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Petrobras retoma investimentos na área de fertilizantes

  • 1/03/2023
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A Petrobras voltará a ser um instrumento do Estado para a redução do déficit de fertilizantes no Brasil. Segundo o RR apurou, a nova diretoria da estatal já estaria trabalhando em um cronograma para a reabertura de fábricas e a retomada de projetos paralisados durante o mandato de Jair Bolsonaro. De acordo com a mesma fonte, uma das primeiras medidas será o reinício das obras de construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN III) de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Há pouco de mais um mês, a estatal suspendeu o processo de venda do complexo. O custo previsto para a conclusão da UFN III gira em torno de R$ 3 bilhões. A companhia também pretende tirar da gaveta o projeto de construção da UFN V, em Uberaba (MG). Outra iniciativa seria a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), fechada desde 2020. Hoje, as importações de fertilizantes respondem por aproximadamente 85% do consumo total no Brasil. Estima-se que, em plena operação, as três fábricas possam reduzir esse índice em algo próximo a dez pontos percentuais. É apenas o início. Internamente, segundo informações apuradas pelo RR, Prates já sinalizou que, sob sua gestão, a Petrobras vai desenvolver outros projetos no setor.

Mais do que uma resolução corporativa, a volta da Petrobras à área de fertilizantes é uma decisão de governo. Durante a campanha, o próprio Lula criticou duramente a saída da estatal desse setor. Noves fora questões de ordem política, as circunstâncias até fundamentavam a posição da Petrobras durante o mandato de Jair Bolsonaro. Mesmo considerando o custo do frete o imposto de importação, houve um momento em que comprar fertilizante no exterior, notadamente da Rússia, era mais barato do que adquirir o insumo produzido no Brasil. A guerra contra a Ucrânia mudou essa dinâmica do mercado e reduziu o gap de oportunidade. Some-se a isso o surgimento de outras variáveis que podem tornar a retomada dos projetos em fertilizantes um bom negócio para o Brasil e para a própria Petrobras. A produção de petróleo na Margem Equatorial, nova fronteira energética no país, deverá provocar um aumento da produção interna de gás, o item mais relevante na estrutura de custos para a produção de adubo. Além disso, tratativas em curso com a Bolívia e a Argentina – neste caso envolvendo a construção do gasoduto Nestor Kirchner – também podem aumentar a oferta do combustível a preços mais vantajosos. De quebra, há ainda um ganho político para Lula: a retomada dos investimentos da Petrobras no setor dá ao presidente uma valiosa moeda de troca com governadores. 

#Jair Bolsonaro #Petrobras #UFN III

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