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Petrobras e Cemig trocam de identidade na Gas Brasiliano

  • 15/03/2013
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Até pouco tempo, tal decisão era absolutamente inimaginável; até que se tornou plausível; até que virou inadiável. Premida pela necessidade de fazer caixa para cumprir seu plano de investimentos, a Petrobras vai se desfazer de uma parcela da sua participação na Gas Brasiliano. A operação envolveria a transferência de até 20% das ações – hoje, a estatal é a maior sócia da concessionária, com 60% das ordinárias. Os caminhos apontam na direção da Cemig. Nesta dança das cadeiras, as duas empresas trocariam de lugar no capital da Gas Brasiliano. A estatal mineira, que já detém 40% da distribuidora de gás, assumiria o controle exatamente com o mesmo percentual hoje nas mãos da Petrobras. Do ponto de vista político – que pesa, e muito, em qualquer decisão estratégica envolvendo a Petrobras -, a operação pode até causar certa perplexidade. Traduzindo da linguagem corporativa para a partidária, significa dizer que o PT entregaria o controle de uma das maiores distribuidoras de gás do país aos tucanos Antonio Anastasia e, por aproximação, Aécio Neves. Mas o que não tem remédio remediado está. Não obstante eventuais arestas políticas – e, diga-se de passagem, o aumento da dívida da Cemig – , na própria Petrobras o acordo com a companhia mineira é visto como o caminho natural. Diante do modelo idealizado para a operação, a estatal não consegue visualizar outro desfecho. Dificilmente um investidor do setor aceitará ter apenas 20% da Gas Brasiliano e ficar imprensado entre dois gigantes, que, sabese lá em que condições de humor, passariam a compartilhar o controle da empresa. A venda de parte da distribuidora paulista confirma a reviravolta na estratégia da Petrobras para o mercado de distribuição de gás. Nos últimos anos, a estatal tornouse um personagem quase onipresente no setor, por meio de uma voraz política de participações em concessionárias estaduais. A compra da Gas Brasiliano, em 2011, foi saudada como a joia da coroa, pois representou a entrada da Petrobras no mercado paulista. No entanto, a realidade mudou e a tendência é que a empresa reduza consideravelmente sua presença no setor. Trata- se de um tiro que acerta dois alvos simultaneamente. Além dos recursos arrecadados diretamente com a venda das participações, a Petrobras vai diminuir a necessidade de investimentos. No caso específico da Gas Brasiliano, este é um ponto ainda mais nevrálgico por conta de uma bola dividida com a agência reguladora do estado. A Arsesp tem pressionado a distribuidora por mais investimentos. Um exemplo são os aportes na expansão da rede de dutos em São Paulo. A empresa prevê um desembolso de R$ 170 milhões neste ano. A agência cobra o dobro.

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