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Blairo Maggi troca o DNIT por um envolvimento com a Petrobras

  • 26/08/2011
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Em alguns casos, o Planalto tira com uma das mãos e devolve com a outra ainda mais cheia. Que o diga o senador Blairo Maggi. O exgovernador de Mato Grosso, que perdeu seu poder de influência sobre o DNIT com o afastamento do afilhado político Luiz Antonio Pagot, está prestes a receber um afago do governo por vias oblíquas. O carinho em questão diz respeito a  intenção do Grupo Maggi de entrar no setor sucroalcooleiro. O conglomerado agroindustrial controlado pela família Maggi, um dos maiores produtores de grãos do país, estuda construir usinas de álcool e açúcar na Região Centro- Oeste. A investida passa pela Avenida Chile. Sob as bênçãos palacianas, a Petrobras Biocombustível é forte candidata a se associar ao Grupo Maggi. De acordo com uma fonte da própria estatal, inicialmente seriam construídas duas usinas ao custo aproximado de R$ 600 milhões. Procurado pelo RR – Negócios & Finanças, o Grupo Maggi não se pronunciou até o fechamento desta edição. No Planalto, a parceria entre as duas empresas é considerada uma espécie de -Projeto Bombril-. Tem mil e uma utilidades. A estatal cumprirá sua missão de fomentar o crescimento do parque sucroalcooleiro no Brasil. Com um orçamento para o setor em torno de US$ 2 bilhões, a empresa pretende aumentar sua produção de etanol de 1,5 bilhão de litros para mais de 5,5 bilhões de litros por safra nos próximos quatro anos. Ao mesmo tempo, ao se unir ao Maggi, vai estimular o aparecimento de um novo grupo brasileiro no setor, algo bem visto dentro do governo. Por fim, não bastassem as motivações de ordem geoeconômica, é impossível dissociar a eventual parceria entre Petrobras Biocombustível e Grupo Maggi da crise política que cerca a presidente Dilma Rousseff. Blairo Maggi foi um dos principais atingidos pela faxina do DNIT. Ato contínuo, tornou-se um dos maiores defensores da ruptura entre o PR e o governo, inclusive bradando para que os integrantes do partido entregassem seus cargos no setor público. Ainda que por trilhas sinuosas, a associação entre a Petrobras e o grupo agropecuário funcionaria como uma espécie de desagravo ao ex-governador de Mato Grosso, abrindo uma porta para uma eventual reaproximação com o PR. E a governança corporativa da Petrobras? No meio de um jogo complexo como esse, trata-se de um detalhe.

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