bancos em função das taxas de juros elevadas. Aliás, todos os industrialistas de proa esculachavam.  

A pesquisa, coordenada pelo cientista político José Luiz de Mello, era caudalosa. E o Ibmec divulgava as conclusões do trabalho aos poucos. A cada rodada – e elas duraram meses – Antônio Ermírio ia aos jornais e deitava falação contra a taxa de juros, acompanhado pelos seus pares da indústria. O embate com os bancos foi enorme. O país vivia o auge da ditadura, e esses empresários brigões enfrentavam diariamente os generais do regime militar. Tudo isso aconteceu há muito tempo.   

Lula parece ter estacionado nessas priscas eras, quando a indústria representava mais de 30% do PIB, e Antônio Ermírio era o leão da economia nacional. Na época, o BC era apêndice do Ministério da Fazenda, com um papel coadjuvante como autoridade monetária. A roda girou e o país evoluiu para regulamentação de um BC independente, despolitizando um órgão que tem de ser de Estado e eminentemente técnico. Lula, assim como “Dom” Antônio no passado, estão certos quando se incomodam com o nível das taxas de juros. Afinal, há algo de demasiadamente estranho no ar quando o custo do dinheiro está entre os maiores do mundo durante décadas e décadas. Mas os dois miravam alvos diferentes com o mesmo objetivo.   

Lula quer responsabilizar uma das grandes conquistas institucionais do país, a independência do BC, como detentora de uma perversão na área monetária: a disposição de manter a Selic nas alturas mesmo sem necessidade. Antônio Ermírio, quase que obsessivamente, batia firme no spread bancário, sua bête noire. Difícil imaginar Lula arrumando animosidade com a banca. O que diferencia o empresário e o velho político é uma certa dose de oportunismo. O presidente trouxe à baila a memória do antigo leão do Grupo Votorantim para engrossar seu proselitismo contra os juros altos. Mas evitou dizer que seus inimigos eram diferentes. “Dom” Antônio batia nos spreads absurdos do sistema bancário. O presidente quer associar o BC independente a Bolsonaro, não obstante uma coisa não ter nada a ver com outra. A briga de Lula é bravateira e serve tão somente para manter aceso o seu palanque permanente.  

#Lula

Empresa

PPSA ganha novo gás no governo do PT

9/02/2023
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O governo Lula não apenas suspendeu a privatização da PPSA (PréSal Petróleocomo bateu o martelo para a ampliação dos quadros da empresa. O Ministério do Planejamento já trabalha na montagem do concurso público para a contratação de até 120 funcionários para a estatal do pré-sal. Curiosamente, mesmo com os planos de privatização e toda a má vontade de Paulo Guedes, durante o governo Bolsonaro o efetivo da PPSA cresceu um pouco, de 44 para 58 profissionais.   

#Lula #PPSA

Política

Janja, Dilma, Tebet e Dweck podem formar um conselho particular do presidente Lula

8/02/2023
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Se Lula fosse o general Macbeth, da tragedia do dramaturgo inglês William Shakespeare, já teria encontrado suas três “bruxas”. Hécate, a feiticeira chefe, seria a primeira-dama, Janja, que, nessa versão palaciana da peça, não necessita do exercício da profecia. Janja simplesmente faz acontecer. As demais “bruxas” seriam Esther Dweck e Dilma Rousseff – ressalte-se que o uso do termo “bruxa” é somente uma estilização, para compor o relato shakespeareano do governo Lula. Dweck, nomeada ministra da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos é notória encrenqueira. Agora mesmo, arrumou uma rusga com a ministra Simone Tebet, tirando colaboradores do seu gabinete. Dilma Rousseff dispensa apresentações. A ex-presidente, hoje uma espécie de ministra sem mandato, é o elo entre Janja e Dweck. A primeira-dama foi funcionária de Itaipu por indicação de Dilma – desconhece-se se Lula teve alguma influência na iniciativa. Quem assistiu à posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES pode testemunhar a deferência de Janja a Dilma. Ela colou na ex-presidente, cheia de mesuras, e a conduziu para ficar próxima a Lula. As duas tricotam quase todo o dia.   

Dweck, por sua vez, foi secretaria do Ministério do Planejamento e subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil durante o mandato de Dilma Rousseff. As duas pensam igual, mas a ex-presidente mantém a ascendência sobre sua ex-colaboradora. Dweck é uma das organizadoras do livro “Economia Pós-Pandemia: Desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico”. O pessoal do “tal mercado” que correu para ler as propostas contidas na obra se arrepiou todo. A poderosa ministra da Gestão participou do grupo de transição e esteve presente, juntamente com o diretor de Planejamento Estratégico, de Saneamento, Transporte e Logística do BNDES, Nelson Barbosa, em reuniões com a equipe econômica de Bolsonaro, inclusive com o então ministro da Economia, Paulo Guedes.   

Janja vem tentando convencer Lula sobre a conveniência de criação de um conselho, vinculado ao Palácio do Planalto, composto pelas “feiticeiras”. De quebra, haveria uma concessão à presença da ministra do Planejamento e Orçamento, sanando a fricção entre Tebet e Dweck. Caso se confirme a formalização dessa instância de aconselhamento, ela será o mais emponderado conselho da República. Tem potencial para atrapalhar muito as decisões palacianas e infernizar a vida de vários ministros. Mas vamos dar o benefício da dúvida: também pode ajudar, de preferência se os assuntos não envolverem política econômica. Por enquanto, Lula vai escrevendo sua versão da peça teatral anglófona, trocando o regicídio de Duncan, o rei da Escócia, pelo linchamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Certamente, tem o apoio do trio Janja, Dilma e Dweck. Durante anos, Macbeth foi chamada de “peça amaldiçoada”. Posteriormente, foi considerada uma das mais notáveis obras do bardo inglês. Tomara que assim seja com o enredo construído pelo “Macbeth de Garanhuns”. Ao contrário da tragédia original, seja uma peça reconhecida pelo seu sucesso. Neste caso, para a governança do país.  

#Dilma Rousseff #Esther Dweck #Janja #Lula

Política

Lula faz da posse de Mercadante o “8 de janeiro da política monetária”

7/02/2023
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Um dos ensinamentos do ex-ministro Mario Henrique Simonsen era o seguinte aforismo: “Quem não tem o que dizer não tem nada que falar”. Lula não deve ter lido ou ouvido Simonsen. O presidente está falando sobre o que não sabe e não deveria dizer sobre Banco Central independente, juros, câmbio e meta de inflação. O terreno é sensível e envolve uma corrente de transmissão terrível para os mais pobres: baixar a Selic no grito aumenta os juros futuros, afasta os investidores e deprecia o câmbio, o que eleva a inflação.  

Desde o início do seu mandato, o impacto das declarações de Lula sobre política monetária e meta de inflação nas mídias foi muito superior ao das declarações moderadas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscando apagar os incêndios. Segundo levantamento exclusivo feito pelo RR, as declarações de Lula descendo a lenha no target de inflação geraram 7.102 notícias desde a posse, contra 2.739 de Haddad tentando acalmar a fúria do patrão. Com relação à Selic, foram 1.884 notícias com o presidente dizendo que os juros teriam de ser reduzidos na marra porque “são uma vergonha”, contra 253 matérias de Haddad tratando suavemente do nível da taxa básica.  

Lula fala da ata do Copom e do relatório de inflação do BC. Ele não entende do assunto e nunca leu qualquer uma dessas peças. As intenções do presidente podem até ser boas. Os juros do Brasil estão entre os cinco maiores do mundo há décadas – atualmente estão em 1° lugar. Deveriam, sim, ser motivo de um debate acadêmico consistente. Mas isso teria de ser feito sem arroubos e não com gritaria no auditório do BNDES, como Lula fez, ontem, durante a posse de Aloizio Mercadante.  

Lula descasca também a meta de inflação. Outro assunto que não foi feito para ser tratado pela Presidência da República. A meta deveria ser revista, sim. O RR, aliás, tem batido nesta tecla há tempos. Alguns dos maiores especialistas em política monetária defendem a iniciativa. Mas o assunto não deve ser motivo de bravata. Todas essas questões não podem ser antecipadas. Não há por que falar sobre meta de inflação excitando os mercados. Se o CMN (Conselho Monetário Nacional) entender que ela deve ser mudada, troca-se a meta e pronto. Sem alarido prévio.  

Os juros, por sua vez, não são um desejo pessoal do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A fixação da Selic é resultante da análise de um modelo que roda centenas de variáveis no campo macroeconômico. O acompanhamento da evolução dos preços de cada produto pelo BC é mais amplo do que a apuração do índice de preços do IBGE. Quem decide sobre o patamar da Selic não é Campos Neto, mas ele e um colegiado. Lula quer que a decisão sobre os juros seja política, o que será um desastre. Era melhor que pensasse que os juros somente aguardam o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária e a segunda fase das medidas de equilíbrio das contas públicas para caírem naturalmente.  

É difícil entender o que o presidente pretende. Se quer fritar Campos Neto e tirá-lo do cargo, dessa forma hostil vai criar uma confusão nos mercados que pode levar, inclusive, a um ataque especulativo. O Banco Central independente é um assunto para o Congresso e não para o Palácio do Planalto. Aliás, BC independente ou autônomo é um eufemismo que, em última instância, quer dizer que o primeiro não é manipulável e o segundo, sim. O presidente tem tratado desses temas como se estivesse em um palanque de campanha, esbravejando e gesticulando furiosamente. Deveria falar dessa forma sobre a fome, a gestão hídrica no Nordeste e a tragédia humanitária nas aldeias Yanomami para as plateias respectivas. A postura de Lula é inexplicável. Pode fazer muito mal ao país. E amansar a memória dos desserviços que seu antecessor fez ao Brasil.

#Fernando Haddad #Lula #Mario Henrique Simonsen

Internacional

Rio Paraguai vira uma rara rusga entre Brasil e Argentina

7/02/2023
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Um pequeno ruído na sintônica relação entre os governos Lula e Alberto Fernández: o Brasil enviou a autoridades argentinas um pedido formal de explicações sobre a nova taxa que passou a ser cobrada de embarcações no trecho do Rio Paraguai entre as cidades de Santa Fé e Influência. Sem mais nem menos, a Argentina passou a morder US$ 1,47 por tonelada transportada. Não há procedimento semelhante em nenhum dos outros três países cortados pelo rio – Brasil, Paraguai e Bolívia. Estes dois últimos também já cobraram explicações, segundo o RR apurou junto a fonte do Itamaraty. Até o momento, o governo argentino não deu qualquer explicação e muito menos suspendeu a cobrança da taxa. Empresas de navegação já pressionam o governo brasileiro a levar o caso a uma corte de arbitragem se o impasse persistir. A hidrovia do Rio Paraguai tem sido uma importante rota de escoamento para exportações brasileiras, notadamente de minério de ferro e soja.

#Alberto Fernández #Lula #Rio Paraguai

Economia

Lula pretende anunciar novo arcabouço fiscal e reforma tributária até o fim de abril

3/02/2023
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Lula quer anunciar, junto com Fernando Haddad, Simone Tebet e Geraldo Alckmin, o novo arcabouço fiscal, a governança do orçamento e a reforma tributária. A ideia, conforme acerto do presidente da República com o presidente da Câmara, Arthur Lira, é que a arquitetura dos gastos públicos seja apresentada até o final de abril. Lira também pegaria uma carona no anúncio mais esperado do governo. A ideia inicial de divulgar o substituto do teto de gastos e os detalhes das mudanças na área tributária em junho ou julho foi aposentada. Os motivos são simples: primeiramente, toda a nova engenharia fiscal já está pronta – os termos da reforma tributária há muito dormitam no Congresso. Portanto, adiar para que? Em segundo lugar, a área econômica tem conversado muito com os dirigentes de instituições financeiras e foi convencida de que esse postergamento do anúncio das medidas vem piorando as expectativas e pode ter um efeito negativo e desnecessário sobre inflação e juros. Em terceiro, a garantia de Lira de que os projetos vão passar pelo crivo do Congresso – Rodrigo Pacheco já assegurou a sua parte do Senado.
A maior surpresa, contudo, é Luiz Inácio participar do evento. O presidente, em vários momentos, desdenhou do teto, responsabilidade fiscal e da meta de inflação. Não é novidade Lula ser um mimetismo ambulante. Ele segue o “modelo Vargas”: fala uma coisa para um e outra para outro; depois outra para um e outra para outro. O presidente defenderá o controle fiscal com unhas e dentes. Não é improvável que coloque no discurso alguns cacos da responsabilidade social, de forma a reiterar que ela caminha junto com a responsabilidade fiscal. E a mudança na meta de inflação? Essa, sim, ficaria para junho, na reunião do Conselho Monetário Nacional – conforme antecipou o RR. Até lá, o mercado estaria mais manso, em função das medidas tomadas, e o BC, menos hawkish. Assim como o arcabouço fiscal tem de ser crível, a meta de inflação tem de ser considerada factível. A mudança, na sua devida hora, é quase certa.

#Fernando Haddad #Geraldo Alckmin #Lula #Simone Tebet

Destaque

Lítio entra no radar do governo Lula

3/02/2023
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O Brasil planeja levar a Argentina, Chile e Bolívia a proposta de uma parceria para a extração de lítio. O assunto tem sido discutido no âmbito do Ministério de Minas e Energia. A ideia é buscar de forma conjunta recursos internacionais para acelerar a produção, abrindo a possibilidade de investimentos cruzados. O quarteto forma uma espécie de “Opep do lítio”, tamanha a concentração de jazidas. Detém mais de 60% das reservas globais estimadas. O Brasil entra nesse pool com algo em torno de 8% do mineral encontrado em todo o mundo. No entanto, a produção interna é incipiente: responde por menos de 1% do mercado global. Os investimentos ainda são escassos vis-à-vis o enorme potencial brasileiro. A rigor, só duas empresas produzem lítio no país: a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil. Para este ano, há a expectativa da entrada em cena de um terceiro player, a canadense Sigma Lithium, que promete iniciar o comissionamento do projeto Grota do Cirilo, em Minas Gerais.
A geopolítica do lítio está fervendo. O mineral está na proa dos temas estratégicos das grandes potências globais, vide a recente passagem do chanceler alemão Olaf Scholz pela América do Sul. Sua visita à Argentina e ao Chile teve como um dos principais objetivos negociar suprimentos adicionais de lítio para a Alemanha, mais especificamente para a produção de baterias usadas nos carros elétricos produzidos pela Mercedes-Benz e pela Volkswagen. Scholz tratou do assunto diretamente com o presidente chileno, Gabriel Boric. O desafio do governo Lula é posicionar o Brasil nesse tabuleiro. Ainda que a América do Sul seja o palco central das discussões multilaterais sobre o lítio, a gestão Bolsonaro praticamente se imiscuiu em relação a essa agenda. No ano passado, o governo boliviano abriu conversações com outros países e grupos privados para parcerias no setor. Na ocasião, além da própria China, Argentina, Chile e Rússia abriram conversações com a Bolívia. Não consta que o governo Bolsonaro tenha feito qualquer articulação nesse sentido. Enquanto isso, as peças se movimentaram. Na semana passada, por exemplo, a Bolívia anunciou um acordo com o consórcio chinês CBC, encabeçado pela gigante global das baterias Contemporary Amperex Technology (Catl), para investimentos de até US$ 1 bilhão na extração de lítio no país vizinho.
A investida no lítio entra também, em um contexto mais amplo, na estratégia do governo de Lula de recosturar as relações com os vizinhos sul-americanos e buscar projetos integrados. Por ora, os movimentos mais notórios nessa direção envolvem as tratativas para o financiamento do BNDES para a construção do gasoduto Nestor Kirchner, na Argentina, e as conversações já mantidas entre Lula e o presidente Luis Arce em torno da possibilidade de compra de energia elétrica produzida na Bolívia.

#Lula #Ministério de Minas e Energia

Negócios

ArcelorMittal ameaça suspender patrocínio por ataque a Lula

3/02/2023
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O ataque do jogador de vôlei Wallace contra o presidente Lula nas redes sociais pode custar muito caro ao seu time, o Sada Cruzeiro. A ArcelorMittal ameaça romper o contrato de patrocínio à equipe. Segundo o RR apurou, a companhia faz pressão nos bastidores pelo desligamento definitivo do jogador. Em contato com a publicação, a ArcelorMittal afirmou que “repudia veementemente qualquer tipo de manifestação que exalte ou estimule o ódio e a violência. A empresa lamenta profundamente o posicionamento do atleta Wallace de Souza, cuja atitude desrespeita os valores e princípios da organização.”. A siderúrgica disse ainda ao RR que “acompanha atentamente as tratativas junto ao clube e os desdobramentos do caso”. Na última terça-feira, Wallace, atleta também da seleção brasileira de vôlei, postou uma enquete no Instagram, com a seguinte pergunta: “Daria um tiro na cara do Lula com essa 12?”.

#ArcelorMittal #Lula

Destaque

Governo Lula ensaia um arriscado remake na indústria naval

27/01/2023
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A gestão Lula ensaia um preocupante volta ao passado. O governo pretende usar o BNDES e, mais especificamente, o Fundo da Marinha Mercante (FMM) na proa de um projeto de ressurreição da indústria naval brasileira. A ideia é aumentar o orçamento do FMM e, consequentemente, os empréstimos feitos pelo banco de fomento com recursos do Fundo. O governo enxerga uma oportunidade de estimular a produção de plataformas e equipamentos destinados à instalação de eólicas offshore, segmento que deverá ter uma pesada onda de investimentos no Brasil. Outra proposta em discussão é usar o FMM para fomentar a renovação da frota de apoio à Petrobras – medida que, a julgar pelo track records dos governos do PT, viria acompanhada do aumento dos índices de conteúdo local.  

A missão caiu no colo de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No que depender da sua vontade, Alckmin tem outras prioridades à frente da Pasta, como, por exemplo, o complexo industrial de saúde e área de defesa. No entanto, cumprindo os desígnios de Lula, que já manifestou por diversas vezes a disposição de reativar a indústria naval no país, Alckmin tem mantido interlocução com o setor. Segundo o RR apurou, representantes da construção naval já fizeram chegar a Alckmin a proposta de criação de um projeto nos moldes do antigo Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo da Petrobras). 

Ao longo do governo Bolsonaro, o Fundo da Marinha Mercante aguou. Entre 2019 e 2022, os repasses do FMM somaram aproximadamente R$ 3,3 bilhões. A cifra liberada em 2020, por exemplo (R$ 350 milhões), foi a mais baixa dos 13 anos anteriores. Nos quatro anos anteriores (de 2015 a 2018), o Fundo da Marinha Mercante havia financiado cerca de R$ 12,6 bilhões em projetos. Isso em um período em que a Lava Jato já havia destroçado boa parte da indústria naval.  

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas é difícil entender o que o governo pretende. Por mais que mire em novas oportunidades de impulso à indústria local – como no caso das eólicas offshore -, o projeto de apoio da indústria naval com dinheiro do FMM repete uma política adotada nos governos de Lula e Dilma que deu errado. Muito errado. Mais do que isso: a investida remete a episódios escabrosos com a aplicação de recursos públicos em empresas como Sete Brasil e OSX.  

#BNDES #Lula

Justiça

CPI do terrorismo entra na fila do Congresso

23/01/2023
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Caso o Congresso leve adiante a ideia de instalar a CPI do Terrorismo – Lula não vê a iniciativa com bons olhos – o senador Otto Alencar (PSD-BA) caminha para ser um dos expoentes das investigações. O experiente parlamentar baiano, que já foi membro do Tribunal de Contas do seu estado, é cogitado para presidir ou ser o relator dos trabalhos. Ele foi uma das “estrelas” da CPI da Covid-19, que obteve resultados importantes como apontar o uso de dinheiro público para comprar remédios ineficazes no combate à doença. No relatório final acusou Jair Bolsonaro de ter cometido nove crimes, como charlatanismo e prevaricação.

#CPI do Terrorismo #Lula #Otto Alencar

Economia

Lula traz para si o desgaste e poupa os ministros da área econômica

20/01/2023
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É peculiar a forma como Lula trata das questões econômicas. Ele se antecipa a fritura pelo mercado dos seus ministros, Fernando Haddad, principalmente, e Simone Tebet. O presidente traz para si o anúncio das medidas que incomodam as instituições da Faria Lima. Elas por sua vez seguem batendo um bumbo monocórdio, dizendo que não “gostaram da fala de Lula”. O câmbio, as ações e o mercado futuro de juros então fazem uma pequena má-criação. Sobem o dólar e os juros futuros e cai a bolsa, para no dia seguinte fazerem o movimento inverso.

A demonstração mais recente dessa forma de operar do presidente foi sua declaração de que vai desonerar o Imposto de Renda dos mais pobres e tributar os dividendos, uma renda basicamente auferida pelos mais ricos. A proposta é matusalênica. Já foi defendida no governo Lula 1, depois na gestão Michel Temer e seria implementada por Paulo Guedes caso Jair Bolsonaro fosse reeleito. A diferença é que, nas gestões anteriores, os ministros da Fazenda assumiam a responsabilidade pelo anúncio da “má nova”. Mesmo Lula, em seus governos 1 e 2, deixava o abacaxi ser descascado pelo seu então ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Agora, ele traz para si a iniciativa de antecipar as medidas que incomodam o mercado, desinflando o incômodo, lá na frente, dos bancos e demais instituições financeiras. Quando a medida finalmente é aprovada, já não há motivo para volatilidade dos ativos, nem bronca do mercado. Estão todos meio anestesiados, pois as mudanças já se tornaram mornas. Tudo indica que foi e será assim com a tributação de dividendos. E outras medidas seguirão na mesma toada.

A forma de Lula se intrometer não é inédita, mas incomum. Nos governos posteriores à abertura, nem Sarney, Collor, Itamar, FHC ou o Lula dos primeiros mandatos, adotaram essa prática do “me dá que o filho é meu”. Dilma chegou a usar dessa psicologia, que, como toda a comunicação feita pela presidenta, foi desastrosa. Na verdade, na mão inversa, os melhores exemplos de ministros da área econômica que usaram “suas carapaças de rinoceronte”  apud Otto von Bismarck, o “chanceler de ferro” da Alemanha  para proteger a imagem dos presidentes em relação às suas medidas mais duras estão presentes no regime militar. Roberto Campos, Octávio Gouvea de Bulhões e Delfim Neto emprestaram suas costas  para levarem as chicotadas no lugar dos mandatários. Paulo Guedes, verdade seja dita, também cumpriu um pouco desse papel. Lula está fazendo o inverso, enchendo o balão no presente para que as expectativas se esfriem e o balão já esteja esvaziado quando for lançado nos ares. O problema primeiramente estoura na mão dele, que promove os seus já tradicionais meneios, avanços e recuos. É uma estratégia  que poupa os ministros da Fazenda e concentra a antecipação das iniciativas na figura do presidente. Se vai der certo depende de milhares de variáveis. A ver.

#Lula

Economia

Inflation target abaixo do razoável tem seus dias contados

19/01/2023
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Cada coisa na sua hora, e em seu devido lugar. Assim será com a meta de inflação de 2024. Uma fonte do RR, posicionada no ventre da equipe econômica, garantiu que a deliberação sobre a mudança do target da inflação do próximo ano já foi tomada. Lula emitiu um primeiro sinal na entrevista de ontem. A meta vai ser subir dos 3% fixados no governo Bolsonaro para 4% ou até 4,5% ( a meta deste ano está definida em 3,25% ), com intervalo mantido em 1,5% – o RR apoia a medida desde meados do ano retrasado, quando o ex-diretor do BC, Sergio Werlang, implementador do sistema de metas no Brasil passou a defender a ampliação do target. A ideia é que a mudança seja feita em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN),  nos meses de junho, julho ou agosto.

A escolha do final do primeiro semestre tem relação direta com o timing considerado para apresentação da segunda fase do plano de melhoria do resultado primário, apresentação do novo arcabouço fiscal – com o substituto do teto de gastos – e votação da primeira rodada da reforma tributária. Os ministros da área econômica, Fernando Haddad e Simone Tebet, estão de acordo sobre a necessidade de uma demonstração firme de que o governo vai perseguir o equilíbrio das contas públicas para que a meta seja então alterada. A área econômica do governo estaria agindo em consonância com o Banco Central, que, em todas as suas atas de reunião do Copom, chama a atenção para o impacto do desajuste fiscal na resiliência inflacionária.

A mudança da meta reduziria a pressão sobre a política monetária, permitindo o BC praticar uma taxa Selic mais baixa e reduzindo a curva da taxa de juros futura. Na verdade, mexer na meta é uma forma dos Ministérios da Fazenda e Planejamento influenciarem na política monetária, a despeito da independência do BC. Se a Selic é fixada de forma a que a meta de inflação seja atingida, um target mais alto, em tese, permitiria juros mais baixos. Para que eles não venham acompanhados da manutenção ou alta da carestia, a receita é um “fiscal mais responsável, sinalizando um superavit estrutural”. Juros mais baixos são o insumo número 1 para reduzir a dívida pública, reaquecer a economia e obter o tão almejado crescimento sustentável.

A história da mudança da meta é tão antiga quanto cowboy que dá 100 tiros de uma vez. Até Paulo Guedes balançou com relação ao aliviar o arrocho do target. O economista Aloísio Araujo, do Impa e da FGV, uma espécie de sumidade unânime nos assuntos da área monetária e em microeconomia, já está cantando essa pedra há tempos. Roberto Campos Neto empacou com uma meta de inflação no nível dos países desenvolvidos. Ora, países desenvolvidos tem uma melhor distribuição de renda, economia robusta, menos desempregados e até mesmo bomba atômica. Noves fora o chiste, a equiparação com o nosso target não parece razoável. Campos Neto seria voto vencido em uma reunião do CMN com a atual composição. Além dele, lá estão Fernando Haddad e o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello. Muito provavelmente a composição do CMN será alterada para o ingresso de Tebet. Mas os exageros em relação ao inflation target têm seus dias contados. 

#Banco Central #Economia #Fernando Haddad #Lula

Política

Mais um juiz federal no encalço de Lula

18/01/2023
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No meio dos ataques antidemocráticos, o governo Lula ainda tem de administrar um engasgo diplomático. Segundo o RR apurou, o ministro da Justiça, Flavio Dino, solicitou ao Itamaraty que faça uma representação formal ao Ministério das Relações Exteriores da Argentina contra o juiz federal Alfredo López. No último dia 8, em meio aos atos criminosos em Brasília, o magistrado argentino escreveu em sua conta no Twitter que se tratava de um “levante popular contra o comunista e ladrão Lula”. López é notório na Argentina por suas posições conservadoras. Em junho de 2021, por exemplo, causou polêmica ao ordenar a suspensão da lei que liberou o aborto no país. 

#Flavio Dino #Lula #Ministério das Relações Exteriores

Política

Governo Lula planeja acionar Steve Bannon na Justiça

17/01/2023
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O governo brasileiro pretende processar na Justiça norte-americana o ideólogo, estrategista e guru da extrema direita, Steve Bannon. Conversações já estão sendo realizadas pela área de relações externas do governo Lula com o Departamento de Estado norte-americano. O GSI, comandado pelo general Gonçalves Dias, também participa dos entendimentos, buscando colaboração do FBI para rastreamento das comunicações de Bannon com Bolsonaro, seus filhos e bolsonaristas de proa. O estrategista estaria por trás da rede de blogs internacionais responsável pela produção maciça de fake news sobre o episódio de vandalismo em Brasília. O “noticiário” das mídias de Bannon subverte os fatos. As “informações” são de que o governo brasileiro está fazendo prisões em massa à margem da Justiça, criando campos de concentração, cerceando a liberdade de ir e vir e manipulando e censurando a imprensa.   

Bannon, como se sabe, foi condenado por desacato ao Congresso dos Estados Unidos. O “bruxo” foi uma espécie de eminência parda de Donald Trump, responsável, entre outras traquinagens, pela criação da rede trumpista na internet. No auge do governo Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente, era o responsável pelos contatos e aconselhamento estratégico com Bannon e o falecido filósofo Olavo de Carvalho. O “03” organizou, inclusive, um jantar de Bolsonaro, em Washington, com sua cúpula estratégica internacional, digamos assim, juntando Olavo e Bannon.  O evento teve, propositalmente, uma publicidade ampla.   

Steve Bannon nomina Jair Bolsonaro como líder da extrema direita mundial. Ou seja, não há nenhum “político” no mundo que tenha poder de comando ou convocação sobre 20 milhões de cidadãos, no mínimo. Um verdadeiro exército. É atribuído a ele a frase de que os atentados em Brasília somam o equivalente a dezenas de invasões do Capitólio, fichinha perto do ocorrido na capital do país. O projeto do governo brasileiro é somar esforços com o governo Biden para colocar o “bruxo de Donald Trump” no xilindró. Já vai tarde para a prisão.  

#Donald Trump #Eduardo Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula #Steve Bannon

Política

Cúpula da América Latina fará desagravo ao governo Lula

16/01/2023
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Depois de Joe Biden, será a vez de líderes da América Latina expressarem seu apoio a Lula. Segundo informações que circulam no Itamaraty, a Comunidade de Estados Latino-Americanos (Celac) vai aproveitar a reunião de cúpula dos próximos dias 23 e 24 de janeiro para fazer uma manifestação em defesa da democracia e das instituições brasileiras e em desagravo ao presidente recém-empossado.

#Joe Biden #Lula

Destaque

Palácio do Planalto discute a convocação do Conselho de Defesa Nacional

12/01/2023
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O Palácio do Planalto tem aconselhado Lula a convocar o Conselho de Defesa Nacional. A iniciativa é defendida por alguns dos mais próximos assessores do presidente da República. A ideia seria manter o Conselho permanentemente reunido até a debelação de movimentos golpistas e a identificação e responsabilização de seus articuladores e financiadores. A medida permitiria a Lula levar para dentro do colegiado todas as discussões sobre a crise institucional e, sobretudo, as ações de enfrentamento dos ataques antidemocráticos e seus autores.  Ou seja: em última instância, o presidente da República dividiria a responsabilidade com os demais integrantes do Conselho de Defesa em relação a decisões sensíveis.  

A convocação do órgão teria uma miríade de serventias, tais como reafirmar a posição de Lula como comandante-em-chefe das Forças Armadas; trazer para perto do governo os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e, principalmente, da Câmara, Arthur Lira, que têm agendas a latere do Palácio do Planalto; e, ainda que uma iniciativa singela frente às demais, fortalecer o ministro da Defesa, José Mucio. De acordo com o Artigo 91 da Constituição, todas essas autoridades, mais o ministro da Justiça, Flávio Dino, participam do Conselho de Defesa Nacional. A medida permitiria ainda mitigar a proeminência das Forças Armadas no caso de decretação de um eventual estado de defesa ou estado de sítio, prerrogativa constitucional do Conselho, que atende à convocação do presidente da República.  

O convívio permanente com os três comandantes militares, que, pela Constituição, também integram o colegiado, seria uma forma de endossar o poder civil sobre as Forças Armadas, aplacando os oficiais recalcitrantes em relação a Lula. Como se sabe, mesmo que escrito nas pedras sagradas da lei, o poder institucional se afirma na prática dos governantes nas situações mais críticas. Até porque não é época para alimentar fantasias anacrônicas de ordem ideológica e vitaminar as expectativas golpistas de uma horda de vândalos. O problema nacional é muito maior e mais grave. 

#Defesa Nacional #Lula #Palácio do Planalto #Rodrigo Pacheco

Análise dos Editores

Democracia em alerta

11/01/2023
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#José Múcio #Lula

Destaque

As apostas da equipe econômica para aumentar a arrecadação fiscal

11/01/2023
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Nas simulações do futuro secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, há um cenário radical de medidas arrecadatórias que poderia aumentar em R$ 130 bilhões a receita fiscal nos quatro anos do governo Lula. Algumas delas são taxações sobre receitas que teriam de ser geradas através da sua aprovação pelo Congresso. São elas os marcos regulatórios dos jogos de azar e produção e uso da maconha. No mesmo cenário, com ressalvas imensas, é previsto o imposto adicional sobre o agrobusiness.

A Cide dos Jogos, com taxação de 17% por aposta, estipulada no projeto já aprovado pela Câmara dos Deputados, pode gerar cerca de R$ 20 bilhões, em média, por ano. A legalização da maconha tem potencial de arrecadação de R$ 8 bilhões no quatriênio. O imposto sobre o agrobusiness, por sua vez, levantaria mais de R$ 10 bilhões por ano. O setor é o maior destinatário de créditos especiais e incentivos fiscais do país e contribui muito pouco na receita tributária total. O problema é meter a mão nessa cumbuca agrícola do Centrão. Talvez seja mais fácil aprovar as leis da maconha e da jogatina.  

#Guilherme Mello #Lula #política econômica

Política

Há horas em que silêncio das Forças Armadas não faz bem ao Brasil

9/01/2023
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Depois da exoneração dos três comandantes militares por discordarem da linha golpista que o então presidente da República vinha impondo às Forças Armadas. Depois da enxurrada de tuítes sempre ameaçadores do até mais respeitado oficial do Exército, general Villas Bôas. Depois dos vários comunicados do Ministério da Defesa, liderado pelo general Braga Netto, solitariamente ou compartilhados com os três comandantes das Forças Armadas, ameaçando a independência dos Poderes.  Depois do episódio inaceitável de acobertamento de ativistas guerrilheiros em acampamentos nas áreas controladas pelo Exército Brasileiro, que simplesmente se recusa a permitir o ingresso das Forças Civis de dissuassão. É mais que chegada a hora dos novos comandantes dos estamentos militares se pronunciarem firmemente em prol da democracia, garantindo o fim da baderna que se tornou Brasília. Há quem diga que uma das principais funções das Forças Armadas é ficar calada. De acordo. O silêncio é uma garantia de que não ocorrerá nenhuma insinuação a uma intervenção militar, ainda que tacitamente, na política e no cumprimento da Constituição. Mas quem sabe faz a hora.
No momento é necessário o pronunciamento dos oficiais generais até porque há envolvimento direto dos militares com o apoio aos terroristas assentados em área sob seu controle. O comunicado deveria garantir o apoio às Forças de Segurança contra as tentativas golpistas de criar um ambiente favorável a um estado de sítio. É hora do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro; do comandante do Exército, general Julio César Arruda;  do comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen; e do comandante da Aeronáutica, tenente brigadeiro Kanitz Damasceno, demonstrarem seu apoio incondicional ao comandante em chefe, Luiz Inácio Lula da Silva, e a firme disposição de dar suporte a qualquer iniciativa para acabar com o vandalismo que assola Brasília, com a omissão, inclusive, das Forças de Segurança, papelão institucional que não pode ser aceito em nenhuma circunstância. Acabou a era da interferência do Jair Bolsonaro junto ao “seu Exército”. É preciso que isso se torne explícito. O Comandante em chefe é o Lula, e ponto final.

#Exército #Forças Armadas #Jair Bolsonaro #Lula

Destaque

Governo estuda o fim do regime de autorizações ferroviárias

9/01/2023
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O governo Lula vai rever o modelo de outorgas ferroviárias idealizado pela gestão Bolsonaro. Segundo informações apuradas pelo RR, o Ministério dos Transportes estuda extinguir o regime de autorizações – leia-se o Pro Trilhos –, preservando apenas os contratos já assinados. O entendimento é que esse formato criou um ambiente cenográfico, com números superlativos na teoria e pouco exequíveis na prática. Até mesmo os acordos já firmados são motivo de preocupação, pelas dúvidas que cercam as empresas e consórcios contemplados. Dos 80 requerimentos de autorização feitos ao antigo Ministério da Infraestrutura e à ANTT, já foram assinados 27 contratos, com promessa de investimentos da ordem de R$ 133 bilhões. Ocorre que, de acordo com levantamento feito pela equipe de transição e já encaminhado ao ministro Renan Filho, a maior parte dos players ainda não apresentou garantias firmes de financiamento para tirar os projetos do papel. Algumas das autorizações já realizadas apontam uma enorme discrepância entre o porte dos investidores e as cifras dos respectivos empreendimentos – conforme o RR já informou. Um exemplo: a empresa autorizada a construir as ferrovias Presidente Kennedy (ES)-Sete Lagoas (MG) e Sete Lagoas- Anápolis (GO) informou ter um capital social de R$ 10 mil. Os dois projetos exigirão investimentos da ordem de R$ 30 bilhões.

As novas regras para o setor ainda serão discutidas pela equipe do ministro Renan Filho, mas a ideia do governo é concentrar os investimentos no modal ferroviário sobre dois pilares: de um lado, licitar futuros projetos pelo tradicional modelo de concessões: do outro, acelerar a renovação antecipada de licenças, condicionada ao aumento dos aportes na modernização e expansão das malhas já privatizadas. E esses dois caminhos se cruzam. Uma das propostas aventadas é condicionar a extensão de concessões em vigor à implantação de novas ferrovias, algo que já foi feito no governo Bolsonaro. A Vale está construindo o primeiro trecho da Fico (Ferrovia de Integração Centro Oeste), entre Mara Rosa e Água Boa, no Mato Grosso, como contrapartida à renovação antecipada das concessões de Vitória-Minas e Carajás.

#ANTT #Lula #Ministério da Infraestrutura #Ministério dos Transportes

Infraestrutura

Portugueses miram o setor de saneamento no Brasil

9/01/2023
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Lula fará uma visita oficial à Lisboa em abril. Segundo fonte do Itamaraty, o setor de infraestrutura será uma das pautas tratadas nos encontros com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, e o primeiro-ministro, António Costa. Entre outras possibilidades de negócio, o governo luso já sinalizou o interesse da Águas de Portugal de retornar ao setor de saneamento no Brasil. A empresa foi controladora da Prolagos, concessionária de água e esgoto da Região dos Lagos (RJ). Deixou o país em 2007 com prejuízos da ordem de cem milhões de euros.

#Lula #Portugal

Internacional

Novo preço da energia de Itaipu cria faíscas diplomáticas com o Paraguai

4/01/2023
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O governo Lula terá de administrar um curto-circuito bilateral herdado da gestão Bolsonaro. O governo do Paraguai fez chegar ao Itamaraty e ao Ministério de Minas e Energia (MME) sua discordância com o preço da tarifa da energia fixado pelo Brasil para 2023. Em 20 de dezembro, a Pasta de Minas e Energia anunciou o valor de US$ 12,67/kW, uma redução de 38,9% em relação ao preço em vigor no ano passado. Assessores do presidente Mario Abdo Benitez alegam que o corte não foi discutido com o governo paraguaio. O país vizinho defendia uma redução conjunta de 15% dos dois lados da fronteira. A divergência é uma fagulha mais entre Brasil e Paraguai às vésperas da complexa negociação do novo Tratado de Itaipu – o atual, em vigor desde 1973, expira em agosto. 

#Lula #Ministério de Minas e Energia #Tratado de Itaipu

Política

Lula discute crise fiscal com governadores

3/01/2023
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Lula pretende agendar para os próximos dias uma série de encontros com governadores para discutir a grave crise fiscal dos estados. A bola de neve não para de crescer. Entre janeiro e outubro de 2022, a arrecadação das unidades federativas caiu 0,3% em relação ao mesmo período no ano anterior, ao passo que as despesas correntes cresceram 6,2%.

#Lula

Destaque

Marina Silva freia concessões de parques nacionais e unidades de conservação

3/01/2023
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A lista de privatizações e concessões brecadas pelo governo Lula deverá aumentar. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pretende rever o plano de desestatização de parques nacionais e unidades de conservação ambiental, lançado na gestão de Jair Bolsonaro. Os empreendimentos serão analisados caso a caso. Mas, a julgar pelos estudos preliminares feitos pela equipe de transição do meio ambiente, a tendência é que Marina suspenda a concessão de boa parte dos 18 parques federais e nove unidades, localizados em 12 estados, hoje incluídos no PPI (Programa de Parceiras de Investimento). Alguns critérios serão observados pela ministra e sua equipe para a interrupção do processo de privatização, notadamente o impacto sobre o bioma e os povos tradicionais que habitam as respectivas áreas.  

Um dos exemplos mais citados por assessores de Marina é o do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. A região é ocupada por mais de 1,6 mil famílias de produtores rurais, além de 43 comunidades tradicionais. Outro caso que tem merecido atenção especial é o Parque da Serra do Cipó, também incluído no PPI. A área reúne milhares de indígenas, sobretudo os Krenac, e extrativistas. Segundo denúncias encaminhadas por ONGs a assessores de Marina Silva, o projeto de concessão desses dois parques vinha sendo tocado pelo governo Bolsonaro com pouca ou nenhuma consulta às populações locais. 

Além da proteção à biodiversidade e aos povos locais, Marina Silva vislumbra que os parques nacionais e as unidades de conservação poderão ser transformar em vetores de desenvolvimento econômico e social em suas respectivas regiões. Nos planos traçados por Marina e sua equipe, o ICMBio vai trabalhar em conjunto com a recém-criada Secretaria de Bioeconomia e Recursos Genéticos para aumentar o aproveitamento bioeconômico dessas áreas, principalmente a partir de projetos voltados ao manejo sustentável.  

#Lula #Marina Silva #PPI

Infraestrutura

Ponte inacabada pesa sobre o caixa de Itaipu

2/01/2023
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Mais uma obra inacabada do governo Bolsonaro vai cair no colo da gestão Lula. A equipe de transição da área de infraestrutura já calcula que Itaipu Binacional terá de arcar com um custo adicional da ordem de R$ 100 milhões para concluir a construção da ponte de integração Brasil-Paraguai, projeto conduzido pela estatal. O novo cronograma prevê o fim das obras apenas para 2025. O aumento dos custos e o atraso na construção fizeram com que a atual direção de Itaipu desistisse de inaugurar a ponte ainda neste ano, conforme estava previsto. “Inaugurar”, ressalte-se, é mera força de expressão. A rigor, seria uma cerimônia cenográfica para Jair Bolsonaro posar como responsável pelo empreendimento.  

#Itaipu Binacional #Jair Bolsonaro #Lula

Política

Serviço de Inteligência da PM-DF atuará em peso na posse de Lula

30/12/2022
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O RR apurou que, por determinação direta do governador Ibaneis Rocha, todo o efetivo da área de Inteligência da Polícia Militar do Distrito Federal foi destacado e estará de serviço durante o fim de semana. Vai reforçar o esquema de segurança montado para a posse de Lula. 

#Ibaneis Rocha #Lula

Destaque

Governo Lula quer zerar imóveis atrasados do Casa Verde Amarela em até um ano e meio

30/12/2022
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A reconstrução do Minha Casa, Minha Vida será uma obra lenta, feita tijolo por tijolo. Diante das restrições orçamentárias, o futuro governo já identificou que dificilmente conseguirá implantar todas as diretrizes formuladas para o programa de uma só vez. Haverá um escalonamento de prioridades. Além da já anunciada recriação da Faixa 1, para famílias com renda inferior a dois salários-mínimos, o foco principal neste primeiro ano de mandato será retomar e concluir as obras paradas do atual Casa Verde Amarela, deixadas como herança pelo governo Bolsonaro. Ao todo, são quase cem mil casas em atraso, mais do que o dobro do número registrado em janeiro de 2019, quando da posse de Jair Bolsonaro (aproximadamente 40 mil imóveis). Segundo o RR apurou, cálculos feitos pela equipe de transição apontam que, se as obras forem retomadas até o fim de janeiro, é possível entregar mais de 60% dessas habitações ainda neste ano e o restante até meados de 2024. Para isso, será necessário desembolsar aproximadamente R$ 1,8 bilhão. Ou seja: somente com o passivo deixado pelo governo Bolsonaro no Casa Verde e Amarela, o governo Lula vai queimar quase 20% dos recursos liberados pela PEC da Transição para o Minha Casa, Minha Vida – cerca de R$ 10 bilhões no total. 

De acordo com levantamento feito pela equipe de transição, aproximadamente 70% dos imóveis em atraso estão localizados na Região Norte e Nordeste. E cerca da metade corresponde a empréstimos feitos a famílias com renda até dois salários-mínimos. São contratos pendentes da antiga Faixa 1, extinta pelo governo Bolsonaro no fim de 2019. É a tempestade perfeita. A maior parte do déficit habitacional no Brasil se concentra justamente no Norte e Nordeste e atinge a população com até dois salários. 

#Lula #Minha casa #Minha Vida

Política

Augusto Aras III pode entrar em cartaz no governo Lula

30/12/2022
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Não será surpresa, em Brasília, se Lula reconduzir Augusto Aras à Procuradoria Geral da República.  O presidente eleito precisa “segurar” o Ministério Público. Aras está mais do que testado nessa missão. Dos 90 pedidos de investigação contra Bolsonaro engavetou 76. Há quem diga que conversas já foram iniciadas. 

#Augusto Aras #Lula

Internacional

Ministro da Palestina vai pisar em um território sensível no Brasil

29/12/2022
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A visita do ministro das Relações Exteriores da Palestina, Ryad Al-Maliky, ao Brasil está causando preocupação nos meios diplomáticos. Segundo informação que circula no Itamaraty, após comparecer à posse de Lula, Al-Maliky fará uma visita ao sul do país, notadamente à Tríplice Fronteira com Argentina e Paraguai. Lá, terá reuniões com lideranças da comunidade árabe da região. Inevitavelmente, a viagem de Ryad Al-Maliky vai colocar foco sobre uma área que já está no radar de autoridades internacionais. Nos últimos anos, investigações conjuntas entre os governos dos três países e também dos Estados Unidos apontam para a existência de células ligadas a grupos terroristas árabes na Tríplice Fronteira.

#Lula #Palestina

Política

O antídoto de Lula contra as vivandeiras de quartel

29/12/2022
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Lula ri quando alguém fala de golpe. Ainda mais antes da posse. O presidente eleito emparedou a hipótese de intervenção militar com a rápida nomeação dos três comandantes das Forças Armadas, seguindo todo o protocolo. Com a indicação em tempo rápido, o seu principal esteio são os próprios novos comandantes, que não têm nenhum desejo de serem caroneiros por um golpe. Quando se pensa que Lula envelheceu nas ideias e no domínio da articulação política, vem sempre uma demonstração que contraria a tese.

#Forças Armadas #Lula

Política

Felipe Neto a caminho do governo Lula?

27/12/2022
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O nome do influencer Felipe Neto tem sido cogitado no entorno de Lula para assumir um posto no futuro governo, mais precisamente no âmbito do Ministério das Comunicações. Neto ficaria à frente de uma nova área voltada especificamente à formulação de propostas para mídias digitais e o setor de games. Nada a ver com regulação e, sim, com medidas para a expansão dessa indústria, vista, notadamente, como de forte potencial para a entrada de jovens no mercado de trabalho. A questão é se Felipe Neto toparia se afastar de seus lucrativos negócios. Com mais de 44 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, o influencer fatura por mês mais de R$ 5 milhões apenas nessa plataforma.

#Felipe Neto #Lula #Ministério das Comunicações

Destaque

China Three Gorges é um fio desencampado para o governo Lula

27/12/2022
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Antes mesmo de Lula assumir, um problema de altíssima voltagem na área de energia já caiu no colo do futuro governo. Segundo o RR apurou, a CTG Brasil, subsidiária da gigante China Three Gorges, procurou assessores do presidente, notadamente Mauricio Tolmasquim, em busca de uma solução para um contencioso com a Aneel e o Ministério de Minas Energia (MME). O delicado imbróglio envolve a revisão do volume de energia que quatro hidrelétricas controladas pelos chineses – Capivara, Chavantes, Taquaruçu e Rosana – podem entregar ao sistema, a chamada garantia física. Na prática, trata-se da quantidade máxima do insumo a ser comercializado pelas usinas. O Ministério reduziu em 4,9% a garantia física das quatro hidrelétricas. A CTG conseguiu uma liminar suspendendo a medida. Desde então, a União e a Aneel tentam derrubar o recurso. Os chineses levaram à equipe de Lula o pleito para que o novo governo interceda junto à agência reguladora para reverter a revisão da garantia física.  

Há vários fios desencapados nesse imbróglio, que tornam qualquer solução complexa. Para todos os efeitos, a revisão tarifária imposta pela Aneel e pelo MME se baseia em uma série de parâmetros – mudanças na matriz elétrica, níveis dos reservatórios, indicadores operacionais das próprias usinas etc – com o objetivo principal de reduzir o custo da energia. No entanto, a CTG alega que a medida é ilegal, uma vez que as hidrelétricas não poderiam sofrer duas revisões no intervalo de cinco anos – houve uma revisão extraordinária em 2017. A questão, ressalte-se, vai além dos chineses. A decisão do governo afeta outras empresas, como a franco-belga Engie. No total, estima-se que os grupos de geração percam mais de R$ 2 bilhões em receita por ano com a medida. No entanto, segundo a fonte do RR, o impasse com a CTG é tratado por auxiliares de Lula para a área de energia com um caso peculiar e mais delicado devido às circunstâncias envolvidas. Há muito em jogo que pode ser perdido com o contencioso. A China Three Gorges, um potentado do setor elétrico, tem investido, em média, mais de R$ 1,5 bilhão por ano no Brasil. Além disso, os chineses usam toda a munição que têm como objeto de pressão, o que significa dizer que há um IPO caminhando sobre o meio fio. Nas conversas mantidas com colaboradores do futuro governo, a CTG sinalizou que o contencioso pode afetar os planos de abertura de capital no Brasil, uma oferta de ações inicialmente prevista para US$ 1 bilhão. Procurada pelo RR, a CTG não quis se manifestar. 

#China Three Gorges #Lula #Ministério de Minas Energia

Meio ambiente

Governo Lula estuda “Auxílio Lixo” para reduzir impacto dos resíduos orgânicos

27/12/2022
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O comitê de transição da área de meio ambiente elaborou um documento com propostas para a redução das emissões por resíduos orgânicos. A ideia principal é a criação de um programa para aumentar os índices de compostagem de dejetos, notadamente na indústria e no agronegócio. O grupo de trabalho propõe, inclusive, a concessão de crédito subsidiado, por meio dos bancos estatais e dos fundos regionais.

Algo como um “Auxílio lixo”. A compostagem permite a degradação da matéria orgânica no próprio local em que ela é gerada. Mais de 60% dos resíduos gerados no Brasil ainda vão para aterros sanitários, um processo custoso e com razoável impacto ambiental. Mas não é o pior: quase 18% da matéria orgânica produzida na indústria e no agronegócio vão parar em lixões irregulares, transformando-se em uma bomba irradiadora de gases efeito estuda.

Na América do Sul, o Brasil é o principal emissor de metano, com cerca de 4% do volume global. Na última Conferência do Clima das Unidas (COP27), realizada em novembro, reverter a tendência de crescimento das emissões de gás metano foi um dos assuntos debatidos. 

#COP27 #Lula

Destaque

Há estranhas digitais na carteira de identidade nacional

26/12/2022
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O governo Bolsonaro tem causado estranheza entre as Secretarias Estaduais de Segurança pela forma como vem conduzindo o processo de implantação da nova carteira de identidade nacional. Há várias pontas soltas e mal explicadas no projeto, pilotado dentro do próprio Palácio do Planalto, mais precisamente pela Câmara Executiva Federal de Identificação do Cidadão (Cefic) – a Cefic responde diretamente à Secretaria Especial de Modernização do Estado, comandada pelo coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva, por sua vez vinculada à Secretaria Geral da Presidência da República. Um dos fatos que mais têm chamado a atenção é a repentina pressa do governo em aprovar, ainda neste ano, os requisitos de segurança para a produção do documento, estabelecidos pela Cefic. Ao apagar das luzes do mandato de Jair Bolsonaro, há um súbito esforço para se fazer em menos de uma semana o que não foi feito em dez meses. O referido intervalo remete a fevereiro, quando da publicação do Decreto nº 10.977/2022, que lançou o modelo da carteira de identidade. Some-se a isso a reduzida transparência com o que o assunto vem sendo tratado. Segundo o RR apurou, o governo não tem dado o devido espaço às Secretarias Estaduais de Segurança – na maior parte dos estados, responsáveis pela emissão das carteiras de identidade – na discussão das novas normas. Tampouco teria compartilhado com o Comitê de Transição da gestão Lula os estudos feitos pelo governo. Consultada pelo RR, a Cefic garantiu que “todos os órgãos de identificação têm participado ativamente de todas as discussões, inclusive da construção normativa” e “possuem representante nos trabalhos da Cefic”. Está feito o registro. No entanto, de acordo com a apuração do RR, essas “discussões” têm se dado pontualmente e apenas de maneira informal em dois grupos de WhatsApp, um com 30 e outro com 51 participantes.  

Há outros pontos sinuosos nessa história, notadamente em relação às normas técnicas para a elaboração da carteira, que acabam servindo de pré-requisito para a contratação das empresas responsáveis pela produção do documento. Recentemente, a Cefic circulou entre órgãos estaduais de identificação a minuta de uma resolução estabelecendo critérios para a confecção do material. O RR teve acesso ao texto e confirmou o seu teor com fonte de uma das Secretarias Estaduais de Segurança. Um dos itens que causou mais burburinho foi o Artigo 3º: “Considerando que o Decreto 10.977/22 é único para as três modalidades do documento, o serviço de confecção da impressão de segurança nos espelhos (estoques bases) das cédulas em papel de segurança e cartão em policarbonato de segurança deverá ser executado obrigatoriamente, nas dependências de uma única unidade fabril localizada em território nacional, não podendo serem produzidas separadamente por empresas reunidas em consórcio e não permitindo subcontratação, visando a segurança das Cédulas de Identificação. Para a identidade em Formato Digital, quando contratado pelos Órgãos de Identificação, o desenvolvimento da solução deverá ser executado obrigatoriamente nas dependências, localizada em território nacional, da empresa credenciada.”   

Ainda que apenas um esboço, a norma em questão gerou perplexidade entre os órgãos estaduais de identificação. Em primeiro lugar, a proibição de consórcios e de subcontratações vai na contramão dos padrões mais elementares das licitações públicas. A formação de pools é uma maneira de aumentar a competividade e de fragmentar o contrato entre vários prestadores de serviço, sem privilegiar uma ou duas empresas. Se vier a ser aprovada pelo governo, a resolução vai concentrar todas as etapas de produção e, consequentemente, o valor de todos os contratos estaduais nas mãos de poucas companhias, no máximo duas. A norma alijaria uma série de companhias que fornecem soluções específicas para a confecção de documentos de identidade, a começar pela própria Casa da Moeda, empresa pública responsável pela produção das cédulas de dinheiro, de passaportes e também de identidades. Com a resolução, a própria estatal ficaria de fora do game, o que desde já causa espanto. 

Perguntada especificamente sobre a minuta, a Cefic informou que “já elaborou nove resoluções” e confirmou que “outras resoluções foram propostas pelos órgãos de identificação e estão sendo debatidas, no devido processo administrativo”. A Câmara disse ainda que “não estabelece ou veda os requisitos de contratação de serviço. Os entes federados, por meio dos órgãos de identificação, que decidem seus processos de contratação.” De fato, de maneira direta a Cefic não tem poderes para determinar que empresa os respectivos estados vão contratar. No entanto, o estabelecimento de determinadas normas de segurança para a nova carteira cria restrições que podem inviabilizar a participação de boa parte das empresas do setor.  

Ainda em relação à minuta que circula entre os estados, outra proposta inusitada chama a atenção: a possível obrigatoriedade de que todo o processo seja executado em uma mesma unidade fabril. Os próprios órgãos estaduais de identificação já constataram que, a rigor, apenas duas companhias atenderiam ao requisito: a Valid e a Thomas Greg do Brasil. Entre todas as empresas gráficas e/ou de tecnologia que atuam no segmento de documentos de identificação, são as únicas que concentram previamente todas as etapas de produção em um mesmo complexo industrial. Sobre esse ponto, a Cefic disse ao RR que “existem atualmente diversas normas sendo debatidas. Os órgãos de identificação solicitaram e propuseram uma minuta à Cefic sobre credenciamento de gráficas. Nesse espectro, os órgãos de identificação propuseram que essas gráficas fabricassem os insumos no mesmo local. Isso é um requisito de segurança, praticado em outras áreas do Brasil, e ainda sendo debatido”. Na conversa com o RR, a Cefic garantiu que “em termos de capacidade para produção do documento, conforme Decreto 10.977/22, atualmente existem três gráficas com capacidade de produção. Aparentemente, existe o conhecimento de mais uma gráfica, ainda a ser verificado, que também possui a capacidade, em um total de quatro gráficas”. 

Há outras especificidades de ordem técnica que ameaçam restringir ainda mais a concorrência, como o material a ser usado na confecção das carteiras. O policarbonato é um insumo caro, que os estados não querem e não podem bancar. Nem mesmo as emissoras de cartões de crédito utilizam a matéria prima. A minuta de resolução da Cefic propõe ainda uma intrincada e peculiar combinação de certificados que também não é adotada pelos estados, tais como “ISO 9.001 e 27.0001 relacionados à emissão de documentos de identificação; Certificado ISO 14.298 relacionado à requisitos para um sistema de gestão e impressão de segurança para gráficas; e Certificado de conformidade com as normas ABNT NBR 15.540 para fabricação e emissão de documentos de segurança e de identificação”. Segundo o RR apurou, somente a Valid e a Thomas Greg apresentam todas essas certificações. 

Entre os institutos estaduais de identificação e empresas do setor, essa sucessão de coincidências tem alimentado as mais diversas ilações. Há um tiroteio de inferências cruzadas: desde que as regras teriam sido elaboradas on demand até mesmo que players privados poderiam ter colaborado na formulação das normas. A Cefic rebate as suspeições e afirma que “não consultou empresas na elaboração do modelo da Carteira, positivado pelo Decreto 10.977/22.”. Ainda de acordo com a Câmara, “a formulação das regras que incidem sobre os requisitos de segurança, i.e., na produção da carteira, todas as gráficas no Brasil foram consultadas, ou diretamente ou por meio de representantes designados, e participam ativamente dos debates técnicos – inclusive com grupos de trabalhos específicos.” O RR fez também seguidos contatos com a Valid e a Thomas Greg, por meio de sua assessoria de imprensa e/ou área de marketing, mas ambas não se manifestaram até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para o pronunciamento das duas empresas. 

#Casa da Moeda #Cefic #Jair Bolsonaro #Lula

Internacional

Peru ganha peso no tabuleiro diplomático de Lula

26/12/2022
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O futuro chanceler Mauro Vieira prepara uma viagem de Lula ao Peru, possivelmente em fevereiro. A Amazônia será um tema central no encontro com a nova presidente peruana, Dina Boluarte. A agenda ganhou relevância com a recente crise política no país vizinho e a queda do presidente Pedro Castillo, mais alinhado ao petista. O próprio Vieira teve um papel importante na estratégia de aproximação de Lula com Dina Boluarte. O presidente eleito foi um dos primeiros líderes latino-americanos a se manifestar e reconhecer o governo de Dina Boluarte, na contramão de países como Argentina, Colômbia e México, que inicialmente condenaram a deposição de Castillo pelo Congresso.

#Lula #Peru

Destaque

Extensão de concessões rodoviárias entra no radar do governo Lula

23/12/2022
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Lula já anunciou que seu governo não terá privatizações. O que não disse ainda é que sua gestão provavelmente também não terá reestatizações, ao menos no que diz respeito a concessões rodoviárias. Segundo o RR apurou, a recomendação do comitê de transição para a área de infraestrutura é renegociar individualmente contratos sob pendência, colocando sobre a mesa a possibilidade de reequilíbrio econômico-financeiro e/ou extensão dos prazos de concessão, mediante contrapartidas sob a forma de investimento. Esse movimento envolveria um grupo de empresas entre os quais figuram Arteris Fluminense (BR-101 no Rio); Via040 (BR-040 entre Minas Gerais e Brasília); MSVia (BR-163 no Mato Grosso do Sul); Concer (BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora); e Ecovia (BR-101 no Espírito Santo). As exceções ficariam por conta de concessões que possam ser repassadas a governos estaduais. Nesse caso, a gestão Lula estimularia a transferência do ativo. Um exemplo é a própria Ecovia, leia-se Ecorodovias, em que já existem gestões avançadas com o governo capixaba. Seria uma solução similar à adotada pela Rota do Oeste, responsável pela gestão da BR-163 no Mato Grosso. A Odebrecht Transport (OTP) já acertou a migração do contrato para o estado.

O comitê de transição parte da premissa de que o DNIT não tem condições financeiras de assumir novas operações, mesmo que em caráter temporário e com a perspectiva de relicitação das rodovias mais à frente, modelo com o qual o governo Bolsonaro vinha trabalhando. De acordo com os números já levantados por assessores de Lula, o DNIT está à beira de um colapso. Não é de hoje. No ano passado, a própria diretora financeira do Departamento, Fernanda Gimenez, enviou ofício ao Ministério da Infraestrutura alertando sobre a falta de recursos para o pagamento de obras em rodovias federais e a ameaça de paralisação de todos os serviços. De lá para cá, a situação se agravou. Tanto que a Comissão de Serviço de Infraestrutura do Senado aprovou às pressas uma emenda ao Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) ampliando o orçamento do Departamento de R$ 6 bilhões para aproximadamente R$ 10 bilhões em 2023. Ainda assim, o cobertor é curto demais. O órgão precisaria de pelo menos R$ 23 bilhões para honrar os custos de manutenção e recuperação de rodovias que já estão sob gestão federal. E mesmo que o Congresso autorize o aumento das verbas do DNIT, na prática não é garantia de nada. Neste ano, por exemplo, o Departamento executou apenas 57% do seu orçamento devido ao contingenciamento de recursos. Ou seja: o DNIT não tem dinheiro para cuidar sequer do que já é seu, o que dizer, então, de assumir novas rodovias.

#Arteris Fluminense #Concer #Ecovia #Lula #Odebrecht Transport

Política

Um revés a mais para Geraldo Alckmin?

21/12/2022
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Caso Andre Lara Resende recuse o cargo de ministro do Planejamento, conforme especulações de uma hora atrás, será um tiro de calibre 12 nas expectativas do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Lara Resende está 100% na cota de Alckmin. Foi o vice que o indicou para o Comitê de Transição. Na primeira versão da PEC da Transição estava lá, no último parágrafo, a expressão Nova Teoria Monetária, síntese da teoria mais na fronteira do pensamento econômico. Lara Resende daria um toque de classe e modernidade ao ministério de Lula. Se não topar, será, provavelmente, por ciumeira de Fernando Haddad. Mas o RR apurou que Lula não desistirá tão fácil assim da presença do economista no seu governo. Pode haver ainda um outro componente melancólico pelo lado do vice. A oferta da Pasta do Desenvolvimento a Alckmin é um prêmio de consolação, que parece até uma desfeita. Ministério do Desenvolvimento sem o BNDES ou os demais bancos públicos é um presente de grego. Mas uma ressalva: se os dois – Lara Resende e Alckmin – jogassem juntos, de tabelinha, até seria criado um inesperado núcleo influente na economia. É torcer para a dobradinha. Pelo menos não será mais do mesmo.

#Geraldo Alckmin #Lara Resende #Lula

Força Nacional de Segurança vai atuar em peso na posse de Lula

21/12/2022
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O futuro ministro da Justiça, Flavio Dino, acertou com o atual titular do cargo, Anderson Torres, um reforço no esquema de segurança para a posse de Lula. Torres comprometeu-se a liberar todo o efetivo da Força Nacional e Segurança Pública já lotado em Brasília para atuar no dia 1º de janeiro. Até mesmo agentes dedicados à área administrativa serão deslocados para trabalhar nas ruas de Brasília durante a posse. 

#Anderson Torres #Flavio Dino #Lula

Política

Vem mais conselho pela frente no governo Lula

21/12/2022
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A “conselhite” tradicional do PT, como não poderia deixar de ser, foi incorporada pelo governo Lula. Na área econômica, estão previstos dois conselhos: o primeiro, já anunciado pelo próprio presidente, será para assessorá-lo diretamente; o segundo será criado por Fernando Haddad com a missão de auxiliá-lo no Ministério da Fazenda. Especula-se que a conta dos Conselhos aumentará com a indicação do Ministério do Planejamento. 

#Fernando Haddad #Lula #Ministério da Fazenda #PT

Política

Lula vai pisar no Superior Tribunal Militar?

21/12/2022
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Assessores de Lula estão articulando uma visita do presidente eleito ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) ainda para esta semana. Desde que foi eleito, o petista já cumpriu agendas no STF, TSE, TCU e, mais recentemente no STJ, onde esteve na última segunda-feira. Entre as Cortes máximas do Judiciário, depois do TST, ficaria faltando apenas o Superior Tribunal Militar, um terreno mais delicado.

#Lula #TST

Política

Janja demarca suas posses no futuro governo

20/12/2022
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Janja começa a assustar o entorno do presidente. A futura primeira-dama está criando suas cotas dentro do governo como se fosse uma vice-presidente particular de Lula. Enquanto sorri e dança para o presidente, vai fazendo suas exigências: quer indicar a futura titular do Ministério das Mulheres e abocanhar dois cargos: um no segundo escalão dos Ministérios das Cidades; e outro, no Desenvolvimento Social. Lula deve aquiescer. 

#Janja #Lula #Ministério das Mulheres

Política

Bolsonaro deixa um alçapão no caminho de Lula

20/12/2022
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A decisão do governo Bolsonaro de encerrar os trabalhos da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) foi interpretada por assessores de Lula para a área militar como uma armadilha. Se deixar tudo como está, o futuro presidente será pressionado por entidades de direitos humanos e mesmo pela comunidade internacional a revogar a medida; se recriar a Comissão, Lula muito provavelmente vai criar mais uma área de indisposição com os militares.

#Jair Bolsonaro #Lula

Destaque

Luiz Marinho quer criar o “Ministério do Emprego”

19/12/2022
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Luiz Marinho, futuro ministro do Trabalho, levou a Lula uma proposta para fortalecer o Ministério do Trabalho, transformando-o em uma espécie de “Ministério do Emprego”. A ideia é a migração para a Pasta do Economia Solidária, hoje administrado pelo Ministério da Cidadania, no âmbito do projeto Inclusão Produtiva Urbana. Marinho quer transformar o Economia Solidária em um vetor para a geração de postos de trabalho, notadamente do primeiro emprego. Para isso, pretende, inclusive, recriar a Secretaria Nacional de Economia Solidária, instituída pelo próprio governo Lula em seu primeiro mandato – à época, o órgão foi comandado pelo professor Paul Singer. Marinho quer também acelerar os trâmites para adesão de pequenos empreendimentos ao programa. Hoje, segundo números obtidos pelo Comitê de Transição para a área do trabalho, há mais de cinco mil pedidos represados no Ministério da Cidadania. 

A intenção do novo ministro é fortalecer ações de estímulo à criação de pequenos empreendimentos voltados à comercialização de bens e de serviços. No ano passado, de acordo com o Cadastro Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários (CadSol), foram cadastrados 20.634 Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), beneficiando cerca de 1,423 milhão de pessoas. 

#Luiz Marinho #Lula #Ministério da Cidadania #Ministério do Trabalho

Política

Lula vai fazer propaganda do seu “pré-governo”

19/12/2022
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Lula vai reunir as melhores  propostas feitas pelos seus 800 colaboradores dos grupos temáticos e transformá-las em um agenda de governo, com prestação de contas através de diversos meios de comunicação, usando inclusive verbas de publicidade do governo. O presidente eleito quer sair do jugo do mercado e trazer a população para as demais pautas, quer sejam da educação, segurança, saúde, entre outras. Lula se sente capturado pela ditadura do mercado. É essa camisa de força que o leva a dar declarações de enfrentamento, verdadeiras bazófias que só dificultam o discurso mais sensato de governo.  A missão é marchar com o povo e não ser monitorado pela Faria Lima, mesmo que decisões fundamentais da economia obrigatoriamente passem pelo cluster financeiro paulista.

#Lula #PT

Internacional

Colômbia quer apoio militar do Brasil para combater dissidência do ELN

16/12/2022
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Assunto relevante que aguarda pelo futuro ministro da Defesa, José Múcio, e pelo novo comandante do Exército, general Júlio César Arruda: o governo da Colômbia já fez chegar a assessores de Lula a intenção de discutir um plano de ação conjunta entre as Forças Armadas dos dois países para combater uma dissidência do “Exército de Libertação Nacional” (ELN) que está atuando na região de fronteira. Essa espécie de spin-off da organização guerrilheira associou-se a narcotraficantes e garimpeiros ilegais. O governo do presidente Gustavo Petro quer costurar um acordo de paz com o ELN e conta com a participação do governo Lula nas tratativas – conforme o RR informou. Porém, no caso da dissidência que atua na divisa entre os dois países, não há acordo possível.

#Colômbia #ELN #Lula

Justiça

Escolha do novo ministro do TST fica para o governo Lula

16/12/2022
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Da parte da OAB não há pressa alguma para votar a lista sêxtupla de onde sairá o nome do futuro ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A calculada lentidão empurrará para o governo Lula a escolha do substituto de Emmanoel Pereira na Corte. A sucessão do ministro ganha ainda mais importância devido à já manifesta intenção do presidente eleito de rever pontos da reforma trabalhista. A indicação de um nome mais alinhado ao futuro governo serviria também como um balanceamento diante da recente nomeação da juíza trabalhista Liana Chaib para o TST. Tida como uma jurista mais simpática ao presidente Jair Bolsonaro, Liana teve o apoio do ministro do STF, Kassio Nunes, o mais “bolsonarista” dos integrantes da Suprema Corte.  

#Jair Bolsonaro #Lula #OAB #TST

Negócios

Cogna Educação estuda esticar recompra de ações

15/12/2022
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Há um burburinho no mercado de que a Cogna Educação estuda um novo programa de recompra de ações – o atual, com duração de 12 meses, se encerra em 15 de fevereiro de 2023. Mesmo com a reaquisição dos papeis pela Tesouraria, a cotação em bolsa acumula uma queda de 22% nos últimos 12 meses, o que justificaria a continuidade do enxugamento do free float. Some-se a isso o fato de que a recompra das próprias ações pode ser um bom negócio para a Cogna no médio e longo prazo. A volta ao Lula ao Poder traz junto a promessa de retomada do Fies e de um salto nos papéis das empresas de educação.

#Cogna Educação #Fies #Lula

Economia

O Dia D para 22 milhões de trabalhadores

15/12/2022
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O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) vai se reunir daqui a pouco para bater o martelo sobre o calendário de pagamento do abono salarial. Segundo o RR apurou junto a um dos membros do colegiado, há uma divisão sobre o tema. Uma parte do Conselho é simpática à proposta feita pelo Ministério da Economia para a realização dos pagamentos de fevereiro a julho. No entanto, representantes da classe trabalhadora fazem pressão pela repetição do calendário deste ano, com a liberação dos recursos entre janeiro e março. De acordo com a mesma fonte, auxiliares de Lula também têm trabalhado junto a integrantes do Codefat para que os pagamentos sejam feitos nos três primeiros meses do ano. O dinheiro do abono é visto como fundamental para movimentar a economia no período. Mais de 22 milhões de brasileiros que têm direito ao benefício aguardam pela definição ansiosamente.

#Codefat #Lula #Ministério da Economia

“Foro de São Paulo” já tem data para se reunir

15/12/2022
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Lula recebeu, no início desta semana, um convite do presidente do Chile, Gabriel Boric, para uma visita a Santiago em setembro. Boric quer reunir todos os líderes latino-americanos da esquerda em um megaevento em defesa da democracia e relembrando os 50 anos do golpe militar contra Salvador Allende.

#Chile #Gabriel Boric #Lula

Política

Futuro governo monta plano para retomar obras paradas

14/12/2022
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A promessa de Lula de que vai fazer do regate das obras paradas uma usina de empregos está entre as prioridades do grupo de transição da economia. O presidente Jair Bolsonaro deixou um cemitério de 14 mil obras paradas. O cálculo é que um montante de R$ 14 bilhões seria suficiente para colocar uma parcela expressiva em andamento, gerando dezenas de milhares de empregos.  O comitê de transição trabalha com um orçamento para investimentos em infraestrutura da ordem de R$ 50 bilhões, sendo que R$ 24 bilhões sairão de receitas extraordinárias fora do teto. O restante virá do orçamento, que ganhou um espaço de mais de R$ 70 bilhões com a retirada das despesas sociais, prevista na PEC da Transição. Não estão nessa conta os recursos que Lula pretende trazer do exterior sob forma de fundos dirigidos que gerarão investimentos, a exemplo do meio ambiente.  

A despeito de investimentos que virão para o greenfield, pode-se afirmar, portanto, que a recuperação das obras paradas será a grande frente de empregos de Lula. O desafio é como atrelá-la ao Bolsa Família, criando uma ponte para que os beneficiários do assistencialismo migrem para o mercado de trabalho e se tornem cidadãos na plenitude do termo.

#Bolsa Família #Jair Bolsonaro #Lula

Destaque

Sites de apostas entram na mira da Justiça

14/12/2022
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A gestão Bolsonaro não apenas se omitiu quanto à regulamentação das apostas eletrônicas no Brasil como está empurrando para o governo Lula um problema ainda maior. Segundo uma fonte do próprio Ministério da Economia, a Pasta detectou que sites e aplicativos internacionais estão operando irregularmente no país, à margem dos órgãos de controle financeiro e da Receita Federal. A questão é do conhecimento de autoridades policiais e do Ministério Público. De acordo com a fonte do RR, no dia 25 de agosto deste ano, o secretário de Avaliação, Planejamento, Energia, e Loteria do Ministério da Economia, Nelson Leitão Paes, enviou ofícios à Polícia Federal e à Procuradoria Geral da República denunciando a atuação de plataformas de apostas no país “sem a devida autorização e sem qualquer mecanismo de controle, fiscalização ou prestação de contas”. Essas empresas estariam se aproveitando de brechas na legislação ainda em vigor, que proíbem a abertura de filiais ou representações em território brasileiro.  Ainda segundo a fonte da newsletter em seu ofício Leitão Paes citou sites como Dafabet, Betano, NetBet e Betmotion, Betsul, Marsbet. As três primeiras são originárias, respectivamente, das Filipinas, Grécia e Malta. As três últimas têm sede fiscal em Curaçao.  

Procurado pelo RR, o Ministério da Economia se limitou a dizer que a regulamentação das apostas “ainda está em estudo no Governo.” Consultado especificamente sobre a denúncia feita secretário de Avaliação, Planejamento, Energia, e Loteria, a Pasta não se manifestou. O RR perguntou à Polícia Federal e à Procuradoria Geral da República sobre o ofício e se já existem investigações abertas contra os sites de apostas, mas ambas não se pronunciaram. A publicação também buscou contato com Dafabet, Betano, NetBet e Betmotion, Betsul, Marsbet, mas não obteve retorno até a postagem desta matéria. O espaço segue aberto para o posicionamento.  

No fim de 2018, o Congresso aprovou uma nova lei, permitindo a atuação direta de casas de apostas eletrônicas no Brasil, com a abertura de operações locais. No entanto, quatro anos depois, o governo Bolsonaro não regulamentou a matéria. Em 28 de março, o Ministério da Economia enviou uma proposta de regulação para a Casa Civil. Desde então, o texto encontra-se parado na Pasta de Ciro Nogueira. Com isso, os brasileiros seguem apostando exclusivamente em sites no exterior, que não recolhem tributos no país. Estima-se que, com a legalização, a União arrecadaria algo em torno de R$ 7 bilhões por ano. 

#Lula #Ministério da Economia #Receita Federal

Política

Será que a Polícia Rodoviária vai repetir a dose?

14/12/2022
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Assessores de Lula pretendem se reunir nesta semana com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para acertar detalhes do esquema de segurança para a posse do presidente eleito. O próprio Flavio Dino, sucessor de Torres, participará do encontro. Há uma preocupação específica em relação à Polícia Rodoviária Federal. Os auxiliares de Lula vão pedir formalmente a Torres que a corporação não faça operações que possam afetar a chegada de caravanas à Brasília na virada do ano. As ações da PRF no Nordeste no dia do segundo turno ainda estão frescas na memória petista.

#Flavio Dino #Lula #Polícia Rodoviária Federal

Política

Mercadante no BNDES não é um bom sinal. Mas podia ser pior

13/12/2022
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Lula bateu o martelo da nomeação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES na véspera da sua diplomação. A conversa já vinha rolando há um bom tempo, mas o presidente eleito empurrava a definição para frente. A alternativa ao BNDES seria a indicação de Mercadante para a Petrobras. Mas dentro do grupo mais próximo do presidente a nomeação para a petrolífera foi considerada como uma sinalização mais arriscada. O próprio Mercadante concordou. Afinal, o banco de fomento não tem ações em mercado nem o impacto que a estatal tem nas bolsas de valores. Fora o fato de que, pelos notórios eventos pretéritos, a escolha do presidente da Petrobras tem de ser feita com muito carinho.  

 

Havia dúvida como se daria a relação de Mercadante com o futuro ministro da Indústria e Comércio – especula-se que o mais cotado é o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva – tendo em vista o tamanho que o economista possui no PT e junto ao próprio Lula. A pergunta é se o titular do banco não ficaria maior do que o ministro, pilotando um verdadeiro enclave dentro da Pasta. No passado, o excessivo empoderamento do então presidente do BNDES, Guido Mantega, gerou atritos com os ministros Antônio Palocci e Luiz Furlan, além do presidente do BC, Henrique Meirelles. Deu no que deu.  

 

Quanto aos dizeres de Lula de que não fará privatizações, a declaração está em linha com o discurso de campanha e é um recado sobre a linha de atuação que o banco terá sob a gestão de Mercadante. Com certeza, havia outros nomes de gabarito, próximos do vice Geraldo Alckmin e com uma aceitação muito maior pelo mercado. Mas está dado. O sinal não é bom. 

#Aloizio Mercadante #BNDES #Lula #Petrobras

Esportes

CBF ensaia uma triangulação com Lula

13/12/2022
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Há um forte burburinho nos bastidores da CBF de que o ex-presidente do Corinthians Andres Sanchez terá um cargo de peso na entidade, diretamente vinculado ao presidente Ednaldo Rodrigues. Na prática, Sanchez teria mais poderes do que os próprios vice-presidentes da Confederação – entre os quais figura Fernando Sarney, filho de José Sarney. Nesse caso, o que mais chama a atenção é o timing da possível chegada de Sanchez. O ex-presidente do Corinthians, ex-deputado federal pelo PT, é bastante próximo a Lula. Era o mandatário do clube paulista quando da construção da Arena Itaquera pela Odebrecht. Em sua delação, o empresário Emilio Odebrecht teria se referido ao estádio como “um presente para Lula”.

#Andrés Sanchez #CBF #Corinthians #Lula #PT

Política

TCU é território hostil para Jair Bolsonaro

13/12/2022
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Até o início da noite de ontem, o Palácio do Planalto não sinalizou ao TCU se Jair Bolsonaro comparecerá na posse de Bruno Dantas na presidência da Corte, marcada para amanhã, às 9h. No gabinete de Dantas, a presença de Bolsonaro é considerada pouco provável. Primeiro porque Lula e Geraldo Alckmin já confirmaram presença. Além disso, Dantas tem o apoio político de Renan Calheiros, desafeto de Bolsonaro. Como se não bastasse, dentro do TCU Dantas é um dos principais defensores dos processos que investigam possíveis irregularidades no pagamento do Auxílio Brasil.

#Geraldo Alckmin #Jair Bolsonaro #Lula #Renan Calheiros #TCU

Destaque

“Revogaço” do futuro governo mira nos fundos de pensão

12/12/2022
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O “revogaço” que se anuncia no governo de Lula pode envolver também a área de previdência privada. Entidades representativas de beneficiários de grandes fundos de pensão, como Previ e Petros, levaram a assessores do presidente eleito a proposta de reversão da Resolução nº 53 do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), aprovada em março deste ano. A medida alterou as regras para a saída de patrocinadores de fundos de pensão, criando brechas favoráveis aos mantenedores. A resolução permitiu a “rescisão unilateral do convênio de adesão por iniciativa da entidade”, o que é visto por algumas representações de trabalhadores de estatais – ecossistema onde estão as maiores fundações do país – como uma manobra do governo Bolsonaro para flexibilizar a extinção de planos específicos ou mesmo a retirada de patrocinadores.  

Desde então, a medida tem gerado uma barafunda de interpretações conflitantes, inclusive entre as próprias entidades que representam uma determinada categoria. É o caso, por exemplo, dos petroleiros, beneficiários da Petros. A FUP (Federação Única dos Petroleiros) chegou a se manifestar classificando a resolução nº 53 de “falsa polêmica” e afastando o risco de saída de patrocinadores. Por sua vez, o Sindipetro-RJ enxergou ameaças e solicitou ao CNPC consultas públicas para discutir as mudanças.  

#Lula #Petros #Previ #Sindipetro

Política

Jair Bolsonaro não foi presenteado pelo mundo

12/12/2022
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Um indicador curioso de que Jair Bolsonaro virou as costas para o mundo tanto quanto o mundo virou as costas para Jair Bolsonaro. Segundo levantamento já feito pela Presidência da República, Bolsonaro terá direito a levar 42 itens catalogados como presentes de caráter pessoal, recebidos de chefes de estado e autoridades estrangeiras. São oito objetos oriundos de países da América, quatro da Europa, dois da África e 29 da Ásia. Na conta, ressalte-se, não entram itens classificados como de interesse público, que costumam permanecer no acervo da Presidência. Nesse quesito, a diferença do presidente que sai para o presidente que volta é abissal. Em oito anos de governo, estima-se que Lula tenha recebido cerca de 1,4 mil objetos de chefes de estado classificados como de cunho pessoal.  

#Ásia #Jair Bolsonaro #Lula

Política

Fundo do Centro-Oeste vai ter R$ 9,5 bilhões para investir em 2023

12/12/2022
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O Conselho Deliberativo do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) vai se reunir na próxima semana para deliberar sobre o orçamento de 2023. Segundo uma fonte do colegiado, o comitê vai aprovar o montante da ordem de R$ 9,5 bilhões. Será o último encontro durante o governo Bolsonaro. Dentro do próprio Conselho, a expectativa é de mudanças no perfil da carteira com a chegada de Lula à Presidência, com um foco maior, por exemplo, na agricultura familiar. Durante a campanha, o petista sinalizou a possibilidade de criar fundos dentro dos fundos constitucionais (Fundo de Financiamento do Centro-Oeste – FCO; Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE; Ficha de Cadastro Nacional de Empresas – FCN) para financiar especificamente cooperativas agrícolas. 

#FCO #Jair Bolsonaro #Lula

Negócios

Montadoras querem um freio na importação de carros elétricos

8/12/2022
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A Anfavea já fez chegar a assessores de Lula na área econômica o pleito de mudança nas regras de tributação dos carros elétricos importados. As montadoras reivindicam que a isenção de 100% no Imposto de Importação, atualmente em vigor, passe a ser provisória e por um período curto, de no máximo um ano. O argumento é que o atual modelo cria um desequilíbrio competitivo e inibe investimentos na produção de veículos elétricos no Brasil. Na ponta do lápis, a isenção significa um subsídio da ordem de 35% para modelos importados. Em conversa com o RR, a Anfavea afirmou que “para todos os aspectos regulatórios e comerciais, espera que haja previsibilidade e segurança jurídica”. A entidade lembra que “a regra atual de importação de veículos eletrificados não menciona critérios ou datas de validade”. A Anfavea disse ainda à publicação que “defende prioritariamente a fabricação nacional, mas reconhece a grande importância das importações, com critérios bem definidos, para a introdução de novas tecnologias, sobretudo em segmentos de baixos volumes de vendas.” 

#Anfavea #Imposto de Importação #Lula

Destaque

Passado “petista” pesa a favor na sucessão da Polícia Rodoviária Federal

8/12/2022
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O futuro governo avança em um dos mais delicados processos de sucessão no aparelho de segurança pública. O RR apurou que o atual coordenador nacional de Comando e Controle da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Stênio Benevides, é o nome mais cotado para a direção-geral da corporação. Sua indicação partiu do senador eleito Wellington Dias, um dos petistas mais influentes junto a Lula. Benevides foi superintendente da PRF no Piauí durante o governo de Dias. Seu histórico “petista” passa também pelo Ceará e pela proximidade com o ex-governador Camilo Santana. Benevides chefiou a PRF no estado entre 2015 e 2017, durante a gestão de Santana.

Por todas as circunstâncias, a escolha do futuro comandante da Polícia Rodoviária Federal tornou-se um processo relevante, que tem sido cuidadosamente conduzido por auxiliares de Lula. Benevides é tido como um policial com notório grau de influência dentro da corporação e de perfil apaziguador. Ou seja: alguém talhado para asserenar os ânimos interna corporis. As tensões na Polícia Rodoviária Federal se acentuaram no período eleitoral, com as tentativas de instrumentalização da corporação pelo presidente Jair Bolsonaro. O atual diretor-geral, Silvinei Vasques, tido como um bolsonarista de carteirinha, é investigado pela Polícia Federal por suposta omissão em relação aos bloqueios de rodovias por apoiadores do presidente. Some-se a isso as polêmicas operações feitas pela PRF em estradas federais do Nordeste no dia da votação do segundo turno.

#Lula #Polícia Rodoviária Federal #Wellington Dias

Internacional

Casa Branca em dose dupla na posse de Lula

8/12/2022
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O esquema de segurança que está sendo preparado para a posse de Lula passou a contemplar a participação tanto da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, quanto do secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken. No encontro que teve com o presidente eleito na última segunda-feira, em Brasília, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, praticamente confirmou a presença de ambos. Kamala e Blinken chegariam ao Brasil no dia 31 de dezembro e voltariam a Washington na tarde do dia 1º de janeiro, logo após a cerimônia de posse.

#Estados Unidos #Kamala Harris #Lula

Política

Denúncias no Butantan respingam em candidato a ministro da Saúde

8/12/2022
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As denúncias de irregularidades contra o ex-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, têm mobilizado assessores mais próximos de Lula. O entendimento é que o episódio pode ter um peso razoável na escolha do futuro ministro da Saúde. Ainda que indiretamente, a escalada de acusações ricocheteia no médico David Uip, amigo pessoal de Lula e um dos cotados para o cargo. Uip era o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do governo João Doria e chefe de Covas. 

#Butantan #Lula #Ministério da Saúde

Internacional

Exportadores de arroz reivindicam prorrogação de acordo comercial com México

8/12/2022
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Grandes produtores de arroz têm mantido conversações com Neri Geller e Carlos Fávaro, dois dos principais assessores de Lula para o agronegócio. Em pauta, o pleito para que o futuro governo negocie a renovação do acordo tarifário com o México para a exportação do cereal. O tempo é curto: o tratado vence em fevereiro, já no segundo mês da gestão do petista. Graças ao acordo, que dá isenção ao arroz em casca brasileiro, as exportações do produto para o México saltaram de 32 mil toneladas em 2021 para 60 mil toneladas, volume estimado para este ano. Geller e Fávaro já sinalizaram aos ruralistas a possibilidade de Lula viajar ao México em janeiro, para uma visita oficial ao presidente Manoel Lopez Obrador. O agronegócio brasileiro torce para a conversa acabar com um bom risoto tributário.

#Agronegócio #Lula #México #Neri Geller

Política

O sindicalista que correu por fora

8/12/2022
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Embora não faça parte formalmente da equipe, o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, vem ganhando espaço nas discussões conduzidas pelo grupo de transição da área de Trabalho e Previdência. Entre outros temas, Neto tem levado a assessores de Lula projetos de capacitação da mão de obra, que seriam tocados pelo Ministério do Trabalho, e propostas para o fortalecimento das negociações coletivas entre sindicatos e empresas. A proximidade com a CSB é um afago político de Lula ao PDT e, especial, ao presidente do partido, Carlos Lupi, próximo a Antonio Neto. Entre todas as grandes centrais sindicais do país, a entidade foi a única que não apoiou o petista nas eleições. Ficou ao lado de Ciro Gomes.

#Antonio Neto #Central dos Sindicatos Brasileiros #Lula

Política

Lara Resende e Pérsio Arida preparam nova âncora fiscal

7/12/2022
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O novo arcabouço fiscal será anunciado em fatias, com as primeiras regras podendo ser apresentadas ainda durante a Copa do Mundo. A arquitetura final para substituição do teto junto com a rearrumação da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Regra de Ouro – criando um marco regulatório fiscal – tem o prazo de conclusão até o segundo semestre de 2024. A engenharia é de André Lara Resende e Pérsio Árida, ambos principais colaboradores na construção de uma nova âncora para o equilíbrio das contas públicas. Os dois economistas, que participam do grupo de transição na área econômica, não pretendem ter cargos no governo, mas aceitaram continuar colaborando na equação do imbróglio fiscal a partir uma instância não executiva, a exemplo do Conselho Econômico que o presidente Lula pretende criar. Lara Resende e Arida pertencem à cota de Alckmin. Ambos foram chamados devido a sua originalidade para encontrar soluções fora da curva na área econômica, vide o Plano Real, além do apoio de primeira hora à candidatura de Lula.  O prazo mais largo para a divulgação da nova arquitetura fiscal tornou-se bem mais acessível devido à PEC da Transição. Ela garantirá durante um biênio os gastos de um Bolsa Família vitaminado com alguns programas sociais, liberando espaço no orçamento e facilitando a arrumação dos números do governo.  Serão ao menos dois anos de waiver que permitirão aos economistas entregarem sua encomenda com consistência, após uma verdadeira auditoria das contas públicas. Pérsio Arida, que chegou a colocar um pé no Ministério da Fazenda, abdicou de um eventual convite devido às resistências ao seu nome pelo PT. Ser ministro da Fazenda de uma gestão cujo partido tem rejeição ao seu nome logo na primeira hora não é uma boa condição de governança.   

Já Lara Rezende provoca um certo frisson no mercado devido às suas conceituações acadêmicas a respeito das novas teorias que relativizam a importância do crescimento e risco de solvência da dívida pública interna. O economista, contudo, conforme apurou o RR, não vai misturar suas concepções teóricas com as medidas monetárias e fiscais. Lara Resende manja das paúras do mercado. No momento, ele está debruçado em engendrar uma solução para fazer com que o passivo interno sirva de âncora fiscal em paralelo com um Banco Central independente. Como se sabe o principal componente do crescimento dívida interna são os juros. Se a Selic sobe um ponto percentual, por exemplo, já faz um estrago no endividamento interno, forçando a um aumento de um resultado primário bem maior.  

Uma das decisões já tomadas será a adoção da dívida interna líquida como indicador no lugar da dívida bruta. A medida é tecnicamente defensável. Ela reduz o tamanho do passivo da União, na medida em que, entre outros critérios de contabilidade, desconta as reservas cambiais de mais de R$ 1,6 trilhão cálculo do endividamento. Os economistas mais ortodoxos dirão que a iniciativa é mera prestidigitação. Afinal, muda-se a métrica, mas a dívida no fundo permanece a mesma. Os economistas tucano-petistas, enquanto estudam novas fórmulas, vão discutindo de onde tirar recursos para tapar buracos fiscais em consonância com receitas para o aumento de investimentos. Uma das ideias é propor uma reforma tributária antes de apresentar a nova fórmula que substituirá o teto de gastos – a priori o teto seria mantido durante os dois primeiros anos de governo.  

Outra proposta é subtrair dos incentivos fiscais um montante generoso para rearrumação do orçamento. Já existem algumas contas que preveem recursos adicionais de mais de R$ 1 trilhão, em quatro anos, somente com a redução de 30% dos incentivos, retorno ao regime anterior do ICMS de combustíveis e energia e a mudança da estrutura tributária. Com concessões, o cálculo é que os recursos já compromissados pelo governo Bolsonaro e os pretendidos pelo futuro governo Lula cheguem próximos a R$ 1,5 trilhão. Em compensação, irão secar as verbas oriundas das privatizações. Há muito mais receitas a serem capturadas. Na equipe de transição, existe quem aposte que esses trilhões de reais podem aumentar ainda bastante, dependendo do crescimento do PIB e aumento da arrecadação. Na pauta está ainda uma fórmula para desmobilização dos ativos imobiliários da União, medida que Paulo Guedes namorou durante a gestão Bolsonaro inteira, mas não conseguiu levar a frente. Mas vem mais por aí, bem mais. Aguardemos a porção criativa da dupla André Lara Resende e Pérsio Arida. 

#Bolsa Família #Lula #Pérsio Arida

Destaque

Brasil pode perder mais de 20 milhões de vacinas contra a Covid até 31 de janeiro

7/12/2022
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Logo em seu primeiro mês – e nem um dia a mais – o governo Lula terá um grave problema na área de saúde pública para resolver. Segundo o RR apurou, há cerca de 20 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 nos estoques do Ministério da Saúde com validade somente até 31 de janeiro. Ou seja: essa enorme quantidade de imunizantes – equivalente a quase 10% da população brasileira – poderá ser perdida se não for aplicada nesse período. Tomando-se como base o custo médio de cada dose para o governo – algo em torno de R$ 30 -, significa dizer que aproximadamente R$ 600 milhões podem escorrer ralo abaixo. Consultado pelo RR, o Ministério da Saúde não informou especificamente o número de vacinas em estoque com vencimento até a data de 31 de janeiro. A Pasta confirmou somente o que já se sabia, ou seja, que “19.466.442 de pessoas estão em atraso com a segunda dose do esquema primário da vacina contra Covid-19”. Ainda segundo o Ministério, outros “69.153.023 estão em atraso com a primeira dose de reforço e 31.024.261 ainda não tomaram a segunda dose de reforço.” No país em que o chefe de governo atacou e ironizou a vacina por tantas vezes não chega a ser uma surpresa.  

O RR perguntou também ao Ministério da Saúde se há alguma nova campanha em estudo para estimular a população a se vacinar. A Pasta disse que “reforça constantemente, por meio de campanhas de comunicação e ações divulgadas nos canais oficiais, a importância da população completar o esquema vacinal com as doses de reforço indicadas para cada idade, garantindo assim a máxima proteção contra o vírus, e também recomenda que estados e municípios realizem a busca ativa da população que ainda não completou o esquema vacinal.” Ou seja: ao que tudo indica, vai sobrar para o próximo governo o desafio de lançar uma campanha emergencial e em tempo exíguo para expor publicamente a gravidade do problema e evitar a perda de milhões de doses de vacina. 

#Covid-19 #Lula #Ministério da Saúde

Internacional

Portugueses miram investimentos em infraestrutura no Brasil

5/12/2022
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O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, vai aproveitar sua vinda à posse de Lula, em janeiro, para entabular uma agenda de encontros com o futuro governo. O pedido já foi encaminhado a assessores de política externa do PT. Segundo uma fonte da equipe de transição, no encontro que tiveram em Lisboa no mês passado, Costa externou a Lula o interesse de grupos privados portugueses de infraestrutura de investir no Brasil.

#António Costa #Lula #Portugal

Política

Ibama pode ser um pedaço de Simone Tebet no latifúndio de Marina

2/12/2022
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O nome de Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico do Mato Grosso do Sul, vem ganhando força para assumir o Ibama no próximo governo. Trata-se de uma indicação de Simone Tebet para um território que, em tese, pertence a Marina Silva, a mais cotada para a Pasta do Meio Ambiente. O comando do Ibama terá uma importância redobrada na gestão Lula. Caberá à nova direção “desmontar o desmonte” feito na era Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente. Muita boiada passou pelo Instituto à revelia do seu competente corpo técnico.

#Ibama #Lula #Simone Tebet

Destaque

Há um silêncio profundo sobre a crise fiscal dos estados

2/12/2022
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A absoluta ausência de interlocução com o futuro governo já está levando os secretários estaduais de Fazenda a discutirem ações mais contundentes. Segundo o RR apurou, uma das ideias debatidas no âmbito do Consefaz é uma manifestação pública e conjunta sobre a grave crise fiscal das unidades federativas, com o objetivo de criar constrangimento ao próprio Lula. Até o momento, de acordo com a mesma fonte, os secretários estaduais sequer conseguiram formalizar um canal de interlocução com assessores do presidente eleito na área econômica, não obstante as tentativas de agendar uma reunião conjunta em Brasília.

Os estados têm uma bomba fiscal armada para o ano que vem: uma queda de arrecadação estimada em R$ 124 bilhões. O valor se refere às perdas causadas pelas Leis 192 e 194, que alteraram as regras do ICMS sobre os setores de combustíveis, energia elétrica, transportes e serviços de comunicação. Oito estados já conseguiram uma liminar no STF para reduzir o pagamento de suas dívidas à União como forma de compensar a perda de arrecadação com ICMS. Essa lista tende a crescer. Ontem, a secretaria de Fazenda de Goiás, Cristiane Alkmin, anunciou a intenção do estado de também acionar o Supremo. Mesmo com a fileira de processos no STF, há secretários de Fazenda que pregam uma postura ainda mais forte das unidades federativas diante da crise que se avizinha. Nesse caso, o entendimento é que a reação dos estados ainda não foi à altura do que os governadores chegaram a propalar.

A bola de neve vem crescendo mês a mês. Em outubro, a arrecadação dos estados e do Distrito Federal com o tributo caiu 13,2% em comparação com o mesmo período no ano passado. A perda de receita nos setores de energia e de petróleo foi, respectivamente, de 50% e 25%. Em todas as unidades da federação, a variação do ICMS foi inferior ao IPCA entre outubro de 2021 e outubro deste ano.

#Consefaz #Lula #STF

Justiça

Uma jurista negra para o lugar de Lewandowski?

1/12/2022
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No entorno de Lula, há quem defenda que ele indique uma jurista negra para a vaga de Ricardo Lewandowski, que se aposentará no STF em maio. Um dos nomes cogitados é o da advogada baiana Vera Araújo.  A jurista tem uma longa trajetória vinculada à área de direitos humanos. Entre outros postos, ocupou a Secretaria Adjunta de Igualdade Racial do Distrito Federal e foi diretora executiva da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap). Em maio deste ano, figurou na lista tríplice de candidatos a ministro-substituto do TSE formulada pelo Supremo Tribunal Federal. No entanto, acabou preterida pelo presidente Jair Bolsonaro. Em tempo: cabe lembrar que Joaquim Barbosa, indicado para o STF pelo então presidente Lula, foi o primeiro negro a presidir a Suprema Corte brasileira.

#Jair Bolsonaro #Lula #Ricardo Lewandowski

Destaque

Shell revê sua atuação em exploração e produção no Brasil

1/12/2022
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A Shell também vive um momento de transição no Brasil. De acordo com uma fonte ligada à própria companhia, os anglo-holandeses estão reavaliando sua estratégia na área de exploração e produção de petróleo no país. Segundo o RR apurou, um dos cenários discutidos contempla a possibilidade da empresa deixar de atuar como operadora no país. Ou seja: a Shell se limitaria a participações societárias menores em parceria com outras petroleiras, que assumiriam a gestão dos blocos. O timing da “transição” não seria mera coincidência. Às vésperas do retorno de Lula ao Poder, talvez a companhia esteja se adequando, desde já, a uma política, digamos assim, mais “petista” para a indústria de óleo e gás. No setor, por exemplo, já há quem associe a volta do ex-presidente a um novo aperto nas regras sobre conteúdo nacional, amarras que foram sendo desafrouxadas nas gestões Temer e Bolsonaro.

O que vai sair de dentro da concha da Shell em relação ao Brasil ainda é uma incógnita. No entanto, a companhia já tem feito alguns movimentos que sinalizam uma mudança de rota no Brasil. De acordo com a mesma fonte, a empresa procura um comprador para a sua parte no Parque das Conchas (BC-10), que reúne três campos em águas profundas na Bacia de Campos. Sua fatia acionária é de 50% – o restante do capital está dividido entre a indiana Oil and Natural Gas Corporation (27%) e a Qatar Petroleum International (23%). A companhia teria planos de se desfazer também de sua participação no projeto Gato do Mato, na Bacia de Santos. Na semana passada, os anglo-holandeses anunciaram o adiamento dos investimentos no campo. Some-se ainda o fato de que a Shell está descomissionando o campo de Bijupirá-Salema, na Bacia de Campos, do qual é acionista majoritária (80%) e operadora. O pouco que ainda resta de produção na área deve ser definitivamente suspenso no ano que vem. 

Em contato com o RR, a Shell informou que “Como acontece em todos os ativos em nosso portfólio, estamos sempre revendo nossas posições, o que é rotina numa atividade de gestão de portfólio.” Sobre Gato do Mato, a empresa confirmou a decisão “de estender o prazo de avaliação do projeto. Com o forte aumento de custos no mercado registrados no último ano e com a persistente incerteza, precisaremos de mais tempo para reavaliar o escopo, o desenvolvimento e a estratégia de contratação do campo.” Em relação à BC-10, a empresa garante que “nenhuma decisão de saída do negócio foi tomada e nós contratamos recentemente uma sonda que fará o trabalho de MOBO e infill. As atividades de integridade do ativo estão sendo realizadas de maneira contínua, e estamos aprofundando os trabalhos referentes ao futuro descomissionamento de BC-10.” O RR perguntou especificamente à Shell sobre a possibilidade de a empresa deixar de atuar como operadora no Brasil. O que disse a companhia? “Continuamos a explorar opções para ampliar nossa presença em águas profundas, como operadores ou não, como demonstramos nos últimos leilões.” Para bom entendedor…

#Lula #Shell

Internacional

Colômbia quer participação de Lula no acordo de paz com guerrilheiros

1/12/2022
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez chegar a assessores de Lula o convite para que o futuro governo brasileiro participe das negociações para um acordo de paz com o Exército de Liberação Nacional (ELN). Petro está retomando as tratativas com a organização guerrilheira colombiana, suspensas há quatro anos – curiosamente, em sua juventude, ele próprio participou de um grupo similar, o extinto M19. Venezuela, Cuba e Noruega já participam do processo de diálogo. No entanto, a atuação direta do Brasil, maior liderança geopolítica da América do Sul, daria outro peso à condução das negociações. Some-se o fato de que o acordo de paz é do interesse brasileiro.  

Ainda que as principais bases de operação do ELN, última guerrilha ativa na Colômbia, se concentram na fronteira com a Venezuela, a organização tem ramificações no Brasil há tempos investigadas por órgãos de Inteligência. Há suspeitas de ligações com o Comando Vermelho, maior facção criminosa do Rio de Janeiro. Trata-se de um tema que, não é de hoje, mobiliza a Defesa dos dois países. Em novembro de 2019, por exemplo, o então comandante do Exército da Colômbia, general Nicácio Martínez Espinel, reuniu-se, em Brasília, com o general Edson Pujol, à época no Comando do Exército brasileiro. Consta que, entre outros assuntos, discutiram ações conjuntas de enfrentamento do ELN. 

#Colômbia #Gustavo Petro #Lula

Destaque

Agronegócio ergue uma barricada contra novos tributos

30/11/2022
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O agronegócio já se mobiliza para ceifar pela raiz diferentes propostas de aumento da tributação do setor que começam a brotar tanto no âmbito estadual quanto na esfera federal. Segundo o RR apurou, grandes ruralistas do Mato Grosso pressionam o governo local para derrubar o projeto de implantação do Fundo de Infraestrutura do Estado, a partir da criação de uma nova taxa sobre produtos agropecuários. Curiosamente, a iniciativa foi desenhada para trazer benefícios ao próprio agronegócio. Parte dos recursos do fundo serão destinados não apenas à construção ou reforma de rodovias vitais para o escoamento da produção agrícola do estado – caso da BR-163 -, mas também para a melhoria da estrutura de armazenamento de grãos no estado. Trata-se de um problema grave: Mato Grosso tem um déficit de estocagem equivalente a mais de 50% da sua safra, notadamente de soja. Ainda assim, o setor quer barrar a criação do Fundo de Infraestrutura, a exemplo do que já acontece em outros estados. É o caso de Goiás, onde a criação de um mecanismo similar – o Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) – enfrenta forte pressão contrária dos grandes empresários do agronegócio. A proposta de taxação de 1,65% sobre produtos agrícolas já foi aprovada em 1º turno na Assembleia Legislativa. No entanto, a votação em segundo turno teve de ser adiada após protestos de agricultores.

Além da ofensiva contra o Fundo de Infraestrutura, o sistema “imuno-tributário” do agronegócio já começa a criar anticorpos contra uma proposta que circula aqui e ali na equipe de transição do governo Lula: a criação de um imposto sobre a exportação de produtos agrícolas. A ideia não é nova: mais recentemente, chegou a ser estudada pela equipe de Paulo Guedes. O agronegócio chiou, como chia também agora. De acordo com informações apuradas pelo RR, o setor – por intermédio de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do próprio Lula – já fez chegar a assessores do petista sua objeção ao projeto. 

O agronegócio parece viver em um mundo próprio, como se fosse uma República aparteada do Brasil. Não há contribuinte que goste de mais imposto. Até aí, morreu Neves. No entanto, se há um setor da economia que poderia contribuir um pouco mais para iniciativas específicas, como o aumento da taxação atrelado a investimentos em infraestrutura, por exemplo, é o agronegócio. Há uma percepção de que, proporcionalmente, o segmento paga menos tributos do que poderia, vis-à-vis sua pujança. 

No ano passado, as exportações agropecuárias somaram mais de US$ 120 bilhões. O argumento de que a competitividade das exportações seria afetada por um novo gravame, como o imposto sobre exportações, por exemplo, não encontra eco na realidade. Mesmo em período de fortes turbulências na economia global, o volume de venda das seis principais commodities comercializadas pelo Brasil (responsáveis por mais de 50% dos embarques para o exterior) segue sempre crescente há mais de uma década.

#Agronegócio #Fundo de Infraestrutura #Lula

Política

Conclusão do Censo pode cair no colo do governo Lula

30/11/2022
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Assessores do ministro Paulo Guedes e auxiliares da equipe de transição de Lula já discutem a hipótese de prorrogação do Censo até o próximo ano. A princípio, o encerramento do trabalho de campo está previsto para dezembro. No entanto, dentro do próprio IBGE, há um consenso de que o processo de levantamento dos dados tem sido duramente afetado pela falta de verbas, ameaçando a qualidade do resultado final. Um dos problemas mais graves é a fuga de recenseadores, que abandonaram o trabalho devido à baixa remuneração. Há cerca de dez dias, o governo Bolsonaro editou às pressas uma MP autorizando a contratação de novos funcionários sem processo seletivo para ocupar os postos vagos. Até o momento, a menos de um mês das festas de fim de ano, apenas 65% do Censo foram concluídos.

#IBGE #Lula #Paulo Guedes

Negócios

É recomendável ler a economista Esther Dweck

29/11/2022
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Há um novo best-seller no mercado – leia-se mercado como o mundo das instituições financeiras. Trata-se da “Economia Pós-Pandemia – Desmontando os mitos da Austeridade Fiscal e Construindo um Novo Paradigma Econômico”. O título já diz do que se trata. A demanda pela obra, porém, atrai mais por uma das organizadoras da coletânea de artigos do que pelo próprio enunciado do livro. Trata-se da economista Esther Dweck, braço direito de Nelson Barbosa, considerado pule de 10 para o cargo de ministro do Planejamento. É ela que acompanha Barbosa nas reuniões com integrantes do atual governo, a exemplo de Paulo Guedes. O livro pode levar ao suicídio os banqueiros e financistas que acreditarem estar ali a síntese maior do pensamento econômico do PT a ser aplicada em uma futura política econômica. É bom que Lula se informe direitinho sobre os motivos da queda da primeira-ministra inglesa, Liz Truss. Sua receita para área fiscal era bem mais suave do que a preconizada no livro-bomba.

#Esther Dweck #Lula #PT

Política

As digitais de Belluzzo no futuro governo

29/11/2022
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O economista Luiz Gonzaga Belluzzo pertence à categoria dos perpétuos. Belluzzo, que esteve na comissão de frente do Plano Cruzado e palpitou em diversos outros planos, é conselheiro de Lula desde os primórdios. Não bastasse a estreita aproximação com o presidente, o economista emplacou seu sobrinho, Guilherme Mello, no Comitê de Transição do Planejamento e Orçamento. Mello tem pouco mais de 30 anos, estudou na Unicamp e é tido como geniozinho. Foi ele que acompanhou Nelson Barbosa, virtual ministro do Planejamento, no encontro da última quinta-feira com o ministro Paulo Guedes. Mello é tido como um dos quadros técnicos certos do futuro governo. Mas, voltando ao professor Belluzzo, este está cada vez mais parecido com um monge. Vive aficionado por livros de história e considerando o presente um apêndice menor no cotejamento com os fatos pretéritos. Não é possível esquecer que Belluzzo, uma pessoa doce e um intelectual sofisticado, apoiou as políticas econômicas do governo de Dilma Rousseff.

#Dilma Rousseff #Luiz Gonzaga Belluzzo #Lula

Destaque

China manifesta interesse em investir em energia nuclear no Brasil

29/11/2022
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O RR apurou que a China já fez chegar a auxiliares do presidente eleito Lula o interesse em participar de projetos para a expansão do parque nuclear brasileiro. Por meio da estatal CNCC (China National Nuclear Corporation), os chineses estariam dispostos a firmar parceria tanto para a conclusão das obras de Angra 3 quanto para a construção de novas usinas atômicas no país. Ainda que, por ora, sejam apenas acenos preliminares, não é de hoje que a China vem tentando se posicionar como parceira do governo brasileiro na área de energia nuclear. Em 2019, emissários da CNCC abriram tratativas com o então ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, e com a direção da Eletronuclear. À época, uma comitiva da estatal chinesa chegou a visitar as instalações de Angra 3, cujas obras estão paradas desde 2015. No entanto, as conversações ficaram pelo caminho, muito em razão da inclinação do governo Bolsonaro pró-Rússia. Em setembro do ano passado, a Eletronuclear e a estatal russa Rosatom firmaram um memorando de entendimentos para transferência de tecnologia nuclear e gestão e construção de usinas. Desde então, a Rússia tornou-se o mais próximo de um parceiro estratégico do Brasil em geração nuclear. Ao menos no papel, já que na prática o acordo com a Eletrobras não rendeu qualquer consequência efetiva até o momento.

Qualquer iniciativa do futuro governo Lula no sentido de expandir a produção de energia nuclear no Brasil seria uma revisita ao passado do próprio PT. Durante seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff anunciou o plano de construir quatro novas geradoras atômicas até 2030 – ao menos duas das novas plantas ficariam no Nordeste. Agora o tema volta à baila. Mauricio Tolmasquim, um dos principais formuladores do programa de Lula para a área de energia, já disse publicamente da intenção do futuro governo de investir em energia nuclear e de buscar parceiros privados. Nesse caso, as circunstâncias podem favorecer tratativas com Pequim para eventuais investimentos conjuntos. Neste momento, em função da guerra contra a Ucrânia, qualquer parceria com a Rússia, de Vladimir Putin, traz inevitavelmente uma carga de desgaste e de pressões contrárias. Sobretudo tratando-se de uma área tão sensível, como a energia atômica, visceralmente imbricada com a própria segurança nacional. A guerra entre Rússia e Ucrânia e as tensões entre China e Taiwan aumentaram as preocupações internacionais em relação a novos projetos que envolvam energia atômica. O próprio Brasil, por exemplo, não tem conseguido aval da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a construção de seu primeiro submarino de propulsão nuclear.

#China #CNCC #Eletrobras #Lula

Internacional

Lula poderá visitar presidente mexicano em dezembro

29/11/2022
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Lula foi convidado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador para uma visita “pré-oficial” à Cidade do México em dezembro. O encontro entre ambos deveria ter ocorrido na sexta-feira passada, por ocasião da reunião de cúpula da Aliança do Pacífico. No entanto, Lula cancelou a viagem por recomendação médica, após a cirurgia na garganta. A interlocução do presidente eleito com López Obrador é, desde já, um sinal promissor para os exportadores brasileiros. O Brasil responde hoje por apenas 3% de todas as importações mexicanas. A baixa inserção comercial é alimentada por uma série de travas alfandegárias. Cerca de 60% dos produtos vendidos pelo Brasil ao México são sobretaxados.

#Lula #México

Política

O nome da vez para a Secretaria de Segurança Pública

28/11/2022
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O RR apurou há pouco que o ex-governador do Ceará Camilo Santana tenta emplacar o delegado da Polícia Federal Sandro Caron na Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça do governo Lula. A articulação tem, inclusive, causado desconforto dentro do PT, uma vez que a indicação de Caron passa ao largo de Flavio Dino, o mais cotado para assumir a Pasta da Justiça. Santana chegou a trabalhar anteriormente pela nomeação do delegado para a direção geral da própria PF. Essa hipótese ainda não está de todo descartada. No entanto, enfrenta resistências do próprio PT em função do passado lavajatista de Caron. O delegado comandava a Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da Polícia Federal durante a Operação que levou Lula para a cadeia. 

#Camilo Santana #Lula #Polícia Federal

Economia

A herança maldita na economia

28/11/2022
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Espera-se de Lula um choque de sorriso na Nação, que suportou  quase quatro anos a carranca do presidente Jair Bolsonaro. Mas o Brasil que aguarda o petista não é nada risonho. Em 2023, o PIB poderá “crescer” 0% ou até ser negativo, dependendo da economia global, do que vai ser feito das contas fiscais e da política monetária – o Boletim Focus projeta, com otimismo, um PIB de 0,7%. A Selic, que se encontra em 13,75% pode bater em 15%, conforme se comenta no mercado. O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, usando a linguagem cifrada do mercado, sinaliza que os 15% podem, sim, estar no radar.  

A Selic está sendo arrastada para cima por uma carestia resiliente, cuja projeção para o IPCA está hoje em 5,01%, que dependendo da lassidão fiscal e da cada vez mais provável tempestade da economia global, ameaçar chegar a 7%, em 2023. A meta de inflação ficaria a ver navios e o BC teria de derrubar a atividade econômica, com o risco de uma recessão no primeiro ano do novo governo. O desemprego, que vai fechar o ano em pouco mais de 8%, terá no barato, em 2023, um aumento para 9%, e namora um índice de 11%. Ou seja: os indicadores macroeconômicos do último ano da gestão Bolsonaro serão certamente melhores do que os dos primeiros 12 meses do governo Lula. A herança da economia já é maldita. Não precisam os próceres do PT piorar as expectativas com suas declarações fora de hora e destituídas de conhecimento do assunto.

#Jair Bolsonaro #Lula #Selic

Política

Posse de Lula é a nova missão de Janones nas redes

28/11/2022
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André Janones está encarregado de cuidar da transmissão da posse de Lula nas redes sociais. Uma das ideias do deputado federal é montar uma espécie de pool entre importantes influencers apoiadores do presidente, liderado por Felipe Neto. Janones, que se notabilizou por enfrentar a campanha de Jair Bolsonaro no terreno onde Carlos Bolsonaro sempre deitou e rolou – as mídias digitais -, tem planos ousados. Diz a quem quiser ouvir no entorno de Lula que a posse será o assunto mais comentado no Twitter em todo o mundo no dia 1º de janeiro.  

#André Janones #Lula

Política

Paulo Guedes “apoia” Nelson Barbosa no próximo governo

25/11/2022
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O ministro Paulo Guedes, seja qual for sua intenção, tem dito a diversos interlocutores que o ex-ministro Nelson Barbosa, pertencente aos quadros da FGV e hoje integrando o comitê de transição, será ministro de alguma Pasta da Economia no governo Lula. Guedes se encontrou com Barbosa para as primeiras conversas voltadas à transferência de todas as informações consideradas relevantes pelo comitê de transição. O papo entre ambos foi descontraído e afável. Guedes colocou o Ministério da Economia inteiramente à disposição para colaborar em todas as demandas. Guedes considera Barbosa o economista mais bem equipado entre os que estão disputando o rally do Ministério da Fazenda e, em segundo lugar, o do Planejamento. Com relação a Fernando Haddad, acha um despropósito a comparação de que o ex-ministro da Educação poderia ter um papel similar ao de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. “Há uma diferença abissal entre ambos”, teria dito.  

Guedes acha que Haddad conhece somente os rudimentos da economia e não tem a dimensão pública de FHC. Quanto a Persio Árida, o ministro da Economia o detesta, como também detesta o economista André Lara Resende. Ele acha ambos despreparados, desatualizados e com formação acadêmica insuficiente. A recíproca também é verdadeira. A “campanha soft” de Guedes pró-Barbosa é o tipo de apoio que ninguém quer. Imagine só, nas atuais circunstâncias, receber a pecha de ser o candidato do “Beato Salu”. 

#FGV #Lula #Nelson Barbosa #Paulo Guedes

Destaque

Assessores de Lula traçam plano para a segurança das fronteiras

25/11/2022
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A equipe de transição do governo Lula para a área de Justiça e Segurança Pública está tracejando as primeiras linhas de um plano de combate ao crime organizado especificamente em regiões de fronteira. Nesse caso, o PT deverá beber na fonte do próprio PT. Uma das ideias é a criação de um programa nos moldes do Enafron (Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras), instituído no primeiro mandato de Dilma Rousseff e que acabaria perdendo fôlego nos anos seguintes. Por ora, como tudo na equipe de transição, as discussões são embrionárias. Mas, de acordo com a fonte do RR, um dos pilares desse “Enafron versão 2023” seria a implantação de uma força especial de segurança dedicada exclusivamente ao trabalho de investigações e de ações de campo em áreas de divisa. Essa corporação reuniria agentes oriundos da Polícia Federal e das Polícias Militares e Civis, guardadas as devidas proporções em um modelo similar ao da FNS (Força Nacional de Segurança), que reúne agentes de segurança das polícias estaduais. Ela atuaria lado a lado com as Forças Armadas.  

As discussões em torno do tema têm sido conduzidas pelo próprio Flavio Dino, principal candidato a ministro de Justiça e responsável pelo tema “fronteiras” na equipe de transição, e pelo ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, que responde pela “subpasta” de milícias e crime organizado. Entre os integrantes do Comitê de Transição circula, inclusive, um relatório de 236 páginas elaborado em 2016, uma tentativa do então presidente Michel Temer de revitalizar o próprio Enafron – à época, quem estava à frente da Pasta da Justiça era o hoje ministro do STF Alexandre de Moraes.  

Fatos recentes compartilhados pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal com o comitê de transição têm alimentado entre os auxiliares de Lula o senso de urgência em relação ao tema. Um exemplo: investigações da área de Inteligência da PF indicam a participação do Exército de Libertação Nacional no assassinato de quatro garimpeiros em Roraima, no último mês de agosto. A referida organização é um braço da extinta (?) FARC que fincou raízes na Venezuela e já tem ramificações em território brasileiro.  

#Alexandre de Moraes #Força Nacional de Segurança #Forças Armadas #Lula #PT

Política

Fernando Pimentel desponta como candidato ao “Conselhão”

25/11/2022
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Gleisi Hoffmann tem defendido o nome do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel para comandar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, cuja recriação já foi publicamente anunciada por Lula. Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio de Dilma Rousseff, Pimentel tem bom trânsito junto a diversos setores abrigados sob o guarda-chuva do CDES, tais como o empresariado, entidades da sociedade civil e movimentos sindicais. Uma contraindicação seria o fato de o ex-governador carregar máculas da Lava Jato: chegou a ser condenado a dez anos. Mas, assim como o futuro presidente da República, posteriormente a própria Justiça anularia a condenação.

#Dilma Rousseff #Fernando Pimentel #Gleisi Hoffmann #Lula

Política

Janja pode ter um duplo papel na posse de Lula

25/11/2022
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A colunista Malu Gaspar, de O Globo, trouxe uma das possibilidades de quem poderia substituir Jair Bolsonaro na passagem da faixa presidencial a Lula: um grupo de pessoas que representaria a diversidade do povo brasileiro, ou seja, um indígena, um negro, uma mulher, um trabalhador urbano e outro rural, além de um estudante. Pode ser que role. Mas há um detalhe nessa hipótese que cala fundo no coração de Lula. Trata-se da sugestão de Gleisi Hoffmann de que a mulher do grupo seja a primeira dama Janja. Gleisi é amicíssima de Janja.  

Lula quer emponderar a esposa o máximo possível. A participação de Janja no governo e em eventos simbólicos seria a forma de demonstrar respeito, reconhecimento e admiração pelas mulheres. Afinal, elas foram suas principais eleitoras. Em tempo: Janja já está incumbida da organização de toda a cerimônia de posse. O que dizer?  Amor, distinção do papel da mulher e empoderamento da companheira do lar são boas mensagens para o início de mandato. Bem melhor do que a simbologia da passagem da faixa por um carrancudo e raivoso Jair Bolsonaro

#Gleisi Hoffmann #Jair Bolsonaro #Janja #Lula

Destaque

Sucessão no Sebrae Nacional deflagra uma guerra interna

24/11/2022
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Há uma guerra intestina envolvendo o comando do Sebrae Nacional. O atual presidente, Carlos Melles, quer continuar no cargo e disputa o posto com seu diretor de administração e finanças, Eduardo Diogo. Não se trata de um duelo de tapas e beijos. Mas de tiro, porrada e bomba. O contencioso entre ambos é aberto a todas as entidades que formam o Conselho do Sebrae. Melles já teve sua candidatura lançada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Diogo cabala apoios.  

A corrida pelo cargo é aceleradíssima, porque o presidente nomeado pelas entidades estatutárias pode ser destituído pelo futuro governo. Destituir um presidente eleito pelas entidades de classe é certamente mais difícil do que retirar um mandatário eleito pelos trâmites normais. O PT tem apreço pela presidência do Sebrae. Não custa lembrar que Paulo Yamamoto, o assessor mais próximo de Lula, já esteve à frente da instituição. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano, quer o cargo, e é provável que tenha o apoio do PT. O sociólogo Luiz Barreto Filho, que já foi presidente do Sebrae, corre por fora. 

#Lula #PT #Sebrae

Negócios

Destino da Oi deve ficar nas mãos de quem a criou

24/11/2022
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O mundo dá mesmo muitas voltas. Por um capricho do destino, o futuro da Oi deverá ficar nas mãos do governo do PT – onde nasceu o projeto da “supertele” brasileira, idealizado por José Dirceu ainda na gestão Lula. O fim ou não da recuperação judicial (RJ) da Oi depende basicamente da posição do Banco do Brasil e da Caixa, ou seja, na última linha, de uma decisão do governo brasileiro. Nestas últimas semanas da gestão Bolsonaro, não tem muita conversa. Segundo o RR apurou, a disposição da direção dos dois bancos federais, credores da companhia, é uma nova ofensiva na Justiça para brecar o levantamento da recuperação judicial nas atuais condições. Ambos alegam que a operadora não estaria cumprindo cláusula do plano de recuperação judicial que prevê o uso de recursos provenientes da alienação de ativos móveis para quitar dívidas quirografárias. Travam, portanto, uma queda de braço com o Ministério Público do Rio, que quer encerrar a RJ.  

#José Dirceu #Lula #Oi #PT

Política

Trigo transgênico é a semente da discórdia

24/11/2022
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Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) tem buscado canais de interlocução com o Comitê de Transição com o objetivo de barrar a venda de trigo transgênico no país. Assessores de Lula vêm sendo municiados com relatórios acerca dos danos potenciais à saúde causados pelo produto. Ao lado de ambientalistas, a Abitrigo tem sido uma voz constante contra a comercialização de sementes geneticamente modificadas. Por ora, tem perdido algumas batalhas. Há cerca de um mês, autorizado pelo CTNBio, a Rizobacter Brasil começou a vender trigo transgênico proveniente da Argentina. Em tempo: a gestão Lula vai se deparar com um cabo de guerra. Do outro lado, o agronegócio pressiona pela liberação não apenas das vendas, mas do próprio cultivo de sementes modificadas no país. 

#Abitrigo #Comitê de Transição #Lula

Política

Alckmin prega uma aliança para valer no Congresso

24/11/2022
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Geraldo Alckmin tem defendido que ao menos um dos líderes do governo no Congresso – Câmara ou Senado – seja de fora dos quadros do PT. A indicação de um congressista da base aliada seria mais uma sinalização da real intenção de Lula de governar com um espectro mais amplo de alianças. No caso do Senado, por exemplo, um nome forte para a missão é o de Otto Alencar (PSD-BA). Componente da equipe de transição, mais precisamente do grupo de trabalho do Desenvolvimento Regional, Alencar tem cumprido um papel importante na pescaria de votos para a aprovação da PEC da Transição no Senado. Mais do que isso: o empoderamento de Alencar é um passo chave para atrair o apoio do PSD, que terá a segunda maior bancada da próxima legislatura, com 11 senadores, atrás apenas do PL (14).

#Geraldo Alckmin #Lula #PT

Política

Secura orçamentária atinge fornecimento de água no Nordeste

23/11/2022
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Problema que muito provavelmente vai cair no colo do governo Lula: os Ministérios da Defesa e do Desenvolvimento Regional estão com dificuldades para pagar a contratação de carros-pipa, responsáveis pela distribuição de água potável no semiárido da Região Nordeste. A questão vem se agravando desde o início do mês, com a secura orçamentária das duas Pastas. E nem adianta olhar para os céus. Apesar das chuvas que vêm caindo em diversos estados, a água acumulada nos açudes não é própria para o consumo, pois não passa por tratamento. No orçamento da União para este ano foram destinados cerca de R$ 300 milhões para o programa de carros-pipas, verba insuficiente para atender a todos os municípios que participam do projeto. 

#Lula #Ministério da Defesa

Política

Exército acompanha de perto a saúde do seu futuro comandante em chefe

22/11/2022
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O comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e o ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, fizeram chegar a Lula e família, através do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o pedido para que oficiais médicos possam visitar e acompanhar a evolução do estado de saúde do futuro presidente. Tradicionalmente as Forças Armadas seguem em detalhes o tratamento prestado ao seu (futuro) comandante em chefe. No caso de Lula, faltam 39 dias para ele assumir a Presidência. Os boletins médicos são aparentemente tranquilizadores. Mas preveem no mínimo 15 dias de silêncio ao futuro chefe da Nação. Pode não significar nada. De qualquer maneira não é uma informação agradável. Ao menos, o câncer do presidente, segundo as informações médicas, está curado. E sua atual e demasiada rouquidão ficaria melhor do que antes da cirurgia. Procurados pelo RR, o Exército e o Ministério da Defesa não se pronunciaram até o momento desta publicação.

As Forças Armadas consideram o estado de saúde do seu mandatário como uma questão de Estado, portanto, boletins médicos à parte, acompanham de perto o diagnóstico e tratamento do paciente. Os militares, constitucionalmente ou não, trazem para si a responsabilidade da garantia da posse do futuro comandante em chefe. Uma lembrança que se quer bem distante, mas está escrita nos anais da história, foi o acompanhamento em tempo integral de Tancredo Neves pelo general Leônidas Pires Gonçalves durante o seu calvário. Teria sido Leônidas, o último general emblemático do Exército, o responsável, juntamente com o jurista e chefe da Casa Civil do governo Figueiredo, Leitão de Abreu, pela garantia da posse do então vice-presidente eleito José Sarney no posto máximo da República. Os tempos mudaram. Lula, por todas as indicações, não sofre de comorbidade séria. Não há ameaça de caráter institucional a sua posse. E os militares já deixaram claro que “quem venceu leva”. E se, alguns nutrem dúvidas do compromisso das Forças Armadas com cada letra da Constituição, não há questionamento quanto à preocupação em relação aos compromissos com hierarquia e a transição de poder. Simpatia por Lula é outra coisa. Mas o petista tira esses protocolos de letra. Já foi presidente duas vezes. 

#Exército #Geraldo Alckmin #Lula #Ministério da Defesa

Política

Uma voz importante na área de educação vai falar no Rio

22/11/2022
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O integrante do comitê de transição da Educação, Henrique Paim, desce agora à tarde no Rio de Janeiro para palestra fechada na Academia Brasileira de Ciência da Administração. Ele deverá apresentar as primeiras tinturas da política da Educação no governo Lula. Paim foi secretário executivo do Ministério na gestão Aloizio Mercadante. Quando este último foi para a Casa Civil do governo Dilma, assumiu o cargo de ministro da Educação. Bastante preparado, com total confiança do PT e ligado à academia, é um dos nomes mais cotados para a Pasta. 

#Equipe de Transição #Lula #Rio de Janeiro

Política

Receita Federal “autua” o próximo governo

22/11/2022
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A pressão do funcionalismo público será um dos grandes desafios do governo Lula. Um dos mais atuantes sindicatos da administração pública federal, o Sindifisco Nacional, formado por servidores da Receita Federal, tem mantido interlocução com parlamentares e auxiliares do presidente eleito. Busca apoio para o reajuste salarial da categoria. Outro assunto na pauta é o aumento do orçamento da Receita Federal. Neste ano, os recursos disponíveis para bancar o custeio do Fisco atingiram o menor valor em uma década. Uma das consequências é que muitos postos da aduana nas fronteiras estão em situação precária. O orçamento escasso se reflete na perda de capital humano. Desde o último concurso, em 2014, nada menos que 3,2 mil auditores e 1461 analistas deixaram seus cargos. 

#Lula #Receita Federal

Política

Um “bolsonarista” na base aliada de Lula

22/11/2022
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Fechou o tempo nos bastidores do PL. O presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, tem se referido ao senador Wellington Fagundes, do Mato Grosso, de quinta coluna para baixo. Fagundes, nome forte na bancada ruralista, vem deslizando na direção de Lula, inclusive intermediando a interlocução entre assessores do futuro governo e empresários do agronegócio. 

#Lula #PL #Valdemar da Costa Neto

Política

“Política armamentista” de Lula já está engatilhada

21/11/2022
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Os integrantes do comitê de transição da Defesa ainda não foram convidados, mas os assessores mais próximos de Lula já têm uma pauta pronta para a política da comercialização e acesso às armas. As propostas visam, ao mesmo tempo, regulamentar o setor e comprometer o clã dos Bolsonaro com as excessivas liberações, que teriam sido feitas muitas vezes para atender aos próprios interesses. Algumas das medidas seriam limitar os CACs ao número atual, impedindo a proliferação desses Clubes, que se tornaram sucursais dos filhos do presidente Bolsonaro; criar categorias específicas para o acesso de armas, tais como tiro prático, colecionador, caçador, atribuindo o controle a órgãos distintos (Polícia Federal, Ibama etc..); acabar com a importação de armas (a medida incomodaria muito os filhos do Bolsonaro); não permitir a compra de AR-15; e restringir o acesso a arma de grande calibre somente para caçadores. A “nova política armamentista”, portanto, incomodaria menos à indústria de armas do que ao Palácio do Planalto. Essa combinação pode ser considerada um padrão para diversas políticas setoriais: regulamentar novamente o que foi instituído no atual governo com ênfase nas mudanças que cortam na carne o clã Bolsonaro.

#Comitê de transição da Defesa #Jair Bolsonaro #Lula #Polícia Federal

Política

Equipe de transição empurra Tarcísio Freitas para o acostamento

21/11/2022
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O governador eleito de São Paulo, Tarcísio Ferreira, não foi contatado pelo comitê de transição do governo Lula. Tarcísio se diz pronto a dar sua colaboração pessoa, passando informações sobre sua gestão e motivação das suas prioridades. Tem dito também que não tem nada contra Lula e quer manter o melhor diálogo com o governo federal. Freitas não é bobo. Sabe que não se rasga dinheiro. O economista Gabriel Galípolo, ex-presidente do banco Fator e integrante do comitê de transição da Infraestrutura com maior proeminência, não tem demonstrado o menor entusiasmo com essa colaboração, ainda mais que ela se dê de forma pública. Os titulares de Ministério do Bolsonaro e os seus áulicos não são bem-vindos. As informações estão sendo levantadas junto aos técnicos, com ênfase aos quadros de carreira dos diversos órgão de governo. Chega de bolsonaristas.

#Jair Bolsonaro #Lula #Tarcísio Freitas

Política

Futuro governo quer barrar novas indicações para a Anatel

21/11/2022
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O PT foi rápido no gatilho. Os articuladores políticos de Lula foram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para barrar a nova leva de indicações do presidente Jair Bolsonaro para agências reguladoras. Na semana passada, o Palácio do Planalto apresentou o nome do jurista Alexandre Freire para o Conselho Diretor da Anatel, assim como formalizou o pedido de recondução de Miriam Wimmer para o Conselho da cada vez mais estratégica Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

No total, há mais de uma dezena de indicações de Bolsonaro para órgãos reguladores em tramitação no Senado que PT quer brecar. Um dos exemplos mais relevantes é o pedido de nomeação do contra-almirante da Marinha Wilson Pereira de Lima Filho para a diretoria da Antaq. No que depender do futuro governo, nesse caso a já anunciada “desmilitarização” de órgãos federais vai começar antes mesmo do oficial da Marinha assumir o cargo. Na mesma linha, parlamentares do PT se articulam para derrubar também a indicação de Caio Cesar Farias Leôncio para a Antaq. Neste caso específico, o tiro ricocheteia no ministro Ciro Nogueira, padrinho político de Leôncio. 

#Anatel #Jair Bolsonaro #Lula #PT #Rodrigo Pacheco

Política

Governador do ES busca apoio para projeto de R$ 1,8 bi

21/11/2022
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O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), tem feito gestões junto à equipe de transição de Lula em relação à BR-101. Casagrande tenta garantir, desde já, que o futuro governo vai acelerar o processo de relicitação do trecho de 480 km da rodovia no estado devolvido à União pela concessionária Eco 101. Desde então, as obras de duplicação da via entre a divisa com o Rio de Janeiro e a cidade de Mucuri (BA) estão paralisadas. Ou seja: um dos maiores investimentos de infraestrutura do Espírito Santo, da ordem de R$ 1,8 bilhão, depende do novo leilão da concessão.

#Lula #PSB #Renato Casagrande

Política

Nei Geller poder ser o “ministro da reforma agrária”

21/11/2022
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O deputado Neri Geller (PP-MT), integrante do Comitê de Transição, é tido entre assessores de Lula como nome certo no próximo governo. Mas não necessariamente como ministro da Agricultura. Nos últimos dias, seu nome tem sido citado para a presidência do Incra. Caberia a Geller conduzir um grande programa de regularização fundiária. Durante a campanha, Lula bateu pesado no assunto, inclusive acusando o governo Bolsonaro de maquiar os números de concessão de títulos de propriedade rural em seu governo. Nos cálculos da equipe de transição, dos 400 mil registros firmados pelo Incra durante a gestão Bolsonaro, mais de 80% teriam sido apenas em caráter provisório. 

#Incra #Lula #Neri Geller #PP

Economia

PT quer adiar leilões da Ceasa e da CBTU

21/11/2022
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Informação que circula desde o início da manhã no TCU: assessores de Lula teriam sondado o presidente da Corte, Bruno Dantas, sobre a possibilidade da Corte suspender os leilões de privatização da Ceasa-MG e da CBTU, marcados para amanhã. Com o adiamento, o futuro governo ganharia tempo para estudar um novo modelo de venda das duas estatais. Dantas tem demonstrado enorme sintonia com o comitê de transição. Mas, dessa vez, é provável que passe longe desse vespeiro. 

#CBTU #Ceasa #Lula #TCU

Política

Marina Silva é candidata a um vitaminado Ministério do Meio Ambiente

18/11/2022
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Marina Silva poderá comandar mais do que um “simples” Ministério. O RR apurou que a equipe de transição de Lula discute a formação de um Conselho vinculado à Pasta do Meio Ambiente, que seria integrado, entre outros, por técnicos e empresários. Alguns dos nomes ventilados são de antigos apoiadores de Marina, tais como os do empresário Guilherme Leal, sócio da Natura, do economista Eduardo Gianetti e da empresária Neca Setubal, esta última já fazendo parte do grupo de transição da área da educação. Todos são bastante prestigiados em suas áreas de conhecimento. Em tempo: parece que a tendência do governo Lula vai ser mesmo o compartilhamento de decisões e o aconselhamento múltiplo.

#Lula #Marina Silva #Neca Setubal #Pasta do Meio Ambiente

Política

União Europeia é a próxima parada internacional de Lula

18/11/2022
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O RR apurou que assessores de Lula articulam um encontro do petista com a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. A visita à mais alta autoridade da União Europeia, em Bruxelas, abriria uma sequência de reuniões estratégicas com o que os auxiliares do presidente eleito – à frente o ex-chanceler Celso Amorim – classificam como a “santíssima trindade” da política externa. Os dois outros vértices desse triângulo são o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, com quem Lula também, pretende se encontrar antes da sua posse – conforme o RR antecipou.

#Lula #União Europeia

Internacional

Portugal vê em Lula um atalho para o Mercosul

18/11/2022
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Segundo o RR apurou, a agenda do encontro entre Lula e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, previsto para hoje, vai passar muito pelo Mercosul. De acordo com um dos principais assessores do petista na área internacional, o governo português vai solicitar o apoio do presidente eleito para incrementar negócios com o bloco econômico. No ano passado, o Mercosul representou apenas 1,2% de todas as exportações portugueses. Isso por causa do Brasil. Tirando-se a antiga “Terra de Vera Cruz”, as vendas para a região praticamente inexistem.

#Lula #Mercosul #Portugal

Política

Lula mira no jovem de baixa renda

18/11/2022
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Ontem, no fim da tarde, circulava entre assessores de Lula a informação de que o músico Emicida e os influencers Igor Cavalari e Thiago Marques deverão ser convidados para a equipe de transição na área de cultura. O trio teria um papel na formulação de políticas culturais, notadamente, para jovens de baixa renda. Ainda no primeiro turno, Emicida declarou seu voto no petista, a quem chamou de “maior líder político da história do Brasil” em suas redes sociais. Já Cavalari e Marques são os criadores do podcast Podpah, um fenômeno do YouTube, com mais de seis milhões de seguidores. A entrevista do próprio Lula, em dezembro do ano passado, é um dos campeões de audiência do canal. Em 11 meses, soma 9,8 milhões de visualizações. 

#Emicida #Lula #Podpah

Destaque

Equipe de transição estuda medidas para brecar despejo de vulneráveis

17/11/2022
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O futuro governo Lula pretende atacar, logo na partida, uma questão delicada, dramaticamente agravada pela pandemia. Segundo o RR apurou, a equipe de transição discute medidas para conter as remoções e despejos de pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente em cidades maiores do país. Uma das ideias em estudo é a criação de um órgão específico para a área, uma espécie de “Incra urbano”. Caberia a esta nova instância a resolução de conflitos fundiários em região urbana, inclusive com a eventual regularização de imóveis ocupados e a concessão de títulos de propriedade – a exemplo do papel desempenhado pelo Incra em relação a terras. Outra iniciativa em estudo seria o uso de imóveis da própria União com menor valor de mercado para a construção de habitações populares destinadas exclusivamente a receber famílias em situação vulnerável. De acordo com a mesma fonte, governadores e prefeitos também deverão ser estimulados a criar programas estaduais e municipais para acolher pessoas ameaçadas de despejo. 

Parte desses estudos está sob o guarda-chuva da ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Ramos Coelho, que integra a equipe de transição no Comitê de Cidades. Entre os assessores de Lula, essas medidas são tratadas como soluções de caráter transitório. Há um entendimento de que a mitigação do problema passa por um amplo programa habitacional, na linha da já anunciada recriação do “Minha Casa, Minha Vida” e da retomada da faixa 1 dos financiamentos, voltada à população de baixa renda. O fato é que algo precisa ser feito no curto prazo. A ocupação de imóveis – a maioria deles propriedades abandonadas ou com débitos impagáveis – cresceu mais de 30% desde o início da pandemia. Hoje, segundo números que circulam entre a equipe de auxiliares do presidente eleito, há mais de 135 mil famílias ou cerca de 500 mil pessoas nessa situação.  

Com a pandemia, o assunto tornou-se uma questão de calamidade pública, a ponto de envolver o STF e o Congresso. Desde 2020, a Suprema Corte, notadamente o ministro Luis Roberto Barroso, tem proferido seguidas decisões para suspender despejos e remoções de famílias vulneráveis. Barroso é o relator de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF no 828 – que trata sobre o tema. Com base nas decisões do STF, outras instâncias do Judiciário têm seguido pelo mesmo caminho. Em novembro do ano passado, por exemplo, o TJ-SP determinou a suspensão de algumas modalidades de “despejo, desocupações, remoções forçadas e reintegração de posse” no caso de “ocupações anteriores à pandemia, com início fixado em 20/03/2020”.  

Algumas das propostas em estudo na equipe de transição bebem na fonte do projeto de lei 1501/22, de autoria da deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), em tramitação na Câmara. A proposta estabelece uma série de regras e procedimentos para a regularização de títulos de propriedade em imóveis abandonados. 

#Lula #Minha casa #Minha Vida

Política

“Inimigo” de Bolsonaro está cotado para a Inteligência da PF

17/11/2022
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Nos últimos dias, o nome do delegado Alexandre Saraiva tem sido citado entre assessores de Lula como forte candidato a uma das diretorias da Polícia Federal. As maiores probabilidades recaem sobre a Diretoria de Inteligência Policial, área estratégica da PF. Seria uma nomeação com forte carga simbólica para a futura gestão Lula. Ex-superintendente da corporação no Amazonas, Saraiva foi afastado do cargo pelo governo Bolsonaro após apresentar uma queixa-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de obstruir investigações sobre extração ilegal de madeira na Amazônia. Desde então, passou a ser inimigo do Palácio do Planalto. Na última segunda-feira, foi formalmente afastado das suas funções pelo atual comando da PF. Um dia da caça, outro do caçador: a partir de 2 de janeiro do ano que vem, os papéis de “perseguido” e de “perseguidor” podem se inverter. 

#Lula #Polícia Federal #Ricardo Salles

Política

Todos querem uma foto com Lula

17/11/2022
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Termômetro do prestígio internacional de Lula: até ontem, no fim da tarde (horário local), assessores do petista contabilizavam 35 pedidos de audiência reservada com o presidente eleito por parte de chefes de estado presentes à COP27. Autoridades da União Europeia deverão ter prioridade na concorrida agenda de Lula.  

#COP27 #Lula

Destaque

Assessores de Lula querem mais FGTS para o Minha Casa, Minha Vida

16/11/2022
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Além do reforço que viria com a PEC da Transição, o time de assessores de Lula busca outras fontes de recursos para anabolizar o Minha Casa, Minha Vida, que será recriado em 2023. Segundo o RR apurou, uma das ideias que ganha corpo é o aumento dos repasses do FGTS para o programa habitacional. O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (CCFGTS) aprovou, para 2023, a liberação de R$ 9,5 bilhões para o atual “Casa Verde Amarela”.  Assessores do presidente eleito já estão debruçados sobre a orçamento do FGTS para ver até onde é possível esticar essa corda e ampliar o volume de recursos para o Minha Casa, Minha Vida. Esse reforço seria importante para o novo governo viabilizar a já anunciada recriação da faixa 1 do programa habitacional, para famílias de baixa renda. Na prática, seria uma solução na linha do “mais do mesmo”. O expediente nasceu no governo Bolsonaro. Desde 2020, o FGTS passou a ser usado para subsidiar os financiamentos para as faixas 2 e 5 do ainda Minha Casa, Minha Vida, que, no ano seguinte, seria transformado no Casa Verde Amarela.  

#FGTS #Lula #Minha casa #Minha Vida

Política

Eunício de Oliveira volta com tudo a Brasília

16/11/2022
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A intensa movimentação de Eunício Oliveira nos bastidores tem chamado a atenção em círculos políticos de Brasília. Eleito deputado federal pelo Ceará, o emedebista tem buscado novos e antigos colegas da Casa, sensibilizando para futuras votações de projetos de interesse do governo Lula. Tudo tem sem preço. E o de Eunício, neste momento, seria o apoio do PT e de partidos aliados para garantir um cargo na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados a partir de fevereiro do ano que vem. Tem de combinar com Arthur Lira. 

#Arthur Lira #Eunício Oliveira #Lula #PT

Economia

Crescimento do PIB deve ser incorporado aos pilares macroeconômicos

14/11/2022
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A expressão “meta de crescimento”, usada por Lula no discurso em que se complicou todo com a “tal da estabilidade fiscal”, não é apenas uma metáfora que o futuro presidente teria pescado de orelhada. O “tal development target” é uma variável que seria incorporada ao atual tripé macroeconômico – câmbio flutuante, metas de inflação e metas fiscais. Já existem estudos sobre o assunto guardados na enorme gaveta de contribuições do Ipea. A proposta é derivada de um modelo pós-keynesiano macrodinâmico não linear – sim, é esse o nome. O crescimento do PIB seria a quarta perna do hoje tripé. O grupo de transição do governo está debruçado sobre o assunto. Não custa lembrar que vários países anunciam meta de crescimento. A China é o exemplo que primeiro vem à mente, não obstante seu modelo macroeconômico ser um origami de sete cabeças.

#Lula #PIB

Política

Assessores de Lula temem um “pacotaço” de última hora de Bolsonaro

14/11/2022
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Há um temor entre os assessores mais próximos de Lula, tais como Gilberto Carvalho e Aloizio Mercadante, de que Jair Bolsonaro tenha recomendado a seus ministros a implementação de um “pacotaço” de medidas na saída do governo. Essa iniciativa ampliaria o tamanho do “revogaço”, cuja realização Lula já anunciou desde a campanha. A lógica perversa é a seguinte: quanto maior o número de decisões deste mandato presidencial que o futuro governo tiver de rever, pior será para sua imagem e relação com o mercado. Se depender da disposição de Bolsonaro, Lula vai se desgastar tendo que explicar o “revogaço” de um mar de medidas. Não interessa que elas tenham sido tomadas na última hora e com o intuito de desestabilizar o início do futuro governo. Bolsonaro quer mostrar que é o dono do pedaço até a última hora antes da sua saída.

#Aloizio Mercadante #Gilberto Carvalho #Jair Bolsonaro #Lula

Destaque

Ometto desponta como uma grande “potência energética” no próximo governo

14/11/2022
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O controlador da Cosan, Rubens Ometto, é candidato a ser no governo Lula, na área de energia renovável, o que a JBS se tornou na cadeia de proteína, a partir de primeira era do PT. Há fortíssimas ressalvas na comparação. Ometto vai colocar o grosso do dinheiro do seu bolso, e não da torneira financeira do BNDES. Quanto à diferença de métodos para obtenção de recursos entre o dono da Cosan e os irmãos Batista, controladores da JBS, a Lava Jato já contou o que havia para contar sobre esses últimos. O prestígio de Ometto com Lula é tanto que possivelmente ele seria guindado a um Ministério caso somente acenasse com a ideia ao amigo. Segundo o RR apurou, o presidente eleito pretende se reunir com Ometto ao voltar da COP 27, no Egito. Será um dos primeiros encontros de Lula com um empresário após a eleição, o que dá a medida do estreito relacionamento do dono da Cosan – ressalte-se que ambos já tiveram duas conversas reservadas durante a campanha. Ometto é visto como um personagem fundamental para os planos do novo governo de estimular fortemente a produção de energia limpa e de combustíveis verdes no Brasil. Ele é um cala boca para os críticos de que o governo Lula quer trocar a seiva do investimento privado pelo subsidiado investimento público. 

 

Vai ter muita grana do empresariado para as renováveis. Os números falam por si: na semana passada, a Raízen – joint venture entre a Cosan e a Shell – anunciou um investimento de R$ 6 bilhões na construção de cinco plantas de etanol de segunda geração. As atenções se voltam também para o hidrogênio verde. A Raízen desponta, desde já, como um dos potenciais candidatos a liderar alguns dos maiores projetos do setor no Brasil. O grupo fechou recentemente uma parceria com a USP com objetivo de desenvolver uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde. E se alguém tem álcool de sobra no país é a dobradinha entre a Cosan e a Shell: são 35 usinas, com capacidade de produção de 3,5 bilhões de litros por ano.  

 

Fosse em outros tempos, o próprio Ometto e a Raízen seriam fortes candidatos a “cavalos vencedores”. A repetição desse velho modelo está fora de cogitação para o próximo governo Lula, conforme o RR já adiantou. O que não quer dizer que a Raízen não possa se favorecer de uma nova estratégia de incentivos para o aumento da inserção internacional do Brasil, focada em produtos – caso da energia verde – e não em empresas.   

#Cosan #Energia #Lula #PT #Raízen #Rubens Ometto

Política

O novo “controlador” do União Brasil

14/11/2022
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Há um emergente no União Brasil que tem exalado cada vez mais prestígio nesses tempos de transição: o vice-presidente do partido, Antônio de Rueda. Ele praticamente atropelou Luciano Bivar, presidente da sigla, e assumiu conversações com o PT, notadamente com Gleisi Hofmann e Wellington Dias, dois dos principais articuladores políticos de Lula. Em jogo, o apoio do União Brasil no Congresso ao próximo governo. Rueda é um caso de metamorfose típico neste momento em que o Brasil praticamente já trocou de governo. Próximo a Arthur Lira e com razoável prestígio junto ao Palácio do Planalto, não titubeou em rapidamente se afastar de Jair Bolsonaro e se aproximar de que já manda.   

#Arthur Lira #Gleisi Hofmann #Lula #PT #União Brasil #Wellington Dias

Internacional

Brasil e Bolívia em uma caçada a quatro mãos

14/11/2022
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O RR apurou que o governo da Bolívia já encaminhou a assessores de Lula na área de política externa um amplo dossiê sobre as investigações contra o ex-ministro da Defesa Luis Fernando López. Segundo os órgãos policiais bolivianos, López está foragido no Brasil. Conforme o RR antecipou, o presidente Luiz Arce vai pedir apoio ao futuro governo Lula na caçada ao ex-ministro, acusado de corrupção e crimes de terrorismo em seu país.   

#Bolívia #Lula

Política

Déficit de servidores federais preocupa comitê de transição

11/11/2022
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A reforma administrativa, cogitada na campanha de Lula, vai sair. Mas tudo tem seu tempo. O que não deverá superar este primeiro ano de mandato, conforme as melhores recomendações do ramo. No comitê de transição do petista, há um consenso de que, em um primeiro momento, o novo governo terá de realizar concursos públicos para conter o crescente déficit de servidores no funcionalismo federal. Os assessores do presidente eleito não escondem a preocupação com os primeiros números a que tiveram acesso. Um dos casos que mais chamam a atenção é do INSS. A lacuna atual é da ordem de 20 mil funcionários. Somente nos últimos cinco anos, mais de dez mil servidores da Previdência Social se aposentaram, sem a devida reposição. A autarquia tem vivido de pequenas gambiarras. No ano passado, recebeu “emprestados” cerca de 250 funcionários da Infraero. Outro exemplo que tem citado entre os assessores de Lula é a Polícia Federal. O gap é de aproximadamente 6.500 vagas, entre delegados, agentes e escrivães. O último concurso, realizado em 2021, supriria apenas 22% desse déficit, mas nem todos os aprovados foram convocados.  

Trata-se de uma bola de neve que só vai crescer. De acordo com a fonte do RR, levantamento realizado pelo próprio Ministério da Economia e já repassado ao comitê de transição mostra que cerca de 25% dos quadros da administração direta federal e de autarquias vão se aposentar até 2026, ou seja, o último ano do mandato de Lula. Olhando-se para um horizonte ainda mais amplo, 2030, esse índice sobe para 40%. Esse maremoto de aposentadorias deverá merecer uma II Reforma da Previdência. Mas, de novo, tudo no seu tempo. O que mais uma vez deverá ocorrer em 2023. Lula, como sempre, parafraseia as lições dos grandes iluministas, a exemplo de Maquiavel, que dizia “faça o mal todo de uma única vez”. O presidente eleito prefere fazer o mal e o bem, tudo ao mesmo tempo. 

#Infraero #INSS #Lula #Ministério da Economia #Polícia Federal

Política

Paulinho da Força não é tão forte assim

11/11/2022
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A indicação do vice-presidente do Solidariedade, Jefferson Coriteac, para o comitê de transição de Lula, causou atritos na relação entre o partido e a Força Sindical – praticamente um extensão do outro. A central sindical defendia o nome do deputado Paulinho da Força para a equipe. No entanto, segundo o RR apurou, foi o próprio parlamentar que se esquivou da missão, delegando-a para Coriteac. No partido, há quem diga que Paulinho recuou por já saber que não terá o prato principal, ou seja, uma vaga no futuro Ministério de Lula. A ver. 

#Força Sindical #Lula #Paulinho da Força

Política

O ministro da Fazenda sai amanhã?

10/11/2022
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Lula teria mudado de opinião sobre a nomeação do seu ministro da Fazenda somente após a conclusão dos trabalhos do comitê de transição. Há uma enorme probabilidade de indicar o seu novo “Palocci” amanhã. A definição do ministro da Fazenda é considerada uma espécie de âncora das expectativas econômicas. As falas do presidente eleito e do seu coordenador de comunicação, Edinho Araújo, foram consideradas muito ruins mesmo por assessores fãs de carteirinha. Hoje, no fim da tarde, voltaram as especulações de que o ministro deverá ser um banqueiro. E não seria Henrique Meirelles, diga-se de passagem.

#Henrique Meirelles #Lula #Ministério da Fazenda

Destaque

Comitê de Lula estuda redução da Tarifa Externa do Mercosul

10/11/2022
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Em meio a afagos e propostas de fortalecimento do Mercosul, auxiliares de Lula na área econômica têm defendido a ideia de que, a partir do próximo ano, o Brasil deve liderar uma nova redução da Tarifa Externa Comum (TEC). A princípio, a recomendação pode soar na contramão das promessas de ampliação do bloco econômico feitas por Lula, uma vez que qualquer corte na TEC flexibilizaria a entrada de mercadorias importadas de países de fora do Mercosul. No entanto, a premissa entre os apoiadores da medida é que a redução da taxa seria um passo atrás para dar dois à frente. O entendimento é que a diminuição das barreiras poderá contribuir para a negociação de novos acordos mais benéficos para o Brasil e seus vizinhos, a começar pela União Europeia (UE).  

Não custa lembrar que, em artigo publicado no jornal francês Le Monde, na véspera do segundo turno, Lula manifestou o desejo de rever pontos do tratado entre o Mercosul e a UE. Voltaria ao tema na noite do dia 30, em seu primeiro pronunciamento após o resultado da eleição, quando afirmou que pretende “retomar as relações com os EUA e a União Europeia em novas bases”. Ou seja: toda a moeda de troca, como a eventual redução da TEC, vai ser importante nesse intrincado xadrez multilateral. O pacto entre a EU e o Mercosul foi firmado em 2019, depois de 20 anos de tratativas. No entanto, segue no papel. O acordo ainda não entrou efetivamente em vigor, pois ainda precisa ser corroborado pelo parlamento de todos os países signatários. 

Nas conversas internas conduzidas dentro do comitê de transição de Lula, há um entendimento de que a proposta de redução da TEC não deve impactar em pontos mais sensíveis do acordo hoje em vigor no Mercosul. Itens como automóveis e produtos sucroalcooleiros, que já tem um tratamento tributário diferenciado, ficariam de fora. Em tempo: curiosamente, Paulo Guedes passou boa parte da sua gestão no Ministério da Economia defendendo a redução da TEC. Conseguiu emplacar um corte de 10% em junho deste ano, não sem antes abrir vários pontos de fricção dentro do Mercosul, especialmente com a Argentina. Há, no entanto, uma “diferença que faz toda a diferença”. No fundo, ao contrário de assessores de Lula, de certa forma Guedes sempre enxergou a redução da taxa como um preâmbulo para a implosão do Mercosul por dentro.   

#Lula #Mercosul #União Europeia

Energia

Brasil e Bolívia retomam projeto de hidrelétrica binacional

10/11/2022
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Segundo o RR apurou, o futuro governo Lula pretende abrir conversações com o governo do presidente da Bolívia, Luiz Arce, para a retomada de projetos de infraestrutura entre os dos países. O principal empreendimento em questão seria a construção de uma hidrelétrica binacional no Rio Mamoré, em Rondônia. É quase uma volta no tempo: as primeiras conversações em torno do projeto datam de 2007, exatamente no segundo mandato de Lula. Curiosamente, as negociações foram suspensas na gestão de Dilma Rousseff e só seriam retomadas em 2020, já na presidência de Jair Bolsonaro e na gestão do almirante Bento Albuquerque nas Minas e Energia. Mas, nos últimos meses, o assunto foi engavetado.  

O projeto original prevê a instalação de uma hidrelétrica com capacidade de 3 mil MW – para efeito de comparação, um quinto de Itaipu – a um custo estimado em US$ 5 bilhões. Outro empreendimento que também deverá ganhar tração é a construção de uma ponte entre as cidades de Guajará-Mirim (RO) e Guayaramérin. O investimento também chegou a ser discutido durante o governo Bolsonaro, mas ficou pelo caminho. Justiça seja feita, o atual governo foi apenas mais um a não tirar o projeto do papel. Entre idas e vindas, a ideia de instalação de uma ponte entre as duas cidades se arrasta há mais de um século. O projeto foi discutido pela primeira vez no âmbito do Tratado de Petrópolis, em 1903, quando da transferência do território onde hoje é o Acre da Bolívia para o Brasil. 

#Bolívia #Hidrelétrica binacional no Rio Mamoré #Lula

Destaque

Lula deverá anunciar adesão do Brasil a tratado ambiental

9/11/2022
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Entre outras agendas, Lula deverá aproveitar os holofotes da COP 27, no Egito, para anunciar que o Brasil vai aderir plenamente ao Acordo de Escazú. Trata-se do primeiro grande pacto ambiental da América Latina e Caribe, em vigor desde 22 de abril do ano passado. A proposta partiu de Marina Silva, candidata à ministra do Meio Ambiente no futuro governo do petista. As nações participantes do Acordo de Escazú assumem uma série de obrigações com o objetivo de garantir acesso público à tomada de decisões sobre recursos ambientais. Os signatários também se comprometem a oferecer maior proteção legal a entidades e ativistas defensores do meio ambiente e de causas correlatas, como a questão indígena.   

Uma vez confirmada, a adesão ao Acordo de Escazú será mais um movimento de Lula no sentido de realçar os enormes contrastes entre o seu futuro governo e a gestão Bolsonaro na área do meio ambiente. O Tratado é mais um exemplo do isolamento do Brasil nos últimos quatro anos. O país foi um dos signatários originais do pacto, em 2018, ainda no mandato de Michel Temer. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro virou as costas para o tema. Até hoje, o Acordo não foi ratificado pelo Congresso Nacional. Ou seja: seus termos não têm força de lei no Brasil. Entre as maiores economias latino-americanas, o Brasil é o único país que não homologou o tratado até o momento. Nesse quesito, tem a companhia de nações como Haiti, Guatemala, Granada, República Dominicana ou Belize. A recusa do governo Bolsonaro em ratificar o pacto causou ainda maior repulsa junto à comunidade internacional após o assassinato do indigenista do Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Philips, em junho. Lula quer anunciar a adesão ao Acordo de Escazú bem pertinho da ex-ministra do Meio Ambiente, Marinha Silva, que tem sido tratada como uma das estrelas do evento.

#Acordo de Escazú #COP 27 #Lula #Marina Silva

Política

Lula e Alckmin fazem a romaria da “pacificação”

9/11/2022
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Lula e Geraldo Alckmin vão fazer uma ampla agenda da distensão. Além dos encontros já marcados com os presidentes do STF, da Câmara e do Senado – respectivamente Rosa Weber, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, a ideia é que ambos façam visitas, nos próximos dias, a outras Cortes superiores. Assessores de Lula já articulam reuniões com a presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, do TCU, Bruno Dantas, e do TST, Maria Cristina Peduzzi. Este último encontro ganha especial relevância diante manifesta intenção do presidente eleito de revisar a reforma trabalhista. São os vértices da política de conciliação, indicação de prestígio e decisões colegiadas.

#Arthur Lira #Geraldo Alckmin #Lula #Rosa Weber #TCU

Negócios

“Revogaço” das armas pode ser um tiro no pé

9/11/2022
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Esses vazamentos sobre os “revogaços” do governo Lula na área de armamentos podem significar um tiro no pé. As informações de fontes do PT e que foram publicadas na imprensa garantem que Lula vai conter a venda dos artefatos bélicos e munição. Ora, como sabem desde sempre os mercados, esse tipo de notícia não se antecipa, se faz no laço. Até porque, qualquer especulação nesse sentido pode sair pela culatra. Como Lula vai tomar posse apenas em 1º de janeiro, seria um convite para a turma da bala fazer o Natal das armas, raspando tudo o que estiver na prateleira da indústria. 

#Lula #PT

Economia

“Vale picanha” vai cair na conta dos ricos

9/11/2022
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Lula quer rimar picanha e cervejinha semanal com queda de inflação. Para isso, vai ter de tirar dinheiro dos ricos, porque só a conta dos auxílios e outros cacarecos herdados do governo Bolsonaro já chegam a 4% do PIB. 

#Lula #PIB

Destaque

Lula quer limpar a imagem do Brasil nos organismos multilaterais

8/11/2022
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O governo Lula pretende iniciar, logo na partida, um processo de descontaminação no relacionamento entre o Brasil e órgãos multilaterais. Um dos primeiros desafios será o equacionamento das dívidas do país junto a essas entidades, uma das heranças desagradáveis que serão deixadas pela gestão Bolsonaro na área de política externa. Somente no caso da ONU, a dívida do governo brasileiro soma cerca de US$ 300 milhões. A maior parte – aproximadamente US$ 217 milhões – se refere a contribuições obrigatórias para o custeio de operações de paz das Nações Unidas. Em relação à OEA (Organização dos Estados Americanos), a inadimplência é mais suave. Segundo o mais recente relatório da entidade, de 30 de setembro, o Brasil deve US$ 20,205 milhões ao fundo regular da Organização, sendo US$ 12 milhões relativos a pagamentos não realizados em 2022. Uma vergonha dever essa quantia. No mesmo documento, o país aparece como um pária na contabilidade da OEA, ao lado de Argentina, Bolívia, Venezuela, Haiti, São Vicente e Granadinas, entre outros. Não consta nem na relação das nações adimplentes nem dos países devedores que já acertaram um programa de repactuação do pagamento de seus passivos.   

Outro movimento importante nesse trabalho de higienização das relações internacionais será o retorno à Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenho). O Brasil deixou a entidade em janeiro de 2020, durante a gestão de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty. Mais uma medida ideológica, que reduziu a participação do país no concerto das agências multilaterais. Segundo a apuração do RR, o anúncio de reingresso deverá ser feito ainda no período de transição, antes mesmo de Lula assumir a Presidência. A Celac é uma espécie de “OEA do B”: reúne 33 países das Américas, à exceção basicamente de Estados Unidos e Canadá.  

#Lula #OEA #ONU

Destaque

Lula embaralha as cartas do seu Ministério

7/11/2022
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Lula pode “quebrar” as casas de apostas. Nos cenários traçados para a montagem do seu futuro gabinete surge a possibilidade de um Ministério de ponta cabeça, uma análise combinatória diferente do que vem sendo especulado até o momento. Em todas as listas de candidato à Fazenda, Henrique Meirelles assumiria o Ministério das Relações Exteriores. Caberia a ele comandar as grandes negociações no exterior, voltadas à captação de recursos internacionais. O ex-ministro e ex-presidente do Banco Central cuidaria também da pauta ambiental, cada vez mais geminada com a agenda econômica. Meirelles teria a missão de destravar, por exemplo, os investimentos de fundos soberanos para grandes projetos vinculados à Amazônia – dinheiro esse que sumiu do mapa devido à, literalmente, devastadora gestão de Bolsonaro no meio ambiente. Os governos da Alemanha e da Noruega já anunciaram a intenção de retomar os aportes no Fundo Amazônia. Ou seja: sob certo ângulo, Meirelles teria um pé na economia, ainda que da fronteira para fora do Brasil. Não custa lembrar que não seria a primeira vez que um banqueiro ocuparia o cargo. O “Barão” do Banco Itaú, Olavo Setúbal, também exerceu a função de ministro das Relações Exteriores, durante o governo Sarney. 

A ida de Henrique Meirelles para o Itamaraty traz a reboque uma espécie de efeito dominó para a montagem novo Ministério, impactando diretamente em outras escolhas. Segundo um graduado assessor de Lula, nesse cenário crescem as probabilidades de Fernando Haddad assumir o Ministério da Fazenda. Sua nomeação atenderia o perfil idealizado por Lula, desde sempre, para o cargo: ter um político à frente da Pasta. Além disso, registre-se que Haddad não é um neófito no tema: o ex-ministro é mestre em Economia pela USP.  

Por sua vez, com a indicação de Meirelles para as Relações Exteriores, Celso Amorim iria para o Palácio do Planalto. De acordo com a fonte do RR, seu nome é especulado dentro do próprio PT para ser um secretário especial de Lula ou até mesmo assumir a Casa Civil. Ainda que a maior expertise de Amorim não seja exatamente a articulação política, o presidente eleito tem profunda confiança em seu ex-chanceler. Mas ressalte-se que são apenas especulações colhidas em meio às feéricas discussões ocorridas no seio do PT.

#Henrique Meirelles #Lula #Ministério da Fazenda #Ministério das Relações Exteriores #PT

Economia

Governo Lula terá conselho consultivo para a economia

7/11/2022
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Lula vai governar com um verdadeiro batalhão. O futuro presidente já deu a pista quando anunciou que se reunirá com todos os governadores e prefeitos para discutir decisões referentes às unidades federativas e aos municípios. É só a ponta do iceberg. A novidade maior é que Lula criará um órgão consultivo da Presidência. Será um colegiado constituído nos moldes do norte-americano Council of Economic Advisers (CEA), vinculado diretamente à Casa Branca e responsável por assessorar o presidente dos Estados Unidos na formulação da sua política econômica. O futuro conselho será composto por economistas, empresários, entre outros. O economista Pérsio Arida é dado como nome certo – caso, claro, não assuma o Ministério da Fazenda, cargo para o qual está cotado. O mesmo se aplica ao economista Guilherme Mello, que se destacou nas contribuições para a preparação do programa econômico de Lula. Vale também para Elena Landau, que fez o programa de Simone Tebet, e Arminio Fraga, que apoiou todo mundo, menos Jair Bolsonaro e sua família. 

O que se depreende dessa democratização das decisões presidenciais é que o petista buscará em aconselhamentos mais largos uma proteção maior para o seu mandato. Ou seja: falará em nome de muitos. É mais um indício de que pretende fazer um governo de amplos diálogos. Não só com o objetivo de acertar mais, mas também para se proteger, uma vez que as decisões compartilhadas terão o escudo dessa múltipla participação. 

#CEA #Lula #Ministério da Fazenda

Destaque

Meta de inflação também terá o seu “waiver”

4/11/2022
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O RR acertou que haveria um pedido de waiver ou uma PEC para acomodar os gastos acima do teto. O RR disse também que a meta de inflação seria mudada para dar uma folga maior à política monetária. Aguardem que o anúncio é para breve. A consecução fica para depois da posse, com o futuro ministro da Fazenda a postos. O que se  sopra do comitê de transição de Lula é que a meta pode saltar dos áridos 3% definidos para o próximo ano e chegar a 4% ou até 4,5%, sempre com uma banda de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo da meta.

Em tempo: a nova meta não seria estática, devendo cair no tempo em função de condições macroeconômicas mais adequadas e um cenário externo menos avassalador. Portanto, antes que alguém pense o contrário, a inflação não correrá livre, leve e solta. A tolerância com a carestia aumentará um pouquinho em relação à meta atual, permitindo ao BC praticar juros  um pouco mais civilizados. Para a economia do país, 1 pp ou 1,5 pp a menos na Selic parece pouco, mas faz uma diferença imensa.

O mercado pode ficar melindrado na partida, mas o anúncio de um arcabouço fiscal consistente para 2024 será o torrão de açúcar suficiente para adoçar os bolsões radicais, porém sinceros dos agentes financeiros. Até porque, não há motivo para imaginar que Lula intervirá no BC independente. Mas, de qualquer forma, vai ter inflação alta em 2023 e ela superará o teto da meta ampliada, de 6%, caso assim o seja. O fato é que nem os cientistas do BC com seus metadados e modelos sofisticados conseguem identificar a lógica da atual inflação, cujos diversos ingredientes do índice pulam em função de vetores imprevistos aqui e lá fora.

Para mudar a meta, não é preciso anuência do Banco Central. A decisão é do ministro da Fazenda, que tem o controle do Conselho Monetário Nacional, responsável pela palavra final. Por enquanto, o imprevisível continua sendo a pauta da economia. Mas o perdão para os gastos fora do orçamento em 2023, a apresentação de uma respeitável arquitetura fiscal para 2024 e a mudança da meta de inflação, permitindo que os juros fiquem menos frenéticos, é o melhor que temos na agenda. E a inflação? Vai subir e cair, dentro do novo regime fiscal e mesmo com uma política monetária menos pressionada. O governo Lula parece estar trazendo antigas e apropriadas novidades na área econômica.

#Banco Central #Conselho Monetário Nacional #Lula #Selic

Economia

A ronda de Esteves

4/11/2022
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O presidente do BTG, André Esteves, tem tentado seduzir os potenciais nomes para a futura equipe econômica do governo Lula. O cerco de Esteves é amplo: tem conversa até com candidatos considerados menos prováveis. Mas o banqueiro, de uma forma ou de outra, sempre esteve perto do PT.

#André Esteves #BTG #Lula

Internacional

Dilma vai para Portugal ou Bulgária?

4/11/2022
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Dentro do PT há uma aposta de que Lula delegará a Dilma Rousseff o posto de embaixadora do Brasil em Portugal. Nas internas, no entanto, tem quem defenda que Dilma seja enviada para a Bulgária, terra natal do pai da ex presidente.

#Dilma Rousseff #Lula #Portugal #PT

Política

Rui Costa está em todas

4/11/2022
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Rui Costa está em todas. Candidato a ministro de Lula, também participa ativamente das articulações para a montagem da equipe de governo de Jerônimo Rodrigues na Bahia.

#Lula #Rui Costa

Política

Brasil e Argentina a pleno vapor

3/11/2022
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Para a Argentina, é como se Lula já tivesse assumido a Presidência. Na esteira do encontro entre Alberto Fernández e o petista, na última segunda-feira, o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, agendou para a próxima semana uma reunião com assessores de Lula na área de política externa. Um dos temas ser discutido é a simplificação de regras aduaneiras para exportadores e importadores frequentes. A Argentina chegou a levar o pleito ao governo Bolsonaro. Mas desse chão nada brotou.

#Alberto Fernández #Argentina #Lula

Política

“Frente ampla” 2

3/11/2022
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Emissários do PT, como o ex-governador Fernando Pimentel, trabalham para construir pontes entre a futura gestão Lula e Flavio Roscoe, presidente da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais). Bastante próximo de Romeu Zema, Roscoe empurrou a indústria mineira para a campanha de Jair Bolsonaro. A ponto do dirigente empresarial ter sido cotado para assumir um eventual Ministério da Indústria e Comércio em um segundo mandato de Bolsonaro.

#Fernando Pimentel #Flavio Roscoe #Lula #Ministério da Indústria e Comércio #Romeu Zema

Política

O mundo quer ouvir o que Lula tem a dizer

3/11/2022
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O prestígio internacional de Lula pode ser medido pelo frisson da mídia estrangeira. Desde a segunda-feira, o staff de comunicação do presidente eleito já contabiliza 21 pedidos de entrevista de veículos do exterior, entre os quais CNN, BBC e a revista Time.

#BBC #CNN #Lula

Destaque

Lula veste novamente o figurino de grande estadista da América Latina

1/11/2022
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Lula pretende assumir um protagonismo internacional mesmo antes da sua posse. Os assessores do petista para a área de política externa, à frente o ex-chanceler Celso Amorim, já discutem alguns movimentos mais agudos neste sentido. Uma das ideias que ganha corpo é a possibilidade de um encontro com o presidente russo Vladmir Putin. De volta à posição de principal liderança da América Latina, Lula buscaria, desde já, um papel relevante em eventuais tratativas internacionais em torno da guerra com a Ucrânia.

Seria uma agenda de estadista, com forte caráter humanitário. Não custa lembrar que, em agosto, o petista declarou que os demais membros dos Brics deveriam atuar em uma solução para o fim dos conflitos entre os dois países. Ressalte-se que, ontem mesmo, tanto Putin quanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, parabenizaram publicamente o petista pela sua vitória nas eleições. A reunião com Vladimir Putin seria o ponto de partida de uma série de agendas internacionais, em que Lula se apresentaria como um emissário da paz e do distensionamento.

Ou seja: de alguma maneira, o presidente eleito replicaria para o mundo a imagem de um conciliador, a exemplo do que tem sido a sua postura para dentro do próprio país – vide seu primeiro discurso após a vitória nas eleições, na noite do último domingo. O eventual encontro com Vladimir Putin reforçaria também a mensagem de que o governo Lula vai dar atenção especial aos BRICs em sua política externa. É mais do que esperado que o Brasil apoie a entrada da Argentina no bloco. Em setembro, o presidente Alberto Fernández – com quem Lula encontrou-se ontem, apenas um dia após a sua vitória nas eleições – enviou ao presidente da China, Xi Jinping, um pedido formal de ingresso no grupo dos países emergentes.

#Brics #Lula #Vladimir Putin #Volodymyr Zelensky

Destaque

Um abismo fiscal espera pelo presidente Lula

31/10/2022
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Acabou a eleição. Agora é que são elas. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva terá de administrar um rombo nas contas públicas que pode superar os R$ 3 trilhões, nos quatro anos de governo. Trata-se de um abismo que foi praticamente ignorado na campanha eleitoral, talvez pelo medo dos candidatos de que, parafraseando Friederich Nietzche, o abismo olhasse de volta.  De forma extremamente conservadora e deixando de lado qualquer aumento do salário-mínimo para além da inflação, está em pauta um fosso já na casa dos R$ 450 bilhões, não contemplados pela Proposta de Lei Orçamentária (PLOA) 2023. Para chegar a esse valor leva-se em conta o aumento do Auxílio Brasil; a postergação do pagamento de precatórios; os prometidos reajustes ao funcionalismo público; a revisão da tabela do imposto de renda; o peso dos juros sobre a dívida pública; a suspensão de dívidas e compensação aos estados pela redução do ICMS; a garantia do piso da enfermagem e o risco imediato com decisões prejudicais ao governo na Justiça.  Caso esses gastos se concretizem, seria quase uma segunda pandemia nas contas públicas. Nada que um precatório hiper vitaminado não resolva ou – quem sabe? – a “milésima” PEC. Mas o problema permanece pendente como uma espada sobre a cabeça da Nação. Os precatórios apenas adiam os passivos, mas não a percepção de que há um risco de insolvência diferido no tempo.    

Não é preciso nenhuma devassa no governo para entender a dimensão da encrenca criada, em boa parte para “financiar” a reeleição, como se não houvesse amanhã. Ou como se o amanhã decorresse, por geração espontânea, da cabeça do “Posto Ipiranga”, cuja inegável capacidade – e interminável autoconfiança – só podem ser superadas pela verve diante de plateias que querem ouvir o que ele quer dizer, independentemente do que ele diga.     

A Proposta de Lei Orçamentária (PLOA) 2023 tem mais buracos do que um queijo suíço – ver RR de 20 de outubro. E olha que, para viabilizá-la, sem mexer no orçamento secreto, já foram desencavados tostões de todos os lugares possíveis e inimagináveis, como o programa Farmácia Popular e até os recursos para a merenda escolar; além de previsto um déficit de R$ 63,7 bilhões. Façamos os cálculos. De acordo com os boletins macro do FGV Ibre, a soma do aumento de R$ 200 no Auxílio Brasil, o reajuste do funcionalismo do Executivo pela inflação e a revisão das despesas discricionárias significarão um gasto de R$ 120 bilhões, cerca de 1,2% do PIB. Desse total, foram incluídos na PLOA apenas R$ 11,6 bilhões para os servidores do Executivo, valor insuficiente até para um aumento linear de 5% (que custaria entre R$ 14 bilhões e R$ 17 bilhões). Vale lembrar que o governo enfrentou, em 2022, greves de funcionários do BC e da Receita, que buscam reajustes na casa dos 20%, e prometeu para o ano que vem a restruturação de carreiras da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.      

A PLOA 2023, é verdade, prevê a manutenção das desonerações sobre os combustíveis, para a qual destina R$ 52,9 bilhões, junto a uma reserva de R$ 27,2 bilhões para “demais desonerações”, em um total de R$ 80,1 bilhões. Ocorre que, além engessar ainda mais o orçamento, eliminando qualquer flexibilidade possível, os valores ficam abaixo das projeções e não incluem a prometida revisão na tabela do imposto de renda para pessoas físicas. Também segundo o FGV Ibre, esse total daria, por baixo, R$ 86 bilhões.     

Não para por aí – longe disso. Mesmo com a interrupção no ciclo de alta, a elevação da taxa de juros já implementada pelo BC aumenta pesadamente o custo da dívida pública, fator que, “acoplado” à suspensão de pagamentos de parcelas da dívida dos estados com a União, pode ter um custo fiscal de R$ 77 bilhões. Segundo a projeção mais recente do FMI, a relação dívida bruta/PIB vai fechar 2022 em 88,2%, abaixo do índice de 93% registrado em 2021. No entanto, também de acordo com a estimativa do Fundo Monetária, voltará a subir em 2023 (89,9%) e vai se manter acima dos 90% nos quatro anos seguintes. O aumento percentual não chega a assustar quando no início do governo se esperava que ela batesse em 100% do PIB. Mas, com a disparada da inflação e alta dos juros pelo Banco Central, o passivo interno bruto se tornou 49% mais caro. Há quem diga que dívida é para se rolar. Mas, na percepção da insolvência do país e na avaliação das agências de rating, não é assim que se joga o jogo.      

Como desgraça pouca é bobagem, ainda estão pendurados nessa conta o pagamento de precatórios, postergados via PEC, e a compensação aos entes federativos pela redução do ICMS sobre combustíveis, energia, transportes e telecomunicações. Uma facada da ordem de módicos R$ 144 bilhões. Sem falar nos custos para garantir o piso da enfermagem, que contam com mobilização do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, declaradamente em busca de ao menos mais R$ 7 bilhões para compensações. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, para tanto serão necessários repasses de R$ 10,5 bilhões da União, por baixo.   

Ao mesmo tempo, a peça orçamentária apresentada pelo governo, para lá de otimista no que se refere ao crescimento do PIB em 2023, que estima em 2,5%, diante de uma projeção de 0,63% do último Boletim Focus, prevê uma queda de arrecadação de 22,9% do PIB, em 2022, para 21,2%, no ano que vem.   

Para não se cometer uma injustiça, importante salientar que a PLOA projeta a redução do preço das commodities e só inclui receitas de concessões de ativos já destinados ao setor privado. Frente à instabilidade internacional e, sobretudo, à lentidão das privatizações no atual governo – e sua virtual paralisação na gestão Lula – é melhor do que nada, mas está a anos luz de ser motivo para tranquilidade.     

Tudo isso, entretanto, abarca somente questões já consolidadas. O abismo pode atingir profundezas insondáveis. Explica-se: o risco fiscal calculado pelo próprio governo federal, em função de decisões judiciais negativas no radar, atingiu seu momento mais delicado dos últimos dois anos. De acordo com balanço de agosto, chega-se a um montante de potenciais R$ 2,6 trilhões de prejuízos aos cofres públicos, o que significa um aumento de 66% em relação ao estimado em março. É claro que o valor seria diferido no tempo, mas funcionará como uma guilhotina sobre a cabeça do Executivo – qualquer um que venha a assumir em 2023.     

Para piorar, o principal componente desse montante vem da chamada “revisão da vida toda”, que muda o cálculo das aposentadorias no INSS no período anterior a julho de 1994. O STF ainda não oficializou o resultado do julgamento, mas já formou maioria em benefício dos aposentados. Uma facada de R$ 480 bilhões no pior cenário, segundo os técnicos do governo, e de R$ 48 bilhões no melhor.    

A equação não fecha, independentemente do prisma em que se observe. O STF decidiu por unanimidade destravar mais de 15 mil processos para assegurar vagas de educação infantil a todas as crianças de zero a cinco anos, seja em creches, seja pré-escolas. A União vai sofrer, porque a arrecadação dos entes federativos no final também cai no seu colo, mas menos do que os municípios. O total da conta alcança R$ 120 bilhões. A garfada vai se somar às perdas dos estados, cuja redução de R$ 84 bilhões na receita com as perdas do ICMS promete prosseguir arrombando o cofre das unidades federativas, principalmente devido à manutenção da medida, em 2023, a esperada redução da inflação no futuro calendário e a aguardada desaceleração da economia.    

Tem-se ainda alguns outros amargos acepipes; coisa pequena, mas não desprezível. Uma Medida Provisória aprovada pela Câmara, e em discussão no Senado Federal, joga um custo extra de pelo menos de R$ 4,5 bilhões por ano, durante três décadas, na conta de luz dos brasileiros. Originalmente, a medida tratava apenas do ICMS sobre combustíveis, mas foi serpenteando na Câmara até aumentar os subsídios nas contas de energia.    

Em tese, não há mais termômetro fiscal no governo. O Ministério da Economia afirma que as contas vão bem, obrigado, projetando um superávit para este ano. Mas que superavit? Com a receita dos estados inflada pela carestia? Com a última parcela da mesada do BNDES, de R$ 50 bilhões, decorrente de uma interpretação ainda controversa das operações entre o Tesouro e o banco (é a penúltima tranche, que o governo correu para que fosse paga antes do fim das eleições)? Com PECs e mais PECs e dinheiro que é transferido para cá e para lá. Há ainda uma dívida passiva, cujos números até mesmo as autoridades fiscais têm dificuldade de esquartejar.    

Haja PEC.    

#Auxílio Brasil #Lula #Ministério da Economia #PIB

Destaque

Que lama está guardada para o debate de hoje?

28/10/2022
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Até ontem, no início da noite, assessores de Jair Bolsonaro discutiam o lançamento de uma “granada” contra Lula no debate de hoje à noite. Sob a ótica do comitê de Bolsonaro, o artefato em questão teria o efeito de um “grande finale” para a campanha. O presidente acusaria Lula de “molestador”. O ataque – de longe o mais venal da mais venal das disputais eleitorais brasileiras – seria feito com base em declarações do cientista político Cesar Benjamin, conhecido como “Cesinha”, em artigo publicado na Folha de S. Paulo em 27 de novembro de 2009. A referida matéria remete à prisão de Lula, então líder sindical, em 1980. O suposto episódio, que daria origem à acusação no debate de hoje, é tratado com riqueza de detalhes na versão de “Cesinha”, um dos fundadores do PT. O caso é kafkiano, bem ao feitio da atual campanha. No artigo, o cientista político afirma, inclusive, que, em 1994, conversou com o próprio Lula sobre o assunto. Esse diálogo, no entanto, foi desmentido pelo publicitário Paulo de Tarso, que, segundo “Cesinha”, estava presente ao encontro.

A acusação seria um contraponto, praticamente na mesma moeda, ao uso político feito pelo PT em cima do “pintou um clima”, leia-se a declaração de Bolsonaro sobre as jovens venezuelanas. O episódio, explorado pela campanha petista, rendeu ao presidente da República a pecha de “pedófilo”. Segundo uma fonte do comitê de Bolsonaro, no staff de campanha o ataque moral guardado no bolso do colete para hoje à noite recebeu o codinome de “Lurian 2”. Para quem não se lembra, em 1989, o programa eleitoral de Fernando Collor exibiu um depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando o petista de ter lhe proposto aborto e de não assumir a paternidade da filha de ambos, Lurian Cordeiro.

Até ontem, a campanha de Jair Bolsonaro ainda discutia sobre a conveniência de descarregar ou não o episódio no debate de hoje. Seria um tiro de calibre tão ou mais alto do que as suspeições sobre fraude na eleição que certamente vão ser despejadas por Bolsonaro, sobretudo depois dos acontecimentos desta semana. Nesse contexto, a “Operação Lurian 2” estaria vinculada ao próprio andamento do programa, lembrando que, nos intervalos comerciais, assessores aconselham o candidato em relação à abordagem de determinados temas no bloco seguinte. Mas nem só de tresloucados vive o ringue eleitoral. No staff de Bolsonaro, há um temor de que o ataque possa se voltar contra o presidente em razão da virulência e da irresponsabilidade da “revelação”. Por muito menos, Bolsonaro refugou no debate da Globo do dia 29 de setembro. Na ocasião, ele perguntou à candidata Simone Tebet sobre a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Tebet desarmou o artefato, recusando-se a levantar a bola de volta para Bolsonaro e recomendando que ele fizesse a pergunta diretamente a Lula. Jair Bolsonaro, o “imbrochável”, brochou em repetir a pergunta face a face com o petista.

Vento que venta lá venta cá. Por sua vez, na campanha de Bolsonaro há um receio com as informações que assessores de Lula estão reunindo para hoje à noite, com o objetivo de escancarar a proximidade entre o presidente e Roberto Jefferson. Não faltam laços a uni-los. No último sábado, por exemplo, o Padre Kelmon, uma espécie de “candidato laranja” do PTB à Presidência, esteve com Bolsonaro em um ato de campanha, em Guarulhos (SP) – na véspera, Michelle Bolsonaro referiu-se a Kelmon como o “padre mais amado do Brasil”. No dia seguinte, lá estava Padre Kelmon no condomínio de Jefferson, na cidade de Comendador Levy Gasparian, a mais de duas horas de carro do Rio de Janeiro, para “negociar” a prisão do correligionário. Para além de fatos mais recentes, a relação entre Bolsonaro e Jefferson vem de outros carnavais. Em 2003, Eduardo Bolsonaro, então um jovem estudante de direito de 19 anos, ocupou um cargo na liderança do PTB, comandado por Jefferson. Em maio de 2020, o petebista postou uma foto nas redes sociais empunhando um fuzil e manifestando apoio a Bolsonaro para combater o “comunismo”. São fatos a serem potencialmente explorados por Lula para manter o caso Jefferson em evidência no debate de hoje – a história acabou sendo convenientemente eclipsada pela campanha de Bolsonaro com as denúncias de suposta fraude na veiculação de propagandas eleitorais. Tanto de um lado quanto de outro, nunca se viu um emporcalhamento tão grande em uma disputa eleitoral.

 

 

Brasil x União Soviética

Vai ver é só paranoia. Mas ontem, no comitê de campanha de Lula, houve quem aventasse a hipótese de Jair Bolsonaro levar uma camisa da seleção brasileira para o debate de hoje, a título de provocação contra o oponente. Seria uma batalha a mais na guerra dos símbolos, na qual o bolsonarismo se apropriou da bandeira nacional contra o vermelho “comunista” do PT. De repente, em uma campanha repleta de traquinagens, até faz sentido mesmo.

#Eduardo Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula #PT

Eleições

Ainda o debate de hoje

28/10/2022
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Lula deverá levar a questão fundiária para o debate de hoje. Nos últimos dias, seus assessores levantaram uma série de indicadores com o objetivo de desmontar a propaganda de Jair Bolsonaro, que afirma ter concedido mais 400 mil títulos de posse para agricultores em seu governo. O petista vai bater na tecla de que, desse total, 88% não teriam sido documentos definitivos, mas apenas renovações provisórias de registros de ocupação de terras da União. Segundo o RR apurou, no calhamaço de números repassados a Lula para o debate consta ainda a informação de que, nos governos do PT, cerca de 750 mil famílias foram beneficiadas pela reforma agrária, contra apenas nove mil na gestão Bolsonaro.

#Jair Bolsonaro #Lula #PT

Política

Equipe de governo

28/10/2022
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Miriam Belchior, ex-ministra do Planejamento de Dilma Rousseff, está cotada para voltar ao governo caso Lula seja eleito. Caberia a ela comandar um programa de concessões de saneamento em parceria com estados e municípios. Miriam tem sido uma importante interlocutora entre a campanha petista e o setor.

#Dilma Rousseff #Lula #Miriam Belchior

Política

Mão dupla

28/10/2022
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A declaração de apoio de José Sarney a Lula teve uma contrapartida: o apoio do PT à candidatura de Roseana Sarney à presidência da Câmara, conforme antecipou o RR em 7 de outubro.

#José Sarney #Lula #PT

Destaque

Há um “terceiro turno” à espreita na esquina?

27/10/2022
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Há paranoias que são recomendáveis. As circunstâncias verificadas nos últimos dias não apenas aumentaram consideravelmente a instabilidade institucional como parecem feitas sob medida para justificar radicalismos de toda a ordem. Os riscos de um desfecho indesejável para as eleições estão à espreita. O presidente Jair Bolsonaro e o bolsonarismo têm por vocação criar as condições para que tudo possa acontecer, até mesmo as hipóteses aparentemente mais estapafúrdias. Nada é de todo impossível. Por mais excêntrico que soe o roteiro, é preciso ficar alerta ao “E se por acaso…”

 

… no domingo à noite, após a divulgação do resultado das eleições e a eventual vitória de Lula, houver conflitos e agitação nas principais cidades brasileiras, a começar por Brasília. Pouco importa se alimentados pelo próprio presidente da República, com as suspeições lançadas contra o próprio TSE, especialmente na última semana, a partir das denúncias de suposta fraude nas propagandas no rádio. Nesse caso, um quadro de conflagração e convulsão social permitiria a Jair Bolsonaro adotar medidas de exceção, tudo, ressalte-se, com amparo constitucional. Com base na Carta Magna, Bolsonaro poderia, no próprio domingo à noite, convocar o Conselho da República e/ou o Conselho de Defesa Nacional. No passo seguinte, dadas as circunstâncias, Bolsonaro decretaria estado de defesa ou mesmo estado de sítio.

De acordo com o Artigo 136 da Constituição, o presidente da República “pode decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional”. Por sua vez, o Artigo 137 diz que cabe ao presidente decretar estado de sítio no caso de “comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa”. Ou seja: os dois artigos são largos o suficiente para Bolsonaro enquadrar o que precisaria ser enquadrado.

Também de acordo com a Constituição – Artigos 90 e 91, compete ao Conselho da República ou o Conselho de Defesa Nacional “opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal”. Ressalte-se que, de acordo com o Artigo 89 da Carta Magna, o Conselho da República é composto pelo vice-presidente, presidentes da Câmara e do Senado; os líderes da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; o Ministro da Justiça, além de “seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado e dois eleitos pela Câmara”. Já o Conselho de Defesa Nacional, segundo o Artigo 91, é formado igualmente pelo vice-presidente, pelos presidentes da Câmara e do Senado e pelo ministro da Justiça, além dos ministros da Defesa, das Relações Exteriores, do Planejamento e dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. Ou seja: está tudo em casa. Bolsonaro teria o apoio necessário para, então, igualmente de acordo com os ditames constitucionais, solicitar autorização ao Congresso Nacional para decretar estado de defesa ou estado de sítio. Também no parlamento, está tudo dominado. Com o centrão na mão, as chances de aprovação seriam razoavelmente altas.

Pela bula constitucional (Artigo 136), o estado de defesa prevê, entre outras consequências, restrições aos direitos de: reunião, ainda que exercida no seio das associações; sigilo de correspondência; sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Já o estado de sítio (Artigo 139) estabelece as seguintes medidas: “obrigação de permanência em localidade determinada; detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; suspensão da liberdade de reunião; busca e apreensão em domicílio; intervenção nas empresas de serviços públicos; requisição de bens”. Tudo isso é acessório. Com qualquer um dos regimes de exceção, Bolsonaro ganharia o tempo necessário para subir o tom e pregar a anulação das eleições, a essa altura contando com uma comoção social a seu favor, com parte do seu eleitorado indo às ruas para defender uma nova votação – ou quiçá soluções ainda mais heterodoxas. O importante seria provocar o “terceiro turno”.

Devaneio? Loucura? Muito provavelmente, sim. Tomara que sim! De toda a forma, repita-se: é preciso ficar alerta.

#Eleições 2022 #Jair Bolsonaro #Lula #TSE

Economia

Timing de risco

27/10/2022
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Dois grandes segmentos da indústria de São Paulo – metalurgia e papel e celulose – decidiram empurrar as negociações sobre o reajuste salarial das respectivas categorias para depois das eleições. Pelo jeito, os sindicatos patronais estão apostando todas as fichas na reeleição de Jair Bolsonaro, dado o risco político embutido na decisão. Em tese, uma eventual vitória de Lula daria um gás a mais aos trabalhadores à mesa de negociações.

#Jair Bolsonaro #Lula #São Paulo

Política

Paulo Guedes faz ato de campanha com o “Dia do Fico”

26/10/2022
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O ministro Paulo Guedes pretende conceder uma coletiva até sexta-feira para divulgar de forma consolidada todos os projetos que o governo planeja realizar no próximo ano em caso de reeleição. Seria uma espécie de “Diga aos empresários que fico”, sem subtextos e falando diretamente ao PIB. Entrariam no pacote iniciativas novas e medidas requentadas. Quanto mais, melhor. Uma das principais motivações seria justamente mostrar uma profusão de propostas em contraposição à ausência de programa econômico do candidato Lula.

Ao mesmo tempo, seria uma oportunidade de expor os planos de Bolsonaro de uma maneira compreensível e palatável ao povo, ou seja, em linguagem eleitoreira. Entre outros pontos, o ministro pretende tonitruar a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 e da redução da alíquota do ICMS para os combustíveis. Guedes aproveitaria o show off para ressoar também a ideia do Fundo Brasil. Trata-se do projeto mais estrondoso que a equipe econômica de Bolsonaro tem para colocar na mesa nesta reta final da disputa eleitoral.

Ao menos pelas cifras já sopradas pelo ministro. Guedes mencionou a possibilidade da União arrecadar R$ 1 trilhão com a venda de imóveis e outro tanto com privatizações. Cerca de 25% seriam destinados ao com- bate à pobreza e outros 25% para obras públicas, ou seja, geração de empregos na veia. A ideia da entrevista está em sintonia com boa parte da coordenação política da campanha de Jair Bolsonaro. Assessores do presidente entendem que a economia pode vir a ter um papel decisivo na disputa eleitoral. A apresentação de Paulo Guedes teria ainda a serventia de dar ao presidente subsídios e “deixas” para o último debate eleitoral, na próxima sexta-feira. Ainda assim, no QG de campanha existem vozes contrárias à apresentação.

Há quem pondere que as últimas manifestações de Paulo Guedes foram trágicas para os planos de reeleição de Bolsonaro. O entendimento é que o ministro demorou e não foi suficientemente assertivo ao responder às notícias de que o governo estuda, em um eventual segundo mandato, desvincular a correção do salário-mínimo e das aposentadorias da inflação. Some-se a isso o novo vazamento sobre planos da equipe econômica para retirar do Imposto de Renda as deduções com saúde e educação. São temas espinhosos dos quais Guedes não conseguiria escapar em um evento aberto a perguntas da imprensa.

#ICMS #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes

Política

Hedge

26/10/2022
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Nos últimos dias, o ex-chanceler Celso Amorim tem mantido interlocução com autoridades diplomáticas dos Estados Unidos. Em pauta, o rápido reconhecimento do governo norte-americano ao resultado das eleições brasileiras em caso de vitória de Lula.

#Celso Amorim #Lula

Política

Âncora

25/10/2022
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Assessores econômicos de Lula, a começar por Aloizio Mercadante, têm levado propostas para empresários do setor portuário. O objetivo é acalmar o maremoto no segmento após as notícias de que o petista vai suspender as privatizações do segmento.

#Aloizio Mercadante #Lula

Política

Operação tampão

25/10/2022
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Desde o último sábado, o comitê de campanha de Jair Bolsonaro está trabalhando em ritmo chinês na produção em massa de vídeos para as redes sociais. Trata-se de uma tentativa de compensar a perda de 170 inserções de 30 segundos na TV, por decisão da Justiça Eleitoral, que concedeu uma série de direitos de resposta a Lula.

#Jair Bolsonaro #Justiça Eleitoral #Lula

Política

O perigo mora ao lado

24/10/2022
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Spoiler dos próximos programas de Jair Bolsonaro no horário eleitoral: Bolsonaro vai vincular  duramente Lula ao presidente Alberto Fernández e à crise econômica argentina, com direito a cenas de prateleiras vazias em supermercados. A premissa do staff de campanha é que a Argentina cala mais fundo no eleitorado da classe média do que a já surrada vinculação do PT à Venezuela.

#Argentina #Jair Bolsonaro #Lula #PT #Venezuela

Provocação ao vivo

21/10/2022
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Os mefistofélicos assessores de Jair Bolsonaro estão sugerindo que, na entrevista de hoje ao SBT, o presidente convide Lula publicamente, em rede nacional, para assumir o “Ministério da Picanha e Cerveja”. Bolsonaro usaria o chiste para desafiar o petista a dar um jeito das famílias brasileiras terem acesso a carne e bebida prometidas.

#Jair Bolsonaro #Lula #SBT

Destaque

O perdão nosso de cada candidato

20/10/2022
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A “República do perdão” independe das urnas. Seja Lula, seja Jair Bolsonaro, o vencedor das eleições terá de solicitar ao Congresso um waiver para que o teto de gastos possa ser furado mais uma vez. Entre os assessores econômicos dos dois candidatos, o pedido de anistia é tratado como algo praticamente inevitável. O próximo presidente precisará de tempo para implementar um novo arcabouço fiscal, que só terá efeito prático a partir do segundo ano de mandato. A mudança nas regras, vinculada ao compromisso de manutenção do ajuste fiscal, justificaria a requisição ao Legislativo da “licença para gastar”. Mal comparando, seria uma versão doméstica dos tantos pedidos de waiver feitos ao FMI por governos brasileiros do passado. Cada tempo com seus apertos.

A premissa é que o ano de 2023 já está perdido. O PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) para o próximo ano, enviado ao Congresso, não contempla a massa de gastos adicionais fora do teto. A manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 custará cerca de R$ 60 bilhões por ano. O pagamento de 13º do benefício a mulheres, prometido por Bolsonaro, vai exigir outros R$ 10 bilhões. Entra ainda nessa “conta dos não contabilizados” um passivo de precatórios expedidos e não pagos de aproximadamente R$ 50 bilhões. Some-se a isso o fato de que o próprio teto de gastos deverá ser rebaixado. A PLOA encaminhada ao Congresso previa um IPCA de 7,2% para este ano. No entanto, o último Boletim Focus, de 7 de outubro, traz uma projeção de 5,71%. Nesses termos, o teto previsto na PLOA de 2023 está superestimado em cerca de R$ 24 bilhões.

Tanto os assessores de Lula quanto a equipe econômica do governo Bolsonaro já acenam com um novo arcabouço fiscal. Pelo lado da atual gestão, técnicos do Tesouro Nacional concluíram a minuta de um plano que preserva o teto de gastos, mas altera o modelo abrindo margem para aumento real dos gastos de até 2,5% ao ano a depender de três variáveis. Para começar, o projeto estabelece como referência a DLGG (dívida líquida do governo geral) – o indicador abrange ativos e passivos da União, estados e municípios, excluindo ativos e passivos de posse do BC. A proposta do Tesouro contempla a dívida líquida do governo geral em relação ao PIB do ano corrente, estabelecendo três bandas possíveis: abaixo de 45% do PIB; de 45% a 55%; e acima de 55%. Essa relação DLGG/PIB é comparada à média dos três anos anteriores, para se verificar alta ou queda. Finalmente, o modelo observa se a média bianual de resultados primários indica um saldo positivo e crescente na comparação com os dois anos anteriores. Nesse caso, seria concedido um bônus de 0,5 ponto percentual para elevação das despesas. Dessa alquimia os técnicos do Tesouro derivaram para 12 combinações possíveis que possibilitam uma variação dos gastos primários do governo federal entre zero e 2,5% ao ano.

Lula já afirmou que vai acabar com a atual regra do teto de gastos. Assessores do comitê econômico do petista têm sinalizado a hipótese de retirar investimentos do cálculo para o limite das despesas. De toda a forma, as informações que saem da campanha do PT ainda são pouco conclusivas. Talvez fruto da biodiversidade de economistas de diferentes correntes de pensamento que se aglutinaram em torno da sua campanha, há vozes que defendem uma regra baseada em uma trava para os gastos; outros entendem que o melhor critério é o saldo positivo das contas públicas. Pérsio Arida, por exemplo, um importante colaborador do plano de governo do PT, defende um programa de gastos de R$ 100 bilhões fora do teto até que seja definida a nova regra fiscal. Economistas do PT discutem ainda alguma regra contracíclica para o teto. Ou seja: o governo aumentaria o teto e consequentemente o limite de gastos quando a economia estivesse retraindo, como forma de compensar o menor crescimento. Em contrapartida, o oposto também ocorreria, ou seja, a redução do teto em caso de uma expansão do PIB que permitisse um volume menor de gastos públicos.

Seja como for, seja quem for, o cenário é dramático. Com a manutenção de desonerações concedidas neste ano, notadamente IPI e PIS/Cofins sobre combustíveis, o gasto tributário federal, ou seja, o custo das renúncias, cresceu de 0,5% do PIB para 4,3% do PIB em 2023 – acima do índice de 2% do PIB estabelecido na Emenda Constitucional 109/2021, originada da PEC Emergencial. As estimativas apontam que a relação dívida/PIB deverá crescer quatro pontos percentuais entre dezembro deste ano e dezembro de 2023. Nesse contexto, não há margem de manobra. Seja quem for o presidente, seja qual for o novo arcabouço fiscal, 2023 terá de ser o ano do perdão.

#Auxílio Brasil #Economia #Jair Bolsonaro #Lula #PIB #PT

A volta do juiz

20/10/2022
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Sergio Moro está municiando os marqueteiros de Jair Bolsonaro com uma numeralha a ser aproveitada no programa eleitoral. A ideia do staff de campanha é criar um quadro intitulado “O que Lula já roubou”.

#Jair Bolsonaro #Lula #Sérgio Moro

Destaque

Há um Bolsonaro vs. Lula na eleição do Banco Interamericano

19/10/2022
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Ilan Goldfajn não é o único brasileiro no páreo para assumir a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo o RR apurou, há uma articulação em torno do nome do também economista Luiz Awazu Pereira da Silva, atualmente diretor-geral adjunto do BIS (Banco de Compensações Internacionais) – uma espécie de Banco Central dos Bancos Centrais. Sua candidatura ganha corpo de fora para dentro do Brasil. De acordo com a fonte do RR, Awazu conta com o apoio de países de peso, como Estados Unidos e Canadá.

A eleição está marcada para 20 de novembro – os candidatos devem ser indicados até 11 de novembro. O colégio eleitoral é composto pelos próprios diretores do BID, com peso proporcional à representatividade dos respectivos países. O governo norte-americano responde, sozinho, por 30% dos votos. O sistema para a eleição do presidente do BID estimula ou, mais do que isso, exige uma ampla articulação diplomática.

O Brasil, por exemplo, tem junto com o Suriname 11,4% de poder de voto. A representante do país na diretoria do BID é Martha Seillier, ex-secretária de PPI do governo Bolsonaro. Sob um determinado ângulo, não seria exagero dizer que a eventual disputa entre Ilan Goldfajn e Luiz Awazu reproduz o embate eleitoral entre Jair Bolsonaro e Lula. Goldfajn é o candidato da gestão Bolsonaro. Tem o apoio explícito de Paulo Guedes, que levou o nome do economista a Nova York na semana passada.

Ressalte-se que Bolsonaro quer fazer o presidente do BID mesmo que não venha a ser reeleito. Ou seja: no intervalo entre o segundo turno e a eleição no banco, vai seguir trabalhando pela candidatura de Goldfajn. Awazu, por sua vez, tem uma trajetória interligada aos governos do PT. Comandou a Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Lula. Posteriormente ocupou o cargo de diretor de Política Econômica e Assuntos Internacionais do Banco Central no primeiro governo Dilma.

#Banco Central #BID #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Fazenda #PT

Lula no campo do adversário

19/10/2022
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Os senadores Carlos Fávaro (PSD/MT) e Kátia Abreu (PP/TO) mergulharam na campanha de Lula. Ligados ao agronegócio, articulam um encontro do petista com empresários do setor, notadamente do Centro-Oeste.

#Carlos Fávaro #Katia Abreu #Lula

Pandemia em pauta

18/10/2022
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A campanha de Lula está tentando obter uma declaração de apoio ao petista de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ministros da Saúde defenestrados por Jair Bolsonaro. A premissa é que a pandemia é um dos temas mais favoráveis ao ex-presidente, vide o debate do último domingo.

#Jair Bolsonaro #Luiz Henrique Mandetta #Lula #Nelson Teich

Bolsonaro e Lula miram na redução do câmbio

17/10/2022
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Um refresco cambial é o que os arautos da área econômica de ambos os candidatos à Presidência pretendem usufruir no início do seu governo. Todos preconizam uma inflexão no valor da moeda. Um dólar cotado na faixa de R$ 4,00 seria a meta. Mas ninguém pensa em mexer no tripé macroeconômico. Nem apreciar o real artificialmente, vendendo um pouquinho das reservas cambiais, usando de operações de swap, ou coisas assim. Não é disso que se trata. O governante que vier vai vender Brasil. Na equipe econômica de Lula há o entendimento de que o anúncio de medidas ambientais fortes – inclusive, com projetos de investimentos “limpos” na Amazônia – e um pacote vultoso de empreendimentos voltados à área de energia renovável, tendo a Petrobras e o BNDES como parceiros, trarão um caminhão de dinheiro.

Ainda mais se o petista for o garoto propaganda das medidas no exterior. Lula vende bem. A lógica virtuosa é a mesma de sempre: dólar entrando, real valorizando e inflação caindo. Bolsonaro já iniciou o mesmo movimento. Paulo Guedes aproveitou a reunião do FMI, em Nova York, para vender o Brasil. Apresentou, em diversos encontros com os bancos, a “espetacular” agenda de resultados macroeconômicos do governo: PIB subindo, desemprego e inflação caindo, superavit primário e dívida bruta sob controle.

Se o câmbio cair, melhoram todas as variáveis. Guedes quer que o governo faça marketing no exterior, que trate com ufanismo nossos triunfos: energia renovável e commodities agrícolas, principalmente – o ministro já pisou e repisou que o Brasil é o garantidor da segurança alimentar do mundo. Mas o tiro de maior calibre que Paulo Guedes pretende dar é a privatização da Petrobras. A equipe econômica considera que a operação amassaria o câmbio. O combo inclui também um número de concessões superior ao do “primeiro” governo Bolsonaro. Guedes sempre repete que tem muito dinheiro voando no mundo e que o Brasil, além de ter feito seu MBA em concessões na gestão do coronel Tarcísio Freitas no Ministério da Infraestrutura, reúne os ativos naturais que todos querem. Boas intenções, ideias animadoras, mas de complexa execução. Um real comportadamente apreciado todo mundo quer. A ver quem saca do coldre a tão difícil previsibilidade.

#BNDES #Lula #Ministério da Infraestrutura #Paulo Guedes #Petrobras #PIB

No calcanhar de Romário

17/10/2022
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A campanha de Lula tem feito marcação cerrada sobre Romário. O escalado para a missão é o deputado estadual André Ceciliano, curiosamente derrotado pelo Baixinho na disputa pelo senado. O PT enxerga espaço para Romário, do partido de Jair Bolsonaro, virar casaca e apoiar Lula.

#Lula #Romário

Rei da mesa

14/10/2022
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Jorge Samek está cotado para voltar ao comando de Itaipu caso Lula vença a eleição. A indicação tem o apoio de Gleisi Hoffmann. Em termos de longevidade, Samek foi campeão nos governos do PT: presidiu a estatal de 2003 a 2016.

#Gleisi Hoffmann #Itaipu Binacional #Jorge Samek #Lula #PT

De sindicalista para sindicalista

13/10/2022
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O próprio Lula tem conduzido as conversas com o “companheiro” Paulinho da Força em busca do apoio do Solidariedade à candidatura de Fernando Haddad. No primeiro turno, o partido fez uma salada: Lula na Presidência e Rodrigo Garcia no governo de São Paulo.

Por falar em aliança para o segundo turno: a campanha de Lula negocia com Rodrigo Maia uma declaração de apoio ao petista. Maia acaba de deixar a Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo por discordar da aliança do governador Rodrigo Garcia com Jair Bolsonaro.

#Fernando Haddad #Lula #Paulinho da Força #Rodrigo Maia

Agrotóxicos opõem Lula e Jair Bolsonaro no Supremo

11/10/2022
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Ainda que indiretamente, Lula e Jair Bolsonaro têm um embate marcado para os próximos dias no STF. Segundo o RR apurou, o Supremo vai concluir antes em até duas semanas antes, portanto, do segundo turno o julgamento da ADPF 910. Ajuizada pelo PT, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental questiona a legalidade do Decreto 10.833/2021 assinado por Bolsonaro no ano passado, que flexibiliza as vendas de defensivos agrícolas no Brasil.

O partido acusa o governo de instituir uma espécie de “liberou geral” na comercialização de agrotóxicos, abrindo brecha, inclusive, para a entrada no Brasil de produtos banidos em outros países, notadamente da União Europeia. Ressalte-se que a ministra Carmem Lucia, relatora do processo, já votou contra cinco trechos do Decreto 10.833/2021. Mas é necessária a apreciação de todos os ministros para que o STF declare a inconstitucionalidade ou não da matéria – seja de parte do texto ou da íntegra. Segundo informações filtradas da Corte, há entendimentos dissonantes no Supremo.

O ministro Luis Roberto Barroso seria uma das principais vozes contrárias ao Decreto. Do outro lado, estaria, por exemplo, Kassio Nunes, indicado por Bolsonaro. Em contato com o RR, o Supremo confirmou que “a ADPF 910 está em julgamento na sessão virtual e está prevista para terminar no dia 17 de outubro”. Às vésperas da eleição, o STF joga luz em um tema polêmico e naturalmente imbricado com a disputa entre Jair Bolsonaro e Lula. O processo no Supremo, de autoria do PT, é mais uma cerca de arame farpado a separar o ex-presidente do agribusiness. A flexibilização das regras para defensivos agrícolas é uma forte exigência do setor, que vem sendo atendida por Bolsonaro antes mesmo do Decreto 10.833/2021. Nos três primeiros anos de mandato, o seu governo autorizou o registro de 1.560 produtos. O número supera o total de defensivos agrícolas aprovados no país nos 20 anos anteriores.

#Agrotóxicos #Jair Bolsonaro #Lula

Quanto custa o voto

10/10/2022
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R$ 364,1 milhões. Na ponta do lápis, este é o valor que Solidariedade, PP, Patriota e PSC deixarão de receber em 2023, segundo dados obtidos pelo RR junto ao próprio TSE. A cifra se refere aos recursos do Fundo Partidário que o quarteto perderá por não ter atingido a cláusula de barreira nas eleições. O maior prejuízo será do Solidariedade: aproximadamente R$ 107 milhões.

#Fundo Partidário #Jair Bolsonaro #Lula #TSE #União Brasil

Mando de campo

10/10/2022
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A Fiesp pretende organizar um novo encontro entre empresários e os candidatos Lula e Jair Bolsonaro. O petista já sinalizou que vai. Com Josué Gomes da Silva na presidência da entidade, Lula joga em casa.

#Fiesp #Jair Bolsonaro #Lula

A eleição depois da eleição

7/10/2022
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O nome do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha desponta dentro do PT como um potencial candidato a presidência da Câmara, em fevereiro de 2023. Antes, no entanto, Lula precisa ganhar a eleição que realmente interessa.

O que se diz nas entranhas do MDB é que Roseana Sarney também tem pretensões de disputar a presidência da Câmara. Seria, inclusive, moeda de troca para José Sarney declarar apoio a Lula ou a Jair Bolsonaro no segundo turno. A essa altura, fazer de  Roseana presidente da Câmara seria um trabalho de Hércules para qualquer um dos candidatos.

#Alexandre Padilha #Jair Bolsonaro #José Sarney #Lula #MDB #PT

“E daí?”, diria Bolsonaro

7/10/2022
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Pesquisa qualitativa recebida pelo comitê de campanha de Jair Bolsonaro na última terça-feira aponta que 69% dos brasileiros veem o presidente como uma ameaça à democracia. Outros 89% classificam a democracia como um valor a ser preservado. Qual será o impacto desse survey no discurso de Bolsonaro? Nenhum.

#Jair Bolsonaro #Lula #PT

Ciro sendo Ciro

7/10/2022
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O vídeo de Ciro Gomes declarando o apoio que não é apoio a Lula causou mais fissuras no PDT. Segundo fonte do partido, o conteúdo da postagem não foi compartilhado previamente com, Carlos Lupi, presidente da sigla.

#Carlos Lupi #Ciro Gomes #Lula #PDT

Missão redobrada

6/10/2022
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Jaques Wagner e Gleisi Hoffmann conversaram por horas a fio com Luciano Bivar na última segunda-feira. Buscam o apoio do União Brasil a Lula no segundo turno.

#Gleisi Hoffmann #Jaques Wagner #Lula

Lula vai soltar algum spoiler na economia?

5/10/2022
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O comitê da campanha petista pressiona Lula a antecipar nomes da sua equipe econômica e anunciar propostas concretas, tudo o que o candidato não fez até o momento. Essa mobilização é um reconhecimento de um equívoco. Sob certo aspecto, Lula desdenhou da realidade eleitoral ao não assumir riscos e não dar pistas de sua política econômica na disputa do primeiro turno. Não são discussões em linha reta. Dentro do PT, há estratégias e propostas distintas, defendidas pelas diferentes correntes de pensamento econômico que foram se aninhando na campanha de Lula. A eminência parda da área econômica no partido, Aloizio Mercadante, defende que o candidato anuncie medidas mais afeitas ao ideário histórico do PT. Entrariam nesse rol o aumento do salário-mínimo, a promessa de correção da remuneração do funcionalismo público e a garantia de constitucionalização do Bolsa Família, que Lula promete recriar no lugar do Auxílio Brasil. Ou seja: o benefício passaria a ser uma ação de Estado e não do governo da ocasião. Mercadante entende, inclusive, que Lula deve explorar ao máximo essas propostas nos debates eleitorais do segundo turno. A premissa é que são medidas que Jair Bolsonaro não seria capaz de “bidar”. Ou seja: seriam ativos quase exclusivos do candidato do PT.

Por sua vez, Geraldo Alckmin defende um discurso mais ameno, voltado a crescimento, linha que encontra eco em Andre Lara Resende e Pérsio Arida, colaboradores na formulação do programa econômico petista. O duo “Larida” seria da opinião que Lula deve esmiuçar propostas para estimular investimentos, especialmente na área de infraestrutura, e fomentar a criação de frentes de trabalho.

Lula sempre foi da opinião que nome de ministro e política econômica só se anuncia depois da eleição. Foi o que fez em seu primeiro mandato, divulgando a nomeação de Antonio Palocci somente no dia 12 de dezembro de 2002, portanto um mês e meio após a vitória nas urnas. No entanto, a redução da diferença para Jair Bolsonaro no primeiro turno – bem inferior à apontada pelas pesquisas – joga um fator de pressão para que o petista antecipe fatos. Até como forma de conter especulações que, a essa altura, levam mais tensão à campanha petista. Nos últimos dias, surgiram rumores no mercado de que Lula estaria propenso a indicar um economista “puro-sangue” do PT para o Ministério da Fazenda. Nesse caso, o futuro ministro sairia da “lista tríplice” formada por Aloizio Mercadante, Guilherme Mello e Gabriel Galípolo.

Mercadante é uma espécie de decano dos economistas do PT, colaborador histórico de Lula e, por isso mesmo, talvez o nome com maior suporte político dentro do partido. Mello e Galípolo, por sua vez, são estrelas em ascensão. Com a mesma idade, 39 anos, ambos se destacaram durante a campanha como dois dos principais formuladores do programa econômico de Lula. Mello, da Unicamp, já disse que o governo Lula pretende revogar o teto de gastos e criar um novo arcabouço fiscal. O que isso significa? Pouco ou nada se sabe, o que só ajuda a alimentar tensões no mercado.

Já Galípolo tem uma trajetória, digamos assim, menos convencional para o perfil dos economistas historicamente próximos ao PT – ainda que seja um colaborador de Mercadante há mais de dez anos. Formado pela PUC, foi CEO do Fator, o que, em tese, talvez o coloque em uma situação de vantagem, como um nome um pouco menos rascante para o mercado. Galípolo também é próximo de Luciano Coutinho, o que em parte explicaria as especulações do seu nome para um BNDES vitaminado – ver RR de 5 de setembro.

Em conversas com assessores próximos a Lula, o RR apurou que, apesar de eventuais pressões do partido, Lula pende para a saída mais desejável pelo mercado, leia-se um Ministério “PTucano”. Na prática, a construção desse staff já vem surgindo aos poucos, de forma gradativa – em uma combinação antecipada pelo RR ao longo dos últimos meses. Geraldo Alckmin segue como forte candidato ao Ministério da Fazenda – como informou a newsletter no dia 19 de setembro. Dentro do próprio PT, ressalte-se, há focos de resistência ao nome de Geraldo Alckmin – e, consequentemente à “tucanização” da economia. Um dos argumentos é que o vice-presidente da República não seria um ministro demissível. Tudo tem seu jeito. Alckmin pode até não ser “demissível”, mas seria perfeitamente “deslocável”, caso assim fosse necessário. Por essa linha, Lula formalizaria também a presença de André Lara Resende e Pérsio Arida em sua equipe econômica. É outro movimento que não vem de hoje. Em março de 2021, mais precisamente na edição do dia 16, o RR foi o primeiro veículo a noticiar a aproximação de Lara Resende e Lula e a possibilidade do ex-tucano integrar um eventual governo petista.

O RR não acredita que Lara Resende seja o escolhido para o cargo de ministro. O mercado financeiro se ressentiria da escolha, em razão das suas “novidadeiras” teorias monetárias. Mas ele será um importante colaborador de Lula na formulação da política econômica, o que já foi endossado pelo próprio petista. O mesmo se aplica a Pérsio Arida, outro nome egresso do ninho tucano, que também confirmou sua colaboração com o comitê responsável pelo programa econômico e igualmente se achegou a Lula pelas mãos de Alckmin. A presença de Lara Resende e Arida traz para o governo petista o ativo da maior revolução monetária do país, com o fim da hiperinflação. Ou seja: Lula pode capitalizar o fato de que arregimentou das antigas fileiras tucanas a dobradinha que ajudou a idealizar o Plano Real e a resolver o maior problema do povo: a carestia. Mesmo que o petista não tenha apoiado o Real na sua origem.

O regra três da área econômica de Lula é, como sempre foi, seu ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Seu apoio a Lula não teria sido uma decisão destituída de qualquer acordo ou interesse. Meirelles é quindim do mercado. A newsletter aposta que seu nome está guardado para a saída de Roberto Campos Neto da presidente do BC daqui há dois anos – ver RR de 9 de setembro. Campos Neto já afirmou que não se recandidatará, o que também é o desejo do PT. Meirelles estaria sentado no Conselho da controversa corretora de criptomoedas Binance, aguardando a convocação. Será, então, o mais longevo presidente do BC e joia rara dos três governos Lula. Mas Meirelles não é papo para a campanha eleitoral. Os atores agora são outros.

#Auxílio Brasil #Banco Central #BNDES #Geraldo Alckmin #Henrique Meirelles #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Fazenda #PT

A caça por apoios

5/10/2022
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Paulo Guedes tem feito acenos ao empresário Flavio Rocha com o objetivo de resgatar seu apoio a Jair Bolsonaro. Há duas semanas, o dono da Lojas Riachuelo jantou com Lula, mas, sempre que perguntado sobre eleições, tem repetido que prefere “ficar na moita”. Guedes quer tirá-lo de lá.

Eduardo Bolsonaro está se mexendo para conseguir que Giorgia Meloni, líder da extrema direita italiana e virtual primeira-ministra do país, grave um vídeo em favor da reeleição de Jair Bolsonaro.

O comitê de campanha de Lula, via Henrique Meirelles, está tentando obter uma declaração de apoio de João Doria. Ainda que tenha perdido força no tabuleiro político, Doria carrega o ativo do confronto com Jair Bolsonaro na pandemia.

#Eduardo Bolsonaro #Flavio Rocha #Henrique Meirelles #Jair Bolsonaro #João Doria #Lojas Riachuelo #Lula #Paulo Guedes

José Dirceu é a bola da vez na campanha de Bolsonaro

4/10/2022
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No que depender de Carlos Bolsonaro, José Dirceu deverá ser uma peça importante na campanha de Jair Bolsonaro no segundo turno. “Carluxo” defende como estratégia o uso do nome de Dirceu para intensificar o discurso de criminalização de Lula e do PT. Ressalte-se que o track records joga a favor do “02”. Até agora, ele acertou todas na estratégia de campanha, vide os ataques a institutos de pesquisa – ver RR de ontem.

No caso de Dirceu, sua proposta é explorar ao máximo a folha corrida do petista, incluindo a produção de vídeos para as redes sociais e para os programas eleitorais de Bolsonaro. O staff do presidente já estaria selecionando imagens “emblemáticas” da trajetória do ex- ministro da Casa Civil. O acervo iria da época de guerrilheiro à prisão e julgamento na Lava Jato. O próprio presidente deverá levantar a bola nos debates, fazendo menção a José Dirceu de forma a constranger e seu oponente. Ou seja: Bolsonaro utilizaria a criatura contra o seu criador.

Com essa estratégia, a campanha de Jair Bolsonaro pretende jogar luz sobre uma figura que o próprio PT, prudentemente, tem mantido na penumbra durante toda o processo eleitoral. Segundo o RR apurou, no comitê político de Bolsonaro já se discute ações até mais contundentes. Uma delas seria o vazamento da “informação” de que Dirceu terá um cargo no eventual governo Lula, assumindo, mais uma vez, toda a coordenação política do petista. Nos cálculos de Carlos Bolsonaro, essa narrativa teria o efeito de aumentar tensões e galvanizar uma parcela do eleitorado que não votou nem no atual presidente nem em Lula no primeiro turno. Para eleitores ao centro e à direita, a menção ao nome de Dirceu já seria suficiente para evocar o pior dos recalls: o cérebro por traz do mensalão, do petrolão e de toda a sorte de atos criminosos necessários para assegurar uma longeva permanência do PT no Poder.

#Carlos Bolsonaro #Jair Bolsonaro #José Dirceu #Lula #PT

Contra-ataque

4/10/2022
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O deputado André Janones terá um papel ainda maior na campanha de Lula no segundo turno. Janones deverá assumir integralmente o comando da comunicação nas redes sociais, hoje formalmente a cargo do marqueteiro Sidônio Palmeira.

#André Janones #Lula

Bolsonaro elege institutos de pesquisa como o “inimigo” a ser batido no segundo turno

3/10/2022
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Carlos Bolsonaro venceu. Ontem, “Carluxo” foi festejado no comitê de campanha de Jair Bolsonaro. No núcleo duro dos articuladores políticos de Bolsonaro, o “02” sempre foi o maior defensor de que deveriam ser feitos ataques contundentes contra os institutos de pesquisa. Ganhou e vai ganhar muito mais. Os institutos serão o principal adversário na campanha do segundo turno. A ordem é bater pesado no Datafolha, Ipec, entre outros menos votados. Guardadas as devidas proporções, serão tratados da mesma forma que a mídia, em especial a Globo, durante todo o primeiro mandato.

Segundo o RR apurou junto a assessores de Bolsonaro, ontem mesmo o comitê político do presidente já discutia estratégias para capitalizar os erros dos maiores institutos no país em suas pesquisas para o primeiro turno. A ofensiva começou logo após a apuração. Ontem à noite, no seu primeiro pronunciamento após o resultado da votação, Jair Bolsonaro bateu duramente no Datafolha. A campanha de Bolsonaro deverá se valer de termos como “fraudadores” e “enganadores” para desacreditar ainda mais os institutos.

Como sempre, as redes sociais terão um papel fundamental nesse bombardeio, sob a regência de “Carluxo”. Já a partir de hoje perfis de apoio a Bolsonaro deverão descarregar postagens contra os institutos, confrontando as últimas pesquisas com os resultados das urnas no primeiro turno. O tiroteio será logicamente intensificado a cada divulgação de novo levantamento – mesmo porque a tendência é que Lula apareça na frente nas primeiras pesquisas.

#Carlos Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula #PT

“Embrapa do hidrogênio” entra no radar de Lula

30/09/2022
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Empresas do setor de energia encaminharam ao comitê responsável pelo programa econômico de Lula uma proposta que visa acelerar a transformação do Brasil em uma potência da geração renovável. A ideia que circula entre os assessores do ex-presidente é a criação de uma espécie de “Embrapa do hidrogênio”. Ou seja: uma empresa pública da área de pesquisa dedicada ao desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de hidrogênio verde, em parceria como a iniciativa privada. Se a Embrapa surgiu em 1973, em pleno governo militar, para garantir um modelo de agricultura e pecuária “genuinamente tropical”, caberia a essa estatal criar soluções para o aproveitamento das notórias potencialidades do Brasil para o setor.   

Um exemplo: hoje existem pesquisas no país para a produção de hidrogênio verde a partir da vinhaça, um resíduo proveniente do etanol. Essa “escória” sucroalcooleira é puro ouro para o setor energético: sua composição tem 95% de água. Basicamente, o hidrogênio verde é obtido a partir da quebra das moléculas da água por meio de um processo chamado eletrólise. A eletricidade necessária para essa transformação vem de fontes renováveis, como solar e eólica. O Brasil tem sol, tem vento e tem muita cana de açúcar. A cada litro de etanol – o país produz 28 bilhões de litros do biocombustível por ano – são obtidos dez litros de vinhaça. Os estudos em torno dessa técnica vêm sendo conduzidos pela USP e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), financiado pela Fapesp e pela Shell. A existência de uma “Embrapa do hidrogênio” teria o potencial de acelerar o desenvolvimento dessa e eventualmente de outras tecnologias.  

Até o momento, Lula tem sido razoavelmente econômico nas menções aos seus planos para a área de energia. Algumas das poucas citações ao tema têm sido feitas por Mauricio Tolmasquim, que ocupou cargos no Ministério de Minas e Energia no governo do petista e é um de seus principais assessores para o setor. Sem entrar em detalhes, Tolmasquim já afirmou que os planos de Lula passam pela construção de hidrelétricas de menor porte e usinas solares e eólicas. A proposta de criação da Embrapa do “hidrogênio verde” daria uma voltagem bem maior ao plano de governo do petista. Até porque os investimentos nessa matriz energética do futuro, fundamental para a transição para uma economia de baixo carbono, ainda são incipientes perto do potencial que se enxerga para o Brasil.  

Ainda assim, alguns projetos de porte já estão no pipeline. A Unigel vai investir cerca de US$ 120 milhões em uma planta na cidade de Camaçari (BA). A AES assinou um pré-contrato com o Porto de Pecém (CE) para instalar no local um hub de produção de hidrogênio verde com capacidade de até 2 GW. A australiana Fortescue também assinou um memorando de entendimentos com o governo do Ceará para investir US$ 6 bilhões em uma usina no mesmo complexo portuário. Há ainda a expectativa pela vinda de grandes fundos internacionais ESG. É o caso do VH Global Sustainable Energy Oportunities. O RR apurou que os ingleses querem se associar a projetos de hidrogênio verde no país. O VH Global, por sinal, já deu um primeiro passo em energia renovável no país: em parceria com a Paraty Energia, comprou a hidrelétrica Mascarenhas, até então pertencente à EDP.  

#Energia #Lula #Ministério de Minas e Energia #Unigel

“Pré-Vento” também sopra forte no programa do PT

30/09/2022
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Os estudos conduzidos pela equipe de Lula na área de energia renovável passam também pela geração eólica. A ideia é lançar um plano de ações logo no início do mandato com o objetivo de estimular a instalação de usinas offshore. O ponto de partida seria a criação de uma estatal específica para o segmento, que ficaria pendurada no Ministério de Minas e Energia (MME).

Guardadas as devidas proporções, seria um modelo similar ao da PPSA (Pré-sal Petróleo), instituída no governo Dilma. A premissa é que, a exemplo do pré-sal, o “Pré-Vento” é um ativo precioso, capaz de atrair forte investimento estrangeiro. Assim como no caso do hidrogênio verde, diversos grupos já sinalizaram interesse em entrar no negócio, entre os quais EDF, Prumo Logística, Shell, Equinor e NeoEnergia.

Só no Rio de Janeiro há nove projetos em análise no Ibama, com investimentos previstos de R$ 85 bilhões. Se eleito, Lula vai pegar um quebra-cabeças com várias peças faltando. Não obstante o Decreto 10.946/2022, que deu início ao marco regulatório das eólicas offshore, ainda não há regulamentação específica para a cessão das áreas. Ao menos duas minutas de Portarias sobre o tema estão em análise no MME, mas é pouco provável que saiam ainda neste ano. Não se sabe também qual será o modelo de concessão e muito menos os critérios para o cálculo dos valores que os investidores terão de pagar à União.

#Lula #Ministério de Minas e Energia #NeoEnergia #Prumo Logística #Shell

Bolsonaro x Lula, na reta final

30/09/2022
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Interlocutores de Jair Bolsonaro ainda tentam, aos 44 do segundo tempo, costurar um encontro entre o presidente e o ex ministro Marco Aurelio Mello. Seria um contraponto, ainda que solitário, às seguidas manifestações de apoio de ex-integrantes do Supremo a Lula.

O resultado das últimas pesquisas acirrou as divergências no QG de campanha de Jair Bolsonaro. Os filhos do presidente, notadamente Carlos Bolsonaro, jogam a culpa pela estagnação nas sondagens sobre o marqueteiro Duda Lima, ligado a Valdemar da Costa Neto. Nas reuniões internas, “Carluxo” tem atacado duramente a “suavização” da imagem de Bolsonaro nos programas eleitorais. No que depender do “03”, Duda Lima é carta fora do baralho para o segundo turno. Se houver.

Ao longo da semana, Jair Bolsonaro recusou dois pedidos da campanha de Fernando Collor para gravar uma mensagem de apoio ao candidato ao governo de Alagoas e aliado do presidente. Bolsonaro não quer desagradar Arthur Lira, que apoia Rodrigo Cunha.

A cúpula do PT defende que Lula acompanhe a apuração, no próximo domingo, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São  Bernardo do Campo. Há um simbolismo na sugestão: foi de lá que ele saiu preso e rumou para a sede da PF, em Curitiba, em 7 de abril de 2018.

Em tempo: o staff de campanha tenta demover Lula da ideia de fazer uma carreata pelas ruas de São Bernardo, amanhã. A recomendação veio da própria equipe da Polícia Federal que cuida do esquema de segurança do candidato.

#Carlos Bolsonaro #Fernando Collor #Jair Bolsonaro #Lula #Marco Aurelio Mello #PT

O mundo vai ser importante no 2 de outubro

29/09/2022
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O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, articula que as diversas instituições internacionais observadoras do processo eleitoral no Brasil se manifestem logo nas primeiras horas após o anúncio do resultado oficial. A ideia é que todas avalizem formalmente a segurança das urnas eletrônicas e a lisura da apuração. Moraes quer usar o peso de algumas dessas organizações para contra por eventuais suspeições de fraude eleitoral que poderão ser levantadas já na noite de domingo, dependendo do placar final da disputa pela Presidência da República.

A voz de maior força nesse sentido viria da OEA (Organização dos Estados Americanos). A delegação da entidade que acompanhará in loco a votação de domingo será chefiada pelo diplomata Rubén Ramírez Lescano, ex-chanceler do Paraguai. No TSE, outro aval visto como importante é o da União Interamericana de Organismo Eleitorais (Uniore). A entidade é composta por órgãos eleitorais de 30 países das Américas.

As tratativas com a OEA e outras organizações internacionais são cercadas de cuidados no TSE, mais precisamente no gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Em contato com o RR, a Corte não se pronunciou especificamente sobre as conversações que vêm sendo conduzidas para o pronto aval dessas entidades ao resultado do pleito e à segurança do processo. Em nota, o TSE apenas confirmou que sete instituições externas atuarão como observadores nas eleições.

O próprio número já dá uma dimensão do espectro de articulações conduzidas por Alexandre de Moraes no exterior. As eleições presidenciais de 2018 contaram com apenas um observador internacional: a própria OEA. Além da Organização dos Estados Americanos, em nota o TSE informou ao RR que o Parlamento do Mercosul (Parlasul) e a Rede Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também atuarão no pleito. De acordo com a Corte, há ainda “tratativas finais para a vinda de representantes das organizações norte-americanas Carter Center e International Foundation for Electoral Systems (Ifes); da Unión Interamericana de Organismos Electorales (Uniore); e da Rede Mundial de Justiça Eleitoral.”

 

Assessores de Lula na área de política externa, notadamente o ex-chanceler Celso Amorim, têm mantido conversações com representantes diplomáticos da União Europeia. A interlocução se dá, principalmente, por intermédio do embaixador da UE no Brasil, Ignacio Ybáñez. A exemplo do recente contato com representantes do Departamento de Estado norte-americano, as tratativas passam por um ponto central: assegurar o imediato reconhecimento da União Europeia ao resultado das eleições no próximo domingo, notadamente caso Lula encerre a disputa já no primeiro turno. Ybáñez já fez declarações públicas enfatizando que o resultado do pleito no Brasil deve ser respeitado.

Lula tem feito alguns contatos pessoais com sua rede de estadistas e personalidades internacionais para que se manifestem após a apuração, caso o petista confirme a vitória em primeiro turno. A preocupação do ex-presidente é construir um leque de apoios de forte repercussão, para dissuadir a sempre temida resistência de Jair Bolsonaro aos resultados das urnas.

#Alexandre de Moraes #Jair Bolsonaro #Lula #OEA #TSE

Velhas mágoas

28/09/2022
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O PT enxerga pitadas de João Santana no discurso cada vez mais belicoso de Ciro Gomes contra Lula. O marqueteiro, fisgado na Lava Jato, guarda imenso rancor do partido. Ainda hoje cobra na Justiça uma dívida de R$ 15 milhões por serviços prestados na campanha de Dilma Rousseff em 2014.

#Ciro Gomes #Lava Jato #Lula #PT

Jair Bolsonaro é o eleito do empresariado

27/09/2022
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Os dirigentes empresariais estão fechados com Jair Bolsonaro. É o que mostra sondagem realizada pelo RR junto a executivos de 96 companhias. Diante da polarização entre os dois candidatos líderes das pesquisas, a newsletter perguntou: “Entre Jair Bolsonaro e Lula, qual é a sua intenção de voto?”. Resultado: Bolsonaro teve 59%, contra 41% do petista. A enquete foi dividida por dez segmentos da economia, arbitrados pela newsletter em razão da sua importância e representatividade: construção pesada, bens de capital, financeiro, varejo, energia, bens de consumo não duráveis, petroquímica/química, tecnologia, automobilístico e agronegócio.

Cabe ressaltar que há uma assimetria entre o número de entrevistados em cada setor, devido a diversos fatores, como a concentração de players em determinados segmentos e o total de executivos que aceitaram participar da sondagem. De qualquer forma, o RR considera que, em razão da importância dos dirigentes e o retrato dos setores, a enquete guarda uma boa representatividade. Os dados oferecem subsídios valiosos para se identificar os setores mais afeitos ou refratários a cada um dos dois candidatos. Os números evidenciam que o PIB brasileiro pende a favor de Bolsonaro: o candidato à reeleição teve maior votação entre os executivos de seis dos dez segmentos. Não chega a ser exatamente uma surpresa. Os pilares da política econômica de Bolsonaro ou especificamente do seu ministro Paulo Guedes são mais palatáveis ao empresariado do que o ideário pregado pelo PT. Se o atual governo não conseguiu entregar mais – reformas, concessões, privatizações etc – isso se deve à pandemia.

 

 

É importante ressaltar que, em todos os setores em que lidera as preferência de voto, Jair Bolsonaro aparece como uma margem razoavelmente folgada em relação a Lula. A maior diferença veio do agronegócio: 79% a 21% em favor do presidente. O candidato à reeleição lidera também com ampla vantagem as intenções de voto no setor financeiro: 67% a 33%. Outra área bastante favorável a Bolsonaro é o de tecnologia (TI, softwares, games e startups): 65%, contra 35% de Lula – número certamente alimentado pelas seguidas desonerações fiscais a segmentos dessa indústria. O presidente teve uma votação semelhante entre os dirigentes empresariais do mercado de energia (que englobou empresas do setores elétrico e de óleo e gás): 67%, contra 33% atribuídos a Lula. Nesse caso, nem é necessário evocar qualquer realização do governo Bolsonaro. Basta lembrar da desastrosa intervenção de Dilma Rousseff nas tarifas de energia para entender a rejeição ao candidato petista.

Não obstante a preferência majoritária por Jair Bolsonaro, Lula tem seus redutos eleitorais entre empresários que muito provavelmente oscilam entre uma saudosa memória do que foram e um profundo descontentamento com o que são. Na sondagem do RR, o petista levou vantagem sobre Jair Bolsonaro junto aos dirigentes empresariais dos setores bens de consumo (58% a 42%); construção pesada (60% a 40%) e bens de capital (67% a 33%). No primeiro caso, a liderança de Lula nas intenções de voto pode ser atribuída à memória da farta concessão de crédito em seu governo e do consequente impacto sobre o consumo. Já as indústrias de bens de capital e de construção pesada, especialmente esta última, foram setores que viveram tempos de bonança no governo Lula, acabaram duramente atingidos pela Lava Jato e não tiveram qualquer apoio da gestão Bolsonaro para a sua recuperação. No ano passado, por exemplo, o PIB da construção pesada caiu 8,3%, enquanto o Produto Interno Bruto como um todo subiu 4,6%. O PIB do setor, ressalte-se, acumula perdas reais de 51,4% desde 2014.

O RR também perguntou aos executivos consultados como eles avaliam as políticas do governo Bolsonaro para seus respectivos setores. Como seria de se esperar, as respostas conversam com as intenções de voto apuradas em cada segmento econômico. O agronegócio confirmou ser uma “república bolsonarista”: 71% dos entrevistados classificaram a gestão do presidente como “ótima”. Outros 21% consideram o governo “bom” para o segmento, e apenas 8% cravaram a resposta “regular”. Nenhum dos entrevistados do agronegócio avalia a administração Bolsonaro como “ruim”. O mesmo ocorreu entre executivos da área financeira: nenhum dos respondentes entende que o governo é “ruim” para o setor, ainda que os resultados não sejam tão favoráveis ao candidato à reeleição quanto no agronegócio. Dos entrevistados, 33% qualificam o governo como “regular”. A maioria, 67%, avalia o atual presidente como “bom”.  Entre os executivos da área financeira, ninguém escolheu a opção “ótimo”.

 

A enquete revela também a alta aceitação de Jair Bolsonaro entre o setor de tecnologia: o governo foi considerado “ótimo” por 55% dos entrevistados e “bom” por 20%. Apenas 15% e 10% classificam a política do presidente, respectivamente, como “regular” ou “ruim”. Os dirigentes da indústria petroquímica também veem as ações de Bolsonaro como positivas para o seu segmento. Um universo de 75% dos entrevistados avalia o governo como “ótimo” (25%) e “bom” (50%). Outros 25% entendem a gestão como “regular” e nenhum dos respondentes do setor considera “ruim”.   A pior avaliação de Bolsonaro vem, como não poderia deixar de ser, de setores com predominância de intenção de voto em Lula. Nenhum dos dirigentes da indústria da construção pesada respondeu que o governo é “ótimo” para o setor. Outros 20% classificam como “bom”. A maioria das respostas se concentra em “regular” – 60%. Por sua vez, 20% dos executivos avaliam a política de Bolsonaro para o segmento como “ruim”.

O setor de bens de capital é ainda mais hostil ao atual presidente. A maioria dos dirigentes que participaram da enquete reputa a atual gestão como “ruim” (50%) ou “regular” (33%). Apenas 17% classificam como “boa”. E nenhum dos executivos da indústria de bens de capital respondeu que a política de Bolsonaro é “ótima” para o seu setor. Um dado curioso é a avaliação da gestão junto à indústria de bens de consumo não duráveis (a sondagem abrangeu empresas de alimentos e de bebidas). Ainda que Lula tenha liderado nas intenções de voto entre os dirigentes do setor, os entrevistados majoritariamente consideram o governo Bolsonaro “ótimo” (25%) ou “bom” (58%). Apenas 17% dos consultados classificam a política do presidente como “regular” (9%) ou “ruim” (8%). A aparente contradição entre a tendência de votação majoritária em Lula e a avaliação favorável de Bolsonaro pode ser atribuída ao impacto positivo do Auxílio Brasil e de outras medidas econômicas sobre o poder de compra da população. É possível inferir que, se a mesma sondagem fosse realizada há poucos meses, antes da criação do benefício, talvez Bolsonaro não tivesse uma avaliação tão favorável entre fabricantes de alimentos e bebidas. No geral, contabilizando-se os dez setores do levantamento, o governo do presidente Jair Bolsonaro teve a seguinte avaliação dos dirigentes ouvidos pelo RR: “ótimo” (29%); “bom” (33%); “regular” (27%); “ruim” (11%).

Além da percepção sobre o governo Bolsonaro, o RR procurou auscultar também as expectativas dos dirigentes empresariais sobre o possível retorno de Lula ao Poder. A newsletter perguntou aos 96 executivos: “Você acha que uma eventual eleição do ex-presidente Lula trará mudanças positivas ou negativas em relação às políticas para o seu setor?”. O cenário mais favorável ao petista veio da indústria de bens de capital – não por coincidência, área em que Bolsonaro somou um dos piores índices de avaliação na mesma enquete: 83% entendem que o retorno de Lula será ao favorável ao segmento; apenas 17% dizem o contrário. Também no segmento de construção pesada, a avaliação é que a saída de Bolsonaro seria benéfica: 60% entendem que a eleição de Lula trará mudanças positivas e somente 40%, negativas.

Um dado curioso é a avaliação do setor financeiro. Entre os executivos entrevistados, 67% avaliam que a volta do ex presidente terá um impacto positivo sobre o segmento – ao passo que 33% consideram que a eleição do petista será negativa. De uma maneira geral, trata-se de um segmento da economia que não vota em Lula, como a própria sondagem do RR comprova. Mas não se pode negar que o setor financeiro foi bem contemplado pelo petista em seus oito anos de mandato, com resultados altamente lucrativos. A lembrança da concessão de crédito e do salto do poder aquisitivo da população entre 2003 e 2010 certamente move também a avaliação dos dirigentes empresariais do varejo. Entre os entrevistados, 68% dizem que o retorno de Lula terá efeitos positivos para o setor – 32% vão pela mão oposta. Talvez por motivos análogos aos do varejo, algo similar ocorre na indústria de bens de consumo não duráveis: 67% entendem que a eleição do petista será benéfica.

Lula, no entanto, é malvisto por outros importantes segmentos da economia, a começar pelo agronegócio, seu grande calcanhar de Aquiles junto ao empresariado. Entre os executivos do setor responsável por mais de 27% do PIB, 71% avaliam que uma eventual eleição de Lula trará consequências negativas para a agricultura e a pecuária. A área de energia também demonstra uma considerável rejeição ao ex-presidente: 78% afirmam que sua volta ao Palácio do Planalto trará mudanças negativas para as empresas de energia elétrica, óleo e gás. Também na área de tecnologia, a expectativa em relação a Lula é bastante desfavorável: 75% dos dirigentes entrevistados pelo RR afirmam que a presença do petista no Poder terá impacto negativo sobre o segmento. No cômputo total, uma eventual eleição de Lula terá impacto negativo para a economia na opinião de 51% dos entrevistados.

#Economia #Eleições 2022 #Investimento #Jair Bolsonaro #Lula

Jair Bolsonaro é o eleito do empresariado

27/09/2022
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Os dirigentes empresariais estão fechados com Jair Bolsonaro. É o que mostra sondagem realizada pelo RR junto a executivos de 96 companhias. Diante da polarização entre os dois candidatos líderes das pesquisas, a newsletter perguntou: “Entre Jair Bolsonaro e Lula, qual é a sua intenção de voto?”. Resultado: Bolsonaro teve 59%, contra 41% do petista. A enquete foi dividida por dez segmentos da economia, arbitrados pela newsletter em razão da sua importância e representatividade: construção pesada, bens de capital, financeiro, varejo, energia, bens de consumo não duráveis, petroquímica/química, tecnologia, automobilístico e agronegócio.

Cabe ressaltar que há uma assimetria entre o número de entrevistados em cada setor, devido a diversos fatores, como a concentração de players em determinados segmentos e o total de executivos que aceitaram participar da sondagem. De qualquer forma, o RR considera que, em razão da importância dos dirigentes e o retrato dos setores, a enquete guarda uma boa representatividade. Os dados oferecem subsídios valiosos para se identificar os setores mais afeitos ou refratários a cada um dos dois candidatos. Os números evidenciam que o PIB brasileiro pende a favor de Bolsonaro: o candidato à reeleição teve maior votação entre os executivos de seis dos dez segmentos. Não chega a ser exatamente uma surpresa. Os pilares da política econômica de Bolsonaro ou especificamente do seu ministro Paulo Guedes são mais palatáveis ao empresariado do que o ideário pregado pelo PT. Se o atual governo não conseguiu entregar mais – reformas, concessões, privatizações etc – isso se deve à pandemia.

 

 

É importante ressaltar que, em todos os setores em que lidera as preferência de voto, Jair Bolsonaro aparece como uma margem razoavelmente folgada em relação a Lula. A maior diferença veio do agronegócio: 79% a 21% em favor do presidente. O candidato à reeleição lidera também com ampla vantagem as intenções de voto no setor financeiro: 67% a 33%. Outra área bastante favorável a Bolsonaro é o de tecnologia (TI, softwares, games e startups): 65%, contra 35% de Lula – número certamente alimentado pelas seguidas desonerações fiscais a segmentos dessa indústria. O presidente teve uma votação semelhante entre os dirigentes empresariais do mercado de energia (que englobou empresas do setores elétrico e de óleo e gás): 67%, contra 33% atribuídos a Lula. Nesse caso, nem é necessário evocar qualquer realização do governo Bolsonaro. Basta lembrar da desastrosa intervenção de Dilma Rousseff nas tarifas de energia para entender a rejeição ao candidato petista.

Não obstante a preferência majoritária por Jair Bolsonaro, Lula tem seus redutos eleitorais entre empresários que muito provavelmente oscilam entre uma saudosa memória do que foram e um profundo descontentamento com o que são. Na sondagem do RR, o petista levou vantagem sobre Jair Bolsonaro junto aos dirigentes empresariais dos setores bens de consumo (58% a 42%); construção pesada (60% a 40%) e bens de capital (67% a 33%). No primeiro caso, a liderança de Lula nas intenções de voto pode ser atribuída à memória da farta concessão de crédito em seu governo e do consequente impacto sobre o consumo. Já as indústrias de bens de capital e de construção pesada, especialmente esta última, foram setores que viveram tempos de bonança no governo Lula, acabaram duramente atingidos pela Lava Jato e não tiveram qualquer apoio da gestão Bolsonaro para a sua recuperação. No ano passado, por exemplo, o PIB da construção pesada caiu 8,3%, enquanto o Produto Interno Bruto como um todo subiu 4,6%. O PIB do setor, ressalte-se, acumula perdas reais de 51,4% desde 2014.

O RR também perguntou aos executivos consultados como eles avaliam as políticas do governo Bolsonaro para seus respectivos setores. Como seria de se esperar, as respostas conversam com as intenções de voto apuradas em cada segmento econômico. O agronegócio confirmou ser uma “república bolsonarista”: 71% dos entrevistados classificaram a gestão do presidente como “ótima”. Outros 21% consideram o governo “bom” para o segmento, e apenas 8% cravaram a resposta “regular”. Nenhum dos entrevistados do agronegócio avalia a administração Bolsonaro como “ruim”. O mesmo ocorreu entre executivos da área financeira: nenhum dos respondentes entende que o governo é “ruim” para o setor, ainda que os resultados não sejam tão favoráveis ao candidato à reeleição quanto no agronegócio. Dos entrevistados, 33% qualificam o governo como “regular”. A maioria, 67%, avalia o atual presidente como “bom”.  Entre os executivos da área financeira, ninguém escolheu a opção “ótimo”.

 

A enquete revela também a alta aceitação de Jair Bolsonaro entre o setor de tecnologia: o governo foi considerado “ótimo” por 55% dos entrevistados e “bom” por 20%. Apenas 15% e 10% classificam a política do presidente, respectivamente, como “regular” ou “ruim”. Os dirigentes da indústria petroquímica também veem as ações de Bolsonaro como positivas para o seu segmento. Um universo de 75% dos entrevistados avalia o governo como “ótimo” (25%) e “bom” (50%). Outros 25% entendem a gestão como “regular” e nenhum dos respondentes do setor considera “ruim”.   A pior avaliação de Bolsonaro vem, como não poderia deixar de ser, de setores com predominância de intenção de voto em Lula. Nenhum dos dirigentes da indústria da construção pesada respondeu que o governo é “ótimo” para o setor. Outros 20% classificam como “bom”. A maioria das respostas se concentra em “regular” – 60%. Por sua vez, 20% dos executivos avaliam a política de Bolsonaro para o segmento como “ruim”.

O setor de bens de capital é ainda mais hostil ao atual presidente. A maioria dos dirigentes que participaram da enquete reputa a atual gestão como “ruim” (50%) ou “regular” (33%). Apenas 17% classificam como “boa”. E nenhum dos executivos da indústria de bens de capital respondeu que a política de Bolsonaro é “ótima” para o seu setor. Um dado curioso é a avaliação da gestão junto à indústria de bens de consumo não duráveis (a sondagem abrangeu empresas de alimentos e de bebidas). Ainda que Lula tenha liderado nas intenções de voto entre os dirigentes do setor, os entrevistados majoritariamente consideram o governo Bolsonaro “ótimo” (25%) ou “bom” (58%). Apenas 17% dos consultados classificam a política do presidente como “regular” (9%) ou “ruim” (8%). A aparente contradição entre a tendência de votação majoritária em Lula e a avaliação favorável de Bolsonaro pode ser atribuída ao impacto positivo do Auxílio Brasil e de outras medidas econômicas sobre o poder de compra da população. É possível inferir que, se a mesma sondagem fosse realizada há poucos meses, antes da criação do benefício, talvez Bolsonaro não tivesse uma avaliação tão favorável entre fabricantes de alimentos e bebidas. No geral, contabilizando-se os dez setores do levantamento, o governo do presidente Jair Bolsonaro teve a seguinte avaliação dos dirigentes ouvidos pelo RR: “ótimo” (29%); “bom” (33%); “regular” (27%); “ruim” (11%).

Além da percepção sobre o governo Bolsonaro, o RR procurou auscultar também as expectativas dos dirigentes empresariais sobre o possível retorno de Lula ao Poder. A newsletter perguntou aos 96 executivos: “Você acha que uma eventual eleição do ex-presidente Lula trará mudanças positivas ou negativas em relação às políticas para o seu setor?”. O cenário mais favorável ao petista veio da indústria de bens de capital – não por coincidência, área em que Bolsonaro somou um dos piores índices de avaliação na mesma enquete: 83% entendem que o retorno de Lula será ao favorável ao segmento; apenas 17% dizem o contrário. Também no segmento de construção pesada, a avaliação é que a saída de Bolsonaro seria benéfica: 60% entendem que a eleição de Lula trará mudanças positivas e somente 40%, negativas.

Um dado curioso é a avaliação do setor financeiro. Entre os executivos entrevistados, 67% avaliam que a volta do ex presidente terá um impacto positivo sobre o segmento – ao passo que 33% consideram que a eleição do petista será negativa. De uma maneira geral, trata-se de um segmento da economia que não vota em Lula, como a própria sondagem do RR comprova. Mas não se pode negar que o setor financeiro foi bem contemplado pelo petista em seus oito anos de mandato, com resultados altamente lucrativos. A lembrança da concessão de crédito e do salto do poder aquisitivo da população entre 2003 e 2010 certamente move também a avaliação dos dirigentes empresariais do varejo. Entre os entrevistados, 68% dizem que o retorno de Lula terá efeitos positivos para o setor – 32% vão pela mão oposta. Talvez por motivos análogos aos do varejo, algo similar ocorre na indústria de bens de consumo não duráveis: 67% entendem que a eleição do petista será benéfica.

Lula, no entanto, é malvisto por outros importantes segmentos da economia, a começar pelo agronegócio, seu grande calcanhar de Aquiles junto ao empresariado. Entre os executivos do setor responsável por mais de 27% do PIB, 71% avaliam que uma eventual eleição de Lula trará consequências negativas para a agricultura e a pecuária. A área de energia também demonstra uma considerável rejeição ao ex-presidente: 78% afirmam que sua volta ao Palácio do Planalto trará mudanças negativas para as empresas de energia elétrica, óleo e gás. Também na área de tecnologia, a expectativa em relação a Lula é bastante desfavorável: 75% dos dirigentes entrevistados pelo RR afirmam que a presença do petista no Poder terá impacto negativo sobre o segmento. No cômputo total, uma eventual eleição de Lula terá impacto negativo para a economia na opinião de 51% dos entrevistados.

#Economia #Eleições 2022 #Investimento #Jair Bolsonaro #Lula

A boa química de Alckmin

26/09/2022
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Em conversa reservada com a direção da Abiquim, na semana passada, Geraldo Alckmin acenou com a possibilidade do governo Lula acolher a proposta do setor de retirada lenta e gradual do Reiq (Regime Especial da Indústria Química). A medida passaria pela negociação de uma tabela escalonada ao longo de três anos, quando, enfim, o benefício seria zerado. O Reiq encontra-se hoje em uma espécie de limbo legal. A MP 1034/21 previa a sua redução gradativa. No entanto, pouco depois, o governo editou uma nova Medida Provisória, extinguindo o regime especial imediatamente e tirando de uma hora para a outra isenções fiscais da ordem de R$ 3 bilhões. A Abiquim ainda briga na Justiça pela sua manutenção.

#Abiquim #Geraldo Alckmin #Lula #Reiq

Difícil costura

26/09/2022
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Randolfe Rodrigues tem conversado com a ex-senadora Heloisa Helena dia sim e outro também. Está empenhado em convencê-la a declarar apoio a Lula ainda no primeiro turno. Somente nas últimas duas semanas, Heloisa já recusou dois convites para se encontrar com o ex-presidente.

#Heloisa Helena #Lula #Randolfe Rodrigues

Voto útil

23/09/2022
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As grandes centrais sindicais estão preparando um manifesto pelo voto útil em Lula. Em tempo: do jeito que a coisa vai, periga o próprio Carlos Lupi, presidente do PDT, de Ciro Gomes, assinar embaixo.

#Ciro Gomes #Lula #PDT

Transfusão de votos

23/09/2022
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A campanha de Lula está organizando uma viagem do ex-presidente à Bahia para a próxima semana. A visita, que não estava no script, se deve à repentina “ressurreição” de Jerônimo Rodrigues, candidato do PT ao governo do estado. Em pouco menos de um mês, a diferença de Rodrigues para ACM Neto nas sondagens caiu de 38 para 17 pontos percentuais.

#ACM Neto #Lula #PT

Linha de montagem

22/09/2022
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Depois de Marina Silva e Henrique Meirelles, o nome de Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, lidera a bolsa de apostas como o próximo grande fato político na campanha de Lula.

#Fiesp #Henrique Meirelles #Lula #Marina Silva

Um istmo entre o PT e as polícias

22/09/2022
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Geraldo Alckmin assumiu mais um papel de relevância na campanha de Lula. O candidato a vice tem sido responsável pela interlocução entre o ex-presidente e as polícias militares. As principais conexões de Alckmin passam, como não poderia deixar de ser, por São Paulo. Um dos nomes mais próximos é o ex-secretário de Segurança Pública do estado Mágino Alves Barbosa Filho. Alckmin também tem feito contatos com ex-comandantes da PM durante sua gestão como governador de São Paulo. O estado é justamente um dos pontos de maior preocupação na campanha petista, às vésperas da eleição. Nos últimos anos, têm ocorrido episódios envolvendo policiais paulistas que beiram a insubordinação. Um dos casos mais marcantes foi protagonizado pelo coronel da reserva, Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, que, em agosto do ano passado, publicou vídeo nas redes sociais convocando PMs para manifestações pró-Bolsonaro.

#Geraldo Alckmin #Lula

Fica para depois

22/09/2022
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Ontem, em conversas reservadas com lideranças partidárias, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, garantiu que as indicações de Messod Azulay e Paulo Domingues para o STJ serão votadas logo após o primeiro turno das eleições. No entanto, há quem aposte que Pacheco está apenas ganhando tempo para empurrar a questão para a próxima legislatura.

Por falar em próxima legislatura…

No entorno de Lula já se fala em uma espécie de Tratado de Tordesilhas no Senado. Renan Calheiros (MDB) teria o apoio do PT para disputar a presidência do Senado em fevereiro de 2023. Já em 2025, o candidato da vez seria Marcio França (PSB).

#Lula #Marcio França #PT #Renan Calheiros #Rodrigo Pacheco #STJ

Clima pré-eleitoral

20/09/2022
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O procurador da República Nicolao Dino, irmão do ex-governador do Maranhão, Flavio Dino, já está em campanha no Ministério Público para assumir a PGR no ano que vem, em um eventual governo Lula. A votação interna da lista tríplice, para escolher o substituto de Augusto Aras, está prevista para agosto de 2023. O curioso é que, na entrevista ao Jornal Nacional, Lula esquivou-se de responder se respeitará a lista na escolha do futuro PGR. Pode ter sido apenas um hedge do petista para não ser pego em contradição mais à frente.

#Flavio Dino #Lula #PGR

União já

20/09/2022
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Há tratativas entre o PT e Luciano Bivar para que o União Brasil anuncie apoio a Lula ainda no primeiro turno. Ou seja: na prática, seria a retirada da candidatura de Soraya Thronicke à Presidência.

#Luciano Bivar #Lula #PT

Os dados já estão rolando para o Ministério de Lula

19/09/2022
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Ainda que seja eminentemente especulativo, devido à decisão do próprio Lula de omitir os nomes dos candidatos, o futuro Ministério de um eventual governo do PT já tem uma costura inicial. O ex-presidente é useiro e vezeiro em afirmar que ministro se anuncia depois que se ganha a disputa. Não é um consenso nem entre seus assessores mais próximos. Trata-se de uma das informações mais relevantes desse período eleitoral. Ela é determinante para sancionar a maior ou menor credibilidade de Lula, pelo menos junto a um espectro com grande poder decisório na iniciativa privada. Mas o candidato petista não larga o osso. O coletivo mais quente dos mais votados vai de um “museu de velhas novidades” até um balaio de “surpresas surpreendentes” – o RR de 30 de agosto antecipou alguns poucos nomes. O mais recente rumor é uma “velha e oportuníssima novidade”:  o upgrade de Marina Silva após seu apoio à candidatura Lula. Desde que Marina deixou o ministro do Meio Ambiente, no primeiro governo do PT, os dois políticos se tornaram bicudos. O bordado para o desposório da ex-ministra e Lula antecedeu em algumas semanas o apoio de Marina ao candidato. Marina retornaria, segundo apurou o RR, como ‘’ministra ESG”, com força total, incluindo na sua pasta as mulheres, negros, índios e demais grupos sociais minoritários, além é claro do meio ambiente.

A ex-seringueira teria uma secretaria especial a parte para tratar dos aspectos e demonstrativos referentes à governança, dirigida por um especialista renomado em práticas e contabilidade das políticas de integridade, conformidade e compliance – fala-se em um técnico do Banco Mundial.  Mas uma das funções mais nobres de Marina seria dar firmeza à demonstração do governo do PT em combater o desmatamento da Amazônia. O acrônimo ESG colado em Marina teria como um dos objetivos melhorar a imagem do Brasil no mundo. Queira-se ou não, ela é uma representação do país bastante positiva no exterior, notadamente na Europa, continente que se tornou o principal crítico do descaso ambiental e social do Brasil.

Marina Silva faz parte do time estelar do “ministério Lula”, mas não seria o astro de primeira grandeza. O n° 1 do primeiro time, como não poderia deixar de ser, será o ministro da Economia. A julgar pelo que apurou o RR, este está em fase de escolha entre o virtual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o candidato do PT para assumir o governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad. Como se sabe, Haddad está para o governo de São Paulo como Lula está para a Presidência, ou seja, bem à frente nas pesquisas, o que reduz suas possibilidades de assumir o Ministério mais nobre do país. Lula quer ter os dois maiores PIBs do país, o do Brasil e o de São Paulo, sob seu comando. Mais provável é que o candidato a ministro da Economia para valer seja mesmo o “Geraldo”.

Lula tem gratidão pelo “picolé de chuchu” ter aceitado o convite para compor sua chapa à Presidência e ser sua âncora junto ao centro e ao centro-direita. Há pistas já lançadas de que o “Geraldo” será recompensado. Lula já disse que não convidará nenhum dos quadros dos seus antigos governos e que a preferência para o Ministério da Economia recai sobre um quadro que não precisa ser um economista, mas sim que tenha habilidade política. “O que não quer dizer que não seja economista e político”, ressaltou o ex-presidente. Mas, a maior demonstração de que Alckmin tem tudo para ser o “cara” foi uma nada sutil declaração “daquelas bem Lula”. Em evento realizando em uma entidade patronal, um dos empresários presentes perguntou de chofre se o candidato do PT escreveria uma outra carta ao povo brasileiro. Lula respondeu igualmente de pronto, apontando para Alckmin: “Minha carta ao povo brasileiro está ali”.

Os assessores palacianos são uma grande incógnita mesmo no espaço amplo das especulações. Durante algum tempo, o senador Jaques Wagner foi cotado para a chefia do Gabinete Civil, mas a decisão de Lula de não repetir seus ex-colaboradores no atual governo meio que o tira de uma virtual competição. Segundo fontes bem próximas a Wagner, ele não gostaria de ter um papel de grande protagonismo no futuro governo. Junta pouca fome com a indisposição em comer. Nesta semana, o nome que ascendeu para os cargos de Gabinete Civil ou Secretaria Geral da Presidência foi o de Gleisi Hoffmann. Lula tem apreço pela presidente do PT, que lhe foi fiel em todos os minutos. Além do mais, o pequeno grande critério de não pertencer a seus governos passados não a atinge: Gleisi foi ministra do governo Dilma, não da gestão Lula. E um dado comportamental que o ex-presidente adora: Gleisi quer trabalhar o tempo inteiro, o que, portanto, lhe tira uma enorme bagagem das costas.

Há ainda uma possibilidade de um outro pé de boi, o economista Aloísio Mercadante, assumir um cargo no Planalto: o de secretário particular da Presidência. Trata-se de uma escolha pessoal, da qual Lula pode se proteger afirmando que a função não é a de ministro, nem que ele tenha comparecido em governo anterior, mas, sim, de um assessor pessoal. Quem sabe? Coisas de Lula.

Com Alckmin, conforme tudo indica que ocorrerá, ou mesmo Fernando Haddad, o ministério Frankenstein da Economia de Paulo Guedes, será desmembrado. O Ministério da Indústria e Comércio voltará à cena. O nome mais forte para a missão é o do atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, filho do vice-presidente de Lula, José Alencar. Essa é uma pule de dez. O pacote de Josué traz gratidão, lealdade, reconhecimento da competência e indiscutível representação de classe. Chegou-se a cogitar, inclusive, seu nome para o ministério da Economia. Ou mesmo da Infraestrutura.

Uma das outras pernas da centopeia criada por Guedes, o Ministério do Planejamento, iria para o economista Luiz Guilherme Schymura, atual presidente do Ibre, da Fundação Getulio Vargas, e ex-presidente da Anatel, ainda no governo Lula. Schymura não é o que se poderia chamar de um liberal clássico ou um neoliberal, mas um liberal modernizante ou progressista, com pensamento praticamente antagônico ao do atual gestor da Economia. Receberia o afortunado retorno do BNDES para a Pasta do Planejamento. Trata-se de uma questão em aberto. Também Josué deseja o banco debaixo do guarda-chuva do Ministério da Industria e Comércio. Como já foi dito e redito,  Lula quer turbinar o banco e recolocá-lo no centro de importantes decisões econômicas. E o presidente do BC? Como o RR ressaltou no dia 13 de setembro, até meados do provável governo Lula – ou aliás, qualquer outro governo – Roberto Campos Neto será o titular da autoridade monetária. E daí para frente? Campos Neto já disse que não pedirá sua recondução.

Pelo menos 80% das cartas do baralho constroem as canastras que levam ao nome de Henrique Meirelles. O ex-presidente do BC no governo Lula tem a confiança do candidato do PT. Já sinalizou que ficará na moita, acumulando a participação em conselhos de empresas, fazendo hora até que seu tempo chegue. Ou não, conforme todas as hipóteses aventadas nesse texto. Até porque, só Lula escolhe quem vai, para onde vai e em qual hora anunciar.

Para o Ministério do Trabalho, extinto e recriado pelo governo Bolsonaro, três nomes de alta envergadura no PT são comentados para o cargo: Ênio Verri, Rui Costa e Wellington Dias. Verri é economista, atual vice-líder do PT na Câmara, tem excelentes relações com Roberto Requião – de quem foi secretário do Planejamento. Costa sucedeu a Jaques Wagner no governo da Bania. Teria o apoio de José Dirceu. Já Wellington Dias é considerado um dos quadros mais preparados e moderados do PT. Dias é especializado em políticas públicas. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal, senador e governador do Piauí, todos os mandatos pelo PT. Atualmente – e bem provável que seja temporariamente – busca uma cadeira de senador.

Lula teria ainda uma novidade para a Educação, que pretende tornar uma das Pastas mais prestigiadas da constelação de ministérios do seu governo. Para o cargo seria convidado o economista Claudio Haddad, dono do Insper.  O patrono da indicação de Haddad seria o candidato a governador e homônimo, Fernando Haddad, que, inclusive, deu aula no Insper – ver RR de 25 de julho. O economista assumiria um papel de “gestor da educação”, dando ordem nos gastos e sua destinação. Há muito dinheiro do governo dirigido à educação. O retorno, porém, é baixo porque sua alocação é ineficiente. Haddad seria o nome indicado para a missão.

Se depender do kaiser do PT, o suspense seguirá até o fim do provável segundo turno. Lula fez praticamente o mesmo no seu primeiro mandato. Sua festejada intuição parece dizer que é melhor jogar como um poste fincado na pequena área. Ele dificilmente criará fatos políticos capazes de deslocar o seu mando de campo. Fica tudo em suspense, para anunciar depois. Aguardemos.

#Fernando Haddad #Gleisi Hoffmann #Lula #Marina Silva #PT

A colheita de Blairo Maggi

16/09/2022
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O resultado da última pesquisa no Mato Grosso tem alimentado a expectativa da campanha de Lula em conquistar terreno no agronegócio. O otimismo se deve à figura de Blairo Maggi, apoiador do ex-presidente. A disparada de Wellington Fagundes, candidato a senador pelo União Brasil, é atribuída a um intenso trabalho de Maggi junto ao setor agropecuário. Com 39%, Fagundes está atropelando o presidente licenciado da Aprosoja, Antonio Galvan. Bolsonarista raiz, Galvan aparece nas pesquisas com menos de 5%.

#Antonio Galvan #Aprosoja #Blairo Maggi #Lula

O pacificador

16/09/2022
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O senador Jaques Wagner teve um papel fundamental na reaproximação entre Lula e Marina Silva.

#Jaques Wagner #Lula #Marina Silva

Acervo RR

Boca fechada

13/09/2022
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Lula não dá um pio sobre seu presidente do Banco Central independente, Roberto Campos Neto – titular do cargo até 31 de dezembro de 2024, a menos que a Constituição seja alterada. Campos Neto também não menciona Lula em qualquer circunstância. O ex-presidente detestava o avô de Campos Neto. Se os dois permanecerem calados, o mercado agradece.

#Banco Central #Lula #Roberto Campos Neto

Diplomacia a futuro

13/09/2022
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O PT sinalizou ao presidente chileno Gabriel Boric que o diplomata Sebastián Depolo receberá o agrément caso Lula vença as eleições. Indicado para assumir a Embaixada do Chile no Brasil, Depolo aguarda o sinal verde do governo Bolsonaro há quatro meses.

#Gabriel Boric #Lula #PT #Sebastián Depolo

Downgrade

12/09/2022
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O ex-governador Wellington Dias, que já teve seu nome cogitado para o Ministério da Economia, ganha força na campanha petista para assumir a Pasta do Desenvolvimento Regional no governo Lula.

#Lula #Ministério da Economia #Wellington Dias

Terceiro turno

12/09/2022
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No PDT já se fala à boca miúda da hipótese de Ciro Gomes deixar o partido após as eleições. A saída de Ciro seria o pedágio pago pela legenda para integrar um eventual governo Lula. É o projeto de Carlos Lupi.

#Carlos Lupi #Ciro Gomes #Lula #PDT

A diplomacia de Luiz Inácio

9/09/2022
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A recomendação de Celso Amorim é que, uma vez eleito, Lula faça um road show pelo mundo para vender ativos ESG do Brasil. Uma das intenções é reduzir a vantagem em relação ao governo de Jair Bolsonaro no quesito concessões. O presidente já montou uma carteira de R$ 800 bilhões em 30 anos. Pelo menos é o que seu ministro da Economia diz.

Celso Amorim manteve contato com o ex-embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. Sinalizou a disposição de Lula de viajar a Pequim logo no início de seu eventual mandato. A visita ao presidente Xi Jinping representaria, já na partida, uma virada em comparação à política externa de Jair Bolsonaro e às relações conflituosas com a China. Wanming deixou a Embaixada em Brasília em fevereiro deste ano, mas, informalmente, segue como um dos principais canais diplomáticos entre Brasil e China. Mesmo porque o cargo de embaixador segue vago. Pequim estaria aguardando as eleições brasileiras para definir seu substituto.

#Celso Amorim #China #ESG #Jair Bolsonaro #Lula

Campo minado

8/09/2022
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O ex-ministro da Agricultura no governo Dilma, Neri Geller, articula para os próximos dias uma reunião entre Lula e empresários do agronegócio no Mato Grosso.

#Lula #Neri Geller

Por dentro do inimigo

6/09/2022
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André Janones – o aríete de Lula nas redes sociais – tem contado com o suporte de especialistas em mídias digitais que trabalharam na campanha de Jair Bolsonaro em 2018. É o legado da proximidade com o empresário Paulo Marinho, que foi coordenador da breve candidatura de Janones à Presidência.

#André Janones #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Marinho

União PT

6/09/2022
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Gleisi Hoffmann tem mantido assídua interlocução com Luciano Bivar, presidente do União Brasil. Em pauta, o apoio do partido a Lula no segundo turno.

#Gleisi Hoffmann #Luciano Bivar #Lula

União PT

6/09/2022
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Gleisi Hoffmann tem mantido assídua interlocução com Luciano Bivar, presidente do União Brasil. Em pauta, o apoio do partido a Lula no segundo turno.

#Gleisi Hoffmann #Luciano Bivar #Lula

Agendas reguladoras entram no radar de Tebet

6/09/2022
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Há uma bifurcação entre o programa econômico de Simone Tebet e as diversas propostas consideradas no comitê de campanha de Lula. Tebet vai inserir em seu plano de governo medidas para o fortalecimento das agências reguladoras. O ponto central é levar todos os órgãos reguladores para dentro da Constituição – hoje, apenas a Anatel e a ANP têm esse status. A mesma ideia circulou no comitê de campanha de Lula, uma contribuição de Geraldo Alckmin – ver RR edição de 10 de maio. No entanto, no caso do petista, foi apenas uma consideração de uma noite de verão. Já para Tebet, trata-se de uma proposta efetiva, que tem muito mais a ver com o pensamento de seus assessores para a área econômica, a começar por Elena Landau, e com a sua própria trajetória parlamentar. Em 2019, na condição de presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a candidata trabalhou com empenho pela aprovação da Lei Geral das Agências Reguladoras.

#Anatel #Elena Landau #Geraldo Alckmin #Lula #Simone Tebet

BNDES será o “Ministério da Indústria” de Lula

5/09/2022
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O governo Lula já tem definido que voltará a fazer política industrial. O comitê de assuntos econômicos do candidato do PT, contudo, tem outros planos para a instância responsável pela indústria. Quem receberá esta competência não fica em Brasília nem é sequer um ministério. O dono da bola, ou para ser preciso, da indústria é um banco de fomento e está situado na Av. Chile, no Rio de Janeiro, quase em frente à Petrobras.

Trata-se do BNDES, que receberá uma verdadeira reparação do estrago cometido na gestão Bolsonaro e voltará a gerir a política do setor secundário da economia. A missão deixa de ser do Ministério da Economia – coisa que nunca foi mesmo -, e o antigo Ministério da Indústria e Comércio permanece extinto. É uma missão hercúlea para o banco: reduzir o hiato entre o crescimento do Produto Industrial de pouco mais de 30% do PIB, há cerca de 40 anos, para 11% do PIB, na atual gestão.

Apesar de Lula insistir em afirmar que o BNDES financiará primordialmente as pequenas e médias empresas – declaração comum a todos os candidatos porque dá voto – nas internas do comitê econômico do PT o programa para ressureição da indústria já ganhou os retoques finais. O banco vai financiar, sim, as PMEs, com a transferências dos Sebraes nacional e regionais e mais foco e aportes nessa operação. Mas não são as PMEs a pedra de toque do BNDES idealizado pelos petistas. A divisão de funções é bem mais ampla.

O BNDES voltará a atuar na substituição de importações – adubo, chips, aparelhos eletrônicos sofisticados, satélites aeroespaciais, complexo industrial de saúde, entre outros (ver RRs de 28 de janeiro e 28 de julho) – com financiamento ou cofinanciamento a empresas que se dispuserem a ingressar nesses setores. O banco se dedicará também às concessões, tocando o mesmo diapasão que permitiu a Paulo Guedes amealhar centenas de bilhões de compromissos de investimentos até 2030. Todos os projetos deverão estar em linha com a agenda ESG e a renovação da matriz energética. A ideia é que a combinação desses vetores potencialize a indústria e inverta a rota de “africanização” do setor. O BNDES é o órgão de governo mais abalizado para cumprir essa tarefa. Se vai conseguir, somente o futuro dirá.

#BNDES #ESG #Lula #Ministério da Indústria e Comércio #PT

A volta de Mickey Mouse

5/09/2022
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Um grupo informal de assets faz sua fezinha em um câmbio mais barato. Com a Selic indo a 14% neste ano, a entrada de um caminhão de dinheiro em concessões, aquisições e investimentos de empresas já instaladas no país e a eventual derrota de Lula nas eleições, o dólar romperia sustentavelmente a barreira de R$ 4,00. Ou seja: a classe média voltaria a ir à Disney, conforme reclamava Paulo Guedes.

#Disney #Lula #Selic

Alça de mira

2/09/2022
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A área de “Inteligência” da campanha de Jair Bolsonaro está escarafunchando tudo que é informação sobre André Janones, o “guerrilheiro” de Lula nas redes sociais.

#André Janones #Jair Bolsonaro #Lula

Braga Netto leva mais segurança para a campanha

31/08/2022
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O general Braga Netto, candidato a vice-presidente, vai ganhar mais espaço na campanha de Jair Bolsonaro, seja com a participação em eventos políticos, seja com uma maior aparição na mídia. Um dos objetivos é capitalizar o recall do general na área de segurança pública, agenda que perdeu tonicidade durante o governo Bolsonaro e pouco tem aparecido em seus discursos. Braga Netto foi o comandante da intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, durante a gestão de Michel Temer. Em tempo: Bolsonaro foi aconselhado a anunciar a recriação do Ministério da Segurança e confirmar desde já a indicação do seu candidato a vice para a Pasta. Ocorre que Lula foi mais rápido no gatilho e revelou ontem a intenção de ressuscitar a Pasta.

#General Braga Netto #Jair Bolsonaro #Lula #Michel Temer

Portas fechadas

31/08/2022
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Simone Tebet está penando para fechar uma agenda de encontros políticos no Ceará e em Pernambuco na semana que vem. Prefeitos e lideranças do MDB nos dois estados têm se esquivado. Guiados pelo ex-senador Eunício de Oliveira, só querem saber de Lula.

#Eunício de Oliveira #Lula #MDB #Simone Tebet

Quanto vale um ministro na mesa das eleições?

30/08/2022
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A entrevista ao Jornal Nacional e o debate do último domingo deram um gás à terceira via. A candidata Simone Tebet pretende queimar a largada e anunciar nos próximos dias nome chaves que participarão de seu eventual governo. Tebet parte de duas premissas. Como franco atiradora, tem menos a perder do que seus adversários com a imediata divulgação de seus colaboradores. Além disso, é quem mais tem garrafa vazia para vender, ou seja, nomes capazes de fazer diferença na corrida eleitoral. Tebet deverá confirmar Elena Landau como sua ministra da Economia. Não chega a ser exatamente uma grande revelação, já que Elena é coordenadora do programa econômico da candidata.

O fator “novidade” ficaria por conta do anúncio de Armínio Fraga. Tebet teria planos de criar um cargo sob medida para Fraga, uma espécie de ministro da “desconcentração de renda”, que açambarcaria a agenda ESG, na qual o ex-presidente do BC está submerso. No núcleo duro de campanha, comenta-se também uma possível volta de Edmar Bacha ao BNDES. Ele jogaria de tabelinha com Claudio Frischtak, que seria o preferido de Tebet para tocar o Ministério da Infraestrutura. Seria o dueto responsável por tocar o plano de concessões e um programa de retomada de obras públicas.

Por sinal, no que depender de Simone Tebet, o “tucanato” vai aterrissar em peso no seu governo. Outros nomes pretendidos pela candidata são Gustavo Franco, Samuel Pessôa e Rubens Barbosa. Ao anunciar sua “equipe de governo”, Simone Tebet aposta que esse gesto forçará seus adversários a fazer o mesmo, tirando-os de uma confortável zona de silêncio. Até agora, os candidatos mais têm escondido do que revelado seus colaboradores mais próximos. É o caso de Lula: o líder das pesquisas guarda a sete chaves os nomes de potenciais ocupantes de cargos em seu governo. A única informação que o PT deixa vazar é a presença de Aloizio Mercadante como coordenador econômico da campanha.

Não há, no entanto, qualquer garantia de que Mercadante terá alguma função em um eventual mandato de Lula. No entorno do petista, surgem alguns possíveis candidatos para o Ministério da Fazenda, que Lula pretende recriar: os mais notórios são Fernando Haddad e Persio Arida. Haddad só ganha se perder, ou seja, só assumirá a Fazenda se for derrotado nas eleições para o governo de São Paulo, o que hoje parece difícil. Arida, por sua vez, viria na conta de Geraldo Alckmin. Nas hostes petistas, há ainda um terceiro nome que tem sido citado para comandar a Fazenda: o próprio Alckmin. Guardadas as devidas proporções, seria o “FHC de Lula”. O fato é que praticamente todas as especulações sobre o ministro da Fazenda empurram o petista para o centro ou o centro-direita, afastando-o da suas bases eleitorais, o que, de certa forma, explica a sua resistência radical em dar pistas sobre os futuros colaboradores.

A estratégia de Simone Tebet de antecipar parte da sua Esplanada dos Ministérios mira também em Ciro Gomes. Nesse quesito, Ciro talvez esteja mais ao relento do que Lula. O pedetista conta com dois colaboradores na área econômica que estão com ele há mais tempo, Nelson Marconi e Mauro Benevides Filho. Mas não são exatamente nomes que funcionem como ativos eleitorais. Ciro já não tem mais a seu lado personagens como José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa. Devido às circunstâncias eleitorais, dificilmente voltará a ter. Mesmo Roberto Mangabeira Unger, historicamente ligado ao pedetista, não está tão ativo na campanha como outrora. No caso de Jair Bolsonaro, a expectativa pelos colaboradores em um segundo mandato é compreensivelmente menor. Tudo indica que o eventual Bolsonaro II será um replay do Bolsonaro I, ao menos em cargos chave. Dois exemplos: Paulo Guedes permaneceria onde está; e Tarcísio Freitas tem uma cadeira a sua espera. Segundo fonte da campanha de Bolsonaro, ele voltará ao Ministério da Infraestrutura caso perca as eleições ao governo de São Paulo.

#Armínio Fraga #Ciro Gomes #Elena Landau #Geraldo Alckmin #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Economia #Paulo Guedes #Simone Tebet

Linha de montagem

30/08/2022
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Vem aí uma nova PEC. Dessa vez é para acomodar o gasto com o Auxílio Brasil em 2023. Como lembrou Lula, o valor de R$ 600 não está previsto no Orçamento. Uma PEC a mais, outra PEC a menos não fará diferença.

#Auxílio Brasil #Lula

Agreement

29/08/2022
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A diplomata Maria Laura da Rocha, hoje na Romênia, é citada no entorno de Lula como um nome forte para assumir a Embaixada do Brasil em Washington.

#Lula #Washington

“Foro de São Paulo”

26/08/2022
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O RR apurou que Lula está articulando com outros líderes da esquerda na América do Sul, como os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Colômbia, Gustavo Petro, um manifesto conjunto de apoio a Cristina Kirchner. Seria um desagravo à decisão do Ministério Público argentino de pedir a prisão da ex-presidente por 12 anos, por supostos crimes de corrupção.

#América do Sul #Cristina Kirchner #Gabriel Boric #Gustavo Petro #Lula

Lula quer acelerar concessões no setor portuário

25/08/2022
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Silenciosamente, o comitê de Lula para a área econômica, à frente Aloizio Mercadante, vai montando o programa de concessões do candidato petista. No momento, assessores do ex-presidente estão debruçados sobre os planos para o setor portuário. De acordo com a fonte do RR, a ideia é realizar ao menos duas licitações em 2023: as Companhias Docas do Pará e da Bahia.

Ressalte-se que um eventual governo Lula ainda poderá herdar leilões originalmente programados para este ano, mas ainda cercados de incertezas. Entram nesse rol, por exemplo, a licitação do STS10, o novo terminal de contêineres do Porto de Santos, e a desestatização da Companhia Docas de São Sebastião, ambos ainda sem previsão. Segundo o RR apurou, assessores de Lula têm mantido conversações com investidores do setor para apresentar os planos do candidato petista.

A interlocução tem sido conduzida por Miriam Belchior e Maurício Diniz, que ocuparam, respectivamente, o Ministério do Planejamento e a Secretaria Nacional de Portos no governo de Dilma Rousseff. Ressalte-se que o trackrecords nessa área é razoavelmente favorável ao PT: o programa de concessões portuárias teve início na gestão Dilma. Além das concessões em si, os assessores econômicos de Lula têm acenado com outra medida simpática ao setor portuário: a transformação do Conselho de Autoridade Portuária de uma instância meramente consultiva, como é hoje, em um órgão deliberativo, com poderes para acelerar as desestatizações da área.

#Aloizio Mercadante #Companhia Docas do Pará #Lula #Ministério do Planejamento

O “cacique” de Lula

23/08/2022
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O líder indigenista Marcos Terena, membro da Cátedra Indígena Internacional, desponta nas hostes petistas como forte candidato a comandar o futuro Ministério dos Povos Originários. Lula já anunciou a criação da Pasta em seu eventual governo.

#Cátedra Indígena Internacional #Lula

A outra carta

22/08/2022
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Lula foi sondado para subscrever uma carta que será encaminhada ao Papa Francisco, pedindo que o Vaticano interceda em defesa da liberdade religiosa na Nicarágua. Trata-se de uma saia justa para o petista. Elaborado pela Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas, o manifesto mira em um aliado histórico de Lula, o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, que está fechando congregações religiosas e expulsando missionários do país.

#Lula #Papa Francisco #Vaticano

Triângulo

18/08/2022
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O ex-presidente José Sarney está comemorando por antecipação as eleições. De qual candidato? Lula ou Jair Bolsonaro, tanto faz. O MDB será um dos fiéis da balança. Agora e lá na frente.

Paulo Guedes é o termômetro das possibilidades de reeleição de Jair Bolsonaro. Se permanecer ativista, é porque “Bolso” tem boas chances. Caso contrário, o presidente já terá perdido a parada. Melhor pingar uma ficha em cada casa.

Acreditem: Jair Bolsonaro sondou uma visita a FHC. Não é momento para isso. Nem de receber Bolsonaro nem nenhum ex-presidente. O “príncipe” precisa de paz. Só isso.

#Jair Bolsonaro #José Sarney #Lula #MDB #Paulo Guedes

Um candidato blindado

18/08/2022
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A preocupação do PT com a segurança de Lula está pautando o início da campanha. Após a suspensão do evento previsto para a última terça-feira, em frente à fábrica da MWM, em São Paulo, assessores petistas querem encurtar o comício programado para o próximo sábado, no Vale do Anhangabaú. Segundo o RR apurou, há uma orientação para que os participantes, como o candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad, façam discursos breves. O objetivo é reduzir o tempo de permanência de Lula no local.

#Fernando Haddad #Lula #MWM #PT

Rock in Rio quer silêncio

17/08/2022
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“Lula lá”? “Bolsonaro, mito!”? Essa é justamente a trilha sonora que os Medina menos querem ouvir. Os organizadores do Rock in Rio estão apreensivos com a proximidade entre os shows, programados para setembro, e as eleições. Para começar, há uma questão de assepsia, um cuidado em higienizar a imagem do evento – “Política não se fez em festival”, disse recentemente Roberta Medina, filha do criador do Rock in Rio, Roberto Medina. Ao mesmo tempo, existe também uma compreensível inquietação com a segurança. Um das datas que causam maior preocupação é 4 de setembro, dia das apresentações de Gilberto Gil e Emicida, notoriamente simpáticos ao ex-presidente Lula. Os organizadores do festival discutem uma ação profilática. A ideia seria recomendar aos artistas que evitem manifestações de caráter político durante seus shows. O risco é a eventual orientação estimular o efeito contrário. Procurado, o Rock in Rio não se pronunciou.

#Eleições 2022 #Jair Bolsonaro #Lula #Roberto Medina #Rock in Rio

Acervo RR

Novo darling

17/08/2022
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O ex-candidato à Presidência da República André Janones, que se aliou a Lula, já é tratado nos círculos petistas como um nome forte para um ministério na área social.

#André Janones #Lula

Bolsonaro quer destravar consignado para o Auxílio Brasil

16/08/2022
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A bondade de Jair Bolsonaro não acaba. No rol das propostas em estudo, a equipe econômica discute a construção de uma fórmula que viabilize o crédito consignado aos participantes do Auxílio Brasil utilizando-se uma combinação até então inédita: a criação de um teto de juros vinculado à garantia de um benefício mensal de R$ 500 pelos próximos quatro anos – tempo do “futuro” mandato do atual presidente. Ressalte-se que tanto Lula quanto Bolsonaro já prometeram a manutenção do valor de R$ 600 até o fim de 2023.

O presidente triplicaria a aposta, trocando 12 parcelas de R$ 600 por 48 meses de R$ 500. A conta dos assessores de Paulo Guedes leva em consideração uma redução dos benefícios fiscais, de forma a compensar os gastos adicionais com o Auxílio. Na verdade, a equipe econômica encontraria uma justificativa social e de forte apoio popular para cortar uma parcela das renúncias fiscais – são mais de R$ 300 bilhões por ano distribuídos àqueles que menos precisam.

Ao mesmo tempo, o governo usaria a medida para mitigar a resistência da banca privada em conceder crédito consignado aos que recebem o Auxílio Brasil. Os bancos não querem emprestar sem um teto de juros, com o risco de corrosão da assistência à pobreza. Com a proposta, Bolsonaro condicionaria o discurso de Lula à sua promessa de melhoria do padrão de renda dos mais pobres. Restaria ao petista aumentar a dose ou imitar o adversário. Seria a maior das “bondades” apresentadas por Bolsonaro no seu pacotão eleitoral. Difícil para a oposição criticar a concessão de dinheiro adicional aos mais pobres. Já que “Bolso” estaria dando os recursos e dizendo de onde eles vão sair, não haveria, a priori, comprometimento de ordem fiscal. Além de o governo garantir quatro anos de Auxílio Brasil na casa de R$ 500 e dar uma solução para o “microcrédito emergencial”. Seria um presentão para o 7 de setembro. Menos para Lula, Ciro Gomes e Simone Tebet.

#Auxílio Brasil #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes

Campanha indígena

16/08/2022
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A campanha petista articula uma visita de Lula ao Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso. O ex-presidente vai se encontrar com lideranças indígenas da região. Trata-se de um evento feito para dentro e para fora do Brasil. O script prevê a presença de jornalistas e ONGs internacionais. O parque é uma das maiores e mais importantes reservas indígenas do país. Reúne ao todo 16 etnias, que sofrem com grilagem, desmatamento e exploração ilegal de madeira.

#Lula #Parque Nacional do Xingu

Uso político da religião preocupa Ministério Público Eleitoral

15/08/2022
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Diante do início oficial da campanha, previsto para amanhã, há uma preocupação no Ministério Público Eleitoral com eventuais manifestações de caráter político em templos e igrejas. Uma das medidas em estudo no MPE é o envio nos próximas dias de uma circular a organizações religiosas, alertando para o cumprimento da legislação, que veda atos de campanha dessa natureza. A iniciativa começou a ser discutida originalmente entre procuradores eleitorais de Roraima e ganhou amplitude nacional dentro do MPE.

Trata-se de um tema sensível, que vem sendo conduzido internamente pelo órgão com o máximo de cautela. Os procuradores estão cheios de dedos quanto ao próprio tom do material a ser distribuído entre organizações religiosas: o entendimento é que ele deve ser cuidadoso e didático. Coincidentemente, um episódio que tangencia as discussões do MPE ganhou notoriedade nos últimos dias.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro compartilhou no Instagram um vídeo, de agosto de 2021, em que Lula participa de uma cerimônia com lideranças da umbanda e do candomblé. Publicada originalmente pela vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos-SP), a postagem associa rituais de matriz africana às “trevas”. O caso é um  indício do que pode vir pela frente na campanha, com o uso político de manifestações religiosas – tanto a favor quanto contra. O crescente imbricamento entre líderes religiosos e a política torna a questão ainda mais delicada.

A legislação em vigor – mais precisamente a Lei 9.504, em seu Artigo 37 – veda propaganda eleitoral em bens de uso comum, como templos. No entanto, há movimentos no Congresso para flexibilizar essas regras. É o caso do projeto de lei complementar 112/2021, que cria o novo Código Eleitoral – já aprovado na Câmara e em tramitação no Senado. No Artigo 483, a proposta estabelece que “Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão, as manifestações proferidas em locais em que se desenvolvam atividades acadêmicas ou religiosas, tais como universidades e templos, não configuram propaganda político eleitoral e não poderão ser objeto de limitação.”

#Lula #Michelle Bolsonaro #Ministério Público Eleitoral #MPE

Lula e Bolsonaro flertam com o controle de preços

12/08/2022
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A política de preços, estigmatizada desde o regime militar, ressurgiu no radar dos candidatos à Presidência. Tanto Lula quanto Jair Bolsonaro – leia-se Paulo Guedes – já aceitam que a medida pode ser adotada em casos distintos, quer seja em relação a oligopólios, quer seja em relação a empresas públicas ou privadas que pratiquem preços elevados e resilientes, com grande impacto social. Bolsonaro já cantou essa pedra na área da energia, ameaçando tabelar os preços da Petrobras se a estatal permanecesse elevando os valores dos combustíveis.

O presidente assustou criticando margens elevadas de lucros. A própria redução da alíquota do ICMS nos estados foi uma forma de segurar os preços por uma via oblíqua. Guedes chegou a entabular uma participação dos supermercados na contenção do custo da cesta básica até que a inflação chegue na meta. A operação seria feita por meio da compensação dos represamentos dos preços com um bônus tributário diferido no tempo (ver RR de 13 de junho).

No comitê de formulação do programa econômico do PT, por sua vez, estão sendo discutidas três frentes: um plano de transferência de renda de maior alcance; incentivo e financiamento à infraestrutura, incluindo treinamento de mão de obra e investimento no entorno dos empreendimentos; e uma política ambiental rigorosa, mas em consonância com o mercado. A política de preços estaria contida no item das preocupações sociais. Na verdade, as especulações em relação a “cipagem” relativa da economia – uma alusão ao CIP (Conselho Interministerial de Preços), criado em 1968 e extinto em 1990 – se devem, em boa parte, à perspectiva da inflação estar sendo impulsionada por variáveis de difícil controle.

Entram nesse rol guerra na Rússia, crise na China, preços das commodities e dos combustíveis e histerese – todas com maior ou menor impacto na formação de preços. Há um certo consenso que oligopólios e grandes empresas têm conseguido reduzir vendas e aumentar preços, mantendo suas margens. É como se a política monetária não atingisse o repasse para o consumidor dos seus custos e queda de vendas. Há resistências de toda ordem em relação a essa política, que interfere diretamente no mercado, como se separando o joio do trigo e fazendo com que o governo assuma um papel punitivo em relação à formação de preços. Mas os motivos que levam à inflação alta são cada vez mais exógenos e há ainda a promessa de uma herança fiscal que impede a funcionalidade da política monetária. Por enquanto, os grandes potentados conseguem driblar a redução dos seus preços. Resta saber se vão resistir aos remédios anti-inflacionários do BC e da própria conjuntura econômica. Ou acabarão por ressuscitar o animal pré-histórico do controle de preços.

#BC #China #ICMS #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes #PT #Rússia

Fora da caixa

12/08/2022
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A campanha de Lula não vai deixar barato a proximidade entre Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães, demitido da presidência da Caixa após acusações de assédio. Filmetes para as redes sociais já estariam em produção. O que não falta é matéria-prima para associar Guimarães a Bolsonaro. Enquanto esteve à frente da Caixa, o executivo participou de 27 lives semanais do presidente.

#Jair Bolsonaro #Lula #Pedro Guimarães

Corrente anti-Tebet

10/08/2022
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Renan Calheiros e o ex-senador Eunício de Oliveira estão articulando um encontro entre Lula e prefeitos do MDB no Nordeste. É a região onde Simone Tebet enfrenta a maior resistência interna a sua candidatura.

#Lula #MDB #Renan Calheiros #Simone Tebet

O hedge cruzado do “Plano Landarida”

9/08/2022
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Há uma divisão entre cônjuges, aliás, ex-cônjuges, nessa fase pré-eleitoral de discussão dos programas dos candidatos. A economista Elena Landau, ex-Arida, é a manda-chuva na construção do programa econômico da candidata Simone Tebet, do MDB. Elena é pule de 10 para ser ministra da Economia em um eventual, porém distante, governo Tebet. Já Arida, ex-Landau, tem colaborado com o grupo do PT responsável pela elaboração do programa econômico do partido. Arida é top five para se tornar o ministro da Fazenda de Lula. Diga-se Fazenda porque Lula gosta do bom e velho Ministério do Planejamento – portanto, seriam dois ministérios na área econômica. Elena Landau e Persio Arida seriam o elo descoberto entre os dois virtuais governos. E hedge cruzado não dói.

#Elena Landau #Lula #MDB #PT #Simone Tebet

Dois pra lá, dois pra cá

8/08/2022
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A aprovação no Senado do empréstimo de US$ 500 milhões do Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) para o estado de Goiás deve ser creditada na conta de Ronaldo Caiado. O governador costurou diretamente com Jair Bolsonaro o apoio da base aliada para acelerar a votação no Congresso. A contrapartida? Caiado já trabalha dentro do União Brasil para afastar qualquer movimento de aproximação do partido com Lula, como o que vem sendo ensaiado por Luciano Bivar.

#Bird #Jair Bolsonaro #Lula #Ronaldo Caiado

Polarização

5/08/2022
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A disputa eleitoral cindiu um dos maiores clãs do agronegócio. O ex-ministro Blairo Maggi colou em Lula. Já seu primo, Elizeu Maggi, dono do Grupo Scheffer e um dos maiores proprietários de terras do Centro-Oeste, tem trabalhado junto a seus pares pela reeleição de Jair Bolsonaro.

#Blairo Maggi #Grupo Scheffer #Jair Bolsonaro #Lula

Os 2% de Andre Janones

1/08/2022
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O candidato à presidência Andre Janones (Avante) vai iniciar nas próximas duas semanas uma investida nas redes sociais, com ataques simultâneos a Jair Bolsonaro e Lula. Vale menos por Janones e mais por quem está por trás da estratégia: o empresário Paulo Marinho, um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro em 2018.

#André Janones #Jair Bolsonaro #Lula

Velhos tempos

29/07/2022
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Lula tem se reaproximado de Aldo Rebelo, candidato do PDT ao Senado por São Paulo. Ex-ministro da Defesa, Rebelo conserva até hoje bons canais de interlocução com as Forças Armadas.

#Forças Armadas #Lula #PDT

Campo minado

29/07/2022
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Simone Tebet vai pisar em território “inimigo”. A candidata está decidida a visitar, um por um, os presidentes dos 11 diretórios  do MDB que declararam apoio a Lula. O mais hostil é o de Alagoas, capitania do senador Renan Calheiros.

#Lula #MDB #Simone Tebet

Programa de Lula reserva um novo figurino para o BNDES

28/07/2022
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Bye Bye “cavalos vencedores” ou “campeões nacionais”. A política industrial que se discute no PT não acende sequer uma vela para as prioridades das gestões de Lula I e II e Dilma I e II. Não sobrou saudade do projeto de inserção internacional do BNDES nos tempos de Luciano Coutinho na presidência do banco.

Pelo contrário. A nova proposta é focar em produto e não em empresa. Coutinho, como se sabe, elevou à enésima potência o apoio a companhias como JBS, Odebrecht (e outras indústrias da construção pesada), Oi, BRF, Marfrig, entre as mais votadas. Não que tenha errado de todo. O estímulo à JBS, Marfrig e BRF permitiu que o Brasil se tornasse um gigante da cadeia da proteína e praticamente o player formador de preços no setor de carnes. Rememorando a origem dos “campeões nacionais”: a tese foi a resultante de uma disputa acadêmica entre Coutinho e o ex-presidente do BNDES Antônio Barros de Castro que defendia o financiamento a setores – o que não deixa de ser um apoio a produtos – e não a empresas. O PT vai resgatar o pensamento de Barros de Castro, colocando no centro da política industrial os insumos estratégicos, ou seja, os setores escolhidos.

As informações vazadas ao RR permitem algumas conclusões: primeiramente, vai ter política industrial, sim, com um BNDES proativo; em segundo, há um crossover da política de substituição de importações com a “nova política industrial do PT”; terceiro, os economistas que têm debatido o programa petista acreditam que ingressamos em uma era de “desglobalização”; quarto, as consequências geoeconômicas da guerra entre Rússia e Ucrânia podem estar apenas começando, com impactos enrustidos na cadeia global de suprimentos; quinto, o Brasil é dependente em demasia de produtos como fertilizantes, chips e itens essenciais do complexo industrial de saúde; Portanto, estes últimos estão entre os primeiros da fila de prioridades.

#BNDES #BRF #Lula #PT

Minerais polimetálicos entram no radar da Marinha

22/07/2022
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A Marinha está retomando um projeto que já foi considerado estratégico nos anos 70 e 80: a pesquisa náutica com vistas à mineração de nódulos polimetálicos. O assunto é considerado de interesse nacional do país pela Forças Armadas, pois envolve soberania territorial e proteção ambiental das regiões costeiras, além de viabilizar a exploração de minérios que terão uma crescente demanda com a renovação da matriz energética. Ou seja, lítio, níquel, cobalto, ítrio, túlio eneodímio. Os três primeiros são compostos fundamentais para as baterias recarregáveis de carros elétricos.

Há também farta concentração de ítrio, césio e terras raras, elementos usados na geração de energia nuclear e solar. A estrutura geológica marítima é também pródiga em grafeno e grafito, substâncias que o presidente Jair Bolsonaro considera uma das futuras maiores fontes de riqueza do país. Há outra vantagem em relação à extração mineral nessas áreas: as reservas se encontram distantes do litoral. Essas jazidas de nódulos ou crostas são abundantes no pedaço de mar chamado de Zona Econômica Exclusiva (ZEE), uma faixa de 3,6 milhões de Km2, área maior do que as regiões Nordeste, Sudeste e Sul juntas. Essa condensação mineral é comumente formada em flancos, cordilheiras, planaltos ou colinas abissais.

Com a importância que assumiu a questão ambiental, reduzir o custo da depredação produzida pela atividade de exploração mineral em terra ganhou uma relevância maior. Os nódulos eram considerados uma espécie de reserva estratégica. Ficavam guardados no “cofre de jazidas” da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), assim como a Reserva Nacional do Cobre. Esta última, praticamente, já deixou de existir. A título de curiosidade, nos idos do governo Dilma Rousseff, o então megaempresário Eike Batista tentou que o governo lhe permitisse explorar essas áreas mineralógicas. Não conseguiu.

Na verdade, desde o governo Lula já existe o Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial (PROAREA). Procurada, a Marinha não se pronunciou especificamente sobre novos projetos e pesquisas relacionados a nódulos polimetálicos. A Força informou ao RR que “O PROAREA foi criado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) com o objetivo de identificar e avaliar a potencialidade mineral de áreas marítimas com importância econômica e político-estratégica, para o Brasil, localizadas fora da jurisdição nacional”. A Força Naval disse ainda que “O Programa mapeia a ocorrência de minerais da Elevação do Rio Grande (ERG), cujo planejamento e execução são aprovados no âmbito da CIRM”. A ERG é um planalto submarino localizado em águas internacionais, a cerca de 680 milhas náuticas do litoral do Brasil.

A iniciativa vai além da pesquisa e prospecção dos nódulos em mares do Brasil. O programa visa subsidiar futuras requisições à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA). O PROAREA foi desenvolvido no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), por encomenda do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência República, na gestão Lula. O PROAREA prevê a participação de empresas privadas na pesquisa e prospecção das riquezas marítimas brasileiras. A Marinha pretende intensificar essa dinâmica, que permitiria um protagonismo maior na área ambiental e econômica. Por enquanto, a Força protege. Com a nova estratégia, ela passaria a gerar valor para o país e não só segurança. Não custa lembrar que a Marinha desenvolve o projeto do submarino nuclear. A abundância de minerais propulsores de energia nuclear e o submarino em curso são um casamento perfeito.

#Dilma Rousseff #Forças Armadas #Jair Bolsonaro #Lula #Marinha do Brasil

Lacuna preenchida

19/07/2022
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Perguntado por que os economistas do PSDB, à exceção de Pérsio Arida, não participam do debate do programa econômico do PT – mesmo tendo Geraldo Alckmin na zhapa eleitoral – Lula sai-se com
essa: “Mas eles estão colaborando. Estão colaborando com a ausência”.

#Lula #PSDB #PT

Frente a frente

18/07/2022
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Prefeitos de cidades que recebem royalties pagos por Itaipu Binacional estão tentando um encontro com Lula. O objetivo é entregar ao petista um documento pedindo ao governo que mantenha o pagamento do benefício. Com a revisão do tratado da hidrelétrica, no ano que vem, não há garantia de sua permanência. Hoje, 90% dos valores são repassados aos municípios e 10% à União. O cálculo considera a quantidade de energia gerada mensalmente, a taxa de câmbio e um fator de atualização do dólar.

#Itaipu Binacional #Lula

Diplomacia indexada às eleições

18/07/2022
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Sinais trocados entre o Itamaraty e a diplomacia argentina revelam que o governo Alberto Fernández estuda indicar o novo embaixador em Brasília somente depois das eleições brasileiras. O substituto de Daniel Scioli, que deixou o cargo no início de junho, seria definido a partir do perfil do próximo presidente, ou Jair Bolsonaro ou Lula. A vitória do petista abriria caminho para uma indicação de matiz mais ideológico e menos pragmático.

#Alberto Fernández #Daniel Scioli #Jair Bolsonaro #Lula

Chuchu virou tomate

18/07/2022
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O gabinete do ódio de Jair Bolsonaro vai focar suas fake news no candidato a vice-presidente Geraldo Alkmin. O projeto é encher de vaias artificiais toda a aparição de Alckmin ao lado de Lula nas suas caravanas da campanha eleitoral. Os apupos seriam atribuídos aos petistas presentes ao evento. A palavra de ordem é constranger o vice. Em alguns casos nem será preciso. Volta e meia, Alckmin tem sido vaiado na vida real.

#Geraldo Alkmin #Jair Bolsonaro #Lula

Vem aí a constituinte indígena

15/07/2022
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Há uma chaga que unifica petistas e bolsonaristas no encaminhamento da sua cura. Trata-se da questão do índio na Amazônia. Os silvícolas ocupam 14,4% do território do país e 23,4% da Amazônia legal. São, ao mesmo, vítimas e parceiros do crescente comércio ilegal e da atividade predatória na região.

Os índios são chacinados e sócios de contrabandistas e garimpeiros. Ao mesmo tempo, é um assunto que incomoda militares, atiça o setor extrativista e transborda do país para o mundo. Tanto Lula quanto Bolsonaro pensam em tirar do seu colo a decisão sobre o futuro dos índios no Brasil. Ambos pensam em um plebiscito ou uma “constituinte indígena”.

Os bolsonaristas tendem mais para o plebiscito, embalados pela esmagadora escolha popular favorável ao comércio e produção das armas. Os lulistas, com um pé no futuro governo, debatem a ideia de uma constituinte exclusiva, com a participação de observadores internacionais. O projeto redefiniria o espaço territorial indígena e a proteção da sua forma de sobrevivência. Há bolsões sinceros e radicais de ambos os lados. Mas, ao que tudo indica, o antagonismo cede quando se trata de queimar a mão resolvendo um problema fervente. Melhor dividi-lo com o povo brasileiro. Talvez seja a única solução que mitigue reações contrárias nacionais e mundiais em relação à decisão a ser tomada.

#Amazônia legal #Jair Bolsonaro #Lula

Projeto Dívida Zero

14/07/2022
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A pesquisa do Serasa revelando que a inadimplência no Brasil atinge 31% da população faz lembrar o projeto de refinanciamento das dívidas no SPC e no Serasa, proposto por Ciro Gomes. Fica a sugestão para Lula e Bolsonaro.

#Ciro Gomes #Lula #Serasa #SPC

A lenta e complexa ressurreição da construção pesada

13/07/2022
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O comitê de economistas do PT responsável pelo programa econômico do Lula, Aloizio Mercadante à frente, tem quebrado a cabeça para encaixar o setor de exportação de serviços no texto. Em princípio, Lula não abriria mão dessa inclusão, pois ela faz parte do seu roteiro diplomático, caso seja eleito. Ou seja, China, África e América do Sul, para início de conversa. O assunto é delicado. Foi pela via da exportação de serviços de engenharia que a Lava Jato se cristalizou. A proximidade com as empreiteiras, de certa forma, foi responsável pela sua prisão.

O fato é que, independentemente dos passivos de outrora, Lula sabe que é preciso descontaminar essas operações. O tema é também examinado, internamente, pela área militar. As Forças Armadas reconhecem que a inanição do Brasil junto aos países demandadores de serviços de arquitetura, engenharia e construção, enfraquece um dos pilares geopolíticos da Nação. No caso específico, África e América do Sul, que estão sendo disputados palmo a palmo pela China e Chile, principalmente, e Coreia e Índia correndo em uma segunda fila. Talvez os militares e suas preocupações legítimas sejam um caminho para o resgate para exportações de serviços.

Eles sabem, por exemplo, que nos países africanos se encontram os maiores depósitos minerais do mundo, algumas das maiores riquezas inexploradas em energia fósseis e oportunidades de participação em obras de infraestrutura gigantescas. Mas há complicadores de toda ordem. Primeiramente seria preciso resgatar a construção pesada, que foi Deus e o diabo na terra arrasada por petistas de goela larga. Esse segmento esteve próximo da dizimação com Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e cia. Há um outro enfoque: o setor, juntamente com as áreas de arquitetura, seguros e financeiro) foi responsável pela geração direta e indireta de R$ 170 bilhões em cinco anos (2008 a 2012), segundo um dos últimos estudos antes do fenecimento da indústria da construção pesada.

Nesse saco cabem propinas pagas a estatais, governantes de outros países e em toda a cadeia de venda do serviço. Lula não pode dizer, mas a China e o Chile, fazem igualzinho, porque somente assim se fecham contratos dessas operações, noves fora a corrupção dentro do país. Mas atrás desses US$ 170 bilhões vem gente. Está se falando da indústria de trans- formação e de bens de capital, que exportam seus produtos em função da venda de serviços no exterior. Se o Brasil fizer forfait, vai ficar de fora de investimentos na infraestrutura global da ordem de US$ 60 trilhões. O PT sabe que vai ter que colocar o BNDES para trabalhar no assunto com urgência. Só que agora de forma limpa e transparente.

#Chile #China #Forças Armadas #Lula #PT

Bolsonaro quer (e precisa) pousar em Pequim

13/07/2022
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A diplomacia brasileira tenta uma visita à China para ontem. É o país que completaria o cinturão de viagens recentes de Jair Bolsonaro a grandes nações, tais como Rússia e Estados Unidos. É coisa para antes das eleições. Rapidinho, a exemplo do encontro com Biden. O objetivo da reunião com o presidente Xi Jinping é óbvio: marcar a imagem de Bolsonaro como estadista, aproveitando a conjuntura, na qual a questão da segurança alimentar é premente. Só que Lula também tem a mesma intenção, além de mostrar a Xi Jinping que é o parceiro mais confiável na geopolítica dos chineses. Desde o início do governo, Bolsonaro tem mantido uma política de tapas (muitos) e beijos (poucos) com Pequim.

#China #Jair Bolsonaro #Lula

Há um “golpe constitucional” na próxima esquina?

11/07/2022
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O entardecer da última quinta-feira foi particularmente tenso para o comando do PT. As informações de que Jair Bolsonaro transformou a reunião ministerial em uma evocação ao golpe, “dentro das quatro linhas da Constituição”, e a expectativa pelo comício de Lula no Rio, trouxeram à baila o risco de um cenário de suspensão dos direitos. Trata-se do terceiro estado de exceção, o de sítio. Uma fagulha em um dos comícios do PT, que levasse a algum quebra-quebra ou arruaça, poderia ser o suficiente para a implementação da medida.

A recente decretação do estado de emergência fortaleceu a preocupação com a tese de que a Constituição aceita muita coisa e algo mais. Existem razões concretas para a apreensão do partido. Há o receio de que o presidente Jair Bolsonaro esteja, gradativamente, preparando o terreno para justificar uma ruptura institucional. Quem simula um estado de emergência para rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal e a regra de ouro pode muito bem impor um regime de exceção radical com base em premissas igualmente artificiais. Ou seja: no pior dos pesadelos petistas, no ovo da serpente estaria sendo chocado um “golpe constitucional”.

Segundo o Artigo 136 da Constituição, o presidente da República “pode decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional”. Por sua vez, o Artigo 137 reza que cabe ao presidente decretar o estado de sítio no caso de “comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa”. Por essa linha de raciocínio, “quanto pior melhor”. A crítica às urnas, que muitos veem como o fio da meada do golpe, seria um refrescante aperitivo.

No entorno de Lula, há quem tema que as hostes bolsonaristas possam ser facilmente induzidas a criar um quadro de desordem capaz de justificar um regime de exceção. Paranoia? Tanto no caso de um estado de defesa, quanto de sítio, a Constituição diz que, antes de uma eventual decisão, o presidente deve ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. O primeiro, de acordo com o Artigo 89, é formado pelo vice-presidente, presidentes da Câmara e do Senado; os líderes da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; o Ministro da Justiça, além de “seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado e dois eleitos pela Câmara”.

Já o Conselho de Defesa Nacional, conforme o Artigo 91, é composto igualmente pelo vice-presidente, pelos presidentes da Câmara e do Senado e pelo ministro da Justiça, além dos ministros da Defesa, das Relações Exteriores, do Planejamento e dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. Ou seja: todos da “casa”. Bolsonaro, portanto, teria amplo respaldo dos seus para decretar um regime de exceção. Isso, repita-se, com absoluto amparo da Constituição. Nesse cenário, estariam dadas as condições para a suspensão do processo eleitoral. De quem olha do chão, o estado de defesa e o estado de sítio são praticamente invisíveis a olho nu.

Estão no limite entre a termosfera constitucional e a exosfera das radicalidades. No entanto, gradualmente, Jair Bolsonaro tem atravessado as camadas inferiores, testando os limites dos seus anseios autoritários. No ano passado, valeu-se do estado de calamidade para empurrar a PEC dos Precatórios. Naquele momento, por mais questionável que o expediente pudesse ser, Bolsonaro ainda tinha a pandemia como muleta. Agora, no entanto, não há qualquer justificativa plausível para a instituição de um estado de emergência e a imposição, a fórceps, da chamada “PEC Kamikaze”. A essa altura, a acusação de fins eleitoreiros soa como a melhor entre as piores hipóteses. Paranoia?

#Conselho de Defesa Nacional #Eleições 2022 #Jair Bolsonaro #Lula #PT

Fiesp 1

7/07/2022
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Dos principais candidatos, Jair Bolsonaro é o único que ainda não respondeu ao convite da Fiesp para um debate com empresários. Segundo uma fonte palaciana, quando perguntado sobre o assunto, Bolsonaro não esconde a implicância com Josué Gomes da Silva, presidente da entidade: “Aquele lá é Lula”.

#Fiesp #Jair Bolsonaro #Lula

Fiesp 2

7/07/2022
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Luiza Helena Trajano saiu do almoço com Lula na Fiesp dizendo que está “quase tudo dominado”. Ou seja: o empresariado já topa o “Lula lá”.

#Fiesp #Luiza Helena Trajano #Lula

O “embaixador” de Lula

6/07/2022
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O delegado Alexandre Saraiva, candidato a deputado, tem ajudado a construir pontes entre a campanha de Lula e a Polícia Federal. Ainda que indiretamente, o próprio Jair Bolsonaro colaborou para essa coalizão. Em abril de 2021, Saraiva foi demitido por Bolsonaro do cargo de superintendente da PF no Amazonas após denunciar o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

#Alexandre Saraiva #Jair Bolsonaro #Lula #Polícia Federal

Lula quer dar o troco da mordida no ICMS dos combustíveis

4/07/2022
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A garfada no ICMS dos combustíveis pode voltar sob forma de compensação da União às perdas dos estados que reclamaram da medida no STF. A medida viria na primeira hora do governo do PT, em janeiro, quando a maioria das unidades federativas estará com o caixa negativo. Ela está sendo discutida com o comitê de campanha de Lula e até diretamente com o próprio candidato pelos governadores petistas. Como se sabe, a maioria dos 11 chefes do executivo estadual reclamantes na Justiça são do PT. Se Lula topar, avançaria mais algumas jardas em direção à tese dominante entre os economistas do partido de que o ajuste fiscal tem de ser feito em cima do corte de recursos distribuídos em interesse de Bolsonaro através de PECs e transferência direta do Orçamento. Ou seja: os adversários de Lula é que pagariam parcela do ajuste fiscal. A questão do ICMS é como Lula fará um apartheid favorável aos seus governadores, quer seja do ponto de vista legal, quer seja do ponto de vista político.

#ICMS #Jair Bolsonaro #Lula #PT

CBF blinda seus políticos

4/07/2022
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A CBF está formulando uma cartilha para jogadores e comissão técnica na Copa do Mundo do Catar. Ainda que a competição esteja programada para depois das eleições, a maior preocupação do presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, é coibir pronunciamentos de cunho político. O cuidado parece ter endereço: o próprio técnico Tite, que, nas redes sociais, costuma  despertar o ódio das brigadas digitais bolsonaristas por uma suposta proximidade do ex-presidente Lula.

#CBF #Copa do Mundo #Lula #Tite

A segunda chance da Elektra

1/07/2022
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A varejista mexicana Elektra ensaia seu retorno ao Brasil. Grandes fabricantes de eletrodomésticos já estão sendo procurados pelo grupo. Desta vez, a Elektra deverá se limitar ao e-commerce, diferentemente da sua primeira e mal sucedida investida no país. Em 2008, a rede do magnata mexicana Ricardo Salinas chegou ao Nordeste em uma operação casada com o Banco Azteca, do mesmo grupo. Era o auge do estímulo ao crédito e ao consumo no governo Lula. Ainda assim, o plano de montar uma grande operação com mais de mil pontos de venda em todo o Brasil naufragou. A Elektra chegou no máximo a 35 lojas, todas fechadas em 2015.

#Elektra #Lula #Ricardo Salinas

O segundo turno é agora

30/06/2022
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Lula e Carlos Lupi, presidente do PDT, têm conversado recorrentemente. A prosa já está no capítulo dos cargos no futuro governo.

#Carlos Lupi #Lula #PDT

As cartas dadas e não dadas da política monetária

27/06/2022
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Está dado: o Banco Central não buscará o centro da meta de inflação de 3,50% em 2022, não por decisão de política monetária, mas porque é quase impossível. Está dado também que ele não mudará a meta de 3,25%, do próximo ano, caminhando para 3% em 2024. Roberto Campos Neto anunciou que buscará uma inflação pouco abaixo de 4%, em 2023. Portanto, circunscreveu, em parte, a política monetária ao acertar mais ou menos 0,1 ou 0,2 ponto percentual, digamos, em relação ao centro da meta.

Bem, está igualmente dado que os juros irão ficar em 13,75%, no mínimo, até o final de 2023. A Selic vitaminada tem como objetivo levar a inflação à meta aproximada de cerca 4% e não à onírica de 3,25%, no final do próximo ano, e mesmo de 3%, em 2024. Está dado da mesma forma que essa política monetária levará a um crescimento residual do PIB (entre 0% e 1%) ou mesmo a uma recessão (entre -1% a -1,5%), em 2023, preço da teimosia de não alterar o target de 4% a 4,5%, com bandas de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Não está dado no balanço de riscos do BC que a antipolítica fiscal do governo Bolsonaro nesse final de mandato e na disputa eleitoral pode mandar às favas toda a estratégia monetária da instituição. Bolsonaro deve deixar um legado maior de desequilíbrio nas contas públicas, maltratando os bons números conseguidos na área fiscal até o primeiro trimestre. Não está dado no mesmo balanço de riscos que o teto de gastos, pelo menos com a atual arquitetura que conhecemos, está morto, mortinho, mortíssimo.

Não está dado, conforme as declarações de Roberto Campos Neto, que, em um eventual governo Lula, a independência do BC poderá depender da autoridade monetária cumprir seu duplo mandato, ou seja, controlar a inflação e cuidar do nível de emprego. Coisa que não está acontecendo. A PEC que concede a independência é a mesma que a retira. Não está dado que o eventual governo Lula terá dois integrantes no Conselho Monetário Nacional – o ministro da Economia, o secretário especial de Fazenda (o terceiro é o presidente do BC) – e poderá alterar a meta na hora que lhe aprouver. Melhor, portanto, mudar o target agora, com parcimônia e o manche na mão. Não está dado se Roberto Campos Neto está mais para Alexandre Tombini ou Ilan Goldfajn. As duas hipóteses não chegam a ser alvissareiras. Em breve, a história responderá essa e outras questões.

#Banco Central #Lula #Roberto Campos Neto #Selic

Lula deixa todo mundo na “sala de espera”

24/06/2022
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Alguém se lembra do anúncio de soda limonada, no qual um caubói, sedento, pedia uma batata frita para aumentar a sede antes de beber o refrigerante? Lula é o caubói ao inverso. Está matando de sede a legião de personalidades que tentam marcar uma agenda de encontro com ele. Tome batata frita e nadinha de guaraná. Ontem, depois do resultado da pesquisa eleitoral do Datafolha, no qual o candidato do PT alcança 53% dos votos válidos, ocorreram 27 tentativas de conversas com Lula, a maioria buscando um papinho com o ex-presidente. Segundo a fonte do RR, ninguém teve sua demanda atendida. Ficaram todos os pedidos para o médio e longo prazo.

#Datafolha #Eleições 2022 #Lula #PT

A “reforma trabalhista” da Vale

22/06/2022
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No que depender da Vale, o novo Acordo Coletivo de Trabalho vai achatar os benefícios concedidos aos colaboradores. O RR apurou que a empresa abriu tratativas com os sindicatos para antecipar a renovação do Acordo atualmente em vigor que vence apenas em 2023. Uma das medidas seria a redução no reembolso dos gasto com educação de 80% para 70%. Outra proposta que será colocada sobre a mesa é um corte no pagamento de horas extra. Hoje, a empresa paga um adicional de até 120% sobre o valor de referência da hora trabalhada. O novo teto passaria a ser de 100%. Em tempo: por si só, a renegociação antecipada do Acordo Coletivo chama a atenção. Nos últimos anos, a mineradora tem deixado essa revisão mais para a reta final. Seria um hedge contra a eleição de Lula e uma eventual revisão da reforma trabalhista?

#Acordo Coletivo de Trabalho #Lula #Vale do Rio Doce

Lula prepara uma reforma no teto fiscal

20/06/2022
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Lula vai ter seu “teto II, a missão” ou um “teto para chamar de seu”. Apesar do discurso quase histérico contra o reboco que sobrou da ideia original, implementada no governo Temer, o PT não está relegando o problema fiscal do país a um segundo plano. Nos bastidores do grupo de petistas que discute um programa econômico para valer, o consenso é que o teto tem de ser rearranjado, ganhar outro nome e emergir como um mecanismo fiscal contracíclico de controle de gastos.

Mesmo Aloizio Mercadante, provindo da Escola de Economia da Unicamp, keynesiano e heterodoxo, aceita a ideia de manutenções do teto, desde que com um makeup caprichado. Algumas propostas à mesa: elevar o prazo de apuração dos gastos para dois anos, tirar os investimentos das despesas sob controle, normalizar o estado de calamidade, usando o expediente constitucional sempre que situações excepcionais ocorram (pandemia, choques de oferta, guerra), e tornar o teto uma estrutura móvel (o controle variaria para cima ou para baixo segundo os ciclos de prosperidade e perdas fiscais, com regras de correção permanentes e bem definidas).

Haveria, portanto, previsibilidade em relação às despesas, com o espaçamento do teto para o período de um biênio. Tirar fora do teto os investimentos é um compromisso do PT, até porque as verbas discricionárias, conforme a atual regra orçamentária, tornaram-se minúsculas. O PT, por sinal, considera que o ajuste fiscal será razoavelmente simples nos primeiros anos do governo Lula. Basta contingenciar os gastos que foram aprovados pelos adversários. Elementar, meu caro Watson. Ainda quanto ao teto, o discurso do seu relançamento é singelo.

Ou seja: o teto que será cumprido de verdade será o do governo Lula, com seu mecanismo contracíclico de controle dos gastos. O que se viu com Bolsonaro foi um limitador de despesas de araque. Seu governo ficará na história como fura-teto. A pergunta que é feita por colaboradores de Lula diz respeito à mensagem a ser dada para justificar, seja de que forma for, a manutenção do teto. Afinal, o expediente para o controle de gastos que permitiu a melhoria expressiva do resultado fiscal primário, mesmo furado à exaustão, foi o teto. E foi ele que apanhou feito boi ladrão pelo PT juntamente com as reformas. O RR considera essa uma preocupação menor. Caso seja vitorioso nas eleições em um momento de efeméride, as velhas novidades de Lula parecerão fatos novíssimos. Em caso de sucesso eleitoral, vale a paráfrase da máxima de Lavoisier: “Na economia e na política nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

#Jair Bolsonaro #Lula #PT

Prêmio de consolação

17/06/2022
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O nome do ex-governador Flavio Dino tem sido citado na campanha petista como um forte candidato à Casa Civil do eventual governo Lula.

#Flavio Dino #Lula

Em campanha aqui e acolá

9/06/2022
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Segundo fonte do PT, há gestões para que Lula vá à Colômbia para participar da campanha de Gustavo Petro, candidato de esquerda à Presidência. Nas últimas semanas, Petro foi ultrapassado nas pesquisas por Rodolfo Hernández, representante da direita.

#Gustavo Petro #Lula #PT

Construindo pontes

8/06/2022
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Fernando Haddad tem feito o meio de campo para uma possível conversa entre Lula e João Doria.

#Fernando Haddad #João Doria #Lula

Os outros fardados

7/06/2022
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O ex-governador Wellington Dias, um dos coordenadores da campanha de Lula, foi escalado para uma missão nevrálgica: distensionar a relação entre o petista e PMs. Ajudaria se o ex-presidente não desse declarações como a de 30 de abril, quando disse que “Bolsonaro não gosta de gente, só de policial”.

#Lula #Wellington Dias

Uma estrela ascendente

6/06/2022
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Olho vivo no economista Gabriel Galipolo, colaborador nas discussões sobre a política econômica em um futuro governo Lula, com uma visão especializada na área de infraestrutura. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, levou o economista para reuniões com instituições financeiras. Um nome embalado para uma futura presidência do BNDES.

Gleisi Hoffmann, por sinal, cresceu muito junto a Lula por vários motivos. Além da fidelidade e a ascensão no partido, Gleisi ainda conta com o “Fator Janja”. A presidente do PT foi diretora financeira de Itaipu. À época, levou Janja para trabalhar na empresa. As duas se falam diariamente.

#Gleisi Hoffmann #Itaipu #Lula

Grande imprensa

31/05/2022
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Lula já sabe o script que vem por aí na mídia. Por enquanto, pau no Jair Bolsonaro e pouco espaço para o petista, que será poupado da carnificina. No segundo round, tiro nos dois, mas o calibre maior reservado para Bolsonaro.

#Jair Bolsonaro #Lula

Ao pé do ouvido

30/05/2022
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O ex-governador do Piauí Wellington Dias vem ganhando espaço na formulação do programa de governo de Lula, notadamente na pauta econômica. É dele, por exemplo, uma das vozes que ecoam dentro do PT favoráveis à recompra de ativos já vendidos pela Petrobras.

#Lula #Petrobras #PT

Militares enxergam “Risco Lula” por todos os lados

27/05/2022
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Mesmo quando refletem sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, os militares não esquecem de Lula. A preocupação com a eleição do ex-presidente consta, ainda que de forma sutil, de um documento reservado da Escola Superior de Guerra (ESG), produzido em abril e intitulado “A crise Russo-Ucraniana: Percepções Brasileiras”. O candidato do PT não é citado explicitamente. Muito bem feito, ainda que de difícil interpretação para não iniciados, o relatório da ESG fala por eufemismos. Menciona o “risco de envolvimento de potências extrarregionais em eventos domésticos no Brasil, no sentido de gerar internamente apoio a opções político-sociais que sejam favoráveis a essas potências (Rússia e China), comprometendo a estabilidade interna”.

Nas entrelinhas está se referindo a possíveis influências externas no processo eleitoral em prol de Lula. Afinal, que outro candidato ou partido se não o PT estaria mais alinhado a “potências extrarregionais” como Rússia e China? É a velha ameaça comunista que ainda paira sobre o pensamento de parcela das Forças Armadas. As análises da ESG a partir da guerra entre Rússia e Ucrânia revelam uma especial atenção à questão da soberania nacional, notadamente do ponto de vista da Defesa do território. O estudo cita que o “uso da força continua a ser um recurso utilizado para solucionar divergências, materializando a importância de se desenvolver uma cultura estratégica de defesa como forma de dissuadir possíveis agressores”.

Em um cenário mais agudo, o paper classifica como “grande a possibilidade de emprego do Poder Militar Brasileiro no Entorno Estratégico, na medida que as crises que estão ocorrendo em várias áreas supridoras aguçam os interesses de países de outras regiões, podendo ocorrer disputas de poder”. Ressalte-se que os militares costumam se referir ao “Entorno Estratégico” como América do Sul, Atlântico Sul, costa Ocidental da África e a Antártica. Ainda que de forma sinuosa, o documento perpassa questões internas que ganham ainda mais relevância à medida que o calendário eleitoral avança. Usando a guerra na Europa e seus impactos geoeconômicos como pano de fundo, o estudo da ESG revela textualmente preocupações com o ambiente psicossocial nos próximos meses. “Os efeitos do desabastecimento e do aumento de preços  (inflação)” são apontados como fatores “com elevado potencial para gerar insatisfação popular e distúrbios”.

Não deixa de ser uma preocupação velada com uma conjuntura psicossocial que potencialmente venha a favorecer Lula. O paper volta ao tema em outro trecho: “A redução da escala da produção mundial dos vários setores, como ocorre no Brasil, aliada ao aumento contínuo nos índices de inflação, indicam a possibilidade de ocorrência de estagflação. Neste caso, é provável a ocorrência de crises internas ligadas à insatisfação popular.” Em outra questão que também resvala na ambiência psicossocial, o relatório cita a possibilidade de o Brasil receber “levas de refugiados ucranianos”. A ESG chega a traçar um paralelo com Revolução Russa de 1917, responsável por um expressivo fluxo de imigrantes para o território brasileiro. A ESG vislumbra também perspectivas positivas a partir da própria vinda de refugiados, notadamente no que diz respeito à atração de capital huma- no altamente qualificado: “Seria uma janela de oportunidade para o Brasil conceder refúgio a mão de obra especializada ucraniana, como professores e cientistas das mais diversas áreas”.

#ESG #Forças Armadas #Lula #PT

Factoide internacional

25/05/2022
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A campanha de Lula tenta dar algum sentido político à esquecida CPI da Covid. Renan Calheiros, relator da Comissão, vem sendo estimulado a ir à Corte Internacional de Haia para levar o relatório final, que acusa Jair Bolsonaro de crime contra a humanidade.

#CPI da Covid #Lula #Renan Calheiros

Campos Netto quer distância da campanha eleitoral

20/05/2022
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, tem compartilhado com alguns diretores que não pretende aceitar até o fim das eleições conversas com os candidatos. O presidente Jair Bolsonaro seria a exceção – nesse caso, são assuntos de governo. Ainda que nas internas, Campos Netto se antecipa, principalmente, a um eventual pedido de encontro feito por Lula. Aliás, conforme o RR apurou, uma iniciativa que vem sendo cogitada no meio do comitê de campanha petista. Há, inclusive, discussões, se o pedido de audiência deveria ser feito pelo ex-presidente ou pelo candidato a vice Geraldo Alckmin. Como se sabe, o mandato de Campos Netto coincidirá com os dois primeiros anos de governo Lula/Alckmin, caso a dupla seja eleita. Na verdade, o presidente do BC não faz mais do que sua obrigação. É corretíssimo que o comandante da autoridade monetária não misture assuntos da sua alçada com disputas eleitorais. Até agora, Campos Netto só deu bola dentro.

#Banco Central #Geraldo Alckmin #Jair Bolsonaro #Lula #Roberto Campos Netto

Fome zero

19/05/2022
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Combate à fome. Lula vai bater pesado nessa tecla na viagem que fará pelo Nordeste na próxima semana. Ressalte-se que a
campanha do petista cogita a criação de uma espécie de “Vale Comida” – ver RR de 18 de abril.

#Lula

Raspas eleitorais

19/05/2022
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Na semana passada, Ciro Gomes voltou a conversar com Marina Silva na tentativa de angariar apoio a sua candidatura. A essa altura, seria mais para dizer que tirou Marina das mãos de Lula. Voto que é bom a ex-senadora tem pouco.

#Ciro Gomes #Lula #Marina Silva

Tudo em família

17/05/2022
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No MPF, o nome de Nicolao Dino é citado desde já como forte candidato ao cargo de PGR em um eventual governo Lula. O procurador é irmão do ex-governador Flavio Dino.

#Flavio Dino #Lula

A volta de um velho amigo de Lula

17/05/2022
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Lula compartilhou com aliados próximos o desejo de lançar o nome do ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez como candidato a deputado federal. Próximo do ex-presidente, Sanchez já ocupou uma vaga na Câmara entre 2015 e 2019. Dentro do  partido, o cartola é visto como um potencial puxador de votos em São Paulo. O risco colateral é que sua passagem pela política e a própria relação com Lula remetem a episódios controversos, notadamente o projeto da Arena Itaquera. Consta que em sua delação premiada o empresário Emilio Odebrecht classificou a construção do estádio como uma espécie de “presente” para Lula. Até hoje o Corinthians tem uma dívida de quase R$ 600 milhões com a Caixa referente ao empreendimento.

#Andrés Sanchez #Corinthians #Lula

Lupino

16/05/2022
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De um cacique do PDT ao RR: “De dia, Carlos Lupi diz que a candidatura Ciro é ‘irreversível ´. À noite, sonha em ser mais uma vez o ministro do Trabalho de Lula”.

#Ciro Gomes #Lula #PDT

Foro de São Paulo

13/05/2022
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Lula costura uma viagem ao Chile em junho. Vai se encontrar com o presidente Gabriel Boric, estrela ascendente da esquerda na América Latina.

#Chile #Gabriel Boric #Lula

Haddad é a carta na manga para o Ministério da Economia

12/05/2022
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Se não emplacar na eleição para o governo de São Paulo, Fernando Haddad é candidataço ao posto de ministro da Economia caso Lula venha a ser eleito. A expectativa criada pelo ex-presidente em relação ao programa econômico e ao nome do seu  ministro da Fazenda – Lula disse que só anunciará ambos “depois que ganhar as eleições” – é compreendida nas internas como “Operação Esperando Haddad”. O ex-ministro de Lula, e quem sabe futuro, não é o Godot da peça de Samuel Beckett.

Está com meio pé na missão. Haddad é entrosado com a turma do Insper, notadamente o presidente, Marcos Lisboa, que perfilou como secretário de política econômica no governo Lula. Já tem staff para a eventual missão. Haddad circula na área empresarial, tem uma pegada acadêmica e é tido como um negociador político plácido e conciliador.

É quase um liberal, um “mini FHC”. Ah, mas diria o mercado, em uma imaginária peça de Beckett: esperar Haddad tanto tempo é uma eternidade. Talvez não. Lembrais-vos do anúncio de Henrique Meirelles para o Banco Central. Lula só confirmou a escolha no dia 12 de dezembro de 2002, ou seja, apenas 20 dias antes de assumir a Presidência. Em tempo: o petista já tem seu presidente do BC, que atende por Roberto Campos Neto. Mas, para Haddad assumir o comando da política econômica, o PT terá de perder São Paulo, o maior PIB do Brasil.

#Fernando Haddad #Insper #Lula #Ministério da Economia

Costeando o alambrado

12/05/2022
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No encontro com juristas do grupo Prerrogativas, na semana passada, Rodrigo Maia chamou a atenção de todos por falar muito de Lula e Geraldo Alckmin e pouco de João Doria. Nem parecia que ali estava o responsável pelo programa de governo do tucano.

#Geraldo Alckmin #João Doria #Lula #Rodrigo Maia

Diplomacia

11/05/2022
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O ex-chanceler Celso Amorim desaconselhou Lula a insistir na sua polêmica tese sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia. Em recente entrevista à revista Time, o petista jogou para cima do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, parte da culpa pelo conflito. A ver o que Lula fará com a recomendação.

#Celso Amorim #Lula #Rússia #Ucrânia #Volodymyr Zelensky

Lula e Alckmin planejam um choque regulatório

10/05/2022
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Lula e Geraldo Alckmin já estão trocando ideias para um futuro programa econômico. O petista e o ex-tucano estudam lançar uma espécie de choque de reafirmação regulatória. Esta pode ser uma das grandes surpresas da campanha. O projeto consistiria no fortalecimento da figura das agências. As atribuições de todos os órgãos reguladores do Estado passariam a ser definidas na própria Constituição. Hoje, apenas a Anatel (Artigo 21) e a ANP (Artigo 177) estão previstas na Carta Magna, ainda assim de forma superficial. As demais – a exemplo da ANAC, Aneel e ANTT, entre outras – nem isso.

Vivem em um limbo legal. Seu papel é definido de forma dispersa, a partir de uma algaravia de leis, portarias e decretos. A constitucionalização teria como objetivo tornar os órgãos reguladores independentes, a exemplo do Banco Central. Lula e Alckmin embalariam a medida com o discurso de que é necessário dar autonomia de fato às agências como forma de garantir o cumprimento de contratos em setores regulados da economia, como óleo e gás, energia elétrica, telefonia, concessões de infraestrutura etc. Ou seja: a dupla pretende passar um recado forte aos agentes de mercado de que, em seu governo, haverá segurança jurídica.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, muito provavelmente, Lula não fará a autocrítica de que esse intervencionismo começou no governo de Dilma Rousseff, com sua nova matriz econômica. Entre outros artificialismos, Dilma segurou os preços da energia na marra. Deu no que deu. Como sempre, Lula vai mimetizando as circunstâncias. Há um algoritmo político na ideia de revigoramento dos órgãos reguladores. Seria um gesto exatamente na contramão do que o governo Bolsonaro tem feito. O presidente Jair Bolsonaro vem provando que é possível desacreditar as agências. Umas das marcas da sua gestão é que qualquer área regulada está à mercê dos caprichos do Executivo.

Trata-se da mesma e tortuosa lógica que pauta as seguidas intervenções do Palácio do Planalto na Petrobras, uma sociedade de economia mista. Isso quando a ameaça de descumprimento das regras do jogo não vem do Legislativo. Neste momento, por exemplo, o Congresso está acelerando a tramitação de um projeto que adia para 2023 o reajuste das tarifas de energia no Ceará, previsto para este ano. Uma vez aprovada, a proposta abre brecha para que o mesmo ocorra em outros estados.

Não haveria uma Carta ao Povo Brasileiro II. Lula e Alckmin apresentariam de forma picada propostas para a economia, notadamente com o intuito de acalmar os mercados. E, nesse caso, conforme já sinalizado, o ex-tucano terá um papel fundamental nessas inflexões ao centro e à direita. Uma das funções de Alckmin será testar esses projetos, medir a aceitação dos agentes privados e até mesmo abordá-los publicamente, de forma a diluir a vinculação do ex-presidente a temas menos afeitos ao seu eleitorado. É um dos temperos do “Risoto de Lula com Chuchu”.

#Anac #Aneel #ANTT #Dilma Rousseff #Geraldo Alckmin #Lula #Petrobras

Sarapatel

10/05/2022
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O senador Otto Alencar trabalha dia e noite para colocar o PSD da Bahia nos braços de Lula. Com ou sem a simpatia de Gilberto Kassab.

#Gilberto Kassab #Lula #Otto Alencar #PSD

Todos os santos

6/05/2022
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Lula e ACM Neto têm conversado com frequência. O neto de “Toninho Malvadeza” representa a ala mais soft do União Brasil.

#ACM Neto #Lula

As costuras de Lula

4/05/2022
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Lula deverá viajar a Minas Gerais na próxima semana. No núcleo duro de campanha, é grande a expectativa de que o petista  volte de lá com uma aliança selada e sacramentada com o PSD de Alexandre Kalil, prefeito de BH e candidato ao governo de Minas.

#Lula #Minas Gerais #PSD

Pororoca

4/05/2022
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A ida de Jair Bolsonaro à Paraíba, prevista para amanhã, abrirá uma temporada de inaugurações de projetos no Rio São Francisco. Segundo o RR apurou, estão previstas as entregas pelo menos de outras três obras em estados do Nordeste até meados de junho. Não por acaso, na semana passada Lula evocou a paternidade da transposição do “Velho Chico”, dizendo que os governos do PT executaram 88% do projeto.

#Jair Bolsonaro #Lula #PT #Rio São Francisco

José Dirceu propõe a Lula uma marcha da pacificação

29/04/2022
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Se existe alguém no PT extremamente preocupado com as tensões existentes nas Forças Armadas é José Dirceu. O ex-ministro manteve pelo menos duas conversas sigilosas com Lula sobre o assunto. Dirceu considera que os militares pros-seguirão em sua escalada belicosa contra o STF, em sintonia com o presidente Jair Bolsonaro. O ex- guerrilheiro acha que a hora é de dialogar, dialogar e dialogar.

Dirceu teria recomendado ao ex-presidente a criação de uma espécie de força- tarefa para conduzir um trabalho de diplomacia junto aos militares. Alguns nomes óbvios foram sugeridos para a missão, a exemplo dos ex-ministros da Defesa Nelson Jobim, Jaques Wagner e Celso Amorim. Outro citado seria o deputado federal Carlos Zarattini, de São Paulo. Ainda que sem o status de carregar a patente de ex-ministro de Estado, Zarattini tem bom trânsito junto aos círculos castrenses, especialmente entre assessores das Forças Armadas dentro do Congresso.

O fato é que Dirceu e Lula tratam como prioridade um esforço de aproximação com o estamento militar, na tentativa de amainar as notórias animosidades do oficialato em relação ao PT. As circunstâncias não dão margem para erro. Ambos entendem que esse movimento deve ser feito de forma extremamente cirúrgica, com o máximo de discrição possível. A questão é como conduzir essa manobra sem que ela seja vazada junto ao Palácio do Planalto pelos generais mais próximos ao presidente Bolsonaro. É praticamente impossível.

Para José Dirceu, essa é uma questão que deve ser trabalhada entre brumas, quase aos sussurros. Em conversas reservadas, o ex-ministro criticou, por exemplo, a recente declaração de Lula, dizendo que, uma vez eleito, vai tirar oito mil militares de cargos comissionados no Executivo Federal. No que depender de Dirceu, o ex-presidente não deve mais fazer qualquer manifestação pública sobre as Forças Armadas. A seu juízo, falas como essa só alimentam fantasias dos militares sobre a volta do comunismo.

#Forças Armadas #Jair Bolsonaro #José Dirceu #Lula #PT

De ex-presidente para ex-presidente

29/04/2022
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O MDB do Maranhão está fechado com Lula. Palavra de José Sarney ao petista, em conversa na semana passada, segundo um senador relatou ao RR.

#José Sarney #Lula #MDB

O papel de Geraldo Alckmin no governo Lula

28/04/2022
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A terceira via já foi escolhida, tem nome e função. Chama-se Geraldo Alckmin e estará tanto na campanha quanto em um eventual terceiro mandato de Lula com missão definida: tratar dos assuntos com maior fricção entre o PT e o mercado. Alckmin não será um companheiro de chapa e muito menos um vice “picolé de chuchu”, tampouco um bonachão feito José de Alencar ou um regra três sem função, como é o general Hamilton Mourão. Caberá a ele um papel que, guardadas as devidas proporções, em outras circunstâncias foi bem exercido pelo ex-ministro Delfim Netto: servir de costas largas para o presidente.

A ideia é que tenha poderes para isso. As reformas, que serão um carry over do governo Bolsonaro – com as atuais ou outras denominações, com mudança do conteúdo, afinamento etc – ficarão na esfera de atuação de Alckmin. O eventual vice-presidente estará à frente dessas negociações não “para revogar”, mas “para revisar”. Isso já foi dito. Vale o mesmo para privatizações e decisões já tomadas que o PT bravateia que mudará de chofre. Alckmin não entraria na ópera petista para representar somente o caricaturado leguminoso, destituído 100% de carisma.

Esta é uma visão inteiramente equivocada. O vice já tem seu script acordado com Lula e enfeixado com cláusulas pétreas. Não ficará sem função executiva. A indicação de que ele é quem irá negociar com os sindicatos a “revisão” da reforma trabalhista revela a dimensão das missões reservadas a Alckmin. O ex-tucano tem feito seguidos movimentos de aproximação com as principais entidades de representação dos trabalhadores. Um de seus interlocutores mais regulares é o vice-presidente da Força Sindical, Sergio Leite.

Alckmin pretende ter um gabinete de assessores de alto calibre para entrar em campo com forte munição. O nome do economista Pérsio Árida no rol dos seus colaboradores é um indicativo do peso da turma. Pérsio já teria, inclusive, trocado ideias com Aloizio Mercadante, contribuindo para a construção do programa de governo. Ao levar para perto o ex-presidente do Banco Central, Alckmin atrai, praticamente por força gravitacional, outros quadros da Casa das Garças, originalmente ligados ao PSDB. Uma das pautas que o ex-governador de São Paulo pretende incluir na sua jurisdição é a desburocratização, um item emprestado da agenda liberal.

#Geraldo Alckmin #Hamilton Mourão #Lula #PSDB #PT

Primeiro de maio

25/04/2022
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Assessores políticos de Jair Bolsonaro têm recomendado que o presidente faça um pronunciamento à Nação no dia 1º de maio. Seria uma forma de reduzir o protagonismo natural de Lula no Dia do Trabalhador. Ou, na mão contrária, de provocar um panelaço nas janelas.

#Jair Bolsonaro #Lula

Lula põe o “Vale Comida” na mesa do brasileiro

18/04/2022
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Em meio à partida da campanha eleitoral, Lula quer arrancar um benefício social do governo Bolsonaro. O candidato do PT vai defender um “Vale Comida” urgente. Com o brutal encarecimento da maior parte dos alimentos da cesta básica, os salários dos mais pobres e da classe média e o próprio Auxílio Emergencial estão sendo corroídos. A inflação parece mais resiliente do que o previsto pelo governo. Ela vem de fora para dentro, movida pelos altos preços internacionais dos alimentos. Com isso, a remarcação nas gôndolas dos supermercados retornou, furiosa. A maioria dos analistas considera que a tendência é de continuidade das elevadas cotações dessas mercadorias no exterior.

O BC, por sua vez, enxerga uma inflação de demanda e usa o receituário clássico de taxas de juros nas alturas e sangria desatada da economia. Mas a carestia parece ser de outra origem. Portanto, o remédio pode matar o paciente. No momento, a família brasileira quer ouvir uma única frase: comida mais barata. A oposição pretende bater bumbo propondo que o governo institua algum subsídio para reduzir o impacto da inflação no preço da comida. A bandeira é boa e pode pegar. O governo, se não for insensível e tiver bom senso, poderia se antecipar às intenções de Lula e do PT e implementar rapidamente alguma medida que incluísse uma redução dos preços de itens da cesta básica, como galinha, feijão, açúcar, macarrão etc.

Ou fazer a seleção em função daqueles alimentos que tiveram maiores aumentos. Há controvérsias na medida. O dinheiro dado direto ao cidadão não resolve o problema da corrosão da renda, pois os preços dos alimentos continuarão subindo. Outra hipótese, conceder um subsídio direto para o congelamento dos preços mais estapafúrdios, em combinação com os supermercados, não seria aceita por Paulo Guedes. Além do mais, as experiências anteriores com os supermercados nunca deram certo.

Lembrai-vos dos fiscais do Sarney. Mas a racionalidade de pensar na compensação do descalabro dos alimentos é grande. O ganho popular seria enorme. Nesse momento, o povo não quer outra coisa. A lentidão de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes poderá permitir que Lula e o PT tenham o tempo necessário para fazer um fuzuê capaz de “takeoverizar”, ainda no ventre das boas intenções, um bem-vindo “Vale Alimento”. Em linhas gerais, é factível fazer chegar o pão à boca homem com política de rendas, pelo menos até que a inflação arrefeça. E nunca foi tão elementar tirar o pão da boca de um governo que corre para sanar problemas depois que o mal já está feito. Deixem estar, que o PT vai fazer o barulho e comer o pão sozinho.

#Auxílio emergencial #BC #Lula #PT

O intrincado xadrez de Lula no tabuleiro militar

14/04/2022
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A nomeação do general Paulo Sergio Nogueira para o Ministério da Defesa deu um nó nos planos de Lula. Segundo fonte próxima ao petista, o ex-presidente vinha engendrando a ideia de, uma vez eleito, manter os atuais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Seria um gesto de “pacificação”. O objetivo de Lula seria distensionar o ambiente junto às Forças Armadas. No entanto, a peça Paulo Sergio desencaixa todo esse mosaico.

A questão é o que fazer com um ex-comandante do Exército. Seu retorno à Força, para a reserva, criaria um constrangimento natural dentro do estamento militar. Há sensibilidades envolvidas, questões de ordem hierárquica e simbólica. Nesse cenário, Lula correria o risco de gerar um efeito contrário, ou seja, de criar tensões desnecessárias dentro do Exército. A presença do general Paulo Sergio na Defesa, portanto, é uma variável nova que estaria sendo analisada por Lula à luz da intenção de manter os comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha.

Uma hipótese aventada seria a permanência do oficial à frente do Ministério da Defesa. Há, no entanto, contraindicações a essa solução. Lula teria não só de abrir mão de escolher um ministro de Estado como praticamente transformar em regra a exceção aberta por Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro: a de colocar um militar na Pasta da Defesa. Antes de Temer, que nomeou o general Joaquim Silva e Luna, o cargo havia sido ocupado apenas por civis. Há ainda outro óbice para a permanência de Paulo Sergio no Ministério em um eventual governo petista: o oficial seria praticamente um “quarto” comandante militar – ou primeiro -, tamanha a sua representatividade e prestígio entre os seus.

Basta dizer que o general foi praticamente escolhido pelos próprios pares para assumir o Comando do Exército em um momento de razoável turbulência institucional, quando da saída do general Edson Pujol, em março de 2021. Não deixa de ser curioso: ainda que de forma involuntária – mesmo porque a possível manutenção dos comandantes militares é apenas uma hipótese guardada a sete chaves no “Forte Apache petista” -, Jair Bolsonaro acabou criando embaraços aos planos de Lula para as Forças Armadas. Não só pela nomeação de Paulo Sergio Nogueira para a Defesa, mas também com a escolha do general Marco Antonio Freire para a chefia do Exército. Para o petista, a hipótese de seguir com os atuais comandantes militares representaria manter um general mais alinhado a Bolsonaro, como é o caso de Freire. É uma curva a mais nesse labirinto.

#Edson Pujol #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Defesa #Paulo Sergio Nogueira

Quarta via

12/04/2022
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Nas últimas duas semanas, Ciro Gomes voltou a conversar com Marina Silva, na tentativa de frear sua reaproximação com Lula. Tarefa difícil. O Rede, partido de Marina, já sinalizou que vai apoiar o petista.

#Ciro Gomes #Lula #Marina Silva

Presidente da Fiesp movimenta suas peças no tabuleiro eleitoral

11/04/2022
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O novo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, joga em duas posições. Aquela que tem uma ex-posição maior é o distanciamento público do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de quem seu pai, José Alencar, foi vice-presidente nos dois mandatos. Josué assumiu a entidade como um reformista, que pretende atrair a nata do setor para colaborar em propostas de política industrial.

O presidente da Fiesp, ao contrário do seu antecessor Paulo Skaf, não quer saber da candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro. Se depender dele, Bolsonaro é passado. Mas, a outra posição no tabuleiro de Josué é a discreta colaboração com Lula para construção de uma política industrial “rebelde”, conforme os dizeres de Roberto Mangabeira Unger, que não siga apenas a receita única de incentivos, renúncias fiscais e dinheiro barato. Um dos interlocutores do manda-chuva da entidade é o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.

Apesar do desgaste dos últimos anos do governo do PT, quando a política de fomento do banco foi associada a práticas pouco ortodoxas de financiamento, Coutinho é um dos maiores, senão o maior, economista industrialista do Brasil, posto que dividia, mano a mano, com os saudosos Arthur Candal e Antônio Barros de Castro. Josué sabe que Lula e Ciro Gomes são os candidatos mais sensíveis ao revigoramento da indústria, que hoje representa cerca de 12% do PIB. Só que a candidatura de Ciro desidratou. Lula é a alternativa, não porque “papai” era colado com ele, mas porque é o único sensível à causa entre os postulantes à Presidência que devem chegar ao segundo turno das eleições. Há muito tempo que a Fiesp é uma bola murcha, para não dizer furada. Cabe a Josué mudar isso. Agora, é aguardar a hora em que ele vai sair do armário.

#BNDES #Ciro Gomes #Fiesp #Jair Bolsonaro #Lula #PT

O velho e o novo

8/04/2022
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Lula deverá viajar a Santiago no início de maio para se encontrar com o presidente chileno, Gabriel Boric, o mais novo darling da esquerda na América Latina.

#Gabriel Boric #Lula

Agenda trabalhista

7/04/2022
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Lula vai se reunir na próxima quarta-feira com dirigentes da CUT, Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil). No encontro, os líderes sindicais vão entregar ao ex-presidente propostas para a revisão da reforma trabalhista. Lula já sinalizou que, se eleito, pretende criar uma espécie de mesa de negociações, reunindo representantes dos sindicatos e do setor empresarial para discutir ajustes na legislação – proposta inspirada no modelo adotado pelo governo da Espanha.

#CUT #Força Sindical #Lula

Empresários ganham uma fresta no programa de Bolsonaro

6/04/2022
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O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem feito pressão junto a Paulo Guedes pela realização de um grande evento junto às classes empresariais. O objetivo é a apresentação de um amplo programa de governo que contemple não somente as mudanças estruturais, mas também as demandas específicas de cada setor. Uma das ideias seria a solicitação às diversas entidades empresariais de uma lista das suas sugestões de forma a absorver alguma delas no programa de ações do segundo mandato.

Nogueira acha que há uma janela de oportunidade para que Jair Bolsonaro atenda às necessidades do empresariado, enfatizando, através do diálogo, a sua diferença em relação a Lula, que não tem programa nem interlocução com os dirigentes do setor privado. O script do evento já estaria pronto: Bolsonaro seria responsável pela abertura, Paulo Guedes faria seu show off e alguns dos mais representativos mandatários de entidades empresariais, escolhidos a dedo, teriam seus minutos para considerações sobre a iniciativa.

Nogueira imagina que seria possível colocar centenas de empresários no evento, que provavelmente ocorreria em Brasília. A ideia é trazer a narrativa de um programa econômico participativo para a campanha eleitoral de Bolsonaro. Aparentemente, tendo em vista a sua governança pretérita, só cola se o empresariado tiver muito medo de Lula.

#Ciro Nogueira #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes

Velha aliança

6/04/2022
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Lula e Romero Jucá, candidato ao Senado por Roraima, têm conversado regularmente. É quase certo que um subirá no palanque do outro. Mais do que isso: Jucá carrega consigo um pedaço considerável do MDB.

#Lula #MDB #Romero Jucá

Forças trabalhistas

1/04/2022
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Segundo o RR apurou, Lula e o deputado federal Paulinho da Força tiveram uma longa conversa na última segunda- feira. Colocaram alguns tijolos a mais na construção de uma aliança entre PT e Solidariedade. Quatro dias antes, Fernando Haddad já havia almoçado com o parlamentar.

#Fernando Haddad #Lula #Paulinho da Força #PT

Um território hostil para Lula

30/03/2022
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Depois da sua passagem pela Bahia e pelo Ceará, programada para a próxima semana, Lula deverá se dedicar a uma série de encontros políticos no Centro-Oeste. A viagem está prevista para a segunda semana de abril. A visita ganha ainda mais importância após as últimas pesquisas eleitorais. No levantamento Exame/Ideia, por exemplo, Jair Bolsonaro derrota Lula no primeiro turno por 50% a 35%. Trata-se da única região do país onde Bolsonaro supera o ex-presidente nos dois turnos.

#Jair Bolsonaro #Lula

Dia do Trabalhador

29/03/2022
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Faltando mais de um mês para o Dia do Trabalhador, CUT e Força Sindical já sondaram tanto Lula quanto Geraldo Alckmin sobre a possibilidade de a dupla participar das manifestações do 1o de maio. Até agora nenhum dos dois disse nem que sim nem que não.

#CUT #Dia do Trabalhador #Força Sindical #Geraldo Alckmin #Lula

Quem tem a Força?

23/03/2022
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Ciro Gomes vem tentando se aproximar da Força Sindical, do deputado Paulinho da Força. Tarefa difícil. A entidade pende para o lado de Lula. Inclusive, seu vice-presidente, Sergio Leite, é interlocutor frequente de Geraldo Alckmin.

#Ciro Gomes #Força Sindical #Geraldo Alckmin #Lula

PT ronda reestatização de ativos da Petrobras

18/03/2022
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O balão de ensaio soprado por Lula na semana passada, associando os altos preços dos combustíveis à privatização da BR Distribuidora, ecoou o pensamento do núcleo duro do PT. Segundo o RR apurou, determinadas lideranças do partido próximas ao ex-presidente, a começar por Gleisi Hoffmann, têm defendido internamente a reestatização de alguns dos ativos vendidos pela Petrobras. Há quem pregue, inclusive, que a proposta conste do programa econômico de Lula. A medida seria embalada pelo discurso de que o retorno de operações estratégicas para as mãos da estatal contribuiria para a redução do custo dos combustíveis.

Alguns petistas chegam a mencionar ativos que deveriam ser reestatizados de forma prioritária. Entre eles figuram exatamente a Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), leia-se a malha de dutos que liga Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo ao gasoduto Bolívia-Brasil. Nas hostes petistas, há quem acredite que essas recompras seriam facilitadas por pressões políticas e pelo peso leviatânico da Petrobras e do próprio governo.

Assim é se lhe parece. Na semana passada, além de vincular os sucessivos aumentos dos combustíveis à privatização da BR Distribuidora, Lula ainda soltou uma frase de efeito relacionada ao tema: “Se preparem, porque vamos ganhar as eleições e vamos recuperar a Petrobras para o povo brasileiro”. Ao que tudo indica, é o velho jogo de Lula: a declaração foi um afago para os seus, ou seja, muito mais um recado para dentro do partido do que exatamente para o eleitorado. Interlocutores que conhecem bem o petista sabem que a ideia de reestatização de operações da Petrobras nem passa pela cabeça do ex-presidente.

Ainda assim, ao que parece, Lula deixou uma pulga atrás da orelha do mercado. Pelo sim, pelo não, o zunzunzum em torno do assunto já provoca mobilizações no meio empresarial. Segundo o RR apurou, o investidor Ronaldo Cezar Coelho, principal acionista da Vibra Energia, acionou o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira, solicitando sua interveniência junto a Lula e a formuladores do programa econômico do PT com o objetivo de dissuadi-los da proposta.

#BR Distribuidora #Gleisi Hoffmann #Lula #Petrobras #PT

As andanças de Lula

17/03/2022
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Lula articula um encontro com Gustavo Petro, candidato às eleições na Colômbia. Líder disparado das pesquisas, Petro caminha para ser o primeiro presidente de esquerda do país.

O RR apurou também que Lula pretende fazer uma viagem à África antes do início da campanha eleitoral. A visita
teria razoável valor simbólico: o continente africano teve um espaço importante na política externa dos governos do PT.

#Lula #PT

Lula em seu habitat

14/03/2022
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Lula avalia comparecer à próxima Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), marcada para 7 de abril. Trata-se de uma edição repleta de simbolismos. Entidades que estavam afastadas da Conclat há alguns anos já confirmaram sua participação, a exemplo da Central Sindical e Popular (Conlutas) e da Central da Classe Trabalhadora (Intersindical).

#Conclat #Lula

Lula e Sarney à beira do enlace

3/03/2022
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Segundo uma fonte próxima ao petista, Lula e José Sarney articulam um encontro para os próximos dias. Com a desistência de Roseana Sarney de disputar o governo do Maranhão, a conversa ganha ainda mais importância. Nas hostes petistas, a expectativa é que Lula consiga a façanha de colocar Sarney e Flavio Dino no mesmo palanque, no do candidato ao governo Weverton Rocha (PDT). E o pedetista Ciro Gomes? Deve ficar de fora da dança.

#José Sarney #Lula

Um aceno à mulher brasileira

22/02/2022
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No dia 8 de março, conforme apurou o RR, o pré-candidato Jair Bolsonaro inicia sua campanha de captura do voto feminino. O governo vai aproveitar o Dia Internacional da Mulher para lançar o Programa Mães Brasil, voltado à proteção da gestação e da maternidade. Será apenas a primeira de outras ações focadas no eleitorado feminino. É hora de tentar recuperar parte do terreno perdido. Nas pesquisas, Lula tem registrado, em média, o dobro das intenções de votos de Bolsonaro entre as mulheres.

#Jair Bolsonaro #Lula

Quinta via

22/02/2022
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O QG de campanha de João Doria está contratando um batalhão de especialistas em redes sociais. O presidenciável acha que tem levado uma goleada de Jair Bolsonaro e de Lula nas mídias digitais. Como se fosse só nas mídias digitais…

#Jair Bolsonaro #João Doria #Lula

Tiro de festim

22/02/2022
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No PSD, a aproximação entre o prefeito de BH e pré-candidato ao governo de Minas Gerais, Alexandre Kalil, e Ciro Gomes é tratada como fogo de palha. No partido de Gilberto Kassab, a percepção é que, na hora H, Kalil estará no palanque de Lula.

#Alexandre Kalil #Ciro Gomes #Gilberto Kassab #Lula #PSD

Lula vai furar o teto para reduzir preço dos combustíveis

18/02/2022
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A declaração de Lula de que pretende “abrasileirar” os preços dos combustíveis derivados de petróleo é apenas a ponta do iceberg de um projeto para a criação de diversos fundos dirigidos. O petista guarda enorme simpatia pela ideia, que permitiria a distribuição de receitas extraorçamentárias não somente para a “desinternacionalização” dos preços do petróleo, assim como para a erradicação da pobreza e o investimento em infraestrutura. Lula, é claro, sinaliza que o teto de gastos vai para o espaço. O ministro da Economia, Paulo Guedes, pensou uma coisa parecida, mas restrita ao combate à miséria. Guedes nominou a iniciativa de Fundo Distribuidor de Riqueza e disse que ia jogar dinheiro de helicóptero para os pobres. Não saiu do blá blá blá.

#Lula #Paulo Guedes #Petróleo

Arthur Lira sendo Arthur Lira

16/02/2022
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Pode ser que ele esteja vendo chifre de bode em cabeça de cavalo, mas Carlos Bolsonaro tem identificado junto a interlocutores mais íntimos uma suavizada no discurso de Arthur Lira em relação à candidatura de Lula. “Carluxo” é um tanto quanto paranoico, porém o passado de idas e vindas do Centrão justifica a pulga atrás da orelha.

#Arthur Lira #Carlos Bolsonaro #Lula

Ministra de Lula?

16/02/2022
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O nome da infectologista Margareth Dalcomo, da Fiocruz, tem sido citado nas hostes petistas como potencial candidata ao Ministério da Saúde do governo Lula. Trata-se de uma das vozes mais críticas à gestão da pandemia pelo governo Bolsonaro.

#Fiocruz #Lula #Ministério da Saúde

Lula namora a “Reforma da Desigualdade”

14/02/2022
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Lula continua Lula no que diz respeito à política econômica de seu eventual governo: estimula assessores a fazer pronunciamentos ou vazar ideias para depois ignorá-los ou desautorizá-los, como ocorreu recentemente com Guido Mantega. No entanto, o petista tem suas preferências. No momento, entre as cartas na mesa, o que mais enche os olhos de Lula é a chamada “Reforma da Desigualdade”, como informa a edição de fevereiro do boletim Prospectiva produzido pela Insight Comunicação, que circula desde a última semana. Na prática, trata-se de um colar no qual o petista planeja pendurar uma série de ações, entre as quais iniciativas contidas nas reformas do próprio ministro Paulo Guedes.

A “Reforma da Desigualdade” enfeixaria a tributação de dividendos, ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para a população de menor rendimento (assessores do candidato citam a linha de corte de R$ 6 mil) e aumento da tributação sobre herança e sobre o lucro. No pacotão entrariam ainda a redução de incentivos fiscais, com a extinção ou remanejamento de alguns benefícios. Ainda de acordo com informações apuradas junto a auxiliares de Lula, a tributação do patrimônio ou de grandes fortunas, fetiche da esquerda, não figuraria no rol de medidas fiscais.

Lula é um pragmático. Noves fora diferenças ideológicas, sabe que diversas das medidas contidas nas reformas estruturais de Paulo Guedes são inexoráveis. Nesse sentido, a “Reforma da Desigualdade” permitirá empacotar muitas das propostas do atual ministro em uma nova embalagem e um novo discurso. Seria uma agenda com um pé no fiscal e outro no social. Ou seja: o objetivo é reduzir a diferença de renda sem causar desequilíbrio nas contas públicas.

Para isso, as medidas englobariam também o funcionalismo federal. Uma das ações seria reduzir a distância na remuneração entre algumas esferas dos Poderes da República e o setor privado. Assessores de Lula citam também a criação de uma regra para a correção do salário dos servidores. O petista pretende brandir a “Reforma da Desigualdade” ao lado do meio ambiente e de políticas sociais como um emblema do seu governo no exterior.

#Guido Mantega #Imposto de Renda #Lula #Paulo Guedes

O “chuchu” sindicalista

11/02/2022
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A disputa pelo provável vice de Lula está acirrada. Na última segunda-feira, segundo o RR apurou, o deputado Paulinho da Força telefonou para Geraldo Alckmin reafirmando o convite para a sua filiação ao Solidariedade. Outro que tem mantido interlocução frequente com Alckmin, também com a missão de convencê-lo a entrar na sigla, é Sergio Leite, o “Serginho”, vice-presidente da Força Sindical. A entidade é praticamente uma segunda legenda partidária de Paulinho.

#Geraldo Alckmin #Lula #Sergio Leite

MDB do Lula

2/02/2022
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Após se encontrar publicamente com Renan Calheiros, Lula já tem uma conversa engatilhada com Michel Temer para meados de fevereiro.

#Lula #MDB #Renan Calheiros

Os planos de Lula para o futuro do BNDES

28/01/2022
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O BNDES vai completar 71 anos quando o futuro presidente assumir seu mandato. Mantido Jair Bolsonaro, pode-se esperar que o processo de desconstrução do banco prossiga. Caso o eleito seja Lula, a expectativa é de um banco de fomento fortalecido, diferente das gestões anteriores do PT, quando o crédito era uma função quase monotemática da instituição. O RR conversou com assessores de campanha do ex-presidente para a área econômica.

Do que a newsletter pode capturar das cercanias de Lula, a ideia é que o BNDES se torne em uma usina de projetos, dos mais diversos segmentos. O candidato da oposição pretende buscar recursos em todas as partes, mas para isso não considera suficiente a política de concessões do governo Bolsonaro. Concorda com o rumo, segundo assessores próximos, mas faz a velha crítica de que é preciso muito mais projetos greenfield.

O Brasil transfere muita coisa velha e oferta pouca coisa nova. Hipoteticamente, o BNDES se transformaria em algo como o BNDESP – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômica e Social e Projetos. Afinal, que outra instituição tem no país a capacidade de se tornar uma linha de montagem de propostas para novos investimentos além do BNDES? Quanto à carteira de ações do banco, que em grande parte será desfeita antes das eleições, o ex-presidente não é contrário à medida, de acordo com seus auxiliares ouvidos pelo RR. Ele entende se tratar de empresas maduras, que não precisam mais de apoio do BNDES.

Mas não renega a possibilidade de a BNDESPar vir a constituir uma nova carteira, resgatando o papel da instituição de capitalizar as empresas. Segundo assessores de campanha, Lula deixaria de lado a estratégia de apoiar o cavalo vencedor, ou seja, as megacorporações. Esses grupos podem se financiar através do mercado de capitais. Lula quer apoiar consolidações de empresas, criando novas companhias da indústria pesada, do complexo industrial médico-hospitalar e de tecnologia com porte competitivo no mercado. Tudo o que Bolsonaro não fez no seu governo.

#BNDES #Jair Bolsonaro #Lula

Brasil presente

28/01/2022
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Lula teria sido convidado para participar da posse do novo presidente do Chile, o esquerdista Gabriel Boric, em 11 de março. Seria um tapa com luva de pelica de Boric em Jair Bolsonaro, ausência certa na cerimônia.

#Jair Bolsonaro #Lula

Conexão França

26/01/2022
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Lula deverá se reunir nos próximos dias com Marcio França (PSB). No núcleo de campanha do petista, a  convicção é de que França sairá da conversa candidato a senador, abrindo caminho para Fernando Haddad disputar o governo de São Paulo pela aliança PT-PSB. A conferir.

#Fernando Haddad #Lula #Marcio França #PSB

Pimentel nos olhos dos outros…

19/01/2022
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O ex-prefeito de BH Fernando Pimentel tem o apoio de uma ala do PT para ser o coordenador da campanha de Lula em Minas Gerais. Mas, segundo uma fonte do partido, no núcleo duro da sigla há fortes restrições ao nome de Pimentel. Além da ligação com Dilma Rousseff, o ex-prefeito ainda carrega as sequelas das acusações de receber propina de empresas financiadas pelo BNDES.

#BNDES #Fernando Pimentel #Lula #PT

“Partido Judicialista”

18/01/2022
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Sergio Moro segue tentando costurar sua “coalizão judicialista”. Depois de se reunir com Joaquim Barbosa, articula um encontro com Marco Aurelio Mello. Se Barbosa saiu da conversa vazando à imprensa sua “desconfiança” em relação à candidatura de Moro, desta vez o presidenciável deve pisar em um território menos ou nada hostil. Mello tem notória simpatia pelo ex-titular da 13a Vara Federal de Curitiba. Em uma de suas últimas votações no Supremo, foi contra a suspeição de Moro nas condenações contra Lula. E ainda se referiu ao ex-juiz como um “herói nacional”.

#Joaquim Barbosa #Lula #Sérgio Moro

Questão trabalhosa

17/01/2022
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Lula tem buscado uma aproximação com ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Uma de suas principais pontes com a Corte é Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, vice-presidente do Tribunal e indicado em 2006, durante o governo do petista. A possível revisão de pontos da reforma trabalhista, uma agenda das mais delicadas, passa obrigatoriamente pelo TST.

#Lula #TST

O 7 de setembro de Bolsonaro

14/01/2022
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Assessores palacianos planejam fazer dos festejos do bicentenário da Independência, em setembro, uma efeméride, um híbrido de data cívica com campanha eleitoral. Todos os ex-presidentes vivos seriam convidados, à exceção de Lula e Dilma Rousseff, cuja exclusão seria atribuída a pendências judiciais ainda existentes relacionadas à prática de corrupção. Não deixaria de ser uma forma de reforçar que principalmente Lula ainda é suspeito de meliância.

É difícil prever se FHC, José Sarney, Fernando Collor e Michel Temer se disporiam a esse papel “cívico”. Mas a presença de todas as autoridades da República, incluindo ministros do STF e comandantes das Forças Armadas, seria um estímulo ao comparecimento. Em tempo: o secretário de Cultura, Mario Frias, almeja assumir a organização da cerimônia.

Dentro do Palácio do Planalto, o que se diz é que Frias ficaria encarregado dos eventos de adulação ao presidente Bolsonaro. A parte política seria de responsabilidade dos generais que cercam o presidente e de seu staff do Centrão, leia-se Ciro Nogueira, com a colaboração de Arthur Lira, presidente da Câmara. O Centrão deve comparecer em peso.

#Arthur Lira #Ciro Nogueira #Jair Bolsonaro #Lula #STF

Lula ao Norte

13/01/2022
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Após retornar do México, no fim de janeiro, Lula fará uma visita a cidades da Região Norte. Vai começar por Manaus, onde deverá se encontrar com o senador Omar Aziz (PSD-AM), pré-candidato ao governo do estado e ferrenho opositor do presidente Jair Bolsonaro.

#Jair Bolsonaro #Lula #Manaus

PT dá uma guinada em direção ao “trumpismo de esquerda”

12/01/2022
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O cavalo de pau do PT, radicalizando o discurso na direção de um “trumpismo de esquerda”, tem um artífice. O dono da bola se chama José Dirceu, que permanece mandando e desmandando no partido. A estratégia é insuflar a base agora, inclusive para não perder o apoio dos eleitores de esquerda, para soltar aos poucos, mais à frente, na medida em que as pesquisas forem se tornando praticamente definitivas. A manobra também empurraria Jair Bolsonaro para a radicalização, aumentando a polarização. Essa é o movimento de campanha que interessa a Lula. É o clássico “morde e assopra”. Quem se lembra das eleições de 2002 sabe o que o “comandante” Dirceu está pensando.

As hostes do partido avançarão com o recado de que o governo Lula será francamente de esquerda. O ex-presidente desmentirá aqui e amenizará acolá. Como se o PT e ele fossem, em diversos momentos, duas coisas diferentes. Quem viu a troca de chumbo do artigo de Guido Mantega, resgatando a política econômica do governo Dilma, e a imediata desautorização da assessoria de Lula tem um exemplo nítido de como o jogo será jogado. A provável reação negativa do mercado está contemplada na virada petista. As medidas para segurar a volatilidade dos ativos e o transtorno nas expectativas ficariam por conta do governo Bolsonaro. Essa conjuntura dificultaria o plano do presidente em usar a caneta, ou seja, o assistencialismo, como estratagema eleitoral.

O mercado teme Lula, mas penalizaria também Bolsonaro por ignorar os fundamentos da economia e fazer uma política fiscal frouxa. Dirceu aposta na queda de braço até porque, no momento adequado, Lula surgiria com um programa ameno, parafraseando a máxima de Lampedusa: mudar pouco, não para parecer que não mudou, mas que mudou para algo parecido. O “comandante” acredita que o aggiornamento do “trumpismo à esquerda” pode render frutos mesmo na hipótese, meio que  desacreditada, da derrota de Lula. A dúvida é se levar Bolsonaro para o canto do ringue é uma boa escolha.

Polarização por polarização, o capitão tem um track records positivo. E há a questão do timing do recuo de Lula e como reagirão seus legionários ao verificar que gastaram o verbo em vão. O exemplo das eleições de 2002 é, sem dúvida, algo a ser revisitado. Mas não custa rememorar o dito da maior lideraça intelectual da esquerda em todos os tempos, um filósofo obstinado que afirmava não ter dúvida sobre o rumo da História: ela só se repete duas vezes, a primeira como tragédia e a segunda como farsa.

#José Dirceu #Lula #PT

Lula marcha na direção do Comandante do Exército

11/01/2022
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O comandante do Exército, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, não tem qualquer apreço pelo candidato Lula. Mas está disposto a conversar com ele em momento oportuno, segundo um general de quatro estrelas confidenciou ao RR. Interlocutores em comum entre ambos estariam trabalhando nessa diplomacia. Essa conversa não aconteceria de imediato, mas a partir do mês de março, após o lançamento oficial da candidatura do petista.

Para efeito de campanha eleitoral, Lula tem tratado os militares como trata o mercado. Não se pronuncia sobre as Forças Armadas e diz que só conversará com a instituição uma vez eleito. Tudo da boca para fora. Para Lula, o encontro com o general Paulo Sergio seria de grande importância estratégica, à medida que o ex-presidente tem clara noção da resistência ao seu nome junto à maioria do Alto-Comando do Exército. Os assessores de Lula para a área militar, entre os quais se perfilam os ex-ministros da Defesa Nelson Jobim, Celso Amorim e Aldo Rebelo, defendem que o ex-presidente vá para essa conversa com duas propostas no bolso do paletó: a primeira é a manutenção do comandante do Exército no cargo em seu eventual governo, se, claro, o oficial concordar; a segunda, caso contrário, é conceder ao general Paulo Sergio a prerrogativa de indicar o seu sucessor.

O objetivo é amansar o estamento hoje mais refratário à eleição de Lula. Procurados, o PT e o Exército não se pronunciaram. Em 2018, não custa lembrar, o então comandante do Exército, general Villas Bôas, encontrou-se com dez candidatos à Presidência da República, em agendas abertas, oficialmente divulgadas pela comunicação da Força. Mas eram outros tempos. Lula estava preso, Fernando Haddad não tinha a conotação ameaçadora do ex-presidente, Jair Bolsonaro despontava como favorito e, primordialmente, ainda não havia o nível de polarização e muito menos o grau de tensão do ambiente institucional de hoje. O comandante Paulo Sergio, segundo a fonte do RR, não nutre, igualmente, simpatia, para dizer o mínimo, pelo presidente Jair Bolsonaro.

É recíproco. O preferido de Bolsonaro para a sucessão do general Edson Pujol era o Comandante Militar do Nordeste, general Marco Antônio Freire Gomes. No entanto, a indicação do general Paulo Sergio foi praticamente uma imposição do Alto-Comando da Força. Ressalte-se que o oficial “caroneou” outros dois colegas: era apenas o terceiro mais antigo entre os quatro estrelas. Pouco antes da sua nomeação para o posto, Paulo Sergio já havia irritado o presidente ao criticar a política do governo federal para o combate ao coronavírus. Provavelmente irritou Bolsonaro de novo na semana passada, com a determinação de que todos os integrantes do Exército se vacinem contra a Covid. No entanto, no contexto institucional e político, as diferenças entre Bolsonaro e o comandante do Exército não passam de uma variável vicinal.

O fator principal são as fantasias dos militares em relação à esquerda, a paranoia da volta do “comunismo” que ainda perdura entre a maioria do Alto-Comando. Fantasia gera fantasia. A própria liderança de Lula nas pesquisas eleitorais atiça bolsões mais radicais de apoio a Jair Bolsonaro. O general Paulo Sergio é figura central nesse processo de acalmar os seus. Salvo algum fato extraordinário, ele será o comandante do Exército na eleição e no período de transição até a posse do novo governo. O ambiente institucional e a forma como se deu a sucessão do general Pujol concederam ao general Paulo Sergio uma liderança que, a priori, não estava no script. Hoje, ele se tornou uma voz determinante junto às Forças Armadas. Lula poderá ir tranquilo ao seu encontro. As Forças Armadas, a despeito de animosidades ou implicâncias, permanecem como um estamento voltado ao distensionamento e à pacificação institucional.

#Exército #Forças Armadas #Lula #Paulo Sergio Nogueira de Oliveira #PT

Tem lugar para todo mundo no “Lulaney”

11/01/2022
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Lula e José Sarney têm conversado de forma recorrente. De um lado, a possibilidade do petista apoiar a candidatura de Roseana Sarney ao governo do Maranhão, levando até Flavio Dino a reboque; do outro, o clã Sarney se engajaria na campanha de Lula.

#José Sarney #Lula

Pelas costas de Ciro

10/01/2022
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Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT e principal articulador político do partido no Rio de Janeiro, está empurrando a sigla na direção de Rodrigo Neves, candidato do PDT ao governo do estado. Nesse caso, o palanque do partido seria de Lula. Ou seja: os próprios pedetistas do Rio já consideram Ciro Gomes carta fora do barulho.

#Lula #PDT #PT #Rodrigo Neves

Lula não para de construir suas pontes

5/01/2022
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As articulações para uma aliança entre Lula e Alexandre Kalil, prefeito de BH e candidato a governador de Minas Gerais, avançaram várias jardas nos últimos dias. Gilberto Kassab, presidente do PSD, está costurando um encontro entre o petista e Kalil ainda para o mês de janeiro. Seria a dobradinha antípoda ao atual governador Romeu Zema, uma espécie de deus Jano da política mineira, com uma face virada para Jair Bolsonaro e outra para Sergio Moro.

#Alexandre Kalil #Lula #Romeu Zema

UBS aposta suas fichas na privatização do Banco do Brasil

4/01/2022
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A missão é difícil, mas não impossível. É o que pensa o UBS sobre a privatização do Banco do Brasil. O lobby do banco suíço em Brasília é feito à luz do sol, quer seja no Congresso, quer seja no Ministério da Economia. Neste último, conta com um aliado declarado: o ministro Paulo Guedes, que, na aurora do governo Bolsonaro, anunciou sua intenção de que o BB fosse desestatizado e que seu futuro dono fosse o UBS.

O banco helvético já está com um pé dentro da estatal. É sócio majoritário (50,01%) do banco de investimento e de uma corretora de valores, que operará em cinco países latino-americanos – Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai -, conforme comunicado feito à CVM. Com a associação, o UBS passa a dividir com o BB a administração de grandes fortunas, além das operações no mercado de capitais.

Procurados, o UBS e o Ministério da Economia não quiseram se pronunciar. O UBS tem usado essa “cabeça de ponte” para convencer o próprio funcionalismo do BB. Os suíços têm ainda no deputado Eduardo Bolsonaro seu maior aliado no Palácio do Planalto. Eduardo meio que comanda o lobby dos helvéticos no Congresso. Mas mesmo que seu pai, Jair Bolsonaro, se torne carta fora do baralho em 2023, o UBS acredita que poderá sensibilizar Lula, caso o candidato petista seja eleito, com uma “privatização meia bomba”, ou seja, com golden share, diferença mínima no controle acionário e restrição à venda para outra empresa.

Um dos argumentos usados pelos defensores da venda da instituição é matusalênico. Com a Caixa Econômica cada vez mais ingressando em áreas que eram circunscritas ao BB, como o crédito agrícola, não faria sentido a União controlar duas instituições financeiras. A privatização do BB, portanto, seria diferente da Petrobras. A questão é tirar do imaginário brasileiro o simbolismo de um Banco do Brasil estatal. Provavelmente, nem Lula consegue.

#Banco do Brasil #Caixa Econômica #Lula #Petrobras

Dia do Trabalhador

4/01/2022
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Lula está articulando, ainda para o mês de janeiro, um encontro com os líderes das grandes centrais sindicais do país.

#Lula #PT

Uma frente ampla para o Ministério da Economia

3/01/2022
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O economista Arminio Fraga acende uma vela a Deus e outra ao diabo. Diz que está pronto a colaborar – ser ministro da Economia – de um governo que adote suas ideias. Por aderência natural migraria para a candidatura Sérgio Moro. Mas o candidato lavajatista já tem o seu ministro – o professor Affonso Celso Pastore – e reduzidas chances de vitória. Com Bolsonaro, Fraga não tem nem conversa. De Lula recebeu acenos, mas teria recusado. Não é bem verdade. Teria, sim, postergado. Fraga aguarda a indicação de Geraldo Alckmin à vice-presidência de Lula. Seria a forma tortuosa de abrir um canal de diálogo com o líder das pesquisas eleitorais.

O controlador da Gávea Investimentos espera que Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e José Serra, entre outros “tucanos de cabelos brancos”, venham a aderir à chapa Lula-Alckmin para se juntar aos apoiadores pessedebista da coligação lulista. Ou seja: esse PSDB informal e depurado de nomes como o de Aécio Neves, só para dar o exemplo mais gritante. Fraga se perfila entre os tucanos de boa cepa, mas no fundo tem um lado pessoal que lembra Paulo Guedes: quer obsessivamente ser ministro há anos e anos, amém. Sabe que Lula caminhará para a centro direita.

E que muitas das suas ideias serão incorporadas em um futuro governa lulista. A chave de entrada seria a formalização de Alckmin na vice-presidência. A tropa de choque lulista não descarta um convite a Fraga, mas ele não lidera a lista dos mais bem quistos potenciais futuros ministros da Economia. Lula preferiria um perfil político, mais próximo de estilo Antônio Palocci, titular da Pasta no seu primeiro governo. Dois nomes se sobressaem nessa lista: o do governador do Maranhão e professor de Direito Constitucional da Universidade do Maranhão, Flávio Dino; e do ex-vereador por Teresina, deputado estadual, federal, senador e quatro vezes governador do Piauí – inclusive exercendo o atual mandato -, Wellington Dias. Ressalte-se que os dois compareceram ao jantar oferecido por um grupo de advogados paulistas para aproximar Lula ainda mais de Geraldo Alckmin.

Apetece também ao ex-presidente a escolha de um empresário do setor real da economia. Há diversos papeizinhos com nomes nesse pote: Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice de Lula, José de Alencar, e presidente da Fiesp; Pedro Passos, um dos controladores da Natura, que daria um toque ESG à política econômica; Pedro Wongtschowski, industrialista e presidente do Conselho do Grupo Ultra; Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (ver RR de 22 de dezembro de 2021) e amigo pessoal do assessor de Lula, Aloizio Mercadante – seja lá o peso que isso tenha na escolha; e até mesmo o octogenário Abilio Diniz, que voltou à cena, expondo suas ideias na mídia como se quisesse ser lembrado. Correndo por fora do setor real viria o tecnocrata financeiro multi-partidário Henrique Meirelles – presidente do BC de Lula, ministro da Fazenda de Michel Temer e secretário da Fazenda de João Doria.

Meirelles não está na pole position da indicação para o Ministério da Economia, mas reúne três pontos a favor: se dá bem com Lula, conta com o aval do mercado e teria um bom entendimento com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que estará à frente da autoridade monetária, seja lá quem for o futuro presidente. Meirelles, contudo, tem um ponto avantajado contra ele: a atual relação estreita com Doria, que fará uma campanha eleitoral fustigando Lula. Nesse contexto, Fraga seria o candidato natural do mercado. Recentemente, passou a namorar a centro-esquerda. E atrairia pessedebistas ainda recalcitrantes em relação ao apoio a Lula. Um senhor ponto contra é que é detestado por segmentos influentes do PT. Candidatos a ministro da Economia, portanto, ainda pululam aos montes. De certo mesmo, somente é que todos serão “subministros”. O “titular da Pasta” de fato será o próprio Lula, que, se eleito, pretende que a política econômica seja realizada com dosimetria política. O inverso de Jair Bolsonaro. O que não deixa de ser uma boa notícia.

#Abilio Diniz #Armínio Fraga #Lula #Ministério da Economia #PT

Acervo RR

Independência

29/12/2021
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Lula defende um IBGE independente, longe do IPEA, no mesmo modelo do Banco Central.

#Banco Central #IBGE #Lula

O molusco e o cetáceo

28/12/2021
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Lula e o presidente do MDB, Baleia Rossi, deverão ter um encontro reservado nos próximos dias. Recentemente, ao lado de Simone Tebet, Rossi esteve reunido com o tucano João Doria. Tudo cenografia. Dentro do MDB, todos sabem que ele vai aonde Michel Temer determinar.

#Baleia Rossi #Lula #MDB

Deslizando na direção de Lula

28/12/2021
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A candidatura Ciro Gomes começa a craquelar por dentro. Carlos Lupi, presidente do PDT, não está conseguindo controlar a diáspora nem em seu próprio território, o Rio de Janeiro. O candidato do partido ao governo do estado, Rodrigo Neves, tem feito movimentos de aproximação com Lula.

#Ciro Gomes #Lula #PDT #Rodrigo Neves

Os prós e contras de Benjamin no Ministério da Economia

22/12/2021
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Caso as especulações que apontam Benjamin Steinbruch como um dos virtuais candidatos ao Ministério da Economia em um governo Lula venham a se consumar, sua indicação ao cargo traria a reboque soluções e problemas. Do lado positivo, Benjamin é um empresário do setor real, preferência esta que Lula já vem cantando por aí. Seria um contraponto ao habitual perfil financista dos ocupantes da Pasta.

Outro ponto a seu favor: Benjamin, vice-presidente licenciado da Fiesp, tem excelente relacionamento com o presidente eleito da entidade, Josué Gomes da Silva. Este, por sua vez, é filho de José Alencar, vice de Lula, e tem ótimo trânsito junto ao ex-presidente. A Fiesp estaria unificada em uma virtual gestão do petista. Benjamin Steinbruch tem ainda uma relação histórica com Aloizio Mercadante. É próximo também de Ciro Gomes.

Por ora, o pedetista ainda é uma incógnita. Mas, se a hipótese de Benjamin como ministro da Economia vingar, seria um motivo a mais para Ciro apoiar Lula em um eventual segundo turno. Mas Benjamin Steinbruch também carrega aspectos negativos. Todos sabem do temperamento difícil do empresário. Além disso, ao aceitar um eventual convite para o Ministério, ele sairia da CSN em um momento de forte consolidação da empresa. Benjamin precisaria de muito desprendimento para se ausentar da companhia e transferir essa missão para um executivo. Um exemplo do que está em jogo: a CSN estuda ampliar seus domínios no setor cimenteiro, com a compra de ativos na Argentina e no Chile.

#Benjamin Steinbruch #Lula #Ministério da Economia

Interesses provincianos

22/12/2021
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O posicionamento de Lula, repudiando a operação da Polícia Federal contra Ciro Gomes, foi celebrado pelos petistas do Ceará. A expectativa é que o gesto lubrifique as negociações para a aliança PT-PDT no estado. O principal interessado é o governador Camilo Santana (PT), que espera ter o apoio dos irmãos Ciro e Cid Gomes para concorrer ao Senado em 2022.

#Ciro Gomes #Lula #Polícia Federal #PT

Jantar entre Lula e Alckmin foi só um aperitivo

21/12/2021
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Má notícia para as esquerdas. O primeiro governo, digamos assim, do novo governo Lula, será de centro, mais para centro-direita, em alguns pontos até de direita. A provável indicação de Geraldo Alckmin para compor a chapa que disputará as eleições de 2022 é só uma pitada da inflexão de Lula. O ex-presidente, caso seja eleito – o que deverá ocorrer se as pesquisas não estiverem todas erradas -, terá de fazer as reformas estruturais administrativa, tributária e federativa, além de prosseguir criando os marcos regulatórios.

Mas não é a política econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes? Mais ou menos. Podem ser retiradas do pacote algumas privatizações mais sensíveis e a abertura econômica. O resto cabe todo. O diagnóstico de Guedes sempre esteve certo, como disse inúmeras vezes o RR. As medidas é que sempre carregaram excessos ou equívocos de formulação. Lula será o seu próprio ministro da Economia, ou seja, dosará os excessos e ditará a dosimetria correta na orientação da política econômica. Tudo o que Bolsonaro não foi. A inclinação para a direita tem outro objetivo.

O petista quer pacificar o país. Se as eleições fossem hoje, o presidente deixaria entre 20% e 25% do seu eleitorado órfão. E furioso. É nesse público que Lula mira, além do sempre presente mercado. É preciso acalmar a tropa bolsonarista, que, como todos sabem, é extremista e capaz de desatinos. As medidas de “direita” serão tomadas logo na primeira hora. Sendo eleito, Lula aproveitará a circunstância positiva para passar as reformas, as suas reformas. Pode ser que dê uma refitada, inclusive, na reforma da Previdência, que foi meio carcomida pelos gastos com a pandemia. O ex-presidente acredita que consegue conciliar essas medidas com as políticas sociais prometidas. Portanto, o saco de Papai Noel que Lula pretende trazer ano que vem não será pintado de vermelho. Nele caberão presentes para todos os gostos, em alguns casos principalmente os da direita.

#Geraldo Alckmin #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes

Dançando com o “inimigo”

14/12/2021
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Medições internas do Habib ´s apontam que a entrevista de Lula ao podcast PodPah rendeu uma das maiores exposições de sua marca nos últimos anos – a rede de fast food é a principal patrocinadora do programa. Ironia das ironias: Alberto Saraiva, dono do Habib ´s, defendeu o impeachment de Dilma Rousseff e, mais à frente, apoiou Jair Bolsonaro. Mas, na ponta do lápis, foi Lula quem mais o ajudou a vender esfihas e quibes.

#Habib ´s #Lula

Lula em campo

9/12/2021
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O staff de Lula está organizando um encontro do ex-presidente com representantes da classe artística. Uma das possibilidades aventadas é que o evento ocorra, ainda neste ano, no campo do Polytheama, o célebre time fundado e comandado por Chico Buarque.

#Chico Buarque #Lula

Um brinde a 2022

9/12/2021
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Renan Calheiros está organizando um jantar de lideranças do MDB com Lula. Eunício de Oliveira e Romero Jucá são tidos como nomes certos. A expectativa maior fica por conta da presença ou não de Michel Temer.

#Eunício de Oliveira #Lula #MDB #Renan Calheiros #Romero Jucá

“Mandelização” de Lula será uma das armas de campanha do PT

3/12/2021
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Pode soar como uma tirada ao melhor estilo do humor inglês: Lula quer fazer do limão do cárcere uma limonada. Uma das estratégias de campanha que será usada pelo PT é a comparação entre a passagem do ex-presidente pela prisão e a via crucis de Nelson Mandela – ainda que uma tenha durado 580 dias e a outra, 27 anos. A ideia é explorar o discurso de que Lula, assim como o líder sul -africano, foi um prisioneiro político, vítima de uma ação persecutória de seus inimigos.

Esse processo de “mandelização” do petista funcionaria como uma peça de ataque, mas também de defesa contra a agenda da corrupção que certamente será levantada pelos adversários durante a campanha. Ainda que, tecnicamente, o ex-presidente não esteja livre dos processos, as absolvições que já ocorreram e, sobretudo, a decisão do STF anulando as sentenças da 13a Vara de Curitiba garantirão a consistência jurídica da mensagem. Há outro componente que dá uma coloração ainda mais especial a essa estratégia: o iminente embate eleitoral com Sergio Moro.

De um lado, o “preso político”; do outro, o magistrado que o “perseguiu”. Os planos de Lula incluem uma viagem à África do Sul. Em maio deste ano, o petista se encontrou com o embaixador sul-africano em Brasília, Vusi Mavimbela, quando manifestou a intenção de visitar aquele país. Colar sua imagem à de Nelson Mandela traria ainda outros dividendos para Lula. O ex-presidente poderá explorar esse reconhecimento de fora para dentro do Brasil, aproveitando-se do seu prestígio internacional – vide a sua recente passagem pela Europa.

As desculpas pedidas por Sergio Moro ao STF pelo “levantamento do sigilo” – melhor dizer vazamento – das conversas da presidente Dilma Rousseff com Lula, tido como inconstitucional por carradas de juízes, são mantidas como um brinco de brilhantes no arsenal do ex-presidente. O comitê de campanha de Lula considera que tem munição de sobra contra Bolsonaro – e está certo. Agora, é o momento de guardar a artilharia contra Moro.

#Lula #Nelson Mandela #PT #Sérgio Moro

Veias abertas da América Latina

2/12/2021
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Depois da Europa, o “quintal de casa. Lula está articulando uma série de encontros com líderes da América Latina, a começar pelo ex presidente do Uruguai José Mujica, e pelos presidentes da Bolívia, Luis Arce, e da Argentina, Alberto Fernández. O encontro com Mujica será particularmente eivado de simbolismo: em junho de 2018, o uruguaio esteve em Curitiba para visitar Lula na carceragem da Polícia Federal.

#José Mujica #Lula

Coalizão sindical

2/12/2021
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Lula foi convidado para encerrar o 9o Congresso da Força Sindical, no próximo dia 8 de dezembro. O aceno ao ex-presidente chama a atenção. Ao contrário da CUT, visceralmente ligada ao PT, a Força Sindical é, digamos assim, mais plural, com vinculações a diferentes partidos, a começar pelo Solidariedade, de Paulinho da Força.

#Congresso da Força Sindical #Lula #PT

A volta de Joaquim Levy?

26/11/2021
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O ex-titular do Ministério da Economia no governo Dilma, Joaquim Levy, passou a ser cotado a ocupar o mesmo cargo na gestão Lula. Levy tem as bênçãos do mercado. E ainda dispõe de outro atrativo: intensificou-se tremendamente com a agenda ESG. Em tempo: Levy saiu do governo Bolsonaro, mais precisamente da presidência do BNDES, chamuscado. O que conta ponto junto a Lula e seu grupo mais próximo.

#BNDES #ESG #Lula #Ministério da Economia

Vasos comunicantes

25/11/2021
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Mais um sinal de aproximação entre o prefeito de BH, Alexandre Kalil, e Lula. Anderson Adauto, ministro dos Transportes no governo do petista, é hoje um dos principais articuladores da campanha de Kalil ao governo de Minas Gerais.

#Alexandre Kalil #Lula

Repeteco?

24/11/2021
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Lula tem conversado regularmente com Eunício de Oliveira, Romero Jucá e Renan Calheiros, três dos principais avalistas da coalizão PT-MDB que governou de 2003 a 2016.

#Eunício de Oliveira #Lula #Renan Calheiros #Romero Jucá

As aproximações sucessivas de Lula, FHC e Alckmin

19/11/2021
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A volta de Lula da sua excursão pela Europa promete. Há articulações para um encontro entre o ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin em dezembro, antes das festas de fim de ano, período em que a formação de alianças para 2022 deve começar a se intensificar. A costura estaria sendo feita pelo ex-ministro Nelson Jobim, atual presidente do Conselho do BTG. Caso se confirme, a reunião carregará alguns simbolismos.

Poderia ser o prenúncio do desembarque dos chamados tucanos de “cabeça branca”, ou seja, da velha guarda do PSDB, da campanha de Eduardo Leite ou de João Doria. O que não chegaria a surpreender, dada a posição folgada de Lula e o modesto desempenho tanto de Leite quanto de Doria nas pesquisas eleitorais. Ainda que não viesse acompanhado da formalização do eventual convite, o encontro seria uma passada larga para a presença de Alckmin na chapa de Lula, como candidato a vice-presidente.

O evento alimentaria ainda o sonho antigo de uma junção entre PT e PSDB – ou, ao menos, de uma corrente mais raiz dos tucanos -, o que significaria uma coalização entre as duas forças partidárias vencedoras de todas as eleições presidenciais entre 1994 e 2014. Em um sentido mais abrangente, o encontro entre Lula, FHC e Alckmin poderia significar ainda a criação de uma aliança contra a reeleição de Jair Bolsonaro. No ano passado, o próprio Fernando Henrique chegou a ensaiar a ideia de uma “frente ampla contra o mal que está aí” – guardadas as devidas e enormes proporções, algo similar ao movimento encabeçado por Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart durante o regime militar. Em tempo: por ora, Lula, FHC e Alckmin parecem ter feito um pacto de silêncio sobre o assunto. Consultados pelo RR sobre o possível encontro, nenhum dos três se pronunciou. Entende-se.

#Fernando Henrique Cardoso #Geraldo Alckmin #Lula #PSDB #PT

A turma de Bolsonaro

19/11/2021
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Enquanto Lula flutua entre chefes de Estado da Europa, Jair Bolsonaro joga com o que tem. Convidou o sem cargo Matteo Salviani, líder da extrema direita italiana, para visitar o Brasil no início do ano. A interlocução é conduzida por Eduardo Bolsonaro, o “chanceler” de Bolsonaro.

#Eduardo Bolsonaro #Jair Bolsonaro #Lula

Entreatos II

18/11/2021
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Lula teria convidado a cineasta Petra Costa para fazer filmagens da sua campanha. Sua eleição seria uma espécie de plot twist em relação ao documentário “Democracia em Vertigem”, centrado no impeachment de Dilma Rousseff. Petra seria o João Moreira Salles de 2022.

#Dilma Rousseff #Lula #Petra Costa

Regra de três

12/11/2021
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Não é preciso que se faça nenhuma eleição. O presidente da Natura, Pedro Passos, já ganhou o título de principal articulador entre os empresários contra a eleição de Jair Bolsonaro ou Lula.

#Jair Bolsonaro #Lula #Natura

Lula lá fora

4/11/2021
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Lula está organizando uma agenda de viagens ao exterior, provavelmente a partir de janeiro. A ideia é se encontrar com líderes da esquerda internacional, do uruguaio José Mujica ao norte-americano Bernie Sanders.

#José Mujica #Lula

Vingança é prato que se come frio

27/10/2021
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O comitê de campanha de Lula defende um mergulho nas contas do ex-governador do Ceará, Cid Gomes. Os petistas miram em Cid para atingir a integridade de Ciro Gomes, seu irmão. Acham que por ali está o caminho para rebater os ataques abaixo da linha da cintura que Ciro tem feito recorrentemente contra o ex-presidente. Lula não diz nem que sim, nem que não. E quando Lula não se pronuncia, nada é feito. Segundo um grilo falante do PT, o ex-presidente pode estar guardando munição para se voltar contra Ciro apontando suas baixarias. Seria usar a magia contra o feiticeiro.

#Cid Gomes #Ciro Gomes #Lula

Todos olhando para 2022

25/10/2021
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Eunício de Oliveira é um líquido; adapta-se a qualquer forma. Na semana passada, em conversa reservada com Lula, Eunício admitiu abrir mão da corrida ao Senado para disputar uma vaga na Câmara. O movimento pavimentaria o caminho para uma coalizão MDB PT no Ceará, com a candidatura do atual governador, Camilo Santana, ao Senado. Mas tudo e todos têm seu preço: o de Eunício, nesse caso, seria concorrer à presidência da Câmara com o apoio de Lula.

#Eunício de Oliveira #Lula #MDB #PT

Leitor 001

25/10/2021
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Línguas ferinas no Senado dizem que Lula foi o leitor 001 do relatório final da CPI da Covid preparado por Renan Calheiros. Com direito a pitacos.

#CPI da Covid #Lula #Renan Calheiros

Quarta via

21/10/2021
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Até outro dia aliado incondicional de Jair Bolsonaro, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, está arrastando asa a um só tempo para Lula e Ciro Gomes.

#Ciro Gomes #Ibaneis Rocha #Lula

Questão de timing

19/10/2021
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Há um movimento no PT do Rio favorável à candidatura do atual presidente da Alerj, André Ceciliano, ao Senado. A ideia, no entanto, não teria, ao menos por ora, a simpatia de Lula. Trata-se de uma vaga que deve ser reservada como moeda de troca para alianças no estado.

#Alerj #Lula #PT

Lula lá

18/10/2021
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Lula está montando uma agenda de viagens pelo Norte do país a partir de novembro. Trata-se da única região em que Jair Bolsonaro aparece à frente do petista nas pesquisas.

#Jair Bolsonaro #Lula

O múltiplo Jucá

5/10/2021
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Romero Jucá está jogando com um duplo na loteria eleitoral. Em campanha para voltar ao Senado em 2022, tem feito aproximações sucessivas tanto com Jair Bolsonaro quanto com Lula. E, se precisar, até a eleição fecha sua aposta com a terceira via.

#Lula #Romero Jucá

Tá tudo dominado

30/09/2021
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Lula só está calado para fora. Para dentro do jogo político, é uma matraca só. Está pessoalmente empenhado em costurar um acordão em Pernambuco, seu estado natal. Além do PSB, tem trabalhado para atrair a ala do MDB ligada a Jarbas Vasconcellos.

#Lula #PSDB

Cabo eleitoral

29/09/2021
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Em tom de blague, FHC soltou uma boutade, mais ou menos assim: “Lula permanece calado e agradece em silêncio se Paulo Guedes anunciar também a privatização do BNDES, do Banco Central e até o Palácio do Alvorada”.

#Banco Central #BNDES #Fernando Henrique Cardoso #Lula #Paulo Guedes

Prefácio eleitoral

23/09/2021
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José Dirceu pretende lançar em 2022 o segundo tomo de suas memórias. A obra do “Comandante”, com toda a certeza, estará alinhada com a campanha do “Lula lá”.

#José Dirceu #Lula

O banquete das víboras na pauliceia desvairada

21/09/2021
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Em outros idos, quando ainda era somente deputado, Jair Bolsonaro experimentou das delícias da cozinha de Naji Nahas. Trata-se da mais afamada culinária de São Paulo. Concorria somente com o restaurante privado da diretoria da Bovespa, na década de 80, quando Horácio Mendonça era superintendente da instituição.

Um absurdo de bom. Mário Henrique Simonsen, quando falava com o especulador, se autoconvidava para frequentar a casa dos melhores acepipes. Nem precisava, pois Nahas adorava Simonsen e vice-versa. Temer, também de origem libanesa, é freguês da cozinha de Nahas. Paulo Marinho, companheiro de lobbies, idem. Quando, então, chegava Paulo Maluf com os vinhos, o regabofe atingia o ápice. Maluf é dono da mais valiosa adega do país.

Pois bem, do jantar da semana passada vazaram as imitações, os nomes presentes e o cardápio. O que não foi dito foram as brincadeiras sobre a capacidade do ex-presidente de criar canais próprios na política. Lula seria o próximo. Temer estaria escalado para escrever do próprio punho a segunda carta ao povo brasileiro. Tudo blague. Mas nem tão esotérico assim. Como disse Nahas, enquanto Teme se deliciava com garfadas da mais fina ambrosia, só ele pilota todos os carros da política brasileira. E ao mesmo tempo. O ex-presidente ria, ria… Voltou ao topo das articulações. Será consultado por todos.

Disse que tem o condão de acalmar Bolsonaro e Lula. A vice-presidência seria hipótese remota. Temer prefere ajudar da Planície em vez do Planalto. Em determinado momento, Temer comentou que, se o presidente visse as imitações, ficaria fulo da vida. Mal sabia ele. Ainda que algumas cartas já fossem marcadas, a exemplo de Paulo Marinho, as consequências do ilustre jantar parecem ser tímidas. No final, ficou tudo barato. De certo, somente a difícil possibilidade do presidente voltar a sentar na disputada mesa de Nahas. Perdeu Jair. Ou não.

#Bovespa #Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Marinho

Acervo RR

Salvador

20/09/2021
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O próprio Lula entrou em cena na tentativa de evitar o rompimento da dobradinha entre o PT e o PSD, de Gilberto Kassab, na Bahia.

#Lula #PSD #PT

Dia da Democracia

8/09/2021
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Lula recebeu ao pé do ouvido a sugestão de liderar a elaboração de um grande manifesto assinado por juristas, acadêmicos, artistas, entre outros, que seria divulgado em 15 de setembro, Dia Internacional da Democracia.

#Dia Internacional da Democracia #Lula

Polo Sul e Polo Norte

8/09/2021
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Em pouco mais de um mês, o ex-presidente José Sarney teria conversado duas vezes com Jair Bolsonaro e outras duas com Lula. Está empatado.

#Jair Bolsonaro #José Sarney #Lula

Independência

2/09/2021
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Lula quer conversar com Roberto Campos Neto. Tudo bem. O presidente do Banco Central é independente.

#Lula #Roberto Campos Neto

Flechadas nos governadores

2/09/2021
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A ala bolsonarista da CPI da Covid articula a convocação de Carlos Gabas, ministro da Previdência no governo Lula e hoje secretário executivo do Consórcio Nordeste. A base aliada mira em Gabas na tentativa de acertar nos governadores nordestinos, predominantemente de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Em tempo: o ex-ministro, ressalte-se, já foi chamado para depor em outra CPI da Pandemia, esta em andamento na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

#CPI da Covid #Jair Bolsonaro #Lula

Primeira via

1/09/2021
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De uma velha raposa do MDB em referência ao manifesto “Todos por um só Brasil”, lançado na semana passada: “Que terceira via, que nada. Michel Temer está aumentando o valor do seu passe junto ao ex-presidente Lula”.

#Lula #MDB #Michel Temer

Um sarapatel difícil de temperar na política baiana

23/08/2021
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Durante a sua passagem por Salvador nos próximos dias 25 e 26, Lula deverá dedicar parte do seu tempo a encontros com lideranças do PSD. A aliança do PT com o partido na Bahia está abalada, devido aos movimentos no tabuleiro eleitoral para 2022. A disposição dos petistas de lançar o atual governador, Rui Costa, à disputa pelo Senado esbarra com a candidatura à reeleição do senador Otto Alencar, do PSD. Ou é um ou é outro. Ou, então, cada partido para o seu lado.

#Lula #PSD #PT

BRICs terão lugar especial na diplomacia de Lula

20/08/2021
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Devagar, devagarinho, Lula vai fazendo uma inflexão por trás dos panos no seu programa de governo para a política externa. O ex-presidente vem mantendo conversações tanto no âmbito doméstico quanto na esfera internacional – onde tem uma reconhecida rede de contatos – em torno de uma proposta para redesenho dos BRICs e da participação do Brasil no grupo dos países emergentes. A ideia orbita ao redor de dois eixos. O primeiro deles, nada original, é o alargamento dos BRICs, trazendo para o “clube” outas nações que não apenas as quatro originais do acrônimo (Brasil, Rússia, Índia e China), além da já incorporada África do Sul – cuja letra ainda não foi adicionada à sigla.

O segundo ponto é a transformação do Banco dos BRICs em algo mais próximo do Banco Mundial. A instituição teria um braço nos moldes e com a agilidade operacional do IFC (International Funding Corporation), passando, assim, a financiar não apenas Estados soberanos e entes subnacionais, mas também empresas privadas. Para Lula, a incorporação dos BRICs remodelados traria uma lufada de ar fresco a sua política externa. Não quer dizer que o petista esteja brigando com o passado. Tampouco negando a estratégia de intensificação das relações dentro da própria América Latina e com a África, que pautou o Itamaraty durante os oito anos do seu governo. No entanto, novos tempos pedem novas soluções.

Lula entende que há uma super oferta de liquidez no mundo e parte desses recursos poderia ser catalisada com o apoio do Banco dos BRICs e destinada às nações emergentes que fazem parte do grupo. Lula tem sido convencido de que o escopo do bloco precisa ser ainda mais ampliado. Hoje os BRICs são tudo, menos um mercado comum, com um tratado multilateral capaz de potencializar o comércio exterior entre os países. A proposta é de que o candidato pode usar seu prestígio internacional para galvanizar as conversas em torno dessa agenda.

Da mesma forma, o ex-presidente considera que o Brasil pode potencializar suas relações comerciais com os demais membros dos BRICs. Se o “MercoBRICs” fosse criado hoje, a situação comercial entre os países seria a seguinte: no ano passado, o Brasil teve déficit nas transações comerciais tanto com a Rússia (US$ 1,2 bilhão) quanto com a Índia (R$ 1,3 bilhão). No caso da China, por sua vez, o Brasil tem batido sucessivos recordes de superávit. Em 2020, o saldo a favor foi de US$ 33,6 bilhões, o correspondente  dos terços do superávit da balança comercial brasileira. No acumulado dos últimos cinco anos, as exportações para o país asiático superaram as importações em R$ 120 bilhões. Em tempo: Lula pretende usar mais as reservas do Brasil depositadas nas demais agências multilaterais, ou seja, Banco Mundial, BID e CAF.

#Brics #Lula

No rastro de Lula

18/08/2021
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Não por coincidência, no momento em que Lula inicia mais uma de suas caravanas, Ciro Gomes vai intensificar suas viagens pelo Nordeste. Além dos encontros políticos, Ciro pretende montar uma agenda de eventos com o terceiro setor. O candidato tem dificuldades de ingresso nesse segmento e tenta reduzir o prejuízo eleitoral.

#Ciro Gomes #Lula

O K da questão

17/08/2021
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Lula estaria conversando diretamente com Gilberto Kassab sobre uma possível aliança entre o PT e o PSD em Minas Gerais. As tratativas entre os dois partidos vão e voltam, voltam e vão, sem nunca sair do lugar. A maior dificuldade é convencer o prefeito Alexandre Kalil, candidato ao governo de Minas em 2022. Kalil tem dito reiteradamente que não colocará a “estrela do PT no peito”.

#Gilberto Kassab #Lula #PSD #PT

Todos os olhos sobre Lula

16/08/2021
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Existe uma preocupação dentro do PT com o esquema de segurança nas viagens de campanha de Lula. Há quem defenda um reforço, desde já, no aparato que acompanha o ex-presidente. A medida seria adotada já nas visitas que Lula fará ao Piauí, Pernambuco, Maranhão e Paraíba a partir desta semana. Um dos receios entre os petistas é que pessoas sejam infiltradas em comícios e outro eventos públicos por grupos ou forças políticas contrárias para criar tumulto e perturbação.

#Lula #PT

As elites finalmente entraram no jogo

11/08/2021
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Está definitivamente aberta a temporada de conspiração na República. Chegou quem faltava: as elites nacionais, leia-se banqueiros, empresários e intelectuais vinculados aos donos das riquezas do país. O manifesto “Eleições serão respeitadas”, divulgado na última quarta-feira, é apenas a espuma dessa articulação. O que interessa está por debaixo, não é visível ainda e é mais relevante do que aparições em jornais ou nas redes sociais. O anúncio nas principais publicações do país, com 260 signatários, não deve ser interpretado como uma peça de marketing institucional e tampouco como uma mera operação de “democracy washing”.

Há dois recados nas entrelinhas do manifesto. O primeiro é que os grandes empresários do Brasil estão conversando. Não apenas entre si, mas com grupos de poder capazes de promover ou dar respaldo a uma mudança nos rumos políticos da Nação. A segunda mensagem está igualmente acasalada com a defesa da democracia: agora há uma costura a sério pela construção da terceira via. As eleições passaram a ter três candidatos: Jair Bolsonaro, Lula e a terceira via, seja quem for.

Portanto, não se trata de um manifesto por democracia com Lula ou com Bolsonaro. A mobilização teria como objetivo tácito criar as condições para um novo projeto de poder, encabeçado por uma liderança política de fora dos dois espectros que polarizam o país. Toda vez que essas “elites orgânicas” entram no jogo, a prática conspiratória é quase obrigatória no xadrez das articulações com os estamentos republicanos. A história ensina que em decorrência dessa agitação surgirá um programa de governo. Sempre foi assim. Nessas ocasiões, a plutocracia tupiniquim costuma ter um projeto modernizante no bolso do paletó.

Historicamente, não se trata da defesa de um ou de outro regime político, mas apenas da preservação da ordem desejada. A magnitude e as ambições por trás desse projeto podem ser medidas pelos signatários originais do manifesto. Uma boa parte dos figurões que assinaram o documento deve estar agora em alguma sala de estilo inglês, combinando com seus pares os próximos passos. Eles têm a conspiração no DNA. Para dar um exemplo: o principal acionista do Banco Itaú Unibanco, Roberto Setubal. Seu pai, Olavo Setubal, apoiou, financeiramente, as alquimias praticadas para a deposição de Jango. O sócio de “Olavão” no Itaú era o potentado Eudoro Villela, fundador e patrocinador da organização paulista Associação Nacional de Programação Econômica e Social (Anpes), irmã gêmea da carioca Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), comandado por um general cujo pseudônimo era “Gol”.

A Anpes revelaria para o país um jovem gordinho que usava óculos do tamanho de uma tela de televisão. O rapaz foi chamado para ser o secretário executivo da entidade, seu primeiro emprego. Atendia pelo nome do meio, Delfim. Outros tempos; outros propósitos. Posteriormente, “Olavão” participou de forma ativa das campanhas para a deposição da ditadura, que ele próprio havia apoiado anteriormente. Outros signatários do manifesto possuem a mesma pegada genética. O fato é que, enquanto os donos poder ficam, os demais atores institucionais passam. É natural que eles estejam preocupados. Como se sabe, o empresariado e seu círculo de colaboradores íntimos, que chamam a atenção no manifesto, só colocam a cabeça para fora do mar de invisibilidade criado por eles mesmos quando alguma coisa está fora da ordem, está se quebrando. Tudo indica, é o que está ocorrendo. Mãos à obra, pessoal

#Anpes #Itaú #Jair Bolsonaro #Lula

O papel de Costa

10/08/2021
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O governador da Bahia, Rui Costa, está cotado no PT para assumir a coordenação da campanha de Lula em 2022. O senão é a sobreposição geoeleitoral: Costa tem peso político onde Lula menos precisa, no Nordeste.

#Lula #PT #Rui Costa

ESPECIAL | Os “frotistas” sentaram praça na política

10/08/2021
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O RR fez afirmações contundentes, em duas edições da newsletter (26 de julho e 4 de agosto), sobre a aversão dos militares a Lula. A repercussão foi grande. Mas nada vai mudar. As Forças Armadas continuam sendo o “partido” mais fiel ao presidente e odeiam Lula pela conjugação de acontecimentos históricos, envolvendo a biografia e uma certa distonia nos discursos. As alianças políticas, relações internacionais, posicionamento em temas como a Amazônia – os generais acham que os países ricos querem usurpá-la do Brasil – e o discurso demasiadamente pró-povo, confundido com a intenção de criação de um exército de contingência, geram um incômodo sem par dos militares em relação ao petista.

O episódio da Lava Jato deu o arremate nesse divórcio do que nunca foi um casamento. Veio então o Armagedom. Com a eleição de Jair Bolsonaro, os ataques de Lula ao presidente passaram a ser tomados como contra os militares. Até o ex-comandante do Exército, general Villas Bôas – um “castelista” de raiz -, que se comportou com fidalguia na gestão Lula deu um basta aos pruridos e saiu da caserna para o Twitter, fazendo ameaças. Bolsonaro, então, com sua linguagem dos quartéis – entre o grosseiro e o inconveniente – e as permanentes mesuras aos militares, tornou-se o candidato in pectore das Forças Armadas. O RR conversou com três generais da ativa. Ainda que com desconforto para comentar o tema, todos desmentiram ou desconfiaram da frase do general Hamilton Mourão sobre a esperança em relação ao surgimento de uma terceira via para a disputa eleitoral.

O candidato verde oliva é Bolsonaro. O “inimigo” é Lula. O ex-presidente representa na cabeça dos militares um caso psicanalítico, tamanho o número de interpretações, ressignificações, mal entendidos e acidentes cognitivos. Lula não é o bicho papão que pensam as Forças Armadas. Ao longo da sua trajetória, fez alianças à gauche e à droite. Como todo mobilizador social, acendeu um sinal no Forte Apache. A proximidade, na campanha, com colaboradores e ativistas petistas e de outras correntes mais aguerridas e, principalmente, a ida de José Dirceu para chefiar o governo, funcionaram como o balde de água vermelha. A disposição de “El Comandante” de influir na formação dos militares e intervir no sistema de informações das Forças, além de apoiar um projeto de regulação da mídia, colocou socialistas brandos e radicais no mesmo saco.

Lula, que nunca foi um socialista, acabou embrulhado como o mais perigoso deles. Isso jamais foi dito, mas causou reações fortíssimas. Dilma Rousseff, por sua vez, chegou com a sua indisposição para acarinhar o estamento militar. Pelo contrário: valorizava sua trajetória de guerrilheira – esfregada várias vezes na cara dos oficiais -, reforçando o que já era um pensamento inamovível: a revolução bolchevique estaria aguardando em alguma esquina para marchar e “tomar o poder”. Um poder, aliás, que os petistas já detinham. Vai entender… Durante a passagem de Joaquim Barbosa pelo STF, foi utilizada a teoria do domínio do fato para enfeixar Dirceu como o “cérebro da meliância” e Lula, o “chefe da gangue”.

Sergio Moro, posteriormente, foi useiro e vezeiro do mesmo expediente. Os militares, com todas as preocupações com ingerências na sua soberania, nunca fizeram carga sobre uma suposta associação de Moro com a CIA, apesar de alguns indícios de que as ligações existiam. Pode ser. Mas Moro serviu a um propósito além da “eugenia jurídica”. Ao contrário do que ocorreu com o ex-juiz, foram levantadas todas as suspeitas sobre a “guerrilheira Wanda” ter criado a Comissão da Verdade com o objetivo de manifestar seu desapreço pelos militares. A iniciativa foi um marco de afastamento do PT das forças de segurança, que encontrariam em Bolsonaro a sua tradução mais oportuna. O atual presidente apoia procedimentos “mais brutos”, digamos assim, e domina a linguagem intimidadora do estamento policial.

O pachorrento Lula nunca foi um quadro de armas ou um pregador bolchevique perigoso, nem mesmo um menchevique manso. Bobagem. Como dizia o general Golbery do Couto e Silva, “Lula é dos nossos”. O cardeal Dom Evaristo Arns falava a mesma coisa. Sindicalistas também. Os poderosíssimos dirigentes das grandes montadoras achavam o ex-presidente um bom negociador, mas suave. Ele sempre queria concluir as conversações em torno de um chope ou um copo de destilado, de preferência em um boteco. Golbery não disse que o então sindicalista era um dos “nossos” para depreciá-lo. Quem “não era dos nossos” era Leonel Brizola. Lula teve um papel importante no xadrez dos militares da época para o desmonte do político gaúcho.

Nem assim, deixou de ser “comunista”. O petista é articulado, pragmático, negociador por natureza, odeia soluções agressivas, tem passagem por todos os grupos da sociedade civil e está pronto para compor com a centro-direita e até com uma direita civilizada na feitura do seu programa de governo e na composição da base aliada. Aliás, já fez isso no passado. Os generais “castelistas”, a começar pelo presidente Geisel, tratavam Lula como um ogro de pelúcia. Tinham a compreensão de que o líder sindical podia ser mais colaborador do que adversário.

A distensão gradual e democrática da ditadura tinha no petista um hábil apoiador. Lula mordia e soprava. Com Jair Bolsonaro, o Alto Comando, os quartéis, as polícias, todos endureceram. O número de “frotistas” – referência ao ex-ministro do Exército, general Sylvio Frota – aumentou, especialmente no Palácio do Planalto. O general Braga Netto, que já teve seu momento “castelista”, bandeou-se para o “frotismo”, afinando suas posições com as do general Augusto Heleno, um “frotista” de carteirinha. Esta simbiose entre Bolsonaro e os militares acaba por gerar malefícios, inclusive para a própria imagem das Forças Armadas. Um exemplo: até exercícios militares ou mesmo solenidades passam a ser interpretados como manifestações políticas.

É o caso do desfile de blindados das Forças Armadas programado para hoje, em Brasília. Lula tem determinação, como já mostrou em episódios de prisão e massacre moral. Voltou às quadras para disputar uma nova partida. Leva um carry over complicadíssimo, de fidelidade em relação aos “companheiros vermelhos”, que ousaram mais do que podiam em uma convivência de cristais. Mas não é um vampiro nem a mula de sete cabeças. Muito menos um Lenin reencarnado. É um populista, igual Bolsonaro, s que antenado em causas mais patrocinadas pelo mundo. Lula é o candidato ESG; Bolsonaro, o postulante que chuta porta de todas as causas humanitárias internacionais. Ambos prometem o que não vão entregar. Nenhum deles diz sinceramente quem é.

Inventaram personagens. A questão é que o “comunismo d plantão”, que, segundo os radicais, ameaça tingir a bandeira verde e amarela de vermelho, foi anexada ao pacote “Lula incendiário”. Como se muda um pensamento obsessivo? Mesmo que o trem não vá na direção da Estação Finlândia, Luiz Inácio não escapará da pecha de comunista. É o “Joseph” Lula da Silva, vulgo Koba, um nordestino atarracado que poderia ser tomado por um georgiano, a despeito das diferenças de biotipo. O ex-presidente terá de convencer os quartéis de que o Lula revolucionário somente existe no imaginário dos militares. Bolsonaro, por sua vez, joga o jogo com um trunfo na mão. É o presidente-candidato confiável para todas as forças de segurança do país. Paciência! É difícil que, para os militares, o “sapo barbudo” deixe de ser o “Lulinha vermelho”, sem paz nem amor. Na atual geração de generais, essa visão dos fatos parece irreversível. Mas, mesmo com todo o excesso de convicção, anotem: não vai ter golpe.

#Forças Armadas #General Augusto Heleno #Lula #Sérgio Moro

Militares lançam a “Operação, Fora Lula”

4/08/2021
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Cada linha da nota conjunta publicada pelo Clube Militar, Clube da Aeronáutica e Clube Naval na última segunda-feira poderia ser reescrita com apenas oito letras: “Fora, Lula!” O gesto marca – ou reforça – o ingresso explícito das Forças Armadas na campanha eleitoral de 2022. O comunicado tripartite é uma demonstração cabal da unicidade entre militares da ativa e da reserva em prol da reeleição de Jair Bolsonaro e contra o “outubro vermelho”, como diz a referida nota. A “Operação Fora Lula” consiste em notas dúbias, que deixam no ar ameaças à própria democracia, e o endosso a teses de cunho eleitoral do governo, por mais deslocadas da realidade que elas possam ser.

É o caso da discussão em torno do sistema de votação. Em nome da reação ao “risco Lula”, o posicionamento conjunto dos clubes militares estabelece um cenário maniqueísta: voto impresso ou fraude na eleição e a consequente ocupação do Brasil pelo comunismo. Trata-se de uma premissa construída sobre areia. Como o voto impresso é uma nulidade, a esquerda, ao menos da forma como é vista e dita pelos militares, não existe, e o Lula “comunista” também não existe, só resta o golpe. Mas o golpe também não existe, a não ser no campo da retórica.

Os recentes comunicados da área de Defesa, tanto da ativa quanto da reserva, são meros instrumentos de dissuasão e de pouca efetividade (ver RR de 26 de julho). Podem, inclusive, ter um efeito contrário, ou seja, enfraquecer a imagem das Forças Armadas. No entanto, o que interessa aos militares neste momento é manter acesa a chama contra a volta de Lula. Ainda que de maneira informal, essas iniciativas são lideradas pelo próprio Bolsonaro, responsável por forjar discursos que, posteriormente, se espraiam e são repetidos pela cadeia de comando das Forças Armadas. Essa sintonia entre governo e os militares ficou transparente também na nota conjunta do dia 7 de julho, assinada pelo ministro Braga Netto e pelos comandantes das três Forças.

O comunicado, uma resposta a declarações do senador Omar Aziz, chamou a atenção pelo seu tom intimidador: “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.” Essa mesma afinação entre militares e governo pode ser vista na nota divulgada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, no último dia 22 de julho, quando o oficial fez uma desinibida apologia do veto impresso: “Acredito que todo cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo em todas as instâncias”. De certa forma, é como se os comandos da ativa, por meio do ministro da Defesa, a quem são subordinados, tivessem se antecipado à posição dos clubes militares sobre o assunto.

Tudo com incontestável sonância. Segundo o RR apurou, a nota da última segunda-feira teria sido levada ao conhecimento dos comandantes militares antes da sua publicação, o que, aliás, é um procedimento absolutamente previsível, dada a importância do gesto e os vasos comunicantes entre oficiais da ativa e da reserva. Essa harmonia, ao que tudo indica, se aplica tanto à hora de vir a público quanto à de ficar em silêncio. O RR enviou uma série de perguntas ao Ministério da Defesa, ao comando das três Forças e aos clubes militares, mas nenhuma das instituições se pronunciou até o fechamento desta edição.

A posição anti-Lula das Forças Armadas é algo preocupante. A capacidade de interlocução entre o líder das pesquisas eleitorais e os militares parece cada vez mais difícil. Antes mesmo de encontrar seu ministro da Economia, Lula talvez devesse buscar um general para estar do seu lado e lubrificar o diálogo com as Forças Armadas. Ontem, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, na Globonews, o general Santos Cruz se colocou à disposição para participar do processo político-eleitoral em 2022. Talvez fosse um bom nome para ministro da Defesa ou mesmo vice-presidente na chapa de Lula. Para a missão, somente um comandante para valer, que trocou tiros para libertar Goma, cidade do Congo, e teve seu helicóptero alvejado diversas vezes enquanto se deslocava pela região.

#Forças Armadas #Lula

A agenda da CIA

23/07/2021
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O diretor da CIA, William J. Burns, conversou sobre três assuntos, entre outros, com Jair Bolsonaro: Sérgio Moro, Lula e Lava Jato. A fonte da informação é quentíssima. Burns encontrou o presidente Bolsonaro no dia 1o de julho, em uma “visita de cordialidade”, sem que a agenda fosse divulgada pelo Palácio do Planalto.

#CIA #Jair Bolsonaro #Lava Jato #Lula

Dilma, a itinerante

16/07/2021
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No PT, já se cogita uma nova candidatura de Dilma Rousseff ao Senado em 2022. Um dos cenários aventados é a ex-presidente concorrer pelo Rio Grande do Sul ou pelo Rio de Janeiro – em 2018, ela foi derrotada na disputa pelo Senado por Minas Gerais. O “x” da questão é se Dilma mais ajudaria ou atrapalharia a candidatura Lula. O RR considera que atrapalha.

#Dilma Rousseff #Lula #PT

Lula lá e Boulos cá

6/07/2021
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O nome do marqueteiro Chico Malfitani foi soprado ao pé de ouvido de Lula. Malfinati comandou a campanha de Guilherme Boulos
à Prefeitura de São Paulo, que se notabilizou pela intensa produção de conteúdo focado em redes sociais e WhatsApp. É o território do inimigo.

#Guilherme Boulos #Lula

A voz de Lula

2/07/2021
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O próprio Lula entrou em cena para convencer o atual governador da Bahia, Rui Costa, a concorrer ao Senado em 2022. Costa resiste à ideia de se desincompatibilizar do governo até abril.

#Lula

“Brasil sem pobreza” é uma pá de cal no Bolsa Família

29/06/2021
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Jair Bolsonaro quer ser lembrado como o pai dos pobres. O presidente recomendou aos seus ministros mais próximos que articulem medidas assistenciais com a visão na linha de pobreza. O Ministério da Economia busca definir qual é a melhor régua de corte da pobreza capaz de viabilizar um programa de transferência de renda. O laboratório da equipe econômica está testando diversas combinações em seus tubos de ensaio: consolidação dos programas sociais existentes; deslocamento de recursos dentro do próprio orçamento; um imposto novo (sobre transações ou sobre o “pecado” – bebida, tabaco e açucarados) e a ideia de criar um fundo com recursos da privatização para custear a erradicação da pobreza são algumas das propostas sobre a mesa. Bolsonaro não gosta de projetos que tenham o Bolsa Família como referência, ou ainda pior, batizem as campanhas com o mesmo nome, tais como “Bolsa Família ampliada”. As duas palavras remontam ao momento mais feliz do governo Lula. Bolsonaro gostaria de enfeixar todas as ações debaixo do Programa Brasil sem Pobreza. O nome surgiu no seio da própria família de Bolsonaro. É forte. O entorno do presidente quer que seja uma pá de cal no Bolsa Família.

#Bolsa Família #Jair Bolsonaro #Lula #Ministério da Economia

Mão única

25/06/2021
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A costura de um possível apoio do PT à candidatura de Alexandre Kalil (PSD) ao governo de Minas travou. Kalil topa ter os petistas no seu palanque. Mas, não se compromete em apoiar Lula na corrida à Presidência.

#Lula #PT

Permutação

24/06/2021
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No tabuleiro de análises combinatórias para as eleições do Rio, surge um novo cenário: Marcelo Freixo (PSB) disputaria o Senado com apoio de Lula. O movimento abriria caminho para o PT se juntar à candidatura do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, ao governo do estado, patrocinada por Eduardo Paes. Não parece a hipótese mais provável.

#Lula #Marcelo Freixo

Campanha 1

23/06/2021
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Carlos Bolsonaro defende que o discurso de campanha do pai Jair Bolsonaro associe sempre Lula a Dilma Rousseff. A ex-presidenta é antipática, fez um governo muito ruim, tem um caminhão de vídeos falando coisas sem pé nem cabeça e ainda por cima foi impichada. Na visão de “Carluxo”, pode ser que alguns perdoem Lula, um comunicador nato. Mas poucos perdoarão Dilma. Já, já o gabinete do ódio entra em operação.

#Carlos Bolsonaro #Dilma Rousseff #Lula

PT do Rio pode rachar

15/06/2021
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O iminente apoio de Lula à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio está provocando fortes reações de uma ala do PT do Rio, liderada por André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa. Ceciliano já teria confidenciado a alia dos a disposição de deixar o partido para disputar o governo do estado por outra legenda em 2022.

#Lula #Marcelo Freixo #PT

Retomada da economia experimenta sua primeira onda

10/06/2021
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Lula vai ter muito trabalho no ano que vem. O RR falou com sua fonte no BC. A projeção para o PIB nominal em 2021 subiu para 12%, efeito da inflação e dos dólares que estão entrando pelo canal das commodities e de novos investimentos, além dos efeitos tectônicos das políticas compensatórias e da recomposição da capacidade ociosa. O PIB real deste ano pode bater entre 6,5% e 7%, e não é uma visão panglossiana do BC. A relação dívida bruta/PIB, que sempre foi a betê noire da economia, deverá ir para 82%, também devido, em parte, à contribuição da inflação no resultado. Imagine que, há pouco mais de um ano, a aposta geral era de que ela bateria em 100% do Produto Interno. No câmbio, a expectativa é que o dólar caía abaixo de R$ 5,00.

É provável que nem Paulo Guedes, nos seus delírios de grandeza, tenha imaginado esses números. Essa performance passa ao largo das reformas, que à exceção da tributária, prevista para março de 2022, serão diferidas para um tempo futuro, com uma conjuntura política mais receptível. Mas parece que, mesmo diante das trapalhadas de Jair Bolsonaro, Guedes, com alguma inflexão na política econômica original, está ganhando a parada.

#Lula

Um velho (e novo?) aliado de Lula

8/06/2021
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Empenhado em (re)construir pontes com o agronegócio, Lula ensaia uma reaproximação do empresário Maurilio Biagi Filho. Figura influente na indústria sucroalcooleira, Biagi foi um dos nomes do setor mais próximos do petista em governo. Em 2014, chegou a ser convidado pelo ex-presidente para ser vice na chapa de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, mas não aceitou. Na eleição de 2018, Biagi “virou casaca”, tornando-se apoiador de Jair Bolsonaro. Ainda assim, Lula está convicto de que consegue trazê-lo de volta ao time.

#Lula

Lembranças de 2002

21/05/2021
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Além da reaproximação com Michel Temer, Lula deve conversar, em breve, com Eunício de Oliveira e Romero Jucá. Ao lado de Renan Calheiros, Eunício e Jucá figuraram entre os fiadores da coalizão do MDB com o PT no governo Lula. E o “golpe” em Dilma? Isso agora não vem ao caso.

#Lula

Quebra-cabeças

6/05/2021
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Lula está articulando uma série de encontros com parlamentares e lideranças regionais do PT. A intenção é começar a discutir, estado por estado, possibilidades de alianças para 2022.

#Lula

Velha política

5/05/2021
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Lula e Michel Temer têm conversado com mais frequência. E o “golpe” contra Dilma Rousseff? Lula nunca foi de guardar esse tipo de ressentimento.

#Lula #Michel

Lula lá?

5/04/2021
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O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, teria conversado com seu virtual sucessor, Josué Gomes da Silva, filho do ex-vicepresidente José de Alencar, sobre a possibilidade de levar Lula para palestrar na entidade. Milagre? Oportunismo?

#Fiesp #Lula #Paulo Skaf

Procura-se uma vacina contra Lula e Bolsonaro

29/03/2021
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O empresariado parece estar mais preocupado com a futura eleição presidencial do que com a vacinação para debelar a pandemia. As lideranças da iniciativa privada, reais ou autoproclamadas, mais falam do que agem quando o assunto é o enfrentamento do Covid-19. Porém, quando o tema são os candidatos a presidente, sobra animação e ativismo. O RR conversou com três dirigentes empresariais “pesos pesados” sobre pandemia e eleições. Há alguns consensos e dissensos.

Entre os consensos está a percepção de que a pandemia vai a 400 ou 500 mil mortos, mesmo que o governo aumente a velocidade na vacinação. O vírus vai derreter Jair Bolsonaro. Por isso, alguns se sentem desconfortáveis em dividir ações sanitárias com um governo “genocida”. Julgam que o candidato do centro deve ser definido logo, de forma a evitar que a polarização na disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro se torne cada vez mais difícil de ser desconstruída. Em tempo: nas últimas semanas, o ex-ministro Henrique Mandetta cresceu como possível candidato do centro.

É bem verdade que o aumento do seu vigor eleitoral deve-se, em parte, à indecisão de Luciano Huck em assumir sua candidatura. Huck está criando uma fama de fujão. O candidato centrista, seja quem for, deveria anunciar rápido seu ministro da Economia. As eleições presidenciais “devem ser antecipadas na imprensa”. As conversas com a mídia giram na linha de bater em Bolsonaro e Lula, com “igual intensidade para viabilizar o nome do centro”. Tem sido difícil pegar Lula. O ex-presidente tem reduzido propositalmente suas aparições, “falando somente com a imprensa estrangeira”.

Com contágios e mortes crescendo, a conta vai toda para Bolsonaro. Os empresários acham que Ciro Gomes terá um papel relevante na pancadaria nos dois candidatos declarados. Mas o entendimento com Ciro não avançará além dessa função (ver RR de 9 de março). O apoio do setor privado a sua candidatura será miúdo. Em um segundo turno disputado por Lula e Bolsonaro, com muita azia, os empresários votariam no primeiro. Mas há pré-condições, tais como “o anúncio de um ministro da Economia pró-mercado”. Os empresários, disse um dos dirigentes, não são como o Centrão. Eles apoiam candidatos em função de preferência ideológica. No caso de Bolsonaro, por exemplo, o motor foi o antilulismo, e a âncora, o ministro Paulo Guedes. “A pegada liberal não será assumida por todos os candidatos. Mas estará nas entrelinhas do discurso de qualquer um eles.”

#Covid-19 #Jair Bolsonaro #Luciano Huck #Lula

FHC e Lula testam uma aliança pela vacina

25/03/2021
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Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula estariam em entendimentos para fazer um pronunciamento conjunto solicitando o empenho dos principais chefes de estado para disponibilizar vacinas ao Brasil. Segundo uma fonte próxima ao Instituto FHC, o anúncio da iniciativa mereceria a convocação de uma coletiva para a imprensa internacional. FHC e Lula pretendem acionar sua ampla rede de acessos. A ideia é que líderes estrangeiros contribuam em uma “chancelaria emergencial” junto aos países fabricantes ou àqueles que têm estoques excedentes de vacinas. Individualmente, Lula já deu um primeiro passo neste sentido há cerca de três meses, quando participou de uma reunião virtual com Kirill Dmitriev, diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), principal financiador do desenvolvimento da Sputnik V. Desta vez, no entanto, o dueto entre as duas maiores lideranças políticas do Brasil dará um peso ainda maior ao pleito. Segundo a fonte do RR, por ora a iniciativa estaria circunscrita ao tucano e ao petista, mas não há restrição para que posteriormente outras lideranças políticas participem dessa cruzada pela vida.

#Covid-19 #Fernando Henrique Cardoso #Lula

Ciro sendo Ciro

25/03/2021
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O governador Flavio Dino está tentando articular um encontro com Ciro Gomes, mas o pedetista tem saído pela tangente. Segundo uma fonte do RR próxima ao ex-governador do Ceará, Ciro já disse que não quer se “reunir” com Lula nem por intermédio de terceiros.

#Ciro Gomes #Flavio Dino #Lula

Impeachment do “rei louco” já viraliza no país

19/03/2021
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Há que se tomar cuidado com o risco de uma “endemia de impeachment”. O RR, em sua ronda diária, ouviu ontem de cinco fontes comentários sobre a possibilidade de interrupção do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Não é nada usual. Sem discutir o mérito, o impedimento levaria o país ao Armagedom.  combinação do impeachment com a pandemia, a estagflação, a dubiedade constrangida das Forças Armadas, a  volatilidade do mercado, a tropa de choque dos apoiadores do presidente e o reingresso de Lula ao palanque é motivo para que, no mínimo, se reflita sobre duas opções: conviver com um bufão com as mãos sujas de sangue até o fim do seu mandato ou abortar sua gestão e viver em um país em frangalhos, dividido, com o risco de uma guerra civil.

As palavras “impeachment” e “Jair Bolsonaro” invadiram o Google, ressurgiram com força no texto dos colunistas da mídia e já são ouvidas com voz firme e forte no Congresso Nacional. Elas têm ressonância nos quartéis. E são ditas sem circunlóquios pelos togados. Há algo de infeccioso em relação aos efeitos do impeachment no tecido nacional. É bastante razoável prever que a eventual abertura de um processo de afastamento de Bolsonaro leve o país a um estado de convulsão.

A expulsão do presidente não seria uma operação soft como o golpe parlamentar em Dilma Rousseff. Bolsonaro joga permanentemente com a fantasia de que os militares são seus aliados pessoais. Os perigos são ainda maiores. Policiais formam um grupo de apoio nevrálgico do presidente. É gente fiel ao Capitão. Um impeachment neste momento aponta para consequências catastróficas. A medida radical afetaria os mercados de maneira brutal, abalando ainda mais a confiança do investidor externo em relação ao país.

Por mais que o mundo não nutra simpatia por Bolsonaro, o terceiro impeachment em 30 anos reforçaria a percepção de que o Brasil é uma areia movediça, que afunda os incautos que nela pisam. Nem Lula quer entrar nessa aventura. O petista trocaria seu antípoda por uma roleta russa. O esgarçamento institucional decorrente do afastamento de Bolsonaro poderia colocar em risco a legítima disputa eleitoral para a presidência em 2022. A democracia brasileira continua sendo uma sementinha. Por ora, o melhor é a prudência. Que as palavras de ordem sejam divididas: “Não ao impeachment do rei louco” e “Fora Bolsonaro em 2022”. O Brasil exige cuidados institucionais.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Jair Bolsonaro #Lula

Os “11 tribunais” do STF

19/03/2021
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Ao contrário do que muitos possam pensar, determinações como a de Luís Fachin anulando as condenações de Lula são a regra e não a exceção no Supremo. Segundo o RR apurou, desde 2010 a Corte soma 14.259 decisões monocráticas, contra apenas 2.160 coletivas. O ranking dos vereditos individuais é liderado por Marco Aurelio Mello (1.316), seguido do próprio Fachin (1.208) e de Rosa Weber (932).

#Luís Fachin #Lula

Dilma lá?

19/03/2021
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No instante em que celebra a “volta” de Lula, o PT cogita também o “retorno” de Dilma Rousseff. Segundo uma fonte intestina do partido, já se fala na candidatura de Dilma ao governo de Minas Gerais em 2022. O senão é a cicatriz que a ex-presidente carrega de 2018, quando amargou um quarto lugar na eleição para o Senado.

#Lula #PT

Vem cá, Luiza

18/03/2021
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Lula não está sozinho. Ciro Gomes também pretende conversar com a empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza. Isso para não falar do PSB, que cogita lançar Luiza como candidata à Presidência em 2022.

#Ciro Gomes #Luiza Trajano #Lula

Os candidatos a ministro da Economia de Lula

16/03/2021
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Ainda faltam 565 dias para a eleição presidencial de 2022, mas quatro nomes já despontam como candidatos a ministro da Economia em um eventual governo Lula: Armínio Fraga, Monica de Bolle, Marcos Lisboa e André Lara Resende. Arminio, Monica e Lisboa são arroz de festa. Desde sempre estão disponíveis para integrar qualquer governo. Lisboa foi o primeiro a se ofertar nessa corrida.

Já fez chegar ao PT e ao próprio Lula sua disposição para colaborar no que for necessário. Só faltou mandar currículo. O presidente do Insper é, de todos, o que mais deseja o cargo. Vai panfletar seu próprio nome enquanto Lula não se decidir. Por um lado, Lisboa tem a seu favor a participação no governo do ex-presidente: ocupou o cargo de secretário de Política Econômica de 2003 a 2005. Por outro, foi levado ao cargo pelo ex-ministro Antonio Palocci, hoje desafeto geral. O ex-presidente do BC Armínio Fraga é farinha de outro saco.

Armínio é um crítico elegante das políticas econômicas dos governos do PT. Bate, mas com luvas alvas e acolchoadas. Em outra seara, por pouco, não sujou as mãos de lama: seria o ministro de Aécio Neves caso ele tivesse derrotado Dilma Rousseff em 2014. Lula não liga bulhufas para essas coisas. Henrique Meirelles na presidência do BC é uma demonstração da flexibilidade do ex-presidente da República. Armínio imagina que haveria espaço para implementar suas novas ideias social-democratas no governo do PT. O ex-presidente do BC criou três grupos de estudos próprios que trabalham na construção de parte de um programa de governo.

Armínio tem a seu favor a simpatia de todo o mercado. É um dos mais votados entre as instituições financeiras. Monica de Bolle já rezou na igreja de Armínio. Foi uma das fundadoras e diretora da Casa das Garças, um think tank tucano dominado pelos economistas da PUC-RJ. Hoje, pensa inteiramente diferente daquele tempo. Por isso, quer o cargo; para impor suas teses e ainda fazer um aceno ao movimento feminista, do qual é simpatizante declarada. Sem dúvida, traria um certo frescor aos ambientes acinzentados do Ministério da Economia.

Monica é bastante próxima de Laura Cardoso, economista darling do PT. O senão é que Laura, mesmo não sendo das mais cotadas, também deseja a vaga na Pasta da Economia, provavelmente com o apoio do partido. Em tempo: Monica também caberia como uma luva na presidência do BC. O RR aposta que ela iria para a Economia. De todos os nomes que orbitam no entorno de Lula, é possível que André Lara Resende seja quem menos dispute a tarefa.

Mas, talvez seja aquele que mais estaria disposto ao sacrifício, muito menos pelo cargo e mais pela oportunidade de testar na prática o seu “experimento”. Ele fez a mesma coisa com o Plano Real, então uma teoria não testada. André tem circuito acadêmico no exterior e tomou para si a cruzada de fazer valer a teoria monetária moderna, um pensamento emergente da academia que joga por terra o tradicional dogma fiscal hoje absolutamente em voga no Brasil. O economista conta com a simpatia de Ciro, que comprou suas ideias. É um intelectual independente.

Vem de uma formação tucana. Mas, hoje fala com todo mundo. De todos, é quem está mais focado na ideia de ajeitar o Brasil. Como não poderia deixar de ser, trata-se de conjecturas sobre desejos e vantagens comparativas, assim como recados que foram lançados. Seja quem for o ministro de Lula, o objetivo é que ele acene para o mercado, tranquilizando-o. A priori, a ordem do ex-presidente é primeiramente caminhar pelo país, visitando, sobretudo, o Nordeste. Antes do fim do ano, seria apresentado, então, o seu ministro. Qualquer semelhança com a trajetória de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes é mera coincidência mesmo.

#Armínio Fraga #Lula #Mônica de Bolle #PT

Tirando o atraso

15/03/2021
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Na conversa que tiveram na última terça-feira, Lula e o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, falaram sobre a ideia de uma conferência virtual entre líderes da esquerda da América Latina. Participariam nomes como Alberto Fernández, Evo Morales e Rafael Correa.

#José Mujica #Lula

Cabe um general na chapa de Lula?

11/03/2021
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Por mais inusitado que possa parecer, em meio a uma torrente de recomendações, Lula já ouviu o aconselhamento de que o seu vice-presidente em 2022 seja um oficial militar. Alguém como o general Santos Cruz, que teria um enorme efeito simbólico, dada a sua alta respeitabilidade nas Forças Armadas e a sua postura crítica ao presidente Jair Bolsonaro. A hipótese de um militar na chapa estaria cheia de senões: um deles seria a repetição de Bolsonaro, que tem um general como vice-presidente.

O outro obstáculo seria a aceitação da ideia dentro do próprio PT, que poderia enxergar a iniciativa como uma espécie de rendição: ou seja, uma “Carta aos Militares” em vez de ao povo brasileiro. Mesmo que a candidatura não esteja posta, as conjecturas de como seria um futuro governo já estão em marcha. Com o pronunciamento de Lula ontem, ficou claro que existem dois estamentos que serão objeto de especial atenção de sua parte: os empresários e o aparelho de segurança, leia-se as Forças Armadas, a Guarda Nacional e as polícias.

No passado, em 2002, Lula contemplou um empresário para compor sua chapa. Era preciso conquistar a Avenida Paulista. No presente, o desafio é se aproximar dos quartéis. Seria uma forma de desmontar um dos principais ativos políticos de Bolsonaro. O presidente é useiro e vezeiro em tratar as Forças Armadas como se fossem suas apoiadoras. Ainda há muita estrada pela frente para que a especulação se materialize. Mas, a fonte do RR é um conhecido interlocutor do ex-presidente Lula.

#Forças Armadas #Jair Bolsonaro #Lula #PT

Déjà-vu

10/03/2021
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Começa a ganhar corpo entre a classe artística a ideia de uma live, com apresentações musicais, para celebrar a volta de Lula ao game. Na linha de frente, nomes como Chico Buarque, Mano Brown, Marcelo D2.

#Chico Buarque #Lula

Mais um desencontro entre o traidor e o destemperado

9/03/2021
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Ciro Gomes teve uma série de conversas com aliados ontem à tarde tão logo saiu a decisão do ministro Edson Fachin anulando as condenações de Lula. O teor das discussões pode ser resumido em uma frase: é bater ou bater. Ciro deixou claro que vai subir o tom contra o ex-presidente. As circunstâncias exigem uma agenda de combate ainda mais vigorosa.

O waiver do STF fortalece Lula sob os mais variados aspectos: reaquece seu eleitorado, traz a hipótese de crescimento nas pesquisas eleitorais e alimenta o discurso do ex-presidente de que ele foi injustiçado e perseguido por Sergio Moro. Ciro só tem uma certeza em relação a 2022: Jair Bolsonaro já está no segundo turno. Portanto, o seu mata-mata é com Lula. Trata-se do adversário a ser batido no primeiro turno.

Seria um acerto de contas com o “traidor”, como Ciro costuma se referir a Lula. Ciro Gomes foi cuidadoso em sua primeira manifestação pública sobre a decisão do STF. Até como forma de não se desdizer, republicou no Twitter uma sucessão de declarações dadas por ele entre 2016 e 2019 atacando a Lava Jato e o juiz Sergio Moro. Mas que ninguém se deixe enganar por esse Ciro ponderado.

A mão vai pesar e muito contra Lula. Uma amostra veio ontem mesmo, na parte da manhã, poucas horas antes do anúncio da decisão de Fachin. Em uma entrevista, ao ser perguntado sobre a possibilidade de candidatura de Lula em 2022, o pedetista rebateu: “Não contem comigo para esse circo”. Ciro Gomes mantém um pé na Faria Lima e outro em Paraisópolis. As conversas com a esquerda permanecem – ele pretende se encontrar com Guilherme Boulos. Ainda que Ciro e Lula sejam antípodas, sempre haverá a possibilidade de uma aliança da esquerda em um segundo turno.

#Ciro Gomes #Jair Bolsonaro #Lula #Sérgio Moro

Complicado…

5/03/2021
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O RR apurou que Flavio Dino dedica-se a uma missão inglória: costurar um encontro entre Lula e Luciano Huck. Tão difícil quanto formar uma frente única da esquerda.

#Flavio Dino #Luciano Huck #Lula

Queimou a largada

10/02/2021
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Guilherme Boulos tem um “aliado” dentro do PT. Em conversas reservadas, José Dirceu também considerou que Lula se precipitou ao anunciar a candidatura de Fernando Haddad à Presidência em 2022.

#Guilherme Boulos #José Dirceu #Lula #PT

PowerPoint

8/02/2021
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Com o fim da Lava Jato e a consequente perda de poder dos seus procuradores, Lula vai avançar novamente sobre Deltan Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público Federal (CNMPF). Segundo o RR apurou, a defesa do ex-presidente prepara uma nova queixa contra Dallagnol. Na primeira tentativa, no ano passado, o caso foi arquivado pelo CNMPF.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Lula

Às favas com a diplomacia

20/01/2021
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Segundo fonte palaciana, até ontem, 21h30, não havia qualquer pronunciamento formal do presidente Jair Bolsonaro programado para hoje, data da posse de Joe Biden. Pensando bem, talvez seja até melhor.

Em tempo: um diplomata de quatro costados, fonte do RR, lembra que, em 2009, o chanceler Celso Amorim fez questão de acompanhar a posse de Barack Obama pela TV ao lado do presidente Lula. Já se sabe que nada similar acontecerá neste ano: convenientemente, Ernesto Araújo tirou férias nesta semana..

#Jair Bolsonaro #Joe Biden #Lula

Mojito

20/01/2021
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José Dirceu tem dito a velhos companheiros do PT que Lula está perdendo uma oportunidade de ouro de avançar sobre a jugular de
Jair Bolsonaro. Nas últimas semanas, enquanto João Doria deita e rola no episódio da vacina, o ex-presidente está em Cuba, gravando cenas para um documentário de Oliver Stone.

#José Dirceu #Lula #PT

Ao menos faz barulho

3/12/2020
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A defesa de Lula vai usar o novo trabalho de Sergio Moro como munição no pedido de anulação da sentença contra o ex-presidente. O ex-juiz está assumindo um cargo na consultoria que conduz a recuperação judicial da Odebrecht, um dos principais alvos da Lava Jato.

#Lula #Sérgio Moro

Lula lá no Fundo

25/11/2020
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O ex-presidente Lula vibrou com estudo do FMI que lhe foi mostrado ontem. Disse que pela primeira fez o Fundo está à esquerda da política econômica brasileira. A agência recomenda o avanço dos estímulos fiscais e a emissão de moeda, mesmo nos países emergentes que estão com alguma restrição financeira. O Fundo afirma que os gastos públicos devem ser ampliados e prioritariamente destinados ao enfrentamento da crise sanitária e à manutenção da infraestrutura existente. O FMI constata que um aumento do investimento público da ordem de 1% pode elevar o Produto em 2% no horizonte de dois anos; no que se refere ao impacto sobre o emprego, a ocupação da mão de obra cresce entre 0,9% e 1,5% ao longo de dois anos em resposta a um aumento de 1% do PIB no investimento público. Os assessores de Lula dispararam a sinopse do estudo para Deus e o mundo.

#FMI #Lula

A esquerda junta suas peças

3/11/2020
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Primeiro foi o governador Camilo Santana que costurou o armistício e o encontro entre Lula e Ciro Gomes, no último mês de setembro. Agora, o RR traz de primeira, é Ciro quem trabalha por um tête-à-tête a três com Fernando Henrique Cardoso.

#Ciro Gomes #Lula

O velho Lula

20/10/2020
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À luz do dia, Lula segue dizendo que Jilmar Tatto (1% nas pesquisas) vai decolar; na calada da noite, já ergueu o polegar para cima autorizando que a candidatura do petista à Prefeitura de São Paulo seja degolada.

#Lula

Voo final

16/10/2020
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Um caso que se arrasta na Justiça Militar desde o primeiro mandato de Lula está perto do seu epílogo. Quatro controladores de voo envolvidos numa paralisação ocorrida em 2006 serão julgados pelo Supremo Tribunal Militar na próxima segunda-feira. O RR conversou com um dos procuradores que trabalham no caso. As chances de condenação do quarteto por motim e risco à navegação aérea são considerada altas. O caso teve muita repercussão à época. O presidente Lula desautorizou a ordem de ordem de prisão dos grevistas, dada pelo então comandante da Força Aérea, Juiniti Saito.

#Justiça Militar #Lula

A luta do século

15/10/2020
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Teoria conspiratória que circula no entorno de João Doria. A demolição da Lava Jato é para tornar Lula elegível. Bolsonaro quer disputar a eleição de 2022 com o ex-presidente. Ele considera que seria uma vitória acachapante e simbólica. E, com Lula na competição, Bolsonaro tiraria Sérgio Moro da disputa. Faz sentido como ficção científica.

#João Doria #Lula

Barão de Munchausen

21/08/2020
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Os advogados de Lula vão entrar nos próximos dias com o pedido de anulação da delação premiada de Antonio Palocci. A defesa do ex-presidente vai se agarrar com unhas e dentes ao inquérito da PF conduzido pelo delegado Marcelo Daher. Segundo a investigação, as “revelações” de Palocci contra Lula não passam de um “corta e cola” do noticiário.

#Antônio Palocci #Lula #Marcelo Daher

Perda de prestígio

12/08/2020
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Lurian da Silva, filha de Lula, já esteve mais em alta. Ela vai coordenar o programa de governo do candidato do PT à Prefeitura de Itabaiana (SE), Olivier Chagas. Entre outras missões, dentro e fora do partido, Lurian integrou o comitê de campanha de Gabriel Chalita, candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo. Por sinal, a jornalista não é exatamente uma pé quente: não se elegeu vereadora em São Bernardo do Campo mesmo no auge da popularidade do pai.

#Lula #PT

Nem a Covid-19 contamina a reeleição de Bolsonaro

27/07/2020
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Nem o novo coronavírus está se mostrando capaz de deter a marcha firme do presidente Jair Bolsonaro rumo à reeleição. É o que mostra sondagem realizada pelo RR na semana passada junto a 78 nomes da sua base de assinantes. Os resultados são muito próximos aos verificados no levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado na última sexta-feira em parceria com a revista Veja. Bolsonaro ganha de todos candidatos, em todas as simulações eleitorais, no primeiro e no segundo turno. Ressalte-se as diferenças entre ambos os levantamentos.

Por exemplo: a sondagem do RR é mais modesta e não incluiu diversos potenciais candidatos, tais como João Amoedo, Guilherme Boulos e Wilson Witzel. A conclusão é que, pelo menos por enquanto, Bolsonaro é invencível. Mesmo com a inclusão de Lula na simulação eleitoral estimulada, o presidente se distancia do petista em nove pontos na sondagem do RR para o primeiro turno, 31% a 22%, uma diferença ainda maior do que a verificada pelo Paraná Pesquisas (27,5% a 21,9%). No segundo turno, de acordo com o levantamento do RR, o intervalo entre o atual e o antigo presidente é ainda mais amplo, 47% a 34% (placar maior do que o do Paraná Pesquisas, 45,6% a 36,4%).

Lula, diga-se de passagem, tem uma base de eleitores permanentes da ordem de 30%, praticamente igual à de Bolsonaro. Quando a comparação é com Sérgio Moro, em simulação igualmente estimulada, Bolsonaro dá uma goleada: o presidente ganha do ex-juiz e ex-ministro por 32% a 16% na sondagem do RR para o primeiro turno, com Lula listado. Segundo o Paraná Pesquisas, o score é de 29% a 17,1% a favor de Bolsonaro, sem Lula listado, e de 27,5% a 16,8%, com Lula. Em uma terceira simulação estimulada, a competição direta é com Fernando Haddad. De acordo com o levantamento junto aos assinantes do RR, a diferença chega a 20 pontos percentuais pró-Bolsonaro – 33% a 13%. O resultado é ainda superior aos mais de 16 pontos atestados pelo Paraná Pesquisas (30,7% a 14,5%). Nessa mesma listagem de perguntas também consta o governador Flavio Dino, novo darling das esquerdas.

De acordo com o RR, o abismo entre Bolsonaro e Dino é de 33 pontos percentuais: 34% a 1%. Segundo o Paraná Pesquisas, o presidente receberia 30,7% dos votos em primeiro turno contra apenas 1,6% para o governador do Maranhão. O Paraná Pesquisas incluiu o “Mr. Pandemia”, Henrique Mandetta, na competição. Resultado: diferença de 25 pontos pró Capitão, 30,7% a 5,7% (o RR não adicionou Mandetta). E vamos ao segundo turno.

A enquete do RR apontou os seguintes resultados: na disputa contra Fernando Haddad, 45% a 36% a favor de Bolsonaro (46,6% a 32% no Paraná Pesquisas); contra Ciro Gomes, 47% a 30% (48,1% a 31,1% no Paraná Pesquisas); contra Sérgio Moro, 46% a 35% (44,7% a 35% no Paraná Pesquisas); contra João Dória, 54% a 22% (51,7% a 23% no Paraná Pesquisas); e, finalmente, o celebrado Luciano Huck: no RR, 47% a 29% a favor de Bolsonaro (50,8% a 27,6% no Paraná Pesquisas). Segundo um cientista político que colaborou com o RR na sondagem, haveria um fator de fortalecimento eleitoral do “mito”: o auxílio emergencial, que angariou gratidão junto a segmentos e regiões mais pobres, a exemplo do Nordeste, que era um feudo exclusivo do PT. O auxílio vai virar permanente, transformando-se no programa social “Renda Brasil”. Mesmo assim, com tudo que o presidente faz para envergonhar os brasileiros, os números assustam pela sua distância em relação aos virtuais candidatos. Será que Jair Bolsonaro está se tornando imbatível?

#Ciro Gomes #Jair Bolsonaro #Lula #Sérgio Moro

Bicudos

9/06/2020
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A exemplo de José Dirceu, o economista Eduardo Moreira também tenta costurar uma aproximação entre Lula e Ciro Gomes. Vai gastar saliva para nada. Conselheiro emergente do campo da esquerda, Moreira é fundador do movimento Somos 70, de oposição a Jair Bolsonaro.

#Ciro Gomes #José Dirceu #Lula #PT

Gabinete do amor

2/06/2020
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Ideia soprada ao pé do ouvido de Lula por um velho marqueteiro do PT: encapsular toda a sua comunicação nas redes sociais com o termo “gabinete do amor”. É cada uma…

#Lula #PT

Ligação direta

15/05/2020
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Maria Fernanda Coelho, presidente da Caixa na gestão Lula, é hoje uma das principais pontes entre os estados do Nordeste e Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional. Subsecretária do Consórcio Nordeste, Maria Fernanda negocia diretamente com Marinho a fatia que caberá à região na nova versão do “Minha Casa Minha Vida”.

#Caixa Econômica #Lula #Minha Casa Minha Vida

O mais inimaginável encontro da República

13/05/2020
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Pode parecer nonsense e talvez até seja, mas circula em rodas do PT que o comandante José Dirceu anda pensando em voz alta sobre um possível encontro entre Lula e Sergio Moro. Ambos se despiriam das vestes de condenado e juiz em nome da causa maior do Brasil. Dirceu é um pragmático elevado à enésima potência. Antes da posse de Lula, articulou o Ministério junto a personagens como Mario Garnero, Jorge Serpa e até Dick Cheney, então vice-presidente dos Estados Unidos e CEO da Halliburton até 2000. Não custa lembrar que a loucura tem precedente. Nos idos de 1966, Carlos Lacerda e João Goulart, antes inimigos figadais, uniram-se na Frente Ampla. A pergunta que não quer calar não é nem mesmo a questão do timing e a disposição de ambos para um evento desses. Mas, sim, o que Moro teria a ganhar com isso?

#José Dirceu #Lula #PT #Sérgio Moro

Um processo a menos?

11/05/2020
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A defesa de Lula prepara-se para arguir a extinção dos processos contra o ex-presidente no âmbito da Operação Zelotes. A base para o pedido é a absolvição de diversos réus acusados de participar, ao lado do petista, de um suposto esquema de corrupção na “venda” de Medidas Provisórias. Entre os já alforriados pelo TRF1 estão os lobistas Mauro Marcondes e Alexandre Paes dos Santos, bem próximos a Lula.

#Lula #Operação Zelotes

Mudanças

24/04/2020
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Parece que Jair Bolsonaro mudou a bandeira da distribuidora (de ideias) do seu “Posto”. Aderiu à Petrobras. Mas a escolha é por aquela estatal de antes do governo Lula.

#Jair Bolsonaro #Lula #Petrobras

Há algo de podre…

30/03/2020
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A linha de montagem de fake news não para. Circula em grupos de WhatsApp um vídeo que mostra Lula saindo de um hotel de luxo com o seguinte texto: “Só luxo e riqueza: o malandro livre na Dinamarca, zero de contaminação”. As imagens são, sim, de uma viagem do ex-presidente ao país europeu. Só que em 2009.

#Lula

Síndico ausente

20/03/2020
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No PT, há uma crescente aflição com o distanciamento de Lula das articulações políticas para as eleições municipais deste ano. O impasse em importantes centros é atribuído à postura do ex-presidente. É o caso do Rio de Janeiro, onde o PT ainda se divide entre lançar candidatura própria ou apoiar Marcelo Freixo (PSOL). Na Bahia, as divergências são ainda acentuadas. A escolha do governador Rui Costa pela pré-candidatura da major da PM Denice Santiago desagradou o cacique do partido no estado, Jaques Wagner. Até o momento, a própria extensão da participação de Lula na campanha ainda é uma incógnita. Pessoas mais próximas ao ex-presidente apostam que ele deverá subir apenas nos palanques de candidatos nas gran- des capitais. Nos demais casos, somente depoimentos gravados para o horário eleitoral. E olhe lá.

#Lula #PT

Diplomacia do atrito

11/03/2020
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A diplomacia bolsonarista abriu mais um campo de fricção no exterior. O embaixador brasileiro em Paris, Luis Fernando Serra, vem disparando pesadas críticas à prefeita de Paris, Anne Hidalgo, por ter concedido o título de cidadão honorário a Lula. Escolhido a dedo pelo chanceler Ernesto Araújo, a quem é bastante ligado e se comunica praticamente por telepatia, Serra tem se notabilizado como um ferrenho defensor e porta-voz do bolsonarismo em solo francês. Em fevereiro, enviou correspondência à senadora Laurence Cohen, dizendo-se indignado pelos debates entre os congressistas franceses sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco: “É com profunda consternação que eu constato que o assassinato do Sr. [Celso] Daniel e o atentado contra a vida do Sr. Bolsonaro não tiveram a mesma atenção”, escreveu o diplomata.

#Jair Bolsonaro #Lula

O “candidato” de Lula

11/03/2020
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Lula ainda é visto como um valioso cabo eleitoral, ao menos pelo companheiro Evo Morales, ex-presidente boliviano. Morales articula um encontro com o petista e seu candidato à presidência da Bolívia, Luis Arce. A reunião deverá ocorrer na Argentina, “reconquistada” pela esquerda. Arce é o líder nas pesquisas para a eleição de maio, com 32%. Talvez fosse o caso de não mexer em time que está ganhando…

#Lula

Luz no fim do túnel

2/03/2020
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Os advogados de Lula celebraram a decisão de Gilmar Mendes de anular as operações de busca e apreensão da Lava Jato em endereços de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do Grupo Caoa. A medida dá fôlego à tentativa da defesa do ex-presidente de anular a ação que investiga um suposto esquema de venda de MPs para a indústria automotiva em seu governo.

#Gilmar Mendes #Grupo Caoa #Lula

PT em círculos

21/02/2020
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Os governadores do PT no Nordeste foram instruídos a bater pesado na fila de espera do Bolsa Família na região, que já atinge mais de 1,5 milhão de pessoas. O assunto foi debatido entre Lula e dirigentes do partido em reunião na última terça-feira, em Brasília. No fundo, é o que resta ao PT: falar a um eleitorado que já é seu.

#Lula #PT

A filosofia de Sócrates

3/02/2020
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O ex-primeiro-ministro José Sócrates já negocia com duas editoras brasileiras os direitos de publicação do livro que está prestes a lançar em Portugal. Consta, inclusive, que um copião já está nas mãos do ex-presidente Lula. Na obra, Sócrates promete denunciar o “complô” da direita e das elites que derrubou tanto ele quanto o petista. Assim é se lhe parece… De fato, ambos têm biografias siamesas, ao menos nos anos mais recentes de suas trajetórias políticas. A exemplo de Lula, Sócrates esteve preso e ainda responde a processos por desvios de recursos públicos e ocultação de patrimônio. Mas, convenhamos, há diferenças nos objetos da acusação: de um lado um tríplex em Guarujá, do outro um luxuoso apartamento em Paris, que, segundo as investigações, teria sido comprado por Sócrates com recursos ilegais.

#Lula

Lula tem pressa

23/12/2019
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Lula determinou aos diretórios regionais do PT que acelerem a definição sobre as eleições em 2020, notadamente nas grandes capitais. O dead line tido como ideal para a definição de candidatos próprios ou alianças é o fim de janeiro. By the way: a fonte do RR passou a última quarta-feira colada ao ex-presidente no Rio.

#Lula #PT

O silêncio de Lula

13/12/2019
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Se Lula permanecer ausente por mais três dias baterá o próprio recorde de abstinência na vida política. Serão mais de 22 dias ausente – talvez deprimido, talvez esperando passar alguma ameaça jurídica, talvez namorando. Não contam para efeito de cálculo as declarações curtas de Lula passadas pela sua assessoria de imprensa. O fato é que o ex-presidente está na toca.

#Lula

Tudo de mais

4/12/2019
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Dois amigos teriam se falado ao telefone nesta semana: o ex-presidente Lula e o empresário Emílio Odebrecht. Nada de mais, se não fosse tudo de mais.

#Emílio Odebrecht #Lula

Mensagens telepáticas

3/12/2019
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Lula tem trocado, digamos assim, mensagens telepáticas com um velho interlocutor no empresariado: Josué Gomes da Silva, da Coteminas.

#Lula

Lula e Dirceu são questões de Estado

2/12/2019
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Lula lá, Lula cá, Lula ali… O ex-presidente da República é monitorado em tempo integral pelos órgãos de inteligência. Mas a cobertura full time das ações não é privilégio do Lula, até porque ele anda meio borocoxô, gerando pouco conteúdo para os relatórios dos serviços de informações. Quem faz a alegria dos espiões é o comandante José Dirceu, disparado o alvo preferencial de Abin, GSI e congêneres. Dirceu está sempre em reuniões fechadas, reservadíssimas. Toma todos os cuidados para que sua privacidade não seja invadida. E tem ativa interlocução com o estrangeiro. Não bastasse dar mais trabalho para o pessoal da espionagem, José Dirceu é maroto e provocador. Volta e meia pergunta no telefone: “tem alguém gravando aí?”. Irrita os agentes com o deboche. Na falta de Lula, Dirceu faz a festa.

Lula quer chegar logo às prateleiras. O petista tem pressionado o amigo Fernando Morais a concluir o livro que está escrevendo sobre sua trajetória política. A obra cobrirá desde os tempos de sindicalismo à prisão do ex-presidente, em 2018. Previsto originalmente para dezembro, o lançamento foi adiado para depois do Carnaval. No entanto, para que o novo prazo seja cumprido, Morais terá de entregar os originais à editora até meados deste mês. Para se dedicar exclusivamente ao livro, o escritor afastou-se temporariamente do dia a dia de seu próprio blog, “Nocaute”. Morais acompanhou Lula nos poucos eventos políticos comandados pelo ex-presidente desde a sua libertação. É assunto para o segundo dos quatro tomos que pretende lançar.

#José Dirceu #Lula #PT

Lula lá…

26/11/2019
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No PT já há quem cante o refrão do velho e bom baião do “Lua”, quando se comenta a lerdeza de Lula no palco político. “Ele só quer, só pensa em namorar. Ele só quer, só pensa em namorar”

#Lula #PT

Lula lá

19/11/2019
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O PT planeja um comício pré-natalino de Lula. A cúpula do partido discute, estrategicamente, a melhor data e a geografia – se São Paulo ou Rio de Janeiro, mais precisamente na Cinelândia. Em tempo: não confundir o comício com o próximo grande evento reservado para Lula – o Congresso Nacional do PT, de 22 a 24 de novembro.

#Lula #PT

Nas redes sociais, eles por eles

18/11/2019
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O “comandante” José Dirceu vai ter também sua central de redes sociais. Enquanto bate pé pelos diretórios do PT no país, articula e conspira com esquerdas mais e menos votadas, a máquina mortífera de Dirceu na internet funcionará como uma usina de provocações. O “comandante” não focará em Jair Bolsonaro. O pugilato com o “Capitão” fica para Lula. Dirceu pretende cair dentro dos “bolsonarinhos”, Eduardo, Flavio e Carluxo. Identificou que os rebentos são mais fáceis de arrebentar, no sentido metafórico, é claro. Os filhos do “Capitão” não resistem a um convite para a briga. O projeto é desestabilizá-los, deixando que eles façam o restante do trabalho: falar barbaridades nas redes sociais, que serão reproduzidas na grande mídia, comprometendo a imagem do papai. É possível que venha por aí uma guerra da falta de decoro, na qual um radical líder das esquerdas e perito em golpes baixos vai se digladiar na arena digital com truculentos e francos atiradores, faixas pretas em baixarias.

#José Dirceu #Lula #PT

Lula e Intercept

13/11/2019
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Até ontem, o PT já contabilizava 12 pedidos de entrevista com Lula somente de veículos estrangeiros. O primeiro da fila, no entanto, é um gringo “nativo”: Glenn Greenwald.

#Glenn Greenwald #Lula

Sabor de passado

13/11/2019
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Entre os tantos mimos que recebeu desde sua saída da prisão, um deles teve um gosto especial para Lula: uma caixa de empadas do tradicional restaurante Mosteiro, do Rio. O ex-presidente sempre foi um apreciador do acepipe. Quando estava no Rio, costumava pedir a um assessor que buscasse o tiragosto. Em tempo: o Mosteiro foi fundado pelo pai do ex-ministro da Saúde de Lula, José Temporão.

#Lula

Lula reabre seu antiquário de ideias

12/11/2019
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Dois raios podem cair no mesmo lugar e o segundo fazer um estrago maior do que o anterior. É o que Lula parece querer demonstrar com a repetição dos seus conselheiros, especialmente na área econômica. Antes de sair da prisão e logo que se livrou do cárcere, o petista buscou entre antigos colaboradores informações e produção de relatórios para combater enfaticamente a política econômica de Jair Bolsonaro. O ministro Paulo Guedes será um alvo permanente, tratado como “entreguista” e “inimigo do povo”. As escolhas de Lula revelam que a cadeia o fez refletir pouco. Estão na fila dos conselheiros Nelson Barbosa, Aloizio Mercadante, Ricardo Carneiro e até Guido Mantega. O ápice da mesmice, contudo, é a participação de Dilma Rousseff nesse ministério informal que o petista pretende formar. Lula, ao que tudo leva a crer, não está entendendo nada. Na medida em que parece ouvir apenas seus pensamentos, somente cabe torcer para que José Dirceu seja o arauto da mudança. Dicas de virtuais conselheiros, que oxigenariam com sua competência e inovação o pensamento das oposições: André Lara Resende, Eduarda La Roque, Laura Carvalho, Christian Lynch e Fabiano Guilherme dos Santos, só para dar uma provinha. Mas é difícil que Lula saia desse ramerrame em que se meteu junto com sua corte de neófitos.

#Dilma Rousseff #Lula #Paulo Guedes

Lula, Dirceu e a divisão petista do trabalho

11/11/2019
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Lula e José Dirceu, nem bem foram soltos, já têm uma estratégia de ação conjunta, com divisão de trabalho e correligionários. Nas últimas duas semanas, quando cresceu a percepção de que o STF julgaria contra a prisão em segunda instância, os pombos correios aumentaram a frequência das idas e voltas. Depois do reencontro eivado de simbolismo da última sexta-feira à noite, ainda em Curitiba, os dois se descolam.

De certa forma, como sempre foi, Lula vai falar com o povo, sua praia. Dirceu vai falar coma militância do partido. Ninguém, nem Lula, tem a ascendência do “comandante” no PT. O ex-presidente vai andar por estas terras dos confins de braço dado com Fernando Haddad, coringa do partido para diversas missões. Dirceu comandará as reuniões com os quadros petistas junto com presidente do partido, Gleisi Hoffmann, que está mais para dama de companhia do que estrategista influente.

Dirceu irá pouco às praças. Sua missão é reunificar por dentro um PT tristonho e com a autoestima lá embaixo. Pois autoestima é o que não falta a Lula. Conforme informou o RR na última sexta-feira, o pacote 3D de Paulo Guedes, se fosse encomendado como bandeiras oposicionistas, não viria tão sob medida. A defesa do salário mínimo – apesar de que ninguém disse que ele vai acabar – é palavra de ordem já escolhida. A democracia está entrando em ebulição como magma debaixo da terra.

#José Dirceu #Lula

Lula livre agradece o pacote fiscal do governo

8/11/2019
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Os telefones dos membros da equipe econômica, o ministro Paulo Guedes à frente, tocaram sem parar ao fim da sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou contra a prisão em segunda instância. A eminência do Lula livre significa um esforço muito maior para aprovação do “Pacote 3D” – desindexação, desvinculação e desobrigação. As medidas para redução do déficit público são um programa de oposição sob medida para Lula, que deverá trocar o Estado de Emergência Fiscal pelo Estado de Emergência Social. Levantaram a bola para o ex-presidente. Lula vai focar seu discurso nas medidas de arrocho fiscal, que preveem, inclusive, restrições ao salário mínimo. A preocupação da equipe econômica, incluindo o triunfalista Paulo Guedes, é justamente a dedicação de Lula em angariar apoio contra as medidas. O líder do PT vai satanizar em tempo integral Jair Bolsonaro, Guedes e os economistas do governo, que sairão do conforto dos braços do Congresso para o ataque permanente dos trabalhadores, regidos por Lula nos palanques e nas redes sociais

#Jair Bolsonaro #Lula #Paulo Guedes

O aniversário digital de Lula

25/10/2019
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O PT quer aproveitar o aniversário de 74 anos de Lula, no próximo domingo, para dar uma demonstração de força, especialmente no “território do inimigo”: as redes sociais. A meta é colocar a hashtag Lula Livre – o mantra solitário das esquerdas – entre os trending topics do Twitter. A crise do PSL e o julgamento da prisão em segunda instância no STF serão alguns dos motes para impulsionar o parabéns digital ao ex-presidente.

#Lula #PT

Aposentadoria especial

14/10/2019
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Lula, que tem se recusado a passar para o regime semiaberto, em breve deverá ser beneficiado por uma “progressão previdenciária”. Com base na Lei de Anistia promulgada em 2002, seus benefícios passarão a ser pagos diretamente pela União e não pelo INSS, como todos os casos enquadrados como “aposentado anistiado”. Na prática, significa dizer que o ex-presidente ficará isento da cobrança de Imposto de Renda sobre os seus proventos.

#Lula

Recuo da Lava Jato

8/10/2019
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A força-tarefa da Lava Jato chegou a cogitar uma acareação entre Lula e o delator Antonio Palocci. A ideia, no entanto, foi engavetada. Com o crescente risco de anulação da sentença no STF, seria uma oportunidade de ouro para o ex-presidente transformar a confrontação em palanque e desancar a “República de Curitiba” e o ex-juiz Sergio Moro.

#Antônio Palocci #Lava Jato #Lula

Ação de Lula vai andar

23/09/2019
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Segundo o RR apurou, a Corte Especial do STJ vai referendar hoje, por unanimidade, a convocação do desembargador Leopoldo Raposo para ocupar interinamente a cadeira do ministro Felix Fischer, afastado por problemas de saúde. Raposo assumirá a relatoria dos processos da Lava Jato sob holofotes: uma de suas primeiras missões será julgar os embargos de declaração da defesa de Lula.

#Lula #STJ

Um tiro de curva em Lula

5/09/2019
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Segundo o RR apurou, em sua delação o ex-ministro Antonio Palocci centrou fogo no ex-presidente da Funcef, Guilherme Lacerda. Palocci teria esmiuçado detalhes de desvios de recursos da fundação sob a forma de investimentos em FIPs da área de infraestrutura durante a gestão de Lacerda. Mirar no executivo é atirar em Lula. Guardadas todas as proporções, no quesito longevidade Lacerda foi uma espécie de Henrique Meirelles da Funcef: permaneceu à frente da fundação ao longo dos dois mandatos de Lula, assim como Meirelles no BC.

#Antônio Palocci #Funcef #Lula

Dirceu 2

3/09/2019
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José Dirceu começou a redigir, à mão, em um caderno espiral, o volume dois de suas memórias. A obra vai atravessar desde o período do “mensalão” até os dias atuais. Fonte do RR que visitou recentemente o comandante garante: Lula será poupado; Dilma, nem tanto.

#José Dirceu #Lula

Intercept Lula

15/08/2019
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Ideia que circula entre a carceragem da PF em Curitiba e a sede do PT em São Paulo: uma nova entrevista de Lula a Glenn Greenwald, desta vez com transmissão ao vivo nas redes sociais. Parece algo sob medida para ser vetado pela Justiça.

#Gleen Greenwald #Lula #PT #The intercept

O preso e o refém

14/08/2019
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Comentário de um tucano de alta plumagem: “Em vez de fazer troça, João Dória deveria agradecer ao STF por não ter de abrigar Lula em uma penitenciária de São Paulo. Eu é que não queria ser responsável pela integridade física de um presidiário com 30% do eleitorado nacional”.

#João Doria #Lula #STF

OEA deixa Lula pelo caminho

1/07/2019
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Além do duplo revés no STF, Lula sofreu outra derrota, dessa vez na OEA. Segundo alta fonte do Itamaraty, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da entidade arquivou o pedido dos advogados do ex-presidente para que o governo brasileiro fosse considerado responsável pela prisão “arbitrária” do petista. De acordo com a fonte do RR, o colegiado tomou a decisão depois que os advogados de Lula entraram com pedido similar na Comissão de Direitos Humanos da ONU, sem aguardar pelo julgamento da OEA. Ainda que sem efeito prático sobre a Justiça brasileira, a decisão da OEA tem um impacto simbólico razoável, pois enfraquece a estratégia do PT de caracterizar Lula como preso político e de mobilizar a comunidade internacional.

#Lula #OEA #STF

Ordem presidencial

28/06/2019
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Partiu do próprio Lula a ordem para que o PT entre na Justiça contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Segundo a fonte do RR, a determinação chegou aos advogados do partido por volta das 10h30 de ontem, poucas horas depois do ataque desferido por Weintraub nas redes sociais, associando a quantidade de droga apreendida no avião da FAB ao peso de Lula e Dilma

#Abraham Weintraub #Lula #PT

“Moro Leaks”: cenários do day after

12/06/2019
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O RR teve acesso a um paper feito por encomenda de entidade empresarial sobre os cenários políticos previsíveis depois do “Moro Leaks” promovido pelo The Intercept. A síntese do documento é “que vai ter guerra, sim”. Alguns pontos mais instigantes são os seguintes:

O The Intercept faz um jornalismo profissional, mas tem um viés de esquerda. Assumiu um compromisso de divulgar lotes de gravações e vai cumpri-lo. A julgar pelo que recomendam as melhores práticas da imprensa, o conteúdo a ser divulgado será ainda mais “quente”.

  • Quanto mais explosivo for o material em poder do The Intercept, maior o nível de beligerância na sociedade, que tende a se dividir entre os “Lava Toga” e os defensores do “Lava Jato”. Os jornalistas teriam “bom conteúdo” para pelo menos dois meses de divulgação.
  • O PT vai se apoderar de duas bandeiras: a da perseguição e a da injustiça. Serão cristãos na arena, mas sem nenhuma docilidade. Pelo contrário. Aguarda-se estridência, movimentos de rua e ataques nas redes, em um crescendo no ritmo da divulgação dos grampos.
  • Lula é um dos principais beneficiados pelo “Moro Leaks”. Sua imagem estava sendo corroída pela pecha de meliante. Reassume uma condição de mártir e pode até virar símbolo pop, ao melhor estilo de Che Guevara, com seu rosto estampado em T-shirts.
  • Bolsonaro disputa com Lula o panteão de vencedor com o “Moro Leaks”. O presidente está sempre sedento por guerra. Esse é o ambiente que o justifica. Vai surfar no ódio que deverá assolar o país. E deslizará em uma espuma de ira e rancor.
  • Retornam à ribalta Olavo de Carvalho, “Carlucho”, Eduardo “03”, Alexandre Frota, Janaina Paschoal, Kim Kataguiri, Lobão, Luiz Felipe Pondé e demais influenciadores, aliados e dissidentes, que voltam a ter um inimigo comum.
  • Apesar do regozijo com o anfiteatro de guerra, Bolsonaro pode acusar uma perda: o atraso das reformas. Mas sempre terá o álibi de atribuí-las ao PT, na medida que The Intercept pode muito bem ser chamado de braço midiático da esquerda.
  • O acalorado ambiente político poderá lascar o posicionamento granítico do ministro da Economia, Paulo Guedes, que teria de abrir mão da sua avareza em termos fiscais. Guedes seria levado a seguir o dito romano e distribuir pão às massas. Medidas de caráter emergencial pró-consumo e emprego seriam adotadas.
  • O Supremo fará malabarismos para mostrar que questiona os procedimentos dos “Lava Jatos” à luz dos novos fatos, mas não mudará nenhuma das decisões já tomadas. No final, o “Moro Leaks” pode se transformar em marketing para o STF.
  • O ministro da Justiça, Sérgio Moro, é o grande perdedor com os vazamentos. Com ele, perde também a “República de Curitiba”. Bolsonaro pode até segurar Moro, trazendo-o para a sua trincheira como vítima do petismo. Mas os projetos do ministro e mesmo sua nomeação para o STF ficam “sub Intercept”.

#Jair Bolsonaro #Lava Jato #Lula #Sérgio Moro #The intercept

Um aço

12/06/2019
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Lula recebeu ontem vasto material de briefing para a entrevista que concederá hoje a Juca Kfouri e José Trajano. Não bastasse a intuição natural, o ex-presidente quer estar um aço.

#Lula

Longo inverno

10/06/2019
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Pelo sim, pelo não, os organizadores do Lula Livre, em Curitiba, estão recolhendo agasalhos para os manifestantes que acampam próximo à sede da Polícia Federal. Pelo jeito, não levam muita fé na possível passagem de Lula para o regime semiaberto até o fim do inverno.

#Lula

Lula e Ciro podem reeditar Frente Ampla

7/06/2019
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Há uma articulação em curso para reaproximar Lula e Ciro Gomes. O encontro dos dois bicudos estaria condicionado à sentença favorável do STJ ao pedido do ex-presidente para cumprir o resto da pena em regime domiciliar. A decisão pode ocorrer em junho, antes do recesso do Judiciário. Os dois líderes políticos fariam as pazes publicamente em nome da “salvação nacional”. Ou melhor, resumindo, com uma palavra de ordem: “Só a união das esquerdas é capaz de deter o bolsonarismo e o projeto da direita de controle prolongado do poder”. O alcoviteiro do encontro é o ex-ministro Jaques Wagner, que foi favorável, na eleição presidencial passada, à candidatura de Ciro pelo campo da esquerda. Na visão de Wagner, a oposição não dispõe de qualquer outro fato político tão forte. Há lógica no raciocínio. A questão é como combinar chumbo quente com gelo seco. Os dois políticos não se topam. Ciro Gomes, em particular, tem dado declarações tenebrosas sobre o líder do PT. No discurso, estaria tudo resolvido, inclusive com menção à Frente Ampla, que reuniu os adversários figadais Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek, nos anos 60, contra a ditadura militar. Se Lacerda e Jango, antípodas radicais, podiam marchar juntos contra o inimigo comum, porque Lula e Ciro não poderiam fazer o mesmo. Estariam, no mínimo, escrevendo uma página da História. Mas no discurso tudo é mais fácil. As idiossincrasias têm sido a saúva da esquerda. Para as oposições, “União” é uma palavra fácil de proclamar somente nos palanques.

#Ciro Gomes #Jaques Wagner #Lula #STJ

Monsieur Lulá

7/05/2019
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Vai dar no Le Figaro: depois do El País e da Folha de S. Paulo, agora é o jornal francês que negocia uma entrevista com o ex-presidente Lula.

#Lula

Roman à clef sobre o perdão que talvez salve a todos

25/04/2019
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As noites secas de Brasília estimulam sonos voltívolos e insônia. Cabe nesses interstícios da quietação receber os duendes da incerteza. O ministro Gilmar Mendes tem sido visitado por esses pequenos seres. Mendes se considera um estadista. Talvez seja. Em plena madrugada suas meditações se entrecruzam: o julgamento da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a estabilidade da Nação e a integridade do Judiciário. Mendes pensa em Jair Bolsonaro. Pensa em Lula. Na finitude. Na interseção da dor com o derrocamento. A lembrança de Lula é cara ao ministro. Mendes sabe que a culpabilidade do ex-presidente é relativa. Sabe igualmente que o Judiciário racionaliza os indícios na direção que as circunstâncias determinam. E as circunstâncias mudam.

O Judiciário cumpriu sua missão em relação ao ex-presidente. A Justiça, não. O episódio da morte do neto de Lula poderia ter sido o timing adequado para o início de uma distensão. Ao inverso, ficou a memória da intolerância, da vista cega da Justiça; e seu choro convulsivo de homem, despido do manto da autoridade, ao falar pelo telefone com um Lula dilacerado aos pés do esquife. Lembrança dolorida à parte, Gilmar não se deixa adocicar. E a responsabilidade do Supremo pelo bem maior do país? E o Estado da ordem? E o compromisso com a segurança nacional? O magistrado se lembra de Getúlio Vargas vilipendiado; Vargas tornou-se mártir em um átimo. Em uma bala. Imaginem se Lula adoece e queda-se na prisão, um tombo que seja, sem o direito de viver seus dias, talvez os últimos, dignamente em prisão semiaberta ou – por que não? – domiciliar, sendo visitado por entes queridos, respirando ao menos a liberdade vigiada.

Seria um risco minúsculo frente à inundação de raiva e protesto que tomariam o país se o ex-presidente fosse vítima de um infortúnio nesses dias sombrios de impopularidade e descontentamento dos brasileiros com os homens togados e circunspectos. Mendes, parafraseando o príncipe, sussurra para si mesmo: “Que o bem seja como o mal; que seja feito de uma só vez. Até porque precisamos todos, todos mesmo, nos proteger”. Os duendes persistem bailando nos cantos do cômodo, como travessos portadores de pensamentos indesejáveis. Gilmar Mendes persegue o sono, se é que existe um alívio possível.

#Gilmar Mendes #Lula

Reality show

5/04/2019
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A convocação de Antônio Palocci e Guido Mantega é apenas um aquecimento. O presidente da CPI do BNDES, o deputado tucano Vanderlei Macris, guarda no bolso do colete um pedido de acareação entre os dois ministros da Fazenda do governo Lula.

#Antônio Palocci #BNDES #Guido Mantega #Lula

Queimou a largada

25/02/2019
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Começou mal a participação do Brasil no 1os Jogos Mundiais de Praia, que será realizado em outubro, na Califórnia. Segundo o RR apurou, nos testes antidoping feitos desde já para a competição, uma estrela brasileira de primeira grandeza do skate deu positivo para maconha. O processo corre em sigilo no Tribunal de Justiça Antidoping, em Brasília, e virá à tona em breve.

#Guilherme Boulos #José Dirceu #Lula #PT

Luta inglória

14/02/2019
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A defesa de Lula tenta anular a convocação de Antonio Palocci como testemunha de acusação do processo que apura possível tráfico de influência do ex-presidente na compra dos caças da Força Aérea. Os advogados levantam a suspeição de Palocci devido aos acordos de delação premiada que ele fechou em ações no âmbito da Lava Jato – nos dois casos usando acusações a Lula como moeda de troca.

#Antônio Palocci #Lula

“Segunda instância”

7/02/2019
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Entre as 250 páginas da sentença de condenação de Lula no caso do sítio de Atibaia, um dos trechos que mais chamou a atenção de seus advogados é quando a juíza Gabriela Hardt afirma que não foi instada por “qualquer tribunal internacional para suspender o trâmite desta ação penal”. Aos olhos da defesa, a magistrada quis esfriar, desde já, a possibilidade de recurso ao Tribunal Penal Internacional.

#Lula

Bolsonaro deve ir às ruas para recuperar a sua voz

5/02/2019
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Jair Bolsonaro está muito distante e ao mesmo tempo perto de Lula. Esclareça-se desde logo o mistério. Está a mil anos luz de afastamento da visão do mundo do ex-presidente, mas pode se considerar próximo de um expediente que foi muito útil a Lula em momentos de pressão. Parafraseando James Carville, o marqueteiro de Bill Clinton, “chame o povo, estúpido!” Foi levada a Bolsonaro a ideia de convocar sua base de apoiadores para dois showmícios em duas capitais.

O presidente diria aos seus eleitores que quer agradecer a eles e que se manterá perto deles. Bolsonaro teria a oportunidade de olhá-los nos olhos. A comunicação pela televisão e a internet é fria. Na rua se mede o comparecimento, se constata a vibração. Por trás desse projeto de ir aonde o povo está, o presidente quer recapturar sua voz, roubada pelo seu vice, general Hamilton Mourão, e silenciar até mesmo os sussurros dos conspiradores contra o seu governo.

Iria para as ruas, nas quais tem vantagem comparativa, mostrar que permanece acompanhado. O mito está vivo. O raciocínio é que o “Bolsonaro in concert” facilitaria tudo, da redução do foco sobre as complicações do filho Flávio até a aprovação das reformas. Uma fonte com trânsito notório entre as hostes bolsonaristas confidencia que o maior defensor da ideia é o filho Eduardo. A inspiração teria vindo do indefectível Doctor Olavo de Carvalho, o mesmo que criticou, na semana passada, em seu blog, as Forças Armadas por estarem deixando que a imprensanoticie o noticiável. Fica registrada a dúvida do RR sobre a participação de Carvalho na trama. Do jeito que a coisa vai, ele está se tornando onipresente. Mas digamos que Bolsonaro concorde com a estratégia e busque proteção popular. Esta será, então, a primeira vez que um presidente voltará a fazer campanha eleitoral um mês após a posse.

#Jair Bolsonaro #Lula

Réu famoso

5/02/2019
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Às vésperas de Lula completar um ano de prisão, em abril, outra ação avançará contra o ex-presidente. Na segunda quinzena de março, os ex-ministros Antonio Palocci e Nelson Jobim serão ouvidos como testemunhas no processo que investiga a compra de caças suecos pelo Brasil, avalizada pelo ex-presidente. Nesse período, o juiz Vallisney de Souza Oliveira espera receber dados do Reino Unido e informações do governo da Suécia e de dirigentes da Saab, fabricante dos aviões. O Ministério Público Federal acusa Lula de ter feito tráfico de influência no negócio de US$ 5,4 bilhões.

#Lula

Federais vs. federais nos aeroportos brasileiros

20/12/2018
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Há uma ossada do já remoto governo Lula que deverá atingir Jair Bolsonaro nas primeiras horas do seu governo. Trata-se do Decreto que obriga auditores da Receita Federal a passar por scanners de inspeção em áreas reservadas de aeroportos. À primeira vista, pode parecer uma questão menor ou um mero melindre corporativista restrito a uma categoria do funcionalismo público.

Nos últimos dias, como forma de pressão para derrubar o decreto, fiscais da Receita iniciaram uma operação tartaruga no aeroporto de Viracopos, causando não apenas um caos no desembaraço de mercadorias no terminal de cargas, mas levando a situações de embate entre agentes do Fisco e da Polícia Federal. Entre outros protestos, auditores colocaram cadeados em alguns locais do aeroporto de Campinas para dificultar o acesso de outros funcionários. Agentes da PF foram acionados para cortar os lacres. Ato contínuo, fiscais da Receita deram voz de prisão a agentes e segurança privada que foram chamados para auxiliar no trabalho de liberação de alas do terminal de cargas.

A situação pode se agravar, com a crescente possibilidade de repetição do protesto em outros aeroportos e automática resposta da PF na repressão às manifestações. A revista eletrônica passou a ser obrigatória desde a última sexta-feira, quando a agência conseguiu derrubar na Justiça o mandado de segurança que suspendia os efeitos do polêmico decreto de 2010. O imbróglio tem outras consequências nocivas, que ganharão ainda mais dimensão caso os protestos dos auditores se espalhem por outros aeroportos. Uma das principais é o atraso no desembaraço de mercadorias e o aumento de custos para as companhias aéreas. No início desta semana, por exemplo, voo da Atlas Air Cargo ficou completamente sem atendimento devido à operação tartaruga. Ontem, mais uma vez no terminal de Viracopos, um chefe-adjunto da Receita ordenou o fechamento de um portão, impedindo a liberação de cargas para as transportadoras rodoviárias. Segundo o RR apurou, quase aos gritos, ele dizia que ia “parametrizar” tudo no despacho. Sabe-se lá o que queria dizer.

#Aeroporto de Viracopos #Jair Bolsonaro #Lula

Toffoli estraga a ceia da “santíssima trindade” do PT

20/12/2018
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Alegria de petista dura pouco. O ministro Dias Toffoli derrubou uma animada confabulação que não sobreviveu mais do que algumas horas na tarde de ontem. Logo após a decisão de Marco Aurelio Mello de soltar prisioneiros condenados em segunda instância, o ex ministro Gilberto Carvalho iniciou consultas para o que seria um réveillon conjunto de Lula, José Dirceu e Dilma Rousseff. A premissa é que não poderia haver fato político mais emblemático para a esquerda do que a reunião das três maiores lideranças do PT, afastadas à sua revelia desde a prisão de Dirceu. Na visão do grande amigo de Lula, o encontro dos três remontaria, simbolicamente, à formação da Frente Ampla, que uniu Carlos Lacerda, Jango e JK contra a ditadura – ainda que “ampla” de um partido só. Mas Gilberto Carvalho não teve tempo sequer de engatar a terceira marcha nas conversas dentro do PT. Toffoli acabou com o devaneio de um Natal com a “santíssima trindade” petista.

#Dias Toffoli #Lula #Marco Aurelio Mello #PT

Banalização da liberdade

10/12/2018
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Lula é “apenas” mais um. O número de pedidos de habeas corpus ao STF bateu recorde: foram 12,2 mil entre janeiro e novembro, já acima das 11 mil alforrias solicitadas durante 2017.

#Lula

Prisão domiciliar

22/11/2018
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O RR apurou que Lula ainda não autorizou seus advogados a entrar com pedido de prisão domiciliar, tema que voltou à baila com força nos últimos dias. Curiosamente, caso se confirme, a solicitação representará uma espécie de looping na defesa do petista. Esta era a estratégia pregada pelo ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, que, entre outras divergências, deixou o caso em julho depois que o advogado Cristiano Zanin e o próprio Lula recusaram-se a entrar com o pedido de regime domiciliar.

#Lula

Comitê de campanha

29/10/2018
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Balanço pós-eleitoral da agenda de Lula: em 205 dias no cárcere, o petista contabilizou 572 visitas. Segundo o RR apurou, na campanha, de 15 de setembro até o último fim de semana, a média chegou a 3,2 visitantes por dia.

#Lula

Cardápio de Bolsonaro inclui até consulta popular sobre o destino de Lula

18/10/2018
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Teria partido da dupla Janaina Paschoal e Miguel Reale Junior a inusitada proposta a Jair Bolsonaro de que, devidamente diplomado, o então presidente envie ao Congresso pedido de consulta nacional sobre a manutenção ou não de Lula no cárcere. Curiosa a origem da ideia. Foram os dois jurisconsultos os responsáveis pelo requerimento de impeachment da presidente Dilma Rousseff e consequentemente pela demolição do governo do PT. A fonte do RR identifica na controversa sugestão dos dois juristas – Janaina agora coroada como a deputada estadual mais votada da história do país – uma medida multiuso.

Primeiramente, atenderia, em parte, ao clamor internacional, notadamente o provocado pelo Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que defendia que o ex-presidente pudesse concorrer nestas eleições e permanece intercedendo pela sua liberdade. Bolsonaro poderá afirmar que era apenas um candidato e Lula, seu adversário, ainda que indireto, cabendo aos Poderes da República que se manifestassem sobre o assunto. Na situação de presidente, ele estaria em condições legais de encaminhar ao Congresso a consulta de julgamento popular, o tribunal mais legítimo para avaliação da condenação sui generis de Lula.

Jair Bolsonaro estaria dando também o maior recado de alerta à desinibida judicialização que vem pautando as instâncias juridicantes. A iniciativa sancionaria a realização de outros referendos ou plebiscitos que o Capitão já antecipou pretender utilizar no futuro. Se for liberto, teoricamente Lula estaria constrangido a ser um interlocutor afável de Bolsonaro na Presidência da República. O que não seria nada excepcional, conhecendo-se o pragmatismo do petista.

Por outro lado, se a criminalização do ex-presidente for reiterada pelo povo, Bolsonaro se livraria de um permanente problema político. O ícone estaria sepultado. O RR enviou aos dois mencionados juristas uma série de perguntas sobre o assunto. Janaina Paschoal negou a informação. Garantiu não ter tratado da questão com o candidato Jair Bolsonaro e tampouco com integrantes do Judiciário.

Está feito o registro. Por sua vez, Miguel Reale Junior não quis se pronunciar. A proposta, ressalte-se, estaria sendo guardada a duzentas mil chaves pela campanha do Capitão nesse período do segundo turno, onde os votos do antipetismo são considerados essenciais não somente para dar a vitória a Bolsonaro nas urnas, mas também para proporcionar uma diferença expressiva no escrutínio. Caso a consulta popular venha a se confirmar e seja favorável ao ex-presidente, será a maior rasteira na História, jamais concebida em todos os tempos, como diria o próprio: Bolsonaro e seus generais, com a ajuda do povo, libertando Lula do cárcere.

#Jair Bolsonaro #Lula

Aproximações sucessivas

15/10/2018
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Há um novo ponto de aproximação entre petistas e tucanos. José Gregori, ex-ministro de Direitos Humanos de FHC, e Paulo Vannuchi, que comandou a área na gestão Lula, deverão se encontrar nesta semana em São Paulo. Gregori resiste a declarar apoio a Fernando Haddad, mas já sinalizou que aceita assinar um manifesto contra Jair Bolsonaro.

#Fernando Haddad #Jair Bolsonaro #José Grigori #Lula

Haddad busca seus pilares no governo Lula

5/10/2018
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Caso consiga brecar o avanço de Jair Bolsonaro e ganhar a eleição, Fernando Haddad poderá buscar na era Lula os alicerces para construir um núcleo duro de poder que, a priori, ele não tem. Ainda que em níveis distintos de participação, essa montagem se daria com a presença de Henrique Meirelles e de José Dirceu em seu eventual governo. Por ora, são apenas hipóteses que começaram a ser ventiladas no entorno da campanha petista após a visita de Haddad a Lula na última segunda-feira, em Curitiba.

São articulações que, assim como o magma, crepitam debaixo de terra, mas não se espere que entrem em erupção agora. Não é o momento de lançar nenhum dos dois nomes, em meio à reta final do primeiro turno e à preocupação petista com a subida de Bolsonaro nas pesquisas. O fato é que, cada qual ao seu jeito, tanto Dirceu quanto Henrique Meirelles estão em campanha – e, no caso deste último, não necessariamente para a Presidência da República. Ao fim do processo eleitoral, Meirelles terá desembolsado cerca de R$ 60 milhões em uma disputa que certamente não o levará ao Palácio do Planalto.

Na reta final da campanha, parece ter sido o preço pago por Meirelles para ser lembrado não como o ministro da Fazenda de Michel Temer, mas como o presidente do Banco Central em todos os 2.921 dias da Era Lula. Em seu programa eleitoral, o emedebista poupou o PT e o próprio ex-presidente durante quase todo o tempo. Além da autovalorização do seu trabalho como o grande condutor da economia nos oito anos do governo Lula – período em que o PIB cresceu, em média, 4% – Meirelles parece ter calculado cada frase, gesto ou filmete. O armistício deixa uma porta aberta para uma reaproximação com o PT.

Por que não? O apoio do ex-ministro seria um trunfo de Haddad na (agora incerta) disputa do segundo turno. Meirelles funcionaria como um avalista do compromisso do petista com o ajuste fiscal e as reformas estruturantes. Ao mesmo tempo, sua presença pavimentaria o caminho também para a continuidade de Ilan Goldfajn no comando do Banco Central. Com relação a José Dirceu, sua presença em um eventual governo Haddad exigiria uma configuração mais complexa.

Solto por uma liminar da Segunda Turma do STF, Dirceu já foi condenado a 30 anos e nove meses de prisão e ainda é réu em outros dois processos. Nas elucubrações petistas, o Comandante não assumiria formalmente um Ministério, até porque haveria entraves legais, mas teria o papel de assessor especial da Presidência da República, tornando-se uma espécie de Rasputin de Haddad. Sua presença no Palácio do Planalto dependeria, claro, da capacidade de Haddad de enfrentar ou não as pressões contrárias e o desgaste que a medida lhe traria logo na partida do seu mandato. Vencido isso, ele teria ao lado um estrategista político de primeira e um grande quadro partidário, com a base da militância na mão.

Embora nunca tenham representando o mesmo tipo de pensamento, Dirceu e Lula tocam de ouvido. O “Comandante” seria a representação do PT profundo no governo, algo que o próprio Haddad está longe de ser. O candidato sempre lidou com a base soft da legenda, correndo pelas raias da educação, da ciência política, da defesa de políticas identitárias etc. Dirceu também agregaria sua rede de contatos internacionais. Quem pensa na Bolívia, Venezuela ou Cuba, acertou menos de 50%. O principal capital político do “Comandante” são suas articulações com a tecnocracia e empresários conservadores norte -americano, tais como Dick Cheney e Sheldon Adelson. Meirelles sabe disso, porque presenciou a articulação de Dirceu com Mário Garnero e George Bush, que desaguou na sua indicação para ministro. É possível que “Zé” tenha mais caminhos para chegar a Trump do que o PT inteiro, incluindo o prisioneiro Lula, caso fosse solto. Mesmo com duas sentenças nas costas.

#Fernando Haddad #Lula #PT

Lula vs. Dallagnol: vale a pena ver de novo?

4/10/2018
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O Conselho Nacional do Ministério Público Federal lncluiu na pauta de julgamentos da próxima quarta-feira, 10 de outubro, três dias após o primeiro turno, a apreciação da nova queixa da defesa de Lula contra os procuradores da Lava Jato. Os advogados do ex presidente alegam que o MPF tem violado garantias e direitos legais e pedem a abertura de um processo administrativo. O alvo principal é Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa. A julgar pelo retrospecto, vai ser mais um tiro n ´água. Até o momento, a defesa do petista perdeu todas as suas representações contra os procuradores no colegiado do MPF. Em abril, o Conselho barrou queixa contra integrantes da força-tarefa que, segundo os advogados de Lula, havia desrespeitado “os deveres funcionais e o princípio da presunção de inocência”. Pouco depois, outra representação foi arquivada, também por unanimidade.

#Lula

ESPECIAL – Christian Lynch, jurista e cientista político: Um “golpe fechado” espera por Haddad na esquina

3/10/2018
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Há muito se percebe que a magistratura e o Ministério Público agem como partido contra o PT como meios de contrabalançar o peso eleitoral de Lula. Já está mais que manjado o mecanismo dos vazamentos seletivos das delações premiadas e das liminares extemporâneas inaugurado por Moro, ou das proposituras de processo pelo MP às vésperas das eleições. Agora, o novo presidente do STF, Dias Toffoli, dá sinais de acreditar que um golpe militar pode ser possível. Homem político, flexível, Toffoli afirma que a Suprema Corte deve agir como um poder moderador, evitando crises políticas ou gerá-las.

Convidou um general quatro estrelas para assessorá-lo e afirma que 1964 não foi golpe, mas “movimento”. Ontem, manteve liminar de Fux contra Lewandowski, destinada a impedir que Lula seja entrevistado e assim “interfira nos resultados eleitorais”. Para bom entendedor, meia palavra basta. Toffoli acredita na possibilidade de um golpe militar e apruma o Supremo para as eventualidades. Toffoli sabe que parte expressiva das Forças Armadas não quer a volta do PT, nem o da magistratura. Se depender deles, Lula não sai mais da cadeia. Como nem sempre o eleitorado ajuda, as duas corporações darão uma mãozinha para Bolsonaro vencer, como já se está a ver.

É possível imaginar cenários possíveis para desatar o nó em que o país se meteu. Caso Bolsonaro vença e encontre dificuldades no Congresso, militares e juízes darão o impulso necessário para as reformas constitucionais que “dinamizem a economia” e “restabeleçam a autoridade”. Se der Haddad, haverá comoção da metade do país que não quer mais saber de PT e pressão por não empossá-lo. Como um golpe aberto é difícil, tentarão primeiro arrancar dele algum compromisso de rompimento com o petismo; um equivalente do parlamentarismo imposto a Jango em 1961. O resto do script a gente já conhece.

#Jair Bolsonaro #Lula #PT #STF

Acervo RR

O retorno

1/10/2018
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José Temporão, colega de Fernando Haddad no governo Lula, tem dado a entender que voltará ao Ministério da Saúde em caso de vitória do petista.

#Fernando Haddad #José Temporão #Lula

O retorno

1/10/2018
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José Temporão, colega de Fernando Haddad no governo Lula, tem dado a entender que voltará ao Ministério da Saúde em caso de vitória do petista.

#Fernando Haddad #José Temporão #Lula

Sempre Lula

26/09/2018
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A candidatura Haddad não mudou uma vírgula do bordão de Eunício de Oliveira, presidente do Senado. Candidato à reeleição, Eunício percorre o sertão cearense se apresentando como o “senador do Lula”.

#Fernando Haddad #Lula

Solicitação

26/09/2018
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A defesa de Lula vai solicitar à Justiça autorização para que ele conceda entrevistas na prisão. O PT já sabe a resposta e vai usá-la para criar um fato político.

#Lula #PT

Abílio Diniz é o ministro da Fazenda dos sonhos de Fernando Haddad (e de Lula)

19/09/2018
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Fernando Haddad já encontrou a pedra filosofal do seu governo. Abílio Diniz vem sendo sondado para assumir o Ministério da Fazenda na eventual gestão do petista. Como tudo que diz respeito à candidatura Haddad, o ex-presidente Lula tem papel determinante na escolha, da qual é o avalista-mor. As tratativas, ressalte-se, passam à margem do atual comando do PT. São conduzidas pelo núcleo central da articulação política de Haddad, em sua maioria assessores herdados do próprio Lula. Sob os mais diversos aspectos, a eventual indicação de Abílio para a Fazenda é tratada pelo entorno do candidato petista como um dos grandes achados de sua campanha – guardadas as devidas proporções, algo similar ao que a presença de Paulo Guedes representa para a candidatura de Jair Bolsonaro.

Procurados, Fernando Haddad e Abílio Diniz não quiseram se pronunciar. É bem verdade que outros nomes têm rodado o entorno de Fernando Haddad como potenciais comandantes da economia no governo petista, entre eles o de Marcos Lisboa, secretário executivo do Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Lula. Lisboa, no entanto, é um peso-pena se colocado na balança ao lado de Abílio Diniz. O ex-Pão de Açúcar seria um ministro turn key, um combo completo. Ao escolhê-lo, Haddad levaria no mesmo pacote staff, interlocução com o empresariado, simpatia da mídia e, sobretudo, doses hectolítricas de credibilidade. A eventual “nomeação” de Abílio Diniz para a Fazenda antes das eleições – hipótese cogitada no QG de campanha de Haddad –, teria o condão de atrair a confiança do mercado, inclusive no exterior.

Abílio é um personagem do mundo, membro do board do Carrefour em Paris. Algo que os principais assessores econômicos do PT – como Guilherme Mello, Marcio Pochmann, Ricardo Carneiro e Luiz Gonzaga Belluzzo –, além do próprio Marcos Lisboa, estão longe de conseguir, sem qualquer demérito à trajetória de cada um. Abílio seria o avalista do compromisso do governo Haddad com o ajuste fiscal e a realização das reformas estruturantes. Além disso, o petista teria ao seu lado um empresário puro-sangue do setor real, em contraponto aos financistas que cercam os demais candidatos à Presidência. Ressalte-se ainda que a indicação de Abílio significaria a presença de um nome sem máculas na Pasta da Fazenda, algo que ganha ainda mais relevância em se tratando de um partido que tem dois ex-titulares do cargo fisgados pela Lava Jato – Antonio Palocci e Guido Mantega. Para Abílio Diniz, a nomeação para o Ministério da Fazenda seria a coroação de sua trajetória, a pedra preciosa que falta em sua cravejada biografia. Ressalte-se que Abílio, não é de hoje, flerta com a vida pública, notadamente na era petista.

Caso raro de empresário que nunca “tucanou”, esteve cotado para assumir a Fazenda no segundo mandato de Dilma Rousseff. Sua relação com Lula sempre foi a melhor possível. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2010, ele se declarou “fã de carteirinha” do então presidente da República. No fim de 2011, quando o petista esteve internado no Sírio-Libanês para tratar de um câncer, o ex-dono do Pão de Açúcar o visitou. Segundo testemunhas, foi um encontro repleto de mesuras de parte a parte. A idade não seria um obstáculo para Abílio Diniz assumir o manche da economia. Suas condições físicas são excelentes. Como ele próprio costuma dizer, desde os 29 anos ele se preparava para chegar aos 80. Abílio teria o vigor necessário para tourear o Congresso, negociar as reformas e, sempre que necessário, matar no peito e trazer para a sua responsabilidade agendas extremamente desgastantes. Um exemplo: ele já defendeu abertamente a elevação da carga tributária: “Se a atividade econômica cresce, aumenta a receita. Enquanto não cresce, tem de aumentar o imposto. Quem disser o contrário, é hipocrisia”.

#Fernando Haddad #Lula

Fernando Haddad vai virar sertão

14/09/2018
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Fernando Haddad vai se “mudar” para o Nordeste. O plano de voo para a campanha petista prevê, logo na partida, uma blitzkrieg de Haddad na região, com atos em todos os estados nordestinos no espaço de até dez dias. O objetivo é acelerar a transferência de votos de Lula para o seu “poste” justamente no maior reduto eleitoral do PT, de forma a criar um rápido efeito retroalimentador nas pesquisas. A meta é que Haddad já apareça na próxima leva de sondagens próximo dos 15%, portanto à frente de Ciro Gomes e já descolado de Marina Silva e Geraldo Alckmin. Nesse esforço de captura do eleitorado nordestino de Lula, nos últimos dois dias o candidato petista manteve intensa interlocução com caciques políticos da região, notadamente Renan Calheiros e Eunício de Oliveira. Há um temor de que ambos, notórios “lulistas”, descolem da candidatura petista. Uma coisa é circular pelo Nordeste de braços dados com Lula: a outra, completamente diferente, é pedir votos para um professor paulista com baixo recall na região.

#Fernando Haddad #Lula #PT

Lula declara armistício a Ciro

3/09/2018
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Lula determinou que o PT lance uma trégua e interrompa os ataques a Ciro Gomes. “Vamos precisar do Ciro no segundo turno”. Segundo o RR apurou, a frase foi repetida pelo ex-presidente ao próprio Fernando Haddad e ao presidente da CUT, Wagner Freitas, que também o visitou recentemente. Lula orientou Haddad a buscar uma reaproximação de Ciro com o intuito de fechar um pacto de não agressão, tanto nos programas eleitorais quanto nos debates. Não vai ser fácil. Do lado pedetista da trincheira, o entendimento é que o armistício vale somente até Haddad oficializar sua candidatura. A partir daí é pau puro.

#Ciro Gomes #Lula

Escolha de Sofia

28/08/2018
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Um dos mais antigos e leais aliados de Lula, o ex-ministro Gilberto Carvalho enviou carta ao ex-presidente no último fim de semana defendendo com veemência que ele mantenha sua candidatura até 15 de setembro. Trata-se do prazo limite para o TSE validar ou não o registro de Lula como candidato.

Apenas a título de registro: se o dead line de risco for mantido, Fernando Haddad terá apenas dois debates na TV antes do primeiro turno: SBT, em 26 de setembro, e Globo, em 3 de outubro.

#Lula

Alckmin se antecipa ao PT e abre fogo contra Haddad

17/08/2018
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O PSDB não vai esperar pelo óbvio, leia-se a substituição de Lula por Fernando Haddad na disputa presidencial. A ordem na campanha de Geraldo Alckmin é subir o tom contra Haddad desde já. A partir deste fim de semana, a comunicação do tucano começará a despejar nas redes sociais ataques à gestão do petista na Prefeitura de São Paulo.

Uma das peças já prontas mostrará que ele cumpriu apenas metade das promessas de campanha. Ao mesmo tempo, a propaganda tucana vai associar a figura de Haddad aos malfeitos do PT e à herança econômica do governo de Dilma Rousseff. Neste caso, o marqueteiro de Alckmin, Lula Guimarães, vai utilizar como mote o número do PT e o tempo em que a sigla esteve à frente da Presidência, contando o interrompido segundo mandato de Dilma: “13 anos de PT e 13 milhões de desempregados”, dirá um dos spots.

O slogan já foi testado pelo tucano em um evento político no interior de São Paulo na semana passada e será viralizado nas mídias digitais. A decisão da campanha de Geraldo Alckmin de antecipar os fatos e jogar foco, desde agora, em Fernando Haddad foi determinada pelos primeiros sinais de crescimento do petista nas pesquisas. Sondagens feitas pelo QG de Alckmin entre os dias 10 e 14 de agosto indicaram que Haddad já começou a herdar votos transferidos pelo ex-presidente Lula, mesmo antes da oficialização da sua candidatura. O que tem chamado a atenção dos tucanos é o aumento das menções espontâneas a Haddad. Em uma das sondagens, o ex-prefeito já aparece perto dos 8%, dois pontos percentuais a mais do que na pesquisa divulgada pela Rede Record no início da semana.

#Fernando Haddad #Geraldo Alckmin #Lula

Script petista

17/08/2018
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O registro da candidatura de Lula na última quarta-feira foi acompanhado de uma blitzkrieg nas redes sociais e aplicativos de mensagem. Pouco mais de uma hora após a marcha de petistas ao TSE, o partido disparou uma mensagem por WhatsApp com os dizeres “Lula é candidato! Agora é oficial”. A estimativa do partido é que o torpedo tenha chegado a mais de 30 milhões de pessoas.

#Lula

Incansável Dirceu

16/08/2018
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O comandante José Dirceu mergulhou de cabeça no processo eleitoral. Além de bater bumbo pela improvável candidatura de Lula, vem participando ativamente de articulações políticas nas campanhas estaduais do PT, notadamente em São Paulo – onde Luiz Marinho patina nas pesquisas. Além disso, ainda tem buscado doações para a reeleição do filho, Zeca Dirceu, à Câmara.

#José Dirceu #Lula

Lula livre, de dívidas

15/08/2018
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Além do “Lula livre”, o slogan “dívida zero” também ecoa entre os petistas. Aliados históricos do ex-presidente, como o ex-ministro Gilberto Carvalho, articulam com grupos e partidos da esquerda internacional uma campanha com o objetivo de angariar recursos para o Instituto Lula. A situação é bastante delicada. Somente as dívidas fiscais acumuladas pela entidade somam mais de R$ 30 milhões.

#Lula

Indulto de Lula é um brado silencioso na campanha dos candidatos da esquerda

10/08/2018
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Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Jaques Wagner, Manuela D’Ávila, demais petistas e companheiros de viagem que compõem os estado maior e menor da campanha antiprisional do companheiro Lula: a palavra de ordem é um “psiu” tonitruante sobre o indulto do ex-presidente. O perdão de Lula é o verdadeiro mote de qualquer um dos seus “postes”. Mas um mote não dito, quiçá proibido. A revelação desse obsessivo desejo deixará a campanha desnuda.

O indulto não deve ser dito; se dito, não deve ser comentado; se comentado, não deve ser confirmado; nem como intenção distante. O assunto é tratado com cadeado porque Lula cultiva o dilema de Tostines: não pode ser indultado porque não é culpado. Se aceitar o perdão presidencial, estaria concordando que não é inocente. No último domingo, durante a reunião de emergência que sancionou Haddad como vice e “poste”, simultaneamente, Lula falou cinco vezes sobre o tema, conforme inconfidência feita pelo ex-prefeito junto a interlocutores.

A liberdade de Lula conquistada sob a forma de um simulacro do perdão papal escrito na Carta Magna transforma qualquer diretriz ou programa do PT e das oposições em um plano hierarquicamente inferior. Não é difícil imaginar a influência de Lula livre e solto em um governo do “poste”. Adivinhe quem vai governar de fato? A agenda do indulto de Lula traz na cauda do cometa o indulto de José Dirceu e a realidade fantástica da recomposição do PT guerreiro, radical e ameaçador do sistema.

O indulto é um tema proibitivo para todos os candidatos de esquerda. Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Manuela D ´Ávila arriscaram alguns passos de dança sobre o assunto. Lula desautorizou todos. Não há nada que apavore mais o sistema do que Lula livre, pairando acima da Justiça. O líder do PT sabe que, se essa cartada for dada antes da hora, ele cinde o país. A lenda Lula, em um recado que já se tornou um mantra, não admite – da boca para fora – ser indultado. Ele aceita sua liberdade se for reconhecido inocente. Conversa para boi dormir. Lula quer ser indultado na hora certa, um tempo quase científico. Ninguém que não seja ingênuo na acepção mais profunda da palavra acredita que, na hipótese de vitória de um candidato da esquerda, o indulto não emergirá de um caldeirão de lava fervente despejado pelo próprio Lula. Trata-se de uma teoria irrefutável e não indultável.

#Fernando Haddad #Gleisi Hoffmann #Lula

O 11 de setembro de Lula

8/08/2018
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A direção do PT está bastante apreensiva com o novo encontro face a face entre Lula e seu algoz, Sérgio Moro. O interrogatório do ex-presidente no âmbito da ação do sítio de Atibaia está previsto para 11 de setembro. A defesa de Lula vai usar de todos os instrumentos jurídicos na tentativa de impedir a divulgação das imagens.

É muito pouco provável que alcance o intento. Desde o início da Lava Jato, Moro tem dado disclosure aos depoimentos, sobretudo o das estrelas da operação. O temor do PT é o impacto que a divulgação de novas imagens de Lula no banco dos réus, a três semanas das eleições, terá sobre o candidato do partido à Presidência, seja ele quem for. O que não faltará é farto material para ser utilizado nos programas eleitorais e nas redes sociais pelos demais presidenciáveis.

Uma saída seria o próprio PT se aproveitar da ocasião para bradar o discurso da prisão política. Mas, a essa altura, o próprio partido já não leva muita fé na eficácia do expediente. A grade de programação montada pelo juiz Sérgio Moro dá um caráter ainda mais midiático ao 11 de setembro de Lula. Como se não bastasse o interrogatório do ex-presidente, estão previstos para o mesmo dia os depoimentos da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-ministro Gilberto Gil, ambos na condição de testemunhas de defesa de Lula.

#Lula #PT

O Brasil precisa de alguém como Reis Velloso

2/08/2018
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Está fazendo falta alguém como João Paulo dos Reis Velloso. Não é de hoje. Os governos de FHC, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, os primeiros com alguns méritos, os últimos com mais desatinos, desprezaram o significado e importância do planejamento. A prática de organizar no tempo metas, prioridades, diretrizes e projetos, identificando em um prazo mais longo para onde o país pretende caminhar, foi estigmatizada junto com o regime militar.

Metas só as de inflação. Planos só os PACs, criados para não serem cumpridos. O primado de uma decisão de Estado deixou de ser relevante, até porque esse mesmo Estado passou a ser culpado por todos os males e perdeu o script do desenvolvimento programado. Restou-lhe uma ação esquemática, repetitiva.

João Paulo dos Reis Velloso representava exatamente o contrário, ou seja, a convicção de que o desenvolvimento exigia planejamento. Para isso despia as colaborações de preconceitos. Velloso seguia a máxima de Roberto Marinho, e também “tinha seus comunistas”. Colocava para pensar Arthur Candal, Pedro Malan, Regis Bonelli, Edmar Bacha. “Vermelhos e direitistas”. No Ipea, não havia guerra fria. Também era um mediador “por dentro”, equilibrando as demandas políticas com os aspectos técnicos, e muitas vezes segurando os arroubos da Fazenda ou do Gabinete Civil.

Tudo com a maior discrição. Velloso não tinha a intenção do brilhareco ou da demonstração de força. Dedicava-se a uma regência sacerdotal dos acadêmicos e tecnocratas a sua volta. Zelava pelo planejamento como um guardião das peças eucarísticas. Ao contrário do que pregam as catilinárias liberais, os investidores tinham um norte. A iniciativa privada enxergava um futuro, ainda que fosse tentativo ou mesmo duvidoso. Não havia mal em se ter um plano. Pois é. Que falta faz alguém como Reis Velloso.

#Dilma Rousseff #Fernando Henrique Cardoso #João Paulo dos Reis Velloso #Lula

Só Lula salva

31/07/2018
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O Instituto Lula deverá partir para a venda de camisas, chaveiros e outras quinquilharias com mensagens de apelo político para ajudar a pagar as contas. Neste caso, passaria a concorrer com o próprio PT pelo licenciamento da “marca” Lula. Em grave crise financeira, o Instituto acumula cerca de R$ 17 milhões em dívidas tributárias.

#Lula

Um pequeno sinal de autocrítica no PT

26/07/2018
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Surgem os primeiros sinais de defecção da “Igreja lulista de imolação da esquerda”. O sociólogo Emir Sader, um dos mais graníticos intelectuais fundamentalistas do PT, tem externado a opinião de que é preciso pensar em seguir na campanha eleitoral sem Lula. “Pensar” já é um início.

#Lula #PT

Lula diz até onde Haddad pode falar

26/07/2018
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Apontado como plano B do PT na disputa presidencial, o ex-prefeito Fernando Haddad foi orientado diretamente por Lula a procurar a imprensa e conceder o maior número possível de entrevistas sobre o plano de governo, que está pronto. Mas a orientação veio com uma ressalva: não falar sobre estratégias e evitar exercícios de futurologia. A ordem é evitar crises de ciúme com as correntes do PT.

#Fernando Haddad #Lula #PT

Vale a pena ver de novo?

26/07/2018
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Quem esteve no Rio na semana passada foi o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, participando de evento no Sinaval, com representantes de estaleiros. Gabrielli, que é coordenador geral da campanha de Lula à presidência, teria dito que a Petrobras, em um novo governo petista, seria a âncora para a retomada das encomendas junto aos estaleiros.

#Lula #Petrobras

Lindbergh é o professor Pardal do PT

23/07/2018
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O senador Lindbergh Farias é um campeão em inovações. “Lindinho” engenhou uma nova participação de Lula no certame eleitoral como “presidente de honra”. Assim, Fernando Haddad, Jaques Wagner ou seja quem for o candidato petista entraria na disputa com o compromisso de indultar Lula para que ele exercesse o seu cargo honorífico. A chapa tríplice do PT, portanto, teria presidente de honra, presidente e vice. Mais uma contribuição de Lindbergh Farias.

#Lindbergh Farias #Lula #PT

Meirelles quer fazer do governo Lula seu avalista eleitoral

20/07/2018
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O marqueteiro de Henrique Meirelles, Chico Mendez, já definiu uma linha para a campanha do candidato. A ideia é usar ao máximo possível a imagem de Lula, com o propósito de pegar carona na bonança econômica do seu governo e vinculá-la à gestão de Meirelles no Banco Central. Desta forma, o ex-ministro tentaria surfar nas boas lembranças da gestão do petista ainda resilientes na memória de um terço do eleitorado. O “Chame o Meirelles”, slogan bombardeado desde a semana passada na TV e nas redes sociais, ganharia, então, uma segunda linha: ao chamar Meirelles, o eleitor traria de volta a estabilidade econômica, distribuição de renda, emprego.

A iniciativa, é bom que se diga, tem prazo de duração: Lula não vai ficar calado até as eleições. Mas, ao menos, funcionaria como um ponto de partida para a campanha de Meirelles. No mundo paralelo concebido pelos publicitários do pré-candidato emedebista, o discurso implícito será na seguinte linha: o governo Lula só foi o que foi porque Meirelles fez parte dele durante cada um dos seus 2.921 dias. E os seus 694 dias à frente do Ministério da Fazenda de Michel Temer, com o desemprego na casa dos 13%? Será apenas um detalhe.

Não obstante o risco de soar como um cinismo escancarado, chega-se a dizer, entre os estrategistas de Meirelles, que ele poderia explorar sua saída da Fazenda, tratando-a como um sinal de discordância e oposição ao governo Temer. Conciliador como só ele, Meirelles teria adiado ao máximo seu desligamentdo Ministério para não aumentar a instabilidade política e institucional. A lógica é que a propaganda eleitoral suportaria o photoshop na realidade.

Segundo informações filtradas do comitê de campanha do emedebista, uma das peças de comunicação mais contundentes, que deverá ser veiculada antes da convenção do partido e da eventual homologação da cambaleante candidatura Meirelles, tem como base um discurso feito por Lula em 2010. A fala seu deu em Anápolis (GO), terra natal do ex-ministro da Fazenda. “Vocês já ouviram muitas pessoas falarem mal do Meirelles, porque os juros estão altos. Eu quero dizer ao povo de Anápolis que sou agradecido a este companheiro e à equipe econômica pela estabilidade e pelo respeito que o Brasil tem hoje no mundo”.

#Henrique Meirelles #Lula

Cada vez mais Ciro

19/07/2018
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Manuela D ´Ávila insiste que só abre mão de sua candidatura em favor de Lula ou do seu escolhido. Falta combinar com o PCdoB, cada vez mais Ciro.

#Lula #Manuela D'ávila

Tarso Genro é um partido de si próprio

18/07/2018
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Os dois encontros entre Tarso Genro e Guilherme Boulos no espaço de uma semana causaram irritação na cúpula do PT, a começar por Gleisi Hoffmann. A declaração de Tarso de que apoiará o líder do MST caso Lula não possa disputar as eleições foi feita sem aval da direção do partido e, até onde se sabe, muito menos do ex-presidente. O “voluntarismo” do ex-governador suscitou duas teorias dissecadas pelos petistas desde a última segunda-feira, quando se deu a segunda troca de afagos entre Tarso e Boulos em um evento em Porto Alegre. A primeira delas, defendida por seus aliados, é que o ex-mandatário gaúcho fez um movimento calculado no intuito de puxar o PT mais para a esquerda no debate eleitoral. A outra teoria, urdida pelos opositores de Tarso, é que ele agiu em interesse próprio, olhando não exatamente para 2018, mas para 2019. A aproximação de Boulos seria uma antessala para o petista ressuscitar, no próximo ano, o projeto de criação de um novo partido de esquerda, concebido a partir da união de desertores petistas com o atual PSOL.

#Lula #PT #Tarso Genro

“Operação Jaques Wagner” é um enigma eleitoral ainda a ser decifrado

12/07/2018
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A esfinge anda devorando os partidos políticos com o seguinte enigma: a que vem a “Operação Jaques Wagner”? As recorrentes declarações do ex-governador da Bahia favoráveis a que o PT, leia-se o ex-presidente Lula, apoie um candidato de outro partido têm gerado interrogações e desavenças dentro da própria sigla. Wagner não tem mandato para aventar essa decisão. Suas ações, inclusive, levaram a divergências explícitas com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, notadamente no que diz respeito à indicação do candidato do PDT, Ciro Gomes. O argumento de Wagner é tão tortuoso quanto as declarações de seus companheiros para justificar que não há substituto para Lula. O petista afirma que outro candidato do partido significaria uma confissão de culpa.

Candidato mesmo só Lula. Sem ele, o caminho seria o apoio a um nome de outra legenda. A “Operação Wagner” está coberta por densa neblina, à medida que Lula, interlocutor privilegiado do ex-governador da Bahia, não desautoriza seus dizeres. Por ora, existem três possíveis soluções para o enigma. A primeira e mais reputada considera que a articulação de Jaques Wagner é, sim, uma operação-despiste. O ex- ministro, olhos azuis, boa pinta, com dupla cidadania – de carioca e baiano –, judeu com um pé na umbanda, é considerado pule de dez para substituir Lula por analistas e alguns dirigentes do PT. A segunda solução da charada envolve o “de acordo” do ex-presidente Lula.

Wagner estaria cumprindo missão combinada entre ambos e não explicitada no próprio partido, que teria como uma das premissas o acerto do indulto do ex-presidente junto a candidato de outro partido, preferencialmente Ciro Gomes. Como se sabe, o perdão não pode ser declarado antes do tempo, sob pena de se transformar em uma confissão de culpa. A terceira e menos provável hipótese é que as reiteradas declarações de apoio a outro candidato seriam uma iniciativa independente do próprio Wagner, ao melhor estilo de Pedro Simon, no MDB. Ou seja: não tentem entender, porque não tem mesmo explicação. Há mais fatos do que meros jogos teóricos na “Operação Jaques Wagner”.

Em 1o de maio, Dia do Trabalhador, data emblemática do PT, Wagner disse que o partido deveria estar aberto a apoiar Ciro Gomes e indicar o vice. Em 7 de junho, rasgou elogios ao pedetista, dizendo que ele é um “animal político” e “um dos quadros mais preparados do Brasil”. A fala chamou mais atenção pelo momento e local: Wagner fez a apologia a Ciro em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, logo após uma visita a Lula. Na última segunda-feira, a “Operação Wagner” teve mais um capítulo. O ex-ministro reiterou que o PT deve apoiar um candidato de outra sigla caso Lula não possa disputar as eleições – como tudo indica que ocorrerá. Ressalte se: combinado ou não, o candidato Ciro Gomes não fala uma vírgula em resposta aos seguidos afagos e declarações de possível apoio feitos por Wagner, o que dá uma característica ainda mais conspiratória ao enredo.

#Lula #PT

PT contabiliza os dividendos com ou sem a libertação de Lula

10/07/2018
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Dependendo do ângulo de observação, a batalha jurídica do último domingo no TRF4 pode ter tido três impactos para o PT: bom, muito bom ou excelente. Em qualquer das hipóteses, a ação do desembargador plantonista Rogério Favreto terá atendido aos anseios de Lula e do partido. Se o ex-presidente vier a ser libertado, será o melhor dos cenários; caso contrário, o episódio servirá de subsídio para a configuração de Lula como prisioneiro político. Dando certo ou não, a estratégia será inevitavelmente utilizada como mote de campanha.

O impasse criou a percepção de que, na pior das hipóteses para Lula, é possível cindir o Judiciário por dentro. Ainda que efêmero, o habeas corpus do último domingo fez renascer a expectativa da militância de que existem probabilidades de reversão das decisões tomadas. O PT considera ter à mão munição de alto calibre para bombardear o discurso da prisão política de Lula, notadamente junto à comunidade internacional, que sempre se mostrou mais sensível a esta bandeira. Basta lembrar a ressonância que a tese já encontrou por parte da mídia estrangeira, entidades pró-anistia e personalidades.

Após ser impedido pela Justiça de visitar o petista na carceragem da PF em Curitiba, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel publicou um manifesto dizendo que o “Brasil vive um estado de exceção”. O ator norte-americano Danny Glover, que conseguiu se encontrar com Lula, defendeu publicamente sua libertação. Ontem mesmo, a Fundação Internacional dos Direitos Humanos, com sede em Madri, reconheceu o caráter político da prisão do ex-presidente. A probabilidade de libertação de Lula com base na decisão de um desembargador plantonista é muito remota.

Em seu artigo 1o, parágrafo 1o, a Resolução 71/2009 do Conselho Nacional de Justiça diz que o “plantão judiciário  não se destina à reiteração de pedido já apreciado no órgão judicial de origem ou em plantão anterior”. Por essa razão, o desembargador Rogerio Favreto não teria poderes para deliberar sobre questão já julgada pelo TRF4. Tenhasido o pedido dos deputados petistas Wadih Damous, Paulo Pimenta e Paulo Teixeira a um juiz de plantão proposital ou não, o fato é que a negativa à libertação de Lula serviu à causa do partido e ao seu futuro candidato à Presidência, seja ele quem for. O imbróglio, entre outras consequências, pode até mesmo ressuscitar o julgamento da prisão em segunda instância pelo Supremo, pauta que vem sendo empurrada pela Corte. Uma pergunta que se faz é se a repercussão internacional em torno da “prisão política” de Lula não teria algum impacto sobre a decisão da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, de colocar ou não a matéria em votação?

#Lula #PT

O vai e vem de Lula

9/07/2018
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Em meio à notícia de que um desembargador do TFR-4 tinha autorizado a libertação de Lula, petistas mais excitados já se punham a articular um encontro do ex-presidente com o “comandante” José Dirceu. Com direito à entrevista coletiva e gravação de filme para as redes sociais.

#José Dirceu #Lula

PT reúne seus astros para suprir ausência da estrela maior

4/07/2018
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A direção do PT não precisou assistir ao clipe “Lula lá”, da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em 1989, para concluir que o partido se tornou um case de migração política. Dos mais de 100 artistas que compareceram à histórica gravação, menos da metade se mantém fiel a Lula e ao PT. Para recuperar a adesão de ex-companheiros que se bandearam para outros partidos e, ao mesmo tempo, evitar a fuga dos que permaneceram ligados à sigla, o PT pretende dar prioridade à comunicação com seus apoiadores de grande inserção midiática e social já a partir deste mês. O assunto é considerado urgente. Uma das primeiras medidas nesse sentido será a antecipação do lançamento do programa da legenda para as áreas de educação e cultura. As propostas serão divulgadas na última semana de julho, possivelmente em um evento aberto à militância. O PT pretende também estreitar o contato com os seus tradicionais animadores de campanha. As redes sociais serão usadas à exaustão, levando, inclusive, recados do próprio Lula. Conter o êxodo dos militantes midiáticos do partido é uma das prioridades até a campanha. Diversos integrantes do “cast petista” migraram para outros candidatos do campo da esquerda. Com Lula preso, a missão será difícil. Mas os mais otimistas acreditam que esse será um dos motivos para sensibilizar os apoiadores a entoarem um “Lula lá”, ainda que efetivamente simbólico.

#Lula #PT

O jogo já começou

4/07/2018
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O TSE já contabiliza 11 processos por propaganda antecipada de pré-candidatos à Presidência. A maior parte, oito deles, contra Lula ou Jair Bolsonaro.

#Jair Bolsonaro #Lula #TSE

Mesmo fora da jogada, Lula vai chutar o dólar por cima da arquibancada

3/07/2018
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BTG, XP, Itaú, SPX, UBS, Credit Suisse… A grande maioria do mercado financeiro está apostando que a partir de 15 de agosto, quando finda o prazo para homologação das candidaturas à Presidência no TSE, o cenário será de stress elevado. A expectativa majoritária é que Lula seja confirmado como inelegível e, então, indique seu substituto com a “faca entre os dentes”. Ou seja: empurre para cima do seu escolhido um discurso anti-mercado do tamanho do seu incômodo.

O grau de tensão dependerá de quem for o candidato de Lula. Por exemplo: se for Fernando Haddad, estaria de bom tamanho um dólar entre R$ 3,80 e R$ 4,50 no período que vai até as eleições; se for Ciro Gomes, que já  encarna o discurso anti-mercado, o dólar pode ir até R$ 5,50. Segundo estimativas do fundador da gestora SPX, Rodrigo Xavier, em conferência no BTG, o dólar circulará na faixa de R$ 4,90 a R$ 5,30. As projeções de Xavier são puxadas e estão longe de serem sancionadas pelas instituições que participam do Focus. No boletim de 25 de junho, a mediana do dólar em 2018 subiu um tiquinho, de R$ 3,63 para R$ 3,65.

O RR ouviu traders e analistas de cinco empresas que participam do Focus. Todas as previsões em off the records são superiores ao valor do boletim. Ou seja: segundo a mediana do dólar no Focus, o futuro presidente será Henrique Meirelles, Álvaro Dias, Geraldo Alckmin, Marina Silva ou alguém que ainda não se apresentou. Por enquanto, os nomes pró-mercado são tão improváveis quanto um dólar a R$ 3,65. A corrida das instituições do mercado por pesquisas de intenção de voto deverá crescer ainda mais depois da última sondagem do CNI/ Ibope, de 24 de junho.

O levantamento contrariou as expectativas de diversas instituições, que apostavam na queda do ativo eleitoral do ex-presidente. A resiliência de Lula continua absoluta. O ex-presidente ainda aumentou um pouquinho o seu quinhão, para 33%. E cresceu expressivamente em São Paulo, berço de origem do PT que sempre recusou a apoiar o filho bastardo. Se as pesquisas acusarem o aumento da capacidade de transferência de votos de Lula, não haverá jeito, o mercado externará o descontrole que já digere internamente. E aí não há porque duvidar de um dólar superior a R$ 4,5, no barato, e uma Selic, de lambuja, entre 7% e 7,5%.

#Credit Suisse #Lula #XP Investimentos

Missão

3/07/2018
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O “comandante” José Dirceu chamou para si a missão de convencer Sepúlveda Pertence a retomar a defesa do ex-presidente Lula.

#José Dirceu #Lula

Autorização

2/07/2018
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José Sarney e Renan Calheiros vão pedir autorização à Polícia Federal para visitar Lula no cárcere, em Curitiba. A cena daria uma caricatura de Péricles, autor de “O amigo da onça”.

#José Sarney #Lula #Renan Calheiros

PT sobe o tom contra a defesa de Lula

29/06/2018
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O RR apurou que, no início da próxima semana, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vai levar ao ex-presidente Lula o pedido da direção do partido para que o advogado Cristiano Zanin seja destituído de sua defesa. A cúpula petista prega que o ex-ministro do
STF Sepúlveda Pertence deve assumir todos os processos contra Lula, tanto na Suprema Corte quanto no TRF-4 – há outras duas ações nas mãos do juiz Sérgio Moro, referentes ao sítio de Atibaia e ao terreno onde está instalado o Instituto Lula. No início de junho, Gleisi já havia afastado Zanin de outros processos que envolvem o PT, substituindo-o pelo ex-ministro da Justiça Eugenio Aragão. A relação azedou de vez no início desta semana, quando o advogado decidiu abrir mão do pedido de prisão domiciliar para Lula. A senadora e outros dirigentes do partido chegaram a insinuar que o advogado agiu sem consultar o próprio ex-presidente. Talvez, no encontro com Lula na carceragem da PF em Curitiba, Gleisi escute exatamente o contrário.

#Lula #PT

Lula fixa o piso da candidatura Haddad

28/06/2018
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Lula disse “que pensaria” na hipótese de descartar sua candidatura e indicar Fernando Haddad para substitui-lo caso o ex-prefeito de São Paulo alcance 15% do eleitorado nas pesquisas de julho. O percentual deixaria Haddad acima de Marina Silva e em condições de ser o grande adversário de Jair Bolsonaro. Na última pesquisa da XP Investimentos, Fernando Haddad estava empatado com Marina, em 12%, nas duas primeiras semanas de junho. Se Lula não se posicionar mais rapidamente, corre o risco de ver desinflar o seu portfólio pessoal de votos e reduzir a capacidade de transferi-los. A informação é de um dos escudeiros com acesso ao ex-presidente, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

#Fernando Haddad #Jair Bolsonaro #Lula

A resenha de Lula

26/06/2018
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Na esteira dos comentários sobre a Copa que Lula tem enviado ao programa de José Trajano na TV dos Trabalhadores, o PT e seus advogados já estudam a hipótese de o ex-presidente conceder uma entrevista por escrito à mídia internacional.

#Lula

Carta fora do baralho

22/06/2018
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Pesquisa recebida nesta semana pela direção do PR apontou Josué Gomes da Silva com menos de 1% das intenções de voto, mesmo quando é citado o nome de seu pai, José Alencar, vice de Lula. É por essas e outras que Valdemar da Costa Neto empurra o PR na direção de Jair Bolsonaro.

#Lula #PR

Cotizando

20/06/2018
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Parlamentares do PT estão se cotizando em um crowdfunding partidário para colaborar com o Instituto Lula. Só com a Receita as dívidas passam de R$ 18 milhões.

#Lula #PT

O diagnóstico do “Comandante” Dirceu

5/06/2018
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Dois dias antes de se entregar a Polícia Federal, mais precisamente em 16 de maio, em conversa reservada com velhos companheiros do PT, José Dirceu disparou pesadas críticas contra a defesa de Lula. Nas palavras de Dirceu, os advogados insistem em desconectar o ex-presidente da realidade. El Comandante disse que os consultores jurídicos de Lula têm se portado como médicos que tratam um paciente em estado grave e “vendem otimismo para não deixá-lo entrar em desespero”. Questionou, sobretudo, a insistência dos advogados em apostar as fichas em uma decisão favorável do STF. O que Dirceu não deixou claro é se ele acredita mesmo que o “paciente” em questão, matreiro como ele só, tem se deixado levar pelas palavras de esperança dos seus doutores.

#José Dirceu #Lula #PT

Coalizão nascente

29/05/2018
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Nem Lula; nem candidatura própria. Uma parte do PCdoB visualiza um terceiro cenário para as eleições: Manuela D ´Ávila como vice de Ciro Gomes.

#Ciro Gomes #Lula #Manuela D'ávila #PCdoB

Baixa temporada

25/05/2018
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O acampamento Marisa Letícia, em Curitiba, lócus das manifestações contra a prisão de Lula, parece estar perdendo sua razão de ser. A presença de políticos e personalidades diminui a cada dia. Até a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reduziu suas visitas ao local.

#Lula

Uma revelação delicada sobre o ex-presidente Lula

23/05/2018
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Lula tem sofrido episódios de depressão, com intensas crises de choro. Em pelo menos um deles, passou por momento de desorientação. O ex-presidente teria sido autorizado a receber tratamento médico especial na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Segundo a fonte do RR, Lula oscila entre instantes de extremo vigor e de enorme abatimento. O informante da newsletter é notório interlocutor de um dos visitantes do ex-presidente na prisão. Consultado pelo RR, o PT não quis se pronunciar. Por sua vez, o Instituto Lula disse que “são irreais essas supostas informações.” Já a Polícia Federal declarou que “não consta nenhuma informação sobre o assunto”.

#Lula #PT

O “vice” mais cobiçado

23/05/2018
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Luiz Dulci, um dos poucos interlocutores de Lula com mandato para falar em seu nome, tem mantido contatos frequentes com o empresário Josué Gomes da Silva, o “vice” mais cobiçado do Brasil.

#Lula

O “golpe” é coisa do passado

17/05/2018
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Ao que parece, o PT não guardou ressentimentos eleitorais pelo impeachment de Dilma Rousseff. Com as bênçãos de Lula e o imprimatur de Gleisi Hoffmann, o partido negocia alianças em seis estados, entre os quais Piauí e Paraná, com o MDB e o PP, que votaram em peso pelo afastamento de Dilma

#Dilma Rousseff #Lula #PT

Sondagem relâmpago RR: Lula e PT estão fazendo da esquerda um pastel de vento

16/05/2018
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O Brasil está deixando a esquerda de lado. E o PT, em última instância, é o responsável por essa tendência. O RR ousa essa afirmação com base em sondagem relâmpago junto a 4.100 assinantes, escolhidos aleatoriamente. Dessa amostragem, 212 responderam às provocações. Foram feitas duas perguntas simples. A primeira: “Na sua avaliação, está ocorrendo uma migração ideológica no país? Se positivo, ela se dá entre que campos políticos?” O RR também perguntou aos assinantes: “Quem é o responsável por esse deslocamento?” As alternativas apresentadas foram os nomes de todos os partidos, com uma subpergunta aberta diretamente associada: “A partir de quando esse deslocamento se iniciou?”

Entre os consultados, 51% afirmaram que há, sim, uma migração ideológica no Brasil e ela ocorre do campo da esquerda para o centro. Um percentual de 76% aponta o PT como gerador dessa “desesquerdização”. E 47% indicam o ano de 2017,marco do calvário de Lula e véspera da comemoração do aniversário de 200 anos de Karl Marx, como período de infecção mais aguda do socialismo no Brasil. O RR não arrisca dizer que se trata de uma septicemia, até porque os dados são simplórios e sua leitura pode estar contaminada por viés de todos os lados, a começar pela base de assinantes da newsletter, majoritariamente conservadora.

A enquete não passaria de um divertido e incompleto teste se os seus resultados não fossem ao encontro do que dizem, de forma matizada, intelectuais de esquerda, tais como o petista Tarso Genro, o ex-petista (mas obcecado pelo PT) Francisco de Oliveira, Jessé de Souza e, em uma galáxia maior, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos. Em análises variadas, o processo de “desesquerdização” estaria vinculado ao comportamento do PT no governo. A leitura do posicionamento desses analistas permite resumida conclusão. O partido teria cedido em demasia desde a primeira hora, com o advento da Carta ao Povo Brasileiro, a fixação em manter uma “coalizão baleia de aliados” no Congresso – com os custos obrigatórios dessa decisão -, o abandono de uma agenda de reformas desenvolvimentistas e a incapacidade de comunicação das suas lideranças no momento em que a esquerda, encarnada pelo PT, foi naturalmente associada à corrupção pelos seus opositores.

O ponto de maior fadiga do material seria o mais recente período dos preparativos para a prisão de Lula. Na emulsão do ex-presidente com o PT, Lula é dominante. Sendo assim, é condutor de todas as decisões do partido, com a concordância absoluta dos seus acólitos. O ex-presidente suspendeu a luta política com base em um discurso de esquerda e condicionou a batalha eleitoral, hoje caminho fundamental para a reafirmação ideológica, a um substrato da sua questão penal. Em uma visão impressionista, não há mais PT no ringue, não há mais esquerda – cujos direitos de representação, no Brasil, são de domínio quase exclusivo do partido – dividindo o espectro ideológico.

Só há a prisão de Lula e a coação de que o futuro da esquerda, pelo menos no curto prazo, dependerá do reconhecimento da sua inocência e absolvição. Tal como na pintura de Goya sobre Saturno devorando seu filho, Lula estaria triturando o PT, o socialismo e os retalhos da utopia da solidariedade. Essa autofagia do PT, com os seus movimentos que empurram o partido para fora do game político, tem permitido que jogadores que não são da esquerda se apoderem dessa patente, casos de Ciro Gomes e de Marina Silva.

Ambos ocupam um terreno baldio. Capturam o campo de esquerda pela ausência ou eclipse de seus moradores originais. Trazem para um “centro pragmático” – eufemismo para uma “nova direita arejada” – palavras soltas do pensamento progressista para ilustrar o pavilhão do seu grêmio político. Vai ver essa alternância é saudável, o ciclo do socialismo de raiz passou e o melhor para as esquerdas é mesmo saírem de cena para fazerem sua autocrítica. Quem sabe?

#Lula #PT

Chapa Ciro-Haddad pode levar a indulto de Lula

26/04/2018
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O grande temor da centro-direita começa a ganhar contornos de realidade: a chapa Ciro Gomes e Fernando Haddad está amadurecendo. E traz ao fundo os dizeres “Lula livre”. A moeda de troca do PT para abrir mão da candidatura própria e fechar o apoio a Ciro seria a garantia de indulto do ex-presidente em 2019. A questão já foi abordada entre Ciro e Haddad. Além da reunião na manhã da última segunda-feira no escritório de Delfim Netto em São Paulo, que contou ainda com a presença de Luiz Carlos Bresser Pereira, ambos teriam se encontrado em outras duas ocasiões em pouco mais de dois meses.

Por ora, o mandato de Haddad é apenas para assuntar o tema. Mesmo com o compromisso do indulto presidencial por parte de Ciro, não há garantias de que Lula aceitaria o acordo. É pouco provável, inclusive, que ele saia do casulo da sua candidatura antes de agosto. Segundo integrantes do alto comando petista, ofereçam o que oferecerem a Lula, ele não entregará seus votos nem para um nome do próprio partido e muito menos para um aliado nesse período. É estranha a fábula construída por Luiz Inácio, que relata a história de um sapo barbudo que preferiu viver engaiolado a apoiar um sapo igual a ele.

O acordo em torno do indulto é feito sob medida para uma aliança PDT-PT: Ciro Gomes é o único candidato que aceitaria discutir a hipótese de conceder liberdade a Lula caso vença as eleições presidenciais. Uma moeda valiosa por outra: ao ser o “ungido” do ex-presidente, o pedetista colocaria os dois pés no segundo turno. Só algo imponderável tiraria a chapa Ciro-Haddad da disputa final. Devidamente pesados os prós e contras, Ciro poderia, inclusive, usar o próprio indulto de Lula como uma bandeira eleitoral para galvanizar o apoio do campo da esquerda em torno da sua candidatura e capturar o máximo possível do patrimônio eleitoral do ex-presidente. Ressalte-se ainda que a aliança teria o efeito de um strike sobre a atual configuração das candidaturas de centro-direita, que precisariam se reordenar em torno de uma dobradinha de calibre similar, como, por exemplo, Marina Silva-Joaquim Barbosa.

A julgar pelos recentes movimentos do STF, parece até haver, desde já, um dueto entre a Corte e Lula. Em um mundo simétrico, seria possível dizer que a coreografia do indulto já estaria sendo ensaiada, vide a decisão do Supremo de tirar de Sergio Moro trechos das delações de ex-executivos da Odebrecht contra o ex-presidente. Ressalte-se que, a rigor, a Constituição estabelece que a clemência de condenados é prerrogativa da Presidência da República. Em seu Artigo 84, Inciso XII, a Carta Magna diz que compete privativamente ao presidente a atribuição de conceder indulto e comutar penas – ambos dispositivos de alcance coletivo.

Cabe também a ele estabelecer os requisitos para a extinção da punibilidade de um determinado grupo de condenados – a graça só não se aplica a presos por prática da tortura, tráfico de drogas, atos de terrorismo ou crimes hediondos. Na atual circunstância, no entanto, independentemente do que reza a Constituição, é difícil imaginar que um eventual acordo desta natureza entre Ciro e Lula se consumaria sem passar pela agulha do STF. Não custa lembrar que, em março deste ano, atendendo a um pedido da Procuradoria Geral da República, o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu parte do indulto concedido pelo presidente Michel Temer, impedindo a extensão do benefício a condenados por corrupção.

#Ciro Gomes #Fernando Haddad #Lula #PT

As inusitadas “prévias” do PT

23/04/2018
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A ideia do cientista político Alberto Almeida de que o PT deveria ter vários pré-candidatos fazendo campanha começa a dar filhotes de três olhos e sete cabeças. A julgar pela relação de Almeida com Lula, o ex-presidente mandou tocar a proposta para frente. E ela já vem repercutindo animadamente nas redes sociais, tendo o cientista político como abre alas. Na versão original, Fernando Haddad, Patrus Ananias e Jaques Wagner sairiam em campo como indicados pelo grande chefe Luiz Inácio.

O processo de escolha do candidato seria democratizado. Todos, portanto, estariam endossados por Lula. Em tese, eles multiplicariam a campanha, como multi-pré-candidatos percorrendo várias regiões do país ao mesmo tempo. Em setembro, por ocasião do encerramento para homologação da candidatura pelo TSE, uma pesquisa definiria o candidato lulista definitivo em função da maior intenção de votos. Os filhotes monstrengos do modelo de Almeida são gestados pelo excesso de abertura que o sistema idealizado permite para o surgimento de pré-candidaturas imprevistas.

Por que os ungidos por Lula seriam só três e não quatro ou cinco? E se Gleisi e Lindbergh quiserem testar o seu potencial? E Lula lá da prisão vai aprovar e reprovar os principais quadros do seu partido? Finalmente, já que Lula permanece candidato, como essa trupe rodaria o país para ser o candidato do ex-presidente que continua na disputa eleitoral mesmo estando inelegível? É de quebrar a cabeça. Tanta dispersão pode levar a uma definição de candidatos por múltipla escolha se o modelo contemplar o cruzamento de diferentes pesquisas eleitorais cujos resultados sejam distintos entre si.

#Lula #PT

Suspense total

13/04/2018
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A pesquisa Datafolha do fim de semana trará respostas a algumas questões chave da disputa presidencial:

. O coeficiente eleitoral de Lula após a prisão;

. As intenções de voto de Ciro Gomes, Jair Bolsonaro e Marina Silva;

. O percentual dos votos em Joaquim Barbosa;

. A mudança ou não do viés de baixa de Geraldo Alckmin.

. Os dados estatísticos de Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e Michel Temer não são relevantes.

#Ciro Gomes #Jair Bolsonaro #Lula #Michel Temer

Temer é a peça central do golpe no Judiciário

9/04/2018
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Costura-se com linha fina um golpe do Legislativo no Judiciário. O assunto, conforme se sabe, começou a ser tratado já na madrugada da última quinta-feira, após a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou o habeas corpus contra a prisão do ex-presidente Lula. A manobra se daria em três atos: a convocação em sessão extraordinária do Congresso para discutir a PEC da presunção da inocência; a suspensão temporária da intervenção federal no Rio de Janeiro; e a votação urgente da PEC. Já se encontra na Câmara uma proposta de emenda de autoria do deputado Alex Manente (PPS-SP) que defende a prisão, mesmo se ainda houver possibilidade de recurso.

A minuta da PEC de Manente seria esquartejada, buscando constitucionalizar todos os recursos e instâncias de forma a que não haja qualquer dúvida de interpretação. Os parlamentares sediciosos são unânimes que o barco do Judiciário está à deriva, circunstância mais que perfeita para a abertura da caixa constitucional, ampliando as salvaguardas judiciais para o caso de condenação, ou seja, expandir o transitado em julgado. Os insurretos, e não são poucos ou desimportantes – contando com o apoio de um notório juiz –, pretendem levar o projeto à frente a despeito do resultado da apreciação pelo Supremo das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC).

A expectativa é que o entendimento referente às ADCs caracterize ainda mais instabilidade do STF em relação ao tema, cujas decisões sobre presunção de inocência oscilam como as marés de julgamento a julgamento e juiz a juiz. Os interventores do Congresso afirmam que a Constituição em seu Artigo 5o já trata das condições para privação de liberdade. Só que cada juiz interpreta da sua maneira, transformando os dizeres constitucionais em uma prova de múltipla escolha.

O take over sobre o Judiciário seria uma resposta à judicialização da política pela tangente golpista. O pano de fundo, porém, seria a proteção que os parlamentares estariam erguendo em causa própria. O fator Lula seria o menos relevante nesse levante, pois haveria tempo para alguma permanência do ex-presidente na prisão  o sentimento da sua culpabilidade, e a PEC poderia não ser retroativa. O petista continuaria carta fora do baralho, melhor dizer das urnas. De uma forma ou de outra, a peça-chave do putsch no STF seria o presidente Michel Temer. Caberia a ele abrir a porteira para os congressistas solicitando a suspensão da intervenção no Rio. Seria o segundo golpe de Temer.

#Lula #STF

PT prepara a campanha do “Lula, lá” no Prêmio Nobel

23/03/2018
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Acredite quem quiser: o PT está discutindo seriamente a ideia de indicar Lula para o Prêmio Nobel da Paz. Nesta semana, um grupo de intelectuais ligados ao partido se reuniu no Rio de Janeiro para tratar da questão. A julgar pelo deslocamento de petistas de São Paulo até o Rio e da notória proximidade de alguns dos personagens com o ex-presidente, é possível deduzir que o próprio Lula tem
conhecimento e, no limite, estimula a articulação. Ou seja: ao que tudo indica, não se trata de uma iniciativa voluntarista e isolada e tampouco de uma ideia solta no ar. O “projeto Nobel” contém, implícita, uma estratégia para lidar com a prisão do ex-presidente. Esta questão não foi aventada na reunião, mas está latente que a campanha pela premiação é um plano para redimi-lo posteriormente, ou seja, uma espécie de “Mandelização” de Lula. É como se houvesse um único objetivo, uma meta glorificante. Entre os petistas presentes no encontro, a posição unânime é de que ele permanecerá no pleito até o fim. O discurso é o mesmo do seu líder: renunciar à
disputa eleitoral é admitir a culpa. Os candidatos a pré-candidatos do PT são tratados como uma espécie morta. Não existem o campo da esquerda e muito menos a disposição de apoiar um nome de fora do partido. Por incrível que pareça, só existe o Prêmio Nobel de Lula.

#Lula #PT

Brasil Livre, de quem?

21/03/2018
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O líder do MBL, Kim Kataguiri, quer capitalizar ao máximo a próxima segunda-feira, data prevista para o julgamento dos recursos de Lula no TRF4. Está organizando uma celebração no Centro de São Paulo caso se confirme o pedido de prisão do ex-presidente. Pretende também aproveitar a ocasião para anunciar sua candidatura à Câmara dos Deputados. Se Flavio Rocha deixar, o incontinente Kataguri lança o nome do empresário à Presidência.

#Kim Kataguiri #Lula #MBL

A falta de contrição de Lula

20/03/2018
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Segundo a Rádio Lula, o ex-presidente atravessou os três últimos dias se rasgando por dentro. Por muito pouco, o líder popular não partiu junto com a militância para protestar pelo assassinato de Marielle Franco e carpir sua morte em público. Esse seria o Lula em estado bruto. Foi contido pelo Lula apenado, que calcula os passos cada vez mais pragmaticamente. Ele considerou que sua presença nas manifestações seria percebida como oportunista, preparatória de eventos similares após a decisão do STF, manipuladora da tragédia de Marielle. Pode ser que nada disso fosse aventado. Mas Lula intuiu que o risco existia. Preferiu a prudente discrição e não pegou a carona. Essa missão ficou para o PT, que embolou o assassinato com a condenação. Mesmo tratando o assunto com frieza incomum, o ex-presidente acha que captura a tragédia. O ambiente de protesto, raiva e dor lhe é favorável. Pode ajudar na convocação da militância às ruas. É absolutamente provável que a população que foi às lágrimas com Marielle nem sequer tenha prestado atenção no seu distanciamento. Mas também pode ter exaurido o seu pranto.

#Lula #Marielle #PT

O chumbo trocado entre Lula e Ciro não dói

7/03/2018
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Pode estar redondamente enganado quem enxergar somente tontice ou frouxidão no comportamento do líder do PT. À primeira vista, as palavras recentes de Lula remetem a um personagem sem generosidade política, até certo ponto covarde. A razão da sua insistência na disputa eleitoral seria a demonstração da sua inocência. O ex-presidente transformou sua candidatura em prova de defesa, e não o contrário. Lula afirma que, ao abandonar o pleito e buscar um substituto, estaria confessando tacitamente que é culpado.

Trata a questão de forma messiânica, como se não soubesse da sua situação. É condenado, inelegível, corre o risco de prisão, mas não arreda pé. Sua verdade seria maior do que a da Justiça. Ao perder tempo precioso para a transferência de votos a outro candidato estaria revelando só egoísmo e descaso com o campo das esquerdas. Há quem pense diferente. E se Lula estiver apostando que anunciar seu substituto agora seria queimá-lo bem antes das eleições?

Qualquer nome que tenha a indicação do líder do PT será imediatamente metralhado. A prudência se aplica, sem exceção, a qualquer que venha a ser o candidato do partido. E vale especialmente para Ciro Gomes. Por essa lógica, a manutenção da candidatura Lula seria um blefe e ao mesmo tempo um ato de proteção aos potenciais candidatos a sucedê-lo. Com Ciro, a recorrente troca de farpas poderia ser interpretada como um falso chumbo cruzado: os dois trocam tiros de festim para se proteger.

O objetivo do teatro seria preservar o político pedetista, um jogo estranhamente cooperativo no qual ambos aparentemente perdem agora para ganhar depois. Pode ser que as intenções de Lula sejam mesmo as mais rasteiras, e seu interesse já tenha se descolado da causa. O ex-presidente só estaria pensando em cuidar dele mesmo. Mas ficará nos anais das operações de inteligência eleitoral uma jogada em que estivessem sendo ludibriados os petistas, os aliados, a direita, a mídia, todos nós…

#Lula #PT

PSB flerta com Ciro, ou Lula, ou tanto faz…

1/03/2018
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Enquanto o PSB não decide se lança candidato próprio ou apoia um “estrangeiro”, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, tem se aproximado gradativamente de Ciro Gomes. Não custa lembrar que na semana anterior ao Carnaval, Câmara, um dos principais nomes do partido no Nordeste, esteve reunido com o ex-presidente Lula na sede de seu Instituto em São Paulo.

#Ciro Gomes #Lula #PSB

Eleições contemplam do plebiscito da privatização ao fundo de desestatização no atacado

28/02/2018
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O ex-presidente Lula, sabidamente um antiprivatista, recebeu da sua assessoria econômica, na semana passada, sugestão para que realize um plebiscito sobre a venda das estatais. Antes que se pense em oportunismos e narrativas eleitorais, a consulta popular não está para Lula como a intervenção federal no Rio para Michel Temer. A expectativa dos autores da ideia é que a privatização seja aclamada nas urnas. A imagem das companhias estatais foi uma das principais atingidas com a operação Lava Jato.

O plebiscito, caso favorável, liberaria o ex-presidente do seu compromisso com o estatismo. Se a decisão fosse antiprivatista, melhor para Lula, que ficaria onde sempre esteve. O mais provável, ressalte-se, é que o ex-presidente se torne inelegível e a proposta fique guardada na cachola dos seus conselheiros. O relevante, contudo, é que a privatização vai chegando ao coração da esquerda. Com diferenças de ênfase na aprovação da medida, o trio de potenciais substitutos de Lula na disputa pela Presidência – Fernando Haddad, Jaques Wagner e Ciro Gomes – não engrossam as hostes estatizantes.

A candidata Marina Silva, que ideologicamente se situa em um ecossistema desconhecido, é hoje privatista até mesmo quando quer disfarçar que não é. Como toda regra tem exceção, o provável candidato do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos, performa como isolado baluarte antiprivatista. Como o PSOL não passa de um átomo no macrocosmo da política nacional, as convicções de Boulos não alterarão o rumo de desmobilizações dos ativos públicos desde já traçado.

Todos os demais candidatos defendem com unhas e dentes que o Estado se desfaça das suas empresas. O saldo das antigas e novas adesões criou um cenário único: é inimaginável o país atravessar o período de 2019/2022 com o mesmo quadro de grandes estatais – ver RR de 18 de janeiro. Todos os presidenciáveis estão alinhados: dos mais contidos, como Ciro Gomes, aos mais disparatados, como Jair Bolsonaro. O capitão, inspirado pelo seu guru, o economista Paulo Guedes, namora privatizar no atacado. Transferiria todas as estatais para um fundo cujo valor seria abatido da dívida pública, fazendo uma espécie de recuperação judicial do passivo interno federal. O Brasil com diminuto número de empresas estatais era inimaginável. Agora, tudo indica que é inevitável. Para o bem ou para o mal.

#Fernando Haddad #Lula #Michel Temer

Termômetro

26/02/2018
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Uma decisão proferida pelo ministro Edson Fachin na última quinta-feira foi recebida com apreensão pela defesa de Lula. Ao indeferir pedido de habeas corpus para o agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, condenado na Lava Jato, Fachin confirmou a tendência de o STF acompanhar as decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) neste tipo de matéria. O STJ já havia negado habeas corpus para “Careca”. Assim como negou recentemente para o ex-presidente Lula e o ex-ministro Henrique Alves.

#Henrique Alves #Lula

Lula ensaia os versos da sua “Canção do Exílio”

16/02/2018
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Há algo que aproxima Lula de Ciro Gomes bem além das afinidades ou acordos de campanha eleitoral: o exílio do primeiro. Para ser mais exato, o exílio pela metade, pois não consta dos planos petistas mandar seu líder para o exterior. O ex-presidente não tem a áurea de santidade de Nelson Mandela ou a resistência psicológica de José Dirceu. Lula ficaria no Brasil, perto e longe do cárcere, encafuado em uma embaixada, articulando, gravando vídeos e regendo a banda de dentro daquele enclave estrangeiro no país.

Ciro tem o perfil sob medida para ser o anjo vingador do ex-presidente. Lula exilado precisa de quem o defenda, quem acenda fogo nas eleições, quem vocalize a liderança do PT com uma língua de labaredas. O cearense é exatamente essa encarnação. Esse modelo afastaria dois concorrentes a sucessores de Lula:Jaques Wagner e Fernando Haddad. Wagner transparece um certo gingado do espaguete western italiano à moda baiana; pura combinação de bonomia com a malemolência de Santo Amaro.

Já Haddad mais parece um sacristão, com imensurável capacidade para o perdão e discutível poder de indignação. Pelo enredo que circula em bem frequentadas esquinas petistas, a militância cercaria a embaixada escolhida montando um acampamento permanente. Ali, em meio à vigília, seria reduto do mito. Enquanto isso, Ciro montaria no seu cavalo Silver, com duas pistolas prateadas no coldre, e tome de tocar agitação nas cidades e na mídia.

Por essa lógica Lula passaria ao largo da prisão e com a eleição do seu ungido deteria uma forte influência no governo. O certo é que não só o PT pensa nessas cada vez mais heterodoxas saídas para tentar manter o ex-presidente no game como a situação sente-se muito incomodada com a hipótese do enfrentamento com um candidato que conhece suas intimidades, tem a agressividade como característica e estará adornado com as vestes e armas de Lula. Um candidato Sátiro, meio Ciro, meio Lula, parece ser o que as oposições podem apresentar de mais competitivo nas atuais circunstâncias.

#Ciro Gomes #Lula

Lula 2018

2/02/2018
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Enquanto o novo dono da festa não chega, o PT vai marcando comícios para o lançamento da candidatura de Lula. Os próximos serão realizados em Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Recife até o fim de fevereiro.

#Lula #PT

Doutores do obituário

2/02/2018
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Nos últimos dias, foi criado um grupo de WhatsApp para discutir a estratégia de defesa de Lula, reunindo não apenas Cristiano Zanin, mas também o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardoso, o jurista Alberto Toron e o ex-prefeito Fernando Haddad, formado em Direito pela USP. Agora que o destino do ex-presidente já parece traçado…

#Fernando Haddad #Lula

Gritos do silêncio

29/01/2018
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CUT e PT estão organizando atos de desagravo a Lula em diversas capitais do país. Os protestos culminarão com uma manifestação conjunta no dia 19 de fevereiro, data da votação da reforma da Previdência. Do jeito que anda o animus das ruas, pode até acontecer tudo, a começar por não acontecer nada.

#CUT #Lula #PT

Condenação de Lula impulsiona o nome de Ciro Gomes

26/01/2018
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A julgar pelo levantamento das redes sociais e pela reação da militância jovem do PT, Ciro Gomes ganhou considerável terreno nas últimas 48 horas. Segundo empresas de medição que trabalham para o próprio pré-candidato, o número de menções a Ciro nas mídias digitais teve um crescimento vertiginoso a partir da noite da última quarta-feira, pouco depois do anúncio da condenação de Lula no TRF4. O próprio pedetista tratou de impulsionar seu nome nas redes ao postar uma nota de apoio ao ex-presidente no Facebook. Até ontem à noite, a publicação contava com mais de dez mil curtidas, o maior grau de engajamento alcançado por um post no perfil oficial de Ciro. A reação não significa que o pedetista será o “ungido” caso Lula seja efetivamente alijado da disputa eleitoral. Mas revela que, diante das circunstâncias, os ventos parecem soprar na direção do “Cirão das Massas”. No momento, Ciro Gomes representa aquilo que os dois candidatos a “poste” de Lula – Jaques Wagner e Fernando Haddad – não entregam: uma boa dose de confronto e litigância. Em outras palavras, Ciro seria o “bad boy” que o PT e Lula não têm.

#Ciro Gomes #Lula #PT

Lei do silêncio

26/01/2018
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Michel Temer, digamos assim, orientou seus ministros a evitarem qualquer declaração sobre a condenação de Lula no TRF4. Talvez a “mordaça” sirva mais para proteger seus colaboradores mais próximos do que o ex-presidente. O que não falta no Ministério de Temer é pedra que poderá se transmutar em vidraça.

#Lula #Michel Temer

Pingo nos is

26/01/2018
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Na edição de ontem do RR, há um erro de digitação no último parágrafo da matéria “Lula avalia indicar o seu ´poste ´ antes da prisão”. O correto é “o esforço de curtíssimo prazo do PT para não deixar que o ambiente de velório, necessário em um primeiro momento, contamine…”

#Lula #PT

Lula avalia indicar o seu “poste” antes da prisão

25/01/2018
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“O que fazer?” A pergunta de Vladimir Ilyich Ulyanov, vulgo Lenin, popularizada em opúsculo do mesmo nome, invadiu a alta cúpula do PT logo após a condenação de Lula por unanimidade no TRF4. Segundo o RR apurou, intramuros os dirigentes do partido já dão como certa a prisão do ex-presidente a partir do fim de março, prazo em que os embargos declaratórios deverão ser apreciados pela própria Corte. Com a punição, a estratégia de esticar a candidatura até o mais perto possível do limite para homologação pelo TSE (15 de agosto) vai para o espaço.

Lula poderá passar grande parte da campanha eleitoral na cadeia. E o que fazer? Indicar o “poste” antes da prisão? Com a iminência do cárcere, a estratégia de anúncio do substituto do ex-presidente ganha o caráter de urgência urgentíssima. Pela avaliação dominante no PT, Lula precisa passear com o seu candidato pelo braço antes de ser preso. Ao mesmo tempo é preciso vitimizá-lo, a essa altura a fórmula capaz de valorizar a influência eleitoral do ex-presidente caso o seu encarceramento se confirme.

Esticar ao limite a candidatura Lula ou antecipar a escolha do nome que efetivamente estará na urna eletrônica em outubro? Eis a questão. Sob a ótica petista, o ideal é que a defesa do ex-presidente consiga postergar ao máximo sua prisão. Por mais tautológica e universal que a afirmação possa soar, neste momento a preocupação do partido é menos jurídica e mais política; menos humanística e mais pragmática. O PT precisa ganhar tempo para executar dois movimentos conjugados: vestir a camisa do novo candidato e tornar ainda mais trágico o calvário de Lula. O objetivo é extrair ao máximo sua carga simbólica e seu poder de persuasão sobre o eleitorado. Mesmo que Lula venha a ter sua prisão adiada ou mesmo não seja punido – hipóteses hoje improváveis -, o timing de transmissão da candidatura tornou-se central, dado que é certa a sua inelegibilidade e as alianças políticas dependem da definição do seu substituto.

Outra variável chave para o PT será o acompanhamento do impacto que a condenação terá sobre a popularidade de Lula, a mídia, notadamente a internacional, e o eleitorado. Um exemplo: está prevista para a próxima semana a divulgação da primeira pesquisa Datafolha após a decisão do TRF4. E se o resultado apontar para uma subida expressiva das intenções de voto no futuro presidiário? Some-se a isso o esforço de curtíssimo prazo do PT para não deixar que o ambiente de velório, necessário em um primeiro momento, contamine o estímulo à indignação, sem a qual Lula assistirá sua simbologia mofar na cadeia e seu poste cair por terra.

#Lula #PT

Estilhaços de Porto Alegre

25/01/2018
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Contratado para produzir o mais recente programa eleitoral do PT, o publicitário Sidônio Palmeira deverá ser confirmado como marqueteiro da candidatura do partido à Presidência da República. Sidônio comandou as duas vitoriosas campanhas de Jaques Wagner ao Governo do Bahia. Pode não significar coisa alguma; pode significar muita coisa…

Como se não bastassem o martírio judicial de Lula e a dramática escassez de novos quadros, o PT está prestes a perder uma fatia importante da sua ala jovem. Cerca de 50 diretores do movimento estudantil UJB, um dos maiores do país, deverão anunciar nos próximos dias sua desfiliação. A maioria passará a vestir a camisa do PSB.

Ontem, a entrevista de Fernando Haddad ao Estadão no último fim de semana ainda ecoava entre os dirigentes do PT. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, não escondia a irritação com o discurso de Haddad, notadamente em relação à reforma da Previdência. Na cúpula do partido, houve quem perguntasse se Haddad virou garoto-propaganda de Temer.

#Fernando Haddad #Lula #PSB #PT

Insubstituível

24/01/2018
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Lula tomou a decisão de ir a Porto Alegre na noite da última segunda-feira, por volta das 22 horas, após conversas com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e seu antecessor, Ruy Falcão. Pesou o alerta de líderes de movimentos sociais e de dirigentes do partido de que a
mobilização para as manifestações de hoje estava aquém do esperado devido à ausência do protagonista.

#Lula #PT

Negócios

O dia D

23/01/2018
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A expectativa na direção do PT é que, em caso de condenação de Lula, o “comandante” José Dirceu faça um pronunciamento amanhã, via mídias sociais, logo após a decisão do TRF4.

Máscaras de Sérgio Moro com orelhas de burro serão distribuídas à militância do PT, em Porto Alegre. A indumentária é forte candidata a ser o hit deste Carnaval.
….

A cúpula da segurança de São Paulo colocou de prontidão toda a tropa de choque da Polícia Militar para amanhã. Quem for à Av. Paulista verá talvez a maior concentração de PMs da história de São Paulo.
….

Se Lula for condenado, o MST e a Frente Brasil Popular RS pretendem manter os acampamentos próximos ao prédio do TRF4, em Porto Alegre, até o fim de semana. O objetivo é esticar a repercussão da vigília, notadamente junto à mídia internacional.

#Lula #PT

Lula e Meirelles: quem disse que não tem mais jogo aí?

22/01/2018
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Engana-se quem pensa que Luiz Inácio Lula da Silva e Henrique Meirelles são desafetos, nutrem antipatia mútua ou são incapazes de pequenas colaborações, até mesmo em tempos de guerra. Dois meses antes do fim do ano, o ministro da Fazenda, em meio ao tiroteio político, fez chegar ao ex-presidente, por intermédio de um advogado e amigo em comum, um breve arrazoado com medidas que considera relevantes para que o país reencontre uma trajetória de desenvolvimento duradouro, além da próxima década. Para efeito de formalidade, apenas uma gentileza.

Mas o subtexto é de que se tratava de uma contribuição sobre pontos limítrofes além dos quais os acordos seriam impossíveis. Meirelles esteve no grupo que originou a Carta ao Povo Brasileiro. Não há qualquer comparação entre aquela circunstância e a atual. Lula e Meirelles são adversários políticos e poderão vir a ser concorrentes na eleição presidencial. Ambos, contudo, são pragmáticos. Trocam mesuras através de terceiros.

E se poupam claramente em seus pronunciamentos públicos. É improvável que voltem a despachar juntos. Mas é bem possível que, caso Lula retorne ao governo ou mesmo eleja um dos seus “postes”, Meirelles venha a ser recrutado para um posto “distante e perto”. Algo como a Embaixada brasileira em Washington. Meirelles adoraria. E não custa recordar que nem Lula nem o PT têm mais a oferta de quadros de que dispunham no passado. Vão ter mesmo de recorrer àqueles que não estão tão longe, mas também não estão tão próximos. São poucos.

#Henrique Meirelles #Lula

FHC lelé?

22/01/2018
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Frase atribuída ao ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes: “O FHC está lelé”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou, na última sexta-feira, que “O Lula tem partido, história e trajetória. Você pode gostar ou não, mas ele tem compromisso”

#Fernando Henrique Cardoso #Lula

Privatização será a agenda do próximo quadriênio

18/01/2018
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Não é possível dizer com absoluta certeza que as estatais têm um encontro marcado com a privatização no quadriênio 2019/2022, mas essa probabilidade é enorme. À exceção óbvia de Lula, que tem como bandeira a preservação do status quo das grandes empresas do Estado, os demais candidatos à Presidência ou defendem a desestatização abertamente ou se mostram ao menos sensíveis à medida. A julgar pelas suas próprias declarações ou de seus assessores, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobras e Embrapa, só para citar as mais votadas, se tornarão public company ou serão simplesmente transferidas para o setor privado.

O ambiente político, segundo o discurso desses candidatos, estaria maduro para a privatização dos ícones do Estado. O exemplo da Eletrobras é convincente. Não houve nenhuma reação à medida além dos entraves de praxe na burocracia e na área jurídica. O candidato Jair Bolsonaro já afirmou que privatizaria a Petrobras, para início de conversa. Seu virtual ministro da Fazenda, Paulo Guedes, teria vendido todos os ativos da União há meio século. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, o “Chuchu”, é mais cauteloso; murista conforme a tradição tucana. Mas seus assessores econômicos Marcos Lisboa, Roberto Gianetti e José Roberto Mendonça de Barros não deixam dúvida sobre suas convicções privatistas. Mesmo que alguma parte do estoque seja preservada.

Se Luciano Huck vier candidato, a desestatização já é dada como certa. Seu inconteste futuro ministro da Fazenda, Armínio Fraga, está rouco de defender a medida. Igualmente enfático é o principal assessor de João Amoedo, candidato do Partido Novo, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que namora uma candidatura pelo PSB, não tem dúvidas: “Tem que privatizar”. Ele enxerga na medida uma forma de coibir as práticas ilícitas que grassam no Estado. Marina não fala sobre o assunto, aliás, pouco fala sobre qualquer coisa. Mas seu vistoso assessor da área econômica, Eduardo Gianetti, está no time da privatização. Henrique Meirelles – o pré-candidato “dois em um”, que traz a tiracolo ele próprio como seu Ministro da Fazenda – já disse que a privatização é uma “agenda nacional” e “ainda tem muita a coisa a vir nesta área”. Sobra quem? Ciro Gomes, que oscila entre meter o pau nas estatais e afirmar que elas são fundamentais para alavancar o  projeto de desenvolvimento nacional.

Digamos que Ciro pouparia a Petrobras. Para o mal ou para o bem, o mercado já está valorando as estatais. A consultoria estrangeira Roland Berger estima que está entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões o preço de 168 estatais e 109 subsidiárias da União. Há razões ideológicas e até fetichistas na pulsão de venda ou destruição das estatais. Mas a verdade é que ela explicita o desespero em relação ao trade off entre as demandas legítimas da democracia – e suas despesas respectivas – e a incapacidade de cortar os gastos até o osso, atendendo ao mesmo tempo à exigência de crescimento com justiça social. É um enrosco e tanto a banalização do ajuste fiscal, quer seja pelos argumentos de direita ou de esquerda.

#Banco do Brasil #Eletrobras #Lula #Petrobras

MBL corre contra o tempo para encher as ruas

18/01/2018
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A decisão do Movimento Brasil Livre (MBL) de transferir da Avenida Paulista para o Largo da Batata as manifestações marcadas para o dia 24 de janeiro não está relacionada à segurança, mas, sim, à “bilheteria” dos eventos. Até o momento, mesmo com todo o trabalho de impulsionamento nas redes sociais e com o alvoroço que cerca o julgamento de Lula, o número de confirmações contabilizado na internet ainda está bem aquém do imaginado pelos líderes do MBL. Mas ainda há quase semana para os influenciadores digitais, robôs e afins fazerem seu trabalho.

#Lula #MBL

PT se multiplica para o 24 de janeiro

17/01/2018
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A mobilização da máquina de militância do PT para o 24 de janeiro só encontra paralelo nos dias de eleição. Além dos mais seis mil comitês populares lançados no último fim de semana, o partido vai utilizar residências de filiados como “centros logísticos” de apoio aos mais diversos atos e manifestações programados para a próxima quarta-feira. A expectativa do alto comando do PT é ter em todo o país mais de 30 mil pontos para a distribuição de panfletos, bandeiras, além da própria reunião de militantes. Já no sábado, os “aparelhos” começarão a receber impressões gráficas e outros materiais, provenientes de dez capitais onde o PT concentrou a produção dos estandartes e adereços do 24 de janeiro. Tudo, ressalte-se, com a recomendação expressa à militância de evitar manifestações hostis – vide RR na edição de 10 de janeiro.

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A direção do PT está dando especial atenção à guerra nas redes sociais às vésperas do julgamento do TFR4. Os petistas vão convocar todos os blogs aliados. Querem invadir as redes. Lulistas e não-lulistas que se cuidem com o que promete ser o “dia nacional do fake news”.

#Lula #PT

Ajuda ou atrapalha?

16/01/2018
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Às vésperas do julgamento no TRF4, Dilma Rousseff tem falado com Lula quase todos os dias. Já avisou que estará em Porto Alegre no dia 24. Só não se sabe se a presença de Dilma mais ajuda ou atrapalha…

#Dilma Rousseff #Lula #TRF4

PT joga água fria na fervura do 24 de janeiro

10/01/2018
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A cúpula do PT está preocupada com a “dosimetria” da reação da militância caso Lula seja condenado por unanimidade pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4a Região), de Porto Alegre, no dia 24 de janeiro. Se a condenação for por dois terços – o TRF-4 é composto por três juízes –, a expectativa dos petistas é de que haja uma grande festa após o anúncio da sentença. Ninguém acredita que exista um pedido de vista e a decisão seja protelada. A condenação pelos três juízes é que causa apreensão, mesmo com a prisão – um dos fatores mais tensivos – já descartada pelo próprio TRF-4. Não bastasse a questão da sensatez, Lula não quer que as ruas virem uma praça de guerra por uma razão lógica.

Um quebra-quebra atrapalharia seus planos de seguir candidato e atrair um eleitorado da classe média ainda refratário ao seu retorno. O discurso para a militância é o de que Lula será candidato de qualquer forma. Portanto, por ora, nada de bravatas ou desafios contra o Judiciário. O recado é para “que ninguém estimule a porrada”. Segundo a fonte do RR, a direção do PT ainda não fechou questão sobre o tipo de manifestação que deverá ser priorizada, mas a corrente hegemônica no partido defende o estímulo às vigílias na véspera do julgamento.

Elas têm uma conotação bastante pacífica e geram imagens de impacto para mobilizar as mídias do mundo inteiro. Porto Alegre seria a capital da vigília. A militância dos estados do Sul é o público-alvo a ser incentivado a participar do ato. A ideia é trabalhar a logística de acordo com a moradia da militância, evitando gastos com transportes. Até porque, o partido não tem dinheiro para isso. As vigílias nos outros estados devem correr em paralelo ao chamamento dos petistas às manifestações, que ocorrerão após a divulgação da sentença. Estão sendo feitas convocações de artistas para presença em palanques. No mapa de comícios do Nordeste, estão previstas dezenas de eventos. Seja qual for a decisão do TFR-4, o início para valer da campanha eleitoral de Lula será no dia 24.

Junto com seus assessores, Lula analisa a possibilidade de um pronunciamento prévio ao julgamento pedindo tranquilidade aos petistas. Os movimentos sociais estão sendo contatados com essa mensagem explícita. O recado também foi dirigido especialmente a Gleisi Hoffmann, Gilberto Carvalho e José Dirceu. Gleisi tem estado muito próxima de Lula, não somente por ser presidente do partido, mas também pela sua função de organizadora da militância para os eventos do dia 24. O ex-presidente sabe que a senadora não raras vezes descamba para uma linguagem radical. É preciso mantê-la mansa.

Quanto a Gilberto Carvalho e José Dirceu, os dois são os mais ativos petistas nas redes sociais. Os dirigentes do partido têm usado também seus canais para fazer chegar aos altos comandos da segurança pública a sua preocupação com as ruas. O recado é que todos estão trabalhando para que as manifestações sejam tranquilas. Lula ficará o dia em São Bernardo. Há divergências se após a divulgação da sentença ele daria uma entrevista coletiva ou se guardaria para o ato da Av. Paulista. Os dirigentes petistas têm particular inquietação com esse episódio. A Av. Paulista tem imensa visibilidade nacional.

É preciso, portanto, que se contenha a reação às provocações anunciadas antecipadamente por organizações antagonistas.De onde virá o problema é sabido. A líder do movimento Nas Ruas, a ativista Carla Zambelli, já começou a mobilizar os internautas para os atos marcados pelos grupos antiPT. No WhatsApp, pede para que os amigos  personalizem o avatar. Para isso, ela  envia uma montagem com a mensagem #lulanacadeia, um desenho do petista vestido de presidiário e o espaço onde entra a imagem do usuário. A ativista convoca o internauta para o que diz ser o maior tuitaço da história. No Facebook, o Movimento Brasil Livre (MBL), outro grupo antiPT, organizou um evento para o dia 24 chamado de CarnaLula. Até o fechamento desta edição, o encontro contava com quase quatro mil presenças confirmadas.

#Lula #PT

A cartilha de Levy

9/01/2018
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O documento encomendado pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy ao Banco Mundial, que criou celeuma por sugerir uma dura “agenda liberal” para o país cumprir a PEC do Teto, está sendo usado a torto e a direito pela assessoria de Lula. Como se sabe, o ex presidente prometeu que seu governo será disciplinado do ponto de vista fiscal. Mas, não quer apenas repetir Michel Temer e Henrique Meirelles. Pretende buscar ideias novas de diversas origens. O documento do Banco Mundial é abundante em propostas para o equilíbrio das contas públicas. E grande parte delas extingue com benefícios dos, digamos assim, endinheirados do país. No mesmo documento, há uma proposta detalhada para a adoção do imposto de renda negativa, entenda-se como uma política de renda mínima para todos os brasileiros.

#Joaquim Levy #Lula #PEC do Teto

Lula ensaia o papel de “Donald Trump dos pobres”

8/01/2018
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Lula já cantou a pedra por onde vai perseguir o crescimento da economia caso possa se candidatar e seja eleito presidente: “É a renda familiar, estúpido”. E será principalmente a renda da chamada “classe C ampliada”, uma categoria inventada pela própria gestão Lula, que combina as faixas de renda inferior com a classe média baixa. A recuperação do salário mínimo e a isenção de imposto de renda até cinco salários mínimos são medidas já anunciadas que correm nesta direção. No seu jeito galhofeiro, Lula diz que vai ser o “Trump dos pobres”, em alusão ao corte de impostos aprovado pelo presidente norte-americano, que privilegia os ricos e poderosos.

Em seus dois mandatos, o crescimento econômico foi soprado pelo aumento do poder de compra das famílias, bafejado pelo Bolsa Família, aumento do mínimo e crédito consignado. O ex-presidente não falou ainda, mas a cereja do bolo seria a criação da renda mínima, que cumpriria um papel unificador das políticas assistencialistas, além de ser um novo elo da reforma da previdência e definir um conceito inovador para o piso salarial do país. O assunto ainda vem sendo burilado pelos assessores de Lula, que está ansioso para anunciar o projeto nas ruas. O seu temor é que algum aventureiro lhe roube a bandeira e lance a proposta antes.

A renda mínima cabe em um espectro ideológico amplo, que vai de Jair Bolsonaro a Ciro Gomes. Lula tem no farnel a ideia de tributar os dividendos das pessoas jurídicas, que são praticamente isentos e funcionam como uma forma de burla fiscal para a acumulação das pessoas físicas mais ricas. Vai fazer o discurso do ajuste fiscal sem dizer de onde vai tirar. Fica para depois das eleições. Até lá segue na conversa que aprendeu muito bem com D. Marisa, que sabia economizar quando o orçamento da casa estava apertado.

O tirambaço de Lula está na área fiscal. Vai prometer uma redução da carga tributária total até o fim do seu governo, que se iniciaria com a isenção de impostos para os mais pobres. Acha que se for um bom animador e a economia crescer 6%, dá para baixar o estoque de tributos entre 3% a 5%. Lula quer afinar o discurso econômico para que, na hipótese do impedimento, ele possa servir de base programática para o entendimento com outros partidos e, quiçá, com um candidato a presidente de fora do PT. Apesar da pinta de zangado, é o programa mais liberal e comportado de Lula. Só vai ser ruim para a Rede Globo. Mas essa vendeta já está prometida não é de hoje.

#Ciro Gomes #Jair Bolsonaro #Lula

Conexão Havana

5/01/2018
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José Dirceu está a pleno vapor. Além das declarações contra a “ditadura da toga”, tem enviado mensagens por WhatsApp conclamando a militância para manifestações no próximo dia 24 de janeiro, data do julgamento de Lula no TRF4. Dirceu tem dito a amigos que pode ocupar um papel de destaque na “reconstrução da esquerda” e na campanha eleitoral deste ano.

#José Dirceu #Lula

Eunício para todas as circunstâncias

2/01/2018
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Pragmático, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, atira para todos os lados. No Ceará, tem participado de um número  cada vez maior de eventos públicos ao lado do governador Camilo Santana (PT) e, não raramente, rasga elogios a Lula; quando volta para Brasília, faz juras de lealdade ao presidente Michel Temer.

#Eunício de Oliveira #Lula #PT

Pedido redobrado

2/01/2018
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No recente encontro que tiveram durante a inauguração de um campo de futebol do MST em São Paulo, Lula reforçou o pedido para que o embaixador Celso Amorim dispute a eleição ao governo do Rio. Assim fica difícil recusar…

#Celso Amorim #Lula #MST

O dia em que José Dirceu recebeu a graça de Lula

28/12/2017
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O comandante José Dirceu de Oliveira e Silva acordou no dia 1 de janeiro de 2019 como se fosse a primeira data do resto da sua vida. Tinha o hábito de dormir de pijama no estilo Príncipe de Gales. Levantou com trejeitos de um militar cubano para fazer a higiene bucal. Era a hora de abrir o corrediço de nome slide fastener, um dos mais antigos e tradicionais zíperes do mundo, inventado em 1917 pelo sueco Gideon Sundback. Durante anos o fecho éclair foi de uma ajuda e tanto para manter os lábios cerrados. Uma exceção se deu na véspera do Natal de 2017, em uma espécie de minicomício na internet, na página Nocaute, do escritor e amigo Fernando de Moraes. No decorrer de 2018, Dirceu cometeu novos hiatos nesse silêncio, estimulando a candidatura de Lula.

O ex-presidente não é só um companheiro de viagem ou correligionário. É sua chave para a vida. É Lula presidente e Dirceu livre para voar. E governar, por que não? No fundo da imaginação, ele ouve o estribilho: “Dirceu guerreiro, comandante do povo brasileiro”. Lula atravessou a segunda instância, o STJ e o STF. Cumprida essa epopeia, tinha chegado a hora do indulto. Foram 7.665 dias de prisão e 607 dias de cárcere privado, trocando com Lula mensagens cifradas. Durante esse tempo inteiro, Dirceu estudou de ponta a ponta o roteiro jurídico da sua alforria, que passava obrigatoriamente pelo retorno de Lula ao Palácio do Planalto. Em seu Artigo 84, Inciso XII, a Constituição dá ao Presidente da República o direito de conceder indulto e comutar penas. São instrumentos de alcance coletivo, por meio do qual o presidente estabelece prerrogativas para a extinção da punibilidade de um determinado grupo de condenados; todos aqueles que se encaixam nas normas estabelecidas estão livres do cumprimento da pena.

A tradição no país é que as regras para o indulto ou comutação sejam propostas pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), passem pelo Ministério da Justiça e sejam, por fim, sancionadas por decreto presidencial. Há ainda um instituto mais forte. Como presidente da República, Lula poderia conceder a José Dirceu a graça, perdão individual que remete a um poder imperial. Trata-se de um expediente raríssimo, assim como foi o domínio do fato.

São tempos de especiarias juridicantes. Dessa vez, não poderiam aludir que Dirceu cometeu a prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo ou os crimes definidos como hediondos, casos nos quais não se aplica a graça. A sua anistia estava bem protegida pela Constituição. Qualquer protelação jurídica contra um presidente consagrado pelas urnas, aí sim, o povo iria para as ruas. Uma questão de tempo. Dirceu abriu o zíper que lhe selava a boca. Mordaça nunca mais.

#José Dirceu #Lula

A esquerda em marcha até o dia 24 de janeiro

26/12/2017
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Líderes de partidos de esquerda e a direção do MST têm feito seguidas reuniões para montar a estratégia do Dia D de Lula, 24 de janeiro de 2018. Já a partir do dia 22, uma segunda-feira, haverá uma série de protestos em Porto Alegre em torno do julgamento do ex-presidente no Tribunal Regional Federal da 4a Região. Entre outras ações, o MST pretende instalar um acampamento em frente ao prédio do TRF. Guilherme Boulos, líder do Movimento, já está mobilizando artistas e celebridades da esquerda para reforçar o exército pró-Lula. Diante da astenia das ruas, há uma boa possibilidade de toda essa operação de guerra ter o efeito de um estalinho.

#Lula #MST

Sondagem revela que Lula tem o maior número de empresários fiéis; Bolsonaro passa em branco

20/12/2017
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Lula, por mais paradoxal que possa parecer, é o candidato vinculado ao maior número de nomes do empresariado. Por sua vez, Jair Bolsonaro está no extremo oposto: não consta sua ligação com os donos das grandes corporações privadas. Estas são algumas das constatações da sondagem realizada pelo Relatório Reservado junto a uma parcela da sua base de assinantes – no total, 128 pessoas, predominantemente empresários, executivos, analistas de mercado e advogados, entre outros. A verificação ocorreu entre 12 e 15 de dezembro. O RR indagou: “Quais são os empresários mais identificados com os seguintes pré-candidatos à Presidência da República?”

O levantamento indicou que há uma razoável confusão na vinculação entre empresário e presidenciável, dado o elevado grau de dispersão, a associação dos mesmos nomes a diferentes postulantes ou mesmo a ausências de indicações – na média entre todos os candidatos, 37% dos assinantes não souberam responder. O RR citará apenas as três primeiras colocações, quando houver. Ressalte-se ainda que os votos conferidos a empresários réus ou condenados na Lava Jato não foram contabilizados, devido a sua natureza eminentemente de ataque à imagem do candidato. Lula foi quem teve o maior número de empresários mencionados, 23. Segundo os consultados, Josué Gomes da Silva é o mais associado ao petista, com 7%. Certamente, a ligação entre o ex-presidente e o pai de Josué, José de Alencar, seu vice por oito anos, impulsionou as respostas.

A seguir, Jorge Gerdau, Katia Abreu, Luiza Helena Trajano e Walfrido Mares Guia, ministro do governo Lula, empatados com 4%. No terceiro lugar, com 2%, aparecem David Feffer e Armando Monteiro, ex-presidente da CNI. O oposto de Lula é Bolsonaro. Talvez o resultado que mais chama a atenção na sondagem, nenhum dos entrevistados conseguiu citar um empresário próximo ao candidato representante da extrema direita. Assim como a inexistência de identificação com um pensamento econômico, esta é outra lacuna de Bolsonaro. Ciro Gomes não chega a ter uma falta de aderência tão radical, mas também ficou clara a dificuldade dos assinantes do RR em apontar empresários ligados ao pré-candidato do PDT. Só dois nomes foram citados, por 5% e 3%, respectivamente, dos consultados: o de Carlos Jereissati, dono do Iguatemi, e o do presidente da CSN, Benjamin Steinbruch.

Certamente, a lembrança do empresário cearense foi motivada pela relação histórica de Ciro com Tasso Jereissati, irmão de Carlos. Já Benjamin até recentemente era patrão de Ciro. Segundo os entrevistados, os empresários mais identificados com Geraldo Alckmin são Roberto Setubal e Jorge Gerdau, empatados com 6%. Com 3% dos votos, vieram Abílio Diniz, Rubens Ometto e Beto Sicupira. Juntos, no terceiro lugar, com 1%, Nizan Guanaes, o presidente da Anavea, Antonio Megale, e o presidente da Fecomercio-SP, Abram Szajman. No caso de Marina Silva, deu o óbvio. Para 11%, Neca Setubal, herdeira do Itaú e fiel aliada, é a empresária com o maior grau de aderência a Marina. Em seguida, Guilherme Leal, da Natura, e Artur Grynbaum, do Boticário.

Candidato a vice na chapa de Marina em 2010, Leal foi lembrado por 7%. Grynbaum, recebeu 5% das indicações. Os entrevistados apontaram um total de seis nomes associados a Marina. Por fim, o mais “novo” candidato na praça: Michel Temer. Para 14% dos entrevistados, o presidente da Fiesp e correligionário Paulo Skaf é o empresário que apresenta a maior coesão com Temer. Quase que por atração gravitacional, o vice da Fiesp, Benjamin Steinbruch, ressurge em outra extremidade, chamado de “temerista” por 7% dos consultados. Jorge Gerdau, uma espécie de “PMDB do empresariado”, foi novamente citado, empatado com o ministro Blairo Maggi, ambos com 5%. Temer foi associado diretamente a 10 empresários. À exceção de Marina, Ciro e, obviamente, Bolsonaro, todos os demais candidatos foram vinculados a dirigentes condenados ou investigados na Lava Jato.

#Jair Bolsonaro #Lula

Factoide

19/12/2017
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O PT pretende entrar, ainda nesta semana, com uma apelação no Conselho Nacional de Justiça contra o Tribunal Regional da 4a Região. Entre outras questões, o partido vai contestar a celeridade no julgamento de Lula em segunda instância. A rigor, será mais uma peça para mobilizar a militância do que algo com alguma consequência jurídica.

#Lula #PT

Gritos do silêncio

14/12/2017
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O PT está desde já quebrando a cabeça em busca de saídas para que Lula consiga participar do debate político caso seja condenado a prisão domiciliar e impedido judicialmente de fazer qualquer manifestação pública. No partido, houve quem citasse o caso da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo, que, mesmo sem ser julgada, foi proibida pela Justiça de ter acesso a telefone e internet em sua residência. Assim como foi lembrado que, da cadeia, Eduardo Cunha publicou dois artigos na Folha de S. Paulo. Em meio às incertezas, os mais otimistas acreditam que, mesmo impossibilitado de se pronunciar, o valor simbólico de Lula terá peso sobre a eleição. Lembrai-vos de Nelson Mandela.

#Adriana Ancelmo #Lula #PT

Debate eleitoral promete quebrar o tabu sobre as reservas cambiais

12/12/2017
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O uso de reservas cambiais para aditivar os investimentos e melhorar a situação fiscal, medida que já foi classificada como uma panaceia das esquerdas, será trazida para o centro do debate em 2018. De acordo com a mais recente edição de Insight-Prospectiva, boletim informativo da Insight Comunicação distribuído aos assinantes no último dia 5, Lula tem esmiuçado o assunto com os economistas do PT, tais como Nelson Barbosa, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Pochmann e Ricardo Carneiro. Duas propostas são lapidadas.

A primeira passaria pelo BNDES e envolveria um encontro de contas. Banco Central e Tesouro, por meio das devidas transferências, capitalizariam a agência de fomento, de forma que ela não precisasse devolver os R$ 130 bilhões de empréstimos para cumprir a chamada “regra de ouro” – norma que proíbe o financiamento dos gastos de custeio do governo por intermédio da emissão de títulos públicos. Como o país carrega US$ 380 bilhões em reservas, o uso de US$ 50 bilhões do lastro cambial capitalizaria o BNDES acima dos 100% do que ele está escalado para devolver.

Uma das formas para a execução dessa operação seria por meio de recebíveis da disponibilidade do Tesouro Nacional depositadas em sua conta única no Banco Central. De janeiro a novembro, essa fonte, que somente está sendo utilizada para o gasto de despesas de custeio, financiou despesas de R$ 92,2 bilhões. Desde 2014, a conta única cresceu R$ 433 bilhões. A explicação seria a política de câmbio combinada com o alto valor das reservas.

No presente, essa fonte de financiamento está sendo utilizada pelo governo para evitar que ele quebre a “regra de ouro” e seja decretado como incapacitado. O saldo dessas tecnicalidades é que o BNDES teria mais recursos para fazer políticas proativas de fomento. Outro caminho cogitado nas conversas entre Lula e os economistas do PT envolveria o aumento do crédito interno por intermédio do Banco Central, medida, por sinal, que tem defensores fora das hostes petistas, caso do sócio da consultoria Tendências, Nathan Blanche. Nesta hipótese, o BC abriria linhas de crédito aos bancos públicos e privados, com base nas reservas.

As instituições financeiras, por sua vez, ofertariam os recursos às empresas para investimentos em concessões, privatizações ou mesmo greenfield. O BC teria uma remuneração maior para as reservas do que a obtida com o investimento em ativos no exterior – quase a totalidade do lastro cambial do país. E se o BC transferisse recursos das reservas diretamente para o BNDES, substituindo os aportes de recursos feitos pelo Tesouro, essa operação também teria o efeito líquido de rebaixar a dívida bruta.

Para Lula, empunhar a bandeira do uso das reservas cambiais traria um paradoxo que nenhum outro candidato precisaria enfrentar. A proposta exigiria do petista um contrapeso, com o anúncio de medidas conservadoras. Diminuir as reservas cambiais em um ambiente de insegurança internacional pediria um discurso antagônico à agenda de desconstrução das reformas liberais do governo de Michel Temer. Trata-se do corner imposto por Temer, sua maldição a quem se afastar demais da sua agenda.

#Banco Central #BNDES #Lula #PT

Lula lá e acolá

5/12/2017
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Um badalado cientista político distribuiu, ontem, a seus clientes uma exegese da última pesquisa Datafolha. Alguns dos dados foram pouco ou nada comentados. Desde março de 2016, quando atingiu seu maior patamar (57%), o índice de rejeição a Lula vem caindo seguidamente. Hoje é de 39%. Paralelamente, o potencial de influência do apoio do ex-presidente a outro candidato sobe a ladeira. Cerca de 50% dos entrevistados admitiram a possibilidade de votar em um nome indicado por Lula. Em setembro, esse índice estava em 43%. Com o vento da preferência eleitoral soprando vigorosamente a favor do ex-presidente, somente uma mudança de rota imposta pelo Judiciário impede Lula lá.

#Lula

Água filtrada

1/12/2017
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A queixa-crime contra Marcos Lula apresentada pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, já foi encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça. Morando, do PSDB, denunciou o filho do ex-presidente Lula por suposto crime contra a honra devido ao um post no Facebook. Na mensagem, Marcos Lula acusou o prefeito de defender a violência policial contra estudantes que ocupavam uma escola de São Bernardo.

#Lula

Uma casa valiosa no tabuleiro eleitoral

22/11/2017
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O governador do Ceará, Camilo Santana, tornou-se peça valiosa no xadrez eleitoral para 2018. Lula tem se empenhado para convencê-lo a permanecer no PT – há alguns meses Santana fala sobre a possibilidade de trocar de sigla. Este é um movimento vital para proteger um importante flanco do partido no Nordeste. De 2002 para cá, o PT ganhou todas as eleições presidenciais no Ceará, sempre com índices acachapantes. No segundo turno de 2014, Dilma Rousseff obteve 74% dos votos. Quatro anos antes, a goleada foi ainda maior (76%). Camilo Santana vem sendo cortejado pelos maiores caciques da política cearense. Tasso Jereissati, de quem é amigo, tenta convencê-lo a marchar para o PSB. Em troca, o PSDB deixaria de lançar um nome próprio para se coligar ao PSB e apoiar sua candidatura à reeleição. Ciro Gomes também lhe abriu as portas do PDT. O mesmo vale para o PMDB de Eunício de Oliveira. Se bem que, no caso do PDT e do PMDB, por uma via transversa, Camilo Santana pode correr, correr, correr e acabar de volta no palanque de Lula.

#Camilo Santana #Lula #PT

Lula deixa o mercado com os nervos à flor da pele

17/11/2017
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Dirigentes do mercado financeiro estiveram, ontem (16/11), à beira de um ataque de nervos. O motivo foram os rumores de que Lula daria uma entrevista anunciando a espinha dorsal do seu programa econômico: anular todas as reformas realizadas pelo governo de Michel Temer, a exemplo da trabalhista e da PEC do Teto. O ex-presidente já arranhou o
assunto antes, mas um pronunciamento formal seria bem diferente de declarações a esmo.

O aumento da tensão não se refletiu no prêmio de risco dos ativos. No entanto, a verdade é que a temperatura vem subindo nas últimas duas semanas com a crescente probabilidade de Lula vir a se candidatar. As mesas de operações, que o consideravam alijado das eleições, trabalham principalmente com a hipótese de ele ser condenado em segunda instância, mas obter uma liminar no STF, o que garantiria, mesmo na condição de réu, sua presença no certame. O ex-diretor de política monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, resume o sentimento: “Voltamos a dançar na borda do abismo”. O “fator Lula” pode não provocar a histeria de 2002. Mas incomodam as evidências de que a “margem de reconciliação” do ex-presidente com os mercados está se tornando mais estreita.

Lula não emitiu nenhuma mensagem ao empresariado. A ausência de comunicação tem preocupado, sobretudo, ao mercado financeiro, que enxerga o risco das agências de rating rebaixarem o Brasil. Ao contrário do primeiro mandato, o recurso a uma nova “Carta ao Povo Brasileiro” é descartado pelo próprio Lula, segundo apurou o RR. A interpretação é que o expediente seria considerado uma fraude.

Lula também tem pouca “gordura” de onde tirar o argumento para uma guinada à direita. Em 2002, o dólar estava a R$ 4,20 e dizia-se que o Brasil ia quebrar. Havia espaço para justificar a “Carta”. Hoje, o dólar está a R$ 3,20 e os juros Selic adormecem na faixa de 7,5%. Um cenário econômico bem mais suave do que o da primeira eleição. Também é bem diferente o naipe da sua equipe. Lula tinha Antônio Palocci, à frente, que era sua voz junto ao mercado. Isto para não falar de Henrique Meirelles, cuja presença no BC começou a ser cogitada antes da eleição. Lula agora está só.

Os bancos que lhe deram guarida estão assustados. As empreiteiras são peças fora do tabuleiro. E o empresariado da indústria nacional, atraído pelo vice-presidente José de Alencar, se sobreviveu, está retraído. O pavor é que o ex-presidente não acene com uma distensão até janeiro ou fevereiro. Este período seria a data limite para que as conquistas feitas na inflação, juros e câmbio fossem dinamitadas. O problema, contudo, é o que Lula vai dizer. Hoje é mais provável que nem mesmo ele saiba.

#Lula #Michel Temer

Fora “Fora, Temer”

14/11/2017
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A cúpula do PT e o recém-contratado marqueteiro Sidônio Palmeira, indicação de Jaques Wagner, buscam um mote para 2018. A palavra de ordem “Fora Temer”, que nunca foi um slogan de campanha, já deu o que tinha de dar, ao cumprir sua função pós-impeachment de Dilma Rousseff – ainda que tenha mobilizado poucos manifestantes no eventos de rua. O risco do PT é perder o timing e só definir o novo mote depois de um outro lema ter surgido naturalmente em decorrência dos fatos: “Solta Lula“.

#Dilma Rousseff #Jacques Wagner #Lula #PT

O “Plano A” do PC do B

9/11/2017
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Há um cheiro de festim no lançamento da candidatura de Manuela D´Ávila à Presidência da República. Uma ala do PC do B sonha com outro cenário: emplacar a deputada como vice de Lula em uma aliança com o PT. Os comunistas propagandeiam os atributos eleitorais de Manuela: além de mulher e jovem, trata-se de uma puxadora de votos na Região Sul, especialmente no Rio Grande, visto como um estado refratário ao PT. Devem ser os efeitos da comemoração do centenário de 1917.

#Lula #PC do B

Melhor que nunca

11/10/2017
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Lula tem feito ginástica todos os dias. Diz que nunca esteve tão bem fisicamente. E se diverte desafiando seus interlocutores a ver quem faz mais polichinelos…

#Lula

“Italiano”

28/09/2017
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A expectativa no próprio PT é que Lula cancele sua participação no Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas do partido, que será realizado em Brasília nos dias 2 e 3 de outubro. A última semana foi particularmente dolorosa para o ex-presidente.

#Lula #PT

Ataque nuclear

11/09/2017
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O ex-presidente Lula tem sido ameaçado de morte. Pelo menos é o que diz um interlocutor íntimo. Segundo a fonte, Lula vai revelar as intimidações na audiência com o juiz Sérgio Moro, no próximo dia 13, em Curitiba. Daí para os comícios será um passo.


O testemunho de Antônio Palocci incriminando os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff é bombástico devido à proximidade intestina com ambos, mas não chega a ser revelador em relação aos depoimentos de Marcelo e Emilio Odebrecht. As “novidades” estão guardadas para a negociação da delação premiada. São mais de 50 empresas envolvidas com propinas.


A bomba H de Palocci sobre o setor privado vai surpreender pelo ineditismo dos nomes. O ex-ministro vai avançar em relação ao universo de 47 companhias que contrataram os préstimos de sua consultoria, a Projeto, entre 2007 e 20015.

#Antônio Palocci #Dilma Roussef #Lula #Sérgio Moro

O eclipse de Haddad

11/09/2017
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Fernando Haddad – o plano A ou B ou, sabe-se lá, C de Lula – tem feito discretas viagens pelo país. Nos últimos dois meses, esteve em cidades de seis estados. O roteiro é quase sempre o mesmo: encontros reservados com lideranças locais do PT e entidades do terceiro setor. Tão reservados que praticamente não têm repercussão alguma.

#Fernando Haddad #Lula #PT

O sorriso de Lula é para todos?

28/08/2017
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A campanha marqueteira de Lula já está em andamento. O ex-presidente adorou o slogan eleitoral “Sorria com Lula”. Ele assistiu diversas vezes a “Tempos Modernos”, filme de Charles Chaplin, e se debulhou em lágrimas com a canção “Smile”. Lula acha que a mensagem cola porque é verdadeira. Tem convicção de que o povo sorriu mais no seu governo. E ele encarna perfeitamente o slogan, com sua trajetória de imigrante nordestino.

#Lula

Lula começa a esculpir a imagem do candidato

16/08/2017
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O ex-presidente Lula voltou a se aconselhar com o marqueteiro Duda Mendonça. Tudo na moita, conforme recomenda a delicada situação pública dos dois interlocutores. O telefonema curto e breve ocorreu na semana passada e envolveu um intermediário. Lula, como é do seu feitio, quis testar com Duda aquilo que já está decidido na sua mente. Sua estratégia não é informar nem convencer, os dois mantras de Duda, mas confundir.

O “Lula brigão”, pronto para o pau, vai ceder lugar a um Lula mais ausente, que dispensa o barulho da militância nessa fase, um Lula que morde e recua. O ex-presidente fez chegar ao marqueteiro que não quer agitação, pelo contrário. Quanto menos ruído ele e sua turma fizerem maior o estrondo de cada ato administrativo da situação a favor da sua candidatura. Não é mais, portanto, o “Lulinha paz e amor”, mas um Lula maduro, sofrido, que cogita voltar, mesmo com todo sacrifício, em nome de um povo subtraído dos seus direitos e cujas condições de vida pioraram muito desde sua gestão. Pelo menos é o que ele quer fazer com que os outros pensem. O teste da estratégia começa a partir de amanhã, quando o ex-presidente inicia sua caravana pelo Norte-Nordeste.

Nada de cuspir fogo nos palanques. Segundo a fonte, Duda concordou com a estratégia do “deixa o governo botar o retrato do velho outra vez”. Michel Temer é o grande eleitor de Lula. Cada movimento da sua gestão corresponde a mil comícios a favor do PT. O momento, portanto, não é de fazer marola, mas de torcer que mais e mais reformas venham à tona. Lula teria comentado:”O incrível é que o Temer e a banda dele não entendem isso”.

Na próxima audiência com o juiz Sérgio Moro, por exemplo, estará presente um Lula mais tranquilo e contido. O projeto é evitar manifestações depois do depoimento. Os excessos somente atrapalham aquele que pode correr parado. Duda teria gostado dessa estratégia de ora confirmar a candidatura, ora a deixar em dúvida, enquanto os fatos vão cevando o seu fortalecimento eleitoral.

Uma mistura de “vou, sim” com “vou ver”. Quando estiver com a candidatura consolidada, Lula decidiria à luz das circunstâncias se iria ele próprio para o certame ou indicaria o seu abençoado. Para o sim ou para o não, Duda Mendonça teria aconselhado a mesma estratégia de “ficar na sua” ao conterrâneo Jaques Wagner. Cresce o convencimento de que, se fosse hoje o dia da decisão e Lula não partisse para a disputa, o baiano, judeu, umbandista e carnavalesco teria a sua bênção para ser o candidato do PT.

#Lula #Michel Temer #PT

Tatuagem

15/08/2017
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Renan Calheiros quer grudar em Lula. Não só o recepcionará em Maceió na próxima segunda-feira, dia 20, como pretende acompanhar o ex-presidente em quase todos os eventos previstos para o seu giro de dois dias pelo interior de Alagoas. A expectativa de Renan, pai, é que Lula dê uma firme declaração de apoio a Renan Filho, que disputará a reeleição ao governo de Alagoas.

#Lula #Renan Calheiros

Comensalismo

14/08/2017
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O périplo de Lula pelo Nordeste terá mil e uma utilidades. Os governadores do Ceará e da Bahia, Camilo Santana e Rui Costa, aproveitarão a presença do ex-presidente nos respectivos estados para adubar suas candidaturas à reeleição.

#Camilo Santana #Lula #Rui Costa

O diário de bordo do Lula

10/08/2017
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Lula, Lula e mais Lula. O programa do PT em rede nacional, que vai ao ar no dia 12 de outubro, será um diário de bordo da viagem do ex-presidente pelo Nordeste.

#Lula #PT

Dois pés na estrada

26/07/2017
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Lula vai iniciar um périplo por cidades do Nordeste na segunda semana de agosto. O ponto de partida será o interior da Bahia.

#Lula

O outono da nossa insipiência em São Petersburgo

21/07/2017
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Nem bem o RR desceu os três primeiros degraus da Hotel Corinthia, cravado no centro da Avenida Nevsky, em São Petersburgo, deu-se início à bateria de interrogações. Auxiliado pela tradutora, tome de perguntas para uns e para outros: “Você sabe quem é Lula?”; “Ouviu falar na roubalheira no Brasil”; “O que você conhece do Brasil?” As respostas dos populares não são nada entusiasmantes. O Brasil continua sendo uma terra meio indígena, com lindas praias, belas mulheres. Ah, e tem o Pelé, que esteve recentemente em Moscou, na Copa das Confederações.

Lula aparece duas vezes na sondagem relâmpago. A primeira pergunta é feita a um rapaz ruivo, de nome Aleksander: “Já ouviu falar do Lula”? “Acho que é o presidente do Brasil, que está envolvido em um caso de corrupção. Procede?” Sim, procedia. O outro rapaz, de nome Andrey, também conhecia Lula, mas confessava ter boa impressão do presidente, que entendia “ser meio comunista, assim que nem Putin”. Mas foi Aleksander quem definiu bem as diferenças: “Se lá no Brasil, pelo que ouço, a corrupção se passa no Congresso, vocês não sabem o que é um sistema apodrecido. Aqui a corrupção se dá no dia a dia. A gente vai ao hospital, por exemplo, e tem de dar um agrado ao médico. Quanto maior a gravidade da doença ou urgência de tratamento maior a cifra”.

Ciente do baixo reconhecimento da realidade brasileira em terras russas, o RR decidiu visitar dois ministérios para ver se os funcionários do atendimento eram mais versados nas histórias que gorjeiam em nossas plagas. Primeiramente, foi ao Ministerstvo torgovli i promishlennosti (Ministério da Indústria e Comércio) perguntar à funcionária Natália, uma senhora de olhos bem azuis, se ela se lembrava de algum brasileiro. Sim, ela se lembrava de “inzhener” Batista ou o engenheiro Eliezer Batista, que há trinta e poucos anos era figurinha fácil na então União Soviética.

Antes que alguém pergunte, Natália não tem a menor ideia de quem é Eike Batista. Próxima parada: o Ministério do Trabalho (em russo Ministerstvo zanatosti i truda). O RR fez a mesma pergunta: “Manjas alguém do Brasil? “A resposta foi seguida de um cantarolar entusiasmado: “Dirceu – voin brazilskogo naroda”, mais conhecida nas convenções do PT como “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro”. O atendente, de nome Pavel, prometeu cantar a musiquinha na Copa do Mundo de 2018, que irá se realizar neste país eurasiano. A Rússia nunca esteve tão longe e tão perto do Brasil.

#Lula

Sindicalismo turbinado

20/07/2017
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Monica Zerbinato, ex-secretária de Lula por 13 anos, e seu marido, Osvaldo Bargas, diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT) foram vistos desfrutando do capitalismo opressor da Itália e flanando em uma Ferrari Testarossa de US$ 1 milhão. A fonte do RR estava lá, implacável, e clicou os dois pombinhos, que olhavam o horizonte transparecendo a pergunta: por que essa maldita reforma trabalhista tinha de incluir o fim do imposto sindical?

#CUT #Lula

O Dia D de Lula

13/07/2017
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Lula conversou por oito minutos com José Dirceu ontem no início da tarde, logo após o anúncio da sentença do juiz Sérgio Moro.


Por falar em Dirceu, o ex-ministro tem aproveitado a liberdade para engatar uma intensa agenda de reuniões políticas em seu apartamento. Já deu até para sentir o gostinho dos tempos em que recebia a República em seu quarto no hotel Naoum, em Brasília.


Ontem à tarde, a ordem no PT era acelerar a montagem de uma agenda de eventos públicos e viagens para Lula, que será deflagrada já na próxima semana. Dirigentes do partido, por sua vez, repetiam o mantra: “Lula vai se defender nas ruas”.

#José Dirceu #Lula #Sérgio Moro

Pautas: 2018 e Ciro Gomes

11/07/2017
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Lula reuniu-se com o ex-ministro Roberto Mangabeira Unger há cerca de duas semanas, em São Paulo. Falaram muito sobre 2018. E, claro, sobre Ciro Gomes.

#Ciro Gomes #Lula

Chacoalhando as militâncias

4/07/2017
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Lula avalia participar de comícios nas principais capitais brasileiras ao longo das próximas semanas. Seria uma maneira de chacoalhar a militância às vésperas do veredito de Sérgio Moro.

#Lula #Sérgio Moro

De Lula para o mundo

26/06/2017
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Lula articula uma entrevista a jornal estrangeiro de grande expressão. Pretende dizer que seu maior propósito é unificar o país, criar um clima de concórdia e terminar com a raiva que hoje os brasileiros têm de brasileiros. Tudo bem que esse seja o discurso lá fora. Mas aqui dentro, depois da sentença de Moro, o pau vai comer firme.

#Lula #Sérgio Moro

O mutismo de José Carlos Bumlai

13/06/2017
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O mutismo de José Carlos Bumlai está com os dias contados. A família o pressiona a quebrar o voto de silêncio, em resposta à delação de Antonio Palocci, que promete atingir em cheio o “amigo de Lula”.

#Antônio Palocci #José Carlos Bumlai #Lula

Brasilianas

1/06/2017
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Lula torce em silêncio para que Michel Temer prossiga no cargo, se esvaindo em sangue por todos os poros.

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O entorno de Nelson Jobim aguarda um eventual acordo de delação premiada do banqueiro André Esteves. Jobim não quer ser presidente só até 2018, mas, sim, prosseguir até 2022.

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O Palácio do Planalto tem informações seguras de que o deputado da mala, Rodrigo Rocha Loures, está fazendo sua “delação” todos os dias. Pela imprensa.

#André Esteves #Lula #Michel Temer

A Operação Lava Jato que se cuide: os pragmáticos estão chegando

24/05/2017
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A proposta de um circuit breaker na Lava Jato espocou, ontem, em Brasília, São Paulo e Rio, os três pontos cardeais da política, como o elo ideal de um acordo entre os partidos para a sucessão do presidente Michel Temer via eleições indiretas. Segundo as informações vindas dessas três direções, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e o próprio Rodrigo Maia seriam favoráveis a um pacto que levasse em consideração um mínimo de previsibilidade no cenário nacional, o que incluiria dar continuidade às reformas já decididas, apoiar a política econômica do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e congelar o risco Lava Jato até as eleições de 2018. Esta última premissa implicaria um waiver para a frente em delações premiadas, vazamentos seletivos e prisões coercitivas, entre outras práticas menos votadas.

O ponto de concórdia é que o país é maior do que a República de Curitiba. A tarefa exige alinhamento total entre os astros. Primeiro é necessário convencer a obstinada força-tarefa curitibana, e suas ramificações paulistas e cariocas, além dos bolsões radicais, porém sinceros, da Polícia Federal. Esse agrupamento tem monopólio de informações comprometedoras capazes de enrubescer até o mais longevo chefão do FBI, Edgar Hoover, caso ele estivesse entre nós.

Depois é preciso articular a mídia, que teria de ser mais parcimoniosa em relação ao provável ataque de vazamentos. Seria obrigatório acertar com Lula como ficaria o seu passivo de sete inquéritos quase repetitivos, já que o waiver a ser acordado é para o porvir e não para trás. E finalmente o entendimento exigiria uma saída sem constrangimento prisional a Michel Temer. Tudo passaria pelo crivo do Supremo Tribunal Federal, anfiteatro do pacto nacional. Em uma visão cínica, eventuais ressalvas às concessões no acordo não seriam excepcionais, tendo em vista decisões de imensa magnitude pragmática tais como a premiação pela delação de Joesley Batista.

O jurista Nelson Jobim é a unanimidade entre os poderosos para assumir o papel de negociador e liaison entre o Congresso e o STF. O maior desafio, contudo, é explicar essa colagem para o distinto público. Apesar de que algumas forças da mídia já ensaiam a defesa da tese na antessala de qualquer acordo. Por enquanto, há mais desejo do que encaminhamento factível pelas partes interessadas.

#Eleição Nacional -2018 #Lava Jato #Lula #Michel Temer

Lula vai ao ponto: “Diretas Já”, mas nem tanto

23/05/2017
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Nas coxias dos festejos de posse da nova diretoria do PT municipal de São Bernardo dos Campos, na última sexta-feira (19), o grito de “Diretas Já” soou abafado pela preocupação com as suas próprias consequências. Ao longo do fim de semana, Lula, Ruy Falcão e juristas do partido se dedicaram a decifrar as possibilidades de conflito jurisdicional entre as decisões do TSE, do STF e do Congresso Nacional nas múltiplas hipóteses de desfecho do governo Michel Temer. Falou-se mais sobre o Amazonas do que sobre a PEC do deputado Miro Teixeira propondo a escolha imediata do novo presidente pelo voto popular.

A jurisprudência reafirmada com a cassação pelo TSE da chapa do governador e vice-governador amazonenses e a determinação de que sejam realizadas eleições diretas deixa um flanco por onde passaria a escolha popular para o substituto de Temer. No cenário sobre o qual os petistas mais se debruçam, entre 6 e 8 de junho, o TSE cassaria a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, a julgar pela carrada de provas de uso ilegal de dinheiro. O presidente também pode ser apeado por processo penal, mas o prazo para que isso ocorra antes dos 14 dias que faltam para a decisão do TSE parece exíguo.

No caso de impeachment, outra hipótese deste mosaico, esse, sim, ficaria para bem depois do julgamento das contas de campanha, ainda que Rodrigo Maia aceitasse de imediato um dos pedidos de afastamento protocolados na Câmara. Uma solução menos torturante seria a renúncia, conforme preconiza a mídia mais poderosa, que levaria diretamente ao art. 51 da Constituição com o Congresso elegendo em 30 dias o futuro comandante da Nação. Para Temer, essa hipótese faria sentido se negociada no âmbito do recurso ao STF caso o TSE decida pela cassação da chapa com Dilma Rousseff.

Lula e seus acólitos avaliam o quanto de gasolina devem despejar sobre o fogo ligeiramente aceso da militância. Uma primeira questão é a garantia de que, na hipótese de diretas, o presidente eleito poderá concorrer novamente em 2018 sem empecilho de ordem legal. Caso haja a menor possibilidade de restrição, o candidato do PT seria tampão, muito provavelmente o ex-ministro Celso Amorim.

O ex-presidente seria preservado para a próxima eleição. As diretas no curto prazo livrariam Lula do impedimento da sua candidatura, com eventuais e prováveis condenações em julgamentos de primeira e segunda instância. Mesmo que a batalha de Temer com o STF durasse até dezembro, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumindo o cargo nessa situação de dupla vacância do poder, não haveria  tempo para a realização do segundo julgamento do ex-presidente.

Se ganhar a candidatura, Lula deverá acusar perdas na integridade do discurso político. Provavelmente seria levado a fazer concessões em relação a algumas das principais iniciativas do atual governo, a exemplo da PEC do Teto e as reformas da Previdência e trabalhista. Mesmo alguns lulistas de carteirinha volta e meia repetem a máxima de Leonel Brizola: “Não confie no Lula.

Ele é capaz de trair até o último momento”. No caso em questão, trair a sua própria militância. Não seria a primeira vez. Na eleição presidencial de 2010, Lula mandou às favas seu compromisso de campanha e assinou a célebre Carta ao Povo Brasileiro. Quem sabe poderia fazer novas reformas e um controle de gastos sem um teto constitucional? Trocar seis por meia dúzia? E Lula seria crível para o sistema, que o odeia mais do que nunca?

Há também uma questão de fundo: quanto mais incendiar a militância mais fortes serão as pressões para que Temer renuncie antes mesmo de qualquer decisão do TSE, atitude esta que, por sua vez, jogaria água gelada nas diretas. Por essa ótica, seria de bom senso acalmar as ruas. Ou não, se a PEC de Miro Teixeira for para valer. Segundo a fonte do RR, Lula anima mais a torcida pelas eleições imediatas do que os dirigentes do PT. De contradição em contradição, o “Diretas Já” vai se aproximando de uma palavra de ordem oca.

#Dilma Rousseff #Lula #Michel Temer #PT

Lula e Dirceu

16/05/2017
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Lula avalia os prós e contras de um encontro público com José Dirceu. Para a militância, seria uma injeção de ânimo; para Curitiba, uma indiscutível provocação.

#José Dirceu #Lula

A missão de Temer na “Operação Troca Dono”

16/05/2017
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A operação Lava Jato e o governo de transição de Michel Temer têm objetivos complementares declarados e não declarados. O combate à corrupção e a caracterização de Lula e do PT como núcleo central da roubalheira são bandeiras explícitas do Ministério Público. No caso do governo Temer, há concordância plena com a punição dos entes privados envolvidos na Lava Jato.

O alvo não declarado, contudo, é a mudança da titularidade e da geografia no controle societário dos grandes grupos empresariais. Digamos que Lula e o PT tenham aparelhado o Estado brasileiro, com a nomeação dos cargos de primeiro, segundo, terceiro, quarto e outros escalões de estatais e do setor público. Temer, por sua vez, quer aparelhar a grande burguesia nacional. Está dito no não dito.

A inação sobre o imbróglio da leniência é eloquente. Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, AGU, TCU e MP divergem em relação ao acordo, atrasam o processo de salvação das empresas e ninguém se apresenta para arbitrar o impasse. Com isso, BNDES, Petrobras, Banco do Brasil e governos importadores de serviço matam os principais conglomerados. Michel Temer et caterva não podem vocalizar oficialmente o projeto de “mudança societária na marra”. Mas, há francos porta-vozes à disposição. Exemplo: para o tucano Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, a Odebrecht deveria ser vendida.

No caso das empresas envolvidas na Lava Jato, ele sugere um modelo similar ao Proer, em que os controladores dos bancos foram afastados. A bola da vez dessa escalada para criação de um empresariado novo, cosmopolita – e, preferencialmente, sob o mando do capital estrangeiro – é a indústria da proteína (há sites que insistem irresponsavelmente que os bancos virão a seguir). Quando se fala nesse setor, fala-se da JBS. Há uma sequência de acontecimentos que induzem a pensar que os objetivos declarados da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal e os não declarados do governo Temer se reencontram agora na cadeia da proteína e, mais especificamente, na empresa dos irmãos Batista.

Nessa linha do tempo, não obstante seu impacto nocivo sobre o setor e as contas externas brasileiras, a Carne Fraca teria sido apenas um aquecimento para a operação deflagrada na última sexta-feira, com as diligências na sede da JBS e no BNDES e os mandados de condução coercitiva contra o empresário Joesley Batista e o ex-presidente do banco, Luciano Coutinho. Grandes empresas do país podem ter cometido práticas condenáveis e devem ser punidas por elas. Isso não quer dizer que há de se concordar com um projeto de poder cujo objetivo seria deslocar o controle de algumas das maiores corporações do país que deram certo.

No caso da JBS, em 2009 a empresa empregava aproximadamente 19 mil pessoas. Cinco anos depois, esse número já beirava os 120 mil, contando apenas os postos de trabalho diretos no Brasil – hoje são 160 mil. Em 2007, as exportações da JBS somavam US$ 3,8 bilhões. No ano passado, bateram nos US$ 14 bilhões. Do ponto de vista do investimento em si, poucas vezes na história o BNDES fez um negócio tão rentável.

Se tivesse vendido sua participação na JBS quando a ação bateu nos R$ 17, em setembro do ano passado, o banco realizaria um lucro da ordem de R$ 6 bilhões – no momento do primeiro aporte da agência de fomento na empresa, em 2007, a cotação era de apenas R$ 7. O Brasil ganhou em todos os sentidos com a hegemonia no mercado mundial de proteína, o que tacanhamente é reduzido à aposta em um “cavalo vencedor”. Pode ser que haja um projeto em curso para desnacionalizar a JBS, entre outras corporações. Assim é, se lhe parece.

#Lava Jato #Lula #Michel Temer #PT

O sangramento de Lula no Dia das Mães

15/05/2017
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Os advogados de Lula pretendem transformar em peça de defesa a denúncia de que o ex-presidente teria afrontado o TCU e se acumpliciado nas irregularidades da Petrobras. Eles iniciaram o levantamento de evidências no sábado (13/05) véspera da publicação na primeira página de O Globo de manchete afirmando que “Lula foi alertado de suspeitas na Petrobras”. Segundo apurou o RR, não existem provas nas delações, nos relatórios do TCU, na documentação da Petrobras (atas do Conselho e documentos da diretoria) de que o ex-presidente teria “vetado a inclusão das obras da estatal na lista (de irregularidades) e liberado os recursos”.

Ou seja: a denúncia não está amparada em qualquer comprovação. Segundo as normas, cabe ao órgão do governo arrolado em “suspeições” esclarecer as dúvidas levantadas pelo TCU, instância fiscalizadora integrante do Poder Legislativo, conforme o art. 71 da Constituição Federal. Há controvérsias em relação a essa subordinação, mas de qualquer forma trata-se de um órgão opinativo, que auxilia o Congresso Nacional no exercício do controle externo. Para os advogados, a maior desqualificação da “denúncia” é o próprio histórico do TCU, que mais levanta questões do que suspeitas, e o faz a granel. Desde Getúlio Vargas não existe, à exceção dos governos militares, nenhum presidente da República que não tenha recebido ressalvas nas suas contas orçamentárias.

Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff, todos foram alvos de processos, dezenas, em alguns casos mais de centena. As contas de Itamar Franco, o probo, foram aprovadas 16 anos depois do encerramento do seu governo. São raras as licitações que não merecem reparo da área técnica do TCU. Todos os executivos de estatais são igual e historicamente citados em relatórios de “suspeição” – a Petrobras é campeã desde sempre, devido a sua hegemonia no numero de obras realizadas no país.

Não existe dirigente do setor público que não conste das investigações do TCU, com seu nome devidamente registrado no processo. Os advogados já juntaram casos e mais casos emblemáticos. Um exemplo: o ministro Benjamin Zymler, do TCU, mandou abrir investigação sobre compras autorizadas pelo então diretor da Petrobras Delcidio do Amaral, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de turbinas a gás para usinas termelétricas feitas junto a francesa Alstom.

Não conta que FHC tenha se metido na história, na qual não faltaram denúncias de propinas. Mas, a julgar pelos atuais critérios, FHC bem poderia ser citado como conivente. Ainda no governo FHC, o TCU abriu auditoria no Banco Central e na Secretaria da Defesa Nacional para investigar se o próprio presidente, na condição de ministro da Fazenda da gestão Itamar Franco, havia beneficiado bancos nacionais no acordo da dívida externa.

O pedido de auditoria foi aprovado pelo deputado Sarney Filho. FHC tinha sido o principal defensor do acordo “contestável”. A “suspeição” do TCU foi mais uma que entrou no rol das bobagens pátrias. A maior pegadinha preparada pela defesa do ex-presidente refere-se ao próprio Grupo Globo. No relatório TC 005.877/2002-9, nos idos do governo FHC, o TCU conclui que o BNDES teria favorecido o grupo com o repasse 2,5 vezes maior do que o realizado para outras empresas do ramo.

À época, o RR apurou que tanto a Globo quanto o BNDES explicaram em detalhes o episódio envolvendo empréstimos à NET, sobre o qual não pairam dúvidas sobre a correção e a licitude. O fato é que Lula acordou ontem vivendo o seu mais tenebroso Dia das Mães. Além da manchete em O Globo, as mídias veiculavam uma publicidade galhofeira de uma rede varejista sobre sua recém-falecida esposa: “Se sua mãe ficar sem presente, a culpa não é da Marisa” – e uma capa de revista denunciando o ex-presidente de assassinar a memória da ex-mulher: “A segunda morte de D. Marisa”. O TCU só tem pequena parcela de responsabilidade em todo o enredo.

#Delcídio do Amaral #Lula #Petrobras #TCU

Programação-tampão

10/05/2017
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Na impossibilidade da exibição ao vivo do depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, o PT montou uma estrutura para transmitir em tempo real nas redes sociais as manifestações previstas para hoje em Curitiba.

#Lula #PT #Sérgio Moro

Lula quer ser crucificado por Moro em cadeia nacional

26/04/2017
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O ex-presidente Lula vai exigir direitos iguais de transparência no seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, conforme apurou o RR. Lula teme que Moro, sob o argumento de defesa da ordem pública frente ao risco de incitamento da população, suspenda a disponibilização das imagens. Segundo os advogados do ex-presidente, o juiz tem dado provas da sua radicalidade. Usam como exemplo a condução coercitiva, em março do ano passado, e a exigência presencial de Lula nos depoimentos das suas 87 testemunhas de defesa.

Sem rede social ou exposição televisiva, a estratégia do ex-presidente será seriamente mutilada. Segundo a fonte do RR, Lula pretende expor o seu flagelo com a Lava Jato no depoimento a Sérgio Moro. A estratégia de vitimização como defesa não provém dos advogados que o auxiliam, mas dele próprio. Lula pretende dar prioridade ao ato político em vez de usar a tribuna para uma defesa nos termos protocolares que vêm sendo ditados por Moro.

Segundo o RR apurou, Lula vai responder às perguntas de Sérgio Moro cobrando as provas e enfatizando sua martirização. Nesta estratégia de “Mandelização” da sua imagem, o ex-presidente quer sair do encontro como um perseguido político, e não como um político acusado de ter cometido crime de corrupção. A garantia da transmissão pública do seu testemunho é considerada mais importante do que a eventual mudança da data do depoimento, que poderá ser transferida do próximo dia 3 para o dia 10 de maio, ou algum outro dia na vizinhança.

Alguns companheiros de luta do ex-presidente consideram o adiamento prejudicial a Lula, pois distancia o evento da série de acontecimentos de forte impacto social que vem sendo chamada de “agenda do fim do mundo”: a greve geral convocada para o dia 28; a votação da reforma trabalhista, prevista para o dia 27, véspera da paralisação; e o envio do texto final da reforma da Previdência à Comissão Especial da Câmara, com objetivo de julgamento pelo plenário exatamente no dia 3 de maio. Lula não marchará o caminho do incitamento – e quem se lembra da sua performance frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo sabe que não lhe falta talento para convocação à luta, muito pelo contrário. Mas a hora é do calvário. Se Moro não impedir, vai protagonizar com ele, em transmissão televisiva, o duelo pela cruz da Lava Jato.

#Lava Jato #Lula #Sérgio Moro

Será um déjà-vu no sindicalismo do ABC?

20/04/2017
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Nasce uma flor no deserto da política brasileira. O nome da rosa é Rafael Marques. A novidade remonta aos primórdios, quando surgia uma liderança trabalhista, que também usava macacão de fábrica. Assim como Lula foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, Rafael é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC paulista. As semelhanças não terminam aí. Lula sempre teve claro que a população do país era de corte conservador, que jamais seria bolchevique, conforme fantasiavam seus pares.

O avanço possível, portanto, teria de se dar através de um acordo permanentemente renovado entre o trabalho (setores menos favorecidos) e as elites; um pacto que, aliás, começou de forma indireta – pela via do controle inflacionário – no governo Fernando Henrique Cardoso, e parece ter-se esgarçado de forma definitiva no governo Temer. Rafael Marques não somente pensa igual, como é mais propositivo. Tem na ponta da língua um longo cardápio de medidas alternativas que poderiam integrar as reformas da previdência, trabalhista e tributária. Detém também o conhecimento das representações dos setores da economia e a evolução do emprego, produtividade e participação no PIB, o que lhe permite enxergar pelo alto onde estão as possibilidades de aliança e negociações.

Rafael é Lula até debaixo d’água e não vê alternativa para as esquerdas a não ser a candidatura do ex-presidente. Mas, ao mesmo tempo, defende uma renovação da política, conspurcada pela Lava Jato. Em São Bernardo, Santo André e São Caetano do Sul onde tudo começou, participantes atilados do sindicalismo profundo enxergam razoável possibilidade de um raio cair duas vezes no mesmo lugar. No próximo dia 28, Rafael terá um primeiro teste como líder trabalhista. É um dos principais organizadores da greve geral marcada para aquela data.

Para todos os efeitos, ele faz o seu dever de casa direitinho. Afirma que não disputará mais um mandato no Sindicato, do qual está à frente desde 2012, e que também não será candidato a deputado federal em 2018. Nenhuma palavra sobre o tema Presidência da República. Isso não é assunto para ele, um lulista de carteirinha, tratar em público. Quem quiser que fale. Marques tem a pinta da renovação da esquerda e parece deter o condão de reagrupar as centrais sindicais e fundir novamente o lulismo com o petismo.

Quem o diz são alguns caciques do partido, que no murmúrio das conspirações deixam entreouvir o nome do sindicalista como contendor à altura em um enfrentamento com João Doria, Jair Bolsonaro e Marina Silva. Mas e a eterna esfinge, Luiz Inácio Lula da Silva? Sua candidatura se encontra cada vez mais próxima do impedimento. No entanto, como diz o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, “castrar a potencial candidatura de Lula é café pequeno. Ele detém fabuloso e invulnerável estoque de votos plurais e o dedo que lhe falta é o da delação, não o da vitória. Para onde apontar lá terão milhões de votos”. Rafael Marques é a novidade que pode estar postada bem à frente do dedo indicador de Lula. Mas falta foco, diria o leitor. Tudo a seu tempo. Por enquanto, Lula é o único candidato do PT à presidência.

#Lula #PT

A razão cínica da “Constituinte Já”

18/04/2017
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O jogo foi pesado nesses dias da Semana Santa. Com sua entrevista à Band, Michel Temer assumiu-se como o Pôncio Pilatos da sua própria ópera bufa. Denunciou o golpe em Dilma Rousseff, lavrado por Eduardo Cunha. Sua aquiescência foi uma confissão de cumplicidade. Lavou as mãos. As mesmas que estendeu a Lula sob o corpo de D. Marisa e estão novamente ao seu dispor.

O Plano B do PMDB de reeditar uma chapa com Lula na cabeça pode passar a ser o Plano A se houver somente uma boia salva vidas para todos. Ou seja: enquanto o TSE pensa sobre o andamento do processo de cassação da chapa Dilma/Temer, a conspiração para uma nova tabelinha PT/PMDB correria solta. Das cinzas, o renascimento. O ex-presidente reza a todas as santas de São Bernardo, Santo André e Diadema, por uma solução que o poupe de ter de partir para a briga.

Lula carrega evidências de crimes nas costas, tem dúvidas se seu exército atende o chamado para a luta e, o que é pior, teme, caso venha a ser preso, que ninguém vá para as ruas. Seria a sentença aplicada pelo povo. Só agendas diversionistas como a da Constituinte e do pacto o tiram dessa. O cacife que Lula dispõe é a resiliência de 30% do eleitorado. Mas, para esse jogo ser jogado, é preciso que emissários de todos os reinos se disponham a defender firmemente seu protetorado.

Os ex-presidentes da República, FHC à frente, alicerçam o pacto que seria firmado não em cima da Lava Jato, mas da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que tomaria posse neste ano. Eles conduziriam o governo Temer ao seu desfecho em 2018, fazendo do pacto um cordão sanitário, pelo menos do ponto de vista simbólico e ritualístico. É quase certo que a Constituinte teria uma participação especial da tropa do STF, que não pretende entregar de mãos beijadas o caminhão de poder arrancado dos últimos governos.

Nesse cenário em que a ficção flerta com a realidade, o condutor dos trabalhos seria o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, na condição de candidato a vice-presidente em uma virtual chapa com Lula. As reformas de Temer entrariam no bojo da Constituinte, passando, assim, a serem emendas com maior legitimidade. Com a mudança prevista da Constituição, tudo que foi operado pela Lava Jato, até a própria forma de funcionamento do Ministério Público, uma jabuticaba amarga que brotou na carta de 1988, fica sub judice ou na espera de reconstitucionalização.

Da boca para fora, a velha guarda dos parlamentares pregará a renovação da política. Ao mesmo tempo buscará a costura de um acordo que alivie as penas e reduza os dolos próprios e dos seus pares. O pacto é plural. A melhor metáfora seria a de uma orquestra sinfônica com um naipe de metais e uma seleta de violinos e violoncelos cortantes de tão afiados. Ou um filme de George Lucas, com a Constituinte voando na velocidade da luz e cuspindo leis como balas, sem poder errar o alvo. E as eleições representando o lado claro, clean, da força, trazendo a mudança e o rejuvenescimento. Há um quê de realismo mágico sem dúvida nesse enredo do RR. Um combinado de informações de cocheira com uma composição literária à lá Julio Cortázar. São muitas as predições a confirmar. Quem viver verá?

#Dilma Rousseff #Lula #Michel Temer #PMDB

Crônicas das miudezas determinantes

28/03/2017
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Em algum dia em um passado não muito distante, o então Advogado Geral da União, Dias Toffoli, aguardava pachorrentamente o final uma reunião do presidente Lula para, então, despachar alguns pareceres. De repente, de dentro do gabinete presidencial surgiram a ministra Dilma Rousseff e outro ministro manda-chuva. Ao se defrontar com o chefe da AGU, a “mãe do PAC” explodiu. O diálogo foi mais ou menos o seguinte: – Ô, Toffoli, eu li o seu parecer sobre aquele assunto tal. Tem que mudar. Não foi o que pedimos. Tem que alterar.

– Ministra, eu interpreto a lei.

– Mas, está errado, tem que modificar.

– Ministra, se a Sra. quer um outro parecer peça ao presidente que me destitua.

Dilma perde o controle e empurra Toffolli com as duas mãos espalmadas contra a parede.

O advogado bate com violência, ricocheteia, se desvencilha elegantemente da ministra enraivecida e adentra a sala presidencial.

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Antes de prosseguir com o episódio, é bom situar Toffolli na História. Seu DNA petista é respeitável. Para se ter uma ideia do histórico do doutor, ele começou como consultor jurídico na Central Única dos Trabalhadores. Seguiu como assessor parlamentar na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e assessor jurídico da liderança do PT da Câmara dos Deputados. E, antes de entrar para a AGU, atuou como advogado de três campanhas presidenciais de Lula, nas eleições de 1998, 2002 e 2006. Entre 2003 e 2005, foi sub-chefe para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência.

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Pois bem, Toffoli entra no gabinete da Presidência e comenta com Lula o episódio com a ministra. O presidente, com seu jeito gaiato, pergunta: “Ela reclamou de que parecer? Me dá aqui que eu assino embaixo. O resto eu vejo depois”. Risinhos.

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Pouco tempo depois, Lula estava apoquentado com a lista de candidatos à uma vaga do Supremo. Recebia pressões de todos os lados para indicação de um dos nomes, mas a insistência maior partia de José Sarney. O presidente, com seu jeito manhoso, mandou chamar o ministro Nelson Jobim para conversar sobre o assunto. Queria dividir o peso da escolha. Apresentou a lista e perguntou:”Jobim, indica um nome aí, que eu aprovo”. O ministro da Defesa pensou, pensou e disse: – Presidente, todos os nomes são bons, todos são preparados, mas o melhor nome mesmo está bem próximo do Sr., é o mais qualificado de todos e lhe acompanha há muito tempo. Dito e feito. Dias Toffolli assumiu a vaga decorrente do falecimento do juíz Carlos Alberto Menezes Direito no STF. O resto fica para uma futura crônica sobre o “mensalão”.

#Dilma Rousseff #Lula #PT

Além da vida

21/02/2017
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É cedo para falar no assunto, mas D. Marisa ainda vai ajudar muito o seu querido Lula.

#Lula

Coming soon

20/02/2017
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O ex-presidente Lula foi aconselhado a fazer um pronunciamento alinhado à entrevista do comandante do Exército, general Villas Boas. A ver o que vem por aí.

#Eduardo Villas Bôas #Lula

A sociedade dirá se quer arma, droga e cassino

13/02/2017
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O ex-presidente do Senado Renan Calheiros lidera um grupo de parlamentares empenhado em articular um dos movimentos mais polêmicos da política brasileira. Deslocar do âmbito do Congresso Nacional para a consulta popular a legalização de três dos mais satanizados “direitos” hoje regulamentados ou em fase de liberalização em grande parte dos países mais civilizados: porte de arma, consumo de drogas e jogo de azar. Todos eles já foram motivo de recorrentes projetos de lei, submetidos ao Congresso e invariavelmente desaprovados.

O grupo de parlamentares considera que há mais simpatizantes da aprovação entre deputados e senadores do que o contrário, mas eles são temerosos do julgamento da opinião pública e da sua própria bancada, além da mídia, é claro. A saída seria submeter a legalização ao crivo do povo, que definiria o vencedor dessa guerra fria. O referendo, e não o plebiscito, seria o instrumento adequado para a consulta, pois já existem leis repressoras do jogo, do porte de armas e do uso de drogas.

A grande pergunta é se a população quer virá-las de ponta- cabeça, ou seja, liberar as práticas reprimidas. A ideia é realizar o debate à luz dos exemplos de maior notoriedade no mundo, como a Segunda Emenda da Constituição do EUA, que permite manter e portar armas, inspirada na common-law inglesa. Há legislações em diversos outros países regulamentando o uso de droga e os cassinos – o livre funcionamento destes últimos é quase um consenso na maioria das nações ocidentais.

Renan Calheiros, ressalte-se, terá de renegociar seu posicionamento anterior contrário ao uso de armas – ele foi autor do Estatuto do Desarmamento – em nome da proposta de um tríplice referendo. Jogo e liberalização das drogas é com ele mesmo. As bancadas do jogo, da bala e pró descriminalização de drogas no Congresso são bem menores do que se imagina (jogo: 59 parlamentares; armas: 31; e drogas: 11). Quando comparadas à das empreiteiras (223), ruralista (205) e empresarial (201) nem sequer chegam a fazer cócegas. Mas os defensores da legalização acham que ganham a parada se o povo for consultado. Foi assim com o plebiscito da comercialização das armas, contra oponentes como a Igreja e a Rede Globo.

Hoje não faltam posicionamentos favoráveis à legalização das drogas, entre eles o do militante pró-maconha Fernando Henrique Cardoso, dos juízes do STF Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ah, Lula também figura nesse time. Há também a bancada da execração da droga, comandado pelo deputado Omar Terra (PMDB-RS), que prega a amputação das pernas dos traficantes. Entre os defensores da abertura dos cassinos estão sete ministros do governo Michel Temer, ele próprio um simpatizante da proposta. O futuro ministro do STF Alexandre de Moraes já tem até sugestão para o destino da arrecadação estimada de R$ 18 bilhões (para um faturamento de R$ 60 bilhões) com o jogo: 5% iriam para o Fundo Nacional de Segurança. Já o senador Fernando Bezerra defende que 95% sejam carregados para a seguridade social.

Os militantes pró-jogo contam com o apoio expressivo de governadores e prefeitos, carentes que são de novas fontes de recursos. Os paladinos das armas de fogo apostam que o ambiente de insegurança, criminalidade e violência empurrará a população a decidir em seu favor. Entre os apoiadores, há quem ache que é necessário ir devagar com o andor pelo risco de medidas tão complexas cindirem o país. Além disso, tirar essas questões do Congresso e levá-las para as ruas depende dos próprios parlamentares. Câmara e Senado terão de abdicar do seu poder legislativo para entregá-lo à população. Renan Calheiros acha que as citações ao seu nome na Lava Jato não atrapalham os avanços do projeto. O convencimento das duas casas do Congresso é uma questão de tempo.

#Lula #Michel Temer #Renan Calheiros #STF

Best seller

7/02/2017
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O mercado tudo converte. Uma editora paulista já encomendou um livro sobre as relações entre Lula e FHC.

#Fernando Henrique Cardoso #Lula

O velório e o velório de Lula

7/02/2017
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Palavras de um politólogo que já foi badalado, militou nas hostes do PT e hoje se mantém à sombra: “Foi trágico para o Lula. Primeiramente, a fatalidade com a Marisa, que o quebrou por dentro. Depois, a sucessão de operações políticas florentinas, vestidas de atos de humanidade e comportamento íntegro.

Fernando Henrique, com espetacular senso de oportunidade, antecipou-se aos demais e ofereceu o abraço irrecusável na circunstância em troca da foto de U$$ 1 milhão. Depois, a chegada da caravana Planaltina, dos inimigos figadais, que conseguiram arrancar de um homem destroçado a declaração de que quer dialogar com seus torturadores. É o Lulinha paz e amor sofrendo da síndrome de Estocolmo.

Finalmente, o tombo do político experiente, que, debruçado ao esquife da mulher, cede à tentação de um discurso político que mais produz piedade do que comoção, em um evento que decepcionou pela presença rasa não só de militantes como de pessoas comuns sensíveis e solidárias. A morte da Marisa e os episódios consequentes foram mutilações do Lula”.

#Fernando Henrique Cardoso #Lula #PT

Sondagem RR: o futuro de Lula está entre a prisão e o Palácio do Planalto

9/01/2017
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Sérgio Moro será o grande árbitro das próximas eleições. É o que mostra uma sondagem realizada pelo Relatório Reservado nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador entre os dias 18 e 29 de dezembro. Para 71% dos 418 consultados, Lula será preso neste ano ou, no mais tardar, em 2018. Mas e se ele não for para a cadeia? Bem, neste caso, em vez de Curitiba, seu destino será Brasília: a maior parte acredita que Lula voltará à Presidência da República.

Entre os entrevistados, 58% afirmaram que o ex-presidente vencerá qualquer um dos seus potenciais adversários se puder disputar as eleições. Quem mais tem chance de derrotá-lo é Marina Silva, na opinião de 17%. Para 7%, Lula perderá o duelo para Aécio Neves, o mais bem colocado entre os pré-candidatos do PSDB. Geraldo Alckmin teve 5%, José Serra, 2%, e FHC foi o lanterninha entre os tucanos, com apenas 1% – resultado que tanto pode ser atribuído a uma baixa popularidade ou a uma convicção coletiva de que ele passará longe das urnas em 2018.

Acima de Alckmin, Serra e FHC, surge Jair Bolsonaro, que, na avaliação de 6% dos consultados, superaria Lula em uma hipotética corrida eleitoral. Para 3%, uma vez candidato, o ex-presidente será suplantado por Ciro Gomes. Por fim, apenas 1% crê que o atual presidente Michel Temer venceria o petista em uma eventual disputa eleitoral. Ainda assim, a percepção da maioria é de que o nome de Lula dificilmente aparecerá na urna eletrônica.

De acordo com 42% dos entrevistados, sua prisão se dará neste ano. Outros 29% acreditam que Sérgio Moro deixará a decisão para 2018. Para 5%, o pedido de detenção ficará para o ano seguinte, portanto após as eleições. No entanto, um contingente bastante expressivo (24%) respondeu que Lula não irá para a cadeia – um grupo que certamente mistura fiéis eleitores do ex-presidente com incrédulos oposicionistas.

A pergunta que não quer calar: “Lula é culpado pelos crimes que lhe são atribuídos?”. Para 51% das pessoas ouvidas pelo RR, não há dúvidas: “Sim, as provas disponíveis são definitivas”. Outros 12% comungam da tese do domínio do fato: dizem que “Sim, uma vez que o ex-presidente era responsável por tudo que se passava no governo”. Há ainda 5% dos entrevistados que consideram Lula culpado, mas aproveitam para dar um cascudo na mídia: para eles, a maior parte das acusações é amplificada pela imprensa.

No lado oposto, 21% dos consultados afirmam que o ex-presidente é inocente e vítima de um complô para evitar seu retorno ao Planalto. Outros 7% acreditam que Lula não é culpado porque, até o momento, não há provas de que ele tenha recebido propina. Por fim, 4% dos entrevistados dizem crer na inocência do petista por não haver comprovação de que ele seja o dono dos imóveis citados na Lava Jato.

O Relatório Reservado perguntou ainda como Lula será visto pela população no caso de uma prisão antes de 2018. De acordo com 43%, a detenção reforçará a imagem de “grande corrupto”. No entanto, 29% dos entrevistados acreditam que o cárcere provocará um efeito contrário e o ex-presidente passará a ser visto predominantemente como um herói.

Na avaliação de 6%, nem tanto ao céu, nem tanto ao mar: o ex-operário que chegou ao Planalto perderá importância no cenário político e será esquecido aos poucos. Trata-se do mesmo percentual de pessoas para as quais Lula será considerado um preso político. Para um grupo ligeiramente menor (5%), o papel que caberá a Lula após uma eventual detenção é o de “vilão do PT e dos demais partidos de esquerda”. Outros 11%, no entanto, afirmam que, mesmo preso, o petista será um importante cabo eleitoral em 2018.

#Eleição Nacional -2018 #Lula #PT #Sérgio Moro

Cabral, Lula e Dilma são os culpados pela tragédia financeira do Rio de Janeiro

12/12/2016
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Sérgio Cabral é o maior culpado pela tragédia financeira do estado. Vox populi, vox Dei. Quem o condena não é o RR, mas uma sondagem feita por esta newsletter na santíssima trindade dos bairros do Rio – Copacabana, Centro e Méier. Para 62% dos 298 entrevistados, o título de exterminador do estado é de Cabral. O ex-governador recebeu o dobro da votação somada do segundo e do terceiro colocados. Mas novidade mesmo, com todo respeito a Cabral, é o reconhecimento que a população do Rio empresta a Lula e Dilma Rousseff. Os dois são os principais responsáveis pela desgraça financeira do estado na opinião, respectivamente, de 17% e 14% dos consultados.

É a constatação de que verba federal nem sempre traz popularidade. Foram citados ainda Luiz Fernando Pezão (5%) e o prefeito em fim de mandato Eduardo Paes (2%). Sergio Cabral está em todas. Para 56%, o ex-governador é também o maior vilão do Rio. Em segundo lugar, vem Anthony Garotinho, com 16%. Eduardo Cunha recebeu 11% das respostas, seguido do presidente da Alerj, Jorge Picciani (7%). A partir daí, a percepção de vilania começa a ficar mais fragmentada.

Mais uma vez, os entrevistados separaram o criador da criatura: Pezão foi lembrado apenas por 4% dos votantes. Mesmo sem qualquer ingerência direta na administração do estado, Jair Bolsonaro recebeu 3% das menções – talvez numa interpretação mais ampla do termo “vilão”. Eduardo Paes somou apenas 2%. Por fim, a curiosa lembrança de 1% dos entrevistados ao nome de Roberto Jefferson, que hoje  está mais para político aposentado.

Tomando como referência os três maiores vilões do Rio apontados na questão anterior (Sergio Cabral, Anthony Garotinho e Eduardo Cunha),o RR perguntou: “No intervalo de um a cem, quantos anos de prisão cada um destes políticos merece?” Não obstante a inevitável ausência de embasamento jurídico nas respostas, o resultado exprime a revolta e a raiva da população do Rio. É uma métrica da indignação. Na média dos votos, Cabral foi “condenado” a 82 anos de prisão. Já Eduardo Cunha merece 81 anos de cárcere, na opinião dos entrevistados. Garotinho pegou a “pena” mais branda: 78 anos.

Em relação aos agentes privados que, de uma maneira ou de outra, se beneficiaram com as malversações do governo, deu o óbvio. Para 44% dos consultados, quem mais ganhou com a roubalheira do Rio foram as empreiteiras. Em segundo lugar, quase que por osmose, a antiga diretoria da Petrobras, com 15%. Escritórios de advocacia receberam 12%. Para 11% dos entrevistados, quem mais se aproveitou das falcatruas foram as joalherias, como se sabe hoje um segmento que contava com o especial apreço da família Cabral.

Até então tudo razoavelmente dentro do script. O que surge como um ponto fora da curva é a citação à imprensa (12%). A princípio, a resposta pode causar estranheza. Mas as barbaridades estampadas nas páginas dos jornais e noticiadas na TV talvez expliquem, ainda que por um ângulo mórbido, o aumento da audiência. Outras duas áreas de negócio afins com a imprensa também foram citadas: agências de publicidade e agências de comunicação, cada grupo com 3%. Curioso.

Por fim, uma pergunta diretamente relacionada à crise financeira do estado e ao bolso do cidadão: “O estado do Rio deve suspender pagamento da dívida aos bancos até receber recursos do governo federal para resolver a crise?” Dos 298 entrevistados, 72% disseram que sim. Mais impactante, no entanto, é o universo de 28% que preferem ver o governo do Rio pagando aos bancos em vez de segurar os recursos para outras despesas, inclusive pessoal. Talvez seja um indicativo de que as consequências de uma moratória ainda estão vivas na memória de muita gente.

#Dilma Rousseff #Lula #Sérgio Cabral

Hasta la victoria

29/11/2016
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• O ex-presidente Lula ainda não decidiu se irá a Cuba para o funeral do amigo Fidel Castro. Seus advogados recomendam que não. Sua saída do Brasil neste momento, sobretudo pelo destino em questão, alimentará as maiores fantasias.

#Fidel Castro #Lula

A estranha relação de Lula e Gilmar Mendes

8/11/2016
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 Não há vazamentos na grande imprensa nem informação sobre quem organizou o encontro e endereço onde ele teria sido realizado. O que o RR conseguiu apurar é que Lula se reuniu com o ministro Gilmar Mendes há nove dias, em São Paulo. Ambos teriam se tratado de forma absolutamente cordial. Procurado pelo RR, o ministro negou o encontro por meio de sua assessoria. O Instituto Lula, por sua vez, não quis se pronunciar. O fato é que, desta vez, os sinos não teriam dobrado para a mídia. Uma confirmação do vaticínio de Marx, profetizando que a história só se repete sobre forma de fraude. Quem não se lembra do último encontro entre ambos de que se tem notícia, no dia 26 de maio de 2012? O tête-à-tête foi articulado por Nelson Jobim a pedido de Mendes (à época, somente essa informação não foi desmentida pelos presentes). Seis horas depois da conversa, o ministro do Supremo despejou na mídia um violento ataque a Lula. Denunciou o ex-presidente por supostamente ter-lhe pressionado a atrasar o julgamento do “mensalão”. Lula foi duro no contra-ataque, colocando em dúvida o caráter do juiz, e Jobim desmentiu publicamente Mendes. Gilmar Mendes e Lula incorporaram o ódio de Feraud e d´ Hubert, os Duelistas, do romance de Joseph Conrad. Mendes tornou-se um dos cinco maiores inimigos declarados do PT, em qualquer ranking que seja feito. Em 2013, quando Dilma Rousseff diz que vai responder às manifestações com uma série de medidas, ele afirma que é puro bolivarianismo. Em 2014, segura o julgamento do financiamento de campanha (o voto ficou suspenso um ano). Ironizou Lula no episódio da condução coercitiva. E deu um beijo de morte no ex-presidente e em Dilma quando concedeu a liminar impedindo a posse de Lula na Casa Civil, com base em um grampo ilegal. A liminar somente foi levada a plenário um mês depois, quando Dilma já estava afastada. Nenhum tucano foi tão tucano.  Antes de 2012, Gilmar Mendes era Dr. Jekyl. Era um juiz discreto e garantista. Ficaram célebres seus habeas corpus por ocasião das duas prisões de Daniel Dantas. Nessa época, batia firme na espetacularização do Judiciário. Sempre criticou os excessos. Capitaneou uma súmula do STF determinando os critérios para utilização das algemas – um deles o risco comprovado de fuga. Passada a fase exemplar, Mendes entra em seu momento de inflexão. Passa a instrumentalizar a franqueza. Ridiculariza os colegas para pressioná-los. Concede liminares agressivas e exagera nos pedidos de vista. Em 2015, sabia-se todos os votos dele antecipadamente. Ganhou três pedidos de impeachment no Senado, todos derrubados por Renan Calheiros. É tido como um empresário do ensino, ou, em um eufemismo que o protege, um “cotista do IBDP”, instituição privada que atende formalmente por Instituto Brasileiro de Direito Público. Portanto, nesse dialeto particular empresário e cotista seriam diferentes. E o lucro?  Lula pode ter se encontrado com uma dessas identidades: o peessedebista, o juiz seletivo, o operador dos meios de comunicação, o pré-julgador de processos. Convém lembrar que Gilmar Mendes é o maior especialista do STF em sistemas prisionais. Quem sabe a confabulação não teria sido por aí…

#Gilmar Mendes #Lula #PT

Lula, lá?

26/10/2016
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 O “vai, não vai” da prisão de Lula tem corroído a previsível comoção que o encarceramento provocará. É como se fosse um anticlimax diário: “Vai ser preso hoje! Não foi. Vai ser preso hoje! Não foi”. Até parece que há método nessa repetição. •••  Em tempo: pesquisa de opinião encomendada pelo Instituto Lula confirma mais ou menos o que todo mundo imaginava. Se for preso, Lula cresce na disputa eleitoral e ganha de todos no primeiro e no segundo turnos. Vai ser difícil desconstruir o “Barba”.

#Lava Jato #Lula

Duro na queda

26/10/2016
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 O Planalto vai trocar a direção de Itaipu Binacional até dezembro. O que mais chama a atenção, neste caso, não é nem a mudança, mas a sobrevida do diretor-geral da estatal, o petista Jorge Samek, que já contabiliza sete meses de governo Temer. Longevidade, aliás, é uma das marcas do executivo. Ligado a Lula e à senadora Gleisi Hoffman, Samek está no cargo desde 2003. • As seguintes empresas não retornaram ou não comentaram o assunto: Itaipu Binacional.

#Gleisi Hoffman #Itaipu Binacional #Jorge Samek #Lula

Bullets

24/10/2016
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 Jerson Kelman, ex-Aneel e atual nº 1 da Sabesp, está bem cotado para integrar o secretariado de João Doria. •••  Assim como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e – por que não? – Lula, Zico só pensa em 2018. Desde já, começa a se articular para a disputar a eleição à presidência da CBF. •••  Sarney Filho perdeu. Apesar da resistência do ministro do Meio Ambiente, a usina de São Luiz do Tapajós – projeto de R$ 18 bilhões – será incluída no Plano Decenal de Energia.

#Aécio Neves #Aneel #Geraldo Alckmin #João Doria #Lula #Sabesp #Sarney Filho #Zico

O frio na espinha que a prisão de Lula provoca

20/10/2016
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  Não há tempo de estio na jornada de Luiz Inácio Lula da Silva. A chapa da Lava Jato está sempre fervendo. Na última sexta-feira, escaparam pelas goteiras dos comandos de Curitiba e Brasília sinais de que falta pouco para um xeque-mate. A ansiedade cresceu quando, no meio da tarde, circularam informações sobre uma reunião convocada pela presidente do STF, Cármen Lucia, com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann. A motivação formal do encontro publicada nos jornais foi a discussão do Plano Nacional de Defesa, com ênfase na situação dramática do Rio de Janeiro. Mas uma outra versão causou insuperável frisson nos setores diretamente envolvidos. Segundo este relato, as autoridades teriam discutido as consequências de uma grande comoção popular com a prisão de Lula.  A articulação de manifestações violentas por parte de sindicatos e movimentos populares teria sido capturada pela rede de informações do governo. Não são necessários espiões ou arapongas para chegar a essa conclusão. Nas redes sociais, nos últimos dias, têm se multiplicado as ameaças abertas sem nenhuma preocupação de sigilo por parte dos autores. O teor é mais ou menos “prende o Lula que nós vamos explodir tudo”.  Ontem circularam rumores fortes de que o líder do PT seria encarcerado até o fim desta semana na “Operação Fim de Papo”. O já célebre PowerPoint de Deltan Dallagnol e sua tropa de choque apresentando Lula como o “general do crime” não deixa dúvidas de que o pedido de prisão preventiva é inevitável. Nenhuma autoridade pública se comporta daquela maneira se a decisão já não estiver tomada. No Instituto Lula a informação é de que os advogados do ex-presidente têm uma comunicação difícil com o Ministério Público.  Por sua vez, no governo Temer ninguém acha essa prisão uma boa nova. Temer vê um domínio do Congresso total, a aliança sólida com a mídia, as ruas calmas, o ambiente propício para aprovação das reformas conservadoras, então para que um risco político dessa magnitude? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que, como está, Lula será um farrapo em 2018, mas, se for preso, torna-se perigosíssimo. Há cheiro de pólvora debaixo do tapete da Lava Jato e nenhuma sensibilidade do Ministério Público em relação à representatividade de Lula e seu apelo popular. A aposta de Deltan Dallagnol e dos procuradores do seu grupo de trabalho é de que a prisão será mais uma e nada mais. A essa altura, é torcer para que estejam certos.

#Deltan Dallagnol #Lava Jato #Lula

Bullets

26/09/2016
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 Eduardo Cunha já foi procurado por produtores de cinema interessados em levar para a telona o livro que promete lançar em dezembro, revelando as entranhas do impeachment. •••  Os advogados de Lula deverão acionar o Google. Buscas pela expressão “Maior ladrão do Brasil” levam a imagens do ex-presidente. •••  O PSDB tenta emplacar o nome de Renato Villela, ex-secretário de Fazenda de Geraldo Alckmin, como ministro do Planejamento. Villela também está cotado para um cargo na Pasta da Fazenda.

#Eduardo Cunha #Geraldo Alckmin #Lula #PSDB

Lula quer apresentar Michel Temer à Lava Jato

16/09/2016
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 O PT tem duas estratégias e um posicionamento definidos para reagir à denúncia do Ministério Público Federal contra Lula. Estes pontos foram exaustivamente debatidos pela cúpula do partido ao longo da tarde de ontem, após o pronunciamento do ex-presidente. Segundo a fonte do RR, assíduo interlocutor do ex-secretário da Presidência da República Gilberto Carvalho, a postura de Lula não será a do candidato de 1989, mas de 2002. Ou seja: indignado, sim, no entanto, até segunda ordem, cordial, bem humorado e disposto ao diálogo. Já as referidas estratégias se cruzam entre si. Uma delas é evitar o confronto aberto com a Lava Jato, mas, ao mesmo tempo, desacreditá-la. Isso significa colocá-la sob suspeição, lançando sobre ela a pecha de parcial e de olhar apenas para um partido ou grupo político. A questão é a sutileza, o ponto da massa antes de tirá-la do forno, coisa em que Lula é perito.  Este movimento abrirá caminho para o complemento da tática delineada pelo PT. O partido pretende colocar foco no atual governo, adotando um discurso com o intuito de colar o Ministério Público em Michel Temer e seus colaboradores mais próximos, muitos deles já devidamente carimbados pela Lava Jato. A premissa é que o bombardeio ao atual presidente e sua távola redonda ajudaria a quebrar o protagonismo do PT e do próprio Lula na Operação. Permitiria também o take over do “Fora, Temer”, grudando o slogan das ruas às investigações do “petrolão”. Ao mesmo tempo, jogar foco sobre Temer evitaria que o ex-presidente concentrasse sua munição contra os procuradores de Curitiba. Até porque este está longe de ser o melhor Lula. Quando se dirige ao Ministério Público, ele automaticamente precisa vestir uma camisa de força e tomar todos os cuidados. Ontem, por exemplo, não fez qualquer menção nominal a Deltan Dallagnol, chefe da força tarefa e âncora do espetáculo midiático conduzido na véspera pelo Ministério Público. No PT, há a convicção de que um duelo escancarado não é o caminho mais recomendável. Seria muito desgaste para pouco resultado, tamanho o prestígio de Sergio Moro e seus cruzados junto à opinião pública. Além do mais, até no discurso oficial quem quer abafar a Lava Jato é Temer, Renan, Cunha, Aécio etc. Não Lula.  No entanto, talvez o ponto mais sensível seja como Lula deve abordar a palavra que não ousa dizer seu nome. Ontem, em 1h20 de discurso, ele não pronunciou o termo “prisão”. Contudo, quem o psicografa garante que o tema terá a sua vez e Lula, como de hábito, saberá o timing exato de colocá-lo sobre a mesa. Ao citar a questão de viva-voz, ele poderá dizer que sua detenção está decidida há décadas e décadas pelas elites. E que o que está em jogo não é o seu cárcere, mas a prisão de uma causa. Por enquanto, não há pistas sobre quem terá o mando de campo do destino de Lula: o discurso evangelizante dos rapazolas da procuradoria ou o rugido rouco das ruas. A única aposta firme é que a imolação de Lula é uma fagulha com inegável poder de combustão.

#Lava Jato #Lula #Michel Temer #PT

Lula exibe seu capital político aos verdugos

9/09/2016
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 Quem acompanhou a gigantesca manifestação na Av. Paulista, no último dia 4, assistiu ao ex-presidente Lula mostrar sem rodeios qual o seu cacife para negociar uma eventual prisão. O protesto de domingo passado foi o sétimo seguido, e o maior de todos – cerca de 100 mil pessoas. Apesar dos gritos de “Volta Dilma”, “Fora Temer” e “Diretas Já”, ninguém estava lá especificamente para entoar os slogans, e, sim, para ouvir Lula. O resto era “quem mais chegar”, conforme as palavras de Paulo Okamoto. E o ex-presidente falou do golpe, da injustiça e da traição à “companheira Dilma”. Disse que está disposto a negociar com o atual governo em bases mais cordiais; que pode ser, sim, candidato à presidência; que conta com o povo para avançar nas conquistas sociais. Mas as palavras que soaram fundo nas massas foram menos conciliadoras. Lula trovejou que “há o aceitável e o não aceitável, e um limite para tudo, mesmo na política”. Para bom entendedor do lulês, o recado foi claro: se a sua prisão for levada a cabo, não vai ter ventania, vai ter tempestade. Ou seja: quem coloca essa multidão nas ruas tem o caos como capital político.  A mensagem é oportuna, pois o cerco se fecha. O ex-presidente da OAS , Leo Pinheiro, está à disposição da sanha inquisidora dos juízes de Curitiba. O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, por sua vez, delatou que recursos de propina teriam sido transferidos para as campanhas de Lula e Dilma. Frase atribuída a Paulo Okamoto: “Se eles prenderem o Lula, a manifestação passa de 100 mil para um milhão. E já não terá mais slogans, mas somente uma palavra de ordem: Soltem o Lula”. Como diz o ex-presidente FHC: “Não basta que os juízes tenham provas, é preciso que eles saibam explicá- las muito bem, pois, se prenderem o homem, os riscos e consequências serão para todos nós”. Definitivamente, não parece uma medida prudente.

#Dilma Rousseff #FHC #Leo Pinheiro #Lula #OAS

The judge

1/09/2016
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 O ex-presidente Lula espera uma declaração favorável de Joaquim Barbosa nos próximos dias. Mas não são favas contadas.

#Joaquim Barbosa #Lula

Interrogação

29/08/2016
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 Dona Marisa está aflita com a ideia de Lula comparecer à defesa de Dilma Rousseff, hoje, no Senado. Inicialmente, ela estimulou a iniciativa e insistia em acompanhá- lo. Mas, depois do indiciamento, o ex-presidente ficou muito nervoso. Agora, Dona Marisa acha melhor que ele não vá.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Lula

Acervo RR

Cara nova

15/08/2016
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 O que têm em comum Thomas Morus e Henrique XVIII com Antônio Palocci e Luiz Marinho? Em princípio, nada. Mas há um pouquinho, sim. Palocci assumiu a missão de burilar o prefeito de São Bernardo. Tornou-se seu preceptor com a concordância de Lula. É um quadro a ser trabalhado para o futuro. E o futuro pode ser até 2018.

#Antônio Palocci #Luiz Marinho #Lula

Cara nova

15/08/2016
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 O que têm em comum Thomas Morus e Henrique XVIII com Antônio Palocci e Luiz Marinho? Em princípio, nada. Mas há um pouquinho, sim. Palocci assumiu a missão de burilar o prefeito de São Bernardo. Tornou-se seu preceptor com a concordância de Lula. É um quadro a ser trabalhado para o futuro. E o futuro pode ser até 2018.

#Antônio Palocci #Luiz Marinho #Lula

Manual

16/06/2016
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 Está sendo negociada no mercado editorial uma biografia do empresário Mário Garnero. Dá um livraço. Uma das cenouras é a participação de Lula em vários momentos da história.

#Lula

Um pacto à luz do dia em nome da democracia

31/05/2016
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 O futuro da democracia brasileira passa, nas próximas semanas, pela antecipação da eleição direta para a Presidência, um pacto entre as principais lideranças políticas e os Poderes da República e a definição sobre a negociação de uma “janela” na Lava Jato para que o pleito possa se dar de forma soberana. A ordem dos fatores altera o produto. O pacto social antecede os demais, pois lubrifica as mudanças constitucionais necessárias e o novo ambiente institucional. O acordão por meio do qual pretende se legitimar as “Diretas Já” é primo distante daquele conspirado por Romero Jucá e Sérgio Machado. É motivado por intenções distintas, pode ser articulado e anunciado à luz do dia e, em vez de ser uma costura entre Eduardo Cunha, Michel Temer, Renan Calheiros et caterva, seria alinhavado, por cima, por Fernando Henrique Cardoso, Lula, Ciro Gomes, Dilma Rousseff, Jaques Wagner, Tasso Jereissati e, acreditem, Aécio Neves, além de empresários de primeira grandeza que voltaram a pensar no Brasil.  Os articuladores não acreditam em uma reação de Temer e sua turma, denunciando o “golpe dentro do golpe”, apesar de estarem atentos aos afagos cada vez mais explícitos do presidente interino aos comandantes militares. O professor de Direito Constitucional e suas eminências pardas sabem que a governança do país é extremamente frágil. Um “frentão” juntaria as ruas com a Av. Paulista e mudaria de direção o leme da imprensa. O espinho é o que fazer com a Lava Jato, que, se por um lado, descortinou as tenebrosas transações com a pátria mãe tão distraída, por outro, gangrenou a democracia com a criminalização do futuro. A instituição de uma “janela” na nossa Operazione Mani Pulite seria uma concessão para que as eleições diretas já não se dessem no ambiente de investigações, delações e aceitação de provas forjadas que sancionam a culpa antes mesmo da denúncia. Pensa-se em algo derivado a partir do modelo de anistia com punições razoáveis criado para a repatriação do capital estrangeiro: quem confessa sua irregularidade não é criminalizado, mas paga multa pecuniária.  Todos os participantes desse programa de adesão espontânea não teriam seus direitos eleitorais subtraídos inteiramente, mas somente no próximo pleito. A condição para que o próprio infrator confessasse a “malfeitoria de fato” sem ser criminalizado esterilizaria os porões das investigações, nos quais a intimidade do cidadão é devassada e revelada no limite dos seus pensamentos inconfessáveis, que nada têm a ver com qualquer dos delitos aventados. É nesse ponto crucial que surge a importância simbólica de Sérgio Moro em toda essa arrumação. Caberia a ele validar a seguinte mensagem: a Lava Jato não morreu, a Lava Jato entrou em uma nova fase. E não vai ter “golpe” e crime estampado diariamente nas bancas de jornais. Vai ter eleição e vai ter governança.

#Aécio Neves #Ciro Gomes #Dilma Rousseff #Eduardo Cunha #FHC #Jaques Wagner #Lava Jato #Lula #Michel Temer #Renan Calheiros #Romero Jucá #Sérgio Machado #Sérgio Moro

Lula lança sua campanha de fora para dentro do Brasil

26/04/2016
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 O ex-presidente Lula programa sua caravana internacional para depois de batido o martelo do impeachment. Lula, conforme noticiou o RR na edição de 12 de abril, aposta que o longo prazo fortalece o discurso do “golpe” e que a mídia estrangeira poderá dar uma contribuição inestimável para a volta do PT. Afinal, todos os principais jornais do mundo publicaram que Dilma foi vítima de uma “trama anticonstitucional” e que os responsáveis pela sua queda são acusados de corrupção, sem exceção. Por essa linha de raciocínio, é preciso alimentar esses jornalões e emissoras de televisão. Nas hostes petistas reina a descrença de que os “golpistas” tenham disposição para enfrentar a mídia estrangeira. Os gringos já marcaram sua posição contrária ao impeachment. E Eduardo Cunha, Renan Calheiros e mesmo Michel Temer não são bem os porta-vozes dos sonhos para a missão de reverter a opinião lá fora. Ninguém acredita também que um personagem com respeitabilidade no exterior, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso, vá se prestar ao papel de ser o diplomata do impeachment. A última coisa de que se pode acusar FHC é que ele seja tolo.  Com relação a Lula, não faltam pedidos de entrevistas. The New York Times, Le Monde, Le Figaro, El País, The Wall Street Journal, Der Spiegel, entre outros jornais e revistas que desancaram o impedimento de Dilma Rousseff, estão na fila. O minueto entre Lula e Dilma Rousseff dessa vez parece ter sido bem ensaiado. Dilma sabe que está fora do governo. Entre os devaneios palacianos não falta, inclusive, quem a veja saindo do Alvorada antes de conclusos os 180 dias da sua crucificação pelo Senado Federal. Mas a presidente rebate esse gesto como se fosse uma adaga cravada em seu coração. Seu sacrifício até o último dia no cargo é o tributo que pagará pelo fortalecimento da candidatura do ex-presidente em 2018.  Por sua vez, a Lula cabem as acusações do “golpe” e a lembrança do legado do seu governo. Elas são a dupla mensagem com que pretende caminhar até 2018. A caravana holiday do ex-presidente é multiuso. Ela colabora também na blindagem do que vem sendo chamado de “Segundo Golpe”, ou seja, a prisão de Lula. Na pauta estão conversas com organizações de direitos políticos e humanos e chefes de Estado. Dessa vez, a campanha também vai se dar lá fora. E mesmo que haja um esforço concentrado para antecipação da prisão de Lula, não tem jeito, vai dar no New York Times.

#Lula

Schlag nicht

15/04/2016
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 A estratégia de Lula de martelar o discurso do “Não vai ter golpe” junto à mídia internacional vem surtindo efeito. Em suas matérias, o correspondente da Der Spiegel no Brasil, Jens Glüsing, tem se posicionado de forma contundente contra o impeachment de Dilma Rousseff, não obstante o perfil de centro-direita da publicação.

#Lula

Um programa de governo entre a adoção e a orfandade

14/04/2016
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 Atos políticos contundentes e soberanos, enfrentamento aberto dos adversários irrecuperáveis, uso intensivo da comunicação de massa, proposta de plebiscito para questões emergenciais que exigem apoio popular e um novo rito para convocação do Congresso visando a apreciação de projetos de elevado interesse nacional. Segundo fonte do RR na Casa Civil, essas são as linhas gerais da estratégia do governo para assumir com pulso forte o que está sendo chamado de quarto mandato do PT, caso a presidente Dilma Rousseff consiga vencer a dura batalha contra o impeachment neste domingo. Dilma e Lula se dividirão na maior ou menor exposição dessas operações, que também levam em consideração o tempo do ex-presidente no governo, caso ele consiga assumir a Casa Civil, e seu ingresso na campanha eleitoral.  Ambos têm clareza que uma nova gestão precisará ser tonificada com ações de impacto e capital humano de qualidade. Lula é quem vai buscar o “fator gente” para colaborar com as ideias e as formulações necessárias à rearrumação da casa. Tem jeito para a missão. Apesar de todo ódio que é destilado, conversa ao pé de ouvido com o empresariado. E vai ter nova carta ao povo brasileiro. Muita coisa já está pronta, nas gavetas de Nelson Barbosa e Valdir Simão. São reformas da previdência, fiscal e uma versão 2.0 da desburocratização do finado Hélio Beltrão, avançando em medidas para reduzir o Custo Brasil. Terão prioridade as comunicações, a Petrobras e a corrupção. Não será uma surpresa excepcional se o governo abrir um canal de conversação com os procuradores de Curitiba, que são quem detêm hoje os projetos constitucionais mais estruturados para o combate à corrupção. Uma novidade será a busca de grandes parcerias internacionais, que permitam a captação de recursos para investimentos, e de novos acordos externos na área de comércio. A China é uma das mecas, mas cabem na lista países do Oriente Médio, além de todas as agências multilaterais. Lula é um especialista nesse assunto e sempre criticou a presidente por ter uma política externa tíbia, desperdiçando oportunidades raras como o acordo multissetorial assinado com a China, uma peça cheia de fios desamarrados.  E o superávit primário? Bem esse mantra já foi incorporado pelo governo. Aliás, por qualquer um que venha a dirigir o país. Talvez seja tarde demais para Dilma – Lula ainda tem 2018. Mas quem sabe não seria o caso de repetir o lapso cognitivo de Michel Temer e digitar essas linhas gerais para um grupo pensando em outro. Seria uma pena um projeto desses não vir à tona.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Lula

Corpo a corpo

14/04/2016
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 Até domingo, Lula deverá ter pelo menos mais uma conversa olho no olho com Ciro Nogueira, presidente do PP. É bom lembrar que, para todos os efeitos, o partido rompeu com o governo, mas Nogueira não.

#Lula #PP

Pesquisas reforçam discurso de Lula e Dilma contra o “golpe”

1/04/2016
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 Dilma Rousseff e Lula estão trabalhando intensamente em duas frentes de batalha que se interligam no bordão do governo: “Não vai ter golpe”. Pesquisas encomendadas pelo Planalto asseguram que a mensagem do “golpismo” tem um bom retorno na defesa do mandato de Dilma. O ex-presidente mergulhou de cabeça na repactuação da base aliada. Lula não faz só os agrados de praxe. Ele leva duas mensagens com valor de troca para o seu público: Michel Temer ainda vai experimentar do mesmo prato indigesto de vazamentos e manipulações da realidade; e, se não houver impeachment, aqueles que ficaram com o vice-presidente vão ser servidos com um repasto muito rarefeito. O trabalho de Lula é paciente como o de um tecelão, não obstante o tempo exíguo. Nos últimos dias, ele conseguiu seis importantes defecções do pretenso monólito peemedebista. Nada mais sintomático do que a declaração feita ontem por Renan Calheiros, classificando o rompimento do partido com o governo como uma “decisão precipitada e pouco inteligente”.  Em outro front, Dilma Rousseff aproveitará todas as oportunidades positivas para pendurar o discurso antigolpe – vide o evento de lançamento da terceira fase do “Minha Casa, Minha Vida”. Nesse sentido, Dilma ganhou um trunfo de onde menos se esperava: na economia. Ela começa a colher os resultados de duas árvores tidas por muitos como infrutíferas: as gestões de Joaquim Levy e Nelson Barbosa na Fazenda. O cenário que se avizinha é mais confortável. Seja em função do câmbio, seja pela própria recessão, já é líquido e certo que a inflação vai ceder. A queda dos juros também está no horizonte. O mercado espera uma redução da Selic a partir de agosto. Mas, no Planalto, a torcida é que ela venha já na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 26 e 27 deste mês. Nesse caso, a taxa cairia de 14,25% para 14%.  Do ponto de vista político e mesmo no que diz respeito à comunicação com a população, estes fatos, por si só, não têm qualquer impacto. No entanto, devidamente embalados, servem de moldura para o mantra contra o impeachment. Mais importante ainda é a folga no orçamento obtida com o adiamento das metas fiscais pelo ministro Nelson Barbosa. Parte desses recursos será remanejada para programas de cunho social e estímulo à produção. Mais uma vez, a economia poderá ser usada em prol da política na tentativa de conter a avalanche do impeachment. Enquanto Lula sussurra em Brasília, Dilma grita em alto e bom som: “Não vai ter golpe”. É o que resta. Mas pode ser que não seja pouco.

#Dilma Rousseff #Joaquim Levy #Lula #Michel Temer #Minha Casa Minha Vida #Nelson Barbosa #Renan Calheiros

Dilma não quer saber de agenda positiva

28/03/2016
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 O roteiro original não era esse. No script previsto, com Lula postado ao seu lado, já empossado no Gabinete Civil da Presidência, Dilma Rousseff anunciaria uma no cravo e outra na ferradura, ou seja, a inclusão de R$ 80 bilhões nas despesas previstas no orçamento exclusivamente dirigidas ao deslanche da atividade econômica; e a proposição de um leque de reformas estruturais (previdência, federativa, tributária, política) com prazo de envio firme dos projetos ao Congresso. Essa última medida, entraria na conta da campanha do Lula 2018, levando a mensagem de um Brasil repaginado e moderno. Com a cassação da posse no ministério, a estratégia ficou manca. Isolada, no seu tradicional deserto de agendas positivas, Dilma esqueceu as reformas e qualquer escrúpulo macroeconômico, mandando o superávit primário às favas. Partiu para obtenção dos recursos necessários para aquecer a economia no orçamento e nas suas franjas. Para não variar jamais, agiu de forma equivocada.  A trapalhada começa com Nelson Barbosa a quem é incumbida a tarefa de caçar os recursos. Barbosa faz todo o estardalhaço a que tem direito, permitindo que a mídia transformasse o que deveria ser apresentado como um programa de recuperação econômica em uma grave irresponsabilidade fiscal. Agora, se Dilma ousar anunciá-las, ao invés de um agrado à Nação estará coonestando um crime fiscal de lesa-pátria. Em síntese, transformou o banquete em jejum. Resta saber se Lula assumirá ou se, mesmo como assessor especial, desempenhará funções parecidas. Caberá a ele reverter o jejum em banquete. Afinal, não há habilidade política que dê jeito em expectativas permanentes de um futuro pior. Lula vai ter de dar credibilidade à agenda de reformas e o porvir das contas fiscais. Na presidente, ninguém acredita.

#Dilma Rousseff #Lula #Nelson Barbosa

Oito cenários à procura da realidade

21/03/2016
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 As fichas estão sendo apostadas no impeachment de Dilma Rousseff e na prisão de Lula. Mas a ambiência institucional e a volatilidade dos fatos suportam as mais variadas hipóteses, algumas indesejáveis e outras até extravagantes. O RR desenhou seus cenários e deu suas respectivas notas. Escolha o seu. Mas não espere encontrar uma opção tranquilizadora.  CENÁRIO 1: São cumpridos os ritos do impeachment na Câmara e no Senado, e Dilma Rousseff já está pré-condenada por todos. É possível, bem razoável, que Sergio Moro tenha mais alguma gravação “fortuita” para dar o xeque-mate na presidente. Tudo muito rápido. A esquerda patrocina a ideia do exílio de Dilma. Ela vira uma versão grosseira e mal educada de Zélia Cardoso de Mello. Ficará eternamente lembrada como a pior presidente da República de todos os tempos. Nota AAA   CENÁRIO 2: Lula não assume a Casa Civil devido à interpretação condenatória do STF, é preso e, logo a seguir, é sentenciado – no melhor estilo Sergio Moro, a toque de caixa. Pega de 20 a 30 anos de prisão. Algo similar à condenação de Marcelo Odebrecht. A militância do PT desiste de reagir diante do massacre da mídia e da maioria crescente da população, que coloca em dúvida a lisura do ex-presidente. Lula fica engradado e solitário. Esse é o seu pior pesadelo, o do “Esqueceram de mim”. Nota AAa  CENÁRIO 3: Lula consegue assumir o ministério. Faz um discurso seminal em horário nobre. Chama todos à militância. Faz anúncios irresistíveis, a exemplo de um programa de recuperação social e econômica. Lula quebra a espinha dorsal da mídia ao usar à exaustão o horário pago de televisão. Falaria por volta de 10 minutos no horário do Jornal Nacional ou no intervalo da novela das 21 horas. O ex-presidente, com esse show off, reduz a animação dos “coxinhas”. Ainda nesse cenário, Dilma surfa no desarmamento dos espíritos patrocinado por Lula. O impeachment é postergado. Lula e Dilma determinam uma devassa fiscal seletiva e um levantamento de todos os passivos trabalhistas e previdenciários de veículos de comunicação escolhidos a dedo. Nota Bbb   CENÁRIO 4: Lula é preso. Dedica-se a escrever seus diários. Relata como foi perseguido por Sergio Moro, na lenta transformação do regime em um macarthismo verde e amarelo. Com dois ou três anos de cárcere, vai se tornando um ícone, um Nelson Mandela tupiniquim. Nota BBb  CENÁRIO 5: Dilma Rousseff não aguenta a onda e renuncia antes do término da abertura da sessão de impeachment. Lula vence a batalha das liminares no STF e permanece no Gabinete Civil da Presidência. Com um pedido público emocionado de Dilma, segue no cargo mesmo com a renúncia da presidente. Michel Temer assume. Vai governar com Lula. O ex-presidente fica mais à vontade, na medida em que Temer passa a ser investigado no esquema de arbitragem dos preços do etanol na BR Distribuidora e, em segundo plano, do feudo na Companhia Docas de Santos. Nota BBB  CENÁRIO 6: O TSE encontra provas do uso da grana do petrolão para o financiamento de campanha da chapa Dilma/Temer. Game over. Lula é preso. Dilma e Temer rolam o despenhadeiro. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, assume a presidência da República, com o compromisso de realizar eleições em 90 dias. Moro alveja Cunha frontalmente. Assume o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, que carrega um portfólio de denúncias de documento falso, peculato e falsidade ideológica. Renan também cai na rede de Moro. Ascende, então, um togado. O presidente do Supremo – Ricardo Lewandowsky ou, a partir de setembro, Carmem Lucia – cai de paraquedas na Presidência da República. A partir de 2017, portanto na segunda metade do mandato, a eleição do presidente se dará por voto indireto. Os atores que sobem no proscênio da envergonhada política nacional, concorrendo no voto direto ou indireto, são Aécio Neves e Nove cenários à procura da realidade Geraldo Alckmin, Eduardo Paes, José Serra, Ciro Gomes, todos sabidamente patos para Sergio Moro. Sim, restam Marina Silva e Jair Bolsonaro. A julgar pela ausência no momento mais crucial da República, Marina trocaria as eleições no Brasil pelas do Tibet. E Bolsonaro, mesmo que concorra conforme as mais rigorosas normas democráticas, será golpe de qualquer maneira. Nota aaa  CENÁRIO 7: A tensão cresce no país. A nação corre o risco de se transformar em uma praça de guerra. A primeira bala perdida, um número maior de feridos, um confronto corpo a corpo com as forças da ordem e pronto: terão extraído o magma fumegante que assopraram com convicção. Sangue e porrada na madrugada. Dilma, na condição de comandante em chefe, convoca o Conselho Nacional de Defesa, dentro dos estritos ditames constitucionais. Sentados no Conselho, o ministro da Defesa, os três comandantes militares e o chefe da Casa Civil – Lula or not Lula. Juntos, analisam a exigência de se lançar mão do estado de emergência, instituto cabível na situação citada. Golpe? Nenhum, pois a iniciativa está prevista na Constituição. Na excepcionalidade da circunstância, a ordem tem de ser mantida. As negociações com o Congresso e o Judiciário mudam muito! Nota BB+   CENÁRIO 8: O onipresente Sergio Moro avança no seu projeto de dizimar a classe política e refundar o Brasil. Todas as lideranças estão ameaçadas para valer: Lula e Dilma, é claro, mas também FHC, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Michel Temer et caterva. Os políticos se reúnem para firmar um pacto, um governo de coalizão nacional, compartilhado entre os partidos. Todos acolhem que esta é a melhor solução não somente para a sobrevivência jurídica, mas para tirar o Brasil do atoleiro. Os líderes acordam que a fórmula para estabilizar a economia brasileira é promover um ajuste relâmpago no estilo Campos-Bulhões. Com o Congresso dominado, é pau na máquina. Nota CCC

#Dilma Rousseff #Impeachment #Lula #Michel Temer #Sérgio Moro

Lula e Dilma só teriam a Força em outra galáxia

11/03/2016
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  Há um tempo não mensurável, em uma galáxia nas cercanias, personagens replicantes se confrontam em manifestações pelas ruas da cidade. Os seres análogos a Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, acuados pelas denúncias da oposição, veem exauridas as possibilidades de reagir ao adversário. Ambos perderam seu contato com a Força, leia-se a maioria da população sofrida e carente daquelas paragens do universo. Em um governo de coalizão com a traiçoeira timocracia e fragilizados pelos malfeitos de sua própria espécie, estão encurralados entre a masmorra e o abismo. Em meio à recessão, ao desemprego e à desesperança que se abatem sobre a República, a escolha só poderia ser governar para o povo e com o povo. A política de ajuste focada somente na redução do emprego, na desaceleração da economia e na queda do salário real seria revertida, tornando-se um fabuloso programa social e de retomada do investimento. Com essa decisão, “Dilma do B” unificaria sua base partidária, que se sentia traída pela adoção do receituário das hostes inimigas. O Lula intergaláctico, por sua vez, se tornaria ministro plenipotenciário para assuntos de Estado, com a missão de viabilizar o projeto o mais rapidamente possível, sem que isso significasse um ato de exceção diante de uma eventual condenação da Justiça.  Os replicantes Dilma e Lula ganhariam tempo para conseguir a tonicidade necessária à implementação das grandes reformas estruturais, que teriam sua realização garantida a partir do primeiro biênio de vigência das medidas. Como prova da solidez das iniciativas e da integridade das suas intenções, a dupla proporia a instituição do recall em um ano, contado a partir da data de anúncio das ações. A desaprovação popular, portanto, poderia  ceifar o mandato dessa “Dilma espacial” em pouco mais da metade da sua gestão. Ambos prestariam contas semanalmente em rede nacional de TV sobre os avanços e resultados do novo programa.  Os recursos seriam obtidos em fontes que não exigissem aprovação no Congresso, notadamente mudanças na Constituição, e tampouco implicassem a disparada da dívida pública bruta. A Petrobras seria capitalizada por meio da conversão do seu endividamento junto a bancos públicos em participação acionária e recompra de passivos por um fundo soberano constituído por fração das reservas cambiais. Os recursos da repatriação de capital, da securitização da dívida ativa da União, da venda emergencial de estatais e todo o patrimônio disponível seriam canalizados para esse “New Deal interestelar”. O orçamento da União seria preservado de uma contribuição maior. O governo iria buscar recursos no Banco Mundial, no BID, no Banco dos Brics e, eventualmente, através de dívida soberana para financiar o programa de recuperação do consumo. Os dois simulacros fariam da nova agenda a sua bala de prata para confrontar o exército inimigo. Mesmo que derrotados nessa guerra das estrelas, o ideário da República sobreviveria a um tempo de equívocos e arrependimentos. Cabe a pergunta: a Força estará com eles?

#Banco Mundial #BID #Brics #Dilma Rousseff #Lula #Petrobras

Organização

8/03/2016
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 Na última sexta-feira pela manhã, menos de duas horas após a operação da PF no apartamento de Lula, João Pedro Stedile e outros líderes do MST já arregimentavam integrantes do movimento no interior do Rio Grande do Sul para ir às ruas no dia 13 em defesa do ex-presidente. No dia seguinte, o próprio Stedile ainda subiria o tom, falando, inclusive, em “parar as estradas do Brasil” – conforme vídeo disponível no Youtube.

#Lula #MST

Jararaca empurra a Lava Jato no rumo da isenção

7/03/2016
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 Pode ser que a jararaca não vire o jogo ainda, mas o humilhante episódio da condução coercitiva vai corrigir distorções escandalosas no processo de delação premiada. Até agora, Ministério Público e Polícia Federal bons eram aqueles que colhiam depoimento de indícios de ilícitos somente de um setor das arquibancadas, ideologicamente bem definido e representando o agrupamento político mais odiado pelas classes dominantes. Esse agrupamento era invariavelmente associado com o segmento empresarial detentor da pecha de mais corrupto da sociedade pelo fato de ter as incestuosas relações com o Estado desde sempre. Ministério Público e Polícia Federal ruins seriam os que se manifestassem pelo benefício da dúvida para o PT e as empreiteiras que sempre viveram nas franjas de qualquer governo. É possível que tenham surgido condutas condenáveis ou criminalizáveis dessa parceria? É mais do que provável; é certo. Mas é injusto, faccioso, tendencioso que as delações premiadas fiquem circunscritas a um lado só da história.  Pois bem, segundo uma fonte do RR, a reação popular à condução coercitiva de Lula tocou fundo nas sinapses do estrategista Sergio Moro. Até agora a batalha pela adesão popular tinha sido ganha. Mas só até agora, ressalte-se. Existem 11 delatores premiados na fila para a beatificada deduragem. A orientação agora é que a entrevista seja giratória, ou seja, o dedo duro terá de acrescentar denúncias novas em outras esferas de interesse, ou seja, fora do “crime em voga”. O delator vai precisar sair da casca e entregar infrações em áreas diversas, personagens diferentes, partidos e grupos ideológicos distintos. Em síntese, terá de fazer justiça, a concepção que Moro vendeu, mas não entregou. O impacto da entrada de Lula em cena, inflado pela humilhação, fragiliza a opção única pelo PT como monopolizador da criminalidade nacional. Avaliaram mal a força do seu carisma. A operação, que era para quebrar a espinha do ex-presidente, ressuscitou sua fibra e a militância do partido. Um desastre de imagem, para um nada de retorno.  O RR teve a garantia de que Lula vai bater na tecla dessa descarada predileção do Judiciário por ele e seus companheiros. Os procuradores, por sua vez, não passarão recibo. Para manter o projeto de poder da República de Curitiba, Moro vai trazer à baila a turma de FHC, Sarney e Collor. Aliás, o RR nunca acreditou que o PT fosse uma obsessão dos procuradores. A coroa de espinho da oposição estaria guardada. O foco original no PT era devido à sua condição de poder dominante. Agora, vai sobrar delação para todo mundo. Se não for assim, Moro, ao invés de virar o Zorro, o justiceiro, vira o Tonto, enviesado de corpo inteiro no jogo político.  NR: A questão Lula em nada altera a palermice do governo. Dilma Rousseff tem de acertar alguma coisa para pegar uma carona no episódio.

#Dilma Rousseff #Lava Jato #Lula #Sérgio Moro

Munição guardada

7/03/2016
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 O presidente do PT, Rui Falcão, tem dito em circuitos fechadíssimos que a maior munição guardada no paiol do governo é uma troca ministerial: Lula na Casa Civil e Antônio Palocci de volta à Pasta da Fazenda. Como hoje não existem grandes protagonistas da política que não estejam engolfados pela maré denuncista, não há nada contra Lula e Palocci.

#Lula #PT

Velas acesas

26/02/2016
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 Lula tem acendido uma vela para os empresários e outra para os intelectuais. Nesta semana conversou com um dirigente de instituição financeira. Estão previstos encontros do ex-presidente com acadêmicos em vários estados.

#Lula

Quem disse que Lula silenciará com a prisão?

29/01/2016
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 Os corvos mais afamados grasnam estridentes: é uma questão de dias ou semanas a prisão preventiva do ex-presidente Lula. Um tempo longo quando se pensa que ela está decretada há mil anos com base em odiosa discordância ideológica de opositores. Portanto, parece não haver novidade se ele for encarcerado no âmbito da Operação Lava-Jato. Mas há o risco e tensão de que a liturgia da degradação não ocorra em praça pacificada. Existem sérias dúvidas sobre a forma de reação de Lula e a resposta dos movimentos sociais a uma eventual conclamação do ex-presidente. Analistas refinados do cenário político consideram que não haveria por que Lula “deixar barato” um episódio que vem sendo refogado em banho-maria desde o início da Lava-Jato. A única questão rebelde em meio ao oceano de previsibilidade era sobre o timing da prisão: mais próxima ou menos próxima da eleição presidencial. Tudo indica que venceram os moderados, aqueles que previam um risco de maior comoção caso a medida fosse tomada nas cercanias de 2018. Mesmo que o assunto esteja sendo tratado como “estritamente jurídico”, valem as advertências: Lula é um ícone, está em xeque toda a sua história, a prisão será associada a um projeto de assassinato do PT.  Pelo menos potencialmente existe uma “nação petista” aguardando ansiosamente a ordem de combate e a própria presidente Dilma se verá obrigada a entrar firme na contenda. A combinação de fatores coloca a “República de Curitiba”, como são chamados os procuradores que gravitam em torno do juiz Sérgio Moro, no cume da sua responsabilidade. A prisão de Lula e os prováveis episódios de aviltamento – vazamentos seletivos, pré-julgamentos na mídia, delações premiadas, encarceramento por tempo indeterminado etc. – atingem o cerne da sucessão política. O ex-presidente Lula tinha na última pesquisa de opinião cerca de 30% dos votos certos na eleição de 2018. Que perca metade, ainda não seria pouca coisa para início de campanha. Tem a memória coletiva a seu favor. Ou não foram tempos de bem-estar para a população a chamada “era Lula”? E ainda que por uma lógica tortuosa conta com a piora do ambiente socioeconômico a seu favor. A lembrança tende a ser: “Com Lula não era assim.”  As consequências da prisão seguem longe. Vão para o mesmo saco também o governo e o mercado, cujos interesses se entrelaçam. Dilma vai dispersar, fazer mais oposição do que governar. Ela não é bem o que pode se chamar de petista, mas com Lula engaiolado a Lava-Jato chega à sua sala de estar e reaquece o caldeirão do impeachment. Resumo da ópera: projetos de concessões parados, aumento da aversão ao risco e mais recessão. E o mercado? Bem, as bolsas vão primeiro subir e depois cair, com a antevisão de que o apetite pelo crédito e o consumo cairão, que o dólar dará um salto e que mesmo com os ativos baratos os investidores externos entrarão em sobressalto com a hostilidade política e psicossocial do país. A alternativa a esse estado dos fatos é Lula assumir o silêncio dos cordeiros, o povo ignorar solenemente sua prisão e Dilma dar as costas para o ex-padrinho, desmoralizado e pestilento. Convenhamos que é difícil.

#Dilma Rousseff #Lava Jato #Lula #PT #Sérgio Moro

Lula romper com Dilma é uma estultice como nunca se viu

28/01/2016
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 A tese de rompimento de Lula com a presidente Dilma Rousseff tendo em vista a candidatura em 2018 é no mínimo naif. O RR conversou com um dos interlocutores mais próximos do ex-presidente – olhem para o Instituto Lula e vão encontrar a fonte sempre por lá – que disse: “Só quem não conhece o Lula não sabe que ele combina o morde e assopra.” Ele e Dilma conhecem os passos do minueto. A ideia é que Lula empurra as decisões do governo – ou atravanca – em acordo com a presidente. Lula é um campeão em alçar balões de ensaio. Quando parece que ele está contra o Planalto, é tudo acordado. A declaração de que o governo deveria dar uma “keynesianada”, abrindo os cofres para que os bancos públicos ampliassem os financiamentos para o aquecimento da economia não poderia ser dada por Dilma. Se ela falasse, sancionava. Nelson Barbosa só arranhou o assunto. Lula não. Ele podia colocar na roda – como fez – para ver o retorno dos agentes econômicos, mídia etc e tal.  A empinada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social também foi uma dessas tricotadas. Uma das participantes do Conselhão já tinha convencido Dilma sobre a oportunidade do relançamento do CDES. Na conversa da presidente com Lula, ficou acertado que o vazamento se daria como se a ideia fosse dele. Assim foi feito. Saiu na imprensa que a sacada era de Lula e que Jaques Wagner seria o operador. Dilma estará lá hoje, toda supimpa fazendo o discurso inaugural. A fonte do RR disse que o ex-presidente ficou muito mais confortável com nomes como Jaques Wagner, Edinho Silva, Ricardo Berzoini e Nelson Barbosa ocupando os cargos principais do Planalto e Fazenda.  Mas isso em nada alterou o compromisso entre ambos de acertar, passo a passo, a articulação política. É a cláusula pétrea da relação dos dois. Segundo a fonte, “é óbvio que para Dilma é ruim o distanciamento ou a fragilidade política do seu maior esteio. Quanto a Lula, não dá nem para imaginar ele queimando caravelas e fechando portas. No que diz respeito a assuntos cabeludos, tais como o triplex de Lula ou o envolvimento de Dilma com a Lava Jato, ficamos assim combinados: nem um nem outro darão qualquer declaração que avance além da convicção de ambos em relação à lisura mútua, nada que adentre os meandros do caso. As defesas tanto de um quanto de outro serão amareladas porque fazem parte da misen-scène acertada. No mais, está compreendido que o candidato a presidente tem que criar fatos e discordar com jeitinho da titular do cargo. Lula é o candidato em 2018. Candidato dele mesmo e de Dilma. Esse chumbo trocado não dói. Somente se houver um fato excepcional, daqueles fora da curva, essa equa- ção será alterável.

#Dilma Rousseff #Lula #PT

Impeachment de Dilma traz o fantasma do “Volta, Lula”

15/12/2015
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 O empresariado paulista está dividido em relação ao impeachment de Dilma Rousseff. De um lado, a “banda de música” da Fiesp, regida por Paulo Skaf, faz campanha aberta em favor do impedimento. De outro, empresários “mais cabeça”, como Pedro Passos, Carlos Alberto Sicupira e Paulo Cunha, entre outros, ponderam, à boca pequena, que o afastamento da presidente da República pode resultar em novos problemas sem trazer soluções correspondentes. Nenhum dos grupos empresariais citados nutre simpatia por Dilma ou por seu governo. Mas as duas correntes têm sensibilidades distintas em relação ao impeachment. Enquanto Paulo Skaf lidera oligarcas raivosos, que apoiam o fuzilamento do mandato da presidente na expectativa de substituí-la por um representante autêntico – Michel Temer é quase um “membro de honra” do clube –, a outra turma enxerga um ambiente social tumultuado e o risco de um “sebastianismo lulista” em 2018.  Para o grupo reacionário que domina a Fiesp, o PMDB seria uma opção preferencial ao PSDB. O partido do vice-presidente Michel Temer e a entidade estão entremeados por raízes fisiológicas com o mesmo parentesco. Paulo Skaf enxerga em um mandato Temer a ponte para sua própria escalada ao Palácio do Planalto, reconstituindo uma era em que operários estavam aprisionados a sua condição social, cabendo à burguesia empresarial a condução do país. Com esse propósito obsessivo, os extremistas da Fiesp têm aberto o cofre para financiar uma campanha contra o governo de Dilma com paralelo somente no período pré-golpe de 64. Os empresários mais arejados, que se encontram, em parte, ligados ao Iedi e ao protopartido Rede, temem que o impeachment de Dilma acabe resultando em um falso combate ao mal que abateu o PT com mais do mesmo veneno. Anteveem também as ruas roucas e indignadas com a receita de política econômica do novo governo, que vai dizimar salários e empregos com sua “ponte para o futuro”. Curioso: trata-se da mesma receita que Dilma está implementando e implementará, caso escape das manobras para o seu afastamento.  Os empresários divergentes da Fiesp consideram o impeachment um presente para Lula, que retomaria o comando da oposição, despindo-se da fantasia de defensor-mor de Dilma Rousseff. Sem o contágio da gestão da presidente e podendo atirar contra tudo e contra todos, em um ambiente de recessão e queda da renda, Lula seria um adversário temível em 2018. Para esse grupo empresarial, a questão que se põe é qual o cenário menos pior: mais três anos de Dilma Rousseff ou a escalada de Lula à presidência em 2018. Progressistas ou reacionários, os empresários concordam nesse ponto: o risco de um quinto mandato do PT deve ser debelado de qualquer maneira. Até onde estão dispostos a ir contra o “Lula lá” é o que os diferencia.

#Dilma Rousseff #Fiesp #Impeachment #Lula #Paulo Skaf

Atento a 2018

23/11/2015
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 Lula demarcou o terreno da sua candidatura à presidência, em 2018. Só disputará a eleição se alguém tiver um projeto de governo que destrua o que fez pelo social. Leia-se que qualquer candidato será tachado de ir contra o social.

#Eleição Nacional -2018 #Eleições #Lula

Maestro Jobim

28/10/2015
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Nelson Jobim teria sido acionado pelo próprio ex-presidente Lula logo nas primeiras horas da manhã da última segunda-feira. Com a discrição peculiar, acompanhou à distância todos os passos da incursão da Polícia Federal nas empresas de Luis Claudio Lula da Silva.

#Lula

TIM Brasil pisca no radar da Operação Zelotes

27/10/2015
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  A Operação Zelotes avança sobre a TIM Brasil. A Polícia Federal e o Ministério Público têm informações que comprovariam a participação da companhia no esquema de pagamento de propinas a conselheiros do Carf. Novas revelações sobre o caso deverão ser divulgadas em breve por uma revista nacional de grande circulação, segundo o RR apurou. O alvo das investigações seria o processo em andamento no Carf relativo à compra da Tele Nordeste Celular Participações , negociação fechada pela operadora no fim dos anos 90. Procurada, a TIM não se pronunciou, alegando estar em período de silêncio.  A TIM foi autuada pela Receita Federal por ter se beneficiado indevidamente de um ágio de R$ 600 milhões para reduzir a base de cálculo do IR e do CSLL. O recurso da empresa, que tramita na 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do Carf, tinha como relator o conselheiro Carlos Pelá, que pediu dispensa do cargo em julho deste ano. Em seu parecer, Pelá votou a favor da TIM.  As investigações da TIM se estenderiam na direção do escritório de advocacia Mussi, Sandri, Faroni & Ogawa. A firma já teria prestado serviços para a operadora na esfera tributária. Dois dos sócios do escritório são os renomados advogados Leonardo Mussi e Valmir Sandri. Tanto Sandri quanto Mussi eram conselheiros do Carf e deixaram o órgão entre o fim de abril e a primeira semana de maio. Também consultado, o Mussi, Sandri, Faroni & Ogawa informou que, por razões éticas e contratuais, “não se manifesta a respeito de clientes ou de processos sob sua responsabilidade” ou mesmo “questionamentos relacionados a empresas, ainda que não tenham, efetivamente, nenhuma relação jurí- dica com o escritório”.  Por falar na Operação Zelotes, a incursão de ontem da Polícia Federal na LFT Marketing Esportivo e Touchdown, de Luis Claudio Lula da Silva, teve forte repercussão no gabinete do deputado federal Andrés Sanchez. O filho do ex-presidente Lula é muito ligado ao parlamentar. Quando era presidente do Corinthians, Sanchez o contratou para trabalhar como preparador físico do clube e, depois, foi um dos maiores incentivadores para que ele abrisse sua própria empresa de marketing esportivo.

#LFT #Lula #TIM #Touchdown

O orixá que habita o Palácio do Planalto

19/10/2015
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 Diz-se na Bahia que o ministro chefe do Gabinete Civil, Jaques Wagner é filho de Xangô, orixá do trovão e ligado à justiça. Que seja, mas ele também reza pela benção do profeta Davi. É preciso mesmo estar ungido para desenrolar as missões que lhe foram incumbidas. Wagner foi despachado para o Planalto com o múnus de rabiscar a minuta de uma II Carta ao Povo Brasileiro, bala de prata para enfrentamento da incredibilidade econômica, a ser usada após a superação do round golpista. Paralelamente vai afinar, dentro do Palácio, o jogo de espelhos, especialidade do chefe Lula. Algo mais ou menos como simular que o ex-presidente não pensa aquilo que disse, mas que o que disse está combinado com a presidenta e que Dilma vocaliza e governa diferente do que Lula supostamente deseja, mas no fundo, pasmem, é tudo a mesma coisa. Dessa tradução do realismo fantástico dependeria o futuro do PT e, é claro, sua performance nas eleições de 2018.   Assim, em suas articulações no núcleo duro do governo e nas entranhas do Congresso, Wagner garante, por exemplo, que o ex-presidente é a favor do ajuste fiscal, enquanto “o chefe” manda brasas no palanque contra a recessão, queda do salário real e no próprio Joaquim Levy. Tido como o mais manhoso dos petistas, cabe a Wagner negociar com o ministro da Fazenda. A diferença em relação à difícil conversa com Aloizio Mercadante é abissal. O baiano é bom de bico, fala mansa. Mal sabe Levy que Wagner vem fazendo sua cama para que, já já, venha, então, o messias Henrique Meirelles. Por enquanto, nesse finzinho de crepúsculo, o titular da Casa Civil vai acertando com seu companheiro da Fazenda os detalhes para encerrar, de uma vez por todas, a novela das empreiteiras, que está empatada há meses no mesmo capítulo, congelando a infraestrutura do país no período pré-cambriano. Wagner tem negociado com as construtoras o acordo de leniência engendrado por Levy para o desembargo das construtoras.   Nos préstimos do bom baiano pode também ser creditada a recente e indigesta rodada de conversações com Eduardo Cunha, reabrindo um canal de diálogo com o presidente da Câmara. Wagner assumiu o lugar de Temer na negociação política com suavidade, deixou Renan plácido como as águas da praia de Itacimirim, e, pasmem, conseguiu que Dilma ficasse restrita a suas aptidões, fazendo conferências sobre como estocar o vento. Wagner fala ao telefone com Lula todos os dias. Diz que gosta mesmo é de ficar em casa, um apartamento de classe média alta, no bairro da Federação, em Salvador, com vista para o mar ao fundo. Do lado, se encontra a Igreja de São Lázaro. Um conhecido médico baiano, considerado o maior parceiro de Wagner, conta que ele toma cervejinha com o pior desafeto da mesma forma que bebe com os amigos. O cabra é protegido.

#Dilma Rousseff #Eduardo Cunha #Henrique Meirelles #Jaques Wagner #Joaquim Levy #Lula

Podem pular fora

16/10/2015
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 O ex-presidente Lula baixou os flaps da CPMF junto à bancada do PT na Câmara. Na reunião com os deputados, ontem, o ex-presidente liberou todos para que pulassem fora do barco. A lógica é bem lulística: perdido por um déficit fiscal é a mesma coisa de perdido por um déficit fiscal e meio. Com o rebaixamento do país por mais uma agência de risco, não haveria mais motivo para a correria. O imposto seria votado no ano que vem, lustrando o resultado fiscal de 2016, muito provavelmente sem Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.

#Joaquim Levy #Lula

Imunização

6/10/2015
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Entre outras razões, há uma boa justificativa para Lula antecipar uma eventual pré-candidatura em 2018: buscar nas ruas uma “pré-imunidade” contra a Lava Jato.

#Lava Jato #Lula

Nada certo

16/09/2015
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Apesar de todo esse caos, Lula permanece com 30% das intenções de voto para 2018. Com mais 10%, o Lula lá fica por um triz.

#Lula

Dilma Roussef tira dos ricos para iludir os pobres

10/09/2015
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 O ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, tem insistido na mesma ladainha junto a Dilma Rousseff. Rossetto, ilustre representante da diminuta falange trotskista no Brasil, acha que Dilma deve “meter o sarrafo nos ricos” e não ficar somente no blá-blá-blá de palanque. Tem de afinar o discurso com a política econômica, ou seja, fazer um ajuste fiscal progressista e viabilizar Joaquim Levy como uma espécie de Robin Hood tributário. O alerta diz respeito ao impacto perverso da política de cortes junto aos segmentos socialmente menos favorecidos e, principalmente, ao fato de que o câmbio depreciado e os juros em Júpiter tiram dos pobres e beneficiam os ricos.  A medição da concentração de renda neste último período do governo de Dilma deve apavorar mais o ex-presidente Lula do que o propalado risco de encarceramento. Enquanto os ricos enriquecem velozmente, os mais pobres estão tendo de lidar com uma taxa de desemprego crescente, redução dos programas sociais, diminuição da parcela de crescimento real do salário mínimo e um tiro no tórax do seguro desemprego. O Bolsa Família será mantido no mesmo valor, o que quer dizer que não será corrigido pela inflação da gestão Dilma, a mais alta dos governos do PT.  De Paris, em um quartier longe da Bastilha, Levy ecoou os ditos do Planalto. Pode ser pura coincidência, mas o anúncio dos estudos para a criação de impostos sobre fortunas e sobre rendas mais altas da pessoa física indica que a cacofonia da política e a regência da economia estão próximos de falar a mesma língua. O arsenal contra os ricos inclui ainda o imposto sobre heranças e doações, que já esteve na bica de ser criado algumas vezes.  Todos estes gravames não carregariam apêndices com vinculações a novos gastos, ao inverso da CPMF, com o financiamento às despesas com a saúde. São tributos que têm o mérito de perseguir a justiça social, mas com pouca capacidade arrecadatória. Entretanto, funcionam à perfeição como lubrificante da oratória do governo. Com essa miríade de impostos, o Planalto poderia responder à onda de reclamação de parlamentares de esquerda, sindicalistas e do seu próprio partido e, ao mesmo tempo, usar os tributos como manobra compensatória para deslizar a Cide e um cada vez mais provável imposto transitório, de nome desconhecido. Estes dois últimos impostos, ao contrário dos que mordem os mais ricos, são os efetivamente arrecadatórios. Resta passá-los pelo Congresso. Talvez tivesse sido mais simples ter batido na mesa para aprovar a CPMF.

#CPMF #Dilma Rousseff #Joaquim Levy #Lula #PT

Família Itaipu

3/09/2015
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Com a cabeça a prêmio, Jorge Samek tem apelado a Lula para permanecer na presidência da Itaipu Binacional. É praticamente um assunto de família. A filha de Samek namora um dos filhos do ex-presidente. Itaipu diz “não ter informação sobre o assunto”. *** Por falar em Itaipu, o governo está prestes a selar um acordo com o Paraguai sobre as tarifas e as dívidas da usina. O passivo referente à construção da geradora, que já caiu de US$ 27 bilhões para US$ 13 bilhões, será zerado até 2023. Para compensar o esforço financeiro, as tarifas de energia vão ser mantidas, conforme pleito do governo paraguaio.

#Itaipu Binacional #Lula

O empresariado engajado no autoengano de Dilma

31/08/2015
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A disposição de Dilma Rousseff em criar um núcleo duro empresarial no seu governo, com forte participação em uma futura reforma ministerial, está esbarrando na diversidade dos interesses e ideias da categoria. O apoio do empresariado foi apresentado à presidente como uma terceira via para lidar com a borrasca perfeita do seu governo: base aliada dividida, Congresso hostil, crash de popularidade, corrupção, ministério fisiológico, inflação, recessão etc. A ideia de trazer a burguesia para compor a regência é um chiclete mastigado. Lula defende um diálogo maior com o setor privado desde a formação do ministério do segundo mandato. O chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que tem bons amigos entre os empresários, é entusiasta antigo dessa aproximação e adepto da criação de um conselho consultivo de dirigentes do setor privado – a presidente ouve falar em conselheiros e quer logo pegar em uma pistola. Na última vez, mirou o alvo e assassinou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Joaquim Levy veio bater na mesma tecla de atração do empresariado. A estratégia caiu na boca do povo, e ministros como Armando Monteiro e Nelson Barbosa, além dos “aliados” Michel Temer e Renan Calheiros, correram para os braços dos empresários. Os interesses nesses jantares, almoços e reuniões variam do oportunismo mais rastaquera até nobres tentativas de apoio. Em comum, o fato de que todos batem cabeça. Os empresários não têm “uma agenda para o desenvolvimento”, até porque, “agendas” – enfatize-se o plural – é o que não falta. Não há nada nesse empresariado que lembre os Srs. Augusto Trajano de Azevedo Antunes, Gastão Bueno Vidigal, Antonio Gallotti, Walther Moreira Salles, Amador Aguiar, Cândido Guinle de Paula Machado e… Roberto Marinho. Uma elite orgânica, conservadora modernizante, frequentadora entre si, empreendedora, com um projeto permanente de conquista do Estado e ciosa de previsibilidade. O atual rating dos endinheirados varia conforme as notas sobre a gradação financeira, respeitabilidade, presença na mídia e dependência financeira do governo. Há análises combinatórias. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, tem relacionamentos com o governo, respeitabilidade e porte financeiro. O presidente do Itaú, Roberto Setubal, respeitabilidade e grana, mas nunca foi bem visto no Planalto. Jorge Gerdau, arroz de festa nas especulações ministeriais, é, no momento, potencial candidato a pedir o auxílio do governo. O presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, já foi aspirante a ministro da Fazenda antes de Joaquim Levy. É identificado como um sincero colaborador. Os dirigentes da Natura, Guilherme Leal e Pedro Passos – este último presidente do IEDI – são anunciados como presentes em todos os encontros, mas nunca participaram de nenhum. E tome de Benjamin Steinbruch, Rubens Ometto, Edson Bueno, Cledorvino Belini, Joesley Batista e tantos e tantos outros. Ressalvas para Paulo Skaf, considerado pelos seus pares o “Guido Mantega do empresariado”. São tantas as diferenças para um único consenso: Dilma é vista por todos como um estorvo. Se a realidade refletir o que é dito pelos empresários à boca pequena, o apoio à presidente não passa de um autoengano de Dilma.

#Benjamin Steinbruch #Bradesco #Dilma Rousseff #Gerdau #IEDI #Itaú #Joaquim Levy #Jorge Gerdau #Lula #Michel Temer #Natura #Paulo Skaf #Renan Calheiros #Roberto Setubal #Rubens Ometto

Chá de sumiço

28/08/2015
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Os amigos de José Seripieri Jr. andam saudosos. O dono da Qualicorp reduziu sua presença em eventos e locais públicos. Seripieri, como se sabe, tem queridos amigos, a começar por Lula.

#Lula #Qualicorp

Palacianas

27/08/2015
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Apesar do tenso encontro da semana passada no Palácio do Jaburu, quando o vice-presidente se alterou e chegou a bater com os punhos na mesa, Michel Temer tem mantido uma intensa interlocução com Lula. Seus assessores, inclusive, se deram ao trabalho de calcular: são três conversas em média com o ex-presidente para cada diálogo com Dilma Rousseff. *** Observação de um dos poucos ministros ainda próximos de Dilma Rousseff: “Hoje, o governador mais chegado à presidente é um tucano, Marconi Perillo. É o fim da picada e do governo”.

#Dilma Rousseff #Lula #Michel Temer

BNDES inicia sua longa jornada noite adentro

20/08/2015
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O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, desembarca hoje no Congresso Nacional com a missão inglória de impedir o estupro da instituição. A CPI do BNDES é uma cortina de fumaça para aleijar o banco. Não bastará à instituição purgar em praça pública a averiguação de eventuais desmandos financeiros, a exemplo da Petrobras. O banco, não sendo extinto, precisa ser descaracterizado em sua essência, ou seja, uma agência de fomento que tem por função prioritária a concessão de financiamentos ao setor industrial. O RR apurou que a presidente Dilma Rousseff abandonou a causa da integridade do BNDES. O que Dilma não quer é que o banco se constitua em mais um escândalo, uma espécie de segunda Petrobras. Seu empenho é empurrar para longe as acusações de corrupção e malversação de recursos. Essas denúncias recaem na direção do expresidente Lula, sinônimo de CPI do BNDES. Lula precisa ser preservado, o governo precisa ser preservado, mas o banco, na ótica palaciana, poderia entregar dedos e anéis. A pressão é para que o BNDES encolha, reduza seu enraizamento com a política industrial, se torne uma espécie de Sebrae tonificado, perdendo o seu protagonismo estratégico. Nesse contexto, a palavra subsídio é tida como um anátema. Coutinho adentra a CPI empunhando três bandeiras: a defesa da probidade e lisura das operações do banco, a preservação do que for possível na sua estrutura de funcionamento e salvar sua própria pele. O curioso da CPI é que existem apenas suspeições, algumas delas bisonhas. O caso das privatizações no governo FHC, notadamente da Telebras, BNDES inicia sua longa jornada noite adentro em que a corrupção foi pública, sequer é mencionado. Ao contrário do escândalo da “telegangue”, neste momento não há um nome acusado de desvio de recursos ou de aceitação de propina na inquisição do BNDES. Afinal, quem é o Paulo Roberto Costa do banco? Algumas denúncias sugerem uma CPI do aparelho de Estado brasileiro, devido à amplitude de participação do governo. Por exemplo: o financiamento à prestação de serviços em outros países é chancelado pelo Ministério das Relações Exteriores, conta com a participação do Ministério do Desenvolvimento e a permissão do BC, para citar somente três órgãos governamentais. E o repasse dos recursos do Tesouro? Ora, o banco somente aceitou a decisão da Fazenda, que o escolheu como instrumento da sua política contracíclica para enfrentar a crise internacional. E os “cavalos vencedores”? Pode ser uma decisão questionável, mas já foi provado que as operações não incorreram em prejuízo. A CPI pretende propor medidas no melhor estilo do senador Joseph McCarthy, tais como a criação de um “grupo de inteligência” do Senado, que vai investigar as informações mais intestinas do banco. Os critérios para seleção dos investimentos também seriam escolhidos pelos parlamentares. Ninguém sabe o que ficará fazendo a melhor equipe técnica do país. A impressão é que o real objetivo da CPI do BNDES está encoberto pelo mar de lama no qual pretende se afogar o banco. O nome da CPI deveria ser a do “fim do BNDES”. Ou melhor, a CPI de Ignácio Rangel, Roberto Campos e Celso Furtado, os mentores da existência do BNDES e de seus melhores propósitos.

#BNDES #Dilma Rousseff #FHC #Lava Jato #Luciano Coutinho #Lula #Ministério da Fazenda

Fora das telas

18/08/2015
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Há quem veja as digitais de Lula na contida presença de José Eduardo Cardozo no noticiário dos últimos dois dias. Nas manifestações de março e de abril, o ministro da Justiça foi um dos mais atuantes porta-vozes do governo.

#Lula

Será que tem?

13/08/2015
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O processo de Lula contra a revista Veja revela algo mais além da indignação e vontade do ex-presidente de cobrar seus supostos direitos. Há qualquer coisa de extremamente sensível nesse movimento do xadrez. É como se Lula soubesse de algo.

#Lula #Veja

Era o que faltava

12/08/2015
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Lula não aceitou o convite para ser ministro por carradas de motivos. Entre elas, destaca-se a inevitável interpretação de que o desembarque no ministério de Dilma Rousseff seria o arrego frente a uma provável prisão. Ministros têm foro especial, não são encarcerados.

#Dilma Rousseff #Lula

Acervo RR

Freud explica

4/08/2015
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Freud explica: o dia inteiro de cobertura da Globonews sobre a prisão de José Dirceu é um ato falho. O segundo nome mais citado foi o de Lula. Se for o caso, serão meses de cobertura incessante.

#Globo #José Dirceu #Lula

Freud explica

4/08/2015
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Freud explica: o dia inteiro de cobertura da Globonews sobre a prisão de José Dirceu é um ato falho. O segundo nome mais citado foi o de Lula. Se for o caso, serão meses de cobertura incessante.

#Globo #José Dirceu #Lula

É tudo meu

3/08/2015
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cogitou manifestar sua solidariedade a Lula devido ao atentado ao Instituto da Cidadania, mas foi aconselhado a manter prudente distância do assunto. Segundo a fonte do RR, a piada do momento é o amuo de FHC com a bomba jogada no Instituto de Lula. Ao saber do fato, o ex-presidente tucano, famoso por sua modéstia e perfil baixo, teria dito: “Por que no instituto dele? Por que no instituto dele e não no meu?”

#FHC #Lula

Lindinho

30/07/2015
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Lindbergh Farias garante aos seus partidários que, nos próximos dias, o ex-presidente Lula virá ao Rio de Janeiro para avalizar sua candidatura a prefeito. Que hora, hein?

#Lindbergh #Lula

Paralelas

27/07/2015
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Tancredo Neves dizia que só enviava uma carta quando já sabia a resposta. Lula e FHC, por sua vez, só marcam encontros que nunca ocorrerão. De qualquer forma, o simples fato de se cogitar um diálogo entre ambos já é uma boa notícia. Fica a sugestão para Dilma Rousseff e Eduardo Cunha.

#FHC #Lula

Não se sabe qual é

15/07/2015
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Não se sabe qual é o efeito prático desses encontros, mas, a exemplo do que fez em junho, Lula vai se reunir nos próximos dias com os líderes da bancada petista no Congresso.

#Lula

“Show do barba”

14/07/2015
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No PT há quem defenda que o programa do partido em rede nacional previsto para 6 de agosto seja integralmente ocupado por Lula. Seriam dez minutos soltando a lenha em cima dos “golpistas”.

#Lula

PT quer Dilma jogando no “contragolpe”

9/07/2015
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 Com os juros lá em cima, a inflação triscando nos dois dígitos, a taxa de desemprego bombando e o denuncismo dando o maior ibope, o golpismo passou a ser o mote do PT para responder ao brutal ataque da oposição. A “deixa” teria sido do marqueteiro João Santana. Os excessos da oposição permitiram que a defesa pudesse se transformar em ataque. A entrevista de Dilma Rousseff seguiu nessa toada. Foi considerada pela base do partido sua melhor performance. Tanto que já conseguiu arregimentar uma parte da militância – é bem verdade que se trata do chamado “grupo do abaixo assinado”, constituído pelos mesmos intelectuais de sempre.  Essa facção petista está propondo que o partido faça uma denúncia “contra as manobras golpistas da direita” na TV. Os professores, artistas e formadores de opinião protagonizariam o “Não ao golpe!” Uma fonte próxima a Lula disse que, mesmo sem saber detalhes da história, o ex-presidente franziu o cenho ao ouvir a ideia. Lula teria comentado que esse golpismo é para ser combatido no atacado e não no varejo. Pelo menos por enquanto.

#Dilma Rousseff #Impeachment #Lula

Se Lula defender Aloizio

1/07/2015
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Se Lula defender Aloizio Mercadante contra as denúncias da Lava Jato, entenda com o sinal trocado. Se o ex-presidente ficar calado, saiba que é uma manifestação de apoio.

#Lava Jato #Lula

Rei da mesa

18/11/2014
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Mais fácil o presidente do Grêmio, Fabio Koff, cantarolar o hino do Internacional do que a OAS seguir na gestão do estádio do tricolor gaúcho em 2015. O próprio clube deve assumir a administração da arena.

#Gleisi Hoffmann #Itaipu Binacional #Jorge Samek #Lula #PT

Lula lá

6/05/2014
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Do ex-ministro Delfim Netto, discreto (nem tanto) defensor da candidatura de Lula a  presidência: “Quem diz que o Lula fala uma coisa e depois diz outra em contrário por confusão mental não entende a geometria da política, na qual um triângulo tem quatro vértices”. Lula, aliás, dispensa régua e compasso.

#Jair Bolsonaro #Lula

A voz de Lula

24/04/2014
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Lula pretende usar sua dileta rede de blogs para conceder entrevistas recorrentes. A próxima deverá ocorrer em meados de maio. Então, ficamos assim: Dilma Rousseff fala para a grande imprensa, e Lula, para as redes sociais, que serão cobertas pela grande imprensa.

#Lula

Acervo RR

Sara Lee coa seu café para a venda

28/04/2011
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A reestruturação societária da Sara Lee, com a divisão do grupo por áreas de negócios, tem deixado no ar um forte aroma de venda de ativos. Se, nos Estados Unidos, a imprensa especula sobre a venda da divisão de carnes para a JBS, no Brasil todas as atenções estão voltadas para a unidade de torrefação da companhia. Líder do mercado brasileiro de café, a Sara Lee está cindindo esta área dos demais negócios globais no setor de bebidas. Para todos os efeitos, a medida tem como objetivo a expansão da operação no país. No entanto, por debaixo desta borra, esconde-se outro movimento. A exemplo do que deve ocorrer com a unidade de carnes nos Estados Unidos, a Sara Lee estaria se preparando para vender sua divisão de café no Brasil. A finalidade da matriz seria fazer caixa para se concentrar na área de alimentos. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Sara Lee não se pronunciou sobre o assunto. O forte aroma de mudanças que sai das unidades de torrefação da Sara Lee no país tem deixado a concorrência ouriçada. Em caso de venda dos ativos da empresa, dona das marcas Pilão, Caboclo e Café do Ponto, não faltarão candidatos. O maior interessado na aquisição seria a 3Corações, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss. A compra teria o sabor de um café quentinho para a empresa. Recentemente, a 3Corações perdeu a liderança do mercado brasileiro para a própria Sara Lee. Outra potencial candidato seria a gestora de recursos norte-americana Bain Capital, que está em busca de ativos na área de torrefação no Brasil.

#Adriana Ancelmo #Lula #PT

Acervo RR

Ensino Superior

6/08/2010
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A editora espanhola Santillana e o fundo norte-americano Kohlberg Kravis Roberts (KKR) estão negociando um acordo para investir em educação no Brasil. Curiosamente, trata-se de uma parceria que nasceu na derrota. Ambos disputaram a compra do Grupo Anglo, que acabou vendido para a família Civita.

#Banco Central #BNDES #Lula #PT

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