Banco do Brasil e Caixa ainda têm o mesmo dono?

  • 7/10/2019
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Se não houver um alinhamento entre Caixa Econômica e Banco do Brasil no que diz respeito à redução das taxas de juros, muito provavelmente o divórcio será motivado pelas diferenças de perfil entre seus respectivos presidentes, sobretudo em relação a políticas do próprio governo. As semelhanças entre Pedro Guimarães e Rubem Novaes se limitam à proximidade com o ministro Paulo Guedes, patrocinador da indicação de ambos ao governo. Se Guimarães é, digamos assim, permeável a ordens superiores, Novaes é um muro de resistência. O “Chicago Old” tem voz própria e reduzida maleabilidade política, como já ficou patente em episódios nos quais bateu de frente com o próprio Palácio do Planalto. Em abril, por exemplo, Jair Bolsonaro pediu publicamente que o BB reduzisse os juros do crédito rural.

Novaes desconversou, classificou o puxão de orelhas como “brincadeira” e ficou o dito pelo não dito. Ao que tudo indica, Rubem Novaes está levando a ortodoxia ao pé da letra, ainda que a postura possa lhe custar caro. Segundo o RR apurou, ele vem sofrendo pressões dentro do governo para anunciar ainda no início desta semana a redução dos juros do Banco do Brasil. Por ora, segue como a antítese de Pedro Guimarães. Ao contrário do que disse o próprio presidente da Caixa, é difícil imaginar que a agressiva mudança do banco tenha se dado por uma decisão estratégica com “base na matemática” e não por uma política de governo.

Nada justifica uma mudança solitária da CEF nas taxas oferecidas ao cliente se não uma determinação vinda de cima para baixo. Independentemente do motivo, caso o Banco do Brasil mantenha a atual postura, vai se abrir uma inexplicável fenda concorrencial entre os bancos federais. Para além da questão política, a Caixa Econômica se tornará mais competitiva e atraente do que o BB, algo inusitado. Não se tem notícia de um diferencial tão largo de taxas de juros entre as duas instituições.

Neste momento, por exemplo, a taxa média anual praticada pela Caixa para o crédito pessoal não consignado é de 37,7%, ao passo que, no caso do BB, esse custo chega a 54%. No cheque especial para pessoa física, o Canyon é ainda maior: a CEF cobra 194%; o Banco do Brasil, 300%! Este hiato teria o Banco do Brasil e Caixa ainda têm o mesmo dono? beneplácito do governo? O objetivo é cindir os bancos públicos do ponto de vista da sua capacidade financeira? Hipótese ainda mais desnorteante seria o Banco do Brasil se perfilar ao lado do oligopólio privado.

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