Decálogo de tropeços que podem levar Bolsonaro ao precipício

  • 19/02/2019
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Jair Bolsonaro está comprado em pelo menos dez opções de crise. São indicadores antecedentes de problemas graves que ameaçam o governo. Se Bolsonaro não desarmar as posições a futuro, corre risco de transformar o país em uma montanha russa. Ou mesmo não chegar ao fim do mandato. Os indicadores são os seguintes:

1. Comparação com o vice-presidente Hamilton Mourão (Prazo de vencimento: qualquer dia dos próximos quatro anos). Recomenda-se que o pleito do general de receber uma ocupação específica seja atendido.Sem ter uma missão definida, Mourãofalará sobre tudo. É aí que mora o perigo: o vice é melhor.

2. Filhos sem freio (Prazo de vencimento: eternos enquanto durem). Principal problema da agenda de crise. Há quem diga que Bolsonaro tem culpa, pois estaria usando os rebentos para dar os recados. Talvez seja o caso de criar um dispositivo legal para impedir que o presidente, integrantes do primeiro escalão e parentes usem a rede. Uma situação quase insolúvel.

3. O fator Flavio Bolsonaro (Prazo de vencimento: pode acabar em circuit breaker). O “01” e suas finanças são um problemaço. O caso Queiroz tem deixado pouca margem de manobra para o Palácio do Planalto. A primeira missão é brecar a criação de uma CPI do Coaf ou mesmo de uma CPI das Milícias. Depois, torcer para o Supremo deixar tudo como está. Melhor seria se Queiroz topasse o papel de Cristo.

4. Orfandade da mídia (Prazo de vencimento: próxima edição). É altamente recomendável que o presidente dê atenção aos veículos de comunicação mais relevantes da República, tais como a Globo e a Folha. Bolsonaro tem priorizado a Record, SBT e o Antagonista. Mídia rejeitada é fermento para a desgovernança.

5. Major Vitor Hugo, o líder que não lidera (Prazo de vencimento: ontem). Por ora, o deputado sequer conseguiu articular a votação de MPs de interesse do governo. É mais do que recomendável que o Planalto o substitua antes da tramitação do projeto da Previdência.

6. O “político” Paulo Guedes (Prazo de vencimento: qualquer dia desses…). O “Posto Ipiranga” cumpre indiscutível papel como superministro e avalista do governo Bolsonaro. Mas é um fator de risco quando atravessa a fronteira e se arvora em fazer política. Para o bem da governabilidade, a prudência recomenda que Bolsonaro consiga mantê-lo no seu perímetro de atuação.

7. O guru da Virgínia (Prazo de vencimento: a primeira grande crise). Olavo de Carvalho já chamou Mourão de “traidor” e tachou parlamentares do PSL que viajaram à China de “idiotas”. É de bom-tom que o presidente deixe claro que o incendiário colaborador não verbaliza o próprio governo.

8. O pomar do PSL (Prazo de vencimento: até a ação cair do pé de madura). A demissão de Gustavo Bebianno não encerra o caso dos “laranjas” do partido. Talvez fosse o caso de o clã Bolsonaro fundar outra sigla – a “nova UDN”, como vem sendo especulado – e deixar esse bagaço para trás.

9. A excessiva representatividade política dos evangélicos (Prazo de vencimento: um pouco a cada dia). A bancada da Bíblia é formada quase que exclusivamente por pentecostais. Seria oportuno que Bolsonaro desse um pouco mais de atenção à Igreja Católica. Há desagrados no ar.

10. A desinibição dos ministros do baixo clero (Prazo de vencimento: basta uma entrevista para a ação virar pó). Ministros de menor estatura têm se notabilizado pela produção de declarações estapafúrdias, a começar por Ricardo Salles e Damares Alves. Em certa medida, a tranquilidade de Bolsonaro para governar está indexada à capacidade de manter essa turma silente.

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