Queda da Selic é o cartão de visita de Campos Neto

  • 28/02/2019
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Os pronunciamentos dos presidentes do Banco Central em suas sabatinas no Senado Federal são exercícios de redundância e repetição. O novo comandante do BC, Roberto Campos Neto, defendeu com ênfase a linha mestra da sua gestão: cautela, serenidade e perseverança. Ora, como se Campos Neto pudesse propor ousadia, exacerbação e precipitação. Todos os presidentes do BC entoam o mesmo mantra. Mas nem todos copiam a política monetária do(s) antecessor(es).

Campos Neto promete ser um desses casos. Uma fonte próxima a Paulo Guedes ouviu do ministro que, ao contrário das gestões Alexandre Tombini e Ilan Goldfajn, a seta dos juros está apontando na direção de baixa. Esse seria o consenso do núcleo central da equipe econômica, da qual Campos Neto faz parte. Ao contrário de Henrique Meirelles, no governo Lula, Tombini, no governo Dilma, e Ilan, no governo Temer, o novo presidente do BC foi escolhido diretamente por Paulo Guedes, que tem ascendência intelectual sobre o financista. Os juros não caem por bonapartismo monetário.

A redução depende da ocorrência de outras variáveis em um processo no qual são observados diversos fatores. Campos Neto não decidiu baixar as taxas e ponto final, mas ausculta probabilidades e evidências. Se a inflação der sinais de cair dos já reduzidos 3,75% para 3,50% ou 3,25%, bem abaixo da meta de 4,25%; se a atividade econômica continuar constipada, com a indicação de um PIB de 2% ou até mesmo 1,5%, conforme já projetam algumas casas bancárias; com o Federal Reserve antecipando a suspensão do ciclo de alta dos juros; Neto vai muito, muito provavelmente reduzir a taxa Selic.

Por mais que o fiscal possa fazer pela economia, todas as medidas serão contracionistas. Mesmo o efeito expectativa da reforma da Previdência pode tomar um banho de água morna se a aprovação for sendo atrasada até o fim do ano. A queda dos juros seria um fato novo, auspicioso como toda vez que acontece. O espaço para a redução é largo. Vai de 6,25% a 5,75% – uma Selic de 5,50% seria azarão. Façam suas apostas.

#Banco Central #Paulo Guedes

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