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Gazprom faz um ziguezague de promessas no Brasil

  • 29/11/2012
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Quantas faces tem a Gazprom? Esta é a pergunta que tem sido repetida entre executivos da Petrobras, da Shell e de outras empresas do setor de petróleo e gás no Brasil. Entre elas, uma percepção em comum: o que os russos falam não se assina embaixo. A marcha da Gazprom em busca de parcerias no mercado brasileiro tem seguido um itinerário errático, feito de promessas não cumpridas, negociações que começam e não avançam e bruscas guinadas estratégicas. De acordo com uma alta fonte da Petrobras, nos últimos meses, a multinacional manteve conversações com a estatal para uma associação na área de gás. O projeto envolveria a sua entrada em concessionárias estaduais nas quais a Gaspetro tem participação. Sem trocadilho, faltou combinar com os russos. De uma hora para outra, o projeto se evaporou. No caso da Shell, estava tudo alinhavado para a construção conjunta de duas unidades de regaseificação de gás no Nordeste. Estava, é bom que se ressalte. Há pouco mais de um mês, a Gazprom mandou a operação para o espaço. Alegou que o negócio não faz mais parte de suas prioridades estratégicas para o Brasil. Procurada pelo RR, a Gazprom não quis se pronunciar . A Petrobras não se manifestou. Já a Shell disse “desconhecer” a informação. Afinal, qual é a prioridade estratégica da empresa para o Brasil? A julgar pelos seus passos mais recentes, a bola da vez é a exploração de petróleo. Segundo a mesma fonte, a Gazprom planeja montar uma frente russa no Brasil. Seu projeto agora é atrair empresas conterrâneas para a compra de participações em blocos de petróleo e gás e a disputa de áreas no présal. Os principais candidatos são a Lukoil e a Rosneft. O trio já tem negócios conjuntos na Venezuela, a maioria em parceria com a PDVSA. A antipatia e desconfiança que os russos têm alimentado no Brasil é apenas uma parte desta história. As consequências do “vai, não vai” são bem mais profundas, proporcionais ao peso, a  importância e a  expectativa do setor em relação aos movimentos da Gazprom no país. A companhia é um transatlântico. Qualquer investimento vindo daquelas bandas pode deslocar posições e fazer e desfazer negócios no mercado brasileiro. A empresa já acenou com aportes de mais de US$ 10 bilhões no Brasil. Bravata, blefe, mais uma volátil promessa? Talvez sim, talvez não. Mas não custa lembrar que na Venezuela os russos já despejaram cerca de US$ 15 bilhões.

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