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Gás perde fôlego no novo orçamento da Petrobras

  • 20/07/2011
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Em meio a  expectativa por mudanças em seu alto-comando, a Petrobras está promovendo seu ajuste orçamentário. Com o objetivo de captar recursos e compensar parte da navalhada em seu programa de investimentos para 2011-2015, a estatal vai reduzir sua exposure em algumas operações. Não por acaso, o epicentro deste processo é a diretoria de energia e gás, nãos mãos de Maria das Graças Foster, ?Dilmete? de carteirinha e nome cotado para assumir a presidência da estatal em substituição a José Sergio Gabrielli. A companhia vai diminuir suas participações acionárias em distribuidoras estaduais, quase todas mantidas por intermédio da subsidiária Gaspetro. A empresa está no capital de 18 das 24 concessionárias do país. A política de extensão dos tentáculos no setor adotada nos últimos 10 anos continua sendo vista como estratégica pela estatal, sobretudo para assegurar mercado para o gás produzido pela própria companhia. No entanto, a direção da Petrobras entende que é possível abrir mão de alguns anéis e, ainda assim, manter uma posição hegemônica no segmento, sem prejudicar a venda do produto. Além da soma amealhada diretamente com a negociação de uma parcela das suas ações nas distribuidoras estaduais, a companhia calcula que ainda poderá alcançar uma economia superior a R$ 1 bilhão em decorrência da redução de aportes nestas empresas. Nos últimos dois meses, a diretoria de energia e gás mapeou os ativos nos quais a estatal deverá reduzir sua fatia societária. A primeira da lista é a Gas Brasiliano, recém-comprada pela Petrobras. A companhia adquiriu 100% das ações da distribuidora paulista, mas não tem interesse em permanecer solitária no capital. A SCGás, de Santa Catarina, a Sergás, de Sergipe, e a Copergás, do Paraná, também vão entrar nesta roleta. Em todas elas, a Petrobras tem uma participação de aproximadamente 41%. A estatal já teria oferecido parte de suas ações para a Mitsui, sócia das três distribuidoras por meio da Gaspart. No entanto, o mais provável é que ocorra uma operação triangular. A trading japonesa está tentando atrair a conterrânea Sumitomo para o capital destas empresas, com a aquisição de um naco das ações em poder da Petrobras. Outro caso em que a estatal tem uma exposição considerada excessiva é o da Potigás (RN), da qual controla 83%. Na contramão, algumas das participações são tratadas na Petrobras como algo quase canônico e, portanto, imutável. Os dois maiores exemplos são as fatias na Ceg (25,3%) e na Ceg Rio (33,75%), que estão entre as cinco maiores distribuidoras de gás do país. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, para levar o projeto adiante, o presidente da Petrobras ? seja José Sergio Gabrielli, seja Maria das Graças Foster ? terá de contornar algumas balizas políticas em seu caminho. É o caso da Bahia. Na mão contrária dos planos da estatal, o governador petista Jacques Wagner tem feito forte pressão para que a companhia aumente seus investimentos na BahiaGás, da qual detém 24,5%. Cobrança semelhante vem do Sul. Outro petista histórico, Tarso Genro também tem se movimentado em Brasília não apenas para evitar qualquer tentativa da Petrobras de reduzir sua participação na Sulgás, mas também para arrancar do governo federal a garantia de novos aportes na concessionária.

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