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Redução da meta de inflação pode ser o grand finale de Henrique Meirelles na Fazenda

  • 21/03/2018
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A reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), no próximo dia 31 de março, que caminhava para ser mais um encontro enfadonho, poderá ser tornar um assunto econômico de grande repercussão. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, vão discutir a redução das metas de inflação, incluindo o target deste ano. Em 29 de junho de 2017, o CMN fixou as metas em 4,5%, em 2018; 4,25%, em 2019; e 4%, em 2020.

Segundo fonte ligada à Fazenda, uma hipótese estudada é que esses números sejam alterados para 4,25%, neste ano; 4%, em 2019; e 3,75%, em 2020. Mas a probabilidade maior é que a redução se dê a partir do percentual de 2019. As bandas de tolerância seriam mantidas. A julgar pelo boletim Focus desta semana, as novas metas não seriam nenhum desafio de Hércules, pelo contrário. A previsão da inflação oficial, medida pelo IPCA, para 2018 é de 3,63%, caminhando para romper o limite de um ponto percentual de tolerância para baixo da meta.

Para 2019, a inflação projetada é de 4,20%, um pouco abaixo da meta de 4,25%. A inflação tem se comportado de forma surpreendentemente cadente até mesmo em relação ao esperado pela equipe econômica. Para Henrique Meirelles, a medida teria significado simbólico de forte apelo eleitoral. O ministro da Fazenda estaria participando de sua última reunião no CMN, caso se desincompatibilize no dia 7 de abril para disputar a Presidência da República – a próxima reunião do CMN será no dia 27 de abril. Esse seria o seu maior legado.

Há outros fatores favoráveis à redução do target inflacionário. Mesmo com a expectativa de que os juros Selic cairão de 6,75% para 6,50% na reunião do Copom que se encerra hoje, os preços permanecem ancorados em todas as projeções. O câmbio também segue comportadíssimo, com previsão do dólar a R$ 3,30 no final de 2018. Não bastasse o cenário macroeconômico favorável, o governo pretende aprovar no Congresso a autonomia do Banco Central, o que reforçaria sua autoridade para o cumprimento do objetivo inflacionário. A redução da meta estaria dada se o governo tivesse feito o dever de casa fiscal.

A não aprovação da reforma da Previdência fragiliza os instrumentos de política monetária e desperta o fantasma da dominância fiscal – cenário de desequilíbrio acentuado das contas públicas em que os juros têm de ficar elevados por mais tempo, sem que haja necessariamente eficácia na medida. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, tem confidenciado que os eventuais solavancos preocupam, apesar de concordar que uma compressão das metas teria o efeito de forçar a aprovação das reformas estruturais. Tanto ele quanto o ministro da Fazenda têm reiterado que as metas serão cumpridas independentemente das reformas. Na atual circunstância, será difícil saber até que ponto a motivação política não se antepõe aos fundamentos técnicos exigidos para a queda sustentável da inflação.

#CMN #Henrique Meirelles

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