Política

Lula e Bolsonaro não deixam um centímetro de espaço para a terceira via

  • 16/02/2024
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A polarização da política brasileira, ao que tudo indica, ainda vai durar muito. Lula e Jair Bolsonaro são as maiores personificações do Poder no Brasil, tanto na percepção interna quanto aos olhos do mundo. É o que aponta levantamento exclusivo realizado pelo RR junto a 430 veículos da imprensa nacional e internacional. O atual e o ex-presidente da República foram, disparados, os personagens da política e da cena institucional mais citados ao longo de 2023. Lula somou 6.127.892 menções, três vezes mais do que seu antecessor. Bolsonaro totalizou 2.088.935 citações, exposição esta alavancada pelas denúncias e escândalos que se seguiram após a sua saída da Presidência. A presença dos dois antípodas no “ranking do Poder” não chega exatamente a surpreender. O que chama atenção é a concentração de menções a ambos, o que reflete a dualidade da política brasileira e, sob certo aspecto, um vácuo de novas lideranças. Juntos, Lula e Bolsonaro somaram o equivalente a 67% das referências às dez autoridades do país mais citadas em todo o mundo.

O levantamento do RR corrobora a ideia de “judicialização” da política brasileira. A exposição nas mídias retrata o deslocamento do eixo de Poder para membros do Judiciário, o que não deixa de ser uma consequência desse gap de figuras públicas de maior proeminência tanto no Executivo quanto no Legislativo. Depois de Lula e de Bolsonaro, a terceira autoridade do país com maior número de menções em 2023 foi o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foram 852.507 registros nos veículos analisados. Outros dois integrantes da Suprema Corte aparecem no top ten: Gilmar Mendes, na 9ª posição (271.855 citações), e Luis Roberto Barroso (191.028 referências).

Na esteira das investigações envolvendo o próprio Bolsonaro, Moraes mereceu um espaço maior do que o mais importante e visado ministro do governo Lula e eventual candidato à sucessão do petista. Mesmo com o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, Fernando Haddad ficou atrás do ministro do STF, ocupando a quarta posição entre as autoridades brasileiras mais citadas em 2023 no país e no exterior, com 840.627 referências. Na sequência, outro integrante do Ministério de Lula. O ex-titular da Pasta da Justiça, Flavio Dino, ficou em quinto lugar, com 691.425 registros. Uma parcela expressiva da sua exposição espelha a importância e, por extensão, visibilidade que Dino amealhou após o 8 de janeiro de 2023.

Na sexta e sétima posições, aparecem, respectivamente, Rodrigo Pacheco (475.558 citações) e Arthur Lira (385.124 registros), estatística que mostra a amplitude de poder dos presidentes do Senado e da Câmara e o quanto do factual político passa obrigatoriamente por ambos. Já a oitava posição do ranking diz muito sobre 2023, mas talvez, nas entrelinhas, fale ainda mais sobre 2026. Tarcísio Freitas recebeu 368.433 menções das mídias nacional e internacional no ano passado. Uma parcela expressiva dessa exposição vai no embalo do cargo que ocupa – sob certo aspecto, o governador de São Paulo é quase um segundo “presidente da República”. No entanto, muito do foco sobre Tarcísio se deve a sua posição de maior força da centro-direita para a próxima eleição presidencial.

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