“Operação Jaques Wagner” é um enigma eleitoral ainda a ser decifrado

  • 12/07/2018
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A esfinge anda devorando os partidos políticos com o seguinte enigma: a que vem a “Operação Jaques Wagner”? As recorrentes declarações do ex-governador da Bahia favoráveis a que o PT, leia-se o ex-presidente Lula, apoie um candidato de outro partido têm gerado interrogações e desavenças dentro da própria sigla. Wagner não tem mandato para aventar essa decisão. Suas ações, inclusive, levaram a divergências explícitas com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, notadamente no que diz respeito à indicação do candidato do PDT, Ciro Gomes. O argumento de Wagner é tão tortuoso quanto as declarações de seus companheiros para justificar que não há substituto para Lula. O petista afirma que outro candidato do partido significaria uma confissão de culpa.

Candidato mesmo só Lula. Sem ele, o caminho seria o apoio a um nome de outra legenda. A “Operação Wagner” está coberta por densa neblina, à medida que Lula, interlocutor privilegiado do ex-governador da Bahia, não desautoriza seus dizeres. Por ora, existem três possíveis soluções para o enigma. A primeira e mais reputada considera que a articulação de Jaques Wagner é, sim, uma operação-despiste. O ex- ministro, olhos azuis, boa pinta, com dupla cidadania – de carioca e baiano –, judeu com um pé na umbanda, é considerado pule de dez para substituir Lula por analistas e alguns dirigentes do PT. A segunda solução da charada envolve o “de acordo” do ex-presidente Lula.

Wagner estaria cumprindo missão combinada entre ambos e não explicitada no próprio partido, que teria como uma das premissas o acerto do indulto do ex-presidente junto a candidato de outro partido, preferencialmente Ciro Gomes. Como se sabe, o perdão não pode ser declarado antes do tempo, sob pena de se transformar em uma confissão de culpa. A terceira e menos provável hipótese é que as reiteradas declarações de apoio a outro candidato seriam uma iniciativa independente do próprio Wagner, ao melhor estilo de Pedro Simon, no MDB. Ou seja: não tentem entender, porque não tem mesmo explicação. Há mais fatos do que meros jogos teóricos na “Operação Jaques Wagner”.

Em 1o de maio, Dia do Trabalhador, data emblemática do PT, Wagner disse que o partido deveria estar aberto a apoiar Ciro Gomes e indicar o vice. Em 7 de junho, rasgou elogios ao pedetista, dizendo que ele é um “animal político” e “um dos quadros mais preparados do Brasil”. A fala chamou mais atenção pelo momento e local: Wagner fez a apologia a Ciro em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, logo após uma visita a Lula. Na última segunda-feira, a “Operação Wagner” teve mais um capítulo. O ex-ministro reiterou que o PT deve apoiar um candidato de outra sigla caso Lula não possa disputar as eleições – como tudo indica que ocorrerá. Ressalte se: combinado ou não, o candidato Ciro Gomes não fala uma vírgula em resposta aos seguidos afagos e declarações de possível apoio feitos por Wagner, o que dá uma característica ainda mais conspiratória ao enredo.

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