Trapalhada de Bendine vai para a conta de Dilma

  • 7/04/2016
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 Da CVM às tradings de petróleo, passando pelas instituições do mercado de capitais, por ex-conselheiros das estatais, analistas, petroleiros e desaguando no próprio Palácio do Planalto: todos, sem exceção, fizeram ácidas críticas à ausência de uma operação de comunicação decente de Aldemir Bendine enquanto a Petrobras ia sendo jantada nas bolsas e nas mídias. O vazamento sobre a improvável decisão de redução dos preços dos combustíveis, no último domingo, foi praticamente ignorado pela estatal durante quase todo o dia seguinte, abrindo espaço para uma insurreição do Conselho de Administração e um desabamento das cotações em bolsa. A ideia de reduzir os preços dos combustíveis sem dar pelota para o caixa futuro da companhia é politicamente tão desparafusada que não poderia passar sem um desmentido radical na primeira hora, sob pena da conta do disparate ser debitada a Dilma Rousseff. Ou seja: nessa versão mefistofélica, Dilma exigiria que a Petrobras, em um momento de corte de empregos e investimentos, abrisse mão da sua fonte maior de recursos só para a presidente dar uma boa notícia da redução dos preços da gasolina e nafta. Foi isso que a lerdeza da comunicação de Bendine deixou muita gente pensando. Na terça-feira, consumado o estrago, Aldemir Bendine soltou uma nota cheia de platitudes, dizendo que a Petrobras monitora permanentemente a composição dos preços e achou uma boa hora para discutir a elasticidade preço/venda. Para confirmar que a empresa opera em Marte e não no Brasil, Bendine concluiu a opereta não afirmando coisa alguma, ou seja, que não existia qualquer decisão sobre a medida. Tanta estultice acabou levando Dilma a falar. Para não dinamitar o presidente da Petrobras de imediato, ela reconheceu que existe discrepância entre os preços internos e externos e que a companhia tanto pode mudar quanto pode não mudar. Só para não variar, disse o óbvio.  A redução dos preços dos combustíveis não só afetaria o caixa como teria um impacto simbólico na mão contrária de todo o esforço de reconstrução da imagem da Petrobras, transformando-a em simulacro de uma companhia populista ao melhor estilo venezuelano.  Aldemir Bendine, por sua vez, demonstrou não ter condições técnicas e políticas de presidir a estatal. Dilma deveria retirá-lo imediatamente. Melhor deixá-lo ganhando uns bons trocados em conselhos de administração – como no caso da BRF – do que estragando a Petrobras, que não precisa de ninguém mais para piorar a sua vida.

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