Os ventos da economia sopram pró-Bolsonaro

  • 27/05/2021
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Paulo Guedes sabe muito bem o que está falando quando diz “Agora vem a eleição? Nós vamos para o ataque”. Com base nas mais recentes projeções da equipe econômica, Jair Bolsonaro e Guedes começam a trabalhar com um cenário muito melhor do que boa parte dos analistas está enxergando. A previsão de crescimento do PIB para este ano está em torno de 4%, contra os 3% iniciais. A turma de Guedes já vislumbra 5%. Para 2022, as estimativas mais modestas apontam para alta de 2,4%. Intramuros, Guedes aposta em 3%. No biênio 2020 e 2021 – mesmo com a projeção de queda do PIB de 9% no ano passado (que acabou não se confirmando) -, o resultado não será necessariamente negativo. A conta do PIB nesses dois anos vai ficar em torno de 0% ou pouco mais. Em 2019, ressalte-se, no primeiro ano de mandato, a economia cresceu 1,1%.

O avanço da vacinação é uma variável fundamental na equação do PIB. O retorno dos trabalhadores e a crescente retomada da atividade produtiva vão acelerar o ritmo de recuperação da economia, provocando um efeito cascata sobre outros indicadores. Por exemplo, o aumento da arrecadação fiscal tende a se acentuar. A receita com impostos e contribuições federais vem de três recordes mensais consecutivos. O mês de abril atingiu a maior marca da série histórica com crescimento de 45,2% em relação a igual período em 2020. Além da alta da arrecadação, o aumento do PIB também vai aliviar o garrote fiscal pelo lado do endividamento público. A relação dívida bruta/PIB já baixou a 89,2% e pode chegar a 85% no fim deste ano, ou seja, longe das estimativas mais alarmistas, na casa dos 100%.

Por outro lado, Bolsonaro e Paulo Guedes também esfregam as mãos com a perspectiva de um resultado da balança comercial nas alturas, impulsionado pelo forte ciclo de commodities. Em abril, o país registrou o maior superávit em um único mês desde o início da série histórica, em 1997. O saldo positivo de US$ 10,35 bilhões nas transações comerciais representa uma alta de 46,8% em comparação a abril de 2020.

No entanto, o grande trunfo de Jair Bolsonaro é o forte arsenal de políticas compensatórias que começará a ser despejado ainda neste ano ou no início de 2022, quando a campanha eleitoral já estará posta. Uma nova rodada do auxílio emergencial deverá ser anunciada antes mesmo da atual acabar, em setembro. Mesmo que o valor vigente seja inferior aos R$ 600 reais do ano passado, essa injeção de recursos vai fomentar o aumento do consumo e fazer a economia rodar.

Para completar, até o fim do ano o governo ainda deverá tirar do forno um dos benefícios que estão sendo burilados
pela equipe econômica, seja o Bolsa Família ampliado, o renda mínima, a carteira verde amarela ou qualquer outra coisa do gênero. Some-se a isso a expectativa de redução, ainda que tímida, do desemprego: a previsão é de que o índice de desocupação ceda dos atuais 14% para algo próximo dos 12%, ou seja, ao nível pré-pandemia. É claro que várias dessas melhorias podem ser produto de circunstâncias efêmeras que o RR não vai comentar. Mas o fato é que, mesmo com a CPI da Covid e com os quase 500 mil mortos, Jair Bolsonaro tem muita lenha para queimar. Parafraseando Paulo Guedes, Bolsonaro vai para o ataque.

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