Brookfield mergulha nos dutos da TAG e da NTS

  • 10/06/2016
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 Sai o monopólio estatal e entra o privado. Sai a Petrobras e entra a Brookfield. O grupo canadense, que tem acordo de exclusividade com a estatal na negociação de compra da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), parte para cima da Transportadora Associada de Gás (TAG). Juntas, as duas empresas da Petrobras formam um colosso de dutos nas regiões Nordeste e Sudeste, com 6,5 mil quilômetros de extensão, equivalente a 70% de toda a rede de gasodutos do país. Para a estatal, a venda casada é uma dádiva. A empresa fez um spin off na TAG e criou a NTS justamente para facilitar a venda separada da malha de dutos. Mas, pelo jeito, comprar as duas juntas, a custo avaliado no mercado em US$ 5 bilhões, não é problema para a Brookfield. A companhia tem se revelado um polvo com tentáculos para todo tipo de negócio – de rodovia a energia, passando pelo setor imobiliário. O gigante canadense tem cerca de US$ 225 bilhões em ativos sob sua gestão no mundo e escolheu o Brasil como uma das prioridades de investimentos. Procurada, a Petrobras confirmou a negociação para a venda da NTS. Sobre a TAG, nada informou. Já a Brookfield preferiu não comentar.  Com a venda conjunta da TAG e da NTS, a estatal apenas dará de bandeja o monopólio para os canadenses. Vale a ressalva de que a Petrobras não está agindo à margem da lei ou mesmo da regulamentação do setor. Mas isso não significa que a transação não enfrentará enormes obstáculos para sua aprovação na Agência Nacional de Petróleo (ANP) e no Cade. A fonte do RR, especialista no assunto e com bom trânsito na ANP, informou que a diretoria deverá analisar o caso à luz da nova lei do gás. O marco legal promove a concorrência no setor e estabelece o uso compartilhado dos novos dutos pelos chamados carregadores. Esses usuários podem, por meio de licitações, fazer ofertas de compra de parte da capacidade ociosa do duto. Uma única empresa privada ser dona de 70% da malha dutoviária não é exatamente um estímulo à concorrência, preconizada pela nova lei do segmento.  De outro lado, o Cade também deverá ser um complicador para a venda da NTS e da TAG para a Brookfield. O órgão antitruste tem sido rigoroso na avaliação de transações que promovem grande concentração de mercado, como é o caso da transferência de controle das duas transportadoras. A Petrobras já era monopolista antes da adoção da nova lei do gás. A incerteza da estatal e do grupo canadense é se o órgão antitruste terá boa vontade ao analisar a compra de dois terços do mercado de transporte de gás do país em transação feita após a mudança da legislação.

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