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Petrobras redesenha seu figurino na distribuição de gás

  • 18/05/2010
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A estratégia da Petrobras para o mercado de gás varia conforme a semana. Todos os modelos são inteligentes, racionais e coisa e tal, mas o custo político da decisão e do descontentamento dos grupos de interesse empata a escolha. No momento, há na companhia um crescente questionamento ao atual modelo de participações societárias, ao menos na atual proporção ? por meio da Gaspetro, a estatal está no capital de 18 concessionárias estaduais. A diretoria da Petrobras, por enquanto, é favorável a  redução da exposure no setor. Uma das prováveis medidas é a venda das participações em concessionárias de menor porte ou pouco rentáveis. Enquadram-se nesta categoria a Copergás (PE), a Algás (AL) e a Sergás (SE). Nas três empresas, a Petrobras detém a mesma fatia do capital: 41,5%. O único senão é encontrar um investidor disposto a ser sócio minoritário dos governos estaduais. No radar da companhia, a Mitsui é vista como um dos poucos grupos que caberia neste figurino. A trading japonesa controla a Gaspart, holding com participação em sete distribuidoras estaduais de gás ? em algumas, é sócia da própria Petrobras. Uma das razões para a insatisfação da Petrobras é o alto custo para a manutenção deste colar de ativos no setor. A exigência de aportes nas distribuidoras tem crescido, em média, 30% nos últimos anos. Do ponto de vista estratégico, a operação também se revelou um tiro no pé. Mesmo com todo o seu poder, a Petrobras não conseguiu transformar sua onipresença societária em uma maior influência no tabuleiro da distribuição de gás no país, ainda controlado pelos governos estaduais. A companhia está presente em 90% das concessionárias do país ? na origem, a intenção era garantir mercado para o insumo importado pelo gasoduto Bolívia-Brasil. No entanto, no que diz respeito ao número de consumidores atendidos, a empresa atinge apenas metade da população. A principal lacuna é o mercado paulista, no qual a empresa não está presente. Em outros casos, a Petrobras pretende permanecer no capital, mas reduzindo sua participação. O maior exemplo é a distribuidora do Espírito Santo, 100% controlada pela estatal. Uma das possibilidades é uma costura com o próprio governo estadual para que ele assuma parte das ações. Cálculos feitos pela Petrobras indicam que a redução da sua presença no setor poderá gerar um caixa extra da ordem de R$ 3 bilhões nos próximos cinco anos, apenas com a diminuição dos aportes em algumas concessionárias. Agora, resta esperar se a proposta vinga ou vai se juntar a s demais na gaveta das boas intenções.

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