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A compra da Alpargatas foi apenas a primeira peça na coleção. Os Setubal e os Moreira Salles entram em 2018 dispostos a transformar a companhia na grande consolidadora de marcas de vestuário e calçados do país. Desde já, enxergam um cavalo passando encilhado à sua frente: a Restoque, que esteve muito perto de uma fusão com a Inbrands no início de 2017. A empresa reúne grifes que cairiam muito bem no closet da Alpargatas, a exemplo de Dudalina, Le Lis Blanc e Rosa Chá, entre outras.
A aquisição daria origem a um conglomerado com 14 marcas, R$ 4,5 bilhões em vendas e um Ebitda combinado da ordem de R$ 1,5 bilhão. Procuradas, Itaúsa e Cambuhy – holdings, respectivamente, dos Setubal e dos Moreira Salles – não se pronunciaram, assim como a Restoque. Há portas entreabertas no capital da Restoque. As gestoras norte-americanas Advent e Warburg Pincus não aderiram à recente oferta de ações da companhia e já teriam sinalizado a intenção de reduzir ainda mais sua participação acionária ou, no limite, deixar o negócio. Mesmo com o forfait no aumento de capital, a dupla ainda tem um quinhão relevante na Restoque, com 42%.
Seria o suficiente para a Alpargatas desembarcar na companhia já com o status de maior acionista individual. A compra da Restoque permitiria à Alpargatas fortalecer a presença no segmento de grifes de maior padrão, no seu caso uma prateleira ainda com espaços vazios. À exceção da Osklen, a empresa está predominantemente concentrada em marcas populares, caso, sobretudo, da Havaianas, e em fabricantes de calçados e artigos esportivos, como Topper e Mizuno. Ressalte-se ainda que o conglomerado de vestuário dos Setubal e dos Moreira Salles receberia uma roupa limpinha. Os atuais acionistas da Restoque já fizeram o “trabalho sujo”: em um ano, a empresa fechou 26 lojas, desativou duas fábricas da Dudalina e cortou mais de um terço da equipe de trabalho em áreas como administração e comercial.
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