Qual a fronteira entre desvario e “método” dos Bolsonaro?

  • 6/11/2019
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Há uma dúvida rondando velhas raposas dos meios de comunicação: a insistência de Jair Bolsonaro e família na quebra de decoro, ataque ao fantasma do comunismo e ofensa aos próprios aliados teria um componente estratégico, por mais desvario que o conjunto da obra possa insinuar? A análise sobre o “método” não pode ser feita em razões de coincidências entre os disparates mais agudos e as agendas mais complicadas de governo. A comparação não é factível simplesmente porque é inevitável a superposição de fatos, na medida em que o clã Bolsonaro ocupa o noticiário todo o tempo com aberrações e indecências, quer esteja em Brasília, quer esteja em missões diplomáticas no estrangeiro.

É difícil acreditar que o presidente e sua prole sejam maquiavélicos e instruídos na teoria geral das informações. Mais fácil concluir que Bolsonaro e os seus são a antítese do bom senso e do perfil exigido para os cargos de Estado. Mais fácil ainda é imaginar que toda essa grosseria e paranoia contra inimigos inexistentes reproduz o pensamento e discurso matricial do dono da voz, o filósofo Olavo de Carvalho, e sua tese da guerra cultural. O indiscutível é que a geração de fatos pelos “Bolsonaro’s” é inigualável. Eles ocupam a mídia como nenhum grupo familiar no poder jamais o fez.

E todos os seus colaboradores parecem convencidos de que esse “desvario ou estratégia”, é a melhor solução. A julgar pela agenda dos “3 Ds” – desvinculação, desindexação e desobrigação -, e o seu efeito cruel sobre o social e o público corporativo, Bolsonaro e família deverão usar munição ainda mais pesada. É a forma de desviar o foco do impacto doloroso das medidas do ajuste orçamentário. Caso não ocorram barbaridades, as dúvidas sobre o “método” não passariam de teorias conspiratórias. Não se sabe o que é pior.

#Jair Bolsonaro

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