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Monsanto busca defensivo fiscal contra os chineses

  • 14/01/2010
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A Monsanto está a s voltas com um imbróglio comercial, envolvendo Brasil e China. O epicentro do problema é a importação de glifosato, importante matéria-prima utilizada na fabricação de defensivos agrícolas. O Ministério do Desenvolvimento tem feito ouvidos de mercador ao pleito da empresa norte-americana, que reivindica o aumento da alíquota para a entrada do produto no Brasil. A Monsanto tenta conter a crescente importação do insumo proveniente da China, que tem lhe causado severos prejuízos. A empresa tem uma fábrica de glifosato em Camaçari (BA), que vem perdendo dinheiro diante da concorrência com o produto chinês. As vendas em 2009 teriam caído quase 40% em relação ao ano anterior, o equivalente a algo em torno de US$ 150 milhões. A Monsanto já sinalizou ao Ministério do Desenvolvimento a intenção de fechar a planta industrial na Bahia caso não consiga o aumento da alíquota. No governo, a disposição da empresa tem sido vista como bravata. O temor da Monsanto é de que a crescente entrada de glifosato no Brasil estimule o comércio de outras matérias-primas para defensivos provenientes da China. Os fabricantes do país asiático contam com um diferencial de peso: os subsídios do governo local. No Brasil, a Monsanto tem contra si o forte lobby da bancada ruralista no Congresso Nacional. Nos últimos anos, o país abriu as porteiras a  importação de matérias-primas para o setor. O glifosato é o caso clássico. De 2004 para cá, a alíquota caiu de 35,8% para 2,1%. Os parlamentares ligados a área agrícola não se dão por satisfeitos. Existe uma pressão junto ao governo para que a taxa seja zerada. O argumento é que a produção nacional não consegue atender a  demanda, sobretudo a custos competitivos. Há também a movimentação do próprio governo chinês, que tem feito gestões junto ao Itamaraty para que a entrada do produto no Brasil fique isenta do imposto. Existe um outro componente que não pode ser desprezado nesta história. A bancada ruralista não morre de amores pela Monsanto. O motivo são os recorrentes entreveros entre a companhia e os agricultores por conta do aumento dos preços de seus produtos, notadamente as sementes de soja transgênicas.

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