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Acervo RR
A recém-anunciada criação da Embraer Defesa e Segurança vai além das fronteiras de São José dos Campos. Trata-se de um assunto de Estado. A nova subsidiária da Embraer é apenas a ponta mais visível de um projeto de maior fôlego orquestrado pelo próprio governo. O objetivo é fomentar o surgimento de uma grande indústria bélica de controle nacional, capaz não apenas de atender a demanda das Forças Armadas brasileiras, mas também de competir no mercado externo. A ideia é que a Embraer se torne catalisadora de investimentos no setor, seja por meio de parcerias, seja até mesmo pela incorporação de fabricantes de armamentos e equipamentos de defesa nacionais, leia-se Avibrás, Avitech e a própria Imbel, pertencente ao Exército. O BNDES seria um personagem de alta patente neste projeto, garantindo parte expressiva dos recursos para a operação. Os fundos de pensão acionistas da Embraer também deverão ser convocados ao front. A própria indicação de Luiz Carlos Aguiar para a presidência da Embraer Defesa e Segurança reflete a imbricação entre a nova empresa e o projeto arquitetado pelo governo. Aguiar tem relação estreita com o PT. Foi diretor da Previ, de onde saiu para comandar justamente a área de Defesa e Governo da Embraer. Sua nomeação para o novo cargo, portanto, foi decidida mais em Brasília do que em São José dos Campos. Três ministérios estão diretamente envolvidos no projeto: Casa Civil, Defesa e Desenvolvimento. Durante o segundo mandato, o governo Lula tentou promover uma operação similar, focada exclusivamente na fusão entre empresas do setor. A entrada em cena da Embraer dá nova magnitude ao negócio, tanto pela maior possibilidade de captação de recursos quanto pela notória munição comercial da empresa no exterior. Também confere ao projeto uma maior abrangência industrial. A criação de um cinturão na área de defesa, com a associação de empresas de diferentes áreas, permitirá, por exemplo, a venda de aeronaves militares associada a oferta de equipamentos e armamentos.
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