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Enel liga sua tomada no Grupo Rede e na Escelsa

  • 9/09/2011
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O Grupo Enel, dono da Endesa, pretende dissipar de uma vez por todas as insistentes especulações de que está prestes a deixar o Brasil. Os italianos vão anunciar em breve um programa de investimentos de aproximadamente US$ 2 bilhões no país. Os planos envolvem a construção de PHCs e a participação nos grandes projetos de geração hidrelétrica na Amazônia, a começar pelas usinas do Rio Tapajós, a grande licitação do setor prevista para o próximo ano. No entanto, a maior parte dos recursos está reservada para aquisições no Brasil. Um dos alvos é a Escelsa, controlada pela portuguesa EDP, que tem dado mostras da intenção de se desfazer da companhia – ver RR edição nº 4.198. Os italianos vislumbram ganhos de sinergia por conta da localização geográfica da concessionária. A empresa capixaba opera em áreas contíguas a s da Ampla, distribuidora controlada pela Enel que atua em todo o Norte fluminense. A associação entre ambas daria origem a uma concessionária com mais de 3,5 milhões de clientes e faturamento anual em torno de R$ 3,8 bilhões. Não obstante sua relativa importância estratégica, a Escelsa é vista pela Enel apenas como o antipasto. No cardápio de aquisições dos italianos, o prato principal é o Grupo Rede. A compra da empresa de Jorge Queiroz de Moraes Junior alçaria a Enel/Endesa a um novo patamar no país. Dona da Ampla e da Coelce, a companhia incorporaria nove distribuidoras e uma geradora, com faturamento somado da ordem de R$ 10 bilhões e quase cinco milhões de clientes atendidos. Entraria em sete novos estados e ainda herdaria uma rede de transmissão de mais de 15 mil quilômetros. Em contrapartida, como não existe almoço grátis, a Enel será obrigada a engolir um passivo de longo prazo de quase R$ 2 bilhões para um patrimônio líquido de R$ 1,3 bilhão. Não foi por falta de tentativa que a Enel deixou de vender seus ativos no país. As negociações mais avançadas foram travadas com a Cemig. No ano passado, o então governador Aécio Neves chegou a ir a  Itália duas vezes para se reunir com o board do grupo. O destino acabou escrevendo certo por linhas tortas. É provável que hoje os italianos estivessem com uma enorme dor de cotovelo caso tivessem consumado a venda da Coelce e da Ampla. Com a crise europeia, a operação brasileira ganhou mais voltagem. Vem apresentando taxas de rentabilidade superiores a s empresas do grupo no Velho Continente. Neste ano, a receita no Brasil deve crescer 20%. Na Europa, dificilmente o aumento passará dos 5%.

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