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Eletrobras tira voltagem de suas subsidiárias

  • 16/02/2011
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Em sua primeira conversa com Dilma Rousseff e o ministro Edison Lobão, o futuro presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, recebeu uma missão prioritária: intensificar o processo de centralização administrativa na estatal. O Planalto considera esta medida fundamental para blindar a holding e suas controladas dos diversos interesses políticos que as rodeiam e deslanchar o novo plano de negócios do governo para a reestruturação do setor elétrico. A questão é tratada em Brasília como condição sine qua non para o tão alardeado objetivo de transformar a Eletrobras na “Petrobras do setor elétrico”. Nenhum grande projeto na área de energia será feito antes da consolidação do novo modelo de gestão. Com as mudanças, todas as decisões do Sistema Eletrobras serão centralizadas na holding. Para desconsolo de Eduardo Cunha e outros pantagruélicos integrantes da base aliada, Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul perderão autonomia e passarão a ser meras executoras das estratégias definidas pelo comando da Eletrobras. Trata-se do modelo de gestão verticals adotado por diversas multinacionais, como a IBM. Para blindar a companhia contra a criação dos latifúndios do setor elétrico, o governo estuda até mesmo criar uma diretoria da Eletrobras que ficaria responsável por fazer o meio de campo entre a holding e suas controladas. Todo o cuidado é pouco. Carvalho Neto nem começou sua missão e já sentiu que tocou em um fio desencapado. O executivo identificou reações contrárias entre os atuais diretores da Chesf, historicamente a mais desgarrada das subsidiárias. A empresa nordestina sempre teve uma visão extremamente local, que não encontra paralelo em nenhuma de suas irmãs siamesas. Ao longo dos anos, a Chesf adotou uma política de desenvolvimento regional, muitas vezes colocada acima das diretrizes da própria holding. O governo enxerga diversas vantagens técnicas na integração administrativa de todas as empresas do Sistema Eletrobras, notadamente no que diz respeito a cortes de custos, padronização de procedimentos internos e maior celeridade na aprovação de investimentos. Mas são as razões de ordem política que movem o Planalto a fortalecer o comando da Eletrobras em detrimento de suas controladas. Este novo modelo será um Niágara de água fria sobre o ímpeto dos partidos da base aliada, sempre ávidos por ocupar cadeiras na Chesf, Eletronorte, Eletrosul e, principalmente, na cobiçadíssima Furnas. A partir de agora, os diretores destas empresas ficarão engessados e subordinados aos seus correspondentes na holding. Até o Conselho de Administração da companhia será automaticamente replicado em todas as controladas, reduzindo ainda mais a autonomia de cada uma destas empresas. As mudanças implementadas pelo governo terão impacto imediato na rotina das empresas do Sistema Eletrobras. José da Costa Carvalho Neto vai despachar com regularidade nas sedes das controladas, medida que terá forte valor simbólico sobre a diretoria das subsidiárias. A mão pesada da holding também será sentida nos próximos leilões da área de energia. A Eletrobras vai fazer um mapeamento dos principais projetos e definirá qual empresa poderá participar de cada empreendimento, inclusive limitando as fatias societárias.

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