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Telebrás amplia sua coleção de desafetos no governo

  • 3/09/2010
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Há apenas três meses no cargo, o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, está provocando um alvoroço político em Brasília. Em nome da implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), Santanna vem acumulando uma lista de desafetos no governo. Os nomes mais recentes são o do ministro Paulo Bernardo e do presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg. No primeiro caso, as rusgas estão relacionadas ao orçamento da estatal. Santanna não se deu por vencido com o corte de 30% na verba da empresa, anunciado pelo ministro Paulo Bernardo há cerca de duas semanas. Valendo-se do seu bom trânsito junto ao PT e, sobretudo, ao próprio presidente Lula, o executivo saiu em busca de apoio para manter o orçamento original. A cifra inicial era de R$ 1,4 bilhão até o fim de 2011 ? com a navalhada, o valor caiu para R$ 1 bilhão. Rogério Santanna faz barulho usando como megafone o PNBL. Bate na tecla de que o projeto ficará seriamente comprometido com a sangria orçamentária. Santanna não é homem de carregar cristais. Em sua cruzada pelos gabinetes de Brasília, tem feito pesadas críticas aos critérios adotados pelo Ministério do Planejamento. O mais curioso é que há apenas três meses ele era subordinado ao próprio Paulo Bernardo. Até maio, ocupava a Secretária de Logística e TI do Ministério do Planejamento. No cargo, foi um dos principais artífices do PNBL, o que lhe valeu a nomeação para o comando da Telebrás por escolha direta do presidente Lula. Em outro front, Rogério Santanna disputa um cabo de guerra com a Anatel. O motivo é o impasse em torno dos quase 70 técnicos que foram cedidos pela Telebrás na época em que não havia nada a se fazer na estatal. Ronaldo Sardenberg propôs a devolução gradativa dos profissionais ao longo dos próximos seis meses, tempo em que seria possível a Agência realizar um concurso público para preencher as vagas. Santanna, no entanto, quer os funcionários de volta até outubro. Mais uma vez, usa como bandeira o PNBL. Alega ser impossível cumprir o cronograma de implantação do projeto com o atual quadro de funcionários da Telebrás. Rogério Santanna é visto em Brasília como um fiel cumpridor de missões. Chova ou faça sol, a carta sempre chega ao seu destino, ainda que isso custe algumas bordoadas. No atual governo, Santanna ostenta um notório currículo de esbarrões políticos. Ainda no Ministério do Planejamento, defendeu a adoção de um software livre no setor público federal diferente do proposto pela Casa Civil, a  época ainda comandada por José Dirceu. Também teve suas diferenças com o ministro Helio Costa já por conta dos estudos em torno do PNBL. Para chegar a  Telebrás, superou a pressão política de caciques do PMDB, como Michel Temer, favorável a  manutenção de Jorge Motta e Silva a  frente da estatal. É, antes de tudo, um sobrevivente.

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